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PedroMIguelcampos
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JornalismoDesign
Informacomunica ção
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Entrevista
“Há menos tempo para procurar histórias próprias, e histórias mais pequenas que só
interessem às pessoas do Porto”
Pedro Rios, um dos fundadores da rede PORTO24, mostra a visão empreendedora e o espírito futurista que levaram à criação do projecto online
Qual foi o seu percurso académico? E posteriormente as primeiras experiên-cias profissionais?
Tirei o curso na Universidade do Porto, em
2000, estive na primeira fornada do curso,
porque até lá o curso não existia. Acabei o mes-
mo em 2004, tanto eu como os dois sócios da
empresa PORTO24. Depois da vida académica,
estagiei no JornalismoPortoNet (JPN), onde
se tinha a componente de aprendizagem e a
parte do profissionalismo. Durante os meses
de Verão e até Setembro estagiei no Público.
Acho que depois tive um misto de sorte e daí
fiquei a colaborar com o suplemento Ípsilon.
Durante mais 2 ou 3 meses continuei e acabei
por arranjar um estágio pago, e acabei por fi-
car no Jornal de Negócios, onde estive pouco
tempo até porque apareceu pouco depois
um convite para ir para o JPN trabalhar com o
cargo de editor. Estive nesse cargo até Janei-
ro de 2009, e foi aí que eu e um outro colega
que tratava da multimédia do JPN constatamos
que conseguíamos fazer um projecto nosso.
P2Então considera o JPN a sua rampa de
lançamento como profissional no jor-
nalismo?
Sim, foi quase que a semente do Porto24,
mas não oficial. Foi a minha experiên-
cia mais de redacção, mas se bem que
é diferente porque era instável devido a
ter picos do ano em que tem muitos alu-
nos e em outros que era quase só eu. Foi
também isso que me fez sair, porque já
não existia ninguém acima de mim no
dia-a-dia para sentirmos que alguém te
está a ‘massacrar’ e que vais aprender.
Sente então que não havia aquela pressão e que não aprende, não evolui? Qual a sua distribuição então pelos sítios que colaboras?
Continuo a não ter ninguém acima, hoje
na PORTO24, mas como agora é um pro-
jecto meu, se se fizer asneiras é brutal. Ex-
iste sempre uma diferença e aprendemos
com a variedade de coisas que fazemos.
Além do JPN, colaborei também com
um site de música, que é o Bodyspace,
e uma revista que era o Mundobizarre,
também de música. A minha ideia era
de que tudo o que aparecesse eu fazia,
mesmo que não fosse pago, mas sempre
tendo em conta o trabalho pago como
principal. Mas, em 2009/2010, entrei para
a Rádio Renascença, na secção online.
Num sumário do meu trabalho, tenho o
Jornal Público à peça, posso não fazer
nada durante a semana ou fazer algo, a
Rádio Renascença todos os dias em part-
time. E a rede PORTO24 diariamente.
PerfilJovem, empreendedor e
multifacetado, Pedro Rios, a pessoa por detrás do jornalista
“Uma pessoa de poucas falas mas que tem um es-
pírito muito observador e mordaz”, garante Luís
Santos, ex-professor universitário de Pedro Rios.
Com 29 anos, Pedro Rios tem já vínculos, com o jornal
Público e a Rádio Renascença que lhe têm garanti-
do, “alguma estabilidade”. Pedro é “um apaixonado
pela cidade do Porto”, diz Ana Isabel Pereira, colega
de trabalho na rede PORTO24, e, por isso, investiu
na informação para a cidade através do projecto in-
formativo online que lançou em 2010, a PORTO24.
Iniciou em 2000 o curso de Jornalismo e Ciên-
cias da Comunicação na Universidade do Porto.
“Um colega leal” e com uma “capacidade invul-
gar para a escrita” aponta Luís Santos sobre o seu
ex-aluno. O “interesse por música menos con-
sensual” que o ex-professor refere, continua den-
tro da redacção, (através dos headphones), onde
o jovem diz ter “oportunidade de ouvir música”.
Toca “guitarra, e no mar aproveita e pratica bodyboard.
Ana Isabel considera o amigo “uma pessoa que
corre riscos, mesmo em tempos complicados”,
mas Pedro não fala muito do futuro do projecto.
Sabe que quer “fazer algo dele apesar de ser ain-
da uma aventura, mas que tem grandes ambições”
e que isso só será conseguido quando for “algo
que permita viver financeiramente do projecto”.
“Um jornalista do século XXI: um jornalista
‘faz tudo’” caracteriza Ana Isabel o colega.
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REPORTaGEM
BRACARA AUGUSTA:a história e realidade da cidade perdida
Atlântida” romana perdida nas fundações dos edifícios e urbanizações do século XXI.
Todos nós conhecemos essa cidade, não pelo nome do Império Romano, mas pelo que surgiu
depois. Uma cidade, muitas ruínas, poucas descobertas.
Bracara Augusta, século XXI
Por esta altura do ano,
decoram-se as ruas oblíquas e
medievais da cidade de Braga,
com elementos que nos rem-
etem a uma época romana, as
tendas, as cores, os símbolos,
numa tentativa de imitação da
cidade antiga: Bracara Augusta.
Cidade fundada entre
16 e 15 A.C., era um grande
pólo comercial ibérico no tem-
po do imperador César Au-
gusto. Mas pergunta-se onde
pára a maioria da riqueza que
uma grande cidade como a
que existia na época, onde re-
pousam as ruínas nesta nova
cidade que se tem erguido em
ferro e betão? É a questão que
se coloca quando tocamos
na relação entre construção
e preservação do património,
em Braga. Uma situação com
contornos destacados, já que
os constantes vestígios ar-
queológicos encontrados no
solo da cidade fazem com
que toda a relação entre a
construção e a preservação
do património tenha de
ser gerida cautelosamente.
Mas Braga não negli-
gencia, apesar de tudo, o que é
romano na sua cultura. Através
de iniciativas como Braga Ro-
mana, ou pela claque do SC
Braga que se intitula os ‘Guer-
reiros do Minho’. Mas será
que só a nível turístico se uti-
liza o nome Bracara Augusta?
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Cidade ancestral: a História da Fundação Romana Segundo informação disponibilizada pelo Museu D. Diogo de Sousa (MDDS), a história
de Braga como cidade tem origem no ano de 16-15 A.C., onde é fundada no território dos en-
tão chamados bracari. A recém-criada cidade Bracara Augusta ou Bracarn Augusta, como era
designada na altura, era um importante pólo de desenvolvimento na região devido à possi-
bilidade de ligação que oferecia entre o Minho e a Galiza, o que fez com que se tornasse na
altura, capital de região da Galécia. Esta existência da capital minhota existia mesmo antes dos
reinados cristãos e, a sua criação em tempos de culto a deuses imperiais teve como principal
impulsão o desejo de César Augusto querer difundir o seu culto imperial na Península Ibérica.
A Unidade de Arque-
ologia da Universidade do
Minho (UAUM) completa ao
história ao mostrar informação
que comprove que, as primei-
ras décadas da cidade foram
marcadas por um grande
crescimento, não só económi-
co e comercial, mas também
nas dimensões que a própria
cidade adquiriu. Foram sendo
construídos nessa altura de
prosperidade os primeiros
edifícios públicos (o domus,
o templo); construíram-se es-
tradas (vias XVI, XVII e XIX) e
as actividades económicas
(metalurgia, olaria e comércio)
levaram à posterior criação
de novos bairros. Com estas
evoluções estavam formadas
as condições para que outras
populações se deslocassem
para ali viver. O urbanismo da
cidade desenvolveu-se em
forma ortogonal (ruas alinha-
das) orientada Noroeste/Sud
este, e a cidade acabou por
ficar dividida em quarteirões.
Entre finais do século I e iní-
cios do século II a cidade,
segundo as epigrafias e es-
cavações realizadas pelas en-
tidades responsáveis (UAUM
e MDDS), deve ter atingido a
sua máxima extensão, obten-
do uma considerável requalifi-
cação urbana, nas imediações
do forum administrativo, onde
foram construídas umas ter-
mas públicas e um teatro, lo-
calizadas hoje em dia no local
chamado Alto da Cividade.
Os finais do século III / inícios
do IV foram marcados por amp
las remodelações nos edifícios
públicos e privados, as quais
podem estar relacionadas com
a promoção da cidade a capi-
tal da província da Galécia.
Segundo ainda infor-
mações históricas do MDDS,
Bracara Augusta torna-se re-
sponsável por medidas políti-
cas e administrativas, que vê
acrescida no século IV quan-
do a mesma se torna sede
de bispado. Assim e com
este aumento de importân-
cia, a cidade conseguiu na
altura concentrar dentro de
si as elites que teriam de se
deslocar a Bracara Augusta, por
exemplo das classes religiosas.
P5Da Política Romana à política de Mesquita Machado
Passados quase 2000 anos desde a sua fundação, Bracara Augusta sofreu muitas alterações
e modificações cúmplices do tempo. De governação em governação, o sentido expansionista
da cidade foi adquirido e conseguido nos primeiros séculos ainda em épocas romanas. Com a
queda do regime romano, as construções até aí erigidas começaram a degradar-se e novas con-
struções sobrepuseram-se às antigas. Começava-se desde já a perder a história das origens des-
ta cidade minhota, que debaixo da terra ficou esquecida por muitos anos e até mesmo séculos.
Quando chegado aos
anos 60/70 do século XX as
primeiras escavações são real-
izadas na área urbana de Bra-
ga, descobrindo-se os primei-
ros grande vestígios em locais
como o Alto da Cividade, com
as Termas Romanas. Este edifí-
cio, segundo informação dis-
ponibilizada pela Unidade de
Arqueologia da Universidade
do Minho (UAUM), está da-
tado do século II e foi concluí-
da a sua descoberta no ano
de 1999. O importante desta
ruína arqueológica é que, “é
uma das mais bem protegidas
da cidade”, diz Nuno Alpoim,
ex-vice-Presidente da Câmara
Municipal de Braga quando
contactado sobre o assunto.
Procedeu-se entretanto, em
1992, à criação do projecto
Bracara Augusta, projecto em
que existe, com colaboração
entre a UAUM, o Museu D.
Diogo de Sousa e o Gabinete
de Arqueologia da Câmara
Municipal de Braga. Em con-
creto, com esta iniciativa de
protecção cultural, a direcção
municipal mostrou a im-
portância que o espaço arque-
ológico bracarense tinha nas
suas decisões de preservação
ou ‘destruição’ do património
que se vinha a descobrir com
as escavações que se vinham
a realizar ao longo dos anos.
Esta preocupação que
existia nas decisões cama-
rárias, acerca do património
arqueológico, nem sempre
esteve de acordo. Aquando
do início das explorações ar-
queológicas, a situação de
negligência camarária foi ex-
posta no ‘Entre Aspas’ pelo
arqueólogo Francisco Sandes
Lemos (suplemento quinzenal
do Diário do Minho), em 2003
onde salientava a pretensão
da entidade camarária de “fa-
cilitar a construção em troca
de verbas para trabalhos ar-
queológicos prévios, à semel-
hança (embora pindérica) dos
procedimentos vigentes em
Londres” e também destacada
pelo funcionário João Alves,
do Museu D. Diogo de Sousa,
que afirmou que, “já na altura
de 1977, as Termas do Alto da
Cividade se encontravam em
risco, porque queriam a toda
a força construir sem perceber
o que estava ali soterrado”.
Esta questão é ainda
hoje debatida por outras as-
sociações de protecção ao
espaço arqueológico braca-
rense, tais como a Jovem-
Coop, que confrontam o mu-
nicípio por excluir algumas das
descobertas da protecção que
lhes é dada pelo Plano Direc-
tor Municipal aprovado no ano
de 2000 e que, segundo o Sec-
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tor IX/Artigo 107º: “qualquer
intervenção … deve privile-
giar a valorização, protecção,
conservação e recuperação
dos valores culturais, arqui-
tectónicos, arqueológicos e
urbanísticos identificados na
carta do ordenamento, con-
dicionantes e do património
cultural, arquitectónico e ar-
queológico do PDMB [Plano
Director Municipal de Braga] ”.
A Câmara Municipal
tem vindo a fazer um trabalho
junto dos locais, através do
seu Gabinete de Arqueologia,
esclarecendo que existe uma
real diferenciação na recuper-
ação ou ocultação das ruínas,
consoante o estado de con-
servação e o interesse do que
é descoberto, o que facilita
encontrar soluções diversifica-
das para a valorização dos es-
paços culturais, ou seja como
esclarece o responsável pelo
Gabinete de Arqueologia da
Câmara Municipal de Braga
(GACMB), Armindo Cunha,
“os de significado cognitivo,
que teremos de manter; e
os outros que estando de-
masiado fragmentados não
têm qualquer tipo de motivo
para serem documentados.”
Os exemplos des-
ta mesma diferenciação na
questão da conservação ou
destruição das áreas arque-
ológicas foram o Alto da
Cividade e o quarteirão das
Carvalheiras, as ruínas conser-
vadas no subsolo nas Frigidei-
ras do Cantinho e, por outro
lado, as ruínas que foram sac-
rificadas, caso das necrópoles
descobertas durante obras
do alargamento do túnel da
Avenida da Liberdade, entre
2008 e 2009. Este problema
de preservação ou não docu-
mentação, por outro lado,
é colocado por João Alves
que esclarece mais, acres-
centando que “o grande
problema que temos ainda
hoje aqui, é escavarem e de-pois não terem maneira de preservar ou incluir na organi-zação da cidade as ruínas”.
Principais locais romanos descobertos:
Frigideiras do Cantinho
Fonte do Ídolo Domus da Escola Velha da Sé
Termas Romanas do Alto da Cividade
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