jornada nacional sobre igualdade e equidade de género no ... · jornada nacional sobre igualdade e...

34
Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau Fase di Kambansa

Upload: truongthuy

Post on 09-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no

Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau

Fase di Kambansa

Page 2: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

2

ÍNDICE

FICHA TÉCNICA.................................................................................................................. 3

Enquadramento ................................................................................................................ 4

Resumo ............................................................................................................................. 4

Painel I: “Equidade e Género na Comunicação Social” .................................................... 5

Painel II: “Abordagem dos Conteúdos de Género nos Media na Guine Bissau” ........... 12

Painel III: “O Quadro Jurídico dos Media: Analise numa logica de igualdade de género”

........................................................................................................................................ 17

Painel IV: “A Comunicação Social como ferramenta para a melhoria da situação da

Mulher” ........................................................................................................................... 26

Recomendações .............................................................................................................. 31

Page 3: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

3

FICHA TÉCNICA

Redação:

Dra. Teresa António da Veiga - Associação de Mulheres Juristas

Mr. Hamdou Tidiane - especialista em Media e Comunicação (Dakar)

Dra. Fátima Camará - Associação de Mulheres Juristas

Sra. Elida Maimuna dos Santos Fernandes Baldé - Presidente do Fórum de

Jornalistas para a promoção da saúde

Revisão:

UE-PAANE

Grafismo:

UE-PAANE

Data de realização:

De 21 a 23 de março de 2017

Local de realização:

Casa dos Direitos

Page 4: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

4

Enquadramento A realização desta Jornada enquadra-se no âmbito do resultado 2 - Os órgãos de

Comunicação Social melhoram as suas capacidades para realizar uma atividade

jornalística de qualidade, mais concretamente a atividade A.2.1 Realização de uma

Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação

Social na Guiné-Bissau.

Resumo A Jornada, realizada entre os dias 21 e 23 de março de 2017 na Casa dos Direitos

contou com a participação de quatro (4) oradores convidados, distribuídos pelos

seguintes painéis:

Painel I: “Equidade e Género na Comunicação Social” – Dra. Teresa Veiga

Painel II: “Abordagem dos Conteúdos de Género nos Media na Guine Bissau”

– Mr. Hamadou Tidiane

Painel III: “O Quadro Jurídico dos Media: Analise numa logica de igualdade

de género” - Dra. Fátima Camara

Painel IV: “A Comunicação Social como ferramenta para a melhoria da

situação da Mulher” – Sra. Elida Balde

A moderação da Jornada ficou a cargo da consultora externa contratada, Nelvina

Barreto.

A atividade contou com a participação de 32 pessoas.

Em anexo encontram-se as recomendações extraídas do debate em torno das

temáticas em apreço.

Page 5: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

5

Painel I: “Equidade e Género na Comunicação

Social”

Teresa Veiga

Page 6: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

6

NOTA PRÉVIA

Antes de mais, desejo expressar o nosso mais vivo reconhecimento à EU-PAANE, por

ter associado a Associação de Mulheres Juristas da Guiné-Bissau na realização desta

tão importante reflexão sobre a problemática da Igualdade, Equidade de Género na

Comunicação Social Guineense. Reflexão conjunta sobre as barreiras que dificultam as

oportunidades das mulheres profissionais da comunicação social na Guiné-Bissau, ao

nível da sua representação nas diferentes áreas da comunicação social em postos de

responsabilidade, é contribuirmos todos juntos, na procura de soluções para quebrar

essas barreiras sem que haja algum tipo de objeção por sexo, classe social ou outra

circunstância plausível de diferença ou para torná-lo mais prático. O que significa

Ausência de qualquer tipo de discriminação em qualquer posto de responsabilidade.

Falar do tema igualdade e equidade género na comunicação social guineense é falar de

um tema de atualidade não só na Guiné-Bissau mas também no mundo.

Posto isso, a minha comunicação, está estruturada em três partes:

1- Conceito de igualdade e equidade de género;

2- Equidade, género na comunicação social na Guiné-Bissau;

3- Conclusão.

1. CONCEITO DE IGUALDADE EQUIDADE DE GÉNERO

SEXO E GÉNERO

Para uma melhor compreensão do conceito de igualdade de género, consiste em

efetuar uma distinção entre Sexo e Género. Sexo significa diferenças biológicas entre

homens e mulheres. Género significa construção cultural das características

masculinas e femininas1.

Assim sendo, o conceito de Género, é um conceito social que remete para as

diferenças existentes entre homens e mulheres, diferenças essas não de caráter

biológico, mas resultantes do processo de socialização.

1 http://www.cite.gov.pt/asstscite/downloads/caritas/CadernoCaritas_Fasciculo_I.pdf

Page 7: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

7

O conceito de género descreve assim o conjunto de qualidades e de

comportamentos que as sociedades esperam dos homens e das mulheres, formando

a sua identidade social.

A igualdade é o tratamento idêntico que um órgão, Estado, empresa, associação,

grupo ou indivíduo reserva às pessoas sem que haja algum tipo de objeção por raça,

sexo, classe social ou outra circunstância diferenciadora.

Igualdade de género descreve o conceito de que todos os seres humanos, tanto

mulheres como homens, são livres para desenvolver as suas capacidades pessoais e

fazer escolha sem limitações. Igualdade de género não significa que as mulheres e os

homens têm de ser idênticos, mas que os seus direitos, responsabilidades e

oportunidades não dependem do fato de terem nascido com o sexo feminino ou

masculino.

Assim, a equidade entre género significa que homens e mulheres são tratados de

forma justa, de acordo com as respetivas necessidades. O tratamento deve considerar,

valorizar e favorecer de maneira equivalente os direitos, benefícios, obrigações e

oportunidades entre homens e mulheres. Equidade de género, significa defesa da

igualdade entre homem e mulher no controlo e uso de bens e serviços na sociedade. O

que significa, abolir a descriminação entre ambos os sexos. Não se deve privilegiar o

homem em detrimento da mulher, em nenhum aspeto da vida social, tal como era

frequente há algumas décadas na maioria das sociedades ocidentais. Daí que,

podemos estabelecer que, para que tenha lugar a mencionada equidade de género,

tem que se ter em conta a situação geral concreta e fundamental, em que se

equacione a igualdade de oportunidades, com a criação de uma série de condições

determinadas para que se possa aproveitar citadas oportunidades.

Exemplo: Quando há um assunto da comunicação social, seja da imprensa escrita,

rádio televisão, é importante que este comunicador tenha consciência das questões de

género e da igualdade.

Page 8: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

8

Nesta ótica, há que sublinhar, que para se conseguir a mencionada equidade, qualquer

repartição deve ser operada de uma maneira justa entre ambos os sexos. Os homens e

as mulheres devem contar com as mesmas oportunidades de desenvolvimento.

Uma mulher não deve ser descriminada na ocupação de um cargo público em

proveito de um homem. Qualquer pessoa deve ganhar de acordo com o seu

mérito. Um não pode ser favorecido em prejuízo do próximo. Um homem e

uma mulher devem receber as mesmas remunerações, até mesmo trabalho

que contempla idênticas obrigações e responsabilidades;

Igualdade de género, significa igualdade de direitos e liberdades para a

igualdade de oportunidades de participação, reconhecimento e valorização de

mulheres e de homens, em todos os domínios da sociedade, política,

económico, laboral, pessoal e familiar.

Há algumas décadas, esforços têm sido empreendidos para promover a equidade de

género e a diversidade em vários espaços sociais, inclusive no mercado de trabalho.

A igualdade entre homem e mulher não pode ser entendida apenas como boa prática,

mas como produto de lei, de dever e de direito de todos.

Assim, pela Constituição da República da Guiné-Bissau, artigo 24 “todos os cidadãos

são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos

deveres, sem distinção da raça, sexo, nível social, intelectual ou cultural, crença

religiosa ou convicção filosófica”, artigo 25 “ o homem e a mulher são igu ais perante

a lei em todos os domínios da vida política, económica, social e cultural”.

Apesar dos obstáculos para travar essa luta, as mulheres avançaram em todos os

setores da sociedade. A história mostra-nos que essas conquistas foram resultado de

reivindicações, movimentos sociais e transformações políticas e económicas. Há vários

marcos importantes nesse caminho como a conquista. A título de exemplo:

Protesto organizado pelas WSPU (Women´s Social and Political Union), no centro de

Londres.

Page 9: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

9

O Movimento das mulheres, para o direito a votos, assim chamadas sufragistas,

grupo de mulheres britânicas militantes de uma das primeiras organizações

femininas em prol do voto feminino. O movimento surgiu em movimento posterior à

Revolução Industrial. A mudança brusca das relações sociais e a introdução do

trabalho feminino nas fábricas e na escolha dos seus governantes. Diante da negação

desses direitos, e com a influência das ideias liberais predominantes na época,

mulheres de diversos países do mundo ocidental passaram a se organizar na

reivindicação pela participação política feminina2.

Embora no Séc. XVIII, por causa da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a

situação da desigualdade que imperava no mundo conseguiu ser resolvida de certa

forma, infelizmente, não pôde ser erradicada ou superada no seu todo. Além dos

direitos civis e políticos em geral as mulheres conquistaram direitos sociais, culturais e

económicos somente a partir de meados do Século XX. Na década de 1990,

conferência da ONU em Viena, no Cairo e em Beijing, marcaram a sociedade global e

estabeleceram novos patamares para o debate sobre igualdade de género.

A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de descriminação contra Mulher

(CEDEAW), de Beijing, reitera o papel da mulher como agente económico, assim

como a posição dos direitos das mulheres dentro de um contexto maior, o dos

direitos de todos os direitos humanos. Também, leis específicas consolidaram ou

regulamentaram os direitos estabelecidos pela legislação internacional que inclui a

Declaração Universal de Direitos Humanos e os Pacotes por Direitos Civis e políticos

Económicos, Sociais e Culturais.

Pois hoje em dia, já no Séc. XXI é comum ouvirmos falar de casos de discriminação

bem como até registá-los. Sem irmos mais longe, durante o mandato do Barack

Obama, como Presidente, os Estados Unidos, um dos mais poderosos países, foi

considerado o país em que casos de descriminação f oram mais registados. Aliás, ao

longo da história dos Estados Unidos sempre foram registados casos de

discriminação. De resto, é por isso que Obama deu ênfase, durante o seu mandato, a

2 http://pandoralivre.com.br/2015/12/25/quem-foram-as-suffragettes/

Page 10: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

10

este aspeto da vida daquele país, que acabou por considerar o fenómeno no programa

do seu governo.

2. EQUIDADE, GÉNERO NA COMUNICAÇÃO SOCIALDA GUINÉ-BISSAU

Equidade e género na comunicação social na Guiné-Bissau, significa trazer para este

debate as questões que se prendam com a fraca representação de mulheres

profissionais da comunicação social na Guiné-Bissau, ou se quisermos, a forma como

mulheres e homens operantes na área da comunicação social na Guiné-Bissau, se

deslocam no espaço e no tempo (nos lugares de chefia e de decisão nas diferentes

áreas da comunicação social, desde imprensa, à rádio ou televisão, enquanto

comentador dos assuntos da atualidade, porta-vozes, peritos em áreas consideradas

de mais relevância, como política, a economia ou finanças sendo apresentada como

especialistas qualificados). Enquanto isso, as vozes das mulheres são remetidos para

segundo plano, geralmente associado a temas socialmente considerados mais

femininos, como saúde, educação ou cultura. Nem sempre na qualidade de

especialistas qualificadas, mais como mães, esposas, encarregadas de educação.

São conjuntos de situações que dificultam as mulheres da comunicação social

guineense para usufruir dos direitos consagrados na nossa Constituição da República e

demais instrumentos internacionais sobre a matéria.

São precisamente esse conjunto de situações que a jornada pretende debater de

forma a podermos encontrar soluções concretas para promover a igualdade e

equidade de género na comunicação social no âmbito público, privado e comunitário.

Situações essas, que se revelam fundamentais para a adoção das políticas do território

sobre a igualdade do género. O fato é que, neste domínio, deve ser dado oportunidade

ou seja as mesmas oportunidades as mulheres tal como é dada aos homens, quer na

formação assim como nos estágios a nível interno e externo.

Page 11: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

11

Nesta ótica, há que sublinhar de que para conseguir a mencionada equidade no

género, devem ser levados a cabo distintos avanços em sua grande maioria em todos

os setores da nossa sociedade atual em particular na comunicação social.

3. CONCLUSÃO

Para concluir a presente comunicação, gostaria de realçar a importância deste

exercício pedagógico das organizações femininas da sociedade civil da Guiné-Bissau,

proporcionado pelo UE-PAANE, associando Associação de Mulheres Jurista da Guiné-

Bissau, é mais uma oportunidade oferecida às mulheres das diferentes organizações

femininas que compõem a sociedade civil, em particular as mulheres profissionais da

comunicação social guineense, para todos em conjunto falando numa só voz em prol

da defesa dos direitos de igualdade, de oportunidade de mulheres consagrados na

constituição e demais instrumentos internacionais.

Através destes encontros de reflexão, nós Associação de Mulheres Juristas, sentimo-

nos honradas por termos sido associadas a este evento com as mulheres jornalistas,

porque é através destas que nós juristas também podemos fazer passar a nossa voz

enquanto mulheres.

Page 12: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

12

Painel II: “Abordagem dos Conteúdos de Género

nos Media na Guine Bissau”

Hamadou Tidiane

Page 13: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

13

I. Definições e clarificação de alguns conceitos

1.1. Compreender a palavra « Género »

Conceito que engloba todas as características básicas que possuem um

determinado grupo ou classe de seres ou coisas.

Conjunto de seres ou coisas que têm a mesma origem ou que se encontram

ligados pela semelhança de suas principais características.

Espécie, tipo. Categoria taxonômica de animais ou vegetais que se situa abaixo

de família e acima de espécie. Categoria gramatical que classifica nomes e

pronomes de uma língua, distinguindo-os, por exemplo, entre masculino,

feminino e neutro.

Etc ...

1.2. O género no contexto social e político

A forma que a diferença sexual assume, nas diversas sociedades e culturas , e que

determina os papéis e o status atribuídos a homens e mulheres e a identidade sexual

das pessoas. Divisão dos discursos conforme os fins a que se propõem e os meios que

empregam para tal. Sobrenome com esses significados.

1.3. O género e o sexo

Género é uma construção social, que pode variar de sociedade para sociedade.

Sexo faz referência à biologia, e geralmente não se pode mudar (ainda que haja já

experiências de mudança sexual)

1.4. Género e feminismo

O género não e feminismo, ou seja, não quer dizer « promoção da mulher ».

Page 14: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

14

Uma política de género pode, em sociedades em que a mulher á vítima de

desigualdades, ajudar à causa das mulheres.

O combate ou a batalha dos movimentos feministas têm contribuído grandemente à

emergência e ao desenvolvimento do conceito do Género.

II. O género nas relações sociais

2.1. Cultura e tradição

A cultura, as tradições, impõem modos de vida e categorizações na sociedade;

Divisão do trabalho baseado no sexo;

Zonas ou esferas púbicas reservadas aos homens e outras reservadas às

mulheres.

2.2. Género, linguagem e media

Implicações da linguagem;

O género na comunicação interpessoal/ em conversações de cada dia;

A reprodução, consciente ou inconsciente, de « valores culturais »;

Utilização de estereótipos;

A responsabilidade dos media na reprodução do estereótipos.

III. Género e órgãos de comunicação social

3.1. A responsabilidade dos media

E necessário lembrar quem e o « papel social » dos media;

A imagem das mulheres (e outras categorias) nos media;

Page 15: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

15

O papel desempenhado pelos media na reprodução dos estereótipos.

3.2. Demografia da Guiné Bissau

A população (estimação dezembro 2016) encontra-se repartida em 947 460

homens (49,6 %) e 964 120 mulheres (50,4 %);

A implicação desta repartição homens /mulheres;

E essa repartição refletida nos media?

Considerações e consequências possíveis para o desenvolvimento do país.

3.3. Historia dos media na Guiné-Bissau « Afazeres » de homens?

O Comércio da Guiné : primeiro periódico editado e dirigido por um Guineense,

advogado Armando António Pereira (1930);

Ilustração da “dominação” dos homens (Fausto Duarte, Alberto Pimentel,

Álvaro Coelho Mendonça, Juvenal Cabral, João Augusto Silva e Fernando Pais

de Figueiredo).

3.4. Os media guineenses hoje

Quais são as mudanças que observamos?

- Na propriedade?

- Na direção?

- No plano editorial?

Representação das mulheres nos media;

A imagem das mulheres nos conteúdos do media;

Page 16: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

16

A reprodução dos estereótipos.

3.5. Abordar o Género nos media

A questão da representação nas posições de decisão;

Abordagem das questões de género nas notícias /conteúdo;

Ter consciência e deixar abandonar a utilização dos estereótipos;

Os óculos de género…;

… e contribuir para uma mudança positiva da sociedade.

Page 17: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

17

Painel III: “O Quadro Jurídico dos Media: Análise

numa lógica de igualdade de género”

Fátima Camara

Page 18: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

18

I. Quadro Jurídico

Lei da Imprensa Escrita e de Agências de Notícias – Lei nº 1/2013 de 25 de

Junho;

Lei da Liberdade de Imprensa – Lei nº 2/2013 de 25 de Junho;

Lei da Televisão – Lei nº 3/2013 de 25 de Junho;

Lei da Radiodifusão – Lei nº 4/2013 de 25 de Junho;

Estatuto do Jornalista – Lei nº 5/2013 de 25 de Junho;

Lei da Publicidade – Lei nº 6/2013 de 25 de Junho;

Lei do Direito de Antena e Réplica Política – Lei nº 7/2013 de 25 de Junho;

Lei do Conselho Nacional de Comunicação Social – Lei nº 8/2013 de 25 de

Junho.

II. Contexto histórico

As primeiras leis dos media foram publicadas na Guiné-Bissau em 1991, nos primórdios

da alteração do regime político guineense, do período do partido único para o

multipartidarismo.

Considerando estas mudanças que exigiam uma nova dinâmica e respeito às regras da

democracia, era imprescindível uma liberalização das comunicações, assim como a sua

regulamentação.

Passados mais de vinte anos e dada a necessidade de adequação às novas exigências

na comunicação, tais como a intensa procura de informação, pluralidade de ideias,

maior diversidade dos meios de comunicação social e alteração de regras de acesso a

algumas profissões, foi aprovada a revisão das leis em 2011, apenas publicadas a 25 de

Junho de 2013.

Page 19: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

19

III. Anotações e propostas de alteração do quadro jurídico atual

Lei da imprensa escrita e de agências de notícias

Art. 4º Funções - As atividades de imprensa, de edição de imprensa e de

agência de notícias têm por funções essenciais a expressão livre de

ideias e do pensamento, a informação, a difusão das notícias e das

informações, a formação cívica dos cidadãos e a promoção dos valores

da liberdade, da igualdade, da igualdade de género, do pluralismo e da

ordem democrática.

Art. 10º Interesse público da imprensa - A imprensa tem uma função

de interesse público, como tal reconhecida pelo Estado, desde que vise

nomeadamente:

a) A difusão de informações e conhecimentos que contribuam para

o aprofundamento da democracia e do progresso social;

b) A formação de uma opinião pública informada e esclarecida;

c) A difusão da cultura e o reforço da identidade e unidade

nacional;

d) A promoção do diálogo entre os poderes públicos e a população;

e) A mobilização da iniciativa e participação popular nos diversos

domínios de atividade;

f) A defesa da paz, dos Direitos do Homem, da amizade entre os

povos e da solidariedade;

g) A promoção e divulgação da igualdade de género.

Obs: Nesse regulamento, poderá ser atribuída uma quota para as mulheres entre os

candidatos.

Page 20: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

20

Lei da liberdade de imprensa

Art. 6º Direito dos Jornalistas – deve ser incluído o seguinte: Deve-se

garantir a todos os jornalistas os mesmos direitos e deveres no exercício

da profissão, sem discriminação em razão do sexo, raça, religião e

orientação política.

Lei da Televisão

Art. 15º Restrições à liberdade de informação e programação

1. O conteúdo dos programas de televisão deve respeitar a dignidade da

pessoa humana, os direitos e a livre formação da personalidade das

crianças e adolescentes.

3. É proibida a transmissão de programas ou mensagens que incitem à

violência, ao ódio, (à desigualdade), ao tribalismo, ao racismo, à

xenofobia ou contrariem a lei penal.

Art. 23º Tempo de emissão para confissões religiosas

Obs: Garantir também, por despacho do Governo, às OSC e associações, um tempo de

emissão gratuito para prosseguimento de atividades relacionados com a promoção e

divulgação da igualdade de género.

Os Estados democráticos são o palco por excelência da observância e materialização

das igualdades de direitos e deveres. Desta forma, deve-se utilizar estes programas

educativos, recreativos e ainda as formações e debates televisivos para uma discussão

ampla sobre as matérias de direitos humanos, igualdade de direitos, em geral e a

igualdade de género, e especial com vista a que se torne hábito de convivência cívica.

Page 21: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

21

Lei da Radiodifusão

Art. 14º Restrições à liberdade de informação e programação

2. É proibida a transmissão de programas ou mensagens que incitem

violência, à desordem social, à desigualdade, à intolerância sob todas as

suas formas e origem ou que contrariem a lei penal.

Art. 20º Tempo de emissão para confissões religiosas (Art. 11º/3. b)

Obs: Garantir também, por despacho do Governo, às OSC um tempo de emissão

gratuito para prosseguimento de atividades relacionados com a promoção e

divulgação da igualdade de género.

Estatuto do Jornalista

Art. 14º Comités de redação

1. Em cada órgão de comunicação social com o número de cinco

jornalistas profissionais existe, obrigatoriamente, um comité de redação

ao qual compete:

a) Coadjuvar o diretor na definição do estatuto editorial e na orientação

jornalística do órgão;

2. Os comités de redação são eleitos pelos jornalistas profissionais ao

serviço dos órgãos de comunicação social em que houver lugar sua

constituição, por voto secreto, segundo regulamento por eles aprovado.

Page 22: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

22

Obs: No Estatuto do Jornalista e nesse regulamento a que o nº 2 do art. 14º faz alusão,

deve estar salvaguardada a participação da mulher, através da definição de uma quota

(50/50), nas esferas de decisão dos OCS.

Deve constar ainda uma norma que atribua igualdade de direitos sem qualquer tipo de

discriminação, no exercício da atividade profissional na comunicação social.

Lei da Publicidade

Art. 5º Princípio da ilicitude

1. A publicidade deve respeitar os valores, princípios e instituições

fundamentais constitucionalmente consagrados.

2. É proibida, nomeadamente, a publicidade que:

d) Contenha qualquer discriminação em relação à raça, língua, território

de origem, religião ou sexo;

Obs: Deve-se proibir a publicidade sexista, no qual é demasiado exposto o corpo da

mulher e do homem;

Deve-se proibir a publicidade em que a mulher é conotada apenas aos trabalhos

domésticos e o homem ao seu papel de chefe de família.

Lei do Conselho Nacional de Comunicação Social

Obs: O Conselho Nacional de Comunicação Social tem 9 (nove) membros. Existe

alguma mulher?

Page 23: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

23

IV - Órgãos Comunicação Social – Chefia

Televisão da Guiné-Bissau - José Roberto Ferreira;

Agência de Notícias da GB - Salvador Gomes;

Jornal Nô Pintcha - Simão Abiná;

Jornal O Democrata - António Nhaga (Bastonário OJGB);

Diário de Bissau - João de Barros;

Última Hora - Athizar Mendes Pereira;

Donos da Bola - Pedro Lucas Mendes de Carvalho;

Gazeta de Notícias - Humberto Monteiro;

Rádio Nacional (RDN) - Abdurahmane Turé;

Rádio Sol Mansi - Leonildo Mendes Carvalho;

Galáxia de Pindjiguiti - Santim;

Capital FM - Lassana Cassamá;

Bombolom FM - Agnelo Regalla;

Rádio Jovem - Braima Darame;

Voz de Quelélé - Dauda Dabó;

Macaré - Mama Saliu Sané;

CNCS - Ladislau Embassa;

ARN - Abdú Djaquité;

SINJOTECS - Mamadú Candé;

TGB (2000) - Madalena Pina;

TGB (de Agosto de 2014 a Junho de 2016) - Paula Melo;

Page 24: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

24

Presidente da AMPCS;

RDN (1996) - Maria da Conceição Évora.

V – Questões

i. O que existe?

Um quadro jurídico que ignora a questão da igualdade de género;

A única referência expressa da “não discriminação em razão do sexo” consta da

Lei da Publicidade (art. 5º/2 d);

Falta de normas que estabeleçam uma quota de participação da mulher na

profissão jornalística;

Ocupação predominante ou quase exclusiva pelos homens dos cargos de chefia

e de decisão dos OCS e dos organismos profissionais.

ii. O que falta?

Falta um compromisso do Estado na materialização do direito à igualdade de

género, através de legislação que atribua uma quota de participação das

mulheres nos centros de decisão dos OCS, que permita a gratuitidade dos

programas televisivos e radiofónicos, e que contemple um prémio para o

programa (estudo ou reportagem) que melhor retratou a igualdade de género;

Falta a concretização do Art. 24º da CRGB;

Falta o cumprimento do Objetivo 5 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento

Sustentável.

Page 25: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

25

iii. O que poderia ser melhorado para que a lei possa contribuir para esta

igualdade de género?

Uma revisão do atual quadro jurídico seguida de:

Divulgação e boa interpretação das leis e direitos/deveres;

Melhorar a implementação da igualdade de género e aplicação de leis

nacionais e internacionais ratificados, através da criação de comités de

seguimento; PNIEG;

Das Mulheres, espera-se maior consciencialização dos seus direitos, qualidades,

competências e efetiva reivindicação;

Dos Homens, espera-se aceitação e colaboração na materialização da igualdade

de género;

Dos media, que haja um maior empenho na promoção, divulgação e

implementação da igualdade de género e, tendo em conta o seu papel

educativo, informativo e recreativo; que alterem os estereótipos existentes

acerca da mulher.

Page 26: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

26

Painel IV: “A Comunicação Social como ferramenta

para a melhoria da situação da Mulher”

Elida Balde

Page 27: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

27

A comunicação social tem um papel de destaque na sociedade contemporânea, sendo

considerada uma espécie de quarto poder. Os media, com sua grande força e acúmulo

de poder, constroem a realidade, ou seja, algo existe, ou não, nos dias de hoje, se é, ou

não, veiculado nos media; e cria a pauta de discussão da população, ou seja, grande

parte do que é discutido nos diversos segmentos sociais tem origem nos media, é

determinado, até certo ponto por ela.

Neste sentido, a imprensa e instituições envolvidas no processo de informar exercem

grande influência sobre os temas abordados pela população no seu quotidiano. Esta

situação é conhecida como a teoria do AGENDAMENTO.

O agendamento é um processo de três níveis: agenda mediática (agenda media), que

são as questões discutidas nos media; agenda pública, que são questões discutidas e

pessoalmente relevantes para a população; e agenda de políticas, que são as questões

que gestores públicos consideram importantes. É a conjugação destes 3 níveis que

define o que vai ser notícia, o que vai ser agendado. Tentar compreender quais os

assuntos que são selecionados, excluídos, enfatizados ou ignorados é o objetivo da

análise da agenda dos meios de comunicação.

Mais de 400 estudos empíricos, realizados sobre a teoria do agendamento,

demonstram que aquelas temáticas que são selecionadas para serem parte das

notícias e informações veiculadas pelos media, de forma constante e contínua,

provocam um aumento no interesse da população e uma inclusão da temática na

agenda dos políticos e governantes.

Na GB, o agendamento é feito através dos convites recebidos por diferentes

instituições do Estado, privadas, assim como OSC, e muitas vezes, acabamos por

publicar notícias que não são relevantes. É fundamental que os jornalistas organizem a

sua agenda, de acordo com aquilo que são prioridades reais para o desenvolvimento

do país e que não se façam depender de agendas de terceiros.

Logo, se queremos contribuir para mudar a situação da mulher na Guiné-Bissau, temos

de assumir que os media são uma ferramenta fundamental. Isto é possível se,

enquanto jornalistas, nos preocuparmos em influenciar estas agendas e em colocar,

Page 28: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

28

como notícia, de forma constante e organizada, as situações que consideramos mais

prioritárias, nomeadamente, aquelas que violam os direitos dos grupos mais

vulneráveis.

Deve evitar-se falar nestas situações, apenas em momentos de realização de algum

evento ou celebração de uma efeméride internacional: será que nos devemos lembrar

da violência de género, apenas no dia internacional da eliminação da violência contra a

mulher? Ou da MGF no Dia Internacional de Tolerância Zero da Mutilação Genial

Feminina? Não! Estas temáticas devem fazer parte da agenda dos media na Guiné-

Bissau de forma permanente, se queremos mudar comportamentos e ideias.

Isto não significa que celebrar efemérides não seja importante, é e muito, mas não

podemos limitar a nossa ação só e apenas a esses dias. A abordagem destes e de

outros assuntos deveria não ser feita só nos noticiários, telejornais, mas também

noutros espaços de comunicação. Se pretendemos fazer da comunicação uma

ferramenta para melhorar a situação da mulher, os media deveriam ter espaços

próprios para debates sobre género e outros espaços, para que a mulher possa

apresentar as suas principais preocupações.

Exemplo: podemos citar a questões políticas que hoje em dia se transforma o assunto

em debate por toda franja da sociedade guineense seja onde for, nos escritórios,

bancadas, escolas, táxis, mercados e em diferentes lugares de concentração das

pessoas.

Mas o trabalho não termina aqui. Além de converter as situações que queremos

mudar em temáticas permanentes nos media, devemos tratar essas temáticas de

forma aprofundada e não simplista. Isto é, quando cobramos uma determinada

notícia, é preciso não só informar sobre o acontecimento, mas aprofundar sobre o

problema, converter-nos em educadores/as. Por exemplo, se informamos de um caso

de maltrato a uma mulher, casos de abuso sexual, não devemos limitar-nos a informar

do fato, devemos aproveitar a notícia para ir, além disso. Devem ser enviadas

mensagens à população que desmotivem a violência de género, apresentar números,

estatísticas, consequências, informações que permitam às pessoas refletir sobre a

situação.

Page 29: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

29

Apesar de muitos estudos já confirmarem a importância que os meios de comunicação

e, comprovadamente, as notícias têm sobre a formação de opinião e no

comportamento das pessoas, o jornalismo segue sem fazer uma contextualização e

aprofundamento necessários, até mesmo para uma melhor compreensão dos

acontecimentos noticiados.

Os veículos de comunicação já fazem parte do quotidiano das pessoas, conferindo um

papel importante na mudança de comportamento. Por isso, é preciso ter uma

preocupação maior com as implicações políticas e sociais da atividade jornalística e

com o papel das notícias.

O olhar dos media sobre qualquer questão é importante de ser refletido, pois é por

meio da comunicação que elas serão amplamente difundidas na sociedade e ganharão

espaço nos debates. Neste sentido, sendo as Rádios Comunitárias o maior veículo de

comunicação no país, e o mais popular, o que alcança um maior número de pessoas,

devemos fomentar também a divulgação das notícias ou programas específicos

destinados a mudar comportamentos e ideias através das Rádios Comunitárias. A

comunicação exerce um papel importante nos processos de transição, tendo em vista

que “os conteúdos dos meios de comunicação influenciam os temas de conversação

pública.”

Para finalizar, apenas frisar que nas democracias de massas marcadas pela expansão

de direitos, o direito à informação constitui-se num direito “em si” e ao mesmo tempo

é a porta de acesso a outros direitos. Neste sentido, a informação, conforme seja a

necessidade que dela se tenha pode ser entendida como direito social, como direito

civil e como direito político.

Acredita-se que o jornalismo pode contribuir para a construção da cidadania. Isso

porque a informação jornalística pode possibilitar que as pessoas ajam como cidadãs.

O jornalismo deve oferecer “informações que o cidadão tem o direito de receber para

que possa exercer plenamente todos os seus direitos.”

Estou de acordo com Bernard Cohen um cientista e historiador norte-americano

quando afirma que "na maior parte do tempo, a imprensa pode não ter êxito em dizer

Page 30: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

30

aos leitores o que pensar, mas é espantosamente bem-sucedida em dizer aos leitores

sobre o que pensar" Vamos pôr os guineenses a pensar nas questões que queremos

mudar.

Page 31: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

31

Recomendações

Extraídas da intervenção da oradora do Painel I:

Formação inicial e contínua especializada;

Nomeação a todos os níveis por concurso público em que o critério de

Equidade de Género seja destacado;

Exortar a todos os atores da sociedade a divulgação e aplicação do PNIEG e

demais instrumentos jurídicos;

Utilização de “óculos” de género de política;

Projetos e programas para a comunicação social;

Criação de programas de informação, recreativos e de

formação/sensibilização em todos os órgãos da comunicação social públicos

e privados;

Desempenho das responsabilidades que são confiadas as mulheres com

zelo e profissionalismo.

Extraídas da intervenção do orador do Painel II:

Equilíbrio no agendamento das notícias e reportagens e nos conteúdos

(homem/mulher) – “óculos de género”;

Page 32: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

32

Encorajar os profissionais da CS a assumirem as tarefas/responsabilidades

sem estereótipos;

Rejeitar os estereótipos inclusive na publicidade;

A apresentação da imagem da mulher nos media deve ser melhorada (mais

visibilidade qualitativa/quantitativa);

Utilização dos meios digitais (facebook, youtube, blogs, etc..) para

contornar a censura e abrir as possibilidades de conhecimento e

informação.

Extraídas da intervenção da oradora do Painel III:

Exigir a aplicação efetiva das leis vigentes relativas a CS;

Supressão das lacunas existentes nas leis da comunicação social sobre

igualdade e equidade de género (foram feitas propostas específicas pela

oradora que serão apresentadas ao MCS);

Maior divulgação das leis do sector da CS pelos próprios órgãos ;

Criação de uma Provedoria no seio da Sociedade Civil para colher

informações/queixas/sugestões dos cidadãos e dar seguimento das

mesmas;

Exigir ao Conselho Nacional da CS o cumprimento integral das suas

responsabilidades e obrigações; a) Exigir especial atenção do CSCS dos

conteúdos da publicidade.

Page 33: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

33

Extraídas da intervenção da oradora do Painel IV:

Criação de parcerias entre as rádios comunitárias, TV e outras rádios para

promoção de espaços de debate e reflexão sobre temáticas ligadas à

mulher a ser transmitidos no mesmo horário;

Dar voz as mulheres através de artigos e reportagens para além do papel

tradicional que lhe é atribuído;

Sensibilizar as mulheres para uma maior participação na mudança de

comportamento;

Melhorar o agendamento das notícias com a contribuição dos técnicos,

criando/disponibilizando meios técnicos para o efeito;

Contextualizar, ampliar e aprofundar nas notícias sobre questões relevantes

para a mulher, de forma a converterem-se em informações educativas que

promovam a mudança de comportamento;

Exigir do Ministério da Mulher, da Família e da Solidariedade Social a

aplicação prática do PNIEG e a promoção de ações destinadas a uma maior

capacitação e formação das mulheres.

Page 34: Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no ... · Jornada Nacional sobre Igualdade e Equidade de Género no Setor da Comunicação Social na Guiné-Bissau ... oportunidades

34

Esta publicação foi produzida com o apoio da União Europeia. O seu conteúdo é da exclusiva responsabilidade do

autor. Revisto pelo Projeto UE-PAANE - Programa de Apoio aos Actores Não Estatais “Nô pintcha pa Dizinvolvimentu” –

Fase di Kambansa.

Financiado pela

União Europeia: Implementado pelo Instituto

Marquês de Valle Flôr:

Copyright © 2018 UE-PAANE, All rights reserved.

Endereço UE-PAANE Fase di Kambansa: Rua Severino Gomes de Pina (Rua 10) Antigo prédio da Função Pública

Bissau Telemóvel: 00245 95 576 99 88 Email: [email protected]