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SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOS ANO XCIX | N.º 4786 | 14 DE MAIO DE 2020 | 0,75 € visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt O acolhimento, como expressão grande da caridade pastoral da e na comunidade cristã, é certamente um elemento que nos está muito presente, por constituir um dos seis dinamismos do plano pastoral diocesano que estamos a viver neste triénio. Certamente ninguém vai agradecer ao coronavírus no-lo ter vindo recordar, mas o acolhimento nas missas nesta situação confusa e em que previsivelmente não faltarão “pessoas difíceis” de acomodar às “regras” vai ser um bom teste à consciência que realmente criámos para este aspeto durante os três últimos anos. Ainda que, vale a pena lembrar, o dinamismo do acolhimento vá muito para além da receção à porta da igreja ou capela!, e procure sobretudo acolher quem chega de novo, quem procura ocasionalmente a paróquia, quem se sabe em situação irregular e desconfia de poder ser mal-vindo... M as falando do mais simples - do acolhimento à porta da igreja - e ainda que não goste de man- dar recados sobre coisas supostamente eviden- tes e certamente em muitas comunidades já assimila- das, não resisto à tentação de deixar um pequeno alerta: aquelas equipas de acolhimento que o episcopado pede que se criem nas paróquias para acolher os fiéis nas eu- caristias neste tempo de pandemia são um serviço ao bom acolhimento e máxima caridade para com os fiéis, e não um corpo de polícia da santidade comportamental dos outros, na pior conotação da expressão. Aliás, vendo bem, o aviso até não é tão infundado assim: basta recor- dar aquele clima policial do cidadão comum e do jorna- lista informado - potenciado em manchetes e redes so- ciais - sobre a frequência dos lugares públicos durante os dias do estado de emergência a que estivemos sujeitos! E , aqui, valendo-me da Nota da Conferência Episco- pal Portuguesa sobre as celebrações comunitárias em tempo de Covid-19, relevo quatro modos de fazer. Dizem ali os bispos: 1) “O bem comum convida todas as Dio- ceses a caminharem juntas”; 2) “Pede-se aos fiéis que estão ou se sentem doentes que não vão à Missa”; 3) “Convidam- -se fiéis pertencentes a grupos de risco a não frequentar a Missa dominical; por razões imperiosas, poderão ir à Mis- sa durante a semana, em que há menos fiéis”. Os bispos pedem, os bispos convidam, os bispos sugerem soluções alternativas, os bispos dão o exemplo, submetendo as suas próprias considerações pastorais - legítimas e determinan- tes, se assim o entendessem - ao bem comum da comuni- dade. Pedir, convidar, criar soluções de bom senso, ensinar pelo exemplo da humildade..., eis o caminho para voltar- mos em boa harmonia às celebrações comunitárias. ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE CARLOS NEVES Equipa de acolhimento Inês Miranda-Santos, doutorada em bioquímica pela Universidade de Coimbra e investigadora no Centro de Neurociências e Biologia Celular da mesma Universidade, fala com o Correio de Coimbra sobre a “Vida”, no contexto da Semana da Vida. Em tempo de pandemia, olhamos a Vida cruzando o rigor da ciência com as opções livres e únicas de cada pessoa, cruzando o muito pequeno (vírus) com os grandes caminhos da humanidade. > centrais VERDADE, ESPERANÇA E AMOR 54º DIA MUNDIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (24 DE MAIO) “Os que trabalham nos vários meios de comunicação social necessitam de sapiência, de coragem, de paciência e discernimento”, diz a Comissão Episcopal. > Última CÓNEGO URBANO DUARTE PRESTIGIADO DIRETOR DO CORREIO DE COIMBRA MORREU HÁ 40 ANOS Memória do sacerdote do presbitério diocesano de Coimbra, professor e jornalista vai ser evocada na celebração da Eucaristia no Seminário Maior. > Página 3 PEREGRINAÇÃO ANIVERSÁRIA DE MAIO “À pandemia do vírus queremos responder com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura”. (D. António Marto) > Última INÊS MIRANDA-SANTOS A pandemia abanou o nosso paradigma de vida

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Page 1: PRESTIGIADO DIRETOR DO CORREIO 54º DIA MUNDIAL DOS …€¦ · 54º DIA MUNDIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (24 DE MAIO) “Os que trabalham nos vários meios de comunicação

SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOSANO XCIX | N.º 4786 | 14 DE MAIO DE 2020 | 0,75 €

visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt

Oacolhimento, como expressão grande da caridade pastoral da e na comunidade cristã, é certamente um elemento que nos está muito presente, por

constituir um dos seis dinamismos do plano pastoral diocesano que estamos a viver neste triénio. Certamente ninguém vai agradecer ao coronavírus no-lo ter vindo recordar, mas o acolhimento nas missas nesta situação confusa e em que previsivelmente não faltarão “pessoas difíceis” de acomodar às “regras” vai ser um bom teste à consciência que realmente criámos para este aspeto durante os três últimos anos. Ainda que, vale a pena lembrar, o dinamismo do acolhimento vá muito para além da receção à porta da igreja ou capela!, e procure sobretudo acolher quem chega de novo, quem procura ocasionalmente a paróquia, quem se sabe em situação irregular e desconfia de poder ser mal-vindo...

Mas falando do mais simples - do acolhimento à porta da igreja - e ainda que não goste de man-dar recados sobre coisas supostamente eviden-

tes e certamente em muitas comunidades já assimila-das, não resisto à tentação de deixar um pequeno alerta: aquelas equipas de acolhimento que o episcopado pede que se criem nas paróquias para acolher os fiéis nas eu-caristias neste tempo de pandemia são um serviço ao bom acolhimento e máxima caridade para com os fiéis, e não um corpo de polícia da santidade comportamental dos outros, na pior conotação da expressão. Aliás, vendo bem, o aviso até não é tão infundado assim: basta recor-dar aquele clima policial do cidadão comum e do jorna-lista informado - potenciado em manchetes e redes so-ciais - sobre a frequência dos lugares públicos durante os dias do estado de emergência a que estivemos sujeitos!

E, aqui, valendo-me da Nota da Conferência Episco-pal Portuguesa sobre as celebrações comunitárias em tempo de Covid-19, relevo quatro modos de fazer.

Dizem ali os bispos: 1) “O bem comum convida todas as Dio-ceses a caminharem juntas”; 2) “Pede-se aos fiéis que estão ou se sentem doentes que não vão à Missa”; 3) “Convidam--se fiéis pertencentes a grupos de risco a não frequentar a Missa dominical; por razões imperiosas, poderão ir à Mis-sa durante a semana, em que há menos fiéis”. Os bispos pedem, os bispos convidam, os bispos sugerem soluções alternativas, os bispos dão o exemplo, submetendo as suas próprias considerações pastorais - legítimas e determinan-tes, se assim o entendessem - ao bem comum da comuni-dade. Pedir, convidar, criar soluções de bom senso, ensinar pelo exemplo da humildade..., eis o caminho para voltar-mos em boa harmonia às celebrações comunitárias.

||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE CARLOS NEVES

Equipa de acolhimento

Inês Miranda-Santos, doutorada em bioquímica pela Universidade de Coimbra e investigadora no Centro de Neurociências e Biologia Celular da mesma Universidade, fala com o Correio de Coimbra sobre a “Vida”, no contexto da Semana da Vida. Em tempo de pandemia, olhamos a Vida cruzando o rigor da ciência com as opções livres e únicas de cada pessoa, cruzando o muito pequeno (vírus) com os grandes caminhos da humanidade. > centrais

VERDADE, ESPERANÇA E AMOR54º DIA MUNDIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (24 DE MAIO)“Os que trabalham nos vários meios de comunicação social necessitam de sapiência, de coragem, de paciência e discernimento”, diz a Comissão Episcopal. > Última

CÓNEGO URBANO DUARTEPRESTIGIADO DIRETOR DO CORREIO DE COIMBRA MORREU HÁ 40 ANOSMemória do sacerdote do presbitério diocesano de Coimbra, professor e jornalista vai ser evocada na celebração da Eucaristia no Seminário Maior. > Página 3

PEREGRINAÇÃO ANIVERSÁRIA DE MAIO

“À pandemia do vírus queremos responder com a

universalidade da oração, da compaixão, da ternura”.

(D. António Marto)> Última

INÊS MIRANDA-SANTOS

A pandemia abanou o nosso

paradigma de vida

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CORREIO DE COIMBRA

2DioceseRegressar ao culto público em tempo de Covid-19Normas práticas a ter em conta pelos fiéis nas missasA Conferência Episcopal Portuguesa tornou públicas as normas que passam a reger a participação dos fiéis na vida comuni-tária, particularmente na celebração dos sacramentos. Destas celebrações ganha especial importância, pela centralidade, re-gularidade e número de participantes, a Eucaristia, cuja cele-bração com a presença pública de fiéis é retomada a partir do fim de semana 30 e 31 de maio. As medidas mais importantes para a participação dos fiéis foi sintetizada pela Agência Eccle-sia nos seguintes pontos:

+ Se faz parte de um grupo de risco, evite o domingo e opte por um dia da semana; + O uso de máscara é obrigatório; + Higienize as mãos; + Siga as indicações das equipas de acolhimento; + Entre e saia por portas diferentes; + Ocupe os lugares indicados; + Respeite a distância mínima, mesmo para comungar; + Não distribua folhas,

desdobráveis ou qualquer outro objeto ou papel; + O ofertório faz-se à saída; + O gesto da paz continua suspenso; + Comungue em silêncio; + Receba o Corpo de Cristo nas suas mãos; + No fim da celebração, regresse logo a casa.

O Documento da Conferência Episcopal alerta para especial res-ponsabilidade dos párocos, diáconos e ministros da celebração dominical sem Eucaristia, dando também por necessária a exis-tência de uma “Equipa de Acolhimento” que facilite o cumpri-mento das regras, desde a higienização das mãos à entrada até à saída ordenada dos templos.

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“Todos precisamos de ca-minhos de purificação. É preciso ir ao sepulcro

e ele estar vazio. Quem não en-contra o sepulcro vazio não re-conhece depois o ressuscitado. A tentação imediata é encher o vazio. Estamos obrigados, não a uma reflexão intelectual, mas a tomar consciência do que é que isto representa para nós. Numa experiência de vazio posso dis-trair-me com o entretenimento, mas é importante habitar o vazio

e o silêncio para perceber como a presença de Deus se move neste tempo”, afirmou o padre jesuíta Nuno Branco no debate “Zara-gatoa - Uma Igreja para além da pandemia!”, promovido pelo Se-minário Maior de Coimbra, na noite de 10 de maio, com a mode-ração do jornalista João Campos e a coparticipação do Reitor de Seminário, Cónego Nuno Santos.

O debate, transmitido pe-las redes sociais do Seminário, acentuou quatro perspetivas

para a vida da Igreja no pós--pandemia: o aprofundamento da teologia e pastoral da Igreja Doméstica redescoberta durante a pandemia pela situação de au-sência de culto público; a centra-lidade da celebração da fé e da caminhada na esperança sobre as aparências sociológicas; a ca-ridade, desde a resposta socioe-conómica imediata a muitas situações de necessidade até à caridade espiritual de ajudar a fazer o luto pelas pessoas faleci-das neste período, passando pela atenção imediata aos idosos; a comunhão eclesial, reforçada pela experiência “correta, coe-rente e responsável” da Confe-rência Episcopal Portuguesa na gestão desta situação de crise e profunda adesão dos fiéis às de-cisões da hierarquia, cujo exem-plo ressalta sobremaneira nas celebrações do 13 de maio.

No contexto do início da Se-mana da Vida, e lembrando a discussão que esteve particular-mente em cima da mesa antes do início da pandemia, a euta-násia, Nuno Santos referiu ain-da: “Há uns tempos, antes da pandemia, estávamos a falar da eutanásia; hoje estamos a falar da vida! A certa altura estamos do lado melhor: o que queríamos é que todos ficassem vivos”.

ZARAGATOA - UM DEBATE NO SEMINÁRIO

Quatro dinâmicas para a Igreja do pós-pandemia

PROPRIEDADESeminário Maior de CoimbraContr. n.º 500792291 | Registo n.º 101917Depósito Legal n.º 2015/83

DIRETORA. Jesus Ramos (T.E. 94)

DIRETOR ADJUNTOCarlos Neves (T.E. 1163)

ADMINISTRAÇÃO Communis Missio - Instituto Diocesano de ComunicaçãoCentro Pastoral Diocesano CoimbraRua Domingos Vandelli, nº 23004-547 Coimbra

REDAÇÃOMiguel Cotrim (C.P. 5533)

PAGINAÇÃOFrederico Martins

IMPRESSÃO E EXPEDIÇÃOFIG - Industrias Gráficas, S.A.Rua Adriano Lucas, 3020-265 Coimbra

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:Correio de Coimbra - Seminário Maior de CoimbraRua Vandelli, 2 | 3004-547 [email protected]. 239 792 344

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PREÇO DAS ASSINATURASAnual | 30 € Amigo | 35 €Benfeitor | 40 € Paróquia | 20 €

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COLABORADORESOs artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores.

ESTATUTO EDITORIALwww.correiodecoimbra.pt

PAGAMENTO ASSINATURA JORNAL NIB: 0018.0003.4059.0291.0201.3Ao fazer transferência bancária pedimos o favor de nos enviar o comprovativo da mesma para o email, [email protected], identificando com o nome, localidade e número de assinante.

O Secretariado da Coorde-nação Pastoral marcou já para o próximo ano

pastoral as datas dos eventos diocesanos que normalmente envolvem mais pessoas das co-munidades e organismos: 3 de outubro (sábado): Jornadas de Pastoral; 4 de outubro: Abertura do Ano Pastoral; 19-20 de janeiro 2021: Jornadas de Formação Per-manente; 10 julho (2021): Peregri-nação Diocesana a Fátima. Será importante ter também em con-sideração as datas que estão as-sociadas ao calendário litúrgico, nomeadamente o Dia da Igreja Diocesana: 30 de maio (2021).

CALENDÁRIO DIOCESANO

Datas a ter em conta

Terminando este ano o Plano Pastoral “Aproxi-mai-vos do Senhor”, que

marcou o ritmo da vida dioce-sana nos últimos três anos, o Secretariado da Coordenação Pastoral enviou aos reverendos párocos o pedido de avaliação do mesmo, a ser feita pelos Conselhos Pastorais das Unida-des Pastorais, ou aproveitando ainda as possíveis reuniões no final deste ano, ou no início do próximo ano, pretendendo-se que as Unidades Pastorais pos-sam enviar essa avaliação para o Bispo diocesano até ao final de outubro de 2020.

PLANO PASTORAL

Avaliação do triénio

Conforme comunicação do Vigário para a Pasto-ral aos párocos, o Dia da

Igreja Diocesana (a 7 de junho), que este ano seria para ser ce-lebrado a nível de arciprestado, vai ser celebrado a nível da uni-dade pastoral. O modo concreto da celebração comunitária está naturalmente dependente das orientações que a Conferência Episcopal Portuguesa deu re-

centemente para o conjunto das celebrações litúrgicas, mas o Senhor Bispo e o Secretaria-do da Coordenação Pastoral propõem-se apresentar alguns elementos que favoreçam a ce-lebração em unidade diocesana, nomeadamente:

O Senhor Bispo vai enviar uma Nota Pastoral para este dia, que constituirá um elemento central da reflexão;

O Secretariado de Coordena-ção Pastoral pretende enviar: uma catequese eclesiológica que possa ajudar a orientar possíveis encontros presenciais ou vir-tuais sobre o mistério da Igreja que formamos em Cristo; uma oração para ser feita em contex-to familiar; uma proposta para a oração dos fieis.

A Diocese faz ainda o pedido de que a celebração deste Dia seja também de partilha de bens com pessoas a passar dificul-dades derivadas da epidemia, confiando a entrega do dinheiro ou bens a algum possível grupo ligado à ação sociocaritativa na unidade pastoral.

DIA DA IGREJA DIOCESANA

Celebração será a nível das unidades pastorais

Os jovens, a fé e o discerni-mento vocacional serão as grandes áreas de foca-

gem do próximo Plano Pastoral Diocesano. Mas, tal como acon-teceu para o último Plano Pasto-ral, o Senhor Bispo vai solicitar a toda a Diocese que durante o próximo ano (2020/2021) faça uma caminha de reflexão sobre os objetivos a definir, e estraté-gias e atividades a desenvolver nos anos subsequentes, previ-sivelmente em novo triénio. O Secretariado da Coordenação Pastoral está a estudar um con-junto de perguntas que ajudem as comunidades nesta reflexão.

PRÓXIMO ANO PASTORAL

Em ritmo de sinodalidade

14 DE MAIO DE 2020

ADORAÇÃO EUCARÍSTICA NA IGREJA DE SÃO TIAGOUma hora semanal de adoração

ao Santíssimo, tendo em intenção as vocações de consagração

Mais informações junto de M. Teresa, 965751235

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CORREIO DE COIMBRA

33Igreja a caminho

COM OU SEM o Covid, somos todos precários. Em tudo! Mas a viver

ou a morrer, por Cristo «tudo é Graça». Fé Viva é Confiança − Pessoal (Salm, 31, etc.). A limar orgulhos, e medos. A ajudar a todos.

Para as ilusões do titanismo em voga, é lição dura. Ceder ao vazio é suicidário. A afundar--nos em egoísmo, particularis-mo, injustiça, discriminação, exclusão… E de global, o cho-que não pode ficar sem respos-ta. Auto-suficientes, nós?!

Perfeito, este mundo? O ho-mem apela aos mitos da Ida-de de Ouro, Éden… e não ousa ver-se como é?! Todo o finito é Carência. A Criação e a Histó-ria são «sede do Deus Vivo».

O ALERTA é para todos: Famílias, Escola. Reli-giões. Agentes da Cul-

tura, da Ciência, dos media. Igrejas cristãs. Políticos, go-vernos. O sistema da finança e da economia em vigor. Os “donos” do mundo. Os patrões e as vítimas de toda a mani-pulação e consumismo… Isto requer uma Consciência Nova. Um sentido de responsabilida-de outro. Inter-activo. Univer-sal: Por todos.

Não há receitas ou padrões pronto-a-usar. Pessoas de Boa Vontade, leaders sociais, cris-tãos convictos, responsáveis pastorais… precisam de ser muito mais criativos. E ousa-dos. Procurar em comum − na Luz do Espírito Santo. Propor rumos e métodos de visão lar-ga. Capazes de apelar a todos.

A Crise põe a nu os nossos desfasamentos e deficits. De séculos. A nível antropológi-co, e teológico. O legalismo, a rotina ritual, o teor clerical da linguagem, não respondem ao Desafio.

NÃO terás mais nenhum deus (Êx.20). Mas todos temos outros deuses!

À medida de cada um. O deus influenciável. Feito providên-cia caso-a-caso: De excepções! Até muda de decisão, se há um ‘bom’ pedido! Mas, susceptível, reage (mal!) a quem o “ofen-de”… Que absurdos as nossas miopias têm promovido!

É triste, e dói, que as nos-sas “religiões” (até na litur-gia) rezem a um deus-assim. E não há quem veja onde fica − numa tal “intercessão” − o NT e a TEOlogia? A Boa Nova do Amor Eterno de Deus. Já Kierkegaard (+1855) advertia: «Deus não muda na Oração. Muda sim quem ora».

QUE desgraças aí vêm… se nem há o 13 de Maio (público)? É a velha

raiz pagã, ainda em nós: Que só a pagar se fia de Deus! Mas o do culto e da moral… a meu favor. Não o do Amor Gratuito, Desígnio do Reino. Nem isto se aprende da Fé Bíblica. No Exílio não havia Templo, e os fiéis depuraram a sua Relação a Deus. Bem mais essencial que todas as devoções.

O Papa (Fátima, 2017) de-nunciou directo essa “reli-gião” de atalhos… a decair do NT. Cito (ed. CEP) e realço: «Bendita por ter acreditado (Luc.1) […], OU UMA ‘Santi-nha’ a quem se recorre para obter favores a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja orante, OU UMA esboçada por sensi-bilidades subjectivas que A vêem segurando o braço jus-ticeiro de Deus pronto a cas-tigar [?] UMA Maria melhor do que Cristo, visto como Juiz impiedoso, MAIS misericor-diosa que o Cordeiro imolado por todos?».

Que recepção teve? Que atenção lhe tem dado a Teolo-gia? Que revisão trouxe à vida cristã? Perdemos 3 anos… E largos séculos!

O PROFETA Francisco in-terpela o hoje da Igreja e do mundo. Que res-

sonância e aplicação concre-ta lhe dá o nosso ‘ambiente cristão’? Que correcções há no rumo da Evangelização? Na Pastoral? Voz a clamar no deserto…

A nossa Igreja precisa mes-mo de despertar. Não pode ir a reboque do pendor vulgar − acrítico. Tenho respeito pela vivência de cada um e pelo esforço de padres, diáconos, irmãs, ministros leigos/as. Mas falta uma REorientação Teológica outra. Sim: Se a Fé não é Relação TEOcentrada, de Amor e Confiança integra-tiva, então que é?

Aliás o Alerta nem é novo: A alma europeia tem uma «his-tória dinâmica» (N. Berdiaev: +1948). Se é que hoje a Euro-pa é dinâmica… E as nossas “religiões”. «A VERDADE é o Caminho e a Vida». Não é uma coisa. Ou regra fria. Em tempo de distorções (e “pos-tverdades”), dá que pensar: «O que não avança, o que não cresce para o Reino de Deus, decai e petrifica». E não podia Berdiaev antever o Conc. Vat. II. Mas sentia a necessidade de um Tempo Novo. É esta a Graça de hoje.

(P)REFERÊNCIAS

Na Mão de Deus!− De qual?J. Oliveira BrancoCompletam-se no próximo

dia 17, domingo, 40 anos sobre a morte do cónego

Urbano Duarte. A efeméride será recordada durante a missa ce-lebrada no Seminário Maior de Coimbra, a partir das 11h00.

Há pessoas que deixam uma marca perene na história da co-munidade. Urbano Duarte é uma delas. Sacerdote, professor e jor-nalista, em todas estas áreas se distingue, tanto pela fulgurante inteligência como pela perma-nente disponibilidade e sentido de serviço.

Urbano Duarte nasce em 1917, em Pescanseco do Meio, na Pampilhosa da Serra. Entra no Seminário Maior de Coimbra com 12 anos. Ainda estudante é enviado para Roma. É na capital italiana que será ordenado pa-dre em 1940, em plena II Grande Guerra, aos 23 anos de idade.

Regressa a Coimbra e é esco-lhido para professor do semi-nário e pregador da Sé. Ao longo

da vida, enquanto assistente re-ligioso no Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), hoje Instituto Justiça e Paz, e como professor na Escola Brotero e, acima de tudo, no Liceu D. João III, ajuda milhares de jovens a

entender melhor Deus e os ho-mens. É diretor do “Correio de Coimbra” ao longo de 27 anos, no qual publica semanalmente os famosos “Sintomas”, crónicas indispensáveis para entender Portugal ao longo de três déca-das. Frontal, envolve-se em po-lémicas que percorrem o país.

Há dois anos, no dia em que Urbano Duarte completaria 101 anos de idade, um grupo de an-tigos alunos e colaboradores do “Correio de Coimbra” evocou o padre-jornalista com uma ho-menagem que decorreu na Es-cola Secundária José Falcão, Bi-blioteca Geral da Universidade de Coimbra e Instituto Justiça e Paz.

Urbano Duarte partiu cedo, aos 63 anos de idade. Faleceu na noite de 16 para 17 de maio de 1980, durante o sono, no seu quarto no Seminário Maior de Coimbra, mas continua vivo na memória daqueles que o conhe-ceram e que o continuam a re-cordar com saudade.

URBANO DUARTE FALECEU HÁ 40 ANOS

Memória será evocada na missa das 11 horas do Seminário (facebook e youtube)

Esta quinta-feira, 14 de maio, crentes de dife-rentes religiões unem-se

em oração, jejum e súplica pela humanidade contra o coronaví-rus. A iniciativa é do Alto Comité para a Fraternidade Humana (o organismo inter-religioso criado em agosto passado para a pro-moção do “Documento sobre a Fraternidade Humana” assinado pelo Papa Francisco e pelo grão

imame de Al-Azhar, Ahmed al--Tayyeb, em 4 de fevereiro de 2019), constituído por 9 pessoas, altíssimos representantes do ca-tolicismo, do islamismo, do ju-daísmo e da cultura cívica mun-dial. A iniciativa foi lançada no dia 2 de maio, tendo tido logo a adesão do Papa no dia 3; entre-tanto, também o novo secretá-rio-geral do Conselho Mundial de Igrejas, rev. Ioan Sauca, con-

vidou todas as Igrejas-membro daquela organização ecuménica a aderirem ao convite do Alto Comité. Assim, católicos, pro-testantes, muçulmanos, judeus, ortodoxos e crentes de outras confissões religiosas estão hoje unidos “num dia de oração, je-jum e obras de misericórdia, em todas as partes do mundo, segundo a sua religião, fé ou doutrina, para que Deus elimine a epidemia, nos salve desta afli-ção, ajude os cientistas a encon-trar um remédio que a supere e para que Ele liberte o mundo das consequências sanitárias, eco-nómicas e humanitárias da pro-pagação deste grave contágio”.

PONDO NAS MÃOS DE DEUS A EPIDEMIA

Diferentes religiões unidas hoje em oração e esperança

No dia 7 de maio, a Cáritas Europa entregou aos 27 Estados-Membros Euro-

peus, com cópia ao Conselho Eu-ropeu, à Comissão Europeia, ao Parlamento Europeu e a agências relevantes da UE, nomeadamen-te a Frontex, o EASO e a Agência dos Direitos Fundamentais da EU, uma Carta-aberta conjunta das organizações federadas, na qual manifesta a sua preocupação de que os vários Estados estejam a usar a crise COVID-19 como pre-texto para suspender os direitos humanos das pessoas emigran-tes, pois, na opinião daquele rele-vante organismo católico, a crise da COVID-19 não conhece frontei-ras e a Europa deve dar o exemplo e defender os direitos dos refu-

giados e dos migrantes internos e externos. O Documento insta os Estados-Membros da UE a permi-tir que os indivíduos que buscam proteção internacional tenham acesso ao registo de asilo, apesar do fechamento das fronteiras, e à salvaguarda do direito à vida no Mediterrânio, e ao fim da “violên-cia contínua e restrições arbitrá-rias de movimentos” na rota dos Balcãs, bem como à proteção sem discriminação dentro do espaço Schengen. A Cáritas Europa pede ainda a garantia de provisões adequadas de saúde e saneamen-to nas fronteiras, exigindo que os campos superlotados nas ilhas do Mar Egeu sejam evacuados e os deslocados detidos nas frontei-ras da UE sejam libertados.

CÁRITAS EUROPA AOS ESTADOS-MEMBRO DA UE

COVID não pode suspender direitos dos refugiados

OComVida Quiaios, serviço de hotelaria da Cáritas Diocesana de Coimbra,

foi certificado pelo Turismo de Portugal com o selo Clean & Safe, uma certificação atribuída aos estabelecimentos que cumprem os requisitos de higiene e limpe-za para prevenção e controlo da Covid-19, de acordo com as reco-mendações da Direção-Geral da Saúde, tendo em conta um con-junto de medidas de segurança e confiança dos clientes, fornece-dores e colaboradores. Esta certi-ficação - sujeita ao controle con-tinuado e aleatório do Turismo de Portugal e outras entidades competentes - traz ainda mais segurança ao hotel, que tem rea-bertura prevista para 1 de junho.

COMVIDA QUIAIOS

CertificaçãoClean & Safe

14 DE MAIO DE 2020

DIA DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS“Precisamos de respirara verdade das histórias boas”. (Papa Francisco)Dia 24 de maio de 2020

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CORREIO DE COIMBRA

4 Grande Plano

CORREIO DE COIMBRAEstamos na Semana da Vida. O que é a vida, do ponto de vista do cientista bioquímico?

INÊS MIRANDA-SANTOSConfesso que nunca me tinha de-parado com a pergunta, mas di-ria que, do ponto de vista de um bioquímico, a vida é tudo aquilo que nós podemos descrever como sendo autónomo em termos de subsistência. Para o bioquímico tanto é vida uma bactéria, como é vida um ser superior, como nós, humanos. Todos estes organis-mos se alimentam, conseguem retirar do meio circundante o material necessário para se man-terem na sua identidade, e con-seguem dar descendência. São completamente autónomos nes-tas tarefas, de se manter e de da-rem descendência. Já por exem-plo, os vírus, agora que estamos a falar tanto neles, o coronavírus ou outros, não são seres vivos. Um vírus não tem vida; é uma es-pécie de parasita, para usar uma terminologia a que estamos mais habituados. Se um vírus estives-se aqui, em cima desta mesa, ele não conseguiria fazer nada, nem alimentar-se, nem reproduzir-se.

Não é vida. O vírus, para interfe-rir com a vida, precisa de entrar na linha de montagem das cé-lulas. Então, aí, vai usar a nos-sa maquinaria, a maquinaria que as nossas células usam, e é só dessa forma que se reproduz. Por si só, não faz nada. Portan-to a vida, para um bioquímico, é todo o organismo que consegue ser subsistente do ponto de vista de extrair do meio aquilo que pre-cisa para se manter e, para além disso, consegue reproduzir-se em outros iguais a si.

Já se referiu aos vírus. Mas, ainda na perspetiva do bioquímico, gostava de aprofundar a sua leitura desse “ser”, tendo em conta, nomeadamente, a presente pandemia provocada pelo SARS-CoV-2.De certo modo, é um privilégio es-tarmos a testemunhar, em pleno século XXI, aquilo que para nós, até agora, era “história”. Para a nossa geração, a peste negra, a febre pneumónica, a varíola, eram “história”. Por outro lado, nós considerávamos ter apren-dido nas aulas tudo sobre a evo-lução, como é que os organismos

se desenvolveram, como é que as próprias estruturas celulares se formaram, a partir dos agrupa-mentos de células num organis-mo, nós estudámos a chamada seleção natural descrita por Da-rwin... Pese tudo isto, ao olhar do bioquímico o SARS-CoV-2, não tendo sido, com certeza, uma manobra biológica, é algo de es-petacular. Eu intuo que antes do SAR-CoV-2 houve centenas ou milhares de outros coronavírus que simplesmente não estavam tão adaptados, não tinham evo-luído ao ponto de penetrarem na comunidade humana com o sucesso do SARS-CoV-2. Nós ou-vimos falar muito deste, porque ele teve efeitos sérios, mas não sabemos quantos outros coro-navírus houve que não tiveram sucesso, que não nos afetaram. Como vê, é muito difícil falar sobre isto sem recorrermos a uma linguagem antropomórfica e determinista, mas nada disto é determinístico e muito menos antropomórfico. Para podermos dialogar sobre um vírus, como este, temos de ter em conta es-ses fatores limitativos da lin-guagem: este vírus teve sucesso do ponto de vista de ter entrado

numa espécie, o Homo sapiens, na qual consegue reproduzir-se, mas não a intenção. Não é de in-tenção que se trata, nós só sabe-mos dele pelos seus efeitos: este deu este efeito, outros não sabe-mos e outros ainda, que possa ter havido, nem sequer deram efeito nenhum. Donde lhes vem esta diferença de “sucesso”? Se-guramente da evolução e da se-leção natural..., sendo que houve muitos que morreram na praia, outros que andam por aí e de que não damos conta. Possivelmen-te estamos todos infetados com outros coronavírus, só que, como não temos sintomas graves, não se passa nada. Algumas consti-pações sazonais são devidas, de facto, a outros coronavírus.

Não quero entrar nas teorias de conspiração, mas de qualquer modo, já nos meus tempos da tropa se falava na guerra NBQ – nuclear, biológica, química. É possível fabricar um vírus ou manipulá-lo em termos de o constituir uma ameaça para a vida humana?Tenho procurado seguir com bastante atenção as investiga-ções que se fazem acerca des-

te coronavírus, e aquilo que eu posso dizer é que há um mês atrás nós sabíamos muito me-nos sobre ele do que sabemos agora. E aquilo que se vai mos-trando é que este vírus é assim ao modo de uma coisa “diabóli-ca”. Indo direta ao assunto, diria que à partida nada que tivesse sido “engendrado” (engineered) pelo humano conseguiria resul-tar tão perfeito como este vírus. E há vários exemplos das nos-sas limitações. Não há sangue artificial - tomáramos nós que houvesse! - porque não há mão humana ou uma engenharia que consiga fazer uma molécula tão bem feita como a hemoglo-bina do sangue. Por muito que a ciência esteja desenvolvida, a técnica aperfeiçoada, a imagi-nação humana seja estupenda, há algo inerente à própria evolu-ção do material biológico a que ainda não chegámos. Ainda não se consegue criar pele humana nos laboratórios - e se era útil! A minha intuição, ou a minha ingenuidade, diz-me que SARS--CoV-2 não foi produzido por mão humana. Além disso, tê-lo sido, corresponderia a dezenas de anos de investigação que pa-

“A reação à pandemia pode, e deve, servir de chave de leitura para as motivações mais profundas à despenalização da eutanásia”, refere Inês Miranda-Santos na entrevista ao Correio de Coimbra, em que falamos de Vida com a investigadora bioquímica da Universidade de Coimbra: desde a não-vida dos vírus, passando pela inteligência artificial, até à vida social, cultural e espiritual, ao ritmo da sua experiência pessoal.

SEMANA DA VIDA

Quem determina os fatos

relevantes são as pessoas

14 DE MAIO DE 2020

“As exigências que se colocam à comunicação social em geral e da Igreja em particular apelam

para que todos os cidadãos reflitam e sintam a sua importância na sociedade e na cultura atuais”.

(Comissão Episc. da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais)

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CORREIO DE COIMBRA

5Entrevistarece impossível no tempo que te-mos de investigação em biologia molecular. Não há tanto tempo assim desde que, por exemplo, o genoma humano foi sequencia-do… Ora este vírus, SARS-CoV-2, está “bem feito demais”, num equilíbrio muito grande entre propagação e letalidade: se o ví-rus fosse muito letal, não se pro-pagava porque morria com as pessoas; se fosse muito inócuo, propagava-se, mas não causava danos.

A minha pergunta, em todo o caso, era mais no sentido de perceber se laboratorialmente podemos chegar a uma arma biológica deste tipo...À partida, podemos. Mas como não dá para fazer um ensaio ge-ral na população humana (a não ser que haja governos que o este-jam a fazer secretamente…), não sabemos o resultado: se for algo para se espalhar e deixar pouco rasto, é mais difícil, mas se esta-mos a falar de uma arma biológi-ca que destrói tudo no seu cami-nho, que faça tábua rasa de tudo por onde passa, potenciando a destruição sobre a longevidade, temos com certeza conhecimen-to científico e técnico para isso.

Vamos para outro mundo, que também não é vida, mas que interfere cada vez mais com a vida: os algoritmos... Devo dizer que me assustou um bocadinho o último discurso do Papa à Academia Vaticana das Ciências para a Vida em que ele diz que a inteligência artificial está a “embaçar as fronteiras” antigamente muito claras entre o orgânico e o inorgânico, e outras similares. Que vida vamos ter neste novo mundo digital? Bem, quanto aos algoritmos, co-loco-me na perspetiva de apren-diz, de consumidora. No âmbito do meu doutoramento comecei a fazer biologia computacional, usei algoritmos adequados ao assunto em estudo, mas não os desenvolvi… Dito isto, no meu laboratório, Centro de Neurociências e Bio-logia Celular, já começámos a fazer com alguma seriedade a chamada Ciência de Dados (Data Science), a analisar Me-gadados (Big Data). De facto, é um terreno pantanoso. Porquê? Porque quando estamos a falar de Megadados, Ciência de Da-dos, aprendizagem de máquina (machine learning), resumindo, inteligência artificial, estamos a falar de máquinas que foram criadas para terem a capacidade de aprenderem a partir da rea-lidade, aprenderem a partir da observação da realidade. Mas o que a máquina há de observar da realidade é também programa-do pelos humanos. Por exemplo, o Google Maps diz-nos onde há demoras de trânsito, engarrafa-mentos, mas não nos diz a causa. A aplicação monitoriza os nossos telemóveis e mede o tempo que demoramos a ir do ponto A ao B; como a distância é outro dado

conhecido, a aplicação calcula a velocidade a que nos deslocamos; se essa velocidade é comum aos outros utilizadores que estão en-tre A e B, então o Google Maps infere se há engarrafamento ou não. Mas só isto. A inteligência artificial pauta-se por ser unbia-sed, completamente imparcial, olha para os factos e correlacio-na-os. E os computadores têm a capacidade olhar para terabytes de dados, que nós nunca tería-mos. Mas quem determina quais são os factos, os Megadados que são fornecidos à máquina são os humanos. Agora, retomando o exemplo do Google Maps, se não houver um condutor que diga que a causa do trânsito lento é um acidente, uma operação stop, a aplicação não vai saber a cau-sa do engarrafamento. E de fac-to, a aplicação está programada para receber dados fornecidos pelos condutores. E, portanto, esta distinção de domínio da in-formação, esta fronteira entre o humano e a máquina, vai existir sempre, é inerente à inteligência artificial. Transfira o exemplo do engarrafamento do trânsito para os nossos dados médicos, análi-ses, raio-X, etc. Estes dados, por si só, não servem para nada e a máquina sobre eles apenas con-segue fazer uma análise com-pletamente imparcial. Mas, de-pois há a mão humana que vai começar a dizer: “olha, máquina, toma lá mais esta informação, a idade, peso, etc., que relação me dás?…”, até onde podemos ir? E é aqui que vamos deparar-nos com a fronteira da ética, da Ciência de Dados, da inteligência artifi-cial. O alerta do Papa que referiu é muito importante porque a in-teligência artificial é só uma fer-ramenta, mas muito poderosa. Como qualquer outra ferramenta dependendo da forma como for usada, pode dar frutos construti-vos ou frutos mortíferos...

E, a propósito, se aplicada ao controlo do coronavírus, numa aplicação de telemóvel…?Não sou fundamentalista nes-sas coisas. O usufruto que fa-zemos da tecnologia tem o seu preço. Por exemplo, toda a gente está a utilizar agora a aplicação MB Way para fazer pagamentos por telemóvel, sem tocar nos terminais do multibanco. Ora eu não posso querer isto e não que-rer o resto. Uma aplicação para mapear as cadeias de transmis-são do coronavírus, no limite, pode tornar-nos muito hostis e é muito fácil tornarmo-nos hos-tis. Por exemplo, quem usasse máscara no início da pande-mia, era associado à ideia de “esta pessoa está infetada”, mas não à ideia de “esta pessoa está a proteger-me” Agora, do ponto de vista prático, uma aplicação desse tipo pode ser útil. É o úni-co caminho? Não creio. Deve ser o primeiro? Também não creio. Precisamente por isto, porque nós não somos máquinas. Há outras estratégias que podem ser usadas para eliminar/redu-zir o contágio, nomeadamente

todas as estratégias de higiene, de segurança sanitária, etc. Esta aplicação vem no alinhamento da ideia de que é possível viver num mundo em que cobrimos todo o chão com tapetes em vez de calçarmos sapatos.

Há vida para além da bioquímica: social, cultural, espiritual! Ia desafiá-la a considerar estas dimensões a partir da sua própria experiência pessoal. Por exemplo, a Doutora Inês foi escuteira…Sou escuteira, dirigente do Corpo Nacional de Escutas.

Então, se tivesse de falar aos caminheiros sobre a Vida, que aspetos sublinharia?Dir-lhes-ia que na vida não há receitas, não há a forma correta de fazer as coisas, um caminho único. É curioso que na simbo-logia dos caminheiros há exata-mente a vara bifurcada. Por um lado, não há um caminho único: a vida é feita de escolhas e em cada momento nós escolhemos com o conhecimento que temos na altura e, digo eu, porque as-sim acredito, com a inspiração possível do Espírito Santo. (Pos-sível, porque nós nunca estamos capacitados para abarcar toda essa inspiração). Por outro lado, não há decisões erradas, o que há é diligência ou não na minha decisão no aqui e no agora! A minha decisão confirma-se, ou não, ao trilhar o caminho esco-lhido e na forma como eu olho e faço o caminho que escolho e não a olhar para o caminho que não escolhi. E se, nalguma oca-sião, nos apercebemos de que, afinal, fomos completamente ao lado, isso não significa que tenhamos errado, significa que muitas descobertas à posteriori, não podiam ter sido antecipa-das na encruzilhada: e não há problema nenhum se se tiver que tomar um atalho ou voltar ao ponto de partida… No fun-do, precisamos de ajudar a des-montar esta fixação que temos do “bom desempenho”: o bom desempenho é não baixar os braços. É como a navegação por GPS: quando nos enganamos ou

há um dado novo, como um en-garrafamento na rota traçada, imediatamente é-nos sugerida uma nova rota.

A Doutora Inês é também voluntária na Cozinha Económica. Que lugar tem o voluntariado numa sociedade tão tecnocratizada?É muito difícil traçar a linha entre um voluntariado-des-cargo-de-consciência e um voluntariado-desinteressado--por-convicção…. A Madre Te-resa de Calcutá – que marca a minha vida espiritual - dizia que “temos que ser pobres com os pobres para podermos real-mente ser próximos deles, estar ao seu serviço”. E tudo aquilo que as Missionárias da Carida-de preconizam, desde só terem dois saris à forma como vivem, vem daí. Por mim, neste espí-rito, penso: ainda bem que há voluntariado, ainda bem que há quem preste serviço aos outros; e, depois, algum fruto há de dar, para quem se dá e para quem recebe. Contudo nesta socieda-de tecnocratizada, as pessoas extremam-se em dois grupos, os que acham que o voluntariado é uma parvoíce e que, por exem-plo, já pagam impostos para que os serviços possam provir às ne-cessidades, ou os que sobrecar-regam quem precisa com o jugo de estarem assim por preguiça ou malandrice, e os que acham que devem ajudar por um sem número de motivações. Eu pes-soalmente, não escondo o que faço, mas também não emban-deiro em arco, e Deus me livre que alguém pudesse acusar-me de não ter feito aquilo que devia profissionalmente por causa do tempo dado ao voluntariado. Cada coisa tem o seu espaço, o seu tempo e colocar-me ao ser-viço na área social (vulgo volun-tariado) é como se fizesse parte da minha intimidade.

É, ainda, membro da Comissão Diocesana Justiça e Paz. Que valor mais realçaria para uma sociedade mais justa e pacífica?A igualdade de oportunidades. Não sei como é que isso se faz, mas sei uma coisa, muito evan-gélica, que para isso é preciso olhar as pessoas nos olhos, co-nhecer a sua história, construir,

com cada uma, perspetivas de futuro que sirvam a pessoa, que a coloquem no centro; uma igualdade de oportunidades que abarca tudo isto, mas que não sei como se faz...

Por fim, a vida é espiritualidade. Donde vem à Doutora Inês a densidade espiritual?Em primeiro lugar de mim, diria o meu pai, eu digo de casa, dos meus pais e avós. Em segundo lugar por ser muito amada pela minha família, amigos e, claro, por Deus. Depois do meu pró-prio caminhar, da graça de ter sempre encontrado respostas reveladoras à medida que vou fazendo perguntas. Já experien-ciei o deserto, a aridez, a noite escura da alma. Foi duro princi-palmente por não perceber nada do que se estava a passar e es-tar sozinha nos Estados Unidos. Sou membro CVX (comunidade de vida cristã) desde 1998. Essa pertença tornou-se fundante da minha existência, na fidelida-de aos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, a partir da juventude. Oriento a vida ins-pirada e usando as ferramentas da espiritualidade inaciana. É a CVX que me envia e é à CVX que eu venho beber - como um lugar humano de estar na Igreja, cla-ro está. Mesmo durante os anos que estive fora de Portugal, nun-ca deixei a pertença efetiva ao meu grupo CVX, a SinCera.

A fragilidade humaniza a vida (como preconiza o tema desta Semana da Vida)? Vale dizer isto 3 meses depois da legalização da eutanásia no Parlamento português? A fragilidade pode humanizar a vida, dependendo da forma como é vivida e apoiada pelos nossos pares. E, com isto, vou direta à eutanásia: Portugal não podia ter vivido maior paradoxo: a eutanásia foi votada em 20 de fevereiro e um mês depois es-távamos todos aos “ais” com o coronavírus. Isto põe a nu que quando votámos a eutanásia - na discussão que então houve, ou que não houve -, tínhamos um paradigma de vida que foi completamente abanado com a pandemia. A reação à pandemia pode, e deve, servir de chave de leitura para as motivações mais profundas à despenalização da eutanásia. Acho que não sobra dúvida que não será por a vida não ser importante. Mas que vida? A vida que temos nas mãos qual bola saltitona. Tão depressa está como pode não estar e não sabemos como controlar o salti-tar desta bola. Este não controlo tira-nos o tapete debaixo dos pés, enche-nos de medo, é areia nas engrenagens da tal sociedade tecnocratizada que se deslum-bra, inconscientemente, com a instrumentalização da pessoa. Tudo sob a propaganda imbatí-vel da possibilidade de não so-frer, nem o próprio nem o outro, e do direito a escolher, como se escolher fosse assim simples.

“É preciso olhar as pessoas nos olhos, conhecer a sua história, construir, com cada uma, perspetivas de futuro que sirvam a pessoa, que a coloquem no centro.

“Os computadores têm a capacidade olhar para terabytes de dados, que nós nunca teríamos. Mas quem determina quais são os factos, os Megadados que são fornecidos à máquina são os humanos.

14 DE MAIO DE 2020

“Rezemos hoje pelos enfermeiros e enfermeiras, homens, mulheres, rapazes e moças que têm essa profissão, que é mais que uma profissão, é uma vocação, uma dedicação. Que o Senhor os abençoe. Neste tempo da pandemia deram exemplo de heroísmo e alguns deram a vida”.(Papa Francisco, homilia, Casa de Santa Marta, 12 de maio)

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CORREIO DE COIMBRA

6 Liturgia

Viver com o namorado não era, para ela, impedimento para ser batizada. Por isso, não aceitou a condição proposta pelo pároco: receber o Batismo implica seguir o Evangelho, viver com Cristo, aceitar as normas da sua Igreja. Só as exéquias do avô lhe permiti-ram descobrir a doçura, o amor, a alegria do encontro com Cristo. As desilusões da vida ajudaram tam-bém a procurar… E dá consigo a entrar numa igreja. E a desabafar. Com Jesus, primeiro. Depois com o sacerdote. Três ajudas a levaram a encontrar o caminho: a Bíblia, a compreensão dos sacramentos, o testemunho das pessoas que irra-diavam o amor de Jesus. Quantas pessoas com as caraterísticas da nossa Genawelle: Individualista, oportunista, dura, materialista. Será que encontrem um padre que obrigue a pensar na coerência de quem quer ser batizado? E também um padre que acolha e oriente? Será que entre numa igreja, onde a comunidade irradie o amor de Je-sus? Somos nós essa comunidade?

Foi um «não» da Igreja que me permitiu encontrar Je-sus em profundidade. A re-

cusa ao meu primeiro pedido de batismo fez-me voltar as costas ao Senhor, mas revelou-se uma

ocasião de pôr à prova a minha fé nascente. Tinha 28 anos. Vivia com um moço e, a princípio, não entendi que a Igreja me pedia para aceitar seguir os passos de Jesus e de pôr a minha vida de acordo com as exigências deste caminho. Para mim, que sempre tinha vivido num meio não cren-te, isso não fazia qualquer senti-do. Abandonei o catecumenado e afastei-me de Deus.Foi a morte do meu avô, deixando-me profunda-mente abalada, que me despertou para um caminho novo: a desco-berta da missa e a experiência da doçura, do amor, da humildade e da alegria duma relação com Jesus. Eu era então uma mu-lher individualista, oportunista, dura e materialista. Depois deste abandono da minha caminha-da catecumenal, a minha vida tornou-se deveras complicada, as desilusões encadeavam-se uma sobre a outra: rutura do namoro, imposição de mudar de escritório de advogados, divórcio dos meus pais… Não sabia mais onde es-tava. Desesperada, entrei numa igreja e, depois de ter libertado o meu coração da minha cólera e da minha deceção entregando-as a Jesus, encontrei um padre que me deu oportunidade de ir até ao fim do meu caminho. Jesus chamava-

-me. Eu sentia-me formidavel-mente bem acompanhada. Pouco a pouco fez-se luz em mim, no meu coração ferido… pela leitura da Bíblia, pela compreensão dos sacramentos, pelo testemunho de pessoas que irradiavam o amor de Jesus. Aceitei, simplesmente, colocar os meus passos nos da Igreja e mudar os meus compor-tamentos para viver em coerência com o Evangelho e as suas exigên-cias. A Providência quis que neste momento eu encontrasse aquele que iria tornar-se meu marido e que aspirava, também ele, a se-guir esta vida com Cristo. O meu Batismo, na Páscoa de 2014, foi e continua a ser o momento mais importante da minha vida. Senti--me renascer: uma alegria indi-zível invadiu o meu coração para se espalhar por todo o meu ser. Nunca mais estarei só: para sem-pre Jesus está comigo, em mim. O que mudou radicalmente é que, antes, eu levava a minha vida a pulso, sozinha. Agora, é Jesus que é o todo-poderoso na minha vida, nada Lhe é impossível. Ele trans-forma-me cada dia. Estou feliz por ter a possibilidade de poder viver a minha vida no Senhor.

Gwenaelle, 33 anos, advogada. In «Prier» nº 399

A Solenidade da Ascensão do Senhor convida-nos à vivência ativa da espe-

rança, na consciência de que já recebemos a vida plena do Senhor Ressuscitado, vida esta que se re-nova em nós pela ação do Espírito Santo, até ao dia em que se consu-ma na eternidade; bem como ao testemunho desta mesma vida, já na realidade presente da nossa história, incarnando aqui o Reino de Deus, com palavras e obras.

1Na nossa realidade histórica experimentamos a grandeza da vida, mas também os seus

limites e fragilidades, sempre com a expetativa de alcançarmos a felicidade plena, ou a plenitude da nossa realização humana. Se é certo que nos julgávamos se-nhores absolutos da vida, apesar da consciência da morte, pela capacidade de desenvolver conti-nuamente a perfectibilidade hu-mana, assente nos dinamismos intelectuais, científicos e tecno-lógicos, a verdade é que realidade presente nos coloca, de modo sin-gular, diante da nossa permanen-te fragilidade e da sua transitorie-dade! Com efeito, não temos aqui morada permanente! Assim, este

tempo transforma-se em oportu-nidade de verdadeira humilda-de, de acolhimento de um dom maior, no Senhor Ressuscitado, e de um verdadeiro testemunho, a todos, deste mesmo dom. Isto é, o tempo presente convida-nos acolher a verdadeira esperança, sem alienação da história, mas em autêntica abertura ao dom de Deus, em espírito de missão.

2A Palavra de Deus deste Domingo coloca-nos pre-cisamente diante desta

esperança cristã, pois em Cristo Ressuscitado foi colocada à direi-ta do Pai a nossa humana fragi-lidade; compreendendo ainda o dever de anunciar esta mesma esperança a todos os homens, como testemunhas do Senhor que Vive eternamente e que é a vida plena para todos! Hoje, como ontem, com a mesma força que nos vem do dom do Espírito San-to! São Paulo, na segunda leitura, invoca mesmo esta graça para os cristãos de Éfeso: «o Deus de Nos-so Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chama-dos» (Ef. 1, 17. 18). E o Senhor, antes

de subir ao Céu, confirma os dis-cípulos na sua missão. Confirma--os com o Seu mandato e com a certeza da força do Espírito Santo: «Ide e ensinai todas as nações, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt. 28, 19 - 20). Assim se compa-ginam a missão da Igreja e o seu conteúdo: enviada a todos os ho-mens, anunciando Cristo Vivo e Ressuscitado, «Aquele que preen-che tudo em todos» (Ef. 1, 23).

3O nosso compromisso, como cristãos deve as-sentar, então, nesta dupla

atitude: aprofundar a vivência da nossa verdadeira esperança – cul-tivando o dom da fé, na oração, na celebração dos sacramentos, na escuta e aprofundamento dos sinais dos tempos, numa diligen-te caridade; testemunhando, de-pois, este mesmo dom de vida e de plenitude a todos aqueles que connosco trilham os caminhos de uma mesma história humana e que reconhecemos como nossos irmãos. Sabendo que o dinamis-mo da vida e da missão nos vêm do Espírito Santo; aquela força do alto com que fomos confirmados!

ESPIRITUALIDADE

Um «não» que… leva a um «sim»João Castelhano

NEM SÓ DE PÃO | COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL

Testemunhas da esperança!Carlos Godinho

LEITURA DOS ATOS DOS APÓSTOLOS At 1, 1-11No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus co-meçou a fazer e a ensi-nar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espí-rito Santo, as suas ins-truções aos Apóstolos que escolhera. Foi tam-bém a eles que, depois da sua paixão, Se apre-sentou vivo com mui-tas provas, aparecendo--lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da qual – disse Ele – Me ouvis-tes falar. Na verdade, João batizou com água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai deter-minou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu--O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».

SALMO RESPONSORIAL Salmo 46Refrão: Por entre aclamações e ao som da trombeta, ergue-Se Deus, o Senhor.

LEITURA DA EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS Ef 1, 17-23Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecer-des plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para com-preenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável gran-deza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Prin-cipado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há de vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.

ALELUIA Mt 28, 19a.20bIde e ensinai todos os povos, diz o Senhor:Eu estou sempre convoscoaté ao fim dos tempos.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS Mt 28, 16-20Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, ado-raram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e en-sinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».

ASCENSÃO DO SENHOR – SOLENIDADE24 de maio de 2020

14 DE MAIO DE 2020

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CORREIO DE COIMBRA

7Opinião

Nestes dias de Covid-19, estamos vendo como a sociedade, os povos e os

trabalhadores se estão organizan-do em redes de solidariedade e de apoio mútuo. Estamos vendo o re-nascimento da ação comunitária e uma atenção especial às pessoas mais desprotegidas. Estamos ven-do como se reconhece cada dia de trabalho corajoso dos profissio-nais de saúde, a centralidade das trabalhadoras domésticas e das trabalhadoras que cuidam dos en-fermos e dependentes, o heroísmo de tantas e tantos santos quoti-dianos, como gosta de afirmar o Papa Francisco, apesar de todas as dificuldades e apesar de que o vírus do individualismo estar en-tranhado em nós desde sempre, e mais ainda por parte deste capi-talismo predador e fratricida que nos conduziu à beira do precipício.

Por isso, se este tecido huma-no se esta refazendo a partir do pequeno, com muitas gotas de amor, humildade e generosidade, aspiramos a ver estas dinâmicas nas instâncias que nos governam e também nas empresas onde trabalhamos. Assim, dói-nos ver como na Europa e nas institui-ções comunitárias os governos dos Estados membros reprodu-zem em interesse próprio umas dinâmicas que já se deram, sem ir mais longe, na crise financeira de 2008, e que devem ser supera-das neste momento tão grave.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta-nos para a chegada de uma onda de desem-prego no mundo e na Europa em particular (um mínimo de 12-15

milhões de trabalhos perdidos) como não havia acontecido desde há décadas. Vimos, além disso, de uma situação de debilidade com Estados de bem-estar que desin-vestiram na sua ação social e nos serviços públicos (fruto das políti-cas de austeridade) e um mercado laboral fortemente precarizado. É o momento de fazer política pelo bem comum e para isso, como in-dica o Papa Francisco, é necessá-rio aplicar medidas que superem o paradigma tecnocrático domi-nante em vigor.

Os Estados devem garantir a máxima ocupação em condições dignas e, para aqueles que não possam conseguir um emprego, proporcionar rendimentos vitais suficientes, como já está a pedir o Papa. Também é o momento para exigir aos grandes atores do setor privado empresarial – que na história recente beneficiaram do resgate público, como, por exemplo o setor bancário – um compromisso económico e ético e uma distribuição mais equitati-va do excedente que criam nesta reconstrução.

Os nossos governantes e nós que os elegemos devemos apren-der com o que está a acontecer: há que fortalecer os sistemas pú-blicos de saúde e da proteção so-cial; aplicar políticas de regulação para proteger os trabalhadores; reconstruir o tecido produtivo e industrial de proximidade que proporcione condições laborais dignas e minimize o prejuízo ao meio ambiente e que os cidadãos paguem um preço justo por estes produtos eticamente produzidos.

Chegou o mês de maio, aquele mês que tem o encanto das flores, dos

campos pintados de verde, das manhãs cheias de sol, que nos prometem dias longos e cheios de luz. O mês dedicado a Maria, nossa Mãe do céu, inspira-nos a amar como ela foi capaz de amar e, por isso, aproxima-nos de seu Filho. Porém, o mês de maio deste ano está a ser muito diferente, a natureza continua a brindar-nos com todas as mara-vilhas, mas estamos impedidos de andar livremente pelas ruas e de frequentar, com normalida-de, os lugares que faziam parte das nossas vidas e onde decor-riam as atividades que preen-chiam o nosso quotidiano. Ago-ra, é em casa que devemos estar e a distância física tem que ser vencida por uma proximidade conseguida por novas formas de comunicação, criadas graças ao admirável engenho humano.

Assim como na escola houve necessidade de inventar uma nova relação pedagógica entre professores e alunos, também na catequese é fundamental que os catequistas mantenham a ligação com os seus grupos e famílias. É com muito agrado que vemos as iniciativas que o Secretariado Nacional de Edu-cação Cristã (SNEC) nos vai pro-pondo, mas o papel de cada ca-tequista é insubstituível. Dentro das suas possibilidades, cada catequista deverá acompanhar o

seu grupo utilizando, para isso, as tecnologias de informação e comunicação disponíveis, tanto ao nível da dinamização ou cria-ção de grupos de comunicação, como na organização de video-conferências, em que possam participar as crianças e adoles-centes, com o consentimento e até participação das famílias. É importante ser-se criativo para que os nossos catequizandos e famílias sintam a nossa proxi-midade fraterna. Até um sim-ples telefonema a lembrar para assistir, na TV ou no YouTube, ao vídeo do tema da catequese, que foi preparado para cada ano catequético, pode ser um gesto decisivo para que as crianças e os jovens se sintam motivados a acompanhar o que para eles foi preparado com tanta preocupa-ção e cuidado pastoral.(1)

Dadas as circunstâncias atuais da pandemia que ainda alastra pelo mundo, foi com alguma naturalidade que foi acolhida a notícia de que o Papa Francisco tomou a decisão de adiar para 2023 a Jornada Mundial da Ju-ventude. Os jovens que estão a ser acompanhados com o pro-jeto Say Yes terão mais um ano para preparem este encontro de fé e alegria. O SNEC, em parceria com o Sector da Catequese do Pa-triarcado de Lisboa e a Agência Ecclesia, está a apoiar a conti-nuidade deste projeto, divulgan-do os conteúdos relativos à quin-ta etapa, no Programa Ecclesia,

emitido na RTP2 às quartas fei-ras pelas 15 horas. No entanto, os conteúdos ficam disponíveis on-line para poderem ser vi-sionados a qualquer momento. Recorde-se que o ‘Say Yes’ é um projeto no qual estão envolvidos cerca de 50 mil adolescentes de todo o país havendo necessidade de ir mantendo a formação e a motivação.

Como Igreja que somos, impe-didos de celebrar e de alimentar a nossa fé como estávamos habi-tuados, temos que ir descobrin-do novas formas de o fazer. Na Semana Santa fomos convida-dos a colocar nas nossas portas uma cruz, que foi o sinal visível da nossa união nas celebrações pascais. Agora, no mês de maio, respondendo a um apelo do Papa Francisco, devemos rezar o terço em família e, como o Santuário de Fátima não vai poder acolher peregrinos, todos podemos pere-grinar espiritualmente e colocar uma vela nas nossas janelas ce-lebrando a primeira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos. Poderemos também colocar nas nossas portas ou janelas terços feitos com muita criatividade e ternura pelos vários membros que se encontram reunidos em casa. Estes sinais de fé são for-mas de tornar presente Jesus Cristo neste mundo tão neces-sitado da sua Boa Nova da Sal-vação. As limitações que nos são impostas são compreensíveis, mas a nossa Fé não tem limites.

Os profetas são os porta--vozes de Deus, transmi-tindo a sua mensagem

que tanto pode ser de crítica, quando o coração do povo se afasta de Deus, como de espe-rança, quando reina o desâni-mo. De entre as profecias mais antigas da Bíblia, encontramos as de Amós, pastor, natural de Técua (cf. Am 7), que denunciou em particular a injustiça social e a falsa piedade. Amós criticou ferozmente os abastados, viven-do em mansões, que abusavam do seu poder, oprimindo os po-bres (cf. Am 3,13-15; 6,1-7); cri-ticou os comerciantes ladrões: “«Compraremos os necessita-dos por dinheiro e o pobre por um par de sandálias, e vende-remos até as alimpas do nosso

trigo.» O Senhor jurou contra a soberba de Jacob: «Não esque-cerei jamais nenhuma das suas obras.»” (Am 8,6-7). Além da critica social, Amós denunciou a falsa piedade: “Ainda que Me ofereçais sacrifícios, as vossas ofertas não Me agradarão, nem olharei para as oferendas gor-das. Longe de Mim o barulho dos vossos cânticos, nem quero ouvir a música das vossas liras. O que Eu quero é ver brotar o di-reito como a água e ver correr a justiça como riacho que não seca” (Amós 5,22-24). A mensa-gem de Amós é muito clara: um sistema baseado na exploração social e na falsa piedade não subsistirá porque somente a so-lidariedade e a luta pela justiça trará a felicidade.

Contemporâneo de Amós, te-mos um outro profeta de nome Oseias. Ambos exercem o seu ministério no Reino do Norte no século VIII a.C. O primeiro pela força da sua palavra, o segun-do, Oseias profetiza de modo particular pelo testemunho da sua vida, pelo seu matrimónio com uma prostituta, que lhe seria infiel, mas que o profeta perdoará, manifestando o amor incondicional de Deus que é perdão e misericórdia para um povo que lhe foi infiel (cf. Os 1-3). Deus manifesta o seu amor, ama tanto Israel como um pai ama e cuida do seu fi-lho: “Quando Israel era ainda menino, Eu amei-o, e chamei do Egipto o meu filho. Mas, quanto mais os chamei, mais

eles se afastaram; ofereceram sacrifícios aos ídolos de Baal e queimaram oferendas a está-tuas. Entretanto, Eu ensinava Efraim a andar, trazia-o nos meus braços, mas não reconhe-ceram que era Eu quem cuida-va deles. Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para eles como os que le-vantam uma criancinha contra o seu rosto; inclinei-me para ele para lhe dar de comer. (...) O meu coração dá voltas dentro de mim, comovem-se as mi-nhas entranhas” (Os 11, 1-4.8). Deus ensina-nos a lógica do amor e do perdão, neste mundo tão necessitado desta ternura e deste amor que dá vida!

Em tempo de incerteza e de tanto sofrimento, devido esta pandemia do coronavírus, Deus continua a falarmos através destes profetas, guiando os nos-sos passos que se afastem do egoísmo, da divisão e da indife-rença e possam encaminhar-se para uma nova aurora da hu-manidade, em que todos unem

esforços, para que possamos preconizar um desenvolvimen-to sustentável e integral, numa pandemia de solidariedade, com gestos concretos de ternu-ra e proximidade, de modo par-ticular junto dos mais pobres.

Proféticas são também as palavras do Papa Francisco ao pedir que rezemos pelos responsáveis das nações para que possam socorrer os que não têm, programando solu-ções sociais e económicas com clarividência e que as somas enormes usadas para os ar-mamentos sejam antes desti-nadas para os estudos adequa-dos para prevenir catástrofes deste género (cf. Carta do Papa Francisco para o mês de Maio, Oração a Maria II).

Sigamos o caminho apresen-tado pelos profetas: solidarie-dade, justiça, amor e perdão. E que nesta longa caminhada ninguém fique para trás, pode-rosos e humildes, juntos uni-dos, caso contrário, não haverá futuro para ninguém.

A PALAVRA EM PALAVRAS

Todos ou ninguém!João Paulo Fernandes

PROJETO SAY YES

Redescobrir a beleza de rezar o Terço em casaManuela Miranda

MOVIMENTO DE TRABALHADORES CRISTÃOS DA EUROPA

Dia da Europado Comunicado “Requiem por uma Europa que deve morrer, poema a uma Europa sonhada”

(1) http://catequese.net/documentos/recursos-para-a-catequese-em-tempo-de-quarentena-:954

14 DE MAIO DE 2020

“JANELA” SOLIDÁRIA DO INSTITUTO JUSTIÇA E PAZServiço de refeições TAKE AWAY com receitas a favor da ajuda a estudantes com dificuldades alimentares.Encomendas em 968 478 123 ou facebook.com/rest.justicaepaz

Page 8: PRESTIGIADO DIRETOR DO CORREIO 54º DIA MUNDIAL DOS …€¦ · 54º DIA MUNDIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (24 DE MAIO) “Os que trabalham nos vários meios de comunicação

CORREIO DE COIMBRA

Última

Fátima, na peregrinação aniversária de 12 e 13 de maio, foi certamente lo-

cal de fé e oração profundas, mas foi também, e em muito, uma grande lição para a Igreja e para a sociedade de como fazer bem as coisas que são grandes por si mesmas, encontrando para elas símbolos que as trans-portem com toda a dignidade à inteligência, sensibilidade e adesão de quem as celebra. Vale a pena, por isso, voltar a essa “simbólica”, tal como foi apre-sentada na noite de 12 de maio pelo Cardeal António Marto, que presidiu à Peregrinação: “A sim-bólica desta noite, completada com a da celebração de amanhã, permite percorrer a geografia espiritual que forma a multidão de devotos de Nossa Senhora de Fátima repartidos por todo o mundo: as 21 velas que hoje re-presentam as dioceses de Portu-gal com o seu episcopado, aqui representado pelos metropolitas das três províncias eclesiásticas [...]; as mil velas que cintilam so-bre o solo do recinto, a lembrar todos os peregrinos, os vivos e

também os defuntos que foram vítimas da pandemia; e ainda um gesto de lava-pés a três pe-regrinos, símbolo do acolhimen-to com que o Santuário recebe e também do alívio das dores e das feridas que podem trazer; amanhã [dia 13] o ramo de flo-res, qual ramalhete espiritual do Apostolado Mundial de Fátima, oferecido a Nossa Senhora, a re-presentar os nossos emigrantes e os peregrinos dos diversos con-tinentes do mundo. E particular-mente unido a nós está também

um peregrino especial, o Santo Padre Papa Francisco”.

Em tempo de pandemia, esta foi também uma peregrina-ção de oração de todos nós, ali presentes em comunhão espi-ritual, com os defuntos e seus familiares, os doentes, os pro-fissionais de saúde, os cuida-dores; e ainda: os idosos, os po-bres, as famílias que cuidam ou que choram, os sacerdotes, os trabalhadores da proteção civil, dos transportes, da limpeza, da alimentação e os bombeiros.

No domingo 27 de se-tembro de 2020 vai celebrar-se o 106º Dia

Mundial dos Migrantes e Re-fugiados, sob o tema “Como Je-sus Cristo, obrigados a fugir”. É um tema escolhido pelo Santo Padre e sabe-se também que a sua Mensagem para este Dia se vai centrar na pastoral dos des-locados internos, que hoje são mais de 41 milhões em todo o mundo, segundo a Secção de Migrantes e Refugiados do Di-castério para o desenvolvimen-to Humano integral.

Ainda segundo aquele serviço da Cúria Romana, a reflexão de Francisco, como se depreende o lema, partirá da experiência de Jesus deslocado e refugiado com os seus pais, para reafirmar a importância da fundamentação cristológica para o acolhimento cristão. A Mensagem terá seis subtemas, desenvolvidos a partir de seis pares de verbos: conhecer para compreender / aproximar--se para servir / escutar para reconciliar-se / partilhar para crescer / envolver para promover / colaborar para construir.

ANTÓNIO MARTO NA PEREGRINAÇÃO ANIVERSÁRIA DE MAIO:

Simbólica desta peregrinação percorre a geografia espiritual da multidão de devotos

Os que trabalham nos vários meios de comunicação so-cial necessitam de sapiência,

de coragem, de paciência e discer-nimento.

Tal como afirma o Santo Padre [Mensagem para o Dia dos Meios de Comunicação Social], «O homem é um ente narrador» que para tecer a história no tear comum da hu-manidade necessita de se confron-tar com o Narrador por excelência, Jesus de Nazaré, de modo a «apro-ximarmo-nos depois dos protago-nistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente connosco da história de hoje». Porque, na verda-de, «ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança».

Na situação atual que vive a hu-manidade em geral e o Povo Por-tuguês em particular, urge a Boa Notícia que integre o respeito ab-soluto pela verdade dos factos mas igualmente alimente a esperança no futuro melhor alicerçado no tes-temunho de tantos dos nossos an-tepassados que nos deixaram uma história narrada de heroicidade.

A este respeito, pode-se ler na re-ferida Mensagem que «as histórias de todos os tempos têm um “tear” comum: a estrutura prevê “heróis” – mesmo do dia-a-dia – que, para alcançar um sonho, enfrentam si-tuações difíceis, combatem o mal movidos por uma força que os torna corajosos, a força do amor».

A realidade terá de ser vista, ob-servada e contemplada sempre pela verdade e pelo amor. Só deste modo se oferece uma comunicação que está ao serviço da pessoa humana e do bem da sociedade.

(...) A par com tantos heróis que estão na linha da frente a salvar vidas e acompanhar os que são mais excluídos e isolados, teremos de reconhecer e louvar o serviço fundamental e imprescindível da comunicação social. Toda ela, mas de modo especial a de proximida-de como seja a comunicação social regional. Com escassos meios mas com profissionais generosos e ze-losos no desejo de comunicar, de oferecer a noticia, de auscultar as necessidades das populações mais distantes e esquecidas, e alertando para o dever de justiça e de partilha para com os que não têm voz nem vez na sociedade.

Pelo seu trabalho na coesão na-cional, na promoção cultural, na relação que estabelecem entre ci-dadãos que estão fora do seu país e como dão expressão a tradições tão importantes para a vivência comu-nitária, merecem o apoio que lhes é devido pelas autoridades governati-vas e do poder público.

da Nota Pastoral para o LIV Dia Mundial das Comunicações So-

ciais, Comissão Episcopal Cultura, Bens Culturais

e Comunicações Sociais

Verdade e esperança

Dum momento para o ou-tro tudo mudou no mun-do pelo novo vírus que

se tornou em pandemia. Como disse D. Manuel Clemente foi “como se ao meio da tarde o dia escurecesse não se vendo bem como, nem quando nem até quando…” Foi assim que todos tivemos de viver de modo dife-rente esta Páscoa saboreando amêndoa bem amarga.

São muitos milhares as pes-soas atingidas pelo COVID-19 ou Coronavírus, acontecendo que alguns vão sendo curados, sobre-vivendo, mas outros vão pagando com a morte este mal dos novos tempos. José Gil Nunes, filósofo, numa linguagem apocalíptica diz que “ou se respeita a Natureza ou o ser humano desaparece no final deste século” – afirmação arriscada mas que dá para pen-sar. O nosso Presidente Marcelo referiu-se à situação que vivemos como “um tempo de guerra com um caminho que ainda é longo, difícil e ingrato”, concluindo que “vamos vencê-lo o melhor que podermos e soubermos”. Inter-rogamo-nos sobre o que será o mundo depois disto. Nada será como antes e o importante será vencer o medo e enfrentar com coragem tudo quanto nos espera.

Tratando-se de um inimigo in-visível a luta contra ele é compli-cada e não admite tréguas nem o desleixo, nem o deixar correr como se nada de mal viesse a acontecer. Há que considerar as regras impostas, os compor-tamentos necessários e as leis rigorosas a cumprir na nossa própria defesa e na defesa dos outros. Tudo é novo para a famí-lia, para a escola e para a vida social e religiosa. Considere-se como medida de fundo o chama-do isolamento social e a ordem imperativa do “fique em casa”! O Plano de Emergência decreta-do exige comportamentos que evitem o contacto físico das pes-soas, tendo até decidido a Confe-rência Episcopal suspender mis-sas, catequeses, peregrinações e outros encontros de pessoas.

Esta paragem de quarentena leva a um isolamento bem pe-noso a quem tinha da vida um paradigma de movimento e de ação. Agora apenas as novas tecnologias da internet, da tele-visão e as diversas redes sociais vão quebrando um pouco esta solidão a que estamos obrigados, importando partilhar dentro do possível, comunicando e aju-dando os outros mutuamente. É boa e necessária esta atitude

porque somos todos por nature-za sociais e ensimesmar-se pode ser cair no abismo. Importa que se exerça uma meritória missão de amor solidário a quem preci-sa. Como afirmou o Papa Fran-cisco “estamos todos no mesmo barco e ninguém se salva sozi-nho” – uma verdade tão evidente e tão esquecida.

No domínio da fé as pessoas perguntam: - onde está Deus? Nós não temos explicações fá-ceis. Há mistérios nos Seus de-sígnios e há também problemas que nascem sobretudo dos Ho-mens. Deus fala-nos por sinais sem excluir a cruz. Além dis-so nem todos olham esta crise como outras bem trágicas, como a guerra da Síria, o aquecimento global e a pobreza no mundo. A História é vasta em situações de calamidade e de crises que a Hu-manidade sempre foi vencendo.

Neste momento importa que cada um aproveite o tempo de paragem e que não se fique no vazio. Que se recupere o verda-deiro sentido da vida e dos seus valores através da reflexão, da oração pessoal e da leitura da Palavra de Deus, tornando assim esta paragem uma boa oportu-nidade para crescer espiritual-mente. Além disso deve levar-

-nos a dar valor a tudo quanto agora nos falta, que são tantos momentos felizes de convívio social, o afã do dia-a-dia, as so-lenidades tradicionais, etc.

Não entremos em pânico. Com fé viva alimentemos a esperan-ça. Foi isso que nos recomendou o Papa Francisco quando há pou-co, sozinho no meio da enorme Praça de S. Pedro do Vaticano, se dirigiu ao mundo com a sua palavra e a sua bênção dizendo: “Não somos autossuficientes. Sozinhos afundamos: precisa-mos do Senhor como os antigos navegadores das estrelas. Con-videmos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos--lhe os nossos medos para que Ele os vença. Com Ele a bordo experimentemos – como os dis-cípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coi-sas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque com Deus a vida não morre jamais”.

Perante a amêndoa amarga que nos coube nesta Páscoa cin-zenta peçamos a Deus que nos ajude a perceber as fragilidades e transitoriedades da vida. Em-bora com mau sabor este sa-crifício não há-de ser já o fim. Novos dias felizes hão-de raiar! Venceremos com o comporta-mento certo, renovando a nossa maneira de estar e vivendo com fé e grande coragem. Entretanto vamos também esperando que a ciência, com o instante labor dos homens, nos consiga os ne-cessários remédios.

Pandemia: essa amêndoa amarga…Adriano Santo

27 DE SETEMBRO

Dia Mundial do Migrante

14 DE MAIO DE 2020

MÊS DE MARIA NAS PARÓQUIASEm tempo de pandemia, para além das transmissões do terço, muitas paróquias estão a fazer outras propostas diferenciadas de espiritualidade mariana.Procure mais informação no facebook da sua Unidade Pastoral