pobreza e violÊncia urbana: um estudo de caso sobre as

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA Holandina Júlia Figueira de Mello Larrat POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate à pobreza e à violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA BELÉM 2013

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA

Holandina Júlia Figueira de Mello Larrat

POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e

combate à pobreza e à violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA

BELÉM

2013

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Holandina Júlia Figueira de Mello Larrat

POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e

combate à pobreza e à violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia, como requisito para obtenção do Título de Mestre. Orientadora: Profª. Drª. Rosália do Socorro da Silva Corrêa

BELÉM

2013

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361.1

L333p

Larrat, Holandina Júlia Figueira de Mello.

Pobreza e violência urbana: um estudo de casos sobre as políticas sociais

públicas e de segurança pública de prevenção e combate à pobreza e à violência, no

bairro da Terra Firme em Belém-PA / Holandina Júlia Figueira de Mello Larrat. –

Belém, 2013.

173f. il.

Dissertação (Mestrado) -- Universidade da Amazônia, Programa de Mestrado

em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, 2013.

Orientador: Profª. Drª. Rosália do Socorro da Silva Corrêa.

1. Problemas sociais. 2. Violência urbana. 3. Pobreza. 4. Políticas sociais. I.

Corrêa, Rosália do Socorro da Silva . II. T.

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Holandina Júlia Figueira de Mello Larrat

POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e

combate à pobreza e à violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia, como requisito para obtenção do Título de Mestre. Orientadora: Profª. Drª. Rosália do Socorro da Silva Corrêa

Qualificado em: ____/____/_____

Conceito: ________________

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profª. Drª. Rosália do Socorro da Silva Corrêa (Orientadora)

______________________________________________

Prof. Dr. Carlos Augusto da Silva Souza (Examinador Interno)

______________________________________________

Prof. Dr. Reinaldo Nobre Pontes (Examinador Externo - UFPA)

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A violência urbana é muito mais um produto sócio histórico das condições materiais de existência das classes pobres na sociedade burguesa, do que uma simples questão peculiar da polícia de uma dada sociedade, especialmente nas formações sociais capitalistas. (MARX, 1859, p.16)

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À MINHA Mãe Célia Larrat e à minha filha Beatrice Larrat, pelo apoio em todos os sentidos, pois estiveram sempre ao meu lado em todos os momentos de minha vida!

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- A Deus, por nos ter dado, saúde e oportunidade para vivenciarmos mais este momento em nossas vidas. - Aos meus familiares, em especial às minhas tias Léa e Lúcia por terem compartilhado junto comigo as dificuldades, angústias e as alegrias nesta trajetória. - Ao professor, Dr. Reinaldo Pontes que, durante o curso, esteve sempre presente debatendo, orientado, problematizando, incentivando, acompanhando e participando efetivamente na construção do projeto e do referencial teórico desta dissertação. - À minha orientadora Dra. Rosália Corrêa pelas valiosas contribuições teóricas metodológicas. - A todos os professores deste programa, em especial, aos Drs. Marco Aurélio Lobo, Carlos Paixão e à Coordenadora Drª. Maísa Sales Gama Tobias, que sempre se fizeram presentes no decorrer do curso.

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RESUMO LARRAT, Holandina Júlia Figueira de Mello. Pobreza e Violência Urbana: um estudo

de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate à

pobreza e à violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA. Belém(PA): UNAMA. Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, Dissertação de Mestrado, Belém, 2013. A presente Dissertação discute as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate à pobreza e à violência no bairro da Terra Firme em Belém do Pará, tendo como fundamento a pobreza e violência urbana no Brasil, problemática discutida à luz das várias abordagens teóricas que se preocupam em explicar, segundo seus paradigmas de análise, as raízes sócio-históricas; taxas de crescimento, especialmente nas grandes cidades brasileiras; principais conseqüências sociais negativas em nível sustentável de qualidade de vida e bem-estar das sociedades humanas; incluindo as medidas de política de combate à pobreza e violência social, propostas na Agenda 21 da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esperamos com este estudo suscitar o debate teórico desta questão social e, ao mesmo tempo, propiciar elementos concretos que servem de subsídios socioeconômicos às políticas públicas sociais de inserção à educação, emprego e renda das populações mais vulneráveis socioeconomicamente da sociedade Brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Pobreza. Violência Urbana. Políticas Públicas. Meio Ambiente Urbano.

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ABSTRATIC LARRAT, Holandina Julia Figueira de Mello. Poverty and urban violence: a case study on social policies and public security prevention and combating poverty and violence in the neighborhood of the Terra Firme in Belém-PA. Belém (PA): UNAMA. Master's degree in Urban development and Environment, the project's Theoretical research dissertation, coached by Prof. (Dra.) Rosália Corrêa, 2013. This thesis discusses public social policies to prevent and fight against poverty and violence in Terra Firme (neighborhood in the city of Belém, capital of the state of Pará- Brazil), based on the poverty and urban violence in Brazil, situation discussed in the light of many theoretical approaches which aim to explain, according to their own paradigm of analysis, the socio-historical motivations; growth rate, especially in the biggest Brazilian cities; the main negative social consequences at the sustainable level of quality of life and well-being of the human societies; and, also, including the policy strategy for the fight against poverty and social violence, which were proposed in the Agenda 21 _UN Conference on Environment and Development (UNCED). It is aimed to generate the theoretical debate on this social matter, and meanwhile, provide real elements capable to be base as an allowance for the public social policies of insertion in the education, employment and income to the ones who are more socio-economically vulnerable in the Brazilian society. Key-words: Poverty. Urban Violence. Public Policies. Urban Enviromen

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – CONTROLE DA AMOSTRA DAS LIDERANÇAS

TABELA 2 – ZONAS VERMELHAS DO BAIRRO POR ORDEM DE

PERICULOSIDADE, SEGUNDO MORADORES DA TERRA FIRME

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – CÍRCULOS CONCÊNTRICOS DO ESQUEMA DE BURGESS (1926)

FIGURA 2 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO BAIRRO

FIGURA 3 – PALAFITAS SOBRE OS ALAGADIÇOS DO BAIRRO

FIGURA 4 – PAVIMENTAÇÃO DO BAIRRO

FIGURA 5 – MAPEAMENTO (APARELHOS IDEOLOGICOS DO ESTADO)

FIGURA 6 – MAPA DAS ZONAS VERMELHAS DO BAIRRO DA TERRA FIRME IDENTIFICADAS PELOS SUJEITOS ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO FIGURA 7 – MAPEAMENTO (ZONA VERMELHA)

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO Nº 01 - GRÁFICO Nº 01 - Caracterização indenitária dos sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

GRÁFICO Nº 02 - Condições sociais de vida dos sujeitos pesquisados

GRÁFICO Nº 03 - Mercado de trabalho, por categoria profissional e sexo, dos sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

GRÁFICO Nº 04 - Condições de moradia dos sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

GRÁFICO Nº 05 - Níveis de ocorrências; principais tipos de violência e vítimas preferenciais, segundo os sujeitos da pesquisa, enquanto moradores do bairro

GRÁFICO Nº 06 - Causas estruturais e conjunturais da violência, segundo os sujeitos pesquisados, enquanto moradores do bairro

GRÁFICO Nº 07 – Projetos de Políticas de Segurança Pública direcionados a conter a violência Urbana, integração entre as Policias Civil, Militar/ Comunidade e avaliação d’o Nível de segurança Pública no Bairro da Terra Firme segundo moradores pesquisados

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LISTA DE SIGLAS

ACD Análise Crítica dos Discursos

AISP Área Integrada de Segurança Pública

CONSEG Conferência Nacional de Segurança Pública

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

CF Constituição Federal

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MDS Ministério do Desenvolvimento Social

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PIB Produto Interno Bruto

PNSP Plano Nacional de Segurança Pública

PM Policia Militar

PNSP Plano Nacional de Segurança Pública

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRO PAZ Programa Governamental de Politica pública de disseminação da Paz

PRONASCI Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania

RMB Região Metropolitana de Belém (RMB);

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

SUSP Sistema Único de Segurança Pública

TF Terra Firme

UFPA Universidade Federal do Pará

UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia

UIPP Unidade de Integração Pró Paz

VTRS Viaturas Policiais

SUSP Sistema Único de Segurança Pública

ZPOL Zona de Policiamento

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 16

2 ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE POBREZA, VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS SOCIAIS ......................................................................................... 23 2.1 AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS E AS POLÍTICAS SOCIAIS PREVENTIVAS DE COMBATE À POBREZA E À VIOLÊNCIA URBANA: UMA VERSÃO TEÓRICA E HISTÓRICA .................................................................... 38

3 CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E APARELHOS SOCIAIS PÚBLICOS E PRIVADOS ......................................................................................................... 50 4 A VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME: dados acerca da opinião dos moradores ............................ 58 4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO ............................................................................... 58 4.2 AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE VIDA DOS SUJEITOS PESQUISADOS ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO .......................................................... 62 4.3 A VIOLÊNCIA SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO ............................................................................... 68 4.4 CAUSAS ESTRUTURAIS E CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA, SEGUNDO DOS SUJEITOS DA PESQUISA, ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO .............................................................................................................. 70 4.5 “ZONAS VERMELHAS” DO BAIRRO, POR ORDEM DE PERICULOSIDADE, SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO................................................................................ 72 4.6 PROJETOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS, INTEGRAÇÃO ENTRE OS POLICIAIS, COMUNIDADE E AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SEGURANÇA PÚBLICA SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO ............................................................................... 74 5 A VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME: análise da visão das lideranças do bairro ........................... 78 5.1 ANÁLISE DAS CAUSAS ESTRUTURAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO .............................................................................................................. 78 5.2 ANÁLISE DAS CAUSAS CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO .............................................................................................................. 80 5.3 ANÁLISE DOS PRINCIPAIS TIPOS DE VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO......... 82 5.4 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO .............................................................................................................. 83 5.5 ANÁLISE DAS POLÍTICAS SOCIAIS E DE SEGURANÇA PÚBLICA IMPLEMENTADAS NA ÁREA PARA CONTER A VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO .............................................................................................................. 84 6 A VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME: ANÁLISE DA VISÃO DOS GESTORES DA SEGURANÇA PÚBLICA ............................................................................................................ 87

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6.1 ANÁLISE DOS TIPOS DE VIOLÊNCIA, RANKING DO BAIRRO E GEO-REFERENCIAMENTO DA CRIMINALIDADE NA VISÃO DOS GESTORES DA SEGURANÇA PÚBLICA ..................................................................................... 87 6.2 OS MODELOS DE POLÍCIA, FORMAÇÃO DO POLICIAL E BAIRROS COM POLÍCIA COMUNITÁRIA EM BELÉM ......................................................

88 6.3 CASOS DE RESISTÊNCIA, POSICIONAMENTO DA COMUNIDADE E DIFICULDADE DE OPERACIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO DA TERRA FIRME ................................

93 6.4 RESOLUTIVIDADE DO POLICIAMENTO, EFICÁCIA E MUDANÇAS OPERADAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME ................................................... 96

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 98

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 105

APÊNDICE ......................................................................................................... 111

ANEXOS ............................................................................................................. 153

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa objetivou expressar uma análise crítico-científica sobre as

políticas sociais e de segurança pública de combate à pobreza e à violência urbana

no Bairro da Terra Firme/ Montese (Capital do Estado do Pará), a partir das “falas”

de moradores, líderes da comunidade, gestores da segurança pública e de análise

documental. Vale destacar que é um dos bairros considerados mais pobres e

violentos da RMB, apresentando, segundo dados do IBGE e da Policia Militar do

Estado do Pará, altos índices de pobreza e violência urbana na capital do Estado,

por isso foi um dos primeiros bairros da capital a receber uma UIPP. De acordo com a

pesquisa da UFPA intitulada “A Formação da desinformação: as subnotificações de

violência em Belém no período de 2009-2010”1, o bairro concentra cerca de 50% do

total dos casos de violência da cidade de Belém.

A área de influência da pesquisa é uma das comunidades de periferia

urbana mais populosa de Belém (63.191 habitantes), que faz parte do processo

de favelização, que, segundo o Anuário Estatístico do Município de Belém/2010)

nos últimos anos vem registrando um elevado índice de violência urbana. Ao mesmo

tempo em que concentra boa parte da população de baixa renda da cidade de Belém,

o bairro apresenta expressiva carência de serviços básicos (rede de esgoto,

saneamento básico, hospitais e escolas técnicas), mesmo concentrando várias

instituições de pesquisa e ensino, como UFRA, UFPA, Museu Emílio Goeldi e

EMBRAPA.

Com base nos relatos acerca da realidade social estudada, buscou-se

subsidiar o estudo científico, a partir de dados concretos, identificação das políticas

sociais e de segurança pública de combate e prevenção à pobreza e à violência

urbana. Observou-se que o novo modelo de policiamento implementada, que visam

à diminuir os índices de pobreza e violência, no Bairro da Terra Firme/Montese,

possui características peculiares como a grande concentração de população urbana

e alto índice demográfico, decorrente do elevado número de migrantes não só da

zona rural do próprio Estado do Pará como também do Estado do Maranhão;

1 Segundo esta pesquisa a criminalidade e a violência urbana migraram da Terra Firme para o Bairro do Guamá – Anos: 2009-2010.

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apresenta um dos mais baixos IDH da região e, ainda, experimenta um processo

discriminatório por parte dos moradores de outros bairros.

Do ponto de vista prático, a execução da pesquisa no bairro serviu como

instrumento pedagógico na área da pesquisa científica, oportunizando testar os

conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da nossa trajetória no Programa de

Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, além disso, propicia por

meio de um estudo científico, dados sobre a realidade social estudada, a fim de

servir de subsídios para os gestores da Administração Pública, em especial da

Politica Social e da Segurança Pública, para a formulação de novas propostas ou

identificação das fragilidades dos novos modelos, em especial da UIPP, e para o

modelo de policiamento comunitário, o qual está sendo implantado na Região

Metropolitana de Belém, bem como as políticas sociais implantadas ou não no

bairro, que visem minimizar a situação dos altos índices de pobreza e violência

urbana.

Sabemos que as políticas sociais e de segurança pública de combate à

pobreza e à violência urbana dependem de outras variáveis sociais que influenciam

sobremaneira o sistema e refletem diretamente no usufruto e nas benesses a serem

obtidas. Esses fatores vão além da implantação da Unidade de Integração PROPAZ-

UIPP e do policiamento comunitário como política de Segurança Pública; estão

relacionados a outros fatores como a precariedade de moradia, a falta de

saneamento básico, a precariedade de acesso à saúde, educação e transporte,

iluminação pública e particular, pavimentação, entre outros.

Olhar as políticas sociais a partir de seus eixos de historicidade

possibilitou o entendimento da abrangência das relações de pobreza e violência

urbana da população de baixa renda, que vive em situação de extrema pobreza.

A condição a que estão submetidos os moradores das periferias urbanas,

no sentido sociológico nele aí entendidas as favelas, baixadas e zonas periféricas

das grandes cidades, contradiz não só os últimos 10 anos de governo, como

também a própria CF, que trata dos direitos e garantias.

Assim, concebemos o estudo, a forma de contribuir no processo formativo

do cidadão como elemento crítico transformador de sua realidade social, construir-se

como um sujeito histórico da transformação da sociedade global.

As grandes metrópoles brasileiras, como Belém do Pará, estão passando

por um processo de crescimento urbano, sobretudo em decorrência do êxodo rural

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que, pela debilidade das forças produtivas no campo, tem liberado nos últimos 50

anos, grandes contingentes populacionais em direção à capital do Estado. O

fenômeno de “inchamento” da grande Belém tem originado o crescimento acelerado

de áreas de invasão, baixadas e de bairros periféricos, como o do bairro da Terra

Firme, produzindo inúmeros “bolsões” de pobreza e miséria urbana. Esses fatores,

além de pressionar maiores gastos governamentais na área da Segurança Pública,

aumentam, assustadoramente, a necessidade de Políticas Sociais de prevenção e

combate à violência que possam reduzir os elevados índices de criminalidade

urbana e, ao mesmo tempo, contribuir para a inserção da população em políticas de

emprego e renda, consideradas variáveis estruturais aos ajustes sociais. Nesse

sentido, a pesquisa buscou responder a uma questão fundamental: Que Políticas

Públicas se encontravam, efetivamente, implantadas ou em fase de implantação no

bairro da Terra Firme, com o objetivo de combater a violência e a pobreza urbana?

Levantamos a seguinte hipótese: embora a CF tenha preconizado que as

políticas sociais devem ser vistas como instrumentos, de ação pública de combate à

exclusão social e que várias ações e programas foram postos em prática objetivando

reduzir as desigualdades sociais, ampliar o acesso da população mais pobre aos

Programas Bolsa Família, FUNDEF, Seguro-Desemprego, Programa Merenda Escolar

e, mais recentemente o Brasil Carinhoso, a lógica do combate à violência e as

desigualdades sociais no Brasil ainda é perversa. Isso porque se embasam de certa

forma, em políticas assistencialistas, por esse motivo tais programas são ineficientes e

não promovem transformações estruturais;

Nosso objetivo geral era conhecer as Políticas Sociais e o novo modelo

de Segurança Pública implementadas e em processo de implementação no bairro

da Terra Firme, destinadas a conter a violência, verificando se tais políticas

levaram em consideração a pobreza da população do bairro. Como objetivos

específicos pretendíamos (1) identificar as principais Políticas Sociais e de

Segurança implementadas ou em fase de implementação no bairro da Terra Firme;

(2) conhecer as Políticas Sociais e de Segurança emergenciais direcionadas ao

bairro da Terra Firme; (3) identificar a relação da segurança pública com outros setores

da administração pública para o atendimento do bairro e a relação entre as políticas

Sociais e de Segurança Pública implementadas ou em fase de implementação,

destinadas ao combate à pobreza do bairro; (4) levantar as condições do bairro em

termos de equipamentos urbanos, identificando os recursos e estratégias preventivas

Page 19: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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de Politicas Sociais e de Segurança Pública para conter e combater a problemática

da violência no bairro.

O estudo justifica-se pela relevância científica e social da problemática,

que promoverá o conhecimento e a análise das relações dialéticas entre políticas

sociais de segurança pública, pobreza e violência urbana, com a finalidade de se

construir uma consciência crítico-científico sobre os reais problemas sociais do

bairro da Terra Firme, e conhecer quais políticas sociais e de segurança pública as

que se destinam à melhoria da qualidade de vida da população da comunidade

submetida a elevados índices de pobreza e violência urbana. Além disso,

acreditamos que pesquisa científica cumpre a sua função social mais relevante,

quando estuda a condição socioeconômica das populações mais vulneráveis à

extrema situação de pobreza e violência urbana a que estão submetidas nos bairros

de invasão e de periferias, que fazem parte desse processo de favelização urbana,

que tem seu direito de inclusão social negado, face às contradições sociais internas

do sistema capitalista, que explode nos elos mais fracos do sistema.

Em termos de procedimento metodológico optamos pelo método de

Materialismo Histórico, que corresponde à linha teórico-metodológica que fornece

possibilidades epistemológicas para analisar o processo de exclusão/inclusão dos

moradores vulneráveis socioeconomicamente residentes no bairro da Terra Firme,

evidenciando as contradições sociais desse processo em relação às condições

materiais de existência desses sujeitos sociais.

Com relação ao levantamento das políticas sociais e públicas, bem como

as de segurança pública, índices de pobreza e violência urbana no bairro da Terra

Firme, optou-se por levantar dados de uma seriação histórica no período de 2000 a

2010.

Este estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa com o

acréscimo de elementos quantitativos, considerando-se que se pretendeu mensurar

determinadas dimensões do objeto investigado e, ao mesmo tempo, qualificar as

variáveis sociais complexas que permeiam as “falas” dos sujeitos pesquisados, no

que concerne às suas motivações, justificações, condições sócio históricas de

existência entre outras situações, sobre a questão das políticas sociais e de

segurança pública, a pobreza e a violência urbana no bairro da Terra Firme.

Page 20: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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Foi realizada uma pesquisa documental acerca da implementação das

políticas sociais e de segurança pública, a pobreza e a violência urbana no bairro da

Terra Firme, com análise dos seguintes documentos:

a) Sinopses Estatísticas sobre o bairro da Terra Firme em Belém;

b) Artigos e outros documentos que tratam sobre políticas de segurança pública,

pobreza e violência urbana em Belém, particularmente no bairro da Terra Firme;

c) Resultados de estudos e pesquisas realizados nos últimos anos no bairro da

Terra Firme pelo Observatório da Violência da UFPA/UEPA/UFRA;

d) Estatística sobre pobreza e violência urbana no bairro da Terra Firme no período

de 2000 a 2010.

Por fim, foi realizada uma pesquisa de campo, com a finalidade de

fornecer maior concretude ao assunto e, ao mesmo tempo, capturar o momento

atual da realidade estudada. Nessa etapa, priorizamos as informações de base

quantitativa e qualitativa, levantadas junto aos gestores das políticas de segurança

pública, lideranças comunitárias e moradores do bairro da Terra Firme. O total de

informantes da pesquisa foi 144 moradores do bairro; 20 gestores e 20 lideranças

comunitárias, totalizando o total de 184 sujeitos.

A pesquisa se constitui como um Estudo de Caso, na medida que se

investigou a problemática das políticas sociais e de segurança pública, da pobreza e

da violência urbana no bairro da Terra Firme, ou seja, tomando-se para estudo um

caso específico, o bairro selecionado como laboratório de pesquisa neste estudo.

Utilizamos um processo de amostragem não probabilística, no universo dos gestores

das políticas de segurança pública, que atuam ou atuaram no bairro da Terra Firme

nos últimos anos, bem como no universo de suas lideranças comunitárias, tendo em

vista a necessidade de qualificar determinadas dimensões do objeto de estudo.

Quanto ao universo dos moradores do bairro, utilizou-se um processo de

amostragem quantitativa, ou seja, probabilística, considerando que para esses

sujeitos, torna-se importante a quantidade dos informantes, bem como a sua

representatividade em relação ao universo dos residentes no referido bairro.

Com relação as informações tomadas nas obras de referência,

selecionadas para compor o referencial teórico adotado neste estudo, utilizou-se a

técnica de fichamento e do resumo para se extraírem as idéias essenciais e

desenvolver um trabalho analítico e crítico, visando fornecer sustentabilidade teórica

à pesquisa.

Page 21: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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A pesquisa também foi realizada por meio de técnicas de coleta de dados

levantados por meio do Formulário aos moradores; de Entrevista semiestruturada

com os lideres comunitários e os gestores da segurança pública.

Esta Dissertação esta dividida em 4 (quatro) capítulos principais. O

primeiro capítulo, que constituiu a introdução, inclui pobreza, violência urbana e

politicas sociais; a importância cientifica da temática investigada, ressaltando os

procedimentos metodológicos de pesquisa, assim como seus alcances e limites

teórico-metodológicos.

O segundo capítulo é uma discussão teórica acerca da pobreza e

violência urbana e das políticas sociais, subdividido em: discussão das políticas

sociais preventivas, o conceito e uma versão teórica- histórica. Nesse capítulo

consta um diálogo crítico entre as várias abordagens que investigam os referidos

assuntos e os motivos pelos quais foi feita a opção pela Dialética Materialista

Histórica, como paradigma teórico central do estudo realizado.

O terceiro capítulo apresenta uma caracterização do bairro em termos de

localização, população e equipamentos urbanos públicos e privados.

A partir do quarto capitulo, começamos a apresentar os dados da

pesquisa. Particularmente, neste capítulo, apresentamos a caracterização dos

sujeitos da pesquisa, enquanto moradores do bairro, e a visão acerca da violência,

da pobreza do bairro e da implementação de políticas públicas de segurança, em

forma de dados estatísticos.

O quinto capítulo contém os dados sobre a visão das lideranças do bairro

acerca da violência, da pobreza e da implementação de políticas públicas de

segurança, analisados com base em matrizes de análise elaboradas a partir das

entrevistas realizadas.

O sexto capítulo traz uma análise da violência urbana e das iniciativas de

políticas públicas no bairro a partir da visão dos gestores de segurança pública que

foram entrevistados, mostrando as formas de policiamento e como o modelo de

polícia comunitária está sendo concebido, internamente, pela polícia militar.

Finalmente, à guisa de conclusão, apresentamos as considerações,

criticas e proposições gerais colocadas pelos moradores, lideres e gestores de

segurança pesquisados.

Page 22: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

22

Importante relatar que durante a pesquisa tivemos algumas limitações,

como a colaboração dos integrantes da polícia civil e o não fornecimento de suas

estatísticas. Outra limitação foi o tempo para a conclusão da pesquisa de campo, já

que coincide com época das eleições municipais, achamos por bem paralisá-la até o

fim do pleito para não haver confusão entre a pesquisa e a campanha no bairro para

que não houvesse qualquer tipo de influência.

Na oportunidade, torna-se importante ressaltar que este trabalho não tem

a pretensão de esgotar o assunto, mas certamente constitui uma contribuição teórica

e uma experiência relevante para aprofundar o debate que atualmente se realiza

sobre a temática da pobreza e da violência urbana, as Políticas Sociais implantadas

no bairro, a própria violência simbólica e exclusão social a que são submetidos os

moradores do bairro.

Page 23: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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2 ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE POBREZA, VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS SOCIAIS

Esta pesquisa se orientou pelo modelo teórico-metodológica Materialismo

Histórico, por considerarmos que este paradigma apresenta potencial

epistemológico capaz de captar as múltiplas e concretas determinações históricas

de uma problemática complexa e multifacetada, como é o caso da questão social

relacionada à pobreza e à violência urbana numa das áreas de periferia de Belém,

como o Bairro da Terra Firme.

Convém ressaltar que, embora tenhamos utilizado os escritos de Marx e

Engels sobre “População, Crime e Pauperismo” (1859), bem como o papel da

violência na história (1887/1888), respectivamente, além de outras obras que se

referem ao tema, também nos apoiamos nas concepções de Antonio Gramsci, por

considerarmos que do conjunto das tendências do Materialismo Histórico, a Dialética

Materialista gramsciana possui um arcabouço teórico consistente e atual sobre o

papel da educação na formação intelectual e moral de uma classe proletária

hegemônica no processo de construção de uma sociedade solidária baseada nos

princípios socialistas democráticos da não-violência.

Para enriquecer o processo analítico sobre as contradições sociais da

pobreza e violência urbana em relação ao contexto social no qual o bairro está

inserido, nos valemos também das contribuições de, Mikhail BAKHTIN, Louis

ALTHUSSER,e, outros estudiosos da matéria que tem se preocupado com a referida

problemática social, no interior do paradigma da Ciência Histórico-Crítica.

Estudar, à luz da Ciência Histórico-Crítica, as relações entre pobreza,

violência urbana, Políticas Sociais e de Segurança Pública, com graves implicações

negativas ao nível de qualidade de vida das populações que vivem em comunidades

de alto índice de violência urbana, assim como a formação dessas zonas de

favelização que se formam nas metrópoles, torna-se um empreendimento

desafiante, principalmente, quando se leva em consideração que esses

contingentes, em sua maioria, possuem baixa escolaridade, não têm inserção às

políticas de emprego e renda, agravando ainda mais a sua condição de pobreza e

miserabilidade social.

Para melhor explicitar esta abordagem teórica que orientou o processo de

análise deste trabalho, partimos de um diálogo crítico entre os vários teóricos que

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24

analisaram a problemática social da pobreza e violência urbana e, tomando como

base dessa discussão crítica, remetemo-nos, assim, às limitações e possibilidades,

de modo a indicar através deste balanço crítico, os motivos que nos ensejaram a

optar pelo referencial teórico crítico do Materialismo Histórico para analisar esta

problemática na atualidade. Para tanto, percorremos outros teóricos, com visões

diversas, mas com valiosa contribuição na formação da contextualização da

violência Urbana, frente à situação de pobreza do ser humano expropriado de seus

meios de produção e do aparelho repressor desta violência.

Nas palavras literais do fundador do Positivismo:

A tipologia das relações sociais da nova sociedade pós-revolucionária é outra. Anteriormente no regime teológico-militar, o povo era dominado sob o comando do rei, investido de um direito divino, que lhes transformava em súdito. Atualmente no regime industrial, o povo é orientado, sob a direção de um governo dos sábios, onde cada indivíduo obtém um grau de importância e de benefícios proporcionais à sua capacidade e ao seu capital. (COMTE, 1978).

Com base nessas idéias Comte (Op.Cit...), concebeu uma diferenciação

natural entre as classes sociais formadas por um conjunto de indivíduos, dotados

cada qual de uma existência social distinta, mas, em certo grau, interdependentes,

portanto dispostas, malgrado as diferenças discordantes de seus caracteres e

inclinações naturais, a concorrer para um mesmo desenvolvimento geral da

sociedade da qual fazem parte.

Assim, na concepção de Comte (1978), a violência urbana depende de de

três fatores principais. Em primeiro lugar, de uma exacerbada divisão do trabalho

humano suscitando divergências individuais violentas, as quais devem ser coibidas

pela repressão do poder público, tendo em vista a não desintegração da Ordem

Social.

Um segundo fator, são as ambições e os interesses particulares das

classes sociais que, segundo Comte (1842, p.245), têm importância, mas, para os

quais deve atribuir o estatuto de causa principal, mesmo estando presente como um

dos fatores na eclosão de revoluções tempestuosas. A grande carga de violência

que carregam “se deve, em grande parte, à ignorância das leis naturais que regulam

a marcha da história”, por parte da massa ignorante da sociedade, pois à medida em

que a tornamos conhecida, nossa conduta se torna mais violenta.

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25

Finalmente, Comte (Op. Cit...), coloca como fator principal que ocasiona o

fenômeno social da violência, o atraso social da indústria, que está ainda afastada

de uma verdadeira organização avançada, já que sua evolução não pode realizar-se

sem torná-la opressiva aos trabalhadores, cujo concurso lhe é indispensável.

Todavia, enfatiza o positivista, que o fenômeno da violência é natural, pois no

estágio de desenvolvimento da nova ordem industrial, toda sociedade apresenta um

certo grau de desorganização social que provoca tumultos e conflitos sociais

violentos.

Assim, na visão de Comte, a violência é vista como um sintoma do atraso

social, sendo então, um fenômeno transitório, decorrente de um conjunto de fatores,

mas que tenderá a ser erradicada quando a sociedade passar a um estágio superior

de progresso, fazendo parte de sua própria evolução natural tornar-se uma

sociedade sem violência quando atingir o seu progresso técnico-científico pleno.

A concepção da miserabilidade extrema e da criminalidade urbana

violenta enquanto “desvios funcionais” ou “anomias disfuncionais” das sociedades

modernas, foi consolidado por Robert Merton (1910-1977), sociólogo norte-

americano, considerado o principal expoente do Funcionalismo Sistêmico, segundo

o qual em sua “teoria do desvio”, demonstra como o disfuncionamento ou o

funcionamento anômico do sistema social pode provocar consequências negativas,

que, em geral, são associadas às condutas dos indivíduos na sociedade.

Segundo este autor:

Desvio é todo e qualquer comportamento que viola uma norma em determinada sociedade. Neste sentido a conduta desviante é concebida para caracterizar uma pessoa, cujos atos fogem aos quadros estabelecidos pelo contexto sócio-cultural do qual faz parte. Nas sociedades industriais por exemplo, a riqueza material é valorizada, como também são o poder, o prestígio social e o crescimento econômico, assim como os meios socialmente legítimos para se obter esses valores, aprovando a dedicação ao trabalho, bem como o direito à herança e o ganho da sorte. Por outro lado, são reprovados o roubo, a extorsão e as atividades fraudulentas. (MERTON, 1968, p.41).

Segundo esse teórico, quando a cultura define valores comuns para

balizar a vida dos indivíduos, mas a estrutura de oportunidades não propicia a

igualdade de acesso a esses meios legítimos, surgirão mais níveis elevados de

desvios.

Na mesma esteira de pensamento, seguem Émile Durkheim (1858-1917),

antropólogo britânico Bronislaw Malinowski (1884-1942), para o qual, os fatos

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sociais, assim como as instituições sociais de determinada sociedade ou cultura,

existem e se mantêm, porque preenchem determinadas necessidades funcionais

dos grupos sociais que lhes deram origem. Portanto, enquanto tais necessidades

persistirem, esses fatos também continuarão existindo, já que ambos preenchem

determinadas necessidades funcionais das sociedades, as quais ocorrem sob

determinados limites suportáveis.

De um modo geral, dão prevalência às problemáticas da pobreza e da

violência urbana como fenômenos expressos fisicamente, ou seja, haveria pobreza

quando determinados grupos sociais, por sua precariedade socioeconômica, não

tivessem acesso aos meios para suprir suas necessidades básicas de subsistência;

por outro lado, haveria violência, sempre que pessoa(s), grupo(s) e instituições,

constituindo-se como uma força, empregassem meios de coação para obrigar

fisicamente o(s) outro(s) a adotar (em) atitudes contra sua vontade ou a realizar(em)

atos que não seria(m) capaz(es) de realizar, se, para isso, não fossem coagidos.

Constitui, pois, um atentado direto contra a integridade física de alguém, privando-a

de sua vontade com o emprego da força ou da ameaça.

Nas Ciências Sociais e, mais especificamente no campo da segurança

pública, pobreza e violência urbana, como no caso deste estudo, o Materialismo

Histórico é uma abordagem teórica que busca superar a visão positivista e

funcionalista e, ao mesmo tempo, a concepção cientificista de políticas sociais,

colocando no cerne desta problemática, o próprio homem e, no cerne da ciência, a

história social dos homens enquanto sujeitos sociais das políticas de segurança

pública e de sua própria história.

Segundo Marx (1983), o primeiro pressuposto de toda existência humana

e, portanto de toda história da sociedade, é a de que os sujeitos humanos ao

estabelecerem relações sociais na sociedade, criam suas condições materiais de

vida, ao mesmo tempo em que se reproduzem, transformando a natureza, a

sociedade e, a si próprios.

Neste processo, os sujeitos sociais fazem e refazem a história, a

sociedade e, a sua própria vida, que constitui um dos processos mais significativos

da humanidade. O fundador do Marxismo, ao empregar o Materialismo Histórico em

seus estudos enfatizou que:

A conclusão geral que cheguei e, que serviu de fio condutor de meus estudos é que na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias e independentes de sua

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vontade. Relações essas que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas. O conjunto destas forças de produção constitui a infraestrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura social composta por um subsistema jurídico e político e à qual, correspondem determinadas formas de consciência social. (MARX, 1977, p. 24).

Assim, à luz do paradigma do Materialismo Histórico, a produção da vida

material condiciona o próprio desenvolvimento da vida intelectual, política, jurídica e

social em geral, portanto não são as ideias dos homens que determinam o seu ser,

ao contrário, é o seu modo concreto de vida que determina o seu pensar.

Dessa forma, as determinações materiais engendradas pelo modo de

produção, assim como seus determinantes históricos constituem o fulcro da

abordagem do Materialismo Histórico, tomado como referência neste estudo, razão

pela qual estudaremos o processo de construção das políticas de segurança pública,

pobreza e violência urbana em uma realidade sócio histórica, como no caso do

bairro da Terra Firme, uma das comunidades mais populosas da cidade de Belém,

na qual segundo o censo 2010 (IBGE), estima-se que ali residem 63.191 habitantes

moradores, “locus” observacional que constitui o laboratório de pesquisa deste

estudo.

Assim, tomando-se por base a perspectiva do Materialismo Histórico,

estudamos o processo das políticas sociais e de segurança pública, pobreza e

violência urbana em sua relação social e processual em que os moradores do

referido bairro e demais sujeitos direta e/ou indiretamente envolvidos no processo,

estabelecem relações de convivência social, onde todos estão comprometidos direta

e/ou indiretamente com a problemática investigada.

Neste sentido, analisamos o objeto problematizado a partir de suas

contradições sociais internas e das condições materiais de existência dos

pesquisados, segundo a concepção materialista da história, nas quais as condições

sociais de vida desses sujeitos é que determinam o seu modo de pensar, a sua

concepção de mundo e suas próprias necessidades sociais de sobrevivência. Se

tais sujeitos não tiverem um determinado nível socioeconômico para (con) viverem

de forma solidária e socialmente digna, então tenderão dar conta dessas

necessidades, muitas vezes por meios violentos e de criminalidade com vistas a

sobreviver e prover o sustento de sua família. Premidos por tais condições sócio-

históricas de vida só lhes resta, como saída para continuarem vivos, delinquir e se

lançarem num processo de violência urbana.

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Assim, Friedrich Engels (1820-1995) em sua obra “A Condição da Classe

Trabalhadora na Inglaterra” (1845), analisa o fenômeno da pobreza e da violência

urbana como um produto da sociedade de classe, argumentando que o processo de

miserabilidade social a que estavam submetidos os operários na Inglaterra,

particularmente os emigrantes irlandeses desenraizados de sua pátria por força de

sua própria sobrevivência e despojados das mínimas condições sociais de vida,

conduziram-se, quase que inevitavelmente, ao crime e à violência social,

especialmente nas grandes cidades, como no caso de Londres na época de grandes

“levas” de migrantes irlandeses em direção às grandes metrópoles européias.

Segundo pesquisa realizada na época, o autor constatou que:

A ordem social inglesa torna a vida familiar da classe trabalhadora quase impossível. Uma casa inabitável, suja, mal chegando para servir de abrigo noturno, mal mobiliada, raramente aquecida, onde a chuva penetra freqüentemente criando uma atmosfera asfixiante nos quartos superlotados de gente, não permitindo a menor possibilidade de vida em família. (ENGELS, 1945, p. 149).

Segundo o mencionado autor, ao desprezo do trabalhador fabril, na

Inglaterra, pela ordem social espoliante, manifesta-se no seu ponto máximo, pela

violência. Portanto, se as causas sociais que tornam o operário violento se exercem

mais intensamente que habitualmente, ele transforma-se quase que,

inevitavelmente, em um “criminoso”. E é por isso, enfatiza Engels (1845), que, na

Inglaterra a criminalidade violenta aumentou paralelamente a pauperização do

proletariado, tornando-se a nação mais violenta do mundo.

Assim, a população duplicou em 30 anos, mas a criminalidade duplicou

em cada cinco anos e meio, aumentando, pois, seis vezes mais depressa do que a

população.

Quanto à natureza da criminalidade urbana violenta, enfatiza Engels

(1845; p.150), é como, em todos os países civilizados, em sua grande maioria,

representada por crimes contra a propriedade, sendo, pois, “a necessidade o seu

principal motivo, já que não se rouba aquilo que se possui”.

Assim, a extrema pobreza fornecia a necessidade motivadora do crime,

enquanto a deterioração da vida familiar interferia na educação moral dos jovens,

conduzindo-os desde cedo ao alcoolismo e ao crime.

Engels observou, porém, que a violência urbana é uma reação do

indivíduo oprimido contra a dominação burguesa, detentora dos meios “ditos” legais

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para reprimi-lo, tornando-se tal atitude uma reação individual ineficaz e facilmente

esmagada pelo Estado, enquanto gestor dos interesses da burguesia e mantenedor

da ordem social estabelecida.

Em outros escritos de Engels, como nos casos do “Esboço de uma Crítica

da Economia Política” (1844), “Discurso de Elberfeld” (1975) e, no Anti-Dühring

(1879), este autor atribuiu, como causa da pobreza e violência urbana, a

competitividade da sociedade capitalista, que propicia tanto a violência cometida

pelos proletários empobrecidos, como também as fraudes e os crimes econômicos

contra o patrimônio.

Mais tarde, Karl Marx (1859) em seu artigo “Punição Capital” escrito para

o jornal “Tribuna Diária de Nova York”, considerou que a violência era muito mais

um produto sócio histórico das condições materiais de existência das classes pobres

na sociedade burguesa, do que uma simples questão de polícia peculiar de uma

dada sociedade.

Assim, segundo Marx, as medidas policiais repressivas não eliminam as

causas sociais da violência urbana e, em certas circunstâncias sócio-históricas,

contribuem para o seu recrudescimento. Portanto, para o fundador da concepção

materialista da história, a erradicação da pobreza e da violência urbana passa pela

transformação revolucionária das condições subumanas de vida das massas

miseráveis na sociedade burguesa.

Ao considerar que as causas sociais da pobreza e violência urbana estão

enraizadas nas relações econômicas desiguais da sociedade capitalista, Engels

(1985), enfatizou que numa autentica sociedade comunista do futuro, quando as

necessidades econômicas estiverem supridas e eliminadas as desigualdades

sociais, dar-se-ia o fim das contradições sociais entre o indivíduo e a sociedade,

cortando-se a pobreza e a violência pela raiz.

Outra tese defendida pela abordagem materialista histórica diz respeito à

crítica sobre a ideologia da Justiça Criminal que, ao exigir do cidadão, determinado

poder aquisitivo de acesso a bens e propriedades para servir como membro do júri,

funcionava a favor das classes dominantes, discriminando os pobres e

transformando a justiça em um Órgão parcial de classe, em favor dos interesses dos

ricos.

Retomando essa dimensão crítica, Marx (1859), em seu artigo

“População, Crime e Pauperismo,” escrito para o Jornal Tribuna Diária de Nova

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York, criticou as justificações ideológicas da Justiça Criminal que, por seu

julgamento abstrato, era incapaz de contextualizar os criminosos nas suas

condições sociais concretas, as quais contribuíam para a ocorrência da

criminalidade violenta.

Em outro nível, a crítica à justiça criminal assumiu a forma de uma

economia política de controle social da violência. Assim, Michel Foucault (1926-

1984), em sua obra “Vigiar e Punir” (1975), explica as práticas punitivas, desde os

tempos mais remotos, que se organizaram num sistema judiciário coercitivo,

considerado como necessário e adequado para a defesa dos direitos privados e

públicos, punindo principalmente, os criminosos violentos e pobres.

Segundo o autor, durante as épocas de escassez de força de trabalho, as

instituições penais poderiam ser utilizadas para prover os empregadores ou os

Órgãos do Estado de um suprimento regular de trabalhadores forçados e vigiados a

custos baixos; enquanto em períodos de excedente de força de trabalho, a punição

podia ser usada para controlar o “exército industrial de reservas” potencialmente

explosivo, transformando-os em “corpos dóceis” e domesticados para o trabalho.

Outra tese de Marx sobre a pobreza e a violência encontra-se em seu

livro sobre as “Teorias da Mais-Valia” (1987), onde Marx trata de suas causas

socioeconômicas. Ao considerar que todas as ocupações remuneradas são úteis ao

capital, este autor constatou a existência de uma verdadeira indústria da pobreza e

da violência que alimentava a própria necessidade do economista, da assistente

social, da polícia, do tribunal, do carrasco e, até do professor que leciona Ciências

Econômicas e Criminais, sem a qual estes profissionais estariam desempregados ou

então, reabilitados para outras funções ocupacionais. Neste sentido, a manutenção

dessa indústria é instrumental e do próprio interesse desses segmentos

profissionais.

Finalmente, pode-se dizer que Marx e Engels (1859), ao considerarem a

pobreza e a violência urbana como produto histórico das contradições sociais

capitalistas, enfatizaram que uma exacerbada prontidão para se recorrer a Lei

Criminal, tanto pode contribuir para a escalada da violência como para puni-los,

portanto se conclui que, com essa assertiva crítica, ambos os autores aparecem

também como antecipadores das análises contemporâneas sobre o processo de

rotulação do comportamento desviante, estudado, sobretudo, pelos técnicos

interacionistas da Escola de Chicago.

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Como se pode observar, à medida que a Sociedade foi-se transformando,

com o perpassar dos tempos, e, colocando-se problemas sociais novos, a

problemática da pobreza e da violência urbana foi, em seu conteúdo e forma,

modificando-se, exigindo dos teóricos das Ciências Sociais novas abordagens para

se analisar esses fenômenos na Sociedade.

Faz-se oportuno ressaltar, entretanto, que, embora cada abordagem

teórica objetive supera o paradigma anterior, não é de todo correto se concluir que a

ultrapassagem teórica verificada no plano das idéias, seja, automaticamente,

transposta no nível da realidade concreta. Isso significa dizer que, ainda que o

paradigma positivista da pobreza e da violência urbana seja considerado

conservador e ideológico, tendo embalado o ideário de uma Sociedade machista e

preconceituosa, não é correto se pensar que constitui atualmente uma corrente

inteiramente morta.

Alguns autores têm alertado para o fato de seu ressurgimento teórico em

diversas fases do desenvolvimento histórico da humanidade. Esses argumentos são

também válidos para a trajetória das demais abordagens. Aliás, os marxistas

sempre nos alertam que, enquanto perdurarem as condições sócio-históricas que

engendraram a problemática da pobreza e violência urbana, a sua existência factual

persistirá, ainda que mude de forma, acompanhando a transformação da sociedade.

Convém ressaltar, ainda, que as possibilidades teóricas de um

determinado paradigma estão em relação com as suas próprias limitações

metodológicas, além do fato de que devemos ser encaradas como grandes

representações teóricas do real, não, como o real propriamente dito. A realidade,

dizia Marx (1987), é rica e múltipla em concretas determinações históricas; enquanto

a teoria é apenas o concreto-pensado.

Consideradas em seus corolários básicos que assinalam as direções

tendenciais do objeto teorizado, os grandes paradigmas teóricos são,

epistemologicamente, importantes para que os sujeitos possam se apropriar de seus

argumentos, de uma forma conscientemente crítica, na tentativa de sempre

ultrapassá-los, na busca de novos paradigmas que dêem mais conta de

compreender a realidade, portanto mais consentâneos com os reais problemas da

sociedade emergente.

Sem a pretensão de esgotar assunto tão vasto e polêmico, mas para

contribuir com aprofundamento e ampliação do debate sobre o tema, diríamos que o

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32

Positivismo trata a questão da pobreza e da violência como uma “doença”, ou seja,

uma anomalia bio-psicopatológica herdada, congenitamente, por isso o “criminoso-

nato” além de inimputável, deveria ser tratado do ponto de vista médico e

psicológico. Por outro lado, ainda que considerada como um aperfeiçoamento dessa

abordagem, o Funcionalismo teorizou a pobreza e a violência urbana como uma

disfunção da sociedade, ou seja, um problema social da disfuncionalidade do

sistema, mas que poderia cumprir, na Sociedade, tanto uma função manifesta, como

uma função latente.

A “anomia”, ou seja, o afrouxamento das normas e/ou sua

desregularização social, como no caso, por exemplo, do analfabetismo e da

impunidade, seriam duas disfuncionalidades do sistema que acarretariam uma

situação social propícia ao aumento da pobreza e da violência.

Assim, quando o crescimento exacerbado da violência urbana alcançasse

limites insuportáveis de tolerância, estar-se-ia diante de uma patologia social, que

deveria ser combatida ou neutralizada através do acionamento de medidas

autorreguladoras do sistema, objetivando o seu equilíbrio operacional. Tais medidas

funcionais de aperfeiçoamento da máquina judiciária, pensavam os funcionalistas,

são capazes de controlar e coibir as ocorrências da violência, favorecendo a

regularidade funcional do Sistema Social.

Mais tarde, sobretudo após a 2ª Guerra Mundial, realizando uma crítica

sobre o que consideravam “medidas paliativas” setoriais funcionalistas, mas que não

alcançavam as causas estruturais da criminalidade, os Estruturalistas encararam a

pobreza e a violência urbana como decorrentes de fatores estruturais, ou seja,

fatores de ordem econômica e política, só podendo ser combatidas de forma eficaz,

quando esses fatores fossem estruturalmente transformados. Portanto, enquanto

não ocorresse uma mudança estrutural na sociedade, tais fenômenos sociais

tenderiam a persistir e a aumentar, porque respondiam e satisfaziam a interesses

estruturais da própria sociedade.

Com relação à concepção materialista histórica da pobreza e da violência

urbana ainda que esta tenha se manifestado relativamente durante a mesma época

que o Positivismo, foi, entretanto alijada dos meios acadêmicos, tendo maior

circulação no interior dos movimentos sociais de esquerda. Contudo, sua criticidade

incisiva, foi recuperada pelos intelectuais críticos, principalmente a partir da década

de sessenta (1960), dando origem a inúmeras dissertações de mestrados e teses de

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doutorados, com a preocupação de analisar o enraizamento social da pobreza e da

violência urbana como tendo em última instância, os fatores econômicos, como

causas estruturais.

Os marxistas sempre nos alertam que, enquanto perdurarem as

condições sócio históricas que engendraram a problemática da pobreza e violência

urbana na sociedade, a sua existência factual persistirá, ainda que mude de forma, à

medida que a sociedade se transforma.

Na esteira das análises marxistas (Marx/Engels), os estudiosos da

concepção crítica da pobreza e da violência consideravam que, desde o advento da

propriedade privada e a separação dos produtores diretos dos meios de produção,

dando origem à Sociedade Não-Igualitária, inúmeras contradições sociais foram

engendradas e, dentre essas, a pobreza e a violência urbana, as quais, nas

formações sociais capitalistas, atingem seus patamares mais elevados.

Assim, para a concepção materialista da história, sem se revolucionar as

estruturas desiguais de base econômica, a pobreza e a violência urbana tendem a

permanecer, só podendo ser erradicadas, quando a contradição básica que se

verifica nas relações sociais de produção, for radicalmente eliminada, com a

implantação da Sociedade Comunista Moderna. Só assim a pobreza e a violência

social transformar-se-ão em suas antíteses; o verdadeiro direito social comunitário

pode triunfar, inaugurando-se então uma sociedade sem violência, socialmente justa

e solidária.

A Escola de Chicago teve como centro o estudo da cidade, Burguess

(1926), que formulou o primeiro modelo teórico do crescimento da cidade,

traduzindo o espaço onde a violência se dava num nível mais elevado. Assi,, à

medida que se dava o distanciamento do centro onde se encontravam os aparelhos

estatais, as forças iam ficando mais frágeis exemplificando a teoria com um cidade

dividida em cinco círculos que representam as seguintes zonas (Figura 1): 1) o

centro principal da cidade; 2) a zona de transição com propriedades deterioradas e

ocupadas pela população de baixa renda; 3) zona residencial de trabalhadores

fabris , com locais industriais e residenciais muito próximos; 4) zona de classe alta;

5) zona de transição entre subúrbios residenciais e área comerciais satélites a um

tempo acessível de viagem. E é justamente esse enfraquecimento estatal sentido,

nas áreas de pobreza urbana, que deixa a violência mais visível.

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Figura 1 – Círculos concêntricos do esquema de Burgess (1926)

Em termos de Segurança Pública, as primeiras pesquisas sociológicas no

Brasil começaram a despontar, a partir da década de 70, e se intensificaram na

década de 80, provavelmente pelo aumento da violência. Porém sua efetivação,

como objeto de estudo da academia, deu-se a partir da década de 90, após a

promulgação da Constituição de 88, que impôs a segurança pública como “dever do

Estado e responsabilidade de todos”. Com isso, a política de segurança pública

passou a fazer parte efetiva da agenda do governo, a chamada “Agenda Marrom” e

se contextualiza como uma política social.

O art. 3ºe nos seus incisos I, II,III e IV, da CF: “Art. 3º Constituem objetivos

fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir um sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades

sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem , raça, sexo,

cor idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

Somente uma década após a promulgação da “Constituição Cidadã”, a

sociedade brasileira conheceu uma sociedade, democraticamente, organizada,

pautada no respeito aos direitos humanos, em que o enfrentamento da criminalidade

não significa a instituição da arbitrariedade, mas a adoção de procedimentos táticos

operacionais e político-sociais que considerem a questão em sua complexidade.

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35

Nesse panorama, no ano 2000 foi criado o PNSP, e no ano de 2007, o

PRONASCI, inovando a forma de abordar dessas questões. (CARVALHO; SILVA,

2011)

Segundo, Kant de Lima, Misse, e Miranda, (2000, p. 46), somente na

década de 70 aparecem as primeiras pesquisas sociológicas sobre a temática da

Segurança Pública, acompanhada de um aumento expressivo dos estudos na

década seguinte. Mas a produção acadêmica, nessa área, viria a se consolidar,

como uma escolha de carreira acadêmica de parte dos pesquisadores no Brasil,

somente nos anos 1990.

Provavelmente, por ser tão recente o estudo em termos de país é que

foram cometidos alguns erros e acertos, observando-se um método empírico, como

no dizer de SANTOS (2008, p.14):

[... ]tamanho de nossa ignorância sobre o tema, o que resultou em uma série de escolhas de políticas permeadas por “achismos” ou pelo senso comum, que acabaram se mostrando pouco efetivas para enfrentar os desafios relativos à violência e à promoção da paz.

Outro estudioso da área de segurança, Pereira (2009, p. 96), no texto

Política de Segurança Pública no Brasil: avanços, limites e desafios, diz:

Trata-se, pois, a política pública, de uma estratégia de ação, pensada, planejada e avaliada, guiada por uma racionalidade coletiva na qual tanto o Estado como a sociedade desempenham papéis ativos. Eis porque, o estudo da política pública é também o estudo do Estado em ação (MENY E TOENIG) nas suas permanentes relações de reciprocidade e antagonismo com a sociedade, a qual constitui o espaço privilegiado das classes sociais.

.

Assim, observa-se que a questão da segurança pública, além de ser um

problema mundial, não estando restrito aos países, cidades ou bairros onde se

concentram a pobreza, apresenta-se de diferentes formas e motivos, os quais

devem ser analisados e interpretados, para que haja uma inserção dos meios de

segurança pública mais efetiva, a fim de manter essa analise atualizada, pois os

motivos também são cíclicos e quando não o são, mudam de perfil.

Assim, pactuamos com Bengochea et al, (2004, p. 120), quando trata da

transição da policia de controle para a polícia cidadã, os autores esclarecem:

A segurança pública é um processo sistêmico e otimizado que envolve um conjunto de ações pública se comunitárias, visando assegurar a proteção do indivíduo e da coletividade e a ampliação da justiça da punição, recuperação e tratamento dos que violam a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. Um processo sistêmico porque envolve, num mesmo cenário, um conjunto de conhecimentos e ferramentas de competência dos poderes constituídos e ao alcance da comunidade organizada, interagindo

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36

e compartilhando visão, compromissos e objetivos comuns; e otimizado porque depende de decisões rápidas e de resultados imediatos.

Uniformizando o presente estudo, consideraremos, para efeito didático,

que a segurança pública corresponde a um conjunto de ações sociais emergenciais

e estruturais que visa a garantir a proteção dos direitos individuais das pessoas e

assegurar o pleno exercício da cidadania.

Do ponto de vista do Materialismo Histórico, tais políticas se desdobram

em políticas reformistas e políticas revolucionárias. As primeiras são definidas como

setoriais e se compõem de um conjunto de medidas paliativas e assistenciais,

objetivando apenas reformar e introduzir algumas inovações na área da Segurança

Pública. No que concerne às políticas estruturais, a referida abordagem enfatiza que

tais políticas objetivam mudar as condições sociais de vida dos sujeitos que

demandam os direitos da Segurança Pública, os quais ocupam situação subalterna

no sistema produtivo, à margem dos usufrutos do sistema capitalista, por isso tais

segmentos sociais, em sua maioria desempregados e/ou subempregados em

ocupações eventuais, fazem parte do “exército industrial de reserva”, contribuindo

para a redução dos salários da classe trabalhadora, submetendo as classes

populares a um processo de proletarização e excludência social.

A questão da pobreza é concebida, para efeito desse estudo, como

condição social dos segmentos sociais que se encontram em situação de

vulnerabilidade socioeconômica na sociedade de classes. Segundo o Materialismo

Histórico, os segmentos sociais pobres se desdobram em dois substratos: os

miseráveis que vivem abaixo da linha de pobreza, e, no Brasil, são as famílias que

possuem de zero a R$ 70,00 (setenta reais) como renda familiar mensal e não

possuem acesso a uma fossa biológica. O segundo substrato é composto pela

classe pobre que corresponde às famílias com uma renda mensal de 1 a 3 salários

mínimos, não possuem casa própria, têm baixa escolaridade e não possuem acesso

ao saneamento básico.

A estudiosa Lavinas (2003) conceitua a pobreza como um estado de

carência e privação que pode por em risco a própria condição humana. Portanto,

define que ser pobre é ter “sua humanidade ameaçada”, seja pela não satisfação

das necessidades básicas (fisiológicas e outras), seja pela incapacidade de

mobilizar esforços em prol da satisfação de tais necessidades.

Page 37: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

37

Embora não estejamos fazendo associação entre pobreza e violência,

sabemos que a carência de condições materiais e de oportunidades é um aspecto

que mobiliza alguns segmentos vulneráveis para a inserção no mundo da

criminalidade. Nesse sentido, Caldeira (2007) nos remete ao atual estado das

cidades brasileiras, quando escreve que: “a Fala do crime aumentou a fortificação da

cidade e exacerbou a separação de diferentes classes sociais”.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) violência é “a imposição de

um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Porém o conceito é muito mais

amplo e ambíguo do que imprimir dor, ou agressão de uma pessoa contra outra;

mesmo porque a dor é um conceito de difícil de ser definição.

Assim, guerra, fome, tortura, assassinato, preconceito, a violência se

manifesta de várias maneiras. Segundo a comunidade internacional de direitos

humanos, a violência é compreendida como toda a violação dos direitos civis;

políticos sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e

salário) e culturais. Assim, como as formas de violência, tipificadas na lei penal,

como assassinato, sequestros, roubos e outros tipos de crime contra a pessoa ou

contra o patrimônio, formam um conjunto que se convencionou chamar de violência

urbana, porque se manifesta principalmente no espaço das metrópoles. A violência

urbana, no entanto, não se restringe aos crimes, mas a todo o efeito que provocam

sobre as pessoas e as regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no

tecido social, prejudicando a qualidade das relações pessoais humanas e a

qualidade de vida em sociedade.

Page 38: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

38

2.1 AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS E AS POLITICAS SOCIAIS PREVENTIVAS DE COMBATE À POBREZA E À VIOLÊNCIA URBANA UMA VERSÃO TEÓRICA E HISTÓRICA

A violência urbana entende-se como um conjunto de contradições sociais

internas das sociedades capitalistas, expressa em agressividade e criminalidade que

ocorrem no meio “urbano”, preferentemente, nas áreas de invasão e periferias,

também chamadas de “zonas vermelhas”2, áreas definidas pelo elevado índice de

ocorrências de violência contra a pessoa, o patrimônio público e privado que

apresentam.

Dentre as principais causas que têm sido assinaladas da violência

urbana, estão: a pobreza e a miserabilidade urbana; o baixo índice de educação da

população; o desemprego estrutural; a superexploração das classes trabalhadoras;

a falta de políticas estruturais de segurança pública e a falta de políticas de impacto

de curto prazo, principalmente no que concerne à infraestrutura de equipamentos

tecnológicos para monitorar as áreas que apresentam elevados índices de violência

social. Diante disso, a efetivação de políticas sociais de segurança torna-se urgente.

As Políticas Sociais correspondem a um conjunto de ações sociais que

objetivam transformar, estruturalmente, as condições sociais de vida dos segmentos

sociais mais pobres da sociedade de classe, segundo a urbanista Motta (2004). Tais

políticas direcionadas aos segmentos sociais mais pobres da sociedade se

desdobram em políticas reformistas e políticas revolucionárias. As primeiras são de

cunho clientelista, com fins eleitoreiros e visam prender as pessoas por laços de

lealdade e dependência econômica, como troca dos favores obtidos pelos pobres

das classes mais abastadas. As políticas sociais estruturais são aquelas

transformadoras de base, ou seja, que objetivam mudar qualitativamente as

condições materiais de existência dos segmentos sociais socialmente excluídos nas

sociedades capitalistas.

No decorrer das últimas décadas, o debate no meio acadêmico tem se

dado em torno dos tipos de proteção social que têm sido postos em prática como

politicas sociais com o objetivo de combater as desigualdades sociais e melhorar as

condições de vida das populações socialmente excluídas do contexto econômico e,

consequentemente, afetadas em sua sobrevivência e qualidade de vida. São muitas

2 Termo estatístico policial utilizado pra determinar a mancha criminal e que é usado no Relatório

Analítico acerca da Criminalidade no Pará da Secretaria de Segurança Pública

Page 39: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

39

as críticas e quase sempre, sobre o tipo dessas intervenções geralmente

específicas, pontuais e de curto prazo. Embora direcionadas aos pobres, têm caráter

imediatista e não efetivo e duradouro de combate à pobreza, apenas uma

transformação conjuntural e não estrutural, não objetivando políticas que tragam

efeito a médio e longo prazo.

Na verdade, o que se pretende trazer ao debate é à própria estratégia

dessas políticas de intervenção e as causas de serem sempre pontuais ou

clientelistas e insentas de caráter transformador das condições sociais de vida, já

que, raramente, conseguem atingir a pobreza e seus determinantes de uma forma

eficiente e estrutural.

Os novos meios de produção implementados após a segunda Guerra

Mundial e que se seguiram pelos anos 30 perdurando até os anos 70, período

conhecido como os “trinta Gloriosos”, trouxe não somente o aparelhamento da

indústria com as novas tecnologias e o crescimento econômico e seu apogeu, como

também o êxodo rural em direção às cidades, na busca por emprego e melhores

condições de vida. A consequência foi o crescimento desordenado das cidades e

baixa qualidade de vida destes imigrantes trabalhadores, que passaram a viver em

cortiços, sem as mínimas condições de habitação.

Passado o alvoroço do crescimento econômico e o término da suposta

harmonia entre o paradigma econômico e social quando se creditava na auto

regulação do estado Keynesiano e o Estado de Bem Estar Social, instala-se o que

se chama de crise do Estado de providência, afetando diretamente a classe operária

e outras também trabalhadoras ou dependentes, economicamente da engrenagem

capitalista que se desenvolve naquele momento no cenário mundial, classes essas

que até então, não tinham sido alcançadas pela crise e passam a ter seu bem estar

e em alguns casos a própria sobrevivência, ameaçados pelo estado de

precariedade a que são submetidas, o que passa a afetar diretamente os direitos e

garantias sociais das classes afetadas.

A entrada da década de 70 vem desmoronar o paradigma Keynesiano do

pleno emprego e regulação de mercado, deixando clara a crise social, sobre tudo

pelo próprio avanço tecnológico que atinge os trabalhadores com a diminuição dos

postos de trabalho, já que são substituídos pelas máquinas, ou por outros com maior

nível de especialização, tendo assim seus salários cada vez mais achatados, o que

eu vai afetar diretamente sua qualidade de vida e sua própria sobrevivência.

Page 40: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

40

Nesse momento, o aumento do desemprego afeta a massa trabalhadora

em todos os sentidos, uma vez que, já está expropriado dos meios de produção,

continua a ser um forasteiro, ou seja, não tem a sensação de pertencimento na

cidade, tendo como primeiro ponto de afetação a moradia, seguido da alimentação,

vestimentas, etc., acarretando, obviamente, a situação de desespero.

Dessa forma, o cenário mundial é de desemprego e, como esse é de uma

longa duração, vai atingir diretamente a classe trabalhadora pondo a sobrevivência

destes em risco, pois, à medida que houve um empobrecimento do cidadão citadino,

atingindo, assim, outras classes sociais, não só as das pessoas inaptas ou

desqualificadas para o trabalho, mas também as qualificadas que não conseguem

se engajar de volta ao mercado de trabalho, outras que dependem economicamente

do consumo da classe trabalhadora, idéias de pobreza começam a surgir com

diversas vertentes, e muitas trazem a de que a culpa por ser pobre é do próprio

cidadão que não quer se adaptar ao sistema.

Essa situação é ainda mais problemática nesse momento histórico porque

vão de encontro aos ideais defendidos nas revoluções burguesas de liberdade,

fraternidade e igualdade, passando então, a ser chamada de nova questão social,

ou nova pobreza. Essa questão que só passa a ser considerada quando os

trabalhadores começam a organizar-se e ameaçar o modelo capitalista de produção.

A questão social mencionada por Castel (1999), surgida no século XIX

está diretamente ligada às transformações ocorridas no inicio do desenvolvimento

do capitalismo. Na visão de Castel, ainda que essa nova denominação não se trata-

se de uma nova “questão social “e sim da mesma “questão social” surgida no inicio

do século XIX com o inicio da economia capitalista, já que o crescimento

generalizado da pobreza, nesse período, estaria diretamente ligado à lógica

perversa do modelo capitalista que visa à acumulação do capital , portanto exigia

máquinas cada vez mais modernas no processo de produção com o único objetivo

de reduzir os custos de produção, redução da mão de obra, objetivando o aumento

do lucro, o que gerou assim um exército de trabalhadores desempregados.

Este período vai deixar clara a exacerbação da pobreza mundial com suas

denominações, as quais, inicialmente, eram chamados, de novos pobres, passando

a acrescentar outras denominações que deixam clara a nova visão e são chamados

agora de marginais, vagabundos, em vez de desempregados, abrangendo assim

uma gama muito grande de pessoas, já que ali eram incluídos não só os pobres, ou

Page 41: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

41

os novos pobres, mas também os desempregados; os jovens que não conseguiam

se engajar no mercado de trabalho; os desempregados ainda que especializados,

mas que faziam parte do exército de mão de obra barata; os moradores de cortiços,

periferias e favelas que também surgem neste período. Segundo Castel (2006), as

desigualdades sociais eram o centro da questão social até a década de 70.

Assim, é no século XX, que o problema se instala e é assumido

mundialmente, passando a ser chamado, a partir de então, de “nova pobreza”, na

Europa, nas sociedades subdesenvolvidas ou em desenvolvimento como o caso do

Brasil e das outras nações latino-americanas, não só abrangendo uma camada

maior da sociedade de classes, mas incluindo novas classes nesta estratificação

social e descriminando-as. Nesse cenário o pobre é visto como uma pessoa que

escolhe não estar incluído no mercado de trabalho, daí ser chamado de vagabundo

ou vadio, termo que, inclusive foi adotado pelo Código Penal e tipificado como

conduta. Neste sentido, Estivill (2006: p.108), diz que a marginalização seria um

ponto intermediário, uma fase mais ou menos passageira, assumida,

“voluntariamente”, ou imposta, entre a integração e a exclusão mais definitiva.

Conceito este que foi usado no Brasil como designação dos moradores das favelas.

Para Atkinson (1989), vários são os conceitos de pobreza, acrescentando-

se ou restringindo-se a determinados grupos, como sendo pobre todo cidadão

carente economicamente, portanto se encontre em uma situação de “insuficiência de

renda”.

Simmel (1978), situa pobre como sendo todo aquele que necessita ser

assistido. Nessa visão os pobres passam a ser vistos como pessoas dependentes e

sem autonomia, seria então o pobre e a pobreza como um produto, ou melhor, um

defeito do modelo econômico que gera desigualdades, desemprego, exclusão,

desfiliação. Assim, para que esse defeito seja reparado, faz-se necessário que a

sociedade se adapte para suprir suas necessidades, ou que lhes preste assistência

perpétua, ou, transforme seu funcionamento para reincluí-los social e

economicamente.

O pobre, sem dúvida, é tudo isso ao mesmo tempo: um marginal, um explorado, uma pessoa dependente e um desfiliado. O problema, evidentemente é que cada uma dessas leituras tomadas separadamente reduz o pobre a uma única dimensão, simplifica o problema de uma forma excessiva (como a foto reduz o personagem fotografado a um objeto plano, revelando dele uma parte do que ele é, mas escondendo todos os demais aspectos de sua realidade). (BAJOIT, 2006)

Page 42: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

42

É perigoso, ver a pobreza, segundo à perspectiva limitada da privação de

renda e a partir daí, justificar investimentos em educação, serviços de saúde etc.,

com o argumento de que são bons meios para atingir o fim da redução da pobreza

de renda. Isso seria confundir os fins com os meios (SEN, 2000, p. 114).

Conceituar a pobreza é tarefa quase impossível, pois não há um índice

único ou um consenso sociológico pré-determinado, além do que é necessário que

se conheça a realidade local e o contexto local inserido, como também o momento

histórico, principalmente em lugares de diferentes hábitos e costumes como a

Região Norte do país; comparar a América Latina com a América do Norte ou ainda

com a Europa ou Ásia ou África, o contexto , os hábitos as considerações são

totalmente diferentes. Ainda que a Europa esteja passando por momento de crise

muito semelhante ao das décadas de 70 /80, a pobreza não se iguala à da América

e do Brasil, porém não deixa de existir ou de ser crítica, pois, avaliar as

necessidades inerentes ao ser humano, individualmente, para tirá-lo do estado de

necessidade de depende muitos fatores e variáveis diversas.

No Brasil, tendo em vista a extensa área territorial e a variedade cultural é

muito difícil se fazer uma política pública de Estado, de abrangência nacional, que

supra as necessidades sociais básicas do brasileiro: a pobreza da Região Norte por

certo é muito diferente da do Sudeste e, muito mais, da Região Nordeste, pois as

necessidades são outras e essas diferenças são culturais. Inicia pelo próprio clima e

moradias, porém é certo que grande parte da pobreza urbana veio com a imigração

do interior para as capitais, buscando a possibilidade de inclusão no sistema social

capitalista de forma efetiva, gerando a nova pobreza urbana. Uma que chama

atenção ao se adentrar em zonas de favela, em regiões, diferentes do Brasil, é o tipo

das moradias. Se no sudeste prevalecem as favelas, no Norte, temos as baixadas

alagadas e uma adaptação do morador do local a elas.

No Brasil, o desenvolvimento se deu em, aproximadamente, 50 e 60 anos

sob a batuta de governos totalitários e centralizadores como o de Vargas e militares.

Como bem diz ARAÚJO (2000),

Assim, a tradição, o ranço da vertente autoritária, tornou-se um traço muito forte nas políticas públicas do país, e as políticas públicas eram muito mais políticas econômicas. Se olharmos a história recente, as políticas sociais e as políticas regionais são meros apêndices, não são o centro das preocupações das políticas públicas.

Page 43: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

43

Observando ainda que o que caracterizava o Estado brasileiro, nesse

período, era seu caráter desenvolvimentista, centralizador, conservador e autoritário,

o que fez com que o Estado assumisse muito mais as rédeas do desenvolvimento

econômico e muito pouco a proteção social.

Para Araújo (2000), a verdade é que o Estado Brasileiro empenhou-se

com um único intuito, o de promover o projeto industrial: financiou, protegeu, criou

alíquotas, produziu insumos básicos e conseguiu, porém suas intervenções no setor

social e de segurança foram muito poucas, a não ser quando essa questão afetaria

a trajetória traçada. Assim, se viu o Estado interventor das questões sociais, como

nas relações de trabalho, na era Vargas quando se criou o salário mínimo e as leis

Trabalhistas.

Ainda segundo Araújo (2000), o Brasil conseguiu uma característica

singular, já que se tornou um país onde 20% dos pobres, mais pobres, detinham,

apenas, 2% da renda nacional, enquanto os 10% mais ricos detinham quase 50%

dessa renda, eo 2/3 da população estavam fora do mercado de trabalho.

O fato é que a década de 80, apesar de conhecida como a década

perdida, nessa estrutura, em meados dos anos 80, mais precisamente 88, que foi

promulgada a nova CF de 1988, a chamada Constituição Cidadã. Muito mais por

anseio da sociedade que nesse momento, voltou a se organizar de uma forma mais

coesa, do que por vontade do governo federal, com uma das mais avançadas e

protecionista lei mundial em matéria de proteção social, consequentemente, torna-se

a mais avançada lei social até aquele momento. Foi concebida como uma

Constituição programática, ou seja, que previa o aumento e o acesso de benefícios

sociais, dando direitos e garantias e, por conta disso, estende-se um artigo (art.5º)

que praticamente retrata o momento histórico do país, a ultrapassando um regime

militar, portanto esse artigo retrata o momento do Estado Brasileiro, em que põe as

claras a preocupação de proteger o cidadão do seu próprio Estado.

Assim, como já referido anteriormente, haviam-se de cumprir os artigos e

previsões da CF de 88, como previa o seu art. 3º:

3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

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44

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

quaisquer outras formas de discriminação.

Nesse artigo a CF visou garantir não somente a erradicação da pobreza e

marginalização, mas também dar possibilidades e garantia aos direitos sociais.

Assim, no capítulo dos direitos individuais e coletivos, o art. 6º, mais tarde, foi

alterado, por emenda constitucional, para que fosse acrescida a moradia entre os

direitos sociais:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a

segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência

aos desamparados, na forma desta Constituição:

Art.6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.", alterada pela EC nº26 de 2000, reconhecendo assim a moradia como direito social.

Assim, arts. 6º juntamente com o art. 196º da Constituição Federal de

1988 dão o devido reconhecimento, tanto à educação, quanto à saúde e moradia

como direito fundamental das pessoas e dever do Estado, deixando de ser uma

discussão técnico e político, passando a fazer parte não só da discussão, mas

também do mundo jurídico e de ordem constitucional. Passa, então, a visão dos

meta direitos , que são direitos à implementação, pelo Estado, de políticas públicas

globais que visem à melhoria coletiva da população, e não direitos individuais e,

partir daí, a saúde, a própria vida foram alçados ao status de direitos fundamentais

pela Constituição de 1988.

O que gera a preocupação do Judiciário em relação aos chamados

direitos econômicos e sociais garantidos pela Constituição é a possibilidade de

serem negligenciados por se tratarem de normas programáticas, isto é, sem eficácia

plena.

Seguindo-se ainda o percurso da CF, temos o art. 7º com 34 incisos, que

visa à proteção aos trabalhadores, reforçando e regulamentando a CLT que, pela

extensão, nos resguardamos a transcrever, fazendo-o somente o Caput e os 7(sete)

Page 45: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

45

primeiros incisos por trazerem uma das mais importantes conquistas do trabalhador:

o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, e o princípio da vinculação

entre salário mínimo e o piso dos benefícios previdenciários e assistenciais

permanentes.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos

termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros

direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas

necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,

educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com

reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua

vinculação para qualquer fim;

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem

remuneração variável e seguintes.

Seguiu-se o § 5º, V do Art. 201, que após emenda constitucional passou a

ser § 2º, onde se garantiu que nenhum beneficio possa ser inferior ao salário

mínimo:

§ 2º - Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do

trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

Outra importante conquista para a Assistência Social, foi o artigo 203,

inciso V, da CF, que regulamentou através da Lei n.º 8.742, de 7/1/1993, que ratifica

o caráter assistencial do benefício previsto no texto constitucional, intitulado, no

artigo 20 da referida Lei, de benefício de prestação continuada. A renda mensal

vitalícia é benefício assegurado, independentemente de contribuição, aos

necessitados, inválidos e idosos, que comprovem não possuir meios de prover a

própria manutenção, importante também na para a sustentabilidade de recursos, a

Constituição criou principalmente o Orçamento da Seguridade Social.

Page 46: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

46

A Constituição manteve os percentuais da receita de impostos vinculados

à área da educação para estados.

O fato é que, enquanto avançávamos em termos de legislação e proteção

dos direitos sociais, fazia-se uma tentativa de equalizar a pobreza mundial ou de se

ter um índice que tornasse mais pacifico. Então tivemos o PIB que era o índice

mundial oficial, no qual deveriam basear-se as políticas públicas de combate à

pobreza, substituído na década de 80 pelo PNUD, que elaborou o IDH, e passa a

publicar o Relatório sobre Desenvolvimento Humano a partir de 1990. O IDH passou

a ser a medida de avaliação do desenvolvimento das nações e contribuiu como

principal indicador para surgimento de novas políticas sociais ao incluir indicadores

referentes à longevidade e escolaridade das nações. A divulgação do Relatório

sobre o Desenvolvimento Humano realizado pela ONU, e as estratégias de combate

à pobreza sofreram algumas modificações.

O combate à pobreza, nos governos brasileiros, sempre estiveram

associadas ao crescimento econômico, porque pouco se investiu em estratégias de

redução da desigualdade.

Na década de 90, com a instalação dos Planos cruzado e Real, o país

entra num momento de aparente estabilização monetária, mas de pouca relevância

social, o que deixa a pobreza mais aparente, apesar de se manter em índices,

aparentemente, estáveis entre 40% e 45% da população, sendo diretamente

influenciado pelas questões econômicas do período.

Esse contexto favoreceu o surgimento de políticas voltadas para as

regiões e segmentos da população mais pobre, aliada às estratégias mundiais

sugeridas para o combate à pobreza, porem essas ações, sempre, apresentaram

como prioridade os critérios de renda.

Assim, surgem os programas de transferência de renda inspirados nos

modelos de proteção social de países europeus, e, em 1996, foi criado o primeiro

programa de transferência de renda condicionada, o PETI, direcionado a crianças de

7 a 15 anos, obrigadas a trabalhar ou submetidas a atividades perigosas ou

insalubres. Em 2001, é criado o Programa Bolsa Escola, com a finalidade de

conceder um valor monetário mensal a milhares de famílias brasileiras, condicionado

a manutenção de suas crianças nas escolas. Então, a Bolsa Escola é implementado

com Bolsa Alimentação que exigia novas contrapartidas na área da saúde, como

aleitamento materno, exames pré-natais, vacinação das crianças e, apartir de 2003,

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47

o governo passa a contar com o Cartão Alimentação, mas o valor monetário do

beneficio era limitado à compra de alimentos. A intenção do Cartão-Alimentação era

de complementar os outros programas, repassando um valor mensal a famílias com

gestantes, nutrizes e crianças de seis meses até 15 anos de idade.

Entretanto, a coexistência desses programas tinham como consequência

secundária um problema de gerenciamento. Como eram gerenciadas por agentes

distintos, existiam casos em que famílias ainda que com renda similar recebiam

valores diferentes de benefício.

Assim, o governo resolveu unificar todos os programas de transferência de

renda por meio de um cadastro único para facilitar a administração dos mesmos e,

em outubro de 2003, foi criado, por medida provisória, posteriormente convertida em

lei, e regulamentado por decretos e normas do Executivo o Programa Bolsa Família,

que incluiu também o Vale-gás, apesar desse ser uma transferência sem

contrapartida. O Bolsa Família foi direcionado a famílias cuja renda familiar per

capita seja inferior a R$ 60,00 mensais e famílias de gestantes, nutrizes, crianças e

adolescentes de até 15 anos cuja renda per capita seja inferior a R$ 120,00 e a

gerência do programa a cargo do MDS e as operações de pagamento sob-

responsabilidade da Caixa Econômica Federal. O recebimento das transferências é

condicionado a contrapartidas comportamentais nas áreas de educação e saúde, de

acordo com a composição das famílias beneficiárias.

O Bolsa Família tinha o objetivo de diminuição da pobreza em curto prazo,

por meio da transferência de renda e o combate à transmissão da pobreza, sob

condicionalidades com o intuito para incentivar as famílias a realizarem

investimentos na educação e na saúde.

Embora com diversas críticas aos programas de transferência de renda,

dados do IBGE revelaram que pessoas que vivem em domicílios onde há

beneficiários do Bolsa Família trabalham tanto ou mais que as outras pessoas com

renda familiar per capita similar, e que adultos em domicílios com beneficiários do

Bolsa Família têm uma taxa de participação 3% maior do que adulto sem domicílios

não beneficiários. Sendo este impacto maior entre as mulheres (4%) do que entre

homens (3%), outra pesquisa desenvolvida em 2007 pelo IPEA demonstraram que

os programas de transferência como o Programa Bolsa-Família contribuíram para

uma redução de 21% no coeficiente de GINI, um parâmetro internacional usado para

medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países.

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48

Diante dos fatos, conclui-se que o grande problema dos programas de

transferência de renda, consiste na sua face clientelista/dependente, pois, à medida

que não promovem mudanças estruturais, não tiram o pobre nem da situação de

carência, nem mostram formas mais eficazes para que esse assistido se exonere

por conta própria, alcançando outro patamar social que não mais o de assistido.

Compreendemos que os programas de transferência de renda, apesar de

causarem essa dependência e promoverem uma política clientelista, o que se dá

pelo medo da perda dos benefícios, constituem, sim, uma importante mecanismo de

proteção social de combate à pobreza extrema, às desigualdades e à auto-exclusão

do cidadão, porém ainda faltam, como dito anteriormente, políticas estruturais que

promovam a inclusão desse assistido, com melhor educação, assistência à saúde,

politicas habitacionais e de saneamento básico e conseqüente entrada no mercado

de trabalho.

O que se constata é que ainda não se chegou a uma política social que

satisfaça as diversas correntes, como nos diz Pontes (2010) O cenário dos

enfrentamentos de diferentes modelos de políticas está também envolvido em um

silencioso embate teórico-político entre modelos de políticas sociais, como o que

aposta em perspectivas neoliberais, reducionistas da responsabilidade do Estado;

em outra mais estatista, de inspiração socialista, ou, em uma de sua face mais

branda, liberal igualitária, mas que supõe a necessidade de uma atualização nas

políticas públicas redistributivas.

Assim, entendemos que combate à pobreza, no Brasil, depende da

formulação de políticas voltadas ao alcance da justiça social e da revisão dos

valores sociais vigentes de cunho socioeconômico e da revisão das desigualdades

sociais, da concentração de renda, de acesso a bens e serviços e principalmente ao

reconhecimento dos direitos civis dos cidadãos. Fato é que o enfrentamento da

pobreza só será possível através de uma visão diversificada das variáveis, que

incluem, planejamento urbano, ordenamento territorial e regulação do uso do solo,

que são fatores que influenciam a condição da moradia e aumentam a situação de

vulnerabilidade dos que se encontram na” base da pirâmide social” ou socialmente

vulneráveis.

Outra questão atrelada, à pobreza é a violência e a política de Segurança

Pública, que vem passando por reformulação desde meados de 2003, com a

implementação do SUSP, inspirado no modelo da saúde, para a implantação do

Page 49: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

49

novo modelo de segurança como objetivo de integrar a segurança pública em todas

as esferas, federal, estadual e municipal, seus policias e estabelecer suas ações e o

modelo, foi criado em 2007 para, juntamente com PRONASCI, programa que visa

ao reconhecimento da violência como um fenômeno decorrente de múltiplos fatores,

e transdisciplinares.

Nesse sentido, as políticas de segurança buscaram focalizar as raízes da

violência e da criminalidade e devem estar interligadas a áreas, tais como educação,

saúde, cultura e juventude que são a prioridade das políticas desenvolvidas,

evitando o ingresso dos jovens no crime, já que, Segundo o SIM- Sistema de

Informações do Ministério da Saúde, o número de homicídios no Brasil, em 2008, foi

de 50.113, sendo um grande número de jovens e negros, portanto provavelmente

oriundos das camadas mais pobres do país. Assim, a prevenção da violência e o

modelo de policiamento caminham para o policiamento de proximidade, também

conhecido como policiamento comunitário, pois aproxima do cidadão o profissional

da segurança pública, de forma a possibilitar maior proteção, troca de informações e

cidadania.

A 1ª CONSEG, realizada em 2009, foi um marco democrático nesta área e

tiveram como consequências as seguintes diretrizes: o desarmamento, a

participação social, os conselhos comunitários de segurança, a importância dos

municípios como gestores da política de segurança pública, o policiamento

comunitário, a valorização profissional, o enfrentamento do preconceito, o acesso à

justiça, à priorização das penas e medidas alternativas, à cultura de paz e ao

fortalecimento do SUSP e do PRONASCI.

Para Miki (2011), a violência e a criminalidade precisam ser

compreendidas de forma ampla, permitindo que se percebam suas soluções como

um conjunto de ações diversificadas, sejam elas preventivas ou repressivas

qualificadas, que devem ser levadas a cabo não apenas pelas forças policiais, mas

também pelos demais órgãos públicos, de forma planejada, coordenada e integrada.

Page 50: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

50

3 CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO E APARELHOS SOCIAIS PÚBLICOS E PRIVADOS

Embora se localize muito próximo ao centro da cidade, podendo-se

alcançar as ruas principais em de 15 a 30 minutos, apenas caminhando,

dependendo do local geográfico, a área do bairro da Terra Firme é considerada uma

periferia no sentido sociológico, faz parte do processo de favelização das cidades.

Porém, não no aspecto geográfico, mas essa geografia também contribui para a

discriminação do bairro, já que esse o está abaixo do nível do mar, sendo um lugar

alagadiço ocupado por famílias pobres que residem em barracas de

madeira/palafita.

Figura 2 – Localização geográfica do bairro

Fonte: Google maps

Essa população é discriminada, pois, além da pobreza que “salta aos

olhos”, a qualidade das condições de moradias é precária, pela falta de

pavimentação, saneamento básico e outras deficiências visualizadas sem grande

dificuldade a qualquer um que faça uma rápida incursão no bairro. É também um

dos locais conhecido pelo narcotráfico que se desenvolve na região, suas gangues/

Page 51: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

51

ou facções, com alguns traficantes residentes, outros não residentes, mas que,

igualmente, comandam o tráfico no local com grande quantidade de venda de

drogas nas chamadas “bocas”.

As moradias denominadas palafitas, que ainda predominam no local, são

moradias típicas de ribeirinhos da região norte, feitas para suportarem as cheias dos

rios nos chamados meses de águas grandes ou de enchentes , quando os rios

sobem devido ao aumento do volume pluvial, geralmente nos meses de janeiro a

abril, de todos os anos, sendo essa uma causa que também contribui para aumentar

a simbologia da discriminação. A tipologia dos terrenos que ali são alagadiços faz

parte das chamadas áreas de baixada, assim denominadas na região.

Page 52: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

52

Figura 3 – Palafitas sobre os alagadiços do bairro

Fonte: Acervo pessoal

Figura 4 – Pavimentação do bairro

Fonte: Acervo pessoal

Outra característica do bairro, que contribui para essa visão, é a forma

como se deu sua formação. O bairro da Terra Firme nasceu de um processo de

ocupação desordenada iniciado na década de 50, com uma população não natural e

provisória de imigrantes oriundos do interior do Estado (77%) e de outros Estados

(23%), especialmente do Maranhão. Existe no bairro a chamada Rua dos Pretos,

Page 53: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

53

como os moradores designam a rua com grande quantidade de naturais do

Maranhão. Esses moradores trouxeram para o mercado do bairro a venda de

camarão daquele Estado, o que se dá em grande quantidade, e já se tornou

conhecida, pela variedade e preço baixo, em relação aos outros mercados da

cidade.

Ainda hoje a imigração permanece pelo fato de virem se juntar aos

familiares que já tinham vindo para a capital, em virtude de o bairro estar localizado

próximo ao centro da cidade, o que facilita a locomoção dos residentes aos locais

de trabalho.

O bairro é atravessado, em toda a sua extensão, pelo Igarapé do

Tucunduba, e avizinha-se aos seguintes bairros: Guamá, Canudos, Universitário,

Curió Utinga e Marco. Segundo o Anuário Estatístico de Belém do Pará – 2010, a

população é de 63.191 habitantes, o que corresponde à 4% da população de Belém,

a qual, segundo o mesmo documento, é de 1.393.399 habitantes.

Quanto aos aparelhos públicos e particulares, o bairro conta com a

primeira UIPP, onde se concentra uma Delegacia; a 24º ZPOL, que fazia parte do

20º Batalhão (a partir do mês de maio no fechamento do nosso trabalho tomamos

conhecimento da nova configuração); a 4ª Companhia do 20º Batalhão que atua na

área da 6ª AISP e contava com 2 (dois) oficiais sendo 1(um) capitão no comando e 1

tenente no subcomandante, 110 praças entre, sargentos, cabos e soldados, conta

também com 9 VTRS. Os policiais realizam o policiamento por turno de12hs, sendo

o total de 22 policiais por turno; todos os 112 policiais contam com o chamado Kit

policial, composto de um colete, uma arma e algemas (112 coletes, 112 pistolas e

112 algemas).

A partir da instalação da UIPP, o bairro passou a contar com 9 (nove)

câmaras, sendo que apenas 5 ( cinco) em funcionamento devido a problemas

técnicos; conta ainda com um pequeno efetivo do Corpo de Bombeiros para

combate rápido, composto 1(um) oficial tenente e dois praças, ainda em

implantação.

Existe também o Projeto PROPAZ e Serviço de Identificação da Policia

civil; 10 (dez) unidades escolares sendo 6 (seis) escolas estaduais, 3 municipais e 1

(uma) particular. Dessas, apenas (3) três possuem ensino fundamental e ensino

médio, 6 (seis) são apenas de ensino fundamental e 1 (uma) de ensino fundamental

particular; 1 (um) Posto de Saúde, “razoavelmente” estruturado, 2 (duas) Igrejas

Page 54: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

54

Católicas; 12 (doze) templos evangélicos, sendo 1(uma) Adventista, 1(uma) Batista;

1 (uma) Universal , 7(sete) quadrangular, 1(uma) Evangélica dos Indios do Brasil e

1(uma) Baptist Mid-Missions do Brasil; 30 (trinta) Templos Afrorreligiosos, entre

Umbanda, Candomblé e tambor de Mina e 1(um) centro comunitário ativo.

Figura 5 – Mapeamento (aparelhos ideológicos do Estado)

Este em linhas gerais é o lócus da pesquisa, onde delimitamos uma área

de até 150 mts da UIPP, e outras ruas conhecidas no bairro pelo índice elevado de

pobreza e violência, coma a Rua Nossa Senhora das Graças, conhecida como o

“Shopping do Tráfico”; a rua da Samaumeira, próximas ao Morro do Soró e outras,

que se encontram geo-referenciadas neste estudo.

Page 55: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

55

Contudo, os estudos estatísticos da Policia Militar do Estado do Pará, que

mostram o bairro da Terra Firme/Montese como um dos mais violentos, afirmam

também que houve uma diminuição na violência do bairro nos últimos anos a ponto

de não ser mais considerado como uma “zona vermelha”. Essas áreas, tidas como

“vermelhas”, são manchas criminais na estatística da Policia, são áreas degradadas

física, ecológica e socialmente. Por esse motivo, não interagem satisfatoriamente

com a urbe, sendo excluídas da metrópole no sentido social. Logo, o crime não é o

reflexo do morador ou do homem da área, mas a área degradada reflete e influencia

o habitante, face à exclusão social e à deterioração urbana.

Quando analisamos o efetivo policial militar e verificamos que a polícia

Militar trabalha com um efetivo de 22 policiais por turno para os 63.191 mil

habitantes do bairro, enquanto o índice recomendado da ONU é de 1 policial para

cada 250 habitantes, constatamos que essa diminuição dos índices de violência se

deve ao modelo de polícia implantado pela nova política de segurança do Estado, e

iniciado efetivamente pelo bairro e aos Programas sociais ali implementados.

A pesquisa também abrangeu a relação entre Políticas Sociais, Modelo

de Segurança Pública, pobreza e violência urbana, com vistas a contribuir para

tomada de decisões em benefício da melhoria da condição humana da população de

baixa renda, que vive em situação de extrema pobreza.

Apesar das estatísticas mais recentes afirmarem uma redução dos índices

de violência, de um modo geral, a população residente não possui esta percepção,

principalmente por causa da disputa entre gangues e grupos de traficantes, cujas

consequências apresentam uma grande incidência de homicídios e execuções

sumárias que cresceram assustadoramente a partir do terceiro milênio.

A Polícia Militar do Estado afirma que há uma rivalidade constante entre

bandidos que se apoderam de ruas como, as mais citadas no estudo, Lauro Sodré,

Celso Malcher, Nossa Sra. Das Graças e Morro do Soró, em especial traficantes, que

buscam o domínio da área. Para conter essa violência, moradores do bairro, em

conjunto com líderes comunitários do Guamá e Canudos, têm-se se articulado para

exigir soluções do sistema de segurança pública. Com a implantação da base

comunitária no bairro, os índices de violência sofreram uma forte queda, em virtude da

prisão dos principais traficantes que atuavam no bairro.

No capítulo sobre a “Ordem Social”, o qual se refere a “Segurança

Pública”, a Constituição Brasileira vigente, promulgada em 1988, preconiza que a

Page 56: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

56

Segurança Pública é um direito de todos e um dever do Estado, que deve assegurar

e garantir a ordem social dos logradouros e patrimônios públicos e privados de todos

os brasileiros. Entretanto os elevados índices de violência urbana, ao lado das altas

taxas de pobreza por parte das populações que residem nas áreas de favelização e

de periferia urbana da grande Belém, colocam a verdadeira situação da ausência de

uma cidade democrática que deveria se pautar por uma distribuição justa dos

Direitos Humanos, mas que na realidade só se efetiva, concretamente, a uma

minoria privilegiada, isto é, aos segmentos de alta renda, mesmo assim não imunes

à problemática da violência urbana, especialmente nas grandes metrópoles

brasileiras das regiões menos desenvolvidas do país.

Além das deficiências já assinaladas acima, merece destaque a falta de

qualificação dos policiais que atuam na Segurança Pública; o número insuficiente de

policiais para fazer as rondas de policiamento no local, evidenciando uma relação

que alcança 564,20 por morador se considerado o total de policiais empregados no

bairro, levando-se em conta que trabalham 22 por turno essa relação vai ser

2.872,32 por morador; a inexistência de um setor de inteligência policial no bairro,

bem como a falta de um Plano de Cargo, Salário e Carreira do Policial, tanto da

Polícia Militar como da Polícia Civil.

Esses problemas, diretamente ligados ao setor da Segurança Pública em

nosso Estado, assumem proporções mais graves, sobretudo nas regiões mais

pobres e subdesenvolvidas, como na Amazônia, que em virtude do seu processo

histórico de construção social, fortemente integrada desde o seu início de formação

ao capital internacional, apresenta uma forte dependência econômica e cultural em

relação aos centros mais desenvolvidos do mundo. Acrescente-se ainda a falta de

estímulo aos gestores de Segurança Pública que, pelas precárias condições de

trabalho nas Delegacias, aliada à baixa remuneração salarial desses profissionais,

contribui para dificultar a qualificação desses profissionais no que concerne à sua

prática de policiamento em parceria com a comunidade estudada.

Vale salientar que, para agravar ainda mais a situação do quadro crítico

do bairro da Terra Firme, incluem-se ainda, as variáveis estruturais da realidade

social das grandes metrópoles, como Belém.

No aspecto da Segurança Pública, esta esfera apresenta-se

estruturalmente, tanto do ponto de vista quantitativo, como qualitativo, insatisfatório.

As suas deficiências têm provocado graves implicações nos índices de violência

Page 57: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

57

urbana, notadamente nos bairros de periferia urbana, como é o caso do bairro da

Terra Firme, onde se localizam inúmeros “bolsões” de pobreza e miserabilidade

social, gerando como consequência sérios prejuízos ao desenvolvimento social do

Estado do Pará e, ao mesmo tempo, contribui para gerar inúmeros problemas

sociais, tais como: o desemprego; o subemprego; a baixa escolarização da

população; a organização de gangues; e as chamadas “zonas vermelhas” de

narcotráfico, cujas repercussões ampliam os índices de pobreza absoluta e violência

urbana, submetendo ainda mais a população ali residente a um profundo processo

de exclusão social.

Entre os principais pontos de estrangulamento da Segurança Pública

destacam-se, entre outros: o número insuficiente de policiais na área, a falta de

estrutura física e material das Delegacias; a baixa remuneração dos policiais; a falta

de equipamentos tecnologicamente mais avançados para monitorar a problemática

da violência na área; o baixo nível de escolarização da população e os elevados

índices de pobreza, que segundo os dados da Sinopse Estatística do Município de

Belém/IBGE, mais de 40% são segmentos sociais de baixa renda.

Page 58: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

58

4 A VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BAIRRO DA TERRA

FIRME: dados acerca da opinião dos moradores

4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO

Os dados do gráfico1, abaixo, revelam que existe uma discreta proporção

entre os gêneros masculino e feminino no que diz respeito à composição de gênero

entre os moradores do bairro da Terra Firme. Observa-se, portanto que essa relativa

proporcionalidade evidencia certa similaridade com a composição de gênero

registrada no ultimo censo do IBGE/2010 com relação à população brasileira que

apresentou 51% de mulheres, contra 49% de homens. Por outro lado, embora a

ciência demográfica nos informe que nascem mais homens do que mulheres no

mundo, a expectativa de vida menor nos homens em relação às mulheres, acarreta

esta diferenciação o que, no nosso caso evidencia que, muito embora as mulheres

estejam mais vulneráveis às consequências da violência urbana no bairro da Terra

Firme enquanto vitimas preferenciais, pode-se deduzir que esta pequena diferença

entre mulheres e homens constatada pela pesquisa evidencia outra realidade. Os

segmentos sociais jovens masculinos são também vulneráveis às consequências da

violência urbana, especialmente os jovens menores de idade em confronto com a lei,

particularmente, aqueles ligados com o narcotráfico e/ou por serem usuários de

drogas cometem assalto à mão armada para adquirirem tais substancias ilícitas no

mercado consumidor.

Page 59: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

59

GRÁFICO Nº 01 - Caracterização indentitária dos sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

FONTE: Pesquisa de campo – 2º sem/ 2012.

Legenda:

SEXO: FAIXA ETÁRIA: ORIGEM: GRUPO ÉTNICO:

Masculino 21 a 39 anos Interior Branco

Feminino 40 a 59 anos Capital Negro

60 ou mais Amarelo

ESTADO CIVIL: RELIGIÃO: TEMPO RESIDÊNCIA:

Solteiro Católica 10 a 20 anos

Casado I.U.R.D. 21 a 30 anos

União Estável Evang. Quadr.

Viúvo(a) Adv. 7º Dia

O mesmo gráfico evidencia ainda que 79% do total da amostra pesquisada

são moradores na faixa de 21 a 39 anos, contra apenas 2% de moradores

sexagenários. Esse dado revela que grande parte da população, ao adicionarmos

com aqueles da faixa de 40 a 59 anos que perfaz um contingente de 98% do total

dos moradores pesquisados, observa-se que, em sua grande maioria, esse

contingente pertence à força de trabalho produtiva, ou seja, à parcela da população

economicamente ativa apta para o trabalho. Ainda que esta pesquisa tenha revelado

como veremos mais adiante, que a maior parte desse contingente está no nível de

subemprego, ou seja, apenas engajado em ocupações eventuais no mercado

informal de trabalho.

Ainda, de acordo com o gráfico, pode-se observar que 62% da amostra

pesquisada são de origem interiorana, procedente em sua maior parte de áreas

rurais do nordeste brasileiro como no caso de migrantes oriundos do Maranhão e do

Piauí.

Sexo Faixa Etária Origem Grupo Étnico Estado Civil Religião Tempo Resid.

Page 60: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

60

Assim, menos da metade da amostra pesquisada, ou seja, 38% são

originárias da capital, com prevalência daqueles com origem de Belém, os quais

expulsos de outras áreas da capital, face ao desordenado processo de crescimento

urbano, foram-se fixando em áreas de baixadas e periferia urbana, dando origem a

novos bairros, como, o caso do bairro da Terra Firme, “lócus observacional” desta

pesquisa.

Convém ressaltar que esses indicadores referentes à variável origem do

sujeito da informação, tal como foi analisado acima, mostra-nos que a segunda

hipótese desta pesquisa foi, de certa forma, confirmada, na medida que expressa o

processo de debilitação das forças produtivas no campo e o consequente êxodo

rural em direção às grandes cidades da Amazônia. Isso contribuiu para o

inchamento das grandes cidades brasileiras como no caso de Belém, contribuindo

para o seu crescimento urbano desordenado e a formação de inúmeros “bolsões” de

pobreza em áreas de baixadas e de periferia urbana concorrendo para que tais

locais se transformem em focos de tensão e violência urbana .

Quanto ao grupo étnico da amostra pesquisada, observa-se ainda pelo

citado gráfico, que 66% se caracterizam como negros contra 33% de brancos e,

apenas 1% que se diz amarelo. Esses dados nos evidencia que o profundo nível de

pobreza que apresentam também se deve ao passado social e histórico de seus

ancestrais “escravos”, os quais, após o período colonial no Brasil, foram relegados à

própria sorte, ou seja, a uma profunda situação de pobreza e excludência social.

Nesse caso, como mais da metade da amostra dos moradores pesquisados (66%),

são afrodescendentes, o bairro da Terra Firme pode ser considerado como um

verdadeiro “Quilombo Urbano”, dentro de Belém, o que, de certa forma, explica a

razão pela qual se concentram neste bairro inúmeras “bolsões” de pobreza urbana à

espera de políticas sociais publicas direcionadas as necessidades sociais básicas

desses segmentos sociais que, na sociedade brasileira alcançam a cifra de mais de

45% de seu efetivo populacional global, enquanto apenas 5% detêm mais da

metade da riqueza nacional.

Outro dado que expressa a caracterização identitária dos moradores do

bairro da Terra Firme enquanto sujeitos da informação desta pesquisa é o seu

“estado civil”, que, no gráfico mencionado, mostra-nos que do total da amostra

pesquisada 42% possuem união estável contra apenas 2% de viúvas.

Page 61: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

61

Neste “continuum”, 38% são solteiras, contra apenas 18% de casadas.

Como se verifica, quando se adiciona o percentual dos casados com o de união

estável é que se alcança o índice de 60% dos moradores em situação familiar

juridicamente legal, enquanto os 42% de união estável já possuem mais de 10 anos

de convivência, o que lhes garante direitos semelhantes ao casamento civil.

Segundo alguns moradores, a justificativa para não efetivação do casamento legal é

o custo financeiro que deverão despender para oficializar tal relação, já que, nas

sociedades capitalistas, tudo é venal, e o casamento coletivo providenciado pela

Defensoria Pública do Estado é uma tarefa muito demorada, face aos inúmeros

processos que buscam esse objetivo, e o numero bastante reduzido de juízes e

defensores públicos no Brasil, o que torna as operações da justiça profundamente e

demorada.

No que concerne aos grupos religiosos que os moradores pesquisados

apontaram a que pertencem, constata-se, ainda, pelo citado gráfico que 64% do total

da amostra pesquisada dizem que são católicas contra apenas 2% dos que se

dizem Adventistas do Sétimo Dia. Quando se adicionam os moradores que

professam a religião Universal do Reino de Deus (26%), com os evangélicos da

Igreja Quadrangular, bem como os Adventistas do Sétimo Dia, alcança-se um índice

de 36%, percentual bastante significativo de evangélicos no bairro, correspondendo

a um dos indicadores que evidenciam a redução dos grupos católicos que, nos

censos pretéritos, apresentavam uma hegemonia da igreja católica com mais de

70% dos fiéis residentes em vários bairros de Belém.

Como se pode constatar, esse dado revelado pela pesquisa no bairro da

Terra Firme nos demonstra certa equivalência com a média nacional que, no último

Censo IBGE/2010, revelou que os católicos brasileiros giram em torno de 63% da

população global.

Finalmente, quanto à variável, tempo de residência no bairro, o mesmo

gráfico, em análise, nos mostra que 79% do total da amostra pesquisada possuem

de 10 a 20 anos de fixação no local contra de 21% que já residem de 21 a 30 anos

no bairro.

Convém ressaltar que o tempo de residência de 10 anos ou mais na

comunidade foi um critério metodológico desta pesquisa, considerando de

fundamental importância tomar depoimentos somente de moradores com mais de 10

Page 62: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

62

anos de residência na Terra Firme, pois esses moradores que já possuem uma

opinião mais consolidada sobre os problemas sociais da referida comunidade.

Em resumo, pode-se caracterizar a identidade dos moradores

pesquisados como composto por uma maioria de mulheres (52%), situados na faixa

etária de 21 a 39 anos (79%) procedentes em maioria do interior nordestino (62%)

cuja composição étnica pertence ao grupo negro (66%) que possui uma união

estável (42%) e professam a religião católica (64%) residindo no bairro de 10 a 20

anos (79%).

4.2 AS CONDIÇÕES SOCIAIS DE VIDA DOS SUJEITOS PESQUISADOS ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO

Conforme o gráfico nº 02, abaixo, constata-se que a composição familiar

do total da amostra pesquisada está organizada sob a forma de uma família conjugal

ou moderna, ou seja, de um grupo familiar formado pelo pai, mãe e filhos,

representando 63% dos moradores pesquisados contra apenas 6% em que não há a

figura da mãe. Por outro lado, um dado bastante significativo é o percentual de

famílias onde não existe a figura do pai, evidenciando que 31% dessas famílias, são

chefiadas por mulheres. Esse dado nos leva a crer que a ausência do pai, no

conjunto das mães solteiras, não ocorre por viuvez destas já que da amostra

pesquisada apenas 2% se declararam viúvas, o que nos permite inferir que a

ausência do pai nestas famílias, decorre de uma paternidade irresponsável, isto é, a

maioria dos homens não assume o seu papel de pai e nem os seus deveres para

com a sua prole.

Page 63: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

63

GRÁFICO Nº 02 - Condições sociais de vida dos sujeitos pesquisados

FONTE: Pesquisa de campo – 2º sem/ 2012.

Legenda:

COMP. FAMILIAR: QTD DE FILHOS: CHEFE DE FAMÍLIA: RENDA FAMILIAR:

Pai/Mãe/Filhos 0 a 3 filhos Pai 1 a 3 Sal. Mínimos

Mãe/Filhos 4 a 7 filhos Mãe 4 a 7 Sal. Mínimos

Pai/Filhos Pai/Mãe

MERCADO DE TRABALHO: NÍVEL DE

ESCOLARIDADE:

Formal Analfabeto

Informal 1º Grau Incompleto

1º Grau Completo

2º Grau Completo

No que concerne ao número de filhos por família, observa-se, neste

gráfico que 67% do total da amostra pesquisada possuem de 0 a 3 filhos contra 33%

que disseram possuir de 4 a 7 filhos. Ainda que este índice de 67% que se dizem

possuir de 0 a 3 filhos estejam, relativamente, em equilíbrio com a média nacional, o

percentual de 33% dos pesquisados que possui de 4 a 7 filhos constitui uma parcela

bastante significativa, especialmente quando este índice se aproxima do percentual

de famílias chefiadas por mulheres, onde se pode supor o enorme esforço que

essas famílias realizam para prover o sustento de uma prole relativamente

numerosa, principalmente, quando comparada com à renda familiar dos moradores

COMPOSIÇÃO

FAMILIAR

QTD. DE

FILHOS POR

FAMÍLIA

CHEFE DA

FAMÍLIA

RENDA

FAMILIAR

MERCAD

O DE

TRABAL

HO

NÍVEL DE

ESCOLARIDADE

Page 64: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

64

pesquisados, em que 99% sobrevivem com 1 a 3 salários mínimos contra apenas

1% que se diz possuir de 4 a 7 salários mínimos mensais.

Com relação à variável mercado de trabalho o gráfico mencionado nos

mostra que 89% do total da amostra pesquisada estão no mercado informal de

trabalho contra apenas 11% engajados no mercado formal.

Convém ressaltar que os 89% do mercado informal estão engajados em

ocupações eventuais de subemprego, com prevalência para as atividades de

vendedores ambulantes (25%); pedreiros (6%); mecânicos (3%); motoristas (3%) e

metalúrgicos 2% pelo lado dos homens. No que diz respeito às mulheres, apenas

2% do total da amostra pesquisada estão engajadas em atividades do mercado

formal de trabalho que, como nos mostra o gráfico em análise, são operadoras de

caixa em supermercados fora do bairro. Por outro lado 50% das mulheres

pesquisadas atuam em atividades do mercado informal de trabalho com prevalência

para as ocupações de emprego doméstico (24%); vendedoras

ambulantes/sacoleiras (10%); manicure (7%); costureiras (6%) e prendas do lar

(3%).

Page 65: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

65

GRÁFICO Nº 3 - Mercado de trabalho por categoria profissional e sexo dos sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

FONTE: Pesquisa de campo – 2º sem/ 2012.

Legenda:

Os dados referentes à situação ocupacional dos moradores pesquisados

revelam a existência do desemprego estrutural dos moradores do bairro da Terra

Firme, cuja maioria não possui um trabalho fixo no mercado formal de trabalho, o

que nos leva a supor que esses moradores não possuem carteira de trabalho

assinada, nem acesso previdenciário, como no caso dos serviços médicos

odontológicos e demais direitos de seguridade social ligados à CLT, confirmados por

informações complementares, na tabela nº 08 em apêndice neste relatório de

pesquisa.

MERCADO FORMAL (Homens)

1. Porteiro de Prédio: 4%

2. Aux. de Enfermagem: 1%

3. Pedreiro: 1%

4. Comerciário: 1%

5. Guarda Municipal: 1%

6. Aux. Administrativo: 1%

MERCADO FORMAL

(Mulheres)

1. 1. Caixa de Supermercado: 3%

MERCADO INFORMAL

(Homens)

1. Vendedor Ambulante: 25%

2. Pedreiro: 6%

3. Mecânico: 3%

4. Motorista: 3%

5. Metalúrgico: 2%

MERCADO INFORMAL

(Mulheres)

1. Empregada doméstica: 24%

2. Vendedora ambulante: 10%

3. Manicure: 7%

4. Costureira: 6%

5. Prendas do Lar: 3%

Page 66: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

66

Com relação ao nível de escolaridade dos moradores pesquisados,

observa-se pelo gráfico mencionado, que 86% do total da amostra pesquisada

possuem apenas ensino fundamental incompleto, o que equivale a dizer-se que

apenas possuem de 3 a 4 anos de estudos no ensino fundamental, contra 1% de

analfabetos.

Entre esses dois extremos, 8% apenas possuem o ensino fundamental

completo, contra 4% que apresentam ensino médio concluído.

Estes dados nos revelam que a população do bairro da Terra Firme

possuem poucos anos de estudos, evidenciando o baixo nível de escolaridade como

um dos fatores que dificulta a inserção da população no mercado formal de trabalho,

o qual, de certa forma exige um nível de escolaridade mais alto e uma determinada

qualificação profissional por parte daqueles que desejam ser absorvidos pelo

mercado formal de trabalho, em atividades mais bem remuneradas.

Quanto à variável padrão habitacional, o gráfico nos mostra que 48% do

total da amostra pesquisada moram em casas alugadas contra apenas 8% que

residem em casas cedidas. Entre esses dois extremos, observa-se que 44%

possuem casa própria. A situação dessas moradias, em sua grande maioria, ou seja,

representando 60% do total da amostra pesquisada situam-se em zonas de periferia

do bairro, contra apenas 8% que se localizam em áreas saneadas. Entre esses dois

extremos, 31% residem em área de invasão onde a sua maioria (86%) vive em

casas de madeiras, contra apenas 14%, de alvenarias. O estado de conservação da

moradia é apenas regular (76%), contra (3%) que apresentam um estado de

conservação da moradia considerado bom. Por outro lado aqueles que consideram o

estado de conservação da casa como precária gira em torno de 11%. Tais

indicadores demonstram que o padrão habitacional dos moradores pesquisados é

considerado insatisfatório quando levamos em consideração os parâmetros da OMS,

que considera a satisfação de uma vida digna o acesso à casa própria em áreas

saneadas, com sistema de rede de esgotos e água potável em casas de alvenaria

com fossa biológica e em bom estado de conservação, necessidades sociais que

ainda não foram atendidas e nem alcançadas pela maioria da população residente

no bairro da Terra Firme.

Finalmente, com relação à variável “classe social” dos moradores

pesquisados, observa-se pelo gráfico em análise, que 94% do total da amostra,

pertence à classe pobre ou inferior, contra apenas 6% que se dizem pertencer à

Page 67: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

67

classe média-baixa. Esses dados nos revelam que as condições materiais de

existência dos moradores do bairro da Terra Firme são precárias, já que a sua

situação social de pobreza, desemprego estrutural, baixa escolaridade e padrão

socioeconômico insatisfatório exigem, por parte do poder público, políticas sociais

transformadoras, de base e socialmente inclusivas, para que a situação precária em

que vivem, aliada à falta de infraestrutura econômica de bens e serviços do bairro da

Terra Firme, não transformem como já transformaram o local em um dos “bolsões”

de pobreza e violência urbana de elevado poder explosivo e de tensão social, como

se tem atualmente verificado nesta área da grande Belém.

GRÁFICO Nº 04 - Condições de moradia dos sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

FONTE: Pesquisa de campo – 2º sem/ 2012.

Legenda:

SIT. LEGAL MORADIA: LOC. DA MORADIA: MAT. CONSTR. DA MORADIA:

Própria Periferia Alvenaria

Cedida Invasão Madeira

Alugada Área Saneada

ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA MORADIA: CLASSE SOCIAL DE PERTENCIMENTO:

Bom Média-baixa

Regular Pobre ou Inferior

Precário

SITUAÇÃO LEGAL DA

MORADIA

LOCALIZAÇÃO DA

MORADIA

MATERIAL

DE

CONSTRUÇ

ÃO DA

MORADIA

ESTADO DE

CONSER-

VAÇÃO DA

MORADIA

CLASSE

SOCIAL DE

PERTENCI-

MENTO

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68

4.3 A VIOLÊNCIA SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO

Conforme o gráfico nº 05 abaixo, constata-se que 93% do total da amostra

pesquisada, consideram que as ocorrências da violência urbana no bairro da Terra

Firme apresenta um nível alto contra apenas 7% que consideram este nível como

relativamente tolerável. Esse dado indica que o nível de ocorrência no referido bairro

é considerado elevado pela população residente, a qual exige urgência de medidas

sociais de políticas públicas que objetivem reduzir o nível de violência que, na

perspectiva de seus moradores, já está alcançando patamares intoleráveis.

GRÁFICO Nº 05 - Níveis de ocorrências; principais tipos de violência e vítimas preferenciais segundo os sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

FONTE: Pesquisa de campo – 2º sem/ 2012.

Legenda:

NÍVEIS DE OCORRÊNCIA DA VIOLÊNCIA: TIPOS DE VIOLÊNCIA POR NÚMERO DE

Elevado ou alto OCORRÊNCIAS:

Relativamente Tolerável Assalto à mão armada

Narcotráfico

Latrocínio

Homicídio de jovens

Roubo e arrombamentos

:

NÍVEIS DE

OCORRÊNCIA DA

VIOLÊNCIA

TIPOS DE VIOLÊNCIA POR NÚMERO DE

OCORRÊNCIAS VÍTIMAS PREFERENCIAIS

VÍTIMAS PREFERENCIAIS:

Mulheres Adultas

Jovens

Idosos

Homens Adultos

Crianças

Page 69: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

69

Dentre os principais tipos de violência que ocorrem no bairro, segundo

seus moradores está em primeiro lugar, o assalto à mão armada cometidas por

jovens infratores usuários de drogas, que detêm 40% das ocorrências de violência

na comunidade. Em seguida, aparece o narcotráfico com 23%, já que o bairro da

Terra Firme é considerado uma das rotas do tráfico de drogas através do Rio

Tucunduba que facilita o acesso dos traficantes na área.

Em terceiro lugar, aparece o latrocínio com 15% das ocorrências da

violência no bairro. Esse tipo de violência está diretamente ligado ao primeiro e ao

segundo tipo, o que nos leva a supor que, quando a vítima reage ao assalto à mão

armada, a probabilidade de se efetivar o roubo seguido de morte se torna quase

inevitável, segundo justificativas dos próprios moradores em suas informações

complementares.

Em quarto lugar, aparece o homicídio de jovens com 13% das ocorrências

e, finalmente, o roubo puro e simples com arrombamento de casas, cujos moradores

estão ausentes e/ou estabelecimentos comerciais durante a noite, esse que detém

8% do total das ocorrências segundo os pesquisados.

Segundo o gráfico em análise, as vítimas preferenciais da violência, por

ordem de prioridade são: em primeiro lugar as mulheres adultas que detêm 30% das

indicações, enquanto principais vítimas da violência no bairro. A seguir, aparecem os

jovens que detêm 27%, enquanto vítimas preferenciais dos casos de violência no

bairro, os quais, segundo os moradores através, nas suas informações

complementares, desabafam que a pobreza de suas famílias, aliada a baixa

escolaridade e a falta de oportunidades de trabalho da juventude do bairro da Terra

Firme, transformam-nos em “presas” fáceis, recrutados pelo tráfico de drogas,

levando-os a um aparente sucesso de ganho de dinheiro, mas nessa vitória

aparente são derrotados pelas drogas.

Em terceiro lugar, vêm os idosos como vítimas preferenciais da violência

com 17% das indicações dos moradores. Finalmente, aparecem os homens adultos

16% e as crianças com 10%, enquanto vítimas preferenciais no bairro da Terra

Firme.

Como se pode observar quanto à problemática da violência e suas vítimas

preferenciais no bairro da Terra Firme, os moradores apontam duas variáveis que

parecem andar juntas, ou seja, com uma correlação direta e necessária que,

segundo os moradores são a falta de oportunidades sociais dos jovens pobres e a

Page 70: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

70

existência do próprio narcotráfico, já que o bairro é uma de suas rotas, o que nos

leva a crer que as políticas sociais e de segurança pública direcionadas para aquela

comunidade devem, fundamentalmente, atacar dois problemas de fundo, ou seja,

tanto o alto índice de pobreza urbana do bairro como a questão da expansão do

narcotráfico no local. Isso requer tanto políticas estruturais transformadoras de base,

como politicas de segurança pública para reprimir e conter a ação do narcotráfico

no bairro e no Estado como um todo.

4.4 CAUSAS ESTRUTURAIS E CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO

De acordo com o gráfico nº 06 abaixo, que apresenta as causas

estruturais da violência no bairro da Terra Firme: 26% do total da amostra

pesquisada disseram que é o elevado índice de pobreza urbana, contra 6% que

dizem ser a falta de qualificação profissional de jovens e adultos.

GRÁFICO Nº 06 - Causas estruturais e conjunturais da violência segundo os sujeitos pesquisados enquanto moradores do bairro

FONTE: Pesquisa de campo – 2º sem/ 2012.

Legenda:

CAUSAS ESTRUTURAIS DA VIOLÊNCIA: CAUSAS CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA:

Elevado índice de violência Falta de policiamento efetivo

Desemprego urbano estrutural Militarização da pobreza da violência

Falta de Infraestrutura de bens e serviços no bairro Violência policial

Falta de políticas sociais e de segurança pública Corrupção policial

Uso de drogas pelos jovens

Baixa escolaridade da população

Falta de qualificação profissional de jovens e adultos

CAUSAS ESTRUTURAIS DA VIOLÊNCIA CAUSAS CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA

Page 71: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

71

Analisando os dados do gráfico mencionado, de forma desagregada,

constata-se que os moradores apontaram ainda como causas estruturais da

violência o desemprego urbano (22%); a falta de infra-estrutura de bens e serviços

no bairro (16%); a falta de políticas sociais e de segurança pública (12%); o uso de

drogas pelos jovens infratores (10%); a baixa escolaridade da população residente

no bairro (8%) e a falta de qualificação profissional de jovens e adultos (6%).

Quanto às causas conjunturais da violência no bairro, as mais apontadas

foram: a falta de policiamento efetivo (32%) a militarização da pobreza e da violência

(26%); a violência policial 23% e a corrupção policial (19%).

Segundo justificativas e informações complementares fornecidas pelos

pesquisados, a falta de policiamento nas ruas, principalmente à noite, depois das 21

horas, contribui, ao lado de outros fatores, como a fraca iluminação das vias e da

falta de educação no trânsito, como fatores que também favorecem as ocorrências

de violência no bairro.

Quanto à segunda causa conjuntural da violência, apontada pelos

pesquisados relativa à militarização da pobreza e da violência, as pesquisadas

consideram que enquanto as problemáticas da miserabilidade urbana e da violência

social forem consideradas como simples “casos” de policia e, não de políticas sociais

e de segurança pública, a questão da violência urbana e da segurança social de sua

população não serão resolvidos. Para os moradores pesquisados, então, medidas

repressoras contra a pobreza e a violência urbana, são medidas paliativas e

imediatistas que só aumentam a escalada da violência, ao invés de reduzi-las e/ou

eliminá-las.

Quanto à questão da violência policial e da corrupção das polícias,

também apontadas como causas conjunturais da violência no bairro, os moradores

pesquisados colocaram que a polícia, quando comparece, muito raramente, para

conter a onda de violência no bairro, o faz de forma violentamente repressiva, como

se os policiais colocassem toda sua “ira” e agressividade contra aqueles que

consideram transgressores das normas e da ordem pública, deixando passar ao

povo uma imagem de autoridade autocrática a quem todos devem obediência

incondicionalmente.

Além disso, colocaram ainda que, em muitos casos, a própria polícia

mantém conluio com os chefes do tráfico de drogas e, por isso, não confiam na

polícia já que existe corrupção policial por parte de alguns agentes que recebem

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72

propinas para fazer “vista grossa” dos casos de violência diretamente ligados com o

tráfico de drogas, especialmente, as disputas de facções rivais pelo controle dos

pontos de venda de drogas no local.

4.5 “ZONAS VERMELHAS” DO BAIRRO POR ORDEM DE PERICULOSIDADE SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO

Conforme tabela nº 5, abaixo, referentes às “zonas vermelhas” existentes

no bairro da Terra Firme, por ordem de periculosidade, constata-se que foram

registradas pelos moradores pesquisados 36 áreas consideradas perigosas no que

diz respeito ao grande número de ocorrências da violência nesses locais.

No “ranking” da periculosidade aparecem como as sete (07) mais perigosas

as seguintes áreas: Passagens Lauro Sodré e Celso Malcher com 68% e 66%

respectivamente do total das frequências das respostas; a área do Tucunduba com

60%; a Passagem Malvinas com 58%; a Passagem Ligação com 55%; a Rua do Fio

com 52% e a Passagem Canaã com 51% das frequências das respostas. A partir

daí, os índices de frequência das respostas já apresentam percentuais menores do

que a metade da frequência total.

Page 73: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

73

Figura 6 – Mapa das Zonas Vermelhas do Bairro da Terra Firme identificadas pelos sujeitos enquanto moradores do bairro

Tabela 2 - Zonas Vermelhas do Bairro por ordem de periculosidade segundo os sujeitos da pesquisa enquanto moradores do bairro

N° de ORD "Zonas - Vermelhas" N° Absl. %

N° de ORD "Zonas - Vermelhas" N° Absl. %

1 Pass. Lauro Sodré 98 68% 19 Pass. Barbosa 43 30%

2 Celso Malcher 95 66% 20 Pass. Dom Manuel 42 29%

3 Área do Tucunduba 87 60% 21 Pass. Lambariz 41 28%

4 Pass. Malvinas 84 58% 22 Pass. 2 de Junho 40 28%

5 Pass. Ligação (*) 79 55% 23 Canal Cipriano Santos 37 26%

6 Rua do Fio (*) 75 52% 24 Rua do Cajado 35 24%

7 Pass. Canaã 73 51% 25 Pass. Vera Cruz 34 24%

8 Pass. Bom Jesus 71 49% 26 Pass. Nossa Srª das Graças 33 23%

9 Pass. Olaria 70 47% 27 Pass. Vilhena 20 14%

10 Pass. Sta. Helena 68 47% 28 Pass. São Pedro 18 12%

11 Pass. Nova Esperança 65 45% 29 Rua Perimetal 15 10%

12 Pass. São Domingos 65 44% 30 Baixada da Mudurucus 13 9%

13 Pass. 24 de dezembro 61 42% 31 Pass. Comissario 11 8%

14 Pass. União 58 40% 32 Pass. Queiroz 8 5%

15 Pass. Brasília 57 39% 33 Pass. Marquês 6 4%

16 Pass. Canarinho 55 38% 34 Pass. Leonardo 5 3%

17 Pass. Liberdade 53 37% 35 Pass. Dom Miguel 4 3%

18 Pass. 24 de Junho 52 36% 36 Pass. São Benedito 2 1%

Total 144 100

FONTE: Pesquisa de campo - 2º sem/ 2012.

Page 74: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

74

De todo modo, é altamente significativo o número de ruas e passagens

localizadas no bairro como focos de violência urbana, o que, de certa forma,

“justifica” as razões pelas quais os moradores pesquisados, em suas informações

complementares, enfatizam que o bairro da Terra Firme é estigmatizado pelos não

residentes no local, como se o bairro todo fosse uma imensa “zona vermelha”, onde

só vivem bandidos e nenhuma pessoa de bem. Na percepção dos moradores

pesquisados, os demais residentes de Belém que não são do bairro da Terra Firme,

se pudessem tirariam este bairro do mapa.

Um dado digno de registro é o fato de que a maior parte das áreas

consideradas “zonas vermelhas” pelos moradores, terem uma denominação que

coincide com os nomes de santos da igreja católica, como se essas áreas por meio

de seus moradores obtivessem a intercessão desses santos para cristianizá-las, ou

seja, humanizá-las tornando-as menos violentas. Como diz Boffe (2000), esse dado

revela a força da Igreja Católica, ou seja, o poder eclesiástico da hierarquia religiosa

que ainda não conseguiu enxergar nos socialmente excluídos da Terra Firme o rosto

de Cristo Crucificado “gritando” por uma sociedade menos violenta e socialmente

mais igualitária.

4.6 PROJETOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS, INTEGRAÇÃO ENTRE OS POLICIAIS, COMUNIDADE E AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SEGURANÇA PÚBLICA SEGUNDO OS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO MORADORES DO BAIRRO

De acordo com o gráfico nº 06 abaixo, constata-se que 47% do total da

amostra pesquisada apontou o UIPP, por eles percebido como polícia pacificadora,

o programa mais visível de política social pública, atualmente, direcionada para o

bairro da Terra Firme. A seguir com 21% na frequência das respostas, aparecem os

projetos PROPAZ/UIPP.

Em terceiro lugar, os pesquisados (5%) indicaram apenas o PROPAZ

como o projeto social atualmente mais visível no bairro da Terra Firme. Em quarto

lugar, os pesquisados (4%) apontaram o PROPAZ/UIPP/PRONASCI como os

projetos que relativamente aparecem no bairro da Terra Firme, objetivando combater

a violência no local.

Page 75: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

75

Finalmente, representando 3% do total da amostra pesquisada aparece o

projeto Papo Cabeça, diretamente relacionado com o desenvolvimento cultural e

com a implementação de atividades lúdicas e de lazer à população ali residente.

Digno de registro é o percentual de moradores que com 19% de

frequência das respostas informaram que não conhecem nenhum projeto social

público direcionado para prevenir e combater a violência no bairro, pois, segundo

esses moradores, se tais projetos existem não têm repercussão na comunidade.

GRÁFICO Nº 07 – Projetos de Políticas Públicas direcionados para conter a violência Urbana, integração entre as Policias Civil, Militar/ Comunidade e avaliação do Nível de segurança Pública no Bairro da Terra Firme segundo moradores pesquisados

FONTE: Pesquisa de campo/ técnica do formulário aplicado aos moradores do bairro da Terra-Firme – 2º sem/ 2012.

PROJETOS DE SEGURANÇA PÚBLICA: INTEGRAÇÃO ENTRE PM/PC E

COMUNIDADE:

UIPP Sim

PRÓ PAZ/ UIPP Não

PRÓ PAZ

PRÓ PAZ/ UIPP/ PRONASCI

Papo Cabeça

Nenhuma

PROJETOS DE SEGURANÇA PÚBLICA INTEGRAÇÃO ENTRE

PM/PC E COMUNIDADE AVALIAÇÃO DO NÍVEL

DE SEGURANÇA PÚBLICA

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE

SEGURANÇA PÚBLICA:

Regular

Precário

Page 76: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

76

Convém ressaltar, segundo dados oficiais que a UIPP, que, atualmente se

encontra implantado no bairro da Terra Firme desde 2011, integra as polícias, o pro

paz, o corpo de Bombeiros e outros órgãos do Estado, buscando reduzir os índices

de violência e disseminar uma cultura de paz junto aos moradores de áreas

consideradas de risco, atuando diretamente em um trabalho de prevenção junto aos

jovens socialmente vulneráveis que residem em bairros que apresentam elevados

índices de violência urbana.

Na percepção dos moradores, os projetos sociais da UIPP e do PROPAZ,

aparecem como dois programas separados, já que identificam o PROPAZ como um

programa que atua dentro dos ambientes educativos escolares; enquanto que a

UIPPs são entendidas como unidades integradas de polícias pacificadoras que, em

virtude da truculência da polícia, muitos o percebem como um projeto semelhante ao

modelo de polícia “pacificadora” do Rio de Janeiro.

Com relação ao PRONASCI, também apontado pelos moradores

pesquisados (4%) como um programa também visível pela comunidade, diz respeito

ao Programa Nacional de Segurança Pública implantado em 2010 pelo Governo

Lula e que é coordenado (no bairro) pelo Padre Bruno Secci, da Fundação Emaús,

que objetiva trabalhar junto aos jovens e adolescentes em situação de

vulnerabilidade social com a finalidade de fortalecer os laços de sociabilidade e

reduzir os índices de violência urbana.

Finalmente, também citado pelos moradores como um projeto social

desenvolvido no bairro aparece o Projeto Papo Cabeça destinado a ampliar as

ações culturais e desportivas que visam à ampliação da cidadania, trabalhando mais

especificamente com os jovens e adolescentes em situação de conflito com a lei.

Convém ressaltar que, segundo 81% dos moradores pesquisados ainda

que tenham apontado o UIPP, o PROPAZ, o PRONASCI e o Papo Cabeça como

projetos sociais executados no bairro da Terra Firme, justificam, entretanto, que tais

projetos não funcionam, seja em virtude da violência policial, seja em decorrência

das descontinuidades de tais projetos que atendem diretamente injunções

eleitoreiras, por isso são desativados ao sabor das politicagens de cada governo no

poder.

Os pesquisados denunciaram que esses projetos além de não

funcionarem regularmente não envolvem de forma significativa a participação da

comunidade e, por isso não tem repercussões no bairro da Terra Firme.

Page 77: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

77

Com relação ao processo de integração entre as polícias civil e militar que

atuam na área, pelo menos, teoricamente, com a comunidade, o gráfico mencionado

põe em evidência que 84% dos pesquisados disseram que não há integração entre

as polícias e muito menos com a comunidade contra 16% que disseram que esta

integração existe e que a própria comunidade denuncia os problemas de violência

pelo telefone 181 (disque denúncia).

Os sujeitos da informação desta pesquisa que negaram a existência de

integração entre as polícias e a comunidade, informaram que quando muito

raramente as polícias agem, suas ações são separadas: a polícia militar ou vive

aquartelada ou circula com poucas Viaturas; a polícia civil é burocratizada, só faz

B.O. não resolve nada. Enfatizam ainda que, em virtude disso, a comunidade não

confia na polícia, pois quem for visto conversando com algum policial fica marcado

pelos chefes dos pontos de drogas.

Além disso, a maioria dos pesquisados disseram que as polícias fingem

que policiam, mas nada resolvem, pois além de estar, sempre em números

insuficiente, alimentam-se da indústria do crime e da violência para existirem.

Com relação à avaliação feita pelos moradores pesquisados sobre o nível

de segurança pública no bairro, constata-se pelo mesmo gráfico em análise que

75% da amostra pesquisada consideram este nível como precário, contra 25% que

dizem ser regular.

A frequência dessas respostas é justificada pela maioria que avaliou como

precário o nível de segurança pública no bairro que esta situação de falta de

segurança é porque a problemática da pobreza e da violência urbana foram

militarizadas, ou seja, transformadas em questões de polícia, quando deveriam ser

consideradas questões de políticas sociais e de segurança pública, especialmente

de políticas públicas transformadoras, participativas e, socialmente inclusivas com a

finalidade de transformar radicalmente as precárias condições sociais de vida das

pessoas residentes na Terra Firme e que já vêm sendo submetidas a um profundo e

acelerado processo de excludência social.

Page 78: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

78

5 A VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME: análise da visão das lideranças do bairro

5.1 ANÁLISE DAS CAUSAS ESTRUTURAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO

Conforme aponta a matriz analítica número 01 (apêndice 5) a maioria das

lideranças entrevistadas indicou como principais causas estruturais da violência

urbana no bairro da Terra Firme o desemprego estrutural, fator correspondente a

50% de frequência das respostas, seguido da pobreza da população residente no

referido bairro.

Outra resposta, também com significativa frequência são a desigualdade

social e a falta de saneamento básico e infraestrutura do bairro.

Segundo as lideranças entrevistadas, a falta de estudos ou os poucos

anos de estudos da população, causas da baixa escolaridade dos moradores da

área também são fatores que geram desemprego, visto que a população apta a

trabalho, ou seja, jovens e adultos não dispõem de escolaridade mínima: não têm

nem o ensino médio completo, um critério considerado pelo SINE, para o jovem se

engajar em atividades mais rentáveis do mercado de trabalho formal.

Segundo Marx (1982), em sua obra O Capital, publicada em 1867, o

desemprego estrutural é a essência das sociedades capitalistas, por isso é

considerado uma das principais causas de crise econômica nas sociedades de

consumo.

Segundo este autor, existem duas ordens de crise econômica na

sociedade capitalista. As primeiras são as crises cíclicas, também chamadas de

crises conjunturais decorrentes de alterações sazonais nos setores econômicos das

referidas formações sócio históricas. Como são causadas por fatores conjunturais,

não são tão difíceis de serem neutralizadas por determinadas políticas setoriais

diretamente ligadas às alterações ocorridas no campo econômico. Aliás, as crises

conjunturais já são, de certa forma, previsíveis pelo planejamento do

desenvolvimento econômico de cada país. Diferente é o caso das crises estruturais,

ou seja, aquelas da essência do próprio sistema capitalista. À medida que se

desenvolve o capitalismo, a demanda de trabalho diminui em termos relativos, ainda

que aparentemente aumente em termos absolutos.

Page 79: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

79

Assim, quando se fala do elevado índice de pobreza urbana e do

desemprego urbano no capitalismo subdesenvolvido dependente da América Latina

como causas estruturais da violência urbana, pode-se inferir que, como são fatores

estruturais desse tipo de formação sócio histórica, são problemas sociais

extremamente graves e, por isso difíceis de serem erradicados sem a

implementação de políticas sociais e de segurança pública sócioeconomicamente

transformadoras de base infra estrutural e, ao mesmo tempo socialmente inclusivas.

Convém ressaltar que vencer as crises estruturais da violência urbana nos

limites da ordem social capitalista é um grande desafio na contemporaneidade,

principalmente em uma sociedade do tipo de capitalista subdesenvolvido

dependente da América Latina, como no caso da sociedade brasileira, da qual a

comunidade do bairro da Terra Firme faz parte.

Alguns autores marxistas como Marx (1982) e Lenin (1991) enfatizam que

as causas estruturais das crises econômicas nas sociedades capitalistas são

aquelas que concorrem para a ruptura do sistema e conseqüente instauração de um

novo modo de produção e formação sócio-econômica. Por isso quando tais causas

são debeladas, já estamos em um novo tipo de sociedade, economicamente

diferente da sociedade anterior. Outros autores, entretanto, mesmo no seio do

Marxismo, afirmam que é possível evoluir-se para um novo modo de produção. É o

caso das sociais-democracias, em que políticas públicas de Estado são

implementadas, objetivando vencer os desafios das causas estruturais das crises

econômicas nas sociedades capitalistas; tais crises são, via de regra, carregadas de

um elevado índice de pobreza e violência urbana, decorrentes do alto índice de

desemprego e desigualdades sociais, problemas profundos no interior das

sociedades de capitalismo subdesenvolvido dependente, agravadas pela

dependência econômica que sofrem em relação às grandes potências de

capitalismo hegemônico no mundo. Atualmente, esta situação tende a se agravar

em virtude da profunda crise por que passa o capitalismo mundial, isso explica a

razão pela qual os organismos financeiros transnacionais (FMI, BID, BIRD, Banco

Mundial e outros) têm exigido por parte dos países em “bancarrota” e das economias

mais pobres, um ajuste estrutural, visando recompor a referida crise, impondo o

modelo de um capitalismo neoliberal mas levando conseqüências sociais

gravíssimas aos elos mais fracos do sistema. Obviamente que esse conjunto de

medidas de ajuste estrutural apresentam sua face mais perversa nas sociedades de

Page 80: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

80

economias mais frágeis, como no caso dos países da África, parte da Ásia e da

América Latina. Em decorrência da história de seu processo de colonização política

e, ao mesmo tempo, de seu estado de dependência econômica em relação aos

países do primeiro mundo, aliado ao seu recente processo de crescimento urbano

desordenado, tais regiões sentem com mais evidência as principais “mazelas” do

capitalismo periférico.

Assim, conforme se constata na matriz em análise, as principais causas

estruturais da grave situação de violência urbana que o bairro da Terra Firme

enfrenta, há algumas décadas, são o desemprego estrutural da população, o alto

índice de pobreza da maioria do contingente residente no bairro e a falta de

infraestrutura econômica de bens e serviços do bairro mencionado.

As demais causas apontadas pelas lideranças entrevistadas estão

relacionadas às causas estruturais assinaladas, das quais são suas conseqüências

sociais mais diretas. Referimo-nos a falta de escolaridade mínima por parte da

população; a falta de oportunidade de emprego para os jovens; o alto índice de

crianças e jovens em situação de risco; a falta de escolar, de creches e de cursos

profissionalizantes para capacitar os jovens para o trabalho; a desestruturação

familiar; o uso de drogas por menores infratores; a violência doméstica; as

desigualdades sociais e a falta de estrutura planejamento familiar. Tudo isso

demonstra sublinarmente a proposição, por parte das lideranças entrevistadas, da

necessidade de implementação de políticas sociais e de segurança pública

socialmente transformadoras e, ao mesmo tempo inclusivas, de modo a atacar

simultaneamente as emergências sociais mais imediatas e as causas estruturais da

crise econômica do bairro, cuja principal conseqüência é o elevado índice de

violência urbana no bairro da Terra Firme.

5.2 ANÁLISE DAS CAUSAS CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO

De acordo com a matriz analítica nº 02 (apêndice 5), observa-se que as

respostas com maiores freqüências por parte das lideranças entrevistadas foram, em

primeiro lugar, a desestruturação familiar com mais de 50% do total da amostra

entrevistada. A seguir, aparece o uso de drogas por parte dos jovens ou de alguém

da família, com quase 40% de frequência das respostas.

Page 81: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

81

Finalmente, aparecem o alcoolismo, a prostituição, a violência doméstica

e, a falta de políticas públicas especialmente aquelas ligadas à educação, a saúde e

ao planejamento familiar (10%).

Analisando-se de forma mais profunda as “falas” das lideranças

entrevistadas, conforme a matriz em análise, pode-se verificar que as principais

causas conjunturais assinaladas pelos respondentes se concentram em

determinadas conseqüências sociais, como desestruturação familiar e do uso de

droga pelos jovens. De certa forma, essas conseqüências sociais são decorrentes

de fatores socioeconômicos que atingem diretamente a instituição familiar,

desestruturando-as em todos os sentidos, e propiciando que os jovens dessas

famílias, sem oportunidades sociais e nenhuma expectativa de futuro, procurem

como única saída e fuga mais imediata o engajamento em atividades ilícitas, como

“presas” fáceis do narcotráfico; e a familiaridade com as drogas os levam a se

transformar também em seus usuários. Nesse sentido o uso de drogas pelos jovens

também compromete a estabilidade da família que termina por “adoecer” junto com

eles.

As outras causas conjunturais também apontadas pelas lideranças

entrevistadas, como falta de educação dos moradores, a prostituição infantil e

juvenil, a falta de assistência à saúde aos moradores do bairro, o alcoolismo e o não

planejamento familiar já apontam de forma subjacente para a necessidade de

políticas sociais e de segurança pública mais imediatas visando combater a grave

situação social das famílias e dos jovens em situação de risco social, além das

políticas públicas estruturais que devem ser implementadas pelos poderes

constituídos no bairro da Terra Firme.

Um indicador extremamente grave da situação social de violência urbana

apontada pelas lideranças entrevistadas é a violência doméstica, decorrente da

desestruturação familiar gerada pelo elevado índice de pobreza das famílias e do

desemprego estrutural dos adultos, especialmente dos responsáveis em prover o

sustento da família. Isso contribui para a própria elevação do índice de violência no

bairro na medida em que constitui um fator de expulsão dos jovens do seio da

família para o espaço das ruas, transformando-os em futuros delinqüentes e

potenciais usuários das drogas.

Entendemos que o problema da violência urbana no bairro da Terra Firme,

assim como na maioria dos bairros de periferia urbana da grande Belém, é gerado

Page 82: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

82

principalmente pelo alto índice de pobreza e desemprego estrutural. Aliado a outros

fatores de conjuntura mais imediata de forma profunda como o grupo doméstico.

Esse é considerado por alguns sociólogos como a unidade social básica da

sociedade e, por isso o sustentáculo das relações sociais mais próximas dos sujeitos

sociais. Pois esse é socialmente autorreferente no qual deviam apoiar-se para

construírem suas próprias famílias como padrão de um grupo que lhes inspire

confiança social e lhes transmita os mais elevados valores de vida digna e

plenamente cidadã.

Assim, considerando que a família contemporânea tem se transformado

profundamente nas últimas décadas e vem sendo fortemente atingida no seu núcleo

de interação social enquanto um grupo de referência dos indivíduos, pode-se

concluir também que qualquer programa de políticas sociais e de segurança pública

que não alcance diretamente as famílias estaria, de certa forma, fadadas ao

fracasso.

5.3 ANÁLISE DOS PRINCIPAIS TIPOS DE VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO

De acordo com a matriz analítica nº 03 (apêndice 5), constata-se que entre

os principais tipos de violência no bairro da Terra Firme, assinaladas pelas

lideranças entrevistadas, está o assalto à mão armada com 40% de frequência das

respostas, seguido do narcotráfico com 25% de frequência das respostas; o

latrocínio com 19%; o homicídio de jovens com 10% e; finalmente o roubo e o

arrombamento com 6% de frequência das respostas apresentadas.

Ao estabelecermos uma análise comparativa entre as informações

prestadas pela amostra dos moradores pesquisados e a amostra das lideranças

entrevistadas, observa-se que houve certa similaridade nos resultados dos dois

segmentos sociais pesquisados. Isso nos leva a concluir que tais amostras

apresentam uma percepção semelhante quanto aos principais tipos de violência que

ocorrem no bairro da Terra Firme.

Um ponto que nos chama atenção quanto à opinião dos moradores

pesquisados e das lideranças entrevistadas é a correlação existente entre os

principais tipos de violências assinaladas: o assalto a mão armada que aparece

como a violência de maior ocorrência no bairro é uma conseqüência direta do

Page 83: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

83

narcotráfico, já que o bairro além de ser rota, como também possui diversos pontos

de venda de droga.

Desse modo, os jovens infratores em confronto com a lei, ligados ao

narcotráfico e também usuários de drogas, são levados a assaltar geralmente a mão

armada para comprar drogas ou roubar para saldar suas dívidas com o narcotráfico.

Quando as vítimas reagem ao assalto, isso transforma em latrocínio, ou seja, assalto

seguido de morte. O não pagamento das dívidas com o narcotráfico se transforma

em um acerto de contas onde a maioria das vítimas são os jovens usuários de

drogas, por isso o homicídio juvenil também aparece como um dos principais tipos

de violência no bairro.

Finalmente aparecem o roubo e o arrombamento praticados pelos jovens

delinqüentes que também praticam o delito para comprar drogas ou pagar suas

dívidas com o narcotráfico.

Com base nesta análise de correlação fatorial entre os principais tipos de

violência, pode-se concluir que o núcleo central desta grave situação de violência

urbana é a problemática do narcotráfico a qual se aproveita do elevado índice de

pobreza da população, aliado ao desemprego estrutural e a falta de infra-estrutura

econômica de bens e serviços no bairro para se infiltrar por todo tecido social da

comunidade ganhando para si os jovens, os quais iludidos por um dinheiro fácil, são

derrotados pelas drogas, provocando, em contrapartida, a própria instabilidade e

desestruturação de suas famílias, e contribuindo para elevação dos índices de

violência urbana no bairro da Terra Firme.

5.4 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO

Conforme indica a matriz analítica nº 04 (apêndice 5), constata-se que as

principais vítimas da violência urbana no bairro assinaladas pelas lideranças

entrevistadas são as mulheres adultas que, via de regra, trabalham como

vendedoras ambulantes, como sacoleiras, manicures e outras ocupações eventuais,

geralmente atacadas por jovens a mão armada que pretendem roubá-las para

comprar drogas.

Page 84: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

84

Em segundo lugar, aparecem os jovens, também com um índice

significativo de frequência das respostas. Em seguida, aparecem idosos os idosos e,

finalmente, as crianças pequenas.

Comparando-se as falas das lideranças entrevistadas com a dos

moradores pesquisados sobre as vítimas preferenciais da violência urbana no

referido bairro, verifica-se que não houve diferenças significativas entre as duas

amostras pesquisadas, embora se conclua também que o fato de tanto as mulheres

adultas quanto os jovens infratores serem as principais vítimas da violência urbana

no bairro mencionado é conseqüência direta do narcotráfico. Este aliado ao elevado

índice de pobreza da população, que sem opção de auferir um rendimento mínimo

para viver dignamente, face o desemprego estrutural existente no bairro, tem

concorrido para que os jovens sejam arregimentados pelo tráfico de drogas,

transformando-os tanto em delinqüentes como em usuários de entorpecentes,

levando-os a assaltar preferencialmente mulheres adultas. Por sua vez, os jovens

infratores em situação de risco social também se transformam em vítimas

preferenciais da violência urbana especialmente nos bairros de periferia e de grande

concentração de pobreza da grande Belém.

5.5 ANÁLISE DAS POLÍTICAS SOCIAIS E DE SEGURANÇA PÚBLICA IMPLEMENTADAS NA ÁREA PARA CONTER A VIOLÊNCIA URBANA NA ÓTICA DOS SUJEITOS DA PESQUISA ENQUANTO LIDERANÇA DO BAIRRO

De acordo com a matriz analítica nº 05 (apêndice 5), sobre as principais

políticas sociais e de segurança pública em execução para conter a violência no

bairro da Terra Firme, observa-se que as lideranças entrevistadas apontaram o

programa PROPAZ e as UIPPs como duas políticas sociais direcionadas para conter

a violência urbana e, ao mesmo tempo, disseminar uma cultura de paz, através de

um trabalho de prevenção que atenda crianças e adolescentes residentes em áreas

de risco.

Segundo documentos oficiais analisados, o PROPAZ e a UIPP, ainda que

na percepção dos pesquisados sejam visualizados como dois programas separados,

formam um único programa, considerando que, segundo fontes oficiais as ações

acontecem em parceria com os mais diversos setores da sociedade, como nos

casos das escolas, policiais, centros comunitários, setores culturais e demais

governantes e não governamentais.

Page 85: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

85

O principal objetivo do programa é reestruturar o padrão de

comportamento em conformidade com as leis, fortalecendo o vínculo da família e, ao

mesmo tempo, reduzir os índices de violência urbana.

Conforme se pode visualizar na matriz em análise, a maioria das

lideranças entrevistadas enfatizaram que como não há integração entre as duas

políticas, e nem entre elas e a comunidade, nenhum dos dois programas funciona

satisfatoriamente, nem PROPAZ, e nem UIPP, implementadas pela polícia civil e

militar, destinada a combater os elevados índices de violência no bairro.

Outras lideranças, entretanto, disseram que a implementação do PROPAZ

em conjunto com a UIPP, reduziu um pouco a violência no bairro.

Finalmente, algumas lideranças informaram que desconhecem a

existência de alguma política social pública direcionada para a Terra Firme

objetivando a redução da violência urbana. Consideram que, se tais programas

existem e até agora não resolveram nada, significa que não atingiram seus

objetivos.

Outras lideranças também colocaram que o PROPAZ, apesar de suas

pretensões, não consegue abranger todas as crianças e jovens do bairro,

principalmente porque não é simplesmente colocando, crianças e adolescentes em

depósitos sem incentivos e sem nenhuma motivação que se vai despertar a vontade

de lutar por uma vida melhor.

Ao estabelecermos uma análise comparativa entre as “falas” das duas

amostras de informantes pesquisados, observa-se que não houve diferenças

significativas nas respostas, pois ainda que um percentual insignificante (2%) das

lideranças tenham assinalado resultados positivos pelo PROPAZ e pela UIPP na

redução dos índices de violência, a grande maioria no bairro (98) considera que

esses programas não conseguiram resolver o problema da violência no bairro,

porque não funcionam satisfatoriamente como se propõe em seus projetos teóricos,

seja pela falta de integração entre as polícias, seja pela falta de participação e

parceria com a comunidade, seja pela falta de verba suficientes.

De nossa parte, consideramos que programas assistencialistas de sabor

eleitoreiro, sem nenhum compromisso político mais amplo e sem nenhuma

continuidade ao longo prazo são políticas de governo não funcionam e nem

pretendem resolver os problemas sociais, pois são políticas setoriais, e não políticas

sociais e de segurança pública estruturais que, ao mesmo tempo em que objetivam

Page 86: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

86

diminuir os índices da violência, pretendem atacar as suas causas estruturais.

Melhorias só serão alcançadas com políticas a longo prazo e que busquem a

prevenção dessas causas com a finalidade de socialmente transformar as precárias

condições sociais de vida dos excluídos sociais, estruturalmente submetidos a um

acelerado e profundo processo de semicidadania e excludência social.

Page 87: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

87

6 A VIOLÊNCIA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME: análise da visão dos gestores da segurança pública

6.1 ANÁLISE DOS TIPOS DE VIOLÊNCIA, RANKING DO BAIRRO E GEO-REFERENCIAMENTO DA CRIMINALIDADE NA VISÃO DOS GESTORES DA SEGURANÇA PÚBLICA

De acordo com a matriz analítica nº 01 (apêndice 6) o tipo de ocorrência

de violência mais comum no bairro é o assalto a mão arma com 60% de frequência

das respostas, seguido do narcotráfico com 50% de frequência. Em terceiro lugar

está o homicídio de jovens e a violência doméstica.

Convém ressaltar que, ao se comparar as amostras analisadas, ou seja, a

dos moradores com a das lideranças e a dos gestores não se verifica diferenças

significativas no que concerne aos tipos de violência mais predominantes no bairro.

Isso nos leva a inferir que, nas áreas de elevado índice de pobreza, nas quais se

concentram enormes parcelas de população de baixa renda, observa-se a

ocorrência de variados tipos de violência e criminalidade urbana, especialmente nos

casos de situação-limites. Tudo isso acaba por dizimar fisicamente sobretudo jovens

e adolescentes, que são presas fáceis do crime organizado, notadamente do

narcotráfico.

No que se refere ao posicionamento do bairro no ranking da violência,

constata-se através da matriz analítica nº 02 (apêndice 6), que 60% dos gestores

disseram não conhecer com precisão o índice estatístico do bairro da Terra Firme,

no ranking da violência considerando não ter conhecimento das estatísticas

atualizadas, mas de certa forma consideram este índice relativamente alto. Por outro

lado, 25% desses gestores acreditam que o bairro da Terra Firme, em relação ao

conjunto total dos bairros de Belém, encontra-se atualmente no 13º lugar,

posicionamento que constitui, segundo os entrevistados, o indicador de descenso na

medida em que há 5 (cinco) anos a Terra Firme se situava entre os 5 (cinco) bairros

mais violentos de Belém. De todo modo, é altamente significativo o percentual de

gestores que ainda considera o índice de violência no bairro como elevado.

Na análise final deste tópico, a matriz analítica nº 03 (apêndice 6) no que

concerne à existência ou não de geo-referenciamento de áreas em horários de

maior incidência de criminalidade no bairro, segundo os gestores da segurança

pública, constata-se que 95% afirmaram deste instrumento de gestão, indicando

Page 88: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

88

ainda que a sexta-feira a noite é o dia e o horário mais perigoso ou seja em que se

concentram a maior incidência de criminalidade no bairro.

Ao estabelecermos uma análise comparativa entre as 3 (três) amostras

pesquisadas (moradores, lideranças e gestores), no que concerne aos dias e

horários de maior incidência de violência no bairro, observa-se que não houve

diferenças significativas entre os seus depoimentos, tudo levando a crer portanto

que, o dia de sexta-feira a noite constitui o momento de maior perigo para aqueles

que transitam nas ruas do bairro da Terra Firme.

6.2 OS MODELOS DE POLÍCIA, FORMAÇÃO DO POLICIAL E BAIRROS COM POLÍCIA COMUNITÁRIA EM BELÉM

Conforme indica a matriz analítica nº 04 (apêndice 6), o modelo de polícia

adotado pelo Poder Público, atualmente é o de polícia comunitária, ressalvando,

entretanto que este é um modelo do projeto teórico da política de segurança pública.

Analisando-se de forma mais aprofundada os depoimentos dos gestores

das políticas do bairro, não é difícil se deduzir através da técnica de análise de

discurso que a afirmação do modelo de polícia comunitária, acrescido do

qualificativo teórico-formal, evidencia que, muito embora o modelo planejado seja o

de polícia comunitária, na prática tal modelo não se efetiva, na medida em que a

própria integração entre as políticas e os demais órgãos de segurança pública não

for executada.

Na verdade, quando analisávamos a ótica dos moradores e das lideranças

comunitárias, verificamos que ambos haviam enfatizado que o projeto de

policiamento comunitário havia sido abandonado pela adoção do modelo UIPP, o

qual, no entanto, não funcionava satisfatoriamente porque não existia a integração

com a comunidade e nem entre as polícias, razão pela qual a polícia militar acabava

ficando sozinha com a total responsabilidade do policiamento na área.

Foi também observado que os moradores para os quais as políticas de

Segurança Pública devem ser direcionadas enfatizaram incisivamente que as

polícias agem de forma violenta, militarizando, pois, tanto a pobreza como a

violência no bairro. E essa postura não se coordena com o modelo de polícia

comunitária. Além dessas observâncias, disseram também que a dificuldade de se

estabelecer uma relação de integração com as políticas se existia porque os

“chefes” do tráfico marcavam essas pessoas como “alcaguetes” que teriam depois

Page 89: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

89

de ajustar contas com eles, além de verificarem que, na prática, as polícias agiam de

forma separada.

Como se pode observar, embora aparentemente os dois discursos

“moradores/lideranças e gestores” sejam em tese diferentes, entretanto o

qualificativo teórico/formal acrescentado nas “falas dos gestores” aproxima as duas

ordens dos discursos, denotando que não existe diferenças significativas entre os

depoimentos tomados, pois ainda que o modelo do projeto seja o de polícia

comunitária e, portanto de uma polícia fundamentalmente preventiva, este modelo

ainda não se realiza na prática, já que a sua forma de abordagem é sobretudo

violenta e repressora.

A referida análise é fundamentalmente corroborada quando se analisa a

matriz analítica nº 05 em apêndice, no que concerne a formação do policial que,

segundo os gestores entrevistados, está voltada para o modelo de política

comunitária.

De acordo com a referida matriz analítica, 95% dos entrevistados

enfatizam que os policiais atuantes no bairro da Terra Firme possuem uma formação

de polícia comunitária, já que a estrutura curricular do curso de formação do policial

prepara no referido modelo seus formandos.

Convém ressaltar, entretanto, ao utilizarmos a técnica de ACD, baseada

em Bakhtin-Foucault (2002), observa-se através da referida matriz analítica, uma

unanimidade dos entrevistados de que esta formação é fundamentalmente teórica e

formal, já que a grade curricular do referido curso inclui disciplinas diretamente

ligadas ao modelo de polícia comunitária.

Com a finalidade de se conferir tais argumentos, basta verificar as próprias

“falas” de alguns entrevistados:

Sim, hoje nos cursos de formação do policial há matérias voltadas para o policiamento comunitário, mas, falta uma formação mais técnica e prática… hoje em dia, tanto a polícia militar, quanto a polícia civil tem no currículo de formação do policial, matéria de policiamento comunitário e direitos humanos, mas falta ainda uma formação mais técnica e prática… Esta, pois o policiamento comunitário é o novo modelo de polícia, o que é de certa forma um paradoxo, pois toda polícia por essência é repressora. (ENTREVISTADOS Nº 03, 07 e 11 – 2º Sem/2012).

Assim, ao se tomar por base os discursos das entrevistas dos gestores de

Segurança Pública do bairro da Terra Firme não é difícil de concluir que o modelo de

policiamento comunitário, assim como a formação do policial para atender o modelo

mencionado é ainda um “sonho”, pois se apresenta muito mais como projeto teórico,

Page 90: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

90

do que propriamente como realidade concreta. Além disso, há de se considerar

também que a instituição policial no Brasil ainda está muita “presa” a um modelo

ultrapassado de polícia, sem contar que algumas falas dos entrevistados

reconhecem que a instituição policial é por essência repressora.

Objetivando fornecer uma maior consistência interna aos argumentos

acima, basta conferir pelas próprias “falas” dos gestores entrevistados quando

dizem:

O policiamento comunitário é o novo modelo de polícia, o que de certa forma, é um paradoxo, pois toda polícia por essência é repressora… sim, já que é o novo modelo de polícia… mas a polícia é basicamente um órgão da repressão. (ENTREVISTADOS Nº 13 e 14 – 2º Sem/2012).

Finalmente, ao cruzarmos as “falas” dos gestores de Segurança Pública,

com os das lideranças comunitárias e a dos moradores do bairro da Terra Firme,

apenas aparentemente, seus discursos são divergentes, mas o que

subjacentemente silenciam, ou seja, deixam escapar nas entrelinhas do discurso, é

que o modelo de Polícia Comunitária, e a formação do policial, voltada para atender

o referido modelo, é um projeto ainda bastante longe de se efetivar porque a polícia

enquanto um aparelho essencialmente repressor do Estado, segundo Althusser

(1974), tem grandes dificuldades de implementar um modelo de Policiamento

comunitário, o qual é basicamente educativo, pois deverá tratar as problemáticas da

pobreza e da violência urbana de forma preventiva e, não repressiva.

Como se pode verificar, há de certa forma, uma contradição, porque nos

limites da ordem social capitalista, a instituição policial, segundo o filósofo francês

mencionado, é um dos aparelhos repressores do Estado e, se transformar em um

aparelho ideológico, como no caso da Escola, da Igreja e das Universidades,

constitui um processo de “metamorfose” muito difícil de ocorrer, posto que, mesmo

nas sociais-democracias a instituição policial tem grandes dificuldades de atuar

enquanto um “intelectual coletivo”, a quem competiria orientar e educar a

comunidade, objetivando a prevenção e não a repressão militarizada da pobreza e

da violência urbana.

Ainda que Marx (1983) tenha apresentado uma análise dialética e não

mecânica da infraestrutura econômica em relação à superestrutura social, deixando

implícito que, muito embora a base infra estrutural da sociedade, ou seja, o modo

pelo qual os sujeitos sociais organizam a produção para sobreviver, seja

Page 91: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

91

determinante das várias formas sociais de consciência humana, esta relação é

dialética, e não mecanicamente unilateral. Portanto a superestrutura social, também

de acordo com Althusser (1974), determina a base econômica, razão pela qual a

infraestrutura econômica, assim como a superestrutura social não são subestruturas

fixas na sociedade. Por isso segundo Gramsci (1982), a partir do momento em que

as ideologias ganham adesão das massas populares, tornando-se em projeto

hegemônico, passam de um momento superestrutural para o momento

infraestrutural, transformando-se em forças materiais que vão contribuir diretamente

para a aceleração das forças progressistas de ruptura com a ordem social

dominante.

Dessa forma, segundo Marx (1983), e seus principais intérpretes da

dialética materialista histórica, a transformação das práticas policiais repressoras

que são predominantes em formações sociais capitalistas em novas práticas mais

consentâneas com formas educativas e preventivas requer um processo

revolucionário de ruptura com a ordem social capitalista, visto que as práticas de

violência física e, especialmente as simbólicas, estão a serviço do processo de

acumulação e reprodução do grande capital. Isso equivale dizer que a própria

“educação” convencional, na medida em que reproduz de certa forma, uma espécie

de violência simbólica, segundo Bourdieu(1982), ao inculcar valores das classes

dominantes, reforça e mantém as desigualdades sociais submetendo os segmentos

sociais mais pobres a um profundo e acelerado processo de excludência social.

Com relação aos bairros de Belém, em que funcionam a Polícia

Comunitária, segundo os gestores entrevistados, constata-se pela matriz em análise,

que a unanimidade dos gestores (100%) informou que o referido modelo de

policiamento é, em plano governamental, implantado em todo Estado, muito embora

a sua manifestação mais visível, seja nos bairros do Guamá e na Terra Firme.

Analisando-se através da técnica de análise de discurso, observa-se que,

ainda que os entrevistados tenham afirmado que o modelo de policiamento

comunitário seja um modelo atualmente vigente no policiamento no bairro da Terra

Firme, cerca de 60% dos gestores pesquisados informaram que o referido modelo

implantado em todo Estado, com destaque para os municípios de Belém e

Ananindeua, ainda é apenas mais formal, ou seja, muito mais um projeto do que

propriamente uma prática, visto que a própria formação do policial não apresenta um

preparo mais técnico no nível da aplicabilidade deste modelo.

Page 92: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

92

Quando se analisa através de uma análise comparativa os vários

discursos dos pesquisados (moradores, lideranças e gestores), constata-se que

entre as duas primeiras amostras (moradores e lideranças) não há diferenças

significativas entre os conteúdos das respostas. A “idéia-força” dos dois

depoimentos tomados é que a efetiva operacionalização do Policiamento

Comunitário na prática da vida cotidiana do bairro da Terra Firme é profundamente

comprometida pela falta de integração entre as polícias e, dessas com a

comunidade, razão pela qual estes dois grupos de pesquisados percebem a UIPP

como uma Unidade “Integrada” de Polícia Pacificadora, a semelhança do modelo de

policiamento do Rio de Janeiro que sobe os morros para combater o narcotráfico, ao

invés de entenderem a referida sigla como uma Unidade Integrada de Polícia

PróPaz que, na verdade, é o modelo, pelo menos teórico, que o “Governo Jatene” se

propõe a implantar em todo Estado do Pará.

Quando se compara os discursos desses dois primeiros segmentos

sociais analisados (moradores e lideranças), com as “falas” dos gestores

entrevistados, percebe-se que existe uma significativa diferença entre ambos os

discursos, na medida em que, de acordo com a matriz analítica em análise, 40%

desses gestores informaram que o policiamento comunitário é o modelo

operacionalizado no bairro da Terra Firme há mais de 2 (dois) anos.

Como se pode concluir através das análises acima, há uma certa

contradição entre as 2 (duas) ordens de discurso das amostras consideradas e, no

interior dos próprios depoimentos dos gestores entrevistados, embora com uma

relativa preponderância de que o referido modelo existe mais como projeto

governamental do que propriamente como Política Pública de Estado.

Page 93: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

93

6.3 CASOS DE RESISTÊNCIA, POSICIONAMENTO DA COMUNIDADE E DIFICULDADE DE OPERACIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO DA TERRA FIRME

De acordo com a matriz nº 08 (apêndice 6), 60% dos gestores

entrevistados informaram que há casos de resistência na corporação da Polícia

Militar em relação à implantação das UIPPs, como um instrumento de política de

segurança pública no bairro da Terra Firme.

Segundo esses gestores, os policiais resistentes têm dificuldades para

entender que as polícias não devem ser meros órgãos de repressão, mas

fundamentalmente órgãos da prevenção.

Quando indagados sobre a existência de disputas entre as polícias militar

e civil que atuam no bairro, observa-se que apenas 30% confirmaram a existência

desse fato, contudo é relativamente significativo o percentual (35%) que dizem não

saberem informar sobre o assunto, enquanto, apenas (20%) confirmaram que essas

disputas não existem, por outro lado (15%) se posicionaram de que se essas

disputas existem; elas ocorrem mais ou menos em função da necessidade de

produtividade no combate à criminalidade, cada uma querendo mostrar um serviço

de maior qualidade.

Como se pode extrair das entrelinhas dos discursos silenciados, conclui-se

que há, sim, uma disputa entre as polícias que atuam na área, e cada qual objetiva

apresentar uma maior produtividade o que nos induz a inferir que, se isto acontece,

é porque ambas estão trabalhando de forma isolada, ou seja, separadamente, pois

se os serviços de policiamento fossem integrados, o relatório de suas atuações seria

único e o padrão seria mérito das duas polícias, portanto não haveria necessidade

de se competir pela obtenção de uma maior produtividade, uma em relação à outra.

No que diz respeito ao posicionamento da comunidade frente ao modelo

de policiamento (UIPP), implantado no bairro, segundo gestores entrevistados,

observa-se que 50% da amostra-pesquisa considera que a comunidade aceita,

razoavelmente bem, enquanto a outra metade considera que esta aceitação é total e

completa porque o referido modelo já era uma antiga aspiração da comunidade “em

ver a polícia comunitária, atuando direto no combate à criminalidade”

(ENTREVISTADO Nº 04).

Como se pode analisar, o que ficou subjacente aos discursos dos gestores

entrevistados, quando dizem que:

Page 94: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

94

Para a comunidade é uma satisfação em ver a polícia comunitária atuando direto no combate à criminalidade… Portanto, todos aceitam bem… e de forma satisfatória, entretanto a parte da comunidade que não é envolvida com o crime aceita razoavelmente. (ENTREVISTADOS Nº 03, 04, 12, 18 e 19 – 2º Sem/2012).

Nesses depoimentos é possível identificar que, em primeiro lugar,

nenhuma polícia comunitária atua de forma direta no combate à criminalidade, já

que combater, ostensivamente, é reprimir; enquanto o modelo mencionado objetiva

fundamentalmente prevenir. Outro “ato falho” presente no discurso dos gestores

entrevistados foi a de que a comunidade que não é envolvida com o crime, aceita,

razoavelmente, o modelo de policiamento operacionalizado no bairro. Isso equivale

a dizer-se que a outra parte da comunidade, envolvida com o crime direta e/ou

indiretamente, não aceita o referido modelo, o que nos induz a inferir que a polícia

não está agindo conforme uma instituição de novo-tipo, a qual, segundo Gramsci

(1982), toda instituição que se coloca enquanto intelectual buscando a construção

moral de uma hegemonia política e ideológica junto às massas, socialmente,

oprimidas, nas sociedades capitalistas, visa a orientá-las e educá-las para promoção

de uma convivência social plena baseada nos padrões de justiça e dos direitos

humanos de uma cidadania real e não apenas juridicamente formal.

Assim, pode-se depreender por esta análise crítica do discurso que existe

diferenças, profundamente, significativas entre as duas ordens de discurso, ou seja,

a dos moradores e a dos gestores. Os primeiros foram, literalmente, incisivos ao

enfatizarem a existência de polícia comunitária; enquanto os gestores, como já era

de se esperar, ainda que tenham sido literalmente incisivos em afirmar a existência

do modelo e sua aceitação confiante e participativa por parte da comunidade,

trairam-se pelas próprias palavras, deixando implícito que o modelo existe na teoria,

mas, na prática, ainda está muito longe de efetivar-se na realidade concreta, pelo

menos para a comunidade do bairro da Terra Firme que, em última instância, devem

ser os verdadeiros beneficiários das políticas públicas.

Com relação às dificuldades de operacionalização das políticas de

segurança pública no bairro da Terra Firme, segundo os gestores entrevistados,

constata-se pela matriz analítica nº 11, em apêndice, que a maioria da amostra dos

gestores entrevistados (100%) disse que as dificuldades são muitas, mas essas

decorrem, em primeiro lugar, pela falta de políticas públicas que precisam ser

implantadas no bairro e não apenas ações policiais, pois em se tratando dessas

Page 95: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

95

últimas, a outra dificuldade diz respeito à falta de um efetivo de policiais suficiente

para dar conta do número de ocorrências no local.

Segundo grande parte dos gestores entrevistados, a relação

policial/habitantes aceitável segundo padrões da ONU, é de 1 (um) policial para

cada 250 habitantes; enquanto que no bairro da Terra Firme essa relação é

extremamente deficitária, cuja relação atual é de 1 policial para cada 564.20

habitantes, trabalhando com o universo de contingente total; se levarmos em

consideração que trabalham por turno 22 policiais, temos efetivamente empregados

1 policial para cada 2.872,32 habitantes.

De todo modo, a maior dificuldade enfrentada pelos gestores é a denúncia

de que ainda que o modelo de polícia comunitária exija ações conjuntas de vários

órgãos, a polícia militar, que trabalha diretamente nas ruas acaba assumindo

sozinha todas as ações de segurança pública do bairro. Tais argumentos podem ser

facilmente conferidos pelas próprias “falas” dos entrevistados, quando dizem que:

Houve uma debandada de órgãos que integravam de início as ações de segurança pública, por isso ficou praticamente somente por conta da PM a manutenção do sistema… O modelo foi concebido para integrar todos os órgãos e no fim só ficou a polícia militar… Falta os outros órgãos do estado se integrarem nas ações de Segurança Pública do bairro. (ENTREVISTADOS Nº 01, 07 e 09 – 2º Sem/2012).

Essas informações acima já denotam, explicitamente, que o modelo de

Polícia Comunitária esteja no nível de projeto governamental, ainda não foi

assumido, concretamente, na prática, em virtude de todas as dificuldades

assinaladas e, muito menos, enquanto uma política de Segurança Pública de

Estado, não só para que tenha continuidade nos governos posteriores sem que sofra

a intermitência das políticas partidárias e eleitoreiras.

Convém ressaltar ainda que, em se tratando das dificuldades de

operacionalização das políticas de Segurança Pública assinaladas pelos gestores, o

que mais nos chamou atenção, no que diz respeito a compreensão de que as

políticas de Segurança Pública são insuficientes para prevenir e combater o elevado

índice de pobreza e criminalidade urbana no bairro, pois essa problemática carece

de Políticas sociais e de segurança pública e, essas só podem ser eficientes e

eficazes quando existem também políticas sociais e de segurança pública

transformadoras de base, das quais são inteiramente dependentes.

Page 96: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

96

6.4 RESOLUTIVIDADE DO POLICIAMENTO, EFICÁCIA E MUDANÇAS OPERADAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME

Conforme indica a matriz analítica nº 12 (apêndice 6), a maioria dos

gestores entrevistados enfatizam que existe uma resolutividade positiva do

policiamento no bairro, isto é, que todos os policiais são orientados para que os

casos de violência e criminalidade urbana sejam solucionados satisfatoriamente.

Convém ressaltar que, analisando-se de forma mais minuciosa, nas

entrelinhas dos discursos dos entrevistados, observa-se que quase todos os

gestores deixaram escapar que esta é uma orientação teórica dada só nos cursos e

palestras como inserida na própria ordem do dia do policial quando sai para as ruas.

Nesse sentido, pode-se inferir que, como preleção constante de todos os cursos de

formação e da própria ordem do dia do dia do policial, a necessidade de

resolutividade deve ser buscada como um objetivo para se alcançar um policiamento

de qualidade já a solução dos problemas enfrentados no combate à criminalidade

deve ser incorporada como uma norma de conduta do policial, ainda que

concretamente, nem todos os casos tenham uma resolutividade satisfatória.

Com a finalidade de corroborar nossas inferências a este respeito, a matriz

analítica nº 13 (apêndice 6), com relação a eficácia dos serviços prestados,

evidenciados através das próprias falas dos entrevistados quando enfatizam que:

Nem todas as vezes os resultados são eficazes… a própria ostensividade e abordagem é bastante difícil quando a comunidade não ajuda… a necessidade de aproximação com a comunidade é um ponto de referência para que os casos sejam solucionados… nem todas as vezes os resultados são satisfatórios, mas todos os policiais são orientados para trazer soluções. (ENTREVISTADOS Nº 01, 07 e 09 – 2º Sem/2012).

Como se pode depreender do que está por trás das palavras, literalmente,

é a necessidade de que as ações policiais devem ser eficazes: a ajuda da própria

comunidade. Nesse sentido, entendemos que, se isto é ainda uma necessidade é

porque, ainda não existe uma integração satisfatória, entre a polícia e a comunidade

do bairro.

Quando se trata das mudanças sociais operadas no bairro, após a

implantação da UIPP, quase todos os gestores entrevistados enfatizaram que os

Page 97: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

97

índices de violência e criminalidade urbana baixaram, apresentando uma queda

visível, posto que na década passado o bairro apresenta-se um dos primeiros no

ranking das ocorrências de violência urbana em relação aos demais bairros de

Belém, mas que, atualmente, está posicionado no 13º lugar nos níveis de violência e

criminalidade urbana.

Quando indagados sobre o que mudou com a integração das zonas de

policiamento e as delegacias no mesmo espaço, cerca de 40% informaram que não

mudou nada e, algumas vezes, até aumentou o nível de corrupção.

Como se pode concluir, pela matriz em análise há uma profunda

contradição entre as matrizes analíticas de nº 14 e 15, pois, enquanto a primeira

coloca que uma das mudanças foi a maior integração entre os órgãos públicos, a

segunda, ou seja, a matriz analítica de nº 15 apresenta como “idéia-força” de que

nada mudou, pois que, via de regra, a Polícia militar trabalha sozinha sem o apoio

dos demais órgãos que deveriam estar presentes na área.

De todo modo, há que se ressaltar que as contradições existentes nos

discursos refletem sempre as contradições que existem nas sociedades não

igualitárias, como nos casos das sociedades capitalistas, cuja contradição básica

entre capital e trabalho engendra as demais contradições que ocorrem na

superestrutura social, assim como nas diferentes formas de consciência social,

repercutindo diretamente nas distintas concepções de mundo e diferentes formas de

compreender, perceber e expressar o mundo do qual (con)vivem.

Assim, conclui-se que a ordem dos discursos, conforme assinalou

Foucault (2002), expressa contradições, identidade, tensões e ambivalências porque

mostram, ao mesmo tempo, as diferentes condições sociais que os sujeitos da

informação possuem em uma sociedade de classes, ainda que, em última instância,

expressem as ideologias dos dominantes.

Page 98: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

98

CONSIDERAÇÕES FINAIS

À guisa de conclusão, apresentamos as considerações finais deste

estudo, cuja finalidade foi estabelecer as relações entre hipóteses previamente

formuladas no projeto de pesquisa com os resultados obtidos com a finalidade de,

por mais do teste de significância ou hipótese nula, verificar se as hipóteses

substantivas previamente formuladas, foram, ou não, confirmadas; e ainda se as

mesmas foram parcialmente ou integralmente refutadas.

Assim, constata-se que quanto à existência ou não de políticas sociais e

de segurança pública estruturais e integradas direcionadas ao bairro da Terra Firme,

objetivando prevenir e combater os seus elevados índices de pobreza e violência

urbana, pode-se constatar que, nas três amostras estudadas (moradores, lideranças

e gestores), não houve diferenças significativas nos conteúdos dos discursos

apresentados. Todos enfatizaram que tais políticas inexistem, pois os vale gás, o

vale-leite, a merenda escolar, a distribuição de livros na escola pública e o programa

de Bolsa-Escola, existentes desde o Governo de FHC, com seus desdobramentos

estaduais e municipais, depois do Governo Lula foram substituídos e integrados na

política-bolsa família são, em sua maioria, políticas assistencialistas.

Ainda, que consideremos como políticas de transferência de renda, pelo

modo como beneficiam e por não apontarem uma direção de saída da situação de

assistido e, portanto mantendo uma dependência e um caráter eleitoreiro. É fato que

o Bolsa-Família é o programa que alcança unanimidade no bairro, embora a

pesquisa tenha se dado no nível de política direcionada ao bairro, constatou-se

durante o campo, que as famílias do bairro cerca de 90%, ou recebem ou já

receberam o auxilio e que este auxilio gera resultados ainda que incipientes na

escolaridade e saúde dos menores, como também dá uma sensação de renda às

famílias e esses resultados só serão sentidos a longo prazo.

Não são políticas públicas transformadoras de base por não visarem

alterar estruturalmente, as precárias condições sociais de vida dos moradores do

bairro. Por outro lado, as Políticas de Segurança Pública UIPP, PRÓPAZ, PAPO-

CABEÇA e etc., foram consideradas, por essas três amostras de pesquisados, como

políticas paliativas, setoriais e setorializadas, posto que, ainda que concebidas

teoricamente como políticas integradas, a maioria dos órgãos públicos que deveriam

Page 99: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

99

fazer parte das ações não têm assumido, na prática, esta responsabilidade social e,

por isso a Polícia Militar acaba fazendo sozinha o trabalho, embora sob uma ótica de

repressão à violência urbana, especialmente no caso de narcotráfico e uso de

drogas por menores infratores.

Diante desses resultados, consideramos que a primeira hipótese deste

estudo está confirmada, uma vez que a “hipótese nula” não foi aceita, logo a

hipótese substantiva foi confirmada.

No que diz respeito à segunda hipótese sobre as Políticas Públicas

globais de combate à exclusão social (FUNDEF, MINHA CASA/MINHA VIDA,

PRONASCI, PROUNI, PDC/SANEAMENTO BÁSICO e outros), observa-se pelo

conteúdo das respostas das três amostras pesquisadas que, embora tais políticas

sociais objetivem reduzir as desigualdades sociais e prevenir a violência urbana,

verifica-se o pequeno raio de ação dessas práticas, as quais segundo o IBGE/2010,

num universo de 16.267.197 habitantes, vivendo em situação de pobreza extrema

miséria, sem falar da população pobre que gira em torno de 47% do efetivo global da

população brasileira, tais políticas não chegam a alcançar nem 4% da população

brasileira, configurando-se que esses programas sociais são de cunho

assistencialistas, portanto são ineficientes, já que a implementação dessas ações

não proveem as “esperadas” transformações estruturais para que os segmentos

sociais excluídos possam romper as rígidas estruturas da pirâmide social no sentido

de mobilidade social vertical ascendente.

Desse modo, como também nesse caso a hipótese nula não foi aceita, isto

significa que a segunda hipótese substantiva deste estudo foi confirmada, porque a

lógica da prevenção e do combate às desigualdades sociais e à violência urbana no

Brasil é ainda profundamente perversa. Por privilegiarem políticas assistencialistas e

paternalistas que não promovem transformações estruturais de base social.

Um dos pontos frágeis do programa de Bolsa-Escola, por exemplo, é a

exigência do programa que responsável pela criança, na escola, seja

desempregado, o que estimulou não apenas a falta de paternidade responsável ao

se colocar inúmeras crianças no mundo sem condições de uma vida digna, ainda

incentiva o desemprego dos pais, considerando que a proposta de uma renda

mínima apresentada pelo Senador Petista Eduardo Suplicy não foi aceita, razão pela

qual muitas domésticas se recusam a ter sua carteira de trabalho assinada, pois isto

comprovaria acesso a uma renda e lhes deixaria fora do programa; o mesmo forma

Page 100: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

100

acontece com a bolsa do PROUNI, já que o aluno que está, empregado é cortado do

programa, que deve ser direcionada para as famílias de baixa renda, sem emprego.

Quanto à terceira hipótese substantiva deste estudo que se refere ao

crescimento urbano desordenado de Belém e o subsequente processo de exclusão

social são expulsos para as áreas de periferias e de invasão, concorrendo para o

aumento do elevado índice de pobreza e de violência urbana em determinados

locais, como no caso do bairro da Terra Firme. Observa-se que aqui também a

“hipótese nula” foi rejeitada, logo a hipótese substantiva previamente formulada no

projeto foi confirmada, pois os resultados da pesquisa constaram que a grande

maioria dos moradores do bairro da Terra Firme são procedentes de correntes

migratórias do nordeste, preferencialmente do interior e dos Estados mais próximos

como os do Maranhão que se deslocam para as grandes cidades, como no caso de

Belém, à procura de melhores condições sociais de vida e de trabalho. Mas, em

virtude do baixo nível de escolaridade e falta de qualificação profissional, são

direcionadas para as baixadas urbanas dando origem a inúmeros bolsões de

pobreza nessas áreas, que se transformam em zonas de tensão e,

potencionalmente, focos de violência.

Finalmente, quanto à quarta e última hipótese substantiva deste estudo,

no que concerne às “zonas vermelhas” existentes no bairro, consideradas como

áreas degradadas do ponto de vista físico, ecológico e social, as quais, de certa

forma, estão excluídas da metrópole, o que apresentam alto índice de criminalidade

urbana, pode-se constatar, pelos resultados da pesquisa, que foram mapeadas

cerca de 36 áreas vermelhas por ordem de periculosidade e que grande parte de

seus moradores se consideram socialmente discriminados, como se não fizessem

parte da cidade de Belém.

Page 101: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

101

Figura 7 – Mapeamento (Zona Vermelha)

Desse modo, conclui-se que a criminalidade urbana, não é apenas

produto, em si, da pobreza, mas de um conjunto de fatores onde as desigualdades

sociais, a falta de oportunidades de trabalho, de acesso à renda e de melhores

condições de saúde e de vida digna, especialmente, por esses excluídos sociais que

vivem nessas áreas degradadas (sem saneamento básico, falta de um sistema de

Page 102: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

102

rede de esgoto, sem fossa biológica, sem acesso a água potável, luz elétrica e um

padrão habitacional mínimo de vida), refletem e influenciam os residentes do bairro,

face aos processos de deteriorização urbana e de excludência social, a que são

submetidos desde a sua situação de origem e continua por uma vida inteira de

migração à procura de melhores condições sociais de vida.

Assim, considerando que a “hipótese nula” não foi aceita pelo teste de

significância, então esta quarta hipótese substantiva foi também confirmada, ainda

que no “discurso” da amostra dos gestores a criminalidade urbana no bairro da Terra

Firme venha declinando nos últimos anos, já que segundo esses o referido bairro

que no passado recente (5 anos atrás) estava posicionado entre os 10 bairros mais

violentos de Belém, atualmente se encontra no 13º no ranking da violência da capital

do Estado.

Desse modo, a pesquisa constatou que, as amostras pesquisadas

consideram as políticas sociais e de segurança pública, como paliativas, setoriais,

posto que ainda que concebidas teoricamente como políticas integradas não se

realizam na prática, posto que, a maioria dos órgãos públicos que deveriam fazer

parte das ações não tem assumido, na prática usa responsabilidade.

Desse modo, se constatou que a visão de que a lógica do combate as

desigualdades sociais e a violência urbana no Brasil ainda é perversa por não

promoverem transformações estruturais de base social.

Constatou também a pesquisa que os moradores do bairro migrantes do

interior do próprio Estado e dos Estados do nordeste, que se deslocam para as

grandes cidades, à procura de melhores condições sociais de vida e de trabalho.

Mas em virtude do baixo nível de escolaridade e falta de qualificação profissional,

são direcionados para as favelas da urbe, dando origem a inúmeros bolsões de

pobreza nessas áreas, que se transformam em zonas de tensão e, potencialmente

focos de violência.

Finalmente, este estudo concluiu que as “zonas vermelhas” existentes no

bairro, são áreas degradadas do ponto de vista físico, ecológico e social, as quais

estão excluídas ou precariamente incluídas na metrópole, apresentam alto índice de

criminalidade urbana e que grande parte de seus moradores se sente socialmente

disccriminados.

De todo modo, se foi preciso uma década para uma relativa queda de

apenas três pontos na escala da criminalidade urbana de Belém, este pequeno

Page 103: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

103

declínio já evidencia que as políticas sociais e de segurança pública direcionadas

para o bairro da Terra Firme foram inócuas.

Com a finalidade de apresentar propostas de Políticas sociais e de

segurança pública, objetivando prevenir e combater o elevado índice de pobreza e

violência urbana no bairro, tanto os moradores como as lideranças e os gestores

entrevistados sugeriram as seguintes proposições:

1 – Implantação de Políticas sociais e de segurança pública,

transformadoras e participativas.

2 – Inserção dos jovens e adultos desempregados em Políticas Sociais de

acesso ao emprego e renda.

3 – Implantação de uma Política Social de habitação popular.

4 – Maiores investimentos em Políticas Sociais de educação, saúde,

saneamento e habitação popular.

5 – Implantação de Políticas Sociais e educação para jovens.

6 – Implantação de programas culturais e de desenvolvimento de

comunidade.

7 – Reprimir o narcotráfico.

8 – Integrar a comunidade na UIPP juntamente com as três esferas

governamentais municipal, estadual e federal.

9 – investir com recurso do PAC para as obras de saneamento básico,

rede de água e esgoto e iluminação do bairro.

10 – Construção de uma casa de repouso e desintoxicação de

dependentes químicos.

Como se pode observar, tanto os moradores do bairro, como as lideranças

e os gestores entrevistados comungam de ideias semelhantes no que concerne à

situação de elevado nível de pobreza e violência urbana em que o bairro da Terra

Firme ainda se encontra atualmente. Mas ao proporem um conjunto de medidas de

políticas sociais e de segurança pública visando a prevenir e, ao mesmo tempo

combater esta situação degradante de semi-cidadania de muitos moradores da

referida comunidade, assinalam que ainda possuem a esperança de reverter este

quadro crítico do bairro da Terra Firme. Deixaram, no entanto, explícito que sem

políticas sociais e de segurança pública, estruturalmente, transformadoras, esta

situação tende a perdurar, já que as políticas de segurança pública são setoriais e,

Page 104: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

104

por isso consideradas pelos próprios gestores da tais políticas como secundárias e

conjunturais, as quais para surtirem efeitos positivos, exigem um conjunto de

políticas sociais integradas que objetivem, fundamentalmente, não apenas reprimir

e/ou assistir paliativamente e emergencialmente, mas fundamentalmente reduzir as

desigualdades sociais de modo a realizar, na prática, os princípios da Constituição

Federal de 1988 que objetivam a realização de uma vida digna e de uma cidadania

real aos moradores da Terra Firme.

Page 105: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

105

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APÊNDICE

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APÊNDICE 1 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA SUPERINTENDÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO URBANO

PROJETO DE PESQUISA: “POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA NO BRASIL: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate a pobreza e a violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA”. ”

FORMULÁRIO PARA OS MORADORES DO BAIRRO DA TERRA FIRME

1 – CARACTERIZAÇÃO IDENTITÁRIA DOS MORADORES ENQUANTO SUJEITOS

DA INFORMAÇÃO:

a) Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino

b) Idade: _________________

c) Origem:

( ) Capital ( ) Interior

d) Estado Civil:

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) União Estável ( ) Outro

d¹) Em caso de “Outro”, especificar: _________________________________

e) Grupo Étnico:

( ) Branco ( ) Negro ( ) Indígena ( ) Amarelo

( ) Outros

e¹) Em caso de “Outro”, especificar: _________________________________

f) Religião que professa:

( ) Católico ( ) Adventista de 7º Dia ( ) Espírita

( ) Universal do Reino de Deus ( ) Evangélica Quadrangular

( ) Outra

f¹) Em caso de “Outra”, especificar: _________________________________

g) Tempo de residência no bairro: ____________________________________

3.2 – CONDIÇÕES MATERIAIS DE EXISTÊNCIA:

a) Estrutura Legal da Família:

( ) Casamento Civil ( ) União estável ( ) Outra

Page 113: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

113

a¹) Em caso de “Outra”, especificar: _________________________________

b) Composição da Família:

( ) Pai ( ) Mãe ( ) Filhos ( ) Nº de Filhos

( ) Agregados ( ) Relação de Parentesco: __________________

c) Chefe da Família: _______________________________________________

d) Renda Familiar:

( ) “0” a R$ 70,00 ( ) 1 a 3 sal. mínimos ( ) 4 a 7 sal. mínimos

( ) 8 a 10 sal. mínimos ( ) 11 e + sal. Mínimos

e) Ocupação Principal dos Pais da Família:

Mãe: ________________________________________________

Pai: _________________________________________________

f) Nível de Escolaridade do Respondente: _____________________

g) Padrão Habitacional:

Situação legal da moradia:

( ) Própria ( ) Cedida ( ) Alugada

h) Área da Residência:

( ) Área de Invasão ( ) Área Saneada ( ) Periferia Urbana

i) Material de construção da Moradia:

( ) Alvenaria ( ) Madeira ( ) Taipa

j) Estado de Conservação da Moradia:

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

k) Classe Social de Pertencimento:

( ) Classe Rica ou Superior.

( ) Classe Média Alta.

( ) Classe Média Intermediária.

( ) Classe Média Baixa.

( ) Classe Pobre ou Inferior.

3.3 – SEGURANÇA PÚBLICA, POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA:

a) Níveis de Ocorrência de Violência no Bairro:

( ) Elevado ou alto ( ) Relativamente tolerável ( ) Baixo

b) Principais tipos de violência no Bairro: (por ordem de ocorrências):

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

Page 114: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

114

______________________________________________________________

c) Vítimas Preferenciais da violência Urbana no Bairro:

( ) Crianças ( ) Mulheres adultas ( ) Homens adultos

( ) Idosos

d) Causas Estruturais da Violência no Bairro:

( ) Elevado índice de pobreza.

( ) Desemprego urbano.

( ) Ausência de Políticas Sociais de Combate à Pobreza.

( ) Falta de Políticas de Segurança Pública.

( ) Outras.

d¹) Em caso de “Outras”, especificá-las por ordem de prioridade:

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

e) Causas Eventuais da Violência no Bairro:

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

f) Como Você Avalia o Nível de Segurança Pública no Bairro da Terra Firme:

( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Precário

g) Quais os Projetos de Políticas de Segurança Pública que você conhece que

são direcionadas para conter a Violência no Bairro:

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

h) Existem áreas no Bairro que são consideradas “Zonas-Vermelhas”?

( ) Sim

( ) Não

h¹) Em caso positivo, identifique essas áreas por ordem de periculosidade:

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

Page 115: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

115

______________________________________________________________

______________________________________________________________

i) O Policiamento do Bairro realizado pelas Polícia Militar e Polícia Civil é

executado em parceria com a Comunidade?

( ) Sim ( ) Não

i¹) Em caso positivo ou negativo justifique sua resposta:

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

j) Quais são suas Sugestões sobre Ações de Segurança Pública que devem ser

implementadas na área para conter a Violência e a Pobreza no Bairro da

Terra Firme?

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

IV – INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES (caso considere necessário,

complemente suas informações):

R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Page 116: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

116

APÊNDICE 2 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA SUPERINTENDÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO URBANO

PROJETO DE PESQUISA: “POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA NO BRASIL: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate a pobreza e a violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA”.

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA PARA LIDERANÇAS

COMUNITÁRIAS

I – DADOS GERAIS:

ENTREVISTA Nº ____

ENTREVISTADOR: ___________________________________________________

ENTREVISTADO: ___________________________________________(não se

identificar com seu nome oficial).

LOCAL E DATA DA ENTREVISTA: _____/_____/_____

II – APRESENTAÇÃO:

Prezado(a) Senhor(a),

Em virtude da pesquisa que realizamos sobre “Segurança Pública,

Pobreza e Violência Urbana” no Bairro da Terra Firme, solicitamos a V.Sª.

informações sobre o assunto para que possamos formular uma proposta de ação na

área objetivando combater e, ao mesmo tempo prevenir as causas estruturais e

conjunturais da problemática da Violência Urbana através de Políticas Sociais de

Segurança Pública na Comunidade estudada.

Ressaltamos que suas informações serão preservadas no anonimato

e, só ganharão sentido como parte do conjunto global das contribuições prestadas.

Na oportunidade, pedimos que rubrique o “TCLE”, caso concorde em

participar da pesquisa e, agradecemos antecipadamente pelas informações

disponibilizadas a este estudo.

Atenciosamente,

Page 117: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

117

Belém(Pa.), Outubro de 2012.

1- O/A SR. (A) CONHECE ALGUMA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA QUE JÁ FOI OU ESTÁ EM FASE DE IMPLEMENTAÇÃO NO BAIRRO? R=____________________________________________________________

______________________________________________________________ ______________________________________________________________

2- CONHECE ALGUMA POLÍTICA DE SEGURANÇA IMPLEMENTADA OU EM FASE DE IMPLEMENTAÇÃO QUE ESTEJA ASSOCIADA AO COMBATE À POBREZA DO BAIRRO?

R=____________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

3- QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE A ATUAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA NO

BAIRRO? R=____________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

4-NA SUA OPINIÃO, QUAIS SÃO AS CAUSAS ESTRUTURAIS DA VIOLÊNCIA

URBANA NO BAIRRO DA TERRA FIRME? R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

5 – QUAIS AS PRINCIPAIS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA URBANA NO BAIRRO?. R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

6 – QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE VIOLÊNCIA NO BAIRRO DA TERRA FIRME? R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

7 – APRESENTE SUGESTÕES PARA SE FORMULAR UMA PROPOSTA DE POLÍTICAS SOCIAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA OBJETIVANDO CONTER A PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA URBANA NO BAIRRO DA TERRA FIRME? R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Page 118: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

118

9- COMENTE SOBRE A ATUAÇÃO DAS POLÍCIAS (MILITAR E CIVIL) NO BAIRRO. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

10- INFORMAÇÕES ADICIONAIS (caso considere necessário use esse espaço para complementar suas informações):

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Page 119: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

119

APÊNDICE 3 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA SUPERINTENDÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO URBANO

PROJETO DE PESQUISA: “POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA NO BRASIL: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate a pobreza e a violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA”.

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA PARA OS GESTORES

I – DADOS GERAIS:

ENTREVISTA Nº ____

ENTREVISTADOR: ___________________________________________________

ENTREVISTADO: ___________________________________________(não se

identificar com seu nome oficial).

LOCAL E DATA DA ENTREVISTA: _____/_____/_____

II – APRESENTAÇÃO:

Prezado Gestor,

Estamos no momento realizando uma pesquisa sobre “Segurança

Pública, Pobreza e Violência Urbana” e, você foi selecionado como sujeito da

informação deste estudo por atuar ou ter atuado na gestão do policiamento do Bairro

da Terra Firme. Solicitamos que não se identifique com seu nome oficial e, suas

informações serão resguardadas no mais absoluto sigilo, pois suas respostas só

ganham sentido como parte do conjunto global das informações prestadas.

Na oportunidade agradecemos pela participação na pesquisa, pois

suas informações são de grande relevância a consecução deste estudo e ao

desenvolvimento científico na área da Segurança Pública.

Atenciosamente,

Belém(Pa.), Outubro de 2012.

Page 120: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

120

1- QUAIS SÃO AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA QUE JÁ FORAM

IMPLEMENTADAS E QUAIS ESTÃO EM PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO NO BAIRRO DA TERRA FIRME? R=____________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

2- EXISTE ALGUMA POLÍTICA DE SEGURANÇA IMPLEMENTADA OU EM FASE DE IMPLEMENTAÇÃO QUE ESTEJA ASSOCIADA AO COMBATE À POBREZA DO BAIRRO? R=____________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

3- QUAL O MODELO DE POLÍTICA DE SEGURANÇA ADOTADO HOJE PELA

POLÍCIA NO ESTADO? R = ___________________________________________________________

______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

2 – A FORMAÇÃO DO POLICIAL ESTÁ VOLTADA PARA O MODELO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA? (comente sobre esse assunto)

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

3 – A POLÍCIA COMUNITÁRIA JÁ FUNCIONA EM QUE BAIRROS? (formalmente instalada e não informalmente).

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

4 – O QUE MUDOU NO BAIRRO DA TERRA FIRME DEPOIS DA IUPP? R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

5 – HÁ RESISTÊNCIA NA CORPORAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR À POLÍTICA DE IUPP NOS BAIRROS DE BELÉM?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Page 121: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

121

6 – COMO A COMUNIDADE DATERRA FIRME CONCEBE ESTE NOVO MODELO DE POLÍCIA?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

7 – QUAL A POSIÇÃO DO BAIRRO DA TERRA FIRME NO RANKING DA VIOLÊNCIA NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

8 – EXISTE UM GEO-REFERENCIAMENTO PARA MAPEAR ÁREAS E HORÁRIOS DE INCIDÊNCIA DE CRIMINALIDADE PARA DIRIGIR O PATRULHAMENTO?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

9 – QUAIS AS OCORRÊNCIAS DE VIOLÊNCIA MAIS COMUNS NO BAIRRO, ANTES E DEPOIS DA IUPP?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

10 – EXISTE ALGUMA DIFICULDADE QUANTO AO POLICIAMENTO DA VIOLÊNCIA NO BAIRRO?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

11 – O QUE TEM DADO CERTO NO POLICIAMENTO DA VIOLÊNCIA NO

BAIRRO? R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

12 – O POLICIAL É ORIENTADO PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NO BAIRRO JÁ QUE É CHAMADO PARA QUALQUER ATENTADO A ORDEM PÚBLICA?.

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Page 122: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

122

______________________________________________________________

13 – NA SUA OPINIÃO, SEGURANÇA PÚBLICA E DIREITOS HUMANOS PODEM CONVIVER JUNTOS? COMO?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

14 – EXISTE ALGUM TIPO DE DISPUTA POLÍTICO-IDEOLÓGICA ENTRE POLÍCIA MILITAR E POLÍCIA CIVIL?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

15 – O QUE MUDOU COM A INTEGRAÇÃO DAS ZONAS DE POLICIAMENTO E AS DELEGACIAS NO MESMO ESPAÇO?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

16 – QUAIS AS SUAS SUGESTÕES PARA A FORMULAÇÃO DE UMA POLÍTICA

DE SEGURANÇA PÚBLICA DE PREVENÇÃO E COMBATE A VIOLÊNCIA NO BAIRRO?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

17 – INFORMAÇÕES ADICIONAIS (caso considere necessário complemente suas informações)?

R = ___________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Page 123: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

123

APÊNDICE 4 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA SUPERINTENDÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO URBANO

PROJETO DE PESQUISA: “POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA NO BRASIL: um estudo de caso sobre as políticas sociais e de segurança pública de prevenção e combate a pobreza e a violência, no bairro da Terra Firme em Belém-PA”. ROTEIRO DO LEVANTAMENTO DOCUMENTAL PARA CARACTERIZAÇÃO DO

BAIRRO DA TERRA FIRME

I – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 1.1 – Processo de Construção Sócio Histórica da Comunidade; 1.2 – Origem e Fundação; 1.3 – Ato Legal de Fundação; 1.4 – Bandeira e Principais Símbolos; 1.5 – Identidade dos Nativos. II - ASPECTOS GEO-DEMOGRÁFICOS 2.1 – Localização Geográfica; 2.2 – Limites e Pontos Extremos; 2.3 – Topografia do Terreno; 2.4 – Extensão da Superfície; 2.5 – Efetivo Populacional; 2.6 – De4nsidade Demográfica; 2.7 – Composição de Gênero da População; 2.8 – Composição Etária da População; 2.9 – Composição Produtiva da População. III - ASPECTOS ECONÔMICOS 3.1 – Estrutura do Sistema Produtivo; 3.2 – Setores Mais Dinâmicos da Economia; 3.3 – Índice de Crescimento Econômico; 3.4 – Produto Interno Bruto; 3.5 – Renda Per capita; 3.6 – Nível de Concentração de Riqueza e Renda; 3.7 – Índice de Pobreza da População; 3.8 – Perspectiva de Desenvolvimento Econômico. IV - ASPECTOS SOCIAIS (FAMÍLIA/TRABALHO/HABITAÇÃO/SAÚDE/EDUCAÇÃO) 4.1 – Condições da Família: 4.1.1 – Estrutura e Composição Familiar; 4.1.2 – Renda Familiar; 4.1.3 – Padrão Socioeconômico da Família (Classe Social).

Page 124: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

124

4.2 – Condições de Trabalho:

4.2.1 – Principais Ocupações Profissionais;

4.2.2 – Trabalho Formal/Informal;

4.2.3 – Contrato de Trabalho/ Carteira Assinada;

4.2.4 – Profissões mais Reclamadas pelo Mercado de Trabalho;

4.2.5 – Nível de Desemprego.

4.3 – Condições Habitacionais:

4.3.1 – Padrão Habitacional;

4.3.2 – Relação Família/Casa;

4.3.3 – Relação Cômodo/Residente;

4.3.4 – Nível de Conservação de Moradia;

4.3.5 – Índice de Propriedade da Moradia;

4.3.6 – Nível de Cobertura Habitacional da População.

4.4 – Condições de Saúde:

4.4.1 – Quadro Nosológico Geral (Principais Doenças);

4.4.2 – Taxa de Mortalidade geral;

4.4.3 – Taxa de Mortalidade Infantil;

4.4.4 – Relação População/ Médico;

4.4.5 – Relação Paciente/ Leito Hospitalar;

4.4.6 – Nível de Expectativa de Vida;

4.4.7 – Nível de Cobertura do Sistema de Saúde à População.

4.5 – Condições Educacionais:

4.5.1 – Grau de Escolaridade Média da População;

4.5.2 – Nível de Cobertura Escolar na Faixa de 3 a 6 anos;

4.5.3 – Nível de Cobertura Escolar na Faixa de 7 a 14 anos;

4.5.4 – Distorção Idade/ Série do Ensino Fundamental;

4.5.5 – Taxa de Evasão Escolar no Ensino Fundamental;

4.5.6 – Índice de Repetência no Ensino Fundamental;

4.5.7 – Nível de Cobertura Escolar na Faixa de 15 a 19 anos;

Page 125: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

125

4.5.8 – Distorção Idade/ Série no Ensino Médio;

4.5.9 – Taxa de Escolaridade do Ensino Superior.

4.6 – Condições de Segurança Pública:

4.6.1 – Efetivo da Corporação Policial;

4.6.2 – Número de Cadeias Públicas;

4.6.3 – Relação Cela/ Prisioneiro;

4.6.4 – Relação Policial/ Comunidade;

4.6.5 – Taxa de Delinquência Geral;

4.6.6 – Taxa de Delinquência Juvenil;

4.6.7 – Focos de Violência Social;

4.6.8 – Perfil das Vítimas;

4.6.9 – Perfil dos Delinquentes;

4.6.10- Crimes de Maior Ocorrência;

4.6.11- Tipos de Violências mais frequentes.

Page 126: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

126

APÊNDICE 5

MATRIZ ANALÍTICA Nº 01: “CAUSAS ESTRUTURAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NO BAIRRO DA TERRA FIRME, SEGUNDO LIDERANÇAS ENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Desemprego estrutural. Falta de incentivo governamental para jovens, como 1º emprego 2º educação profissionalizante nas escolas públicas (ENTREVISTADO Nº 01);

11 Pobreza urbana e falta de estudos da população do bairro;

2 Desemprego estrutural e a segregação de pessoas discriminadas socialmente (ENTREVISTADO Nº 02);

12 Desigualdades sociais e diferenças de “status” entre a população;

3 Melhorar a orientação para nossas crianças e jovens em situação de risco (ENTREVISTADO Nº 03);

13 Falta de educação, desemprego estruturais e falta de pavimentação das áreas de risco, difícil acesso da polícia;

4 Desemprego estrutural (ENTREVISTADO Nº 04); 14 Falta de saneamento básico do bairro, além da falta de educação e outros fatores de exclusão social;

5 Desemprego estrutural e falta de pavimentação no bairro; 15 Desemprego estrutural;

6 Exclusão dos jovens na sociedade e a “destruição” dos próprios pais envolvidos com bebidas e drogas;

16 Falta de escolas, creches e falta de Cursos Profissionalizantes para capacitar os jovens para o trabalho;

7 Falta de emprego e falta de infraestrutura econômica; 17 Desemprego estrutural e falta de estudos com “boa” educação e baixa escolaridade;

8 Pobreza e uso de drogas no bairro; 18 Desemprego e falta de educação para acesso a Escola Profissionalizante;

9 Pobreza urbana e desestruturação familiar; 19 Falta de infraestrutura familiar e violência urbana;

10 Falta de planejamento familiar e desigualdade social; 20 Desemprego estrutural e violência doméstica.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada as Lideranças Comunitárias do Bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 127: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

127

MATRIZ ANALÍTICA Nº 02: “CAUSAS CONJUNTURAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NO BAIRRO DA TERRA FIRME, SEGUNDO LIDERANÇAS ENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Pais que vivem nas drogas, bebidas e os filhos reproduzem o que eles fazem pela desestruturação familiar;

11 Falta assistência à saúde, falta de política do estado (pública) desesperada que não tem um bom emprego;

2 Acesso de ir e vir (direito) no bairro não podem ter acesso a todas as ruas porque manda ali;

12 Social e pública (falta de políticas de educação, saúde), que ninguém liga para o que está diante dos seus olhos;

3 Desestruturação familiar e uso de drogas pelos jovens; 13 Violência dentro da própria casa e uso de drogas;

4 Falta de inclusão social dos jovens e movimentos educativos; 14 Falta de políticas sociais voltadas para os jovens, drogas;

5 Prostituição e desestrutura familiar; 15 Prostituição infantil e juvenil, desestrutura familiar, falta de políticas para melhorar a educação e alimentação;

6 Desestruturação familiar; 16 Políticas de planejamento familiar para diminuir as necessidades de uma desenvolvimento dos pais (emprego e educação) e a inclusão na sociedade;

7 Violência entre os jovens com rivalidades, brigas dos pais, que revolta os filhos, indo para o tráfico e destrói toda a família;

17 Desestrutura familiar, pais drogados e alcoólatras;

8 Pais drogados e desestruturação familiar; 18 Desestrutura familiar, falta de planejamento familiar e falta de inclusão social dos jovens em políticas sociais e de emprego e movimentos dos centros comunitários;

9 Desestruturação familiar e uso de drogas pelos jovens; 19 Desestruturação familiar e violência doméstica;

10 Falta de Educação da população e desinteresse social dos poderes públicos;

20 Desunião familiar, violência doméstica.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada as Lideranças Comunitárias do Bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 128: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

128

MATRIZ ANALÍTICA Nº 03: “PRINCIPAIS TIPOS DE VIOLÊNCIA NO BAIRRO DA TERRA FIRME SEGUNDO LIDERANÇAS ENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Assalto a mão armada, furto dos filhos aos pais para comprar droga (narcotráfico);

11 Assalto à mão armada, agressão física a mulheres;

2 Assalto à mão armada seguido de morte (latrocínio); 12 Roubo e arrombamento;

3 Assaltos; 13 Assalto e acerto de contas do narcotráfico;

4 Acerto de contas do narcotráfico, roubo e arrombamento; 14 Narcotráfico de drogas, assalto à mão armada e acerto de contas;

5 Assalto com arma de fogo e narcotráfico; 15 Acerto de contas com o narcotráfico, latrocínio, morte (homicídio) e estupro;

6 Acerto de contas do narcotráfico com o usuário e assalto; 16 Assalto aos moradores e comerciantes, narcotráfico de drogas;

7 Assalto à mão armada e homicídio de jovens com requinte de crueldade do narcotráfico;

17 Homicídio, é homicídio por acerto de contas com os traficantes;

8 Violência sexual, acerto de contas do tráfico e menor em situação de risco por abandono dos pais;

18 Assaltos, violência contra mulheres, estupros com crianças e adolescentes;

9 Assalto à mão armada e acerto de contas através de homicídio, roubo e arrombamentos praticados pelos jovens usuários;

19 Tráfico de drogas e acerto de contas;

10 Assalto à mão armada, roubo e arrombamento; 20 Violência contra jovens que entram para o mundo das drogas.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada as Lideranças Comunitárias do Bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 129: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

129

MATRIZ ANALÍTICA Nº 04: “VÍTIMAS PREFERENCIAIS DA VIOLÊNCIA URBANA NO BAIRRO SEGUNDO LIDERANÇAS ENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Mulheres adultas; 11 Jovens e adolescentes;

2 Mulheres adultas e jovens de baixa renda; 12 Mulheres, jovens, adolescentes e comerciantes do bairro que são vítimas de assaltantes de todas as idades;

3 Todos; 13 Mulheres adultas;

4 Os jovens que são escravos do tráfico; 14 Jovens e idosos;

5 Jovens; 15 Mulheres adultas;

6 Jovens e adolescentes; 16 Jovens de classe baixa (renda);

7 Crianças, jovens e os próprios traficantes que tem seus próprios filhos mortos pelos rivais;

17 Adolescentes viciados em drogas, consumo de bebida alcoólica e a lei do silêncio que impera no bairro;

8 Os jovens que são avião do tráfico; 18 Jovens drogados que assaltam os próprios moradores;

9 Toda a sociedade; 19 Idosos;

10 Os jovens e adolescentes em situação de risco pela extrema pobreza;

20 Idosos;

21 Idosos.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada as Lideranças Comunitárias do Bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 130: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

130

MATRIZ ANALÍTICA Nº 05: “CONHECE E SABE QUAIS AS PRINCIPAIS POLÍTICAS SOCIAIS E DE SEGURANÇA PÚBLICA IMPLEMENTADAS NA ÁREA PARA CONTER A VIOLÊNCIA URBANA NO BAIRRO DA TERRA FIRME, SEGUNDO LIDERANÇAS ENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 PROPAZ e UIPP, mas não funcionam satisfatoriamente; 11 Desconheço projetos dessa natureza;

2 UIPP (que só funciona lá dentro da sala deles); 12 PROPAZ, UIPP, nenhum desse resolveram o problema da violência;

3 UIPP – PROPAZ, mas não funcionam a contento, há entre as polícias e nem dessas com a comunidade;

13 PROPAZ e UIPP, mas não resolveram o problema da violência;

4 UIPP – PROPAZ, mas não funcionam, porque não tem parceria e participação da comunidade;

14 PROPAZ E UIPP. Não é você colocar crianças e adolescentes em depósitos sem incentivos e sem nenhuma motivação que se vai despertar a vontade de luta por uma vida melhor;

5 PROPAZ e UIPP (com esses projetos diminuiu um pouco mais a violência urbana);

15 UIPP, que freou um pouco a violência no bairro.

6 PROPAZ e UIPP, mas não funcionam pela falta de verbas suficientes;

16 UIPP e o PROPAZ. Antes da UIPP muitos bandidos e com ela a melhor pavimentação, assim a polícia chega mais nos lugares de difícil acesso;

7 Implantação da UIPP, junto com a polícia civil para melhorar a segurança no bairro;

17 UIPP, trouxe redução na violência;

8 PROPAZ e UIPP, depois da implantação diminuiu os assaltos nos comércios;

18 Se tem eu desconheço e não resolveram nada até agora;

9 PROPAZ, mas o PROPAZ apesar de suas pretensões não consegue abranger todas as crianças e jovens do bairro;

19 A implantação da UIPP, o PROPAZ, UFRA e Av. Tucunduba estudo pedagógico, mas não funcionam;

10 Associação de pais da Terra Firme, PROPAZ e UIPP, mas não funcionam;

20 UIPP, mas não funciona satisfatoriamente;

21 PROPAZ/UIPP, mas não funcionam bem!

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada as Lideranças Comunitárias do Bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 131: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

131

MATRIZ ANALÍTICA Nº 06: “SUGESTÕES PARA FORMULAR UMA PROPOSTA DE POLÍTICAS SOCIAIS E DE SEGURANÇA PÚBLICA, SEGUNDO LIDERANÇAS IENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Criação de mais escolas, creches e também um projeto de lazer esportivo (existe um complexo esportivo abandonado);

11 Criar escolas profissionalizantes no bairro;

2 Mas escolas, melhorar as vias de acesso e mais policiamento ostensivo no bairro;

12

Implantar cursos profissionalizantes que incentivassem os jovens e os pais e desse educação e socialização. Porque a pobreza e a falta de emprego levam ao método mais fácil para se sustentarem (tráfico);

3 Mais policiamento e veículos para combater o tráfico de drogas. Escola integral e profissionalizante;

13 Escolas profissionalizantes que façam a inclusão social;

4 Mais escolas e creches; 14 Um projeto cultural; uma escola profissionalizante e creches;

5 Escolas profissionalizantes; 15 Inclusão dos jovens através de formação de cursos profissionalizantes;

6 Mais policiamento ostensivo e implantação de cursos profissionalizantes;

16 Criação de cursos profissionalizantes; um complexo de esporte e lazer, com projetos de capacitação com núcleo para adolescentes e jovens nas áreas de risco (vermelhas do bairro);

7 Criar um centro com professores de ensino profissionalizante e escolas de informática;

17 Implantação de um projeto social e educação para ambos os sexos e todas as idades. Escolas profissionalizantes, apoio psicológico e esporte;

8 Escolas e cursos no estilo do SENAI e que esses cursos dêem diploma;

18 Melhoria nas escolas, dando educação religiosa aos jovens e suas famílias;

9 Escolas profissionalizantes, posto de saúde e capacitação de jovens e adultos;

19 Aumentar o efetivo policial, com mais viaturas para combater o tráfico, utilizando policiais descaracterizados do serviço de inteligência;

10 Escolas com alimentação adequada, com dança, esportes e cursos profissionalizantes;

20 União das polícias militar e civil (UIPP) cursos que motivassem os jovens a trabalhar;

21 Dar trabalho aos nossos jovens, com remuneração; escolas que tenham cursos profissionalizantes, teria que ter cursos de informáticas, mecânica, auto-escola, marcenaria etc.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada as Lideranças Comunitárias do Bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 132: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

132

MATRIZ ANALÍTICA Nº 07: “INFORMAÇÕES ADICIONAIS DAS LIDERANÇAS ENTREVISTADAS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Deveria-se expulsar os traficantes do bairro, dar escola e psicólogos para os jovens e os pais dos jovens que estão no mundo do tráfico;

11 Implantação de Políticas sociais e de segurança pública transformadoras participativas;

2 Implantação de Políticas sociais e de segurança pública socialmente transformadoras e participativas;

12 Implantação de uma Política Social de Habitação Popular;

3 Inserção de jovens e adultos desempregados em Políticas Sociais de acesso ao emprego e renda;

13 Os líderes comunitários e os políticos só aparecem em época de campanha política. As associações deveriam fiscalizar melhor esse lado;

4 Se todos se unissem para melhoria do bairro daria certo, mas os políticos quando ganham esquecem o bairro e os que são daqui se mudam;

14

Gostaria que a polícia civil e militar se unissem para acabar com o tráfico que impera em alguns locais do bairro, traficantes que são donos da rua e pegam nosso filhos para serem avião do tráfico e são meninos pobre que não tem como se defender;

5 Os órgãos públicos deveriam se unir para melhorar o bairro, não só a polícia;

15 Capacitação de jovens para o trabalho;

6 Implantação de uma autêntica Polícia Comunitária; 16 Priorizar os jovens pela educação, esporte e cultura;

7 Precisarmos disso de pesquisa para o poder público saber os problemas que enfrentamos no dia a dia aqui no bairro;

17 Eu queria que a pesquisa chegasse aos governantes;

8 Temos que dar oportunidades aos jovens que são drogados e dependentes de álcool para saírem do vicio;

18 Temos que tirar os jovens das drogas e ressocializar;

9 Os exemplos deveriam vir dos políticos que somem. 19 Melhorias na educação, planejamento familiar, creches e professores capacitados;

10 Esperança de um bairro melhor que possamos morar com tranqüilidade;

20 Podem aproveitar os próprios moradores para capacitar-los para o trabalho, temos bons profissionais no bairro, mecânico, eletrotécnico, marceneiro, etc;

21 Queremos paz, chega de violência para vivermos.

FONTE: Pesquisa de Campo- 2º Sem/2012.

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133

APÊNDICE 6

MATRIZ ANALÍTICA Nº 01: “OCORRÊNCIAS DE VIOLÊNCIA MAIS COMUNS NO BAIRRO, SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Homicídio de jovens e assalto à mão armada; 11 Tráfico de entorpecente/narcotráfico;

2 Drogas, violência doméstica, vizinhança (calúnia, difamação e injúria);

12 Homicídio de jovens, latrocínio e assalto à mão armada;

3 Assalto à mão armada e tráfico de entorpecentes; 13 Tráfico de drogas e homicídio de jovens;

4 Tráfico de drogas e conflitos familiares; 14 Drogas, violência doméstica e homicídio de jovens;

5 Assalto à mão armada, roubo, violência doméstica; 15 Violência doméstica, assalto à mão armada e tráfico;

6 Homicídio de jovens, agora violência doméstica e assalto à mão armada;

16 Tráfico, latrocínio e assalto à mão armada;

7 Antes da UIPP: homicídio, assalto à mão armada, lesão corporal e tráfico de drogas; depois da UIPP: tráfico de drogas;

17 Homicídio, assalto à mão armada e violência doméstica;

8 Violência doméstica e assalto à mão armada; 18 Tráfico de drogas, roubo e violência doméstica;

9 Homicídio de jovens e tráfico de drogas, assalto à mão armada; 19 Roubo, homicídio de jovens e drogas;

10 Assalto à mão armada; 20 Homicídio de jovens, assalto à mão armada e tráfico.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 02: “POSIÇÃO DO BAIRRO DA TERRA FIRME NO RANKING DA VIOLÊNCIA NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS, SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Ainda é violento, porém tolerável para o padrão do 3º mundo, falta de estatísticas atualizadas;

11 Atualmente a Terra Firme não é mais considerado um dos bairros mais violentos, o que existem é muita mídia ela está 13º nas estatísticas;

2 N]ao considerado nenhum bairro rankiado, existem bairros de centro mais violentos ou tanto quanto a TF, primeiro fazíamos 11 flagrantes de drogas e segundo a violência doméstica;

12 Não gostaria de entrar na questão de colocação porque considerado a violência na capital em geral, a violência é ainda alta no bairro;

3

A TF sempre foi vista como um dos bairros mais violentos da capital. Hoje o índice utilizado para medir a violência nas grandes cidades é o homicídio. Não posso falar com relação aos últimos 5 anos, mas em 2012 foi o bairro com a maior redução no índice de homicídios em Belém;

13 A questão estatística não determina se é mais ou menos violento, porém ainda é um bairro com muitas ocorrências;

4 Com certeza que já é um dos primeiros bairros mais violentos de Belém, falta de estatísticas atualizadas;

14 Não sei, mas acho que é alto pois falta estatísticas atualizadas;

5 Não sei informar, mas o índice de violência no bairro é ainda considerado alto;

15 Acredito que ainda está entre os 10 primeiros índices de violência;

6 Não tenho conhecimento, mas acho que é alto; 16 A TF para a PM devido ao trabalho da UIPP passou de 5º para 13º em menos de 5 anos;

7 Não está mais entre os 5 mais violentos vem reduzindo o número de ocorrências nos últimos 5 anos;

17 Não sei informar, mas acho que é elevado;

8 A polícia militar considera o fator homicídio sendo a terra firme o 13º;

18 No modelo metodológico adotado pela PM, que é pela quantidade de homicídios está em 13º;

9 Na última estatística da PM estava em 13º lugar, mas no passado era o 5º;

19 Acho que é alto;

10 Hoje a Terra Firme encontra-se em 13º em descida, pois no passado era o 5º;

20 Só sei que com a UIPP diminuiu muito a violência no bairro, mas é ainda elevado;

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 03: “EXISTÊNCIA DE UM GEO-REFERÊNCIAMENTO PARA MAPEAR ÁREAS E HORÁRIOS DE MAIOR INCIDÊNCIA DE CRIMINALIDADE NO BAIRRO, SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Sim, existe e é aplicado no planejamento das ações; 11 Sim, o CPC e CPRM (Comando de Policiamento da Região Metropolitana) direcionam pela estatística do serviço de inteligência;

2 A PM tem, 6ª feira à noite na rua; 12 Sim, a PM faz (6ª feira à noite);

3 Na terra firme tem (6ª feira à noite); 13 Sim às 6ª feiras à noite;

4 Sim o sistema foi implantado e o projeto piloto é a UIPP TF; 14 Sim, na capital toda e aqui na TF;

5 Sim, centro estratégico CPC (Comando de Policiamento da Capital);

15 Sim, à noite (6ª feiras) na rua;

6 Acredito que sim, mas não sei ao certo; 16 Sim, à noite (6ª feiras) na rua;

7 Sim, todas as nossas ações direcionadas pelo serviço de inteligência e análise criminal;

17 Sim, a PM tem um Centro Estratégico;

8 Sim, à noite (6ª feiras) na rua; 18 Sim, distribuímos o policiamento e as viaturas de acordo com isso;

9 Sim, no CPC (à noite de 6ª feira); 19 Tem no CPC e CPRM (6ª feira a noite);

10 Sim, à noite, às sextas-feiras; 20 Sim, à noite (6ª feiras) na rua;

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 136: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

136

MATRIZ ANALÍTICA Nº 04: “MODELOS DE POLÍCIA NO BAIRRO DA TERRA FIRME, SEGUNDO GESTORES DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Policiamento integrado em nível formal; 11 Policiamento integrado entre policiais e aparelhos do estado;

2 Modelo integrado entre as duas polícias mais o Corpo de Bombeiros Militar e o DETRAN;

12 Comunitária, pelo menos formalmente;

3 Polícia comunitária, em nível de projeto formal; 13 Integração PC+PM+CBM+PROPAZ, pelo menos na teoria;

4 Polícia a serviço da comunidade, pelo menos teoricamente; 14 Comunitário e de integração das polícias civil, militar e PROPAZ, pelo menos teoricamente;

5 Polícia comunitária, formalmente; 15 Policiamento integrado, pelo menos teoricamente;

6 Comunitária, pelo menos teoricamente; 16 Comunitário;

7 Integrado, PM, PC, CBM e DETRAN; 17 Policiamento de segurança voltada para a polícia comunitária, pelo menos formal;

8 Policiamento comunitário, segundo projeto; 18 O modelo hoje adotado é o de polícia comunitária;

9 Polícia Integrada; 19 Polícia comunitária, pelo menos em nível de projeto;

10 Modelo integrado de polícia; 20 Comunitária, pelo menos teoricamente;

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 137: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 05: “FORMAÇÃO DO POLICIAL ESTÁ VOLTADA PARA O MODELO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA, SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Sim, com transversalidade na Filosofia de D.P.H.H., o que aumenta a participação popular e consequente melhoria dos serviços prestados;

11

Hoje em dia, tanto a polícia militar quanto a polícia civil tem no currículo de formação do policial, matérias de policiamento comunitário e direitos humanos, mas falta ainda uma formação mais técnica e prática;

2 Está, mas falta mais prática, mas a polícia é por essência repressora;

12 Sim, mas falta mais prática;

3 Sim, o assunto paz parte da grade curricular de formação assistentes na PMPA, mas falta mais prática;

13 O policiamento comunitário é o novo modelo de polícia, o que de certa forma, é um paradoxo, pois toda polícia por essência, é repressora;

4

Sim, nos últimos anos do Curso de Formação de Policiais é ensinado à maneira como um policial deve servir a sociedade, e também muitos vem com outra concepção, a maioria graduados e isso ajuda de forma que estão sempre prontos a servir a comunidade;

14 Sim, já que é o novo modelo de polícia, mas falta uma formação mais prática/técnica, mas a polícia é basicamente um órgão de repressão;

5 Precisamos de policiais mais preparados para atender todos os tipos de ocorrências, a nossa formação é uma formação básica, deveria ser mais técnica e prática;

15 Sim, foram introduzidos primeiro a matéria direitos humanos e depois polícia comunitária, mas falta uma formação mais prática/técnica;

6 Sim, hoje o policial deve se aproximar da comunidade; 16 Sim, os cursos de formação de policiais contam com matérias voltadas para o policiamento comunitário;

7 Sim, hoje nos Cursos de Formação do Policial há matérias voltadas para o policiamento comunitário, mas falta uma formação mais técnica e prática;

17 Sim, foram feitas modificações curriculares no sentido de humanizar a formação policial e habilitá-lo ao policiamento comunitário. Entretanto, a essência da polícia é ser repressora;

8 Sim, hoje já é colocado dentro dos cursos de formação, direitos humanos e polícia comunitária, mas falta uma formação mais técnica;

18 Sim, hoje já é colocado dentro dos curso de formação de direitos humanos e polícia comunitária;

9 Sim, com a nova filosofia da polícia comunitária, mas há necessidade de uma formação mais prática-técnica;

19 Sim, mas ainda de forma precária, apenas formal/teórica;

10 Sim, atualmente existe essa preocupação, mas falta uma formação mais técnica/prática;

20 Sim, em tese, a implementação está sendo distorcida como a origem (doutrina), pois a polícia é essencialmente repressora.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 138: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 06: “BAIRROS DE BELÉM EM QUE FUNCIONAM A POLÍCIA COMUNITÁRIA SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Na Terra Firme e em implantação no Distrito Industrial de Ananindeua à mais de 2 anos;

11 Terra Firme, pelo menos formalmente, em nível governamental;

2 Terra Firme, Distrito Industrial de Ananindeua e com planos de expansão à mais de 2 anos;

12 Terra Firme já há dois anos e em implantação no Guamá e Ananindeua que é região metropolitana;

3

Polícia comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que visa a busca de uma parceria (aproximação) entre a polícia e a comunidade. É necessário que esteja instalada na mente das pessoas e não em um prédio, e isso ainda não aconteceu;

13 Terra firme formalmente com a UIPP, mas na prática não;

4 Há dois anos no bairro da Terra Firme, onde vários policiais tem o curso de policiamento comunitário e vemos o desempenho na prática em muitos deles, mas não em todos;

14 Terra Firme e em implantação como modelo de policiamento em todo Estado, pelos menos formalmente;

5 Terra Firme e Guamá, em nível de projeto do Poder Público governamental;

15 De direito somente a UIPP da Terra Firme mas já funciona como modelo em todas as unidades formalmente;

6 Terra Firme e em expansão nas demais, pelo menos teoricamente;

16 Terra Firme e as próximas são Guamá e Ananindeua;

7 Terra Firme, em nível formal governamental; 17 Como parte da política de segurança em todos os quartéis, foi implantada e funcionando somente na área da Terra Firme, em nível de projeto, à mais de 2 anos;

8 Terra Firme e Ananindeua e Guamá em implantação, em nível de projeto governamental;

18 Formalmente instalada em todo Estado;

9 Informalmente instalada em todo Estado, mas na prática não existe, só na teoria;

19 Terra Firme, mas nos da Sacramenta, Telégrafo, Barreiro e Val-De-Cãns já funciona, pelo menos formalmente;

10 Terra Firme formalmente, mas na prática não!; 20 Terra Firme e Tapanã, formalmente.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 139: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

139

MATRIZ ANALÍTICA Nº 07: “RESISTÊNCIAS NA CORPORAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR À POLÍTICA DE UIPP, SEGUNDO GESTORES ENTREVISTADOS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Não há casos, pois a implantação da política melhora as ações dos órgãos de segurança pública;

11 Sim, mas já estão sendo superadas;

2 Em nenhum processo há resistência, hoje poucos ainda resistem a união com a comunidade;

12 Não, nunca notei nenhuma resistência ao contrário, todos acharam bom;

3

Acredito que não. O objetivo é melhorar, mas antes de criar outras UIPP os responsáveis pelo projeto deveriam analisar se os que já existem estão funcionando como deveria e se os recursos disponibilizados estão sendo suficientes;

13 Sim, há resistência pois muitos acham a polícia violenta e ostensiva;

4 Sim, de alguns policiais percebemos resistência, mas a maioria entende o projeto e com isso tem avançado;

14 Sim, alguns sempre resistem ao novo, pois não entendem a polícia como órgão de prevenção;

5 Não há resistência, só há falta de informação e gestores mais qualificados;

15 Sim, pois não pode haver uma mudança sem alguma resistência;

6 Há casos de resistência em ambos os lados: polícia e comunidade;

16 No início, sim;

7 Não, no começo sim hoje não mais; 17 Sim!;

8 Não, pelo contrário todos com que conversamos querem; 18 Não muito pelo contrário, todos querem essa integração;

9 Sim, alguns mais antigos não entendem que a PM não deixou de ser ostensiva só passou a se comunicar com a população;

19 Sim!;

10 Não vejo; 20 As vezes sim, pois certos setores policiais são comprometidos com a corrupção;

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 140: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 08: “EXISTÊNCIA DE DISPUTAS ENTRE AS POLÍCIAS MILITAR E CIVIL, SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA ENTREVISTADOS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Que eu tenha conhecimento negativo, não sei informar!; 11 Talvez um posicionamento ideológico diferente mas com o mesmo fim;

2 Na minha opinião, não!; 12 Sempre há!;

3 Sim! Por causa de produtividade; 13 Sim, existe!;

4 Sim! Por causa de produtividade; 14 Não que seja de meu conhecimento, na UIPP da Terra Firme, se trabalha unido. Não sei informar!

5 Não sei informar; 15 Não, que eu saiba informar;

6 Não sei informar; 16 Não claramente, provavelmente velado;

7 Não, que seja perceptível!; 17 Não, todos estão unidos aqui na UIPP;

8 Mais ou menos, existe uma disputa de produtividade, onde cada uma quer mostrar um serviço de maior qualidade;

18 A disputa é para mostrar mais produtividade no combate à criminalidade;

9 No meu ponto de vista não, quando cada um assume sua função constitucional tudo funciona bem;

19 Não, que eu saiba!;

10 Não; 20 Não, que seja de meu conhecimento.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 141: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 09: “POSICIONAMENTO DA COMUNIDADE DA TERRA FIRME AO NOVO MODELO DE POLÍCIA (UIPP) IMPLANTADO NO BAIRRO, SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA ENTREVISTADOS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Razoavelmente bem; 11 A comunidade aceita e apoia razoavelmente;

2 Foi aspiração da comunidade e das Políticas Públicas; 12 A parte da comunidade que não é envolvida com o crime aceita bem, razoavelmente;

3 Acredito que tem boa aceitação pela comunidade do bairro, de modo razoável;

13 A aceitação é como em qualquer outra política pública, não agrada a todos, mas a maioria;

4 Para a comunidade é uma satisfação em ver a Polícia Comunitária atuando direto no combate ostensivamente da criminalidade;

14 A comunidade para a polícia mostra satisfação nessa aproximação;

5 A aceitabilidade nunca vai ser satisfatória, mas aceita de forma razoável;

15 Á razoavelmente boa;

6 Com satisfação; 16 Na minha visão é razoavelmente aceita;

7 Razoavelmente bem; 17 De forma muito participativa e confiante;

8 Pelo que conversam todos aceitam razoavelmente; 18 Portanto, todos aceitam bem;

9 Razoavelmente; 19 De forma satisfatória;

10 A aceitação foi tranqüila; 20 De maneira geral, razoavelmente.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 142: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 10: “RELAÇÕES DA SEGURANÇA PÚBLICA E OS DIREITOS HUMANOS SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Sim, garantindo todos os direitos, tanto do policial quanto do cidadão;

11 Sim, desde que sejam respeitados os direitos dos homens;

2 Acredito que devam ser, humanos, verso humanos; 12 Tem que conviver, embora isso ainda não aconteça;

3 Com certeza; 13 Sim;

4 Poderiam se fossem revistos alguns conceitos; 14 É difícil, mas tentamos;

5 Sim, desde que existam parceria entre os órgãos, mas isto não acontece;

15 Com toda certeza;

6 Não, pois a polícia é para reprimir e, não para passar “a mão na cabeça” dos infratores;

16 É difícil se não se ouvir todas as partes, só querem ouvir uma os bandidos;

7 Tem que conviver juntos; 17 Sim;

8 Podem, embora isso ainda não ocorra; 18 Não, pois a polícia é para reprimir;

9 Não, pois os bandidos não respeitam esses direitos; 19 Sim;

10 Sim, porém temos que avaliar que existe uma inversão de valores; 20 Sim, não há outro jeito, é a evolução.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 143: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 11: “DIFICULDADES DE OPERACIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BAIRRO SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Houve uma debandada de Órgãos que integravam, de início as ações de segurança pública no bairro, por isso ficou praticamente somente por conta da PM a manutenção do sistema;

11 O Estado deve assumir o modelo e colocar todos os órgãos para trabalharem juntos;

2 Contingências em geral, outras políticas sociais e de segurança pública que as de hoje são insuficientes;

12 Precisa aumentar o contingente policial e os aparelhos do Estado, com relação as Políticas Públicas;

3

Acredito que todas as ações policiais são eficazes e dão certo. Acontece que mesmo com essas ações os crimes continuam ocorrendo porque a sua extinção ou diminuição a níveis aceitáveis dependem também de uma série de outras ações, principalmente ações não policiais, ou seja, Políticas Públicas;

13 Acho que não está dando certo, pois falta ações de políticas sociais e de segurança pública;

4 Falta de efetivo policial suficiente para dar conta das ocorrências; 14 Falta de integração entre os Órgãos em por isso a polícia fica só;

5 Falta de gasolina para as viaturas policiais; 15 Os outros órgãos não se integram e a polícia fica sozinha;

6 Falta de efetivo policial; 16 Só ficaram a polícia civil e a militar e o resto não se integrou, então as ações ficaram restritas a esses serviços;

7 O modelo foi concebido para integrar todos os Órgãos e no fim só ficou a polícia militar;

17 A repressão ao tráfico de drogas, ainda não atingiu satisfatoriamente;

8 Falta de efetivo policial; 18 Falta de efetivo policial;

9 Falta os outros Órgãos do Estado se integrarem nas ações de segurança pública no bairro;

19 São muitas, pois a polícia está sucateada;

10 Falta de aparelhamento tecnológico dos policiais; 20 Embora a criminalidade exista, existe pouca parceria com a comunidade.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 144: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 12: “RESOLUTIVIDADE DO POLICIAMENTO NO BAIRRO SEGUNDO GESTORES DE SEGURANÇA PÚBLICA”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Sim, todos recebem orientação para isto, na ordem do dia; 11 Sim, hoje todos os cursos de formação já orientam e os oficiais fazem preleção antes de cada serviço é orientado;

2 Orientados para encaminhar para a assistência social aqui mesmo na UIPP Terra Firme;

12 Sim, mas nem todas as vezes os casos são solucionados;

3 Certamente sim, pois todos os policiais são orientados; 13 Sim, para os serviços da UIPP de assistência social e defensoria pública;

4 Sim, pelo menos teoricamente; 14 Sim, todos recém orientação para isto;

5 Sim existem cursos e palestras; 15 Com certeza, mas quando a comunidade não ajuda,a solução é difícil;

6 Não pois é sempre feita de maneira irresponsável; 16 A orientação é constante, mas há casos de difícil solução;

7 Sim, mas nem todas as vezes os casos são solucionados; 17 Sim, direcionamos para os serviços de assistência social e defensoria pública, os casos que não podemos resolver;

8 Sim, hoje o policial é orientado a trazer soluções para a UIPP; 18 Sim, mas há casos difíceis de solução a curto prazo;

9 Antes do serviço o oficial de dia orienta e informa aos seus subordinados o procedimento em certas ocorrências;

19 Sim, desde os cursos até a preleção antes de assumir o serviço;

10 Sim, mas quando a comunidade não ajuda a solução é difícil; 20 Sim, aqui na Terra Firme, direcionamos para a UIPP, mas há casos de difícil solução.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 145: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 13: “O QUE TEM DADO CERTO NO POLICIAMENTO DO BAIRRO”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 O disque denúncia às vezes não funciona; 11 A integração entre as polícias civil, militar e a comunidade da terra firme;

2 Integração comunidade e a segurança pública; 12 A mediação de conflitos e a integração da comunidade com a polícia;

3 A proximidade com a comunidade que ajuda a polícia através do 181, aliada as outras ações não policiais;

13 Aumento de denúncia no 181;

4 Nem todas as vezes os resultados são eficazes; 14 Redução da violência;

5 A mediação de conflitos, queda nos índices de roubos e queda no número de homicídios;

15 Aproximação com a comunidade, quando isso ocorre;

6 A própria ostensividade e abordagem policial é bastante difícil, quando a comunidade não ajuda;

16 Integração polícia civil e militar com a comunidade;

7 A redução da violência, homicídios, roubos, lesão corporal; 17 Os moradores fazendo denúncia no 181;

8 A necessidade de aproximação com a comunidade é um ponto de referência para que os casos sejam solucionados;

18 A união entre as polícias;

9 Nem todas as vezes os resultados são satisfatórios, mas todos procuram trazer soluções;

19 Diminuição da violência;

10 Integração entre a PM e a comunidade; 20 A integração das PC e PM.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

Page 146: POBREZA E VIOLÊNCIA URBANA: um estudo de caso sobre as

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 14: “MUDANÇAS NO BAIRRO DA TERRA FIRME DEPOIS DA UIPP”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Maior integração com os órgãos, como a saúde, saneamento e obras;

11 Agora os moradores tem uma referência física de todos os serviços, inclusive de assistência social;

2 Melhorou em todos os sentidos, com os 3 órgãos juntos melhorou para oferecer os serviços, como na TF já tem o setor de identificação (PM/PC/Justiça);

12 Diminuição dos índices de violência, com o melhor aparelhamento da polícia e aumento do número de policiais;

3 As pessoas do bairro passaram a ter acesso a serviço com mais facilidade, como assistência social por exemplo, além do bairro ter recebido mais policiais e viaturas;

13 Os moradores agora tem as polícias e o PROPAZ juntos no mesmo local;

4 O índice de criminalidade baixou muito (13º lugar no ranking); 14 Com a UIPP, se aumentou o número de policiais e viaturas e as câmaras que ajudam no combate à criminalidade;

5 Queda no índice de ocorrência de violência doméstica, e roubos a comércios;

15 Diminuição de ocorrências policiais (13º lugar no ranking);

6 Caíram os índices de homicídios e roubos (13º lugar no ranking da violência);

16 Com a instalação da UIPP os moradores tem acesso a polícia, bombeiros, DETRAN e outros serviços em um só lugar;

7 Baixou as ocorrências policiais em geral (13º lugar no ranking da violência urbana);

17 A participação da comunidade otimizou a locação de recursos. Da PMPA e o reflexo principal foi a redução da violência da criminalidade;

8 Se criou um ponto de referência e apoio para as políticas de segurança e Políticas Públicas;

18 Se criou um ponto de referência e apoio para as políticas de segurança e Políticas Públicas;

9 Diminuição da criminalidade (13º lugar no ranking da violência); 19 Houve uma considerável redução da violência e do narcotráfico (13º lugar no ranking);

10 Decréscimo de ocorrências de violência; 20 Reduziu um pouco a violência no bairro.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 15: “O QUE MUDOU COM A INTEGRAÇÃO DAS ZONAS DE POLICIAMENTO E AS DELEGACIAS NO MESMO ESPAÇO”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Aumento da corrupção! 11 Integrou mais as 2 polícias.

2 Melhorou o relacionamento entre as instituições e seus integrantes.

12 Uma melhora no relacionamento.

3 Com a integração todos dando sua parcela melhorou. 13 Aqui, na UIPP está existindo uma boa integração.

4 A UIPP Terra Firme, tem dado certo devida a intensa integração junto aos outros órgãos públicos, e o resultado dos problemas tem sido satisfatórios.

14 Aqui na UIPP estamos trabalhando sozinhos.

5 Nada mudou, não facilitou a parceria entre os órgãos. 15 Uma melhora no relacionamento entre os policiais e os outros órgãos presentes na UIPP.

6 Nada! Pois aumentou o nível de corrupção. 16 Teve uma melhora em tese, mas no fundo nada mudou.

7 A aproximação gera uma, mas que via d regra a PM trabalha sozinha sem apoio de outros órgãos que deveriam estar presentes no bairro.

17 Tudo igual, nada mudou.

8 Aumentou a disputa entre as polícias; 18 Nada mudou!

9 Um melhor relacionamento entre as instituições e com isso um melhor planejamento das ações a serem adotadas no combate.

19 Nada mudou!

10 Aumento da celeridade nas questões burocráticas. 20 Tudo está como antes

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 16: “SUGESTÕES PARA A FORMULAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA DE PREVENÇÃO E COMBATE A VIOLÊNCIA NO BAIRRO, SEGUNDO GESTORES ENTREVISTADOS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Atacar na formação das crianças e responsabilização da família, que é o local onde nascem todos os problemas.

11 Políticas de emprego, de infraestrutura urbana, pavimentação, saneamento, energia elétrica e educação.

2 Aperfeiçoar as Políticas Públicas de prevenção e combate à violência que já existem.

12 Implantação de Políticas Públicas transformadoras e participativas.

3 Maiores investimentos em educação, saúde, saneamento e habitação popular.

13 Investir com recursos do PAC, para obras de saneamento básico, pavimentação, iluminação e rede de água e esgoto.

4 Trabalhar sempre com a prevenção, com novas Políticas Públicas dando oportunidade para a comunidade e aqueles que vivem a margem da sociedade.

14 Políticas Públicas inclusivas de jovens no mercado de trabalho e de crianças nas escolas.

5 Treinamento e preparo dos policiais e mais aproximação da justiça.

15 Reprimir o narcotráfico.

6 Políticas sociais e de segurança pública socialmente transformadoras e participativas.

16 Políticas Públicas voltadas para as crianças e o jovens que os envolvam na escola e infraestrutura em geral.

7 Política pública de emprego e renda, com incentivo à frequência escolar e melhora dos espaços públicos de convivência.

17 Construção de uma casa de repouso e de desintoxicação de dependentes químicos.

8 Integrar na UIPP as três esferas governamentais, município, Estado e Federal.

18 Melhorar as escolas, as ruas e saneamento e fazer programas de primeiro emprego para os jovens.

9 Investimento de recursos humano para a PM. 19 Dar meios e pessoas para fazer funcionar os que existem.

10 Integrar a comunidade nas UIPP. 20 Infraestrutura e escola integral.

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

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MATRIZ ANALÍTICA Nº 17: “INFORMAÇÕES ADICIONAIS DOS GESTORES ENTREVISTADOS”.

Nº DE ORD.

RESPOSTAS Nº DE ORD.

RESPOSTAS

1 Não respondeu 11 Melhorar as condições de trabalho do policial.

2 12 Envolver todos os setores da sociedade.

3 Não respondeu 13 Não respondeu

4 Não respondeu 14 Cursos profissionalizantes

5 Não respondeu 15 Trazer a comunidade para junto da polícia.

6 Não respondeu 16 Não respondeu

7 Não respondeu 17 Não respondeu

8 Não respondeu 18 Mais efetivo.

9 Não respondeu 19 Falta material humano, carro, colete, arma, enfim, tudo.

10 Melhoria salarial para a polícia. 20 Não respondeu

FONTE: Pesquisa de Campo/Técnica da Entrevista Aplicada aos Gestores de Segurança Pública do bairro da Terra Firme/Belém, 2º Sem/2012.

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APÊNDICE 7

Baixa escolaridade da população GRÁFICO Nº 08 – Propostas de Ações de Políticas Públicas para prevenir e combater a

pobreza e a Violência Urbana segundo moradores pesquisados

FONTE: Pesquisa de campo/ técnica do formulário aplicado aos moradores do bairro da Terra-Firme – 2º sem/ 2012. Legenda: PROPOSTAS DE POLÍTICAS: Implantação de políticas sociais transformadores e socialmente inclusivas; Implantações de políticas sociais e de segurança pública participativas; Implantação de políticas de 1º emprego e educação profissionalizante aos jovens e adultos; Implantação de políticas sociais que incluam programas de educação, saúde, cultura e desenvolvimento de comunidade; Maioridade para os adolescentes de 16 anos em diante que cometem delito; Programas de desarmamento da população do bairro.

PROPOSTAS DE POLÍTICAS

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GRÁFICO Nº 09 – Informações complementares sobre a problemática das Políticas sociais e de segurança pública, pobreza e violência urbana dos moradores do bairro

da Terra Firme pesquisados

FONTE: Pesquisa de campo/ técnica do formulário aplicado aos moradores do bairro da Terra Firme – 2º sem/ 2012.

Legenda: 82% 18%

Informações Complementares

1: 16%

2: 13%

3: 11%

4: 10%

5: 09%

6: 08%

7: 08%

8: 08%

82%

Informações Complementares

9: 05%

10: 04%

11: 03%

12: 02%

13: 02%

14: 01%

18%

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ANEXOS

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA GESTORES,

LÍDERES COMUNITÁRIOS E MORADORES

“Políticas de Segurança Pública, Pobreza e Violência Urbana: Estudo sobre as Políticas de Segurança Pública de Prevenção e Combate à Violência Urbana no Bairro

da Terra Firme”

Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. Eu, ___________________________, residente e domiciliado na ______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________ , e inscrito no CPF_________________ nascido (a) em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário (a) do estudo “Políticas de Segurança Pública, Pobreza e Violência Urbana: Estudo sobre as Políticas de Segurança Pública de Prevenção e Combate à Violência Urbana no Bairro da Terra Firme”. Estou ciente que:

I) A presente pesquisa objetiva estudar as Políticas de segurança pública, pobreza e violência urbana

do bairro da Terra Firme e entender as percepções que os gestores e moradores vêem o fenômeno, haja

vista que historicamente, o Bairro da Terra Firme vem sendo alvo de discriminações, tanto dos meios

de comunicação de massa, como da sociedade como um todo;

II) A opção metodológica consiste na utilização de caráter qualitativo por meio da pesquisa de campo, facilitando ao pesquisador a análise e o aprofundamento do estudo. Os primeiros passos de pesquisa de campo concentram-se na leitura da percepção do fenômeno das Políticas de segurança pública, pobreza e violência urbana do Bairro da Terra Firme;

III) Os dados serão coletados com gestores de segurança pública, líderes comunitários e moradores em geral do bairro através de: entrevista semiestruturadas, formulário e questionários;

IV) Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas no questionário de pesquisa; V) A participação neste projeto não tem objetivo econômico, bem como não me causará nenhum gasto com relação ao estudo;

VI) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; VII) Esta pesquisa poderá trazer riscos, tais como: a quebra de sigilo onde o material utilizado na pesquisa possa ser extraviado ou observado por pessoas que não façam parte do grupo de pesquisa; possibilidade de os sujeitos sentirem-se intimidados pelo tema que norteia a pesquisa (Políticas de segurança pública, pobreza e violência do bairro da Terra Firme), não divulgação do resultado da pesquisa individualmente, mas de modo geral; não autorização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE; não entendimento dos

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principais conceitos descritos na capa do questionário de pesquisa pelo público alvo e escassez de material sistematizado sobre o bairro em estudo. Como procedimento para minimizar os riscos pode-se dialogar com o entrevistado no sentido da importância e da pesquisa e os benefícios que os seus resultados possam refletir na comunidade e seu entorno, bem como, minimizar através do diálogo a possibilidade de sentirem-se intimidados pela proposta da pesquisa (segurança pública, pobreza e violência do bairro da Terra Firme). O pesquisador estará presente no momento da aplicação do questionário para realizar as orientações/esclarecimentos sobre os conceitos constantes na capa do instrumento de coleta. Como benefícios da pesquisa pode-se citar: realização de estudo sobre as políticas de segurança pública, pobreza e violência urbana a partir da percepção dos sujeitos que moram ou trabalham no bairro estudado; estudar e conhecer a percepção dos sujeitos pesquisados sobre a violência, criminalidade, midiatização da violência em relação ao bairro da Terra Firme e estreitamento das parcerias entre os pesquisadores/estudiosos. IX) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a melhoria social e urbana do bairro e não deverá causar nenhum risco a ninguém; X) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha participação voluntária; XI) Os resultados obtidos durante esta pesquisa serão mantidos em sigilo; XII Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; XIII) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa.

( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

Belém, ______ de __________________ de ____

Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os

eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. Desta forma autorizo a minha participação na referida pesquisa acima citada.

Assinatura do participante: ____________________________________

Testemunha 1: __________________________________________________

Nome / RG / Telefone

Testemunha 2: ____________________________________________ Nome / RG / Telefone

Rosália do Socorro da Silva Corrêa (Pesquisadora)

Contato: (91) 8856-7110 E-mail: [email protected]

Holandina Júlia Figueira de Mello Larrat (Auxiliar da Pesquisa)

Contato: (91) 8123-2587 E-mail: [email protected]

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FOTOS DO BAIRRO TERRA FIRME

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CÂMERA DA UNIDADE UIPP

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CENTRO COMUNITÁRIO DO BAIRRO

FACHADA DA OBRA DO PAC

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OBRA DO PAC

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TERRENO - OBRA DO PAC

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PALAFITA

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RUA DO BAIRRO

RUA DO BAIRRO ASFALTADA

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RUA DO BAIRRO SENDO ASFALTADA E SEM TUBULAÇÃO

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IMAGENS TIRADAS DA INTERNET

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