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20 º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia Acta Obstet Ginecol Port 2014;8(suplemento):33-110 33 Ginecologia 0025 ENDOMETRIOSE E TUMORES MUCINOSOS DO APÊNDICE – UMA ASSOCIAÇÃO? A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS Joana Sampaio 1 , Lucinda Calejo 2 , Sandra Soares 2 , Sónia Sousa 2 , Pedro Xavier 2 1. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal 2. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia - Unidade de Medicina da Reprodução, Hospital São João, Porto, Portugal Introdução: A Endometriose caracteriza-se por glân- dulas e estroma endometrial em localização extrauteri- na. A localização mais frequente dos implantes é pélvi- ca, podendo ocorrer praticamente em qualquer locali- zação. A prevalência global ronda os 6-10%. O envol- vimento apendicular é raro, ocorrendo em 2,8-4,1% dos casos de endometriose gastrointestinal. A maioria des- tas situações é assintomática, podendo manifestar-se como perfuração, invaginação ou apendicite. Diversos tipos de metaplasia podem ocorrer no epi- télio endometrial. O tipo mais frequente ocorre nas le- sões ováricas (tipo endocervical). Recentemente surgi- ram relatos de metaplasia intestinal em focos de endo- metriose apendicular, que histologicamente mimeti- zam as neoplasias bem diferenciadas do apêndice. Casos Clínicos: CASO 1: 30 anos, primigesta, endo- metriose e infertilidade 1ª. Gestação atual pós-FIV, com diagnóstico de apendicite aguda às 29 + semanas. Submetida a apendicectomia McBurney sem intercor- rências. Exame histológico demonstrou apêndice com sinais de apendicite aguda, focos de endometriose e le- são sugestiva de neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice. CASO 2: 29 anos, nuligesta, infertilidade 1ª. Lapa- roscopia diagnóstica com exérese de lesões de endome- triose vesical, ovárica e retovaginal. Durante a inter- venção constatou-se presença de apêndice aumentado, pelo que se procedeu a apendicectomia. Exame histo- lógico revelou aspectos sugestivos de endometriose e neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice. Discussão/Conclusão: A endometriose apresenta uma expressão clínica variável, tornando o seu diagnóstico difícil, principalmente quando a sua localização e apa- Posters rência histológica são atípicas. Até à data estão descri- tos alguns casos cuja evidência sugere a ocorrência de metaplasia intestinal mucinosa em focos de endome- triose do apêndice. Esta situação levanta um impor- tante dilema diagnóstico com uma situação potencial- mente mais grave. A mimetização das neoplasias mu- cinosas de baixo grau do apêndice pode ser uma forma peculiar de apresentação, que deverá considerada na avaliação de neoplasias do trato intestinal feminino, particularmente em mulheres com história de endo- metriose. 0031 UTILIZAÇÃO DE PRÓTESES NO TRATAMENTO DO PROLAPSO DOS ORGÃOS PÉLVICOS – EXPERIÊNCIA DE 4 ANOS Sofia Estevinho 1 , Fernanda Santos 2 , Isabel Duarte 2 , António Santiago 2 , José Correia 2 1. Hospital de Santarém, Santarém, Portugal 2. Centro Hospitalar Leiria, Leiria, Portugal Introdução: Prolapso dos Órgãos Pélvicos (POP) di- vide-se em prolapso de 3 compartimentos: anterior, api- cal ou posterior. A utilização de próteses na correção dos defeitos do pavimento pélvico tem sido progressi- vamente mais utilizada pela menor taxa de recidiva, em- bora esteja associada a complicações como erosão ou infeção. Objetivo: avaliar os resultados obtidos no tratamento cirúrgico do POP com próteses no Centro Hospitalar de Leiria- Hospital de Santo André E.P.E. (CHL). Material e Métodos: Estudo observacional, analitico, transversal e retrospetivo de 54 mulheres submetidas a correção cirúrgica de POP, com colocação de prótese, entre Janeiro de 2009 e Janeiro de 2014. Software: SPSS v.20.0. Testes estatísticos: Chi-Quadrado; Krus- kal-Wallis (p<0,05) Resultados: A idade média na cirurgia foi de 64 anos [51-85], sendo que todas as senhoras estavam em me- nopausa [37- 58 anos], 39 casos tinham patologia mé- dica associada e 14 casos tinham cirurgia ginecológica anterior (histerectomia vaginal e abdominal). À exce- ção de um caso (nulípara), todas tiveram partos vagi- nais. Foram realizadas 40 correções do compartimento anterior, 4 do compartimento posterior e 10 correções envolvendo os três compartimentos; em 33 casos foi

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20º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia

Acta Obstet Ginecol Port 2014;8(suplemento):33-110 33

Ginecologia

0025ENDOMETRIOSE E TUMORES MUCINOSOS DOAPÊNDICE – UMA ASSOCIAÇÃO? A PROPÓSITODE 2 CASOS CLÍNICOSJoana Sampaio1, Lucinda Calejo2, Sandra Soares2, Sónia Sousa2, Pedro Xavier21. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Pedro Hispano,Matosinhos, Portugal2. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia - Unidade de Medicina daReprodução, Hospital São João, Porto, Portugal

Introdução: A Endometriose caracteriza-se por glân-dulas e estroma endometrial em localização extrauteri-na. A localização mais frequente dos implantes é pélvi-ca, podendo ocorrer praticamente em qualquer locali-zação. A prevalência global ronda os 6-10%. O envol-vimento apendicular é raro, ocorrendo em 2,8-4,1% doscasos de endometriose gastrointestinal. A maioria des-tas situações é assintomática, podendo manifestar-secomo perfuração, invaginação ou apendicite.Diversos tipos de metaplasia podem ocorrer no epi-

télio endometrial. O tipo mais frequente ocorre nas le-sões ováricas (tipo endocervical). Recentemente surgi-ram relatos de metaplasia intestinal em focos de endo-metriose apendicular, que histologicamente mimeti-zam as neoplasias bem diferenciadas do apêndice.Casos Clínicos: CASO 1: 30 anos, primigesta, endo-metriose e infertilidade 1ª. Gestação atual pós-FIV,com diagnóstico de apendicite aguda às 29+semanas.Submetida a apendicectomia McBurney sem intercor-rências. Exame histológico demonstrou apêndice comsinais de apendicite aguda, focos de endometriose e le-são sugestiva de neoplasia mucinosa de baixo grau doapêndice.

CASO 2: 29 anos, nuligesta, infertilidade 1ª. Lapa-roscopia diagnóstica com exérese de lesões de endome-triose vesical, ovárica e retovaginal. Durante a inter-venção constatou-se presença de apêndice aumentado,pelo que se procedeu a apendicectomia. Exame histo-lógico revelou aspectos sugestivos de endometriose eneoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice.Discussão/Conclusão:A endometriose apresenta umaexpressão clínica variável, tornando o seu diagnósticodifícil, principalmente quando a sua localização e apa-

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rência histológica são atípicas. Até à data estão descri-tos alguns casos cuja evidência sugere a ocorrência demetaplasia intestinal mucinosa em focos de endome-triose do apêndice. Esta situação levanta um impor-tante dilema diagnóstico com uma situação potencial-mente mais grave. A mimetização das neoplasias mu-cinosas de baixo grau do apêndice pode ser uma formapeculiar de apresentação, que deverá considerada naavaliação de neoplasias do trato intestinal feminino,particularmente em mulheres com história de endo-metriose.

0031UTILIZAÇÃO DE PRÓTESES NO TRATAMENTODO PROLAPSO DOS ORGÃOS PÉLVICOS –EXPERIÊNCIA DE 4 ANOSSofia Estevinho1, Fernanda Santos2, Isabel Duarte2, António Santiago2, José Correia21. Hospital de Santarém, Santarém, Portugal2. Centro Hospitalar Leiria, Leiria, Portugal

Introdução: Prolapso dos Órgãos Pélvicos (POP) di-vide-se em prolapso de 3 compartimentos: anterior, api-cal ou posterior. A utilização de próteses na correçãodos defeitos do pavimento pélvico tem sido progressi-vamente mais utilizada pela menor taxa de recidiva, em-bora esteja associada a complicações como erosão ouinfeção.Objetivo: avaliar os resultados obtidos no tratamentocirúrgico do POP com próteses no Centro Hospitalarde Leiria- Hospital de Santo André E.P.E. (CHL).Material e Métodos: Estudo observacional, analitico,transversal e retrospetivo de 54 mulheres submetidas acorreção cirúrgica de POP, com colocação de prótese,entre Janeiro de 2009 e Janeiro de 2014. Software:SPSS v.20.0. Testes estatísticos: Chi-Quadrado; Krus-kal-Wallis (p<0,05)Resultados: A idade média na cirurgia foi de 64 anos[51-85], sendo que todas as senhoras estavam em me-nopausa [37- 58 anos], 39 casos tinham patologia mé-dica associada e 14 casos tinham cirurgia ginecológicaanterior (histerectomia vaginal e abdominal). À exce-ção de um caso (nulípara), todas tiveram partos vagi-nais. Foram realizadas 40 correções do compartimentoanterior, 4 do compartimento posterior e 10 correçõesenvolvendo os três compartimentos; em 33 casos foi

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efetuada cirurgia simultânea (22 TVT-O+ 11 CPP).Não ocorreram complicações intra-operatórias. A du-ração média do seguimento pós-operatório foi de 20meses [1-60 meses]. No follow-up, consideraram-semelhoradas 35,2% e curadas 57,4%. Verificaram-secomo complicações a extrusão da prótese em 1 caso(1,9%), contração em 2 (3,7%) e exposição em 3(5,6%). Observaram-se ainda 3 casos (5,6%) de reci-divas de colpocelo posterior 2º grau. Verificou-se rela-ção estatisticamente significativa entre o tipo de cirur-gia e as complicações encontradas (p<0.05).Conclusão: Os resultados obtidos demonstram umataxa de sucesso 83,3% e uma taxa de complicações de16,7%. É necessário, no entanto, um maior número dedoentes, para se poder afirmar com clareza a eficáciadesta técnica cirúrgica e a percentagem das complica-ções a ela associadas.

0034AFERIÇÃO DE PROGRAMA DE RASTREIO DOCANCRO DO COLO DO ÚTEROTelma Esteves, Ana Rita Codorniz, Anabela Ramos,Isabel Campião, Célia Rodrigues, Joaquim CarvalhoHospital do Espírito Santo de Évora, EPE, Évora, Portugal

Introdução:O cancro do colo do útero (CCU) é a ter-ceira neoplasia mais frequente na mulher. Cerca de99,7% dos casos estão associados a infecção pelo Papi-lomavírus humano (HPV). A sua incidência e morta-lidade podem ser reduzidas pela implementação de umrastreio citológico organizado. Em Janeiro/2008 a Administração Regional de Saúde do Alentejo imple-mentou um Programa de Rastreio - BARCCU, diri-gido às mulheres (com 25-64 anos) inscritas nos Cen-tros de Saúde (CS) do Alentejo.Objectivo:Aferir os resultados do BARCCU no Hos-pital do Espírito Santo.Metodologia: Estudo retrospectivo de todas as alte-rações citológicas com critérios de referenciação hos-pitalar, entre Abril/2010 e Dezembro/2013.Resultados:Das 347 citologias alteradas, as alteraçõesmais frequentes foram LSIL (39,5%), ASC-US(39,2%), HSIL (9,2%), ASC-H (6,3%) e AGC (3,5%).A média de idades foi 37,3 (±8,9) anos.Detectaram-se 39 genótipos (13 de alto risco e 11

de baixo) de HPV em 198 citologias, sendo mais fre-quentes o 16, 31, 53, 51, 52 e 58 (alto risco). Verificou--se a seguinte quantidade de genótipos presente/uten-te: 47,5%, um só; 33,3% dois; 11,1% três; 6,6% quatro;1,5% cinco.

289 mulheres compareceram em consulta hospitalar(83%); 94 repetiram inicialmente a citologia, concor-dante com a anterior em 34%. A colposcopia (realizada a todas) foi anormal em

62,3%: das 180 biópsias houve discordância citológi-ca-histológica em 82 (9 lesões mais graves na histolo-gia). Os resultados histológicos foram: 1 adenocarci-noma, 4 carcinomas pavimento-celular; 24 neoplasiasintracervicais (CIN) I, 19 CIN II e 24 CIN III. Nãohouve associação entre presença ou genótipo de HPVe histologia. Quanto ao encaminhamento, 10 mulheres abando-

naram a consulta, 48 tiveram alta, 15 realizaram trata-mento conservador (criocoagulação/conização) e, adi-cionalmente, 23 foram referenciadas ao Instituto Por-tuguês de Oncologia. As restantes mantêm-se em con-sulta.Conclusões:Apesar de algumas falhas, as taxas de de-tecção de lesões neoplásicas/pré-neoplásicas justificama manutenção de programas de rastreio.

0045TROMBOSE DA VEIA OVÁRICA – MIMETIZAÇÃODE ABDÓMEN AGUDOPatrícia Alves, Patrícia Correia, Joana Lisboa, Daniela Freitas, Cátia Carnide, Osvaldo MoutinhoCentro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Introdução:A trombose da veia ovárica (TVO) é umacomplicação rara mas potencialmente fatal, que afetamaioritariamente as puérperas.Apresentação do Caso Clínico: Mulher de 32 anos,admitida por dor abdominal intensa na fossa ilíaca es-querda (FIE) e febre. Antecedentes de interrupção mé-dica da gravidez às 20 semanas dois meses antes, se-guida de duas curetagens cirúrgicas, por retenção derestos placentares após a expulsão e por hemorragia va-ginal com cheiro fétido 2 meses após. Clinicamenteapresentava-se com abdómen agudo. Ao exame gine-cológico revelou metrorragia e dor à mobilização docolo uterino. Ecograficamente revelou cavidade uteri-na com imagem compatível com hematometra. Ana-liticamente apresentava a proteína C reativa aumenta-da. Após exclusão de possíveis causas de abdómen agu-do, realizou tomografia computorizada (TC) com con-traste endovenoso que demonstrou «trombose da veiaovárica esquerda». Foi iniciado tratamento com eno-xaparina, antibioterapia endovenosa e analgesia, tendotido alta medicada com hipocoagulação oral.Discussão: A TVO tem como fatores de risco o pós-

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-parto, a doença inflamatória pélvica, a cirurgia gine-cológica e a malignidade. O quadro clínico caracteri-za-se por dor pélvica ou no flanco, massa palpável, fe-bre e leucocitose na primeira semana pós-parto ou ci-rurgia. A TC com contraste endovenoso é o meio dediagnós tico ideal.A incidência desta patologia é de 0,05-0,18% nas

gestações, sendo em 80-90% à direita. A mortalidadeé de cerca de 5%, maioritariamente por tromboembo-lismo pulmonar.No caso apresentado encontram-se fatores de risco,

como a gravidez prévia, o esvaziamento uterino cirúr-gico e uma infeção subsequente, com o comprometi-mento menos comum à esquerda. O tratamento reali-zado está de acordo com o descrito na literatura.Conclusão: A TVO é uma patologia rara e de difícildiagnóstico de abdómen agudo, que ocorre principal-mente no puerpério e que deve ser suspeitada no pós--parto perante um quadro de dor abdominal nos qua-drantes inferiores e febre.

0047CANCRO DO COLO DO ÚTERO E GRAVIDEZ –REVISÃO DE 9 CASOSCatarina Castro1, Catarina Lopes2, Margarida Bernardino3, Isabel Santana3, Ana Francisca Jorge31. Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, Lisboa,Portugal2. Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal3. Instituto Português de Oncologia de Lisboa - Francisco Gentil, Lisboa,Portugal

Introdução:O cancro do colo do útero é o cancro gi-necológico mais frequentemente diagnosticado du-rante a gravidez, sendo, no entanto, uma entidade rara(0,1-12/10000 gestações). A terapêutica deve ser in-dividualizada, considerando o estádio da doença, a ida-de gestacional e o desejo da doente.Objectivo: Revisão dos casos de cancro do colo do úte-ro diagnosticados durante a gravidez, tratados na nos-sa instituição.Métodos:Estudo retrospectivo das doentes com diag-nóstico de cancro do colo do útero durante a gravidez,entre Janeiro de 1996 e Dezembro de 2013, que foramtratadas na nossa instituição. As variáveis analisadasincluíram: idade da doente, idade gestacional, parida-de, desfecho da gravidez, idade gestacional no parto,peso e Índice de Apgar do recém-nascido, estádio dadoença, tratamento, histologia, persistência ou recidi-va tumorais e morte.

Resultados: Foram avaliados 9 casos, com um perío-do médio de vigilância de 5 anos. A idade média dasdoentes foi de 35 anos e a idade gestacional média nodiagnóstico de 19 semanas. Em 2 casos foi efectuadainterrupção médica da gravidez e as doentes submeti-das a tratamento com quimioterapia e radioterapia(ambas Estadio IIB). Ambas as doentes apresentarampersistência tumoral. Verificou-se uma morte. As res-tantes doentes (Estadio IB1-n=5 e IB2-n=2) foramsubmetidas a histerectomia radical tipo Piver III e lin-fadenectomia pélvica bilateral pós-parto. A idade ges-tacional média no parto foi de 34 semanas. Em umcaso foi efectuada quimioterapia durante a gravidez.Foi necessário tratamento adjuvante em 3 casos e ve-rificou-se persistência tumoral em 1 caso. Todos os re-cém-nascidos tiveram um desenvolvimento normal.Conclusões: O diagnóstico de cancro cervical na gra-videz implica uma abordagem multidisciplinar. Adiaro tratamento definitivo com o objectivo de prosseguira gestação pode implicar um risco acrescido de pro-gressão tumoral, no entanto, de acordo com os nossosdados, poderá ser uma opção segura num estádio pre-coce da doença.

0048DOENÇA DE PAGET DA VULVA – A EXPERIÊNCIADO INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA DELISBOA- FRANCISCO GENTILCatarina Castro1, Catarina Lopes2, Isabel Santana3,Margarida Bernardino3, Ana Francisca Jorge31. Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, Lisboa,Portugal2. Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal3. Instituto Português de Oncologia de Lisboa - Francisco Gentil, Lisboa,Portugal

Introdução: A doença de Paget da vulva é uma lesãoepitelial rara (1-5% das neoplasias vulvares). Em cer-ca de 20% dos casos associa-se a carcinoma invasivo,habitualmente adenocarcinoma. O tratamento dadoença é cirúrgico, sendo elevada a taxa de recidiva.Objectivo:Avaliar o desfecho clínico das doentes comdoença de Paget da vulva tratadas na nossa instituição.Métodos: Estudo retrospectivo que incluiu todas asdoentes com diagnóstico de doença de Paget da vulvatratadas entre Janeiro de 1995 e Dezembro de 2013. Asvariáveis analisadas incluíram: idade da doente nodiagnóstico, sintomatologia, aspecto, localização, di-mensão, bilateralidade e multifocalidade da lesão, tra-tamento, complicações, histologia, margens da peçaoperatória, necessidade de tratamento adjuvante e per-

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sistência ou recidiva tumorais.Resultados: Foram avaliados 25 casos de doença dePaget da vulva.A idade média das doentes no diagnós -tico foi de 68 anos e o sintoma mais frequente o pru-rido vulvar. As lesões eram maioritariamente unilate-rais (n=18) e unifocais (n=19). A dimensão média dalesão era de 4,5 cm(2-10 cm). O tratamento consistiuem: excisão local (n=3), vulvectomia simples e plas-tia(n=22). Verificaram-se 4 casos de necrose do enxer-to vulvar e um de hematoma vulvar com necessidadede re-intervenção cirúrgica. A avaliação histológica de-monstrou a associação com adenocarcinoma em 6 ca-sos e a margem cirúrgica foi positiva em 19 doentes.Foi efectuado tratamento adjuvante com quimiotera-pia e radioterapia em 2 casos. O período médio de vi-gilância foi de 6 anos (6 meses-17 anos) e a taxa de re-cidiva da doença de 37%.Conclusão: A série da nossa instituição reporta omaior número de casos de doença de Paget da vulvadescritos em Portugal, estando os resultados de acor-do com a literatura internacional. Dado a elevada taxade recidiva, mesmo após tratamento cirúrgico ótimo,é fundamental um prolongado período de vigilância.

0055ENDOMETRIOSE NA CÚPULA DIAFRAGMÁTICA– UMA LOCALIZAÇÃO INCOMUMFilipe Bacelar, S. Câmera, Patrícia Silva, Hugo Gaspar,Manuel Pontes, F. SantosHospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal, Portugal

PCTM, 22 anos, sexo feminino, antecedentes pessoaisde alergias medicamentosas múltiplas (seguida emImuno-Alergolo gia), menarca aos 12 anos, ciclos ir-regulares/7-10 dias/dismenorreicos, sem anticon -cepção oral, G0P0, recorreu ao serviço de urgência porquadro com 2 dias de evolução de dor no hipocôndriodireito com agravamento progressivo, desde o iníciodo cataménio. Refere episódios semelhantes desde há5 anos. Ao exame objetivo, apresentava-se apirética,escleróticas anictéricas, palpação do hipocôndrio di-reito dolorosa, sem defesa. Analiticamente, sem alte-rações. Ecografia abdominal superior com vesícula bi-liar de paredes finas com septação completa a nível doinfundíbulo. Por ausência de melhoria com analgesiainstituída e dúvida diagnóstica, foi submetida a lapa-roscopia exploradora onde foram verificados focos deendometriose no hipocôndrio direito, na cúpula dia-fragmática, com aderências hepáticas e outros focospélvicos a nível útero-anexial. Verificou-se também he-

moperitoneu em pequena quantidade. Resultado his-tológico das biópsias efetuadas confirmou o diagnós-tico de endometriose. Presentemente, a doente é se-guida em consulta de Ginecologia, medicada com an-ticonceptivo oral cíclicoDiscussão: Endometriose na cúpula diafragmática éuma situação rara e constitui um desafio no diagnós-tico diferencial de dor abdominal, devendo ser consi-derada na presença de doentes em idade reprodutiva,com dor cíclica na altura do cataménio. As opções te-rapêuticas são a analgesia, terapêutica hormonal (an-ticonceptivos orais cíclicos ou contínuos, progestati-vos isolados e outros) e a terapêutica cirúrgica (abor-dagem laparoscópica recomendada).

0065FIBROMIOMA PARASITA, UM DIAGNÓSTICODIFÍCILCatarina Vasconcelos, Sofia Aguilar, Lina Redondo,Ana Fatela, Carlos Barros, Carlos MarquesMaternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal

Introdução e Objectivos:O fibromioma (FM) uteri-no é classificado de acordo com a sua localização ana-tómica. Os FM parasitas, são FM subserosos queadqui rem vascularização de outros órgãos intra-abdo-minais, perdendo a irrigação do útero. São raros e difí -ceis de diagnosticar. Deste modo, torna-se importan-te compreender e reconhecer a evolução clínica destes.Metodologia: descrição e avaliação de um caso clíni-co de dor abdominal aguda, que ocorreu no Serviço deGinecologia.Caso Clínico: Mulher de 45 anos, com antecedentesde apendicectomia, útero miomatoso e dismenorreiasecundária. Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) porquadro clínico de dor abdominal aguda tipo cólica, lo-calizada no hipogastro e fossa ilíaca direita (FID), com3 dias de evolução. À observação apresentava dor à pal-pação profunda do hipogastro e FID, sem reacção pe-ritoneal, e dor à mobilização do útero. Ecografica-mente, foi identificada imagem compatível com for-mação quística hemorrágica com 4cm do ovário direi-to, líquido no fundo-de-saco posterior (90ml3).Analiticamente, apresentava anemia ligeira e estável(Hb: 9,6g/dl) e PCR a aumentar. Urina II e DIG ne-gativos. Manteve-se clinicamente estável, sendo inter-nada no Serviço de Ginecologia. Repetiu ecografia,onde foi identificado um nódulo (fibromioma subse-roso), pediculado e sem vascularização, no fundo ute-rino e à direita, com 104 x 84 x 58mm. Apresentava

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CA125 aumentado (82,3 U/mL). Foi operada ao 5ºdiade internamento por suspeita de FM em torção e porausência de melhoria clínica. Verificou-se a presença deFM parasita, aderente ao epiplon, cólon e ligamentoredondo direito. Fez-se excisão da massa, omentecto-mia parcial (área aderente ao FM) e histerectomia to-tal abdominal com anexectomia bilateral, por desejoda utente. Teve alta ao 3º dia pós-operatório medica-da com ferro oral (hb: 8,0g/dl).Conclusão: Este caso, representa a atipia do quadroclínico e a dificuldade no diagnóstico para uma deci-são terapêutica adequada.

0067AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DOPAPILOMAVÍRUS HUMANO E DOS PRINCIPAISFACTORES DE RISCO ASSOCIADOS, NUMAAMOSTRA DA POPULAÇÃO PORTUGUESA:RESULTADOS PRELIMINARES DE UM ESTUDOPROSPECTIVOAna Gomes da Costa, Joaquim Neves, Anabela Colaço,Ana Candeias, Carlos Calhaz JorgeCHLN – Hospital Universitário de Santa Maria, Faculdade de Medicinada Universidade de Lisboa, CAM - Centro Académico de Medicina deLisboa, Lisboa, Portugal

Introdução: A persistência do papilomavírus humano(HPV) é a principal causa de cancro cervical e lesão in-traepitelial. Mulheres com genotipagem HPV de altorisco (HPV-AR) negativa têm risco reduzido para neo-plasia cervical, contrariamente àquelas com genotipa-gem positiva.Objectivos: Determinação da prevalência do HPV--AR e dos principais factores de risco numa amostra de

conveniência da população portuguesa.Metodologia: Estudo prospectivo (Novembro2012 aAbril2014) de mulheres entre os 30-65 anos que efec-tuaram rastreio do cancro do colo do útero. Realizou--se citologia e detecção do HPV para 14 tipos deHPV-AR, isolando-se o HPV16 e 18 e outros HPV--AR. Analisaram-se os seguintes parâmetros: idade,paridade, idade da menarca, idade de início de vida se-xual (ivs), número de parceiros sexuais, utilização decontraceptivos orais combinados e tabagismo.Resultados e Conclusões: Foram incluídas 470 mu-lheres (mediana da idade: 37 anos) das quais 48 apre-sentaram genotipagem HPV-AR positiva (HPV16: 9;HPV16/outros HPV-AR: 1; HPV18/outros HPV--AR: 2; outros HPV-AR: 36). Neste grupo, a ivs foimais precoce (17 vs. 19 anos, p<0,001), o número deparceiros sexuais foi superior (3 vs. 1, p<0,001) bemcomo a incidência de tabagismo (46,3% vs. 21,4%,p<0,001) e de alterações na citologia, (27,0% vs. 1,7%,p<0,001). Os restantes parâmetros avaliados não reve-laram significância estatística. Identificaram-se cincocasos de citologia com lesões de alto grau (HSIL) nogrupo com genotipagem HPV-AR positiva. A análisede regressão logística mostrou contribuição indepen-dente das variáveis ivs [OR 0,84 (95% IC, 0,71-0,98)]e tabagismo [OR 4,0 (95% IC, 1,73-9,21)].Na amostra estudada, 10,2% das mulheres apresen-

taram infecção por HPV-AR, e destas, 27,1% apre-sentaram citologia alterada. O tabagismo e a idade deivs foram os factores de risco mais importantes. Estesresultados preliminares corroboram dados recente-mente publicados e sugerem a importância da inclusãodo teste HPV-AR no rastreio do cancro cervical emmulheres entre os 30-65 anos.

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20º CONGRESSO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA

Centro de Congressos Altis, Lisboa2 a 5 Outubro 2014

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0086EXPRESSÃO DE GENES DE BAIXAPENETRÂNCIA NO PROGNÓSTICO DO CANCRO DA MAMA, NA POPULAÇÃO DA BEIRA INTERIORJosé Fonseca-Moutinho2, João Godinho1, Luisa Granadeiro1, Ana Ramalhinho11. Faculdade de Ciências da Saúde, Covilhã, Portugal2. Centro Hospitalar Cova da Beira, Covilhã, Portugal

Introdução: O cancro da mama é uma patologia emque o património genético representa um papel im-portante. No entanto, mutações que conferem alto ris-co para esta doença, apenas explicam uma diminutaporção dos casos. Genes de baixa penetrância eviden-ciam um importante papel na suscetibilidade e têmsido alvo de estudo nas diversas populações. Trabalhosdesenvolvidos pelo nosso grupo, na população que oCentro Hospitalar Cova da Beira abrange, apontarampara uma associação entre polimorfismos de genes debaixa penetrância e cancro da mama. São eles“CYP19A1 Trp39Arg (T/C)”, “GSTT1 null” e“GSTM1 null”.Material e Métodos:Realizámos um trabalho do tipocaso-controlo, em que abordámos uma amostra de 37mulheres pertencentes à população do Centro Hospi-talar Cova da Beira. Foi estudado se o polimorfismo,“CYP19A1 Trp39Arg (T/C)”, apresenta diferentes ní-veis de expressão, entre mulheres com diagnóstico decancro da mama, mas com prognóstico distinto. Focá-mo-nos assim em dois principais parâmetros, “Esta-dio clínico” e “Envolvimento ganglionar regional”.Neste trabalho de investigação foram utilizadas amos-tras de tecido de mama fixadas e incluídas em parafi-na. A técnica usada para quantificar a expressão géni-ca foi PCR em tempo real. Para calcular as diferençasna expressão foi utilizado o método comparativo deCT,2-��CT.Resultados: Relativamente ao polimorfismoCYP19A1 Trp39Arg, detetou-se expressão em cerca

de 36,7% dos casos estudados. Após validarmos os re-sultados obtidos verificámos que a expressão entre 2grupos de diferente estadio clínico é distinta. O grupocom “Estadio III” expressa 4,33 vezes mais CYP19A1Trp39Arg que o grupo no “Estadio I e II”, sendo quea presença ou ausência dos Recetores de estrogénio temque ser considerada para a correta interpretação dosresultados.Conclusões: A expressão deste polimorfismo da aro-matase poderá ter algum tipo de impacto na determi-nação do prognóstico do cancro da mama, na popula-ção estudada.

0087AVALIAÇÃO DA ACUIDADE DIAGNÓSTICA DAECOGRAFIA E DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICANA ENDOMETRIOSE PROFUNDACláudia Andrade1, João Lopes2, Sónia Barata2, Conceição Alho2, Filipa Osório2, Carlos Calhaz-Jorge21. Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu, Portugal2. Centro Hospitalar Lisboa-Norte, Lisboa, Portugal

Introdução: Apesar do diagnóstico ser histológico, aendometriose profunda é suspeitada pela clínica e pe-los exames complementares de diagnóstico realizadoscomo a ecografia transvaginal (ET) e a ressonânciamagnética (RM). A estratégia cirúrgica é assim defi-nida consoante os resultados nestes exames que, comotal, assumem um papel importante no tratamento des-tas doentes.Objectivo: Avaliar a acuidade diagnóstica da ET eRM na endometriose profunda na nossa realidade.Material e Métodos: Estudo retrospetivo de 134 mu-lheres submetidas a laparoscopia por suspeita de en-dometriose profunda, no período compreendido entreAbril de 2009 e Abril de 2014. Cálculo da sensibilida-de, especificidade, valor preditivo positivo, valor pre-ditivo negativo e exatidão (proporção de resultados ver-dadeiros positivos e negativos na população em estu-do) da ET e RM para o diagnóstico de endometriose

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20º CONGRESSO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA

Centro de Congressos Altis, Lisboa2 a 5 Outubro 2014

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grupos de 50 procedimentos) realizadas por um únicocirurgião no período compreendido entre 2009 e 2013.Várias características clínicas e cirúrgicas foram anali-sadas como o tempo de cirurgia, complicações peri epós-operatórias, peso uterino, índice massa corporal(IMC), cirurgias abdomino-pélvicas prévias e estima-tiva de perda de sangue.Resultados: Não foram encontradas diferenças signi-ficativas nos 5 grupos de estudo tendo em conta a ida-de das pacientes, a paridade, o IMC, o status meno-páusico e as cirurgias abdomino-pélvicas prévias. Otempo operatório médio diminuiu de 84 minutos nasprimeiras 50 HTL (grupo 1) para 66 minutos nas úl-timas 50 HTL (grupo 5), com p=0,021, atingindo umplateau após 100 procedimentos. Não houve igual-mente diferenças significativas no peso uterino médio(p=0.21) nem nas complicações peri e pós-operatórias(p=0,32 e p=0,15). Registaram-se 2 hemorragias ex-cessivas e 2 lesões intestinais nas complicações majorperi-operatórias. Houve apenas 1 conversão para la-parotomia (0,4%). Foi registado um aumento da dife-rença da hemoglobina pós e pré-operatória ao longo dotempo (p=0,02).Discussão/Conclusão: HTL é um procedimento tec-nicamente seguro, efetivo e reprodutível com uma bai-xa taxa de complicações associadas. O aumento de per-da de sangue estimada neste estudo é explicada com oaumento da complexidade das situações clínicas ob-servadas nos últimos anos neste centro de referência.

0089VALOR DA ECOGRAFIA GINECOLÓGICA NODIAGNÓSTICO DE CANCRO DO OVÁRIOMarta Silva Morais, Renata Veríssimo, Ângela Melo, Teresa Carvalho, Antonio Pipa, Nuno Nogueira MartinsCentro Hospitalar Tondela Viseu, Viseu, Portugal

Introdução: Embora com baixa incidência, o can-cro do ovário é o cancro ginecológico com maior taxade mortalidade, sendo normalmente detetado imagio-logicamente em estádios avançados. Impõe-se, por-tanto, a necessidade de encontrar uma forma dediagnós tico precoce e com elevada sensibilidade. Poroutro lado, as formações anexiais são um dos achadosecográficos mais frequentes na prática clínica, criandoum aumento desnecessário de morbilidade cirúrgicapelo receio de malignidade, aliado à ausência deum teste específico de diagnóstico ou rastreio.Objetivo:Avaliar a acuidade diagnóstica da ecografia

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profunda (ligamentos útero-sagrados, septo recto-va-ginal, ureter, bexiga e intestino).Resultados: Discriminando a localização da endome-triose, a sensibilidade, a especificidade, VPP, VPN e aexatidão da RM foi globalmente maior que da ET paratodas as localizações estudadas, excepto no intestino.Discussão/ Conclusão:Tanto a RM como a ET sãodependentes do operador. Na nossa série tendosido ambos realizados por pessoas experientes, a RMmostrou ter uma maior precisão diagnóstica na endo-metriose profunda. A nossa experiência permite con-cluir que apesar de a ET continuar a ser o exame com-plementar de primeira linha na avaliação de mulherescom suspeita de endometriose, para um bom planea-mento cirúrgico a RM é indispensável nessas doentes.

0088CURVA DE APRENDIZAGEM NAHISTERECTOMIA TOTAL LAPAROSCÓPICACláudia Andrade1, João Lopes2, Conceição Alho2, Sónia Barata2, Filipa Osório2, Carlos Calhaz-Jorge21. Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu, Portugal2. Centro Hospitalar Lisboa-Norte, Lisboa, Portugal

Introdução: Todos os procedimentos laparoscópicostêm uma importante curva de aprendizagem de formaa minorar as complicações que ocorrem em maior nú-mero durante este período.O objectivo deste estudo foi avaliar os primeiros

anos de aprendizagem de um cirurgião na realização dehisterectomias totais via laparoscópica (HTL). Com-parámos a frequência de complicações e outros outco-mes clínicos nas diferentes fases de aprendizagem.Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo compara-tivo de 250 HTL (ordenadas cronologicamente em 5

TABELA. ESTUDO DA ACUIDADE DIAGNÓSTICA DAECOGRAFIA TRANSVAGINAL E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PÉLVICA

Ecografia Ressonância Transvaginal Magnética

Sensibilidade 69/78 (88,5%) 97/106 (91,5%)Especificidade 3/46 (6,7%) 2/14 (14,3%)VPP 69/112 (61,6%) 97/109 (89,0%)VPN 3/12 (25%) 2/11 (18,2%)Exatidão 74/124 (59,7%) 99/120 (82,5%)

Legenda: VPP - valor preditivo positivo; VPN - valor preditivo negativo

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ginecológica e da sua complementação com testes ana-líticos no diagnóstico de neoplasias malignas do ová-rio neste Departamento.Metodologia: Foram avaliadas retrospectivamente asecografias ginecológicas realizadas no Departamentoentre Janeiro de 2011 e Dezembro de 2013, tendosido selecionadas as ecografias com descrição de alte-rações anexiais. Analisaram-se as características eco-gráficas descritas, avaliando-se a sensibilidade e espe-cificidade da ecografia isolada e em associação com ovalor de Cancer Antigen-125 (CA 125), tendo sido uti-lizado o programa informático SPSS® versão 20.0.Resultados:Neste período de tempo, foram realizadas5318 ecografias ginecológicas das quais 689 revela-ram alterações anexiais. Destas, foram avaliadas 610,correspondentes a 513 doentes, obtendo-se um totalde 176 diagnósticos histológicos. A sensibilidade, espe-cificidade, valor preditivo positivo e negativo da ecogra-fia foram respetivamente 100%, 65%, 14,7% e 100%, eda sua associação com o marcador analítico (Rate of Ma-lignancyIndex - RMI) de 70%, 97,1%, 63,6% e97,8%. Não se verificou diferença estatisticamente signi -ficativa entre os algoritmos RMI-I e o RMI-II.Conclusões:No grupo de estudo, a ecografia gineco-lógica parece apresentar uma elevada sensibilidade nadeteção de neoplasias malignas do ovário, demons-trando, no entanto, baixa especificidade, achados quevão de encontro à literatura publicada.Quanto à avaliação do algoritmo diagnóstico RMI,

a sua sensibilidade foi inferior à esperada e muito in-ferior à da ecografia isolada, embora consideravel-mente mais especifica.

0101METÁSTASES OVÁRICAS DE CARCINOMAPRIMÁRIO DA MAMAIolanda Ferreira, Margarida Figueiredo Dias, Isabel TorgalServiço de Ginecologia A do Centro Hospitalar da Universidade deCoimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: O carcinoma primitivo da mama é o se-gundo tipo histológico que mais frequentemente me-tastiza para os ovários, seguindo-se aos tumores gastro-intestinais.Objectivo:Analisar uma amostra de 13 mulheres comcarcinoma primitivo da mama e metastização ovárica.Metodologia: Análise retrospectiva de 2632 doentescom carcinoma da mama admitidas no Serviço de Gi-necologia dos Hospitais Universitários de Coimbra,

entre 2003 e 2013, e selecção das doentes com metas-tização ovárica.Resultados e Conclusões: Cerca de 5% da amostraglobal (n=2632) apresentava metastização abdominal,das quais, 13 (9,4 %) manifestaram invasão ovárica.Sete doentes (53,8%) eram pré-menopáusicas; 6(46,2%) com história familiar oncológica, metade dasquais apresentava antecedentes de carcinoma mamário.O carcinoma ductal invasivo G2 foi o tipo histológicopredominante (n=8), Her2/neu negativo (n=7), comreceptores hormonais positivos (RE em 8/13 e RP em7/13). Foram diagnosticadas metástases ováricas emmédia 71,2 meses (10 a 226 meses) após o diagnósti-co do carcinoma primitivo da mama. Em 8/13 doen-tes a metastização ovárica foi bilateral e 6/13 apresen-taram metastização extra-pélvica. O tratamento cirúr-gico mais frequente foi histerectomia total com ane-xectomia bilateral (n=7). Apenas 5 doentes realizaramressecção cirúrgica metastática completa e 12 foramsubmetidas a quimioterapia e/ou hormonoterapia. Otempo médio de sobrevida global foi de 181,5 meses(41 a 253 meses, +/- 33,9).Não houve diferenças estatisticamente significativas

entre a sobrevida global média e estado pré-menopáu-sico (p=0,956), antecedentes familiares de carcinomada mama (p=0,575), RE (p=0,445), RP (p=0,480),Her2/neu (p= 0,303), intervalo de tempo livre dedoença > 5 anos (p=0,311) e ressecção completa dedoença metastática (p=0,086).Neste estudo, a sobrevida global média não parece

ser influenciada pelo estado hormonal da doente, ca-racterísticas do tumor, ou pela ressecção completa dadoença metastática.

0103HISTEROSCOPIA OFFICE VERSUS ECOGRAFIAENDOVAGINAL NO DIAGNÓSTICO DEPATOLOGIA INTRACAVITÁRIA UTERINA –ESTUDO COMPARATIVOCristiana Gonçalves1, Liliane Scarpin2, Patrícia DiMartino3, João Mairos31. Serviço de Ginecologia-Obstetrícia, Centro HospitalarBarreiro-Montijo, Barreiro, Portugal2. Serviço de Ginecologia-Obstetrícia, Hospital Garcia de Orta, Almada,Portugal3. Serviço de Ginecologia-Obstetrícia, Hospital das Forças Armadas,Lumiar, Portugal

Introdução: A ecografia endovaginal constitui habi-tualmente a abordagem inicial no estudo da patologiauterina, reservando-se a histeroscopia office para a con-

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firmação diagnóstica e, numa abordagem «ver e tra-tar», também como solução cirúrgica.Objectivos:Comparar eficácia diagnóstica da ecogra-fia e histeroscopia office na avaliação de patologia ute-rina, calculando sensibilidade (S), especificidade (E),valores preditivos positivo e negativo (VPP e VPN) eLikelihood Ratios (LR+ e LR-), em mulheres pré--menopausa (grupo A) e pós-menopausa (grupo B).Avaliar a concordância entre os diagnósticos ecográfi-co e histeroscópico com o resultado anatomo-patoló-gico (gold standard), através da aplicação do teste deconcordância kappa (k).Metodologia: Estudo retrospectivo de 634 mulheres(pré-menopausa, n=309; pós-menopausa, n=325) sub-metidas a ecografia endovaginal e histeroscopia officeno serviço de Ginecologia do HFAR, de Novembrode 2005 a Setembro de 2013. Análise estatística reali-zada com os programas Microsoft Excel e MedCalc.Resultados e Conclusões: Idade média de 42 anos nogrupo A e de 63,9 anos no grupo B. No grupo A, ahisteroscopia apresentou S86,7%, E89%, VPP e VPNsuperiores a 80% para diagnóstico de pólipo e S90,2%,E98,8%, VPP e VPN superiores a 90% para miomasubmucoso, com valores de concordância k 0,76 (boa)e 0,9 (excelente), respectivamente. A ecografia reve-lou S84%, E62,5% e k 0,46 (concordância moderada)para pólipo e S71%, E98,1% e k 0,75 para mioma.Nogrupo B, a histeroscopia apresentou resultados seme-lhantes para pólipo (S93,8%, E89,8% e k 0,8) mas in-feriores para diagnóstico de mioma (S70%, E97%, k0,48). O diagnóstico de carcinoma do endométrioapresentou S66,7%, E99%, VPP66,7%, VPN99%,LR+69,11, LR-0,34 e k 0,66. A ecografia revelou S eE inferiores à histeroscopia, com concordâncias fracapara pólipo e baixa para mioma. A histeroscopia, umprocedimento minimamente invasivo, além de tera-pêutico, apresenta capacidade diagnóstica superior àda ecografia.

0104LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B DOCOLO UTERINO: RELATO DE UM CASO EREVISÃO DA LITERATURADusan Djokovic1, António Gomes2, Ana Félix3, Ana Francisca Jorge21. Serviço de Obstetrícia e Ginecologia, Hospital de São FranciscoXavier, C.H.L.O., E.P.E., Lisboa, Portugal2. Serviço de Ginecologia, Instituto Português de Oncologia de Lisboa,Francisco Gentil, E.P.E., Lisboa, Portugal3. Serviço de Anatomia Patológica, Instituto Português de Oncologia deLisboa, Francisco Gentil, E.P.E., Lisboa, Portugal

Introdução:Aproximadamente 0,5% dos linfomas ex-tranodais diagnosticados em mulheres inicia-se no colouterino, sendo o linfoma difuso de grandes células B(LDGCB) o subtipo histológico mais frequente. De-vido à baixa incidência e dificuldades na implementa-ção de estudos clínicos randomizados, não existemprotocolos amplamente aceites sobre o seu tratamen-to. Relatamos caso de uma nulípara de 25 anos,diagnos ticada com LDGCB cervical primário (estadioIVEB), tratada com 8 ciclos de rituximab-CHOP quese actualmente apresenta sem sinais de doença 6 anosapós o tratamento.Objectivos: A propósito deste caso clinico, resumi-mos as formas de apresentação clínica, modalidadesterapêuticas e desfechos dos casos diagnosticados coma mesma doença e relatados nos últimos 10 anos.Metodologia: Pesquisa de PubMed, com selecção eanálise de 26 relatos devidamente documentados decasos de LDGCB cervical primário, publicados emlíngua inglesa e emitidos entre 2004 e 2014.Resultados: Constituiu-se uma séria de 35 doentes(idade média: 49±17 anos). A apresentação clínica pre-dominante foi metrorragia (n=23), seguida por leucor-reia fétida (n=5) e dor abdomino-pélvica (n=4). Deacordo com o sistema de Ann Arbor, 18 doentes esti-veram no estadio IE, 14 no IIE, 2 no IIIE e 1 no esta-dio IVE. O tratamento oferecido foi a cirurgia em 2 ca-sos, poliquimioterapia em 8 e tratamento multimodalem 24 casos, incluindo imunoterapia com rituximabem 14 doentes. Observou-se remissão completa em91% (n=32), sem evidência de recorrência durante umperíodo médio de 55 meses (acompanhamento de 5-228 meses). Faleceram da doença uma doente no es-tadio IVE, antes de receber qualquer tratamento anti--neoplásico, e uma doente no estadio IIIE, tratada compoliquimioterapia.Conclusão:O prognóstico de doentes com LDGCBdo colo uterino pode ser muito favorável, nomeada-mente se a doença for diagnosticada nos estadios ini-ciais, uma vez que a terapêutica multimodal, incluin-do imunoterapia e poliquimioterapia, proporciona umbenefício clínico significativo.

0119HISTEROSCOPIA E RESSECTOSCOPIA: 3 ANOSNO CENTRO INTEGRADO DE CIRURGIA DEAMBULATÓRIO DO PORTO (CICA)António Braga, Gonçalo Inocêncio, Rosa Zulmira Macedo, António Tomé PereiraServiço de Ginecologia, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

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Introdução:Cirurgia de Ambulatório é a intervençãocirúrgica programada, realizada sob anestesia geral,loco-regional ou local que, embora habitualmenteefectua da em regime de internamento, pode ser reali-zada em instalações próprias, com segurança e de acor-do com as actuais leges artis, em regime de admissão ealta do doente no mesmo dia.Objetivo: Caracterização da cirurgia vaginal endos-cópica realizada no Centro Integrado de Cirurgia deAmbulatório do Porto (CICA)Metodologia: Revisão das histeroscopias e ressectos-copias realizadas entre 2011 e 2013 no CICA: avalia-ção de amostra constituída por 672 intervenções rea-lizadas sob anestesia geral. Foram revistos os resulta-dos histológicos de todas as cirurgias onde foi efectua-da colheita de material para esse efeito (n=649).Resultados e Conclusões: Foram efetuadas, num pe-ríodo de 36 meses ( Janeiro/2011 a Dezembro/2013),671 intervenções cirúrgicas ginecológicas endoscópi-cas por via vaginal sob anestesia geral em regime deambulatório no CICA (idade média das doentes 51.6[min.21-máx.91] anos): 185 ressectoscopias, 483 his-teroscopias (diagnósticas/cirúrgicas). A principal in-dicação foi estudo/tratamento de hemorragia uterinaanormal. Em 96.6% das cirurgias foi efetuada colhei-ta de material para avaliação anátomo-patológica:98.5% dos casos tratou-se de patologia benigna e em1.4% patologia maligna. Verificaram-se complicaçõesem 1,0% dos casos: 4 casos de laceração cervical e 2 ca-sos de hemorragia moderada pós ressectoscopia (ne-nhum caso necessitou de internamento), 1 caso de doen-ça inflamatória pélvica pós ressectoscopia. Verificou-seimpossibilidade de execução técnica em 0,8% dos casos.A par de uma criteriosa selecção dos doentes e das

patologias, com adequação dos critérios de admissibili-dade para cirurgia Ginecológica de Ambulatório, nãose identificaram casos de óbito, nem nenhum caso quenecessitasse de cuidados de internamento. Não se regis-taram casos de internamento por complicações dos pro-cedimentos efectuados, até 30 dias após a intervenção.A histeroscopia cirúrgica é um procedimento segu-

ro que deve ser realizado em regime de ambulatórioem doentes selecionados.

0123ABORDAGEM CONSERVADORA NOTRATAMENTO DE ADENOCARCINOMA IN SITUDO COLO DO ÚTEROJoana Santos1, Ana Maçães2, Rita Sousa3, Clara Coelho3, Luís Sá3

1. Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu, Portugal2. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Maternidade BissayaBarreto, Coimbra, Portugal3. Instituto Português de Oncologia de Coimbra - Francisco Gentil,Coimbra, Portugal

Introdução: O adenocarcinoma in situ (AIS) do colodo útero é considerado o precursor do adenocarcino-ma invasivo, caracterizando-se histologicamente pelapresença de células epiteliais colunares atípicas nasglândulas endocervicais, sem invasão do estroma. Oseu diagnóstico é histológico e o tratamento conven-cional consiste na realização de histerectomia total. Noentanto, em mulheres jovens com desejo de preserva-ção da fertilidade, pode ser considerado tratamentoconservador através de conização.Objectivos: Avaliar o risco de doença residual e re-corrência após conização por AIS do colo do útero.Metodologia: Análise retrospectiva de 72 casos de AISdo colo do útero tratados através de conização no Ins-tituto Português de Oncologia de Coimbra entre Ja-neiro de 1993 e Dezembro de 2012.Resultados: Em 44 dos 72 casos em que se realizouconização obtiveram-se margens livres, sendo as mes-mas positivas em 22 casos e não avaliáveis em 6 casos.Em todos os casos com margem positiva ou não ava-

liável, as doentes foram submetidas a histerectomia to-tal, confirmando-se a presença de lesão residual em 60%.De entre as 44 doentes com margens livres e citolo-

gia endocervical negativa, 26 realizaram histerectomiatotal (23% com lesão residual), uma doente abando-nou o seguimento e 17 optaram por tratamento con-servador. Neste subgrupo, não se observaram recidivas(tempo médio de seguimento 72 meses) e 23,5% dasdoentes engravidaram durante esse período.Conclusões: A positividade das margens de conizaçãoassociou-se a elevada probabilidade de doença residual(60%). No entanto, também em doentes com margensnegativas o risco de lesão residual não foi negligenciá-vel (23%). Assim, a histerectomia total deverá conti-nuar a ser considerada preferencial. Em doentes quepretendam preservar a fertilidade, pode ser considera-da uma atitude conservadora, desde que se obser vemmargens de conização e citologia endocervical ne -gativas. Deve ser sempre recomendada a realização dehisterectomia após conclusão do projecto reprodutivo.

0142UTILIZAÇÃO DO ROMA NO ESTUDO DE LESÕESANEXIAISRenata Veríssimo1, Marta Morais1, Teresa Carvalho2,

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Isilda Carneiro3, Nuno Nogueira Martins1, Francisco Nogueira Martins11. Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Centro HospitalarTondela-Viseu, Viseu, Portugal2. Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar Tondela-Viseu,Viseu, Portugal3. Serviço de Patologia Clínica, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu,Portugal

Introdução: Mais de 90% das lesões ováricas na pré--menopausa e cerca de 60% na menopausa são be -nignas. Os marcadores tumorais CA125 e HE4, o algo -ritmo do risco de malignidade ovárico (ROMA) e o ín-dice de risco de malignidade (RMI) são frequente-mente utilizados como ferramentas para diferenciar asdoentes de baixo e alto risco para carcinoma do ovário.A utilização do ROMA em coortes de pré e pós-me-nopáusicas revelou sensibilidade de 88,7% e especifi-cidade de 74,7%. Valores de RMI2 superiores a 200estão a associados a maior risco de malignidade, comsensibilidade de 87,4% e especificidade de 56,8%.Objectivos: Determinação da sensibilidade, especifi-cidade e valores preditivos positivo(VPP) e negati-vo(VPN) do ROMA na distinção de lesões pélvicascom baixo e alto risco de malignidade e comparaçãocom o RMI2.Metodologia: Estudo prospectivo não randomizadodas doentes que realizaram ROMA entre Abril de2011 e Novembro 2013 por massa pélvica. Os níveis deCA125 e HE4 foram determinados e o ROMA eRMI2 calculados. Critérios de exclusão: ROMA comoparâmetro de seguimento (5); falta de dados e/ou pa-tologia não anexial (97); doentes não operadas (173);ROMA incompleto (4); RMI2 incalculável (37);doentes a aguardar cirurgia(1).Resultados e conclusões: O estudo incluiu 480 doen-tes, das quais 317 foram excluídas. A histologia excluiumalignidade em 90,1% das doentes. Foram determi-nados 37 ROMA positivos e 126 negativos. O RMI2mostrou sensibilidade 56%, especificidade 95%, VPP56% e VPN 95%. Para o ROMA, a sensibilidade, es-pecificidade, VPP e VPN foram de 71%, 82%, 27% e96%, respectivamente.O ROMA mostrou sensibilidade superior ao

RMI2. Ambos algoritmos demonstraram sensibilida-de elevada podendo ser utilizados de forma aceitávelcomo método de discriminação destas doentes. OROMA revelou, contudo, um VPP muito inferior aoRMI2, o que poderá resultar da baixa prevalência dadoença nesta população. A existência de exame histo-lógico garantiu o rigor da amostra.

0162SEGUIMENTO APÓS CONIZAÇÃO COM ANSADIATÉRMICAFilipa Ferreira, Cecília Marques, Teresa Rebelo, Isabel TorgalCentro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Serviço de GinecologiaA, Coimbra, Portugal

Objectivos: Análise das recorrências após conizaçãocom ansa diatérmica e avaliação da acuidade da col-poscopia, citologia e teste de HPV (Papilomavírus hu-mano) no diagnóstico de recorrência aos 6 meses apósconização e determinação da correlação entre os testes.Metodologia: Estudo retrospectivo dos 322 casos demulheres submetidas a conização com ansa diatérmi-ca entre 2010 e 2013. Foram excluídos os casos cujo es-tudo histológico não revelou neoplasia intraepitelial docolo do útero (CIN).Resultados: Dos 165 casos de mulheres com diag-nóstico histopatológico de neoplasia intraepitelial,houve 9 recorrências (5.4%), das quais 5 foramdiagnos ticadas aos 6 meses, 2 aos 12 meses e 2 aos 24meses. Dos 165 casos, foi realizado follow-up aos 6 me-ses com colposcopia, citologia e pesquisa de HPV em32. O teste de HPV foi positivo em 21.9% (n=7). Ataxa de recorrência para neoplasia intraepitelial foi de10% (n=3), 2 casos diagnosticados aos 6 meses e 1 aos12 meses. A taxa de recorrência para CIN 2+ foi de3.1% (n=1). A sensibilidade e especificidade do teste deHPV aos 6 meses na detecção de CIN foi de 100% e92.6%, respectivamente, com um valor preditivo ne-gativo de 100%. A citologia demonstrou uma sensibi-lidade inferior, de 66.7%, e a colposcopia de 33.3%. Aconcordância entre o teste de HPV e a citologia é fra-ca (K=0.362), embora não tenha atingido significân-cia estatística devido ao reduzido número da amostra.Conclusões: Apesar do reduzido número da nossaamostra, este estudo sugere que um teste de HPV ne-gativo aos 6 meses poderá permitir uma vigilância commaior intervalo de tempo, tendo em conta o seu eleva-do valor preditivo negativo para recorrência.

0166DO RASTREIO À CONIZAÇÃO: SENSIBILIDADE E CONCORDÂNCIA ENTREMÉTODOS NAS LESÕES DE ALTO GRAUCecília Marques, Ana F Ferreira, Teresa Rebelo, Francisco Falcão, Isabel TorgalCentro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

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Objectivo: Avaliar a sensibilidade, especificidade econcordância entre citologia, colposcopia e histologiada conização para lesões intraepiteliais de alto grau docolo uterino.Métodos:Análise retrospectiva dos 310 casos subme-tidos a conização entre Janeiro de 2011 e Dezembro de2013 no Serviço de Ginecologia A do CHUC. Foramavaliadas sensibilidade, especificidade, valores prediti-vos e concordância, de acordo com citologia normal(NILM), baixo grau (ASC-US ou LSIL) versus altograu (HSIL; AGC; ASC-H), colposcopia sem lesões,com lesões de baixo grau versus lesões de alto grau(LAG) e histologia da peça de conização sem altera-ções, neoplasia intraepitelial cervical (CIN) 1 versusCIN 2 e 3 e carcinoma.Resultados: A média de idades foi 40,78±9,5 [21-69]anos no grupo das LAG e 45,1±9,39 [24-63] no outrogrupo. O tabagismo e o nº de companheiros sexuais(OR 5,9 para nº companheiros>5) foram os factoresde risco com p<0,01. A sensibilidade (S) e especifici-dade (E) da citologia para as LAG foram 57,6% e81,1%, respectivamente, com um valor preditivo posi-tivo (VPP) de 57,6% e valor preditivo negativo (VPN)de 80,2%. Quanto à colposcopia, as S e E calculadas fo-ram 42,7% e 85,5%, com um VPP de 56,9% e VPNigual a 76,9%. O índice da Kappa (IK) da citologia foisuperior ao da colposcopia (0,382 vs 0,303, p<0,001).Nas conizações realizadas por discordância citocol-poscópica (N=71), a S e E da citologia foram superio-res às da colposcopia (S:55,6% vs 11,8% e E:84,6% vs78,9%). Os VPN e VPP foram 52,6% e 84,6% para acitologia e 50% e 76,9% para a colposcopia. Os IK fo-ram 0,379 para a citologia (p<0,001) e 0,109 para acolposcopia (p=0,252)Conclusão:Considerando as LAG, a citologia pareceser um bom método de rastreio, apresentando-se a col-poscopia como método complementar na selecção doscasos para conização. Isoladamente, os métodos tiveramfraca concordância na detecção das lesões de alto.

0167BIÓPSIA DO GÂNGLIO SENTINELA NO CANCRO DA MAMA: A EXPERIÊNCIA DOHOSPITAL DE FAROSara Costa2, Conceição Santos2, António Lagoa11. Serviço de Ginecologia, Centro Hospitalar do Algarve, Unidade deFaro, Faro, Portugal, 2Serviço de Ginecologia, Centro Hospitalar doAlgarve, Unidade de Portimão, Portimão, Portugal

Objectivos: Avaliação dos resultados das biópsia de

gânglio sentinela (GS) no cancro da mama realizadasno Hospital de Faro, dando especial atenção às doen-tes com micrometastização do GS e ao impacto que oesvaziamento axilar (EA) tem na sobrevida global des-ta população.Metodologia: Estudo retrospectivo de 377 mulherescom cancro da mama submetidas a biópsia do GS noHospital de Faro de Dezembro de 2007 a Dezembrode 2013.Resultados: As 377 mulheres analisadas correspon-deram a um total de 851 GS (excisão média de 2,3 gân-glios por doente). O exame extemporâneo foi negati-vo em 87,5% dos casos e positivo em 5%. O estudoanátomo-patológico definitivo revelou ausência demetastização em 69,5% das doentes, células circulan-tes isoladas em 6,1%, micrometástases em 11,9% e ma-crometástases em 12,2%. Foram submetidas a esvazia-mento axilar completo 96 mulheres (25,5%); em 22 ca-sos havia invasão ganglionar para além do GS (taxa deinvasão 23%).Relativamente às 45 mulheres que apresentaram

micrometastização do GS, 38 (84,4%) foram subme-tidas a EA, não se detectando doença residual em 34casos (89,5%). Do total de doentes com micrometás-tases, 38 efectuaram radioterapia adjuvante (84,4%) e30 quimioterapia adjuvante (66,7%). Foi registado umcaso de recidiva pulmonar com consequente morte nogrupo das mulheres que realizaram EA e um caso decarcinoma da mama contralateral no grupo das doen-tes que não realizaram EA. À data da recolha de da-dos (1º trimestre de 2014) não existia evidência dedoença nas restantes 43 mulheres.Conclusões: Este estudo demonstra que na maioriados casos de micrometastização do GS em que se efec-tua EA não existe doença ganglionar residual e conse-quentemente o EA em doentes com micrometastiza-ção do GS não parece ter impacto na sobrevivência.

0178TROMBOEMBOLISMO PULMONARSECUNDÁRIO A TROMBOSE DA VEIA OVÁRICAAPÓS HISTERECTOMIA ABDOMINALJoana Lisboa, Daniela Freitas, Patrícia Alves, Ana Castro, Osvaldo MoutinhoCentro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Introdução: A Histerectomia Abdominal é o proce-dimento cirúrgico ginecológico mais comumente rea-lizado. As mulheres submetidas a esta técnica devemrealizar profilaxia de tromboembolismo venoso, sendo

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que o tipo de tromboprofilaxia, mecânica ou farmaco-lógica depende dos factores de risco associados. Deacordo com a ACOG, as pacientes submetidas a His-terectomia Abdominal apresentam, pelo menos riscomoderado de tromboembolismo venoso e aconselhaprofilaxia mecânica ou farmacológica.Caso Clínico: Mulher de 44 anos, IO 2002 (2 cesa-rianas), sem doenças conhecidas, submetida a histe-rectomia total por mioma volumoso treze dias antes,recorreu ao Serviço de Urgência por metrorragia, ca-lafrios, dor no hipocôndrio direito com irradiação parao ombro homolateral, dispneia e dor à inspiração pro-funda na região inferior do hemitorax direito. À observação apresentava-se apirética, normotensa

e sem sinais de dificuldade respiratória. No exame gi-necológico: presença de sangue fluido escurecido comcheiro fétido na vagina, abaulamento da cúpula vagi-nal com dor à exploração. Ecografia transvaginal: he-matoma da cúpula vaginal , com dimensões de 5x5cm. Decidiu-se realizar TC abdomino-pélvica que mos-

trou:"...uma coleção de conteúdo heterogéneo indis-sociável da cúpula vaginal, predominantemente gaso-so, com 9,4x6,7 cm, compatível com abcesso.... Prová-vel trombose da veia ovárica esquerda, a relacionar como procedimento cirúrgico."Realizou-se Angio-TC que mostrou imagens de

trombos sub-segmentares isolados em ambos os lobosinferiores.Durante o internamento institui-se terapêutica an-

tibiótica endovenosa e heparina de baixo peso mole-cular em dose terapêutica. A doente teve uma evolu-ção favorável com melhoria das queixas álgicas e res-piratórias. Antes da alta iniciou antibioticoterapia orale hipocoagulação oral (acenocumarol) e realizou eco-grafia transvaginal que mostrava abcesso pélvico emregressão apresentando dimensões 4,5x3cm.Conclusão: Este caso pretende demonstrar a impor-tância da tromboprofilaxia venosa em doentes subme-tidas a Histerectomia e a importância de valorizarqueixas no pós-operatório como dispneia e dor pleu-rítica no sentido de excluir a existência de tromboem-bolismo venoso.

0182TRATAMENTO LAPAROSCÓPICO DEENDOMETRIOSE PROFUNDA: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL TERCIÁRIOJoana Cruz1, Joana Pereira1, Margarida Martinho1, Luís Malheiro2, Jorge Beires11. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de São João,

Porto, Portugal2. Serviço de Cirurgia Geral, Centro Hospitalar de São João, Porto,Portugal3. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução:A endometriose pélvica profunda (EPP)caracteriza-se pela presença de implantes de tecido en-dometrial que infiltra em ≥5mm o espaço retroperito-neal ou a parede dos órgãos pélvicos. Nas pacientes sin-tomáticas o tratamento cirúrgico laparoscópico comexcisão completa das lesões de EEP, é considerado otratamento de eleição.Objectivos: Relatar a experiência recente de um hos-pital terciário, no tratamento laparoscópico de EPP.Métodos: Análise retrospectiva de todos os casos de tratamento laparoscópico de EPP, por uma equipa multidisciplinar, entre Dezembro/2010 eMaio/2014.Resultados e Conclusões: Foram operadas 14 mu-lheres, com idade média de 34,8 anos. Os principaissintomas pré-operatórios foram dor pélvica (13 casos,92,5%), incluindo 6 casos de dispareunia (43,8%),queixas gastrointestinais (7 casos, 50%) e dismenor-reia (4 casos, 28,6%). Cinco mulheres tinham históriade infertilidade e duas, antecedentes de cirurgia porendometriose. A abordagem cirúrgica consistiu na ex-cisão radical das lesões de endometriose, com adesió-lise e dissecção do espaço rectovaginal em 13 pacien-tes (92,5%), ressecção de lesões nos ligamentos útero--sagrados em 5 (35,7%) e excisão de nódulos vaginaisem 4 (28,6%). As lesões intestinais foram removidaspor ressecção intestinal segmentar (4 pacientes), técni -ca de "shaving" (3 pacientes) e excisão discóide do in-testino (1 paciente). Houve 1 caso de cistectomia par-cial. Os procedimentos associados foram a ileostomiatemporária (5 casos), cateterização ureteral (5 casos),cistectomia ovárica (3 casos), salpingo-ooforectomiabilateral (2 casos) e histerectomia (1 caso). Não houveconversões para laparotomia. Registou-se 1 caso de es-tenose intestinal tardia, resolvido com dilatação me-cânica. O tempo médio de seguimento foi de 34,8 me-ses (4-49 meses). No pós-operatório, 12 pacientes(85,7%) relataram melhora significativa dos sintomas.Em conclusão, apesar da nossa recente e ainda peque-na experiência, o tratamento laparoscópico da EPPteve bons resultados, com um baixo índice de compli-cações. O sucesso assentou numa avaliação pré-opera-tória adequada e no tratamento por equipa multidisci-plinar.

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0186RISCO DE CIN 2 E 3 EM MULHERES JOVENSSara Proença, Maria Inês Reis, Filipa Ribeiro, Vera Cunha, Helena Santos e Pereira, Rosalinda Rodrigues, Filomena NunesHospital de Cascais, Cascais, Portugal

Introdução: Apesar da infecção a papilomavirus hu-mano (HPV) ser frequente na população jovem, a in-cidência de neoplasia intraepitelial (CIN) de grau 2 e3 é rara. Tal discrepância deve-se à natureza benigna doHPV e ao facto de ser necessária uma persistência demuitos anos para o desenvolvimento destas alterações.O objectivo do estudo foi avaliar a prevalência de CIN2 e 3 em mulheres jovens, assim como os factores derisco associados ao desenvolvimento da doença.Metodologia: Estudo retrospectivo de todas as mu-lheres menores de 25 anos referenciadas à Unidade deColposcopia do Hospital de Cascais entre Janeiro de2011 e 2014, por alteração colpocitológica.Resultados: 102 mulheres foram elegíveis para o es-tudo. Como alterações colpocitológicas apresentavamAGUG 0,98%; ASC-H 7,8%; ASC-US 37,2%; HSIL10,8%; LSIL 43,1%. Da população estudada, 10,8%apresentava uma lesão CIN2/3, sendo 4,9% CIN 2 e5,9% CIN 3. CIN 2 ou 3 foi encontrado em 50% dasmulheres jovens com citologia ASC-H (37,5% CIN 2e 12,5% CIN 3); 5,3% com citologia ASC-US (5,3%CIN 3); 27,2% das citologias HSIL (9,8% CIN 2 e18,1% CIN 3); 4,5% das citologias LSIL (4,5% CIN2) sendo que numa foi documentado um carcinomapavimentoso celular. Foi encontrada relação causal es-tatisticamente significativa entre fumadoras e desen-volvimento de CIN 2 e 3.Conclusões:Existem poucos dados sobre a prevalênciade CIN 2 e 3 em mulheres jovens uma vez que a maiorparte dos estudos se centram em populações mais velhas.A prevalência de CIN 3 em mulheres jovens com

ASC-US/LSIL foi de 2,4% o que suporta os consen-sos actuais de repetição de citologia nestes casos, comatitudes conservadoras nesta população. Para além dacolpocitologia regular é importante alertar para estilosde vida mais saudáveis, como a evicção tabágica, quepermitam uma maior taxa de eliminação do HPV.

0187LACERAÇÕES PERINEAIS DO 3º E 4º GRAUSDE 2007 A 2013Carla Duarte, Dânia Ferreira, Pedro Oliveira, José FurtadoCentro Hospitalar do Alto Ave, Guimarães, Portugal

Objetivos: Avaliar prevalência e fatores de risco paralaceração perineal grave e aferir do papel da episioto-mia como procedimento preventivo destas lacerações.Métodos: Estudo descritivo, retrospetivo das lacera-ções perineais de 3º e 4º graus ocorridas no CHAAentre 2007 e 2013. Consultaram-se os seguintes parâ-metros: idade, paridade, idade gestacional (IG), tipode parto, trabalho de parto (TP), analgesia epidural,duração do período expulsivo, apresentação e varieda-de, realização de episiotomia, distócia de ombros, pesoe vitalidade do recém-nascido (RN), continência es-fincteriana e referenciação pós-parto.Resultados:Ocorreram 11113 partos vaginais, 12,5%dos quais distócicos (12,1% ventosas (V); 0,4% fórceps(F)). Foram documentadas 51 lacerações do 3ºgrau (23eutócicos (E), 26V, 2F) e 5 do 4ºgrau (3E, 1V, 1F),correspondendo a uma taxa de 0,5%. Idade média 29anos (máx:41;mín:19), 84% primigestas, a maioria dosTP ocorreram espontaneamente, com anagesia epidu-ral no período expulsivo, este com duração média de18minutos (máx:70;mín:3). Em 7,1% (n=4) docu-mentada variedade occipito-sagrada e em 5,3% (n=3)distócia de ombros. Foi realizada episiotomia medio-lateral esquerda em 70,6% (n=36) e em 80% (n=4) doscasos em que ocorreram lacerações do 3º e 4ºgraus res-pectivamente. 2 partos pré-termo, tendo sido o pesomédio dos RN de 3263g (máx:4198g; mín:2212g). Nopuerpério precoce 30,4% apresentavam hipotonicida-de esfíncteriana. 6 mulheres tiveram parto posterior-mente sem intercorrências. 35,7% das puérperas refe-renciadas para consultas de ginecologia, cirurgia e/oufisiatria. 4 casos de incontinência esfincteriana, 2 paragases e 2 para fezes.Conclusão: A taxa de lacerações do 3º e 4º graus en-contrada foi inferior à documentada na literatura queronda 1%. Assim, muitas lacerações poderão ter sidosubavaliadas pelo profissional. De forma a aumentar onível de deteção, é essencial o exame do períneo, vagi-na e reto para determinação da extensão da lesão. Se-gundo os resultados obtidos a realização de episioto-mia parece não prevenir totalmente a ocorrência de la-cerações graves.

0205UTILIZAÇÃO DE ACETATO DE ULIPRISTAL NOCENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE (CHAA) NO TRATAMENTO DE SINTOMASMODERADOS/GRAVES DE MIOMAS UTERINOSPedro Figueiredo, Carla Duarte, Dânia Ferreira, Manuela Mesquita, Fernanda Tavares

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Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar do Alto Ave,Guimarães, Portugal

Introdução:O acetato de ulipristal, modulador selec-tivo do receptor da progesterona, na dosagem de 5 mgdiários, está aprovado na Europa no tratamento pré-ci-rúrgico de sintomas moderados a graves de miomasuterinos (nomeadamente anemia, hemorragia uterinaintensa, dor abdominal). Presentemente, encontra-seaprovada a sua utilização até um máximo de dois ciclosde três meses, intervalados de dois meses de pausa.Objectivos:Avaliação, caracterização e seguimento dacoorte de doentes em tratamento com acetato de uli-pristal no CHAA, desde a introdução do medicamen-to (09/2013) até 31/03/2014.Metodologia:Caracterização e análise dos resultadoscom recurso ao SPSS®, versão 22.0.Resultados: Seis doentes entraram nesta análise, apósdisponibilização do fármaco pelo Hospital (5 com clíni-ca de hemorragia uterina anómala intensa e uma já comanemia). As idades situavam-se fundamentalmente naperi-menopausa (48-53 anos; 5 doentes). O follow-upminímo considerado neste estudo foi de três meses pós--interrupção do fármaco. Duas doentes foram submeti-das a cirurgia (ambas com redução parcial dos miomas(5%) e com resolução da clínica no pré-operatório); trêsencontram-se em remissão franca dos sintomas após umciclo de terapêutica de três meses (duas já com início desintomatologia climatérica); e numa doente foi instituí-do um segundo ciclo de terapêutica, após intervalo dedois meses. Não houve registo de efeitos secundários in-toleráveis, verificando-se apenas nas não-histerectomi-zadas o aparecimento de espessamento endometrial eco-gráfico, não mantido em ecografias subsequentes.Conclusão: O acetato de ulipristal, na dosagem de 5mg, constitui indubitavelmente uma nova arma naabordagem de miomas uterinos sintomáticos, auxi-liando na optimização pré-cirúrgica da clínica dedoentes de difícil controlo com a terapêutica conven-cional. Se a sua utilização na perimenopausa pode evi-tar a cirurgia ainda é controverso e objecto de estudo.O desenvolvimento e aprofundamento em contínuosestudos são necessários para o conhecimento pleno dassuas potencialidades.

0211SLING SUBURETRAL NO TRATAMENTO DAINCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO – QUE RESULTADOS ESPERAR?Sara Rocha1, Rita Lerman2, Njila Amaral2,

Ana Paula Simões2, Amália Martins2, Carlos Veríssimo21. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Maternidade Dr. Alfredo daCosta, Lisboa, Portugal2. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Beatriz Ângelo, Loures,Portugal

Introdução: Os slings sub-uretrais são actualmente aterapêutica cirúrgica de eleição na incontinência uri-nária (IU) de esforço (IUE). No entanto, cerca de 20%das mulheres operadas têm persistência das queixas.Objectivo: Avaliar a eficácia do sling suburetral e ascomplicações operatórias.Metodologia:Estudo retrospectivo de mulheres sub-metidas a cirurgia de correcção de IUE (procedimen-to cirúrgico único) com colocação de sling suburetraltransobturador, entre Março de 2012 e Novembro de2013, com follow-upmínimo de 6 meses.Resultados:Foram realizadas 50 cirurgias; 4 foram ex-cluídas por ausência de follow-up (n=46). A idade mé-dia das doentes foi de 56 anos (38-80 anos), 98%(n=45) tiveram pelo menos 1 parto vaginal, o índice demassa corporal (IMC) médio foi de 29,4 (45,7% IMC≥30) e 65,2% (n=30) são pós-menopausa. Quanto aosantecedentes cirúrgicos: 3 tinham cirurgia por disfun-ção do pavimento pélvico e 4 tinham sido histerecto-mizadas. Quanto ao tipo de IU, 80,4% (n=37) apre-sentavam IUE e as restantes (n=9) tinham IUM compredomínio de esforço. Em 52,2% (n=24) foi utiliza-da a via outside-in e nas restantes a via inside-out. Ocor-reu 1 caso de hemorragia intra-operatória. Ocorreram10,9% de complicações pós-operatórias: 1 erosão va-ginal (tratamento conservador) e 4 casos de IUU denovo (8,7%). Apenas a idade ≥65 anos se associou arisco aumentado de IUU de novo (p=0,001). A taxa deeficácia aos 6 meses, definida como ausência de quei-xas de IUE, foi de 82,6% (n=38). Não houve diferen-ça com significado estatístico entre a falha do procedi-mento (n=8) e a idade, obesidade, status pós-meno-pausa, via de aplicação e tipo de IU.Conclusões: O sling suburetral constitui uma tera-pêutica segura e eficaz no tratamento da IUE. Na nos-sa amostra, não se encontraram factores de risco asso-ciados a falha do procedimento; a idade avançada as-sociou-se a risco aumentado de IUU de novo.

0222TUMOR DESMÓIDE DA PAREDE ABDOMINAL –CASO CLÍNICO E REVISÃO DA LITERATURAAriana Gomes, Pedro Enes, Ana Torgal, Cristina CarrapatosoCentro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Penafiel, Portugal

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Introdução: O tumor desmóide constitui uma entida-de rara (0,03% de todas as neoplasias, com incidênciade 2-4 por 1000000 habitantes/ano), sendo constituí-do pela proliferação monoclonal de miofibroblastoscom deposição de colagénio. Ocorre geralmente empacientes com história de Polipose Adenomatosa Fa-miliar, cirurgia ou gravidez e, apesar de não ter poten-cial de metastização, é localmente invasivo e agressivo.Objectivo e Metodologia: Descrição e discussão decaso clínico referente a tumor desmóide abdominal;Revisão da literatura.Caso Clínico: Mulher de 37 anos, I Gesta I cesaria-na, com antecedentes de apendicectomia, foi referen-ciada à consulta por um achado ecográfico de fibro-mioma uterino volumoso. A ecografia e a TAC pélvi-ca revelaram “formação nodular com 14 cm sugestivade leiomioma subseroso localizado ao nível do fundouterino”, pelo que foi proposta para tratamento cirúr-gico. No decurso da cirurgia foi constatada a existên-cia de uma massa pélvica abdominal independente doútero e anexos e fortemente aderente à parede abdo-minal anterior e músculo recto, tendo-se procedido àsua exérese. O exame histológico e imuno-histoquí-mico revelou um tumor desmóide com 742g de peso.Foi confirmada a exérese completa da lesão. O perío-do de follow-up é ainda curto (1 mês), e a utente en-contra-se, actualmente, assintomática.Resultados e Conclusões: A forma de apresentaçãodo tumor desmóide e o seu comportamento biológicosão variáveis, no entanto este constitui um caso atípi-co, uma vez que apesar da ausência da sintomatologiaginecológica, os exames auxiliares de diagnóstico nãolevantaram a hipótese de um diagnóstico pré-operató-rio alternativo. Na maioria dos casos descritos na lite-ratura tratamento de 1ª linha é cirúrgico, sendo a qua-lidade da ressecção o factor de prognóstico mais im-portante. Dada a elevada possibilidade de recorrênciadestas neoplasias, mesmo após ressecção completa, jus-tifica-se uma vigilância pós operatória alargada.

0241COMPLICAÇÕES PER E PÓS-OPERATÓRIAS DO SERVIÇO DE GINECOLOGIA – CASUÍSTICADE 2013Bruna Vieira, Tânia Lima, Ana Sofia Cardoso, Daniela Almeida, Manuela Leal, António ToméCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução:Qualquer ato cirúrgico é passível de com-plicações, quer durante a cirurgia, quer no peri-opera-

tório, e deve ser do conhecimento do Serviço a suaocorrência no sentido de criar procedimentos para mi-nimizar o seu aparecimento.Objetivos: Este trabalho tem como objetivo identifi-car as complicações per e pós-operatórias das cirurgiasginecológicas realizadas em regime de internamentono Serviço de Ginecologia do Centro Hospitalar doPorto no ano de 2013; classificar as complicações e co-nhecer o tipo de tratamento instituído.Metodologia:Análise retrospetiva individualizada dosprocessos clínicos com codificação ICD-9 referente a“Complications of surgical and medical care” (996-999)de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2013.Resultados e Conclusões: Das 1883 cirurgias gine-cológicas realizadas em regime de internamento, veri-ficaram-se 72 casos de complicações per ou pós-ope-ratórias (3,8%). As 72 doentes apresentavam uma mé-dia de idade de 56,6 anos (±13,7 anos); 65,3% dasdoentes apresentavam comorbilidades e 37,5% tinhamantecedentes de cirurgia abdominal.Das complicações ocorridas destacam-se 24 casos

de complicações hemorrágicas (33,3%), 15 casos de la-ceração do trato genitourinário, digestivo ou muscular(20,8%), 15 casos de complicações infeciosas e/ou deis-cência de ferida operatória (20,8%). Ocorreu um casode embolia pulmonar no pós-operatório com morte eoutro caso de morte devido a choque cardiogéniconuma doente com patologia cardíaca conhecida. O tra-tamento instituído foi, em 27,8% dos casos, de supor-te/expectante e 47,2% exigiram correção cirúrgica in-traoperatória ou reintervenção cirúrgica. O aumentomédio de internamento no Serviço foi de 5 dias.A taxa de complicações é semelhante à descrita na

literatura. A prevenção e a identificação precoce dascomplicações cirúrgicas é o mais importante, permi-tindo o tratamento atempado e adequado.

0242HERNIA DA PORTA DE ENTRADA DO TROCARTE– A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOAna Filipa Marques, Mariana Alves, Maria Geraldina Castro, Fernanda ÁguasServiço de Ginecologia B, Maternidade Bissaya Barreto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

Introdução:A hérnia da porta de entrada do trocarteé definida como uma hérnia incisional que ocorre apósuma cirurgia por via laparoscópica, na incisão da por-ta de entrada do trocarte.Objetivo:Descrição de um caso clínico a propósito de

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uma complicação rara da cirurgia laparoscópica.Caso clínico: Doente de 62 anos, submetida a histe-rectomia vaginal laparoscopicamente assistida comanexectomia bilateral por útero miomatoso e metror-ragia pós menopausa. A cirurgia e o pós-operatórioimediato decorreram sem complicações, tendo tido altaao 2º dia.A doente recorreu ao serviço de urgência ao 5º dia

pós-operatório, por um quadro de náuseas e vómitoscom dois dias de evolução, sem melhoria com tera-pêutica médica. Ao exame objetivo apresentava um ab-dómen distendido, depressível com ruídos hidroaéreospresentes. A radiografia abdominal mostrava imagensradiolucentes compatíveis com níveis aéreos, sugesti-vo de quadro oclusivo alto. Foi submetida a laparosco-pia diagnóstica tendo-se observado uma ansa de in-testino delgado encarcerada na solução de continuida-de (10 mm) na região umbilical resultante do local deinserção do trocarte da cirurgia anterior, condicionan-do obstrução do trânsito intestinal. Depois de liberta-da, a ansa não apresentava sinais de compromisso vas-cular, pelo que foi encerrada a porta de entrada do tro-carte periumbilical por via laparoscópica. O pós-ope-ratório decorreu sem outras complicações.Conclusões:Apesar de rara, a hérnia da porta do tro-carte é uma possível complicação de qualquer proce-dimento laparoscópico. O seu diagnóstico precoce exi-ge um elevado grau de suspeição, sendo a intervençãoprecoce crucial.

0244ACUIDADE DA HISTEROSCOPIA NODIAGNÓSTICO DO CARCINOMA DOENDOMÉTRIOEduardo Baptista, Filipa Nunes, Iolanda Ferreira, Giselda Carvalho, Francisco Falcão, Isabel TorgalServiço de Ginecologia A do Centro Hospitalar e Universitário deCoimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: A visualização endoscópica da cavidadeendometrial tem sido amplamente usada na aborda-gem diagnóstica das mulheres com suspeita de patolo-gia endometrial.Objectivos:O objectivo do presente estudo foi avaliara acuidade da histeroscopia no diagnóstico de carcino-ma do endométrio.Metodologia:Análise retrospectiva das histeroscopiasde diagnóstico realizadas por suspeita clínica e/ou eco-gráfica de patologia endometrial, num período de 5anos ( Janeiro/2008 a Dezembro/2012). Foram avalia-

das a sensibilidade, especificidade, valor preditivo po-sitivo, valor preditivo negativo e a acuidade deste exa-me no diagnóstico de carcinoma do endométrio.Resultados e conclusões:Das 3593 histeroscopias dediagnóstico realizadas neste período foram identifica-dos achados suspeitos de carcinoma endometrial em199 casos, tendo o estudo histológico confirmado estediagnóstico em 123 (verdadeiros positivos) e excluídoa presença de carcinoma em 76 casos (falsos positivos).Dos 3394 exames nos quais não houve suspeita de car-cinoma, verificaram-se 8 casos de carcinoma do endo-métrio (falsos negativos), sendo os restantes 3386 exa-mes classificados como verdadeiros negativos. Assim,nesta amostra, a sensibilidade e especificidade da his-teroscopia para o diagnóstico de carcinoma do endo-métrio foi de 93,4% e 97,8%, respectivamente. O va-lor preditivo positivo foi de 61,8% e o valor preditivonegativo de 99,8%. A acuidade diagnóstica foi de97,7%. Nesta amostragem, apesar do reduzido valorpreditivo positivo, a acuidade diagnóstica da histeros-copia para o carcinoma do endométrio é elevada, tor-nando-a no exame de eleição para a abordagem destaspacientes.

0260PÓLIPOS ENDOMETRIAIS – POLIPECTOMIAHISTEROSCÓPICA?Tatiana Semedo Leite, Diana de Castro Almeida, Ângela Ferreira, José Viana, Eunice CapelaHospital de Faro - Centro Hospitalar do Algarve, Faro, Portugal

Introdução: A polipectomia histeroscópica é o goldstandardno tratamento e estudo histológico dos póliposendometriais. A abordagem ideal a estes achados - vi-gilância versus polipectomia - permanece, contudo, sobcontrovérsia, sobretudo em mulheres assintomáticas.Objectivos: Avaliar e correlacionar os dados clínicose histeroscópicos com os achados histológicos.Material e Métodos: Efectuou-se um estudo retros-pectivo de 2 anos acerca das mulheres submetidas ahisteroscopia cirúrgica por pólipos endometriais. Oprocesso clínico de 365 pacientes submetidas a histe-roscopia diagnóstica foi estudado em termos de idade,status menopáusico, sintomas, achados ecográficos ediagnóstico histológico.Resultados: De entre as 365 histeroscopias diagnós-ticas efectuadas verificaram-se 183 pólipos, 58 leio-miomas e 14 casos de endométrio de aspecto hiper-trófico. No entanto, efectuaram-se 183 histeroscopiascirúrgicas, as quais corresponderam 107 pólipos. Des-

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tes, a histologia revelou 87 pólipos endometriais sim-ples e 21 pólipos com hiperplasia, tendo-se compara-do os dois grupos. Neste grupo, 15 pacientes tinha he-morragia uterina anómala e 19 estavam em períodopós-menopausa. Foram encontrados pólipos com hi-perplasia simples sem atipia em 15 pacientes, póliposcom hiperplasia simples com atipias em 1 paciente, pó-lipos com hiperplasia complexa sem atipias em 1 pa-ciente e pólipos com hiperplasia complexa com atipiasem 4 pacientes, correspondendo a 8,2%, 0,5%, 0,5% e2,2%, respectivamente. O significado estatístico foiavaliado com SPSS 20.0.Conclusão:A polipectomia histeroscópica é a melhorabordagem aos pólipos endometriais, sobretudo empacientes de risco elevado. Contudo, os riscos ou com-plicações cirúrgicas e o custo não são de negligenciar.Por estes motivos, é essencial uma avaliação clínica eecográfica detalhada antes de qualquer procedimentode modo a decidir a abordagem a seguir - vigilância oucirúrgica.

0268HISTERECTOMIA TOTAL ABDOMINAL POR VIALAPAROSCOPICA - A EXPERIENCIA DO CENTROHOSPITALAR DO PORTOAlexandrina Mendes, António Braga, Hélder Ferreira,Rosália Cubal, António Tomé, Serafim GuimarãesCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução:A histerectomia abdominal é um dos pro-cedimentos cirúrgicos major mais frequentemente efe-tuados em Ginecologia, verificando-se nos últimosanos que a sua abordagem por via laparoscópica temcrescido de forma significativa. O objetivo deste tra-balho é analisar a nossa experiência na realização dehisterectomias por via laparoscópica.Material e métodos: Estudo retrospetivo e prospeti-vo descritivo, que incluiu as histerectomias totalmen-te realizadas por laparoscopia no nosso Centro entreJaneiro de 2010 e Fevereiro de 2014. Os parâmetrosregistados foram: a indicação cirúrgica, as complica-ções operatórias, a necessidade de conversão para la-parotomia, o tempo de internamento e a duração doprocedimento cirúrgico.Resultados e Conclusões: Foram incluídos 245 ca-sos, com uma idade média de 48,4 anos (mínimo: 28anos; máximo 76 anos). O índice de massa corporalmédio da nossa amostra é de 24,99Kg/m2. A indica-ção mais frequente foi hemorragia uterina anormal(43,3% dos casos) seguida de miomas uterinos sinto-

máticos (37,3%) e prolapso uterino (6,0% dos casos).O tempo médio de duração do procedimento cirúrgi-co foi de 65 minutos. O índice de massa corporal mé-dio foi de 24,99Kg/m2. 43,3% das nossas doentes ti-nham antecedentes de cirurgia abdominal prévia. Exis-tiu necessidade de conversão para via laparotómica em4 casos (1,6%). Verificou-se a existência de complica-ções intra ou pós operatórias em 2,4% dos casos. Otempo de internamento médio foi de 2,6 dias. A nos-sa experiência, apesar de limitada, tem mostrado que ahisterectomia total laparoscópica é um procedimentoseguro, associado a uma baixa taxa de complicações ereduzido tempo de internamento, sendo a intervençãode eleição em casos selecionados.

0274SARCOMA UTERINO E HISTEROSCOPIA – UMCASO CLÍNICOPaula Ambrósio, Ana Fatela, Rui CostaHospital Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira, Portugal

Introdução:Os leiomiossarcomas (LMS) uterinos sãoentidades raras, correspondendo a cerca de 1% de todosos cancros do corpo do útero. Raramente são diagnos-ticados antes da cirurgia, com uma baixa acuidade diag-nóstica da biópsia endometrial mesmo em casos sinto-máticos. A cirurgia é aceite mesmo na presença de me-tastização à distância com vista à redução da massa tu-moral e melhoria da resposta à terapêutica sistémica.Objectivos e metodologia:Os autores apresentam umcaso de um LMS uterino diagnosticado por histeros-copia. Tratava-se de uma doente de 75 anos de idadereferenciada à consulta de Ginecologia do HospitalVila Franca de Xira com um quadro de hemorragia va-ginal súbita acompanhada de algias pélvicas. A eco-grafia pélvica revelou um útero aumentado de tamanhopara a faixa etária e uma massa intracavitária forte-mente vascularizada. A histeroscopia identificou umavolumosa massa nodular com vasos atípicos que se bio-psou e cujo resultado foi um leiomiossarcoma de altograu. A doente foi posteriormente submetida a histe-rectomia total com anexectomia bilateral e colheita delavado peritoneal no Instituto Português de Oncologia,seguida de quimioterapia sistémica com doxorrubici-na.Conclusões: O LMS uterino é uma entidade clínicarara e de prognóstico reservado nos estadios avança-dos. O diagnóstico histológico nem sempre é possivelantes da cirugia, sendo a taxa de detecção por biópsiaendometrial de apenas 15%. A histeroscopia pode me-

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lhorar a acuidade diagnóstica deste tipo de patologia aopermitir visualizar directamente a cavidade uterina e aslesões suspeitas, com a consequente biópsia dirigidadas mesmas.

0278A PROPÓSITO DE UM CASO DE FASCEÍTENECROTIZANTE PERINEALJoana Lisboa, Patrícia Alves, Ana Castro, Osvaldo Moutinho, Ana Melo, Herculano MoreiraCentro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Introdução: A Fasceíte Necrotizante constitui umacomplicação rara e potencialmente fulminante de in-feções da pele e tecidos moles a nível vulvar. Tipica-mente manifesta-se por endurecimento nessa regiãocom extensão para a porção interna das coxas. É con-siderada uma emergência cujo tratamento deve serimediato com desbridamento de tecido necrótico e an-tibioticoterapia de largo espectro. Esta entidade estáassociada a mortalidade considerável (22-40%) mesmocom o tratamento óptimo.Caso Clínico:Doente de 77 anos, obesa, com antece-dentes de diabetes insulinodependente e hipertensãoarterial. Recorreu ao Serviço de Urgência por tumefa-ção vulvar eritematosa à esquerda com crescimento pro-gressivo estendendo-se para a região inguinal e comdrenagem espontânea com cerca de 15 dias de evolução.À admissão apresentava-se febril, normotensa e ta-

quicárdica. Ao exame objectivo destacava-se uma tu-mefação vulvar de cerca de 10 cm de maior diâmetro,margens mal definidas, dolorosa e quente à palpaçãocom drenagem espontânea de conteúdo purulento ecom cheiro fétido a nível do introito vulvar.Decidiu-se iniciar antibioticoterapia endovenosa de

largo espectro e realização de TC pélvica que mostrou:"... presença de infiltrado edematoso e ar no tecido ce-lular subcutâneo da região vulvar e inguinal esquerda,com conteúdo aéreo, com características evocadoras degangrena de Fournier - fasceíte necrosante no contex-to de infeção por anaeróbios..."Neste contexto a doente foi submetida a desbrida-

mento cirúrgico da região púbica e de parte do grandelábio esquerdo.No pós-operatório apresentava-se subfebril, hemo-

dinamicamente estável, mantendo atualmente trata-mento antibiótico de largo espectro.Conclusão:Na avaliação de uma doente com abcessovulvar associado a dor persistente, eritema e endureci-mento, nomeadamente quando presentes factores de

risco, como diabetes e obesidade, deve-se ponderar ahipótese de Fasceíte Necrotizante. Trata-se de uma en-tidade com progressão rápida sendo essencial a insti-tuição precoce de tratamento adequado.

0287INTERNAMENTOS NA UNIDADE DE CUIDADOSINTENSIVOS E INTERMÉDIOS NUM SERVIÇOTERCIÁRIO DE GINECOLOGIA: ANÁLISERETROSPETIVARita Caldas, Paula Oliveira, Cátia Rodrigues, Célia Soares, Célia Araújo, Teresa TelesCentro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, Santa Maria da Feira,Portugal

A necessidade de cuidados intensivos associada a pa-tologia ginecológica é pouco frequente, tendo sido des-critas taxas de morbilidade de cerca de 10% a 20% emortalidade muito reduzida.Objectivos:Descrever e analisar os internamentos naunidade de cuidados intensivos (UCI) e intermédios(UCINT) por patologia ginecológica ou complicaçõesde cirurgia ginecológica.Metodologia:Estudo retrospetivo dos internamentosna UCI e UCINT do Centro Hospitalar de Entre oDouro e Vouga entre Janeiro de 2009 e Junho de 2014.Resultados e Conclusões: Durante 4,5 anos houvenecessidade de cuidados intensivos em 40 pacientesinternadas por patologia ginecológica. A idade médiaà data de internamento foi de 54 anos (mín=19 emáx=85). Os diagnósticos de admissão na UCI foramchoque hipovolémico (n=3), sépsis (n=3), complica-ções do procedimento cirúrgico (n=2), estabilizaçãopós-operatória em doentes com elevado potencial decomplicações (n=1) e tromboembolismo pulmonarapós cirurgia (n=1). Dos casos descritos, 5 tinham pa-tologia oncológica. A taxa de mortalidade foi de 10%(n=1). Relativamente aos internamentos na UCINT, asépsis (n=9), o choque hipovolémico (n=7) e a estabi-lização pós-operatória em doentes com elevado riscode complicações (n=7) foram os diagnósticos mais fre-quentes. Houve ainda 3 casos de complicações cardio-respiratórias, 2 de síndrome de hiperestimulação ovári -ca grave, 2 de complicações do procedimento cirúrgi-co e 1 de instabilidade hemodinâmica após aborto in-completo. 12 casos (40%) tinham patologia oncológica.Concluindo, é pouco frequente a necessidade de

cuidados intensivos por motivos ginecológicos. A pa-tologia oncológica e comorbilidades prévias parecemconstituir factores de risco. É, por isso, importante ten-

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tar identificar as pacientes de alto risco de forma a di-minuir a severidade das complicações e instituir trata-mento e suporte o mais precocemente possível.

0291IMPORTÂNCIA DA VAGINOSCOPIA NAABORDAGEM DA HEMORRAGIA VAGINAL NAINFÂNCIA – A PROPÓSITO DE UM CASOCLÍNICOCátia Paixão, Sara Costa, Filipa Rafael, Fernando Guerreiro, Pedro GuedesCentro Hospitalar do Algarve, Portimão, Portugal

Introdução: A maioria das hemorragias genitais nainfância é causada por patologias benignas, nomeada-mente, vulvovaginites, corpo estranho, prolapso de ure-tra e líquen escleroso. Devem ser sempre afastadas aspossibilidades de abuso sexual, e, casos mais gravescomo a menarca precoce e o sarcoma botrióide.A presença de corpo estranho intravaginal deve ser

suspeitada a partir da história clínica e do exame físi-co. A vaginoscopia, realizada sob anestesia, permiteconfirmar o diagnóstico e remover o corpo estranho.Objectivo e Metodologia: Abordagem de um casoclínico e revisão da literatura.Caso clínico:Criança de 6 anos, saudável, nacionalida-de romena, trazida pelos pais e encaminha -da pelo Serviço de Urgência de Pediatria por hemorra-gia genital, perda de sangue vivo, abundante (sujou ascalças), com um dia de evolução. Tratou-se de um epi-sódio único, sem história de trauma associado. À obser -vação, genitais externos e meato uretral sem lesões, ímenintacto, sem exteriorização de corrimento ou hemorra-gia ativa. Desenvolvimento adequado para a idade, semtelarca ou pubarca. Efetuado estudo complementarcom analises hormonais, ecografia pélvica, vesical e re-nal, sem evidencia de alterações relevantes. Ao 2º dia deinternamento, proposta aos pais para a realização de va-ginoscopia, sob anestesia geral; subsequentemente iden-tificou-se a presença de 2 corpos estranhos - moeda de5 cêntimos e um botão - e procedeu-se à sua extração.Conclusão: Na presença de hemorragia vaginal anó-mala, a determinação da sua etiologia é fundamentalpara tratamento adequado, principalmente na infância.Nesta fase do desenvolvimento, as lesões vaginais nãopodem ser excluídas apenas por um exame físico; talcomo demonstrado neste caso clínico, a realização devaginoscopia sob sedação é o método de eleição, per-mitindo o diagnóstico definitivo e tratamento imedia-to, na maioria das situações.

Obstetrícia

0006SÍFILIS CONGÊNITA: CONHECIMENTO DOSOBSTETRAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DEREFERÊNCIA EM SALVADOR, BRASIL, SOBRE OPROTOCOLO PROPOSTO PELO MINISTÉRIOSDA SAÚDE.Saulo Jende Nascimento, Danielle Santos Costas, David da Costa Nunes JúniorEscola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador- Bahia, Brazil

Objetivo:Avaliar as atitudes e conhecimento dos obs-tetras de dois serviços públicos de referência da cida-de de Salvador-BA, Brasil sobre as recomendaçõespara controle da sífilis congênita. Foi também avalia-da a influência das condições de trabalho, disponibili-dade de exames e de medicamentos para o tratamen-to em relação à aplicação dessas recomendações. Foirealizado um estudo envolvendo os obstetras do Insti-tuto de Perinatologia da Bahia e do Hospital GeralRoberto Santos. Utilizou-se um questionário comquestões abordando características da população de es-tudo, condições de trabalho, disponibilidade de medi-camentos e testes rápidos, conhecimento e atitudes emrelação à conduta e diagnóstico da sífilis na gestação eda sífilis congênita, tratamento da sífilis em gestantese identificação de fatores de risco para a transmissãovertical. Dos 55 obstetras, 83,3% afirmaram conhecerintegralmente as recomendações do Ministério daSaúde; 94,5% concordam que os testes sorológicos de-vem ser oferecidos universalmente no momento doparto ou curetagem; 96,3% afirmaram que o VDRLdeve ser realizado duas vezes durante a gestação sen-do o segundo teste realizado independentemente doresultado do primeiro; 85,3% afirmaram que o trata-mento materno adequado consiste no tratamento com-pleto, feito com Penicilina, finalizado pelo menos 30dias antes do parto e tendo sido tratado também o par-ceiro; A maioria referiu a existência de fatores que pre-judicam a aplicabilidade das recomendações (92,72%),sendo que os mais apontados foram a realização ina-dequada do pré-natal e a indisponibilidade das infor-mações do pré-natal na admissão, 80% dos obstetrasinformaram que o teste rápido para sífilis está sempredisponível, e 49,1% afirmaram que o resultado do tes-te está sempre disponível em tempo hábil para iníciodo tratamento e 89,1% afirmaram que o medicamen-to para o tratamento da sífilis sempre está disponível

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nas unidades. Algumas atitudes relacionadas à assis-tência à gestante não foram condizentes com as reco-mendações do Ministério da Saúde.

0016COMPLICAÇÕES DO PUERPÉRIO NO HOSPITALPEDRO HISPANOJoana Félix, Joana M. Barros, Inês Sarmento, Luísa Dias, Pedro Tiago SilvaHospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal

O puerpério consiste nas primeiras 6 semanas após oparto e embora a maioria das mulheres não tenha in-tercorrências nesta fase, algumas podem apresentarcomplicações (hemorrágicas, infeciosas, tromboembó-licas ou psiquiátricas).O objetivo deste trabalho é identificar as complica-

ções que surgem no internamento do pós-parto e aque-las que necessitam de reinternamento.Foram obtidos dados de todas as puérperas com

com plicações documentadas entre 1/01/2012 e30/04/2014, usando o processo clínico, Hp-HCIS eSistema de Apoio ao Médico.Verificamos que aproximadamente 6% das puérperas

cumpriam o objetivo proposto, tendo 97,5% tido o par-to no Hospital Pedro Hispano - 51% entraram em tra-balho de parto (TP) espontâneo, 16,7% foi necessária in-dução TP e 13,6% foram submetidas a cesariana eletiva.A anemia é a complicação mais frequente estando

presente em 44,1% dos casos, seguida das laceraçõesperineais de 3ºgrau (28,6%), sintomatologia associadaà picada da dura mater (26,4%), pré-eclâmpsia (16,7%)e hemorragia pós-parto (15,2%). Estão também in-cluídos casos de complicações mais raras e letais comoparagem cardiorrespiratória, tromboembolismo pul-monar, coagulação intravascular disseminada e sépsis.Dos doentes com anemia, 47,8% fez tratamento

com óxido férrico sacarosado endovenoso, 18,6% car-boximaltose férrica em perfusão, 14,2% reforço do fer-ro oral, e 19,5% necessitou de transfusão (17,4% em2012, 18,8% em 2013).Como resultado das complicações verificou-se um

prolongamento do tempo de internamento em 56,7%das mulheres (definido por ≥3 dias após parto vaginale ≥4 dias pós-cesariana – sendo a média 3,77 dias e5,63 respetivamente). Foram reinternadas 11,3% e admitidas numa unidade de cuidados intermédios ouintensivos 5,4% das puérperas em estudo.Em conclusão, embora não sejam muito frequen-

tes, as puérperas podem apresentar complicações com

um largo expetro de gravidade e é importante e trata-las de forma a evitar problemas na saúde materna.

0021MALFORMAÇÕES GENITAIS E RESTRIÇÃO DOCRESCIMENTO FETAL – A PROPÓSITO DE UMCASO CLÍNICOANA EDRAL, RITA MARTINS, ÂNGELAFERREIRA, MARGARIDA GADELHA, OLGA VISEUServiço de Obstetrícia - Centro Hospitalar do Algarve, Faro, Portugal

Introdução: As malformações genitais, nomeada-mente hipospádias, podem associar-se a disfunção pla-centar precoce e restrição do crescimento fetal (RCF).O desenvolvimento da uretra decorre entre as 8-14 se-manas de gestação, sob a influência da β-hCG pla-centar e testosterona, pelo que, a disfunção placentarprecoce pode levar ao desenvolvimento de hipospádiasem fetos masculinos. Por outro lado, uma placenta dis-funcional fará um aporte deficiente de nutrientes, oque pode explicar a associação de hipospádias comRCF precoce.Objetivo: Rever a associação entre malformações ge-nitais e RCF, com base num caso clínico.Caso Clínico: Mulher, 34 anos, primigesta, antece-dentes de hábitos tabágicos, tiroidite auto-imune eSíndrome de Raynaud, com uma gestação vigiada, semintercorrências, até às 26s, altura em que se detetouuma RCF, diminuição do líquido amniótico e ambi-guidade genital, pelo que foi internada às 28s+1d. Pordiabetes gestacional, iniciou insulinoterapia às 28 se-manas. Durante o internamento, realizou maturaçãopulmonar fetal, fez ecocardiograma fetal, normal, eamniocentese com cariótipo 46,XY, sem aneuploidias.Às 29s+3d verificou-se alteração dos estudos Doppler.Fez-se Cesariana Segmentar Transversa às 30s+1d,com um recém-nascido de 840g, Índice de Apgar8/9/10, com aparente micropénis e hipospádias. O exa-me anátomo-patológico da placenta revelou um pesomuito inferior ao esperado e maturidade avançada paraidade gestacional, bem como vasculopatia obliterati-va/trombótica. Até ao momento, foi excluído, também,o Síndrome de Smith-Lemli-Opitz. O estudo de ou-tras patologias auto-imunes maternas foi negativo.Conclusão: Verificámos que este caso clínico vai deencontro à associação de RCF de provável causa pla-centar e malformações genitais previamante descritana literatura. Contudo, aguardamos restante estudo ge-nético e endocrinológico do recém-nascido para ex-cluir outras causas.

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0030PREDIÇÃO DE PRÉ-ECLÂMPSIA NO PRIMEIROTRIMESTRE: DETERMINAÇÃO DO CUTOFF NAPOPULAÇÃO PORTUGUESANatacha Oliveira, Bruno Carrilho, Ana Carocha, Ana Teresa Martins, Ana Isabel Martins, Ana CamposMaternidade Dr. Alfredo da Costa, Centro Hospitalar Lisboa Central,Lisboa, Portugal

Introdução: A pré-eclâmpsia constitui uma causa demorbimortalidade maternofetal. A predição de pré--eclâmpsia no 1º trimestre (1T) através da aplicação dealgoritmos permite a estratificação do risco, instituiçãode profilaxia e uma vigilância individualizada.Objetivo: Determinar o cutoff para estratificação derisco de pré-eclâmpsia através da aplicação do algo -ritmo da Fetal Medicine Foundation (FMF) para pre-dição de pré-eclâmpsia no 1T.Material e métodos: Estudo coorte prospetivo in-cluindo gravidezes únicas submetidas a rastreio com-binado entre as 110-136 dias entre 2011 e 2013. Foramavaliadas características maternas, parâmetros bioquí-micos e biofísicos. O cálculo do risco de pré-eclâms-pia foi obtido através do programa Astraia e o desfe-cho obstétrico obtido por consulta do processo clíni-co. O valor de cutoff foi obtido através da realização decurva ROC.Resultados: Entre as 273 doentes incluídas no estu-do, 7 (2.6%) desenvolveram pré-eclâmpsia. No 1T asdoentes que desenvolveram pré-eclâmpsia apresenta-ram maior resistência das artérias uterinas, apresen-tando maiores índices de pulsatilidade, mínimos e mé-dios, comparativamente às doentes que não desenvol-veram pré-eclâmpsia, p <0.005. As restantes caracte-rísticas maternas, índice de massa corporal, pressãoarterial média e PAPP-A não apresentaram diferençasestatisticamente significativas.A estratificação do risco de pré-eclâmpsia no 1T

através da aplicação do modelo preditivo de pré--eclâmpsia da FMF, utilizando como cutoff ideal 0.045 (1/22), traduziu-se numa sensibilidade 71%, es-pecificidade de 88% e um likelihood ratio de 12.98 (áreasob a curva: 0.69; intervalo de confiança 95%: 0.39--0.99). Aplicando o cutoff estabelecido obter-se-ia71.4% de verdadeiros positivos, 88.3% de verdadeirosnegativos, 11.4% de falsos positivos e 28.6% de falsosnegativos.Conclusões: Embora a performance do algoritmo preditivo de pré-eclâmpsia no 1T descrito pela FMFpareça ser menor na população portuguesa, a aplicação

do mesmo usando 1/22 como cutoff demonstrou sereficaz na predição de pré-eclâmpsia no 1T. Estudossubsequentes são necessários para confirmar os pre-sentes resultados.

0035BIOPSIA DAS VILOSIDADES CORIÓNICAS -CASUÍSTICA DO CENTRO HOSPITALAR DETRÁS-OS-MONTES E ALTO DOUROPatrícia Correia, Patricia Alves, Cátia Carnide, Osvaldo MoutinhoCHTMAD, Vila Real, Portugal

Introdução: A biópsia das vilosidades coriónicas(BVC) é uma técnica invasiva de diagnóstico pré-na-tal que permite o diagnóstico precoce do cariótipo fe-tal. Atualmente, a taxa de complicações (abortamen-to) associada a esta técnica é semelhante à da amnio-centese. A BVC foi introduzida no Centro Hospitalarde Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) emNovembro de 2012.Objetivos: Avaliar os casos em que foi realizada aBVC no CHTMAD entre 1 de Novembro de 2012 e31 Abril de 2014, determinando quais as indicações,resultados e complicações.Metodologia: Estudo retrospetivo e descritivo atra-vés da consulta dos processos clínicos dos casos deBVC realizados no CHTMAD.Resultados:Durante este período foram realizadas 86BVC. As indicações para a sua realização foram: ida-de materna avançada (48,8 %), rastreio combinado po-sitivo (17,4 %), TN > P95 (14 %), ansiedade materna(10,5 %) e anomalia ecográfica (9,3 %). Foram diag-nosticadas aneuploidias em 4,7 % dos casos e em to-dos estes foi solicitado pelo casal a interrupção médi-ca da gravidez. Não houve nenhum caso de aborta-mento relacionado com a técnica.Conclusão:A biópsia das vilosidades coriónicas é umatécnica segura que permite o diagnóstico precoce dealterações cromossómicas, diminuindo a ansiedade dagrávida e possibilitando que a interrupção de gravidez,quando indicada, seja realizada numa idade gestacio-nal inferior. Estes resultados representam a primeiracasuística desta técnica realizada no CHTMAD.

0037CONIZAÇÃO NA GRAVIDEZ E DESFECHOSOBSTÉTRICOS – RELATO DE DOIS CASOSCLÍNICOSZita Ferraz1, Cecília Caetano1, Ana luísa Areia1,

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Rui Coimbra1, Ondina Jardim1, Paulo Moura11. Maternidade Dr. Daniel de Matos, Coimbra, Portugal2. Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal3. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: A infeção pelo Papilomavírus Humano(HPV) é a infeção sexualmente transmissível (IST)mais comum em adultos jovens sexualmente ativos,atingindo aproximadamente 10-60% das mulheres,habitualmente sem manifestação clínica. Contudo, asalterações hormonais, anatómicas e imunológicas dagravidez potenciam o aparecimento de lesões verruco-sas - condilomas - que, se forem extensas, poderão obs-truir o canal de parto. Assim, a exérese cirúrgica é a te-rapêutica de eleição estando, no entanto, associada aaumento do risco de abortamento e parto pré-termo.Objetivo: Avaliar os desfechos obstétricos em duasgrávidas submetidas a exérese cirúrgica, com conizaçãocervical, por condilomatose cervical extensa.Resultados: Vigiadas em Consulta de Patologia Cer-vico-Vulvar (PCV) duas grávidas por apresentaremcondilomas cervicais extensos, ambas sem anteceden-tes de IST e respetivos cônjuges assintomáticos. A pri-meira, 21A, G2P0, foi referenciada às 13S e a segun-da, 27A, G2P0, às 16S; ambas submetidas a conizaçãocervical por ansa diatérmica às 14 e 16S por condilo-matose cervical extensa. Ambos os estudos histológi-cos revelaram "condiloma cervical; Lesão Intraepitelialde Baixo Grau Cervical (LSIL) associado a HPV"; res-tante vigilância efetuada em Consultas seriadas dePCV. Ambas apresentaram remissão das lesões e au-sência de recidivas, evolução obstétrica normal, compartos espontâneos, de termo, por via vaginal. Os re-cém-nascidos tiveram boa evolução e à data da alta nãohou ve evidência clínica de infeção materna ou neonatal.Conclusões: A vigilância precoce e especializada decondilomas cervicais é fulcral, sobretudo quando ex-tensos. Devem ser excisados o mais precocemente pos-sível na gravidez para prevenir a persistência das lesões,as quais podem condicionar obstrução do canal de par-to inviabilizando o parto vaginal, tendo também algumcontributo na diminuição do risco de transmissão fetal.

0040TRISSOMIAS DOS CROMOSSOMAS 13, 18, 21 E X – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICODiana Melo Castro, Zélia Gomes, Rosário Pinto Leite,Osvaldo MoutinhoCentro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

A trissomia é uma desordem cromossómica caracteri-

zada por um cromossoma adicional, sendo os mais fre-quentes: trissomia 21 (Síndrome de Down), trissomia18 (síndrome Edward), trissomia 13 (síndrome Patau)e trissomias relacionadas com os cromossomas sexuais--trissomia X (síndrome triplo X), síndrome de Kline--felter (XXY) e XYY. Na maioria das vezes estas aneu-ploidias resultam em abortamento.Estima-se que mais de 60% dos abortamentos do

1º trimestre se devam a anomalias cromossómicas eque as trissomias de um único cromossoma abarquema maioria destes casos. Em comparação, as trissomiasduplas são raras e estima-se que ocorram apenas em0,21-2,8% dos abortamentos espontâneos. As trisso-mias triplas são ainda mais raras (0,7% dos aborta-mentos espontâneos). Estes dois últimos tipos deaneuploidias estão associados a abortamentos em ida-des gestacionais mais precoces e a idade materna maisavançada.Os autores apresentam um caso clínico de um feto

portador de trissomia quadrupla (trissomias 13, 18, 21e X). Tratava-se de uma grávida de 31 anos, G4P2. Naecografia do 1º trimestre, realizada às 13+1 semanas,constatou-se: comprimento crâneo-caudal de 50,8mm,translucência da nuca 1,13mm, líquido amniótico di-minuído e ossos do nariz ausentes. O risco combina-do para trissomias 13 e 18 foi de 1/5 e para trissomia21 foi de 1/10000. Realizou amniocentese, que reve-lou trissomias 13, 18, 21 e X. O cariótipo do casal foinormal.A existência de quatro trissomias num feto é um

achado extremamente raro. Além disso, sabemos quequanto maior o número de trissomias, maior é a pro-babilidade de um abortamento precoce, o que não severificou neste caso, (constatou-se viabilidade fetal nosegundo trimestre). Este caso também tem implica-ções a nível de aconselhamento genético: o risco de re-corrência após uma trissomia isolada é de 1%, mas sãonecessários estudos para determinar a recorrência apósuma gravidez complicada por mais de uma trissomia.

0041TRISSOMIA DA REGIÃO SUBTELOMÉRICA DORAMO LONGO DO CROMOSSOMA 6 – APROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICODiana Melo Castro, Patrícia Correia, Márcia Martins,Rosário Pinto Leite, Osvaldo MoutinhoCentro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

A trissomia da região subtelomérica do ramo longo docromossoma 6 é uma desordem extremamente rara. As

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crianças afectadas têm atraso de crescimento, atrasomental, malformações craniofaciais, pescoço curto, sin-dactilia, pé boto, anomalias cardíacas e em alguns ca-sos anomalias no palato, olhos e genitais.Os autores descrevem um caso de um feto, do sexo

feminino, portador de trissomia da região subtelomé-rica do ramo longo do cromossoma 6. Tratava-se deum primigesta de 31 anos, que na ecografia do 1º tri-mestre demonstrou: aumento da translucência da nuca(2,8mm), comprimento crâneo-caudal de 52,2mm, os-sos do nariz presentes. O risco combinado do 1º tri-mestre foi positivo, pelo que lhe foi proposta um exa-me invasivo. Realizou amniocentese às 16 semanas degestação, cujo resultado foi de trissomia da região sub-telomérica do ramo longo do cromossoma 6. O carió-tipo dos progenitores apresentava-se normal. Por de-cisão dos progenitores e após aprovação da comissãoética do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Altodouro, foi realizada interrupção médica da gravidez. Oexame anatomopatológico revelou anomalias do de-senvolvimento do hábito externo e interno, dos quaisse particularizam a dolicocefalia, micrognatia, edemada nuca, artrogripose e nódulos subependimários.A duplicação de 6q é um achado extremamente raro.

Os poucos casos descritos na literatura dificultam oaconselhamento genético a estes casais. A trissomiacompleta do cromossoma 6 é incompatível com a vida.A trissomia parcial associa-se a diversas manifestações.O seu diagnóstico pré-natal nem sempre é possível. Oprognóstico, embora dependa das manifestações clíni-cas, é desfavorável.

0042ECOGRAFIA INTRAPARTO: A PERSPECTIVA DOOBSTETRAJoana Barros, Nuno Clode, Luís GraçaDepartamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução,Hospital Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal

Introdução: Nos últimos anos, têm sido publicadosinúmeros estudos centrados no recurso à ecografia du-rante o trabalho de parto, como forma de facilitar a suaabordagem. Contudo, não temos conhecimento sobrese esta evidência científica se tem traduzido numa al-teração da prática clínica no Bloco de Partos em Por-tugal.Objectivos: Avaliar a utilização da ecografia duranteo trabalho de parto na prática clínica obstétrica portu-guesa.Métodos:Realizámos um inquérito anónimo incluin-

do médicos inscritos numa reunião obstétrica nacionalem Abril de 2014. Incluímos apenas obstetras, inter-nos ou especialistas, que trabalham regularmente numBloco de Partos (≥ 1 vez/semana).Resultados: Foram incluídos no estudo 139 médicos(74 especialistas e 65 internos de Ginecologia e Obs-tetrícia – 53% vs 47%). A grande maioria (n= 134,96%) referiu a disponibilidade permanente de um ecó-grafo no Bloco de Partos ou numa localização próxi-ma. Contudo, apenas 22 dos participantes (15%) admi -tiu o recurso à ecografia em mais de metade das mu-lheres internadas no Bloco de Partos, sendo que amaioria (n=95, 68%) referiu que a utilizava em menosde 25% das situações. Dos contextos clínicos em quefoi referido o recurso à avaliação ecográfica, destaca-sea visualização de actividade cardíaca fetal (n=69, 50%),a avaliação da presença de restos placentários in úteropós-parto (n=74, 53%) e a confirmação da apresenta-ção fetal (n=74, 53%). Poucas vezes foi referido o re-curso à ecografia para determinação da localização doocciput (n= 37, 27%) ou na avaliação da descida do mó-vel fetal (n=13, 9%). Das razões enumeradas para jus-tificar este facto, a mais frequente foi a ausência de be-nefício para a prática clínica actual (n=45, 32%).Conclusões:Apesar dos estudos recentes evidencian-do o benefício da avaliação ecográfica durante o traba-lho de parto, esta prática não está actualmente imple-mentada no nosso país.

0043FALSOS POSITIVOS DO RASTREIO PRÉ-NATALDE ANEUPLOIDIAS NA ANTEVISÃO DEPATOLOGIA DURANTE A GRAVIDEZPatrícia Alves, Ana Castro, Cátia Carnide, Yida Fan,Osvaldo MoutinhoCentro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Introdução:O rastreio pré-natal (RPN) de aneuploi-dias tem uma taxa de 5% de falsos-positivos (FP). Nosúltimos anos os casos de RPN falsos-positivos têm sidoassociados a uma maior morbilidade na gestação emcurso.Objetivo: Este estudo pretende avaliar a possível re-lação entre os resultados FP do RPN de aneuploidiase o risco de complicações materno-fetais com morbi--mortalidade significativa, nomeadamente doenças hi-pertensivas (DH), restrição do crescimento intra-ute-rino (RCIU) e parto pré-termo (PPT).Metodologia: Realizada uma análise retrospetiva doscasos FP de RPN entre janeiro de 2010 e dezembro de

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2012, tendo sido avaliados os fatores demográficos ma-ternos e as complicações materno-fetais.Resultados: Foram obtidos 119 processos de FP e,após a exclusão das gestações gemelares ou sem infor-mação clínica, analisaram-se 113 casos.O RPN realizou-se no 1ºtrimestre em 80,5% das

grávidas. Em 34,5% das gestações houve uma ou maiscomplicações, tendo sido a RCIU a mais frequente(23%), seguido do PPT (8,8%) e das DH (8,8%). Em6,2% dos casos houve sobreposição de complicações.Nos casos de RCIU, o RPN foi realizado no 1º tri-

mestre (31,9% de RCIU no 1º trimestre), com aPAPP-A diminuída em 77% dos casos. Tanto nas gra-videzes complicadas por DH como por PPT, em 90%dos casos o RPN foi realizado no 1ºtrimestre, comPAPP-A diminuída a ser o marcador mais frequente-mente alterado (70% e 50%, respetivamente). Ambastêm a mesma taxa de deteção no 1ºtrimestre - 9,9%.Discussão e Conclusão:Na população em geral a in-cidência de RCIU é cerca de 10%, de PPT de 5-7% eas doenças hipertensivas de 5-10%. Assim sobressaique a incidência de RCIU na população estudada éconsideravelmente superior à verificada na populaçãogeral. Deste modo, os resultados FP no RPN poderãoter alguma aplicabilidade na previsão de complicaçõesdurante a gravidez numa fase mais precoce da gestação.

0044GRAVIDEZ NÃO VIGIADA: ASPECTOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E DESFECHOPERINATALCecília Caetano, Rita Medeiros, Rosa Henriques, Elsa Vasco, Ondina Jardim, Paulo MouraMaternidade Daniel de Matos, Coimbra, Portugal

Introdução:As consultas de vigilância pré-natal cons-tituem um dos recursos mais utilizados do Sistema Na-cional de Saúde, permitindo uma adequada vigilânciada gestação com identificação precoce de factores derisco e de complicações, o que tem levado a uma pro-gressiva melhoria dos resultados perinatais. Apesar deem teoria o acesso a estas consultas ser universal, têm--se constatado ainda algumas situações nas quais se ve-rifica uma vigilância ausente ou inadequada.Objectivo: Avaliar a incidência dos casos de gravideznão vigiada na Maternidade Daniel de Matos(MDM), bem como identificar aspectos sócio-demo-gráficos relevantes e caracterizar o desfecho perinatal.Metodologia: Realizou-se um estudo retrospectivocom análise dos processos clínicos das grávidas sinali-

zadas pelo Serviço Social da MDM entre Julho de2009 e Julho de 2013. Consideraram-se critérios deexclusão a existência de mais de 2 consultas de vigi-lância pré-natal, bem como os casos em que o partoocorreu fora da Instituição.Resultados e conclusões: Este estudo revelou que naMDM se verifica uma excelente taxa de acesso às con-sultas pré-natais, o que se reflecte na baixa taxa de gra-videz não vigiada de apenas 0,4%. As mulheres comgravidez não vigiada apresentavam baixo nível sócio--económico, estando maioritariamente desemprega-das e vivendo em agregados familiares disfuncionais econflituosos. Neste grupo verificou-se um pior desfe-cho perinatal com 21% de partos pré-termo, 27% de fe-tos admitidos à Unidade de Cuidados Intensivos e umataxa de mortalidade perinatal de 42‰, idêntica à dospaíses em vias de desenvolvimento.Deste modo se conclui que se deve continuar a in-

vestir no acesso às consultas de vigilância pré-natal, de-sencorajando a má vigilância da gravidez quer por mo-tivos sociais ou mesmo culturais, em voga em deter-minados grupos populacionais. Só assim será possívelmanter ou mesmo melhorar os excelentes marcadoresde saúde materno-fetal que caracterizam o nosso país.

0057GRAVIDEZ DEPOIS DOS QUARENTAMariana Mouraz, Joana Cominho, Sofia Saramago,Sara Proença, Maria Inês Reis, Rosalinda Rodrigues,Filomena NunesServiço de Ginecologia-Obstetrícia, Hospital de Cascais, Cascais,Portugal

Introdução: Nos países desenvolvidos tem-se verifi-cado um adiar da maternidade por diversos motivos:profissionais, económicos e sociais. Estudos realizadoscom grávidas de idade avançada demonstraram umaelevada taxa de resultados adversos da gravidez.Objectivo: Perceber a relação da idade materna avan-çada com os resultados maternos e perinatais adversos.Metodologia:Realizou-se um estudo retrospetivo noHospital de Cascais que envolveu 1300 grávidas. Ogrupo de estudo foi constituído por 101 grávidas queapresentavam idade superior a 39 anos à data de par-to. O grupo de controlo foi constituído por 106 grávi-das com idade inferior a 35 e superior a 19 anos à datade parto, selecionadas aleatoriamente. Foram incluí-das apenas grávidas com feto único, vivo e com mais de24 semanas de gestação.Resultados:O grupo de estudo é na sua maior repre-

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sentado por multíparas (78,2% vs. 38,7%, p<0,05) eapresenta um maior número de comorbilidades (44,6%vs. 12,3%, p<0,05). O principal motivo de interna-mento no momento do parto foi o mesmo no dois gru-pos, inicio de trabalho de parto, tendo a cesariana ele-tiva um peso maior no grupo em estudo (20,8% vs5,7%, p<0,05). Este grupo apresentou apresentou umamaior taxa de cesarianas (40,6% vs 20,8%, p<0,05),sendo o principal motivo cesariana eletiva por cesaria-na anterior (27,9%). A morbilidade materna foi maissignificativa no grupo de estudo (9,9% vs 3,8%,p>0,05). A morbilidade fetal não apresentou diferen-ças nos dois grupos.Conclusões:Concluímos que a população em estudo,tal como descrito na literatura, apresenta um maior ris-co de morbilidade materna e perinatal. Estes resulta-dos possibilitam um aconselhamento pré-natal funda-mentado e uma melhor e mais personalizada vigilân-cia nas grávidas nesta faixa etária.

0060VIA DE PARTO E FATORES PREDITIVOS DESUCESSO PARA PARTO VAGINAL EMMULHERES COM CESARIANA ANTERIORMaria Carlota Cavazza, Fernanda Santos, Vera Veiga, Ana Rodrigues, Ricardo Ribeiro, Gonçalo Moura RamosCentro Hospitalar de Leiria, Leiria, Portugal

Introdução: A taxa de sucesso de parto vaginal (PV)após cesariana (CSA) é de 60 a 80% pelo que esta pos-sibilidade, na ausência de contra-indicações materno-fetais, deve ser oferecida.Objectivo: Caraterizar a via de parto em mulherescom CSA anterior e identicar fatores preditivos de su-cesso para PV.Metodologia: Análise retrospetiva dos 206 partosocorridos na nossa instituição em 2013 resultantes degestações unifetais em mulheres com CSA anterior.Resultados: Foram realizadas 57 (27,7%) CSA eleti-vas. As indicações mais frequentes para CSA eletivaforam: duas ou mais CSA anteriores (20; 35,1%) e es-tado fetal não tranquilizador (EFNT) (12; 21,1%). Nasrestantes 149 (72,3%) foi oferecida possibilidade dePV. Destas, o parto ocorreu por CSA em 80 (53,7%),23 das quais após indução do trabalho de parto (TP)(dinoprostona 14; ocitocina 9). As indicações paraCSA foram não progressão da dilatação (36; 45%), in-compatibilidade feto-pélvica (19; 23,8%), EFNT (15;18,8%), indução falhada (9; 11,3%) e apresentação pél-

vica em TP (1; 1,1%). Dos 69 PV (46,3%), 14 (20,3%)ocorreram após indução do TP (dinoprostona 9; oci-tocina 5). Verificou-se necessidade de instrumentaçãoem 30. São fatores preditivos de sucesso para PV: CSAanterior por causa não distócica (PV 63,2%; CSA36,8% p<0,001), antecedente de PV (PV 17,4%; CSA2,5% p=0,003), índice de Bishop à entrada >6 (PV53,6%; CSA 27,5% p=0,001) e menor peso do recém--nascido (Média PV 3205g; CSA 3414g p=0,007). Aentrada espontânea em TP foi mais frequente no gru-po do PV embora sem significado estatístico (PV79,7%; CSA 71,3%). Não ocorreu qualquer caso de ro-tura uterina.Conclusão: Atualmente sabe-se que a realização deCSA não contraindica per se um posterior PV. Naamostra estudada foi oferecida essa possibilidade a72,3% das gestantes, ocorrendo PV em 46,3% destas.Foram identificados 4 fatores preditivos de sucesso.

0062HEMANGIOMA DO CORDÃO UMBILICAL COMPSEUDOCISTO ASSOCIADO – UM ACHADORAROAna Rocha1, Alexandrina Mendes1, Gonçalo Inocêncio1, Sofia Rodrigues1, Umbelina Ramos2, Maria Céu Rodrigues11. Centro Materno Infantil do Norte - CHP, Porto, Portugal2. Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução:Os hemangiomas do cordão umbilical sãotumores extremamente raros que derivam da prolife-ração do mesênquima angiogénico primitivo do cor-dão. Por vezes associam-se a um pseudocisto, de ta-manho variável, podendo este ser o achado ecográficomais proeminente. Estas anomalias podem relacionar--se com malformações fetais e cromossomopatias. Naliteratura descrevem-se apenas 7 casos de hemangio-ma do cordão com degeneração pseudocística.Este trabalho pretende descrever um caso desta rara

associação, apresentando a evolução dos achados eco-gráficos e sua correlação com o exame macroscópico eanatomopatológico.Descrição do caso: VSTM, 33 anos, nulípara. Gesta-ção espontânea, sem intercorrências até à ecografiamorfológica às 20 semanas (S) quando é identificadaformação cística multiloculada do cordão com49x36mm. Sem malformações fetais identificadas.Ecocardiografia (27S) sem achados patológicos. Man-teve vigilância ecográfica a cada 3-4 S, apresentandocrescimento fetal adequado (percentil 50-75), volume

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de líquido amniótico e fluxometria doppler da artériaumbilical normais com aumento progressivo da for-mação cística septada, aparentemente não vasculariza-da, atingindo 80 mm às 38 S. Decidiu-se indução do trabalho de parto às 39 S

com dinoprostona. Foi efectuada monitorização fetalexterna contínua, sendo o registo cardiotocográficosempre tranquilizador. Ocorreu parto vaginal, distóci-co com aplicação de ventosa por esforços maternos ina-dequados. Recém-nascido (RN) saudável, sexo mas-culino, 3350 gramas, Índice de Apgar 8/9 (1º/5º mi-nuto). Avaliação macroscópica dos anexos fetais con-firmou existência de formação cística com 10cm deconteúdo seroso, não vascularizado, na porção médiado cordão em relação com neoformação branca e irre-gular com 4 cm, de consistência elástica. O exame ana-tomopatológico mostrou lesões compatíveis com he-mangioma do cordão envolvendo 2 dos vasos ao qualse associava um pseudocisto.Conclusão:Este é um caso de malformação funicularrara que apresentou uma evolução benigna e não se as-sociou a patologia fetal ou da gravidez.

0063GRAVIDEZ – DA ADOLESCÊNCIA À IDADEADULTA – 17 ANOS DE EXPERIÊNCIAMariana Souto Miranda, Bruna Ambrósio, Catarina Barbosa, Esmeralda Barbosa, Fernanda MatosHospital Professor Doutor Fernando Fonseca, EPE, Lisboa, Portugal

Introdução: A gravidez na adolescência é considera-da de risco, sendo um problema do ponto de vista mé-dico e social. Está associada a um risco aumentado departo pré-termo, restrição de crescimento fetal, mor-talidade neonatal e depressão. A imaturidade biológi-ca materna e factores sócio-demográficos justificamestas complicações. A prevenção deverá ser fomenta-da através de politicas adequadas de planeamento fa-miliar e educação sexual.Objectivos:Comparar resultados obstétricos na ado-lescência e na idade adulta no Hospital Professor Dou-tor Fernando Fonseca (HFF), de Janeiro de 1997 aAbril 2014.Metodologia: Consulta de processos das mães ado-lescentes vigiadas no HFF de 1997 a 2014. Análisesdos partos no HFF durante o referido período. Análi-se de dados em Excel 2007®.Resultados e Conclusões: De 1997 a Abril de 2014houve um total de 75850 partos - 2,3% em mãe ado-lescentes. 8,8% dos partos em adolescentes ocorreram

entre as 32 e as 36s e 81,4% após as 37 semanas. Naidade adulta a percentagem de partos entre as 32 e as36 semanas foi de 6,6% e após as 37 semanas de88,2%.O peso à nascença foi inferior a 1500g em 0,9%dos recém-nascidos de mãe adultas e em 3,3% das ado-lescentes. Nas mães adolescentes a taxa de cesarianasfoi de 20% e de 31,7% nas mães adultas. 9,9% dos par-tos em adolescentes foram instrumentados e 8,9% nasadultas.Nas adolescentes vigiadas nesta instituição a pre-

maturidade foi mais frequente do que nas grávidasadultas. A incidência de recém-nascidos de baixo pesofoi também maior. A taxa de cesariana foi menor nes-ta faixa etária e o número de partos instrumentadosmaior.Dada a maior taxa de complicações associadas a es-

tas gravidezes, é fundamental uma abordagem multi-disciplinar e num centro pré-natal diferenciado.

0070INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO COMCATETER DE FOLEY: EFICÁCIA E MORBILIDADECatarina Policiano, Diana Martins, Nuno Clode, Luís GraçaLisboa, Portugal

Introdução: Os métodos mecânicos de indução do tra-balho de parto (ITP), tal como o cateter de Foley (CF),promovem alterações cervicais por efeito dilatador me-cânico directo com poucos efeitos sistémicos.Objectivo:Análise da eficácia e segurança da ITP comCF.Metodologia: Estudo prospectivo observacional queincluiu todos os casos de ITP com CF num hospitalterciário e decorreu entre Setembro de 2013 e Maio de2014. Incluíram-se grávidas de feto único, em apre-sentação cefálica, com Índice de Bishop (IB) <6 e ida-de gestacional (IG) >41 semanas ou indicação médicapara ITP. Foram excluídas grávidas com indicação paracesariana electiva, hidrâmnios, suspeita de hipóxia fe-tal, rotura de membranas, hemorragia vaginal activa,indicação para profilaxia de infecção por Streptrococcusgrupo B, infecção VIH, lesões cervicais ou cesarianaanterior com indicação recorrente. Realizou-se umaanálise estatística descritiva da eficácia [variação de IB(diferença entre IB após e antes da aplicação do CF),taxa de parto vaginal] e morbilidade (infecção e he-morragia vaginal).Resultados e Conclusões: Incluíram-se 86 induçõescom CF. A variação média do IB foi 3 (0-7), sendo que

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apenas 2 casos não registaram qualquer variação. A taxade parto vaginal foi de 69% (59/86). Das 27 cesarianas,16 foram por paragem de progressão do trabalho departo, 6 por suspeita de hipóxia fetal e 5 por ITP ne-gativa. Incluíram-se 15 casos com cesariana nos ante-cedentes, tendo-se registado uma taxa de parto vaginalde 40% (6/15). A taxa de complicações infecciosas foide 3% (3/86). Registou-se apenas 1 caso de hemorra-gia vaginal significativa com necessidade de retirar ocateter e 3 casos de taquissistolia, apenas 1 deles comalterações da frequência cardíaca fetal. Não se registoumortalidade ou morbilidade materna ou neonatalacrescida.Em conclusão, o CF é um método seguro e eficaz

para a ITP com IB desfavorável.

0076LISTERIOSE NA GRAVIDEZAna Brandão, Ana Areia, Eugénia Malheiro, Teresa Mi-randa, Paulo MouraServiço de Obstetrícia A, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,Coimbra, Portugal

Introdução:A listeriose é uma doença alimentar cau-sada pela bactéria Listeria monocytogenes. As grávidassão um grupo com maior risco para adquirir esta infe-ção, que se pode apresentar desde uma forma assinto-mática até sintomatologia moderada, como síndromegripal ou alterações gastrointestinais. A infeção fetal,com as suas diferentes formas de apresentação, podeterminar num mau desfecho obstétrico.O diagnósticopode ser efectuado por testes serológicos ou por cultu-ra de sangue e/ou placenta e, assim que é confirmado,a adequada antibioterapia deve ser iniciada.Objectivo: Avaliação do desfecho obstétrico das grá-vidas com listeriose.Metodologia:Estudo retrospectivo dos processos clí-nicos de grávidas com testes serológicos ou hemocul-turas positivas para Listeria, entre os anos 2003 e 2014.Resultados:Apenas onze casos apresentaram diagnós-tico serológico e/ou cultural para Listeriose. A maioriadas grávidas (8/11) apresentou sintomas. Quanto aodesfecho obstétrico, quatro tiveram morte fetal in utero,três parto pré-termo (PPT), dois terminaram em abor-tamento, um num parto a termo e outro ainda se en-contra em evolução. A antibioterapia com derivados dapenicilina foi efectuada em apenas quatro casos, dois de-les com associação de gentamicina.Conclusão: A listeriose na grávida poderá estar subdiagnosticada, já que muitos dos casos de abortamen-

to, fetos mortos, PPT ou mesmo partos de termo nãosão estudados para esta bactéria, a qual apresenta umaforma fácil de contaminação. A nossa revisão mostrouque a listeriose é muito incaracterística na sua apre-sentação clínica, sobretudo, no desfecho fetal/neona-tal. O seu diagnóstico permanece um desafio, sendonecessário um alto índice de suspeição.

0077COLESTASE INTRAHEPÁTICA DA GRAVIDEZ –EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO(2001-2011)Claudia Tomás, Cristina Vilhena, Sílvia Couto, Berta López, Cristina Leite, Fátima RomãoDepartamento de Medicina Materno-fetal, Serviço de Ginecologia eObstetrícia do Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

Introdução: A Colestase Intrahepática da Gravidez(CIG) é uma patologia obstétrica de etiologia desco-nhecida caracterizada por disfunção hepática e pruri-do, com resolução no pós-parto. A literatura realça asua associação a um aumento de risco de morbimorta-lidade fetal.Objectivos e Metodologia:Análise retrospectiva dasgrávidas diagnosticadas com CIG entre 2001-2011,no serviço de Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta.Foram avaliados os seguintes parâmetros: anteceden-tes pessoais e obstétricos, idade gestacional aquandodo inicio da sintomatologia, perfil analítico, terapêuti-ca instituída, evolução do parto, e morbilidade mater-no-fetal.Resultados: 130 grávidas foram admitidas com o pos-sível diagnóstico de CIG, sendo submetidas à realiza-ção do perfil de ácidos biliares (AB). Este perfil foicompatível com CIG em 56 casos. Destas, 66,07%eram nulíparas, 12,5% teve uma gravidez gemelar, eem 8,93% foi um diagnóstico recorrente. A sintoma-tologia surgiu, em média, às 33 semanas sendo o pru-rido a queixa primária em 87,5% dos casos. A concen-tração total de AB variou entre 11 umol/L e 104,3umol/L. Em 80,36% dos casos o parto foi induzido,em média, às 36 semanas. Não houve casos de morteintrauterina ou neonatal e a morbilidade neonatal en-contrada deveu-se à prematuridade. Nos 74 casos emque a CIG não foi confirmada laboratorialmente, operfil de AB encontrado foi normal em 25 casos, 10 fo-ram classificados como colestase fisiológica, 16 teveum resultado inconclusivo e em 13 casos o perfil deAB foi compatível com outra hepatopatia que nãoCIG.

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Discussão e Conclusão: A CIG tem uma baixa taxade complicações, tendo o mesmo sido encontrado nanossa amostra. A confirmação laboratorial com o per-fil de AB é essencial para fazer o diagnóstico de CIG,e não apenas a concentração total dos mesmos, na me-dida em que valores aumentados podem cursar comoutras hepatopatias.

0078INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO PRÉ-GESTACIONAL NA RESTRIÇÃO DECRESCIMENTO FETALInês Sarmento Gonçalves1, Sara Diniz2, Ana Sofia Fernandes2, Carla Ramalho2, Nuno Montenegro21. Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal2. Centro Hospitalar São João, Porto, Portugal

Introdução:Apesar de o peso pré-gestacional ser con-siderado um determinante do crescimento fetal, estáainda por esclarecer a influência do excesso de peso narestrição de crescimento fetal (RCF).Objetivos: Avaliar a influência do peso pré-gestacio-nal excessivo no desfecho perinatal de gestações comrestrição de crescimento fetal.Metodologia: Estudo retrospetivo de 531 grávidas,com gravidez unifetal, internadas com o diagnósticode RCF, com índice de massa corporal pré-gestacional(IMCp) conhecido, cujo parto ocorreu de Janeiro de2008 a Dezembro de 2013. A amostra de grávidas foidividida em dois grupos: A - IMCp inferior a 25kg/m2

e B - IMCp superior ou igual a 25kg/m2. Definiu-seRCF precoce quando diagnosticada antes das 32 se-manas. Os desfechos perinatais adversos (RCF preco-ce, alterações fluxométricas da artéria umbilical, partopré-termo, cesariana, índice de Apgar inferior a 7 ao 5ºminuto, internamento na Unidade de Cuidados In-tensivos Neonatais (UCIN) e morte perinatal) foramcomparados entre os dois grupos. A análise estatísticafoi efetuada com SPSS. Foi usado o teste qui-quadra-dopara avaliar diferenças entre proporções e foi consi-derado com significado p<0,05.Resultados e Conclusões: O IMCp médio foi de23,9±4,8kg/m2. Foram incluídas no grupo A 359 grá-vidas e no B 173 grávidas. No grupo B houve umamaior proporção de casos de RCF precoce (36% vs26,2%, p=0,0025), de alterações fluxométricas da arté-ria umbilical (35,8% vs 21,8%, p=0,001), de partos pré--termo (40,5% vs 24,9%, p<0,001), de cesarianas(57,8% vs 41,8%, p=0,001) e de recém-nascidos inter-

nados na UCIN (40,5% vs 25,5%,p=0,001), indepen-dentemente de outras comorbilidades. Não foram en-contradas diferenças estatisticamente significativas en-tre os grupos relativamente a morte perinatal e índicede Apgar inferior a 7 ao 5º minuto. Apesar de a maio-ria das grávidas com RCF ter um IMCp mais baixo, aRCF diagnosticada nas mulheres com excesso de pesoparece associar-se a pior prognóstico perinatal.

0090MORFOLOGIA CARDIACA NO 1º TRIMESTRE –DA UTILIDADE À VIABILIDADE CLINICA.Marina do Vale, Ana Sofia Pereira, Patrícia Teixeira, Jorge Lima, Sofia Alegre, Conceição TelhadoHospital CUF Descobertas, Lisboa, Portugal

Introdução: A cardiopatia congénita (CC) ocorremem 1% a 3% dos nascimentos.É a malformação congénita mais frequente.Pode surgir isoladamente, associado a síndromes ge-

néticos ou cromossómicos.O DPN precoce das CC no 1º trimestre, represen-

ta uma melhoria no aconselhamento em DPN, comimpacto nas taxas de mortalidade perinatal.Objectivos: 1. Avaliar a viabilidade do estudo morfo-lógico cardíaco (EMC) do 1º trimestre (11-13s), rea-lizado por especialista em medicina materno fetal(EMMF) 2. Avaliar a eficácia do EMC do 1º trimes-tre na detecção precoce das CC.Metodologia: Entre Maio de 2013 e Abril de 2014, foirealizado na nossa instituição, consecutivamente numapopulação de baixo risco, por EMMF, o EMC.O EMC foi realizado com Ecografia 2D e Doppler

a Cores, num total de 4 planos axiais (4 cavidades, saí-da da aorta, cruzamento dos grandes vasos, arco duc-tal/aórtico).O resultado do EMC do 1º trimestre, foi posterior-

mente confirmado no estudo morfológico do 2º tri-mestre/ecocardiografia e/ou exame pós natal.Resultados: Realizaram-se naquele período, 178EMC.IG media 12sem+; IMC médio + 27.Plano 4 cavidades obtido 97% dos EMC; restantes

planos obtidos 70% dos EMC.O EMC aumentou o tempo do exame do 1º tri-

mestre em +5’.Detectadas 2 CC major (1TGV e 1CoA) e 1 CC

minor (CIV).Entre os EMC inconclusivos e normais, não se

identificaram posteriormente CC.

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Todos os EMC suspeitos, corresponderam a CC.O tipo de CC proposta no EMC do 1º trimestre, foi

coincidente com a CC diagnosticada posteriormenteem 75% dos casos.Conclusão: O EMC do 1º trimestre realizado porEMMF, é viável na prática clinica.O EMC do 1º trimestre é eficaz na detecção pre-

coce das CC.

0091SINAL DA «LÂMPADA» E O RASTREIO DAESPINHA BÍFIDA NO 1º TRIMESTREMarina do ValeCentro de Medicina Fetal, Fetus Vitae, Évora, Portugal

Introdução:A Espinha Bífida Aberta (EBA), é a mal-formação do SNC mais frequente, com incidência de0.6-3,5 por 1000 nascimentos, sendo uma das princi-pais causas de atraso psicomotor na infância.O rastreio pré-natal da EBA é eficaz no 2º trimes-

tre (2ºT) desde a introdução nos anos 80, dos sinaisBanana+Limão(B+L).Estudos recentes revelam alterações do desenvolvi-

mento do cérebro desde o 1º trimestre (1ºT), nos fe-tos com EBA. Até á data não foi identificado nenhummarcador de EBA tão simples, acessível e eficaz no1ºT, como B+L no 2ºT.Objectivos: 1. Avaliar a viabilidade e eficácia numapopulação de baixo risco, da utilização do sinal da“Lâmpada”, como marcador de EBA no 1ºT.2.Verificar qual o valor da “Lâmpada” como marcadorde outras malformações do SNC.Metodologia:Entre Janeiro de 2010 e Dezembro de2013, foram realizados no nosso centro, na ecografia11-13 sem, 2 planos axiais do pólo cefálico, com son-da abdominal: 1. axial 2D da “Borboleta”. 2. axial 2Dtranstalâmicopeduncular da “Lâmpada”.O follow-up à nascença (no 2ºT e/ou exame feto-

patológico nos casos de IMG.).Resultados:Avaliaram-se 792 fetos vivos entre as 11e 13s+6d. IG media 12s+4d; IMC materno médio 24;IMmédia30,5A. Os dois planos axiais foram obtidosem todos os fetos. Na população ocorreram 2 EBA e1 anomalia de Dandy Walker(DW). Sinal da “Borbo-leta” presente em todos os fetos. Sinal da “Lâmpada”presente em todos os fetos sem EBA. Sinal da “Lâm-pada” ausente nos dois fetos com EBA. Sinal da “Lâm-pada anormal”, no feto com DW.Conclusões:O Sinal da «Lâmpada» revelou-se viável eeficaz como marcador de EBA e de outras malformações

do SNC no 1ºT, numa população de baixo risco.Urge atestar sua reproductibilidade, alargando a rea-

lização deste marcador, à prática clinica noutros centros.

0092DISPLASIAS DE SEGMENTAÇÃO VERTEBRAL– PROPOSTA DE UM PROTOCOLO.Ana Codorniz1, Telma Esteves1, Susana Mineiro1, Fernando Fernandes1, Lucília Monteiro2, Joaquim Carvalho1, Marina Vale31. Unidade de Diagnóstico Pré-Natal do Hospital do Espírito Santo,Évora, Portugal2. Unidade de Fetopatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental,Lisboa, Portugal3. Centro de Medicina Fetal-Fetus Vitae, Évora, Portugal

Introdução: As displasias de segmentação vertebral(DSV) (hemivértebras, vértebras em borboleta, fusãovertebral), podem ocorrer isoladas, ou associadas a ou-tras malformações .As DSV estão frequentemente presentes em vários

síndromes genéticos (SG), mas podem igualmenteocorrer isoladamente.O prognóstico e o aconselhamento genético depen-

dem do SG associado.Um protocolo de actuação que permita um diagnósti-

co diferencial(DD) adequado dos SG associados a DSV,conduzirá a um aconselhamento pré-natal mais eficaz.Objectivos: 1. Discussão de um protocolo de actuaçãono DPN de DSV. 2. Discussão do papel da eco3D noDD das DSVMetodologia: Análise de dois casos clínicos de DPNde DSV que ocorreram no nosso Hospital.Resultados: Caso 1. Grávida 32A,G2P1, s/ antece-dentes, plano coronal da coluna 2D - vértebra borbo-leta L1, confirmada por 3D (VCI-C plano). Examemorfogenético e ecocardiografia normal, cariótipo46XY. PTE. P50, confirmado por RMN pós-natal.

Caso 2. Grávida 26A, G2P1, s/antecedentes, planomédio sagital da coluna - leve escoliose; plano coronal- assimetria costo vertebral; avaliação 3D (VCI-CPla-no) 2 hemivértebras dorsais consecutivas, malformaçãocostal adjacente à esquerda, assimetria da caixa toráci-ca, escoliose. Exame morfogenético e ecocardiografianormal, cariotipo 46XY. IMG 23sem. Fetopatologia eRX pós-mortem, confirma diagnóstico de Disostose Es-pondilocostal.Conclusão: Um protocolo que inclua exame morfo-genético com avaliação 3D da coluna, ecocardiografiafetal e cariotipo fetal permite o DD das DSV e umaconselhamento pré-natal eficaz.

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0095TAXA DE CESARIANAS – COMPARAÇÃO ENTRETRABALHO DE PARTO ESPONTÂNEO E PARTOINDUZIDO EM GRÁVIDAS DIABÉTICAS.Carlota Lavinas, Daniela Pereira, Ana Patricia Pinto,Vera Vilhena, Fernanda Gomes, Marília Paizinho, Maria de Lurdes Pinho, Isabel MarquesCentro Hospitalar Barreiro-Montijo, Barreiro, Portugal

Introdução: A cesariana está associada a vários riscosmaterno-fetais e tem sido considerada uma das com-plicações mais comuns da indução do trabalho de par-to (ITP). Recentemente, vários estudos revelaram que o ris-

co de cesariana após ITP é significativamente mais bai-xo que o associado a uma abordagem expectante nasgestações de termo e pós-termo (Mishanina et al,2014).Objetivo: Comparar as taxas de cesarina de grávidasdiabéticas em trabalho de parto espontâneo (TPE)com grávidas diabéticas submetidas a indução de tra-balho de parto (ITP).Metodologia: Estudo retrospetivo e analítico que in-cluiu as grávidas diabéticas seguidas no Centro Hospi-talar Barreiro Montijo entre 1/1/2012 e 31/12/2013. Fo-ram excluídas cesarinas eletivas e gestações gemelares.Resultados e conclusões:Foram incluídas 163 diabé-ticas, 51,5% com TPE (n=84) e 48,4% com ITP(n=79). A taxa de cesarianas foi de 31,8 % no primei-ro grupo e de 43,0% no segundo (p=0,15). A taxa de cesarianas nas ITP varia com o motivo da

mesma, sendo a maior percentagem verificada quan-do a indução se deveu a patologia materna. Quando omotivo foi a idade gestacional a taxa de cesarianas foide 50%. Para todos os outros motivos de indução (mo-tivos fetais, rutura prematura de membranas, pré--eclâmpsia/hipertensão induzida) o número de cesa-rianas foi inferior ao número de partos vaginais. Relativamente às indicações para cesariana, em am-

bos os grupos a principal indicação foi a paragem deprogressão do TP (52,9% e 55,5%). No grupo das ITPforam também indicações a falha da ITP (17,6%) e oestado fetal não tranquilizador (EFNT) (29,4%). E nogrupo das que entraram em TP espontâneo o EFNT(22,2%), apresentação pélvica (14,8%) e suspeita demacrossomia fetal (7,04%).A dimensão da amostra pode não ter permitido de-

tetar eventuais diferenças mas este estudo não demos-trou diferenças significativas nas taxas de cesarianasdos dois grupos.

0096LIMB BODY WALL COMPLEX (LBWC)//COMPLEXO MEMBROS PAREDE ABDOMINAL:REVISÃO DE CASOS E DISCUSSÃO DA SUAETIOPATOGENIAAna Costa Braga, Lucília MonteiroUnidade de Fetopatologia, Serviço de Anatomia Patológica, CentroHospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E., Lisboa, Portugal

Introdução: Limb body wall complex (LBWC)/Com-plexo membros parede abdominal caracteriza-se pelapresença de, pelo menos, 2 de 3 anomalias da linha mé-dia: crâneo-faciais, toraco/abdominosquisis e anoma-lias dos membros (Van Allen et al., 1987). Trata-se deum complexo malformativo pouco frequente (3.3/10000; Luehr et al., 2002), com diagnóstico pré-natalprecoce por ecografia. Foram descritas diferentes hi-póteses relativamente à patogénese destas lesões, no-meadamente relacionadas com a influência de bandasamnióticas, deficiente perfusão vascular e defeitos in-trínsecos do embrião. Hunter et al. publicaram umanova hipótese que permite explicar o amplo espectro doLBWC, propondo tratar-se de malformações decor-rentes da fase precoce do disco embrionário.Objectivos:Com base nos casos revistos no nosso ser-viço, contribuir para a melhor caracterização destecomplexo malformativo, nomeadamente sobre a suaetiopatogenia, de forma a favorecer o seu diagnósticoprecoce.Metodologia: Revisão dos 17 casos de LBWC donosso serviço, confirmados por autópsia fetal nos últi-mos 8 anos, resultantes de interrupção médica ou mor-te fetal in útero, e discussão da sua etiopatogenia, ten-do em conta as hipóteses descritas na literatura.Resultados e Conclusões: Os casos revistos confir-mam a variabilidade fenotípica deste complexo mal-formativo. Alguns casos podem ser explicados segun-do a teoria recentemente publicada pelo grupo Hun-ter et al., a qual se baseia num defeito precoce da em-briogénese. No entanto, outros casos apoiam ashipóteses publicadas anteriormente.

0098DURAÇÃO DE BOLSA ROTA E COMPLICAÇÕESMATERNAS E NEONATAISMargarida Cunha, Rita Luz, Cristina Costa, Isabel MatosCentro Hospitalar de Setúbal, Setúbal, Portugal

Introdução: A bolsa rota (BR) prolongada, cuja defi-

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nição temporal é variável, tem sido associada a diver-sas complicações maternas (corioamnionite, endome-trite, hemorragia pós-parto) e neonatais, bem como aparto por cesariana.Objectivo: Caracterizar as complicações potencial-mente relacionadas com o tempo de BR, numa amos-tra de grávidas do Centro Hospitalar de Setúbal(CHS).Métodos: Estudo retrospetivo, descritivo, com con-sulta de processos clínicos de 538 grávidas, cujo partoocorreu entre julho e outubro de 2013, no CHS. Aamostra foi dividida em três grupos: BR <12 horas(n=439) (R1); 12-24 horas (n=62) (R2) e ≥24 horas(n=21) (R3). Analisaram-se variáveis como: profilaxiaantibiótica, colonização por Streptococus B (SGB), si-nais de corioamnionite (laboratoriais, febre intraparto,líquido amniótico fétido), partos por cesariana, com-plicações neonatais e complicações puerperais.Resultados:A duração média de BR (em horas) foi 3(R1), 15 (R2) e 27 (R3). Verificou-se profilaxia comampicilina em 17% (R1), 60% (R2) e 81% (R3) dos ca-sos. A colonização por SGB foi relatada em 10% (R1e R3) e 8% (R2). Estiveram presentes sinais de co-rioamnionite em 2% (R1), 10% (R2) e 19% (R3). Fo-ram submetidas a cesariana 21% (R1), 18% (R2) e 29%(R3). A investigação laboratorial ou antibioterapia porrisco infecioso neonatal ocorreu em 7% (R1), 37% (R2)e 67% (R3). Em R1 e R2 registaram-se casos de pneu-monia congénita (n=2 vs n=1) e sépsis neonatal (n=2vs n=1); 8% (R1), 15% (R2) e 43% (R3) dos recém--nascidos necessitaram de cuidados especiais neona-tais (UCERN). Registou-se um caso de endometritepuerperal (R1 e R3) e três casos de hemorragia pós--parto (R1).Conclusão: Na amostra estudada, a frequência de si-nais de coriomnionite, investigação/ instituição de an-tibioterapia neonatal por risco infecioso ou interna-mento na UCERN foi tanto mais elevada quanto maisprolongada a BR. Devem ser efetuados esforços paradiminuir o tempo de BR.

0099DESFECHO DA GRAVIDEZ EM CASOS DERASTREIOS BIOQUÍMICOS ISOLADOS DO 1ºTRIMESTRE COM RISCO ACRESCIDO PARAANEUPLOIDIASusana Sarzedas1, Joana Diogo1, Liliana Mendes1, Susana Pinho1, Eugénia Chaveiro1, Carla Baleiras1, Jorge Lima1, Maria José Rego de Sousa2, Conceição Telhado1

1. Serviço Ginecologia/Obstetrícia do Hospital CUF Descobertas,Lisboa, Portugal2. Unidade de Diagnóstico Pré-Natal, Laboratório Germano de Sousa

Objetivo:Os autores pretendem avaliar a prevalênciade desfecho adverso em gestações com rastreio bio-químico isolado do 1º trimestre com risco acrescidopara aneuploidia. São avaliadas complicações comoparto pré-termo, hipertensão induzida pela gravidez,pré-eclâmpsia restrição do crescimento fetal, entre outras.Material e Métodos:Estudo retrospectivo baseado narevisão dos processos clínicos de grávidas (n=130) comrastreio bioquímico isolado do 1º trimestre com riscoacrescido para aneuploidia (rastreio biofísico para ava-liação do risco de cromossomopatia dentro dos parâ-metros de normalidade), no período compreendido en-tre Janeiro de 2012 e Dezembro de 2012, no HospitalCUF Descobertas. O total de rastreios bioquímicos do1º trimestre efectuados no Hospital CUF Descobertasfoi de 1270, no ano de 2012.Resultados: Do total de 130 casos, foram excluídos doestudo, por falta de dados, 23 casos. Nos 107 casos res-tantes foram identificados 17 casos de restrição docrescimento fetal, 4 casos de hipertensão induzida pelagravidez, 11 casos de parto-pré-termo, 16 casos de dia-betes gestacional e 2 casos de descolamento prematu-ro da placenta normalmente inserida.Conclusões: Este trabalho permite a percepção dopossível aumento de complicações em gestações comrastreio bioquímico isolado do 1º trimestre com riscoacrescido para aneuploidia, que deve condicionar umavigilância da gravidez com o intuito de identificar pre-cocemente as diferentes patologias, de forma a que aatuação clínica adequada possa minimizar a morbili-dade.

0105PARTOS EM IDADE GESTACIONAL PRECOCE:CASUÍSTICA DO HOSPITAL PEDRO HISPANOEM 2013Joana Félix, Luis Dias, Pedro Tiago SilvaHospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal

Introdução: Os recém-nascidos pré-termos tardios(nascidos entre as 34 e 36 semanas + 6 dias de idadegestacional) e os de termo precoces (nascidos entre as37 e 38 semanas + 6 dias) apresentam maior grau deimaturidade.Objetivo: Estudar a casuística dos grupos definidosacima citados.

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Método: recolha de dados do sistema de apoio ao mé-dico de todas as gravidas de feto único cujo parto ocor-reu no Hospital Pedro Hispano (HPH) entre as 34 eas 38 semanas+6 dias em 2013.Resultados: do total de 1363 partos, 82 (6%) recém--nascidos foram pré-termo tardio. 58,5% foram indu-zidos medicamente (32% rotura prematura de mem-branas, 11% restrição do crescimento fetal (RCF), en-tre outros. Quanto à via do parto, 62% foram vaginais(5 partos instrumentados) e 38% foram cesarianas (apercentagem global de cesarianas do Hospital é de %).Do ponto de vista neonatal, 40% apresentaram algumtipo de complicação, sendo que 29% foram internadosna Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais(UCIN). Houve 1 reinternamento (dentro de 30 diasapós a alta) e não houve nenhuma morte.O grupo dos recém-nascidos de termo tardio cor-

responde a 35% dos nascimentos. Neste grupo 42% fo-ram induzidos (31% RPM, 7% hipertensão arterial e4% diabetes gestacional). Tiveram um parto eutócico54%, parto instrumentado 17% e cesarianas 29%.Comparando com os pré-termo, as complicações neo-natais são menos frequentes assim como a necessida-de de internamento na UCIN (3,89%). Está docu-mentada uma morte fetal durante o trabalho de parto.Conclusão:Em concordância com a literatura, o gru-po pré-termo tardio apresenta uma menor prevalência(6% vs 35%), mas uma taxa maior de complicaçõesneonatais e necessidade de internamento UCIN. Emambos os grupos, verifica-se um aumento do parto porcesariana em relação ao global do Hospital, emboratambém mais marcada nos pré-termos.

0107ESTUDO CROMOSSÓMICO EM ARRAY (ARRAYCGH) EM DIAGNÓSTICO PRÉ-NATALPaula Rendeiro, Joaquim Sá, Raquel Lemos, Cíntia Ventura, Áurea Pereira, Alexandra Sousa, Luís Dias, Jorge Pinto Basto, Purificação TavaresCGC Genetics, Porto, Portugal

Introdução: O estudo cromossómico em array ou ar-ray CGH é uma técnica de elevada sensibilidade quepermite detectar ganhos e perdas de material genéti-co, não detectáveis por cariótipo convencional, ao lon-go de todo o genoma. Esta técnica é já aplicada comoteste de primeira linha no diagnóstico citogenético doatraso de desenvolvimento, e cada vez mais tem sidoaplicada aos estudos pré-natais, com maior incidêncianos casos de alto risco de cromossomopatia e carióti-

po normal. A sua elevada sensibilidade permite au-mentar a taxa de detecção em mais cerca de 10% faceao cariótipo convencional (Wapner et al, 2012).Objectivo: Aplicação da metodologia de array CGHa uma população de grávidas de alto risco para cro-mossomopatia, com cariótipo prévio normal (85% doscasos) ou sem cariótipo (15% dos casos). Análise dos re-sultados obtidos e avaliação da performance do teste.Metodologia: Para o array CGH foi utilizada a pla-taforma da Affymetrix, CytoScan 750K, tendo sidoanalisadas 92 amostras fetais (78 líquidos amnióticose 14 CVS) correspondentes a 88 gestações. As princi-pais indicações para o estudo foram a translucência danuca aumentada e as anomalias ecográficas.Resultados e conclusões: Foram detectados 14 casoscom anomalias (15%), sendo que destas 14 eram ano-malias não detectáveis pelo cariótipo. Estes resultadospermitem demonstrar a utilidade e beneficio desta me-todologia, no aumento da capacidade diagnóstica doteste pré-natal. É expectável que a técnica venha asubstituir no futuro o cariótipo convencional, no en-tanto e por agora é consensualmente aceite que a apli-cação do arrayCGH na rotina pré-natal aumente con-sideravelmente a sensibilidade do diagnóstico pré-na-tal e permite a detecção de patologias genéticas clini-camente relevantes que práticas convencionais, pormétodos tradicionais não o conseguiriam.

0108SISTEMAS DE ANÁLISE COMPUTADORIZADADA CARDIOTOCOGRAFIA INTRAPARTOMariana Rei, Inês Nunes, João Bernardes, Diogo Ayres-de-CamposDepartamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicinada Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução: A análise computadorizada da cardioto-cografia (CTG) surgiu como uma forma de ultrapas-sar a baixa reprodutibilidade da análise visual, tendosido inicialmente aplicada no anteparto e recentemen-te adaptada também ao intraparto.Objetivos: Realização de uma revisão sistemática dossistemas de análise computadorizada do CTG intra-parto atualmente disponíveis, com particular enfâsenos estudos que avaliaram a comparação com a análi-se de especialistas, a validade e a eficácia.Metodologia: Procedeu-se à pesquisa na base de da-dos “PubMed” para selecionar os artigos em língua in-glesa publicados após 1995, utilizando as frases: "elec-tronic fetal monitoring" (EFM), "computerised cardioto-

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cography" (CTG), "fetal monitoring systems" e o termoMeSH: “cardiotocography”. Após leitura dos títulos eresumos dos artigos, foram selecionados aqueles queabordavam a descrição e/ou avaliação de sistemas deanálise computadorizada do CTG intraparto. Artigosadicionais encontrados na bibliografia foram pesqui-sados manualmente, bem como as páginas web das em-presas que comercializam os sistemas.Resultados e conclusões: A análise computadorizadado CTG intraparto expandiu-se rapidamente na últi-ma década e cinco sistemas estão atualmente comer-cializados, todos em associação com centrais de moni-torização fetal: OB TraceVue® (Philips Healthcare®,Eindhoven, Netherlands), Omniview-SisPorto® (Spe-culum®, Lisbon, Portugal), PeriCALMTM (LMS Me-dical systems, Montreal, Canada and PeriGen, Prin-ceton, USA), INFANT® (K2 Medical SystemsTM,Plymouth, United Kingdom), Trium CTG Online®

(Trium Analysis Online GmbH, Munich, Germany).Existem várias semelhanças entre os sistemas, nomea-damente na utilização de alarmes de cor e alarmes so-noros. Contudo, todos utilizam algoritmos matemáti-cos diferentes para a análise do sinal e apenas um uti-liza a análise combinada CTG e eventos ST da elec-trocardiografia fetal. A evidência existente sobre avalidade e eficácia destes sistemas permanece ainda li-mitada.

0109CONSULTA DA GRÁVIDA COM PATOLOGIAAUTOIMUNE – EXPERIÊNCIA NA ORIENTAÇÃOMULTIDISCIPLINAR DE GRÁVIDAS COM LÚPUSMariana Rei1, Gilberto Rosa2, Carlos Dias2, Mariana Guimarães11. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar de SãoJoão, E.P.E. Porto, Porto, Portugal2. Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João, E.P.E.Porto, Porto, Portugal

Introdução: O sucesso da gravidez em mulheres comLúpus eritematoso sistémico (LES) depende da suaprogramação, de forma a minimizar os efeitos deleté-rios da doença em fase ativa.Objetivos: Avaliação do desfecho materno e perina-tal em grávidas com LES.Metodologia:Análise retrospectiva de uma coorte de52 grávidas referenciadas à consulta de grupo de obs-tetrícia e doenças autoimunes num centro hospitalaruniversitário entre maio de 2009 e março de 2014. Foiavaliada a programação da gravidez, a sua relação comdoença ativa, presença de nefropatia, trombocitopenia

e síndrome antifosfolipídico (SAF), bem como tera-pêutica instituída.Resultados e Conclusões: Na coorte estudada, foiefectuado aconselhamento preconcecional em 53% dasmulheres, com recomendação para protelar a gravidezem 14,3%. Na população grávida, verificou-se ativida-de da doença na preconceção em 34,6%, presença deanticorpos anti-dsDNA em 47%, anti-ssa/ ssb em25,5% e anticorpos antifosfolipídicos em 49% com cri-térios completos para SAF secundário em 24%. Ocor-reram flares em 17,4% das doentes em idade gestacio-nal (IG) média de 20 semanas. Relativamente à tera-pêutica instituída, 87% encontrava-se sob hidroxiclo-roquina, 83% sob aspirina em baixa dose, 45% sobanticoagulação e 38% sob corticoterapia.Relativamente ao desfecho materno e perinatal,

29% das gestações resultaram em parto pré-termo(PPT), 8,9% em pré-eclâmpsia (PE) e 7,1% em res-trição de crescimento fetal (RCF). O parto ocorreucom IG média de 37 semanas, peso médio dos recém--nascidos de 2812g. Verificou-se a ocorrência de umcaso de bloqueio auriculoventricular e uma taxa de in-ternamento em Unidade de Cuidados Intensivos Neo-natais (UCIN) de 15,38%.Considerando o desfecho obstétrico combinado

(PE, RCF, PPT, baixo peso), verificou-se tendênciapara pior desfecho nas grávidas com SAF (OR 2.6,p=0,08) e doença ativa (OR 1.73, p=0,297).Os desfechos favoráveis observados nesta coorte re-

forçam o impacto do acompanhamento por uma equi-pa experiente multidisciplinar, desde a preconceção atéao puerpério.

0113NEUROSSONOGRAFIA - UM DESAFIO DODIAGNÓSTICO PRÉ-NATALInês Gante, Gracinda Oliveira, Ana Raquel Neves,Diana Vale, Fabiana Ramos, Eulália Galhano, Margarida Fonseca, Miguel BrancoMaternidade Bissaya Barreto, Centro Hospitalar e Universitário deCoimbra, Coimbra, Portugal

Introdução:A frequência de patologia do sistema ner-voso central (SNC) justifica a implementação de umaconsulta de Neurossonografia (NSG) para sua avalia-ção e prognóstico.Objectivos: Avaliar o diagnóstico, estudo comple-mentar, desfecho e seguimento dos fetos com anoma-lias do SNC, ilustrando com iconografia relevante.Metodologia:Estudo retrospectivo das NSG realiza-

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das num período de 4 anos na Maternidade BissayaBarreto (MBB).Resultados:Estudados 266 fetos em 392 NSG. A ava-liação inicial foi considerada normal em 43% dos fetos(n=115), efectuou-se nova avaliação em 17% (n=46) eem 40% (n=105) a NSG revelou achados patológicos.Destes, patologia quística em 14% (n=15), patologiado corpo caloso em 15% (n=16), alterações corticaisem 18% (n=19), alterações da fossa posterior em 19%(n=20) e ventriculomegalia em 65% (n=68) (75% li-geira, 15% moderada e 10% severa). Em 44% dos fe-tos (n=117) foram detectadas anomalias do SNC empelo menos uma das avaliações sequenciais efectuadas,tendo sido realizado estudo complementar por resso-nância magnética (RM) em 22% (n=25). Destes, veri-ficaram-se achados adicionais em 2 casos (com altera-ção de prognóstico num deles) e discordância entre osachados num caso (RM não confirmou patologia cons-tatada por NSG e em pós-natal). O estudo citogené-tico foi realizado em 56% dos casos (n=64), estando al-terado em apenas 2 casos com patologia complexa. Ve-rificou-se infecção fetal por CMV em 3 casos (2,6%).Em 13% (n=15) dos fetos afectados coexistiam outrasmalformações. Dos fetos com patologia, em 26% (n=30)foi realizada interrupção médica da gravidez, com con-cordância entre a NSG e a anatomia patológica. Dos re-cém-nascidos com patologia, foi efectuada ecografiatransfontanelar precoce na MBB em 47% (n=41), nãose verificando achados patológicos adicionais.Conclusões:Uma consulta multidisciplinar de NSG,permite a caracterização da patologia SNC, com boaconcordância com a RM e/ou anatomia patológica,bem como uma melhor orientação dos casos em pré epós-natal.

0114HÉRNIA TRANSMURAL ÍSTMICA APÓSCESARIANA: A PROPÓSITO DE 2 CASOSCLÍNICOSCecília Caetano, Maria João Carvalho, Francisco Falcão, Luís Almeida e Sousa, Carlos Guerra, Isabel TorgalCentro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: Desde a década de 70 tem-se verificadoum aumento da taxa de partos por cesariana. Apesar deas complicações decorrentes de cesariana prévia serembem conhecidas os efeitos a longo prazo não foramainda convenientemente avaliados. A deiscência da ci-catriz de histerotomia é uma entidade frequente, a

maior parte das vezes limitada e assintomática. A deis-cência completa da cicatriz leva à formação de um is-tmocelo, uma aplasia ístmica completa da parede ute-rina levando à formação de uma bolsa fibrosa onde seacumula sangue catamenial. Este associa-se a altera-ções do ciclo menstrual, algias pélvicas e diminuição dafertilidade.Casos clínicos: Paciente de 36 anos de idade, cesaria-na por apresentação pélvica em 2005 e parto instru-mentado por fórceps em 2011 curetagem uterina pósparto por hemorragia. Foi enviada à consulta 18 me-ses após o parto vaginal com queixas de spotting e irre-gularidades menstruais. A ecografia endovaginal reve-lou imagem hipoecogénica a nível da face anterior doistmo com 22x15x12mm, sugestiva de deiscência desutura de cesariana anterior com retenção de restosmenstruais. Dado o desejo de voltar a engravidar foisubmetida a histeroplastia uterina por laparotomia. Paciente com 34 anos de idade GIPI com antece-

dentes de cesariana por apresentação pélvica em 2006,a tentar nova gravidez desde 2011 sem sucesso. Por es-terilidade secundária e metrorragia escassa pré e pós--menstrual recorreu à consulta de Ginecologia. A eco-grafia endovaginal revelou imagem quística a nível ís-tmico medindo 17x8x22mm sugestiva de istmocelo.Pelo desejo de gravidez a curto prazo foi submetida ahisteroplastia uterina por laparotomia.Conclusão: Estima-se que a prevalência de defeitosístmicos após cesariana ronde os 40 a 60%. Com o au-mento da taxa de cesarianas é de prever que este diag-nóstico seja cada vez mais frequente, devendo fazerparte dos diagnósticos diferenciais de metrorragias ouirregularidades menstruais em mulheres com cesaria-na anterior.

0115GASTROSQUISIS COM EXTERIORIZAÇÃO DABEXIGA - UM CASO CLÍNICO RAROInês Gante, Diana Vale, Margarida Fonseca, Miguel Branco, Eulália GalhanoMaternidade Bissaya Barreto, Centro Hospitalar e Universitário deCoimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: A incidência de gastrosquisis tem au-mentado nos últimos anos. Gastrosquisis correspondea um defeito para-umbilical da parede abdominal queresulta na evisceração de conteúdo abdominal na cavi-dade amniótica (mais frequentemente, ansas intesti-nais). Excepcionalmente, verifica-se exteriorização dabexiga.

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Objectivos: Apresentação e análise de um caso atípi-co de gastrosquisis.Resultados: Grávida de raça negra, 25 anos, gesta VI,para IV (4 gestações normais de termo), saudável e comantecedentes irrelevantes. Orientada às 13 semanaspara o Centro de Diagnóstico Pré-Natal por detecçãoecográfica de gastrosquisis, com exteriorização das an-sas intestinais. Foi submetida a amniocentese, tendo ofeto cariótipo 46,XX, sem alterações. Realizaram-seecografias seriadas, mantendo-se, até às 34 semanas,uma boa evolução biométrica, bexiga in situ, ausênciade malformações associadas, ausência de edema dasansas intestinais e líquido amniótico normal. Às 34 se-manas verificou-se a exteriorização de uma estruturaanecogénica, que se constatou ser a bexiga pela relaçãocom as artérias umbilicais. Manteve-se estreita vigi-lância cardiotocográfica e, às 35 semanas, iniciou tra-balho de parto pré-termo, tendo sido submetida a ce-sariana por suspeita de sofrimento fetal. Recém-nas-cido do sexo feminino, com 2125g, APGAR 9/10/10com um defeito da parede abdominal à direita com ex-teriorização de estômago, intestino delgado, cólon(apêndice ileo-cecal) e bexiga. Dado o volumoso con-teúdo abdominal exteriorizado, envolveu-se, em blo-co, o abdómen e membros inferiores num invólucroesterilizado para prevenir perdas hídricas, proteicas etérmicas. Nas primeiras horas após o parto, foi reali-zada reparação cirúrgica da gastrosquisis, com reduçãocompleta do conteúdo abdominal. Verificou-se boaevolução no pós-operatório e follow-up a 2 meses combom crescimento, trânsito intestinal e urinário sem al-terações.Conclusões: Gastrosquisis com exteriorização secun-dária da bexiga está, habitualmente, associada a umagravamento do prognóstico fetal. A estreita vigilân-cia por cardiotocografia poderá melhorar o desfechoneonatal por permitir a detecção atempada de sinaisde sofrimento fetal.

0117DESFECHOS OBTÉTRICOS NA GRAVIDEZADOLESCENTESara Vargas, Sofia Mendes, Margarida Saramago,Nuno Clode, Luis Mendes da GraçaCentro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria –Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução,Lisboa, Portugal

Introdução: A gravidez na adolescente associa-se aum maior risco de complicações durante a gravidez e

a piores desfechos obstétricos e perinatais.Objectivos:Avaliar os desfechos obstétricos e perina-tais em grávidas adolescentes.Metodologia:Estudo prospectivo com recolha de da-dos clínicos e demográficos das grávidas com idadescompreendidas entre os 13 e os 18 anos, seguidas emconsulta num Hospital de Apoio Perinatal Diferen-ciado da área de Lisboa, entre Janeiro de 2012 e Feve-reiro de 2014. Constituiu-se, ainda, um grupo contro-lo formado por grávidas com idades compreendidasentre os 19 e os 39 anos de idade e sem patologia, ob-servadas imediatamente antes e depois de cada grávi-da adolescente. Avaliaram-se as seguintes variáveis:idade; raça; estado civil; grau de escolaridade; parida-de; desejo da gravidez; hábitos tabágicos; índice demassa corporal (IMC); variação de peso durante a ges-tação; incidência de complicações (restrição do cresci-mento fetal; pré-eclâmpsia); indução do trabalho departo; idade gestacional no parto; tipo de parto; peso eÍndice de Apgar ao 1º e 5º minutos do recém-nascido.Análise estatística com testes t-Student, Fisher e c2(p<0,05).Resultados e Conclusões: Foram incluídos 215 casos(69 adolescentes e 146 controlos). Das variáveis ava-liadas, contactou-se uma diferença estatisticamentesignificativa relativamente à idade materna, ao estadocivil, à escolaridade, à paridade, ao desejo da gravideze à idade gestacional no parto. Não se constataram di-ferenças quanto aos desfechos obstétricos e perinataisnem quanto às complicações avaliadas.Na população estudada, a gravidez adolescente não

parece estar associada a piores desfechos obstétricos ouperinatais, nem a intercorrências como a pré-eclâm -psia ou a restrição do crescimento fetal.

0118INCIDÊNCIA E POTENCIAIS FACTORES DERISCO PARA FERROPÉNIA NA PRIMEIRAMETADE DA GRAVIDEZSara Vargas, Ana Gomes da Costa, Joana Sousa, Nuno Clode, Luis Mendes da GraçaCentro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria -Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução,Lisboa, Portugal

Introdução: A ferropénia (ferritina<30ng/ml) é aprincipal etiologia da anemia na gravidez (hemoglobi-na<11g/dl na primeira metade da gravidez) mas cursamuitas vezes sem anemia. O défice de ferro maternoestá associado a complicações maternas, fetais, neona-

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tais e infantis. Até à data não foram realizados estudosnacionais sobre a incidência de ferropénia na gravidez.

Objectivos: Determinar a incidência de ferropénia naprimeira metade da gravidez e avaliar a influência de po-tenciais factores de risco associados ao défice de ferro.Metodologia:Estudo prospectivo com recolha de da-dos clínicos e demográficos de grávidas seguidas emconsulta num Hospital de Apoio Perinatal Diferen-ciado da área de Lisboa, entre Fevereiro de 2013 e Abrilde 2014. A todas, foi determinado o hemograma e do-seado o valor de ferro e ferritina séricos, na primeirametade da gravidez. Foram excluídas grávidas a fazersuplementação com ferro. Constituíram-se 3 grupos:um grupo controlo sem ferropénia (ferritina≥30ng/ml), um grupo com ferropénia ligeira (15ng//ml≤ferritina<30ng/ml) e um grupo com ferropéniagrave (ferritina<15ng/ml). Avaliaram-se as seguintesvariáveis: idade; paridade; raça; hábitos tabágicos; graude escolaridade; índice de massa corporal (IMC); ida-de gestacional; gravidez múltipla; valores analíticos dehemoglobina (Hb) e ferritina doseados no primeirotrimestre da gravidez. Análise estatística com testes t-Student, Mann-Whitney, Fisher, c2 e análise de re-gressão logística multivariada (p<0,05).Resultados e Conclusões: Foram incluídos 177 casos.A incidência de anemia foi de 1,7% e a de ferropénia de36,7%. Destas, 48 apresentavam ferropénia ligeira(27,1%) e 17 (9,6%) apresentavam ferropénia grave. Dasvariáveis avaliadas nenhuma se associou a ferropénia.O défice de ferro afectou mais de 1/3 da população

estudada e 17 (9,6%) apresentavam défice grave dasreservas de ferro. A ferropénia parece ser uma patolo-gia transversal a todas as grávidas pois aparentou ser in-dependente dos factores de risco avaliados.

0120GRAVIDEZ EM DOENTES COM DOENÇA DEBEHÇETAntónio Braga1, Carlos Vasconcelos2, Jorge Braga11. Serviço Obstetrícia, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal2. Unidade Imunologia Clínica, Centro Hospitalar do Porto, Porto,Portugal

Introdução:A doença de Behçet (DB) é uma doençacrónica, de etiologia desconhecida e com uma preva-lência em Portugal de 1:20000. Caracteristicamentediagnostica-se durante a 2º década de vida, pelo que,a sua associação com a gravidez não é improvável.Objetivo: Analisar o desfecho materno e embrio-fe-

tal num grupo de grávidas com DB.Material e métodos: Estudo retrospetivo e descritivode todas as grávidas com DB vigiadas no entre 2002 e2013.Resultados e conclusão: Foram incluídas 28 gesta-ções em 16 pacientes. 13,6% das doentes apresenta-ram agudização durante a gravidez e 22,7% no pós--parto. Constatou-se a presença de complicações obs-tétricas em 32,1% das gestações, sendo o abortamen-to a mais frequente (21,4%), seguida da restrição decrescimento fetal (13,6%). Não se verificaram diferen-ças estatisticamente significativas entre o desenvolvi-mento de complicações obstétricas e a presença de agu-dização da DB, presença de auto-anticorpos ou uso demedicação imunossupressora. 32,1% das grávidas fo-ram medicadas com ácido acetilsalicílico e 14,2% comheparina de baixo peso molecular (HBPM). Não severificaram diferenças estatisticamente significativasquanto a presença de complicações obstétricas emcomparação com o grupo que não efetuou esta medi-cação. No entanto, não se registaram casos de aborta-mento ou restrição de crescimento fetal nas grávidasmedicadas com HBPM. A presença de anticorposanti-fosfolipídeos foi detetada em 16,7% dos casos deabortamento. Nenhum caso cumpre critérios de sín-drome antí-fosfolipídeo. Não se verificou associaçãoentra a presença de abortamento e a gravidade da DBou o uso de corticoides orais. A idade gestacional mé-dia à data do parto foi de 37 semanas. Dois recém-nas-cidos apresentaram patologia cardíaca diagnosticadadurante a gestação e confirmada após o parto. Na lite-ratura estão apenas descritas 279 gestações em doen-tes com DB. Verificamos uma maior taxa de aborta-mento e uma incidência mais elevada de restrição decrescimento fetal na população estudada.

0121GRAVIDEZ ECTÓPICA – CASUÍSTICA DE2012/2013 -Célia Soares, Cátia Rodrigues, Paula Norinho de Oliveira, Rita Caldas, Cristina Costa, Teresa Paula TelesServiço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de entre oDouro e Vouga – CHEDV, Santa Maria da Feira, Portugal

Introdução: A gravidez ectópica (GE) é definidacomo a implantação que ocorre num local diferente dacavidade uterina tendo a sua incidência vindo a au-mentar. A hemorragia resultante da rutura da GE é aprimeira causa de mortalidade materna no 1º trimes-

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tre de gravidez. Os sintomas clássicos são dor abdo-minal + amenorreia + hemorragia uterina anormal(HUA), no entanto, mais de 50% das mulheres são as-sintomáticas antes da rutura da trompa. O diagnósti-co é feito com o auxílio da ecografia transvaginal e dodoseamento da beta–hCG. O tratamento poderá serexpectante, médico ou cirúrgico.Objetivo: Análise dos casos de GE no CHEDV.Metodologia: Estudo retrospetivo e descritivo dos ca-sos de GE ocorridos em 2012 e 2013.Resultados e Conclusões: Foram incluídos no estudo28 casos. Não foram identificados fatores de risco paraGE em 50% (n=14) dos casos. 11% das mulheres en-contravam-se assintomáticas (n=3), 14% (n=4) apre-sentavam a tríade de sintomatologia clássica(dor ab-dominal+amenorreia+HUA), sendo a dor abdominal osintoma mais relatado (57%).A ecografia transvaginal não foi suspeita num caso

e noutro não foi realizado por a doente se encontrarem choque hemorrágico. O valor de beta-hCG foi su-perior a 5000mU/ml em 8 casos (29%) e inferior a1000mU/ml em 6 casos (21%). A GE foi tubária em93% dos casos (n=26).O tratamento médico com metrotexato foi realiza-

do em 3 casos (10,7%), tendo falhado num deles. Otratamento expectante foi realizado com sucesso em 2casos (7%). O tratamento primário cirúrgico foi reali-zado em 23 casos (82%), e destes, 48% foram subme-tidos a laparoscopia (n=11).Foi necessária transfusão sanguínea em 4 doentes.A GE é uma importante causa de mortalidade re-

lacionada com a gravidez e o seu reconhecimento pre-coce é essencial. Este diagnóstico deve ser pensado emtodas as mulheres em idade reprodutiva com dor abdo -minal, amenorreia e/ou HUA, especialmente na pre-sença de fatores de risco.

0124DICEPHALUS DIPUS DIBRACHIUS: CASOCLÍNICOMaria Boia, Sandra Lemos, Filomena Ramos, Mário OliveiraCentro Hospitalar Baixo Vouga, Aveiro, Portugal

Introdução: A ocorrência de gémeos conjuntos é umevento raro, com incidência estimada de 1 em 50.000--100.000 partos. Os casos de fetos dicéfalos são aindamais raros, estando apenas cerca de 50 relatados na li-teratura. Os gémeos conjuntos ocorrem apenas em gra-videzes gemelares monozigóticas, existindo duas teo-

rias para a sua formação, a da Fissão e a da Fusão. Nãoforam ainda identificados factores de risco. A ecogra-fia é o método de diagnóstico recomendado.Objectivos: Revisão da literatura publicada sobre gé-meos conjuntos, em particular Dicephalus dipus dibra-chius, a propósito de um caso clínico.Métodos: Pesquisa na base de dados Pubmed e análi-se de caso clínico.Caso Clínico: SCEL, 36 anos, obesidade, 4 gesta 1para (1ª gesta há 6 anos - HTA gestacional, Pré--eclâmpsia, parto por cesariana às 38 semanas; 2ª e 3ªgesta - aborto espontâneo precoce); cônjuge com 37anos, saudável; sem antecedentes familiares de mal-formações congénitas.Recorreu ao Serviço de Urgência do nosso hospital

após realizar Ecografia do 1º trimestre no exterior querevelava feto de 10 semanas malformado com 2 póloscefálicos e um tronco, sugerindo gémeos toracopágosou dicéfalos, tendo sido encaminhada para Consultade Diagnóstico Pré-natal. Após repetição da Ecogra-fia na nossa instituição com confirmação da malfor-mação detectada, foi solicitada a interrupção médica dagravidez, aceite pela comissão técnica de certificação.A análise cromossómica revelou feto 46,XY. O estudofetopatológico revelou gémeos conjuntos dicephalus di-pus dibrachius, com crescimento e maturidade corres-pondentes à idade gestacional de 11 semanas.Conclusões: Embora raros, também nestes casos seprova a importância da avaliação ecográfia precoce paraevitar o prolongamento do desenvolvimento de umagravidez patológica. É consensual que, quando o diag-nóstico é efectuado antes das 24 semanas, deve ser ofe-recida ao casal a possibilidade de interrupção médicada gravidez.

0127ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA TROMBOSENA GRAVIDEZ E PUERPÉRIOJorge Lima1, Augusta Borges2, Lurdes Ribeiro1, Conceição Telhado11. Unidade de Ginecologia e Obstetrícia, Lisboa, Portugal2. Consulta de Medicina em Obstetrícia, Lisboa, Portugal

Introdução: O tromboembolismo venoso (TEV), queinclui a trombose venosa profunda e o embolismo pul-monar é um problema grave de saúde pública. Umavez que o TEV é uma das principais causas evitáveis demorte hospitalar todas as mulheres devem ser subme-tidas a uma avaliação de risco trombótico no períodopré-concecional (quando possível), na gravidez (logo

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no primeiro trimestre e repetido sempre que necessá-rio) e no puerpério (antes da alta).Objetivos: Rever, sistematizar e implementar estraté-gias de prevenção da trombose na gravidez, parto epuerpério.Metodologia: Pesquisa bibliográfica de artigos de re-visão, ensaios clínicos aleatorizados e controlados,meta-análises, recomendações e orientações clínicasnas bases de dados Cochrane Library, Medline/Pubmede UpToDate, de 2004 a Abril de 2014, em inglês, utili-zando as palavras-chave (termos MeSH database): “ve-nous thromboembolism”, “risk assessment”, “prophylaxis”,“deep vein thrombosis” e “pulmonar embolism”. Os auto-res apresentam um score de risco trombótico a ser inte-grado no Boletim de Saúde da Grávida, de fácil apli-cação pelos profissionais de saúde e que permita a im-plementação precoce de medidas de prevenção doTEV. Discussão: Esta medida, dada a relevância clínica doTEV, vai permitir que os profissionais de saúde fiquemmais familiarizados com a estratificação do risco trom-bótico na mulher, conduzindo a um adequado aconse-lhamento e prevenção tromboembólica.

0128FACTOR V LEIDEN E MUTAÇÃO DO GENE DAPROTROMBINA G20210A NUMA CONSULTA DEAVALIAÇÃO DE RISCO TROMBÓTICOJorge Lima1, Carla Baleiras1, Susana Sarzedas1, Augusta Borges2, Conceição Telhado11. Unidade de Ginecologia e Obstetrícia, Lisboa, Portugal2. Consulta de Medicina em Obstetrícia, Lisbona, Portugal

Introdução: As trombofilias constituem um dos prin-cipais fatores de risco para o tromboembolismo. Asmutações factor V Leiden (FVL) e protrombina (PT)G20210A são os defeitos genéticos que mais frequen-temente conduzem à trombose. Apesar dos critériosde rastreio das trombofilias hereditárias estarem bemdefinidos e não estar recomendado a sua pesquisa derotina em complicações obstétricas, muitas dessas mu-tações acabam por ser diagnosticadas nessas situações.Objetivos: Identificar e caraterizar as pacientes por-tadoras de pelo menos um dos seguintes polimorfis-mos: FVL e/ou PT G20210A.Metodologia: Foi efetuada uma análise retrospetivade dados registados no processo clínico eletrónico daspacientes da consulta de trombofilias de Outubro de2008 a Abril de 2014, com pelo menos um dos referi-dos polimorfismos. Foram avaliadas as seguintes va-

riáveis: dados demográficos, história clínica, antece-dentes de eventos trombóticos e/ou complicações ges-tacionais. A análise estatística foi efetuada com SPSSStatistics 19.0.Resultados e Conclusões: Foram realizadas nesse pe-ríodo 2055 consultas, destas 576 foram primeiras con-sultas onde foram identificados pelo menos um dospolimorfismos em 10,4% (60) das pacientes (idade mé-dia 34 anos): 5,4% (31) heterozigotia para o FVL, 0,4%(2) homozigotia para o FVL e 4,7% (27) de heterozi-gotias para a PT G20210A. Nesta amostra, apesar dese tratar de uma consulta de referência concluímos que:as prevalências destes polimorfismos aproximam-sedas descritas para a população geral; em mais de me-tade das pacientes (51,6%) o diagnóstico da mutaçãoesteve relacionado com o facto da paciente ter tido umevento tromboembólico ou apresentar uma história fa-miliar de trombose; as mutações FVL e PT G20210Asão fatores de risco genéticos que contribuem de for-ma significativa para o tromboembolismo; o impactodas trombofilias hereditárias nas complicações obsté-tricas continua a ser controverso pelo que não está re-comendado o seu rastreio na ausência de antecedentespessoais ou familiares de trombose.

0131FATORES PREDITIVOS PARA PARTO PRÉ-TERMO IATROGÉNICO PRECOCESofia Raposo Dinis, Ana Patrícia Domingues, Ana Brandão, Etelvina Fonseca, Ondina Jardim, Paulo MouraServiço de Obstetrícia A, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,Coimbra, Portugal

Introdução:O parto pré-termo (PPT) pode ser clas-sificado em precoce, quando ocorre entre as 24 e as 33semanas e 6 dias de gestação e, em tardio quando ocor-re entre as 34 e 0 dias e 36 semanas e 6 dias de gesta-ção. Pretendeu-se caracterizar os factores preditivos doPPT iatrogénico precoce, de forma encontrar uma me-lhor e mais eficaz conduta preventiva e terapêutica.Objetivo: Avaliação de características maternas/obs-tétricas que possam influenciar a idade gestacional(IG) à data do parto nos PPT iatrogénicos (precoce vstardio).Metodologia:Análise retrospetiva, entre 2003 e 2012,de 550 PPT iatrogénicos. Foram avaliadas as caracte-rísticas maternas e obstétricas de dois grupos: PPTprecoce (1) vs tardio (2).Resultados: (1vs2) Dos 550 PPT iatrogénicos, 242 fo-

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ram precoces e 308 foram tardios. A média da idadedas mulheres foi 30±5 anos. A análise estatística reve-lou que 41,6% vs 58,4% (p=n.s.) tinham trabalho re-munerado; 78,9% vs 21,1% (p< 0,001; OR 5,004) pro-vinham de outros hospitais; em 25,9% vs 74,1%(p<0,001) a gravidez foi vigiada na consulta externa damaternidade; 46,8% vs 53,2% (p=n.s.) tinham antece-dentes de PPT e 29,5% vs 70,5% (p=,0044; OR 0,335)antecedentes de patologia endócrina; o ganho ponde-ral foi 10,21±5,16 vs 11,47±5,18 kg (p=0,014); gesta-ção complicada por: metrorragias 50% vs 50% (p=n.s),HTA 65,4% vs 34,6% (p<0,001), pré-eclâmpsia 74%vs 26% (p<0,001) e RICU 20,3% vs 79,7% (p<0,001;OR 0,144); 71,3% vs 28,7% realizaram medicação comcorticóides (p<0,001; OR 47,68) e 36,8% vs 63,2% an-tibioterapia (p=0,028; OR 0,412); internamento ante-rior ocorreu em (IG) 28±4 vs 30±5 (p<0,001).Conclusões: A proveniência de outros hospitais e amedicação com corticóides revelaram-se fatores pre-ditivos de PPT iatrogénico precoce. A área sob a cur-va de ROC foi de 0,91; a sensibilidade 93,4% e a es-pecificidade de 77,3%.

0136SEROCONVERSÃO DA TOXOPLASMOSEDURANTE A GRAVIDEZ: REVISÃO DE 7 ANOSAna Carvalho1, Pedro Brandão1, Amélia Almeida1,Anabela Ferreira1, Alberto Rocha2, Graça Rodrigues1,Olímpia Carmo11. Serviço de Ginecologia/Obstetrícia do Centro Hospitalar do Tâmega eSousa, Penafiel, Portugal2. Serviço de Pediatria - Unidade de Neonatologia do Centro Hospitalardo Tâmega e Sousa, Penafiel, Portugal

Introdução:A infeção congénita por Toxoplasma gon-dii (T. gondii) ocorre em 0.2 - 2 casos por cada 1000nascimentos. Como pode causar fetopatia congénitagrave, é importante a realização do rastreio durante agravidez.Objetivos: Análise dos casos de seroconversão de to-xoplasmose durante a gravidez no Centro Hospitalardo Tâmega e Sousa (CHTS), no período de 2007 a2013.Metodologia:Estudo retrospetivo e descritivo dos ca-sos de seroconversão de toxoplasmose diagnosticadosno CHTS naquele período. As variáveis analisadas fo-ram: idade gestacional na altura do diagnóstico, pre-sença de ADN de T. gondii no líquido amniótico (LA),terapêutica realizada, achados ecográficos, infeção pla-centar e infeção no recém-nascido (RN).Resultados e Conclusões:Foram incluídos no estudo

36 casos, dos quais 9 diagnosticados no 1º trimestre, 16no 2º e 11 no 3º, sendo que a amniocentese foi reali-zada em 27 casos. Instituiu-se terapêutica profiláticaem 26 casos. Não foram encontrados achados ecográ-ficos sugestivos de infeção por T. gondii. A pesquisa deADN no LA foi positiva em 2 casos, tendo estes efe-tuado tratamento in utero da infeção fetal e tendo-seconfirmado, num deles, infeção placentar. Registou-seum falso negativo na pesquisa de ADN no LA, comdiagnóstico da infeção no RN ao 2º mês de vida. Numoutro caso, foi efetuado diagnóstico pós-natal de infe-ção ao 5º mês de vida, não tendo sido efetuada amnio-centese ou estudo placentar. Nestes 4 casos, os RNscompletaram tratamento da infeção durante um ano.Em nenhum destes foi verificado atraso no desenvol-vimento psicomotor ou coriorretinite até ao termo dofollow-up.Nos 4 RNs que completaram tratamento, a sero-

conversão materna de toxoplasmose ocorreu na se-gunda metade da gravidez, o que está de acordo com aliteratura.Um protocolo bem estabelecido de rastreio, profi-

laxia e tratamento da toxoplasmose são fundamentaispara a prevenção de infeção congénita grave no RN.

0137PRÓTESES VALVULARES CARDÍACAS EGRAVIDEZ: EXPERIÊNCIA DE 10 ANOS DE UMCENTRO TERCIÁRIOJoana Oliveira Rebelo1, Andre Monteiro2, Lino Patricio2, Ana Campos11. Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Centro Hospitalar Lisboa Central,Lisboa, Portugal2. Hospital Santa Marta, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa,Portugal

Introdução:As valvulopatias comportam um risco im-portante de morbilidade e mortalidade materna e fe-tal na gravidez. A presença de prótese valvular nestecontexto associa-se a um risco aumentado de compli-cações cardiovasculares, obstétricas e neonatais.Objectivo:Definir os desfechos obstétricos e neona-tais de uma população de grávidas com valvulopatiaportadoras de prótese valvular.Métodos:Estudo retrospectivo dos dados referentes a23 gestações em 13 mulheres portadoras de prótesevalvular, com seguimento em consulta de Obstetríciae Cardiologia na MAC (2002-2012). Foram avaliados:dados demográficos, antecedentes pessoais e obstétri-cos, complicações cardiovasculares e desfechos obsté-tricos e neonatais.

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Resultados: A idade materna média foi 26,3 anos(±5.9); 47,8% das mulheres eram nulíparas, 52,1%apresentavam antecedentes de aborto e 21,7% de mor-te fetal. Em todas, a valvulopatia foi adquirida, maio-ritariamente de etiologia reumática (78,3%). 69,3%eram portadoras de próteses mecânicas e 30,7% de bio-lógicas. 69,6% encontravam-se em classe I, 21,7% emclasse II e 8,7% em classe III da New York Heart Asso-ciation. A maioria apresentava função ventricular es-querda preservada (72,7%) e 9,1% má função. 17,4%apresentavam antecedentes de acidente cerebral vas-cular ou endocardite.Das gestações em estudo, 17,4% foram submetidas

a interrupção médica, 26,1% resultaram em aborto,8,7% em morte fetal e apenas 47,8% em gravidezesevolutivas. Destas, 9,1% foram complicadas com par-to pré-termo e 27,3% com recém-nascidos leves paraa idade gestacional. Verificou-se um agravamento daclasse funcional em 26,1% das grávidas, com diagnós-tico de insuficiência cardíaca congestiva em 13%. Fo-ram também observadas complicações associadas á an-ticoagulação: em 13% ocorreu trombose da prótese, em17,4% hematoma pós-cesariana e foi observado umcaso de embriopatia varfarinica.Conclusões: Neste estudo retrospectivo de gravidezem mulheres portadoras de prótese valvular, verificou--se um número significativo de complicações cardio-vasculares e obstétricas. O aconselhamento contracep-tivo, pré-concepcional e uma abordagem multidisci-plinar durante a gestação são cruciais no seguimentodestas mulheres.

0138DOENÇA VALVULAR CARDÍACA NA GRAVIDEZ:EXPERIÊNCIA DE 10 ANOS NUM CENTROTERCIÁRIOJoana Rebelo1, André Monteiro2, Lino Patricio2, Ana Campos11. Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Centro Hospitalar Lisboa Central,Lisboa, Portugal2. Hospital Santa Marta, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa,Portugal

Introdução:As valvulopatias comportam um risco im-portante de morbilidade e mortalidade materna e fe-tal na gravidez. As alterações hemodinâmicas ineren-tes, podem afectar a função cardíaca, condicionandodescompensação da patologia de base e desfechosobsté tricos adversos por hipoperfusão placentar.Objectivo: Definir os desfechos obstétricos de umapopulação de grávidas com valvulopatia e estabelecer

preditores cardiovasculares maternos de desfechos obs-tétricos e neonatais adversos.Métodos:Estudo retrospectivo de 82 gestações em 52mulheres com valvulopatia, com seguimento cardíacoe obstétrico na MAC (2002-2012). Características car-diovasculares maternas avaliadas: classe New YorkHeart Association (NYHA) e função ventricular es-querda (FVE) prévias e durante a gravidez, presença deprótese valvular, medicação cardíaca, evento cardio-vascular prévio e hipertensão crónica. Desfechos obs-tétricos avaliados: aborto, morte fetal, parto pré-termo(PPT),patologia hipertensiva gestacional, restrição decrescimento (RCF) e recém-nascidos leves para idadegestacional (RN LIG).Resultados: 84,1% das grávidas encontravam-se emclasse I, 13,4% em classe II e 2,4% em classe IIINYHA; a maioria apresentava FVE preservada(87,7%). 45,1% apresentavam necessidade de terapêu-tica, 11% antecedentes de evento cardiovascular e 28%prótese valvular. Das 82 gestações, 9,8% resultaram emaborto, 3,7% em morte fetal e 80,5% em gravidezesevolutivas. Destas, 4,6% foram complicadas com RCF,12,1% com PPT e 10,6% com RN LIG. Não houvecomplicações hipertensivas. Verificou-se uma associa-ção entre acidente vascular cerebral prévio(p=0,036),prótese valvular (p=0,005), anticoagulação(p=0,002), má FVE (p=0,016) e classe NYHA>II(p=0,003) e aborto. O uso de beta-bloqueantes asso-ciou-se a RCF (p=0,005). Observou-se tendência as-sociativa entre prótese valvular e indução do trabalhode parto por descompensação materna (p=0,09) e RNLIG (p=0,07). Agravamento da classe funcional(p=0,01) e insuficiência cardíaca congestiva (p=0,03)associaram-se a PPT.Conclusões: Classe NYHA>II, FVE não preservadae presença de prótese valvular associaram-se a desfe-chos obstétricos adversos. Contudo, mediante umaabordagem multidisciplinar, a maioria das mulherescom valvulopatia alcança gravidezes bem sucedidas.

0140RASTREIO COMBINADO DO 1º TRIMESTRE:SERÁ ADEQUADO REDUZIR O CUT-OFF?Rita Medeiros, Zita Ferraz, Helena Gonçalves, Sofia Franco, Filomena Coelho, José Sousa Barros,Paulo MouraServiço de Obstetrícia A, Maternidade Daniel de Matos, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: O rastreio pré-natal permite determinar,

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de forma não invasiva, o risco de aneuploidia fetal.Considera-se uma gestação de alto risco quando a pro-babilidade da anomalia cromossómica fetal é superiorao cut-off definido. Na nossa instituição considera-se ≥ 1/300, embora o programa Astraia® recomende ape-nas nos casos ≥ 1/100.Objetivo: Avaliar a possibilidade de reduzir o cut-offa partir do qual se considera risco elevado de aneu-ploidia.Material e métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos das gestações de feto único com risco deaneuploidia fetal no 1º trimestre entre 1/100 e 1/300,da Maternidade Daniel de Matos, entre abril de 2011e abril de 2014. O risco de anomalias cromossómicaspara cada gestante foi calculado por meio do progra-ma Astraia®. Para o cálculo estatístico do risco, o soft-ware combina a idade materna, os antecedentes obsté-tricos de anomalias cromossómicas, os dados ecográ-ficos (comprimento crânio-caudal (CCC) e translu-cência da nuca) e o doseamento da PAPP-A e β-hCGlivre (UI/L).Resultados: No referido período, preenchiam os cri-térios de inclusão no estudo 44 grávidas, sendo a ida-de materna média 34,77 [24-46] anos. Eram primi-gestas 31,8% e 50% já tinham pelo menos um filho,não havendo nenhum caso de anomalia cromossómi-ca nos antecedentes. A idade gestacional mediana darealização do rastreio foi 12 (variação 11+3 a 14+0) se-manas, corres pondendo a uma média da medida doCCC de 64,8 mm (variação entre 46 e 82,4 mm). Rea-lizaram técnica invasiva 41 pacientes (36 amniocente-ses e 5 biópsias das vilosidade coriónicas), tendo-se en-contrado um caso de trissomia 21 (com um risco com-binado de aneuploidia de 1/129).Conclusões: A alteração do cut-off poderá eventual-mente comprometer a taxa de deteção do rastreio umavez que não teria sido diagnosticado um caso de tris-somia 21.

0141PLACENTA ACRETA E TROMBOSE DA VEIAOVÁRICA – A PROPÓSITO DE UM CASOCLÍNICOMarta Magro, Manuela Costa, Leonor Ramos, Paula Arteaga, António Setúbal, Dinis da Gama, José Damásio, Susana AlbuquerqueHospital da Luz, Lisboa, Portugal

Introdução: a trombose da veia ovárica é uma com-plicação pouco frequente no puerpério, que surge ge-

ralmente por volta do décimo dia pós-parto e tem umaapresentação clínica variável. A sua incidência é 0,02--0,05% (1/800 cesarianas).Objectivo: apresentação de um caso clínico de trom-bose da veia ovárica no puerpério.Metodologia: consulta do processo clínico, exameobjec tivo, exames complementares de diagnóstico.Resultados e conclusão: 36 anos, multípara, com an-tecedentes de cesariana complicada por hemorragiapós-parto secundária a retenção placentária e coagula-ção intravascular disseminada. Às 22 semanas de ges-tação foi diagnosticada por ecografia uma placentaacreta. Às 34 semanas fez corticoterapia para matura-ção pulmonar. Às 38 semanas a doente foi submetidaa cesariana electiva, seguida de histerectomia total comcolocação prévia de stents ureterais, sem complicaçõesintra-operatórias. Ao terceiro dia pós-parto a doenteiniciou um quadro de dor intensa na fossa ilíaca direi-ta. Foi realizada uma ecografia renal que revelou a pre-sença de um trombo de grandes dimensões com ex-tensão desde a veia ovárica direita até à veia cava infe-rior. A presença da lesão foi confirmada por angio--TAC e a doente foi submetida a anexectomia direitae trombectomia por laparotomia. Iniciou anti-coagu-lação oral, que realizou durante 8 meses sem outrascomplicações.Em suma, a trombose da veia ovárica representa um

desafio diagnóstico por se tratar de uma patologia raracom sintomatologia vaga. O diagnóstico precoce é fun-damental para reduzir a incidência de complicaçõesmais graves.

0143TROMBOCITOPENIA ALOIMUNE: CASOCLÍNICOSoraia Cunha2, Tamara López1, Emílio Couceiro1, Josefa Plaza3, Carlos López Ramón y Cajal11. Departamento de Ginecologia y Obstetrícia, Complejo HospitalárioUniversitário de Vigo, Vigo, Spain2. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Unidade Local de Saúde do AltoMinho, Viana do Castelo, Portugal, 3Departamento de Hematologia,Complejo Hospitalário Universitário de Vigo, Vigo, Spain

Introdução:A Trombocitopenia Neonatal Aloimune(TNA), embora subdiagosticada é a causa mais fre-quente de trombocitopenia severa no Recém-nascido(RN) de termo saudável. Trata-se de uma incompati-bilidade feto-materna em que ocorre destruição dasplaquetas fetais/neonatais mediada por aloanticorposmaternos. É considerada o equivalente plaquetário dadoença hemolítica do RN, porém, pode afetar grave-

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mente a primeira gravidez.Há risco significativo de he-morragia intracraniana e sequelas neurológicas graves,com tendência a trombocitopenia mais grave e maisprecoce em gestações subsequentes.Na raça caucasiana, mais de 75% dos casos são de-

vidos à incompatibilidade para o antigénio plaquetá-rio humano 1-a (HPA-1a).Objetivo:O objetivo deste trabalho centra-se em de-monstrar a dificuldade e importância do diagnósticodesta entidade, com vista a um futuro aconselhamen-to pré-concepcional adequado.Material e Métodos:Mulher de 34 anos, IIGIP, 1 par-to eutócico em 2011, RN feminino 3420g IA 09/10,saudável. Sem antecedestes pessoais, familiares ou ci-rúrgicos de relevo. Gestação de 39 semanas, vigiada,sem intercorrências, internada por trabalho de parto.Realizado parto eutócico, do qual resultou um RNmasculino 3650g IA 9/10. No dia 1, o RN apresentouquadro petequial generalizado sendo admitido na Uni-dade de Cuidados Intensivos Neonatais com 12000plaquetas.A genotipagem plaquetária mostrou que a mãe era

HPA 1b/1b, o pai HPA 1a/1a e o RN HPA 1a/1b. Fo-ram identificados anticorpos anti-HPA -1a no soro ma-terno e o estudo foi negativo para anti-HLA Clase I.Conclusão: A probabilidade de recorrência de TNAem gestações futuras, tendo em consideração a geno-tipagem apresentada é de 100%, com tratamento (imu-noglobulinas, corticoterapia, transfusão plaquetária) eprognóstico limitado.A implementação do rastreio pré-natal desta entidadenão é consensual. Atualmente não está recomendadoo rastreio de rotina em mulheres sem fatores de risco,no entanto, alguns autores defendem um programa derastreio para identificar grávidas HPA-1a negativas.

0148DIABETES GESTACIONAL RESULTADOSOBSTÉTRICOS E NEONATAIS SIMILARES AGRÁVIDAS NÃO DIABÉTICAS?Bruna Abreu, Ana Figueiredo, Njila Amaral, Elsa Dias,Carlos VeríssimoDepartamento de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Beatriz Ângelo,Lisboa, Portugal

Introdução: A diabetes gestacional (DG) complica 7%das gestações. Admite-se que a manutenção de níveisglicémicos normais ao longo da gestação permite obter desfechos neonatais similares ao de grávidas nãodiabéticas.

Objectivo: Avaliar os desfechos obstétricos e neona-tais em gestações com diagnóstico de DG sujeitas aprova de trabalho de parto (PTP)Métodos: Estudo analítico caso-controlo (1:2) comduração de 2 anos, cuja população alvo foram gesta-ções simples de termo submetidas a PTP. O grupo deestudo compôs-se por 54 grávidas com DG controla-da apenas com dieta e o controlo (n=108) incluiu ges-tações de baixo risco. Foram excluídos casos de pato-logia hipertensiva, restrição do crescimento fetal, oli-goâmnios, contra-indicação a indução de trabalho departo (ITP) e indicação para cesariana electiva. Os gru-pos foram emparelhados pela idade gestacional e índi-ce de massa corporal materno. As variáveis analisadasforam idade materna, paridade, trabalho de parto (TP)espontâneo vs induzido, condução e duração do TP,tipo de parto, motivo da cesariana, peso e morbimor-talidade neonatal.Resultados:Dos 54 casos, 83% (n=45) tiveram comodesfecho o parto vaginal (PV). Dos 9 casos (17%) queresultaram em cesariana, 67% (n=6) tiveram como in-dicação estado fetal não tranquilizador.Por oposição, no grupo controlo, a principal causa de

cesariana (23% n=25) foi a distócia (60%, n=15). Odesfecho como parto vaginal obteve-se em 77%(n=83).Comparando os 2 grupos, a ITP nas grávidas com

DG associou-se a maior sucesso de parto vaginal(82.6% vs 43%, p-value=0.056).Não houve diferenças estatísticas em relação ao peso

médio dos recém-nascidos, na percentagem de RN compeso superior a 4kg nem na morbilidade neonatal.Conclusão : A DG controlada com dieta não se asso-ciou a maior taxa de cesariana nem a maior morbi-mortalidade neonatal. A vigilância rigorosa das grávi-das diabéticas tem um reflexo favorável no prognósti-co neonatal.

0150TRAUMATISMO DE PARTO: SERÁ QUEPODEMOS ANTEVER ?Bruna Abreu1, Rita Valsassina2, Ana Figueiredo1, Pedro Rocha1, Ana P Pereira1, Elsa Dias1, Fernanda Melo21. Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital Beatriz Ângelo,Lisboa2. PortugalDepartamento de Pediatria, Hospital Beatriz Ângelo, Lisboa,Portugal

Introdução: A partir da década de 60 assistiu-se aodeclínio da incidência do traumatismo obstétrico(0,6%-0,8%). Apesar da maioria dos traumas de parto

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terem um desfecho favorável, 50% seriam evitáveiscom o reconhecimento dos factores de risco.Objectivo: Identificar factores de risco associados atraumatismo obstétrico.Métodos: Estudo analítico caso-controlo, com 24 me-ses de duração, cuja população-alvo foi recém-nascidos(RN) de termo (n=3472). Os RN com registo de trau-ma, constituíram os casos (n=40). Por cada caso in-cluíram-se dois controlos (n=80). Excluíram-se RNcom cefalohematomas, malformações congénitas eapresentação anómala. Emparelharam-se os gruposconsoante a idade gestacional e a via de parto. As va-riáveis analíticas foram agrupadas em: variáveis ma-ternas (índice de massa corporal (IMC), paridade, pre-sença de patologia pélvica); variáveis associadas à ges-tação (vigilância pré-natal, diabetes gestacional, nú-mero de fetos); variáveis associadas ao parto (partoespontâneo ou induzido, duração do trabalho de par-to (DTP), tipo de parto, executante do parto) e variá-veis do RN (sexo, peso, perímetro cefálico e índice deApgar). Os traumatismos analisados foram: lesão doplexo braquial, fractura da clavícula, traumatismo departes moles e lesão do nervo facial. Os dados foramanalisados no SPSS 10®.Resultados: A incidência do traumatismo obstétricofoi 1%, sendo a lesão do plexo braquial a mais frequente(0,69%). Os factores de risco estatisticamente signifi-cativos para traumatismo obstétrico foram: IMC>30Kg/m2, DTP entre 12-24h e uso de fórceps. Uma DTP<12h e um peso fetal entre 3000-4000g foram identi-ficados como factores protectores. Não foram verifi-cadas outras associações com significado estatístico.Conclusão: Na nossa instituição, a obesidade mater-na, a DTP entre 12-24h e o uso de fórceps associaram--se a um risco significativo de traumatismo. Algunsdestes fatores de risco são passíveis de modificação,sendo importante a antecipação dos mesmos com vis-ta a minimizar eventuais sequelas com consequência alongo prazo para o RN.

0151PARTO, PUERPÉRIO E DESFECHO NEONATAL DEGRÁVIDAS OBESAS SAUDÁVEISAndreia Fonseca, Joana Sousa, Inês Rato, Nuno Clode,Luís Mendes GraçaDepartamento de Obstetrícia e Ginecologia, Centro Hospitalar LisboaNorte – Hospital Universitário de Santa Maria, Faculdade de Medicinada Universidade de Lisboa, Centro Académico de Medicina de Lisboa,Lisboa, Portugal

Introdução: A obesidade materna está associada a

complicações obstétricas, como a diabetes gestacionale as doenças hipertensivas da gravidez. Contudo, mes-mo as obesas normotensas e não-diabéticas têm ummaior risco de complicações, que podem condicionardesfechos adversos.Objectivo: Avaliar os desfechos obstétricos e neona-tais de grávidas obesas, normotensas, não diabéticas.Metodologia:Estudo caso-controlo, incluindo as grá-vidas com Índice de Massa Corporal (IMC)≥30, vi-giadas em consulta de baixo risco entre 2011 e 2013 ecuja gestação decorreu sem complicações. Para o gru-po de controlo foram selecionadas grávidas comIMC<30 vigiadas na mesma consulta, seguindo umaproporção de 2:1. Analisaram-se características da gra-videz, do trabalho de parto e parto e dados relativos aorecém-nascido e ao puerpério.Resultados e Conclusões: Foram incluídas 91 obesase 182 controlos, nulíparas e multíparas. As grávidasobesas apresentaram um menor aumento ponderal(10kg vs 13kg, p <0,0001). A idade gestacional no par-to foi sobreponível nos dois grupos (40 semanas, p 0,184). Contudo, a taxa de partos pré-termo foi su-perior nas obesas (7,69% vs 0,55%, p 0,002; OR 15,08[1,83-124,60]), verificando-se simultaneamente umamaior taxa de indução do trabalho de parto (ITP) nes-te grupo (38,46% vs 20,33%, p 0,002; OR 2,45 [1,41--4,27]). As obesas tiveram uma maior taxa de cesaria-nas (40,66% vs 18,13%, p 0,0001; OR 3,09 [1,76--5,43]), sendo as cesarianas intraparto mais frequentes.Não se verificaram diferenças estatisticamente signifi-cativas relativamente à duração do trabalho de parto eà ocorrência de distócia de ombros ou de lacerações degrau 3. Os desfechos neonatais foram sobreponíveis.As complicações infecciosas no puerpério foram idênti-cas nos dois grupos, mas as obesas apresentaram anemiacom maior frequência (5,49% vs1,65%, p 0,02; OR 6,09[1,41 – 26,38]). A obesidade é um factor de risco paraparto pré-termo, ITP e cesariana, associando-se ainda aum maior risco de anemia materna no pós-parto.

0154FACTORES DE RISCO PARA MAUS DESFECHOSNEONATAIS EM GRÁVIDAS INFECTADAS PELOVÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANADaniela Reis Gonçalves, António Braga, Luísa Ferreira, Jorge BragaServiço de Obstetrícia, Centro Hospitalar do Porto - Centro MaternoInfantil do Norte, Porto, Portugal

Introdução: Em Portugal, em 2012, 29,3% dos casos

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de infecção por vírus da imunodeficiência humana(VIH) ocorreram em mulheres, sendo a transmissãovertical a 4º causa com mais casos acumulados desde1983.Objectivos: Investigar os factores de risco (FR) paramaus desfechos neonatais em grávidas infectadas peloVIH.Metodologia: Estudo retrospectivo entre Janeiro de2003 e Abril de 2014. Definidos como maus desfechosobstétricos recém-nascido (RN) com peso inferior aopercentil 10 para a idade gestacional (IG), parto pré--termo (PPT) (<37 semanas) e transmissão vertical dainfecção. Foram analisadas variáveis demográficas, re-lativas à infecção VIH, ao parto e ao RN.Resultados e conclusões: Foram incluídas 159 grávi-das com infecção VIH. A idade materna média foi 29anos. A IG média no parto foi 37 semanas. Regista-ram-se 15,1% de RN com restrição do crescimento in-tra-uterino (RCIU) e 21,4% de PPT. Infecção porVIH tipo 2 presente em 3,1% da amostra. Os métodosde transmissão mais frequentes foram via sexual(73,6%) e drogas endovenosas (15,1%), estando estaúltima associada a RCIU e PPT (p<0.01). A taxa deco-infecção foi 29,6%. O diagnóstico foi prévio à gra-videz em 66%. A gravidez foi não vigiada em 8,2%,destes em 30,7% verificou-se RCIU (p=0.09). A Zi-dovudina durante a gravidez foi efectuada em 91,8%dos casos e durante o parto em 93,7%. Não se verifi-cou relação significativa entre uso de Zidovudina du-rante gravidez e peso RN ou PPT. 73,6% dos partos fo-ram cesariana electiva.A taxa de transmissão vertical foi de 1,9%: 2 casos

não vigiados, com partos eutócicos, 1 dos quais no do-micílio, e 1 caso insuficientemente vigiado que iniciouterapêutica anti-retroviral no 3º trimestre com partopor cesariana electiva.Estes dados reforçam a necessidade do cumpri-

mento das recomendações e do acompanhamento poruma equipa multidisciplinar especializada para garan-tia dos melhores desfechos neonatais.

0164SELF-PERCEIVED IMPROVEMENT INOBSTETRIC EMERGENCIES MANAGENMENT –HIGH FIDELITY SIMULATIONIsabel Santos Silva, Diana Vale, Elsa Nunes, Fernando Jorge Costa, Emília Martins, Joana CarvalhasBiomedical Simulation Center, Centro Hospitalar e Universitário deCoimbra, Coimbra, Portugal

Background and Goal of Study: Obstetrics emer-gencies are potentially devastating situations. Theavailability of medical simulation in obstetric emer-gencies has provided a way to obstetrícians, anesthesio -logists and nurses train their skills and ability to workas a team. The critical events were eclâmpsia, post-par-tum hemorrhage, pulmonary embolism, anaphylacticreaction and failed intubation.The aim of our study was to assess the impact of the

course in self-perceived improvement in obstetricemergencies management and to evaluate satisfactiondegree of the participants.Material and Methods: Analysis of pre and post--course questionnaire, filled anonymously by the par-ticipants of obstetrics emergencies course, held in thelast two years.Statistical analysis with SPSS 20.0® (Kolmogorov-

-Smirnov, Wilcoxon, t student tests).Results and Discussion: Total of 54 participants (4anesthesiologists, 16 anesthesiology residents; 3 Obstetrícians, 22 obstetric residents; 9 nurses). Over-all in a 1 to 10 scale, there were statistical differences(paired samples t test) between pre and post-test in ex-perience (3,7 vs 5,1; p=0,000) and knowledge (4,9 vs6; p=0,000) in critical event. In a 5 items Likert scalethe participants consider that the health care's educa-tion should focus non-technical skills (pre and post-course with a mean of 3,7 and 4,2, respectively). Incognitive aids, the mean pre and post-course was 1,7and 2,1. The Wilcoxon test showed statistical diffe -rences in both situations (p=0,01 and p=0,043).For the trainees, the course was above and accor -

ding expectations, 52% and 44%, respectively. In 1 to10 scale, the mean of global satisfaction was 8,75 (±0,8;7-10). 98% of the participants agreed that they will change

their clinical practice according to what they learned.Conclusion:Our study demonstrates a self-confidenceimprovement in the parameters of knowledge and ex-perience dealing with obstetric critical event. We be-lieve that interdisciplinary high fidelity simulation canimprove team actions in a real obstetric emergency.

0165GESTAÇÃO TRIPLA BICORIÓNICA E REDUÇÃOFETAL ELECTIVA: A PROPÓSITO DE UM CASOCLÍNICODânia Ferreira1, Sílvia Torres1, Cátia Ferreira1, Carlinda Cruz1, Elsa Pereira1, Adosinda Rosmaninho1,Miguel Branco2

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Acta Obstet Ginecol Port 2014;8(suplemento):33-110 81

1. Centro Hospitalar do Alto Ave, Guimarães, Portugal2. Maternidade Bissaya Barreto, Coimbra, Portugal

Introdução: A gravidez múltipla de 3 ou mais fetosestá associada a complicações maternas e perinataisgraves, principalmente risco de parto pré-termo com aumento significativo da morbimortalidade neonatal. Nestas gestações a redução fetal electiva como intuito de melhorar o prognóstico pode ser equacio-nada.Caso clínico:AMSC, 33 anos, com história de infer-tilidade primária por endometriose grave, foi enviadaà consulta de Diagnóstico Pré-Natal por gestação tri-pla pós-fertilização in vitro (transferência de 2 em-briões). Na avaliação ecográfica inicial constatou-seuma gestação tripla bicoriónica, sendo uma delas mo-nocoriónica biamniótica. Às 12 semanas observava-seum saco gestacional com 1 feto mais próximo do colouterino e outro saco contendo 2 fetos (par monocorió-nico/biamniótico) mais afastado deste. Os 3 fetos erammorfologicamente normais, com biometrias adequadase marcadores ecográficos de cromossomopatias nega-tivos. O ductus venoso no par monocoriónico era nor-mal em ambos os fetos. O casal optou pela redução fe-tal, que foi realizada às 13 semanas na MaternidadeBissaya Barreto por injecção intra-torácica de cloretode potássio, optando-se pela eliminação do 2º e 3º fe-tos monocoriónicos. A grávida teve parto eutócico es-pontâneo às 37 semanas e 1 dia, com recém-nascidaviável, 2680g, e índice de Apgar de 9/10 ao 1º e 5º minutos.Discussão/Conclusões: O principal objectivo da re-dução fetal é promover melhor outcome ao(s) feto(s) so-brevivente(s), pela diminuição dos riscos inerentes àprematuridade. Para além de factores como translu-cência da nuca aumentada, morfologia anómala oucomprimento crâneo-caudal discrepante, os critériosde selecção do(s) feto(s) a eliminar devem basear-se nacorionicidade e na topografia relativa dos sacos gesta-cionais.

0173BALÃO DE BAKRI NA HEMORRAGIA PÓS-PARTO – O QUE NOS TEM MOSTRADO A SUA UTILIZAÇÃO?Tânia Lima, Bruna Vieira, Ana Catarina Paiva, Ana CunhaCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução: A Hemorragia Pós-Parto (HPP) é uma

emergência obstétrica, sendo uma das três principaiscausas de mortalidade materna no Mundo. Em casosgraves, o Balão de Bakri é uma opção de tampona-mento uterino e de tratamento conservador que podeevitar atitudes terapêuticas mais radicais.Objectivos: Avaliar a eficácia da utilização do Balão deBakri no tratamento de diferentes quadros de HPP.Metodologia: Estudo retrospectivo e descritivo de to-dos os casos de utilização de Balão de Bakri desde a suaintrodução no Serviço de Obstetrícia do Centro Hos-pitalar do Porto, num período que decorreu desde Ja-neiro de 2011 até Abril de 2014. Os dados foram ob-tidos através da análise do processo clínico das utentes.Resultados e conclusões: No período avaliado, 14 mu-lheres foram submetidas à colocação de Balão de Bak-ri, cuja mediana de idades foi de 32 anos. Nenhumamulher apresentava antecedentes pessoais ou obstétri-cos relevantes. Seis eram primigestas. Duas mulheresapresentavam gravidez trigemelar. Os factores de ris-co identificados para HPP foram: placenta acreta(n=3), indução do trabalho de parto (n=3), parto ins-trumentado (n=3), gravidez múltipla (n=3), pré--eclâmpsia (n=2), macrossomia fetal (n=1) e polihi-drâmnios (n=1). Sete partos foram por cesariana, qua-tro foram eutócicos e três distócicos. Três balões foramcolocados profilacticamente durante a cesariana: numadas gravidezes trigemelares e em dois casos de placen-ta prévia central. Dez mulheres receberam transfusãode glóbulos vermelhos. Houve necessidade de histe-rectomia em dois casos.No nosso estudo, o Balão de Bakri apresenta-se

como uma importante arma no tratamento da HPPgrave por atonia uterina e utilizado em casos selecio-nados parece prevenir a sua ocorrência ou diminuir asua gravidade.

0176MOTIVOS DE CESARIANA NUM HOSPITALUNIVERSITÁRIO ENTRE 2010 E 2013Joana Cruz1, Diogo Ayres-de-Campos1, Nuno Montenegro11. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de São João,Porto, Portugal2. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução: O aumento da taxa de cesarianas é con-siderado um problema de saúde pública, pelos maio-res riscos maternos e neonatais que acarreta.Objectivos:Avaliar os motivos de cesariana num hos-pital universitário entre 2010 e 2013, utilizando a clas-

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sificação de 11 indicações recentemente proposta pelaDirecção Geral de Saúde (DGS) e os 10 grupos deRobson.Metodologia: Análise retrospectiva de todos os partosrealizados no hospital entre janeiro de 2010 e dezem-bro de 2013, utilizando a base de dados clínicos Obs-Care.Resultados e Conclusões:Ocorreram 10 930 partos,dos quais 28,9% foram por cesariana. O «trabalho departo estacionário» foi a indicação mais frequente(28,3%), seguida do «estado fetal não tranquiliza-dor»(18,0%) e da «situação/apresentação fetal anóma-la» (15,5%). As nulíparas de termo, com gravidez uni-fetal em apresentação cefálica (grupos 1 e 2 de Robson)representaram 48,0% da população e neste grupo a taxade cesarianas foi de 25,5%. Os motivos mais frequen-tes foram o «trabalho de parto estacionário» (54,2%),o «estado fetal não tranquilizador» (25,5%) e a «tenta-tiva frustrada de indução de trabalho de parto» (9,2%).Nas multíparas de termo, com gravidez unifetal emapresentação cefálica (grupos 3, 4 e 5 de Robson), ataxa de cesarianas foi de 21,0%. Os motivos mais fre-quentes foram a «cesariana anterior» (49,2%), o «tra-balho de parto estacionário» (20,0%) e o «estado fetalnão tranquilizador» (14,1%). Apenas 1,7% das cesa-rianas foram classificadas com a indicação «outros» daDGS. Em conclusão, a classificação das indicações decesariana da DGS permitiu classificar mais de 98% doscasos. O cruzamento da classificação das indicações decesariana da DGS com os grupos de Robson é útil paraestabelecer as áreas prioritárias de actuação, no senti-do de reduzir o número de cesarianas desnecessárias.

0180MALFORMAÇÕES RESPIRATÓRIASCONGÉNITAS – REVISÃO DE 5 ANOSSofia Rodrigues, Ana Rocha, Gonçalo Inocêncio, Joaquim Saraiva, Cristina Dias, Luísa Ferreira, Maria José Mendes, Maria do Céu Rodrigues, Jorge BragaCentro Materno Infantil do Norte – Centro Hospitalar do Porto, Porto,Portugal

Introdução:O diagnóstico pré natal (DPN), com basenos achados ecográficos, de malformações respiratóriascongénitas tem ajudado a determinar a sua patofisio-logia e história natural, permitindo a orientação in ute-ro e pós-natal, baseada no prognóstico esperado.Objectivos:Revisão dos casos de DPN de malforma-ções respiratórias, diagnosticados no Centro Hospita-

lar do Porto entre 01/2009 e 05/2014.Metodologia: Exportação do programa de ecografiaAstraia®, dos casos em que foi assinalado a opção «ano-malia» na anatomia do tórax na ecografia morfológicae seleção dos casos relacionados com patologia respi-ratória.Resultados e Conclusões: Foram selecionados 18 ca-sos de suspeita de malformações respiratórias congé-nitas: 7 com Malformação Congénita das Vias AéreasPulmonares (MCVAP), 6 com Hérnia DiafragmáticaCongénita (HDC), 3 com Derrame Pleural (DP), 1com Sequestro bronco-pulmonar e 1 com aumento daecogenecidade pulmonar. A idade gestacional médiado diagnóstico foi 20 semanas.A idade média das grávidas era 30 anos, maiorita-

riamente primigestas e sem antecedentes pessoais oufamiliares relevantes.5 tinham anomalias na ecografia do 1º trimestre e 8

tiveram rastreio de cromossomopatias positivo. 15 rea-lizaram exame invasivo de DPN, tendo 3 alteraçõescromossómicas: Trissomia 21, Síndrome de Turner emonossomia parcial do cr9 com trissomia parcial docr18. Diagnosticou-se também 1 Sindrome de Noo-nan. 6 tinham suspeita de cardiopatia no ecocardio-grama. 3 desenvolveram hidrópsia fetal.Ocorreram 2 mortes fetais; foram realizadas 11 in-

terrupções médicas da gravidez; 3 gestações chegarama termo. Dos 3 nados-vivos, dois foram submetidos acirurgia no segundo ano de vida. Tivemos 1 perda defollow-up às 31 semanas de gestação e em 1 caso a gra-videz ainda evolui.Verificou-se, em todos os casos, concordância qua-

se total entre o diagnóstico ecográfico e a ressonânciapré natal com os exames anátomo-patológicos dos fe-tos mortos e exames auxiliares de diagnóstico dos na-dos vivos.

0181GRAVIDEZ E IDADE MATERNA AVANÇADA –INCIDÊNCIA, IMPLICAÇÕES E DESFECHOSMATERNO-FETAISFilipa Reis, Filipe Bacelar, Filipa Abreu dos Santos,Paula Pinto, Rita Freitas, Cremilda Barros, Maria Helena PereiraHospital Dr. Nélio Mendonça - SESARAM,EPE., Funchal, Portugal

Introdução:Nos últimos anos, têm aumentado os par-tos em mulheres com idade avançada. Os casamentostardios, a maior disponibilidade e eficácia dos contra-cetivos, as técnicas de reprodução medicamente assis-

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tida e as prioridades com a carreira e educação, são al-guns fatores que justificam este aumento. Embora combons desfechos perinatais, estas gestações associam-sea mais comorbilidades e complicações.Objectivos:Avaliar a presença de comorbilidades e osdesfechos obstétricos e perinatais das grávidas comidade igual ou superior a 35 anos (≥35 anos).Métodos: Estudo retrospetivo descritivo e analíticodas 2052 gestações em mulheres com ≥35 anos, admi-tidas no nosso hospital entre 1 de janeiro de 2010 e 31de dezembro de 2013. O grupo controlo foi constituí-do por 3297 grávidas com idades entre os 20 e os 29anos. A análise estatística foi feita com o programaSPSS® v.19.0 para Windows®.Os resultados obtidosforam considerados estatisticamente significativos se p < 0,05.Resultados: No período em estudo, 24,5% (n=2052)do total de partos (n=8384) ocorreram em mulherescom ≥35 anos. Comparativamente ao grupo controlo,estas eram maioritariamente multíparas (70,8% vs34,2% p<0,0001) e apresentaram maiores taxas de hi-pertensão arterial (7,2% vs 4,0%, p<0,0001 ), diabetes(9,2% vs 3,2%, p<0,0001) e outras comorbilidades(25,7% vs 15,0% p<0,0001). Igualmente no grupo demulheres com ≥35 anos, verificaram-se maiores taxasde CSA (35,0% vs 22,7%, p<0,0001), de parto pré-ter-mo (PPT) (7,2% vs 5,8%, p=0,037) e recém-nascidoscom baixo peso (8,3% vs 5,7%, p<0,0001), tendo-severificado igual percentagem de mortes fetais (0,3%,p=1).Conclusão: Verificou-se uma forte associação entreidade materna avançada e a presença de comorbilida-des. Embora desfechos como o parto por cesariana, oPPT, e o baixo peso, tenham sido significativamentemais frequentes nas mulheres com idade avançada, ou-tros fatores, não exclusivamente relacionados com oprocesso de envelhecimento poderão condicionar estesresultados.

0183DIABETES GESTACIONAL. RELEVÂNCIA DACONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA DOPRIMEIRO TRIMESTREGunes Karakus, Verónica São Pedro, Olga Alves, Rita Ribeiro, Judite MatiasHospital de Santarém, Santarém, Portugal

Introdução: É conhecida a associação entre a diabe-tes mellitus e concentrações aumentadas de hemoglo-bina sérica na população geral. Alguns estudos obser-

varam uma relação semelhante com o desenvolvimen-to de diabetes gestacional (DG), sem posterior análi-se da relevância desse fenómeno.Objetivo: Determinação do valor preditivo da con-centração sérica de hemoglobina do primeiro trimes-tre no desenvolvimento de diabetes gestacional.Metodologia: Estudo caso-controlo, com erro tipo I(a) de 0,05 e erro tipo II (1-b) de 0,80. Amostra deconveniência estabelecida no Serviço de Ginecolo-gia/Obstetrícia do Hospital de Santarém, em 2012,constituída por 53 parturientes com DG diagnostica-da por PTGO entre as 24 e as 28 semanas (casos) e de68 parturientes com exclusão diagnóstica para DG emqualquer um dos trimestres (controlos). Equiparaçãode grupos pelo “índice de massa corporal” (p=0,156).Análise estatística via Stata Statistical Software: Re-lease 13, da StataCorp LP.Resultados:Observou-se associação estatisticamentesignificativa entre DG e maior concentração sérica dehemoglobina (casos: 12,84±0,91; controlos: 12,30 ±0,66 g/dL; p<0,01), em concordância com o obser vadopara o hematócrito (casos: 38,16±2,66%; controlos:36,16±2,23%; p<0,01). Não se observou relação rele-vante com a glicemia sérica do primeiro trimestre(p=0,39). O valor ótimo de corte foi determinado porcurva ROC para uma concentração de hemoglobinasérica de 12,45g/dL, com sensibilidade de 68,6%, es-pecificidade de 58,2%, valor preditivo positivo de55,6% e valor preditivo negativo de 70,9% (p=0,04;Odds Ratio: 3,047, intervalo de confiança de 95%:1,418-6,549).Conclusões: Uma maior concentração sérica de he-moglobina no primeiro trimestre indicia um riscoacrescido de desenvolvimento de DG, não se obser-vando o mesmo com os valores de glicemia sérica co-lhidos no mesmo período. Não foi possível determinarum valor de corte que permitisse sensibilidade e espe-cificidade satisfatórias para que uma avaliação isoladade hemoglobina se estabeleça como útil.

0194ANEMIA FETAL GRAVE E NEURODESENVOLVIMENTO – A PROPÓSITO DEUM CASO CLÍNICOLeonor Ferreira2, Ana Teresa Martins1, Isabel Martins1,Álvaro Cohen1, Joaquim Correia11. Maternidade Dr Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal2. Hospital de Faro, Faro, Portugal

Introdução:A infecção a parvovirus é uma causa im-

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portante de anemia fetal. Actualmente a transfusão in-tra-uterina é o tratamento de eleição com taxas de so-brevivência que rodam os 65-85%. Com a melhoria dasobrevida, as complicações a longo prazo tornaram-seuma preocupação. Apresentamos um caso de anemia severa (Hb

1,5g/dl) após infecção fetal a parvovirus, com descri-ção da vigilância pré-natal e pós-natal até aos 3 anosde idade.Caso clinico:Gravida de 34 anos referenciada ao Cen-tro de Diagnóstico Pré-natal por suspeita derramepleural fetal às 22 semanas.A primeira ecografia efectuada no nosso centro con-

firma a presença de derrame pleural associada a regur-gitação tricúspide, ascite e edema subcutâneo.A velocidade média do pico sistólica da artéria ce-

rebral média (PS ACM) era de 2,1MoM. É iniciadoestudo etiológico da hidropsia fetal. O único resulta-do positivo foi compatível com infecção recente a par-vovirus com 1,6x1012 U/ml cópias virais. Dado a suspeita de anemia grave é realizada uma

cordocentese, que permitiu confirmar a anemia comuma hemoglobina de 1,5g/dl, hematócrito de 4,5%. Éimediatamente transfundido 40ml de sangue com he-matócrito a 90% .A ecografia realizada no dia seguinte mostrou me-

lhoria clinica com regressão total da ascite e da anemiae parcial do derrame pleural.A grávida manteve vigilância pré-natal no nosso

centro com ecografias quinzenais. Foi também efec-tuada uma RM cerebral fetal que não mostrou lesõescerebrais. O feto nasceu por parto eutócico às 38 se-manas com apgar 9 ao 1�e 10 ao 5�.O acompanhamento pós-natal ocorreu em consul-

ta de pediatria do desenvolvimento. A avaliação neu-rológica e cognitiva foi normal ate à data, ou seja ate aos3 anos de idade.Conclusão: Em situações de anemia fetal grave asso-ciada a hidropsia o tratamento com transfusão de san-gue intra-uterina permite a sobrevivência sem seque-las neurológicas.

0196PH NA ARTÉRIA UMBILICAL <7,0 – INDICADORDE MAU PROGNÓSTICO?Ana Rocha, Ana Isabel Rodrigues, Ana Paula Reis,Sandra Soares, Ana CunhaCentro Materno Infantil do Norte - CHP, Porto, Portugal

Introdução:A gasimetria de sangue do cordão umbi-

lical é a forma mais objectiva de avaliar o estado meta-bólico do recém nascido (RN) no parto. Este trabalhopretende avaliar os casos em que se constatou pH na ar-téria umbilical (AU) <7,0 ao nascimento.Métodos: Estudo retrospectivo dos RN nascidos naMJD entre Janeiro de 2012 e Maio de 2013, a quemfoi realizada gasimetria de sangue do cordão umbilicale cujo pH da AU foi <7,0. Excluiram-se gestações ge-melares.Resultados: No período referido efectuaram-se 264gasimetrias válidas, conforme protocolo do serviço, 14das quais preencheram os critérios de inclusão. Todosos RN eram de termo, com idade gestacional média de39 semanas no parto. O pH variou entre 6,730 e 6,994(média 6,899) e o Base Excess entre -22 e -8 (2 com <-16 e 3 com >-12). Todos os partos foram distócicos,12 deles por cesariana. Das cesarianas, 2 ocorreram nafase latente do trabalho de parto (TP), 6 na fase acti-va, 3 após falha de aplicação de ventosa/fórceps e 1 naausência de TP (por descolamento placentar). Nos 30minutos que precederam o parto, o registo cardiotoco-gráfico foi classificado como tipo I em 3 casos, tipo IIem 5 e tipo III em 6. O Índice de Apgar foi <7 ao 5ºminuto em 1 caso e o peso variou entre p2,5 e p66,5.O tempo médio de internamento dos RN foi de 4,6dias e 3 foram admitidos na UCIN. Nenhum delesapresentou encefalopatia hipoxico-isquémica.Conclusão: Na amostra estudada verificou-se que opH da AU foi <7,0 unicamente em RN de termo eapós parto distócico. No entanto ocorreu em todas asfases do TP e com registo carditocógrafo tipo 1, 2 e 3.Apesar da acidemia, não se registou morbilidade sig-nificativa.

0201CEFALEIA NA GRAVIDEZ - UM DESAFIO CLÍNICOJoana Pereira1, Mariana Guimarães1, Pedro Abreu2,Nuno Montenegro11. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar São João,Porto, Portugal2. Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar São João, Porto, Portugal3. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução: Referida frequentemente pela mulhergrávida, a cefaleia é um sintoma que maioritariamen-te se associa a situações benignas. Pode no entanto serparte integrante de quadros clínicos graves, pelo quenunca deve ser desvalorizada.Objetivos: Os autores descrevem o caso de uma grá-vida internada na Unidade de Medicina Materno-Fe-tal do Centro Hospitalar São João.

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Métodos: Baseado na consulta do processo clínico.Descrição: Primigesta de 29 anos, com antecedentesde enxaqueca, internada às 15 semanas de gestação porcefaleia intensa. Os autores descrevem orientação e in-vestigação clínicas que permitiram estabelecer o diag-nóstico de trombose venosa cerebral e tratar a doentede acordo com a etiologia. Relatam ainda a orientaçãoda gravidez até termo, o parto, puerpério e suas com-plicações.Conclusão: Este caso pretende ser ilustrativo de comosintomas tão comuns como cefaleia podem ser a apre-sentação inicial de quadros clínicos raros e graves. Éportanto fundamental manter um alto índice de sus-peição clínica para reconhecer as situações que care-cem de investigação adicional. Só assim será possívelestabelecer precocemente o diagnóstico e contribuirpara um desfecho mais favorável.

0203COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEISCARDIOTOCOGRÁFICAS AO LONGO DAGRAVIDEZ EM FETOS NORMAIS E LEVES PARAA IDADE GESTACIONAL (LIG)Célia Amorim-Costa1, Joana Cruz1, Diogo Ayres-de-Campos1, João Bernardes11. Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicinada Universidade do Porto, Porto, Portugal2. Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) e Centro de Investigaçãoem Tecnologias da Saúde e Sistemas de Informação (CINTESIS),Universidade do Porto, Porto, Portugal, 3Departmento de Ginecologia eObstetrícia, Centro Hospitalar de S. João, Porto, Portugal

Introdução:Considera-se que fetos LIG têm um ris-co superior de desfechos adversos no período perina-tal e a longo prazo, pelo que são frequentemente mo-nitorizados por ecografia e cardiotocografia, emboraesta esteja estudada sobretudo para os fetos de termo. Objectivos: Caracterização das variáveis cardiotoco-gráficas por IG, entre as 24 e as 41 semanas, em fetosLIG e comparação com fetos de peso normal.Metodologia: Estudo retrospectivo transversal, comselecção do primeiro cardiotocograma (CTG) ante-parto de cada feto único entre 2004 e 2013. Criação detrês grupos de CTGs: 1) de gravidezes com desfechonormal; 2) de fetos LIG com peso < percentil(p)10 paraa IG; 3) de fetos com peso < p3 para a IG (subgrupo doanterior). Traçados analisados com OmniviewSisPor-to®3.7. Para cada variável cardiotocográfica, compara-ção dos grupos de LIG com o primeiro, por IG (signi-ficância: p<0.005); construídas curvas de percentis porIG nos fetos normais, para comparação com os LIG.

Resultados: Incluídos 11687 traçados (corresponden-tes a 11687 fetos): 9701, 1986 e 543 em cada grupo.Diminuição da linha de base ao longo da gravidez nostrês grupos, sendo significativamente inferior nos LIGentre as 34 e 39 semanas. Aumento das variabilidadeslonga(VL) e curta(VC) médias ao longo da gravideznos três grupos, mais elevadas nos fetos normais quenos LIG< p10 e mais elevadas nestes que nos LIG < p3.Percentagem de VL e VC abaixo do p5 para os fetosnormais, significativamente superior em ambos os gru-pos LIG em diferentes IG. Aumento do número deacelerações com a IG nos três grupos, sendo variável arelação entre os três. Ausência de diferenças estatisti-camente significativas para as desacelerações. Conclusões: LIG e fetos com peso normal com evo-lução cardiotocográfica ao longo da gravidez sobrepo-nível, embora com diferenças estatisticamente signifi-cativas em cada IG, reforçando o papel da cardiotoco-grafia na identificação de fetos em risco.

0207COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS NASGESTAÇÕES ÚNICAS POR PROCRIAÇÃOMEDICAMENTE ASSISTIDA – ESTUDO CASO-CONTROLO PROSPECTIVO NAMATERNIDADE DR. ALFREDO DA COSTA - CHLCVanessa Falé Rosado, Catarina Marques, Fátima SerranoMaternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal

Introdução:As gestações por procriação medicamen-te assistida (PMA) têm aumentado nos últimos anos,muito devido ao atraso da maternidade nas sociedadesmais desenvolvidas. Para além dos riscos inerentes àidade materna, têm sido associadas a parto pré-termoe recém-nascidos leves para a idade gestacional.Objectivos:Avaliar se gestações por PMA estão asso -ciadas a maior incidência de complicações obstétricas.Metodologia: Estudo caso-controlo prospectivo rea-lizado na Maternidade Dr. Alfredo da Costa (MAC).Foram selecionados todos os partos de gravidez únicaresultante de PMA ocorridos no ano de 2013 e, comocaso-controlo, o parto imediatamente após. Avaliou--se a presença de complicações obstétricas como dia-betes gestacional (DG), restrição do crescimento fetal(RCF) e ameaça de parto pré-termo (APPT).Resultados: A população de estudo incluiu 154 grávi-das: 77 gestações espontâneas (GE) e 77 por PMA. Aidade média materna nos dois grupos foi: 32 (± 6 anos)nas GE e 35 (± 4 anos) nas PMA. O grupo GE apre-

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sentava maior taxa de obesidade (13 vs. 7,7%) e HTAcrónica (7,7 vs. 2,6%). As seguintes complicações fo-ram mais frequentes nas gestações por PMA: hiper-tensão gestacional (5,2 vs. 3,9%), APPT (6,5 vs. 1,3%),RCF (18,2 vs. 6,5%, valor p < 0,05), rotura prematurapré-termo de membranas (6,5 vs. 3,9%), descolamen-to de placenta normalmente inserida (5,2 vs. 1,3%),anomalias da placentação como placenta prévia (9,1vs. 2,6%). A idade gestacional média do parto foi se-melhante: 37 (± 3 semanas) para PMA e 38 (± 2 se-manas) para GE. Porém, a taxa de parto prematuro foisuperior para PMA: 20,8 vs. 6,5%, valor p < 0,01.Conclusões: As gestação por PMA estão descritas naliteratura como associadas a risco acrescido de PPT eRCF, o que o nosso estudo veio confirmar.

0209OBESIDADE E DIABETES GESTACIONALDaniela Pereira, Carlota Lavinas, Ricardo Sarmento,Fernanda Gomes, Maria de Lurdes Pinho, Isabel MarquesCentro Hospitalar Barreiro-Montijo, Barreiro, Portugal

Introdução: Nas últimas décadas tem-se assistido aoaumento da prevalência da obesidade nos países in-dustrializados. O desenvolvimento de diabetes gesta-cional em grávidas obesas associa-se a complicaçõesmaterno-fetais, sendo crucial um controlo metabólicoadequado.Objectivos/Metodologia: Avaliar a influência doIMC (Índice de Massa Corporal) no prognóstico ma-terno-fetal, em grávidas com diabetes gestacional. Pro-cedeu-se à análise retrospetiva dos processos clínicos degrávidas com diabetes gestacional, cujo diagnóstico foifeito em 2012 e 2013.Resultados: Incluíram-se 183 grávidas (67 obesas, 116não obesas).Relativamente às grávidas não obesas o IMC

era:<19 em 5%, 19-24 em 53%, 25-29 em 42%. Comoantecedentes pessoais, 4% tinha asma, 3% patologia ti-roideia, 2% HTA (hipertensão arterial) crónica, ane-mia e síndrome depressivo. A diabetes foi tratada cominsulina em 17% das grávidas, 96% estavam controla-das. As complicações obstétricas foram: patologia hi-pertensiva da gravidez 7%, oligoâmnios 3%, 1% hi-drâmnios, RCF (restrição do crescimento fetal), coles-tase gravídica e morte fetal. A via de parto foi: eutóci-co 52%, cesariana 34%, ventosa 9%, forceps 4%. 4%dos recém-nascidos pesava menos de 2500g, 7% maisde 4000g.

Relativamente às grávidas obesas o IMC era: 30-34em 57%, 35-39 em 34%, ≥40 em 9%. Como antece-dentes pessoais, 21% tinha HTA crónica, 9% patolo-gia tiroideia, 6% anemia, 4% asma e síndrome depres-sivo. A diabetes foi tratada com insulina em 40% dasgrávidas, 96% estavam controladas. As complicaçõesobstétricas foram: patologia hipertensiva da gravidez8%, RCF 3%, 1% oligoâmnios/hidrâmnios. A via departo foi: cesariana 66%, eutócico 31%, ventosa 3%.4% dos recém-nascidos pesava menos de 2500g, 9%mais de 4000g.Conclusões:Nas grávidas com diabetes gestacional apresença de obesidade associa-se a pior prognósticomaterno-fetal com aumento das doenças hipertensi-vas da gravidez, RCF, maior necessidade de insulina,parto por cesariana e macrossomia fetal.

0212PARTO PRÉ-TERMO TARDIO E DE TERMOPRECOCE: AS REAIS CONSEQUÊNCIAS EMORBILIDADE ASSOCIADASusana Mineiro, Ana Dionísio, Maria José JaneiroHospital José Joaquim Fernandes, Beja, Portugal

Introdução: O relevo crescente do conceito de Partopré-termo (PPT) tardio (34+0 e as 36+6 semanas) ede Termo precoce (37+0 e as 38+6 semanas) é crucialdevido às complicações neonatais amplamente descri-tas e reconhecidas nestas idades gestacionais. De acor-do com a literatura, a necessidade de cuidados e mor-bilidade do recém-nascido (RN) é inversamente pro-porcional à idade gestacional (IG) do parto.Objectivos: Pretendeu-se avaliar o desfecho neona-tal, tipo de parto, a necessidade e duração do interna-mento na Unidade de Neonatologia (UN) relaciona-dos com as diferentes IG.Metodologia: Estudo retrospectivo de 1030 partossimples ocorridos no Hospital José Joaquim Fernandes(Beja), entre Janeiro a Dezembro de 2013. Formaram--se três grupos: PPT tardio (n-45), Termo precoce (n-233) e após as 39 semanas de gestação (n-752). Asvariáveis estudadas: tipo de parto, IG, peso RN e out-come neonatal. O tratamento estatístico foi realizadocom base no Teste não paramétrico, de independência- Teste de Qui-quadrado(p�0,01).Resultados e Conclusões: Resultaram diferenças es-tatisticamente significativas quanto ao tipo de partoexistindo uma maior taxa de cesariana (37,8%) no PPTtardio e de parto instrumentado (28,19%) após as 39semanas.

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O internamento na UN ocorreu em 66,67% no PPTtardio, em 12,02% no termo precoce e apenas em8,38% após as 39 semanas. O estudo revelou uma diferença expectável no que

concerne às complicações neonatais do foro respirató-rio: 13,3% (PPT tardio), 25% (Termo precoce) e 11,1%(>39 semanas). A morbilidade neonatal envolvida no parto de Ter-

mo precoce diz respeito essencialmente a um maiorcompromisso respiratório, num espectro que varia des-de a taquipneia transitória do RN (n-4), Síndrome deDificuldade Respiratória (SDR) (n-3) e a pneumonia(n-2). Como tal, o parto electivo nesta fase, deve ficarreservado para quando existe indicação obstétrica pre-mente (materna e/ou fetal).

0213DESAFIOS DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICOSNA GRAVIDEZ ECTÓPICA CERVICAL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOJoão Pedro Prata, Manuela Miranda, Margarida Vilarinho, Angelina PinheiroCentro Hospitalar do Médio Ave, Famalicão, Portugal

Introdução:A gravidez ectópica cervical constitui umevento raro, correspondendo a menos de 1% de todasas gravidezes ectópicas, com incidência de 1/9000 ges-tações. O seu correto diagnóstico precoce é funda-mental para evitar complicações, recorrendo a dadosclínicos, imagiológicos (nomeadamente ecografia e/ouRMN) e laboratoriais. No tratamento desta entidadees tão descritos procedimentos cirúrgicos ou terapêuti-ca médica com administração de metotrexato,reservan do-se a atitude expectante para casos selec-cionados.Objectivos:Descrição de um caso clínico de gravidezectópica cervical que demonstra a importância do seudiagnóstico e a possibilidade de sucesso terapêutico re-correndo a vigilância periódica no âmbito de uma ati-tude expectante.Metodologia: Os autores reportam um caso clínicoque ilustra esta problemática.Resultados e Conclusões: Uma mulher de 32 anos,IVGIIP (2 CST), recorreu ao serviço de urgência comqueixas de hemorragia vaginal, sem dor associada, com1 mês de evolução. Em ecografia transvaginal visuali-zou-se uma imagem heterogénea a nível da transiçãocolo/istmo, lateralizada à esquerda e atingindo apenasparcialmente o canal cervical, com 36x45mm, hipo-ecogénica na região central e vascularizada à periferia.

Esta imagem era compatível com um saco gestacional,observando-se uma vesícula vitelina no seu interior. Odoseamento de β-hCG sérica foi de 992 mUI/ml. Doisdias após mantinha a mesma imagem, com β-hCG de725 mUI/ml. Dado o decréscimo dos valores, decidiu--se adoptar uma atitude expectante, com vigilância se-manal. Realizou RMN que corroborou a hipótesediagnóstica colocada. Manteve um decréscimo paula-tino dos valores de β-hCG, que negativou apenas aofim de 5 semanas. A imagem descrita foi sofrendo re-dução das suas dimensões, até desaparecimento após 2meses. Este caso reflete a importância do reconheci-mento desta entidade clínica, o que pode evitar proce-dimentos cirúrgicos potencialmente hemorrágicos, de-monstrando ainda a validade terapêutica da atitude ex-pectante em casos que se apresentam com valores de β--hCG relativamente baixos e em padrão decrescente.

0216INFLUÊNCIA DO TIPO DE PLACENTA PRÉVIA NOPROGNÓSTICO OBSTÉTRICO E NEONATALAna Raquel Neves1, Ema Grilo2, Inês Gante1, MiguelBranco1, Gabriela Mimoso2, Isabel Santos Silva11. Serviço de Obstetrícia B, Maternidade Bissaya Barreto, CentroHospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal2. Serviço de Neonatologia - Maternidade Bissaya Barreto, CentroHospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: O aumento da idade materna e da inci-dência de partos por cesariana têm contribuído para ocrescente número de casos de placenta prévia, que seassociam a considerável morbilidade materna e neo-natal.Objectivo: Avaliar o prognóstico materno e neonatalem grávidas com placenta prévia minor e major.Metodologia:Estudo retrospectivo de 60 grávidas defeto único com placenta prévia à data do parto segui-das na nossa instituição entre 2006 e 2013. O tipo deplacenta prévia foi ecograficamente classificado em mi-nor (grupo 1, n=36) e major (grupo 2, n=24). Placentaprévia minor inclui placenta marginal, com margem deimplantação adjacente ao orifício interno do colo(OIC), e placenta baixamente inserida, localizada amenos de 2 cm do OIC, não o ultrapassando. Placen-ta prévia major recobre, total ou parcialmente, o OIC.Foi comparado o resultado obstétrico e neonatal entreambos os grupos.Resultados e Conclusão: A presença de metrorragiaanteparto foi mais prevalente no grupo 2 (72,2 vs.95,8%; p=0,037), verificando-se maior incidência departo pré-termo neste grupo (33,3% vs. 75%; p=0,002).

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A localização anterior da placenta foi mais frequenteno grupo 1 (41,7% vs. 12,5%; p=0,021). Não se verifi-caram diferenças quanto à incidência de restrição decrescimento intra-uterino, necessidade de cesariana ur-gente, duração do internamento por metrorragia ounecessidade de transfusão pós-parto entre ambos osgrupos. No grupo 2 verificaram-se Índices de Apgarinferiores ao 1º, 5º e 10º minutos (respectivamente,p=0,024, p=0,007 e p=0,004), com uma maior inci-dência de complicações neonatais (30,6% vs. 70,8%;p=0,002) a justificar internamento em Unidade deCuidados Intensivos Neonatais (16,7% vs. 50%;p=0,006). Não se verificaram diferenças na incidênciade anemia com necessidade de transfusão ou na inci-dência de morte neonatal. Apesar do prognóstico ma-terno não ter sido significativamente afectado, verifi-cou-se uma maior morbilidade neonatal no grupo 2.

0217INFLUÊNCIA DO GANHO PONDERAL NOPROGNÓSTICO MATERNO-FETAL NASGRÁVIDAS OBESAS COM DIABETESGESTACIONALDaniela Pereira, Carlota Lavinas, Ricardo Sarmento, Fernanda Gomes, Maria de Lurdes Pinho, Isabel MarquesCentro Hospitalar Barreiro-Montijo, Barreiro, Portugal

Introdução: O ganho ponderal na gravidez pode in-fluenciar o prognóstico materno-fetal a curto/longoprazo. O Institute of Medicine estabeleceu valores pa-drão de aumento de peso, baseados no Índice de Mas-sa Corporal (IMC) pré-concepcional; assim, para grá-vidas obesas recomenda-se o ganho de 5-9 Kg.Objectivos/Metodologia:Avaliar a influência do ga-nho ponderal no prognóstico materno-fetal, em grávi-das obesas com diabetes gestacional. Procedeu-se àanálise retrospetiva dos processos clínicos de grávidascom diabetes gestacional, entre 2012 e 2013.Resultados: Incluíram-se 67 grávidas com IMC≥30.Destas, 10% tiveram ganho ponderal inferior a 5Kg,34% entre 5-9Kg e 55% superior a 9Kg.Nas grávidas com ganho ponderal inferior a 5Kg, a

diabetes foi tratada com insulina em 57% dos casos,estando todas controladas. Não se registaram compli-cações obstétricas. O parto foi: cesariana 86%, eutóci-co 14%. Não houve recém-nascidos (RN) de baixopeso/macrossómicos.Nas grávidas com ganho ponderal entre 5-9Kg, a

diabetes foi tratada com insulina em 43% das gravidas,

estando todas controladas. Registou-se um caso de pa-tologia hipertensiva da gravidez, uma restrição do cres-cimento fetal e um hidrâmnios. O parto foi: cesariana74%, eutócico 26%. 4% dos RN eram de baixo peso.Nas grávidas com ganho ponderal superior a 9Kg, a

diabetes foi tratada com insulina em 35% das grávidas,92% estavam controladas. Registaram-se quatro casosde patologia hipertensiva da gravidez, uma restriçãodo crescimento fetal e um oligoâmnios. O parto foi:cesariana 57%, eutócico 38%, ventosa 5%. 5% dos RNeram de baixo peso, 16% macrossómicos.Conclusõe: Nas grávidas com ganho ponderal supe-rior ao recomendado verificou-se menor controlo me-tabólico da diabetes, maior incidência de complicaçõesobstétricas (estados hipertensivos) e mais RN de bai-xo peso/macrossómicos. Ao contrário do descrito naliteratura, a taxa de cesarianas foi menor neste grupo.As conclusões retiradas poderão ter um erro de viés

associado à dimensão da amostra.

0218FATORES PREDITIVOS DE PARTO ANTES DAS34 SEMANAS NA PRESENÇA DE COLO CURTONisa Félix, Lúcia Correia, Fátima PalmaMaternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, Portugal

Introdução:O diagnóstico de colo curto associa-se arisco aumentado de parto pré-termo espontâneo, masnem todas as grávidas com colo curto têm um partopré-termo. Será que existem outros fatores que podemcontribuir para este acontecimento?Objetivos: Avaliar a existência de fatores preditoresde parto <34 semanas (S) em gravidezes simples comcolo curto.Metodologia:Estudo retrospetivo dos internamentospor colo curto (cervicometria <25mm), em gestaçãosimples com membranas íntegras, entre janeiro/2011e dezembro/2013 (n=66). Foram excluídos os casossem dados relativos à idade gestacional (IG) no parto.Os restantes (n=47) foram divididos em dois grupos:Grupo 1 - parto <33S+6d (n=13; 27.7%) e Grupo 2 -parto >34S+0d (n=34; 72.3%).Resultados:Não se verificaram diferenças estatistica-mente significativas entre os dois grupos no que dizrespeito à idade materna (grupo 1: 28.85±5.43 anos egrupo 2: 30.62±5.29 anos) e antecedentes obstétricos[apesar do grupo 1 apresentar uma taxa superior departo pré-termo anterior (30.77% versus 8.82%, valorp:0.092)]. O grupo 1 apresentou um tamanho médio do colo me-

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nor (8.8±7.3mm versus 14.8±7.2mm, valor p:0.014 -dimensões <5mm, valor p <0.001), uma IG inferioraquando do diagnóstico (grupo 1: 22±4S versus grupo2: 27±4S, valor p <0.001) e uma menor duração de in-ternamento (14.2±20.2 dias versus 28.7±23.3 dias, va-lor p:0.045).A atitude terapêutica foi semelhante nos dois gru-

pos e não se verificaram diferenças no tipo de parto(apesar do grupo 1 apresentar uma taxa superior departo por cesariana - 38.5% versus 20.59%, valorp:0.242). A mediana da IG no parto foi de 26S+3d(19S+2d-33S+3d) no grupo 1 e 38S+3d (34S+2d-41S+2d) no grupo 2.Conclusões:Na nossa amostra, um comprimento ini-cial do colo <5mm [OR: 25.58 IC95% (3.19-670.7)]e a IG ao diagnóstico <22 semanas [OR: 25.58 IC95%(1.56-80.65)] revelaram-se os principais fatores pre-ditores de parto <34S em mulheres com colo curto.

0221CARDIOPATIAS CONGÉNITAS EM GESTAÇÕESMONOCORIÓNICAS COM OU SEM SÍNDROMEDE TRANSFUSÃO FETO-FETAL - A REALIDADEDA NOSSA INSTITUIÇÃOTeresa Costa Castro1, Alexandra Matias1, Nuno Montenegro11. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar de SãoJoão, Porto, Portugal2. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução:A prevalência de cardiopatias congénitasem gestações múltiplas (particularmente monocorió-nicas/biamnióticas - MC/BA) é mais elevada do queem gestações de feto único e contribui para o pior des-fecho obstétrico destes fetos. Nas gestações MC/BA apatologia cardíaca pode ser classificada como primária//estrutural (etiologia mal esclarecida) ou adquirida (re-sultante das alterações hemodinâmicas do Síndromede transfusão feto-fetal - STFF).Objectivos:Este estudo teve como objectivo a avalia-ção da prevalência de cardiopatias congénitas em ges-tações MC/BA com ou sem STFF.Metodologia: Estudo retrospectivo com inclusão de87 gestações MC/BA, vigiadas no Serviço de Obste-trícia da nossa instituição, entre Julho de 2006 e De-zembro de 2012. Procedeu-se à determinação da pre-valência de cardiopatias congénitas nas gestaçõesMC/BA com e sem STFF. Os dados foram obtidos apartir das bases e aplicações Obs-Gyn.care®, SAM ®e ASTRAIA®.

Resultados e Conclusões: Foram submetidos a aná-lise os dados relativos a 28 fetos de gestações MC/BAcom STFF e 146 fetos de gestações MC/BA semSTFF. Foi efectuado o diagnóstico de cardiopatia con-génita em 4% (n=7) dos gémeos MC. Os gémeos MCcom STFF apresentaram uma prevalência mais eleva-da de cardiopatia congénita do que os gémeos semSTFF (7% vs 4%), no entanto este resultado não foi es-tatisticamente significativo (p= 0,4839). Neste estudo, as gestações MC/BA apresentaram

uma prevalência elevada de cardiopatias congénitas.Assim sendo, a realização de ecocardiograma fetal, pelomenos uma vez durante a gestação, é mandatória.

0225DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL DE AGENESIA DODUCTO VENOSO: IMPACTO NO PROGNÓSTICOFETAL E NEONATALAna Raquel Neves1, Inês Gante1, Sofia Morais2, Fabiana Ramos3, Eulália Galhano1, Miguel Branco11. Serviço de Obstetrícia B, Maternidade Bissaya Barreto - CentroHospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal2. Serviço de Neonatologia, Maternidade Bissaya Barreto - CentroHospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal3. Serviço de Genética Médica, Centro Hospitalar e Universitário deCoimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: A agenesia do ducto venoso (ADV) éuma anomalia rara, frequentemente associada a malformações cardíacas, extracardíacas e/ou aneuploi-dias. A drenagem da circulação umbilical pode ocor-rer por via intra-hepática ou extra-hepática. Quando setrata de um achado isolado apresenta geralmente umbom prognóstico, particularmente quando associado adrenagem umbilical intra-hepática.Objectivo: Reportar 3 casos atípicos de ADV diag-nosticados na nossa instituição e respectiva evolução.Metodologia: Avaliação de 3 fetos com o diagnósticode ADV.Resultados e conclusões: O primeiro feto foi avalia-do às 15 semanas por hidrópsia fetal no primeiro tri-mestre, verificando-se ADV com drenagem umbilicalna veia cava inferior (VCI), tendo o casal optado porinterrupção médica da gravidez. O segundo caso foidiagnosticado às 20 semanas, apresentando ADV comdrenagem umbilical na veia hemiázigos associada acardiomegália e restrição do crescimento fetal (RCF),tendo nascido uma menina às 37 semanas. O follow--up aos 2 anos revelou um quadro de hemangiomato-se cutânea, malformação vascular hepática, dislipidé-mia e hipoventilação crónica de causa x. O terceiro caso

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apresentava às 12 semanas uma ADV com drenagemna VCI associada a artéria umbilical única e higroma.Em avaliações subsequentes constatou-se regressão dohigroma, RCF e ausência de malformações concomi-tantes. Nasceu uma menina às 37 semanas com artro-gripose, hipotonia, diplegia facial, ausência de movi-mentos voluntários espontâneos e diagnóstico pós-na-tal de uma comunicação interauricular larga, tendo fa-lecido ao 6º dia por insuficiência respiratória. Foiefectuado diagnóstico molecular pós-natal de AtrofiaMuscular Espinhal. Nos 3 casos apresentados o carió-tipo fetal era normal. A universalização da ecografiado primeiro trimestre permitirá um diagnóstico pre-coce dos casos de ADV, com uma estratificação de ris-co e adequação da vigilância.

0226GÉMEOS CONJUNTOS – UM CASO RARO DEGEMELARIDADEBruna Ambrósio, Ana Paula Ferreira, Esmeralda Barbosa, Fernanda Matos, Antónia NazaréHospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Lisboa, Portugal

Introdução: Na espécie humana a gravidez é habi-tualmente unifetal. A gravidez múltipla ocorre nummenor número de casos e a sua incidência varia nas di-ferentes raças (maior na raça negra). Vários fatoresconferem maior probabilidade de gravidez múltipla,sendo a utilização de técnicas de procriação medica-mente assistida a principal causa para o aumento dasua incidência nos últimos anos. A gravidez gemelar éconsiderada de alto risco e pode ser classificada em mo-nozigótica ou bizigótica. Nas gestações monozigóti-cas, o número de córions e de cavidades amnióticas de-pende do intervalo de tempo decorrido desde a ferti-lização até à divisão do zigoto. Quando esse intervalode tempo é superior a 12 dias, o que é excecional, ocor-re uma gravidez de gémeos conjuntos ou siameses. Osgémeos conjuntos podem ter uma anatomia simétrica(diplopagos) ou assimétrica (heterópagos) e têm dife-rentes designações consoante o local de união (cefaló-pagos, toracópagos, onfalópagos, pigópagos, isquiópa-gos).Objetivos: Rever conceitos sobre gravidez múltipla edescrever um caso raro de uma gravidez gemelar mo-nozigótica com gémeos conjuntos.Metodologia: Consulta do processo clínico da grávida.Resultados:Os autores apresentam o caso de uma mu-lher de 38 anos, raça negra, sem antecedentes pessoaisrelevantes, gesta 2/para 0, cuja ecografia do 1.º tri-

mestre identificou uma gravidez gemelar de 2 fetosconjuntos, do tipo cefalópagos, com biometrias com-patíveis com 13 semanas. Foi realizada biópsia de vi-losidades, cujo cariotipo foi normal (46, XX). O casalsolicitou interrupção médica da gravidez, que foi efe-tuada sem intercorrências às 14 semanas, com miso-prostol.Conclusões: A gravidez gemelar ocorre espontanea-mente num pequeno número de casos e é consideradade alto risco clinico. Entre as complicações possíveisneste tipo de gestação, algumas são específicas de gra-videzes monocoriónicas, como os gémeos conjuntos.Estas são gestações de mau prognóstico, que terminamhabitualmente em abortamento espontâneo ou em in-terrupção médica da gravidez.

0228GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA – CASUÍSTICADE 11 ANOS DE CONSULTAAna Helena Fachada, Ângela Melo, Joana Aidos, Renata Veríssimo, Salete Espírito Santo, Martha SantosCentro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu, Portugal

Introdução: A adolescência é uma fase do desenvol-vimento humano de profundas alterações físicas, emo-cionais e comportamentais. O surgimento de uma ges-tação acoplado à gestão destas mudanças, torna a gra-videz na adolescência uma situação clínica de particu-lar relevância do ponto de vista obstétrico. O númerode partos em adolescentes em Portugal está a diminuir,embora continue alto, comparativamente a outros paí-ses da Europa, logo mantém-se a importância da pre-venção e intervenção precoces.Objectivo: avaliar parâmetros demográficos (idade,factores de risco) e clínicos (paridade, abortos prévios,contracepção, idade gestacional na primeira avaliação,tipo de parto, peso do recém-nascido) que caracterizamas adolescentes seguidas na consulta de Gravidez naAdolescência durante os últimos 11 anos.Material e Métodos:Estudo retrospectivo e analíticodas grávidas adolescentes seguidas na consulta entre2003 e 2013, com base no questionário da consulta enos registos informáticos. Estudo estatístico efectua-do com o programa IBM Statistical Package for the So-cial Sciences® (SPSS) versão 21.Resultados: No período em estudo foram seguidas naconsulta 408 adolescentes, com média de idades de16.28 anos e maioritariamente primigestas. Da amos-tra, 203 adolescentes não utilizavam qualquer métodode contracepção, 273 tiveram apenas 1 parceiro e 62

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eram fumadoras. Quanto às gestações, 84 foram pro-gramadas e a idade gestacional média na primeira con-sulta foi de 17 semanas. Relativamente ao parto, amaioria foi de tipo eutócico, com 29 recém-nascidospré-termo e 349 de termo. De salientar ainda que se ve-rificou um decréscimo progressivo de gestações du-rante os 11 anos, com 44 em 2003 e apenas 25 em2013.Conclusões: A abordagem à adolescente grávida é oponto de partida para a identificação das diversas con-dicionantes que determinam a gravidez na adolescên-cia, pelo que é o ponto de partida para a intervenção so-cial, prevenção da gravidez e promoção de uma ado-lescência saudável.

0229COLESTASE GRAVÍDICA: CASUÍSTICA DOHOSPITAL PROF. DOUTOR FERNANDOFONSECA (2011-2013)Sara Nascimento, Mariana Miranda, Diogo Bruno, Teresa Matos, Fernanda MatosServiço de Obstetrícia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE,Amadora, Portugal

Introdução: A colestase gravídica (CG) ocorre na se-gunda metade da gravidez e caracteriza-se por pruridogeneralizado, sem alterações cutâneas. Cursa com ele-vação dos ácidos biliares (AB) e, habitualmente, dastransaminases. Esta patologia é recorrente e está asso-ciada a uma maior incidência de parto pré-termo(PPT), líquido tinto de mecónio (LTM) e morte fetal(MF). Esta última parece estar associada a valores deAB>40µmol/L. Vários autores preconizam a induçãodo trabalho de parto (ITP) entre as 37 e as 38 semanas.Objectivos:Caracterizar os casos de CG na nossa ins-tituição num período de 3 anos e analisar o seu outcome.Metodologia: Estudo retrospectivo descritivo de trêsanos (2011-2013), incluindo as grávidas com diagnós-tico de CG, na nossa instituição. Foram analisados osprocessos clínicos quanto a variáveis relacionadas coma grávida, parto e recém-nascido (RN). Análise esta-tística em Microsoft® Excel 2007.Resultados:Registaram-se 19 casos de CG, com ida-de média de 29,5 anos (20-38). Seis eram multíparas,das quais 2 tinham antecedentes de CG. Ao diagnós-tico, idade gestacional (IG) média 31,6 semanas (22--39) e média de AB de 43,4µmol/L (10,8-180,1). Seteapresentaram AB >40µmol/L. Dos 9 casos de PPT,IG média 34,9 semanas(33-36), 6 foram espontâneos.Houve 9 ITP, com IG média de 37,8 semanas. Regis-

taram-se 13 partos por cesariana, dos quais 8 por esta-do fetal não tranquilizador ou suspeita de incompati-bilidade feto-pélvica, intraparto. Quatro casos deLTM. Todos os RN apresentaram IA >7 ao 5º minu-to, 5 com peso <2500g, todos estes com IG <35 sema-nas. Não houve nenhum caso de morte fetal.Conclusão: Os dados encontrados estão de acordocom os dados mais recentes da literatura, não se regis-tando casos de morte fetal. Tal facto poderá estar as-sociado a uma intervenção precoce, entre as 37 e as 38semanas.

0230IMPACTO DO AUMENTO PONDERAL NAGESTAÇÃOAna Helena Fachada, Joana Aidos, Joana Almeida,Salete E. Santo, Nuno Nogueira MartinsCentro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu, Portugal

Introdução: A promoção da saúde alimentar e nutri-cional é importante não só para a população em geral,mas também no contexto de uma gestação. O peso ma-terno prévio à gravidez é um dos factores que mais in-fluencia o aumento ponderal ao longo da mesma e con-sequentemente a ocorrência de complicações obstétri-cas e perinatais.Objectivo: Caracterizar o impacto do aumento pon-deral num grupo de puérperas do Departamento, ten-do em conta o índice de massa corporal (IMC) e in-cluindo os seguintes parâmetros: local de vigilância dagestação, hábitos alimentares (número de refeições diá-rias, horas de jejum máximo), parâmetros demográfi-cos (idade) e clínicos (paridade, IMC, idade gestacio-nal, tipo de parto e peso do recém-nascido).Material e Métodos:Estudo de amostra aleatória sim-ples obtida pela realização ocasional de inquéritos apuérperas internadas no Departamento, entre Março eMaio de 2014. Classificou-se o aumento ponderalcomo adequado, inadequado ou excessivo segundo asrecomendações do Institute of Medicine de 2009. Aná-lise dos dados efectuada através do programa IBM Sta-tistical Package for the Social Sciences® (SPSS) versão 21.Resultados: Foram inquiridas 125 mulheres entre os18 e os 43 anos de idade, das quais 49,6% eram primí-paras. Da amostra, 62,4% apresentava IMC normalprévio à gestação, 25,6% tinha excesso de peso e 10,4%era obesa. Quanto ao aumento ponderal, verificou-seaumento adequado em 41,6%, excessivo em 40%, e in-suficiente em 18,4% das mulheres. Das 50 puérperascom aumento ponderal excessivo, 46% tinham exces-

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so de peso, 6% tiveram recém-nascidos macrossómicose 38% das mesmas teve parto por cesariana.Conclusões: Prevenir complicações obstétricas e pe-rinatais passa também por adequar o aumento do pesoda grávida ao seu estado nutricional prévio. É de sumaimportância na prática clínica do obstetra promoverhábitos alimentares saudáveis, prevenindo ganhos pon-derais excessivos.

0231AUTOIMUNIDADE TIROIDEIA E GRAVIDEZ:DESFECHO OBSTÉTRICO E NEONATALFilipa Nunes1, Fabiane Neves1, Fátima Silva2, Ana Figueiredo2, Maria do Céu Almeida1, Jorge Couceiro11. Serviço de Obstetrícia B, Maternidade Bissaya Barreto, CentroHospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal2. Serviço de Medicina Interna B, Centro Hospitalar e Universitário deCoimbra, Coimbra, Portugal

Introdução: Dez a 20% das grávidas apresentam anticorpos anti-tiroideus positivos, associando-se a umaumento da incidência de aborto espontâneo, partopré-termo e tiroidite pós-parto.Objetivos: Avaliar o impacto da presença de anticor-pos anti-tiroideus no desfecho obstétrico e neonatal.Metodologia:Estudo retrospetivo caso-controlo comrevisão de 82 processos de grávidas com parto na Ma-ternidade Bissaya Barreto entre 2011 e 2013. Grupo A:41 grávidas com anticorpos anti-tiroideus positivos.Grupo B: 41 grávidas de baixo risco. Análise estatísti-ca com SPSS®.Resultados: A média de idades foi 32,8 anos em A e29,7 em B (p=0,002). No grupo A, 68,3% apresentavahipotiroidismo, 17,1% eutiroidismo, 12,2% hipertiroi-dismo e 2,4% hipotiroidismo subclínico. Verificou-seanticorpos anti-peroxidase positivos em 85,4%, anti-ti-roglobulina em 43,9% e anti-recetor da hormona esti-muladora da tiróide em 14,6%. Em A, houve um bomcontrolo da função tiroideia durante a gravidez em75,6% e parcialmente em 22,0%. Em ambos os gruposnão houve nenhum caso de aborto de repetição ou ti-roidite pós-parto. A média da idade gestacional no par-to foi 37,9 semanas em A e 38,6 em B (pNS). A mé-dia do peso ao nascer foi 2858,3g em A e 3104,0g emB (pNS). A média do APGAR ao 5º minuto foi 9,5 emA e 9,9 em B (pNS). A taxa de cesariana foi 31,7% emA e 24,4% em B (pNS). A taxa de complicações nagravidez foi 29,3% em A e 19,5% em B (pNS). A ocor-rência de complicações no recém-nascido (RN) foi22,0% (n=9) nos dois grupos. No entanto, verificaram-

-se complicações major no RN em 66,7% (n=6) em Ae 11,1% (n=1) em B (p=0,05).Conclusões: Neste trabalho verificou-se uma maiorincidência de complicações major no RN no grupo dasgrávidas com anticorpos anti-tiroideus positivos. O ta-manho da amostra não permitiu obter significado es-tatístico nos diversos itens obstétricos avaliados.

0236MALÁRIA NA GRAVIDEZ – A PROPÓSITO DE UMCASO CLÍNICO COM APRESENTAÇÃO ATÍPICASara Nascimento, Fernanda Matos, Teresa MatosHospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE, Amadora, Portugal

Introdução: A malária é causada pelo protozoárioPlasmodium, transmitido pela picada do mosquitoAnopheles. Quanto menor a exposição repetida ao pa-rasita, maior a gravidade da doença. As manifestaçõesclínicas são inespecíficas. A febre é o sintoma mais fre-quente, bem como calafrios e cefaleias. Entre outrossintomas incluem-se mialgias, fadiga, náuseas, vómi-tos e diarreia. Analiticamente, a trombocitopénia é fre-quente, raramente <50x103. A anemia é proporcionalà parasitémia, mas poderá ocorrer tardiamente emdoentes com imunidade parcial. O diagnóstico é feitopela pesquisa de parasitas no sangue periférico. As grá-vidas têm maior risco de malária grave, por apresenta-rem parasitémia mais elevada, manifestações clínicasmais graves e ainda risco fetal associado. Entre os fac-tores relacionados com doença grave, destacam-se ainfecção por P. falciparum, parasitémia>5% e lesão deórgão. O tratamento precoce com anti-maláricos leva,habitualmente, à cura.Caso Clínico:Mulher, 34 anos, raça negra, natural deAngola, há 12 anos em Portugal. G3P2, grávida de 13semanas. Três semanas após regresso de viagem a An-gola, recorreu ao URGOG-HFF por cefaleias e sen-sação febril intermitente, com uma semana de duração.Referia ainda náuseas e vómitos com agravamento re-cente. À observação, encontrava-se apirética, taqui-cárdica (153bpm), sem outras alterações relevantes. Osresultados laboratoriais iniciais revelaram hemoglobi-na 12.4g/dL, leucócitos 4.6x103, plaquetas 55x103,PCR 22.7mg/dL. Dada a viagem recente a país endé-mico, pediu-se pesquisa de Plasmodium, que foi posi-tiva para P. falciparum, com parasitémia máxima de 9%.Decidiu-se internamento em UCI e iniciou terapêuti-ca com Quinino e Clindamicina, com boa resposta.Conclusão: O diagnóstico de malária exige elevadoíndice de suspeição, particularmente em imigrantes de

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zonas endémicas, que poderão ter imunidade parcial equadro clínico atípico. Destaca-se a importância dequestionar acerca de viagens recentes, quando perantequadro semelhante a síndrome viral. O diagnóstico eterapêutica precoces evitam a morbi-mortalidade as-sociada a esta patologia.

0237TRATAMENTO CIRÚRGICO NA GRAVIDEZECTÓPICA: 3 ANOS DE CASUÍSTICAJuliana Rocha, Ariana Gomes, Isabel Meireles, Ana Morgado, Cristina OliveiraCentro Hospitalar Tâmega e Sousa, Penafiel, Portugal

Introdução: A gravidez ectópica (GE) é a principalcausa de morte materna no primeiro trimestre. O diag-nóstico precoce é imperativo para reduzir o risco de ro-tura e de morte. Perante a suspeita clínica, os elemen-tos-chave para o diagóstico são a ecografia transvagi-nal e o doseamento da β-hCG sérica. O tratamentodepende da estabilidade hemodinâmica, doseamentoda β-hCG e desejo reprodutivo da mulher.Objectivos:Determinação da prevalência e caracteri-zação dos casos de GE submetidas a intervenção ci-rúrgica entre Janeiro 2011 a Dezembro 2013.Metodologia: Analisaram-se retrospectivamente osprocessos das utentes submetidas a intervenção cirúr-gica por GE entre Janeiro 2011 a Dezembro 2013, ex-cluindo-se os casos não confirmados per-operatoria-mente ou por exame anátomo-patológico.Resultados e Conclusões: Foram intervenciona-das 63 mulheres por GE, das quais 23 eram nulíparas(36,5%). A maioria apresentou idades compreendidasentre os 25 e os 30 anos (30,1%).Verificou-se um au-mento da prevalência de 0,52% em 2011, para 0,84%em 2012 e 1,10% em 2013. Observou-se 61 casosde GE tubar e ainda, 1 caso de localização ovárica e 1caso de gravidez em cicatriz de cesariana. A maio-ria das mulheres com GE apresentou-se com dor pél-vica (79,3%). A presença de massa anexial e de líqui-do livre na ecografia tranvaginal observou-se em44 (69,8%) e 53 (84,1%) dos casos, respectivamente. Odiagnóstico intra-operatório foi de GE rota em meta-de dos casos. No total, 61 mulheres foram submetidasa salpingectomia, por laparotomia(n=15) ou por lapa-roscopia (n=47). Foi obtida 100% de eficácia do trata-mento, à custa de 3 casos de infertilidade iatrogénicaimediata devido a salpingectomia/anexectomia préviaou obstrução tubária contralateral.Apesar da tendência crescente, a prevalência de GE

mantém-se dentro dos valores descritos na literatura.A maioria das mulheres encontrava-se em plena idadereprodutiva, com uma percentagem significativa de nu-líparas. A principal via de abordagem foi a laparosco-pia e a salpingectomia foi o tratamento de eleição.

0239SÍNDROME DE KLIPPEL-TRENAUNAY-WEBER EGRAVIDEZ: A PROPÓSITO DE UM CASOCLÍNICOJuliana Rocha, Carla Marinho, Cristina Carrapatoso,Cristina OliveiraCentro Hospitalar Tâmega e Sousa, Penafiel, Portugal

Introdução:A síndrome de Klippel-Trenaunay é umaanomalia congénita rara de etiologia desconhecida,descrita pela primeira vez em 1900. O critério diag-nóstico clássico é uma tríade de alterações que incluemmalformações capilares (nevus cutâneos/hemangio-mas), malformações venosas ou veias varicosas e hi-pertrofia óssea e de tecidos moles, afectando um oumais membros. A presença destas alterações associadasa malformações artério-venosas caracteriza a síndromede Klippel-Trenaunay-Weber. A gravidez é raramen-te descrita nestas doentes e a sua incidência não é co-nhecida. Uma vez que a gravidez pode exacerbar ascomplicações da doença, a gestação é considerada dealto risco obstétrico e é historicamente desencorajada.Objectivos:Apresentação e discussão de um caso clí-nico de uma grávida com diagnóstico de Síndromede Klippel-Trenaunay-Weber.Metodologia:Análise do processo clínico de uma grá-vida com Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber erevi são da literatura.Resultados e Conclusões:Primigesta, 21 anos de ida-de, com diagnóstico de Síndrome de Klippel-Trenau-nay-Weber ao nível do membro superior direito e sus-peita de acometimento vascular do sistema nervosocentral. Gravidez não planeada e vigiada na Suiça até às32 semanas de gestação, sem intercorrências. Recorre aoServiço de Urgência às 34 semanas de gravidez por oli-gohidrâmnios, diagnosticado na ecografia de rotina.Teve rotura prematura de membranas a termo e partopor cesariana segmentar transversal. Recém-nascido dosexo masculino com 2460 gr de peso e índice de Apgar6/9 ao 1º e 5º minutos respectivamente. O pós-partodecorreu sem intercorrências e efectuou hipocoagula-ção profiláctica durante 6 semanas.Após revisão da literatura, percebe-se que a maio-

ria dos casos evoluiu sem complicações significativas,

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embora os relatos sejam escassos. O reconhecimento dasíndrome de Klippel-Trenaunay-Weber e a aborda-gem multidisciplinar pré-natal, intra-parto e pós-par-to parecem ser fundamentais para a boa evolução e obom desfecho da gestação nestas doentes.

0245ABORDAGENS DISTINTAS NA HEMORRAGIAPÓS-PARTO: CASUÍSTICA DO CENTROHOSPITALAR DO ALGARVE – UNIDADE DE FARO2007-2012.Oriana Leça, Celeste Santos, João DiasCentro Hospitalar do Algarve - Unidade de faro, Faro, Portugal

Introdução: Além das 20 semanas de gestação, o ris-co de hemorragia pós-parto (HPP) e suas complica-ções é transversal a todas as mulheres grávidas.A HPP é definida como a perda de sangue superior

a 500 mL após um parto vaginal ou superior a 1000mL após um parto por cesariana. No entanto, estes va-lores são algo arbitrários, uma vez que perdas menorespoderão ser intoleráveis para algumas mulheres commenor reserva fisiológica.Ainda assim, a HPP é uma das principais causas de

morbilidade e mortalidade maternas em todo o mun-do, pelo que o reconhecimento precoce, sua etiologia etratamento adequado são fundamentais para um bomdesfecho.Objetivos: Avaliar as diferentes abordagens perante umaHPP grave e sua correlação com os resultados maternos.Material e métodos: Estudo retrospectivo de todos oscasos de HPP ocorridos entre 2007 e 2012 na nossa uni-dade. Foram analisados um total de 10 casos com HPPgrave que necessitaram de intervenções mais invasivas.Três grupos diferentes foram criados de acordo com

a abordagem terapêutica: histerectomia abdominal (4casos); tamponamento com balão de Bakri (2 casos) esutura compressiva de B-Lynch (4 casos).Resultados e Discussão: Entre 2007 e 2012, apenas 10casos de HPP grave foram reconhecidos num total de17851 partos. Todos os casos analisados foram inicial-mente abordados com medidas médicas conservadorassem sucesso, necessitando de procedimentos mais in-vasivos. Registou-se uma morte materna resultante deparagem cardiorespiratória. Exceptuando em dois ca-sos, nenhuma intervenção adicional foi necessária apósa abordagem primária.Todos os casos estudados desenvolveram HPP pre-

coce, poucas horas após o parto, 6 dos quais intra-ce-sariana, e em 80% dos casos secundária a atonia uteri-

na. A escolha terapêutica foi baseada nas situações clí-nicas e opções terapêuticas disponíveis. As interven-ções terapêuticas com conservação da fertilidade fo-ram preferidas nos casos mais recentes, com bons des-fechos maternos.

0256DISTÓCIA DE OMBROS – RISCOS ASSOCIADOSÀS MANOBRAS PARA A SUA RESOLUÇÂOMaria Carvalho Afonso, Andreia Fonseca, Nuno Clode, Luís Mendes GraçaDepartamento/Clínica Universitária de Obstetrícia e Ginecologia,CHLN-Hospital Universitário de Santa Maria, Lisboa, Portugal

Introdução: A distócia de ombros (DO) é uma dasemergências obstétricas mais temidas, dada a sua im-previsibilidade e associação com elevada morbilidadematerna e perinatal.Objectivos:Determinar a incidência da DO e facto-res associados a maior morbilidade materna e perina-tal consoante a sua resolução (manobra de McRobertse pressão supra púbica versus manobra de Wood, ex-tracção de ombro posterior ou outras), num hospital decuidados terciários.Métodos: Estudo prospectivo observacional ( Junhode 2012 – Maio de 2014), que englobou todas as ges-tações de feto único em apresentação cefálica, cujo par-to foi complicado com DO. Foram analisadas as ca-racterísticas maternas, o intervalo de tempo do perío-do expulsivo (minutos), peso e morbilidade do recémnascido (índice de Apgar < 7 ao 1º minuto, fractura daclavícula e/ou úmero, lesão do plexo braquial), morbi-lidade materna (laceração perineal grau III ou IV, la-ceração do colo, hemoglobina pós parto< 8 g/dL, he-matoma do períneo, febre, deiscência da sutura). Naanálise estatística foi utilizada estatística descritiva e oteste de Fisher e c2, considerando os resultados esta-tisticamente significativos para p<0.05.Resultados:Durante o período do estudo, ocorreram111 casos de DO - 3,7% (111/3004) de todos os par-tos vaginais de feto único. A necessidade de realizarmanobras para além da de McRoberts esteve associa-da a período expulsivo mais longo (OR 7,412, IC 1,86– 29,45) e a uma maior morbilidade neonatal (OR3,214, IC 1,404 - 7,361).Conclusão: Apesar de pouco frequente, a DO encon-tra-se associada a uma morbilidade neonatal impor-tante, sobretudo nas formas mais laboriosas de extrac-ção fetal.

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0257PATOLOGIA TIROIDEIA E GRAVIDEZInês Rato1, Daniela Pereira2, Luísa Pinto1, Mónica Centeno1, Luís Graça11. Hospital de Santa Maria - CHLN, Lisboa, Portugal2. Hospital de Nossa Senhora do Rosário, Barreiro, Portugal

Introdução:O hipotiroismo clínico afecta 0,3 a 0,5%das grávidas, tendo o subclínico uma prevalência de 2--3% (sendo a causa mais frequente a tiroidite auto--imune). Na gravidez, este associa-se a parto pré-ter-mo, recém-nascidos LIG, morte perinatal e déficescognitivos na descendência. O hipertiroidismo apre-senta uma prevalência de 0,1-0,4% na gravidez, sendoa Doença de Graves a causa mais frequente. As com-plicações incluem pré-eclâmpsia, DPPNI, RCF, hi-pertiroidismo fetal e neonatal e morte fetal. O trata-mento adequado reduz o risco de complicações.Objectivos: Avaliar desfechos maternos e perinataisde grávidas com patologia tiroideia.Métodos: Estudo retrospectivo ( Janeiro/2012-De-zembro/2013) que incluiu gestações com patologia ti-roideia vigiada na Consulta de Medicina Materno-Fe-tal do HSM. Foram analisados: etiologia de patologiatiroideia, terapêutica instituída e desfechos obstétricos.Resultados: Durante o período do estudo foram vi-giadas 49 grávidas com patologia tiroideia (total de2608 grávidas). 42 grávidas (85,7%) apresentavam hi-potiroidismo (prevalência de 1,61%), sendo as etiolo-gias identificadas a tiroidite auto-imune (n=12), tiroi-dectomia total (n=6), status pós-I131 (n=2), status pós--RT (n=1), secundário (n=1) e não classificável (n=20).Na maioria das grávidas houve necessidade de reposi-ção hormonal com levotiroxina e de incremento dadose. 7 grávidas (14,3%) apresentavam hipotiroidis-mo, correspondendo uma prevalência de 0,23%. Asetiologias identificadas foram a doença de Graves(n=6), e o adenoma tóxico (n=1). Como complicaçõesobstétricas, registaram-se 9 casos de diabetes gesta-cional (18,4%), 2 casos de complicações hipertensivas(4,1%), 2 abortos espontâneos (4,1%) e 2 partos pré--termo (4,1%). 33% tiveram parto eutócico, 33% umacesariana por motivos não relacionados com a patolo-gia tiroideia e 24% parto instrumentado. Em 10% doscasos o parto não decorreu na instituição e a via de par-to é desconhecida.Conclusões: Os nossos resultados apresentam umaprevalência de hipo e hipertiroidismo concordante coma literatura e denotam que o diagnóstico e tratamentoatempados diminuem o risco de complicações.

0259MEASUREMENT OF FOLATE AND FOLIC ACIDINTAKE IN THE PERICONCEPTIONAL PERIODSandra Gomes1, Carla Lopes1, Elisabete Pinto21. Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Departamentode Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública, Faculdadede Medicina da Universidade do Porto., Porto, Portugal2. Centro de Biotecnologia e Química Fina, Escola Superior deBiotecnologia, Universidade Católica Portuguesa., Porto, Portugal

Introduction:Folic acid supplementation in the peri-conceptional period is associated with reduced risk ofneural tube defects (NTD). But most supplementa-tion happens after the desirable period, having somelimitations in the prevention of NTD, contrary to for-tification. New concerns arise about potential adverseeffects of fortification and supplementation of highdoses of folic acid, in pregnancy outcomes, early andlater in life, both in mother and child. Dietary patternsand the method of cooking have a clearly significantrole in population folate intake, being a "healthy diet"more rich in this nutrient.Aim: To estimate the association between folate in-take and folic acid supplementation in the pericon-ceptional period and folate status in early pregnancy.Methodology: Cross-sectional analysis of data col-lected from 84 pregnant women, in one public hospi-tal in Porto (Hospital São João), with dietary assess-ment by a semi-quantitative food frequency question-naire and food diaries, serum and erythrocyte folatestatus assessment, socio-demographic and lifestylevariables, past medical history, health status duringpregnancy, and use of vitamin and mineral supple-ments.Results and Conclusions: Intake of folate from dietwas below the recommended level for pregnancy in themajority of pregnant women. From women whoplanned pregnancy, 94.3% used folic acid supplementsbefore pregnancy, compared to 46.9% who did not plan(P < 0.001). It was shown a late initiation of supple-mentation. The folic acid intake was 12-folder higherthan the recommendations for prevention of NTD,without distinction from high risk women. Only 4.8%were classified as folate deficiency using serum folate,but 13.1% through erythrocyte folate. It was identi-fied a modest association between folic acid supple-mentation and maternal folate status. New guidelinesare needed in Portugal, emphasizing a healthy dietarypattern and including quantitative recommendationsregarding folic acid supplementation, to lower the risksof adverse effects from deficiency and from excess.

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0263GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA – 17 ANOS DEEXPERIÊNCIABruna Ambrósio, Mariana Souto Miranda, Catarina Costa, Esmeralda Barbosa, Fernanda Matos,Antónia NazaréHospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Lisboa, Portugal

Introdução: A adolescência é um período de múlti-plas alterações biofisiológicas, psicológicas, intelectuaise sociais. A gravidez na adolescência é habitualmentenão planeada e considerada de alto risco. No serviço deobstetrícia do Hospital Prof. Doutor Fernando da Fon-seca (HFF) existe uma consulta de gravidez na ado-lescência, na qual colaboram médicos, enfermeiros, as-sistentes sociais, psicólogos e nutricionistas.Objetivos: Analisar os dados relativos à gravidez naadolescência, considerando: o número e tipo de parto,a idade gestacional à data do parto e o peso dos recém--nascidos (RN), o número de interrupções voluntáriasde gravidez (IVGs) e as principais complicações ma-terno-fetais.Metodologia: Consulta do processo clínico das grávidas adolescentes vigiadas no HFF desde Janeirode 1997 até Abril de 2014; consulta do registo dasIVGs realizadas desde Janeiro de 2008 até Abril de2014.Resultados:No HFF ocorreram 75850 partos no pe-ríodo em análise - 1712 entre adolescentes (2,3%). Re-lativamente ao parto, 69,9% foram eutócicos e 9,9%instrumentados; 18,6% ocorreram antes das 37 sema-nas e 3,3% dos RN tiveram um peso à nascença infe-rior a 1500g. Entre Janeiro de 2008 e Abril de 2014realizaram-se 9983 IVGs na área do HFF - 1384 emadolescentes (13,7%). Verificaram-se 67 casos de re-corrência de mães adolescentes e 31 casos de IVGs re-correntes entre adolescentes. Em 2013 foram vigiadas64 jovens na consulta de gravidez na adolescência doHFF, verificando-se 10 casos de anemia na gravidez,10 casos de parto pré-termo, 3 casos de restrição decrescimento fetal, 8 casos de hemorragia puerperal e 5casos de endometrite pós-parto.Conclusões:A gravidez na adolescência é um proble-ma frequente, cuja prevenção deverá centrar-se em po-líticas adequadas de planeamento familiar e educaçãosexual. As adolescentes que desejem prosseguir com agravidez, deverão ser vigiadas por uma equipa multi-disciplinar, atenta às principais complicações da gravi-dez nesta faixa etária.

0265IMPACTO DA IDADE MATERNA NOSRESULTADOS OBSTÉTRICOS E NEONATAISMaria Boia, Ana Cláudia Santos, Ana Isabel Correia,Nuno Oliveira, Sandra Lemos, Filomena Ramos, Mário OliveiraCentro Hospitalar Baixo Vouga, Aveiro, Portugal

Introdução: A gravidez nos extremos da idade repro-dutiva, nomeadamente na adolescência e após os 40anos, tem sido associada a piores resultados obstétricose neonatais. No entanto, esta hipótese tem vindo a sercontrariada por estudos mais recentes.Objectivo: Avaliar o impacto da idade materna nosresultados obstétricos e neonatais, comparando estesresultados nos grupos com idade inferior ou igual a 19anos (grupo 1), entre 20 e 39 anos (grupo 2) e superiorou igual a 40 anos (grupo 3).Métodos: Estudo retrospectivo descritivo, por análisedos processos clínicos de senhoras com parto no Cen-tro Hospitalar do Baixo Vouga entre 01/01/2010 e31/12/2013.Resultados: Foram analisados os processos clínicoscorrespondentes a 7165 partos, 398 (5,6%) do grupo 1,6494 (90,6%) do grupo 2 e 272 (3,8%) do grupo 3. Aprematuridade foi de 6,3%, 7,3% e 10,6% no grupo 1,2 e 3, respectivamente. A taxa de parto instrumentadofoi de 29,9% vs 26,6% vs 18,7% e a de cesariana de27,4% vs 32,9% vs 44,7%, no grupo 1, 2 e 3, respecti-vamente. As duas principais indicações para cesarianaforam as mesmas em todos os grupos: incompatibili-dade feto-pélvica 28,7% vs 26,8% vs 23,3% e estado fe-tal não tranquilizador 22,8% vs 26,5% vs 32,8%. Re-lativamente aos resultados neonatais: Apgar <7 ao 1ºminuto 5,8% vs 5,9% vs 5,5%; internamento na UCIN4,0% vs 3,2% vs 4,8%; peso <1500g 0,8% vs 0,3% vs0,4%; peso <2500g 7,5% vs 6,9% vs 8,4%; morte fetal0,5% vs 0,6% vs 0,4%.Conclusões: A análise dos resultados da amostra nãopermitiu evidenciar uma tendência clara para pioresresultados nos grupos dos extremos da idade. No en-tanto, a gravidez e parto nos extremos da vida repro-dutiva apresentam particularidades, pelo que requeremespecial atenção e abordagem individualizada.

0271QUAL O IMPACTO DA HORA DO PARTO NOSDESFECHOS OBSTÉTRICOS MATERNOS?Sara Diniz1, João Cavaco Gomes1, Marina Moucho1,Nuno Montenegro2

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1. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia Centro Hospitalar São João,porto, Portugal, 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,porto, Portugal

Introdução: Maus desfechos em pacientes admitidos emhorário nocturno em Serviços de Urgência têm sido des-critos em diversas áreas de medicina. O número reduzi-do de médicos na urgência, horas excessivas de trabalhoe o menor número de especialistas em serviço têm sidoapontados como possíveis causas para estas ocorrências.Também em Obstetrícia existem relatos de maus desfe-chos neonatais durante turnos nocturnos. A informaçãoface aos desfechos maternos nestes casos é escassa.Objectivo: Avaliar a influência da hora do parto nosdesfechos maternos.Métodos: Estudo retrospectivo, baseado na recolha dedados clínicos do programa Obscare e do Sistema deApoio ao Médico relativos aos partos com mais de 35semanas de gestação decorridos entre 2005 e 2012 noCentro Hospitalar de São João. Foram excluídas as ce-sarianas programadas, as gestações múltiplas e casosde malformações fetais graves.Resultados: Foram incluídos no estudo 12240 partos,dos quais 6653 (54,4%) ocorreram durante o dia e 5587(45,6%) durante a noite. A idade materna média nãodiferiu entre os turnos diurno e nocturno (29,8 vs 30,0anos, p>0,05). Comparando os partos que ocorreramno turno diurno e no turno nocturno, não foram en-contradas diferenças relativamente ao: número de in-ternamentos maternos em Unidades e Cuidados In-tensivos/Intermédios (0,2% vs 0,2%, p>0,05); númerode reinternamentos (1,5%vs 1,2%, p>0,05) e númerode lacerações de 3º e 4ºgrau (0,6%vs 0,4%; p>0,05).Conclusão: A hora do parto não parece ter relaçãocom os maus desfechos obstétricos maternos. A au-sência de diferença dos outcomes poderá ser justificadapelo facto de a equipa médica de urgência neste cen-tro hospitalar ser constituída pelo mesmo número deelementos em ambos os turnos.

0272DESACELERAÇÕES MUITO PROLONGADAS ERECORRENTES DA FREQUÊNCIA CARDÍACAFETAL ASSOCIADAS A BOM DESFECHONEONATALSara Diniz1, Diogo Ayres-de-Campos21. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar São João,Porto, Portugal, 2Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdadede Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Introdução: As desacelerações muito prolongadas da

frequência cardíaca fetal (FCF) estão geralmente as-sociadas a episódios de hipóxia fetal aguda, sobretudoquando apresentam baixa variabilidade. Estes achadossão frequentemente motivo para a realização de umparto instrumentado ou de uma cesariana emergente.Objectivo: Descrição de um caso clínico em que foramdocumentadas três desacelerações muito prolongadasda FCF próximo do termo da gravidez e antes do iní-cio do trabalho de parto, em que a indução do traba-lho de parto esteve associada a um traçado cardioto-cográfico maioritariamente normal e resultou numbom desfecho neonatal.Métodos:Recolha dos dados através da consulta da basede dados ObsCare e do sistema Omniview-SisPorto.Resultados/conclusões: 36 anos, 2 gesta, 1 parto au-xiliado por ventosa, antecedentes de estenose pulmo-nar corrigida cirurgicamente. Ás 35+4 semanas de ges-tação, em consulta de rotina, foi documentada uma de-saceleração muito prolongada (8 minutos de duraçãocom baixa variabilidade na fase final, associada a hi-pertonia uterina documentada no tocograma mas as-sintomática). Ocorreu um novo episódio 10 dias de-pois, que motivou internamento, onde foi documenta-do um terceiro episódio no mesmo dia. Foi realizadaindução ocitócica e amniotomia no dia seguinte, ten-do o trabalho de parto tido uma duração de aproxima-damente 7 horas. Realizado parto auxiliado por ven-tosa (durante 1 minuto, 1 tração) por condição mater-na que aconselha período expulsivo abreviado. Recém--nascido com índice de Apgar 7/9/10, pH da artériaumbilical 7,25, DBecf 7.10. Não foi encontrada pato-logia do cordão umbilical lou da placenta. Em conclu-são, nos casos em que ocorrem desacelerações muitoprolongadas e recorrentes da FCF, mas se verificamcondições tocológicas favoráveis e uma causa identifi-cável e potencialmente reversível (com tocólise agu-da), a indução do trabalho de parto parece ser uma al-ternativa segura para a terminação da gravidez.

0284DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL DE MOSAICISMO DOCROMOSSOMA 9: A PROPÓSITO DE UM CASOCLÍNICOFilipa Rafael, Sara Costa, Pedro Guedes, João Tristão,Fernando GuerreiroCentro Hospitalar do Algarve - Unidade de Portimão, Portimão, Portugal

Introdução:A trissomia 9 é uma anomalia cromossó-mica caracterizada pela presença de um cromossoma 9extra-numerário. É considerada uma anormalidade

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cromossómica rara, com pouco mais de 50 casos rela-tados na literatura desde a sua primeira descrição em1973. Esta pode apresentar-se ou não em mosaicísmo.Os sintomas variam, mas geralmente ocorrem defor-mações no crânio e no sistema nervoso, levando a atra-so mental, assim como alterações cardíacas, renais e nosistema músculo-esquelético.Objectivo: Apresentação de um caso clinico de tris-somia 9 em mosaico.Material e métodos: Grávida, primigesta, com 15 se-manas de gestação, referenciada para estudos cromos-sómicos por idade materna avançada (45 anos). A aná-lise citogenética convencional dos amniócitos cultiva-dos foi realizada de acordo com os métodos habituaisusando bandas GTG.Resultados: O estudo cromossómico efetuado, reve-lou uma alteração cromossómica numérica em 3% dasmetafases, com um cromossoma 9 extra-numerário,permitindo estabelecer o cariótipo 47,XY,+9[2]//46,XY[63]. Pelo risco de eventual atraso psicomotor, foi pro-

posta a interrupção médica da gravidez. Pela idade ma-terna avançada e por ser uma primigesta, a grávida re-jeitou essa abordagem terapêutica, optando por pros-seguir com a gestação. A gravidez decorreu sem intercorrências, terminan-

do num parto por cesariana electiva por feto em apre-sentação pélvica. Nasceu com 3410g, índice de Apgar9 ao 1º min e 10 ao 5º e 10 minuto.Na consulta de Genética pediátrica aos 12 meses de

idade, não apresentava sinais de dimorfismos, nematrasos de desenvolvimento psicomotor.Conclusões: Apesar do aparente desfecho favoráveldo caso até a data, deverá ser mantida a vigilância pe-diátrica a longo prazo.Como tal, cada caso deve ser ponderado individual-mente, não se podendo basear as decisões clinicas ape-nas na obtenção de um cariótipo, pelo que a consultade diagnóstico pré-natal deverá ser multidisciplinar.

0285O 1º SURTO DE DENGUE AUTÓCTONE NAREGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA –PERSPETIVA OBSTÉTRICASara Câmara, Filipa Santos, Filipe Bacelar, Claúdia FreitasHospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal, Portugal

Introdução: Na Região Autónoma da Madeira, du-rante o surto (9/2012 - 9/2013), registaram-se 2187

casos prováveis de febre de dengue, aproximadamente50% com confirmação laboratorial. A gravidez, obesi-dade, diabetes, doenças hemolíticas crónicas e insufi-ciência renal são fatores de risco para doença grave e aOrganização Mundial de Saúde preconiza o interna-mento, independente das manifestações da doença.Objetivos e Métodos: Casuística dos internamentospor dengue, na gravidez, do Hospital Dr. Nélio Men-donça, de 9/2012 a 9/2013.Resultados:As 4 gestantes internadas (idades: 28 - 35anos), não tinham antecedentes relevantes, as gravide-zes haviam sido vigiadas e decorrido sem intercorrências. No dia do internamento, as idades gestacionais si-

tuavam-se entre as 20 semanas e 4 dias e as 31 sema-nas ecográficas. Todas tinham febre (temperatura má-xima auricular de 38,1ºC), outros sintomas foram: as-tenia, mialgias, cefaleias, fotofobia, dor retro-orbitá-ria, náuseas, vómitos pós prandiais, dispneia e erupçãocutânea generalizada. Todas tinham anemia, linfoci-topénia, neutropénia e trombocitopénia. Uma grávidafoi diagnosticada de colestase gravídica.As medidas gerais instituídas foram o isolamento,

repouso relativo, dieta polifraccionada, hidratação,analgesia e controlo térmico com paracetamol.A vigilância fetal foi sempre normal, exeto num caso

em que se detetou hidrâmnios no internamento e oli-goâmnios no termo da gravidez. Todos os partos foram de termo, 3 eutócicos e um

por cesariana (falha de indução do trabalho de parto,no contexto de oligoâmnios). Os recém-nascidos ti-nham APGAR 9/10 ou 10/10 e peso normal.Conclusões: A clínica e o contexto epidemiológicosão essenciais para o diagnóstico. A avaliação labora-torial permite sempre elevado grau de suspeição e porvezes confirmação.O conhecimento desta entidade é útil na celeridade

do diagnóstico e na adequação das medidas imple-mentadas, perante uma infeção que pode ser grave masque geralmente tem excelente prognóstico. Não é bem conhecida a fisiopatologia da infeção

pelo vírus do dengue na gravidez.

0293PLACENTAS MONOCORIÓNICAS: TODAS NA MESMA GAVETA?Catarina Paiva, Rosa Maria Rodrigues, Ana Cristina CunhaCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução: Nas gestações gemelares monocoriónicas

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100 Acta Obstet Ginecol Port 2014;8(suplemento):33-110

os fetos partilham a mesma placenta, existindo anas-tomoses vasculares entre ambos. Este leito vascularpartilhado pode resultar em desequilíbrios transfusio-nais e originar complicações graves como a Síndromede Transfusão Feto-fetal (STFF). A forma mais co-nhecida desta síndrome é a sequência oligo-polihi-drâmnios (SOP). Recentemente foi descrita a sequên-cia de anemia-policitemia (SAP). O estudo da an-gioarquitectura das placentas monocoriónicas (pla-centas MC) permitiu concluir que as placentas quedesenvolvem SAP (placentas SAP) apresentam umaangioarquitectura única, claramente diferente das pla-centas MC sem desenvolvimento de STFF (placentasSI) ou das placentas MC que desenvolveram SOP. Detal forma que o diagnóstico pós-natal de SAP baseia--se no estudo das anastomoses placentares com injec-ção de cor associado a critérios hematológicos.Objectivo: Análise de anastomoses placentares de ges-tações gemelares monocoriónicos e correlação com odesfecho obstétrico (SAP, SOP, STFF agudo ou semdesenvolvimento de STFF)Resultados:O nosso estudo incluiu uma amostra alea-tória de 12 placentas monocorióricas resultantes de par-tos ocorridos entre Janeiro de 2013 e Março de 2014 noCentro Hospitalar do Porto. De um total de 12 pla-centas MC injectadas, 2 corresponderam a casos d eSAP e as restantes a placentas SI (n=10). Quer as pla-centas SAP quer as placentas SI apresentaram em mé-dia 3,5 anastomoses. As 2 placentas SAP apresentaramum total de 7 anastomoses, todas arterio-venosas (AV)com calibre ≤ a 1mm. As placentas SI apresentaram umtotal de 35 anastomoses, das quais 10 arterio-arteriais(AA) (4 com menos de 1mm); 1 veno-venosa de pe-queno calibre; 24 AV (10 de calibre ≤ a 1mm).Conclusão: O pequeno tamanho da nossa amostra éum factor limitante importante, contudo, é de realçara ausência de anastomoses AA nas placentas SAP, as-sim como, a maior percentagem de anastomoses de ca-libre ≤ a 1mm (85% vs 40%). O nosso estudo sugereainda que a SAP poderá ser ter uma incidência supe-rior à descrita na literatura.

0294GRAVIDEZ E ARTERITE DE TAKAYASUCatarina Paiva, Jorge BragaCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução: A arterite de Takayasu (AT) é uma vas-culite granulomatosa crónica de causa desconhecida,que afecta os grandes vasos. Embora seja rara(1 a 3 no-

vos casos por ano por cada 100000 habitantes - Euro-pa), afecta essencialmente mulheres (80 a 90%) jovens(entre os 10 e 40 anos).Caso Clínico:Mulher, 36 anos, com AT com 19 anosde evolução. AT estável desde Novembro 2009 medi-cada com lepicortinolo 5 mg/dia. Primeira consulta deObstetrícia em fevereiro 2013, grávida de 11 semanase 2 dias, medicada com ácido fólico 5 mg/dia e lepi-cortinolo 5 mg/dia. Ao exame objectivo apresenta umadiferença entre TAS do membro superior esquerdo edireito superior a 10 mmHg. A última angiografia re-vela “atingimento da artéria carótida direita com oclu-são 100% e esquerda com oclusão 70%; atingimentodas artérias subclávias, aorta abdominal e estenose dis-creta da artéria renal direita” - AT tipo III. Analitica-mente: rotina do º trimestre sem alterações, VS 10 mme PCR < 5. No 3º trimestre constatou-se um agrava-mento progressivo dos valores tensionais e elevação deVS (50 mm) com necessidade de aumentar a dose delepicortinolo para 7,5 mg/dia. Decidiu-se por términoda gravidez por cesariana electiva às 37 semanas e 2dias . O puerpério sem intercorrências.Discussão:A gravidez não está contra-indicada na ATestabilizada, e parece não exacerbar a actividade dadoença. Embora a AT possa afectar negativamente agravidez (maior risco de HTA, pré-eclâmpsia, restri-ção de crescimento fetal, parto pré-termo e aborta-mento) na maioria dos casos o desfecho vai ser favorá-vel. O parto vaginal não está contra-indicado, embo-ra, pareça haver benefício da cesariana em algumas si-tuações (nomeadamente na doença severa). No casode cesariana a anestesia loco-regional é preferível poispermite avaliar a perfusão cerebral por meio do nívelde consciência da gestante.

Medicina da Reprodução

0012NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONALAPÓS FERTILIZAÇÃO IN-VITROSílvia Couto, Filipa Barradas, José Metello, Sandra Ramos, Pedro Ferreira, Pedro Sá e Melo, Fátima Romão, Raquel IlgenfritzHospital Garcia de Orta, EPE, Almada, Portugal

Introdução: A associação de gestação múltipla comgravidez molar é um evento raro. Os autores preten-dem apresentar um caso de Neoplasia Trofoblástica

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Acta Obstet Ginecol Port 2014;8(suplemento):33-110 101

Gestacional (NTG) após transferência de embriõescongelados (TEC) por Fertilização In Vitro (FIV).Caso Clínico: 33 anos, saudável, Gesta 3 Para 0, sub-metida a ciclo FIV por infertilidade tubária. Obtive-ram-se 11 embriões, dos quais 8 foram vitrificados no2º dia após a punção, por risco de síndrome de hipe-restimulação ovárica. Em Março de 2013, foram trans-feridos dois embriões (5 e 7 células, grau 2, assimetriacelular - Consensus de Istambul), após preparação doendométrio com estrogénios e progesterona.Na ecografia efectuada às 6 semanas de gestação, foi

diagnosticada gravidez gemelar bicoriónica biamnió-tica, sendo que não era visualizado embrião nem vesí-cula vitelina num dos sacos gestacionais. Duas sema-nas depois, verificou-se um embrião compatível com 8semanas de gestação com batimentos cardíacos visí-veis e um saco gestacional anembrionado, com trofo-blasto muito sugestivo de patologia molar. A grávidapediu então interrupção médica de gravidez, tendosido efectuado esvaziamento uterino por aspiração porvácuo. O diagnóstico histológico foi de mola comple-ta (imunohistoquímica). Apesar da descida inicial dosníveis séricos de BHCG, na terceira semana de segui-mento, os seus valores elevaram-se na ordem dos 30%.Foi referenciada à consulta de Oncologia Médica porpersistência de doença trofoblástica gestacional. Pos-teriormente, efectuou estadiamento imagiológico, des-tacando-se metastização pulmonar bilateral, com es-tadio III da FIGO, alto-risco. Efectuou 5 ciclos de qui-mioterapia com o protocolo EMA-CO, último emNovembro de 2013, com remissão da doença.Conclusão: O risco de evolução de mola completapara NTG varia entre os 15 e 20%, contudo há geral-mente uma boa resposta à terapêutica com quimiote-rápicos. A identificação dos prónucleos não garanteum processo de fertilização normal, nem garante a suaorigem paterna ou materna.

0028LETROZOL NAS «MÁS RESPONDEDORAS»:UMA TERAPÊUTICA EFICAZ?Jorge Castro, Madalena Cabral, Ilda Pires, Sueli Pinelo,António Barbosa, Helena Serra, Helena Figueiredo,Eduarda FelgueiraCentro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia,Portugal

Introdução: O conceito «más respondedoras» à esti-mulação ovárica controlada inclui mulheres em queesta resposta é inadequada, resultando num número

baixo de folículos recrutados, níveis baixos de estradioldurante a estimulação e num número reduzido de ovó-citos colhidos na punção folicular. Apesar dos avançosnas técnicas de procriação medicamente assistida(PMA), as «más respondedoras» continuam a consti-tuir um grande desafio.Objetivo: Analisar os resultados obtidos de 36 ciclosde PMA (FIV/ICSI) em que foi usado letrozol (inibi-dor seletivo da aromatase) na estimulação ováricacomparativamente a 26 ciclos, dos mesmos casais, emque a estimulação foi realizada sem administração des-te fármaco. A análise visa compreender se este fárma-co permite a obtenção de melhores resultados do quea estimulação isolada com gonadotrofinas.Metodologia: Análise retrospectiva dos ciclos dePMA com utilização de letrozol na estimulação ová-rica controlada em mulheres «más respondedoras».Como medidas de efetividade da estimulação foramanalisados vários parâmetros: dosagem de gonadotro-finas, taxa de cancelamento de ciclo, número de ovó-citos colhidos, número de ovócitos fertilizados, taxa deimplantação, taxa de gravidez e taxa de abortamento.Os dados obtidos foram analisados comparativamen-te a ciclos sem utilização de letrozol na estimulação,na mesma coorte de casais.Resultados e conclusões: A análise comparativa entreos ciclos com e sem letrozol revelou uma diminuiçãoestatisticamente significativa (p<0,001) da taxa de can-celamento, passando de 42% quando não foi utilizadopara 5% quando utilizado letrozol. Verificou-se ligei-ro aumento no número médio de ovócitos colhidos(5,1±4,5 vs. 4,1±3,6), aumento na taxa de implanta-ção (28% vs. 15%) e na taxa de gravidez (39% vs. 22%).Não se obtiveram diferenças com significado estatís-tico no que diz respeito dosagem de gonadotrofinasadministradas, nem aumento na taxa de abortamento.Os dados confirmam que a utilização de letrozol nes-tes casos poderá constituir uma vantagem comparati-vamente à estimulação isolada com gonadotrofinas.

0049IMPORTÂNCIA DO NÚMERO DE FOLÍCULOS PRÉ-OVULATÓRIOS COMO FACTOR PREDITIVODE SUCESSO EM INSEMINAÇÃO INTRA-UTERINATelma Esteves1, Vera Sousa2, Ana Aguiar3, Fernanda Leal3, Marta Carvalho3, Cátia Rodrigues3,Joaquim Nunes3, Sandra Sousa3, Ana Paula Soares3,Carlos Calhaz Jorge31. Hospital do Espírito Santo de Évora EPE, Évora, Portugal2. Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Barreiro, Portugal

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3. Departamento de Obstetrícia e Ginecologia CHLN - HospitalUniversitário de Santa Maria; Faculdade de Medicina da Universidade deLisboa/CAM – Centro Académico deMedicina de Lisboa, Lisboa, Portugal

Introdução:A inseminação intra-uterina (IIU) é umatécnica de procriação medicamente assistida simples enão invasiva, que apresenta taxas de gravidez cumula-tivas razoáveis, particularmente se associada à hiperes-timulação ovárica controlada (HOC).Objectivos:Avaliar a importância do número de folí-culos pré-ovulatórios [FPO] (dimensões superiores a16 e inferiores a 24mm) no sucesso da inseminação erelação com outros factores preditivos de êxito.Metodologia:Estudo retrospectivo dos casais subme-tidos a IIU numa Unidade de Medicina da Reprodu-ção. O desfecho principal foi existência de gravidez.Cada ciclo foi incluído num grupo: grupo 1 - 1 FPO;grupo 2 - 2 FPO; grupo 3 - 3 ou mais FPO. Em cadagrupo foi avaliada a associação entre gravidez e algunsfactores: idade e índice de massa corporal da mulher;duração e etiologia da infertilidade; espessura endome-trial; características do espermograma; número de IIUprévias. Para análise estatística utilizou-se o teste c2.Resultados e Conclusões: Foram analisados 1510 ci-clos (784 casais), todos com HOC; 784 no grupo 1,548 no grupo 2 e 178 no grupo 3. As taxas de gravidez por inseminação foram 10,1% (gru-

po 1), 16,6% (grupo 2) e 15,2% (grupo 3). A diferença foiestatisticamente significativa entre os grupos 1 e 2 (p<0,05).No grupo 1, 7,6% das gestações foram gemelares; no

grupo 2, 12,1% foram gemelares e 3,3% trigemelares eno grupo 3, 18,5% foram gemelares e 11,1% trigeme-lares. O grupo 3 apresentou mais risco de gravidezmúltipla que o grupo 1 (p<0,05). O grupo 2 não apre-sentou diferenças estatisticamente significativas em re-lação aos outros.Em nenhum grupo houve associação estatistica-

mente significativa entre os restantes parâmetros ava-liados e gravidez.Assim, o número ideal de FPO para aumentar a pro-

babilidade de gravidez é 2, sem aumento significativo dorisco de gravidez múltipla; não foi encontrado nenhumoutro factor que permita prever maior eficácia da técnica.

0061O NÚMERO DE OVÓCITOS COLHIDOS É MAISIMPORTANTE PARA A EFICÁCIA DOSTRATAMENTOS DE FIV E ICSI DO QUE A IDADEDA DOENTECátia Rodrigues, Marta Carvalho, Ana Aguiar,

Fernanda Leal, Joaquim Nunes, Sandra Sousa, Ana Paula Soares, Carlos Calhaz JorgeDepartamento de Obstetrícia e Ginecologia CHLN – Hospital Universitáriode Santa Maria Faculdade deMedicina da Universidade de Lisboa/ CAM –Centro Académico deMedicina de Lisboa, Lisboa, Portugal

Introdução:A obtenção de 3 ou menos ovócitos em ci-clos de FIV/ICSI é um critério de má resposta ovárica.Por outro lado, é indiscutível uma redução do sucesso des-tes tratamentos com o aumento da idade das doentes.Objectivo:Analisar a taxa de eficácia dos ciclos de FIVe ICSI em casais com 3 ou menos ovócitos colhidos,tendo em conta a idade da mulher.Metodologia:Estudo retrospectivo de todos os ciclosde FIV e ICSI com obtenção de ≥1 ovócito, entre Ja-neiro 2002 e Dezembro 2013. Formaram-se dois gru-pos, segundo o número de ovócitos (A: ≤3; B: >3).Comparam-se as taxas de transferência de embriões(TE) por punção, as taxas de gravidez e de parto porpunção e por TE e a taxa de abortos. Essas análises fo-ram efectuadas também considerando subgrupos deacordo com a idade das doentes (<35 anos ou ≥35 anose <40), e separadamente ciclos de FIV e ciclos de ICSI.Utilizaram-se os testes de Fisher ou c2.Resultados e Conclusões:Analisaram-se 3103 ciclos(grupo A=456; grupo B=2647). 67% dos ciclos (grupoA) e 58% (grupo B) foram de FIV. No grupo A as ta-xas de TE/punção, gravidez e parto/punção ou /TEforam significativamente inferiores às do grupo B(p<0,0001 em todas as comparações). Os subgruposdas doentes com <35 anos e os das doentes com ≥35anos mostraram diferenças significativas (com o mes-mo nível de significância) em todos os parâmetros atrásreferidos. Análises semelhantes mas considerando emseparado os ciclos de FIV e de ICSI deram resultadossobreponíveis. Não houve diferença nas taxas de abor-to entre os grupos ou os vários subgrupos.Os nossos resultados são fortemente sugestivos de que

o número reduzido de ovócitos é um factor extrema-mente relevante para a eficácia dos tratamentos, impac-to não minimizado por idades mais jovens das doentes.

0074RESULTADOS A CURTO E A LONGO PRAZO DAELECTROCOAGULAÇÃO LAPAROSCÓPICA DOSOVÁRIOSRita Luz1, Joana Barros2, Ana Aguiar2, Cátia Rodrigues2, Ana Paula Soares2, Joaquim Nunes2,Sandra Sousa2, Carlos Calhaz-Jorge21. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de Setúbal,Setúbal, Portugal

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2. Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução,Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, Lisboa, Portugal

Introdução: Nas mulheres inférteis com Síndrome dosOvários Poliquísticos, a electrocoagulação laparoscópicado ovário é uma boa alternativa terapêutica. No entanto,os seus benefícios a longo prazo estão pouco estudados.Objectivo: Relatar a eficácia da electrocoagulação la-paroscópica dos ovários na obtenção de gravidez e re-gularização dos ciclos menstruais a curto e longo prazo.Metodologia: Estudo retrospectivo das 85 doentessubmetidas a electrocoagulação laparoscópica dos ová-rios entre 2004 e 2013 na Unidade de Medicina da Re-produção (UMR). Após exclusão dos casos com vigi-lância incompleta, o grupo de estudo incluiu 77 mu-lheres. Foram avaliados os achados clínicos e taxa degravidez, enquanto as mulheres foram seguidas naUMR. Os resultados a longo prazo foram obtidos atra-vés de entrevista telefónica realizada às doentes opera-das há mais de 3 anos (n=59).Resultados e Conclusões:A idade média era 30 anos(±4,1) e a infertilidade era primária em 75,3% com umaduração (mediana) de 39,7 meses (11-144). Cinquen-ta doentes estavam em oligomenorreia (64,9%) e 16em amenorreia (20,8%). O seguimento (mediana) foide 7 meses (1-51). Os ciclos menstruais após a cirur-gia eram regulares em 68,8%, embora 22,1% das doen-tes referisse ciclos irregulares; a diferença era signifi-cativa em relação ao pré-operatório (p<0,01). Duran-te o seguimento na UMR, 51 mulheres engravidaram1 vez (66,2%) e 8 engravidaram 2 vezes (10,4%), comum total de 45 nados vivos e 4 gravidezes em curso.Quanto aos resultados a longo prazo, 47 mulheres res-ponderam ao questionário. Das 24 doentes que nãousavam contracepção hormonal, 12 tinham ciclos re-gulares (52,2%) e 4 estavam em oligo/amenorreia(17,4%). Dezasseis mulheres engravidaram novamen-te e 2 pela primeira vez (sem tratamento). Este estudosugere que a electrocoagulação dos ovários, para alémde eficaz na resolução da anovulação no curto prazo,acompanha-se de benefícios a longo prazo, no que tocaà fertilidade e regularidade menstrual.

0075ELECTROCOAGULAÇÃO LAPAROSCÓPICA DOOVÁRIO – FACTORES DE PREDITIVOS DE SUCESSORita Luz1, Joana Barros2, Ana Aguiar2, Cátia Rodrigues2,Ana Paula Soares2, Joaquim Nunes2, Sandra Sousa2, Carlos Calhaz-Jorge21. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de Setúbal,Setúbal, Portugal

2. Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução,Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, Lisboa,Portugal

Introdução: O Síndrome dos Ovários Poliquísticos(SOP) é caracterizado por anovulação, hiperandroge-nismo e/ou ovários poliquísticos. Nas mulheres infér-teis, a realização de electrocoagulação laparoscópicados ovários é uma das alternativas terapêuticas.Objectivos: Determinar os factores preditivos de su-cesso da electrocoagulação laparoscópica dos ováriosna obtenção de gravidez espontânea na ausência de ou-tros factores de infertilidade.Metodologia: Estudo retrospectivo das doentes sub-metidas a electrocoagulação laparoscópica do ovário en-tre 2004 e 2013 na Unidade de Medicina da Reprodu-ção do Hospital de Santa Maria (n=85). Após exclusãodos casos com outros factores de infertilidade e vigi-lância pós-operatória incompleta, o grupo de estudo in-cluiu 71 mulheres. Foram comparados os dados demo-gráficos e os achados clínicos, analíticos e ecográficosentre as mulheres que engravidaram espontaneamente(n=27) e aquelas que não engravidaram ou que engra-vidaram após terapêutica subsequente (n=44).Resultados e Conclusões:A idade média era de 30,1anos (±4,1) e a infertilidade era primária em 76,1% doscasos com uma duração mediana de 39 meses (13--150). Quanto à avaliação inicial do SOP, 62 mulhe-res estavam em oligo/amenorreia (87,3%) e 27 apre-sentavam hiperandrogenismo (38,0%). O IMC médioera de 25,4 Kg/m2 (±4,7) e 46,5% das doentes eramobesas ou tinham excesso de peso. O seguimento (me-diana) até à gravidez ou última consulta foi de 9 meses(3-60). A taxa de gravidez espontânea foi de 38,0% ea taxa de gravidez no global foi de 66,2%. De todos osdados avaliados, o único factor preditivo de sucessopara gravidez espontânea foi a duração da infertilida-de inferior a 3 anos (p < 0,05; OR 3,9 - IC95% 1,4--10,7), concluindo-se que não parecem existir crité-rios de clínicos, analíticos e/ou imagiológicos úteis paraa selecção das doentes que mais poderiam beneficiarcom a alternativa cirúrgica para o tratamento da ano-vulação.

0081INFERTILIDADE MASCULINA: QUAIS OSFACTORES QUE INFLUENCIAM A QUALIDADEDO ESPERMA?Joana Barros, Isabel Pereira, Marta Carvalho, Fernanda Leal, Carlos Calhaz Jorge

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Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução,Hospital Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal

Introdução: Nos últimos anos, têm sido publicadosnumerosos estudos que tentam associar a infertilidademasculina a diversos factores, dos quais os mais estu-dados têm sido a idade, o índice de massa corporal(IMC) e o tabagismo.Objectivos: Caracterizar as alterações do espermo-grama de uma população de homens inscritos em con-sulta de Apoio à Fertilidade e avaliar a sua relação coma idade, o IMC e tabagismo.Metodologia: Estudo de coorte através da avaliaçãoretrospectiva dos dados referentes a todos os utentesda consulta de Apoio à Fertilidade da nossa instituição,que realizaram espermograma no mesmo Laboratóriode Procriação Medicamente Assistida durante o ano2013. Avaliámos a associação dos parâmetros clássicosdo espermograma a determinadas características danossa amostra como a idade, IMC e tabagismo.Resultados e Conclusões: Foram incluídos no estudo418 homens, após exclusão de 69 por presença dedoença concomitante. A idade média foi 35 (± 5,0)anos, a maioria (275; 66%) dos homens tinha excessode peso ou obesidade, e cerca de um terço (144; 34%)era fumador. Verificámos a presença de normospermiaem apenas 17% dos casos (n=71), sendo que o parâ-metro mais frequentemente alterado foi a morfologia.Aplicando modelos de regressão logística univariada,verificámos que tanto a concentração de espermato-zoides inferior a 1x106/ml, como a motilidade (pro-gressivos rápidos e lentos) apresentam uma associaçãoestatisticamente significativa com a idade (p = 0,01 ep= 0,04, respectivamente) quando avaliadas isolada-mente. Contudo, esta associação desaparece após aanálise multivariada, incluindo todas as variáveis de in-teresse em simultâneo (idade, tabagismo e IMC).Assim, ao contrário de estudos recentes que eviden-ciaram associação entre a idade, IMC, tabagismo e al-terações do esperma, na nossa amostra não encontra-mos evidências desta relação. Contudo, o facto de a po-pulação em estudo incluir apenas homens pertencen-tes a casais inférteis poderá estar a influenciar estesresultados.

0185AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA DEMICRODELECÇÕES AZF E ALTERAÇÕES DOCARIÓTIPO NA OLIGOSPERMIAIsabel Barros Pereira1, Joana Barros1, Ana Aguiar1, Sandra Sousa1, Joaquim Nunes1, Cátia Rodrigues1,

Ana Paula Soares1, João Gonçalves2, Carlos Calhaz Jorge11. Unidade de Medicina da Reprodução, Dep. Obstetrícia, Ginecologia eMedicina da Reprodução, CHLN-Hospital de Santa Maria, Lisboa,Portugal2. Unidade de Genética Molecular, Dep. Genética Humana, InstitutoNacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal

Introdução: A infertilidade masculina é uma entida-de complexa que afecta um número importante de ho-mens, permanecendo a sua etiologia desconhecida emmuitas situações. Alterações do cariótipo podem con-tribuir para diminuir a quantidade e qualidade dos es-permatozóides A elucidação de eventual base genéti-ca subjacente pode também ajudar a determinar a ra-zão da alteração espermática e abrir novas perspectivaspara tratamentos eficazes. A região AZF (azoosper-mia factor) do cromossoma Y contém genes essenciaispara a espermatogénese.Objectivo: Determinar a frequência de alterações docariótipo e microdeleções em AZF em homens comoligospermia e caracterizar demograficamente esta po-pulação.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos de casais seguidos na Consulta de Apoioà Fertilidade do nosso Departamento. Foram incluídosos indivíduos que realizaram estudo cromossómico egenético (pesquisa de microdelecções em AZF), mo-tivado por contagem de espermatozóides inferior a 5 x106/ml no período entre Janeiro de 2012 e Dezembrode 2013. Pretendemos avaliar os resultados do estudogenético.Resultados e Conclusões: Foram incluídos 151 ca-sos. A média etária foi 34,3 anos (21-47) e o índice demassa corporal médio 26 (17-40). 39,1% dos homenseram fumadores e destes 42,4% fumavam mais de 20cigarros por dia. A pesquisa de microdelecções emAZF foi realizada em 105 casos e o cariótipo determi-nado em 138. Foram detectadas microdelecções emAZF em 9 casos (8,6%), sendo mais frequentes as daregião AZFc (6 casos), seguidas das regiões AZFb (2casos) e AZFa+c (1 caso). 5 casos (3,6%) apresenta-vam alterações do cariótipo: 3 casos com 47XYY, 1caso com 45XY e um caso com 46XY t(5;12)(q33,1;p13,1). 13 casos apresentavam azoospermia.Neste sub-grupo um caso apresentava microdelecçãoem AZFa+c e um alteração do cariótipo. Na amostraestudada, a frequência de microdelecções em AZF ealterações do cariótipo está de acordo com a publica-da em séries anteriores.

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0246ENDOMETRIOSE E PROCRIAÇÃOMEDICAMENTE ASSISTIDA. CASUÍSTICA DOCHVNGE 2012-2013Paula Norinho de Oliveira, João Abreu Silva, Madalena Cabral, Ilda Pires, Marta Osório, Sueli Pinelo, Helena Serra, António Barbosa, Helena Figueiredo, Eduarda FelgueiraCentro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Espinho, EPE, Gaia, Portugal

Introdução: No CHVNGE, entre 1 de Janeiro de2012 e 31 de Dezembro de 2013 realizaram-se cercade 610 ciclos de FIV/ICSI. Em 71 destes ciclos (52casais) de procriação medicamente assistida (PMA), amulher tinha diagnóstico de endometriose.Objetivos: Pretende-se avaliar a eficácia dos ciclos dePMA em pacientes com endometriose.Metodologia: Estudo retrospetivo, efetuado entre 1de Janeiro de 2012 e 31 de Dezembro de 2013, dos ci-clos efectuados em pacientes com endometriose isola-da ou em associação - amostra de 71 casos. Dados co-lhidos: idade, tipo de infertilidade, anos de infertilida-de, factores de infertilidade, grau de endometriose, ci-rurgias ginecológicas, se realizou punção e esclerose deendometrioma, FSH basal, tipo de ciclo, medicação edose, índice de massa corporal (IMC), números deovócitos, criopreservação, gravidez.Tratamento estatístico com Statistical Package of So-

cial Sciences (SPSS) versão 20.0 (média, desvio padrão,mínimo, máximo).Resultados e conclusões: Nos 71 ciclos (52 casais) aidade média materna é de 33,5 anos. Registou-se in-fertilidade primária em 79 %, duração média de infer-tilidade de 3,7 anos, valor médio de FSH basal de 6,3mlU/ml. Em 65% das pacientes havia antecedentes ci-rúrgicos e 5,8% das pacientes tinham ovário único. Foirealizada punção e esclerose de endometrioma em 15%das pacientes, sendo 3 destes casos recidivas de trata-mento cirúrgico prévio. Das mulheres operadas, 32,5%tiveram diagnóstico de endometriose severa (III/IV). A taxa de gravidez por ciclo nas pacientes com en-

dometriose foi de 26,76% e a taxa de gravidez portransferência foi de 33,9%. Em pacientes cujo fator deinfertilidade é o fator tubar (n=20), a taxa de gravidezpor ciclo foi de 30% e a taxa de gravidez por transfe-rência foi de 37,5%. Comparando a taxa de gravidezpor ciclo em pacientes com endometriose e em pa-cientes com fator tubar, obtemos um p=0,774.

Menopausa

0032ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE DA MULHER NOCLIMATÉRIOAngelica Avila Miranda Silva, Valdenice Rodrigues da Cunha Sousa, Juarez Inacio,Jorge Pereira Lemes, Diogo Rosa VieriaUniversidade Presidente Antônio Carlos, Araguari Mg, Brazil

O presente estudo tem como objetivo aperfeiçoar oatendimento às mulheres no período do climatério e autilização dos recursos do Sistema Único de Saúde(SUS) na cidade de Araguari - MG, bem como pro-por refletir sobre as mudanças de paradigmas na assis-tência, destacando a multidisciplinaridade e interdis-ciplinaridade, no sentido de acolher melhor essa par-cela da população, proporcionando um cuidado inte-gral e individualizado, aproximando o saber dasensibilidade, voltado a uma melhor qualidade de vida.Metodologia: No período de Fevereiro a Julho de2014, período correspondido ao primeiro semestre le-tivo do curso de Medicina da Universidade Presiden-te Antônio Carlos do Município de Araguari-MG, nocenário prático da Unidade Básica de Saúde Gutierrez,observou-se através da teoria da problematização como Arco de Maguerez e um estudo observacional que,mulheres no período do climatério, apresentam dúvi-das e incertezas, mitos e preconceitos a respeito do pe-ríodo de vida que estão vivendo.Conclusões: Com a realização do projeto, permitiu--se a caracterização do climatério como fase crítica paraa saúde da mulher, onde cuidados são necessários e in-tervenções em saúde são possíveis, o que mostra a im-portância da incorporação desse atendimento especí-fico na rede pública de saúde. Nesse contexto, as abor-dagens de caráter multidisciplinar e interdisciplinar,com distribuição de panfletos informativos, palestraseducativas e elaboração de um protocolo de atençãoprimária a saúde da mulher no climatério, ganharamparticular destaque nessa fase, por permitirem acolherum maior número de mulheres, além de favoreceremo intercâmbio de saberes e habilidades, com vistas apromover mais saúde e qualidade de vida a essa parce-la crescente da população através de um cuidado maisintegral e individualizado, considerando a multiplici-dades de fatores envolvidos no climatério.

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0188TAXA DE CONTINUIDADE E MOTIVOS PARASUSPENSÃO DA TIBOLONAIsabel Barros Pereira, Carolina Vaz Macedo, Ana Candeias, Joaquim NevesDepartamento/Clínica Universitária de Obstetrícia e Ginecologia,CHLN – Hospital Universitário de Santa Maria, Faculdade de Medicinada Universidade de Lisboa, CAM - Centro Académico de Medicina deLi, Lisboa, Portugal

Introdução: A tibolona é uma alternativa para o alí-vio dos sintomas associados à menopausa, com efeti-vidade idêntica aos restantes fármacos nesta indicação,evidenciando menor incidência de spotting e metror-ragias. Tem ação semelhante à dos estrogénios nos sin-tomas vasomotores(SVM), com efeito limitado no en-dométrio por oposição progestagénica e apresenta li-geira influência androgénica. A melhoria dos SVMocorre em semanas, mas os melhores resultados sãoobti dos com a continuação do tratamento.Objectivos: Avaliar a taxa de continuidade da tera-pêutica com tibolona e determinar os principais moti-vos para suspensão.Metodologia: Análise retrospetiva dos processos clí-nicos de mulheres medicadas com tibolona ao longode 60 meses. Foram recrutados os seguintes elementos:dados demográficos, duração da utilização da tibolo-na e principal motivo para descontinuação.Resultados e Conclusões:Após exclusão das mulhe-res que faltaram à primeira consulta de seguimento foram incluídos 185 casos. A média etária foi56,4±35,5anos (41-77), a menarca ocorreu em médiaaos 12,7±1,7 (9-18) e a menopausa aos 49,3±4,2 (36--58). O índice de massa corporal médio foi 29,3±6 (18--53,6) e o perímetro cintura/anca 89,1±12,3cm (61--126). A taxa de continuidade da tibolona foi 94,6%aos 12 meses, 64,9% aos 24 meses, 18,4% aos 36 me-ses, 16,2% aos 48 meses e 15,7% aos 60 meses. O prin-cipal motivo para interrupção constituiu a resoluçãodos SVM (30,8%), seguido por dificuldades financei-ras (12,8%), intolerância gastrointestinal (10,9%), ma-nutenção/agravamento dos SVM (10,3%) e hemorra-gia vaginal (6,4%). Outras razões menos frequentes in-cluíram aumento ponderal (2,6%), edemas dos MI(2,6%), hirsutismo (1,3%), cefaleias (0,6%), hiperten-são arterial (0,6%) e receio de patologia mamária(0,6%). 20,5% dos casos não invocaram qualquer razãopara a suspensão. Nesta amostra o tratamento com ti-bolona apresentou elevada taxa de continuidade(94,6%) aos 12 meses com redução para 15,7% aos 60meses. A maioria das mulheres descontinuou a tera-

pêutica por resolução dos SVM. As dificuldades eco-nómicas interferiram na continuação da medicação

Contraceção

0008CONTRACEPÇÃO HORMONAL: COMO ACTUARNAS ALTERAÇÕES DO PADRÃO MENSTRUAL?UM PONTO DE SITUAÇÃOFilipa Castro-Coelho1, Francisco Macedo2, Cláudia Freitas11. Hospital Dr. Nélio Mendonça - Serviço de Saúde da RegiãoAutónoma da Madeira (SESARAM), E.P.E., Funchal, Portugal2. Centro de Saúde Dr. Rui Adriano de Freitas – SESARAM, E.P.E.,Funchal, Portugal

Introdução: A actuação clínica perante mulheres quese apresentam com hemorragia intercíclica (HIC) du-rante o uso de contracepção hormonal (CH) é um de-safio. Recomendações para a melhor prática clínica sãofornecidas onde a evidência existe.Objectivo: Rever as recomendações da abordagem daHIC de causa iatrogénica, em particular, associada aouso de CH.Metodologia: Pesquisa de revisões sistemáticas, ba-seadas na evidência e de ensaios clínicos aleatorizados,publicados entre 2003 e 2013, em inglês e português,utilizando os termos MeSH: “contraceptives,oral",“contraceptive devices", “contraceptive agents", “con-traceptives, therapeutics", "unpredictable bleeding",“unscheduled bleeding". Utilizada a escala Strength ofRecommendation Taxonomy(SORT) da AmericanFamily Physician para avaliação dos níveis de evidên-cia e atribuição de forças de recomendação.Resultados e Conclusões: Das 44 fontes bibliográfi-cas enquadradas no objectivo desta revisão, incluem-sequatro consensos clínicos, nove artigos de revisão sis-temática, dois artigos de revisão baseada na evidênciae 14 ensaios clínicos aleatorizados. HIC é um efeito se-cundário comum da CH, particularmente com a utili-zação de métodos progestativos. Antes de iniciar CH,as mulheres devem ser informadas quanto ao padrãohemorrágico expectável. Aconselhamento pré-tera-pêutico pode determinar substancialmente a com-pliance. A actuação clínica perante HIC varia com ométodo e regime utilizados e deve ser dirigida especi-ficamente à CH adoptada. De acordo com a literatu-ra, recomenda-se tranquilizar e orientar a mulher paraa não interrupção do método. São opções válidas o re-

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curso a suplementação hormonal estrogénica, proges-tativa e/ou anti-inflamatória. Por último, um métodoalternativo pode ser considerado. HIC persistente ouocorrência de hemorragia de novo incaracterística, exi-ge exclusão de outras causas de hemorragia uterinaanómala (HUA). Apesar dos numerosos estudos, é ne-cessário maior grau de evidência na abordagem destasituação na prática clínica. Investimento futuro no co-nhecimento da patofisiologia da HIC associada à CH,poderá atenuar o elevado ónus sócio-financeiro que aHUA representa na saúde da mulher.

0058INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ:CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICAInês Ramalho, Rita Medeiros, Teresa Bombas, Marta Brinca, Paulo MouraServiço de Obstetrícia A, Maternidade Daniel de Matos, CentroHospitalar e Universitário de Coimbra E.P.E., Coimbra, Portugal

Introdução:Uma gravidez indesejada é susceptível deacontecer a mulheres de todas as idades e condiçõessociais. A interrupção voluntária da gravidez (IVG) foidespenalizada em Portugal em 2007 e é permitida atéà décima semana de gestação, desde que realizada numestabelecimento de saúde oficialmente reconhecido.Objetivo:Caracterização sociodemográfica da popu-lação que recorreu ao nosso serviço para realizar IVG.Material e métodos:Análise retrospetiva dos proces-sos clínicos das utentes que recorreram à consulta paraefetuar uma IVG, entre Julho de 2007 e Dezembro de2013.Resultados: No referido período efetuaram-se 2707IVG, verificando-se em 2013 um decréscimo no nú-mero de solicitações e IVG consumadas, relativamen-te aos anos anteriores. 88.7% das utentes eram de na-cionalidade portuguesa. Das estrangeiras, 38.5% eramafricanas. A idade média foi de 29 ± 7,43 anos. Tinhamconcluído o ensino superior 28,8% e o ensino secun-dário 44,5%. Exerciam um trabalho qualificado 35,4%,21,2% eram estudantes e 13,5% estavam desemprega-das. Eram solteiras 54,0% e casadas 35,1%. Eram nu-líparas 45,9% e 28,3% tinham 2 ou mais filhos. Em12,8% dos casos havia antecedentes de IVG. Frequen-taram uma consulta de Planeamento Familiar no ulti-mo ano 51,5% das utentes. Usavam um método con-tracetivo 79,8% e fizeram contraceção de emergência5,4%. Não especificaram motivo de interrupção 13,7%das mulheres. Das que especificaram, 22,5% referiramjá ter o número de filhos desejado, 17,1% por idade,

17,0% por situação económica desfavorável e 14,2%por motivos profissionais. A idade gestacional médiada interrupção foi de 6 semanas. Desistiram da inter-rupção de gravidez 15,6% das utentes e iniciaram ummétodo de contracepção após a IVG 95,4%.Conclusões:Na população estudada a interrupção degravidez foi transversal a todos os grupos etários e pro-fissionais, por motivos distintos. Maioritariamenteeram nulíparas e utilizadoras de contracepção, mas fre-quentemente sem vigilância em consulta de planea-mento familiar.

0112CONTRACEPÇÃO DEFINITIVA VIAHISTEROSCÓPICA – UMA OPÇÃO VANTAJOSAVera Sousa1, Cristiana Gonçalves1, Patrícia DiMartino2, João Mairos21. Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar BarreiroMontijo, Barreiro, Portugal2. Serviço de Ginecologia, Hospital das Forças Armadas, Lisboa,Portugal

Introdução: A oclusão tubária histeroscópica consti-tui-se como um método revolucionário de contracep-ção definitiva. Trata-se de um procedimento rápido,sem necessidade de anestesia ou internamento, possi-bilitando a sua realização no consultório. O sistemaEssure® apresenta uma eficácia de 99,83% a 5 anos.Objetivos: Analisar a eficácia e fatores condicionan-tes do sucesso da técnica, no que respeita à sua tolera-bilidade.Métodos:Estudo retrospetivo dos processos das doen-tes submetidas a oclusão tubária histeroscópica entreJaneiro de 2009 e Outubro de 2013 no Hospital dasForças Armadas.Resultados: Foram realizadas 43 histeroscopias office,por vaginoscopia, com o objetivo de realizar laqueaçãotubária bilateral.As mulheres apresentavam uma média de idades de

42,3 anos (32-49 anos), 81,4% tinham pelo menos umparto vaginal nos antecedentes. Todas foram observa-das numa consulta prévia. 90% foram medicadas comdiazepam e butilescopolamina, 32,6% com misopros-tol. Num caso foi realizada anestesia histeroscópica.Em 7 foi realizada polipectomia intra-procedimento,registando-se ainda uma miomectomia.A laqueação histeroscópica foi concluída com su-

cesso em 83,7%(n=36) das doentes, num caso não fo-ram visualizados os ostia tubários e nos restantes, pelomenos uma das trompas não se encontrava permeável.A dor sentida durante o procedimento foi avaliada de

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acordo com uma escala de dor e classificada como li-geira (0-3) por 39,6%, moderada (4-6) por 39,6% e se-vera (7-10) por 18,6%, porém nenhuma destas doen-tes manifestou preferência por realizar o mesmo pro-cedimento sob anestesia geral. Todas tiveram alta me-nos de uma hora após o procedimento.Não se verificou relação estatística entre os diversosfármacos administrados ou a existência de parto vagi-nal nos antecedentes e o grau de dor percecionado.Discussão:A laqueação tubária via histeroscópica rea-lizada em consultório demonstra ser um método se-guro e eficaz, sendo na maioria dos casos bem tolera-do pelas doentes. A experiência do operador é deter-minante no sucesso da técnica.

0130EFEITOS INDESEJADOS DE IMPLANTESUBCUTÂNEO DE ETONOGESTREL – 3 ANOS DEUTILIZAÇÃOJosé Miguel Raimundo, Rui Leal, Rubina Mendonça,Rita Luz, Helena Machado, Margarida Cunha, Benilde Maria, Isabel MatosCentro Hospitalar de Setúbal, E.P.E., Setúbal, Portugal

Introdução: O implante subcutâneo com etonogestrelé um contraceptivo hormonal de acção prolongada, efi-caz du rante 3 anos, reversível; contém 68mg do pro-gestagénio etonogestrel. O etonogestrel é metaboliza-do pelo fígado através da enzima CYP3A4 hepática;tem uma semi-vida de aproximadamente 25 horas e éexcretado principalmente na urina. O principal meca-nismo de ação é a supressão da ovulação. O implantede etonogestrel aumenta a viscosidade do muco cervi-cal e altera o revestimento do endométrio, o que contri -bui para o seu efeito contraceptivo. O efeito secundá-rio mais comum é a alteração do padrão hemorrágico.Objectivo: Estudar a eficácia contraceptiva, tolerabi-lidade e aceitabilidade de implantes subcutâneos deetonogestrel.Material e Métodos: Estudo retrospectivo através daconsulta de processos clínicos de mulheres com con-tracepção progestativa subcutânea de etonogestrel noServiço de Ginecologia/Obstetrícia do Centro Hos-pital de Setúbal, EPE, durante 3 anos, entre 1 de Ja-neiro de 2011 e 31 de Dezembro de 2013 (n=472).Resultados: No grupo seleccionado verificou-se que43,64% (206/472) não referiram nenhum efeito inde-sejado; 56,35% (266/472) reportaram efeitos indeseja-dos, nomeadamente: aumento de peso 25,21%(119/472); cefaleias 9,96% (47/472); labilidade emo-

cional 6,36% (30/472); acne 5,30% (25/472); masto-dínia 5,08% (24/472); dor abdominal 3,18% (15/472).61,02% (288/472) referiram alteração do seu padrãomenstrual, 21,82% (n=103) amenorreia/hemorragiapouco frequente e 39,19% (n=185) hemorragiafrequen te. Houve necessidade de remoção antes dotempo em 107 (22,67%) mulheres por efeitos indese-jados. Não houve nenhum caso descrito de gravidezindesejada.Conclusão: Segundo este estudo o implante subcutâ-neo com etonogestrel é um método eficaz de contra-cepção, com uma taxa de abandono de 22,67% pelosefeitos indesejados, essencialmente alteração do pa-drão menstrual.

0174IMPLANTE SUBCUTÂNEO – AS JOVENSADEREM OU NÃO?Tânia Lima, Maria Teresa Silva, Bruna Vieira, Cidália Conde, Mónica Fernandes, Joana Lima Santos,Marcília Teixeira, Teresa OliveiraCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução: O implante subcutâneo (IS) é um con-traceptivo hormonal reversível de longa duração. A suacolocação deve sempre respeitar o consentimento in-formado. Quando surgem efeitos adversos, o desafio émanter a compliance das utilizadoras.Objectivos: Avaliar a adesão das jovens que requisita-ram IS no ano de 2010 num Centro de Atendimentoa Jovens – Espaço Jovem (EJ), identificar reacções adversas e decisão sobre contracepção posterior.Metodologia: Análise retrospectiva dos processos dasutentes do EJ que colocaram IS no ano de 2010 comavaliação dos três anos subsequentes.Resultados e Conclusões: Em 2010, 88 jovens colo-caram implante subcutâneo no EJ. A idade média nadata da colocação foi de 19,5 anos. 61% eram estu-dantes, 43% tinham antecedentes de gravidez e destas13,5% já tinham realizado um interrupção da gravidezpor opção e 31,8% das utilizadoras estavam institucio-nalizadas. Previamente à colocação de implante, 36,4%faziam anticoncepcional oral, 31,8% já eram utiliza-doras de implante e 31,8% não referiam uso regular decontracepção. Durante os três anos seguintes, 22 uten-tes (25%) recorreram à consulta por efeitos adversosdo implante, sendo os principais: irregularidades mens-truais (36,4%) e alteração ponderal (22,7%). Oito uten-tes (9,1%) removeram antecipadamente o implante. 39utentes removeram o IS após três anos e destas 23 pre-

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feriram manter o método (59%).41 casos foram perdidos no seguimento dado o EJ

ser uma consulta de acesso livre, sem marcação e até aos25 anos.Das utilizadoras que recorreram à consulta com

efeitos adversos, a maioria manteve o método até aofim da validade. Nesta população a informação e dis-ponibilidade de acesso à consulta assumem grande im-portância para melhorar a compliance do método.

0198INFLUÊNCIA DA CONTRACEPÇÃO HORMONALNAS DOENTES COM HISTÓRIATROMBOEMBÓLICA COM IDADE INFERIOR A40 ANOSPedro Figueiredo1, Diana Coelho1, Manuela Mesquita1,Fátima Queirós2, Lucinda Graça11. Serviço de Ginecologia/Obstetrícia, Centro Hospitalar do Alto Ave,Guimarães, Portugal2. Serviço de Imunohemoterapia, Centro Hospitalar do Alto Ave,Guimarães, Portugal

Introdução: Após 50 anos da introdução da contra-cepção hormonal, desde cedo foi reconhecida e iden-tificada a associação de episódios tromboembólicos ea utilização de contraceptivos, sobretudo com o com-ponente estrogénico. A ocorrência destes eventos, emmulheres jovens, tem vindo a diminuir com as meno-res dosagens hormonais utilizadas.Objectivos:Avaliação retrospectiva de todas as doen-tes com eventos tromboembólicos com menos de 40anos referenciadas ao Centro Hospitalar do Alto Ave(C.H.A.A.) de 01-01-2010 a 31-12-2013 sob in-fluência da contracepção hormonal combinada.Metodologia: Foram recolhidos dados como a idade,tipo da contracepção utilizada, relação do início dacontracepção e o evento, presença de trombofilia e ou-tros factores de risco cardiovascular. Os dados foramanalisados recorrendo à aplicação SPSS®, versão 22.0.Resultados: Obteve-se uma coorte de 98 doentes,provenientes de diferentes especialidades intra e extra--hospitalares (todas referenciadas à consulta de Imu-no-Hemoterapia/Doenças Tromboembólicas). Cons-tatamos a presença de fenómenos tromboembólicosem mulheres muito jovens, com um ou mais factoresde risco mas também sem risco identificado.Conclusão: A contracepção hormonal combinadaconstituiu uma das grandes revoluções do século XX,mantendo um lugar no planeamento familiar nos diasde hoje. Contudo, e apesar das menores dosagens es-trogénicas utilizadas, a abordagem contraceptiva em

termos individuais, com a identificação de factores derisco e antecedentes da mulher, continua a ser funda-mental na opção pelo método, com ponderação dosriscos/benefícios.

0233INTERRUPÇÃO MÉDICA DA GRAVIDEZ –CASUÍSTICA DE 2 ANOSBruna Vieira, Tânia Lima, Joaquim Saraiva, Cristina Dias, Maria José Mendes, Luísa Ferreira, Maria Céu Rodrigues, Jorge BragaCentro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal

Introdução:A interrupção médica da gravidez (IMG)proporciona uma alternativa a grávidas com situaçõesde malformações ou alterações cromossómicas fetaisgraves. No período per e pós-IMG podem ocorrer di-ferentes tipos de complicações, pelo que se torna im-portante a avaliação casuística destes aspetos. O pro-tocolo de IMG nesta instituição inclui o mifepristoneoral, seguido de misoprostol vaginal.Objetivos: Avaliação das IMGs realizadas no Servi-ço de Obstetrícia, de abril de 2012 até abril de 2014,quanto à indicação, métodos terapêuticos e tempo mé-dio do procedimento e internamento.Metodologia:Estudo retrospetivo e descritivo, recor-rendo à consulta de processos clínicos.Resultados e Conclusões: Realizaram-se 62 IMGsdurante o período de estudo, com uma IG média de 18semanas, sendo que 50% (n=31) foram realizadas se-gundo o protocolo em vigor atualmente (protocoloatualizado desde abril de 2013). Os motivos mais fre-quentes foram as cromossomopatias (43,5%), sendo atrissomia 21 a mais observada (59,2%), seguidas dasmalformações ecográficas major (35,5%), nas quais sedestacam as cardiopatias congénitas graves (22,7%), ossíndromes polimalformativos (22,7%) e os defeitos dotubo neural (18,2%). A média de dias de internamen-to foi de 2,6 dias, verificando-se a expulsão fetal emmédia 11h após a introdução do misoprostol. Em 8%dos casos foi necessário a utilização posterior de sul-prostone. Como complicações, em 41,9% dos casos foirealizada curetagem uterina por retenção de restosplacen tares ou ovulares. Observou-se 1 caso de roturauterina.O principal motivo de IMG continuam a ser as cro-

mossomopatias. A IMG é um procedimento que se as-socia a um tempo de internamento relativamente cur-to. As complicações graves como a rotura uterina sãoraras. Não sendo um procedimento isento de riscos,

Page 74: Posters - Federação das sociedades portuguesas de ... · venção constatou-se presença de apêndice aumentado, pelo que se procedeu a apendicectomia. Exame histo- ... A idade

Posters

110 Acta Obstet Ginecol Port 2014;8(suplemento):33-110

parece importante o ajuste da dosagem de misopros-tol de com a idade gestacional e a presença de cicatrizuterina prévia (Hammond C. et al, 2009).

0253INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ POR OPÇÃO DAMULHER – QUEM FALTA À CONSULTA DEPLANEAMENTO FAMILIAR?Rosália Coutada, Soraia Cunha, Armanda Amorim,João Pedro Silva, Paula PinheiroServiço de Ginecologia e Obstetrícia, Unidade Local de Saúde do AltoMinho (ULSAM), Viana do Castelo, Portugal

Introdução:O planeamento familiar adequado e efi-caz após a interrupção da gravidez por opção da mu-lher (IGO) é fundamental para evitar recorrências.Contudo, os vários relatórios dos registos das inter-rupções da gravidez, publicados pela Direção Geral daSaúde desde 2007, mostram que 3 a 6% das mulheresnão inicia nenhum método contracetivo após IGO.Objetivos: Analisar as características sociodemográ-ficas e antecedentes obstétricos das mulheres que fal-taram à consulta de planeamento familiar após IGO eque, por conseguinte, não iniciaram nenhum métodocontracetivo no imediato.Metodologia:Estudo retrospetivo, descritivo e analíti-co, baseado na consulta dos processos clínicos das mu-lheres submetidas a IGO na ULSAM entre 2009-2013.A análise estatística foi realizada em SPSS v21.0.Resultados:No período de estudo referido foram rea-lizadas 653 IGOs na ULSAM. A taxa de absentismoà consulta de planeamento familiar foi de 9,2% (60mulheres). Comparativamente com mulheres que ini-ciaram algum método contracetivo após IGO, as mu-lheres que faltaram à consulta de planeamento familiareram tendencialmente mais jovens (27,9±7,7 anos vs29,4±8,2 anos; p=ns), tinham menos habilitações lite-rárias superiores (ensino secundário e superior: 38,3%vs 52,4%; p=0,037) e, neste grupo, verificou-se umamaior incidência de população imigrante (23,3% vs9,6%; p=0,001). Não se observaram diferenças estatis-ticamente significativas entre os dois grupos no queconcerne ao estado civil, situação laboral, paridade ounúmero de IGOs anteriores.Conclusão:O conhecimento dos fatores de risco parao absentismo à consulta de planeamento familiar e oaconselhamento contracetivo realizado ao longo de to-das as consultas do processo de interrupção da gravi-dez são indispensáveis para diminuir o número de mu-lheres que não inicia contraceção após IGO.

0277CONTRACEÇÃO APÓS INTERRUPÇÃO DAGRAVIDEZ POR OPÇÃO DA MULHERRosália Coutada, Soraia Cunha, Armanda Amorim,João Pedro Silva, Paula PinheiroServiço de Ginecologia e Obstetrícia, Unidade Local de Saúde do AltoMinho (ULSAM), Viana do Castelo, Portugal

Introdução:O planeamento familiar adequado e efi-caz após a interrupção da gravidez por opção da mu-lher (IGO) é fundamental para evitar recorrências. Osmétodos reversíveis de longa duração, para além demuito efetivos, dependem pouco da compliance da mu-lher para um uso correto.Objetivos: Descrever as escolhas contracetivas apósIGO e comparar as características sociodemográficase antecedentes obstétricos das mulheres que optarampor métodos reversíveis de longa duração (MRLD)versus métodos reversíveis de curta duração (MRCD).Metodologia:Estudo retrospetivo, descritivo e analítico,baseado na consulta dos processos clínicos das mulheresque realizaram IGO na ULSAM entre 2009-2013.Resultados: Entre 2009-2013 foram realizadas 653IGOs na ULSAM. Os métodos contracetivos maisutilizados após IGO foram os hormonais orais(36,4%), o implante subcutâneo (27,4%) e o dispositi-vo intrauterino (16,4%). Em 5,7% dos casos foi esco-lhido outro método hormonal (anel vaginal ou adesi-vo transdérmico) e 4,9% das mulheres optaram por la-queação tubária. 9,2% das mulheres faltaram à consul-ta de planeamento familiar. Os MRLD (implantesubcutâneo e dispositivo intrauterino) foram escolhi-dos por 286 mulheres e os MRCD (contraceção oral,anel vaginal e adesivo transdérmico) por 275 mulheres.Não se encontraram diferenças estatisticamente signi-ficativas entre estes grupos relativamente à nacionali-dade, frequência da consulta de planeamento familiarantes da IGO e número de IGOs anteriores. As mu-lheres que escolheram MRLD eram tendencialmentemais velhas (29,6±8,0 anos vs 28,3±7,3 anos; p=ns), ti-nham menos habilitações literárias superiores (ensinosecundário e superior: 47,2% vs 59,2%; p=0,004) e pro-fissões menos qualificadas ou eram desempregadas(50,7% vs 40,0%; p=0,035). Por outro lado, as mulhe-res que preferiram MRCD eram maioritariamente sol-teiras (60,4% vs 48,7%; p=0,017) e nulíparas (54,5% vs30,2%; p<0,001).Conclusão: Neste estudo, os MRLD foram escolhi-dos por mulheres com grau de instrução inferior e pro-fissões menos diferenciadas, enquanto os MRCD fo-ram preferidos por mulheres solteiras e sem filhos.