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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NÚCLEO DE PESQUISA EM IMUNOLOGIA Érica Barbosa Magueta PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE EM ÁREAS ENDÊMICAS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, MINAS GERAIS, 2009: um estudo seccional GOVERNADOR VALADARES 2011

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NÚCLEO DE PESQUISA EM IMUNOLOGIA

Érica Barbosa Magueta

PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE EM ÁREAS ENDÊMICAS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, MINAS GERAIS, 2009: um estudo

seccional

GOVERNADOR VALADARES

2011

1

ÉRICA BARBOSA MAGUETA

PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE EM ÁREAS ENDÊMICAS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, MINAS GERAIS, 2009: um estudo

seccional

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências Biológicas, para obtenção do Título de Mestre em Ciências Biológicas. Área de Concentração: Imunopatologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias

Orientadora: Drª Lucia Alves de Oliveira Fraga Co-orientadora: Drª Elizabeth Castro Moreno

GOVERNADOR VALADARES 2011

2

Magueta, Érica Barbosa

Prevalência da esquistossomose em áreas endêmicas do município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009: um estudo seccional / Érica Barbosa Magueta. -- 2011.

77 f.

Dissertação (mestrado) -- Universidade Vale do Rio Doce, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas, Governador Valadares, MG, 2011.

Orientadora: Lucia Alves de Oliveira Fraga

1. Esquistossomose. 2. Schistosoma mansoni. 3. Esquistossomose – Governador Valadares. I. Fraga, Lucia Alves de Oliveira. II. Universidade Vale do Rio Doce. III. Título.

CDD 616.963

3

EXECUÇÃO DO TRABALHO:

Laboratório de Pesquisa em Imunologia da Universidade Vale do Rio Doce

(UNIVALE), Governador Valadares, MG.

COLABORADORES:

Universidade Vale do Rio Doce

Dra Lucia Alves de Oliveira Fraga

Dra Alda Maria Soares Silveira

Dra Elaine Speziali

Ms. Denise Coelho

Maria de Fátima da Silva

Marlucy Rodrigues Lima

Lilia Cardoso Pires

Walace Olímpio

FUNDAÇÃO HEMOMINAS

Drª Elizabeth Castro Moreno

ÓRGÃOS FINANCIADORES:

Uniformed Services University of the Health Sciences – USUHS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE

4

ÉRICA BARBOSA MAGUETA

PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE EM ÁREAS ENDÊMICAS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, MINAS GERAIS, 2009: um estudo

seccional

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências Biológicas, para obtenção do Título de Mestre em Ciências Biológicas. Área de Concentração: Imunopatologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias

Governador Valadares, 04 de novembro de 2011.

Banca examinadora:

__________________________________________________

Profº. Dr. Cristiano Lara Massara

Centro de Pesquisas René Rachou – CPqRR

__________________________________________________

Profº. Dr. Martin Johannes Enk

Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE

5

Dedico este trabalho a minha

família que me apoiou

incondicionalmente para a

concretização deste trabalho.

6

AGRADECIMENTOS

Finalmente este sonho foi realizado, dessa forma não poderia deixar de expressar

meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que fizeram parte desta trajetória.

Agradeço a Deus, por Sua infinita bondade e misericórdia, por ter me dado

sustentação, discernimento e sabedoria para conduzir este trabalho.

Aos meus pais, pelo exemplo e ensinamentos. Se hoje me tornei essa pessoa

vitoriosa, agradeço a vocês! Sem vocês nada disso seria possível.

Ao meu esposo (e grande companheiro), Antuniere, que suportou o mau humor, o

desespero, as tristezas, ausências... muito obrigada pelo incentivo. Te amo!

Aos meus filhos Enzo e Alice, presentes de Deus, ainda que pequenos puderam

compreender os momentos em que a distância foi necessária. Que me fizeram

aprender o significado do amor incondicional.

À minha sogra Maria Levina, exemplo de bondade e generosidade. Meus sinceros

agradecimentos.

À minha querida orientadora Dra Lúcia Alves Oliveira Fraga, a qual tenho profunda

admiração e respeito. Obrigada por todos os ensinamentos, orientações,

perseverança e acreditar na construção deste trabalho.

À Dra Elizabeth Castro Moreno pelas valiosíssimas orientações e generosidade. Ao

me apresentar o fantástico e fascinante mundo da epidemiologia. Suas orientações

foram fundamentais na elaboração desta pesquisa.

Às amigas Mônica Valadares, Ana Carolina Moura e Yara Figueiredo que me

acompanharam neste processo e sempre estavam disponíveis. Não existem

palavras para agradecer todo o carinho e apoio que me deram.

7

Aos técnicos do laboratório Lilian, Marluce, Walace e Fátima pela ajuda na

construção dos bancos e processamento das amostras. A participação de vocês foi

fundamental.

Às amigas Michele, Rosiane e Alessandra que compartilharam as angústias e

alegrias de toda esta trajetória.

Aos estudantes de iniciação científica que contribuiram na construção dos bancos e

coleta de dados.

Aos colegas de Mestrado, pela convivência e experiências vividas e aprendidas.

Aos moradores de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, pela colaboração

e participação.

À todos aqueles que puderam contribuir direta ou indiretamente para a

concretização de mais esse trabalho.

8

Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz

E ser feliz

(Almir Sater)

9

RESUMO

A esquistossomose é uma doença causada por trematódeos do gênero Schistosoma. O objetivo desta pesquisa foi realizar uma avaliação sobre a ocorrência de infecção por S. mansoni em duas áreas endêmicas do Município de Governador Valadares, Minas Gerais. Trata-se de um estudo seccional de base populacional desenvolvido nos distritos de Córrego do Bernardo (CB) e Córrego do Melquíades (MQ). Foram aplicados questionários, abordando características individuais e fichas domiciliares para identificar possíveis fatores de risco associados à doença. A presença e número de ovos do parasito por grama de fezes foram determinados através do método Kato-Katz. Participaram do estudo 117 famílias, totalizando 449 participantes e 382 amostras de fezes foram analisadas. A prevalência da esquistossomose em Córrego do Bernardo foi estimada em 12,5% (IC95% 8,4-17,8%) e em Córrego do Melquíades 31,9% (IC95% 25,3-38,5%), indicando uma maior prevalência da doença em Córrego do Melquíades (p<0,005,

2). A razão da prevalência em Córrego do Bernardo foi de 1:7 e em Córrego do

Melquíades 1:2. Os indivíduos infectados possuíam uma carga parasitária considerada baixa nestas localidades, onde a contagem de ovos por grama de fezes (opg) foi inferior a 100 opg na maioria dos casos (CB 3Q=36 e MQ 3Q=92). Observou-se que a carga parasitária em Córrego do Melquíades foi significativamente superior quando comparada aos participantes do Córrego do Bernardo (p<0,005). Quanto aos fatores de risco, em CB, a chance de infecção foi maior nos homens (OR= 3,89 IC:1.4 - 11.7) e em MQ nos indivíduos menores de 20 anos (OR= 2,22 IC: 0,2 – 0,9) . Avaliando a associação de infecção por S. mansoni e a origem da água utilizada no domicílio, observou-se em CB, que a chance de infecção foi significativamente menor entre os indivíduos que possuíam abastecimento público de água (OR= 0,27 IC: 0,1 - 0,8). Em Córrego do Melquíades, usar água da cisterna representou fator de proteção para a doença (OR= 0,41 IC: 0,2 – 0,8). Neste distrito, a chance de infecção foi menor nos domicílios que possuíam banheiro (OR = 0,11 IC: 0,1 – 0,9), cujos dejetos eram eliminados na fossa (OR= 0,11 IC: 0 – 0,8). Além disso, a proporção de indivíduos infectados por S. mansoni e coinfectados por outros helmintos foi maior do que a proporção de indivíduos infectados somente por outros helmintos (OR= 3,59 IC:1,5 - 8,9). Representou ainda, fator de proteção para infecção em CB, o relato de história familiar de esquistossomose (OR= 0,29 IC= 0,1 – 0,9), e em MQ, ter conhecimento sobre a doença (OR = 0,26 IC= 0.1 – 0,8). Os determinantes socioambientais como a escassez de saneamento básico e o hábito da utilização da água do córrego pelos moradores associados à presença do hospedeiro intermediário contribuem para que a esquistossomose seja uma das parasitoses mais freqüentes nestes distritos.

Palavras-chave: Estudo seccional. Esquistossomose. Áreas endêmicas.

10

ABSTRACT

Schistosomiasis is a disease caused by trematodes of the genus Schistosoma. The objective of this research was to assess the occurrence of S. mansoni infection in two endemic areas within the municipality of Governador Valadares, Minas Gerais. A population-based, cross-sectional study was carried out in the districts of Córrego do Bernardo (CB) and Córrego do Melquiades (MQ). Questionnaires were applied by addressing individual characteristics and household records to identify possible risk factors associated with the disease. The presence and number of parasite eggs per gram of feces were determined by the Kato-Katz technique. The study included 117 families, totaling in 449 participants and 382 stool samples were analyzed. The prevalence of schistosomiasis in CB was estimated at 12.5% (95% CI 8.4 to 17.8%) and MQ 31.9% (95% CI 25.3 to 38.5%), indicating a higher prevalence of the disease in MQ (p < 0.005). The prevalence ratio in CB was 1:7 (infected versus uninfected individuals) and 1:2 in MQ. Infected individuals had a low parasite load in both locations and eggs per gram of feces (epg) was less than 100 epg in most cases (third quartile in CB =36 epg and in MQ = 92 epg). Overall, the parasite load in MQ was significantly higher when compared with participants from CB (p <0.005). Regarding risk factors in CB, the risk of infection was higher among men (OR = 3.89 CI: 1.4 - 11.7), whereas in MQ the risk of infection was higher in individuals younger than 20 years (OR = 2.22 CI: 0.2 - 0.9). Evaluating the association between infection with S. mansoni and the type of water supply used at home, it was observed that in CB the risk of infection was significantly lower among individuals who had public water supply (OR = 0.27 CI: 0.1 - 0.8). In MQ the use of water from the tank represented a protective factor (OR = 0.41 CI: 0.2 - 0.8). In this district, the chance of infection was lower in households that had a bathroom (OR = 0.11 CI: 0.1 - 0.9) or where a latrine was present (OR = 0.11 CI: 0 to 0.8). In addition, the proportion of individuals infected with S. mansoni and co-infected with other intestinal helminths was higher than the proportion of individuals with intestinal helminths only (OR = 3.59 CI: 1.5 to 8.9). Furthermore, a protective factor in CB was history of schistosomiasis infection within the family (OR = 0.29 CI = 0.1 to 0.9), and in MQ the knowledge about the disease (OR = 0.26 CI = 0.1 - 0.8). The social and environmental determinants such as lack of sanitation and the habit of using open water supplies with presence of intermediate hosts contributed to schistosomiasis being the most frequent parasitic disease in these districts.

Keywords: Cross-sectional study. Schistosomiasis. Endemic areas.

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa de Governador Valadares e distritos.......................................... 26

Gráfico 1 - Distribuição de homens e mulheres entre as faixas etárias do

distrito de Córrego do Bernardo, município de Governador Valadares, Minas

Gerais, 2009..........................................................................................................

32

Gráfico 2 - Distribuição de homens e mulheres entre as faixas etárias do

distrito de Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas

Gerais, 2009..........................................................................................................

32

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características demográficas de Córrego do Bernardo e Córrego

do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais

2009.....................................................................................................................

31

Tabela 2 – Caracterização das moradias em Córrego do Bernardo e Córrego

do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais

2009.....................................................................................................................

34

Tabela 3 – Variáveis relacionadas ao comportamento (hábitos) em Córrego

do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares,

Minas Gerais, 2009............................................................................................

35

Tabela 4 – História pregressa da esquistossomose nos distritos de Córrego

do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares,

Minas Gerais, 2009............................................................................................

37

Tabela 5 – Prevalência da infecção por S. mansoni nos distritos de Córrego

do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares,

Minas Gerais, 2009.............................................................................................

38

Tabela 6 – Histórico de infecção e reinfecção por S. mansoni nos distritos de

Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador

Valadares, Minas Gerais, 2009...........................................................................

38

Tabela 7 – Proporção de outras parasitoses e comensais nos distritos de

Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador

Valadares, Minas Gerais, 2009...........................................................................

39

Tabela 8 – Média geométrica de ovos de S. mansoni utilizando o método Kato

Katz nos distritos de Córrego do Bernardo e Melquíades, município de

Governador Valadares, Minas Gerais, 2009.....................................................

39

Tabela 9 – Freqüência de infecção por S. mansoni e outras parasitoses nos

distritos de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de

Governador Valadares, Minas Gerais, 2009.......................................................

40

Tabela 10 – Relação dos fatores de risco entre os indivíduos infectados e não

infectados para esquistossomose no distrito de Córrego do Bernardo,

município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009..................................

41

13

Tabela 11 – Relação dos fatores de risco entre os indivíduos infectados e não

infectados para esquistossomose no distrito de Córrego do Melquíades,

município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009.................................

42

14

LISTA DE ABREVIATURAS

CB – Córrego do Bernardo

DOS – Divisão de Organização Sanitária

COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais

ELISA – Enzyme Linked ImmunonoSorbent Assay

HLA – Human Leucocyte Antigen

HPJ – Hoffman, Pons e Janer

MHCII – Major Histocompatibility Complex class II

MQ – Córrego do Melquíades

PCE – Programa de Controle da Esquistossomose

PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

PECE – Programa Especial de Controle da Esquistossomose

RIFI – Reação de Imunofluorescência Indireta

SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto

SMS/GV – Secretaria Municipal de Saúde de Governador Valadares

STATA – Data Analysis and Statistical Software

SUCAM – Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

SUS – Sistema Único de Saúde

WHO – World Health Organization

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 16

2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 24

3 OBJETIVOS................................................................................................ 25

3.1 OBJETIVOS GERAL................................................................................. 25

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO......................................................................... 25

4 METODOLOGIA.......................................................................................... 26

4.1 ÁREA DE ESTUDO.................................................................................. 26

4.2 POPULAÇÃO ESTUDADA....................................................................... 27

4.3 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS................................................. 27

4.4 EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES.................................................. 28

4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................. 29

4.6 ASPECTOS ÉTICOS................................................................................ 29

5 RESULTADOS............................................................................................ 30

6 DISCUSSAO................................................................................................ 43

6.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS...................................... 43

6.2 PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO................................................. 46

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 51

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 52

ANEXOS......................................................................................................... 62

16

1 INTRODUÇÃO

A esquistossomose mansônica é uma doença causada por trematódeos do

gênero Schistosoma. São conhecidas diferentes espécies deste parasito, no

entanto, as principais espécies causadoras da doença em humanos são os S.

haematobium, S. japonicum e o S. mansoni. Este último é encontrado principalmente

nos países africanos, Península Arábica e países da América do Sul, com destaque

para o Brasil (WHO, 1985; GRYSEELS et al., 2006).

Acredita-se que a esquistossomose tenha se originado nas bacias dos rios

Nilo (África) e Yangtze (Ásia) e sua expansão para outros países seja resultado do

desenvolvimento dos meios de transporte associados aos constantes fluxos

migratórios (BRASIL, 1998).

Os aspectos clínicos da doença foram descritos pela primeira vez, em 1847,

pelo japonês Fuji. No Egito, o parasito tornou-se conhecido em 1852, com a

descrição de Theodor Bilharz, o que justifica a denominação bilharziose utilizada em

alguns países. Quarenta anos mais tarde, o renomado médico inglês Patrick Manson

levantou a hipótese da existência de duas espécies de Schistosoma, parasito do

homem (KATZ; ALMEIDA, 2003).

Em 1907, a doença foi descrita pelo inglês Sambom, que deu nome a

patologia, em homenagem a Manson e, em 1908, o ciclo biológico da doença foi

descrito no Brasil, por Pirajá da Silva, sendo registrado o primeiro caso de infecção

humana por S. mansoni (BERGQUIST, 2008).

Acredita-se que a introdução da doença no Brasil tenha ocorrido por volta do

século XVI, na região Nordeste, com a vinda de escravos africanos. As condições

ecológicas locais, como a presença do hospedeiro intermediário do parasito, clima

tropical e coleções hídricas associadas às condições precárias de vida permitiram

que a doença se instalasse no país (SILVEIRA, 1989; CARMO; BARRETO, 1994).

A expansão da doença para outras regiões do país (destaque para a região

Sudeste, sobretudo os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro) foi

conseqüência dos sucessivos fluxos migratórios, orientados pelo desenvolvimento

de novas atividades econômicas. Outros fatores contribuíram e contribuem ainda

para a disseminação da doença, como por exemplo a consolidação da produção

17

industrial, associada à intensificação do processo de urbanização. (CHIEFFI;

WALDMAN, 1988; CARMO; BARRETO, 1994).

Sobre a história da esquistossomose no Brasil, destacam-se alguns marcos

teóricos como a realização do primeiro inquérito coprológico de âmbito nacional, no

período de 1947 a 1952, conduzido pelos sanitaristas Pelon & Teixeira, da Divisão

de Organização Sanitária (DOS) do Ministério da Educação e Saúde, que permitiu o

mapeamento da doença no país e a criação, em 1975, na Superintendência de

Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), do Programa Especial de Controle da

Esquistossomose (PECE), quando o controle desta endemia foi tratado com

prioridade correspondente a sua importância médico-social (BRASIL, 1998).

O ciclo de transmissão da esquistossomose mansoni inicia quando o

hospedeiro definitivo (mamíferos, principalmente o homem) elimina pelas fezes, ovos

no meio ambiente. Os ovos em contato com a água eclodem e liberam os

miracídios. Estes, guiados por estímulos químicos e luminosos, penetram no

hospedeiro intermediário (caramujo do gênero Biomphalaria). Após a penetração no

caramujo, o miracídio se diferencia em esporocistos primário e secundário, que se

rompe liberando inúmeras cercárias com cauda bifurcada característica. Uma vez

liberadas, as cercárias, penetram na pele do hospedeiro definitivo, durante a

penetração, perdem a cauda e transformam-se em esquistossômulo. Então migram,

via corrente sanguínea até os pulmões, e por fim chegam à circulação portal, no

fígado. Cerca de 4 a 6 semanas após a infecção, os vermes maturam, migram para

as veias mesentéricas e iniciam a eliminação de ovos. Parte dos ovos fica retido no

fígado, parede do intestino e parte são eliminados nas fezes dando continuidade ao

ciclo biológico do parasito (GRYSEELS et al., 2006, WILSON et al., 2007).

O caramujo infectado por um miracídio pode dar origem a milhares de

cercárias a cada dia durante o mês e no hospedeiro definitivo, uma fêmea,

dependendo da espécie, pode produzir de centenas a milhares de ovos por dia. A

vida do Schistosoma adulto varia de 5 a 20 anos. Portanto, teoricamente, um casal

de vermes adultos pode gerar durante sua vida cerca de 600 bilhões de novos

parasitos (GRYSEELS et al., 2006).

Quanto às manifestações clínicas, a doença apresenta uma variabilidade de

sinais e sintomas e são divididas em duas fases clínicas distintas, fase aguda e fase

crônica.

18

A esquistossomose aguda é também conhecida como Síndrome de

Katayama. Esta fase indica uma reação de hipersensibilidade sistêmica contra a

presença do esquistossômulo e dos ovos, sendo caracterizada por febre, associada

sintomas pulmonares e intestinais. Dessa forma os principais sintomas são mialgia,

tosse não produtiva e fadiga. Os sintomas abdominais podem se desenvolver mais

tardiamente, durante a migração e o posicionamento dos vermes adultos no sistema

porta hepático e nas veias mesentéricas (BECK et al, 2008).

Outro achado desta fase é a dermatite cercariana, caracterizada por urticária

evoluindo para lesões papulo-pruriginosas, provocada pela penetração da cercária

na pele. Os sintomas da fase aguda geralmente desaparecem espontaneamente

após 2 a 10 semanas, porém alguns indivíduos evoluem para uma forma mais

persistente e severa da doença, onde podem ser observados perda de peso,

dispnéia, diarréia, dores abdominais difusas, toxemia e hepatoesplenomegalia.

É importante destacar que a esquistossomose aguda ocorre com maior

freqüência em indivíduos que não residem em áreas endêmicas, sendo muito

comum em turistas que viajam para áreas onde há transmissão da doença (ENK;

AMORIM; SCHALL, 2003; MELTZER et al., 2006; LESCHEM et al., 2009).

A este exemplo, Barbosa et al (2001) documentaram a ocorrência de um surto

de esquistossomose aguda em Porto de Galinhas, Pernambuco, área não endêmica

para doença. Pelos exames, foram identificados cerca de 62% de casos agudos de

esquistossomose e as manifestações clínicas mais usuais foram dermatite

cercariana, cefaléia, tosse seca, dores abdominais, diarréia e febre. Na ocasião, os

resultados encontrados (carga parasitária elevada, eosinofilia e sintomatologia

intensa) sugeriram que a maioria das pessoas infectadas, nunca havia tido contato

anterior com o parasito, estando, portanto, desprovidas de imunidade.

Já a fase crônica, é modulada de acordo com a gravidade da doença. Esta,

geralmente se estabelece de quatro a seis meses após a infecção. Os sinais e

sintomas da esquistossomose crônica variam conforme a localização do parasito e

da intensidade da carga parasitária, podendo ser dividida em três formas clínicas, a

saber: forma intestinal, hepatointestinal e hepatoesplênica, sendo esta última a

forma mais grave da doença (PEARCE; MACDONALD, 2002; PORDEUS et al.,

2008).

A forma intestinal, embora muitas vezes assintomática, é caracterizada pela

presença de diarréia ou dores abdominais. Na forma hepatointestinal, os sintomas

19

são os mesmos que na forma intestinal, porém mais acentuados, sendo observado

aumento no volume do fígado, fenômeno conhecido como hepatomegalia

(ANDRADE; SILVA; SOUZA, 1997).

A forma hepatoesplênica, é caracterizada por lesões no fígado e baço,

resultado da reação granulomatosa em virtude do depósito de ovos no tecido

periportal. Esta lesão evolui para fibrose conduzindo para um quadro de hipertensão

portal e de hepatoesplenomegalia. O indivíduo queixa-se muitas vezes de tumor na

barriga, já que fígado e baço estão muito aumentados de volume (ANDRADE, 2004).

A esquistossomose hepatoesplênica pode ser classificada como compensada

ou descompensada, sendo que os portadores da forma compensada apresentam

quadro clínico caracterizado pela presença de hepatoesplenomegalia e fibrose

hepática e os portadores da forma descompensada apresentam um ou mais dos

seguintes sinais: hipertensão portal, desenvolvimento de circulação colateral,

hematêmese, ascite, varizes do esôfago, anemia acentuada, desnutrição e quadro

de hiperesplenismo (CASTRO, 2009).

É importante considerar que em alguns casos a infecção pode desenvolver

em regiões incomuns, ou seja, fora do sistema portal. Os locais mais acometidos são

órgãos genitais femininos, nos testículos, na pele, na retina, tireóide e coração,

podendo aparecer em qualquer órgão do corpo humano (BRASIL, 2008).

Outra manifestação clínica é a neuroesquistossomose, ocasionada pela

deposição dos ovos no sistema nervoso central (SNC) ou medula espinhal,

causando obstrução vascular, com formação de granulomas, difusos ou isolados, de

tamanhos variáveis, além de intensa reação inflamatória, em resposta a ativação

dos sistemas imunológicos celular e humoral. Dessa forma, as manifestações

clínicas encontradas são queixas de dor na região dorsolombar associada a

distúrbios sensitivos, motores, dos membros inferiores, além de disfunção

autonômica envolvendo os esfincteres vesical e anal (ANDRADE FILHO et al., 1996;

REIS et al., 1993).

Para o diagnóstico da infecção por S.mansoni, além da avaliação clínico

epidemiológica, é necessário o emprego de exames laboratoriais. Estes podem ser

classificados como diretos e indiretos. Os exames laboratoriais diretos têm a

finalidade de detectar o parasito, suas partes, ovos, substâncias antigênicas ou

fragmentos celulares. Os exames mais comumente utilizados são exames de fezes,

biópsia retal, pesquisa de antígenos circulantes e reação de polimerase em cadeia

20

(PCR). Os métodos indiretos utilizam marcadores bioquímicos e imunobiológicos

para a detecção da doença, dentre os quais se podem citar os exames

ultrassonográficos e testes imunológicos de reação intradérmica (BRASIL, 2010).

O exame coproscópico pelo método Kato Katz é considerado de primeira

escolha como método diagnóstico básico da doença, pois tem baixo custo, além de

possibilitar a contagem de ovos por grama de fezes, aspecto importante nas

investigações epidemiológicas (CHAVES et al., 1979; TELES, et al., 2003).

Porém alguns autores discutem a importância de associar outros métodos

diagnósticos, sobretudo em áreas de baixa endemicidade, onde a maioria dos

portadores elimina menos de 100 ovos do parasito por grama de fezes e somente o

exame Kato Katz pode subestimar a prevalência real da doença. Dessa forma, o

emprego de outros métodos diagnósticos (ex.: ELISA-IgM, RIFI-IgM, PCR)

contribuiriam para identificar prevalências residuais e assim fornecer dados mais

apurados sobre a presença de infecção (DE VLASS; GRYSSELS, 1992 apud

OLIVEIRA et al., 2003).

Para o tratamento da esquistossomose são disponibilizadas duas drogas, o

praziquantel e a oxaminiquina, ambos fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único

de Saúde. Estas drogas possuem satisfatórias taxas de cura acompanhadas de

redução da carga parasitária (COUTINHO et al., 1984; SILVA et al., 1986). Além

disso, estudos registram que pacientes submetidos a tratamento apresentaram

regressão da hepatoesplenomegalia, em fase inicial (BINA; PRATA, 1983).

A doença é considerada um grave problema de saúde pública, uma vez que

está amplamente difundida pelo mundo. Estudos recentes sugerem que haja 700

milhões de pessoas em risco de contrair a esquistossomose e quase 200 milhões de

pessoas infectadas somente na África (GARBA et al., 2006)

No Brasil, estima-se que a esquistossomose atinja entre 2,5 a 6 milhões de

indivíduos (BRASIL, 2011b). As regiões mais afetadas são o Nordeste e o Sudeste

do país (QUININO et al., 2009). Considerada doença de notificação compulsória

pelo Ministério da Saúde, em 2010 foram confirmados mais de 40 mil novos casos,

no país, aproximadamente 17 mil somente em Minas Gerais, sendo o Estado com

maior número de casos registrados neste período (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2011c).

Embora seja considerada uma doença característica de zonas rurais, com

baixo desenvolvimento socioeconômico (WHO, 1985), tem-se observado uma

modificação na distribuição da doença com o surgimento de focos urbanos. Fatores

21

como o processo de urbanização sem adequada infraestrutura associados ao fluxos

de migração de indivíduos para os grandes centros tem contribuído para essa

situação (COURA-FILHO, 1997).

Além disso, observa-se que novos casos de esquistossomose são cada vez

mais freqüentes em regiões turísticas. Contribuem para esta realidade a geografia

destas regiões, com presença de cachoeiras, rios e córregos e a fácil acessibilidade.

Dessa forma, o turismo rural assim como o turismo ecológico, têm sido relatado

como novo meio de transmissão e disseminação da esquistossomose, constituindo

um novo desafio no controle da doença (ENK et al., 2004; MASSARA et al., 2008 ).

A distribuição da infecção por S. mansoni ocorre de forma irregular em Minas

Gerais, existindo áreas de alta prevalência e outras regiões onde há poucos

registros ou até não há registro de casos. As áreas endêmicas estão situadas nas

regiões Norte, Oriental e Central. No entanto, o maior número de casos é registrado

nas regiões Nordeste e Leste (Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce e Zona da Mata)

(CARVALHO et al., 1987)

Sobre a morbimortalidade, estudos apontam que cerca de 10% das pessoas

infectadas evoluem para forma grave da doença e 50 a 60% apresentam algum tipo

de sintoma (COURA; AMARAL, 2004). Embora, o Ministério da Saúde (BRASIL,

2011b) afirme que as taxas de mortalidade e hospitalização pela doença tenham

diminuído nos últimos anos, ainda registra-se um significativo número de casos que

evoluem para as formas graves.

Para avaliar o grau de endemicidade da esquistossomose é necessário

considerar além das taxas de prevalência, a intensidade de infecção e as formas

clínicas da doença. Assim, pode-se considerar uma área de alta endemicidade

quando há altas prevalências e intensidade de infecção, cujo pico encontra-se em

crianças entre 5 e 15 anos de idade e formas crônicas hepatoesplênicas em adultos.

Com as devidas ressalvas, poderiam ser consideradas regiões de média e alta

endemicidade aquelas com prevalência superior a 10%, com indivíduos eliminando

mais de 120 ovos por grama de fezes e presença de indivíduos com quadro clínico

da esquistossomose. Área de baixa endemicidade seria aquela com prevalência

inferior a 10%, com a maioria dos infectados assintomáticos e eliminando menos de

96 ovos por grama de fezes (WHO, 1985).

Dessa forma, a classificação das áreas quanto à endemicidade da doença

auxilia na orientação de estratégias de tratamento e controle da doença. Assim, o

22

Ministério da Saúde (BRASIL, 2011a), recomenda que em áreas com taxas de

prevalência superior a 50% seja realizado o tratamento em massa da população,

nas localidades onde a prevalência varia de 25% a menos de 50%, tratam-se as

pessoas positivas e conviventes e nas regiões onde a prevalência é inferior a 25%

faz-se o tratamento somente de pessoas positivas.

A manutenção do ciclo de vida deste parasito no país está relacionada a

diversos fatores, entre os quais se destacam determinantes biológicos, sociais e

culturais. Fatores como a abundância de coleções hídricas, presença do hospedeiro

intermediário no meio ambiente, hábitos de utilização da água para diversas

atividades, gênero, idade, genética e resposta imune do hospedeiro contribuem

ativamente para permanência da esquistossomose (WHO, 1985; MASSARA et al.,

2004a; PEREIRA et al., 2010).

Dessa forma, o processo estrutural da doença pode ser analisado,

didaticamente, em três níveis determinantes: bioecológico, onde se avalia as

condições ambientais que otimizam a reprodução dos vetores e propiciam a

sobrevivência do parasito; socioecológico, verificando as características ambientais

modificadas pela ocupação social do espaço (construção de açudes, sistemas de

irrigação, práticas agrícolas, forma de eliminação dos dejetos, e outros) e

sociocultural (LOUREIRO, 1989 apud BARBOSA; SILVA; BARBOSA, 1996).

O fator sociocultural tem uma dimensão supra-estrutural, uma vez que

analisa os determinantes macro (históricos, políticos), estando relacionados à

representação social da doença, ou seja, a construção cultural, o conhecimento e

percepções que os grupos sociais têm sobre a esquistossomose. Esse nível

condicionante contribui para a conformação do comportamento dos indivíduos e

grupos sociais, suas atitudes e práticas de risco (BARBOSA, SILVA, BARBOSA,

1996).

Para compreender o processo estrutural da produção da esquistossomose

é necessário avaliar os fatores que irão determinar a distribuição da doença na

sociedade. Assim a realização de estudos seccionais de forma periódica em áreas

endêmicas permite avaliar ao longo do tempo, o comportamento da endemia.

A epidemiologia da esquistossomose em suas linhas gerais é bem

conhecida. Ela não é, necessariamente, uniforme dentro de um país endêmico e é

quase impossível de ser comparada entre países. Na realidade pode-se considerar

que cada foco de esquistossomose mansoni, é um foco diferente nos seus aspectos

23

epidemiológicos. Sua epidemiologia é tão variada quanto a ecologia humana e o

ambiente no qual a esquistossomose ocorre. Os parâmetros epidemiológicos como

prevalência, incidência, intensidade de infecção e morbidade, variam dentro de uma

região (DOUMENGE et al., 1987 apud CASTRO, 2009).

24

2 JUSTIFICATIVA

Os distritos de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, áreas de

estudo desde a década de 1990, são áreas endêmicas para esquistossomose.

Durante anos, vários estudos foram conduzidos nestas localidades com o intuito de

investigar fatores imunológicos envolvidos na infecção. Dessa forma, surgiu uma

inquietação sobre a distribuição da infecção por S. mansoni e os fatores de riscos

envolvidos, considerando que sucessivas intervenções contribuem para o controle e

redução das taxas de prevalência. Assim, esta pesquisa estimou a prevalência da

esquistossomose nestes distritos, através de um estudo de base populacional.

Ressalta-se que este trabalho é parte de um projeto que pretende estudar a

resposta imune frente a antígenos do S. mansoni, avaliando o perfil de

susceptibilidade e resistência à infecção em residentes de área endêmica. O caráter

inovador desta proposta consiste em agregar os conhecimentos e métodos

epidemiológicos aos estudos imunológicos.

Um dos maiores desafios do projeto é conduzir um estudo que leve em conta

tanto as premissas e o rigor de um delineamento epidemiológico quanto o

detalhamento e particularidades da pesquisa básica, com o objetivo de obter

resultados que possam ser extrapolados para uma população residente em área

endêmica, sujeita a diferentes condições de exposição.

25

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Realizar um estudo de base populacional sobre a ocorrência e os fatores de

risco da infecção por S. mansoni em duas áreas endêmicas do Município de

Governador Valadares, Minas Gerais.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar uma amostra representativa da população de Córrego do

Bernardo e Córrego do Melquíades, em relação a tipo de moradia,

gênero, idade, ocupação, hábitos, história de infecções passadas,

proporção de positivos para esquistossomose, histórico de infecção e

reinfecção, carga parasitária e proporção de co-infectados com outras

parasitoses.

Estimar a prevalência da esquistossomose nos distritos Córrego do

Bernardo e Córrego do Melquíades.

Identificar possíveis fatores de risco associados à doença avaliando:

características pessoais e familiares (variáveis demográficas, sócio-

econômicas e hábitos), conhecimento sobre a doença e sua

transmissão e histórico de infecção e reinfecção.

Identificar diferenças entre as duas áreas endêmicas em relação aos

fatores associados à infecção por S. mansoni

26

4 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo seccional de base populacional para determinar a

prevalência da esquistossomose em dois distritos do município de Governador

Valadares, Minas Gerais. Através desse método foi possível identificar pessoas e

caracterizar os fatores relacionados à doença na região (LIMA-COSTA; BARRETO;

2003)

4.1 ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida nos distritos de Córrego do Bernardo e Córrego

do Melquíades que ficam aproximadamente a 50 km de distância do Município de

Governador Valadares. Esses dois distritos têm sido estudados desde a década de

1990, pelo laboratório de Imunologia da Univale, devido a alta prevalência para

esquistossomose (ALVES-OLIVEIRA et al., 1993; GAZZINELLI et al., 1992;

WEBSTER et al., 1997; BETHONY et al., 2001; SILVEIRA et al., 2002). Nas

primeiras intervenções realizadas, a prevalência da esquistossomose em CB foi de

67,7% (1990) e em MQ foi de 62% (ALVES-OLIVEIRA et al., 1993; BETHONY et al.,

2001).

Figura 1 - Mapa de Governador Valadares e distritos

Fonte: www.avvl.com.br/index.php?ref=ver&uid=3

CB

MQ

27

4.2 POPULAÇÃO ESTUDADA

De acordo com os registros da Secretaria Municipal de Saúde de Governador

Valadares, a população no ano de 2009 em CB era em torno de 760 habitantes em

Córrego do Bernardo e de 900 habitantes em Córrego do Melquíades. O estudo foi

realizado utilizando uma amostra da população residente em cada um dos distritos.

Para o cálculo da amostra foram utilizados os seguintes parâmetros:

estimativa da prevalência da esquistossomose (20% em cada distrito), nível de

significância de 0,05, precisão de 5% e tamanho da população. O cálculo da

estimativa foi baseado em dados de estudos anteriores desenvolvidos pelo

Laboratório de Imunologia da Univale e inquéritos coproscópicos feitos pelo

Programa de Controle da Esquistossomose (PCE) (ALVES-OLIVEIRA et al., 1993;

GAZZINELLI et al., 1992; WEBSTER et al., 1997; BETHONY et al,, 2001; SILVEIRA

et al., 2002).

Para a seleção dos participantes utilizou-se a amostragem aleatória simples

das famílias residentes nestas duas áreas. Foram sorteadas, inicialmente, 54

famílias para cada área, considerando uma média de aproximadamente 4 indivíduos

moradores por casa. No caso de ausência da família sorteada no momento da visita,

ou na recusa de participação, a família foi substituída por outra residente na casa

mais próxima daquela inicialmente sorteada. O sorteio foi realizado pelos números

de cadastros das famílias na Estratégia de Saúde da Família fornecido pela

Secretaria Municipal de Saúde de Governador Valadares (SMS-GV). Foi

considerada como população elegível todos os moradores das casas sorteadas.

O cálculo da amostra e a seleção dos participantes foram realizados com

auxílio do programa Epi info 3.5.3.

4.3 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS

Para avaliação das características da população estudada, foram elaborados

questionários estruturados e pré-codificados, abordando características individuais

28

dos participantes e fichas domiciliares para identificar possíveis fatores de risco

associados à doença (ANEXOS B e C).

Foi também elaborado um manual de instruções com orientações sobre os

questionários com o objetivo de minimizar o erro na coleta dos dados.

Esses questionários foram avaliados por um pré-teste e estudo piloto,

realizados em etapa anterior à pesquisa. Os entrevistadores receberam treinamento

prévio para padronização dos procedimentos e realização das entrevistas.

Assim, os questionários foram aplicados por entrevista face a face entre os

meses de novembro e dezembro de 2009.

Os dados obtidos foram digitados, em duplicata, em banco de dados

estruturado especialmente para o estudo, utilizando o programa Epi Data 2.1b

(ANEXO D). Depois dos dados digitados, verificados e corrigidos as inconsistências,

deu-se início à análise dos dados.

4.4 EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

Para cada participante foram fornecidos 3 frascos para a coleta das amostras

de fezes. O número de ovos do parasito por grama de fezes foi determinado pelo

exame de seis lâminas sendo duas para cada amostra de fezes de acordo com o

método Kato-Katz (KATZ et al., 1972). A contagem de ovos é resultado da média

aritmética das três determinações e definida como opg (ovos por grama de fezes).

Os exames foram realizados por técnicos do Núcleo de Pesquisa em Imunologia da

UNIVALE, com experiência comprovada na realização da técnica e identificação de

enteroparasitoses.

A primeira amostra de fezes foi também analisada pelo método HPJ

(HOFFMAN; PONS; JANER, 1934).

29

4.5 ANÁLISES DOS RESULTADOS

A caracterização das populações foi realizada utilizando a distribuição de

freqüência de todas as variáveis qualitativas estudadas e medidas de tendência

central para as variáveis quantitativas. A comparação entre os distritos e grupos

(infectados x não infectados) foi realizada utilizando a análise univariada,

empregando os testes Qui-quadrado ou Fisher para as variáveis qualitativas e para

as variáveis quantitativas empregou-se o teste t.

O cálculo da prevalência foi realizado utilizando como numerador, o total de

pessoas cujo resultado foi positivo para esquistossomose e como denominador, a

população amostrada exposta em cada distrito.

A avaliação dos fatores de risco foi realizada utilizando a regressão logística,

sendo avaliadas somente as variáveis com frequência maior que 3.

Os resultados foram analisados utilizando o software Stata/IC 11 (StataCorp

LP, 1985-2009)

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

No que diz respeito aos aspectos éticos, a pesquisa foi conduzida

considerando a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O consentimento

pós-informado foi obtido de todos os participantes (ANEXO I). Em caso de menores,

a inclusão só foi feita após assinatura do consentimento pelos pais ou guardião. O

projeto antes de executado foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UNIVALE (registro 019/08-11). Além disso, todos os indivíduos diagnosticados com

verminose receberam tratamento específico.

30

5 RESULTADOS

Para cada família sorteada foi aplicado um questionário domiciliar, totalizando

117 questionários (59 em Córrego do Bernardo e 58 em Córrego do Melquíades).

Todos os moradores das casas sorteadas foram entrevistados, sendo

realizadas 449 entrevistas individuais (212 em CB e 237 em MQ). Foram analisadas

um total de 380 amostras de fezes, sendo 192 em CB e 188 em MQ. Das 117

famílias que participaram do estudo, 92 já participaram de estudos anteriores feitos

pelo Laboratório de Imunologia da UNIVALE (45 em CB e 47 em MQ).

A tabela 1 apresenta as características demográficas dos participantes do

estudo e a comparação entre os dois distritos.

O distrito de Córrego do Bernardo apresenta uma proporção ligeiramente

maior de indivíduos do gênero feminino entre os entrevistados. Entretanto, não

houve diferença significativa na proporção de gêneros entre os distritos.

As duas localidades estudadas apresentam uma população jovem com

idade média de 33,1 (CB) e 33.8 (MQ) anos. Em Córrego do Bernardo a população

de homens e mulheres está distribuída entre as faixas etárias da seguinte forma: 36

(17,7%) pessoas tinham 0 a 10 anos, 48 (23,5%) pessoas tinham 11 a 20 anos, 24

(11,8%) pessoas tinham 21 a 30 anos, 19 (9,3%) pessoas tinha 31 a 40 anos, 22

(10,8%) pessoas tinham 41 a 50 anos, 26 (12,8%) pessoas tinham 51 a 69 anos e

29 (14,2%) pessoas tinham mais de 60 anos (Gráfico 1). Em Córrego do Melquíades

40 (16,7%) pessoas tinham 0 a 10 anos, 47 (19,7%) pessoas tinham 11 a 20 anos,

32 (13,4%) pessoas tinham 21 a 30 anos, 27 (11,3%) pessoas tinha 31 a 40 anos, e

41 a 50 anos, 29 (12,1%) pessoas tinham 51 a 69 anos e 37 (15,5%) pessoas

tinham mais de 60 anos (Gráfico 2). Não foram encontradas diferenças significativas

na idade média dos participantes entre as duas regiões (p>0,05).

Nos dois distritos observou-se uma predominância de indivíduos de pele

morena ou parda, sendo que em CB a proporção destes indivíduos em relação às

outras categorias é maior do em MQ (p=0,004).

O nível de escolaridade é baixo nos dois distritos. Em CB 74,4% da

população estudada tem apenas o ensino fundamental completo ou incompleto. Em

MQ este índice foi de 70,4%. O percentual de entrevistados que nunca estudou foi

de 11,0 % em CB e 16,0% em MQ.

31

No entanto, em relação à ocupação principal, em Córrego do Bernardo 33.7%

(n=65) dos moradores declararam ser estudantes e 24,9% (n=48) afirmaram ser

trabalhadores rurais. Em Córrego do Melquíades, estas foram também as principais

ocupações verificadas (27,5%). Não houve diferença significativa entre as regiões

neste aspecto.

Tabela 1 – Características demográficas de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Característica Córrego do Bernardo (n=212)

Córrego do Melquíades

(n=237)

Valor de p

Gênero(1)

N (%) N (%)

Masculino 93 (44,7) 121 (51,1) Feminino 115 (55,3) 116 (48,9) 0,167

(3)

Idade

Media ± DP 33,1 ±23,0 33.8 ±22,1 0,764(4)

Min-Max 1-88 1-86 Mediana (1Q/3Q) M=28 (13/52) M=30 (13/52) Cor da pele

Negra 5 (2,5) 17 (7,2) Morena ou parda 175(85,8) 177 (74,7) Branca 24 (11,8) 43 (18,1) 0,004

(3)

Escolaridade

(2)

Curso superior 5 (2,5) 4 (1,8) Ensino médio 24 (12,1) 26 (11,7) Ensino fundamental 148 (74,4) 157 (70,4) Nunca estudou 22 (11,0) 36 (16,1) 0,476

(5)

Ocupação Principal

Estudante 65 (33,7) 61 (27,5) Trabalhador rural 48 (24,9) 61 (27,5) Dona de casa 34 (17,6) 34 (15,3) Aposentado 28 (14,5) 37 (16,7) Serviços nível médio 13 (6,7) 19 (8,5) Sem ocupação 5 (2,6) 10 (4,5) 0,592

(3)

Nota: (1) Excluídos os indivíduos sem informação

(2) entre os maiores de 6 anos

(3) 2

(4) teste t (5) Teste exato de Fischer

As características dos domicílios visitados estão descritas na tabela 2.

A média de pessoas que residem em cada domicílio foi de 3,76 ±2,1 em

Córrego do Bernardo e 4,3 ±2,1 em Córrego do Melquíades. As casas têm em média

6,7 cômodos, com uma relação de menos de um morador por cômodo. A renda

familiar variou de 1 a 3 salários mínimos, nas duas áreas, sendo que 62.7% em CB

e 56.9% em MQ recebem de 1 a 2 salários mínimos.

32

A maioria das casas é de alvenaria sendo que 27,6% das casas em CB e

36,2% em MQ, são de tijolos de adobe. Três das casas visitadas neste último distrito

são de pau a pique.

A cobertura das casas em Córrego do Bernardo geralmente é de telha de

barro, mas observa-se também um grande número de casas com telha de amianto

(36,2%). Em Córrego do Melquíades, predomina a cobertura de telhas de barro

(84,5%).

Gráfico 1 – Distribuição de homens e mulheres entre as faixas etárias do distrito de Córrego do Bernardo, município de

Governador Valadares, Minas Gerais

Mulheres Homens

Mulheres Homens

Gráfico 2 – Distribuição de homens e mulheres entre as faixas etárias do distrito de Córrego do Melquíades, município de

Governador Valadares, Minas Gerais

33

Todas as casas tem energia elétrica e quase todas tem banheiro. Entretanto,

quanto ao fornecimento de água, apenas 37,9% das casas tem água da COPASA

ou SAAE em CB e 29,3%, em MQ. A maioria das casas utiliza água de cisterna,

poço, nascente ou mina. Em menos de 10% das casas, os moradores declaram

utilizar água do córrego em suas atividades domésticas.

Não houve diferença significativa nas características das casas e famílias nas

duas áreas estudadas, com exceção do tipo de teto e origem da água utilizada em

casa. Em Córrego do Melquíades a cobertura das casas é de melhor qualidade que

em Córrego do Bernardo, predominando as casas com telhas de barro. Neste, o

percentual de moradores que relatam utilizar água de nascente/mina é maior

(41,4%) que em Córrego do Melquíades (27,6%).

Os dados referentes aos hábitos dos moradores dessas duas regiões estão

descritos na tabela 3. Em relação ao plantio, verificou-se que as principais culturas

em CB foram milho e mandioca, ambas com proporção de 42,9% (n=21) e em MQ

destacou-se o cultivo de milho e feijão (46,7% e 28,4%, respectivamente). As

diferenças entre esses dois distritos, no que diz respeito a este item, foi observada

somente no plantio de mandioca, banana e cana (p<0,0052).

A proporção de pessoas que cultivam arroz, atualmente, em Córrego do

Melquíades (14,9%) é maior que em Córrego do Bernardo (4,1%). Embora não

tenha sido observada diferença estatisticamente significativa entre os dois distritos

(p=0,06), quando investigado o hábito de plantar arroz no passado, observou-se

uma diferença significativa entre os mesmos. A proporção de pessoas que já

trabalhou com plantação de arroz em Córrego do Melquíades foi maior (70,6%) que

CB (41,1%).

O tempo médio de moradia dos participantes nos distritos estudados foi o

mesmo para os dois distritos (27,1 em CB e 28.7 em MQ).

Ao se investigar sobre o destino das fezes, a maioria dos participantes afirma

utilizar o banheiro (89.2% em CB e 90.6% em MQ), enquanto 14,7% em CB e 10,6%

em MQ declararam fazer suas necessidades no mato. Apesar do grande número de

pessoas que usam o vaso sanitário, observa-se que na maioria das vezes o destino

das fezes é a fossa, sendo o percentual de uso em CB (98,4%) tenha sido

significativamente maior que em MQ (89,9%) (p=0,001).

34

Tabela 2 – Caracterização das moradias em córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Característica Córrego do Bernardo (n=59)

Córrego do Melquíades

(n=58)

Valor de p

Variáveis quantitativas

Moradores por domicílio Media ± DP 3,76 ±2,1 4,3 ±2,1 0,958

(3)

Min-Max 1 -11 1-11 Mediana (1Q/3Q) M=4 (2/5) M=4 (3/5) N

o de cômodos

Media ± DP 6,7 (1,8) 6,7 ±2,1 Min-Max 4-12 2-12 Mediana (1Q/3Q) M=6 (5/8) M=6,5 (5/8) 0,722

(3)

Relação de moradores por n

o de cômodos

Media ± DP 0,6 (0,3) 0,7 (0.4) 0,074(3)

Variáveis qualitativas N(%) N(%)

Renda familiar 0,857(2)

< 1 SM 15 (25,4) 19 (32,8) 1 a 2 SM 37 (62,7) 33 (56,9) >2 a 3 SM 7 (11,9) 6 (10,3) > 3 SM - -

Parede

(1) 0,224

(2)

Alvenaria 39 (67,2) 32 (55,2) Tijolo de adobe 16 (27,6) 21 (36,2) Pau a pique - 3 (5,2) Misto (sem

predominância) 3 (5,2) 2 (3.5)

Teto

(1)

Telha de barro 27 (46,6) 49 (84,5) 0,000(2)

Telha de amianto 21 (36.2) 5 (8,2) Misto (s/

predominância) 7 (12,1) 4 (3,5)

Lage 3 (5,2) -

Luz elétrica(1)

Sim 56 (100,0) 58 (100,0)

Presença de banheiro na casa

(1)

Sim 46 (93,9) 54 (93,1) 0,872 Não 3 (6,1) 4 (6,9)

Água utilizada na casa

(1)(4)

SAAE / COPASA 22 (37,9) 17 (29.3) 0,551(2)

Cisterna / Poço 19 (32,8) 26 (44,8) 0,199

(2)

Nascente / Mina 24 (41,4) 16 (27,6) 0,038(2)

Córrego / Rio 5 (8,6) 4 (6.9) 0,804

(2)

Nota: (1) Excluídos os domicílios sem informação

(2) 2

(3) teste t (4) algumas famílias declararam utilizar mais de uma fonte de água

35

Outra variável investigada foi a utilização da água do córrego (Tabela 3). De

acordo com os relatos obtidos, foi possível categorizá-las em três atividades: lazer,

atividade doméstica e atividade relacionada ao trabalho. A proporção de indivíduos

que utilizam água do córrego para estas atividades é maior em Córrego do

Melquíades (p<0,0052).

Tabela 3 – Variáveis relacionadas ao comportamento (hábitos) em Córrego do Bernardo e

Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Característica Córrego do Bernardo (n=212)

Córrego do Melquíades

(n=237)

Valor de p

Tipo de cultura com que trabalha

Milho 21 (42.9) 35 (46.7) 0.677(2)

Feijão 11 (22.6) 21 (28.4) 0.463

(2)

Arroz 2 (4.1) 11 (14.9) 0.057(3)

Mandioca 21 (42.9) 10 (13.5) 0.000

(2)

Horta 2 (4.1) 4 (5.4) 0.739(3)

Banana 11 (22.6) 4 (5.4) 0.005

(2)

Cana 13 (26.5) 3 (4.1) 0.000(2)

Pastagens 4 (8.0) 1 (1.4) 0.065

(2)

Já trabalhou com plantação de arroz

(1)

Sim 60 (41,1) 120 (70,6) Não 86 (58,9) 50 (29,4) 0,000

(2)

Há qtos anos mora

Media ± DP 27,1 ±21,1 28.7 ±20,6 0,437(4)

Min-Max 0-91 0-91 Mediana (1Q/3Q) M=20.5 (11/41) M=22 (11/44) Onde faz as necessidades

(1)

Banheiro 182 (89.2) 213 (90.6) 0,621(2)

Mato 30 (14.7) 25 (10.6) 0,199

(2)

Beira do córrego 0 (0,0) 1 (0.4) 0,351(2)

Destino das fezes

(1) p

Córrego 3 (1.6) 20 (9.2) 0,001(2)

Fossa 180 (98.4) 196 (89.9) Céu aberto - 2 (0.9)

Motivos de contato com água contaminada

(1)

Lazer 55 (27.0) 116 (49.4) 0,000(2)

Atividades domésticas

20 (9.8) 69 (29.2) 0,000(2)

Atividades relacionadas ao trabalho

21(10.3) 49 (20.8) 0,003(2)

Nota: (1) Excluídos os indivíduos sem informação

(2) 2

(3) Teste de Fisher (4) Teste t

36

Em relação ao exame de fezes, 89,2% dos moradores em CB e 95,3% de MQ

relataram ter feito este exame no passado. Quanto à história pregressa de infecção,

31.2% em Córrego do Bernardo e 62.0% em Córrego do Melquíades relatam ter tido

esquistossomose no passado. O percentual de pessoas que relatam infecção

passada foi significativamente maior em MQ quando comparado ao outro distrito

estudado (p<0,005) (Tabela 4).

A média de vezes que os indivíduos afirmam terem sido infectados variou de

1,5 (CB) a 2,0 (MQ) entre esses distritos, não sendo observada diferenças

estatísticas entre essas duas regiões.

Quando perguntados sobre a última vez que tiveram esquistossomose, os

moradores relatam um tempo mediano de 8 anos em Córrego do Bernardo e 6 anos

em Córrego do Melquíades,

Os principais sintomas relatados pelos indivíduos, quando infectados pela

esquistossomose, foram fraqueza (56,0% - CB, 39,8% - MQ), cólica (32,0% - CB,

38,2% – MQ), dor de cabeça (24,0% - CB, 26,0% - MQ) e mal estar (36,0% - CB,

24,4% – MQ).

A maioria dos indivíduos dessas áreas afirmou ter feito tratamento para

esquistossomose (90,9% - CB, 96,9% - MQ). No entanto, 4 indivíduos, em cada

distrito (7,3% - CB, 3,1% - MQ, respectivamente) relataram não ter feito nenhum tipo

de tratamento.

Para avaliar a prevalência da esquistossomose nas duas regiões foram

empregados os métodos Kato Katz e HPJ no processamento das amostras de fezes.

Dos 449 indivíduos que participaram da pesquisa, 192 pessoas em CB e 190 em

MQ entregaram amostras de fezes. Os resultados obtidos estão na tabela 5.

A prevalência da esquistossomose em Córrego do Bernardo foi estimada em

12,5% (IC95% 8,4-17,8%) e em Córrego do Melquíades, 31,9% (IC95% 25,3-

38,8%). Ao se comparar os dois distritos observa-se que a prevalência em MQ foi

estatisticamente superior a CB. A razão da prevalência calculado em CB foi de 1:7,

isto indica que para cada 1 pessoa infectada pelo S. mansoni há 7 pessoas sem

infecção. Por outro lado em MQ a razão da prevalência foi de 1:2, indicando uma

maior chance de infecção pela doença, nesta localidade.

Sobre a história de infecção e reinfecção por S. mansoni verificou-se que 12

(6,3%) indivíduos em CB e 40 (21,3%) em MQ já tinham sido diagnosticados com

esquistossomose em pesquisas anteriores realizadas pelo Laboratório de

37

Imunologia da UNIVALE. Em MQ, a infecção pregressa foi significativamente maior

quando compararada a CB (Tabela 6).

Tabela 4 – História pregressa da esquistossomose nos distritos de Córrego do Bernardo e Córrego do

Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Característica Córrego do Bernardo (n=212)

Córrego do Melquíades

(n=237)

Valor de p

Já fez exame de fezes

(1)

Sim 181 (89,2) 224 (95,3) Não 22 (10,8) 11 (4,7) 0,015

(2)

Algum exame já deu positivo para esquistossomose

(1)

Sim 55 (31,2) 132 (62,0) Não 121 (68,8) 81 (38,0) 0,000

(2)

Qtas vezes já deu positivo para esquistossomose

(1)

Media ± DP 1,5 ± 0,9 2,0 ± 2,3 0,169(3)

Min-Max 1-5 1-20 Mediana (1Q/3Q) 1 (1-2) M=2 (1-2) Ultima vez que teve xistose (em anos)

(1)

Media ± DP 11.1 ± 9,7 7.4 ± 7,2 0,009(3)

Min-Max 1-37 1-70 Mediana (1Q/3Q) M=8 (8-19) M=6 (3-10) O que sentiu

(1)

Fraqueza 28 (56,0) 49 (39,8) 0,052(2)

Cólica 16 (32,0) 47 (38,2) 0,442

(2)

Dor de cabeça 12 (24,0) 32 (26,0) 0,783(2)

Mal estar 18 (36,0) 30 (24,4) 0,122

(2)

Dor nas pernas 7 (14,0) 13 (10,6) 0,522(2)

Evacuou sangue 2 (4,0) 5 (4,1) 0,984

(2)

Outros sintomas 14 (28,0) 17 (13,8) 0,028(2)

Como tratou

(1) 0,139

(2)

Comprimido 50 (90,9) 126 (96,9) Comprimido + Remédio caseiro

1 (1.8) -

Não tratou 4 (7,3) 4 (3,1) Quem forneceu o medicamento

(1)

SUCAM - SMS 32 (64,0) 42 (33,3) 0,000

(2)

Farmácia 15 (30,0) 7 (5,7) 0,000(2)

UNIVALE 4 (8,0) 87 (69,1) 0,000

(2)

Nota: (1) Excluídos os indivíduos sem informação ou cujo resultado foi negativo para esquistossomose

(2) 2

(3) teste t

38

Além da esquistossomose, outras parasitoses também foram identificadas,

como ancilostomíase (CB - 9,9% e MQ - 5,3%) e amebíase por E. coli (CB - 10.4% e

MQ - 24.5%) e por E. histolytica (CB - 10.9% e MQ - 24.5%). Nota-se que a

proporção de indivíduos infectados por E. coli, E. dispar e E. histolytica foi maior em

MQ (p<0,05, 2). Enquanto que em CB foi verificado uma maior proporção de

indivíduos infectados por S. stercoralis (p<0,05, T. de Fisher) (Tabela 7).

Pelo método Kato Katz foi possível determinar a carga parasitária dos

indivíduos infectados por S. mansoni, A. lumbricoides, Ancilostomídeo e T. trichiura.

Os resultados encontram-se na tabela 8.

Apesar de a esquistossomose ter sido a parasitose mais prevalente nos dois

distritos, nota-se que os indivíduos infectados tinham uma carga parasitária

considerada baixa nestas localidades, uma vez que a contagem de ovos por grama

(opg) de fezes foi inferior a 100 opg na maioria dos casos (CB 3Q=36 e MQ 3Q=92).

Entretanto ao se comparar esses distritos observou-se que a carga parasitária em

MQ foi significativamente superior a do CB (p<0,005).

É interessante notar também que a carga parasitária de ancilostomídeo foi

significativamente maior em CB quando comparada à MQ (p=0,005).

Neste estudo somente um indivíduo foi positivo para T. trichiura, com carga

parasitária de 12 ovos por grama de fezes.

Tabela 5 – Prevalência da infecção por S. mansoni nos distritos de Córrego do Bernardo e Córrego

do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Parasito Córrego do Bernardo (n=192)

Córrego do Melquíades

(n=188)

Valor de p

S.mansoni 24(12,5%) 60 (31,9%) 0,000(1)

Nota: (1) 2

Tabela 6 – Histórico de infecção e reinfecção por S. mansoni nos distritos de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009.

Distrito Córrego do Bernardo (n=192)

Córrego do Melquíades (n=188)

Valor de p

Infecção atual 24 (12,5%) 60 (31,9%) 0,000(1)

Infecção pregressa 12 (6,3%) 40 (21,3%) 0,000(1

Nota: (1) 2

39

Tabela 7 – Proporção das parasitoses intestinais e comensais nos distritos de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Parasitos Córrego do Bernardo (n=192)

Córrego do Melquíades

(n=188)

Valor de p

E. coli 20 (10.4%) 46 (24.5%) 0,000(1)

E.dispar/ histolytica 21 (10.9%) 46 (24.5%) 0,000

(1)

Ancilostomídeos 19 (9,9%) 10 (5,3%) 0,137(1)

A. lumbricoides 1 (0,5%) 7 (3,7%) 0,063

(2)

S. stercoralis 8 (4.2%) 1 (0.5%) 0,039(2)

G. lamblia 6 (3.1%) 5 (2.7%) 0,971

(1)

E. vermicularis 4 (2.1%) 7 (3.7%) 0,517(1)

T. trichiura - 1 (0,5%) -

Nota: (1) 2

(2) Teste exato de Fischer

Tabela 8 – Média geométrica de ovos de S. mansoni utilizando o método Kato Katz nos distritos de

Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009.

Córrego do Bernardo (n=192)

Córrego do Melquíades

(n=188)

Valor de p

Carga parasitária S.mansoni

(n=29) (n=57)

Media ± DP 22,8 ± 22,4 88,6 ± 145,9 0,000(1)

Min-Max 4-76 4-664 Mediana (1Q/3Q) 16 (8-36) 28 (8-92)

Carga parasitária A. lumbricoides

(n=1) (n=7)

Media ± DP - 954,2 ± 1493,2 Min-Max 192 116-4300 Mediana (1Q/3Q)

- 520 (132-736)

Carga parasitária Ancilostomídeo

Media ± DP 165,3 ± 223,1 40,5 ± 44,3 0,005(1)

Min-Max 4-804 4-104 Mediana (1Q/3Q) 43 (16-306) 27 (11-40)

Nota: (1) Teste t, aplicado em valores normalizados

Além disso, foi possível verificar a presença de infecção por S. mansoni e

coinfecção por outras parasitoses (Tabela 9).

Ao processar as amostras de fezes utilizando os métodos Kato Katz

(quantitativo) e HPJ (qualitativo), verificou-se em CB que dos 24 indivíduos positivos

para esquistossomose 20,8% estavam coinfectados por outra parasitose, sendo que

em 12,5% dos casos havia história de coinfecção por helmintos e/ou protozoários.

Em MQ, também foi observada a presença de coinfecção por S. mansoni e

outras parasitoses. Assim, além da esquistossomose, 41,7% dos indivíduos

40

possuíam infecção por outra parasitose, 23,3% por helmintos, 26,7% por

protozoários, sendo que destes 10% estavam coparasitados por ancilostomídeo.

Não foi observada diferença estatisticamente significativa na proporção de

indivíduos coinfectados por S mansoni e outras parasitoses entre os distritos.

Tabela 9 – Freqüência de infecção por S. mansoni e outras parasitoses nos distritos de Córrego do

Bernardo e Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Infecção por S. mansoni e outras parasitoses Córrego do Bernardo (n=24)

Córrego do Melquíades

(n=60)

Valor de p

S. mansoni e outras parasitoses(2)

5 (20,8) 25 (41,7) 0,121(1)

S. mansoni e outros helmintos 3 (12,5) 14 (23,3) 0,414

(1)

S. mansoni e protozoários 3 (12,5) 16 (26,7) 0,266(1)

Nota: (1) 2

(2) indivíduos poliparasitados (S. mansoni, helmintos e protozoários)

Pela análise univariada foi possível identificar os fatores de risco associados à

esquistossomose nos dois distritos (Tabelas 10 e 11).

Em CB, verificou-se que a proporção de indivíduos do gênero masculino

infectados por S. mansoni (70,8%) foi superior à do gênero feminino (29,2%) (OR=

3,89 IC: 1.4 - 11.7). Por outro lado, em MQ não foi observada associação entre

infecção e gênero (anexos E e F).

A associação entre infecção e idade foi observada apenas em MQ, onde a

chance de infecção por S. mansoni foi maior entre os indivíduos com idade inferior a

20 anos (OR= 2,22 IC: 0,2 – 0,9).

Avaliando a associação de infecção por S. mansoni e a origem da água

utilizada no domicílio, observou-se em CB, que a chance de infecção foi

significativamente menor entre os indivíduos que possuíam abastecimento público

de água (OR= 0,27 IC: 0,1 - 0,8) e em MQ, usar água da cisterna representou fator

de proteção para a doença (OR= 0,41 IC: 0,2 – 0,8).

Em MQ, a proporção de indivíduos infectados por S. mansoni e infectado por

outros helmintos é maior do que a proporção de indivíduos infectados somente por

outros helmintos (OR= 3,59 IC:1,5 - 8,9). A mesma associação não foi observada em

CB (anexos E e F).

Além disso, em MQ encontrou-se uma maior proporção de indivíduos não

infectados que tinham banheiro no domicílio (OR = 0,11 IC: 0,1 – 0,9), cujos dejetos

são eliminados na fossa (OR= 0,11 IC: 0 – 0,8).

41

Representou ainda, fator de proteção para infecção em CB, o relato de

história familiar de esquistossomose (OR= 0,29 IC= 0,1 – 0,9), e em MQ, ter

conhecimento sobre a doença (OR = 0,26 IC= 0.1 – 0,8).

Tabela 10 – Relação dos fatores de risco entre os indivíduos infectados e não infectados para

esquistossomose no distrito de Córrego do Bernardo, município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2009

Córrego do Bernardo (n=192)

Valor de p OR (IC a 95%)

Indivíduos infectados

N (%)

Indivíduos não infectados

Gênero(3)

Masculino 17 (70,8) 63 (38,4) Feminino 7 (29,2) 101 (61,6) 0,003

1 3,89 (1.4 - 11.7)

Abastecimento de água SAAE/COPASA

(3)

Não 7 (33,3) 101 (64,3) Sim 14 (66,7) 56 (35,7) 0,006

1 0,27 (0,1 - 0,8)

História familiar de infecção por S. mansoni

(3)

Não 9 (42,9) 29 (18,0) Sim 12 (57,1) 132 (82,0) 0,008

1 0,29 (0,1 - 0,9)

(1) 2 ; (2) Teste exato de Fischer

(3) Excluídos os indivíduos sem informação

42

Tabela 11 – Relação dos fatores de risco entre os indivíduos infectados por S. mansoni no distrito de Córrego do Melquíades, município de Governador Valadares,Minas Gerais, 2009

Córrego do Melquíades (n=188) N (%)

Valor de p OR (IC a 95%)

Indivíduos infectados

Indivíduos não infectados

Idade < 20 anos 29 (48,3) 38 (29,7) >20 anos 31 (51,7) 90 (70,3) 0,013

1 2,22 (0,2 – 0,9)

Banheiro no domicílio

(3)

Não 1 (1,7) 16 (12,6) Sim 58 (98,3) 111 (87,4) 0.016 0,11 (0,1 – 0,9)

Destino dos dejetos

Fossa 53 (98,2) 98 (85,2) 0,011(1)

0,11 (0 – 0,8)

Usa água da cisterna

(3)

Não 16 (27,1) 60 (47,2) Sim 43 (72,9) 67 (52,8)

0,009

1 0,41 (0,2 - 0,8)

Infecção: Helmintos 14 (23,3) 10 (7,8) 0,003

1 3,59 (1,5 - 8,9)

Protozoários 16 (26,7) 33 (25,8) 0,8971 1,04 (0,5 - 2,1)

Já ouviu falar de esquistossomose

(3)

Não 8 (13,6) 5 (3,9) Sim 51 (86,4) 122 (96,1) 0,017

2 0,26 (0.1 – 0,8)

(1) 2 ; (2) Teste exato de Fischer

(3) Excluídos os indivíduos sem informação

43

6 DISCUSSÃO

6.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS

Os distritos de Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades são

conhecidos como endêmicos para esquistossomose, entretanto não se tinha

informação sobre a real distribuição da doença nos dias atuais. O estudo

desenvolvido permitiu avaliar as taxas de prevalência de infecção por S. mansoni

nos dois distritos (12,5% em Córrego do Bernardo e 31,9% em Córrego do

Melquíades). Dessa forma, observou-se que CB pode ser caracterizado como área

de média prevalência porém tendendo para baixa prevalência. No entanto, em

Córrego do Melquíades ainda registra-se um número considerável de casos, apesar

da intensidade de infecção ser baixa na maioria dos indivíduos. Portanto este distrito

pode ser caracterizado como uma área de média prevalência.

Várias pesquisas já foram realizadas nestas áreas, sobretudo para avaliar a

resposta imune do hospedeiro frente à doença (ALVES-OLIVEIRA et al., 1993;

GAZZINELLI et al., 1992; WEBSTER et al., 1997; BETHONY et al., 2001; SILVEIRA

et al., 2002). Sabe-se que na condução de algumas pesquisas imunológicas é

necessário definir quais são os indivíduos resistentes e susceptíveis à infecção por

S. mansoni. (DUNNE, 1998). Estudos de base populacional são importantes para

avaliar a extensão dos problemas de saúde em uma população e identificar fatores

de riscos que influenciam a dinâmica das doenças contribuindo para uma análise

mais criteriosa dos aspectos envolvidos na resistência e susceptibilidade à infecção

(FLETCHER; FLETCHER, 2006).

Assim, o presente estudo permitiu por meio da caracterização da população,

estimar a prevalência da esquistossomose, bem como identificar os fatores de riscos

envolvidos na infecção por S. mansoni nestes dois distritos. Dessa forma, os

resultados desta pesquisa servirão de subsídio para estudos imunológicos (em

andamento) que visam identificar marcadores de resistência e susceptibilidade à

esquistossomose.

Vale ressaltar, que os resultados obtidos neste estudo possuem validade

externa, considerando o delineamento metodológico proposto (estudo amostral

44

acompanhados de processo de seleção de indivíduos). Portanto os resultados

podem ser extrapolados para a população dos dois distritos.

As características socioeconômicas da população deste estudo assemelham-

se às descrições comumente encontradas nas áreas endêmicas para

esquistossomose (JESUS, 1998; MOIRA et al., 2010; PEREIRA et al., 2010). Assim

como em outras áreas rurais, a população amostrada é composta principalmente por

estudantes ou trabalhadores rurais, cuja renda familiar variou de um a três salários

mínimos. Nos distritos de CB e MQ, é comum a agricultura de subsistência,

principalmente com o cultivo de milho, feijão e mandioca. Embora a plantação de

arroz não seja, atualmente, uma das atividades mais expressivas nestes distritos,

observou-se que a proporção de pessoas que já cultivaram arroz, em Córrego do

Melquíades foi maior que em Córrego do Bernardo (p=0,000). É interessante notar

que em publicações anteriores foi registrado que a plantação de arroz era uma

prática constante, sobretudo em MQ. (BETHONY et al., 2004).

É comum encontrar associação entre atividades ocupacionais e infecção por

S. mansoni, principalmente em relação às atividades agrícolas, como ocorre no

cultivo de arroz. A rizicultura é considerada uma atividade de risco para a infecção

pois durante o plantio é necessário que o indivíduo fique em contato com água

contaminada por um tempo prolongado (BETHONY et al., 2004; GAZZINELLI et al.,

2001). Reforçando o caráter íntimo da relação entre a esquistossomose e a

rizicultura, Kazura et al. (1985), compararam as taxas de prevalência e a intensidade

de infecção entre duas cidades (Balama e Gbarta, Libéria) que apresentavam

características distintas quanto ao cultivo de arroz. A primeira localidade era

conhecida pela presença marcante das lavouras de arroz, o que não ocorria em

Gbarta. Assim, estes autores verificaram que a prevalência da infecção por S.

mansoni e S. haematobium na cidade de Balama era significativamente superior à

outra localidade, podendo desta forma associar a infecção ao cultivo de arroz.

Ainda relacionando a esquistossomose às atividades rurais, no estudo clínico-

epidemiológio, conduzido por Guimarães et al. (1985), foi observado que a chance

de infecção por S. mansoni era maior nos trabalhadores rurais que residiam em

casas de pior qualidade e por isso dependiam da água do córrego para as

necessidades diárias com maior freqüência. Assim, percebe-se que as maiores

chances de infecção por S. mansoni entre trabalhadores rurais estão relacionadas à

45

exposição corporal prolongada a água contaminada durante a realização de suas

atividades.

Em relação às características socioeconômicas encontradas, as condições de

moradia dos participantes eram relativamente adequadas, considerando que todas

as casas tinham energia elétrica e a maioria tinha banheiro. Porém, no que se refere

ao fornecimento de água tratada, menos da metade das casas em CB e MQ

contavam com abastecimento público. A maioria das casas utilizava água de

cisterna, poço, nascente ou mina. Na pesquisa realizada por Lima e Costa et al.

(1994), foi verificada a associação entre essa variável e a infecção por S. mansoni.

Na ocasião, estes autores concluíram que a situação sócio-econômica precária da

família, a falta de abastecimento de água no domicílio e o hábito de tomar banho nos

córregos estavam fortemente correlacionados ao risco de contrair a doença,

aumentando, inclusive, o número de casos da forma hepatoesplênica em crianças.

Foi constatado, neste estudo, que o baixo nível sócio-econômico da família

combinado à ausência de água tratada no domicílio aumentava a freqüência do

contato com a água potencialmente contaminada e por conseqüência o risco de

infecção por S. mansoni.

Dentro deste contexto, os principais motivos de contato com água do córrego

relatados, em CB e MQ foram atividades relacionadas ao trabalho, ao serviço

doméstico e ao lazer. Destaca-se que em MQ, a proporção de indivíduos que

afirmaram utilizar a água do córrego para tais atividades foi maior quando

comparada à do Córrego do Bernardo (p<0,0052). Massara, et al (2004a)

encontraram resultados semelhantes em relação ao padrão de contato com água.

Em Jaboticatubas, Minas Gerais, outra região endêmica para esquistossomose,

estes autores verificaram que as atividades de nadar, pescar, irrigar a plantação e

lavar vasilhas estavam fortemente associadas à infecção por S. mansoni. Concluí-se

mais uma vez que o risco de infecção aumenta à medida que o contato com água

contaminada é mais freqüente.

Avaliando a situação da esquistossomose antes do inquérito populacional,

observa-se que a doença já ocorria nestes distritos há vários anos, principalmente

em MQ, onde o número de relatos de infecções anteriores foi significativamente

maior quando comparado à CB. No entanto, a confiabilidade deste resultado pode

ser questionada, uma vez que os dados obtidos pelo inquérito, foram baseados em

relatos de situações que ocorreram há vários anos (viés de memória).

46

6.2 PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO

Córrego do Bernardo apresentou uma média prevalência da doença tendendo

para baixa (12,5%), enquanto Córrego do Melquíades (31,9%) possui ainda uma

prevalência moderada (BRASIL, 1998). Comparando estes resultados com estudos

anteriores, conduzidos nessas mesmas áreas, observou-se uma redução nas taxas

de prevalência da doença, visto que nas primeiras pesquisas realizadas as

prevalências em CB e MQ eram de 67,7% e 62%, respectivamente (ALVES-

OLIVEIRA et al., 1993; GAZZINELLI et al., 1992; WEBSTER et al., 1997; BETHONY

et al,, 2001; SILVEIRA et al., 2002; ABREU, 2010).

Entre os fatores que podem estar envolvidos na distribuição da infecção em

CB e MQ, destacam-se as várias intervenções realizadas por grupos de

pesquisadores da Univale, CPqRR e pelo Programa de Controle de

Esquistossomose do Ministério da Saúde. Vale ressaltar que nesta época, as

intervenções envolviam o levantamento parasitológico seguido do tratamento de

toda a população residente quando as taxas de infecção eram superiores a 50%.

(BRASIL, 1998; WHO, 1993)

Além disso, acredita-se que a melhoria das condições de moradia, o

saneamento e o acesso aos serviços de saúde constatados nessas localidades,

possam ter contribuído para o controle da infecção. A importância do acesso a água

tratada e saneamento básico na redução da prevalência e controle da

esquistossomose são discutidos em outros estudos. Na pesquisa conduzida em

Capitão Andrade, por Conceição e Borges-Pereira (2002), foi observado que em um

período de 21 anos houve redução na prevalência da esquistossomose (60.8% em

1973; 32.2% em 1984, e 27.3% em 1994). Esses resultados foram atribuídos ao

tratamento inicial dos indivíduos infectados, além do maior fornecimento de água

tratada à população.

A intensidade de infecção encontrada, em nosso estudo, foi considerada

baixa, uma vez que a maioria dos indivíduos infectados apresentou uma contagem

inferior a 100 ovos por grama de fezes. Acredita-se que além da melhoria das

condições de vida da população e às várias intervenções realizadas, outros fatores

47

podem estar envolvidos na redução da intensidade de infecção (PRATA, 2004). A

esse respeito, pode-se mencionar a participação de fatores genéticos dos indivíduos

residentes em áreas endêmicas (BETHONY et al., 2002). Nesse sentido, estudos já

demonstraram que existe no cromossomo humano o “gene de resistência”. Dessa

forma, pesquisas que avaliam a existência de genes que codificam a expressão de

proteínas do tipo citocinas, anticorpos, MHCII e HLA, diretamente relacionados com

a resposta imune do hospedeiro, podem contribuir para o perfil de resistência ou

susceptibilidade à infecção (RODRIGUES JÚNIOR, 1997; BETHONY et al.,1999).

Além disso, acredita-se que indivíduos continuamente expostos ao parasito possam

desenvolver resposta imunológica caracterizada por altos níveis de isotipos e

interleucinas protetores para a doença (DUNNE, 1998).

É interessante notar que a intensidade de infecção em MQ foi

significativamente maior quando comparada ao distrito de CB. Uma explicação para

esta diferença pode ser dada pelos relatos de maior utilização da água do córrego

em Melquíades. Diversos estudos descrevem uma forte relação entre intensidade de

infecção e contato com água. Reforçando esta idéia, Barbosa e Barbosa (1998),

verificaram em Pernambuco que a intensidade de infecção aumentava à medida que

os contatos com águas contaminadas eram mais frequentes.

A presença de infecção por S. mansoni e a coinfecção por outras parasitoses

(helmintos e/ou protozoários) foram evidenciadas neste estudo. Observou-se que

20,8% e 41,7% dos indivíduos estavam co-infectados em CB e MQ,

respectivamente. Porém, somente neste último distrito houve associação entre

infecção por S. mansoni e infecção por outros helmintos. Neste sentido, Buck, et al

(1978) apud Tchuem Tchuente et al (2003) afirmam que o poliparasitismo em áreas

tropicais é muito comum. Já Petney e Andrews (1998) apud Oliveira (2006) reforçam

a idéia de que em áreas endêmicas para esquistossomose, frequentemente existe a

possibilidade de coinfecção por outros helmintos. Assim, Fleming et al (2006)

evidenciaram no estudo seccional realizado em Americaninha, Minas Gerais que

60,6% dos indivíduos possuíam infecções mistas por helmintos e a análise

multivariada indicou uma associação positiva para coinfecção de geohelmintos

(ancilostomídeos) e S. mansoni.

Estudos mais aprofundados sobre poliparasitismo precisam ser realizados.

Sabe-se que em alguns casos pode existir uma relação de sinergismo ou de

antagonismo entre diferentes parasitos. A este exemplo, alguns autores apontam o

48

sinergismo entre N. americanus e S. mansoni, onde acredita-se que esta coinfecção

possa induzir um aumento na intensidade de infecção destes parasitos (FLEMING et

al., 2006). Por outro lado, percebe-se uma interação negativa (antagonismo) na

coinfecção entre S. mansoni e A. lumbricoides, onde são evidenciadas menores

prevalências desta associação de helmintos e reduzida intensidade de infecção por

S. mansoni em populações de áreas endêmicas (TCHUEM TCHUENTE et al., 2003;

FLEMING et al., 2006).

Geiger (2008), afirma que situações de coinfecção são comuns devido às

condições ambientais que favorecem o ciclo de transmissão e sobrevivência dos

parasitos. Além disso, o acesso restrito à água tratada, baixos padrões de higiene,

condições socioeconômicas precárias e predisposição do indivíduo podem contribuir

para o poliparasitismo.

Variáveis demográficas associadas à infecção foram analisadas. Pode-se

notar que em CB os homens apresentaram maior chance de infecção quando

comparados às mulheres (OR= 3,89). Esse resultado assemelha-se a outros

estudos que apontam que os indivíduos do gênero masculino apresentam maior

risco de se infectar pelo S. mansoni (ROQUE; KANAMURA, 2006; ENK, 2007; ENK

et al., 2010). Corroborando com esse achado, Hammad, et al (1997) também

verificaram maior chance de infecção entre os homens (OR= 2,33). Da mesma forma

Sow et al (2011), encontraram uma proporção maior de homens infectados em

Nbombo, Senegal, onde o estudo avaliou o padrão de contato com a água entre os

gêneros.

Cabe ressaltar que não há um consenso na literatura quanto à distribuição da

doença entre homens e mulheres. No entanto, algumas correntes afirmam que

determinados fatores contribuem para uma maior susceptibilidade dos homens à

infecção. Dentre estes, as atividades na agricultura, comumente desenvolvidas por

homens nas áreas rurais que aumentam a exposição ao parasito, devido ao contato

prolongado com águas de córregos (GAZZINELLI et al., 2001; KLOSS et al., 2008;

SOW et al., 2011).

Do mesmo modo, a idade representou um fator de risco para a doença em

MQ, tendo em vista que a chance de infecção foi maior entre os indivíduos jovens.

Vários estudos confirmam que o pico de infecção ocorre entre 10 e 19 anos de idade

(PEREIRA et al., 2010; SOW et al., 2011). Autores afirmam que este fato pode estar

relacionado ao hábito comum dos jovens em utilizar a água do córrego para

49

atividades de lazer (ENK et al., 2010; SOW et al., 2011). Outros pesquisadores

descrevem a imunidade desenvolvida pelos adultos contra este parasito, conhecida

como imunidade adquirida com a idade, como moduladora da infecção

(KABATEREINE et al., 1999, TCHUEM TCHUENTE et al., 2003).

Assim como evidenciado em outros estudos, o abastecimento público de

água, o uso de cisternas e presença de fossa no domicílio representaram fator de

proteção para a doença. Coura-Filho et al. (1995), encontraram resultados

semelhantes em Ravenópolis, cuja principal fonte de água era cisterna, que capta

água de lençóis freáticos, sem chances de ter caramujos infectados. Além disso, a

presença de fossa favorece a diminuição da contaminação das coleções hídricas

peridomiciliares, forma freqüente de transmissão da esquistossomose em diversas

áreas.

Por outro lado, quanto pior as condições de saneamento maiores são as

chances de infecção pelo S mansoni. Confirmando este achado, Rollemberg et al.,

(2011) relacionaram a prevalência da esquistossomose nos municípios de Sergipe

com indicadores socioeconômicos. Dessa forma, verificaram que as taxas de

prevalência eram maiores nos municípios que apresentavam piores Índices de

Situação de Higiene (índice da Superintendência de Recursos Hídricos que mede a

situação da rede de esgoto dos municípios). Assim, mais uma vez, chama-se a

atenção para a importância do saneamento básico no controle da doença.

Em nosso estudo não foi possível estabelecer associação entre a utilização

da água do córrego e a infecção por S. mansoni, em ambos os distritos. Ressalta-se

que nesta pesquisa, o padrão de contato com a água potencialmente contaminada

foi obtido somente pela aplicação de questionário com entrevista face a face, onde

os indivíduos relatavam os motivos para a utilização da água do córrego. Além

disso, trata-se de um estudo seccional, que pretende avaliar as condições de saúde

dos indivíduos e possíveis fatores de risco associados em um recorte do tempo.

Estudos apontam que a aplicação de questionário sem associação de outro método

para avaliar o padrão do contato com água pode não fornecer resultados acurados

dos níveis de exposição ao parasito. Nesse sentido, Friedman, et al. (2001)

compararam os resultados da frequência de contato com a água do córrego obtidos

por relato dos indivíduos com os resultados de observações e verificaram que uma

única forma de abordagem pode não fornecer resultados suficientes para avaliar

efetivamente a exposição dos indivíduos às águas potencialmente contaminadas

50

com S. mansoni. Do mesmo modo, Payne, et al, 2006 afirmaram que é necessário

associar aos relatos outros métodos de investigação, como por exemplo, a

observação direta.

Outro resultado desta pesquisa foi a história familiar e o conhecimento sobre

a doença como fator de proteção para infecção por S. mansoni. A proporção de

indivíduos não infectados por S. mansoni com relatos de história da doença na

família (82% em CB) ou que possuíam algum conhecimento sobre a mesma (96,1%

em MQ), foi significativamente maior quando comparado aos indivíduos infectados.

Neste sentido, Gomes dos Santos, et al. (1993) e Schall et al. (1993) evidenciaram

uma redução de aproximadamente 10,0% na taxa de prevalência após um ano de

implementação de práticas de educação em saúde em escolas públicas da periferia

de Belo Horizonte. A esse respeito, Massara e Schall (2004b) descrevem em seu

estudo a importância da educação em saúde para a prevenção contra a doença.

Estes autores salientam que além das práticas de educação em saúde conduzidos

por professores ou profissionais de saúde, a educação informal também tem grande

importância no controle da esquistossomose, pois parte do conhecimento sobre a

doença e suas formas de prevenção são obtidas pelo convívio com familiares.

A ausência de associação entre as demais variáveis sócio-demográficas e a

infecção pode ser explicada pela uniformidade nas condições de vida entre os

moradores da comunidade estudada: baixa renda familiar, falta de qualificação

profissional dos chefes de família, precariedade das moradias, ausência de água

encanada e esgoto (MOZA et al., 1998). Sob tais condições, a infecção por

S.mansoni tende a se distribuir mais uniformemente entre seus habitantes (COSTA,

1983). Assim, são necessários outros estudos com uma amostra populacional maior

para reavaliar as variáveis reconhecidas como importantes para o ciclo de

transmissão.

51

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As taxas de prevalência de infecção por S. mansoni foram 12,5% e 31,9% em

Córrego do Bernardo e Córrego do Melquíades, respectivamente. Embora o estudo

proposto tenha limitações em apontar as causas relacionadas à distribuição da

doença, pode-se perceber, por meio do delineamento epidemiológico adotado, que

fatores socioambientais contribuem fortemente para a manutenção do ciclo de

transmissão da esquistossomose nestas regiões.

Assim, para que haja uma redução efetiva das taxas de prevalência nestes

distritos é necessário intervir nos determinantes bioecológico, socioecológico e

cultural, trabalhando junto à população ações que visem não somente ao

tratamento, mas também educação e melhorias na qualidade de vida.

É importante salientar que estas atividades produzem melhores resultados

quando realizadas em conjunto, uma vez que a implementação de somente um tipo

de intervenção poderá apresentar resultados positivos focais, porém sem

sustentabilidade a longo prazo.

Além disso, pesquisas ainda são necessárias para elucidar os mecanismos

envolvidos na refratariedade e susceptibilidade à infecção pelo S. mansoni, que

possam contribuir de maneira concreta para a introdução de outras formas de

prevenção, como por exemplo, a descoberta de vacinas eficazes contra a

esquistossomose.

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60

uma revisão de literatura. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 17, n. 3, p. 163-175, jul./set. 2008. PRATA, A. The Role of the Scientific Research in the Control of Schistosomiasis in Endemic Areas. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, vol. 99 (Suppl. I), p. 5-11, 2004 QUININO, L. R. de M.; COSTA, J. M. B. S.; AGUIAR, L. R.; WANDERLEY, T. N. G.; BARBOSA, S. C. Avaliação das atividades de rotina do Programa de Controle da Esquistossomose em municípios da Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, entre 2003 e 2005. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 18, n. 4, p. 335-343, out./dez. 2009. REIS, F. R. dos; BRITO, J. C. de F.; COSTA, M. do D. L.; SOUSA, A. B. L. de; QUEIROZ, R. B.; SILVA, J. A. G. da. Síndrome de Brown-Séquard na esquistossomose relato de caso. Arq. Neuropsiquiat., v.51, n. 2, p. 281-284, 1993. RODRIGUES JUNIOR, V. Localizando o gene de resistência da esquistossomose. França-Flash Saúde, n.10, p. 2, jan-mar, 1997. ROLLEMBERG, C. V. V.; SANTOS, C. M. B.; SILVA, M. M. B. L.; SOUZA, A. M. B.; SILVA, Â. M. da; ALMEIDA, J. A. P. de; ALMEIDA, R. P. de; JESUS, A. R. de. Aspectos epidemiológicos e distribuição geográfca da esquistossomose e geo-helmintos, no Estado de Sergipe, de acordo com os dados do Programa de Controle da Esquistossomose. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 4, n. 1, p. 91-96, jan-fev, 2011. SCHALL, V. T.; DIAS, Â. G. P.; MALAQUIAS, M. L. G.; GOMES DOS SANTOS, M. Educação em saúde em escolas pública de 1º grau da periferia de Belo Horizonte, MG, Brasil: I - avaliação de um programa relativo à esquistossomose. Rev. Inst. Med. Trop, São Paulo, v.35, n. 6, p. 563-572, 1993.

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61

SILVEIRA, A. M. S.; BETHONY, J. GAZZINELLI, A. KLOOS, H.; FRAGA, L. A. O.; ALVARES, M. C, B,; PRATA, A.; GUERRA, H. L.; LoVERDE, P. T.; CORREA-OLIVEIRA, R. High levels of IgG4 to Schistosoma mansoni egg antigens in individuals with periportal fibrosis. Am. J. Trop. Med. Hyg. v. 66, n. 5, p. 542-9, may 2002. SOW, S.; VLAS, S. J. de; STELMA, F.; VEREECKEN, K.; GRYSEELS, B.; POLMAN, K. The Contribution of Water Contact Behavior to the High Schistosoma mansoni Infection Rates Observed in the Senegal River Basin. BMC Infectious Diseases, v. 11, p. 2-11, jul, 2011 TELES, H. M. S; FERREIRA, C. S.; CARVALHO, M. E. de; ZACHARIAS, F.; MAGALHÃES, L. A. Eficiência do diagnóstico coproscópico de Schistosoma mansoni em fezes prensadas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36, n. 4, p. 503-507, jul-ago, 2003. TCHUEM TCHUENTE, L. A.; BEHNKE, J. M.; GILBERT, F. S.; SOUTHGATE, V. R.; VERCRUYSSE, J. Polyparasitism with Schistosoma haematobium and soil-transmitted helminth infections among school children in Loum, Cameroon. Tropical Medicine and International Health, v. 8, n. 11, p. 975–986, nov. 2003. WEBSTER, M. CORREA-OLIVEIRA,R.; GAZZINELLI, G.; VIANA, I. R.C.; FRAGA, L.A.O.; SILVEIRA, A.M.S.; DUNNE, D.W. Factor affeting high an dlow human IgE response to schistosome worm antigens in an area of Brazil endemic foi Schistosoma mansoni an hookworm. Am. J. Trop. Med., v. 57, n. 4, p. 487-484, 1997 WILSON, M.S. MENTINK-KANE, M.M.; PESCE, J.T.; RAMALINGAN, T.R. THOMPSON, R. WYNN, T.A. Immunopahology of schistosomiasis. Imumunology and Cell Biology, n. 85 p. 148-154, 2007.

WHO - World Health Organization 1985. The control of Schistosomiasis. Geneva: WHO, 1985. (Thecnical reports series, 728)

62

ANEXOS

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

1 – Identificação do Responsável pela execução da pesquisa:

Título: O papel das proteases Sm31 e Sm32 na indução da imunidade à esquistossomose. Um

estudo de base populacional. Pesquisador Responsável: Profª. Drª. Lúcia Alves de Oliveira Fraga

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Imunologia: Profª. Drª. Lúcia Alves de Oliveira Fraga UNIVALE - Laboratório de Pesquisa em Imunologia

Rua Israel Pinheiro, 2000 – Campus Universitário/Bloco F13 Telefones: (33) 3279 5982 / 3279 5983

Comitê de Ética em Pesquisa Rua Israel Pinheiro, 2000 – Campus Universitário – Tel.: 3279 5575

Informações ao participante ou responsável:

1. Você está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre a doença esquistossomose também conhecida como xistosa que é uma doença causada por vermes que infectam as pessoas quando entram em contato com águas contaminadas. Esta doença, se não tratada, pode trazer conseqüências sérias como o crescimento do fígado e do baço. Atualmente já existem tratamentos eficazes contra ela, mas as pessoas podem pegá-la novamente com facilidade.

2. Você não é obrigado a fazer os exames. A recusa não lhe causará nenhum prejuízo. 3. A sua participação ou da pessoa sob sua responsabilidade não envolve risco de você

ficar doente ou de pegar alguma doença. 4. A sua participação ou da pessoa pelo qual você é responsável, como voluntário, não lhe

conferirá nenhum privilégio, seja ele de caráter financeiro ou de qualquer natureza. 5. Durante o exame clínico, o médico fará perguntas a respeito da doença. Você poderá

recusar a responder qualquer pergunta que por ventura lhe causar algum constrangimento.

6. Além do exame médico, os pesquisadores farão perguntas sobre idade, local de moradia, tempo de moradia e se já realizou alguma vez tratamento para xistosa.

7. O sangue também será utilizado para a realização de testes como por exemplo o teste de ELISA para medir anticorpos e outras substâncias presentes no sangue como as citocinas. Estes testes serão realizados no laboratório e para isso será necessário a coleta de 30 ml de sangue.

8. O sangue será coletado por profissional treinado. Todo o material utilizado para a coleta é estéril e descartável e será utilizado apenas uma única vez, portanto, não há risco de contaminação. A coleta de sangue causa leve dor local, podendo em alguns casos levar a formação de pequenos hematomas locais e discreto sangramento.

9. Os indivíduos receberão tratamento gratuito para a esquistossomose e outras verminoses.

10. Os exames parasitológicos de fezes, exame clínico e ultrasonográfico serão realizados sem nenhum custo para o paciente. Caso haja necessidade, o paciente poderá ser encaminhado para tratamento hospitalar.

11. Serão garantidos o sigilo e privacidade das informações, sendo reservado ao participante ou seu responsável o direito de omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-lo.

12. Na apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos participantes ou da pessoa pela qual você é responsável.

64

Se você concordar em participar do estudo assine seu nome abaixo. Se o paciente for menor de idade, o responsável deverá assinar o termo de consentimento por ele (a).

ASSINATURA DOS INTEGRANTES DA FAMÍLIA – PSF Nº _______________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Nome do Participante: _______________________________________________ ID ______

Assinatura: ________________________________________________________________

Responsável (se necessário):__________________________________________________

Pesquisador: Dra Lúcia Alves de Oliveira Fraga:___________________________________

DATA : ___/___/___

65

ANEXO B – Entrevista individual

Identificação Codificação

(não preencher)

1.Distrito: ___________________________________ 1.DISTRITO ______

2. Data da Entrevista: ____/____/____ 2- DATAENTR

___/___/___

3.Nome: ______________________________________________ ID ____ ____

____

3.ID ____ ____ ____

4. Identificação da família (PSF): ___ ___ ___ 4. FAM ___ ___ ___

5. Gênero 1( ) Masc 2 ( )Fem 5. GÊNERO ____

6. Data de nascimento: ____/____/____ 6. DATANASC

____/____/____

7. Idade (anos completos) 7. IDADE _____

8. Cor da pele (informada): 8. COR _____

1 ( ) negra 2 ( ) morena 3 ( ) parda 4 ( ) branca

Características Sociais

9. Até que série o sr(a) estudou? (circular o último ano completo) 9. SERIE _____

1 ( ) curso superior: 1 2 3 4 5 6 9a. ANOESCO _____

2 ( ) 2º grau: 1 2 3

3 ( ) 1º grau: 1 2 3 4 5 6 7 8 9

4 ( ) nunca estudou

10. Qual é sua ocupação? 10. OCUPAP _____

OCUPAS _____

1 ( ) Trabalhador rural - Tipo de cultura: ______________________________ 10a. MILHO _____

2 ( ) Serviços domésticos 10b.FEIJAO _____

3 ( ) Serviços de nível médio ou especializado (comércio, funcionário da

prefeitura, agente de saúde, técnico, professor

10c.ARROZ _____

4 ( ) Aposentado ou Pensionista 10d. MANDIOCA

_____

5 ( ) Estudante 10e. HORTA _____

6 ( ) Não tem trabalho 10f. PASTAG _____

11. Você já trabalhou com plantação de arroz? 10g. TRABAROZ

_____

0 ( ) Não 1 ( ) Sim 8 ( ) NA

66

ID ___ ___ ___ Caracteristicas da casa

12. Há quanto tempo você mora em <Córrego do Melquíadesou Corrego do

Bernardo>?

12. ANOSMORA _____

_____ anos

Hábitos

13. Onde você faz suas necessidades? 13. FAZNECES _____

0 ( ) Banheiro ou privada

1 ( ) Mato – Ir para a questão 15

2 ( ) Beira do córrego - Ir para a questão 15

14. Para onde vão as fezes? 14. ONDFEZES _____

0 ( ) Diretamente ligado á fossa 1 ( ) córrego

2 ( ) Esgoto a céu aberto 8 ( ) NA

15. Pra que você usa a água do córrego ?

(Após a resposta espontânea, perguntar sobre cada uma das atividades)

a. ( ) Lavar roupa 15a. LAVAROUP _____

b. ( )Lavar vasilha 15b. LAVAVASI _____

c. ( )Tomar banho 15c. BANHO _____

d. ( ) Nadar, refrescar 15d. NADAR _____

e. ( ) Pescar 15e. PESCAR

_____

f. ( ) Buscar água para a casa 15f. BUSCAGUA _____

g. ( ) Agricultura 15g. AGRICUL _____

h. ( ) Aguar plantas ou horta 15h. AGUAORTA _____

i. ( ) Brincar 15i. BRINCAR _____

j. ( ) Lavar curral, chiqueiro 15j. LAVARCUR _____

k. ( ) Trabalhar nas valas (rego, canal) 15k. TRABVALAS

_____

l. ( ) Outros ______________________________________________ 15l. OTROAGUA _____

Sobre a doença

16.Você já fez exame de fezes alguma vez? 16. FEZEXAME _____

0 ( ) Não Vá para 22

1 ( ) Sim

67

ID ___ ___ ___ 17a. Algum exame deu positivo para xistose ?

1 ( ) Sim 17b . Quantas vezes? ______ 17a. DEUPOSIT _____

0 ( ) Não Vá para 22 17b. QTAVEZES _____

9 ( ) Não sabe Vá para 22

18. Qual foi a última vez que teve xistose? Há ........ anos 18. ULTXISTO _____

19. O que você sentiu quando teve xistose? Resposta espontânea

a ( ) Dor na barriga (cólica abdominal) 19a. COLICA_____

b ( ) Fraqueza, desanimo 19b. FRAQUEZA_____

c ( ) Mal estar, indisposição 19c. MALESTAR_____

d ( ) Dor nas pernas 19d. DORPERNA_____

e ( ) Dor de cabeça 19e. DORCABCA_____

f ( ) Evacuou sangue 19f. EVACSANG_____

g ( ) Outro 19g.OUTRSINT______

20a.Como você tratou a xistose?

0 ( ) Não tratou

1 ( ) tomou comprimido 20a. COMOTRAT_____

2 ( ) remédio caseiro.

20b. Qual? 1( ) Raiz 2( ) doce de mastruz-erva de Santa Maria 3( )

semente de abóbora 4( ) semente de mamão 5( ) outro

_______________________

3 ( ) tomou comprimido e remédio caseiro 20b.CASEIRO1____

21. Quem forneceu o medicamento?

a ( ) SUCAM (FUNASA) 21a. SUCAM _____

b ( ) Prefeitura, Hospital, Centro de Saúde, Posto de Saúde 21b. SMS _____

c ( ) Farmácia 21c. FARMA _____

d ( ) Pesquisa da FIOCRUZ/UNIVALE 21d. UNIVALE _____

22. Entrevista Concluída: 1 ( ) Sim 0 ( ) Não 22.ENTCONC________

Se não Concluída, por quê ? ___________________________________________

23. Respondeu a entrevista: 1 ( ) Participante 0 ( ) Responsável 23.RESPO______

24. Entrevistador: _____________________________ 24. ENTREVIS _____

9 NR 8 NA

68

ANEXO C – Entrevista domiciliar

Identificação

Codificação

(não preencher)

1.Distrito: ___________________________________ 1.DISTRITO ______

2. Data da Entrevista: ____/____/____ 2- DATAENTR

___/___/___

3. Identificação da família (PSF): ___ ___ ___ 3. FAM ___ ___ ___

Parentesco

Nome do Pai: _________________________________________ ( __________ ) ID _____

Nome da mãe: _______________________________________ ( __________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: ______________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (__________ ) ID _____

Nome: _____________________________________________ (___________ ) ID _____

4.Quantas pessoas moram na sua casa? _____ 4. QUAMORAM _____

5. De quanto é a renda da família? 5. RENDAFAM _____

1 ( ) menos de 1 salário mínimo: menos de R$ 465,00

2 ( ) 1 a 2 salários mínimos: R$ 465,00 a R$930,00

3 ( ) mais de 2 a 3 salários mínimos: mais de R$930,00 a R$1.395,00

4 ( ) mais de 3 salários mínimos: mais de R$1.395,00

69

FAM ___ ___ ___ Caracteristicas da casa

6. Quantos cômodos tem sua casa? _____ 6. COMODOS _____

Observações do entrevistador:

7. Tipo de parede (Material de construção predominante) 7. PAREDE _____

1 ( ) alvenaria

2 ( ) tijolo de adobe

3 ( ) pau a pique (enchimento)

4 ( ) madeira

5 ( ) Material aproveitado

6 ( ) Misto (sem predominância):__________________________________

8. Tipo de teto predominante 8. TETO _____

1 ( ) telha de barro

2 ( ) telha de amianto (eternit)

3 ( ) palha (capim)

4 ( ) material aproveitado

5 ( ) Misto (sem predominância): __________________________________

6 ( ) Lage

9. Tipo de piso 9. PISO _____

1 ( ) Chão batido

2 ( ) Cimento queimado

3 ( ) Cerâmica, lajota, ardósia

4 ( ) Misto (sem predominância)

10. Na sua casa tem luz elétrica?

0 ( ) Não 1 ( ) Sim 10. LUZ _____

11. Na sua casa tem banheiro ou privada? 0 ( ) Não 1 ( ) Sim 11. BANHEIRO _____

12. De onde vem a água que vocês usam na sua casa? 12

0 ( ) Rede do SAAE ou COPASA .SAAE _____

1 ( ) Cisterna ou poço CISTERNA _____

2 ( ) Nascente, mina NASCENTE _____

3 ( ) Córrego, rio DOCORREG_____

70

FAM ___ ___ ___ Sobre a doença

13. Alguém da sua casa já teve xistose?

0 ( ) Não Ir para a questão 15 13. CASAXIST _____

1 ( ) Sim

9 ( ) NS Ir para a questão 15

14. Quantas pessoas?

a ( ) Criança (0-11anos) (Assinalar o número de pessoas nos parênteses) 14a .CRIANCA _____

b ( ) Adolescente (12-19 anos) 14b.ADOLESC _____

c ( ) Adulto (20-59 anos) 14c.ADULTO _____

d ( ) Idoso (>60anos) 14d.IDOSO _____

15. Vocês já tinham ouvido falar de xistose antes dessa pesquisa? 15. OUVXISTO _____

0 ( ) Não – Ir para a questão 19

1 ( ) Sim

16.Vocês sabem como pega a xistose? Aceita mais de uma opção

a ( ) Caramujo 16a. CARAMU ______

b ( ) Pela água 16b. AGUA _____

c ( ) Fezes 16c. FEZES _____

d ( ) Pele 16d. PELE _____

e ( ) Outro _____________________ 16e. OUTRO _____

Caso ninguém da família responda “caramujo” ir para questão 19

17. Vocês conhecem o caramujo que transmite a xistose? 17. CONHCARA _____

0 ( ) Não

9 ( ) NR

8 ( ) NA

1 ( ) Sim Apresentar o mostruário:

18. Vocês sabem qual desses caramujos transmite a Xistose?

0 ( ) Ninguém reconhece o transmissor

1 ( ) Alguém da família reconhece o transmissor

18.RECONHEC _____

19. Apontar a Biomphalaria e perguntar: Vocês já viram desse caramujo por aqui?

1 ( ) Sim 0 ( ) Não Ir para a questão 21 19.VIUCARA _____

8 ( ) NA 9 ( ) NR/NS

71

FAM ___ ___ ___

20. Onde?

a ( ) Rio, Córrego 20a..CORREG______

b ( ) Vala 20b.VALA________

c ( ) Outro ___________________________ 20c.OUTRLOCA______

21. Entrevista Concluída: 1 ( ) Sim 0 ( ) Não 21.ENTCONC________

Se não Concluída, por quê ? __________________________________________________

_________________________________________________________________________

22. Respondeu a entrevista: ___________________________________________ ID _____ 22.RESPO______

23. Entrevistador: _____________________________

23. ENTREVIS _____

72

ANEXO D – Banco Epi data Banco individual

Banco domiciliar

73

ANEXO E - Relação dos fatores de risco entre os indivíduos infectados por S. mansoni no distrito de Córrego do Bernardo, Governador Valadares, 2009 Córrego do

Bernardo (n=192) Valor de p OR

(IC a 95%) Indivíduos

infectados N (%)

Indivíduos não infectados

Gênero

Masculino 17 (70,8) 63 (38,4) 3,89 (1.4 - 11.7) Feminino 7 (29,2) 101 (61,6) 0,003

1

Idade

< 20 anos 10 (47,6) 62 (38,0) >20 anos 11 (52,4) 101 (62,0) 0.397

1 0,67 (0,2 – 1,9)

Banheiro no domicílio

Não 2 (9,5) 11 (7,0) Sim 19 (90,5) 146 (93,0) 0,677

1 0,7 (0,1 – 7,1)

Faz uso do banheiro

Não 4 (19,1) 15 (9,20) Sim 17 (81,0%) 148 (90,8) 0,242

2 2,32 (0,5 - 8,4)

Destino dos dejetos

Fossa 17 (10,4) 146 (89,6) 1,0002 -

Córrego 0 3 (100,0) 1,0002 -

Faz as necessidades no mato

Não 16 (76,2) 143 (87,7) Sim 5 (23,8) 20 (12,3) 0,172

2 0,45 (0,1 -1,7)

Algum exame já deu positivo para esquistossomose

Não 9 (60,0) 101 (68,2) Sim 6 (40,0) 47 (31,8) 0,516

2 0,70 (0,2 - 2,5)

Abastecimento de água: SAAE/COPASA

Não 7 (33,3) 101 (64,3) Sim 14 (66,7) 56 (35,7) 0,006

1 0,27 (0,1 - 0,8)

Usa água da cisterna

Não 17 (81,0) 109 (69,4) Sim 4 (19,1) 48 (30,6) 0,320

2 1,87 (0,6 - 8,0)

Usa água da nascente

Não 07 (33,3) 70 (44,6) Sim 14 (66,7) 87 (55,4 0,359

2 1,61 (0,6 – 5,0)

Usa água do córrego

74

Não 20 (95,2) 141 (89,8) Sim 1 (4,8) 16 (10,2) 0,697

2 2,26 (0,3 - 99,8)

História familiar de infecção por S. mansoni

Não 9 (42,9) 29 (18,0) Sim 12 (57,1) 132 (82,0) 0,008

1 0,29 (0,1 - 0,9)

Contato com água do córrego

Não 11 (52,4) 99 (60,7) Sim 10 (47,6) 64 (39,3) 0,462

1 1,40 (0,5 - 3,9)

Motivos de contato

Lazer 7 (33,3) 44 (27,0) 0,606 2 1,35 (0,4 - 3,9)

Atividades domésticas

1 (4,8) 17 (10,4) 0,6992 0,43 (0,0 - 3,1)

Trabalho 3 (14,3) 16 (9,8) 0,4602 1,53 (0,3 - 6,1)

Co infecção por outras parasitoses

Não 19 (79,2) 121 (72,0) Sim 5 (20,8) 47(28,0) 0,625

2 0,68 (0,2 - 2,0)

Infecção:

Helmintos 3 (12,5) 27 (16,1) 1,0002 0,74 (0,1 – 2,77)

Protozoários 3 (12,5) 22 (13,1) 1,0002 0,94 (0,2 – 3,5)

Já ouviu falar de esquistossomose

Não 4 (19,0) 9 (5,6) Sim 17 (81,0) 153 (94,4) 0,046

2 4 (0,8 - 16,1)

1 – 2

2 – Teste exato de Fischer 3 - Excluídos os indivíduos sem informação

75

ANEXO F - Relação dos fatores de risco entre os indivíduos infectados por S. mansoni no distrito de Melquíades, Governador Valadares, 2009

Córrego do Melquíades(n=188) N (%)

Valor de p OR (IC a 95%)

Indivíduos infectados

Indivíduos não infectados

Gênero(3)

Masculino 32 (53,3) 63 (49,6) 0,86 (0,4 – 1,7) Feminino 28 (46,7) 64 (50,4) 0,634

1

Idade

(3)

< 20 anos 29 (48,3) 38 (29,7) >20 anos 31 (51,7) 90 (70,3) 0,013

1 2,22 (0,2 – 0,9)

Idade 27,6 ±21,0 39,0 (23,4)

Média ± DP 3-76 3-86 Min-Max 21 (9-44) 39 (15-59) 0,002

(4)

Mediana (1Q/3Q)

Banheiro no domicílio

(3)

Não 1 (1,7) 16 (12,6) Sim 58 (98,3) 111 (87,4) 0.016 0,11 (0,1 – 0,9)

Faz uso do banheiro

(3)

Não 7 (11,9) 13 (10,3) Sim 52 (88,1) 113 (89,7) 0,752

1 1,17 (0,4 - 3,4)

Destino dos dejetos

(3)

Fossa 53 (98,2) 98 (85,2) 0,011 0,11 (0 – 0,8) Córrego 1 (1,9) 15 (13,4) 0,020 0,12 (0 – 0,9)

Faz as necessidades no mato

(3)

Não 54 (91,5) 110 (87,3) Sim 5 (8,5) 16 (12,7) 0,465 1,57 (0,5 - 5,8)

Algum exame já deu positivo para esquistossomose

(3)

Não 17 (29,8) 39 (34,2) Sim 40 (70,2) 75 (65,8) 0,565

1 0,82 (0,4 - 1,7)

Abastecimento de água

(3)

SAAE/COPASA

Não 50 (84,7) 95 (74,8) 1,87 (0,8 - 4,8) Sim 9 (15,3) 32 (25,2) 0,128

1

Usa água da cisterna

(3)

Não 16 (27,1) 60 (47,2) Sim 43 (72,9) 67 (52,8)

0,009

1 0,41 (0,2 - 0,8)

76

Usa água da: Nascente

(3)

Não 49 (83,0) 99 (77,9) Sim 10 (17,0) 28 (22,1) 0,422

1 1,38 (0,6 - 3,5)

Usa a água do córrego

(3)

Não 59 (100,0) 122 (96,1) Sim 0 (0) 5 (3,9) 0,180

2 0

História familiar de infecção por S. mansoni

(3)

Não 2 (3,4) 13 (10,4) Sim 57 (96,6) 112 (89,6) 0,150

2 0,30 (0,3 - 1,4)

Contato com água do córrego

(3)

Não 20 (33,9) 53 (41,7) Sim 39 (66,1) 74 (58,3) 0,309

1 1,39 (0,7 - 2,7)

Motivos de contato

(3)

Lazer 29 (49,2) 58 (45,7) 0,6581 1,15 (0,6 - 2,1)

Atividades domésticas

22 (38,0) 33 (26,0) 0,1161 1,69 (0,9 - 3,3)

Trabalho 17 (28,8) 22 (17,3) 0,0731 1,93 (0,9 - 4,0)

Co infecção por outras parasitoses

Não 35 (58,3) 88 (68,7) Sim 25 (41,7) 40 (31,3) 0,162

1 1,57 (0,8 – 3,0)

Infecção:

Helmintos 14 (23,3) 10 (7,8) 0,0031 3,59 (1,5 - 8,9)

Protozoários 16 (26,7) 33 (25,8) 0,8971 1,04 (0,5 - 2,1)

Já ouviu falar de esquistossomose

(3)

Não 8 (13,6) 5 (3,9) Sim 51 (86,4) 96 (96,1) 0,027

2 0,26 (0.1 – 0,8)

1 – 2

2 – Teste exato de Fischer 3 - Excluídos os indivíduos sem informação

77

ANEXO G – ANAIS DO 8º SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVALE Prevalência da esquistossomose em áreas endêmicas do município de Governador Valadares, Minas Gerais: um estudo seccional

Érica Barbosa Magueta1, Denise Coelho1, Elizabeth Castro Moreno2, Lúcia Alves Oliveira Fraga1 Universidade Vale do Rio Doce1, Universidade Federal de Minas Gerais2

Palavras chave: esquistossomose. prevalência. área endêmica. Área do conhecimento: Doenças infecciosas e parasitárias. 4.01.01.09-6 Epidemiologia 4.06.01.00-5

Introdução: A esquistossomose mansônica é uma doença causada por trematódeos do

gênero Schistosoma. São conhecidas diferentes espécies deste parasita, sendo S.

haematobium, S. japonicum e o S. mansoni as principais espécies causadoras da doença

em humanos. Objetivos: O objetivo desta pesquisa foi estimar a prevalência atual da

esquistossomose e caracterizar a população de duas áreas endêmicas do município de

Governador Valadares, Minas Gerais. Método: Trata-se de um estudo seccional de base

populacional desenvolvida nos distritos de Córrego do Bernardo e Melquíades. Foram

elaborados questionários estruturados e pré-codificados, abordando características

individuais dos participantes e fichas domiciliares para identificar possíveis fatores de risco

associados à doença. A presença e número de ovos do parasito por grama de fezes foram

determinados através do método Kato-Katz. Resultado: Fizeram parte do estudo 117

famílias (59 em Córrego do Bernardo e 58 em Melquíades), 449 participantes (212 em

Córrego do Bernardo e 237 em Melquíades) e 382 amostras de fezes foram analisadas. A

prevalência da esquistossomose em Córrego do Bernardo foi estimada em 12,5% (IC95%

8,4-17,8%) e em Melquíades, 31,9% (25,3-38,5%). Sendo a prevalência em Melquíades

estatisticamente superior que Córrego do Bernardo. A razão da prevalência em Córrego do

Bernardo foi de 1:7 indicando que para cada 1 pessoa infectada pelo S. mansoni há 7

pessoas sem infecção. Por outro lado em Melquíades a razão da prevalência foi de 1:2,

indicando uma maior chance de infecção pela doença, nesta localidade. Os indivíduos

infectados possuíam uma carga parasitária considerada baixa nestas localidades, uma vez

que a contagem de ovos por grama (opg) de fezes foi inferior a 100 opg na maioria dos

casos (CB 3Q=36 e MQ 3Q=92). o se comparar esses distritos observou-se que a carga

parasitária em Melquíades foi significativamente superior a do C. do Bernardo (p<0,005).

Conclusão: Os determinantes socioambientais como a escassez de saneamento básico e o

hábito da utilização da água do córrego pelos moradores associados à presença do

hospedeiro intermediário contribuem para que a esquistossomose seja uma das parasitoses

mais freqüentes nestes distritos. Apoio: USUHS (EUA), FIOCRUZ/CNPq, UNIVALE.