primeira aula de colheita beneficiamento e … · o tamanho e a forma das células também...

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PRIMEIRA AULA DE COLHEITA BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS VEGETAIS

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PRIMEIRA AULA DE

COLHEITA BENEFICIAMENTO

E ARMAZENAMENTO

DE PRODUTOS VEGETAIS

EMENTÁRIO Aspectos fisiológicos do desenvolvimento de

frutos e hortaliças.

Conceitos e importância da Pós colheita de produtos hortícolas e frutícolas nos aspectos econômicos locais.

Perdas pós-colheita frutas e hortaliças.

Princípios para aumentar a conservação frutas e hortaliças.

Estudo das principais técnicas de acondicionamento e armazenamento de frutas e hortaliças.

Conceitos e importância da pós colheita de

produtos cereais e grãos leguminosos nos

aspectos econômicos locais.

Rede armazenadora.

Fatores que afetam o armazenamento.

Morfologia dos grãos armazenados.

Os insetos que atacam os grãos

armazenados.

Combate às pragas e ratos.

Aeração e secagem dos grãos.

OBJETIVO

Detecção dos principais gargalos tecnológicos no

setor hortícola frente à manutenção da qualidade e

apresentação de sistemas reparadores de processos

impeditivos à exportação, exigências qualitativas

(barreiras alfandegárias) no mercado europeu e

americano, estudo do comportamento bioquímico

e fisiológico no desenvolvimento de produtos

hortícolas em pós-colheita, controle de qualidade

em produtos vegetais, envolvendo os processos de

padronização, classificação, conservação e

armazenamento.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO

DESENVOLVIMENTO DE FRUTAS E

HORTALIÇAS

Após a colheita, as atividades metabólicas

como a respiração, transformações químicas

e bioquímicas e distúrbios fisiológicos não

são interrompidas e o controle desses fatores

é indispensável para se preservar a

qualidade dos produtos tanto para o

consumo de mesa quanto para a

industrialização.

Grande parte da produção de frutas e

hortaliças é perdida em virtude do não

emprego de técnicas adequadas de colheita,

transporte, armazenamento e industrialização

desses produtos.

Para um melhor entendimento das

transformações que ocorrem na fase pós

colheita de frutos, bem como os numerosos

fatores que interferem na vida pós colheita dos

frutos torna-se necessário o conhecimento da

fisiologia do desenvolvimento desses órgãos

vegetais.

Frutos - definição

A definição de frutos é bastante variável, de

acordo com o aspecto considerado. Os frutos

são o produto do desenvolvimento de flores ou

inflorescências das angiospermas.

Alguns são classificados como hortaliças mas,

sob o aspecto botânico, são frutos como o

tomate, berinjela, pepino, etc.

AS CÉLULAS E OS TECIDOS DOS

FRUTOS

Existe uma grande variedade de frutas e

hortaliças, pertencentes a numerosas

famílias, que são empregadas como matéria

prima na industrialização de compotas,

doces, conservas, etc.

Cada uma dessas famílias possui

características e propriedades, que devem

ser consideradas no momento da seleção.

Entretanto, apesar dessa diversidade,

existem características físicas, texturais e

anatômicas comuns aos diversos tipos de

frutas e hortaliças.

A textura de um vegetal varia dependendo

da turgidez, da coesão, tamanho e forma das

células, presença de tecidos de suporte e

composição da planta.

A turgidez de uma célula é dada pela

pressão exercida pelos sólidos presentes

sobre a parede celular. Essa pressão será

maior quanto mais concentrada for a célula

em substâncias osmoticamente ativas.

Esta propriedade está, também, relacionada

à permeabilidade do plasmalema e

elasticidade da parede celular. As paredes

celulares, por serem holopermeáveis,

podem tornar-se facilmente túrgidas ou

moles, de acordo com as mudanças

ocorridas no volume celular. Paredes

celulares rígidas e fortes mantêm uma

textura firme . Paredes grossas formam

tecidos fibrosos e duros.

O tipo de tecido de suporte é variável nas

frutas e hortaliças. A presença de

dominância do parênquima, nas plantas

jovens, torna-as suculentas e macias.

Com a diferenciação desse tecido, à

medida que as frutas e hortaliças se

desenvolvem, a sua textura vai se

modificando para dura e fibrosa, ou mesmo

originando um tecido de textura granular –

como na casca e polpa da goiaba.

O tamanho e a forma das células também

influenciam a textura.

As células pequenas - com pequeno espaço

intersticial – dão origem a uma massa compacta.

As células grandes – com grandes espaços

intercelulares – dão origem a uma textura

esponjosa.

Assim sendo, dependendo do grau de separação

das células, as frutas maduras apresentam uma

textura farinhenta (starchy) ou amanteigada.

Essas texturas estão associadas à coesão

das células e também, à qualidade e

quantidade de substâncias pécticas

presentes.

A presença de grandes quantidades de

substâncias pécticas insolúveis, torna a fruta

firme, bem dura depois de madura.

A composição das frutas também está

associada à textura. Entre os seus

componentes , é o amido que mais contribui

para a sua modificação.

Assim os frutos com grânulos de amido de

tamanho menor têm textura menos

farinhenta.

O comportamento do amido durante o

processamento, determina em grande parte,

a textura do produto final.

Estrutura das frutas e hortaliças

A organização interna das frutas e hortaliças é bastante complexa, e os compostos químicos encontram-se distribuídos em diversos tipos de tecidos formados por células.

Cada tipo de tecido é adaptado para exercer uma determinada função fisiológica. Os vegetais possuem três tipos diferentes de tecidos: epiderme, tecido central e tecido vascular.

Desenvolvimento fisiológico do fruto

O ciclo vital dos frutos inicia-se com a

fertilização , que é seguida por etapas

distintas: formação , crescimento,

maturação e senescência. Torna-se difícil

fazer uma diferenciação precisa entre a

mesmas.

Maturação , amadurecimento e

senescência Pré maturação : corresponde ao estádio de

desenvolvimento que antecede a maturação , geralmente inclui metade do período entre a floração e colheita.

Este estádio é caracterizado pelo extensivo aumento do volume. O fruto ainda não se encontra apto para o consumo.

A fase de pré maturação termina quando o desenvolvimento do fruto é apenas aceitável mas não é ótimo para consumo.

Maturação : o fruto emerge do estádio incompleto , atingindo crescimento pleno e máxima qualidade comestível. Grande parte do processo ocorre com o fruto ainda não colhido.

As principais mudanças que ocorrem durante a maturação são as seguintes:

- desenvolvimento das sementes

- mudanças na cor

- mudanças na taxa respiratória

- produção de etileno

- mudanças na textura

- mudanças químicas nos carboidratos, ácidos orgânicos , proteínas, etc.

Amadurecimento : corresponde ao

período final da maturação , durante o qual

o fruto apresenta-se completamente

desenvolvido , com estética , bem como

com qualidade comestível.

Em alguns frutos o amadurecimento pode

ocorrer tanto antes quanto após a colheita.

Senescência : período subsequente ao

amadurecimento , quando os processos

químicos de envelhecimento substituem as

trocas químicas do amadurecimento .

A senescência ocorre porque na fase final ,

a capacidade de síntese do vegetal é muito

limitada e dentro de um certo espaço de

tempo as transformações tendem para o lado

das degradações , o que determina a

perecibilidade do fruto.

Respiração

A respiração é o principal fenômeno fisiológico

de influência na conservação e qualidade de

frutos e vegetais ,sendo responsável pelo

suprimento de energia necessária a realização dos

processos metabólicos .

A reação típica da transformação de carboidrato

em gás carbônico é a seguinte:

C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + 673 Kcal

Frutas como o abacate , banana, mamão , manga ,

maçã , pêra e outras são denominadas

"climatéricas" e apresentam um rápido aumento

na atividade respiratória após a colheita até atingir

um máximo denominado "pico climatérico".

As frutas não climatéricas , como a laranja e a uva

, apresentam um declínio de respiração , mais ou

menos contínuo após a colheita .Neste caso as

transformações bioquímicas e físicas , tais como a

decomposição da clorofila e a síntese de

pigmentos são mais lentas.

As frutas climatéricas normalmente amadurecem na

árvore , com exceção do abacate . São normalmente

colhidas antes do pico climatérico e armazenadas

sob condições controladas , para se inibir a sua

maturação rápida.

A velocidade da respiração é um bom índice de

duração da fruta após a colheita . Altas taxas

respiratórias são normalmente relacionadas com um

período de armazenamento curto.

A respiração é afetada por alguns fatores

como temperatura , concentração de

oxigênio , concentração de gás carbônico ,

presença de etileno , estádio de maturidade.

CARACTERÍSTICAS DAS MATÉRIAS

PRIMAS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO

A grande expansão demográfica que tem

ocorrido no mundo, aumentou de modo

expressivo, a demanda de alimentos pelo

homem.

Como grande parte dos alimentos é

perecível no seu estado natural, tornou se

indispensável o desenvolvimento de

tecnologias que pudessem conservá-los por

mais tempo.

Dessa forma os excedentes podem, hoje,

ser processados e conservados de forma

satisfatória, até o consumo.

Além disso, o alimento processado pode ser

distribuído para um maior número de

pessoas e por tempo mais prolongado.

O processamento das frutas e hortaliças tem como

vantagens:

• Aumentar a vida útil do alimento;

• Uniformizar a sua qualidade;

• Facilitar a sua distribuição;

• Facilitar seu preparo;

• Melhorar, em alguns casos, a sua

palatabilidade, digestibilidade e valor nutritivo;

• Melhorar a sua qualidade sanitária;

• Reduzir as perdas e aumentar a

disponibilidade.

As principais desvantagens são:

- Alterar as qualidades organolépticas do

alimento;

- Diminuir o seu valor nutritivo;

- Aumentar o seu custo.

Por ser um produto altamente complexo, é difícil

o controle de todas as variáveis, durante o

processamento do alimento. Portanto, por mais

sofisticadas que sejam as técnicas empregadas em

um processamento, o alimento final

industrializado, apresenta sempre características

organolépticas distintas daquelas que são próprias

do produto in natura.

Para o consumidor, o atributo mais importante é

a cor do alimento, pois dificilmente é aceito

aquele que não apresente a sua cor tradicional. O

aspecto de qualidade menos analisado pelo

consumidor, é seu valor nutritivo, sendo os

fatores que o influenciam a adquirir um produto

processado por ordem de importância:

• Preço

• A aparência ( cor e formato)

• gosto

• valor nutritivo

A qualidade desejada de uma fruta ou hortaliça

está relacionada com a finalidade a qual se

destina: para o consumo in natura, o para

industrialização.

As indústrias de alimentos, além de dispor de

seus próprios padrões de qualidade para a matéria

prima, devem considerar os padrões oficiais para

produtos acabados.

A importância da qualidade das frutas e

hortaliças, para obtenção de um bom produto

final, já é aceita pelas grandes indústrias, mas, na

maioria das pequenas indústrias, ainda prevalece

a ideia errônea de que o processamento adequado

pode corrigir a má qualidade da matéria-prima

empregada.

Principais características avaliadas

As características da matéria-prima

observadas em uma indústria são:

qualidades sensoriais (cor tamanho, forma,

brilho, defeitos, cheiro e sabor),

composição química e rendimento.

Cor

A intensidade e quantidade da cor de um

fruto ou hortaliça de qualquer tipo ou

variedade é determinante na aceitação do

produto, especialmente para consumo in

natura.

O atributo “cor” de um produto é,

geralmente, utilizado como indicação de

qualidade e maturação e, consequentemente,

determina o aroma, a textura, valor

nutritivo. A fim de facilitar a avaliação deste

item, existem cartelas com gradações de cor

para diversos tipos de produtos.

Nos vegetais são encontrados pigmentos

pertencentes a três classes principais:

carotenoides, antocianinas e clorofilas.

Os carotenoides são responsáveis pela cor

amarela das frutas maduras.

As antocianinas conferem as cores

vermelha e violeta aos vegetais, mas durante

o processamento essas cores passam

facilmente para as caldas ou salmouras,

proporcionando ao produto uma cor pálida.

Tamanho e forma

A seleção e classificação da matéria primam pelo tamanho e forma têm especial importância para indústria de vegetais, principalmente no aspecto uniformidade, caso as operações posteriores de processamento venham a ser executadas mecanicamente, pois a diversificação de tamanho e forma diminui sensivelmente a eficiência das máquinas de descascamento, corte, etc.

Para as frutas como o abacaxi e a laranja- que requerem máquinas específicas para o seu processamento- a seleção por tamanho e forma é indispensável.

Textura

A textura ou consistência do vegetal é de suma importância para a aceitação do produto final.

As frutas, conforme seu tipo, têm textura e consistência próprias- com as quais nossos sentidos estão acostumados- e os produtos processados , delas derivados, devem apresentar características semelhantes para serem bem aceitos.

Na textura, estão incluídos a firmeza, maciez, teor de suco, arenosidade, teor de fibras, sabor amiláceo, etc.

Os atributos de textura e consistência podem ser

medidos por meio de aparelhos próprios. Essa

medição é, muitas vezes, efetuada ainda no

campo, para determinar o ponto de colheita.

Para o processamento, prefere-se colher ou

empregar vegetais mais firmes do que os

destinados para o consumo in natura, pois eles

devem suportar o tratamento térmico.

Aroma/sabor

Cada tipo de fruta tem aroma e sabor

próprios, que são determinados, geralmente

por meio de análise sensorial.

As frutas tropicais são apreciadas pela

combinação de sabor e aroma, e o

processamento deve ser conduzido com

cuidado a fim de não se alterar essas

características.

Na colheita das frutas, seja para consumo in

natura ou, principalmente para

industrialização, deve-se selecionar as que

apresentarem maior sabor e aroma, a fim de

que as perdas sofridas com o produto não

anulem totalmente esse atributo no produto

final.

Defeitos

A quantidade e o tipo de defeitos presentes no

lote de frutas ou hortaliças determinam a sua

classificação. As industrias possuem, em geral,

um padrão que estabelece o número de defeitos

que pode ser tolerado, por classe. Lotes com

grande proporção de defeitos não devem ser

aceitos, pois isso indica geralmente, produto de

qualidade inferior.

Os defeitos podem ser de origem fisiológica ou

genética.

Os defeitos de origem fisiológica podem ser

decorrentes de mudanças climáticas, estresses

hídricos, práticas culturais impróprias, etc. Por

exemplo, o miolo verde em cenouras ocorre por

falta de cuidado em cobri-las com terra durante o

seu desenvolvimento.

A prevenção de defeitos genéticos é feita por

meio de seleção de variedades apropriadas para a

industrialização.

Dependendo do tipo de defeito apresentado

pela matéria-prima ou do tipo de

processamento a que será submetida, o

defeito poderá ser de pouca importância.

Por exemplo, a forma irregular da fruta não

é tão importante para a fabricação de

produtos onde ela sofrerá desintegração.

Variedade

A escolha da variedade apropriada para o

tipo de produto que se deseja é que irá,

muitas vezes determinar a qualidade do

produto final.

Vegetais com baixo teor de sólidos solúveis

não servem para desidratação.

Muitas vezes, variedades especiais de frutas

sem sementes ou com caroços menores são

desenvolvidas exclusivamente para

melhorar o rendimento no processamento.

Fatores que influenciam na

qualidade de frutas e hortaliças

Fatores pré-colheita

O trabalho dos técnicos na conservação pós colheita é basicamente preocupar-se com a manutenção da qualidade do produto até a chegada ao consumidor.

Desta forma , cuidados especiais devem ser observados desde o campo até o momento da colheita , onde os produtos devem ser tecnicamente manipulados e embalados , quer seja para o transporte , para o consumo direto ou para armazenamento.

Práticas culturais

A - Semeadura e espaçamento

B - Irrigação e fertilizantes

C - Seleção de variedades e melhoramento

genético

D - Aspectos fitossanitários

E - Uso de fitormônios

Fatores climáticos e ambientais

A. Temperatura e luz

B. Ventos e altitude

Fatores de colheita e manuseio

A colheita apresenta como principais objetivos a

retirada de produtos do campo em níveis

adequados de maturidade , com mínimo de danos

ou perdas , com maior rapidez possível e com

custo mínimo. Estes objetivos são melhor

atingidos através da colheita manual da maioria

dos frutos e hortaliças.

A colheita é um processo traumático , conduzindo a

formação de feridas no produto , exceto nos casos

relativamente raros de abscisão , nos quais o órgão

pode ser removido da planta mãe sem ferimento.

Após a colheita o produto perecível é geralmente

manuseado de forma rudimentar , o que acarreta

injúria física , que em geral induz a posteriores

deteriorações não só devido a causas fisiológicas

como também fitopatológicas .

Cuidados no manuseio

Os frutos que se destinam para

comercialização "in natura" devem ser

colhidos manualmente em baldes ou sacos ,

os quais são colocados em caixas maiores

para posterior transporte.

• As injúrias físicas dos frutos podem resultar

do procedimento incorreto na colheita como

queda excessiva dos frutos nos baldes ou

sacos, superenchimento desses "containers"

, pancadas contra galhos e escadas , falta de

cuidados na transferência dos frutos para as

caixas , etc.

Os produtos devem ser selecionados na

maturidade desejada de acordo com o

mercado a que se destinam .A maturidade de

colheita influencia a susceptibilidade ao

estrago por manuseio , o amadurecimento ,

a vida de prateleira e a disponibilidade para

o mercado.

Estádio de maturação

Um fruto está fisiologicamente maturo

quando todos os fatores físicos e químicos

envolvidos no processo de amadurecimento

estão presentes .A maturidade comercial se

refere a qualquer estádio durante o

desenvolvimento do fruto , determinado

pelo uso intensivo deste , pelo mercado

consumidor de frutas frescas ou pelas

indústrias.

O mamão por exemplo está fisiologicamente

maduro quando mostra mudança de cor na

sua superfície. Este mesmo mamão pode ser

considerado maduro comercialmente e pronto

para ser colhido no estádio verde se desejado.

O índice de maturidade comercial envolve

medidas de algumas características que

mudam quando o fruto amadurece .O critério

para determinação de estádio de maturação

de um fruto pode ser objetivo e/ou subjetivo.

Pré resfriamento

Para manter a qualidade e evitar o calor , o

produto deve ser colhido e removido do

campo o mais rápido possível .Uma vez

colhido , deverá ser protegido contra as

condições adversas de tempo como por

exemplo o uso da própria sombra das

árvores ou uso de folhas.

Embalagem e transporte

Embalagem

A escolha da embalagem e do método de

embalagem deve levar em consideração o tipo de

produto a ser transportado e o tipo de dano que

pode eventualmente ocorrer.

O uso de ”containers" corretamente elaborados

para a comercialização dos perecíveis pode

contribuir consideravelmente para a manutenção

de sua qualidade , em decorrência da redução de

danos físicos . A qualidade será mantida quando

as boas condições de embalagem forem

associadas com boas condições de transporte e

armazenamento.

OPERAÇÕES PRELIMINARES NO

PROCESSAMENTO

Seleção da matéria prima

Lavagem/sanificação

A lavagem nas indústrias de processamento de

frutas e hortaliças, tem a finalidade de remover a

sujidade grosseira e diminuir a carga microbiana,

ajudando a conservar melhor a matéria-prima.

As frutas e hortaliças vêm normalmente

contaminadas com terra, areia, galhos, cascas,

folhas, partes de insetos, resíduos de pesticidas e

fertilizantes, microrganismos, etc. Portanto, uma

limpeza efetiva é indispensável antes do

processamento, uma vez que os tratamentos

térmicos são previstos para uma carga

microbiana normal.

A matéria-prima com carga microbiana

excessiva requererá um tratamento térmico

drástico acima do estabelecido em tabelas para a

sua esterilização.

Os processos de limpeza não devem danificar a

superfície das frutas, devendo-se evitar a criação

de pontos suscetíveis à contaminação ou

escurecimento enzimático.

A área de limpeza em uma indústria de

processamento de frutas e hortaliças deve ser

espaçosa e clara , sendo dotada de um leiaute que

permita a fácil eliminação do material descartado.

Existem vários métodos de lavagem: por imersão,

agitação e borrifo. Normalmente nas indústrias,

utiliza-se uma associação desses métodos de

lavagem.

Lavagem por imersão

É o método de lavagem mais comum, apesar de

ser o menos eficiente. Tem a vantagem de não

exigir nenhum equipamento especial, bastando

um tanque provido de água.

A lavagem pode ser feita em água fria. A água

deve ser abundante e renovada constantemente.

Normalmente, a lavagem por imersão é associada

a outro tipo de lavagem para surtir melhor efeito.

Lavagem por agitação

A agitação da água de lavagem aumenta

sensivelmente a eficiência da limpeza da matéria-

prima.

A movimentação da água pode ser feita apor meio

de bombas ou ar comprimido. As hélices ou pás

utilizadas para agitação da água devem ser

protegidas, para se evitar o esmagamento das

frutas ou hortaliças.

Lavagem por borrifo

A lavagem por borrifo – ou aspersão – é o

método mais eficaz, desde que seja empregado

conjugado com a lavagem por imersão.

A sujeira mais grosseira deve ser previamente

removida pelo processo de lavagem por imersão.

A eficiência da limpeza, depende da

distância entre o bico de aspersão e o

material a ser lavado e, ainda , da pressão e

do volume de água empregados. Em geral,

quanto maior a pressão, mais eficiente será a

limpeza.

Os borrifadores são comumente, canos

perfurados, colocados nas partes superior e

inferior de uma calha móvel, providos de

bicos a intervalos regulares, que dirigem o

jato distribuindo a água uniformemente.

O produto a ser lavado deve ser rolado ou

agitado na calha para que toda a superfície

seja borrifada.

A eficiência do equipamento depende

diretamente da velocidade em que o

produto passa pelos jatos d’água. Uma alta

velocidade ou excesso de material,

impedem a exposição total da superfície aos

borrifos de água.

Lavagem por processos

combinados • A lavagem pela combinação de processos é a

mais eficiente, já existindo equipamentos que

combinam a imersão com aspersão.

• Utilizando-se a combinação de processos, as

frutas ficam bem limpas e ainda há a vantagem

de se poder reutilizar a última água de lavagem

nas etapas iniciais do processo – imersão – sendo

que, neste caso, deve-se fazer a análise

microbiológica da água para evitar-se

contaminação.

Desinfecção

• Após a lavagem deve-se colocar os vegetais

em imersão em água clorada, utilizando

concentração entre 100 e 200 ppm (mg/l) por

15 minutos;

Produtos recomendados:

- Hi-Clor (Halex-Histar) 200 ml para 10 litros de

água

- Virex (Johnson) 200 ml para 10 litros de água

- Milton (Marrel-Lepetit) 200 ml para 10 litros de

água

- Mikro-Clhor (Ecolab) 50 g para 10 litros de água

- Sumaveg (Lever) 50 g para 10 litros de água

- Aquatabs( Bayer) 2,5 gramas para 10 litros de água

Escorrer os resíduos eliminando o sobrenadante;

Enxaguar ou emergir em água,

Escorrer os resíduos, eliminando o sobrenadante.

Processos de descascamento

Muitas frutas e hortaliças são descascadas antes

do enlatamento, congelamento e mesmo a

desidratação.

Os métodos de descascamento são:

manual,

mecânico,

físico,

químico.

Método manual

É um método dispendioso, pois o

desperdício é grande, embora os resultados

sejam muito bons. Entretanto, devido ao alto

custo de máquinas, é o método mais adotado

pelas indústrias no Brasil.

Para facilitar o descascamento, muitas frutas são

submersas em água quente durante poucos

minutos – 2 ou 3 . Esse procedimento amolece as

cascas, e sua remoção pode ser feita com as mãos

como no caso do tomate e da batata doce.

Para o descascamento de mangas, recomenda-se

a imersão durante 5 minutos em água fervente.

Método mecânico

O descascamento pode ser feito pelo corte da pele, efetuado por meio de um equipamento em que a fruta gira, e a faca, ligeiramente apoiada, elimina a casca de modo mais ou menos regular.

A máquina deve ser regulada a fim de obter-se o máximo rendimento e eficiência, ou seja, de modo a retirar o mínimo de pele (bom rendimento) para se efetuar um descascamento apropriado (eficiência).

Esse tipo de descascamento é indicado para frutas uniformes e sem defeitos na pele.

Outro método mecânico de descascamento

é a raspagem da pele por abrasivos, o que é

bastante comum. O equipamento consiste

de um cilindro vertical com um disco

dotado de abrasivo no fundo, provido de

movimento circular. As paredes do cilindro

são também revestidas com material

abrasivo.

O descascamento é feito pelo atrito da pele

da fruta contra a parede do equipamento.

Método físico

Não se trata propriamente, de método de descascamento mas de pré tratamentos que irão auxiliar no descascamento posterior.

O tratamento pode empregar:

calor seco – trata-se do amendoim em forno quente, a 250 ºC, onde a casca resseca e se abre;

calor úmido – que é o mais empregado, podendo-se utilizar o vapor d’água ou água quente, com temperaturas superiores a 100 ºC.

frio – é o processo menos empregado, embora ofereça a vantagem de não afetar as características organolépticas do produto.

Método químico

No processo de descascamento químico, as frutas são submetidas a uma solução de lixívia, de concentração e temperaturas variáveis. O tempo de tratamento também varia de acordo com o tipo de fruta. A lixívia age sobre as camadas inferiores da pele permitindo a sua separação.

Geralmente emprega-se uma solução de NaOH (hidróxido de sódio) para o descascamento das frutas. Outra solução usada é a mistura de carbonato de sódio com NaOH, o que , entretanto é menos eficiente.

Para utilizar a solução de lixívia, deve-se

observar o seguinte:

NaOH é utilizado geralmente em escamas ou grãos

com 95% de pureza. Outros graus de pureza podem

ser empregados desde que seja feita a sua correção;

A concentração empregada deve ser de 1,5 a 2,0%,

podendo ser, no máximo, 20% mais forte para frutas

verdes e mais fraca para as frutas maduras ou

variedades dificilmente descascáveis por lixiviação;

A aplicação é sempre feita a quente – próximo ou no

ponto de ebulição.

• O tratamento prévio das frutas com água quente

ou vapor melhora a eficiência do descascamento

com lixívia.

• O tempo de tratamento varia de meio a um

minuto e meio, e depende do tipo de fruta e da

concentração e temperatura da lixívia, sendo

preferível um tratamento rápido com soda

concentrada a altas temperaturas.

O método convencional de descascamento

químico é feito por meio de máquinas cujo

princípio consiste em borrifar as frutas com uma

solução quente de lixívia diluída. Em seguida são

encaminhadas para uma seção de retenção, onde

o NaOH penetra nas frutas, sendo então lavadas

com água natural para a remoção da lixívia.

A primeira água a ser utilizada pode ser

reciclada, mas a última deve ser sempre

limpa e fria.

A imersão das frutas descascadas em ácido

clorídrico diluído – por poucos segundos-

ajuda a inativar as enzimas e acidificar o

meio.

Descaroçamento e corte

O descaroçamento e corte são feitos após o

descascamento.

As frutas ou legumes podem ser cortados em

fatias, metades, rodelas, tiras, cubos ou, mais

raramente, embalados inteiros.

Os objetivos do corte são:

Tornar o produto mais atrativo ao consumidor;

Propiciar um tratamento térmico eficiente;

Facilitar o enchimento da embalagem;

Assegurar o equilíbrio líquido/fruta ou legume.

Existem máquinas para descaroçar e fazer o corte

das frutas, mas muitas fábricas o fazem

manualmente.

Os principais tipos de corte são:

Tidbits – pedaços uniformes, de 8 a 13 mm de

espessura;

Metades – a fruta é cortada em duas partes

relativamente iguais;

Quartos – corte da fruta em quatro partes iguais;

Fatias – corte em seguimentos ou fatias relativamente

iguais;

Pedaços irregulares.

Branqueamento ou escaldamento

O branqueamento consiste no tratamento das

frutas e hortaliças com água quente ou vapor

vivo.

Após a lavagem, as frutas e hortaliças passam por

este processo, antes de serem enlatadas,

congeladas ou desidratadas.

Objetivos do branqueamento

Este tratamento é utilizado com a finalidade de:

a) remover gases oclusos – evita a pressão

dentro das latas durante o tratamento térmico,

permitindo o vácuo apropriado. A presença de

gases pode oxidar o alimento enlatado e atacar a

folha-de-flandres utilizada na confecção da lata;

b) amolecer a casca/produto – permite o

acomodamento melhor e, portanto, um maior

volume do produto nas embalagens;

c) inativar enzimas – é importante para se

conservar a boa aparência do alimento, porque as

enzimas provocam o seu escurecimento. O objetivo

principal do branqueamento é a inativação das

polifenoloxidases, que causam o seu escurecimento

oxidativo;

d) completar a limpeza;

e) eliminar odores e sabores desagradáveis;

Dependendo da temperatura, o branqueamento

pode auxiliar ou não a fixação da cor verde ou de

outras cores.

A eficiência do branqueamento pode ser

confirmada pelo teste da peroxidase, que é a

enzima mais resistente ao calor, se comparada a

outras enzimas presentes nas frutas.

Métodos de branqueamento

O branqueamento pode ser feito de dois

modos, a saber:

a) branqueamento em água – tem a

vantagem de ser um método mais uniforme e

mais econômico, porque a água rodeia todo o

produto e o vapor gasto no aquecimento da

água é menor que o necessário para aquecer o

produto. É mais efetivo para a remoção de

gases oclusos.

Apresenta como desvantagem, a

possibilidade de contaminação por

termófílos, porque na parte inferior do

tanque podem estar presentes resíduos de

material orgânico, e a temperatura não

excede 50 a 60ºC.

Além disso, a perda de substâncias

nutritivas e das características

organolépticas do produto é maior;

b) branqueamento com vapor – é

bastante eficiente, havendo pequena perda de

nutrientes, além de permitir ao produto maior

retenção das qualidades organolépticas.

Tempo e temperatura do

branqueamento

O tempo e a temperatura do branqueamento

variam para os diferentes produtos, sendo

que o método empregado também tem

influência.

O tempo gasto é, normalmente de 2 a 5

minutos, á temperatura de 100 ºC, podendo

variar desde segundos até 20 minutos, com

a temperatura oscilando entre 70 e 115 ºC.

Equipamentos de branqueamento

Existem branqueadores que utilizam água quente

e outros que usam vapor.

Os equipamentos clássicos com água, consistem

em um tambor de aço inoxidável contendo um

cilindro perfurado no centro, com movimento

rotatório e água aquecida – geralmente entre 87 e

98 ºC – circulando entre os tambores.

A duração normal de um branqueamento – 2 a 5

minutos- pode ser modificada controlando-se a

velocidade da espiral do branqueador.

Nos branqueadores a vapor, o produto colocado sobre uma esteira móvel passa por uma câmara de vapor.

Um dos branqueadores mais eficientes é do tipo IQB, que possibilita o branqueamento rápido de unidades em conjunto. Esse tipo de branqueador é constituído por uma seção de aquecimento ou câmara de vapor , onde apenas uma camada do produto, sobre uma esteira, passa de cada vez.

Nas pequenas indústrias, em que não é

possível adquirir equipamentos apropriados,

o branqueamento pode ser feito em tanques

simples de processamento, adaptados de

cestos perfurados removíveis. O produto a

ser branqueado é colocado nos cestos, que

são submersos nos tanques contendo água

quente, ou, são submetidos a jatos de vapor

controlados manualmente. Esse

procedimento não é muito eficiente e pode

causar alguns danos ao produto.

Existem métodos não convencionais para

branqueamento (microondas) mas os de

maior aplicação são aquele à base de água

quente e vapor.

Enchimento

O enchimento do produto processado em

embalagens adequadas é uma das etapas mais

importantes, visto que é com essa apresentação

que será posto à venda.

O enchimento deve ser preciso a fim de se

conseguir uma uniformidade tanto de peso como

de qualidade.

O volume de enchimento deve ser prefixado,

respeitando-se o espaço livre mínimo, porque,

durante o tratamento térmico o produto se dilata,

podendo deformar a embalagem ou mesmo

rompê-la – como no caso dos vidros.

Quando o espaço livre for muito grande, o

volume de oxigênio é maior, podendo causar

corrosão da lata e interferir na pasteurização, uma

vez que o oxigênio funciona como isolante

térmico.

Toda embalagem, antes do enchimento, deve ser

lavada ou tratada com água quente ou vapor.

Tipos de enchimento

Constituem tipos de enchimento : Normal – coloca-se o produto normalmente nas

embalagens;

A quente – o produto é pré aquecido, antes do enchimento. Geralmente o enchimento é feito à temperaturas superiores a 85 ºC.

Semi-asséptico – o produto praticamente estéril é colocado dentro de embalagens previamente limpas. O enchimento é feito em condições assépticas.

Asséptico – todas as embalagens, tampas e demais equipamentos utilizados no enchimento são previamente esterilizados com vapor superaquecido. O produto também é esterilizado e resfriado. O enchimento é feito em câmara asséptica.

Métodos de enchimento

Utilizam-se dois métodos de enchimento, a

saber:

a) enchimento manual

Este método de enchimento é utilizado

para produtos confeccionados com matéria

prima de tamanho e forma diversos, quando

cada embalagem deve conter um número

fixo de pedaços ou quando a disposição do

conteúdo é artesanal.

O enchimento manual permite uma

última inspeção do produto para controle

de qualidade. Quanto ao peso, a

embalagem pode ser controlada uma a

uma ou periodicamente.

Apesar do custo ser maior, muitas

indústrias, principalmente as pequenas,

usam o método de enchimento manual.

A colocação de salmouras ou caldas é

feita, geralmente, pelo método mecânico

Enchimento mecânico

É feito por meio de máquinas apropriadas, que

podem ser adaptadas para os diferentes produtos.

As enchedeiras devem ser precisas e efetuar um

enchimento uniforme sem espirrar o produto.

Devem permitir a adaptação de embalagens

diversas e regulagem da velocidade de

enchimento.

A adição de xaropes é feita por

xaropeiras/dosadoras.

Exaustão

É o pré aquecimento das latas ou vidros antes da sua esterilização.

A exaustão tem como principal objetivo a remoção do ar ou outros gases presentes no espaço livre existente entre o produto e o recipiente e, em conseqüência, a formação do vácuo.

A remoção do oxigênio diminui a corrosão das latas, a oxidação do produto e impede o crescimento das bactérias aeróbicas e anaeróbicas facultativas.

Outra função da exaustão é reduzir a

pressão interna do sistema, porque o ar

retido no espaço livre, dilata-se durante o

tratamento térmico, produzindo uma

pressão interna que poderá danificar o

produto, deformar a lata e romper a

recravação e até mesmo vidros.

A exaustão pode ser feita pelo pré-

aquecimento – com vapor d’água e em

equipamentos apropriados – dos recipientes

cheios e sem tampa. O aquecimento do

recipiente diminui a densidade do ar preso

no produto, fazendo com que este suba e

seja expulso. O vapor d’água no espaço

livre, em substituição ao ar, condensa-se

durante o resfriamento, produzindo um

vácuo parcial.

O pré-aquecimento tem ainda, a vantagem de auxiliar a acomodação do produto na embalagem e de servir como início do processo de esterilização.

A desvantagem do pré-aquecimento é a alteração das características organolépticas do produto.

A recravação das latas ou o fechamento das embalagens deve ocorrer imediatamente após a exaustão, para que esta seja eficiente. A temperatura na recravação também é importante, devendo ser o vácuo e o volume do espaço livre cada vez maiores, conforme o aumento da temperatura.

Existe uma relação ótima entre a altura do espaço

livre e o vácuo final:

Para recipientes de 0,5 a 1,0 kg, a altura é de

7 a 10 mm.

Para recipientes de 3 a 5 kg, a altura é de 12 a

15 mm.

Outro processo mais barato e viável de exaustão

é a injeção de vapor no espaço livre, no momento

que a tampa abaixa sobre o recipiente, durante a

recravação.

São desvantagens desse processo :

A não remoção do ar ocluso

Não poder ser aplicado em produtos secos

Não ter efeito de pré esterilização

O favorecimento de crescimento de fungos, pelo

fato de a água condensada sobre a superfície do

produto poder diluir a concentração do açúcar

nessa área.

Um sistema mais complexo de exaustão é o

vácuo mecânico. A recravação do recipiente com

a tampa apenas colocada em cima é feita em uma

câmara com vácuo. Uma vantagem desse

processo é preservar todas as características

sensoriais do produto, pois não há aplicação de

calor. Porém para os produtos que sofrerão

tratamento térmico posterior, não apresenta

grandes vantagens.

Resfriamento

Esta etapa é indispensável logo após o

branqueamento, para interromper o

tratamento térmico, a fim de evitar o

prolongamento do aquecimento do produto.

O resfriamento é feito com jatos de água

fria.

TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO

DE DOCES DE FRUTAS EM CALDA

E COMPOTAS

Introdução

A Legislação Brasileira de alimentos define compota

como sendo a conserva de frutas que foram pré-

cozidas em calda de açúcar antes de envasar.

Já os produtos que são envasados praticamente crus

são designados como frutas em calda. Entretanto,

ambos os termos são usados, indistintamente, para

designar os dois tipos de produtos.

Frutas em conserva

• Dentre os diversos produtos que podem

ser obtidos das frutas, consideram se

como de primeira linha as conservas de

frutas, que são produtos de larga

aceitação em todos os continentes.

Conservação de frutas

Fundamentos da conservação

A conservação de frutas, como a de qualquer

outro alimento, visa, em última análise, à

manutenção do maior número possível de suas

características naturais por um período de tempo

bem superior ao que se conseguiria com o

produto 'in natura'. Com isso, evitam-se enormes

perdas, regulariza-se a oferta e possibilita-se o

consumo de produtos em épocas diferentes das

suas respectivas safras.

Princípios da conservação

A deterioração dos alimentos pode ser

provocada por fatores diversos, tais como:

reações químicas (enzimáticas e não-

enzimáticas), ação de microrganismos, de

insetos, parasitas e roedores; ação do frio,

do calor, etc.

No combate a essas causas de deterioração,

a Tecnologia de Alimentos dispõe de

diversos recursos, como por exemplo:

a) A deterioração microbiana pode ser

inibida associando-se dois ou mais dos

seguintes procedimentos: boas práticas de

higiene; controle do pH; aplicação de calor;

diminuição da água disponível; utilização de

aditivos, etc.

b) No controle das reações químicas

indesejáveis, pode-se lançar mão dos

seguintes recursos: eliminação de oxigênio

(O2); alteração do pH, redução da

temperatura, utilização de embalagens

específicas, uso de aditivos, etc. No caso

específico das reações enzimáticas costuma-se

recorrer, também, à aplicação de calor.

Processamento

Ingredientes e aditivos

Os ingredientes básicos, necessários à fabricação

de frutas em conserva, são a própria fruta e a

calda (água + açúcar).

Além desses e dependendo do tipo de produto a

ser usado, podem ser usados outros ingredientes,

como glicose, suco de frutas, especiarias, licores,

outros.

Quanto aos aditivos, o mais utilizado, e indispensável em alguns casos, é o acidulante para redução do pH.

As frutas destinadas à fabricação de conservas devem apresentar, entreoutras, as seguintes características:

- tamanho e forma regulares;

- textura firme e resistente ao processamento térmico;

- elevado rendimento em pedaços de tamanhos uniformes;

- polpa que apresente cor intensa e uniforme;

- sabor e aroma agradáveis.

O açúcar é a matéria-prima auxiliar mais

importante na fabricação de frutas em

conserva; pequenas variações em suas

características podem resultar em um

produto final de qualidade inferior. É por

essa razão que se deve escolher bem a

marca e os fornecedores, dando-se

preferências àqueles cujos produtos tenha

características bem definidas. O açúcar

cristal é o mais indicado para a produção de

frutas em conserva.

Operações do processamento

Identificação e caracterização

a. Operações preliminares

· Recepção e estocagem

Ao chegarem às indústrias, as frutas devem

passar por uma pré-seleção quando então são

separadas aquelas que estão fora do padrão

de maturação e as que estão deterioradas.

Caso não sejam processadas

imediatamente, o que é desejável, as frutas

devem ser estocadas em lugares frescos e

ventilados para os casos de pequena demora

ou em câmaras de refrigeração, para os

casos de espera mais longa.

É importante lembrar que cada tipo de fruta requer condições específicas de refrigeração. Por isso não se aconselha o armazenamento conjunto de certos tipos de fruta.

· Lavagem

· Seleção e classificação

· Descascamento

Dependendo do tipo de fruta processada, o descascamento pode ser realizado por um dos seguintes métodos: manual; mecânico (abrasão); físico (água quente ou vapor); químico (imersão em solução de soda cáustica).

Corte e descaroçamento

b. Operações Básicas

Branqueamento ou escaldamento

Envase

Consiste em encher a embalagem com o

produto. Após o branqueamento, tem-se dois

caminhos principais a seguir: se o produto a ser

fabricado é uma compota, haverá necessidade

de cozimento da fruta em calda de açúcar, antes

do envase. Caso se trate do processamento de

fruta em calda, a fruta é envasada crua,

seguindo-se a adição do xarope.

• A operação de enchimento pode ser feita de forma

manual, semiautomática ou automática,

dependendo do produto. É importante manter um

nível constante de enchimento da embalagem,

pois um superenchimento dificulta a pasteurização

do produto, enquanto que o enchimento

insuficiente, além de não proporcionar boa

formação de vácuo, contraria as normas legais.

Adição da calda

As caldas para frutas em conserva

constituem-se, normalmente, de soluções de

sacarose. Entretanto, é comum e desejável a

substituição de parte desta por xarope de

glicose (o xarope dilui-se na solução de

sacarose) cujo efeito é conferir brilho e fazer

baixar o índice de doçura do produto final.

A adição de calda, que deve ser feita a

quente (75ºC) para favorecer o tratamento

térmico, propicia os seguintes efeitos e pode

ser executada manualmente ou através de

máquinas apropriadas, chamadas dosadeiras

ou xaropeiras:

- remove o ar das embalagens

- no tratamento térmico, facilita a transmissão

de calor

- realça o sabor dos produtos

Ao adicionar a calda, deve-se deixar um

espaço livre na embalagem, isto é, não se

deve enchê-la completamente. Esse espaço é

necessário para permitir a movimentação da

calda durante o aquecimento das

embalagens e, também, para poder absorver

a dilatação do produto, evitando o

transbordamento da calda – a legislação

determina que esse espaço livre na

embalagem não deve ser superior a 10% de

seu volume.

A calda deve ser mantida límpida e

transparente. Quando, por acaso, nela

aparecerem resíduos, o fabricante obriga-se

a fazer uma filtração, pois esses resíduos

depreciam a qualidade do produto final.

Deve-se fazer um controle cuidadoso da

concentração, para evitar grandes perdas no

caso de se utilizar caldas mais concentradas

que o necessário. Os instrumentos utilizados

para o controle da concentração são os

hidrômetros ou refratômetros, sendo esses

últimos de maior precisão.

É importante que a calda seja fervida, não

só para eliminar resíduos deSO2 e coagular

impurezas, como também, conforme já foi

dito, para que seja adicionada quente ao

produto.

Exaustão

O método mais simples consiste em se

manter os recipientes em banho-maria a 95-

98ºC, por cerca de 10-15 min. As

embalagens deverão estar com as tampas

nas suas posições sem, no entanto, estarem

completamente fechadas e a água do banho

deve atingir uma altura de cerca de 2/3 do

recipiente. Terminada a exaustão, os

recipientes são imediatamente fechados e

conduzidos ao tratamento térmico.

Fechamento das Embalagens

No caso de latas, usa-se uma recravadeira

comum que assegura o fechamento

hermético da lata, protegendo

adequadamente o alimento durante o

processo de esterilização, resfriamento e

estocagem. Existem recravadeiras manuais e

automáticas, com dispositivos que permitem

o fechamento de diversos tamanhos de latas.

Nas embalagens de vidro, o fechamento é

manual ou através de recravadeiras

apropriadas. O fechamento da embalagem é

uma operação importante e deve ser perfeito,

necessitando de um controle cuidadoso.

Tratamento Térmico

O tratamento térmico, que poderia confundir-se

com o branqueamento, na realidade, dele se

distingue por uma série de aspectos, sendo que o

principal relaciona-se ao objetivo com que é

executado. Enquanto no branqueamento, o

objetivo principal é inativar as enzimas, no

tratamento térmico, os objetivos principais são:

- eliminar a maioria dos microrganismos

presentes.

- melhorar, pelo cozimento, a textura, o sabor

e a aparência do produto.

No caso das frutas em conserva onde o pH é

menor que 4,5 consegue-se realizar um

tratamento térmico eficiente, utilizando-se água

com temperatura próxima do ponto de ebulição, à

pressão atmosférica. O tempo de tratamento

térmico varia em função do produto, tendo-se que

garantir a temperatura mínima de 85ºC no centro

dos pedaços de frutas. A penetração do calor no

produto depende de diversos fatores dentre os

quais se destacam: material de embalagem, tipo e

formato do produto, concentração da calda, nível

de enchimento do recipiente, tamanho da

embalagem e movimentação do recipiente.

Os equipamentos para tratamento térmico

variam, normalmente, em função do porte da

empresa. Nas pequenas indústrias, o tratamento

térmico costuma ser realizado em tanques

abertos, que operam à pressão atmosférica. Nas

indústrias de maior porte, podem ser encontrados

os esterilizadores abertos, contínuos, sem

agitação e os esterilizadores do tipo 'spin cooker',

que promovem a rotação da embalagem durante

o tratamento térmico.

Resfriamento

Esta etapa tem uma influência muito grande

na qualidade e esterilidade comercial do

produto, podendo ser considerada como uma

complementação do tratamento térmico.

Deve ser executada no menor tempo

possível e logo em seguida à esterilização.

Um resfriamento prolongado poderá causar

supercocção do produto, além de alterações

microbiológicas.

A temperatura final de resfriamento deve

estar entre 35-40ºC, o que provocará a

evaporação rápida da água ainda aderida à

embalagem. É importante, também, que a

água de resfriamento contenha de 1 a 2 ppm

de cloro livre, para que ela não se torne

agente de contaminação do produto

enquanto os vedantes da tampa estão

aquecidos e semifluidos.

No caso de produtos embalados em vidro, o

resfriamento deve ser mais cauteloso,

devendo ser conduzido de modo a evitar que

a água fria entre em contato com os vidros

quentes, o que levaria à quebra dos mesmos.

Portanto, deve-se resfriá-los misturando

água fria com a água quente do tratamento

térmico, de modo que a redução da

temperatura não seja tão rápida.

Estocagem

O ambiente de estocagem deve ser seco e

ventilado para evitar corrosão, manchas nos

rótulos e amolecimento das caixas de

papelão. Devem ser evitadas temperaturas

altas de estocagem (máximo de 38ºC).

Problemas durante o processamento

O produto final obtido pode apresentar

alterações resultantes de práticas

inadequadas durante o processamento.

Dessas alterações, as mais comuns são:

a) Estufamento das embalagens

Este tipo de alteração pode ser originado

por desenvolvimento de microrganismos,

por corrosão interna das latas, por

superenchimento ou por exaustão malfeita.

As alterações por razões microbiológicas geralmente devem-se aos seguintes fatores, atuando juntos ou isoladamente:

- grande espaço de tempo entre a recravação e o

tratamento térmico;

- contaminação do produto após fechamento mal

feito da embalagem;

- tratamento térmico insuficiente;

- más condições higiênicas do processo.

• É importante ressaltar que as alterações de

origem microbiológica nem sempre são

acompanhadas de estufamento da

embalagem. Nesses casos, servem como

indício de deterioração as alterações de

aparência, odor e pH do produto, bem como

o surgimento de depósitos e/ou turvação nas

caldas.

Quando o estufamento deve-se à corrosão

interna, ocorre a formação de manchas no

verniz, podendo evoluir para microfuros na

embalagem. Já o estufamento por

superenchimento pode estar caracterizado

quando o produto não apresenta alterações

de aparência, odor e pH e a embalagem

praticamente não dispõe de espaço livre.

b) Mudança de coloração

A cor dos produtos processados pode ser afetada

negativamente por fatores como:

Demora no resfriamento após o tratamento

térmico. Nesse caso alguns produtos podem

tornar-se rosados. São exemplos típicos dessa

alteração os pêssegos e as pêras enlatadas.

Presença de dióxido de enxofre nas frutas ou no

açúcar, isso pode levar à produção de gás

sulfídrico, de cheiro desagradável, além do

surgimento de manchas e depósitos pretos.

Avaliação da quantidade de produtos

A Resolução 5/79 da Câmara Técnica de

Alimentos estabelece normas de identidade para

frutas em conserva. Além dos aspectos já citados

no texto deste fascículo, destacam-se os seguintes:

- os produtos mistos (com 2 tipos de frutas) não

poderão conter menos de 30% de cada

componente, calculados sobre o peso líquido

drenado. Constituem exceção os produtos

contendo cereja, onde se permite um mínimo de

4% e o que contém uva, em que o limite é de

12%.

- em saladas de frutas, permite-se o máximo de 5

frutas diferentes, sendo que nenhuma delas pode

estar em quantidade inferior a 15% do peso

líquido drenado, com exceção de cerejas (mínimo

de 2%) e de uvas (mínimo de 6%).

- a concentração das caldas nas compotas deve

estar entre 40 e 65º Brix, após atingido o

equilíbrio calda - fruta. Nas frutas em calda, este

valor pode oscilar entre 14 e 40º Brix.

- quando da utilização de bebidas alcoólicas, o

teor alcoólico no produto final não poderá

exceder a 1,9º GL.

Geleias Fundamentos e princípios da conservação.

A conservação das geléias deve-se,

basicamente, aos seguintes fatores:

- Elevada concentração de açúcar, baixo

pH e o tratamento térmico aplicado ao

produto.

- Além desses fatores, são essenciais para a

estabilidade do produto as condições

higiênicas do processo e a utilização de

embalagens adequadas.

Processamento

Ingredientes e aditivos

Os elementos básicos na fabricação de

geléia são: açúcar, pectina, ácido e água.

Esses componentes, em condições e

quantidades apropriadas, são os responsáveis

pela formação da estrutura gelificada típica

do produto.

Frutas

As frutas devem estar no ponto ótimo de

maturação e devem ter bom aroma. Frutas

muito maduras têm mais dificuldades para

formar o gel, enquanto as muito verdes,

apesar de terem maior rendimento em

pectina, podem provocar aparecimento de

coloração castanha no produto final. Um

procedimento bastante comum é a mistura

de parte das frutas levemente verdes com as

frutas maduras.

Na fabricação de geléias, é normal o

aproveitamento do material descartado no

processamento de frutas em conserva

(pedaços, fatias, suco, etc.), que, mesmo sendo

de boa qualidade nutricional, não se presta

para aquele tipo de produto.

As frutas mais apropriadas para a fabricação

de geléias são aquelas naturalmente ácidas e

ricas em pectina. Entretanto, pode-se fabricar

geléias com outros tipos de frutas, desde que

se faça a complementação necessária de ácido

de pectina ou de ambos.

Por isso, é importante conhecer as características de cada fruta com relação aos teores de pectina e de acidez, antes de se proceder à fabricação da geléia. É comum utilizar-se a seguinte classificação:

- Frutas ricas em pectina e acidez; Exemplos: laranja-bahía, laranja-pera, limão siciliano, limão cidra, groselha

- Frutas ricas em pectina e médias em acidez; Exemplos: goiaba, marmelo, etc.

- Frutas médias em pectina e ricas em acidez; Exemplos: pitanga, nêspera, uva isabel, etc.

- Frutas médias em pectina e pobres em acidez; Exemplos: banana-nanica, maçã argentina.

- Frutas pobres em pectina e ricas em acidez; Exemplos: abacaxi, uva, etc.

- Frutas pobres em pectina e médias em acidez; Exemplos: caju, morango, carambola, etc.

- Frutas pobres em pectina e pobres em acidez; Exemplos: caqui, figo maduro, mamão, etc.

Teste do álcool

Existe em teste bastante prático, conhecido como "Teste do álcool", que permite estimar o teor de pectina presente em uma fruta. Extrai-se o suco da fruta e misturam-se, em um pires ou vidro de relógio, quantidades iguais de suco e de álcool etílico comercial (cerca de 5 ml). Se a mistura formar um gel firme, volumes iguais de açúcar e suco poderão ser usados para produzir a geléia. Se a massa for macia e não muito firme, deverão ser usadas 3 partes de açúcar para 4 partes de sucos e, se pequenos grumos isolados de pectina se formarem, somente uma parte de açúcar deverá ser usada para duas partes de suco.

Açúcar

A sacarose ou açúcar de cana é o açúcar mais empregado na fabricação de geléias. Entretanto, em concentrações acima de 65º Brix ela tende a sofrer cristalização. Esse fenômeno é evitado com a substituição parcial da sacarose por xarope de glicose ou por açúcar invertido. Este açúcar é obtido na cocção da sacarose em presença de ácidos, ou seja, parte dele se forma na própria fabricação da geléia. Todavia, em termos práticos, obtém-se melhor resultado adicionando-se xarope de glicose que, além de diminuir a cristalização, melhora o brilho e reduz o sabor adocicado.

Ácidos

Para se alcançar o pH necessário a uma

gelificação adequada, normalmente

necessita-se adicionar acidulantes ao

produto. Os ácidos mais comumente

empregados para esse fim são o ácido

cítrico, o málico e o tartárico, sendo que o

ácido cítrico é de longe o mais utilizado.

Pectina

O termo pectina engloba certos compostos

naturalmente presentes nos vegetais e que

apresentam propriedades de gelificação.

Comercialmente, as maiores fontes de pectina

são os resíduos das indústrias que processam

frutas cítricas ou maçãs. As pectinas costumam

ser classificadas em 2 grupos: as de alta

metoxilação e as de baixa metoxilação.

Pectinas de baixa metoxilação conseguem

formar gel com pouca quantidade de açúcar,

normalmente em presença de sais de cálcio.

• Uma outra característica importante de uma

pectina é a sua velocidade de gelificação. As

pectinas com maior grau de metoxilação são

aquelas que gelificam mais rapidamente,

sendo importante na fabricação de produtos

que contenham pedaços de frutas em

suspensão. Quanto às pectinas que gelificam

lentamente, pode-se dizer que são mais

indicadas para geléia cozida a vácuo ou nos

casos em que o produto sofre um

resfriamento parcial antes da embalagem.

• Um outro aspecto positivo da geleificação

lenta é que há mais tempo para a saída da

bolhas de ar do produto. Na fabricação de

geléias podem, ainda, ser utilizados outros

ingredientes opcionais como: vinagre, suco

de limão, mel, bebidas alcoólicas,

condimentos e especiarias.

A cocção do produto deve ser conduzida de

forma a despender apenas o tempo

necessário à obtenção das características

desejadas.

Cocções prolongadas depreciam a

coloração e o sabor do produto, além de

provocar inversão excessiva de sacarose,

degradação da pectina e desperdício de

energia.

Quando a cocção é feita à pressão

atmosférica (tachos abertos), é

recomendável a utilização de tachos

pequenos, que levam menos tempo de

cocção em relação aos tachos grandes.

Uma vez atingido o ponto de cocção

requerido, interrompe-se o aquecimento e

adiciona-se o ácido.

Essa precaução é tomada porque o

cozimento da pectina junto com o ácido

compromete a formação do gel. Nas geléias

processadas a vácuo, em que a temperatura

do processo é mais baixa, o ácido pode ser

adicionado antes do final da cocção.

Ainda com relação ao processo a vácuo, é

importante que se realize uma fervura à

pressão atmosférica antes do envase para

esterilizar o produto.

Existem vários métodos para se

determinar o ponto final de cocção, como

por exemplo a refratometria e a

temperatura de ebulição. Na refratometria,

determina-se o teor de sólidos solúveis por

meio de refratômetros.

O método que se baseia na temperatura de

ebulição permite concluir, através da

comparação em tabelas, a concentração de

sólidos solúveis do produto.

Envase

A embalagem mais utilizada para o envase

de geléias ainda é o vidro, devido,

principalmente, à possibilidade de

observação do produto pelo consumidor. As

embalagens plásticas, entretanto, vêm sendo

cada vez mais utilizadas.

A temperatura mínima recomendada para o

envase do produto é de 85ºC. Com essa

precaução evita-se o desenvolvimento de

microrganismos.

É fundamental que a temperatura e o teor

de sólidos solúveis do produto mantenham-

se constantes durante o envase. Com isso,

evita-se que haja grande variação de seu

peso nas embalagens.

Tratamento térmico e resfriamento

Os produtos envasados com temperatura

acima de 85ºC não necessitam de

tratamento térmico adicional, bastando

apenas fazer o fechamento das embalagens

e mantê-las invertidas por 3 a 5 minutos, a

fim de que a geléia quente esterilize o

espaço livre e a tampa. Essa técnica pode

não ser reforçada com a utilização do túnel

de exaustão descrita no item anterior.

Operações do processamento

O processamento de geléias repete as

operações de recepção, lavagem e

estocagem, que já foram descritas. Além

dessas, e dependendo do tipo de fruta e de

geléia a ser processada, podem ser

realizadas outras operações como

descascamento, corte em pedaços e

trituração, também já examinadas.

Frutas que tenham sido preservadas em SO2 devem ser previamente fervidas para eliminação do conservante.

A obtenção de suco pode ser feita de várias formas, como por exemplo: cozimento prévio (utilizando-se o mínimo de água possível); trituração seguida de peneiramento ou prensagem e outros.

Em alguns casos, o suco é ainda clarificado (peneirado ou filtrado) para permitir a obtenção de uma geléia mais transparente.

Operações básicas

Formulação e cocção

Obtido o suco da fruta, procede-se à formulação

do produto, que consiste no cálculo e pesagem das

quantidades adequadas de cada ingrediente. Se a

geléia for fabricada sem adição de pectina

comercial, deve-se calcular a quantidade de açúcar

com base no teste de álcool, citado anteriormente.

Feita a formulação, inicia-se a cocção da mistura

(suco + açúcar), que deve ser concentrada até o

ponto desejado.

Se, por outro lado, a geléia for fabricada

com adição de pectina, essa poderá ser

adicionada em pó ou solução. Na adição da

pectina em pó, costuma-se misturá-la antes

com uma quantidade de açúcar 5 a 10 vezes

maior.

É importante, também, que o Brix seja

inferior a 20 e que a temperatura esteja em

torno de 65 - 68ºC. A seguir, agita-se e

ferve-se a mistura por 3 minutos para,

depois, adicionar o restante do açúcar. A

adição da pectina em forma de solução tem

a vantagem de poder ser feita próximo do

final da cocção, além do fato de que sua

dissolução é mais fácil.

A quantidade de pectina a ser adicionada

depende de vários fatores mas, de um modo

geral, utiliza-se de 0,5 a 1,5% do peso da

geléia.

Na preparação da solução da pectina,

costuma-se usar a relação pectina: açúcar

na água proporção de 1:4:32, sendo que a

preparação da solução normalmente é feita

com água quente (70ºC) e com agitação.

No caso de, no envase, não ser garantida a

temperatura mínima, deve-se realizar um

tratamento térmico final no produto.

Este tratamento consiste, via de regra, em

manter o produto imerso em água com

temperatura próxima da ebulição por 20 a 30

minutos.

A seguir, procede-se ao resfriamento do

produto, que deve seguir as recomendações

já descritas no item anterior.

Problemas durante o

processamento

Na fabricação de geléias, podem surgir

diversos problemas decorrentes do

emprego inadequado das técnicas e/ou dos

insumos. Os problemas mais comuns que

ocorrem são os seguintes:

Deterioração microbiana do produto

O problema origina-se basicamente da

falta de condições higiênicas adequadas

e/ou falhas tecnológicas durante o

tratamento térmico e o envase.

Assim, fatores como ausência de vácuo,

utilização de recipientes contaminados,

baixo teor de sólidos solúveis e

armazenamento inadequado podem levar à

perda do produto por crescimento de

microrganismos.

Gelificação inadequada

A consistência das geléias pode ser

prejudicada por diversos fatores que levam

à formação gel fraco ou seu endurecimento.

Como responsável pela formação de gel

duro podemos citar: o excesso de pectina; o

baixo pH e o teor de sólidos solúveis muito

alto.

Já a falta de consistência do gel pode ser

causada por baixo teor de sólidos solúveis;

pH incorreto, tempo de cocção excessivo,

pectina insuficiente, inadequada,

deteriorada ou mal dissolvida.

Ocorrência de sinerese

O fenômeno de sinerese consiste na

exsudação de parte da água do produto,

ficando esta na forma de fina camada sobre

o gel, ou formando regiões de diferentes

consistências.

Os principais fatores que contribuem para

a ocorrência de sinerese são: baixo pH; alto

teor de cálcio (na água ou nos ingredientes);

temperatura baixa no enchimento e pectina

insuficiente, deteriorada ou mal dissolvida.

Formação de cristais

A cristalização de açúcares é um fenômeno

que altera o aspecto e a textura do produto,

sendo provocado, principalmente, pela

adição de pouco xarope de glicose, no caso

de geléias processadas a vácuo.

Doces em massa e em pasta

Os doces de frutas são produtos consumidos largamente em todas as camadas da população e cuja fabricação abrange desde o nível essencialmente doméstico até grandes produções industriais. Tecnologicamente, podemos classificar os doces em cremosos e de corte, sendo que os últimos apresentam como principal vantagem maior facilidade de conservação e de manuseio, por isso são menores as exigências quanto a embalagem, transporte e estocagem.

Analisando-se, comparativamente, os doces e as geléias, pode-se dizer que o processo de obtenção de doces é, via de regra, mais simples que o de geléias. Dentre o doces de maior consumo, temos a goiabada (cascão e fina) e a bananada.

Fundamentos e princípios da

conservação

Os doces conservam-se bem, principalmente devido aos seguintes fatores presentes no seu processamento: tratamento térmico do produto e alta concentração de açúcar. Esses fatores poderão ter suas ações reforçadas quando são auxiliadas por boas condições de higiene durante o processamento e embalagens e armazenamento adequado.

Processamento

Ingredientes e aditivos

Na fabricação de doces derivados de

vegetais, os componentes básicos são a

fruta (ou outra parte comestível do

vegetal) e o açúcar. Eventualmente, e

dependendo do tipo de doce, poderão ser

utilizados, também, ingredientes como

ácidos, pectina, água, mel, glicose,

especiarias e outros.

Operações do processamento

Operações preliminares

As operações preliminares de fabricação

de doces são, basicamente, as mesmas

utilizadas para geléias, com a ressalva de

que, no caso dos doces, nem sempre é

obrigatória a extração do suco da fruta e

muito menos a sua clarificação.

Aspectos de segurança Corrimão

Evitar áreas escorregadias

Sinalizar tráfego de empilhadeiras

Ter saídas de emergências

Empregar as normas de cor na segurança

(ABNT)

Vermelho - Equipamento de incêndio

Alaranjado - Parte móveis e perigosas

da máquina, faces internas de caixas protetoras

de dispositivos elétricos

Amarelo - Cuidado! (empilhadeiras,

fundos de avisos, meio fios, vigas baixas,

corrimão)

Verde - Segurança! (Caixa para

máscaras, sala de curativos, chuveiros de

segurança)

Púrpura - Radiações eletromagnéticas e

nucleares

Branco e preto - Para marcar corredores

de circulação, áreas destinadas a

armazenamento e coletores de resíduos.

Tubulações

Verde- Água

Azul - Ar comprimido

Amarelo - Gases não liqüefeitos

Preto - Inflamáveis de alta viscosidade (óleo

filóil)

Alumínio - Gases liqüefeitos e inflamáveis de

baixa viscosidade (óleo diesel, gasolina)

Cinza claro - Vácuo

Cinza escuro - Eletroduto

Branco - Vapor

NOÇÕES BÁSICAS DE HIGIENE PARA

MANIPULADORES DE ALIMENTOS

HIGIENE

- Todas as pessoas que trabalham com alimentos são

responsáveis, não só pela sua saúde, mas também

pela saúde, bem-estar e satisfação de seus clientes.

- Todos os funcionários das seções de alimentos

devem estar sempre atentos às condições de higiene

pessoal e de manipulação dos produtos.

HIGIENE PESSOAL

- Uma boa higiene pessoal é indispensável às

pessoas que manipulam alimentos.

Para isso é necessário:

- Lavar muito bem as mãos e antebraço (até a altura dos cotovelos) com detergente neutro, toda vez que for manipular alimentos.

- Manter as unhas sempre limpas e aparadas, sem esmalte ou base.

- Fazer a barba diariamente.

- Evitar uso de anéis, aliança, pulseiras e adornos.

- Manter o avental em uso sempre limpo.

- Usar contentores de cabelo.

- Utilizar luvas e máscaras descartáveis.

- Utilizar sempre sapatos fechados e antiderrapantes.

- Não espirrar ou tossir próximo aos alimentos.

- Evitar manipular alimentos se tiver ferimentos nas mãos.

- Evitar a utilização de “panos”, substituindo-os por papel toalha.

HIGIENE DOS EQUIPAMENTOS Assim como a higiene pessoal, a higiene dos

equipamentos é extremamente importante.

Cuidados especiais:

- Lavar com água e detergente neutro ou sabão bactericida, após o uso, as facas talheres, vasilhas e demais utensílios da seção.

- Limpar constantemente os equipamentos como bancadas, placas de altileno, etc...

- Desinfetar, após limpeza, os equipamentos, as paredes e o piso com solução de água sanitária.

- Efetuar com frequência a limpeza e higienização dos ralos,

LIXO

- Dê preferência às lixeiras com acionamento no pedal, para evitar contato manual com a tampa.

- Mantenha o lixo em recipiente limpo, revestido de saco plástico e sempre tampado, para evitar moscas, baratas e ratos.

- Proteja o lixo do sol, chuva e do acesso de animais e pessoas.

- Recolha o lixo toda vez que achar necessário (várias vezes ao dia).

- Não deixe o lixo passar a noite no estabelecimento, para evitar a presença de ratos e baratas.

- Nunca misture o lixo de banheiro com os demais lixos.

Pós colheita de café

• O café é um dos poucos produtos cujo valor cresce

muito com a melhoria da qualidade; um produto de

qualidade inferior pode sofrer redução significativa no

seu valor de comercialização. Os processos de

secagem e armazenagem contribuições expressivas

sobre a qualidade final do produto, sendo, portanto,

muito importante na escolha correta da infraestrutura

para atender a fase final da produção do café.

Os cuidados nas fases de colheita e preparo do café completam todas as atividades realizadas na lavoura.

Cafés cultivados de forma adequada, mas manejados de forma incorreta durante as fases de colheita e preparo irão produzir cafés de baixa qualidade.

O café arábica tem grande potencial para a produção de cafés finos (de boa qualidade), mas é preciso cuidados para se ter qualidade. A colheita e o preparo do café são fases decisivas para garantir a qualidade da bebida.

Deve-se lembrar que a fase de preparo do café inclui os processos de secagem, armazenamento, beneficiamento, torração e preparo da bebida.

Técnicas de preparo do fruto de café.

Duas técnicas são geralmente empregadas para preparo

do fruto: a via seca ou a via úmida. O processamento

por via seca é mais simples, requer um menor controle

durante a colheita e menores custos operacionais. Neste

caso todos os frutos são secos em terreiro,

imediatamente após colheita, ou em secadores

mecânicos, produzindo o café natural. Entretanto,

durante a secagem as condições climáticas locais

podem afetar de forma negativa a qualidade do produto.

Isto ocorre devido à ação de fungos e bactérias que

resultam em fermentações indesejáveis, que ocorrem na

mucilagem açucarada dos frutos.

Por sua vez, o processamento via úmida requer um

controle mais estrito em relação ao estágio de

amadurecimento dos frutos e pode incluir as etapas de

retirada da casca e da mucilagem, para se produzir o café

cereja despolpado, ou apenas a apenas a retirada da

casca, para produzir o café cereja descascado. O

processamento via úmida, além de reduzir a massa de

café a ser seca, diminui o volume do café a ser

beneficiado e reduz os riscos de fermentações

indesejáveis. A preparação dos cafés despolpados, a

partir de frutos maduros e com a eliminação rápida da

fonte de fermentação, resulta, se bem processada, em

cafés boa bebida, independentemente da região de

produção (Matiello, 2002).

PREPARO DO CAFÉ

Após a colheita os frutos devem ser esparramados o

mais rápido possível no terreiro, jamais ficando

amontoados no terreiro ou na lavoura, pois as

condições de umidade e temperatura presentes na

massa de café provocam fermentação dos frutos

comprometendo seriamente a qualidade do produto.

O café pode passar por duas formas de preparo: via

seca e via úmida. O preparo por via seca é o mais

comum no Brasil sendo que os frutos secos ficam

com a casca, enquanto que através da via úmida o

café é descascado e despolpado.

Frequentemente os produtores que preparam o

café pelo processo denominado “via seca”, ou

seco em terreiro, sofrem grandes prejuízos por

não conhecerem características da qualidade do

café produzido e as recomendações de como

conduzir corretamente o preparo do produto. O

processo "via úmida" é utilizado no Brasil em

regiões que apresentam problemas de qualidade

devido principalmente a condições de clima ruim

durante a produção e preparo dos frutos (fases

pré e pós-colheita) e, também, para se conseguir

sementes para novos plantios.

AÇÕES A SEREM ADOTADAS

PELO CAFEICULTOR

• 1) Fazer uma limpeza em todos os locais:

terreiros, tulhas ou armazéns e equipamentos:

secadores, máquinas de beneficiamento etc. Todos

devem estar bem limpos.

• 2) Iniciar a colheita quando estiver com mais de

80% de frutos maduros, utilizando lonas ou

peneiras.

3) Os frutos colhidos necessitam de abanação manual

para retirada das impurezas grosseiras, como folhas e

ramos. Depois de abanados e ensacados em sacos de

ráfia, precisam ser colocados à sombra até o transporte,

NO MESMO DIA, para secagem, evitando

FERMENTAÇÕES INDESEJÁVEIS.

OBS: O hábito de deixar o café na roça, ensacado ou

não, para depois leva-lo para o local de secagem tem

sido altamente prejudicial à qualidade do café, além da

expressiva perda de peso do produto. CAFÉ COLHID

ESTADO DE

MATURAÇÃO

TEOR DE ÁGUA

(%)

VERDE/

VERDE CANA 66 – 70

CEREJA

MADURO 50 – 65

PASSA

35 - 50

BÓIA / COCO 12 - 35

Fonte: Wilbaux

Frutos recém colhidos acondicionados em sacos por mais de 8 horas, atingem temperatura superior a 40cº, formando o defeito ardido.

• 4) Durante a secagem o café deve ser revolvido com o rodo durante todo o dia a cada hora. O trabalho deverá ser realizado em direção ao sol, sempre com a sombra à frente ou às costas.

• POSIÇÃO CORRETA PARA O REVOLVIMENTO DO CAFÉ (SOMBRA À FRENTE OU ÀS COSTAS DO OPERADOR)

• 5) Somente após meia seca o café deve ser amontoado ainda quente. Nesta fase de secagem o café não pode tomar chuva.

6) Recomenda-se o uso do secador de fogo indireto

com temperatura na massa do café inferior a: 60ºC –

CONILON 45ºC - ARÁBICA

OBS: A secagem do café em temperaturas elevadas,

acima dos parâmetros acima descritos, tem se

constituído em fator de grande prejuízo para o

cafeicutor.

7) Armazenamento em tulha revestida de madeira,

com pouca luz. UMIDADE: 13% CONILON 12%