plano municipal de habitação

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    d .e .m .a .c .a .m .pplanejamento, projeto e consultoria s/c ltda

    Relatrio FINALFINALFINALFINAL

    PLANO MUNICIPAL

    DE HABITAO

    INTERESSADO

    Prefeitura Municipal de Prefeitura Municipal de Prefeitura Municipal de Prefeitura Municipal de

    AmparoAmparoAmparoAmparo

    AmparoAmparoAmparoAmparo

    Dezembro 2010

  • 2 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

    d .e .m .a .c .a .m .pplanejamento, projeto e consultoria s/c ltda

    Equipe DEMACAMP

    Coordenador geral Eleusina Lavr Holanda de Freitas

    Urbanista Snior Sidney Piochi Bernardini

    Coordenador de Participao Paola Paes Manso

    Socilogo Sylvio Batalha da Silveira

    Consultor advogado Gabriel Blanco

    Arquiteto Jnior Carolina Lunetta

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    INDICE

    Captulo 1:

    DIAGNSTICO

    1. CONTEXTUALIZAO DA PROBLEMTICA

    HABITACIONAL EM AMPARO

    2. AS NECESSIDADES HABITACIONAIS PRESENTES

    E FUTURAS E O POTENCIAL IMOBILIRIO

    EXISTENTE PARA A PROVISO HABITACIONAL

    Captulo 2:

    ESTRATGIAS DE AO:

    DIRETRIZES, OBJETIVOS, METAS E

    INDICADORES DE

    MONITORAMENTO

    3. ESTIMATIVA DE CUSTOS E DE QUANTIDADE DE

    TERRENOS PARA O ATENDIMENTO DAS

    NECESSIDADES HABITACIONAIS PRESENTES E

    FUTURAS DE AMPARO

    4. OBJETIVOS, METAS, DIRETRIZES E

    INDICADORES DE MONITORAMENTO

    5. LINHAS PROGRAMTICAS, RECURSOS E

    FONTES

    3

    5

    6

    104

    155

    156

    185

    203

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    Captulo 3:

    O PROCESSO PARTICIPATIVO

    6. O CURSO DE CAPACITAO/ CONGTHAB

    7. AS AUDINCIAS PBLICAS

    231

    232

    238

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    CAPTULO 1 CAPTULO 1 CAPTULO 1 CAPTULO 1

    DIAGNSTICODIAGNSTICODIAGNSTICODIAGNSTICO

    PLANO MUNICIPAL

    DE HABITAO

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    1. CONTEXTUALIZAO DA PROBLEMTICA HABITACIONAL EM AMPARO

    1.1. Insero territorial e dinmica scio-econmica

    1.1.1. Insero regional

    Do ponto de vista da insero regional, Amparo faz parte da Regio

    Administrativa de Campinas e da Regio de Governo de Bragana Paulista. No est

    inserido em nenhuma Regio Metropolitana, nem tampouco em Aglomerado Urbano,

    mas pertence Microrregio do Circuito das guas, da qual fazem parte, alm de

    Amparo, guas de Lindia, Lindia, Monte Alegre do Sul, Pedra Bela, Pinhalzinho, Serra

    Negra e Socorro. Insere-se no conhecido Circuito das guas Paulista, configurao

    que agrega oito municpios em torno de uma marca comum, voltada ao

    desenvolvimento turstico, e que j resultou na criao de um espao institucional: o

    Consrcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Turstico do Circuito das guas

    Paulista, existente desde 2004. Mesmo assim, ao que se supe pelas especificidades

    da atuao deste Consrcio, voltado mais a estratgias de marketing, estes oito

    municpios: Jaguarina, Pedreira, Amparo, Monte Alegre do Sul, Serra Negra, Lindia,

    guas de Lindia e Socorro possuem polticas de desenvolvimento econmico e

    desenvolvimento urbano isoladas e vulnerveis s dinmicas externas capitalizadas

    pelos municpios com centralidade regional como Campinas ou Bragana Paulista. A

    ausncia de uma poltica e de uma organizao administrativa regional mais slida,

    entretanto, torna frgil qualquer possibilidade de conter impactos provocados por

    fatores externos regio. A regulao frente a esta insero s exercida, neste caso,

    por iniciativas do prprio municpio, quando h, efetivamente, dispositivos prprios

    para isso. Cabe ressaltar, neste sentido, que a trama de acessibilidade rodoviria e as

    interferncias exercidas por centralidades importantes nesta trama configuram a

    dinmica regional destes oito municpios, demonstrando que aqueles que possuem

    maior proximidade a Campinas ou esto inseridos na principal malha rodoviria do

    estado, possuem uma dinmica diferenciada, demonstrada, por exemplo, pela taxa

    geomtrica de crescimento anual da populao:

  • 7

    Tabela 1 - Taxa anua

    oito municpios do Circuito das guas Paulista (%a.a.)

    Circuito das guas

    Municpio TGCA

    (% a.a.)

    guas de

    Amparo

    Lindia

    Jaguarin

    Monte

    Pedreira

    Serra

    Socorro

    Fonte: Fundao SEADE, Perfil Municipal 2008

    Mapa 1 - Taxa Geomtrica de Crescimento Anual

    Circuito das guas

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    Taxa anual de crescimento geomtrico anual da populao dos

    oito municpios do Circuito das guas Paulista (%a.a.)

    SP

    TGCA TGCA (%a.a.) Regio

    do Governo

    TGCA (% a.a)

    Estado

    1,20 1,47

    1,30 1,47

    1,56 1,47

    3,34 1,83

    1,34 1,47

    1,85 1,83

    0,72 1,47

    0,49 1,47

    Fonte: Fundao SEADE, Perfil Municipal 2008

    Taxa Geomtrica de Crescimento Anual

    SP

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    l de crescimento geomtrico anual da populao dos

    TGCA (% a.a)

    1,34

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    As maiores taxas apresentadas em Jaguarina e Pedreira demonstram esta

    dinmica. Amparo possui uma situao intermediria, muito prxima da taxa

    geomtrica apresentada para o estado de So Paulo, mas que, aponta, sobretudo,

    para um potencial maior de crescimento, potencial este, que diminui medida que

    se afasta da proximidade com Campinas e com a principal trama rodoviria do

    estado, polarizada pelo sistema Bandeirantes - Anhangera. Deve-se pensar com isso,

    que mudanas estruturais traadas por polticas de desenvolvimento regional

    poderiam modificar esta dinmica, questo que dependeria de uma organizao

    regional mais incisiva, que no ocorre atualmente.

    Algumas iniciativas em andamento tm tentado promover e alavancar o

    desenvolvimento do potencial turstico presente nestes oito municpios. Infelizmente,

    tais iniciativas no partiram diretamente dos governos locais e nem se inserem em

    algum espao de discusso mais institucionalizado politicamente. Trata-se de um

    projeto de iniciativa do SEBRAE-SP, pelo Escritrio Regional Sudeste Paulista e do

    Consrcio Intermunicipal com o objetivo de desenvolver e fortalecer a regio por meio

    do eixo do turismo, disponibilizando produtos do Circuito das guas Paulista no

    mercado, incrementando a competitividade e promovendo a sustentabilidade da

    cadeia produtiva do turismo no territrio. O Projeto j estabeleceu metas para isso:

    aumentar em 20% o nmero de atrativos tursticos no territrio at junho de 2010;

    aumentar em 30% o nmero de refeies vendidas nos negcios voltados para

    alimentao no territrio at dezembro de 2009; elevar a taxa de ocupao dos

    meios de hospedagem do territrio em 20% at junho de 2010 e elevar o volume de

    venda co comrcio diferenciado do territrio em 20% at junho de 2010.

    No so poucos os elementos que fundamentam estes objetivos e metas. H

    uma diversificao de atividades econmicas praticadas pelos municpios: um amplo

    territrio de caractersticas rurais, com espaos naturais preservados com potencial

    para a prtica de esportes de aventura; antigas fazendas de caf disponveis para

    visitao; produo artesanal, o nmero expressivo de micro e pequenas empresas

    (1292 cadastradas pelo CNAE), representadas principalmente por bares, restaurante,

    lanchonetes e estabelecimentos de hospedagem, alm de outros estabelecimentos

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    conhecidos e especficos de cada municpio como o varejo de mveis e artigos de

    iluminao, indstrias de artefatos e artigos de madeira, confeco de artigos de

    vesturios, indstria txtil, indstria de produtos minerais no metlicos, incluindo as

    indstrias de cermica branca e os atacados de bebidas.

    A motivao econmica focalizada no turismo reala estas potencialidades

    no plano e refora o carter do turismo de consumo, apontando para um aumento

    da produo e, conseqentemente do PIB da Regio. Esta estratgia ancora-se em

    algumas apostas econmicas como o desenvolvimento de agronegcios que

    permitir a produo de cachaa, morango e caf e, ao mesmo tempo, da indstria

    e comrcio, com o incremento de setores como o da cermica branca, olarias,

    malharia e confeco (adotados como atrativos tursticos), artefatos de madeira,

    artefatos de couro e produo de gua mineral (como comrcio diferenciado). As

    estratgias lanadas neste sentido buscaro estruturar a recepo dos turistas,

    formatar os produtos tursticos (culturais e naturais), realizar capacitao tcnica e

    gerencial, elaborar plano de marketing e eventos, realizar a sensibilizao e

    envolvimento da comunidade e realizar a gesto e a qualidade da atividade turstica,

    todas, a serem alcanadas em longo prazo, j que dependem da ampliao da

    infraestrutura voltada a tais atividades.

    No caso de Amparo, por exemplo, percebe-se que j h um turismo de

    caractersticas rurais, a comprovar pelo nmero de estabelecimentos de hospedagem

    em fazendas e bairros rurais. Conhecida como a capital histrica do Circuito das

    guas, Amparo no foi destacada neste plano com este potencial, aparecendo no

    levantamento do pblico alvo (proprietrios e/ou gestores de atrativos tursticos, de

    empreendimentos de hospedagem e alimentao, etc.) apenas como detentora de

    atrativos tursticos, sem que tais atrativos fossem especificados. Com um dos mais

    importantes acervos de patrimnio histrico do sculo XIX do estado de So Paulo,

    Amparo figura como um importante atrativo turstico, no absolutamente inserido nas

    estratgias de propagao da produo e consumo apresentado neste plano, mas,

    mais do que isso, na rota de um turismo cultural que depender do estabelecimento

    de uma estrutura mais consolidada. O pequeno nmero de estabelecimentos de

    hospedagem e de gastronomia na cidade demonstra que o municpio ainda tem

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    muito a desenvolver neste aspecto, cujos primeiros passos j foram dados com a

    elaborao de um plano de reabilitao para a rea central e o decorrente conjunto

    de intervenes urbansticas que j est em andamento.

    Deve-se questionar, com isso, como tais estratgias locais inserem-se no

    cenrio regional, ao observar que a aposta do desenvolvimento econmico ainda

    recai no turismo como fonte alavancadora, colocado, sobretudo, na produo de

    insumos tradicionais. Falta pensar, neste sentido, como uma infraestrutura logstica de

    carter regional pode contribuir para um desenvolvimento econmico que extrapole

    esta incurso do turismo tradicional no mbito do circuito das guas. A expanso da

    infraestrutura logstica depende de novos espaos de discusso regional que

    transcende o do Consrcio Intermunicipal de desenvolvimento Turstico. Por ora, pode-

    se dizer que em Amparo, tais estratgias no traro, a curto e mdio prazo, grandes

    impactos. Permanecer ainda, a dinmica econmica traada pela polarizao dos

    centros mais promissores, ressaltando, o papel do prprio municpio na conduo de

    sua poltica de desenvolvimento econmico, questo que no necessariamente est

    colocada na agenda regional atualmente.

    1.1.2. Dinmica econmica do municpio

    Se do ponto de vista regional, a dinmica econmica segue rumos previsveis

    e de impacto moderado, na escala municipal, espera-se um desenvolvimento

    econmico baseado em caminhos mais diversificados e com perspectivas mais

    promissoras. Deve-se ressaltar, de incio, que o Plano Diretor (Lei Complementar no

    1/2006) assumiu o potencial rural do municpio, mantendo o permetro urbano quase

    igual ao que estabelecia a lei 2.140/95, mesmo considerando a presena de um

    conjunto de novos loteamentos que surgiram para alm deste permetro ao longo das

    ltimas dcadas. Esta afirmao evidencia a presena marcante da economia rural,

    no desejo de estabelecer estratgias para que ela se desenvolva. Ocorre que

    marcante a caracterstica diversificada da economia de Amparo, demonstrada

    claramente na comparao com os outros municpios da regio do circuito das

    guas:

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    Tabela 2 - PIB e participao dos setores econmicos no valor adicionado

    dos municpios do circuito das guas

    Circuito das guas SP

    Municpio PIB 2005 (milhes

    de reais

    correntes)

    Valor adicionado

    da Agropecuria

    (%)

    Valor adicionado

    da indstria (%)

    Valor

    adicionado de

    servios (%)

    guas de Lindia 120,17 2,02 13,20 84,78

    Amparo 1.145,37 2,34 48,31 49,35

    Lindia 53,59 2,48 27,41 70,11

    Jaguarina 3.045,28 0,70 64,80 34,49

    Monte Alegre do Sul 61,74 8,97 31,71 59,32

    Pedreira 411,66 0,73 33,88 65,38

    Serra Negra 211,83 5,81 14,57 79,62

    Socorro 244,36 10,81 15,49 73,20

    Fonte: Fundao SEADE, Perfil Municipal 2008

    Percebe-se claramente que Jaguarina e Amparo despontam com folga no

    valor do PIB, bem acima dos demais municpios. Jaguarina (cujo PIB quase o dobro

    do de Amparo), Pedreira e Amparo so os municpios que esto mais prximos da

    centralidade regional exercida por Campinas, conforme j comentado, e, percebe-se

    claramente esta relao entre PIB e maior participao da indstria no valor

    adicionado. Ao mesmo tempo em que Amparo est bem posicionado nesta

    participao, est entre as menores participaes no setor agropecurio, mesmo

    considerando que o territrio rural corresponde a mais de 90% da rea total do

    municpio. certo que o permetro rural, no compreendido apenas como palco da

    produo agrcola stricto sensu, mas para a proteo ambiental, ratificada na criao

    das macrozonas de proteo aos mananciais e de proteo ambiental, determinar

    uma opo, pautada na poltica de desenvolvimento urbano, pela conteno da

    expanso urbana e por um crescimento econmico pretensamente equilibrado. Se

    assim ocorrer, Amparo tem a vantagem de j demonstrar, a partir dos valores

    adicionados apresentados, o equilbrio na participao dos vrios setores

    econmicos, apresentando uma tendncia de crescimento dos setores da indstria e

    de servios ao lado de uma queda do setor agropecurio, ainda que este tenha tido

    expressivo desenvolvimento entre 1999 e 2003, conforme demonstra a tabela abaixo:

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    Tabela 3 - Evoluo do Valor Adicionado em Amparo

    Amparo SP

    Ano Agrop. (milhes de reais)

    % Indstria (milhes de

    reais)

    % Servio (milhes de reais)

    % Total PIB

    1999 41,34 253,51 225,02 519,88 555,75 2000 44,84 8,46 268,77 6,01 232,55 3,34 546,16 585,07 2001 69,31 54,57 281,00 4,55 236,21 1,57 586,52 621,99 2002 78,25 12,89 295,51 5,16 262,57 11,85 636,32 677,41 2003 95,01 21,41 399,42 35,16 279,39 5,84 773,81 816,50 2004 88,49 -6,86 590,97 47,95 322,93 15,58 1.002,3

    8 1.052,17

    % total 114 133,1 43,51

    Fonte: PIB Municipal Fundao SEADE, 2008

    Mesmo observando crescimento expressivo do valor adicionado na

    agropecuria entre 1999 e 2003, percebe-se uma queda da participao deste setor

    ocorrendo entre 2003 e 2004. Este aumento expressivo pode ser comparado ao da

    indstria no mesmo perodo, expressividade que supera o setor de servios. Se esta

    tendncia revela uma perfomance promissora destes dois setores, os valores

    apresentados para anos posteriores, com a utilizao de uma nova metodologia pela

    Fundao SEADE para o clculo do valor adicionado, revelam outro cenrio. As

    diferenas, significativas, decorrentes do uso desta nova metodologia, aparecem

    justamente entre os setores da agropecuria, indstria e servios, demonstrando-se

    uma diminuio dos valores destes dois primeiros, principalmente da agropecuria e

    um aumento da participao do setor de servios. Em sntese, percebe-se claramente

    que a participao da agropecuria no total do valor adicionado do municpio vem

    caindo lentamente, questo que deve ser analisada luz de um conjunto de dados e

    informaes, sistematizadas na tabela a seguir:

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    Tabela 4 - Informaes dos setores econmicos - evoluo 1998 - 2003 em Amparo

    Fonte: Fundao SEADE. Informaes dos Municpios Paulistas, 2008

    Item Setor 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    Nmero de estabelecimentos

    Agropecuria 304 291 298 315 307 279 278 292 296 Comrcio 501 535 549 576 586 611 606 Servio 403 427 439 446 472 511 510 505 527 Indstria 209 204 220 218 225 234 251 244

    Relao entre nmero de estabelecimentos do setor e nmero de estabelecimentos totais

    Agropecuria 21,26 20,14 20,04 20,21 19,38 17,19 17 17,3 17,37 Comrcio 33,69 34,32 34,66 35,49 35,84 36,2 35,56 Servio 28,18 29,55 29,52 28,61 29,8 31,48 31,19 29,92 30,93 Indstria 14,46 13,72 14,11 13,76 13,86 14,31 14,87 14,32

    ICMS arrecadado (em reais de 2007)

    Agropecuria 7.848 9.674 9.009 Comrcio 6.203.666 5.784.566 5.904.324 Servio 205.693 210.581 164.367 Indstria 49.000.521 45.312.771 53.741.578

    Valor adicionado (em milhes de reais correntes)

    Agropecuria 24,04 25,55 24,92 23,03 Comrcio Servio 340,92 378,83 418 486,32 Indstria 217,92 282,2 427,43 476,07

    Nmero de vnculos empregatcios

    Agropecuria 1.624 1.577 1.582 1.530 1.544 1.571 1.605 1.666 1.716 Comrcio 2.173 2.337 2.367 2.611 2.928 3.117 3.013 Servio 4.359 4.529 4.581 4.637 4.515 4.765 4.394 4.499 4.578 Indstria 6.734 6.576 6.562 6.384 6.694 7.790 8.097 8.606

    Relao entre nmero de vnculos empregatcios no setor e vnculos empregatcios totais

    Agropecuria 10,89 10,33 10,38 9,98 10,27 9,91 9,53 9,48 9,42 Comrcio 14,25 15,24 15,75 16,47 17,39 17,73 16,53 Servio 29,22 29,66 30,05 30,23 30,03 30,06 26,1 25,59 25,12 Indstria 44,1 43,14 42,79 42,47 42,23 46,28 46,06 47,22

    Rendimento mdio dos vnculos empregatcios

    Agropecuria 311,51 329,55 360,93 400,56 438,77 483,53 535,53 604,6 Comrcio 482,14 499,79 523,64 595 482,14 Servio 694,22 704,59 723,75 744,86 858,73 866,81 984,35 990,94 Indstria 641,76 641,14 762,82 774,8 866,56 955,13 1.020,60 1.087,66

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    Estes dados demonstram que, de longe, em termos absolutos, o comrcio e

    servios foram os setores que mais cresceram em termos de nmero de

    estabelecimentos. Este crescimento ocorreu ao lado da queda do nmero de

    estabelecimentos agropecurios, ainda que tal dado deva ser analisado com

    ressalvas, j que a fonte, a Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) do Ministrio

    do Trabalho e Emprego contabiliza como estabelecimentos apenas as unidades de

    cada empresa separadas espacialmente, ou seja, com endereos distintos, levando-

    se em conta a atividade principal, no caso dos estabelecimentos com mais de uma

    atividade econmica. Os nmeros tornam-se mais expressivos quando se utiliza a

    fonte da Coordenadoria de Assistncia Tcnica Integral (CATI) da Secretaria de

    Agricultura e Abastecimento do Estado de So Paulo, que contabiliza as Unidades de

    Produo Agropecuria (UPAs) em cada um dos municpios. Em Amparo, foram

    totalizadas 873 UPAs.

    Cabe notar que a participao, ao longo dos ltimos dez anos, dos setores

    de comrcio e servios no total de estabelecimentos contabilizados em Amparo, foi a

    que mais cresceu, especialmente a do setor de servios. visvel a queda da

    participao do setor agropecurio e a manuteno do mesmo patamar para o setor

    da indstria. Isto revela uma tendncia que importante investigar, mas que est

    relacionada a um fenmeno que no isolado, j que os servios vm, de fato,

    agregando maior valor que a produo manufatureira ao longo das ltimas dcadas.

    Ressalte-se que em Amparo, o valor adicionado dos servios chega a ser um pouco

    maior que da indstria, ainda que este ltimo tenha crescido mais entre 2002 e 2005,

    conforme a nova metodologia adotada pela Fundao SEADE. Neste aspecto,

    confirma-se a tendncia verificada desde 1999, apresentada na tabela 3,

    contabilizada pela metodologia anterior, tendncia que, por outro lado, no confirma,

    ao que parece, um crescimento to expressivo do setor agropecurio.

    Neste panorama, as contradies comeam a emergir quando se analisam

    os outros indicadores apresentados na tabela 4. Se verdade que houve uma

    diminuio lenta do nmero de estabelecimentos agropecurios, acompanhada

    pela diminuio do valor adicionado, houve, por outro lado, um aumento, ainda que

    pouco significativo, do nmero de vnculos empregatcios e, mais significativo, do

    rendimento mdio dos vnculos empregatcios, que quase dobrou entre 1999 e 2006,

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    aumento que no foi acompanhado pelo setor do comrcio (que permaneceu

    estvel) e de servios (que aumentou com menor intensidade). Neste aspecto, o setor

    da indstria acompanha a tendncia do setor agropecurio e revela-se, neste sentido,

    como o mais expressivo segmento em termos de arrecadao do ICMS, do

    crescimento do nmero de vnculos empregatcios e do aumento do rendimento

    mdio destes vnculos, cuja tendncia do aumento do valor adicionado tambm

    pressiona uma expanso. Em 2006, o setor industrial j era responsvel pelo emprego

    de mais de 47% do total de vnculos criados pelos setores econmicos em Amparo.

    No h, portanto, relao direta entre nmero de estabelecimentos e nmero de

    vnculos empregatcios. A indstria, com menor participao no nmero de

    estabelecimentos, emprega muito mais que o comrcio e servios. Diante deste

    panorama contraditrio, vale a pena analisar sucintamente a dinmica de cada um

    dos segmentos econmicos.

    No caso da agropecuria, os dados apontam para um desequilbrio na

    estrutura produtiva, dado principalmente pela dimenso das propriedades realmente

    produtivas. O resumo das UPAs, extrado do levantamento fornecido pela CATI

    (Coordenadoria de Assistncia Tcnica Integral) da Secretaria de Agricultura e

    Abastecimento do Estado de So Paulo, mostra que das 873 unidades produtivas, 778,

    ou 89% delas possuem at 50,1 hectares. Os outros 11% possuem entre 100,2 e

    1.000,2 hectares. Estes 11% representam 64% do territrio rural, enquanto os outros

    89% representam apenas 26% deste territrio. Os dados mostram ainda que 43% da

    rea das UPAs no so utilizadas para fins produtivos estes esto contabilizados em

    apenas 8,86%, entre culturas perenes ou temporrias, nmero que se eleva para

    40,32%, ao se somar a rea destinada para pastagens. Ressalte-se a baixa densidade

    produtiva e que se reflete nos nmeros apresentados pela Fundao SEADE. Esta

    estrutura no modificada, mesmo considerando que os crditos subsidiados

    concedidos pelo PRONAFI contribuem para o desenvolvimento da agricultura familiar,

    minoritria frente s grandes propriedades. Estas teriam condio de se expandir nos

    limites da pequena propriedade, sem que isso alavancasse, no entanto um

    desenvolvimento significativo ou alteraes na estrutura fundiria. Em uma das

    pequenas propriedades familiares visitadas na pesquisa de campo, onde h

    produo de frango e sunos, com 12 funcionrios, acopla-se uma pequena fbrica

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    de embutidos. Expanso econmica, associao da produo agrcola pequena

    indstria, a demanda por mo de obra qualificada foram questes apontadas nesta

    visita, demonstrando, com isso, que se trata de uma modificao a mdio e longo

    prazos, a depender de uma poltica mais ampla que inclua tambm a formao e

    qualificao profissional e uma diversificao produtiva.

    Informaes da Prefeitura Municipal indicam que o setor agropecurio

    emprega aproximadamente 77 mil trabalhadores temporrios nas safras sazonais

    como a do caf e eucalipto, por exemplo. Supe-se, porm, que grande parte destes

    trabalhadores no more no municpio, mas nas reas urbanas dos municpios vizinhos,

    j que as distncias de algumas propriedades a estes so, na maioria das vezes

    menor que a distncia com a rea urbana de Amparo. Supe-se ainda que aqueles

    trabalhadores permanentes das propriedades rurais, que representam parte daqueles

    que possuem vnculo empregatcio na agropecuria, possuem moradia prpria nas

    fazendas. Isto o que revelou um dos produtores rurais de uma propriedade mdia na

    visita de campo. Nos 250 alqueires, 120 hectares so ocupados por plantao de

    caf e o restante pelas 1.600 cabeas de gado. Os 45 funcionrios permanentes

    moram na fazenda em moradias prprias. Entre 50 e 60 funcionrios (que moram na

    cidade) permanecem em mdia 90 dias nas colheitas de caf e so agenciados em

    Santo Antnio da Posse e Itapira. Houve uma diminuio da produo do caf nesta

    propriedade, em parte causada pela falta de mo de obra (o que explica o

    aumento da renda mdia), parte pelo encarecimento dos insumos (um dos adubos

    utilizados subiu de R$ 780,00 para R$ 1.120,00 entre 2007 e 2008) ao mesmo tempo,

    em que houve uma queda do preo da saca de caf (R$ 246,00 em 2007 para R$

    239,00 em 2008). A concluso para este caso que o produtor pretende desistir da

    produo do caf e plantar eucalipto uma cultura que no necessita de grande

    quantidade de mo de obra e mais rentvel, segundo ele.

    Se este caso servir como exemplo, pode-se compreender o que representam

    os nmeros do SEADE no setor agropecurio. Supe-se, porm, que se a queda da

    produo provocar tambm a queda do emprego, mesmo que temporrio, no

    campo, este impacto no ser to visvel na rea urbana de Amparo, j que a maior

    parte destes trabalhadores no reside a. Possivelmente, pode-se esperar que estes

    outros municpios limtrofes, que j devem possuir problemas de moradia, sejam os

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    mais impactados, assim como os pequenos distritos e vilas rurais distantes da rea

    urbana. De qualquer forma, por ora, no se espera um aumento de demanda de

    trabalhadores nas atividades rurais que possam gerar grandes impactos no municpio,

    principalmente na sua rea rural. Mesmo partindo das informaes da Secretaria de

    Desenvolvimento Econmico, de que h perspectivas de se desenvolver um tipo de

    produo mais restrito s pequenas propriedades (agricultura familiar), com um

    aumento de produo pelo uso de novas tecnologias (biotecnologia) e trabalhadores

    mais qualificados, avanando-se a policultura, dado que a monocultura encontrar

    entraves pelas limitaes cada vez maiores de mo de obra rural, isto no significar

    grandes alteraes na estrutura social, que venha se transformar em significativas

    demandas por moradia.

    Quanto ao comrcio, servios e indstria, as perspectivas so um pouco

    diferentes, j evidenciadas pelas tendncias dos nmeros apresentados pela

    Fundao SEADE. No comrcio, embora a tabela 4 no tenha apresentado o valor

    adicionado, este includo junto aos servios, possvel analisar uma queda geral

    visualizada pelas informaes do valor adicionado fiscal, apresentadas pela

    Fundao SEADE. Esta renda caiu de 91,9 milhes de reais em 2000 para 80,7 milhes

    em 2006 e o impacto foi mais representativo no comrcio varejista (75,9 contra 67,4).

    Dos setores especficos, o nico que apresentou algum aumento foi o de lojas de

    departamentos (de 0,6 a 1,9) e o que teve pior desempenho foi o de revenda de

    automveis (17,2 para 11,2). No caso dos servios, a situao se inverte, j que o

    crescimento foi dos mais promissores, ao lado da indstria. A tabela 4 mostra que de

    2002 a 2005, o setor passou de 340,92 milhes de reais para 486,32 milhes de reais

    do valor adicionado. Este crescimento foi puxado por alguns tipos de atividades

    especficas, segundo os dados do valor adicionado fiscal apresentados pela

    Fundao SEADE, cujo valor total quase dobrou no perodo (70,8 milhes em 1998

    para 129,4 milhes em 2005). Estas so o setor de comunicaes (25,2 milhes em

    2000 para 34,8 milhes em 2005) e de transporte (18,5 em 2000 para 30,7 em 2005).

    Quanto indstria, que foi o setor que mais cresceu (217,9 de valor adicionado em

    2002 para 476 em 2005), evidenciam-se as produes de couros e calados que

    teve um crescimento exponencial (de 64,6 milhes em 2000 para 174,1, em 2005),

    de produtos qumicos (161,2 milhes em 2000 para 284,6 milhes em 2005), de

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    mquinas e equipamentos (28,3 milhes em 2000 para 45,6 em 2005), alm do

    papel e celulose (35,7 para 46,1 no mesmo perodo). Ao mesmo tempo, outros tipos

    de atividades apresentaram queda como o da indstria extrativa, metalurgia bsica,

    produtos de metal, madeira, mveis, vesturio e alimentcios. De longe, os dois tipos

    de indstrias que agregam maior valor em Amparo so as de produtos qumicos e

    alimentcios.

    Amparo situa-se em uma base produtiva potencial de desenvolvimento

    econmico e verifica-se uma tendncia de crescimento das atividades industriais,

    setor econmico que cria mais postos de empregos, oferece melhores salrios e gera

    maiores transferncias de receitas. Supe-se que no perfil populacional de Amparo

    predomine, hoje, o do trabalhador da indstria, condio que poder se modificar

    com uma maior diversificao econmica esperada, considerando as questes que

    sero analisadas mais a frente.

    1.1.3. O Plano Diretor e as diretrizes de desenvolvimento econmico

    As polticas pblicas e estratgias de desenvolvimento econmico traadas

    para Amparo esto compreendidas na realidade econmica representada pelos

    nmeros acima discutidos. Mas se h uma srie de tendncias demonstradas nas

    estatsticas econmicas oficiais, h, por outro lado, iniciativas polticas determinadas

    pelo desejo de reverter tendncias e rumos identificados. Algumas diretrizes da

    Secretaria de Desenvolvimento Econmico da Prefeitura Municipal demonstram

    isso: promover o desenvolvimento e a integrao regional do municpio estimulando

    empreendimentos que permitam a gerao de novos empregos; fortalecer

    segmentos do setor industrial, comercial, rural e de servios de micro e pequeno porte,

    por meio de ao concentrada nas reas de capacitao gerencial e tecnolgica;

    estimular o desenvolvimento da produo rural do Municpio; incentivar o turismo,

    como fator de desenvolvimento econmico e social; desenvolver infraestrutura

    turstica, promovendo a afirmao dos valores culturais, histricos e ambientais locais

    e incrementar a atrao e a gerao de eventos tursticos. Estas diretrizes, como se

    v, confrontam tendncias determinadas pelo crescimento da grande indstria, dos

    servios de comunicaes e transportes e certa estagnao dos setores de

    comrcio e agropecurio.

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    A dinmica scio-econmica futura do municpio depender de como tais

    diretrizes sero implementadas trata-se de cenrios possveis que podero trazer

    impactos sobre o crescimento populacional, recomposio das faixas de renda,

    crescimento ou no da economia informal, crescimento e recomposio das

    receitas, etc. A depender dos objetivos e diretrizes traados pelo plano diretor, Amparo

    poder ter crescimento populacional mais expressivo (se tomado pelo baixo

    crescimento dos ltimos oito anos) associado a um desenvolvimento econmico

    prspero e diversificado. A diversificao produtiva, com vrias frentes alinhadas s

    principais potencialidades do municpio foi a tnica incorporada ao plano. Neste

    sentido, os cinco segmentos contemplados na poltica de desenvolvimento

    econmico: a indstria, o comrcio, os servios, a agropecuria, o turismo e a

    economia solidria consolidaro a diversificao econmica associada ao

    desenvolvimento de setores hoje em leve declnio.

    Nos objetivos da poltica, ressaltam-se as misses que j estavam explicitadas

    por diretrizes da Secretaria de Desenvolvimento Econmico, de contribuir para a

    valorizao do trabalho, a distribuio da renda e o desenvolvimento social do

    Municpio; de favorecer o desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais (APL);

    possibilitar a diversidade de atividades produtivas (industriais e agropecurias),

    comerciais, tursticas e de servios no Municpio; apoiar a formao de associaes e

    cooperativas auto-gestionrias, e as formas solidrias de organizao do trabalho e

    at de incentivar a instalao de empresas de produo de bens e servios de alto

    valor agregado. Nas diretrizes, esto o estmulo ao empreendedorismo local, a

    utilizao de instrumentos legais que viabilizem reas ao desenvolvimento de setores

    econmicos, a qualificao dos trabalhadores, alm da realizao de gestes para a

    manuteno e ampliao da infraestrutura logstica, considerando a diversificao

    dos meios de transporte e a busca pela presena de empresas e produtores de

    variados portes estratgias fundamentalmente importantes para de fato, propiciar o

    interesse de empresas a se instalarem em Amparo e, alm disso, promover uma

    sinergia dos vrias tipologias e portes.

    Entre as diretrizes propostas para cada um dos planos setoriais de

    desenvolvimento econmico, destacam-se algumas aes que podem ser

    importantes para a realizao das diretrizes, com interferncia direta no territrio,

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    inclusive. No caso da indstria, pretende-se buscar formas associativas de ocupao

    do territrio, com a implantao de condomnios industriais e distritos industriais para

    compartilhar equipamentos, servios e logstica. Pretende-se tambm possibilitar que

    novas empresas se instalem ao longo da rodovia SP 95, no trecho entre o municpio e

    Pedreira. Importante destacar ainda a pretenso em se elaborar estudos e

    estabelecer parcerias, buscando recursos para a implantao de ferrovia e

    infraestrutura aeroporturia, bem como a melhoria e ampliao das rodovias

    estaduais que servem o municpio. Estas so iniciativas para as quais, de certa forma,

    j foram dados os primeiros passos. Se elas se implementarem ao longo dos prximos

    5 ou 6 anos, possvel que se visualize um pequeno incremento populacional a partir

    de um saldo migratrio o nico componente que tem evoludo ascendentemente

    em Amparo, inclusive, nos ltimos anos.

    No campo do comrcio e servios, pretende-se fortalecer o municpio como

    centro de comrcio e servio micro-regional do circuito das guas. Interessante pensar

    esta estratgia em uma realidade na qual o valor adicionado fiscal do comrcio tem

    sofrido uma queda, ao lado de uma elevao, verdade, do setor de servios. De

    fato, em termos de valor adicionado, Amparo s perde para Jaguarina e tem

    apresentado uma evoluo positiva, mas importante pensar qual ser a

    caracterstica do setor de comrcio e servios e qual ser o potencial de criao de

    novos postos de trabalho. Pelo plano, pretende-se adequar o porte dos negcios s

    restries da infraestrutura e estabelecer parcerias com entidades comerciais locais

    para a implementao do plano. Mas, o potencial turstico de Amparo aponta para o

    seu vnculo regional no campo do comrcio e servios e para uma associao entre

    o desenvolvimento destes setores com o do segmento do turismo, questo que, se

    bem trabalhada, demandar uma re-estruturao mais radical da infraestrutura

    existente. Se, de fato, houver um desenvolvimento do potencial turstico de Amparo,

    tornando o municpio, uma das referncias do roteiro de cidades histricas paulistas,

    ser inevitvel que esta re-estruturao ocorra. sob esta tica que duas das aes

    propostas para o turismo esto colocadas: estimular a ampliao do horrio de

    funcionamento do comrcio, inclusive com negcios abertos 24 horas, para atender

    s necessidades da atividade turstica e desenvolver estratgias regionais de

    desenvolvimento conjunto do turismo no Plo Turstico do Circuito das guas Paulista,

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    atravs do Consrcio intermunicipal com os demais Municpios integrantes do Circuito.

    S modificaes mais radicais, de re-estruturao a mdio e longo prazo, da

    formao de clusters e de um empenho de iniciativas interessadas em criar um

    campo sinergtico do turismo, podero trazer algum tipo de incremento populacional

    atrado por estes investimentos nos prximos anos.

    Por fim, o setor agropecurio, talvez o mais vulnervel e o que menor

    impacto trar na dinmica scio-econmica do municpio foi includo no plano,

    vinculado a uma ampla poltica de sustentabilidade ambiental. Neste sentido,

    ressaltam-se mais os limites e restries, do que propriamente, as potencialidades.

    Estas esto representadas por algumas aes como: diversificao do uso agrcola do

    solo; garantia do acesso informao e assistncia tcnica; estmulo utilizao de

    novas tecnologias que protejam o meio ambiente e melhorem a eficincia na

    produo rural; o estabelecimento de estratgias que garantam o transporte da

    produo rural e sua comercializao e a ampliao dos programas de certificao.

    Como j havia sido apontado acima, h uma potencialidade representada pelo

    aumento da agricultura familiar, mas que no passar, ao que parece, por um re-

    arranjo fundirio muito radical. Qualquer incremento populacional, neste caso, ficar

    restrito s macrozonas rurais e no ser sentido no ncleo urbano, considerando os

    apontamentos j feitos acima.

    1.1.4. Caractersticas scio-econmicas da populao e possveis

    impactos da dinmica econmica futura

    A maior surpresa recente acerca da caracterizao demogrfica da

    populao brasileira foi a queda previses estatsticas como a que foi realizada pela

    Fundao SEADE. Ao trabalhar com uma metodologia clssica de projeo, que

    considerou natalidade, mortalidade e migrao, a Fundao SEADE apresentou um

    nmero que passou longe daquele demonstrado pela recontagem de 2007, que

    pode ser visualizado pela tabela a seguir:

    Tabela 5 - Evoluo populacional de Amparo e projees

    Amparo SP

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    Ano 1970 1980 1991 2000 2007 (recontagem

    IBGE)

    2007 (projeo SEADE)

    2010 (projeo SEADE)

    Populao 31.737 41.466 50.477 60.305 62.692 66.089 68.395 TGA 1,8 2 1,3

    Fonte: Informaes dos Municpios paulistas, Fundao SEADE, 2008 e PAGAN, Jos Bonjuani, 2006

    Como se v, as projees realizadas pela Fundao SEADE superestimaram o

    nmero de habitantes total no municpio. Esta recontagem poder, inclusive, colocar

    em cheque a projeo realizada para 2010, apresentada pela mesma Fundao e

    confrontar outras estimativas j realizadas como a do prprio Prefeito Municipal no

    relatrio denominado Bases para o Plano Diretor 2006, elaborado em 2006, um ano

    antes da recontagem do IBGE. Neste texto, Cesar Pagan admite, corretamente, uma

    desacelerao do crescimento no municpio, seguindo a tendncia nacional da

    reduo da taxa de crescimento populacional. Nas estimativas representadas pela

    curva de desacelerao exponencial da populao, o Prefeito estimou que a

    populao ter em torno de 96 mil habitantes em 2106. Comparando ao que hoje j

    ocorre na Europa, cujos ndices oscilam prximos de 0,1% ao ano, Pagan considera

    que j tenha iniciado uma estabilizao do crescimento populacional em Amparo,

    ainda que, nas suas projees, apresente um nmero, para 2010, prximo do que

    apresentou a Fundao SEADE, todos questionados perante o nmero revelador da

    recontagem de 2007. Significa dizer que as metodologias estatsticas no

    aprofundaram alguns fatores substanciais que tm interferido consideravelmente na

    desacelerao do crescimento populacional.

    interessante observar o que apresentou, por exemplo, a Pesquisa Nacional

    por Amostra de Domiclios de 2007 (PNAD) realizada pelo Instituto de Pesquisa

    Econmica Aplicada. (IPEA), quanto aos aspectos demogrficos. A pesquisa

    demonstra uma tendncia de continuao da queda da taxa de fecundidade total

    para nveis abaixo aos de reposio, de 1,83 filhos por mulher. O grfico da evoluo

    da taxa de crescimento populacional entre 1940 e 2035 apresentado no relatrio

    mostra a queda vertiginosa desta taxa entre 1991 e 2000 e a sua inverso para valores

    negativos (com real diminuio da populao de todo o territrio nacional) a partir de

    2030. Isto se refletir no fenmeno j conhecido em vrios pases da Europa, na

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    redistribuio etria e envelhecimento da populao, com a queda da taxa de

    mortalidade. Segundo o PNAD 2007, a populao menor de 15 anos que fora

    responsvel por 33,8% da populao total em1992 passou a constituir 25,2% desta

    populao em 2007. Por outro lado, a populao idosa que respondia por 7,9% da

    populao brasileira passou a responder por 10,6%. A populao em idade ativa

    tambm aumentou a sua participao, tendo passado de 58,3% para 64,2%. Quanto

    s projees, assim descreve o relatrio: As perspectivas vislumbradas nas projees

    mencionadas so de acelerado envelhecimento populacional (...). Alguns grupos

    populacionais j esto experimentando taxas negativas de crescimento, aqueles com

    idades abaixo de 30 anos, e continuaro a experimentar e outros passaro a

    experimentar ao longo do perodo da projeo. Entre 2030-2035, os nicos grupos

    populacionais que devero apresentar crescimento positivo so os de idade superior a

    45 anos.

  • 24 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

    d .e .m .a .c .a .m .pplanejamento, projeto e consultoria s/c ltda

    Grficos 1, 2 e 3 apresentados no Relatrio Demografia e Gnero - PNAD 2007 do IPEA

    1

    2

  • 25 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

    d .e .m .a .c .a .m .pplanejamento, projeto e consultoria s/c ltda

    O primeiro grfico acima mostra a taxa de fecundidade total entre 1992 e

    2000, que passou de 2,8 (em 1992) para 1,8 (em 2007), abaixo da taxa de

    fecundidade total de reposio (linha preta). O segundo grfico mostra a taxa de

    crescimento da populao brasileira entre 1940 e 2035 que passou de mais de 3

    (1950/1960) para quase 1 (2000/2010) e o terceiro mostra a pirmide etria mostrando

    a composio etria entre homens (em azul) e mulheres (em vermelho) entre 2000

    (cor mais escura) e 2035 (cor mais clara).

    Se Amparo acompanhar estas tendncias, tudo indica que tanto as

    projees da Fundao SEADE para 2010, como as do Prefeito, para 2016, no se

    concretizaro. Mas isto depender tambm da prpria dinmica econmica que se

    promover no municpio nos prximos anos, considerando que um cenrio mais

    3

  • 26 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

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    otimista, representado pelos objetivos e diretrizes do plano diretor, depender,

    substancialmente, de aes institucionais vinculadas a polticas pblicas para

    alavancar o desenvolvimento que se espera, j que, por si s, iniciativas isoladas no

    se viabilizaro. Estas polticas passam, por exemplo, pelas diversas aes

    estabelecidas pelo plano diretor, como a formao de distrito industrial e condomnio

    industrial, apoio logstico, urbanizao de reas comerciais, etc. Ao que parece, esta

    uma das poucas possibilidades que podero modificar um pouco a tendncia da

    dinmica populacional para os prximos anos. Os nmeros mostram que tendncias

    parecidas com as que esto acontecendo no restante do pas tambm ocorrero em

    Amparo, revelando alguns aspectos contemporneos que indicam a pouca

    probabilidade de que as dinmicas que ocorreram no sculo XX se repetiro, pelo

    menos nos prximos anos. Entre estes aspectos esto: as altas taxas de urbanizao e

    o desaparecimento do xodo rural, como fenmeno intrnseco da relao cidade-

    campo nos primeiros setenta anos do sculo XX no Brasil; as modificaes culturais

    definidas pelo fenmeno da urbanizao que determinou a constituio de famlias

    mais condensadas; a tendncia mundial da queda do emprego formal e as

    dificuldades advindas do aumento do custo de vida que tm desestimulado a

    natalidade; as mudanas do padro familiar; a melhoria lenta, mas crescente, das

    condies scio-econmicas e de escolaridade da populao que propiciou maior

    esclarecimento sobre os problemas da maternidade; entre outros.

    Nesta perspectiva, cabe dizer, com alguma segurana que Amparo no

    sofrer grandes impactos no tamanho populacional, mesmo considerando que ainda

    as regies metropolitanas, como a de Campinas, exercem atrao e so focos de

    imigrao de outras regies do pas. Prxima deste plo e, de certa forma, vinculada

    a uma trama que passa pela centralidade metropolitana de Campinas, Amparo

    poder ter alguns saltos migratrios assim revela a tendncia apontada pelos

    nmeros da Fundao SEADE entre 1991 e 2007:

    Nesta perspectiva, cabe dizer, com alguma segurana que Amparo no

    sofrer grandes impactos no tamanho populacional, mesmo considerando que ainda

    as regies metropolitanas, como a de Campinas, exercem atrao e so focos de

    imigrao de outras regies do pas. Prxima deste plo e, de certa forma, vinculada

  • 27 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

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    a uma trama que passa pela centralidade metropolitana de Campinas, Amparo

    poder ter alguns saltos migratrios assim revela a tendncia apontada pelos

    nmeros da Fundao SEADE entre 1991 e 2007:

    Tabela 6 Dinmica populacional em Amparo

    Amparo SP

    Ano Taxa de fecundidade (por mil mulheres entre 15 e 49

    anos)

    Taxa de natalidade geral (por mil habitantes)

    Taxa de mortalidade geral (por mil habitantes)

    Saldo migratrio

    Taxa liquida de

    migrao (por mil

    habitantes) 1991 73,97 19,06 6,95 118 2,56 1992 70,62 18,32 7,4 1993 64,48 16,85 7,76 1994 68,4 17,99 7,38 1995 65,8 17,42 7,61 1996 64,37 17,16 8,02 1997 66,44 17,82 7,69 1998 58,88 15,89 8,14 1999 59,53 16,17 7,51 2000 55,1 15,06 7,36 566 10,22 2001 53,08 14,56 7,01 2002 47,57 13,11 7,28 2003 48,37 13,38 6,78 2004 45,4 12,6 6,87 2005 43,61 12,15 6,98 2006 42,56 11,82 6,41 Fonte: Informaes dos Municpios paulistas, Fundao SEADE, 2008

    A tabela anterior mostra o mesmo quadro apresentado para a realidade

    nacional: queda acentuada da taxa de fecundidade acompanhada da queda da

    taxa de natalidade e uma queda mais leve da taxa de mortalidade, principalmente

    se comparada no perodo entre 1992 e 2002. A taxa de fecundidade, inclusive, caiu

    pela metade entre 1991 e 2006, revelando, de fato, a tendncia mais expressiva de

    todos os outros indicadores. Por outro lado, o saldo migratrio, demonstrado para os

    anos de 1991 e 2000, apresentou um incremento significativo em 2000, representado

    por uma taxa de mais de 10%, j quase equiparado, portanto, taxa de natalidade

    em 2006. H, como se v, um acompanhamento do que ocorre no restante do Brasil

  • 28 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

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    e isso no significa uma diminuio radical da populao do municpio, mas que o

    incremento, se houver, dar-se-, como j explicitado, por atraes advindas das

    mudanas produtivas locais ou decorrentes de fatores externos, estas menos provveis

    dada a realidade regional de Amparo e sua insero neste complexo.

    Se por um lado observa-se em Amparo uma queda acentuada, portanto, da

    taxa geomtrica de crescimento anual da populao, por outro, percebe-se tambm

    uma contradio entre os indicadores que medem as condies de vida,

    demonstrada pela relao entre IDH, renda, GINI e escolaridade. O IDH do municpio

    de Amparo teve acentuada elevao, passando de 0,720, em 1980, para 0,749 em

    1991 e para 0,806, em 2000. Entre 1991 e 2000, j se observou, inclusive, um

    aumento da renda mdia per capita geral que passou de R$ 301, 57 em 1991 para

    445,54 em 2000, alm de uma queda dos percentuais de pessoas responsveis pelos

    domiclios particulares permanentes com rendimento de at 3 salrios mnimos e um

    aumento do percentual daquelas com rendimento superior a 3 salrios mnimos,

    conforme demonstra a tabela a seguir:

    Tabela 7 - Renda e Rendimento - Pessoas Responsveis pelos Domiclios Particulares Permanentes (1991 e 2000) em Amparo

    Amparo SP

    Faixas 1991 (em %) 2000 (em %) Sem rendimento 1,56 3,66 Com rendimento at salrio mnimo 5,01 0,18 Com rendimento entre e 1 salrio mnimo 11,1 9,07 Com rendimento entre 1 e 2 salrios mnimos 24,08 17,31 Com rendimento entre 2 e 3 salrios mnimos 17,7 15,94 Com rendimento entre 3 e 5 salrios mnimos 17,64 22,06 Com rendimento entre 5 e 10 salrios mnimos 14,23 19,91 Com rendimento maior que 10 salrios mnimos 8,59 11,87 Fonte: Informaes dos Municpios paulistas, Fundao SEADE, 2008

    Por outro lado, chama a ateno os 46,16% das pessoas responsveis pelo

    domiclio que tm rendimento de at trs salrios mnimos1, situao que melhorou

    1 Deve-se atentar que esta composio de rendimento nominal por responsvel pelo domiclio distorce a informao sobre o rendimento mensal familiar dos domiclios urbanos fornecida pela Fundao Joo Pinheiro a partir dos dados do universo do Censo de 2000. Neste estudo, a faixa de renda familiar de at 3 salrios mnimos era de 17,7%; de 3 a 5, 19,06%; de 5 a 10, 30,84% e mais que 10, 32,4%. Enquanto na declarao do rendimento nominal da pessoa

  • 29 r. dirce barbieri gianese, 167 vila so joo b.geraldo campinas sp cep 13084-568 Tele-mail /fax: 19.3289.0357 [email protected]

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    perto dos 59,45% com renda de at trs salrios em 1991, mas que ainda revela

    preocupaes. Ao mesmo tempo em que se revelou uma tendncia geral de

    melhoria das condies de rendimento da populao, situao que provavelmente o

    censo de 2010 ratificar, observou-se uma elevao considervel do ndice de GINI,

    que passou de 0,46 para 0,54, o que significa uma elevao da concentrao de

    renda e, conseqentemente da desigualdade social entre 1991 e 2000. Segundo o

    Atlas do Desenvolvimento Humano publicado pelo PNUD em 2003, enquanto a renda

    mdia per capita do 1 quinto mais pobre da populao de Amparo subiu de R$

    74,63 para R$ 81,34 de 1991 para 2000, a do dcimo mais rico subiu de R$ 1.111,04

    para R$ 1.933,58 no mesmo perodo. A intensidade da pobreza, que a distncia

    que separa a renda domiciliar mdia dos indivduos pobres (com renda domiciliar per

    capita inferior a R$ 75,50) do valor da linha de pobreza medida em termos de

    percentual dessa linha de pobreza, subiu de 33,27 para 36,91 em Amparo, segundo o

    mesmo Atlas. Tudo isto indica, portanto, que se trata de uma melhoria dos padres de

    rendimento que no equilibrou a distribuio de renda por toda a populao da

    mais pobre mais rica. Ainda que seja necessrio interpretar os dados dos ltimos oito

    anos, uma vez que a PNAD 2007 mostrou uma queda importante do ndice de GINI

    em todo o pas, pode-se supor que Amparo est na contramo das tendncias

    brasileiras de diminuio, ainda que leve, das desigualdades sociais. A tabela a seguir

    demonstra como em Amparo, a desigualdade cresceu significativamente em

    relao, inclusive aos demais municpios da microrregio da qual participa:

    Tabela 8 - Coeficiente de GINI entre 1991 e 2000 para a Microrregio de

    Amparo

    Microrregio de Amparo SP

    Municpio GINI em 1991 GINI em 2000 guas de Lindia 0,58 0,54 Amparo 0,46 0,54 Lindia 0,49 0,5 Monte Alegre do Sul 0,43 0,51 Pedra Bela 0,45 0,48 Pinhalzinho 0,52 0,5 Serra Negra 0,54 0,55

    responsvel, a porcentagem com faixa salarial acima de 5 salrios mnimos era de 22,82%, na familiar, era de 63,24%.

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    Socorro 0,49 0,5 Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD (www.undp.org.br)

    Do ponto de vista da escolaridade, tambm possvel perceber uma melhoria

    sensvel entre 1991 e 2000, ainda que seja possvel visualizar grandes situaes de

    vulnerabilidade, com taxa de analfabetismo considervel e mais de 60% da

    populao com menos de oito anos de estudo. A taxa de analfabetismo caiu de

    11,05, em 1991, para 7,09, em 2000. Isto demonstra que, ao lado dos padres de

    rendimento da populao, h uma parcela que no satisfaz s necessidades bsicas

    de vida e esta s poder ser re-includa atravs de programas sociais que privilegiem

    estas situaes. A tabela a seguir mostra alguns destes indicadores do quadro

    educacional no municpio:

    Tabela 9 Indicadores de Educao em Amparo (1991-2000) Amparo SP

    Varivel 1991 2000

    Mdia de Anos de Estudos da Populao de 15 a 64 Anos 7,35 Populao de 25 Anos e Mais com Menos de 8 Anos de Estudo (Em %) 60,5 Taxa de Analfabetismo da Populao de 15 Anos e Mais (Em %) 11,05

    7,09

    Fonte:Informaes dos Municpios paulistas, Fundao SEADE, 2008

    A combinao destes e de outros indicadores pode compor o chamado

    ndice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), criado pela Fundao SEADE para

    medir estas situaes em cada um dos municpios paulistas. A explicao para a

    criao deste ndice de que a vulnerabilidade social decorre de fenmenos

    diversos, com causas e conseqncias distintas, obtendo-se uma viso mais

    abrangente das condies de vida e dos riscos sociais que atingem os vrios

    segmentos populacionais, assim como das possibilidades de sua superao ou

    minimizao. Para a Fundao SEADE, a vulnerabilidade pobreza no se limita em

    considerar a privao de renda, central nas medies baseadas em linhas de

    pobreza, mas tambm a composio familiar, as condies de sade e o acesso a

    servios mdicos, o acesso e a qualidade do sistema educacional, a possibilidade de

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    obter trabalho com qualidade e remunerao adequadas, a existncia de garantias

    legais e polticas, etc.

    Trabalhado espacialmente atravs dos setores censitrios do IBGE, o

    indicador resultante consiste em uma tipologia derivada da combinao entre duas

    dimenses socioeconmica e demogrfica , que classifica o setor censitrio em

    seis grupos de vulnerabilidade social. A dimenso socioeconmica compe-se da

    renda apropriada pelas famlias e do poder de gerao da mesma por seus membros

    e a demogrfica est relacionada ao ciclo de vida familiar. Os seis grupos foram

    assim distribudos:

    Grupo 1 Nenhuma Vulnerabilidade: engloba os setores censitrios em

    melhor situao socioeconmica (muito alta), com os responsveis pelo domiclio

    possuindo os mais elevados nveis de renda e escolaridade. Apesar de o estgio das

    famlias no ciclo de vida no ser um definidor do grupo, seus responsveis tendem a

    ser mais velhos, com menor presena de crianas pequenas e de moradores nos

    domiclios, quando comparados com o conjunto do Estado de So Paulo.

    Grupo 2 Vulnerabilidade Muito Baixa: abrange os setores censitrios que se

    classificam em segundo lugar, no Estado, em termos da dimenso socioeconmica

    (mdia ou alta). Nessas reas concentram-se, em mdia, as famlias mais velhas.

    Grupo 3 Vulnerabilidade Baixa: formado pelos setores censitrios que se

    classificam nos nveis altos ou mdios da dimenso socioeconmica e seu perfil

    demogrfico caracteriza-se pela predominncia de famlias jovens e adultas.

    Grupo 4 Vulnerabilidade Mdia: composto pelos setores que apresentam

    nveis mdios na dimenso socioeconmica, estando em quarto lugar na escala em

    termos de renda e escolaridade do responsvel pelo domiclio. Nesses setores

    concentram-se famlias jovens, isto , com forte presena de chefes jovens (com

    menos de 30 anos) e de crianas pequenas.

    Grupo 5 Vulnerabilidade Alta: engloba os setores censitrios que possuem

    as piores condies na dimenso socioeconmica (baixa), estando entre os dois

    grupos em que os chefes de domiclios apresentam, em mdia, os nveis mais baixos

    de renda e escolaridade. Concentra famlias mais velhas, com menor presena de

    crianas pequenas.

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    Grupo 6 Vulnerabilidade Muito Alta: o segundo dos dois piores grupos em

    termos da dimenso socioeconmica (baixa), com grande concentrao de famlias

    jovens. A combinao entre chefes jovens, com baixos nveis de renda e de

    escolaridade e presena significativa de crianas pequenas permite inferir ser este o

    grupo de maior vulnerabilidade pobreza.

    Em Amparo, o quadro da vulnerabilidade social foi sintetizado pela Fundao

    SEADE na seguinte tabela, onde podem ser visualizados os indicadores trabalhados

    nesta composio:

    Tabela 10 Indicadores que compem o IPVS em Amparo Amparo SP

    Indicadores Grupos de vulnerabilidade Total 1 2 3 4 5 6

    Populao Total 1.703 23.600 10.220 6.807 16.745 1.138 60.213 Percentual da Populao 2,8 39,2 17,0 11,3 27,8 1,9 100,0 Domiclios Particulares 553 6.951 2.736 1.794 4.464 276 16.774 Tamanho Mdio do Domiclio (em pessoas) 3,1 3,4 3,7 3,8 3,7 4,1 3,6 Responsveis pelo Domiclio Alfabetizados (%) 100,0 95,0 93,8 93,4 87,7 85,1 92,7 Responsveis pelo Domiclio com Ensino Fundamental Completo (%) 81,9 45,7 34,5 30,0 22,7 14,5 36,7 Anos Mdios de Estudo do Responsvel pelo Domiclio 11,5 7,2 5,9 5,5 4,8 4,0 6,3 Rendimento Nominal Mdio do Responsvel pelo Domiclio (em reais de julho de 2000) 2.708 1.159 660 588 554 655 898 Responsveis com Renda de at 3 Salrios Mnimos (%) 6,7 36,5 46,7 50,8 62,7 66,7 46,2 Responsveis com Idade entre 10 e 29 Anos (%) 5,1 8,4 14,9 21,5 12,4 21,0 12,0 Idade Mdia do Responsvel pelo Domiclio (em anos) 51 51 44 41 48 41 48 Mulheres Responsveis pelo Domiclio (%) 23,9 26,1 18,5 14,2 17,8 11,6 21,1 Crianas de 0 a 4 Anos no Total de Residentes (%) 4,8 5,6 8,2 10,2 7,9 13,3 7,3 Populao Total 1.703 23.600 10.220 6.807 16.745 1.138 60.213 Fonte: IPVS, Fundao SEADE, 2008

    Como se v, Amparo apresenta expressivos nmeros de vulnerabilidade 4, 5

    e 6, que perfazem 41% do total da populao do municpio. Nestes nveis, os

    responsveis pelo domiclio com ensino fundamental completo no passam de 30%,

    os anos mdios de estudo do responsvel pelo domiclio no passam de 5,5 anos, o

    rendimento nominal mdio do responsvel no passa de R$588,00, os responsveis

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    com renda de at 3 salrios mnimos no passa de 50,8 para o grupo 4 e 66,7 para o

    grupo 6, enfim. Considerando a incidncia de vrias destas situaes para uma

    mesma famlia, pode-se imaginar a problemtica hoje apresentada no municpio,

    agregando ncleos de pobreza que podem se refletir no padro habitacional

    existente.

    Se comparada com o estado de So Paulo, a realidade de Amparo no

    das melhores, principalmente em relao ao nvel 5 (alto), no qual supera em mais de

    10% o nvel mdio do estado. A esto os grupos familiares constitudos por indivduos

    mais velhos, com baixo nvel de renda e escolaridade. De fato, os 27,8% expressam

    um perfil populacional revelador das perspectivas apontadas pelo PNAD do

    progressivo envelhecimento populacional e sua entrada crescente nos grupos de

    vulnerabilidade, frente, inclusive, s frgeis polticas de seguridade social para os

    segmentos mais idosos.

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    6,9

    23,3 22,220,2

    17,6

    9,8

    2,8

    39,2

    17,0

    11,3

    27,8

    1,9

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    40,0

    45,0

    1- Nenhuma

    Vulnerabilidade

    2- Muito Baixa 3- Baixa 4- Mdia 5- Alta 6- Muito Alta

    Em %

    Estado Amparo

    Grfico 4 Distribuio da Populao, segundo Grupos do ndice Paulista de Vulnerabilidade Social IPVS 2000 - Estado de So Paulo e Municpio de Amparo

    Fonte: IPVS, Fundao SEADE, 2008

    Alm disso, a Fundao SEADE tambm apresenta o mapa do municpio

    onde esto espacializados os vrios grupos de vulnerabilidade social. Localizados mais

    nas pores sudoeste e sudeste do municpio, observa-se justamente uma

    coincidncia com as zonas que eram mais permissivas para a ocupao pela lei de

    Uso e Ocupao do Solo de 1981. noroeste, est uma grande poro de grupos

    residentes de nvel 4 certamente representados pelos loteamento mais populares,

    muitos irregulares.

    Pode-se concluir, com estas informaes e anlises que a questo

    habitacional no isolada na problemtica scio-econmica do municpio. Supe-se

    que, mesmo com a queda da taxa de crescimento populacional, as situaes de

    vulnerabilidade aumentem e para enfrent-las, polticas de habitao isoladas no

    sero suficientes. As polticas integradas sero fundamentais para reverter um quadro

    de desigualdades que alguns indicadores demonstraram em Amparo. Mais frente,

    ser explicitada a problemtica especfica no campo da habitao.

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    Mapa 2 - ndice Paulista de Vulnerabilidade Social - Municpio de Amparo - 2000

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    1.2. Promoo Imobiliria

    A dinmica da promoo habitacional privada em Amparo seguiu uma

    lgica semelhante a de outros municpios paulistas de porte pequeno, ainda que seja

    possvel afirmar que ela tenha sido peculiar em alguns sentidos. Ao que parece, pelas

    informaes consultadas sobre esta dinmica, Amparo passou por um processo mais

    acelerado de urbanizao a partir da dcada de 1950 que se consolidou pela

    implantao de loteamentos fixados, em anos precedentes (at a dcada de 1970),

    no interior do permetro urbano, nas imediaes da rea central e, em anos

    posteriores (aps 1970), para alm destas imediaes, configurando um padro

    urbanstico espraiado e disperso e que ultrapassou, inclusive, o permetro urbano em

    alguns momentos. A verticalizao e implantao de empreendimentos

    condominiais, assim como a construo de pequenas vilas residenciais - tipologia que

    j vinha sendo empreendida desde os primeiros anos do sculo XX, tambm

    ocorreram, mas com menor intensidade. Por outro lado, o padro caracterizado pela

    produo de lotes unifamiliares utilizados para a construo de residncias isoladas

    predominou e possvel admitir vrias razes para isso, entre as quais, de que este tipo

    de promoo foi mais lucrativa para os empreendedores. Do ponto de vista

    urbanstico, o resultado foi a constituio de uma malha horizontal e descontnua de

    loteamentos implantados em dcadas diferentes e com vrios padres de

    regularidade fundiria e urbanstica.

    Quanto promoo pblica, ela se deu, na maior parte das vezes, em

    associao entre as vrias esferas de governo, respondendo, de certo modo, a parte

    da demanda por moradia existente, mas que no se refletiu em uma produo

    expressiva. O que se observa neste caso que a timidez das intervenes pblicas na

    produo da moradia social, considerando, inclusive, o modelo da poltica

    habitacional traado ps-BNH, tambm ocorreu em Amparo. Tratada como uma

    poltica de crdito e financiamento habitacional e caracterizada pela omisso da

    produo pblica de moradia, o modelo atendeu a segmentos da classe mdia, a

    partir do sistema financeiro atrelado produo privada, deixando de realizar, durante

    anos, uma poltica de subsdios para atender s classes menos favorecidas. Esta

    ausncia (e falha) da poltica habitacional brasileira, tratada no mbito de um sistema

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    financeiro regulado, abriu frentes para uma diversidade da produo espontnea

    que passa por solues que vo desde a ocupao e invaso de reas imprprias

    produo de loteamentos irregulares e clandestinos. Cabe destacar ainda que a

    promoo filantrpica, ou se quisermos usar um termo mais contemporneo, do

    terceiro setor, ganhou um peso relativo em Amparo, com a atuao de uma

    entidade assistencial denominada Associao Damas de Caridade instituio

    tradicional da elite amparense que conseguiu adquirir, ao longo dos anos, um

    conjunto de imveis habitacionais utilizados como um parque imobilirio de locao

    subsidiada. Esta atuao no desprezvel, ainda que este parque seja de

    propores muito reduzidas. certo, porm, que parte da populao vulnervel de

    Amparo, especialmente aquela constituda por idosos, atendida por esta ao

    assistencial, contribuindo, ainda que de forma tmida, com as polticas pblicas de

    habitao social.

    1.2.1. Promoo privada de habitao

    Na pesquisa de informaes sobre a promoo privada de habitao em

    Amparo, procurou-se compreender como se deu a produo de moradia pelos

    incorporadores e empreendedores nos ltimos anos e quais foram, grosso modo, as

    parcelas populacionais atendidas por estas tipologias de promoo. Pretendia-se

    tambm verificar como a oferta ou falta de oferta se reflete na demanda e no dficit

    habitacional estimado, assunto que ser analisado mais a frente. Se em temos

    quantitativos, difcil chegar a alguma concluso sobre o que representa este

    atendimento ao longo dos anos, possvel, no entanto, identificar alguns

    comportamentos e tendncias. Uma pesquisa realizada com as empresas de venda e

    locao imobiliria e com os empreendedores contribuiu para uma caracterizao

    desta dinmica.

    Uma primeira entrada para esta compreenso analisar a produo de

    loteamentos no municpio. Segundo informaes da Secretaria Municipal de

    Desenvolvimento Urbano, foram implantados em Amparo cerca de 130 loteamentos

    desde a dcada de 1950, nem todos aprovados ou regularizados. Deste total, 2 foram

    aprovados na dcada de 1950, 4 na dcada de 1960, 43 na dcada de 1970, 28 na

    dcada de 1980, 21 na dcada de 1990 e 7 na dcada de 2000. Constam ainda 23

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    loteamentos sem aprovao ou em aprovao e 2 sem informaes sobre as datas

    de aprovao. Percebe-se, portanto, que as dcadas de 1970 e 1980 foram as mais

    aquecidas em termos de produo imobiliria de loteamentos, produo esta que

    diminuiu nas dcadas seguintes e se tornou quase nula nos ltimos anos. Contribuiu

    para isso, a suspenso, atravs de decreto, da emisso de diretrizes para novos

    parcelamentos a partir de 2001, revogado entre os anos de 2003 e 2004, sem que, no

    entanto, muitas diretrizes fossem expedidas.

    As dcadas de 1970 e 1980 foram responsveis pela produo de mais de

    54% dos loteamentos, isto sem contar aqueles que no foram aprovados que podem

    estar includos nestas dcadas. interessante notar tambm que, pela evoluo

    histrica destes loteamentos, daqueles aprovados na dcada de 1970 e que

    provavelmente tambm foram abertos nesta dcada, a maior parte se instalou nas

    imediaes do permetro central determinaram, portanto uma expanso natural do

    centro e se fixaram em continuidade malha urbana. Por outro lado, tambm nesta

    dcada, j apareceram loteamentos que se instalaram para alm do permetro

    urbano e reas de expanso urbana, criadas pela lei 793/1973, como: Jardim Vitria,

    Recanto Hayde, Jardim Serra das Estncias, alm de outros. Configurados como

    chcaras de recreio, estes loteamentos em zona rural atraram novos loteamentos

    (tambm configurados como chcaras) que se instalaram nas dcadas posteriores,

    determinando uma certa tendncia de expanso para alm do permetro urbano,

    coibida pela lei de parcelamento do solo promulgada em 2005. Nas dcadas de

    1980, 1990 e 2000, a expanso urbana por novos loteamentos seguiu o vetor oeste do

    municpio, definindo, inclusive um novo ncleo urbano concentrado, dada a

    contigidade destes loteamentos. Pode-se aferir que a concentrao industrial a

    oeste, ao longo da SP 95, direcionou uma ocupao residencial prxima, atendendo

    demanda criada, ao longo dos anos, pelos trabalhadores destas indstrias.

    Deste universo de loteamentos implantados, h 32 classificados como

    irregulares pela Secretaria de Habitao, em vrios estgios e situaes de

    irregularidade. Parte destes loteamentos est localizada na rea rural do municpio e,

    alguns, inclusive, distantes do permetro urbano, como o caso do Planalto da Serra.

    Verifica-se, nestes casos que sero melhor tratados a frente, que h uma produo de

    lotes voltada para camadas mais populares assim que os desmembramentos e

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    desdobros irregulares tm sido uma prtica comum, evidenciando que, estas so

    possveis alternativas habitacionais para a populao de menor poder aquisitivo. , de

    fato, importante atentar-se para esta situao considerando que s entre os irregulares

    e clandestinos, h hoje em Amparo quase 7 mil lotes contabilizados pelas informaes

    fornecidas.

    Se Amparo no apresenta situaes muito graves quanto existncia de

    ncleos de favelas, possui quantidade mais expressiva de loteamentos irregulares que

    resulta tambm na produo de moradias irregulares. Pode-se aferir que parte das

    solues passe pela autoconstruo ou a construo de moradias em lotes irregulares

    por outros tipos de investidores, interessados em locao. Esta situao est

    margem do mercado imobilirio formal e constitui-se uma resposta ausncia de

    uma oferta mais abundante. A associao entre produo de lotes irregulares,

    desdobros irregulares e mercado imobilirio informal parece ter elevando a fragilidade

    do controle urbano e colocando em risco o padro de urbanizao e de ocupao

    do solo que pode se tornar mais vulnervel com o tempo.

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    Mapa 3 Mapa da Evoluo dos Loteamentos (por dcadas)

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    Outro conjunto de empreendimentos realizados em Amparo so os

    condomnios verticais e horizontais. A tabela abaixo mostra todos os

    empreendimentos condominiais aprovados a partir da dcada de 1970.

    Tabela 11 Empreendimentos condominiais aprovados no municpio entre 1970 e 2008.

    Amparo SP

    Condomnio Data de aprovao Nmero de unidades Padro

    Condomnio Galassi 29/09/2000 58 Popular Edifcio Brunetto 13/02/1989 06 Popular Condomnio Edifcio Vanessa 29/01/1986 26 apt Popular/mdio

    Condomnio Luza 22/05/1998 unidades

    31 Popular /mdio

    Condomnio Cap.D'antibes 26/11/1984 29 apt mdio/alto

    Condomnio Edifcio Montpellier 27/11/1984 28 apt Alto

    Condomnio Edifcio Alvorada 12/09/2000 23 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Amparo 25/09/1980 47 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Virginia Leal dos Santos

    17/06/1983 49 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Braslia 27/11/1984 23 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Itlia 20/02/1984 48 apt Mdio

    Condomnio Edifcio So Jos 25/09/1980 47 apt Mdio

    Colgio Poenix Escola Viva 04/09/1999 -

    Condomnio Edifcio Audrey 1982 39 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Camanducaia

    18/12/1991 13 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Macieira 17/09/92 56 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Piazza Di Spagna

    07/10/1987 Mdio

    Condomnio Edifcio Portugal 04/09/1992 47 apt Mdio

    Condomnio Baro de Campinas 21/10/2005 39 apt mdio/alto

    Condomnio Edifcio Cedros 03/05/1999 diretrizes Mdio

    Condomnio Adelaide I 18/01/1996 bloco do 2 ao 7 Popular

    Condomnio Adelaide II 26/08/1996 bloco do 8 ao 11 Mdio

    Condomnio Adelaide III 23/05/2002 Mdio

    Condomnio Edifcio Corsi Menegatti

    22/01/1981 8 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Ney Corsi 27/02/1978 27 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Cruz Alta 07/11/1988 48 apt Mdio

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    Condomnio Data de aprovao Nmero de unidades Padro

    Condomnio Edifcio Ernesto Corsi 1978 48 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Flor da Montanha

    12/08/1988 25 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Malaga 20/01/2000 Mdio

    Condomnio Edifcio Monte Carlo 25/10/2007 52 apt Alto

    Condomnio Edifcio So Charbel 16/09/2003 27 apt

    Condomnio Edifcio Champs Elisee

    13/06/2005 no implantado

    Condomnio Edifcio Piazza Navona

    07/10/1987 59 apt Mdio

    Condomnio Edifcio Adriano Corsi 31/10/1997 46 apt Mdio

    Condomnio Fazenda Orypaba mdio/alto

    Condomnio Galeria Treze 30/12/1992 41 apt Mdio

    Condomnio Residncial Amrica 14/09/2001(bloco A) mdio

    Condomnio Residncial Loureiro 02/12/1998 41 Alto

    Condomnio Residncial Monte Castelo

    04/05/1995 60 Mdio

    Igreja So Sebastio Velha 15/08/1980 proc.2818/80

    -

    Condomnio Residncial Claudia 12/02/1992 unidades 10

    Mdio

    Condomnio Casa Grande clandestino Alto

    Condomnio Edifcio Edson Dalio 19/11/1997 Popular

    Condomnio Residencial Attilio Mazzini

    13/02/2008 83 popular -CDHU

    C.K.S. Empreendimentos Imobilirios S/CL (Fbio Kassouf)

    03/05/1999 Mdio

    Edifcio 08/06/1979 Mdio

    Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano PMA

    Na dcada de 1970, foram aprovadas aproximadamente 150 unidades

    residenciais, na dcada seguinte, 482, na de 1990, 345 e na de 2000, 282. Aqui

    tambm se percebe que, com uma dcada de atraso da intensidade de

    produo em relao aos loteamentos, os perodos mais candentes foram as

    dcadas de 1980 e 1990. De novo, uma queda na aprovao destes

    empreendimentos se deu nos anos 2000, isto sem falar que muitos destes

    empreendimentos so condomnios horizontais, a exemplo dos loteamentos. Nota-

    se, alm disso, que segundo a contabilizao dos dados existentes (j que no

    foram apresentados os nmeros de unidades de todos os empreendimentos), do

    total de 1.176 unidades condominiais verticais ou horizontais aprovadas no

    municpio desde a dcada de 1970, apenas 204 (17%) so de padro popular

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    (sem falar que parte destes foram empreendidos pelo poder pblico) e 189 (16%)

    de padro alto ou mdio-alto. Todas as 783 unidades restantes (66,5%) so de

    padro mdio. O que se tem deste tipo de empreendimento um nmero

    reduzido para as extremidades das classes sociais e um nmero maior produzido

    para as classes B e C, com maior oferta de mercado. Verifica-se, portanto uma

    tendncia em Amparo de que tanto as classes menos favorecidas (D e E), como

    as mais favorecidas (A e B) dependem, em tese, das modalidades oferecidas

    pelo padro tradicional da residncia unifamiliar no lote, explicando, de certa

    forma, a predominncia do loteamento como modalidade produzida, dada a

    composio de renda acima apresentado, com mais de 46% da populao com

    renda inferior a 3 salrios mnimos.

    Com todos estes dados, possvel ento sintetizar um quadro,

    relacionando as modalidades produzidas, a populao por dcada e as faixas de

    renda. Como no foram fornecidos os nmeros de lotes de cada um dos

    loteamentos aprovados no municpio, apenas para efeito de comparao, foram

    utilizados os nmeros de loteamentos aprovados, o que j d uma idia da

    dimenso de produo por dcada. Vejamos:

    Tabela 12 Relao entre populao, faixas de renda e empreendimentos produzidos

    Amparo SP

    Ano Populao Faixas salariais Rendimento mdio mensal

    (%)1

    Loteamentos aprovados

    Unidades condominiais aprovadas

    1950 26.965 - - 2 - 1960 28.412 - - 4 - 1970 31.737 - - 43 170 1980 41.466 - - 28 482 1990 50.477 Entre 0 e 3 s.m. 59,45 21 31 Entre 3 e 5 s.m. 17,64 273 Entre 5 e 10 s.m. 14,23 Mais que 10 s.m. 8,59 41 2000 60.305 Entre 0 e 3 s.m. 46,16 7 141 Entre 3 e 5 s.m. 22,06 50 Entre 5 e 10 s.m. 19,91 Mais que 10 s.m. 11,87 91 Fonte: Fundao SEADE e SMDU

    (1) Rendimento mdio mensal das pessoas responsveis pelos domiclios particulares permanentes.

    Embora com algumas deficincias nas informaes sistematizadas, o

    quadro acima revela alguns comportamentos que merecem ser destacados. A

    comear pelos dados das unidades condominiais e sua relao com o nmero de

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    loteamentos, demonstrando que a produo destes suplantou consideravelmente

    a das primeiras. De qualquer forma, as dcadas de 1980 e 1990 tiveram a maior

    quantidade destas unidades aprovadas, mas, como se v, a produo daquelas

    voltadas para as classes D e E foi irrisria se comparada com a potencial

    demanda na dcada de 1990, 59,45% dos responsveis pelos domiclios tinham

    at 3 salrios mnimos de rendimento. Isto demonstra, de pronto, que esta faixa j

    vinha, tradicionalmente, nas dcadas anteriores, buscando solues de moradia

    pela compra de lotes, ao que tudo indica, naqueles loteamentos implantados nas

    dcadas de 1970 e 1980, que foram as dcadas mais candentes de produo. A

    dcada de 1990 assistiu a uma queda da produo de lotes ao lado da

    continuao de um ritmo mais acelerado na aprovao de unidades

    condominiais, em propores muito menores, entretanto. Na dcada de 2000,

    um aumento tmido da produo de unidades condominiais populares, algumas

    inclusive produzidas pelo CDHU ocorreu, no acompanhado das unidades

    destinadas s outras faixas.

    Parece evidente, alm disso, que at a dcada de 2000, a taxa de

    crescimento populacional continuou praticamente estabilizada, mas este

    incremento populacional no foi acompanhado pela produo, tanto de lotes

    unifamiliares, como de conjuntos condominiais. Pode-se aferir disto que, com

    exceo provvel da camada mais abastada, as faixas baixa e mdia da

    populao adensaram os empreendimentos j existentes diante, inclusive da falta

    de novos lanamentos, o que pode explicar o aumento to significativo das co-

    habitaes em Amparo modalidade do dficit mais expressiva, alm dos

    desmembramentos e desdobros. Tambm se pode aferir que a baixa quantidade

    de unidades condominiais disponveis no mercado para venda ou locao

    provoca, de certa forma, uma disputa entre as classes B e C e as classes D e E

    por unidades unifamiliares produzidas nos loteamentos existentes, provocando

    elevao nos preos. O fato de muitos destes estarem irregulares deve acirrar

    ainda mais esta disputa, levando a que as atividades de locao e venda de

    unidades irregulares seja mais intensa uma vez que, geralmente, so praticadas a

    preos menores.

    Dos dados sistematizados, isto o mximo que se pode supor,

    considerando que cada uma das hipteses acima dependeria de um

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    aprofundamento das informaes. Neste sentido, aquelas levantadas e analisadas

    mais a frente podem contribuir para algumas confirmaes a esse respeito.

    1.2.2. Pesquisa com os corretores e empreendedores imobilirios

    A pesquisa com alguns promotores imobilirios em Amparo contou com a

    distribuio de questionrios especficos para representantes destes setores de

    forma que pudessem responder algumas questes objetivas sobre a dinmica

    imobiliria em Amparo. As perguntas constantes destes questionrios so as que

    seguem:

    1. Questionrio aos corretores de imveis:

    1.1 Quais so os principais tipos de imveis procurados (casa,

    apartamento, comercial, etc.)?

    1.2 Quais so os tipos de imveis mais alugados?

    1.3 Quais so os tipos de imveis mais vendidos?

    1.4 Quais so as faixas de preo dos imveis habitacionais? Relacionar

    com tipologia: casa 2 dormitrios, casa 3 dor