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RELATÓRIO Nº 201503885
QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO?
Apuração de Representações e Demandas Sociais - Município de Jacaré dos Homens/AL. Fiscalização sobre aplicação, pelo município, de recursos federais do programa 2030 - Educação Básica / 0E36 - Complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb, nos exercícios 2012 e 2013, envolvendo cerca de R$ 8,7 milhões, em recursos federais. Trabalhos realizados em dezembro/2015.
POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO?
Apuração de situações presumidamente irregulares, ocorridas na aplicação de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, no município de Jacaré dos Homens/AL, apontadas à CGU.
QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS?
Com base nos exames possíveis, concluiu-se que a aplicação dos recursos federais não está adequada e exige providências de regularização. As seguintes falhas foram identificadas: (i) impropriedades relativas ao comparecimento de alunos do segmento EJA, com ocorrência, na amostra, de gasto impróprio no valor de R$ 27.948,91; (ii) quanto ao pagamento de despesas com transporte escolar: realização imprópria de subcontratação dos serviços e utilização de veículo fora dos padrões exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro; e (iii) existência de servidores com acumulação irregular de cargos públicos.
Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da
União
Secretaria Federal de Controle Interno
Unidade Examinada: GAB DO PREFEITO
Introdução
1. Introdução
Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida a partir de informações
encaminhadas pelo Ministério Público Federal – Procuradoria da República em
Arapiraca/AL, ocorridas na Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, apontadas ao Ministério
da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao
Processo nº 00202.000260/2015-01.
A fiscalização teve como objetivo analisar a execução local do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
Fundeb.
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 9 a 11 de dezembro de 2015 sobre a
aplicação de recursos federais do programa 2030 - Educação Básica / 0E36 -
Complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb no município de Jacaré dos
Homens/AL.
O total de recursos avaliado foi de R$ 8.752.741,07, sendo R$ 4.228.390,57 corresponde ao
Fundo do exercício de 2012 e R$ 4.524.350,50, referente ao exercício 2013.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
registros fotográficos, além de análise documental.
Relatório de Demandas
Externas
Número do relatório: 201503885
Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
tendo se manifestado em 10 de março de 2016.
1.1. Informações sobre a Ação de Controle
Ordem de Serviço: 201503885
Número do Processo: 00202.000260/2015-01
Município/UF: Jacaré dos Homens/AL
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: GAB DO PREFEITO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 27.948,91
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela
tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela
existência de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte, a competência primária para adoção de medidas corretivas dos fatos
apresentados a seguir pertence ao executor do recurso federal descentralizado. Esclarece-
se que as situações relatadas são decorrentes de levantamentos necessários à adequada
contextualização das constatações relatadas na primeira parte.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Destinam-se, ainda, para ciência dos Órgãos de Defesa do Estado com vistas à
tomada de providências no âmbito das respectivas competências. Esta Controladoria não
realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas
constatações.
2.2.1. Impropriedades relativas ao comparecimento de alunos do segmento EJA.
Ocorrência, na amostra, de gasto impróprio no valor de R$ 27.948,91.
Fato
A equipe de fiscalização da CGU-Regional/AL, por intermédio da Solicitação de
Fiscalização nº 2/2015, solicitou diários de classe pertencentes a turmas e escolas
selecionadas por amostragem.
Na análise documental do conteúdo dos diários de classe das turmas do segmento Educação
de Jovens e Adultos – EJA, foram constatadas impropriedades, a seguir detalhadas:
a) elevado número de faltas não justificadas dos alunos do segmento Educação de Jovens e
Adultos – EJA.
Em 2011, a Escola Municipal Ernani de Figueiredo Magalhães (código/INEP nº 27221032)
dispôs de turma única do 5º ano EJA, no período noturno.
Examinando os Diários de Classe, preenchidos sob a responsabilidade dos professores
contratados pela Administração municipal, foi constatada a existência de alunos com
excessivo número de faltas, superior a 25%, que automaticamente implica em sua
reprovação (Parecer/CNE-CEB nº 5, de 7 de maio de 1997), tendo repercussão, também, nos
valores investido no Fundeb e no Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae.
Para 2011, a Portaria Interministerial nº 1.459, de 30 de dezembro de 2010, que apresenta o
valor anual por aluno estimado, por etapas, modalidades e tipos de estabelecimentos de
ensino da educação básica (Art. 15, III, da lei nº 11.494/2007), estipulou em R$
1.377,64/alunoEJA/ano, todavia os exemplos abaixo discriminados evidenciam que a cota
em alusão não foi aplicada integralmente nos estudantes, dada a baixa presença nas salas de
aula:
Quadro 1 – Relação de alunos com baixa frequência escolar nas disciplinas Português
e Matemática
Nome
Disciplina: Português Disciplina: Matemática
Aulas
ministradas
Faltas
injustificadas
Percentua
l de faltas
Aulas
ministradas
Faltas
injustificadas Percentual
A. G. S. (nº
1)
139
88 63,3%
139
117 84,17%
A. dos S. (nº
3) 87 62,59% 117 84,17%
C. E. da S.
(nº 5) 85 61,15% 117 84,17%
D. M. de O.
(nº 7) 96 69,06% 117 84,17%
G. C. (nº 12) 86 61,87% 117 84,17%
H. dos S. da
S. (nº 13) 110 79,13% 117 84,17%
I. do C. L.
(nº 14) 107 76,97% 117 84,17%
J. F. da S. (nº
16) 104 74,82% 100 71,94%
Quadro 1 – Relação de alunos com baixa frequência escolar nas disciplinas Português
e Matemática
Nome
Disciplina: Português Disciplina: Matemática
Aulas
ministradas
Faltas
injustificadas
Percentua
l de faltas
Aulas
ministradas
Faltas
injustificadas Percentual
J. A. L. da S.
(nº 19) 106 76,26% 102 73,38%
J. S. dos S.
(nº 21) 107 76,97% 117 84,17%
Quadro 2 – Relação de alunos com baixa frequência escolar nas disciplinas História
e Geografia
Nome
Disciplina: História Disciplina: Geografia
Aulas
ministradas
Faltas
injustificadas
Percentual
de faltas
Aulas
ministradas
Faltas
injustificadas Percentual
A. G. S. (nº
1)
43
39 90,69%
106
85 80,18%
A. dos S.
(nº 3) 41 95,34% 90 84,9%
C. E. da S.
(nº 5) 39 90,69% 85 80,18%
D. M. de O.
(nº 7) 39 90,69% 93 87,73%
G. C. (nº
12) 39 90,69% 95 89,62%
H. dos S.
da S. (nº
13)
39 90,69% 93 87,73%
I. do C. L.
(nº 14) 39 90,69% 95
89,62%
J. F. da S.
(nº 16) 39 90,69% 95
89,62%
J. A. L. da
S. (nº 19) 27 62,79% 78 73,58%
J. S. dos S.
(nº 21) 39 90,69% 82 77,35%
b) evasão de alunos do segmento EJA.
No que diz respeito à execução do segmento EJA em 2012, constata-se a evasão escolar
ocorrida em momento posterior à data-limite fixada para levantamento do Censo Escolar do
ano em referência (art. 2º da Portaria/MEC nº 264, de 26 de março de 2007).
Quadro 3 – Relação de alunos evadidos Escola Identificação da turma Alunos evadidos
Pedro de Oliveira
Turma “B”, período noturno
C. da S. (nasc.: 15/05/1983)
C. S. G. (nasc.: 24/05/1978)
G. B. dos S. (nasc.: 10/02/1975)
J. M. da S. (nasc.: 06/02/1992)
M. B. da S. (nasc.: 19/03/1954)
Turma “EJA”, período noturno,
multisseriada (1º ao 5º anos)
A. L. da S. (nasc.: 13/06/1972)
G. dos S. da S. (nasc.: 30/09/1978)
M. A. C. (nasc.: 20/01/1969)
M. E. B. da S. (nasc.: 15/01/1969)
N. R. de M. (nasc.: 12/07/1979)
Assim sendo, houve alocação de recursos na execução do segmento EJA em 2011 e 2012 em
valores que não correspondem ao número efetivo de alunos matriculados e presentes nas
salas de aula: considerando a relação de alunos com baixa presença em sala de aula (10
estudantes da Escola Municipal Ernani de Figueiredo Magalhães que, em média, tiveram
faltas em 81,12% das aulas ministradas, em 2011) e com evasão escolar (10 estudantes da
Escola Municipal Pedro de Oliveira, em 2012), incidindo o valor anual do aluno EJA aos
correspondentes exercícios financeiros (Portarias Interministeriais nºs 1.459, de 30 de
dezembro de 2010 e 1.809, de 28 de dezembro de 2011), estima-se gasto impróprio de R$
27.948,91.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, por intermédio do Ofício nº 054/2016 – SME, de 10
de março de 2016, assim se manifestou:
“Segundo entendimento da equipe de fiscalização dessa Controladoria, foram detectados as
seguintes impropriedades:
a) Elevado número de faltas não justificadas dos alunos do segmento de Educação de
Jovens e Adultos - EJA, relacionando-se 10 (dez) alunos com baixa freqüência nas
disciplinas de português, matemática, história e geografia, em 2011;
Em relação à suposta impropriedade apontada no item "a", analisando o caso de uma Turma
única da 5ª Etapa de EJA da Escola Ernani de Figueiredo Magalhães, relativa a uma turma
de 8º e 9º ano (Código INEP 27221032), de 2011, a equipe de fiscalização fez a seguinte
observação: "Examinando os Diários de Classe, preenchidos sob a responsabilidade dos
professores foi constatada a existência de alunos com excessivo número de faltas, superior
a 25%, que automaticamente implica em sua reprovação (Parecer/CNE-CEB nº 5, de 7 de
maio de 1997), tendo repercussão, também, nos valores investidos no FUNDEB e no
Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE". (Grifo nosso).
Inicialmente, cabe-nos tecer algumas considerações, a fim de contextualizarmos essa
modalidade de ensino - EJA, que se diferencia das demais.
A EJA, Sr. Controlador, é uma modalidade da Educação Básica, que no seu processo
pedagógico deve levar em consideração quem são os seus sujeitos-trabalhadores-estudantes,
os quais predominantemente são sujeitos advindos de um contingente plural e heterogêneo
de jovens e adultos marcados pelo trabalho árduo, na maioria dos casos, em áreas rurais,
ocupando trabalhos na roça, no campo, como é o caso específico em análise (Jacaré dos
Homens). Como preconiza o próprio Parecer CNE/CEB nº 15/98, os trabalhadores-alunos da
EJA "(...) são adultos ou jovens adultos, via de regras pobres, e com vida escolar mais
acidentada. Estudantes que aspiram a trabalhar, trabalhadores que precisam estudar
(...)". São sujeitos de direitos, trabalhadores que participam concretamente da garantia de
sobrevivência do grupo familiar ao qual pertencem. Essa á a clientela a que se destina a
referida modalidade de ensino, a qual deve ser flexível, a fim de atender às necessidades
desses indivíduos, (grifo nosso)
Nessa direção, a escola deve representar para esse trabalhador-estudante uma instituição
aberta, considerando e valorizando os interesses, conhecimentos e expectativas desses
sujeitos, que vivem um percurso escolar de repetidas entradas e saídas na escola
(realidade, aliás, nacional e não localizada), ou seja, entre o conflito de ausências e
permanências, optando sempre pela sobrevivência da família e de si, sem se ater
primordialmente ao número de "presenças" em sala de aula. Caso a avaliação para
aprovação ou reprovação em relação a esse aluno seja meramente quantitativa
(quantificando o percentual de "presença" em sala de aula), essa modalidade de ensino estará
fadada ao fracasso total, (grifo nosso)
Por isso, a escola deve favorecer a sua participação, respeitando seus direitos em práticas e
não somente em enunciados de programas e conteúdos, mobilizando-os a desenvolverem
conhecimentos que partam da vida desses sujeitos - o tempo da escola no compasso da vida;
que demonstre interesse por eles como cidadãos e não somente como objetos de
aprendizagem do conteúdo escolar, muito menos como um mero expectador-presente de
conteúdos passados pelo seu professor.
A escola, sem dúvida, terá mais sucesso como instituição flexível, com novos modelos de
avaliação, de registros em pareceres descritos de ausências dos trabalhadores-estudantes e
sistemas de convivência, que considerem a diversidade da condição do sujeito da EJA,
atendendo às dimensões do desenvolvimento, acompanhando e facilitando um projeto de
vida, desenvolvendo o sentido de pertencimento.
Isso é complexo, reconhecemos, e o sistema educacional brasileiro, como está organizado,
apresenta dificuldades de lidar com esse trabalhador-estudante, sobretudo, no
acompanhamento da sua ausência, no sentido de aproveitar e compreender que o tempo da
escola (para esse trabalhador-aluno) está no compasso da vida, com a interação com as
outras agências de letramento, a exemplo da rua, do sindicato, da igreja, do local de trabalho
e da família, dentre outras.
Portanto, esse trabalhador-estudante não deve ser avaliado de forma meramente quantitativa,
não. Por menor que tenha sido a sua presença em sala de aula, algum avanço se alcançou
com o retorno daquele sujeito ao ambiente escolar naqueles "poucos" momentos em que
esteve freqüentando o ambiente escolar.
Os aspectos que estão apontados nas anotações dos professores desses trabalhadores-
estudantes (vide Pareceres, em anexo) são muito elucidativos. Percebam que vários aspectos
justificaram a ausência desses indivíduos do ambiente escolar, aspectos esses que fogem ao
desejo dos gestores e dos professores dos mesmos. É o cansaço excessivo, a necessidade de
acordar muito cedo para roçar o mato ou tirar o leite de madrugada etc, que na maioria das
vezes levam esses trabalhadores-alunos a se ausentarem com muita freqüência das salas de
aula. É a priorização pelo trabalho que lhe dá o sustento da família. Essa realidade, aliás, não
é encontrada unicamente em Jacaré dos Homens, não. É nacional, de norte a sul, de leste a
oeste de nosso país.
Nas outras modalidades de ensino (infantil e fundamental), por outro lado, digno
controlador, só não se dá o mesmo patamar/percentual de ausência (faltas) que ocorre em
EJA por um simples motivo: É que o governo controla a freqüência do ensino dessas
modalidades, através da bolsa-família, já que uma das exigências para concessão desse
benefício às famílias dos alunos matriculados nas mesmas é justamente que os pais
acompanhem o controle de "presença", mantendo seus filhos em pelo menos 85% de
frequência escolar durante o ano letivo, sob pena de perder o benefício, caso falhe nesse
controle. Caso existisse o "bolsa-estudante EJA", certamente a realidade poderia ser a
mesma, o que não significaria, necessariamente, que o aprendizado estaria melhor, porém,
com absoluta certeza os alunos estariam mais "presentes".
Caso tratemos do aspecto do financiamento desses estudantes, tomando por base o ano de
2011, especificamente a turma única da 5ª etapa da EJA (alunos de 82 e 92 ano) da Escola
Municipal Ernani de Figueiredo Magalhães (Código INEP n2 27221032), em discussão,
devemos atentar para as seguintes questões de natureza financeira:
1º) Naquela ano, nessa turma foram matriculados 36 (trinta e seis) alunos, segundo consta do
Diário de Classe em análise;
2º) O valor estipulado inicialmente por aluno da modalidade EJA, através da Portaria
Interministerial nº 1.459/2010, de 30 de dezembro de 2010, foi de R$ 1.377, 64 (doc.01),
retificado posteriormente pelas Portaria Interministerial nº 477/2011, de 28 de abril para R$
1.383,46 (doe. 02), e finalmente retificado pela 1.721/2011, de 7 de novembro de 2011, para
o valor consolidado de R$ 1.383,42 (doe. 03). (grifo nosso);
3º) Logo, o valor repassado ao município, em 2011, foi da ordem de R$ 49.803,12, pelos 36
alunos matriculados na modalidade EJA na turma única da 5ª etapa da EJA (82 e 92 ano) da
Escola Municipal Ernani de Figueiredo Magalhães, em análise;
3º) Ocorre, Sr. Controlador, que no início do ano letivo, o município designou/contratou 04
professores (português, matemática, geografia e história), além de pelo menos uma serviçal,
uma merendeira e outros servidores para atuarem na manutenção da escola em que esses
alunos se matricularam, devendo permanecer com essas despesas até o final do calendário
escolar, ainda que somente 1 (um) aluno esteja frequentando essa sala de aula naquela
escola, principalmente quando se trata de escola situada em área da zona rural;
4º) Caso tomemos por base o vencimento-base pago a pelo menos 6 desses servidores (4
professores, serviçal e merendeira) para manutenção dos serviços atinentes aos alunos
matriculados naquela escola, perceberemos que no período escolar (10 meses de aula) o
gasto somente com os vencimentos salariais desses profissionais, considerando o
apagamento individual pelo salário mínimo daquele ano (R$ 545,00), a despesa alcançou
mais de R$ 32.000,00 somente com os salários desses profissionais, o que representa
aproximadamente 70% dos recursos recebidos, sem contar com as despesas com gás (para
fazer a merenda), energia, água, etc, portanto, não há porque se falar que o município deixou
de aplicar os recursos integralmente nos estudantes, uma vez que o município manteve
sempre aberta aquela turma de EJA, até o final do ano letivo, não cabendo à escola obrigar
esses alunos de freqüentarem as aulas. As despesas para a manutenção daquela sala de aula
permaneceram até o final do ano letivo, ainda que com um número menor do que aquele que
iniciou, aliás, diga-se de passagem, com uma média de comparecimento e aprovação bem
acima da média nacional;
6º) No caso específico da parte que financia a oferta de merenda escolar para esses alunos,
por outro lado, veja as observações feitas na Tabela que anexamos ao presente Ofício, com
título RECURSOS REPASSADOS PARA MERENDA ESCOLAR - PNAE, EM 2011
(doe. 04).
b) Evasão de alunos do segmento EJA, relacionando-se 5 alunos da Turma "B"
noturno (1ª Fase) e 5 alunos da Turma "EJA - multiseriadas (3ª Fase)", em 2012.
Quanto às supostas impropriedades apontadas no item "b", assim se pronuncia a equipe de
fiscalização, ao tratar da evasão de alunos no segmento EJA, no ano de 2012, na Turma "B"
noturna e Turma "EJA" multiseriada, da Escola Municipal Pedro de Oliveira: " (..) houve
alocação de recursos na execução do segmento EJA em 2012 em valores que não
correspondem ao número efetivo de alunos matriculados e presentes nas salas de aula,
considerando a relação de alunos com baixa presença em sala de aula (10 estudantes da
Escola Ernani de Figueiredo Magalhães que, em média, tiveram faltas em 81,12% das aulas
ministradas, em 2011) e com evasão escolar (10 estudantes da Escola Municipal Pedro de
Oliveira, em 2012), incidindo o valor anual dos alunos EJA nos correspondentes exercícios
financeiros (...). Estima-se gasto impróprio de R$ 27.948,91." (grifo nosso)
Em relação à evasão, os aspectos que levam esse trabalhador-estudante a tomar tal decisão
são os mais variados e que não dependem do gestor público.
Para facilitar o entendimento do que ocorreu em relação ao caso em tela, elaboramos uma
Tabela, analisando caso a caso, que anexamos ao presente Ofício, denominada com o título
ANOTAÇÕES SOBRE EVASÃO DE 5 ALUNOS DA TURMA "B" (1ª FASE) E DE5
ALUNOS DA TURMA EJA MULTISSERIADA (3ª FASE) DA ESCOLA
MUNICIPAL PEDRO OLIVEIRA (doc. 05).”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A frequência dos alunos, inclusive daqueles matriculados na EJA, está disciplinada por
normas da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
As faltas permitidas na rede de educação pública limitam-se a 25%, percentual que pode ser
discutido em razão da realidade local, ou de circunstâncias supervenientes, porém compete
ao citado Colegiado reformular o entendimento vigente.
O baixo índice de presença de alunos da EJA verificado no início de cada ciclo/etapa pode
resultar na readequação do número de turmas, ensejando redução nos gastos com pessoal
(docente e técnico-administrativo), redistribuindo-os para outras atividades no âmbito da
Secretaria, ou mesmo encerrando o vínculo funcional, quando tratar-se de contratado
temporariamente, o que, neste caso, reduziria os custos com a máquina pública.
A União, para tanto, presta assistência financeira, competindo ao município dispor, em seu
Orçamento, de recursos para honrar sua parte no Programa.
Quando alimentou o Educacenso, nos anos de 2012 e 2013, o município indicou sua
pretensão de abrir vaga para a EJA, conhecendo, desde já, que teria que suportar o ônus da
complementação financeira para execução do Programa.
A evasão escolar significa situação extrema de redução efetiva de alunos sem a
correspondente redução dos valores repassados ao Fundeb.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Impropriedades relativas à utilização da conta única do Fundeb, desdobrada em
outras duas contas, além do lançamento de débitos considerados isentos pelo Poder
Público Federal.
Fato
Examinando a movimentação bancária dos recursos do Fundeb em 2013, foi constatado que
o município gerencia três contas, sendo que a conta/BB nº 10.671-2 recebe primariamente os
recursos componentes do Fundo, e mais duas outras contas, que funcionam distintamente
para administração financeira das verbas do Fundeb-40% (conta/BB nº 11.103-1), e do
Fundeb-60% (conta/BB nº 10.720-4).
A despeito desta sistemática de operacionalização financeira do Fundeb, o art. 17 da Lei nº
11.494, de 20 de junho de 2007, que regulamenta o Fundeb, determina que os repasses ao
Fundo convirjam a conta única, vinculada a este propósito, tendo a Secretaria do Tesouro
Nacional – STN e o FNDE disciplinados os mecanismos de implantação do citado comando
legal, editando a Portaria Conjunta nº 3, de 12 de dezembro de 2012.
Outro ponto disciplinado pelo Poder Público Federal na mencionada Portaria Conjunta foi
que “eventuais custos para manutenção e movimentação das contas correntes do Fundeb
não recaiam sobre os recursos do Fundo, em face da sua vinculação exclusiva às ações de
manutenção e desenvolvimento da educação básica” (art. 2º, inciso II), contudo há
lançamentos nas contas movimentadas pela Administração municipal, conforme evidenciado
no Balancete Mensal de dezembro/2013, que vão de encontro ao dispositivo sob comento,
havendo débito de origem derivada de cobrança de tarifas bancárias, a saber:
Quadro 4 - Relação de custos bancários, em dezembro/2013, vedados pelo Poder
Público Federal Data da operação Conta Valor
23/12/2013 10.720-4 111,00
02/12/2013 11.103-1 7,40
23/12/2013 11.103-1 59,20
Fonte: extratos bancários das contas acima mencionadas
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, por intermédio do Ofício nº 054/2016 – SME, de 10
de março de 2016, assim se manifestou:
“Segundo consta no relatório preliminar, houve a realização de despesas incompatíveis com
o objeto do FUNDEB, a saber, tarifas bancárias. Foi-se alegado que o artigo 17 da Lei
11.494/2007 determina que os repasses do FUNDEB convirjam para uma conta única,
vinculada a esse propósito, tendo a Secretaria do Tesouro Nacional - STN e o FNDE
disciplinados os mecanismos de implantação, através da Portaria Conjunta nº 3, em 12 de
dezembro de 2012.
Tendo por escopo um melhor controle do erário público, o Município de Jacaré dos
Homens/AL teve sua metodologia de trabalho — também para melhor acompanhamento e
controle das aplicações do recurso —, desdobrando o recurso a ser aplicado do FUNDEB da
seguinte forma: a conta 10.671-2 (Conta Mãe), na qual foram geridos os recursos destinados
ao magistério, ou seja, a parcela de 60% (Conta nº 10.720-4), e a conta destinada a cobrir as
despesas do FUNDEB - 40% (Conta nº 8.745-9).
Para atendimento do Decreto nº 7.507/2011, de modo a assegurar a transparência necessária
na movimentação dos recursos, já estamos mantendo em conta única e exclusiva do recurso
do FUNDEB.
Não obstante o teor do artigo 21 da Lei 11.494/2007, também é necessário que seja trazido à
baila o teor da Lei 9.394/96, vaticina que:
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas
realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de
todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos
necessários ao ensino;
III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao
aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;
V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino;
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas;
VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos
incisos deste artigo;
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte
escolar. (Grifamos)
Assim, considera-se como despesas aquelas necessárias à manutenção e desenvolvimento do
ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições
educacionais, compreendendo aquelas despesas necessárias à realização de atividades-meio
ao funcionamento de ensino.
Logo, o pagamento de tarifas bancárias é condição imposta pela instituição bancária, cuja
atividade é norteada pelo Banco Central, para a movimentação de valores os quais têm a
guarda.
No que tange ao teor do § 12 do artigo 42 da Resolução n° 44 - FNDE, de 25 de agosto de
2011, segundo o qual as instituições financeiras não cobrarão tarifas bancárias pela
movimentação das contas correntes dos Estados, Distrito Federal e Município, das contas
bancárias que se destinem à guarda de quantias públicas do FUNDEB, e no que tange
também o inciso II do artigo 2º da Portaria Conjunta STN/FNDE n° 2 de 12 de dezembro de
2012, é bom que se diga o seguinte: o acordo para não pagamento de traficas bancárias das
contas correntes destinadas a quantias pecuniárias do FUNDEB se dá entre o FNDE e as
instituições bancárias, ou entre aquele e a STN.
De forma que, se alguma tarifa bancária está sendo cobrada indevidamente pelas instituições
bancárias, o erro, ou a má-fé, vem destas instituições bancárias, e não do Município de
Jacaré dos Homens. A bem da verdade, o Município de Jacaré dos Homens é vítima desta
cobrança indevida por parte das instituições bancárias.
Todavia, saliente-se que o Município de Jacaré dos Homens irá buscar o ressarcimento aos
cofres públicos de tais valores pecuniários, perfazendo um valor de R$ 177,60 (cento e
setenta reais e sessenta centavos), mesmo que para tanto seja necessário recorrer ao Poder
Judiciário.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A cobrança de tarifa bancária, de qualquer espécie ou natureza, está vedada a débito nas
contas movimentadas pelo município para execução dos programas educacionais. A
regularização far-se-á com a comunicação da instituição financeira para suspensão definitiva
dos débitos e da restituição dos valores indevidamente descontados.
Em relação à utilização de mais de uma conta para movimentação de recursos do Fundeb, é
importante salientar que o Tribunal de Contas da União, através do ACÓRDÃO Nº
405/2016 - TCU – Plenário, cientificou todos os municípios alagoanos de que:
“a transferência de recursos da conta única e exclusiva do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb) para outras contas de livre movimentação do Município contraria o art. 2º, § 1º
do Decreto 7.507/2011, o art. 4º da Resolução FNDE 44/2011 e o art. 2º da Portaria
Conjunta STN/FNDE 3/2012 e torna obscuro, para os órgãos de controle federais, através
do acesso on line à movimentação das contas específicas detentoras de recursos federais,
identificar os reais beneficiários dos pagamentos realizados com os recursos repassados
pela União.”
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Contratação de empresa cuja capacidade operacional é inadequada ao objeto
pactuado com a Administração Municipal. Realização imprópria de subcontratação
dos serviços.
Fato
Examinando o Balancete Contábil de dezembro de 2013, especificamente o Razão de Caixa
e Bancos, foi constatado pagamento, em 30 de dezembro de 2013, em favor da empresa AM
Transportes Ltda – ME, no valor de R$ 38.448,90, a débito da conta do Fundeb-40%, a qual
presta serviço de transporte de estudantes da educação básica.
A referida empresa é prestadora de serviços de transporte de estudantes, tendo havido
pagamento, à conta do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – Pnate, no valor
de R$ 20.900,10.
Houve, portanto, dispêndio de R$ 59.349,00, em 2013, junto à AM Transportes Ltda – ME.
Consultando informações referentes ao desempenho de sua atividade econômica prestada ao
Poder público, foi verificado que em 2013:
a) dispunha de quatro funcionários, segundo a Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS);
b) não é proprietária de veículos.
A contratada, diante dos fatos acima narrados, procedeu à subcontratação total dos serviços,
seja para transporte de alunos da educação básica, seja para transporte de servidores e
objetos em geral.
Inobstante não ter(em) sido disponibilizado(s) à CGU processo(s) licitatório(s) realizados
para tal finalidade (item 1.5 da Solicitação de Fiscalização nº 1/2015, de 25 de novembro de
2015, reiterado pelo item 2 da Solicitação de Fiscalização nº 3/2015, de 11 de dezembro de
2015, a subcontratação total, caracterizada pela inexistência de frota e condutor no exercício
de sua atividade comercial, prova colhida junto à base de dados da RAIS e do Departamento
Nacional de Trânsito - DENATRAN enseja, por si só, aumento do preço dos serviços, uma
vez que haverá incorporação de despesa para gerenciamento privado da frota de veículos
(taxa de administração para remuneração do serviço), além de sua margem de lucro.
É pertinente relatar que o FNDE expediu comunicado genérico (sem número) a todos os
gestores municipais, invocando trecho do Acórdão/TCU nº 358/2015-Plenário, com alerta
sobre os critérios restritivos para adoção de subcontratação de pessoas físicas ou jurídicas na
execução do serviço de transporte escolar.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, por intermédio do Ofício nº 054/2016 – SME, de 10
de março de 2016, assim se manifestou:
“A análise da Controladoria Geral da União - CGU pontificou que a empresa AM
Transportes Ltda - ME "(...) procedeu a subcontratações total dos serviços, seja para
transporte de alunos da educação básica, seja para transporte de servidores e objetos
em geral." (grifo nosso)
De certo que não houve o emprego de veículos de propriedade da citada empresa, para que
não houvesse um aumento no "desemprego" no Município. O Intuito foi, e sempre será na
melhor e justa forma da execução dos serviços prestados referente ao transporte escolar.
De outro modo, fora gerado impostos locais, o que apontou uma série de vantagens ao
comércio local, resultando em benefícios de ordem econômica à região não se podendo
perquirir, nesse sentido, qualquer lesividade ao patrimônio público.
Da mesma forma, a empresa não pode ser considerada apenas uma intermediária, pois vem
ao longo dos anos oferecendo os seus serviços de forma regular, com sede própria e sem ter
sua conduta desabonada em qualquer momento.
É de suma importância que seja salientado que a empresa, atua no transporte escolar em
outros lugares, mostrando, assim, sua capacidade de execução dos serviços.
Pois bem, a empresa tem vasta atuação do ramo de locação de veículos e transporte escolar,
não havendo qualquer ilegalidade.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A subcontratação de serviços de transporte escolar, atuando a contratada como simples
intermediária na prestação do serviço, cujo encargo direto fora distribuído a diversas pessoas
físicas, foi alvo de determinação do Tribunal de Contas da União – TCU, que no item 9.5 do
Acórdão nº 358/2015-Plenário, determina:
“ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que adote, no prazo de
cento e oitenta dias, medidas orientadoras - ou normativas, se for o caso - aos gestores de
recursos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) em todos os
municípios do território nacional beneficiados pelo referido programa, visando evitar a
contratação da prestação de serviços de transporte escolar que se mostre antieconômica
frente às demais opções de prestação desse serviço e, ainda, a subcontratação irregular
desses serviços, a exemplo das ocorrências verificadas na presente auditoria, evitando,
contudo, inviabilizar a prestação desses serviços nas regiões mais carentes.”
A partir desta determinação, o FNDE emitiu alerta para que os municípios não mantenham
negócio jurídico com fornecedor de serviço de transporte de estudantes sem que o mesmo
disponha de frota própria.
Ao admitir a intermediação, o custo do serviço eleva-se, porquanto a contratada
formalmente pela Administração Municipal inclui lucro na sua atividade mercantil, que
poderia ser suprimido caso houvesse a contratação direta com as pessoas físicas que
efetivamente e diretamente prestam os serviços de condução dos alunos de sua rede
municipal de educação básica. ##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Utilização de veículo fora dos padrões exigidos pelo Código de Trânsito
Brasileiro.
Fato
De acordo com a lista fornecida pela Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, em 2013 foram
utilizados, para o transporte de alunos, veículos com função tipicamente de transporte de
carga, alguns com mais de 30 (trinta) anos de fabricação, a saber:
Quadro 5 – Relação de veículos utilizados no transporte escolar em Jacaré dos
Homens/AL Veículo/Modelo Placa Ano de fabricação
FORD/F4000 MUB7940 1980
FORD/F4000 MUD6185 1984
FORD/F4000 MUF2312 1986
FORD/F4000 MUF6279 1982
FORD/F4000 MUF9615 1978
FORD/F4000 MUK9471 1983
FORD/F4000 TURBO 4BT MUN5014 1998
Fonte: DENATRAN
O Conselho Nacional de Trânsito, a propósito, regulamentou o transporte de passageiro em
veículos de carga, desde que seja devidamente autorizado pelo órgão estadual competente,
em caráter eventual e a título precário, conforme prescrevia a Resolução/Contran nº 82, de
19 de novembro de 1998 (vigente em 2013), estando atualmente em vigor a
Resolução/Contran nº 508, de 27 de novembro de 2014.
A hipótese acima ventilada reveste-se de provisoriedade, utilizada em situação excepcional,
afastando-se da natureza do transporte escolar, especificado pela continuidade do serviço.
Ademais, o Código de Trânsito Brasileiro – CTB – Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997
-, tipifica, em seu art. 230, inciso II, crime de trânsito ao transporte de passageiros em
compartimento de carga, salvo por motivo de força maior, com permissão da autoridade
competente e na forma estabelecida pelo Contran, infração classificada como gravíssima,
com multa e apreensão do veículo como penalidade, e adoção de medida administrativa de
remoção do veículo.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, por intermédio do Ofício nº 054/2016 – SME, de 10
de março de 2016, assim se manifestou:
“A realidade do transporte no ano em questão era diversa de hoje. De certo, não foram
utilizados ônibus ou vans, para o deslocamento com relação ao transporte escolar, pois na
época não havia disposição dos mesmos para este feito. Tendo em vista a dificuldade no
acesso na maioria dos povoados, em alguns, quase que impossível adentrar se não por meio
dos veículos que assim o fazia.
De outro modo, afirmamos que diante do exposto e tendo como prioridade a segurança das
pessoas que utilizavam-se deste transporte, sempre foi observado e tido como principal a
segurança, mesmo não sendo o ideal, a segurança na época era prioridade, fácil de afirmar
uma vez que nunca tivemos notificação de acidentes ou de quaisquer outros danos causados
por estes transporte.
É de suma importância que seja salientado que tal acontecimento refere-se ao ano de 2013,
onde encontrávamos dificuldades no assunto em questão.
Pois bem, mesmo sendo seguro apesar de não ser o mais adequado, era com o que podíamos
contar no período.
Por fim, informo que logo a situação fora modificada de tal forma a ser enquadrado nos
moldes legais, hoje contamos com ônibus e vans novos e muito mais seguros, onde temos a
satisfação de poder oferecer um transporte mais adequado, fazendo parte apenas do passado
no que tange este questionamento.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A Prefeitura afirma que o panorama é outro, com a disponibilização, pela contratada, de
veículos de transporte adequados à legislação de trânsito e transporte, porém não apresentou
elementos comprobatórios de mudança do perfil da frota utilizada no transporte de seus
alunos (material fotográfico, relação dos veículos e vinculação destes com a contratada).
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Existência de servidores com acumulação irregular de vínculos junto à
Administração Pública.
Fato
De posse da relação individualizada do quadro efetivo da Secretaria Municipal de Educação
de Jacaré dos Homens/AL, a equipe de fiscalização da CGU-Regional/AL procedeu à
checagem de eventuais vínculos funcionais com outros órgãos e entidades da Administração
Pública, a partir do banco de dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS,
referente aos exercícios de 2012 e 2013.
A consulta resultou na existência de servidores da Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL com
múltiplos vínculos funcionais, exercidos concomitantemente durante o exercício de 2012,
com infringência ao disposto no art. 37, XVI, da Constituição de 1988:
Quadro 6 - Servidores com mais de 2 vínculos empregatícios com a Administração
Pública, e com carga horária superior a 60 horas/semana, em 2012 Nome Vínculos funcionais
(CNPJ – Denominação)
Carga horária semanal
L. O. M.
(Total: 90h/semana)
12200218000179 - SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO (2
vínculos) 60
12250999000106 - MUNICÍPIO DE 30
Quadro 6 - Servidores com mais de 2 vínculos empregatícios com a Administração
Pública, e com carga horária superior a 60 horas/semana, em 2012 Nome Vínculos funcionais
(CNPJ – Denominação)
Carga horária semanal
JACARÉ DOS HOMENS
L. L. S.
(Total: 90h/semana)
12200218000179 - SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO (2
vínculos) 60
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 30
A. S. DA S. M.
(Total: 85h/semana)
12200218000179 - SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO (2
vínculos) 60
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 25
S. H. DE Q. B.
(Total: 130h/semana)
12200135000180 - MUNICÍPIO DE
MACEIÓ (2 vínculos) 60
12263869000108 - MUNICÍPIO DE
BARRA DE SÃO MIGUEL 30
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 40
A. G. M. DOS S.
(Total: 90h/semana)
12200218000179 - SECRETARIA DE
ESTADO DA EDUCAÇÃO (2
vínculos) 60
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 30
J. L. P. N.
(Total: 100h/semana)
06062642000100 - POLICIA CIVIL
DO ESTADO DE ALAGOAS 30
12251450000136 - MUNICIPIO DE
MONTEIROPOLIS 30
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 40
Quadro 7 - Servidores com mais de 2 vínculos empregatícios com a Administração
Pública, e com carga horária superior a 60 horas/semana, em 2013 Nome Vínculos funcionais
(CNPJ – Denominação)
Carga horária semanal
S. H. DE Q. B.
(Total: 227h/semana)
12200135000180 - MUNICÍPIO DE
MACEIÓ (2 vínculos) 60
12263869000108 - MUNICÍPIO DE
BARRA DE SÃO MIGUEL 30
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 40
12342663000173 - MUNICIPIO DE
MATRIZ DE CAMARAGIBE 97
J. L. P. N.
(Total: 100h/semana)
06062642000100 - POLICIA CIVIL
DO ESTADO DE ALAGOAS 30
12251450000136 - MUNICIPIO DE
MONTEIROPOLIS 30
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 40
I. S. S. M.
(Total: 269h/semana)
10441233000183 - FUNDO
MUNICIPAL DE SAUDE (2 vínculos) 194
12225546000120 - MUNICIPIO DE
PIRANHAS 35
12250999000106 - MUNICÍPIO DE
JACARÉ DOS HOMENS 40
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
A Prefeitura de Jacaré dos Homens/AL, por intermédio do Ofício nº 054/2016 – SME, de 10
de março de 2016, assim se manifestou:
“Quadros 6.1 e 6.2
NOME VÍNCULOS CH OBSERVAÇÃO
L. O. M.
Secretaria de Estado da
Educação (2 vínculos)
60 Na realidade, a servidora
possui carga horária de 20
horas no Estado de Alagoas e
25 no Município de Jacaré
dos Homens, perfazendo um
total de 45 horas semanais.
Vide docs. 07, 08 e 09.
Município de Jacaré dos Homens
30
L. L. S.
Secretaria de Estado da
Educação (2 vínculos)
60 Essa servidora possui carga
horária de 40 horas no Estado
de Alagoas e 25 em Jacaré
dos Homens, perfazendo um
total de 65 horas semanais.
Vide docs. 10,11 e 12.
Município de Jacaré dos Homens
30
A. S. da S.
Secretaria de Estado da
Educação (2 vínculos)
60 Na realidade, a servidora
possui carga horária de 30
horas no Estado de Alagoas e
25 no Município de Jacaré
dos Homens, perfazendo um
total de 55 horas semanais.
Vide docs. 13,14, e 15.
Município de Jacaré dos Homens
25
S. H. de
Q. B.
Município de Maceió 60 Essa servidora não possui
mais vínculo com esta
Prefeitura, nem com a
Prefeitura de Matriz de
Camaragibe. A carga horária
da mesma em Barra de São
Miguel é de 20 horas e em
Maceió é de 40 horas. Vide
docs. 16,17,18 e 19.
Município de Barra de São
Miguel
30
Município de Jacaré dos Homens 40
Município de Matriz de
Camaragibe
97
A. G. M.
dos S.
Secretaria de Estado da
Educação (2 vínculos)
60 Na realidade, a servidora
possui carga horária de 40
horas no Estado de Alagoas e
25 no Município de Jacaré
dos Homens, perfazendo um
total de 65 horas semanais.
Vide docs. 20,21 e 22.
Município de Jacaré dos Homens
30
I. S. S. M.
Fundo Municipal de Saúde 194 Essa servidora possui
contrato com esta Secretaria
de 20 horas, atualmente.
Cremos que essa Carga
Horária no FMS está estranha
ou errada. Vide docs. 23 e 24
Município de Piranhas 35
Município de Jacaré dos Homens
40
NOME VÍNCULOS CH OBSERVAÇÃO
J. L. P. N.
Polícia Civil de Alagoas 30 Esse servidor não possui mais
vínculo com esta Prefeitura.
Vide doc. 25 Município de Monteirópolis 30
Município de Jacaré dos Homens 40
Gostaríamos de informar a Vossa Excelência que solicitamos que os novos contratos sejam
feitos com Declaração dos novos ocupantes de que não acumulam cargos públicos de forma
ilícita, de acordo com o que estabelece o art. 37 da CF.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
As informações da CGU são provenientes de consulta à Relação Anual de Informações
Sociais – RAIS dos anos de 2012 e 2013, cuja alimentação do sistema é de responsabilidade
do empregador.
Assim, as jornadas de trabalho constantes da tabela elaborada pela CGU representam, com
fidedignidade, os registros na RAIS. As alegadas discrepâncias das jornadas de trabalho
deveriam estar acompanhadas da efetiva comprovação do tempo de serviço à época da
apuração (2012 e 2013), porém foram apresentadas Declarações, assinadas pela titular da
Secretaria de Educação, sem afirmar que se trata do biênio examinado.
Embora os servidores elencados pela CGU possuam mais vínculo ativo com a Prefeitura, é
importante consignar que a Administração Municipal deve exigir dos detentores de cargos
públicos, efetivos e temporários, declaração expressa de não acumulação fora das hipóteses
estipuladas no art. 37, XVI, da Constituição de 1988.
Remanescem os casos dos servidores L. L. S. e A. G. M. dos S., que exercem atividades
cujas jornadas somam mais de sessenta horas semanais.
O assunto - servidores com mais de um cargo público que, somadas as jornadas individuais,
ultrapassam 60 horas/semana – foi pacificado no âmbito no STJ a partir do julgamento do
MS 19.336/DF, DJe de 14/10/2014, em atendimento ao Princípio da Eficiência da
Administração Pública – art. 37, caput, c/c inciso XVI da Constituição Federal.
##/AnaliseControleInterno##
3. Consolidação de Resultados
Do montante fiscalizado foi identificado prejuízo de R$ 27.948,91, referente ao item 2.2.1.
Além disso, as demais situações relevantes quanto aos impactos sobre a efetividade do
Programa/Ação fiscalizado foram:
a) Capacidade operacional de contratada abaixo do objeto pactuado com a Administração
municipal. Realização imprópria de subcontratação dos serviços. (item 2.2.3)
b) Utilização de veículo fora dos padrões exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro. (item
2.2.4)
c) Existência de servidores com mais de 2 (dois) vínculos junto à Administração Pública.
(item 2.2.5)