prandi - a dança dos caboclos
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7/24/2019 Prandi - A Dança Dos Caboclos
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Reginaldo Prandi
> A dança dos caboclos : uma síntese do Brasil segundo os
terreiros afro-brasileiros
http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/P_autores/PRANDI_Reginaldo_tit_da
nca_caboclos.htm
I
Aprendemos na escola que a população brasileira foi formada pelos
europeus colonizadores, que se mesclaram com os indígenas que aqui já
viviam antes da chegada dos portugueses e com os africanos trazidos pelo
escravismo. Somos ao mesmo tempo brancos, índios e negros. São essas
as nossas raízes, s quais mais tarde vieram se juntar povos do !riente
"r#$imo, do %$tremo !riente e de outras partes do mundo. Somos um
povo mestiço, com uma cultura mestiça, mas o assumir dessa identidade
s# veio a ganhar alguma legitimidade por volta dos anos &' do s(culo
passado, (poca, inclusive, em que se formaram duas importantes marcas
dessa ascend)ncia* o samba, no universo da m+sica popular brasileira, e a
umbanda, síntese da diversidade religiosa afrobrasileira.
-egros e índios* impossível pensar o rasil sem essas duas origens. Suas
marcas estão na constituição física do brasileiro e tamb(m na sua cultura,
sobressaindose a m+sica e a religião, mas incluindo tamb(m dimens/es
como língua, culinária, est(tica, valores sociais e estruturas mentais. 0as (
nas religi/es afrobrasileiras que estão registradas a presença decisiva e a
diversidade da contribuição negra.
1urante quase quatro s(culos, negros africanos foram caçados e levados
ao rasil para trabalhar como escravos. Separados para sempre de suas
famílias, de seu povo, do seu solo 2de fato apenas alguns poucos
conseguiram retornar depois da abolição da escravidão3, os africanos
foram aos poucos se adaptando a uma nova língua, novos costumes, novo
país. 4oram se misturando com os brancos europeus colonizadores e com
os índios da terra, formando, como disse, a população brasileira e sua
cultura, como tamb(m aconteceu em outros países da Am(rica. 0uitos
foram os povos africanos representados na formação brasileira, os quais
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podem ser classificados em dois grandes grupos ling5ísticos* os
sudaneses e os bantos 2"randi, &'''3.
São chamados sudaneses os povos situados nas regi/es que hoje vão da%ti#pia ao 6hade e do sul do %gito a 7ganda, mais o norte da 8anz9nia.
Seu subgrupo denominado sudan)s central ( formado por diversas etnias
que abasteceram de escravos o rasil, sobretudo os povos localizados na
região do :olfo da :uin(, povos que no rasil conhecemos pelos nomes
gen(ricos de nag;s ou iorubás 2mas que compreendem vários grupos de
língua e cultura iorubá de diferentes cidades e regi/es3, os fons ou jejes
2que congregam os daomenaos e os mahis, entre outros3, os haussás,famosos, mesmo na ahia, por sua civilização islamizada, e outros grupos
que tiveram import9ncia menor ou nenhuma na formação de nossa cultura,
como os gr+ncis, tapas, mandingos, fantis, achantis e outros não
significativos para nossa hist#ria. "ara enfatizar a especificidade de cada
uma dessas culturas ou subculturas, talvez seja suficiente lembrar que
duas das cidades iorubás ocupam papel especial na mem#ria da cultura
religiosa que se reproduziu no rasil* !i#, a cidade de <ang;, e =ueto, a
cidade de !$#ssi, al(m de Abeocutá, centro de culto a >emanjá, e >le$á, acapital da subetnia ije$á, de onde são provenientes os cultos a !$um e
?ogum %d(. ! candombl( jejenag; da ahia, o batuque do @io :rande do
Sul, o tambordemina do 0aranhão e o $ang; de "ernambuco são
heranças brasileiras desses povos.
!s bantos são povos da frica 0eridional que falam entre setecentas e
duas mil línguas e dialetos aparentados, estendendose para o sul, logo
abai$o dos limites sudaneses, at( o cabo da oa %sperança,
compreendendo as terras que vão do Atl9ntico ao Bndico. !s bantos
trazidos para o rasil eram falantes de várias dessas línguas,
sobressaindose, principalmente, os de língua quicongo, falada no 6ongo,
em 6abinda e em AngolaC o quimbundo, falado em Angola acima do rio
6uanza e ao redor de ?uandaC e o umbundo, falada em Angola, abai$o do
rio 6uanza e na região de enguela. A import9ncia dos grupos falantes
dessas tr)s línguas na formação do rasil pode ser aferida pela quantidadede termos que a língua portuguesa aqui falada deles recebeu 26astro,
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&''D3, al(m de outras contribuiç/es nada desprezíveis, como a pr#pria
m+sica popular brasileira. -a esfera das religi/es afrobrasileiras, a
participação dos bantos foi fundamental, pois ( da religiosidade desses
povos ou sob sua influ)ncia decisiva que se formou no rasil o candombl(
de caboclo baiano e outras variantes regionais de culto ao antepassado
indígena, como o catimb# de "ernambuco e da "araíba, que mais tarde
vieram a se reunir na formação da umbanda e que tamb(m constituíram
uma esp(cie de contrapartida brasileira ao panteão das divindades
africanas cultuadas nos candombl(, no $ang;, no batuque e no tamborde
mina.
II
As diferentes etnias africanas chegaram ao rasil em distintos momentos,
predominando os bantos at( o s(culo <E>>> e depois os sudaneses, sempre
ao sabor da demanda por mãodeobra escrava que variava de região para
região, de acordo com os diferentes ciclos econ;micos de nossa hist#ria, e
do que se passava na frica em termos do domínio colonial europeu e das
pr#prias guerras intertribais e$ploradas, evidentemente, pelas pot)nciascoloniais envolvidas no tráfico de escravos. -as +ltimas d(cadas do regime
escravista, os sudaneses iorubás eram preponderantes na população
negra de Salvador, a ponto de sua língua funcionar como uma esp(cie de
língua geral para todos os africanos ali residentes, inclusive bantos
2@odrigues, DFGH3. -esse período, a população negra, formada de
escravos, negros libertos e seus descendentes, conheceu melhores
possibilidades de integração entre si, com maior liberdade de movimento emaior capacidade de organização. ! cativo já não estava preso ao
domicílio do senhor, trabalhava para clientes como escravo de ganho, e
não morava mais nas senzalas isoladas nas grandes plantaç/es do interior,
mas se agregava em resid)ncias coletivas concentradas em bairros
urbanos pr#$imos de seu mercado de trabalho. 4oi quando se criou no
rasil, num momento em que tradiç/es e línguas estavam vivas em razão
de chegada recente, o que talvez seja a reconstituição cultural mais bem
acabada do negro no rasil, capaz de preservarse at( os dias de hoje* a
religião afro-brasileira.
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Assim, em diversas cidades brasileiras da segunda metade do s(culo <><,
surgiram grupos organizados que recriavam no rasil cultos religiosos que
reproduziam não somente a religião africana, mas tamb(m outros aspectos
da sua cultura na frica. -ascia a religião afrobrasileira chamada
candombl(, primeiro na ahia e depois pelo país afora, tendo tamb(m
recebido, como já disse, nomes locais, como $ang; em "ernambuco,
tambordemina no 0aranhão, batuque no @io :rande do Sul. !s
principais criadores dessas religi/es foram negros das naç/es iorubás ou
nag;s, especialmente os provenientes de !i#, ?agos, =ueto, >je$á,
Abeocutá e >quiti, e os das naç/es fons ou jejes, sobretudo os mahis e os
daomeanos. 4loresceram na ahia, em "ernambuco, Alagoas, 0aranhão,@io :rande do Sul e, secundariamente, no @io de Ianeiro.
III
Simultaneamente, por iniciativa de negros bantos, surgiu na ahia uma
religião equivalente s dos jejes e nag;s, conhecida pelos nomes de
candombl( angola e candombl( congo. A modalidade banta lembra muito
mais uma transposição para as línguas e ritmos bantos das religi/essudanesas do que propriamente cultos bantos da frica 0eridional, tanto
em relação ao panteão de divindades e seus mitos como no que respeita
s cerim;nias e aos procedimentos iniciáticos, mas tem características que
fizeram dela uma contribuição essencial na formação do quadro religioso
afrobrasileiro* o culto ao caboclo. !ra, os bantos tinham chegado muito
tempo antes dos iorubás e dos fons, estavam bastante adaptados aos
costumes predominantes no país, falavam a língua portuguesa e tinham
assimilado o catolicismo. 0as, num país de escravos, ainda eram
considerados africanos, como todos os negros e mestiços, e seu lugar na
sociedade, por isso, era margemC sua identidade ainda era africana. %m
outras palavras, eram contraditoriamente brasileiros e africanos ao mesmo
tempo. 6omo africanos meridionais que eram, suas remanescentes
tradiç/es os orientavam no sentido de cultuar os antepassados,
antepassados que na frica banta estavam fi$ados na terra, de modo que
cada aldeia tinha seus pr#prios ancestrais como parte integrante daqueleterrit#rio geográfico e que usualmente não se deslocavam para outros
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lugares. 6omo brasileiros que tamb(m já eram, tinham consci)ncia de uma
ancestralidade genuinamente brasileira, o índio. 1a necessidade de cultuar
o ancestral e do sentimento de que havia uma ancestralidade territorial
pr#pria do novo solo que habitavam, os bantos e seus descendentes
criaram o candomblé de caboclo, que celebrava espíritos dos índios
ancestrais 2Santos, DFFJC "randi, Eallado e Souza, &''D3.
Apesar de os bantos estarem no rasil havia muito mais tempo, indícios
hist#ricos nos levam a crer que ( tardia a formação de um candombl(
banto de culto a divindades africanas, o qual teria surgido apenas quando
os candomblés de orix e de voduns já estavam organizados ou seorganizando. %mbora todos os negros e mestiços fossem considerados
como iguais, na medida em que ocupavam na sociedade branca posição
oficialmente subalterna e marginalizada, as identidades (tnicas estavam
preservadas nas irmandades religiosas cat#licas, que reuniam em igrejas e
associaç/es específicas os diferentes grupos africanos (tnicolinguístico.
"ois quando nag;s e jejes reunidos nas irmandades cat#licas 2Silveira,
&'''3 refizeram no rasil suas religi/es africanas de origem, os bantos os
acompanham. "elas raz/es que já apontei, sua religião de inquices2divindades ancestrais bantas3 teve uma reconstituição muito mais
problemática, obrigandose a empr(stimos sudaneses nos planos do
panteão, dos ritos e dos mitos.
-o campo religioso foi, portanto, dupla a contribuição banta originada na
ahia* o candombl( de caboclo e o candombl( de inquices denominado
angola e congo K duas modalidades que se casariam num
+nico com!lexo afro-índio-brasileiro, povoando, a partir da d(cada de
DFH', praticamente o rasil todo de terreiros angolacongocaboclo.
-ão foi, entretanto, s# na ahia que surgiram os cultos das entidades
caboclas. !nde quer que tenham se formados grupos religiosos
organizados em torno de divindades africanas, podiam tamb(m ser
reconhecidos agrupamentos locais que buscavam ref+gio na adoração de
espíritos de humanos. %sses cultos de es!íritos ganharam,evidentemente, feiç/es locais dependentes de tradiç/es míticas ali
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enraizadas, podendo estas serem mais acentuadamente indígenas, de
caráter mais marcado pelo universo cultural da escravidão, ou mesmo mais
pr#$imas da mitologia ib(rica transplantada para o rasil colonial. %m cada
lugar surgiram cultos a espíritos de índios, de negros e de brancos. %ssa
tend)ncia foi muito reforçada pela chegada ao rasil, no finalzinho do
s(culo <><, de uma religião europ(ia de imediata e larga aceitação no
rasil* o "s!iritismo #ardecista.
%m cada uma dessas denominaç/es religiosas caboclas, a concepção dos
espíritos cultuados tamb(m variou bastante. -a ahia, por e$emplo, o
caboclo ( o índio que viveu num tempo mítico anterior chegada dohomem branco, mas um índio que conheceu a religião cat#lica e se
afeiçoou a Iesus, a 0aria e a outros santosC um índio que viveu e morreu
neste país K este ( o personagem principal do candombl( de caboclo,
que, com o tempo agregou outros tipos sociais, sobretudo os mestiços
boiadeiros do sertão. A pro$imidade com religi/es indígenas ( atestada
pela presença ritual do tabaco, tabaco que, antes da chegada das
multinacionais do fumo, foi uma das grandes riquezas da ahia, antigo
centro nacional da ind+stria fumageira e importante produtor de charutos.! charuto ( at( hoje um símbolo forte dos espíritos caboclos.
-a "araíba e em "ernambuco, os espíritos, que ali se chamam mestres
podiam ser espíritos de índios, de brasileiros mestiços ou brancos, entre os
quais se destacavam antigos líderes da pr#pria religião já falecidos, os
mestres, designação esta que acabou prevalecendo para designar todo e
qualquer espírito desencarnado. %ssas manifestaç/es tamb(m herdaram
das religi/es indígenas o uso do tabaco, ali fumado com o cachimbo,
usado nos ritos curativos, al(m da ingestão cerimonial de uma beberagem
mágica preparada com a planta da jurema. $atimb% e &urema, os nomes
pelos quais essa modalidade religiosa ( conhecida resultam desses dois
elementos. 6atimb# ( provavelmente uma deturpação da palavra
cachimbo, e jurema, o nome da planta e da sua beberagem sagrada
2astide, &''DC randão e @ios, &''D3.
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0ais ao norte, no 0aranhão e no "ará, os espíritos cultuados são
personagens lendários que um dia teriam vivido na 8erra mas que, por
alguma razão, não conheceram a morte, tendo passado da vida terrena ao
plano espiritual por meio de algum encantamento* são
os encantados 24erretti, DFFL e &''D3. %ssa tradição de encantamento
estava e está presente na cultura ocidental 2lembremonos nas hist#rias de
fadas, com tantos príncipes e princesas encantados3, bem como na
mitologia indígena. !s encantados são de muitas origens* índios, africanos,
mestiços, portugueses, turcos, ciganos etc. ?endas portuguesas de
encantaria, como a hist#ria do rei portugu)s dom Sebastião, que
desapareceu com sua caravela na batalha de Alcacequibir em DJGM, emluta contra os mouros, e que os portugueses acreditavam que um dia
voltaria, estão vivas nessa religião. A luta dos cristãos contra os mouros,
tão cara ao imaginário portugu)s, se transformou em mitologia religiosa,
mas os turcos da encantaria são agora aliados, não inimigos. %lementos da
encantaria amaz;nica, como as hist#rias de botos que viram gente e vice
versaC lendas de pássaros fantásticos e pei$es miraculosos, tudo isso foi
compondo, ao longo do tempo, a religião que se convencionou chamar
encantaria ou encantaria do tambor-de-mina, no 0aranhão 2"randi e
Souza, &''D3, e sua vertente paraense 2?eacocN e ?eacocN, DFGJ3.
8odas essas formas de cultos nascidas no rasil, que podemos
genericamente chamar de religião dos encantados ou religião cabocla,
são religi'es de transe. As entidades cultuadas se manifestam em transe
no corpo de devotos devidamente preparados para isso, tal como ocorre
nos cultos dos ori$ás, voduns e inquices. 6omo tamb(m se dá no conjuntotodo das religi/es afrobrasileiras, todas desenvolvem ampla atividade
mágicocurativa e de aconselhamento oracular, todas elas são dançantes e
sua m+sica ( acompanhada de tambores e ritmos de origem africana,
embora em modalidades como o catimb# a dança tenha sido adotada mais
tarde, nesta provavelmente por influ)ncia do $ang;. 1iferentemente das
religi/es de ori$ás, voduns e inquices, as religi'es caboclassão, contudo,
cantadas em portugu)s, o que confirma seu caráter brasileiro e mestiço.
%m nenhum momento fica escondida a mistura básica que comp/e cada
uma delas* Am(rica, frica e %uropa, índio, negro e branco, são estas as
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fontes indispensáveis da sua constituição. % todas elas
sãosincréticas com o catolicismo, resultado de um momento hist#rico, o
de sua formação no s(culo <><, em que ningu(m podia ser brasileiro se
não fosse igualmente cat#lico. ! catolicismo era a religião hegem;nica,
oficial e a +nica tolerada em solo brasileiro.
%ssas tr)s manifestaç'es afro-índio-brasileiras de culto dos ancestrais
da terra K candombl( de caboclo, catimb#jurema e encantaria de mina K
não foram evidentemente as +nicas. 0uitas outras formas locais puderam
ser registradas nas diferentes partes do rasil, tendo sido algumas delas
absorvidas por alguma das formas que lograram melhor se e$pandir e seperpetuar, ou pela umbanda que se formou mais tarde 2Senna, &''D3.
!utras tantas, embora se mantendo com certa autonomia, ajudaram a
compor cosmovis/es e pante/es de religi/es irmãs, como no caso da
contribuição da pajelança amaz;nica 20au(s e 0acambira, &''D3
encantaria de mina. "or todo lado, diferentes e$press/es locais da
religiosidade cabocla se encontraram, se influenciaram, se fundiram e se
espalharam.
-ão se pode dei$ar de notar que essas práticas religiosas acabaram por se
justapor aos cultos das divindades africanas, estabelecendo com eles
relaç/es de simbiose. ! candombl( de caboclo acabou se tornando
tributário de candombl( angola e congoC a jurema passou a compor com o
$ang;, sobretudo o de nação $ambáC e a encantaria associouse ao
tambordemina nag;. !s grupos religiosos de culto a ori$ás e voduns mais
comprometidos com raízes sudanesas se mantiveram, pelo menos at( um
determinado momento e em algumas casas de tradição mais ortodo$a,
alheios ao culto caboclo. %ra mesmo de se esperar que assim fosse, pois o
culto caboclo (, desde sua origem, de natureza mestiça.
I(
"or muito tempo tanto os candombl(s de divindades africanas e os cultos
que giravam em torno de espíritos brasileiros e europeus 2isto (, o
candombl( de caboclo, a encantaria de mina, o catimb# ou jurema dos
mestres3 permaneceram mais ou menos confinados a seus locais de
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origem. 0as logo no início de sua constituição, com o fim da escravidão,
muitos negros haviam migrado da ahia para o @io de Ianeiro, levando
consigo suas religi/es de ori$ás, voduns e inquices e tamb(m a de
caboclos, de modo que na então capital do país reproduziuse um vigoroso
candombl( de origem baiana, que se misturou com formas de religiosidade
negra locais, todas eivadas de sincretismos cat#licos, e com o espiritismo
Nardecista, originandose a chamada macumba carioca e pouco mais
tarde, nos anos &' e L' do s(culo passado, a umbanda. A umbanda e o
samba, símbolo maior da nacionalidade mestiça, constituíramse mais ou
menos na mesma (poca, ambos frutos do mesmo processo, que
caracterizou aqueles anos, de valorização da mestiçagem e de construçãode uma identidade mestiça para o rasil que então se pretendia projetar
como país moderno, grande e homog)neo, e por isso mesmo mestiço, o
Orasil 0estiço, onde a m+sica samba ocupava lugar de destaque como
elemento definidor da nacionalidadeO, nas palavras de Permano Eianna
2DFFJ* &'3.
A migração para o @io de Ianeiro, que a partir dos anos J' e H' seria
deslocada para São "aulo, com a nova industrialização, não se resumiu,evidentemente, aos baianos, embora inicialmente eles tenham sido em
maior n+mero. 6hegava ao @io gente de todo o -ordeste e tamb(m do
-orte, cada um trazendo seus costumes, suas crenças, deuses e espíritos.
6ultos de mestres e encantados acabaram desaguando fartamente nos
terreiros dos caboclos e dos pretosvelhos da chamada macumba carioca,
que ia gestando a umbanda numa grande síntese, ali na capital federal da
rep+blica rec(mnascida para onde convergiam as mais diversasmanifestaç/es culturais de 9mbito regional, e onde essas diferenças
regionais e locais foram se apagando para se formar um todo +nico capaz
de representar simbolicamente o rasil como um todo, como uma +nica
nação, envolvendo todos os seus matizes raciais e as diversas fontes
culturais que animavam a construção da brasilidade.
0ais tarde, no final anos H' e começo dos G', iniciouse junto s classes
m(dias do Sudeste a recuperação das raízes de nossa civilização, refle$ode um movimento cultural muito mais amplo, denominado $ontracultura.
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-os %stados 7nidos e na %uropa, e daí para o rasil, esse movimento
questionava as verdades da civilização ocidental, o conhecimento
universitário tradicional, a superioridade dos padr/es burgueses vigentes,
os valores est(ticos europeus, voltandose para as culturas tradicionais,
sobretudo as do !riente, e buscando novos sentidos nas velhas
subjetividades, em esquecidos valores e escondidas formas de e$pressão.
-o rasil verificouse um grande retorno ahia, com a redescoberta de
seus ritmos, seus sabores culinários e toda a cultura dos candombl(s. As
artes brasileiras em geral 2m+sica, cinema, teatro, dança, literatura, artes
plásticas3 ganharam novas refer)ncias, o turismo das classes m(dias do
Sudeste elegeu novo flu$o em direção a Salvador e demais pontos do-ordeste. ! candombl( se esparramou muito rapidamente por todo o país,
dei$ando de ser um religião e$clusiva de negros, a m+sica baiana de
inspiração negra fezse consumo nacional, a comida baiana, nada mais
que comida votiva dos terreiros, foi para todas a mesas, e assim por diante.
0as o candombl( somente se disseminou pelo rasil muito tempo depois
da difusão da umbanda. "rimeiro o rasil como um todo conheceu e se
familiarizou com o culto dos caboclos e outras entidades OhumanasO daumbanda, em que os ori$ás ocupavam uma posição simb#lica importante
por(m menos decisiva no diaadia da religião. Somente mais tarde o
candombl( introduziu os brasileiros de todos os lugares numa religião
propriamente de deuses africanos. 0esmo assim, os caboclos nunca
perderam o lugar que já tinham conquistado. )nidade e di*ersidade foram
preechendo a tessitura nacional da cultura afrobrasileira de 9mbito
religioso e profano.
%m todos os lugares onde se constituiu o culto ao caboclo, alguns tipos
sociais regionais importantes foram incorporados. 4oi assim que surgiu, por
e$emplo, para compor com o tradicional e destemido índio da terra e com o
sábio e paciente escravo pretovelho, o caboclo boiadeiro. ! boiadeiro ( a
representação mítica do sertanejo nordestino, o mestiço valente do sertão.
Q o bravo homem acostumado a lidar com o gado e enfrentar as agruras
da seca, símbolo de resist)ncia e determinação. !utro tipo social elevado categoria de entidade de culto foi o marinheiro. -um país em que as
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viagens de longa dist9ncia, sobretudo entre as capitais da costa, eram
feitas por navegação de cabotagem, sendo que todas as novidades eram
trazidas pelos navios, o marinheiro era figura muito conhecida e de
inegável valor. ! marinheiro podia representar ideais de mobilidade e
inovação, capacidade de adaptação a cenários m+ltiplos, amor pela
aventura de descobrir novas cidades e outras gentes.
6ada tipo um estilo de vida, cada personagem um modelo de conduta. São
e$emplos de um vasto repert#rio de tipos populares brasileiros, emblemas
de nossa origem plural, máscaras de nossa identidade mestiça. As
entidades sobrenaturais da umbanda não são deuses distantes einacessíveis, mas sim tipos populares como a gente, espíritos do homem
comum numa diversidade que e$pressa a diversidade cultural do pr#prio
país. 7ma vez escrevi que a Oumbanda não ( s# uma religião, ela ( um
palco do rasilO 2"randi, DFFD* MM3. -ão estava errado.
(
A a!roximação com o #ardecismo foi *ital !ara a formação daumbanda em termos ideol%gicos2-egrão, DFFH3. Eeio do espiritismo de
Rardec a concepção de mundo que proporcionou a remodelação das
bases (ticas, ou a(ticas, da religião afrobrasileira, fosse ela africana ou
cabocla. %ra o nascimento da umbanda, de feiç/es brancas, por(m
mestiça, uma nova forma de organizar e unificar nacionalmente as
tradiç/es caboclas das religi/es afrobrasileiras.
Surgida na cidade do @io de Ianeiro, o primeiro cenário da modernizaçãocultural brasileira e conte$to de acelerada mudança e diversificação social,
a umbanda foi ao mesmo templo plural e uniforme, uma esp(cie de
linguagem comum num diversificado meio social urbano, integrando negros
pobres iletrados e brancos escolarizados de classe m(dia bai$a. Sua
capacidade de reunir em um s# panteão entidades espirituais de diversas
origens, a fazia uma representante da diversidade, ao mesmo tempo que
homogeneizava os espíritos caboclos em função de seus pap(is rituais. A
umbanda manteve da matriz africana o culto aos ori$ás, o transe de
possessão e o rito dançado, mas seus ritos, celebrados em portugu)s, são
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bem mais simples e acessíveis. 1iferente do modelo africano, sua
concepção de mundo ( fortemente marcada pela *alori+ação da
caridade, isto (, o trabalho desinteressado em prol do outro, muito
característico do Nardecismo, religião de inspiração cristã no plano dos
valores.
controle moral na umbanda se estende sobre a atividade religiosa de
tal modo que as entidades espirituais, os espíritos dos mortos, devem
praticar a caridade, ajudando seus fi(is e clientes a resolverem toda sorte
de problemas. A noção de que os espíritos v)m 8erra para trabalhar (
basilar no Nardecismo. >gualmente, as práticas de ajuda mágica vãoconstituir o centro do ritual umbandista. A incorporação da noção cristã de
um mundo cindido entre o bem e o mal, associada necessidade de
praticar a caridade, fez com que a umbanda se afirmasse como religião
voltada precipuamente para a prática do bem. 8odas as forças religiosas
deveriam ser canalizadas na prática da caridade. >sso não impediu, no
entanto, que junto prática do bem pelas entidades do chamado panteão
do bem ou da direita, surgisse, desde o início, ainda que de modo
escondido, uma Oface inconfessaO do culto umbandista* uma esp(cie deuniverso paralelo em que as práticas mágicas de intervensão no mundo
não sofrem o constrangimento da e$ig)ncia (tica, em que todos os desejos
podem ser atendidos. Afinal, a herança africana foi mais forte que a
moralidade Nardecista e imp;s a id(ia de que todos t)m o direito de ser
realizados e felizes neste mundo, acima do bem e do mal.
4oi nesse espaço em que a questão do bem e do mal está suspensa que a
umbanda construiu um novo modelo de entidade espiritual
denominado exu, freq5entemente associado ao diabo dos cristãos. !s
e$usdiabos da quimbanda na verdade nem são o dem;nio cristão nem o
ori$á %$u do candombl( africano. São espíritos de seres humanos cujas
biografias terrenas foram plenas de práticas antisociais. Q nesse modelo
que todas os personagens de moralidade questionável, como as prostitutas
e os marginais, são acomodados. "ara resumir, o bem conta com
entidades do bem, que são os caboclos, os pretosvelhos e outrospersonagem cuja mitologia fala de uma vida de conduta moralmente
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e$emplar 26oncone, &''D3. São as entidades da direita. !s de má biografia
pertencem esquerda, não se constrangem em trabalhar para o mal,
quando o mal ( considerado incontornável. 4ormam as fileiras dos e$us e
suas contrapartidas femininas, as pombagiras 2"randi, &''D3. 6omp/em
com outros tipos sociais já referidos uma esp(cie de mostruário plural das
facetas possíveis do brasileiro comum. "ara não integrar os e$us e
pombagiras no mesmo espaço das entidades da direita, em que se
movimentam os praticantes do bem, a umbanda os reuniu num espaço
parte, num culto que por muitas d(cadas foi mantido subterr9neo,
escondido e negado, a chamada uimbanda. 8ipos antisociais e
indesejáveis sim, mas e$cluídos não K afinal, cada um com suaespiritualidade e sua força mágica nada desprezível. A umbanda não e$clui
ningu(m, na busca de uma síntese para o rasil nada pode ser dei$ado de
fora.
-o panteão das entidades da esquerda, as mulheres ganharam um lugar
especial. As religi/es tradicionais sempre trataram as mulheres como seres
perigosos, voltadas para o feitiço, para o desencaminhamento dos homens,
fontes de pecado e perdição. Q o que nos conta o mito bíblico judaicocristão de %va e toda a tradição iorubá das velhas mães feiticeiras, as >á 0i
!$orongá. As pombagiras teriam sido mulheres de má vidaC elas
desconhecem limites para a ação e são capazes, a fim de atender os
desejos de seus devotos e de sua vasta clientela, de fazer o mal sem medir
as conseq5)ncias. As famosas pombagiras, os e$us femininos, foram em
vida mulheres perdidas, prostitutas, cortesãs, companheiras bandidas dos
bandidos amantes, alcoviteiras e cafetinas, jogadoras de cassino e artistasde cabar(, atrizes de vida fácil, mulheres dissolutas, criaturas sem família e
sem honra. A elas coube sobretudo a fatia da magia relacionada a
assuntos amorosos. -o fundo, o culto ao panteão dos e$us e pombagiras
aponta para a redenção de tipos sociais usualmente rejeitados, com a
assunção de pervers/es da alma que se enredam na vida real e na
fantasia do homem e da mulher comuns.
6omo já disse, a umbanda ( resultante de um !rocesso de síntese, deuniformização. A inclusão em seus panteão de personagens dos cultos
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caboclos regionais teve que obedecer ao modelo dicot;mico da direita e da
esquerda, e isso provocou transformaç/es radicais em muitas entidades
que migraram para a umbanda. Assim /é Pelintra, por e$emplo, que na
origem ( um mestre do catimb#, foi, no @io de Ianeiro, transmutado em
e$u, trabalhando para a esquerda. >gualmente 0aria Padil1a,
originalmente tamb(m mestra da jurema, foi feita pombagira de renome e
sucesso nas giras de quimbanda. At( mesmo a encantada 6abocla
0ariana, filha do @ei da 8urquia, figura famosa da encantaria do tambor
demina, muito festejada tanto 0aranhão quanto no "ará 2?eacocN e
?eacocN, DFGJ3, viuse em São "aulo quase transformada em pombagira.
! mesmo aconteceu com muitos outros guias espirituais.
7ma vez que a umbanda foi se alastrando pelo rasil inteiro, os cultos
caboclos regionais, que se mantiveram vivos em seus locais de origem,
começaram a passar por um processo de umbandização. Poje, no sertão
do -ordeste, quiçá no rasil todo, ( difícil ver um culto de jurema que não
seja no interior de um terreiro de umbanda. At( na ahia, e$us da
quimbanda dançam em velhos terreiros do candombl( de caboclo
2Assunção, &''DC 6aroso e @odrigues, &''DC Shapanan, &''D3. 6om ogrande tr9nsito que hoje e$iste em todo o universo religioso afrobrasileiro,
personagens como os referidos ( "elintra e 0aria "adilha retornam aos
seus locais de origem completamente transformados.
(I
0as essa hist#ria ainda não terminou. Pá algum tempo o pluralismoreligioso brasileiro vem se desenvolvendo amplamente, possibilitando a
criação de um mercado mágicoreligioso em que as religi/es afro
brasileiras se e$pandem e ganham maior visibilidade. 6ada vez mais as
escolhas religiosas são livres e as religi/es ampliam suas ofertas religiosa,
adequandose aos novos tempos, novos mercados, novos gostos
religiosos. "or todo lado há novas religi/es, novos santos, novos deuses.
-os dias de hoje, a religião tem que se atualizar para poder competir com
as outras. A sociedade em permanente mudança imp/e um novo
movimento de valorização da diversidade cultural. !s antigos cultos
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caboclos de caráter regional vão tamb(m se tornando conhecidos nos mais
diferentes rinc/es do país e suas entidades ganham o status de objetos de
culto de 9mbito nacional. 6aminhos se refazem, personagens se
reconstituem. -ão ( mais tempo de buscar uma identidade brasileira que
seja +nica, homog)nea, capaz de representar a nacionalidade num s#
símbolo, como ocorreu nos anos &' e L' do s(culo passado. -o final do
s(culo <<, alvorecer do <<>, quando a umbanda já ( quase centenária,
importa agora enfatizar as diferenças, manter as especificidades, festejar o
pluralismo.
-ossos personagens sagrados, nossos mestiços espíritos caboclos daumbanda tamb(m ganham novas feiç/es nesse novo processo de busca
da diversidade, pois ( preciso sempre se atualizar. !caboclo e o !reto-
*el1o são as entidades fundantes da umbanda e continuam sendo ainda
as mais cultuadas. Bndio e negro são matrizes tanto do povo brasileiro
como dessa religião, mas, já no conte$to do rasil urbano contempor9neo,
em que o catolicismo já perdeu cerca de um quarto de seus seguidores e
seus modelos de moralidade dual perdem import9ncia na sociedade, outro
tipo social vem ganhando cada vez mas adeptos no universo umbandista*o baiano 2Souza, &''D3. Surgido nas +ltimas d(cadas, o baiano já ganhou
significativa popularidade. Sua origem mítica remete aos velhos paisde
santo da ahia, aos homens negros e mulatos das cidades litor9neas do
rasil, sobretudo migrantes residentes no @io de Ianeiro. São em grande
parte personagens da chamada malandragem carioca, pouco afeitos s
convenç/es sociais, mas que não chegam a ser interesseiros e maus
caracteres nem arruaceiros e perigosos como os e$us da quimbanda. -emtampouco são e$ímios curandeiros como os caboclos ou sábios
conselheiros como os pretosvelhos. %stão e$atamente na fronteira entre o
bem e o mal, apagando essa distinção dicot;mica moral. % rapidamente a
umbanda vai dei$ando se fazer distinção entre esses dois lados, o do bem
e o do mal, reassumindo a visão africana de que tudo anda junto, tudo (
ambíguo e contradit#rio. 8alvez por isso os baianos v)m sendo tão
valorizados. %les são símbolos e$emplares do novo caráter de síntese
moral umbandista que vai abandonando a dualidade cristã. Assim, apaga
se a fronteira entre a direita e a esquerda, e os e$us e as pombagiras vão
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dei$ando de ser vistos como entidades perigosas, suspeitas e socialmente
indesejáveis, cujo culto devia ser mantido secreto, escondido. ( "elintra e
0aria "adilha, nossos emblemáticos migrantes, já podem voltar a ser
mestres da jurema, simplesmente. A encantada 0ariana pode continuar a
ser a ela 8urca.
A fle$ibilidade e a enorme capacidade de adaptação da religião mestiça
afrobrasileira estava já, evidentemente, inscrita no seu nascedouro* ( esta
a herança dos bantos escravizados no rasil e seus descendentes. Seus
seguidores nos dias de hoje já não são mais necessariamente nem bantos
e nem negros, mas brasileiros de todas as origens raciais que partilhamdesse universo religioso mestiço. São adeptos dos encantados caboclos
que se re+nem em congressos e seminários para discutir o caráter de suas
entidades e guias espirituais e questionar suas raízes, reafirmando sua
crença em sua religião. !s fi(is cr)em que seus caboclos, mestres e
encantados, de todas as origens, seguem em sua dança de transe,
abrindolhes o caminho na religação deste mundo material e passageiro
dos humanos ao mundo eterno e espiritual habitado pelos deuses.
T T T
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@eginaldo 2org.3. %ncantaria brasileira. @io de Ianeiro, "allas, &''D.
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T T T
Agradeço a André Ricardo de 2ou+a e Patrícia Ricardo de 2ou+a, meus orientandos no
3outorado em 2ociologia da )2P, !ela a&uda na redação de uma *ersão !reliminar. Agradeçoao $4P a bolsa de !esuisa ue tem me !ermitido estudar as religi'es afro-brasileiras.
__________________
Reginaldo Prandi ( "rofessor 8itular de Sociologia da 7niversidade de São "aulo. %m &''D
recebeu o "r)mio Qrico Eannucci 0endes, outorgado pelo 6-"q, S"6 e 0inc, pela sua
contribuição preservação da mem#ria cultural afrobrasileira, e o "r)mio 7nião na 1iversidade,
conferido pelo >ntecab, >nstituto -acional da 8radição e 6ultura Afrorasileira. %m &''& teve
dois livros indicados para o "r)mio Iabuti* 0itologia dos ori$ás, na categoria ci)ncias humanas,
e !s príncipes do destino, na categoria infantojuvenil. "ublicou tamb(m outros livros, como !s
candombl(s de São "aulo, Perdeiras do a$(, 7m sopro do %spírito, A realidade social das
religi/es no rasil, este em coautoria com Ant;nio 4lávio "ierucci, %ncantaria brasileira, do qual
( organizador, e >fá, o Adivinho.