pontifÍcia universidade catÓlica de minas gerais · substituída pela geração x e...
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Administração
Kleber Sabbadin
MAPOTECA DIGITAL PARA A PESQUISA:
o que é a geração y e qual seu impacto na gestão dos negócios
Belo Horizonte
2015
1
Kleber Sabbadin
MAPOTECA DIGITAL PARA A PESQUISA:
o que é a geração y e qual seu impacto na gestão dos negócios
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Sigmar Malvezzi
Área de concentração: Gestão de Negócios
Belo Horizonte
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Sabbadin, Kleber
S114m Mapoteca digital para a pesquisa: o que é a geração y e qual seu impacto na
gestão dos negócios / Kleber Sabbadin. Belo Horizonte, 2015.
65 f.: il.
Orientador: Sigmar Malvezzi
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Administração.
1. Geração Y. 2. Geração X. 3. Relações entre gerações. 4. Diversidade no
ambiente de trabalho. 5. Pessoal - Relações de trabalho. I. Malvezzi, Sigmar. II.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação
em Administração. III. Título.
CDU: 658.3
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Kleber Sabbadin
MAPOTECA DIGITAL PARA A PESQUISA:
o que é a geração y e qual seu impacto na gestão dos negócios
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Administração.
Área de concentração: Gestão de Negócios
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Sigmar Malvezzi - University Of Lancaster (Orientador)
_______________________________________________________________
Prof. Dr.Anderson de Souza Sant´anna – UFMG (Banca Examinadora)
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Cláudio Paixão Anastácio de Paula – PUC Minas (Banca Examinadora)
Belo Horizonte, 17 de Dezembro de 2015
3
Dedico este trabalho aos meus filhos Aline e
Gustavo, que aceitaram minha ausência com
delicadeza, e souberam identificar o momento ideal
para estarmos juntos. À minha esposa, que me
apoiou em todos os momentos, não importando se
estes seriam fáceis ou difíceis, usando de sabedoria
para entender que este trabalho é parte de um sonho.
Amo todos vocês!
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AGRADECIMENTOS
Registro meus agradecimentos a todos os que compartilharam o trilhar de mais esse
caminho percorrido, contribuindo, direta e indiretamente, para que eu realizasse esta pesquisa,
auxiliando-me e dando-me forças nos momentos em que mais precisei.
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, por estar sempre comigo, sendo meu refúgio e
fortaleza nos momentos mais difíceis. A Ele, meu agradecimento especial.
Agradeço também à minha família, pelo apoio para que eu concretizasse esta etapa:
meus filhos e esposa, que se mantiveram firmes, entendendo-me nos momentos de ausência,
dando-me apoio nos momentos de aflição.
Ao professor doutor Sigmar Malvezzi, meu “orientador”, que me possibilitou
aprendizagens únicas, por meio de suas palavras e frases, ambas muito sábias, seja em um
corretíssimo Português ou em um espetacular Italiano. A ele, que foi o grande responsável por
este trabalho, meu agradecimento.
Aos meus amigos professor doutor Ronã Rinston e sua esposa, a professora doutora
Cláudia, que me receberam de braços abertos, prontos para mudar sua rotina e me ajudar com
os candidatos para a pesquisa. Com esses dois, aprendi que “quanto mais humilde a casinha,
mais sincero é o abraço”.
Aos colegas professores e doutores do Instituto Federal do Sul de Minas e da FAI –
centro de ensino superior em gestão, tecnologia e educação, que entregaram um pouco do seu
tempo me auxiliando com a pesquisa desse trabalho.
À Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e a todos os que fazem parte desta
comunidade.
A todos, muito obrigado!
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SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 7
ABSTRACT .............................................................................................................................. 8
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2 AS GERAÇÕES ................................................................................................................... 14
2.1 Gerações ........................................................................................................................... 16
2.2 Coortes e Gerações ........................................................................................................... 19
2.3 Diferentes Gerações ......................................................................................................... 21
2.3.1 Baby Boomers ............................................................................................................. 21
2.3.2 Geração X ................................................................................................................... 23
2.3.3 Geração Y ................................................................................................................... 24
2.4 Gestão sobre a Geração Y ................................................................................................ 27
2.5 Impactos da GY ................................................................................................................ 31
2.6 Expectativa e Tendências sobre a Geração Y .................................................................. 33
2.7.Gestão sobre a Geração Y ................................................................................................ 35
2.8 Síntese .............................................................................................................................. 37
3 ESTRATÉGIA DA PESQUISA E RESULTADOS. ........................................................ 37
3.1 A escala Q ........................................................................................................................ 38
3.2 Sujeitos ............................................................................................................................. 40
3.3 Procedimentos .................................................................................................................. 41
3.4 Resultados ........................................................................................................................ 43
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 46
5 CONCLUSÕES E REFLEXÕES PARA APROFUNDAMENTOS ............................... 49
6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 53
ANEXOS ................................................................................................................................. 60
6
Anexo I - Consentimento da participação da pessoa como sujeito ........................................ 60
Anexo II - Instruções para aplicação da escala q ................................................................... 61
Anexo III - 69 características geração Y ................................................................................ 62
Anexo IV - Mapa Pirâmide para pesquisa ............................................................................. 65
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RESUMO
Esta dissertação teve por objetivo estudar os predicados identitários da Geração Y.
Desde os anos 1950, a Gestão de Pessoas se empenha para compreender os comportamentos e
atitudes de seus diferentes subgrupos culturais das organizações. A primeira geração
reconhecida e estudada na Gestão de Pessoas foi a chamada Geração Baby Boomers. Esta foi
substituída pela Geração X e posteriormente, pela Geração Y. A compreensão da Geração Y
tornou-se uma questão frequentemente mencionada nas mesas de decisões estratégicas e nos
laboratórios de pesquisa das diferenças intraculturais. Hoje, a maioria do corpo dirigente das
grandes empresas é constituída por pessoas identificadas como a Geração Y. Quem são essas
pessoas? Quais são suas características? Responder essas duas questões foi o objetivo
perseguido nesta dissertação. Esse objetivo foi alcançado por meio de uma pesquisa de
predicados identitários aferidos pela Metodologia Q. Uma escala foi construída e submetida a
juízes, que são uma população de sujeitos que categorizam os itens de acordo com sua
contribuição para um determinado conceito. Os resultados mostraram que há características
que revelam as bases dos comportamentos e atitudes dos indivíduos que nasceram entre os
anos 1970 e 1980.
Palavras chaves: Geração Y, Baby Boomers, Escala Q, Pesquisa intracultural,
Diferenças Intergeracionais,
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ABSTRACT
This Master Dissertation aimed at investigating the identity traits of the Millennials.
Since the 1950s, Personnel Management has invested in the understanding of the distinct
subcultural groups comprised in organizations. The first generation, which was investigated,
at large, was the Generation known as Baby Boomers. It was followed by the generation X,
which, in its turn, was followed by the Millennials, or Generation Y. The understanding of the
millennials has become an important issue because the majority of Boards and Managers
belong to that cultural group. Who are those people? Which are their main characteristics?
These questions are the objective of this dissertation. This objective was achieved by a survey
to investigate the characteristics of that cultural group. That investigation was accomplished
by the Q Methodology. A Q Scale was elaborated and later subjected to two sets of judges.
The results demonstrated the recognition of some characteristics as identity on the
Millennials.
Key words: Millenials, Baby Boomeers, Q Scale, Intracultural research,
Intergenerational differences.
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1 INTRODUÇÃO
O reconhecimento da existência de distintas gerações que se sucedem ao longo da
história é uma crença quase universal. A substituição de uma geração por outra é uma
condição frequente em todas as sociedades. Esse reconhecimento levanta outras questões
como a convivência e integração entre diferentes gerações. O filme Meia Noite em Paris é
uma bela construção romântica que exemplifica os sinais de alterações geracionais na
sociedade europeia na virada do século XIX para o século XX.
Esse reconhecimento atingiu o território das organizações (LOMBARDIA et al.,2008;
TAPSCOTT, 2008; COIMBRA, 2001; SCHIKMANN, 2001) que teve de enfrentar mudanças
na concepção e instrumentalidade da gestão dos negócios. A gestão de distintas gerações
dentro da mesma empresa foi um problema integrado às diversas questões que constituíram a
administração dos recursos humanos. Há uns trinta anos, tem sido comum se encontrar nas
empresas, dentro dos programas de formação e de análises estratégicas, a discussão sobre a
geração Y (GY), como um grupo populacional que se diferencia daqueles que o precederam e
daquele que hoje está prestes a ingressar no mercado de trabalho. Textos sobre a GY tem
suscitado ampla diversidade de comentários na literatura da sociologia, antropologia,
psicologia e da administração (MALVEZZI, 2011), bem como nas definições de politicas e
procedimentos na gestão das empresas.
Na literatura da gestão dos negócios, a peculiaridade da geração baby boomers (BB)
foi um tema renitente no campo da administração e seu reconhecimento aparece
principalmente nos textos e pesquisas sobre gerações (DRIES; PEPERMANS; DE KERPEL,
2008, MACKY; GARDNER; FORSYTH, 2008, WESTERMAN; YAMAMURA, 2007;
WONG et al., 2008). Mais recentemente, o reconhecimento de outras gerações denominadas
de X, Y, Z e W, tem aparecido na área da gestão de pessoas. Embora poucas pessoas neguem
a diferenciação entre gerações, sua delimitação tem sido uma questão controvertida. Esse
contraste no reconhecimento da geração dos BB e os grupos populacionais que a sucederam
GX, GY´s, GZ´s e GW´s se deve provavelmente pela dinâmica do tempo histórico no qual
essas populações apareceram e às diferenças de ritmo na absorção e implementação de
mudanças diversas nas várias sociedades.
Embora, todo o século XX tenha sido um momento de ininterruptas mudanças na
sociedade, distintas evoluções tiveram impactos mais lentos, ou mais rápidos. Nos anos de
pós-guerra as mudanças foram significativas, como o início da sociedade de comunicação de
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massa, com o rádio “trasnsistor”, a TV e o computador, porém seus impactos forram bem
mais lentos e irregulares que os efeitos da teleinformação, já nos anos 70. Com a
teleinformação, o enfraquecimento de fronteiras teve impactos mais rápidos e mais radicais.
Pode se prever que daqui para adiante, com a expectativa de mudanças ainda mais rápidas e
radicais com o advento da nanotecnologia e robótica, a ambiguidade entre gerações será
intensificada. No final da década de 1980 surgiram as redes eletrônicas, na primeira década do
século XXI, surgiram as redes sociais, uma década mais tarde, surgiram as redes de
aplicativos e espera-se a partir de 2015, a redes entre os diversos aparelhos de uso doméstico
(LUSSAULT, 2014), onde uma grande maioria de tarefas domésticas são simplificadas por
estarem conectadas por aplicativos.
As delimitações e características identitárias das últimas gerações, X, Y, Z e GW,
ainda são motivos de debates que não serão resolvidos tão cedo. Embora ainda faltem
pesquisas, as especulações sobre a geração Z apontam diferenças significativas para os
indivíduos nascidos a partir do final dos anos 1990. Eles não conheceram o mundo sem
internet, não diferenciam a vida online da vida off-line e desejam o tempo atemporal, com seu
imediatismo. São críticos, dinâmicos, não gostam de disciplinas, exigentes, sabem o que
querem, autodidatas, não gostam das hierarquias e nem de horários poucos flexíveis. Esses
jovens da geração z começam a entrar no mercado de trabalho bastante confiantes. A chegada
dessa nova geração ao meio organizacional já causa certos impactos por conta das
características peculiares e vai exigir que empresas se adaptem e apliquem novas práticas para
atrair e reter esses profissionais. As pesquisas de Dado Schneider (wikipedia) mostra que os
nativos digitais são menos motivados por dinheiro que a GY e tem mais ambições
empreendedoras. A pró-atividade com relação aos meios digitais também leva muitos a
desejarem ter sua própria startup. Cresceu significativamente, a moda das startups entre a
população mais jovem, provavelmente das gerações Y e Z. Esse fato sinaliza a identidade
empreendedora das últimas gerações. Seus membros acreditam em sua força empreendedora e
têm o sucesso como uma meta acessível e ao alcance de suas mãos.
Sempre que se fala em uma geração, existe a dificuldade de delimitação do momento
do seu aparecimento e do momento de sua diferenciação em uma nova geração. O momento
cronológico não é uma data, mas um ponto na história no qual aparecem sinais de que
mudanças ocorreram com alguma regularidade no comportamento dos indivíduos como
adaptação a mudanças externas.
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Tal como ocorre com outros estudos, surge a pergunta: existe uma geração depois dos
BB e que pode ser claramente diferenciada? Em que aspectos essa diferenciação se manifesta?
O reconhecimento de GY ajuda ou dificulta a tarefa dos gestores? Estas são algumas das
dezenas de perguntas que acompanham a gestão de pessoas nos quase 30 anos, a partir da
pressuposição da existência da GY.
Este estudo é dedicado ao esclarecimento sobre a GY. Este grupo populacional
consiste em uma geração de indivíduos nascidos a partir de 1978 (VELOSO et al., 2008),
frequentemente mencionado como distinto do grupo populacional da geração X e já
diferenciado pela geração Z. Talvez, um dos fatores que mais evidenciou a mudança da
geração X para a GY tenha sido a substituição da busca do equilíbrio pela busca da inovação.
Os anos 1960 e 1970 também abrigaram mudanças profundas porem olhando e comparando
com os anos 1980 e 1990, não se percebe tanto a busca do equilibro, mas da inovação.
A importância do estudo desta geração decorre da visibilidade desse grupo
populacional. Hoje, os indivíduos desse grupo ocupam segmentos significativos dos quadros
de gestores e altos dirigentes, em todos os cantos do mundo. Grade parte dos resultados das
empresas é dependente da visão e do desempenho de indivíduos da GY. Qual é o perfil do
indivíduo tipo desse grupo populacional?
Esse grupo tem sido visto como competente, produtivo, combativo, inquieto, com a
tecnologia e velocidade internalizadas em seu desempenho, com prontidão para mudanças,
mesmo aquelas mais radicais e ousadas. O predicado identitário mais visível e característico
desse grupo é a avidez pela inovação e a capacidade de adaptação à condições novas de vida e
de trabalho. Esse predicado explica a autonomia desses indivíduos e o domínio que eles têm
sobre as tecnologias mais recentes e mais complexas. Essas características autônomas, bem
como todo o conjunto de suas características, fazem com que a GY seja apresentada como um
desafio para as organizações e seus gestores. Trabalhar em equipes autodirigidas unidas, nas
condições da sociedade atual é um desafio que não requer explicações.
A maior parte dos estudos que analisa as diferenças entre gerações toma como ponto
de partida no âmbito laboral (DRIES; PEPERMANS; DE KERPEL, 2008, MACKY;
GARDNER; FORSYTH, 2008, WESTERMAN; YAMAMURA, 2007; WONG et al., 2008) a
posição de Kupperschmidt (2000), que entende uma geração como um grupo identificável que
nasceu em um mesmo período e, consequentemente, viveu os mesmos acontecimentos sociais
significativos em etapas cruciais do desenvolvimento tecnológico. Smola e Sutton (2002)
reforçam essa representação quando reconhecem que o contexto social no qual cada geração
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amadurece fomenta o desenvolvimento de características que se diferenciam das gerações
educadas e socializadas em contextos distintos. O grupo que compartilhou o mesmo ambiente
histórico e mesmas experiências de vida desenvolve cognições, competências, valores e
atitudes comuns que perduram em suas vidas (MEREDITH; SCHEWE, 1994). Essas
características despontam como força crucial para a gestão de pessoas nas empresas.
O grupo da GY também tem sido objeto de estudo de diversas áreas do conhecimento
e é marcado por características relacionadas com o ritmo da mudança, a necessidade e o grau
de interatividade, o acesso às informações e o entendimento do mundo, que, em conjunto
definem uma nova forma de ser e de agir na sociedade, com reflexos significativos no
trabalho (LOMBARDIA et al., 2008; TAPSCOTT, 2008; COIMBRA; SCHIKMANN, 2001).
Essa geração possui conceitos diferentes de trabalho, baseados em contratos psicológicos
diferentes daqueles que foram estabelecidos das gerações precedentes. Nesse conceito, o
trabalho costuma aparecer mais do que uma função econômica. O trabalho é uma fonte de
satisfação, aprendizado, realização e visibilidade. Essa mudança impacta no entendimento da
maioria das instituições sociais tais como, emprego, carreira, promoção, estabilidade e vínculo
profissional. Todos são aspectos relativos da vida organizacional, bastante valorizados pelas
gerações anteriores (LOMBARDIA et al., 2008, VELOSO et al., 2008; COIMBRA;
SCHIKMANN, 2001).
O cenário que distingue a GY exige das organizações o repensar de políticas e práticas
de gestão de pessoas, o que inclui à administração de carreira. Baseados na maior
complexidade no ambiente de negócios nas mudanças no sentido e natureza do trabalho,
diversos estudos foram realizados para investigar a carreira. Esses estudos, em sua maioria,
são fundamentados em metáforas tais como (a) carreiras sem fronteiras (ARTHUR et al.,
1995); (b) carreiras inteligentes (ARTHUR et al., 1995); (c) âncoras de carreira (SCHEIN,
1996); (d) carreira proteana (HALL; MOSS, 1998); (d) carreira multidirecional (BARUCH,
2004). Estes estudos coincidem em parte, com as características e reconhecimento da GY.
Nesses estudos é possível identificar distintos eixos teóricos. Um deles é o
entendimento da carreira como uma forma de ascensão, status social, visibilidade profissional
e uma oportunidade de construção de emancipação. Esse ir além de limites institucionalizados
coincidentemente tem sido um dos predicados mais comuns atribuídos a GY. Outro eixo é a
necessidade do indivíduo de buscar novas formas de adaptação às mudanças, de ser mais
maleável, proativo, responsável, proprietário de sua carreira e menos dependente das
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fronteiras colocadas pelas organizações (ARTHUR et al., 1995; BARUCH, 2004; HALL;
MOSS, 1998; DUTRA, 1992).
Veloso et al. (2008, p.1) afirmam que “os estudos relacionados à carreira devem
considerar não somente a estrutura oferecida pela organização para a ascensão profissional,
mas também as diversas ambições, que são específicas da faixa etária do trabalhador”. Ou
seja, é necessário olhar para os aspectos subjetivos da carreira. Ao tratar desses aspectos
Schein (1996) apresenta o conceito de âncoras de carreira que no seu entender, são em outras
palavras os alicerces que energizam a carreira. Scheim destaca oito ancoras de carreira: (1)
autonomia/Independência (AI); (2) segurança/Estabilidade (SE); (3) competência técnica-
funcional (TF); (4) competência gerência geral (CG); (5) criatividade empresarial (CE); (6)
serviço ou dedicação a uma causa (SD); (7) desafio puro (DP); (8) estilo de vida (EV). Essas
âncoras poderiam ser características identitárias da GY, e que as fazem diferenciar de outras
gerações. Para Schein as oito âncoras funcionam como referenciais estabelecidos pelas
pessoas ao fazerem escolhas e são baseadas em seus talentos, habilidades, competências,
motivos, necessidades e valores associados à carreira. Esse entendimento de Schein norteia o
inventário de âncoras de carreira proposto por ele, que foi utilizado em diversos estudos
nacionais (KILIMNIK, 2000; SOMBRIO, 2003; KNABEM, 2005; SANTOS; ABRAHIM,
2008). Esses estudos apresentam evidências de que os grupos de sujeitos investigados
ancoram suas carreiras em determinados valores e corroboram com o entendimento de Schein
(1996) sobre a dinâmica das âncoras, oferecendo elementos para a reflexão sobre a
necessidade de adequação dos conteúdos das âncoras ao contexto ocupacional, envolvendo
pessoas e organizações.
Como expresso na própria literatura da administração, a existência da GY é
reconhecida, porém ainda questionada porque seus contornos de definições são difíceis. Há
projetos desenvolvidos nas empresas para trabalhar com esse extrato de seus empregados. O
objetivo deste estudo é oferecer mais contribuições para o repensar de gestão de pessoas nas
organizações, em especial as políticas de administração, até então baseadas em valores e
anseios que mesclam gerações. O que é a GY e qual seu impacto na gestão dos negócios é um
tema que merece estudo para entendimento no que realmente está pautada essa geração.
OBJETIVO GERAL
Levantar os predicados identitários da GY
OBJETIVO ESPECÍFICO
A partir dos predicados identificados em estudo empírico:
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1) refletir sobre a coerência entre os predicados,
2) analisar os fatores que geraram a GY
3) avaliar os impactos na gestão de pessoas.
Para realizar esses objetivos esta dissertação foi arquitetada em quatro capítulos.
O primeiro capítulo é esta introdução, na qual o problema de pesquisa foi apresentado,
justificado e seus desdobramentos em objetivos de trabalho.
O capítulo dois é dedicado à compreensão das gerações e da análise que a literatura
oferece sobre a GY.
O capitulo três apresenta a estratégia do levantamento empírico e os resultados
quantitativos produzidos pela aplicação da escala Q a dois grupos de juízes.
O capítulo quatro analisa e discute os resultados e levanta respostas às questões
inspiradoras deste trabalho.
2 AS GERAÇÕES
O estudo de diferenças intraculturais tem sido uma prática frequente nas ciências
sociais. Sua contribuição enriqueceu a compreensão da diversidade entre segmentos de um
mesmo grupo social e o entendimento de seus impactos nos comportamentos e desempenhos.
Segmentos sociais distintos, embora dentro de uma mesma cultura, têm revelado diferenças
suficientes nos valores, crenças e rituais, com impactos sobre os comportamentos. Nessa
prática estão incluídos estudos entre diferentes gerações e etnias, dentro de uma mesma
família e dentro de mesmas empresas (FORMIGA, 2004; WALLMAN, 1979).
A compreensão das diferenças entre distintas gerações dentro de uma mesma empresa
é um conhecimento de significativa valia para a gestão de pessoas, uma vez que quase todas
as grandes empresas apresentam subgrupos de duas, ou até três gerações distintas cujos
comportamentos e atitudes revelam distâncias entre si. O estudo de diferenças dentre gerações
no trabalho é uma forma peculiar de pesquisa das subculturas porque coloca o objeto de
atenção nas diferenças intraculturais. Dentro de um contexto que se torna a cada dia mais
complexo e mais incerto, a compreensão e o desenvolvimento do desempenho ganham
continuamente novos desafios. A alta frequência de mudanças que hoje integram as rotinas na
vida, criaram condições que dificultam o planejamento e a ação da gestão de pessoas. Como
bem analisado por Crozier (1981) a cultura é um elemento da capacitação, uma vez que
responde pela base cognitiva que intervém na aplicação das habilidades humanas. Essa base é
responsável pelas decisões, expectativas e automatismos nos desempenhos. A formação de
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gerações distintas não se limita a uma dimensão genética e biológica, mas se estende
igualmente as estruturas subjetivas e intersubjetivas que sustentam os comportamentos sociais
e os desempenhos no trabalho. Este capítulo é dedicado à análise das diferenças entre
gerações.
O estudo das gerações tornou-se mais frequente nas ciências sociais a partir da
segunda grande guerra. A reconstrução da sociedade destruída pela guerra foi associada à
integração de novas tecnologias na produção, novos patamares de competitividade econômica
e a influência da comunicação de massa. A junção desses fatores convergiu para a formação e
reconhecimento de diferenças nos comportamentos dos indivíduos que ainda estavam em
formação de sua personalidade. Crianças e jovens foram impactados por muitas mudanças nas
estruturas da escola, da família, dos transportes, das comunicações e das organizações. A
análise de Ghoshal e Bartlett (1990) sobre a evolução das organizações revela os impactos
desses fatores na formação da geração denominada de baby boomers. A rápida evolução das
tecnologias recriou os modos de vida diferenciando segmentos sociais pela necessidade de
adaptação e convívio com essas mudanças. Assim, depois dos “baby boomers”, novas
gerações despontaram a partir dos anos 1960, não apenas pela força das tecnologias mas pela
revolução cultural que invadiu o mundo ocidental na música, no teatro, na literatura, na moda,
na moral e nos costumes. A gestão de pessoas não ficou à margem dessas influências, tendo
que se integrar à “onda” da busca de autonomia. Essa onda aparece no desenvolvimento de
novas técnicas de gestão que tiveram como eixo comum a participação dos trabalhadores nas
decisões gerenciais. Nessas técnicas se destacam o Círculos de Controle de Qualidade, no
Japão, os Grupos Semi Autônomos no norte da Europa, o desenvolvimento Organizacional
nos Estados Unidos, a Autogestão no sul da Europa e as comissões de fábrica, no Brasil.
Sendo o ser humano um ser adaptativo e, como tal, sensível às mudanças no ambiente, no
qual ele vive, alterações nas estruturas subjetivas e intersubjetivas tornaram-se efeitos visíveis
dessa evolução cultural. A partir dos anos 80 as pessoas tiveram que se adequar a um novo
cenário mundial. O rápido desenvolvimento tecnológico, a atuação global das empresas e a
elevação da competitividade, modificaram a complexidade das organizações que exigiam
profissionais cada vez mais capacitados (FISCHER, 2002; CASADO, 2007).
Desde os anos 1960, nessa revolução emancipatória, a atenção das ciências sociais
sobre as características dos jovens no trabalho foi um tema de crescente interesse. Na
literatura que estudou as gerações pós baby boomers diferencia perfis de 4 gerações: (a)
tradicionais; (b) baby boomers; (c) geração X ou baby busters e (d) geração Y ou echo
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boomers ou geração net ou geração why (LOMBARDIA et al., 2008; VELOSO et al., 2008;
COIMBRA; SCHIKMANN, 2001).
O olhar superficial sobre esses quatro segmentos sociais aparenta clareza nas
fronteiras entre eles. Entretanto, observa-se que não há concordância quanto ao momento de
término de uma geração e o início de outra, bem como das características que identificam tais
segmentos sociais. Assim, o inicio da GY tem sido identificado entre 1978 e 1985 e sua
substituição com outra geração posterior a ela, é identificado na vidada da sociedade para o
terceiro milênio. A despeito dessas diferenças nos limites, é possível identificar
características convergentes, bem como um foco de estudo sobre essas últimas gerações.
2.1 Gerações
A classificação das pessoas em gerações é apenas uma forma de agrupamento de
características semelhantes entretanto, diferentemente do que ocorre no campo das ciências
naturais, a classificação das gerações envolve comportamentos apresentados por seres
humanos, podendo levantar uma séria de questionamentos a respeito dos critérios utilizados e
dos resultados quanto a sua manutenção no longo prazo.
No caso das pesquisas sobre gerações, pode-se considerar que os resultados apontam
para um conjunto de comportamentos apresentado por um grande número de pessoas
entretanto, não podem ser considerados como um perfil comum a todas as pessoas que
nasceram em um determinado período e nem sendo possível garantir que os comportamentos
apresentados se manterão exatamente iguais no futuro (SMOLA e SUTTON, 2002;
JORGENSEN, 2003). Grande parte dos trabalhos que falam sobre gerações (DWYER, 2009;
CENNAMO e GARDNER, 2008; MARTIN, 2005) remetem a fatos do contexto para explicar
as características de cada grupo etário estudado.
Um fato importante a ser considerado trata-se da hipótese de uma outra geração, entre
os baby boomers e a GY que foi denominada de GX. Esta geração já possuía diversas
características (DWYER, 2009; CENNAMO e GARDNER, 2008; SMOLA e SUTTON,
2002) que já se adequavam às novas exigências do mercado de trabalho, desde o final dos
anos 1950. Em contrapartida, existiam nas organizações uma grande quantidade de
profissionais BB e pré-BB que se viram obrigados a adaptar-se a novas realidades.
Quando a GY começou a entrar no mercado de trabalho, deparou um cenário muito
parecido com o encontrado pela GX (WESTERMAN e YAMAMURA, 2007). Se houveram
mudanças, estas estão relacionadas à intensidade das características deste cenário. A GY foi
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preparada, desde que nasceu, muitas vezes pelos pais Boomers (DRUCKER, 1991), para atuar
neste contexto. Se os BB e pré-BB já ficaram assustados com a entrada da GX no mercado, a
GY impactou-os ainda mais (MARTIN, 2005).
Este novo cenário constituído a partir do final do século XX deveu-se basicamente ao
avanço da tecnologia, que alterou a concepção clássica do trabalho (GORZ, 1982;
DRUCKER, 1991; SCHAFF, 1992). Schaff (1992) sugere que essa nova concepção foi uma
segunda Revolução Industrial e faz uma analogia à revolução observada no final do século
XVIII quando ocorreram avanços significativos no processo produtivo. Gorz (1982) aponta
que as classes mais cultas seriam as primeiras a resistirem a estas mudanças, mas também as
primeiras a se aproveitarem delas. Gorz (1982) ainda questiona se as facilidades trazidas pelas
novas tecnologias iriam proporcionar uma democratização da cultura ou um desnivelamento
ainda mais acentuado.
Drucker (1991) afirma que a concepção clássica do trabalho atrelada ao “suor do
nosso rosto e a força do nosso corpo” está dando lugar ao trabalho intelectual. Esse novo
trabalhador está constituindo uma sociedade calcada no conhecimento, na qual o estudo é
fundamental para o acesso a bons empregos e ainda comenta que neste este novo contexto, o
conhecimento garante liberdade do possuidor e todo trabalhador intelectual, principalmente os
mais jovens, “sabem que não estão na dependência de um único empregador. Praticamente
todas as instituições precisam deles”.
Segundo Schaff (1992), as pessoas procuram alinhar os seus valores àqueles aceitos
pela sociedade como corretos entretanto, quando certas características são exacerbadas
alimenta-se um movimento contra cultural que busca reagir aos exageros realizados. Seguindo
este raciocínio, ao comparar as características das gerações, é possível identificar alguns
movimentos de reações ao contexto que resultam nas diferenças entre os grupos geracionais,
ou seja, o estudo e busca por conhecimento torna-se grandemente relevante.
Embora a GY esteja estudando mais e sua taxa de analfabetismo tenha caído (1991 –
19,3%, 2000 – 12,8% e 2010 – 9,4%, fonte Ministério da Saúde), ainda existe um forte
questionamento quanto à qualidade de sua formação. É muito comum a mídia noticiar a
preocupação com as pessoas que mesmo frequentando as aulas acabam sendo consideradas
analfabetas funcionais (que sabem ler e escrever, mas não fazem isso com a excelência
esperada).
Alguns dos trabalhos que abordam a temática de gerações questionam o peso da
influência do contexto na formação das características dos indivíduos pertencentes a cada um
18
dos agrupamentos geracionais (SMOLA e SUTTON, 2002; JORGENSEN, 2003; TWENGE,
2010). Encontram se trabalhos que agregam às tecnologias e aos valores, a experiência da
juventude e dos diferentes ciclos de vida na formação das características geracionais
(MOTTA et al, 2002; IKEDA et al, 2008; JORGENSEN, 2003).
Reis et al (2010) realizou um estudo e verificou que as preferências por alguns valores
se manifestava de forma diferenciada em pessoas de diferentes faixas etárias. Seus sujeitos
responderam um questionário com base no instrumento desenvolvido por Schwartz (2005),
sendo posteriormente analisado por faixas etárias. Essa pesquisa mostrou que a preferência
por valores como hedonismo, estimulação, tradição, conformidade e segurança tiveram
diferenças significativas entre as faixas etárias. Hedonismo e estimulação apareceram com
maior força nas faixas com pessoas mais jovens, diminuindo a intensidade a cada faixa etária.
Já outros valores como tradição, conformidade e segurança estavam presentes com maior
força entre as pessoas de mais idade. Diminuindo a intensidade conforme cada faixa etária
diminuía. O trabalho, por não se tratar de um estudo longitudinal, não conseguiu atrelar o
resultado ao estágio de vida da pessoa ou ao contexto geracional, mas mostra que há uma
diferença de preferência de valores entre pessoas de idades diferentes.
Rodrigues e Teixeira (2008) realizaram um estudo comparando a percepção das
pessoas quanto aos seus valores no início e no estágio atual da carreira. Os resultados
quantitativos mostraram que as pessoas perceberam uma diferença na preferência de valores
quando compararam o momento atual e o início de carreira, sendo que estes resultados
atribuem boa parte desta mudança à maturidade dos indivíduos. Em alguns relatos dessa
pesquisa, a preferência por alguns valores é mantida, mas a intensidade torna-se diferente
quando comparada ao início da carreira. Á outros indivíduos conseguem clarificar melhor o
que valorizam com o passar do tempo, como o caso de uma pessoa que, no início da carreira
achava o poder importante, mas descobriu posteriormente, que valorizava na verdade o status.
Após o período de amadurecimento, estes indivíduos perceberam que o status poderia ser
obtido de outras formas que não apenas pela aquisição do poder.
Jorgensen (2003) questiona o alarde que autores não acadêmicos fazem em relação às
diferenças geracionais e para fortalecer seu argumento, busca na literatura alguma mostra de
como as pessoas se relacionam com os valores. Jorgensen cita Hofstede (1984) para justificar
que as culturas possuem certa estabilidade ao longo do tempo e segundo o autor, isto ocorre
por conta de um sistema de reforço das normas sociais que impactam determinados processos
organizacionais, intelectuais e estruturais.
19
Jorgensen também cita Kluckhohn e Strodtbeck (1961) para dizer que os valores são
determinados por três tipos de avaliação: cognitiva, afetiva e diretiva. Segundo os autores, a
avaliação diretiva estimula a continuidade e as mudanças ocorrem somente quando essa é
bloqueada e os padrões dominantes podem ser alterados. Jorgensen ainda cita Mead (1970),
que diz que os valores são adquiridos, em sua maioria, na infância e após serem uma vez
internalizados a sua mudança é lenta. Ele também cita Brislin (1993) afirmando que na
ausência de um evento drástico, os valores permanecerão inalterados por várias gerações e
apresenta a caracterização do contexto do final da década de 60 feita por Mead (1970), época
vivida pelos BB e que segundo Jorgensen seria muito parecida à vivenciada pela GY. Mead
(1970) observou que aquela geração também vivenciou o impacto de novas tecnologias, o
surgimento de comunidades mundiais, o desenvolvimento da mídia internacional, tragédias
nacionais e a desagregação familiar.
Jorgensen cita Ryder (1965) para lembrar que as pessoas apresentam um tempo de
desenvolvimento diferente, Como cada pessoa do grupo pode estar em uma fase diferente do
estágio de vida, elas podem apresentar um desalinhamento em relação às características do
grupo geracional em que se enquadram.
Carlsson e Karlsson (1970) verificaram os impactos dos estágios da vida nas
características geracionais e mostraram a quantidade de migração e taxa de mudança de
emprego e comentam que quanto mais idade as pessoas tivessem, maior seria a resistência à
mudança e ao risco. Verificaram portanto, que existia um alinhamento das respostas,
mostrando um tendência exponencial decrescente para os resultados de migração, ou seja, as
pessoas mais velhas não querem correr os riscos de um evento desconhecido. Já os resultados
de taxa de mudança de emprego não possuem um alinhamento tão aparente, mas também
apontam para uma tendência exponencial decrescente, sugerindo uma menor propensão em
arriscar, realizar uma mudança de emprego com o aumento de idade. Para melhor explicar
essas diferenças, alguns autores recorrem ao conceito de coortes.
2.2 Coortes e Gerações
O conceito original de coortes remete ao império romano, onde este termo era aplicado
para definir um grupo de guerreiros que compunham cada uma das unidades do exército
(IKEDA et al, 2008); GLENN, 2005). Para GLENN (2005), as ciências sociais, geralmente,
estudam as coortes de idade. Quando esta área do conhecimento não indica que tipo de coorte
está sendo pesquisada presume-se que se trata daquelas relativas à idade, reconhecendo que
20
hajam outras ligadas a diversos tipos de eventos, como casamento, aposentadoria, formação,
etc. Segundo Glenn (2005), as análises de coortes são muito utilizadas em estudos sobre os
efeitos do envelhecimento e sobre as fontes e natureza das mudanças sociais, culturais e
políticas.
As coortes de idade são apresentadas como sendo agrupamentos de indivíduos que
nasceram em um mesmo período e, consequentemente, vivenciaram eventos marcantes juntos
(GLENN, 2005). Estes indivíduos devem possuir características comuns advindas do
conhecimento acumulado e das experiências (MOTTA et al, 2002). Segundo Ikeda et al
(2008), para ser considerado um evento critico, ele deve influenciar os valores, crenças e
atitudes de indivíduos de uma mesma coorte. Motta et al (2002) cita guerras, revoltas políticas
e crises econômicas como exemplos destes eventos críticos.
Robbins (2002) afirma que o entendimento dos valores é importante para compreensão
das atitudes e motivação das pessoas. Os valores direcionam as escolhas profissionais no ato
da definição dos lugares para onde desejam atuar, passando por suas atitudes na organização e
chegando até a decisão de mudar de organização.
Segundo Rokeach (1973), valores representam as convicções básicas de um modo
específico de conduta ou de estados finais de existência. Os valores, segundo Schwartz (2005)
são construtos motivacionais, são objetivos que as pessoas desejam obter, transcendem
situações, ações normas e atitudes, guiam a seleção e avaliação de ações, políticas, pessoas e
eventos e servem como padrões ou critérios de escolha; No geral, valores costumam ser
relativamente estáveis e duradouros (ROBBINS, 2002), ou seja, por estudar um período é
possível que pessoas nascidas em momentos distintos tenham reações diferentes para
determinados valores. Quando se fala em geração, Ikeda et al (2008) alerta para a diferença
conceitual entre coortes. Segundo Ikeda et al (2008), as gerações são períodos fixos não
estando atrelados aos fatos contextuais vivenciados pelas pessoas. Não há um consenso entre
os autores sobre a periodicidade que determina uma geração.
Muitos trabalhos acadêmicos vêm aplicando o conceito das coortes ao termo geração
(SMOLA e SUTTON, 2002; MARTINS, 2002; BROADBRIDGE, WESTERNAN e
YAMAMURA, 2007; MAXWELL e OGDEN, 2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER,
2009; entre outros). Motta et al (2002), Smola e Sutton (2002), Hass e Jespen (2009) afirmam
que os acontecimentos históricos e suas características sociais e culturais, impactam
fortemente nas características das pessoas, permitindo sua aglutinação em conjuntos que
21
podem ser denominados por coortes. Aqui, em seguida serão apresentados fatos e situações
que caracterizam essas distintas gerações que surgiram após a segunda grande guerra.
Esta seção é dedicada a contextualizar os períodos em que as gerações BB´s, GX e GY
se desenvolveram. Mesmo que o a GY seja o foco deste trabalho, sua compreensão poderá ser
aprofundada se as características das outras duas gerações por coexistirem no mercado de
trabalho (DWYER, 2009; DRIES, PEPERMANS e KERPEL, 2008) forem explicitadas. Para
tanto, toma-se aqui a diferenciação de Veloso et al. (2008) propõem como fronteiras: (a) baby
boomers (nascidos até 1964); (b) geração X (nascidos ente 1965 e 1977); (c) geração Y
(nascidos a partir de 1978).
2.3 Diferentes Gerações
2.3.1 Baby Boomers
Baby Boomer corresponde à geração das pessoas nascidas após o término da Segunda
Guerra Mundial. O mundo estava polarizado em dois blocos de países: os capitalistas e os
socialistas, pressionando-se mutuamente para ver qual ideologia prevaleceria. Nesse contexto,
os BB´s vivenciaram a reconstrução dos países devastados pela guerra, considerando a
possibilidade de investir no desenvolvimento do próprio pais ao invés de financiar a
destruição dos outros. A própria guerra fria estimulou os países a investirem em infraestrutura
e criarem incentivos à economia para viabilizar a supremacia do seu bloco. Os investimentos
e avanços em pesquisas alcançados no período da segunda guerra e os realizados durante a
guerra fria estimularam em rápido desenvolvimento tecnológico. Do ponto de vista social, as
pessoas que vivenciaram a guerra em seu país, buscaram unir-se para reconstrui-lo. O
movimento hippie que possuía o lema “paz e amor” simboliza a reação dos BB contra a
guerra do Vietnã e a guerra fria, tendo o festival Woodstock realizado em 1969, como um de
seus maiores símbolos.
Nessa época intensificaram-se as lutas pela inclusão da diversidade. As organizações,
a partir da década de 50 começaram a modificar a sua forma de gerenciar pessoas, focadas na
administração de recursos, passando para um modelo de gestão com foco no comportamento
humano (FICHER, 2002).
Sant´anna e Moraes (1998) entendem que o processo de mudança de forma de gestão
se deve ao aumento do nível de conscientização dos trabalhadores e à mobilização dos
22
sindicatos. Já para as organizações, o aumento da competitividade e a exigência do mercado
por melhores produtos geraram a necessidade de possuírem profissionais mais capacitados e
comprometidos. A necessidade de profissionais mais qualificados fica evidente com a
evolução das práticas de gestão da qualidade (MAXIMIANO, 2000, p. 71-73), que evoluíram
em três eras: “a era da inspeção (pré-industrial)”, seguida da “era do controle estatístico que
ganhou força após a Segunda Guerra Mundial” e se completou na “era da qualidade total que
se iniciou no Japão a partir da década de 50”.
Fischer (2002) afirma que o modelo com foco no comportamento humano atua no
reconhecimento, por parte das empresas, da necessidade das relações com as pessoas para
obtenção de resultados. Esse modelo de gestão predominou nas décadas de 60 e 70 e estavam
embasados em teorias motivacionais e de liderança, tendo como Abraham Maslow e
Frederick Herzberg.
Fischer (2002) apresenta como algumas características deste grupo, o aumento da
interação direta da empresa com o trabalhador, a busca pela satisfação das pessoas e os
demais fatores que impactam no clima organizacional, a criação de ações para desenvolver os
profissionais, adoção de práticas de gestão de pessoas focadas na retenção e diminuição do
absenteísmo. Estas características estimulavam a criação da cultura do emprego estável e da
construção de uma carreira na mesma organização. Afirma Casado (2007) que as empresas
estavam inseridas em um contexto de crescimento econômico e de forte autoritarismo o que
facilitava o não aparecimento de muitos conflitos interpessoais, embora as organizações
empregavam uma grande quantidade de pessoas com baixa qualificação.
Algumas características dos BB´s são atreladas ao contexto (CENNAMO e
GARDNER, 2008; WESTERMAN e YAMAMURA, 2007; SMOLA e SUTTON, 2002) tais
como a valorização do comprometimento e da fidelidade para com a organização em que
atuam, a valorização do trabalho em equipe, das discussões em grupo e da construção do
consenso, a busca do desenvolvimento de boas relações com os superiores e colegas de
trabalho, a busca por empregos estáveis, acreditam que o sacrifício trará sucesso, acreditam
que as pessoas devem focar primeiramente na realização das obrigações para depois
investirem em seu lazer, também vem ocupando nos últimos anos, os cargos mais altos das
organizações, da sociedade e da economia e devido a sua posição, acreditam que seus valores
são os corretos e que devem ser seguidos, principalmente pelos mais jovens e finalizamos
com a característica de que muitos acabam por ter que cuidar dos pais idosos, e possuem
filhos jovens ou adultos, mas morando em casa.
23
Robbins (2002, p.62-63) divide a geração BB em duas subcategorias, os
existencialistas e pragmáticos. Os existencialistas aparecem desde 1945 a os pragmáticos a
partir de 1955. Os primeiros tiveram mais preocupação com a qualidade de vida e forte
valorização da liberdade e igualdade ao passo que o segundo são mais conservadores, com
foco na carreira e forte valorização do sentido de realização e reconhecimento social. Os
existencialistas foram mais influenciados pela ética hippie do que os pragmáticos.
2.3.2 Geração X
A GX começa a ser configurada a partir dos indivíduos nascidos em meados dos anos
60. Essa geração vivenciou em sua juventude o final da Guerra Fria. Após a crise dos mísseis
de Cuba, vários esforços foram feitos em busca da minimização dos conflitos entre o bloco
capitalista e socialista entre 1962 e 1979. Em 1985 Mikhail Gorbachev assume o comando da
União Soviética e inicia uma reaproximação com o bloco capitalista. As ações de Gorbachev,
os fins do socialismo em alguns países do leste europeu, e a queda do muro de Berlin em
1989 puseram fim à Guerra Fria.
Após anos de prosperidade, a GX vivenciou as crises do petróleo e a recessão
economia à ela associada (DRIES, PEPERMANS e KERPEL, 2008). Tais crises avançaram
além dos anos 70 influenciando para a década de 80 fosse chama década perdida. A GX
vivenciou os resultados gerados pelas ações iniciadas por movimentos anteriores, fazendo
com que as pessoas desta geração tivessem mais abertura para conviver com a diversidade. A
estrutura do lar dos jovens dessa geração também mudou. Smola e Sutton (2002) afirmam que
a taxa de ambos os pais trabalhando e de divórcio aumentou. O vírus HIV se tornou presente
na vida das pessoas, inibindo a liberdade sexual defendida pela geração anterior. O
desenvolvimento tecnológico acelerou ainda mais e os primeiros computadores pessoais
começaram a ser vendidos.
Com a maior intensidade da entrada de mulheres no mercado de trabalho e com o
advento da pílula anticoncepcional foi possível identificar a diminuição da taxa de natalidade,
fazendo com que a GX seja menor que a sua predecessora (DWYER, 2009). Segundo Dwyer,
devido a menor concorrência, essa geração não teve dificuldades de entrar em boas
universidades e conseguir bons empregos. Este número menor de pessoas da GX vem
preocupando as organizações, pois com a aposentadoria dos BB foi mais difícil a reposição
dos líderes (HSMN, 2010).
24
Já as organizações, que se encontravam em situação difícil imposta pela recessão,
sentiram necessidade de modificar o seu modelo de gestão e passaram a focar no alcance dos
resultados, atuar no controle dos custos e racionalizar o excedente de mão-de-obra que havia
sido contratado anteriormente (CASADO, 2007). As empresas começaram a deixar de adotar
o modelo comportamental, passando para um modelo estratégico de gestão (FISCHER, 2002).
Para Fischer, as organizações entenderam que apenas motivar as pessoas não garantiria o
alcance dos resultados. Para se tornarem competitivas neste novo contexto seria necessário
adequar às políticas internas ás exigências do ambiente em que estavam inseridas.
Nessa época, práticas como reengenharia e downsizing foram frequentes nas
organizações, visando o corte de excessos e o aumento da eficiência para garantir a
competitividade da organização. Muitos jovens da GX viram seus pais comprometidos à
empresa, perderam sues empregos (HASS e JESPEN, 2009).
O contexto vivido da GX teve influência em algumas de suas características
(DWYER, 2009; CENNAMO e GARDNER, 2008; SMOLA e SUTTON, 2002) e se
destacam as principais como: consideram seus objetivos pessoais mais importantes que os
organizacionais, sendo assim, não tem relação de lealdade para com uma punica empresa a
longo prazo; muitos jovens desta geração são vistos como egoístas e não comprometidos;
demonstram maior propensão a sair do emprego em busca de maiores desafios, salários ou
qualidade de vida; se comprometem com a organização quando há alinhamento com os ideias
e objetivos da empresa; gostam de ser desafiados e são focados em buscar os resultados; são
mais questionadores; são acostumados a conviver com a diversidade; possuem certa
intimidade com a tecnologia; buscam atualizar-se constantemente; valorizam autonomia e
independência; preferem uma comunicação aberta, gostando de receber feedbacks; buscam
equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
Embora seja difícil de definir dimensões temporais, existem diferenças nos grupos dos
trabalhadores do pós guerra e que são divididos em dois grupos distintos, os BB´s e a GX
porém as fronteiras entre esses grupos se movimentam.
2.3.3 Geração Y
O grupo que sucedeu a GX recebeu o nome de GY (LOMBARDIA et al., 2008;
VELOSO et al., 2008; COIMBRA; SCHIKMANN, 2001). Em termos globais, os jovens
dessa geração vivenciaram o mundo pós Guerra Fria. Em termos econômicos, após a
considerada “década perdida”, a década de 90 e o início dos anos 2000 foram de crescimento.
25
Após o fim da Guerra Fria, o fenômeno da globalização passa a reger as relações econômicas,
políticas e sociais. A partir dessa década, clientes, fornecedores, parceiros estão acessíveis em
qualquer parte do mundo.
Se as relações são globais, as crises também são. A crise do sistema monetário
Europeu de 1992, do México em 1994, da Ásia em 1997, da Rússia em 1998, do Brasil em
1999 (MIRANDA, 1999), a explosão da bolha da internet em 2001 impactou o mundo todo.
Sob o aspecto social, a GY cresce em contato com o rápido desenvolvimento
tecnológico (CENNAMO e GARDNER, 2008; MARTIN, 2005), tornando-se algo natural
para estas pessoas. Graças a internet, a oportunidade de acessar facilmente uma grande
quantidade de informação faz com que esta geração seja inserida no ambiente escolar e
profissional com um nível de conhecimento muitas vezes superior ao das gerações anteriores.
Coimbra e Schikmann (2001) apontam para os impactos da introdução da tecnologia
nas organizações e para a facilidade que os jovens têm em lidar com ela. O fácil acesso a estas
tecnologias faz com que estes jovens tenham um estilo de vida completamente diferente das
outras gerações (COUTINHO, 2005). Coutinho comenta que as condições sociais e os
recursos tecnológicos (como internet, TV, jogos, entre outros), fazem com que eles reduzam o
seu contato direto com outras pessoas. Esta preferência pelo isolamento acaba reforçando a
característica de individualismo (CENNAMO e GARDNER, 2009; MARTIN, 2005).
Muitos dos pais dessa geração são Boomers, que possuem como características a
valorização do status profissional e pessoal e do acúmulo de bens. Estas características
motivam os pais Boomers a preparar os seus filhos para atuarem em um mundo competitivo.
O estímulo destes pais para a realização de diversos cursos durante a infância e a juventude
nos horários livres, e a facilidade em lidar com diversas tecnologias, são fatores que podem
ter influenciado a característica da GY de realizar muitas atividades ao mesmo tempo. Essa
convivência com a rápida evolução faz com que os jovens não tenham medo do diferente,
justificando uma característica de abertura às mudanças (MARTIN, 2005).
Os pais dessa geração, que possuem como outra característica a valorização da atuação
em grupo e as discussões procuram dar abertura aos seus filhos “Y” para emitirem suas
opiniões e participarem das decisões (SMOLA e SUTTON, 2002). A GY frequenta
comunidades na internet onde todos podem expor o que pensam e sem censura alguma, além
de que qualquer pessoa pode ser uma estrela (DWYER, 2009).
26
Sobre as relações familiares, os jovens dessa geração, assim como os da GX, também
convivem com um alto índice de divórcio e tem que aprender a viver em duas casas com
famílias diferentes (DWYER, 2009; MARTINS, 2005).
A procura de um bom ambiente de trabalho e a sensação de realizar um trabalho
agregador e desafiador são demandas características da GY. Chanlat (1996) apresenta o
“mundo dos negócios” de uma forma não glamorosa. Chanlat comenta que muitas
organizações são lugares que proporcionam o “sofrimento, a violência física e psicológica, o
tédio e mesmo o desespero não apenas nos escalões inferiores, mas também nos níveis
intermediário e superior”.
A GY também é vista como pouco comprometida com as organizações em que
trabalham. Segundo Bastos (1993), o compromisso implica em três dimensões: afetiva,
instrumental e a normativa. Resumindo de modo ingênuo, talvez o pouco comprometimento
com as organizações decorra de enfraquecimento nos aspectos normativo e afetivo. Bastos
(1993) ainda destaca três características que definem o comprometimento: “estar disposto a
exercer esforço considerável em benefício da organização; forte crença e aceitação nos
objetivos e valores da organização; e forte desejo de se manter membro da organização”.
A literatura sobre a GY (BROADBRIDGE, MAXWELL e OGDEN, 2007; HURST e
GOOD, 2009) aponta que os jovens trabalhadores, enquanto percebem que o negócio está
alinhado aos seus valores, atuam de forma comprometida. No entanto, assim que percebem
alguma dissonância, não possuem dificuldade para buscar novos caminhos. Já em outros
textos sobre a GY (MARTIN, 2005; BROADBRIDGE, MASWELL e OGDEN, 2007;
HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009) é possível entender a falta de comprometimento
desta geração. Muitos dos jovens da GY são bem preparados para conseguirem boas
propostas de trabalho, mesmo em um mercado competitivo por isso eles se desvinculam
facilmente e buscam novas oportunidades.
A análise das características da GY anteriormente citadas (MARTIN, 2005;
BROADBRIDGE, MASWELL e OGDEN, 2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009)
permitem identificar uma propensão maior dos jovens terem um conjunto próprio de valores,
não absorvendo as pressões normativas das organizações, principalmente se estas não
estiverem alinhadas aos seus valores.
Do ponto de vista organizacional, o cenário de competitividade global provocou mais
mudanças no modelo de gestão das empresas. Casado (2007) aponta que a partir dos anos 90
as organizações entenderam que só a redução de custo não seria suficiente para mantê-las
27
vivas, mas sim o cenário “fazer mais com menos”. A terceirização, as privatizações e a
ampliação da atuação global, reforçam a necessidade de um modelo de gestão diferente dos
utilizados.
São apresentadas algumas características dos jovens da GY, que possibilitam maior
aderência ao novo contexto explicado acima, e requerem que a gestão de pessoas se adeque ao
perfil deste grupo de profissionais (MARTIN, 2005; BROADBRIDGE, MASWELL e
OGDEN, 2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009) como: a tecnologia e a informática
fazem parte da sua vida; sentem-se confortáveis com as mudanças; sabem que é necessário
atuarem como equipe colaborativa para alcançar os objetivos; facilidade para desenvolver
network; são autoconfiantes e otimistas em relação ao futuro; buscam o desenvolvimento de
suas competências; gostam de ser desafiados; gostam de receber um direcionamento claro do
responsável em relação ao que deve ser realizado; estão acostumados a realizar diversas
atividades ao mesmo tempo; valorizam a autonomia e flexibilidade ao executar as suas
atividades; gostam de ter o seu trabalho reconhecido e esperam um rápido crescimento na
carreira; são comprometidos com a organização, quando existe alinhamento de valores e
objetivos; são individualistas e comprometidos com a própria carreira, não necessariamente
desenvolvida em uma única organização; buscam equilíbrio entre vida profissional e pessoal;
Devido a grande quantidade de características semelhantes à GX, alguns autores não
notam diferenças significativas quanto aos comportamentos demonstrados no ambiente de
trabalho e por isso, preferem considerar em suas análises estas duas gerações como sendo uma
só (WESTERMAN e YAMAMURA, 2007). De fato é difícil optar entre estas duas
interpretações
2.4 Gestão sobre a Geração Y
Apesar das diferenças existentes entre as gerações, a gestão dos novos talentos é
fundamental para as empresas pois são esses novos talentos que garantirão a continuidade das
organizações no longo prazo, ao substituírem os profissionais mais velhos. Quando se observa
o contexto atual, é possível notar que se trata da geração presente no mercado de trabalho com
o perfil mais alinhado às exigências do ambiente.
Dentre as características apresentadas pela GY e que são fundamentais para as
organizações pode-se citar a familiaridade com a tecnologia, alto nível de qualificação,
adaptação às mudanças, motivação por desafios, foco nos resultados, valorização dos
trabalhos flexíveis, voltada a ações sociais, construção e utilização de redes sociais e busca do
28
desenvolvimento contínuo (MARTIN, 2005; BROADBRIDGE, MAXWELL e OGDEN,
2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009).
No entanto, a literatura sobre a GY (MARTIN, 2005; BROADBRIDGE, MAXWELL
e OGDEN, 2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009) aponta alguns desafios para os
gestores destes jovens como postura individualista, que provavelmente do resultado do
processo de downsizing vivenciado pelos pais destes jovens. A GY é comprometida com a
organização quando identifica uma congruência de valores, porém quando isto não acontece
ela tende a priorizar o próprio interesse em relação aos da organização. Também há a
desvalorização da busca por um emprego estável que diferente dos seus pais, a GY tende a
realizar as ações que beneficiem o desenvolvimento de sua carreira independente da
organização que ela esteja atuando.
Na lista de insatisfações, procuram alternativas que melhor se alinhem às suas
expectativas. A GY também busca pelo reconhecimento e pelas entregas realizadas, que
valoriza a meritocracia, exigindo ser reconhecida pelo valor que ela agrega à organização e
quando percebem que sua atuação e destacada sentem-se desconfortáveis com uma lenta
ascensão na carreira. Busca do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, onde os filhos dos
boomers, os indivíduos da GY reclamam da ausência dos pais na infância e buscam um
caminho diferente, quando iniciam sua vida profissional. A GY também tem postura de
questionar o posicionamento dos gestores, que talvez em função dos pais boomers, que
estimularam o diálogo e deram liberdade aos filhos para se posicionarem, o entendimento de
“respeito à hierarquia” foi alterado. Por fim, buscam direcionamento claro e feedback dos
gestores pois como essa geração cresceu jogando vídeo game estão acostumados a receberem
as suas missões no início do jogo, recebendo o feedback do ocorrido logo na sequência;
Talvez somente um posicionamento hierárquico dos gestores não garantirá a condução
e retenção dos talentos da GY. Eles terão que aprimorar suas competências de liderança para
encontrar a melhor forma de conduzir e desenvolver estes jovens.
A necessidade de desenvolver as pessoas existe nas organizações desde a época da
administração Taylorista e Fordista (EBOLI, 2004), onde se formaram as primeiras áreas de
treinamento de desenvolvimento nas organizações que tinham como objetivo fornecer as
habilidades operacionais que permitissem os colaboradores realizarem o seu trabalho. Com a
mudança de contexto, o ambiente mais competitivo e dinâmico exigiu dos profissionais de
todos os níveis hierárquicos “uma postura voltada ao autodesenvolvimento e à aprendizagem
contínua” (EBOLI, 2004).
29
Eboli 2004, diz que “os líderes precisam estar preparados para desempenhar
plenamente seu papel de educadores, formadores e orientadores no cotidiano de trabalho,
criando um ambiente em que os membros da equipe se sintam motivados a utilizar toda a sua
potencialidade e a buscar sempre padrões elevados de desempenho”.
Dentre algumas das práticas que os gestores podem utilizar para realizar o
desenvolvimento das atitudes do jovem profissional da GY às necessidades da organização
pode-se citar o desenvolvimento do profissional em equipes formadas por membros de
diversas gerações, programas de mentoring e coaching. Essas opções podem romper alguns
paradigmas dos gestores, ao conduzir equipes formadas por jovens talentos da GY. Segundo
Dingman (2004, apud FERREIRA, 2008), o coaching é uma ação estruturada que visa obter
resultados de curto e longo prazo. Para tanto, o coaching foca comportamentos e estruturas
subjetivas.
As ações citadas acima são apenas algumas das que podem apoiar as organizações a
melhorar o alinhamento entre as suas expectativas e as expectativas de uma geração com
características específicas. Independentemente de quais ações possam ser recomendadas e
utilizadas, o mais importante é que elas sejam escolhidas considerando o contexto de atuação
e as necessidades de cada indivíduo (DUTRA, 2002). Dutra (2002) também entende que
encontrar o equilíbrio entre as necessidades da organização e as expectativas dos profissionais
é fundamental.
Fischer (2002) destaca que embora programas estratégicos de gestão de pessoas sejam
apontados como necessários para a sobrevivência das organizações neste novo contexto e
algumas empresas ainda oferecem certas resistências. Dutra (1996) cita as mais recorrentes
como resistência a mudanças, onde algumas vezes a organização acha que já sabe o que é o
melhor para os seus funcionários e consideram um desperdício de tempo e dinheiro investir
em práticas estratégicas de gestão de pessoas; resistência em assumir o papel de gestor de
pessoas onde algumas pessoas preferem não encarar a responsabilidade de medias a
divergência de interesses entre colaboradores e organização; histórico de sistemas mal
construídos onde esse fato gera falta de credibilidade para futuros movimentos que tenham
intuito semelhante; imediatismo onde a falta de resultados rápidos pode desmotivar os
gestores a investirem em algumas práticas;
Ficher (2002) aponta que no contexto atual as empresas começam a adotar modelos
estratégicos de Gestão de Pessoas. Ao gerenciar os profissionais da GY, algumas de suas
ansiedades podem ser confortadas como saber quais são as expectativas da organização, ou
30
seja, a organização aponta a expectativa de entrega desejada; reconhecer as pessoas pelo
trabalho e entrega executados; buscam constantemente o desenvolvimento, ou seja, com a
clareza da expectativa da organização e entrega do trabalho, o profissional tende a buscar
desenvolvimento para aprimorar seu ponto de dificuldade; valorizam a meritocracia e por fim
tem direcionamento de carreira. Outro aspecto considerado importante pela GY, o equilíbrio
entre a vida pessoas e profissional é um ponto que não possui soluções tão consolidadas
quanto às questões acima abordadas. Esta inquietação, no geral está ligada a discussões sobre
qualidade de vida no trabalho (SANT’ANNA e MORAES, 1998).
Se na década de 90 os gestores tiveram que modificar a forma de administrar as
organizações, a partir da segunda metade dos anos 2000, eles estão aprendendo a gerenciar as
pessoas que nasceram ou cresceram neste contexto e portanto, tem as características desta
época enraizadas. Adaptar-se ao contexto externo e ajustar-se aos profissionais da GY vem se
mostrando uma tarefa árdua (MARTIN, 2005), porém foi possível mostrar que existem
propostas que podem amenizar algumas inquietações da GY.
Resumindo o que é a GY, seus integrantes são considerados filhos da tecnologia por
representarem a primeira geração da história “totalmente imersa na interatividade,
hiperestimulação e ambiente digital” (TAPSCOTT, 2008, p.1). Por este motivo, as rápidas e
constantes mudanças nos meios de comunicação não assustam os indivíduos desta geração. O
computador, entendido como parte do conjunto de aparelhos domésticos, é utilizado para
aprendizado, comunicação, lazer, compras, trabalho, enfim, apenas como mais um aspecto da
“vida digital”. O que, segundo Schikmann e Coimbra (2001), permite afirmar que nos anos 60
as grandes diferenças entre gerações eram de valores e que hoje o abismo é tecnológico.
Diversos autores, ao descreverem essa geração, destacam que ela é mais informada e
possui níveis de educação mais alto que as gerações que a precedem (LOMBARDIA et al,
2008;TAPSCOTT, 2008). Esses autores também destacam como características dessa
geração, a permanente conexão com algum tipo de mídia, o hábito a mudanças, o valor da
diversidade, a preocupação com questões sociais e a valorização dos direitos individuais. Eles
são mais criadores do que receptores; são curiosos, alegres, flexíveis e colaboradores; formam
redes para alcançar objetivos; priorizam o lado pessoal em relação às questões profissionais;
são inovadores e gostam da mobilidade; são imediatistas, impacientes, auto orientados,
decididos e voltados para resultados; não lidam bem como restrições, limitações e frustrações.
Essa geração encara o trabalho como desafio e diversão e preza o ambiente informal
com transparência e liberdade, além disso, busca aprendizado constante e não tem medo da
31
rotatividade entre empregos (LOMBARDIA et al., 2008; VELOSO et al., 2008; COIMBRA;
SCHIKMANN, 2001).
O conjunto dessas características leva ao entendimento de que ao chegar às
organizações, os trabalhadores da GY tendem a trazer consigo um novo conceito de trabalho,
tendo como base diferentes contratos psicológicos daqueles que foram estabelecidos pelos
seus precedentes. Para Coimbra e Schikmann (2001) essa geração vai buscar organizações
que não coloquem barreiras à sua liberdade e aos usos de seus conhecimentos e de suas
habilidades. Tais posicionamentos norteiam o entendimento de carreira, promoção,
estabilidade e vínculo profissional dessa geração.
Para a GY, de acordo com Lombardia et al. (2008, p.5), o trabalho “precisa ser por
objetivos e sua remuneração estar vinculada ao alcance deles para que possam conciliar vida
pessoal com a profissional.” Esta visão confirma a posição de Tapscott (2008, p.1) ao afirmar
que “o velho modelo de recrutar, gerenciar e manter os empregados não funciona mais.”
SENNETT (1998), igualmente, considera ainda que há uma tendência de se encontrar
no trabalho incerteza e risco, pois essas gerações não esperam comprometimento.
2.5 Impactos da GY
Lombardia (2008) acredita que a maioria das organizações acolhe profissionais cuja
diferença de idade varia de mais de quarenta anos, entre o mais velho e o mais novo
colaborador. Essa diferença de idades traz uma nova complexidade para a gestão da
diversidade empresarial. Uma parcela substantiva desse acolhimento está relacionada com a
entrada da GY no mercado de trabalho e nas organizações.
Na medida em que avançam os anos, aumenta a população de indivíduos da GY no
mercado de trabalho e com isso, a necessidade de se encontrar a melhor forma sobre a gestão
desse tipo de profissional. Muitos trabalhos a partir dos anos 90 foram iniciados apresentando
esse novo cenário e chamam a atenção para a forma que as organizações conduzem suas
atividades e gerenciam os seus profissionais. O desenvolvimento tecnológico, a globalização e
a competitividade estão entre os fatos que geram mais impacto, quando se fala deste novo
contexto geracional.
A partir dos anos 80, a tecnologia tornou-se bem mais acessível e a cada dia vem
surgindo novos entrantes que fazem com que grande número de indivíduos tenha acesso a
algum recurso tecnológico. As organizações podem contar com computadores, celulares,
32
servidores de rede, aplicativos de comunicação dinâmica como whatsapp e messenger, além
de sofisticados sistemas de informação, que bem usados, podem gerar diferencial competitivo.
A globalização fez com que as empresas dessem mais atenção ao que estava
acontecendo além das fronteiras do país e começassem a desenvolver relações com o mundo.
As vendas no mercado interno tiveram que abrir espaço para acontecimentos como fusões,
aquisições, construções de novas plantas, interagindo com as exportações. A formação de
parcerias começou a ganhar espaço pois o Brasil descobriu que o mundo começou a procurar
pelo melhor produto, não importando onde este estivesse. Já a competitividade, impulsionada
pelo avanço tecnológico e a globalização, criou nas empresas o surgimento de uma nova
cultura e estrutura para se adequarem a esse novo contexto. Se alguma mudança poderia ter
sido evitada ou postergada, esta última foi uma questão de vida ou morte para as
organizações.
Como já mencionado acima, Tapscott (2008, p.1) considera que o velho modelo de
recrutar, gerenciar e manter os funcionários não funciona mais e as organizações, para
sobreviver nesse novo ambiente criado, precisaram de profissionais mais qualificados para
assumir as novas atribuições e responsabilidades demandadas. A influência desse contexto se
observa em muitas atitudes da GY e no conhecimento adquirido em universidades de alto
nível, intercâmbio escolares, cursos extracurriculares, além do autodesenvolvimento
estimulado pelas facilidades do ambiente e a internet, geraram potenciais talentos a serem
aproveitados pelas organizações. Quando as características da GY são observadas, é possível
identificar grande compatibilidade com as exigências das organizações. Imaginava-se que se
para os gestores de outras gerações seria difícil a adaptação a esse novo cenário, o profissional
da GY lidaria com essas mudanças de forma mais flexível, uma vez já ter crescido em meio a
essa realidade. O vídeo game e o discurso dos pais influenciaram os indivíduos da GY a
buscar desafios e superar metas. Se mudança, globalização, tecnologia e competição são
fatores que podem ter assustado as antigas gerações, para a GY conviver com esta realidade é
algo natural.
Por outro lado, algumas características da GY podem se encaradas como difíceis de
serem gerenciadas. Entre elas, pode-se destacar o direcionamento da própria carreira pois a
GY viu seus pais perderem seus empregos pela força do downsizing, apesar de anos de
dedicação, lealdade e comprometimento com a empresa em que atuaram. Com isso, o
discurso de que cada pessoa é responsável pelo gerenciamento da própria carreira foi levado a
sério por esta geração. A GY apresenta certo comprometimento com a empresa desde que
33
essa relação esteja gerando resultados positivos. O esforço dos pais em dar uma vida de
melhor qualidade aos filhos e o foco nos estudos faz com que muitos desses jovens não
precisem trabalhar quando adolescentes, podendo valorizar os momentos de lazer e convívio
com colegas, amigos e família. A discussão sobre o equilíbrio entre vida pessoal e
profissional vem tomando espaço significativo pelas empresas.
No atual cenário organizacional, as empresas devem saber aproveitar muitas das
características da GY em contrapartida, que os jovens devem aprender com outras gerações.
Encontrar um equilíbrio nessa relação pode ser o caminho para enfrentar as dificuldades que o
mercado globalizado impõe às empresas.
No cenário em que vive a GY, é inviável evitar o contato das diferentes gerações. As
empresas e gestores devem saber aproveitar muitas das características da GY, como facilidade
às mudanças, ao conhecimento tecnológico, ao estímulo pelos desafios, ao foco em
resultados, à atuação autônoma, entre outros predicados que aproximam a GY das condições
do mundo globalizado. Em contrapartida, a GY pode aprender com a experiência de outros
gestores das gerações predecessoras, cabendo a geração mais experiente o domínio e controle
das atitudes e demandas. Unir as experiências e forças pode ser mais interessante que tentar
provar superioridade, seja ela motivada por qualquer geração que seja.
Minello, Ferreira, Yonamine e Scherer (2011), ao explicar a GY, enfatizam que, diante
das constantes transformações no mercado de trabalho, as organizações perceberam a
necessidade de preparar seus atuais e futuros colaboradores para o novo cenário, surgindo daí
uma das principais preocupações, a de gerir negócios com uma pluralidade de conhecimentos
geracionais.
2.6 Expectativa e Tendências sobre a Geração Y
O mercado coloca a questão da gestão da GY como um dos grandes desafios da
atualidade. Essa percepção do mercado foi confirmada por Barreto et al (2010), que
conduziram uma pesquisa respondida por 184 profissionais que atuam na área de recursos
humanos para apontar quais eram as maiores preocupações da área para os próximos 5 anos.
A amostra foi composta por pessoas com um tempo médio de 12 anos de atuação na área.
Nessa pesquisa, foram observadas tendências relacionadas ao ambiente organizacional e que
gerariam impactos diretos à área de recursos humanos. Estas tendências foram agrupadas em
quatro categorias: demográfica, econômica, empresarial e social. O quadro 1 mostra os dados
de todas as categorias nela analisadas.
34
Tendências % Categoria
Maiores expectativas de equilíbrio entre vida pessoal e profissional 63,7% Social
Integração crescente de jovens no trabalho 47,2% Demográfica
Desenvolvimento econômico de mantém e dinamiza negócios 39,0% Econômica
Demanda por maior comprometimento das pessoas ao negócio 38,8% Empresarial
Presença destacada do Brasil na economia mundial 28,0% Econômica
Baixa qualificação da força de trabalho 26,7% Demográfica
RH é mais demandado e exigido como parceiro de negócio 18,6% Empresarial
Uso intensivo de recnologia nos processos, comunicação e produtos 17,5% Empresarial
Redução de desigualdades fortalece mercados classe C e D 17,0% Econômica
Intensificação da crise mundial limita desenvolvimento 15,9% Econômica
População com maior nível de escolaridade 14,4% Demográfica
Mudanças na regulamentação da legislação do trabalho 13,4% Social
Mior exigencia quanto à responsabilidade social 11,2% Social
Internacionalização mais intensa nas empresas 10,4% Empresarial
Uso intensivo de formas flexiveis d etrabalho 10,4% Empresarial
Envelhecimento do mercado de trabalho - aposentadoria de competências 9,4% Demográfica
Maiores exigências quanto a diversidade da força de trabalho 8,9% Social
Estrutura cada vez menos literária 4,4% Empresarial
Mudanças quanto a atuação dos sindicatos nas negociações 2,8% Social
Participação crescente da mulher no mercado de trabalho 2,2% Demográfica
Quadro 1: Desafios para 2015 relacionados ao ambiente empresarial
Fonte: BARRETO et al (2010)
Verifica-se que dentre os quatro primeiros itens apontados, existe a presença de
preocupações relacionadas às características da GY. Um dos itens, o segundo em relevância, é
a própria questão da GY e tanto o primeiro em importância, equilíbrio entre vida pessoal e
profissional, quanto ao quarto item, comprometimento das pessoas com o negócio, são
tópicos fortemente relacionadas à questão da GY. O terceiro item, que trata do cenário
econômico e dinamismo dos negócios, reforça a expectativa que o contexto em que a GY se
desenvolveu permanece em evidência.
Outros dados levantados sobre políticas e práticas de gestão de pessoas consideradas
importantes para as organizações se adaptarem ao ambiente da GY. Estes dados são
mostrados no quadro 2.
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TendênciasMuito
Relevante
Parcialmente
Relevante
Pouco
RelevanteIrrelevante
Gestão e retenção de talentos 87,5% 7,6% 1,6% 3,3%
Educação, treinamento e qualificação da força de trabalho 84,3% 13,4% 0,6% 1,7%
Gestão das estratégias de negócio e de RH 80,5% 15,4% 2,4% 1,8%
Avaliação de resultados em gestão de pessoas 69,8% 27,0% 1,9% 1,3%
Gestão do conhecimento e da aprendizagem organizacional 63,2% 31,3% 3,3% 2,2%
Programas e projetos de integração das novas gerações ao trabalho 56,8% 33,0% 8,5% 1,7%
Gestão da mudança organizacional 50,0% 31,0% 16,1% 2,9%
Gestão de pessoas integrada à responsabilidade ambiental e social 46,9% 33,5% 16,2% 3,4%
Aplicação de tecnologia aos processos de RH 41,5% 44,9% 12,5% 1,1%
Internacionalização de estruturas e processos de gestão de pessoas 27,9% 31,8% 28,5% 11,7%
Gestão da diversidade do quadro de pessoal 27,5% 39,6% 25,3% 7,7%
Programas e projetos de preparação para a aposentadoria 19,7% 20,8% 40,4% 19,1%
Fonte: BARRETO et al (2010)
Quadro 2: Tendências em Práticas de Gestão de Pessoas para 2015
Dentre as três práticas mais relevantes, é possível observar que a primeira está
diretamente relacionada à questão da GY. A dificuldade em reter estes profissionais torna-se
algo preocupante, à medida que estas pessoas saem de onde trabalham e levam o
conhecimento adquirido e desenvolvido, obrigando as organizações a realizarem um novo
investimento em potenciais talentos.
A questão da educação pode ser relacionada ao trabalho que os gestores desenvolvem,
na formação de atitudes para que os membros da GY se adaptem à vida organizacional. Já a
gestão estratégica pode colaborar com o tema ao apresentar políticas e práticas que conciliem
as expectativas dos jovens e da organização.
2.7.Gestão sobre a Geração Y
Apesar das diferenças existentes entre as gerações, a gestão dos novos talentos é
fundamental para as empresas pois são estes novos talentos que garantirão a continuidade das
organizações no longo prazo, ao substituírem os profissionais mais velhos. Quando se observa
o contexto atual, é possível notar que se trata da geração presente no mercado de trabalho com
o perfil mais alinhado às exigências do ambiente.
Dentre as características apresentadas pela GY e que são fundamentais para as
organizações pode-se citar a familiaridade com a tecnologia, alto nível de qualificação,
adaptação às mudanças, motivação por desafios, foco nos resultados, valorização dos
trabalhos flexíveis, voltada a ações sociais, construção e utilização de redes sociais e busca do
desenvolvimento contínuo (MARTIN, 2005; BROADBRIDGE, MAXWELL e OGDEN,
2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009).
No entanto, a literatura sobre a GY (MARTIN, 2005; BROADBRIDGE, MAXWELL
e OGDEN, 2007; HURST e GOOD, 2009; DWYER, 2009) aponta alguns desafios para os
36
gestores destes jovens. Dentre eles despontam a postura individualista – provavelmente do
resultado do processo de downsizing vivenciado pelos pais destes jovens. A GY é
comprometida com a organização quando identifica uma congruência de valores, porém
quando isto não acontece ela tende a priorizar o próprio interesse em relação aos da
organização. Outro desafio aparece na desvalorização da busca por um emprego estável –
diferente dos seus pais, a GY tende a realizar as ações que beneficiem o desenvolvimento de
sua carreira independente da organização que ela esteja atuando. No saco de insatisfação,
procuram alternativas que melhor se alinhem às suas expectativas; O terceiro surge na busca
do reconhecimento pelas entregas realizadas – valoriza a meritocracia, exigindo ser
reconhecida pelo valor que ela agrega à organização. Quando percebem que sua atuação e
destacada sentem-se desconfortáveis com uma lenta ascensão na carreira;
Outro ainda aparece na busca do equilíbrio entre vida pessoal e profissional – filhos
dos boomers, os indivíduos da GY reclamam da ausência dos pais na infância e buscam um
caminho diferente, quando iniciam sua vida profissional. Outro coloca-se no questionamento
da posição dos gestores – talvez em função dos pais boomers, que estimularam o diálogo e
deram liberdade aos filhos para se posicionarem, o entendimento de “respeito à hierarquia”
foi alterado. Finalmente, ainda aparece o desafio da busca de um direcionamento claro e
feedback dos gestores – alguns dos jovens que cresceram jogando vídeo game estão
acostumados a receberem as suas missões no início do jogo, recebendo o feedback do
ocorrido logo na sequência;
Talvez somente um posicionamento hierárquico dos gestores não garantirá a condução
e retenção dos talentos da GY. Eles terão que aprimorar suas competências de liderança para
encontrar a melhor forma de conduzir e desenvolver estes indivíduos.
A necessidade de desenvolver as pessoas existe nas organizações desde a época da
administração Taylorista e Fordista (EBOLI, 2004), onde se formaram as primeiras áreas de
treinamento de desenvolvimento nas organizações que tinham como objetivo fornecer as
habilidades operacionais que permitissem os colaboradores realizarem o seu trabalho. Com a
mudança de contexto, o ambiente mais competitivo e dinâmico exigiu dos profissionais de
todos os níveis hierárquicos “uma postura voltada ao autodesenvolvimento e à aprendizagem
contínua” (EBOLI, 2004).
Outro aspecto considerado importante pela GY, o equilíbrio entre a vida pessoas e
profissional é um ponto que não possui soluções tão consolidadas quanto às questões acima
37
abordadas. Esta inquietação, no geral está ligada a discussões sobre qualidade de vida no
trabalho (SANT’ANNA e MORAES, 1998).
2.8 Síntese
Tendo em vista todos os pontos colocados neste capítulo, surgem as questões das quais
dependem o aprofundamento e a expansão do conhecimento sobre a GY. A mais importante
questão para a pesquisa que tentará responder a questão colocada no objetivo deste trabalho é
“quais são as características identitárias da GY?”. Colocada de outra forma, busca-se as
regularidades nos comportamentos e atitudes da geração que sucedeu a GX. Outra questão
que depende em parte da primeira é “quais são os critérios para a delimitação do início e do
final da GY?” Em outras palavras, “em que momento da história aparecem os sinais de uma
geração distinta da GX?”
O próximo capítulo é dedicados à apresentação da estratégia de pesquisa e de seus
resultados.
3 ESTRATÉGIA DA PESQUISA E RESULTADOS.
A pesquisa da subjetividade humana requer estratégias de investigação que deem
conta da sua complexidade e portanto, a definição da metodologia é um ponto fundamental. A
estratégia aqui desenhada para apreender a possível existência de uma geração de
profissionais nascidos no espaço entre duas décadas buscou o reconhecimento de
características consistentes entre os indivíduos pertencentes a esse grupo populacional
definido pelo espaço de tempo. Se indivíduos nascidos nesse período apresentarem
regularidade e consistência em algumas de suas características pessoais, pode-se considerar
que eles constituem uma geração.
Tendo aferido, comparado e avaliado diversas metodologias que investigam
características individuais, a metodologia Q despontou como o instrumento mais adequado no
caso da investigação de gerações. A Metodologia Q já tem uma história de cinquenta anos de
uso no estudo de características identitárias, de papeis, conceitos e problemas análogos que
buscaram identificar predicados de algum objeto social.
A técnica Q tem sido uma metodologia frequentemente utilizada na pesquisa social,
educacional e psicológica. Nas ciências sociais tem sido particularmente utilizada na
investigação de opiniões de teorias (Stephenson, W., 1980), de atitudes (Kerlinger, F., 1972) e
38
de ideologias (Stephenson, W., 1953), entre os mais frequentes. Também tem sido utilizada
para investigar vários problemas e as características das empresas (Miller, D., 1978) e
particularmente a tomada de decisões estratégicas de organizações (Miller, D. e P. Friesen,
1977). A técnica Q tem sido amplamente utilizada (Miller, D. & Friesen, 1977 ; Gatti, B. et
al., 1974) e mereceu a criação de um periódico Operant Subjectivity, especializado na
publicações sobre sua aplicação. Os eventuais fatores obtidos pela significância estatística
revelada pela inferência estatística aplicada à escala Q (Goldberg, M., 1973; Creaser, J., 1978)
serão analisados em seus conteúdos como os indicadores da identidade da GY. Os sujeitos
nos quais será aplicada a escala Q serão escolhidos dentre a população e os itens da escala Q
serão elaborados a partir da literatura sobre a GY nos últimos 15 anos.
3.1 A escala Q
A técnica Q consiste em uma escala (escala Q) elaborada com base nas causas
diferenciadas de valores, teorias, identidades, papéis e critérios. Essa técnica foi criada por
Willian Stephenson e utilizada, desde sua publicação, em 1953. Um conjunto de itens que
representam o universo de propriedades de algum objeto é construído e transformado em uma
escala pelas escolhas por parte de juízes. A escala é aplicada a uma população de sujeitos que
categorizam os itens de acordo com sua contribuição para um determinado conceito, ou
definição. O resultado dessas escolhas se constitui na Escala Q. Esta pesquisa não investiga
relações de causalidade, mas o de levantamento predicados identitários da GY. As respostas
de cada um dos juízes são submetidas à análise fatorial para se identificar o peso de cada
afirmativa na resposta à pergunta quais as características da GY. Esse peso indica o grau de
concordância dos juízes na escolha de cada item. Itens com peso alto significa que os juízes
tiveram convergência sobre sua importância
Assim, investigando o conteúdo do conceito de sustentabilidade, Malvezzi (2011)
criou um conjunto de 65 itens que expunham a ampla diversidade de sentidos apresentados
por esse conceito. Analogamente a esta pesquisa, os itens expressavam sentidos distintos para
o conceito que seriam hierarquizados pelos juízes. A prospecção desses itens foi realizada na
literatura, a partir de quatro categorias de abordagens da sustentabilidade presentes na
literatura desse conceito. A sustentabilidade entendida como (1) qualidade de vida, (2) como
princípio filosófico, (3) como controle dos danos ao meio ambiente e (4) como emancipação.
Estudo semelhante foi realizado com o conceito de qualidade, tal como aplicado na
gestão. Nessa investigação, Piter (2000) elaborou uma escala constituída por 62 itens
39
prospectados nas tradições: japonesa, americana, europeia e argentina na conceituação de
qualidade na gestão. Juizes produziram respostas que constituiram a escala Q que permitiu a
reconceituação do que é “qualidade”. Outra pesquisa confirma a força da Metodologia Q. A
investigação dos critérios de humanização do trabalho nos projetos de mudança
organizacional (Malvezzi, 1989). Neste caso a escala Q permitiu a comparação de cinco
diferentes construções teóricas para o conceito de humanização do trabalho.
Na Metodologia Q, os itens são submetidos à análise fatorial para identificar a força de
cada item para aglutinar sujeitos em torno de seu conteúdo. Essa análise fatorial é denominada
de análise invertida porque os dados são alimentados em colunas invertidas, ou seja, nessa
análise, os sujeitos são os itens e os itens são os sujeitos. Juízes que dominam o conceito, ou
têm significativa experiência profissional com o conceito constituem a população de
avaliadores dos itens para a construção da escala Q. O fato de ser uma correlação invertida
permite número baixo de sujeitos, assim como demanda número alto de itens, pelo fato de os
sujeitos serem os itens e os itens serem os sujeitos. Essa classificação de itens através de
juízes se encaixa aqui com o propósito de validar a GY como ponto de análise e mudança nos
critérios de gestão das empresas. As características capazes de reunir um número significativo
de juízes em torno delas, expressam os critérios com base nos quais esses profissionais se
classificam com a GY, expondo pontos de análise na gestão das organizações. A análise
fatorial é aplicada e de seus resultados emergem os fatores com o seu peso que informa a
força que o item tem para aglutinar juízes em torno de si.
No caso desta dissertação, os itens foram criados a partir de amplo levantamento
bibliográfico de textos que definem descrevem e explicitam as características da GY. Sempre
que na leitura de textos uma característica nele atribuída à GY foi identificada como uma
característica, esta foi destacada para se constituir um item da escala Q. Assim foram
produzidos perto de 100 predicados que depois foram comparados fundidos e aperfeiçoados
para representar as características da escala Q. Para avaliar as características da GY foram
escolhidos juízes que comparando as 69 afirmações, ordenaram-nas em uma hierarquia de
preferência. A essa hierarquia denomina-se escala Q.
A técnica de escolha surgiu como opção capaz de fornecer a aglomeração entre os
itens (Stephenson, W., 1953) e a discriminação entre eles seria alcançada pelos fatores
encontrados na correlação. Pelas razões expostas acima, a técnica Q surgiu como uma
metodologia adequada para a finalidade desta pesquisa.
40
Além disso, diante da perspectiva de ambiguidades sobre a escolha dos juízes
avaliadores dos itens, a técnica Q, que é uma metodologia adequada para pequenas
populações, foi vista como uma outra vantagem. Tem sido aplicada a amostras pequenas e até
mesmo para casos individuais (Brown, S., 1977; Stephenson, W., 1953). Isso é possível
porque estuda as tendências em itens de um conglomerado de itens em um determinado grupo
estudado e portanto, se faz como a metodologia apropriado para o presente estudo. A
aplicação da Metodologia Q foi escolhida para esta pesquisa pela força dessa técnica na
identificação de possíveis configurações da GY.
3.2 Sujeitos
A escala Q é elaborada para ser utilizada por juízes cuja tarefa é ler e comparar as
características levantadas para a definição da identidade da GY. Neste procedimento o
elemento fundamental da validade dos resultados é o conhecimento e a experiência que os
juízes tem com o objeto estudado, que neste caso é a GY.
Para atender esse critério foram escolhidas duas populações de juízes. Uma delas
constituída de indivíduos que pertencem e convivem com outros que se enquadram nessa
geração. A outra população escolhida foi constituída por indivíduos que tem experiência na
supervisão e gestão de indivíduos que pertencem a GY. Pretendeu-se com isso buscar o que é
a GY a partir de dois tipos de olhares. Um deles é o olhar de quem gerencia indivíduos da GY
e o outro o olhar da própria GY.
Sempre de acordo com a tradição de uso da escala Q foram escolhidos dois grupos de
sete juízes cada um. Os dois grupos têm o mesmo número de juízes e tem experiência
profissional para saber o que é a GY e sua diferença com outras gerações.
As organizações que compõem a população desta pesquisa são instituições de ensino
superior e optou-se por esta definição devido ao grande número de indivíduos que trabalham e
que constituem a GY. Também foram consideradas diferentes regiões do território nacional
para se ter maior abrangência nacional. Os sujeitos são membros da GY, ou têm vasta
experiência de trabalho com pessoas da GY, e portanto, experientes nos comportamentos dos
membros dessa geração.
A opção de envolver algumas regiões do país teve como intuito principal minimizar a
limitação da análise de uma única realidade. Desta forma, atende-se ao objetivo de se realizar
uma investigação exploratória descritiva mais ampla, ainda que não se trate de uma pesquisa
de larga escala.
41
A escolha das organizações considerou primeiramente a conveniência, a facilidade de
acesso a pessoas dispostas a cederem o seu tempo para colaborar com o estudo. A intenção de
investigar indivíduos em organizações de diferentes regiões do país teve como intuito tentar
constituir uma amostra com maior possibilidade de diversificação, objetivando comtemplar
um leque maior de diferentes expressões de realidade vivida.
A diversidade de situações é sempre um assunto controverso, encontrando terreno de
discussão fértil nas áreas de conhecimento. A análise de regiões buscou considerar as
características culturais e administrativas que podem influenciar o comportamento das
pessoas, bem como atrair e reter determinados perfis profissionais.
Portanto, além de considerar uma diferenciação regional, foram considerados também
os seguintes critérios, para classificação das organizações onde se encontra o público
pesquisado. Características das organizações se destaca o dinamismo, agressividade,
diversificação de oferta de cursos, entidade pública e privada. As características culturais e
administrativas como ambiente de trabalho, estrutura hierárquica, nível de burocracia, região
de maior e menor estrutura financeira, região de maior e menor incentivo educacional e
profissional. Por fim, um perfil profissional que são os gestores da GY e profissionais da GY.
Mesmo entendendo que existam outras regiões e setores interessantes de serem
analisados para a questão da GY, em função de limitação de recursos (tempo e financeiro),
optamos por analisar apenas três regiões e apenas um tipo de organização. As organizações e
suas regiões são: entidade de ensino público localizada no Sul do estado de Minas Gerais,
entidade de ensino privada localizada no litoral de São Paulo e entidade de ensino pública
localizada na região Nordeste.
3.3 Procedimentos
Os procedimentos de aplicação consistiram na solicitação a cada juiz individualmente
que classificasse dentro do mapa (anexo IX) os 69 itens, do mais ao menos importante para
caracterizar a GY. Para a elaboração da escala, os sujeitos deveriam estar sentados e dispor de
uma mesa confortável para realizar a tarefa. Uma vez acomodados, o pesquisador inicia
agradecendo a disponibilidade, pergunta se o indivíduo tem alguma questão e explica a
necessidade de assinar o termo de consentimento ético (anexo I). Em seguida, o pesquisador
entrega uma cópia do termo de consentimento ético, recolhe após a assinatura e entrega uma
cópia da folha de instrução (anexo II), ao mesmo tempo em que lhe mostra o conjunto de
cartões com as 69 características da GY (anexo III). Em seguida, o pesquisador acompanha o
42
indivíduo na leitura da folha de instruções e ao final pergunta novamente se ele tem alguma
dúvida ou questão, e se pode iniciar a aplicação.
A técnica Q, ao mesmo tempo em que obriga o participante a utilizar todos os 69 itens
apresentados, prevê que os mesmos sejam alocados em qualquer um dos quadrantes do mapa
(anexo IV) apresentado aos indivíduos. A aplicação dessa metodologia pode ser considerada
relativamente simples, uma vez que não é exigido do indivíduo nada além de disponibilidade
de tempo e espaço para espalhar os itens para que seja possível priorizá-los de acordo com o
solicitado pela elaboração da Escala Q.
A tarefa do indivíduo é simples, bastando ordenar todas as 69 afirmações (anexo III)
dentro do mapa matriz (anexo IV), alocando a partir da coluna 1 até a coluna 15, as
afirmações que considera mais poderosas para gerar sustentabilidade. A ordem das afirmações
nos quadrados de uma mesma coluna é informação relevante para o resultado.
Assim, a coluna 1 é constituída pelos itens que o juiz considera o mais relevante na
caracterização da GY. Na coluna 2 ele coloca dentre os 68 restantes os mais relevantes. Na
coluna e ele coloca dentre os 66 restantes os mais relevantes, e assim por diante até coluna
final. Cada cartão tem um número (anexo III) e este é registrado na ficha de resposta.
Os cálculos previstos na técnica Q trabalham com as duas caudas da escala, porém os
indivíduos não são informados desse detalhe. Os indivíduos, após participar da pesquisa, lhe
foi questionado se estava satisfeito com sua distribuição de metas para a pergunta colocada,
de modo a deixar espaço para que ele alterasse sua distribuição, caso julgasse necessário.
Concluída a pesquisa, ou tarefa, o pesquisador anota o número de cada aposta alocada
no mapa no local correspondente à mesma posição, na folha de registro de respostas (anexo
IV). Tal procedimento permite que o modelo de referência individual seja preservado e,
portanto, analisado como tal (MCKEOWN, 1988).
43
3.4 RESULTADOS
Tabela 1: Tabela de classificação de itens por grupo
Itens Chefia Indivíduos Geral
Nº Texto Peso Classificação Peso Classificação Peso Classificação
1 Participa de comunidades virtuais 93,08 44 325,4 3 389,08 4
2 Valoriza informações atualizadas 117,49 11 261,89 29 349,24 23
3 Necessita de informações claras e objetivas 116,26 14 310,23 6 382,25 5
4 Realiza várias tarefas ao mesmo tempo 85,87 49 184,57 56 255,82 53
5 Escapa aos temas que não lhe agrada 118,34 10 328,96 2 401,16 2
6 Atua de modo emancipado 108,57 21 120,93 67 221,08 61
7 Age com autocritica 70,93 58 280,7 19 354,25 17
8 Compromete-se com as tarefas 105,9 24 200,57 53 284,37 46
9 Necessita constantemente estar informado 94,4 42 279,67 20 335,43 27
10 A qualquer momento necessita de informação 92,75 45 290,28 15 351,67 21
11 Busca resultados imediatos 97,8 39 141,41 64 204,29 62
12 Preza a sustentabilidade 116,71 12 284,67 16 353,18 18
13 Equilibra tecnologia e informação 104,58 30 305,54 9 380,15 6
14 Sente prazer no desempenho do seu trabalho 105,73 25 301,31 11 371,76 9
15 É inquieto 79,32 53 209,56 50 267,82 49
16 É impaciente 59,14 66 262,86 28 291,39 44
17 Necessita de constante feed-back 101,78 35 255 33 319,21 32
18 Acredita que o crescimento requer desafios 121,03 6 177,49 59 257,08 51
19 Comunica-se principalmente pelas redes sociais 62,27 65 166,58 61 186,02 65
20 Trata igualmente a todos, independentemente do nível hierárquico 107,76 22 233,38 39 316,96 34
21 Desapegado das tradições 110,94 18 212,11 49 316,71 35
22 Preocupa-se com o meio ambiente 123,44 3 321,22 4 401,41 1
23 Tem consciência social 118,95 9 257,59 31 312,66 37
24 Compromete-se com o sucesso 91,03 46 224,43 42 295,18 42
25 Trata impacientemente as tarefas rotineiras 76,44 54 192,8 55 235,57 58
26 Busca promoção a curtíssimo prazo 105,66 26 163,69 62 266,49 50
27 Necessita de constante reconhecimento 64,69 61 214,86 48 248,87 54
28 Está sempre aberto a mudanças 102,14 34 277,52 23 360,13 14
29 É informal 73,14 56 122,15 66 182,2 66
30 É competitivo 88,06 48 111,74 68 162,19 68
44
Itens Chefia Indivíduos Geral
Nº Texto Peso Classificação Peso Classificação Peso Classificação
31 É focado em resultados 113,87 16 224,4 43 300 40
32 É capaz de pular hierarquia para atingir objetivos 55,23 68 239,58 36 297,84 41
33 Compartilha os resultados com todos 112,72 17 263,86 27 352,23 20
34 Respeita a opinião de pessoas experientes desde que tenha qualidade de ideias 120,95 7 292,45 14 375,67 7
35 Tem dificuldade em concentrar-se em projetos de longo prazo 63,28 63 180,98 57 203,2 63
36 Tem desejo de desenvolver carreira profissional 68,21 60 127,36 65 181,5 67
37 Tem alto nível de empreendedorismo 97,49 41 246,85 35 318,73 33
38 É criativo 63,3 62 219,34 46 273,85 48
39 É inovador 120,26 8 207,47 52 294,2 43
40 Reconhece necessidade de atualização profissional constante 122,95 4 223,9 44 323,96 30
41 Prefere aqui que é grandioso e desafiador 106,56 23 310,31 5 397,27 3
42 Tem desapego ao local onde vive e trabalha 116,52 13 269,49 25 349,6 22
43 Muda estilo de vida com facilidade para atingir seus objetivos 97,74 40 304,49 10 347,13 24
44 Institui fronteiras entre sua vida pessoal e profissional 74,25 55 216,04 47 256,32 52
45 Dá preferência ao contato virtual (prefere utilizar e-mail, smartphone) 62,93 64 195,42 54 232,86 59
46 Dedica-se ao trabalho quando vê suas necessidades atendidas 121,67 5 233,46 38 341,28 25
47 Expressa sua individualidade pelas roupas 105,17 28 260,98 30 306,4 38
48 Cobra coerência do superior para dar respeito 84,36 51 279,63 21 322,3 31
49 Prefere trabalhar em ambiente alegre e divertido 56,06 67 111,12 69 134,03 69
50 Dedica-se por horas ininterruptamente para ter uma tarefa concluída 94,12 43 335,05 1 366,24 11
51 Acredita que a solução para grande parte dos problemas está na tecnologia 72,33 57 233,06 40 289,65 45
52 Reconhece que o trabalho inteligente é melhor que o trabalho duro 115,25 15 279,53 22 359,4 15
53 Trabalha com responsabilidade em home office 103,73 32 297,27 12 366,99 10
54 É mais fiel ao resultado que a marca do produto 79,68 52 282,54 18 326,39 29
55 É Consumidor exigente 129,84 1 294,72 13 373,82 8
56 Desinteressa-se por tarefas muito simples 90,88 47 256,45 32 352,73 19
57 Gosta de trabalhar ouvindo música 69,44 59 178,58 58 202,16 64
58 Tem dificuldades do contato fora de redes sociais 42,46 69 225,35 41 229,94 60
59 Dedica-se a tarefas importantes mesmo que esta invada seu tempo livre 85,81 50 207,63 51 238,39 56
60 Foca eficiência mesmo que tenha que ser rude 100,42 37 272,89 24 335,85 26
61 Considera o ensino sistemático ultrapassado 105,43 27 222,18 45 283,81 47
62 Prefere ser desafiado a melhorar a tarefa do que criticado pelo que já fez 129,72 2 234,18 37 315,31 36
63 Trabalho com criatividade para melhorar a sociedade 109,9 19 268,28 26 332,67 28
64 Procura o melhor das pessoas para a equipe 104,33 31 283,54 17 362,86 13
65 Prefere o trabalho técnico ao trabalho social 101,01 36 159,93 63 243,32 55
66 Não abandona seus valores e princípios na atuação profissional 97,85 38 306,5 8 355,07 16
67 Na diversidade reconhece outros pontos de vista, mas espera convergência 108,79 20 307,54 7 363,99 12
68 Está sempre motivado para inovação 102,32 33 249,86 34 300,88 39
70 Busca reconhecimento pelos seus feitos 104,82 29 175,39 60 236,34 57
45
Chefia Indivíduos Grupo Geral
1 55 50 22
2 62 5 5
3 22 1 41
4 40 22 1
5 46 41 3
6 18 3 13
7 34 67 34
8 39 66 55
9 23 13 14
10 5 43 53
11 2 14 50
12 12 53 67
13 42 55 64
14 3 34 28
15 52 10 52
ItemClassificação
Tabela 2: Tabela de classificação das características
Fonte: O autor
Sujeito / Chefia Escolaridade Gênero Idade
1 Pós-Graduação Masculino 44
2 Pós-Graduação Feminino 43
3 Pós-Graduação Feminino 38
4 Pós-Graduação Feminino 40
5 Graduação Feminino 39
6 Pós-Graduação Feminino 42
7 Graduação Masculino 35
Sujeito / Indivíduo Escolaridade Gênero Idade
1 Graduação em andamento Masculino 27
2 Graduação incompleta Feminino 31
3 Graduação em andamento Masculino 33
4 Graduação em andamento Feminino 34
5 Graduação em andamento Feminino 31
6 Graduação em andamento Feminino 35
7 Graduação em andamento Feminino 29
Tabela 3: Tabela de sujeitos
Fonte: O autor
A análise dos resultados são apresentados no próximo capítulo
46
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados nesta dissertação mostram que as discussões relacionadas à
GY são bastante atuais, estão disseminadas no mundo corporativo e o reconhecimento da GY
tem fundamento. Todos os quatorze indivíduos entrevistados quando convidados a participar
da pesquisa e comunicados que a pesquisa abordaria questões relacionadas à GY
demonstravam compreender qual era a temática de sua tarefa e concordaram em colaborar.
Além dos resultados levantados pela análise da literatura, os dados obtidos pela
inferência estatística revelaram que há indícios da existência da GY. Se a existência dessa
geração é reconhecida por características identificadas nos indivíduos dessa geração, a
população de sujeitos que colaboram nesta dissertação, reconhecem algumas delas. Esse
resultado é consistente com os estudos de culturas e identidade que raramente chegam
próximo de algum consenso. A GY é reconhecida em sua existência, porem controvertida em
suas características. Vinte e sete itens apareceram com carga fatorial alta 1, 2, 3, 5, 10, 12, 13,
14, 18, 22, 23, 28, 34, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 50, 52, 53, 55, 62, 64, 66, 67. Eles constituem a
identidade da GY, com a ressalva que nesse tipo de objeto, as fronteiras entre categorias e
qualidades diversas são móveis e sujeitas a muitos fatores que têm poder de moderação sobre
seu pertencimento, ou não à identidade desse grupo social.
Do conjunto de itens que tendem a ser reconhecidos como identidade da GY, cinco
itens foram consensualmente reconhecidos por todos os sujeitos, como características da GY.
São eles, os itens 5, 3, 22, 34, e 55. Além desses cinco itens, outros 8 itens foram
identificados como características, porém por apenas um dos dois subgrupos e pelo grupo
total. São eles os itens 1, 13, 14, 41, 50, 53 e 67 que foram reconhecidos pelos indivíduos da
própria GY e o item 52 que foi reconhecido pelos sujeitos chefes de pessoal da GY.
Esse resultado revela que algumas características identitárias da GY são
unanimemente reconhecidas e que oito ainda são controvertidas. Esse é o resultado desta
investigação que será analisado a seguir. A partir deles pode-se responder a pergunta quem é a
GY? A próxima seção é dedicada aos detalhes e interpretação dos itens que foram
estatisticamente revelados como a GY
A Identidade da GY
Três traços se destacam como as características mais marcantes entre as 69 colocadas
na escala Q. O tipo de indivíduo da GY tem consciência do ambiente, seus riscos, suas
limitações e do cuidado que este merece. O item 22 (preocupação com o meio ambiente)
47
apresentou alta carga de preferência, nos dois grupos de sujeito. Essa característica é
facilmente explicável. Essa geração nasceu num momento de crescente consciência sobre o
ambiente e sua fragilidade. É natural que sua conservação e preservação estejam em
patamares altos da escala de valores desses indivíduos.
Outra característica a ser destacada é a visão individualista da relação entre o
indivíduo e o mundo. Esta visão aparece nos conteúdos dos itens 5 (escapa aos temas que não
lhe agradam), 55 (consumidor exigente) e 34 (respeita a opinião de pessoas experientes desde
que tenha qualidade de ideias). Os três revelam que o tipo da GY tem consciência daquilo
que é melhor para seus objetivos e daquilo que existe de potencialidade no mundo. Ele
escolhe o melhor a partir do conhecimento das potencialidades. Essa característica é
igualmente justificável dentro do contexto histórico no qual esses indivíduos nasceram. Eles
testemunharam a fragmentação da sociedade gerada pela tecnologia da teleinformação que
estimulou muitas atividades individuais, assim como testemunharam a criação da cultura da
qualidade a partir da disseminação das metodologias de gestão importadas do Japão.
Outra característica é o interesse pelos fatores concretos como as informações e dados
diversos que despontam do conteúdo do item 3 (necessita de informações concretas e
objetivas). Essa terceira característica é igualmente explicável pelo fato desses indivíduos
terem nascido e crescido no ambiente numérico da realidade numérica. Eles viram as
identidades evoluírem para a linguagem numérica e se acostumaram a falar esse idioma para a
comunicação interpessoal e com as ferramentas sistemas.
Essas características retratam a sociedade do final do século XX. A busca da
qualidade, a exploração das potencialidades, a objetividade encontrada na fragmentação dos
problemas e a sensibilidade pelas limitações do ambiente constituem traços culturais visíveis
na história desses indivíduos. É esperado que eles tenham esses traços nos valores que
fundamentam suas escolhas e seus critérios de julgamentos. Essa base cultural explica a
unanimidade na escolha desses itens pelos dois grupos de sujeitos. Os outros traços que
embora não tenham recebido a unanimidade não deixam de apresentar lógica com a cultura do
momento histórico da GY.
Os itens 50 (dedica-se por horas para ter uma tarefa concluída) e 41 (prefere aquilo
que é grandioso e desafiador), que tiveram carga significativa no grupo de indivíduos da GY
revelam a ambição e a dedicação que são duas características que costumam aparecer juntas.
Esses indivíduos têm prazer nos desafio, aspirações elevadas e dedicação às tarefas que
realizam metas. Essa característica é explicável pelo fato deles terem crescido num momento
48
de busca de produtividade e competitividade. As décadas de 1980 e 1990, nas quais eles
foram formados foram momentos nos quais as empresas aprenderam a lidar com a
competitividade globalizada que exigiu muito esforço e gerou resultados visíveis em grande
parte dos empreendimentos.
A valorização dos conteúdos dos itens 41 (participa das comunidades virtuais) e 13
(equilibra tecnologia e informação) revelam a adaptação total desses indivíduos às condições
das últimas duas décadas do século XX. Muitos indivíduos dentre o BBs e a GX não foram
capazes dessa adaptação e até hoje têm dificuldades de integração a muitos serviços que
foram virtualizados e passados das empresas para os próprios clientes. Igualmente, é
compreensível o reconhecimento dessas características. Essas gerações aprenderam a viver
com novas demandas e possibilidades na vida e por isso aprenderam a ver o mundo ao redor e
identificar possibilidades diversas. A tecnologia integrou-se à rotina deles em todos os lugares
onde vivem, seja em casa, seja no trabalho, seja na rua.
Outra característica é o prazer expressa no item 14 (sente prazer no desempenho de
seu trabalho). Essa geração nasceu e cresceu no apogeu da sociedade de consumo. Seus
indivíduos foram estimulados a consumir e o consumo foi frequentemente identificado às suas
identidades pessoais, na roupa, nos costumes, nos atavismos da vida, no lazer e nas
profissões. É esperado que o consumo contamine o trabalho porque tornou-se em traço
cultural. Por que sentir prazer em outras circunstâncias e ser privado dessa possibilidade no
trabalho?
Ainda outra característica que desponta no item 53 (trabalha com responsabilidade no
home office) é a auto regulagem. Esses indivíduos viveram no momento do desmanche da
estrutura hierárquica e sua substituição pelas células de manufatura. Nessa transição eles
aprenderam a viver sem o controle operacional das chefias e a assumir a responsabilidade
pelos resultados nas missões nas quais estavam implicados. A autonomia está relacionada às
características acima descritas.
Um dado que merece alguma reflexão, nesses resultados é o fato dessas sete
características não terem sido reconhecidas no grupo dos chefes. A falta desse
reconhecimento revela que os chefes não percebem esses traços em seus subordinados da GY.
Isso pode significar duas possibilidades. Uma delas é a não valorização desses traços, ou a
dificuldade com os problemas que esses traços podem trazer na relação de chefia. Autonomia
e resistência ao controle operacional pode ser uma dificuldade para a chefia, assim como uma
ameaça de competição futura, ou algo parecido com o desconforto de ter subordinados que
49
apresentam alguma forma de superioridade. Esta possível interpretação aparece numa
característica que foi significativa apenas nos grupos dos chefes. É o item 52 (reconhece que o
trabalho inteligente é melhor do que o trabalho duro). Provavelmente, muitos indivíduos da
GY pela força da adaptação à tecnologia, da ambição e da autenticidade, apresentam
desempenhos inteligentes que economizem energia pessoal.
Ainda, há dois resultados que foram intrigantes e coerentes com as análises expostas
acima. Eles aparecem nos itens 64 (procura o melhor das pessoas para a equipe) e 28 (está
sempre aberto a mudanças). Ambos não apresentaram contribuição fatorial para alcançar o
patamar de significância, mas tiveram escores altos, por isso merecem alguma reflexão. Estar
aberto a mudanças revela, mais uma vez, a adaptação, a disposição para se ajustar àquilo que
exigir de seu desempenho. Isso é uma grande vantagem, neste momento da sociedade. Talvez
essa característica tenha sido menos valorizada porque pode parecer uma condição tão
rotineira, exigida de todos que nem é vista como algo próprio da GY.
Quanto à procura dos pontos mais altos das pessoas parece ser igualmente uma
característica que trata do obvio. Se por de traz do desempenho está a busca de sucesso, de
competitividade, de condições objetivas e de qualidade, a procura do melhor é uma
decorrência lógica que poderia igualmente ser confundida com a rotina e por isso não
despontar como um predicado que mereça destaque. Além disso, seria a contribuição com a
qualidade um dos elementos que justificam o vínculo com o trabalho e a justificativa da busca
da qualidade.
Enfim, as características da GY que apareceram nestes resultados aparecem como
traços da cultura que se tentou implementar para sustentar a busca de qualidade e de
competitividade. Não aparece qualquer traço da burocracia Taylorista nesses predicados. Isso
significa que a GY superou, de uma vez por todas a engenharia associada à autoridade e à
heteronomia, deixando-as como traços históricos do início do século XX. Assim, apesar de a
pesquisa apresentar pontos divergentes, pode-se entender que há relação e entendimento sobre
as características da GY, seja pelo próprio individuo desta geração como para o gestor, que
poderia ser de outra geração.
5 CONCLUSÕES E REFLEXÕES PARA APROFUNDAMENTOS
Gestão sobre a Geração Y
Embora os entrevistados apontassem algumas dificuldades para lidar com os
profissionais da GY, no geral, o balanço foi mais positivo que negativo, mostrando que a GY
50
pode agregar bastante para as organizações. Esta pesquisa apresentou fatores de
características com certa divergência, corroborando com a afirmação de dificuldade na gestão.
Contribuições da Geração Y
Dos pontos mais relevantes destacados na pesquisa, acredita-se que se observa estas
características à luz do contexto atual (FISCHER, 2002; CASADO, 2007), pode-se concluir
claramente que esses profissionais podem ser de grande importância para os resultados das
empresas. Essas características vêm se apresentando com maior intensidade e de forma mais
espontânea quando comparados a profissionais de outras gerações. No entanto, algumas delas
de manifestam de forma exacerbada, causando um efeito colateral para a organização e seus
gestores, pois como dito no item anterior, enfrentam certa dificuldade para gerir a GY.
Características que devem ser melhor gerenciadas
O foco no resultado, a responsabilidade para realização das entregas e o dinamismo
em excesso, geram uma ansiedade para cumprir as entregas que pode comprometer a
qualidade do resultado esperado, causando insatisfação do gestor e podendo gerar retrabalhos
e críticas ao executor. A pesquisa identificou que a GY pode ter características como
agilidade, porém superficiais, podendo realizar entregas sem considerar alguns aspectos.
O excesso de qualificação e acesso às informações, graças à tecnologia ofertada, pode
gerar profissionais prepotentes e arrogantes, que se acham essenciais para a empresa,
chegando a se acharem intelectualmente acima dos seus gestores. O item 34 da pesquisa
corrobora com a explicação, pois tem grau de significância elevado.
O nível elevado de qualificação e informação pode auxiliar no início da carreira,
quando comparado com gerações anteriores, entretanto muitas vezes, faz o profissional se
autovalorizar, pressionando seus gestores por maiores salários e promoções, que por muitas
vezes cria desconforto pois o profissional pode não estar pronto para o próximo nível
hierárquico ou até mesmo melhor remuneração.
Muitas vezes a ansiedade pelo rápido crescimento, o individualismo e o desapego pela
organização (item 42 da tabela de características), faz com que decidam mudar de empresa,
justificando que é o melhor para si, enquanto profissional. Não que o profissional da GY
valorize, ou não, a estabilidade, apenas sai da organização quando está descontente. Esta
característica está alinhada com a visão de Hall (2002), que sugere que atualmente a carreira
tende a ser norteada pelos valores e escolhas pessoais dos indivíduos.
51
Os profissionais de outras gerações, principalmente da GX, também buscavam sair das
organizações quando estavam descontentes entretanto, os profissionais da GY o fazem com
maior intensidade. A característica 42 da tabela demonstra isso com clareza pois tem valor
fatorial elevado.
O item 34, por ter fator elevado, nos informa que o exagero em querer colocar suas
ideias e participar das decisões em consonância com o alto nível de qualificação, pode
sinalizar que o profissional não respeita o posicionamento do gestor e nem hierarquia. A
ansiedade de comunicar sua ideia pode fazer com que o profissional quebre a hierarquia,
sendo posteriormente recriminado pelo superior. Pode-se identificar um aparente
desalinhamento do comprometimento desta geração ao enfoque normativo mencionado por
Bastos (1993). Muitos dos comportamentos apresentados acima resultam de uma mistura de
prepotência com imaturidade que quando não bem orientadas podem se tornar um problema
tanto para o profissional quanto para o gestor e, consequentemente para a organização.
Algumas outras características da tabela também apareceram com fator próximo ao
elevado, mas chegaram a atingir a meta estabelecida entretanto, podem ser tratados como uma
característica da GY.
Como descrito até o momento, não se pode afirmar que esta geração seja diferente dos
BB, que são caracterizados como ambiciosos e valorizam o dinheiro e o status. A partir da
GX, e com mais intensidade na GY, as pessoas vem cobrando o equilíbrio entre vida pessoal e
profissional. Wright Mills (1958) na década de 60 já afirmava que o ser humano trabalhava
para financiar o lazer e com certeza o público que ele analisou não era composto por pessoas
da Geração X ou Y.
Gestores e sua gestão sobre a Geração Y
O papel do gestor, atuando como líder de pessoas, atua cada vez mais por uma
necessidade organizacional, como ressalta Eboli (2004). Muitos desses destores, durante os
anos 90 ouviram sobre a importância de atuarem como gestores de pessoas para organização
alcançar seus resultados. Hoje, quem não se adequou está sendo “forçado” pela GY a se
adaptar.
Talentos da Geração Y
Muitas respostas para esta questão enfatizam a necessidade de dar desafios e
reconhecimento. Podemos citar algumas sugestões de reconhecimento como projetos mais
complexos e com maior visibilidade, expor suas conquistas para pessoas importantes dentro
52
da organização e o aspecto financeiro. Entretanto, muitos entendem que somente o
reconhecimento monetário pode não garantir a permanência do profissional na empresa. Além
disso, este público valoriza os critérios em que o reconhecimento é feito, para ele o
significado do mérito é importante.
53
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60
ANEXOS
ANEXO I
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu,_____________________________________________________________,
abaixo assinado, concordo em participar do estudo “O que é a geração Y e qual seu impacto
na gestão dos negócios?”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a
pesquisa, sua finalidade e os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e
benefícios decorrentes de minha participação.
Local e data:
_______________________________________________________
Nome e Assinatura do sujeito de pesquisa:
________________________________________________________
61
ANEXO II
INSTRUÇÕES PARA APLICAÇÃO DA ESCALA Q
Esta pesquisa estuda a geração Y, para contribuir com o esclarecimento e a
explicitação de seus predicados identitários. Para tanto foi elaborada uma lista de 69 possíveis
predicados identitários que podem descrever o indivíduo da geração Y. Esses predicados
foram buscados na literatura científica e de divulgação.
Considerando sua experiência com indivíduos da geração Y, sua colaboração nesta
pesquisa é esclarecer os predicados identitários essenciais desses indivíduos. Diante dessa
lista de predicados, sua tarefa é hierarquizar os cartões (que descrevem a geração Y), do
aspecto mais importante ao menos importante, respondendo a pergunta: Caso tivesse que
definir os predicados identitários dos indivíduos da geração Y, qual predicado desta lista seria
o mais importante? Nessa tarefa, você estará definindo a identidade da geração Y.
Para tanto, leia e compare os conteúdos dos cartões apresentados. Em seguida, coloque
na coluna 1 da esquerda, o predicado que, em sua compreensão, for o mais importante. Em
seguida repita essa tarefa, escolhendo o mais importante dentre os 68 cartões restantes,
colocando-o na coluna 2. Em seguida repita a tarefa, escolhendo o aspecto mais importante
dentre os 67 aspectos restantes, colocando-o igualmente na coluna 2 e registrando seu número
no mapa (a coluna 2 e as seguintes registram mais de um cartão). A ordem dos cartões em
cada coluna será desprezada. O procedimento essencial é a classificação dos cartões,
diferenciando-os de uma coluna para a outra. Repita a tarefa, com todos os itens restantes,
colocando-os nas colunas seguintes, conforme a regra explicitada no parágrafo acima.
Procedendo dessa forma, o cartão colocado na coluna 15 indicará o predicado identitário da
geração Y que, em sua opinião, é o aspecto menos essencial para a identidade dos indivíduos
dessa geração, dentro do conjunto de 69 predicados apresentados nos cartões.
62
ANEXO III
69 CARACTERÍSTICAS GERAÇÃO Y
1. Participa de comunidades virtuais
2. Valoriza informações atualizadas
3. Necessita de informações claras e objetivas
4. Realiza várias tarefas ao mesmo tempo
5. Escapa aos temas que não lhe agrada
6. Atua de modo emancipado
7. Age com autocritica
8. Compromete-se com as tarefas
9. Necessita constantemente estar informado
10. A qualquer momento necessita de informação
11. Busca resultados imediatos
12. Preza a sustentabilidade
13. Equilibra tecnologia e informação
14. Sente prazer no desempenho do seu trabalho
15. É inquieto
16. É impaciente
17. Necessita de constante feed-back
18. Acredita que o crescimento requer desafios
19. Comunica-se principalmente pelas redes sociais
20. Trata igualmente a todos, independentemente do nível hierárquico
21. Desapegado das tradições
22. Preocupa-se com o meio ambiente
23. Tem consciência social
24. Compromete-se com o sucesso
25. Trata impacientemente as tarefas rotineiras
26. Busca promoção a curtíssimo prazo
27. Necessita de constante reconhecimento
28. Está sempre aberto a mudanças
63
29. É informal
30. É competitivo
31. É focado em resultados
32. É capaz de pular hierarquia para atingir objetivos
33. Compartilha os resultados com todos
34. Respeita a opinião de pessoas experientes desde que tenha qualidade de
ideias
35. Tem dificuldade em concentrar-se em projetos de longo prazo
36. Tem desejo de desenvolver carreira profissional
37. Tem alto nível de empreendedorismo
38. É criativo
39. É inovador
40. Reconhece necessidade de atualização profissional constante
41. Prefere aqui que é grandioso e desafiador
42. Tem desapego ao local onde vive e trabalha
43. Muda estilo de vida com facilidade para atingir seus objetivos
44. Institui fronteiras entre sua vida pessoal e profissional
45. Dá preferência ao contato virtual (prefere utilizar e-mail, smartphone)
46. Dedica-se ao trabalho quando vê suas necessidades atendidas
47. Expressa sua individualidade pelas roupas
48. Cobra coerência do superior para dar respeito
49. Prefere trabalhar em ambiente alegre e divertido
50. Dedica-se por horas ininterruptamente para ter uma tarefa concluída
51. Acredita que a solução para grande parte dos problemas está na
tecnologia
52. Reconhece que o trabalho inteligente é melhor que o trabalho duro
53. Trabalha com responsabilidade em home office
54. É mais fiel ao resultado que a marca do produto
55. É Consumidor exigente
56. Desinteressa-se por tarefas muito simples
57. Gosta de trabalhar ouvindo música
58. Tem dificuldades do contato fora de redes sociais
59. Dedica-se a tarefas importantes mesmo que esta invada seu tempo livre
64
60. Foca eficiência mesmo que tenha que ser rude
61. Considera o ensino sistemático ultrapassado
62. Prefere ser desafiado a melhorar a tarefa do que criticado pelo que já
fez
63. Trabalho com criatividade para melhorar a sociedade
64. Procura o melhor das pessoas para a equipe
65. Prefere o trabalho técnico ao trabalho social
66. Não abandona seus valores e princípios na atuação profissional
67. Na diversidade reconhece outros pontos de vista, mas espera
convergência
68. Está sempre motivado para inovação
70. Busca reconhecimento pelos seus feitos
65
ANEXO IV
MAPA PIRÂMIDE PARA PESQUISA