tcc -cyberbullying um problema nas redes sociais

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA SÃO BERNARDO LUIZ HENRIQUE TEIXEIRA DE ANDRADE BURIN CYBERBULLYING Um problema nas redes sociais. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2010

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Este trabalho teve como proposta apresentar os conceitos e características de umfenômeno conhecido como cyberbullying ou bullying digital, a partir da evolução dealgumas das principais tecnologias que possibilitam sua prática. A internet comomeio de integração das sociedades, utilizando-se das redes sociais virtuais,potencializa um método frequente de violência contra a honra e dignidade das suasvítimas. O cyberbullying é conhecido como crime virtual, e suas singularidades, emcomparação ao bullying convencional, o tornam um fator de risco que deve serprevenido e combatido de forma eficaz. Com base em uma extensa bibliografiapretendeu-se expor a evolução do bullying para o cyberbullying descrevendo suasformas de ataque, seus “remédios jurídicos”, a necessidade de uma mobilizaçãogeral, bem como a adoção de algumas das soluções disponíveis e uma revisão daspolíticas e práticas do uso das tecnologias. Portanto, o trabalho buscou através doconfronto entre casos de cyberbullying e uma visão simplificada do cenário atual,uma perspectiva de reflexão acerca deste fenômeno, despertando uma maioratenção, compreensão e sensibilidade para com o tema.Autor em : http://facaalgumacoisagora.blogspot.com/CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZAFACULDADE DE TECNOLOGIA SÃO BERNARDOCYBERBULLYING Um problema nas redes sociais.SÃO BERNARDO DO CAMPO 2010http://facaalgumacoisagora.blogspot.com/

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Page 1: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA SÃO BERNARDO

LUIZ HENRIQUE TEIXEIRA DE ANDRADE BURIN

CYBERBULLYING

Um problema nas redes sociais.

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2010

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA SÃO BERNARDO

LUIZ HENRIQUE TEIXEIRA DE ANDRADE BURIN

CYBERBULLYING

Um problema nas redes sociais.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade de Tecnologia de São Bernardo do Campo para a obtenção do Título de Tecnólogo em Informática para Gestão de Negócios. Orientador :Prof. Edmilson de Souza Carvalho

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2010

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“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”

(Albert Einstein)

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A minha família, que nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo superior, sempre fizeram entender que o futuro, é feito a partir da constante dedicação no presente.

Page 5: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

AGRADECIMENTOS:

Agradeço primeiramente a minha mãe que contribuiu enormemente para minha formação acadêmica e contribuiu diretamente para o sucesso de meus estudos, dando-me a oportunidade de dedicar-me inteiramente a ele. Agradeço a minha irmã Tamiris Cristina que cooperou arduamente na crítica a esta monografia (e a quase tudo), a minha professora Lígia que me aturou durante o curso inteiro e também ao professor Edmilson que com extraordinária competência me ajudou nos momentos difíceis do trabalho.

Page 6: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

RESUMO

Este trabalho teve como proposta apresentar os conceitos e características de um

fenômeno conhecido como cyberbullying ou bullying digital, a partir da evolução de

algumas das principais tecnologias que possibilitam sua prática. A internet como

meio de integração das sociedades, utilizando-se das redes sociais virtuais,

potencializa um método frequente de violência contra a honra e dignidade das suas

vítimas. O cyberbullying é conhecido como crime virtual, e suas singularidades, em

comparação ao bullying convencional, o tornam um fator de risco que deve ser

prevenido e combatido de forma eficaz. Com base em uma extensa bibliografia

pretendeu-se expor a evolução do bullying para o cyberbullying descrevendo suas

formas de ataque, seus “remédios jurídicos”, a necessidade de uma mobilização

geral, bem como a adoção de algumas das soluções disponíveis e uma revisão das

políticas e práticas do uso das tecnologias. Portanto, o trabalho buscou através do

confronto entre casos de cyberbullying e uma visão simplificada do cenário atual,

uma perspectiva de reflexão acerca deste fenômeno, despertando uma maior

atenção, compreensão e sensibilidade para com o tema.

PALAVRAS-CHAVE: Internet. Redes Sociais. Tecnologia. Traumas. Ambiente

Virtual.

Page 7: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

ABSTRACT

This work aimed to present the concepts and features of a phenomenon known as

digital bullying or cyberbullying, from the evolution of some key technologies that

support this practice. The Internet as a means of human integration through virtual

social networks, enhances an occurrence method of violence against honor and

dignity of its victims. Cyberbullying is also known as cybercrime, and its exclusivity in

contrast to conventional bullying makes it a threat issue that must be prevented and

attempted effectively. Based on an extensive bibliography it was intended to expose

the evolution from bullying to cyberbullying describing different forms of attack, his

“jurisprudences medicines” , the requirement to a general mobilization, adopting

some of the solutions available as well as some review of policies use practices and

technologies. Therefore, this work by comparing cases of cyberbullying and a

simplified view of the current scenario, tends to create a perspective for reflection on

this phenomenon, attracting more attention, understanding and sensitivity to the

issue.

KEYWORDS: Internet. Social Networks. Technology. Trauma. Virtual Environment..

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Popularização das tecnologias ....................................................... 19 Figura 1.2 – Senso da web 2.0 ........................................................................... 21 Figura 1.3 – A Web como plataforma ................................................................. 22 Figura 1.4 – Tempo médio de navegação por internauta. .................................. 27 Figura 2.1 – Diferença entre boca-a-boca e o boca a mundo............................32 Figura 2.2 – Preferências de sites de relacionamento no mundo ....................... 33 Figura 3.1 – Experimento do João-bobo de Bandura.........................................38 Figura 3.2.1 – Participantes de Bullying ................................................................ 41 Figura 3.2.2 – Reações dos alunos alvos de bullying. .......................................... 42 Figura 3.2.3 – Tipos de bullying identificados........................................................43

Figura 3.2.4 – Sentimentos admitidos pelos alunos testemunhas diante de . situações de bullying na sua escola ............................................... 43 Figura 3.2.5 – Sentimentos admitidos pelos alunos autores de bullying. .............. 44

Page 9: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Utilização típica da Web 0.0........................................................17 Tabela 1.2 – Número de internautas registrados no Brasil...............................23 Tabela 4.5.1 – Uma fotografia transnacional do uso da tecnologia relatando . cyberbullying.................................................................................59 Tabela 4.6.1 – Cenário Global de combate...........................................................61

Page 10: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRAPIA Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à infância e

Adolescência.

ARPA Agência de Pesquisas e Projetos Avançados.

ASP Active Server Pages.

CC Código Civil.

CF Constituição Federal.

CP Código Penal.

CMC Comunicação Mediada Por Computadores.

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente.

IDEC Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

IP Protocolo de Interconexão.

PHP Hypertext Preprocessor.

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação.

TCP Protocolo de Controle de Transmissão.

W3C Consórcio World Wide Web.

WEB World Wide Web.

Page 11: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................ 12

1. CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................ 14

1.1. A ORIGEM DA INTERNET .............................................................................. 14

1.2. A WEB 2.0 ....................................................................................................... 20

1.3. A INTERNET E SUA IMPORTÂNCIA.............................................................. 23

1.4. DIVISÃO DIGITAL OU EXCLUSÃO SOCIAL .................................................. 25

1.5. INTERNET VERSUS DEMOCRATIZAÇÃO: ................................................... 28

2. AS REDES SOCIAIS E O CAPITAL SOCIAL .............................. 30

2.1. NÚMERO DE DUNBAR .................................................................................. 34

3. BULLYING .................................................................................. 36

3.1. CONCEITO E CAUSA ..................................................................................... 36

3.2. BULLYING, CONSEQUÊNCIAS E CONTRAMEDIDAS. ................................. 40

3.3. HISTÓRICO DE CASOS DE BULLYING ........................................................ 48

4. CYBERBULLYING ....................................................................... 51

4.1. CONCEITO DE CYBERBULLYING, (UMA EVOLUÇÃO DO BULLYING). ..... 51

4.2. CARACTERÍSTICAS DO CYBERBULLYING. ................................................ 52

4.3. FORMAS DE ATAQUE COMUNS: ................................................................. 54

4.3.1. Ataques Diretos: ..................................................................................................................... 54

4.3.2. Ataques Indiretos: .................................................................................................................. 56

4.4. CYBERBULLYING – ASSÉDIO E DANO MORAL. ......................................... 57

4.5. CENÁRIO DO CYBERBULLYING NO MUNDO .............................................. 58

4.6. UMA SOLUÇÃO AO CYBERBULLYING ......................................................... 60

4.7. CASOS DE CYBERBULLYING ....................................................................... 63

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................63

REFERÊNCIAS ........................................................................... 66

Page 12: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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INTRODUÇÃO

Devido à evolução dos meios de comunicação e os novos rumos do

gerenciamento da informação, novas soluções acompanhadas de novos problemas

são desencadeados. A facilidade aos meios de comunicação, a velocidade com que

as informações ganham espaço na web 2.0, a popularização da internet como

campo sem fronteiras cada vez mais popular e, portanto, mais difuso; contribuem

fortemente para uma expansão no uso e consequentemente na relevância da rede

mundial de computadores conhecida como “internet”.

A internet tem um papel amplo com sua estrutura na disseminação de

informações e consequente formação de opiniões e de indivíduos. A expansão da

utilização desta tecnologia se concretizou a partir de uma nova forma de interação

entre as páginas (informações) e seus usuários com os navegadores, serviços

on-line , portais, chegando a um patamar social com as chamadas redes sociais.

Talvez uma das ferramentas mais imponentes tecnologicamente no mundo, “a

Internet proporciona uma revolução na história da humanidade comparável à

Revolução Industrial” (ERCILIA E GRAEFF, 2008, p.16).

No entanto esta onda de disseminação de informações cada vez mais rápida

e eficaz tem um efeito oculto. Apesar do uso da tecnologia da informação

proporcionar indiretamente o desenvolvimento social e cultural, paralelamente a este

avanço, vê-se surgir pessoas que têm usado esse avanço para a prática de atos

danosos.

A utilização de qualquer aplicação tecnológica da informação como as redes

sociais, os e-mails, entre outros, podem ser direcionados para um (já considerado)

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crime virtual que vem crescendo e ganhando espaço, principalmente no ambiente

escolar: O Cyberbullying1.

O fenômeno Bullying2 já é conhecido e tem sido fonte de preocupações para

educadores do ambiente escolar que buscam combatê-lo de diversas formas.

Porém, a era digital trouxe um ‘upgrade’ ao bullying resguardando o agressor no

falso anonimato trazendo consequências ao agredido muitas vezes maiores que o

bullying convencional.

Um grande número de adolescentes tem tido contato com novas tecnologias

bem como com o fenômeno do cyberbullying. As vítimas deste novo tipo de

agressão podem sofrer distúrbios emocionais, doenças e transtornos muitas vezes

irreparáveis que prejudicam a sociedade como um todo.

Por ser a internet um meio amplamente aberto, a impressão de total

liberdade gera segurança aos agressores responsáveis pela prática do cyberbullying

que não temem qualquer tipo de consequência pelos atos praticados e sentem-se

indiferentes a estas consequências aplicando diversas formas de ataque.

Esta monografia pretende discutir de forma genérica os aspectos que

envolvem a prática do cyberbullying do ponto de vista social, analisando sua

evolução em paralelo a evolução de algumas das tecnologias empregadas na

prática deste crime virtual, suas causas, impactos, o combate e as consequências

de quem é agredido ou de quem agride. Pretende-se por meio de estudos

bibliográficos chegar a uma perspectiva de combate ao cyberbullying com o apoio da

sociedade, demonstrando que a preocupação e o combate a estes atos deve ser

maior, já que as consequências são dificilmente aliviadas mais tarde.

Pretende-se ainda apresentar o cenário deste fenômeno em outros países de

forma a provocar uma maior reflexão acerca das soluções existentes e demonstrar

algumas das medidas adotadas na prevenção e combate deste fenômeno.

1 Cyberbullying é a prática que envolve o uso de tecnologias da informação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados, repetidos e hostis praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar outrem.

2 O termo Bullying é utilizado para descrever os atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetitivos praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.

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1. CONTEXTO HISTÓRICO

1.1. A ORIGEM DA INTERNET

A internet, (internetwork) ou mesmo rede global de computadores nasceu

do medo norte-americano de um ataque nuclear soviético na corrida armamentista

entre os Estados Unidos e a União Soviética em 1969 (BARBOSA, 2005).

Naquela época foi gerado um experimento (que mais tarde seria uma rede de

computadores) financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e

executado pela conhecida ARPA (Agência de Pesquisas e Projetos Avançados) que

conectou computadores distantes através de linhas telefônicas com o objetivo de

criar uma malha de comunicação eletrônica entre os diversos centros de

conhecimento dos Estados Unidos de modo que pudessem trocar informações caso

uma das cidades fosse varrida do mapa por um possível ataque nuclear (BARBOSA,

2005).

A integração das universidades foi consagrada mais tarde com o ingresso de

duas outras universidades formando a ARPANET, rede que daria origem mais tarde

a internet.

No ano de 1972 foram criados os protocolos de comunicação que

estabeleceriam como os dados trafegariam entre os computadores.

O protocolo TCP/IP3 que é utilizado até hoje passou a ser amplamente

utilizado na década de 80 do século passado.

Em 1988 o Brasil integrou-se à rede conjunta de universidades que somavam

100.000 endereços e que servia como meios de troca de textos e mensagens.

3 O protocolo TCP (Transmission Control Protocol - Protocolo de Controle de Transmissão) \ IP (Internet Protocol - Protocolo de Interconexão) é um conjunto de protocolos orientados à conexão em uma rede.

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Após a ‘guerra fria’4, o investimento ao projeto da ARPANET que era

financiado pela esfera militar cessou, direcionando as grandes empresas e os

centros de pesquisa para outras áreas de desenvolvimento (BARBOSA, 2005).

Em 1991, o físico e cientista de computação Tim Berners-Lee desenvolveu o

Hypertext Markup Language ou HTML (linguagem que representa o conteúdo

informacional em termos de páginas da web possibilitando o desenvolvimento do

primeiro website. Tim Berners-Lee desenvolveu o conceito da World Wide Web

como “um sistema para criar, organizar e ligar documentos [...]” (FRIEDMAN, 2006,

p.76).

A rede que fora desenvolvida para cientistas trocarem dados entre si,

facilitando as pesquisas, foi popularizada e hoje trata-se de uma web mais plural que

traz consigo a proposta de permitir que pessoas trabalhem em conjunto,

combinando conhecimentos numa rede de documentos. Para atingir esta proposta a

rede continua como fora idealizada: Aberta, sem dono exclusivo e gratuita

(Friedman, 2006).

Tim Berners-Lee (2004, p.1) atual diretor do W3C (World Wide Web

Consortium) define a Internetwork como:

[...] rede de computadores dispersos por todo o planeta que trocam dados e mensagens utilizando um protocolo comum, unindo usuários particulares, entidades de pesquisa, órgãos culturais, institutos militares, bibliotecas e empresas de toda envergadura.

A genialidade de Tim Berners-Lee possibilitou a fusão dos três requisitos

técnicos básicos responsáveis pela popularização da navegação web como é vista

hoje:

1) Localizador ou Identificador Uniforme de Recursos (URL ou URI)

para identificar os recursos (por exemplo, documentos ou dados) na web, e saber

onde encontrá-los.

4 Designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética compreendido entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991).

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2) Hypertext Markup Language (HTML) linguagem que representa o conteúdo

informacional em termos de páginas da web ou “língua Internacional da Web”

(Friedman, 2006, p.78).

3) Hypertext Transfer Protocol (HTTP) protocolo necessário a movimentação de

dados da web em toda a Internet.

Apesar de ter sido criada embrionariamente frágil, a internet não pode ser

simplesmente desligada5. A ‘super-rodovia’ da informação possui uma estrutura

complexa e por isso não existe forma simples de desabilitá-la.

A internet é atualmente regulada pela ICANN (Corporação para Atribuição de

Nomes e Números na Internet) que é responsável pela coordenação global do

sistema de identificadores exclusivos da rede mundial de computadores.

A ICANN é formada por governos e organizações internacionais criadas por

tratados e parcerias com empresas, organizações e indivíduos capacitados que se

dedicam a construir e manter a Internet global.

Esta corporação teve grande importância e coordenou operações e

informações necessárias ao funcionamento da rede, principalmente durante a

década de 1990, quando os navegadores davam mais vida a internet, estimou-se

um crescimento a mais de 100% ao ano, algo que não podia ser negligenciado

(CAIRNCROSS, 2000).

A preocupação da corporação na época era com a nomeação dos novos

domínios na rede que crescia impulsionada pela demanda espontânea dos usuário e

não pelo departamento de marketing de empresas (CAIRNCROSS, 2000).

Com a evolução da rede, Sampaio (2007) destaca treze eventos principais

que dividem a antiga da nova web:

1. Início de 1993: Marc Andreessen e Eric Bina, ambos do national Center for

Supercomputing Aplications(NCSA), criaram o navegador gráfico Mosaic.

5 Como bem observado na Declaração de Independência do Ciberespaço criada em 1996 por John Perry Barlow referindo-se aos governos que tutelavam a internet “Não pensem que vocês podem construí-lo, como se fosse um projeto de construção pública. Vocês não podem. Isso é um ato da natureza e cresce por si próprio por meio de nossas ações coletivas”.

Page 17: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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2. Junho de 1993: Thomas R. Bruce criou o primeiro browser para Windows: o

Cello.

3. Abril de 1994: A Empresa Mosaic Communications Corporation fundada por

Andreessen e Jim Clark, muda seu nome para netscape Communications.

4. Abril de 1994: O website de jerry Yang e David Filo muda de nome para Yahoo.

5. Setembro de 1994: O Consórcio W3C é fundado.

6. Maio de 1995: A linguagem Java é disponibilizada para o mercado pela Sun.

7. Julho de 1995: A Amazon.com entra em funcionamento.

8. Agosto de 1995: A Microsoft lança o navegador MS Internet Explorer, dentro do

pacote PLUS para Windows.

9. Setembro de 1995: Gustavo Viberti e Fábio Oliveira Fundam o primeiro site de

buscas brasileiro: o ‘Cadê’.

10. Dezembro de 1995: A Versão 2.0B3 do navegador Netscape traz a linguagem

interpretada Javascript.

11. Final de 1995: Jack London cria a livraria virtual Booknet no Brasil.

12. 1996: Nascem os primeiros jornais online; JB Online; Globo Online.

13. Agosto de 1996: A Microsoft lança a versão 3 do Internet Explorer com suporte à

tecnologia Activex.

Nesta época, a maioria das páginas em HTML eram estáticas,e a navegação

era da elite entusiasmada que pagava o preço do pioneirismo. A tabela 1.1 ilustra

como a internet era típicamente utilizada pelos internautas segundo Sampaio:

Tabela 1.1 Utilização típica da Web 0.0

Paginas Pessoais Buscas Notícias

Chat Softwares Novidades

(Fonte: Adaptado de SAMPAIO (2007), p.5).

A maior parte da navegação se relacionava com a criação de páginas

pessoais, buscas e notícias. Chats eram bastante frequentados e o

compartilhamento de software nascia juntamente com as entusiasmadas buscas por

novidades na web.

Page 18: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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“Entre 1996 e 1998, os bancos e as grandes cadeias de comércio

‘descobriram’ o mercado potencial da internet, impulsionado pelo surgimento de um

grande número de provedores de acesso. A web profissional criava corpo e as

empresas estratégias [...]” (SAMPAIO, 2007, p. 6). Desta forma, era inevitável sua

crescente popularização.

A primeira versão do PHP é liberada em 1995, e no mesmo ano a Microsoft

lança a tecnologia Active Server Pages (ASP). Em 1996 a Sun lança Java Servlet

API e no mesmo ano surge o Flash 1.0.Em 1998 o Google é lançado, e de 1998 a

1999 entram no ar Americanas.com e o Submarino.com e em janeiro de 2000 a

América On Line compra a Time Warner.

Foi este, o período denominado de ‘nova economia’ ,em que empresas eram

criadas do dia para a noite “baseada em uma abundante oferta de capital de risco

com baixas taxas de juros” (SAMPAIO, 2007, p.10).

Todos os eventos citados atraíram direta ou indiretamente diversas pessoas

para a web. O nível de qualidade das páginas e o surgimento de tecnologias

servidoras como JSP, PHP e ASP facilitou a criação de sites mais dinâmicos e que

alinhavam-se com o público alvo de suas informações e serviços. A tendência foi

clara e a disseminação da rede teve o mais alto índice de disseminação de

tecnologia já vista antes.

A figura 1.1 ilustra a velocidade de disseminação da internet comparando-a

com as outras tecnologias:

Page 19: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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Figura 1.1 – Popularização das Tecnologias (Fonte: Blummenschein e Freitas, (2000))

Em interpretação à figura 1.1, enquanto o rádio chegou a demorar trinta e oito

anos para alcançar cinquenta milhões de usuários, a internet, alcançou este mesmo

número de usuários em quatro anos.

A popularização da internet na ‘nova economia’ desenvolveu grande furor

entre investidores, entretanto, as ações na bolsa de valores não conseguiram

manterem-se em alta. ‘Empresas.com’ não conseguiam se estabilizar na ‘nova

economia’. As ações do mercado do índice da bolsa eletrônica de Nova York, a

Nasdaq (National Association of Securities Dealers), chegaram a alcançar em seu

auge 5.132,50 pontos, pois era influenciada pela velocidade com que novos

negócios eram criados. Três dias depois do auge, uma imensa quantidade de

pedidos de venda das mesmas ações caracterizou o “estouro da bolha da nova

economia” (BARBOSA, 2005, p. 17).

Contudo, houve grande contribuição para a evolução da web e para a forma

como as pessoas a utilizavam pois “apesar da perda de confiança no modelo de

negócios da ‘nova economia’ este acontecimento tornou possível às empresas

tradicionais ingressarem no mercado web com toda a sua experiência e

lucratividade” (SAMPAIO, 2007, p.8).

Page 20: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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1.2. A WEB 2.0

A definição da WEB 2.0 pode ser extraído do artigo ‘What Is Web 2.0’ que segundo Tim O’Reilly (2005, p.2) caracteriza-se como:

A mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva.

A web 2.0 é um termo fruto de uma conferência de brainstorming entre

O’Reilly e a empresa MediaLive International em 2004 para designar uma segunda

geração de comunidades e serviços na internet, tendo como conceito a ‘Web como

plataforma’, envolvendo wikis (base de conhecimento gerado rapidamente pelos

próprios usuários), redes sociais e toda tecnologia da informação baseada na

gratuidade, contribuição e inteligência coletiva.

O marketing e a publicidade online mudaram com a web 2.0. As empresas

não se limitam mais a simplesmente comunicar a existência de determinado produto,

controlando informações a cerca deste, criando um muro e tentando manter

consumidores do lado de dentro. O marketing antigo deu lugar ao marketing direto,

onde o consumidor adquire o produto pelas informações que outros usuários dão à

respeito de determinado produto sem se dirigir ao ponto de venda que cada vez

mais torna-se cara (PINHO, 2000). Havia necessidade de utilizar a contribuição de

críticas do consumidor que interagisse com o produto. A publicidade deixou de ser

uma via de mão única onde a empresa emite uma mensagem e o consumidor tem o

papel de recebê-la, ao contrário, o consumidor reage e contribui para a construção

do produto de forma colaborativa e participativa (JOHNSON T. , 2010).

As páginas antigas que eram repletas de textos mortos de apenas uma via

foram substituídas pela multimídia, pelo ‘movimento de mão dupla’6, surgiram novos

browsers gráficos e a uma nova maneira de navegar e de se criar a web.

6 Movimento de mão dupla é um conceito criado por Tim Berners Lee para caracterizar um espaço onde as pessoas podem contribuir com o conteúdo livremente, onde a contribuição do coletivo gera o conteúdo da página, e não apenas quem a publicou.

Page 21: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

21

Investimentos em novas aplicações foram necessárias para criar uma web cada vez

mais dinâmica e mais utilizada pela população (PINHO, 2000).

Apesar da crítica ao termo ‘web 2.0’ vista por especialistas por ‘carecer de

sentido’ (LANINGHAM, 2005) ou mesmo a visão de certos especialistas como termo

advinda de “uma jogada de marketing” (BRODKIN, 2007, p.4) a referência a web 2.0

ainda hoje é bastante difundida, e com um ano e meio da data de sua divulgação, o

site de buscas Google já registrava 9,5 milhões de citações (O'REILLY, 2005).

Segundo O’Reilly (2005), a web 2.0 é marcada pela transição dos diversos

serviços de uma época menos participativa dos usuários da rede, para uma versão

mais participativa, e portanto, mais simples e rápida. Tim O’Reilly construiu em seu

artigo um conjunto de princípios e práticas na web 2.0 que tornam um sistema de

websites competitivos na era atual. A figura 1.2 ilustra um exemplo do que seria a

web 2.0:

Figura 1.2 – Senso da web 2.0

(Fonte: O’REILLY,2005,p.1(tradução nossa))

Brandizzi (2007, p.6) descreve o panorama da web 2.0 onde: “Graças a

internet está se portando como uma intercessora entre as construções de

conhecimento e as relações sociais”.

James Surowiecki (2004, p.22) definiu esta característica como a “Sabedoria

das Multidões” que na construção de O’Reilly segue um núcleo e tem determinados

sites ou serviços mais ou menos próximos do idealizado conforme a figura 1.3:

Page 22: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

22

Figura 1.3 – A Web como plataforma.

(Fonte: Adaptado de O’REILLY,2005,p.1(tradução nossa))

A figura 1.3 ilustra que os serviços, a arquitetura participativa, a capacidade

de alterar a escala de uma aplicação de acordo com seu custo-benefício, a

alternância entre fontes de informações junto das transformações dos dados, e o

aproveitamento da inteligência coletiva formam o núcleo da Web 2.0.

A ‘super-rodovia’ da informação sofre grandes inovações diariamente e no

mundo atual ganha seu espaço ultrapassando as mídias convencionais como bem

descreve Recuero, (2002, p.21):

[...] Além disso, a Internet apresenta uma convergência de mídias. No computador já é possível assistir televisão, ouvir rádio ou ler jornal [...] Enfim, todas as mídias tradicionais com o plus da interatividade. Logo, enquanto usuários da Rede, cada indivíduo é um emissor massivo em potencial. Pode difundir mensagens e idéias através de e-mail, chats ou mesmo em listas de discussão e websites. Pode difundir sua música através da gravação da mesma em um formato que seja manipulável através da Internet. Pode gravar um vídeo em uma câmera digital e divulgá-lo. Enfim, as possibilidades são inúmeras. Cada indivíduo é um emissor e um receptor simultaneamente na Rede.

Page 23: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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A rede adquiriu por essa forma de interação milhões de novos usuários

brasileiros de acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope Nielsen Online (2009).

Tabela 1.2 – Tabela 2x5, Número de Internautas registrados no Brasil Adaptado.�.

Milhões 2006 2007 2008 2009

Usuários da Internet em

Milhões (Fonte Ibope

2009)*

32,5 39 62,3 66,3

* total de pessoas maiores de 16 anos com acesso à internet em qualquer

ambiente (casa, trabalho, escolas, universidades e outros locais)

(Fonte: Ibope Nielsen Online, (2009))

Os meios de acesso a essa tecnologia como conexão dial-up, banda larga

(em cabos coaxiais, fibras ópticas ou cabos metálicos), pontos Wi-Fi, satélites e

telefones celulares com tecnologia 3G7 estão por toda a parte e a larga escala de

demanda a certos produtos bem como a evolução das telecomunicações vem

barateando o meio de se acessar a internet (MONTEIRO, 2008).

Com a rápida expansão da tecnologia, a internet desencadeou ainda

discussões a respeito de um possível colapso já que com uma análise no fluxo de

informações que trafegam pela internet, a empresa Nemertes Research Group

concluía que a rede mundial poderia sofrer um colapso até 2010 devido à escala de

dados trafegados na atual estrutura (THOMSON, 2007). No entanto, o que se nota

ainda é um grande crescimento do número de usuários indiferente à pesquisa

realizada pela Nemerter Research Group no mundo8.

1.3. A INTERNET E SUA IMPORTÂNCIA.

Na presente sociedade do conhecimento, uma nova estrutura econômico

social, profundamente ligada à tecnologia surge (SORJ, 2003, p.30).

7 Tecnologia 3G é a terceira geração de padrões e tecnologias de telefonia móvel.

8 De acordo com a Agência das Nações Unidas (2010) o número de usuários da internet ultrapassará 2 bilhões até o fim deste ano.

Page 24: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

24

No presente período de desenvolvimento da sociedade, a internet mostra-se

como um dos principais artefatos tecnológicos que incorporam o conhecimento

científico e auxiliam a comunicação, qualidade de vida e as relações econômicas e

sociais através da propagação do conhecimento.

A Internet tem revolucionado o mundo dos computadores e das

comunicações como nenhuma invenção foi capaz de fazer antes. Do telégrafo ao

telefone, e depois ao rádio e a televisão, a Internet resume-se a uma “integração de

capacidades” (LEINER et al, 1997, p.2).

Mais que simples acesso a informação, conhecimento e a comunicação,

Magalhães (2010, p.1) vai além: “[...] Internet provoca mudanças tanto na sociedade

quanto no indivíduo que a utiliza e estas mudanças refletem em suas atitudes,

pensamentos ou mesmo em suas formas de agir [...]”.

A rede global fruto de uma revolução tecnológica da informação, consolida-se

com seu amplo rol de serviços e atividades que são executadas através dela, parece

cunhar a uma “aldeia global” 9 ( MCLUHAN, 2005, p.112).

Serviços comunicacionais como a própria WWW (Word Wide Web ou rede de

alcance mundial, e-mail (serviço de correio eletrônico), CHAT( em português serviço

de bate-papo em tempo real), conferências, rádio e tv on-line, serviços de tradução

on-line, passando pelo ramo do entretenimento com jogos on-line, redes de

interação social virtual, vídeocasts (informativos em vídeo), são exemplos de

atividades ou serviços que direta ou indiretamente ajudam a enriquecer e valorizar

determinada cultura no mosaico cultural (MORAIS, 2003).

A internet tratada como fonte de revolução da informação (MCLUHAN, 2010),

consiste em um sistema aberto que está em constante desenvolvimento e, portanto

consagra-se como Leiner (et al, 1997, p.4) sustenta “[...] um dos mais bem

sucedidos exemplos dos benefícios da manutenção do investimento e do

compromisso com a pesquisa e com o desenvolvimento de uma infra-estrutura para

a informação”.

9 Mcluhan sociólogo canadense propôs este conceito em seu livro a aldeia global como fruto do progresso tecnológico que reduzia todo o planeta à uma mesma situação como em uma grande aldeia.

Page 25: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

25

A partir das primeiras pesquisas com trocas de bytes de informação, o

governo, a indústria e o meio acadêmico têm sido parceiros na evolução e uso desta

nova tecnologia possibilitando a internet ganhar cada vez mais espaço no cotidiano

de milhões de pessoas e sua expansão em conjunto da valorização da informação

criam uma nova exigência social: o domínio da tecnologia (NAUGHTON, 2005).

A internet que hoje consagra-se como uma entidade pública, cooperativa e

autossustentável (TURBAN, MCLEAN, WETHERBE, 2004) por trazer uma série de

benefícios deve ser alcançada por todos os povos.

1.4. DIVISÃO DIGITAL OU EXCLUSÃO SOCIAL

São tantos os benefícios que o meio digital traz para a população com

alcance a ela que torna-se cada vez mais essencial sua difusão contributiva e

expansiva dos conhecimentos com a chamada erudição. No entanto a maior parte

da população sente dificuldade em alcançá-la aumentando a desigualdade que deve

ser combatida a todo custo.

O acesso desigual às TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação)

“pode ser verificado em desníveis territoriais, de raça, renda, gênero, e acesso à

educação” (SAVAZONI et al, 2009, p.60). A chamada ‘digital divide’ ou brecha digital

foi fortemente combatida nos EUA com seu ex-presidente Bill Clinton, e seu então

vice-presidente Al Gore.

Com o combate a exclusão digital promovida aos EUA, um evento que não

teria o mesmo efeito se fosse implantado no Brasil foi a campanha presidencial do

presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, que teve na internet a

sua base de apoio (SAVAZONI et al, 2009).

Suas propostas e o contato com a população que podia interagir em tempo

real com o candidato foi propulsora de efeitos considerados positivos para sua

campanha.

As novas formas de interação, novas facilidades que se desencadeiam no

território nacional faz parecer que “quase todos os aspectos das nossas vidas são

Page 26: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

26

guiados por computadores” (SCRIMGER; LASALLE; PARIHAR; 2002, p.3). O

cotidiano das pessoas continua a ser influenciado pelos novos avanços da Internet.

A digitalização de processos, compras on-line, os serviços de e-mails com

possibilidades de envio de anexos e espaços de armazenamento cada vez maiores,

sites e programas como orientadores geográficos de posições, caminhos a lojas,

rotas entre cidades, compras e pagamento de contas são apenas alguns exemplos

de serviços virtuais que nos auxiliam diariamente em tarefas próprias do cotidiano

(SCRIMGER; LASALLE; PARIHAR; 2002).

A comunicação interativa social mostra-se cada vez mais presente e com o

crescimento da infraestrutura torna-se natural um significativo aumento no número

de horas em média que os internautas brasileiros têm navegado:

Em pesquisa realizada pelo Ibope Nielsen Online (2009) mostrava que o

Brasil era campeão em termos de tempo gasto na internet no mundo. No mês de

março de 2009, os internautas brasileiros domiciliares passaram, em média, 26

horas e 15 minutos online. Foi o maior índice registrado até então que contou com a

participação de dez países, dentre eles, grandes potências como Estados Unidos e

Reino Unido.

Nova pesquisa também realizada pelo Ibope Nielsen Online mostra mais uma

vez o Brasil vencedor com quarenta e oito horas e vinte e seis minutos em média

como tempo de navegação representado na figura 1.4.

Page 27: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

27

Figura 1.4 - Tempo médio de navegação por internauta. (Fonte: Adaptado de Ibope Nielsen Online, 2009)

O Brasil consagra-se como um país de contingente extremamente adepto e

dependente desta tecnologia.

Não se pode descartar o fato de que a velocidade média de navegação do

Brasil seja muito inferior ao de outros países, o que contribui para um aumento no

tempo médio de navegação.

Uma pesquisa realizada pelo IDEC (2010) (Instituto Brasileiro de Defesa do

Consumidor) veio comprovar que pagamos muito por uma internet ainda muito lenta

já que para ter internet banda larga em casa, o brasileiro paga em média US$ 28 por

mês, valor que chega a 4,58% da renda per capita no país.

Além de pagar caro, a velocidade média de conexão do brasileiro é de pouco

mais de 1 Mbps10, sendo que 20% das conexões têm velocidade inferior a 256 Kbps,

o que passa bem longe da velocidade mínima estabelecida pela União Internacional

de Telecomunicações (UIT), que fica entre 1,5 Mbps e 2 Mbps (Notícias em

Tecnologia e Games, 2010).

10 O megabit por segundo (Mbps or Mbit/s) é uma unidade de transmissão de dados equivalente a 1.000 kilobits por segundo.

Page 28: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

28

Na visão do instituto, a concorrência “quase inexistente” é a principal vilã para

os preços da banda larga no mercado brasileiro algo que deve se desenvolver mais

a frente com novas concorrentes.

Nas palavras de Guerrini, advogada do IDEC, a internet no Brasil é cara, lenta e

restrita (DEREVECK, 2010).

Tendo em vista a posição em que o Brasil ocupa no quesito tempo de

navegação, a dependência da população a esta tecnologia é apoiada pelo IDEC que

considera a banda larga um serviço essencial ao cidadão e luta por sua

universalização (DEREVECK, 2010).

1.5. INTERNET VERSUS DEMOCRATIZAÇÃO:

Presencia-se atualmente no Brasil uma grande discrepância entre a internet

gratuita disponibilizada a todos como fora idealizada pelo seu criador da presente

situação em que se encontra o internauta brasileiro.

Afonso (2000, p.1) critica a democratização da internet no Brasil:

Assim como todos os outros recursos brasileiros, a infraestrutura básica para a disseminação da Internet é restrita aos principais municípios e prioriza as camadas mais abastadas da sociedade, tendo como paradigma de utilização o acesso individual que reproduz nossa política de transportes. Tal como esta é feita para quem tem carro, nossas ‘autopistas da informação’ são feitas para quem tem microcomputador, linha telefônica e dinheiro para pagar o acesso à Internet – ou seja, para os ricos.

Segundo dados recentes da União Internacional de Telecomunicações,

apenas metade das escolas brasileiras tem acesso à internet, a taxa brasileira é

bem inferior à média dos países ricos e ainda às taxas de países como Omã, Chile,

Arábia Saudita, Tunísia e Turquia (CHADE, 2010).

Apesar das medidas governamentais de popularização da rede continuarem

como uma ambição do país em forma de seus representantes como discursou o

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo poderá assumir a tarefa de levar a

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29

internet de alta velocidade para todos os municípios do país: ”A banda larga vai sair”

(informação verbal)11. Assegurando ainda, nesta mesma visita à Curitiba que:

Ou as empresas privadas fazem parceria com o governo e a gente faz o que tem que fazer ou o governo estará preparado para fazer se as empresas não estiverem interessadas em fazer. Vamos levar a banda larga para onde for necessário levar, porque achamos que todo o brasileiro tem que ter igualdade de oportunidade.

As medidas governamentais de implantação da internet em escolas, pontos

de acesso, lan houses, entre outros, provocou certamente uma maior inclusão digital

na população. Em 2007 pela primeira vez na história foram vendidos mais

computadores com 10,7 milhões de vendas, que televisores com cerca de

10,5 milhões (ABREU, 2007).

A revolução na preferência dos consumidores influenciou a queda dos preços

dos microcomputadores, depois nos notebooks e celulares e hoje segue barateando

toda a CMC (comunicação mediada por computadores). Esta revolução é explicada

pelas leis da nova economia formuladas por Kelly (1999), entre elas a Lei da política

inversa dos preços onde paradoxalmente, o melhor produto (que normalmente

deveria ser o mais caro) fica mais barato a cada dia. Os chips de computador são

exemplos da aplicação da política inversa dos preços, pois reduzem-se à metade do

preço e dobram de poder a cada dezoito meses.

Gilder (2000) associa esta lei de preços à banda larga teorizando que nos

próximos vinte e cinco anos a banda larga terá sua capacidade triplicada e atingirá

um custo próximo de zero.

11 SILVA, Luiz Inácio Lula. Discurso palanque em Curitiba-PR em 12 mai 2007.

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30

2. AS REDES SOCIAIS E O CAPITAL SOCIAL

As formas de organização, identidade, interação e mobilização social têm

mudado com o uso das ferramentas de comunicação mediada por computadores.

A noção de rede remete primitivamente à noção de capturar a caça. “Por

transposição, a rede é assim um instrumento de captura de informações”

(FRANCHINELLI, MARCON, MOINET, 2001, p. 1) captura esta que vem de forma

acelerada dada a velocidade com que a informação multiplica-se.

Para Duarte (2008 p. 156), as redes sociais “caracterizam-se como estruturas

sociais compostas por organizações ou pessoas com objetivos, interesses e valores

em comum”. Estas redes têm seu espaço no mundo virtual através dos sites de

relacionamento que vêm crescendo em ritmo acelerado no Brasil e no mundo.

Facebook e Hi5 são os sites de relacionamento social que mais crescem no

mundo, com taxas de crescimento de 153% e 100% em seu número de visitantes

entre 2007-2008. 67% dos adolescentes europeus passam a maior parte do tempo

em que estão on-line em redes de relacionamento social. A popularidade das redes

sociais cresce exponencialmente principalmente entre jovens na web. Estudos

recentes realizados pela empresa Mcafee mostram que a rede social atrai pessoas

pois as permitem que:

• Se comuniquem com amigos e familiares.

• Conheçam pessoas.

• Retomem o contato com antigas amizades.

• Compartilhem mensagens, vídeos e fotos.

• Planejem suas vidas sociais.

• Participem de grupos ou causas de seu interesse.

• Joguem on-line com outros membros.

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31

A compreensão da necessidade de uma nova web (web 2.0) bem como os

avanços tecnológicos e sua facilidade de utilização facilitou o interesse e difusão

dessas redes. A internet que era utilizada apenas por “acadêmicos, nerds,

pesquisadores e cientistas” hoje, é utilizada em grande parte por jovens, adultos e

crianças que estão on-line para se conectar, construir relacionamentos e formar

comunidades (ANDREESSEN, 2008)12. De acordo com o já mencionado, Recuero

(2009, p.12) afirma que “As tecnologias digitais ocupam um papel central nas

profundas mudanças experimentadas em todos os aspectos da vida social”.

Entre os aspectos da vida social afetada pela tecnologia surge um termo

recentemente usado para quantificar a ‘reputação’ das pessoas que fazem parte

deste meio tecnológico, o chamado capital social.

Hanifan ((1916) apud LIMA, POZO, 2009, p. 15) definiu o ‘capital social’ pela

primeira vez em 1916 como: “[...] coisas intangíveis que são importantes para o

cotidiano das pessoas, como por exemplo, boa vontade, amizade, solidariedade e

interação social entre os indivíduos e as famílias que compõem uma unidade social”.

Certamente não imaginava o alcance do capital social no século XXI onde existe ao

menos virtualmente imenso número de interações e grande apego a este capital.

Hoje a interação representa grande importância no cenário virtual social

fazendo ressurgir temas além do capital social como por exemplo a "inteligência

emergente" (JOHNSON, 2001, p.46), os "coletivos inteligentes" (RHEINGOLD, 2002,

p. 47), ou mesmo "cérebro global" (RUSSELL, 1983, p.111 (tradução nossa)).

Se a integração e a evolução do ser humano, como explorado por Russel

(1983) ocorre através da união de bilhões de células (pessoas) com diversos papéis

(ações) é certo que atualmente, o ‘capital social’ gera a individualidade no meio

virtual em ampla ascensão.

As redes sociais operam em diferentes níveis como as redes de

relacionamento, redes profissionais, redes comunitárias, políticas e entre outras, que

possibilitam atividades conjuntas com a movimentação de ideias aglomeradas para

um determinado fim. Este determinado fim um tanto abstrato tem sido aproveitado 12 Marc Andreessen foi o criador do Mosaic, o primeiro navegador gráfico no mundo.

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32

por pequenas e grandes corporações através do chamado marketing ‘boca-a-boca’

que evoluiu para o ‘boca-a-mundo’ retratado na figura 2.1.

Figura 2.1 - Diferença entre o boca-a-boca e o boca-a-mundo (Fonte: QUALMAN (2010, p. 2))

A divulgação dos pontos positivos de produtos têm se disseminado pelas

redes sociais em escalas monstruosas sem custos diretos, as redes são capazes de

demonstrar que “as estratégias tradicionais de marketing são obsoletas”

(QUALMAN, 2010, p.3 (tradução nossa)).

Uma integração jamais vista antes só foi possível, a partir do momento em

que o relacionamento social deixou de situar-se espacialmente localizado. O contato

simultâneo de inúmeras pessoas entre si independentes de sua localização no

espaço é possível graças ao relacionamento no ciberespaço, graças as redes de

relacionamento virtual (SORJ, 2003, p.36).

Esta integração é presente tanto em países desenvolvidos quanto em países

emergentes, segundo pesquisa Nielsen Ibope divulgada no jornal O GLOBO (2010).

Os internautas brasileiros são os que mais acessam redes sociais com 86%

de internautas ligados a rede, uma de cada quatro horas de conexão destes

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33

internautas é dedicado às redes sociais o que ressalta a posição do Brasil neste

cenário.

Em fevereiro de 2010, a audiência em redes sociais, como blogs, bate-papos,

fóruns e outros canais de relacionamento, alcançou 31,7 milhões de pessoas no

Brasil segundo dados do Ibope Nielsen Online (2010) que segue tendência de

aumento.

Twitter, Facebook, Orkut, Myspace, Skyblog, Hi5, Friendster, Live Journal,

são exemplos das diversas das mídias sociais que contribuem para ampliação do

cyber espaço. Apesar dos sites de relacionamento virtual terem como alicerces a

quebra de fronteiras, a preferência por uma ou outra rede pode ser racionalmente

regional de acordo com os interesses dos próprios indivíduos conforme mostra a

figura 2.2:

Figura 2.2- Preferências de sites de relacionamento no Mundo (Fonte:LeMonde.fr 14/01/08)

Explicando: A figura 2.2 mostra que o site de relacionamento social virtual

Orkut é o preferido na América Latina com 156 milhões de usuários. Segue também

a preferência pelo site de relacionamento criado pela Google o continente Asiático,

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34

com 65 milhões de usuários da rede, enquanto Myspace e Facebook dominam a

América do norte (Canadá e Estados Unidos com 171 e 223 milhões de usuários

respectivamente).

A diversidade na utilização ou preferência de certos sites de relacionamento

social ou ‘redes sociais virtuais’ em certos países está ligado a níveis culturais

diversos.

No Brasil, o número de usuários que chegou a 23 milhões em 2008 podia

representar cerca de 12,12% da população adepta a rede. O conteúdo dos websites

que sofreu uma enorme reforma com a emergência da Web 2.0, trouxe ao usuário a

possibilidade de participar, gerando e organizando as informações, conteúdos ou

mesmo aplicativos13 do site.

A Internet é agora ‘formada por gente’, desenvolve uma consciência coletiva

fonte de uma imensa comunidade, comunidade esta que tem sido lamentada por

muitos pensadores pela sua falta de verdadeiro sentido no mundo atual (COSTA,

2005), para Baumann (2003, p.59), fazer parte de uma comunidade implica em

"obrigação fraterna de partilhar as vantagens entre seus membros, independente do

talento ou importância deles". No entanto, muitas ‘comunidades’ não têm em sua

fundação uma orientação ou princípio que possa servir de base para chamá-la de

comunidade.

2.1. NÚMERO DE DUNBAR

O número de Dunbar foi criado por Robin Dunbar, professor de Antropologia

evolutiva na universidade de Oxford que através da pesquisa com o cérebro humano

chegou a formular a teoria de que nas relações sociais, o “limite cognitivo de

relacionamento social estável é igual a 150 [pessoas]” (SAFKO, 2010, p. 26).

13

Programa desenvolvido para executar uma função (que pode ser usada na área do entretenimento, informação ou outra) normalmente orientada para o usuário ou outros programas e sistemas.

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35

Baseado no tamanho do neocortex (parte do cérebro responsável pelos

pensamentos conscientes e linguagem) a teoria de Dunbar afirma ainda que passar

de 150 pessoas em um circulo social deteriora o grupo.

Apesar das constantes construções de redes de relacionamento de um

grande número de pessoas com um imenso número de pessoas mediado pela

tecnologia da informação cada vez mais intenso, a pesquisa reforça a impotência da

tecnologia perante a tentativa de aumento da sociabilidade sugerindo indiretamente

uma maior ligação social real ao invés das ligações virtuais (GOURLAY, 2010).

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36

3. BULLYING

3.1. CONCEITO E CAUSA

O primeiro estudo tratando do bullying foi criado e desenvolvido por Dan

Olweus (1970) que através de pesquisas sugeria criar solução para um

comportamento de hostilidade entre crianças baseado nos problemas gerados às

suas vítimas, embora não se verificasse um interesse das instituições sobre o

assunto na época (CHALITA, 2008).

O bullying deriva do termo bully, que significa valentão e segundo o

Cambridge Dictionary, quer dizer “maltratar ou ameaçar alguém menor ou menos

poderoso, forçando-o a fazer algo que não quer” (OLIVEIRA, 2007, p. 257).

Embora o termo exista em diversos outros países, adota-se o estrangeirismo

do termo inglês que serve para designar “um conjunto de atos de violência física ou

psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um ou muitos indivíduos com

outros indivíduos” (SPYER, 2007, p. 171).

Destarte, o bullying não equivale a provocações ocasionais, uma vez que os

atos de violência devem envolver um desequilíbrio de poder entre as partes,

aplicada sistematicamente, de forma hostil contra a vontade da vítima e de forma

intencional (LINDA B. ENGLER, 2007).

Entre as formas de prática de bullying encontram-se agressões, apelidos,

ofensas, gozações, humilhações, discriminações, exclusões, intimidações,

perseguições, assédios entre outras formas de violência:

Os comportamentos bullying podem ocorrer de duas formas: direta e indireta, ambas aversivas e prejudiciais ao psiquismo da vítima. A direta inclui agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidarde maneira pejorativa e discriminatória, insultar, constranger); a indireta talvez seja a que mais prejuízo provoque, uma vez que pode criar traumas irreversíveis. Esta última acontece

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37

através da disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e exclusão da vítima de seu grupo social (FANTE, 2005, p.50).

Bastante frequente no ambiente escolar, já é combatida nos EUA por tratar-se

de uma questão jurídica relevante, no Reino Unido, por decisão governamental,

todas as escolas já implantaram políticas antibullying. (HAMZE, 2008)

Muitas vezes o bullying é confundido com brincadeiras próprias do ambiente

escolar que existem naturalmente e que fazem parte da própria relação social

caracterizando uma sadia relação de comunidade. No entanto, quando as

brincadeiras são realizadas repletas de segundas intenções e perversidade surge

o bullying, verdadeiro ato de violência que pode ultrapassar os limites suportáveis do

ser humano (CHALITA, 2008).

Historicamente o bullying não era visto como um problema que necessitava

de atenção, portanto, era aceito como parte fundamental da infância, no entanto, nas

últimas duas décadas esta visão foi mudada dando ao bullying uma maior prioridade

de prevenção (Campbell, 2005; Limber and Small, 2003).

Por ser o bullying um fenômeno complexo presente no convívio interpessoal,

diversos sentimentos podem servir como motivadoras da ocorrência desta prática.

Para alguns, o bullying e a indisciplina vem da mídia em geral que propaga

comportamentos de risco de forma sedutora bem como outros fatores como falta de

escolaridade e exclusão social (ARAÚJO, 2008).

Para outros, o desequilíbrio de características tanto físicas como psicológicas

na convivência entre agredidos e agressores, propicia à prática de bullying na

medida em que existe a tentativa do agressor de conquistar força e poder; tornar-se

popular; dissimular o próprio medo ao amedrontar os demais, mostrando quem é

superior, por meio do terror (PINHEIRO 1983, apud MCCARTHY; SHEEHAN e

WILKIE, 1996).

Um estudo da década de 1960 do psicólogo Albert Bandura, conduzido por

diversos experimentos com o aprendizado social, traduziu-se na teoria de que todos

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38

os seres humanos possuem uma capacidade de aprender comportamentos

agressivos com a simples observação (PASTORINO, DOYLE-PORTILLO, 2010).

A teoria do conhecimento sobre a aprendizagem observacional nasceu com o

‘Bandura’s Bobo Doll Experiments’ conhecido como ‘experimento do João-bobo’

ilustrada na figura 3.1 e segundo estudo, traduz a fonte de comportamentos

agressivos das crianças:

Figura 3.1- Experimento do João-bobo de Bandura

(Fonte: Pastorino; Doyle (2010, p. 188 (tradução nossa)))

Nesses estudos, as crianças assistiam a um filme que mostrava um adulto

tendo comportamento agressivo com um palhaço de plástico inflável – socando,

dando diversos pontapés e marteladas no boneco “João Bobo”. As crianças que

assistiam as cenas de comportamento agressivo eram mais propensas a

comportarem-se agressivamente se lhes fosse permitido brincar com o boneco.

Além disso, quando as crianças viam o adulto ser recompensado pela agressão

também tendiam a comportarem-se de modo agressivo, em comparação com

aquelas que estavam no grupo de controle em que o adulto não agredia o João

Bobo. Com a punição do adulto, as crianças eram menos propensas a comportarem-

se de modo agressivo.

Assim, o experimento de Bandura, indiretamente relacionou uma possível

causa do bullying à capacidade que as crianças e também os adultos têm de

aprender comportamentos agressivos com a mera observação dos mesmos.

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39

Na composição do bullying, pode-se ainda destacar os protagonistas que

conforme Ana Beatriz Silva (2009) diferenciam-se em: vítimas, agressores e

espectadores, passivos ou ativos, com traços geralmente bem definidos.

Dentre as características das vítimas do bullying, Palma e Castanheira (2006),

destacam apenas nove:

1. Características de personalidade (sinceridade, timidez, introversão, calma

demasiada, entre outras);

2. Características sociais de ambiente (ser ‘novato’ em determinado ambiente);

3. Ter poucos amigos ou características próprias da superproteção exercida pelos

pais;

4. Pertencer a grupos diferentes da maioria (religiosos, étnicos,);

5. Possuir características físicas que o diferenciem da maioria (obesidade, magreza,

usar óculos e/ou aparelho dos dentes, possuir piercings, cor da pele.);

6. Possuir necessidades educativas especiais com interesses diferentes da maioria

(poesia, leitura, línguas estrangeiras, política, religião.);

7. Usar roupas ‘inadequadas’;

8. Ter problemas de saúde (alergias, asma, bronquite, diabetes ou problemas de

pele.).

9. Fugir do comum no que tange ao aprendizado.

Os agressores por sua vez têm características próprias: “Os agressores

geralmente acham que todos devem fazer suas vontades [...], querem ser o centro

das atenções. São crianças inseguras, que sofrem ou sofreram algum tipo de

agressão por parte de adultos [...] tem um comportamento de autoridade e de

pressão” (NOGUEIRA, 2005, p. 100).

Fatores individuais também influenciam na adoção de comportamentos

agressivos próprios dos agressores: hiperatividade, impulsividade, distúrbios

comportamentais, dificuldades de atenção, baixa inteligência e desempenho escolar

deficiente. Essas características geram estereótipos dos agressores identificados

por Neto Aramis (2005, p.4):

O autor de bullying é tipicamente popular; tende a envolver-se em uma variedade de comportamentos antissociais; pode mostrar-se agressivo

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40

inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outros (NETO A. A., 2005, p. 4).

Os espectadores passivos e ativos também fazem parte do problema como

explica Silva-A (2009, p. 45): “Os espectadores são os que testemunham as ações

dos agressores contra as vítimas, mas não tomam qualquer atitude contra a prática”,

por isso completam a lista de protagonistas do bullying.

Existem três grupos distintos de espectadores:

1) Espectadores passivos (são os que testemunham a agressão, mas por medo

absoluto, velam tal acontecimento).

2) Espectadores ativos (são os que ‘dão apoio moral’ ao agressor com incentivos

apesar de não se envolverem diretamente).

3) Espectadores neutros (são os que “por uma questão sociocultural não

demonstram sensibilidade pelas situações de bullying que presenciam, [...] são

acometidos por uma ‘anestesia emocional” (SILVA A, 2009, p. 46)).

Com tantos atores na produção do bullying, é possível afirmar que o

fenômeno não está restrito a qualquer tipo específico de instituição (púbica ou

particular). As escolas que não revelam ou admitem a ocorrência do bullying em seu

ambiente ou entre seus alunos, desconhecem o problema ou simplesmente negam-

se a enfrentá-lo (JÚNIOR, 2009).

3.2. BULLYING, CONSEQUÊNCIAS E CONTRAMEDIDAS.

Já não estamos mais em uma época em que a tolerância e o respeito devem

ser abandonados em detrimento de uma linha de relação pessoal da ‘lei do mais

forte’.

Devido a enorme pressão que o bullying sujeita o indivíduo, este se fragiliza

normalmente apresentando dificuldades de comunicação com os outros, o que

influencia negativamente a sua capacidade de desenvolvimento em termos tanto

sociais, profissionais quanto emocionais ou afetivos. Essas consequências chegam

Page 41: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

41

a interferir diretamente inclusive no aumento da criminalidade segundo um estudo

(VENTURA, 2006).

O bullying traz consequências para a vítima que vão desde baixa autoestima

até o suicídio (conhecido como bullycídio). Dentre estas consequências destacam-

se: medo, angústia, pesadelos, falta de vontade de ir à escola ou rejeição da

mesma, ansiedade, dificuldades de relacionamento interpessoal, dificuldade de

concentração, diminuição do rendimento, dores de cabeça, dores de estômago e

dores não especificadas, mudanças de humor súbitas, falta de apetite ou apetite

voraz, insônias, ataques de pânico, abuso de álcool e/ou estupefacientes,

automutilação e stress (SILVA A, 2009).

Pelas diversas consequências provenientes do bullying, com o apoio

financeiro da Empresa PETROBRAS, em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro

de Opinião Pública e Estatística) e Secretaria de Educação do Município do Rio de

Janeiro, a ABRAPIA realizou uma pesquisa no período de novembro e dezembro de

2002 a março de 2003, analisando 5482 alunos através de questionários distribuídos

a alunos de 5ª a 8ª série, de onze escolas, (nove públicas e duas particulares)

avaliando a realidade do bullying no ambiente escolar.

A pesquisa dividiu os agentes do bullying em alvos, autores, alvos/autores e

testemunhas do bullying conforme figura 3.2.1:

Figura 3.2.1- Participantes de Bullying (Fonte: Adaptado de Aramis Neto, Lauro Filho; Saavedra, (2004))

Participantes de Bullying

Alvos de Bullying 16,9%

Alvos e Autores de Bullying10,9 %

Autores de Bullying 12,7 %

Testemunhas de Bullying57,5%

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42

O resultado mostrou que, entre os agentes relacionados com o bullying, 57%

caracteriza-se como testemunha, 16,9% são alvos, 12,7% são autores, e, 10,9%

caracterizam-se como alvos e autores alternadamente no cenário do bullying.

Pessoas que sofrem bullying, pendendo características individuais e dos

meios em que vivem (principalmente os familiares), podem não ultrapassar os

traumas sofridos na própria infância, podendo quando adultos apresentar

sentimentos negativos, baixa autoestima, tornando-se indivíduos anti-sociais, com

transtornos compulsivos, comportamento hostil entre outras (FANTE, 2002).

Analisando os resultados da pesquisa no tocante à reação dos assediados

(vítimas), conclui-se pela pesquisa que a grande maioria tenta não dar a devida

atenção ao fato ignorando o agressor, potencializando o problema uma vez que ao

ocultar o bullying com o silêncio dos agredidos não existe resposta imediata aos

agressores:

Figura 3.2.2 Reações dos alunos alvos de bullying.

(Fonte: Adaptado de Aramis Neto, Lauro Filho; Saavedra, (2004))

Foi observado também o tipo mais frequente de bullying cometido entre os

alunos. Os ‘apelidos’ e as ‘agressões físicas’ seguem como mais frequentes entre os

alunos pesquisados com predominância das meninas sobre os meninos no quesito

apelido e dos meninos sobre as meninas no quesito agressão conforme figura 3.2.3:

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43

Figura 3.2.3 Tipos de bullying identificados.

(Fonte: Adaptado de Aramis Neto, Lauro Filho; Saavedra,, (2004))

Entre as testemunhas, os sentimentos predominantes foram de pessimismo e

pena conforme a figura 3.2.4 o que pode significar que espectadores passivos são

mais frequentes no ambiente escolar.

Figura 3.2.4 Sentimentos admitidos pelos alunos testemunhas diante de situações de bullying na sua Escola

(Fonte: Adaptado de Aramis Neto; Lauro Filho; Saavedra, (2004))

As testemunhas também se veem afetadas no ambiente de tensão, que pode

comprometer o processo educacional, tornando-as inseguras e ansiosas. Os

agressores também sofrem com certas tendências que chamam a atenção e devem

ser combatidas pela família e pelo Estado como inclinação ao consumo de álcool e

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44

de entorpecentes, evasão escolar e familiar, negligência, atividades desportivas de

risco e suicídio (SILVA A, 2009).

A pesquisa relatou o sentimento dos agressores em relação as vítimas e

29,5% dos estudantes relataram a zombaria como sentimento pós bullying conforme

figura 3.2.5:

Figura 3.2.5 Sentimentos admitidos pelos alunos autores de bullying. (Fonte: Adaptado de Aramis Neto, Lauro Filho; Saavedra, (2004)).

Com base nas diversas consequências, cria-se uma verdadeira luta para

determinar eficazes contramedidas, pois por mais que o bullying seja comum não

deve ser encarado como normal.

No Brasil, os casos de bullying aumentam nas grandes cidades, despertando

a criminologia do fenômeno e avançando rumo à legislações mais específicas que

visem extingui-la.

A criminologia tem buscado junto á psicologia entender como determinados fatores influenciam o ser humano em desenvolvimento, trazendo situações que o predisponham ao envolvimento futuro com crimes, em especial, os praticados com violência ou grave ameaça (CALHAU, 2009, p. 3).

Neste sentido, o bullying é tratado pela legislação brasileira com o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA), o Código Penal Brasileiro (CP) junto da tutela da

Constituição Federal (CF) e do Código Civil (CC).

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45

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil apresenta como um

dos objetivos fundamentais em seu Art. 3º, Inciso IV: “promover o bem de todos,

sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

discriminação” (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal, 2007, p. 9) e

este ‘bem de todos’ certamente norteia a prevenção do bullying.

Além disso, a CF em seu artigo 5º (Capítulo 1 - DOS DIREITOS E

GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS), em seu caput dispõe que:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação [...] (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal, 2007, p. 10).

Assim, de forma a exercer um direito constitucional, o Estado deve combater

o bullying por ferir o direito a liberdade ou gerar tratamentos desumanos às vítimas,

assegurando indenizações quando cabíveis primando pela honra e a imagem das

pessoas expressamente demonstrado no Art. 227º da CF:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal, 2007, p. 67).

Uma vez desrespeitado um princípio constitucional, cabe responsabilização

do bullie14 como capaz ou incapaz conforme previsto no código civil, assim,

resumidamente, se o bullie for capaz15 aplica-se o Código Penal, caso tenha mais de

12 anos, caberá medida sócio-educativa.

14 Aquele que comete bullying.

15 Poder exercer pessoalmente atos jurídicos.

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Os atos do bullying encontram-se plenamente tipificados pelo Código Penal

Brasileiro em casos como os de lesão corporal, injúria, dano, ameaça,

constrangimento ilegal ou difamação.

No Título I – Dos Crimes Contra a Pessoa, Capítulo V Dos Crimes Contra a

Honra encontra-se no Art. 139º dispositivo contra a difamação:

“Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de

3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.” (Código Penal, Processo Penal e Constituição

Federal, 2007, p. 299).

Mais branda, a injúria também está prevista no CP no Art. 140º que diz:

“Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de 1 (um)

a 6 (seis) meses, ou multa.” (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal,

2007, p. 299).

O segundo meio de bullying mais frequente, a lesão corporal tem

embasamento legal conforme Art. 129º do CP:

“Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de 3 (três)

meses a 1 (um) ano.” (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal, 2007,

p. 297)

Um pouco menos frequente, existe ainda o crime de dano, proveniente dos

atos do bullying que podem variar de um mês a três anos dependendo da forma

como foi executado o dano:

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Dano Qualificado Parágrafo único - Se o crime é cometido:I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da pena correspondente à violência (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal, 2007, p. 305).

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E finalmente, os meios mais utilizados pelos bullies geralmente para tentar

esconder a prática do bullying encontram-se previstos respectivamente como o

constrangimento ilegal e a ameaça:

Constrangimento Ilegal - Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Ameaça Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.” (Código Penal, Processo Penal e Constituição Federal, 2007, p. 300-301)

No entanto o código civil garante que são inimputáveis os incapazes e para

essa situação encontram-se as medidas sócio educativas presentes no ECA como

meio de combate ao fenômeno do bullying que como explicado por Mezzomo (2004)

não têm natureza de pena, ou seja, não caracterizam-se como punições e por isso

não encontram-se embasadas na noção de culpabilidade, própria do crime.

Entre as medidas socio-educativas que podem ser adotadas estão: obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade, internação em estabelecimento educacional; encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento temporário; matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental; inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, ou mesmo à criança e ao adolescente (SIZA, 2010, p. 2).

Protegendo a criança, encontra-se no estatuto da criança e do adolescente

em seu artigo 5º que:

Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (Estatuto da Criança e do Adolescente, 13 de julho de 1990).

Para a crueldade, opressão ou negligência presentes no ambiente do bullying,

perante a criança, a responsabilidade deve ser direcionada à escola e em conjuntos

aos pais e responsáveis da criança.

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Dispõe ainda o estatuto em seu Art. 5º o conceito de respeito, preceito de

grande importância jurídica que manifesta o que deve ser defendido em todos os

ambientes da criança e do adolescente para abolir o bullying:

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais (Estatuto da Criança e do Adolescente, 13 de julho de 1990).

A necessidade de contramedidas instantâneas que se oponham ao bullying

devem envolver todas as referências da criança (pais, professores, amigos ou

alunos). Essas contramedidas devem ser utilizadas como meio preventivo para que

o bullying não evolua ou se dissemine (CHALITA, 2008).

O bullying como fenômeno complexo que é traz certa dificuldade para ser

combatido, contudo, deve vir da união e respeito entre todos os envolvidos

permeando a paz evitando longas batalhas jurídicas ou mesmo grandes cicatrizes:

Por ser o bullying um fenômeno complexo, cada escola deve desenvolver sua própria estratégia para reduzi-lo. A única maneira de se combater o bullying é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais. As medidas tomadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de costumes de não violência na sociedade (NETO; FILHO; SAAVEDRA, 2004, p. 8).

3.3. HISTÓRICO DE CASOS DE BULLYING

Na década de 1980, três rapazes entre dez e quatorze anos, cometeram

suicídio, o caso foi investigado e chegou-se à conclusão de que os três rapazes

sofriam graves situações de bullying. Esta tragédia despertou então a atenção das

instituições de ensino para o problema e serviu de precedente para outras diversas

tragédias que envolvem-se com a prática de bullying (FANTE, 2005).

No dia 22 de abril de 2007, o estudante Cho Seung-Hiu, de vinte e três anos,

vítima de bullying escolar foi autor do massacre que resultou na morte de trinta e

duas pessoas na Universidade de Tecnologia da Virgínia, nos Estados Unidos.

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Segundo seus colegas, ele era ridicularizado durante ensino médio por causa do

excesso de timidez e ‘jeito esquisito de falar’ (G1 Notícias, 2007).

O estudante deixou um ‘testamento’ em vídeo considerado um manifesto

multimídia em palavras desconexas:

Vocês vandalizaram meu coração, rasgaram minha alma e queimaram minha consciência. Vocês achavam que era um garoto patético que vocês estavam extinguindo. Graças a vocês, eu morri. Como Jesus Cristo, para inspirar gerações de pessoas fracas e indefesas. (informação verbal)16.

Para especialistas a agressão moral sofrida por Seung-Hiu foi impulsionadora

do ataque. O estudante, que também apresentava transtornos psicológicos, se

suicidou após o tiroteio e gerou grande repercussão na mídia.

Chalita (2008) destaca o massacre como o de Columbine em 20 de abril de

1999 no Condado de Jefferson, Estados Unidos, no Instituto Columbine, onde os

estudantes Eric Harris de 18 anos, e Dylan Klebold de 17 anos, atiraram em vários

colegas e professores, o que causou grande repercussão. Diversos livros tentaram

entender o motivo daquele massacre. Por trás havia uma forte onda de gozações e

insultos dos alunos mais velhos para com a dupla, aliada a problemas psicológicos

que resultou na morte de 15 pessoas (incluindo os 2 como assassinos) e 24 feridos:

De vítimas a vilões. Acuados e isolados, os alunos vítimas de bullying passam a ter pensamentos destrutivos alimentados pela raiva reprimida. Nasce o desejo de “matar” a escola, de destruir o registro da dor, de tornar-se importante e lembrado de alguma forma [...]Quando uma tragédia como essa acontece, a humanidade inteira sente-se fracassada. Pais e educadores, comovidos com as consequências da violência que invade as salas de aula todos os dias, arrastando crianças e jovens para um caminho muitas vezes sem volta, nunca estão preparados para resolvê-las. Negá-las torna-se a única opção (CHALITA, 2008, p. 142).

O autor relata ainda um caso de bullycídio acontecido em 1997. O estudante

de treze anos Vijay Singh anotava as agressões repetidamente recebidas em seu

diário: ‘Segunda-feira, lanche e dinheiro tomados a pauladas’, ‘terça-feira, bicha e

chinês’, ‘quarta-feira uniforme retalhado à faca’, ‘quinta-feira, sangue a jorros do

nariz’, ‘sexta-feira, nada’, ‘sábado, ‘liberdade’. No sábado o estudante se enforcou

em casa com um lenço de seda. A tragédia aconteceu na cidade de Manchester, na

Inglaterra.

16 Notícia fornecida pela G1 Notícias em 19 abril de 2007.

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Não nos é estranho agressões que implicam em morte nas escolas por

motivação de bullying. No Brasil, um estudante de Remanso, na Bahia, foi

assassinado por uma adolescente de dezessete anos que desabafou seu sofrimento

e sua intenção de cometer uma chacina. Tímido e depressivo o aluno tentou matar

sua professora e logo em seguida se matar, mas foi desarmado a tempo e hoje vive

em liberdade assistida cumprindo medida socioeducativa no município de Feira de

Santana (CHALITA, 2008).

Em Taiúva, interior de São Paulo, o adolescente Edmar Aparecido de Freitas

deu fim a uma vida repleta de humilhações e sofrimentos. Apelidado de ‘elefante cor

de rosa’, mongoloide durante onze anos, humilde e tímido, foi motivo de chacotas na

escola, após tratamento para emagrecer foi novamente apelidado como ‘vinagrão’

pelo cheiro de vinagre típico do remédio de emagrecimento. Com revólver na mão,

disparou contra cerca de cinquenta pessoas antes de se matar (CHALITA, 2008).

São tantos os massacres que despertam a atenção a um problema que ganha

agora novo corpo contribuindo diretamente para tomada de novas providências que

países de diversos continentes já sentem obrigação de combater este ‘problema

social’.

Mensagens oficiais da Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Irã,

Japão, México, Nicarágua, Paquistão, Filipinas, assim como do Papa Bento XV

foram apresentadas em condolências, e buscaram motivar uma maior mudança na

educação escolar. Medidas governamentais de muitos países têm se atentado a tal

fenômeno, investindo na instrução de professores e instituições de ensino (G1

Notícias, 2007).

Analisando a mente e a raiz dos problemas pelos quais passavam os alunos

que antes foram vítimas do bullying fica fácil entendermos as consequências. Não se

trata de justificar o injustificável, nem defender os assassinos dos episódios

descritos. No entanto, qualquer análise desses crimes sem levar em conta a

contribuição que a comunidade escolar deu para que esses fatos ocorressem, seria

uma análise afastada absolutamente da realidade contribuindo muito pouco para a

busca de soluções (CHALITA, 2008).

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4. CYBERBULLYING

4.1. CONCEITO DE CYBERBULLYING (UMA EVOLUÇÃO DO BULLYING).

Corrobora-se que a “Internet não é simplesmente uma rede que interliga as

informações do mundo. Ela conecta todas as pessoas reais junto com suas

personalidades irreais, perfis virtuais e doenças mentais” (SAVAZONI, 2009, p. 62).

Conviver com esta massa de pessoas e opiniões diferentes significa aceitar a

possibilidade de se relacionar de forma saudável ou não em um mundo cada vez

mais interconectado, sentimentos reais parecem surgir e alterar a maneira pela qual

o bullying é praticado.

Para Ana Beatriz Silva (2009, p.125), comparando as antigas formas de

relacionamento entre as pessoas “Quando paramos e olhamos para o mundo de um

século atrás, nos deparamos com uma época de simplicidade e inocência [...] Hoje,

porém, muitos avanços tecnológicos são usados de maneira insensata”. Entre as

diversas atitudes insensatas cometidas com os avanços tecnológicos, certamente o

cyberbullying emerge como um dos novos crimes no cenário virtual, que vem

crescendo com a expansão da web, fixa e móvel.

O cyberbullying é definido como: “prática que envolve o uso de tecnologias

da informação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados,

repetidos e hostis praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar

outrem” (BELSEY, Cyberbullying.org, 2003, p. 1).

Conhecido também como coerção cibernética ou, abuso online, no

entendimento de Savazoni (2009, p. 62) a prática do cyberbullying, “[...] é algo que

está acima da ‘encheção de saco’. O cyberbullying é um ato criminoso, cruel e,

sobretudo, covarde, enquadrado na mesma categoria da tortura psicológica com

agravantes de humilhação social”.

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O bullying virtual, ou bullying on-line caracteriza-se como uma espécie indireta

de bullying. A definição do bullying pode ser transportada para a definição do

cyberbullying, no entanto, a agressão física é substituída pela agressão moral,

intangível. Esta atividade é difícil de ser combatida apesar de trazer em alguns

casos grandes transtornos às vítimas; fruto de um despreparo ético dos usuários em

relação ao uso responsável das tecnologias (Cidadania e paz nas escolas, 2010).

Por ser uma nova forma de violência virtual, tem contaminado milhões de

pessoas no mundo através da web, redes sociais virtuais, e-mails, sms17, entre

outros meios de comunicação tecnológica existentes de forma eficaz:

O cyberbullying pode ir de um email ameaçador, um comentário ofensivo, um boato maledicente publicado de forma aberta numa comunidade virtual até uma perseguição que ultrapassa o mundo do teclado e vai para o universo físico. As formas são variadas, assim como os conteúdos. A intenção é sempre a mesma: desestabilizar a vítima (SAVAZONI, 2009, p. 62).

As agressões morais e constantes em forma de piadas, vídeos, mensagens

públicas, websites, montagens, chantagens anônimas estão entre as agressões

mais comuns. Desta forma, o bullying digital tem pego educadores e vítimas

desprevenidas o que pode trazer efeitos mais intensos que o bullying convencional

tornando um evento digno de preocupação para especialistas em comportamento

humano, pais e professores no mundo inteiro (SILVA A. B., 2009).

4.2. CARACTERÍSTICAS DO CYBERBULLYING.

Chalita (2008, p.86) caracteriza o cyberbullying como algo apavorante: “A

desmoralização excessiva somada ao desequilíbrio de poder são características

essenciais que fazem das vítimas reféns do medo”. O cyberbullying tem

características ligadas à tecnologia da informação que potencializam a prática do

bullying através de um desequilíbrio entre agressor e vítima sustentado muitas vezes

pelo anonimato.

17 Short Message Service - serviço de mensagens curtas disponível em celulares.

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O anonimato cria um fenômeno conhecido pelos pesquisadores como

desinibição de comportamento que gera uma tendência à irresponsabilidade graças

à sensação de liberdade proveniente da grande probabilidade de que as ações

cometidas não serão punidas (WILLARD, 2007).

Contudo a invisibilidade completa ou ‘o verdadeiro anonimato’ não é fato

recorrente no uso das tecnologias comunicacionais e na “maioria dos casos a prática

do cyberbullying deixa cyber-pegadas, [...] todo computador que conecta-se a

internet pode ser identificado pelo endereço IP” (WILLARD, 2007, p. 79 (tradução

nossa)).

A vítima exposta e constrangida perante as agressões sofridas do

cyberbullie18 anônimo busca poucas saídas que podem ser tomadas já que não sabe

ao certo quem foi o responsável pelo ataque e assim, em muitas das vezes acaba

por ocultar este problema (SAVAZONI, 2009).

Diferentemente do bullying convencional onde o ataque é cara-a-cara e há

grande possibilidade de cessar a agressão após denuncia, no cyberbullying, a

localização do agressor pode ser extremamente custosa até mesmo quando se

utiliza o recurso de localização do endereço por IP, uma vez que os agressores

ficam, como explica Hermann (2006, p.64), “[...] protegidos pela possibilidade de

anonimato, garantida pelos provedores que só revelam os nomes reais dos usuários

mediante longas batalhas judiciais”.

Uma das características relevantes no cyberbullying que além de diferenciá-lo

do bullying convencional potencializa o ataque é chamada de ‘audiência infinita’.

No bullying convencional, os protagonistas restringem-se a um número finito

de pessoas situadas no tempo e espaço da agressão. Já na prática de cyberbullying,

o agressor se utiliza do potencial da tecnologia para publicar e compartilhar com o

mundo determinada informação seja um vídeo, ou texto difamador. Assim, a pessoa

agredida vira involuntariamente um personagem ‘público’, sujeito a novos ataques

de diversos agressores e espectadores, o que aumenta a gravidade do ato do

cyberbullying (SHARIFF, 2008).

18 Aquele que comete cyberbullying.

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54

Outro fator característico do cyberbullying que corrobora sua potência é a

permanência do ataque. Uma vez publicada determinada informação (seja um texto

de referência ou mesmo um SMS) o ataque torna-se difícil de ser apagado. Deletar

uma informação já distribuída pode ser algo extremamente complexo dependendo

do meio utilizado na agressão virtual (SHARIFF, 2008).

Além de tudo, o cyberbullying consagra-se na atualidade como mais frequente

que o bullying convencional no Brasil segundo pesquisa de âmbito nacional. Dos

5.168 alunos que participaram da pesquisa realizada nas cinco regiões do País, 10%

já sofreram ou praticaram bullying, enquanto 17,7% praticaram o cyberbullying. O

estudo foi realizado pela ONG Plan Brasil, que atua no desenvolvimento de crianças

e adolescentes (ILOVATTE, 2010).

4.3. FORMAS DE ATAQUE COMUNS:

Uma pesquisa recente patrocinada pela McAfee revelou que 20% dos

adolescentes se envolveram em ‘atividades de cyberbullying’ — incluindo

publicação de informações maldosas ou nocivas, fotos constrangedoras, criação de

boatos, divulgação de conversas particulares, envio de e-mail anônimos e

‘pegadinhas’ on-line. (MCAFEE).

Dentre as principais formas de ataque encontram-se os ataques diretos e os

ataques indiretos:

4.3.1. Ataques Diretos:

Os ataques diretos envolvem um conjunto de tecnologias e meios com intuito

de desestabilizar, assediar e ameaçar a vítima sem a utilização de camuflagens.

Menos ameaçadores, este tipo de ataque permite identificação do emissor e seu

ódio ou aversão à vítima (BELSEY, 2003).

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Entre os diversos ataques diretos, os mais frequentes destacam-se:

1. IM - Mensagens instantâneas:

Os programas de mensagens instantâneas (IM ou Instant Messenger) são

rápidos e úteis, às vezes substituem conversas telefônicas e são utilizadas por

pessoas do mundo inteiro com acesso à rede como um meio de comunicação rápida

e de interação. “Estima-se que os programas de mensagens instantâneas gerem 5

bilhões de mensagens por dia, que, se armazenadas, ocupariam 750 Gigabytes19 de

espaço, ou 247 Terabytes por ano.” (MATTOS, 2010, p. 213).

2. E-mails.

O e-mail é uma das formas de comunicação mais difundidas pela simplicidade

e rapidez traz em seu corpo perfeita combinação entre conversa instantânea e

documentada, além da possibilidade de anexar imagens e fotos (MATTOS, 2010).

3. Websites, Blogs ou Redes Sociais (Myspace, Facebook, entre outros...).

As Redes sociais, páginas da internet ou blogs vêm crescendo e sua

visibilidade é incomparável, em 2007 foram criados 47,8 milhões de novos sites na

web (IDG Now, 2009).

4. Imagens ou vídeos difamadores.

A tecnologia de produção e reprodução de vídeos cada vez mais sofisticada e

veloz permite sites como Youtube virarem grandes fontes de comunicação

(ALVARO, 2007).

5. Disseminação de códigos maliciosos, virus, spyware’s programas de invasão.

O cyberbullie com conhecimento em programação ou contato com meios de

inocular e disseminar vírus cria uma verdadeira perseguição com larga vantagem se

o objetivo for por exemplo danificar o computador da vítima (SHARIFF, 2008).

19 Gigabyte é uma unidade de medida de informação que equivale a 1 000 000 000 bytes.

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56

6. Jogos interativos (X-box live, Sony Playstation network).

Nos jogos que trazem a fantasia para o mundo real envolvendo jovens de

forma exorbitante existem possibilidades de interação entre os personagens e

assim, possibilidade da ocorrência do cyberbullying (SHARIFF, 2008).

4.3.2. Ataques Indiretos:

O cyberbullying indireto é todo tipo de ataque cujo real agressor é camuflado.

Este tipo de ataque envolve um conhecimento mais abrangente, por envolver

técnicas que impedem a identificação do agressor de imediato (BELSEY, 2003).

O ataque pode ser anônimo ou de origem falsa já que pode tanto levar à

identificação errônea do agressor quanto não chegar à ele . Este tipo de ataque

normalmente é frequente no assédio de adultos contra adultos e pode ser efetivado

mediante diversas técnicas (ASSUNÇÃO, 2002).

Assunção (2002, p.96) entende que: “Anonimidade na rede é algo muito

discutido[...] Existe maneira de ser totalmente indetectável [...] Existe sim e é bem

simples. Muitos programas e ferramentas prometem tornar seu usuário invisível [...]”

Entre estas ferramentas está o anonymizer, um serviço gratuito de anonimato

na internet que garante uma navegação anônima “Visitando sua homepage

(www.anonymizer.com) ele possibilita que você digite algum endereço e seja

redirecionado para ele sem que seja diretamente identificado [...]” (ASSUNÇÃO,

2002, p. 96).

Outro método de ataque indireto cometido pelos cyberbullies é o ataque por

proxy. O proxy possibilita uma ponte entre um computador e um servidor. Assim,

para acessar ou alterar dados em determinado site (hospedado em um servidor) o

proxy ou ‘a ponte’ ligará o agressor à um servidor e este servidor (que pode ser

inclusive uma segunda vítima) é que terá sua identificação registrada. Dessa forma,

o cyberbullie passa-se por outra pessoa (ASSUNÇÃO, 2002).

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57

Mais um método conhecido é através do ‘remailer’, utilizado para enviar e-

mails anonimamente que funciona através de diversas pontes entre servidores de

toda a Internet, os e-mails são dificilmente rastreáveis (ASSUNÇÃO, 2002).

4.4. CYBERBULLYING – ASSÉDIO E DANO MORAL.

Devido às perversas características do cyberbullying que trazem verdadeiros

prejuízos à sociedade, deve haver um combate eficaz que vise extinguir este

problema. Desta forma, traduzir o cyberbullying à lei muitas vezes significa equiparar

o fenômeno ao assédio moral, previsto no Código Civil. Zanetti (2004, p.28)

caracteriza o assédio moral “[...] pela ação ou omissão de atos abusivos ou hostis

(Art. 186º ao 188º do Código Civil) realizados de forma sistemática e repetitiva

durante certa duração e frequência de forma consciente”.

Desta forma, as características contidas na definição do cyberbullying

parecem preencher corretamente as condições que podem caracterizar o assédio

moral.

Zanetti (2004 p.17) expõe diferenças entre o assédio moral e o dano moral

reconhecido na doutrina:

A tese do assédio moral é uma tese proveniente da psicologia e medicina [...] um julgamento de uma pessoa que se diz assediada, sem prova de problemas em sua saúde, por exemplo, não é assédio, pode ser um dano moral decorrente de situação vexatória, por exemplo, mais não é assédio, porque o assédio traz reflexos na saúde psíquica e/ou mental do assediado.

Desta forma, cabe ressaltar que o cyberbullying deve ser encarado como

crime por se tratar de ato ilícito, mas sua equiparação ao assédio moral, dano moral,

difamação entre outras figuras jurídicas dependerá das consequências causadas

pelo ato.

Zanetti (2004 p.49): explica as diferenças e características entre o assédio e o

dano moral:

O assédio moral traz consequências sobre a saúde da vítima e estas consequências podem ser detectadas por um bom clínico, o qual dirá se existe ou não o assédio. [...] quem toma bebida alcoólica, tem efeitos próprios do álcool no seu organismo, assim como quem é assediado tem

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efeitos próprios do assédio. No dano moral não existe a necessidade de provar estes efeitos, pois, presume-se que a vítima esteja sofrendo! O dano moral não tem sintomas próprios e ainda não existe a necessidade da prova do prejuízo sobre a saúde, pois se presume que a vítima esteja sofrendo, tenha sua imagem abalada.

O Art. 186º do Código Civil descreve claramente em seu texto uma proteção

dirigida à sociedade contra o dano moral e assim, reforça uma perspectiva criminosa

do cyberbullying com : “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,

comete ato ilícito.” (Código Civil, 2002, p.253).

Apesar das previsões legais típicas de combate ao cyberbullying e ampla

divulgação deste fenômeno, os responsáveis políticos e educativos não possuem

uma ideia da dimensão e do problema e, de acordo com Smith (2006 apud AMADO;

MATOS;PESSOA; 2009 p.2), estes personagens ao depararem com o cyberbullying:

[...]sentem-se um pouco perplexos e desorientados no momento em que urge tomar medidas preventivas. Esta desorientação prende-se, certamente, com o fato de o fenómeno implicar a utilização de meios que só nos últimos anos passaram a ter uso generalizado e continuam, incontrolavelmente, a ter significativos desenvolvimentos. Um notável desconhecimento, ou mesmo alguma indiferença por parte dos adultos relativamente a estes problemas, o que também se explica por alguma ‘resistência’ dos mesmos ao conhecimento e uso de um conjunto de meios que não param de evoluir e tem nos jovens os seus principais utilizadores.

Entre os especialistas é unânime o axioma de que as ferramentas

tecnológicas por si só não são culpadas pela ocorrência do cyberbullying. Porém,o

uso indiscriminadamente inadequado destas tecnologias por algumas pessoas é.

4.5. CENÁRIO DO CYBERBULLYING NO MUNDO

Apesar da cultura e do acesso às tecnologias comunicacionais serem

discrepantes no mundo, um cenário deste mundo global pode ser parcialmente

exemplificado pela tabela 4.1 que apresenta os principais meios pelos quais o crime

de cyberbullying é comumente cometido:

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Tabela 4.5.1 – Tabela 6x4,Uma fotografia transnacional do uso da tecnologia relatando cyberbullying.

País Têm acesso ao

computador/ internet Têm celulares Cyberbullying

Austrália

• 61% das residências têm computadores

• 46% tem acesso a Internet

• Líder Global em SMS (mensagens de texto).

• 46% da população com 14 anos de idade.

• 55% da população com 15 anos de idade.

• 73% da população com 16 anos de idade.

• 12% das crianças entre 6 e 9 anos de idade

• 80% das crianças entre 15 e 17 anos de idade.

• 13% dos estudantes com até 8 anos de idade sofreram cyberbullying.

• 25% da população conhece alguém que já sofreu cyberbullying.

• 42% das meninas entre 12 e 15 anos já sofreu cyberbullying

Canadá • 95% das crianças

entre 11 e 15 anos têm internet.

• 37% das crianças entre 11 e 15 anos

• 80% das crianças entre 16 e 17 anos

• 32% das crianças entre 8 e 10 anos.

• 84% dos professores já sofreram cyberbullying.

• 23% da população já foi vítima por e-mail.

• 35% já foi vítima em chats. • 41% por mensagens de

texto. • 50% da população conhece

alguém que já foi vítima de cyberbullying.

India

• O crescimento da população com internet passou de 10000 internautas em 1995 para 30 milhões em 2003.

• 15% das residências têm computadores.

• 8% dos usuários são adolescentes.

• Os celulares são caros e faltam bases estatísticas.

• 65% dos estudantes são vítimas de cyberbullying.

• 60% já provocou alguém pelo celular

Japão

• 20% da população usa computador com 11 anos

• 70.072.000 de usuários da Internet.

• 99% dos estudantes têm acesso a internet na escola.

• 24.1% dos estudantes de ensino básicio têm celulares

• 66.7% dos adultos. • 96% dos idosos de

ensino superior

• Poucos estudos formais • Numerosos casos de ‘netto-

ijime’ (cyberbullying)

Reino Unido

• 69% dos estudantes têm acesso a internet em casa

• 75% da população carregam um celular

• 20% dos 770 jovens sofreram cyberbullying.

• 73% cometeram cyberbullying.

• 5% da população admite envolvimento de alguma forma com cyberbullying.

(Fonte: Adaptado de SHARIFF, 2008, p.44 (tradução nossa))

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Entre diversos pesquisadores e professores, a sensação diante do

cyberbullying é de perplexidade. “Ninguém sabe o que fazer para erradicá-lo” 20.

4.6. UMA SOLUÇÃO AO CYBERBULLYING

O Brasil, assim como diversos países democráticos caracteriza-se pela

liberdade de expressão que não deve ser confundida com a liberdade para prática

de crimes virtuais como é o cyberbullying. A declaração de Direitos do Homem e do

Cidadão aprovada em aprovou em 26 de agosto de 1789 em seu Art. 11º pode ser

usada como exemplo ao limite da liberdade de expressão desregrada:

A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei (Virginia Rights, 1789, (tradução nossa)).

A censura descuidada e arbitrária que pode vir a ser implementada tornando

o país semelhante ao regime chinês ou de países como Arábia Saudita, Mianmar,

Coreia do Norte, Cuba, Egito, Irã, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turcomenistão e

Vietnã, que, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, "transformaram suas redes

em uma intranet, impedindo que os internautas tenham acesso a informações

consideradas ‘indesejáveis’ onde não existe a liberdade de difusão da informação”

(Terra Tecnologia, 2009, p. 1).

Assim, diversas medidas estão sendo tomadas cuidadosamente, sem que

haja o desrespeito à liberdade de expressão. Neste cenário baseado em reações ao

fenômeno do cyberbullying em todo mundo, a tabela 4.6.1 representa os seguintes

fatos:

20 Informação verbal de Lopes integrante da Abrapia (representante do Brasil em uma conferência internacional on-line sobre a prática de cyberbullying)

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61

Tabela 4.6.1 - Tabela 2X7, Cenário Global de combate País Considerações específicas

Austrália

• Líder global no uso de mensagens de texto pelo celular.

• Abordagem política e jurídica autocrática positivista.

• Baniu o acesso ao YouTube em 1600 escolas no estado de Victoria.

• Gastou 84 milhões de dólares em filtros de internet, hackeados por

adolescentes em 30 minutos.

Canada

• A federação de professores Canadenses aprovou uma resolução para

tratar o cyberbullying.

• Ontario alterou legislação para incluir suspensões por atos de bullying.

India

• Bullying é aceito socialmente como parte da cultura entre pessoas de

classes diferentes.

• Leis em vigor reguladas pelo Ato de Tecnologia da Informação

direcionadas a pornografia, menos efetivas contra o cyber-bullying.

Japão

• Poder coletivo enfrenta o poder individual, 80% dos casos de bullying são

desenvolvidos em conjunto ao invés de individualmente.

• 40 casos de suicídio ocorreram entre 1999 e 2005 baseados na pressão

familiar.

• 30% dos suicídios ocorreram baseados na cultura do respeito

(culturalmente o suicídio é visto como uma maneira respeitosa de sair de

um problema).

Coréia do Sul

• Leis entraram em vigor recentemente regulando o uso da internet (com

extorsões).

• Os coreanos revelam nome e ID antes de compartilharem opiniões.

• A Coréia do Sul é descrita como o país mais ‘grampeado’ do mundo.

Reino Unido

• Sites governamentais dão conselhos de fácil acesso contra o

cyberbullying.

• 33% da população jovem recebe comentários torpes pela internet.

(Fonte: Adaptado de SHARIFF, 2008, p.47 (tradução nossa))

A liberdade de expressão assegurada pelo Art. 5º, inciso IX da Constituição

de 1988 contrabalança-se com seu inciso IV onde veta o anonimato que poderia

gerar impunidade ao praticante de determinados atos (LEMGRUBER; MUSUMECI;

CANO; 2003).

Excluindo o fato do anonimato que parece ainda ser incombatível, o

cyberbullying que tem previsão de combate legal deve trazer mudanças na maneira

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como navegamos ou agimos de forma a minimizar os perigos deste incomodante

fenômeno. Uma revisão das políticas e práticas do uso das tecnologias como a

internet, os celulares e outras ferramentas digitais se faz necessária para o combate

efetivo ao fenômeno (WILLARD, 2007).

A empresa Mcafee desenvolveu um conjunto de soluções em um único

software contra exposições na internet (o que pode prevenir o cyberbullying). O

McAfee Family Protection é um pacote de segurança que permite o monitoramento

das atividades desempenhadas na web pelo computador. Entre as diversas funções,

destacam-se:

1) Bloqueio de Web – Aplicativo que impede o acesso a determinados conteúdos.

2) Bloqueio de programas - obstrui determinados jogos, programas maliciosos entre

outros.

3) Recursos para redes de relacionamento - registram postagens de informações

inapropriadas ou pessoais, bem como conversas, para ajudar a detectar se estão

ocorrendo atividades ligadas ao cyberbullying.

4) Bloqueio de e-mail - obstrui endereços de e-mail desconhecidos.

5) Limite de tempo ajuda a controlar a quantidade de tempo on-line.

6) Recursos para mensagens instantâneas monitoram e gravam mensagens

instantâneas.

7) Relatórios de utilização fornecem uma visão completa de todas as atividades

relacionadas à Internet e mensagens instantâneas de compartilhamento de arquivos

ou qualquer outro programa especificado.

8) E-mail automático informa quando existe acesso a materiais suspeitos.

9) Filtro do YouTube possibilita o bloqueio de vídeos suspeitos, permitindo acesso à

apenas aos vídeos que não se enquadrem nessa categoria (MCAFEE, 2010).

No entanto, a luta contra os problemas existentes (como o suicídio, e traumas

ou fobias) somente será eficiente se houver complementarmente às políticas e

práticas, os fatores “denúncia, verificação e resposta processual” (WILLARD, 2007,

p.136 (tradução nossa)).

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4.7. CASOS DE CYBERBULLYING

Os casos são inúmeros, e a atribuição de certos casos de suicídio ao

cyberbullying só é feita quando existe a ‘carta de despedida’ alegando o fato.

O caso de uma adolescente de Massachusetts que cometeu suicídio após

uma campanha incansável de intimidação que durou meses demonstra a maneira

pela qual comportamentos comuns da prática de cyberbullying estão evoluindo. Seis

alunos enfrentaram acusações criminais pela morte de Phoebe Prince, de quinze

anos, que se suicidou por enforcamento depois de ser submetida às agressões

verbais e ameaças online pelo Facebook, por meio de mensagens de texto e por

outros métodos de alta tecnologia (TERRA , 2010).

Nos Estados Unidos, Megan Méier, de 13 anos, foi mais uma vítima. Durante

um mês ela manteve um ‘namoro virtual’ com um pseudo ‘jovem 16 anos’ chamado

Josh Evans, que havia conhecido através da rede social chamada MySpace. O

romance terminou quando o rapaz subitamente passou a agredi-la mandando-lhe

diversas mensagens degradantes. Uma mensagem com os dizeres: ‘o mundo seria

melhor se você não existisse’ serviu como uma arma contra a jovem que enforcou-

se após o fato. O caso chocou a população e vereadores locais aprovaram uma lei

para punir os casos de assédio e perseguição na internet (DUPRAT, 2008).

No Japão a violência ocorre apesar da cultura orientada ao desvio de

confrontos. Um garoto tímido, com dificuldades de relacionamento, foi alvo de

ataques em uma comunidade. Makoto, aluno de segundo grau em uma escola se

tornou vítima do cyberbullying que quase o levou ao suicídio, desenvolveu a

anorexia e tem comportamentos anti-sociais (Terra Tecnologia, 2007).

Na Itália, mais de duas mil pessoas participaram, do funeral de uma jovem de

dezesseis anos que se matou com o revólver do pai após ter fotos íntimas

divulgadas repetidamente na Internet. O ataque surgia e de repente desaparecia, na

época, algumas pessoas foram investigadas pela Justiça na busca de um possível

responsável pelas publicações, todavia ninguém foi incriminado (Terra tecnologia,

2008).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não resta dúvida de que estamos vivendo a plenitude da era da informação

e da gestão do conhecimento. Neste cenário, as inovações tecnológicas e a rapidez

com a qual se consolida a sua evolução contribuem de forma impactante na

transformação de uma sociedade onde os meios de comunicação são os principais

aliados na disseminação do conhecimento e, portanto, formadores de opinião e de

uma cultura predominante. A sociedade fazendo uso dessas tecnologias muda seus

hábitos, seus costumes e a forma de se relacionar em todos os segmentos de

atuação. Desta forma, o uso dessas tecnologias é um elemento transformador da

cultura de massa.

Esta pesquisa mostrou que ao longo da história surgiu e se desenvolveu um

fenômeno conhecido como bullying, uma prática extremamente negativa e

perniciosa para a sociedade; e que afeta especialmente os estudantes no ambiente

escolar. Esta prática vem sendo combatida dentro das suas limitações, pois a

principal dificuldade reside na forma como ela se configura; no ambiente onde ela

ocorre e também pela carência de medidas educativas frequentes que coíbam ou

estabeleçam uma punição adequada ao praticante desta ação.

E, como se não bastasse, graças ao avanço tecnológico e ao

estabelecimento da Rede Mundial – Internet – proporcionadora de amplo ambiente

virtual, uma nova maneira de praticar o bullying surge atualizando a prática deste

crime virtual. Prática esta conhecida mundialmente como “Cyberbullying”.

A pesquisa esclarece que o Cyberbullying tem um peso maior que o bullying

devido ao grau de conexão que as pessoas têm com o ambiente virtual; e o combate

a esta prática torna-se mais difícil ainda devido à forma como ele é praticado. No

Brasil a legislação caracteriza esta prática como crime. No entanto, seu alcance

quanto à punição dos agressores é limitado pela própria tecnologia.

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Quanto às características, a pesquisa mostrou que o Cyberbullying muitas

vezes é direcionado a atacar a honra e a dignidade das vítimas, sendo, portanto, um

crime virtual favorecido pela impunidade amparada pelas ferramentas tecnológicas

que são desenvolvidas num país democrático onde o controle e a limitação do

acesso à informação ou mesmo liberdade de expressão, utilizado para a prática

deste crime, não é tolerado.

Em última análise, considera-se ainda que o Cyberbullying leva suas vítimas

a desenvolverem diversos distúrbios e traumas, chegando a prejuízos extremos

como o suicídio. Sua ocorrência é mais comum em relação ao seu antecessor, o

bullying, e este fato sugere a adoção de novas políticas e critérios para o uso da

tecnologia da informação, de forma a direcioná-la essencialmente para o bem.

Também não pode ser descartada a questão da ética, ou seja, o princípio de

toda a problemática tem como origem o bullying que muito antes da inclusão digital,

do uso das tecnologias da informação e do surgimento e desenvolvimento acelerado

das redes sociais já existia e, enquanto distúrbio social causava, dentro das suas

proporções, prejuízos morais incalculáveis. Este fato deixa claro que a verdadeira

origem do bullying e do Cyberbullying é, antes de mais nada, um problema com

origem na presente ética e moral dos agressores, e que sugere também ações

voltadas para uma maior atenção à educação e à formação do caráter da

personalidade desta nova geração de usuários das redes sociais.

Finalmente, considera-se que o objetivo desta pesquisa foi alcançado, pois

levantou dados históricos, contextualizou-os e promoveu uma reflexão sobre o tema

proposto. Entretanto, é mister reconhecer que o assunto não está esgotado, e que

sua atualidade no Brasil não é muito difundida. A cada dia que passa as tecnologias

evoluem e junto a essa evolução surgem novos problemas que ainda não são foco

de pesquisas brasileiras. Portanto sugere-se para trabalhos futuros e para

continuidade deste estudo o desenvolvimento de práticas educativas, e ferramentas

tecnológicas que aliadas a uma legislação mais direcionada possam erradicar a

prática deste crime virtual. Deve-se ainda atentar-se ao campo da educação para

pesquisas mais profundas sobre a origem deste fenômeno, com vistas a embasar

eventuais propostas de solução no campo psicossocial.

Page 66: TCC -cyberbullying um problema nas redes Sociais

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