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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE CIENCIAS DA RELIGIAO – BACHARELADO E LICENCIATURA PARA O ENSINO RELIGIOSO MARLENE FERREIRA DO AMARAL ENSINO RELIGIOSO EM ESCOLA CONFESSIONAL SÃO JOSÉ 2012

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

CURSO DE CIENCIAS DA RELIGIAO – BACHARELADO E

LICENCIATURA PARA O ENSINO RELIGIOSO

MARLENE FERREIRA DO AMARAL

ENSINO RELIGIOSO EM ESCOLA CONFESSIONAL

SÃO JOSÉ

2012

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

CURSO DE CIENCIAS DA RELIGIAO – BACHARELADO E

LICENCIATURA PARA O ENSINO RELIGIOSO

MARLENE FERREIRA DO AMARAL

ENSINO RELIGIOSO EM ESCOLA CONFESSIONAL

Trabalho elaborado para a obtenção do grau de Bacharel e Licenciatura para o Ensino Religioso do curso de Ciências da Religião do Centro Universitário Municipal de São José - USJ. Orientadora: MSC. Andréia Piana Titon

SÃO JOSÉ

2012

Dedico meu trabalho ao Professor Dr. José

Carlos da Silva, que me sugeriu a temática a

respeito do Ensino Religioso em escolas

confessionais.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por me conceder a oportunidade de voltar a estudar

quando já não acreditava que iria além do Ensino Médio;

Ao meu irmão que me incentivou a prestar o vestibular;

A minha mãe que cuidou de meus filhos enquanto eu estudava, inclusive o que nasceu

neste período de graduação;

Agradeço também ao meu marido e minha irmã que me ajudavam na busca de

materiais para pesquisa;

Enfim, a todas as pessoas que me ajudaram a vencer os obstáculos que surgiam e não

me deixavam desistir e a todos os professores da USJ, em especial à minha orientadora Msc.

Andréia PianaTiton.

“Nem a arrogância é sinal de competência nem

a competência é causa de arrogância. Não

nego a competência, por outro lado, de certos

arrogantes, mas lamento neles a ausência de

simplicidade que, não diminuindo em nada seu

saber, os faria gente melhor, gente mais

gente”.

Paulo Freire

RESUMO

Nesta pesquisa destacamos a história do Ensino Religioso (ER) nas escolas brasileiras desde o período colonial No contexto atual, verifica-se que esta disciplina geralmente é excluída das escolas sob alegação da necessidade de um ensino laico ou sua inclusão no currículo vinculado às igrejas. No caso do modelo de ER ligado às igrejas temos o modelo de ensino religioso catequético ou confessional, ou seja, que segue os preceitos de uma denominação religiosa, geralmente a católica. Outro modelo de ensino religioso é o teológico, o qual é ecumênico e organizado pelas denominações religiosas cristãs, em acordo entre elas. Já o modelo recente de ensino religioso é baseado nas Ciências da Religião e fundamenta-se a partir do estudo do fenômeno religioso, sugerido pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER). O primeiro modelo de ER, o confessional, ainda está presente em algumas escolas, principalmente nas particulares. Esta pesquisa tem por objetivo analisar o currículo da disciplina de ER no sistema escolar de uma instituição de ensino confessional. Para a coleta de dados foi utilizado o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição e realizado entrevista com 5 (cinco) professores da disciplina de Ensino Religioso da instituição. Verificou-se que, apesar de ser confessional, esta escola segue as mesmas leis que regem as escolas da rede pública de ensino e com isso está cada vez mais se aproximando dos ideais do ensino laico, buscando valorizar a formação humana e a diversidade cultural. A principal dificuldade em trabalhar com o ER, apontada pelos docentes entrevistados, é a escassez de materiais didáticos que atendam as aspirações desse novo modelo. Sentem também a necessidade de uma maior divulgação a respeito do conteúdo contemplado no ER para que as pessoas, inclusive docentes de outras disciplinas, deixem de considerá-lo como área de conhecimento não tão importante para a formação do indivíduo. Palavras-Chave: Ensino Religioso, Escola Confessional, Ensino Fundamental.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Conteúdos do 1º ano do Ensino Fundamental.........................................................30 Quadro 2: Conteúdos do 6º ano do Ensino Fundamental.........................................................31

LISTA DE SIGLAS

CNE – Conselho Nacional de Educação

ER – Ensino Religioso

FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso

LDB – Leis de Diretrizes e Bases

MEC – Ministério da Educação e Cultura

PCNER – Parâmetro Curricular Nacional de Ensino Religioso

PCSC – Proposta Curricular de Santa Catarina

PCSC-ER – Proposta Curricular de Santa Catarina – Ensino Religioso

PPP – Projeto Político Pedagógico

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 10

2 ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS ......................................................................... 12

2.1 HISTÓRICO DO ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS BRASILEIRAS..................... 13

2.2 ENSINO RELIGIOSO E AS LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS ATUAIS .................... 15

2.3 MODELOS DE ENSINO RELIGIOSO............................................................................ 18

2.3.1 Modelo catequético ..................................................................................................... 19

2.3.2 Modelo teológico.......................................................................................................... 20

2.3.3 Modelo das Ciências da Religião................................................................................ 20

2.4 CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO ESCOLAR. ............... 21

2.5 O ENSINO RELIGIOSO EM ESCOLAS CONFESSIONAIS.......................................... 23

2.6 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO.................................... 24

3 CAMINHOS METODOLÓGICOS................................................................................. 26

3.1 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DAS INFORMAÇÕES......................................27

4 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO .................................................................... 28

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA...................... 29

5.1 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO - PPP DA INSTITUIÇÃO E A PROPOSTA

CURRICULAR DE SANTA CATARINA............................................................................. 29

5.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO35

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 47

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 49

DOCUMENTOS CONSULTADOS.................................................................................... 52

APÊNDICE A - Roteiro da entrevista.................................................................................... 53

APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................ 54

APÊNDICE C - Proposta de pesquisa................................................................................... 55

APÊNDICE D - Declaração......................................................................................................56

10

1 INTRODUÇÃO

O Ensino Religioso em geral é um assunto polêmico e muitas vezes não tem a

abordagem e o tratamento que lhe é devido. Desta forma, esta pesquisa visa analisar e discutir

possíveis contribuições do ensino religioso para a formação humana e, mais especificamente,

conhecer sobre as contribuições desta disciplina curricular no contexto de escolas

confessionais, considerando as diretrizes atuais para essa disciplina.

Esta pesquisa também pretende conhecer a organização do ensino religioso como área

estritamente curricular em uma escola confessional, cujo currículo, metodologia, finalidades,

características e programação devem se integrar ao marco educativo atual para esta disciplina.

O Ensino Religioso faz parte da história da educação no Brasil, desde sua colonização

por Portugal. Destaca-se que o processo educativo e as instituições religiosas sempre

estiveram relacionados, mas essa relação foi sofrendo transformações. Inicialmente a

educação escolar em geral estava vinculada às instituições religiosas e o Ensino Religioso

seguia o modelo catequético, o qual visa à educação da fé de uma determinada religião. Esta

tem como objetivo desenvolver a fé. A função da catequese é trabalhar de forma sistemática e

progressiva o conteúdo da fé religiosa.

No contexto atual, destacamos as escolas confessionais, instituições que possuem uma

orientação confessional e ideologias específicas. Considerando a particularidade das escolas

confessionais e a proposta do ER atual, baseada em conteúdos que devem respeitar a

diversidade cultural e religiosa e contribuir para a formação humana, esta pesquisa busca

aprofundar este tema do Ensino Religioso em Escolas Confessionais. Tenta-se compreender,

dentro dessa proposta, de que maneira o ER está organizado no currículo de uma escola

confessional da cidade de São José, quais os pressupostos que pautam os o ER nesta

instituição e qual o material didático (livros, revistas, tecnologia, etc.) utilizado para o

desenvolvimento das aulas de ER do 6º ao 9º ano.

Portanto, obtém-se como objetivo geral, na perspectiva das Ciências da Religião, uma

análise do currículo da disciplina de Ensino Religioso no sistema escolar de uma instituição

de ensino confessional do município de São José.

Tem como objetivos específicos: identificar os pressupostos curriculares que pautam o

ensino religioso dessa escola do 6º ao 9º ano; analisar a proposta curricular para o Ensino

Religioso nesta instituição e relacioná-la com a Proposta Curricular de Santa Catarina;

conhecer o material didático utilizado na disciplina de Ensino Religioso nesta instituição e

11

conhecer como está organizada a disciplina no cotidiano escolar da instituição do 6ª ao 9º ano.

Destaca-se que o maior desafio mediante a realização deste Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC) foi a escolha do tema. Foi difícil optar por um assunto que contasse com uma

fundamentação teórica interessante cuja problemática instigasse ir à busca de respostas. Neste

momento, o professor Dr. José Carlos da Silva, da disciplina de Metodologia Científica II,

sugeriu o tema Ensino Religioso em escolas confessionais, colocando que seria interessante

conhecer como está acontecendo esse processo de adequação do ER à proposta atual no

contexto destas instituições de ensino. Além de sugerir o tema, colaborou com um livro de

presente e indicou outras referências que abordavam esse assunto. Isso serviu como alavanca

para que se iniciasse essa pesquisa junto às publicações por ele indicadas e em outras

pesquisadas.

Após a leitura de livros e artigos especializados em Ensino Religioso, percebeu-se o

quão acertada foi a sugestão do tema feita pelo professor Dr. José Carlos da Silva, pois esse

assunto intriga e desperta o interesse em compreender como ocorre esse vínculo entre o

Ensino Religioso e a confessionalidade, que nunca se desfaz totalmente. E para dar conta

desses objetivos decidiu-se por realizar uma pesquisa qualitativa por entender que está

vinculada às Ciências Humanas e permitiria uma maior aproximação do tema desta pesquisa.

Partindo dessa concepção, foram analisados os documentos que regulamentam o ER,

disponibilizados pela instituição, referentes à organização da disciplina como, por exemplo, o

Projeto Político Pedagógico (PPP). Também foram realizadas entrevistas com professores da

disciplina de Ensino Religioso dessa instituição de ensino. Essas entrevistas foram gravadas,

transcritas e analisadas. Foram criadas as seguintes categorias de análise: A concepção de

ensino religioso na visão dos professores e da instituição; a organização da disciplina no

currículo e os recursos didáticos; a percepção da disciplina de Ensino Religioso pelos

professores de outras disciplinas, pelos pais e pelos alunos; as dificuldades enfrentadas pelos

professores de Ensino Religioso e as contribuições desta disciplina.

Estão contempladas no referencial teórico deste projeto: uma retrospectiva histórica da

legislação que rege essa área de conhecimento, desde as primeiras práticas de ensino religioso

no Brasil até a atualidade; as políticas para o ensino religioso no país; um estudo sobre os

modelos de Ensino Religioso e uma abordagem sobre a formação de docentes para o Ensino

Religioso.

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2 ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS

O tema “Religião” é muito polêmico, pois existe uma diversidade de religiões, com

vários credos, que pregam diferentes doutrinas e cada uma tende a defender a sua visão. Neste

contexto, é fundamental que uma respeite a filosofia que a outra segue.

Desta forma, o ER nas escolas é motivo de grandes discussões, pois muitos

consideram que os conteúdos religiosos repassados são baseados em uma única religião. Com

isso, o que deveria ser um auxílio à compreensão das diferenças pode tornar alvo de

discussões entre pais, professores, diretores e comunidade, que muitas vezes não conhecem a

proposta de ER que a escola oferece.

Sobre as diversidades das religiões Dalai Lama (2000, p. 244) conceitua que:

A diversidade que existe entre as várias tradições religiosas é extremamente enriquecedora. Por isso, não é difícil afirmar que, em princípio, todas as religiões são iguais. Todas são iguais quando salientam que o amor, a compaixão são indispensáveis dentro do contexto da disciplina ética.

A sociedade brasileira hoje se apresenta de forma muito diversa em seu contexto

social, cultural e religioso. Segundo a cartilha Diversidade Religiosa e Direitos Humanos

(BRASIL, 2004, p 11), “a beleza de nosso país reside justamente na diversidade cultural e

religiosa de seu povo” e é nosso desafio quebrar essas barreiras que impedem o diálogo com

aqueles que pensam e agem de forma diferente, mas compartilham do mesmo objetivo que é a

valorização da vida.

Diante desta perspectiva, apresenta-se a importância do Ensino Religioso nas escolas.

Cabe a essa disciplina mediar as relações entre os alunos e o fenômeno religioso que se

manifesta nas práticas culturais religiosas dos diversos grupos existentes na sociedade,

incentivando o respeito e a tolerância a toda e qualquer religião.

Visando essa valorização do pluralismo e a diversidade cultural existentes na

sociedade, o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER)1 definiu como

objetivos do Ensino Religioso a fim de facilitar a compreensão do Transcendente,

1 O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso – FONAPER é uma associação civil de direito privado, sem vinculo político-partidário, confessional e sindical, sem fins econômicos que agrega conforme seu estatuto, pessoas jurídicas e físicas identificados com o ER. Criado em Florianópolis em 26 de Setembro de 1995, o FONAPER é um espaço aberto à discussão que atua na perspectiva de acompanhar, organizar e subsidiar os esforços de professores e pesquisadores, buscando efetivar o ER como componente curricular. (www.fonaper.com.br).

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- proporcionar o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, a partir das experiências religiosas percebidas no contexto do educando; - subsidiar o educando na formulação do questionamento existencial, em profundidade, para dar sua resposta devidamente informado; - analisar o papel das tradições religiosas na estruturação e manutenção das diferentes culturas e manifestações socioculturais; - facilitar a compreensão do significado das afirmações e verdades de fé das tradições religiosas; - refletir o sentido da atitude moral, como consequência do fenômeno religioso e expressão da consciência e da resposta pessoal e comunitária do ser humano; - possibilitar esclarecimentos sobre o direito à diferença na construção de estruturas religiosas que têm na liberdade o seu valor inaliável (FONAPER, 2009, p. 47).

2.1 HISTÓRICO DO ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS BRASILEIRAS

De acordo com Markus (2002, p.33), “o Ensino Religioso nas escolas, no decorrer da

história, sempre esteve marcado pelas relações estabelecidas entre o Estado, a Igreja, a

política e a religião, as quais definiam sua natureza e seu papel”. Pode-se afirmar, portanto,

que decorre deste aspecto histórico, a problemática atual, a qual considera o ER como forma

de doutrinamento da Igreja.

É necessário conhecer a evolução histórica do ER para que se possa compreender a

situação atual. Markus (2002) conceitua vários períodos da história, os quais serão destacados

com o intuito de basear a análise da legislação atual.

No Período Colonial (1500-1800) a ligação entre a escola, a Igreja e a política era

forte, principalmente em torno do projeto colonizador. O Ensino Religioso consistia no ensino

da religião católica aos índios e negros. Essa predominância da igreja católica continuou ainda

no período de 1823 a 1889, que compreende a Monarquia Constitucional, pois, devido ao fato

do catolicismo ser a religião oficial no Brasil, as escolas eram obrigadas a difundir a doutrina

cristã.

No período da Implantação do Regime Republicano (1890-1930) seguem-se os ideais

positivistas e com isso ocorreu a separação entre o Estado e a Igreja. A Carta Magna de 1891

estabelece o ensino leigo, dando base a diferentes interpretações: uns afirmam não haver mais

necessidade do ER, outros que leiga era à base da educação. Contudo, mesmo com todos os

debates ocorridos, o ER continuava presente nas escolas sob orientação da Igreja Católica

(MARKUS, 2002).

Markus (2002) expõe ainda que durante o Período de Transição (1930-1937), o ER é

fortemente debatido, e, no ano de 1931 é estabelecida sua facultatividade nas escolas públicas.

Na Constituição de 1934 é declarado que deve ser ministrado de acordo com as crenças dos

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alunos, ou seja, fica estabelecida a pluralidade religiosa.

No entanto, os defensores da Escola Nova são contrários à disciplina, fundando-se nos

princípios da laicidade, obrigatoriedade e gratuidade do ensino. Esse debate continua ainda no

período do Estado Novo (1937-1945), quando foi promulgada a Constituição de 1937, que em

seu artigo 113 reafirma a facultatividade da disciplina. Embora estabelecido o direito a

liberdade religiosa, a disciplina de Ensino Religioso continuou sendo ministrada por

professores da Igreja Católica, como catequese.

Continuando a discorrer sobre o assunto, Markus (2002) afirma que no terceiro

Período Republicano (1946-1964), a Constituição Federal de 1946 garante o Ensino Religioso

quase nos mesmos termos da Constituição de 34.

No entanto, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 4026/61 restringe o espaço do ensino

religioso no sistema de ensino, enfraquecendo a responsabilidade do Estado para com a

disciplina. Já no quarto Período Republicano (1964-1984), a Constituição de 1967 assegura o

ensino religioso como obrigatório para escola e opcional ao aluno. Na verdade há falta de

clareza quanto seu papel no ambiente escolar.

A partir de 1985 aconteceram várias transformações em âmbito nacional:

[...] se acentua o processo de ruptura com as concepções vigentes até então em toda a sociedade brasileira: acontece o processo de abertura política no país; difunde-se a liberdade de imprensa; estão em voga os debates sobre a teologia da libertação; o fenômeno da diversidade religiosa se torna evidente e visível; movimentos sociais e culturais de evangelização; e uma nova Constituição reconhece e assegura o respeito pelas diversidades culturais e religiosas (MARKUS, 2002, p.35-36).

O artigo 3o, parágrafo IV, da Constituição de 1988 (p. 13) preceitua que se deve

“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, sexo, cor, idade e quaisquer outras

formas de discriminação”. O artigo 5o VI (p. 15) da mesma constituição, diz que “é inviolável

a liberdade de consciência e crença [...]”, em conformidade com o artigo 210 (p.122) o qual

garante “o Ensino Religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários

normais das escolas públicas de ensino fundamental”. Estes princípios são tidos como base

para a abordagem do Ensino Religioso na Lei 9394/96 da LDB e para os Parâmetros

Curriculares Nacionais de Ensino Religioso (PCNER) 2 de 2009.

A legislação brasileira atribui, portanto, um caráter facultativo quanto à matrícula dos

2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso – PCNER foram elaborados em 1997 pelo FONAPER e se caracteriza como um documento norteador da disciplina ER, ao organizar os conteúdos desta disciplina. Destaca-se que foi construído sem o empenho ou contribuições dos setores governamentais – MEC. (POZZER, Adecir et al. 2010)

15

alunos nesta disciplina. Mas essa disciplina deve ser implantada no currículo escolar e ser

trabalhada tendo como base o PCNER, de forma interdisciplinar.

O Ensino Religioso em Santa Catarina seguiu o caminho desenhado a nível nacional.

Segundo Caron (2003), em 1935, ele vem a ser contemplado nas legislações e constituições

estaduais. O ER permanece de 1935 a 1969 com caráter confessional de predominância

católica.

A partir de 1970, com uma proposta mais aberta de ensino, independente do credo

religioso do aluno e/ou responsável, passa a ser entendido como Educação Religiosa Escolar

e, então, reconhecido como componente curricular de ensino do Ensino Fundamental e Ensino

Médio) das escolas públicas estaduais.

De acordo com Caron (2003), em 1997 com a nova LDB, retorna a nomenclatura de

Ensino Religioso. Em 1998, fica assegurado para o ER o respeito à diversidade religiosa e

cultural brasileira e de toda a comunidade atendida, sendo vedadas quaisquer formas de

proselitismo. (CECCHETTI, 2010).

Em 2005, o Governo de Santa Catarina, pelo Decreto Estadual nº 3.882, de 28 de

dezembro de 2005, regulamenta o Ensino Religioso nas escolas de ensino fundamental da

rede pública estadual, destacando inicialmente o caráter facultativo da disciplina do ER, mas

que, para os alunos que optassem por não ter aula de ER, deverá ter outras atividades

(integradas ao currículo) proporcionadas pela escola, no mesmo horário da aula de ER.

(JUNQUEIRA, CORRÊA, HOLANDA, 2007).

2.2 ENSINO RELIGIOSO E AS LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS ATUAIS

A nova Lei da LDB de 1996 procurou estabelecer várias mudanças, a curto e longo

prazo, no que diz respeito à estrutura e ao conteúdo do sistema educacional, dando início a

uma nova fase na história da Educação e do Ensino Religioso, integrando esta disciplina ao

currículo escolar. Assim, o artigo 33 da Lei 9394/96 conceitua que:

O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável ministrada por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.

16

De acordo com Oliveira e Cecchetti (2010, p.107), o conteúdo do artigo 33 da lei

9394/96 da LDB provocou “questionamentos e reações imediatas em nível nacional sobre a

omissão do poder público sob o ponto de vista legal, pedagógico e financeiro expresso no

referido artigo”.

Isso colaborou para que no ano seguinte, em julho de 1997, fosse sancionada a Lei n.º

9.475, específica do Ensino Religioso, visto que surge para reformular o artigo 33 da LDB, o

qual passa a vigorar com a seguinte redação:

[...] de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. (OLIVEIRA e CECCHETTI, 2010, p. 107-108)

Esta redação final alterou significativamente o conteúdo do art. 33, pois passa a

respeitar a pluralidade, não sendo mais consideradas as preferências manifestadas pelos

alunos ou por seus responsáveis. O Ensino Religioso passa a focar os fundamentos da

religiosidade e seus valores como aspectos a serem trabalhados. Outra alteração foi referente à

remuneração do professor de ER, pois antes se sugeria que este componente curricular fosse

ministrado por voluntários. Por se tratar de uma disciplina não obrigatória e com matrícula

facultativa, não teria vínculos nem custos para o Estado. Com a promulgação da lei 9475/97,

definiu-se que houvesse remuneração para o professor de Ensino Religioso da mesma forma

que os outros profissionais de ensino.

Considera-se, portanto, que a proposta da Lei n.° 9475/97 é garantir que toda escola de

Ensino Fundamental disponha para seus alunos o acesso ao conhecimento religioso, dentro do

horário normal de aulas. Sendo o ER fundamental na formação integral do ser humano, deve

acompanhar a pluralidade religiosa e social que temos em nossa sociedade, o respeito à

diversidade cultural e religiosa dos mesmos, compreendendo os aspectos sociológicos e

históricos.

Deve-se destacar que ensinar doutrinas religiosas é responsabilidade das igrejas e não

das escolas. Assim deve-se desvincular o ER das crenças religiosas, adotando uma abordagem

científica deste ensino.

De acordo com a LDB (1996) os conteúdos são definidos pelos sistemas de ensino,

mediante consulta a uma entidade composta por diferentes religiões, para não haver

17

proselitismo, ou seja, o uso da disciplina de ensino religioso como forma de divulgação de

uma determinada religião.

O Ensino Religioso, depois disso, começou a tomar outros rumos, aproximando-se do

ensino idealizado por educadores e pessoas interessadas em um ensino que valorize “o

pluralismo e a diversidade cultural presente na sociedade brasileira” (PCNER, 2009, p.46).

Recentemente, a resolução nº 04/2010, instituída pelo Conselho Nacional de Educação

(CNE), em seu artigo 14, parágrafo 1º, determinou que a base nacional comum para o Ensino

Fundamental é composta pelas seguintes áreas do conhecimento:

a) a Língua Portuguesa; b) a Matemática; c) o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena; d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música; e) a Educação Física; f) o Ensino Religioso. (BORTOLETO e MENEGHETTI, 2010, p. 75)

O ensino religioso, portanto, é reconhecido como área de conhecimento, ou seja, como

uma disciplina pertinente ao currículo.

Conforme o observado pelos rumos tomados com o passar dos anos e o

aprimoramento da legislação, tudo indicava que o Ensino Religioso estava se desprendendo

do modelo confessional. O mesmo estava perdendo a ligação com as igrejas e se tornando

cada vez mais laico. No entanto, em novembro de 2010, o Presidente da República sancionou

o Decreto nº 7.107, intitulado Acordo Brasil - Santa Sé, que em seu artigo 11, traz o seguinte

texto:

A República Federativa do Brasil, em observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeita a importância do ensino religioso em vista da formação integral da pessoa. §1º - O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação.

Este acordo discorda da LDB em vigor e tem causado polêmica e discussão em torno

de sua validade constitucional. A aprovação da lei foi criticada por alguns e o argumento

principal é que esta forma da lei fere a laicidade do Estado e do poder público. Mas o

processo ainda está em pauta no Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de

inconstitucionalidade da Procuradoria Geral da República. (MARTINS, 2012).

18

Há uma espécie de abdicação do Estado em assumir suas atividades pedagógicas e

transferi-las para instituições religiosas, apesar de há muito tempo existir a luta para que se

realize, efetivamente, a separação entre educação pública e o ensino religioso confessional.

O Estado do Rio de Janeiro já colocou o artigo do Acordo Brasil - Santa Sé em prática,

vindo de encontro a Legislação Estadual , Lei n. 3.459 de 14 de Setembro de 2000, que

instituiu o ensino religioso confessional nas escolas públicas do estado. Com a Lei n. 3.459 ,

tornou-se obrigatório ofertar o ensino religioso a toda a educação básica, à educação

profissional e à educação especial, na rede estadual (CAVALIERE, 2007).

De acordo com Martins (2012), os alunos da rede municipal de ensino do Rio de

Janeiro, passarão a ter aulas de ensino religioso específicas para as religiões: católica,

evangélica, espírita e afro-brasileira.

Por se tratar de aulas confessionais, só participarão alunos cujos pais deram

autorização quando os matricularam. Durante esse período vago serão trabalhados temas

sobre a ética e a cidadania com os demais alunos. Os docentes contratados devem ser

credenciados pela autoridade religiosa competente, que exigirá formação obtida em instituição

por ela mantida ou reconhecida (MARTINS, 2012).

Com isso, pode-se dizer que as conquistas e a evolução do Ensino Religioso entram

em retrocesso, pois este componente curricular volta a ser ministrado praticamente do mesmo

modo que na época do descobrimento.

De acordo com Passos (2007), sempre existiu esse impasse entre a confessionalidade

religiosa e a laicidade do Estado e é preciso superar este impasse em nome da autonomia dos

estudos de religião. É preciso “desfazer esse ciclo de retorno permanente do igual: o vínculo

do ER com a confessionalidade”. (PASSOS, 2007, p. 50)

2.3 MODELOS DE ENSINO RELIGIOSO

Os modelos de Ensino Religioso serão abordados neste trabalho compartilhando a

visão do autor João Décio Passos (2007), que nos expõe três modelos de Ensino Religioso:

catequético, teológico e das ciências da religião.

Como o próprio autor observa essa não é a única tipologia possível. Outros autores e

especialistas já escreveram sobre este assunto, mas, de acordo com Passos (2007), os modelos

catequético, teológico e das ciências da religião refletem a historicidade das regulamentações

do Ensino Religioso e os conflitos de ordem política que permearam e ainda estão presentes

19

na definição da identidade desta disciplina.

Pode-se dizer que os três modelos têm sua concretização numa certa sequência

cronológica:

O modelo catequético é o mais antigo; está relacionado, sobretudo, a contextos em que a religião gozava de hegemonia na sociedade, embora ainda sobreviva em muitas práticas atuais que continuam apostando nessa hegemonia, utilizando-se, por sua vez, de métodos modernos. Ele é seguido do modelo teológico que se constrói num esforço de diálogo com a sociedade plural e secularizada e sobre bases antropológicas. O último modelo, ainda em construção, situa-se no âmbito das Ciências da Religião e fornece referências teóricas e metodológicas para o estudo e o ensino da religião como disciplina autônoma e plenamente inserida nos currículos escolares (PASSOS, 2007, p. 54).

2.3.1 Modelo catequético

O modelo catequético é utilizado pelas Igrejas Cristãs e tem como prática escolar a

catequese dos alunos. De acordo com Passos (2007), este modelo possui uma visão

unirreligiosa, geralmente da religião predominante, e se desenvolve no contexto político onde

há aliança entre igreja e Estado, por meio de acordo entre estes poderes.

Tem como fonte de estudos os conteúdos doutrinais organizados pela própria igreja,

ministrados no sistema tradicional, quando o professor repassa os conteúdos e o aluno

armazena. O objetivo deste ensino é a expansão das igrejas e os riscos deste tipo de ensino são

o proselitismo e a intolerância.

O modelo de Ensino Religioso catequético foi o primeiro implantado no Brasil,

começando na fase da Educação Jesuítica, mas ainda muito presente nos dias atuais. Esse

modelo procura transmitir os princípios de fé das igrejas, principalmente Católica e

Protestante, como uma forma de reconquistar a hegemonia que estas confissões religiosas

detinham antigamente.

Estas confissões religiosas ficavam responsáveis não apenas pela transmissão de

conteúdos, mas também pela seleção e remuneração dos professores, isentando, assim, o

Estado dessas responsabilidades.

Esse modelo ainda está sendo ministrado em algumas escolas confessionais

particulares e também em algumas escolas públicas, apesar do artigo 33 da LDB (1996)

preconizar um Ensino Religioso laico, vedadas quaisquer formas de proselitismo. No Estado

do Rio de Janeiro, por exemplo, foi aprovada a Lei 3.459/2000, advinda da influência de

Igrejas cristãs evangélicas, que implanta nas escolas públicas do Estado o Ensino Religioso

confessional, reproduzindo o antigo modelo catequético, conforme relata Passos (2007).

20

2.3.2Modelo teológico

O modelo teológico tem por premissa ir além da confessionalidade e superar a prática

catequética indo a uma perspectiva que considera a religião como tendo caráter universal. Isto

considera a religião como uma dimensão do ser humano.

Além disso, este modelo, “[...] coloca as questões religiosas em discussão com as

demais disciplinas da instituição de ensino e se esforça em promover o respeito e o diálogo

entre as religiões, dentro de um horizonte de finalidades ecumênicas” (PASSOS, 2007, p. 60).

Segundo Passos (2007), o modelo teológico possui uma visão plurirreligiosa e tem

como fonte de estudos a antropologia e a teologia do pluralismo. Os conteúdos continuam a

ser organizados pelas confissões religiosas, mas com uma visão global do ensino, tendo como

objetivo a formação religiosa dos cidadãos.

O modelo teológico tem uma visão mais ampla e trouxe uma inovação se comparado

ao modelo catequético ao permitir um diálogo maior entre as igrejas cristãs.

Passos (2007. p. 64) diz que este modelo de Ensino Religioso “sustenta-se na ideia da

educação da religiosidade como um valor antropológico, sendo que a dimensão transcendente

marca o ser humano na sua profundidade, independente de sua confissão explícita de fé”.

Entretanto, considera que mesmo embasado neste conceito e na convicção do respeito

às diversidades, “o risco desse modelo afigura ser o de uma catequização disfarçada, não tanto

pelos seus conteúdos, mas pela responsabilidade ainda delegada às confissões religiosas”.

(PASSOS, 2007, p. 64)

2.3.3 Modelo das Ciências da Religião

Este modelo de Ensino Religioso, de acordo com Passos (2007) é o mais ideal e

recomendado nas fundamentações atuais desse ensino. A adoção das Ciências da Religião

como base epistemológica do Ensino Religioso é muito recente, enquanto as velhas práticas

de ensino já consolidadas ainda tem o respaldo dos interesses políticos das igrejas e dos

gestores públicos.

O modelo das Ciências da Religião surgiu das expectativas da comunidade científica,

dos sistemas de ensino e da própria escola, com o intuito de romper com os dois modelos

anteriores, fazendo com que o Ensino Religioso seja interpretado como área de conhecimento

científico com uma intencionalidade educativa e pedagógica. (PASSOS, 2007).

O modelo catequético e o teológico trabalham com a ideia de que o cidadão tem

direito de obter, com o apoio do Estado, uma educação religiosa coerente com a fé que

confessa. O modelo das Ciências da Religião parte do seguinte princípio:

21

o conhecimento da religião faz parte da educação geral e contribui com a formação completa do cidadão, devendo estar sob a responsabilidade dos sistemas de ensino e submetido às mesmas exigências das demais áreas de conhecimento que compõem os currículos escolares (PASSOS, 2007, p.65).

Segundo o autor “as Ciências da Religião podem oferecer base teórica e metodológica

para a abordagem da dimensão religiosa em seus diversos aspectos e manifestações,

articulando-a de forma integrada com a discussão sobre a educação” (PASSOS, 2007. p.65).

Este modelo de Ensino Religioso tem por características a visão transreligiosa e tem

como fonte as Ciências da Religião. A responsabilidade pela organização dos conteúdos é da

comunidade científica e do Estado, tendo como objetivo a educação do cidadão.

Passos (2007) acredita que o modelo das Ciências da Religião terá muitas dificuldades

em romper com as estruturas confessionais e interconfessionais ainda hoje remanescentes. Por

isso, é fundamental que as comunidades acadêmicas se engajem nesta nova proposta, pois elas

estão equipadas para contribuir mais com as necessárias fundamentações teóricas e

metodológicas para o Ensino Religioso, além de constituírem o ambiente ideal para iniciativas

concretas de formação docente.

2.4 CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO RELIGIOSO NO CONTEXTO ESCOLAR.

O Ensino Religioso tem por objetivo levar conhecimento aos alunos sobre o universo

religioso, delimitando as próprias crenças, em relação às crenças diferentes, procurando um

entendimento do valor de cada uma delas. Objetiva, também, levar os educando de hoje a

terem plena consciência de que se pode manter um diálogo saudável entre as diversas

tradições, e que isto pode fazer com que o homem se situe no mundo de forma mais segura e

fraterna.

De acordo com Berkenbrock (apud MOREIRA, 1996, p.372) é importante que o

diálogo inter-religioso seja conduzido para um melhor entendimento humano (...) “que

contribua para uma melhor conviviabilidade humana”.

Em outras palavras, pode-se dizer que o Ensino Religioso, quando não tem caráter de

doutrina de uma determinada religião e é abordado de maneira respeitosa, desencadeia no

aluno um processo de conhecimento e vivência de sua própria religião, despertando também

um interesse por outras formas de religiosidade.

Para isso o ER deve propor ao aluno uma compreensão dos princípios religiosos e a

ligação existente entre as religiões, desenvolvendo no aluno uma perspectiva mais elaborada

22

sobre as religiões, aprendendo a ser tolerante e ter uma postura mais aberta e questionadora

frente aos valores e às crenças religiosas.

Além de abordar as religiões, o ER tem por papel auxiliar os educandos no exercício

da cidadania, desenvolvendo suas potencialidades, visando a uma educação que possibilite ao

educando resgatar os valores éticos e morais como: respeito, tolerância, direitos, pluralidade,

problematizando conceitos como racismo, discriminação, desigualdade, intolerância e outros.

Segundo Catão (1995), o ER não tem por objetivo a doutrinação religiosa, tampouco

se trata de uma mistura ou salada de religiões. O ER tem por objetivo a abordagem da

religiosidade humana, seja:

• A busca do transcendente;

• A resposta às grandes perguntas do ser humano e ao sentido mais profundo da

existência e das experiências da vida;

• Os valores universais que estão na base da cidadania como convivência, respeito,

tolerância, direitos, pluralidade; a melhoria das relações humanas interpessoais e

sociais;

• Os valores humanos e a ética, vivenciados na família, escola e sociedade;

• O direito a vida com dignidade, autoestima, respeito, participação, cidadania;

• A construção de uma sociedade mais justa e fraterna, solidária, tolerante,

comprometida, ética e defensora da promoção integral da vida.

Assim, pode-se dizer que os conteúdos devem estar voltados ao ser humano como

pessoa, e ao diálogo entre as religiões, demonstrando que podemos conviver respeitando os

diferentes, mas para isso é necessário conhecer a diversidade religiosa brasileira.

O PCNER (2009, p. 49) caracteriza o Ensino Religioso afirmando que “o fenômeno

religioso é a busca do Ser frente à ameaça do Não Ser” e para isso organizou quatro possíveis

respostas que norteiam o sentido da vida para além da morte, sejam: a Ressurreição; a

Reencarnação; o Ancestral e o Nada.

Para o PCNER (2009, p. 50) a disciplina de Ensino Religioso está voltada para “o

estudo do fenômeno religioso à luz da razão humana”, o qual analisa questões fundamentais

como: “função e valores da tradição religiosa, relação entre tradição religiosa e ética, Téo-

dicéia, tradição religiosa natural e revelada, existência e destino do ser humano nas diferentes

culturas”. Para a concretização dos seus objetivos perante uma sociedade pluralista, os

conteúdos escolares foram classificados em cinco eixos: “Culturas e Tradições Religiosas;

Escrituras Sagradas; Teologias; Ritos e Ethos” (PCNER, 2009, p. 50).

23

2.5 O ENSINO RELIGIOSO EM ESCOLAS CONFESSIONAIS

O Ensino Religioso confessional surgido na época do Brasil Colônia existe até hoje

em alguns estados brasileiros e em escolas particulares confessionais.

A Educação confessional no Brasil também é garantida por lei pela LDB nº 9394/96,

no artigo 20º, assegurando o direito às instituições de ensino privado a exercerem atividades

de cunho religioso e confessional. A Educação confessional pressupõe um credo e uma

religião específica.

Segundo Junqueira, Corrêa e Holanda (2010, p. 38) o Ensino Religioso é considerado

confessional “quando ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno ou

responsável. Neste caso, professores e orientadores seriam preparados e credenciados pelas

respectivas igrejas ou entidades religiosas [...]”. Esses profissionais são responsáveis pela

elaboração e desenvolvimento do programa de ensino.

Sendo assim, podemos dizer que escolas confessionais são aquelas instituições que

estão ligadas a alguma confissão religiosa, que baseiam seus princípios, objetivos e atuação

em uma religião, diferenciando-se das escolas laicas. Para essas escolas, o desenvolvimento

dos sentimentos religiosos e da moral é o primeiro passo para o trabalho educacional, pois

estas têm um embasamento todo filosófico-teológico.

Para esse modelo de Ensino Religioso Gruen diz que:

[...] Deus é dado indiscutível a partir do qual é organizada toda a catequese: objetivos, métodos, conteúdos. Mesmo quando se procura “provar” a existência de Deus, parte-se de uma dúvida que é apenas metódica; nas aulas seguintes, este ponto supõe resolvido; aliás, já se supunha resolvido desde que se procedeu à programação do curso. Toda a catequese é orientada pelas perspectivas que foram inspiradas às respectivas comunidades fundadoras (“arquétipos”) pela sua fé em Deus (GRUEN, 1995, p. 77).

Hoje, no entanto, muitas escolas confessionais estão separando o conteúdo laico do

conteúdo religioso, colocando o ER como disciplina curricular (MENEZES, 2002).

A tendência, tanto pela legislação quanto pela formação dos professores em Ciências

da Religião, é que as escolas se desvinculem cada vez mais do ER confessional em prol de um

ER laico, como conhecimento humano historicamente construído, sem a conotação de

conhecimento revelado, a partir de uma confissão religiosa específica.

Legitimando esta ideia, o PCNER (1997, p. 22) afirma: “por questões éticas, religiosas

e até legais, não cabe à escola propor adesão e vivência destes conhecimentos enquanto

24

princípios de conduta religiosa e confessional, mas sim veicular o conhecimento religioso”.

Esse conhecimento religioso deve ser abordado de forma científica, como forma de

conhecer e se aprofundar neste universo, conhecer as crenças religiosas sem favorecer uma

em detrimento da outra. Isso já está previsto em lei para as escolas da rede pública, apesar de

alguns Estados estarem voltando a implantar o ER confessional.

2.6 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO

Vários estudos sociológicos mostram transformações no quadro de profissões no

decorrer dos últimos anos, sendo que a maioria está relacionada diretamente aos profissionais

das ciências humanas. Assim, para responder aos desafios dos sistemas educacionais, o papel

do professor deve acompanhar as mudanças sociais em que está inserido.

Segundo Vasconcelos (2000, p. 24), a formação do profissional docente “vai muito

além do bom senso, abrangendo toda uma gama de conhecimentos sistematizados em base

cientifica, filosófica e tecnológica, quer ele exerça o magistério como sua única atividade

profissional, quer o exerça como atividade complementar”.

O professor deve estar preparado para o exercício de seu ofício. Conhecer as

alternativas e possibilidades de uma profissão é uma condição primordial para o bom

exercício da mesma.

Libâneo (1994, p.150) argumenta que "o professor, ao dirigir e estimular o processo de

ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza intencionalmente um conjunto de ações,

passos, condições externas e procedimentos a que chamamos métodos de ensino". Segundo o

autor (p. 252), "um professor competente se preocupa em dirigir e orientar a atividade mental

dos alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo", sendo

que o processo ensino-aprendizagem se concretiza a partir do relacionamento entre o

educador e o educando.

Vasconcelos (2000) argumenta que o docente, certamente conhecedor do conteúdo da

disciplina sob sua responsabilidade, deve adotar uma atitude bastante característica frente ao

conhecimento, questionando-o, recriando-o, estabelecendo as interligações entre os diversos

conhecimentos e efetivando, dessa forma, a real iniciação científica dos alunos, criando neles

o gosto pelo aprender e incitando-os a buscar conhecimento e novos caminhos para antigos

saberes.

Para o PCNER (2009, p. 43), do profissional de ER “espera-se que esteja disponível

25

para o diálogo e seja capaz de articulá-lo a partir de questões suscitadas no processo de

aprendizagem do educando”. Cabe a este educador escutar, facilitar o diálogo, ser o

interlocutor entre Escola e Comunidade e mediador dos conflitos.

De acordo com Oliveira e Cecchetti (2010), durante muito tempo houve tentativas de

se viabilizar cursos de nível superior para habilitar professores de Ensino Religioso, sendo

sempre indeferidas devido à legislação vigente. Com isso, as aulas de Ensino Religioso

ficavam a cargo de agentes pastorais das instituições religiosas cristãs ou docentes formados

em outras áreas de conhecimento.

Depois da promulgação da Lei da LDB nº 9.475/97, que oportunizou a sistematização

do Ensino Religioso como componente curricular, surge a necessidade de novas propostas de

formação docente para esta área do conhecimento.

Diante de tal desafio, emergem novos projetos para a habilitação dos professores de ER, em conformidade com a legislação educacional em vigor, para a criação de cursos de licenciatura de graduação plena, em diferentes Estados da Federação. Santa Catarina foi o primeiro a elaborar e autorizar, em 1996, o curso de graduação em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso, seguido, no decorrer dos anos, por outros Estados [...] (OLIVEIRA e CECCHETTI, 2010, p. 108).

Assim, de acordo com Oliveira e Cecchetti (2010) pela primeira vez na história

brasileira, a formação de docentes para o ER seguiria os mesmos trâmites previstos para a

formação de profissionais das demais áreas de conhecimento. Assim, disponibilizam-se para a

sociedade brasileira educadores habilitados capazes de valorizar e reconhecer a diversidade

cultural religiosa do nosso país, buscando o pleno desenvolvimento de seus educandos.

26

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a realização deste trabalho, optou-se por trabalhar com a pesquisa qualitativa,

devido ao fato de estar mais relacionada às Ciências Humanas e possibilitar um melhor

entendimento da multiplicidade de sentidos existentes no campo educacional pesquisado. De

acordo com Silva e Menezes, (2001, p.20):

Este tipo de pesquisa possui uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais da abordagem.

Tratando-se dos objetivos da pesquisa, esta se caracterizou como pesquisa

exploratória:

A pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso. (GIL, 1991 apud Silva e Menezes, 2001, p. 21)

Com a intenção de entendermos melhor como é trabalhado o Ensino Religioso na

escola confessional em que foi realizada esta pesquisa, iniciou-se um estudo do Projeto

Político Pedagógico (PPP) disponibilizado pela instituição, com o intuito de entender a

organização da disciplina Ensino Religioso na instituição.

Partindo dessa perspectiva qualitativa também foi realizada uma entrevista semiaberta

com os cinco professores da disciplina de Ensino Religioso que trabalham com as turmas de

6º ao 9º ano do Ensino Fundamental seguindo o roteiro anexado no apêndice.

Alexandre (2009, p. 100) define entrevista semiaberta “como um procedimento de

coleta de dados centrado na dimensão da fala ou do entendimento escrito, estimulado e

direcionado ao alcance das informações pretendidas”, sendo esta adequada à coleta e análise

dos dados qualitativos.

27

3.1 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DAS INFORMAÇÕES

Antes da realização das entrevistas, foi apresentado à direção da instituição o projeto

de pesquisa, para que houvesse a aprovação de sua execução. Após a aprovação, a instituição

disponibilizou uma cópia do PPP vigente e, também, uma versão preliminar do documento

que está em processo de construção, que foram utilizados para a análise documental.

Em seguida realizou-se um convite aos professores para a entrevista, agendando data,

local e horário para a realização da mesma. Estes professores foram convidados a assinar um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com o intuito de mostrar que os

mesmos estão cientes que os dados obtidos durante a entrevista serão de uso exclusivo para o

TCC.

Estava prevista a realização de uma entrevista apenas com um professor de Ensino

Religioso dessa Instituição. No entanto, constatamos que a escola conta com cinco

profissionais desta área. Frente a essa realidade, consideramos que não se poderia perder a

oportunidade de obtermos uma visão mais ampla do Ensino Religioso no âmbito dessa escola

confessional.

Com a devida autorização da direção dessa Instituição de Ensino, optou-se por fazer

uma pesquisa com esses docentes, por meio de entrevista com todos eles, considerando uma

provável contribuição que os depoimentos desses profissionais dariam para os objetivos desta

pesquisa.

As entrevistas foram gravadas e posteriormente seu conteúdo foi transcrito e

analisado.

A partir das entrevistas transcritas, o material didático, o PPP da escola e o referencial

bibliográfico, estes foram analisados, para assim se entrecruzarem os dados na busca de

possíveis respostas a partir da problemática da pesquisa, que consiste na investigação do

modo em que o ER está organizado no currículo de uma escola confessional da cidade de São

José, de quais os pressupostos que pautam o o ER nesta instituição e qual o material didático

utilizado para o desenvolvimento das aulas de ER do 6º ao 9º ano.

28

4 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

A pesquisa foi realizada em uma instituição escolar confessional católica, no

município de São José, em Santa Catarina. Essa é regida por uma congregação confessional

católica, classificando-se como uma das maiores instituições de ensino privado de São José,

tanto em espaço físico, tecnológico, operacional, como em relação ao número expressivo de

alunos matriculados da educação infantil ao ensino médio. O início de suas atividades ocorreu

há mais de 50 anos.

O Colégio que é mantido por uma Congregação Confessional Católica a qual atua em

duas áreas distintas: saúde e educação.

Os turnos de funcionamento são matutino, vespertino e noturno, sendo o último

reservado para os alunos matriculados nas atividades extracurriculares como práticas

esportivas, aulas de inglês, violão, piano e ginástica artística.

A comunidade em que o colégio está situado pode ser considerada como uma das

comunidades mais antigas do município de São José, porém, vivenciando uma grande

expansão mobiliária por meio de novos condomínios residenciais.

Podemos caracterizá-la como uma comunidade que possui ou busca um bom nível de

escolarização e de distribuição de renda, tendo em vista a boa qualidade dos imóveis.

Verificamos o grande número de ex-alunos que, por terem passado pelo Colégio, vêem

como referência o modelo de Educação proporcionado pelo mesmo e colocam os seus filhos

buscando, além de uma boa educação, segurança e apoio.

Pelo fato do Colégio ser confessional católico, observamos uma grande aproximação

com a comunidade e com uma igreja próxima, na qual os alunos participam de atividades

como o Projeto Social “Educar”. Esse projeto é mantido pelo colégio para atender a crianças

da rede pública de ensino com atividades extracurriculares e funciona em parceria nas

dependências físicas do Salão Paroquial da Igreja.

Os Jogos Escolares, as Festas Juninas bem como outras festas institucionais ou mesmo

religiosas, são festejos do calendário anual que reúnem milhares de alunos, pais e a

comunidade.

29

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO - PPP DA INSTITUIÇÃO E A PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA

Um dos objetivos desta pesquisa é analisar a proposta curricular para o Ensino

Religioso da instituição de ensino pesquisada e relacioná-la com a Proposta Curricular de

Santa Catarina (PCSC-ER). Com vistas neste objetivo, foram analisados os dados observados

no PPP da escola, que está em fase de reconstrução, fazendo um paralelo com o que sugere a

Proposta Curricular de Santa Catarina – Implementação do Ensino Religioso (PCSC-ER), de

2001.

Foi observado que, quando confrontados os objetivos do Ensino Religioso para cada

série escolar dos anos finais do Ensino Fundamental relatados no PPP, com os conteúdos

preconizados pela Proposta Curricular de Santa Catarina, ambos seguem uma linha de

pensamento semelhante. Porém quando se trata dos enfoques, principalmente sobre tradições

religiosas, percebe-se uma acentuada prioridade pela confissão religiosa à qual a escola está

relacionada, ou seja, a confissão católica.

Para dar abertura a esta análise dos conteúdos de ER trabalhados nesta escola e

verificar se eles são equivalentes aos sugeridos pela PCSC, procurou-se conhecer também o

currículo dos anos iniciais na instituição pesquisada.

Podem ser utilizados como exemplos os conteúdos propostos pela PCSC–ER (2001)

que propõe para o 1º ano do Ensino Fundamental o estudo dos seguintes conteúdos: Ser

Humano – as orientações para o relacionamento com o outro, respeitando a alteridade; e

Diversidade das Práticas – a identificação de símbolos mais importantes de cada tradição

religiosa, comparando seus significados.

De acordo com o PPP (em reconstrução) da escola pesquisada, o componente

curricular Ensino Religioso propõe, para o 1º ano do Ensino Fundamental, que o aluno seja

capaz de: reconhecer-se como ser de relações; aprender as regras de convivência com colegas

e amigos; conhecer as diferentes datas festivas religiosas; perceber e reconhecer as coisas

importantes da vida.

Portanto, se forem confrontados os conteúdos propostos pela PCSC–ER com os

objetivos da disciplina de Ensino Religioso da escola pesquisada, veremos que estão

relacionados entre si, que possuem semelhanças.

30

Entretanto, quando ocorre o detalhamento dos conteúdos sugeridos pela PCSC-ER e é

feita a comparação com os conteúdos sugeridos pelo PPP da escola, verifica-se que há uma

tendência desta escola em trabalhar assuntos referentes à crença católica em detrimento das

outras religiões, visto que se trata de uma escola confessional católica.

Vejamos o quadro a seguir, com os dados lado a lado para facilitar a visualização, a

respeito dos enfoques dos conteúdos sugeridos em cada proposta para o 1º ano do Ensino

Fundamental:

1º ANO – ENSINO FUNDAMENTAL

PCSC – ER (2001) PPP – Instituição pesquisada

� O Eu.

� Eu sou eu com o outro.

� Eu e o outro eu, somos

nós.

� Lembranças na vida das

pessoas.

� Os símbolos religiosos

na vida das pessoas.

� Os símbolos religiosos

na família e na

comunidade.

� Os símbolos religiosos e

o Transcendente.

� Os símbolos religiosos

dão ideia do

Transcendente.

� Eu e minha família (as pessoas que Deus colocou em

minha vida)

� Deus cuida de mim, mas eu também me cuido (CF 2012)

� Quaresma: cuidar da nossa vida espiritual. Páscoa: vida

nova.

� Estou crescendo e aprendendo a viver com os outros.

� Meus amigos, quem são?

� Mamãe, minha vida!

� Conviver é saber respeitar

� O outro é diferente de mim

� Amizades são para a vida toda!

� Atitudes legais deixam o mundo melhor.

� Minhas primeiras conquistas. É hora de agradecer.

� Eu cuido da Natureza.

� Sou responsável.

� Bíblia: Parábolas de vida!

� Oração é conversar com Deus.

� Deus está presente no mundo.

� Maria, a Mãe de Jesus.

� Praticando minha fé.

� Coisas que me deixam triste e feliz.

� Natal: o nascimento de Jesus.

Quadro 1: Conteúdos do 1º ano do Ensino Fundamental Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

31

Observando os dados do quadro anterior, percebe-se que a escola segue a orientação

da PCSC-ER ao abordar o conceito essencial: Ser Humano–Eu e o Outro, respeitando a

alteridade. Porém o PPP da escola não faz menção ao conteúdo a respeito dos símbolos

religiosos, mencionando o natal e páscoa que são festas cristãs e faz referência a Maria, mãe

de Jesus, figura sagrada na Igreja Católica. Todavia, por mais que a instituição tente se

aproximar desses conteúdos percebe-se que o Ensino é mais Teológico do que Científico.

Seguindo esta mesma linha de observação, foi feita também uma análise dos

conteúdos propostos pela PCSC e pelo PPP da escola para o 6º ano, tendo, assim, uma visão

do que é sugerido para os anos finais do Ensino Fundamental:

6º ANO – ENSINO FUNDAMENTAL

PCSC – ER (2001) P.P.P – Instituição pesquisada

� A evolução da estrutura religiosa

das Tradições Religiosas no

decorrer dos tempos.

� A sistematização da ideia do

Transcendente pelas TR.

� A estruturação do mundo pessoal

a partir da experiência do

Transcendente e das TR.

� A construção cultural da palavra

sagrada no tempo e no espaço

pelas TR.

� A palavra sagrada, verdade do

Transcendente pela boca dos

humanos.

� O cultivo da palavra sagrada nas

diferentes culturas e TR.

� Os ensinamentos da palavra

sagrada sobre o Transcendente.

� Os ensinamentos da palavra

sagrada na estrutura do eu interior

da pessoa.

� Campanha da Fraternidade.

� Quaresma/Páscoa.

� Maio: Mês das mães/Maria.

� Valores e princípios.

� O Papel da Tradição Oral.

� A Tradição Oral.

� Na tradição Oral: Aprender e Ensinar.

� Histórias e Mitos de diversos povos.

� Aprendendo com os antepassados.

� Textos Sagrados nas Tradições Religiosas.

� Os registros de uma experiência.

� Folheando e Compreendendo os Textos Sagrados.

� Textos Sagrados: Mensagens e Orientações.

� Experiência de Leitura dos Textos Sagrados.

� Textos Sagrados na Formação e Prática Religiosa.

� Os textos sagrados na formação religiosa das

comunidades.

� Grandes nomes da nossa História.

� Mês da Bíblia – Parábolas.

� Natal.

Quadro 2: Conteúdos do 6º ano do Ensino Fundamental Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

32

Percebe-se, observando o quadro anterior, que no sexto ano do ensino fundamental, os

conteúdos sugeridos pela Proposta Curricular de Santa Catarina para o Ensino religioso

contemplam as diferentes tradições religiosas. A matriz curricular da instituição pesquisada

também contempla as diferentes Tradições Religiosas, mas aborda também datas festivas que

fazem parte do calendário das denominações Cristãs, mantendo fortes vínculos teológicos.

Como o PPP da escola ainda está em reconstrução, não constam os conteúdos

propostos para o 7º, 8º e 9º ano, apenas os objetivos para cada uma dessas séries. No entanto,

ao analisar os objetivos de ensino deste componente curricular para cada turma, percebe-se

que eles contemplam os conceitos essenciais presentes na PCSC, que são eles: Ser Humano;

Conhecimento Revelado; Conhecimento Elaborado; Diversidades das Práticas e Caminhos de

Reintegração.

O objetivo geral a ser atingido com as turmas dos 7º anos é o seguinte:

Proporcionar ao educando o conhecimento do sentido da vida sustentado pelas crenças, doutrinas, normas e métodos de relacionamento com o Transcendente, com os outros, com o mundo e consigo mesmo nas tradições religiosas numa dimensão espiritual, pautada nos valores éticos, morais e sociais, bem como suas consequências e relevância na convivência social. (PPP, em reconstrução, 2012).

Para o 8º ano:

Oportunizar ao aluno o diálogo inter-religioso,partindo das diferenças histórico-culturais entre os povos, reconhecendo diversas religiões; diferenciando religião e religiosidade e suas respectivas experiências do sagrado, afim de que tenha subsídios para desenvolver sua identidade religiosa, respeitando as demais e que tenha subsídios para desenvolver sua identidade pessoal, afetiva e seus valores. (PPP, em reconstrução, 2012).

E o objetivo geral para o 9º ano visa:

Conhecer as diferentes perspectivas de vida pós-morte (niilismo, ancestralidade, reencarnação e ressurreição) presente nas culturas e tradições religiosas compreendendo a função do mito e da religião, fundado na perspectiva do bem-viver. (PPP, em construção, 2012).

A PCSC–ER sugere que sejam trabalhados nos anos finais do ensino fundamental os

conteúdos essenciais do ensino religioso relacionados às diferentes culturas e tradições

religiosas. Percebemos que essa diretriz é aceita e inclusa no PPP da escola, mesmo que ainda

haja um enfoque maior nos assuntos de sua confissão religiosa, como a Campanha da

Fraternidade, por exemplo.

Ainda assim, observando os conceitos contidos no PPP da escola, constata-se que

33

apesar de ser uma escola confessional católica, a visão de mundo e os ideais apresentados

neste projeto sugerem uma perspectiva mais ampla e cada vez mais aberta a respeito do

Ensino Religioso como ciência.

De acordo com o PPP da referida escola “o conhecimento religioso veiculado em sala

de aula reconhece a perspectiva da diversidade religiosa, sem ressaltar uma determinada

teologia em detrimento às demais, evitando, assim, encaminhamentos pedagógicos

proselitistas”. O PPP da escola complementa esta afirmação dizendo que, com isso “se

garante o direito do estudante em ter acesso ao conjunto de conhecimentos elaborados pela

humanidade, em diferentes culturas e tradições religiosas, bem como se salvaguarda o

princípio constitucional da liberdade religiosa [...]”.

Faz-se mister valorizar a diversidade humana e religiosa, pois, educar é possibilitar a compreensão da origem das diferenças, tanto as que são naturais ou biológicas, quanto as que são produzidas e/ou reproduzidas socialmente por meio das relações de poder. Por isso, o estudo responsável sobre o fenômeno religioso manifestado nas diferentes culturas e religiões, deve ter caráter multidisciplinar, multicultural e intercultural, a fim de garantir o direito à diferença, enquanto possibilidade de afirmação da vida em sua dimensão mais profunda (PPP, 2012, em construção).

Esse conceito do modo como deve ser trabalhado o conhecimento religioso em sala

de aula coincide com a mesma visão exposta pela PCSC – ER (2001, p. 13), quando esta diz

que a responsabilidade atribuída à escola “coloca o Ensino Religioso na função de garantir

que todos os educandos tenham a possibilidade de estabelecer diálogo, possibilitando

construir explicações e referenciais, que escapam do uso ideológico, doutrinal ou

catequético”.

O PPP da escola também se refere à importância do Ensino Religioso na sala de aula,

afirmando” que é um “espaço de socialização de informações e conhecimentos que os

estudantes trazem das relações estabelecidas na sociedade, ampliados pelos saberes

acumulados pela humanidade nas diferentes experiências sociais”. Essas diferentes

experiências, provindas de diferentes povos, culturas e religiões de várias partes do mundo e

em épocas variadas, irão enriquecer ainda mais essa área de conhecimento.

Este PPP considera ainda que, se o objeto de estudo do ER é o fenômeno religioso,

constituído por conhecimentos elaborados pelas diferentes culturas e tradições religiosas, faz-

se necessário uma preparação adequada e específica para tratar desta área que, conforme os

encaminhamentos do Ministério da Educação e Cultura (MEC), tem status de componente

curricular como as demais.

Neste caso, o papel do educador é relevante, pois:

34

precisa estar preparado para facilitar a compreensão dos estudantes quanto a dimensão espiritual presente em cada um, sendo expressa de diferentes formas; precisa reconhecer e valorizar a diversidade cultural religiosa presente na sala de aula, bem como ter competência para tratar do conhecimento religioso das diferentes matrizes religiosas (semita, oriental, africana e indígena); possibilitar o desenvolvimento da autonomia de cada estudante na compreensão do fenômeno religioso e da busca na elaboração de novas respostas às questões fundamentais à existência e, por fim, tem de buscar formação continuada, pois, o fenômeno religioso é dinâmico e requer constante atualização quanto as consequências que afetam as questões religiosas e culturais (PPP, 2012, em construção).

No próximo tópico será feita uma análise dos resultados da pesquisa realizada nesta

instituição de ensino, com a qual se objetivou investigar como os professores intervinham na

formação dos novos conceitos do ER nas suas respectivas salas de aula e se atuavam de forma

diferenciada para a construção do conhecimento religioso nesta escola confessional.

Pode-se adiantar que, tanto da parte dos professores quanto da parte da instituição,

percebeu-se a presença desse novo Ensino Religioso, que contempla a diversidade humana e

religiosa existente.

Isso, provavelmente, se deve ao fato desses professores fazerem parte da nova geração

de docentes, formados em Ciências da Religião e, portanto, que veem o Ensino Religioso

como ciência e não como doutrina. Esses professores, como formadores de opiniões e

participantes da elaboração do PPP da instituição, acabam por proporcionar as transformações

almejadas pelo Ensino Religioso como área de conhecimento.

Como as mudanças ocorrem aos poucos, ainda se observa a ideologia confessional

presente nesse ambiente escolar, visto que se trata de uma escola confessional católica e, já

que se trata de uma escola da rede privada, esta é a opção religiosa da maioria dos alunos e de

seus responsáveis. Por isso a natureza pedagógica deste componente curricular no colégio

pesquisado, de acordo com o PPP (2012, em reconstrução) se fundamenta “em uma

perspectiva de educação plena e integral do estudante, visando à formação de e para a

alteridade, mediante a busca do Transcendente e da descoberta do sentido mais profundo da

existência humana, levando em conta a cultura e opção religiosa dos estudantes”.

No entanto, constatou-se que o Ensino Religioso ministrado nesta instituição concorda

com o tratamento didático sugerido pela Proposta Curricular de Santa Catarina, quando esta

diz que deve partir sempre “do convívio social dos educando, para que se respeite a tradição

religiosa que já trazem de suas famílias e se salvaguarde a expressão religiosa de cada um”

(PCSC, 2001, p. 21).

35

5.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO

Este capítulo destina-se a apresentar os dados coletados na pesquisa, através das

entrevistas, analisando e interpretando-os.

O questionário da pesquisa é composto por onze questões, sendo três delas referentes à

formação destes professores e tempo de serviço naquela Instituição e oito questões referentes

à percepção destes profissionais a respeito da disciplina de Ensino Religioso nas escolas

confessionais.

A primeira informação que deve ser repassada neste momento é a de que os cinco

entrevistados são professores de Ensino Religioso da escola confessional católica. A maioria

deles trabalha há muito tempo nesta escola, entre dois e dez anos, o que faz com que eles já

conheçam o ambiente, os alunos e as normas da instituição em que atuam.

Quanto à formação, todos são graduados e já completaram também a pós-graduação

em nível de especialização. Dois deles ainda continuam os estudos, buscando a pós-graduação

em nível de mestrado.

Foi constatado que somente um desses professores tem graduação na área das Ciências

da Religião. Isso se deve ao fato de ser recente a criação desse curso de graduação plena, visto

que Santa Catarina foi o primeiro Estado a “elaborar e autorizar, em 1996, o curso de

Graduação em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso, seguido, no decorrer

dos anos, por outros Estados [...]” (OLIVEIRA e CECCHETTI, 2010, p. 108).

Os outros quatro profissionais que trabalham com o Ensino Religioso nesta escola têm

graduação em outras áreas: três em pedagogia e um em letras. Entretanto, tornam-se

habilitados para atuarem na área através da pós-graduação em nível de especialização em

Metodologia do Ensino Religioso, Didática do Ensino Religioso, Formação de professores do

Ensino Religioso e, também, curso de Ciências Religiosas.

De acordo com Oliveira e Cecchetti, (2010, p. 104):

Até a criação dos cursos de licenciatura em Ensino Religioso (ER), em conformidade com a legislação nacional para o exercício da docência na educação básica no Brasil, os cursos de formação continuada desenvolvidos em todas as regiões do país, sustentaram, construíram e subsidiaram estudos e práticas docentes possíveis no exercício desta disciplina.

Como no município de São José o curso de graduação em Ciências da Religião é ainda

mais recente que em outras regiões do Estado de Santa Catarina, a maioria dos profissionais

36

se formavam em outras áreas humanas ou outras licenciaturas e acabam assumindo essa

disciplina para suprirem a necessidade de profissionais habilitados, mas não deixam de se

especializar na área através da educação continuada, o que se constitui em um grande avanço

para esta área de conhecimento.

Depois de conhecer o perfil dos professores de Ensino Religioso desta escola, serão

apresentados os temas que mais se destacaram nas falas, que foram organizados nas seguintes

categorias:

• A concepção de ensino religioso na visão dos professores e da instituição;

• A organização da disciplina no currículo da escola e os recursos didáticos utilizados;

• A percepção da disciplina de Ensino Religioso pelos professores de outras disciplinas,

pelos pais e pelos alunos;

• As dificuldades enfrentadas pelos professores de Ensino Religioso e as contribuições

desta disciplina.

Iniciamos, portanto, analisando qual a concepção de Ensino Religioso de cada um dos

entrevistados:

Para o Entrevistado 1 a concepção de Ensino Religioso que está sendo refletida para

fazer parte do PPP da escola, em processo de reconstrução, está voltada para o ser humano:

“O ser humano na sua formação integral. Nessa formação integral a nossa área cuida do

aspecto religioso desse ser humano, desde a Educação Infantil”. Levamos em consideração

nessa formação integral a interculturalidade, a pluralidade, a diversidade.

Para o 2º Entrevistado, “A concepção de Ensino Religioso tem por base a formação do

ser humano como um todo”.

De acordo com o 3º Entrevistado, o colégio se reestruturou um pouco se baseando nos

conceitos do FONAPER: “Mesmo que seja uma escola confessional privada, ela buscou esta

abertura para tratar do estudo dos conhecimentos religiosos nas diferentes culturas e

tradições”. Ele diz ainda que é claro que em alguns momentos também se foca questões

litúrgicas, datas comemorativas e acrescenta “mas eu, da minha parte, procuro incluí-las no

programa dentro da diversidade. Por exemplo, nós temos a Páscoa que é Cristã, que eu ensino

dentro do conteúdo festas religiosas. Não trabalho ela isoladamente, para justamente, dar essa

amplitude das diferentes matrizes [...]”.

Para 4º Entrevistado, o fato sair do ensino religioso catequético e se voltar à disciplina

37

de ER para formação humana e cultura religiosa, de trabalhar e acolher todas as culturas

religiosas, trabalhar os conhecimentos, as culturas, os valores é uma grande conquista. Além

de buscar outros parâmetros, respeitar, quebrar barreiras e preconceitos.

Eu acho, na minha concepção de Ensino Religioso, da alteridade, de conhecer-se mutuamente, de respeitar-se mutuamente, na questão de ver no outro valores e a partir de que eu vejo no outro valores, eu também me conheço. Na minha religião eu vejo valores, que são parecidos ou idênticos a outras religiões. Embora as religiões tenham denominações diferentes, caminhamos na mesma direção. Essa busca pelo sagrado, pelo transcendente, acho que faz parte da vida humana. (ENTREVISTADO 4).

O 5º Entrevistado, ao falar da concepção de ensino religioso coloca que este se destaca

pela diversidade cultural e religiosa no contexto escolar brasileiro, assegurando o respeito

pelas diversidades culturais e religiosas.

Percebe-se, portanto, que as concepções de Ensino Religioso expressas pelos

entrevistados, de uma maneira geral, condiz com o que expressa o Caderno Temático 1,

desenvolvido pelo FONAPER (2000), a respeito das conquistas para o Ensino Religioso,

garantindo este componente curricular como parte integrante da formação básica do cidadão,

assegurando o respeito à diversidade religiosa e cultural do Brasil.

Estes entrevistados que estão atuando nesta área e em constante formação conseguem

definir claramente o que pretende este novo Ensino religioso. Percebe-se também que esta

concepção é levada para a sala de aula não ficando apenas no papel. Um exemplo disso é o

que relata o 3º entrevistado quando questionado a respeito dos conteúdos trabalhados com

suas turmas. Ele explica que trabalha os temas contidos na grade curricular da escola, mas

dentro do contexto das diversidades: “por exemplo, nós temos a Páscoa, que é Cristã, que eu

ensino dentro do conteúdo das festas religiosas. Não trabalho ela isoladamente, para,

justamente, dar essa amplitude das diferentes matrizes [...]”.

Foi perguntado a eles, também, como está organizada a disciplina de Ensino Religioso

nesta Instituição de Ensino, cujas respostas estão relatadas a seguir.

Para o 1º Entrevistado, esta disciplina tem muita importância para a escola, por ser

uma instituição confessional e para os pais que buscam uma “formação religiosa e de valores

comportamentais [...]. Então, desde a Educação Infantil até o 2º ano do Ensino Médio, esta

disciplina consta no currículo, ela vai diferenciar a aplicabilidade dependendo da turma”. Esse

professor diz ainda que:

Na Educação Infantil são mais os momentos vivenciais, não existe uma aula específica, é vivencial, é no dia a dia, todos os momentos, ela perpassa todas as

38

disciplinas. Do primeiro ao quinto ano eles têm a hora aula com material didático e tem o professor que leciona esta matéria. Do sexto ao nono ano tem um livro didático, tem o professor que leciona esta disciplina seguindo o livro didático e os projetos voltados para valores.

Este professor relata ainda que “No Ensino Médio, primeiro e segundo ano, não tem

livro didático, tem o professor e o professor com os alunos, dentro dos PCN’s, elencam temas

a serem debatidos, estudados e avaliados”.

O 2º Entrevistado, por sua vez, destacou que: “A disciplina de Ensino Religioso está

muito bem estruturada em nosso colégio, por ser um colégio confessional. Temos da

Educação Infantil até o Ensino Médio trabalhando esta disciplina”.

O 3º Entrevistado comentou sobre a reestruturação da proposta curricular para a

disciplina: “[...] ano passado já começamos uma reestruturação na proposta curricular da

disciplina. Ela é ofertada, no meu caso, nono ano e Ensino Médio, uma aula semanal, já no

oitavo ano e em outras turmas onde não trabalho, são duas aulas semanais”.

O 4º Entrevistado também destacou as mudanças que estão ocorrendo: “Tem PPP na

escola que estamos reformulando no momento. A gente chama o Ensino Religioso de

Formação Humana e Cultura Religiosa. Tratamos assim para que a formação humana e

Ensino Religioso sejam mais abrangentes”. Este professor disse ainda que essa mudança de

nomenclatura foi importante “para que os pais saibam que nossa formação humana envolve

valores, envolve princípios, envolve conhecimentos no sentido de convivência de alteridade e

cultura religiosa, no sentido de abrir a outras culturas, não só a própria [...]”. Para ele, é

necessário que se conheça as tradições que fazem parte de outras religiões, a ética e os valores

também.

O 5º Entrevistado relatou sobre a matrícula desta disciplina, que não é facultativa,

como na maioria das instituições escolares, principalmente as públicas. “Não se trata de

disciplina opcional, ela está inserida no Currículo Escolar do colégio”.

A esse respeito, os outros entrevistados também se manifestaram dizendo que quando

um pai vem nessa instituição matricular seu filho, ele já sabe que tem essa disciplina e que faz

parte do currículo como disciplina obrigatória e, se houver algum pai que tenha alguma

resistência em relação ao filho frequentar esta disciplina, depois de uma conversa com a

coordenação, acabam aceitando bem e se convencendo da importância dessa disciplina na

formação de seus filhos.

Nota-se que esta instituição, mesmo sendo confessional católica, busca seguir as

mesmas normas e legislação das escolas públicas, onde o ensino é laico, o que está de acordo

39

com a afirmação de Bortoleto e Meneghetti, (2010, p. 68):

O país vive uma história de boas relações entre os dois tipos de instituições escolares, oriundas da formulação laica (Estado) e da formulação confessional (Igreja), pautando-se, inclusive, a escola confessional pela mesma legislação que rege a escola laica. De modo similar, não há distinções quando se fala de elementos que constituem suas propostas educacionais. Ou seja: tudo aquilo que compõe a estrutura de uma proposta pedagógica escolar presentes nas escolas da rede laica encontra-se também nas escolas de orientação confessional: estrutura de currículo, pressupostos legais, preocupações com o corpo docente e discente, espaços de relações, formas de estabelecimentos de interferências na sociedade e desenvolvimento de compromisso social, processos de avaliação e regulação e tantos outros elementos quanto forem possíveis de serem mencionados.

Outro ponto a ser discutido das falas dos entrevistados foi a respeito dos materiais

didáticos utilizados nas aulas de Ensino Religioso e qual a participação do professor na

escolha desses materiais. Todos foram unânimes em dizer sobre a liberdade em buscar os

conteúdos que consideram adequados ou que fazem parte do interesse da turma num

determinado momento, mesmo tendo o apoio do livro didático.

O 1º Entrevistado queixou-se da falta de materiais no mercado: “participo de

congressos, seminários, nessa linha de Ensino Religioso no Brasil e não acho materiais.

Porque os materiais que nós temos e que eu já peguei, que não foram poucos, eles são muito

catequéticos, eles puxam muito para o Católico Apostólico Romano”. Este professor diz que

outras matrizes religiosas, principalmente as afros e indígenas, são pouco abordadas nos

materiais que ela já encontrou para servir de apoio às aulas de Ensino Religioso. “O colégio

gosta de trabalhar com o livro didático, até para que o professor tenha como base, como não é

o fim, mas é um meio. Eu analiso e entrego para cada professor um livro e cada um dá uma

opinião: gostei, não gostei, argumentando”.

Complementa essa informação dizendo que este ano encontraram uma boa coleção

para os anos finais do ensino fundamental que aborda as cinco matrizes religiosas, mas para

as séries iniciais ainda estão em busca de um material mais completo.

O 2º Entrevistado destacou que “A seleção dos materiais é feita por uma equipe de

professores, no caso, de Formação Humana, temos aqui o SOR que é o Serviço de Orientação

Religiosa. Escolhemos juntos o livro didático, depois os outros materiais o professor fica bem

livre [...]”. Ela também fala da carência de materiais, mas explica que tem toda a liberdade de

buscar na internet ou pesquisar outros textos, livros, literatura, e trazer isso agregado ao

conteúdo e ir adaptando conforme a necessidade.

O 3º Entrevistado comentou que: “Até o nono ano nós temos o livro didático,

basicamente a gente trabalha a partir do livro didático, é claro que não só nele, que ele é

40

apenas um instrumento. A gente busca em vídeos, documentários, outros materiais. Isso fica a

meu critério buscar”. Este professor trabalha também com o Ensino Médio, e ele diz para este

nível de ensino “não tem livro didático, então eu é que faço o planejamento, enquanto

professor, dentro dos eixos que a gente tem na instituição. Eu que, praticamente, produzo,

escolho, classifico e trabalho”.

O 4º Entrevistado afirma que “quando vem o material para disciplina de ER, primeiro

passa pela nossa coordenadora, que repassa para a gente. Nós conversamos, debatemos os

conteúdos, mas não fica só nisso [...] Os professores, de certa forma, são livres para procurar

atividades complementares, pesquisas diferenciadas, trazer materiais diferentes ou aplicar os

próprios conteúdos de uma forma diversificada de acordo com as necessidades dos alunos”.

Esse entrevistado disse que os professores também têm espaço para desenvolver

projetos dentro da disciplina, “projetos voltados à alteridade, ao preconceito, à tolerância, à

intolerância, bulling. São projetos que nós realizamos paralelamente ao conteúdo programado

do livro [...]. Algumas atividades nós fizemos em conjunto com outras disciplinas”.

Ele diz ainda que utiliza o laboratório de informática, onde os alunos realizam as

atividades através de jogos interativos. Acrescenta ainda que mantém um blog, “nesse blog os

alunos postam comentários, tem material para eles acessarem, para eles lerem, muitos

conteúdos eu coloco nesse blog para os alunos discutirem em casa com seus pais”.

O 5º entrevistado disse que a seleção de materiais “depende do planejamento e as

diferentes maneiras de desenvolver o trabalho com os alunos no espaço escolar”.

De acordo com Gruen (1994), um problema real a ser enfrentado pelos professores é a

falta de material didático que siga esta linha de ER de modo coerente. O autor sugere que

“enquanto se aguarda a publicação de material apropriado, há muitos textos e planos que

podem ser adaptados” (GRUEN, 1994, p. 89).

Percebe-se, no entanto, que esta falta de materiais não impede estes professores de

realizarem seu trabalho, pois alguns consideram um desafio esta busca, esta adaptação de

materiais, de textos e outros procuram nas mídias digitais os jogos, filmes e outras atividades

para despertar o interesse dos alunos.

Quando questionados a respeito da relação da direção e dos professores de outras

disciplinas com a disciplina de Ensino Religioso, as respostas foram as seguintes:

O 1º Entrevistado relata que “A direção da escola, tranquilo. Tudo parte da direção.

Lógico que as coordenações, demais coordenações são ouvidas, mas tudo parte da direção”.

Segundo essa professora, a reação dos novos professores que estão chegando à escola é de

espanto, por não conhecerem essa disciplina ou por não terem presenciado, em outras

41

instituições, a importância que é dada a essa disciplina na instituição em questão.

Então ela disse que aproveita, no início do ano “na semana pedagógica, os professores

que chegam eles começam a conhecer esse outro lado, de como funciona o Ensino Religioso

aqui na escola. Essa aceitação, esse respeito, essa moralização que essa disciplina já

conseguiu aqui na escola”.

Depois de conhecerem melhor o novo ambiente de trabalho “com o tempo, eles têm

esse estranhamento, mas aos poucos eles notam que isso é regra da casa. Eles estão numa

escola que prioriza isso. Então eles entendem isso e acabam aceitando bem”.

O 2º Entrevistado concorda que há a necessidade de se divulgar mais a respeito da

importância desta disciplina para a formação humana como forma de quebrar estas barreiras.

[...] a gente nota que alguns professores têm algumas resistências. Ah, porque Formação Humana tem que dar um jeito em tudo - alguns falam assim - problemas de relacionamento. ‘Não precisa ter prova como a gente tem, porque não é assunto, conteúdo que tem muito valor’. Estamos batalhando, isso é um objetivo nosso para os próximos anos, de estar colocando a par, realmente colocando o porquê da disciplina, dar um significado, até porque é uma área de conhecimento, uma área que abrange muitas coisas e ao mesmo tempo ela traz, ela agrega coisas junto com outras disciplinas. Então é uma coisa que tem que amarrar, e não ficar separado.” (ENTREVISTADO 2)

Na mesma linha de pensamento, o 3º Entrevistado relata que:

No colégio tem uma boa aceitação, mas ainda eu sinto assim, uma falta de conhecimento dessa perspectiva, da importância de tratar isso. Obviamente eles respeitam que é questão de cada um buscar isso. Mas mesmo assim há grandes possibilidades, já foram feitos trabalhos interdisciplinares. Há alguns que aceitam e compreendem, outros já não tanto, por uma questão de interesse que a gente não pode interferir diretamente nisso, mas aos poucos a gente vai fazendo um trabalho e vai se tornando mais visível essa nova concepção e nova perspectiva. Isso de certa forma vai ganhando mais visibilidade e respeito dos demais professores.

O 4º Entrevistado expõe, a respeito da impressão dos outros professores, que eles

“consideram até um pouco inferior, ou não tendo o peso que tem a disciplina de matemática

ou outra disciplina. Tanto é que na marcação de prova temos problemas”. De acordo com esse

entrevistado, alguns professores de outras disciplinas às vezes marcam a prova para o mesmo

dia de Ensino Religioso, dizendo que o ER é mais fácil.

“Não é bem assim, às vezes tem certo, não diria preconceito, mas também talvez uma

falta de conhecimento mais apropriado. A avaliação envolve muitos textos sagrados, eles têm

que saber, não pode ser resposta pessoal”.

Já o 5º Entrevistado relata que “não há indiferença e sim uma relação de

42

interdisciplinaridade”.

Percebe-se, então, através da maioria dos relatos, que há ainda certa desvalorização do

Ensino Religioso quando comparado com outras disciplinas, outras áreas de conhecimento.

Talvez, como alguns entrevistados relataram, pela falta de conhecimento ou pelo descaso da

própria legislação brasileira que só recentemente reconheceu esta disciplina como área de

conhecimento e colocou-a como disciplina integrante do currículo.

Conforme o que é declarado por Holanda (2010, p. 58), embora a realização desse

ensino esteja garantida pela legislação, o ER está incluído e excluído ao mesmo tempo:

“incluído como disciplina dos horários normais e área de conhecimento das escolas públicas

de educação básica; e excluído quando mencionado de matrícula facultativa tanto na

Constituição Federal de 1988 como na Lei nº 9475/97”.

O Ensino Religioso, na visão das Ciências da Religião, ainda está lutando para

conquistar seu espaço como área do conhecimento e aos poucos está mostrando sua

importância como parte da educação integral do ser humano no contexto das manifestações

religiosas e culturais.

Os entrevistados também manifestaram suas opiniões a respeito da percepção dos pais

em relação à disciplina de Ensino Religioso:

O 1º Entrevistado disse que é realizada uma pesquisa de satisfação anualmente e os

pais se mostram satisfeitos com esta disciplina. “E muitos vêm aqui no colégio e falam:

‘quero matricular o meu filho’- (muitos mesmo, tá?) –, ‘quero matricular o meu filho porque

sei que vocês têm a disciplina que trabalha valores, e faz que eu quero isso para meu filho’. É

muito bom!”.

O 2º Entrevistado menciona que “os valores que são trabalhados, esse valor cristão,

essa responsabilidade, do respeito, da humanidade, realmente isso conta bastante. Os pais

matriculam aqui tendo a certeza de que vão passar coisas boas para seus filhos”.

Podemos perceber pela fala deste entrevistado, quando se refere ao valor cristão, que

apesar de reconhecer a necessidade de se trabalhar com diversidade religiosa, ainda estão

presentes vestígios da religião Católica.

O 3º Entrevistado diz o seguinte: “Olha, não tenho muito contato com os pais, mas

não há reclamação, há essa compreensão da importância de se estudar do ponto de vista

cultural e religioso. Até porque ela é plausível, muitos conflitos também são decorrentes

disso”.

O 4º Entrevistado argumenta que apenas um ou outro pai fica um pouco com o pé

atrás, mas só no início, segundo ele “Depois de conversar com eles, vão percebendo que a

43

Formação Humana e Cultura Religiosa é uma matéria, uma disciplina como qualquer outra

com valor como matemática, português, história, como uma disciplina qualquer e valorizam”.

O 5º Entrevistado relata que “os pais quando matriculam seus filhos no Colégio,

tomam conhecimento da disciplina e recebem as informações necessárias. Temos muitos

alunos de várias religiões e seitas religiosas diferentes”.

Conforme o que foi relatado nestas entrevistas, a maioria dos pais quando matriculam

seus filhos já têm conhecimento deste componente curricular e aceitam que seja tratado como

qualquer outro, como disciplina obrigatória. Alguns pais de outras religiões, que não

conhecem o teor do Ensino Religioso oferecido por esta instituição, são convidados a

assistirem uma aula. Conforme relato da coordenação de ER, geralmente todos acabam

convencidos de que seus filhos vão participar de aulas que tratam da formação humana e

sobre as diversas culturas religiosas e não de uma doutrinação.

Pozzer (2010) relata que nas concepções anteriores o Ensino Religioso, ao afirmar

uma religião como única e verdadeira acabava provocando a segregação dos outros grupos

religiosos. Esse novo modelo de ER em consonância com a legislação acentua que cada aluno

deverá ser aceito e respeitado, independente da crença que possui.

Com isso, o ER passa a ser um componente agregador, pois evangélicos, católicos, budistas, luteranos, candomblendistas, umbandistas, espíritas, islâmicos, judeus, indígenas e membros de outras crenças e, inclusive, os que optam por não ter nenhuma crença. Todos têm a oportunidade de se sentarem lado a lado, estudarem, pesquisarem, socializarem e buscarem mais conhecimentos sem sofrerem discriminação, serem invizibilizados, minimizados e/ou excluídos (POZZER, 2010, p. 93).

Portanto, o ER nos dias atuais não deve priorizar nenhuma tradição religiosa e cada

aluno deverá ser aceito na escola independente de seu credo. Quanto mais variada for a turma

em relação às opções religiosas, mais rica culturalmente esta turma será, desde que o

professor saiba aproveitar essa convivência e contato entre os diferentes grupos para

enriquecer também seu trabalho na sala de aula.

Esses professores entrevistados discorreram também a respeito da relação dos alunos

com a disciplina de Ensino Religioso:

O 1º Entrevistado disse que “acontece de adolescentes, de não querer muito participar,

mas não pelo fato de ser aquela disciplina”. Este professor afirma que se deve, como em

qualquer disciplina, trazer uma metodologia diferente para fazer as aulas se tornarem mais

atrativas e enfatiza: “[...] mas nunca percebi nesses anos que estou aqui no colégio uma

situação que o aluno dissesse: não quero não gosto, não vou participar. Nunca, todo o

44

colégio”.

Seguindo a mesma tese, o 2º Entrevistado afirma que “eles têm, às vezes perpassa,

uma certa insegurança, uma resistência por alguns na adolescência. Para as crianças vem a ser

uma atividade maravilhosa. É diferente uma coisa e outra”. Mas, de um modo geral “eles

interagem, eles enriquecem conteúdo, trazem curiosidades de outras religiões [...], eles vêm

com questionamentos, a gente trabalha bastante com vídeos, com a história de cada religião

para poderem respeitar” (ENTREVISTADO 2).

O 3º Entrevistado disse o seguinte: “Olha, nesta faixa etária que eu trabalho, de certa

forma há este questionamento de qual a relevância disso para a minha vida, assim por diante.

Até porque se foca bastante o vestibular”. O mesmo disse que no Ensino Médio, a

preocupação maior é passar no vestibular e, nesse sentido, a formação humana não é

considerada tão importante pelos alunos. Mas, “a partir do momento que a gente passa a ver,

estudar, aí ganha sentido e ganha um certo interesse”, coloca o professor.

O 4º Entrevistado busca os recursos tecnológicos como forma de complementar o

ensino em sala de aula. “Os meus alunos gostam muito das aulas, participam, a gente procura

variar bastante, não só com a questão de tecnologia, da informática, mas também na própria

dinâmica, nos trabalhos propostos, por exemplo, filmes”.

Para o 5º Entrevistado, “há uma integração dos alunos com a disciplina, pois existe um

respeito pelas diversidades religiosas na escola”.

Portanto, através destes relatos, podemos perceber que a maioria dos alunos acata e

participa das aulas, mesmo havendo alguns alunos que em determinados momentos

consideram que o conteúdo do ER não tenha tanta importância para a sua formação,

principalmente quando se refere ao vestibular.

Alguns alunos, principalmente os adolescentes, ainda não têm noção da importância

desta disciplina para sua formação humana. Para mudar esta concepção e incentivar a

participação dos alunos, os professores buscam tornar estas aulas interessantes através do uso

das tecnologias.

Outro questionamento presente na entrevista referia-se às dificuldades de se trabalhar

com o Ensino Religioso nas escolas:

O 1º Entrevistado acredita que a maior dificuldade seja a qualidade do material

didático. “Ainda não achei um material que suprisse aquilo que a gente quer. Esse material

didático peca, principalmente pra Educação Infantil, Fundamental I. Eu acho pobre o material

que tem”.

O 2º Entrevistado menciona que “[...] é um desafio maior essa busca de material mais

45

completo, vamos dizer assim. Se tu pegar quatro ou cinco livros de Ensino Religioso, cada um

vai te dar um pouquinho, então você vai ter que produzir, isso é um desafio para o professor”.

Já o 3º Entrevistado acredita que a maior dificuldade de se lecionar o ER é a

necessidade de um conhecimento maior da própria comunidade escolar. “Talvez a ampliação

também para duas aulas semanais dos nonos anos e ensino médio para, de fato, podermos

fazer um trabalho mais amplo, mais significativo”.

O 4º Entrevistado diz o seguinte: “Acho que dificuldades temos como em qualquer

outra disciplina, como qualquer outro professor, em relação aos alunos, trabalhar os

conteúdos, a própria avaliação que é sempre problemática”.

Para o 5º Entrevistado “não existe dificuldades, pois o Ensino Religioso poderá

auxiliar a encontrar o sentido de viver pautado em seus valores éticos, morais e espirituais”.

Nesta instituição, por ser confessional e priorizar o ensino religioso, as dificuldades

encontradas não são tão árduas quanto nas outras escolas, principalmente as públicas. O

principal desafio citado nestas entrevistas por mais de um professor é encontrar materiais que

atendam às necessidades deste novo modelo de ensino religioso (Ciências da Religião), o que

é confirmado por Junqueira, Corrêa e Holanda (2007) quando falam que é inegável a carência

de material adequado e de publicações academicamente qualificadas para o ER.

E, finalmente, os entrevistados discorreram sobre os pontos positivos de se trabalhar

com esta disciplina:

O 1º Entrevistado relata: “Acho que os pontos positivos são os que conversamos: a

aceitação, o respeito que a disciplina tem, a cobrança igual às outras disciplinas, pontos

positivos, nós conseguimos desenvolver projetos e assim eles contam conosco”.

Na visão do 2º Entrevistado, “é gratificante trabalhar nesta área, que eu vejo o

crescimento, o envolvimento deles, esta instigação da curiosidade do adolescente, em que eles

estão meio que incrédulos de alguma coisa”. Esse entrevistado se diz muito feliz por lecionar

Ensino Religioso porque contempla o ser humano como um todo.

O 3º Entrevistado destaca que um dos pontos positivos é a novidade. “Traz de certa

forma uma nova perspectiva, diferente do que era e diferente também de outros componentes.

Porque lida um pouco com aquilo que dificilmente em outros momentos se discute, [...] as

diferentes formas de crer, de se expressar [...]”.

O 4º Entrevistado comenta: “Eu acho que, como nosso trabalho é com formação

humana, isso já é um aspecto muito positivo, porque a sociedade carece de trabalhos voltados

a princípios que regem a sociedade, que regem a humanidade e então trabalhar com estes

valores humanos é muito importante.”.

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O 5º Entrevistado disse que esta disciplina é de fundamental importância para o

desenvolvimento integral do aluno e “subsidia o educando para que ele se desenvolva

sabendo de si e compreendendo os fenômenos que permeiam o espaço sociocultural em que

está inserido, fundamentando a busca pelo transcendente, ampliando os significados ligados a

essência do ser humano”.

Para estes professores, o fato de o Ensino Religioso contemplar a formação humana e

espiritual é um fator muito importante e visa complementar com este aspecto as outras áreas

do conhecimento, sendo assim parte integrante da formação do cidadão.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa objetivava conhecer como é trabalhado e como está organizado o Ensino

Religioso em uma escola confessional do município de São José. Em vista disso, procurou-se

conhecer um pouco da história de como surgiu o Ensino Religioso no Brasil, as legislações

que regem este ensino e os modelos de ER que perpassaram nossa caminhada até os dias

atuais e com isso compreender a ligação entre o Estado e a Igreja que fez com que, durante

muito tempo, prevalecesse o ensino confessional nas escolas.

Ao analisar o currículo da disciplina de Ensino Religioso da instituição pesquisada,

pautada no PCNER, verificou-se que este colégio busca seguir as mesmas normas e a

legislação que rege o ER nas escolas da rede estadual, aproximando-se, assim, cada vez mais

do modelo das Ciências da Religião.

Observou-se isso ao confrontar a Proposta Curricular para o Ensino Religioso,

expressa no PPP (em construção) desta instituição com a Proposta Curricular de Santa

Catarina – Implementação do Ensino Religioso (2001) constatando que os conteúdos

essenciais sugeridos pela PCSC são adotados e seguidos por essa Instituição, mesmo que

ainda apresente tendência aos assuntos de sua confessionalidade.

Entretanto, apesar de ser confessional católica, pode-se dizer que esta escola está

buscando cada vez mais se desvencilhar do ensino catequético e dando abertura para um

ensino laico, buscando valorizar a formação humana e a diversidade religiosa e cultural.

Analisando as entrevistas realizadas com os professores da instituição pesquisada,

percebeu-se que a principal dificuldade apontada por estes docentes é a escassez de materiais

didáticos que atendam às aspirações desse novo modelo de ensino religioso. Eles estão em

constante busca por novas publicações, por novidades na internet, por filmes e por livros

didáticos coerentes com essa realidade.

Por meio de relatos dos entrevistados, concluiu-se que há uma boa aceitação dos pais e

dos alunos com relação à disciplina de ER nesta escola, e quando acontece algum

questionamento, a escola conversa com essas pessoas e consegue convencê-las da importância

dos conhecimentos dessa área de formação. No entanto, ainda se percebe certa desvalorização

deste componente curricular por parte de docentes de outras disciplinas, mas que tende a

mudar no momento em que eles passam a conhecer melhor o teor desta disciplina e a

importância desta na formação do indivíduo e com um conhecimento básico a maioria passa a

respeitar e valorizar este ensino.

48

Acredita-se que o fato desta instituição incluir o ER como parte do currículo e não

como disciplina opcional ajuda neste processo de valorização desta disciplina, colocando-a

mais próxima do mesmo patamar que as outras áreas de conhecimento.

Já nas escolas da rede pública este componente curricular continua batalhando para

conquistar seu espaço. Já faz parte da matriz curricular das escolas, mas ainda como disciplina

opcional.

Percebe-se, no entanto, que as derrotas e vitórias, os avanços e retrocessos na trajetória

histórica do Ensino Religioso, as dificuldades na implementação e manutenção desse ensino

nas escolas não desestimulam as instituições, como o FONAPER e os professores engajados

nesta luta. Ao contrário, servem como um desafio para que eles continuem em busca da

evolução desse ensino.

49

REFERÊNCIAS ALEXANDRE, Agripa Faria. Metodologia Científica e Educação. Florianópolis: Editora da UFSC, 2009. BRASIL. Cartilha: Diversidade religiosa e direitos humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004. Acesso em: 15 maio 2012. Disponível em: <http://dhnet.org.br/dados/cartilhas/a_pdf_dht/cartilha_sedh_diversidade_religiosa.pdf>. BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Leis de Diretrizes e Bases da educação Brasileira (LDB). Brasília, 1996. BORTOLETO, Edivaldo José; MENEGHETTI, Rosa Gitana krob. Ensino Religioso e a Legislação da Educação no Brasil: Desafios e Perspectivas. In: POZZER, Adecir (Org.). Diversidade religiosa e ensino religioso no Brasil: memórias, propostas e desafios – Obra comemorativa aos 15 anos do FONAPER. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2010. Pag. 63-82 CARON, Lurdes. Educação religiosa escolar / Ensino religioso em Santa Catarina: uma história em constante tessitura. In: SEMINÁRIO CATARINENSE DE ENSINO RELIGIOSO, 2, 2003, Lages. Anais do II Seminário Catarinense de Ensino Religioso – Educação e Transcendência. Lages, 17 a 19 out. 2003. P. 23-27. CATÃO, Francisco. O fenômeno religioso: ensino religioso escolar. São Paulo: Letras & Letras, 1995. CAVALIERE, Ana Maria. O mal-estar do ensino religioso nas escolas públicas. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 131, p. 303-332, mai./ago. 2007.

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52

DOCUMENTOS CONSULTADOS

CAETANO, Maria Cristina. O ensino religioso e a formação de seus professores: dificuldades e perspectivas. 2007. 385 f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Educacao_CaetanoMC_1.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2012. CASSEB, Samir Araujo. Ensino Religioso: Legislação e seus desdobramentos nas salas de aula do Brasil. Comunicações do III Fórum Mundial de Teologia e Libertação. Belém, Brasil. 21 a 25 de janeiro de 2009. CURY, Carlos Roberto Jamil. Ensino religioso na escola pública: o retorno de uma polêmica recorrente. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, n. 27, Dec. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782004000300013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 abr. 2012. DANTAS, Douglas Cabral. O ensino religioso na rede pública estadual de Belo Horizonte, MG. 2002, 207 f. Dissertação (Mestrado ) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Educacao_DantasDC_1.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2012. MARCONDES, Lea R. L. et al. Educação confessional no Brasil uma perspectiva ética. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2007/anaisEvento/arquivos/CI-061-11.pdf>. Acesso em: 12 maio 2012 PAULY, Evaldo Luis. O dilema epistemológico do ensino religioso. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, n. 27, Dec. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-4782004000300012&lang=pt. Acesso em: 15 abr. 2012. SOARES, Afonso Maria Ligorio. Ciência da Religião, Ensino Religioso e Profissão Docente. Revista de Estudos da Religião. São Paulo, Set. 2009. Disponível em: <http://www.pucsp.br/rever/rv3_2009/t_soares.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2012.

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APÊNDICE A - Roteiro da entrevista

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

Desde quando trabalha nesta instituição escolar? Quais disciplinas leciona e em quais

turmas?

Qual sua formação? Em que área? É titular ou ACT?

Como está organizada a disciplina Ensino Religioso na escola? (matricula opcional ou

obrigatória, turmas que possuem esta disciplina, etc)

Qual a concepção de Ensino Religioso e as diretrizes que norteiam o seu trabalho?

Como é feita a seleção dos materiais para a disciplina e qual a participação do professor da

disciplina nesta seleção?

Como é a relação dos alunos com a disciplina?

Como percebe a relação dos pais com o Ensino Religioso na escola?

Como percebe a relação da direção da escola e dos professores das outras disciplinas com o

Ensino religioso?

Como percebe o ensino religioso dentro do ensino confessional?

Quais as dificuldades encontradas e os pontos que precisam ser trabalhados com a disciplina

do Ensino Religioso?

Quais os aspectos positivos de trabalhar com essa disciplina?

USJUniversidade de São José

USJUniversidade de São José

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APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

PESQUISA: “Ensino Religioso na escola confessional”.

Eu, __________________________________ confirmo que a pesquisadora Marlene Ferreira

do Amaral discutiu comigo este estudo. Eu compreendi que:

1. As informações para esta pesquisa serão coletadas através da análise dos documentos que

regulamentam o ensino religioso e de entrevistas com professores da disciplina. Os dados

coletados serão utilizados para contribuir, na perspectiva das Ciências da Religião, para uma

análise do currículo da Disciplina de Ensino Religioso no sistema escolar de uma instituição

de ensino confessional do município de são José.

2. Eu posso escolher participar ou não desta pesquisa. Minha decisão em participar desta

pesquisa não implicará em benefícios pessoais, bem como não resultará em quaisquer

prejuízos.

3. Os dados desta pesquisa serão utilizados no TCC. Na divulgação dos resultados não serão

identificados os informantes, nem a instituição.

4. Se eu tiver alguma dúvida a respeito, eu posso contatar a pesquisadora Marlene Ferreira

do Amaral pelos telefones (48) - 33572305 e 88324287

5. Eu concordo em participar deste estudo.

Assinaturas:

Participante: ____________________________________________Data:___________

Pesquisadora Principal/orientanda: ______________________________Data:____________

Pesquisadora Responsável/orientadora: _______________________Data:___________

USJUniversidade de São José

USJUniversidade de São José

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APÊNDICE C – Carta de apresentação da acadêmica

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

APRESENTAÇÃO DA ACADÊMICA E DA PROPOSTA DE PESQUISA DE TCC

São José,___de__________ de 2012.

Ilma Senhora Carmem Andrioni

Diretora do Colégio Elisa Andreoli

Prezada Diretora,

Vimos apresentar a acadêmica Marlene Ferreira do Amaral regularmente matriculada no

curso de Ciências da Religião da USJ para que possa realizar a pesquisa do Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC) nessa Instituição, cuja temática de estudo é: Ensino Religioso em

escola confessional.

Como proposta de ação, a acadêmica precisa ter acesso a alguns documentos da

instituição como o projeto político pedagógico e outros documentos que regulamentam a

disciplina de ensino religioso na instituição.

Sendo o que tínhamos para o momento, agradecemos.

_____________________________ _________________________________

Orientadora do TCC Coordenador do Curso de Ciências da

Religião

USJUniversidade de São José

USJUniversidade de São José

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