pobreza e diabetes pobreza e diabetes as condições socioeconómicas e a geografia do local onde se...

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POBREZA E DIABETES As condições socioeconómicas e a geografia do local onde se vive influenciam o estado de saúde O estilo de vida citadino favorece a diabetes, concluiu um grupo de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, após sete anos de trabalho de campo. Foram analisados os internamentos nos quatro hospitais do Grande Porto, de doentes que tinham diabetes na al- tura em que deram entrada na insti- tuição. Verificou-se existir uma rela- ção evidente entre diabetes, o local onde se vive e as condições socioeco- nómicas, e em comparação com a pre- valência da doença em espaços rurais, no Grande Porto existem o dobro de doentes que sofrem da diabetes. Ficou demonstrado que o ambiente citadino não proporciona hábitos sau- dáveis e, segundo Ana Monteiro, pro- fessora catedrática de Geografia, é al- tura de "para, a partir da saúde, que é um tema que incomoda o cidadão e que motiva os decisores políticos, co- meçarmos a pensar numa outra forma de fazer planeamento urbano". 0 cidadão rural tem hábitos de lazer diferentes e uma dieta mais diversifi- cada, o que faz com que a prevalência da doença seja menor. As freguesias com mais idosos, desempregados e com declives geográficos apresentam factores que potenciam a diabetes. As conclusões foram divulgadas no XIX Congresso da Sociedade Portu- guesa de Diabetologia, tiveram como base a Grande Área Metropolitana do Porto e a amostra foram os doentes in- ternados nos Hospitais de S. João, Santo António, Santos Silva (Gaia) e Pedro Hispano, entre 2000 e 2007. ¦ Paula Maria Simões PROBLEMA As bolsas de pobreza nas grandes cidades potenciam o aumento de doenças entre as pessoas carenciadas

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Page 1: POBREZA E DIABETES POBREZA E DIABETES As condições socioeconómicas e a geografia do local onde se vive influenciam o estado de saúde O estilo de vida citadino favorece a diabetes,

POBREZAE DIABETES

As condições socioeconómicas e a geografia dolocal onde se vive influenciam o estado de saúde

O estilo de vida citadino favorece a

diabetes, concluiu um grupo de

investigadores do Instituto de SaúdePública da Universidade do Porto,

após sete anos de trabalho de campo.Foram analisados os internamentosnos quatro hospitais do Grande Porto,de doentes que tinham diabetes na al-tura em que deram entrada na insti-

tuição. Verificou-se existir uma rela-

ção evidente entre diabetes, o localonde se vive e as condições socioeco-

nómicas, e em comparação com a pre-valência da doença em espaços rurais,no Grande Porto existem o dobro dedoentes que sofrem da diabetes.

Ficou demonstrado que o ambientecitadino não proporciona hábitos sau-dáveis e, segundo Ana Monteiro, pro-fessora catedrática de Geografia, é al-tura de "para, a partir da saúde, que é

um tema que incomoda o cidadão e

que motiva os decisores políticos, co-

meçarmos a pensar numa outra formade fazer planeamento urbano".

0 cidadão rural tem hábitos de lazerdiferentes e uma dieta mais diversifi-

cada, o que faz com que a prevalênciada doença seja menor. As freguesiascom mais idosos, desempregados e

com declives geográficos apresentamfactores que potenciam a diabetes.

As conclusões foram divulgadas noXIX Congresso da Sociedade Portu-

guesa de Diabetologia, tiveram comobase a Grande Área Metropolitana doPorto e a amostra foram os doentes in-ternados nos Hospitais de S. João,Santo António, Santos Silva (Gaia) ePedro Hispano, entre 2000 e 2007. ¦

Paula Maria Simões

PROBLEMAAs bolsas

de pobrezanas grandes

cidadespotenciam

o aumento de

doenças entreas pessoas

carenciadas

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PRIMEIRO PLANO

Morto e ineficaz

O aviso de Mário Soares é muito prático: o PS pode tornar-se "um partidomorto e ineficaz". E, acrescentou, "se cai o governo, então é muito pior"

Paulo Tunhas

O acontecimento político do pas-sado fim-de-semana não foi o

congresso do PSD. Embora, é

claro, fosse de ver. Rangel fez,de acordo com as regras da coi-

sa, um bom discurso e tem jei-to para aquilo (haverá algo mais?).

Aguiar-Branco foi seriamente

soporífico. E Passos Coelho come-

çou cedo a deixar que as pala-vras se adiantassem muito ao

pensamento, e passou o tempoa tentar apanhá-las, até que, ten-

do elas esbarrado em AlbertoJoão Jardim, era tarde de mais:

quando o pensamento recupe-rou dos quilómetros de atraso

já Jardim estava sentado, riso-

nho, ao lado de Rangel. Surpreen-de sempre que isto aconteça a

gente com treino.

O acontecimento político dofim-de-semana não ocorreu emMafra. Ocorreu em Setúbal, onde

Mário Soares declarou, numencontro com militantes socia-

listas, que o PS se encontra mui-to mal, "sem debate interno ou

externo", e com "muito poucasreflexões sobre os problemas e

sobre as ideias". Não foi, é claro,uma pura opinião de circunstân-

cia, e não nos devemos deixar

enganar pela generalidade dos

propósitos. Porque o aviso é mui-to prático: o PS pode tornar-se"um partido morto e ineficaz".

E, acrescentou Soares, "se cai o

governo, então é muito pior".

Que tenha reparado, é a pri-meira vez que Mário Soares faz

declarações destas. E o diagnós-tico é, é claro, impecável. O pen-samento, por aquelas bandas,está reduzido à faculdade deemitir sons elogiosos para o pri-meiro-ministro e acusações incon-

victas de "calúnia", "maledicên-

cia", "infâmia", e mais coisas

assim, tiradas de uma antigafotonovela de Corin Tellado, à

oposição. Por inverosímil que

pareça, o PSD, comparado como actual PS, é um modelo defebril criatividade democrática.

Claro que Santana Lopes, quetem tendência para estas coisas,

ainda tentou tomar a iniciativa

política, fazendo os delegadosvotarem (verosimilmente com

gosto) uma lei que proíbe aos

membros do partido acusações

graves à direcção num períodode dois meses anteriores a elei-

ções. Se a coisa tivesse a míni-ma hipótese de ser levada a sério,

seria de temer que algum pre-sidente do partido fosse apanha-do a vender droga, a proclamara actualidade do marxismo ou

a profanar túmulos no períodoem questão. O que poderiamfazer os militantes? Calar-se mui-to caladinhos? Mas é claro quenão vai para diante, ninguémvai ligar nada. O problema nes-

te momento, como Mário Soa-

res muito bem explicou, é mais

o PS, quase "morto e ineficaz",do que o PSD.

Professor do Departamento de

Filosofia da Universidade do Porto

Escreve à quarta-feira

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GESTÃO DE ACTIVOS

Eduardo Rocha sai da Mota-Engil paracriar fundo "people, planet, profit"Vallis Capital Partners inicia contacto com investidores já em Abril

MARIA JOÃO BABO

[email protected]

Há 10 anos na administração da

Mota-Engil, com o pelouro financei-

ro, Eduardo Rocha lança-se no pró-ximo dia 1 de Abril num projecto em-presarial próprio. O anúncio da suasaída surpreendeu segunda-feira o

mercado. A habitual "conferencecall" de apresentação de resultadosfoi antecipada para não alimentarrumores. As acções da construtorareagiram àsaídadaquele que os ana-listas comparam a "um ministro das

Finanças". E as mensagens de enco-rajamento a Eduardo Rocha chega-ram dos quatro cantos do mundo.

O ainda CFO da Mota-Engil será

a partir de Abril o CEO da sociedade

gestora Vallis, Capital Partners, quevai gerir o "private equity" ibéricoVallis Sustainable Investments I.Um fundo que "não é apenas social-mente responsável", explicou ao Ne-

gócios Eduardo Rocha, acrescentan-do que se trata de "um fundo temá-tico com o conceito agregador 'peo-ple, planet, profit" - pessoas, plane-ta e lucro. Isto significa, segundo sub-

linhou, que além de eliminar da suacarteira empresas que não cum-pram critérios ambientais, sociais e

de 'governance', aestratégia do fun-do é de "investir em sectores, indús-trias e serviços, cuja dinâmica decrescimento esteja ligada às macro-tendências do desenvolvimento sus-tentável".

Os dois vectores estratégicos -pessoas e planeta - significam que o

fundo irá investir, por um lado, emnegócios relacionados com o cresci-mento demográfico e alteração daestrutura social, e, por outro, em ac-tividades relacionadas com os recur-sos naturais e a sua escassez.

O primeiro caso, exemplifica,permite captar negócios nas áreasda saúde ou da terceira idade, en-quanto os activos de sectores comoaágua, comidae energiaserão os queestarão debaixo de olho na segundavertente. Na componente do lucro,o responsável sublinhou que, apesardo perfil de risco não ser muitoagressivo, "será procurada uma ele-vada rentabilidade para asseguraraos participantes um retorno supe-rior a 15%".

Os contactos com investidoresvão iniciar-se em Abril e Maio, umavez que o objectivo é captar até Se-tembro 150 milhões de euros. O pro-cesso de colocação seráfeito em Por-

tugal, Espanha, Reino Unidos e nos

países nórdicos, adiantando Eduar-do Rocha que "o objectivo é colocar60% em Portugal e Espanha", países

que acredita irão registar um cresci-

mento exponencial nestas áreas.

Os destinatários do fundo são in-vestidores qualificados, como fun-dos de fundos, fundos de pensões, se-

guradoras, fundações e "family offi-ces" ("holdings familiares"), prepa-rando-se ainda a Vallis para se can-didatar ao Fundo Europeu de Inves-timento, que gere o Portuguese Ven-ture Capital Iniciative, dirigido aso-ciedades gestoras independentes.

O portefólio teórico do fundo será

ter entre cinco e oito investimentos,cada um num montante médio en-tre 18 e 30 milhões de euros. Serão

empresas de média dimensão, comhistórico de 'cash flow 1

, em que o

fundo terá intervenção na gestão,

para implementar estratégias",adiantou.

Aduração mediados investimen-tos rondará cinco a sete anos, sendo

umadasestratégiasde saídado fun-do das participadas avançar para a

bolsa através de ofertas públicas ini-ciais.

Para Eduardo Rocha, a crise fi-nanceira trouxe "uma oportunida-de única para investir nesta área"."Além do contexto económico ad-

verso, há dificuldades de acesso aocrédito e as empresas estão descapi-talizadas, o que cria a oportunidadespara o 'private equity' capitalizar so-

ciedades e aportar competências".Ou seja, para "adquirir boas empre-sas abaixos múltiplos", conclui.

Esta crisenão pode serdesperdiçada.E oportunidadeúnica ao nívelda apreciaçãode activos.

EDUARDO ROCHA

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OSTRÊSPARTNERSDAVALLIS

EDUARDO ROCHA, CEO

Licenciado em Economia pelaFaculdade de Economia da

Universidade do Porto, Eduardo

Rocha, 44 anos, entrou em 2000 no

conselho de administração da Mota-

Engil, com o pelouro financeiro.

Participou em muitas operações de

fusão e aquisição (como a da Engil),

conheceu a motivação dos

investidores, acumulou experiêncianão só da indústria, mas também na

área de "equity", IPO e aumentos de

capital.

LUÍS SANTOS CARVALHO, CFO

Colega de faculdade de Eduardo

Rocha, o administrador financeiro da

Vallís, Capital Partners tem feitocarreira no sector financeiro. Com

42 anos, Luís Santos Carvalho passou

pelo ABN Amro, onde foi o

responsável europeu pela área da

securitização, e está actualmente em

Londres como "chief credit officer"de um fundo de dívida que tem 1,5

mil milhões de dólares sob gestão.

LUÍS PALMA DA GRAÇA, CDO

Economista, 41 anos, será o "chief

development officer" da sociedade

gestora, com a função de procurar as

oportunidades de investimento. Luís

Palma Graça tem estado ligado à

indústria, designadamente às energiasrenováveis, exercendo actualmente aactividade de consultor.

Eduardo Rocha I O até agora CFO da Mota avança para projecto próprio.

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Complementos fixosde reforma acabamEmpresas públicas têm até final de Maio para rever os

planos que complementam pensões de aposentação

O Governo não vai só privatizar17 empresas e concessionar partedas linhas da CP para abater à dí-vida pública, que ascende a 86% da

riqueza criada num ano, no país.Ontem, a versão final do PEC re-velou mudanças aos complemen-tos de reforma dos trabalhadoresde empresas públicas, que deixa-rão de ser fixos e passarão a depen-der da evolução dos mercados.Tudo ficará definido até Maio.

Hoje, a maioria de empresas pú-blicas tem um sistema de reformae um plano de saúde próprios, dis-

se, ao JN, Maria do Carmo Tavares,da CGTP. Na larga parte dos casos,

quando se aposentam, os trabalha-dores recebem da empresa umaquantia a título de complementoda pensão principal. Pode ser umapercentagem fixa ou, por exemplo,a diferença entre o último salário e

o valor da reforma.É com a atribuição de um mon-

tante fixo que o Governo quer aca-bar, segundo Maria do Carmo Ta-vares (não foi possível obter escla-recimentos do Executivo em tem-

po útil). Cada empresa criará umInfografia |N

Page 6: POBREZA E DIABETES POBREZA E DIABETES As condições socioeconómicas e a geografia do local onde se vive influenciam o estado de saúde O estilo de vida citadino favorece a diabetes,

fundo para integrar as pessoas a

contratar, seguindo o conceito de

"contribuição definida", assim tra-duzido por Maria do Carmo Tava-res: "as pessoas descontam parte dosalário mas depois, na reforma, só

vão receber a rentabilidade que ti-ver obtido" e não um valor fixo. Nocaso dos actuais trabalhadores, os

planos de reforma serão adaptados,"mediante negociação", lê-se noPEC.

Avalancha de privatizações

Parte das empresas envolvidas nas

mudanças aos planos de reformaserá vendida, nos próximos quatroanos. Das 17 firmas a privatizar, setedeixarão de ter qualquer participa-ção pública, como o BPN, cuja ven-da o ministro das Finanças, Teixei-ra dos Santos, quer aprovar "muitoem breve".

Entre este ano e 2013, o Gover-no espera receber seis mil milhõesde euros (31,2% dos quais em 2011),

para abater à dívida, mas o valorreal do encaixe dependerá do pre-ço que os compradores estiveremdispostos a pagar, ressalva AbelFernandes, da Faculdade de Eco-nomia do Porto, para quem a ven-da das empresas é positiva ("o Es-tado deve concentrar-se nas fun-ções de soberania"), mas não resol-verá o problema de uma Adminis-tração Pública que "continua a gas-tar demais", disse.

Nuno de Sousa Pereira, da Esco-la de Gestão do Porto, disse que as

privatizações, por princípio, são

positivas e, no actual contexto,"inevitáveis". Dentro de um ano,acredita, a economia mundial terámelhorado, ajudando à valorizaçãodos mercados e criando um am-biente mais propício a privatiza-ções. ALEXANDRA FIGUEIRA

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OutrosPorto

Faculdade de Letras da Universidade(Auditório 1)R. do Campo Alegre T. 226077100Lúcio dos Santos: Textos de1943 Conferência de Pedro Baptista. Às18h30

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ESTUDO Há jovens que vão para a escola armados para se sentirem mais seguros, explica ao Destak Margarida Gaspar de Matos

Menos violêncianas escolas do NorteO inquérito a 11 miladolescentes revelamais sobre como aviolência atinge as

escolas portuguesas.

ISABEL [email protected]

® Apenas 17% das esco-las portuguesas se dis-

tinguem pelo maior envolvi-mento dos seus alunos em si-

tuações de violência. A maio-ria dessas escolas situam-sena zona de Lisboa e Vale do

Tejo e Alentejo, sendo as dazona Norte as menos violen-

tas, revela o estudo "Pre-venção da violência inter-pessoal em meio escolar: os

professores, as famílias e acomunidade também mar-cam uma diferença?", da psi-cóloga e investigadora Mar-garida Gaspar de Matos.

Foram inquiridos 11 080adolescentes, do 6 2

, 8 2 e IO 2

anos, com idade média de 14

anos, rapazes e raparigas, e

proporcionalmente pelascinco regiões educativas de

Portugal Continental, ou se-

ja, por 134 escolas. O objecti-vo era perceber quem são os

jovens mais e menos «vio-lentos», e quais as causas

que contribuem para que as-sim seja.

Elas são mais pacíficasDa análise dos resultados,conclui-se que do «lado» do«não envolvimento em si-

tuações de violência» estãoas raparigas, com uma pro-babilidade três vezes maiorde não serem «violentas», etambém os alunos mais ve-

lhos. Do lado do «maior en-volvimento» estão os adoles-centes que registam maisembriaguez, mais consumode drogas, mais saídas à noi-te, mais faltas à escola, me-nos apoio dos professores,menos gosto pela escola,mais tristeza e nervosismo,pior convívio na zona ondemoram e mais distância narelação com os pais. E quan-

tos mais destes factores esti-verem presentes, e mais gra-ves forem, maior será a pro-babilidade de apresentaremcomportamentos agressivos.

Aprender a gerir emoçõesNeste estudo emerge umacategoria de jovens, aquelesque transportam armas (ca-nivetes, tesouras, x-actos) pa-ra se sentirem mais segurosno convívio com situações deviolência. Estudantes queprecisam de ajuda a cimen-tar outras estratégias de

«Na maioria das es-colas faltam acçõesde formação pessoalque ajudem os alu-nos a gerir a violên-cia e a alterar os

comportamentos.»

fazer face ao medo, sob riscoda agressividade ser a estra-

tégia eleita, na opinião de

Margarida Gaspar de Matos.Aliás, na maioria das nossasescolas faltam acções de for-mação pessoal que ajudem os

alunos a gerir a violência, fi-cando-se por regulamentos,que enumeram regras e esti-

pulam penas sem procurarmudar os comportamentos e

sem incluir «abordagens edu-cacionais focadas no desen-volvimento de competênciasde vida com intuito de ajudaros alunos, e famílias, a gerirmelhor as emoções e os con-flitos, a conseguir uma maiorautonomia e a valorizar a in-

tegridade pessoal». ®

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Maior aperto é em 2011 e àcusta da des pesa social

É no corte com as despesas na Segurança Social e na saúde que o Governo

espera conseguir mais pou panças. A carga fiscal sobe até 2013.

Marta Moitinho Oliveirae Margarida Peixoto

[email protected]

O Governo já tinha avisado queaté 2013 a ordem era para apertar ocinto. Com a divulgação do Pro-grama de Estabilidade e Cresci-mento (PEC) é possível perceberque é em 2011 que a contençãoserá mais forte e que será, princi-palmente, através do corte nas

despesas sociais que o Executivo

conseguirá chegar a um défice de

2,8% no último ano do horizonte

temporal do PEC.

O saldo primário estrutural(que retira ao saldo orçamental oefeito dos juros e da evolução da

economia) é o indicador normal-mente utilizado para medir o es-

forço de consolidação orçamental.No documento, o Governo prevêque este indicador fique em -4,1%em 2010, passando para -1,8% , noano seguinte, 0,3% em 2012 e

1,870 no último ano. Isto quer di-zer que a maior parte do esforço é

feita em 2011, ou seja, na primeirametade da legislatura.

Quer dizer que o Governo fez

um PEC com base num cenário denão haver eleições antecipadas?Os economistas ouvidos pelo Diá-rio Económico consideram quenão. "Como o saldo estrutural é

ajustado do ciclo, para a mesmaredução do défice, como a econo-mia cresce, o esforço acaba por sermenor", refere João Loureiro,economista e professor da Uni-versidade do Porto. Ou seja, o Go-

verno prevê uma redução de 1,8

pontos percentuais do défice glo-bal em 2013 mas, como já terá a

ajuda do crescimento económico,o esforço efectivo de consolidação(medido pelo saldo primário es-trutural) será de apenas 1,5 pon-tos. Já em 2011, o cenário é bemdiferente: o aperto real é de 2,3pontos, mas o défice global só cai

1,7 pontos."O saldo dá a dimensão das

medidas estruturais e mostra quese focalizam mais em 2011", diz

É nos dois primeirosanos da legislaturaque o esforçode contençãoorçamental é maisforte. Os economistasdesligam este factodos calendáriospolíticos.Paulo Trigo Pereira, professor doISCTE, acrescentando, porém,que o PEC não explica como se

conseguem aqueles objectivos. "OPEC prevê uma contenção do sal-do estrutural muito ambiciosa.Para ser conseguida, precisaria demedidas mais fortes", defende."Ou esta consolidação não é al-cançada, ou as medidas terão deser mais duras do que o previstoneste PEC", refere o economista.

Ainda no debate do Orçamentodo Estado, na semana passada, oministro das Finanças mostrou

disponibilidade para endurecer as

medidas, caso seja necessário paraconvencer Bruxelas da vontade doExecutivo de pôr as contas públi-cas em ordem. Além disso, o eco-nomista vê outra dificuldade:"Não acredito que estes objectivossejam alcançados sem um acordo

político a três ou quatro anos. Teriade haver um acordo com um oumais partidos que permitissem amaioria pelo menos a três anos

para garantir que as medidassão de facto implementadas".

Apesar de a apresentação das

primeiras medidas do PEC ter sidomarcada pelo congelamento realdos salários da função pública e

pela redução dos benefícios fiscais- que junto com outras medidasfiscais levam a um aumento da

carga fiscal de 32,8% em 2010 para35,5% em 2013-, é no controlo da

despesa com prestações sociais

que o Executivo espera ter mais

poupanças (ver págs. 8 e 9). A de-finição de tectos nos gastos da Se-

gurança Social, o aperto dos gastosna saúde e a antecipação da idadede reforma da função pública paraos 65 anos em 2012 ou 2013 permi-tirão ao Estado poupar 0,54%) do

PIB, 0,80% e 1,01% em 2011, 2012

e2013, respectivamente.De facto, segundo os cálculos

do Governo, a redução do déficeem 5,5 pontos percentuais até2013 é explicada em 2 pontos pelocrescimento económico e 3,5pontos pelas medidas do PEC, 2,7dos quais do lado da despesa. ¦

Page 10: POBREZA E DIABETES POBREZA E DIABETES As condições socioeconómicas e a geografia do local onde se vive influenciam o estado de saúde O estilo de vida citadino favorece a diabetes,

9 medidas do PEC na mão do ParlamentoDas 31 medidas inscritas no PEC,

para Portugal cumprir um déficede 2,8% sobre a riquezaproduzida em 2013, cerca de noveestão nas "mãos" da Assembleiada República. Em causa pode estarperto de um ponto percentual dos

3,5 pontos que o Governo

pretende alcançar para cumprir as

exigências de Bruxelas. Ou seja, a

partir do próximo ano e até 2013os deputados vão poder decidirsobre mais de cinco milhões deeuros que são essenciais paracumprir a meta que o Governoestá obrigado em relação às

contas públicas.

Nos próximos anos, o Governo

poderá ter que enfrentar noParlamento aquilo que designoupor maioria negativa, quando emNovembro último foi alvo de

várias propostas legislativas comconsequências orçamentais.Na primeira linha destas medidas

estão aquelas que implicam uma

alteração dos impostos e

consequentemente aumento dereceitas fiscais. São sete e paratodas elas, Teixeira dos Santosvai ser obrigado a negociar comos vários partidos da oposiçãopara as fazer passar. As

iniciativas do Governo inscritas

no PEC valem cerca de 0,84pontos percentuais do PIB e

todas necessitam de uma maioriaParlamentar, como confirmou oDiário Económico junto de vários

juristas. A criação de uma taxaextraordinária de 45% em sedede IRS para rendimentoscolectáveis acima dos 150 mil

euros, tributar as mais-valiasmobiliárias em 20% ou ainda a

limitação das deduções em sede de

IRS são alguns dos exemplos. Só

estas três medidas explicam 0,77

pontos percentuais da arrecadaçãode receitas. A.A.

Page 11: POBREZA E DIABETES POBREZA E DIABETES As condições socioeconómicas e a geografia do local onde se vive influenciam o estado de saúde O estilo de vida citadino favorece a diabetes,

Fonte: Ministério das Finanças Infografia: Mário Malhão e Marta Carvalho | infografia®economico.pt

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Estudo. Dinheironão compra felicidade

Economistas do Canadá sustentam que os níveis de felicidadeestagnaram nos países mais ricos. Riqueza destrói capital social

MARTA F. REIS

mana. [email protected]

Economistas das Universidades de Cal-

gary e Colúmbia Britânica, no Canadá,acreditam estar mais perto de perceber o

paradoxo da felicidade nas sociedadesmodernas: mais riqueza não parece tor-nar as pessoas mais felizes. Num trabalho

publicado no "Economic Journal", CurtisEaton e Mukesh Eswaran demonstram

que, à medida que a produtividade aumen-ta, o consumo exibicionista tende a domi-nar a economia, dissipando a riqueza adi-cional na produção de bens como jóias,obras de arte ou automóveis de luxo, emprejuízo dos bens públicos, comunitáriose do capital social.

"Estes bens representam um jogo desoma zero para a sociedade: satisfazem os

proprietários, fazendo-os parecer mais

ricos, mas o resto das pessoas fica numestado pior", explicam os investigadoresao diário inglês "The Guardian". O traba-lho partiu de uma análise matemática e

foi desenvolvido desde 2005 com um objec-tivo definido: procurar uma resposta parao paradoxo da felicidade a partir do fenó-

meno do consumo ostentatório, definido

por Thorstein Veblen, em 1899. "Quemtem uma riqueza acima da média conso-

me os bens de Veblen [os produtos semvalor intrínseco que caracterizam o con-sumo ostentatório], com um impacto posi-tivo na sua felicidade. Mas a felicidade de

quem está abaixo da média tem um impac-to negativo", dizem os investigadores, queacreditam que à medida que a produtivi-dade aumenta as sociedades são condu-zidas a uma armadilha "Os bens de Veblen

expulsam todos os bens e actividades quepromovem o bem-estar, incluindo bens

públicos, lazer privado e comunitário e,de uma forma perversa, o bem-estar e aprodutividade estão inversamente rela-cionados", escrevem. Sustentam ainda queos seus resultados podem explicar a estag-

nação dos níveis de felicidade e sentido decomunidade nos países mais desenvolvi-dos. Ana Cordeiro Santos, investigadorado Centro de Estudos Sociais da Univer-sidade de Coimbra, lembra que é precisaalguma cautela- "Os estudos da felicidade

Uma pessoa podeter um Rolls-Roycee não se sentir bem.

É uma affluenza,a doença da riqueza

são uma área recente e normalmente par-tem de avaliações subjectivas. Sabemoscontudo que, à medida que o nível médiode riqueza aumenta a desigualdade social

pode também aumentar", afirma.Nuno Orneias Martins, professor da

Faculdade de Economia e Gestão da Uni-versidade Católica Portuguesa, salienta

que a ideia de o consumo associado aoestatuto ser uma rasteira do crescimentoeconómico não é nova Perante um exces-

so de produção, "a existência de desigual-dades na distribuição do rendimento leva-

ria à falta de procura", explica. A falta de

procura motivaria então o consumo osten-

tatório e este, por seu lado, levaria aoaumento da produção de bens privados e

à aposta no capital físico.

Numa altura em que se pensa rever os

cânones do bem-estar, o famoso psicólo-

go clínico britânico Oliver James acredi-ta que as sociedades modernas estão a

viver uma epidemia de affluenza, a doen-

ça da riqueza. O psicólogo Nuno Ferrãovê o problema da felicidade com raízesmais profundas do que a carteira: "Uma

pessoa pode ter o Rolls-Royce estaciona-do na garagem e não se sentir feliz. Hápessoas que estão bem com isso, e outras

que pensam: a riqueza veio em detrimen-to de quê?"

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Riqueza adicional é gasta na felicidade de alguns, em prejuízo do bem-estar geral SANDRA ROCHA/KAMERAPHOTO.

Nuno Orneias MartinsProfessor auxiliarFaculdade de Economia

e Gestão da Universidade

Católica Portuguesa

"Os critérios debem-estar deveriamser revistos"

Como comenta a hipóteseque defende que o consumoassociado ao estatuto é umarasteira do crescimentoeconómico? A hipótese foi

desenvolvida por autores comoThorstein Veblen e John KennethGalbraith. Galbraith argumentou

que este consumo ostentatório

tornou-se mesmo fundamental paraassegurar o nível de produção e de

emprego actual, pois sem esteincentivo ao consumo não haveria

procura para escoar toda a

produção. Claro que isso gera umatendência para um aumento da

produção de bens privados face abens públicos e do investimento em

capital físico face ao investimento em

capital humano e social.

Existe uma tendência de

estagnação da felicidade? Não háuma relação simples entre riqueza ebem-estar, como tem sido referido

por diversos economistas desdeAlfred Marshall e Arthur Pigou a

Amartya Sen. Depende da realizaçãode uma série de capacidadeshumanas, sendo a riqueza um meio

importante para atingir o bem-estar,

mas não o único. Deve ser visto

numa perspectiva multidimensional,e existe a tendência para noscentrarmos numa dimensão apenas,vendo a felicidade como umavariável a maximizar e não como oresultado de uma harmonia entrevárias capacidades humanas.

Os critérios para medir obem-estar deviam ser revistos?Precisariam certamente de serrevistos. O índice deDesenvolvimento Humano, doPrograma das Nações Unidas parao Desenvolvimento, foi um passonesse sentido. Esse trabalho foi

inspirado por Mahbub Ul Haq e

Amartya Sen, sendo que este últimoesteve recentemente a trabalharcom Joseph Stiglitz e JP Fitoussi nosentido de obter uma medida que vá

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alem das baseadas ou na riquezaou no PIB. Tanto o stock de riquezacomo o rendimento são meios parao bem-estar humano, que, sendo

multidimensional, tem de ser medidoem várias dimensões além destas.Além disso, riqueza e rendimentosão importantes quando estão emfalta (por exemplo em casos de

pobreza) e tornam-se menosimportantes à medida queaumentam.

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FUNÇÃO PÚBLICA

"Forte contenção" salarialvai atingir empresas públicas

CATARINA ALMEIDA PEREIRA

catarinapereiraginegocios.pt

As empresas públicas ou com par-ticipações do Estado deverão "ali-nhar" as regras relativas a aumen-tos salariais com a política de "for-te contenção" na administraçãopública, prevê o documento queorienta as políticas do Governo até

2013.Foi esta a orientação imposta

este ano. Os conselhos de adminis-

tração das empresas públicas "de-verão respeitar" em 2010 as orien-

tações adoptadas para as actuali-

zações salariais na administraçãocentral, anunciou o Ministério das

Finanças, no final de Fevereiro. Adecisão, que não foi acatada pelosadministradores de algumas em-

presas, justificou ameaças de gre-ves na aviação e no sector ferroviá-rio.

O Governo não esclarece se o

anunciado "congelamento" sala-rial implica, ou não, aumentos zero

nos próximos anos. Mas a urgên-cia de contenção é clara. O objec-tivo é poupar 100 milhões de euros

por ano, até 2013, em despesascom pessoal. O peso desta rubricadeverá passar de 11,5% do PIB em2009 para 10% em 2013.

A convergência das regras de

aposentação funcionários públi-

cos com as da Segurança Social é

outra das apostas para a reduçãode 298 milhões de euros até 2013.A reforma aos 65 anos chegará"entre 2012 e 2013", refere o Exe-cutivo, sem esclarecer mais deta-lhes.

Redução de pessoal alargadaa todos os sectores do EstadoA regra que permite a contrataçãode um trabalhador "por, pelo me-nos" cada duas saídas é recomen-dada às autarquias e alargada a to-dos os sectores da AdministraçãoCentral do Estado. A Educação é

um dos sectores onde, até aqui, a

regra não era implementada. O

ministério das Finanças não este-

ve disponível paraprestar mais es-

clarecimentos.

IDEIAS-CHAVE

CONTROLO DE ADMISSÕESE REDUÇÕES NAS PENSÕES

MAIS DO QUE "DOIS POR UM"A regra que prevê a admissão

de um novo funcionário "por,

pelo menos, cada duas saídas

ocorridas", será reforçada,

aplicada a todos os sectores

da Administração Central

e recomendada às autarquias.

UNIVERSIDADES SOB PRESSÃO

PARA CORTAR DESPESA

As universidades vão ser

particularmente afectadas.

0 Programa de Estabilidade

e Crescimento (PEC) prevê que"será potenciado o contributodas instituições do ensino

superior" para a reduçãoe controlo de despesas com

pessoal e de prestações sociais.

CONVERGÊNCIA COM A

SEGURANÇA SOCIAL

0 PEC prevê que a nova fórmulade cálculo da pensão seja

aplicada "às pensões a atribuir

a partir de 2010", o que voltou

a gerar dúvidas. Ao Negócios,

o Governo esclarece que se

mantém a regra já definida

no Orçamento do Estado (OE):

no caso das aposentaçõesvoluntárias a nova regra só se

aplica a pedidos efectuados

depois da publicação do OE,

mas o mesmo não acontece

nas pensões de invalidez ou

por limite de idade. 0 PEC

confirma a intenção de acelerar

a idade da reforma na função

pública, mas não esclarece se

a convergência total chega

em 2012 ou 2013.

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Universitáriosdo Minhodormem mal

Andrea Cunha Freitas

• Um estudo da Universidade do Mi-nho, divulgado ontem, revela que 64,8por cento dos estudantes apresentammá qualidade do sono, 38 por centoavaliam a sua qualidade de sono como"muito má" ou "má" e dez por centoreferem já ter recorrido a ajuda espe-cializada devido a esta questão. As res-

postas foram obtidas num questioná-rio online com 754 participantes.

A investigação de Elisa Lopes, orien-tada por Angela Maia, coordenadorado Grupo de Promoção da Saúde, con-cluiu que a qualidade do sono estavaassociada ao consumo de tabaco e debebidas cafeinadas, à satisfação comas classificações académicas e à adap-tação ao curso. A baixa satisfação coma rede de apoio social e com a vida são

também preditoras de má qualidadedo sono.

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Maioria dosestudantesdorme mal

Universidade do Minho

Uma investigadora da Uni-versidade do Minho concluiuque 64,8% dos estudantes mi-nhotos apresentam má quali-dade do sono, e 38% avaliam a

sua qualidade de sono comomá ou muito má, disse fonteuniversitária.

A fonte adiantou que o tra-balho de Elisa Lopes, finalistade Medicina, e que foi orienta-do por Angela Maia, coordena-dora do Grupo de Promoçãoda Saúde (GPS), verificou que"a qualidade do sono está asso-ciada ao consumo de tabaco e

de bebidas com cafeína, bemcomo ao grau de satisfaçãocom as classificações académi-cas e à adaptação às exigênciasdo curso".

"A baixa satisfação com arede de apoio social e a baixasatisfação com a vida" podemprovocar má qualidade dosono, refere, frisando que dez

por cento dos inquiridos refe-rem já ter recorrido a ajuda es-

pecializada. ¦

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A Terra tremeuma vez por horao É apenas uma média, mas certo é que desde Janeiro já se registaram mais de doismilhares de sismos no Mundo (> Em Portugal, está vivo na memória o terramoto de 1755

Desde 1 de Janeiro de 2010ocorreram 2.528 sismosem todo o Mundo. Em mé-dia, registaram-se 33 aba-los por dia. Sim, a Terratremeu 1,3 vezes por hora.

Muitos não se sentem,mas são contabilizados. E

nos últimos tempos têmfeito as manchetes de jor-nais e aberturas de noti-ciários televisivos. No ar,deixam morte e destrui-ção. Desde o início do ano,

contam-se já 223mil mor-

tes, revela o US GeologicalSurvey(USGS).

Serão estas mortes evi-táveis? Serão os sismosprevisíveis? Estas são as

perguntas a que vários es-

pecialistas querem respon-der hoje numa conferên-cia do Museu Nacional deHistória Natural e da Uni-versidade de Lisboa (UL).

O objectivo do encontroé "informar acerca do quese faz em Portugal em ma-téria de previsão sísmica",explica ao Metro Fernando

Barriga, do departa-mento de Geo-

logia da Faculdadede Ciências (FCUL). "Ossismos de fraca e médiamagnitude são muito fre-quentes à escala mundial",

acrescenta, apontando queé importante estar alerta. É

preciso saber o que fazer e

procurar casas com resis-tência antissísmica.

Segundo os especialis-tas, não é possível preversismos "a curto prazo". Masé possível identificar zonasde maior actividade sísmi-ca e mais propensas à ocor-rência de abalos. Além dos

Açores, são elas a "regiãodo Vale inferior do Tejo,

toda a orla do Sudoes-te e o Algar-

ve", diz ao MetroMourad Bezze-

ghoud, do Cen-tro de Geofísi-ca de Évorae da Universi-dade de Évora.

Aliás, hoje é possívelcontar alguns sismos quemarcaram a história doPaís. "O sismo de 1755[com magnitude 9 na esca-la de Richter] foi um dosmais destrutivos de que hámemória", diz. No dia 1 deNovembro, às 9h30, a Ter-ra tremia. O sismo sentiu-se"em toda a Europa e Nortede África", refere. Ao sismoseguiu-se um tsunami queinvadiu a costa. Morreramseis mil pessoas.

Hoje, 265 anos depois,

está Portugal preparadopara responder a um tsu-nami como o de 1755?"Não como já estão outraszonas do globo", admiteao Metro Luís Matias, do-cente da FCUL. "O Nordes-te do Atlântico, Mar Medi-terrâneo e Mar Negro são

hoje as únicas regiões queainda não estão cobertaspor qualquer tipo de siste-ma de alerta contra tsuna-mis", acrescenta.

E o maremoto de 1755não foi o único a atingirPortugal. "Os documentoshistóricos relatam sismosacompanhados de tsuna-mis em 60 a.C, 382 d.C,1531, 1722, no Algarve,

1755, 1969", enumeraMaria Ana Viana Bap-

tista, investigadorado Instituto Su-

perior de En-genharia deLisboa.

Caso o cená-rio de 1755 se re-petisse hoje, as conse-quências não seriam tão

graves como na altura, "de-vido às transformações doestuário do Tejo", acrescen-ta. Porém, "algumas zonasserão inundadas".

A Baixa é uma das áreas

que pode ficar cheia de

água, acrescenta MouradBezzeghoud, da Universi-dade de Évora. "Em 1755, omar terá entrado até ondeactualmente se situa o Ros-sio e a onda terá atingidoprovavelmente uma altura

de seis metros", recorda.Segundo o especialis-ta, "hoje, o número de

vítimas poderia aumen-tar devido à elevada densi-

dade populacional naGrande Lisboa".

Aszonas queseriam inunda-das caso ocor-resse um tsuna-mi estão aser estudadasactualmentepelo InstitutoDom Luiz. Ain-da assim, o es-

pecialista MouradBezzeghoud garanteque "não há razões paratermos medo". "A Terra é

viva e sentimos a sua força.A sua actividade interna e

externa é natural, e aindabem que assim é", conclui.

PATRÍCIA TADEIAPATRICIA.TADEIA

@METROPORTUGAL.COM

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Sabemos que édifícil controlaro pânico e o medoquando há um sismoSaiba o que deve ou nãofazer nesta situação.

- Fique em casa Ao sair

lpode ser atingidojjyjj^—objectos enrrquecia.

2Proteja-seCuidado com

objectos que possam cair,afaste-se de janelas, prote-ja-se no vão de uma portaou debaixo da mesa.

3Se sair de casa Escolha

ruas largas e com poucosprédios em redor.

. Se estiver a conduzirnum lugar seguro,

uma área aberta, e evite

pontes, viadutos ou

passagens subterrâneas.

Afinal os sismos podemou não prever-se?"

Cérebros portuguesesvão tentar responder hojea esta pergunta, às l6h,no Museu Nacionalde História Natural, emLisboa. A entrada é livre.

Os animais têm um sexto sentido?Há quem defenda que osanimais conseguem pre-ver os sismos. Não é umdado científico, mas nãodeixa de ser curioso. Se-

gundo alguns especialis-tas, antes da maioria dostremores de terra observa-ram-se diferenças no com-portamento de vários ani-mais, como cães, gatos,peixes e cobras.

Os antropólogos refe-rem que, durante o tsuna-mi que atingiu o Sudesteasiático em 2004, animaissalvaram vidas. As tribosaborígenes das ilhas Anda-mão e Nicobar, na índia,abrigaram-se em locais se-

guros e escaparam ilesas

por conseguirem detectaros sinais de aviso de avese animais marinhos.

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Projectosque podemganhar vida

o ISCTE e MIT promovem concursoo Energias sustentáveis em foco

Lançar e apoiar projectostecnológicos que possamser comercializados é o ob-

jectivo do concurso inter-nacional de inovação e em-preendedorismo que o Ins-tituto Superior de Ciênciasdo Trabalho e da Empresa(ISCTE) lança este mês.

A iniciativa, organizada

em parceria com o Massa-chusetts Institute of Te-

chnology (MIT), pretenderecompensar projectos emquatro categorias: ener-gias sustentáveis e meiosde transporte; ciências na-turais e da vida; tecnolo-gias de informação e Inter-net; e serviços e produtos.

Na categoria dedicadaàs energias sustentáveis,por exemplo, será dada es-

pecial atenção a fontesainda não exploradas, tais

Os vencedoresrecebem 500 mileuros e todosos semifinalistas

terão formaçãoespecíficacomo a energia das ondase das marés. O regulamen-to do concurso pode serconsultado no site do MIT:www.mitportugal-iei. org.

PATRÍCIA TADEIA