prevenção de acidentes por material perfurocortantes

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  • Gesto da Fase Pr-Analtica:Recomendaes da Sociedade Brasileira dePatologia Clnica/Medicina Laboratorial

    MaterialPerfurocortante

    Preveno deacidentes por

  • Introduo

    Nossos laboratrios esto preparados para situaes de emergncia ou

    catstrofes?

    Dados de literatura demonstram que apenas 6% das empresas sobrevivem

    aps experimentarem grandes catstrofes.

    Entende-se por catstrofes aqueles acontecimentos inesperados que podem

    causar prejuzos humanos e/ou materiais. Elas podem ser naturais (geolgicas ou

    climticas) ou provocadas pelo homem (terrorismo, exploses, guerras, poluio).

    A verdade inconveniente que a esmagadora maioria dos servios de

    Medicina Laboratorial brasileiros est atrasada em relao aos padres internacionais

    de controle para grandes riscos. A experincia internacional mostra que, o investimento

    em preveno e reao a desastres costuma entrar na agenda das companhias, depois

    de importantes catstrofes ou ameaas.

    A segurana e a sustentabilidade do negcio dependem da percepo dos

    dirigentes em relao aos elementos do perigo e das aes que executam para

    enfrent-los.

    A percepo correta dos riscos implica em algumas indagaes a serem

    dirigidas s lideranas:

    Como enxergam o ambiente estratgico?Como tomam decises?Como planejam?Como executam as aes planejadas?

    O ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) aplicado ao planejamento da gesto de

    riscos constitui-se ferramenta de grande utilidade para responder aos tpicos acima

    descritos, conforme descrito na figura 1.

    GESTO DE RISCOS NO LABORATRIO CLNICO

    1

    Introduo

    A relao entre doena e trabalho fato descrito h dcadas. Entretanto, a

    sistematizao da etiologia ocupacional surgiu com o questionamento sobre a

    atividade profissional do paciente na anamnese mdica. Durante a evoluo da

    abordagem da relao entre sade e trabalho, modificou-se paulatinamente a noo de

    causalidade; at mesmo a relao entre a doena e um risco foi substituda pela

    compreenso da multiplicidade de causas.

    O surgimento da AIDS, no incio da dcada de 80, levou os profissionais da

    rea de sade a experimentarem intensa preocupao com a possibilidade de

    adquirirem o vrus HIV, em decorrncia de suas atividades profissionais, e esta poca

    foi um marco importante para o estabelecimento e reviso dos conceitos de

    precaues universais. Em 1991, a Occupational Safety and Administration (OSHA)

    estabeleceu padres onde o sangue, derivados e outros materiais foram definidos

    como potencialmente infecciosos com o objetivo de reduzir os riscos ocupacionais.

    Esta padronizao determina uma combinao desde rea de trabalho controlada at

    boas prticas no trabalho, incluindo equipamento de proteo individual, vacinao

    contra hepatite B, e treinamentos pela equipe de vigilncia com sinais, cartazes e

    outros recursos para minimizar o risco de transmisso de doenas, devendo cada

    Instituio, per si, desenvolver um plano prprio de controle de exposio baseado nas

    normas estabelecidas.

    As exposies ocupacionais a materiais biolgicos potencialmente

    contaminados continuam representando um srio risco aos profissionais da rea da

    sade no seu local de trabalho, e os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos

    orgnicos correspondem s exposies mais frequentemente relatadas.

    O Laboratrio Clnico tem como caracterstica um ambiente de trabalho onde

    so utilizados materiais clnicos potencialmente infecciosos, incluindo os

    perfurocortantes, como agulhas, lminas, pinas, utenslios de vidro, etc, que somam

    riscos ocupacionais aos j existentes nesse ambiente de trabalho.

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    1

  • Os acidentes com agulhas transmitiram muitas doenas envolvendo vrus,

    bactrias, fungos e outros micro-organismos para os trabalhadores de sade,

    pesquisadores de laboratrio e os ligados Veterinria.

    Os ferimentos com agulhas e materiais perfurocortantes so considerados,

    em geral, extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir

    vrios patgenos, sendo os vrus da Imunodeficincia Humana (HIV), da Hepatite B e

    da Hepatite C os agentes infecciosos mais comumente envolvidos. Evitar a exposio

    ocupacional o principal caminho para prevenir a transmisso dos vrus das Hepatites

    B e C e o do HIV6.

    As doenas infecciosas que podem ter como fonte de infeco o acidente

    como materiais perfurocortantes, incluem:

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    2

    Blastomicose

    Brucelose

    Criptococose

    Difteria

    Gonorria cutnea

    Herpes

    Malria

    Micobacteriose

    Mycoplasma caviae

    A febre maculosa

    Esporotricose

    Staphylococcus aureus

    Streptococcus pyogenes

    Sfilis

    Toxoplasmose

    Tuberculose

    Muitas destas doenas foram transmitidas em raros eventos isolados. Eles

    continuam a demonstrar, no entanto, que os ferimentos com seringas podem ter

    consequncias graves.

    O grau de risco de contaminao com diferentes agentes infecciosos

    varivel, considerando-se que a exposio de mucosas ntegras, representa risco

    mdio de 0,1% e quando h exposio da pele ntegra, o risco inferior a 0,1%.

    Entretanto os materiais perfurocortantes no ambiente hospitalar ou laboratorial,

    frequentemente veiculam sangue ou secrees, elevando os riscos ao profissional de

    sade, de adquirir uma doena infecciosa, especialmente os vrus HIV e da hepatite.

  • Introduo

    Nossos laboratrios esto preparados para situaes de emergncia ou

    catstrofes?

    Dados de literatura demonstram que apenas 6% das empresas sobrevivem

    aps experimentarem grandes catstrofes.

    Entende-se por catstrofes aqueles acontecimentos inesperados que podem

    causar prejuzos humanos e/ou materiais. Elas podem ser naturais (geolgicas ou

    climticas) ou provocadas pelo homem (terrorismo, exploses, guerras, poluio).

    A verdade inconveniente que a esmagadora maioria dos servios de

    Medicina Laboratorial brasileiros est atrasada em relao aos padres internacionais

    de controle para grandes riscos. A experincia internacional mostra que, o investimento

    em preveno e reao a desastres costuma entrar na agenda das companhias, depois

    de importantes catstrofes ou ameaas.

    A segurana e a sustentabilidade do negcio dependem da percepo dos

    dirigentes em relao aos elementos do perigo e das aes que executam para

    enfrent-los.

    A percepo correta dos riscos implica em algumas indagaes a serem

    dirigidas s lideranas:

    Como enxergam o ambiente estratgico?Como tomam decises?Como planejam?Como executam as aes planejadas?

    O ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) aplicado ao planejamento da gesto de

    riscos constitui-se ferramenta de grande utilidade para responder aos tpicos acima

    descritos, conforme descrito na figura 1.

    GESTO DE RISCOS NO LABORATRIO CLNICO

    1

    Einstein e Smith reportaram que 50% dos acidentes com materiais perfurocortantes

    aconteceram pelo fato desses objetos estarem em local imprprio para descarte, sem

    segurana. Portanto, fundamental a adeso dos profissionais s normas de

    precaues.

    Condutas primrias foram desenvolvidas para reduzir o risco de profissionais

    de sade sofrerem acidentes com materiais perfurocortantes. A primeira o

    cumprimento das normas estabelecidas pelos rgos competentes, incluindo a

    utilizao de equipamentos de proteo individual (EPI), medidas de manuseio e

    descarte apropriado dos materiais. A segunda prover os profissionais de

    conhecimento e materiais que ofeream maior segurana durante seu manuseio e

    descarte.

    Desde a publicao dos padres estabelecidos, uma grande variedade de

    dispositivos mdicos tem sido desenvolvida para reduzir os riscos com acidentes com

    dispositivos perfurocortantes. O uso de dispositivos inovadores para agulhas ou

    sistemas sem agulha com ports autoselantes, reduzem o risco de acidentes.

    Durante qualquer etapa do procedimento de coleta poder ocorrer acidente,

    mas, via de regra ocorrem somente quando os trabalhadores tentam fazer vrias

    coisas ao mesmo tempo e, especialmente, quando da desmontagem ou da eliminao

    de agulhas. Portanto, as condies de trabalho que possam contribuir para um

    aumento no nmero de ferimentos com seringas, incluem:

    Reduo de pessoal, onde os profissionais assumem funes adicionais;

    Situaes difceis nos cuidados com o paciente;

    Iluminao do local de trabalho reduzida;

    Experincias do profissional, quando os funcionrios novos tendem a sofrer mais leses com agulhas do que funcionrios mais experientes;

    O reencapar da agulha pode representar de 25 a 30 por cento de todos os ferimentos com seringas de enfermagem e pessoal de laboratrio. Muitas vezes, a causa mais comum.

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

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  • Ainda que a preveno de exposio ao sangue seja considerada uma medida

    primria para preveno da infeco ocupacional pelo HIV, o apropriado manuseio da

    ps-exposio um elemento importante na promoo da segurana do ambiente de

    trabalho, pois este diminui o risco de soroconverso.

    O Laboratrio deve ter um programa para reportar incidentes, isto , injrias,

    acidentes e doenas ocupacionais, assim com perigos potenciais. A documentao do

    incidente dever ser feita detalhadamente, com descrio do mesmo, a causa

    provvel, recomendaes para prevenir incidentes similares, e aes para que haja

    adeso s normas estabelecidas pelos profissionais.

    so seringas, agulhas, escalpes, ampolas, vidros de

    um modo geral ou, qualquer material pontiagudo ou que contenha fios de corte

    capazes de causar perfuraes ou cortes.

    qualquer fator que coloque o trabalhador em situao

    de perigo e possa afetar sua integridade, bem-estar fsico e o moral.

    o acidente ocorrido no exerccio das atividades

    laborais a servio da empresa, que provoque leso corporal ou

    perturbao funcional que cause morte, perda ou reduo permanente

    e/ou temporria, da capacidade para o trabalho.

    so agentes existentes no ambiente de trabalho,

    capazes de causar doenas.

    So micro-organismos que podem causar doenas

    humanas.

    a presena de agentes potencialmente infecciosos em

    um dispositivo ou superfcie.

    um plano escrito que identifica os

    dispositivos e processos que oferecem risco aos profissionais envolvidos.

    2.Conceitos bsicos

    2.1.Perfurocortantes

    2.2.Risco de acidente

    2.3.Acidente de trabalho

    2.4.Riscos ocupacionais

    2.5.Patgenos:

    2.6.Contaminao

    2.7.Plano de controle de exposio

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

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  • Introduo

    Nossos laboratrios esto preparados para situaes de emergncia ou

    catstrofes?

    Dados de literatura demonstram que apenas 6% das empresas sobrevivem

    aps experimentarem grandes catstrofes.

    Entende-se por catstrofes aqueles acontecimentos inesperados que podem

    causar prejuzos humanos e/ou materiais. Elas podem ser naturais (geolgicas ou

    climticas) ou provocadas pelo homem (terrorismo, exploses, guerras, poluio).

    A verdade inconveniente que a esmagadora maioria dos servios de

    Medicina Laboratorial brasileiros est atrasada em relao aos padres internacionais

    de controle para grandes riscos. A experincia internacional mostra que, o investimento

    em preveno e reao a desastres costuma entrar na agenda das companhias, depois

    de importantes catstrofes ou ameaas.

    A segurana e a sustentabilidade do negcio dependem da percepo dos

    dirigentes em relao aos elementos do perigo e das aes que executam para

    enfrent-los.

    A percepo correta dos riscos implica em algumas indagaes a serem

    dirigidas s lideranas:

    Como enxergam o ambiente estratgico?Como tomam decises?Como planejam?Como executam as aes planejadas?

    O ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) aplicado ao planejamento da gesto de

    riscos constitui-se ferramenta de grande utilidade para responder aos tpicos acima

    descritos, conforme descrito na figura 1.

    GESTO DE RISCOS NO LABORATRIO CLNICO

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    so medidas de preveno

    de sangue, secrees e excrees e ao contato com mucosas e pele no

    ntegra, independente de diagnstico confirmado ou no de doena

    infecciosa.

    Os fatores que influenciam o risco de adquirir uma infeco cuja fonte principal

    o sangue, dependem da quantidade de sangue que envolve a exposio, a

    quantidade do agente no momento da exposio e qual foi o tratamento administrado

    ps-exposio. Considerando que muitos profissionais de sade tm sido infectados

    pelo Vrus da hepatite B (HBV), isto 800 casos/ano, somente um pequeno nmero

    tem sido infectado com o Vrus da Imunodeficincia Humana (HIV).

    Estudos prospectivos sobre profissionais de sade tm estimado que a mdia

    de transmisso de HIV, aps a exposio a materiais perfurocortantes contaminados

    com sangue contaminado pelo vrus, aproximadamente 0,3%, e aps a exposio da

    mucosa de 0,09%.18 Henderson acredita que vrios fatores relacionados ao acidente

    podem influenciar a chance de aquisio do HIV, assim como o tamanho e condio do

    inculo, a carga viral presente no material, as caractersticas do profissional e o

    atendimento oferecido aps o acidente.19

    Em 2002, foi publicado pelo CDC dados de profissionais de sade dos Estados

    Unidos com documentada aquisio da infeco pelo HIV/AIDS, relacionados ao tipo

    ocupacional e ao tipo de fluido envolvido no acidente. Dos 57 profissionais

    contaminados, 48 o foram por material perfurocortantes, sendo o sangue o fluido mais

    envolvido, em 49 dos casos. Portanto, apesar da mdia de infeco ser baixa, h relato

    de soroconverso ocupacional pelo HIV em 88% dos casos associados a acidentes

    com materiais perfurocortantes contaminados pelo vrus. Apesar de, na dcada de 90,

    ter-se iniciado a profilaxia com ps-exposio ao HIV, houve uma significativa reduo

    da soroconverso.

    2.8.Precaues-padro ou Precaues bsicas

    3.Epidemiologia

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

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    que devem ser utilizadas na assistncia a todos os pacientes, na manipulao

  • O Vrus da hepatite B (HBV) tem como mdia de risco de infeco ps-

    acidente de puno 6 a 30%, devido carga viral no sangue geralmente ser bastante

    alta, de 108 a 109 partculas por mL, o que corresponde a 300 vezes mais que a do HIV.

    Com a introduo da vacina em 1982 para o HBV, a incidncia da infeco

    entre os profissionais de sade foi reduzida, no perodo de 1983 a 1995, de

    386/100.000 para 9,1/100.000 profissionais; portanto, uma reduo de mais de 95%

    dos casos. Durante o mesmo perodo tambm foi observada uma reduo da

    incidncia na populao geral, de 122/100.000 para 50/1000. Apesar do declnio na

    incidncia, os profissionais de sade continuam com maior risco de adquirir esta

    infeco.

    A prevalncia entre profissionais de sade no maior que a da populao em

    geral, em mdia de 0% a 7 %, e 10 vezes menor que a infeco pelo HBV. A

    transmisso ocorre primariamente atravs de repetidas exposio percutnea ao

    sangue infectado, incluindo os usurios de drogas injetveis, cuja prevalncia nos

    Estados Unidos de 60%, seguido pela exposio sexual, exposio aos profissionais

    de sade e durante uma transfuso de sangue. O nmero de profissionais de sade

    infectados pelo Vrus da hepatite C (HCV) pela exposio ocupacional

    desconhecido. Apesar de que no haver estudos sobre a incidncia que documentou a

    transmisso do HCV associada exposio da mucosa ou de leses de pele, h

    relatos de casos de contaminao atravs de respingo nos olhos.

    Os ferimentos com seringas o resultado de um acidente com uma agulha.

    Vrios estudos mostram que as agulhas causam leses em todas as fases da sua

    utilizao, desmontagem ou eliminao. Mas h divergncias a respeito de porque os

    acidentes so to comuns entre os profissionais de sade ou por que solues simples

    no resolvem o problema.

    Profissionais da enfermagem e pessoal de laboratrio, geralmente

    experientes, apresentam de 30 a 50 por cento de todas as leses ocorridas durante

    procedimentos clnicos. Experincia em design de equipamento, a natureza do

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

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  • Introduo

    Nossos laboratrios esto preparados para situaes de emergncia ou

    catstrofes?

    Dados de literatura demonstram que apenas 6% das empresas sobrevivem

    aps experimentarem grandes catstrofes.

    Entende-se por catstrofes aqueles acontecimentos inesperados que podem

    causar prejuzos humanos e/ou materiais. Elas podem ser naturais (geolgicas ou

    climticas) ou provocadas pelo homem (terrorismo, exploses, guerras, poluio).

    A verdade inconveniente que a esmagadora maioria dos servios de

    Medicina Laboratorial brasileiros est atrasada em relao aos padres internacionais

    de controle para grandes riscos. A experincia internacional mostra que, o investimento

    em preveno e reao a desastres costuma entrar na agenda das companhias, depois

    de importantes catstrofes ou ameaas.

    A segurana e a sustentabilidade do negcio dependem da percepo dos

    dirigentes em relao aos elementos do perigo e das aes que executam para

    enfrent-los.

    A percepo correta dos riscos implica em algumas indagaes a serem

    dirigidas s lideranas:

    Como enxergam o ambiente estratgico?Como tomam decises?Como planejam?Como executam as aes planejadas?

    O ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) aplicado ao planejamento da gesto de

    riscos constitui-se ferramenta de grande utilidade para responder aos tpicos acima

    descritos, conforme descrito na figura 1.

    GESTO DE RISCOS NO LABORATRIO CLNICO

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    procedimento, as condies de trabalho, de pessoal e descarte tm sido

    apontadas como fatores que influenciam essa ocorrncia.

    Os vrus HBV, HCV, HEV, HGV, HAV, HIV-1, HIV-2, e HTLVI/II, so os principais

    patgenos envolvidos em acidentes de profissionais de sade com materiais

    perfurocortantes, e podem ser transmitidos em vrios locais de trabalho na rea da

    Sade, includo laboratrio clnico ou de pesquisa. O potencial desta infeco varia de

    acordo com o grau de exposio a que o profissional seja submetido, sendo este risco

    maior nos que manuseiam materiais perfurocortantes, como os enfermeiros ou

    auxiliares de enfermagem e os profissionais de laboratrio, principalmente os

    responsveis pela coleta de sangue.

    O HIV tem sido isolado de sangue, semem, secrees vaginais, saliva, leite

    materno, lquor, lquido amnitico, liquido alveolar e urina, e provavelmente

    pode estar em outros fluidos corporais. Apesar da presena em vrios

    espcimes clnicos, apenas o sangue, lquidos orgnicos ou solues com

    concentrados de vrus tm sido citados na transmisso do vrus em

    laboratrios, apesar de sua fragilidade e degradao rpida no sangue em

    temperatura ambiente. A secagem do material em temperatura de 23 a 27o C

    inativou em 90% a populao de HIV em 9 horas, mas aps 3 dias de secagem

    foi encontrado vrus vivel na amostra.

    O risco mdio de aquisio do vrus aps exposio percutnea ou

    mucocutnea, de 0,3% e 0,09% , respectivamente. Esse risco foi avaliado em

    situaes de exposio a sangue; em relao a outros materiais inferior,

    ainda que seu percentual no esteja definido.

    O HTLV I/II tem sido encontrado em linfcitos circulantes e requer a introduo

    4. Principais patgenos

    4.1.Vrus da imunodeficincia humana (HIV)

    4.2.(HTLV I/II)

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

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  • do linfcito infectado para que possa produzir infeco. Portanto, o sangue

    pode ser infectante, mas fluidos corporais livres de clulas, no. Nenhum

    caso de transmisso do HTLV I/II em laboratrio tem sido reportado.

    O HBV estvel em sangue seco e sangue em temperatura de 25oC por mais

    ou menos 7 dias, o que torna o ambiente uma fonte de risco para a infeco.

    Devido carga viral do HBV geralmente ser alta no sangue do paciente, o risco

    mdio do profissional adquirir a infeco ps acidente de 30%.

    O HBsAg tem sido encontrado em sangue, liquido biliar, leite materno, liquor,

    fezes, saliva, secreo nasal, semem, urina e tecidos. Portanto, em quase

    todos os fluidos corpreos. Assim, todas as fontes que contm sangue ou seus

    componentes, so veculos com potencial para transmitir a infeco no

    ambiente laboratorial. A mdia do volume de sangue inoculado durante o

    acidente de puno, geralmente de 1 ? L, quantidade suficiente para contar

    um inculo infectante. O risco de contaminao aps a exposio ao material

    perfurocortante aumenta se o paciente-fonte tem o HBeAg positivo.

    O vrus da hepatite B (HBV) muito resistente. Ele pode sobreviver no

    ambiente por cerca de 7 dias. Ele resiste durante 10 horas a 60 C, durante 5

    minutos a 100 C, ao ter e ao lcool a 90%, e pode permanecer vivo aps

    vrios anos de congelamento. At hoje, no foi definido o tempo de

    resistncia do vrus C no ambiente. Sabe-se apenas que ele mais frgil que o

    vrus B e mais resistente que o HIV.

    Vrios agentes infecciosos podem ser transmitidos atravs de acidentes com

    materiais perfurocortantes.

    As principais bactrias so: M.tuberculosis, Staphylococcus aureus e

    4.3.Vrus da hepatite B (HBV)

    4.4.Vrus da hepatite C (HCV)

    4.5.Outros agentes

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

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  • Introduo

    Nossos laboratrios esto preparados para situaes de emergncia ou

    catstrofes?

    Dados de literatura demonstram que apenas 6% das empresas sobrevivem

    aps experimentarem grandes catstrofes.

    Entende-se por catstrofes aqueles acontecimentos inesperados que podem

    causar prejuzos humanos e/ou materiais. Elas podem ser naturais (geolgicas ou

    climticas) ou provocadas pelo homem (terrorismo, exploses, guerras, poluio).

    A verdade inconveniente que a esmagadora maioria dos servios de

    Medicina Laboratorial brasileiros est atrasada em relao aos padres internacionais

    de controle para grandes riscos. A experincia internacional mostra que, o investimento

    em preveno e reao a desastres costuma entrar na agenda das companhias, depois

    de importantes catstrofes ou ameaas.

    A segurana e a sustentabilidade do negcio dependem da percepo dos

    dirigentes em relao aos elementos do perigo e das aes que executam para

    enfrent-los.

    A percepo correta dos riscos implica em algumas indagaes a serem

    dirigidas s lideranas:

    Como enxergam o ambiente estratgico?Como tomam decises?Como planejam?Como executam as aes planejadas?

    O ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) aplicado ao planejamento da gesto de

    riscos constitui-se ferramenta de grande utilidade para responder aos tpicos acima

    descritos, conforme descrito na figura 1.

    GESTO DE RISCOS NO LABORATRIO CLNICO

    1

    Streptococcus pyogenes, Brucella spp.

    Entre os fungos encontra-se: Cryptococos, Paracoccidioies brasilienses,

    Sporothrix schenckii.

    Muitos destes agentes foram transmitidos em raros eventos isolados, e

    geralmente em acidentes intralaboratoriais.

    As caractersticas de acidentes com perfurocortantes nos trabalhadores da

    Sade e as estratgias recomendadas para preveno, foram primeiramente

    descritas na dcada de 80 e envolviam programas educacionais, evitando o

    reencapamento de agulhas e melhorias nos sistemas de descarte das

    mesmas, porm com sucesso limitado. Os resultados eram melhores quando a

    interveno inclua nfase na comunicao aos trabalhadores das situaes de risco.

    Mais recentemente, os servios de sade adotaram a hierarquia de controles,

    para priorizar as intervenes de preveno, que incluem:

    Eliminar e reduzir o uso de perfurocortantes quando possvel;

    Isolar o perigo, atravs do controle do ambiente ou do material;

    Mudanas na prtica de trabalho e uso de EPIs.

    No Brasil, a Portaria n 939, de 18/11/2008, determina que os empregadores

    substituam os materiais perfurocortantes por outros com dispositivos de

    segurana num prazo mximo de 24 meses a partir de sua publicao.

    Na medicina laboratorial, a reduo do uso de agulhas feita atravs da

    reviso de rotinas de coleta de amostras, eliminando punes desnecessrias,

    planejando e colhendo todos os exames de um paciente de uma nica vez.

    Para o controle do ambiente e do material, utiliza-se a engenharia, atravs de

    coletores de descarte e dispositivos de segurana, que isolam completamente o

    5.Estratgias para preveno de acidentes

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    9

  • material perfurocortante. Para isso, foram desenvolvidos vrios tipos de

    dispositivos de segurana, com os seguintes critrios:

    Ser parte integrante do perfurocortante, simples, de fcil operao, confivel, automtico e custo-efetivo;

    Fornecer proteo que permita que as mos permaneam atrs do elemento de risco;

    Funcionar antes e depois da desmontagem e descarte;

    Minimizar o risco de infeco aos pacientes;

    No criar problemas ao controle de infeces adicionais ou queles dos dispositivos convencionais;

    Produzir aumento mnimo no volume de resduos.

    Vrios estudos foram realizados para avaliar a eficcia dos dispositivos de

    segurana na reduo dos acidentes com perfurocortantes. Estes sugerem que h

    grande variao de seus resultados nos diferentes servios de sade, que no existe

    um critrio padro para as avaliaes e, portanto, os trabalhadores devem utilizar seus

    prprios critrios para avaliar a tecnologia mais adequada e a eficcia dos dispositivos

    em seus prprios ambientes de trabalho.

    Os estudos so unnimes em apontar que redues significativas de tais

    acidentes acontecem quando, alm da implantao de dispositivos de segurana e

    mudanas no processo de trabalho, se utilizam aes educativas, adequaes nas

    relaes entre trabalhador e paciente, e a implantao de um programa de preveno.

    Dentre os fatores organizacionais que influenciam este tpico, a cultura de

    segurana fortemente correlacionada produtividade, custo, qualidade e satisfao

    dos trabalhadores. Instituies com esta cultura registram menor nmero de

    acidentes, principalmente pela demonstrao de comprometimento da gesto com a

    segurana de seus trabalhadores.

    A adeso dos trabalhadores primordial para o sucesso dos programas de

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    10

  • segurana, porm bastante difcil de ser atingido. Fatores que retardam essas

    prticas, incluem:

    Minimizao do risco;

    Baixo clima de segurana no ambiente de trabalho;

    Percepo de conflito entre a prestao de melhor atendimento e proteo;

    Aumento de demandas, com aumento no ritmo de trabalho.

    Por outro lado, a alterao de comportamento mais rapidamente atingida

    quando os trabalhadores acreditam que esto correndo um risco significativo, que a

    alterao do comportamento far diferena na minimizao do risco e que a mudana

    valer o esforo.

    Programas com sucesso na preveno de acidentes incluem a notificao

    abrangente de acidentes, acompanhamento detalhado dos eventos, com definio da

    raiz do problema, capacitaes no uso de perfurocortantes, avaliao dos dispositivos

    de segurana e da efetividade do programa.

    Para a implantao bem sucedida de um programa de segurana no trabalho,

    incluindo a preveno de acidentes com perfurocortantes, as seguintes etapas

    organizacionais so propostas:

    Desenvolver capacidade organizacional;

    Avaliar os processos operacionais do programa;

    Preparar a anlise inicial do perfil dos acidentes e das medidas de preveno;

    Determinar as prioridades de interveno;

    Desenvolver e implementar planos de ao;

    Monitorar os progressos no desempenho.

    6.Implantao de um programa de segurana no ambiente de trabalho

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    11

  • O programa deve abranger todos os aspectos de uma instituio, com o

    objetivo de eliminar os acidentes. Para tanto, necessita da representatividade

    de profissionais de diferentes setores, para assegurar que todo o

    conhecimento tcnico e perspectivas estejam presentes.

    A liderana do programa deve ser atribuda a um Comit Gestor, com

    representao da diretoria, gerncia e profissionais de todos os setores

    envolvidos, que ir indicar como pretende atingir a meta de reduo dos

    acidentes.

    O modelo proposto inclui cinco processos operacionais.

    Avalia como a segurana valorizada pela Instituio, tal como o

    comprometimento da administrao, estratgias de notificao,

    feedback para a conscientizao sobre segurana e promoo de

    adeso e comprometimento individual para segurana.

    Analisar a adequao dos documentos para coleta e anlise dos

    dados para esta atividade. Estes devem conter informaes sobre a

    ocorrncia de acidentes e a existncia de situaes de risco, que

    permitam o planejamento de aes preventivas. No Brasil, o

    empregador obrigado a emitir a Comunicao de Acidente de

    Trabalho (CAT), quando o contrato de trabalho regido pela

    Consolidao das Leis de Trabalho (CLT). Porm, isto no ocorre

    necessariamente em outras relaes de trabalho, como a dos

    servidores pblicos.

    6.1.Desenvolvimento da capacidade organizacional

    6.2.Avaliao dos processos operacionais do programa

    6.2.1.Avaliao da cultura de segurana no ambiente de trabalho

    6.2.2.Avaliao de normas e procedimentos de notificao e registro de acidentes e situaes de risco

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    12

  • Determina como os dados sero levantados e interpretados pela

    Instituio, para permitir a implantao de medidas de preveno.

    Informaes como a funo do trabalhador acidentado, material que

    causou o acidente, procedimento realizado no momento do acidente e

    suas circunstncias, so imprescindveis. Nesta etapa pode-se fazer

    uso de vrias ferramentas da qualidade, como fluxogramas de

    processos, diagramas de causa e efeito, diagramas de afinidade,

    anlise da raiz do problema, etc.

    Estudar o processo de identificao de dispositivos de segurana no

    mercado, sua avaliao, seleo e implantao na rotina da

    Instituio. Ser discutido posteriormente

    Considerar o cronograma, o contedo e a efetividade dos

    treinamentos oferecidos aos trabalhadores sobre o tema. Para tanto,

    sugere-se considerar os trabalhadores da sade como alunos adultos,

    que trazem consigo anos de experincia pessoal, com

    conhecimentos, crenas e atitudes que influenciam o seu

    aprendizado.

    Dessa forma, deve-se utilizar material didtico com tpicos

    considerados relevantes em suas vidas, que os motivem a aprender,

    considerando as experincias pessoais dos trabalhadores em seu

    ambiente. Necessitam ainda de envolvimento e respeito no processo

    de aprendizado e aplicao prtica do contedo.

    6.2.3.Avaliao de mtodos para anlise dos dados dos acidentes

    6.2.4.Avaliao da seleo de dispositivos para preveno de acidentes

    6.2.5.Avaliao de programas de capacitao dos trabalhadoressobre a preveno de acidentes

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    13

    com perfurocortantes

  • Recomenda-se a utilizao dos seguintes dados nas capacitaes:

    Descrio dos acidentes notificados na instituio;

    Informaes sobre o conceito da hierarquia de controle e sua aplicao na instituio;

    Aes administrativas para a diminuio da ocorrncia de acidentes, como melhorias nos procedimentos de registro, estmulo cultura de segurana, etc.

    Levantar informaes da ocorrncia dos acidentes, tais como categorias

    profissionais mais afetadas, locais com maior frequncia de acidentes e

    atividades ligadas ocorrncia.

    Em relao s estratgias atuais de preveno, destacam-se as aes para

    diminuio do uso de agulhas, implantao de dispositivos de segurana,

    prticas de preveno em uso, polticas, procedimentos e formas de

    comunicao para preveno de acidentes com perfurocortantes.

    Os seguintes critrios so sugeridos para priorizao das aes de

    preveno de acidentes com perfurocortantes:

    Maior risco de transmisso de vrus transmitidos pelo sangue;

    Maior frequncia;

    Atividades especficas vinculadas aos acidentes.

    O primeiro plano de ao proposto visa a reduo de tipos especficos de

    acidentes, estabelecendo-se metas, prazos e intervenes especficas para

    reduo de acidentes.

    Nesta etapa, importante a definio de indicadores de desempenho que

    6.3.Anlise inicial do perfil dos acidentes e das medidas de preveno

    6.3.1.Determinao das prioridades de preveno

    6.4.Desenvolvimento e implementao de planos de ao

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    14

  • permitam o acompanhamento do evento escolhido. Os principais indicadores

    sobre a ocorrncia de eventos em um determinado perodo de tempo.

    Para o clculo destas taxas de incidncia, utilizam-se informaes dos

    formulrios de notificao de acidentes nos numeradores e denominadores

    como quantidade de horas trabalhadas ou quantidade de trabalhadores. A

    quantidade de horas trabalhadas mais precisa, pois corrige distores

    geradas pelas variaes na jornada de trabalho, absentesmo, etc. Estas taxas

    podem ser ajustadas conforme as informaes especficas que se deseja

    obter, como funo, ocupao, horrio de trabalho, instituio, etc.

    O segundo plano de ao proposto visa identificao dos pontos fortes e

    fracos da Instituio quanto s medidas tomadas para preveno de acidentes

    e as prioridades para aperfeioamento do programa implementado.

    Nesta etapa importante a elaborao de um checklist que permita a listagem

    e acompanhamento dos prazos previstos para implantao das melhorias.

    Est relacionada tambm etapa anterior, onde os indicadores de

    desempenho podem ser utilizados para o monitoramento e comparao do

    desempenho geral do programa.

    O uso do Benchmarking fortemente recomendado, pois permite a

    comparao do desempenho de uma instituio com o desempenho de

    organizaes semelhantes. No Brasil, o Programa de Indicadores

    desenvolvido pela SBPC/ML em parceria com a Control-Lab permite este

    comparativo.

    Acidentes percutneos com trabalhadores da Sade, causados por puno

    por agulha, constituem um risco ocupacional importante aos profissionais da erea.

    6.5.Monitoramento do desempenho do programa

    7.Dispositivos de segurana para preveno de acidentes por material

    perfurocortante.

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    15

    utilizados neste tema so as taxas de incidncia, que fornecem informaes

  • Seu tratamento e preveno, nas unidades de servio de sade, podem gerar dvidas

    e questionamentos, no que tange ao custo da implementao desses programas de

    preveno, onde se inclui, principalmente, a adoo de produtos com dispositivos de

    segurana e a efetividade dos mesmos.

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) estima que dos 35 milhes de

    profissionais da sade em todo o mundo, quase 3 milhes passam por exposies

    percutneas a patgenos sanguneos a cada ano. Dois milhes dessas exposies

    so ao Vrus da Hepatite B (HBV), 0,9 milhes ao Vrus da Hepatite C (HCV) e 170.000

    ao Vrus da Imunodeficincia Humana (HIV). Esses acidentes podem potencialmente

    resultar em 15.000 infeces por HCV, 70.000 por HBV e 1000 por HIV.15 Alm disso,

    sabe-se ainda que as punes acidentais por agulha transmitem outros tipos de

    patgenos sanguneos, incluindo vrus, bactrias, fungos e outros micro-organismos

    responsveis por doenas como difteria, gonorria, herpes, malaria, sfilis,

    tuberculose, etc.8

    A OMS observa que a maioria desses acidentes dentro do ambiente de sade,

    passiva de preveno. A preveno requer a capacitao e autorizao da equipe de

    controle de infeco que pode: (1). Implementar precaues universais e imunizaes

    contra o HBV, (2). Fornecer proteo pessoal para a equipe, incluindo dispositivos de

    segurana na agulha, sendo que no Brasil est de acordo com a Norma

    Regulamentadora NR32 e (3). Gerenciar a exposio percutnea.

    Os profissionais da sade no percebem e no acreditam no perigo

    ocupacional de contrair infeces transmitidas pelo sangue, devido a sua exposio

    diria a ele e a outros fludos corporais. O risco de infeco depende do predomnio

    dessas doenas na populao de pacientes com os quais lidam, e ainda, da natureza e

    frequncia das exposies. Punes acidentais por agulhas, em que a pele foi

    rompida, implicam altos riscos de transmitir infeces.

    Pesquisa feita com 75 hospitais no Reino Unido em 2009 revelou em quais

    momentos o acidente acontece e quais os profissionais que estavam envolvidos no

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    16

  • mesmo, observando-se a coleta de sangue como um dos principais procedimentos de

    risco:

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    17

    Aps uso, porm,antes do descarteda agulha, 46%

    Durante descartea agulha 21% Antes da insero

    na veia, 15%

    Durantevenipuntura, 18%

    Figura 1: Momento das punes acidentais. Dados provenientes de coleta de 74 hospitais.

    Pessoal Mdico 28%

    Outro pessoalde laboratrio 8%

    Coletadores 24%

    Outros 3%

    Pessoal deEnfermagem 37%

    Figura 2: Mdia dos dados de 60 instituies de sade demonstrando a distribuio de acidentes acidentais causados por agulha durante a coleta de sangue venoso sofrida por diferentes grupos ocupacionais. (A categoria "Outros" na Figura demonstra acidentes onde outros profissionais do hospital foram envolvidos como: funcionrios da lavanderia, limpeza e outros funcionrios da rea de apoio no hospital.)

  • Para prevenir acidentes, agulhas, seringas e dispositivos mdicos devem ser

    manuseados com cautela. Agulhas no devem nunca ser re-encapadas, entortadas

    propositalmente, quebradas com a mo, removidas de uma seringa descartvel ou, ao

    contrrio, manuseadas. Tenha cuidados extremos ao manusear objetos perfurantes,

    incluindo agulhas, escalpes e vidrarias. Se possvel todos os objetos perfurantes

    devem ser manuseados com dispositivos mecnicos ou tcnicas de ajuda (a hand...)

    - por exemplo: pina ou outro dispositivo de segurana mecnico para remover

    lminas de bisturi -,(11) Apesar desses mtodos comprovadamente trazerem riscos

    eminentes aos usurios, a cautela deve sempre existir. Agulhas usadas no devem ser

    entortadas, compartilhadas, re-utilizadas, re-encapadas, quebradas ou re-

    esterilizadas (este um requerimento da OSHA - Occupational Safety and Health

    Administration dos Estados Unidos). Agulhas usadas no devem ser removidas de

    seringas descartveis ou mesmo adaptadores para coleta de sangue a vcuo. Depois

    de usadas, as agulhas devem ser descartadas em descartadores para perfurocortante

    claramente identificados e resistentes perfurao, para o transporte aos locais de

    descarte. Descartadores de agulhas devem ser colocados prximos a rea de trabalho

    para facilitar o descarte. Para prevenir preenchimento inadequado, acima do volume

    recomendado, resultando em punes acidentais, estes descartadores devem ser

    removidos assim que seu preenchimento seja indicado pela linha demarcatria nos

    mesmos, ou seja, de preenchimento. Aps o preenchimento dos descartadores em

    de sua capacidade, os mesmos devem ser dispostos em saco branco leitoso, e

    descartados em local apropriado na instituio.

    A OSHA, Occupational Safety and Health Administration dos Estados Unidos,

    define objetos perfurocortantes com dispositivos de segurana que protegem contra

    acidentes como: um objeto perfurocortante sem agulha ou um dispositivo com agulha,

    utilizado para coleta de sangue, acessando uma veia ou artria, ou administrando

    medicamentos ou outros fludos, com um dispositivo de segurana acoplado que

    reduza efetivamente o risco de um acidente ocupacional14.

    Esta categoria de dispositivos abrange um amplo conjunto de produtos

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    18

  • mdicos que incorporam dispositivos de segurana que reduzem a chance de

    acidentes envolvendo objetos perfurocortantes. Esses recursos de segurana incluem

    travas ou tampas que protegem os materiais perfurocortantes, superfcies ou pontos

    retrteis, capas de proteo, tubos capilares plsticos etc.

    Outros dados sugerem que em um hospital de porte mdio ocorrem

    aproximadamente 30 acidentes com perfurocortante a cada 100 leitos por ano,

    com todos os tipos de profissionais de sade13. A maioria dos mesmos poderia

    ter sido prevenida: 75% de todos os acidentes esto associados a seringas

    descartveis e escalpes para infuso, e poderiam no ter ocorrido se

    dispositivos de segurana fossem usados nos mesmos. O Congresso dos

    Estados Unidos da Amrica, instituiu uma Lei Federal para assegurar a

    preveno de Acidentes por perfurocortantes (Federal Needlestick Safety and

    Prevention Act (HR5178) de 2001, que tornou mandatrio a OSHA revisar o

    Protocolo de Transmisso de Patgenos transmitidos pelo sangue, para

    reforar o uso de dispositivos de segurana em perfurocortantes, onde se

    provou, aps a implementao da lei, que o uso desses dispositivos de

    segurana, acoplados aos perfurocortantes, foi crtico para a reduo de

    acidentes por puno em profissionais de sade. Como se pode verificar em

    dados encontrados no estudo abaixo realizado em um hospital do Canad.

    Acidentes perfurocortantes e outros acidentes perfurantes so o ponto-chave

    de um Hospital pblico Canadense, afetando 70.000 pessoas por ano16, com

    um custo de 140 milhes de dlares.22 Um programa de Segurana no Toronto

    East General Hospital, com foco em coleta de sangue e infuso de

    medicamentos, resultou em 80% de reduo de acidentes no perodo de 1 ano

    (de 41 em 2003 para 8 em 2004), onde os acidentes decorrentes de coleta de

    sangue, foram completamente eliminados.22

    7.1. Equipamentos de coleta de sangue e dispositivos de segurana.

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    19

  • *Regulamentao Brasileira:

    A NR32 do Ministrio do trabalho publicada e em vigor a partir de 16 de Novembro de 2005, uma Norma Regulamentadora, que tem por finalidade estabelecer as diretrizes bsicas para a implementao de medidas de proteo segurana e sade dos trabalhadores dos servios de sade, bem como daqueles que exercem atividades de promoo e assistncia sade em geral.

    A NR32 foi criada devido ao alto nmero de acidentes com trabalhadores da sade (primeiro lugar no ranking de acidentes do MTE); outro ponto relevante foi a preocupao do Governo Federal com o alto custo dos acidentes de trabalho e com o nmero de aposentadorias especiais do setor de sade, sendo necessrio, tambm, estabelecer diretrizes bsicas e medidas de proteo segurana e sade dos trabalhadores.

    Alm de outras precaues de segurana, pela PORTARIA N. 939, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2008, dever ser assegurado ao profissional de sade o uso de dispositivos de segurana acoplados nos perfurocortantes pelas instituies a partir de 18 de Novembro de 2010, e regidos pelo item da NR (que diz: Pargrafo nico. Os empregadores devem promover a substituio dos materiais perfurocortantes por outros com dispositivo de segurana no prazo mximo de vinte e quatro meses a partir da data de publicao desta Portaria), passaro a ser fiscalizados por parte do Ministrio do Trabalho.

    A maioria dos dispositivos de segurana integrados aos perfurocortantes so

    ativos; isto , eles exigem alguma ao do usurio para assegurar que a

    agulha ou o elemento cortante ou perfurante seja isolado aps seu uso. Em

    alguns modelos de perfurocortante, a ativao do dispositivo de segurana

    pode ser realizada antes de a agulha ser removida do paciente. Entretanto,

    para muitos deles, a ativao do dispositivo de segurana realizada somente

    aps o procedimento. O momento exato da ativao tem implicaes sobre a

    preveno de acidentes; quanto mais rpido a agulha for permanentemente

    isolada, menor a probabilidade de haver um acidente.

    7.2. Conceito de dispositivos ativos e passivos de segurana

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    20

  • Um dispositivo de segurana passivo aquele que no exige nenhuma ao

    usada para acessar partes de um sistema de administrao IV/equipo; embora

    esteja sendo utilizada uma agulha, de fato ela nunca fica exposta (isto , sem

    uma barreira de proteo) e no necessria uma ao do usurio para que

    ela se torne segura.

    Existem vrias maneiras de escolher o melhor e mais eficaz dispositivo de

    segurana. Seguem algumas referncias importantes:

    NCCLS/CLSI. Protection of laboratory workers from occupationally acquired infections; Approved guideline - Third edition. NCCLS/CLSI document M29-A3 Vol. 25, No.10 (Substitui M29-A2 Vol.21 No.23), p. 49-50. Wayne, Pennsylvania USA, 2005.

    NCCLS/CLSI. Implementing a needlestick and sharps injury prevention program in the clinical laboratory, a report. NCCLS/CLSI document X3-R p. 8-12. Wayne, Pennsylvania USA, 2002.

    Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 3 workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program of Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 2008. Disponvel em: http://www.cdc.gov/sharpssafety.

    RAPPARINI, C. & REINHARDT, E.L. Manual de implementao - Programa de preveno de acidentes com materiais perfurocortantes em servios de sade. Ministrio do Trabalho e Emprego. So Paulo: Fundacentro, 2010. Disponvel em: http://www.riscobiologico.org ou http://www.fundacentro.gov.br. Publicao adaptada do workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program of Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 2008.

    Discorreremos a seguir alguns tpicos do Manual de implementao -

    Programa de preveno de acidentes com materiais perfurocortantes em

    servios de sade do Ministrio do Trabalho e Emprego.

    7.3. Escolha do dispositivo de segurana:

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    21

    do usurio. Um bom exemplo deste tipo de dispositivo uma agulha protegida,

  • Esses controles segregam ou isolam um perigo no local de trabalho. No

    contexto da preveno de acidentes com perfurocortantes incluem os

    coletores de descarte, que retiram os perfurocortantes do ambiente e os

    segregam em recipientes especficos, e os dispositivos de segurana, que

    isolam completamente o perfurocortante. A nfase nesses controles levou ao

    desenvolvimento de muitos tipos de dispositivos de segurana e h critrios

    sugeridos para a criao e o desempenho desses dispositivos. Esses critrios

    propem que o dispositivo de segurana deva:

    Ser uma parte integral do perfurocortante (e no um acessrio);

    Ser simples e fcil de operar (sem mudana da tcnica para o procedimento);

    Ser confivel e automtico;

    Fornecer uma cobertura/tampa/superfcie rgida que permita que as mos permaneam atrs do elemento perfurante ou cortante;

    Estar funcionando antes da desmontagem e permanea funcionando aps o descarte;

    Ser tecnicamente semelhante aos dispositivos convencionais;

    Minimizar o risco de infeco aos pacientes e no criar problemas relacionados ao controle de infeco, adicionais queles dos dispositivos convencionais;

    Produzir um aumento mnimo no volume de resduos;

    Ser custo-efetivo.

    A coleta de sangue a vcuo a tcnica de coleta de sangue venoso

    7.4. Controles de engenharia

    7.5. Sobre o uso de dispositivos de segurana em procedimentos laboratoriais:

    7.5.1.Coleta de sangue com seringa e agulha:

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    22

  • recomendada pelo CLSI atualmente. Entretanto, a coleta com seringa

    pr-analticos, um procedimento de risco para o profissional de

    sade que, alm de manusear o sangue, deve tambm descartar, de

    maneira segura, o dispositivo perfurocortante em descartador

    adequado. Hoje as agulhas hipodrmicas devem possuir dispositivos

    de segurana (figura 3a) para evitar acidentes com o profissional de

    sade. E tambm, novas recomendaes do CLSI onde seringa e

    agulha so usadas para coletar sangue, preconizam o uso de um

    dispositivo de transferncia (Figura 3b). Trata-se de um adaptador de

    coleta de sangue a vcuo, com agulha distal acoplada para a

    transferncia do sangue da seringa diretamente para o tubo (figura

    3c), sem a necessidade de manuseio do sangue e abertura do tubo

    (NCCLS/CLSI H3- A6, Vol.27 No26, Procedures for the Collection of

    Diagnostic Blood Specimens by Venipuncture; Approved Standard -

    Sixth edition, 2007).1

    Existem ainda seringas com dispositivos de segurana acoplados que,

    alm de prevenir o acidente perfurocortante, tambm evita a

    reutilizao da seringa com a quebra do mbolo, aps o procedimento

    tcnico (figura 3d).

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    23

    Figura 3a Figura 3b Figura 3c Figura 3d

    e agulha usada h muitos anos e alm de causar potenciais erros

  • O dispositivo de segurana deve ser parte integral da agulha;

    Fornecer uma cobertura/tampa/superfcie rgida que permita que as mos permaneam atrs do elemento perfurante ou cortante.

    7.5.2. Dispositivos de segurana em coleta de sangue a vcuo:

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    24

    Figura 4

    Procedimento de coleta usando agulha para coleta de sangue a

    vcuo, com dispositivo de segurana:

    1- Abra a agulha eretire a proteotransparente

    2- Rosqueie a agulhano adaptador

    3- Levante o dispositivode segurana e retirea proteo da agulha

    4- Observe que o biselficou voltado para cimaPuncione a veiado paciente

    5- Aps a coleta,acione imediatamenteo dispositivo desegurana

    6- Descarte o conjuntoem um descartadorpara perfurocortantes

    Figura 5: Recomendaes para uso de agulha com dispositivo de segurana.

  • Nos casos de pacientes com acessos difceis, deve-se utilizar

    escalpes, por possurem agulhas mais compactas que proporcionam

    maior mobilidade e facilidade no manuseio pelo flebotomista e os

    mesmos tambm devem conter estes dispositivos de segurana:

    Abaixo dois exemplos de dispositivos acoplados em escalpes:

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    25

    Figura 6. Funcionamento de escalpe para coleta de sangue a vcuo com dispositivo de segurana.

    Figura 7. Escalpe para coleta de sangue a vcuo, com acionamento por boto,com agulha dentro da veia ao final do procedimento de coleta de sangue.

    Lancetas para puno digital e de calcanhar tm dispositivos de

    segurana que podem ser passivos (figura8) ou ativos (figura 9)

    Figura 8. Dispositivo desegurana ativado por contato.

    Figura 9. Dispositivo de seguranaativado pressionando a parte superior.

  • Os dispositivos projetados para proteger os trabalhadores da sade

    Estudos que sistematicamente avaliem a eficcia dos dispositivos de

    segurana na reduo de acidentes percutneos (com exceo

    daqueles que envolvem circuitos IV sem uso de agulhas) so

    relativamente escassos, apesar da proliferao desses dispositivos.

    importante questionar o fabricante sobre estudos que comprovem a

    eficcia dos dispositivos e se os mesmos esto em acordo com as

    normas vigentes.

    Em 1998, a OSHA publicou no Federal Register uma solicitao de

    informaes sobre controles de engenharia e da prtica de trabalho

    usados para minimizar o risco de exposio ocupacional a patgenos

    de transmisso sangunea, devido a acidentes percutneos com

    perfurocortantes contaminados. Houve 396 respostas a essa

    solicitao; diversos respondedores forneceram dados e informaes

    anedticas sobre suas experincias com dispositivos de segurana*.

    *http://www.osha.gov/html/ndlreport052099.html

    Os estudos sugerem que nenhum dispositivo de segurana ou

    estratgia funciona da mesma maneira em todos os servios de

    sade. Alm disso, no existe um critrio padro para avaliao das

    alegaes sobre a segurana dos dispositivos, embora todos os

    principais fabricantes de artigos mdicos comercializem

    perfurocortantes com dispositivos de segurana. Portanto, os

    trabalhadores devem desenvolver seus prprios programas para

    selecionar a tecnologia mais adequada e avaliar a eficcia de diversos

    materiais no contexto de seus prprios ambientes de trabalho6.

    As etapas-chave para a implementao dos dispositivos de

    segurana em uma instituio de sade so demonstradas a seguir:

    GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    26

    no devem comprometer o atendimento ao paciente.

  • Aps a implementao dos dispositivos de segurana em uma instituio com

    treinamento de todo o pessoal envolvido na manipulao dos mesmos,

    extremamente importante a avaliao de programas para a capacitao dos

    trabalhadores da sade sobre a preveno de acidentes com perfurocortantes.

    A maioria dos servios de sade planeja a capacitao dos trabalhadores

    sobre a preveno da exposio patgenos de transmisso sangunea para

    o momento da contratao, bem como durante capacitaes ou atualizaes

    anuais. A implementao de um programa de preveno de acidentes com

    perfurocortantes um momento oportuno para reavaliar a qualidade dessas

    medidas e identificar outras oportunidades de capacitao. Assim como com

    outros processos, necessrio identificar os dados (por exemplo, relatrios

    sobre o desenvolvimento profissional, alteraes de currculo, capacitaes)

    que podem ser usados para avaliar melhorias na capacitao dos

    trabalhadores.6

    Nas pginas a seguir uma lista de estudos clnicos demonstrando a eficcia

    dos dispositivos perfurocortantes em procedimentos tcnicos, resultando na

    reduo de acidentes perfurocortantes:

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    27

    11 - Monitorar a ps implantao

    7 - Desenvolver formulrios de avaliao

    9 - Tabular e analisar os resultados

    5 - Obter informaes sobre produtos disponveis

    2 - Prioridades para considerao do produto

    10 - Selecionar e implantar o produto

    6 - Obter amostras de produtos

    3 - Coletar informaes sobre produtos disponveis

    8 - Desenvolver e executar plano de avaliao

    4 - Determinar critrios para a seleo

    1 - Organizar equipe de seleo e avaliao dos produtos

    Figura 8. www.tdict.org/methods2.html

  • GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    28

    Escalpe para Coleta Mltipla de sangue a

    vcuo BD Vacutainer Push

    Button: Um Registro de Segurana Expressivo.

    O uso do Escalpe para Coleta Mltipla de sangue a vcuo BD Vacutainer Push

    Button tem reduzido a incidncia de acidentes

    perfurocortantes acima de 50%. A significante

    diminuio na incidncia de acidentes perfurocortantes durante a coleta de sangue

    (77% dos entrevistados relataram reduo na

    incidncia de acidentes perfurocortantes aps a

    converso para o Escape de Coleta Mltipla de sangue a vcuo BD Vacutainer Push

    Button).

    Conjunto para coleta de Sangue BD Safety-LokTM

    / Escalpe para Coleta Mltipla de sangue a

    vcuo BD Vacutainer Push

    Button.

    Pesquisa de 60 hospitais que

    mudaram para o Escalpe para

    Coleta Mltipla de sangue a vcuo BD Vacutainer Push Button.

    Frost & Sullivan2007

    (Reino Unido) n / d

    ANO /CENTRO

    DE ESTUDOAUTOR TTULO

    PUBLICA

    O

    DESENHODE ESTUDO

    RESULTADO DE ESTUDO PRODUTO

    Efeito de dispositivo de

    segurana para coleta de sangue em conformidade de ativao e as

    leses com perfurocortantes.

    O Escalpe para Coleta de sangue a vcuo BD

    Vacutainer Push Button, (Dispositivo B) foi bem aceito por profissionais da sade. Em estado inicial, a taxa de ativao de caracterstica de segurana foi de 74,3% para Punctur-Guard Winged BCS

    (Dispositivo A) em comparao a 97,6% para o Dispositivo B em 360 dias. A

    taxa de leso por puno diminuiu com a adoo do

    Dispositivo B em leses por punes associadas.

    Punctur-Guard Winged BCS

    Bio-Plexus BCS substitudo pelo

    Escalpe para Coleta Mltipla de sangue a

    vcuo BD Vacutainer Push

    Button.

    Aps a introduo do Escalpe para coleta mltipla de sangue a vcuo BD Vacutainer

    Push Button uma pesquisa

    confidencial foi realizada com

    coletadores tendo por base seu histrico de

    acidentes e 3 meses para avaliar

    atitudes com relao a

    dispositivos com sistema de

    segurana e relato de leso por

    puno acidental.

    BD/Universityof Nebraska

    Medical Center

    2007(EUA) n / d

    1

    2

    Um Estudo de Caso: Segurana de Profissionais

    da Sade Pioneiros do Toronto East

    General Hospital.

    Reduo dos acidentes por objetos perfurantes em 80%

    de 41 em 2003 utilizando agulha para coleta

    convencional para 8 em 2004 utilizando agulha para coleta

    de sangue a vcuo com dispositivo de segurana.

    Agulha mltipla para coleta de

    sangue a vcuo BD Vacutainer

    EclipseTM.

    Estudo pr- / ps-implementao

    comparando agulha para coleta convencional com agulha para coleta com dispositivo de

    segurana.

    BD/TorontoEast General

    Hospital

    2005(Canad) n / d3

  • PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

    29

    A eficcia de um dispositivo de

    segurana retrtil na agulha de um escalpe para a

    reduo de acidentes

    perfurocortantes.

    Histrico das punes acidentais antes da

    converso = 3,76 a cada 100.000 dispositivos de segurana por taxa de

    punes acidentais = 0,64 a cada 100.000 dispositivos de segurana ps-converso / 83% reduo de acidentes perfurocortantes durante

    perodo de converso aps 21 meses.

    Histrico com o Escape para

    Coleta de Sangue a vcuo BD Safety-Lok

    Perodo ps-Implementao

    utilizando o Escalpe para

    Coleta Mltipla de sangue a

    vcuo BD Vacutainer Push Button.

    Estudo pr - /ps-implantao

    comparando dois dispositivos de

    segurana

    BD/StonyBrook

    Hospital2008 (EUA)

    ANO /CENTRO

    DE ESTUDOAUTOR TTULO PUBLICAO

    DESENHODE ESTUDO

    RESULTADO DE ESTUDO PRODUTO

    A Prevalncia e a Preveno de

    Leses por Punes

    Acidentais por Agulhas entre

    Profissionais da Sade em um

    Hospital Universitrio na

    Alemanha.

    Meno BD Vacutainer

    Escalpe para coleta mltipla de sangue a vcuo BD Vacutainer Safety Lok.

    WickerS, et al

    2007(Alemanha)

    4

    5

    Havia uma alta taxa de acidentes perfurocortantes

    no hospital e a implementao de

    dispositivos de segurana levaria a uma melhoria na

    segurana da equipe e poderia prevenir acidentes

    perfurocortantes

    RoguesAM et al

    6

    ForcadaSegaraJA, et al

    6

    2004(Frana)

    2002(Espanha)

    O Impacto dos Dispositivos de Segurana para a Preveno de

    Leses Percutneas

    Relacionadas a Procedimentos de Coleta em

    Profissionais da Sade.

    Exposies Biolgicas e Risco: Uma Abordagem

    Custo-Benefcio.

    Apresentando na National

    Convention de 2008 for the

    American Association for

    Clinical Chemistry

    Arquivos Internacionais

    de Sade Ocupacional e

    Ambiental.

    Amercian Journal of Infection Control.

    n/d

    Dados obtidos para investigar a

    frequncia e as causas de leses

    por puno acidental por

    agulha

    Dados coletados de um perodo

    superior a 7 anos em um hospital universitrio de

    cuidados tercirios na Frana com

    3600 leitos

    Dados obtidos a partir da

    Comunidade Autnoma de

    Valncia, Espanha aps o uso da

    Agulha para coleta mltipla de sangue

    a vcuo BD Eclipse.

    A implementao de dispositivos de segurana aparente-mente contribuiu

    com uma reduo significativa de acidentes

    perfurocortantes relacionada a procedimentos de coleta

    Aps a incorporao do BD Eclipse entre 200 e 2002,

    49,16 acidentes perfurocortantes foram

    prevenidos (de 57,12 a 7,96). A implementao dos

    dispositivos de segurana dos dispositivos de

    segurana gerou uma economia de 33.766

    associado com reduo de acidentes.

    Escalpe para coleta mltipla de sangue a vcuo BD Vacuotainer

    Safety-Lok

    Agulha para coleta mltipla de sangue a vcuo BD Vacutainer

    Eclipse.

  • GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

    30

    CDC82000(EUA)

    4 Conferncia Internacional

    Decenal sobre Infeces

    Associadas ao Profissional da

    Sade e Nosocomiais.

    n/d Resumo

    A BD Safety-Lok Escalpe de segurana permaneceu consistentemente eficaz na

    reduo de leses por puno acidental de agulha relacionadas aos escalpes

    por 27 meses.

    Escalpe para coleta mtipla de sangue a vcuo BD Vacutainer

    Safety-Lok

    Mendelsonet al

    9 1995 (EUA)

    Avaliao de Dispositivos de Segurana para a Preveno de

    Leses Percutneas

    entre os profissionais da Sade durante Procedimentos

    de coleta.

    CDC

    Dados de 6 hospitais afiliados a

    universidade.

    Em comparao com dispositivos convencionais,

    as taxas de acidentes perfurocortantes foram mais baixas para dispositivos de segurana, embora tendo mnimos efeitos adversos clinicamente aparentes

    Escalpe para coleta mtipla de sangue a vcuo BD Vacutainer

    Safety-Lok Punctur-Guard, Venipuncture Needle Pro.

    ANO /CENTRO

    DE ESTUDOAUTOR TTULO PUBLICAO

    DESENHODE ESTUDO

    RESULTADO DE ESTUDO PRODUTO

    Referncias Normativas, Manuais e Recomendaes Brasileiras Consultadas.

    1.COMISSO DE COLETA DE SANGUE VENOSO DA SBPC/ML. Recomendaes da Sociedade Brasileira de Patologia Clnica/Medicina Laboratorial para Coleta de Sangue Venoso.So Paulo: Manole, 2009.

    2.MINISTRIO DA SADE DO BRASIL. ORGANIZAO PAN-AMERICANA DA SADE/BRASIL. Doenas relacionadas ao trabalho. Manual de procedimentos para os servios de sade. Braslia: Ministrio da Sade, 2001. Disponvel em: http://www.opas.org.br/publicmo.cfm?codigo=48. Acesso em 02/06/2010.

    3.MINISTRIO DA SADE. SECRETARIA DE ATENO SADE DEPARTAMENTO DE AES PROGRAMTICAS ESTRATGICAS. Legislao em sade - Caderno de legislao em sade do trabalhador. 2a. ed . Bras l ia : Min is t r io da Sade, 2005. D isponve l em: http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/zip/05_0008_M.zip Acesso em 02/06/2010.

    Bibliografia Consultada:

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    2005. Disponvel em: http://www.mte.gov.br/seg_sau/grupos_gtnr32_aprovada.pdf Acesso em 02/06/2010.

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    Referncias Normativas, Manuais e Recomendaes Internacionais Consultadas.

    PREVENO DE ACIDENTES POR MATERIAL PERFUROCORTANTE NO LABORATRIO CLNICO

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    trabalho em servios de sade. Braslia: Ministrio do Trabalho e Emprego,

  • GESTO DA FASE PR-ANALTICA:RECOMENDAES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLNICA/MEDICINA LABORATORIAL (SBPC/ML)

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