proposta de estratégia global

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PROPOSTA DE ESTRATÉGIA GLOBAL

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Candidatura de José Pedro Aguiar-Branco

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Page 1: Proposta de Estratégia Global

PROPOSTA DE ESTRATÉGIA GLOBAL

Page 2: Proposta de Estratégia Global

Caras companheiras,

caros companheiros,

O nosso partido é único. Heterogéneo. De operários, de empresários, de

trabalhadores liberais ou por conta de outrem. Gente de diferentes origens

e diferentes ideias.

É esta a enorme riqueza do Partido Social Democrata. A sua diversidade.

A sua capacidade de sentar à mesma mesa gente mais liberal, gente mais

conservadora, mais regionalista, ou mais municipalista.

Não me preocupa a diferença. Não me preocupa a diversidade. O que me

preocupa é que, cada vez mais, esquecemos o que nos junta, o que nos

une.

Une-nos a ideia de que o Estado deve contribuir com soluções para os

problemas e preocupações dos portugueses. Une-nos a ideia de que o

mérito tem de ser recompensado e o princípio inabalável de que todos os

portugueses têm direito a uma oportunidade para uma vida melhor.

E esta ideia, tão simples na sua essência, é a Social-democracia. É a ideia

fundadora que Francisco Sá Carneiro nos legou.

Mais do que mudar ou romper, os militantes esperam que consigamos rea-

bilitar o património histórico do PSD. Mais do que mudar ou romper, o país

espera por um governo com coragem e por um primeiro-ministro com bom

senso.

No próximo dia 26 de Março, os militantes do PSD vão escolher aquele

que vai ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. No próximo dia 26 de

Março, os militantes do PSD devem escolher, por isso, aquele que consi-

deram estar em melhores condições para derrotar o Eng. José Sócrates.

Não podemos falhar. Não vamos falhar.

Conto com a Força de Todos.

Um abraço social democrata,

José Pedro Aguiar-Branco

“Aqueles que de facto

mais poder queriam

ter sempre foram

os menos capazes

de o exercer”

Francisco Sá Carneiro

Page 3: Proposta de Estratégia Global

2

Índice Um partido de causas 4

1. Fortalecer a liderança 4 2. Refundar o modelo organizacional 5 3. Devolver o direito de participação 6 4. Sintetizar o modelo de eleição 6 5. Renovar, sem romper 7 6. Secretaria 2.0 7 7. Adesão Online 8 8. Convenções temáticas 9 9. Liberdade de expressão 9

Os portugueses mudaram 10 Quando o Estado é parte do problema 11 Credibilidade nas contas públicas 13

1. Racionalização da despesa interna 14 2. Redução gradual da despesa corrente primária 15 3. Redução dos custos intermédios 16

Um novo caminho para a economia 16

1. Indústrias criativas 17 2. Investimento na investigação 17 3. Investimentos de proximidade 18 4. Plano de Emergência financeiro 19 5. Terceiro sector 19 6. Uma nova forma de olhar para o primeiro sector 20 7. Uma nova política do mar 21 8. Repensar o sector empresarial do Estado 22 9. PMEs - A força do empreendedorismo 23 10. Olhar a cultura 23 11. Falar português. Pensar português 23

Um compromisso com a Educação 25

1. Pré-Escolar 25 2. Necessidades Educativas Especiais 25 3. Organização do sistema educativo 26 4. Medidas para o sucesso educativo 26 5. Reforço da autoridade dos professores 26 6. Reconhecer a qualidade 26 7. Avaliação 27

Ensino Superior. Universidade sem muros 27 Uma Política para a Juventude 27 Direito à Justiça 29

1. Reforma do Sistema Judicial 29 2. Revisão do Mapa Judiciário 29 3. Conselho Superior da Justiça 29 4. Acesso à 1ª Instância 30 5. Promover a eficácia 30

Portugal em segurança 31

1. Novos crimes, novas tecnologias 31 2. A segurança e a comunidade 32

Saúde: Gerir. Melhor. 32

1. Mais autonomia. Mais responsabilidade 33 2. Mais eficiência. Mais acessibilidade 34 3. Integrar e coordenar 35

Solidariedade - A nossa matriz social democrata 35 1. Melhor regulação, mais descentralização 36 2. Economia Social vs Subsidiação 36 3. Rendimento por trabalho social 36 4. O apoio na família 37

Regionalizar 38 A força de todos 39

3

Page 4: Proposta de Estratégia Global

4

O país precisa

do PSD:

Mas precisa de

um PSD diferente,

moderno, mais

actuante.

UM PARTIDO DE CAUSAS 171 mil militantes; 10 mil militantes com participação activa; Quatro líderes em quatro anos; 32 congressos em 36 anos; Um modelo orga-nizacional de 1975 Em 35 anos o mundo mudou. O país mudou. Os portugueses mudaram ainda mais. Tudo mudou, mas a organização interna dos militantes do PSD continuou praticamente a mesma. O país precisa de alternativas. Precisa do PSD. Mas precisa de um PSD diferente, moderno, mais actuante e capaz. Reorganizar a acção dos mili-tantes não pode deixar de ser uma prioridade. Repensar tudo sem dog-mas ou preconceitos. Não podemos reformar o País, sem antes sermos capazes de reformar o Partido. Não podemos representar as grandes causas nacionais, sem antes sermos capazes de representar as pequenas causas, as pequenas grandes preocupações dos portugueses. Tal como não podemos conquis-tar os portugueses sem antes sermos capazes de reconquistar os milha-res e milhares de militantes que se foram afastando. Mais do que o património histórico, esta gente é o nosso maior activo. É preciso saber trazê-los de novo para as nossas sedes, é preciso saber envolvê-los, é preciso saber ouvir os seus contributos e abraçar as suas causas. Esse é o Partido moderno, diferente e preparado para assumir o Governo de que o País precisa. Tudo isto passa por uma relevante revisão estatutária. Os militantes têm de ser mais que números numa listagem eleitoral.

1. Fortalecer a liderança Um dos principais vícios das eleições directas é a inevitável fragilização da liderança. Questão ainda mais relevante quando existem mais de dois candidatos. Podemos continuar a eleger líderes com o apoio de pouco mais de 30% dos militantes. O actual modelo obriga-nos a eleger um líder e a sua oposição. A escolher uma tendência e a escolher uma contra-tendência. E isso não é bom. Nem para o Partido, nem para o país.

Devolver o partido aos portugueses. Quando elegemos um líder com um terço dos militantes estamos, invaria-velmente, a excluir os outros dois terços. Estamos, invariavelmente, a contribuir para a balcanização do PSD e a transformar o Conselho Nacio-nal numa representação de tendências, esvaziando-o do seu papel princi-pal. Mantendo o sistema de eleição directa, parece inevitável a criação de uma segunda volta para garantir a eleição de um líder com pelo menos 50% dos votos expressos. Tal só reforçaria a legitimidade do Presidente da Comissão Política Nacional.

Page 5: Proposta de Estratégia Global

5

O próprio processo de uma segunda volta evita situações de ruptura inter-na e força a consensos.

2. Refundar o modelo organizacional

Reformar o partido significa mudar o paradigma organizacional. Temos

hoje um partido com uma estrutura exclusivamente geográfica, limitando o

alcance do debate político interno. A organização deve reflectir aquelas

que são as preocupações da sociedade e dos portugueses.

O PSD deve permitir que os seus militantes se organizem não apenas com

base em critérios geográficos, mas por temas, causas ou sectores. A for-

ma de participação dos militantes na vida do Partido não pode ser imposta

de cima para baixo.

Deve antes corresponder às necessidades e preocupações dos próprios

militantes.

Entendemos que faz sentido preparar o PSD para a adequação da sua

implantação tendo por referência aquele que é o modelo mais impor-

tante de agregação em termos administrativos: por NUTS III. Esta uni-

dade territorial, aplicada à organização do PSD, permite dar uma resposta

mais adequada aos anseios e interesses das comunidades locais.

O PSD deve procurar estimular formas de interacção entre as diferentes

estruturas locais e de nível intermédio, que permitam adequar e consen-

sualizar as posições do PSD à dinâmica de estruturas já existentes, como

são exemplo os Conselhos Regionais que funcionam na esfera das Comis-

sões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais.

A par da organização regional das secções que temos hoje em dia, o PSD

deve incentivar a criação de secções temáticas que partam da iniciativa

de grupos de militantes. Podemos vir a ter secções que se organizem em

função de grandes questões genéricas, como o Ambiente, a Inclusão

Social ou o Combate ao Desemprego, como podemos vir a ter secções

que se criem em resultado de objectivos muito definidos, como as Novas

Ferramentas de Comunicação, as Parcerias Público-Privadas ou a Protec-

ção da Costa Alentejana.

Estas novas secções não devem estar limitadas a um espaço físico con-

creto, a uma sede ou instalação. O Partido pode regressar às suas origens

abdicando desta exigência e permitindo a criação de secções geridas

exclusivamente através de plataformas online.

Abdicando de impor um modelo estanque e ultrapassado de participação

na vida do Partido, garantimos uma maior abertura à Sociedade e aos

seus problemas, uma maior mobilização em torno de causas concretas

que tocam a maioria dos portugueses.

Promover

a militância cívica

Garantir a unidade

Page 6: Proposta de Estratégia Global

Esta proposta, este princípio de Partido, nada tem de novo. É a génese

da sua fundação. Limitamo-nos a devolver o Partido a quem o Partido

realmente pertence.

 

 

 

3. Devolver o direito de participação

De norte a sul do país, poucos são os militantes que não estão conscien-

tes de que o partido se fecha sobre si. Poucos são aqueles que não estão

preocupados com o afastamento de mais e mais militantes da vida das

suas secções. Mais do que nomes, números que vão ficando esquecidos

nas listagens, ao mesmo tempo que os partidos se revelam impotentes

para atrair novos quadros, novas figuras e sangue novo.

Todos conhecemos a necessidade de abrir o partido. Repetida à

exaustão nas candidaturas a núcleos, secções ou distritais. Na militância

partidária, são hoje mais os deveres que os direitos. São mais as obriga-

ções que as possibilidades de participação.

A abertura já não é só uma questão de palavras ou de vontade. É tam-

bém preciso ser assinalada dentro do Partido. Um destes sinais seria

abdicar da obrigatoriedade do pagamento de quotas para o exercício

do voto. Porque é preciso (re)confiar nos militantes. Na sua capacidade

de decisão. Da mesma forma que não precisamos de ter os impostos

pagos no dia das eleições legislativas, pouco sentido faz que o Partido

seja ainda mais zeloso com o cumprimento de deveres que o próprio

Estado. De todos os direitos da participação cívica, o voto é o mais primá-

rio, porque fundamental. Precisamos de o devolver a mais de dois terços

dos militantes que actualmente não têm esse direito. Para que deixem de

ser números nas listagens. Para que voltem a ser nomes.

O PSD deve recorrer às plataformas digitais para alargar os mecanis-

mos de consulta e apoio à decisão junto dos militantes, bem como

para a realização de referendos internos.

6

Compromisso

com os militantes

4. Sintetizar o modelo de eleição

Há quase uma década que dividimos os militantes entre aqueles que

defendem um congresso electivo e a eleição directa do líder. E a defesa

destes modelos faz-se mais ao sabor das circunstâncias e das tácticas

das diferentes candidaturas que pelas suas faculdades.

Sim. Os congressos fazem parte do património histórico do Partido. Sim.

Os congressos garantem uma união do Partido. Sim. As eleições directas

Abertura. Passar da palavra

Page 7: Proposta de Estratégia Global

promovem o esclarecimento dos cidadãos. Sim. As eleições directas

amplificam o efeito mediático. Os dois modelos têm vícios. Os dois mode-

los têm virtudes.

Porém, é hoje possível realizar um Congresso Nacional em simultâneo

com umas eleições directas.

Num primeiro momento, deverão discutir-se as moções de estratégia e as

moções sectoriais apresentadas. Deverão ainda ter lugar neste período

as intervenções dos candidatos à Presidência do Partido. Num segundo

momento, deverão desenrolar-se as votações em todas as secções do

país.

Os congressistas, participantes e observadores, na sua qualidade de mili-

tantes, exercerão o seu direito de voto no próprio local do Congres-

so. Num terceiro momento, deverão realizar-se as votações previstas

estatutariamente e que têm lugar em Congresso, como a sua Mesa. O

Presidente do Partido e os demais órgãos eleitos deverão ser empossa-

dos no final do Congresso.

5. Renovar, sem romper

O Partido tem de saber renovar sem romper. Tem de mudar sem rasgar.

Nenhuma instituição pode desprezar o seu passado ou a sua experiência.

Nenhuma instituição pode desaproveitar o saber dos seus antigos líderes,

das suas mais importantes personalidades, só porque entrámos num

novo ciclo de mudança.

Somos, por isso, favoráveis à criação de um novo órgão consultivo

para o Presidente da Comissão Política Nacional. Um Conselho

Superior de colaboração com a liderança, de apoio à liderança, à seme-

lhança do Conselho de Estado do Presidente da República, que é um

bom exemplo desta síntese, conciliando inerências representativas com a

voz da experiência.

7

6. Secretaria 2.0

O PSD tem de encontrar o seu lugar na era da conectividade. É frequente

acusarmos o Estado de não conseguir colocar a Administração Pública ao

serviço do cidadão. É frequente dizermos que a administração fiscal fecha

a porta ao contribuinte. Tantas outras vezes dissemos que o Estado não

acompanhou o dealbar da sociedade da informação.

Menos vezes questionámos a eficiência da nossa própria administração.

Poucas vezes nos interrogámos se estamos a comunicar bem com os

nossos militantes, se os estamos a saber escutar, se lhes estamos a per-

mitir uma participação plena na vida do Partido.

Page 8: Proposta de Estratégia Global

8

As estruturas locais e distritais desdobram-se em novas formas de comuni-

cação, tentando acompanhar, seguir, saber o que os militantes querem,

recolher os seus contributos, apelar à sua participação, envolver-se nas

campanhas e nos programas.

De forma mais ou menos caótica, todos tentamos comunicar com todos.

Todos queremos melhorar a nossa interacção com os militantes ou com as

comunidades.

Na era da conectividade, o PSD deve abrir-se mais aos militantes e à

sociedade, fazendo uso dos novos meios, das novas plataformas que

permitem que o Partido esteja onde estão os cidadãos e, sobretudo, onde

está a nova cidadania.

A partilha de informação, a comunicação através das redes sociais e,

sobretudo, a apreensão da linguagem comunicacional nesses novos meios

é uma realidade para a qual os agentes políticos devem estar sensibiliza-

dos.

Estando perante uma mudança de paradigma na comunicação política,

que fica cada vez menos dependente de uma intermediação através da

comunicação social, compete contudo aos dirigentes partidários assumir a

comunicação nos novos media. Porém, é tarefa do PSD prestar um contri-

buto que incremente a qualidade dessa mensagem, disponibilizando

assessoria especializada em new media e meios auxiliares de apoio

(audiovisuais e arquivo).

O Partido não pode continuar fechado na Rua de S. Caetano. Não faz sen-

tido que as estruturas continuem a solicitar dados e informações por fax e

correio electrónico, quando as redes já permitem uma partilha da informa-

ção de forma segura e compartimentada.

Ao nível dos círculos eleitorais, urge incrementar a conectividade entre

os deputados e eleitores. As redes digitais permitem hoje que o partido

avance, a breve trecho, para a instalação, nas sedes distritais, no âmbito

dos “gabinetes do cidadão”, de sistemas de videoconferência sobre IP,

que permitam estender o período de contacto entre os deputados e os elei-

tores para mais do que um dia por semana, como sucede actualmente.

7. Adesão Online

O PSD tem de evoluir na sua forma de interagir com os militantes, permi-

tindo-lhes acesso às suas informações pessoais, assim como a edição de

alguns campos da sua ficha pessoal. Este acesso é possível e desejável,

através de formas avançadas de credenciação, designadamente através

do cartão do cidadão. A assinatura digital constituirá elemento suficiente

para a própria inscrição online no PSD.

Se o cartão do cidadão foi concretizado por um Governo Socialista, o PSD

será o primeiro partido a usá-lo nos seus actos internos.

PSD tem de evoluir

Na era da conectividade,

o PSD deve abrir-se mais aos militantes

Page 9: Proposta de Estratégia Global

9

O domínio psd.pt é de todos. É das Distritais, das Regionais e das Sec-

ções. A abertura do domínio às estruturas, a construção de uma platafor-

ma avançada que permita o alojamento de páginas web e o acesso a

áreas reservadas é uma medida que o PSD não pode adiar mais.

O Partido Social Democrata dispõe de um acervo audiovisual que acumula

35 anos de história.

O PSD digitalizará esse acervo e colocará os momentos mais marcan-

tes da história do PSD online e disponíveis ao público. A disponibiliza-

ção dos arquivos audiovisuais do PSD, mais do que uma medida interna, é

um contributo importante para a historiografia nacional no período pós-

revolucionário e de consolidação democrática.

8. Convenções temáticas

O debate das ideias dentro do PSD deve ganhar novos espaços. Um parti-

do adaptado à vertigem do nosso tempo deve debater as grandes áreas da

governação, de forma contínua e aprofundada, encontrando novos fóruns

de partilha e debate de ideias, em parceria com as estruturas autónomas

do PSD e do próprio Instituto Francisco Sá Carneiro. Esta evolução deve

passar pela realização de convenções nacionais temáticas.

9. Liberdade de expressão

Na história do PSD, poucos princípios são tão valorizados como a liberda-

de. O PSD, na sua fundação, é um partido do combate pela liberdade e

pelas liberdades. Da sua vida interna à actuação política, passando pelos

seus congressos. Mais do que isso. Acreditamos nos nossos militantes.

Acreditamos que a liderança não se impõe e muito menos se decreta.

Acreditamos que a autoridade se conquista. Acreditamos que tudo o resto

é autoritarismo.

Um partido forte, unido e mobilizado não teme opiniões, não teme a liber-

dade de expressão dos seus militantes. Não precisa. Um partido forte, uni-

do e mobilizado não é prejudicado, mas fortalecido pelas diferenças. Um

partido forte, unido e mobilizado não faz ajustes de contas com a história.

Não tememos Homens livres.

Esta posição de princípio só pode significar a alteração da recente norma

estatutária, que prevê sanções aos militantes que critiquem o partido antes

das eleições.  

Page 10: Proposta de Estratégia Global

10

OS PORTUGUESES MUDARAM

Mais do que mudança, o País precisa de quem o ponha funcionar

Há 35 anos que os partidos políticos aplicam o mesmo modelo, as mes-

mas soluções, a mesma forma de nos relacionarmos com a sociedade e

com os cidadãos. E esta relação caracteriza-se pela unidireccionalidade e

por um conjunto de regras que se encerram em numerosas formalidades

de um aparelho burocrático e lento.

Regras que a política tratou de impor, afastando ou dificultando o exercício

da participação cívica. E falamos de participação. Porque hoje é mais fácil

a um jovem do interior do país discutir num palco global, do que participar

na vida da sua secção partidária ou da sua junta de freguesia.

Fora dos partidos, fora dos gabinetes do Estado, a sociedade está cada

vez mais viva, cada vez mais vibrante. Lá fora, há movimentos, interesses

e causas. De gente que protesta, de outros que felicitam. Da utilização das

tecnologias no futebol à eleição das maravilhas da natureza, passando

pela luta contra o cancro, tudo é tema. Tudo é debate.

Novos grupos, novos movimentos, novas intervenções nascem quase ins-

tantaneamente. Milhares de pessoas criam, discutem, trocam argumentos

e participam em milhares de diferentes causas, em tempo real aos aconte-

cimentos. Como não vemos no Estado, nas Assembleias ou nos Partidos.

As tecnologias suprimiram barreiras e deram início ao longo processo de

desintermediação que agora vivemos. Os cidadãos debatem e participam.

Marcam a agenda. São cada vez mais donos do seu destino. Sem media-

dores ou representantes. E os partidos têm estado à margem desta vivaci-

dade. Vistos como obstáculos ou como fonte de problemas. Velhas relí-

quias de um modelo de sociedade que já não existe.

Os portugueses já mudaram. O país já mudou perante o imobilismo do

Estado e dos partidos. E esse processo fica além da vontade, das hesita-

ções ou medos que sobre isso possamos ter.

Hoje é mais fácil

a um jovem discutir num palco global do que

participar na vida da sua secção partidária

Page 11: Proposta de Estratégia Global

11

A solução socialista para

lidar com o descontrolo

da despesa é exigir

dos contribuintes ainda

mais recursos. Recursos

que os contribuintes

não têm, recursos

de que os contribuintes

precisam para lidar

com a própria crise

QUANDO O ESTADO

É PARTE DO PROBLEMA

Hoje, se produzimos, se trabalhamos, se criamos riqueza, fazemo-lo

“apesar do Governo” e nunca “por causa do Governo”

Num cenário de profunda crise, como a que vivemos actualmente, milha-

res e milhares de famílias são obrigadas a lidar com novas realidades,

novos problemas e novas dificuldades. Milhares e milhares de famílias

são obrigadas a encontrar novas formas de gerir cada vez menos recur-

sos.

E a todas estas imensas contrariedades, as famílias e os portugueses

são ainda obrigados a somar uma outra preocupação: o governo.

Não só o governo se revelou incapaz de auxiliar os portugueses que dele

mais precisam, como a soma das políticas erradas que implementou, ao

longo de cinco anos, acabou por criar ainda mais dificuldades à generali-

dade dos cidadãos.

Hoje, se produzimos, se trabalhamos, se criamos riqueza, fazemo-lo

“apesar do Governo” e nunca “por causa do Governo”. E se os portugue-

ses olhavam para o governo como uma solução, olham agora como parte

do problema.

Um problema na forma como gere e esbanja os recursos dos contribuin-

tes. Um problema na forma como se revela incapaz de garantir protecção

social. Um problema na forma como as suas políticas se tornaram num

obstáculo ao desenvolvimento económico.

A asfixia fiscal é disso o melhor exemplo. A solução socialista para

lidar com o descontrolo da despesa é exigir dos contribuintes ainda mais

recursos. Recursos que os contribuintes não têm, recursos de que os

contribuintes precisam para lidar com a própria crise.

O trabalho dos portugueses sustenta o Estado, para o que o Estado seja

capaz de se sustentar a si próprio. E ao invés de servir os cidadãos, o

governo garante novas formas, em que são os cidadãos que servem o

Estado.

E ao invés de garantir a redistribuição da riqueza, os recursos perdem-se,

consumidos numa soma infindável e voraz de estruturas e mecanismos

que pouco ou nada dizem e fazem pelo cidadão comum. O problema do

governo não passa pela falta de recursos, mas pela forma como estes

recursos são aplicados.

Num cenário de profunda crise, como a que vivemos actualmente, o Esta-

do deve ser parte da solução e nunca parte do problema. Há uma diferen-

ça entre despesa e investimento. Há uma diferença entre gastar recur-

sos e aplicar recursos. E essa diferença é também o que separa PSD

e PS.

Page 12: Proposta de Estratégia Global

12

A oportunidade de mudar

A presente legislatura tem poderes constitucionais. E, se o foco das preo-

cupações políticas tem estado com a economia, não podemos, nem deve-

mos, perder esta oportunidade para promover importantes mudanças

no nosso sistema político, que adiamos há tempo demais.

O PSD deve, desde já, iniciar um amplo debate, para que possa apresen-

tar um projecto consistente e credível de revisão constitucional.

Este debate deve envolver todas as estruturas partidárias, do Grupo Parla-

mentar aos órgãos nacionais, dos órgãos regionais aos órgãos locais.

Queremos ouvir todos, queremos promover um debate o mais amplo pos-

sível.

Passar das palavras:

Aproximar eleitos e eleitores.

Queremos ouvir o Partido, mas também a sociedade civil. A revisão cons-

titucional não pode ser um assunto exclusivo dos partidos.

Desde já, propomos à discussão as seguintes propostas:

● Executivos autárquicos monocolores. Entendemos ser importan-

te garantir a governabilidade dos municípios, mas também prestigiar

o papel e função da oposição. A Política deve basear-se na discus-

são, fiscalização e apresentação de propostas alternativas, mas

também na concretização das medidas sufragadas pelos eleitores.

Naturalmente que garantiremos, à oposição, simultaneamente, efi-

cazes mecanismos de fiscalização, nomeadamente através do refor-

ço de meios de escrutíneo das Assembleias Municipais.

● Revisão do sistema eleitoral, promovendo um sistema de eleição

misto, com um círculo nacional e círculos uninominais. A democracia

portuguesa precisa de mais qualidade. Temos de aproximar os elei-

tos dos eleitores, temos de promover uma democracia de maior pro-

ximidade, de maior exigência.

● Redução do número de deputados. Também na política quantida-

de não significa mais qualidade. Um Parlamento mais pequeno,

mais eficaz e eficiente servirá melhor a Democracia e os Portugue-

ses.

● Audição prévia dos nomeados para cargos públicos pelo Parla-

mento. Recentes experiências demonstram que devemos reforçar

os poderes do Parlamento no que se refere à nomeação de titulares

de cargos públicos. Devemos apoiar e promover todos os meios de

reforço de transparência e exigência democrática.

● Nomeação presidencial de determinados cargos públicos, como

por exemplo o Procurador-Geral da República, Governador do Ban-

Page 13: Proposta de Estratégia Global

13

co de Portugal, Provedor de Justiça. O cargo de Presidente da

República, reforçado pelo actual mandato, tem sido um factor de

unidade e estabilidade nacional. A qualidade da nossa democracia

exige uma cada vez menor partidarização de certas nomeações

para cargos públicos. Temos de restituir a credibilidade às institui-

ções basilares do nosso sistema, afastando as suspeições de inter-

ferências externas na sua actuação.

CREDIBILIDADE

NAS CONTAS PÚBLICAS

Desde 2005 que a economia portuguesa cresce menos (1,1% do PIB)

do que a média das economias da União Europeia, o que significa

que o nosso nível de vida, ano após ano, se afasta daquele que é o

padrão comunitário (2,1% do PIB).

O diagnóstico é conhecido. Portugal tem um problema de endividamento.

Tem um problema de défice. Tem um problema de gestão dos recursos

públicos. Tem um problema de dívida pública. Tem um problema de des-

perdício. E todos estes problemas são estruturais. Perduram para além

dos ciclos económicos e a recente crise financeira internacional só serviu

para os tornar ainda mais visíveis.

Nos últimos cinco anos, o governo socialista transformou os orçamentos

em exercícios de criatividade com propósitos políticos e eleitorais. Prática

que teve o seu ponto alto em vésperas das legislativas, quando o governo

da República não só negou o que era evidente, como ainda agravou a

situação com medidas populistas. O orçamento de 2009 só foi honesto à

terceira.

A dívida pública directa passou de 58,3% do PIB em 2004, para 77,4% do

PIB em 2009. Mas este valor não inclui as responsabilidades assumidas

pelo sector público empresarial, nem as que resultam de parcerias público-

privadas. Se assim fosse, este valor aumentaria em mais 34% do PIB.

Esta metodologia tem um custo. Um custo real, directo, que os contribuin-

tes só agora começam a pagar, mas também um custo político, indirecto,

comprometendo a credibilidade do país junto da comunidade internacional.

E, neste capítulo, em dois anos, recuámos mais de duas décadas. É fun-

damental reconquistar o respeito. É fundamental rigor, transparência e cre-

dibilidade.

Reconquistar o respeito exige, sobretudo, coragem. O Estado tornou-se

num parasita dos seus contribuintes. O trabalho dos portugueses sustenta

o Estado, para que o Estado seja capaz de se sustentar a si próprio. E, ao

invés de servir os cidadãos, o governo garante novas formas em que são

os cidadãos que servem o Estado.

Page 14: Proposta de Estratégia Global

14

Quando se exigia coragem política para combater o monstro, incapazes de

controlarem as despesas, os socialistas adoptaram a sua velha fórmula de

resposta às crises: a asfixia fiscal. Aumentamos as receitas do Estado, cor-

tamos os investimentos e, com um pouco de sorte, o ciclo económico inver-

te-se. Na inversão do ciclo económico, os efeitos dos problemas estruturais

tornam-se menos visíveis, menos óbvios e muito menos importantes.

Damos por adquirido que um processo de saneamento das contas públicas

implicará obrigatoriamente: um aumento da receita fiscal e a penalização

da função pública. É uma premissa errada. Acreditamos que a gestão

racional e eficiente dos recursos do Estado e o combate ao desperdí-

cio libertará recursos significativos. Os contribuintes e os funcionários

públicos não devem pagar pelas decisões inadequadas dos seus governos.

Mais. Só podemos exigir sacrifícios aos contribuintes, se os governos

derem o exemplo. Só podemos exigir sacrifícios aos contribuintes, se os

titulares de cargos de políticos derem o exemplo. A dignificação da classe

política assim o exige.

Por isso, insistimos que os titulares de altos cargos políticos e equi-

parados têm a obrigação de devolver o aumento de 2,9% que recebe-

ram durante o ano passado na vertigem eleitoral do Partido Socialista.

Portugal é refém dos seus credores.

1. Racionalização da despesa interna

Nos últimos cinco anos, o significativo e consistente crescimento da despe-

sa nacional, que inclui o consumo, o investimento e os gastos do Estado,

excedeu largamente a produção nacional (PIB).

Este desequilíbrio entre a despesa e o produto tem provocado um crescen-

te recurso ao endividamento externo. A dívida externa subiu assim vertigi-

nosamente, passando de 65% do PIB em 2004, para 100% do PIB em

2008.

Este ritmo de aumento do endividamento externo não é uma situação sus-

ceptível de ser mantida a longo prazo.

Gestão inteligente

dos recursos do Estado

No curto prazo – tendo em atenção que em 2009 o Estado já absorveu

51,8% do PIB e que as taxas de crescimento da nossa economia são próxi-

mas de 0% –, não é possível suprir esta diferença, recorrendo ao aumento

da receita. O PSD deve afastar-se de um cenário em que haja aumento de

impostos.

No curto prazo, impõe-se que sejamos capazes de equilibrar as nossas

contas públicas – de forma a que o Estado só gaste aquilo que a produção

Page 15: Proposta de Estratégia Global

15

nacional é capaz de acomodar. Não ter a coragem de enfrentar este pro-

blema agora terá consequências muito mais negativas mais tarde, exigirá

de nós um esforço ainda maior, num futuro muito próximo.

Implicará, como já tivemos sinais recentes, dificuldades crescentes de

endividamento junto dos mercados internacionais e em condições cada

vez mais desvantajosas.

Implicará, ainda, uma perda da nossa soberania orçamental, pois no qua-

dro dos compromissos assumidos aquando da adesão ao Euro, e no Pacto

de Estabilidade e Crescimento, uma incapacidade de resolver os nossos

problemas acarretará necessariamente uma maior tutela e interferência de

Bruxelas em decisões que ainda são nossas.

E não se pense que subjaz a esta análise uma qualquer motivação catas-

trofista: basta atender ao caso da Grécia, em que o governo helénico teve

de se submeter a diversas exigências impostas pela União.

No limite, corremos o risco de fazer parte de um grupo de países que

potencialmente podem ser colocados sob pressão de saída do Euro, em

caso de incapacidade reiterada de cumprir com os compromissos assumi-

dos para pertencer à moeda única.

2. Redução gradual da despesa corrente primária

A incapacidade que, nos últimos quatro anos, o governo socialista revelou

em alterar o funcionamento da Administração Pública e em reduzir a des-

pesa pública, prejudicou significativamente a economia portuguesa. Em

primeiro lugar, aumentou a carga fiscal sobre as pessoas e as empresas,

absorvendo fundos que de outra forma poderiam ter sido aplicados na acti-

vidade produtiva.

Em segundo lugar, a necessidade de absorção de fundos por parte do

Estado provocou um aumento alarmante da dívida pública e da dívida

externa. Em terceiro lugar, o aumento verificado nas despesas públicas

correntes reduziu a margem do Estado em realizar políticas de apoio

social, em relação aos mais desfavorecidos. Em quarto lugar, impediu um

aumento da produtividade dentro da Administração Pública, sendo incapaz

de diminuir o nível de desperdício de recursos.

Torna-se assim inadiável melhorar o funcionamento da Administração

Pública e, simultaneamente, reduzir a despesa corrente primária. As

reduções deverão ser efectuadas com bom senso, sentido de justiça, pro-

curando distribuir equitativamente os sacrifícios, privilegiando o controlo do

desperdício e dos gastos acessórios.

Deste modo, torna-se imperativo que haja, em primeiro lugar, um esforço

significativo, por parte do Estado, na promoção de medidas tendentes,

quer à redução de custos, quer ao melhor aproveitamento da nossa capa-

cidade instalada, em termos de recursos. É essencial não só eliminar o

desperdício, como aproveitar melhor os recursos existentes.

Page 16: Proposta de Estratégia Global

16

É essencial que haja um exemplo de sobriedade, desde logo, por parte

dos governantes e dos responsáveis directivos da Administração Pública.

Na mesma linha, deve fazer-se um esforço significativo para reduzir a des-

pesa com a aquisição de bens e serviços.

Dar o exemplo

no controlo dos desperdícios

Dadas as características da nossa despesa corrente primária, é incontor-

nável que se promova uma redução da massa salarial e restantes encar-

gos com o pessoal. Esta redução deve, também, ser efectuada com senti-

do de justiça e equidade, distribuindo adequadamente os sacrifícios.

É ainda fundamental que haja reajustamentos nas despesas com as pres-

tações sociais, salvaguardando em primeira via as camadas mais desfavo-

recidas, mas tendo consciência de que, também neste campo, será neces-

sário assumir algumas reduções.

A redução da despesa corrente primária deve ser acompanhada de uma

reforma significativa da Administração Pública, para que os sacrifícios pos-

sam ter impacto, não apenas no curto prazo, mas também no Futuro.

3. Redução dos custos intermédios

A difícil situação das Finanças Públicas e a fraca prestação na nossa eco-

nomia obrigam à correcção da situação de desequilíbrio orçamental em

que Portugal mergulhou nos últimos cinco anos de governação socialista.

É urgente combater o despesismo. É urgente combater, eficazmente, os

custos intermédios do Estado.

Medidas como a redução da frota automóvel, redução das despesas com

as comunicações ou a redução dos gastos com consultoria e estudos, que

permitiria libertar, segundo um estudo do Instituto Francisco Sá Carneiro,

cerca de mil milhões de euros anuais.

UM NOVO CAMINHO PARA A

ECONOMIA

560 mil desempregados.

500 desempregados por dia. Um modelo esgotado

Portugal não está condenado. Portugal não tem de se conformar à sua

dimensão física. Há um caminho para o país. Há uma saída. E essa saída

não são os grandes investimentos públicos, os quais devem ser, de

imediato, suspensos e apenas retomados quando o crescimento da

nossa economia permitir libertar os recursos necessários para a sua

concretização.

É urgente combater

o despesismo.

É urgente combater,

eficazmente, os custos

intermédios do Estado.

Page 17: Proposta de Estratégia Global

17

Passámos o tempo em que Portugal podia ter sido a Irlanda, a Finlândia

ou a Califórnia.

Passámos o tempo em que podíamos ter adoptado um modelo de expor-

tações baratas. Em que podíamos ter construído uma indústria tecnológi-

ca ou em que podíamos ter constituído um centro financeiro internacional.

Outros ocuparam esses lugares. Não podemos continuar a tentar impor-

tar modelos económicos. Temos de encontrar o nosso modelo económi-

co. Temos de encontrar o nosso caminho.

Recusamos uma visão socialista do Estado enquanto garante de um tipo

de felicidade mínima garantida. Recusamos uma visão liberal, onde o

Estado se limita a ser espectador do livre arbítrio do mercado.

É para isso fundamental repensar o papel do Estado na economia. O

Estado não pode continuar a desempenhar o papel de árbitro e de con-

corrente. Não pode continuar a ser fonte de negócios próprios. Os portu-

gueses sabem o que querem para o país. Sabem que papel deve o Esta-

do desempenhar na economia: regulador, fiscalizador e promotor.

E no papel de promotor existe uma profunda diferença entre políticas

socialistas e políticas sociais-democratas. Os socialistas acreditam que o

Estado se deve substituir aos cidadãos na sua capacidade de iniciativa.

Na sua liberdade. Os sociais-democratas acreditam que o papel pro-

motor do Estado é criar condições para o exercício de livre

empreendedorismo dos seus cidadãos.

1. Indústrias criativas

Temos hoje uma “geração Erasmus”. Uma geração única. Viajada. Culta.

Globalizada. Uma geração que teve condições singulares para se qualifi-

car como poucas, para se preparar como poucas. E esta é também uma

geração especialmente castigada. Obrigada a emigrar, a desempenhar

funções desadequadas à sua formação ou, pior, condenada às filas para

o subsídio de desemprego.

Se o desemprego entre os menos novos é uma fonte de preocupações

sociais, o desemprego entre os mais novos reflecte a falência do modelo

económico. Reflecte e explica que o Estado continua a promover apostas

nos mesmos sectores onde apostava. E por isso esta “geração Erasmus”

não tem emprego ou tem o emprego para a qual não estudou.

Num mercado global, o país precisa de uma aposta nas chamadas indús-

trias criativas. Uma aposta justificada também na racionalidade económi-

ca. O país precisa de uma aposta num sector onde a mais-valia não é de

preço, nem de tecnologia, nem de hardware, mas de capacidade. Este só

pode ser o nosso caminho.

2. Investimento na investigação

Portugal não deve concorrer com as economias emergentes. A economia

global significa que outros conseguem produzir mais depressa e mais

Racionalidade

nas opções económicas

Investigar é inovar.

Inovar é criar riqueza

Page 18: Proposta de Estratégia Global

18

barato. Portugal não pode concorrer com as economias emergentes. Por-

tugal não deve concorrer com as economias emergentes. A aposta na

Ciência e na Investigação é, por isso, muito mais que uma “despesa” no

Orçamento de Estado. É a alternativa evidente para um país que pode

criar mais-valias na inovação.

Medimos a “despesa” em Ciência com duodécimos, quando o investimen-

to nesta área qualifica recursos humanos, potencia a capacidade de toda

uma geração e permite ao país dar um salto económico qualitativo. A Ino-

vação exige investigação. Não nos podemos limitar a importar conheci-

mento. Temos de o criar.

E dentro das muitas áreas, uma destaca-se particularmente. O global

aumento da esperança média de vida faz da saúde e da investigação

biomédica um dos sectores económicos mais importantes das próximas

décadas. E com recursos escassos, com o desinteresse do Estado, Por-

tugal tem já um trabalho importante nesta área, que importa, mais do que

nunca, reforçar.

3. Investimentos de proximidade

Portugal atravessa uma grave crise internacional, acrescida de uma outra

estrutural, que o País enfrenta há muitos anos. As medidas anti-crise que

o executivo socialista adoptou no ano passado não conseguiram obter os

resultados pretendidos.

Estudos recentes concluem que os investimentos de proximidade

criam mais empregos por milhão de euros investido do que algumas

das grandes obras. Cerca de 25,9 empregos por milhão de euros contra

16 empregos das grandes obras públicas.

O combate ao desemprego, que actualmente ultrapassa os 10,5%, exige

uma intervenção imediata. As grandes obras públicas podem gerar

emprego a médio e longo prazo. Mas a preocupação do país é de muito

curto prazo. É de amanhã. É com a criação imediata de postos de traba-

lho, mas também com a manutenção dos que ainda existem.

Por isso, o PSD tem defendido uma política alternativa, de onde se desta-

cam os investimentos públicos de proximidade. Falamos da reabilitação

física de espaços de serviços com interface com os cidadãos, mas tam-

bém da sua requalificação tecnológica. Por todo o país existem centenas

destas infra-estruturas que necessitam de uma intervenção urgente, com

foco na área da justiça (tribunais), segurança interna (esquadras), saúde

(centros de saúde) e na ferrovia.

Por comparação, os investimentos de proximidade criam emprego já,

criam mais emprego e trazem benefícios directos aos cidadãos. Focali-

zam ainda o papel do Estado na prestação dos serviços das suas fun-

ções essenciais.

Os investimentos de proximidade permitem ainda a dispersão geográfica

do investimento do Estado. O programa de grandes obras públicas do

Page 19: Proposta de Estratégia Global

19

governo socialista afunila 70% do investimento no distrito de Lisboa. Os

investimentos de proximidade desconcentram estas verbas, colaborando

e beneficiando as autarquias no papel que têm desempenhado no com-

bate à crise.

4. Plano de Emergência financeiro

Retomamos a proposta da Associação Nacional de Municípios para a

criação de um Plano de Emergência financeiro, especialmente dirigido

aos municípios. Este fundo será a forma de o Estado colaborar com as

autarquias no esforço de combate à crise. Pensamo-lo de forma ainda

mais ambiciosa. Se por um lado, o Fundo tem de responder pelo papel,

por outro pode desempenhar um importante papel fomentando a requalifi-

cação dos centros urbanos. Este outro investimento de proximidade com-

bate a desertificação dos centros urbanos, promove a coesão social,

impulsiona as pequenas e médias empresas da economia local e gera

postos de trabalho imediatos.

5. Terceiro sector

Em 2020, mais de um quarto da população portuguesa será idosa. Este

dado demográfico mudará, ainda mais, a forma como o Estado gere os

seus recursos. Quando todos os partidos falam sobre o “aumento dos

encargos em políticas sociais”, o PSD pode estar na vanguarda e apostar

decisivamente no terceiro sector e nas indústrias sociais.

Podemos estar na vanguarda e discutir novos modelos de habitação,

apoio, saúde e design urbano. Podemos construir novas soluções para

estes novos problemas. Soluções que dêem resposta às necessidades

sociais mas, ao mesmo tempo, saibam criar crescimento e emprego. E,

inevitavelmente, é nos sectores sociais que mais cresce o emprego.

Empregos na área. Em alguns países europeus, o terceiro sector já ultra-

passou o sector financeiro enquanto empregador.

Inovação social

Podemos continuar a ter uma visão assistencialista do Estado, distribuin-

do subsídios. Mas o Estado precisa de fortalecer a sociedade. Não

precisa de a substituir. Isso significa promover a figura das empresas

sociais para estimular o empreendedorismo nesta área. Significa desen-

volver o sector social, aumentando as suas capacidades, profissionalismo

e especialização. Significa que a relação com o Estado não se faz atra-

vés de contratos ou de subsídios, mas de concursos, assegurando a cria-

ção de serviços públicos inovadores.

Tudo isto é inovação social.

Estado precisa de fortalecer a sociedade.

Não precisa de a substituir

Page 20: Proposta de Estratégia Global

20

O PSD deve procurar promover a afirmação da língua portuguesa como

instrumento facilitador de transacções

e comunicações à escala global

6. Uma nova forma de olhar para o primeiro sector

A Agricultura está a mudar a sua vocação e o seu papel. Duma actividade

centrada na produção agrícola - como o foi até finais do século passado -,

actualmente é uma actividade de carácter multifuncional com consequên-

cias na coesão do território, na coesão social, na qualidade do ambiente.

Tem de ser centrada no mercado e para uma cada vez maior pressão con-

correncial. Entendemos a agricultura como um sector estratégico, valori-

zando não apenas a sua dimensão económica.

O PSD não é o partido da lavoura.

Temos de olhar para esta realidade sem saudosismo ou preconceitos.

Temos de pensar estrategicamente o futuro da Agricultura, enquadrando o

sector num novo modelo.

Portugal deve enquadrar a sua actuação naqueles que são os sectores em

que a sua qualidade é reconhecida, promovendo um salto qualitativo da

produção, reforçando a capacidade competitiva dos produtos agrícolas.

Deveremos centrar a nossa actuação numa forte aposta na certificação de

qualidade e na selecção de nichos de mercados.

É fundamental apostar no incentivo à competitividade do sector, promo-

vendo a qualidade, a defesa do ambiente, a especificidade e a inovação.

Devemos promover a multi-funcionalidade e a diversificação das explora-

ções agrícolas e das zonas rurais.

Apostando na racionalização do sector e valorizando o espaço rural, deve-

mos promover condições para a fixação da população, em especial de

jovens e famílias em idade activa, de forma a contrariar o abandono das

zonas rurais.

Devemos promover actuações integradas entre a agricultura e o turismo

(agro-turismo, enoturismo, eco-turismo) e desenvolver segmentos inovado-

res de culturas energéticas (biodiesel e bioetanol), que poderão viabilizar

produções agrícolas em risco de desaparecimento face às novas regras.

Da mesma forma, a floresta é um activo nacional que urge valorizar. Uma

floresta bem gerida pode gerar um importante valor económico, seja na

cortiça, papel e cartão, madeira, mobiliário, produtos resinosos, entre

outros.

Pretendemos valorizar a floresta através de uma gestão sustentável,

que assegure simultaneamente a fixação de populações e actividades e a

prevenção dos incêndios, apostando na biodiversidade, e no seu aprovei-

tamento, designadamente através da produção de espécies florestais des-

tinadas à produção industrial (cortiças e indústrias de madeira), da caça,

do turismo, e na valorização energética dos resíduos.

Page 21: Proposta de Estratégia Global

21

7. Uma nova política do mar

Portugal tem um património único a nível Europeu.

As potencialidades, aos níveis ambiental, económico e geográfico

dos Oceanos são um valor inestimável que importa preservar e valori-

zar. Foi o PSD que introduziu no debate político recente o tema da valori-

zação dos Oceanos como uma aposta estratégica de Portugal. Esta tem

de voltar a ser uma bandeira do nosso Partido. Este tem de ser um desíg-

nio nacional.

Na última legislatura em que o PSD foi Governo, foi aprovada a Estratégia

Nacional para o Oceano, que identifica o Oceano como o mais importante

“recurso natural” de Portugal. O Governo Socialista, numa postura incom-

preensível e profundamente prejudicial aos interesses nacionais, abando-

nou esse desígnio.

É por Mar, através das nossas infra-estruturas portuárias, que nos chega a

maior parte das mercadorias e da energia que importamos, sendo ainda

um factor determinante da indústria turística nacional, enquanto dele vive

uma das maiores comunidades de pescadores de toda a Europa.

O Mar como desígnio nacional poderá beneficiar um significativo número

de realidades relacionadas, como transporte marítimo, ambiente, conser-

vação da natureza, pescas e aquicultura, turismo, desporto, indústrias de

construção naval e tecnologia oceânica, recursos minerais, energias reno-

váveis ciência, investigação, educação e cultura. É fundamental dar um

novo impulso a este desígnio, apostando numa Gestão Integrada do

Oceano.

Gestão Integrada do Oceano.

Uma gestão em que participem todas as entidades que intervenham nesta

área e que podem contribuir para uma verdadeira política de valorização

dos Oceanos e de preservação da costa portuguesa.

O Governo Socialista abandonou os pescadores, não promovendo uma

política de Pesca que preservasse e salvaguardasse os interesses nacio-

nais.

Temos de garantir a sustentabilidade do sector das pescas, adoptando

medidas para a recuperação e estabilização da produção pesqueira, pro-

mover o incentivo à renovação e modernização da frota e à valorização e

qualificação dos recursos humanos. É fundamental dar particular atenção

à modernização das unidades de aquicultura, ao aumento das quantidades

produzidas e à diversificação das espécies cultivadas, e dar continuidade

às acções de controlo que visam assegurar a qualidade e salubridade dos

produtos.

A indústria da Aquicultura deve ser uma aposta forte nos próximos

anos, aproveitando as nossas potencialidades nessa área.

Page 22: Proposta de Estratégia Global

22

As potencialidades, a nível ambiental,

económico e geográfico dos Oceanos são um

valor inestimável que importa preservar

e valorizar

8. Repensar o sector empresarial do Estado

Temos de reduzir o papel e intervenção directa do Estado na economia. O

Estado apenas deve estar onde é necessário. Iremos proceder a uma aná-

lise e reavaliação das funções do Estado, que seja a base de um ambicio-

so plano de privatização de serviços públicos e que permita reduzir a inter-

venção directa do Estado na vida empresarial. Importa que a redução da

despesa pública não se baseie apenas na melhoria da eficácia e no con-

trolo dos custos, tendo, também, que resultar da retirada do Estado de fun-

ções e actividades em que não tem valor acrescentado como prestador de

serviços.

Nestes casos, o Estado deve manter a sua responsabilidade como

regulador e fiscalizador, devendo os serviços ser assegurados pela ini-

ciativa privada e social, ou pelo menos aberto a estas entidades, promo-

vendo a concorrência.

Devemos também equacionar a prestação de serviços descentralizada,

transferindo para as autarquias. Poderão ser transferidos para o sector

privado, social e autarquias serviços no âmbito da educação, formação

profissional, acção social e saúde. Deverá ser dada especial atenção ao

sector dos transportes (Carris, Metro de Lisboa e Metro do Porto, CP,

Refer, STCP e TAP) e comunicações (RTP e Lusa).

É necessário encontrar soluções estruturais para estas empresas, que per-

mitam aumentar a eficiência da sua gestão e a redução de encargos para

o erário público, recorrendo a contratos-programa que definam claramente

as condições de prestação de serviço público e, quando for entendido con-

veniente, à privatização da exploração ou das próprias empresas.

Admitimos, assim, a conjugação das privatizações com a concessão a

entidades privadas de certas áreas, nomeadamente de infra-estruturas e

serviços públicos. No caso da RTP, a privatização do Grupo RTP deve

excluir os respectivos canais internacionais, bem como implicar a negocia-

ção da concessão do serviço público de televisão e radiodifusão.

Iremos terminar com as golden shares do Estado em empresas já par-

cialmente privatizadas, no seguimento, aliás, das recomendações da

União Europeia. Promoveremos assim o regular funcionamento dos mer-

cados, disciplinaremos o papel do Estado, reduzindo a promiscuidade

entre a esfera pública e privada.

Missão importante deve, também, estar consignada à Caixa Geral de

Depósitos (CGD). Não para aumentar o peso do Estado na economia, mas

antes para apoiar as empresas, sobretudo as pequenas e médias, que

constituem a esmagadora maioria do nosso tecido empresarial. Por outro

lado, deve avançar-se, de imediato, com a venda das participações não

financeiras da CGD, com particular enfoque para o sector da Saúde (só

por mera estratégia de marketing pode designar-se a “unidade” de saúde

detida pelo Grupo CGD por “Hospitais Privados de Portugal”).

Page 23: Proposta de Estratégia Global

23

10. Olhar a cultura

Durante anos, olhámos para a cultura segundo o paradigma socialista.

Entre aqueles que defendem mais subsídios e aqueles que defendem

menos subsídios. Não discutimos cultura, mas subsídios. A “fundo perdi-

do”. Não existe investimento na cultura. Existe dinheiro gasto.

Esta é a visão antiga. No mundo novo, a cultura, as indústrias culturais,

são uma oportunidade. Uma oportunidade económica na perspectiva do

turismo. Estamos em 2010. Para sermos competitivos já não basta termos

sol e mar. Pelo mesmo preço temos outros destinos com a mesma oferta.

Estamos em 2010. Na era dos conteúdos. E nos conteúdos, as indústrias

culturais são imprescindíveis. O que antes era considerado nicho, mesmo

o que era considerado “encargo” para audiências limitadas, significa, na

era da globalização, conteúdos e oportunidades económicas. Eventos

como o Festival de Salzburgo ou o Festival de Shakespeare de Verona

são disso bom exemplo. Olhar para a cultura como uma oportunidade eco-

nómica é uma nova maneira de olhar para a cultura.

11. Falar português. Pensar português

A Língua Portuguesa assume-se como um instrumento determinante para

o desenvolvimento económico de Portugal. Os oito países da Comunidade

de Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde o Português é língua ofi-

cial, têm uma população de cerca de 250 milhões de habitantes, existindo

projecções baseadas na evolução demográfica destes países que indicam

que o número de habitantes destes países deverá totalizar os 335 milhões

em 2050.

O Português é hoje a sexta língua materna a nível mundial e a terceira lín-

gua europeia mais falada no mundo, sendo também o idioma oficial de

9. PMEs - A força do empreendedorismo

O tecido económico português é constituído, esmagadoramente, por micro,

pequenas e médias empresas, as quais são as principais responsáveis

pela criação do emprego e pelo desenvolvimento económico.

A definição de medidas que visem reforçar a competitividade das PMEs,

melhorando a sua capacidade financeira, garantindo o pagamento das

dívidas do Estado, num prazo nunca superior a 60 dias, e dinamizando o

capital de risco, deve constituir uma prioridade da acção política do PSD,

nesta matéria. É neste novo paradigma que a actividade da Caixa Geral de

Depósitos deve ser encarada, procurando dar cabal cumprimento à missão

de estar vocacionada para apoiar o empreendedorismo, em geral, e as

empresas com vocação exportadora.

Por outro lado, o PSD deverá, ainda, promover um conjunto de reformas

que possibilitem a redução dos custos de contexto, a simplificação admi-

nistrativa e a desburocratização.

Page 24: Proposta de Estratégia Global

24

Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe,

Timor-Leste e Brasil.

O espaço da lusofonia assume-se assim como uma importante plataforma

da nossa política externa, devendo Portugal concretizar uma política de

cooperação para o desenvolvimento destes parceiros e apostar no reforço

da projecção internacional da lusofonia e da língua portuguesa, através

da dinamização e afirmação internacionais da CPLP e de Portugal no seio

desta.

O PSD deve procurar promover a afirmação da língua portuguesa como

instrumento facilitador de transacções e comunicações à escala global,

explorando as possibilidades contidas no Acordo Ortográfico. A língua

portuguesa assume assim uma importância ímpar no desenvolvimen-

to de uma política económica externa, activa e interveniente na interna-

cionalização da nossa economia e conducente à materialização de um

mercado global de língua portuguesa.

O PSD deve defender o aprofundamento do lóbi pela Língua Portuguesa,

tendo em vista o aumento do potencial de expansão da nossa língua e pro-

curando a consagração do Português como língua oficial das Nações

Unidas.

O Ensino do Português no Estrangeiro, em especial às novas gerações de

luso-descendentes, é outra vertente da nossa política externa que deve ser

reforçada. O PSD deve defender o reforço e consolidação da ligação de

Portugal aos cidadãos residentes no estrangeiro e incentivar a plena inte-

gração cívica e política nos países de acolhimento.

Uma aposta séria na Língua só pode desenvolver-se com um reforço dos

meios e competências atribuídas ao Instituto Camões, como instituição de

promoção da Língua e Cultura Portuguesa no mundo. Não é por isso acei-

tável a desorçamentação que este importante instituto tem sofrido, não

obstante o reforço recente para as novas competências relativas ao ensino

do Português no Estrangeiro, que transitam do Ministério da Educação.

Apostar na missão estratégica dos canais RTP Internacional e RTP África,

enquanto meios de promoção e difusão da língua e cultura portuguesa e

de aproximação às comunidades portuguesas na diáspora. O Estado deve

também criar condições para que aqueles canais passem a divulgação das

iniciativas empresariais portuguesas no estrangeiro, através de rubricas e

programas dedicados à actividade económica.

Page 25: Proposta de Estratégia Global

25

UM COMPROMISSO COM A

EDUCAÇÃO

A mais baixa taxa de conclusão do ensino secundário da UE.

Aprendemos, nos últimos anos, que a política educativa não pode ser feita

contra as escolas, nem contra os professores, nem contra os pais, nem

contra os alunos. Aprendemos que a política educativa não pode excluir.

Não pode antagonizar. A política educativa só pode ser executada com

todos. Alunos, escolas, professores e pais. Acreditamos numa escola sem

muros, aberta à comunidade. Este é o nosso compromisso.

O nosso país ainda precisa de vencer a aposta na qualificação. Apesar do

investimento que nas últimas décadas vem sendo feito na área da Educa-

ção, os resultados e a qualidade do sistema de ensino mantêm-se aquém

do desejável, sobretudo quando comparados com os nossos parceiros na

União Europeia e na própria OCDE.

O desempenho dos nossos alunos em disciplinas fundamentais como a

Matemática, a Língua Portuguesa ou as Ciências é fraco, sobretudo se

tivermos em consideração o investimento do Estado neste sector determi-

nante para o nosso futuro colectivo.

A indisciplina grassa nas nossas escolas, a autoridade do professor dentro

e fora da sala de aula é posta em causa todos os dias e o esforço e empe-

nho de cada aluno parece não ter recompensa no espaço escolar.

A própria função docente parece ser descredibilizada pelo próprio Estado,

dando sinais, a alunos e professores, de que estar na sala de aula ou fora

dela é coisa semelhante, ou que compensa ficar retido ou abandonar a

escola, para pouco tempo depois ganhar terreno sobre os que se esforça-

ram, através de um qualquer expediente ou programa de certificação próxi-

mo de uma acção de propaganda política.

1. Pré-Escolar

Concretizada a universalização da educação pré-escolar para as crianças

com cinco anos, a obrigatoriedade da sua frequência torna-se uma medida

de fácil aplicação. O objectivo seguinte a ser estabelecido é a universa-

lidade da frequência do pré-escolar para o grupo etário dos 3 aos 5

anos.

2. Necessidades Educativas Especiais

Na área das necessidades educativas especiais, o Estado deve abandonar

os actuais instrumentos de referenciação, reforçar a intervenção precoce e

apoiar adequadamente as crianças com necessidades educativas espe-

ciais. As dificuldades económicas do país não podem ser uma desculpa

para deixar as crianças com necessidades educativas especiais sem o

necessário apoio ao seu percurso escolar.

O compromisso do PSD

com a educação deve

sustentar-se na procura

de um elevado nível de

exigência e qualidade

do ensino

Page 26: Proposta de Estratégia Global

26

3. Organização do sistema educativo

O PSD assume a sua posição pela defesa do papel regulador do Estado,

em detrimento de um Estado “educador”, em que o princípio constitucional

da liberdade de ensinar e aprender seja concretizado, assegurando a liber-

dade de opção de escola aos mais desfavorecidos.

O aprofundamento da autonomia das escolas, ao nível pedagógico, admi-

nistrativo e financeiro para a prossecução do seu projecto educativo é uma

prioridade para uma escola integrada e geradora de interacções com a

comunidade envolvente.

Impõe-se uma reforma dos programas e currículo no ensino básico e

secundário, estabelecendo um núcleo disciplinar de âmbito nacional, per-

mitindo que, no âmbito de uma crescente autonomia, as escolas comple-

mentem o currículo.

A reorganização da estrutura de ciclos deve concretizar-se através de

dois ciclos, de 6 anos cada, correspondentes à escolaridade básica e

à escolaridade secundária, com a introdução de exames nacionais no

final de ambos os ciclos.

O PSD deve combater a cultura do “facilitismo” dominante nos últimos

anos e pugnar para que o alargamento da escolaridade obrigatória até

aos 18 anos não seja contaminado pela busca de melhores resultados

estatísticos.

4. Medidas para o sucesso educativo

Para que as nossas crianças e jovens atinjam o sucesso escolar, o Estado

deve criar programas especiais para o estudo da Matemática, da Lín-

gua Portuguesa e para as Ciências a partir do início do 1.º ciclo.

O PSD deve ainda criar condições para que o sistema de ensino consiga

adaptar percursos escolares, através da progressiva introdução de dis-

ciplinas de carácter técnico e vocacional, no início do segundo ciclo

de 6 anos, no âmbito e respeito da autonomia de cada escola na sua

opção de complementar o currículo nuclear de âmbito nacional.

5. Reforço da autoridade dos professores

O esforço de elevação das qualificações dos portugueses será inglório se

os professores não virem a sua autoridade reconhecida na sala de aula.

O PSD deve, no Governo, encetar um combate determinado à indisciplina

ou violência no espaço escolar.

6. Reconhecer a qualidade

Os portugueses merecem ver as suas qualificações reconhecidas, bem

como a experiência que acumularam ao longo da vida profissional. Contu-

do, o processo de requalificação da população activa deve ser feito através

de uma iniciativa pública despolitizada e que garanta fiabilidade à forma-

Reforma dos programas

e currículo no ensino

básico e secundário

Progressiva introdução

de disciplinas de carácter

técnico e vocacional

Page 27: Proposta de Estratégia Global

27

ção perante a sociedade, em geral, e os agentes económicos, em particu-

lar.

7. Avaliação

O PSD, na sua defesa por um serviço público de educação, deve, logo

que seja Governo, criar um sistema independente de avaliação de escolas

que avalie o trabalho que cada escola realiza com os seus alunos, classifi-

cando-o e divulgando os resultados da avaliação de forma aberta e trans-

parente.

ENSINO SUPERIOR.

UNIVERSIDADE SEM MUROS

O desenvolvimento do país depende do sucesso

das nossas instituições de ensino

O desenvolvimento do país depende em grande medida do sucesso das

nossas instituições de ensino superior (IES). As instituições, sejam de

natureza pública ou privada, precisam de reforçar a sua integração e inte-

racção com o tecido económico e afirmar-se definitivamente como pólos

geradores de inovação e desenvolvimento.

O Estado, ao invés de interferir directamente na gestão das instituições,

deve financiar, co-financiar e regular o funcionamento das IES, bem como

regular a oferta da rede pública de ensino superior, adequando-a sempre

que preciso às necessidades do mercado.

Não obstante o estabelecimento de um sistema de financiamento público,

ainda que com um contributo parcial com as famílias, nenhum estudante

deve ficar excluído do Ensino Superior por razões económicas.

O PSD deve afirmar o apoio do Estado ao Ensino Superior através dos

seguintes vectores:

● Apoiar e estimular as IES para alcançar uma investigação de qualidade

e em rede;

● A investigação deverá ser crescentemente internacionalizada, privile-

giando a inserção precoce dos estudantes de ensino superior em pro-

gramas de mobilidade internacional;

● Apoiar a investigação nas ciências sociais, nomeadamente através de

entidades não empresariais, como IPSS, colectividades locais ou servi-

ços públicos.

UMA POLÍTICA PARA A JUVENTUDE Em vez de política de juventude,

precisamos de uma política para a juventude.

Os últimos 15 anos foram marcados pela degradação das políticas públi-

cas de apoio à Juventude. Após uma década marcada por uma forte

Page 28: Proposta de Estratégia Global

28

aposta na Juventude, os governos do Partido Socialista fizeram um desin-

vestimento progressivo nas políticas integradas de apoio aos jovens.

A última legislatura foi marcada pela redução drástica do número de

jovens com apoio ao arrendamento de uma habitação. A última legislatura

ficou marcada pelo maior número de sempre do desemprego dos jovens:

no 4.º trimestre de 2009, 100 mil jovens com menos de 25 anos estavam

desempregados, representando uma taxa de desemprego nessa faixa

etária de mais de 20%.

Além de Portugal ser um dos países da OCDE onde a percentagem de

cidadãos com habilitações de nível superior é mais baixa, a integração

dos jovens licenciados no mercado de trabalho revela-se insuficiente e

desajustada.

Se, por um lado, o desemprego cresce entre os jovens licenciados, os que

acedem ao mercado de trabalho desempenham, em muitos casos, fun-

ções indiferenciadas, auferem remunerações muito baixas e num contexto

de precariedade.

A realidade é que os fluxos migratórios associados à globalização já não

justificam a maior vaga de emigração desde a década de 60, em especial

no que respeita aos muitos jovens qualificados que todos os dias optam

por deixar o país, procurando oportunidades noutras paragens.

Ao longo dos últimos anos, a depreciação das políticas de apoio às novas

gerações de portugueses provocou uma falha capital na manutenção dos

justos equilíbrios inter-geracionais da nossa sociedade.

A Juventude é a alavanca do desenvolvimento económico e da coesão

social, pelo que é determinante responder aos principais anseios e proble-

máticas das novas gerações, tendo em vista o nosso futuro colectivo.

Nos últimos anos, as respostas dadas pelo Governo às realidades da

juventude portuguesa não tiveram como pressuposto uma visão integrada

e articulada. O PSD deve assumir o carácter transversal das políticas de

juventude, desde a educação ao empreendedorismo, da saúde à habita-

ção.

Contudo, é hoje evidente que a maior barreira à emancipação dos nossos

jovens está associada ao momento da transição entre a escola ou a uni-

versidade e o primeiro emprego. É assim essencial (sobretudo no actual

contexto económico que atravessamos) que o apoio aos mais jovens seja

reforçado, seja através de incentivos directos às empresas para a integra-

ção de jovens no mercado de trabalho, seja pelos apoios à iniciativa

empresarial.

O sucesso dos diversos programas de integração de jovens nas empresas

depende em grande medida da adequação da própria oferta formativa ao

mercado de trabalho. O desenvolvimento do próprio espírito empreende-

O PSD deve assumir o carácter transversal

das políticas de juventude, desde

a educação ao empreendedorismo, da

saúde à habitação

Page 29: Proposta de Estratégia Global

29

dor e da iniciativa empresarial de jovens deve ser estimulado ainda dentro

do sistema de educação e formação. Defendemos também a opção por

incentivos fiscais ao emprego de jovens, em especial nos sectores ligados

à economia social.

DIREITO À JUSTIÇA

Enfrentar os desafios económicos e sociais de um Portugal moderno

implica um sistema de Justiça eficaz, eficiente e de qualidade

O bom funcionamento da Justiça é um dos pilares do Estado de Direito. É

uma das primeiras justificações para a existência do próprio Estado.

É também uma condição prévia para que Portugal possa ser atractivo para

o investimento e para a fixação de empresas e de empreendedores, sem

os quais seremos incapazes de voltar a encontrar a rota do crescimento

económico e do emprego.

Hoje, em Portugal, vive-se um clima de desconfiança face aos agentes da

Justiça e a um extremar de posições entre os diversos protagonistas.

Se antes a Justiça era morosa mas credível, aos olhos dos portugueses,

hoje a Justiça continua morosa mas perdeu credibilidade.

1. Reforma do Sistema Judicial

É necessário, por isso, levar a cabo uma reforma do sistema judicial, mas

é também fundamental que esta seja uma reforma partilhada, com os

representantes das profissões judiciárias, das Faculdades de Direito, das

organizações da sociedade civil, como são as confederações patronais e

sindicais, e de todos aqueles que de alguma forma podem contribuir para

melhorar o funcionamento da Justiça.

2. Revisão do Mapa Judiciário

Nesse quadro, o PSD tudo deve fazer para que a revisão do Mapa Judiciá-

rio seja implementada o mais cedo possível, procurando activamente uma

solução consensualizada, que tenha por base uma maior especialização

dos Tribunais de 1.ª instância, uma maior proximidade com as populações,

uma maior optimização dos recursos e uma maior eficácia dos procedi-

mentos.

3. Conselho Superior da Justiça

No quadro da negociação global com as profissões judiciárias e com os

outros partidos para uma sustentada reforma da Justiça, deve o PSD

defender a criação do Conselho Superior da Justiça, a ser presidido pelo

Presidente da República, que substitua os actuais Conselhos Superiores

da Magistratura, dos Tribunais Administrativos e Fiscais e do Ministério

Maior especialização dos

Tribunais de 1.ª instância

Page 30: Proposta de Estratégia Global

30

Público, passando também a ter funções de instância de recurso de deci-

sões do Conselho Superior da Ordem dos Advogados em sede de ilícitos

disciplinares cometidos no âmbito ou no contexto de processos judiciais

ou de inquéritos criminais.

4. Acesso à 1.ª Instância

Defende-se a realização de concursos públicos de acesso à 1.ª Ins-

tância, com quotas mínimas obrigatórias a fixar anualmente pelo Conse-

lho Superior de Justiça, para juízes provenientes de outras profissões

jurídicas, deixando de ser a formação no CEJ o único método de acesso.

Na classificação dos concorrentes deverá ser factor relevante a experiên-

cia profissional, passando deste modo, a ser possível o acesso às magis-

traturas de juristas mais experientes e com mais idade.

5. Promover a eficácia

O PSD deve ainda empenhar-se em aumentar a eficácia e previsibilidade

dos comportamentos e das decisões judiciais, sobretudo em matérias que

contendam com a luta contra a criminalidade económica e com a defesa

e respeito dos direitos fundamentais, adoptando mecanismos e soluções

jurídicas que tenham já demonstrado funcionar noutras jurisdições.

É um dado inquestionável que os problemas da Justiça em Portugal não

passam pela necessidade de termos mais juízes ou mais tribunais. Portu-

gal tem, hoje, 17 juízes por 100 mil habitantes, quando muitos países

com uma justiça mais que adequada estão nos 7 juízes por 100 mil habi-

tantes.

Parte do problema prende-se com a necessidade de racionalizar meios

humanos e de redistribuí-los de uma forma mais adequada às necessida-

des.

Promover a eficácia passa também pela mobilização de todos os profis-

sionais do sector. A avaliação do desempenho é uma importante e neces-

sária ferramenta para esse objectivo. Permite-nos, com maior rigor,

detectar as principais falhas do sistema. Permite-nos igualmente reconhe-

cer e premiar o mérito, estabelecendo padrões e referências para os qua-

dros do sistema judicial.

Profissionalizar a gestão dos tribunais, criar auxiliares para os juízes,

rever o sistema de recursos, simplificar os códigos processuais e criar

auditorias externas, são condições essenciais para o combate efectivo à

morosidade da justiça.

É um dado inquestionável

que os problemas da

Justiça em Portugal

não passam pela

necessidade de

termos mais juízes

Page 31: Proposta de Estratégia Global

31

PORTUGAL EM SEGURANÇA

A segurança é um direito fundamental dos cidadãos

e um dever dos Estados.

O sentimento de insegurança é hoje incontornável e crescente, se tivermos

em conta as consequências dos novos fenómenos de exclusão social.

Juntando a isso, temos também uma perda de autoridade das entidades

competentes, uma desmobilização dos profissionais das forças de segu-

rança e uma crónica descoordenação operacional, que impede a optimiza-

ção dos parcos recursos e meios disponíveis.

Tudo isto se integra num novo entendimento do que são políticas de segu-

rança. Menos securitárias, menos corporativas mais eficientes.

Aplicação de soluções tecnológicas

que aumentem a eficácia no combate ao crime

A verdade é que temos cada vez mais sobreposições, com cada vez

menos meios. A tentação de criar organizações verticalizadas, que vão

crescendo em competências, é um vício socialista que recusamos.

1. Novos crimes, novas tecnologias

A desproporcionalidade de meios tecnológicos entre quem comete os cri-

mes e quem os combate e investiga é um facto que a todos deve preocu-

par. A aplicação de soluções tecnológicas que aumentem a eficácia no

combate ao crime e na sua prevenção é uma prioridade sucessivamente

adiada. É também o mais importante investimento que o Estado pode reali-

zar nesta área.

Esta não é só uma questão de recursos financeiros. É também uma ques-

tão de mudança de paradigma. Retomaremos uma proposta do Partido

Social Democrata: exige-se centralizar a recolha, tratamento e distri-

buição da informação criminal das várias forças de segurança. Tal

como se exige a partilha obrigatória dessas informações. Neste senti-

do, decorre a criação de um ficheiro nacional de criminosos violen-

tos, mantendo informação disponível e actualizada sobre o paradeiro des-

tes elementos.

Este movimento passa também pelo upgrade tecnológico dos meios dispo-

níveis (especialmente nos meios de apoio técnicos e científicos) e por uma

formação de quadros cada vez mais focada na utilização dos novos recur-

sos colocados à disposição pelos avanços tecnológicos.

Os meios de videovigilância são também uma alternativa de méritos firma-

dos na prevenção do crime. O recurso a estes sistemas deve ser discutido

sem preconceitos, procurando conciliar os interesses da salvaguarda da

privacidade com as necessidades de segurança. A videovigilância terá

obrigatoriamente de ser aceite como prova em tribunal. Qualquer outra

solução é incompreensível.

A videovigilância terá obrigatoriamente de

ser aceite como prova em tribunal.

Page 32: Proposta de Estratégia Global

32

2. A segurança e a comunidade

Num novo conceito de segurança, as Forças Armadas podem e devem

desempenhar um papel fundamental. Seja através da vigilância focalizada

da nossa costa e florestas, seja através da participação permanente em

operações de combate a grandes incêndios. Nesta mesma área, importa

reforçar e valorizar o papel do voluntariado que hoje sustenta a maioria

dos nossos corpos de bombeiros. Tal como importa descentralizar a sua

formação e reforçar as estruturas de comando e coordenação existentes.

Portugal é um dos 20 países do mundo

que mais investe per capita na área da saúde

O Partido Social Democrata acredita na especialização e reconhece o tra-

balho realizado no âmbito da prevenção rodoviária. É por isso necessário

reparar o erro cometido ao extinguir a Brigada de Trânsito, movimento irre-

flectido, que comprometeu anos e anos de saber acumulado.

SAÚDE: GERIR. MELHOR.

10% do PIB; 3,5 médicos por mil habitantes; 25% de desperdício

no orçamento

Em Julho do ano passado, no seu relatório anual de saúde, a OCDE con-

testava dois dos principais mitos e certezas das políticas de saúde em Por-

tugal: não há falta de médicos, mas má distribuição desses médicos. Não

há falta de investimento, mas um excesso de desperdício.

De facto, Portugal é um dos 20 países do mundo que mais investe per

capita nesta área (superior a 10% do PIB). E esse investimento não é visí-

vel. Nem para os utentes. Nem para os profissionais. Porque o Estado não

investe em saúde, gasta em saúde. Mais do que um problema de escas-

sez de recursos, existe hoje um problema de desperdício e gestão de

recursos.

O rácio de clínicos por habitantes (3,5 por cada mil) está mesmo quatro

décimas acima da média europeia, sendo que Portugal, do ponto de vista

dos profissionais, só é deficitário em número de enfermeiros.

Ainda assim, poucos são aqueles que põem em causa a qualidade dos

serviços prestados.

Muito mais discutível é a forma como o próprio Estado e a Administração

Central organizam os seus recursos. Na área hospitalar, por exemplo, é

possível encontrar quase todos os modelos de gestão. Existem hospitais

públicos. Existem hospitais empresas públicas. Hospitais convencionados.

Hospitais parceria público-privados. Hospitais privados e até hospitais pri-

vados participados pelo Estado.

Não há falta de investimento, mas um

excesso de desperdício.

Page 33: Proposta de Estratégia Global

33

Caminhamos para um modelo onde há cuidados

de saúde públicos para ricos e cuidados

de saúde públicos para pobres

Esta diversidade organizativa reflecte a falta de capacidade do Estado em

encontrar um modelo exemplar de gestão, incentivando e promovendo o

desperdício.

A crise financeira que atravessamos e as dificuldades orçamentais cróni-

cas do nosso Erário Público vieram colocar o controlo da despesa na pri-

meira linha das prioridades governativas, obrigando o nosso Executivo a

tomar medidas urgentes.

Ninguém ignora que, mesmo antes da crise, o Serviço Nacional de Saúde

tinha já a sua sustentabilidade financeira comprometida, caso persista em

manter a concepção e funcionamento actuais.

O controlo da despesa pública na Saúde está, neste quadro, no topo das

prioridades, pois, desde 1990, que os nossos gastos em Saúde têm vindo

a crescer a um ritmo superior ao PIB, no que representa um esforço signifi-

cativo do país e dos portugueses, que merecem que estas verbas sejam

geridas com exigência e rigor.

É bem verdade que vários são os factores que explicam este fenómeno: a

introdução de novas tecnologias, a melhoria significativa do nível da pres-

tação dos cuidados de saúde, o aumento das expectativas dos cidadãos

em relação à prestação. Mas se estes factores são incontornáveis, boa

parte deste aumento da despesa não se traduz integralmente numa melho-

ria dos cuidados, ou na indispensabilidade de cobrir necessidades concre-

tas, representando em parte recursos públicos que são aprisionados pelos

vários agentes que integram o sector da Saúde. Ninguém duvida quando o

Tribunal de Contas confirma a existência de um desperdício na Saúde, que

pode ir até aos 25% do total do orçamento do sector.

1. Mais autonomia. Mais responsabilidade

O grande objectivo para a Saúde em Portugal passa, assim, no actual qua-

dro de autonomia de boa parte das unidades de saúde, por se produzir

mais, com maior qualidade, num quadro de redução do desperdício.

Se há em Portugal área do sector público onde a gestão deverá incorporar

processos inspirados na inovação, essa área é a da Saúde.

O PSD deverá, portanto, num futuro próximo, procurar acentuar as refor-

mas no sector da Saúde, em particular reforçando a autonomia, incentivan-

do à inovação de processos e melhorando os mecanismos de accountabi-

lity das diversas unidades de saúde.

Assim, considera-se que o PSD deverá construir soluções políticas que

abstraiam das grelhas analíticas que contrapõem as virtudes/defeitos do

sector privado com a inércia/santificação do sistema público, evitando as

Se há em Portugal área

do sector público onde a

gestão deverá incorporar

processos inspirados na

inovação, essa área

é a da Saúde

Page 34: Proposta de Estratégia Global

34

dicotomias e os “retratos a preto e branco”, que, com as suas cargas

“afectivo-ideológicas”, conduzem a uma perda da objectividade.

O PSD deve promover um modelo de autonomia, financiamento e regula-

ção que atenda ao contexto actual do nosso país, de dificuldade económi-

ca estrutural, aproveitando e maximizando os recursos e capacidade insta-

lada (stock e competências), num panorama de complexidade e diversida-

de.

O PSD deve, portanto, posicionar o Estado no seu papel principal de finan-

ciador e regulador, adoptando um modelo de financiamento de base pro-

cessual, que abstraia da natureza do prestador dos cuidados de saúde,

procurando antes focar-se na qualidade e eficiência da prestação em si,

valorizando e conjugando os esforços das estruturas públicas, privadas e

do denominado “sector social”, segundo critérios de neutralidade e objecti-

vidade.

O PSD deve reforçar a autonomia das diversas unidades de saúde,

aumentando a responsabilidade da gestão pelos resultados clínicos e

financeiros, fomentando ainda a concorrência e a liberdade de escolha por

parte do utente.

O PSD deve incentivar as unidades de saúde a, num quadro de transpa-

rência, prestarem contas aos cidadãos e à comunidade, não apenas no

plano financeiro, mas do resultado das suas actividades, segundo critérios

clínicos e de saúde pública.

2. Mais eficiência. Mais acessibilidade

Todos os dados confirmam a ineficiência como o principal problema do

nosso sistema de saúde. A maioria dos países tem melhores resultados na

prestação de cuidados médicos com o mesmo orçamento disponível.

Outros países, como a Espanha, têm melhores resultados com ainda

menos orçamento disponível.

A eficiência do sistema deve ser uma prioridade do topo da agenda da

administração da Saúde e de todos os profissionais envolvidos. É essa

eficiência na utilização dos recursos disponíveis que permitirá combater

outra das grandes falhas do sistema: a acessibilidade. Há cada vez mais

portugueses, há cada vez mais extensões de território com dificuldades no

acesso a cuidados de saúde ou mesmo sem acesso.

Uma maior eficiência do sistema também implica:

● Introdução de um sistema de co-pagamento, variável, em função dos

rendimentos

● O alargamento, progressivo, do regime de liberdade de escolha, dentro

e fora do sistema público

● Clarificação do papel do Estado e separação das suas múltiplas fun-

ções, desenvolvendo, designadamente, a função de financiador e regu-

lador

● Articulação e reorganização dos cuidados primários, pré-hospitalares,

Page 35: Proposta de Estratégia Global

35

hospitalares e continuados, redefinindo o seu âmbito, funções e proce-

dimentos

● Reforço do estatuto do médico de família

● Criação da rede nacional de oncologia.

3. Integrar e coordenar

É necessário introduzir uma cultura de integração e mobilidade entre os

vários níveis de cuidados, designadamente primários, hospitalares e conti-

nuados.

Ao Estado deve também caber a coordenação e programação da rede de

prestação de cuidados, de forma a maximizar a utilidade dos recursos

logísticos, técnicos e humanos destinados à promoção da saúde.

O PSD deve reforçar, finalmente, o papel da prevenção: a melhor forma de

controlar a despesa passa, precisamente, pela prevenção, com benefícios

não apenas económicos, mas com tradução na melhoria da qualidade de

vida e do quadro de felicidade dos cidadãos, que só têm a ganhar pela

adopção de hábitos que ajudam a preservar a saúde. A promoção de hábi-

tos saudáveis deverá, contudo, ser feita no respeito pelas liberdades indivi-

duais, pelas tradições culturais, despido de quaisquer progressismos ou

tendências “higienistas”.

SOLIDARIEDADE - A NOSSA MATRIZ

SOCIAL-DEMOCRATA 2 milhões de pobres

18% da população tem um rendimento mensal inferior a 379 Euros

Portugal tem cerca de 2 milhões de pobres. 18% da população portuguesa

não tem mais de 379 euros de rendimento por mês. Entre esta população

pobre, a maioria é feminina, menor ou idosa.

A taxa de pobreza, antes de prestações sociais, situa-se em 27% da popu-

lação, uma situação dramática, agravada pelo facto de Portugal ser um

dos países da UE em que as prestações sociais menos limitam os estados

de carência e desigualdade.

Portugal deve ter a capacidade de abandonar

uma política de Previdência que apenas aumenta

a dependência dos cidadãos unidade

Page 36: Proposta de Estratégia Global

36

Neste capítulo, refira-se que antes das transferências sociais, 84% dos

portugueses com mais de 65 anos são pobres e que mesmo depois das

transferências sociais, um em cada três dos nossos idosos são pobres na

velhice.

A pobreza infantil é muito significativa em Portugal: entre os menores de

17 anos, verifica-se uma taxa de pobreza na ordem dos 33 pontos per-

centuais. Nas famílias monoparentais, o indicador atinge mesmo os 34%.

Num cenário de crescente emergência social, em que cada vez mais os

cuidados estão a institucionalizar-se, Portugal deve ter a capacidade de

abandonar uma política de Previdência que apenas aumenta a depen-

dência dos cidadãos objecto de apoio social, que é meramente assisten-

cialista, e que apenas serve para perpetuar a pobreza, aumentar os ris-

cos de exclusão social e para agravar a institucionalização das crianças e

dos idosos.

1. Melhor regulação, mais descentralização

É tempo de assumir com clareza que o Estado tem um importante papel

a desempenhar na regulação e no financiamento, mas a concretização

das políticas sociais deve, num quadro de subsidiariedade, ser feita des-

centralizadamente, numa lógica de proximidade e desenvolvendo a arti-

culação entre as misericórdias, as instituições privadas de apoio social e

as autarquias locais.

2. Economia Social vs. Subsidiação

O PSD deve mobilizar-se para ser o principal defensor da afirmação e

dinamização da Economia Social sustentável e geradora de empre-

go, como alternativa à lógica da mera subsidiação.

Para tal, deve aprofundar-se o enquadramento jurídico e fiscal do deno-

minado terceiro sector.

Deve, ainda, e através de políticas concretas de apoio a iniciativas da

sociedade civil, dar-se espaço para a afirmação de programas de forma-

ção, da cedência de espaços e apoios específicos ao financiamento da

sua actividade, em cooperação com as autarquias.

3. Rendimento por trabalho social

No plano das prestações sociais, é fundamental que haja um maior con-

trolo da sua concessão e posterior monitorização. Assim, o PSD deve

exigir a revisão do Rendimento Social de Inserção (RSI), nomeada-

mente reforçando os compromissos contratuais da sua atribuição, e pro-

movendo o acompanhamento de proximidade para uma fiscalização

rigorosa. Por outro lado e para contrariar o desincentivo ao emprego, o

PSD deve defender a instituição de um período transitório em que

possa ser acumulado parcialmente o RSI com rendimento do traba-

lho.

Não vamos falhar.

Não podemos falhar.

Page 37: Proposta de Estratégia Global

37

Instituição de um período transitório

em que possa ser acumulado parcialmente

o RSI com rendimento do trabalho

O PSD deve, ainda, fomentar a discriminação positiva e a selectividade na

atribuição de prestações sociais às pessoas carenciadas, fazendo depen-

der o acesso da avaliação integrada do rendimento e património das famí-

lias.

Como princípio geral, o PSD deve defender que à atribuição de presta-

ções sociais, como o RSI ou o Subsídio de Desemprego, deve estar

associada a prestação de serviços às comunidades, por todos que

tenham condições para tal, enquadrados, quer pelas autarquias locais,

quer pelas instituições de solidariedade social.

4. O apoio na família

O PSD, enquanto partido humanista de matriz social-democrata, é a favor

da subsidiariedade do Estado, exigindo que o apoio aos mais carenciados

e necessitados deva, antes ser levado a cabo pelo Estado, ser assegura-

do, ainda que de forma tentativa, pela família ou pela comunidade.

A defesa da família é essencial, porque se considera que esta é a forma

de organização que, apesar das suas dificuldades, melhor permite suprir

as necessidades sociais.

Face à baixa natalidade que hoje existe em Portugal, é fundamental criar

melhores condições para que, em liberdade, haja mais pessoas com uma

maior dedicação, numa dada fase da sua vida, à família.

Desde logo, o acesso ao emprego e os horários da escola muitas vezes

não são compatíveis, colocando dificuldades aos pais que deveriam dar

prioridade aos interesses das crianças.

É assim necessário reforçar as medidas de apoio à família, no contexto

empresarial, nomeadamente alterando a legislação laboral para criar

novas condições para o trabalho a tempo parcial e a reforma a tempo

parcial, e incentivando as empresas que desenvolvam políticas de conci-

liação entre o trabalho e a vida familiar.

Devem, ainda, ser eliminadas certas restrições que penalizam a família,

em particular as que dizem respeito à tributação na compra de casa, auto-

móvel, ou pela dificuldade que hoje existe de acesso ao arrendamento.

Importa privilegiar a resposta integrada ao nível da família para auxílio

aos idosos e portadores de deficiência, apoiando aquelas que tomam

conta dos seus, através do investimento em redes de serviços de apoio

domiciliário.

Deve também ser avaliada a criação de uma ajuda financeira às famílias

que permita reduzir efectivamente a institucionalização dos idosos.

Page 38: Proposta de Estratégia Global

38

Antes de avançar para a prestação pública, o PSD deve pugnar para que

se esgotem as soluções que valorizam a família como unidade central de

apoio aos mais frágeis e a própria comunidade: considera-se assim dese-

jável reduzir a prática generalizada da institucionalização.

O PSD deve assumir que é imperioso evitar um certo facilitismo com que

hoje promovemos, socialmente, o recurso à institucionalização das crian-

ças e dos idosos.

O PSD deve defender que ao Estado cabe assumir, de forma inovadora e

completa, o seu papel de agente regulador e fiscalizador, e só subsidiaria-

mente, prestador.

REGIONALIZAR

Devolver o poder às comunidades é o que chamamos de localidade.

E a localidade está na matriz e génese do partido.

Os socialistas são o partido da centralização. Do poder concentrado. Dos

ministérios dos planeamentos. Dos autarcas que obedecem aos secretá-

rios de Estado. Do comando à distância.

E o PSD é o partido das comunidades. Do princípio da subsidiariedade,

em que o Estado não tem de prestar serviços directamente, mas que o faz

através da sociedade e das instituições locais. Devolver o poder às comu-

nidades é o que chamamos de localidade. E a localidade está na matriz e

génese do partido.

É por isso mesmo que a regionalização é uma proposta do primeiro pro-

grama do PSD. Desde 1975. Promessa adiada sucessivamente porque

“agora não dá jeito”. Promessa remendada com soluções de recurso.

Não criámos as regiões porque “não dava jeito”. Mas num exercício de

criatividade deixámos que as CCDR se tornassem em centros administra-

tivos regionais. Com direitos e poderes, mas sem que estivessem sujeitas

ao escrutínio do exercício democrático. Não criámos regiões com repre-

sentantes devidamente eleitos e deixámos que criassem regiões com

nomeados políticos.

A descentralização regional é uma medida de transparência orgânica e

financeira. É uma medida de gestão racional dos nossos recursos. A des-

centralização regional garante que a Administração Central não prolongue

a sua lenta asfixia do Orçamento de Estado.

Um partido que se quer reformador, vanguardista e localista não pode

adiar por mais 35 anos uma das suas mais importantes medidas adminis-

trativas.

A regionalização é uma

proposta do primeiro

programa do PSD.

Desde 1975.

Page 39: Proposta de Estratégia Global

39

Não pode ter “medo do risco”, deixando por fazer o que “não lhe dá jeito”.

A descentralização regional é um património histórico do PSD, que tem

de ser recuperado.

Se a descentralização regional é um tema polémico dentro do partido,

então pode e deve ser referendado internamente. Se o resultado for res-

peitar os princípios fundadores do PSD, então podemos e devemos avan-

çar imediatamente com a proposta em sede própria e tirar as devidas

consequências do ponto de vista da organização interna.

Na mesma linha, o PSD, no Parlamento deve promover a discussão alar-gada da Regionalização, procurando alcançar os consensos necessários.

A FORÇA DE TODOS

Portugal é um país de muitos défices. Défice alimentar. Défice de credibi-

lidade. Défice de recursos naturais. Défice das contas públicas. Défice de

confiança.

Durante cinco anos fomos marcados por sucessivos casos. Por casos

mal explicados e outros por explicar. O exercício de cargos públicos está

manchado pela descrença e desconfiança. Durante cinco anos, fomos

governados por um primeiro-ministro do contra. Contra as farmácias, con-

tra os médicos, contra os professores, contra os magistrados, contra as

indústrias, contra os agricultores, contra a Assembleia da República, con-

tra a Madeira. Contra as agências de rating. E contra o Presidente da

República. Contra o país e os portugueses. Umas vezes por falta de tac-

to. Outras por mera teimosia. Os cinco anos ficam marcados pela crispa-

ção social. O governo não mobiliza. Não cria consensos, não chega a

compromissos.

Face a um país crispado, criação do Partido Socialista e do Primeiro-

Ministro José Sócrates, o PSD promoverá e aprofundará uma política de

concertação social. A discussão de todas as reformas com os parceiros

sociais e com toda a sociedade deverá ser assumida como a premissa

que levará à tomada de decisões mais adequadas aos desafios que

temos pela frente.

Com a crispação, afastámos os cidadãos da política. Os portugueses não

confiam. Não querem saber. A participação existe. Faz-se à margem da

política. Apesar da política. Da mesma forma como a verdadeira econo-

mia funciona. Milhares e milhares de pequenas e médias empresas,

garantindo centenas de milhares de postos de trabalho. Fazem-no apesar

da crise. Apesar da asfixia fiscal. Apesar da política.

O país acomoda-se. Os portugueses conformam-se. Adormecidos, sem

vontade de acordar. Entregues ao fatalismo dos inevitáveis. Falta espe-

rança. Falta confiança. Falta vontade.

Se o resultado for respeitar

os princípios fundadores

do PSD, então podemos

e devemos avançar

imediatamente

Page 40: Proposta de Estratégia Global

40

Há quem teime em dizer que o PSD não é alternativa. Que não tem lugar

na nova sociedade portuguesa. Que é igual ao PS.

Quem não nos conhece deve olhar com estranheza para o PSD. Deve

olhar com estranheza para a forma viva e apaixonada como discutimos

entre nós. Para o respeito e lealdade com que o fazemos. Somos um par-

tido de Homens livres. Somos um Partido onde os militantes não têm

dono. Só quem não nos conhece pode pensar o contrário ou escrever o

contrário. Só quem não nos conhece pode tentar dar lições de moral ou

de ideologia. Pode confundir-nos com outros.

Mais ainda do que a ideologia, mais ainda do que os princípios ou a histó-

ria, são as pessoas que fazem a diferença. Sempre foi assim e em quase

tudo.

Somos um Partido onde os militantes não têm dono. Somos um partido de

gente diferente, que não se conforma, que não se cala, que não recua

perante pântanos ou adversidades. Gente que não foge. Uns mais anóni-

mos que outros, mas sempre com uma coisa em comum: vontade, iniciati-

va e coragem.

E apesar das diferenças exaltadas, apesar dos debates agitados, foi a

vontade, iniciativa e coragem própria dos Homens livres que no final do

dia sempre nos uniu. Mas, a verdade é que, hoje, o Partido está diferente.

Algures no caminho perdemos a capacidade de nos unirmos. E com isso

começámos a perder apoios, começámos a perder eleições. Enquanto

não reconciliarmos o Partido seremos incapazes de reconciliar o país.

Enquanto não mobilizarmos o Partido seremos incapazes de mobilizar o

país.

Não é o PSD que precisa de ganhar eleições. Mais do que nunca na sua

história, é o país que precisa que o PSD ganhe as eleições. É o país que

todos os dias olha para nós e espera. Desespera para que saibamos arru-

mar a casa. Desespera para que saibamos unir esta diversidade em torno

de um único objectivo: Portugal!

Não vamos falhar. Não podemos falhar.

No dia 27, não podemos apresentar mais do mesmo. Um líder e uma opo-

sição interna. Uma tendência e uma contra-tendência. No dia 27 de Mar-

ço, temos a obrigação de apresentar uma alternativa, sólida, credível e

capaz. Temos a obrigação de apresentar um programa de governo de

coragem e um primeiro-ministro de bom senso. Só assim devolveremos a

esperança.

Com a força de todos.

Quem não nos conhece deve olhar com

estranheza para o PSD. Deve olhar com

estranheza para a forma viva e apaixonada como

discutimos entre nós.

Com a força de todos.

Somos um partido de Homens livres