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Ano I • nº 7 • Novembro de 2012 “E assim vamos vivendo, sem encontrar um tempinho para expressarmos o amor e o cuidado a quem dizemos querer bem”. CRIS FIAUX. PÁGINA 8 Moradora reclama da desordem urbana Valéria Andrade mora perto de um bar. A clientela chega perto da meia-noite. “E aí começa a desordem urbana: conversas aos gritos, discussões aos berros, bebedeiras, às vezes palavrões, brigas, o que não nos deixa conciliar o sono, até alta madrugada”. Leia seu protesto. Proteste também. PÁGINA 15 Pode ser que o bullying não seja mesmo bullying O professor Walmir Vieira, diretor do Colégio Batista Shepard, adverte: “Muitas brincadeiras ou “zoações”, naturais entre crianças e adolescentes, facilmente su- peráveis, têm sido inadequadamente inter- pretadas como bullying, quando não são”. Tem gente se aproveitando da onda. PÁGINA 3 Mais um supermercado ‘‘Mundial’’ na Tijuca? A notícia circulou pelo bairro. Depois que o Ponto Frio fechou sua loja sob a Igreja de Nova Vida, na rua Conde de Bonfim, correu a infor- mação que a rede Mundial de Supermercados comprou o espaço por 2,5 milhões de reais. TI- JUCA EM FOCO foi conferir. Segundo a direção do supermercado, é puro boato. PÁGINA 11. Nem todos sabem, mas existe na avenida Radial Oeste, próximo ao estádio do Mara- canã, uma área de 7.420 metros quadrados aos cuidados de 20 índios de 12 etnias. É o Museu do Índio. O governo do Estado anunciou sua intenção de transformar a área em estacionamento para atender aos torcedores na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos. Os índios pedem respeito. Carlos Tukano protesta: “Essa ação vai contra o interesse dos povos indígenas. A história começou aqui, com o museu do índio. Aqui está a memória do povo e a relação com o bairro. Este local tem sido uma referência para outros índios que, ao chegarem ao Rio, não vão para favelas e são acolhidos por nós.” Dauá Puri também: “É um desperdício aca- bar com um patrimônio da humanidade, no qual a cultura sempre esteve presente, durante mais de um século, para favorecer a uma Copa ou Jogos de apenas algumas semanas”. PÁGINA 16 D. Moreninha, sua filha Elzi e sua neta Dé- bora há várias gerações dão continuidade à arte de fazer arranjos florais artificiais. Sua arte encanta a todos os passantes pela praça Saenz Peña. Desde 1965, D. Elzi, artesã regular da praça, garan- te uma eterna primavera na esquina da R. Soares da Costa com a Praça. Você já esteve lá? Nosso fotógrafo esteve. Atualmente as três estão fazendo tam- bém apliques de crochê e outras novi- dades que até gente de fora da Tijuca está prestigiando. (Foto e comentário de Dalton Rocha Lopes) Você sabe andar com o seu cão? PÁGINA 14 Como vai usar o décimo-terceiro? PÁGINA 10 O que mudava na Muda da Tijuca? PÁGINAS 6-7 Na Praça Saenz Peña é primavera o ano inteiro Índios são ameaçados de perder espaco na Tijuca

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Page 1: Pode ser que o bullying Mais um supermercado da desordem ... · pessoas. É o cyberbullying. No caso da escola, as maiores vítimas dessa ... mente são movidos por preconceitos,

Ano I • nº 7 • Novembro de 2012 “E assim vamos vivendo, sem encontrar um tempinho para expressarmos

o amor e o cuidado a quem dizemos querer bem”.

CRIS FIAUX. PÁGINA 8

Moradora reclamada desordem urbanaValéria Andrade mora perto de um bar. A clientela chega perto da meia-noite. “E aí começa a desordem urbana: conversas aos gritos, discussões aos berros, bebedeiras, às vezes palavrões, brigas, o que não nos deixa conciliar o sono, até alta madrugada”.Leia seu protesto. Proteste também. PÁGINA 15

Pode ser que o bullyingnão seja mesmo bullyingO professor Walmir Vieira, diretor do Colégio Batista Shepard, adverte: “Muitas brincadeiras ou “zoações”, naturais entre crianças e adolescentes, facilmente su-peráveis, têm sido inadequadamente inter-pretadas como bullying, quando não são”.Tem gente se aproveitando da onda. PÁGINA 3

Mais um supermercado‘‘Mundial’’ na Tijuca?A notícia circulou pelo bairro. Depois que o Ponto Frio fechou sua loja sob a Igreja de Nova Vida, na rua Conde de Bonfim, correu a infor-mação que a rede Mundial de Supermercados comprou o espaço por 2,5 milhões de reais. TI-JUCA EM FOCO foi conferir. Segundo a direção do supermercado, é puro boato. PÁGINA 11.

Nem todos sabem, mas existe na avenida Radial Oeste, próximo ao estádio do Mara-canã, uma área de 7.420 metros quadrados aos cuidados de 20 índios de 12 etnias.É o Museu do Índio. O governo do Estado anunciou sua intenção de transformar a área em estacionamento para atender aos torcedores na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos.Os índios pedem respeito.Carlos Tukano protesta: “Essa ação vai contra o interesse dos povos indígenas. A

história começou aqui, com o museu do índio. Aqui está a memória do povo e a relação com o bairro. Este local tem sido uma referência para outros índios que, ao chegarem ao Rio, não vão para favelas e são acolhidos por nós.” Dauá Puri também: “É um desperdício aca-bar com um patrimônio da humanidade, no qual a cultura sempre esteve presente, durante mais de um século, para favorecer a uma Copa ou Jogos de apenas algumas semanas”. PÁGINA 16

D. Moreninha, sua filha Elzi e sua neta Dé-bora há várias gerações dão continuidade à arte de fazer arranjos florais artificiais.Sua arte encanta a todos os passantes pela praça Saenz Peña. Desde 1965, D. Elzi, artesã regular da praça, garan-te uma eterna primavera na esquina da R. Soares da Costa com a Praça.Você já esteve lá? Nosso fotógrafo esteve.Atualmente as três estão fazendo tam-bém apliques de crochê e outras novi-dades que até gente de fora da Tijuca está prestigiando.(Foto e comentário de Dalton Rocha Lopes)

Você sabe andar com o seu cão? PÁGINA 14

Como vai usar o décimo-terceiro? PÁGINA 10

O que mudava na Muda da Tijuca? PÁGINAS 6-7

Na Praça Saenz Peña é primavera o ano inteiro

Índios são ameaçados de perder espaco na Tijuca

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Uma publicação da Igreja Batista Itacuruçá para a Ti-juca e também para Andaraí, Alto da Boa Vista, Grajaú, Maracanã, Rio Comprido, Vila Isabel e adjacências

Novembro de 2012

Editor:Israel Belo de Azevedo (RP 4.493/MG)

Equipe:Bruno Entringer, Dalton Lopes (fotos), Davi Coelho, Elenice Magalhães, Geraldo Machado (diagrama-ção), Guilherme Cockrane, Maria Martha Rodrigues, Nathalie Baloustier Braga, Paulo Campos e Ruth Amorim (revisão)

IGREJA BATISTA ITACURUÇÁRua José Higino, 416 Praça Barão de Corumbá, 49 – Tijuca20510-170 – Rio de Janeiro, [email protected] @jtijucaemfocoFacebook /tijucaemfoco(21) 3344-9700

Gráfica: Newstech - 21 (3552-0580)

Tiragem: 15.000 exemplares (distribuição gratuita)

T E C N O L O G I A2

TIJUCA EM FOCO ‘‘Já foi o tempo’’ - CelularQuando lançado pela primeira

vez no Brasil, em 1990, com sua pri-meira rede no Rio de Janeiro, o tele-fone celular “só” servia para falar.

Mas isso, rapidamente, foi supe-rado e foram surgindo muitas outras utilidades para o aparelho que mais acompanha o homem moderno: mandar Torpedos, tirar fotos, filmar, despertar, gravar lembretes, jogar e ouvir músicas. Mas não para por aí: nos últimos anos, ele tem ganhado recursos surpreendentes, como lo-calizador GPS, videoconferências e aplicativos variados, que vão desde ler e-books a controlar um computa-dor, ou até mesmo sua televisão.

Vejamos três exemplos dessas maravilhas que alçaram o “simples falante” celular, acrescentaram “es-perteza” e o levaram ao patamar de “SmartPhone”:

Começamos com o Nokia Lumia 920, o recente lançamento da an-tes maior fabricante de celulares do mundo e que tem a “pretensão” de anunciar a resolução de 41 megapi-xels em suas fotos, já presente desde o “808 Pureview”. Tudo isso, graças a um sensor de alta resolução, lentes

Fábio CunhaAnalista de Tecnologia da Casa da Moeda do Brasil

Carl Zeiss e uma nova tecnologia de processamento de pixels desen-volvida pela empresa. O aparelho ainda filma em full HD (1080p) e grava áudio com qualidade de CD.

Depois de tanta qualidade de imagem, chegamos ao Galaxy S III, o “melhor Android do mercado atu-al”. “Com ele, a Samsung disparou na frente em tecnologia, com pro-cessador quad-core (4 núcleos) e a maior tela existente em um celular, de 5,5”. Como atrativos, além de câmeras traseira de 8 megapixels com flash e frontal de 2 MP, GPS, Bluetooth 4.0, NFC (troca de arqui-vos por aproximação) e, claro, os milhares de programas no Google Play Store, que permite baixar apli-cativos diretamente para o aparelho transformado-o em um verdadeiro computador de mão.

Não poderíamos deixar de men-cionar o aparelho que revolucionou o mercado, e continua revolucio-nando até hoje, quando lançado em 2007. O Iphone 5, 6ª geração do aparelho da Apple, é a segun-da versão lançada após a morte de

Steve Jobs, mentor e fundador da fabricante mais inovadora, em seus lançamentos nos mais diferentes nichos do mercado tecnológico. O aparelho traz câmera traseira de 8 megapixel e frontal de 1,3 MP para videoconferências. O iOS 6 traz es-tabilidade ao Siri, reconhecimento de comandos por voz (ainda não disponível em português). A plata-forma traz o AppStore, com apli-cativos exclusivamente desenvol-vidos para o hardware e software da família móvel Apple. Redes so-ciais, livros, músicas, filmes, jogos, utilitários, ferramentas técnicas e financeiras, enfim, há milhares de aplicativos que agregam utilidade ao aparelho. Dá até para fazer pa-lestras usando seus recursos...

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ENTREVISTA 3

Walmir Vieira Mestre em Liderança e em Ciências

da Religião, Pedagogo eAdministrador Escolar.

Diretor do Colégio Batista Shepard

E D U C A R P A R A A V I D A

caracterização, causas e consequências, 1

A palavra bullying (anglicismo) é utilizada para descrever atos de acos-samento, de intimidação, de violência física ou psicológica, intencional e re-petidos, praticados por um indivíduo bully (do inglês valentão) ou grupo de indivíduos, causando dor física ou emocional às suas vitimas, executa-dos dentro de uma relação desigual de poder.

Para se caracterizar bullying, é preciso atender a três critérios: a) comportamento agressivo e nega-tivo; b) comportamento executado repetidamente; c) comportamen-to que ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Uma brincadeira exagerada ou uma “zoa-ção” de colegas, feita uma vez e sem intenção de magoar ou denegrir a pessoa, não pode ser caracterizada de bullying.

Mais recentemente, a internet tem sido usada para a prática de bullying, com o objetivo de difamar, menospre-zar, insultar, constranger e humilhar pessoas. É o cyberbullying. No caso da escola, as maiores vítimas dessa forma de bullying têm sido os profes-sores.

BULLyING NA ESCOLAO bullying acontece no espaço do

trabalho, no ambiente militar, na vizi-nhança, nos diversos grupos sociais e, como tem sido mais comum e visível, principalmente, no ambiente escolar, seja entre alunos mais velhos da edu-cação superior ou, como ocorre com mais frequência, entre alunos da Edu-cação Básica (Infantil, Fundamental e Médio).

O bullying na escola ou assédio escolar pode ser direto, praticado com mais frequência por agressores (bullies) masculinos, e pode ser indi-reto, a chamada agressão social, mais praticado por bullies do sexo feminino ou por crianças pequenas, que forçam a vítima ao isolamento social. Esse iso-lamento é obtido por meio de uma vas-ta variedade de técnicas, que incluem: espalhar comentários maldosos, iso-lá-la do grupo, intimidar pessoas que se associam a ela, ridicularizá-la em alguma diferença.

OS AGRESSORESOs que praticam bullying geral-

mente são movidos por preconceitos, atitudes discriminatórias, de ressen-timento ou por inveja. O objetivo é humilhar, intimidar ou agredir a pes-soa – ou um grupo minoritário – ge-ralmente incapaz de se defender da agressão.

Os agressores (os bulidores) geral-mente possuem personalidades au-toritárias, combinadas com forte ne-cessidade de controlar ou dominar o outro. Estudos mostram que eles cos-tumam ser hostis, intolerantes e usar a força para resolver seus problemas. Porém, eles também frequentemente já foram vítimas de violência, maus-tratos, vulnerabilidade genética, fa-lência escolar e experiências traumáti-cas. Comportamentos autodestrutivos como consumo de álcool e drogas e correr riscos desnecessários são vistos com mais frequência entre os autores de bullying.

Os que praticam bullying em gru-po geralmente exercem papéis dife-renciados nas ações. Há os que só in-

centivam, os que praticam, os que são constrangidos a praticar, sob pena de sofrerem também e serem alijados, há os que assistem passivamente e há os que não concordam, mas não têm co-ragem de se opor.

Infelizmente, há casos de bullying praticados até por professores des-preparados, que usam sua autorida-de (poder) para humilhar, intimidar, ameaçar, negar direitos e constran-ger alunos que não sejam capazes de atender suas demandas. Felizmente, esses casos são facilmente identifi-cados, e as escolas, principalmente as particulares, tomam providências, com maior rapidez, para resolverem a situação.

AS VíTIMASO público-alvo preferido dos

bullyings são as pessoas mais tímidas, quietas, aparentemente frágeis, com deficiência em habilidades sociais e que possuam alguma característica que as diferencia das demais.

Os que sofrem bullying podem de-senvolver alguns sintomas físicos e emocionais como transtornos estoma-cais, dor de cabeça, náuseas e insônias. Geralmente têm certa resistência em ir para escola e ficam ansiosos quan-do o horário da escola se aproxima. Tendem ao isolamento, o rendimento escolar baixa e têm reações mais ner-vosas nas relações familiares.

Os pais devem estar atentos aos si-nais e sintomas possíveis de serem ob-servados em alunos alvos de bullying: dores e marcas de ferimentos, isola-mento social; atos deliberados de au-toagressão, pois, em casos extremos, pode haver tentativa de suicídio, como

último recurso para escapar do tor-mento.

Pesquisas diversas sobre bullying, feitas com os estudantes, mostram que, em média, 18% deles já sofre-ram ou sofrem bullying e que 35% já presenciaram ações continuadas de agressão física ou moral contra e en-tre seus colegas. Nas escolas, a maio-ria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas não reage e ainda evita falar sobre a agressão sofrida.

Bullying gera bullying. Em várias situações, vítimas de bullying, resta-belecido o equilíbrio de força ou pos-suindo força superior em relação aos bullidores, passam a ser, agora, as agressoras, movidas por vingança e ressentimento.

É preciso muito cuidado para não banalizar o tema. Hoje, em função da notoriedade que o bullying tem tido e das vantagens financeiras que as famí-lias de vítimas de bullying têm obtido na justiça, muitas brincadeiras ou “zoa-ções”, naturais entre crianças e ado-lescentes, facilmente superáveis, têm sido inadequadamente interpretadas como bullying, quando não são. Para ser bullying, o comportamento preci-sa ser repetitivamente agressivo e com intenção de humilhar e ferir, física ou emocionalmente, a pessoa e ser prati-cado por pessoa ou grupo com força desigual, de quem a vítima não possa se defender.

Na próxima edição, buscarei dis-correr sobre como preparar nossos filhos para lidarem com o bullying e não serem vítimas dele e, também, como as escolas podem prevenir e tra-tar eventual ato de bullying.

Bullying Ainda nos acompanham as notícias da

tragédia ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, invadida

por um ex-aluno, que atirou e matou 12 adolescentes e feriu outros, bem como a mais recente, em que um aluno do Colégio São Bento morreu. Muitas outras acontecem no mundo e, agora, com mais destaque no Brasil.

Essas tragédias têm como forte evidência, em cada uma delas, a possibilidade de serem consequência da prática de bullying. Apesar de sempre existir, parece que os casos recentes, crescentes em gravidade, têm, se não alarmado, pelo menos gerado muita preocupação entre educadores, pais e autoridades governamentais.

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Todos os jovens precisam de respostas para suas questõese respostas para questões existenciais. A igreja é um lugar onde o jovem pode encontrar amizades, apoio e respostas para a sua vida.

A igreja também é um lugar onde se integram pessoas de todas as classes econômicas, idades, raças e formações. Isto proporciona uma melhor cosmovi-são para o jovem. Nessa troca de expe-riências com pessoas diferentes, forma-mos pessoas menos preconceituosas, mais toleráveis e mais respeitosas.

Gosto do que disse o grande escri-tor Fiódor Dostoievski: “Existe no ho-mem um vazio do tamanho de Deus”. A juventude é um tempo de buscas e descobertas, porém, muitas vezes, o jovem não se sente saciado. Ele tenta, de várias formas, com tantas coisas, preencher um espaço que só pode ser preenchido com a presença de Deus. E, através da igreja, o jovem pode conhe-cer como Deus se relaciona com ele e os planos de Deus para a sua vida.

Os jovens, ainda hoje, são idealis-tas ou só querem consumir?

Com otimismo, sinto bons ventos de mudança; vejo uma juventude mais preocupada com causas nobres, lutan-do por um mundo mais justo, mais preocupada com o meio ambiente, mais conscientizada. Claro que o con-sumismo ainda é um problema, prin-cipalmente por vivermos em uma era marcada pelo individualismo.

Eu me alegro muito quando jovens se organizam para se manifestarem por causas nobres, ainda que de uma forma muito tímida. Creio que o último grande

movimento estudantil foi o “Caras-pinta-das”, no ano de 1992. Aquele movimento mostrou, mais uma vez na história do país, que os jovens possuem força para promoverem mudanças em nível nacio-nal. Mesmo depois de passados vinte anos, esse acontecimento tem o valor de evidenciar que a juventude do nosso país ainda tem força para provocar grandes mudanças, pois o que mais temos hoje são causas nobres para lutarmos.

Hoje, os jovens saem mais tarde de casa, seja para morar fora ou casar. Isso é bom?

Primeiro, precisamos entender os motivos que fazem os jovens perma-necerem mais tempo nas casas de seus pais. Na realidade em que vivo, observo que muitos jovens permanecem na casa dos pais para darem continuidade aos seus estudos, outros porque demoram a se casar, porque não têm nenhuma perspectiva, devido ao conforto e à se-gurança da casa dos pais, muitos porque gostam de estar com os pais e também por não terem estabilidade financeira.

Se não interferir na independência e no desenvolvimento social desse jo-vem, creio que seja saudável, principal-mente quando o jovem encontra aco-lhimento e apoio na casa dos pais.

Os jovens se envolvem em causas sociais quando são desafiados, ou são alienados?

Os jovens gostam de bons desafios, mas o objetivo deve estar muito claro e, principalmente, deve valer a pena. Só não podemos ser ingênuos em pensar

4 E N T R E V I S T A

TIJUCA EM FOCO – As pesquisas apontam que os jovens andam felizes, mas, como ser feliz, com falta de emprego?

SAMIR – A falta de emprego é um pro-blema importante, principalmente por ser um meio para obter o “sonho de con-sumo”, que para muitos pode significar felicidade. Mas, como o jovem é insaciá-vel, logo ele descobre que, quando adqui-re um bem tão desejado, irá almejar ou-tro melhor, ainda mais neste século mar-cado por avanços tecnológicos. Quando isto é descoberto, a busca por algo que dê um significado maior à sua vida ocorre. E esse significado maior, que eu chamo de vocação, pode ser encontrado na família (presente ou a que ele pretende formar), em amigos, no engajamento pela igual-dade social, na religião, na profissão, en-tre outros exemplos.

Quando o jovem compreende qual a sua vocação, qual é a sua missão neste mundo, ele consegue conviver com vá-rios problemas, como o desemprego, o luto, a pobreza, e é capaz de se consi-derar feliz.

Os jovens sabem o que querem ou só o que não querem?

A juventude é uma fase de muitas escolhas, algumas delas para toda a vida. Nesse contexto, surgem muitas dúvidas. Ainda mais em uma metrópole como o Rio, na qual o jovem tem mui-tas ofertas, tanto de coisas boas quanto ruins. Dentro dessa realidade, não que-rendo generalizar, entendo que muitos jovens sabem o que querem, mas não sabem se o que querem vai ser, de fato, o melhor para as suas vidas, e se as im-plicações serão sadias para o seu futuro e de outras pessoas.

Samir Confessor é um jovem que lidera jovens. Formado em fisioterapia, que deixou temporariamente, ele é o pastor de jovens na Igreja Batista Itacuruçá (Tijuca), cujo número passa de 250, fazendo o pátio da igreja fervilhar, após os cultos.

Ele mentoreia, pessoalmente, muitos deles e conhece bem os anseios e as frustrações de cada um. TIJUCA EM FOCO ouviu Samir sobre o que se passa na cabeça da juventude.

Os pais entendem os seus filhos?Esta é uma pergunta difícil, pois em

cada casa existe uma realidade diferen-te. Mas, também, não podemos fechar os nossos olhos para o choque de ge-rações, ainda mais em uma sociedade plural, onde os jovens têm acesso a uma “enxurrada” de informações, que chegam de toda parte do mundo, em uma velocidade incrível, que influen-ciam as suas vidas.

Isso torna mais difícil que os pais venham a entender os seus filhos, até porque muitos filhos mudam de uma forma muito rápida. Digo isto em rela-ção aos seus comportamentos, roupas, vocabulário, gostos e valores.

Muito mais importante do que en-tender os seus filhos é estar com seus filhos, observar as mudanças do mundo e como elas influenciam a vida deles. É ouvir os filhos. É buscar ser o melhor amigo deles.

Que papel têm os pais para que os jovens sejam saudáveis?

Ainda acredito na importância da família para a educação dos filhos, principalmente pelos laços afetivos. Uma família bem estruturada, onde existe um diálogo sadio entre pais e filhos, onde o jovem se sinta amado, traz, ao mesmo tempo, segurança e motivação para enfrentar os desafios da juventude. Os pais que observam e ouvem seus filhos podem preveni-los contra problemas como drogas, doen-ças venéreas, gravidez indesejada, más amizades, criminalidade etc.

A igreja é um fator determinante para a vida de um jovem?

Sim, pois nenhum jovem é uma ilha. Todos necessitam de relacionamentos

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Todos os jovens precisam de respostas para suas questõesE N T R E V I S T A 5

que, numa sociedade marcada pelo ca-pitalismo e pelo individualismo, todos os jovens irão se envolver em causas sociais.

Hoje, o voluntariado é cada vez mais valorizado, tanto nas universidades quanto no mercado de trabalho. En-tendo que os jovens estão começando a compreender a importância do volunta-riado, tanto para a sua formação quanto para dar esperança aos que sofrem.

O jovem que tem experiência em trabalhos sociais aprende a trabalhar em equipe, torna-se uma pessoa mais piedosa, julga menos as outras pessoas, pois compreende que somos diferentes, que temos histórias diferentes. E, por fim, valoriza mais o que tem e aqueles que estão à sua volta.

Que livros você recomenda aos jovens para lerem, em busca de uma vida que vale a pena?

Independente da religião, acho de extrema importância que todos os jo-

vens leiam a Bíblia, ao menos uma vez em sua vida, pois encontrarão histórias de pessoas que passaram pelos mes-mos desafios que eles.

A minha preferida é a de José do Egito, que se encontra no livro de Gê-nesis, a partir do capítulo 37. Trata-se da história de um jovem que foi ven-dido como escravo por seus irmãos, foi injustiçado várias vezes, passou pelas dificuldades que um jovem pas-sa, tendo vários convites e propostas e respondendo a estes com os valores adquiridos no seu relacionamento com Deus.

Recomendo também “Crônicas de Nárnia”, de C. S Lewis, e “Crer Tam-bém é Pensar”, de John Stott.

O que a igreja Batista Itacuruçá oferece aos seus jovens?

Ela oferece esportes, estudos bíbli-cos, grupos de relacionamento, passeios, música (coral e bandas), projetos sociais, teatro, eventos temáticos e cultos.

Jovens da Tijuca visitam casa de anciãos em Campo Grande

Nossa compreensão é que o evange-lho alcança o homem todo, em todas as suas necessidades. Por isto, achamos que projetos sociais são importantíssi-mos. Num deles, nosso, que chamamos de Projeto Novo Rio, buscamos atingir

crianças moradoras de rua da nossa ci-dade, levando a elas e suas famílias a oportunidade de terem uma vida mais digna. Buscamos também levar alegria em asilos e a crianças internadas em hospitais.

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Será que você é uma das pessoas que vivem respon-dendo a essa pergunta a todo instante?

– Onde você mora?– Moro na Muda.– Muda? Nunca ouvi falar!

Onde fica esse bairro?Não é sem razão. Na reali-

dade, a Usina e a Muda não são bairros oficiais, mas sub-bair-ros interligados, localizados na Grande Tijuca, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, próximos ao Alto da Boa Vis-ta, e assim identificados pelos letreiros dos estabelecimentos comerciais ou pelas linhas de ônibus cujo itinerário indica o seu ponto final.

6 H I S T Ó R I A

ANU RIOPARIS_74x240_AF421 de maio de 2012 23:55:55

Em 1862, a Tijuca passou a ter transporte movido a vapor e, em 1898, quando foi criada a primeira linha férrea, movi-do a eletricidade: a Estrada de Ferro da Tijuca. Dessa estra-da, teve origem o nome Usina, para a parte situada no alto, próximo à Serra, devido à usi-na térmica ali localizada, que servia para alimentar as loco-motivas.

A Muda da Tijuca, como fi-cou conhecida, tem esse nome, segundo uma lenda que dizia que os cavalos que se prepara-vam para subir o Alto da Boa Vista, em direção às fazendas da Zona Oeste, paravam para trocar as ferraduras e beber água, antes de enfrentar as es-tradas cheias de lama.

Outros afirmam que a Muda recebeu esse nome porque era ali que se fazia a muda das pa-relhas de animais que traciona-vam os bondes que ligavam a Usina e o Alto da Boa Vista.

Realidade ou ficção, o que de fato importa é que o bucó-lico bairro encravado entre as ruas General Espírito Santo Cardoso e São Miguel, junto aos morros de Casa Branca e Borel, de um lado, e Conde de Bonfim e morro da Formiga do outro, guarda parte da história da Tijuca.

O que importa são os fatosEm fins do Século XIX, o

bairro da Tijuca possuía di-versas fábricas, algumas com até cem empregados, e, nelas,

JOSé MAURíCIO CUNhA DO AMARAL

“O que mudava na MUDA?Entre o fato e a ficção”

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7H I S T Ó R I A

fabricavam-se: tecidos, roupa branca, chapéus, rapé, cigar-ros, cerveja, laticínios, con-servas, gelo, papel e papelão. A Fábrica de Rapé e Tabaco se transformou na Fábrica Borel, e deu origem ao Morro do Bo-rel. A Companhia Cervejaria Hanseática se transformou na Fábrica da Brahma, que hoje já não está mais no bairro.

Um outro fato curioso é a vocação da Tijuca por um grande número de tecelagens. Houve um tempo em que pelo menos sete fábricas de fios e tecidos se localizavam na cha-mada parte alta da Tijuca, al-gumas na região entre a Muda e a Usina: a Fábrica de Tecidos Maracanã, o Lanifício Alto da Boa Vista, a Fábrica de Teci-dos Covilhã, a Tecelagem San-ta Isabel, Fiação e Tecelagem Dona Isabel, a Fábrica de Teci-dos Dona Rosa e, dentre elas, a Fábrica de Rendas e Tecidos São Miguel, que ainda exis-te, na Rua São Miguel, nº 11,

parar no Brasil, onde foi ins-talado, em 1960.

Uma outra construção que se destaca junto à Praça Xavier de Brito é o prédio da Escola Municipal Soares Pereira, per-to de completar 90 anos. Em estilo neo-colonial luso-brasi-leiro, projetado por José Ama-ral Neddemeyer, em 1926, foi construído a pedido de Dona Maria do Nascimento Soares Pereira, em homenagem ao seu esposo, José Soares Perei-ra, e doado por ela à Prefeitu-ra, para funcionar como uma escola, hoje tombado pelo Pa-trimônio Histórico e Cultural da Cidade do Rio de Janeiro.

Mas, a Muda também é cul-tura. Um espaço cultural, tal-vez pouco conhecido do gran-de público, e inaugurado mais recentemente, em junho de 2007, pela Secretaria de Cultu-ra da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, é o Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola. Funcionando num antigo palacete, na esqui-na das Ruas Conde de Bonfim e Garibaldi, tem-se dedicado

o que fazia da Tijuca o maior complexo de fábricas de teci-dos do Rio de Janeiro. Com o passar do tempo, foram-se as fábricas, mas a Muda, apesar de geograficamente pequena, acabou preenchendo seus es-paços com novas edificações, colégios, igrejas, sem perder aquele ar de cidade pequena.

Num recanto onde as ruas são bem tranquilas e arboriza-das, mantendo um clima agra-dável durante boa parte do ano e menos quente no verão, o tijucano da Muda faz ques-tão de dizer, com orgulho, que mora ali.

Não é pra menos. Fazem parte desse cenário alguns co-légios católicos tradicionais, como o Santos Anjos e o Co-légio Marista São José, este, com a construção concluída em 1932, na Rua Conde de Bonfim, nº 1067, e que recebia apenas estudantes no inter-nato, mas que, com o passar do tempo, começou a receber

estudantes de ambos os sexos, deixando de ser exclusivamen-te para meninos.

Uma construção com al-guns séculos de existência, localizada entre a Muda e a Usina, que merece destaque, é o Hospital da Ordem Terceira. Pertencente à Fraternidade da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Cidade, foi fundada no início do século XVII (1615), quando reina-va, em Portugal, D. João IV. Em 1672, o frade Domingos da Cruz decidiu fundar três enfermarias, que, mais tarde, deram origem ao hospital que hoje conhecemos.

Outro lugar que é um dos mais belos e aprazíveis recan-tos da cidade do Rio de Janei-ro, onde crianças e adultos podem dar passeios de char-retes e passear num ambiente bastante tranquilo, é a Praça Xavier de Brito, mais conhe-cida como a “Praça dos Cava-linhos”. Ela existe desde 1928 e recebeu o nome de Praça Comendador Xavier de Brito em homenagem ao Coronel Xavier de Brito, quando foi ajardinada e ganhou um cha-fariz de bronze, construído na França para uma praça euro-peia, mas que acabou vindo

à memória, à criação, e à pes-quisa da música carioca, em todas as suas manifestações, e às artes, de um modo geral.

Por esses e tantos outros aspectos, a Muda da Tijuca não é somente um bairro dentro de outro bairro, mas, sobretudo, um lugar que guarda fatos li-gados à história do Caminho do Andaraí Pequeno, como a Tijuca era conhecida antes de se tornar o bairro que é hoje.

E, se recordar é viver, como poderia me esquecer de quan-do, ainda jovem estudante, nos anos 70, subia a ladeira do centenário Seminário Te-ológico Batista do Sul Brasil, localizado na Rua José Higi-no, na chácara que pertenceu ao Barão de Itacuruçá, e, qua-se sempre, no final das aulas, retornava, de carona, num velho Jeep Rural Willys, com um amigo que me deixava na entrada de uma vila onde eu morava, na General Espírito Santo Cardoso? Com muito or-gulho, eu também posso dizer que a Muda faz parte da minha história.

A MUDA não é apenas

um bairro dentro do

outro

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8 S A Ú D E E M O C I O N A L

Cristiane Fiaux,mestre pela Fiocruz, é

psicóloga clínica

necessitamos construir laços e que somos produto das relações que esta-belecemos. Para isso, temos que estar abertos ao outro, ouvi-lo, interagir com nossa mente relacional. Sentimentos, emoções e compreensões são vividos entre as pessoas, as quais se influen-ciam mutuamente. Somos, vemos e agimos a partir das relações estabe-lecidas e das interações que fazemos. É nessa trama de relacionamentos que vamos construindo nossa própria identidade. Companheirismo, cuidado mútuo, afago e amor precisam se fazer presentes nos lares. Se os pais não são bons exemplos, se não mantêm seus lares em harmonia, como esperar que os filhos sejam amorosos e respeitosos para com as pessoas?

Quando uma pessoa relata sua vida e suas experiências, comumente fala de sua família, se a tem/teve ou não. E a prática clínica mostra o quanto a

família é importante na vida do sujeito e quanto o relacionamento entre o ca-sal parental influencia na construção de uma família saudável. A falência de muitos núcleos familiares pode ser consequência do pouco valor que as pessoas dão às suas famílias.

Na família, devemos encontrar apoio e referencial para a vida. Ela precisa apontar caminhos que valham a pena serem trilhados e que possam garantir um ambiente solidário e o cuidado mútuo, o que, sem dúvida, fortalecerá os laços afetivos. Nela, de-veria se desenvolver o que há de posi-tivo e saudável no ser humano.

Um pouco de coragem para olhar de frente as dificuldades que sua fa-mília possa estar passando pode ser o começo do tratamento necessário. Comece por você. Qual é o seu papel e a sua contribuição para a manutenção de sua família? Ela está saudável?

Se eu lhe perguntasse como é sua família, você saberia responder? Quantas pessoas moram com você, quem são

e o que gostam de fazer? Qual é a característica da sua família e qual a dificuldade que ela carrega?

Não se iluda, achando que essas respostas são fáceis. Talvez você se surpreenda, ao perceber que pouco sabe sobre quem divide o mesmo teto com você, seja cônjuge, filho, pai, mãe, avós. Muitas vezes, a família vive em um espaço compartilhado, mas nin-guém se conhece ou se comunica e ninguém se preocupa com ninguém. Algumas dessas pessoas, lamentavel-mente, vivem em total infelicidade.

A correria do dia a dia nos tira o melhor de nós mesmos e da convi-vência com nossos entes queridos. O marido não consegue tempo para sair com a esposa. A mãe e o pai não con-seguem tempo para conversar ou estar com o filho. O irmão não tem tempo de brincar com o outro irmão. Não há mais tempo para um bom bate papo e para as refeições coletivas, pois cada um tem seu horário. Não há oportu-nidade para conversas amenas e in-formativas no sofá da sala. Filhos não sabem sobre seus pais. E assim vamos vivendo, sem encontrar um tempinho para nos fazermos presentes e expres-sarmos o amor e o cuidado a quem di-zemos amar e querer tão bem.

Inseridos em uma cultura que va-loriza uma postura individualista e de isolamento, precisamos lembrar que

Como é sua família?

“Paz e harmonia: eis a verdadeira riqueza de uma família.”Benjamim Franklin

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9A R T E

Ramon Chrystian de Almeida LimaBacharel em música, arranjador e guitarrista

Foi um período de muito trabalho, che-gando a compor quase que uma cantata por semana. Teve algumas dificuldades e conflitos em Leipzig até que, em 1729, ele ocupou o cargo de diretor do Colle-gium Musicum, uma orquestra de estu-dantes e músicos profissionais fundada por Telemann, que fazia apresentações constantes na cidade.

Bach não foi tão reconhecido em sua época, sendo suas obras esqueci-

anos, trabalhou na igreja de Arnstadt e já demonstrava ter uma técnica muito apurada ao órgão. Teve aulas também com Dietrich Buxtehude, aprimorando sua técnica e interpretação.

Foi trabalhar em Weimar, onde ga-nhou maior prestígio profissional. Lá, ele sofreu dificuldades, devido a desa-venças com o duque Wilhelm Ernst.

Bach foi para Köthen trabalhar para o príncipe Leopold d’Anhalt-Köthen. Lá, obteve bastante liberdade e atuou compondo, em sua maioria, músicas não litúrgicas, tais como os famosos e belos “concertos de Brandemburgo” e o “Cravo Bem Temperado”.

Em maio de 1723, Bach foi traba-lhar como “kantor” (diretor musical e professor) na igreja de São Tomás, em Leipzig. Lá, ele ensaiava coros às se-gundas, terças, quartas e sextas. Aos sábados, ele agregava os cantores com os instrumentistas para ensaiar e, por conseguinte, apresentar aos domingos.

grandes compositoresdas até 1829, quando, segundo algu-mas narrativas, foram encontradas suas partituras sendo usadas para embrulhar carnes de um açougue. As-sim, possivelmente, muitas de suas obras foram perdidas. Porém, com o que temos, podemos ter a dimensão da genialidade desse compositor que influenciou grandes mestres da músi-ca e influencia até hoje os músicos de nosso tempo.

JOHANN SEBASTIAN BACH

“Bach (riacho, em alemão) deveria se chamar Ozean (oceano) e não Bach!” Esta frase atribui-se a ninguém menos que Ludwig Van Beethoven, referindo-se a Johann Sebastian Bach. Ele nasceu em 21 de março de 1685, em Eisenach, na Alemanha, em uma família tradicional que gerou músicos por várias gerações. Seu pai o ensinou a tocar violino, viola e o alfabetizou musicalmente. Aos dezoito

O que realmente (me) importa

Uma vez me perguntei para quem estava vivendo.Por um lado, me perguntei por que estava me perguntando isso.Por outro, estava sofrendo.Sabia que chegaria a hora de reavaliar meu compromisso.

Por que desejamos a aprovação dos outros?Por que queremos sempre estar/parecer bem diante das pessoas?Não seria a opinião de Deus a mais, quiçá a única, importante?Percebi que, presa à opinião das pessoas, não estava integralmente livre para obedecer ao meu Comandante.

Momentos como esse são decisivos e necessários na vida do cristão.Afinal, como viver apenas de pão?Andar com Jesus é aliança, é parceria.É aprender o segredo de viver todos os dias.

A Graça tira de nós o domínio da Lei.A salvação e a vida eterna são presentes de Cristo, eu sei.A sociedade tenta me convencer,mas, meu tesouro e minha alegria estão no céu, de onde nada posso perder!

Thábata Lessa dos Anjos

Nem monge nem executivoO último livro de Paul Freston (foto), professor de Ciências So-ciais na Univer-sidade Federal de São Carlos,

- Nem Monge nem Executivo - discor-re sobre a nova perspectiva sobre Deus dada por Jesus Cristo, baseado nos re-latos bíblicos. Freston afirma que Jesus Cristo oferece à humanidade um mun-do invertido e discorre sobre isso em capítulos curtos, mas profundos.O autor, inglês naturalizado brasileiro e doutor em sociologia pela Unicamp, consegue fazer um paralelo entre as relações humanas atuais e aquelas pro-postas por Jesus. Em uma época onde a

espiritualidade dos monges é, de certa forma, exaltada, Nem monge nem exe-cutivo procura ir além da espiritualidade monástica, apontando para a espirituali-dade invertida proposta por Jesus. Nem monge nem executivo procura ir além da liderança executiva, apontando para uma liderança servil como a de Jesus.Para quem já leu o best-seller de James Hunter, O monge e o executivo, vale a pena a leitura do novo livro de Paul Fres-ton. Lançado pela Editora Ultimato, o li-vro tem sido bem recebido por jovens e adultos. Uma estudante de medicina da UERJ e moradora na Tijuca escreveu um poema após a leitura de um dos capítulos do livro. Depois de sua leitura, comparti-lhe conosco também sua impressão sobre o livro. (Carlos Daniel de Campos)

LI E RECOMENDO

1

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CULTURA10 D E B E M C O M O D I N H E I R O

Marcos Lima, mestreem Sistemas de Gestão,é consultor financeiro

Com a chegada do 13º, começa um tempo de corre-corre. É o tem-po da troca de lem-

brancinhas e da ceia de Natal e Ano Novo.

Este é também um tempo de reflexão, de prestação de contas conosco mesmos. É hora de avaliar se tudo aquilo que nos propusemos a fazer no Natal passado fizemos, se todas as promessas feitas (vou começar um curso de idiomas ou de aprimoramento profis-sional, vou começar a fazer ginástica, vou passar a ler um livro por mês, vou dar mais tempo para a família etc.) fo-ram cumpridas.

Afinal de contas, para que lado vai o pêndulo da balança? Para o lado positivo (cumpriu grande parte do planejado) ou negativo (não cumpriu). Não se desespere, se a balan-ça pesar para o negativo; você ainda tem até o dia 31 de de-zembro para mudar a rota de sua vida.

Com relação a sua vida fi-nanceira: você termina este ano com mais ou menos dívi-das? Mais ou menos dinheiro na poupança? Mais ou menos controle do orçamento domés-tico? Se você fizer um inven-tário de tudo o que comprou durante este ano, o resultado lhe é favorável no sentido de que foram boas aquisições e

realmente importantes e ne-cessárias?

É fundamental responder a estas perguntas. Se você pertence ao grupo dos que re-sistem bravamente à tentação de comprar por impulso, sem necessidade e apenas para exibir um estilo de vida, con-tinue firme. Lembre-se de que vigiar é fundamental, pois as artimanhas usadas para sugar o seu dinheiro, que é fruto do suor do seu rosto, são muito bem elaboradas, o que nos obriga a desenvolvermos in-teligentes estratégias de resis-tência.

Agora, se você pertence ao grupo que sucumbiu, sai-ba que é necessário mudar e que é possível mudar a rota de sua jornada. Mudar para evitar mais danos, sabendo que, a exemplo do que vemos ou ficamos sabendo, alguns se tornam irreversíveis.

No Reino Unido, uma pesquisa indicou que proble-mas com dinheiro (alto grau de endividamento e descon-trole orçamentário) estão entre as causas para o fim de casamentos e desarmonia de relacionamentos familiares e comunitários. O orçamento e sua execução constituem o caminho para evitar esses

danos.Só podemos gastar o

que temos, e o que temos não inclui o cartão de crédito, o cheque espe-

cial, o crediário, os emprésti-mos, muito embora esses ins-trumentos possam ser úteis, se usados com sabedoria e eventualmente.

Indague-se e questione-se: como anda seu orçamento? Sobra alguma coisa no final do mês? Você tem poupado ou gasta tudo o que recebe e ain-da fica devendo? Se a resposta for positiva, parabéns. Conti-nue firme e ajude a quem es-tiver em apuros por não saber gerir seu orçamento. Se a res-posta for negativa, é tempo de parar e redefinir as priorida-des. Sente-se e escreva no que está indo o seu dinheiro.

Mude o foco, seja forte e viva uma vida possível com o que ganha. Trace novos proje-tos, novos desafios, visualize onde deseja estar com o que recebe, e mãos à obra!

Fim de ano, tempo de avaliação (1)

Lembre-se de que vigiar é

fundamental, pois as artimanhas

usadas para sugar o seu dinheiro, que é fruto do

suor do seu rosto, são muito bem

elaboradas, o que nos obriga a desenvolvermos

inteligentes estratégias de

resistência.

Você tem poupado ou gasta tudo o que recebe e ainda fica devendo? Se a resposta for positiva, parabéns.

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N O T A 1 0 11

PADRE LUISLUIS LORENZO GARCIA RIPADO (29/12/1941–4/10/2012), simplesmente, Luis Garcia, um dos padres da Igreja Sagrados Corações, na rua Conde de Bonfim, faleceu no dia 4 de outubro.Espanhol, chegou ao Brasil em 1969 para atuar na Tijuca. Ele atuou também em Curitiba e Belo Horizonte. Enfermo, voltou para a Paróquia Sagrados Corações no início deste ano. No dia 1º de outubro, foi levado para o Hospital Pedro Ernesto. Três dias depois, faleceu. Sobre ele seu colega, o padre Lorenzo Arbeloa escreveu: “ele cativava as pessoas com a fidelidade de cultivar amizade eterna”. Seu irmão gêmeo Manuel, também padre, testemunhou: “namorado do Brasil nunca pensou ficar na Espanha. Com um sorriso bondoso, dizia: `no Brasil está meu lugar`”. Aqui está.

“MUNDIAL”NA TIJUCAA rede de Supermercados Mundial desmente que tenha comprado a antiga loja do Ponto Frio na Conde de Bonfim, em frente à Visconde de Cabo Frio.A assessoria de imprensa informa que, “no momento, o foco da rede de supermercados Mundial é na revitalização de suas 19 lojas”.

MÚSICA DE QUALIDADENo ALMA TIJUCANA, deste mês, a música ficará por conta do pianista Adriano Souza. Ele vai entremear as declamações de poesia com canções brasileiras, populares e sacras.O evento acontece na praça Barão de Corumbá, 49, térreo. (A praça fica no encontro das ruas Andrade Neves e Visconde de Cabo Frio.)

CRESCIMENTO GASTRONÔMICOO Café Otto já abriu suas portas no Conde de Bonfim, entre a dona Delfina (interditada para as obras do metrô) e a Uruguai.Enquanto organiza a equipe, o grupo está finalizando outra loja, agora um restaurante na rua Mariz e Barros (no antigo Bar Devassa).

ISRAEL BELO DE AZEVEDO, com colaboradoresEnvie sua colaboração para [email protected]

SUB-19

SOCILAA Socila, que nos seus anos dourados, respondeu pela beleza de muita gente, foi totalmente remodelada. Com novos donos, suas atividades (na rua Elias Gorayeb, 25, na Tijuca) foram retomadas no dia 6 de novembro.Entre os novos serviços está um Spa Day. A casa vai promover também palestras gratuitas sobre etiqueta e qualidade de vida.

MAIS VENDIDOSNa livraria Eldorado, da Tijuca, a lista dos mais vendidos tem dois títulos de E.L. James, de natureza erótica, no topo.Confira:

1. “50 tons de cinza”, de E.L. James (Intrínseca)2. “50 tons mais escuros””, de E.L. James (Intrínseca3. “Corações descontrolados”, de Ana Beatriz Barbosa (Objetiva)4. “Ame, nutra, perdoe”, de Ryuho Okawa (IRH)5. “Virando o jogo”, de Monica de Castro (Espaço vida e consciência)6. “Um lugar na janela”, de Martha Medeiros (L&PM)7. “Diálogos impossíveis”, de Luís Fernando Verissimo (Objetiva)8. “A herança”, de Barbara Bradford (Record)9. “Um porto seguro”, de Nicholas Sparks (Novo Conceito)10. “A queda”, de Diogo Mainardi (Record)

O time de basquete sub-19 do Tijuca Tênis Clube sagrou-se campeão carioca. Invicto, venceu no dia 18 de outubro o Flamengo na final por uma diferença de 20 pontos.

A propósito, o Conselho Deliberativo do clube tijucano se reúne no dia 8 de novembro para eleger seu presidente. Paulo Maciel deverá ser reconduzido.

MÚSICA A R$ 1O Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, continua com seus espetáculos com ingressos a R$ 1,00, de quarta a sábado, sempre às 19h30min.No dia 8 de novembro, por exemplo, a Camerata de Solistas da Banda Filarmônica do Rio de Janeiro vai tocar Beethoven e Bernard. O Centro de Referência da Música fica na Rua Conde de Bonfim, 824, na Muda.

Para ver toda a programação, acesse creferenciadamusicacarioca.blogspot.com.br

DESÂNIMOO comércio do bairro está pessimista com relação às vendas de Natal. Uma lojista disse à coluna que as pessoas se endividaram muito e estão dando prioridade a acertar suas contas.

50.000A edição de dezembro do TIJUCA EM FOCO sairá com 50 mil exemplares.

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ELENICE MAGALhãES

12 M E I O A M B I E N T E

uantas vezes nos perguntamos se re-almente necessita-mos ou não consu-mir tal produto?

Esta, sem dúvida, é uma pergunta que não quer calar. Diante de tantos acontecimen-tos e notícias de como salvar o planeta que queremos para o futuro, esta pergunta deveria ser mais frequente no nosso dia a dia.

Será mesmo necessário comprar isto ou aquilo? Estou realmente necessitando de tal objeto/produto ou ele ficará guardado no armário para quando precisar?

O consumo consciente deveria ser aprendido desde pequenos, em casa, na escola, em qualquer lugar.

Um dos pensadores da atualidade sobre o assunto, Fritjof Capra, defende uma alfabetização ecológica para adultos e crianças, incluindo gestores de empresas, líde-res empresariais e políticos. O lema é: “ Pense em si e no

VOCê consome de forma CONSCIENTE?

De acordo com o relatório Planeta Vivo da WWF (2012), “o mundo vive como se ti-vesse um planeta extra à sua disposição, utilizando 50% mais recursos do que o planeta Terra pode produzir de forma sustentável. Caso esse quadro

Qtodo” . Pense nas atividades do dia a dia, mas pense prin-cipalmente no planeta. Te-mos dado valor ao que con-sumimos?

Precisamos aprender a viver de forma mais susten-tável. Desperdiçar menos os recursos naturais e valorizar objetos que poderão ser rea-proveitados. Comece fazendo um pequeno exercício: quais os objetos e roupas que po-derão ser repaginados, quan-to tempo consegue ficar com o mesmo aparelho celular, eletrodoméstico ou qualquer outro aparelho eletroeletrô-nico, sem cair na tentação de comprar um mais novo, com modelo e funções diferentes?

É certo que a obsolescên-cia de muitos produtos gera uma rapidez frenética no ci-clo do consumo. Muitos deles já foram fabricados para não terem uma vida útil longa, in-viabilizando, automaticamen-te, seu conserto. E isto, cer-tamente, não acontece por acaso.

não se reverta, esse número vai aumentar rapidamente até 2030. Até lá, dois planetas não serão suficientes”.

Precisamos conjugar com mais frequência os verbos Re-duzir, Reutilizar, Reaprovei-tar, Reciclar e Repensar.

Este é o futuro, ou melhor, o presente que se inicia agora, através de atitudes simples, que poderão fazer muita dife-rença para as próximas gera-ções. Vamos Reinventar uma nova maneira de viver!

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Parquinho Exclusivo da Educação InfantilParquinho exclusivo da Educação

Infantil (outro ângulo)

Laboratório de Informática exclusivo da Educação Infantil

Uma das salas de aula (climatizada)

Recepção (ao fundo Sala da Coordenação e Sala das professoras)BrinquedotecaCorredor e parte da Recepção

Outra sala de aula da Educação Infantil (climatizada)

Sala de Música e para Educação Religiosa

VOCê consome de forma CONSCIENTE? No dia 06 de agosto de 2012, os alu-

nos da Educação Infantil do Colégio batista Shepard (de 2 a 6 anos) gan-haram um novo, bonito, moderno

e funcional espaço de ensino, aprendizagem, lazer e convivência. O novo espaço ocupa todo o andar térreo do chamado prédio Love e parte do pátio, com entrada principal pela Rua Vis-conde de Cabo Frio e Praça Barão de Corumbá.

Novas, amplas e climatizadas salas de aula, mo-biliário (mesas, cadeiras, armários estandes etc) todo novo, banheiros reformados e adaptados para a faixa etária, sala para a brinquedoteca,

salão para festas de aniversário, parquinho ex-clusivo para a Educação Infantil, sala de Música e de Educação Cristã, laboratório de informática com métodos e móveis adaptados e copa com cozinha experimental.

A Coordenação, a Recepção e o Corpo Docente também ganharam salas e banheiros exclusivos.

Veja as fotos de alguns novos espaços. O preço da mensalidade para 2013 será de R$ 740,00. Um dos menores preços entre as boas escolas desse segmento. As vagas são limitadas.

CONHEÇA A NOVAEDUCAÇÃO INFANTIL DO BATISTA

CONHEÇA A NOVAEDUCAÇÃO INFANTIL DO BATISTA

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CULTURA14 N O S S O S B I C H O S

Boas condutas para quem ama seu cão

Grandes ou pequenos, os cães necessitam de uma atividade física diária: exercitar-se traz bem-estar, principalmente se

alguns cuidados forem observados.Para passear, seu cão precisa ser

vacinado: a antirrábica é obrigatória. Proteja-o das verminoses e dos carra-patos, pulgas, piolhos e sarnas, que, além de causar incômodo, transmi-tem doenças perigosas, inclusive ao homem.

Procure usar medicamentos pres-critos pelo médico veterinário. Con-forme o diagnóstico, serão adminis-

trados de acordo com a idade, o peso, a condição clínica e até a raça.

Nos passeios, prefira manter seu amigo com coleira e guia. Condu-zido por você, não estará sujeito a atropelamento, fuga ou agressões. O ideal é que tenha em sua coleira uma placa identificadora, com nome e contato.

Assim como crianças pequenas não devem andar beirando o meio-fio, os cães também não. Suas faces ficam na altura das rodas e escapamento dos veículos urbanos, os quais lançam detritos que podem feri-los.

Tenha cuidado com jardins. Muitos contêm plantas tóxicas

e veneno para rato. Se, após o passeio, seu amigo voltar

salivando e/ou vomitando,

se tiver diarreia, tremores nervosos e/ou descoordenação motora, saiba que está envenenado. Nesse caso, procure socorro urgente.

Ser civilizado não é difícil: evite que seu companheiro urine em pneus, bicicletas de entregas e portões. Algu-mas pessoas não simpatizam com os animais por causa de nossa “distra-ção” ao conduzi-los. Os dejetos não devem permanecer nas calçadas, mas precisam ser recolhidos e devidamen-te descartados.

Outra boa conduta é ficar atento ao horário dos passeios. As almofadas di-

gitais dos cães são sensíveis e podem sofrer queimaduras no horário do sol forte ou se entrarem em contato com o chão muito quente. Ele pode se ferir em solo pedregoso. Essas lesões são bastante dolorosas.

Observe a distância a percorrer, conforme o hábito, idade e condiciona-mento físico do seu companheiro. Não ande de bicicleta, skate, patinete ou outros, se o seu cão está a pé. Se seus limites forem ultrapassados, ocorrerá cansaço extremo, dor e possíveis da-nos ao sistema musculoesquelético.

Lembre-se: se o cão for agressivo, a focinheira é necessária.

Quando for possível, leve-o ao par-que e locais de agility. Os cães gostam de reagir aos nossos movimentos cor-porais: gestos, ordens, afagos, expres-são do rosto e olhar!

Assim, a posse responsável do seu companheiro não será vista como obri-gação, por si só. Quando há amor, as boas condutas ocorrem naturalmente.

Os cães gostam de reagir aos nossos movimentos corporais: gestos, ordens, afagos, expressão do rosto e olhar!

ROSANA GIORDANI CESAR

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L E I T O R E S E M F O C O 15

Desordem Urbana

ANU CASADARACAO_125x150_424 de setembro de 2012 20:06:56

Fala-se tanto, hoje em dia, em qualidade de vida, mas como tê-la, se você não consegue dormir

tranquilamente para ter suas energias renovadas.

O problema passa a ser uma ques-tão de saúde, física, mental, emocio-nal, com suas consequências, levando à perda da qualidade de vida.

Sabemos que existe uma “Lei do Si-lêncio” no RJ – contra a poluição sonora - Lei nº 126 de 10 de maio de 1977.

O assunto parece que é proibido, porque não é divulgado, nem discu-tido pelos órgãos competentes, nem pela mídia, em geral.

Parece que há uma certa cumplici-dade ou vista grossa, não conhecemos a razão, nem as providências que têm sido tomadas para que possamos nos orientar.

O que sabemos é que existe uma Secretaria Especial de Ordem Pública – SEOP – e uma Central de Tele Aten-dimento na Prefeitura – Tel. 1746 e um site www.1746.rio.gov.br .

Cabe à sociedade lutar por seus di-reitos. O direito de um termina quan-do começa o do outro.

Por isso, venho lutando junto aos órgãos competentes pelo direito de dormir em paz, o que não consigo há muito tempo, por causa do barulho e da desordem urbana, motivo de mi-nha queixa.

Sou uma das muitas vítimas desse desrespeito ao direito do outro.

Moro próximo a um Bar ..., na Ti-juca, e não tenho nada contra os bares

e suas clientelas, mas existe um grupo que, diariamente, só começa a chegar entre 23 ou 24 h e aí começa a bader-na ou desordem urbana: conversas aos gritos, discussões aos berros, be-bedeiras, às vezes palavrões, brigas, o que não nos deixa conciliar o sono, até alta madrugada. Em dias de jogos vira um Maracanãzinho, pois como tem TV Pay-Per-View, atrai muitos interessa-dos nos jogos que não passam na TV comum. Eles tomaram conta das cal-çadas e, às vezes, até das ruas. Parece uma praga espalhada por toda a cida-de. Sei que muita gente se identifica com esse problema.

Nesse local residem muitos idosos, muitos até doentes, que se sentem des-respeitados diante desse antigo pro-blema. Nós nos sentimos impotentes, porque até quando a polícia é chamada, quando há problemas maiores, como brigas, demora tanto a chegar, que, quando chega, todos já foram embora e não há mais nada a ser feito.

Deveria haver uma multa bem alta para isso ou então proibições para funcionarem após 24 horas, pelo me-nos, nesses casos.

Se todos os prejudicados reclama-rem, poderá haver uma solução boa para todos. Afinal, a democracia e o respeito às leis é direito e dever de todos. Ou nesse país vale tudo, doa a quem doer?

Usemos de nossos direitos com co-ragem. Conto com vocês.

Valéria AndradeTIJUCA

Venho lutando junto aos órgãos competentes pelo direito de dormir em paz, o que não consigo há muito tempo, por causa do barulho e da desordem urbana, motivo de minha queixa.

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www.momentoscomcristo.org.br

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16 C U LT U R A

De um lado, cerca de 20 índios, representantes de 12 etnias, incluindo tribos como Pataxó, Guarani, Guajajara, Tukano,

Apurinã e Puri querem preservar a cul-tura indígena, no imóvel centenário que é o Museu do Índio, ali forjada entre os anos 1953 e 1977. De outro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que vê no espa-ço de 7.420m2 uma forma de investir em um estacionamento, uma vez que o mes-mo é localizado na Avenida Radial Oeste, próximo ao Maracanã, e, por isso, útil, sobretudo com as proximidades da Copa do Mundo 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. A proposta, segundo matéria do O Globo Online, foi feita à Companhia Nacional de Abasteci-mento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, que é dona do imóvel, após a União ceder o espaço, em 1984. Os índios, que ocupam o lugar des-de 2006, temem ser despejados, e a cul-tura indígena, sempre presente na Tijuca, ser dispersa e, por fim, esquecida.

É o que conta Carlos Tukano, 52 anos: “Essa ação vai contra o interesse dos po-vos indígenas. A história começou aqui, com o museu do índio. Aqui está a memó-ria do povo e a relação com o bairro. Este local tem sido uma referência para outros índios que, ao chegarem ao Rio, não vão para favelas e são acolhidos por nós.”

Dauá Puri, 59, contador de história, faz coro com Tukano. “É um desperdício acabar com um patrimônio da humanida-de, no qual a cultura sempre esteve pre-sente, durante mais de um século, para favorecer a uma Copa ou Jogos de apenas algumas semanas. Somos quase 900 mil

Espaço dedicado à cultura indígena deve dar lugar a estacionamento no Maracanã

BRUNO ENTRINGER

índios, em 305 etnias indígenas no Bra-sil, segundo informação recém-divulgada pelo IBGE. Merecemos respeito.” Puri conta que o interesse da comunidade é fazer do espaço o que para ele original-mente foi proposto, quando cedido por Duque de Saxe, em 1865: um centro de pesquisa da cultura indígena.

Os índios, no entanto, não estão so-zinhos. Eles recebem apoio de universi-dades, escolas técnicas e da Defensoria Pública da União do Rio. Recentemente, integrantes da DPU foram ao local com profissionais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio para vistoriar o prédio e constataram que o imóvel pode ser restaurado. Além disso, há uma tentativa junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(Iphan) para que o local seja tombado, o que impediria a demolição do prédio.

Urutau Guajajara é favorável ao apoio, mas adverte: “Caso o Iphan tombe o prédio, é fundamental que ainda per-maneçamos aqui. Não é apenas tombar para não demolir, mas preservar a me-mória indígena. A administração tem que ser indígena”, completa.

A manutenção do edifício é importan-te para eles pela relação histórica com os índios e porque o lugar onde o prédio foi construído era habitado pela tribo Mara-canã, que dá nome ao rio e ao estádio. Os índios sobrevivem com exposições que fa-zem naquele local, todo segundo sábado do mês, com venda de artesanatos, pintu-ras, culinária, além de apresentações dos hábitos e costumes e o trabalho realizado

nas escolas da cidade, através da lei fede-ral 11645 de 2008, que torna obrigatório, nas escolas públicas e privadas, no ensino fundamental e médio, o ensino da histó-ria e cultura afro-brasileira e indígena.

A Fundação Nacional do Índio, se-gundo os índios, “se isenta deste embate político e cultural” e afirmou, em nota, que “O edifício não é de propriedade da FUNAI e não há como opinar com relação ao encaminhamento que será dado a ele”. Sobre os índios que lá se encontram, a FUNAI esclarece que “é função da FUNAI atuar na garantia dos direitos indígenas e que, desde a Constituição de 1988, a FU-NAI não exerce mais poder de tutela so-bre os indígenas. Nesse sentido, a FUNAI realiza ações de proteção e promoção dos direitos indígenas, e é nessa direção - em concordância com as políticas e progra-mas do órgão - que deve agir, com relação às famílias que hoje habitam o prédio da Conab. Porém, até o momento, a FUNAI não foi procurada e não tem contato com os indígenas que lá habitam”.

Até o encerramento da edição, a Se-cretaria Estadual de Cultura não comen-tou sobre a proposta ou o plano do que fazer com o terreno.