primeiro pronunciamento de simone santana na alepe

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Boa tarde, Senhor Presidente, Senhores Deputados, Sras Deputadas, e aqui peço licença para nominá-las: Deputada Raquel Lyra, Priscila Krause, Socorro Pimentel e Teresa Leitão. Senhoras, Senhores, imprensa, assitência e todos aqui presentes, Inicialmente, quero expressar às pernambucanas e pernambucanos o meu agradecimento e a minha satisfação em fazer parte desta legislatura para a qual fui eleita e na qual inicio meu primeiro mandato político. Quero colaborar. De forma propositiva e eficaz. Quero contribuir e para isso muito me esforçarei. E quero, sobretudo, aprender com os que aqui já se encontram e muito têm a ensinar. A heterogeneidade que compõe a atual Assembleia Legislativa de Pernambuco é enriquecedora para a construção de ideias e a promoção dos debates políticos que teremos ao longo dos próximos quatro anos. Aqui estamos com representantes das várias regiões do estado, das mais diversas formações acadêmicas e experiências profissionais e políticas. Trago para o meu primeiro pronunciamento nesta Casa um tema que é pauta nacional e que vem ganhando grande destaque em discussões intersetoriais de desenvolvimento socioeconômico, que é o período da primeira infância, compreendida de 0 a 6 anos de idade. Este é um assunto que me cerca há algum tempo pela minha formação profissional de médica pediatra, que foi imensamente reforçado pela experiência recente como gestora do Programa Mãe Coruja do Ipojuca. Sabemos que a Constituição de 1988 consagrou os direitos da criança e do adolescente como de “absoluta” prioridade pela família, pela sociedade e pelo Estado. Mas só dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente finalmente entrou em vigor. A robustez desse Estatuto foi reforçada por leis setoriais que disciplinaram a ação dos governos na orientação da prática social e do atendimento aos direitos concedidos às crianças e aos adolescentes. As questões da adolescência, como as senhoras e os senhores bem sabem, exigiram intervenções mais urgentes por conta de agravantes que se multiplicaram ao longo dos anos: a violência entre os jovens, a mortalidade juvenil, o problema das drogas entre a juventude, a gravidez na adolescência, para citar alguns deles. Simone Santana –Deputada Estadual (PSB) – 1º Pronunciamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco- Simone Santana- Deputada Estadual (PSB) Simone Santana –Deputada Estadual (PSB) – 1º Pronunciamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco- Simone Santana- Deputada Estadual (PSB) 1

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Page 1: Primeiro pronunciamento de Simone Santana na Alepe

Boa tarde,

Senhor Presidente,

Senhores Deputados, Sras Deputadas, e aqui peço licença para nominá-las: Deputada Raquel Lyra, Priscila Krause, Socorro Pimentel e Teresa Leitão.

Senhoras, Senhores, imprensa, assitência e todos aqui presentes,

Inicialmente, quero expressar às pernambucanas e pernambucanos o meu agradecimento e a minha satisfação em fazer parte desta legislatura para a qual fui eleita e na qual inicio meu primeiro mandato político. Quero colaborar. De forma propositiva e eficaz. Quero contribuir e para isso muito me esforçarei. E quero, sobretudo, aprender com os que aqui já se encontram e muito têm a ensinar.

A heterogeneidade que compõe a atual Assembleia Legislativa de Pernambuco é enriquecedora para a construção de ideias e a promoção dos debates políticos que teremos ao longo dos próximos quatro anos. Aqui estamos com representantes das várias regiões do estado, das mais diversas formações acadêmicas e experiências profissionais e políticas.

Trago para o meu primeiro pronunciamento nesta Casa um tema que é pauta nacional e que vem ganhando grande destaque em discussões intersetoriais de desenvolvimento socioeconômico, que é o período da primeira infância, compreendida de 0 a 6 anos de idade.

Este é um assunto que me cerca há algum tempo pela minha formação profissional de médica pediatra, que foi imensamente reforçado pela experiência recente como gestora do Programa Mãe Coruja do Ipojuca.

Sabemos que a Constituição de 1988 consagrou os direitos da criança e do adolescente como de “absoluta” prioridade pela família, pela sociedade e pelo Estado. Mas só dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente finalmente entrou em vigor.

A robustez desse Estatuto foi reforçada por leis setoriais que disciplinaram a ação dos governos na orientação da prática social e do atendimento aos direitos concedidos às crianças e aos adolescentes.

As questões da adolescência, como as senhoras e os senhores bem sabem, exigiram intervenções mais urgentes por conta de agravantes que se multiplicaram ao longo dos anos: a violência entre os jovens, a mortalidade juvenil, o problema das drogas entre a juventude, a gravidez na adolescência, para citar alguns deles.

Simone Santana –Deputada Estadual (PSB) – 1º Pronunciamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco- Simone Santana- Deputada Estadual (PSB)

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Page 2: Primeiro pronunciamento de Simone Santana na Alepe

Mas, e o olhar do poder público sobre a primeira infância? A quantas anda a educação infantil, que compreende creche e pré-escola? Que alcance tomou?

Claro que tivemos avanços. A criação da Rede Nacional de Proteção da Primeira Infância em 2006, a elaboração do Plano Nacional da Primeira Infância em 2010, a formação da frente parlamentar da primeira infância na Câmara Federal em 2011 e mais recentemente o Projeto de Lei Nº 6.998/2013, do deputado federal Osmar Terra, que propõe alteração do Estatuto da Criança e Adolescente, para incluir políticas públicas específicas para a primeira infância, foram marcos importantes no sentido de promover a atenção merecida e redobrada dos governos e da sociedade sobre este tema.

Mas muito ainda temos que caminhar. Estas decisões em instâncias centrais ainda não chegaram efetivamente na ponta. Os desafios que persistem precisam ser superados para que a igualdade de direitos exista não apenas em nossos instrumentos normativos, mas também e, sobretudo, na realidade de meninas e meninos brasileiros.

Em Pernambuco, existe a Rede Estadual da Primeira Infância – REPI, que surgiu em 2009 como estratégia para consolidar e ampliar as iniciativas da rede nacional no estado. Dentro das prerrogativas do poder legislativo, poderemos atuar sinergicamente acompanhando o orçamento e a execução de políticas públicas que beneficiem a primeira infância, assim como ampliando debates, divulgando ações, apoiando e disseminando iniciativas e fortalecendo a participação social em torno deste assunto.

O controle da desnutrição infantil, problema que afeta severamente o desenvolvimento da capacidade intelectual das crianças, ainda é um problema em muitos municípios. E para essa questão também devemos ter um olhar especial.

Por volta dos dois anos de idade, o cérebro do ser humano atinge o pico de sua atividade. Nessa fase, é possível estabelecer até 700 novas conexões neuronais por segundo - praticamente o dobro de sinapses executadas aos dez anos de idade, de acordo com estudos feitos pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. É nessa fase que se formam as bases do aprendizado que serão utilizadas ao longo de toda a vida.

Entretanto, mais de 200 milhões de crianças ao redor do mundo nessa faixa etária não conseguem atingir seu pleno potencial cognitivo por estarem expostas a fatores como subnutrição, pobreza, violência e aprendizagem inadequada. Ficou ultrapassada a concepção de que os genes determinam a inteligência e as habilidades.

No Brasil, a vulnerabilidade social atinge 21,6% das crianças de zero a três anos, segundo dados da ONG Todos Pela Educação. Na zona rural, a taxa sobe para 40%.

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Tomo, aqui emprestada, a afirmação do reconhecido pesquisador do Centro de Desenvolvimento Infantil, da Universidade de Harvard, Dr. Jack Shonkoff. Ele afirma que “a sociedade vai pagar custos elevados em educação corretiva, tratamento clínico e assistência social quando os circuitos neurais não são formados apropriadamente no começo da vida e quando são ignoradas e negadas ações preventivas”. E é isto que estamos vendo e vivendo no nosso País. Crianças que, numa cadeia de situações desfavoráveis, iniciaram suas vidas em desvantagem, perderam competitividade e não puderam usufruir de oportunidades de uma vida melhor.

É sempre importante lembrar que não se enfrenta a questão da desigualdade social, se a exclusão começa na primeira infância. Está comprovado por diversos institutos de pesquisas que programas inclusivos para crianças, nas camadas mais carentes, são práticas que reduzem a desigualdade no ponto de partida e o que é melhor: promovem a efetiva igualdade entre as crianças.

Outro dado importantíssimo e relevante na questão da primeira infância, é que do ponto de vista econômico, a educação infantil é o melhor investimento de médio e longo prazo que um País, um estado ou município pode fazer. Segundo estudo realizado pelo BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, estima-se que para cada 1 dólar investido em programas de desenvolvimento infantil, outros 17 dólares são economizados em educação corretiva, com a redução da violência e criminalidade e com aumento da produtividade laboral.

É preciso ficar atento a essas diferenças, às praticas positivas e agirmos. Unir forças. Forças em torno de uma articulação entre os três níveis de governo para implementação de políticas públicas mais efetivas de proteção à primeira infância. Esta é uma das prioridades do meu trabalho nesta Casa.

E nessa caminhada que já persigo, quero destacar o Programa Mãe Coruja Pernambucana, reconhecido e premiado internacionalmente, que muito contribui para essa luta e que certamente, terá sua atuação ampliada com a implementação do Plano de Desenvolvimento Infantil, construído de forma intersetorial, fortalecendo as Políticas de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social.

Em Ipojuca coordenei o primeiro Mãe Coruja com gestão municipal, graças ao incentivo da atual administração que abraçou, com recursos próprios, a iniciativa inspirada no exitoso Programa Estadual e estamos a caminhar para reverter os preocupantes índices sociais ali encontrados. Quem já não ouviu falar sobre “Os Filhos de Suape?” Meninas-Crianças, de 13 a 17 anos grávidas ainda surgem como uma legião de mães de filhos com pais desconhecidos. Os índices são preocupantes.

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O programa de creches anunciado pelo governo federal, importantíssimo para as mães que precisam trabalhar e não têm onde ou com quem deixar seus filhos, é necessário e inadiável, mas precisa de incremento, pela urgência do problema. E a creche não é só um lugar onde mães deixam seus filhos para trabalhar. É muito mais.

Vamos empreender todos os esforços no sentido de apoiar a capacitação de recursos humanos para a lida com essas crianças, desde o acompanhamento pedagógico, do crescimento e desenvolvimento infantil, passando pela alimentação saudável e imunização adequada.

Muitas ações complementares são necessárias para o sucesso destas políticas públicas. A família também precisa ser cuidada. Estudos demonstram uma relação diretamente proporcional da escolaridade materna com o desempenho de seus filhos e inversamente proporcional com a mortalidade infantil.

Tenho a convicção, que essas várias engrenagens devem estar azeitadas para que os investimentos em políticas públicas para o desenvolvimento integral da primeira infância dêem os resultados esperados.

Como presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e considerando serem ações convergentes, com o objetivo maior de promover o desenvolvimento social, atentaremos para a garantia de todos os direitos da mulher enquanto cidadã. Promovendo a igualdade de gêneros, ampliação da participação feminina nos espaços de poder, proteção à saúde, à vida plena e à sua integridade. Com enfoque muito particular no acompanhamento da política estadual de emprego e renda, no estímulo a ações que promovam e garantam a elevação da escolaridade de mulheres em vulnerabilidade social e na promoção de medidas que garantam a saúde sexual e reprodutiva das mulheres.

“Coisas que nos parecem impossíveis, só podem ser conseguidas com uma teimosia pacífica” ensinou Mahatma Gandhi. E tenham a certeza que os temas que abordem caminhos para o bem-estar das nossas crianças e de suas famílias, muitas vezes me trarão a essa tribuna.

A todos e todas, o meu muito obrigada!

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