portuguÊs cuba se sustenta na verdade e na razão

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COLOR DE LA PORTADA (PORTUGUES) PÁGINA 4 PÁGINA 2 PÁGINA 6 PÁGINAS 8 E 9 Cuba se sustenta na verdade e na razão PÁGINA 13 PORTUGUÊS S S e e m m a a n n á á r r i i o o d d e e C C u u b b a a e e d d a a A A m m é é r r i i c c a a L L a a t t i i n n a a

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Page 1: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

COLOR DE LA PORTADA (PORTUGUES)

PÁGINA 4 PÁGINA 2PÁGINA 6 PÁGINAS 8 E 9

Cuba se sustenta naverdade e na razão

PÁGINA 13

PORTUGUÊS

SSeemmaannáárr iiooddee CCuubbaa ee ddaaAAmméérr iiccaaLLaatt iinnaa

Page 2: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

COLOR DE LA PORTADA (PORTUGUES)

Juan Diego Nusa Peñalver

• MAIS de 70% dos cidadãos cu-banos nasceu depois do triunfoda Revolução de Janeiro de1959, tendo que viver sob osefeitos brutais de um impiedosobloqueio econômico, comercial efinanceiro norte-americano, quenão conhece limites nem com-paixão alguma.

Essa cruel política afeta direta-mente crianças, mulheres e ho-mens e obriga a nação a adiarsuas legítimas e mais avançadasaspirações do bem-estar e de-senvolvimento econômico e so-cial.

Durante estes nove meses àfrente da Casa Branca, o presi-dente estadunidense DonaldTrump fez o possível e impossí-vel por desconhecer a realidadede Cuba independente e sobera-na e destruir a sua Revolução.

Tornado uma madeixa de leis,ao bloqueio econômico contra aIlha, a partir de sua oficialização,em fevereiro de 1962, foram seacrescentando novas disposi-ções para fortalecê-lo e interna-cionalizá-lo, como ocorreu comas repudiadas e extraterritoriaisleis Torricelli, de novembro de1992, e a Helms-Burton, demarço de 1996.

Como se não bastasse, em 16de junho de 2017, Trump assinouo «Memorando Presidencial deSegurança Nacional sobre o For-talecimento da Política dos Esta-dos Unidos a Cuba», que estabe-lece uma nova política, a qualproclama, entre seus principaisobjetivos, recrudescer o bloqueiocontra a nação caribenha.

A nova linha anticubana do Ga-

binete Oval elimina, inclusive, asviagens individuais, sob a cate-goria de trocas ‘povo a povo’ efomenta uma aplicação estrita,mediante uma vigilância reforça-da, da proibição de viajar a Cubafora do âmbito das 12 categoriasautorizadas pela lei dos EstadosUnidos, que excluem as viagensde turismo.

De um traço, fez com que re-cuasse a tímida abertura em rela-ção à Ilha maior das Antilhas queo governo de Barack Obamahavia implementado. Nada maisaberrante e antinatural entre doispaíses separados por escassas90 milhas. Contudo, é um fato quea maior parte da opinião públicanorte-americana é a favor de umanormalização dos vínculos entreWashington e Havana.

Cada vez são mais os empresá-rios, políticos democratas e repu-blicanos, figuras religiosas e inte-lectuais da nação do Norte, quedeixam claro seu desacordo coma obsoleta postura para Cuba.

Por outro lado, desde 1992 aAssembleia Geral das NaçõesUnidas aprovou sem interrupçãoa resolução cubana que pedeterminar com essa fracassadapolítica, que muitos considerama «última relíquia da GuerraFria». Perante a pressão mundiale o isolamento, inclusive à admi-nistração Obama não restououtro caminho, no ano passado,que se abster, um passo que se-guiu seu fiel aliado de Israel.

Em 1º de novembro no seio damáxima instituição internacionalCuba terá a verdade e a razão doseu lado, ainda que a administra-ção Trump faça ouvidos moucos. •

(Mais informação na página 3)

A Feira Internacionalde Havana e novasoportunidades

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Um alerta 55 anosdepois da Crisede Outubro

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Por uma sociedadeinformatizada, justae equitativa

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Cuba se sustenta naverdade e na razão

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Em Dominica, anatureza pôs à prova a integraçãocaribenha

Altar aos heróisno coração doCapitólio

HAVANA27 DE OUTUBRO DE 2017

ANO 52o / Número 43Preço em Cuba CUC 0,50

ANO 59o DA REVOLUÇÃO

FRANCÊS INGLÊS PORTUGUÊS ITALIANO ALEMÃO www.granma.cuESPANHOL

SSeemmaannáárr iiooddee CCuubbaa ee ddaaAAmméérr iiccaaLLaatt iinnaa

Page 3: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

Jorge Luis Merencio Cautín

• MAISÍ, Guantánamo.– Um total de 861 mo-radias afetadas pelo furacão Matthew nestemunicípio montanhoso foram recuperadasmediante a colaboração da Grande Missãovenezuelana Bairro Novo, Bairro Tricolor.

«Esse número de moradias restabelecidasrepresenta 97% das incluídas no projeto,restando por concluir ao redor de 25, quedevem ser terminadas antes do fim do ano»,informou ao Granma Internacional o vice-presidente do Conselho da AdministraçãoMunicipal, Elmis Luis Gaínza Abad.

Representada nesta província pelo corre-dor internacional 251 Cacique Hatuey, talmissão interveio neste município nas comu-nidades de Punta de Maisí, Santa Martha,El Veril, Los Arados e Chafarina, localidadeque mais rápido avançou na tarefa, a partir

do maior dinamismo construtivo impressopor seus moradores.

O projeto contemplou a doação às famíliasde lâminas e vigas para o telhado com seusparafusos, 100 metros de cabos e pintura in-terior e exterior, recursos que foram entre-gues, dependendo do prejuízo causado pelofuracão.

Boa parte delas recebeu, também, duasportas e duas janelas (de alumínio comvidro), bem como um jogo de móvel sani-tário para aqueles que perderam esse re-curso.

Bairro Novo… também beneficiou em Maisío restabelecimento de instalações estataiscomo comércios, áreas esportivas e escolas.No caso das moradias incidiu em três dosquatro tipos de afetações: casas com quedasparciais e com perda total ou parcial do telha-do. Excetuaram-se as que foram totalmente

destruídas.Essa experiência de colaboração, estendi-

da posteriormente aos municípios de Bara-coa e Imías, incluiu o empréstimo de ferra-mentas aos moradores, entre elas furadeiras,máquinas de cortar, máquinas de soldar, elé-trodos, pincéis e rolos para pintar, o que faci-litou a execução das diferentes tarefas.

O Estado cubano garantiu para este pro-grama, sem custo algum para as famílias,os recursos complementares para executaros trabalhos de construção: cimento, areia,pedra, tijolos, pregos e, inclusive, o trans-porte.

Mediante esta Grande Missão, a Repúbli-ca Bolivariana da Venezuela também doouà província, pontualmente a Baracoa eMaisí, módulos de equipamentos para aconstrução e uma usina para a elaboraçãode betão, para cada um dos municípios. •

NACIONAL2 GRANMA INTERNACIONAL27.OUTUBRO.2017 |

Novas oportunidades comerciaisA Feira Internacional de Havana (FIHAV 2017) será realizada entre 30 de outubro e 3 de novembro, no recinto de exposições Expocuba

Hugo Manuel Rivero Rosales

• FORTALECER e diversificar as oportunidades reais parao desenvolvimento econômico de nosso país são algumasdas prioridades da Feira Internacional de Havana (Fihav2017) que será realizada entre 30 de outubro e 3 de no-vembro, no recinto de exposições Expocuba.

Mais de 60 países exporão suas pastas de produtos, op-ções e projetos de troca, na 25ª edição deste evento, con-siderada a bolsa comercial de caráter geral mais importan-te de Cuba e uma das mais representativas da América La-tina e o Caribe.

Como parte do intenso programa de atividades, que incluipainéis e encontros bilaterais, será realizado o 2º Foro deInvestimentos e o lançamento da Pasta de Oportunidades2017-2018, a cargo de Rodrigo Malmierca, ministro do Co-mércio Exterior e o Investimento Estrangeiro (Mincex).

O próprio titular do Mincex expressou, em uma entrevistacoletiva, que este novo pacote dá prioridade aos setoresestratégicos de desenvolvimento econômico até 2030,aprovado no 7º Congresso do Partido e responde à neces-sidade de atingir maior interação produtiva e abordagemintegral nos projetos da Pasta de Oportunidades.

Malmierca também salientou que apesar do recrudesci-mento do bloqueio contra a Ilha, 16 das mais de 300 em-presas participantes são norte-americanas, o que de-monstra o interesse entre os empresários estadunidensesde estabelecer relações comerciais com a Ilha maior dasAntilhas.

A Fihav 2017 tem como objetivo fundamental atrair o in-vestimento de capital estrangeiro e promover a variedadede produtos, serviços e projetos das empresas nacionais,agrupará em 132 estandes mais de 2.500 expositores den-tro dos que estão representadas, até agora, 50 Câmaras do

Comércio. A China, Venezuela, Rússia e a Espanha seafiançam como os principais parceiros comerciais da Ilha ese encontram entre os mais representados neste encontro.

A presidenta em funções da Câmara do Comércio da Repúbli-ca de Cuba, Odalis Seijo García, precisou que no fechamento

do encontro será lançado o novo site da ProCuba (Centro paraa Promoção do Comércio e o Investimento Estrangeiro), alémdo Diretório Comercial de Cuba e a convocatória para a CúpulaAmérica Latina-Caribe-China, a ser realizada proximamente noUruguai. •

Mais de 60 países exporão suas pastas de produtos, opções e projetos de troca.

JOSÉ MANUEL CORREA ARMAS

PREJUÍZOS DO FURACÃO MATTHEW

Mais de 860 moradias recuperadas em Maisí com o apoio da Venezuela

Mais de 860 moradias foram recuperadas emMaisí mediante a missão Bairro Novo, BairroTricolor.

ESPANHOLInés Míriam Alemán Aroche

Tel: 881-6265

REIMPRESSORESCANADÁNational Publications CentreC.P. 521, Station C, Montréal, QC H2L 4K4 Fone/Fax: (514) 522-5872

ARGENTINAMovimiento Cultural AcercándonosBuenos AiresTelf.: (011) 4862-3286

BRASILINVERTACooperativa de Trabalhadores em Serviços Editoriais e Noticiosos Ltda. Rua Regente Feijó 49 - 2o andar CEP 20060 Rio de JaneiroFone/Fax: (021) 222-4069

Impresso no Complexo Poligráfico do jornal Granma Havana. Cuba

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

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ITALIANOM.U. Gioia Minuti

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Fone: 881-1679

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Fone: 881-6054

PORTUGUÊSMiguel Ángel Álvarez Caro

Fone: 881-6054

ALEMÃOUte Michael

Fone: 881-1679

CIRCULAÇÃO E ASSINATURASOmar Quevedo Acosta

Fone: 881-9821

SITE NA INTERNEThttp://www.granma.cu

[email protected]

DIRETOR-GERALPelayo Terry Cuervo

VICE-DIRETORA EDITORIALArlin Alberty Loforte

CHEFE DA REDAÇÃOJuan Diego Nusa Peñalver

Page 4: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

• O bloqueio econômico, comercial e finan-ceiro imposto pelo governo dos EstadosUnidos da América contra Cuba, que quasecompleta 60 anos, ainda existe e continuaprovocando danos ao povo cubano e obsta-culizando o desenvolvimento econômico dopaís.

Em 16 de junho de 2017, o presidente dosEstados Unidos, Donald Trump, assinou o«Memorando Presidencial de Segurança Na-cional acerca do Fortalecimento da Políticados Estados Unidos para Cuba». Esta diretrizestabelece uma nova política que proclama,entre seus principais objetivos, recrudescer obloqueio contra a Ilha.

Para conseguir este propósito, o presiden-te Trump anunciou novas medidas coerciti-vas contra Cuba e fez recuar outras adota-das por seu antecessor, que modificaram aaplicação de alguns aspectos do bloqueio,respeito às viagens e o comércio.

Aliás, derrogou a Diretiva Presidencial dePolítica «Normalização das Relações entreos Estados Unidos e Cuba», emitida pelopresidente Barack Obama, em 14 de outu-bro de 2016, que reconhecia que o bloqueioera uma política obsoleta e devia ser elimi-nado.

Apesar do anúncio feito pelo Departamen-to do Tesouro dos Estados Unidos, em 15de março de 2016, que permite a Cuba uti-lizar o dólar estadunidense em suas trans-ações internacionais e que bancos estadu-nidenses ofereceriam créditos aos importa-dores cubanos, afim de obterem produtosestadunidenses autorizados, até à dataCuba não conseguiu realizar nenhuma ope-ração internacional de envergadura nestamoeda.

No relatório é evidenciado como o bloqueioeconômico, comercial e financeiro impostocontra Cuba, constitui o maior escolho para aimplementação do Plano Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social do país epara o desenvolvimento geral de todas as po-tencialidades da economia e o bem-estar dopovo cubano, bem como para as relaçõeseconômicas, comerciais e financeiras deCuba com os Estados Unidos e o resto domundo.

No documento é explicado o alcance limita-do das medidas tomadas pela administraçãode Barack Obama, nos dois últimos anos desua presidência.

As afetações acumuladas pelo bloqueio du-rante quase seis décadas de aplicação atin-

gem os US$ 822,2 bilhões (822.200.000.000),levando em conta a depreciação do dólar res-peito ao valor do ouro no mercado internacio-nal. Aos preços correntes, o bloqueio provocaperdas quantificáveis por mais de US$ 130,1bilhões (130.100.000.000).

No período em que foi redigido este relató-rio, o bloqueio causou perdas a Cuba novalor de US$ 4,3 bilhões (4.305.000.000,4).Para pôr um exemplo desta quantia, segun-do estimativas do Ministério da Economia e Planejamento de Cuba, o país precisaentre dois bilhões e 2,5 bilhões de investi-mento estrangeiro direto anual para atingirseu desenvolvimento econômico. Isto é, ocusto do bloqueio anual representa aproxi-madamente para Cuba o dobro do precisa-do para o desenvolvimento total de sua eco-nomia.

É necessário que os Estados Unidos cum-pram as 25 resoluções adotadas pela comuni-dade internacional, na Assembleia Geral dasNações Unidas, cujos Estados membrospedem o fim dessa absurda política e o blo-queio unilateral e incondicional.

Independentemente das medidas adota-das pelo governo do presidente BarackObama, em 2015 e 2016, para modificar aaplicação de alguns aspectos do bloqueio,as leis e regulamentações que mantêmesta política continuam vigentes e são apli-cadas pelas agências do governo dos Esta-dos Unidos, especialmente pelos Departa-mentos do Tesouro e do Comércio e, parti-cularmente, pelo Gabinete de Controle deAtivos Estrangeiros (OFAC, por sua siglaem inglês).

Durante 2015 e 2016, o governo do presi-dente Obama aplicou várias medidas enca-minhadas a modificar a aplicação de al-guns elementos do bloqueio. Se bem cons-tituíram passos positivos, foram insuficien-tes, já que ainda existem importantes bar-reiras para a sua implementação e se man-têm aplicados em aspectos chaves do blo-queio, bem como inúmeras restrições porcausa dessa política.

O fortalecimento do regime de puniçõesdos Estados Unidos contra Cuba fez recuaras relações bilaterais, que coloca barreirasadicionais aos muito limitados e escassosvínculos econômicos e comerciais entreambos os países. As medidas aprovadaspelo presidente Trump não só provocarãouma diminuição das viagens dos cidadãosestadunidenses a Cuba, mas também cau-

sarão novas proibições e afetarão os inte-resses do setor empresarial estaduni-dense.

O bloqueio também afeta a troca acadêmi-ca e científica dos profissionais e técnicoscubanos da saúde com a parte estaduni-dense, devido à demora existente na licen-ça dos vistos solicitados para participar doseventos realizados no território dos EstadosUnidos.

A afetação monetária acumulada pela apli-cação desta brutal política na saúde pú-blica cubana atinge os US$ 2,7 bilhões(2.711.000.000), entretanto no período queabrange este relatório, os danos ultrapassamos US$ 87 milhões.

O bloqueio imposto pelos Estados Unidosafeta os programas cubanos para asseguraruma educação que seja de qualidade, univer-sal e gratuita em todos os níveis. O setor daeducação em Cuba sofreu perdas durante operíodo analisado neste relatório de US$ 2,8milhões (2.832.830).

A indústria do turismo também registrouinúmeros danos, como resultado da aplica-ção do bloqueio. No período avaliado, asafetações provocadas atingiram US$ 1,7 bi-lhão (1.701.960.000).

No setor das comunicações e a informáti-ca, incluídas as telecomunicações, registra-ram-se no período afetações que atingemos US$ 68,9 milhões (68.922.110). Isso sig-nifica US$ 9,7 milhões (9.713.000) mais queno mesmo período de 2016.

Para Cuba constitui uma prioridade o de-

senvolvimento integral dos ramos da indús-tria que contribuem para o fomento dos se-tores estratégicos, incluídos no Plano Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Socialaté 2030.

Estes setores também são afetados pelaaplicação do bloqueio econômico, comerciale financeiro dos Estados Unidos. Durante operíodo que abrange o presente relatório, aindústria cubana teve uma afetação finan-ceira de aproximadamente US$ 59,2 mi-lhões (59.225.936).

O bloqueio contra Cuba deve cessar. É osistema de sanções unilateral mais injusto,severo e prolongado que foi aplicado contrapaís algum. Em 25 ocasiões a AssembleiaGeral das Nações Unidas votou, por amplamaioria, a favor do respeito ao Direito Inter-nacional e o cumprimento dos princípios epropósitos da Carta da Organização.

O governo dos Estados Unidos deve elimi-nar totalmente o bloqueio a Cuba, de formaunilateral e incondicional. Isso estaria emconsonância com o escasso reclamo da co-munidade internacional e com a opinião am-plamente majoritária de muitas e variadasvozes que dentro dos Estados Unidos pedeo fim desta injusta política.

(Com informação do relatório de Cubaacerca da Resolução 71/5 da AssembleiaGeral das Nações Unidas, intitulada «Ne-cessidade de pôr fim ao bloqueio econô-mico, comercial e financeiro impostopelos Estados Unidos da América contraCuba») •

NACIONAL 327.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

O bloqueio continua vigente e se recrudesce

Em 16 de junho de 2017, o presidente norte-americano Donald Trump assinou o «MemorandoPresidencial de Segurança Nacional acerca do Fortalecimento da Política dos Estados Unidos contraCuba». Esta diretiva estabelece uma nova política, que proclama, entre seus principais objetivos,recrudescer o bloqueio contra a Ilha.

Uma ponte de povo a povo

Quem somos?

Amistur Cuba S.A. promove a singularidade, beleza e humanismo da nação cubana, com um olhardiferente que sorri à vida e ao futuro, em uma Ponte de Povo a Povo.

Amistur Cuba S.A., Agência de Viagens do InstitutoCubano de Amizade com os Povos (Icap), receptorade Turismo Especializado, promove, organiza ecomercializa produtos e serviços turísticos quegarantem o desfrute e conhecimento da realidadecubana, através do contato direto com seu povo.

Organização e promoção de

• Eventos e Congressos. • Excursões complementares especializadas. • Cruzeiros e Veleiros. • Turismo individual.• Serviço de guias e intérpretes de reconhecida

competitividade profissional.

Gestão de:

• Cartões de Turista.• Serviços Hoteleiros e Extrahoteleiros. • Transferência e reserva de passagens.

aéreas e marítimas.• Transfers e Reservas com transporte

terrestre.

• Nossos serviços turísticos garantemuma estada prazerosa, instrutiva epersonalizada que farão com que sesinta entre amigos.

Contato:

Endereço: Calle 19 No. 306 e/ H e I, Vedado, Plaza de la Revolución, La Habana, CubaTelefones: (53 7) 834 4544 / 833 2374 830 1220 Fax: (53 7) 838 3753email: [email protected] Site: www.amistur.cuFB: Amisturcuba TW: @Amisturcuba

O que fazemos?

Amistur Cuba S.A. oferece um amplo leque deprodutos e serviços:• Brigadas de Solidariedade e Trabalho Voluntário,espaço para a troca com os Movimentos deSolidariedade com Cuba.• Circuitos turísticos especializados, que combinamhistória, cultura e identidade com entornos únicos,capazes de propiciar um mundo de novas experiências.

Page 5: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

PAGINA 4 COLOR PORTUGUÉS

Um altar para os heróisno coração do Capitólio

Page 6: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

NACIONAL4 27.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

PAGINA 4 COLOR PORTUGUÉS

Alejandra García

• O Capitólio pouco a pouco recupera suasuntuosidade. Depois de quatro anos deintenso trabalho de restauração, os andai-mes são desmontados em boa parte dafachada, recoberta com pedra calcária,que mostra uma cor vistosa. No exterior,uma estrutura de ferro ainda cobre a cú-pula e as duas esculturas de bronze, de6,5 metros de altura, A Virtude tutelar dopovo e O trabalho, da autoria do italianoÁngelo Zanelli, a ambos ao lados da en-trada principal.

Dentro do prédio os trabalhos de restaura-ção continuam. Pedreiros, carpinteiros, elé-tricos, artesãos, arquitetos e conservacio-nistas não deixam ao azar nenhum dos de-talhes que dão vida a esse prédio, inaugura-do em 1929, e que do começo deste anoacolhe o Parlamento Cubano.

Restaurar este monumento nacional é umdesafio do Gabinete do Historiador da cida-de de Havana, como encargo da nação,cujo esforço permitiu atribuir equipamentose recursos para preservar este patrimônio,em cujo interior a estrutura parece paradano tempo.

Embora o andaime esteja cobrindo as pa-redes, na rotunda do Salão dos Passos Per-didos, no segundo andar do prédio, conser-va-se com cuidado o espaço onde será res-tituído o diamante de 25 quilates, que mar-cou simbolicamente o quilômetro zero darede de estradas nacionais.

RESGATAMOS UN SÍMBOLO

No primeiro andar, justamente sob a ro-tunda, fica A Cripta do Mambí (lutador in-dependentista) Desconhecido, uma salaem forma de abóbada que honra àquelesmortos no empenho de ter uma naçãolivre e soberana e cuja recuperação é de-vida à irrequieta meticulosidade dos res-tauradores.

Quando apenas se começava a obter in-formação sobre o Capitólio, os restaurado-res concentraram sua atenção na Cripta doMambí Desconhecido, um projeto que tinhao objetivo de prestar honra aos mortos naslutas pela independência e que nunca foiconcretizado.

Por isso, «no começo das obras de restau-ração, em 2013, retomamos a ideia original,por seu valor simbólico», conta ao semaná-rio Granma Internacional a chefa do Grupode Investimentos Prado, Mariela Mulet.

O Historiador da Cidade de Havana, Euse-bio Leal, foi seu principal impulsionador.

«Lembro a primeira vez que viu o lugar —acrescenta Mulet — todo penumbras e emprecárias condições. Contudo, ele nos enco-rajou e a Cripta é hoje o que ele sonhou na-quele dia».

Agora, um sarcófago que exibe os atribu-tos nacionais conserva em seu interior osrestos de um mambí desconhecido, trazi-dos do Panteão dos Veteranos da Indepen-dência, do cemitério Colombo e peranteele, destaca uma coroa de flores, oferendafloral que chega cada semana, em nomedo presidente dos Conselhos de Estado ede Ministros, general-de-exército Raúl Cas-tro Ruz.

A chama eterna ocupa o centro da cripta,perfeitamente alinhada ao diamante doSalão dos Passos Perdidos, e ao topo dacúpula do Capitólio. Nos laterais, em letrasde bronze, junto ao brasão de Armas deCuba, aparece o texto do Hino de Bayamo,composto por Perucho Figueredo, e as pa-lavras de Carlos Manuel de Céspedes,após ter sido proclamado Presidente na As-sembleia de Guáimaro.

Depois de cinco meses de restauração, ochão do salão também reluz com o toquede um design único. «Conservamos aqui,tal como no resto do prédio, o assoalho demármore original», diz Mulet.

Entretanto, a obra do compositor Hubertde Blanck, Paráfrase acerca do Hino Ba-yamês, é interpretada pela CamerataRomeu e se escuta em cada espaço dopanteão. Mulet explica ao semanário Gran-ma Internacional que «no salão contíguo— ainda em estado de reparação — incor-poraremos um audiovisual onde seja mos-trada a história deste panteão e do restodo prédio».

Este espaço está aberto ao público das8h00 às 14h30, das segundas aos sábados.Na medida em que seja terminada a restau-ração, serão abertos outros espaços destemonumento nacional.

O projeto inacabado do arquiteto Félix Ca-barrocas, construído sob a direção do tam-bém arquiteto Eugenio Raynieri Piedra, tor-nou-se realidade sendo colocado o túmulo,tal e como eles imaginaram. Com letras debronze se pode ler na laje: Ao Mambí Des-conhecido, e diante fica o brasão cubano,conformado por folhas de louro e acanto,que envolvem a pedra branca, símbolos daglória combativa e do mérito conseguido nocampo de batalha.

É um belo lugar do Capitólio, que a partirde agora presta homenagem a todos osmambises sem nome, que ofereceram suavida pela independência de Cuba. •

Um altar para os heróisno coração do Capitólio

Semanalmente, a cripta recebe uma oferenda floral em nome do presidente dos Conselhos de Estadoe de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz.

A chama eterna ocupa o centro da Cripta, perfeitamente alinhada ao diamante do Salão dos PassosPerdidos e ao topo da cúpula do Capitólio.

Page 7: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

COLOR DE LA 5 PORTUGUES

Uma escola de toda a comunidade

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NACIONAL 527.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

COLOR DE LA 5 PORTUGUES

Uma escola de toda a comunidadeYenia Silva Correa Fotos: Yuliet Gutiérrez

• A agitação nas primeiras horas da manhã éinevitável. Pais que levam os filhos a toda apressa, para que estejam presentes no ato ma-tutino, beijos de despedida e o clássico “com-porte-se bem” completam o dia a dia que ca-racteriza as escolas de ensino primário dopaís.

Porém, nesta escola há algo diferente. Aqui otraba-lho em parceria dos professores, a famí-lia e a comunidade a tornaram um desses cen-tros onde a política educativa é expressa deforma adequada.

A instituição leva à prática atividades quecomplementam o currículo para a formaçãodos escolares e contribuem para consolidar asadequações que, a partir 2014, vêm sendo im-plementadas no sistema nacional de ensino.

A escola de ensino primário União Internacio-nal dos Estudantes (UIE), do município Plazade la Revolución, em Havana, empenha-se naaprendizagem e formação integral dos alunose não poupa esforços para juntar as organiza-ções que funcionam no território. Assim é per-cebido pela diretora da escola, Xiomara Váz-quez Sánchez, há 16 anos.

«A escola sozinha não seria capaz de conse-guir esses resultados e que o trabalho fossedesenvolvido. Por isso nos apoiamos em todosos fatores da comunidade que nos possamtransmitir suas experiências».

«Contamos com a Associação de Combaten-tes. Semanalmente participa um grupo denosso centro (estudantes de 4º, 5º e 6ª série)nas atividades que eles realizam. Participamconosco no ato matutino e trocam brevementecom as crianças», assevera Vázquez Sánchez.

O vínculo com os membros da Associaçãode Combatentes é muito enriquecedor, poismuitos de seus integrantes foram protagonistasda luta clandestina antes de 1959 e são teste-munhas viventes de uma etapa crucial da his-tória da nação.

Para lembrar as efemérides, a escola prepa-ra visitas às placas alegóricas perto do centro.As crianças previamente limpam e embelecemestes lugares e depois participam da cerimôniade recordação.

«Desta forma — assinala a diretora— desen-volvemos com as crianças o aspecto políticoideológico e o amor pelo trabalho».

«No centro também são realizadas ativida-des esportivas nas que, juntamente com o pro-fessor de Educação Física, participam os pais.O conselho da escola é muito ativo nesta inicia-tiva. Temos pais especialistas no esporte quenos ajudam».

«Igualmente, trabalhamos com companhei-ras da Federação das Mulheres Cubanas, quevisitam e fazem parte das atividades relaciona-das com o trabalho manual. Temos compa-nheiras especialistas em dança, música, ecomo muitas delas são familiares de alunos denossa escola nos apoiam».

APRENDENDO COM AS CRIANÇAS

A partir do ano letivo 2016-2017 a UIE desen-volve uma nova experiência com estudantesuniversitárias que, fazendo parte da prepara-ção de suas teses de licenciatura, fazem umtrabalho muito interessante com as crianças.

«Realizamos um programa que é uma diretrizde pesquisa da Faculdade de Psicologia, emparceria com o Centro de Neurociências deCuba, cujo objetivo é utilizar videogames paraestimular a aprendizagem dos alunos», asse-vera Daniela Escobar Magariño, estudante doquinto ano da carreira de Psicologia, da Univer-sidade de Havana e participante do projeto.

«Agora, trabalhamos com dois videogamesque estimulam as capacidades numéricas bá-sicas do conhecimento matemático e o conhe-cimento da leitura e a compreensão».

«Aplicamo-lo — talvez isso seja novo — comcrianças de pré-escolar e da segunda série.

Estas são etapas que não foram muito traba-lhadas nesta diretriz da pesquisa».

Quando falamos acerca da futura psicóloganão esconde seu entusiasmo.

«Ficamos contentes, primeiramente peloótimo funcionamento que tem a escola, algoque percebemos, e segundo pelo acolhimentoque tivemos».

«Como estudantes de Psicologia compreen-demos que, talvez, nossa chegada interrompaa dinâmica normal do dia a dia. Fora da sala deaula fazemos variadas atividades com ascrianças; não obstante, temos que conciliar oshorários com os professores, mas a escola nosapoia em todo momento».

NUNCA DEIXAR DE ESTUDAR

No processo docente educativo em uma es-cola elementar o principal é a criança, masigualmente é essencial a preparação e supera-ção do professor. A esse respeito trabalhaconstantemente o claustro desta instituição.

«Aproveitando as potencialidades que tem aescola — assevera Misleyda Álvarez González,professora responsável pelo trabalho metodo-lógico — todos os trabalhadores estão ligadosaos cursos, onde são ministradas aulas de In-glês e de Computação em nosso próprio cen-tro. Isto tem o objetivo de que os docentes pos-sam aplicar estas habilidades informáticas e deidioma com os estudantes, nas aulas que mi-nistram».

A escola de ensino primário UIE conta entreseus 51 trabalhadores com seis professorescom o grau científico de mestre, 12 licenciadosem Educação de Ensino Primário, três quefazem a Licenciatura e dois especialistas: umem Inglês e outro em Computação. De uma ououtra forma este pessoal está incorporado aoscursos que habilita a direção municipal de Edu-cação.

A ESCOLA ONDE TRABALHO CHE GUEVARA

Tão valioso como o trabalho desta escola,centro cultural mais importante da comunidadeé o vínculo que teve o Comandante ErnestoGuevara de la Serna com o nascimento destainstituição.

Este centro se chama União Internacionaldos Estudantes porque em 1961, após termi-nar o congresso dessa organização mundial,adotou-se o acordo de construir uma escolaem Cuba e muní-la com todos os equipamen-tos e acessórios materiais dos países que par-ticiparam do evento.

Para isto foi selecionado um terreno no Ve-dado que não tinha uma proveitosa utilidade.A construção começou no mês de junho e ainauguração teve lugar em 16 de novembro,para comemorar a fundação da cidade deHavana.

O Comandante Ernesto (Che) Guevara, emseu horário de folga, incorporava-se com Ta-mara Bunke e outros líderes da Revolução àsjornadas de trabalho voluntário para construir ocentro.

Uma das paredes da instituição mostra umaplaca que lembra a presença do GuerrilheiroHeroico durante os trabalhos de construção noterreno.

Recentemente, pela comemoração do 50ºaniversário da morte em combate de Che Gue-vara, a Associação de Combatentes realizouum encontro acerca do lutador argentino-cuba-no, no qual participaram companheiros que es-tiveram com ele na luta.

As palavras de Milagros Domínguez Dueñas,representante dessa organização, resume oacontecido nesse encontro: «As crianças ficarammuito emocionadas porque escutaram as histó-rias da estada do guerrilheiro em Las Villas».

PREPARANDO O FUTURO

O barulho pelo começo da jornada reapare-cerá com mais força no horário do recreio, com

as carreiras pelos corredores e o lanche às10h00. Por isso, aproveitamos a calma dassalas de aulas para conversar com a professo-ra Tania Albarrán acerca do trabalho de forma-ção vocacional. De todos os modos, nas salasde aulas se formam os operários e profissio-nais do futuro.

«Contamos com 17 grupos de aprendizagemde caráter pedagógico. Temos também doisgrupos de cultura, dirigidos pela instrutora daarte; há nove relacionadas com o meio am-biente e outras de papel machê. No total, con-tamos com grupos comunitários e 350 alunosparticipantes. O objetivo é vincular todas nos-sas crianças ao que lhes seja mais fatível».

Para que a escola União Internacional dosEstudantes continue sendo um referente edu-cativo basta seguir as palavras de sua direto-ra, Xiomara Vázquez Sánchez: «Cada dia, apartir do que se realiza, devem ser projetadasnovas ações que permitam ganhar maior qua-lidade».

É assim como a escola, esse espaço espe-cial onde se cresce cultural e espiritualmente,consegue transformar-se em um pilar indispen-sável dentro da comunidade. •

Estimular nas crianças de pré-escolar ascapacidades numéricas básicas do conhecimentomatemático e o conhecimento da leitura ecompreensão. O jogo nesta idade continua sendofundamental.

Milagros Domínguez Dueñas (esquerda) e Misleyda Álvarez González falam acerca do trabalho daAssociação de Combatentes e a superação dos professores.

As aulas de Educação Física só é o primeiro passo. A escola também faz atividades esportivasconvidando os pais.

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NACIONAL6 GRANMA INTERNACIONAL27.OUTUBRO.2017 |

Jesús Bermúdez Cutiño*

• NESTES dias, completam-se 55 anos daCrise de Outubro de 1962, chamada tambémde Crise dos Mísseis, considerada a mais pe-rigosa que atravessou o mundo, na segundametade do século passado. A humanidadenão deve esquecer esse fato, pois estivemosà beira de perecer no holocausto nuclear, es-pecialmente para fazer todo o possível paraevitar sua repetição.

Em meados do mês de agosto de 1962,quando a transferência e desdobramento dastropas soviéticas em Cuba estava em anda-mento, por causa do acordo bilateral assinala-do entre ambos os países, começou um es-cândalo crescente na imprensa e nos círculospolíticos americanos, o que previu a gênesede uma crise.1

Em 20 de agosto de 1962, em um memo-rando sobre Cuba, o diretor da CIA, John McCone, disse que «o apoio a Cuba por partedos soviéticos e provavelmente do Bloco au-mentou em julho e agosto. Nesse tempo, 21navios chegaram em julho e 17 chegaram ouestão em rota em agosto».

Em 21 de agosto, em uma reunião com osecretário do Estado, Mc Cone especulousobre a existência de mísseis balísticos emCuba. No dia seguinte, deu a mesma informa-ção ao presidente.

Em um memorando de Mc Cone acerca dareunião de 23 de agosto de 1962 com o pre-sidente John F. Kennedy, com a participaçãode Dean Rusk, secretário do Estado; RobertMcNamara, secretário da Defesa e o vice-se-cretário deste, Roswell Gilpatric; o generalMaxwell Taylor, conselheiro militar do presi-dente e Mc George Bundy, assistente da Ken-nedy para assuntos de segurança nacional;revela-se que a agenda teve uma citação ma-nuscrita que dizia: «Terceiro aviso sobre osmísseis em Cuba». 2

O chefe da CIA advertiu aos presentes: «Opresidente já foi informado sobre a situaçãoem Cuba».3 O presidente pediu para analisaro perigo para os Estados Unidos e seu efeitona América Latina e perguntou se os mísseispoderiam ser eliminados mediante um ataquepor via aérea ou por terra.4 Entre os dias 20 e25 de agosto, foram descobertos vários locais

construídos para mísseis balísticos, em dife-rentes partes do nosso país.

No mesmo dia 23, em outro encontro comKennedy, Mc Cone questionou a presença detantos mísseis antiaéreos em Cuba, a menosque fossem usados para ocultação de mís-seis balísticos. Não havia mais dúvidas sobrea construção de silos de armas nucleares emCuba, as fotografias dos mísseis nucleares naURSS revelaram que eram idênticos aosconstruídos na Ilha. No dia 23, o presidenteordenou avaliar a possibilidade de emitir umadeclaração sobre esse assunto.

Em julho de 1962, o Departamento de Defe-sa pediu ao chefe da operação ‘Mangosta’avaliar os cursos de ação para Cuba, de ondeemergiram várias propostas. Em uma foi pro-posto cancelar os planos operacionais de‘Mangosta’ e considerar Cuba como uma ca-beça de praia do comunismo no hemisférioocidental. Em outra falou-se sobre a elimina-ção do governo de Fidel Castro.

Já no segundo semestre, o Departamentode Defesa insistiu na intervenção direta desuas tropas em Cuba, reiterada em 7 deagosto. Em 10 de agosto, o grupo da opera-ção ‘Mangosta’ propôs aumentar as sabota-gens, mas Kennedy exigiu um plano concretopara destruir a Revolução. Em 20 de agosto,Maxwell Taylor expressou que o governo cu-bano não poderia ser derrotado sem o envol-vimento direto das Forças Armadas dos Esta-dos Unidos.

Por volta de 13 de setembro, em uma men-sagem de Carter para Mc Cone, ele disse quepelo menos 25 navios soviéticos estão a ca-minho de Cuba. É sabido por documentos re-velados que em 17 de setembro, perante asinformações e propostas esmagadoras, o pre-sidente disse que «temos que fazer algo drás-tico respeito a Cuba, estou ansiosamente àespera do plano operacional dos chefes deEstado Maior Conjunto, que me será apresen-tado na próxima semana».

Da mesma forma, em um documento torna-do público, soube-se que Ray S. Cline, diretoradjunto de Inteligência, fez questão de lem-brar ao presidente Kennedy, em 20 de outu-bro, que «o senhor tem sido informado muitasvezes sobre o grande reforço em Cuba, desdeantes de meados de outubro de 1962 e, no

entanto, hoje podem ser disparados oito mís-seis de médio alcance, a partir de Cuba, comuma carga de 16-24 megatons».

No entanto, assim que o presidente soubeque o ataque aéreo não poderia garantir adestruição de 100% dos mísseis, desistiu doataque e aplicou a opção do bloqueio naval.

Sessenta relatórios foram recebidos, dosquais 40 eram do Centro Opa-Locka5, acercada chegada de navios com grandes contêine-res e grandes caravanas de caminhões querebocavam equipamentos longos, nuncaantes vistos nas estradas cubanas, guarda-dos por soldados cubanos.

Um memorando de Mc Cone, datado em 11de outubro de 1962, afirma que ele mostrouao presidente uma fotografia dos aviões IL-28que haviam chegado a Havana e o presiden-te lhe ordenou retivesse as informações atédepois das eleições e solicitou que todas asinformações fossem excluídas, porque eramuito perigoso. A partir do mês de julho, osserviços de inteligência conheciam acerca daviagem de navios de diferentes portos daURSS até Cuba; basta ver os testemunhos deprotagonistas dessas viagens.

De acordo com o sargento Víctor Potelin,operador de rádio das tropas antiaéreas dedefesa, «os norte-americanos agiam como sefossem donos do mar Mediterrâneo, voandoentre os mastros dos navios».

O sargento Maslov, operador do cockpit deum regimento, disse: «Durante a viagem pro-duziram-se fatos tais como a inteligência daAlemanha Ocidental, quando passamos peloestreito dos Dardanelos, interessada em vera carga que levávamos. Ainda, ao cruzar porGibraltar, a inteligência inglesa reforçou asmedidas de controle dos acessos marítimosa Cuba, estabelecendo vigilância aérea enaval permanente, a partir das Ilhas Açores,cinco dias antes da sua chegada às costascubanas.

Os coronéis Kovalenko, chefe de um regi-mento de mísseis R-14 e Semykin, engenhei-ro-chefe da 43ª Divisão de Mísseis, disseramque a partir das ilhas Açores a exploraçãoaérea foi constante, sendo assim durante as185 viagens.

Em agosto, as unidades soviéticas começa-ram a chegar à Ilha por vários portos cuba-

nos; segundo eles dizem os serviços espe-ciais dos EUA nunca chegaram a conhecer aquantidade de tropas soviéticas que chegou àIlha.

Entre os dias 1 e 5 de agosto, os norte-ame-ricanos descobriram mísseis antiaéreos emvários locais. Mc Cone advertiu que essesmísseis poderiam servir para proteger os mís-seis balísticos. «Em meados de setembro,chegaram 36 mísseis R-12, que ocuparam oslocais anteriormente descobertos. A marinhahavia colocado em estado de alerta os dife-rentes comandos para os cinco distritos na-vais, localizados nas costas norte, central eoeste. Apesar desse desdobramento, o navioAlexandrosvky chegou no dia 23 ao porto deMariel sem qualquer dificuldade. Como sefosse o momento esperado para não retornar.

Valiosa foi a colaboração do coronel soviéti-co Oleg Penkovski, que foi executado depoisque ajudasse os EUA, aos quais não apenasinformou sobre a operação, mas também ostipos de mísseis que vieram a Cuba e o graude alistamento dos mísseis balísticos.

Após o dia 22 de outubro, os bombardeirosB-47 foram desconcentrados, cada um comcargas nucleares; cinco divisões do exército ea primeira divisão blindada; as forças da ma-rinha eram necessárias para o bloqueionaval.6 Um quarto de milhão de homens parainvadir Cuba, meios aéreos para 2.000 mis-sões sobre o território cubano e a base navalde Guantánamo foi fortalecida.7

Fidel previu tudo o que aconteceu mais tarde.Ele advertiu em várias ocasiões que os mís-seis não podiam ser instalados em segredo esobre a necessidade de tornar público o acor-do militar entre Cuba e a URSS, porque Cubatinha o direito de possuir as armas que consi-derasse necessárias para a sua defesa. •

* Pesquisador no Centro de InvestigaçõesHistóricas da Segurança do Estado.

1 Conferência Internacional, ‘Crise de outu-bro uma visão política, quarenta anos depois’,Havana, 11-12 de dezembro de 2002.

2 Documento 8: Mc Cone Memorandosobre reunião com o presidente, 23 de agos-to de 1962.

3 Documentos desclassificados.4 Ver o parágrafo 5 do documento 73 do

Memorando de ação de segurança nacionalnº 181, de 23 de agosto de 1962.

5 Centro de recepção criado pela CIA, em15 de fevereiro de 1962, para atender os refu-giados.

6 Veja o livro Outubro de 1962, a um passodo Holocausto, p. 166.

7 Veja o livro No olho da tempestade, Car-los Lechuga, p.95.

ALBE

RTO

KORD

A

A crise de Outubro e o grande perigoCrise dos Mísseis. Milicianos na beira-mar.

ASSINATURA

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Page 10: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

Texto e fotos: Nuria Barbosa León

• COM desejos de encorajar odesarmamento nuclear e a sus-tentabilidade ambiental no plane-ta, Havana recebeu a visita, em17 de outubro, do Navio da Paz,com mais de mil viajantes vindosdo Japão, China, Singapura, Ma-lásia e a Coreia do Sul.

Na chegada ao porto cubano, oresponsável pela viagem, TanakaYosuke, explicou à imprensa na-cional que o principal propósitodos visitantes é estabelecer laçosde amizade e a troca com a popu-lação de cada nação onde o navioatracar.

«Há mais de 25 anos que nave-gamos pelos oceanos do mundoe cada vez que visitamos Cubarecebemos um calor humano in-comparável com outros lugares.Por isso, a maioria dos visitantesfica com desejos de vir a estaterra. Eles a qualificam como oporto mais querido e descem donavio com muitas expectativas eesperanças», acrescentou o dire-tivo do navio, alugado pela Orga-nização Não GovernamentalPeace Boat, com sede central noJapão.

Assinalou que nesta ocasião onavio faz seu 95º percurso. Partiuem 13 de agosto de Tóquio e seuprograma inclui desembarcar em23 portos de 19 nações e devevoltar ao Japão, em novembro,para concluir sua terceira e últimaturnê de 2017.

Em Havana, os visitantes orga-nizados por grupos, fizeram visi-tas a instituições relacionadascom os setores da saúde, a edu-cação e do atendimento à terceiraidade (idosos). Além do mais, tive-ram encontros para trocar opi-niões com jovens universitários edesfrutaram de variados percur-sos pela Havana Velha e outrasáreas turísticas.

Acerca dos motivos para reali-zar este tipo de iniciativa, TanakaYosuke explica: «Trazemos men-sagens para a solução dos confli-tos internacionais de forma pacífi-ca. Convocamos a fazer um maioresforço para o uso do diálogo di-plomático perante as incompreen-sões dos governos. Queremosprevenir a guerra construindo aamizade entre os povos. Nossoprincipal trabalho consiste emfazer amigos no mundo todo».

Durante a turnê realizamos ati-vidades diárias e antes de chegaraos portos programados conver-samos acerca da atualidade dolugar e de sua história. Essaaprendizagem é acompanhada daarte, porque mostramos os costu-mes e tradições de cada país,como una forma de troca cultural.

Ao partir de Havana, viajará comeles um membro do Centro Nacio-nal de Educação Sexual, a fim deexplicar acerca do tratamento so-cial que recebem as pessoas comdiferenças sexuais dentro deCuba, pois planejam realizar umevento teórico acerca da equidadede gênero no mundo.

Em cada viagem, são convida-dos alguns ‘hibakushas’, pessoas

sobreviventes das explosões dasbombas nucleares, jogadas pelosEstados Unidos, em 1945, nas ci-dades de Hiroshima e Nagasaki,os quais relatam testemunhospessoais dos sofrimentos causa-dos por aquela tragédia.

Na ocasião, viajou Tokuko Ki-mura, vítima da bomba atômicaquando tinha dez anos de idade euma das promotoras das campan-has pela desmilitarização do pla-neta. Ela participou do foro «PelaPaz e a Abolição das Armas Nu-cleares», realizado em Havana epatrocinado pelo Instituto Cubanode Amizade com os Povos (ICAP)e o Movimento Cubano pela Paz ea Soberania dos Povos.

Tokuko lembrou aos presentesos horrores vividos na cidade deNagasaki junto a seus familiaressobreviventes ao acontecer a ca-tástrofe. Apesar de transcorreremmais de 70 anos daquele hedion-do genocídio, asseverou sentir otemor de morrer de alguma se-quela deixada pela radiação dabomba.

Com palavras exclusivas ao se-manário Granma Internacional as-severou: «Cuba e o Japão estãoem regiões distantes do mundomas, apesar da distância geográfi-ca é necessária nossa união paratrabalhar juntos na campanha poreliminar as armar nucleares nomundo».

Comentou acerca de sua parti-cipação em muitas atividades,onde fazem apelos à necessidadede construir uma paz verdadeira,para um diálogo normal entre asnações e uma delas consiste emrecopilar assinaturas para exigirperante os organismos interna-cionais a abolição das armas nu-cleares.

«No Navio da Paz, todos os diaseu conto historias acontecidas du-rante os bombardeios às cidadesde Hiroshima e Nagasaki, paraque essa mensagem chegue aomaior número de pessoas e, so-bretudo, aos mais jovens, os quaisdevem continuar esta luta», asse-verou, referindo-se a Shion Urata,neta de um ‘hibakusha’ e tambémintegrante do navio.

No foro, a jovem transmitiu suamensagem respeito a desmilitari-zação, através de ações diplomá-ticas contra os conflitos entre go-vernos, a eliminação dos arsenaisatômicos e para tentar parar a cor-rida armamentista. Sublinhou ocompromisso de continuar a di-vulgação dos testemunhos dossobreviventes dos ataques atômi-cos a Hiroshima e Nagasaki, paraque novamente o mundo não sejaalvo de tamanha monstruosidade.

Entretanto, Silvio Platero, pre-sidente do Movimento Cubanopela Paz e a Soberania dosPovos, reconheceu o trabalhoque faz a ONG Peace Boat, quealugou o navio para criar e es-palhar pelo mundo a consciênciaacerca do desarmamento, a pre-venção de conflitos e o desen-volvimento sustentável.

Seu trabalho é reconhecido in-ternacionalmente. Tem statusConsultivo Especial perante oConselho Econômico e Social dasNações Unidas (Ecosoc) e foi in-dicada, em 2016, para o PrêmioNobel da Paz. Devido ao seu tra-balho solidário com a Revoluçãocubana, suas manifestações dedesafio pelo injusto bloqueio eco-nômico, comercial e financeiro

dos Estados Unidos imposto àIlha antilhana, a organização foicondecorada, em 2009, com aOrdem da Solidariedade, que ou-torga o Conselho de Estado deCuba, por proposta do ICAP.

«Os cubanos lembramos asduas ocasiões em que o Coman-dante-em-chefe se reuniu com osintegrantes deste navio em Hava-na (2010 e 2012). Eu tive a chan-ce de participar de um desses en-contros no qual Fidel Castro expli-cou a necessidade de eliminar asarmas nucleares, devido ao seugrande poder destrutivo, seu al-cance geográfico e a corrida de-senfreada dos países imperialis-tas por se considerarem hegemô-nicos militarmente», arguiu o lí-dercubano naquele momento.

Manifestou que a luta pela pazé ampla e complexa e não deveser somente pela diminuição dasarmas, mas deve ser encaminha-da à abolição das bases militaresque ocupam territórios estrangei-ros. «Hoje, no mundo, existempraticamente mais de mil e quase800 delas pertencem aos EstadosUnidos», acrescentou e pôs comoexemplo a base naval que existe,de forma ilegal, no território orien-tal cubano de Guantánamo.

Lembrou que em 2012, Fidelasseverou: «Nosso dever — e é amelhor forma de apoiar o esforçodas vítimas daquele bárbaro ebrutal ataque contra Hiroshima eNagasaki — é divulgar tudo o re-ferente porque o mundo tem quedefender a causa mais importan-te de todas: a sobrevivência daespécie humana». •

Navio da Paz deixa mensagens eloquentesem Havana

NACIONAL 727.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

O Navio da Paz atracou no porto havanês com mais de mil visitantes vindos doJapão, China, Singapura, Malásia e a Coreia do Sul.

O presidente do Movimento Cubanopela Paz e a Soberania, SilvioPlatero, asseverou que atualmenteno mundo existem mais de milbases militares, das quaisaproximadamente 800 pertencemaos Estados Unidos.

O responsável pela viagem, TanakaYosuke, explicou à imprensa que hámais de 25 anos o navio navegapelos mares do mundo levando suamensagem contra as guerrasimperialistas.

O encontro cultural realizado em Cuba cria laços indestrutíveis entre osvisitantes.

Tokuko Kimura (esquerda) junto à jovem Shion Urata, neta de um ‘hibakushi’,no foro Pela Paz e a Abolição das Armas Nucleares.

Page 11: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

COLOR DE LA 8 PORTUGUES

«Na Cibersociedade sonhamos,agora cabe agir»

Page 12: PORTUGUÊS Cuba se sustenta na verdade e na razão

ESPECIAL8 GRANMA INTERNACIONAL27.OUTUBRO.2017 |

COLOR DE LA 8 PORTUGUES

Yisel Martínez García Fotos: Ariel Montenegro

• APRENDER, sonhar e criar osmapas de trabalho que permitammudar o futuro da região, paraconstruir uma sociedade informati-zada, justa e equitativa foi a men-sagem com a qual a presidenta daUnião dos Informáticos de Cuba(UIC), Aylin Febles Estrada inaugu-rou Cibersociedade 2017.

O evento, que teve sessões nosdias 17 a 20 de outubro, no HotelMeliá Marina, de Varadero, reuniupor volta de 400 delegados. Repre-sentantes de todas as provínciasdo país e uns 40 participantes de12 países fizeram deste um espa-ço para a troca de conhecimentos.

Temas como segurança ciberné-tica, governo eletrônico, computa-ção em nuvem, Internet das coi-sas, big data, equidade, e desen-volvimento humano e econômicounido às tecnologias foram o cen-tro dos debates que provocaraminquietações e novos desafios emmatéria tecnológica.

INOVAÇÃO, DESENVOLVIMENTOECONÔMICO E TECNOLOGIAS

As sessões científicas estive-ram, a maioria delas, a cargo derepresentantes de empresas cu-banas e estrangeiras, governos eassociações relacionadas com as

tecnologias da informação e ascomunicações (TICs).

Pela parte cubana, destaquepara a intervenção do vice-ministrodas Comunicações de Cuba, Wil-fredo González Vidal, quem deu aconhecer a política integral para oaperfeiçoamento da informatiza-ção e as comunicações que de-senvolve o país e os avanços quese conseguiram.

González acrescentou que, em-bora já possa ser visto o progresso

em alguns setores, a informatiza-ção da sociedade é um processocomplexo que não está afastadodo resto dos que Cuba vem imple-mentando.

Acerca do tema, o diretor execu-tivo da Associação Interamericanade Empresas das Telecomunica-ções (ASIET) Pablo Bello, assegu-rou que o plano está muito bem fo-calizado e é muito ambicioso.

«O tema está em fazê-lo mais rá-pido e isso se consegue trabalhan-do juntos; as empresas, o governo,as universidades, a sociedade ebuscando soluções mais criativasque permitam essa transformaçãono menor tempo possível», acres-centou Bello.

Sobre esta mesma linha, o dire-tor executivo da ASIET, deu a co-nhecer em sua exposição os de-safios que tem hoje a região, rela-tivamente ao tema das tecnolo-gias. E reiterou que, para fechar afenda digital, é preciso infraestrutu-ra e transformar a economia paraavançar na integração.

Os especialistas de Cuba deramuma ampla explicação do queestá conseguindo o país com res-peito à diminuição da fenda digital.Assim ficou demonstrado pelovice-ministro das Indústrias, José

Gaspar Álvarez Sandoval, aoaprofundar na sua intervençãocomo avança o país na indústriaeletrônica, sobretudo, na produ-ção de tabletes e laptops.

A diretora de investigações daDatys, empresa cubana responsá-vel pela criação de softwares, Is-nery Tarabela, referiu-se a algunsdesafios do setor empresarial. Emsua intervenção, Tarabela explicoua necessidade de conseguir me-lhores ligações entre a ciência e aeconomia e encorajar o desenvol-vimento de organizações que ga-rantam economias baseadas noconhecimento.

Segurança cibernética e governoeletrônico foram outros temasabordados pelos palestrantes cu-banos. Acerca dos desafios que re-presenta para Cuba estar ligados ecom segurança, os especialistasinsistiram na necessidade de ele-var a cultura dos usuários.

«Ações não autorizadas, mensa-gens não desejadas (SPAM), com-prometimento de recursos nacio-nais e afetações nas redes porcausa de programas malignos sãoos principais incidentes registra-dos pelo Gabinete de Segurançade Redes Informáticas até agostode 2017», indicou Yohanka Rodrí-guez, membro da União dos Infor-máticos de Cuba.

«A política de informatização dasociedade cubana», acrescentou,«implica fazê-lo de uma forma or-denada, regulada e segura, facili-tando o uso das tecnologias no in-teresse de satisfazer as necessi-dades crescentes de informação eserviços, além de elevar o bem-estar da população».

«Em Cuba o tema da segurançacibernética tem uma abordagemsistêmica», insistiu Rodríguez. «Eum dos principais desafios é pre-parar-nos para um cenário commodalidades de ameaças ciberné-ticas, a partir da percepção de

risco e a gestão de vulnerabili-dades».

O engenheiro Jorge Abín, mem-bro do conselho diretivo da Agesic,a Agência de Governo Eletrônico eSociedade de Gestão da Informa-ção e o Conhecimento, marcoupresença no Cibersociedade paramostrar como o governo uruguaioleva em diante sua política digital ea redução da fenda digital.

Em sua intervenção, Abín expli-cou as experiências do seu paísrelativamente à expansão de redesna cidadania e assegurou que aimportância destas mudanças as-senta em conseguir a equidade. Aesse tema também atribuiu muitaimportância o doutor Peter Major,presidente da Comissão das Na-ções Unidas da Ciência e a Tecno-logia para o Desenvolvimento.

Major mostrou as perspectivasdas políticas públicas digitais,expôs as iniciativas e programasglobais e o impacto da Internet naera digital. Acrescentou que umdos maiores desafios é encurtar afenda digital e instalar banda largapara todos, resolver os desafios re-sultantes do desenvolvimento dastelecomunicações e inovar e cola-borar para conseguir melhor adap-tabilidade ao mundo constante-mente em mudança das TICs.

PARTICIPAÇÃO DIVERSA EALIANÇAS

O evento, que durante toda umasemana permitiu explorar o hori-zonte de Cuba e seus desafios emmatéria de TICs, desenvolveu,ainda, o fórum da sociedade civil.O espaço reuniu trabalhadoresnão estatais, acadêmicos, repre-sentantes do governo e do setorempresarial, para juntos pensaremem um país mais digital.

Como grandes temas foramdesenvolvidos o da indústria4.0, a educação virtual na

«Na Cibersociedade sonhamos,agora cabe agir»

O primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, MiguelDíaz-Canel, participou do encerramento do Cibersociedade 2017.

O vice-ministro das Indústrias, José Gaspar Álvarez Sandoval,mostrou os avanços do país na indústria electrônica.

O doutor Peter Major, presidente da Comissão dasNações Unidas da Ciência e Tecnologia para odesenvolvimento mostrou as perspectivas daspolíticas públicas digitais.

Os debates e propostas do evento Cibersociedade 2017 contribuirão para o avanço dainformatização do país

Cibersociedade 2017 reuniu mais de 400 delegados cubanos e por volta de 40 estrangeiros.

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ESPECIAL 9GRANMA INTERNACIONAL27.OUTUBRO.2017 |

saúde, governabilidade da Inter-net, o capital humano no desen-volvimento das TICs e as plata-formas emergentes. A partir daíse produziram debates sobre ar-quitetura tecnológica, segurançacibernética e produção de soft-wares.

«Vamos sair daqui, talvez, commais interrogantes das que tínha-mos ao chegar, porém isso querdizer que temos aprendido muito eque nossa visão de um país digitalficou muito mais aberta. Há muitotrabalho daqui em diante e não hátempo que perder. Temos o talentoe a determinação de contribuir parao futuro de Cuba e esse foi o centrode cada fórum», assegurou RamónGonzález de la Calle, trabalhadornão estatal e membro da UIC.

O desenvolvimento da platafor-ma computacional de alto rendi-mento para a farmacêutica biológi-ca em Cuba, as infraestruturas se-gundo a experiência da compan-hia chinesa Huawei, a analítica dedados, o big data, a governabilida-de democrática e inclusiva foramalgumas das temáticas abordadasnas intervenções.

Carlos de Castro, presidente exe-cutivo do Centro de Produção Mul-timídia para a Televisão Interativa,veio da Universidade de Córdoba,em Espanha, para explicar o poderda analítica de dados e a inteligên-cia cognitiva aplicada à saúde, osnegócios e o turismo. De Castro,expôs exemplos do trabalho feitocom aplicações ancoradas nanuvem e as vantagens que têmestas plataformas para o funciona-mento da sociedade.

Trazer a quinta geração de tecno-logia (5G) à realidade e pensar aevolução da rede completamentena nuvem foram alguns dos temasaos que se referiram empresáriosda Huawei. Javier Zarate Hernán-dez, representante desta compa-nhia na América Latina, explicou aimportância do desdobramento da5G e as soluções que ajudarão aestender esta conectividade e faci-litar o trabalho dos operadores dostelefones celulares.

Destaque para a Colômbia najornada, ao pôr na mesa conceitostão importantes como a Internetdas coisas, web semântica e bigdata. Assuntos que necessitamserem vistos como um tudo, nahora de atingir um desenvolvimen-to econômico e humano eficaz,unido às tecnologias.

O painel de gênero nas TICs foium dos mais atraentes. O poten-cial feminino foi reconhecido comouma das conquistas de Cuba, quetambém mostra a qualidade profis-sional e as ações concretas no

setor profissional. Varias soluçõesforam expostas pelos depoentespara, a partir das tecnologias,apoiarem as mulheres e conseguirmaior empoderamento delas nasociedade cubana.

A esse respeito, o diretor-geral daASIET, Pablo Bello garantiu que émuito relevante a importância quese dá às mulheres engenheiras einformáticas em Cuba. É um avan-ço que está muito acima do queacontece em outros países. «Vê-seclaramente a contribuição da mu-lher em papéis de liderança nostemas de futuro e eu acho isso fas-cinante», explicou.

A feira de soluções foi um dospalcos de maior convocatória.Mais de 20 projetos de aplicaçõestecnológicas para resolver proble-máticas sociais e econômicas che-garam de praticamente todas asprovíncias do país. Estas novassoluções foram defendidas porseus desenvolvedores em apenasum minuto e meio, perante o públi-co e o júri que mais tarde os ava-liou de forma individual e premiouos melhores trabalhos.

Aplicações para celulares, proje-tos para a gestão de serviços infor-máticos, redes sociais de micro-bloggings, videogames, lojas deconteúdos digitais e plataformasmúltiplas de realidade aumentadaligadas à história, foram algumasdas ideias compartilhadas nesteespaço onde se entregaram seisprêmios e quatro menções.

Cibersociedade também serviude palco para a assinatura de doismemorandos de entendimento. Oprimeiro deles entre entidades cu-banas e outro entre a Empresa Na-cional de Aplicações de Software(Desoft) e o Instituto Internacionalde Qualidade do Software (ISQI),da Alemanha.

Luis Guillermo Fernández Pérez,diretor da Desoft e o senhor Sthe-pan Georicke, diretor do ISQI, assi-naram o convênio, com o objetivode assegurar a certificação inter-nacional de especialistas cubanosem diferentes processos do ciclode vida do desenvolvimento dosoftware, que permitirá ao ISQUI,alargar seu mercado à região.

Relativamente a este acordo, o di-retor da Desoft, explicou: «A em-presa transforma-se com vista aabordar o tema das tecnologias dainformação, tal como se faz nomundo todo. Há dois anos, nós es-tamos empenhados na mudançade um modelo de negócio de pro-dução para vender produtos desoftware com serviços associados.Por isso, para a Desoft, este acordoé uma possibilidade de poder ofe-recer ao mercado da fala hispânica

nossos produtos e permitir às em-presas cubanas se formarem e cer-tificarem nestes temas».

Por outra parte, a União dos In-formáticos de Cuba (UIC) e a Em-presa Tecnológica de Informação,que pertence ao grupo Biocuba-Farma, também assinaram umacordo. Segundo explicou Aylin Fe-bles, presidenta da UIC, o mesmopermitirá a colaboração entreambas as entidades para cursos,eventos e a capacitação do pes-soal dedicado às tecnologias.

AGIR É O DESAFIO

A diversidade de temáticas foiuma das fortalezas do evento que,unido ao nível de convocatória, fezda Cibersociedade 2017 um come-ço promissório, quando se trata deorganizar foros internacionais.

A Cibersociedade 2017 concluiudepois de várias jornadas, onde ocentro dos debates foram as tec-nologias da informação e as comu-nicações e seu papel nas socieda-des do século 21.

O diretor-geral da ASIET, PabloBello, comentou ao Granma Inter-nacional acerca do altíssimo níveldo evento. A participação de profis-sionais cubanos de excelência,com muito bons convidados inter-nacionais, mostra a importânciaque a sociedade cubana e as uni-versidades do país estão dando aestes temas. «Vou-me emboramuito contente de tudo o que eu vinestes dias e da convicção e osdesejos que as pessoas têm detrabalhar», comentou.

A presidenta da União dos Infor-máticos de Cuba, UIC, Aylin Febles

Estrada, expressou nas palavras fi-nais que a Cibersociedade 2017conseguiu um debate enriquece-dor, graças aos seus participantes.«No evento sonhamos e agoracabe agir», sentenciou Febles.

As propostas feitas em Ciberso-ciedade 2017 serão recolhidas pelaUIC e entregues àqueles responsá-veis pelas decisões do país, a fimde consolidar o lema «Sonhemos eajamos»”, assegurou ao Granma In-ternacional a presidenta da UIC.

Por outra parte, o primeiro vice-presidente dos Conselhos de Esta-do e de Ministros, Miguel Diaz-Canel Bermúdez, quem presidiu oencerramento deste primeiro en-contro internacional convocadopela UIC, assegurou em declara-ções à imprensa:

«Eu acho que é preciso reconhecero papel da UIC. É uma organização

muito jovem, capaz de ter estaforça de convocatória. Com istoela atingiu sua maturidade e agorasomente lhe resta continuar.Devem se integrar, conseguir apli-cações e serviços em função daspessoas, para assim avançarmuito mais rápido rumo a um go-verno eletrônico».

A Cibersociedade 2017 superouas expectativas e deixou metasbem altas, para a sua segundaedição, em 2019. As pretensõespara então serão crescer aindamais quanto à participação e tor-nar mais visível o trabalho deCuba. Da mesma maneira, tornoupossível compartilhar experiênciascom representantes de outros paí-ses e mostrou que unidos sepodem construir mais rápido ciber-sociedades para o benefício dosseus cidadãos. •

O potencial feminino no setor tecnológico foi reconhecido como uma das conquista do país.

A União dos Informáticos de Cuba (UIC) e a Empresa Tecnológica deInformação, que pertence ao grupo BiocubaFarma, assinaram um acordo decolaboração.

O diretor geral da ASIET debruçou-se sobre o tema daAmérica Latina e as tecnologias.

O vice-ministro das Comunicações de Cuba, Wilfredo GonzálezVidal, deu a conhecer a política integral para o aperfeiçoamento dainformatização e as comunicações no país.

A Empresa Nacional de Aplicações de Software (Desoft) e o InstitutoInternacional da Qualidade de Software (ISQI), da Alemania assinammemorandos de entendimento.

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CULTURA10 27.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

Mireya Castañeda

• CARMEN, a personagem rebelde do romance de ProsperMerimée é motivo de inspiração para músicos, dramaturgos,cineastas, coreógrafos. As versões são inúmeras. Uma delasnos convoca hoje, o balé Carmen Suite, do cubano AlbertoAlonso (1917-2007).

A versão coreográfica, com música da grande ópera deGeorge Bizet e arranjos do russo Rodion Schedrin, comple-ta neste ano seu 50ª aniversário, daí que o Ballet Nacionalde Cuba lhe prestasse homenagem, com uma temporada no

Grande Teatro de HavanaAlicia Alonso.

Os amores tempestuo-sos da cigana de Sevilhatinham inspirado outrasversões, três delas con-sideradas emblemáti-

cas: a de Roland Petit(1949), Alberto Alon-

so (1967) e AntonioGades (1983).

BREVÍSSIMAHISTÓRIA DACARMEN CUBANA

Depois de umaapresentação bem-sucedida, no Olympia(teatro), de Paris, com

El Solar, uma de suaspeças mais aplaudidas,Alberto Alonso chegou aMoscou, em 1965. Opróprio coreógrafo lem-bra, frequentemente,

que depois da apre-sentação recebeu avisita da grande bai-larina russa MayaPlisetskaia (Mos-cou, 1925-Munique,2015).

Fez-se história. Plisetskaia pediu-lhe que trabalhasse comela em uma versão de Carmen, concebida «a par-tir de uma visão nova, sem aproximações da tradi-cional». A partitura original da ópera de Bizet deviaser reduzida, arranjada, e isto foi realizado pelocompositor Rodion Shcedrin, esposo da bailarina.

O decorado, original de Boris Messerer (paren-te da Plisetskaia pelo lado materno), é de gran-de austeridade. Este exibiu um cobertor de corvermelha, que mostra em cor negra uma enor-me cabeça de touro, mais um simulacro de pro-jeção, semi-eixo, e umas cadeiras de encostoalto, para que poucos espectadores observas-sem os sucessos.

Para a apresentação cubana o magnífico ves-tuário de Carmen foi desenhado por SalvadorFernández que acabou sendo uma típica man-tilha vermelha, arquétipo das paixões humanas.

Carmen Suite, ou Carmen, na apresentação do Ballet Nacio-nal de Cuba, teve sua estreia no teatro Bolshói, de Moscou,em 20 de abril de 1967, naturalmente com Plisetskaia no papelprincipal e no dia 1º de agosto, foi estreada no atual GrandeTeatro de Havana Alicia Alonso. Ela conquistou a personageme tornou a cigana uma lenda dentro do âmbito da dança.

Duas das maiores ‘ballerinas assolutas’ da história dadança incorporaram em seu repertório esta peça, tornadaum clássico da coreografia contemporânea.

Ambas deixaram sua história. Maya destacava os compo-nentes contemporâneos e Alicia fez da cigana sevilhana umade suas caracterizações mais contundentes, pois à herançaclássica somava seus antepassados hispânicos.

Em uma entrevista do dia 27 de julho de 1968 ao jornal Sa-turday Review, o maestro Alberto Alonso expressaria: «Mayafoi firmeza, maturidade, enfrentamento e valentia. Em troca, Ali-cia Alonso foi mais sensual, mais latina, tal como prevemos».

Para aqueles que não tiveram a chance de enxergá-las nopalco, existe, felizmente, o testemunho fílmico de ambas asdivas no empolgante personagem.

Carmen é um dos títulos mais importantes da coreografia cu-bana do século 20, mostra o balé em um ato e três cenas, ondea cigana brinca com os sentimentos de três homens, Dom José,o toureiro Escamillo e o capitão Zúñiga. A quinta personagem éo Destino, que entrelaça a história e rege as situações, paracumprir fatal e inevitavelmente com sua missão.

NO FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO

Como parte do Festival Internacional de Teatro de Havana,no domingo 22 de outubro o Ballet Nacional de Cuba ofere-ceu uma peça especial, quase uma extensão de sua maisrecente temporada, onde incluiu Carmen.

O programa permitiu apreciar o domínio dos diferentes esti-los por parte da companhia cubana. Na ocasião, acrescentaduas criações de Alicia Alonso, Umbral, uma peça neoclássi-ca que dedicou a um de seus grandes maestros, o coreógra-fo George Balanchine, e A la luz de tus canciones, estreadano centenário da cantora cubana Esther Borja (1913-2013).

Carmen fechou o espetáculo e foi um esforço total da com-panhia, desde os solistas até o grupo de dança, os três per-sonagens masculinos, Patricio Revé como Dom José; ArielMartínez, o toureiro Escamillo, e Adrián Sánchez, como Zú-ñiga e Claudia García como O Destino.

Porém, foi a primeira dançarina Viengsay Valdés quemelevou ao máximo a temperatura da peça. Ela esteve es-plêndida, desde os primeiros acordes até a morte final,dona da personagem e provocadora, com sua espetaculartécnica.

Dizem no mundo do balé que uma ballerina triunfa quan-do conquista os papeis de Giselle e de Odette–Odile.Agora, na companhia cubana, que rege Alicia Alonso comomodelo ideal, sem dúvidas é preciso somar a apaixonada,e trágica Carmen. •

Carmen, no olimpo dosclássicos da coreografia

contemporâneaAlicia Alonso interpretou a Carmende Alberto Alonso, de forma geniale inesquecível.

FOTO: COLEÇÃO MUSEU NACIONAL DA DANÇA

A primeiradançarina Viengsay

Valdés fez umainterpretação muitopessoal da sensual

cigana.FOTO: NANCY REYES

Amelia Duarte de la Rosa

• NOS 12 primeiros dias de novembro come-çam em Havana as atividades do primeiroFestival Internacional de Dança Espanholae Flamenco, evento organizado pelo BalletEspanhol de Cuba (BEC), por ocasião doseu 30º aniversário.

Dedicado às figuras dos dançarinos espa-nhóis Antonio Gades e Cristina Hoyos, o Fes-tival terá como palco o Grande Teatro de Ha-vana Alicia Alonso e será concentrado, espe-cificamente, no gênero da dança, mas tam-bém será espaço de palestras magistrais.

«Nosso objetivo é ter uma representaçãode todas as manifestações da dança espa-nhola, tradicionais, clássicas e, inclusive, astendências mais novas», explicou duranteuma entrevista coletiva o primeiro dançarino,coreógrafo e diretor do BEC, Eduardo Veitía,quem preside o evento, junto a Alicia Alonso,que detém o cargo de presidenta de honra.

O programa deste primeiro festival contacom a participação de vários grupos cuba-nos — além da companhia anfitriã, que co-memora seus 30 anos — e convidados doMéxico, Chile e a Espanha.

Segundo foi dado a conhecer na entrevistacoletiva, da parte da Ilha — apesar de ter sidoenviado o convite a todas as companhias de

dança espanhola — só confirmaram sua par-ticipação, as companhias flamencas Ecos,Alma Flamenca e Lizt Alfonso Dance Cuba;bem como a soprano Bárbara Llanes; o violi-nista concertista Luis Manuel Molina e a can-tora Lindiana Murphy.

Entretanto, da parte internacional estarão acompanhia La Academia, do Chile; o drama-turgo Francisco Ortuño e a dançarina AnaRuiz, ambos da Espanha, entre outros.

As sete funções de gala que integram ofestival da dança serão nos dias 2, 4, 5, 9,

10, 11 e 12 de novembro, nos horários habi-tuais dos fins de semana. Na noite da inau-guração o BEC apresentará Aquel amorBrujo, com o artista convidado Rafael Rive-ro, primeiro dançarino cubano, quem foi pri-meira figura do Ballet de Nacho Duato, daEspanha. As funções seguintes serão dedi-cadas ao clássico espanhol, a Federico Gar-cía Lorca; ao flamenco; aos grupos convida-dos; e às três décadas de vida artística deVeitía.

A obra Carmen por dos, que prestará tri-buto aos 55 anos do Teatro Lírico Nacional,encerrará o evento.

Além desta apresentação no palco, terãolugar três palestras acerca do trabalho doBallet Espanhol de Cuba, o termo flamen-cologia; e o espetáculo Oh Cuba! Federi-co García Lorca, que recentemente estre-aram três integrantes do BEC, junto a maisdez dançarinos, nos jardins da Generalifede Granada, na Espanha.

«O festival será um grande workshop dadança espanhola. É um momento para enri-quecer a dança», acrescentou o crítico e jor-nalista Toni Piñera, um dos organizadores doevento.

Depois desta primeira edição, o Festival In-ternacional da Dança Espanhola e Flamencoterá uma frequência bienal. •

La Casa Alba, inspirada em La Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca, com coreografia deEduardo Veitía será apresentada no Festival.

NNoovveemmbbrroo ddaannççaa ff ll aammeennccoo ee eessppaannhhoo llYANDER ZAMORA

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Yosel E. Martínez Castellanos

• O movimento esportivo cubanonão é alheio às dificuldades ao seunormal desenvolvimento do blo-queio econômico, comercial e fi-nanceiro que impõe a Cuba, hámais de cinco décadas, o governodos Estados Unidos.

No dia 19 de outubro, funcioná-rios do Instituto Cubano de Espor-tes (Inder) deram a conhecer, emuma entrevista coletiva, realizadano salão de atos Adolfo Luque, no

estádio Latinoamericano, de Hava-na, as inúmeras e contínuas afeta-ções que esta medida arbitrária edesumana ocasionou e ocasiona àprática de todos os esportes na Ilhamaior das Antilhas, nestes últimos59 anos.

Uma das disciplinas que maiordificuldade tem é o beisebol, já queum número considerável de equi-pamentos necessários para suaprática é fabricado nos EstadosUnidos e não pode ser adquiridonesta nação vizinha, o que obriga

as entidades esportivas cubanas aimportar estes equipamentos atra-vés de terceiros países, encarecen-do o custo e demorando a chegadaao país, por causa do transporte.

Por exemplo, a compra de chutei-ras 3N2 e outros tipos de calçadosespecializados para o beisebolforam concretizados, nos últimosmeses, mediante um contrato comuma empresa mexicana, porUS$114.489. Caso essa compra ti-vesse sido feita nos Estados Uni-dos seriam poupados US$ 22.789.Para o Campeonato Nacionalforam importadas 14 mil bolas ja-ponesas Mizuno, a um custo deUS$ oito em cada uma, podendoobter bolas Rawlings norte-ameri-canas, em um mercado mais próxi-mo e por apelas cinco dólares cadauma.

Segundo o diretor de assegura-mento do Instituto Nacional de Es-portes, Educação Física e Recrea-ção (Inder), Manuel Trobajo, nosúltimos anos a importação debolas dos Estados Unidos, quesão utilizadas nas áreas esporti-vas, diminuiu consideravelmente,ao ponto de existirem apenascinco bolas em cada instalação.«É muito difícil adquirir acessóriosesportivos nos Estados Unidospara o desenvolvimento na base,nas escolas esportivas nas sele-ções nacionais», asseverou Troba-

jo. E acrescentou que os outrosmercados são fundamentalmentepaíses da Europa e da China,onde o custo destes artigos sem-pre ultrapassa os que podem sercomprados nos Estados Unidos.

Outra especialidade que sofre asconsequências de mais de meioséculo de absurda política é nosetor da docência, pois existem di-ficuldades para a troca académicacientífico-esportiva entre institui-ções estadunidenses e a parte cu-bana para a realização de congres-sos internacionais, workshops, tro-cas práticas e outras modalidadesde superação.

Em relação a este tema, o diretordo Instituto de Medicina Esportiva,Pavel Pino, comentou que apesarde resultar complexo o novo con-texto em que se desenvolve a ad-ministração do presidente DonaldTrump, contudo conhecemos queos centros científico-esportivos dosEstados Unidos mantêm seu inte-resse de trabalhar com o movimen-to esportivo cubano em quaisquerde suas áreas temáticas, mostran-do que o bloqueio é rejeitado pelospróprios estadunidenses.

Durante o próprio encontro entrea imprensa esportiva e o Inder foiratificada a realização de realizar aFunção de Gala do Boxe Cubano,que teve lugar, no encerramentodesta edição, na sala de cinema-te-

atro Astral, na capital. A atividadefoi dividida em sete momentos e noprimeiro deles se prestou homena-gem ao líder da Revolução CubanaFidel Castro Ruz, ao tricampeãoolímpico Teófilo Stevenson e aoprofessor de várias gerações deboxeadores, Alcides Sagarra. •

Bloqueio afeta o esporte cubano

O falecido Teófilo Stevenson, considerado um dos grandes do boxe da Ilhamaior das Antilhas, será uma das figuras homenageadas durante a Função deGala do Boxe Cubano.

ESPORTES 1127.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

Ajoelhados na quadra

Alfonso Nacianceno

• TIREM esse filho de puta do campo de futebol agoramesmo! A frase injuriosa do presidente norte-americano Do-nald Trump retumbou de um lugar a outro. Porque a ofensae contra quais pessoas?

Há um ano, em agosto de 2016, durante um dos jogos dapré-temporada, da National Football League (NFL), ColinKaepernick, jogador naquele momento do time San Francis-co 49ers, fincou um de seus joelhos na quadra, no momen-to em que era escutado o hino dos Estados Unidos. Foi umprotesto pelos maus-tratos aos cidadãos negros nesse país,que se incrementaram neste ano 2017.

Daquele momento até agora, Trump não desaproveita umachance para sobressair publicamente ou através de e-mails,pois em 22 de setembro — durante um encontro em Alaba-ma com seus votantes — retomou o tema expressando emplural a frase que dá começo a este artigo, além de pedir aosfãs não assistir aos estádios até que os jogadores desistiramdesse modo de protesto. Ao mesmo tempo, constrangeu osdonos da equipe da NFL para que não contratassem Kae-pernick, reclamante perante a justiça, entre outras razõesporque, além de discordar com a atual medida imposta, a re-gulamentação da NFL não estabelece a obrigação de escu-tar em pé o hino nacional, como é exigido pela NBA (Asso-ciação Nacional de Basquete, por sua sigla em inglês).

Sem ter um caráter legal, o Código de Bandeira nos Esta-dos Unidos assinala que os presentes ficarão em pé e olha-rão de frente a bandeira nacional, caso seja interpretado ohino. Os civis colocarão a mão direita no coração, entanto osmilitares farão continência.

NÃO ENTRAM À CASA BRANCA

Os esportistas fora-de-série são considerados no mundotodo — essencialmente pelos jovens e crianças — um mo-delo de seguir, por sua dedicação, nobreza e espirito desuperação; constituem paradigmas cuja imagem perdura

ilimitadamente na memória das pessoas. Não debalde estedebate encaminha-se por um caminho complicado para opresidente, pois as diferenças são acrescentadas nas opi-niões e atuações de outros atletas, inclusive, estendeu-seàs diferentes esferas da vida nos Estados Unidos.

A expressão de desacordo com a discriminação e osmaus-tratos contra os cidadãos negros que começou Kae-pernick teve apoio de jogadores de basquete reconhecidos edestacados, como Stephen Curry e LeBron James. O primei-ro deles, uma das principais figuras da equipe Golden StateWarriors (Guerreiros do Estado Dourado), campeão da NBA,liderou a decisão de não assistir à recepção que, segundouma tradição de há décadas, tem lugar na Casa Branca, emhonra aos campeões dessa associação de basquete.

Respondendo à decisão, Trump retirou o convite e isso foiimediatamente rejeitado pelos Warriors (Guerreiros), osquais determinaram que, fosse como for, estarão em Wash-ington no próximo ano. «Em vez de visitar a Casa Branca,determinamos que nossa viagem à capital será para uma in-tenção construtiva, para festejar a igualdade, a diversidade ea inclusão: os valores que abraçamos como organização»,assim deram a conhecer seu propósito.

Ao mesmo tempo, LeBron James, jogador fora-de-sériedos Cleveland Cavaliers (Cavaleiros de Cleveland), reagiucom uma breve frase: «Ir à Casa Branca foi uma grandehonra até que (ele) apareceu», referindo-se ao atual presi-dente.

Precisamente, no dia 17 de setembro passado, no jogo queinaugurou a temporada da NBA, James liderou um protestodurante o qual os integrantes de sua equipe ficaram em pé,mas entrelaçaram seus braços ao escutarem o hino nacional.

Embora Trump tenha instado os fãs para que se afastas-sem dos estádios, por considerar desrespeitosas essasmanifestações dos esportistas, o comissionado da NFL,Roger Goodell, qualificou de comentários divisórios o ex-presso em uma nota pelo presidente da Casa Branca, lin-guagem qualificada de desafortunado desrespeito à NFL eaos seus jogadores.

ALÉM DO CAMPO DE JOGO

Reconhecidos artistas do espetáculo como os cantores,compositores e produtores musicais Stevie Wonder, PharrelWilliams e John Legend manifestaram seu apoio àquelesque lutam contra a injustiça social.

Wonder fincou o joelho no solo antes de começar um reci-tal em Nova York; Williams mostrou seu desacordo duranteuma atuação em Charlottesville, palco dos protestos contrao preconceito racial, no mês de março; entretanto Legendficou ajoelhado durante um concerto em Hamburgo, além depublicar uma carta, manifestando em um dos parágrafos damesma: «Cada vez que alguém fica ajoelhado ou ergue opunho os espectadores devem enfrentar-se ao porquê, coma incômoda realidade de que nosso país marginaliza, diaria-mente, milhares de pessoas das comunidades pobres».

A apresentadora Ellen DeGeneres; o cantor John Mayer,para quem «os comentários de Trump acerca dos jogadoresda NFL, que mais uma vez demonstram seu empecilho porenvenenar todos os aspectos da vida americana», tambémprotestaram. A atriz Olivia Wilde e os atores da peça Broad-way 1984, ajoelharam-se no palco ao terminar a função, en-tretanto o realizador Michael Moore, os atores Samuel L.Jackson, Mark Hamill e Zoe Kravitz, acrescentam a relaçãodos conhecidos mundialmente a favor da causa defendidapelos esportistas.

O que dirá Trump a cada um deles e aos que se somem? •

Protestos dos esportistas estadunidenses contra os maus-tratos aos cidadãos negros

O diretor do Instituto de MedicinaEsportiva, Pavel Pino, comentou queapesar de resultar complexo o novocontexto em que se desenvolve aadministração do presidente DonaldTrump, conhecemos que os centroscientífico-esportivos, dos EstadosUnidos, mantêm seu interesse detrabalhar com o movimento esportivocubano.

Colin Kaepernick (no meio) em um dos protestos pelo que hoje osmaltrata Trump.

TOMADA DE INTERNET

RICARDO LÓPEZ HEVIA

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FMLN, 37 anos consagrados à luta

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NOSSA AMÉRICA12 27.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

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Charly Morales Valido

• SAN SALVADOR.— Fundada em 10 de ou-tubro de 1980, a Frente Farabundo Martí deLibertação Nacional (FMLN), a histórica for-mação salvadorenha da esquerda, mantémintacto um espírito guerrilheiro que nuncaesquiva uma boa batalha.

Apesar de tudo, com os Acordos de Paz,em 1992, a guerra somente mudou de palcoe de armas, pois a situação política é difícile exige muita tática e tropas firmes paravencer emboscadas, escaramuças e fortesofensivas. De fato, avizinha-se tempos decombate, desta vez de caráter eleitoral: aseleições para deputados e prefeitos, emmarço de 2018, serão essenciais para osprojetos de governo da FMLN, muitos dosquais são sistematicamente boicotados peladireita na Assembleia Legislativa e seusaliados em instâncias judiciais, como a Pro-curadoria e a Sala Constitucional.

O secretário-geral da Frente, MedardoGonzález, asseverou que a organizaçãoestá pronta para vencer. O lendário co-mandante Milton Méndez (pseudônimo deguerra) como ainda é alcunhado por seuscompanheiros, expressou sua confiançana militância, especialmente àqueles queforam consequentes com o ideal de justi-ça social.

«Sempre devemos conhecer que a FMLNnasceu do povo, foi construída pelo povo econtinua sendo a luz, na procura do pro-gresso e desenvolvimento para as maioriaspopulares», asseverou González, reconhe-cendo, também, o desempenho do líder his-tórico da Revolução cubana, Fidel CastroRuz, no nascimento e consolidação daFrente.

«Nunca esquecemos sua contribuição eseu acompanhamento, nos tempos da ofen-siva, da resistência e, inclusive, na prepara-ção para negociar a solução do conflito»,lembrou o líder. Asseverou que Fidel conhe-cia dos debates da esquerda salvadorenhae que trabalhou horas a fio para dialogarcom as diferentes forças, no objetivo de criaruma unidade estratégica.

«Para nós o Comandante foi um construtorde nossa organização, que nos ensinoutudo aquilo relacionado com o aspecto es-tratégico e tático-militar da luta em El Salva-dor, oferecendo sua experiência e sabedo-ria», expressou.

O dito legado e o líder da esquerda salva-dorenha, Schafik Handal (1930-2006),acompanham este partido, que fabrica sua

plataforma de governo a partir das necessi-dades da maioria.

«Começamos com as mudanças para trans-formar o país, mas ainda falta muito e deve-mos esforçar-nos para somar mais deputadose prefeitos nas próximas eleições», manifestouGonzález, cujo tradicional discurso pausadoarremete forte, com o fim de vencer a oposi-ção, particularmente o partido da direitaArena, nêmesis política e moral da FMLN.

A esse respeito, advertiu que «a Frenteluta pelas reivindicações das maiorias popu-lares de El Salvador, a classe trabalhista,entretanto Arena e a direita só trabalhampara assegurar as riquezas dos ricos». Pararecuperar o poder, a oposição ataca comtodo seu potencial no fronts parlamentar,econômico, judicial e da mídia.

Contudo, os governos da FMLN registramavanços significativos em setores como aordem institucional, a agricultura, a econo-mia, a produção e o turismo, já que priorizao investimento social na saúde, educação esegurança.

«Se queremos um povo livre, culto, então,é preciso alfabetizar e educar; se queremosum povo com melhor capacidade para aprodutividade, devemos ter um povo saudá-vel», significou o secretário-geral da FMLN.Esta abordagem propiciou uma diminuiçãonos padrões de pobreza, desnutrição, mor-talidade materno-infantil e, sobretudo, noscasos de homicídio e extorsão.

Os desafios são imensos, e os inimigospoderosos, mas nunca foi diferente para aFMLN. Estão acostumados, e o assumemcom dignidade, como outro modo de prestarhonra à frase que costumava dizer seu líderhistórico, o inesquecível Handal: « E a luta...continua!». (PL) •

O secretário-geral da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) Medardo González,assinala que lutam pelas reivindicações das maiorias populares de El Salvador, a classetrabalhadora.

FMLN, 37 anos consagrados à lutaHTTPS://WWW.EL19DIGITAL.COM

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A Natureza pôs à prova a integração do Caribe

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NOSSA AMÉRICA 1327.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

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DOMINICA

A Natureza pôs à prova a integração do Caribe

As Forças Caribenhas do Sistema de Segurança Regional colaboram com a polícia local para mantera calma no meio do desastre. Cuba e a Venezuela estavam entre as primeiras nações a apoiar a Dominica.

Sergio Alejandro Gómez, enviado especial

• ROSEAU.— Ainda continua sendo mais fácilviajar do Caribe para as antigas metrópoles,do outro lado do Atlântico, do que entre ilhasvizinhas, separadas por alguns quilômetros.O passado colonial marca a região que JuanBosch definiu como a «fronteira imperial».

Os esforços de integração, que começaramno século passado com a independência damaioria das nações caribenhas, procuram su-perar as barreiras culturais, idiomáticas e eco-nômicas herdadas de séculos em meio doolho do furacão das lutas globais pelo poder.

Mas a última prova da vontade do Caribesurgiu de uma fonte inesperada: a natureza.No espaço de menos de um mês, três ciclo-nes de grande intensidade atingiram a região.

A Dominica, que foi devastada pelos ventosde mais de 250 quilômetros por hora do fura-cão Maria, testemunhou a solidariedade dasnações vizinhas que também foram afetadas,mas que não hesitaram em compartilhar seusrecursos com uma ilha irmã, onde oito emcada dez casas ficaram praticamente inabitá-veis.

APOIO DO GRANDE CARIBE

«Entre as primeiras nações que chegaramaqui com força, trazendo grupos de resgate esuprimentos, foram a Venezuela e Cuba»,disse ao Granma Internacional o embaixadorde Cuba na Dominica, Juan Carlos Frómeta.

Cuba tem uma missão médica permanentena ilha, desde o final da década de 1990. Nomomento do impacto, cerca de vinte médicos,enfermeiros e técnicos de saúde já estavamdistribuídos na ilha.

Umas 72 horas após a passagem deMaria, um avião ATR da Cubana de Aviaçãofoi dentre os primeiros a arriscar-se a pousarno aeroporto de Melville Hall, ainda alagadopela chuva. Uma brigada de socorristas e

dez especialistas do Contingente HenryReeve chegaram para ajudar os afetados.

Depois, no início de outubro, uma missãoavançada viajou para a Dominica, a fim deavaliar in loco a possibilidade de expandir aajuda cubana em outros setores.

Na sexta-feira, 20 de outubro, era esperadaa chegada de um navio cubano com ajudahumanitária, duas brigadas de eletricitários etrabalhadores florestais, os quais ajudarão arestaurar o serviço elétrico, totalmente caído elimpar as florestas, onde não se pode acharuma folha verde em quilômetros redondos .

A Venezuela, entretanto, trouxe uma equipede resgate. Seus meios técnicos, como heli-cópteros e aviões de transporte, foram funda-mentais na mobilização do pessoal de emer-gência, nos primeiros dias.

«Eu acredito que, em um momento comoeste, houve uma resposta muito rápida dasnações do chamado Grande Caribe», diz oembaixador cubano.

«A Cúpula Cuba-Caricom (Comunidade doCaribe), prevista para dezembro em Antígua eBarbuda, deve ser outra oportunidade paracontinuar expandindo a colaboração e novasiniciativas», acrescenta Frómeta.

O embaixador cubano também destaca aassistência prestada pelas ilhas vizinhas doCaribe Oriental.

Os meios técnicos de Antígua e Barbuda,ilha batida pelo furacão Irma poucos diasantes, serviram para estabelecer uma cone-xão com a Dominica, em momentos cru-ciais, após a passagem de Maria, que des-truiu praticamente todas as torres de comu-nicação.

A guarda costeira de Barbados, por sua vez,movimentou navios para o transporte de pes-soal técnico e suprimentos. O governo da Tri-nidad e Tobago assistiu com helicópteros paratransportar equipamentos para áreas remo-tas, resgatar feridos e prestar serviços deemergência.

A República Dominicana também disponibi-lizou seus hospitais para receber pacientes deemergência, muitos dos quais foram transferi-dos pela própria Marinha.

Desde 1991, a Caricom tem uma agênciaespecializada na resposta a emergências na-turais no Caribe, CDEMA (pela sigla em in-glês: Caribbean Disaster Emergency Mana-gement Agency).

A CDEMA, que envolve 18 nações da região,atua no terreno desde antes do furacão eagora está realizando projetos para a recons-trução da Dominica, incluindo a manutençãode habitações e construção de moradias.

Em 13 de outubro passado, por ocasião doDia Internacional de Redução de Desastres, odiretor executivo da Agência, Ronald Jackson,referiu-se à necessidade de construir capaci-dades institucionais e infraestrutura no Cari-be, capaz de se adaptar às mudanças climá-ticas e desastres naturais, cada vez mais in-tensos.

«O impacto recente dos furacões Irma eMaria destacou a necessidade de abordar asvulnerabilidades do Caribe», acrescentouJackson.

SISTEMA DE SEGURANÇA REGIONAL

Tal como aconteceu em muitos lugares,após grandes desastres naturais, o desespe-ro da população na Dominica, durante os pri-meiros dias, provocou alguns distúrbios e pi-lhagem.

A segurança tornou-se uma questão impor-tante para garantir a chegada da ajuda e adistribuição equitativa dos recursos, especial-mente para os setores mais vulneráveis.

«Nossa pequena força policial foi superadapelo nível de destruição de Maria», reconheceRichmond Valentine, superintendente da polí-cia da Dominica.

«Não conseguimos mobilizar nenhum dosnossos veículos, a cidade era intransponível,

alagada pelo dilúvio do rio, a lama e a areia.Não tínhamos comunicação nem eletricidadee os celulares eram inúteis», lembra.

Valentine considera fundamental o desdo-bramento do Sistema de Segurança Regional(RSS, por sua sigla em inglês) para garantir atranquilidade do país e o início do estágio derecuperação.

O mecanismo é ativado em situações de de-sastre, em qualquer um dos países membrosda Caricom.

Trinidad e Tobago, Granada, Santa Lúcia,Jamaica, Barbados e outras nações mobiliza-ram dezenas de oficiais para a Dominica,poucas horas após o desastre.

«Somos responsáveis pela segurança, a re-construção de edifícios e também para a dis-tribuição e gestão de material de socorro»,disse ao Granma Internacional Atlee Rodney,vice-comissário da Polícia de Antígua e Bar-buda e comandante da operação do RSS noterritório dominicano.

«É importante que trabalhemos juntoscomo um único Caribe», acrescenta. «Ne-nhum país sozinho pode tomar conta dessesproblemas».

Valentine, que trabalha em Roseau direta-mente com os membros do RSS, descartaqualquer tipo de inimizade entre funcionáriosdos países vizinhos e as forças locais.

«Nós fizemos treinamento conjunto no pas-sado. Conhecemo-nos», indica. «O seu com-promisso de ajudar uma ilha irmã é visível,bem como a vontade de permanecer o tempoque for necessário».

Perante a Assembleia Geral das NaçõesUnidas, o primeiro-ministro da Dominica, Ro-osevelt Skerrit, agradeceu a assistência pres-tada a seu país pelas nações do Caribe.

«Na manhã de 19 de setembro, o furacãoMaria pôs à prova a disposição dos morado-res da Dominica e dos nossos vizinhos do Ca-ribe», acrescentou Skerrit. «Todos passaram oteste», concluiu. •

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INTERNACIONAL14 27.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

PORTO RICO

Um país em pedaçosJeiddy Martínez Armas

• SE foi difícil para os porto-riquenhos tersido atingidos pelo furacão Irma, a situaçãofoi mais complicada após o ataque, commaior intensidade, de um segundo eventometeorológico do mesmo tipo, chamadoMaria. Várias semanas após os aconteci-mentos, a recuperação da ilha ainda pareceimprovável.

O furacão Maria passou por Porto Ricocom categoria 4 e ventos máximos de 250quilômetros por hora, de acordo com infor-mações do Centro Nacional de Furacõesdos Estados Unidos (NHC).

Os efeitos causados por este fenômenometeorológico vieram desferir o golpe dagraça a esta economia em falência. As ima-gens difundidas pelas cadeias multinacio-nais apresentam um país onde não só o din-heiro é escasso, mas também alimentos,água potável, gasolina e eletricidade.

Muitos procuram salvaguardar-se em ou-tras regiões, como os Estados Unidos, parao qual tiveram de passar vários dias no ae-roporto. De acordo com diferentes agênciasde notícias, mais porto-riquenhos vivem nosEstados Unidos do que na própria ilha,tendo se intensificado o fluxo migratóriopara a metrópole, após o furacão Maria.

No entanto, os efeitos sobre a economiaporto-riquenha não são apenas devido a fe-nômenos atmosféricos: a nação tem uma dí-vida pública de aproximadamente US$ 74bilhões e os danos causados pelos eventos

climáticos das últimas semanas totalizaramUS$ 90 bilhões.

Embora a dívida de crédito de Porto Ricoseja eliminada em longo prazo, questão quenão depende apenas de uma promessa deTrump, mas de negociações difíceis com vá-rios credores, a ilha não vai conseguir sair docaos em que se encontra.

Segundo o jornal porto-riquenho El NuevoDía, Donald Trump havia sugerido em umaentrevista à Fox News que a dívida públicade Porto Rico teria que ser eliminada. Mas«do dito ao fato ...».

De há vários anos a esta parte, os índiceseconômicos do país são negativos. Comoisso pode ser explicado? Pelo fato da naçãoser um ‘Estado Livre Associado’ não possuitesouro público, já que toda a renda vai pararaos Estados Unidos, em sua condição demetrópole. E por outro lado, como o país nãoé um Estado dos EUA, não pode se benefi-ciar de resgates econômicos.

De acordo com a rede multinacional Telesur«Washington determina tudo aquilo relacio-nado com o sistema financeiro de Porto Rico,as relações externas, a migração e o comér-cio. Porto Rico não pode assinar acordos co-merciais com nenhum país ou receber emseus portos navios com bandeiras diferentesda dos Estados Unidos.

Donald Trump não deu nenhuma ajuda sig-nificativa à ilha do Caribe, após a passagemdo furacão Maria. Sua breve visita, no dia 3de outubro, apenas trouxe mais críticas à suaadministração, embora na quinta-feira, 19 de

outubro, recebesse o governador RicardoRoselló, a fim de discutir uma ajuda financei-ra para a reconstrução.

Várias mídias avaliaram a lenta respostado presidente americano ao desastre emPorto Rico, em comparação com a rápidaresposta do presidente após o furacão Har-vey, em Houston e Mary, na Flórida. Trumptalvez não se lembre de que são mais detrês milhões de porto-riquenhos tentandosair dos destroços de um furacão que atin-giu todo o país.

O resultado da visita fez esvair qualquertipo de ilusão. As ações de Donald Trumpestão longe de merecer aplausos, em suaescassa permanência no território porto-ri-quenho.

Um dos seus atos mais controversos na ilhafoi jogar rolar rolos de papel higiênico para aspessoas reunidas em uma igreja. Para o pre-sidente dos EUA, esta ação estava correta:«eles tinham essas toalhas lindas e macias,

toalhas muito boas. E eu entrei e havia umamultidão que gritava e adorava tudo isso. Euestava me divertindo, eles estavam se diver-tindo. Eles disseram: ‘Jogue-as, senhor presi-dente!’», explicou o presidente, citado pelaPL.

Em 12 de outubro, de acordo com informa-ções do jornal mexicano Infórmate, Trump emsua conta de rede social Twitter «ameaçou re-tirar as equipes da Administração Federal deGerenciamento de Emergência (FEMA) dePorto Rico, argumentando que sua presençano ilha não pode ser permanente».

O futuro da ilha parece incerto. Serão ne-cessários muitos milhões e muito tempo paraque Porto Rico se recupere. Enquanto isso, opaís está em pedaços e a maioria dos seushabitantes está no caos total. Não é suficien-te para eles as boas intenções de alguns oua hipocrisia dos outros, mas que o tempocure as feridas sofridas não só por causa dasmudanças climáticas. •

REUTERS

Várias semanas após o furacão Maria e com pouca ajuda do governo dos EUA, a recuperação dePorto Rico parece improvável.

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FICO ORTOPÉDICO INTERNACIONA

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Diretor:Rodrigo Alvarez Cambras

Ave. 51 No.19603 La LisaLa Habana

CubaTel: (537) 271 8646/ 271 9055/ 273 6480Fax: (537) 273 6480/ 273 1422/ 273 6444

E Mail: [email protected]@fpais.sld.cu

www.frankpais-ortop.comwww.ccortopfpais.sid.cu

O Complexo hospitalar mais extenso e integral do mundo, dedicado à cirurgiaortopédica, traumatológica, reconstrutiva e reabilitadora do sistema

osteomioneuroarticular.Oferece tratamento em doenças da coluna vertebral; hérnia de disco; paralisia

da medula espinhal de origem traumática, congênita ou adquirida; paralisia dos nervosperiféricos; tumores ósseos e de partes brandas; fraturas e seqüelas de fraturas;

pseudoartrose; infecções ósseas e articulares; deformidades congênitas e adquiridas dos membros.

Além disso, dedica-se à cirurgia reconstrutiva em lesões de pés e mãos; enxertosósseos e de articulações parciais e totais; substituições com próteses das articulações;

microcirurgia; artroscopia; alongamento dos ossos por problemas congênitos ouadquiridos, baixa estatura ou nanismo; cirurgia de revascularização e enxerto em

lesões da medula espinhal em necroses articulares.O hospital também oferece serviços especializados nas técnicas de fixação

externa e em lesões e traumatismos esportivos.Também conta com o Centro de Saúde Física e Esporte Ortoforza, dedicado àpromoção, recuperação e apoio da saúde física, através do controle médico, dareabilitação e do esporte; tudo isto em uma confortável instalação que dispõe de

consultas médicas, ginásio com diferentes equipamentos, quadras de tênis, piscina, minigolfe, recinto para corridas, assim como serviços de restaurante, cafetaria

e outros.Também fazem parte do Complexo a Escola Ibero-Americana de Ortopedia e

Traumatologia, e o Centro de Eventos Ortop, dedicados, respetivamente, à organizaçãode cursos e estágios, e à realização profissional de congressos e diferentes tipos de

reuniões. Para isso, têm salões devidamente equipados e pessoal técnico qualificado.

ORTOPCentro de Eventos Centro de Saúde Física e Esporte

ORTOFORZA

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INTERNACIONAL 1527.OUTUBRO.2017 | GRANMA INTERNACIONAL

Elson Concepción Pérez

• A saída, ou diga-se melhor, o abandonopor parte do governo norte-americano deDonald Trump de sua afiliação à Unesco,pode ser denominada «uma questão total-mente ilógica».

Tanto o argumento de Washington, refe-rente ao reconhecimento por parte dessainstituição da ONU ao povo palestino — so-frendo e massacrado durante décadas pelogoverno de Israel, com o apoio incondicio-nal dos Estados Unidos — quanto o questio-namento acerca do desempenho da institui-ção, longe de contar com um raciocínio cre-dível, fazem parte de uma política erradacom a qual se quer desferir o último golpeao mundo multipolar a favor do hegemonis-mo norte-americano.

Dessas próprias cabeças que hoje confor-mam a liderança da grande nação do Nortesaiu a bofetada que o presidente Trump deuà comunidade internacional, incluindo o pró-prio povo norte-americano, quando resolveuabandonar os Acordos de Paris sobre Mu-dança Climática, aprovados pela maioriados Estados, há um pouco mais de doisanos.

É muito difícil entender como é possívelque uma nação seja presa dos delírios maisretrógrados de uma administração que,longe de reforçar a luta pela paz, pelo de-senvolvimento, para acalmar os flagelos jávisíveis do clima, por contribuir para os pla-nos de educação, ciência e cultura, neces-sários para um mundo melhor, opta por de-

safiar a sanidade e agir de forma tão irres-ponsável.

Outras ações na mesma direção já foramanunciadas pelo próprio Trump.

Também se propõe abandonar o AcordoNuclear com o Irã, alcançado em 2015 peloGrupo 5 mais 1 (Estados Unidos, França,China, Rússia e Grã-Bretanha, além da Ale-manha), que foi bem recebido, em nível glo-bal, pois se revela como um avanço real emum assunto tão perigoso como qualquercoisa que tenha a ver com armas nucleares.

Não importa para aqueles que dirigem aCasa Branca e o Pentágono que a AgênciaInternacional da Energia Atômica, umaagência encarregada de monitorar o cumpri-mento do acordo de Teerã, in loco, declaras-se em todos seus relatórios que não há evi-dência de violação do acordo pelas autori-dades iranianas.

Ouvidos surdos de Trump, mesmo até comseus próprios parceiros europeus, os quaissão a favor que o acordo com o Irã continuea existir, reconhecendo a forma transparen-te e séria em que as autoridades iranianascumprem cada um dos itens estabelecidos.

Neste caso, o magnata imobiliário à frentedos Estados Unidos está brincando comfogo e não parece raciocinar que, caso con-tinuar atiçando estas questões, o mundo es-taria cada vez mais próximo do apocalipse.

A saída dos Estados Unidos da Unesco,adotada em 12 de outubro, é um verdadeirogolpe para a comunidade internacional, quetem um histórico de decisões semelhantestomadas por Washington, em 31 de outubro

de 1984, quando Ronald Reagan era presi-dente. Foi preciso esperar 19 anos antes deos Estados Unidos se reincorporarem em2003.

A questão palestina foi usada em diferen-tes ocasiões para ‘justificar’ as decisões dasadministrações dos EUA. Em primeiro lugar,pelo reconhecimento por parte da Unescoda Organização da Libertação da Palestina;depois, em 2012, por ter aceitado a Palesti-na como país membro com pleno direito e,agora, sob o argumento falso de qualificarde «ofensa à História», a decisão da Unes-co de declarar a cidade velha de Hebron, naárea ocupada da Cisjordânia, como «zonaprotegida» do patrimônio mundial.

Nem foi uma coincidência que Israel, o me-lhor parceiro e ponta de lança dos EstadosUnidos em suas guerras de agressão contranações do Oriente Médio e outras tenha ado-tado a mesma decisão de sair da Unesco.

Chegou tão longe na irracionalidade e faltade ética nas relações internacionais que oprimeiro-ministro israelense Benjamin Ne-tanyahu até qualificou a instituição da ONUcomo um «teatro do absurdo, onde a histó-ria se deforma em vez de preservá-la».

Por seu lado, a embaixadora dos EUA naONU, Nikki Haley, disse que esta iniciativade declarar o centro histórico de Hebron, naCisjordânia, como área protegida «desacre-dita ainda mais uma agência da ONU alta-mente discutível».

Estes fatos — a saída do Acordo sobreMudanças Climáticas, o abandono da Unes-co e as ameaças reais de banir o AcordoNuclear 5 mais 1 com o Irã — deixam veruma comunidade internacional onde os go-vernos dos Estados Unidos andam na con-tramão da lógica e torcem por quebrar apossibilidade de construir um mundo multi-polar. •

UNESCO/NORA HOUGUENADE

Questão totalmenteilógica

A saída dos Estados Unidos da Unesco faz parte de uma política errada com a que se quer desferir oúltimo golpe ao mundo multipolar a favor do hegemonismo norte-americano.

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COLOR DE LA 16 PORTUGUES

Médicos cubanos reafirmam sua convicção humanista

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COLOR DE LA 16 PORTUGUES

Texto e fotos: Nuria Barbosa León

• PARA contribuir para o cuidado da saúde do povo vene-zuelano na Unidade Central de Colaboração Médica(UCCM) preparam-se as brigadas que viajarão a esse paísirmão da América do Sul, para trabalhar em diferentes mis-sões.

O Granma Internacional conversou com a doutora Yunis-leidys Herreira Ramos, 23 anos, que integra o coletivo detrabalho da policlínica Octavio de la Concepção y la Pedra-ja, em Camajuaní, na província de Villa Clara.

Ela vai se desempenhar em uma sala de tratamento in-tensivo, em algum Centro de Diagnóstico Integral, dos queforam criados pela Revolução Bolivariana.

Explicou que nos últimos anos da carreira, a faculdade fezuma seleção rigorosa dos estudantes com melhores resul-tados acadêmicos, aos quais ministrou uma preparação in-tensa, pois foram escolhidos para integrar brigadas médicascubanas que dão atendimento médico à população em ou-tros países, principalmente na Venezuela.

Nos anos de estudo, incutem-lhe a vocação humanistaque deve ter um profissional das ciências médicas para so-correr os necessitados e ela confessa seguir o exemplo le-gado por muitos prestigiosos médicos, principalmente porErnesto Che Guevara, defensor do internacionalismo emtoda a sua magnitude.

Destacou que na carreira de medicina tomam-se decisõ-es que podem custar a vida do doente, pelo qual se neces-sita de conhecimentos sólidos para tratar da evolução dadoença. Em tal sentido significou que a atenção ao pacien-te grave é muito rigorosa e complicada, «porque tentamos

tirá-lo do seu estado terminal e levá-lo novamente à vida»,afirmou.

Sua colega, a doutora Dayana Rondón Pérez, 24 anos eligada à policlínica Manuel Fajardo Rivero, no mesmo muni-cípio de Villa Clara, coincide ao dizer que com o pacientegrave se trabalha de forma intensiva, minuto a minuto, para

tirá-lo da morte e isso só se consegue pelo esmero e capa-cidade dos profissionais que o atendem.

Ela tem como experiência próxima a do seu pai, quematualmente trabalha como médico nos cuidados intensivosna Venezuela. «Chama-se Félix Rondón e gostaria de estarao seu lado nesta missão».

Precisou que seu pai lhe explicou que Cuba e a Venezue-la têm semelhanças em seu clima e cultura, mas que anação sul-americana está em uma etapa de construção deuma sociedade afastada do capitalismo.

Quanto ao seu trabalho como médica, aspira a se reafir-mar do ponto de vista profissional, dar seu maior esforçopara salvar vidas e cumprir com seu país, que lhe permitiuse formar em uma medicina de caráter humanista. «Gosta-ria que as pessoas na minha volta se sentissem orgulhosasde mim e eu possa contribuir com a humanidade».

Igualmente, a licenciada em farmácia, Margarita SánchezCantón, 31 anos, e trabalhadora do armazém de medica-mentos da policlínica Mario Pozo Ochoa, da província deLas Tunas, indicou que a escolheram para cumprir a missãointernacionalista na Venezuela por seu desempenho profis-sional de destaque.

«Sou muito ativa e já fiz vários cursos, como o de doen-ças tropicais, além de reforçar a minha preparação sobre asituação mundial.

Sánchez Cantón reafirmou que seus conhecimentossobre a organização da farmácia os vai aplicar na Venezue-la, «porque nos regemos por normas internacionais».

Na pátria de Simón Bolivar vou me deparar com algonovo, mas não tenho medo, pois estou cheia de fortaleza,firmeza e energias positivas». •

Médicos cubanos reafirmam sua convicção humanista

• «O trabalho político de um militan-te comunista dentro de um sistemacapitalista e neoliberal constitui umsacrifício», segundo expressou oargentino Máximo Schnebely aosemanário Granma Internacional,durante uma entrevista no Acam-pamento Internacional Julio Anto-nio Mella, no município de Caimito,província de Artemisa.

Nascido de pais suíços, ele pro-cede da cidade de San Carlos deBariloche, província argentina deRío Negro. Viajou a Cuba junto àbrigada Pelos Caminhos de Che,que prestou tributo ao mítico guer-rilheiro argentino-cubano no 50ªaniversário da sua morte em com-bate na Bolívia.

«Hoje nós, como comunistas ar-gentinos trabalhamos pela unida-de do setor popular e progressista,que podem construir um movimen-to alternativo para lutar contra osgovernos representativos da direitaneoliberal». Nesse aspecto apoiama candidatura da ex-presidentaCristina Fernández de Kirchnerpara retomar o governo na naçãolatino-americana.

Quais são as principais lutasneste momento?

«A luta que nos identifica e nosjunta é a reclamação pelo assassi-nato do jovem Santiago Maldona-do, um companheiro desaparecidoapós o protesto realizado a favordos direitos dos povos origináriosmapuches na região sul, na Pata-gônia».

«Nosso povo sente muita dor res-peito à situação dos desapareci-dos. Lembremos que sofremos o

sequestro, tortura e desapareci-mento de mais de 30 mil pessoasentre os anos 70 e 80.

«Outra luta que nos envolve é areclamação pela liberdade da lídersocial Milagro Sala. Essa compa-nheira foi presa injustamente pordenúncias inventadas e sem fun-damento algum, sendo finalmentefoi punida com três anos em prisãoe há uns meses cumpre prisão do-miciliar. Contudo, revocaram-lhe amedida e novamente foi levadapara o cárcere».

«Estes são exemplos que de-monstram como tentam criminali-zar o protesto social, através doamedrontamento das forças popu-lares. Tenta-se parar a essência denossas lutas».

«Não obstante, os dois casos for-talecem nossos movimentos so-ciais e aprendemos a organizar-nos. Hoje, a organização socialTupac Amaru tem maior conheci-mento, dirigida por Milagro Sala, ereconhecida pelos avanços conse-guidos na província de Jujuy parafavorecer dentro de suas comuni-dades os setores despossuídos eassegurar-lhes um lar digno, em-prego e saúde gratuita.

Qual é a tarefa principal do Par-tido Comunista da Argentina?

«Enfatizar nas bases ideológicasde nossa militância, sem provocar di-visões, para transmitir à sociedade anecessidade da mudança social.Nosso maior empenho é conseguir aunidade dentro dos movimentos so-ciais e unir as massas para efetuar atransformação ideológica que nosencaminhe à emancipação social.

«Para isso nos baseamos em umexemplo muito perto: A RevoluçãoCubana. Consideramo-la nossofarol para obter as energias neces-sárias e não cansar-nos de lutar».

Como impulsionam a solidarie-dade com Cuba?

«Na cidade de Bariloche existe ogrupo MAIS Cuba, integrante doMovimento Argentino de Solidarie-dade com a Ilha, que tem um fun-cionamento orgânico há mais de25 anos. Nosso principal objetivo éa divulgação da realidade cubana,através de vídeos debates, progra-mas de rádio, eventos culturais ououtras formas de educação ideoló-gica com as massas.

«Convidamos as pessoas quedesejam visitar Cuba e integrar asbrigadas de solidariedade e con-centrar seus esforços em tarefasprodutivas na nação antilhana».

«Hoje, somos um grupo regionalde solidariedade, porque interagi-mos com as comunidades próxi-mas da cidade de Bariloche e in-centivamos o interesse pela Revo-lução Cubana. O grupo adotou onome de Camilo Cienfuegos e oconformam povoadores de toda azona sul do país». «Também traba-lhamos na promoção do turismopara Cuba, com o objetivo que osargentinos conheçam o processosocial desenvolvido na Ilha cari-benha».

O que significa Che Guevarapara os argentinos?

«Uma fonte de inspiraçãoeterna. Afortunadamente conti-nua sendo o ideal que precisaser atingido pelos povos do Sul.

Alegra-nos que seja queridopelas pessoas e seja considera-do um prócer necessário, nomarco de nossas lutas. Hoje,percebemos como é evocadopelos jovens, que o estudam etentam seguir seus passos».

«Che nos ensina todos os diasatravés de seu espírito solidário einternacionalista. Sendo argentino,primeiramente se considerou revo-lucionário e latino-americano. Essesentimento nos inspira a fazê-loparte de nossa realidade. Pátria éHumanidade, ensinou-nos JoséMartí e é muito reconfortante sen-tir-nos irmãos de todos».

O que representa ser hoje umcomunista na Argentina e na Amé-rica Latina?

«O comunismo é uma propostapura e clara para uma mudança desociedade, desenhada no século19 pelos alemães Karl Marx e Frie-drich Engels e continuado pelorusso Lênin (Vladimir Ilitch Ulia-nov). Eles criaram uma corrente fi-losófica com grandes contribuiçõesà humanidade ainda vigentes».

«Depois outros pensadores con-tribuíram para essa teoria como operuano José Carlos Mariátegui, oitaliano Antonio Gramsci, e inclusi-ve Ernesto (Che) Guevara e FidelCastro Ruz».

«O Partido Comunista hoje uneas pessoas com uma ideologiade mudança cimentada sobre asbases do marxismo. O mundoprecisa dessa organização van-guarda para poder encaminharàs massas a sua verdadeiraemancipação social, isso pode

ser realizado por um partido co-munista que abraça as ideias deuma corrente filosófica oposta to-talmente ao capitalismo predadorem sua fase superior e última,que é o imperialismo».

«Nosso principal objetivo é hojeintegrar-nos adequadamente aosmovimentos sociais que se lançamà luta contra o capital de diversasmaneiras, que propõe um empo-deramento do Estado com a toma-da do poder político. Acho que pro-curam os mesmos objetivos que oPartido Comunista e será precisonossa integração de alguma formapara vencer o capitalismo. Cuba éum exemplo nesse sentido.

«Cuba mantém sua luta por ummundo possível e muito necessá-rio hoje, para que sobreviva nossaespécie humana. A mudança cli-mática nos açoita de maneira talque fazemos parte em um proces-so de extinção. Fidel Castro Ruzadvertiu em 1992, no Rio de Janei-ro, Brasil, que a principal causadessas alterações naturais sãoproduzidas pelo consumismo des-medido, desenvolvido pelo sistemacapitalista».•

A unidade dos movimentos sociais, principal tarefa dos comunistas argentinos

Dayana Rondón Pérez (esquerda) e Yunisleidys Herreira Ramos,jovens graduadas recentemente na carreira de medicina, queforam preparadas para dar serviço nos cuidados intensivos, naVenezuela.

O argentino Máximo Schnebelyprocede da cidade argentina de SanCarlos de Bariloche e assevera queCuba é um exemplo para o mundo.

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