leonor freitas portefolio
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PORTEFÓLIO
Maria Leonor da Silva de Freitas
EB1/PE da Ladeira
PEGA
Paixão de Ensinar, Gosto de Aprender
PORTEFÓLIO
Maria Leonor da Silva de Freitas
EB1/PE da Ladeira
PEGA
Paixão de Ensinar, Gosto de Aprender
Vanda Fernandes
Helena Camacho
Erika Camacho
Maria Jesus Serafim
2014
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
ATIVIDADE 1 Técnicas de escrita | Palavra puxa palavra, número puxa palavra, acróstico, solilóquio
ATIVIDADE 2 Melhoramento de texto
ATIVIDADE 3
Exploração da canção: “Olha a bola Manel”, tradicional | Texto lacunar | Verbos
ATIVIDADE 4
Exploração de um conto da obra Estranhões e Bizarrocos, J. Eduardo Agualusa
ATIVIDADE 5
Jogo: “Aqui vai uma barquinha” | Campo lexical e família de palavras
ATIVIDADE 6
Texto poético “Gosto de ti!”, Leonor Santa-Rita | Escrita a partir de modelos
ATIVIDADE 7
Expressão Oral Conversas ao telefone | Formas de tratamento e regras de cortesia – o diálogo
ATIVIDADE 8
Exploração da história “Porque é que os animais não conduzem?”, Pedro Seromenho Exercícios de compreensão do oral
ATIVIDADE 9
Produção de texto individual – Eu quero ser…
REFLEXÃO FINAL
INTRODUÇÃO
A construção deste portefólio surge no âmbito da formação “PEGA – Paixão de
Ensinar, Gosto de Aprender”. Esta formação desenrolou-se ao longo do ano letivo e
teve duas vertentes: a teórica e a prática. Foram sugeridas e exemplificadas várias
atividades, todas elas passiveis de serem desenvolvidas/replicadas na sala de aula.
Apesar de haver uma diversidade de atividades para colocar em prática, foi-nos
solicitado que selecionássemos oito para constar do portefólio.
As atividades que aqui são mencionadas foram desenvolvidas num segundo
ano de escolaridade, numa turma de vinte e cinco alunos. Cada uma das atividades
está numerada e é identificado, no início, o tema ou conteúdo correspondente.
Apresento uma breve descrição do desenrolar da atividade onde, simultaneamente,
faço uma reflexão sobre os aspetos positivos e/ou menos positivos. São apresentados
registos fotográficos e/ou trabalhos produzidos pelos alunos em cada uma das
atividades efetuadas, a titulo exemplificativo. A atividade nove foi proposta por uma
das formadoras e tem como objetivo avaliar a produção escrita dos alunos, através da
comparação entre dois textos realizados em momentos distintos (um no início do ano
letivo e outro no fim), mas com o mesmo tema.
No final, apresento uma reflexão sobre as espectativas criadas, o trabalho
desenvolvido e as dificuldades sentidas ao longo de todo o percurso.
ATIVIDADE 1
Técnicas de escrita
Palavra puxa palavra, número puxa palavra, acróstico, solilóquio
Esta atividade foi desenvolvida ao longo do ano letivo e incidiu sobre
variadíssimos temas. Desde o primeiro instante suscitou o interesse e participação de
todos os alunos.
Optei por trabalhar em momentos distintos, cada uma das técnicas. Só depois
de compreenderem a estrutura de uma delas e serem capazes de a reproduzir é que
eu avançava para a seguinte.
No decorrer das atividades aproveitei para trabalhar o texto poético e
consequentemente as rimas.
Antes de iniciarmos a atividade, geralmente, trabalhávamos o campo lexical do
tema proposto, para possibilitar a criação de um texto mais rico e diversificado em
termos de vocabulário.
Foi na sequência de uma destas atividades que coloquei os meus alunos a
trabalhar em grupo, pela primeira vez, este ano letivo. Apesar de não estar muito
convencida de que seria a melhor estratégia, decidi arriscar. Logo após a leitura e
análise do texto modelo passaram para a criação dos seus textos e…surpreenderam-
me. Surgiram textos criativos e diversificados.
Em fases posteriores fui variando a forma de trabalhar. Houve momentos em
que optei por fazermos textos coletivamente ou a pares, e outros em que cada aluno
elaborou o seu texto individualmente.
Todos os textos foram desenvolvidos num ambiente de risos e alegria porque,
muitas vezes, o desejo de fazer rimas era tanto que acabavam por sair alguns
disparates.
Todas as atividades propostas no âmbito das diferentes técnicas de escrita
revelaram-se profícuas porque, mesmos os alunos com mais dificuldades tinham a
possibilidade de participar oralmente ou através da ilustração dos textos.
Os últimos textos elaborados apresentavam um maior cuidado no
encadeamento lógico dos versos e um vocabulário mais complexo.
Esta é uma atividade que eu pretendo propor, sempre que haja oportunidade.
Gostei muito dos resultados. Afinal, há alunos com “uma veia poética” e isso dá-me
imensa satisfação porque gosto muito de poesia.
ATIVIDADE 2
Melhoramento de texto
A expressão “melhoramento de texto” há muito que me era familiar, mas eu
continuava reticente em experimentar na minha sala de aula. Já tivera a oportunidade
de ver uma colega desenvolver esta atividade na sua sala, num primeiro ano de
escolaridade, mas eu continuava insegura para fazê-lo com os meus alunos.
Quando surgiu a oportunidade da professora Erika vir à minha sala desenvolver
esta proposta de atividade, prometi a mim mesma que daí em diante tinha de
experimentar. Dito e feito! Depois de desaparecer a insegurança, o melhoramento de
texto passou a ser uma atividade de carácter obrigatório na minha sala de aula. É com
imenso orgulho que vejo alguns dos meus alunos a escreverem textos com
encadeamento lógico, diversificação de vocabulário e menos repetições.
Os textos selecionados incidiram sobre temas que focavam as vivências, as
aspirações e os acontecimentos mais marcantes para os alunos. Não sei se terá sido o
caminho mais correto, mas foi a forma que eu encontrei para expandir os textos sem
correr o risco dos alunos se dispersarem do tema em questão.
Numa primeira fase, analisava os textos com mais erros ortográficos e/ou que
apresentavam ideias muito dispersas. Também optei por textos que deixavam em
aberto inúmeras perguntas por responder porque, através das perguntas ao autor, era
mais fácil canalizar toda a informação recolhida à posteriori com o propósito de
conseguir construir um texto mais complexo, mas de forma natural.
A maior parte dos alunos demonstrou agrado por ver os seus textos
selecionados. Alguns retraiam-se e ficavam zangados quando os colegas faziam
observações menos positivas quanto aos erros ortográficos. Porém, após esta primeira
reação, sentiam-se privilegiados por verem o seu texto a ser alvo de tanta atenção.
Quando passávamos à fase das perguntas ao autor, o burburinho era quase
inevitável. Havia tanto para perguntar! Algumas vezes senti dificuldades em levá-los a
distinguir as perguntas pertinentes das menos importantes porque, na perspetiva
deles, todas elas faziam sentido.
O registo das perguntas e das respetivas respostas, no quadro, revelaram ser
uma mais-valia na expansão do texto porque permitiam um maior encadeamento
lógico e a diversificação de vocabulário.
O facto de o texto ser escrito no quadro, fomentava a participação de todos
porque gostavam de ver que a resposta às perguntas que haviam feito ao autor era
incluída na reescrita do mesmo. Desta forma, o texto também passava a ser um pouco
de todos aqueles que haviam contribuído para a sua expansão.
A descoberta e registo do novo vocabulário permitiram a construção de textos
mais completos e com uma grande diversidade de palavras.
Melhoramento de texto é uma atividade que recomendo a todos os colegas e
agora falo com conhecimento de causa.
ATIVIDADE 3
Exploração da canção: “Olha a bola Manel”, tradicional
-Texto lacunar
-Verbos
Quando preparava esta atividade, achei que seria fácil o preenchimento do
texto lacunar porque, com certeza, a maior parte dos alunos já deveria conhecer a
canção “Olha a bola Manel”.
Enquanto distribuía a letra da canção com lacunas, alguns alunos começaram a
cantarolar baixinho. As contradições só surgiram quando eu disse que as palavras que
se encontravam no quadro eram as que completavam o texto. A maior indecisão
centrou-se na utilização correta das palavras “rolava” e “rebola”.
Após o preenchimento das lacunas, passamos apenas à audição do vídeo
porque, mais uma vez, não foi possível ter acesso à Internet e o download que eu havia
feito só permitiu a audição.
O facto de a canção ser apenas audível e não visível suscitou alguma confusão
no preenchimento das lacunas. Perante esta constatação, a alternativa foi ouvir a
canção várias vezes, pausadamente.
Seguidamente, procedeu-se à verificação das palavras colocadas e à respetiva
exploração da letra da canção ouvida. Esta tarefa já foi menos morosa do que a
anterior.
Com o intuito de chegar a uma definição de “verbo”, durante a exploração da
letra da cancão, direcionei as minhas questões para essa finalidade. Não foi muito
difícil, porque em aulas anteriores já havia feito referência a esta classe de palavras.
Depois de registarem o conceito de verbo no quadro e, posteriormente, no
caderno, passámos ao preenchimento da tabela que havia sido sugerida.
No dia seguinte, continuámos a nossa atividade com a escrita de frases,
utilizando os verbos selecionados mas noutro contexto.
A realização do jogo de mímica foi o culminar desta atividade. Houve muitos
risos, boa disposição e muita aprendizagem.
É de salientar que durante esta atividade prescindi dos cartões com imagem
mas, antes de passar para a dinamização do jogo, expliquei aos alunos que deviam
representar para que fosse possível descobrir qual a ação a que se referiam.
ATIVIDADE 4
Exploração de um conto da obra “Estranhões e Bizarrocos”, J. Eduardo
Agualusa
Foi com muito gosto que dei voz a um conto que deixou os meus alunos num
silêncio absoluto e em grande expetativa. Mas o que mais me surpreendeu foi ouvi-los
dizer: “Professora, conte outra vez!”, após ter feito uma pausa na leitura e ter
mostrado a página com a palavra “FIM”.
O facto de terem ouvido o conto com atenção, foi determinante para a
resolução da ficha de compreensão do oral. Nesta fase, não demonstraram nenhuma
dificuldade.
Todas aquelas invenções estranhas suscitaram curiosidade nos alunos e
despertaram a sua imaginação. O mote para o debate estava lançado e a maior parte
dos alunos quis opinar sobre a utilidade ou não dos utensílios ou “inutensílios” criados
pela personagem da história. Alguns dos alunos manifestaram a sua preferência por
determinados objetos, outros usaram a sua imaginação para criar novas invenções.
No dia seguinte, relembrámos o conto e solicitei que, a pares, selecionassem
uma das palavras da história. Posteriormente, distribui uma folha A3 e pedi-lhes que,
no meio da folha, escrevessem a palavra em letras maiúsculas, na vertical ou na
horizontal. Depois informei que, partindo da forma das letras, deveriam criar um
desenho em cada uma. Salientei o facto de querer desenhos com elementos
concretos.
Nesta fase não mencionei que os desenhos criados serviriam para a elaboração
de uma pequena história. Contudo, se voltar a desenvolver esta atividade, terei outra
atitude: dir-lhes-ei logo para pensarem bem nos elementos que irão representar
porque a criação de uma boa história depende, também, das personagens que dela
fazem parte.
Verifiquei que alguns pares tiveram mais dificuldades em criar a sua história
porque os elementos desenhados também não favoreciam essa vertente. Fiquei
desapontada com os erros ortográficos que alguns pares apresentaram e com a falta
de lógica de algumas histórias. A solução foi andar de mesa em mesa a ajudá-los a
refazer as histórias menos bem conseguidas.
Há um outro aspeto que eu acho que correu menos bem porque os alunos
ainda têm dificuldade em escrever em folhas A3. Quando quis que passassem os seus
textos para uma folha branca A3, foi um autêntico fiasco porque apresentam uma letra
ainda muito pequena. Além disso, também não os orientei no tamanho das letras que
desenharam e esse pormenor fez toda a diferença. Ao colarem as imagens no
respetivo espaço da narrativa, deparei-me com desenhos muito grandes que
dificultaram o seu enquadramento na folha. Da próxima vez tenho de propor que
façam desenhos mais pequenos e mais uniformes. Necessitaram da minha ajuda para
passar o texto e colar as respetivas imagens.
A apresentação dos trabalhos à turma foi feita apenas pelos alunos que
conseguiram terminar a tarefa. Alguns pares ficaram desiludidos por não terem
conseguido terminar a sua história com sucesso. Foi uma atividade interessante pelas
inúmeras emoções que despoletou.
ATIVIDADE 5
Jogo: “Aqui vai uma barquinha”
- Campo lexical e família de palavras
Iniciei esta atividade com a apresentação da barquinha. Ficaram curiosos e
quiseram saber qual o seu propósito. Disse-lhes que aquela barquinha transportaria
uma palavra e, todos eles deveriam dizer outras palavras relacionadas com a palavra
transportada por ela. A barquinha deveria passar de mão em mão e começariam por
dizer: “Aqui vai uma barquinha carregadinha de…”. À vez, cada um deveria dizer a sua
palavra e não poderia repetir palavras ditas pelos colegas. Quem repetisse uma palavra
ou referisse alguma que não pertencesse ao tema indicado, perdia o jogo.
Antes de iniciar o jogo sugeri o tema “escola” e estivemos a relembrar as várias
palavras que fazem parte do seu campo lexical.
Seguidamente, coloquei dentro de um saco diversos cartões com nomes que
deram origem a vários campos lexicais. A primeira palavra que retirei foi “alimentação”
e fiquei satisfeita com a prestação dos meus alunos porque surgiram palavras como
“sushi” e arroz chau-chau” que vieram enriquecer o vocabulário de alguns. Contudo,
nem todos levaram o jogo a sério e quem estava distraído acabou por sair logo na
primeira jogada.
Achei esta parte da atividade muito proveitosa porque apela à concentração, à
memorização e à partilha de conhecimentos.
Posteriormente, estivemos a analisar as palavras de cada um dos campos
lexicais registados no quadro e fomos à descoberta da noção de campo lexical. Os
alunos definiram “campo lexical” de forma correta e sem manifestarem dificuldades.
Registamos as conclusões no quadro e no caderno.
Numa segunda etapa, dividi a turma em oito grupos de três elementos e
distribuí por todos uma folha A4 com um campo lexical diferente. À vez, cada grupo
leu as palavras da sua folha e, em conjunto, foram descobrindo a palavra referente a
cada campo lexical. Nenhum campo lexical suscitou dúvidas ou ambiguidades. Para
finalizar esta etapa, propus que elaborássemos um texto coletivo com um dos temas
distribuídos pelos grupos. O mais votado foi o tema “praia”.
Fiquei satisfeita com o texto elaborado porque o tema escolhido permitiu aos
alunos menos participativos demonstrarem que também têm ideias válidas.
Ao constatar que os alunos tinham aderido bem a esta atividade, decidi
aproveitar este “estado de graça” e desafiei-os para criarem um texto individualmente
a partir da seleção de um dos três temas sugeridos por mim. A sugestão era construir
um pequeno texto utilizando palavras do campo lexical de “jardim”, “piquenique” ou
“família”. As palavras já se encontravam definidas nas folhas A4 que haviam sido
distribuídas pelos grupos anteriormente.
Pedi que fizessem este trabalho em casa e que trouxessem no dia seguinte.
Grande desilusão! Apenas alguns tinham cumprido a tarefa. Não me dei por vencida e
dei-lhes mais um dia para realizarem o trabalho. Ainda bem que o fiz porque surgiram
vários trabalhos diferentes e muito interessantes. Após a apresentação de alguns,
estivemos a refletir sobre a diversidade de ideias que podem surgir a partir de um
tema comum.
Foi uma atividade muito gratificante.
ATIVIDADE 6
Texto poético “Gosto de ti!”, Leonor Santa-Rita
- Escrita a partir de modelos
Para introduzir este poema associei-o a um texto que tínhamos trabalhado na
aula anterior e que falava da amizade e do amor entre mãe e filha. Quando comecei a
ler o poema, fez-se silêncio na sala e tinha todos os olhinhos postos em mim. Notei
que estavam a gostar de ouvir, porque havia o esboçar de um sorriso nas suas faces.
Ao terminar a leitura, fiz uma pequena pausa para distribuir o texto por todos. Aí
começou um grande burburinho. Olhei à volta e decidi não intervir naquele momento
porque o entusiasmo de ler o texto era tanto que se voltaram para o colega mais
próximo e começaram a ler em voz alta.
Depois da agitação inicial, voltaram à calma e estivemos a analisar os versos do
poema. Chamei-lhes à atenção para descobrirem em todos os versos o elemento que
dizia: “Gosto de ti”, e qual a reação que desencadeava no segundo interveniente.
Verificámos, também, que havia lógica nas reações emitidas. Achei que já tínhamos
todos os “ingredientes” para procedermos à elaboração de um texto coletivo,
seguindo o modelo do poema que acabáramos de analisar.
Inicialmente senti alguma dificuldade em fazê-los entender que não podíamos
criar versos sem lógica. Era obrigatório haver coerência entre o elemento que dizia:
“Gosto de ti”, e a reação que provocava em quem ouvia esta frase. Após algumas
tentativas frustradas, lá conseguimos elaborar o texto. Digamos que fiquei
surpreendida com o resultado final. Pensei que não sairia nada de satisfatório, devido
às dificuldades iniciais. Mas, mais uma vez provaram que eu estava enganada. Afinal,
tenho pequeninos poetas e poetisas na minha sala.
ATIVIDADE 7
Expressão Oral – Conversas ao telefone
- Formas de tratamento e regras de cortesia – o diálogo
Não foi a primeira vez que eu peguei em dois telefones e levei para a sala para
utilizar como veículo de diálogo. Mas, mais uma vez, a agitação, as risadas e o barulho
fizeram parte da atividade.
Numa primeira fase, solicitei que alguém se voluntariasse para estabelecer um
diálogo comigo, utilizando o telefone. Entre muitos voluntários, escolhi a Leonor Silva
porque precisava de alguém com capacidade de decisão e argumentação para iniciar a
atividade. Disse-lhes que o objetivo era que eles identificassem quem eram os
interlocutores representados por mim e pela Leonor. Combinei com ela que eu seria a
diretora da escola e ela o encarregado de educação de uma das alunas. Mal iniciamos
a nossa conversa e já havia muitos dedinhos no ar a quererem identificar os
intervenientes, apesar de eu ter insistido que só podiam revelar a sua resposta no final
da conversa. Por coincidência, naquele instante a senhora diretora entrou na sala e aí
foi uma grande risada. Até eu não resisti. Não havia dúvidas que já tinham descoberto
qual era o meu papel e o papel da Leonor.
Depois os telefones foram circulando entre voluntários e “voluntários à força”
para que todos tivessem a oportunidade de participar. Os cenários de representação
também foram mudando consoante as minhas ordens ou as sugestões dadas pelos
próprios alunos. Simularam conversas entre médico e doente, professor e encarregado
de educação, pai e filho, namorados, marido e mulher, dona de uma loja de
brinquedos e uma ciente, um bancário e o cliente, uma chamada para os bombeiros,
etc.
No final de cada diálogo, fazíamos uma reflexão sobre a atuação dos
interlocutores. Os pontos fulcrais eram os seguintes: cumprimento das regras de
cortesia e formas de tratamento adequadas a cada interveniente, fluidez discursiva,
coerência de ideias, capacidade de argumentação e improvisação, respeito pela sua
vez de falar e capacidade de ouvir o outro e autenticidade na representação da
personagem.
O mais engraçado é que eles eram muito críticos em relação aos colegas que se
esqueciam de coisas que parecem tão espontâneas, como é o facto de nos
apresentarmos quando iniciamos uma conversa e de nos despedirmos antes de
desligarmos o telefone.
No final do diálogo entre um cidadão e o quartel dos bombeiros também
refletimos sobre o esquecimento do cidadão se identificar, apesar de ter dado a
morada. A forma como agiu durante a chamada (com risos e longas paragens),
também foi criticada, porque se fosse uma chamada real, a casa tinha ardido enquanto
os bombeiros tentavam perceber se era um falso alarme ou não.
Durante os diálogos improvisados, constatei que falta maturidade e
conhecimento da realidade a alguns alunos. As conversas perpetradas eram o espelho
das suas vivências. Por exemplo, no decorrer da conversa entre a senhora da loja dos
brinquedos e uma cliente, a determinada altura esta diz: “Tome lá o dinheiro do
peluche!” Do outro lado ouve-se uma resposta coerente: “ Ó minha senhora, como é
que vou receber o dinheiro agora, se estamos a duas ao telefone?”
Era minha intenção gravar algumas das conversas, mas acabei por desistir
porque o barulho foi constante durante toda a atividade.
No final, fizemos um registo com algumas das expressões que são utilizadas em
situações formais.
No dia seguinte, distribuí o exercício proposto pelas formadoras no qual os
alunos teriam de imaginar quem estaria do outro lado da linha e que resposta teria
dado.
Verifiquei que alguns alunos ignoraram algumas das questões que lá estavam e
por momentos o diálogo deixou de fazer sentido. A utilização correta dos tempos
verbais foi, também, uma das dificuldades apresentadas.
Após a análise destas dificuldades, pedi-lhes que, a pares, registassem por
escrito uma das conversas do dia anterior ou criassem uma nova. O cenário a
representar ficava ao critério de cada par. Entre atitudes de desânimo e euforia, os
trabalhos foram sendo concluídos e apresentados à turma.
Verifiquei maior coerência nos diálogos, cumprimento de algumas regras de
cortesia, apesar de achar que em alguns casos, os diálogos foram muito concisos.
Foi uma atividade cansativa, mas muito divertida!
ATIVIDADE 8
Exploração da história Porque é que os animais não conduzem?, Pedro
Seromenho
-Exercícios de compreensão do oral
Antes de distribuir as palavras cruzadas sobre animais, relembrei o trabalho de
pesquisa que tinham feito sobre vários animais, no âmbito da área de Estudo do Meio,
e estivemos a relembrar o nome de alguns.
Seguidamente, dei-lhes as palavras cruzadas para preencherem e a reação foi
bastante positiva. Para estimulá-los ainda mais, disse: “Vamos ver quem é o primeiro a
descobrir o nome de todos os animais?” Não demoraram muito a concluir a tarefa e
passamos à correção.
A curiosidade aumentou quando tirei o computador e fiz os procedimentos
habituais para a apresentação de algo. Concluí a ligação ao televisor e apresentei a
capa do livro. Detive-me na imagem, tentando obter alguma resposta à pergunta:
“Porque é que os animais não conduzem?”. Inicialmente ficaram a olhar para mim com
alguma perplexidade. Não consegui arrancar nenhuma resposta plausível e decidi
passar as duas imagens seguintes. Aí já comecei a obter algumas reações, mas não
relativamente à questão colocada. Estavam a achar estranho o facto do senhor da
imagem dizer que estava doente e ter um cigarro na boca. Do que eles se lembram!
Voltei a indagar: “Porque é que os animais não conduzem?”. Nenhuma resposta se
ouviu. Voltei a passar mais duas ou três imagens e comecei a ter reações. Finalmente!
Alguns começaram a rir com as imagens, mas nunca puseram em causa as afirmações
que lá estavam sobre o porquê dos animais não conduzirem, nem sugeriram outras
respostas. Ficaram na expetativa de ver qual era o animal que se seguia. A pouco e
pouco, fomos vendo, lendo e analisando cada uma das imagens e chegámos ao fim da
apresentação do livro. Estava à espera de mais euforia. Acho que me diverti mais com
as imagens do que eles.
O preenchimento de uma ficha de compreensão do oral proposta pelas
formadoras foi o passo seguinte. Verifiquei que os alunos não tiveram grandes
dificuldades na execução da ficha. Apenas a questão quatro teve de ser lida
pausadamente para eles perceberem que a resposta desta estava intrinsecamente
ligada ao exercício três. A sétima pergunta também demorou um pouco mais a ser
concluída porque implicava dar a sua opinião pessoal e justificá-la. E, como sabemos, a
maior parte destes meninos está formatada para responder sem justificar.
Após a correção da ficha fizemos o reconto oral da história e aproveitei para
perguntar: “E se fosse um burro. Porque é que o burro não conduz? Ou, porque é que
o porco não conduz?” Gradualmente, os alunos foram manifestando mais interesse e a
maioria começou a participar. Com mais ou menos disparates, consegui pô-los a
refletir porque é que outros animais que não tinham sido referidos na história também
não podiam conduzir.
A seguir, distribuí uma folha A5 por cada um deles e pedi que escrevessem uma
frase para um animal à sua escolha e fizessem a ilustração. Aos alunos com mais
dificuldades, tive de ajudar na organização das ideias e na escrita da frase. Porém,
muitos deles surpreenderam-me com a sua imaginação. Surgiram trabalhos
interessantíssimos que foram compilados para a elaboração de um livro para a turma.
ATIVIDADE 9
Produção de texto individual – Eu quero ser…
Não sei se este terá sido o tema mais assertivo, mas quando esta atividade foi
proposta, eu tinha acabado de realizar um exercício na área de Estudo do Meio que
falava de aspirações futuras, inclusive da profissão que gostariam de ter. Então, sugeri
que o tema a tratar no texto fosse a profissão que gostariam de exercer no futuro.
Selecionei os textos de dois alunos: um aluno médio (o Nuno) e uma aluna que
tem dificuldades na expressão escrita, mas é muito trabalhadora e persistente (a
Joana).
O primeiro texto foi elaborado em novembro e o segundo em junho.
Texto do Aluno A
Texto do Aluno A
No primeiro texto verificamos que há muitos erros ortográficos e a ausência de
pontuação faz com que as ideias apareçam todas misturadas. Há, também, uma
repetição de ideias.
Em contrapartida, o segundo texto apresenta poucos erros ortográficos, frases
curtas que facilitam a compreensão das ideias e um encadeamento lógico. No entanto,
estava à espera que o aluno desenvolvesse mais o texto.
Texto do Aluno B
Texto do Aluno B
O primeiro texto da aluna apresenta muitos erros ortográficos. No entanto, já
há a preocupação de utilizar os sinais de pontuação. Apresenta a repetição do “E… E…”
em vez de utilizar a vírgula. No final também há a repetição da palavra “pintar” quando
esta poderia ter sido utilizada apenas uma vez.
Comparativamente ao primeiro texto, o segundo apresenta menos erros
ortográficos, menos repetições de palavras, ideias mais explícitas e coerentes. Utiliza
adjetivos para caracterizar as ajudantes que deseja ter no seu cabeleireiro. Foi capaz
de expandir o texto.
Após a realização do trabalho apresentei aos alunos o primeiro texto. Ambos
acharam que o segundo texto estava melhor e queriam corrigir o primeiro que fizeram.
Foi muito gratificante perceber que os alunos já interiorizaram que podemos melhorar
sempre o que escrevemos.
REFLEXÃO FINAL
Esta formação já havia despertado em mim muita curiosidade. Através de
outras colegas, ouvira falar de estratégias interessantes para desenvolver a leitura, a
escrita e outros conteúdos inerentes ao CEL. Tive oportunidade de presenciar o
desenvolvimento de algumas atividades na sala de uma colega, o que aguçou ainda
mais a minha curiosidade. Mas, ao mesmo tempo, questionava-me sobre a minha
capacidade em adotar aquelas estratégias e dar outro rumo à metodologia que
utilizava no dia-a-dia.
Um dia, ao realizar uma substituição, construi um texto com alunos do primeiro
ano de escolaridade, a partir de uma novidade. Era assim que eles costumavam fazer
com a professora titular de turma. Fiquei muito satisfeita e desde então quis aprender
muito mais. Portanto, quando cheguei à formação PEGA, ia cheia de espectativas, mas
também alguns receios. Ainda tinha alguma dificuldade em me libertar dos manuais
escolares e isso poderia ser um entrave. A mudança tinha que começar em mim.
Com o decorrer das sessões, comecei a aperceber-me que havia muitas formas
de transmitir conhecimentos que passavam, sobre tudo, pela valorização das
aprendizagens que o aluno já fora capaz de efetuar e com a partilha dos seus saberes.
Confesso, contudo, que não desenvolvi nenhuma atividade sem antes observar
como procedia a formadora Erika. A recetividade dos alunos fez-me constatar que
jamais poderia negar-lhes novas experiências.
Foi com um misto de entusiasmo e apreensão que iniciei as atividades
propostas pelas formadoras. Não foi fácil porque tive de adotar formas de trabalhar e
de transmitir conhecimentos que outrora olhara com alguma desconfiança. Contudo,
os resultados foram tão surpreendentes que dissiparam as minhas dúvidas.
Felizmente, posso dizer que não houve atividade alguma que não valesse a pena.
Todas elas se revelaram fundamentais para a construção de aprendizagens
significativas. Aprendi a valorizar mais o trabalho dos alunos. Acabei por perceber que
afinal os manuais não são o fundamental numa sala de aula, mas sim um complemento
às atividades desenvolvidas.
Gostei muito da atividade “melhoramento de texto” porque, pouco a pouco, fui
observando a forma como os alunos tinham evoluído na produção de textos. A
introdução de novos conteúdos através de palavras, frases ou textos elaborados pelos
alunos também se revelou profícua. Alguns alunos passaram a trabalhar com mais
entusiasmo porque viram os seus trabalhos valorizados.
Passei a ver as histórias/contos com outros olhos; não apenas como um objeto
de entretenimento, mas sim um instrumento de trabalho com inúmeras
potencialidades. Atualmente, quando pego num livro começo a pensar de que forma
poderei trabalhá-lo na minha sala. Tive oportunidade de trabalhar alguns dos poemas
da obra “Fala Bicho”, de Violeta Figueiredo e os alunos participaram ativamente nas
atividades propostas. Acho que têm um carinho especial pelos textos poéticos.
Quero salientar, também, que a troca de correspondência foi importante
porque levou-nos a situar no mapa a freguesia da Ponta do Pargo e deu-nos a
conhecer alguns dos monumentos e tradições deste lugar. Para alguns alunos foi uma
grande descoberta.
As alterações que fui introduzindo na minha prática pedagógica revelam o
quanto esta formação alterou a minha forma de estar e atuar numa sala de aula. Os
resultados obtidos superaram as espectativas.
Houve muitas outras atividades que gostaria de ter experimentado, mas não
tive oportunidade. Porém, não fico desiludida porque a vontade de querer aprender
mais, de inovar e estar recetiva a novas ideias permanece em mim.
FX.06.2014.MLSF