prevenção: uma estratégia global

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Prevenção: uma estratégia global.

Promoção da segurança e da saúde

no trabalho

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Prevenção: uma estratégia global. Promoção da segurança e da saúde no trabalho

Relatório do BIT

para o Dia Mundial

da Segurança e da Saúde no Trabalho

2005

Bureau Internacional do Trabalho

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Copyright © Organização Internacional do Trabalho 2005

1ª edição 2005

As publicações do Bureau Internacional do Trabalho (BIT) gozam daprotecção dos direitos de autor em virtude do nº 2 do anexo àConvenção Universal para a protecção dos Direitos de Autor. Noentanto, breves extractos dessas publicações podem serreproduzidos sem autorização, desde que devidamente mencionadaa fonte. Para obter os direitos de reprodução ou de tradução, ospedidos devem ser dirigidos ao Serviço de Publicações (Direitos deAutor e Licenças), Bureau Internacional do Trabalho, CH-1211Genebra 22, Suíça. Os pedidos serão sempre bem-vindos.

Organização Internacional do Trabalho, Lisboa

Bureau Internacional do Trabalho

ISBN 92-2-817107-3 (edição impressa)ISBN 92-2-817108-1 (web pdf)

Também disponivel em inglês: Prevention: a global strategy.Promoting safety and Health at Work

ISBN 92-117107-8 (print)ISBN 92-2-117108-6 (web pdf), Geneva 2005

As denominações utilizadas nas publicações do BIT, conforme aprática adoptada pelas Nações Unidas, e a apresentação dos dadosque nelas figuram não implicam, da parte do Bureau Internacional doTrabalho, nenhuma tomada de posição quanto ao estatuto jurídicodeste ou daquele país, zona ou território citados ou das respectivasautoridades, nem quanto à delimitação das suas fronteiras.

A responsabilidade por opiniões expressas em artigos, estudos eoutras contribuições assinadas, recai exclusivamente sobre os seusautores, e a sua publicação não significa que o Bureau Internacionaldo Trabalho subscreva essas mesmas opiniões.

A referência ou não referência, a empresas, produtos ouprocedimentos comerciais não implicam qualquer apreciaçãofavorável ou desfavorável, da parte do Bureau Internacional doTrabalho.

Informação adicional sobre as publicações da OIT pode ser obtidano Escritório da OIT em Lisboa,- Rua Viriato, nº7, 7ºandar, 1050-233LISBOA, Telefone: 21 317 34 47, Fax: 21 314 01 49 ou directamenteatravés da nossa página na Internet: www.oit.org/lisbon

Tradução: Margarida Robert | Paginação: Álvaro Carrilho

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O Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho celebra-se a 28 de Abril de cadaano, data assinalada pela primeira vez pela OIT em 2001 e 2002. Foi em 2003 que estedia foi comemorado na sua forma actual, ano em que a OIT o utilizou para promover oconceito de criação e manutenção de uma cultura de segurança e saúde no trabalho,tema posteriormente desenvolvido em 2004. Em 2005, este dia centrar-se-á naprevenção de doenças e acidentes relacionados com o trabalho, mantendo-se fiel aotema da promoção de uma "cultura de prevenção em matéria de segurança e saúde".

O conceito do Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho tem as suas raízesno Workers Memorial Day, instituído por trabalhadores americanos e canadianos, em1989, para homenagear os trabalhadores mortos e feridos, a 28 de Abril de cada ano.A Confederação Internacional de Sindicatos Livres e a Federação Sindical Mundialtransformaram este dia num acontecimento global, expandindo o seu âmbito deinfluência, de forma a abranger a noção de um trabalho e locais de trabalhosustentáveis. O Dia Internacional de Comemoração dos Trabalhadores Mortos eFeridos é agora comemorado em mais de cem países.

No Dia Mundial de 2005, convidamos governos e organizações de empregadores etrabalhadores a levar a cabo actividades de sensibilização sobre o tema daprevenção de doenças e acidentes relacionados com o trabalho, nas suas áreas deinfluência. Além disso, incentivamos todas as pessoas envolvidas no mundo dotrabalho a repensar as suas práticas de trabalho, e a identificar eventuais acçõespreventivas que possam evitar acidentes e doenças, não só no dia 28 de Abril, masao longo de todo o ano.

Convidamo-lo a juntar-se a nós na promoção deste dia importante. 5

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Prevenção: uma estratégia global

A OIT acredita firmemente que as doenças e os acidentes relacionados com otrabalho podem e devem, de facto, ser evitados, e que é necessária uma acçãoconjunta a nível internacional, regional, nacional e empresarial para alcançar esseobjectivo. Parte da resposta reside na criação de uma legislação nacional adequadasobre segurança e saúde no trabalho e na promoção do cumprimento da mesma; asentidades de inspecção do trabalho têm um papel fundamental a desempenhar aqui.Parte da resposta reside também numa maior e melhor formação, com uma melhorintegração da segurança e saúde no trabalho nos cursos de formação, bem como emprogramas de formação ao nível da empresa. Contudo, só se poderá ter um êxitoefectivo na redução das doenças e dos acidentes relacionados com o trabalho sehouver um empenho real de todas as partes envolvidas na prevenção, um conceitoque está no cerne do que foi designado por uma "cultura de prevenção em matériade segurança e saúde".

A prevenção envolve gestão, previsão, planeamento e empenho, para preveniracidentes, avaliar riscos e implementar acções antes que aconteça um acidente ouque se contraia uma doença. Isto só pode ser concretizado com as medidassupramencionadas e com a cooperação de todas as partes envolvidas: oempregador, que tem a responsabilidade máxima de proporcionar condições detrabalho com segurança e saúde, gestores, supervisores, trabalhadores erespectivos representantes para as questões da segurança e saúde, como ossindicatos, através da comunicação, de acordos colectivos, comissões de segurança,etc. Todas estas entidades têm um papel importante a desempenhar na melhoria dasegurança e saúde no trabalho, mediante um diálogo social eficaz.

Tanto os custos humanos como os económicos de acidentes e doenças no trabalhoem todo o mundo são enormes. Estimou-se, por exemplo, que as perdas em termosde Produto Interno Bruto global resultante de mortes, lesões e doenças no trabalhosão cerca de 20 vezes superiores a todo o apoio oficial ao desenvolvimento.Contudo, embora o custo económico seja muito elevado, o custo humano de talsofrimento é incalculável.

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Figura 1: Número estimado de acidentes mortais e de acidentes não mortais em todoo mundo

Acidentes Acidentes TodosPopulação Total mortais mortais Acidentes os acidentes

economicamente de estimados comunic. estimados comunicados Região activa emprego (OIT) à OIT 3 dias à OIT

EME 419.732.002 394.720.947 15.879 14.316 12.118.393 7.527.083

AES 183.089.714 161.762.008 17.416 7.853 13.291.068 343.004

IND 443.860.000 402.510.000 40.133 222 30.627.865 928

CHN 740.703.800 733.705.100 90.295 12.736 68.909.715 61.329

RAI 415.527.598 344.569.424 76.886 3.051 58.676.113 141.349

ASS 279.680.390 19.347.698 53.292 145 40.670.012 27.015

ALC 219.083.179 192.033.807 39.372 2.009 30.046.941 776.938

MO 135.220.721 76.443.255 17.977 1.416 13.719.565 153.785

Mundo 2.836.897.404 - 351.251 41.748 268.059.671 9.031.431

Em resposta a este desafio, a Conferência Internacional do Trabalho, em Junho de2003, adoptou uma estratégia global relativamente à segurança e saúde no trabalho,tendo em vista dar um maior ênfase à segurança e saúde no trabalho nas agendaspolíticas internacionais e nacionais. A estratégia baseia-se na necessidade depromover globalmente uma "cultura de prevenção em matéria de segurança e saúde"mais abrangente, bem como a necessidade de gerir eficazmente os riscosrelacionados com o trabalho. O Relatório da Conferência, nas suas conclusões1,refere-se a uma "cultura nacional de prevenção em matéria de segurança e saúde"como:

"…uma cultura em que o direito a trabalhar num ambiente seguro e saudável érespeitado a todos os níveis e em que os governos, os empregadores e ostrabalhadores colaboram activamente para assegurar um ambiente de trabalhoseguro e saudável através da definição de um sistema de direitos,responsabilidades e deveres, assim como da atribuição da máxima prioridade aoprincípio da prevenção."

EME – Economias de Mercado Estabelecidas; AES – Antigas Economias Socialistas; IND – Índia; CHN – China; RAI – Resto da Ásia e Ilhas;ASS – África Sub-saariana; ALC – América Latina e Caribe; MO – Médio Oriente

‘Acidentes estimados, 3 dias’ corresponde a acidentes não mortais que dão origem a ausências ao trabalho de mais de 3 dias de duração

Fonte: OIT, 2005

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Na mesma Conferência, a OIT foi mandatada para promover esta cultura através dediversas actividades, sendo uma delas a organização de um evento ou de umacampanha internacional anual, como um Dia Mundial ou a semana da segurança eda saúde. O Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho integra-se nessemandato. O relatório subsequente da OIT 'Organização da Promoção no Domínio daSegurança e da Saúde no Trabalho2 desenvolve o tópico da "cultura de prevençãoem matéria de segurança e saúde".

1 Conclusões relativas às actividades normativas da OIT no domínio da segurançae saúde no trabalho: uma estratégia global, OIT, 2004, versão espanhola:http://www.ilo.org/public/spanish/standards/relm/ilc/ilc91/pdf/pr-22.pdf

2 Organização da Promoção no Domínio da Segurança e da Saúde no Trabalho,OIT, 2004, versão espanhola:http://www.ilo.org/public/spanish/standards/relm/ilc/ilc93/pdf/rep-iv-1.pdf

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OMALCASSRAICHNINDAESEME

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Figura 2: Taxa estimada de acidentes mortais relacionados com o trabalho por100.000 trabalhadores

Fonte: OIT, 2005

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Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho,28 de Abril de 2005

Em 2005, este dia concentrar-se-á na prevenção de doenças e acidentesrelacionados com o trabalho, mantendo-se fiel ao tema desenvolvido nos últimos doisanos, nomeadamente a promoção de uma cultura de segurança e saúde. Tal comoem anos anteriores, neste ano desenvolver-se-ão importantes sub-temas.

O primeiro sub-tema é o da prevenção de doenças e acidentes na indústria daconstrução, uma importante fonte de emprego em muitas partes do mundo. Contudo,é também um sector económico que está associado, proporcionalmente, a muitomais lesões e doenças do que a maior parte dos outros sectores. O segundo sub-tema é o da prevenção de doenças e acidentes entre trabalhadores jovens e idosos.Ambos os grupos, isto é, os trabalhadores jovens, entre os 15 e os 24 anos, e ostrabalhadores idosos, com 55 anos ou mais, têm estatisticamente maisprobabilidades de sofrer determinados tipos de lesões relacionados com o trabalho,embora por motivos completamente distintos.

A indústria da construção

A construção é uma das maiores indústrias do mundo, satisfazendo as necessidadesde economias em crescimento por vezes acelerado, bem como os requisitos normaisde programas de construção, renovação, manutenção e demolição em todos ospaíses. Esta indústria tem também por vezes que responder às necessidadesimediatas de áreas devastadas por desastres provocados pelo homem ou naturais,como no caso do recente Tsunami no Oceano Índico. Aqui, como em qualquer outrocaso, a segurança e saúde no trabalho não deve ser negligenciada e ostrabalhadores da construção, em particular, não devem ser expostos a riscosdesnecessários durante as fases de recuperação e reconstrução.

Apesar da mecanização, a indústria continua a depender amplamente da mão-de-obra e os riscos enfrentados pelos trabalhadores a nível da segurança e saúdeencontram-se entre os maiores de qualquer sector de emprego. Dada a própria

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natureza dos locais de construção, osambientes de trabalho estão emconstante mutação, e os riscos para asegurança e a saúde que ostrabalhadores correm também se vãoalterando. A indústria tem uma longatradição de empregar mão-de-obraestrangeira, de sectores mais baixos daeconomia, e muitas vezes estamosperante situações de trabalho precário e acurto prazo. Além disso, estão envolvidasmuitas partes nas actividades deconstrução: empregadores e empreiteiros,trabalhadores, arquitectos, desenhadores,clientes, fornecedores de equipamento,entre outros. Trabalhar nestas condiçõespode ser uma fonte de stress, e podeaumentar a prevalência de problemaspsicossociais, que poderão aumentar opotencial de acidentes e doenças.Analisados no seu conjunto, estesfactores realçam a importância de umacomunicação eficaz entre todas as partes,bem como de um trabalho conjunto nosentido de implementar e manter normascondignas de segurança e saúde,adequadas à realidade.

O número global de acidentes e doençasna indústria da construção é muito difícilde quantificar, pois não há informaçõesestatísticas disponíveis em muitos países.Porém, estão disponíveis alguns dadosnacionais, que serviram de base paraalgumas estimativas da OIT (ver 'Factoschave e estatísticas'). Os dadosestatísticos sobre doenças laborais sãoainda mais difíceis de obter, em parteporque muitos dos riscos para a saúde,

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Factos chave eestatísticas

n Por dia, em todo o mundo,morre uma média de 5000pessoas, vítimas de doenças eacidentes relacionados com otrabalho, correspondendo a umtotal de 2 a 2,3 milhões demortes relacionadas com otrabalho. Deste número, cercade 350.000 corresponde aacidentes mortais e 1,7 a 2milhões a doenças mortais.

n Além disso, anualmente, ostrabalhadores sofrem cerca de270 milhões de acidenteslaborais que originam ausênciasao trabalho superiores a 3 dias,e cerca de 160 milhões dedoenças não mortais.

n Aproximadamente 4% doproduto interno bruto mundialperde-se com o custo daslesões, mortes e doenças,passando pelo absentismo, otratamento de doenças,incapacidades e pensões desobrevivência.

n As substâncias perigosasmatam cerca de 438.000trabalhadores anualmente, ecalcula-se que 10% de todos oscancros da pele sejamatribuíveis à exposição asubstâncias perigosas no localde trabalho. è

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como a exposição a químicos perigososou outras substâncias, ou a níveis elevadosde ruído e vibração, têm efeitos a longoprazo nos trabalhadores, não sendoaparentes senão meses ou anos após aexposição. O que fica claro, porém, é que aindústria da construção é significativamentemais perigosa que a maior parte dos outrossectores económicos, tal como sugerem afigura 3 e 4.

Riscos de segurança e saúde para ostrabalhadores da construção

Os riscos de segurança que ostrabalhadores da construção enfrentamdecorrem da própria natureza do trabalho,que supõe o trabalho a grandes alturas(quedas de telhados, andaimes, escadas,etc), trabalhos de escavação (colapso devalas e máquinas de terraplanagem), autilização de aparelhos de elevação(guindastes e aparelhos elevatórios), autilização de equipamento e ferramentaseléctricas e de outros veículos noestaleiro. Os estaleiros estão frequente-mente intransitáveis e desorganizados,aumentando a probabilidade de ocorrên-cia de acidentes.

n Só o amianto ceifa 100.000vidas por ano, sendo que estenúmero continua a aumentar.Embora a produção global deamianto tenha decrescido desdeos anos 70, cada vez maistrabalhadores nos EUA, noCanadá, no RU, na Alemanha enoutros países industrializadosestão agora a morrer devido àexposição a poeira de amiantono passado.

n A silicose, uma doençapulmonar mortal causada pelaexposição ao pó de sílica,continua a afectar milhões detrabalhadores em todo o mundo.Na América Latina, 37% dosmineiros sofrem desta doença,subindo para 50% entre osmineiros com mais de 50 anos.Na Índia, mais de 50% dostrabalhadores que fabricamlápis de ardósia e 36% dos quetrabalham a pedra sofrem desilicose.

Segundo estimativasda OIT…

3 Safety and health in construction work - A. López-Valcárcel em Asian-PacificNewsletter on Occupational Safety and Health. Construction. Volume 11, número1, Março 2004. http://www.occuphealth.fi/Asian-PacificNewsletter. Ver tambémPanorama internacional de la seguridad y salud en construcción - A. López-Valcárcel. Semana Argentina de la Salud y Seguridad en el Trabajo, BuenosAires, Abril 2004. http://www.ilo.org/public/spanish/protection/safework/alv-1.pdf

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Os trabalhadores da construção estãotambém expostos a uma série de riscospara a saúde, incluindo a exposição asubstâncias perigosas (como poeiras deamianto e sílica e químicos perigosos), amanipulação de cargas pesadas ouincómodas e a exposição a altos níveisde ruído e vibração (tanto deequipamento portátil como de maquinariapesada). Dores lombares e outrosproblemas musculares devidos aolevantamento de cargas pesadasconstituem grande parte das lesõesrelacionadas com o trabalho nestaindústria. O amianto é motivo particular

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60.000

Construção

Total355.000

Fonte: OIT, 2003 4

EUA

0

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30

40

E L A

E

L

A

França

E L A

Espanha

E L A

Japão

E L A

% Emprego

% Lesões

% Acidentes Mortais

Fonte: OIT, 2003 3

Figura 3: O emprego e os acidentes de trabalho na construção, como percentagem dototal de todas as actividades económicas: exemplo de 4 países .

4 Safety and health in construction work - A. López-Valcárcel em Asian-PacificNewsletter on Occupational Safety and Health. Construction. Volume 11, número1, Março 2004. http://www.occuphealth.fi/Asian-PacificNewsletter. Ver tambémPanorama internacional de la seguridad y salud en construcción - A. López-Valcárcel. Semana Argentina de la Salud y Seguridad en el Trabajo, BuenosAires, Abril 2004. http://www.ilo.org/public/spanish/protection/safework/alv-1.pdf

Figura 4 . Estimativas mundiais dos acidentes mortais relacionados com o trabalho (2003)

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de preocupação, pois, embora a sua utilização tenha sido banida em muitos (masnão em todos) países, os trabalhadores da construção podem ser expostos a níveisperigosos de poeira de amianto em suspensão no ar, durante os trabalhos dedemolição, renovação e manutenção.

Gestão, planeamento e coordenação através do diálogo social

A natureza transitória do ambiente de trabalho na indústria da construção, associadaao número de diferentes intervenientes nos processos, fazem desta uma indústriaúnica. Torna-se, pois, vital envolver todos as partes interessadas, dos desenhadorese arquitectos de edifícios, fornecedores de equipamento e clientes, a empregadores,empreiteiros, supervisores, trabalhadores e sindicatos, para que se possa geriradequadamente os riscos para a segurança e a saúde e para que a prevenção dedoenças e acidentes seja uma realidade. Todas as partes têm um papel adesempenhar na redução destes riscos, beneficiando não só os trabalhadores daconstrução, mas também os trabalhadores da futura manutenção dos edifícios agoraconstruídos.

É, assim, necessária uma abordagem específica à segurança e saúde no trabalho naindústria da construção. É vital contar com uma boa gestão, planeamento ecoordenação através do diálogo social, e a melhor forma de o conseguir é consultaras diferentes partes supramencionadas, acordando e registando por escrito asmedidas de prevenção necessárias para um dado local, e distribuindoresponsabilidades. Esse é o objectivo do programa ou plano de segurança e saúde,que estabelece, define, quantifica e calcula o custo das medidas de prevençãoespecíficas. Devem ser estabelecidas responsabilidades para o fornecimento deequipamento específico (como barreiras e redes de segurança, centros deassistência, etc), bem como acordos para supervisão de rotina às instalações einspecções e verificações do equipamento no local.

Normas e directrizes da OIT

A OIT está consciente, há muito, da necessidade de um tratamento especial para aindústria da construção, tendo adoptado, em 1937, a primeira Convenção para aindústria. Em 1988, adoptou a Convenção relativa à segurança e à saúde na indústriada construção (N.º 167), bem como a Recomendação associada (N.º 175),reflectindo a necessidade de uma abordagem abrangente para enfrentar alguns dosproblemas de segurança e saúde na construção. Uma das questões chave que esta

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Convenção aborda é a necessidade de umplaneamento e de uma coordenaçãoeficazes no domínio da segurança e dasaúde no estaleiro. Especifica, porexemplo, que se vários empreiteirosestiverem a trabalhar no mesmo estaleiro,incumbe ao empreiteiro principal assumir aresponsabilidade em matéria desegurança e saúde, embora cadaempregador fique responsável pelaaplicação das medidas prescritas para ostrabalhadores colocados sob a suaautoridade.

Em 1992, a OIT aprovou um novo Códigode Práticas: 'Segurança e Saúde naConstrução'. Este código forneceorientações práticas sobre como criar emanter condições de trabalho seguras esaudáveis em estaleiros, complementandoa abordagem mais abrangente daConvenção e da Recomendação.

Em 2001, foram publicadas as directrizespara sistemas de gestão da segurança eda saúde no trabalho ('Guidelines onOccupational Safety and HealthManagement Systems' - ILO-OSH 2001).Estas directrizes aplicam-se a todos ossectores económicos, mas sãoespecialmente úteis para a indústria daconstrução, dada a sua necessidadeparticular de encontrar uma abordagemcoordenada e sistemática na gestão dasegurança e saúde no trabalho.

Outro instrumento especialmentepertinente para esta indústria é aConvenção relativa à segurança na

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Factos chave eestatísticas

Segundo estimativas daOIT para a indústria daconstrução…

n Anualmente, ocorrem pelomenos 60.000 acidentes mortaisem estaleiros de todo o mundo.Isto significa que, neste sector,ocorre um acidente mortal dedez em dez minutos, e quecerca de 17% de todos osacidentes mortais no trabalho (1em cada 6) acontecem emestaleiros.

n Embora em muitos paísesindustrializados o sector daconstrução possa empregartipicamente entre 6 e 10% daforça de trabalho nacional, podetambém ser responsável por 25a 40% do total nacional deacidentes de trabalho mortais(ver, por exemplo, os diagramasque se encontram na secçãorelativa à construção). No quediz respeito à saúde, em França,por exemplo, 20% das doençasreconhecidas pelos sistemas depensões dos trabalhadorescomo doenças relacionadascom o trabalho ocorrem nosector da construção.

n Um inquérito Europeu,realizado em 2000, revelou que16% dos trabalhadores è

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utilização do amianto, de 1986 (N.º 162) eRecomendação associada (N.º 172),embora sejam relevantes para todos ossectores económicos. O código de práticasda OIT 'Segurança na utilização doamianto' fornece orientações práticassobre o assunto.

Programas de prevenção para aindústria da construção

Os problemas das doenças e acidentes naconstrução foram reconhecidos há muito,tanto a nível internacional como nacional,sendo diversos os programas iniciados nosúltimos anos no sentido de melhorar asituação. Além disso, muitos programasconcentraram-se mais nas questões dasegurança que nas questões da saúde,dados os benefícios imediatos na reduçãodos acidentes no trabalho, porcomparação com os benefícios a longoprazo da redução das doençasrelacionadas com o trabalho. É necessárioempenhar mais esforços nas questõesrelacionadas com a saúde neste sector,embora os resultados dos programascentrados na saúde possam ser maisdifíceis de quantificar.

A nível internacional, foi recentementelançada uma campanha de segurança esaúde na construção, em toda a UniãoEuropeia, promovendo a boa prática atravésde estudos e de outros meios, bem como ocumprimento da legislação5 . O programamundial 'Healthy Work, Healthy Development'(Trabalho saudável, Desenvolvimento

da construção foram expostos aquímicos perigosos durantemetade da sua vida de trabalho,mais do que em qualquer outrosector. No RU, por exemplo,estima-se que anualmente 10%dos operários da construçãoabandonem a indústria devido adermatites alérgicas causadaspela manipulação de cimento.

n As dores lombares eperturbações musculo-esquelécticas prevalecemtambém na indústria. Em algunspaíses, calcula-se que cerca de30% da força de trabalho sofrade dores lombares ou outrasperturbações musculo-esquelécticas.

n A exposição ao amianto é umrisco particular na indústria daconstrução. Embora a suautilização tenha sido banida emmuitos países, muitos edifícioscontêm ainda amianto e ostrabalhadores da construçãopodem correr o risco deexposição ao amianto emtrabalhos de renovação oudemolição.

n Globalmente, a silicose e aspneumoconioses por poeirasdiversas têm uma alta incidênciaentre trabalhadores daconstrução, devendo dar-seuma atenção particular à suaprevenção.

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saudável), lançado pela Federação Internacional dos Trabalhadores da Construção eda Madeira (International Federation of Building and Wood Workers) em 2000,envolve mais de 100 sindicatos, de 65 países, empenhados na melhoria dascondições dos trabalhadores da construção em todo o mundo6 .

A nível nacional, uma série de países implementam os seus próprios programas deprevenção para o sector. A Malásia, por exemplo, organizou um programa desegurança e saúde na construção, ao longo de vários anos, promovendo umaestreita colaboração entre os parceiros sociais e a inspecção do trabalho. Utilizarama metodologia inovadora de associar grandes empresas multinacionais "mentoras" apequenas e médias empresas, e inspectores com formação especializada fizeramvisitas coordenadas a ambos os tipos de empresa, monitorizando os resultados7 .Concluiu-se que o programa tinha um impacto considerável tanto na melhoria dasensibilização como na redução de acidentes e doenças nesta indústria. O Brasil, porseu turno, utilizou uma estratégia diferente. Estabeleceu comités tripartidos desegurança e saúde no trabalho para a indústria da construção, tanto a nível nacionalcomo regional, envolvendo todos os parceiros sociais e garantindo assim umaabordagem tripartida ao planeamento da segurança e saúde no trabalho.

Outros países desenvolveram abordagens integradas. O RU, por exemplo, dispõede um programa nacional de segurança e saúde na construção baseado emparcerias eficazes com todos os intervenientes da indústria e uma combinação dediferentes tipos de intervenção. O programa teve um impacto significativo no sectoratravés, por um lado, de inspecções com objectivos específicos e uma aplicaçãoadequada, e, por outro lado, através de uma série de actividades destinadas aaumentar a sensibilização e melhorar os padrões na indústria, campanhaspublicitárias nacionais e regionais, reuniões com os intervenientes chave daindústria, conferências, etc.

Os programas nacionais para combater alguns riscos genéricos tiveram tambémimpacto na indústria da construção. Por exemplo, foram recentemente lançadosprogramas nacionais para erradicação da silicose em vários países, incluindo a Áfricado Sul e o Brasil em 2004, existindo também um número crescente de programaspara reduzir a exposição ao amianto, com um impacto importante neste sector.

5 Ver, por exemplo, http://europe.osha.eu.int/good_practice/sector/construction/ 6 Ver http://www.ifbww.org/index.cfm?n=202&l=2 7 Relatório do Congresso da IALI, Genebra, 2002, sessão 3.5

http://www.iali-aiit.org/event_docs/CongressRpt(EN).doc

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Jovens trabalhadores e trabalhadores idosos

As Nações Unidas definem as pessoas jovens como aquelas com idadescompreendidas entre os 15 e os 24 anos. De acordo com a publicação da OIT,Tendências Globais do Emprego para a Juventude, 85% dos jovens de todo o mundovivem em economias em desenvolvimento, sendo provável que esta proporçãovenha a aumentar dadas as tendências demográficas actuais. Em 2015, calcula-seque 660 milhões de jovens, mais 7,5 por cento que em 2003, estejam a trabalhar ouà procura de emprego. O Fundo da População das Nações Unidas (UNFPA) declaratambém que cerca de 57 milhões de jovens rapazes e 96 milhões de jovensraparigas, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, em países emdesenvolvimento, não sabem ler nem escrever, reduzindo potencialmente a suacapacidade para encontrar trabalho e impedindo-os de aceder a trabalhos mais bempagos e menos perigosos8. Os jovens podem estar, e estão frequentemente,expostos a sérias deficiências em matéria de trabalho digno, incluindo, por exemplo,baixas remunerações, condições de trabalho pobres e precárias, falta de acesso aprotecção social e falta de liberdade de associação e de acesso a negociaçõescolectivas.

No outro extremo da escala etária, a UNFPA prevê que, enquanto, na actualidade,uma em cada 10 pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, em 2020 este número teráaumentado para uma em cada oito. Na Europa, por seu turno, calcula-se que, em2010, o grupo etário dos 45 aos 64 anos represente quase metade da populaçãotrabalhadora. Consequentemente, muitas organizações estão agora a concentrar-semais nos riscos laborais que os trabalhadores idosos enfrentam e nas possíveisformas de solucionar o problema9 . Dados os seus anos de experiência, os seusconhecimentos e competências, os trabalhadores idosos têm muito para oferecer aosseus empregadores e aos outros, pelo que, em vez de serem discriminados pela suaidade, devem ser tratados como mais-valias, prestando-se uma especial atenção àsua segurança e saúde nos últimos anos de trabalho, bem como no início da sua vidalaboral.

8 http://www.unfpa.org/adolescents/facts.htm

9 Ver, por exemplo, as conclusões do Seminário Eurogip "Ageing and occupationalrisks: how to protect workers throughout their working lives" (O envelhecimento eos riscos laborais: como proteger os trabalhadores ao longo da sua vida activa),2004 - http://www.eurogip.fr/pdf/DW%20Eurogip%20Ageing-cqui.pdf

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Questões de segurança e saúde relativas aos jovens trabalhadores

Por diversos motivos, os trabalhadores mais jovens correm mais riscos de acidentesgraves não mortais que os seus colegas mais velhos. Entre eles, inclui-se a sua faltade experiência de trabalho em geral, o desconhecimento dos perigos no trabalho esobre como podem acontecer os acidentes, o que talvez se deva a uma falta deformação em segurança e saúde, bem como a sua falta geral de maturidade física eemocional10. Podem também não estar conscientes da legislação nacional sobre aprotecção contra riscos relacionados com o trabalho e sobre o seu direito a umambiente de trabalho seguro e saudável. Além disso, alguns trabalhadores maisjovens querem agradar e fazer bem, especialmente se o seu trabalho for tambémprecário, pelo que, nessas situações, é comum trabalharem mais e por mais horas,muitas vezes em detrimento da sua própria segurança e saúde. A sua vulnerabilidadepode também estar associada a problemas gerais de pobreza, iliteracia, saúde ou auma eventual posição de desvantagem por parte das jovens mulheres e raparigas.

Assim, algumas das questões chave para os trabalhadores jovens prendem-se comuma maior sensibilização sobre os riscos, a formação e a informação, incluindo:

n Formação geral sobre riscos e segurança e saúde no trabalho. Em algunspaíses, a formação sobre riscos começa na escola e os fundamentos sobre riscose segurança e saúde no trabalho estão incluídos nos currículos nacionais. NosEUA, a NIOSH utiliza a sua página Web para chegar às populações mais jovens,recomendando que pesquisem e que cumpram práticas saudáveis, que seinformem sobre formação e perigos e que conheçam a lei e os seus direitos.Contudo, há ainda muito que fazer nesta matéria, em geral, sendo de consideraruma maior utilização de abordagens modernas e inovadoras, incluindo a utilizaçãoda Internet.

n Formação vocacional e informação. Os centros de formação e outrosestabelecimentos devem incluir os riscos para a segurança e a saúde nos seusprogramas, relacionando-os eventualmente com sectores específicos econcentrando-se especialmente nos jovens trabalhadores, explicando-lhes o seudireito a beneficiar de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Por exemplo,a Workers' Compensation Board of British Columbia, no Canadá, tem umapublicação intitulada "Protecting Young Workers: Focus Report", tendo em vistafacilitar a colaboração entre formadores, empregadores, pais e jovens, no sentidode reduzir os riscos enfrentados pelos jovens trabalhadores.

10 Ver, por exemplo, "NIOSH Alert, Preventing Death, Injury and Illness Among Young Workers", EUA, 2003

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n Formação, informação e supervisão no seio das empresas. Os empregadoresdevem garantir que os trabalhadores mais jovens obtêm a formação e informaçãoadequadas para a execução das tarefas que têm a seu cargo, e que dispõem deuma supervisão apropriada. Os trabalhadores com menos de 18 anos, emparticular, não devem empreender tarefas perigosas, de acordo com a legislaçãonacional sobre a matéria (as Convenções e Recomendações relevantes da OITvêm referidas abaixo).

n Utilização dos meios de comunicação em campanhas de sensibilização eoutras iniciativas promocionais. Alguns países utilizaram eficazmente os meios decomunicação, nomeadamente a televisão e a rádio, para chegar aostrabalhadores mais jovens e influenciar a sua postura perante a segurança e asaúde no trabalho. Outros levaram a cabo campanhas, frequentemente junto deescolas e de outros parceiros, para aumentar a consciência, por parte dascrianças e dos jovens, dos perigos relacionados com o trabalho e das possíveismedidas de prevenção. Deve incentivar-se uma maior utilização de meiosimaginativos e inovadores para transmitir mensagens importantes sobresegurança e saúde aos jovens.

Questões de segurança e saúde relativas aos trabalhadores idosos

O envelhecimento é um processo individual, mas pode ser acelerado por condiçõesde trabalho difíceis, como a manipulação de cargas pesadas, a exposição excessivaao ruído, horários de trabalho atípicos ou alterações organizacionais excessivas. Dovasto leque de questões de segurança e saúde que podem afectar os trabalhadoresidosos, estas são particularmente relevantes:

n Força muscular. Embora as capacidades individuais possam variar, a forçamuscular diminui geralmente com a idade e os trabalhadores mais velhos podemver-se obrigados a trabalhar demasiado perto dos seus limites de tolerância. Amanipulação de cargas pesadas e outras actividades que requeiram forçamuscular devem ser geridas adequadamente, o que requer uma tomada deconsciência sobre as eventuais necessidades de um trabalhador mais velho.

n Amplitude de movimentos e postura. A perda de flexibilidade nas articulações podefazer diferença na execução de alguns trabalhos que requeiram movimentos rápidos ouincómodos, e os trabalhadores mais velhos podem apresentar maiores limitações demovimento. O design ergonómico do equipamento e dos processos de trabalho é um factorimportante para todos os trabalhadores, sendo, mais uma vez, necessário averiguar se ascapacidades individuais não são excedidas, através de uma boa gestão e supervisão.

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n Acuidade visual. A necessidade dever claramente e de ser capaz decalcular as distâncias é vital em algunstrabalhos, como o dos condutores detransportes ou dos operadores demáquinas no local de trabalho. Osempregadores devem assegurar que avisibilidade, em geral, é boa (porexemplo, boa iluminação), mas, alémdisso, alguns trabalhadores podemnecessitar de testes de acuidade visualpara garantir que a sua própriasegurança e saúde no trabalho, bemcomo a de outros, não é colocada emrisco devido a uma eventualincapacidade visual. É mais provávelque estes testes sejam necessáriosjunto de trabalhadores mais velhos.

n Audição. As perdas de audiçãorelacionadas com a idade são maispronunciadas em trabalhadores maisvelhos e estas, em conjunto com perdasde audição induzidas pelo ruído,dificultam a distinção dos sons, porparte dos trabalhadores mais velhos,especialmente quando se trata de sonsagudos. Os empregadores devemtomar todas as medidas para reduzir osníveis de ruído ambiente, pois as perdas de audição podem produzir efeitosnefastos na capacidade de um indivíduo ouvir sinais e avisos de alerta, colocandoem risco o próprio trabalhador e, eventualmente, os outros. Nesses casos, devemrealizar-se testes e exames de audição, para garantir uma boa saúde auditiva.

Para conservar a experiência, os conhecimentos e as competências dostrabalhadores mais velhos, em benefício das companhias e do próprio indivíduo, asempresas têm de reconhecer as suas necessidades e tomar as medidas que serevelarem necessárias para evitar a injustiça da discriminação pela idade.

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Factos chave eestatísticas

Segundo estimativas daOIT sobre jovenstrabalhadores e

trabalhadores idosos…

n Os jovens trabalhadores, dos15 aos 24, têm maiores proba-bilidades de sofrer acidentesnão mortais, mas graves, notrabalho, por comparação comos seus colegas mais velhos. NaUnião Europeia, por exemplo, ataxa de incidência de acidentesnão mortais é pelo menos 50%superior em trabalhadores dos18 aos 24 anos, em relação aqualquer outra faixa etária .

n Os jovens trabalhadoresparecem também mais vulne-ráveis que os seus colegas è

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Normas e directivas da OIT

A OIT está consciente destas questões hámuitos anos, tendo já adoptado váriasmedidas para promover condições detrabalho seguras e saudáveis,especialmente entre os jovenstrabalhadores. A Convenção relativa àidade mínima de admissão ao emprego,de 1973 (N.º 138), e a Convenção sobreas piores formas de trabalho das crianças,de 1999 (N.º 182), bem como asRecomendações associadas (N.º 146 e190), proíbem os jovens trabalhadores,com menos de 18 anos, de executartrabalhos perigosos. Todos os países queratificaram estas Convençõescomprometeram-se a proibir este tipo detrabalho, com carácter de urgência.

Algumas das directivas da OIT sobre otrabalho infantil perigoso incluem apublicação 'Children at work - health andsafety risks' e o folheto 'Eliminating childlabour step by step'. Estão tambémdisponíveis outras orientações maisespecíficas sobre esta matéria, parainspectores do trabalho. Os detalhes sobreestas publicações poder-se-ão consultarna secção 'Referências úteis', no finaldeste relatório.

A Recomendação sobre trabalhadores idosos, de 1980 (N.º 162), especifica medidasa tomar para reduzir dificuldades, relacionadas com o envelhecimento, que ostrabalhadores idosos podem encontrar. A Recomendação incide sobre questões desegurança e saúde, conforme detalhado anteriormente, inserindo-as num contextomais abrangente da igualdade de tratamento, não discriminação e práticas deaposentação.

mais velhos a determinadostipos de risco. Por exemplo, naAustrália, as lesões mortaisenvolvendo electricidade sãoduas vezes mais comuns emjovens trabalhadores do que nostrabalhadores mais velhos .

n Por outro lado, ostrabalhadores com 55 anos oumais parecem ter maiorprobabilidade que os seuscolegas mais novos de sofrerum acidente mortal no trabalho.Na União Europeia, porexemplo, a taxa de incidência deacidentes mortais no trabalho foide 8,0 para o grupo etário dos55 aos 64, em 2000, sendo de3,3, apenas, para o grupo etáriodos 18 aos 24.

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Programas de prevenção para jovens trabalhadores e trabalhadores idosos

Os programas de prevenção para jovens trabalhadores existem a nível nacional einternacional. Os programas nacionais de formação para jovens, por exemplo,incluem frequentemente elementos de formação em segurança e saúde e deaumento da sensibilização, sendo que os programas nacionais centrados naerradicação do trabalho infantil perigoso beneficiaram também os jovenstrabalhadores com menos de 18 anos. A nível empresarial, muitos empregadoresfornecem formação inicial ou programas de apresentação para jovens trabalhadores,que abrangem também questões de segurança e saúde e modos de prevenção deacidentes e doenças no trabalho.

Existem ainda programas nacionais e empresariais centrados nas necessidades dostrabalhadores idosos. A Finlândia, por exemplo, implementou com sucesso umprograma nacional, entre 1997 e 2002, cujos objectivos eram melhorar o bem-estardos trabalhadores mais velhos no trabalho e criar os tipos de organização nos quaisestes pudessem participar11 . A nível empresarial, um fabricante de automóveisfrancês desenvolveu uma política de prevenção, destinada a todos os assalariados,tendo em vista preservar a sua saúde física e mental, desde o mais cedo possível;foram recrutados ergonomistas, de forma a adaptar adequadamente os espaços detrabalho a toda a gente12. Outras empresas adaptaram as suas práticas de trabalhode forma a maximizar o benefício retirado das diferentes experiências ecompetências de todos os trabalhadores. Por exemplo, um fabricante de automóveisjaponês introduziu práticas laborais flexíveis na sua linha de montagem, de forma aajustar-se aos diferentes ritmos de trabalho dos trabalhadores, com idades diversas,aumentando assim a produtividade em 10%13.

11 As múltiplas faces do programa nacional sobre os trabalhadores idosos: relatório final,

Ministério da Saúde e Assuntos Sociais, Finlândia, 2002

12 Seminário Eurogip sobre o envelhecimento e os riscos laborais, 2004, citado anteriormente.

13 Challenge to develop an innovative person-centered automobile assembly line. Masaharu

Kumashiro (ed.), The Paths to Productive Ageing, Londres, páginas 274-279, Taylor and

Francis, Londres.

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Conclusões

Neste relatório, debruçámo-nos especificamente sobre os problemas enfrentadospelos trabalhadores da construção e os trabalhadores jovens e idosos. Contudo, odesafio de melhorar a saúde e a segurança no trabalho diz respeito a todos ossectores económicos, e todos os parceiros sociais têm um papel a desempenhar naredução de acidentes e doenças no local de trabalho.

No dia 28 de Abril, a OIT pretende promover globalmente a saúde e a segurança notrabalho e afirmar a importância de um diálogo social eficaz e de uma "cultura deprevenção em matéria de segurança e saúde" de sucesso, no sentido de enfrentarestes desafios. Se todas as partes trabalharem em conjunto, a taxa global dedoenças e acidentes de trabalho pode reduzir-se, para benefício de todas as partesenvolvidas.

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Referências úteis

1) Sobre segurança e saúde no trabalho, em geral

n A página Web da OIT sobre segurança e saúde no trabalho contém muitasinformações úteis sobre o tema, no endereço www.ilo.org/safework

n Poderá consultar todas as Convenções e Recomendações da OIT no endereçowww.ilo.org/ilolex/spanish/index.htm

n Convenção sobre a segurança, a saúde dos trabalhadores e o ambiente detrabalho, 1981 (N.º 155) e Recomendação associada (N.º 164)

n The Encyclopaedia of Occupational Health and Safety, Fourth Edition (estão agoradisponíveis versões em vários idiomas) - Publicações da OIT, Genebra, 1998-2004

n Your health and safety at work, ILO, 1998 - www.itcilo.it/english/actrav/telearn/osh/default.htm

n Guidelines on occupational safety and health management systems - ILO, 2001www.ilo.org/public/english/protection/safework/managmnt/guide.htm

n Decent Work, SafeWork - Introductory report for the XVIth World Congress onSafety and Health at Work, Viena, 2002 -www.ilo.org/public/english/protection/safework/wdcongrs/ilo_rep.pdf

n Census of Occupational Fatal Injuries - Bureau of Labour Statistics, USDepartment of Labour, 2002. www.bls.gov

n Estratégia global relativamente à segurança e saúde no trabalho, conclusõesadoptadas na 91ª Conferência Internacional do Trabalho Global, 2003 - OIT, 2004,www.ilo.org/public/english/protection/safework/globstrat_e.pdf

n Work and Health in the EU, a statistical portrait - Eurostat, Comissão Europeia,2004 (contacto [email protected])

n Promotional framework for occupational safety and health - OIT, 2004.www.ilo.org/public/english/protection/safework/promoframe.htm

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2) Sobre segurança e saúde na indústria da construção

n Convenção relativa à segurança e à saúde na indústria da construção, 1988 (N.º167) e Recomendação associada (N.º 175).

n Safety and Health in Construction: an ILO Code of Practice, OIT, 1992,www.ilo.org/public/english/protection/safework/cops/english/download/e920894.pdf

n Safety, health and welfare on construction sites: a training manual, OIT, 1995,www.ilo.org/public/english/protection/safework/publicat/iloshcat/cons-eng.htm

n The Construction Occupational Health and Safety Management SystemGuidelines, Japan Construction Safety and Health Association, 2001www.ilo.org/public/english/protection/safework/managmnt/cohsms.htm

n Preventing injuries and ill-health in the construction industry, F.Murie, in 'Health andsafety at work: a trade union priority', Labour Education 2002/1, N.º 126, OIT, 2002.www.ilo.org/public/english/dialogue/actrav/publ/126/126e.pdf

n Poderá encontrar várias referência a normas, conferências, relatórios, directrizes,manuais, etc. da OIT, relativamente à indústria da construção, emwww.ilo.org/public/english/protection/safework/publicat/iloshcat/cons-eng.htm

n Estão disponíveis, via Internet, vários programas nacionais de segurança e saúdena construção. Ver, por exemplo, www.netzwerk-baustelle.de (Alemanha) ewww.hse.gov.uk/construction/index.htm (RU).

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3) Sobre segurança e saúde dos jovens trabalhadores e dos trabalhadores idosos

n Convenção relativa à idade mínima de admissão ao emprego, 1973 (N.º 138) eRecomendação associada (N.º 146)

n Recomendação sobre trabalhadores idosos, 1980 (N.º 162)

n Convenção sobre as piores formas de trabalho das crianças, 1999 (N.º 182) eRecomendação associada (N.º 190)

n Efficaces à tout âge: vieillissement démographique et activités de travail - Dossier16, Centre d'Études de l'Emploie, França, 2000

n A Future Without Child Labour - OIT, Genebra, 2002 (ISBN 92-2-112416-9)

n Children at work: health and safety risks, por V. Forastieri - OIT, Genebra, 2002(ISBN 92-2-111399-X)

n Eliminating hazardous child labour step by step - OIT, 2002www.ilo.org/public/english/standards/ipec/publ/hazard/stepbystep_2003.htm

n Combating child labour: a handbook for labour inspectors - OIT, 2002,www.ilo.org/public/english/standards/ipec/publ/inspection/handbk_2003.htm

n Global employment trends for youth - OIT, 2004, www.ilo.org/public/english/employment/strat/global.htm

n Conclusions of the Tripartite Meeting on Youth Employment: The Way Forward -OIT, 2004, www.ilo.org/public/english/standards/relm/ilc/ilc93/pdf/tmyewf-conc.pdf

n O trabalho infantil, per se, não é o objecto principal deste Dia Mundial, mas apágina Web da OIT (www.ilo.org/public/english/standards/ipec/) contém muitasinformações úteis sobre acções empreendidas para interditar e erradicar otrabalho infantil, especialmente nas suas piores formas, incluindo o trabalhoinfantil perigoso.