poiésis 165

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Ano XV - nº 165 - dezembro de 2009 - Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Arraial do Cabo, S. Pedro da Aldeia, Petrópolis, Teresópolis, Rio de Janeiro Literatura, Pensamento & Arte IMPRESSO www.jornalpoiesis.com Caixa Postal 110.912 - Bacaxá Saquarema - RJ - CEP 28993-970 [email protected] Avenida Saquarema, 5245 - Bacaxá - Saquarema - ( (22) 2653-4444 Encomende seu livro escolar conosco! Os encantos que a água traz Saindo do lugar comum das manchetes jornalísticas, abrindo espaço para novos conceitos, novos modos de ver a vida, o Jornal Poiésis encerra mais um ano renovando esperanças de dias mais iluminados para todos. Assim como o mar se renova a cada dia e se movimenta continuamente, nós também seguimos nosso trabalho em favor de uma cultura cada vez mais ampla. O mar, esse personagem múltiplo e coletivo na Região dos Lagos, nos inspira a colocá-lo em primeiro plano. Seja falando sobre o livro de poemas de Latuf Mucci (página 3), ou as águas que surgem de uma ou outra poesia (páginas 4 e 5) e culminando com o belo texto de Fernando Oliveira (foto) — publicado postumamente na página 6 —, o poder líquido da vida se distribui em nossas páginas. Que possamos, todos, refletir sobre isso: a capacidade que a água tem de se adaptar, limpar, transformar. Olhando com mais afeto o mundo a nossa volta, com mais respeito a nós mesmos e aos outros, quiçá possamos viver com mais alegria, com mais força para vencer os obstáculos, com mais fé e prosperidade compartilhada. A música eletroacústica no Brasil O amigo nº 1 do lanche Página 3 Página 9 Poesia na Rua em Bacaxá está de volta em dezembro O Núcleo de Poesia Alberto de Oliveira realiza no dia 12 de de- zembro, no calçadão da rua Pro- fessor Souza, em frente à lan- chonete Mucho Loco, mais uma edição do projeto Poesia na Rua, com montagem de varal de poe- sia, música ao vivo e leitura de poemas. Página 7. A Baía de Guanabara de Levy-Strauss a Caetano Página 10

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Edição 165 do Jornal Poiésis, editada em dezembro de 2009

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Page 1: Poiésis 165

Ano XV - nº 165 - dezembro de 2009 - Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Arraial do Cabo, S. Pedro da Aldeia, Petrópolis, Teresópolis, Rio de Janeiro

Literatura, Pensamento & Arte

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www.jornalpoiesis.comCaixa Postal 110.912 - Bacaxá

Saquarema - RJ - CEP [email protected]

Avenida Saquarema, 5245 - Bacaxá - Saquarema - ( (22) 2653-4444

Encomende seu livro escolar conosco!

Os encantos que a água trazSaindo do lugar comum das manchetes jornalísticas, abrindo espaço para novos conceitos, novos modos de ver a vida, o Jornal Poiésis encerra mais um ano renovando esperanças de dias mais iluminados para todos. Assim como o mar se renova a cada dia e se movimenta continuamente, nós também seguimos nosso trabalho em favor de uma cultura cada vez mais ampla. O mar, esse personagem múltiplo e coletivo na Região dos Lagos, nos inspira a colocá-lo em primeiro plano. Seja falando sobre o livro de poemas de Latuf Mucci (página 3), ou as águas que surgem de uma ou outra poesia (páginas 4 e 5) e culminando com o belo texto de Fernando Oliveira (foto) — publicado postumamente na página 6 —, o poder líquido da vida se distribui em nossas páginas. Que possamos, todos, refletir sobre isso: a capacidade que a água tem de se adaptar, limpar, transformar. Olhando com mais afeto o mundo a nossa volta, com mais respeito a nós mesmos e aos outros, quiçá possamos viver com mais alegria, com mais força para vencer os obstáculos, com mais fé e prosperidade compartilhada.

A música eletroacústica

no Brasil

O amigo nº 1 do lanche

Página 3

Página 9

Poesia na Rua em Bacaxáestá de volta em dezembroO Núcleo de Poesia Alberto de Oliveira realiza no dia 12 de de-zembro, no calçadão da rua Pro-fessor Souza, em frente à lan-chonete Mucho Loco, mais uma edição do projeto Poesia na Rua, com montagem de varal de poe-sia, música ao vivo e leitura de poemas. Página 7.

A Baía de Guanabara de Levy-Strauss a Caetano

Página 10

Page 2: Poiésis 165

2 nº 165 - dezembro de 2009

EXPEDIENTEO Jornal Poiésis - Literatura, Pensa-mento & Arte é uma publicação da Mota e Marin Editora e Comunica-ção Ltda.

Editor: Camilo MotaDiretora Comercial: Regina Mota

Conselho Editorial:Camilo Mota, Regina Mota, Fer-nando Py, Sylvio Adalberto, Gerson Valle, Marcelo J. Fernandes, Marco Aureh, Celso Caciano Brito, Fran-cisco Pontes de Miranda Ferreira

Jornalista Responsável:Francisco Pontes de Miranda Fer-reira, Reg. Prof. 18.152 MTb

Diagramação: Camilo Mota

CAIXA POSTAL 110.912BACAXÁ - SAQUAREMA - RJCEP 28993-970

( (22) 2653-3597( (22) 9201-3349( (22) 8818-6164( (22) 8836-8483( (22) 9982-4039

[email protected]

Distribuição dirigida em: Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro.

Fotolito e Impressão:Tribuna de Petrópolis

Colaborações devem ser enviadas preferencialmente digitalizadas, em formato A4, espaço simples, fonte Times New Roman ou Arial, com dados sobre vida e obra do autor. Os originais serão avaliados pelo conselho editorial e não serão de-volvidos. Colaborações enviadas por e-mail devem ser anexadas como arquivo do Word (.doc ou .docx). Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Poiésis.

DentistaDr. Guilherme

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Pça. Santo Antonio, 164 sala 1Bacaxá - Saquarema - RJ

(22) 2653-2303SHOW DAS PLANTAS

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Uma campanha do Jornal Poiésis

JOÃO CARVALHO NO 1º CONGRESSO BRASILEIRO DE TERAPIA REGRESSIVA

VETERINÁRIA

R. José Beijo Amorim, 87 - Bacaxá(22) 2031-0711/9256-2576/2653-2274

Exames - Internação Banho e Tosa

Vacinas Importadas

ERRATANa edição 164, na reportagem sobre o Conselho de Segurança informamos de maneira equivocada que o mesmo é “Municipal”, quando na realidade é “Comunitário”. Portanto, a denomina-ção correta é “Conselho Comunitário de Segurança Pública de Saquarema”. As reuniões são abertas a todas as pes-soas interessadas, e acontecem sempre na primeira quarta-feira de cada mês, às 19h, na Delegacia Legal de Saqua-rema.

Ligue ( (22)2653.3597 9982.4039 ou 8818.6164

Fotos para festas e eventos.

Dê plantas a quem você ama!

O Psicanalista João Carvalho Neto, autor dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal”, participou do 1º Congresso Bra-sileiro de Terapia Regressiva que aconteceu em Salvador entre os dias 20 e 22 de novembro. O tema geral do congresso foi “TR na busca da inte-gração, capacitação profissional, ética e qualidade do atendimento” e João Carvalho, residente em Saquarema, apresentou seminário sobre o tema Psicanálise Transpessoal, uma linha de psico-terapia pioneira que vem sendo desenvolvida e proposta por ele, com grande repercussão nacio-nal e internacional. Também estiveram presentes outros importantes nomes da Terapia Regressiva no Brasil, como Ribamar Tourinho, de Teresina, Idalino Almeida, de Salvador, Davidson Lemela e Marta Moreira, de São Paulo.

O psicanalista, residente em Saquarema, abordou o tema Psicanálise Transpessoal.

A melhor visão pra você!

Temos crediário próprioR. Prof. Francisco Fonseca, 173 - Bacaxá

( (22) 2031-0470

Page 3: Poiésis 165

3nº 165 - dezembro de 2009

MARCUS Baterias

Venda de óleo, rolamentos e bateriasRECARGA DE BATERIASR. Prof. Souza, 706 - Bacaxá( (22) 2653-0669 / 9935-3948

Todas as cores do marUma leitura de “Águas de Saquarema”, de Latuf Isaías Mucci

Camilo Mota

Soube, através de um amigo, que outro amigo o questionara do por-quê de eu ter me mudado para Sa-quarema. O que eu vira nessa cida-de, tão pacata, tão à beira do Oceano Atlântico? A água, o mar, o céu, o sol e suas cores, aqui, parecem ter me cativado de uma maneira diferente de outras terras. O sol nasce manso pela manhã, e mais tarde se põe em cores variadas além das montanhas, refletindo um adeus iluminado nas ondulações da lagoa... ele diz em seu quase silêncio de luz que a vida é enorme quando contemplamos a nossa pequenez. E também as pes-soas com seu jeito solar, quente, de falar amigo. Alguma coisa mineira, de antanho, me faz olhar esse mar com admiração.

E não a mim apenas isso tudo é cativante. Pois que o professor La-tuf Isaías Mucci foi mais além e der-ramou em versos tudo o que sente acerca desta terra ainda admirável, com suas ondas, surfistas, cores fei-tas em molduras de gente. Mineiro como eu, veio ele ter em Saquare-ma o encontro mítico e real. Assim como Manuel Bandeira exaltava uma Pasárgada para onde poderia se refugiar e encontrar o ápice da vida em seu máximo prazer, tam-bém Latuf o faz, mas num sentido concreto: ele não busca a terra mí-tica, pois que já encontrou a terra real de seus sonhos. Em “Águas de Saquarema” (Saquarema, Tupy Co-municações, 2009), o poeta revela um amor tal pela região que o aco-lheu que, à maneira dos românticos

em relação a suas amadas, recolhe em versos as sensações e sentimen-tos que norteiam sua vida sempre em direção à coisa amada. Torna-se, camonianamente, o amante na coisa amada? “Fora de Saquarema / Sou / peixe com mágoa / pássaro sem paz / ave avessa / exilado poé-tico / asilado ilhado / (...) Fora de Saquarema / Nenhum zen me se-gura”, revela o poeta em sua “Can-ção do Idílio”, como um Gonçalves Dias pós-moderno a exaltar a falta que lhe faz sua amada pátria, cujos sabiás fazem verdadeiros ninhos na alma. E reforça sua relação com a terra, firmando raiz: “Não me vou mais embora daqui, / nem que me arrastem pelos cabelos / que já per-di há muito na cidade” (“Radical-mente”).

A proposta de Latuf poderia cair no lugar comum. Afinal, fazer um livro com uma temática de grande exaltação e paixão por um local em particular é um desafio. Mas aqui revela-se um mistério, que faz parte da alma do poeta e também de Sa-quarema. Há vibrações tais nessa terra em que a natureza se expres-sa de forma tão dinâmica, que ela própria se mostra constantemente em oferenda para a inspiração de

cantos de amor, como os cantados por Latuf. E ele faz jus a esse cha-mado. Tal qual o marinheiro que se deixa inebriar pelo canto da Iara, Latuf navega nos cabelos de Ieman-já, surfa as ondas, e mostra-nos uma leitura extremamente lírica e zen do mar, um dos principais per-sonagens do livro. “Os meus velhos olhos / nem se cansam de sonhar / estas ondas antigas / vagando em cantigas, danças densas” (“O mar, o mar”). O poeta não cai no lugar co-mum. Sua “face líquida” vai se mol-dando a cada novo encontro com sua amada. Antes, apela à simplici-dade para dizer de seu amor, de sua valorização da vida, das pessoas, do afeto. É isso: Saquarema é um gran-de afeto na vida do poeta. E ele, qual um girassol caeiriano, se volta para o brilho dessa luz que se lhe revela a cada dia de uma maneira nova.

Há que se ler o livro de Latuf como quem saboreia as ondas, ou como quem sente a tessitura de uma folha de orquídea ou, ainda, como quem chupa uma suculenta manga em pleno verão. Seus versos em “Águas de Saquarema” são leves, para se-rem levados pelo vento fresco, pelo hálito de palavras ditas com amor, simplesmente com amor.

Camilo Mota é natural de São João Nepomuceno-MG (1965), reside em Saquarema desde 2003. É editor do Jornal Poiésis (www.jornalpoiesis.com), membro titular da Academia Brasileira de Poesia, e membro ho-norífico da International Writers and Artists Association (IWA).

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Que a o espírito de paz do Natal esteja presente em

cada um dos dias de 2010. Feliz Natal

e Próspero Ano Novo!

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Page 4: Poiésis 165

4 nº 165 - dezembro de 2009

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Poema natalino

Gerson Valle

Não é que os deuses inexistam.Pode ser até que no início de tudoum Deus único tenha trovejado e o Universo se feito ativo.Depois, a necessidade de alimentá-lo em doses do equilíbrio elementaracomodou Seu trovão num convívio diário quase sem gritos.Quando resolveu salvaros espíritos desgarrados da Criação primitivaapareceu despido dos espaços infindos,num tosco estábulo entre bichos e gente sem cartão de crédito,despreocupada pela auto-estima,na humildade de ser e amanhecer.

O sol do Senhor avança passo a passo,sem lugar para vãs arrogâncias,a ponto de duvidarmos,nos ares dos silêncios estrelares,se os deuses de fato existemou se tenha havido o trovão de início de um único Deus na glória das alturas do infinito...Pode tudo não passar de um enorme pasto dos boizinhos presentes no presépio.Mas, ao passar os natais, sobressai a utopia da paz,e nós O acolhemos em festa.

Gerson Valle é poeta e escritor, membro da Acade-mia Brasileira de Poesia e do conselho editorial do Jornal Poiésis.

E se inda houver amor

Lucila Nogueira

E se inda houver amor eu me apresento,E me entrego ao princípio do oceano,E se me atinge a onda, úmida eu tremoesquecida de insones desenganos.

E se inda houver amor eu me arrebentofeliz, atravessada de esperançae mesmo lacerada inda assim tentoquebrar com meu amor todas as lanças.

E se inda houver amor terei alentopara agüentar o inútil destes anos.E não me matarei, sonhando o tempoem que me afogarei no seu encanto

e se inda houver amor, ah, me consenteser pasto de tua chama, astro medonho.E se inda houver amor, eu simplesmenteapago esta ferida do meu sono.

Lucila Nogueira é poeta, reside em Recife-PE.

A mãe da Praia de Botafogo

Maria Clara Maia

A Victor Brecheret, in memoriam

A mãe de mármore branco,em volta assentam-se os bancos,abraça o filho na praça.

Os meninos de ruasem marquise ou telhadohora dessas se encantam.

Rodam, contemplam pássarosos meninos muito magros,seios frios, sol radiante.

O leite é de um tempo congelado, distante.

A cola que se respira,aquece a alma, canta.

Fundem-se sonhos trinados,coloridos, rasantes,

pelos braços alvos da estátua,a mãe de mármore branco.

Maria Clara Maia é poeta e professora, reside em Saquarema, onde participa do Núcleo de Poesia Alberto de Oliveira.

Pão e CircoAntônio Francisco Alves Neto

O homem quer pãotambém a beleza do circoa fome minorada pela alegria do palhaçoo homem quer austeridade em seu reinomas não tolera a ausência da cortedo festimo rei que não produz o arroz e a festaestá fadado à guilhotinaque sina!Como viver em um reino divididoentre o pão e o circo?Alimentando-se da ilusão de sonharmata-se de pronto a fomepara que se possa pensarbuscar a saídapara o reino frutificar.O homem não vive sem pão nem circo!

Antônio Francisco Alves Neto é poeta, participa do Núcleo de Poesia Alberto de Oliveira, em Saquarema.

Mar

Zélia Santos Motta

Olhando o mar imenso,Que as ondas lança e agita,Vejo-o qual pequeno lenço,Na mão de moça bonita!

Zélia Santos Motta é poeta e trovadora, autora de “Palavras do Coração” (edição da autora, 2009)

Matinas

Latuf Isaías Mucci

Um copo d’águaUm pouco de poesiaUma colher de melE eis-me pronto para um novo dia

Latuf Isaías Mucci é autor de “Águas de Saqua-rema”, cuja resenha está publicada na página 3 desta edição.

Que neste Natal se realizem os sonhos de um mundo melhor e que 2010 traga saúde, felicidade, prosperidade e paz para todos.

São os votos de

SINUCAS ROCHA

Page 5: Poiésis 165

5nº 165 - dezembro de 2009

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Amargo

Fernando Py

a Mauro Gama

De amargojá me disse em gestos e palavrasde amargo cristalizo o suor e porcas lágrimasde amargoruge um cavalo bárbaro sem tardede amargoacaricio o corpo amado e música de amargocheiro a rosa do velório rústico de amargocarrego o mal sagrado nas entranhasde amargocauterizo o sangue nos meus lanhosde amargome contemplo a um espelho sem reflexode amargosorvo as fezes de um banquete tétricode amargome encardo a pele no sujo do tempo de amargome destruo a poesia em círculo e sempre.

(Rio, 16-05-1975)

Fernando Py é natural do Rio de Janeiro (1935), membro do conselho editorial do Jornal Poiésis e membro titular da Academia Petropolitana de Letras.

Outra poética

Camilo Mota

Para Salvatore Pablo Romano

o poeta celebra a morte no que escreve.em vida só contempla a vida e suas riquezas.porque a morte ronda o paraíso.ele ri, se alegra, sofre com o time que perdeu no campeonato.mas a esperança é como um pênalti prestes a ser cobrado.a alegria no gol que o completará.é triste ver o final do dia estando sozinho.a solidão escapa para a palavrae se insere fundo na carne.nem a lua relembra a paz que trazem as estrelas.noite alta, bits vagam madrugadas.uma canção se insinua e distingue-se dos homens:buona speranza allora – buona speranza...e são os homens que a cantam,e são os homens que a vivem,sem o saberem, quando riem e sonham.pois o paraíso é repleto de tudoe tudo é pouco para quem ama em vida o amor que sente além.a morte é só uma flor a mais,um jogo a mais no campeonato das horas.

Camilo Mota é editor do Jornal Poiésis, membro da Academia Brasileira de Poesia. O poema acima faz parte do livro “Nos caminhos da noite que o dia vem”, disponível para leitura e download no site www.issuu.com/camilomota.

A lua e os mortos

Eustáquio Gorgone de Oliveira

idosa lua já não subia aos céuse prescindia da ajuda de carpinteiros.

às seis da tarde, traziam a escadapara erguê-la à abóboda celeste.

as traças e as andorinhasuniam suas forças às dos operários,e o curso do destino não se alterava.

dessa forma era a lua colocadasobre os mortos de Pouso Alto.

eles também careciam da luzno ciclo de suas marés.

Eustáquio Gorgone de Oliveira reside em Ca-xambu-MG. O poema acima faz parte do livro “A fortaleza de feno” (edição do Autor, 2009)

Nossa casaJulio Polidoro

Um dia descemos do estribo e parte o trem. O bonde se con-funde com a neblina. O carro vira a curva além do olhar.À noite aguardamos, na estação, um carro, um bonde, um va-gão, mudança de roteiro e de lugar.O carro segue seu traçado. O trem, o bonde, o vagão. Des-cemos do estribo e nos aguardam, ou aguardamos nós, na estação. A casa é uma idéia vaga. A casa é uma idéia parca: concreto, tijolos, corrimão. A casa é para onde se volta a seta do nosso coração. Tivemos tantas casas, não importa se a elas retornamos, noutro chão. Porque a nossa casa é onde estamos. E mesmo que desçamos do estribo, e mesmo que mudemos de esta-ção, e mesmo que trens partam, sem destino, e mesmo que haja bondes na neblina, e mesmo que o carro vire a curva, e mesmo que se percam do olhar, estribos haverá para su-bir, e outros cursos, rotas de viagem. E ainda que o vagão, em movimento, ainda que o carro, avançando, ainda que no trem, velocidade, se cumpre a nossa viagem além do carro, do vagão, além do bonde, da estação, além do tempo, do lu-gar, porque a nossa casa é onde estamos.

Julio Polidoro é poeta, reside em Juiz de Fora-MG.

Se surgisse no vão da portanão seria em vãoSe fosse invernoseria sopaSe cinzas ao ventoa sorveríamos assombrados

Se decrescesse agorase afogaria em seu prantoSe desistisse?

Rolando Revagliatti é um dos expoentes da lite-ratura contemporânea argentina. O poema aqui transcrito foi traduzido por Iacyr Anderson Freitas.

Laura KaitRolando Revagliatti

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6 nº 165 - dezembro de 2009

O surf é o equilíbrio entre corpo e espíritoFernando da Silva Lima de Oliveira*

“Por muitos e muitos anos, as on-das continuarão a quebrar em toda parte do planeta onde haja uma cos-ta para a sua chegada. Poucos anos, por nós surfistas, de corpo e alma, poderão ser surfados já que a vida passa muito rápida e nunca pode-remos saber quando vamos morrer. A despedida do oceano, nossa fonte de energia, será de uma forma na-tural e sem traumas. A nossa última onda só será lembrada pelos nossos amigos e familiares que irão admi-rar a nossa paixão pelo mar e pela paz que o surf nos proporcionava quando estávamos surfando. Mui-tos momentos felizes o surf propor-cionou na minha vida inteira, fosse surfando sozinho ou em companhia de meus amigos. Talvez numa pró-xima reencarnação eu volte uma tartaruga marinha, talvez um golfi-nho, mas espero que independente-

mente da forma físi-ca de minha alma eu mantenha viva, para a eternidade, a pai-xão pelo oceano e por suas ondas.

Num momento en-tre uma série e outra no mar, sua vida pas-sa na sua cabeça e você imagina por que o mundo está essa maldade? A natureza foi uma herança de Deus para as gera-ções e poucos, muito poucos, sabem aproveitar enquanto a grande maioria maltrata e amea-ça o nosso ecossistema. O surf é o equilíbrio entre corpo e espírito e independente da beleza do surf de cada um, ele, o surf, tem que estar presente na mente de cada surfista como um encontro com você mes-mo. Mesmo pessoas que possuem algum tipo de deficiência física que

as impossibilite de deslizar sobre as ondas, continuam a “deslizar” só que de uma forma mental e conhecem muito bem o significado da palavra surf.

Para os surfistas verdadeiros, aqueles que uma casa sim-ples, um peixe frito e ondas perfeitas na sua frente seria a re-alização pessoal fica a minha admiração,

respeito e satisfação por saber que nesse mundo tão cruel e feio exis-tem surfistas que pensam como eu.”

NOTA DO EDITOR: O texto acima foi-nos enviado por Maria-na da Silva Lima de Oliveira, irmã do autor. Ela contou-nos um pouco sobre a trajetória de Fernando no surf, esporte que praticava desde

os 9 anos. Numa carta emociona-da, ela conta também que, aos 25 anos, ele recebeu o diagnóstico de um tumor maligno, fez todo o tra-tamento necessário, mas não con-seguiu vencer a doença, vindo a passar pela transição para outra vida no dia 6 de janeiro de 2009. No entanto, ainda com alguma esperança de melhora, Fernando passou o Natal de 2008 com seus familiares. A publicação do texto acima é uma homenagem a ele, e também a expressão de nossa com-paixão, e também uma forma de Fernando estar presente entre nós, seus amigos e familiares às véspe-ras de data em que as famílias es-tão mais solidárias, nutrindo espe-ranças de superar as adversidades e construir um mundo melhor. No texto, o próprio Fernando mostra um caminho possível, em que a na-tureza deve ser olhada como parte de nós, e não como uma alienação de nossos sentidos. (C.M.)

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Cinema para todosA sétima arte é uma das atra-

ções no verão de Saquarema. A Prefeitura de Saquarema e o SESC estão promovendo o CINESESC, que trará vários filmes nacionais para exibição para a população do municí-pio.

O projeto leva para as comu-nidades o melhor do cinema, de forma itinerante e gratuita, através de um caminhão adap-tado para funcionar como uma cabine de projeção. A grande

sala de cinema a céu aberto conta ainda com cadeiras para o público se sentir mais con-fortável.

O primeiro filme, “Tainá 2”, foi exibido no Centro, na praça da Igreja de Nossa Senhora de Nazareth, em novembro (foto).

Já estão confirmadas as exi-bições de “A grande família” (10/12 em Bacaxá), “Se eu fos-se você” (21/01 em Jaconé) e “Dois filhos de Francisco” (28/01 em Sampaio Correa).

Cam

ilo M

ota

O CINESESC levará cinema gratuitamente para todos os distritos de Saquarema

Page 7: Poiésis 165

7nº 165 - dezembro de 2009

Capoeira é patrimônio imaterial do Estado do Rio

A capoeira é, desde 20 de no-vembro deste ano, um patrimônio imaterial do Estado do Rio de Ja-neiro. É o que garante o projeto de lei 2.414/09, do deputado Gilberto Palmares (PT), que foi sanciona-do, no Dia da Consciência Negra, pelo governador Sérgio Cabral. A sanção fez parte das comemora-ções pelo dia. Segundo o autor da lei, a capoeira terá sua prática mais incentivada por parte do governo, assim como estudos a seu respeito. “O texto garante a prática e o estu-do sobre este misto de luta e dan-ça genuinamente brasileiro. É uma atividade ligada à história de resis-

tência dos africanos escravizados”, afirmou Palmares.

Patrimônio cultural imaterial (ou patrimônio cultural intangível) é uma concepção de patrimônio cultural que abrange as expressões culturais e as tradições que um gru-po de indivíduos preserva em res-peito da sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições.

Fonte: Comunicação Social/ALERJ

Capoeira é um dos esportes mais valorizados e praticados na Região dos Lagos. Na foto, o formado Zorro com seus alunos do Projeto Primeiro Passo, de Saquarema.

Regina Mota

“Que a mensagem de fé e esperança do Natal renove nossas forças, por

um Ano Novo sempre melhor.”

São os votos de Zezinho Amorim.

Camilo Mota

A poesia ganha as ruas

O surgimento do Núcleo de Poesia Al-berto de Oliveira, cuja primeira reunião aconteceu em 21 de março de 2009, é uma ideia que veio se fortalecendo ao longo dos anos recentes. Desde as pri-meiras conversas, ainda na Livraria Imaginação, com o escritor João Costa, passando pela tentativa (um tanto frus-trada) de se comemorar com alguma pompa os 150 anos de Alberto de Olivei-ra (natural de Saquarema e fundador da Academia Brasileira de Letras), até a for-malização da ideia num bate papo entre Camilo Mota e Jota de Jesus, em março de 2009, o processo foi se fortalecendo e tomou forma. Hoje, o Núcleo desenvol-ve o projeto Poesia na Rua, em conjunto com o Curso de Música Barcelos, que no segundo sábado de cada mês realiza um varal de poesia e um sarau ao ar livre no calçadão da Rua Professor Souza, em Bacaxá. Em dezembro, o evento será no

dia 12, a partir das 17 horas. Em breve, o grupo estará lançando um CD de poesia e música.

O que une essa turma? Alguns ideais comuns: o amor pela poesia, o reconhe-cimento da importância do cultivo da literatura em nossa comunidade, o res-gate e a divulgação da obra do poeta Al-berto de Oliveira. Durante a II Feira Cul-tural de Saquarema (foto), realizada dias 14 e 15 de novembro, a Tenda Literária foi organizada pelo grupo, que realizou alguns saraus, atraindo a atenção do pú-blico presente.

Fazem parte do Núcleo de Poesia Al-berto de Oliveira os poetas Antonio Fran-cisco Alves Neto, Camilo Mota, Charles O. Soares, Eric Iglésias, Genecy Barros, João Batista Costa, Jonas Ohana, Jota de Jesus, Lenivaldo Vignoli, Maria Clara Maia, e os músicos Ana Paula Lima, Re-gina Mota e Renato Barcelos.

São os votos de Regina e Camilo Mota

Aos nossos amigos e clientes desejamos um Natal com muita saúde e harmonia e um Ano

Novo com paz e prosperidade!

Page 8: Poiésis 165

8 nº 165 - dezembro de 2009

Dino Gilioli

Num mundo cada vez mais mercantilizado, pautado pela ló-gica da rapidez das máquinas e marcado pela dura sobrevivência da maioria das pessoas pergun-tamos: Qual a função da arte, da poesia? Que tempo sobra para a contemplação, para o necessário e saudável ócio?

Se a poesia não se presta à vi-são de mercado, não é útil a re-produção do sistema vigente já é, em minha opinião, razão de sobra para degustá-la como uma criança aconchega-se com seu pi-rulito.

É para isto que deve servir a

PARA QUE SERVE A ARTE, A POESIA?arte, a poesia e as demais formas de expressão da nossa genuína condição humana. Para nos fazer mais inteiros, mais íntegros com a nossa espécie e mais respeitosos na relação com outros seres e a natureza.

A poesia deve nos ajudar a ani-mar a vida, a dar mais densidade ao nosso cotidiano. Só assim, me parece, a arte estará verdadeira-mente cumprindo o seu papel: o de propiciar espaços para a cria-tividade, para o exercício crítico e para o deslumbramento do verda-deiro sentido do que é ser humano.

Dino Gilioli é poeta, reside em Florianópolis/SC

Varal de Poesia do Projeto Poesia na Rua, durante a II Feira Cultural de Saquarema.

Fotos: Regina Mota

O texto de Dino Gilioli foi lido

durante o evento e exposto para

leitura.

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9nº 165 - dezembro de 2009

MÚSICA ELETROACÚSTICA BRASILEIRAGerson Valle Normalmente as invenções e

aperfeiçoamentos técnicos ocor-rem, em arte, pelo desenvolvimen-to de uma linguagem que vai ne-cessitando expressar-se de forma diferenciada. Na música, os moder-nismos do século XX efetivamente encaminharam as linguagens para campos atonais, seriais, aleatórios, que divergiam da harmonia tra-dicional que se havia consolidado no século XVIII com Bach/Rame-au, sem romper, no entanto, certa lógica tradicional do discurso da composição. Mas, no que os experi-mentalismos encontraram-se com a eletrônica, alguns compositores vislumbraram não mais o “aper-feiçoamento” dos meios de expres-são de sua linguagem, mas a “ela-boração de uma nova linguagem”, desvinculada da evolução dentro da lógica que vinha ocorrendo na música ocidental. Uma peça ele-troacústica “erudita”, em outras palavras, não procura reproduzir canções ou “sonatas-formas” nem nada similar. Isto ocorre com as guitarras do pop ou do rock. Mas, nos “eruditos”, as peças se desen-volvem em função dos sons novos que se tornaram possíveis com a eletrônica. Eles é que criaram a nova estética. Sua percepção torna-se diferente da música instrumen-tal ou vocal tradicional. Não existe a idéia, por exemplo, de se fazer ou-vir uma sinfonia de Beethoven com os novos sons possibilitados pelas técnicas eletrônicas, nem uma me-lodia popular em que se tornam elétricas as velhas guitarras, como ocorre na chamada “música eletrô-nica” popular. A peça é construída não para se ouvir uma música co-nhecida ou “reconhecível” nos ve-lhos moldes, mas uma elaboração ocorrida em função dos sons mes-mos que a eletrônica possibilita gravar. O meio se torna, mais que nunca, a expressão.

Houve alguns precursores na li-nha de pesquisa de novos sons para uma nova música, como o futuris-ta Luigi Russolo, já na década de 1910, e sua “arte dos ruídos”, Edgar

Varèse na década de 20, John Cage inventando o “piano preparado” (com uso das cordas e da madei-ra do piano) em 1938, assim como alguns sons eletrificados foram modificando os hábitos do ouvido, como o “theremin” (um alarme que percorre diversas alturas de som, na dependência de sua proximi-dade) ou as ondas Martenot. Mas, foi por volta dos anos de 1950 que surgiu na França (Paris), na lide-rança do engenheiro de som Pierre Schaeffer, a Música Concreta, e na Alemanha (Colônia) a Música Ele-trônica, de que logo se evidenciou o compositor Karlheinz Stockhau-sen. A primei-ra consistia em gravar sons “ c o n c r e t o s ” (como cadeira se arrastando, batida de mar-telo, um trem se movimen-tando, sussur-ros de pessoas, pássaros, etc.) e montar a fita de gravação (como uma película ci-nematográfica), com cortes, co-lagens, manipulação de aceleran-dos, diminuendos, polifonias por gravações sobre gravações, distor-ções que afastam inclusive a iden-tificação da origem do som, etc. A segunda consistia no mesmo pro-cesso de gravação, mas tirada de sons eletrônicos. Ambas acabaram por constituir, mais amplamente, a Música Eletroacústica, que há mais de meio século se pratica pelo mun-do, sem, no entanto, ainda ter mui-ta divulgação isoladamente, apesar de seus elementos aparecerem em vários arranjos de música popu-lar, em trilhas sonoras de cinema ou televisão, e mesmo misturados com instrumentos convencionais em peças de concerto.

No Brasil, nosso antenado Villa-Lobos, aconselhou um professor de seu Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, o paraibano Re-ginaldo Carvalho, a pesquisar, em

Paris, tais novidades. Este se tor-nou, na década de 1950, no nosso primeiro compositor de Música Concreta. No início dos anos 60 o jovem carioca Jorge Antunes for-mou-se em dois difíceis e diferentes cursos superiores, o de Física e o de Composição e Regência. De posse de seus conhecimentos, construiu geradores que lhe possibilitaram compor as primeiras Músicas Ele-trônicas brasileiras (Antunes tam-bém teve formação em artes plás-ticas, e, à época, antes de Oiticica ou qualquer outro, realizou a pri-meira exposição no Brasil de uma instalação, relacionando sons com

cores, relação esta que consti-tuiria mais tar-de tema de seu doutorado na Sorbonne). De-tentor de inú-meros prêmios internacionais de composi-ção e profes-sor titular da Univers idade de Brasília, An-tunes sempre teve uma atua-ção política que

deixou refletir em sua obra (que aborda diversas linguagens, não só a eletroacústica, dada sua forma-ção heterogênea), em peças como Proudhonia, Elegia Violeta para Monsenhor Romero (No se mata la Justícia!), Sinfonia das Buzinas (que eram usadas como protesto na campanha das “diretas-já”), a ópera Olga (sobre a vida de Olga Benario, encenada no Theatro Municipal de São Paulo em 2006), etc. Paralela-mente, dirigiu sindicato dos músi-cos e criou a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, em 1994, da qual é o presidente.

A referida Sociedade acaba de lançar, neste ano de 2009, o álbum “Coletânea da Música Eletroacús-tica Brasileira”, constante de 5 cds e um volumoso e esclarecedor en-carte, com uma apresentação deste tipo de música e seu desenvolvi-mento no Brasil, pelo compositor

Luís Roberto Pinheiro, e as bio-grafias dos 34 compositores e des-crições das 54 peças que figuram nesta verdadeira antologia. Alguns nomes vêm formando escola no gê-nero há anos, como Conrado Silva, Rodolfo Caesar, Flo Menezes, al-guns aparecem em diversas formas de vanguarda como Tim Rescala ou Jocy de Oliveira, havendo mesmo músicos de expressão mais distante que frequentaram, como um “poeta bissexto” a Música Eletroacústica, como José Maria Neves, muitos jo-vens e muitos já bem amadurecidos neste campo. Enfim, tal lançamen-to oferece oportunidade a se ter um panorama de uma importante fac-ção da produção artística nacional não alcançada pela divulgação mi-diática convencional. Poucos são os que de fato a conhecem. E não me parece nunca ter havido, entre nós, uma oportunidade de se aproximar dessa Música, de uma forma até di-dática, como o referido álbum ofe-rece. Para os que conhecem a Mú-sica Eletroacústica estrangeira, é o momento de se saber o que se faz no Brasil neste campo. Para os que a desconhecem de todo, não creio haver melhor introdução. E sem conhecimento, não me parece pos-sível nenhuma reflexão estética ou apreciação lúdica. Depois de se pe-netrar no mundo habitado por este álbum, então é possível discutir-se, “desgostar”, discordar, dizer-se o que quer que se pense sobre tal forma de arte. Somente por isto, ele merece todo o louvor. E creio, sem dúvida, que muitos que encaravam com desconfiança a Música Eletro-acústica haverão de se identificar na forma contemporânea dela se expressar.

NOTA: Os interessados podem pedir a coletânea em [email protected], ao preço promocional de R$25,00.

Gerson Valle é poeta e escritor, membro do conselho editorial do Jornal Poiésis e membro titular da Academia Brasileira de Poesia. É autor do libreto da ópera “Olga” de Jorge Antunes.

Page 10: Poiésis 165

10 nº 165 - dezembro de 2009

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Entre Caetano e Lévi-StraussAtaualpa A.P. Filho

No tempo do vinil, quando era sol-teiro e jovem, eu colocava um disco na vitrola como trilha sonora do ba-nho. E dependendo das intenções e dos compromissos pós-banho de água fria é que escolhia as músicas. Quando Caetano Veloso lançou o disco, em vi-nil, “Estrangeiro”, esse passou a ser o mais tocado (até hoje tenho esse disco guardado). Cantava, acompanhando o disco:

“O pintor Paulo Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara/ o compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela/ A Baía de Guanabara/ O antro-pólogo Claude Levi-Strauss detestou a Baía de Guanabara: pareceu-lhe uma boca banguela.”

Cantava, mas não concordava com essa opinião do ilustre mestre antro-pólogo. Opinião essa expressa no livro “Tristes Tópicos”, no qual ele afirma que a Baía de Guanabara não lhe des-pertou nenhum encanto, dando-lhe uma impressão de uma boca desden-tada pelas proporções entre a baía e os morros que a circundam.

No capítulo “O etnocentrismo” do livro “Raça e História”, Lévi- Strauss afirma:

“A atitude mais antiga e que repou-sa, sem dúvida, sobre fundamentos psicológicos sólidos, pois que tende a reaparecer em cada um de nós quando somos colocados numa situação ines-perada, consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais, mo-rais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos iden-tificamos. ‘Costumes de selvagem’, ‘isso não é nosso’, ‘não deveríamos permitir isso’, etc., um sem número de reações grosseiras que traduzem este mesmo calafrio, esta mesma repulsa, em presença de maneiras de viver, de crer ou de pensar que nos são estra-nhas. Deste modo a Antiguidade con-

fundia tudo o que não participava da cultura grega (depois greco-romana) sob o nome de bárbaro; em seguida, a civilização ocidental utilizou o termo de selvagem no mesmo sentido. Ora, por detrás destes epítetos dissimula-se um mesmo juízo: é provável que a palavra bárbaro se refira etimologica-mente à confusão e à desarticulação do canto das aves, opostas ao valor sig-nificante da linguagem humana; e sel-vagem, que significa ‘da floresta’, evo-ca também um gênero de vida animal, por oposição à cultura humana. Recu-sa-se, tanto num como noutro caso, a admitir a própria diversidade cultural, preferindo re-petir da cultura tudo o que esteja conforme à nor-ma sob a qual se vive.”

Em suma, “é que Narciso acha feio o que não é espelho”. Esse verso de Caetano tirado de uma de suas mais belas músicas, “Sam-pa”, uma declaração de amor a São Paulo, uso sempre quando alguém não se vê refletido naquilo que dese-jaria. Nessa citada canção, em referên-cia à cidade paulista, Caetano afirma: “Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/ Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gos-to”.

Atrevo-me a dizer que se esse nobre antropólogo tivesse visto um pôr-do-sol do Arpoador, tivesse passeado do Leme ao Pontal ao som de Tim Maia, se tivesse ido à ilha de Paquetá em uma manhã de sol, bebendo uma água de coco, tivesse voltado de lá, passan-do pela ilha de Villegagnon, local em que franceses ficaram por vários anos, avistando o Cristo Redentor de braços

abertos e desembarcasse na Urca, mu-daria de opinião. Em um apelo bem infantil digo que “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” Por isso passei a discordar de que o amor seja cego, uma vez que ele enxerga o perdão e é capaz de perceber a essência humana.

Usando ainda os versos de Caetano, atrevo-me, mais uma vez, dizer que a Cidade Maravilhosa “é muito mais bonita/ e muito mais intensa/ do que um cartão postal” (esse versos são de “Fora da Ordem”) porque a maior be-leza está no seu povo. O Rio é assim de todos os santos, de todas as raças,

de todas as línguas, de todos os ri-tos, de to-dos os mitos que afloram em só grito de carnaval. Em Copa-cabana há céus, purga-tórios e in-ferninhos. E o índio que

virá, “apaixonadamente como Peri”, se “não pousar em um ponto equidistan-te entre o Atlântico e o Pacífico” cer-tamente pousará como um menino no Rio, virá em dia de lua cheia que ilumi-na o Cristo Redentor e reflete no mar dessa baía. Isso talvez ocorra em uma época em que a praia de Botafogo não seja mais vista “como uma esteira ro-lante de areia branca e de óleo diesel”.

Quem viu, em Copacabana, Rita Lee cantando “Valsa de uma Cidade” do pernambucano Antônio Maria e do paraense Isamel Neto, teve uma noção de que não é só o Cristo Redentor que anda de abraços abertos na orla dessa baía que se deixa navegar, mesmo nas adversidades.

Em “Outro Retrato”, Caetano afir-

ma: “Minha música vem da/ música de um poeta João que/ não gosta de música/ Minha poesia vem/ da po-esia da música de um João músico que/ não gosta de poesia”. E o gostar ou não, nesses versos, não interfere no respeito nem na admiração desses expoentes da Literatura e da Música nacional.

O respeito que temos por Lévi-Srauss, a contribuição que ele deu para a humanidade fazem com que seja ir-relevante o fato de não ter gostado da linda Baía de Guanabara. E somente alguém com talento, como de Caetano, poderia transformar isso em música, e fazer a gente cantar para espantar to-dos os males.

Gosto desse importantíssimo an-tropólogo que não gostou da Baía de Guanabara. Acho que hoje quem estu-da alguma ciência humana e não pas-sar por Lévi-Strauss está querendo ar-rumar algum atalho, ou está seguindo por um caminho errado. A sensibilida-de dele por arte pode ser vista no li-vro “Olhar Escutar ler” (título original “Regarder Écouter lire”). E dentre as lindas canções de Caetano, eu destaco “Cajuína”, porque fala da minha Ter-ra. E se alguém discorda, defendo-me com os versos de Fernando Pessoa: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, /Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela mi-nha aldeia/ porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Com essa citação, José Sara-mago inicia o seu livro “Ensaio sobre a Cegueira”. Veja e repare a bela Baía de Guanabara, você pode até concordar que ela seja uma boca banguela, mas verá que ela tem um lindo sorriso...

Ataualpa A.P. Filho é poeta e profes-sor, membro da Academia Brasileira de Poesia.

Page 11: Poiésis 165

11nº 165 - dezembro de 2009

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O Natal é um mo-mento de reflexão e de grande signi-ficado para nossas vidas.

É chegado o tempo de pararmos para refletir e repensar sobre to-das as nossas atitudes que temos tomado perante as diversas situa-ções encontradas diariamente.

É sempre tempo de contemplar aquele menino pobre, que nasceu numa manjedoura, para nos fazer entender que o ser humano vale por aquilo que é e faz, e nunca por aquilo que possui.

O nascimento de Jesus Cristo é o motivo maior da nossa festa. Não devemos desviar dessa realidade.

Que os próximos 365 dias do ano que se inicia sejam repletos de novas realizações e prosperidade para todos!

São meus sinceros votos.

*Elzo Souza Silveira (Elzinho) é secretário municipal de Serviços Públicos e de Transportes de Sa-quarema.

Revelação em 1 hora

Primeiro Passo encanta platéiaRegina Mota

O projeto Primeiro Passo, que realiza suas atividades na Colônia de Pescadores Z-24, em Saquare-ma, emocionou o público com be-líssimas apresentações de dança e capoeira na II Feira Cultural de Sa-quarema, realizada nos dias 14 e 15 de novembro na Praça de Eventos.

Contando com cerca de 200 alu-nos, o projeto que conta com a par-ticipação de bailarinos conhecidos na cidade, como Patrícia Beltrão e Sergio Coelho, “Serginho”, tem conseguido o reconhecimento do público, sempre atento às apre-sentações das novas coreografias. O grupo já está em ritmo de festas de fim de ano, tendo iniciado aos sábados os ensaios de pastoril, que integra o ciclo de festas natalinas do nordeste brasileiro.

Atendendo ao convite da Se-cretaria Municipal de Educação e

Cultura, o projeto Primeiro Passo se apresentou domingo, dia 15, no palco da Feira Cultural, onde foi filmado pela equipe da Inter TV Alto Litoral, filiada à Rede Globo de Televisão, em Cabo Frio. A re-

portagem completa pode ser aces-sada pelo site: http://in360.glo-bo.com/rj/noticias.php?id=6264. Fotos do evento também estão no site: www.novasaquarema.com.br.

Curso de teatro com Raphael TavaresO ator Raphael Tavares, conhecido no meio artístico por ter interpretado vários papéis como o famoso Don Casmurro, peça bastante aplaudida quando esteve em turnê no Teatro Mario Lago, em Sa-quarema, está com curso de teatro no

projeto Primeiro Passo, na Colônia de Pesca-dores. A mensalidade é de apenas R$ 15,00 (quinze reais), para aquelas pessoas que têm veia artística e ainda não tiveram oportunida-de de participar de um curso dinâmico e de fácil acesso.

Page 12: Poiésis 165

12 nº 165 - dezembro de 2009

Restaurante Salesdique

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Rua das Garoupas, 228 - ItaúnaSaquarema - RJ(22) 2651-4696

(antiga Pousada Airumã)

Onde o modernose junta ao clássico.

Em FocoRegina Mota

[email protected]

Mundo da Alegria

(22)2651-1313 / 9935-4112

Festa InfantilFesta AdultaFesta TemáticaEscolas, Empresas, FeirasTeatro de Fantoches

animação e eventos

Casa da Poesia - Localizado em Arraial do Cabo, o espaço cultural tem sempre atividades voltadas para a difusão da literatura, como a Semana da Poesia re-alizada em novembro (foto). Um dos destaques do evento deste ano foi o lançamento do livro “Améri-co Vespúcio: O navegante que descobriu Arraial do Cabo”, de Wilnes Martins Pereira.

Café na TV - A equipe do Jornal Poiésis foi convi-dada para participar, dia 4/11, do café com as fontes, realizado pela Inter TV Alto Litoral, filiada da Rede Globo na Região dos Lagos, com sede em Cabo Frio. Na ocasião reuniram-se líderes comunitários, repre-sentantes de diversas instituições como OAB, PM, Corpo de Bombeiros, entre outros.

A visita do poeta - O poeta, escritor e jornalista Camilo Mota visitou a turma do 3º ano, da Escola Municipal Castelo Branco, em Saquarema. Os alu-nos da professora Biancha Mamede foram muito educados e não perderam a oportunidade de faze-rem várias perguntas ao editor do Jornal Poiésis.

Direto de Minas Gerais - A Equipe Master Praia Clube, de Uberlândia, Minas, disputou com muita garra o campeonato de Vôlei Master, que aconte-ceu em Saquarema dos dias 11 a 15 de novembro. As gurias ficaram hospedadas na Ayuruoca, Pousada do Barão, em Itaúna, da amiga Angela Feingold.

Artista do MS - Adilson Schieffer, famoso artista em Mato Grosso do Sul, esteve em visita a Bú-zios, na casa da também artista plástica Ilca Gal-vão. Na foto, ele mostra uma de suas obras. Em abril ele estará de volta a Búzios em uma expo-sição individual. Para-béns, conterrâneo!

Niver - A simpática Priscila Carvalho Nunes, da Asses-soria de Imprensa da Prefeitura de Saquarema, come-morou em novem-bro mais um niver.Parabéns!

Novo poeta - Gabriel Favaron Simmons,16, da Escola Municipal Castelo Branco, foi o vencedor do concurso de poesia da II Feira Cultural, com a poesia “A arte de compor”.

www.mundodaalegria.net