plano municipal de sarandi de habitação de interesse social - pmhis

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SISTEMA NACIONAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - SNHIS MINISTÉRIO DAS CIDADES CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES – NÚCLEO REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ MUNICÍPIO DE SARANDI - PR PREFEITO MUNICIPAL – APARECIDO FARIAS SPADA SECRETÁRIA DE URBANISMO – Márcia Hofman COORDENAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SARANDI Walter Leite da Silva Dep. de Habitação / Chefe de Divisão – Secretaria Municipal de Urbanismo. EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SARANDI Andréia Cristina Pires Diretora de Departamento de Administração – Secretaria de Saúde. Antônio Odair Senhorini Chefe de Orçamento, Finanças e Compras – Secretaria Municipal de Educação. Elton Eidy Toy Engenheiro Civil – Secretaria de Urbanismo. Francisco dos Santos Assessor de Assuntos Comunitários (GRC) – Gabinete do Prefeito. Marilda Ribeiro da Silva Diretora do Departamento Administrativo – Secretaria de Urbanismo. Shirley de Andrade Batista Diretora do Dep. De Geração de Trabalho e Renda – Secretaria de Desen. Econômico. 1

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Page 1: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

SISTEMA NACIONAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - SNHIS

MINISTÉRIO DAS CIDADES

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES – NÚCLEO REGIÃO METROPOLITANA DE

MARINGÁ

MUNICÍPIO DE SARANDI - PR

PREFEITO MUNICIPAL – APARECIDO FARIAS SPADASECRETÁRIA DE URBANISMO – Márcia Hofman

COORDENAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SARANDIWalter Leite da Silva

Dep. de Habitação / Chefe de Divisão – Secretaria Municipal de Urbanismo.

EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SARANDIAndréia Cristina Pires

Diretora de Departamento de Administração – Secretaria de Saúde.

Antônio Odair SenhoriniChefe de Orçamento, Finanças e Compras – Secretaria Municipal de Educação.

Elton Eidy ToyEngenheiro Civil – Secretaria de Urbanismo.

Francisco dos SantosAssessor de Assuntos Comunitários (GRC) – Gabinete do Prefeito.

Marilda Ribeiro da SilvaDiretora do Departamento Administrativo – Secretaria de Urbanismo.

Shirley de Andrade BatistaDiretora do Dep. De Geração de Trabalho e Renda – Secretaria de Desen. Econômico.

Vandikson de SouzaAssessor de Departamento – Autarquia Águas de Sarandi.

Verlaine Cristina de PaulaAssistente Social e Diretora do Dep. de Enfrentamento à Pobreza – SAS.

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Page 2: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Vítor Alexandre de SouzaDiretor de Administração de Receitas – Secretaria de Fazenda.

Walker Nael TorrezanDiretor de Captação de Recursos – Secretaria de Planejamento.

Walter Leite da SilvaDep. de Habitação / Chefe de Divisão – Secretaria Municipal de Urbanismo.

COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO DO PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – PLHIS

Ana Lúcia de BiozioParque Alvamar.

Adenilson KonzelmannColégio Antônio Francisco Lisboa.

Aparecida Luisa MirandaMoradora do Parque Alvamar.

Creuza dos Santos Carmo Conselho de Habitação / Central de Movimentos Populares – CMP.

Dadin de OliveiraDelegado do Bairro Bom Pastor.

Franciele Aparecida dos SantosDelegada do Jardim Panorama.

Ilda Rodrigues da Rocha SantosConselho da Mulher.

Joana D`Arc PereiraAssociação de Moradores do Novo Bertioga.

Josefa Jocilda dos SantosRepresentante Parque Alvamar II.

Juliana MarcoJardim Independência.

Julieta da Silva Cruz Movimento de Luta por Moradia – MLM.

Maria Eunice de PaulaIgreja Católica e Parque Alvamar.

Maria Fernanda CezarDelegada do Distrito Vale Azul.

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Page 3: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Mirtes Dinorá PipinoConselho da Mulher.

Nelson LiveroConselho de Saúde.

Newton Cezar Martins Conselho de Habitação / Central de Movimentos Populares – CMP.

COORDENAÇÃO DO OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES – NÚCLEO RMMProfa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues

Socióloga, doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

COORDENAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLHIS - SARANDIProfa. Dra. Marivânia Conceição de Araújo

Socióloga, doutora pela Universidade Estadual de São Paulo, Araraquara.

EQUIPE EXECUTORAProfa. Dra. Celene Tonella

Profa. Dra. Marivânia Conceição de AraújoArquiteta Elise Savi

Arquiteto João Paulo da Rosa

COLABORADORESEstagiários:

Altair Ferrari MoraesLuiz Modesto Costa

Juliana De Nardin

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Page 4: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

ÍNDICE

LISTA DE SIGLAS........................................................................................................................6

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas...............................................................6

LISTA DE GRÁFICOS..................................................................................................................9

LISTA DE MAPAS......................................................................................................................12

PARTE 01 – PERFIL MUNICIPAL DE SARANDI......................................................................13

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................14

2. PANORAMA HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL EM SARANDI...................................15

3. O MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL..........................................................................19

3.1. OCUPAÇÃO TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SARANDI.............................................................193.2. DEMOGRAFIA................................................................................................................................... 243.3. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA......................................................................................................393.4. ECONOMIA LOCAL E MERCADO DE TRABALHO..........................................................................433.5. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE SARANDI........................................................................................523.6. EXPERIÊNCIAS HABITACIONAIS JÁ DESENVOLVIDAS PELO PODER PÚBLICO.......................57

4. CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVAS.......................................................69

4.1. MARCOS REGULATÓRIOS E LEGAIS.............................................................................................694.1.1. Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, de 1992.......................................................704.1.2. Lei do Parcelamento do Solo Urbano, de 1992..........................................................714.1.3. Lei do Código de Obras e Edificações......................................................................714.1.4. Conselho e Fundo Local de Habitação de Interesse Social........................................734.1.5. Anteprojeto de Lei do Plano Diretor de Sarandi, de 2007............................................744.1.6. Anteprojeto de Lei do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, de 2007.....................754.1.7. Anteprojeto de Lei do Código de Edificações, de 2007...............................................774.1.8. Lei Municipal número 527, de 1993...........................................................................78

PARTE 02 – PERFIL HABITACIONAL DE SARANDI...............................................................80

5. NECESSIDADES HABITACIONAIS......................................................................................81

5.1. DEFINIÇÕES BÁSICAS..................................................................................................................... 815.1.1. Déficit Habitacional.................................................................................................825.1.2. Inadequação Habitacional ou Déficit Qualitativo........................................................835.1.3. Demanda Demográfica............................................................................................84

5.2. DÉFICIT HABITACIONAL DE SARANDI...........................................................................................855.2.1. Considerações Iniciais............................................................................................855.2.2. Metodologia de Cálculo...........................................................................................905.2.3. Déficit habitacional de Sarandi por classes de renda.................................................96

5.3. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL DE SARANDI...............................................................................995.3.1. Condição de Habitabilidade dos Domicílios............................................................1025.3.2. Assentamentos Precários e Informais....................................................................104

5.4. DEMANDA DEMOGRÁFICA DE SARANDI.....................................................................................1245.4.1. Metodologia adotada nas estimativas populacionais...............................................124

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Page 5: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

5.4.2. Demanda de Moradia.............................................................................................1295.4.3. Correção da Projeção Populacional........................................................................131

6. OFERTA HABITACIONAL...................................................................................................133

6.1. PROGRAMAS DE ACESSO À TERRA E À MORADIA...................................................................1346.2. DISPONIBILIDADE DE SOLO URBANIZADO.................................................................................1426.3. PRODUÇÃO HABITACIONAL DE MERCADO................................................................................144

6.3.1. Valor do Solo Urbano............................................................................................1446.3.2. Agentes Imobiliários e Produção de Lotes Urbanizados..........................................1506.3.3. Tipos e formas de produção de moradias...............................................................156

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................................158

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CadÚnico – Cadastro Único

CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

CEF – Caixa Econômica Federal

CEM – Centro de Estudos da Metrópole

COHAPAR – Companhia de Habitação do Paraná

CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

DATASUS – Banco de dados do Sistema Único de Saúde

FDS – Fundo de Desenvolvimento Social

FGTS – Fundo de Garantia por tempo de Serviço

FJP – Fundação João Pinheiro

FNHIS – Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados

IPPUR – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional

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Page 6: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte

ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis

ITR – Imposto Territorial Rural

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei de Orçamentária Anual

MCidades – Ministério das cidades

OGU – Orçamento Geral da União

ONU – Organização das Nações Unidas

PAR – Programa de Arrendamento Residencial

PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PD – Plano Diretor

PlanHab – Plano Nacional de Habitação

PLHIS – Plano Local de Habitação de Interesse Social

PLHIS – Plano Local de Habitação de Interesse Social

PSH – Programa de Subsídio À Habitação de Interesse Social

RMM – Região Metropolitana de Maringá

s.m. – salário mínimo

SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social

SUS – Sistema Único de Saúde

ZEIS – Zona Especial de Interesse Social

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Page 7: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Associações Comunitárias de Bairro de Sarandi ........................................... 54

Tabela 1 – População residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e pessoas que realizaram movimento pendular - 2000...........................................................................................................27

Tabela 2 – Percentual da população residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e pessoas que realizaram movimento pendular - 2000...................................................................................27

Tabela 3 – Participação da população residente com menos de 16 anos e com mais de 60 anos na população total....................................................................................................................................................30

Tabela 4 – População por faixa etária nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi - 2000..................31Tabela 5 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000...............................33Tabela 6 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000...............................33Tabela 7 – População por gênero nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandí – 2000........................35Tabela 8 – População por gênero e por AED no município de Sarandi - 2000................................................35Tabela 9 – População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu - 2000.36Tabela 10 – Total de pessoas responsáveis pelas famílias da cidade de Sarandi - 2000.............................37Tabela 11 – Total de mulheres com idade entre 10 e 19, número de filhos nascidos vivos e proporção de

adolescentes com experiência do município de Sarandi - 2000.................................................................38Tabela 12 – Total de famílias de Sarandi - 2000...................................................................................................39Tabela 13 - Percentual de famílias por AED Sarandi – 2000..............................................................................39Tabela 14 – Valor adicionado pela agropecuária, indústrias e serviços no PIB municipal de Sarandi - 2005

...............................................................................................................................................................................40Tabela 15 – PIB municipal e PIB per capita para os municípios conurbados da Região Metropolitana de

Maringá entre os anos 2000 e 2005................................................................................................................41Tabela 16 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 -

2000......................................................................................................................................................................42Tabela 17 - População contada, admissões e desligamentos nos municípios................................................44Tabela 18 - Admissões e demissões mensais nos municípios conurbados da RMM - 2007........................46Tabela 19 – Evolução do emprego por setor de atividade econômica nos municípios conurbados da RMM

- 2007....................................................................................................................................................................48Tabela 20 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Maringá..............49Tabela 21 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Paiçandu............49Tabela 22 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Sarandi...............50Tabela 23 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Maringá, 2006.........................51Tabela 24 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Paiçandu, 2006......................51Tabela 25 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Sarandi, 2006.........................51Tabela 26 – Unidades habitacionais produzidas pela COHESMA.....................................................................58Tabela 27 – Unidades habitacionais produzidas pela COHAPAR.....................................................................60Tabela 28 – Unidades habitacionais produzidas pelo GOVERNO FEDERAL / PREFEITURA MUNICIPAL

E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL..................................................................................................................63Tabela 29 – Quantidade de projetos do programa Casa Fácil aprovados pela prefeitura nos anos de 2004

a 2008...................................................................................................................................................................67Tabela 30 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel, Sarandi, 2008.....................91Tabela 31 – Domicílios Próprios por tipo de construção. Sarandi, 2008...........................................................93Tabela 32 – Atualização do cálculo do déficit municipal. Sarandi, 2008...........................................................94Tabela 33 – Déficit habitacional acumulado por classes de renda. Sarandi, 2008..........................................96Tabela 34 – Inadequação por Infra-estrutura. Sarandi, 2008............................................................................101Tabela 35 – Caracterização de domicílios segundo dados do IBGE, por setor censitário, em 2000.........108Tabela 36 - População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi entre os anos de

1980 a 2020.......................................................................................................................................................127Tabela 37 – População e demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da

população no Município de Sarandi entre os anos de 2000 a 2020........................................................130

Page 8: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 38 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2009 a 2020.................................................................................130

Tabela 39 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi, subdividido por faixas de renda, entre os anos de 2009 a 2020.......................131

Tabela 40- População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi entre os anos de 1980 a 2020, e Projeção Geométrica da população até 2023................................................................................132

Tabela 41 - Bairros/Loteamentos que apresentam mais de 100 lotes vazios no município de Sarandi....143Tabela 42 – Loteamentos particulares aprovados, por ano...............................................................................153Tabela 43 – Produção de Lotes Urbanizados por Incorporadora Imobiliária. Sarandi, 2008.......................154Tabela 44 – Loteamentos que apresentam irregularidades por ano de aprovação. Sarandi, 2008...........156

Page 9: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Parcela da população de Sarandi que trabalha ou estuda no município de origem, trabalha ou estuda fora do município, e que trabalha ou estuda na cidade pólo..........................................................25

Gráfico 2 - População total nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi segundo o Censo Demográfico de 2000, a estimativa populacional de 2006 e a Contagem Populacional de 2007 (IBGE)...............................................................................................................................................................................26

Gráfico 3 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de Maringá – Maringá, Sarandi e Paiçandu – Censo Demográfico 2000 e Contagem Populacional de 2007............................27

Gráfico 4 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de Maringá por faixa etária – Maringá, Sarandi e Paiçandu – 2000................................................................................................28

Gráfico 5 – População com idade inferior a 16 anos e superior a 65 anos nos municípios de Sarandi, Maringá e Paiçandu - 2000...............................................................................................................................29

Gráfico 6 - Percentual de pessoas, por faixa etária, distribuídos por AED no município de Sarandi – 2000...............................................................................................................................................................................32

Gráfico 7 – População por gênero nos municípios de Sarandi, Maringá e Paiçandu - 2000.........................33Gráfico 8 - População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu - 2000.35Gráfico 9 – Média de pessoas por família por AED no município de Sarandi - 2000......................................36Gráfico 10 – Incremento do PIB entre os anos de 2002, 2003, 2004 e 2005 nos municípios conurbados da

Região Metropolitana de Maringá....................................................................................................................40Gráfico 11 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 -

2000......................................................................................................................................................................41Gráfico 12 – Percentual de pessoas com mais de 50% de suas rendas provenientes de transferências

governamentais nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 - 2000......42Gráfico 13– Domicílios Particulares Permanentes, por tipo de posse, Sarandi, 2008....................................85Gráfico 14 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios próprios. Sarandi, 2000....................85Gráfico 15– Renda Familiar das famílias que residem em domicílios alugados. Sarandi, 2000...................86Gráfico 16 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios cedidos. Sarandi, 2000....................86Gráfico 17 – Caracterização dos domicílios cedidos. Sarandi, 2000.................................................................87Gráfico 18 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel...............................................91Gráfico 19– Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 5 salários mínimos

mensais. Sarandi, 2008.....................................................................................................................................95Gráfico 20 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos

mensais. Sarandi, 2008.....................................................................................................................................97Gráfico 21 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos

mensais. Sarandi, 2008.....................................................................................................................................98Gráfico 22 – Componentes da inadequação habitacional. Sarandi, 2008........................................................99Gráfico 23 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos

mensais. Sarandi, 2008...................................................................................................................................102Gráfico 24 Situação dos domicílios dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão.............................114Gráfico 25 - Condição física dos domicílios dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão................114Gráfico 26 - Renda dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão..........................................................115Gráfico 27 - Escolaridade dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão..............................................115Gráfico 28 - Situação física dos domicílios das pessoas entrevistadas no Conjunto Res. Floresta...........116Gráfico 29 - Situação física dos domicílios das pessoas entrevistadas no Conjunto Res. Triângulo.........116Gráfico 30 - Renda dos moradores entrevistados no bairro Jd. Monterrey....................................................117Gráfico 31 - Escolaridade dos chefes das famílias entrevistadas no bairro Jd. Monterrey..........................117Gráfico 32 - Situação dos domicílios das pessoas entrevistadas no bairro Jd. Monterrey..........................117Gráfico 33 - Condição física dos domicílios das pessoas entrevistadas no bairro Jd. Monterrey...............117Gráfico 34 - Renda dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor...................................................118Gráfico 35 - Escolaridade dos chefes das famílias entrevistadas no Pq. Res. Bom Pastor........................118Gráfico 36 - Situação dos domicílios dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor.....................118Gráfico 37 - Condição física dos domicílios dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor.........118Gráfico 38 – Tendência populacional. Sarandi, 1991 a 2020............................................................................127

Page 10: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 39 – Tendência Populacional, Sarandi 1991 a 2023............................................................................132Gráfico 40 – Incorporadora Imobiliária por área parcelada. Sarandi, 2008....................................................152

Page 11: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 - Plano inicial de Sarandi................................................................................................................................19Fig. 2 - Representatividade por Associações Comunitárias de Bairros/Sarandi 2007....................................53Fig. 3 - Foto de uma casa no Cj. Triângulo que sofreu modificações: a porta saiu da fachada e a lateral

foi aumentada......................................................................................................................................................59Fig. 4 - Planta e Vista frontal da casa padrão do Cj.Triângulo............................................................................59Fig. 5 - Planta e elevação da casa padrão do Cj. Res. Vale Azul......................................................................60Fig. 6 - Foto de uma casa no Cj. Vale Azul............................................................................................................60Fig. 7 - Exemplo de planta da casa da COHAPAR nos Conjuntos Osvaldo Gehal e Sarandi.......................61Fig. 8 - Implantação do loteamento do Cj. Casa da Família no Jd. Independência 3a Parte.........................62Fig. 9 - Casa no Cj. Acalanto II.................................................................................................................................63Fig. 10 - Casa no Cj. Acalanto I ou Morada do Sol...............................................................................................63Fig. 11 - Domicílio no Cj. Mutirão.............................................................................................................................64Fig. 12 - Interior de um domicílio do Cj. Mutirão....................................................................................................64Fig. 13 - Vista da viela do Cj. Mutirão......................................................................................................................65Fig. 14 - Espaço onde foram demolidas 3 casas no Cj. Mutirão.........................................................................65Fig. 15 - Mapa mostrando em destaque as quadras do conjunto Mutirão........................................................65Fig. 16 - Casa em construção do Conjunto Alvamar............................................................................................66Fig. 17 - Folder de divulgação do Programa Casa Fácil na gestão 2005-2008...............................................67Fig. 18 - Planta de 69,96 m2 do programa Casa Fácil..........................................................................................68Fig. 19 - Planta de 48,00 m2 do programa Casa Fácil..........................................................................................68Fig. 20 - Paisagem rural característica do Jd. Universal....................................................................................114Fig. 21 - Casa no Jardim Universal........................................................................................................................114Fig. 22 - Vista da estrada de acesso ao Jd. das Torres.....................................................................................114Fig. 23 - Casa no Jardim das Torres.....................................................................................................................114Fig. 24 - Domicílios com materiais improvisados no Mutirão............................................................................116Fig. 25 - Exemplo de fossa usada pelo moradores do Mutirão.........................................................................116Fig. 26 - Conjunto de casas na ocupação do Jd. Universal...............................................................................122Fig. 27 - Erosão atrás das casas na ocupação do Jd. Universal......................................................................122Fig. 28 - Domicílio com materiais improvisados..................................................................................................122Fig. 29 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal.........................................................................................122Fig. 30 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal.........................................................................................123Fig. 31 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal.........................................................................................123Fig. 32 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal.........................................................................................123Fig. 33 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal.........................................................................................123Fig. 34 - Chácara – ocupação irregular no Jardim Independência 3a Parte....................................................124Fig. 35 - Domicílios na ocupação do Jardim Independência 3a Parte..............................................................124Fig. 36 - Ocupação em Área de Preservação Ambiental...................................................................................124Fig. 37 - Casa em Área de Preservação Ambiental............................................................................................124Fig. 38 – Situação esquemática do Jardim Esperança II, em Sarandi............................................................150Fig. 39 - Empreendimento Habitacional, com residências acabas (ao fundo) – Parque Residencial Bom

Pastor, Sarandi, 2008.......................................................................................................................................156Fig. 40 - Empreendimento Habitacional, com residências inacabadas e com a obra paralisada– Parque

Residencial Bom Pastor, Sarandi, 2008.......................................................................................................156

Page 12: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

LISTA DE MAPAS

MAPA 01 – Setores Censitários Urbanos

MAPA 02 – Bairros

MAPA 03 – Evolução Urbana

MAPA 04 – Loteamentos urbanos e empreendedores responsáveis

MAPA 05 – Zoneamento Urbano

MAPA 06 – Infra-Estrutura Urbana

MAPA 07 – Equipamentos Urbanos

MAPA 08 – Conjuntos Habitacionais

MAPA 09 – Planta genérica de valores

MAPA 10 – Vazios públicos e vazios urbanos

MAPA 11 – Terrenos adquiridos judicialmente pela prefeitura

MAPA 12 – Vazios urbanos de uso residencial ou misto

MAPA 13 – Bairros carentes e ocupações irregulares

MAPA 14 – Densidade populacional

MAPA 15 – Densidade intradomiciliar

MAPA 16 – Renda

MAPA 17 – Tipo de ocupação domiciliar segundo IBGE, 2000

MAPA 18 – Número de domicílios alugados segundo CadÚnico

MAPA 19 – Número de domicílios alugados segundo CadÚnico

MAPA 20 – Número de domicílios com mais de 6 moradores

MAPA 21 – Número de chefes de família sem renda mensal

MAPA 22 – Número de chefes de família com menos de 4 anos de estudo

MAPA 23 – Número de chefes de família com idade entre 10 e 19 anos

MAPA 24 – Número de chefes de família com idade igual ou acima de 70 anos

MAPA 25 – Número de mulheres chefes de família

MAPA 26 – Número de mulheres chefes de família não alfabetizadas

Page 13: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

PARTE 01 – PERFIL MUNICIPAL DE SARANDI

Page 14: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

1. INTRODUÇÃO

Para a realização do diagnóstico foram feitos levantamentos de dados estatísticos,

diversos mapas da cidade, gráficos e tabelas contemplando as mais específicas situações,

oficinas com técnicos da prefeitura e audiências públicas com a população do município. Essas

atividades vão ao encontro das prerrogativas do PLHIS, que é pautado pela presença e

participação de grupos sociais diretamente interessados na implantação de políticas públicas

que dizem respeito à habitação de interesse social. Quanto às informações coletadas a partir

de diferentes fontes – como os dados do Censo de 2000, do IPARDES, entre outros – e

métodos de pesquisa – tais como a aplicação de questionários junto à população – elas foram

elaboradas objetivando oferecer subsídios para melhor conhecer as características e os

problemas relacionados à habitação popular e ao déficit habitacional.

O Diagnóstico Habitacional versa sobre o panorama histórico da habitação social no

Brasil, quando são elencadas as políticas voltadas para habitação nas diferentes esferas do

executivo; contextualiza o município de Sarandi no âmbito regional, envolvendo vários temas:

ocupação territorial, demografia, situação econômica, organizações sociais e as experiências

habitacionais já desenvolvidas. Traz dado sobre as condições institucionais e administrativas

que têm relação com o uso do solo e a legislação vigente para a edificação. Informa sobre as

necessidades habitacionais, apresentando informações sobre déficit habitacional, inadequação

habitacional e a demanda demográfica, referentes à cidade de Sarandi. Há, ainda, um estudo

sobre a oferta habitacional, isto é, demonstra através de diversos mapas (com suas respectivas

apreciações) e os resultados das análises dos dados oferecidos pela prefeitura entre outras

fontes, as áreas disponíveis naquele espaço urbano e menciona elementos pertinentes para

essa discussão como o valor do solo urbano, os agentes imobiliários, a produção de lotes

urbanizados – que em Sarandi tem um papel determinante na organização do traçado urbanos

e tipos e formas de produção de moradia.

O Diagnóstico Habitacional apresenta informações históricas, da legislação relacionada

à habitação no país, traça um amplo panorama da situação do espaço urbano de Sarandi,

dados da sua população, etc. Tudo com o objetivo de oferecer o mais completo conjunto de

elementos que possibilite conhecer o município e para formular propostas para futuros

programas e políticas relacionadas à habitação de interesse social que Sarandi tanto necessita.

Page 15: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

2. PANORAMA HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL EM SARANDI

O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Popular –SNHIP – foi criado no Senado,

por meio do Projeto de Lei de iniciativa popular no. 2.710/92, a mesma lei regulamentou

Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS – e autoriza o Poder Executivo a

criar o fundo e seu conselho gestor. Como conseqüência, foi estruturado o Plano Nacional da

Habitação – o PLANHAB, cujo objetivo é dar maior suporte institucional e mais consistência ao

Sistema Nacional de Habitação.

Em mais um resultado de um Projeto de Lei de iniciativa popular, foi instituído o Sistema

e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS/FNHIS), Pela Lei Federal no

11.124/05 em 16 de junho de 2005 e o Conselho Gestor, esse fato possibilitou a consolidação

do setor habitacional como política de Estado. De acordo como o Ministério das Cidades, o

objetivo principal do SNHIS é

“(...) implementar políticas e programas que promovam o

acesso à moradia digna para a população de baixa renda, que compõe a

quase totalidade do déficit habitacional do País.

Além disso, esse Sistema centraliza todos os programas e

projetos destinados à habitação de interesse social, sendo integrado

pelos seguintes órgãos e entidades: Ministério das Cidades, Conselho

Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, Caixa

Econômica Federal, Conselho das Cidades, Conselhos, Órgãos e

Instituições da Administração Pública direta e indireta dos Estados,

Distrito Federal e Municípios, relacionados às questões urbanas e

habitacionais, entidades privadas que desempenham atividades na área

habitacional e agentes financeiros autorizados pelo Conselho Monetário

Nacional.” 1

Na estrutura da política habitacional do Governo Federal, o PLHIS é um instrumento de

implementação do SNHIS, isto é, ele visa possibilitar a participação da população, a discussão

e a ação do poder municipal para resolver o problema do déficit habitacional (quantitativo e

qualitativo) que atinge a grande parte da população brasileira de baixa renda.

O ministério das Cidades afirma que o

1 http://www.cidades.gov.br

Page 16: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

“O processo de elaboração do PLHIS contempla três etapas –

proposta metodológica, diagnóstico do setor habitacional e estratégias de

ação – , que resultam em um conjunto de objetivos, metas, diretrizes e

instrumentos de ação e intervenção para o setor habitacional.”2

O Município de Sarandi desenvolveu algumas ações no sentido de discutir e buscar

soluções para o problema do déficit habitacional por habitação de interesse social. Ou seja, por

meio da Lei no 1.089/2003, foram criados o Fundo Municipal de Habitação e o Conselho

Municipal, em 2005 foi instituído o Departamento de Habitação do Município de Sarandi.

Em 25 de fevereiro de 2007 o município aderiu ao PLHIS, para a elaboração do Plano

de Habitação, fruto de um processo participativo e democrático.

Essas medidas foram tomadas pelo poder público municipal devido aos sérios

problemas existentes em seu perímetro urbano, em especial no que diz respeito à organização

do espaço urbano da cidade e à habitação destinada à população de baixa renda. Esses

problemas são percebidos e apontados em diferentes instâncias. Por exemplo, em seu Plano

Diretor, sancionado em 1992, lê-se o seguinte:

“ (...) no processo de ocupação do solo de Sarandi houve uma

degradação da qualidade da urbe, sua evolução ocorreu sem que se

resguardasse o adequado desenho das funções urbanas, fluxos ou distribuição

de atividades” (Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento, Sarandi, 1992)

Como conseqüência desse processo tem-se em Sarandi um tecido urbano

desorganizado, um padrão de parcelamento desarticulado e um sistema viário em que não se

percebe a sua hierarquia. O mesmo Plano Diretor destaca ainda que este processo de

deterioração urbanística, ocorrido em Sarandi e Paiçandu, repete uma tendência da

urbanização brasileira recente que se caracteriza pelo crescimento urbano proporcionado a

periferização das populações de baixa renda em regiões sem os serviços públicos básicos e

com padrão urbanístico inadequado.

Todavia, o Plano Diretor de Sarandi não informa que em Maringá também se repetiu o

mesmo processo quando do seu crescimento urbano, isto é, a população mais empobrecida foi

deslocada, pelo poder público municipal e estadual ou pelas pressões do mercado imobiliário,

para as franjas da cidade, em condições precárias, devido à ausência de serviços públicos.

Esse fator é muito importante para a caracterização do solo urbano em Sarandi assim como

2 http://www.cidades.gov.br

Page 17: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

para o aumento da demanda por habitação de interesse popular, haja vista que boa parte

daquela população pobre expulsa da cidade de Maringá instalou-se em Sarandi, devido aos

valores dos aluguéis e dos terrenos serem comparativamente menores em Sarandi.

Segundo o Plano Diretor, em Sarandi não há favelas, porém o Conjunto Mutirão é

citado por se caracterizar pelas condições inadequadas de habitabilidade3. Fato que aumenta a

demanda por habitação. O Plano Diretor destaca, ainda, que até 1990 em Sarandi foram

edificados sete conjuntos habitacionais, perfazendo 177 casas com áreas construídas entre 27

a 47 m2 e cujos agentes foram a COHESMA e a INCOOP. Nota-se que se trata de um número

que ficou muito aquém das necessidades habitacionais do município e o problema se agrava

quando se observa o metro quadrado das áreas construídas, isto é, um espaço ínfimo para

uma família viver de modo confortável, dentro dos padrões estipulados pelo Ministério das

Cidades para uma moradia de qualidade4.

Com base nesses dados apresentados pelo Plano Diretor de Sarandi e por suas

respectivas reflexões, é possível perceber que os problemas relacionados à habitação em

Sarandi são muitos e estruturais, pois alguns dizem respeito ao seu processo de ocupação do

espaço e a baixa oferta de habitações de interesse popular.

Segundo Nedier Souza (1991), o crescimento espacial de Sarandi foi exorbitante,

desordenado e envolveu várias áreas da cidade. Alguns loteamentos se constituíram de forma

alongada (exemplo do Jd. Universal), o que dificulta o acesso de seus moradores à área central

da cidade, porém por outro lado, há terrenos vazios próximos ao centro.

De acordo com Veloso,

“Na década de 80 são aprovados apenas dois loteamentos, que seguem

a tendência iniciada no período anterior de expansão contínua, em direção ao

norte: a expansão, que era predominantemente realizada longitudinalmente ao

longo dos eixos rodoviário e ferroviário, começa a prosseguir transversalmente.

(...) Na década de 90 ocorre o segundo período de maior expansão de território

com a aprovação de mais 27% dos loteamentos hoje existentes, ocorrendo de

maneira dispersa, ocupando vazios localizados entre porções já loteadas e

também expandindo linearmente o parcelamento em direção a noroeste e a

sudoeste. (...) Na década de 2000 foram implantados mais sete loteamentos,

sendo que os dois maiores ocorreram totalmente desconstituídos e distantes da

malha urbana, um a sudeste e outro a sudoeste.” (VELOSO, 2003)

3 Sobre o Conjunto Mutirão ver página 644 www.cidades.gov.br

Page 18: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A aprovação destes loteamentos ao longo dos anos e o modo como eles estão

dispersos no espaço urbano de Sarandi, demonstra como vem se configurando desorganizado

e sem planejamento aquele espaço. Esse fato tem sérias conseqüências para a população de

baixa renda que habita aqueles loteamentos, pois eles foram implantados de forma dispersa,

na periferia da cidade, em locais sem infra-estrutura e à mercê de um transporte público

deficitário. Essa população também está numa situação de isolamento, na medida em que os

loteamentos estão próximos a vazios urbanos. Esse aspecto “caótico” (Plano Diretor de

Sarandi, 1992) da malha urbana prejudica sobremaneira a população empobrecida e evidência

a necessidade de uma política pública com base em um planejamento coerente que vise

beneficiar todas as parcelas da população, ocupando os vazios, inclusive aqueles próximos ao

cento da cidade. E a discussão de caráter participativo para a elaboração de um Plano de

Habitação vem ao encontro da necessidade de organizar e tornar mais democrático o espaço

urbano de Sarandi.

Page 19: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

3. O MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL

3.1. OCUPAÇÃO TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SARANDI

O surgimento da cidade de Sarandi faz parte do processo de ocupação do Norte do

Paraná, implantado pela Companhia de Terras Norte do Paraná, companhia de capital inglês

que, em 1939, passou a ser de acionistas brasileiros e, então, mudou seu nome para

Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. A ocupação da região foi impulsionada pela

prática da cultura cafeeira que se expandiu do interior do estado de São Paulo para esta região

de terras férteis, a “terra roxa”, muito favorável à produção do café.

O modelo de ocupação implantado pela Companhia consistia na venda de terras na

área rural para a agricultura e, para dar suporte a essa ocupação, a implantação de núcleos

urbanos maiores distanciados cerca de cem quilômetros, conformados como pólo prestadores

de serviços, e outros menores distanciados entre si cerca de quinze quilômetros. Nesse sentido,

Sarandi conforma-se como um pequeno núcleo, ao lado de um grande: Maringá.

O início da ocupação de Sarandi data de 1935, quando foram adquiridos por imigrantes

de São Paulo, Minas Gerais e do Nordeste, os primeiros lotes de terras e, em maio de 1947, foi

fundada a cidade.

Fig. 1 - Plano inicial de SarandiFonte: Construtora Vicky, 1973 (apud Caldeira, 1997, p.52).

Inicialmente Sarandi era apenas um patrimônio e, em 1951, passou a ser distrito de

Marialva, que era distrito de Mandaguari. Posteriormente, Marialva tornou-se município, e

Sarandi continuou como seu distrito. No ano de 1981, Sarandi então, emancipou-se. Segundo

Page 20: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Veloso (2003), Sarandi não foi planejada para o crescimento urbano, previa-se apenas

atividades comerciais, religiosas e institucionais.

Até 1960, Sarandi era constituída apenas do núcleo inicial e duas vilas, Vera Cruz e

Chácaras Aeroporto, em 1954 foi implantada a ferrovia e a estação ferroviária. Essas chácaras

se desenvolveram junto à linha férrea e à estrada que ligava Londrina a Maringá o que explica o

fato da localização destas vilas ser distante do núcleo inicial. Essa ocupação de Sarandi

ocorreu devido à venda de terras na região como enfatiza Veloso (2003), comerciantes ali se

estabeleceram uma vez que se constituía em núcleo de venda de terras da Companhia.

As poucas famílias que se instalaram até a década de 60 vieram atraídas pelas terras

férteis, “terra roxa” e, até hoje, as duas vilas da ocupação inicial permanecem desconexas do

restante do território devido aos grandes vazios urbanos. Na década de 90, com a implantação

de um loteamento contíguo a essas vilas há certa integração com o restante do território

municipal, porém ainda com uma baixa ocupação dessa área.

Ainda na década de 60, o surgimento da BR 376 cortando o município faz com que a

ocupação aconteça no núcleo traçado pela Companhia junto à rodovia. Soma-se a esse fator

de expansão o fato de Sarandi ter recebido moradores de Maringá, entre 1961 e 1964, por meio

de uma ação de despejo adotada pelo então prefeito de Maringá. Apesar dessa expansão na

década de 60, o maior crescimento demográfico aconteceu em 1976, quando uma forte geada

atingiu a região, destruindo grande parte dos cafezais, o que fez com que a população saísse

do campo em direção à zona urbana. Concomitante a isso, o êxodo rural foi resultado também

da implantação de lavouras mecanizadas de soja e trigo. Como em Sarandi o preço dos lotes

era menor do que em Maringá, a cidade foi ocupada não apenas por indivíduos do município

como também por moradores de toda região. Esse êxodo pode explicar o fato de que a maioria

dos loteamentos da cidade, aproximadamente 54%, surge nesse período.

Segundo Veloso:

A expansão da área urbana tornou-se acentuada em 1974, quando a empresa Construtora Vicky Ltda., de propriedade do Dr. Vicente Yabiku, iniciou a venda de lotes urbanos. Em 1975, surgem três novos conjuntos margeando a rodovia (BR 376). (VELOSO, 2003, p. 44).

Até 1975, a ocupação do município ocorreu a partir do núcleo original, com a ocupação

de suas proximidades e de uma grande área na direção da BR 376, ao Norte, conformando o

Page 21: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

que é hoje a região central da cidade. Em termos de morfologia, essa expansão do território se

deu através de loteamentos de traçado regular, quadras retangulares, configurando o máximo

aproveitamento do lote. Porém, lotes menores quando comparados aos lotes do núcleo inicial.

A região central da cidade configura-se como a área mais valorizada do território, onde há a

maior concentração de comércio e serviços, bem como maior quantidade de infra-estrutura e

equipamentos.

A expansão do território nesses períodos pode ser melhor observada com o mapa de

evolução urbana (Mapa 03), onde é possível visualizar como o espaço do município foi sendo

ocupado ao longo das décadas principalmente na década de 1970. A malha, descontínua em

muitos momentos, faz com que existam bairros desconexos do ambiente urbano, aproximando-

se mais do meio rural. Do ponto de vista dessa ocupação mais periférica, muitos casos se

tratam de ocupações irregulares, em unidades precárias (barracos), com a criação de animais

em lotes do perímetro urbano, essenciais a complementação da renda familiar, especialmente

nas atividades de recolhimento de materiais recicláveis.

Ainda na década de 70, a expansão da cidade aconteceu de maneira mais linear,

direcionada para o limite com o município de Maringá e entre a linha férrea e a rodovia no

sentido de Marialva. Essa expansão em direção à Maringá acentuou a conurbação dos dois

municípios. O surgimento de um grande loteamento a nordeste, o Jardim Universal,

caracterizou-se como uma expansão descontínua à malha. A nova expansão do território

apresenta loteamentos com alguns pontos de descontinuidade das vias e desconsidera a

topografia o terreno.

Na década seguinte são aprovados dois grandes loteamentos, limitados pelo

Córrego Guaiapó, que reiteram a descontinuidade da expansão. A exemplo do que acontece

com os outros loteamentos, estes também não consideram a topografia do sitio físico e não tem

grande preocupação quanto à proteção dos recursos hídricos. A conexão com os loteamentos

existentes acontece por vias descontinuas.

Durante a década de 90, o território de Sarandi sofreu outra expansão como o

surgimento de mais de 27% dos loteamentos hoje existentes. Esse crescimento ocorreu tanto

no sentido de ocupação de vazios quanto em direção a áreas novas a noroeste e sudoeste.

Posteriormente, em 2000, foram aprovados mais sete loteamentos sendo dois destes

localizados distantes da malha urbana existente.

Page 22: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A vasta quantidade de loteamentos, resultado do parcelamento de pequenas glebas, fez

com que ocorresse um grande número de bairros, surgidos antes mesmo que outros

loteamentos já estivessem ocupados e consolidados o que explica a ocorrência de muitos

bairros, sendo alguns com uma baixa ocupação. A cidade expandiu-se desordenadamente,

fruto da especulação imobiliária, com loteamentos criados sem que houvesse uma preocupação

quanto a concepção urbanística. Acompanhando esse cenário, com aprovação de vários

loteamentos de maneira irregular fez com que muitos não tivessem lotes destinados a

Prefeitura para implantação de equipamentos públicos como creches, escolas e postos de

saúde, como exige a Lei Federal número 6.766 de 1979 e pela Lei do Plano Diretor Municipal,

número 4, de 1992.

Ainda sob o ponto de vista da ocupação do território, este concentrou o comércio e

serviços no núcleo inicial e ao longo de algumas vias como a Avenida Londrina, que é cortada

pela BR 376, Rua Rio de Janeiro e Avenida Maringá bem como ao longo da rodovia. Quanto ao

uso residencial, este é predominante em todo o perímetro urbano, onde prevalecem habitações

de um pavimento. Já o uso industrial concentra-se ao longo da rodovia, sendo sua maior

concentração na saída para Marialva.

A ocupação de Sarandi, de maneira geral, se deu principalmente, por pessoas atraídas

pelas oportunidades de emprego de uma cidade de médio porte como Maringá, porém, não

tendo condições de morar naquele local devido ao custo dos lotes, estabeleceram-se em

Sarandi, onde os lotes tem preço mais acessível.

Vários estudos sobre Sarandi como uma cidade-dormitório uma vez que grande parte da

mão-de-obra do município desloca-se para trabalhar na cidade-pólo Maringá, retornando no fim

do dia. Essa conformação deve-se ao fato de que o solo urbano de Sarandi possui um preço

mais acessível quando comparado à Maringá. Porém, vale ressaltar que esse custo inferior está

relacionado, muitas vezes, à falta de infra-estrutura urbana como pavimentação e esgoto.

Segundo Veloso (2003), Sarandi sofreu primeiramente com a exploração do solo por

parte dos incorporadores imobiliários e, posteriormente, essa exploração se deu por outros

agentes do espaço urbano como grandes industriais, proprietários dos meios de produção e

outros. Isso fez com que o planejamento inicial da CMNP não fosse seguido trazendo

problemas a cidade.

Durante muito tempo houve certo imobilismo tanto da administração pública quanto da

Page 23: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

iniciativa privada em relação às políticas públicas locais, o que fez com que a implantação de

infra-estrutura urbana não acompanhasse o crescimento populacional. Nesse contexto, muitos

loteamentos surgiram e foram aprovados sem seguir os critérios legais de aprovação,

resultando em loteamentos desprovidos de galerias, asfalto e até de posteamento de energia

elétrica.

Mesmo o Plano Diretor de Sarandi (1992) indicando que haveria um controle na

expansão de loteamentos de maneira que os bairros tivessem infra-estrutura e que os

investimentos públicos pudessem ser melhor aplicados neste sentido, o Plano Diretor não foi

respeitado, tendo em vista que os loteamentos surgiram de forma dispersa no território e,

muitas vezes, desprovidos de infra-estrutura básica.

A população que passa a habitar Sarandi enfrenta situações difíceis como: falta de ônibus nos bairros, barro e poeira por falta de asfalto, falta de energia elétrica. (VELOSO, 2003, p. 32).

As áreas mais providas de infra-estrutura, principalmente área central, foram ocupadas

pelas pessoas com recursos financeiros suficientes - os pioneiros, o que levou a uma

periferização da cidade, pois a população com baixa renda não tinha acesso aos lotes melhor

localizados, mais dotados de infra-estrutura e se deslocou para as áreas periféricas.

O cenário atual de Sarandi é resultado dessa falta de planejamento para ocupação e

desenvolvimento da cidade. O município cresceu, porém, a implantação de infra-estrutura e

serviços não acompanhou esse crescimento. Segundo Rodrigues (2004), um diagnóstico do

Plano Diretor de Maringá (1991) destaca aspectos da urbanização de Sarandi, cuja expansão

pode ser considerada,

...caótica, pois se deu obedecendo à lógica exclusiva da especulação imobiliária, que muitas vezes não respeitou, sequer o princípio preliminar da manutenção das diretrizes do sistema viário. A resultante deste processo é um tecido urbano desarticulado, apoiado em padrão de parcelamento bastante inadequado, e num sistema viário no qual é de difícil percepção a hierarquia (PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO DE MARINGÁ, 1991 apud Rodrigues 2004, p. 103)

A economia de Sarandi está baseada, principalmente, na prestação de serviços e

fornecimento de força de trabalho à cidade de Maringá - pólo industrial e comercial da região

metropolitana. Ao mesmo tempo em que os assalariados trabalham, também consomem em

Page 24: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Maringá, o que significa uma redução nas possibilidades de arrecadação do município. Trata-se

de uma relação de dependência, Maringá necessita da mão-de-obra de Sarandi e esta

necessita dos empregos disponíveis em Maringá.

O somatório de todos estes aspectos conformados ao longo anos de ocupação leva a

um cenário com vários problemas econômicos, de falta de infra-estrutura e de um ambiente

urbano caótico.

3.2. DEMOGRAFIA

Para elaborar um diagnóstico demográfico sobre Sarandi, optou-se pela utilização dos

dados fornecidos pelos Censos Demográficos (IBGE) dos anos de 1991 e 2000, apresentados

tanto em dados totais do município como seccionados por Áreas de Expansão Demográfica5

(AED), que consiste na junção dos dados coletados em determinados setores censitários, em

uma área determinada por suas características espaciais, possibilitando uma identificação

territorializada mais específica das informações, além dos dados da contagem populacional

realizada em 2007 (IBGE).

No caso de Sarandi, foram constituídas quatro AED’s: Centro 1, Centro 2, Nova

Independência e Linha do Trem, localizadas conforme Figura 02:

5 Apenas informações do último Censo Demográfico realizado pelo IBGE até o período da elaboração deste diagnóstico (2000)

Page 25: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 2 – Áreas de Expansão Demográfica de Sarandi - PRFonte: Observatório das Metrópoles – RMM 2008

No ano 2000, o município de Sarandi contava com 71.422 habitantes. Maringá, cidade

pólo da região metropolitana e com a qual Sarandi apresenta um quadro claro de conurbação,

contava com um contingente populacional aproximadamente três vezes maior que a cidade em

questão, ou seja, 288.653 habitantes.

Distribuídos os dados de população por AED’s, constata-se que a AED Centro 1 era a

mais populosa, com 19.647 habitantes, representando 27,51% da população total do município,

além da AED Centro 1, com 18.499 habitantes e representando 25,9% da população total.

Considerando que entre os habitantes de Sarandi em 2000, 64,86% (32625 pessoas)

desenvolviam atividades como trabalho e estudo, e que mais de um quarto da população, ou

seja, 28,76% (14467 pessoas) trabalhavam ou estudavam fora do município de origem, é

possível afirmar a existência de um movimento pendular intenso, especialmente com relação à

cidade pólo da Região Metropolitana, Maringá, para onde 26,47% (13315 pessoas) residentes

em Sarandi se deslocavam diariamente para trabalhar ou estudar no período, conforme

demonstrado no Gráfico 1.

Page 26: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 1 – Parcela da população de Sarandi que trabalha ou estuda no município de origem, trabalha ou estuda fora do município, e que trabalha ou estuda na cidade pólo.

64,86

28,76

26,47

0 10 20 30 40 50 60 70

Pessoas que es tudamou trabalham no

m unicípio

Que es tudam outrabalham fora do

m unicípio

Que es tudam etrabalham em Maringá

Fonte: Censo Demográfico – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Observado o mesmo dado distribuído por AED fica claro que, dos 14467 moradores

residentes de Sarandi que se deslocavam diariamente para outro município para estudar ou

trabalhar, as AED’s Centro 1 e 2 foram as que comportaram maior parcela de pessoas nestas

condições – Centro 1 – 23,13% (3346 habit), Centro 2 - 27,97% (4047 habit.). Há de se levar

em consideração que o valor apresentado nas outras AED’s não diferem muito com relação à

população de cada uma, indicando que este movimento pendular intenso é um fenômeno

comum a todo o território urbano municipal.

Este alto número de pessoas que se deslocavam diariamente para Maringá ou região

expressa, num primeiro momento, a falta de emprego no território municipal, aliado a isso, o

intenso incremento populacional que Sarandi sofreu nas últimas décadas em decorrência da

supervalorização da terra urbana e especulação imobiliária na cidade pólo, que forçou as

parcelas da população com baixa renda a procurar habitação com valores viáveis às suas

respectivas rendas.

Um parêntese a ser feito é que a contagem populacional realizada pelo IBGE para o ano

de 2007 no município contraposta à estimativa populacional de 2006 demonstra que, enquanto

em Sarandi era esperada uma população de 88.747 pessoas naquele ano, em 2007 foram

contadas 79.686, uma diferença de -10,21% que o esperado no ano anterior e, entre os

municípios conurbados (Maringá, Sarandi e Paiçandu), apenas Maringá correspondeu na

contagem populacional de 2007 aquilo que havia sido estimado em 2006, conforme observa-se

disposto no Gráfico 2:

Page 27: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 2 - População total nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi segundo o Censo Demográfico de 2000, a estimativa populacional de 2006 e a Contagem Populacional de 2007 (IBGE)

325968

79686

34604

324397

88747

37096

288653

71422

30764

0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000

Maringá

Sarandi

Paiçandu

Censo 2000 288653 71422 30764

Estimativa 2006 324397 88747 37096

Contagem 2007 325968 79686 34604

Maringá Sarandi Paiçandu

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE)Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 1 – População residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e pessoas que realizaram movimento pendular - 2000

Tabela 2 – Percentual da população residente de 15 anos e mais de idade que trabalha ou estuda e pessoas que realizaram movimento pendular - 2000

Total Que trabalham

ou estudam

Que trabalham ou estudam

fora do município de

residência

Que trabalham ou estudam em Maringá

4126256001001 Centro 1 4 18499 13271 8713 3346 30104126256001002 Centro 2 5 19647 14671 9691 4047 36424126256001003 N. Independência 6 15864 10745 6841 3349 31074126256001004 Linha do Trem 6 17412 11611 7379 3725 3557

71422 50298 32625 14467 13315Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

AED AED Tipo

Total de pessoas

População

Total

População de 15 anos ou

mais

Que trabalham ou estudam

Que trabalham ou estudam

fora do município de

residência

Que trabalham ou estudam em Maringá

4126256001001 Centro 1 4 25,90 26,38 26,71 23,13 22,604126256001002 Centro 2 5 27,51 29,17 29,70 27,97 27,354126256001003 N. Independência 6 22,21 21,36 20,97 23,15 23,334126256001004 Linha do Trem 6 24,38 23,08 22,62 25,75 26,71

100,00 70,42 64,86 28,76 26,47Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

Total

AED AED Tipo População

Total de pessoas

Page 28: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Com relação à população total da área conurbada da Região Metropolitana em 2000

(Maringá, Paiçandu e Sarandi) e o que representa a população de cada um dos municípios

nesta composição, foram contadas 390.839 pessoas na área, nesse contexto, Sarandi

participava com 18,26% de população, Paiçandu com 7,9%, e a cidade pólo, Maringá, com

73,85%, conforme Gráfico 3.

Com base na contagem populacional de 2007, a população total da área conurbada

passou a ser de 440.258 habitantes, onde os moradores de Sarandi passaram a representar

18,10% da população, os de Paiçandu 7,86%, e a população de Maringá a representar 74,04%.

Isso indica que, por mais que Sarandi não tenha correspondido em 2007, na contagem

populacional, ao que havia sido estimado em 2006, sua taxa de crescimento é bem mais

significativa que a observada em Maringá e em Paiçandu.

Gráfico 3 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de Maringá – Maringá, Sarandi e Paiçandu – Censo Demográfico 2000 e Contagem Populacional de 2007.

Maringá; 73,83

Sarandi ; 18,27

Paiçandu; 7,9

Maringá74,04%

Sarandi18,10%

Paiçandu7,86%

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE) e Contagem Populacional 2007 - IBGEElaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Quando distribuída a população recenseada em 20006 nos municípios conurbados por

faixas etárias para cada um deles (a cada quatro anos), e apresentadas em um gráfico de

linhas (Gráfico 4), observa-se que o movimento realizado pela linha que indica as informações

de Sarandi (rosa) é muito aproximado ao que faz aquela que representa os dados Paiçandu

(amarela). Enquanto Sarandi e Paiçandu apresentam nas faixas de 0 a 4 anos, 5 a 9, 10 a 14 e

25 a 29 anos uma população relativamente maior que Maringá (em azul), entre os habitantes da

cidade pólo destacam-se as faixas de idade de 35 e 79 anos, inclusive a das pessoas com mais

de 80 anos.

6 Não existem dados mais atuais sobre faixa etária.

Page 29: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

As faixas de idade dos 15 a 19 anos, 20 a 24 e 30 a 34 anos, apresentaram uma mesma

disposição no gráfico, considerando se tratarem de dados relativos.

Com base nestas informações é possível afirmar que na cidade pólo, em comparação à

mesma faixa em Sarandi e Paiçandu, a representação das pessoas com idade igual ou superior

a 35 anos é maior e, inversamente, Sarandi e Paiçandu apresentaram, quando do censo 2000,

maior concentração relativa de crianças de 0 a 14 anos e em jovens de 25 a 29 anos, em

comparação a cidade pólo.

Gráfico 4 – Percentual populacional da área conurbada da Região Metropolitana de Maringá por faixa etária – Maringá, Sarandi e Paiçandu – 2000

0,50

1,50

2,50

3,50

4,50

5,50

6,50

7,50

8,50

9,50

10,50

0 a

4

5 a

9

10 a

14

15 a

19

20 a

24

25 a

29

30 a

34

35 a

39

40 a

44

45 a

49

50 a

54

55 a

59

60 a

64

65 a

69

70 a

74

75 a

79

80 o

u m

ais

Maringá Sarandi Paiçandu

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE) Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Se seccionados os dados de população com idade inferior a 16 anos dentre a população

total, observa-se, conforme Gráfico 5, que Sarandi é aquela com maior representatividade nesta

faixa etária, com 31,47%, seguido de Paiçandu, com 31,09% e, por fim, Maringá com 26,31%

de sua população com menos de 16 anos (5,16 pontos percentuais a menos que Sarandi).

Realizando o mesmo exercício de seleção de dados de pessoas com mais de 65 anos, é

possível observar um movimento contrário, ou seja, Maringá apresenta a maior parcela de

idosos com relação a sua população total, 5,98%, seguido de Paiçandu, com 4,85% e, com

1,64 pontos percentuais a menos que a cidade pólo, Sarandi, com 4,54% de seus moradores

com idade superior a 65 anos.

Page 30: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 5 – População com idade inferior a 16 anos e superior a 65 anos nos municípios de Sarandi, Maringá e Paiçandu - 2000

5,98

26,31

4,85

31,09

4,54

31,47

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

Participação da população residente commais de 65 anos de idade na população

total, 2000(%)

Participação da população residente commenos de 16 anos de idade na população

total, 2000(%)

Maringá (PR) Paiçandu (PR) Sarandi (PR)

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE) Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 3 – Participação da população residente com menos de 16 anos e com mais de 60 anos na população total.

Município

Participação da população residente com mais de 65 anos de idade na população

total, 2000(%)

Participação da população residente com menos de 16 anos de idade na população

total, 2000(%)

Maringá (PR) 5,98 26,31

Paiçandu (PR) 4,85 31,09

Sarandi (PR) 4,54 31,47

Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU - IBGE (Metrodata)

Organização : Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Page 31: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 4 – População por faixa etária nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandi - 2000

Município

Po

pu

laçã

o t

ota

l, 2

000

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

0 a

4 an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 0

a 4

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

5 a

9 an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 5

a 9

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

10 a

14

ano

s d

e id

ade,

200

0

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 10

a 1

4

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

15 a

19

ano

s d

e id

ade,

200

0

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 15

a 1

9

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

20 a

24

ano

s d

e id

ade,

200

0

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 20

a 2

4 an

os

de

idad

e, 2

000

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

25 a

29

ano

s d

e id

ade,

200

0

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 25

a 2

9

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

30 a

34

ano

s d

e id

ade,

200

0

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 30

a 3

4

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

35 a

39

ano

s d

e id

ade,

200

0

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 35

a 3

9

ano

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

40 a

44

ano

s d

e id

ade,

200

0

Maringá (PR) 288653 21323 7,39 23618 8,18 25820 8,94 27632 9,57 26513 9,19 24083 8,34 25215 8,74 24042 8,33 21133

Paiçandu (PR) 30764 2941 9,56 3066 9,97 3017 9,81 2964 9,63 2832 9,21 2781 9,04 2700 8,78 2391 7,77 1916

Sarandi (PR) 71422 7084 9,92 7110 9,95 6930 9,70 6909 9,67 6682 9,36 6562 9,19 6351 8,89 5368 7,52 4480

Município

Po

pu

laçã

o t

ota

l, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 40

a

44 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

45 a

49

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 45

a

49 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

50 a

54

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 50

a

54 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

55 a

59

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 55

a

59 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

60 a

64

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 60

a

64 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

65 a

69

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 65

a

69 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

70 a

74

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 70

a

74 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

75 a

79

an

os

de

idad

e, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 75

a

79 a

no

s d

e id

ade,

200

0

Po

pu

laçã

o r

esid

ente

to

tal

de

80

ano

s d

e id

ade

ou

mai

s, 2

000

%P

op

ula

ção

res

iden

te t

ota

l d

e 80

an

os

de

idad

e o

u m

ais,

200

0

Maringá (PR) 288653 7,32 17967 6,22 14585 5,05 10846 3,76 8619 2,99 6490 2,25 4839 1,68 3032 1,05 2896 1,00

Paiçandu (PR) 30764 6,23 1601 5,20 1293 4,20 984 3,20 787 2,56 593 1,93 413 1,34 286 0,93 199 0,65

Sarandi (PR) 71422 6,27 3794 5,31 2991 4,19 2261 3,17 1655 2,32 1250 1,75 910 1,27 590 0,83 495 0,69

Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urnanos - SNIU - IBGE (Metrodata)

Organização : Observatório das Metrópoles -Núcleo RMM

Page 32: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A distribuição dos dados de população por faixa etária de 2000 em Sarandi por

AED demonstra em quais áreas ocorre maior ou menor concentração de pessoas por

idade.

- A AED Linha do Trem possuía o maior contingente de crianças com idade entre 0

e 5 anos (28%), e entre 6 e 14 anos (27,09%), porém, o menor percentual de idosos com

idade igual sou superior a 65 anos entre todas as AED’s (17,25%);

- A AED Nova Independência apresentou o menor percentual de adolescentes e

jovens entre 15 e 18 anos (22,46%), e entre jovens e adultos entre 19 e 40 anos

(22,58%);

- A AED Centro 2 demonstrou o maior percentual de adolescentes e jovens com

idade entre 15 e 18 anos (28,5%), de jovens e adultos com idade entre 19 e 40 anos

(26,43%), de adultos com idade entre 41 e 64 anos (33,06) – destacando que esta é a

segunda maior concentração de pessoas entre as faixas etárias selecionadas, ficando

atrás apenas da de pessoas com 65 anos ou mais, onde a AED Centro 2 demonstrou

concentrar 36,39% dos idosos do município;

- A AED Centro 1 foi a que apresentou uma concentração média de pessoas entre

todas as faixas etárias selecionadas.

No Gráfico 6 e Tabela 5 é possível observar o destaque da AED Linha do Trem

em relação ao percentual de crianças de 0 a 5 e de 6 a 14 anos em detrimento às outras

AED’s, e o destaque da AED Centro 2 em relação ao percentual de adolescentes e jovens

entre 15 e 18 anos, adultos entre 41 e 64 anos, e, principalmente, entre pessoas com 65

anos ou mais.

32

Page 33: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 6 - Percentual de pessoas, por faixa etária, distribuídos por AED no município de Sarandi – 2000

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE) Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 5 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000

Tabela 6 - Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000

Em todos os municípios conurbados observou-se maior contingente de

mulheres em relação ao percentual de homens na população total em 20007. Maringá foi

7 Não foram produzidos dados mais atuais sobre gênero pelo IBGE

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

Centro 1 23,84 25,38 25,59 26,17 26,64 28,48

Centro 2 23,79 23,40 28,50 26,43 33,06 36,39

N. Independência 24,37 24,14 22,46 22,58 19,38 17,88

Linha do Trem 28,00 27,09 23,45 24,83 20,91 17,25

0 a 5 anos 6 a 14 anos 15 a 18 anos 19 a 40 anos 41 a 64 anos 65 anos ou mais

0_5 6_14 15_18 19_40 41_64 65_ou+

4126256001001 Sarandi - Sarandi Centro 01 4 18499 2064 3164 1449 7127 3775 919

4126256001002 Sarandi - Sarandi Centro 02 5 19647 2059 2917 1614 7198 4684 1175

4126256001003 Sarandi - Sarandi N. Independência 6 15864 2110 3009 1272 6150 2746 577

4126256001004 Sarandi - Sarandi Linha do trem 6 17412 2423 3378 1328 6763 2963 557

71422 8656 12468 5664 27237 14169 3228Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

Total de pessoas classificadas por faixa etária da cidade de Sarandi - 2000

AED AED TipoFaixa etária

População

Total

0_5 6_14 15_18 19_40 41_64 65_ou+

4126256001001 Sarandi - Sarandi Centro 01 4 25,90 23,84 25,38 25,59 26,17 26,64 28,48

4126256001002 Sarandi - Sarandi Centro 02 5 27,51 23,79 23,40 28,50 26,43 33,06 36,39

4126256001003 Sarandi – Sarandi N. Independência 6 22,21 24,37 24,14 22,46 22,58 19,38 17,88

4126256001004 Sarandi - Sarandi Linha do trem 6 24,38 28,00 27,09 23,45 24,83 20,91 17,25

100,00 12,12 17,46 7,93 38,14 19,84 4,52Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo Região Metropolitana de Maringá

Total

População AED AED TipoFaixa etária

33

Page 34: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

onde se percebeu maior disparidade, 52,01% de mulheres para 47,99% de homens (uma

diferença de 4,02 pontos percentuais), seguido por Sarandi e Paiçandu, com 50,2% de

mulheres para 49,8% de homens (1,4 pontos percentuais de diferença que, no caso de

Sarandi, representa quase 1000 pessoas do sexo feminino a mais) – Gráfico 7 e Tabela 7.

Em se tratando da parcela de homens e mulheres nas AED’s do município de

Sarandi (Tabela 8), constatou-se que, em 2000, a maior concentração de homens se dava

na AED Nova Independência, onde eram 50,3% os moradores do sexo masculino (7979),

e 49,7% feminino (7885). Nas outras AED’s a parcela mulheres foi sempre superior,

variando entre 50,12 e 50,68%.

Gráfico 7 – População por gênero nos municípios de Sarandi, Maringá e Paiçandu - 2000

52,01

50,21 50,22

47,99

49,79 49,78

45,00

46,00

47,00

48,00

49,00

50,00

51,00

52,00

53,00

Maringá Sarandi Paiçandu

Feminino Masculino

Fonte: Censo Demográfico 2000 (METRODATA-IBGE) Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 7 – População por gênero nos municípios de Maringá, Paiçandu e Sarandí – 2000.

34

Page 35: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 8 – População por gênero e por AED no município de Sarandi - 2000

Fonte: Censo Demográfico 2000 – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Organizando os dados censitários de 2000 por situação de domicilio (Gráfico 8 e

Tabela 9), é em Maringá onde se observa maior taxa de urbanização, de 98,38%, em

relação a 1,62% de habitantes em área rural. Sarandi demonstrou que 97,3% de sua

população residia em área urbana, contra 2,7% em área rural. Paiçandu apresentou

96,29% em área urbana e 3,71% em área rural.

De uma forma geral, podemos afirmar que na área conurbada da Região

Metropolitana de Maringá existe alto grau de urbanização, encontrando-se todos os três

municípios com mais de 95% de seus habitantes residindo no perímetro urbano.

Gráfico 8 - População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu - 2000

Município População total, 2000

População total feminina,

2000

%População total feminina,

2000

População total

masculina, 2000

%População total

masculina, 2000

Maringá (PR) 288653 150139 52,01 138514 47,99

Paiçandu (PR) 30764 15447 50,21 15317 49,79

Sarandi (PR) 71422 35865 50,22 35557 49,78

Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU - IBGE (Metrodata)

Organização : Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

AED Total Homens Homens % Mulheres Mulheres %

Centro 1 18499 9227 49,88 9272 50,12Centro 2 19647 9689 49,32 9958 50,68Nova Independência 15864 7979 50,30 7885 49,70Linha do Trem 17412 8662 49,75 8750 50,25Total 71422 35557 49,78 35865 50,22

35

Page 36: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

1,62 2,70

98,38 96,29 97,30

3,71

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Maringá Paiçandu Sarandi

Rural Urbano

Fonte: Censo Demográfico 2000 – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 9 – População por situação de domicílio nos municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu - 2000

Município População total,

2000População total

rural, 2000% População

total rural, 2000População total

urbana, 2000

%População total urbana,

2000

Maringá (PR) 288653 4675 1,62 283978 98,38

Paiçandu (PR) 30764 1142 3,71 29622 96,29

Sarandi (PR) 71422 1929 2,70 69493 97,30

Fonte : Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - SNIU - IBGE (Metrodata)

Organização : Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Sarandi contava com 21.200 famílias no ano 2000, indicando uma média de 3,37

pessoas por núcleo familiar no município. Considerando que tanto a AED Centro 1, com

5.534 famílias, como a Centro 2, com 6.060, a média de pessoas por família estava

abaixo da média municipal (3,34 e 3,24 pessoas por lar, consecutivamente). Já nas AED’s

Nova Independência, que demonstrou abrigar 4.607 famílias em seu território, e Linha do

Trem, com 5000, a média de membros por núcleo familiar foi superior à média municipal,

com 3,44 e 3,48 integrantes, consecutivamente.

Gráfico 9 – Média de pessoas por família por AED no município de Sarandi - 2000

36

Page 37: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Censo Demográfico 2000 – Micro dados da Amostra (METRODATA-IBGE)Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 10 – Total de pessoas responsáveis pelas famílias da cidade de Sarandi - 2000

Apresentados os dados de adolescentes com experiência reprodutiva8 e número

de filhos nascidos vivos por AED no ano de 2000 no município de Sarandi (Tabela 11)

observou-se que tanto as AED’s Centro 1 e Centro 2 demonstraram menores valores, um

percentual de 6,33 e 6,53% de adolescentes com experiência reprodutiva, indicando 111

e 121 filhos nascidos vivos no período, considerando que o número de mulheres com

idade entre 10 e 19 anos era de 1747 e 1859, respectivamente.

Na AED Nova Independência foi onde se concentrava maior parcela de

adolescentes com experiência reprodutiva, 12,79%, que é mais que o dobro do percentual

apresentado pela AED Centro 2 no mesmo período, como visto acima. Um olhar mais

8 Expressão utilizada pelo IBGE para identificar mulheres que já tiveram filhos, segundo o Dicionário do Censo Demográfico 2000

3,34

3,24

3,44

3,48

3,37

3,10 3,15 3,20 3,25 3,30 3,35 3,40 3,45 3,50

Centro 1

Centro 2

N. Independência

Linha do Trem

Total

3,34 3,24 3,44 3,48 3,37

Centro 1 Centro 2 N. Independência Linha do Trem Total

entre 10 e 19

anos

com 65 anos

ou mais

Mulheres sem

cônjuge

4126256001001 Centro 1 4 68 540 946

4126256001002 Centro 2 5 70 679 1148

4126256001003 N. Independência 6 81 333 743

4126256001004 Linha do Trem 6 80 373 879

300 1926 3716Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata)

Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Total

AED AED TipoNúmero de responsáveis pelas famílias

37

Page 38: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

apurado sobre este dado, relacionando-o ao total de adolescentes entre 10 e 19 anos,

que é o menor entre as AED’s do município – apenas 1567 mulheres nesta faixa etária

para 200 filhos nascidos vivos de mulheres com esta idade no período. Na AED Linha do

Trem o percentual de adolescentes com experiência reprodutiva foi de 8%, com 145 filhos

para um total de 1817 adolescentes.

Tabela 11 – Total de mulheres com idade entre 10 e 19, número de filhos nascidos vivos e proporção de adolescentes com experiência do município de Sarandi - 2000

Considerando os dados de família e quantidade de filhos por núcleo familiar por

AED (Tabela 12 e Tabela 13) – informações relevantes para a construção do déficit

habitacional – observa-se a mesma estrutura de distribuição relativa encontrada nos

dados de adolescentes com experiência reprodutiva se repete: as AED’s Centro 1 e

Centro 2 possuíam a menor concentração de famílias com mais de 4 filhos (3,51, sendo

194 famílias, e 3,57%, 216 famílias), e de famílias com mais de 7 membros (0,9, sendo 50

famílias, e 1,76%, 107 famílias), enquanto que a AED Nova Independência contava com

4,12% de suas famílias com mais de 4 filhos (190 famílias) e 2,93% (135 famílias) com

mais de 7 membros, além da AED Linha do Trem, que apresentou maior valor relativo de

lares com mais de 4 filhos, 6,18% (309 famílias), e 1,93% com mais de 7 membros (97

famílias).

A importância de considerar os dados relativos é a condição que eles comportam

de dimensionar a realidade da área. Se em valores absolutos a AED Centro 2 supera os

totais de famílias com mais de 4 filhos na AED Nova Independência, mas se distribuídos

esses valores pelo total de famílias da área, é possível compreender qual a intensidade

da representação destes números para a realidade da área, por isso optou-se por analisar

dados relativos, não apenas os absolutos.

Tabela 12 – Total de famílias de Sarandi - 2000

Mulheres com idade entre 10 e

19 anos

Filhos nascidos vivos

Adolescentes com

experiência reprodutiva

4126256001001 Centro 1 4 1747 111 6,334126256001002 Centro 2 5 1859 121 6,534126256001003 N. Independência 6 1567 200 12,794126256001004 Linha do Trem 6 1817 145 8,00

6990 578 8,26Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo RMM

Total

AED AED Tipo

Número de mulheres e filhos nascidos vivos

38

Page 39: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 13 - Percentual de famílias por AED Sarandi – 2000

3.3. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA

Entende-se como Produto Interno Bruto a medida do fluxo interno de bens e

serviços finais produzidos por determinada região, ou seja, a riqueza gerada9.

A Coordenação de Contas Nacionais divulgou os dados de valor adicionado do

PIB nos setores da agropecuária, indústria e serviços no ano de 2005 para o município de

Sarandi que, por sinal, apontam uma inversão na distribuição das parcelas que

constituíam o PIB municipal do município quando do censo demográfico de 2000.

Enquanto nos dados de 2000 a agricultura apresentava-se como carro chefe10 na

produção de riqueza no município, em 2005 ele comportou apenas 2,51% da riqueza

adicionada entre os três maiores setores da economia. Na indústria esta parcela foi de

24,04% e, como principal setor que agregou na constituição do produto interno bruto de

9 Sistem Nacional de Indicadores Urbanos (SNIU) 200010 Como Anda a Região Metropolitana de Maringá, in www.cch.uem.br /observatorio

com 4 ou mais filhos

Com 7 membros ou

mais4126256001001 Centro 1 4 5534 194 50

4126256001002 Centro 2 5 6060 216 107

4126256001003 N. Independência 6 4607 190 135

4126256001004 Linha do Trem 6 5000 309 97

21200 910 388Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo RMM

AED AED Tipo

Total de famíliasTota de famílias

Total

com 4 ou mais filhos

Com 7 membros ou

mais4126256001001 Centro 1 4 26,10 3,51 0,904126256001002 Centro 2 5 28,58 3,57 1,764126256001003 N. Independência 6 21,73 4,12 2,934126256001004 Linha do Trem 6 23,58 6,18 1,93

100,00 4,29 1,83Fonte: IBGE. Censo demográfico 2000. (Metrodata) - Observatório das Metrópoles Núcleo RMM

Total

AED AED TipoTota de famílias

Total de famílias

39

Page 40: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Sarandi, o setor de serviços, foi responsável por 73,44% do valor agregado pelos três

setores (Tabela 14).

Tabela 14 – Valor adicionado pela agropecuária, indústrias e serviços no PIB municipal de Sarandi - 2005

Descrição Valor (1000R$) Representação (%)Valor Adicionado na Agropecuária 8830 2,51Valor Adicionado na Indústria 84428 24,04Valos Adicionado no Serviço 257876 73,44Impostos 308000Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas NacionaisOrg: Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

Olhando para o incremento do PIB municipal da área conurbada da Região

Metropolitana de Maringá entre os anos 2002 e 2003, 2003 e 2004, e 2004 e 2005, é

possível perceber maior crescimento no PIB de Paiçandu que, entre 2002 e 2003

aumentou 29,47%, entre 2003 e 2004 um aumento de 13,94% e, entre 2004 e 2005 de

13,93%, considerando que, mesmo apresentando maiores percentuais, o PIB municipal

era de R$ 109.515.000,00 em 2002 e em 2005 de R$ 184.060.000,00, quando em

Sarandi o valor do PIB municipal manteve-se sempre como quase o dobro do de

Paiçandu, e Maringá de em média 20 vezes este valor.

Sarandi e Maringá mantiveram um incremento percentual do PIB no período

selecionado muito semelhante, com um leve destaque para o período entre 2003 e 2004

em Sarandi, quando o incremento foi de 17,58%, enquanto em Maringá de 11,39%.

A grande questão que sobressai, ao serem observados os dados da riqueza

municipal na área conurbada é, quando calculado o PIB per capita, a deficiência

demonstrada em Sarandi em relação a Paiçandu e Maringá. Enquanto o PIB per capita

em Maringá variou entre R$ 10.034,00 em 2002 e R$ 14.400,00 em 2005, e em Paiçandu

entre R$ 3.296,00 em 2002 e R$ 5.094,00 em 2005, em Sarandi o PIB per capita variou

entre R$ 3.165,00 em 2002 (3,97% menos que o PIB per capita de Paiçandu no período),

e R$ 4.436,00 em 2005 (12,92% menor que o apresentado por Paiçandu no período).

Gráfico 10 – Incremento do PIB entre os anos de 2002, 2003, 2004 e 2005 nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá.

40

Page 41: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

25,82

11,397,95

22,03

17,58

7,61

29,47

13,94 13,93

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

Maringá 25,82 11,39 7,95

Sarandi 22,03 17,58 7,61

Paiçandu 29,47 13,94 13,93

2002-2003 2003-2004 2004-2005

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas NacionaisElaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 15 – PIB municipal e PIB per capita para os municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá entre os anos 2000 e 2005

PIB Municipal (R$ 1000)ano 2002 2003 2004 2005

Maringá 3035834 3819697 425717 4592923Sarandi 247357 301856 354915 381934

Paiçandu 109515 141785 161551 184060

ano 2002 2003 2004 2005Maringá 10034 12401 13573 14400Sarandi 3165 3736 4253 4436

Paiçandu 3296 4147 4595 5094

PIB per capita (R$)

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas NacionaisOrganização: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Observando os dados de renda per capita (Gráfico 11 e Tabela 16) dos anos de

1991 e 2000 para os municípios conurbados, Maringá se destaca dos demais,

apresentando sempre mais que o dobro destes.

No ano de 1991 Paiçandu demonstrou menor renda per capita em relação a

Sarandi, sendo que esta diferença praticamente desaparece em 2000. É possível afirmar

que a renda per capita de Sarandi e Paiçandu estavam muito aproximadas no período

selecionado.

Gráfico 11 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 - 2000

41

Page 42: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

327,08

134,37 144,66

465,37

182,23 187,13

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Maringá Paiçandu Sarandi

Renda per Capita , 1991 Renda per Capita , 2000

Fonte: Censo Demográfico – 2000 (METRODATA-IBGE)Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Tabela 16 – Renda per capita nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 - 2000

Fonte: Censo Demográfico 1991 e 2000 (METRODATA-IBGE) Elaboração: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM

Apresentados os dados de pessoas com mais de 50% de sua renda advinda de

transferências governamentais nos anos de 1991 e 2000, observa-se que Sarandi

apresentava pior situação em 1991, com 4,58% de sua população nestas condições,

Paiçandu com 4,06%, e Maringá com apenas 3,3%. Em 2000 Paiçandu passa a ser o

município com maior parcela de pessoas com mais de 50% de sua renda derivada de

transferências, seguida de Maringá, com 8,38%. Sarandi aparecia com apenas 7,75%

(Gráfico 12).

Isso pode não significar a diminuição de pessoas que dependiam em mais de 50%

de repasses governamentais para sua subsistência em Sarandi ou o aumento destas nos

MunicípioRenda per Capita ,

1991Renda per Capita ,

2000

Maringá (PR) 327,08 465,37Paiçandu (PR) 134,37 182,23Sarandi (PR) 144,66 187,13Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no BrasilOrganização: Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

42

Page 43: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

outros dois municípios, mas provavelmente da implementação de políticas de distribuição

de renda, tais como o Bolsa Família, efetivado pelo Governo Federal.

Gráfico 12 – Percentual de pessoas com mais de 50% de suas rendas provenientes de transferências governamentais nos municípios conurbados da Região Metropolitana de Maringá – 1991 - 2000

3,3

8,38

4,06

8,65

4,58

7,75

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

% de pessoas com mais de 50% da renda provenientes detransferências governamentais, 1991

% de pessoas com mais de 50% da renda provenientes detransferências governamentais, 2000

Maringá Paiçandu Sarandi

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no BrasilOrganização: Observatório das Metrópoles - Núcleo RMM

3.4. ECONOMIA LOCAL E MERCADO DE TRABALHO

Antes de começarmos a detalhar os dados deste item, cabe tomar novas lentes

para observá-los, que nada mais é que o fato de que muitas pessoas que residem em

Sarandi e Paiçandu compõe o intenso movimento pendular para a cidade pólo (Tabela 1),

como indicou o Observatório das Metrópoles no estudo Como Anda a Região

Metropolitana de Maringá (2005). Os dados gerados tanto pela RAIS como pelo CAGED

são fornecidos pelos empregadores da cidade, não especificando em momento algum a

origem do ocupado, sendo assim, cabe compreender que Maringá conta em seu alto grau

de formalização do mercado de trabalho e de geração de emprego as vagas ocupadas

por trabalhadores que residem em Sarandi e Paiçandu. Uma outra coisa necessária para

compor esta lente é o fato de algumas empresas se instalarem em certos centros urbanos

(KAZTMAN, 2006) pela disponibilidade de mão-de-obra em sua periferia ou em seu

entorno, e de mão-de-obra barata, relativamente qualificada para as funções industriais, e

disposta a trabalhar por baixos salários para tentar enfrentar a forte onda de desemprego

43

Page 44: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

e, principalmente, segregação habitacional (IDEM). Considerados estes pontos,

passamos aos dados.

Se, de um lado, é possível afirmar que os dados primários reafirmam aquilo que já

é claro a boa parte da população da região, informações mais específicas de emprego e

desemprego já não podem dizer a mesma coisa.

Com relação ao número de admissões e demissões, proporcionalmente ao

número de habitantes de cada município no mesmo período (Tabela 17), o

desmembramento destes dados para cada mês do ano selecionado (2007), a imagem

não é a mesma daquela apresentada no item anterior. Curiosamente foi em Paiçandu

onde pudemos observar maior saldo positivo neste indicador – 1,37 pontos, Maringá com

1,29, e Sarandi com 1,02. Como é possível observar na tabela abaixo, Maringá tem o

maior valor relativo de admissões (16,65) e de demissões (15,36), indicando nada mais

que uma alta rotatividade de pessoal em empregos formais.

Tabela 17 - População contada, admissões e desligamentos nos municípios

Se seccionarmos estas informações para cada mês do ano de 2007, mirando

apenas o valor relativo, que é a relação entre admissões e demissões que cada cidade

apresentou durante o mês, observamos que Sarandi obteve destaque nos meses de

fevereiro, com saldo de 2,13%, março, com 3,16% (o maior entre todos em 2007), em

julho, com saldo de 2,16%, novembro, com 0,87%, e em dezembro, onde se percebe

saldo negativo para todos os municípios, Sarandi demonstrou o menor, de -1,39%.

Compreende-se, nesta primeira apreciação, que Sarandi destacou-se em 05

meses de 2007. Por mais que isso pareça revigorante depois da apresentação dos dados

primários, nada melhor que contrastar esta informação com o tipo de ocupação que mais

POPULAÇÃO CONTAGEM

2007

ADMISSÕES 2007

RELAÇÃO POPULAÇÃO ADMISSÕES

DEMISSÕES 2007

RELAÇÃO POPULAÇÃO DEMISSÕES

SALDO

MARINGÁ 325.968 54.288 16,65 50.075 15,36 1,29

PAIÇANDU 34.640 1.943 5,61 1.470 4,24 1,37

SARANDI 79.686 3.821 4,80 3.009 3,78 1,02FONTE: CAGED - MTE/SPPE/CGET/IBGE - Contagem Populacional 2007

Organização: Observatório das Metropoles

44

Page 45: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

ocupou no município e a remuneração média por ocupação, exercício que faremos logo

adiante.

No caso de Paiçandu, os meses em que se percebeu maior relação positiva entre

admissões e demissões, comparando-a com Maringá e Sarandi, foram janeiro, 2,73%,

abril, com 1,07%, maio, onde demonstra grande destaque, de 3,15% de saldo entre

admissões e demissões, junho, com 1,86%, agosto, com 2,10, além de setembro, com

saldo de 1,97%. Paiçandu, como foi possível ver, destacou-se com relação

admissão/demissão em 6 meses do ano de 2007.

Feita a conta, 05 meses onde os maiores saldos admissionais foram de Sarandi,

06 meses onde pertenceram a Paiçandu, Maringá, logo, consegui superar suas irmãs

pobres no percentual de admissões contrapostas ao total de demissões com apenas

0,79% de saldo.

Resta, como já foi dito, observar dados de rendimento médio e tipo de ocupação

que concentra este contingente de admissões.

45

Page 46: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 18 - Admissões e demissões mensais nos municípios conurbados da RMM - 2007

JANEIRO/2007 FEVEREIRO/2007 MARCO/2007MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %

MARINGA 4.606 3.952 654 0,71 5.205 4.282 923 0,99 5.368 4.795 573 0,61

PAICANDU 215 139 76 2,73 168 165 3 0,10 164 141 23 0,80

SARANDI 303 204 99 1,50 419 276 143 2,13 521 304 217 3,16

ABRIL/2007 MAIO/2007 JUNHO/2007MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %

MARINGA 4.994 4.892 102 0,11 4.757 4.086 671 0,71 4.882 4.356 526 0,55

PAICANDU 171 140 31 1,07 237 145 92 3,15 213 157 56 1,86

SARANDI 336 281 55 0,78 335 286 49 0,69 330 297 33 0,46

JULHO/2007 AGOSTO/2007 SETEMBRO/2007MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %

MARINGA 4.757 4.233 524 0,54 5.391 4.414 977 1,01 5.236 4.271 965 0,99

PAICANDU 162 142 20 0,65 206 141 65 2,10 189 127 62 1,97

SARANDI 415 259 156 2,16 400 278 122 1,65 323 306 17 0,23

OUTUBRO/2007 NOVEMBRO/2007 DEZEMBRO/2007MUNICIPIO ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL % ADM DESL SALDO VAR REL %

MARINGA 5.754 4.975 779 0,79 4.544 3.859 685 0,69 3.413 4.885 -1.472 -1,46

PAICANDU 143 167 -24 -0,75 124 114 10 0,31 66 111 -45 -1,40

SARANDI 377 338 39 0,52 286 220 66 0,87 217 323 -106 -1,39

FONTE: CAGED - MTE/SPPE/CGET

Organização: Observatório das Metrópoles

46

Page 47: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Passando aos dados de evolução do emprego por setor de atividade econômica,

conforme Tabela 19, tomamos novamente a variação entre admissões e demissões como

parâmetro para a análise.

Ocorre em Maringá grandes e positivas variações nas ocupações relacionadas à

extração mineral (48,35%), Serviços Industriais de Utilidade Pública (22,22%), e na

Administração Pública (124,71%). Os outros municípios não apresentaram variação no

número de postos destes setores em 2006.

Com relação à variação do numero de ocupados na Indústria da Transformação,

Paiçandu demonstra grande incremento (57,63%), seguida de Sarandi (10,78%), Maringá

apresenta baixa variação (2,46%).

No caso da Construção Civil, setor que tem tomado espaço nos meios de

comunicação justamente pela falta de mão de obra qualificada neste segundo semestre

de 2008, demonstrou variação negativa em 2007 tanto em Maringá (-1,92%), como em

Paiçandu (-5,71%). Sarandi apresentou variação positiva (5,45%).

Com relação ao setor de Comércio e ao de Serviços, Paiçandu apresenta melhor

variação do emprego nas ocupações relativas a eles (16,81% e 10,57%,

consecutivamente), sendo que em Maringá mostra-se significativo ainda a variação do

emprego no setor de Serviços (7,12%), e Sarandi no Comércio (8,99%).

No setor Agropecuário o único município que não demonstrou variação negativa

foi Sarandi (1,75%). Em Maringá a variação foi de -0,84%, e Paiçandu de -6,35%.

Começa aqui a tomar forma à distribuição dos ocupados por tipo de ocupação no

território conurbado da Região Metropolitana de Maringá, pelo menos no que diz respeito

à variação de emprego por setores da atividade econômica: de um lado, Maringá

apresenta melhores índices para Extração Mineral, Serviços Industriais de Utilidade

Pública e na Administração Pública, por outro, Paiçandu e Sarandi mostram-se

comedidos, indicando variações pouco significativas na maioria dos setores, exceto nas

ocupações da Indústria da transformação no caso e Paiçandu.

47

Page 48: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 19 – Evolução do emprego por setor de atividade econômica nos municípios conurbados da RMM - 2007

MARINGÁ PAIÇANDU SARANDIATIVIDADE TOTAL TOTAL VARIACAO TOTAL TOTAL VARIACAO TOTAL TOTAL VARIACAO

ECONOMICA ADMIS. DESLIG. SALDO EMPR % ADMIS. DESLIG. SALDO EMPR % ADMIS. DESLIG. SALDO EMPR %

EXTRATIVA MINERAL 98 54 44 48,35 0 0 0 ---- 0 0 0 ----

IND. TRANSFORMACAO 13.042 12.493 549 2,46 1.440 836 604 57,63 1.730 1.415 315 10,78

SERV.IND.UTIL.PUB. 51 43 8 22,22 0 0 0 0,00 0 0 0 ----

CONSTRUCAO CIVIL 4.610 4.681 -71 -1,92 76 80 -4 -5,71 106 94 12 5,45

COMERCIO 16.628 15.541 1.087 4,20 369 289 80 16,81 984 834 150 8,99

SERVICOS 17.989 15.500 2.489 7,12 156 110 46 10,57 566 515 51 3,82

ADMIN. PUBLICA 833 303 530 124,71 23 3 20 ---- 0 0 0 ----

AGROPECUARIA 216 221 -5 -0,84 11 15 -4 -6,35 43 41 2 1,75

OUTROS 0 0 0 ---- 0 0 0 ---- 0 0 0 ----

TOTAL 53.467 48.836 4.631 5,26 2.075 1.333 742 35,45 3.429 2.899 530 8,47

FONTE: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS-LEI 4923/65

ORGANIZAÇÃO: Observatorio das Metropoles

48

Page 49: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Da remuneração média de empregos formais nos setores da atividade econômica

em dezembro de 2006, destaca-se em Maringá a administração pública, com 1467,16

reais em média, Em Paiçandu este valor é de 833,15 reais, e em Sarandi de 858,26 reais.

No caso de Paiçandu, a maior remuneração média se dava no setor de Serviços, de

928,97 reais, sendo que em Maringá a remuneração média no setor de serviços era de

1151,33 reais, já Sarandi tinha remuneração média de 792,54 reais.

Para Sarandi, observa-se como setor da atividade econômica com maior

remuneração média em dezembro de 2006 o de Serviços Industriais de Utilidade Pública,

de 873,08 reais, maior que a remuneração média percebida em Maringá, que foi de

689,37 reais11.

Tabela 20 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Maringá

Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 1009,76 928,13 975,82

Extrativa Mineral 783,6 532,38 774,01Indústria de Transformação 870,77 630,32 781,79Serviços Industriais de Utilidade Pública 681,8 721,8 689,37Construção Civil 742,81 770,37 744,42Comércio 864,85 710,77 804,23Serviços 1215,59 1076,4 1151,33Administração Pública 1534,13 1426,62 1467,16Agropecuária 675,57 618,05 667,26

Tabela 21 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Paiçandu

Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 736,99 637,96 685,3

Extrativa Mineral 0 0 0Indústria de Transformação 676,38 520,62 602,45Serviços Industriais de Utilidade Pública 0 0 0Construção Civil 679,95 427,78 667,94Comércio 641,4 528,13 591,54Serviços 1097,15 826,31 982,97Administração Pública 941,64 793,41 833,15Agropecuária 567,91 534,14 567,33

11 Paiçandu não apresentou valores neste indicador.

Page 50: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 22 – Remuneração média de empregos formais em 31 de Dezembro de 2006 - Sarandi

Indicadores Masculino Feminino Total

Total das Atividades 813,97 676,55 754,48

Extrativa Mineral 0 0 0Indústria de Transformação 797,42 543,23 721,62Serviços Industriais de Utilidade Pública 882,27 811,37 873,08Construção Civil 595,44 1435,2 611,8Comércio 781,38 587,24 703,01Serviços 941,49 637,19 792,54Administração Pública 887,42 846,4 858,26Agropecuária 512,04 440,79 505,73

Fonte: RAIS/2006 - MTEOrg: Observatório das Metropoles

Observados os salários médios pagos nas ocupações relacionadas aos setores da

atividade econômica, constantes das Tabelas 21,22 e 23, e visto que Maringá, numa

primeira análise, demonstra maiores valores do que os apresentados por Sarandi e

Paiçandu, partimos para o último indicador selecionado para este estudo, que é o das

ocupações que apresentaram maiores estoques no ano de 2006 e seus respectivos

salários médios.

Em Maringá, entre as cinco ocupações que obtiveram maiores estoques, a que

teve maior remuneração média foi a de assistente administrativo, de 1228,59 reais,

seguida da de motorista de caminhão, com 944,74 reais de salário em média, e com

menor remuneração média, de apenas 597,24 reais, os alimentadores da linha de

produção.

Em todos os municípios identificou-se o vendedor de comércio varejista como uma

das cinco ocupações com maiores estoques em 2006, porém a remuneração média para

esta ocupação em Maringá era de 787,02 reais, em Paiçandu de 545,25 reais e, em

Sarandi, de 592,18 reais.

Tanto em Paiçandu como em Sarandi, das cinco ocupações com maiores

estoques, aquela com maior remuneração em média era a de professor, com salário

médio de 917,91 e 934,24 reais, respectivamente.

Entre todos os salários médios das ocupações com maiores estoques nos três

municípios, a pior média foi encontrada entre as costureiras de confecção em série em

50

Page 51: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Sarandi, de 488,77 reais, porém, das cinco ocupações com maiores estoques de

Paiçandu, apenas uma não se encontra com médias salariais entre 504 e 562 reais.

Tabela 23 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Maringá, 2006

Remuneração médias nas ocupações com maiores estoques - Maringá 2006

Masculino Feminino Total

CBO 521110 Vendedor de comércio varejista 999,68 730,56 842,33

CBO 411005 Auxiliar de escritório, em geral 819,33 761,92 787,02CBO 782510 Motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais) 946,14 758,55 944,74

CBO 784205 Alimentador de linha de produção 630,8 537,66 597,24

CBO 411010 Assistente administrativo 1279,66 1195,55 1228,59Fonte: RAIS/2006 - MTEOrg. Luiz Modesto Costa

Tabela 24 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Paiçandu, 2006

Remuneração média nas ocupações com maiores estoques - Paiçandu 2006

Masculino Feminino Total

CBO 848520 Magarefe 592,94 508,9 561,15CBO 991405 Trabalhador da manutenção de edificações 606,77 516,36 558,23CBO 331205 Professor de nível médio no ensino fundamental 705,13 918,83 917,91CBO 763010 Costureira de peças sob encomenda 483,25 508,22 507,04CBO 521110 Vendedor de comércio varejista 588,16 511,87 545,25Fonte: RAIS/2006 - MTEOrg. Luiz Modesto Costa

Tabela 25 – Remuneração média nas ocupações com maiores estoques – Sarandi, 2006

Remuneração média nas ocupações com maiores estoques - Sarandi 2006

Masculino Feminino Total

CBO 992225 Auxiliar geral de conservação de vias permanentes (exceto trilhos) 503,85 524,68 518,12

CBO 411005 Auxiliar de escritório, em geral 890,15 675,65 765,56

CBO 521110 Vendedor de comércio varejista 660,56 549,79 592,18

CBO 231205 Professor da educação de jovens e adultos do ensino fundamental (primeira a quarta série) 864,94 937,18 934,24

CBO 763210 Costureiro na confecção em série 421,6 494,85 488,77Fonte: RAIS/2006 - MTEOrg.Observatório das Metrópoles

51

Page 52: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

3.5. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE SARANDI

A organização das camadas populares na luta por uma moradia digna compõe com

vigor o cenário dos movimentos sociais brasileiro. São inúmeras as entidades organizadas

de caráter nacional como União Nacional por Moradia Popular, Movimento Nacional de Luta

por Moradia e outras.

Em Sarandi encontram-se organizados movimentos de expressão nacional

envolvidos com a luta por moradia popular: o Movimento Nacional de Luta por Moradia e a

Central de Movimentos Populares.

A Central de Movimentos Populares (CMP) atua em 15 Estados, os movimentos

populares em torno da Central são variados e vão desde ONGs de mulheres, movimentos de

negros, por moradia, comunitários, passando pelos movimentos culturais, de rádios,

comunitárias, indígenas e ecológicos, dentre outros, propondo diretrizes gerais para as lutas

a serem travadas em cada momento específico, bem como colaborar com a construção de

um projeto político popular para a transformação da sociedade. A CMP ainda que não tenha

como foco exclusivo a luta por moradia, foi organizada em Sarandi em 1998 em torno, em

parte, das dificuldades enfrentadas pelos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação. A

entidade foi a responsável por viabilizar as Conferências Municipais da Cidade (2005 e 2007)

No momento presente, segundo seus integrantes, a CMP encontra-se em fase de

reestruturação e o motivo atribuído à pouca articulação do movimento em nível municipal

nos últimos anos está no fato de que suas lideranças passaram a compor o quadro da

administração municipal, que teve o Partido dos Trabalhadores à frente por duas gestões

consecutivas (2000-2004, 2004-2008).

Sarandi conta também com 27 associações de moradores, constantes do Quadro 1,

reunidas na União das associações de Moradores – UNISAN. Tendo por base o trabalho de

Silva (2008), temos a possibilidade de detalhar as atividades de 25 das 27 associações de

moradores. O autor usou o esquema metodológico abaixo para classificar as atividades das

associações de moradores e espacializar seu desempenho.

52

Page 53: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Esquema Metodológico da elaboração dos mapas.

+

Fig. 3 - Representatividade por Associações Comunitárias de Bairros/Sarandi 2007.Fonte: SILVA, J. A., 2007

De acordo com a Figura 02 , Sarandi conta com 7 associações comunitárias de

moradores dentro da classificação de forte atividade. A Associação de Moradores e Amigos

Parque São Pedro tem uma forte atuação em seu espaço. Além de conseguir a identificação

de uma creche no bairro, a qual mantém convênio direto com o Estado, ou seja, verbas são

entregues diretamente do Estado para a Associação, por estar na divisa com o município de

Maringá, por meio de projetos, conseguiu que se construísse sobre um rio uma travessia

Conquista concreta = 1,0Reivindicação = 0,25

Média Atividade soma de 2,0 a

3,25

Fraca Atividade soma de1,25 a

1,75

Forte Atividade soma 3,50 a +

53

Page 54: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

para a cidade. Para isso, foi necessária a aprovação da Marinha, segundo o presidente da

associação.

Quadro 1 – Associações Comunitárias de Bairro de Sarandi .

1. Associação de Moradores do Parque residencial Bom Pastor e Alphaville

2. Associação de Moradores Jardim Universal

3. Associação de Moradores e Amigos do Novo Independência 1º Parte

4. Associação de Moradores e Amigos do Jardim Novo Independência 2º Parte

5. Associação de Moradores e Amigos do Parque Alvamar

6. Associação dos Moradores e Amigos do Parque Alvamar II e Jardim Tropical

7. Associação de Bairro e Moradores do Centro e do Jardim Europa, Bela Vista e Perimetral Sul.

8. Associação de Moradores do Jardim Primavera e Prima Verão

9. Associação de Moradores do Jardim das Flores

10. Associação de Moradores do Jardim Independência 3º parte

11. Associação de Moradores e Amigos Parque São Pedro.

12. Associação de Bairro do Jardim Esperança.

13. Associação de Moradores do Jardim Castelo

14. Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Triângulo.

15. Associação de Moradores do Jardim Panorama

16. Associação de Moradores e Amigos do Jardim Califórnia

17. Associação de Moradores do Jardim Novo Bertioga

18. Associação de Moradores do Conjunto Floresta.

19. Associação de Moradores do Jardim Santana

20. Associação de Moradores e Amigos do Jardim das Torres

21. Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Sarandi I.

22. Associação de Moradores Jardim Independência 1ª parte

23. Associação de Moradores do Jardim Nova Aliança.

24. Associação de Moradores do Jardim Verão

25. Associação de Moradores do Jardim Cometa

26. Associação de Moradores do Jardim Paulista

Fonte: Trabalho de Campo. Organização: SILVA, Juliano Alves.

Outra entidade que se enquadra no nível de forte atividade é a Associação de

Moradores do Jardim Nova Aliança. Segundo o presidente entrevistado, quando se mudou

para o bairro, nos dias chuvosos, era impossível transitar com automóveis. Por meio de

reivindicação feita pela Associação foi feito o cascalhamento das ruas. Ela conta com outros

projetos na área social. Um eles teve destaque regional pela Rede Globo de Televisão, pois

54

Page 55: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

neste, a associação implantou um curso de informática gratuito que além de atender ao

bairro, recebia pessoas de toda a cidade. Alguns alunos já haviam conseguido emprego com

a qualificação recebida. Desenvolveu também programas de alfabetização para idosos.

Associação de Moradores dos parques residenciais Alphaville e Bom Pastor também

se enquadram em forte atividade, apresentando 5 reivindicações, já conseguiram um terreno

para a construção de um salão comunitário e cascalhamento de ruas. A associação do

conjunto Sarandi I se destaca por ter conseguido a reativação de uma escola, bem como o

asfaltamento de algumas ruas, com conquistas e reivindicações suficientes para se inserir

em forte atividade.

Importantes conquistas foram alcançadas pela associação do Jardim Paulista, tanto

na área de infra-estrutura, com conserto de ruas, como na área social, com reformas no

posto de saúde e no centro de educação infantil. O jardim Cometa possui um centro de

recuperação para mulheres drogadas, conquista também feita através da Associação de

moradores. A Associação do Jardim Universa instituiu vários benefícios, como as ampliações

do colégio, a unidade de saúde e a creche.

Na classificação por média atividade, enquadram-se o maior número de associações,

9 no total. A Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Triângulo construiu seu salão

sede, por meio de reivindicações, foi feito também conserto de suas ruas. Apesar de obter

poucas conquistas, destaca-se pelo envio de projetos, fato importante quando se analisa o

associativismo, sinal de que estão reivindicando melhorias através da associação. A

Associação de Moradores e Amigos do Jardim Novo Independência 2º Parte concretizou o

asfaltamento de algumas de suas ruas e iluminação pública.

A reativação de um colégio do bairro é um fato que merece destaque na Associação

de Moradores do Conjunto Floresta. Quando houve reuniões para tratar de assuntos

referentes ao colégio, a participação era intensa, em torno de 500 pessoas. Foram

realizados protestos no Núcleo Regional de Educação, sediado em Maringá, segundo o

presidente entrevistado. Teve também algumas de suas ruas asfaltadas, depois de muitas

reivindicações por parte da associação. A construção de um campo de futebol foi

concretizada pela Associação de Moradores e Amigos do Jardim das Torres, além de

conseguir cascalhamento para as ruas.

A Associação de Moradores e Amigos do Parque Alvamar II e Jardim Tropical se

55

Page 56: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

destaca pelo encaminhamento de diversos projetos, dentre os quais, concretizou-se a

construção de um salão comunitário, além disso, mantém projetos sociais na área da

educação e do esporte. Os projetos sociais têm grande presença nas associações de

Sarandi. A Associação de Moradores e Amigos do Novo Independência 1º parte conta com

aulas gratuitas de capoeira. Através da associação, foi feito um campo de malha. Outra

associação que, por meio de projetos e reivindicações, asfaltou e fez o cascalhamento de

algumas de suas ruas foi a Associação de Bairro do Jardim Esperança.

A Associação de Moradores que abrange o Jardim Primavera e Prima-verão

conseguiu uma importante conquista. Havia uma fábrica processadora de madeira dentro do

Jardim Primavera que tinha uma chaminé que jogava poluição nas casas de vizinhos. Por

meio da manifestação dos moradores, organizada pela Associação Comunitária, a situação

foi amenizada. Houve a mudança da chaminé e sua regularização. A Associação do Jardim

Panorama também se enquadra no nível de classificação de média atividade, pelo número

de reivindicações, 5, no total, uma foi concretizada, a construção de um contorno.

Dentre as que se classificam como fraca atividade, estão 8. Além de realizarem

poucas reivindicações apresentam somente uma conquista importante cada uma:

Associação de Moradores do Jardim Verão A união faz a força, Associação de Moradores e

Amigos do Jardim Califórnia, Associação de Moradores do Jardim das Flores, Associação

do Jardim Novo Bertioga, Associação do Jardim Independência 1º Parte, Associação do

Jardim Independência 3º Parte, Associação do Jardim Castelo e a Associação de

Moradores e Amigos do Parque Alvamar.

Uma foi considerada desativada, a Associação de Bairro e Moradores do Centro e do

Jardim Europa, Bela Vista e Perimetral Sul, faz parte do centro da cidade, uma região que

conta com uma boa infra-estrutura, se comparada a outros bairros, o que faz com que os

habitantes da espacialidade não se manifestem.

Embora as associações de moradores não tenham se organizado em torno da luta

específica pela conquista de casas populares, entende-se que se empenharam e se

empenham por garantir melhores condições de moradia para a população.

As entidades citadas: Central de Movimentos Populares, Movimento Nacional de Luta

por Moradia e União das Associações de Moradores se fazem representar no Conselho

Municipal de Habitação, criado pela lei Municipal no. 1089/2003. O Conselho tem se reunido

56

Page 57: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

mensalmente e a atividade principal, no momento, é o acompanhamento das obras do PAC

(Programa de Aceleração do Crescimento) – com recursos federais destinadas a Sarandi

para a construção de 56 moradias e das obras do Jardim Alvamar, com 23 moradias

financiadas com recursos federais também. O Conselho selecionou as famílias a serem

beneficiadas por meio de cadastro e de visitas.

3.6. EXPERIÊNCIAS HABITACIONAIS JÁ DESENVOLVIDAS PELO PODER PÚBLICO

Na década de 1970, a COHESMA – Cooperativa Habitacional dos Empregados

Sindicalizados de Maringá – teve um papel relevante na construção de conjuntos

habitacionais na Região Metropolitana de Maringá. Foi criada pelas categorias de

profissionais liberais, funcionários públicos, trabalhadores sindicalizados, entre outros, atuou

entre 1968 e 1993.

A COHESMA buscava linhas de crédito desenvolvidas pelo governo federal

especificamente para a população pertencente à classe “b”. Este segmento compreende as

famílias com rendimento mensal de 3 a 10 salários mínimos não atendidas pelas

Companhias Habitacionais como COHAB e COHAPAR cujo público alvo são as famílias de

mais baixa renda. Sua responsabilidade era definir os projetos (número de unidades, a

localização, dimensões, seleção dos cooperados, compra de materiais, contratação de mão-

de-obra, etc) e encaminhar ao BNH (enquanto ele existiu) para análise de viabilidade. Após

aprovação, buscava-se um agente financeiro intermediário que poderia operar os recursos

para a cooperativa, como por exemplo, bancos estaduais ou mesmo a própria Caixa

Econômica Federal. A forma de financiamento consistia em prestações mensais assumidas

pelo mutuário durante aproximadamente 25 anos

Após a conclusão do conjunto, as unidades eram repassadas aos mutuários por meio

de assembléia e sorteio. Após esta etapa, a cooperativa se retirava do empreendimento

quando eram assinados todos os contratos definitivos entre mutuário e agente financeiro,

finalizando a sua responsabilidade.

Os empreendimentos realizados pela COHESMA (Tabela 27) em Sarandi datam de

1987 e 1991. O primeiro consiste em dois edifícios residenciais multifamiliares de 4 andares

com 64 apartamentos cada um totalizando 128 unidades de 60,51m2 com o nome de

Conjunto Res. Luiz Bifon. O conjunto está localizado na parte noroeste do centro da cidade e

foi destinado à população de classe media/alta e teve como mutuante o Banco Nacional da

57

Page 58: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Habitação (BNH).

Em 1991 a COHESMA realizou os Conjuntos Residencial Triângulo e Floresta (Vale

Azul, Vale Azul I e Vale Azul II)12. Juntos eles somam 942 unidades habitacionais, o que

corresponde a quase 60% do total das habitações sociais do município. No entanto, são as

unidades que possuem as menores áreas e a menor qualidade construtiva13. Os loteamentos

foram desenhados com lotes que variam entre 185,00m² e 200,00m² e as casas de 26,98m2

(Triângulo) e 27,04m2 (Floresta). Os Conjuntos encontram-se na periferia, parte sudoeste da

malha urbana, distantes de equipamentos públicos e do centro da cidade. Somente em

2006, 15 anos após a sua edificação, a prefeitura inaugurou a Escola Municipal Paulo Freire

no Conjunto Floresta.

Tabela 26 – Unidades habitacionais produzidas pela COHESMA.

Nome do conjunto Localização Programa Unidades construídas

Metragem da casa

Data do projeto

Cj. Res. Luiz Bifon Centro - 128 (4 blocos de 4 andares)

60,51m2 1987

Cj Res. Vale Azul Cj. Res. Floresta PAIH 131 27,04m2 1991

Cj Res. Vale Azul I Cj. Res. Floresta PAIH 187 27,04m2 1991

Cj Res. Vale Azul II Cj. Res. Floresta PAIH 266 27,04m2 1991

Cj. Res. Triângulo Cj. Res. Triângulo PAIH 182 26,98m2 1991

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi - Departamento de Habitação

12 Os Conjuntos Vale Azul, Vale Azul I e Vale Azul II tiveram os nomes alterados para Conjunto Res. Floresta através da lei de nº554/93, dois anos após sua inauguração. No ano de 2006, a lei nº1342/2006 determinou que ele voltasse ao nome inicial.13 Só perdem em qualidade para o conjunto Mutirão, construído através do sistema de mutirão habitacional, que será descrito a seguir.

58

Page 59: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 4 - Foto de uma casa no Cj. Triângulo que sofreu modificações: a porta saiu da fachada e a lateral foi aumentada.

Fonte: Observatório das Metrópoles-Núcleo RMM, 2008

Fig. 5 - Planta e Vista frontal da casa padrão do Cj.Triângulo.

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Fig. 6 - Planta e elevação da casa padrão do Cj. Res. Vale AzulFonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Fig. 7 - Foto de uma casa no Cj. Vale Azul Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Em Sarandi, os conjuntos habitacionais realizados pela COHAPAR - Companhia de

Habitação do Paraná - são relacionados na Tabela 28:

Tabela 27 – Unidades habitacionais produzidas pela COHAPAR.Nome do conjunto Localização Programa Unidades

construídasMetragem da casa

Data do projeto

59

Page 60: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Conjunto Osvaldo Gehal

Jardim Independência

Casa da Família

40 47,19m2 1986

Cj. Hab. Sarandi Jardim Independência

Casa da Família

40 32,40m2 e 47,19m2

1986

Cj. Res. Sarandi I Sarandi I Casa da Família

176 28,96m2 1990

Cj. Res. Casa da Família

Jd. Independência 3a parte

Casa da Família

196 48,30m2 1993

Cj. Res. Ricardo Romanelli

Jardim Social - 168 42,70m2 1997

Cj. Res. Acalanto Jardim Social - 50 42,70m2 1997

Cj. Res. Acalanto I – Morada do Sol

Jardim Monterrey - 58 28,98m2 2003

Cj. Res. Acalanto II Pq. Res. Santana - 41 28,83m2 2003

Cj. Res. Acalanto III Jd. Bom Pastor - 19 40,00m2 2003

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Departamento de Habitação

Os primeiros conjuntos habitacionais feitos pela COHAPAR em Sarandi datam de

1986. São eles os Conjuntos Osvaldo Gehal e Sarandi, localizados no Jardim

Independência, com 40 unidades habitacionais cada um. O bairro, por ser um dos mais

antigos da cidade (aprovado em 1974) provavelmente já estivesse bem estruturado na

época, o que talvez mostre uma certa preocupação do poder público na escola do local. As

metragens das casas variam entre 47,19m² e 32,40m² e estão implantadas em lotes de

272,56m² a 325,00m² e tiveram como mutuante o Banco Nacional da Habitação (BNH). Em

1990, a COHAPAR construiu o conjunto Residencial Sarandi I, localizado no bairro com o

mesmo nome, que possui 176 casas em alvenaria com área de 28,96m². Já nesse caso,

além da metragem da casa ser inferior aos conjuntos descritos, a localização periférica

deixou a desejar.

60

Page 61: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 8 - Exemplo de planta da casa da COHAPAR nos Conjuntos Osvaldo Gehal e Sarandi

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Entre 1993 e 1997 foram construídas 414 unidades em parceria com a COHAPAR

marcando o último período em que houve uma quantidade expressiva de unidades

construídas no município. De 1993 é o Conjunto Res. Casa da Família atendido pelo

programa que leva o mesmo nome e localizado no bairro Jd. Independência 3ª parte. São

196 unidades de 48,30m2, lotes que variam de 262,50 m² até 476,72 m², ruas de 12 e 15

metros de largura. Já em 1997, com a COHAPAR, foram construídos os Conjuntos Ricardo

Romaneli e Acalanto, ambos no bairro Jardim Social, num total de 168 e 50 unidades,

respectivamente, de 42,70m2.

61

Page 62: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 9 - Implantação do loteamento do Cj. Casa da Família no Jd. Independência 3a Parte.

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Atualmente, o “Casa da Família” é o principal programa de habitação popular do

Governo do Paraná. O mutuário pode escolher entre cinco projetos arquitetônicos com 32,

40, 44, 52 e 63 m². O sistema atende a população de baixa renda (de 1 a 3 salários

mínimos) através do sistema de autogestão: os recursos para a construção da casa eram

repassados em parcelas diretamente ao beneficiário que podiam comprar o material de sua

escolha, contratar a mão-de-obra, fazer modificações no projeto básico sob orientação

técnica da COHAPAR. Os lotes e a infra-estrutura eram viabilizados pela prefeitura e

sorteados entre os mutuários. As famílias deviam comprovar tempo de residência mínimo de

três anos na cidade, não possuir casa própria, nem ter sido atendida pelo sistema financeiro

da habitação federal ou estadual. O financiamento durava até 25 anos, pela Caixa

Econômica Federal. O tempo médio para construção é de 120 dias e, com a obra pronta, as

famílias se mudam imediatamente, sem a espera da inauguração ou qualquer providência

burocrática.

62

Page 63: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Foi através desse programa que, em 2003, três Conjuntos foram construídos:

Acalanto I, II e II. O primeiro, também conhecido como “Morada do Sol”, está localizado no

Jardim Monterrey e possui 58 casas de 28,98m2 para onde foram transferidos os moradores

da antiga “Favela do Hélio”. O Conjunto Res. Acalanto II tem 41 unidades de 28,83m2

localizadas no Parque Res. Santana e o Conjunto Res. Acalanto III tem 19 unidades de

40,00m2 construídas no Jardim Bom Pastor.

Fig. 10 - Casa no Cj. Acalanto IIFonte: Observatório das Metrópoles-Núcleo RMM, 2008.

Fig. 11 - Casa no Cj. Acalanto I ou Morada do SolFonte: Observatório das Metrópoles-Núcleo RMM, 2008.

Além dos programas da COHESMA e COHAPAR, o município de Sarandi construiu

unidades habitacionais em parceria direta com o Governo Federal e a Caixa Econômica

Federal que são relacionados na Tabela 29:

Tabela 28 – Unidades habitacionais produzidas pelo GOVERNO FEDERAL / PREFEITURA MUNICIPAL E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

Nome do conjunto Localização Programa Unidades construídas

Metragem da casa

Data do projeto

Cj. Mutirão Jardim Social Programa Nacional de

Mutirões Habitacionais

160Aprox.20 m2 1983

Cj. Res. Bela Vista Jd. Bela Vista Morar Melhor 18 32,00m2 2004

Cj. Res. Jardim Social

Jardim Social Morar Melhor 08 32,00m2 2004

Cj. Res. Jardim São Jd. São Jorge 04 32,00m2 2004

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Page 64: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Jorge

Cj. Res. Jardim Itamarati

Jd. Itamarati 04 32,00m2 2004

Cj. Res. Jardim Ana Eliza

Jd. Ana Eliza 10 32,00m2 2004

Cj. Res. Alvamar II Pq. Res. Alvamar 23 (em construção)

2008

PAC Habitação Jd. Nova Independência 1aParte e Jd.

Universal

PAC-Habitação

56 (em construção)

2008

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Departamento de Habitação

O Conjunto Mutirão (Figuras 11,12,13 e14) foi construído nos anos 80

(provavelmente em 198314) no Jardim Social, numa parceria entre prefeitura e governo

federal do Programa Nacional de Mutirões Habitacionais. O projeto planejava a construção

de 448 casas15 das quais foram construídas 160. A construção é bastante rústica com

péssimas condições de habitalidade: uma espécie de barracão linear divido em cômodos de

aproximadamente 20m2 com banheiro, de modo que os domicílio ficaram divididos apenas

por uma parede e sem quintal. A cobertura é de telha de fibrocimento e a habitação não tem

forro. Observa-se hoje que praticamente todas as casas estão depreciadas e em condição

improvisação - apresentando emendas com materiais impróprios para a construção de

habitações.

Fig. 12 - Domicílio no Cj. Mutirão Fig. 13 - Interior de um domicílio do Cj. Mutirão

14 As informações acerca do Conjunto Mutirão são escassas a ponto de não constar na lista dos Conjuntos Habitacionais existentes no município apresentada pelo Departamento de Habitação da Prefeitura de Sarandi. Uma matéria na revista chamada SARANDI, Cidade progresso do Paraná, editada em 1983 pela Prefeitura do municípioi, afirma que naquele ano as casas do projeto Mutirão seriam inauguradas, no entanto não foi possível ter a confirmação. 15 Revista SARANDI, Cidade progresso do Paraná, 1983. Página 29.

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Page 65: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: REDÍGOLO (2008) Fonte: REDÍGOLO (2008)

Fig. 14 - Vista da viela do Cj. MutirãoFonte: Observatório das Metrópoles - 2008

Fig. 15 - Espaço onde foram demolidas 3 casas no Cj. MutirãoFonte: Observatório das Metrópoles

A implantação (Figura 15) mostra as vielas de 6 metros de largura sem asfalto e sem esgotamento

sanitário para onde as casas são voltadas. É comum ver encanamento vindo das residências despejando esgoto na

rua.

Fig. 16 - Mapa mostrando em destaque as quadras do conjunto Mutirão Fonte: Observatório das Metrópoles.

Em 2004 foram construídos 5 novos conjuntos habitacionais no município que

somados perfazem 44 unidades de 32,00m2. No ano de 2008 a prefeitura pretende concluir

outras 79 unidades, 23 delas do Conjunto Alvamar, no bairro Parque Res. Alvamar (Figura

16) e 56 delas do programa PAC-Habitação - nos bairros Jardim Nova Independência 1a

Parte e Jardim Universal.

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Page 66: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 17 - Casa em construção do Conjunto Alvamar

Fonte: Observatório das Metrópoles - 2008

Atualmente o programa habitacional popular da prefeitura de Sarandi é o Casa Fácil.

Segundo a AEAM (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Maringá), ele existe desde

1989 atendendo Maringá e 22 municípios da região, incluindo Sarandi, por meio de uma

parceria entre Prefeitura, CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) e AEAM.

São disponibilizados 39 projetos arquitetônicos que variam de 25 a 70 m2 à famílias com

renda de até 3 salários mínimos. Além desse requisito, o requerente deve ter seu IPTU em

dia e possuir apenas um imóvel em seu nome no município e este não edificado. Segue o

folder de divulgação do programa durante a gestão 2005 a 2008.

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Page 67: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 18 - Folder de divulgação do Programa Casa Fácil na gestão 2005-2008

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi.

Segundo dados do Departamento de Urbanismo de Sarandi (Tabela 30), a procura

pelo programa aumentou nos últimos dois anos. Enquanto de 2004 a 2006 foram solicitadas

em média 45 ART´s (Acervo de Responsabilidade Técnica) por ano, em 2007 esse número

subiu para 69 ART´s por ano. Até o início de setembro de 2008, haviam sido solicitadas 39

ART´s.

Tabela 29 – Quantidade de projetos do programa Casa Fácil aprovados pela prefeitura nos anos de 2004 a 2008

AnoQuantidade de projetos do programa

Casa Fácil

2004 42

2005 51

2006 44

2007 69

(até início de setembro) 2008 39Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi

67

Page 68: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Dos dados de 2007 e 2008 (incompleto) foi possível constatar que os projetos mais

procurados são aqueles com 48,00 m2 e 69,96 m2 e, em segundo lugar, os projetos com

40,00 m2. A maioria dos projetos estão localizadas nos bairros Jardim Novo Bertioga (24) e

Parque Residencial Nova Aliança (13) no Jardim Monterrey (8), Parque Residencial Bom

Pastor (7) e Jardim Nova Independência 2a Parte (6), que são bairros com características

similares de localização periférica, carência em infra-estrutura e deficiência em

equipamentos públicos, fazendo com que os terrenos apresentem baixo custo. As figuras 18

e 19, exemplificam projetos padrões do “catálogo” existente na Secretaria de Urbanismo.

Fig. 19 - Planta de 69,96 m2 do programa Casa FácilFonte: Prefeitura Municipal de Sarandi

Fig. 20 - Planta de 48,00 m2 do programa Casa FácilFonte: Prefeitura Municipal de Sarandi

Verifica-se que as ações voltadas à melhoria da condição de moradia das famílias de

baixa renda de Sarandi ainda são pontuais e incipientes face aos problemas sociais e

urbanos que o município apresenta. Percebe-se que os programas habitacionais alí

implantados sempre responderam a demandas isoladas e não são estruturados num

planejamento municipal que possa contribuir substancialmente - e a longo prazo - para a

redução dos problemas de moradia. Entende-se que o planejamento das ações futuras deve

estar articulado, sobretudo com as políticas urbana e de geração de trabalho e renda, como

forma de estimular a permanência do trabalhador sarandiense no próprio município e

garantir sua qualidade de vida.

68

Page 69: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

4. CONDIÇÕES INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVAS

4.1. MARCOS REGULATÓRIOS E LEGAIS

A análise dos marcos regulatórios e legais referentes ao município de Sarandi se deu

através do Anteprojeto de Lei do Plano Diretor de Sarandi, uma vez que a referida lei ainda

não foi aprovada, bem como por meio da legislação vigente, que são as leis constantes do

Plano Diretor de 1992, de maneira a identificar os dispositivos que garantem ou não o

acesso à moradia de qualidade aos habitantes de Sarandi a partir de aspectos presentes no

Estatuto da Cidade.

Dentre os debates sobre o direito à cidade e à moradia a atenção sobre o Estatuto da

Cidade, Lei Federal 10.257/2001, é pertinente, uma vez que seu conteúdo traz instrumentos

valiosos de reforma urbana, voltados a promover a inclusão territorial e social, levando em

consideração aspectos sociais e urbanos e buscando sempre garantir a função social do

solo urbano. E, para garantir a aplicação desses instrumentos, há o Plano Diretor

Participativo.

O Plano Diretor deve incidir diretamente nas diretrizes locais da política

habitacional, direcionando a ocupação das áreas centrais e vazios urbanos, destinando

áreas dotadas de infra-estrutura para implantação de habitação de interesse social,

facilitando o acesso da população de baixa renda ao solo urbano e à cidade, além da

regularização de assentamentos informais na malha urbana. A política habitacional é

instrumento para que as carências habitacionais sejam supridas e que a população tenha

acesso à moradia digna.

Entretanto, para que a política habitacional seja eficiente é preciso que as leis

estejam articuladas e que os agentes produtores do espaço urbano – população, poder

público, poder privado – atuem na elaboração, aplicação e cumprimento dessa legislação.

A análise das leis urbanísticas de Sarandi se dá a partir das leis vigentes do Plano

Diretor de 1992, Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, Lei de Parcelamento do Solo e Lei

de Obras e Edificações. Além dessas leis, são analisadas algumas leis do Anteprojeto de Lei

do Plano Diretor que está ainda em fase de elaboração e aprovação, e a Lei N° 1089/2003

que institui o Conselho Municipal de Habitação.

69

Page 70: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

4.1.1.Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano, de 1992

A Lei Complementar nº 03/92, regula sobre o uso e ocupação do solo urbano de

Sarandi e está estruturada em três capítulos. O capítulo II trata da divisão da cidade segundo

zonas, sendo elas: Zona Central (ZC), Zonas Residenciais (ZR), Eixos de Comércio e

Serviços (ECS), Zona Industrial (ZI), Zona de Proteção Ambiental (ZPA) e Zonas Especiais

(ZE).

Segundo o art. 4, a Zona Central se caracterizará pela predominância do comércio e

serviços especializados, concentração de empregos e atividades de animação. Em seguida,

os artigos 5 e 6, tratam das Zonas Residenciais, predominantemente ocupadas por

habitações, sendo estas divididas em quatro: Zona Residencial 1, Zona Residencial 2, Zona

Residencial 3 e Zona Residencial 4.

Além das zonas, são estabelecidos eixos de comércio e serviços. No artigo 7, são

apresentados os Eixo de Comércio e Serviços 1, Eixo de Comércio e Serviços 2 e Eixo de

Comércio e Serviços 3. Os três eixos são de uso misto diferenciando-se apenas em alguns

aspectos como o tipo de comércio ou prestação de serviços disponíveis.

Posteriormente, o art. 8 trata da Zona Industrial e suas especificações. O artigo 9

aborda as zonas de proteção ambiental, Zonas de Proteção Ambiental 1 e 2. Estas zonas

visam a proteção de nascentes e cursos d’água bem como recuperação e manutenção das

matas ciliares, sendo proibidas edificações nestas áreas.

Por último, tem-se as Zonas Especiais que visam a manutenção de padrões

urbanísticos específicos em áreas de atividades, usos ou funções urbanas de características

excepcionais, sendo elas Zona Especial 1, 2 e 3. A Zona Especial 1 corresponde à área

junto à Estação ferroviária de Sarandi, a Zona Especial 2 corresponde ao cemitério Municipal

e a Zona Especial 3 consiste no cemitério Vera Cruz.

Para todas as zonas e eixos estão definidos requisitos urbanísticos para ocupação do

solo urbano, como dimensões mínimas dos lotes, coeficiente de aproveitamento, taxa de

ocupação máxima e recuos mínimos. A menor área de lote permitida encontra-se na Zona

Residencial 1, sendo de 250,00 m² e testada de 10 m.

O artigo 12 da presente lei trata do imóvel urbano não edificado, subutilizado ou não

utilizado localizado nas áreas de ocupação urbana prioritária, serão aplicados instrumentos

70

Page 71: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

constantes no art. 182, § 4°, da Constituição Federal de acordo com o art. 13 da Lei do Plano

Diretor Integrado de Desenvolvimento de 1992. Os instrumentos aplicáveis constantes do

Plano Diretor são parcelamento compulsório, edificação compulsória, desapropriação,

tombamento, permuta de imóveis públicos por imóveis particulares, concessão do direito real

de uso de imóveis integrantes do patrimônio público, IPTU progressivo no tempo, entre

outros. A aplicação desses instrumentos visa impulsionar a ocupação dos vazios urbanos e a

manutenção do ambiente construído, garantindo assim a função social do solo urbano.

A partir dos aspectos abordados percebe-se a ausência de áreas destinadas à

habitação para a população de baixa renda. A presente lei poderia abordar o aspecto da

habitação social destinando alguma área específica que assegurasse essa ocupação.

4.1.2.Lei do Parcelamento do Solo Urbano, de 1992

A Lei do Parcelamento do Solo Urbano, Lei Complementar 04/92, trata do

parcelamento do solo para fins urbanos no município de Sarandi admitido apenas nas Zonas

Urbanas. A lei traz definições, procedimentos, exigências e requisitos para o parcelamento

do solo. No cap. IV, seção III, art. 31 da referida lei, encontram-se disposições para

parcelamentos destinados à Urbanização de Interesse Social. No § 1° diz que os

parcelamentos deverão atender as exigências de áreas mínimas para equipamentos urbanos

e comunitários, sendo 5% da gleba. Os lotes terão dimensões mínimas de 250,00 m² de área

e 10,00 m de testada.

O artigo 32 afirma que ficam os parcelamentos destinados à urbanização de

interesse social dispensados do atendimento de iluminação pública quanto às obras mínimas

de infra-estrutura.

4.1.3.Lei do Código de Obras e Edificações

No que se refere à habitação popular, na Lei Complementar 05/92 de Obras e

Edificações, não há muitas informações quanto à projetos voltados para a população de

baixa renda. No Cap. I, art. 6, consta que o interessado em projeto para habitação unifamiliar

de até 60 m² poderá recorrer a programa específico desenvolvido pela Prefeitura, desde que

preencha as condições estabelecidas.

71

Page 72: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Já no Cap. III, tem-se os procedimentos para aprovação de projetos e obras. No que

se refere à aprovação de projetos arquitetônicos, deverá ser apresentado à Prefeitura quatro

vias do projeto arquitetônico, contendo elementos como planta de situação do lote e

localização da edificação no lote na escala mínima de 1:500, planta baixa de cada pavimento

na escala mínima de 1:50, cortes transversais e longitudinais na escala 1:50, planta de

cobertura na escala 1:200 e elevações ou fachadas voltadas para a via pública na escala de

1:50.

A seção III do mesmo capítulo trata das instalações hidráulicas onde se especifica

que para edificações com área total de 60 m² serão permitidos reservatórios com capacidade

de 500 l (quinhentos litros) e para casas populares admite-se reservatórios com capacidade

mínima de 250 l (duzentos e cinqüenta litros).

A seção IV trata da aprovação do projeto arquitetônico e da licença para construção.

O projeto arquitetônico estando de acordo, será aprovado por órgão competente e será

repassado ao interessado, ficando a Prefeitura com duas cópias. A Prefeitura tem prazo de

30 dias para se pronunciar quanto ao projeto. No ato da aprovação, será expedida a licença

para construir. Para obter a provação do projeto e a licença para construir, deverá ser

apresentado quatro vias do projeto arquitetônico, cópia do Registro de Imóveis comprovando

a propriedade e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para projeto e execução de

qualquer tipo de edificação com mais de 1 pavimento, edificação comercial ou qualquer

edificação com mais de 60 m² de área construída.

O art. 24 diz que o alvará de licença para construção terá validade de 1 ano.

Podendo ser revalidado, desde que a obra tenha sido iniciada. Na seqüência do processo, o

art. 27 trata da expedição do Habite-se, onde fica designado que uma vez concluída a obra,

resultante do projeto aprovado e da licença para construção, deverá ser requerido o habite-

se ao órgão municipal responsável.

No Cap. VI, art. 99, da mesma lei, diz que será considerada como de interesse social

a residência unifamiliar com o máximo de 60 m² de área construída, segundo projeto

elaborado por órgão competente do Poder Público Municipal. O artigo 100 se refere ao

projeto e a construção da habitação de interesse social e especifica que os processos desta

natureza terão tramitação prioritária, além de assistência técnica, jurídica e administrativa

gratuita da Prefeitura, para elaboração do projeto, orientação da execução da obra entre

outras facilidades para construção da habitação.

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Page 73: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Não há mais especificações sobre edificações para a população de baixa renda nem

quanto às dimensões dos compartimentos que distinga a habitação popular de qualquer

outra habitação unifamiliar.

4.1.4.Conselho e Fundo Local de Habitação de Interesse Social

A Lei 1089/2003 institui o Conselho Municipal de Habitação, órgão permanente com a

finalidade de assegurar a participação da comunidade na elaboração e implementação de

programas sociais voltados à política habitacional municipal. Dentre as atribuições do

Conselho é válido ressaltar o estabelecimento de programas anuais e plurianuais de

recursos do Fundo Municipal de Habitação, definição de políticas de subsídios na área de

financiamento habitacional, acompanhamento e fiscalização da aplicação de recursos do

Fundo Municipal de Habitação, entre outras atribuições.

O art. 10 da lei institui o Fundo Municipal de Habitação cujo objetivo é a viabilização

de recursos financeiros para implementação da política municipal de Habitação. Esse fundo

será constituído de dotações do Orçamento do Município, contribuições e doações de

pessoas físicas e jurídicas, resultados de aplicações financeiras de recursos do FMH, entre

outros.

No art. 12 está designado onde serão aplicados os recursos do FMH, como

aquisição, construção e melhoria de unidades habitacionais em áreas urbanas e rurais,

produção de lotes urbanizados para fins habitacionais, urbanização, regularização fundiária e

urbanística de áreas ocupadas por população caracterizada como de interesse social,

construção de moradias populares e aquisição de imóveis para pessoas carentes.

O art. 25 diz que o acesso à moradia deverá ser assegurado aos beneficiários do

FMH, garantindo o atendimento prioritário às famílias de mais baixa renda e adotando

políticas de subsídios implementadas com recursos do Fundo.

O Conselho e Fundo Municipal de Habitação são importantes instrumentos na

captação, gerenciamento e direcionamento de recursos voltados à habitação para que um

número cada vez maior de famílias tenha acesso à moradia digna.

73

Page 74: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

4.1.5.Anteprojeto de Lei do Plano Diretor de Sarandi, de 2007

O Anteprojeto de Lei do Plano Diretor traz, no Cap. VIII, Seção I, a Política de

Habitação, cujo principal objetivo é garantir moradia digna à população bem como moradia

adaptada às pessoas portadoras de deficiências. Para isso, o município deverá agir em

conjunto com o setor da construção civil, sociedade civil organizada, poderes público Federal

e Estadual e população interessada.

Ainda a mesma Seção, traz o art. 137, que diz que o Município promoverá o acesso à

moradia para a população de baixa renda através de programas de construção de moradias

populares, regularização, urbanização e titulação de áreas ocupadas por população de baixa

renda bem como promover o acesso a lotes urbanizados, com infra-estrutura básica como

esgoto, coleta de lixo, energia elétrica, pavimentação e equipamentos de educação, saúde e

lazer.

A Subseção I, art. 138, indica as diretrizes para a Política Municipal de Habitação,

que consistem no planejamento do espaço urbano reprimindo a ação especulativa sobre a

terra e simplificando as exigências urbanísticas para garantir que a população tenha acesso

à moradia, busca de recursos para o financiamento de programas habitacionais, incentivo à

participação da iniciativa privada nos programas habitacionais para a população de baixa

renda, incentivar a participação da população na formulação dos programas, melhorias nos

assentamentos populares, implantação de loteamentos urbanizados e de moradias

populares, regularização de loteamentos irregulares para a ocupação legal dos lotes,

produção habitacional municipal e atuação da assistência técnica da prefeitura no

desenvolvimento e disseminação de tecnologias construtivas que visem baratear e agilizar a

produção de moradias.

Para garantir a realização da Política Habitacional, o art. 139, trata de instrumentos

básicos, como delimitação de áreas especiais de interesse social para preempção ou

desapropriação, IPTU progressivo no tempo, concessão do direito real de uso resolúvel,

incentivos e isenções da legislação fiscal e incentivo ao desenvolvimento de consórcios,

cooperativas habitacionais e mutirões populares.

Esses instrumentos fazem parte do Estatuto da Cidade, o IPTU progressivo no tempo

impulsionar a ocupação do solo urbano diminuindo assim a ocorrência de vazios urbanos e

subutilização desses lotes. Quanto à preempção, confere ao Poder Público municipal

74

Page 75: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.

Esses instrumentos são apenas alguns dos existentes no Estatuto da Cidade,

presentes no Plano Diretor, que visam o interesse social e regulam o uso da propriedade

urbana em prol do bem coletivo, do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio

ambiental. Porém, outros instrumentos do Estatuto poderiam ser empregados com o objetivo

de facilitar o acesso da população de baixa renda à moradia digna, como usucapião especial

de imóvel urbano ou a criação de ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) visando estimular

não somente a ocupação ou utilização, mas também a construção de habitação de interesse

social. Ainda pode-se liberar as áreas onde se quer construir habitação de interesse social

(geralmente marcadas como ZEIS) do pagamento da Outorga Onerosa, tornando essas

áreas interessantes ao mercado. Outra possibilidade é marcar ZEIS em áreas onde o

mercado imobiliário está atuando fortemente, ao mesmo tempo em que se dá destinação dos

recursos obtidos com Outorga Onerosa para a construção de habitação de interesse social.

O Plano Diretor deve reconhecer as áreas ocupadas de forma irreversível por

população de baixa renda e definir formas de intervenção pública nessas áreas, através de

projetos de regularização. Além disso, deve estabelecer parâmetros de uso e ocupação do

solo condizentes com os problemas habitacionais e a necessidade de regularização efetiva

no município de maneira a facilitar o acesso da população de baixa renda à moradia digna e

que o solo urbano cumpra sua função social.

4.1.6.Anteprojeto de Lei do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, de 2007

Segundo essa lei, o território do Município de Sarandi fica dividido em Solo não

urbanizável, Solo urbano e Solo urbanizável. O cap. II, art. 4, traz as definições desses solos,

sendo eles:

Solo não urbanizável é aquele destinado a fins vinculados com a utilização racional

dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, e, portanto preservado do processo de

ocupação urbana;

Solo urbano compreende as áreas ocupadas historicamente pelo desenvolvimento da

cidade e aquelas indicadas com a entrada em vigor do Plano Diretor Municipal;

Solo urbanizável se caracteriza por estar destinado pelo Plano para ser suporte do

75

Page 76: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

crescimento urbano previsto.

Dentre as categorias de Solo Urbano, encontra-se o Solo urbano de Interesse Social I

(SU-IS/1) que são áreas desocupadas situadas próximas a assentamentos residenciais de

média ou baixa renda, parcialmente destituídos de condições urbanísticas adequadas ou

ocupadas inadequadamente, propícias para o uso residencial onde se incentiva a produção

de moradia para estas faixas de renda, especialmente mediante a formação de cooperativas

habitacionais, consórcio imobiliário e/ou loteamento de interesse social;

O cap. IV, art. 35, diz que no Solo Urbano de Interesse Social I (SU-IS/1) o lote

mínimo será de 250,00 m2 e para os lotes de esquina a área mínima será de 325,00 m2;

frente mínima de 10,00 m, devendo os lotes de esquina ter no mínimo 13,00 m; coeficiente

de aproveitamento 1; taxa de ocupação de 70% da área livre do lote; recuo de frente de no

mínimo 3,00 m (três metros); recuos laterais mínimos de 1,50 m quando houver aberturas

para iluminação e/ou ventilação, se não existir aberturas a edificação poderá avançar até o

as divisas do lote; recuo de fundo mínimo de 3,00 m e gabarito de altura para 1 pavimento.

No cap. V, do Parcelamento do solo para fins urbanos, no art. 60, especifica que nos

casos de loteamentos de interesse social localizados nas Áreas Especiais de Interesse

Social I, e nos casos de urbanização específica de favelas, a Prefeitura do Município poderá

admitir lotes com dimensões inferiores às estabelecidas no inciso I do artigo 35 desta Lei, e

ainda, lotes com frente para via pública exclusiva de pedestre.

No art. 79, que diz respeito aos Loteamentos, no que se refere ao Solo urbano de

Interesse Social I e II (SU-IS/1 e SU-IS/2), a dimensão mínima das áreas destinadas ao uso

publico será de 35% da área da gleba a ser loteada, observando-se que no mínimo 5% será

para a área institucional e mínimo de 5% (cinco por cento) para a área verde.

O art. 83, das obras de infra-estrutura urbana, traz que os loteamentos destinados à

construção de conjuntos habitacionais, executados através da Companhia de Habitação do

Paraná - COHAPAR ou Caixa Econômica Federal e com recursos do Sistema Financeiro da

Habitação - SFH, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS ou Governo do Estado

do Paraná ou outros órgãos públicos que possuam a mesma finalidade, ficarão isentos da

caução de 10% superior ao necessário para conclusão integral das obras de pavimentação,

de abastecimento de água potável, entre outras atribuições.

76

Page 77: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Nos arts. 84, 85 e 86, que tratam do parcelamento do solo em Áreas Especiais de

Interesse Social. Poderá ocorrer loteamento de interesse social destinado a população de

baixa renda, no Solo urbano de Interesse Social I e II (SU-IS/1 e SU-IS/2), desde que fique

caracterizado o interesse público e que esteja vinculado a planos e programas habitacionais

de iniciativa da Prefeitura do Município ou entidade autorizada por lei, ficando sua aprovação

subordinada à apreciação prévia do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. Neste

caso, o Conselho poderá vincular a aprovação do projeto de loteamento à construção das

moradias, sendo que neste caso, será permitida a quota mínima de 60,00 m2 de terreno por

unidade residencial unifamiliar; ou ainda, autorizar a implantação de vias públicas com

largura inferior às exigidas nesta Lei, desde que obedecidas as diretrizes viárias fixadas pelo

Poder Executivo Municipal; admitir lotes com área inferior à área mínima estabelecida nesta

Lei.

O loteamento de interesse social é aquele destinado à população com renda familiar

de zero a três salários mínimos ou, para assentamento de população proveniente de área de

risco do Município. Será obrigatória a implantação de rede de abastecimento de água, de

esgotos, de energia elétrica e iluminação pública, de drenagem superficial, pavimentação e

sinalização das vias e arborização.

Os empreendimentos residenciais de iniciativa particular situados no Solo Urbano de

Interesse Social I e II (SU-IS/1 e SU-IS/2) destinados à população de baixa renda ficam

isentos do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU durante 2 anos

contados da data da aprovação do projeto de parcelamento do solo.

A Seção III, do desdobro e reagrupamento de lotes, traz que isso só será possível

para lotes com frente para via publica oficial e que os lotes resultantes respeitem as

dimensões mínimas do tipo do solo a que pertencem.

Quanto ao remembramento, na Seção VI, fica proibido o remembramento nas áreas

destinadas ao Solo Urbano de Interesse Social.

4.1.7.Anteprojeto de Lei do Código de Edificações, de 2007

O Código de Edificações, traz em sua constituição alguns artigos que fazem

referência à habitação para população de baixa renda. No Cap. IV, art. 33, consta que a

Prefeitura fornecerá projetos populares, mediante pagamento da taxa obrigatória, com áreas

77

Page 78: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

de construção de acordo com programas para implantação de habitações de interesse social

vigentes (estaduais ou federais), para pessoas sem habitação própria e que comprovem a

baixa renda de acordo com cadastro da Secretaria Municipal de Ação Social, mesmo que

incluídas nos programas oficiais do governo.

A Seção V, art. 296, traz a definição do que é habitação de interesse social, sendo

esta a unidade residencial destinada à moradia própria cujo acabamento não ultrapassar o

equivalente do padrão normal da ABNT, INSS, CREA ou Convênios, e cuja área construída

não ultrapasse 70,00 m2, integrando conjunto habitacional, construído por entidades

públicas de administração direta ou indireta.

Além dessa definição, o §1º, do art. 296, diz que pode ser também considerada de

interesse social a habitação isolada, com o máximo de 70,00 m², construída sob a

responsabilidade do proprietário segundo projetos tipos elaborados pelo Poder Público

Municipal. Segundo o §2º, poderão ser consideradas habitações de interesse social aquelas

construídas ou financiadas por outras entidades.

O art. 298 trata de alguns requisitos mínimos que devem se observados quando da

construção de casas populares, como pé-direito mínimo de 2,60 m em todos os

compartimentos de permanência prolongada; área mínima de 8,00 m² e a dimensão mínima

de 2,60 m para sala e dormitórios, os demais poderão ter dimensões menores com o

mínimo de 6,00 m²; área mínima de 4,00 m² e dimensão mínima de 1,80 m para a cozinha;

área mínima de 2,00 m² e dimensão mínima de 1,35 m para compartimento sanitário; e

dimensão mínima de 1,20 m para área de serviço.

Na seqüência, o art. 299 traz que toda moradia econômica deverá dispor, no mínimo,

de sala, quarto, cozinha, banheiro e área de serviço e, no art. 302, diz que é obrigatória a

ligação do prédio às redes urbanas de água e esgoto.

4.1.8.Lei Municipal número 527, de 1993

A Lei 527/93 trata do ITBI (Imposto sobre a Transmissão “Inter vivos” de Bens

Imóveis). Segundo a constituição da referida lei fica definido desconto de 50% para a

efetivação da primeira escritura do imóvel. Esse desconto estende-se a toda pessoa física,

não sendo feita qualquer distinção ou exigência para a obtenção do desconto, não é

necessária qualquer comprovação de renda bem como o solicitante pode ainda ter outros

78

Page 79: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

imóveis. Com essa lei, busca-se incentivar um maior grau de formalização da posse, assim

como tornar jurídica a posse do proprietário.

79

Page 80: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

PARTE 02 – PERFIL HABITACIONAL DE SARANDI

80

Page 81: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

5. NECESSIDADES HABITACIONAIS

A habitação faz parte das necessidades básicas dos indivíduos, é um bem indivisível,

está profundamente ligado à qualidade de vida e a reprodução física e social dos ciadões.

Trata-se de um componente fundamental para que as pessoas tenham segurança e

tranqüilidade. Ela deve ser encarada como um direito, numa perspectiva que vai além de um

simples abrigo inserido num contexto urbano ou rural, ou seja, deve ter a garantia de infra-

estrutura, serviços públicos, equipamentos sociais, abastecimento, acessibilidade e

mobilidade.

A partir do conceito de habitação expresso no parágrafo anterior, o diagnóstico da

situação habitacional de Sarandi, deve identificar e quantificar o conjunto das necessidades

habitacionais, visando qualificar e planejar a intervenção do poder público dos próximos

anos.

Para o cálculo das necessidades habitacionais, partiu-se da metodologia

desenvolvida pela Fundação João Pinheiro (FJP), adotada pelo Ministério das Cidades como

referencial básico para o dignóstico nacional. Essa abordagem do Plano Local de Habitação

de Interesse Social de Sarandi se justifica, entre outras coisas, por distinguir, no âmbito do

conjunto das situações de inadequação e de precariedade das condições de moradia,

aquelas cuja solução passa pela construção de novas unidades, em novo terreno, daquelas

cuja resolução estão relacionadas à melhorias nas unidades, como reforma e ampliação, ou

melhorias no entorno, como problemas de infra-estrutura.

5.1. DEFINIÇÕES BÁSICAS

Como já explicitado, parte-se da metodologia adotada pela Fundação João Pinheiro,

utilizando-se do conceito de necessidades habitacionais, que incluiriam:

Déficit Habitacional ou Déficit Quantitativo – ou seja, a necessidade de reposição

total de unidades habitacionais precárias e o atendimento às famílias que não dispõem

de moradia em condições adequadas;

Inadequação ou Déficit Qualitativo – a necessidade de melhoria de unidades

habitacionais que apresentem certo tipo de carências, entre as quais identificam-se a

carência de infra-estrutura, o adensamento excessivo e a inadequação fundiária.81

Page 82: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Demanda Demográfica – a necessidade de construção de novas unidades para

atender às famílias que venham a se formar no futuro e precisem de mais moradias,

como função do crescimento populacional e também em função das mudanças nos

arranjos familiares;

5.1.1.Déficit Habitacional

O déficit habitacional, ou déficit quantitativo, ou ainda déficit acumulado representa a

quantidade de famílias em condições de moradia não adequada, e de acordo com o conceito

adotado, está ligado diretamente às deficiências do estoque de moradias. Engloba aquelas

sem condições de habitabilidade devido à precariedade das construções ou em virtude de

desgaste da estrutura física. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, devido a

coabitação familiar, os imóveis construídos com fins não residenciais, as famílias com ônus

excessivo com aluguel e aquelas que residem em domicílios cedidos. Desta definição, o

déficit habitacional pode ser entendido como “déficit por incremento de estoque” e como

“déficit por reposição de estoque”.

Déficit por Reposição de Estoque:

a) Domicílios Rústicos – são aqueles predominantemente “construídos” com material

improvisado e devem ser repostos (reconstruídos), seja por que não apresentam

paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, seja porque representam desconforto e

riscos de contaminação por doenças e insalubridade, entre outros problemas aos seus

moradores.

b) Depreciação de Domicílios – parte-se do pressuposto que cada edificação apresenta

uma vida útil. Toma-se 50 anos de construção como limite que define a necessidade

de reposição do estoque. Parte das edificações com idade superior a 50 anos é

considerada componente do déficit, por supor que a outra parte destas edificações

tenha passado por manutenção e reformas, e que tenha mantido as suas condições

de uso. Como componente desta variável do déficit é importante a realização de

estudo das construções em madeira do início da colonização dos municípios do

Paraná.

Déficit por Incremento de Estoque

82

Page 83: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

a) Domicílios improvisados – São locais utilizados como moradia tendo sido

construídos com outra finalidade, denotando necessidade de novas habitações.

b) Cômodos alugados ou cedidos – Famílias que moram em quartos ou cômodos

alugados ou cedidos usando de forma comum áreas de acesso e equipamentos

sanitários, sem privacidade.

c) Famílias conviventes – mais de uma família composta por pelo menos duas pessoas

(famílias conviventes secundárias) residindo no mesmo domicílio da família

considerada “principal”.

d) Famílias com ônus excessivo com aluguel – Famílias com renda de até três

salários mínimos mensais, que comprometem 30% ou mais de sua renda com o

pagamento de aluguel;

e) Famílias que moram em residências cedidas – Famílias com renda de até três

salários mínimos mensais, que residem em domicílios cedidos por empregador,

familiares ou outro.

A inclusão das famílias residentes em domicílios cedidos à estimativa do déficit

habitacional se justifica principalmente pelos indicadores sócio econômicos destas famílias,

em comparação às famílias residentes em domicílios próprios ou alugados, e ao princípio de

segurança da posse. Este componente do déficit não foi considerado pela FJP em suas

estimativas, optando pela variável coabitação (famílias conviventes e cômodos), no entanto,

no município de Sarandi, dados da Secretaria de Assistência Social, e Censo Demográfico

do IBGE de 2000, apontam que estas famílias são carentes de políticas habitacionais,

justificando sua contagem no déficit habitacional do município.

5.1.2.Inadequação Habitacional ou Déficit Qualitativo

Ainda segundo a FJP, as habitações inadequadas são aquelas que não

proporcionam condições desejáveis de habitabilidade, o que não implica, contudo, em

necessidade de construção de novas unidades.

O padrão mínimo de habitabilidade foi definido a partir dos seguintes critérios:

83

Page 84: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

a) Densidade excessiva - corresponde a domicílios com mais de dois moradores por

cômodo servindo de dormitório (o que inclui quartos e salas), excluindo-se as famílias

conviventes, já consideradas para cálculo do déficit quantitativo;

b) Inadequação fundiária urbana – corresponde a famílias que declaram ser

proprietárias da edificação, mas não do terreno em que residem, correspondendo a

situações de ocupação de terras;

c) Deficiência de serviços de infra-estrutura básica – domicílios sem acesso a um ou

mais dos seguintes serviços: energia elétrica; abastecimento de água por rede com

canalização interna; esgotamento sanitário por fossa séptica ou por rede, coleta de

lixo direta ou indireta. Este componente foi dividido em carência e deficiência, que

considera a ausência do serviço ou a necessidade de adequação do serviço utilizado.

d) Inexistência de unidade sanitária domiciliar interna – corresponde a famílias que

não dispõem de acesso a sanitários ou banheiros no interior de suas moradias.

5.1.3.Demanda Demográfica

Para o cálculo das necessidades habitacionais, parte-se da idéia de que o

crescimento populacional determina um aumento do número de domicílios, e que há,

portanto, um índice que relaciona o total de população e de domicílios. Este índice é

denominado de tamanho médio dos domicílios.

Como aponta Ferreira (2004), o tamanho médio dos domicílios é considerado um

indicador do modo como as habitações são ocupadas. Neste caso, estão contidos todos os

aspectos relacionados à capacidade da habitação em suprir as necessidades de uma

determinada quantidade de pessoas, como também estão refletidos os aspectos econômicos

que envolvem a capacidade em suprir as necessidades dos moradores. São considerados

também os aspectos sócio-culturais, a decrescente natalidade e aumento da expectativa de

vida, que estariam condensados na caracterização dos domicílios.

Os dados relevantes para o cálculo da demanda futura serão os de projeção

populacional realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

(Ipardes), e a projeção do tamanho dos domicílios, elaborado pelo Centro de

Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG).

84

Page 85: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

5.2. DÉFICIT HABITACIONAL DE SARANDI

5.2.1.Considerações Iniciais

Como as políticas habitacionais devem atender uma situação existente de déficit, é

preciso compreender como se dá a questão da moradia no município, para tanto, são

pertinentes algumas considerações sobre as formas de moradia, mais especificamente, do

tipo de posse: próprio, alugado ou cedido, pois famílias que não possuem “casa própria” e

residem em domicílios a troco de pagamento mensal, onerando em demasia os rendimentos

da família, ou “moram de favor”, representam o grande contingente dessa demanda.

Portanto, é necessário traçar o perfil das famílias residentes nessas situações de posse, por

classe de renda, fato determinante na inclusão dessas famílias no déficit habitacional.

O perfil dos domicílios próprios de Sarandi e também o déficit habitacional foram

definidos a partir de dados do censo demográfico do IBGE de 2000 e complementados com

informações municipais, mais especificamente do Cadastro Único dos Programas

Assistenciais do Governo Federal – CadÚnico, que armazena informações atualizadas sobre

domicílio, além de dados sócio-econômico das famílias residentes.

O Cadúnico é regulamentado pelo Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007, com o

objetivo de identificação e caracterização sócio-econômica das famílias brasileiras de baixa

renda, a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de

programas sociais do Governo Federal. Nesse mesmo decreto, a família de baixa renda é

definida como aquela que possui renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo

ou que possua renda familiar de até três salários mínimos.

O Gráfico 19 que apresenta os domicílios particulares permanentes de Sarandi por

tipo de posse, demonstram que imóveis próprios - quitados ou em aquisição, representando

72% do total, e 28% compõem a demanda por habitação – domicílios alugados, cedidos ou

outra condição, em um universo de 20.038 domicílios particulares permanentes.

85

Page 86: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 13– Domicílios Particulares Permanentes, por tipo de posse, Sarandi, 2008

62%10%

18%

9% 1%

Próprio quitado

Próprio em aquisição

Alugado

Cedido

Outra condição

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

Os domicílios próprios (quitados ou em aquisição) estão concentrados entre as

famílias que possuem rendimentos mais altos, como demonstrado pelo gráfico 20, ao

demonstrar que 57% dos domicílios nessa condição de posse pertencem a famílias com

rendimentos superiores a 3 salários mínimos.

Gráfico 14 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios próprios. Sarandi, 2000

4% 8%

16%

15%29%

28% Sem renda

Mais de 0 até 1

Mais de 1 até 2

Mais de 2 até 3

Mais de 3 até 5

Mais de 5

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

Os imóveis alugados possuem um perfil bastante similar aos imóveis próprios, já

que estas duas formas de posse estão diretamente ligadas a capacidade de pagamento das

famílias, apresentando uma queda de apenas 2% entre as famílias com renda mensal

superior a 3 salários mínimos, compondo uma parte significativa do déficit habitacional do

município (Gráfico 21).

86

Page 87: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 15– Renda Familiar das famílias que residem em domicílios alugados. Sarandi, 2000

5% 4%

17%

19%30%

25% Sem renda

Mais de 0 até 1

Mais de 1 até 2

Mais de 2 até 3

Mais de 3 até 5

Mais de 5

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

Já nos domicílios cedidos (Gráfico 22) vemos uma predominância de população

com rendimento inferior a 3 salários mínimos, 66% das famílias nessa situação, indicando

que as famílias residentes compõem o déficit habitacional. Sobre a inclusão destes

domicílios no déficit habitacional, complementar a metodologia proposta pela FJP, utilizou-se

de outras características dos domicílios como: (i) o grau de segurança da posse e (ii) as

condições sócio-econômicas das famílias residentes.

Gráfico 16 – Renda Familiar das famílias que residem em domicílios cedidos. Sarandi, 2000

8%14%

27%17%

20%

14% Sem renda

Mais de 0 até 1

Mais de 1 até 2

Mais de 2 até 3

Mais de 3 até 5

Mais de 5

Fonte: Censo demográfico IBGE, 2000

A segurança jurídica da posse foi definida pelo Comitê das Nações Unidas de Direitos

Econômicos, Sociais e Culturais16 como um dos aspectos mais relevantes em relação ao

direito à moradia adequada, ao garantir proteção legal contra despejos forçados,

expropriação, deslocamento e outros tipos de ameaças.

Em Sarandi foram considerados cedidos os domicílios que se enquadram nas

seguintes caracterizações, segundo o censo demográfico do IBGE,2000:

a) domicílio cedido por empregador17;

16 Comentário Geral nº 4

87

Page 88: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

b) domicílio cedido de outra forma18;

c) outra condição19.

Gráfico 17 – Caracterização dos domicílios cedidos. Sarandi, 2000

18%

76%

6%

Cedido por empregador

Cedido de outra forma

Outra condição

Fonte: IBGE, 2000

A subdivisão dos domicílios cedidos, constante do gráfico 23, caracteriza uma

predominância da cessão do uso por uma outra pessoa ou instituição. Já para o Cadúnico

não há distinção entre as diversas formas de cessão, mas há uma clara predominância de

domicílios cedidos por uma relação mansa e pacífica, onde não há contestação ou oposição

de terceiro, se configurando uma situação transitória enquanto o beneficiário não consiga,

por seus meios, adquirir um imóvel alugado ou próprio. Desta forma, mesmo se tratando de

uma posse “mansa e pacífica”, não há segurança jurídica da posse, o que apenas por este

item já se configura como uma família vivendo em condições inadequadas.

Nesta situação a posse não deve ser o objeto de discussão já que não se trata de

uma invasão, mas de uma situação transitória que deverá ser solucionada por ações do

poder público caso a família nesta condição seja de baixa renda.

Inicialmente, os dados do censo demográfico de 2000 permitem comparar a condição

de renda familiar mensal das famílias que residem em domicílios alugados ou cedidos

(Gráficos 21, 22 e 23). Estes dados demonstram uma maior porcentagem de famílias com

17 Domicílio cedido por empregador (particular ou público) de qualquer um dos moradores, ainda que mediante uma taxa de ocupação ou conservação (condomínio, gás, luz etc.), inclusive o caso do domicílio cujo aluguel é pago diretamente pelo empregador de um dos moradores do domicílio.18 Domicílio cedido gratuitamente por pessoa que não seja moradora ou por instituição que não seja empregadora de algum dos moradores, ainda que mediante uma taxa de ocupação (impostos, condomínios etc.) ou de conservação, incluindo-se o domicílio cujo aluguel é pago, direta ou indiretamente, por pessoa que não seja sua moradora ou por instituição que não seja empregadora de algum morador.19 Domicílio ocupado de forma diferente das anteriormente relacionadas, incluindo-se o domicílio cujo aluguel, pago por morador, referir-se à unidade domiciliar em conjunto com unidade não-residencial (oficina, loja, etc.) ou quando a família residir em estabelecimento agropecuário arrendado ou, ainda, os casos de domicílios ocupados por invasão.

88

Page 89: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

baixo rendimento mensal nos domicílios cedidos, comparado com os domicílios próprios ou

alugados.

Entre as famílias que residem em domicílios próprios ou domicílios alugados vemos

um equilíbrio entre as faixas de renda, com uma clara concentração de famílias com renda

superior a 3 salários mínimos, 57% no primeiro caso e 55% no segundo, já na condição

domicílio cedido, esta situação se inverte, e 66% das famílias que residem nestas condições

possuem menos de três salários mínimos mensais.

Além da situação majoritária das famílias que residem em domicílios cedidos ser de

baixa renda, vemos uma tendência a sobreposição de outros indicadores de pobreza em

determinados setores censitários do município, como constante dos Mapa 14,15,16,20 e 21.

Essa caracterização se dá através dos dados do censo demográfico de 2000 do IBGE,

considerando os domicílios cedidos ou outra forma, o número de moradores por domicílio, a

porcentagem de responsáveis por domicílio analfabetos ou analfabetos funcionais e a

porcentagem de responsáveis com renda inferior a 3 salários mínimos mensais.

Estes indicadores refletem em uma situação de pobreza na medida em que os

moradores, certamente, não têm renda para entrar em um financiamento habitacional ou

alugar uma residência. Em Sarandi, 10% dos domicílios são cedidos ou ocupados de outra

forma, e a distribuição espacial desta carência habitacional ocorre em toda a cidade, mas

concentra-se em setores censitários20 que possuem índices sócio-econômicos abaixo da

média do município, como os setores localizados ao norte da área urbana. Destes setores,

destaca-se o setor censitário 70, que corresponde à parte dos bairros Jardim Nova

Independência 1ª e 2ª Parte, Jardim Social e Residencial São José I e II, que apresentam o

maior percentual de domicílios cedidos ou outra forma (27,94%), associados a outros

indicadores, como a porcentagem de responsáveis pelo domicílio que recebem menos que 3

salários mínimos mensais (91,2%), baixa escolaridade do responsável, considerado

analfabeto funcional ou analfabeto (45,9%), e a densidade intra-domiciliar maior que 5

ocupantes por domicílio, presente em 32,4% dos domicílios.

Outros setores censitários que apresentam estas características são os setores

censitários 45, 34 e 50, que correspondem, respectivamente a parcelas dos bairros Jardim

20 Setor censitário corresponde à unidade de coleta do Censo Demográfico, sendo definidos como um agrupamento contíguo de aproximadamente 300 domicílios em uma determinada área do município (Mapa 01).

89

Page 90: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Independência 1ª e 2ª Parte, Jardim Verão e Conjunto Residencial Floresta.

Cabe destacar ainda que outros setores censitários tem elevada porcentagem de

domicílios cedidos, mas não se encontram associados a porcentagens altas dos demais

indicadores deste estudo, embora ajudem a formar o déficit habitacional do município.

Após estas considerações iniciais, os domicílios cedidos foram incorporados no

cálculo do déficit habitacional do município de Sarandi. A metodologia de cálculo

demonstrará como foram compatibilizados os dados da FJP/IBGE e dados da Secretaria de

Assistência Social – CadÚnico.

5.2.2.Metodologia de Cálculo

Buscando representar a realidade da situação habitacional, o déficit acumulado de

Sarandi foi desagrupado para as seguintes faixas de renda: 0 a 3 salários mínimos e 3 a 5

salários mínimos. A quantificação do déficit habitacional nestas faixas de renda é importante

pelo fato de se configurarem como públicos diferentes para cada uma das políticas

habitacionais.

Desta forma, a metodologia de cálculo, proposta pelo Observatório das Metrópoles –

Núcleo Região Metropolitana de Maringá, parte da metodologia proposta pela FJP,

confrontando os dados do censo demográfico de 2000 com os dados do CadÚnico Municipal

de 2008, seguindo uma série de procedimentos que permitem a consolidação final dos

dados.

Na primeira etapa, as famílias cadastradas no Cadúnico, constantes da Tabela 31,

foram classificadas segundo a posse da propriedade: própria, cedida ou alugada, chegando

ao número de 10.205 famílias cadastras, das quais, 31%, são famílias que pagam aluguel,

20% famílias que residem em moradias cedidas e por fim, 49% de famílias que moram em

casas próprias (Gráfico 24). As duas formas de posse –alugada e cedida – que podem

indicar situação de déficit habitacional constam nos Mapas 18 e 19, e indicam que estas se

concentram nos bairros melhor servidos de infra-estrutura, como Independência e

Panorama, numa clara demonstração de dependência da família moradora, com menor

renda, em relação a família proprietária.

Tabela 30 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel, Sarandi, 2008

90

Page 91: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Domicílio Alugados

Domicílio Cedidos Domicílios Próprios

Parque Alvamar I e II 192 116 340 648Jardim Tropical 12 7 19 38Residencial Sao Jose I e II 21 12 34 67Jardim Nova Independência I e II 37 36 79 152Jardim Social 2 30 46 78Jardim Universal 111 117 229 457Parque Res Bom Pastor e Alphaville 55 51 171 277Jardim Independencia III 35 21 43 99Parque dos Pioneiros 6 8 12 26Jardim Independencia I e II 757 545 1124 2426Jardim Panorama 221 125 247 593Jardim Novo Panorama 52 28 60 140Jardim Ouro Parqueeto 8 5 10 23Jardim Do Parque 1 0 2 3Jardim Escala 12 24 31 67Jardim Ouro Verde 2 0 1 3Jardim Europa 12 11 8 31Jardim Boa Vista 15 12 17 44Jardim Belem 0 1 0 1Sarandi Centro 118 71 98 287Jardim Parqueimavera 26 22 30 78Jardim Parqueimaverao 17 15 21 53Jardim San Remo 2 1 3 6Jardim Dom Bosco 16 15 15 46Jardim Paulista 95 50 98 243Jardim Nova Paulista 45 21 60 126Jardim Ana Elisa 39 40 77 156Jardim Verao 243 2 408 653Jardim Das Flores I e II 25 18 29 72Parque Residencial Novo Centro 0 2 4 6Jardim Sao Jorge 1 4 11 16Industrial 7 4 0 11Parque Residencial Nova Aliança 47 24 62 133Patrimonio Vera Cruz 2 10 7 19Jardim Esperança I, II, III e IV 117 79 193 389Jardim Imperial 10 13 31 54Jardim Ibirapuera 8 15 25 48Jardim Cometa 85 43 101 229Jardim Higienopolis 3 2 6 11Jardim Mercurio 13 10 21 44Parque Residencial Jaqueline 10 4 30 44Jardim Santa Tereza 11 12 40 63Jardim Gralha Azul 51 31 90 172Jardim Itamaraty 25 18 69 112Parque Residencial Santana 36 22 52 110Jardim Castelo 101 55 117 273Parque Sao Pedro 75 50 167 292Jardim California 26 20 52 98Parque Residencial Bela Vista I e II 72 48 132 252Jardim Esplanada 21 23 50 94Jardim Ipanema 17 7 34 58Sarandi I 16 10 37 63Jardim Nova Sarandi I e II 4 2 6 12Jardim Cruzeiro 14 6 20 40Jardim Novo Bertioga 6 2 1 9Conj Residencial FloResidencialta 87 54 178 319Conj Residencial Triangulo 23 16 83 122Jardim Monterey 27 27 69 123Jardim Das Torres 28 16 52 96Total 3120 2033 5052 10205

Condição de PosseDomicílio por

condição de posse por BairroNome Bairro

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social – CadÚnico,2008

Gráfico 18 – Famílias cadastradas no CadÚnico, por tipo de posse do imóvel

91

Page 92: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

31%

20%

49%Domicílio Alugados

Domicílio Cedidos

Domicílios Próprios

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social – CadÚnico,2008

Na segunda etapa, as famílias foram classificadas segundo a renda familiar, para

cada um dos tipos de posses, para que possibilite a comparação entre os dados desta base

de dados e as informações da FJP/ IBGE.

No município de Sarandi todos os cadastrados se encontram dentro dos parâmetros

de classificação do Cadúnico – renda per capita familiar de até ½ salário mínimo ou renda

familiar de até três salários mínimos.

Na terceira etapa, foram quantificadas as famílias que residem em domicílios

próprios, entretanto pelas condições de habitabilidade são considerados domicílios

rústicos. Esta quantificação se faz com o “cruzamento” de duas características do domicílio:

“situação da posse” e “tipo de construção”. Este dado objetiva quantificar famílias que

conseguiram a posse da terra, muitas vezes adquirida em loteamentos que pela qualidade

inferior da infra-estrutura e dificuldade de acesso, possuem baixo custo, mas que não

puderam construir a casa de forma adequada, seguindo os padrões mínimos de

habitabilidade. As famílias nestas características têm permanecido fora dos programas

habitacionais, que via de regra tendem a considerar apenas as famílias que não possuem

bem imóvel. Em Sarandi, das famílias cadastradas no CadÚnico, 49%, ou 5.052 famílias

afirmam ser proprietários do imóvel em que residem, e destas os tipos de construção são

classificados da seguinte forma:

Tabela 31 – Domicílios Próprios por tipo de construção. Sarandi, 2008

92

Page 93: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tipo de Construção – Domicílios próprios Nº Domicílios

Tijolo/ Alvenaria ou Adobe 4.661

Taipa revestida 9

Taipa não revestida 5

Madeira 363

Material aproveitado 4

Outro 10

TOTAL 5.052Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social - CadÚnico, 2008

Dois tipos de construção caracterizam domicílios rústicos: de taipa não revestida e

aquelas construídas com material aproveitado, não adequado, como papelão, lona, madeira

não aparelhada, folha de flandres, maderite, palha, entre outros que não ofereçam condições

adequadas de vida.

Segundo o DATASUS21 (2007), no município são encontrados 29 domicílios rústicos.

Destes, segundo CadÚnico 9 são próprios. Na consolidação do déficit habitacional foram

considerados apenas os domicílios rústicos e próprios, evitando a dupla contagem com os

domicílios alugados e cedidos.

Além dos domicílios rústicos, contabilizados como déficit, em Sarandi um número

elevado de habitações necessita de melhoria em sua estrutura física e não de reposição da

construção, sendo portanto, classificadas como inadequadas (item 5.3).

Na quarta etapa, foram sistematizados os dados da FJP, do censo do IBGE de 2000,

que complementaram os dados da FJP para os componentes do déficit ou faixas de renda

que esta não considerou, e dados do CadÚnico.

A quantificação dos domicílios cedidos, alugados e rústicos entre a população de

baixa renda permite sistematizar as informações e consolidar o déficit habitacional do

município de Sarandi. Na segunda coluna da Tabela 33 se dá a decomposição do déficit

habitacional pela metodologia da Fundação João Pinheiro, que não quantificou os domicílios

21 Os dados disponíveis são oriundos do Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB e gerados a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família (ESF) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Os Agentes Comunitários de Saúde, através das visitas domiciliares, cadastraram as famílias, identificam a situação de saneamento e moradia e fazem o acompanhamento mensal da situação de saúde das famílias. Com base nessas informações e mais os procedimentos realizados pelas Equipes de Saúde da Família na Unidade Básica de Saúde ou no domicílio, as Coordenações Municipais de Atenção Básica mensalmente consideram os seus dados e os enviam para as Regionais de Saúde. Na seqüência seguem para as Secretarias Estaduais, sempre fazendo as respectivas consolidações. As bases estaduais são enviadas mensalmente para o Darasus, quando então é consolidada a base nacional.

93

Page 94: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

rústicos, domicílios cedidos e as famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos que pagam

aluguel. Na terceira coluna, aplicando a metodologia da FJP na base de dados do IBGE, foi

possível detalhar os domicílios cedidos e alugados pelas duas faixas de renda de interesse,

complementando os dados da FJP. Na quarta coluna constam os dados do CadÚnico, que

possibilitaram quantificar os domicílios rústicos e atualizar as informações das famílias que

residem em domicílios cedidos ou em imóveis alugados. Na última coluna estão sintetizados

os dados por classe de renda.

Tabela 32 – Atualização do cálculo do déficit municipal. Sarandi, 2008

Componente do Déficit Déficit FJP Déficit IBGE Cad Único, 2008 Síntese

Domicílios Improvisados Até 3 s.m: 29 - - Até 3 s.m: 29

3 a 5 s.m: 0 - - 3 a 5 s.m: 0

Total: 29 - - Total: 29

Domicílios Rústicos - - Até 3s.m:9 Até 3 s.m:9

- - Total: 9 Total: 9

Domicílios Rústicos por

depreciação do imóvel

- - Até 3s.m: 147 Até 3 s.m: 147

- - Total: 147 Total: 147

Famílias conviventes Até 3 s.m: 826 - - Até 3 s.m: 0

3 a 5 s.m: 230 - - 3 a 5 s.m: 230

Total: 1056 - - Total: 230

Cômodos cedidos ou

alugados

Até 3 s.m: 118 - - Até 3 s.m: 0

3 a 5 s.m: 15 - - 3 a 5 s.m: 15

Total: 133 - - Total: 15

Famílias que pagam

aluguel

Até 3s.m: 1662 Até 3 s.m: 1662 Até 3s.m: 3120 Até 3s.m: 3120

3 a 5 s.m: não

considerado

3 a 5 s.m: 1147 - 3 a 5 s.m: 1147

Total: 1662 Total: 3734 Total: 3120 Total: 4267

Domicílios cedidos - Até 3 s.m: 1338 Até 3 s.m: 2033 Até 3 s.m: 2033

- 3 a 5 s.m: 410 - -

- Total: 1748 Total: 2033 Total: 2033

Total Total: 2880 Total: 5482 Total: 5309 Total: 6730

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi – Secretaria de Assistência Social - CadÚnico, 2008 Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

Para a estimativa dos domicílios improvisados foi utilizado dado do Censo 2000

94

Page 95: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

tratado pela Fundação João Pinheiro, já que este indicador não é quantificado pelo

CadÚnico, apresentando no município 29 domicílios, todos entre as famílias que possuem

renda inferior a 3 salários mínimos mensais.

A inclusão dos domicílios rústicos foi possível apenas pelos dados do CadÚnico,

que faz levantamento do tipo de construção das famílias cadastradas, constante da Tabela

32. O outro item, composto por domicílios rústicos por depreciação do imóvel se refere às

unidades habitacionais do Conjunto Habitacional Jardim Social, também conhecido como

“Mutirão”.

As famílias conviventes foram desconsideradas na consolidação dos dados para a

faixa de renda inferior a 3 salários mínimos, evitando com isso a dupla contagem com os

domicílios cedidos ou alugados. Dessa mesma forma, os cômodos cedidos ou alugados

também foram desconsiderados para esta mesma faixa de renda.

As famílias que pagam aluguel foram quantificadas considerando duas bases de

dados: para a população com renda familiar inferior a 3 salários mínimos mensais, o

CadÚnico fornece informações atualizadas da população, já para a população com renda

superior a 3 salários e inferior a 5 salários mínimos mensais, que não é considerada público

dos programas de subsídio, e portanto não estão cadastrados na Secretaria de Assistência

Social, roram utilizados dados do censo de 2000 do IBGE, aplicando a metodologia da FJP.

Assim, o déficit acumulado entre as famílias de baixa renda que pagam aluguel é de 3.120

unidades, e para a classe de renda seguinte, 1.147.

Para os domicílios cedidos foi considerado apenas a faixa de renda inferior a 3

salários mínimos, mesmo que o censo demográfico de 2000 permita esta contagem para a

população com renda superior, evitando com isso dupla contagem com as famílias

conviventes.

As famílias conviventes e os cômodos cedidos ou alugados, entre a faixa de renda

inferior a 3 salários mínimos mensais foram desconsiderados pela possibilidade de dupla

contagem, no entanto, deverão ser considerados como componente dos domicílios cedidos,

por representarem diferentes graus de prioridade no atendimento do déficit, desta forma, de

2033 domicílios cedidos, estima-se que 944 sejam por coabitação – 826 de famílias

conviventes e 118 de cômodos cedidos ou alugados.

95

Page 96: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Desta forma, no município foram contabilizados um déficit de 6.730 domicílios entre a

população com renda inferior a cinco salários mínimos, como apresentado em seqüência.

5.2.3.Déficit habitacional de Sarandi por classes de renda

O estudo do déficit habitacional considerou as famílias que possuem renda inferior a

três salários mínimos mensais e as famílias com renda superior a três e inferior a cinco

salários mínimos mensais, por corresponderem, nesta ordem, às prioridades de atendimento

da política habitacional do município, constante da Tabela 34.

Tabela 33 – Déficit habitacional acumulado por classes de renda. Sarandi, 2008

Descrição Déficit (0 a 3 SM)

Déficit (3 a 5 SM) TOTAL

Domicílios Improvisados 29 - 29

Domicílios Rústicos 156 - 156

Famílias que pagam aluguel 3.120 1.147 4.267

Famílias em domicílios cedidos

2.033 - 2.033

Famílias conviventes - 230 230

Cômodos alugados ou cedidos

- 15 15

TOTAL 5.338 1.392 6.730Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi - Secretaria de Assistência Social - CadÚnico 2008Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

Portanto, o déficit habitacional do município de Sarandi é composto por seis

categorias de deficiência na composição do déficit: domicílios improvisados, domicílios

rústicos, famílias que pagam aluguel, famílias que residem em domicílios cedidos, famílias

conviventes e famílias que residem em cômodos alugados ou cedidos (Gráfico 25).

Gráfico 19– Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 5 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008

96

Page 97: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

31%

3%

0%1%

0%

65%

Domicílios Improvisados

Domicílios Rústicos

Famílias que pagamaluguemFamílias em domicílioscedidosFamílias conviventes

Cômodos alugados oucedidos

Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi - Secretaria de Assistência Social - CadÚnico 2008Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

Os domicílios improvisados e os cômodos cedidos ou alugados representam uma

porcentagem muito baixa em relação ao total do déficit habitacional. No município são 29

famílias, segundo censo 2000, que residiam em domicílios improvisados. Para este

indicador, não houve famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos nestas condições.

Os domicílios rústicos, 156 unidades, também se concentraram entre as famílias com

renda inferior a 3 salários mínimos. Neste componente houve a inclusão das 147 famílias

residentes no Conjunto Habitacional “Mutirão”, que, ocasionado pelas condições iniciais das

construções e a depreciação das unidades ao longo dos anos, tornaram-nas inadequadas à

habitação e sem condições de aproveitamento das unidades para ampliação ou reforma.

Porém, a estimativa do déficit ocorreu em dupla contagem, pois parte das famílias residentes

neste conjunto habitacional podem estar incluídas no CadÚnico em outra situação de posse

do imóvel (alugado ou cedido) localizados em outros bairros (Tabela 31)

Outro indicador do déficit habitacional do município, se refere às famílias com renda

de até 5 salários mínimos que pagam aluguel, e que em Sarandi perfazem 4.267 famílias,

segundo IBGE, 2000. Pela metodologia da FJP, foram considerados déficit as famílias com

renda de até 3 salários mínimos que gastam mais de 30% de seus rendimentos mensais

com o pagamento de aluguel. Na composição do déficit municipal, as famílias com renda de

até 3 salários mínimos representam mais de 73% deste componente, e segundo dados da

Secretaria de Assistência Social, os rendimentos das famílias cadastradas em Sarandi se

encontra abaixo de 2 salários mínimos. Além disso, salienta-se o fato de que muitas famílias

de baixa renda estejam morando em domicílios alugados com condições inadequadas de

uso, e que este fato, aliado a outros como localização, faz com que o preço do aluguel seja

reduzido, portando, desconsiderar as famílias que não oneram mais que 30% de seus

rendimentos, não reflete a realidade municipal, devido à qualidade das habitações de aluguel

97

Page 98: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

que atende as famílias com baixo poder aquisitivo. Desta forma, considerou-se como déficit

o total de famílias que residem em domicílios alugados, cadastras no CadÚnico.

As famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos mensais, segundo dados do censo

2000, foram considerados no déficit total por representarem um público com dificuldade de

acesso ao mercado formal de habitação, mas que não se enquadram na política de subsídio

do Estado. Estas famílias poderão ser atendidas por programas de financiamento.

Assim como as famílias que residem em domicílios alugados, as famílias que residem

em domicílios cedidos foram consideradas déficit habitacional, pois mesmo que se

caracterize como aluguel sem transação em dinheiro e portanto não há ônus excessivo,

foram considerados dois outros componentes, como a inexistência de segurança jurídica da

posse e as condições sócio-econômicas destas famílias. Em Sarandi, em domicílios cedidos

residem 2.033 famílias.

As famílias conviventes, consideradas apenas entre as famílias com rendimentos

mensais de 3 a 5 salários mínimos, em Sarandi, para 2000 era da ordem de 230 e, para esta

mesma faixa de renda, 15 famílias residiam em domicílios cedidos ou alugados.

As famílias conviventes e os domicílios cedidos ou alugados, formam outro indicador:

a coabitação familiar, que não foi considerada entre as famílias com renda inferior a 3

salários mínimos, já que parte das famílias que residem em domicílios cedidos estariam

vivendo em coabitação, evitando com isso dupla contagem deste dado.

Gráfico 20 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008

79%

21%

0 a 3 SM

3 a 5 SM

Fonte: CadÚnico / Secretaria de Assistência Social, Sarandi, 2008Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

Como explicitado, o déficit habitacional acumulado de Sarandi se concentra entre as

famílias com pouca ou nenhuma capacidade de pagamento, com renda familiar de até 3

98

Page 99: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

salários mínimos mensais (Gráfico 26), representando 79% do déficit habitacional do

município, ou 5.338 famílias.

Além da divisão do déficit por classe de renda familiar, é importante analisar como

está distribuído o déficit habitacional entre essas famílias que possuem renda de 3 salários

mínimos (Gráfico 27), considerando que estas famílias são prioritárias ao atendimento de

programas habitacionais e que determinados tipos de déficit indicam também prioridade de

atendimento.

Gráfico 21 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008

39%

58%

1%

2%Domicílios Improvisados

Domicílios Rústicos

Famílias que pagam aluguem

Famílias em domicílioscedidos

Fonte: CadÚnico / Secretaria de Assistência Social, Sarandi, 2008Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

O gráfico indica que entre a faixa de renda prioritária, 97% são famílias que residem

em imóvel alugado ou cedido, e 3% em condições críticas – domicílios improvisados e

rústicos.

5.3. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL DE SARANDI

Como apontado anteriormente, a inadequação habitacional refere-se ao número de

domicílios que para tornarem-se adequados necessitam de melhorias, na própria edificação

ou no entorno, e podem ser de quatro tipos: por adensamento excessivo, pela situação legal

do terreno, pela ausência de unidade sanitária interna e pela deficiência ou carência da infra-

estrutura – abastecimento de água, sistema de esgotamento sanitário e iluminação elétrica e

coleta de lixo.

Com base nos dados da FJP, é possível afirmar que em Sarandi há 860 domicílios

com adensamento excessivo, 501 com inadequação fundiária, 144 domicílios sem unidade

99

Page 100: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

sanitária e 16.832 com deficiência de infra-estrutura, em que predomina a ausência de rede

de esgoto.

A inadequação fundiária, definida pelo IBGE, como os casos em que pelo menos um

dos moradores do domicílio declara a propriedade da moradia, mas afirma não possuir total

ou parcialmente o terreno em que aquela se localiza, estimada em 501 unidades, não condiz

com a realidade do município, se considerarmos que em 2008 são 16 domicílios construídos

em terrenos invadidos. Como o censo demográfico considera apenas as informações do

entrevistado, as famílias que responderam não ser proprietárias do terreno não a são porque

não registraram o imóvel em cartório e, prática comum, permanecem com o contrato de

compra e venda, ou responderam ser proprietária mesmo não tendo o registro do imóvel, e

desta forma teríamos um número maior de terrenos não registrados.

Segundo informações da Secretaria de Fazenda, Secretaria de Urbanismo e Cartório

de Registro de Imóveis do município, estima-se que 80% dos imóveis não possuem registro,

e com o agravamento entre as famílias de baixa renda, visto que os custos e impostos da

transação representam ônus extra para o qual não estão preparados, com o entendimento

de que a prioridade é a construção da edificação, para fugir do aluguel, mesmo que

inacabada.

Portanto cabe um levantamento aprofundado com o objetivo de quantificar as famílias

de baixa renda que não tiveram condições financeiras de arcar com os custos da transação

imobiliária, propondo parcerias entre o órgão público e associações de classe, como a

Associação dos Notários e Registradores – ANOREG, a fim de viabilizar a posse jurídica a

essas famílias.

O gráfico 28 dos componentes da inadequação habitacional do município, aponta que

91% dos domicílios apresentam deficiência em pelo menos uma das infra-estruturas

consideradas essenciais: iluminação elétrica, abastecimento de água, instalação sanitária e

destino do lixo.

Gráfico 22 – Componentes da inadequação habitacional. Sarandi, 2008

100

Page 101: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

5%3%

1%

91%

Adensamento Excessivo

Inadequação fundiária

Domicílio sem banheiro

Deficiência de Infra-estrutura

Fonte: Fundação João Pinheiro/ IBGE, 2000

A deficiência de Infra-estrutura, segundo metodologia redigida pelo IPPUR, (Instituto

de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional), podem ser de carência de alguma de suas

modalidades (iluminação, abastecimento de água, instalação sanitária ou destino do lixo), ou

relacionado a algum tipo de deficiência no acesso, ou seja, aquelas que têm infra-estrutura

mínima, porém de forma deficiente.

Esta metodologia, elaborada a partir das variáveis do censo de 2000 do IBGE,

considera como carência da infra-estrutura os casos seguintes:

Ausência de iluminação no domicílio, urbano ou rural;

Abastecimento de água realizado de forma diferente de rede geral ou poço

canalizado ou não;

Esgotamento sanitário feito em vala negra, rio, lago ou outro local diferente de rede

geral ou fossa;

Lixo doméstico queimado ou depositado em terreno baldio, jogado em rio, enterrado

em área urbana ou outra condição diferente da coletada;

Para a deficiência da infra-estrutura, são considerados as seguintes situações:

Abastecimento de água por rede geral ou poço sem canalização;

Esgotamento sanitário realizado por fossa rudimentar;

Lixo doméstico urbano coletado indiretamente, ou destino do lixo doméstico de

domicílios em área rural metropolitana enterrado, considerando que em regiões

metropolitanas haveria melhores condições de atendimento desse serviço.

101

Page 102: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A Tabela 35 sintetiza o número de domicílios com inadequação da infra-estrutura, no

município de Sarandi:

Tabela 34 – Inadequação por Infra-estrutura. Sarandi, 2008

Tipo de Inadequação por infra-estrutura

Situação do Domicílio Carente Deficiência

IluminaçãoUrbano 89 0Rural 13 0

Abastecimento de ÁguaUrbano 0 6Rural 62 13

Instalação SanitáriaUrbano 19 16.912Rural 18 480

Destino do LixoUrbano 161 236Rural 279 0

Fonte: IBGE, 2000 – Organização dos dados: Observatório das Metrópoles – Núcleo Região Metropolitana de Maringá

Segundo esses dados, no município 102 domicílios não possuíam iluminação

elétrica, embora não especifique por qual motivo não há o atendimento deste serviço.

Quanto ao abastecimento de água, considerado essencial, não há na área urbana do

município domicílios com carência, apenas na área rural, onde 62 domicílios possuíam

abastecimento de água diferente de rede geral ou poço, embora canalizado. Com deficiência

deste serviço, são 19 domicílios abastecidos por poço sem canalização, dentre os quais 6 na

área urbana e 13 na área rural.

Com relação a instalação sanitária, vemos uma grande carência em todo o município,

e 17.932 domicílios fazem o esgotamento sanitário em fossa rudimentar, dos quais 16.912

na área urbana. Quanto a deficiência desse setor se dá pelo despejo do esgoto doméstico

em vala negra ou em outro local diferente de rede geral ou fossa séptica.

A coleta do lixo doméstico também não atende adequadamente, toda a população,

segundo dados do censo de 2000, todos os domicílios do município, e em 236 domicílios

urbanos a coleta é feita de forma indireta. A deficiência deste setor se dá motivada por

práticas consideradas inadequadas como a queima, enterrar, jogar em terreno baldio ou rio,

ou outra forma diferente de coletado por serviço de limpeza.

No entanto, os dados de inadequação não devem ser somados, ocorrendo o risco de

dupla contagem, pois há uma grande parcela dos domicílios que se enquadram em mais de

um dos componentes da inadequação habitacional.

102

Page 103: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

5.3.1.Condição de Habitabilidade dos Domicílios

Além dos componentes do déficit e inadequação habitacional, considera-se que uma

parcela dos domicílios próprios não oferece condições adequadas de habitabilidade em

função da depreciação pela falta de manutenção da construção ou pela baixa qualidade

construtiva do imóvel.

Em Sarandi há um número relevante de domicílios em madeira, construídas nas

primeiras décadas de criação do município que ao longo dos anos sofreram desgaste físico

por falta de manutenção. A Tabela 32, com dados do CadÚnico, 2008, apontam a existência

de 363 domicílios próprios em madeira sendo resididos por famílias de baixa renda, num

total de 417 domicílios em madeira, como apontado pelo DataSus em relatório de Julho de

2008. No entanto para a consolidação do número de domicílios em madeira que necessitam

de programas de recuperação, há a necessidade de um estudo específico sobre o tema,

com o mapeamento destas unidades e levantamento das condições sócio-econômicas

destas famílias, em parcerias com órgãos municipais ligados ao patrimônio histórico.

Em relação aos domicílios com baixa qualidade construtiva, tratados como rústicos

na consolidação do déficit (item 5.2.3), foram contabilizados apenas 9 unidades que

necessitam de reposição da moradia. Os resultados das entrevistas realizadas em diferentes

localidades da cidade mostram que os domicílios improvisados representam 2%,

confirmando os dados do DataSUS.

Porém se considerados os domicílios inacabados e depreciados, este número é

pouco representativo da realidade de Sarandi: os resultados das entrevistas mostram que

dos 1.951 domicílios entrevistados, 49% se encontram em situação de inacabado e

depreciado (Gráfico 29).

Gráfico 23 – Componentes do déficit habitacional entre a população com renda de até 3 salários mínimos mensais. Sarandi, 2008

42%

23%

5%

4%

26%0%

ConcluídaDepreciadaEm ConstruçãoImprovisadaInacabadaNR

103

Page 104: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Entrevistas, Sarandi, 2008 – Observatório das Metrópoles – Núcleo RM Maringá

Os critérios utilizados nas entrevistas para a classificação da condição do domicílio

são definidos do seguinte modo:

a) Domicílio concluído: aspectos externos indicam a finalização da construção, com

reboco externo e pintura;

b) Domicílio depreciado: o domicílio se apresenta concluído, mas com sinais de

depreciação ao longo do tempo pela ausência de manutenção;

c) Domicílio improvisado: adoção de espaços inapropriados para o uso como moradia

ou de materiais improvisados para a construção da casa.

d) Domicílio em construção: a família reside o imóvel em processo de construção;

e) Domicílio inacabado: a obra foi suspensa por tempo indeterminado22;

O resultado da pesquisa que demonstra um número significativamente maior de

domicílios na situação de baixa qualidade construtiva do que aqueles indicados pelo

DataSUS, reforça a necessidade do envolvimento do poder público local no trabalho de

recadastramento dos domicílios e levantamento das condições sócio-econômicas das

famílias residentes.

5.3.2.Assentamentos Precários e Informais

A Organização das Nações Unidas caracteriza os assentamentos precários pela

condição inadequada de habitação e dos serviços básicos tais como a) posse insegura da

propriedade, b) baixa qualidade estrutural dos domicílios, c) adensamento excessivo, d)

acesso inadequado à água potável, ao saneamento e infra-estrutura em geral. As favelas, os

loteamentos irregulares, clandestinos, as habitações precárias, os conjuntos habitacionais

deteriorados e esquecidos pelo poder público são os exemplos mais constantes da condição

de precariedade desses assentamentos.

Para o IBGE as favelas e semelhantes são caracterizados como aglomerações

subnormais. “O setor especial denominado de aglomerado subnormal é definido como o

conjunto (favela e assemelhados) constituído por um mínimo de 51 domicílios (barracos,

casas, etc.), ocupando terreno de propriedade alheia (pública ou particular), dispostos, em 22 A diferença entre o imóvel em construção e a edificação inacabada é dada pelo entendimento de

que, no segundo caso, a família proprietária suspendeu por tempo indeterminado a sua conclusão por não ter condições financeiras pra continuar a obra, e por isso não oferece condições adequadas de habitabilidade.

104

Page 105: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

geral, de forma desordenada, densa, carentes, em sua maioria, de serviços públicos

essenciais”. (IBGE, 2003)

Embora as duas definições tenham proximidade, a metodologia de coleta de dados

do Censo utilizada pelo IBGE não considera como aglomerados subnormais os loteamentos,

cortiços e conjuntos irregulares e deteriorados que também representam formas de

precariedade.

De modo complementar aos dados do IBGE, a pesquisa feita em 2007 pelo Centro

de Estudos da Metrópole - “Assentamentos Precários no Brasil Urbano” - apresenta dados

mais abrangentes. Este estudo considera como assentamentos precários aqueles que se

aproximam aos aglomerados subnormais, mas que estão localizados em setores comuns.

Em outras palavras, bairros que anteriormente não eram considerados precários, e

pequenas ocupações irregulares, passaram a fazer parte dessas estatísticas em função de

suas características socioeconômicas, demográficas e habitacionais que muito se

assemelham ao padrão de ocupação de favelas, por exemplo. Foram considerados 561

municípios23 em todas as cidades das regiões metropolitanas do país (incluindo a Região

Metropolitana de Maringá) e ainda os municípios brasileiros com mais de 150 mil habitantes.

A pesquisa revelou que mais de 12 milhões de brasileiros vivem em assentamentos

precários ou subnormais. É o equivalente a 14% da população das cidades pesquisadas e

quase o dobro dos 6,3 milhões que moram em setores censitários classificados como

subnormais pelo IBGE. Carvalho reflete sobre a situação desses assentamentos na cidade:

“Ausentes dos mapas e cadastros de prefeituras e concessionárias de serviços públicos, inexistentes nos registros de propriedade nos cartórios, estes assentamentos têm uma inserção no mínimo ambígua nas cidades onde se localizam. Modelo dominante de territorialização dos pobres nas cidades brasileiras, a consolidação destes assentamentos é progressiva, eternamente incompleta e totalmente dependente de uma ação discricionária do poder público – já que para as formas legais de expressão de pertencimentos à cidade estes assentamentos simplesmente não existem”. (CARVALHO, 2008).

Um tanto distante do perfil das grandes cidades brasileiras, mas, com peculiaridades

que caracterizam a segregação sócio-espacial no âmbito local e na Região Metropolitana de

Maringá, a realidade dos assentamentos precários em Sarandi revela-se nos bairros,

principalmente periféricos, caracterizados pela falta de infra-estrutura urbana (esgotamento 23 Os municípios considerados na pesquisa englobavam, em 2000, cerca de 98% dos setores censitários do país classificados como subnormais pelo IBGE.

105

Page 106: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

sanitário e coleta de lixo), pela densidade excessiva de moradores no domicilio e na

presença, ainda que pequena, de ocupações irregulares na malha urbana, caracterizadas

como assentamentos informais.

A exemplo da pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM),

entende-se que estas localidades apresentam condições análogas aos aglomerados

subnormais. São áreas com concentração de domicílios precários em termos urbanísticos, e

cujos responsáveis têm renda muito baixa, mas que não constituem favela ou semelhante.

“Mesmo os conjuntos habitacionais construídos pelo poder público em décadas recentes, por vezes, apresentam avançado estado de degradação e solicitam atenção por parte de políticas que intervenham na precariedade habitacional e urbana. (...) Na maioria das vezes, a determinação do tipo de problema presente depende de vistorias de campo e, ao menos no caso da questão fundiária, de acesso a documentos cadastrais” (CEM-Cebrap, 2007).

Estas características somadas ao pequeno porte da cidade oferecem condições

técnicas favoráveis para a realização de levantamentos mais precisos sobre a localização

dos assentamentos precários em Sarandi. Tais levantamentos consistem em visitas técnicas,

aplicação de questionários junto à população, análise da documentação cadastral e

cartográfica, além da interpretação de fotos e imagens de satélite.

O objetivo desta investigação é conhecer melhor essas áreas carentes do município

a fim de propor ações públicas mais eficientes e adequadas às especificidades locais. Além

disso, promover a inclusão das famílias que ocupam estes espaços nos programas

habitacionais e iniciativas públicas voltadas à melhoria da qualidade de vida na cidade.

Sarandi não obteve índice de classificação de aglomerados subnormais na pesquisa

do CEM. Dos municípios da Região Metropolitana de Maringá, Paiçandu e Marialva são os

que, depois de Maringá, apresentaram maior número de domicílios em setores precários.

Maringá passou do índice 0 de aglomerados subnormais para 788 domicílios precários,

Paiçandu passou de 0 para 126 domicílios e Marialva de 0 para 118 domicílios.

Por meio dos dados do IBGE de 2000, foi possível classificar setores que apresentam

características de precariedade adaptadas aos padrões sócio-demográficos e urbanísticos

específicos de Sarandi. Para tanto foram adotadas, em um primeiro momento, as seguintes

variáveis utilizadas na pesquisa do CEM:

106

Page 107: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

número de domicílios e pessoas residentes por setor censitário

condição de posse da moradia;

número de moradores no domicílio;

acesso ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo;

existência de banheiro no domicílio;

renda mensal dos chefes de família de 0 a 3 salários mínimos.

As demais variáveis, 24 definidas pelo CEM não apresentam números representativos

capazes de qualificar diferenças entre os setores urbanos de Sarandi. Portanto, estas

variáveis não foram utilizadas para comparação.

Considerando que o número de domicílios particulares permanentes do município

(20.141 domicílios em 2000), a Tabela 36 demonstra comparativamente quais os setores

que apresentam condições mais precárias de moradia. Os números mais expressivos em

cada variável estão em destaque.

24 As demais variáveis definidas pelo CEM, mas que não foram utilizadas para comparação neste trabalho são: porcentagem de responsáveis por domicílio com menos de 30, sem alfabetização,com menos de 8 anos de estudo, número de domicílios improvisados no setor censitário, número de banheiros por habitante, renda média do responsável pelo domicílio.

107

Page 108: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 35 – Caracterização de domicílios segundo dados do IBGE, por setor censitário, em 2000.

Nº NomeNº de

domicílios

% população total resident

e no setor

Nº de domicílios com outra forma de ocupação

da moradia25

Nº de domicílio

s com mais de 5 moradore

s

Nº de domicílios

sem acesso à rede de

abast. de água

Nº de domicílio

s sem acesso à rede de esgoto

Nº de domicílio

s sem acesso ao

serviço de coleta

de lixo

Nº de domicílio

s sem banheiro

Responsáveis por

domicílio com renda

mensal de 0 a 3 s.m .

1 Sarandí Centro 175 0,87 0 11 0 125 0 0 52

2 Jd. Primaverao 215 1,07 0 18 0 211 0 0 141

3 Jd. Paulista/ São Remo/ Dom Bosco 224 1,11 0 13 0 222 0 0 156

4 Jd. San Remo/ Dom Bosco 167 0,83 4 15 1 163 0 0 107

5 Sarandi Centro 194 0,96 0 10 0 71 0 2 134

6 Sarandi Centro/ Jd. Boa Vista 358 1,78 0 20 0 133 0 1 220

8 Jd. Nova Europa 213 1,06 0 15 1 209 0 0 97

10 Jd. Primavera/ Sarandi Centro 233 1,16 0 15 0 231 1 0 153

19 Jd. Independência 1a Parte 241 1,20 0 8 0 237 1 0 145

30 Conj. Res. Osvaldo gheal/ Jd. Ouro verde 205 1,02 0 19 0 204 2 0 134

34 Jd. Verão 212 1,05 0 29 0 201 2 3 169

41 Jd. Panorama 188 0,93 1 10 0 179 1 0 112

42 Jd. Independência 2a parte 209 1,04 3 12 0 201 0 1 133

43 Jd. Independência 2a parte 252 1,25 0 10 0 226 1 0 161

44 Jd. Independência 2a parte 181 0,90 1 18 0 174 0 1 126

47 Patrimônio Vera Cruz/ Jd. Imperial 97 0,48 0 13 2 97 6 3 87

48 Jardim Nova Sarandi I e II, Jd. Cruzeiro 136 0,68 0 11 2 128 1 1 122

51 Conj. Res. Floresta** 273 1,36 5 21 0 143 1 0 216

25 Domicílios que não são quitados, financiados, alugados ou cedidos.

108

Page 109: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

53 Jd. Panorama 237 1,18 0 7 0 233 0 0 145

55 Jd. Independência 2a parte 183 0,91 0 23 0 173 0 1 135

58 Jd. Novo panorama 285 1,42 0 26 0 149 0 0 195

59 Pq. Alvamar 208 1,03 0 8 0 206 0 1 145

69 Residencial São José e São José II 89 0,44 0 8 0 89 0 0 58

39 * 10 0,05 0 0 10 10 10 0 8

R4 Rural 4 – chácaras Aeroporto *** 142 0,71 2 10 19 137 3 3 113

R3 Rural 3 54 0,27 0 4 54 54 54 1 49

67 Pq. Alvamar 303 1,50 0 17 1 138 0 2 222

9 Jd. Ouro Preto/ Do Parque 300 1,49 0 26 0 288 0 1 178

11 Jd. Verão/ Pq. Res. Novo Centro 372 1,85 0 22 0 368 0 0 214

12 Jd. Nova Paulista 236 1,17 35 17 0 214 0 0 192

14 Jd. Castelo 193 0,96 1 16 9 188 1 0 146

16 Pq. São Pedro/ Jd. Califórnia 261 1,30 0 21 0 256 0 0 208

17 Jd. Independência 2a Parte / Panorama 336 1,67 0 18 0 315 0 2 192

18 Jd. Independência 2a Parte / Edmar 367 1,82 1 25 1 355 0 2 197

22 Jd. Nova Paulista 280 1,39 0 21 1 267 0 2 206

27 Jd. Independência 2a parte/ Panorama 402 2,00 0 14 1 384 0 2 205

31 Conj. Hab. Casa da Família 314 1,56 0 18 1 124 1 1 256

32 Jd. Independência 3a parte / Universitário 252 1,25 0 17 4 235 14 1 185

40 Jd. Panorama 272 1,35 0 12 0 268 0 1 183

45 Jd. Independência 2a parte 255 1,27 0 21 0 252 1 1 179

52 Jd. Novo Panorama e Panorama 288 1,43 0 20 0 285 1 0 210

54 Jd. Independência 2a parte 282 1,40 0 19 0 272 2 2 168

25 Jd. Novo Castelo 77 0,38 0 9 9 75 13 0 57

15 Jd. Castelo 297 1,47 2 24 0 278 0 4 225

7 Sarandi Centro/ Jd. Europa/ 313 1,55 1 12 26 13 0 45 141

109

Page 110: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Perimetral/ Belem/ Clementino

13 Jd. Mercúrio/ Santa Teresa/ Pq. Res. Jaqueline 310 1,54 0 34 2 298 7 1 213

20 Jd. Escala / Pq. Res. Jalmar 380 1,89 0 25 1 373 0 2 293

29 Jd. Independência 1a parte 373 1,85 1 29 0 359 1 0 251

46 Pq. Dos pioneiros / Jd. Independência 1a parte 325 1,61 0 30 0 297 0 0 216

49 Jd. Ipanema e Sarandi I 289 1,43 4 18 4 278 4 7 249

R1 Rural 1 183 0,91 0 26 171 180 149 7 140

36 Ibirapuera/ Ana Elisa 399 1,98 3 34 0 386 0 3 346

63 Jd. Universal 297 1,47 1 29 0 289 4 1 263

35 Jd. Verão/ São Jorge 301 1,49 1 22 0 295 3 1 222

65 Pq. Res. Bom pastor e Alphaville 245 1,22 0 29 5 241 4 3 206

57 Jd. Monterrey 98 0,49 0 16 2 85 5 1 84

23 Jd. Cometa / Higienópolis/ Pq. Res. Jaqueline 353 1,75 2 37 1 347 0 8 256

50 Conj. Res. Floresta 320 1,59 29 30 0 78 0 4 222

60 Jd. Nova independência 1a parte 396 1,97 0 50 0 387 5 4 355

66 Pq. Alvamar 399 1,98 0 33 0 394 5 0 280

21 Jd. das Flores 1a parte/ 2a parte/ 3a parte/ Jd. Verão 430 2,13 0 39 0 424 2 0 299

24 Jd. Gralha azul/ esperança 1a parte/ Itamaraty / Pq. Res. Sant´ana 388 1,93 1 35 0 360 0 1 326

28 Jd. Independência 2a parte 417 2,07 1 31 0 407 0 4 257

37 Jd. Esperança 1a, 2a, 3a e 4a parte 437 2,17 0 48 3 368 2 7 368

38 Pq. Res. Bela vista e Bela Vista 2a parte/ Jd. Esplanada/ Conj. Res. Triângulo 495 2,46 4 51 2 335 7 1 408

56 Jd. Nova independência 1a e 2ª parte / Jd. Social – MUTIRÃO

2821,40

0 35 0 275 1 0 255

61 Jd. Nova independência 2a parte/ Jd. 325 1,61 0 37 0 318 1 0 306

110

Page 111: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Social

62 Jd. Nova independência 2a parte /Jd. Social

3141,56

0 32 0 302 0 0 250

68 Pq. Alvamar II/ Jd Tropical 581 2,88 1 42 2 576 1 4 434

R2 Rural 2 – Jd. das Torres 148 0,73 1 22 47 148 48 11 131

26 Jd. Novo Bertioga/ Pq. São Pedro/ Jd. Califórnia 321 1,59 0 41 2 309 3 18 242

64 Jd. Universal 270 1,34 6 45 2 262 23 5 244

70 Jd. Nova independência 1a e 2ª parte/ 3o parque industrial

3421,70

2 52 5 334 39 5 310

33 Ampliação do 2o Pq. Industrial/ 2o, 4o

e 5o Pq. Industrial/ Pq. Res. Nova aliança/ Jd. Novo mundo 342 1,70 3 32 11 279 14 4 290

TOTAL 20141 100% 116 1687 402 17765 444 186 14593

* Setor 39 está classificado como Área não Urbanizada de Cidade ou Vila.

** Setor 51 está classificado como Área Urbana Isolada

*** Setor Rural 4 está classificado como Aglomerado Rural Isolado – Povoado

Fonte: IBGE, 2000

111

Page 112: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A análise dos números apresentados permite constatar que os setores que

mais apresentam números elevados em todos os critérios são:

Ampliação do 2º Pq. Industrial/ 2º, 4º e 5º Pq. Industrial/ Pq. Res. Nova Aliança/ Jd.

Novo mundo

Jd. Nova independência 1a e 2ª parte/ 3º parque industrial

Jd. Universal

Jd. Novo Bertioga / Pq. São Pedro / Jd. California

Rural 2 – Jd. das Torres

Pq. Alvamar

Pq. Alvamar II/ Jd Tropical

Jd. Nova Independência 2a parte/ Jd. Social

Jd. Nova Independência 1a e 2ª parte / Jd. Social

Pq. Res. Bela vista e Bela Vista 2a parte/ Jd. Esplanada/ Conj. Res. Triângulo

Jd. Esperança 1a, 2a, 3a e 4a parte

Jd. Gralha azul/ Esperança 1a parte/ Itamaraty / Pq. Res. Sant´ana

Jd. Cometa / Higienópolis / Pq. Res. Jaqueline

Jd. das Flores 1a parte/ 2 a parte/ 3 a parte

Cj. Residencial Floresta

Nota-se que são poucos os domicílios com outra forma de ocupação que não seja

alugado, cedidos ou próprio. O maior número está presente no Jardim Novo Paulista (35

domicílios) seguido do Conjunto Floresta (29 domicílios). Segundo dados do IBGE (2000) o

número de domicílios do tipo cômodo também não é significativo: apenas 10 unidades no

setor que engloba os bairros Jd. Esperança 1a, 2 a, 3a e 4 a partes.

112

Page 113: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Verifica-se que os bairros Pq. Res. Nova Aliança, Jd. Nova Independência 1a e

2ª parte, Jardins Social, Universal, Novo Bertioga, das Torres, Bom Pastor, Tropical,

Pq. Alvamar II e parte do Pq Alvamar merecem maior atenção na definição de

prioridades dos programas habitacionais e sociais, pois concentram maior número de

domicílios com mais de 5 moradores, menor acesso a infra-estrutura e serviços da cidade,

além de números relevantes sobre a população de baixa renda do município (Mapas 06,

07, 16 e 20).

O aspecto geral nestas localidades é típico das áreas de expansão urbana ou até

mesmo de aglomerados rurais, mas que estão inseridos no perímetro urbano. São

constituídos por conjuntos de edificações adjacentes, formando área continuamente

construída, com lotes e arruamentos reconhecíveis, de baixo adensamento construtivo

(Mapa 10). Porém, a distância do centro da cidade somada à ausência de rede de esgoto

e asfaltamento reforça o caráter rural da paisagem. Além disso, o acesso dificultado aos

equipamentos comunitários como escolas e postos de saúde estabelece, definitivamente,

o padrão de precariedade nestes bairros. Sobre a infra-estrutura urbana, o Mapa 06

mostra a distribuição dos equipamentos comunitários em relação aos bairros em questão.

A característica mais marcante é o número insuficiente de equipamentos

comunitários e áreas de lazer nas áreas periféricas da cidade. É freqüente o percurso de

mais de 500m até uma instituição de ensino público; muito maior é a distância até um

posto de saúde; os equipamentos de lazer são raros e algumas praças só existem no

papel, ou estão sem qualquer condição de uso.

Isto se deve em partes ao fato de que praticamente todos os loteamentos

aprovados no município não cumpriram com as legislações Federal nº 6766 de 1979 e

Municipal 04 de 1992 que definem a porcentagem mínima de área a ser destinada para

arruamentos, praças e edificações de uso comunitário (35% da área total do loteamento) e

em partes pela ausência de uma estrutura pública voltada ao planejamento e controle

urbanos que permitiu a expansão desordenada da cidade, com a aprovação de

loteamentos à revelia que acabaram por formar diversas áreas consideradas como vazios

urbanos.

A data de aprovação de alguns loteamentos é anterior à Lei que a aprovação de

diversos loteamentos na década de 90 que não cumpriram a legislação federal, já citada, e

com a municipal 04/92 de parcelamento do solo. Além disso,

O problema da falta de pavimentação nas áreas periféricas da cidade é

generalizado e atinge diretamente a população de baixa renda (Mapa 16). Onde a

113

Page 114: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

declividade é mais acentuada e como por exemplo as periferias dos bairros Jardim

Universal, Novo Bertioga, Nova Independência 3a Parte – a ausência de asfalto pode gerar

maiores dificuldades para os moradores em períodos chuvosos tendo em vista, também, o

grave problema de falta de drenagem em praticamente toda a cidade. A pavimentação é

necessária também, na medida em que pode proporcionar a ocupação efetiva destas

áreas.

Fig. 21 - Paisagem rural característica do Jd. UniversalFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 22 - Casa no Jardim UniversalFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 23 - Vista da estrada de acesso ao Jd. das Torres

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 24 - Casa no Jardim das Torres

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

O método de análise utilizando os dados do IBGE, contudo, apresenta limitações

tendo em vista que a classificação parte de setores censitários e não é possível

desagregar as informações para escalas inferiores a eles (como um bairro por exemplo).

Portanto, dados de um determinado bairro, conjunto habitacional ou um local específico do

município podem ser diluídos dentro do setor e acabar não revelando características de

precariedade sócio-habitacional na Tabela 36 ou, o contrário, homogeneizando tais

características para bairros que não o são. Portanto, para as análises a seguir são

114

Page 115: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

mapeadas e analisadas informações coletadas no município sobre os bairros: infra-

estrutura urbana, acesso aos equipamentos comunitários, baixa qualidade estrutural e

depreciação dos domicílios, etc.

No caso dos bairros Pq. São Pedro e Jardim Califórnia que aparecem na

tabela junto ao setor censitário com o bairro Novo Bertioga, apesar dos dados serem

expressivos para o setor, a proximidade deles ao centro e às indústrias da rodovia e a

presença de asfalto no primeiro favoreceu o adensamento de ambos e não os colocam na

mesma situação que os bairros descritos acima. O mesmo acontece com o Jd. Novo

Mundo e os Parques Industriais que pertencem ao mesmo setor censitário que o Pq. Res.

Nova Aliança.

A situação de maior precariedade em Sarandi está no Conjunto Mutirão26, que

pertence ao setor censitário junto aos bairros Jardins Nova Independência 1a e 2ª parte,

em destaque na tabela. Trata-se de um conjunto habitacional depreciado com

características que o colocam muito próximo do que o IBGE considera como aglomerado

subnormal ou “favela”. Os 160 domicílios foram construídos através do Programa Nacional

de Mutirões Habitacionais em que os próprios moradores ajudaram na construção, o que

pode ter contribuído para a baixa qualidade construtiva das casas que somada à falta de

manutenção ao longo do tempo fizeram com que praticamente todas elas estejam em

situação precária. Segundo dados obtidos por meio de entrevistas no local, 71% dos 92

domicílios dos entrevistados do Conjunto Mutirão estão depreciados, improvisados ou inacabados e 50%

estão na situação de ocupados, cedidos ou alugados.

Gráfico 24 Situação dos domicílios dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão

Gráfico 25 - Condição física dos domicílios dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão

26 Mais dados sobre o Conjunto Mutirão no item 3.6 – Experiências habitacionais desenvolvidas pelo poder público.

115

Page 116: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Observatório da Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Dados sócio-econômicos obtidos em entrevistas mostram que 68% dos

entrevistados trabalham sem carteira assinada e quase a metade dos chefes de família

ganham até 1 salário mínimo (415 reais). Além disso, 20% deles são analfabetos e 33%

estudaram até a quarta série.

Gráfico 26 - Renda dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão

Gráfico 27 - Escolaridade dos moradores entrevistados no Conjunto Mutirão

Fonte: Observatório da Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Apesar do local ser desprovido de infra-estrutura (asfalto, esgoto e drenagem) sua

localização é privilegiada em relação aos bairros periféricos da cidade. A proximidade com

o centro e, conseqüentemente, aos equipamentos de serviço e lazer se traduz na

satisfação dos moradores em relação ao local27 e indicam a necessidade de programas

habitacionais específicos de melhoria das habitações sem que haja remoção da população

desta área.

27 7% dos moradores consideram o bairro excelente, 42% bom e 19% regular, segundo Redígolo (2008).

116

Page 117: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 25 - Domicílios com materiais improvisados no MutirãoFonte: Redígolo (2008)

Fig. 26 - Exemplo de fossa usada pelo moradores do MutirãoFonte: Redígolo (2008)

Os Conjuntos Habitacionais Triângulo e Floresta28 aparecem na tabela com

números expressivos e também merecem atenção na definição de programas

habitacionais de melhoria das habitações. Ambos foram construídos na periferia do

município – o Cj. Floresta em condição de isolamento - e, apesar da alta densidade

populacional (Mapa 14), são deficitários em infra-estrutura e equipamentos públicos e

comunitários. No Conjunto Floresta muitas casas permanecem inalteradas de seu projeto

inicial (que já se apresentava inacabado). A falta de manutenção acabou por piorar a

situação desses domicílios.

Os dados das entrevistas realizadas no local mostram que no Conjunto Floresta quase metade (47%)

dos 104 domicílios das pessoas entrevistadas estão depreciados, inacabados ou improvisados e, no Conjunto

Triângulo, 46% dos 56 domicílios estão nesta situação.

Gráfico 28 - Situação física dos domicílios das pessoas entrevistadas no Conjunto Res. Floresta

Gráfico 29 - Situação física dos domicílios das pessoas entrevistadas no Conjunto Res. Triângulo

28 Dados sobre os Conjuntos Habitacionais de Sarandi no ítem 3.6 – Experiências habitacionais desenvolvidas pelo poder público.

117

Page 118: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Os setores onde localizam-se os bairros Jardim Monterrey e Parque Residencial

Bom Pastor29 aparecem na tabela com dados menos expressivos, no entanto, os dados

das entrevistas mostram que, no Jardim Monterrey 94% dos 72 moradores entrevistados

ganham até 2 salários mínimos, 51% não tem carteira assinada e mais da metade dos

chefes de família estudaram até a quarta série ou não estudaram. O índice de domicílios

alugados, cedidos e ocupado é expressivo (18,25%) e grande parte apresenta condições

de depreciação ou estado inacabado e improvisado (39,54%).

Gráfico 30 - Renda dos moradores entrevistados no bairro Jd. Monterrey

Gráfico 31 - Escolaridade dos chefes das famílias entrevistadas no bairro Jd. Monterrey

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

29 Os bairros em questão foram apontados pelos moradores e técnicos da prefeitura na 2a Oficina do PLHIS de Sarandi como bairros que apresentam características de precariedade e que não tinham destaque na tabela.

118

Page 119: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 32 - Situação dos domicílios das pessoas entrevistadas no bairro Jd. Monterrey

Gráfico 33 - Condição física dos domicílios das pessoas entrevistadas no bairro Jd. Monterrey

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

No Parque Residencial Bom Pastor, as entrevistas mostram que 54% dos 85

entrevistados não tem carteira assinada, 89% ganham até 2 salários mínimos e 55%

estudaram até a quarta-série ou não estudaram. O índice de domicílios alugados, cedidos

e ocupado é de 25% e a maioria está em estado inacabado (65%).

Gráfico 34 - Renda dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor

Gráfico 35 - Escolaridade dos chefes das famílias entrevistadas no Pq. Res. Bom Pastor

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

119

Page 120: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Gráfico 36 - Situação dos domicílios dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor

Gráfico 37 - Condição física dos domicílios dos moradores entrevistados no Pq. Res. Bom Pastor

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Os dados sobre os demais setores destacados na Tabela 32 sinalizam a

necessidade de uma observação mais precisa sobre suas características. Ambos

compõem a porção sudoeste da cidade e localizam-se próximo ao centro, mas separado

deste pela linha de trem. Os setores são:

Pq. Res. Bela vista e Bela Vista 2a parte/ Jd. Esplanada

Jd. Esperança 2a, 3a e 4a parte

Jd. Gralha azul/ esperança 1a parte/ Itamaraty / Pq. Res. Sant´ana

Jd. das Flores 1a parte/ 2 a parte/ 3 a parte / Jd. Verão

A característica principal desses bairros é a falta de pavimentação,

drenagem e rede de esgoto mesmo tendo proximidade com o centro. Além disso, a

quantidade de equipamentos públicos e comunitários é menor que a porção da cidade não

central localizada no lado oposto da rodovia (Jardins Panorama e Independência 1ª e 2a

Parte) e insuficiente tendo em vista a elevada densidade populacional (Mapa 14). Estas

características resultam, inclusive, na desvalorização do solo30.

De fato, as condições físicas dos domicílios nestes bairros são melhores que dos

bairros periféricos de Sarandi e ficariam num segundo plano para a definição de

programas habitacionais. Há, no entanto, a necessidade de programas voltados pra a

melhoria urbana principalmente por já estarem consolidados e adensados.

De modo geral as informações coletadas no município sobre infra-estrutura urbana

demonstram que todo o município é servido pela rede de iluminação pública. A rede de

abastecimento de água abrange quase toda a cidade: apenas 402 domicílios (ou 1,99% do

total municipal) utilizam poço, nascente ou outra forma de acesso à água. A maioria está

30 O estudo de mercado, presente no item 6.3, mostra a diferença de valores dos terrenos entre as porções da cidade separadas pela rodovia.

120

Page 121: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

localizada nos setores rurais que concentram mais de 70% de todos os domicílios sem

acesso à rede geral do município.

Sobre o sistema de destinação dos dejetos, a maior parte é feita por fossa

rudimentar e apenas 4% dos domicílios estão ligados à rede geral de esgoto. O projeto em

andamento no município de ampliação da rede de esgoto prevê o atendimento de 33% dos

domicílios nos próximos anos.

Assentamentos informais - Ocupações Irregulares na malha urbana de Sarandi

Definem-se como ocupações irregulares os assentamentos precários em áreas

públicas ou privadas que sejam ocupados por não proprietários com renda muito baixa ou

sem renda, sobre as quais os moradores edificam casas sem um plano de ocupação pré-

fixado e em condições visivelmente precárias (material inadequado, oferecendo perigo aos

moradores, sem espaço apto à habitação adequada).

Por meio de visitas ao município, levantamentos e aplicação de questionário foi

possível localizar em Sarandi duas ocupações irregulares em área de risco e um início de

ocupação em área de preservação ambiental (APP)31. Ambas encontram-se nas áreas

periféricas da cidade em condições precárias de habitabilidade. A última pode ser

identificada como um núcleo inicial de ocupação com apenas duas casas e somente uma

ocupada. As demais, apesar de distantes uma da outra, possuem a característica de

estarem localizadas margeando buracos de erosão provocados pela água da chuva

decorrentes, entre outras coisas, da falta de drenagem no município. Segundo informações

colhidas em entrevistas, tal fato justifica a escolha desses espaços para invasão com

alegação de que os proprietários - seja a prefeitura ou particular – não têm interesse

nesses terrenos já que o processo erosivo resultou na depreciação e desvalorização dos

mesmos32 (Ver Mapa 13).

Outra característica em comum nestes locais é o uso rural dentro do perímetro

urbano. Algumas famílias formaram pequenas chácaras com criação de animais para

produção de leite, para venda ou para tracionarem carroças usadas no recolhimento de

lixo reciclável como fonte de renda. Constata-se que, para muitas famílias em Sarandi, o

único meio de sobrevivência é o trabalho com reciclagem, portanto, precisam de espaço

31 As APP’s são áreas definidas pela Lei Federal n.º 4.771 de 1965 onde ocorre a chamada mata ciliar às margens dos cursos d’água (nascentes, córregos, rios, lagos), delimitada para a proteção dos recursos hídricos, da biodiversidade e do solo onde não é permitido construir. 32 Uma ocupação no Jardim Monterrey foi citada na 2a Oficina do PLHIS. No entanto não foi possível identificar qual(is) casa(s) estavam nessa condição. Outra área invadida, segundo a prefeitura, são algumas das casas construídas na década de 1950 para os funcionários da companhia de trem e que são passiveis de serem tombadas pela cidade como patrimônio histórico.

121

Page 122: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

em suas residências para a criação de animais de tração (cavalos e afins) e para a

armazenagem do lixo reaproveitável.

Apesar de não haver um agente promotor e/ou comercializador desses espaços,

quase todas as famílias entrevistadas disseram ter pago de alguma forma pela casa ou

“barraco” mesmo sendo conscientes de que os terrenos não lhes pertencem. Estes são os

casos em Sarandi em que não existe nenhum grau de segurança da posse, caracterizados

claramente como déficit habitacional.

Das áreas invadidas, a que possui maior número de domicílios localiza-se na

região periférica do Jardim Universal. São 10 barracos dispostos linearmente numa faixa

estreita de terra margeada por um buraco causado pela erosão. Segundo informações da

prefeitura e dos moradores do local a invasão existe há aproximadamente uma década

com grande rotatividade de famílias. São habitações em condições precárias, de material

construtivo (pedaços de madeira e tapumes), construídas em área de risco. Há relatos de

barracos que foram arrastados pela enxurrada.

Fig. 27 - Conjunto de casas na ocupação do Jd. Universal

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 28 - Erosão atrás das casas na ocupação do Jd. Universal

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

As famílias que hoje ocupam as casas instalaram-se geralmente por intermédio

de uma pessoa conhecida que já morava no local, isso explica membros da mesma família

morando em diferentes casas. Através de entrevistas no local foi possível constatar que 3

famílias receberam moradia do Programa de Habitação de Interesse Social do PAC - em

execução no município, no entanto, não existe um programa habitacional da prefeitura

destinado especificamente para esta área. Percebe-se que a evacuação de algumas casas

abrirá espaço para outras pessoas ocuparem as habitações vazias ou, no caso da

demolição destas, construírem novas casas. Além disso, alguns moradores mostraram-se

122

Page 123: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

relutantes em trocar o barraco onde moram pela casa do PAC por alegarem que nas novas

residências não será permitida a criação de cavalos que é, através da coleta da

reciclagem, o único meio de sobrevivência da família. Em geral as condições sócio-

econômicas dos moradores se caracterizam pela baixa ou ausente faixa de renda, pela ausência de

infra-estrutura básica, pela baixa idade dos chefes de família, etc.

Fig. 29 - Domicílio com materiais improvisadosFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 30 - Domicílio na ocupação do Jardim UniversalFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 31 - Domicílio na ocupação do Jardim UniversalFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 32 - Domicílio na ocupação do Jardim UniversalFonte: Observatório das Metrópoles -– Núcleo RMM, 2008

Fig. 33 - Domicílio na ocupação do Jardim UniversalFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 34 - Domicílio na ocupação do Jardim Universal

123

Page 124: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Na ocupação da periferia do bairro Jardim Independência 3a Parte, divisa com o

Jardim Universitário, existem 4 casas. Duas delas fazem parte de uma grande área de

chácara pertencente a uma família há aproximadamente 20 anos33 por onde também

escoa a água da chuva causando erosão. Nas proximidades existem outras 2 casas na

mesma situação de risco, porém, ocupadas há menos tempo.

Fig. 35 - Chácara – ocupação irregular no Jardim Independência 3a ParteFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

Fig. 36 - Domicílios na ocupação do Jardim Independência 3a Parte

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

A invasão na área de preservação ambiental que margeia o Rio Marialva,

possui, além dessa, a irregularidade de estar embaixo da linha das torres de alta tensão.

Localiza-se na periferia do bairro Parque Residencial Nova Aliança e tem apenas uma

família ocupando a área há pouco mais de 2 anos. Todavia, antes dela existiram outros

moradores no local não sendo possível constatar há quanto tempo a área está ocupada. Apesar de

haver uma única casa, nota-se um potencial da área para futuramente agregar famílias em condições de

pobreza.

Fig. 37 - Ocupação em Área de Preservação Ambiental

Fig. 38 - Casa em Área de Preservação AmbientalFonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo

33 Dado coletado em entrevista com a família que mora no local.

124

Page 125: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Observatório das Metrópoles – Núcleo RMM, 2008

RMM, 2008

5.4. DEMANDA DEMOGRÁFICA DE SARANDI

5.4.1.Metodologia adotada nas estimativas populacionais

O modelo adotado para estimar os contingentes populacionais dos municípios

brasileiros requer a existência de uma projeção populacional, que leve em consideração a

evolução das componentes demográficas (fecundidade, mortalidade e migração), para

uma área maior que o município, quer dizer, para a Unidade da Federação, Grande Região

ou País. Desta forma, se a tendência de crescimento populacional do município entre os

Censos for positiva, a estimativa populacional será maior que a verificada no último

levantamento censitário; caso contrário, a estimativa apontará valor inferior ao último

Censo.

O método de tendência de crescimento demográfico adotado tem como princípio

fundamental a subdivisão de uma área maior, cuja estimativa já se conhece, em n áreas

menores, de tal forma que seja assegurada ao final das estimativas das áreas menores a

reprodução da estimativa, pré-conhecida, da área maior através da soma das estimativas

das áreas menores (Madeira e Simões, 1972).

Considere-se, então, uma área maior cuja população estimada em um momento t

é P(t). Subdivida-se esta área maior em n áreas menores, cuja população de uma

determinada área i, na época t, é

Pi (t) ; i = 1, 2, 3, ... , n

Desta forma, tem-se que:

nP(t) = Pi (t)

i=1

Decomponha-se, por hipótese, a população desta área i, em dois termos: ai P(t),

que depende do crescimento da população da área maior, e bi . O coeficiente ai é

denominado coeficiente de proporcionalidade do incremento da população da área menor

i em relação ao incremento da população da área maior, e bi é o denominado coeficiente

linear de correção.

Como conseqüência, tem-se que:

Pi ( t ) = a i P ( t ) + b i

125

Page 126: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Para a determinação destes coeficientes utiliza-se o período delimitado por dois Censos

Demográficos. Sejam t0 e t1, respectivamente, as datas dos dois Censos. Ao substituir-se

t0 e t1 na equação acima, tem-se que:

Pi ( t0 ) = a i P ( t0 ) + b i

Pi ( t1 ) = a i P ( t1 ) + b i

Através da resolução do sistema acima, tem-se que:

a i = Pi ( t1 ) – Pi ( t0 )

P ( t1 ) – P ( t0 )

b i = Pi ( t0 ) – ai Pi ( t0 )

Deve-se considerar na expressões anteriores:

Época t0: 1º de setembro de 1991 ( Censo Demográfico )

Época t1: 1º de agosto de 2000 ( Censo Demográfico )

Época t: 1º de julho do ano t ( ano estimado )

Estimativas para os Municípios

Estas estimativas foram obtidas, também, pela aplicação do modelo descrito no

item anterior, ressaltando-se que os Municípios foram considerados como áreas menores

em relação às Unidades da Federação correspondentes.

Estimativas para os Municípios instalados até 1º de agosto de 2000 e com população

inferior a 100.000 habitantes

Obteve-se, previamente, para cada Unidade da Federação, os quartis (medidas

estatísticas) das populações segundo o tamanho dos Municípios, em 1º de agosto de 2000,

e os quartis das taxas médias geométricas anuais de crescimento, observadas no período

intercensitário 1991-2000, segundo a magnitude das mesmas.

Pelo cruzamento dos quartis das duas variáveis (população e taxa) e adotando-

se o critério de se separar os municípios com taxas de crescimento positivas daqueles com

taxas negativas, formaram-se grupos de Municípios com o objetivo de se agregar aqueles

que, dentro de cada Unidade da Federação tivessem tamanho de população, em 2000, e

taxas de crescimento observadas, no período 1991-2000, bastante próximas.

126

Page 127: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A partir daí, estimaram-se as populações residentes totais destes grupos, para 1º

de julho do ano t, considerando-se como área maior a Unidade da Federação e como áreas

menores os grupos formados.

De posse da proporção que cada município representava em relação ao seu

grupo, com respeito a população de 1º de agosto de 2000, aplicou-se a mesma proporção

ao total estimado para o seu grupo em 1º de julho do ano t, obtendo-se, assim, as

populações residentes estimadas para a mesma data acima para os municípios brasileiros

instalados até 1º de agosto de 2000, com população inferior a 100.000 habitantes,

segundo a situação político-administrativa vigente em 1º de julho do ano t.

Projeções populacionais para os Municípios

As projeções populacionais para os municípios nos anos de 2001 até 2020

foram obtidas pelo Banco de Dados IPARDES, entretanto, essas projeções estão

superestimando os dados populacionais, pois, como já foi citado, para se estimar a

população é necessário um modelo que leve em consideração a evolução das

componentes demográficas (fecundidade, mortalidade e migração), de áreas maiores, para

que se possa estimar áreas menores, dessa maneira, para se obter informações

populacionais mais “corretos”, deve-se esperar por um próximo censo demográfico, para

que não se cometa um erro maior ao que foi atribuído nessas projeções.

Análise dos dados municipais

Analisando os dados de Sarandi, observa-se o crescimento da população, no

entanto há um momento em que a população decresce, exatamente no anos de 2007 e

2008, verificado no Gráfico 38, quando as estimativas são baseadas na contagem da

população do IBGE, após esse período, observasse também que, os dados projetados

seguem linearmente uma tendência de crescimento populacional. Com os dados do Censo

Demográfico de 2010, será possível a correção da população projetada, considerando que

já em 2007, a população projetada é superior em 13 mil habitantes.

Depois de levantados, os dados foram analisados e assim se fez a escolha dos

mesmos para os dois municípios, logo segue os dados (Tabela 36):

Tabela 36 - População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi entre os anos de 1980 a 2020.

AnoPopulação

Censitária* Estimada** Projetada*** Diferença**** Utilizada

1980         -

127

Page 128: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

1991 47.981       47.981

1992   48.886     48.886

1993   49.846     49.846

1994   50.693     50.693

1995   51.519     51.519

1996 60.212       60.212

1997   62.436     62.436

1998   64.309     64.309

1999   66.185     66.185

2000 71.422 68.068   3354 68.068

2001   74.266 75.670 -1.404 74.266

2002   76.354 78.670 -2.316 76.354

2003   78.643 81.669 -3.026 78.643

2004   83.449 84.658 -1.209 83.449

2005   86.108 87.611 -1.503 86.108

2006   88.747 90.557 -1.810 88.747

2007 79.686   93.467 -13.781 79.686

2008 83.486 96.357 -12.871 83.486

2009     99.220   99.220

2010     102.069   102.069

2011     104.916   104.916

2012     107.749   107.749

2013     110.572   110.572

2014     113.380   113.380

2015     116.169   116.169

2016     118.931   118.931

2017     121.661   121.661

2018     124.352   124.352

2019     126.998   126.998

2020     129.581   129.581

Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes - Projeções populacionais 2001-2020;

*Dados resultantes dos censos demográficos realizados pelo IBGE

**Dados resultantes da contagem da população realizados pelo IBGE***Dados projetados pelo IPARDES****Diferença entre dados censitários e estimados ou diferença ente dados estimados e projetados

Seguido pelo gráfico de tendência:

Gráfico 38 – Tendência populacional. Sarandi, 1991 a 2020.

128

Page 129: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes - Projeções populacionais 2001-2020;

5.4.2.Demanda de Moradia a partir das projeções populacionais 2009 - 2020

A demanda demográfica corresponde a quantidade de moradias que deve ser

acrescida ao estoque existente a fim de acomodar o crescimento populacional projetado

em um intervalo de tempo.

Como apontado anteriormente, para o cálculo das necessidades habitacionais,

parte-se do índice que relaciona o total de população e de domicílios. Este índice é

denominado de tamanho médio dos domicílios, suficiente, como apontado por Ferreira

(2004), pois concentra tanto aspectos da ocupação do domicílio, como àqueles

relacionados às condições sócio econômicas e culturais das famílias residentes em

determinado município e tempo.

Estudos do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) de

2007, apontam a tendência declinante do tamanho dos domicílios ao longo dos anos, com

queda gradual até 202034, em todos os cenários considerados na pesquisa: demográfico

34 A tendência de diminuição do tamanho do domicílio não é um fato isolado do Brasil, em países

com populações mais envelhecidas, pioneiros na transição da fecundidade, é constatada a

tendência de aumento do número de domicílios menores e a queda no número de domicílios

maiores. Bongarts (2001) citado pelo estudo do Cedeplar, estimou o tamanho médio de domicílio

para 43 países em desenvolvimento e verificou que o tamanho médio variou pouco entre as regiões,

de 5,6 pessoas no oriente Médio e África do Norte a 4,8 pessoas na América Latina. Dessa forma, o

129

Page 130: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

de baixa fecundidade, demográfico básico e demográfico de alta mortalidade. Para a

estimativa municipal das demandas por moradia, ou do fluxo de formação de domicílios, foi

utilizado o cenário demográfico básico, considerando que não haverá grandes

modificações nas taxas de fecundidade e de mortalidade.

O estudo apresenta estimativas por unidades da federação, e como meio de

caracterizar o cenário da habitação no município, tomou-se como base os dados para o

Estado do Paraná, na falta de informações mais precisas para o município, como

apresentado na Tabela 37, no entanto os dados para o Paraná, por incorporarem as

diferentes regiões do estado, não correspondem ao tamanho do município encontrado de

Sarandi, visto que populações com renda mensal mais baixa apresentam maior densidade

intradomiciliar, como apontado pelo CadÚnico do município de Sarandi, que em 2008

apresenta valores médios de 3,3 pessoas por domicílio em imóveis próprios e cedidos e de

3,4 em imóveis alugados, superior a 2,97 que o estudo do Cedeplar apresenta para o

período 2005 a 2010, acarretando também um superestimação das necessidades

habitacionais.

Tabela 37 – População e demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2000 a 2020.

Sarandi 2000-2005

2005-2010

2010-2015

2015-2020

2000-2020

Total da população ao final do período 86.108 102.069 116.169 129.581

Crescimento da população ao ano 3.608 3.192 2.820 2.682

Nº médio de pessoas por domicílio estimado para o Estado do Paraná e adotado para Sarandi

3,28 2,97 2,79 2,60

Novas moradias ao ano para suprir a demanda demográfica

1.100 1.075 1.011 1.032

Novas moradias no período para suprir a demanda demográfica

5.500 5.375 5.055 5.160 21.090

Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000), Estimativas populacionais Ipardes.

Verifica-se a necessidade de construção de novas unidades habitacionais, todos os

anos, para atender o crescimento populacional, que se dá anualmente por formação de

uma nova família ou por migração. A Tabela 38, sintetiza os dados anteriores apontando a

necessidade de construção de 12.365 novas moradias entre os anos de 2009 e 2020.

Na consolidação do crescimento do déficit, desconsiderou-se o período 2000 a

2008 pois o déficit passivo, calculado anteriormente no item 5.2, foi atualizado com

tamanho médio de domicílio resultante da projeção, encontra-se abaixo da média verificada para

América Latina, entretanto, nas Regiões mais pobres o valor se aproxima.

130

Page 131: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

informações do CadÚnico de 2008, não se restringindo as informações do Censo

Demográfico de 2000.

Tabela 38 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2009 a 2020.

Sarandi 2009-2010

2010-2015

2015-2020

2009-2020

Novas moradias ao ano para suprir a demanda demográfica

1.075 1.011 1.032

Novas moradias no período para suprir a demanda demográfica

2.150 5.055 5.160 12.365

Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000), Estimativas populacionais Ipardes.

Com base nesses dados e na distribuição da população por faixa de renda, é

possível estimar a população que demandará novas moradias mas que não tem condições

de buscar soluções no mercado habitacional e precisará recorrer a financiamentos e

subsídios para satisfazer adequadamente as suas necessidades relacionadas à moradia

(Tabela 39).

Devemos considerar no entanto, uma margem de erro, já que a estratificação de

renda utilizada para o período de 2009 a 2020, é a do Censo Demográfico de 2000, não

considerando as variáveis econômicas e sociais que modificam essa estratificação.

Tabela 39 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi, subdividido por faixas de renda, entre os anos de 2009 a 2020.

Sarandi % das famílias por faixa de renda

Estimativa de novas moradias Sarandi

(2009 a 2020)

Estimativa de novas moradias ao ano por período

2009-2010 2010-2015 2015-2020

Até 2 SM 52,15 6.448 561 527 538

De 2 a 3 SM 20,50 2.535 220 207 212

De 3 a 5 SM 16,60 2.053 178 168 171

Mais de 5 SM 10,75 1.329 116 109 111

100 12.365 1.075 1.011 1.032

Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000), Estimativas populacionais Ipardes.

No entanto há indícios que as projeções populacionais estudas pelo Iparades não

se concretizarão para o futuro próximo, como aponta a queda populacional que se deu na

contagem populacional de 2007, dessa forma, tanto as projeções populacionais e

conseqüentemente a demanda populacional, serão corrigidas. Em 2010 com a realização

do censo municipal, as estimativas deverão ser refeitas buscando um maior retrato da

realidade.

131

Page 132: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

5.4.3.Correção da Projeção Populacional

Analisando o Gráfico 38, podemos verificar três retas de crescimento populacional,

uma contemplando o período de 1991 a 1996, uma entre os anos de 1996 e 2000 e a mais

recente, entre 2000 e 2007.

Nestes anos foram realizados censos demográficos e contagens populacionais

permitindo analisar as taxas de crescimento populacional que houve em cada um desses

períodos. Dessa forma, no primeiro período o crescimento geométrico foi de 4,64%, no

seguinte 4,36% e no período recente, 1,57%, justificado pela queda populacional que há

em 2007, entre a estimativa do Ipardes - 93.467-, e o resultado da contagem - 79.686-, que

totaliza menos 13.781 pessoas.

Considerando estas taxas de crescimento, optou-se em aplicar para o período 2008

a 2023 a mesma taxa de crescimento populacional do período anterior, 1,57%; no entanto,

para que esta taxa de crescimento populacional se mantenha é necessário que os demais

municípios da Região Metropolitana de Maringá, especialmente sua cidade pólo,

implementem suas políticas habitacionais e apliquem os instrumentos do Estatuto das

Cidades, de forma a garantir a função social da propriedade e ampliação do acesso a

habitação, especialmente a população de baixa renda.

A Tabela 40 e o Gráfico 39 apresentam os valores calculados pelo IBGE, através

de estimativas e pelo Ipardes, através de projeções, e valores da projeção geométrica

calculada a partir dos censos e contagens populacionais.

Tabela 40- População Censitária, Estimada e Projetada do Município de Sarandi entre os anos de 1980 a 2020, e Projeção Geométrica da população até 2023

Ano

População

Censitária* Projeção Geométrica**Censo e Projeção

GeométricaCenso, Estimada***e

Projetada****

1980 - - - -

1991 47.981   47.981 47.981

1992 - 50.210 50.210 48.886

1993 - 52.543 52.543 49.846

1994 - 54.984 54.984 50.693

1995 - 57.539 57.539 51.519

1996 59.600   59.600 60.212

1997 - 62.199 62.199 62.436

1998 - 64.911 64.911 64.309

1999 - 67.742 67.742 66.185

2000 71.422   71.422 68.068

132

Page 133: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

2001 - 72.548 72.548 74.266

2002 - 73.692 73.692 76.354

2003 - 74.853 74.853 78.643

2004 - 76.033 76.033 83.449

2005 - 77.232 77.232 86.108

2006 - 78.449 78.449 88.747

2007 79.686   79.686 79.686

2008 - 80.942 80.942 83.486

2009 - 82.218 82.218 99.220

2010 - 83.514 83.514 102.069

2011 - 84.831 84.831 104.916

2012 - 86.168 86.168 107.749

2013 - 87.526 87.526 110.572

2014 - 88.906 88.906 113.380

2015 - 90.308 90.308 116.169

2016 - 91.731 91.731 118.931

2017 - 93.177 93.177 121.661

2018 - 94.646 94.646 124.352

2019 - 96.138 96.138 126.998

2020 - 97.654 97.654 129.581

2021 - 99.193 99.193 -

2022 - 100.757 100.757 -

2023 - 102.345 102.345 -Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes - Projeções populacionais 2001-2020;*Dados resultantes dos censos demográficos realizados pelo IBGE;**Dados resultantes da aplicação do índice de crescimento geométrico, seqüência 1 (Gráfico 39);***Dados resultantes da contagem da população realizados pelo IBGE, seqüência 2 (Gráfico 39);****Dados projetados pelo IPARDES, seqüência 2 (Gráfico 39.

Gráfico 39 – Tendência Populacional, Sarandi 1991 a 2023

2023; 102.345

2007; 79.6862000; 71.422

1996; 59.600

1991; 47.981

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

Seqüência2 Seqüência1

Fontes: IBGE - Censo Demografico 1980, 1991, 2000; Estimativas Populacionais 1992 - 2008; Ipardes - Projeções populacionais 2001-2020; dados trabalhados pelo Observatório das Metrópoles – Núcleo Região Metropolitana de Maringá.

133

Page 134: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

No Gráfico 39, a Seqüência 2 indica as estimativas do IBGE para os anos inter

censos e as projeções do Ipardes para os anos subseqüentes a 2000; a Seqüência 1

indica projeções geométricas, considerando as taxas de crescimento para cada ano.

Dessa forma, espera-se para 2023, cenário futuro do Plano Local de Habitação de

Interesse Social de Sarandi, 102.345 pessoas.

5.4.4.Correção do Cálculo para a Demanda Futura

Pela metodologia de estimativa da demanda futura, apresentada no item 5.4.2,

considera-se a população total no final de cada período e o tamanho do domicílio. Nesta

correção as projeções de tamanho de domicílio, obtidos pelo Cedeplar, são mantidas,

modificando apenas as projeções populacionais, obtidas no item anterior.

Tabela 41 – População e demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2000 a 2020.

Sarandi 2005-2010 2010-2015 2015-2020 2020-2023

Total da população ao final do período 83.514 90.308 97.654 102.345

Crescimento da população ao ano 1.257 1.359 1.469 1.564

Nº médio de pessoas por domicílio estimado para o Estado do Paraná e adotado para Sarandi

2,97 2,79 2,60 2,60

Novas moradias ao ano para suprir a demanda demográfica

424 487 565 602

Novas moradias no período para suprir a demanda demográfica

2.270 2.435 2.825 1.806

Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000), Estimativas populacionais Ipardes.

A Tabela 42 sintetiza a necessidade de construção de novas moradias para o

período 2009 a 2023, desconsiderando os anos anteriores cujo déficit habitacional já foram

estimados e atualizados para 2008.

Tabela 42 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi entre os anos de 2009 a 2023.

Sarandi 2009-2010

2010-2015

2015-2020

2020-2023

2009- 2023

Novas moradias ao ano para suprir a demanda demográfica

424 487 565 602

Novas moradias no período para suprir a demanda demográfica

848 2.435 2.825 1.806 7.914

Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000), Estimativas populacionais Ipardes.

134

Page 135: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A Tabela 43, considerando a manutenção da distribuição percentual das famílias

em cada uma das classes de renda, estima a necessidade de novas moradias para cada

classe, subdividas em famílias alvo das políticas de subsídio governamental, com renda

familiar menor que três salários mínimos, e famílias com renda mais alta, com

possibilidade de acessar financiamentos de crédito pessoal.

A demanda por novas moradias em Sarandi para atender a formação de novas

famílias e famílias imigrantes, no período de 2009 a 2023 é de 7.914, dos quais 4.127 para

famílias com renda de até 2 salários mínimos mensais e 1.622 para aquelas com renda

mensal de 2 a 3 salários mínimos.

Para as famílias de baixa renda, e portanto carentes de políticas de subsídio, são

necessários 5.749 novas moradias.

Tabela 43 – Demanda de novas moradias para suprir o crescimento demográfico da população no Município de Sarandi, subdividido por faixas de renda, entre os anos de 2009 a 2023.

Sarandi % das famílias por faixa de renda

Estimativa de novas

moradias Sarandi (2009

a 2020)

Estimativa de novas moradias ao ano por período

2009-2010

2010-2015

2015-2020

2020 - 2023

Até 2 SM 52,15 4.127 442 1.270 1.473 942

De 2 a 3 SM 20,50 1.622 174 499 579 370

De 3 a 5 SM 16,60 1.314 141 404 469 300

Mais de 5 SM

10,75 851 91 262 304 194

TOTAL 100 7.914 848 2.435 2.825 1.806

Fontes: IBGE – Elaboração Observatório das Metrópoles (2008). Dados: Cedeplar (2007), Censo (2000), Estimativas populacionais Ipardes.

135

Page 136: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

6. OFERTA HABITACIONAL

6.1. PROGRAMAS DE ACESSO À TERRA E À MORADIA.

Atualmente, para construir, reformar ou comprar um imóvel são disponibilizados

vários meios para obter financiamento ou apoio dos governos federal, estadual e

municipal, tanto por pessoas físicas como também através da intermediação dos governos

locais. Outras principais características que diferenciam estes programas são a origem dos

recursos, as modalidades de intervenção (construção, compra, reforma, etc) e o público

alvo (renda familiar mensal).

Serão apresentadas nos próximos parágrafos, a descrição e análise dos programas

do Governo Federal destinados exclusivamente às famílias com renda mensal de 0 a 3

salários mínimos (baixa renda) e dos programas que abrangem também famílias com

renda mensal acima de 3 salários mínimos, separadamente.

Segundo o Ministério das Cidades, os programas voltados às famílias de baixa

renda são:

a) PROGRAMA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Ação: Apoio ao poder público para construção habitacional. Viabiliza o acesso à

habitação em localidades urbanas ou rurais, por meio das seguintes

modalidades: construção ou aquisição de unidades habitacionais; produção ou

aquisição de lotes urbanizados e requalificação de imóveis existentes.

Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.

Origem do recurso: Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS.

Como funciona: O acesso aos recursos podem ser feitos por meio de emendas

parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por seleção pública de

136

Page 137: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

propostas realizado pelo MCidades. Neste caso, a União repassa recursos para

estados e municípios construírem moradias para famílias de baixa renda nas

cidades e no campo. Governos locais precisam apresentar contra partidas em

dinheiro ou serviços.

Orçamento:

- Construção / aquisição de casas – repasse de R$ 23.000,00 por família

beneficiada residente em regiões metropolitanas;

- Produção / aquisição de lotes e requalificação de imóveis – repasse de R$

9.000,00 por família beneficiada residente em regiões metropolitanas;

- Municípios com déficit habitacional até 4.999 domicílios – repasse de R$

50.000,00;

- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de

unidades habitacionais verticalizadas.

b) PROGRAMA URBANIZAÇÃO, REGULARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE

ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS

Ação: Melhorar as condições de habitabilidade de populações residentes em

assentamentos humanos precários, para a regularização fundiária e para a

redução de riscos mediante sua urbanização, integrando-os ao tecido urbano da

cidade (com ou sem realocação)

Beneficiários Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos residentes em

assentamentos humanos precários.

Origem do recurso: Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS

Como funciona: o acesso aos recursos podem ser feitos por meio de emendas

parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por seleção pública de

propostas realizado pelo MCidades. Neste caso, a União repassa recursos para

estados e municípios melhorarem a situação de assentamentos precários nas

cidades. Governos locais precisam apresentar contra partidas em dinheiro ou em

serviços

Orçamento:

- Urbanização com construção/aquisição de casas em regiões metropolitanas –

repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada;

- Assentamentos entre 100 e 4.000 domicílios – repasse de R$ 5.000.000,00 por

intervenção;

- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de

unidades habitacionais verticalizadas.

137

Page 138: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

c) PROGRAMA INTERVENÇÕES EM FAVELAS

Ação: Implantar ações integradas de habitação, saneamento e inclusão social

necessárias à regularização fundiária, segurança, salubridade e habitabilidade de

populações localizadas em áreas inadequadas à moradia.

Beneficiários: Áreas ocupadas há mais de 5 anos, com pelo menos 60% das famílias

residentes com renda até 3 salários mínimos e localizadas em favelas.

Origem do recurso: Orçamento Geral da União (OGU)

Como funciona: A União repassa recursos para estados e municípios melhorarem a

situação das favelas nas cidades. Os agentes executores (governos locais e

outras que vierem a ser definidas) precisam apresentar contrapartidas.

Orçamento:

- Urbanização com construção/aquisição de casas em regiões metropolitanas –

repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada;

- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de

unidades habitacionais verticalizadas.

d) PROGRAMA DE SUBSÍDIO À HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - PSH

Ação: Oferecer acesso à moradia adequada por intermédio da concessão de subsídios.

Estes subsídios são destinados diretamente à complementação do preço de

compra/venda ou construção das unidades residenciais, variável de acordo com

a localização do imóvel.

Beneficiários: Pessoas físicas com rendimento familiar mensal de até 3 salários

mínimos (R$1.140,00).

Origem do recurso: Orçamento Geral da União (OGU) com contrapartida dos Estados

ou Municípios.

Como funciona: Para ter acesso ao projeto, o cidadão deve procurar a Secretaria de

Habitação ou órgão equivalente dentro do estado para realizar o cadastro. Os

governos locais devem organizar as famílias interessadas, apresentar proposta

de participação no programa à instituição financeira habilitada; e responsabilizar-

se pela concepção do projeto do empreendimento e pela respectiva contrapartida

necessária a sua viabilização.

Orçamento: complementação aos valores de produção/aquisição de moradias.

- Construção de casas em regiões metropolitanas – subsídio de até R$ 8.000,00;

- Aquisição de casas – subsídio não superior a R$ 4.500,00 para imóveis com

valor até R$ 28.000,00, em regiões metropolitanas;

e) PROGRAMA CRÉDITO SOLIDÁRIO

138

Page 139: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Ação: Atendimento de necessidades habitacionais da população de baixa renda

organizada por cooperativas ou por associações visando a produção de novas

habitações, a conclusão ou reforma de moradias, mediante concessão de

financiamento diretamente ao beneficiário, pessoa física (máximo de 200

participantes). O Programa atende necessidades habitacionais de famílias,

adquirentes ou proprietários de habitações ou lotes, na seguinte forma: aquisição

de material de construção; aquisição de terreno e construção; construção em

terreno próprio; conclusão, ampliação e reforma de unidade habitacional

Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.

Origem do recurso: Fundo de Desenvolvimento Social (FDS)

Como funciona: As cooperativas e associações devem procurar a Caixa Econômica

Federal e entregar o projeto para a construção.

Orçamento:

- Aquisição de material de construção em Regiões Metropolitanas – financiamento

de até R$ 10.000,00

- Demais modalidades em Regiões Metropolitanas – financiamento de até R$

20.000,00

f) PROGRAMA PRÓ-MORADIA - ATENDIMENTO HABITACIONAL ATRAVÉS DO

SETOR PÚBLICO

Ação: Financia os estados e municípios para oferecer acesso à moradia adequada à

população em situação de vulnerabilidade social através das seguintes

modalidades: urbanização e regularização de assentamentos precários; produção

de conjuntos habitacionais; desenvolvimento institucional

Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.

Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

Como funciona: Financiamento aos estados e municípios para construção de

conjuntos habitacionais com contrapartida mínima de 5% para produção de

conjuntos ou urbanização e regularização de assentamentos precários, ou 7,5%

para desenvolvimento institucional, no valor de investimento

Orçamento:

- Urbanização e construção de casas em Região Metropolitana – R$ 28.000,00;

- Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de

unidades habitacionais verticalizadas;

- Juros mensais de 5% ao ano e demais taxas;

-Prazo de amortização de 20 anos.

139

Page 140: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

A descrição dos programas acima revela que as famílias de baixa renda têm

melhores condições de acesso às seguintes modalidades de intervenção:

Construção de unidades habitacionais;

Aquisição de unidades habitacionais novas ou usadas;

Produção ou aquisição de lotes urbanizados;

Requalificação de imóveis urbanos;

Urbanização de assentamentos precários;

Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidade habitacional em assentamentos

precários;

Aquisição de material de construção para unidades habitacionais em assentamentos

precários ou por meio de cooperativas e associações;

Urbanização de favelas;

Construção ou aquisição de unidades habitacionais em favelas.

Não há, portanto, uma modalidade para melhoria, reforma ou ampliação da

moradia voltada diretamente às faixas de renda mais baixa não residentes em

assentamentos precários. No entanto, essa modalidade é disponibilizada para a população

com renda de R$ 415, como mostram os programas a seguir:

g) PROGRAMA CARTA DE CRÉDITO INDIVIDUAL

Ação: financiamentos a pessoas físicas para fins de aquisição de imóvel novo ou

usado, construção, conclusão, ampliação, reforma ou melhoria, propiciando ainda

a aquisição de cesta de material de construção ou a aquisição de lote

urbanizado.

Beneficiários: Famílias com renda mensal de R$ 380,00 a R$ 3.900,0035. Não é

necessário ter depósitos na conta vinculada do FGTS para contratar.

Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

Como funciona: Financiamento obtido na Caixa Econômica Federal

Orçamento:

- Aquisição de material de construção para famílias com renda mensal bruta

máxima de R$ 1.900,00. Financiamento de R$ 1.000,00 a R$ 7.000,00. Prazo

máximo de amortização de 96 meses e mínimo de 36 meses. Construção em até

6 meses.

35 Nos casos de financiamentos vinculados a imóveis situados nos municípios integrantes das Regiões Metropolitanas dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, no Distrito Federal, nos municípios com população igual ou superior a quinhentos mil habitantes, nos municípios da Região Integrada do Distrito Federal e Entorno – RIDE e nas demais capitais estaduais, englobando, estas últimas, os municípios integrantes das respectivas regiões metropolitanas em situação de conurbação, admite-se a elevação da renda familiar mensal bruta para até R$ 4.900,00.

140

Page 141: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

- Construção de unidade habitacional – financiamento de até R$ 80.000,0036.

- Aquisição de unidade habitacional nova ou usada – financiamento de até R$

80.000,00.

- Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidade habitacional –

financiamento de até R$ 70.000,00 para famílias com renda mensal bruta

máxima de R$ 3.000,00.

- Aquisição de lote urbanizado – financiamento de até R$ 25.000,00 para famílias

com renda mensal bruta máxima.

- Juros de 6% ao ano para renda familiar bruta de R$ 380,00 até R$ 1.875,00 e

juros de 8,16% ao ano para renda familiar bruta de R$ 1.875,01 a R$ 4.900,00.

- A taxa de juros é reduzida em 0,5% quem tem três anos de trabalho em uma ou

mais empresa, sob o regime do FGTS. Esse período pode ser consecutivo ou

não.

- Contrapartida mínima de 5% incidentes sobre os valores de venda ou avaliação

ou investimento na unidade habitacional.

Limitações do programa:

- Limitação por idade: quem é mais velho tem dificuldade de financiar por longos

períodos (verificar onde está escrito).

- Financiamento exige 20% de entrada (verificar onde está escrito)

- Não é permitido comprometer mais de 30% da renda

- Tem que ter carteira assinada ou rendimento fixo constante

h) PROGRAMA CARTA DE CRÉDITO ASSOCIATIVO

Ação: financiamentos a pessoas físicas, organizadas sob a forma de grupos

associativos (condomínios, sindicatos, cooperativas, associações, pessoas

jurídicas voltadas à produção habitacional e Companhias de Habitação (COHAB)

ou órgãos assemelhados). O programa permite a produção de lote urbanizado, a

construção de unidade habitacional ou a aquisição de unidade nova produzida no

âmbito do próprio programa.

Beneficiários: Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.900,00.

Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

36 Quanto aos valores de venda/avaliação/investimento, admite-se a elevação para até R$ 130.000,00, nos casos de financiamentos vinculados a imóveis situados nos municípios integrantes das regiões metropolitanas dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e no Distrito Federal; ou até R$ 100.000,00, nos casos de financiamentos vinculados a imóveis situados nos municípios com população igual ou superior a quinhentos mil habitantes, municípios da Região Integrada do Distrito Federal e Entorno – RIDE, e demais capitais estaduais, englobando, estas últimas, os municípios integrantes das respectivas regiões metropolitanas em situação de conurbação.

141

Page 142: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Como funciona: Financiamento obtido na Caixa Econômica Federal

Orçamento:

- Aquisição de unidades habitacional - financiamento de até R$ 80.000,00.

- Construção de unidades habitacional - financiamento de até R$ 80.000,00.

- Reabilitação urbana - financiamento de até R$ 80.000,00.

- Produção de lotes urbanizados - financiamento de até R$ 25.000,00.

- Prazo de amortização de 30 anos.

i) PROGRAMA DE APOIO À PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES

Ação: produção habitacional ou reabilitação urbana, voltados à população-alvo do

FGTS, por intermédio de financiamentos a pessoas jurídicas do ramo da

construção civil. Os empreendimentos de reabilitação urbana objetivam a

aquisição de imóveis, conjugada com a execução de obras e serviços voltados à

recuperação e ocupação para fins habitacionais, admitidas ainda obras e serviços

necessários à modificação de uso.

Beneficiários: Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.900,00.

Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

Como funciona: Empresas do ramo da construção civil contratam operações de

financiamento com os Agentes Financeiros (SFH), executam e comercializam as

unidades produzidas. Os projetos deverão estar comprovadamente inseridos em

planos municipais de reabilitação de áreas urbanas dotadas de infra-estrutura,

equipamentos e serviços públicos.

Orçamento:

- O valor do financiamento fica vinculado ao valor de venda ou avaliação, o menor,

das unidades habitacionais do empreendimento, limitado a R$48.000,00 e ainda a

100% dos custos da produção. Os valores de financiamento podem chegar a R$

78.000,00 em casos que não cabem em Sarandi (Regiões Metropolitanas de São

Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, etc.)

- O prazo de carência será equivalente ao prazo previsto para a execução das

obras, limitado a 24 meses. O prazo de amortização fica limitado a 60.

- Juros mensais, nas fases de carência e amortização, à taxa nominal de 6% ao

ano, acrescida da remuneração do Agente Financeiro de 2% ao ano.

Limitações do programa:

- Somente para requalificações

- Somente para população-alvo do FGTS

142

Page 143: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

j) PROGRAMA DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL - PAR

Ação: Propiciar moradia à população de baixa renda, sob a forma de arrendamento

residencial com opção de compra. Engloba a aquisição de empreendimentos

novos, a serem construídos, em construção ou a recuperar/reformar. Entre as

principais diretrizes do programa, destacam-se: melhoria das condições do

estoque de imóveis existentes, intervenção em áreas objeto de Planos Diretores,

aproveitamento de imóveis públicos ociosos em áreas de interesse habitacional

Beneficiários: Famílias com renda mensal de até R$1.800,00. Admite-se a elevação do

limite de renda familiar mensal nos seguintes casos:

Até R$ 2.100,00, nos casos de proponentes ao arrendamento de unidades

habitacionais de empreendimentos reformados, inseridos ou não em programas

de requalificação de centros urbanos ou recuperação de sítios históricos;

Até R$ 2.800,00, nos casos de atendimento aos militares das forças armadas e

aos profissionais da área de segurança pública.

Origem do recurso: Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) composto com

recursos provenientes de empréstimo junto ao FGTS e recursos provenientes do

FAS, FINSOCIAL, FDS e PROTECH

Como funciona: As famílias devem se cadastrar junto aos governos locais e a Caixa

fica responsável pelo repasse do recurso e pela seleção da construtora

responsável pelas obras. Ao final das prestações do arrendamento (180 meses),

o beneficiado torna-se o proprietário do imóvel.

Orçamento:

- O valor máximo de aquisição é R$34.000,0037

- A taxa de arrendamento mensal será fixada em 0,7% do valor de aquisição da

unidade habitacional. Para os projetos com a especificação técnica mínima e

destinação das unidades para famílias com renda até R$ 1.200,00, a taxa de

arrendamento será fixada em 0,5% do valor de aquisição das unidades

habitacionais.

Limitação do programa:

37 Municípios integrantes das regiões metropolitanas e das regiões integradas de desenvolvimento econômico e municípios com população urbana igual ou superior a cem mil habitantes. Nos casos de projetos de reforma de imóveis, inseridos ou não em Programas de requalificação de centros urbanos ou recuperação de sítios históricos, o valor máximo de aquisição de cada unidade habitacional será de R$ 40.000,00 nos municípios do Rio de Janeiro e São Paulo e de R$ 38.000,00 nos demais municípios abrangidos pelo PAR nas Unidades da Federação.

143

Page 144: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

- Abrange somente os municípios abrangidos pelo PAR. Área de atuação38:

Capitais estaduais, suas regiões metropolitanas e municípios com população urbana acima

de 100 mil habitantes, conforme Censo Demográfico 2000, IBGE. Sarandi não está

incluso.

Os programas destinados às famílias com renda familiar mensal que atinja até

R$3.900,00 (mais de 9 salários mínimos mensais) incluem as seguintes modalidades de

ação:

Construção de unidades habitacionais

Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidades habitacionais,

propiciando ainda a aquisição de cesta de material de construção

Aquisição de unidades habitacionais novas ou usadas

Aquisição de lotes urbanizados

Financiamento de material de construção

Requalificação de Imóveis Urbanos

Aquisição de empreendimentos novos, a serem construídos, em construção

ou a recuperar/reformar sob a forma de arrendamento residencial com a

opção de compra.

6.2. DISPONIBILIDADE DE SOLO URBANIZADO.

Em Sarandi, os terrenos urbanos disponíveis para a implantação de conjuntos

habitacionais compreendem os lotes vazios e as grandes áreas privadas também vazias

ou de uso agrícola. Atualmente a prefeitura tem utilizado para esse fim os terrenos

adquiridos das loteadoras através de ações judiciais movidas contra aquelas que não

cumpriram com as legislações Federal 6766/79 e Municipal 04/92 e, por isso, encontram-

se irregulares. O município de Sarandi ajuizou 17 Ações contra loteadoras tendo sido

julgadas, até o presente momento, 9 delas. O Mapa 11 mostra os terrenos já em posse da

prefeitura (145 unidades) e aqueles que foram recusados ou que foram aceitos com

restrições (88 unidades) até o momento, que somam 233 lotes localizados nos bairros

Jardim Universal e Nova Independência 1a e 2a Parte. Cabe ressaltar que os Conjuntos

Habitacionais em construção Alvamar II e o PAC-Habitação já estão utilizando tais

terrenos.

Percebe-se, no entanto, que esta prática pode acarretar problemas futuros de falta

de áreas públicas disponíveis nesses bairros para a construção de equipamentos, parques

e áreas verdes já que este deveria ser o destino das mesmas e, além disso, existem

38 http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habitacao/par/saiba_mais.asp. Acessado em outubro de 2008. No site é possível baixar a lista dos municípios abrangidos pelo PAR.

144

Page 145: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

poucas áreas públicas desocupadas no município (Mapa 10). A maioria delas localizam-se

em áreas periféricas - algumas em fundo de vales, como é o caso dos bairros Parque Res.

Nova Aliança, Jardim Novo Bertioga e Residencial São José 2.

Segundo o cadastro territorial urbano do município, existem 11.663 lotes vazios

dentro dos loteamentos aprovados pela prefeitura e outros 1000 novos lotes resultantes de

2 novos loteamentos aprovados em 2008 (em implantação). A Tabela 41 mostra os

bairros/loteamentos que apresentam quantidade superior a 80 lotes vazios.

Tabela 44 - Bairros/Loteamentos que apresentam mais de 100 lotes vazios no município de Sarandi

Bairro No de lotes vazios*

Jardim Novo Independência 1248

Parq Res Bom Pastor 1147

Jardim Independência 885

Parq Res Nova Aliança 855

Jardim Universal 772

Jardim Monte Rey 673

Parque Alvamar II 481

Parq Res Bela Vista II 439

Jardim Verão 372

Jardim Ouro Verde 353

Jardim Novo Bertioga 339

Parq Res Santana 311

Residencial São José II 292

Parq Res Alphavile 286

Jardim das Torres 268

Parq Res Bela Vista 212

Jardim Tropical 205

Jardim Ana Eliza 178

Parque Alvamar 176

Jardim Castelo 165

Jardim Panorama 153

Parq Res Novo Centro 142

Jardim Califórnia 114

FONTE: Prefeitura Municipal de Sarandi / Cadastro Territorial Urbano* Os lotes vazios correspondem também aos lotes desmembrados

Observa-se no Mapa 10 que os lotes vazios são mais freqüentes nas áreas de

expansão urbana. Alguns desses bairros periféricos têm mais de 24 anos, porém o

isolamento e a falta de infra-estrutura continuam desestimulando sua consolidação. Ainda

145

Page 146: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

assim, é importante que o poder público incentive a ocupação dessas áreas para que seja

possível reduzir o custo da habitação com o aproveitamento das estruturas já existentes e

para que as melhorias urbanas sejam executadas favorecendo futuros e atuais moradores.

Os bairros mais próximos do centro da cidade como o Pq. Res. Santana, Jardim Itamaraty,

Jardim Novo Castelo e Pq. Res. Bela Vista 2a Partes são os mais propícios para ocupação

devido a suas condições facilitadas de mobilidade. Ao contrário, os bairros Jd. Universal,

Jd. Bom Pastor, Jd. Nova Independência 1a e 2a partes, Pq. Res. Nova Aliança e Jd.

Monterrey, se mostram menos vantajosos quanto ao acesso aos serviços da cidade.

Bairros como o Jd. das Torres e Jd. Novo Bertioga dependem da ocupação de

áreas vazias intermediárias para estabelecerem definitivamente uma conexão com o

centro urbano. Em Sarandi, estas áreas denominadas vazios urbanos são frequentemente

utilizadas para cultivo agrícola, mas devem ser pensadas para a implantação de conjuntos

habitacionais novos.

O total de vazios urbanos dentro do perímetro do município, resultante da soma

das áreas residenciais e áreas vazias, é aproximadamente 3.741.205,00 m2 o que justifica

a permanência do atual perímetro urbano sem que ele seja expandido39. Desse montante,

as áreas passíveis de ocupação somam aproximadamente 2.110.640,00 m2 o que

corresponde a cerca de 5.925 lotes de 250 m2 (lotes que poderiam beneficiar cerca de

21.500 pessoas). O atual Plano Diretor do Município (ainda não concluído) deve definir as

ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) de uso prioritário para a construção de

Habitação de Interesse Social.

É necessário lembrar que não há um plano de diretrizes urbanísticas para a

implantação de novos loteamentos nestas áreas vazias. A cidade experimenta hoje as

dificuldades de mobilidade e acessibilidade geradas pela falta de planejamento dos

empreendimentos do passado. Afora estas dificuldades, enfrenta ainda a proximidade das

barreiras geográficas e interurbanas que limitam sua expansão em quase todas as

direções. Mais que a superação das incapacidades técnicas pregressas, o ordenamento

da ocupação urbana em Sarandi constitui a base da política habitacional no município que

deve começar agora.

6.3. PRODUÇÃO HABITACIONAL DE MERCADO.

Neste capítulo será traçado um panorama da produção habitacional de mercado de

Sarandi, compreendendo o valor do solo, a produção de solo urbanizado e a produção de

unidades habitacionais pelos agentes imobiliários, que via de regra tem atendido a

39 Com exceção da área vazia entre a malha urbana e o Jardim das Torres. Entende-se que a incorporação desta área no perímetro é necessária para uma conexão com o centro urbano.

146

Page 147: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

população com rendimentos não abarcados pela política habitacional municipal, estadual

ou nacional, representando a demanda solvável pelas condições de mercado local.

6.3.1.Valor do Solo Urbano

A demanda solvável da habitação está intimamente ligada ao poder de compra de

lotes urbanizados, e o custo do solo é o que determina em grande parte o déficit

habitacional, na medida que facilita ou dificulta o acesso da população a este bem.

O valor do solo e as transformações das cidades estão associados a dois fatores

principais: o desenvolvimento econômico e o crescimento demográfico, que fomentam a

incorporação de novas áreas à malha urbana e intensificam o uso das áreas já ocupadas.

(JORGENSEN,2008)

Segundo Borrero (2008), o desenvolvimento econômico implica maior demanda de

terrenos centrais para as atividades de comércio e de prestação de serviços; de terrenos

adequadamente urbanizados e próximos a estas atividades para a construção de

moradias; e de terrenos estrategicamente localizados, geralmente ao longo de rotas de

acesso à cidade, para a construção de fábricas, garagens e armazéns. E implica, por outro

lado, a criação de novos postos de trabalho, e com eles a atração de mão-de-obra

imigrante, que por sua vez demandará terras ou casas acabadas para morar ao alcance de

suas possibilidades.

Ainda segundo aquele autor, o crescimento demográfico vegetativo e migratório faz

com que haja um aumento do valor dos aluguéis e do preço da terra, pois como em

qualquer outro mercado, a oferta e demanda determinam o preço do imóvel, que quanto

mais bem localizado, mais alto o seu preço – independentemente do custo de construção –

e maior a sua probabilidade de valorização.

E em vista disso, as famílias que têm maior capacidade de pagamento geralmente

optam por adquirir um imóvel, reflexo do país onde a propriedade tende a ser considerada

a maneira mais segura de progresso patrimonial em longo prazo. As famílias que não tem

poupança, capacidade de endividamento ou não possuem segurança dos rendimentos

mensais por estarem incluídos no mercado informal de trabalho, podem passar toda a sua

vida morando em imóveis locados, pagando ao proprietário da moradia uma renda mensal

pelo direito de usá-la.

Para explicar o funcionamento do mercado foram desenvolvidos modelos que

consideraram fatores como a localização do imóvel, os custos de transporte, a quantidade

147

Page 148: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

e uso de solo demandado e os fatores de produção imobiliária. Na base de todos esses

modelos está a renda ofertada pelos diversos agentes aos proprietários do solo urbano.

Segundo Jorgensen (2008) o modelo proposto por William Alonso, estabelece um

continuum cidade-campo com base na demanda de três categorias de uso: agrícola,

residencial, comercial. Estes usos da terra tendem a competir a oferta de localizações.

Por este modelo, a renda ofertada pelo solo (aluguel) representa o resíduo do

rendimento dos agentes depois de descontadas as despesas de transporte e demais

gastos essenciais à sua atividade, resultando em três curvas de oferta de renda (aluguel)

que se interceptam, formando uma curva de renda de mercado (curva-envelope) tal que os

lances mais altos exercem o seu poder de preempção na ocupação das distintas regiões-

distância ao centro urbano.

Por este modelo, a estrutura espacial resultante desse continuum urbano-rural ideal

monocêntrico e homogêneo sob todos os aspectos, se apresenta como uma sucessão de

círculos concêntricos de uso comercial, residencial e agrícola, definidos a partir de centros

tradicionais e de novas centralidades que ao longo dos anos vão adquirindo importância.

No município de Sarandi, os dois fatores principais que ocasionam demanda por

terra e habitação, desenvolvimento econômico e crescimento demográfico estão

associados ao município pólo da região metropolitana, Maringá.

Segundo Rodrigues (2005), na concepção de Maringá a companhia colonizadora

projetou a cidade com um zoneamento das áreas habitacionais segundo classes de renda,

desta forma localizava nas áreas centrais e em suas proximidades as áreas residenciais

“principais”, a oeste as “populares”, e a leste, próximo à zona industrial, a área residencial

“operária”, fato que se torna evidente nos dias atuais, onde se observam distinções na

ocupação residencial segundo a condição de classe, e as rendas baixas se localizam nas

áreas de expansão que se desenvolveram fora do traçado original da cidade.

Ainda segundo Rodrigues (2005):

“Além do afastamento da população de baixa renda para a periferia do perímetro urbano, ocorreram processos sociais, econômicos e políticos em Maringá que excluíram essa população dos próprios limites do município, afastando-a para cidades vizinhas, como Sarandi e Paiçandu, até hoje aglomerações urbanas desprovidas da infra-estrutura básica, presente em Maringá desde o início de sua fundação”.

148

Page 149: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Sobre isso Negri (2001) afirma que o desenvolvimento baseado sobretudo na

economia agro-industrial, fez com que Maringá conseguisse cada vez mais influência

sobre as demais cidades próximas, passando a comandar o processo de produção do

espaço urbano. Sobre a ocupação do território e a expansão urbana de Maringá, o autor

afirma que esta se dá a partir de 1947, mesmo ano em que tem início a expansão da

malha urbana para além do projeto original de Jorge Macedo Vieira, sobretudo em direção

a Zona Norte da cidade, com o loteamento da Vila Santo Antônio e posteriormente as Vilas

Progresso, Santa Izabel, Jardim Alvorada e Vila Morangueira, estes dois últimos em 1963.

A ocupação acelerada da área central do município e a expansão do território,

segundo Mendes e Benaduce (1994), apud Veloso, (2003), iria determinar um valor fictício

muito elevado da terra urbana, ocasionando o deslocamento da população de baixa renda

para áreas mais afastadas do centro, em direção a periferia.

Esse deslocamento se dá tanto em direção a periferia urbana de Maringá, quanto

aos municípios contíguos, Sarandi e Paiçandu, como apontado pelos dados do IBGE,

2000, em que apresentaram entre os anos de 1996 à 2000, os maiores crescimentos

populacionais, 4,35% e 3,17% ao ano, respectivamente, e Maringá, um incremento

populacional de 1,86%.

Segundo Figueiredo (1997) grande parte da população de baixa renda que reside

nestes municípios busca um custo de vida mais barato que em Maringá e “abrigam uma

população pobre, que foram empurradas para a periferia, mas que diariamente dirigem-se

a ela para trabalhar”.

Dessa forma, o valor do solo urbano de Sarandi se desenvolve subordinado ao

mercado imobiliário em Maringá, que se apresenta como um centro regional de

valorização, seguido por círculos locais definidos pelos subcentros comerciais.

A Planta Genérica de Valores (MAPA 09), que define o Valor Venal do Terreno por

Zonas Fiscais e serve como base a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano

(IPTU), considera homogêneas as áreas pelo valor do solo segundo a dinâmica do

mercado, que como explicitado anteriormente, leva em conta a possibilidade de renda

ofertada em transações de compra, venda ou aluguel do imóvel ou exploração econômica

pelas atividades produtivas.

São doze Zonas Fiscais voltadas para usos residenciais, comerciais ou industriais

onde há uma ocupação clara do território, mesmo que a densidade seja baixa como por

149

Page 150: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

exemplo do Jardim Universal, e quatro zonas com uma densidade de ocupação baixa, sem

parcelamento do solo, áreas verdes ou com características rurais.

Em Sarandi a intensificação do uso na Avenida Londrina, nas proximidades do

centro e à Rodovia BR-376, se configuram como locais onde o preço do metro quadrado é

o mais alto da área urbana, além desses eixos, destacam-se também a Avenida Rio de

Janeiro, Rua Castro Alves, Avenida Maringá, Avenida Montreal e Avenida Cuiabá.

Esses eixos se configuram como subcentros urbanos de Sarandi: a Avenida

Londrina define a centralidade principal, tanto na área central quanto no Jardim

Independência, a Avenida Rio de Janeiro e a Rua Castro Alves também no Jardim

Independência, a Avenida Montreal no Jardim Panorama, a Avenida Maringá entre Jardim

Verão e Jardim Paulista e por fim, a Avenida Cuiabá, que também começa a centralizar

usos comerciais e de serviços no Jardim Esperança e Bela Vista.

O terreno residencial tem o seu valor diminuído a partir desses pontos em direção

ao perímetro da cidade, tendência alterada apenas pela presença de infra-estrutura, mais

especificamente de calçamento da via pública. Dessa forma os maiores valores se

concentram principalmente na área central da cidade e no Jardim Independência 1ª e 2ª

Partes, os valores intermediários se concentram entre a área valorizada do centro e a via

férrea, na parte sul, e entre a Rua Castro Alves e Avenida João Marangoni, a norte, e parte

da Parque Alvamar que se encontra melhor servido de infra-estrutura.

A partir dessa área intermediária, se encontram grande parte dos bairros que foram

classificados como precários no item 5.3.2 deste capítulo, e que não possuem as vias

asfaltadas, áreas de lazer urbanizadas ou equipamentos públicos, além de se encontrarem

distantes das áreas melhores servidas, e possuem os menores valores do lote.

Desse mercado imobiliário, que se dá em loteamentos precários, destacam-se o

Parque Residencial Bom Pastor, Jardim Universal, Jardim Nova Independência 1ª e 2ª

Partes, Residencial São José e Jardim Social, na porção norte da área urbana, o Parque

Residencial Nova Aliança, a leste, o Jardim das Torres, o Jardim Monterrey, o Jardim Novo

Bertioga e toda a área situada entre a Rua Pontaporã e a Rua Pioneiro Francisco Brogio, a

sul.

Nos bairros situados na porção norte, há uma tendência de desvalorização do solo

em direção ao fundo de vale, com valores médios que variam entre R$ 2.000,00 e R$

3.000,00 o lote com áreas de 250 a 300 metros quadrados, aumentando em direção a

150

Page 151: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Avenida João Marangoni com valores médios de R$10.000,00 no Parque Residencial Bom

Pastor de R$25.000,00 no Jardim Nova Independência, nas proximidades do conjunto

residencial “Mutirão”, o que deve se configurar como um ponto de tensão entre os

interesses do mercado, já que esta ocupação ocasiona uma depreciação dos valores dos

lotes adjacentes.

Esta tendência a valorização do terreno em direção ao espigão também se dá no

Parque Residencial Nova Aliança, com valores médios de R$ 4.000,00 no fundo de vale a

R$ 20.000,00 nas proximidades da Avenida Maringá.

Na periferia sul, a partir da Rua Pontaporã, os valores variam entre 5 a 10 mil reais,

motivado principalmente, além da falta de infra-estrutura, pela distância as áreas centrais,

como por exemplo o Jardim das Torres, Conjunto Residencial Floresta e Jardim Novo

Bertioga.

Na configuração do valor do solo, em Sarandi a linha férrea representa uma divisão

entre a área central onde os lotes para fins residenciais oscilam entre R$ 50 mil e R$ 100

mil reais ou R$ 25 a 40 mil no Jardim Paulista e Verão, para menos de R$ 25 mil reais nos

bairros localizados a sul da linha férrea e a Rua Pontaporã.

Assim como nesta área, a presença de infra-estrutura e principalmente do

asfaltamento das vias, além de outros fatores como a proximidade a centralidades urbanas

elevam consideravelmente o valor do terreno, como no Jardim Verão e Paulista, que

margeiam parte da Avenida Maringá, parcela dos Parque Alvamar I e II, Jardim Panorama

e Novo Panorama, que se encontram melhores localizados, tanto pela proximidade a

Maringá quanto pela presença de uma centralidade na Avenida Montreal que concentra

uma atividade comercial relativamente intensa. Nestes bairros o valor do terreno está entre

R$ 25 e R$ 40 mil reais. Assim como esses bairros, no Jardim Independência 3ª Parte, o

valor do solo é inferior as áreas centrais, com uma queda acentuada em direção ao fundo

de vale, mesmo com a proximidade da Universidade de Sarandi – UNISA.

Nas centralidades urbanas de maior importância, Praça Ipiranga, Avenida Maringá,

Avenida Londrina e outros eixos comerciais importantes localizados sobretudo no Jardim

Independência 1ª e 2ª Partes, estão localizados os terrenos residenciais com valores mais

altos, acima de 50 mil a norte da Avenida Colombo (BR 376) chegando a 100 mil reais a

sul da Avenida Colombo.

151

Page 152: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Desta forma, podemos identificar 5 faixas de valores para os terrenos urbanos

residenciais de Sarandi, determinadas principalmente pelo escasseamento dos terrenos

mais bem localizados, onde há uma disputa pelos usos residenciais e comerciais, pela

ocupação da demanda solvável para a área de influência de centralidades secundárias, e

pela ocupação da demanda não solvável para outras zonas, periféricas à cidade

urbanizada, no caso de Sarandi, carente de infra-estrutura e de equipamentos públicos.

Estão assim identificados as 5 faixas de valores dos terrenos:

Valores inferiores a 5 mil reais: localizados sobretudo nos bairros

precários de infra-estrutura, com carência de equipamentos, de difícil

acesso e localizados em terrenos próximos aos fundos de vale dos

bairros que divisam com o Ribeirão Guaiapó e Córrego Tahy;

Entre 5 a 10 mil reais: estes bairros possuem uma topografia mais

suave se comparados com os lotes do caso anterior, porém se

encontram isolados da malha urbana, caso do Jardim das Torres,

Jardim Monterrey e Jardim Novo Bertioga, ou apresentam falta de infra-

estrutura, caso do Jardim Bela Vista 1ª e 2ª Parte ou Jardim

Independência 3ª Parte;

Entre 10 a 20 mil reais: estes terrenos estão localizados em bairros

próximos a áreas centrais, mas há dificuldade de acesso, caso dos

bairros limitados pela via férrea, ou estão em áreas desvalorizadas de

bairros bem localizados, como aqueles localizados próximo ao Córrego

Guaiapó do Parque Alvamar I e II;

Entre 20 e 50 mil reais: estes terrenos estão localizados próximos a

centros que apresentam uma relativa importância, como a porção leste

da Avenida Maringá, no Jardim Paulista e Jardim Verão, ou no espigão

de determinados bairros como Alvamar e Novo Panorama, que se

encontram próximos ao subcentro da Avenida Montreal, Jardim Nova

Independência 1ª e 2ª Parte que apresentam ruas asfaltadas e próximos

a Avenida Curitiba;

Entre 50 a 100 mil reais: localizam-se em áreas centrais, localizados

sobretudo no Bairro Sarandi Centro, Jardim Independência 1ª e 2ª Parte

e Panorama, que apresentam infra-estrutura e concentram usos

institucionais, financeiros e comerciais.

152

Page 153: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

6.3.2.Agentes Imobiliários e Produção de Lotes Urbanizados

Segundo Harvey (1980) apud Mendes (1992), os incorporadores imobiliários são

proprietários fundiários, agentes imobiliários, a indústria da construção civil, as instituições

financeiras e as instituições governamentais.

Também Mendes (1992) , define os agentes que atuam no espaço urbano,

podendo se constituir em vários grupos distintos entre si:

Os proprietários fundiários urbanos;

Os produtores (promotores) fundiários e os produtores imobiliários/

incorporadores;

A burguesia que detém o capital para investir na produção (promoção)

imobiliária;

Os compradores de imóveis (demanda solvável);

Os ocupantes de terrenos (invasões) e moradias urbanas (população de

baixa renda);

O poder público (Estado) e as organizações transnacionais.

Sendo que cada um deles está determinado por regras de valorização de cada

capital em particular. Os proprietários fundiários procuram extrair a maior renda possível

de seus terrenos (especulação), os produtores obter o maior lucro possível de suas

construções, a burguesia extrair a maior quantia de juros possível, os proprietários de

moradias o maior valor possível de aluguel, a demanda não solvável procura se organizar

e reivindicar seus direitos através da luta de classes, o Estado tenta organizar o mercado,

para reduzir os conflitos sociais entre as diversas classes presentes no espaço urbano

(MENDES, 1992).

Sobre a produção do espaço urbano, Capel (1974) afirma que este é resultado da

prática de determinados agentes, que atuando dentro do marco do sistema capitalista,

utilizam os mecanismos legais a sua disposição ou atuam a margem da legislação

pertinente e obtem, posteriormente, a sanção legal correspondente.

Jorgensen (2008) confirma o que foi dito anteriormente, afirmando que a

expectativa que move os proprietários de solo é a máxima valorização de seus terrenos,

resultante principalmente dos investimentos públicos – mas também privados – que fazem

153

Page 154: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

deles localização desejada por potenciais compradores e usuários. A possibilidade de

obtenção de ganhos extraordinários em forma de renda do solo transforma construtores

em incorporadores e faz dos bancos sócios destes últimos nos negócios imobiliários.

Jorgensem (2008) afirma ainda que a terra periférica barata, como é o caso dos

bairros periféricos de Sarandi e mesmo de Sarandi em relação à Maringá, proporciona aos

primeiros empreendedores desta nova “localização” altíssimos ganhos, pressionando,

como era de se esperar o setor público a prover serviços as novas áreas, processo que

redesenha a estrutura da centralidade urbana e o próprio mapa de preços e da

correspondente apropriação social do solo. Dessa forma, configura-se o espaço urbano de

forma desordenada, obedecendo apenas os interesses imobiliários (situação que se

materializa em Sarandi).

Em Sarandi vemos a atuação principalmente do incorporador imobiliário na

produção do espaço urbano, definido por Ribeiro (1982) como aquele que exerce as

seguintes funções: a escolha e compra do terreno, a análise de mercado, a concepção e

desenvolvimento do projeto compreendendo aspectos técnicos, legais, fiscais, financeiros

e operacionais e mobilização do capital necessário à operação, compreendendo

financiamento para a construção e para o consumidor final.

As incorporadoras que tiveram maior atuação em Sarandi, em primeiro momento,

agruparam diversas propriedades rurais do entorno do núcleo inicial, como evidenciado na

Figura 38, de implantação do Jardim Esperança II, aprovado em 1976, que retrata o

parcelamento original destas propriedades, substituídas, a partir de meados da década de

70, por loteamentos urbanos para fins residenciais. A capacidade de acumular terra com a

incorporação de diversas propriedades rurais explica em parte o sucesso das maiores

incorporadoras, como a Construtora Vicky e Imobiliária Sol. Exemplo disso, o Jardim Nova

Paulista, promovido pela Imobiliária Sol, substitui sete pequenas propriedades rurais

(Mapa 04).

Fig. 39 – Situação esquemática do Jardim Esperança II, em Sarandi.

154

Page 155: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fonte: Secretaria de Urbanismo – Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

Gráfico 40 – Incorporadora Imobiliária por área parcelada. Sarandi, 2008

54,3%

13,5%

4,6%

3,5%

2,9%

2,4%

2,0% 11,5%5,3% Construtora Vicky Ltda

Imobiliária Sol Ltda

Wegg Empreendimentos Ltda

Design Incorporação e Const. Civil Ltda

Monolux Construções Civis

VY Incorporadora

Imobiliária Ypei Ltda

Demais Loteadoras - 14

Loteadores Particulares - 13

Fonte: Secretaria de Urbanismo – Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

Outras loteadoras que individualmente foram responsáveis pelo loteamento de

áreas superiores a 2% do total promovido pela iniciativa privada, são: Construtora Vicky

Ltda, Imobiliária Sol Ltda, Wegg Empreendimentos Imobiliários, Design – Incorporação e

Construção Civil, Monolux – Construção Civil, V. Y. Incorporadora de Imóveis, Imobiliária

Ypei Ltda. Atraídas pela possibilidade de lucro, outras quatorze empresas de menor porte

e treze pequenos proprietários rurais promoveram a transformação e ampliaram o espaço

urbano de Sarandi em mais de treze vezes a área inicial, em menos de 30 anos, motivado,

segundo Figueiredo (1997), pelas transformações econômico-sociais pelas quais passou a

região e que colocou à disposição do capital local, grandes unidades que facilitaram certos

empreendimentos, dentre eles os loteamentos.

Nesse período foram aprovados 71 novos loteamentos, dos quais 42 na primeira

década de expansão do território, antes mesmo que Sarandi se emancipasse politicamente

de Marialva.

155

Page 156: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Tabela 45 – Loteamentos particulares aprovados, por ano

Ano

Número de Loteamentos Aprovados Ano

Número de Loteamentos Aprovados

1970 1 1995 11974 4 1996 61975 2 1997 41976 21 1998 11977 6 1999 11978 8 2000 51984 2 2002 11991 2 2003 11992 4 Data incerta 1

Total 71Fonte: Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

A Construtora Vicky é a empresa que desmembrou o maior número de loteamentos

no município, 20, compreendendo uma área de 5.873.968,40 m2 e mais de treze mil lotes

urbanos. Além desta, duas outras tiveram grande importância na configuração do espaço

urbano de Sarandi, a Imobiliária Sol Ltda e a Wegg Empreendimentos Ltda, com a

produção de 3.762 e 1.302 lotes, respectivamente. Estas três incorporadoras foram

responsáveis por 72,4% da área loteada pela iniciativa privada, que teve início em 1974

com a expansão do perímetro a norte da Rodovia BR 376, com o Jardim Independência I,

e posteriormente em 1976, com Independência II e III, Jardim Panorama e Jardim Novo

Panorama.

Ainda na segunda metade da década de 70, são aprovados loteamentos a leste da

área central, margeando a Avenida Maringá, e a sul da via férrea, principalmente pela ação

da Construtora Vicky e Imobiliária Sol.

Além do grupo das incorporadoras, que acumulam função de construtora e

atividades imobiliárias de compra e venda, em Sarandi, treze empreendimentos foram

realizados por proprietários fundiários, que parcelaram via de regra, chácaras rurais da

estrutura fundiária original localizados na franja urbana, com áreas inferiores a 50 mil

metros quadrados e área média de 28 mil metros quadrados, exceto os Jardins São José I

e II, com área de aproximadamente 242 mil metros quadrados. Os proprietários fundiários

foram responsáveis pelo incorporação ao tecido urbano de uma área de 577.752,63 m2,

ou 5,3% dos loteamentos particulares.

Em setembro de 2008 foram aprovados dois loteamentos e outros dois estavam em

processo de aprovação. Os loteamentos aprovados são o Jardim Ouro Verde II, com 566

156

Page 157: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

lotes e o Residencial São José III, com 508 lotes, introduzindo no mercado 1.074 novos

lotes.

Tabela 46 – Produção de Lotes Urbanizados por Incorporadora Imobiliária. Sarandi, 2008

Loteadora Incorporadora Loteamentos Área (m2) Número de Lotes

Construtora Vicky Ltda 20 5.873.968,40 14.437

Imobiliária Sol Ltda 12 1.464.263,20 3.762

Wegg Empreendimentos Ltda 2 495.242,44 1.302

Design Incorporação e Const. Civil Ltda 1 381.822,39 783

Monolux Construções Civis 2 310.325,52 807

VY Incorporadora 1 258.456,00 362

Imobiliária Ypei Ltda 1 211.024,00 397

Demais Loteadoras – 14 18 1.246.346,89 2.692

Loteadores Particulares – 13 14 577.752,63 1.274

Total 71 10.819.201,47 25.816Fonte: Secretaria de Urbanismo – Prefeitura Municipal de Sarandi, 2008

No entanto, como afirma Figueiredo (1997), a principal conseqüência do

parcelamento desenfreado na década de 70 foi a oferta muito superior à demanda, já que

o loteamento não significa a ocupação real da cidade, favorecendo com isso a

especulação com terrenos, que se processa distante das áreas centrais e no interesse de

pessoas que não estão em condições ou têm interesse em construir, constituindo um

estoque de terras que permanecem baldios por tempo indeterminado. O autor afirma ainda

que o êxito desse tipo de empreendimento foi favorecido pois grande parte dos lotes

colocados a venda foram comprados por famílias imigrantes que não conseguiram se fixar

em Maringá, numa prática quase generalizada de aplicar suas pequenas economias na

compra de lotes em Sarandi, aliadas às facilidades proporcionadas pelas vias de

circulação.

O parcelamento do solo em Sarandi, que se dá especialmente a partir de 1974, foi

essencialmente para fins residenciais voltados para a população de baixa renda,

atendendo em grande parte a demanda habitacional gerada pelo município sede da região

metropolitana, com uma produção de lotes na área urbana superior a 25 mil unidades, das

quais, a grande maioria com área inferior a 300 metros quadrados. Entre os

empreendimentos com lotes com áreas reduzidas, destacam-se pelo número de unidades

aprovadas o Parque Alvamar II, com áreas variando de 173 a 185 metros quadrados, o

Parque Residencial Bom Pastor / Alphavile, com área variando de 184 a 200 metros

quadrados, Jardim Universal, 250 metros quadrados, e Jardim Nova Independência 1ª e 2ª

Partes, com lotes pouco inferiores a 300 metros quadrados.

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A aprovação de um grande número de lotes voltados para a baixa renda, se num

primeiro momento não estimulou loteamentos clandestinos no município, se deu em

função de uma excessiva flexibilidade do poder público na aprovação dos

empreendimentos à revelia da legislação vigente, como a Lei Federal que disciplina o

parcelamento urbano de número 6766, de 1979 e Lei do Plano Diretor Municipal, de 1992.

Fatores como estes, aliados a atividades especulativas e a incapacidade de absorção das

unidades produzidas, foram responsáveis pela formação de uma periferia com

precariedade de infra-estrutura, especialmente da pavimentação urbana e de serviços

públicos, mesmo em grandes loteamentos populares aprovados há mais de 24 anos, como

o Jardim Novo Independência 1ª e 2ª Partes, e a mais de 30 anos como o Jardim

Universal.

As irregularidades em relação Lei Federal no 6.766/79 principalmente no que

dispõe os artigos 3º e 4º. No artigo 3º diz que “somente será admitido o parcelamento do

solo para fins urbanos em zona urbana ou de expansão urbana, assim definidas em lei

municipal”. No artigo 4º a lei estabelece os requisitos urbanísticos para os loteamentos,

sendo que uma das disposições tem a ver com as áreas de uso público em proporção à

densidade populacional da gleba a ser loteada, tornando obrigatório que as áreas

destinadas ao sistema de circulação, a implantação de equipamentos urbanos e

comunitários e a espaços livres sejam proporcionais ao número de habitantes previsto

para o loteamento.

A partir de 1992 é aprovado, juntamente com o Plano Diretor, lei municipal de

parcelamento do solo. O Art. 18, I e II prevê uma reserva mínima de 5% da gleba para

equipamentos urbanos e comunitários, e uma reserva mínima de 10% para praças e áreas

verdes.

A seguir a relação dos loteamentos onde não foram destinados os percentuais

mínimos de áreas para equipamentos urbanos e comunitários e/ou não foram executadas

as obras de infra-estruturas mínimas expressamente exigidas pela legislação municipal e

federal (leis 04/92 e 6.766/79 respectivamente).

Tabela 47 – Loteamentos que apresentam irregularidades por ano de aprovação. Sarandi, 2008

Loteamento Ano Aprovação

PARQUE RES. ALVAMAR II 1992

JARDIM DO PARQUE 1992

PARQUE RES. SANTANA 1996

PARQUE RES. BOM PASTOR 1996

PARQUE RES. NOVA ALIANÇA 1996

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PARQUE RES. NOVO CENTRO 1996

JARDIM MONTE REY 1996

JARDIM CALIFORNIA 1996

RESIDENCIAL SÃO JOSÉ 1996

RESIDENCIAL SÃO JOSÉ II 1997

PARQUE RES. BELA VISTA 1997

PARQUE RES. BELA VISTA II 2000

JARDIM DAS TORRES 2000

JARDIM TROPICAL 2000

JARDIM NOVO BERTIOGA 2000

JARDIM NOVO SARANDI 97/2000

JARDIM NOVO SARANDI II 97/2000

Fonte: Procuradoria Municipal de Sarandi, 2008

6.3.3.Tipos e formas de produção de moradias

Segundo Arruda (2002), são identificados três formas de produção de moradia:

Autoconstrução: neste tipo de produção, o agente que produz a habitação é

o mesmo que vai consumi-la. Os materiais de construção são, em geral, de

baixa qualidade ou de segunda mão. O período da construção é indefinido,

dependendo da capacidade financeira do construtor. A construção é feita

em etapas.

Produção Manufatureira ou Artesanal: o proprietário contrata um profissional

para construir a habitação e emprega mão-de-obra, em geral, pouco

qualificada. A produção é pequena (residência unifamiliar ou pequenos

blocos de apartamentos). O custo final é alto, envolvendo o custo do projeto

e da construção propriamente dita.

Produção Industrial (ou Indústria da Construção Civil): não há relação direta

entre produtores e consumidores. O capital investido no processo pode ser

expandido e reproduzido. A produção, bem como os materiais empregados,

são em larga escala. A mão-de-obra empregada depende da tecnologia

empregada no processo, podendo ser qualificada ou não. Neste tipo de

produção, o terreno pode ser comprado ou ser trocado por uma ou mais

unidades. Neste último caso, há um agente intermediário que é o

proprietário do terreno.

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No território urbano de Sarandi, as principais formas de produção habitacional são

a autoconstrução e a produção manufatureira ou artesanal, com a predominância da

autoconstrução em bairros com baixo valor do solo e a onde população predominante é de

baixa renda, e a produção manufatureira nos demais bairros da cidade, o que garante uma

melhor qualidade da construção.

Além da autoconstrução e da produção manufatureira, ganha destaque também a

produção manufatureira voltada para o mercado imobiliário realizada por construtores

urbanos, definido por Cota (2002), como os empreendedores imobiliários responsáveis

pela produção e venda de moradia acabada, e que nela insere-se o valor da terra, do

projeto e da construção. Envolve diferentes agentes como o próprio

empreendedor/construtor, o proprietário da terra e o profissional de projetos. A produção

nesse sistema está voltada principalmente para famílias com renda superior a 4,5 salários

mínimos, que possuem algum recurso em poupança ou outro bem que possibilite a

capitalização inicial, com comprovação de renda suficiente para financiamento de carta de

crédito individual na Caixa Econômica Federal.

Devido às características desse mercado, as unidades habitacionais têm menos de

90 metros quadrados, com custo médio de 90 mil reais, geminadas, localizadas sobretudo

em áreas com infra-estrutura consolidada como Jardim Independência I e II e Jardim

Panorama.

Além desse mercado, a Construtora Vicky, em 1995 iniciou a construção de

unidades habitacionais voltadas a população de baixa renda no Parque Residencial Bom

Pastor, mediante o pagamento de 1 salário mínimo mensal.

O folder promocional do empreendimento aponta seu apelo popular ao tratar da venda das unidades

habitacionais como “inscrição”, termo utilizado no cadastramento das famílias nas políticas habitacionais.

Irregularidades na construção e inadimplência dos compradores, que se juntaram em sistema de condomínio,

paralisaram a construção das unidades habitacionais e poucas unidades se encontram finalizadas. Entrevistas

com moradores indicaram a existência de ações conciliatórias entre moradores e a construtora para a conclusão

da casa.

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Page 161: Plano Municipal de Sarandi de Habitação de Interesse Social - PMHIS

Fig. 40 - Empreendimento Habitacional, com residências acabas (ao fundo) – Parque Residencial Bom Pastor, Sarandi, 2008.Fonte: Observatório das Metrópoles

Fig. 41 - Empreendimento Habitacional, com residências inacabadas e com a obra paralisada– Parque Residencial Bom Pastor, Sarandi, 2008.Fonte: Observatório das Metrópoles

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