políticas para a igualdade de género

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  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

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    1CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAOEMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Mdulo 2

    Polticas Pblicas de Igualdade de Gnero e

    No Discriminao

    1. Polticas para a igualdade de gnero

    Introduo

    A igualdade entre mulheres e homens uma questo que toca todos os domnios depoltica pblica. Embora continue a ser necessrio adotar medidas e execuo de

    aes especficas destinadas a combater situaes de desigualdade vividas por

    mulheres ou por homens, torna-se indispensvel que a dimenso da igualdade de

    gnero seja integrada a todos os nveis, em todas as rea de ao e em todas as

    fases de deciso, desde a sua elaborao e execuo, ao seu acompanhamento,

    avaliao e redefinio.

    Promover a integrao da dimenso da igualdade de gnero um compromisso nos poltico, mas tambm das diferentes organizaes do setor pblico, setor privado

    e do setor da economia social e da sociedade civil, como uma estratgia de alcanar

    a igualdade entre mulheres e homens e um requisito de boa governao.

    A promoo das polticas para a igualdade de gnero em toda a sociedade consagra-

    se transversalmente com a adoo de uma dupla abordagem atravs do

    mainstreaming de gnero e de aes positivas.

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    2CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    As polticas da igualdade de gnero, tal como hoje so entendidas, tiveram, salvo em

    casos avulsos e situaes especficas (CIG, 2009; Monteiro, 2010b), incio em

    Portugal com a instaurao da Repblica, foram interrompidas no perodo do EstadoNovo e retomadas, numa perspetiva mais alargada, com o 25 de Abril de 1974 (CIG,

    2009; Rgo, 2010). Para esta retoma foi decisiva a inscrio do princpio da igualdade

    na Constituio de 1976 e os inerentes desenvolvimentos legislativos, com particular

    relevo para a reviso do Cdigo Civil, em 1977, bem como, designadamente, a

    adeso de Portugal ao Conselho da Europa em 1976, a participao ativa do nosso

    pas nos trabalhos sobre a matria levados a cabo pelas organizaes internacionais,

    em particular as Naes Unidas, a criao de facto2, em 1975, da Comisso da

    Condio Feminina, e a influncia do direito ento chamado comunitrio, ou seja,produzido no mbito das Comunidades Europeias, concretamente a Comunidade

    Econmica Europeia.

    De tal modo esta ltima influncia foi significativa, que aquando da adeso de

    Portugal s Comunidades Europeias, no foi necessrio transpor para a ordem interna

    qualquer das diretivas ao tempo aplicveis no domnio da igualdade entre mulheres

    e homens.

    A existncia de instrumentos internacionais e nacionais de promoo da igualdade e

    de luta contra as diferentes formas de discriminao constitui um dado fundamental

    para criao e desenvolvimento de polticas pblicas de mbito nacional, regional e

    local.

    A nvel internacional, as Convenes das Naes Unidas so formuladas com o

    objetivo de criar normas jurdicas vinculativas dos sujeitos intervenientes, e

    enquadram-se como elementos de promoo dos direitos humanos ao nvel das

    polticas pblicas. Foram subscritas pelo Estado Portugus e, no contexto nacional,

    assumem uma relativa visibilidade.

    Neste sentido, os documentos formais internacionais devem ser observados como

    o plasmar de um desgnio emanado em primeira instncia da Declarao Universal

    dos Direitos Humanos e, em segunda instncia, da poltica social europeia e

    finalmente, ao nvel nacional, da Constituio da Repblica Portuguesa.

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    3CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    1.1. Polticas para a igualdade na Europa

    Ao nvel da Unio Europeia os direitos dos cidados e das cidads esto protegidospela Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia, cujo objetivo assegurar

    que todos os Estados Membros e instituies europeias defendem e promovem

    medidas para a igualdade, a justia, a dignidade e os direitos das pessoas.

    De entre os vrios documentos formulados ao nvel internacional, a Carta dos Direitos

    Fundamentais destaca-se pela sua natureza, por ser fundadora de um conjunto de

    documentos formais da prpria Unio Europeia. Representa a sntese dos valores

    comuns dos seus Estados Membros e, pela primeira vez, rene num nico texto osdireitos civis e polticos, bem como os direitos econmicos e sociais.

    Os objetivos so explicados no prembulo: necessrio, conferindo-lhes maior

    visibilidade por meio de uma Carta, reforar a proteo dos direitos fundamentais,

    luz da evoluo da sociedade, do progresso social e da evoluo cientfica e

    tecnolgica.

    Tal como expresso nos artigos 20 e 21 reafirmando o princpio da igualdade e daanti-discriminao. O primeiro destes artigos refora a igualdade perante a lei ao

    afirmar que todas as pessoas so iguais perante a lei sendo que o seguinte salienta

    a no discriminao ao certificar que proibida a discriminao em razo,

    designadamente, do sexo, raa, cor ou origem tnica ou social, caractersticas

    genticas, lngua, religio ou convices, opinies polticas ou outras, pertena a uma

    minoria nacional, riqueza, nascimento, deficincia, idade ou orientao sexual.

    Pode-se dizer que h trs momentos importantes na evoluo das polticas para a

    igualdade na Europa. O primeiro deles (que se inicia em meados dos anos 1973)

    corresponde ao liberalismo poltico, no qual se defende o princpio da igualdade para

    todos perante a lei. Depois, um momento a partir do qual as polticas para a igualdade

    se dirigem discriminao positiva, ou seja, so orientadas por aes especficas

    positivas. Por fim, no perodo ps Conferncia de Pequim, em 1995, as orientaes

    destinam-se progressivamente para a promoo da transversalidade de gnero

    (mainstreaming) em todas as polticas e todos os domnios da tomada de deciso.

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    4CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Na Unio Europeia a transversalidade de gnero foi includa no Tratado de

    Amesterdo (1997) formalizando-se assim este compromisso (Artigos n.2 e n.3).

    O Artigo n.13 faz da eliminao das desigualdades e, especialmente, da promooda igualdade entre homens e mulheres, uma das consideraes centrais em todas as

    polticas pblicas, aos nveis administrativos central e local. Na sequncia do Tratado

    e no esprito de Pequim, a Comisso Europeia tem aprofundado esta preocupao e

    muitos pases da UE adotaram iniciativas neste sentido (Gaspar, Queirs, Marques

    da Costa et al., 2009).

    No mbito da legislao europeia e nos dez anos que seguiram publicao da Carta

    dos Direitos Fundamentais em 2000, a Unio Europeia aprovou um conjunto dediretivas e decises de luta contra a discriminao, das quais se evidenciam as

    seguintes:

    Diretiva 2000/43/CE e Diretiva 2000/78/CE: constituem os alicerces da poltica

    comunitria, probem a discriminao direta e indireta com base na origem racial ou

    tnica, na religio ou nas convices, na deficincia, na idade e na orientao sexual.

    Diretiva 2004/113/CE: aplica o princpio de igualdade de tratamento entre homens

    e mulheres no acesso a bens e servios. COM (2004) 379 final, de 28 de Maio de 2004: Livro Verde Igualdade e combate

    discriminao na Unio Europeia alargada.

    Deciso n.771/2006/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio de

    2006: institui o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (2007)

    Para uma Sociedade Justa.

    Deciso Quadro 2008/913/JAI: estabelece normas comuns para a luta contra os

    crimes raciais; relativa luta por via do direito penal contra formas e manifestaes

    de racismo e xenofobia.

    Destaca-se ainda como fundamental a Agncia dos Direitos Fundamentais da Unio

    Europeia (FRA) a partir do Observatrio Europeu do Racismo da Xenofobia criada

    pelo Regulamento (CE) n.168/2007 do Conselho para uma abordagem integrada no

    tratamento da desigualdade e da defesa de direitos. A FRA um rgo de

    aconselhamento sediado em Viena e tem por misso recolher evidncias e

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    5CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    informaes, fornecer assistncia e implementar competncias para ajudar a

    respeitar os direitos humanos e contribuir para solues de melhoria das situaes.

    Finalmente, uma meno ao Comit das Regies, que tem sido um defensordeterminado da poltica comunitria no domnio da anti-discriminao.

    Segundo Avels Nunes (2004), o modelo econmico-social europeu pressupe

    solues que tornam as preocupaes sociais compatveis com a eficincia

    econmica. Por esse motivo, a Unio Europeia tem investido na defesa da diversidade

    de culturas, no combate s desigualdades, na promoo das realizaes culturais

    enquanto elementos identificadores dos europeus.

    Estas ideias pressupem uma UE constituda por Estados soberanos e iguais em

    direitos, apostada no reforo permanente da coeso social. Esse investimento no

    passa somente pela produo de instrumentos legais, mas pelas organizaes que

    tm criado e apoiado no seu seio e que na UE combatem a discriminao e promovem

    a igualdade. Por conseguinte, existem hoje inmeras redes de grupos que

    representam e defendem os direitos de pessoas vtimas de discriminao e atuam no

    domnio da defesa dos direitos fundamentais, bem como promovem a igualdade entre

    homens e mulheres e a incluso de grupos vulnerveis.

    Algumas referncias a estas redes europeias de entidades no-governamentais. Para

    alm da legislao, dos textos formais e das entidades e grupos organizados que

    proliferam na UE, ainda h que contar com a disponibilizao de instrumentos

    financeiros (Fundo Social Europeu; Iniciativa Comunitria EQUAL 2000-2006) que

    nos ltimos perodos de programao integraram a igualdade e a discriminao nas

    estratgias e programas de polticas.

    Apontam-se alguns dos principais, como os (i) programas em matria de educao,

    formao, juventude, de integrao e asilo: INTI (integrao dos nacionais de pases

    terceiros); ARGO (cooperao administrativa em matria de fronteiras externas,

    vistos, asilo e imigrao).

    Programas de integrao das minorias tnicas no plano social e no mercado de

    trabalho (PHARE e Estratgia Europeia de Emprego e as atuais orientaes para o

    emprego); e (ii) o Programa Comunitrio para o Emprego e a Solidariedade Social

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    PROGRESS 2007-2013 (Deciso n.1672/2006/CE do Parlamento Europeu e do

    Conselho, de 24 de Outubro).

    O Programa PROGRESS ao juntar domnios habitualmente apoiados por diferentes

    programas de ao, demonstra uma evoluo na formulao de polticas, ao se

    preocupar com a coerncia e a eficcia das polticas comunitrias.

    Os Planos Nacionais para a Igualdade so instrumentos fundamentais de polticas

    pblicas de promoo da igualdade de gnero e enquadram-se nos compromissos

    assumidos por Portugal nas vrias instncias internacionais e europeias. Os objetivos

    dos PNI afirmam a igualdade como factor de competitividade e desenvolvimento.

    Atualmente em vigor, o V PNI-Plano Nacional para a Igualdade de Gnero, Cidadania

    e no Discriminao, refora a articulao interministerial e aposta na proximidade

    junto dos municpios, das empresas e das organizaes da sociedade civil, de modo

    a estimular uma atuao em rede e de proximidade com as populaes.

    A rede de municpios que promovem a igualdade de gnero e a cidadania, bem como

    a sociedade civil organizada (organizaes no governamentais) so os parceirosestratgicos na implementao das polticas pblicas de igualdade e no

    discriminao.

    1.2. Polticas Pblicas em matria de igualdade de gnero e no discriminao e

    conciliao entre a atividade profissional, familiar e pessoal

    A Igualdade de Gnero e no Discriminao, bem como a conciliao da vida profissional,

    familiar e pessoal so prioridades estabelecidas, desde 2006, pela Comisso Europeia no mbito

    da igualdade entre homens e mulheres. Para atingir este fim, a Comisso definiu trs reas de

    interveno prioritria:

    Flexibilidade na organizao do tempo de trabalho para homens e mulheres (horrios flexveis,

    teletrabalho, licenas sabticas e para prestao de cuidados a familiares; contabilizao do

    tempo da prestao e apoio insero profissional aps perodos de licena ou de trabalho a

    tempo parcial para prestao de cuidados a menores e a pessoas com dependncia), semconsequncias penalizantes para os trabalhadores e trabalhadoras;

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    7CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Aumento do nmero das estruturas de cuidados (na tica da oferta e da qualidade dos servios);

    Melhores polticas de conciliao que beneficiem tanto os homens como as mulheres;

    Incentivo a uma maior participao do pai na vida familiar.

    Estas prioridades integram-se num conjunto de instrumentos (diretivas, recomendaes e

    resolues) e orientaes estratgicas que estabelecem normas e padres pelos quais os

    Estados se devem reger, destacando-se, nestas ltimas, a Estratgia de Lisboa (2000), o Roteiro

    para a Igualdade entre Homens e Mulheres (2006-2010), o Pacto Europeu para a Igualdade

    (2006) e a Estratgia Europeia 2020.

    A nvel nacional so diversos os esforos no sentido de dar cumprimento aos compromissos

    internacionais e europeus na promoo da Igualdade de Gnero e no Discriminao e na

    Conciliao entre a Vida Profissional, Familiar e Pessoal, traduzidos sobretudo nas polticas

    pblicas de igualdade de gnero, constantes, nomeadamente, no V-Plano Nacional para a

    Igualdade, Gnero e no Discriminao, do Plano de Emergncia Social e, ainda, dos programas

    e aes financiados por fundos da Unio Europeia, designadamente o Fundo Social Europeu

    (Quadro de Referncia Estratgico Nacional), bem como do Mecanismo Financeiro do Espao

    Econmico Europeu (EEAGRANTS-Programme Mainstreaming Gender Equality and Promoting

    Work Life Balance).

    Recomenda ao Governo que tome medidas de valorizao da famlia que facilitem a conciliao

    entre a vida familiar e a vida profissional.

    Nestas polticas merece particular destaque a Resoluo da Assembleia da Repblica

    n.116/2012, de 13 de julho, que recomenda ao Governo, designadamente, que considere o

    desempenho de uma profisso e a vida familiar como atividades no dicotmicas; que no mbito

    da promoo da conciliao entre vida profissional e familiar, incentive uma cultura de

    responsabilidade social das organizaes e divulgue as boas prticas neste domnio; que

    fomente disposies laborais flexveis; e que flexibilize os horrios dos equipamentos sociais deapoio.

    Estas polticas pblicas tm vindo a ter impacto ao nvel do desenvolvimento social e humano,

    tornando-se uma exigncia conciliar as diversas dimenses da vida para se atingir um verdadeiro

    equilbrio entre a atividade profissional e a vida familiar e pessoal. Pela sua globalidade, esta

    viso requer o envolvimento de vrias entidades: a administrao central e local, as empresas e

    entidades empregadoras, as organizaes da sociedade civil e as famlias.

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    8CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    2. Procedimentos de normalizao

    Em considerao que a igualdade de gnero e no discriminao e a responsabilidade familiarso vertentes da responsabilidade social, face s Regras e Procedimentos para a Normalizao

    Portuguesa - respeitar no seu contedo os documentos normativos fundamentais, gerais e

    sectoriais, com articulaes com o seu objectivo e mbito de aplicao e beneficiar do trabalho

    de normalizao j realizado a nvel internacional e nacional, como o caso da ISO 26000:2011

    Linhas de orientao da responsabilidade social e das Normas Portuguesas 4469-1:2008

    Sistema de gesto da responsabilidade social. Parte 1: Requisitos e linhas de orientao

    para a sua utilizao, NP EN ISO 9000:2005 Sistemas de gesto da qualidade. Fundamentos

    e vocabulrio e NP EN ISO 9001:2008 Sistemas de gesto da qualidade.

    Requisitos. Assim, todas estas Normas tm sido utilizadas como referncias, quer quanto

    estrutura da futura Norma, quer quanto ao contedo.

    Uma matria que exigiu algum trabalho de anlise no mbito da Norma Portuguesa 4522-2014

    sobretudo no reconhecimento das organizaes serem familiarmente responsveis.

    neste sentido que recomendamos s entidade interessadas em proceder a aplicao desta

    norma como um instrumento orientador para as melhorias da prpria organizao em matria de

    igualdade de gnero e no discriminao e na conciliao entre a vida profissional, familiar epessoal. Em 2015, prev-se a certificao das organizaes que desenvolvem polticas e boas

    prticas nesta matria.

    O XIX Governo Constitucional assumiu no seu Programa o compromisso com a execuo das

    polticas pblicas no mbito da cidadania e da promoo da igualdade de gnero,

    designadamente atravs da execuo dos Planos Nacionais.

    Tambm nas Grandes Opes do Plano o Governo tem vindo a reafirmar os seus compromissos

    relativamente execuo das polticas pblicas de igualdade, sublinhando a transversalidade da

    dimenso da igualdade de gnero nas polticas da administrao central e local, o investimento

    na rea da educao e a interveno na rea da igualdade no emprego.

    O V Plano Nacional para a Igualdade de Gnero, Cidadania e No -discriminao 2014 -2017 (V

    PNI) enquadra-se nos compromissos assumidos por Portugal nas vrias instncias

    internacionais, designadamente no mbito da Organizao das Naes Unidas, do Conselho da

    Europa, da Unio Europeia e da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP).

    Destacam -se, pela sua relevncia, a Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de

    Discriminao Contra as Mulheres, a Declarao e Plataforma de Ao de Pequim, o Pacto

    Europeu para a Igualdade entre Homens e Mulheres (2011 -2020), a Estratgia para a Igualdade

    entre Mulheres e Homens 2010 -2015 e a Estratgia Europa 2020.

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    9CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Visando o reforo da promoo da igualdade de gnero em todas as reas de governao, o V

    PNI inclui uma forte componente de transversalizao da dimenso da igualdade de gnero na

    atividade de todos os ministrios, constituindo um importante meio para a coordenao

    intersectorial da poltica de igualdade de gnero e de no discriminao em funo do sexo e

    da orientao sexual.

    O V PNI pretende reforar a interveno nos domnios da educao, sade e mercado de

    trabalho, por se considerar que estas reas so merecedoras de um maior investimento no

    sentido do alargamento e aprofundamento das respetivas medidas.

    Pretende -se, ainda, garantir a articulao entre o V PNI e os planos e programas nacionais

    existentes no mbito de polticas sectoriais ou transversais relevantes para a construo e o

    aprofundamento da igualdade de gnero e da no -discriminao em funo do sexo e da

    orientao sexual, bem como assegurar que tambm estas dimenses se encontram integradas

    nesses instrumentos estratgicos.

    O IV Plano Nacional para a Igualdade, que agora finda, foi objeto de avaliao externa e

    independente, cujas recomendaes foram devidamente consideradas na elaborao do V PNI.

    A influncia das polticas pblicas portuguesas sobre parentalidade no

    direito da Unio Europeia

    Quando teve incio a presidncia portuguesa do Conselho da Unio Europeia em

    janeiro de 2000, o Pas tinha acabado de introduzir na sua ordem interna no mbito

    da transposio da diretiva comunitria sobre licena parental11, mas muito para

    alm dos mnimos obrigatrios, respondendo tambm ao previsto no Plano Nacional

    de Emprego uma mudana de paradigma na diviso sexual do trabalho. Com efeito,

    a Lei n. 142/99, de 31 de agosto, que alterara a Lei de Proteo da Maternidade e

    da Paternidade12 e a respetiva regulamentao13 (CITE, 2001), evidenciaram que,

    para a atividade econmica, as crianas tinham pai, a quem tambm cabiam asresponsabilidades da vida familiar. Tinha acabado, por via de lei explcita, o

    reconhecimento de que o trabalho de cuidado com descendentes era um exclusivo

    das mulheres. Tinha sido reconhecido aos homens o direito ao tempo e inerente

    ausncia sem prejuzos do local de trabalho, para o exerccio da sua paternidade.

    Tinha sido aberto o caminho para a igualdade de facto entre mulheres e homens no

    trabalho pago e no pago. Como sublinha Karin Wall (Wall, 2010: 83-84), esta nova

    legislao de 1999 representa um marco relevante na evoluo dos direitos da

    paternidade em Portugal, sendo a partir desta data que se torna mais evidente arelao entre a poltica de licenas e a poltica de igualdade de gnero.

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    10CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Com efeito, os homens trabalhadores quando so pais passaram a ter:

    a. um direito prprio, autnomo e intransmissvel a uma licena por paternidade

    de 5 dias teis, paga a 100% pela segurana social ou pelo Estado, no casode funcionrios pblicos14;

    b. um direito, por deciso conjunta com a me e no caso de no haver lugar

    amamentao, dispensa em cada dia de trabalho por dois perodos de

    durao

    mxima de uma hora para aleitao, at o filho perfazer um ano15;

    c. um direito exclusivo a 15 dias por licena parental paga a 100% pela

    segurana social ou pelo Estado, no caso de funcionrios pblicos, se esses

    dias fossem gozados imediatamente aps a licena por maternidade ou porpaternidade16.

    Da que Portugal tenha pretendido marcar a sua presidncia, no apenas com a

    adoo da Agenda de Lisboa, mas tambm com a introduo no direito da UE de um

    instrumento que, ainda que simbolicamente, dissociasse as mulheres da

    exclusividade do trabalho de reproduo. O que conseguiu com a Resoluo

    2000/C218/02 do Conselho e dos Ministros do Emprego e da Poltica Social, reunidos

    no seio do Conselho, de 29-06-2000, relativa participao equilibrada das mulherese dos homens na atividade profissional e na vida familiar (Unio Europeia, 2000).

    Para Dominique Mda (2001: 157), esta resoluo parece, com efeito, um

    concentrado das posies mais modernas em matria de igualdade de oportunidades

    e de promoo de um novo modelo de sociedade, onde, por um lado, os tempos

    consagrados s diferentes atividades seriam melhor equilibrados, e, por outro, estas

    diferentes atividades melhor repartidas entre homens e mulheres do que so

    atualmente (Mda, 2001: 157).17

    Transcrevo algumas disposies particularmente inovadoras da Resoluo, pelo que

    significam de consenso poltico num texto jurdico, ainda que no vinculativo, da

    Unio Europeia:

    (2) O princpio da igualdade entre homens e mulheres implica a indispensabilidade

    de compensar a desvantagem das mulheres no que se refere s condies de acesso

    e participao no mercado de trabalho e a desvantagem dos homens no que se refere

    s condies de participao na vida familiar, decorrentes de prticas sociais que

    ainda pressupem o trabalho no remunerado emergente dos cuidados famlia

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    11CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    como uma responsabilidade principal das mulheres, e o trabalho remunerado

    inerente vida econmica como uma responsabilidade principal dos homens.

    (3) O princpio da igualdade entre homens e mulheres em matria de emprego e detrabalho implica igual partilha entre pais e mes trabalhadoras no que toca

    nomeadamente necessidade de ausncia do local de trabalho para prestao de

    cuidados a filhos ou outros dependentes.

    (4) A participao equilibrada das mulheres e dos homens tanto na atividade

    profissional como na vida familiar, que do interesse tanto dos homens como das

    mulheres, constitui um aspeto essencial do desenvolvimento da sociedade, sendo a

    maternidade, a paternidade e os direitos das crianas valores sociais eminentes que

    devero ser protegidos pela sociedade, pelos Estados-Membros e pela ComunidadeEuropeia.

    (5) Tanto os homens como as mulheres, sem discriminao em funo do sexo,

    gozam do direito conciliao entre a vida profissional e a vida familiar.

    (10) Face ao n. 3 do artigo 141. do Tratado que institui a Comunidade Europeia,

    importa proteger os trabalhadores de ambos os sexos que exercem direitos inerentes

    paternidade, maternidade ou conciliao da vida profissional e familiar18.

    a) O objetivo da participao equilibrada dos homens e das mulheres na atividadeprofissional e na vida familiar, em paralelo com o objetivo da participao equilibrada

    dos homens e das mulheres no processo de deciso, constituem dois pressupostos

    particularmente relevantes para a igualdade entre mulheres e homens;

    b) necessria uma abordagem global e integrada do tema da articulao da vida

    profissional e da vida familiar, enquanto direito dos homens e das mulheres, fator de

    realizao pessoal na vida pblica, social, familiar e privada, valor social eminente e

    responsabilidade da sociedade, dos Estados-Membros e da Comunidade Europeia;

    c) necessrio promover todos os esforos e medidas concretas, bem como os

    respetivos acompanhamento e avaliao, designadamente atravs de indicadores

    apropriados, para imprimir s estruturas e s atitudes as mudanas que so

    essenciais para estabelecer uma participao equilibrada de homens e mulheres quer

    na esfera laboral quer na esfera familiar19;

    Encorajamento aos Estados-membros para:

    i) Avaliarem a possibilidade de as respetivas ordens jurdicas reconhecerem aos

    trabalhadores do sexo masculino um direito individual e no transfervel licena de

    paternidade, aps o nascimento ou a adoo de um filho, sem perda dos seus direitos

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    12CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    relativamente ao emprego, a gozar em simultneo com a licena de maternidade,

    independentemente da durao dos prazos da licena de paternidade e da licena de

    maternidade;ii) Avaliarem a possibilidade de as respetivas ordens jurdicas reconhecerem aos

    homens direitos suscetveis de lhes permitir maior apoio vida familiar com vista

    concretizao da igualdade20;

    Apelo Comisso:

    c) Para que, face aos novos requisitos previstos nos artigos 2., 3., no n. 1 do

    artigo 137. e no n. 3 do artigo 141. do Tratado que instituiu a Comunidade

    Europeia, e tendo em conta o (...) quinto programa de ao, proponha novas formasde participao equilibrada das mulheres e dos homens, tanto na vida profissional

    como na atividade familiar21;

    Compromisso dos Estados-membros:

    6. COMPROMETEM-SE a promover periodicamente debates sobre as matrias objeto

    da presente resoluo num enquadramento paralelo ao tema da participao

    equilibrada dos homens e das mulheres no processo de deciso.

    Aquele apelo Comisso j pressupunha o encorajamento a que a mesmaapresentasse uma proposta de instrumento comunitrio vinculativo que

    reconhecesse o direito licena por paternidade nos termos em que se preconizava

    para os Estados membros. Entretanto, diversos Estados membros introduziram a

    licena por paternidade, ainda que sob formatos variados (European Union Expert

    Group on Gender, Social Inclusion and Employment, 2005), e uma proposta de

    incluso de licena por paternidade nos moldes preconizados pela Resoluo de 2000

    foi apresentada no Relatrio do Parlamento Europeu sobre a proposta de alterao

    da diretiva de 1992 relativa proteo na maternidade apresentada pela

    Comisso22 pela eurodeputada Edite Estrela (Estrela, 2010), num processo que

    continua pendente23. Dez anos depois do apelo que atrs refiro, a Comisso incluiu

    a licena por paternidade, como uma hiptese a considerar nas aes-chave da sua

    Estratgia para a Igualdade entre Mulheres e Homens 2010-2015 (Comisso

    Europeia, 2010a: 14).

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    13/24

    13CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Os aperfeioamentos do Tratado de Lisboa sobre igualdade de gnero em

    contraste com instrumentos recentes da UE

    Embora desde o Tratado de Amsterdo, de 1997, por um lado, a ComunidadeEuropeia j tivesse como misso promover a igualdade entre mulheres e homens 24,

    j estivesse vinculada a procurar eliminar as desigualdades e promover a igualdade

    de homens e mulheres em todas as suas atividades25 e a combater a discriminao

    baseada no sexo26, j devesse apoiar e completar a ao dos Estados-Membros no

    domnio da igualdade entre homens e mulheres quanto s oportunidades no mercado

    de trabalho e ao tratamento no trabalho27, e, por outro lado, cada Estado membro

    fosse obrigado a assegurar o cumprimento da igualdade salarial entre trabalhadoras

    e trabalhadores28, sendo-lhe tambm permitido manter e adotar medidas de aopositiva em benefcio do sexo sub-representado para lhe facilitar uma atividade

    profissional ou para prevenir ou compensar desvantagens na carreira profissional 29,

    o Tratado de Lisboa30, assinado em dezembro de 2007, no final da ltima presidncia

    portuguesa, e entrado em vigor em dezembro de 2009, mantendo quanto sobre a

    matria j vinha de Amesterdo31, trouxe melhorias no domnio da igualdade de

    homens e mulheres. Assim, esta:

    a. pode ser considerada um dos valores fundamentais da Unio Europeia32;

    b. deve ser promovida pela Unio33

    ; ec. garantida em todos os domnios, podendo ser adotadas, tambm em todos

    os domnios, aes positivas a favor do sexo sub-representado34.

    Por outro lado,

    Na definio e execuo das suas polticas e aes, a Unio tem por objetivo

    combater a discriminao em razo do sexo, raa ou origem tnica, religio ou

    crena, deficincia, idade ou orientao sexual.35

    Estes aperfeioamentos poderiam permitir uma ao legislativa mais robusta por

    parte da Unio, no s a fim de concretizar a igualdade, de facto, de mulheres e

    homens no territrio de todos os seus Estados membros, mas a fim de transversalizar

    este objetivo em todas as dimenses da sua poltica externa.

    S que, independentemente do controlo institucional da aplicao do direito da Unio

    Europeia e de incontestveis aspetos positivos, alguns instrumentos recentes no

    concretizam aqueles aperfeioamentos, antes revelando alguma incoerncia, lentido

    no cumprimento dos objetivos, viso estratgica limitada e mesmo risco de

    retrocesso. Tomemos 3 desses instrumentos: a A Carta das Mulheres de 2010 (CE,

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    14/24

    14CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    2010b), a Estratgia para a Igualdade de Homens e Mulheres 2010-2015 (CE,

    2010a) e o Pacto Europeu para a Igualdade de Gnero 2011-2020 (CE, 2011).

    A Carta das Mulheres 2010, embora visasse comemorar o 8 de maro, os 30 anos

    da CEDAW (UN, 1979) e os 15 da Plataforma de Pequim (UN, 1995), e embora utilize

    a expresso Igualdade entre Mulheres e Homens, s pela denominao, torna as

    mulheres nicas destinatrias das polticas que preconiza, apenas d visibilidade a

    objetivos em reas de prejuzo para as mulheres (independncia econmica,

    remunerao, tomada de deciso, violncia baseada no gnero, direitos das

    mulheres) e no tem em conta os efeitos prejudiciais dos esteretipos na situao

    dos homens e em alguns resultados assimtricos que lhes respeitam nos indicadoresdo desenvolvimento humano.

    A Estratgia para a igualdade entre homens e mulheres 2010-2015:

    a. Retoma os objetivos da Carta das Mulheres, embora evidencie menor pendor

    para fazer delas as nicas clientes da Igualdade entre Mulheres e Homens;

    b. Refora a argumentao sobre a utilidade social das mulheres a sua

    participao no mercado de trabalho contrabalana a diminuio da populao

    em idade ativa, reduzindo a presso sobre as finanas pblicas e a seguranasocial, alarga a base do capital humano, aumenta a competitividade, tem

    impactos positivos na fertilidade;

    c. D visibilidade s mulheres empresrias, migrantes, pobres;

    d. Acrescenta nas questes horizontais os esteretipos de gnero, mas com os

    homens a aparecer como necessrios para ajudar na concretizao da

    igualdade, e apenas aludindo s desigualdades que afetam os rapazes e os

    homens na literacia, no abandono escolar precoce e na sade no trabalho

    sem as quantificar, como faz em situaes equivalentes relativas a mulheres,

    quando j existem dados disponveis para os dois sexos;

    e. Incentiva apenas as mulheres para o exerccio de profisses no tradicionais

    ao respetivo sexo;

    f. Enumera iniciativas para mais expressiva participao das mulheres no

    processo de deciso, mas no para mais expressiva participao dos homens

    nas responsabilidades da vida familiar;

    g. Refere a abordagem do papel dos homens em perspetivas especficas e sem

    transversalizao global.

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    15/24

    15CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Quanto a aes a desenvolver pela Comisso, e como atrs mencionei a propsito do

    apelo que lhe era dirigido na Resoluo do Conselho sobre conciliao da atividade

    profissional e da vida familiar, depois de todo o diagnstico que se tem vindo a fazersobre a assimetria entre homens e mulheres na diviso do trabalho no pago de

    apoio vida familiar, aquela ainda ir avaliar as lacunas, designadamente em termos

    de licena por paternidade, e examinar as opes possveis para as colmatar, aps

    consulta aos parceiros sociais.

    No Pacto Europeu para a Igualdade de Gnero para 2011-2020, o Conselho:

    a. Constata, por sucessivos relatrios da Comisso, que o progresso da

    Igualdade entre Homens e Mulheres lento e que a igualdade de facto aindano foi atingida;

    b. Considera que o problema so as barreiras que as mulheres enfrentam no

    mercado de trabalho;

    c. Reafirma o seu compromisso em cumprir a ambio da Unio Europeia no

    domnio da igualdade entre mulheres e homens tal como mencionado no

    Tratado, designadamente atravs de mainstreaming;

    d. Autonomiza:

    i. a reduo das assimetrias no emprego e na proteo social, comocontributo para o potencial de crescimento da fora de trabalho

    europeia;

    ii. a promoo de um melhor equilbrio entre o trabalho pago e o de apoio

    vida familiar;

    iii. o combate violncia contra as mulheres, para que gozem os seus

    direitos humanos e alcancem a igualdade de gnero;

    e. Preconiza:

    i. a promoo do emprego, do empoderamento das mulheres;

    ii. a eliminao dos esteretipos de gnero e a promoo da igualdade

    de gnero a todos os nveis;

    iii. melhores respostas para o cuidado de crianas at idade da entrada

    obrigatria no sistema de ensino;

    iv. flexibilidade na organizao do trabalho;

    v. diversos tipos de licenas para homens e mulheres;

    vi. o reforo da preveno da violncia contra as mulheres e a proteo

    das vtimas;

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

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    16CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    vii. O reforo do papel e da responsabilidade dos homens e dos rapazes

    no processo de erradicao da violncia contra as mulheres;

    f. Ter em conta o papel crtico dos homens e dos rapazes na promoo daigualdade de gnero;

    g. Assegura que os efeitos da igualdade de gnero sejam tidos em conta na

    avaliao do impacto das novas polticas da Unio Europeia.

    Em suma, no s a coerncia destes documentos muito relativa, como o grau de

    exigncia de concretizao do que h muito se vem dizendo muito reduzido, como

    ainda, muitas vezes, eles prprios reforam os esteretipos de gnero, enviando

    sociedade mensagens do tipo: Estas polticas so para mulheres, logo a igualdade entre homens e mulheres no

    uma questo que interesse a toda a sociedade;

    Os homens tm um papel e uma responsabilidade na concretizao da

    igualdade de gnero, devem ajudar a que a igualdade se concretize, que o mesmo

    dizer que as mulheres possam ser iguais a eles, enquanto sexo padro da

    humanidade.

    Por outro lado, as polticas preconizadas incidem em reas especficas e notransversalizam a dimenso da igualdade entre homens e mulheres (mainstreaming),

    em todas as reas de interveno da UE como os Tratados determinam, verificando-

    se um claro desajustamento entre a situao que reiteradamente se reconhece e a

    interveno que se preconiza, o que, ao tornar as mesmas polticas insuficientes face

    ao determinado pelos Tratados, frustra as expetativas das pessoas.

    Tais limitaes ficaram, alis, patentes no ltimo relatrio da Comisso Europeia

    sobre a evoluo da igualdade de homens e mulheres, que conclui no sentido de que

    apesar de uma tendncia geral para mais igualdade na sociedade e no mercado de

    trabalho, os progressos na eliminao das desigualdades entre as mulheres e os

    homens continuam lentos.36 (EC, 2011: 17).

    Em concluso

    No jogo de influncias recprocas nas polticas pblicas em matria de igualdade de

    gnero, h que manter uma ateno constante s limitaes e incoerncias que se

    verificam, com maior ou menor intensidade, tanto na Unio Europeia como nos seus

    Estados membros, incluindo Portugal, e ter permanentemente em conta a lio da

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    17/24

    17CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    experincia: trabalhar principalmente sobre os efeitos dos problemas pouco altera as

    suas causas.

    A igualdade entre mulheres e homens exige o mesmo reconhecimento social de umas

    e outros. Verificando-se assimetrias estruturais decorrentes dos papis de gnero

    que educam para a desigualdade, s haver condies para a igualdade com

    intervenes corretoras das polticas, dirigidas nuns casos a homens, noutros a

    mulheres.

    Atualmente, face aos diagnsticos e avaliao dos resultados de quase 40 anos de

    polticas para a igualdade entre homens e mulheres que anunciam vises holsticasmas que so predominantemente setoriais e focadas em aes destinadas a

    mulheres, na sua condio de metade desfavorecida da humanidade, tempo de

    dar visibilidade, consistncia e respostas apropriadas ao peso com que os

    esteretipos de gnero se abatem sobre os ombros dos homens e, tambm a eles,

    condicionam a vida.

    Nesta poca de crise da natalidade, em que as crianas so um bem raro e precioso,

    particularmente importante para a concretizao da igualdade de gnero no nosdeixarmos distrair ou at ludibriar com medidas de apoio s mulheres. Estas

    medidas s podero reforar o seu papel social tradicional, com as consequncias

    conhecidas em termos de secundarizao social com o consequente desequilbrio

    estrutural nos indicadores do desenvolvimento humano. H que ter presentes as

    contradies, nomeadamente no seio da famlia, onde a participao dos homens

    no cresceu da mesma forma que o envolvimento das mulheres no trabalho e na

    atividade profissional, nem a carreira, no caso das mulheres, ganhou a mesma

    importncia social que atribuda carreira dos homens (Amncio, 2004: 21).

    Se houver vontade para se atingir, de facto, a igualdade de gnero, so agora

    necessrias polticas pblicas dirigidas aos homens, que atuem sobre os elementos

    que constroem e mantm as assimetrias, designadamente de poder produzidas pelo

    gnero:

    a. medidas de ao positiva valorizadoras da paternidade, tambm na atividade

    econmica, entre os pares e na sociedade;

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    18/24

    18CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    b. medidas que lhes atribuam um papel indispensvel no cuidado de filhos e

    filhas, que os liguem simbolicamente, obrigatoriamente e de facto

    reproduo social;c. medidas que os compensem, face s mulheres, do poder natural da

    maternidade certa, que as tem mantido tuteladas, ciosas de um destino que

    lhes ensinaram ser inevitvel, e aparentemente conformadas com o preo a

    pagar, apesar de mais ou menos visivelmente insatisfeitas;

    d. medidas que lhes deem segurana e tranquilidade, e, consequentemente, os

    dispensem do fardo de violncia, de apropriao, de proteo e de

    representao da espcie em que foram educados, construram o mundo e se

    tm compensado para garantir a imortalidade.

    Bibliografia

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    Solidariedade CIDES. [ Links ]Comisso para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (1998b), Igualdade de

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    Circunstncias, Lisboa, CITE, pp. 57-98. [ Links ]Estrela, Edite (2010), Segundo Relatrio sobre a proposta de directiva do Parlamento

    Europeu e do Conselho que altera a Directiva 92/85/CEE do Conselho relativa

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    sade das trabalhadoras grvidas, purperas ou lactantes no trabalho , [em linha]

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    vida familiar [em linha] disponvel em http://eur-

    lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C2000:218:0005:0007:PT:PDF [co

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    Europeia, os Tratados que instituem as Comunidades Europeias e alguns actos

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    em http://www2.ohchr.org/english/law/cedaw.htm [consultado em

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    Sofia Aboim e Vanessa Cunha (coord.),A vida familiar no masculino Negociando

    velhas e novas masculinidades, Lisboa, CITE, pp. 67-94. [ Links ]

    Artigo recebido em 20 de setembro de 2011 e aceite para publicao em 6 de

    fevereiro de 2012.

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    21/24

    21CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    Notas:

    *1 jurista, formadora igualdade de gnero, Membro do Conselho Tcnico-Cientfico

    do Conselho Consultivo da CIG, membro de diversas ONG, aposentada daAdministrao Pblica (DGACCP-MNE). Foi membro do Frum de Peritas/os do

    Conselho de Administrao do Instituto Europeu para a Igualdade de Gnero,

    Secretria de Estado para a Igualdade, Presidente da CITE e Vice-Presidente da

    CIDM. autora de artigos, intervenes e referenciais de formao sobre igualdade

    de gnero. [email protected]:

    1884-1885 Criao das primeiras escolas de ensino industrial e de desenho

    industrial abertas frequncia de crianas e adultos dos dois sexos.1959 Conveno n. 111 da OIT, sobre discriminao no emprego e na profisso.

    1966 Conveno n. 100 da OIT, sobre igualdade de remunerao.

    1969 Foi introduzido na legislao nacional o princpio salrio igual para trabalho

    igual DL 49.408, 24.11.69, artigo 116..

    1970 Criao do Grupo de Trabalho para a Definio de uma Politica Nacional Global

    acerca da Mulher.

    1971 Criao do Grupo de Trabalho para a Participao da Mulher na Vida

    Econmica e Social.1973 Criao da Comisso para a Poltica Social relativa Mulher.2Institucionalizada em 1977 (DL n. 485/77, 17.11).3Diretiva 75/117/CEE do Conselho, 10.2.75 aproximao das legislaes dos

    Estados-Membros no que se refere aplicao do princpio da igualdade de

    remunerao entre os trabalhadores masculinos e femininos;

    Diretiva 76/207/CEE do Conselho, 9.2.76 concretizao do princpio da igualdade

    de tratamento entre homens e mulheres no que se refere ao acesso ao emprego,

    formao e promoo profissionais e condies de trabalho;

    Diretiva 79/7/CEE do Conselho, 19.12.78 realizao progressiva do princpio da

    igualdade de tratamento entre homens e mulheres em matria de segurana social.

    Todas estas diretivas foram sofrendo alteraes at sua revogao, por integrao

    com aperfeioamentos, pela Diretiva 2006/54/CE do Parlamento Europeu e do

    Conselho, 5.7.06, com efeitos a partir de 15.8.09 (CITE, 2011).4Art. 1. n.os 1 e 2.5Art. 14. n. 1.6Artigos 13., 52., alnea a) e 53., al. a) do texto constitucional em vigor poca

    da elaborao da Lei da Igualdade.

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    22/24

    22CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    7Convenes 100 e 111 da OIT (cfr. nota 1), uma vez que, ao tempo, Portugal ainda

    no tinha aderido Carta Social Europeia e que a Conveno Internacional sobre a

    Eliminao de todas as Formas de discriminao Contra as Mulheres (CEDAW) aindano se encontrava em vigor.8Como evidencia a transposio: dos artigos 1. a 7. da Directiva 75/117/CEE do

    Conselho, 10.2.1975, relativa aproximao das legislaes dos Estados-Membros

    no que se refere aplicao do princpio da igualdade de remunerao entre os

    trabalhadores masculinos e feminino, respectivamente para os artigos 9., 16., 12.

    e 13. tambm em conjugao com os artigos 1. n. 1, 3. n. 1, 4. n. 2 e 9.

    n. 1 11., 14., 15., 16., 17. e 21., e 15. n. 1, c) e d) da Lei da Igualdade;

    e dos artigos 1. a 8. da Directiva 76/207/CEE do Conselho, 9.2.1976, relativa concretizao do princpio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres no

    que se refere ao acesso ao emprego, formao e promoo profissionais e s

    condies de trabalho, respectivamente para os artigos 1., 3., 7. n. 3, 4., 23.,

    5. e 6., 1., 2. a), 3., 23., 16., 11. e 15. n. 1, c) e d) da Lei da Igualdade.9A saber: Combater a discriminao entre homens e mulheres: Diretriz 16. Conciliar

    vida profissional e vida familiar: Diretriz 17. Facilitar a reintegrao na vida ativa:

    Diretriz 18.10

    Aprovado pela Resoluo do Conselho de Ministros n. 49/97, de 24.3.11Directiva 96/34/CE do Conselho, de 3.6.96, relativa ao Acordo-quadro sobre a

    licena parental celebrado pela UNICE, pelo CEEP e pela CES Alterada pela Directiva

    97/75/CE do Conselho, de 15.12.97 A partir de 8.3.12, revogada pela Directiva

    2010/18/UE do Conselho, de 8.3.10.12Lei n. 4/84, de 5.4, alterada pelas Leis n.os 17/95, de 9.6, 102/97, de 13.9, e

    18/98, de 28.4.13DL n. 77/2000, de 9.5, que alterou o DL n. 154/88, de 29.4, na redaco que lhe

    foi dada pelos DL n.os333/95, de 23.12, e 347/98, de 9.11.14Art. 10. n. 1 da Lei e art. 9. do DL que a regulamentou.15Art. 14. n.os 2 e 3.16Art. 26. n.os 1 e 2 da Lei e art. 12. C do DL que a regulamentou.17Traduo da autora.18Dos considerandos.19Do ponto 1.20Do ponto 2.21Do ponto 3.

  • 7/25/2019 Polticas Para a Igualdade de Gnero

    23/24

    23CURSO de EMPREENDEDORISMO e ORGANIZAO EMPRESARIAL RESPONSVEIS

    22Proposta de directiva do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Directiva

    92/85/CEE do Conselho relativa implementao de medidas destinadas a promover

    a melhoria da segurana e da sade das trabalhadoras grvidas, purperas oulactantes no trabalho.23Para mais desenvolvimentos: Parlamento Europeu, Processo legislativo ordinrio PE

    430.593 v02-00; A7-0032/2010, [em linha] disponvel

    em http://www.europarl.europa.eu/activities/committees/reportsCom.do?language

    =PT&startValue=1024Artigo 2. do Tratado que instituiu a Comunidade Europeia (TCE).25Artigo 3. n. 2, TCE.

    26Artigo 13. n. 1, TCE.27Artigo 137., TCE.28Artigo 141. n. 1, TCE.29Artigo 141. n. 4, TCE.30Tratado de Lisboa que altera o Tratado da Unio Europeia e o Tratado que institui

    a Comunidade Europeia, assinado em Lisboa (UE, 2007).31Com efeito: a) O n. 2 do artigo 3. do TCE integrou, com os devidos ajustamentos,

    o artigo 8. do Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia (TFUE), com a

    seguinte redao: Na realizao de todas as suas aces, a Unio terpor objectivo eliminar as desigualdades e promover a igualdade entre homens e

    mulheres(sublinhado da autora). b) O artigo 13. do TCE integrou, com os devidos

    ajustamentos, o n. 1 do artigo 19. do TFUE, com a seguinte redao: 1. Sem

    prejuzo das demais disposies dos Tratados e dentro dos limites das competncias

    que estes conferem Unio, o Conselho, deliberando por unanimidade, de acordo

    com um processo legislativo especial, e aps aprovao do Parlamento Europeu,

    pode tomar as medidas necessrias para combater a discriminao em razo do sexo,

    raa ou origem tnica, religio ou crena, deficincia, idade ou orientao sexual.

    (sublinhado da autora). c) O artigo 137. do TCE integrou, com os devidos

    ajustamentos, o n. 1 do artigo 153. do TFUE. d) Os n.os 1, 3 e 4 do artigo 141.

    do TCE integraram, com os devidos ajustamentos, os n.os 1, 3 e 4 do artigo 157.

    do TFUE, com a seguinte redaco: 1. Os Estados-Membros asseguraro a aplicao

    do princpio da igualdade de remunerao entre trabalhadores masculinos e

    femininos, por trabalho igual ou de valor igual. 3. O Parlamento Europeu e o

    Conselho, deliberando de acordo com o processo legislativo ordinrio e aps consulta

    ao Comit Econmico e Social, adoptaro medidas destinadas a garantir a aplicao

    do princpio da igualdade de oportunidades e da igualdade de tratamento entre

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    homens e mulheres em matria de emprego e de trabalho, incluindo o princpio da

    igualdade de remunerao por trabalho igual ou de valor igual. 4. A fim de assegurar,

    na prtica, a plena igualdade entre homens e mulheres na vida profissional, oprincpio da igualdade de tratamento no obsta a que os Estados-

    Membros mantenham ou adoptem medidas que prevejam regalias especficas

    destinadas a facilitar o exerccio de uma actividade profissional pelas pessoas do sexo

    sub-representado, ou a prevenir ou compensar desvantagens na sua carreira

    profissional. (sublinhado da autora).32Artigo 2. do Tratado da Unio Europeia (TUE): A Unio funda-se nos valores do

    respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do

    Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos daspessoas pertencentes a minorias. Estes valores so comuns aos Estados-Membros,

    numa sociedade caracterizada pelo pluralismo, a no discriminao, a tolerncia, a

    justia, a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres. (sublinhado da

    autora).33Artigo 3., n. 3, 2. do TUE: 3. A Unio combate a excluso social e as

    discriminaes e promove a justia e a proteco sociais, a igualdade entre homens

    e mulheres, a solidariedade entre as geraes e a proteco dos direitos da criana.

    (sublinhado da autora).34Artigo 23. da Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia: Deve ser

    garantida a igualdade entre mulheres e homens em todos os domnios, incluindo em

    matria de emprego, trabalho e remunerao. O princpio da igualdade no obsta a

    que se mantenham ou adoptem medidas que prevejam regalias especficas a favor

    do sexo sub-representado. (sublinhado da autora). Aplicvel, como direito primrio

    (Tratados ou equivalente), por fora do artigo 6. n. 1 do TUE: 1. A Unio

    reconhece os direitos, as liberdades e os princpios enunciados na Carta dos Direitos

    Fundamentais da Unio Europeia, de 7 de dezembro de 2000, com as adaptaes

    que lhe foram introduzidas em 12 de dezembro de 2007, em Estrasburgo, e que tem

    o mesmo valor jurdico que os Tratados. (sublinhado da autora).35Artigo 10. do TUE. Sublinhado da autora.36Traduo da autora.