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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA “PREÇO DE PETRÓLEO E MERCADO DE AÇÕES: EVIDÊNCIA DO MERCADO BRASILEIRO”. FELIPE MEDEIROS RANGEL ORIENTADOR: PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM EECCOONNOOMMIIAA

“PREÇO DE PETRÓLEO E MERCADO DE AÇÕES: EVIDÊNCIA DO MERCADO

BRASILEIRO”.

FFEELLIIPPEE MMEEDDEEIIRROOSS RRAANNGGEELL

ORIENTADOR: PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.

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“PREÇO DE PETRÓLEO E MERCADO DE AÇÕES: EVIDÊNCIA DO MERCADO BRASILEIRO”

FELIPE MEDEIROS RANGEL

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças

ORIENTADOR: PROF. DR. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.

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“PREÇO DE PETRÓLEO E MERCADO DE AÇÕES: EVIDÊNCIA DO MERCADO BRASILEIRO”

FELIPE MEDEIROS RANGEL

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Finanças

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor Dr. OSMANI TEIXEIRA DE CARVALHO GUILLÉN (Orientador) Instituição: IBMEC _____________________________________________________

Professor Dr. JOSÉ VALENTIM MACHADO VICENTE Instituição: IBMEC _____________________________________________________

Professor Dr. ALEXANDRE BARROS DA CUNHA Instituição: UFRJ

Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2012.

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336.76 R196p

Rangel, Felipe Medeiros. Preço de petróleo e mercado de ações: evidência do mercado brasileiro. / Felipe Medeiros Rangel . - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2012. 59f.; 29 cm. Dissertação de Mestrado Profissionalizante em Economia apresentado ao IBMEC como requisito para conclusão de curso. Área de concentração: Finanças. Orientador: Dr. Prof. Osmani Teixeira de Carvalho Guillén.

1. Preço de petróleo. 2.Choques de preço de petróleo. 3. Retornos de ações. 4.Setores da economia. 5.Precificação de ativos. I. Rangel, Felipe Medeiros. II. Dr. Prof. Osmani Teixeira de Carvalho Guillén. III. Preço de petróleo e mercado de ações: evidência do mercado brasileiro.

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DEDICATÓRIA

À minha namorada Rebeca, pelo companheirismo e pela compreensão.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Edmundo e Maria Helena, pelo apoio e incentivo aos meus estudos e ao meu

crescimento profissional e acadêmico.

Aos meus avós e irmãos, pelo carinho e apoio em todos os momentos.

À minha namorada Rebeca, pela paciência e pelas conversas, essenciais sempre.

Ao Prof. Osmani Guillén, pelas contribuições no desenvolvimento deste trabalho e pela

orientação objetiva.

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RESUMO

O presente estudo investiga a relação entre os movimentos do preço do petróleo e dos retornos

de ações de diversos setores da economia brasileira, compreendendo o período de janeiro de

1990 até setembro de 2011. Os resultados indicam que fortes aumentos do preço do óleo têm

efeito positivo sobre os retornos de ações dos setores de Óleo e Gás, Papel e Celulose,

Mineração e Siderurgia. Ações de outros setores também se mostraram positivamente

sensíveis aos choques de preço de petróleo, mas a evidência não é tão forte nesses casos. As

ações dos setores de Consumo, Material Aeronáutico e Telecomunicações não parecem sofrer

qualquer influência do risco do óleo. Os achados fazem sentido com a proposição de que

economias de países exportadores de petróleo são positivamente impactadas pelos choques de

preço de tal commodity. Pouca evidência de assimetria entre os efeitos de choques positivos e

negativos é encontrada. Ademais, a volatilidade do preço do óleo não parece impactar os

retornos de ações no Brasil de forma diferenciada durante o período da auto-suficiência na

produção de petróleo. Talvez a variável de choques de preço de petróleo seja proxy para

choques de preço de commodities, pois o Brasil é tradicionalmente exportador desse tipo de

produto. De uma forma geral, os resultados desta pesquisa mostram que a aquisição de ativos

que possuam sensibilidade positiva em relação aos movimentos do preço do petróleo não

demonstra ser razoável para o mercado acionário brasileiro como forma de proteção.

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Palavras Chave: Preço de petróleo, Choques de preço de petróleo, Retornos de ações, Setores

da economia, Precificação de ativos

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ABSTRACT

The present study investigates the relationship between oil price and equity returns from

several Brazilian industry sectors. This analysis covers the period from January 1990 to

September 2011. Results indicate that oil price shocks have a positive effect on stock market

returns from the following sectors: Oil & Gas, Pulp & Paper, and Mining & Steel. Assets

from other industry sectors are sensitive to oil price risk either, although the evidence is not so

strong in such cases. Shares from Consumption, Aeronautic Equipment, and

Telecommunications sectors do not seem to suffer any influence of oil price shocks. Our

findings are consistent with the proposition that oil exporting countries are positively affected

by oil price rises. Little evidence of any asymmetry between positive and negative shocks is

found. Moreover, oil price volatility does not seem to affect equity returns differently in

Brazil during the period of self-sufficiency in oil production. Maybe the oil price shocks

variable is proxy for commodities price shocks as Brazil is traditionally an exporting country

of that kind of product. In general, this search shows that acquisition of assets positively

sensitive to oil price increases is not a good hedging strategy in Brazilian stock market.

Key Words: Oil price, Oil price shocks, Equity returns, Industry sectors, Asset pricing

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Evolução da cotação de petróleo Brent.....................................................................14

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ações e setores .......................................................................................................20

Tabela 2 – Estatísticas Descritivas ...........................................................................................24

Tabela 3 – Resultados dos Testes de Raiz Unitária................................................................245

Tabela 4 – Retorno do Petróleo Modelado por um Processo AR(1) ......................................246

Tabela 5 – Retorno do mercado x Volatilidade do Óleo ........................................................246

Tabela 6 – Resultados do Modelo de Mercado Aumentado pelo Fator Petróleo...................247

Tabela 7 – Resultados dos Testes de Assimetria....................................................................249

Tabela 8 – Resultados do Teste da Auto-Suficiência em Petróleo.........................................324

Tabela 9 – Resultados do Teste da Auto-Suficiência em Petróleo com Controle para a Crise

Financeira de 2008............................................................................................................24

Tabela 10 – Termos ARMA Incluídos no Modelo de Mercado Aumentado pelo Fator Petróleo

........................................................................................................................................244

Tabela 11 – Termos ARCH/GARCH Incluídos na Equação da Variância do Modelo de

Mercado Aumentado pelo Fator Petróleo.......................................................................244

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LISTA DE ABREVIATURAS ADF Augmented Dickey-Fuller

ARCH Autoregressive Conditional Heteroscedasticity

ARMA Autoregressive – Move Average

BM&F Bolsa de Mercados e Futuros

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

CAPM Capítal Asset Pricing Model

DCC Dynamic Conditional Correlation

FMI Fundo Monetário Internacional

GARCH Generalized Autoregressive Conditional Heteroscedasticity

IBOVESPA Índice BOVESPA

IEA International Energy Agency

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PIB Produto Interno Bruto

VAR Vetor Auto-Regressivo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

2 REVISÃO DA LITERATURA.............................. .................................................3

2.1 RELAÇÃO ENTRE PREÇO DE PETRÓLEO E VARIÁVEIS ECONÔMI CAS................................. 3

2.2 RELAÇÃO ENTRE PREÇO DE PETRÓLEO E PREÇOS DE AÇÕES .............................................. 7

3 METODOLOGIA ........................................ ........................................................12

4 DESCRIÇÃO DOS DADOS................................ ...............................................19

5 RESULTADOS ......................................... .........................................................22

5.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS ............................................................................................................ 23

5.2 RESULTADOS DO MODELO DE MERCADO AUMENTADO PELO FATO R PETRÓLEO....... 25

5.3 RESULTADOS DOS TESTES DE ASSIMETRIA................................................................................. 29

5.4 RESULTADOS DO TESTE DA AUTO-SUFICIÊNCIA EM PETRÓLEO ........................................ 32

6 CONCLUSÃO .......................................... ..........................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ................................................38

APÊNDICE A ......................................... ...................................................................44

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa investiga a relação entre os movimentos do preço do petróleo e do mercado

acionário brasileiro através de um Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo. Tal

modelo tem sido utilizado por pesquisadores como Faff e Brailsford (2000) e Nandha e Faff

(2008). Embora a relação entre preço de petróleo e variáveis macroeconômicas tenha sido

estudada exaustivamente, a relação entre preço de petróleo e mercados acionários é um tema

ainda em estudo na área de pesquisa de finanças.

Como o petróleo é um direcionador da economia nos dias de hoje, um forte aumento do preço

deste produto costuma levar à redução da atividade econômica. O canal de transmissão

poderia estar no aumento dos custos dos produtores, que, na tentativa de repassar esse efeito

adverso para os preços aos consumidores, podem provocar pressões inflacionárias na

economia. Hamilton (1983) apresentou evidências de que choques de petróleo são prejudiciais

para a produção e o emprego. A ligação do mercado financeiro com o ambiente

macroeconômico é natural, pois os movimentos dos índices de ações refletem as expectativas

dos agentes econômicos quanto ao futuro da economia. Logo, se o petróleo tem impacto

negativo sobre a atividade econômica, deveria ter também sobre os mercados de ações. No

entanto, economias exportadoras de óleo podem ser positivamente impactadas pelos choques

de preço deste produto devido à renda gerada pela atividade, sendo que a economia brasileira

possui produção excedente de óleo atualmente.

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O presente texto faz parte de uma literatura focada nos efeitos de grandes variações de preço

de petróleo sobre diversos setores da economia, sejam estes representados por índices

setoriais ou firmas específicas (Al-Mudhaf e Goodwin, 1993; Faff e Brailsford, 1999;

Sadorsky, 2001; El-Sharif et al., 2005; Boyer e Filion, 2007; Arouri e Nguyen, 2010, entre

outros). Efeitos diferenciados sobre cada setor dependem, por exemplo, de o petróleo ser

insumo ou produto final no processo industrial.

Através do referido Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo, o objetivo desta

pesquisa é estudar o papel do risco do petróleo como um dos determinantes dos retornos de

ações de firmas específicas de diversos setores da economia brasileira, utilizando dados

mensais de janeiro 1990 até setembro de 2011. A possibilidade de choques de preço de

petróleo positivos e negativos terem efeitos assimétricos sobre os ganhos das ações é testada.

Ademais, o Brasil nem sempre foi uma economia exportadora de petróleo, sendo a auto-

suficiência na produção desta commodity alcançada em 2006. Dessa forma, é feito um teste

para identificar a existência de diferença no efeito da volatilidade do óleo sobre os retornos

dos ativos estudados após o advento da auto-suficiência.

O tema deste texto é de relevância para a comunidade de investidores, uma vez que os

resultados aqui apresentados fornecem informação interessante para decisões de hedge. Além

disso, existem diversos modelos utilizados para fins de precificação de ativos, sendo que

ainda não há consenso nessa área de pesquisa.

O restante do texto é organizado da seguinte forma: seção 2 revê a literatura, seção 3 descreve

a metodologia, seção 4 descreve os dados utilizados, seção 5 apresenta os resultados do

modelo e, por fim, a seção 6 conclui.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A literatura de Economia e Finanças tem diversos estudos documentados sobre o impacto dos

choques de preço de petróleo em variáveis econômicas. De uma forma geral, há evidências de

que fortes aumentos no preço do óleo têm efeito adverso sobre a economia. Isso seria possível

devido ao fato de as indústrias dependerem do petróleo, seja diretamente, como insumo, ou

indiretamente, como inflação produzida por elevações do preço desse produto, por exemplo.

O campo de pesquisa em questão pode ser dividido em duas partes: (i) a relação entre preço

de petróleo e variáveis econômicas; e (ii) a relação entre preço de petróleo e variáveis

financeiras, como os valores das empresas.

2.1 RELAÇÃO ENTRE PREÇO DE PETRÓLEO E VARIÁVEIS ECONÔMICAS

A literatura sobre a relação entre preço de petróleo e variáveis econômicas, como o PIB real, a

taxa de câmbio e a taxa de inflação, é extensa (Hamilton, 1983; Gisser e Goodwin, 1986;

Mork, 1989; Hooker, 1996; Mussa, 2000; Davis e Haltiwanger, 2001; Hamilton e Herrera,

2002; Lee e Ni, 2002; Hooker, 2002; Hamilton, 2003; IEA, 2004; Jones et al., 2004, entre

outros). Tais estudos são divergentes em seus resultados empíricos. Conseqüentemente, ainda

não há consenso quanto a este assunto.

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Em um estudo que motivou vários outros, testando seus resultados, Hamilton (1983)

apresentou evidência de que choques de preço de petróleo contribuíram para o acontecimento

de algumas recessões americanas no período pós-Segunda Guerra Mundial.

Jones et al. (2004) reportam que análises empíricas foram dedicadas à questão da principal

causa das recessões pós-Choques de Preço de Petróleo dos anos 1970: tais recessões seriam

fruto dos próprios choques de petróleo ou da política monetária originada pelos choques? Este

texto indica que choques de preço de petróleo aparentam serem os maiores contribuintes para

essas recessões. Além disso, através de uma abordagem baseada em funções de resposta ao

impulso, geradas a partir da metodologia VAR (Vetor Auto-regressivo), os autores concluem

que a magnitude de um choque de preço de petróleo sobre o PIB, medida na forma de

elasticidade, é aproximadamente -0,06.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou relatório no ano de 2000 sobre o impacto de

maiores preços de petróleo na economia global.1 Um dos resultados apresentados nesse

trabalho é a indicação de que um aumento de $5 por barril no preço do petróleo levaria a uma

redução da produção global de, aproximadamente, 0,25 ponto percentual ao longo dos quatro

primeiros anos. A Agência Internacional de Energia (IEA, 2004) suporta o mesmo ponto de

vista, argumentando que o efeito recessivo sobre os países importadores de óleo seria maior

que os ganhos obtidos pelos países exportadores desta commodity.

O foco dos estudos sobre a relação entre choques de preço de petróleo e variáveis

macroeconômicas tem mudado, se voltando, mais recentemente, para a questão da assimetria

dos choques: choques positivos e negativos teriam impacto assimétrico sobre a economia

(Mork, 1989; Ferderer, 1996, Lee et al., 1995, entre outros).

1 Trata-se de relatório preparado pela equipe de pesquisa do FMI e aprovado por Michael Mussa.

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A relação entre preço de petróleo e preços de ações, cuja literatura será analisa na próxima

subseção, é, provavelmente, indireta. Alguns pesquisadores argumentam que o efeito dos

choques de preço de óleo sobre os valores das empresas se daria através de indicadores

macroeconômicos. Ademais, haveria diferença entre o efeito sobre a economia de países

exportadores e importadores do produto em questão.

Quanto ao caso dos países exportadores, há evidências de que fortes aumentos do preço do

petróleo têm impacto positivo nessas economias, de acordo com alguns autores (por exemplo,

Jiménez-Rodríguez e Sánchez, 2005; Bjørnland, 20092). Esses choques elevam a renda desses

países, proporcionando maiores consumo e investimentos.

Resultados opostos são esperados quando se trata de países importadores de óleo. Utilizando

uma abordagem baseada na curva de Phillips, LeBlanc e Chinn (2004) e Hooker (2002)

verificaram que choques de petróleo podem ser inflacionários nesses países, em alguns casos.

Dessa forma, a política monetária restritiva para acomodar esses choques leva à recessão.

Em geral, países importam óleo para utilizá-lo como insumo em sua produção, sendo que o

petróleo é um dos fatores de produção mais importantes da economia. Assim sendo, choques

de preço desse produto costumam alterar os termos de troca, aumentando os custos de

produção dos países importadores do insumo (Backus e Crucini, 2000). Na literatura de

finanças, análises setoriais verificaram que setores dependentes de óleo como um fator de

produção são negativamente impactados pelos choques de preço desse produto (Nandha e

Faff, 2008; Arouri e Nguyen, 2010) 3. Se as companhias forem capazes de transferir o

aumento dos custos de produção para os preços ao consumidor, haverá queda no consumo das 2 Embora o texto de Bjørnland (2009) trate da relação entre preço de petróleo e preços de ações, o autor argumenta que a relação é indireta e acontece através de indicadores macroeconômicos. 3 Esse resultado é observado a partir do efeito depressivo que o choque de preço de petróleo tem sobre os valores das empresas desses setores.

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famílias (Hamilton, 1988a, 1988b; Hamilton, 1996; Bernanke, 2006; entre outros). Nesse

cenário de menor consumo, poder-se-ia esperar redução da produção e do emprego (por

exemplo, Davis e Haltiwanger, 2001; Brown e Yücel, 2002; Lardic e Mignon, 2006).

Alguns estudos destacam a importância da origem dos choques de preço de petróleo (Barsky e

Kilian, 2004; Lescaroux e Mignon, 2008; Kilian e Park, 2009; Hamilton, 2009a, 2009b; Filis

et al., 2011, entre outros). Isso significa que grandes elevações desse preço podem vir do lado

da oferta ou da demanda. Lescaroux e Mignon (2008) entendem que a relação entre os

choques de preço de óleo e a atividade econômica acontece via choque de oferta, ou seja,

havendo menos insumos disponíveis, a produção será menor. Entretanto, essa não é a única

razão pela qual o preço do petróleo pode estar volátil. Kilian e Park (2009) defendem que

choques pelo lado da demanda têm maior importância. Esses choques apresentariam efeito

adverso sobre a economia quando eles são fruto de uma demanda preventiva, ou seja, agentes

econômicos demandam óleo porque esperam escassez desse insumo no futuro. Por outro lado,

quando há fortes aumentos do preço do petróleo em função de uma demanda agregada maior,

a correlação entre o preço do petróleo e a atividade econômica é positiva.

Há pesquisadores que não verificaram qualquer relação entre preço de petróleo e variáveis

macroeconômicas quando se considera o período pós-1980 (por exemplo, Bernanke et al.,

1997; Hooker, 2002; Blanchard e Galí, 2007; Nordhaus, 2007; Lescaroux e Mignon, 2008).

Bernanke et al. (1997) atribui à política monetária endógena grande parte do efeito dos

choques de preço de petróleo. Em outras palavras, a redução da atividade econômica

supostamente causada por um forte aumento do preço do petróleo, como argumentam outros

autores (por exemplo, Hamilton, 1983), seria resultado do aperto monetário necessário para

acomodar o efeito inflacionário do referido choque. A Agência Internacional de Energia

publicou relatório em 2006 que sugeriu maior facilidade de as empresas absorverem maiores

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custos de insumos devido à atividade econômica acelerada da época associada à expansão dos

investimentos. Dessa forma, o impacto negativo de um choque de preço de óleo é menor do

que no passado. Blanchard e Galí (2007) defendem que os choques de petróleo não

demonstram mais o mesmo efeito que tinham sobre a economia nos anos 1970 por algumas

razões, como a menor participação do óleo na produção, a maior flexibilidade do mercado de

trabalho e a melhora em termos de política monetária.

2.2 RELAÇÃO ENTRE PREÇO DE PETRÓLEO E PREÇOS DE AÇÕES

O mercado de ações tem ligação natural com a economia. O valor de uma empresa reflete os

fluxos de caixa futuros esperados medidos a valor presente. Se a geração de caixa de uma

empresa está sujeita às condições macroeconômicas, então é razoável pensar que o mercado

de ações reflete as expectativas dos agentes econômicos quanto ao futuro da economia. Logo,

se choques de preços de petróleo têm relação com variáveis macroeconômicas, deveriam ter,

também, com variáveis financeiras, como os preços de ações. Assim sendo, muitos estudos

sobre a relação entre preços de petróleo e de ações têm surgido no período mais recente (por

exemplo, Jones e Kaul, 1996; Huang et al., 1996; Mussa, 2000; Faff e Brailsford, 1999;

Sadorsky, 1999; Faff e Brailsford, 2000; Ciner, 2001; Pollet, 2002; Bittlingmayer, 2005;

Nandha e Faff, 2008; Bjørnland, 2009).

Considerando que o fator petróleo é um dos insumos mais importantes, pois está presente em

diversos setores da economia, choques de preço desse produto costumam pressionar os custos

de muitos produtores. Se estes forem capazes de repassar esse custo adicional, mesmo que

parcialmente, para os preços, possivelmente, haverá pressão inflacionária e necessidade de

aperto monetário. Com o aumento do custo de oportunidade dos investidores, o valor presente

dos fluxos de caixa esperados tende a cair. Logo, uma das conclusões de muitos dos estudos

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sobre a relação entre preços de petróleo e de ações é que fortes elevações do preço do óleo

têm impacto negativo nos preços das ações, de uma forma geral (ver, por exemplo, Sadorsky,

1999; Papapetrou, 2001; Driesprong et al., 2008; Park e Ratti, 2008; Chen, 2009; Miller e

Ratti, 2009; Filis, 2010).

Por outro lado, Filis et al. (2011) chama atenção para o fato de que choques de preço de

petróleo poderiam afetar os mercados acionários através da incerteza que eles proporcionam

ao mercado financeiro. Assim sendo, a origem do choque tem relevância, pois um choque

derivado de uma demanda agregada maior deveria ter efeito positivo sobre os preços de ações.

Nessa parte da literatura, há algumas pesquisas que abordam os efeitos assimétricos dos

choques de preço de óleo sobre os preços das ações (por exemplo, Guidi et al., 2006; Nandha

e Faff, 2008). O texto de Guidi et al. (2006) mostra evidência de que existem efeitos das

decisões da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) sobre os mercados

financeiros dos Estados Unidos e do Reino Unido. Os autores concluem que as reações

desses mercados às decisões da OPEP são assimétricas devido aos períodos de conflitos:

quando o período é conflituoso, os efeitos levam mais tempo para serem incorporados pelos

mercados, enquanto, em períodos não conflituosos, a reação é eficiente. Nandha e Faff (2008)

testaram a igualdade estatística dos coeficientes de duas variáveis binárias, que representam

choques de preços de petróleo positivos e negativos, e não encontraram diferença

significativa. Esse resultado indica simetria do efeito da volatilidade do preço do fator

petróleo sobre os valores das ações.

Alguns autores pesquisaram se a relação entre preços de petróleo e de ações é diferente entre

setores da economia ou companhias (Al-Mudhaf e Goodwin, 1993; Faff e Brailsford, 1999;

Sadorsky, 2001; El-Sharif et al., 2005; Boyer e Filion, 2007; Nandha e Faff, 2008; Arouri e

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Nguyen, 2010, entre outros). Essa diferença poderia ser em função de o petróleo ser insumo

ou produto final para uma indústria ou empresa, por exemplo. Ademais, o comportamento

dessa relação dependeria da capacidade de repasse dos aumentos de custos para os preços aos

consumidores. De acordo com Sawyer e Nandha (2006), o valor do petróleo tem poder

explanatório sobre retornos de ações. Faff e Brailsford (1999) pesquisaram essa relação para

diferentes setores da economia australiana e verificaram que setores de Óleo e Gás e Recursos

Naturais Diversos têm sensibilidade significante e positiva aos preços de óleo, enquanto

outros setores, como Transporte e Papel, são negativamente sensíveis. Nandha e Faff (2008)

encontraram relação negativa entre choques de preço de petróleo e todos os setores da

economia global, exceto Petróleo e Gás e Mineração. Considerando apenas companhias do

setor de Óleo e Gás do Canadá, Sadorsky (2001) encontrou evidência de que um aumento no

preço do petróleo eleva os retornos das ações.

O comportamento da correlação dinâmica entre preços de petróleo e de ações foi investigado

por diversos autores recentemente (por exemplo, Ewing e Thompson, 2007; Aloui e Jammazi,

2009; Bhar e Nikolova, 2010; Chang et al. (2010); Choi e Hammoudeh, 2010; Cifarelli e

Paladino, 2010; Filis et al., 2011; Lee e Chiou, 2011). Uma das conclusões de alguns desses

estudos é que a correlação entre as duas variáveis em questão não é constante ao longo do

tempo. Através de um modelo DCC, Chang et al. (2010) mostra esse resultado. É interessante

a abordagem de Filis et al. (2011) sobre esse tema, considerando seis países diferentes, sendo

metade exportador de óleo e a outra parte importadora. Além disso, os autores explicam seus

resultados com base na origem dos choques de preço de óleo e, também, verificam quais são

os resultados quando se considera correlação defasada. Quanto ao comportamento da

correlação contemporânea, o autor não identifica diferença significativa entre países

exportadores e importadores do fator petróleo. Em relação às origens dos choques, fortes

elevações da demanda agregada levam a uma correlação positiva entre preço de petróleo e

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10

índices de ações. Por outro lado, choques de demanda preventiva demonstram correlação

negativa entre as duas variáveis. Os autores não verificaram correlação significativa quando

se trata de choques de oferta. Os resultados da correlação defasada indicaram relação negativa

entre as duas variáveis, independente da origem do choque.

O estudo de Gogineni (2007) mostra evidência de que a origem dos choques é importante. O

autor conclui que choques de preço de óleo pelo lado da oferta estão negativamente

associados aos retornos de ações. Quando o choque é fruto de uma demanda agregada maior,

a relação é positiva.

Assim como Filis et al. (2011), outros autores, ao estudar a relação entre preços de petróleo e

de ações, se preocuparam com a questão de um país ser exportador ou importador da

commodity (por exemplo, Hammoudeh e Aleisa, 2004; O’Neill et al., 2008; Park e Ratti,

2008; Apergis e Miller, 2009; Arouri e Rault, 2010). Park e Ratti (2008) investigaram o efeito

dos choques de preço de óleo sobre os mercados acionários dos Estados Unidos e de treze

países europeus, sendo um deles, a Noruega, exportador de petróleo, enquanto os outros são

importadores4. Suas conclusões mostraram que o mercado acionário norueguês é

positivamente impactado por fortes aumentos do valor do óleo, enquanto os outros países

obtiveram resultado oposto. Entretanto, há o texto de Apergis e Miller (2009) que faz parte de

um grupo que rejeita qualquer influência do preço do fator petróleo sobre qualquer índice

acionário, seja este de um país exportador ou importador de óleo.

4 A subseção 2.1 mostrou os achados de artigos que analisaram a relação entre preços de petróleo e variáveis macroeconômicas, dividindo a análise entre economias exportadoras e importadoras do produto. Vale ressaltar que a relação entre preços de petróleo e preços de ações é, possivelmente, indireta, sendo o canal de transmissão dado por variáveis macroeconômicas. As razões que poderiam levar a conclusões diferentes entre países exportadores e importadores repousam nesses efeitos indiretos.

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11

Há pesquisadores que discordam da visão de que preços de petróleo têm influência

significativa sobre preços de ações (por exemplo, Chen et al., 1986; Huang et al., 1996; Cong

et al., 2008; Apergis e Miller, 2009; Al-Fayoumi, 2009; Jammazi e Aloui, 2010; Al Janabi et

al., 2010). Chen et al. (1986) verificou que variáveis macroeconômicas afetam

sistematicamente os retornos das ações, mas não encontrou um papel relevante para o risco do

petróleo no modelo testado. Utilizando dados diários e considerando correlações

contemporâneas e defasadas, Huang et al. (1996) não encontraram correlação entre retornos

futuros de óleo e de vários índices de ações no período dos anos 1980. Apesar de Miller e

Ratti (2009) terem encontrado relação entre as duas variáveis em questão, essa relação é

limitada, pois não persiste após setembro de 1999. Os autores apontam como razão para esse

resultado a presença de bolhas, sejam no mercado de petróleo e/ou de ações. Cong et al.

(2008) investigaram a relação entre a volatilidade do óleo e o mercado acionário chinês

utilizando Vetor Auto-regressivo Multivariado. A interação entre as variáveis não se mostrou

estatisticamente significante, exceto quando se trata de índices industriais ou ações de

companhias petrolíferas.

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12

3 METODOLOGIA

O presente estudo se baseia no Modelo de Precificação de Ativos de Capital (CAPM5 -

Sharpe, 1964; Lintner, 1965). De acordo com Ross et al. (2008, p. 306), o CAPM mostra o

retorno esperado de determinado ativo dependendo de três coisas: taxa livre de risco, prêmio

de risco de mercado (diferença entre o retorno esperado do mercado e a taxa livre de risco) e

uma medida de risco sistemático (geralmente, chamado de beta). Mais especificamente, o

modelo, de fato, utilizado nesta pesquisa é o Modelo de Mercado aumentado por um termo de

preço de petróleo, similar ao CAPM. As principais diferenças entre os dois modelos estão na

ausência de uma taxa de livre de risco e a inclusão de um fator de preço de óleo no referido

Modelo de Mercado. Modelos como este têm sido utilizados por pesquisadores que estudam a

relação entre preços de ações (ou índices setoriais) e preço de petróleo (Al-Mudhaf e

Goodwin, 1993; Faff e Brailsford, 1999; Faff e Brailsford, 2000; Nandha e Faff, 2008, entre

outros). Como o objetivo da pesquisa está em torno do fator petróleo, um modelo simples sem

a taxa livre de risco é interessante. Ademais, cabe questionar a existência de uma taxa livre de

risco6.

De forma similar à metodologia de Nandha e Faff (2008), foram feitos ajustes nas variáveis

explanatórias do modelo. Como o mercado acionário é movido por expectativas, variações

esperadas de preço de petróleo não deveriam afetar os retornos dos ativos. Por isso, é 5 Da língua inglesa, Capital Asset Pricing Model. 6 Por menor que seja o risco de um ativo, sempre haverá o risco de default (inadimplência).

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13

preferível trabalhar com uma medida de volatilidade do preço de óleo, ou seja, variações

acima do que se poderia esperar.

Séries temporais de preços de petróleos podem se comportar como um passeio aleatório,

assim como alguns ativos do mercado de ações. Como exemplo, pode-se observar a Figura 1,

que mostra a evolução histórica da cotação do barril de petróleo Brent. Ao considerar a

primeira diferença do logaritmo natural da série de preços, é obtida uma medida de variação

mensal do preço do ativo. Após análise do auto-correlograma, a variação do preço do petróleo

é estimada como um processo auto-regressivo de ordem um, conforme se demonstra na

fórmula abaixo:

tOLEOt

OLEOt RBAR ε++= −1* , (1)

onde OLEOtR é o retorno do preço do óleo no período t, definido como o logaritmo natural de

( tOLEO / 1−tOLEO ), onde tOLEO é o nível do preço do óleo no tempo t. O parâmetro A é

uma constante. O termo B é um coeficiente. O termo tε representa o resíduo da regressão,

que é a parte não explicada da variável OLEOtR . A série dos resíduos da estimação acima é a

medida de volatilidade de preço de petróleo que se utiliza na presente pesquisa.

Outro ajuste feito nesse trabalho está no retorno do mercado: considera-se uma medida de

retorno de mercado ortogonal à volatilidade do óleo. Para se obter esta variável, inicialmente,

regride-se o retorno do mercado sobre a volatilidade do óleo, conforme a seguinte equação:

tOLEO

tMERCt VDCR ε++= * , (2)

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14

onde MERCtR é o retorno do índice de mercado no período t, definido como o logaritmo natural

de ( tMERC / 1−tMERC ), onde tMERC é o nível do índice de mercado no tempo t. O

parâmetro C é uma constante. O termo D é um coeficiente. A variável explanatória OLEOtV é a

medida de volatilidade do óleo obtida a partir da equação (1). O termo tε representa o resíduo

da regressão, que é a parte não explicada da variável MERCtR . Obtém-se a série de resíduos da

equação (2) como medida de retorno de mercado ortogonal à volatilidade do óleo.

0

20

40

60

80

100

120

140

90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10

BRENT

Figura 1- Evolução da cotação de petróleo Brent

Tudo isso dito, o Modelo de Mercado aumentado por um termo de preço de petróleo do

presente estudo consiste em retornos de diversas ações de diversos setores da economia

brasileira explicados por dois fatores: retorno de mercado e volatilidade do óleo. Logo, para

uma ação i, o modelo pode ser escrito da seguinte forma:

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15

tiOLEO

tiOMERC

tiiACAOti VRR ,, ** εγβα +++= − , (3)

onde ACAOtiR , é o retorno da ação i no período t, definido como o logaritmo natural de

( tiACAO , / 1, −tiACAO ), onde tiACAO , é a cotação da ação i no período t. Para cada ação i, o

parâmetro iα é uma constante e os termos iβ e iγ são coeficientes. A variável explicativa

OMERCtR − representa o retorno do mercado ortogonal à volatilidade do petróleo, enquanto o

OLEOtV representa a volatilidade do óleo. Para cada ação i, o termo ti,ε representa o resíduo da

regressão, que é a parte não explicada da variável ACAOtiR , .

Em alguns casos, pode haver auto-correlação dos resíduos. Por isso, são incluídos termos

auto-regressivos e/ou médias móveis a fim de resolver este problema.7

Séries de preços de ações costumam ter variância não constante ao longo do tempo,

alternando entre momentos de alta e baixa volatilidade. Por isso, tais séries não apresentam

distribuição normal, em geral. Uma forma de modelar este fato estilizado é estimar modelos

auto-regressivos de heterocedasticidade condicional, ARCH8 (Engle, 1982), ou a forma

generalizada desses modelos, GARCH9 (Bollerslev, 1986). Como as estatísticas de teste ficam

comprometidas na presença de variância não constante, a metodologia ARCH/GARCH foi

utilizada na estimação dos modelos desta pesquisa a fim de obter tais estatísticas mais

confiáveis.10

7 Para uma breve explicação sobre modelos ARMA, ver Bueno (2011, pp. 37-87). 8 Da língua inglesa, Autoregressive Conditional Heteroscedasticity. 9 Da língua inglesa, Generalized Autoregressive Conditional Heteroscedasticity. 10 Para uma breve explicação sobre Heterocedasticidade Condicional, ver Bueno (2011, pp. 233-272)

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Algumas pesquisas empíricas testaram a assimetria dos choques de preço de petróleo sobre

variáveis econômicas ou financeiras, tal como o artigo de Nandha e Faff (2008). Seguindo a

metodologia deste estudo, a assimetria dos choques de preço de óleo sobre os retornos de

diversas ações brasileiras é testada. Duas variáveis binárias11 são criadas: uma representa

choques positivos, enquanto a outra representa os negativos. Dessa forma, a equação (3) sofre

pequenas alterações, conforme abaixo:

tiOLEO

tNEG

iOLEO

tPOS

iOMERC

tiiACAOti VDVDRR ,, ***** εδγβα ++++= − , (4)

onde POSD e NEGD são as variáveis binárias que representam choques positivos e negativos,

respectivamente. O parâmetro iδ é um coeficiente, assim como iβ e iγ . Os outros termos são

os mesmos apresentados na equação (3). Os coeficientes iγ e iδ deveriam ser iguais, se

houver simetria no efeito dos choques positivos e negativos. Portanto, a igualdade estatística

desses dois coeficientes é testada. Caso a hipótese nula seja rejeitada, os choques teriam

comportamento assimétrico. Caso contrário, há evidência de simetria. Ainda é testada a

significância estatística conjunta desses coeficientes. Para isso, testa-se se os dois coeficientes

são conjuntamente iguais a zero. Se esta hipótese por rejeitada, os coeficientes são

conjuntamente significantes e fica a evidência de que o risco do petróleo tem efeito sobre os

ganhos das ações.

Em 2006, a companhia Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A) divulgou nota sobre auto-

suficiência em petróleo. Isso significa que o Brasil passou a produzir volume maior de óleo do

que as refinarias brasileiras são capazes de processar. Portanto, qualquer volume adicional de

11 Variáveis binárias podem assumir dois valores: geralmente, 0 (zero) ou 1 (um). Por exemplo, uma variável binária, que representa choques positivos de preço de petróleo, será igual a um toda vez que houver um choque positivo e é igual a zero quando acontece o contrário.

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petróleo precisa ser exportado. Logo, cabe a seguinte questão: choques de preço de petróleo

têm efeito diferente sobre os retornos das ações depois de 2006? Para testar isso, também são

utilizadas variáveis binárias: uma representa o sub-período de 1990 até 2005 e a outra o sub-

período de 2006 em diante. Logo, a fim de testar a hipótese em questão, a equação (3) pode

ser reescrita da seguinte forma:

tiOLEO

tiOLEO

tiOMERC

tiiACAOti VDVDRR ,

2011200620051990, ***** εδγβα ++++= −−− , (5)

onde 20051990−D e 20112006−D são as variáveis binárias que representam os sub-períodos de 1990

até 2005 e de 2006 em diante, respectivamente. O parâmetro iδ é um coeficiente, assim como

iβ e iγ . Os outros termos são os mesmos apresentados na equação (3). Os coeficientes iγ e

iδ deveriam ser iguais, se a auto-suficiência em petróleo não tiver impacto sobre a

sensibilidade dos retornos das ações quanto ao risco do óleo. Portanto, a igualdade estatística

desses dois coeficientes é testada. Caso a hipótese nula seja rejeitada, os choques teriam efeito

diferenciado sobre o comportamento dos ganhos das ações. Ainda é testada a significância

estatística conjunta desses coeficientes. Para isso, testa-se se os dois coeficientes são

conjuntamente iguais a zero. Se esta hipótese por rejeitada, os coeficientes são conjuntamente

significantes.

Durante o segundo sub-período, houve a crise financeira de 2008. Logo, a inclusão de uma

variável de controle para esse evento é interessante para validar os resultados encontrados no

teste da auto-suficiência em petróleo. Portanto, é incluída uma variável binária representativa

da crise financeira de 2008, sendo o período da crise apontado como os meses de sucessivas

perdas do Índice Bovespa (de junho até dezembro de 2008). Então, os testes concernentes à

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auto-suficiência são executados novamente. Assim, a equação (5) tem uma pequena mudança,

conforme abaixo:

tiCRISE

iOLEO

tiOLEO

tiOMERC

tiiACAOti DVDVDRR ,

2011200620051990, ****** εφδγβα +++++= −−− , (6)

onde CRISED é a variável binária representativa da crise financeira de 2008. O parâmetro iφ é

um coeficiente. Os outros termos da equação (6) têm a mesma interpretação dos parâmetros

da equação (5).

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4 DESCRIÇÃO DOS DADOS

O presente estudo utiliza dados mensais de preço de petróleo, preços de ações e um índice

acionário, cobrindo o período de janeiro de 1990 até setembro de 201112. Tais dados possuem

duas fontes distintas. Os dados relativos ao mercado acionário foram coletados da base de

cotações da consultoria Economatica, enquanto os dados de preço de petróleo são da base de

dados da Platts, acessada a partir do Energy Scope.

As ações consideradas nesta pesquisa estão representadas na composição do Índice Bovespa

atualmente. Como as cotações de petróleos são, geralmente, medidas em dólares americanos,

foram considerados os dados diários de cada ação convertidos pela taxa de câmbio PTAX

(venda).13 O método de acumulação dos dados para se obter dados mensais é o cálculo da

média aritmética das cotações médias diárias. O cálculo dos retornos consiste na primeira

diferença dos logaritmos naturais dos preços das ações. As ações são classificadas por setores

da economia, de acordo com a classificação da companhia BM&F Bovespa.14 A Tabela 1

relaciona as ações aqui utilizadas aos seus respectivos setores.

12 Algumas ações têm amostra menor. As diferenças estão apontadas na Tabela 1. 13 A consultoria Economatica fornece os dados convertidos diariamente pela taxa de câmbio PTAX (venda). Esta taxa, por sua vez, pode ser encontrada na base de dados do Banco Central do Brasil (disponível em www.bcb.gov.br). 14 Disponível em www.bmfbovespa.com.br.

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Nome Código de Negociação Classificação Setorial AMBEV AMBV4 Consumo não Cíclico / Bebidas /

Cervejas e Refrigerantes Souza Cruz CRUZ3 Consumo não Cíclico / Fumo /

Cigarros e Fumo Pão de Açúcar15 PCAR4 Consumo não Cíclico / Comércio e

Distribuição / Alimentos Lojas Americanas LAME4 Consumo Cíclico / Comércio /

Produtos Diversos Banco do Brasil BBAS3 Bradesco BBDC4 Itausa Investimentos ITSA4 Itau Unibanco ITUB4

Financeiro e Outros / Intermediários Financeiros / Bancos

Braskem BRKM5 Materiais Básicos / Químicos / Petroquímicos

Gerdau GGBR4 Metalúrgica Gerdau GOAU4 Cia. Siderúrgica Nacional16 CSNA3 Usiminas17 USIM5

Materiais Básicos / Siderurgia e Metalurgia / Siderurgia

Klabin KLBN4 Materiais Básicos / Madeira e Papel / Papel e Celulose

Vale VALE5 Materiais Básicos / Mineração / Minerais Metálicos

CEMIG CMIG4 Eletrobras ELET6 Light LIGT3

Utilidade Pública / Energia Elétrica / Energia Elétrica

Petrobras PETR4 Petróleo. Gás e Biocombustíveis / Petróleo. Gás e Biocombustíveis / Exploração e/ou Refino

Telefônica Brasil VIVT4 Telecomunicações / Telefonia Fixa / Telefonia Fixa

EMBRAER18 EMBR3 Bens Industriais / Material de Transporte / Material Aeronáutico

Tabela 1 – Ações e setores

Além dos preços das ações, foi utilizada uma série de dados diários do Índice Bovespa.

Similarmente aos preços das ações, os dados do índice foram convertidos para dólares

americanos e os métodos de acumulação e de cálculo dos retornos são os mesmos.

15 A amostra da companhia Pão de Açúcar começa em novembro de 1995. 16 A amostra da Cia. Siderúrgica Nacional começa em outubro de 1993. 17 A amostra da companhia Usiminas começa em fevereiro de 1992. 18 A amostra da companhia EMBRAER começa em agosto de 1998.

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O Brent é a referência de preço de petróleo utilizada nesta pesquisa. Esta é uma das medidas

de preço de petróleo mais utilizadas pelos analistas do setor de Petróleo e Gás. Os dados são

expressos em dólares americanos por barril. Apesar de as médias mensais estarem disponíveis

no Energy Scope, os dados são originalmente diários. O método de cálculo de retorno é

idêntico ao dos outros dados.

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5 RESULTADOS

Os choques de preço de petróleo parecem afetar o mercado acionário, uma vez que o óleo é

um dos insumos mais importantes para diversas indústrias. Se o mercado de ações reflete as

expectativas dos agentes econômicos quanto ao futuro da economia, a volatilidade do óleo

deveria contribuir para explicar o desempenho de, pelo menos, algumas ações. Nessa

pesquisa, são consideradas ações de diversos setores da economia brasileira modeladas por

um Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo.

Conforme mostrado na seção 2, fortes aumentos do preço do petróleo têm impacto negativo

sobre a economia de uma forma geral, pois a pressão sobre os custos dos produtores

alimentaria um processo inflacionário, que, por sua vez, levaria a um aperto monetário e à

redução da atividade econômica. Sendo os mercados acionários sensíveis a notícias

econômicas diferentes do que poderia se esperar, o impacto de um choque de preço de óleo

teria efeito imediato sobre os valores negociados nesses mercados. Logo, choques de preço de

petróleo afetariam o mercado acionário negativamente. Por outro lado, foi evidenciado, na

mesma etapa deste trabalho, que há diferenças entre países exportadores e importadores de

petróleo, na visão de alguns pesquisadores. Os países exportadores teriam seus mercados

afetados positivamente pelos choques de preço de óleo devido à elevação da renda, do

consumo e do investimento. Atualmente, o Brasil é um país exportador desta commodity. Se a

proposição é válida, a relação entre preço de petróleo e mercado de ações seria positiva para o

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país. Entretanto, a relação entre o preço do óleo e os valores de firmas específicas não é

necessariamente positiva e significativa em todos os casos. Por isso, a avaliação dessa relação

é feita nesse texto.

Antes de mostrar os principais resultados, é feita uma análise preliminar das estatísticas

descritivas dos dados utilizados. Na sequência, são mostrados os resultados da amostra.

Enfim, resultados de testes de assimetria e a questão sobre a auto-suficiência na produção de

óleo também são avaliados.

5.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS

Algumas estatísticas descritivas são apresentadas na Tabela 2. Dessa forma, é possível

realizar uma análise preliminar das séries dos dados antes de os principais resultados serem

evidenciados.

Dentre as séries mostradas na Tabela 2, pode-se observar que a maior média de retorno

mensal é obtida pela companhia AMBEV (2,2%) do setor de Bebidas, enquanto a menor é

obtida pela empresa Light (0,24%) do setor de Energia Elétrica. A média de retorno mensal

do petróleo Brent está entre as mais baixas (0,64%). O índice de mercado Ibovespa tem

retorno mensal médio de 1,11%.

Companhia / Índice / Óleo

Média Mediana

Desvio-padrão

Mínimo Máximo Assimetria

Curtose Correlação - Óleo

Correlação - Mercado

AMBEV 0,0220 0,0221 0,1053 -0,3393 0,5274 0,3228 5,8078 0,0518 0,7501 Banco do Brasil 0,0081 0,0125 0,1361 -0,5361 0,3903 -0,5045 4,4637 0,1135 0,8093 Bradesco 0,0176 0,0189 0,1269 -0,4920 0,3762 -0,4627 4,9925 0,0807 0,8212 Braskem 0,0050 -0,0139 0,1726 -0,5299 0,7945 0,3571 5,1188 0,1057 0,7730 CEMIG 0,0134 0,0193 0,1838 -0,6162 1,2349 1,3256 12,3609 -0,0162 0,8109 Cia. Siderurgica Nacional

0,0202 0,0284 0,1371 -0,6590 0,5587 -0,4605 5,9267 0,2713 0,7914

Eletrobras 0,0110 0,0090 0,2055 -0,5727 1,3979 1,3482 11,6147 -0,0478 0,7576 EMBRAER 0,0159 0,0182 0,2486 -2,1245 1,4723 -2,2893 41,3996 0,1416 0,2449 Gerdau 0,0134 0,0215 0,1718 -0,9558 0,6096 -0,8975 8,0395 0,1962 0,7573

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Itau Unibanco 0,0205 0,0252 0,1266 -0,6641 0,4360 -0,7913 7,5681 0,0726 0,7892 Itausa Investimentos

0,0161 0,0233 0,1271 -0,5690 0,4096 -0,9319 6,1316 0,0725 0,8506

Klabin 0,0056 0,0081 0,1325 -0,4473 0,3577 -0,2228 3,9807 0,0864 0,6907 Light 0,0024 0,0142 0,1879 -0,6270 0,9666 0,4767 6,7469 -0,0197 0,6660 Lojas Americanas

0,0183 0,0318 0,1799 -0,9313 0,7223 -0,2652 7,4307 0,0590 0,6511

Metalurgica Gerdau

0,0159 0,0225 0,1610 -0,8188 0,5627 -0,7935 7,2219 0,2491 0,7558

Pão de Açúcar 0,0109 0,0158 0,1131 -0,4925 0,2997 -0,8208 5,3116 0,0999 0,7611 Petrobras 0,0156 0,0197 0,1509 -0,4345 0,7712 0,0920 5,5457 0,0903 0,8891 Souza Cruz 0,0178 0,0172 0,1067 -0,4693 0,5308 -0,1384 6,8528 -0,0157 0,7085 Telefônica Brasil 0,0191 0,0183 0,1571 -0,5124 0,7069 0,5210 6,7532 -0,0532 0,7531 Usiminas 0,0163 0,0026 0,1561 -0,6425 0,7853 0,2754 6,2684 0,2385 0,7724 Vale 0,0163 0,0133 0,1234 -0,4935 0,6670 0,1764 7,5117 0,1416 0,7947 Brent 0,0064 0,0153 0,0940 -0,3139 0,4658 -0,1140 5,5022 1,0000 0,1051 Ibovespa 0,0111 0,0217 0,1289 -0,4709 0,5140 -0,3235 5,5156 0,1051 1,0000

Tabela 2 – Estatísticas Descritivas

Quanto à medida de dispersão, a AMBEV, além de ter o maior retorno mensal médio, tem o

menor desvio-padrão (0,1). A empresa com maior dispersão da série de retornos mensais é a

EMBRAER (0,25). O desvio-padrão do petróleo Brent é o menor (0,09) e o índice de

mercado tem esta estatística aproximadamente igual a 0,13.

Além de ter a distribuição de retornos mais dispersa, a EMBRAER tem uma cauda mais longa

à esquerda, conforme indica o coeficiente de assimetria (-2,29). A empresa que tem a cauda

mais longa à direita é a Eletrobras (1,35). O Brent e o Ibovespa apresentam coeficientes de

assimetria negativos aproximadamente iguais a -0,11 e -0,32, respectivamente.

As estatísticas de curtose indicam que a maior parte das distribuições de retorno se afasta de

uma distribuição normal. A EMBRAER, por exemplo, apresenta o valor máximo de 41,4.

Esse valor alto é um indicativo de caudas consideravelmente pesadas. É freqüente a obtenção

de valores muito diferentes da média em casos como este. Dentre as ações, a distribuição que

mais se aproxima de uma normal é da Klabin, companhia do setor de Papel e Celulose. O óleo

e o índice de mercado apresentam, também, caudas mais pesadas que as da distribuição

normal, sendo que ambas estatísticas de curtose são aproximadamente iguais a 5,5.

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25

Os coeficientes de correlação entre os retornos das ações e do óleo são positivos na maior

parte dos casos, embora sejam mais baixos que os valores da correlação com o mercado. É

interessante observar que companhias do setor de Mineração e Siderurgia, por exemplo, têm

maior correlação com o fator petróleo do que a Petrobras do setor de Óleo e Gás. Vale

ressaltar que todos os coeficientes de correlação com o mercado são positivos, inclusive entre

mercado e óleo.

5.2 RESULTADOS DO MODELO DE MERCADO AUMENTADO PELO FATOR PETRÓLEO

Antes da estimação do modelo, é preciso verificar se as series de dados são estacionárias.19 O

teste aplicado foi o Dickey-Fuller aumentado (ADF20 - Dickey e Fuller, 1981). O critério de

Schwarz foi utilizado a fim de selecionar o tamanho da defasagem do teste. Considera-se

apenas intercepto na equação do teste. Os resultados estão apresentados na Tabela 3. Ao

considerar o nível de significância de 5%, a hipótese nula de raiz unitária é rejeitada em todos

os casos. Dessa forma, há evidência de que todas as séries de dados utilizadas nesse estudo

são estacionárias.

Companhia / Índice / Óleo Estatística ADF AMBEV -7,9425 Banco do Brasil -12,2929 Bradesco -11,9502 Braskem -11,6032 CEMIG -11,8928 Cia. Siderurgica Nacional -10,4870 Eletrobras -13,1381 EMBRAER -6,6479 Gerdau -12,8723 Itau -11,4808 Itausa Investimentos -11,2221 Klabin -11,5011 Light -14,4198 Lojas Americanas -12,4716

19 Conforme mostrado na seção 4, foi considerada a primeira diferença dos logaritmos naturais de cada série de dados. Logo, em caso de não rejeição da hipótese nula, a série é integrada de ordem dois. 20 Da língua inglesa, Augmented Dickey-Fuller.

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Metalurgica Gerdau -12,1304 Pão de Açúcar -11,4449 Petrobras -12,5627 Souza Cruz -14,4392 Telefônica Brasil -8,7791 Usiminas -12,1613 Vale -13,3186 Brent -12,4454 Ibovespa -11,5797 Valor crítico (nível de 5%): -2,8726

Tabela 3 – Resultados dos testes de raiz unitária

A Tabela 4 mostra a estimação de um modelo auto-regressivo de ordem 1 para se obter a

volatilidade do preço do petróleo. O coeficiente da variável OLEOtR 1− é significante.

Variável dependente: OLEOtR

Constante / Variável Explanatória

Valor da Constante / Coeficiente

Estatística t

Constante 0,0051 0,9064 OLEOtR 1− 0,2493 4,1323

Tabela 4 – Retorno do petróleo modelado por um processo AR(1)

A equação utilizada para se estimar o retorno de mercado ortogonal à volatilidade do óleo é

apresentada na Tabela 5. O coeficiente da variável explicativa considerada é significante.

Variável dependente: MERCtR

Constante / Variável Explanatória

Valor da Constante / Coeficiente

Estatística t

Constante 0,0112 1,4034 OLEO

tV 0,1898 2,1648

Tabela 5 – Retorno do mercado x Volatilidade do Óleo

Os resultados do Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo estão apresentados na

Tabela 6.21 O coeficiente beta (iβ ) mede a sensibilidade de uma ação aos movimentos do

Mercado, representado pelo Índice Bovespa (Ibovespa). Por isso, pode-se dizer que tal

coeficiente é uma medida de risco de mercado. Analisando os betas estimados, é possível

verificar que os resultados são consistentes com a teoria, pois todos os betas são significantes.

Os valores variam entre 0,55 e 1,05.

21 Os resultados dos termos ARMA incluídos no modelo e dos termos ARCH/GARCH incluídos na equação da variância estão apresentados no Apêndice A.

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27

Equação: tiOLEO

tiOMERC

tiiACAOti VRR ,, ** εγβα +++= −

Companhia / Índice / Óleo iα iβ iγ

AMBEV 0,0210 (5,4475) 0,6403 (19,4507) 0,0652* (1,5996) Banco do Brasil 0,0100* (1,7538) 0,8626 (24,7220) 0,1646 (3,8170) Bradesco 0,0174 (5,1494) 0,8962 (30,2369) 0,0622 (1,9899) Braskem 0,0042* (0,3982) 0,9996 (20,5312) 0,1487 (2,2663) CEMIG 0,0151 (3,0348) 0,9394 (27,3590) 0,0967 (2,7173) Cia. Siderurgica Nacional 0,0173 (2,7364) 0,9853 (23,6516) 0,3437 (6,6020) Eletrobras 0,0068* (1,6800) 1,0437 (24,9326) 0,1292 (2,8656) EMBRAER 0,0060* (0,6831) 0,7639 (11,7044) 0,1193* (1,8181) Gerdau 0,0177 (2,5540) 1,0463 (25,9457) 0,3595 (8,0666) Itau 0,0184 (7,0707) 0,8349 (33,7738) 0,0728 (2,3894) Itausa Investimentos 0,0203 (5,4304) 0,8600 (35,9745) 0,0683 (2,2012) Klabin 0,0090* (1,4243) 0,7565 (20,4548) 0,1822 (3,8985) Light 0,0069* (1,0285) 0,9260 (23,5278) -0,0052* (-0,0931) Lojas Americanas 0,0232 (2,7976) 0,9892 (16,0605) 0,1276* (1,8037) Metalurgica Gerdau 0,0219 (3,2153) 0,9609 (22,8584) 0,3286 (7,1248) Pão de Açúcar 0,0123 (2,4696) 0,8217 (18,6739) 0,0812* (1,4755) Petrobras 0,0132 (3,1748) 1,0391 (36,8227) 0,2918 (8,6541) Souza Cruz 0,0211 (6,1743) 0,5515 (16,5591) 0,0272* (0,6423) Telefônica Brasil 0,0168 (2,4948) 0,8256 (27,8137) -0,0070* (-0,1585) Usiminas 0,0154* (1,9004) 0,9919 (21,7694) 0,3467 (6,3051) Vale 0,0176 (4,4661) 0,7589 (26,6098) 0,3209 (8,6275) Valores entre parênteses representam estatísticas de teste * Coeficientes não significantes

Tabela 6 – Resultados do Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo

O coeficiente gama (iγ ) representa a sensibilidade quanto aos choques de preço de petróleo.

Todos os coeficientes são positivos, exceto para duas empresas: Light (setor de Energia

Elétrica) e Telefônica Brasil (setor de Telecomunicações). No entanto, ambas as companhias

não são significativamente impactadas pelos choques de preço de óleo, conforme demonstram

as estatísticas de teste (a hipótese nula de que o coeficiente gama é igual a zero não pode ser

rejeitada nesses dois casos). Quanto aos gamas positivos, nem todos são significantes. O fator

petróleo não exerce poder explanatório significante sobre as empresas do setor de Consumo

(AMBEV, Lojas Americanas, Pão de Açúcar, e Souza Cruz), principalmente. Além dessas

companhias, a EMBRAER do setor de Material Aeronáutico não possui o coeficiente gama

significante também.

Todas as empresas que obtiveram gama significante neste modelo são positivamente

impactadas pelo fator óleo. Este resultado para os setores de Óleo e Gás (Petrobras) e

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Mineração (Vale) não é surpreendente, pois outros estudos chegaram à mesma conclusão,

como, por exemplo, Nandha e Faff (2008). Por outro lado, empresas de outros setores também

apresentam o mesmo resultado para tal coeficiente: setor Financeiro (Banco do Brasil,

Bradesco, Itau e Itau Investimentos), setor Petroquímico (Braskem), setor de Energia Elétrica

(CEMIG e Eletrobras), setor de Siderurgia (Cia. Siderúrgica Nacional, Gerdau, Metalúrgica

Gerdau e Usiminas) e setor de Papel e Celulose (Klabin). Dentre as empresas desses setores,

algumas utilizam derivados de petróleo como insumo, seja para geração de energia ou para a

produção. De acordo com a teoria, choques de preço de petróleo poderiam impactar

negativamente os valores dessas empresas. Mas de acordo com a proposição de que os efeitos

do preço do óleo são diferentes para economias exportadoras e importadoras deste produto,

esses resultados encontrados não são necessariamente absurdos.

Conforme mostrado na seção 2, alguns estudos concluíram que países exportadores de óleo

são positivamente impactados pelos choques de petróleo. A dinâmica macroeconômica se dá

através do efeito positivo que o fator petróleo apresenta sobre a renda do país, proporcionando

maiores níveis de consumo e investimento. Assim sendo, o mercado acionário deveria refletir

essa dinâmica de forma imediata, uma vez que esse mercado é movido por expectativas.

Vale ressaltar que o Brasil nem sempre foi exportador de petróleo. Entretanto, a economia

brasileira é conhecida por ser competitiva nos setores de commodities, de uma forma geral. Se

preços de commodities costumam estar correlacionados, é razoável concluir que o fator

petróleo poderia ser uma variável proxy para choques de preço de commodities. Portanto, fica

como sugestão para futuros estudos a substituição da variável de choques de preço de petróleo

por uma variável de choques de preços de commodities.

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29

5.3 RESULTADOS DOS TESTES DE ASSIMETRIA

Nesta subseção, procura-se avaliar a possibilidade de choques positivos e negativos terem

efeitos diferenciados sobre os retornos das diversas ações aqui estudadas. Para tanto, é feita

uma avaliação dos resultados dos coeficientes de duas variáveis binárias associadas à

volatilidade do óleo: iγ representa a sensibilidade dos retornos das ações quanto a grandes

variações positivas do preço do óleo, enquanto o coeficiente iδ pode ser entendido como a

elasticidade em relação aos choques de preço de petróleo no sentido oposto.

Equação: tiOLEO

tNEG

iOLEO

tPOS

iOMERC

tiiACAOti VDVDRR ,, ***** εδγβα ++++= −

Companhia iγ iδ H0: iγ = iδ H0: iγ = iδ =0

AMBEV 0,2415 (3,2827) -0,0718 (-0,9053) 5,7073 (0,0169)** 11,3041 (0,0035) Banco do Brasil 0,1292 (1,2871) 0,1958 (2,2359) 0,1608 (0,6884) 14,4956 (0,0007) Bradesco 0,0462 (0,7081) 0,0747 (1,2462) 0,0694 (0,7922) 3,8600 (0,1451)* Braskem 0,1060 (0,7114) 0,1832 (1,5605) 0,1117 (0,7382) 5,3575 (0,0686)* CEMIG 0,1592 (1,8288) 0,0493 (0,7703) 0,6850 (0,4079) 7,6146 (0,0222) Cia. Siderurgica Nacional 0,1329 (1,0726) 0,5120 (5,5650) 4,1556 (0,0415)** 48,5362 (0,0000) Eletrobras 0,2465 (2,8234) 0,0190 (0,2519) 2,8312 (0,0924) 9,9584 (0,0069) EMBRAER 0,2629 (1,6231) -0,0111 (-0,0941) 1,2345 (0,2665) 3,4829 (0,1753)* Gerdau 0,1775 (1,6491) 0,5081 (6,1679) 3,8788 (0,0489)** 75,0203 (0,0000) Itau Unibanco 0,1462 (2,5988) 0,0185 (0,3479) 1,9346 (0,1643) 9,1426 (0,0103) Itausa Investimentos 0,0547 (0,7075) 0,0786 (1,5235) 0,0459 (0,8304) 5,0721 (0,0792)* Klabin 0,0534 (0,5422) 0,2908 (3,1687) 2,0885 (0,1484) 15,8161 (0,0004) Light 0,1058 (0,7801) -0,0986 (-1,0169) 1,0083 (0,3153) 1,1214 (0,5708)* Lojas Americanas 0,1877 (1,0777) 0,0786 (0,6132) 0,1672 (0,6826) 3,2231 (0,1996)* Metalurgica Gerdau 0,2494 (2,3949) 0,4207 (4,2370) 0,9245 (0,3363) 48,3185 (0,0000) Pão de Açúcar -0,0212 (-0,1975) 0,1363 (1,5630) 0,9061 (0,3411) 2,7440 (0,2536)* Petrobras 0,3036 (5,0871) 0,2887 (4,8259) 0,0228 (0,8799) 78,2133 (0,0000) Souza Cruz 0,1012 (1,1859) -0,0288 (-0,3538) 0,8763 (0,3492) 1,4189 (0,4919)* Telefônica Brasil -0,0055 (-0,0743) -0,0083 (-0,0997) 0,0005 (0,9828) 0,0241 (0,9880)* Usiminas 0,2278 (1,7106) 0,4541 (3,6777) 0,9593 (0,3274) 39,4464 (0,0000) Vale 0,2439 (3,0257) 0,3800 (6,0335) 1,2406 (0,2654) 76,4547 (0,0000) Valores entre parênteses representam estatísticas de teste para os coeficientes. Para os resultados dos testes de assimetria, esses valores representam p-valores. * Resultados que indicam que os coficientes são conjuntamente não significantes. ** Resultados que indicam evidência de assimetria dos choques de preço de petróleo.

Tabela 7 – Resultados dos Testes de Assimetria

O teste de significância conjunta dos dois coeficientes em questão é representado pela última

coluna da Tabela 7. Se os dois coeficientes forem conjunta e estatisticamente iguais a zero, os

choques de preço de óleo, sejam positivos ou negativos, não terão qualquer influência sobre

os retornos dos ativos relacionados.

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Os resultados indicam que a maior parte das companhias que não obtiveram relação

estatisticamente significante com os movimentos não antecipados do preço do petróleo na

subseção 5.2 apresentou resultados similares no presente teste. As referidas companhias são

dos setores de Consumo (Lojas Americanas, Pão de Açúcar e Souza Cruz), de Material

Aeronáutico (EMBRAER), de Energia Elétrica (Light) e de Telecomunicações (Telefônica

Brasil). A exceção é tida pelo resultado da empresa AMBEV (setor de Consumo). Além das

companhias citadas, outras três empresas tiveram a hipótese nula de não significância

estatística conjunta dos coeficientes iγ e iδ não rejeitada: Braskem (setor Petroquímico),

Bradesco e Itausa Investimentos (setor Financeiro).

Com os resultados apresentados na última coluna da Tabela 6 e da Tabela 7, a evidência de

que o fator petróleo é relevante como variável explanatória para os retornos das ações é mais

forte para empresas dos setores de Petróleo e Gás, Papel e Celulose, Mineração e Siderurgia.

Os resultados para os setores Petroquímico e Financeiro apresentam algumas divergências em

relação aos resultados da subseção anterior, enfraquecendo a hipótese de os choques de preço

de petróleo influenciarem firmas de tais setores. Apesar de a empresa AMBEV ter

apresentado resultado a favor da hipótese em questão na Tabela 7, o setor de Consumo,

representado também por outras companhias, como Lojas Americanas e Souza Cruz, não

parece ser influenciado pelo fator óleo. O setor de Energia Elétrica parece sofrer tal

influência, embora a evidência para a companhia Light não exista em nenhuma das

abordagens anteriores. Os setores de Material Aeronáutico e de Telecomunicações,

representados pela EMBRAER e pela Telefonica Brasil, respectivamente, não apresentam

qualquer evidência de influência dos choques de preço de óleo.

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O teste de assimetria testa a igualdade estatística dos coeficientes iγ e iδ e é apresentado na

quarta coluna da Tabela 7. Se os dois coeficientes forem estatisticamente iguais, haverá

evidência de simetria dos choques de preço de petróleo sobre os retornos das ações.

Todas as empresas apresentam evidência de simetria dos choques de preço de petróleo, exceto

três casos: AMBEV (setor de Consumo), Cia. Siderurgica Nacional e Gerdau (setor de

Siderurgia). O caso da AMBEV é curioso, pois, nesta parte do presente trabalho, a empresa se

mostrou positivamente sensível aos choques de preço de petróleo, mas apenas quando o

choque é positivo. Quando o choque é negativo, variações não antecipadas do valor do óleo

não parecem afetar os retornos de tal empresa. Já nos casos das duas empresas do setor de

Siderurgia, Cia. Siderurgica Nacional e Gerdau, os choques relevantes para os retornos dessas

firmas são os negativos. Quando o preço do petróleo se reduz consideravelmente, os retornos

dessas duas empresas também caem, em média.

De uma forma geral, o efeito da volatilidade do petróleo sobre os retornos das empresas

parece ser simétrico, uma vez que a maior parte dos resultados vai nessa direção. As poucas

evidências de assimetria encontradas não vão de encontro aos resultados encontrados por

Nandha e Faff (2008), por exemplo. É razoável esperar que os efeitos dos choques de petróleo

sobre o as ações sejam simétricos, já que o mercado acionário é sensível a movimentos não

antecipados de variáveis relevantes. Se existem casos nos quais as notícias não são

assimiladas pelo mercado de forma imediata, talvez esses resultados sejam evidência de

ineficiência de mercado.

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32

5.4 RESULTADOS DO TESTE DA AUTO-SUFICIÊNCIA EM PETRÓLEO

A economia brasileira passou a ser exportadora líquida de petróleo no ano de 2006, pois a

produção de óleo passou a superar a capacidade de processamento das refinarias do país. Se o

Brasil nem sempre foi exportador da commodity em questão, faz sentido testar a possibilidade

de os choques de preço de óleo impactarem os ganhos das ações de forma diferente após o

advento da auto-suficiência. De forma similar à análise de assimetria, procura-se verificar

diferenças entre os coeficientes de duas variáveis binárias associadas à variável do petróleo:

iγ e iδ representam os períodos de 1990 até 2005 e de 2006 até 2011, respectivamente.

Equação:

tiOLEO

tiOLEO

tiOMERC

tiiACAOti VDVDRR ,

2011200620051990, ***** εδγβα ++++= −−−

Companhia iγ iδ H0: iγ = iδ H0: iγ = iδ =0

AMBEV 0,0795 (1,5105) 0,0481 (0,7156) 0,1312 (0,7172) 2,8761 (0,2374)* Banco do Brasil 0,2039 (4,3211) 0,0718 (0,6744) 1,2939 (0,2553) 19,0753 (0,0001) Bradesco 0,1066 (3,0735) -0,0071 (-0,1422) 3,4745 (0,0623) 9,4584 (0,0088) Braskem 0,2241 (3,0044) -0,0358 (-0,2546) 2,6919 (0,1009) 9,1133 (0,0105) CEMIG 0,1490 (2,8523) 0,0068 (0,1118) 2,6772 (0,1018) 8,5225 (0,0141) Cia. Siderurgica Nacional 0,2917 (4,5632) 0,4609 (4,5309) 1,8971 (0,1684) 43,6038 (0,0000) Eletrobras 0,1668 (2,9074) 0,0159 (0,2256) 2,6637 (0,1027) 8,5566 (0,0139) EMBRAER 0,1690 (1,2290) 0,0736 (0,9327) 0,3295 (0,5659) 0,3295 (0,5659)* Gerdau 0,3130 (5,2237) 0,4322 (5,2719) 1,2081 (0,2717) 64,7377 (0,0000) Itau Unibanco 0,1066 (2,7744) 0,0289 (0,6138) 1,7140 (0,1905) 7,9365 (0,0189) Itausa Investimentos 0,0903 (2,0184) 0,0321 (0,6973) 0,7793 (0,3774) 4,7355 (0,0937)* Klabin 0,1201 (2,0761) 0,2833 (3,5194) 2,7060 (0,1000) 16,7219 (0,0002) Light 0,1635 (1,9856) -0,2230 (-1,9605) 6,7654 (0,0093)** 6,9144 (0,0315) Lojas Americanas 0,1602 (1,6600) 0,0959 (0,8028) 0,1593 (0,6898) 3,7179 (0,1558)* Metalurgica Gerdau 0,2813 (4,5774) 0,4421 (5,9206) 3,0265 (0,0819) 51,6385 (0,0000) Pão de Açúcar 0,1582 (2,1455) -0,0401 (-0,5271) 3,2969 (0,0694) 4,7579 (0,0926)* Petrobras 0,2519 (6,6298) 0,3280 (6,0790) 1,3465 (0,2459) 79,9774 (0,0000) Souza Cruz 0,0038 (0,0739) 0,0674 (0,9817) 0,5329 (0,4654) 0,9748 (0,6142)* Telefônica Brasil 0,0327 (0,6366) -0,0898 (-1,0596) 1,5740 (0,2096) 1,5743 (0,4551)* Usiminas 0,2750 (4,1757) 0,4603 (4,0325) 1,8036 (0,1793) 37,8645 (0,0000) Vale 0,2172 (3,9446) 0,4452 (6,0335) 7,6017 (0,0058)** 78,0320 (0,0000) Valores entre parênteses representam estatísticas de teste para os coeficientes. Para os resultados dos testes de assimetria, esses valores representam p-valores. * Resultados que indicam que os coeficientes são conjuntamente não significantes. ** Resultados que indicam evidência de que não existe diferença do efeito da volatilidade do óleo sobre retornos de ações após o advento da auto-suficiência em petróleo.

Tabela 8 – Resultados do Teste da Auto-Suficiência em Petróleo

A última coluna da Tabela 8 mostra os resultados do teste de significância conjunta dos dois

coeficientes analisados. Caso o teste rejeite a hipótese de os dois coeficientes serem conjunta

e estatisticamente iguais a zero, grandes variações do preço do petróleo terão relevância nos

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dois períodos. Se o contrário acontecer, a variável do petróleo não terá qualquer influência

sobre os retornos das ações.

Os resultados deste teste indicam que as seguintes empresas não têm seus retornos

influenciados pelo fator petróleo: AMBEV, EMBRAER, Itausa Investimentos, Lojas

Americanas, Pão de Açúcar, Souza Cruz e Telefônica Brasil. Trata-se de companhias dos

setores de Consumo, de Material Aeronáutico, Financeiro e de Telecomunicações. A firma

Itausa Investimentos do setor Financeiro apresentou resultado diferente do resultado da

subseção 5.2. Outra diferença ficou por conta da companhia Light, que não obteve influência

do fator óleo na subseção 5.2. Mais uma vez, pode-se afirmar que a evidência de que a

variável do petróleo contribui para explicar os retornos das ações é mais forte para os setores

de Petróleo e Gás, Papel e Celulose e Mineração e Siderurgia. Outros setores apresentam

fraca evidência ou nenhuma.

A questão da diferença entre o efeito do fator petróleo ser diferente após a divulgação da auto-

suficiência em petróleo em 2006 pode ser analisada através dos resultados da quarta coluna da

Tabela 8. A rejeição da hipótese de igualdade estatística entre os coeficientes iγ e iδ

apresenta evidência de diferença na influência das variações não antecipadas do valor do óleo

sobre os ganhos dos ativos aqui estudados.

Foram encontrados apenas dois resultados a favor da existência de diferença no efeito da

variável do óleo entre os dois sub-períodos. Um deles é referente à empresa Light do setor de

Energia Elétrica. No período da auto-suficiência em petróleo, o resultado apresenta evidência

de que a firma passou a ser negativamente impactada pelos choques de preço de petróleo, ou

seja, uma forte elevação do preço do óleo levaria a um decréscimo de retorno para a ação da

Light. O outro caso se refere ao resultado da companhia Vale do setor de mineração. Esta

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passou a ter um coeficiente maior para o fator petróleo de 2006 em diante. Isto significa que a

empresa passou a ser mais sensível aos choques de preço de petróleo após o advento da auto-

suficiência. Todos os outros resultados indicam não haver diferença entre os dois sub-

períodos analisados.

Durante o segundo sub-período aqui analisado, houve a crise financeira de 2008 que impactou

toda a economia mundial. Portanto, a inclusão de uma variável de controle para o período da

crise seria razoável. A variável escolhida é uma binária, que é igual a um durante os meses

que o Índice Bovespa obteve sucessivas perdas no ano de 2008 e igual a zero em todos os

outros meses. O período em que tal variável se iguala a um compreende os meses de junho até

dezembro de 2008. Com esse ajuste no modelo, é possível checar as conclusões obtidas a

partir dos resultados da Tabela 8.

Equação: tiCRISE

iOLEO

tiOLEO

tiOMERC

tiiACAOti DVDVDRR ,

2011200620051990, ****** εφδγβα +++++= −−−

Companhia iγ iδ H0: iγ = iδ H0: iγ = iδ =0 iφ

AMBEV 0,0783 (1,4899) 0,0251 (0,3476) 0,3502 (0,5540) 2,3535 (0,3083)* -0,0161 (-0,8245)*** Banco do Brasil 0,2037 (4,3131) 0,0526 (0,4591) 1,4981 (0,2210) 18,7709 (0,0001) -0,0175 (-0,4198)*** Bradesco 0,1059 (3,0299) -0,0322 (-0,3993) 2,4525 (0,1173) 9,3192 (0,0095) -0,0162 (-0,5171)*** Braskem 0,2245 (3,0163) -0,0647 (-0,4223) 2,8925 (0,0890) 9,2905 (0,0096) -0,0477 (-1,1152)*** CEMIG 0,1516 (2,9013) 0,0705 (0,8598) 0,6293 (0,4276) 9,8912 (0,0071) 0,0600 (2,7303) Cia. Siderurgica Nacional 0,2876 (4,5226) 0,4016 (2,8635) 0,5543 (0,4566) 28,2588 (0,0000) -0,0441 (-0,9170)*** Eletrobras 0,1690 (3,0799) 0,1632 (1,5679) 0,0025 (0,9599) 11,5805 (0,0031) 0,1098 (4,5404) EMBRAER 0,1639 (1,1891) 0,0396 (0,4558) 0,5393 (0,4627) 1,7323 (0,4206)* -0,0338 (-1,3020)*** Gerdau 0,3119 (5,1971) 0,4226 (4,1981) 0,8382 (0,3599) 48,0669 (0,0000) -0,0117 (-0,3679)*** Itau Unibanco 0,1098 (2,9846) 0,0240 (0,4185) 1,7406 (0,1871) 8,9232 (0,0115) -0,0036 (-0,1795)*** Itausa Investimentos 0,0910 (2,0494) 0,0614 (0,9219) 0,1350 (0,7133) 5,1280 (0,0770)* 0,0237 (1,0074)*** Klabin 0,1194 (2,0551) 0,2731 (2,5977) 1,6863 (0,1941) 10,6133 (0,0050) -0,0081 (-0,2527)*** Light 0,1662 (2,0890) -0,1262 (-0,9073) 3,1101 (0,0778) 4,9093 (0,0859)* 0,0532 (1,1610)*** Lojas Americanas 0,1564 (1,6206) 0,0558 (0,4280) 0,3656 (0,5454) 2,8908 (0,2357)* -0,0439 (-0,9095)*** Metalurgica Gerdau 0,2886 (4,7871) 0,4175 (4,7661) 1,5304 (0,2160) 43,7600 (0,0000) -0,0123 (-0,3066)*** Pão de Açúcar 0,1426 (2,0876) -0,0215 (-0,1854) 1,4220 (0,2331) 4,3650 (0,1128)* 0,0519 (1,5149)*** Petrobras 0,2519 (6,6277) 0,3255 (5,1217) 1,0082 (0,3153) 68,6415 (0,0000) -0,0022 (-0,0886)*** Souza Cruz 0,1114 (1,3747) -0,0378 (-0,5560) 1,5918 (0,2071) 1,9356 (0,3799)* -0,0060 (-0,2445)*** Telefônica Brasil 0,0342 (0,6749) -0,0426 (-0,4505) 0,5158 (0,4726) 0,6636 (0,7176)* 0,0642 (2,9414) Usiminas 0,2768 (4,1740) 0,4268 (3,0511) 0,8905 (0,3454) 28,6564 (0,0000) -0,0386 (-1,0057)*** Vale 0,2162 (3,9715) 0,3778 (5,6319) 3,4115 (0,0647) 48,7146 (0,0000) -0,0427 (-2,1162) Valores entre parênteses representam estatísticas de teste para os coeficientes. Para os resultados dos testes de assimetria, esses valores representam p-valores. * Resultados que indicam que os coeficientes são conjuntamente não significantes. ** Resultados que indicam evidência de que não existe diferença do efeito da volatilidade do óleo sobre retornos de ações após o advento da auto-suficiência em petróleo. *** Resultados que indicam não significância estatística do coeficiente da variável binária representativa da crise financeira de 2008.

Tabela 9 – Resultados do Teste da Auto-Suficiência em Petróleo com controle para a crise financeira de 2008

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A última coluna da Tabela 9 apresenta os resultados para os coeficientes da nova variável

incluída no modelo. Na maioria dos casos, a variável não é estatisticamente significante,

sendo relevante apenas para os casos das empresas CEMIG, Eletrobras, Telefonica Brasil e

Vale. Não obstante a irrelevância estatística da nova variável na maioria dos casos, os novos

resultados trazem evidências interessantes.

Os resultados da significância conjunta dos dois coeficientes em questão são apresentados na

quinta coluna da Tabela 9. A principal diferença entre esses resultados e os da Tabela 8 está

no caso da empresa Light. Com a inclusão da variável binária da crise financeira de 2008, o

fator petróleo passou a não ser estatisticamente significante para os retornos de tal firma. Esse

resultado faz sentido quando comparado com os resultados encontrados nas subseções 5.2 e

5.3. As conclusões dos outros resultados não mudam em relação aos da Tebela 8.

Quando se testa a existência de diferença do efeito do fator óleo a partir de 2006 com o

controle para a crise, não são encontrados resultados a favor desta hipótese. Portanto, as

conclusões obtidas a partir dos resultados da Tabela 8 para as empresas Light e Vale não

sobrevivem a essa outra abordagem. Dessa forma, há evidência de que não existe diferença

estatística entre o efeito dos choques de preço de petróleo sobre os retornos das ações entre os

dois sub-períodos analisados. Assim sendo, há mais um indicativo de que a variável dos

choques de preço de petróleo pode estar fazendo o papel de proxy para choques de preço de

commodities, já que a economia brasileira é tradicionalmente exportadora desse tipo de

produto.

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6 CONCLUSÃO

A presente pesquisa investiga a relação entre os movimentos do preço do petróleo e do

mercado acionário brasileiro através de um Modelo de Mercado aumentado pelo fator

petróleo. O objetivo é estudar o papel do risco do óleo como um dos determinantes dos

retornos de ações de firmas específicas de diversos setores da economia brasileira, utilizando

dados mensais de janeiro 1990 até setembro de 2011. Ainda, testa-se a possibilidade de haver

assimetria nos efeitos dos choques de preço desta commodity quando estes são positivos ou

negativos. A economia brasileira passou a ser exportadora do produto em questão no ano de

2006 e, por isso, cabe questionar se os efeitos dos choques sobre as ações se alteraram com

esse evento. Tal hipótese também é testada.

O estudo mostra que empresas de diversos setores da economia brasileira são positivamente

impactadas por choques de preço de petróleo. Entretanto, os resultados para companhias dos

setores de Óleo e Gás, Papel e Celulose, Mineração e Siderurgia são mais fortes. Empresas de

outros setores também demonstram serem impactadas de tal forma, mas a evidência não é tão

forte. Alguns setores parecem não ter relação com os movimentos do preço do petróleo

(Consumo, Telecomunicações e Material Aeronáutico). Quanto aos resultados dos testes de

assimetria, os choques parecem ter efeito simétrico sobre os retornos das ações, uma vez que a

maior parte dos resultados vai nessa direção. Além disso, não parece haver diferença nos

efeitos do risco do óleo de 2006 em diante. Talvez isso seja um indicativo de que os choques

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de preço de óleo estejam fazendo o papel de proxy para choques de preço de commodities, já

que a economia brasileira é tradicionalmente exportadora desse tipo de produto. Esse pode ser

um tema de pesquisa para estudos futuros.

Os resultados desta pesquisa são relevantes para os investidores que procuram diversificação

de carteira. Embora a aquisição de ativos que possuam sensibilidade positiva em relação aos

movimentos do preço do petróleo seja interessante como forma de proteção para o mercado

acionário mundial, como sugere Nandha e Faff (2008), por exemplo, essa estratégia não

parece ser razoável para o mercado brasileiro especificamente.

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APÊNDICE A

As tabelas abaixo foram incluídas para complementação dos resultados do Modelo de

Mercado aumentado pelo fator petróleo apresentado na sub-seção 5.2. Aqui, são mostradas as

informações sobre termos auto-regressivos, médias móveis e ARCH/GARCH incluídos no

modelo.

Termos ARMA incluídos no Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo Companhia / Índice / Óleo AR(1) AR(2) AR(3) AR(4) MA(1) AMBEV 0,1801 (2,9514) -0,1762 (-2,8181) - - - Banco do Brasil 0,1987 (5,0731) -0,1506 (-2,5267) 0,2031 (3,4983) - - Bradesco - - - - - Braskem 0,2798 (4,7166) 0,1760 (2,8237) - - - CEMIG 0,1813 (2,3739) - - - - Cia. Siderurgica Nacional 0,1441 (2,3517) - - - - Eletrobras 0,2358 (3,2746) -0,1793 (-2,8078) -0,1809 (-2,8108) - - EMBRAER -0,2647 (-4,4401) - - - 0,5897 (6,4195) Gerdau 0,2647 (4,1759) - - - - Itau - -0,1413 (-2,5070) - - - Itausa Investimentos 0,1441 (2,1850) - - - - Klabin 0,2521 (3,8715) - - - - Light - - - 0,1392 (2,0834) - Lojas Americanas 0,1965 (2,8992) - - - - Metalurgica Gerdau 0,2718 (3,5391) - - - - Pão de Açúcar - - - - - Petrobras -0,4973 (-4,1488) - - - 0,7486 (7,9852) Souza Cruz - -0,1219 (-2,0452) - - - Telefônica Brasil 0,2232 (2,9095) - - 0,1698 (3,0467) - Usiminas 0,2524 (3,5617) - - - - Vale - - - - - Valores entre parênteses representam estatísticas de teste * Coeficientes não significantes

Tabela 10 – Termos ARMA incluídos no Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo

Termos ARCH/GARCH incluídos na Equação da Variância do Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo

Companhia / Índice / Óleo

Constante RESID(-1)^2 RESID(-2)^2 RESID(-3)^2 RESID(-4)^2 RESID(-5)^2 GARCH(-1)

AMBEV 0,0001* (1,7284)

0,0819 (2,1429)

- - - - 0,8695 (16,5181)

Banco do Brasil 0,0027 (4,0894)

-0,0292* (-0,9074)

0,0952* (1,5841)

0,0463* (0,9017)

0,0362* (0,6272)

0,4057 (3,7868)

-

Bradesco 0,0002* 0,1450 - - - - 0,8094

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(1,4289) (2,9723) (12,1573) Braskem 0,0009*

(1,1811) 0,1132

(1,9774) - - - - 0,8049

(7,4204) CEMIG 0,0002

(2,1527) 0,1747

(3,9420) - - - - 0,7975

(18,2469) Cia. Siderurgica Nacional

0,0048 (8,1970)

-0,0207* (-0,4402)

0,2295 (2,6962)

- - - -

Eletrobras 0,0003* (1,8915)

0,1249 (2,4043)

- - - - 0,8069 (11,5383)

EMBRAER 0,0004 (3,3963)

- - - - - 0,9268 (62,0291)

Gerdau 0,0002 (2,3072)

0,0537* (1,6540)

- - - - 0,9022 (28,8792)

Itau 3,45E-05 (10,7071)

-0,0263 (-12,2472)

- - - - 1,0002 (636,9114)

Itausa Investimentos

0,0001* (1,5581)

0,1740 (2,3191)

- - - - 0,7894 (10,7363)

Klabin 0,0006 (2,1064)

0,1935 (2,7226)

- - - - 0,7284 (8,4690)

Light 0,0006 (2,1163)

0,1728 (3,2016)

- - - - 0,7794 (14,4655)

Lojas Americanas 0,0003* (1,5914)

0,1184 (3,2088)

- - - - 0,8507 (20,6913)

Metalurgica Gerdau

8,28E-05 (3,7001)

0,1818 (9,5450)

-0,1845 (-112,2924)

- - - 0,9792 (58,1791)

Pão de Açúcar -6,31E-06* (-0,1407)

-0,0210* (-1,4069)

- - - - 1,0188 (97,6499)

Petrobras 2,07E-05 (2,1614)

-0,0253* (-1,9186)

- - - - 1,0120 (67,0364)

Souza Cruz 4,98E-05 (6,0842)

-0,0234* (-1,7665)

- - - - 1,0051 (60,8551)

Telefônica Brasil 0,0006 (2,5957)

0,3566 (4,6908)

- - - - 0,6049 (7,9252)

Usiminas 0,0044 (4,6687)

0,2328 (2,6334)

-0,0376* (-0,5686)

0,0050* (0,0736)

0,0651* (0,8281)

0,1851* (1,7221)

-

Vale -1,67E-06* (-0,1137)

- - - - - 0,9925 (363,2720)

Valores entre parênteses representam estatísticas de teste * Coeficientes não significantes

Tabela 11 – Termos ARCH/GARCH incluídos na Equação da Variância do Modelo de Mercado aumentado pelo fator petróleo