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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA Elaboração e avaliação de projetos de pesquisa e extensão Wilson Castello Branco Neto Março de 2013

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Page 1: Elaboração e avaliação de projetos de pesquisa e extensãocaroline.brilinger/TCC/Texto 3... · 2.1.2 Formulação de um problema para projetos de pesquisa Um problema pode ser

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

Elaboração e avaliação de projetos de pesquisa e extensão

Wilson Castello Branco Neto

Março de 2013

Page 2: Elaboração e avaliação de projetos de pesquisa e extensãocaroline.brilinger/TCC/Texto 3... · 2.1.2 Formulação de um problema para projetos de pesquisa Um problema pode ser

Conteúdo 1. Introdução ............................................................................................................................. 3

1.1 Motivação ............................................................................................................................ 3

1.2 Organização do curso .......................................................................................................... 4

1.3 Projetos: conceitos básicos ................................................................................................. 6

2. Componentes de um projeto .............................................................................................. 11

2.1 Formulação do problema ............................................................................................ 12

2.1.1 Formulação de um problema para projetos de extensão .......................................... 13

2.1.2 Formulação de um problema para projetos de pesquisa .......................................... 16

2.2 Objetivo geral e objetivos específicos ......................................................................... 18

2.3 Justificativa .................................................................................................................. 22

2.4 Referencial teórico ...................................................................................................... 27

2.5 Hipóteses de pesquisa ................................................................................................. 30

2.6 Resultados e impactos esperados ............................................................................... 32

2.6.1 Resultados Esperados................................................................................................. 32

2.6.2 Impactos Esperados ................................................................................................... 33

2.7 Beneficiários ................................................................................................................ 34

2.8 Metas ........................................................................................................................... 35

2.9 Metodologia ................................................................................................................ 37

2.10 Cronograma ................................................................................................................. 40

2.11 Recursos Necessários e Cronograma de Desembolso ................................................ 44

2.12 Considerações ............................................................................................................. 47

3. Modelos para elaboração de projetos ................................................................................ 48

3.1 Modelo do IFSC para projetos de extensão ...................................................................... 48

3.2 Modelo do IFSC para projetos de pesquisa ....................................................................... 52

4. Avaliação de Projetos .......................................................................................................... 54

5. Considerações Finais ........................................................................................................... 58

6. Referências bibliográficas ................................................................................................... 59

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aprove o projeto B. Por quê? Porque ao aprovar o projeto B e reprovar o projeto A,

o avaliador tem problemas pontuais na formulação deste para apresentar como

argumento ao seu autor. Por outro lado, se tivesse aprovado o projeto A e

reprovado o projeto B, ficaria mais difícil argumentar com o autor do projeto B,

pois a escolha foi baseada em um aspecto subjetivo.

Percebemos que fazer um projeto apenas para cumprir ritos burocráticos é perda de

tempo, pois ao criá-lo para ser lido e engavetado, o autor deixará de pensar nos detalhes das

ações que devem ser realizadas; nos recursos menos óbvios, porém imprescindíveis; nos

problemas que podem surgir e as alternativas para contorná-los, entre outros. Desta forma,

ele está perdendo a oportunidade de tornar a sua idéia mais compreensiva aos outros, o que é

importante nos processos de avaliação, e a si mesmo, o que é fundamental durante a

execução para garantir o sucesso do projeto.

Conforme citado no início deste capítulo, um projeto descreve a situação atual, uma

situação desejada e as ações e recursos necessários para transformar uma na outra. Para

melhorar organizá-lo, o projeto é divido em várias partes com funções específicas, como

mostra o quadro 2.

Quadro 2. Principais partes de um projeto Elementos Objetivos

Formulação do problema

Justificativa

Referencial teórico

Descrever a situação atual

Objetivo geral e objetivos específicos

Hipóteses de pesquisa

Resultados e impactos esperados

Beneficiários

Descrever a situação desejada

Metas

Metodologia

Cronograma

Descrever as ações previstas, como e quando elas serão realizadas

DICA: Não estamos afirmando que a qualidade da idéia não interfere na avaliação de um

projeto, pois ela certamente interfere. O que estamos chamando a atenção é que ela não é garantia de sucesso como a maioria dos autores pensa, e que a forma de exposição da idéia conta tanto quanto a idéia em si.

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Recursos Necessários (Humanos e Materiais)

Cronograma de desembolso

Descrever os recursos necessários para a execução do projeto

Diferentes instituições podem utilizar diferentes modelos de projetos, ou até mesmo

uma única instituição pode usar diferentes modelos dependendo da natureza do projeto em

questão. Mas independentemente da forma como um projeto é dividido deve-se ter sempre

em mente que ele deve deixar clara a situação atual, a situação futura e, principalmente, as

ações que serão realizadas e os recursos necessários.

Ao concluir a leitura deste capítulo, você deve estar ciente do quão importante é a

tarefa de elaboração de projetos. Além disto, você já conhece as principais partes existentes

em um projeto e sabe qual a finalidade de cada uma delas. Talvez tudo ainda pareça muito

abstrato, mas falta pouco para que estes conhecimentos tornem-no competente para a escrita

de bons projetos. Siga lendo o capítulo seguinte, pois ele fornece este pouco que ainda está

faltando, por meio de exemplos que vão ajudá-lo a entender melhor cada uma das partes de

um projeto.

Modelo de projeto é um roteiro fornecido por uma instituição que define como o projeto deve ser organizado, quais partes ele deve conter e o tamanho mínimo e/ou máximo de cada uma delas

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2. Componentes de um projeto

Antes de discutirmos cada parte que compõe um projeto, ressaltamos que este é um

texto científico, normalmente escrito no tempo presente com o uso da partícula apassivadora

se que confere ao texto um caráter de impessoalidade. Esta forma de escrita difere bastante

da utilizada neste documento, que usa a primeira pessoa do plural para tornar o texto menos

formal e mais próximo de um diálogo entre o instrutor e os participantes do curso.

Vamos usar a primeira frase do parágrafo anterior como exemplo. Ela foi escrita da

seguinte maneira:

Antes de discutirmos cada parte que compõe um projeto, ressaltamos que este é um

texto científico...

Se este fosse um projeto, deveríamos escrevê-la assim:

Antes de discutir cada parte que compõe um projeto, ressalta-se que este é um texto

científico...

Note que o termo discutirmos (com o sujeito oculto nós) foi substituído por discutir

(com sujeito indeterminado) o que confere impessoalidade à frase. Da mesma forma,

ressaltamos foi substituído por ressalta-se, trocando também o sujeito oculto nós pelo sujeito

indeterminado, com a inclusão da partícula apassivadora se.

O tempo verbal no presente deve ser utilizado na maior parte do texto. Ele sofre

alterações na metodologia, que deve ser escrita no futuro como será visto no item específico,

e também pode sofrer no referencial teórico e na justificativa, quando o autor pode usar o

tempo passado e futuro para situar os conceitos no tempo e no espaço. Mas a impessoalidade

deve ser mantida, independente do tempo do verbo.

DICA: As diferentes áreas do conhecimento e até mesmo diferentes

pesquisadores dentro de uma mesma área possuem pontos de vista distintos sobre a impessoalidade ou não de um texto. É importante, estar atento ao que é mais comumente utilizado em sua área, antes de submeter um projeto.

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As próximas seções deste capítulo descrevem para que serve cada uma das partes de

um projeto apresentadas no quadro 2, com exemplos para facilitar a sua compreensão.

2.1 Formulação do problema

Normalmente, projetos são desenvolvidos para resolver problemas, os quais

representam o ponto de partida para a realização destes projetos. O problema é a principal

descrição da situação atual e ele deve apresentar de forma precisa as perguntas que o autor

deseja responder (se for um projeto de pesquisa) ou as características da situação que se

pretende melhorar (no caso de um projeto de extensão). Ao elaborar um problema devemos

responder a uma das perguntas Quais são as perguntas que quero responder? ou Que

problema quero resolver?

A formulação do problema não se constitui em uma tarefa fácil, pois requer

criatividade e capacidade de síntese por parte do autor. Por isto, é preciso dedicar-se a ela,

pois não é possível escrever um bom projeto a partir de um problema mal definido. Se o autor

não tem clareza do problema que deseja tratar, o projeto está fadado ao fracasso, porque

mesmo sabendo onde quer chegar (objetivos), como o autor vai planejar sua caminhada

(metas, metodologia e cronograma) se ele não sabe onde está neste momento (problema)?

Algumas dicas ajudam a formular um bom problema, são elas:

1. O problema deve ser claro e preciso: problemas definidos vagamente são

mais difíceis de serem solucionados, porque não se sabe por onde começar

a procurar a solução, e problemas confusos dificultam a elaboração das

demais partes do projeto.

2. O problema deve ser passível de solução: de nada adianta definir um

problema que não se tem idéia de como começar a resolvê-lo porque

desta forma o projeto já está comprometido.

DICA: A incerteza faz parte dos projetos, principalmente de pesquisa, e

por isto não sabemos exatamente onde vamos chegar. Mas isto é muito diferente de não se ter idéia de por onde devemos começar, que é o que ocorre quando definimos um problema que não temos condições de resolver.

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Se neste momento você estiver se perguntando - Se o modelo que eu estiver utilizando

não apresentar nenhum dos três itens (Formulação do Problema, Introdução e Justificativa),

onde devo descrever o problema a ser resolvido? – a resposta é: - Não sabemos, porque nunca

encontramos um modelo de projeto que não tenha contenha o item Justificativa ou similar.

Acreditamos que seja pouco provável que você se depare com esta situação, mas como não há

uma norma que obrigue as instituições a prever o item Justificativa em seus projetos, não

podemos garantir que isto nunca ocorrerá. Se ocorrer você tem duas opções:

1. Muitos modelos, além de definirem os tópicos que o projeto deve conter

apresentam uma pequena descrição sobre o que ele deve conter. Se este for o

caso do modelo que você está utilizando, leia as descrições de todos os itens e

veja se consegue identificar em qual deles o problema deve ser descrito;

2. Se o seu modelo não possuir esta descrição ou se você não conseguir

compreendê-la, entre em contato com o responsável pelo setor que receberá

e avaliará os projetos solicitando esclarecimentos.

O importante é que não se pode deixar informações relevantes fora do projeto porque

o modelo não prevê um determinado item, é preciso identificar em qual das partes existentes

no modelo esta informação melhor se encaixa.

2.1.2 Formulação de um problema para projetos de pesquisa

Um problema pode ser expresso de duas maneiras: através de um pequeno texto que

descreve a situação problema (mais comum em projetos de extensão, como vimos na seção

anterior) ou através de uma ou mais perguntas que devem ser respondidas com a execução do

projeto (mais utilizado em projetos de pesquisa).

Analisando o primeiro exemplo de problema apresentado na seção anterior,

percebemos que ele é um bom problema para um projeto de pesquisa, porque, como vimos,

abre a possibilidade para que diversas perguntas sejam feitas e hipóteses construídas sobre

ele, o que constitui a base de um projeto de pesquisa. O texto ...

As escolas de educação básica do município de ABC possuem laboratórios com

computadores e acesso a Internet, contudo estes recursos não são utilizados

durante as aulas.

Marcelo Pezzi
Marcelo Pezzi
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... pode ser facilmente convertido na seguinte pergunta:

Por que as escolas de educação básica do município de ABC, que possuem

laboratórios com computadores e acesso a Internet, não utilizam estes recursos

durante as aulas?

Embora as duas redações sejam aceitas, a forma interrogativa é mais comumente

encontrada em projetos de pesquisa. Este problema, tanto na forma afirmativa quanto

interrogativa, possui as características indicadas para um bom problema de pesquisa. Ele

indica de forma clara e precisa a situação atual (os computadores não são utilizados nas aulas);

ele pode ser resolvido (por meio de entrevistas ou questionários podemos descobrir as razões

disto); e ele não define o que será feito para resolvê-lo.

Quando elaboramos as perguntas que comporão nosso problema de pesquisa,

devemos cuidar para não enunciarmos perguntas muito abrangentes, cujas respostas não

poderão ser encontradas com a realização do projeto. Vamos analisar o seguinte exemplo:

A informática auxilia na Educação?

Esta pergunta pode ser respondida de diversas maneiras, como: “Sim, pois agiliza as

tarefas de lançamento de notas na secretaria”; “Sim, porque os alunos têm acesso a

conteúdos que não existem nos livros da sua biblioteca”; “Sim, porque os alunos aprendem

melhor com o uso de softwares educacionais”; entre outras várias respostas possíveis. Se uma

DICA: Perceba as relações existentes entre pesquisa e extensão. Um mesmo problema,

em um estágio inicial gera oportunidades de pesquisa para que possamos melhor compreendê-lo e os resultados desta pesquisa podem ser usados para subsidiar ações de extensão. Supondo que neste exemplo a pesquisa indicasse que os computadores não são utilizados por falta de conhecimento dos professores, o resultado poderia ser incorporado ao problema de um projeto de extensão que possibilite a capacitação destes professores.

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pergunta gera respostas tão diferentes é porque ela foi mal elaborada, levando a um problema

mal definido.

Um pesquisador, ao elaborar uma questão como esta, provavelmente não está

interessado em todas as respostas possíveis, mas sim em apenas algumas delas. Mas se

formular o problema desta forma, terá dificuldades para dar seguimento ao projeto quando

precisar definir os objetivos, a metodologia, durante a sua execução e, principalmente, para

redigir as conclusões do trabalho. Como se pode perceber, as implicações de um problema mal

definido repercutem ao longo de todo o projeto, por isto é importante que tomemos muito

cuidado nesta etapa.

Vamos reescrever o problema anterior, supondo que o autor esteja interessado em

estudar os efeitos do uso do computador sobre a aprendizagem dos alunos.

A utilização de computadores durante as aulas aumenta o rendimento dos alunos?

Esta pergunta pode ser respondida mais facilmente no final do trabalho (em suas

conclusões), desde que o autor possua dados (registros escolares, por exemplo) que indiquem

o rendimento dos alunos que usam e que não usam computadores durante as aulas, o que

demonstra que este problema é passível de resposta e está bem definido.

2.2 Objetivo geral e objetivos específicos

Os objetivos devem responder a pergunta O que será feito no projeto? Eles iniciam a

descrição da situação futura, aquela que se deseja alcançar após a execução do projeto. Eles

dividem-se em objetivo geral, normalmente explicitado em um pequeno texto que descreve de

forma abrangente o que se pretende fazer no projeto, e objetivos específicos, que são

detalhamentos do objetivo geral e são organizados em tópicos. Por definirem o que será feito,

ou seja, uma ação, os objetivos são iniciados com verbos no infinitivo. A definição de objetivos

é imprescindível tanto nos projetos de pesquisa quanto de extensão e o seu desenvolvimento

possui características comuns, que são apresentadas a seguir.

DICA: Após elaborar o problema do seu projeto, leia-o e releia-o várias vezes. Verifique

se ele está claro, se é preciso e passível de solução. Coloque-se no lugar do avaliador, e pense - se o projeto não fosse seu, você o consideraria um bom problema?

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Os objetivos ajudam a delimitar e dimensionar a atuação do projeto com vistas à

solução do problema. Quando discutimos a formulação de um problema, vimos que ele deve

ser claro, preciso e passível de solução, mas isto não quer dizer que ele possa ser resolvido

totalmente em um único projeto. Há problemas que precisam de mais de um projeto para ser

resolvido e é por isto que o objetivo deve deixar clara a contribuição do projeto em questão

para resolvê-lo, ou ainda, que parte do problema será resolvida neste projeto.

Vamos relembrar o problema do nosso exemplo:

As escolas de educação básica do município ABC possuem laboratórios com

computadores e acesso a Internet, contudo estes recursos não são utilizados durante as aulas

porque os professores não sabem de que maneira eles podem auxiliar na realização das

atividades de ensino-aprendizagem.

O que podemos fazer para resolver este problema?

Capacitar os professores da educação básica do município de ABC para o uso de

softwares educacionais.

Temos aqui uma primeira versão do objetivo geral do nosso trabalho, mas será que ela

está bem definida? Uma das características dos objetivos é que eles devem descrever ações

que possam ser concretizadas durante a execução do projeto. Se considerarmos que ABC é um

município muito pequeno, com apenas 5 escolas, é plenamente possível capacitar todos os

professores do município como prevê o objetivo. Porém, se ABC for um município de médio ou

grande porte, com centenas de escolas isto já não é viável. Assim, embora o problema exista

em todo o município, precisaremos limitar no objetivo a nossa área de atuação, por exemplo:

Capacitar os professores da educação básica das escolas A, B e C do município de ABC

para o uso de softwares educacionais.

Nominar algumas escolas como fizemos é uma forma de limitar o objetivo, outras não

tão restritivas são possíveis, criando categorias tais como escolas do bairro X; escolas

municipais; escolas com resultados na Provinha Brasil abaixo de X pontos, etc. Considerando

DICA: Em projetos que não possuem o item Formulação do problema, é na justificativa que encontramos os elementos que descrevem a situação atual e servirão de base para a criação dos objetivos do projeto.

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que as demais partes de um projeto dependem diretamente dos seus objetivos, precisamos

ter clareza do contexto onde estamos atuando para podermos elaborá-los corretamente. Por

isto, não esqueça ao longo de todo o curso que estamos considerando que ABC é uma cidade

pequena, com apenas cinco escolas, por isto nosso objetivo é atuar em todas elas, ou seja:

Capacitar os professores da educação básica do município de ABC para o uso de

softwares educacionais.

Um objetivo geral apresenta uma síntese do que será feito e ele deve ser divido em

objetivos específicos que explicitarão os detalhes sobre o que será feito. O verbo Capacitar,

utilizado no enunciado do nosso objetivo geral, dá a noção do que queremos fazer, mas

podemos capacitar uma pessoa de diversas maneiras, por isto é importante a descrição dos

objetivos específicos para esclarecer o que será feito no projeto para capacitar os professores.

Seguem alguns exemplos de objetivos específicos para este projeto:

1 – Identificar as principais dúvidas dos professores em relação ao uso do laboratório

de informática durante as aulas;

2 – Elaborar o projeto de um curso para sanar as principais dúvidas identificadas;

3 – Ministrar o curso elaborado aos professores;

4 – Avaliar os resultados do curso ministrado acompanhado as atividades docentes no

laboratório de informática;

Ao ler os objetivos específicos, podemos perceber com maior clareza o que será feito

no projeto. Chamamos a atenção para o fato dos verbos utilizados nos objetivos específicos

DICAS: 1. Não crie muitos objetivos específicos, pois o tempo para realização do trabalho é

limitado. Não há um limite mínimo ou máximo que deve ser respeitado, mas em geral, 3 a 5 objetivos específicos são suficientes;

2. A existência de dois ou mais verbos no infinitivo e da conjunção “e” em um mesmo objetivo específico, indica a provável existência de dois objetivos escritos juntos, os quais podem ser separados;

3. Não superestime a tua capacidade, é normal querermos colocar mais objetivos específicos do que podemos cumprir em um projeto, por isto, fique atento ao tempo que você tem para realizá-lo.

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representarem ações objetivas, cuja execução pode ser verificada após a conclusão do

trabalho. Será fácil verificar se as dúvidas foram identificadas, pois haverá um documento

registrando-as, da mesma forma que haverá um documento demonstrando que o projeto do

curso foi elaborado. Os planos de aula, registros de freqüência, etc. mostrarão que o curso foi

ministrado e um relatório pode ser escrito para registrar as avaliações realizadas durante a

utilização dos laboratórios pelos professores envolvidos.

Para que consigamos verificar, de forma mais fácil, se os objetivos específicos foram

atingidos ou não, devemos evitar verbos como entender, conhecer, pesquisar, etc. cuja

verificação de sua consecução não pode ser feita de maneira objetiva. Considerando que os

objetivos específicos são os contratos que assinamos, ou seja, os compromissos que

assumimos ao realizar o projeto, quanto mais precisos eles forem, mas fácil será

comprovarmos a sua execução no final.

Uma confusão comum percebida em projetos é a inclusão de resultados ou impactos

esperados como objetivos específicos, por exemplo:

1. Aumentar os índices obtidos pelos alunos do Município de ABC na Provinha e na

Prova Brasil.

Por mais bem executado que seja o projeto, por melhor que seja o curso elaborado e

ministrado, podemos assegurar que os professores utilizarão os laboratórios após o seu

término? Mesmo que eles usem, temos certeza de que isto vai fazer com que os alunos

apresentem melhores resultados na avaliação citada? A resposta é não para as duas

perguntas. Portanto, Aumentar os índices é um desejo que temos e esperamos que ele se

realize após a execução do projeto, mas não um objetivo nosso porque depende de fatores

externos que extrapolam os limites do projeto. A seção 2.6 trata especificamente da

elaboração dos resultados e impactos esperados.

Outro equívoco comumente encontrado em objetivos específicos é a inclusão de

passos metodológicos como objetivo específico, tais como:

DICA: Quando não alcançamos um objetivo específico

em um projeto devemos justificar, de forma clara no relatório final, o porquê isto ocorreu.

Page 13: Elaboração e avaliação de projetos de pesquisa e extensãocaroline.brilinger/TCC/Texto 3... · 2.1.2 Formulação de um problema para projetos de pesquisa Um problema pode ser

1. Realizar um levantamento bibliográfico referente aos principais entraves no uso do

laboratório de informática para atividades pedagógicas;

2. Aplicar questionários aos professores com perguntas sobre o uso dos laboratórios;

Percebe-se que estes tópicos já descrevem como o trabalho será realizado. Mais

especificamente, eles indicam como o primeiro objetivo específico será alcançado. Portanto,

eles devem ser utilizados como guia na elaboração da metodologia e não como objetivos

específicos.

2.3 Justificativa

A justificativa também auxilia na descrição da situação atual e complementa a

formulação do problema, por exemplo, descrevendo suas causas e conseqüências. Nela

devemos responder a seguinte pergunta: Por que é importante desenvolver este projeto? É

neste momento que devemos demonstrar a relevância do trabalho que pretendemos realizar,

em termos acadêmicos, profissionais ou sociais.

Em projetos de extensão, é imprescindível que ela descreva a relevância social,

econômica e cultural das atividades a serem realizadas. Aspectos como prioridade e urgência,

quando pertinentes, também devem ser apresentados na justificativa como forma de

demonstrar, além da importância do projeto, a necessidade da sua rápida tramitação,

aprovação e execução. Em projetos de pesquisa, além da relevância social e das outras já

citadas, é muito importante destacar a relevância científica e/ou tecnológica que o projeto

trará para a área de conhecimento.

As considerações sobre a elaboração de justificativas para projetos de pesquisa e

extensão são bastante semelhantes e, por isto, tratadas de forma única nesta seção. Embora

DICA: A fronteira entre o que é ou o que não é um objetivo específico é muito tênue e varia

bastante entre as diferentes áreas do conhecimento e, também, entre diferentes autores de uma mesma área. Se o objetivo está um pouco abstrato, ele pode estar tendendo para um impacto esperado. Por outro lado, se ele está muito concreto, pode ser confundido com um passo metodológico. Por isto, fique atento para não cometer erros grosseiros e não se preocupe demasiadamente em analisar se o seu objetivo não está parecendo um impacto esperado ou um passo metodológico. Lembre-se sempre, um objetivo específico deve indicar O QUE será feito (e não COMO será feito) e ele deve ser verificável ao final do projeto.

Page 14: Elaboração e avaliação de projetos de pesquisa e extensãocaroline.brilinger/TCC/Texto 3... · 2.1.2 Formulação de um problema para projetos de pesquisa Um problema pode ser

o exemplo apresentado a seguir seja de um projeto de extensão, podemos utilizar o

conhecimento com ele obtido na elaboração de projetos de pesquisa.

Relembrando o problema apresentado na seção 2.1.1:

As escolas de educação básica do município de ABC possuem laboratórios com

computadores e acesso a Internet, contudo estes recursos não são utilizados

durante as aulas porque os professores não sabem de que maneira eles podem

auxiliar na realização das atividades de ensino-aprendizagem.

Podemos responder a pergunta Por que é importante desenvolver este projeto? ou Por

que é importante resolver este problema? da seguinte maneira:

- porque os professores de ABC não sabem utilizar o computador como ferramenta

pedagógica;

- porque o nível de aprendizagem dos alunos de ABC está abaixo do esperado;

- porque a utilização da informática melhora a aprendizagem dos alunos;

Reflita, será que apenas com estas respostas, podemos escrever uma boa justificativa

para o projeto? Elas são bons argumentos para a realização do trabalho, mas se forem

colocadas da forma como estão não serão capazes de justificá-lo de forma consistente porque

foram embasadas apenas no nosso ponto de vista (ponto de vista do autor). Mas será que

nosso ponto de vista está certo?

Devemos tomar cuidado para não escrever uma justificativa com base apenas em

nossa opinião porque nem sempre ela é a mais correta. Mesmo nos casos em que ela seja a

mais correta, é perigoso considerá-la como o único embasamento para justificativa, porque

corremos o risco dela diferir da opinião do avaliador do projeto, fazendo com que este tópico

não seja tão bem avaliado por ser a opinião do autor versus a opinião do avaliador, a qual

provavelmente prevalecerá.

Para reduzir os riscos da avaliação do projeto ser prejudicada por diferenças nos

pontos de vista do autor e do avaliador, devemos apresentar na justificativa dados estatísticos

ou citações de outros autores relevantes para a área, porque assim, mesmo mostrando a

nossa opinião, ela estará respaldada pelas referências e não será alvo fácil de críticas por parte

dos avaliadores.

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Podemos melhorar as três respostas apresentadas acrescentando dados a elas, como

pode ser visto no quadro 3, que apresenta as respostas originais e reescritas.

Quadro 3. Argumentos para a justificativa

Resposta original Resposta reescrita

Porque os professores de ABC não sabem utilizar o computador como ferramenta pedagógica;

Em visitas realizadas a X escolas de ABC, Y professores, W alunos e Z diretores foram questionados sobre a utilização do laboratório de informática. A partir destas entrevistas, pôde-se identificar que os laboratórios ficam ociosos em 80% do tempo e que 70% dos professores alegam não utilizá-lo por desconhecerem o potencial pedagógico do computador.

Porque o nível de aprendizagem dos alunos de ABC está abaixo do esperado;

Porque os alunos matriculados no 2º ano do ensino fundamental do município ABC avaliados pela Provinha Brasil obtiveram média X, enquanto a média nacional foi Y*. Da mesma forma, os alunos do 5º e 9º ano do ensino fundamental de ABC avaliados pela Prova Brasil alcançaram o índice W, abaixo da média nacional Z.

Porque a utilização da informática melhora a aprendizagem dos alunos;

Ramos (2008) ressalta que precisamos considerar que o computador também é uma importante ferramenta pedagógica que pode ajudar a desenvolver o raciocínio das pessoas [...], pois a incorporação da tecnologia ao processo educativo cria uma oportunidade impar para a estruturação e implantação de novos cenários pedagógicos.

*Considerando X menor que Y.

No quadro 3 percebemos que agora temos 3 argumentos mais contundentes para

embasar a justificativa do projeto, pois eles não representam apenas a opinião do autor.

Ressaltamos, também que os dados que possibilitaram a reescrita de cada uma das respostas

foram obtidos de maneira diferente. Na primeira utilizamos dados observados pelo próprio

DICA: A apresentação de dados, principalmente estatísticos, ajuda a demonstrar a importância

do projeto e a responder por que ele é importante de um ponto de vista mais geral e não apenas do ponto de vista do autor. A utilização de citações a trabalhos relacionados, principalmente em projetos de pesquisa, ajuda a demonstrar que o tema é importante, tanto que outros pesquisadores estão procurando conhecê-lo melhor. Naturalmente, quanto mais conhecido e respeitado for o autor do trabalho relacionado, melhor.

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autor. Na segunda nos valemos de dados estatísticos obtidos em fontes oficiais – os

resultados da Provinha e da Prova Brasil retirado do site do Ministério da Educação; e na

terceira utilizamos a citação de um autor respeitado na área de Tecnologia Educacional.

Embora todas estas formas sejam válidas, sempre que possível devemos preferir dados

numéricos de órgãos oficiais, por serem mais difíceis de serem contestados. Citações de outros

autores são positivas, mas corremos o risco do avaliador não concordar com elas. Por isto,

devemos evitar autores pouco conhecidos e preferir aqueles cujo domínio do assunto é quase

inquestionável, pois assim, será mais difícil para o avaliador expressar sua opinião caso ela seja

contrária. A terceira possibilidade apresentada, na qual o próprio autor é a fonte dos dados,

deve ser empregada com cuidado, pois a metodologia usada para isto pode ser questionada.

Quanto mais abrangentes forem os dados observados pelo autor, maior o rigor científico

necessário para a sua validação.

Em projetos de extensão, cuja finalidade é melhorar a situação de um público alvo em

um contexto específico, a justificativa pode, também, contemplar as conseqüências que o

problema poderá trazer a este público alvo caso ele não seja solucionado. Alguns exemplos de

conseqüências que podemos citar neste projeto são:

- Os laboratórios provavelmente continuarão sem uso, representando desperdício de

dinheiro público;

- Os alunos terão acesso a uma educação de menor qualidade que a média nacional, o

que dificultará sua inserção no mercado de trabalho como demonstram os dados do IBGE que

relacionam escolaridade com empregabilidade.

Estes cinco pontos constituem uma base sólida para a justificativa do nosso projeto.

Contudo, por ser um texto mais longo, ao elaborar a justificativa devemos tomar cuidado com

a sequência dos assuntos, principalmente para evitar repetições de idéias em diferentes locais

do texto ou a criação de parágrafos desconexos, sem coesão, que apesar de estarem em

ordem no texto não denotam uma sequência no raciocínio do autor.

DICA: Este texto é popularmente conhecido como colcha de retalhos. Ele ocorre quando o autor escreve parágrafos sobre diferentes assuntos e depois os coloca em sequência no texto sem a preocupação de mostrar as relações existentes entre eles. Por isto a analogia com uma colcha de retalhos, cujo processo de confecção consiste em unir diferentes pedaços de pano sem se preocupar com a ordem dos mesmos.

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Para evitar que o texto apresente estas características, antes de iniciar a sua redação,

devemos planejar a ordem das idéias que queremos mostrar, criando uma lista de tópicos

como a apresentada no exemplo a seguir. Ao ordenar os tópicos da justificativa, sugerimos

que você comece com parágrafos que detalham ou explicam as causas e conseqüências do

problema, por que é importante resolvê-lo. Em seguida conduza a discussão para as possíveis

formas de resolver este problema e conclua-a apontando para a solução que será dada no teu

projeto. Contudo, a ordem dos argumentos na justificativa varia bastante de um caso para o

outro, por isto, mais importante do que seguir uma receita, é ter bom senso para avaliar se a

linha de raciocínio que está sendo desenvolvida é coerente.

1 – Dados do IBGE demonstram que uma educação de qualidade aumenta a média

salarial das pessoas;

2 – Os alunos do município ABC possuem resultados nas avaliações oficiais abaixo da

média nacional, o que pode deixá-los em desvantagem futuramente no mercado de

trabalho;

3 – O uso de recursos computacionais é uma das alternativas que podem qualificar o

processo de ensino aprendizagem;

4 – Mas os professores do município ABC não estão aptos a utilizar o laboratório de

informática como recurso pedagógico;

5 – Além de não auxiliar os alunos, laboratórios parados representam desperdício de

dinheiro público.

Percebe-se que os cinco tópicos da justificativa são as cinco respostas obtidas

anteriormente, porém a ordem é diferente e em alguns deles foram acrescentados detalhes

que auxiliam a relacioná-lo com o tópico anterior ou posterior. A partir de agora basta

transformar cada tópico em um ou mais parágrafos acrescentando todas as informações

necessárias. Nesta etapa devemos considerar o limite mínimo e máximo de linhas ou páginas

especificado no modelo para a justificativa, para decidirmos qual o nível de profundidade de

cada texto. Além disto, não podemos esquecer-nos de criar frases no início ou final dos

parágrafos que efetuem a ligação das diferentes idéias, bem como das referências que nos

ajudaram a embasar a justificativa.

DICA: Percebemos que um texto virou uma colcha de retalhos quando ele fala, em diferentes momentos, de um mesmo assunto, repetindo idéias, ou quando alternamos entre assuntos abrangentes e específicos, sem um encadeamento bem definido. Normalmente, os textos iniciam com argumentos mais abrangentes e depois seguem para pontos mais específicos, relacionados ao projeto. Se em algum momento, após tratarmos de assuntos específicos, voltarmos aos abrangentes é um indício de que o texto não está bem estruturado.

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2.4 Referencial teórico

O referencial teórico é um item que nem sempre está presente nos projetos de

extensão, sendo a sua utilização mais freqüente em projetos de pesquisa. Nele devemos

responder a pergunta O que sei sobre este assunto? Esta resposta é importante, porque

ninguém é capaz de desenvolver um bom projeto sem conhecer o assunto tratado, sem dispor

de um conjunto sólido de obras para fundamentá-lo. No referencial teórico devemos

apresentar as opiniões de diferentes autores sobre o tema para que possamos nos posicionar

e determinar o caminho que pretendemos seguir. O referencial teórico também descreve a

situação atual, mas não uma situação específica delimitada pelo problema e sim uma situação

mais geral da área onde o problema está inserido e das diferentes soluções propostas para ele.

Para isto, devemos explicar os conceitos envolvidos, respondendo as perguntas O que é? Para

que serve? Qual o estado da arte?... Devemos referenciar outros autores nestas respostas,

utilizando, inclusive, citações quando pertinente.

A elaboração de um referencial teórico de qualidade inicia-se muito antes de sua

escrita, por isto sugerimos que você siga os seguintes passos:

1. Localização e seleção do material a ser lido

Com o advento da Internet é cada vez menos comum a leitura de obras impressas, por

ser mais fácil digitar o termo desejado no Google e acessar alguns dos milhares de sites

retornados por ele. A Internet é uma ferramenta importante, pois nos permite acessar

informações que jamais conseguiríamos caso ela na existisse, mas ela não pode ser a única

fonte de pesquisa.

Quando elaboramos um referencial teórico devemos considerar obras clássicas e obras

recentes, que desempenharão papéis diferentes dentro deste referencial, por isto é

importante que diversifiquemos nossas fontes de pesquisa. Quando quiser apresentar a

definição de conceitos já consolidados utilize livros de autores renomados para demonstrar

que você conhece as idéias dos pensadores mais importantes da área. Para mostrar que você

está atualizado e conhece as novas idéias propostas dentro desta área, você deve citar artigos

publicados em periódicos ou anais de eventos. Não importa se os livros e artigos citados foram

lidos de forma impressa ou via Internet, pois hoje existem muitos livros digitalizados e a

maioria dos periódicos e eventos possuem publicações impressas e on-line.

Além dos materiais já indicados, você pode utilizar a Internet para encontrar

informações mais específicas em sites de empresas, organizações governamentais e não

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governamentais, e até sites pessoais, os quais devem ser analisados com bastante critério.

Como não existem mecanismos de regulação na Internet e cada autor escreve o que quer,

precisamos tomar cuidado para não desqualificar nosso referencial teórico incluindo conceitos

duvidosos retirados de sites não confiáveis.

Ao localizar o material, passa-se para a etapa de seleção que pode ser iniciada com a

leitura dos sumários dos livros e dos resumos dos artigos para identificar o que interessa.

2. Leitura e fichamento do material

Após selecionar as obras de interesse, passa-se à leitura e ao seu fichamento. É

possível que nesta etapa algumas das obras selecionadas na etapa anterior sejam descartadas,

caso o seu conteúdo não corresponda às expectativas iniciais e, da mesma forma, é possível

que tenhamos que retornar ao passo 1 para buscar outros materiais que preencham lacunas

deixadas pelo material selecionado inicialmente.

3. Escrita do referencial teórico

O referencial teórico, em geral, é um texto longo que envolve vários parágrafos ou

páginas e por isto deve ter sua sequência bem planejada para evitar problemas de repetição

ou falta de coesão das idéias, como destacamos na justificativa. Estes problemas são mais

eminentes no referencial teórico do que na justificativa por este ser um texto maior e também

porque no referencial tratamos diversos autores, com idéias em alguns momentos

complementares e, em outros, contraditórias. Organizar um texto coeso para apresentar tudo

isto requer cuidado e planejamento prévio.

Um erro comum na escrita do referencial teórico é ler uma obra, resumir suas

principais contribuições e redigir alguns parágrafos sobre ela. Após, repete-se estes passos até

DICA: Note que não estamos dizendo que a Internet não deve ser considerada como fonte de pesquisa. Ela deve sim, pois facilita muito o trabalho. O que devemos tomar cuidado é com a procedência das informações, portanto, livros, artigos, sites governamentais, etc. representam boas fontes de pesquisa na Internet. Mas devemos evitar, sempre que possível, utilizar sites pessoais no referencial teórico, exceto aqueles sites mantidos por autores conhecidos o que dá credibilidade às informações ali disponibilizadas.

Fichamento é o ato de registrar algumas informações sobre o material lido, tais como: informações bibliográficas (título, autor, editora, cidade, ano, número de páginas, etc), resumo das principais idéias, citações, entre outras.

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que o tamanho do texto atinja o estabelecido no modelo. Porém, é pouco provável que

consigamos escrever um referencial teórico de qualidade desta forma porque não temos uma

visão do texto como todo, uma vez que a cada nova obra lida escrevemos uma parte dele.

Para evitar problemas de repetição de idéias e falta de coesão precisamos planejar a

estrutura do referencial teórico (sequência das idéias), tarefa esta que só pode ser feita após a

leitura e fichamento de um conjunto suficiente de obras. Após ler e resumir diversas obras,

teremos noção do assunto como um todo e conseguiremos encadear as idéias de forma

organizada, gerando uma estrutura de tópicos que orientará a escrita propriamente dita.

Durante esta última etapa, as citações e os resumos contidos nas fichas embasarão a redação

dos parágrafos gerados a partir de cada um dos tópicos.

Normalmente, ao elaborar o referencial teórico o autor deve apresentar os conceitos

envolvidos no projeto partindo do mais abrangente para o mais específico, para que no final

do texto ele chegue bastante próximo das ideias apresentadas no problema e nos objetivos.

Voltando ao nosso projeto de exemplo, podemos organizar seu referencial teórico da

seguinte maneira:

1- Tecnologia Educacional (Tema geral);

2- Utilização de softwares educacionais (Tema intermediário);

3- Formação docente para o uso de softwares educacionais (Tema

específico);

4- O estado da arte referente à capacitação docente para uso de softwares

educacionais;

5- Trabalhos similares desenvolvidos;

Por ser um projeto simples, nosso exemplo apresentou poucos tópicos no

planejamento de seu referencial teórico. Em projetos mais complexos teremos mais conceitos

envolvidos e, por conseqüência, mais tópicos, que devem ser organizados da mesma forma,

partindo do conceito mais geral para o mais específico.

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conseguirmos corrigir todos os casos em que não encontramos estas informações, estaremos

resolvendo a maior parte dos problemas referentes à definição das metas.

Após definirmos as metas, também devemos verificar se a execução de todas elas

proporcionará a consecução dos objetivos específicos. Se algum objetivo específico não for

alcançado após atingirmos as metas, devemos revê-las porque, provavelmente, esquecemos

de alguma meta importante.

2.9 Metodologia

A metodologia deve responder a pergunta Como será feito o projeto? Ela é o elemento

que descreve com detalhes como a situação atual será convertida na situação desejada. Na

metodologia o autor deve explicitar o caminho que pretende seguir para chegar à solução do

problema, detalhando de que forma realizará as atividades para que cada meta seja alcançada.

Embora esteja intimamente relacionada às metas, diferentemente destas, a metodologia não

deve ser escrita em tópicos, mas sim em parágrafos seqüenciais, com verbos no tempo futuro

(pois o trabalho ainda será realizado), utilizando termos que confiram a ela um caráter

temporal capaz de demonstrar a ordem em que as tarefas serão executadas.

É na metodologia que vamos descrever as minúcias sobre a execução do trabalho,

indicando quem realizará cada tarefa, de que maneira, em qual local e com quais recursos.

Uma forma simples de estruturar a metodologia de um trabalho consiste no detalhamento das

metas. Para isto, podemos perguntar Como devemos proceder para atingir esta meta? Quais

recursos serão necessários? Quem fará cada tarefa?

Tomando como exemplo a primeira meta do nosso projeto ...

Elaboração de um questionário a ser aplicado aos professores para levantamento de

informações.

... ao realizar as perguntas acima obteremos respostas a partir das quais poderemos

iniciar nossa metodologia da forma que segue:

Este trabalho será iniciado com um estudo sobre a área de Tecnologia Educacional,

mais especificamente, sobre a utilização dos computadores em sala de aula a fim de

compreender seus principais conceitos. O levantamento será realizado em livros a serem

adquiridos com recursos do projeto e periódicos disponíveis para acesso on-line. A partir deste

Marcelo Pezzi
Marcelo Pezzi
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levantamento, será elaborado um questionário cujo objetivo é identificar porque os professores

não utilizam o laboratório.

A elaboração do questionário será realizada em reuniões entre todos os participantes

do projeto, que discutirão a relevância de cada questão, ficando a digitação, organização e

impressão dos mesmos após a sua conclusão a cargo do bolsista X. Este questionário será

aplicado pelos bolsistas a cinco professores que o responderão e registrarão as dificuldades ou

dúvidas encontradas, bem como sugerirão alterações ou inclusões de novas questões

consideradas importantes por eles. Os registros destes professores serão analisados,

novamente, em uma reunião entre todos os membros da equipe que realizarão as alterações

consideradas pertinentes, gerado a versão final do questionário a ser aplicado aos professores.

Este parágrafo detalha que obteremos as informações necessárias para subsidiar a

elaboração do questionário em livros a serem adquiridos, ou seja, sabemos que não dispomos

dos livros necessários na biblioteca, portanto precisamos prever a sua aquisição com os

recursos do projeto. Não precisamos nos preocupar com a assinatura de periódicos, pois está

estabelecido na metodologia que os existentes na biblioteca são suficientes. Indicamos

também quem será responsável pela elaboração, redação, organização, impressão, aplicação e

validação dos questionários.

Ressaltamos que é na elaboração da metodologia que definimos com maior clareza

como o projeto será desenvolvido, portanto, quanto maior for o nível dos detalhes

apresentados menores serão as surpresas que vivenciaremos no caminho. Por exemplo, o

parágrafo do exemplo cita que ...

ficando a digitação, organização e impressão dos mesmos após a sua conclusão a

cargo do bolsista X.

... estas atividades parecem tão simples e corriqueiras que você pode estar pensando

se é realmente necessário incluí-las na metodologia. Mesmo simples elas nos trazem duas

informações importantes: 1) Como o bolsista ficará responsável por digitar, organizar e

imprimir os questionários, ao selecioná-lo devemos estar atento se ele possui as habilidades

necessárias para realizar esta tarefa; 2) Se vamos imprimir questionários, devemos prever nos

recursos necessários insumos como papéis e tinta para a impressora; portanto, mesmo que

detalhes como os apresentados acima não sejam incluídos na metodologia por falta de espaço,

ou por serem considerados muito simples, é importante que pensemos neles para evitar

problemas na execução do projeto.

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Dando seguimento a metodologia, vamos relembrar a segunda meta do projeto ...

Aplicação do questionário a, no mínimo, 80% do professores das escolas envolvidas

com o projeto.

... a qual pode dar origem ao seguinte texto: Após elaborar e validar o questionário, este será aplicado aos professores das cinco

escolas do município de ABC. Para evitar que os professores cometam erros ou preencham os

questionários de forma displicente, esta tarefa será realizada pelos bolsistas como uma

entrevista. Assim, os bolsistas deverão ler e explicar, se necessário, cada pergunta e registrar a

resposta do professor. Com o objetivo de atingir o maior número possível de professores, os

bolsistas revezar-se-ão durante os cinco dias de uma semana em cada uma das escolas, nos

três turnos, para que até mesmo os professores que ministram poucas aulas possam ser

ouvidos. A escala de trabalho dos bolsistas será criada respeitando os seus horários de aula.

Mais uma vez percebemos detalhes simples na metodologia que nos ajudarão a evitar

problemas futuros, por exemplo: 1) O preenchimento dos questionários será realizado pelos

bolsistas, em forma de entrevista; se durante a seleção não estivermos atentos a este detalhe,

podemos selecionar uma pessoa introspectiva ou com dificuldades de comunicação, o que

prejudicaria o projeto; 2) Os alunos revezar-se-ão nas escolas em três turnos, portanto

precisamos selecionar bolsistas que estudem em turnos diferentes; 3) Identificamos na

metodologia que precisaremos ficar uma semana em cada escola para garantir que um

número suficiente de professores sejam entrevistados. Como temos cinco escolas no

município, esta etapa levará cinco semanas, informação muito útil para a elaboração do

cronograma.

Utilizando um raciocínio análogo ao apresentado para elaborar os dois primeiros

parágrafos, podemos dar sequência a metodologia e descrever os passos necessários para

realizar todo o projeto. Após a sua conclusão, devemos verificar se a metodologia está

coerente com nossas metas, ou seja, se após realizar tudo o que foi proposto na metodologia

atingiremos todas elas. Se verificarmos que alguma meta não está contemplada na

metodologia, devemos revê-la.

No caso de um projeto de pesquisa, a metodologia varia muito com o tipo de pesquisa

a ser feita (bibliográfica, documental, experimental, estudo de caso, etc). Por isto, o autor do

projeto deve inicialmente indicar o tipo de pesquisa a ser feita e na sequência descrever as

atividades que serão realizadas (como fizemos no exemplo acima) as quais devem estar

coerentes com o tipo de pesquisa escolhida.

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Além das metas que subsidiam a sua elaboração, a metodologia está fortemente ligada

ao cronograma e aos recursos necessários, pois fornece elementos que ajudam na construção

destes dois itens.

2.10 Cronograma

O cronograma deve responder a pergunta Quando será feita cada atividade? Sua

elaboração de forma coerente ajuda e evitar que o projeto fracasse por falta de tempo para a

sua execução ou pela incapacidade de realizar todas as atividades previstas no tempo que

julgamos necessário.

Exemplificando, a partir da definição de nossas metas concluímos que realizaremos o

projeto em um prazo de oito meses; Mas será que ele é suficiente? Aparentemente sim, pois

quando pensamos em prazos como vários meses ou anos, temos a impressão de que tudo

pode ser feito neste período, independente da complexidade do projeto. Porém, quando

passamos para a ação percebemos que o tempo estimado não era tão grande quanto parecia.

Então, não podemos confiar em uma estimativa única para o tempo de execução do

projeto como um todo, precisamos de mecanismos que nos ajudem a estimar este valor com

mais segurança. Ao criarmos o cronograma, dividimos o projeto em várias atividades e

definimos prazos para a execução de cada uma delas. Ao pensarmos em cada atividade

isoladamente, conseguimos estimar um tempo mais próximo do real para a sua execução do

que conseguiríamos se estimássemos o tempo do projeto como um todo. Ao final deste

processo, o tempo para realização do projeto será a soma dos tempos estimados para cada

atividade que é um valor muito mais próximo do real do que a estimativa única.

A primeira versão do cronograma é originada na definição das metas, pois naquele

tópico já constam os prazos para que cada meta seja alcançada. Além das metas, a

metodologia fornece os detalhes necessários para a elaboração de bom um cronograma e

DICA: Gil (2010) descreve como devemos

estruturar a metodologia de um projeto de pesquisa, dependendo do tipo de pesquisa que desejamos realizar.

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estes detalhes podem nos mostrar que o tempo estimado alcançar uma ou mais metas é

insuficiente, gerando a necessidade de uma revisão de tais prazos.

Normalmente o cronograma é apresentado como um quadro com uma coluna para

descrever as atividades e várias outras colunas que representam o tempo em que estas

atividades serão desenvolvidas, como mostra o exemplo apresentado no quadro 7

Quadro 7. Exemplo de Cronograma

Atividades

Semanas

1 2 a 4 5 6 e 7 8

Atividade 1 X

Atividade 2 X

Atividade 3 X X

Atividade 4 X X

Atividade 5 X

Uma coluna pode representar uma única unidade de tempo, como nas colunas

referentes às semanas 1, 5 e 8, ou a um conjunto de unidades de tempo, como a segunda

coluna que indica que a atividade será realizada das semanas 2 a 4 e a quarta coluna que

refere-se as semanas 6 e 7. Este artifício pode ser utilizado quando uma mesma atividade

prolonga-se por várias unidades de tempo, neste caso semanas, ajudando a diminuir o número

de colunas do cronograma, o que o torna mais legível.

Cada célula marcada com um X indica que a atividade descrita naquela linha será

realizada no período (dia, semana, mês, etc) previsto naquela coluna. A existência de um único

X em uma coluna determina que apenas uma atividade será realizada naquela unidade de

tempo, assim como dois ou mais X em uma mesma coluna indicam que duas ou mais

atividades serão realizadas em paralelo dentro daquela unidade de tempo.

DICA: A divisão do cronograma pode ser feita em dias,

semanas, meses, bimestres, trimestres, anos, etc. dependendo do detalhamento desejado e do tempo de execução do projeto. Destacamos que quanto menor for o período utilizado no cronograma, mais precisa será a estimativa.

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Quando iniciamos a elaboração do cronograma, devemos reler nossa metodologia e

nossas metas que fornecerão os elementos necessários para identificarmos as atividades a

serem executadas, bem como seu prazo de execução. Por isto, copiamos os dois primeiros

parágrafos da metodologia para que possamos relê-los:

Este trabalho será iniciado com um estudo sobre a área de Tecnologia Educacional,

mais especificamente, sobre a utilização dos computadores em sala de aula a fim de

compreender seus principais conceitos. O levantamento será realizado em livros a serem

adquiridos com recursos do projeto e periódicos disponíveis para acesso on-line. A partir deste

levantamento, será elaborado um questionário cujo objetivo é identificar porque os professores

não utilizam o laboratório.

A elaboração do questionário será realizada em reuniões entre todos os participantes

do projeto, que discutirão a relevância de cada questão, ficando a digitação, organização e

impressão dos mesmos após a sua conclusão a cargo do bolsista X. Este questionário será

aplicado pelos bolsistas a cinco professores que o responderão e registrarão as dificuldades ou

dúvidas encontradas, bem como sugerirão alterações ou inclusões de novas questões

consideradas importantes por eles. Os registros destes professores serão analisados,

novamente, em uma reunião entre todos os membros da equipe que realizarão as alterações

consideradas pertinentes, gerado a versão final do questionário a ser aplicado aos professores.

A partir desta leitura iniciamos o preenchimento do cronograma apresentado no

quadro 8.

Quadro 8. Cronograma

Atividades

Semanas

1 2 3 4 ... Levantamento bibliográfico sobre Tecnologia Educacional.

X X

Reuniões para discussão, elaboração e digitação da primeira versão do

X

DICA: A Colunas sem nenhum X indicam, provavelmente, um erro no

cronograma porque representam que naquele período nada estará sendo feito no projeto. Embora não seja impossível, é pouco provável que uma situação como esta ocorra. Linhas sem nenhum X certamente denotam um erro de preenchimento do cronograma, pois indicam que aquela atividade nunca será executada o que não faz sentido em um projeto.

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questionário.

Teste dos questionários com 5 professores.

X

Análise das sugestões dos professores, revisão dos questionários a partir das sugestões e impressão da versão final.

X

Mesmo sendo um exemplo simples, este cronograma ajuda-nos a visualizar um

problema comum em projetos, que está relacionado à dificuldade que temos para visualizar

detalhes. Ao analisar nossa primeira meta (Elaboração de um questionário a ser aplicado aos

professores para levantamento de informações) que deve ser alcançada em um mês, temos a

sensação de que será muito fácil, pois um mês para elaborar um questionário é mais do que

suficiente. Pensamos que não haverá problema no prazo final do projeto se relaxarmos nas

primeiras semanas, porque esta tarefa é simples e conseguiremos concluí-la rapidamente no

final do primeiro mês. Mas o cronograma, embasado em nossa metodologia, nos mostra que

isto não é verdade, pois para elaborar o questionário devemos cumprir algumas etapas que

ocuparão o mês todo.

Comumente, os prazos para execução dos projetos são definidos em editais e não

temos a possibilidade de alterá-los, por isto, quando montamos um cronograma e percebemos

que não teremos tempo para fazer tudo o que estávamos propondo dentro deste prazo,

precisamos revisar o nosso projeto, revendo, principalmente, objetivos específicos, metas e

metodologia para adequá-los ao tempo que dispomos.

Além disto, um cronograma bem definido e verificado periodicamente permite-nos

visualizar atrasos no andamento do projeto assim que eles ocorrem, que é o momento em que

ainda podemos realizar os ajustes necessários para corrigirmos estas distorções. Quando

elaboramos cronogramas muito abrangentes ou quando não os comparamos com o executado

DICA: A Se perceber que não haverá tempo para fazer tudo o que propôs dentro do

prazo estabelecido para o projeto, não tente “ajustar” apenas o cronograma diminuindo o tempo de execução das tarefas, seguindo aquele raciocínio de que o papel aceita tudo. O cronograma está apenas no papel, mas a execução destas atividades posteriormente será real, e neste momento você verá que não será possível executá-las no tempo reduzido que você definiu no cronograma para cada uma delas, comprometendo o projeto como um todo.

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Quadro 10. Cronograma de desembolso – exemplo 2

Rubrica

Meses 1 2 3 4 5 6 7 8

Preparação e Aplicação dos questionários

3290,00 1950,00

Elaboração do curso

1080,00

Execução do curso 720,00 1800,00 1800,00

Acompanhamento do professores após o curso

1935,00 1800,00 1800,00

Total 3290,00 1950,00 1800,00 1800,00 1800,00 1935,00 1800,00 1800,00

Não vamos entrar no mérito da questão sobre qual o modelo mais adequado, pois é

provável que você não possa decidir qual deles pretende usar, uma vez que o modelo

disponibilizado pela instituição para a qual você enviará o projeto já trará este definição.

2.12 Considerações

Esperamos que ao concluir a leitura deste capítulo, você já tenha maior clareza sobre

como estruturar um projeto, o que escrever em cada um de seus itens, bem como as relações

existentes entre eles. A capacidade de compreender estas relações e colocá-las em prática ao

redigir cada item é um ponto importante que qualifica o projeto e mostra maturidade por

parte do seu autor. Naturalmente, não é durante a escrita do primeiro projeto que

conseguiremos realizá-las de forma plena, mas acreditamos que com as orientações

repassadas neste curso você tenha adquirido as competências necessárias para realizar bons

projetos, as quais serão amadurecidas na prática, a cada novo projeto que você propor.

Como tratamos projetos de forma genérica, apresentamos aqueles itens comuns, mas

ressaltamos que a organização destes itens dentro dos modelos varia de instituição para

instituição. Por isto, no próximo capítulo vamos conhecer alguns dos modelos utilizados no

IFSC para elaboração de projetos, que provavelmente serão os primeiros com que você terá

contato.

Marcelo Pezzi
Marcelo Pezzi