angélica rizzi na feira literária de sarandi-rs

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23 Folha da Produção, sexta-feira, 3 de outubro de 2014 SARANDI Folha da Produção: O que te incen- tivou a escrever? Em que momento da tua vida decidiu tornar esse gos- to pelas palavras uma profissão? Angélica Rizzi: O que me in- centivou a mergulhar no universo das palavras foi o contato com os livros e a paixão pela leitura. Sou natural de Estrela, Rio Grande do Sul e sempre fui muito inquieta, e acredito que a arte das palavras e os livros presenteados pelos meus pais contribuíram para que eu con- seguisse extravasar toda essa ener- gia e, no momento de escolher uma profissão, consegui unir a paixão pela escrita e o gosto pela pesqui- sa, e escolhi o curso de jornalismo, que me ensinou todas as ferramen- tas para escrever um bom texto, além de me apresentar aos mestres do jornalismo gonzo, entre eles, Hunter S. Thompson. Folha: Desde o começo da carrei- ra existe algum escritor ou obra que foi inspirador? E hoje, o que te inspira a escrever? Angélica: Eu comecei na infân- cia a apreciar os livros. E, aprendi com Monteiro Lobato a descrição de um ambiente e a verossimilhança que provoca o efeito visual no leitor. Na arte da reflexão, através das mi- nhas próprias descobertas em qual o verdadeiro caminho do artista, além do palco e do ideal de viver para sua arte: descobri na obra do escritor alemão Hermann Hesse: “ser poeta ou nada”; na frase do poeta tcheco Rainer Maria Rilke como conselhei- ro do seu jovem discípulo na obra Cartas ao jovem poeta escreveu: (…) “investigue o motivo que o manda escrever; examine se esten- de suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse ve- dado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: “Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àque- la pergunta severa por um forte e simples “sou”, então construa a sua vida de acordo com esta necessi- dade. (…). Portanto, tenho lido o excerto deste livro todos os dias, e a cada momento me convenço que esta é a minha sina e tenho tentado construir a minha vida de acordo com esta necessidade! Folha: O público da nossa Feira do Livro é composto, na maioria, por alunos de escolas públicas e particulares. Como você destaca o papel da escola na sua formação profissional e no incentivo ao gos- to pela leitura? Angélica: O universo dos livros sempre foi muito vívido para mim desde a infância, porque tanto em casa, quanto na escola cultuáva- mos o hábito da leitura. Além disso, meus professores cobravam a ficha de leitura das obras trabalhadas em sala de aula, e mesas redondas para debates literários complementavam as atividades dentro do universo li- terário. A biblioteca da minha escola foi meu santuário da sabedoria até o último ano letivo, pois éramos in- centivados à visitá-la e a conhecer o acervo que ela abrigava. Na infân- cia eu ainda precisava de escadas e cadeiras para alcançar os livros na estante, na idade adulta continuo alimentando o hábito de procurar e manusear os livros que estão nas prateleiras utilizando marcadores de página, tablet para anotações: pois nesta visita contínua aos “templos do conhecimento” – leia-se biblio- tecas – sebos e livrarias; leio e releio Mario Quintana, degusto novos e velhos autores, escrevo meus livros: graças ao bom e velho exemplo compartilhado e aprendido na famí- lia e na escola. Folha: Em todos os encontros e pa- lestras já realizadas por você, conse- gue lembrar momento que marcou, ou algum fato que tenha reafirmado o prazer de ser escritora? Angélica: O escritor é a pon- te entre o inconsciente coletivo, o guardião de histórias e memórias e cabe a ele ser o farol que guia na es- curidão e sinaliza as embarcações, a bandeira de paz e a memória de um país. E com sua sensibilidade e de- licadeza atravessa oceanos, derruba muros, e faz com que sua história seja contada por gerações. São estas mensagens que procuro comparti- lhar com o público e tenho recebido muitas manifestações de carinho, principalmente dos meus pequenos leitores que me presenteiam com de- senhos e poemas baseados nos meus personagens infantis, ou emails de leitores que apreciam a minha postu- ra dentro do universo literário. É por eles e para eles: “todos que amam os livros e a literatura como eu” que ENTREVISTA ESPECIAL Seduzidos pelas palavras Angélica Rizzi comanda o Sarau “Poetas Iluminados” Franciele Demarchi A 4ª Feira do Livro na Praça, acontece entre os dias 22 e 24 de outubro em Sarandi. Entre as atrações que acontecem na quinta-feira, 23, está o Sarau “Poetas Iluminados”, com sessão de autógrafos da escritora, cantora, compositora e jornalista, Angélica Rizzi. A artista tem dez livros editados incluindo uma coleção poética em cinco volumes, um romance, um livro de contos e três livros infantis. A escritora vive há dez anos na capital, Porto Alegre, tem também dois CDs lançados e atualmente está em estúdio registrando seu terceiro álbum intitulado “Se somos nós”. Confira a entrevista realizada com a escritora. eu continuo trilhando meu caminho na arte das palavras, sem- pre procurando aproximar as pesso- as dos livros e da leitura! Folha: Como destaca a importância da leitura e das feiras de livros? Você consegue imaginar o futuro desse ato em meio a tantas tecnologias? Angélica: As feiras literárias fazem a ponte entre escritores e lei- tores e apresentam de forma lúdica e acessível o universo dos livros, para então semear a importância do hábito da leitura. Pois nestes espa- ços literários e culturais a vedete são os livros e a literatura, além de um canal interativo, reflexivo e de conhecimento para todos. O próprio evento vai, naturalmente, interagin- do com o público leitor a através de bate-papos com escritores e apre- sentações temáticas que provocam, inquietam e criam a vontade de bus- car o conhecimento que só uma obra literária tem. Por isso, acredito que estas iniciativas culturais são um tônico para a humanidade que ne- cessita da literatura para respirar e adquirir conhecimento e sabedoria. E dentro destas ferramentas existem as tecnologias que podem aproximar as pessoas dos grandes clássicos da literatura, que também podem ser lidos em Ipad´s, além de facilitar a criação de clubes de leitura que cultuam Jane Austen, Bukowski, Proust, etc. A obra da es- critora Clarice Lispector ficou mais conhecida pelo grande público atra- vés das redes sociais e da internet, proporcionando aos jovens leitores a pesquisa e a leitura de seus livros; construindo laços e trocas de conhe- cimento entre jovens e fortalecendo o hábito da leitura. O mundo se re- nova, e tudo se reinventa a cada dia, tanto nas mídias digitais quanto na literatura, pois a arte das palavras é universal e se comunica em todas as línguas, além disso, acredito que as tecnologias (as utilizadas de forma benéfica) transformaram o mundo numa aldeia global munida de bi- bliotecas e museus digitais, que po- dem ser visitados todo o tempo! Folha: Deixe uma mensagem con- vidando os leitores de Sarandi e região para participarem do even- to e do encontro com você. Angélica: O Sarau Poetas ilu- minados que vou apresentar na IV feira do livro de Sarandi, foi idea- lizado por mim em 2010 para ser degustado e apreciado juntamente com o lançamento de um dos meus livros, e para festejar a criação li- terária, com o intuito de resgatar e valorizar a arte e a história da li- teratura mundial, e seus escritores que são e foram meus mestres. E, em mais uma edição do Sarau, não poderia ser diferente: mais um es- critor será homenageado por mim e o violonista Diego Costa com in- formações sobre vida & obra, além da leitura interpretativa costurada com canções autorais, e de outros compositores. E para saber quem vai ser o escritor homenageado tem que participar da feira do livro e ir prestigiar o meu Sarau no dia 23 de outubro. Venham todos festejar os livros e a criação literária!

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23Folha da Produção, sexta-feira, 3 de outubro de 2014 SARANDI

Folha da Produção: O que te incen-tivou a escrever? Em que momento da tua vida decidiu tornar esse gos-to pelas palavras uma profissão?

Angélica Rizzi: O que me in-centivou a mergulhar no universo das palavras foi o contato com os livros e a paixão pela leitura. Sou natural de Estrela, Rio Grande do Sul e sempre fui muito inquieta, e acredito que a arte das palavras e os livros presenteados pelos meus pais contribuíram para que eu con-seguisse extravasar toda essa ener-gia e, no momento de escolher uma profissão, consegui unir a paixão pela escrita e o gosto pela pesqui-sa, e escolhi o curso de jornalismo, que me ensinou todas as ferramen-tas para escrever um bom texto, além de me apresentar aos mestres do jornalismo gonzo, entre eles, Hunter S. Thompson.

Folha: Desde o começo da carrei-ra existe algum escritor ou obra que foi inspirador? E hoje, o que te inspira a escrever?

Angélica: Eu comecei na infân-cia a apreciar os livros. E, aprendi com Monteiro Lobato a descrição de um ambiente e a verossimilhança que provoca o efeito visual no leitor. Na arte da reflexão, através das mi-nhas próprias descobertas em qual o verdadeiro caminho do artista, além do palco e do ideal de viver para sua arte: descobri na obra do escritor alemão Hermann Hesse: “ser poeta ou nada”; na frase do poeta tcheco

Rainer Maria Rilke como conselhei-ro do seu jovem discípulo na obra Cartas ao jovem poeta escreveu: (…) “investigue o motivo que o manda escrever; examine se esten-de suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse ve-dado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: “Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àque-la pergunta severa por um forte e simples “sou”, então construa a sua vida de acordo com esta necessi-dade. (…). Portanto, tenho lido o excerto deste livro todos os dias, e a cada momento me convenço que esta é a minha sina e tenho tentado construir a minha vida de acordo com esta necessidade!

Folha: O público da nossa Feira do Livro é composto, na maioria, por alunos de escolas públicas e particulares. Como você destaca o papel da escola na sua formação profissional e no incentivo ao gos-to pela leitura?

Angélica: O universo dos livros sempre foi muito vívido para mim desde a infância, porque tanto em casa, quanto na escola cultuáva-mos o hábito da leitura. Além disso, meus professores cobravam a ficha de leitura das obras trabalhadas em sala de aula, e mesas redondas para debates literários complementavam as atividades dentro do universo li-terário. A biblioteca da minha escola foi meu santuário da sabedoria até o último ano letivo, pois éramos in-

centivados à visitá-la e a conhecer o acervo que ela abrigava. Na infân-cia eu ainda precisava de escadas e cadeiras para alcançar os livros na estante, na idade adulta continuo alimentando o hábito de procurar e manusear os livros que estão nas prateleiras utilizando marcadores de página, tablet para anotações: pois nesta visita contínua aos “templos do conhecimento” – leia-se biblio-tecas – sebos e livrarias; leio e releio Mario Quintana, degusto novos e velhos autores, escrevo meus livros: graças ao bom e velho exemplo compartilhado e aprendido na famí-lia e na escola.

Folha: Em todos os encontros e pa-lestras já realizadas por você, conse-gue lembrar momento que marcou, ou algum fato que tenha reafirmado o prazer de ser escritora?

Angélica: O escritor é a pon-te entre o inconsciente coletivo, o guardião de histórias e memórias e cabe a ele ser o farol que guia na es-curidão e sinaliza as embarcações, a bandeira de paz e a memória de um país. E com sua sensibilidade e de-licadeza atravessa oceanos, derruba muros, e faz com que sua história seja contada por gerações. São estas mensagens que procuro comparti-lhar com o público e tenho recebido muitas manifestações de carinho, principalmente dos meus pequenos leitores que me presenteiam com de-senhos e poemas baseados nos meus personagens infantis, ou emails de leitores que apreciam a minha postu-ra dentro do universo literário. É por eles e para eles: “todos que amam os livros e a literatura como eu” que

ENtREvIStA ESpEcIAl

Seduzidos pelas palavras

Angélica Rizzi comanda o Sarau “Poetas Iluminados”Franciele Demarchi

A 4ª Feira do Livro na Praça, acontece entre os dias 22 e 24 de outubro em Sarandi. Entre as atrações que acontecem na quinta-feira, 23, está o Sarau “Poetas Iluminados”, com sessão de autógrafos da escritora, cantora, compositora e jornalista, Angélica Rizzi. A artista tem dez livros editados incluindo uma coleção poética em cinco volumes, um romance, um livro de

contos e três livros infantis. A escritora vive há dez anos na capital, Porto Alegre, tem também dois CDs lançados e atualmente está em estúdio registrando seu terceiro álbum intitulado “Se somos nós”. Confira a entrevista realizada com a escritora.

eu continuo trilhando meu caminho na arte das palavras, sem-pre procurando aproximar as pesso-as dos livros e da leitura!

Folha: Como destaca a importância da leitura e das feiras de livros? Você consegue imaginar o futuro desse ato em meio a tantas tecnologias?

Angélica: As feiras literárias fazem a ponte entre escritores e lei-tores e apresentam de forma lúdica e acessível o universo dos livros, para então semear a importância do hábito da leitura. Pois nestes espa-ços literários e culturais a vedete são os livros e a literatura, além de um canal interativo, reflexivo e de conhecimento para todos. O próprio evento vai, naturalmente, interagin-do com o público leitor a através de bate-papos com escritores e apre-sentações temáticas que provocam, inquietam e criam a vontade de bus-car o conhecimento que só uma obra literária tem. Por isso, acredito que estas iniciativas culturais são um tônico para a humanidade que ne-cessita da literatura para respirar e adquirir conhecimento e sabedoria.

E dentro destas ferramentas existem as tecnologias que podem aproximar as pessoas dos grandes clássicos da literatura, que também podem ser lidos em Ipad´s, além de facilitar a criação de clubes de leitura que cultuam Jane Austen, Bukowski, Proust, etc. A obra da es-critora Clarice Lispector ficou mais conhecida pelo grande público atra-vés das redes sociais e da internet, proporcionando aos jovens leitores a pesquisa e a leitura de seus livros;

construindo laços e trocas de conhe-cimento entre jovens e fortalecendo o hábito da leitura. O mundo se re-nova, e tudo se reinventa a cada dia, tanto nas mídias digitais quanto na literatura, pois a arte das palavras é universal e se comunica em todas as línguas, além disso, acredito que as tecnologias (as utilizadas de forma benéfica) transformaram o mundo numa aldeia global munida de bi-bliotecas e museus digitais, que po-dem ser visitados todo o tempo!

Folha: Deixe uma mensagem con-vidando os leitores de Sarandi e região para participarem do even-to e do encontro com você.

Angélica: O Sarau Poetas ilu-minados que vou apresentar na IV feira do livro de Sarandi, foi idea-lizado por mim em 2010 para ser degustado e apreciado juntamente com o lançamento de um dos meus livros, e para festejar a criação li-terária, com o intuito de resgatar e valorizar a arte e a história da li-teratura mundial, e seus escritores que são e foram meus mestres. E, em mais uma edição do Sarau, não poderia ser diferente: mais um es-critor será homenageado por mim e o violonista Diego Costa com in-formações sobre vida & obra, além da leitura interpretativa costurada com canções autorais, e de outros compositores. E para saber quem vai ser o escritor homenageado tem que participar da feira do livro e ir prestigiar o meu Sarau no dia 23 de outubro. Venham todos festejar os livros e a criação literária!