prad primeira fase - amunes.com.br · ... comitê de bacia hidrográfica do rio doce ... estadual...

63
PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA DISPOSIÇÃO INADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: PRIMEIRA FASE BAIXO GUANDU-ES 2014

Upload: trinhthuy

Post on 18-Jan-2019

248 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

PELA DISPOSIÇÃO INADEQUADA DE RESÍDUOS

SÓLIDOS URBANOS: PRIMEIRA FASE

BAIXO GUANDU-ES

2014

Page 2: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do município de Baixo Guandu. ....................................... 10

Figura 2 - Porteira, guarita e placa de identificação. ............................................ 11

Figura 3 - Bacia Hidrográfica do Doce. ................................................................ 15

Figura 4 - Compartimentação da Província Mantiqueira. ..................................... 16

Figura 5 - Geologia local. ..................................................................................... 19

Figura 6 - Relevo do local. ................................................................................... 23

Figura 7 - Unidades geomorfológicas. .................................................................. 24

Figura 8 - Perfil com presença de material primário. ............................................ 26

Figura 9 - Solo argiloso com pedregulhos. ........................................................... 27

Figura 10 - Solo argiloso sem pedregulhos. ......................................................... 28

Figura 11 - Rocha matriz alterada pelo intemperismo. ......................................... 29

Figura 12 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação

Itaimbé em Itaguaçu – ES (1958-2005). .............................................. 31

Figura 13 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação Baixo

Guandu (1942-2005). .......................................................................... 32

Figura 14 - Vista aérea do Ponto A e Ponto B. ..................................................... 38

Figura 15 - Ponto A e Ponto B. ............................................................................. 38

Figura 16 - Disposição de resíduos sólidos no ponto B. ...................................... 39

Figura 17 - Dreno de gases no ponto B. .............................................................. 39

Figura 18 - Carcaça de animais. .......................................................................... 41

Figura 19 - Equipamentos eletroeletrônicos e acumulo de chorume (Ponto B).... 41

Figura 20 - Acumulo de chorume no solo (Ponto B). ............................................ 42

Figura 21 - Disposição de resíduos de oficina mecânica no ponto B. .................. 42

Figura 22 - Ponto de retirado do material inerte ao lado do ponto B. ................... 43

Figura 23 - Uso em 2003. ..................................................................................... 58

Figura 24 - Uso em 2005. ..................................................................................... 58

Figura 25 - Uso em 2010. ..................................................................................... 59

Figura 26 - Uso em 2014. ..................................................................................... 59

Page 3: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - População e taxa de crescimento. ...................................................... 45

Tabela 2 - Geração e volume da massa de resíduos. .......................................... 46

Tabela 3 - Grua de permeabilidade dos solos em função do coeficiente de

permeabilidade K. ............................................................................. 47

Tabela 4 - Coeficiente de permeabilidade. ........................................................... 48

Page 4: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

LISTA DE SIGLAS

ANA – Agência Nacional de Águas

APP - Área de preservação permanente

ASA – Área de segurança aeroportuária

CBH-DOCE – Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce

CIRSNEES – Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos do Norte do Estado

do Espírito Santo

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

EFVM – Estrada de Ferro Vitória Minas

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FINDES – Federação das Indústrias do Espírito Santo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IEMA – Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

IJSN – Instituto Jones dos Santos Neves

INCAPER – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural

MPE – Ministério Público do Estado do Espírito Santo

MPT – Ministério Público do Trabalho

PIB – Produto Interno Bruto

PRAD – Plano para Recuperação das Áreas Degradadas

PRAD-RSU – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas pela Disposição

Inadequada de Resíduos Sólidos Urbanos

RCC – Resíduos de construção civil

RSS – Resíduos de serviço de saúde

RSU – Resíduos sólidos urbanos

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem

TCA – Termo de Compromisso Ambiental

TR – Termo de Referência

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

UTM – Universal Transversa de Mercator

Page 5: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

SIMBOLOGIAS

k – Taxa de crescimento anual médio [-]

P2 – População do ano 2 [hab]

P1 – População do ano 1 [hab]

t2 – Ano 2 [ano]

t1 – Ano 1 [ano]

VMr – Volume da massa de resíduos compactados [m³]

Ga – Geração anual [ton]

PE – Peso específico do resíduo compactado [ton/m³]

K – Coeficiente de permeabilidade [cm/s]

Page 6: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................. 5

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 6

1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 7

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 7

2 ATIVIDADE ............................................................................................................. 8

3 LOCALIZAÇÃO .................................................................................................... 10

4 IDENTIFICAÇÃO .................................................................................................. 12

4.1 RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE NA ÁREA ............................................ 12

4.2 RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD ..................................... 12

4.3 EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA NA ELABORAÇÃO DO PRAD ................. 13

5 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO .............................................................. 14

5.1 HIDROLOGIA ............................................................................................... 14

5.2 GEOLOGIA .................................................................................................. 16

5.3 GEOMORFOLOGIA ..................................................................................... 19

5.3.1 Morfoestruturas ...................................................................................... 20

5.3.2 Regiões Geomorfológicas ...................................................................... 20

5.3.3 Unidades Geomorfológicas ................................................................... 20

5.3.4 Modelados ............................................................................................... 22

5.3.5 Geomorfologia Local .............................................................................. 23

5.4 PEDOLOGIA ................................................................................................ 24

5.5 CLIMATOLOGIA .......................................................................................... 29

6 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO ............................................................ 33

6.1 FAUNA ......................................................................................................... 33

6.2 FLORA ......................................................................................................... 33

7 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO ..................................................... 34

7.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ............................................................ 35

7.2 EDUCAÇÃO ................................................................................................. 36

8 AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR DA ÁREA A SER RECUPERADA .... 37

8.1 HISTÓRICO DA ÁREA ................................................................................. 37

8.2 LEVANTAMENTO PRELIMINAR ................................................................. 44

Page 7: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

8.2.1 Volume da Massa de Resíduos Dispostos no Local ............................ 44

8.2.2 Profundidade da Cava de Disposição de Resíduos ............................. 46

8.2.3 Permeabilidade do Solo ......................................................................... 47

8.2.4 Possíveis Impactos Sobre o Solo e os Recursos Hídricos ................. 48

8.2.5 Tempo de Desativação da Atividade no Local ..................................... 50

8.3 LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO .................................. 50

8.4 LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO GEORREFERENCIADO ............. 50

8.4.1 Mapa de Uso e Cobertura do Solo ......................................................... 50

8.4.2 Área de Segurança Aeroportuária ......................................................... 51

8.4.3 Pontos de Captação de Água no Entorno da Área .............................. 51

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 52

APÊNDICE A – Planta de Situação Georreferenciada .......................................... 55

APÊNDICE B – Planta de Uso e Cobertura do Solo e Área de Segurança

Aeroportuária ........................................................................................................... 56

ANEXO A – Sondagem ............................................................................................ 57

ANEXO B – Evolução Histórica de Ocupação da Área ........................................ 58

Page 8: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

4

APRESENTAÇÃO

Este documento tem por finalidade apresentar a Primeira Fase do Plano para

Recuperação das Áreas Degradadas (PRAD) em área localizada no município de

Baixo Guandu, Espírito Santo, Brasil. Vale ressaltar que o PRAD será estruturado

em três fases conforme orientações do Termo de Referência – TR 01/2013.

O presente Plano visa atender às exigências contidas no item 3.3 do Termo de

Compromisso Ambiental (TCA) n° 02/2013 firmado entre o Ministério Público do

Trabalho (MPT), Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA)

e Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPE) e o município de Baixo

Guandu.

O Plano foi elaborado com base no Termo de Referência – TR 01/2013

disponibilizado pelo IEMA, cujo objeto é orientar a elaboração do Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas pela Disposição Inadequada de Resíduos

Sólidos Urbanos (PRAD-RSU).

Page 9: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

5

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O ser humano no desenvolvimento de suas diversas atividades do dia-a-dia,

produz e descarta uma grande quantidade de resíduos. E com a melhoria das

condições de vida da sociedade e o crescimento da população mundial, assim

como pelas mudanças de hábitos de consumo, à urbanização das comunidades e

ao processo de industrialização difundido pela Revolução Industrial, observou-se

o aumento na geração dos resíduos.

Na atualidade, os resíduos sólidos representam um dos principais desafios, pois

se trata de um problema de saneamento e de saúde pública, em razão da

necessidade da sua adequada destinação, a fim de evitar a contaminação do solo

e do lençol freático, a poluição atmosférica, a proliferação de vetores e o

aparecimento de doenças (MOURA, 2010).

Segundo Tinôco (2007) quase a totalidade do lixo domiciliar produzido no Brasil é

despejado a céu aberto (terrenos baldios, fundo de vales, valas, depressões

naturais do terreno, voçorocas, etc.), nos denominados lixões, e uma pequena

quantidade vai para aterros sanitários e aterros com algum grua de controle

(cobertura da massa de lixo com terra).

A disposição dos resíduos sólidos urbanos (RSU), na área objeto deste estudo,

iniciou em 1998 e permanece até os dias atuais, e assim como, a maioria dos

municípios brasileiros, a disposição final dos RSU de Baixo Guandu é inadequada

e em desacordo com as normas ambientais e sanitárias vigentes. A disposição

dos RSU nestas condições compromete seriamente o meio ambiente, pois polui o

ar, o solo e a água.

O impacto sobre os meios físico e biótico é causado principalmente pelos gases

tóxicos e o líquido altamente poluente denominado “chorume” gerados durante a

degradação biológica, em condições anaeróbicas, dos resíduos orgânicos. O

Page 10: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

6

chorume carreia várias formas de ácidos orgânicos, dissolve tintas, resinas e

outras substâncias químicas de alta toxicidade contaminando assim o solo e os

mananciais subterrâneos e superficiais (TINÔCO, 2007).

Deste modo, considerando o conceito de degradação definido pelo Decreto

Federal n° 97.632/89 (BRASIL, 1989) como sendo “[...] processos resultantes de

danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas

propriedades, tais como a qualidade produtiva dos recursos naturais”, pode-se

afirmar que a área utilizada pelo município de Baixo Guandu para dispor os RSU

encontra-se degradada.

Partindo deste contexto, torna-se necessário a recuperação da área degradada a

partir da elaboração e execução do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

(PRAD). O PRAD tem por “[...] objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma

de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo,

visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente” segundo o Decreto Nº

97.632, de 10 de abril de 1989, em seu Art. 3º (BRASIL, 1989).

1.2 JUSTIFICATIVA

Com o advento do Projeto do Governo do Estado do Espírito Santo intitulado

“Espírito Santo Sem Lixão” que prevê a destinação final adequada dos RSU

coletados e a publicação da Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010 ações que

garantam a disposição final ambientalmente correta dos RSU estão sendo

implantadas.

Assim , em 29 de maio de 2013, o município de Baixo Guandu celebrou o Termo

de Compromisso Ambiental com o MPT, IEMA e MPE, a fim de que sejam

adotadas medidas destinadas a adequar, corrigir, minimizar, neutralizar e prevenir

eventuais impactos e degradações ambientais decorrentes da disposição

inadequada dos RSU.

Page 11: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

7

Uma das medidas adotadas pelo TCA n° 02/2013, no que tange a recuperação

das áreas contaminadas, é a apresentação do PRAD contemplando todos os

pontos contaminados pela disposição inadequada dos RSU.

1.3 OBJETIVO GERAL

Avaliar as condições de comprometimento ambiental da área degradada pela

disposição inadequada de RSU através de um diagnóstico ambiental preliminar o

qual servirá de base para elaboração da Segunda Fase do PRAD.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar o histórico de degradação da área a ser recuperada;

• Apresentar levantamento preliminar do volume da massa de resíduos

dispostos no local, da profundidade da cava de disposição de resíduos e

dos possíveis impactos sobre o solo e os recursos hídricos;

• Caracterizar a população que reside no seu entorno;

• Elaborar mapa do uso e cobertura do solo da área a ser recuperada e seu

entorno.

Page 12: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

8

2 ATIVIDADE

O município de Baixo Guandu tem uma população de 31.298 habitantes dividida

em uma extensão territorial de 917 km quadrados (IBGE, 2014). Esta população

gera uma média de 22,2 toneladas de resíduos domiciliares diariamente, assim,

cada habitante gera em média 0,71kg\dia de resíduo.

Atualmente, no município encontra-se em implementação a coleta seletiva. Nos

bairros Centro e Operário este programa já foi implantado. A coleta do lixo seco e

rejeitos nas Avenidas 10 de Abril e Carlos de Medeiros, pertencentes ao bairro

Centro, é feita de segunda a sexta a partir das 18 horas e aos sábados a partir

das 13 horas. Nas demais ruas dos bairros Centro e Operário a coleta do lixo

seco e rejeitos é realizada segunda, quarta e sexta a partir das 13 horas e 40

minutos.

Os resíduos (lixo seco) da coleta seletiva são destinados à associação de

catadores de materiais recicláveis Cidadão Amigo do Meio Ambiente. Os

associados fazem a triagem do material recebido na usina de triagem, que se

encontra devidamente licenciada. Ao final do processo de triagem os rejeitos são

dispostos no aterro controlado (Ponto B APÊNDICE A). Salienta-se que a usina

de triagem está localizada dentro do perímetro da área contemplada pelo PRAD.

A coleta do resíduo úmido, nos bairros Centro e Operário, é realizada juntamente

com a coleta convencional domiciliar (rejeitos). A coleta convencional dos

resíduos domiciliares é feita diariamente com o auxilio de caminhões

compactadores. A disposição final dos rejeitos é feita no aterro controlado do

município.

Nos distritos de Mascarenhas, Ibituba e Alto Mutum, os resíduos sólidos urbanos

são coletados duas vezes por semana e, nas demais localidades da zona rural

apenas uma vez por semana. O material coletado é disposto no aterro controlado

desta municipalidade.

Page 13: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

9

Vale lembrar que a coleta convencional contempla também a coleta dos resíduos

de construção civil (RCC), resíduos de serviço de saúde (RSS), volumosos e os

rejeitos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço.

O RCC é coletado e a disposição temporária deste material é feita na área objeto

deste estudo conforme indicado no Apêndice A. A coleta, transporte, tratamento e

disposição final dos RSS é realizada pelo Consórcio Intermunicipal de Resíduos

Sólidos do Norte do Estado do Espírito Santo (CIRSNEES).

Quanto aos resíduos volumosos, no que tange aos móveis e utensílios

domésticos, o município possui um sistema de recolhimento destes materiais.

Salienta-se que os materiais recolhidos que ainda estão em condições de serem

utilizados são doados a outras pessoas. Já o que não pode ser reutilizado é

desmontado e as partes servíveis (madeira, plástico, metal, entre outros)

recolhidas. Os rejeitos dos móveis e utensílios são dispostos no aterro controlado.

Os resíduos de poda de árvores, que também fazem parte da tipologia: volumoso,

são depositados no aterro controlado ao lado do ponto B no local onde foi retirado

o material inerte utilizado para o recobrimento dos rejeitos (APÊNDICE A).

Os agrotóxicos, seus resíduos e embalagens são coletados a partir da logística

reversa. Estes resíduos são recolhidos e armazenados temporariamente pelos

empreendimentos que os comercializam e posteriormente as empresas

responsáveis por sua destinação ou disposição final os recolhem. Até a

assinatura dos TCA’s os pneus eram dispostos na área a ser recuperada, a partir

de então, os pneus são armazenados temporariamente em um galpão municipal

de onde, posteriormente, são enviados para empresas recicladoras ou

reutilizados para artesanato.

Page 14: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

10

3 LOCALIZAÇÃO

O município de Baixo Guandu está inserido na região centro oeste do Estado do

Espírito Santo, conforme Figura 1.

Figura 1 - Localização do município de Baixo Guandu.

A área onde será executado o PRAD-RSU está localizada no Km 01 da Rodovia

Marcos Antônio Zopelari – ES-446 que liga Baixo Guandu a Itaguaçu, e possui

uma área total de aproximadamente 43.000 m² (APÊNDICE A). Os pontos

contaminados estão localizados na poligonal formada pelas coordenadas

geográficas UTM na zona 24K, Datum WGS 84 que segue: 290668 O e 7839757

S. As vias de acesso ao aterro são indicadas no Apêndice B.

Page 15: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

11

É importante ressaltar que, com o intuito de impedir a entrada de pessoas não

autorizadas bem como a entrada de animais, foi instalada uma barreira física no

perímetro da área constituída de cerca de arame farpado, cerca viva, portão e

guarita (Figura 2). Além da barreira física, foi implantada na entrada da área,

placa informativa de fácil visualização e leitura, com fundo branco e as seguintes

dimensões 1,20m x 0,80m.

Figura 2 - Porteira, guarita e placa de identificação.

Page 16: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

12

4 IDENTIFICAÇÃO

4.1 RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE NA ÁREA

Prefeitura Municipal de Baixo Guandu

CNPJ: 27.165.737/0001-10

Endereço: Rua Francisco Ferreira, nº 40, Centro

Município: Baixo Guandu-ES

CEP: 29.730-000

E-mail: [email protected]

Telefone/fax: (27) 3732-3214

Representante legal:

Prefeito Municipal

Nome: José de Barros Neto

CPF nº: 031.888.387-27

Rua Francisco Ferreira, n.º 40 – Centro - CEP 29.730-000 – Baixo Guandu/ES.

Telefone: (27) 3732-1838/(27) 9 9947-5159

E-mail: [email protected]

4.2 RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD

Responsável técnico pela elaboração de ART: Felipe Augusto de Oliveira

CPF n°: 118.440.747-90

Formação profissional: Engenheiro Ambiental

Nº de registro CREA: ES-029370/D

Telefone: (27) 99813-0791

E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Carlos Fick Neto, n/s, Bairro Operário

Município: Baixo Guandu-ES

CEP: 29.730-000

Nº da ART: 0820140156224

Page 17: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

13

4.3 EQUIPE TÉCNICA ENVOLVIDA NA ELABORAÇÃO DO PRAD

Nome: Poliana Coan

CPF n°: 124.137.017-61

Formação profissional: Bióloga

Nº de registro CRBIO: 96531/02 D

Telefone: (27) 999870657

E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Carlos Fick Neto, n/s, Bairro Operário

Município: Baixo Guandu-ES

CEP: 29.730-000

Page 18: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

14

5 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO

5.1 HIDROLOGIA

A maior parte do território do Estado do Espírito Santo encontra-se inserido na

Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, que é conhecida nacionalmente pelo

elevado contingente populacional e pela importância econômica de sua indústria.

Esta Região possui 214.629km² de área, o equivalente a 2,5% do País. Os seus

principais rios são o Paraíba do Sul e o Doce, com respectivamente 1.150 e 853

quilômetros de extensão (ANA, acesso em 18 ago. 2014).

As características do solo levam a bacia do rio Doce a uma condição de

fragilidade no tocante à susceptibilidade à erosão. Com efeito, 58% da área da

bacia se encontra na categoria de susceptibilidade forte e 30% na categoria de

susceptibilidade média (IEMA, acesso em 18 ago. 2014).

O município de Baixo Guandu faz parte da bacia hidrográfica do Doce (Figura 3),

cuja área de drenagem é de aproximadamente 86.715 km², dos quais 86%

pertencem ao estado de Minas Gerais e o restante ao Espírito Santo, no total de

15.088 km² (IEMA, acesso em 18 ago. 2014). Os principais cursos d’água que

compõem a rede de drenagem do município são o Rio Doce, Rio Guandu, Rio

Laje e o Rio Mutum (INCAPER, 2011).

Page 19: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

15

Figura 3 - Bacia Hidrográfica do Doce. Fonte: CPRM, acesso em 18 ago. 2014.

Influenciado pelas condições geológicas, geomorfológicas e pedológicas, o

município de Baixo Guandu conta com uma variedade de rios e riachos de

pequeno ou médio porte, com leitos bem encaixados e muitos nascendo dentro

do próprio território.

Grande parte desses mananciais menores são importantes para agricultura, uma

vez que as águas são usadas para irrigação. Porém, alguns desses estão sujeitos

à diminuição da capacidade em decorrência de períodos de estiagem

prolongados, que às vezes se estende por um período de até sete meses, e nos

quais a temperatura máxima media chega a atingir 33,6°C (INCAPER, 2011).

Page 20: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

16

5.2 GEOLOGIA

O Estado do Espírito Santo está localizado na Província Mantiqueira. Esta

Província é uma entidade geotectônica instalada a leste dos crátons São

Francisco e Rio de La Plata/Paraná, ao final do Neoproterozóico e início do

Paleozóico. Estende-se por cerca de 3.000 km com orientação NNE–SSW ao

longo da costa atlântica, de Montevidéu (Uruguai) ao sul da Bahia (BIZZI et al.,

2003).

Conforme Figura 4, os orógenos que compõe a Província Mantiqueira são:

Araçuaí, Brasília Sul, Ribeira, Apiaí e Dom Feliciano (Heilbron et al. apud REIS,

2008, p.25). A região de Baixo Guandu está localizada o orógeno Araçuaí – Doce

(CPRM, apud ANDRÉ, 2007).

Figura 4 - Compartimentação da Província Mantiqueira. Fonte: Heilbron et al. (apud REIS, 2008, p.25).

Page 21: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

17

O Orógeno Araçuaí – Doce é marcado na bacia do Rio Doce pelo magmatismo

pré a póstectônico e, litologicamente, é representado por corpos granitóides, em

geral calci-alcalinos, de composição variada, pouco a muito foliados, gnáissicos

ou não (CBH-DOCE, 2005).

No contexto regional, a área do município de Baixo Guandu abrange unidade com

registro de idades Criogeniano, Neoproterozóico III, Cambriano, Terciário e

Quaternário (LEITE et al., 2004). No Quadro 1, é apresentado as unidades

estratigráficas que são encontradas na região ao entorno da área de estudo.

EON ERA PERÍODO UNIDADES

Proterozóico Neoproterózoico

Criogeniano Complexo Paraíba do Sul.

Neoproterozóico III

Granitóides Pré a Sincolisionais; Granitóides Pré-colisionais; Granitóides Sincolisionais.

Fanerozóico

Paleozóico Cambriano Granitóides Pós-colisionais.

Cenozóico

Terciário Coberturas Detrito-Lateríticas.

Quaternário Depósitos aluvionares recentes; Depósitos Aluvionares Antigos.

Quadro 1 - Unidades estratigráficas encontradas na região ao entorno da área de estudo. Fonte: Leite e outros (2004).

Constituição das unidades estratigráficas encontrados na região segundo Leite e

outros (2004):

• O Complexo Paraíba do Sul é constituído por paragnaisse aluminoso,

kinzigito, mica xisto, rocha calcissilicática, quartzito, mármore e anfibolito;

• Granitóide Pré a Sincolisional

Suíte Mascarenhas – Granitóides foliados a gnáissicos, dominantemente

metaluminosos, calcialcalinos, tipo I;

• Granitóides Pré-colisionais

Granodiorito-Tonalito Galiléia – É constituído por granitóides foliados a

gnáissicos, dominantemente metaluminosos, calcialcalinos, tipo I;

• Granitóides Pós-Colisionais

Page 22: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

18

Suíte Ibituba – Granitóides metaluminosos, calcialcalinos a alcalinos, tipo I

(charnockito Porfirítico);

Suíte Várzea Alegre – Granitóides metaluminosos, calcialcalinos de alto K,

tipo I e mafitos associados;

• Granitóide Simcolisional

Granito Nanuque – Granitóides pouco foliados a gnáissicos,

peraluminosos, calcialcalinos de alto K, tipo S;

• Coberturas Detrito-Lateríticas: Areia com níveis de argila e cascalho e

crosta lateritica;

• Depósitos Aluvionares Antigos: Areia com intercalações de argila e

cascalho e restos de matéria orgânica;

• Depósitos aluvionares recentes: Constituídos por areias com intercalações

de argila e cascalho, bem como restos de matéria orgânica.

Vale ressaltar que de acordo com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Doce (2007),

o Complexo Paraíba do Sul é apresentado com sendo do período toniano

diferente da classificação feita por Leite e outros, (2004).

A área degradada pela disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos

encontra-se inserida no Suíte Mascarenhas e próximo à área caracterizada como

Depósitos Aluvionares Antigos (Figura 5). Entretanto, conforme verificação “in

situ”, a área degradada está situada na zona de transição entre as duas unidades.

Page 23: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

19

Figura 5 - Geologia local. Fonte: Adaptado CPRM (Acesso em 28 ago. 2014).

5.3 GEOMORFOLOGIA

A caracterização geomorfológica da área de estudo foi feita com base no estudo

apresentado em 2012 pelo INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES (IJSN)

juntamente com o Departamento de Geografia da Universidade Federal do

Espírito Santo – UFES, e nos dados coletados “in locu”.

Page 24: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

20

5.3.1 Morfoestruturas

De acordo com o IJSN (2012) o município de Baixo Guandu contempla as

seguintes morfoestruturas: faixa de dobramentos remobilizadas ao sul da região e

maciços plutônicos ao norte.

As faixas de dobramentos remobilizadas caracterizam-se pelas evidências de

movimentos crustais, com marcas de falhas, deslocamentos de blocos e

falhamentos transversos, impondo nítido controle estrutural sobre a morfologia

atual. Já os maciços plutônicos destacam-se pela ocorrência de grandes massas

intrusivas predominantemente ácidas de idades diferentes, correspondentes a

suítes intrudidas em rochas proterozóicas de litoestruturas variáveis (IJSN, 2012).

5.3.2 Regiões Geomorfológicas

O Domínio Morfoestrutural da faixa de dobramentos remobilizadas é representado

pelas regiões de planaltos da mantiqueira setentrional. Esse tipo de formação

planáltica possui aspecto montanhoso fortemente dissecado, incluindo altitudes

variadas dispostas geralmente em níveis altimétricos relacionados com as fases

de dissecação comandadas pelos rios, adaptados às fraquezas litológicas e

estruturais.

Os maciços plutônicos são caracterizados pelas regiões de planaltos soerguidos.

Essas áreas são afetadas por agentes erosivos principalmente relacionados a

oscilações climáticas e variação de níveis de base dos rios envoltos. Constituem-

se de maciços residuais elevados assinalados por pontões rochosos e localmente

por restos de topos parcialmente conservados.

5.3.3 Unidades Geomorfológicas

O relevo do município de Baixo Guandu é caracterizado por quatro unidades

geomorfológicas, sendo o bloco montanhoso central encontrado na margem

Page 25: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

21

esquerda do Rio Doce, os maciços do Caparaó I e II na margem direita e os

patamares escalonados do sul capixaba são observados em ambas as margens

do Rio.

Bloco Montanhoso Central

O Bloco Montanhoso Central deve-se ao realce dos diversos núcleos plutônicos a

partir de retomadas erosivas devido ao abaixamento dos níveis de base da

drenagem em consequência de oscilações climáticas e movimentações

estruturais.

Maciços do Caparaó I e II

Os Maciços do Caparaó I e II caracterizam-se por um modelado intensamente

dissecado com altitudes médias em torno de 600m, destacado por grandes

elevações maciças, algumas superiores a 2.000 metros de altitude. A conjugação

de influencias dos eventos tectônicos sobre essas rochas e de climas

predominantemente úmidos é percebida nas formas de dissecação intensamente

orientadas por falhas intercruzadas, escarpas adaptadas e falhas e elevações

residuais.

Observa-se a exposição local do embasamento, formando pontões rochosos,

relacionados com intrusões de grandes corpos graníticos, ou formando

semicírculos realçados por processos de descamação (IBGE, 1987).

Os condicionamentos estruturais e climatológicos influenciaram também nos

processos de desintegração das rochas, favorecendo a evolução de um regolito

intemperizado contendo localmente latossolos profundos e solos “litólicos” mais

recentes nos sopés das elevações e as baixas encostas, onde geralmente

existem coluviões. Durante os períodos chuvosos tais áreas sujeitam-se a

processos morfondinâmicos intensos, sendo esse processo influenciado pelo grau

de declividade das encostas e cobertura vegetal (IBGE, 1987).

Page 26: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

22

Patamares Escalonados do Sul Capixaba

Distingui-se das demais áreas da região Sul Capixaba por ressaltar níveis de

dissecação escalonados formando patamares, delimitados por frentes escarpadas

adaptadas a falhas voltadas para noroeste e com caimento topográfico para

sudeste, sugerindo blocos basculados em decorrência de impulsos epirogenéticos

relacionados com a atuação dos ciclos geotectônicos.

Devido ao relevo marcado por encostas íngremes, são comuns os problemas de

instabilidade, provocados por movimentos de massa generalizados, ocasionados

pelo avanço da ocupação do espaço. Este deslizamento de terra possibilita a

colmatação de alguns vales ou a formação de colúvios depositados geralmente

na parte inferior das encostas (IBGE, 1987).

Na parte oeste desta unidade, próximo a Baixo Guandu e ao limite com os

Maciços do Caparaó I, notam-se colinas com topos concordantes relacionados

com a dissecação de um antigo plano representado por um patamar a cerca de

20 m acima dos vales. Há trechos em que a vegetação se assemelha a Estepe,

observando-se muita pedregosidade com espraiamento de blocos de quartzo,

constituindo solos rasos, desenvolvidos sobre rampas arenosas cortadas por

vales (IBGE, 1987).

5.3.4 Modelados

Modelos de acumulação fluvial são encontrados nas margens do Rio doce, com

prolongamento em direção ao Rio Guandu. Estas áreas são caracterizadas por

áreas planas resultante de acumulação fluvial sujeita a inundações periódicas,

correspondentes às várzeas atuais. Ocorre nos vales com preenchimento aluvial.

Page 27: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

23

5.3.5 Geomorfologia Local

A área degradada está localizada no Domínio Morfoestrutural denominado faixas

de dobramentos remobilizadas. A região a leste do aterro faz parte da unidade

geomorfológica descrita como patamares escalonados do sul capixaba e a região

a oeste da unidade maciços do Caparaó I.

A área de estudo possui relevo suave ondulado a plano (Figura 6) e, encontra-se

na zona de transição entre a unidade geomorfológica patamares escalonados do

sul capixaba e maciços do Caparaó I, com acumulação fluvial entre estas (Figura 7

- Unidades geomorfológicas.Figura 7).

Figura 6 - Relevo do local.

Page 28: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

24

Figura 7 - Unidades geomorfológicas. Fonte: Adaptado IJSN (2012).

5.4 PEDOLOGIA

De acordo com o mapa de solos do Brasil apresentado pelo IBGE (2001), no

município de Baixo Guandu são predominantes os seguintes tipos de solos:

latossolo vermelho-amarelo distrófico, argissolo vermelho eutrófico e argissolo

vermelho-amarelo eutrófico. Segundo INCAPER (2011) o solo com maior

ocorrência no município é o latossolo vermelho-amarelo distrófico, com fertilidade

média e acidez moderada, pH em torno de 5,0.

Page 29: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

25

O latossolo compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B

latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte

diagnóstico superficial, exceto hístico. São solos em avançado estágio de

intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no

material constitutivo (EMBRAPA, 2006).

Argissolos são solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B

textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade baixa ou com

argila de atividade alta conjugada com saturação por bases baixa e/ou caráter

alítico na maior parte do horizonte B, e satisfazendo, ainda, os seguintes

requisitos (EMBRAPA, 2006):

a) Horizonte plíntico, se presente, não satisfaz os critérios para Plintossolo;

b) Horizonte glei, se presente, não satisfaz os critérios para Gleissolo.

Na área observam-se solos pouco desenvolvidos, que ainda apresentam

características do material originário (rocha) evidenciado pela presença de

minerais primários (Figura 8). De acordo com Santos (2004) solos pouco

profundos como o encontrado na área, facilitam a infiltração e o transporte dos

contaminantes para o aquífero.

Page 30: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

26

Figura 8 - Perfil com presença de material primário.

Nas cotas mais elevadas da área, o regolito é formado por um solo argiloso com

pedregulhos de quartzo nas camadas superficiais (Figura 9) e, nas cotas

inferiores o solo também é argiloso, porém, sem a presença de pedregulhos

(Figura 10). Vale ressaltar que a camada de solo com estas características varia

de 0,20 a 0,60 metros. Abaixo desta categoria o solo apresenta composição

variada segundo relatório de sondagem (Anexo A) feito pela construtora Eltecom

(2008):

• Silte com argila e areia média;

• Silte com areia média;

• Argila arenosa com pedregulhos;

• Silte com pedregulhos;

• Silte com areia grossa;

• Argila com areia média;

• Argila siltosa com areia média.

Page 31: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

27

Figura 9 - Solo argiloso com pedregulhos.

Pedregulhos

Camada de argila

Page 32: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

28

Figura 10 - Solo argiloso sem pedregulhos.

O processo de intemperismo alterou profundamente a rocha matriz formando uma

camada expeça de saprólito conforme Figura 11. Esta camada apresenta muitas

fraturas, as quais são as principais entradas de água para o aquífero fissural

encontrado na região.

Page 33: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

29

Figura 11 - Rocha matriz alterada pelo intemperismo.

5.5 CLIMATOLOGIA

De acordo como o INCAPER (2011) Baixo Guandu é dividido em cinco zonas

naturais (Zona 1, Zona 2, Zona 3, Zona 6 e Zona 9). A área contaminada

encontra-se inserida na zona 9, que é caracterizada por terras quentes, planas e

secas. A temperatura média mínima do mês mais frio situa-se entre 11,8°C -

18,0°C e a média máxima do mês mais quente entre 30,7°C - 34,0°C.

A referida zona possui oito meses secos, dos quais 4 são considerados

parcialmente secos (janeiro, fevereiro, março e outubro) e o período

compreendido entre abril e setembro é considerado seco. Vale ressaltar que

segundo a metodologia utilizada pelo INCAPER (2011) cada 2 meses

parcialmente secos são contados como um mês seco. Os meses de novembro e

dezembro são chuvosos, e a precipitação média anual é de 948 mm, sendo julho

Célula em uso

Page 34: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

30

o mês mais seco, quando ocorrem apenas 21,0 mm. Em dezembro, o mês mais

chuvoso, a precipitação média é de 211,3 mm (INCAPER, 2011).

O regime pluviométrico mostrado na Figura 12 refere-se aos dados coletados no

município vizinho de Baixo Guandu, Itaguaçu-ES. A estação Itaimbé é de

responsabilidade da ANA e operada pelo CPRM (código da estação 1940012). O

período de amostragem para esta estação compreende os anos entre 1958 e

2005.

Na Figura 13 é apresentado os dados pluviométricos da estação Baixo Guandu

operada pelo CPRM e de responsabilidade da ANA (código da estação 1941003).

Os dados são referentes ao período compreendido entre 1942 e 2005. É possível

observar na Figura 13a que os maiores índices pluviométricos são registrados nos

meses de novembro, dezembro e janeiro.

Em ambas as Figuras (12 e 13) pode-se observar que em 1963 o volume de

chuva registrado na região foi baixo, inferior a normal climatológica,

caracterizando um ano seco.

Page 35: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

31

Figura 12 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação Itaimbé em Itaguaçu – ES (1958-2005).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

50

100

150

200PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL

Mês

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800PRECIPITAÇÃO ANUAL

Ano

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

a

b

Page 36: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

32

Figura 13 - Precipitação média mensal (a) e precipitação anual (b) estação Baixo Guandu (1942-2005).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

50

100

150

200PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL

Mês

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010200

400

600

800

1000

1200

1400

1600PRECIPITAÇÃO ANUAL

Ano

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

a

b

Page 37: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

33

6 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

6.1 FAUNA

O levantamento faunístico da área contemplada foi realizado por meio de

observações visuais seguidas por consulta bibliográfica.

Foi registrada a ocorrência de um grande número de espécies de aves, entre as

quais, destacam-se: Speoto cunicularia (coruja), Poliborus plancus (gavião

carcará), Melanerpes caudidus (pica-pau branco), Sicalis flaveola (canário-da-

terra), Guira guira (anu branco), Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi), Passer

domesticus (Pardal), Coragyps atratus (urubu), Columba livia (pombo), Cariama

cristata (Siriema), Sicalis Flaveola (canário), Columbina passerina (rolinha),

Progne tapera (andorinha), Sporophila caerulescens.(coleirinho), Cantorchilus

griseus (garrincha) e Vanellus chilensis quero-quero.

Foram identificadas algumas espécies de mamíferos que habitam ambientes

abertos na área contemplada. São elas: Didelhis aurita (gambá), Platyrrhinus

recifinus (morcego) e Rattus norvegicus (rato). As espécies de répteis registradas

na área foram: Ameiva ameiva (calango verde), Hemidacthylus mabouia

(lagartixa), Placosome cipoense (lagarto), Phylodryas olfersii (cobra verde) e

Oxyrhopus guibei (coral falsa).

No que se refere aos invertebrados, foram identificadas as seguintes ordens:

Coleoptera (besouros), Blatariae (baratas), Dptera (mosquitos), Aracnida (aranha)

e Lepdoptera (borboletas). Também foi registrada uma espécie da ordem

Scorpiones – Tityus serrulatus (escorpião amarelo).

6.2 FLORA

A área contemplada apresenta-se bastante alterada pela ação antrópica. A

vegetação original do território do município é a Mata Atlântica em transição com

cerrado. No entanto, a região de Baixo Guandu vem observando, há décadas,

Page 38: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

34

profundas alterações ambientais oriundas, principalmente, de um intenso

processo de atividades extrativas minerais e do desmatamento objetivando a

expansão agropecuária. Isso gerou e segue favorecendo uma grande mudança

paisagística, reduzindo áreas verdes de vegetação nativa em pequenos

fragmentos em meio a áreas abertas de pastagem. Assim sendo, áreas

florestadas são praticamente inexistentes e o município está inserido em uma

região pouco estudada em termos faunístico e florístico, não havendo muita

informação sobre a flora e a fauna original.

No entorno do local, existe uma pequena área de capoeira, fisionomia vegetal

descrita por Veloso e outros (1992) como capoeira rala formada basicamente por

árvores com altura entre 3 e 6 metros. São raros os exemplos de árvores

testemunhas da vegetação da mata natural representadas pela presença esparsa

de algumas espécies nos pastos. Entre essas espécies, destacam-se: Gallesia

integrifólia (pau d’alho), Ramisia brasiliensis (Maria pobre), Miracrodruon

urunduva (aroeira), Alseis floribunda (vareteira), Cnidosculus pubenscens

(cansanção), Anadenathera grandilorum (angico vermelho), Genipa americano

(genipapo), Petthoflorum dubium (angico d’água) e Parkinsonia aculeata (Espinho

de Jerusalém).

As formações vegetais associadas aos afloramentos rochosos são, em sua

maioria, compostas por espécies de Cactáceas.

Apesar de apresentar espécies de árvores, a área contemplada e seus arredores

são tipicamente áreas de pastagem onde estão presentes uma grande quantidade

de gramíneas. Entre elas, destacam-se: Panicum maximum (colonião), Brachiaria

decumbs (braquiária) e Rissinus comunis (mamona).

7 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO

A caracterização do meio antrópico, no que se refere aos aspectos

socioeconômicos e de educação do município de Baixo Guandu, foi feita como

Page 39: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

35

base nos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(Acesso em set. 2014).

7.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

O Produto Interno Bruto (PIB) de Baixo Guandu é o 27º maior do Estado do

Espírito Santo, destacando-se na área de prestação de serviços. Na economia

destacam-se a indústria, o cultivo de café, agropecuária, turismo, extração e

exportação de rochas ornamentais.

Essencialmente primária, a agropecuária, o cultivo de café e a exploração de

rochas ornamentais como o mármore e o granito são à base de sua economia.

Possui um setor terciário relativamente desenvolvido, contudo direcionado ao

mercado local.

O desenvolvimento industrial vem sendo incentivado pelo governo municipal que,

em parceria com o Governo Federal e a Federação das Indústrias do Espírito

Santo (FINDES), oferece cursos de qualificação e capacitação técnica, auxiliando

na formação de mão de obra especializada. Recentemente, foi implantada no

município uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI).

O comércio sempre foi uma das principais fontes de renda da cidade e se vê

fortalecido desde a época da chegada da Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM),

sendo que, juntamente com o setor de prestação de serviços, foi um dos

responsáveis pelo desenvolvimento social e econômico observado nos últimos

anos.

A cidade abriga a maior usina hidrelétrica do Espírito Santo (EDP), de grande

porte, situada no distrito de Mascarenhas, inaugurada em 1974.

Page 40: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

36

7.2 EDUCAÇÃO

Na área da educação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)

médio entre as escolas públicas de Baixo Guandu era, no ano de 2011, de 4,9

(numa escala de avaliação que vai de nota 1 à 10), sendo que a nota obtida por

alunos do 5º ano (antiga 4ª série) foi de 5,1 e do 9º ano (antiga 8ª série) foi de 4,2;

o valor das escolas públicas de todo o Brasil era de 4,0. Em 2010, 2,81% das

crianças com faixa etária entre seis e quatorze anos não estavam cursando o

ensino fundamental. A taxa de conclusão, entre jovens de 15 a 17 anos, era de

71,7% e o percentual de alfabetização de jovens e adolescentes entre 15 e 24

anos era de 98,5%.

A distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com idade

superior à recomendada, era de 9,2% para os anos iniciais e 15,9% nos anos

finais e, no ensino médio, a defasagem chegava a 25,4%. Dentre os habitantes de

18 anos ou mais, 46,30% tinham completado o ensino fundamental e 30,11% o

ensino médio, sendo que a população tinha em média 9,87 anos esperados de

estudo.

Em 2010, de acordo com dados da amostra do censo demográfico, da população

total, 7.820 habitantes frequentavam creche e/ou escolas. Desse total, 418

frequentavam creches, 665 estavam no ensino pré-escolar, 253 na classe de

alfabetização, 117 na alfabetização de jovens e adultos, 4.196 no ensino

fundamental, 1.282 no ensino médio, 211 na educação de jovens e adultos do

ensino fundamental, 206 na educação de jovens e adultos do ensino médio, 106

na especialização de nível superior e 366 em cursos superiores de graduação.

21.261 pessoas não frequentavam unidades escolares, sendo que 3.031 nunca

haviam frequentado e 18.230 haviam frequentado alguma vez.

O município contava em 2012 com 5.784 matrículas nas instituições de ensino da

cidade, sendo que dentre as 41 escolas que ofereciam ensino fundamental, 18

pertenciam à rede pública estadual, 21 à rede pública municipal e duas às redes

Page 41: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

37

privadas. Dentre as quatro escolas que forneciam o ensino médio, três pertenciam

à rede estadual e uma à rede privada.

8 AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR DA ÁREA A SER

RECUPERADA

8.1 HISTÓRICO DA ÁREA

A disposição de resíduos sólidos, na área a ser recuperada na cidade de Baixo

Guandu, iniciou no ano de 1998 conforme dados da prefeitura. Entretanto, o

aterro foi operado como “Lixão”.

De 1998 a 2010 os resíduos sólidos foram dispostos na célula que hoje se

encontra encerrada (Ponto A). A partir de 2010 iniciou-se a disposição dos

resíduos em um novo ponto dentro da mesma área (Ponto B), e atualmente o

ponto B encontra-se em operação (Figura 14 e Figura 15).

Nas imagens do Anexo B é possível observar a evolução da ocupação de área de

2003 a 2014.

Page 42: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

38

Figura 14 - Vista aérea do Ponto A e Ponto B. Fonte: Google Earth (2014).

Figura 15 - Ponto A e Ponto B. Fonte: IEMA (2013).

Ponto B

Ponto A

Ponto B Ponto A

Page 43: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

39

Como observado na Figura 16, antes da disposição dos resíduos no ponto B

ocorreu à abertura de cava com aproximadamente 1,5 m de profundidade e a

instalação do sistema de drenos de gases o qual não avançou com o crescimento

da célula (Figura 17).

Figura 16 - Disposição de resíduos sólidos no ponto B. Fonte: IEMA (2011).

Figura 17 - Dreno de gases no ponto B. Fonte: IEMA (2011).

Dreno de gases

Page 44: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

40

A área a ser recuperada é utilizada pela prefeitura municipal de Baixo Guandu,

pela comunidade e empresas para a disposição de resíduos sólidos. Segundo

relatos de Ribeiro (2014), uma trabalhadora que atuou no local de 1998 a 2014,

foram dispostos na área resíduos da construção civil, resíduos do serviço de

saúde, resíduos domiciliares, pneus, embalagens de óleo lubrificante, produtos

eletroeletrônicos e seus componentes, lâmpadas diversas, carcaça de animais,

pilhas e baterias. Ainda de acordo com a trabalhadora, os remédios que

chegavam ao lixão eram enterrados em valas escavadas em pontos aleatórios, os

pneus eram utilizados na estabilização dos taludes dos maciços de resíduos.

Para a disposição dos resíduos no ponto A houve a abertura de uma cava “muito

profunda” segundo Ribeiro (2014) bem como a instalação do sistema de

drenagem dos gases. O recobrimento dos resíduos no ponto A era realizado

constantemente, porém, não foi evidenciada a periodicidade com que esta ação

ocorria. Outra prática comum, relatada por Ribeiro (2014), era à queima dos

resíduos.

Na Figura 18 é mostrado o acumulo de ossos de animais, já nas Figura 19 e

Figura 20 observa-se o escoamento superficial e acumulo de chorume no ponto

B. Também na Figura 19 mostra-se a disposição de eletroeletrônicos.

Page 45: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

41

Figura 18 - Carcaça de animais. Fonte: IEMA (2011).

Figura 19 - Equipamentos eletroeletrônicos e acumulo de chorume (Ponto B). Fonte: IEMA (2011).

Eletroeletrônicos

Ossos

Page 46: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

42

Figura 20 - Acumulo de chorume no solo (Ponto B). Fonte: IEMA (2011).

Na Figura 21 é apresentado a disposição de resíduos provenientes de oficina

mecânica.

Figura 21 - Disposição de resíduos de oficina mecânica no ponto B. Fonte: IEMA (2011).

Resíduos de oficina

mecânica

Page 47: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

43

Salienta-se que a partir da celebração do Termo de Compromisso Ambiental em

2013, a revitalização da área vem ocorrendo bem como alguns controles

ambientais passaram a ser aplicados: cercamento da área; implementação do

sistema de drenagem das águas pluviais e gases; retaludamento e conformação

do maciço; recobrimento regular dos resíduos; proibição do descarte na área de

resíduos perigosos (lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, pneus, resíduos do

serviço de saúde, resíduos e embalagem de agrotóxicos e óleos lubrificantes,

produtos eletroeletrônicos e seus componentes, etc.), entre outros.

O material inerte utilizado para o recobrimento dos resíduos de ambos os pontos,

A e B, é proveniente da área objeto deste PRAD, conforme destacado na Figura

22 e no Apêndice A.

Figura 22 - Ponto de retirado do material inerte ao lado do ponto B. Fonte: IEMA (2013).

Neste particular, como o empreendimento não apresenta o sistema de

impermeabilização de base, toda a área está sujeita a contaminação das águas

subterrâneas.

Local de retirada

do material inerte

Page 48: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

44

8.2 LEVANTAMENTO PRELIMINAR

8.2.1 Volume da Massa de Resíduos Dispostos no Local

Para determinar o volume da massa de resíduos dispostos no local, fez-se

necessário estimar a geração de resíduos sólidos ao longo do período de

utilização da área (1998-2014). Esta estimativa exige inicialmente uma projeção

da populacional para o período estudado, seguida de uma projeção da geração

de resíduos sólidos do município para o mesmo período.

O estudo de evolução populacional visa estimar a população do município no

período entre 1998 e 2014. Nos casos de municípios que não possuem estudos

populacionais atuais, pode-se realizar uma projeção da população por meio de

métodos matemáticos ou estatísticos, como o método crescimento aritmético, ou

o do crescimento geométrico. Todos estes métodos se baseiam nos dados

históricos de população, como os dados censitários produzidos pelo IBGE

(BRASIL, 2013).

O método utilizado para projeção da população foi o geométrico, cujo modelo de

crescimento da população é dado por uma progressão geométrica, sendo a curva

representativa de evolução de população uma parábola. Analiticamente, a fórmula

que traduz este crescimento é dada pela Expressão 1.

�� = ��. (1 + )(�� ��) (1)

onde, k - taxa de crescimento anual médio;

P2 - população do ano 2;

P1 - população do ano 1;

t2 - ano 2;

t1 - ano 1.

A taxa de crescimento anual médio da população pode ser determinada pela

Equação 2.

Page 49: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

45

= ��������

(�����)� − 1 (2)

Na Tabela 1 é indicado a população total do município de Baixo Guandu de

acordo com o senso demográfico realizado pelo IBGE e sua respectiva taxa de

crescimento médio obtido a partir da Equação 2. Salienta-se que foi considerado

a população total do município, pois os resíduos gerados pela população da zona

rural também são coletados e dispostos na área a ser recuperada.

Tabela 1 - População e taxa de crescimento.

Ano População Total Taxa crescimento (%)

1996 26.580 - 2000 27.819 1,15 2010 29.081 0,44 2014 31.298 1,85

A partir da Expressão 1 foi feito a projeção da população conforme Tabela 2, e a

partir desses dados determinou-se a geração de resíduos sólidos domiciliares do

município, para o mesmo período, considerando a geração per capta de 0,71

Kg/hab/dia. O volume da massa de resíduos compactado no aterro foi obtido

através da Fórmula 3 adotando o peso específico do resíduo compactado como

sendo 450 Kg/m³ (CARMO JR, acesso em 24 jun. 2014). Salienta-se que o peso

específico do resíduo pode variar em função do grau de compactação e, segundo

Martins (2006) para resíduos medianamente compactados o valor está situado

entre 350 e 900 Kg.m-3.

PE

GaVM

r= (3)

em que, VMr - volume da massa de resíduos compactados, em m³;

Ga - geração anual,em ton;

PE - peso específico do resíduo compactado, em ton/m³.

Page 50: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

46

Tabela 2 - Geração e volume da massa de resíduos.

Ano População

Total Geração diária

(ton/dia) Geração anual

(ton/ano)

Vol. da massa de resíduos

(m³/ano)*

Vol. acumulado da massa de

resíduos (m³)*

1998 27192 19,3 7047 15660 15660

1999 27504 19,5 7128 15839 31499

2000 27819 19,8 7209 16021 47520

2001 27943 19,8 7241 16092 63612

2002 28067 19,9 7274 16163 79775

2003 28192 20,0 7306 16235 96010

2004 28317 20,1 7338 16307 112318

2005 28443 20,2 7371 16380 128698

2006 28569 20,3 7404 16453 145151

2007 28697 20,4 7437 16526 161677

2008 28824 20,5 7470 16599 178276

2009 28952 20,6 7503 16673 194949

2010 29081 20,6 7536 16747 211697

2011 29620 21,0 7676 17058 228755

2012 30169 21,4 7818 17374 246129

2013 30728 21,8 7963 17696 263825

2014 31298 22,2 5444** 12098 275923

* Volume de resíduos compactando no aterro **Volume gerado até agosto de 2014

É importante ressaltar que o volume acumulado da massa de resíduos

apresentado na Tabela 2 contempla apenas os resíduos sólidos domiciliares

dispostos nos pontos A e B. Portanto, o volume do maciço de resíduos (ponto A e

ponto B) é superior, tendo em vista a disposição de outros tipos de resíduos no

local como já mencionado, além dos resíduos sólidos domiciliares.

8.2.2 Profundidade da Cava de Disposição de Resíduos

Segundo Ribeiro (2014) no ponto A foi aberto uma cava para a disposição dos

resíduos. Entretanto, não foi possível determinar a profundidade da mesma. Já,

no ponto B a cava tem aproximadamente 1,50 metros de profundidade.

Page 51: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

47

8.2.3 Permeabilidade do Solo

A avaliação da permeabilidade do solo é feita através do coeficiente de

permeabilidade ou condutividade hidráulica. O coeficiente de permeabilidade é a

velocidade de descarga de um fluído que atravessa uma seção unitária de solo.

Salienta-se, a importância de estudo detalhado sobre o parâmetro hidrogeológico,

coeficiente de permeabilidade, no que tange a avaliação do risco de

contaminação das águas subterrâneas.

Segundo Hillel (apud PIZARRO, 2009) o coeficiente de permeabilidade é

influenciado pelo tamanho e a forma das partículas, espaços vazios, composição,

textura, grau de saturação, geometria dos poros e propriedades do fluído

(viscosidade e massa específica). Neste contexto, é possível que o mesmo solo

apresente coeficiente de permeabilidade diferente em função da contaminação

pela disposição de resíduos sólidos.

A Tabela 3 mostra a classificação dos solos segundo os valores de seus

coeficientes de permeabilidade.

Tabela 3 - Grua de permeabilidade dos solos em função do coeficiente de permeabilidade K.

Grau de permeabilidade Valor de K (cm/s) Elevado Superior a 10-1 Médio 10-1 a 10-3 Baixo 10-3 a 10-5 Muito baixo 10-5 a 10-7 Praticamente impermeável Menos que 10-7

Fonte: Lambe e Whitman (apud SANTOS, 2006, p. 35).

Na Tabela 4 são apresentados os valores do coeficiente de permeabilidade para

alguns tipos de solo.

Page 52: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

48

Tabela 4 - Coeficiente de permeabilidade. Fração de solo Valor de K (cm/s)

Argilas Menor que 10-7 Siltes 10-4 a 10-7 Areias argilosas 10-5 Areias finas 10-3 Areias médias 10-2 Areias grossas 10-1

Caputo (apud PAZZETO, 2009, p. 25).

Considerando que os solos argilosos apresentam permeabilidade muito baixa,

observa-se que a primeira camada do solo, da área em questão, atua como uma

barreira reduzindo a velocidade de transito dos contaminantes, diminuindo assim,

o volume da pluma de contaminação. Entretanto, a remoção desta camada, como

observado na área, favorece o avança da pluma, tendo em vista a maior

permeabilidade das camadas adjacentes do solo, principalmente na interface

entre o saprólito e a rocha sã (CHILTON; FOSTER, apud NEVES, 2005, p. 89).

8.2.4 Possíveis Impactos Sobre o Solo e os Recursos Hídricos

Sob o aspecto ambiental, de preservação das águas subterrâneas e dos solos, o

aspecto mais importante é a questão do chorume. A decomposição anaeróbica da

matéria orgânica presente nos resíduos sólidos produz gases e chorume. Os

gases gerados são o sulfídrico, metano, e mercaptano, que possuem odor

desagradável, sendo o metano inflamável com risco de provocar explosões. O

chorume é um líquido negro formado por compostos orgânicos e inorgânicos,

apresenta altas concentrações de matéria orgânica e metais pesados. A

infiltração do chorume contamina o solo e pode atingir a água subterrânea (ANA,

2005).

A destinação dos resíduos produzidos é, portanto, uma questão crítica sob o

ponto de vista do meio ambiente e da saúde humana. O lixão é uma forma

inadequada de disposição final de resíduos sólidos sem medidas de proteção ao

meio ambiente ou à saúde pública. Os resíduos lançados nos lixões acarretam

problemas à saúde pública, como proliferação de vetores de doenças, geração de

Page 53: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

49

maus odores, e, principalmente, poluição do solo e das águas subterrânea e

superficial (ANA, 2005).

Estudo realizado em um lixão instalado em Belo Horizonte, que funcionou de

1967 a 1972, revelou elevado índice de contaminação de metais (Al, Ba, Fe, Mn,

Ni e Pb) na água subterrânea sob o lixão (COSTA, 2004). O autor avaliou também

a composição do chorume gerado em um aterro sanitário, na mesma região, e

constatou elevadíssimas concentrações dos mais variados metais, além de altas

taxas de contaminação bacteriológica.

A pesquisa feita por Santos (2004) em lixão, situado em Feira de Santana (BA),

revelou que entre 27 parâmetros analisados, apenas nitrito, cromo total e

mercúrio situaram se dentro dos valores máximos permitidos para potabilidade da

água. Destacaram-se os altos valores obtidos para condutividade, cloreto, sódio,

magnésio, sólidos totais e bicarbonatos. Foram observados altos valores de DBO,

indicativos da contaminação orgânica. Por outro lado, no caso do grupo dos

metais pesados, apenas o chumbo e o ferro apresentaram valores

significativamente elevados. As concentrações de alguns metais pesados no

chorume (chumbo, cobre, mercúrio, cromo, cádmio) foram baixas, com valores

inferiores a 0,1 mg/L.

Com base nos valores encontrados, Santos (2004) afirma que as águas

subterrâneas da área do aterro tiveram sua composição alterada pela lixiviação

de compostos provenientes do resíduo disposto no local. Entretanto, não foram

contaminadas por metais pesados (ex: cádmio, chumbo e mercúrio). O autor

atribui este fato a baixa quantidade de resíduos industriais e/ou perigosos nos

resíduos sólidos gerados no município e dispostos no aterro municipal.

A partir dos resultados apresentados por Costa (2004) e Santos (2004) é possível

concluir que, provavelmente, a água subterrânea bem como o solo sob o aterro

municipal de Baixo Guandu tenham sido contaminados pela disposição

inadequada de resíduos sólidos. Logo, a contaminação ou não da área será

confirmada na fase de investigação confirmatória.

Page 54: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

50

8.2.5 Tempo de Desativação da Atividade no Local

Conforme mencionado o ponto A está desativado a aproximadamente 4 anos, ou

seja, não é realizada a disposição de resíduos sólidos neste ponto. No entanto, o

ponto B permanece recebendo resíduos sólidos urbanos desde 2010.

8.3 LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO

No aterro não há catação de resíduos sólidos nem residência, a residência mais

próxima da área a ser recuperada encontra-se distante aproximadamente 230

metros e, está localizada no Bairro Valparaíso pertencente à Sede do Município.

8.4 LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO GEORREFERENCIADO

8.4.1 Mapa de Uso e Cobertura do Solo

As características de uso e cobertura do solo foram levantadas considerando-se

um raio de 1000 m no entorno da área a ser recuperada (APÊNDICE B). O solo

ao redor do aterro é utilizado, principalmente, para pecuária e,

consequentemente, a cobertura predominante é a pastagem formada com

gramíneas. Em alguns, pontos observa-se o desenvolvimento de capoeira rala

(vegetação semidecidual) intercalada com a pastagem.

Por se tratar de uma área plana não são observados pontos de erosão.

Entretanto, em função das condições climáticas locais, durante o período de seca,

a área de pastagem pode apresentar solo exposto. Como o solo da área é pouco

profundo, observa-se no local inúmeros pontos de afloramento rochoso.

Na área considerada (raio de 1000m) é possível observar a existência de um polo

industrial, distante aproximadamente 550 metros da área contaminada e a

presença cursos d’água. Entretanto, na área a ser recuperada não existe massa

d’água bem como área de preservação permanente (APP), o curso d’água mais

Page 55: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

51

próximo da área contaminada encontra-se distante 266 metros e apresenta

regime intermitente.

8.4.2 Área de Segurança Aeroportuária

No município de Baixo Guandu, próximo da divisa com o município de Aimorés –

MG na estrada ES 446 existe um aeródromo. O sistema de coordenadas

retangulares (UTM) de localização do aeródromo são 285735.44 O e 7848683.99

S. De acordo com a Resolução CONAMA n° 04, de 09 de outubro de 1995 o raio

da área de segurança aeroportuária (ASA) para o aeródromo em questão é de 13

km a partir do centro geométrico do mesmo. A área a ser recuperada está

distante, aproximadamente, 5,9 km do aeródromo, portanto, dentro da ASA

(APÊNDICE B).

8.4.3 Pontos de Captação de Água no Entorno da Área

Não foi evidenciado ponto de captação de água no entorno da área.

Page 56: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

52

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS (ANA). Centro de Recursos Hídricos. Panorama da Qualidade das Águas Subterrâneas no Brasil. Brasília: [s.n.], 2005. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 20 ago. 2014. ______. HidroWeb. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 18 set. 2014. ANDRÉ, J. L. F. Caracterização geoquímica dos maciços Várzea Alegre, Venda Nova e Aimorés: Contexto Geológico do Estado do Espírito Santo e uma abordagem ao mercado de rochas ornamentais. 2007. Monografia (Graduação em Geologia) – Departamento de Geociências, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, [S.I.]. BIZZI, L. A. et al. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil. Brasília: CPRM, 2003. BRASIL. Decreto Federal n° 97.632, de 10 de abril de 1989. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 12 abr. 1989. ______. Ministério do Meio Ambiente. Orientações para elaboração de Plano Simplificado de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos... Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.amunes.org.br/>. Acesso em: 25 ago. 2014. CARMO JR, G. N. R. Aterro Sanitário. Juiz de Fora, 20--. Disponível em: <www.ufjf.br/engsanitariaeambiental/files/2012/09/AS-_Aula-9.pdf >. Acesso em: 25 jun. 2014. CBH-DOCE. Diagnóstico Consolidado da Bacia. [S.I.], 2005. Disponível em: <http://www.riodoce.cbh.gov.br/Diagnostico2005.asp>. Acesso em: 10 set. 2014. COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS (CPRM). Sistema de Alerta contra cheias. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/alerta/site/municipios.html>. Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Unidade Geológico-Ambientais 1:1.000.000. Disponível em: <http://geobank.sa.cprm.gov.br>. Acesso em: 28 ago. 2014. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução n° 4, de 09 de outubro de 1995. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 11 dez. 1995. COSTA, W. D. Contaminação da Água Subterrânea por Resíduo Sólido no Município de Belo Horizonte – MG. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 13., 2004. São Paulo. Anais Eletrônicos... São Paulo: ABAS,

Page 57: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

53

2004. Disponível em: <http://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/issue/view/1186>. Acesso em: 20 out. 2014. ELTECOM. Relatório de Sondagem. Baixo Guandu, 2008. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2. Ed. Brasília, 2006. GOOGLE EARTH-MAPAS. Disponível em: <http://www.mapas.google.com.br>. Acesso em: 2 out. 2014. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico. Disponível em: <http:// www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 20 set. 2014. ______. Levantamento de Recursos Naturais: Folha SE.24 Rio Doce. Rio do Janeiro, v. 34, 1987. ______. Mapa de Solos do Brasil. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/tematicos/solos>. Acesso em: 03 set. 2014. INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (INCAPER). Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural PROATER 2011 – 2013: Baixo Guandu. 2011. Disponível em: <www.incaper.es.gov.br/proater/municipios/Noroeste/Baixo_Guandu.pdf>. Acesso em: 16 set. 2014. INSTITUTO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE (IEMA). Região hidrográfica do Rio Doce. Disponível em: <http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp>. Acesso em: 18 ago. 2014. LEITE, C. A. S. et al. Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. CPRM, Brasília, 2004. MARTINS, H. L. Avaliação da Resistência de Resíduos Sólidos Urbanos... 2006. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) - Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. MOURA, A. A. S. B. R. Riscos Ambientais à Saúde Ocupacional do Catador de Recicláveis em Goiânia. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2011. NEVES, M. A., Análise integrada aplicada a exploração de água subterrânea na bacia do rio Jundiaí – SP. 2005. Tese (Doutorado em Geologia Regional) – Pós- Graduação em Geologia Regional, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2005.

Page 58: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

54

PAZZETTO, M. B. Estudo da permeabilidade de solos argilosos disponíveis para recuperação de áreas degradadas pela mineração de carvão no sul de Santa Catarina. 2009. Monografia (Bacharel em Engenharia Civil) – Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, Santa Catarina, 2009. PIZARRO, M. L. P. Simulação de fluxo de água e transporte de solutos na zona não-saturada do solo pelo método de elementos finitos adaptativo. 2009. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) – Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade do São Paulo, São Carlos, 2009. REIS, M. M. Estudos hidrogeológicos para estabelecimento de área de proteção de fontes minerais. 2008. Processe de licenciamento para captação de água mineral, Domingos Martins. RIBEIRO, C. M. P. Histórico de ocupação da área. 2014. Baixo Guandu, 20 out. 2014. SANTOS, C. B. Caracterização do Impacto na Qualidade das Águas Subterrâneas, Causado Pela Disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos no Aterro Municipal da Cidade de Feira de Santana – BA. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade São Paulo, São Carlos. SANTOS, E. F. Estudo Comparativo de Diferentes Sistemas de Classificações Geotécnicas Aplicadas ao Solos Tropicais. 2006. Dissertação (Mestrado em Geoquímica e Meio Ambiente) - Programa de Pós-Graduação em Geoquímica e Meio Ambiente, Universidade Federal da Bahia, Salvador. TINÔCO, J. P. N. Gerenciamento do Lixo Urbano: Aspectos Técnicos e Operacionais. Viçosa, MG: Editora UFV, 2007. VELOSO, H.P. et al. Manual técnico da vegetação brasileira. IBGE, Rio de Janeiro, v.1, 1992.

Page 59: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

55

APÊNDICE A – Planta de Situação Georreferenciada

Page 60: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

56

APÊNDICE B – Planta de Uso e Cobertura do Solo e Área de Segurança

Aeroportuária

Page 61: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

57

ANEXO A – Sondagem

Page 62: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

58

ANEXO B – Evolução Histórica de Ocupação da Área

Figura 23 - Uso em 2003. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).

Figura 24 - Uso em 2005. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).

Page 63: PRAD PRIMEIRA FASE - amunes.com.br · ... Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce ... Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... fases conforme orientações do Termo de

59

Figura 25 - Uso em 2010. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).

Figura 26 - Uso em 2014. Fonte: Google Earth (Acesso em 23 out. 2014).