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PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A Processo de Recuperação Judicial tombado sob o n° 011.11.003098-3 (CNJ nº 0003098-34.2011.8.24.0011), em tramitação perante a Vara Comercial da Comarca de Brusque/SC. O presente Plano de Recuperação Judicial (“o Plano”) é apresentado, em cumprimento ao disposto no artigo 53 da Lei 11.101/05 (“LRF”), perante o juízo em que se processa a recuperação judicial (“Juízo da Recuperação”), pela sociedade recuperanda, a seguir qualificada: COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A, sociedade anônima de capital aberto, inscrita no CNPJ sob o nº 82.981.929/0001-03, com seus atos arquivados na JUCESC sob o nº 42.3.0000266-6, com sede na Avenida Getúlio Vargas, nº 63/87, CEP 88.353-000, doravante denominada simplesmente “Schlösser”, “Sociedade” ou, ainda, “Recuperanda”. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL 1.1.1. SOBRE A COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER 1.1.2. DAS CAUSAS JUSTIFICADORAS CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA 1.2. FATOS RELEVANTES 1.2.1. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR 1.2.2. PROCEDIMENTOS DE AJUSTE 1.2.3. GOVERNANÇA CORPORATIVA 1.2.4. CONCLUSÃO 2. DOS CREDORES 2.1. DA CLASSE E NATUREZA DOS CRÉDITOS 2.2. DOS CREDORES EXTRACONCURSAIS E NÃO SUJEITOS 1

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PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE COMPANHIA INDUSTRIAL

SCHLÖSSER S/A

Processo de Recuperação Judicial tombado sob o n°

011.11.003098-3 (CNJ

nº 0003098-34.2011.8.24.0011), em tramitação perante a Vara Comercial

da Comarca de Brusque/SC.

O presente Plano de Recuperação Judicial (“o Plano”) é apresentado, em cumprimento ao disposto

no artigo 53 da Lei 11.101/05 (“LRF”), perante o juízo em que se processa a recuperação judicial

(“Juízo da Recuperação”), pela sociedade recuperanda, a seguir qualificada:

COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A, sociedade anônima de capital aberto, inscrita no

CNPJ sob o nº 82.981.929/0001-03, com seus atos arquivados na JUCESC sob o nº 42.3.0000266-6,

com sede na Avenida Getúlio Vargas, nº 63/87, CEP 88.353-000, doravante denominada

simplesmente “Schlösser”, “Sociedade” ou, ainda, “Recuperanda”.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

1.1.1. SOBRE A COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER

1.1.2. DAS CAUSAS JUSTIFICADORAS – CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

1.2. FATOS RELEVANTES

1.2.1. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

1.2.2. PROCEDIMENTOS DE AJUSTE

1.2.3. GOVERNANÇA CORPORATIVA

1.2.4. CONCLUSÃO

2. DOS CREDORES

2.1. DA CLASSE E NATUREZA DOS CRÉDITOS

2.2. DOS CREDORES EXTRACONCURSAIS E NÃO SUJEITOS

1

2.3. DOS CRÉDITOS ILÍQUIDOS

2.3.1. DOS CRÉDITOS RESERVADOS

3. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PROPRIAMENTE DITA

3.1. DOS OBJETIVOS DA LEI 11.101/05

3.2. DOS REQUISITOS LEGAIS DO ART. 53 DA LRF

3.2.1. DOS MEIOS DE RECUPERAÇÃO ADOTADOS

3.2.2. CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADES DE CREDORES

3.2.2.1. SOCIEDADE DE CREDORES IMOBILIÁRIA

3.2.2.1.1. SUBSCRITORES

3.2.2.1.1.1. OPÇÃO DE NÃO SUBSCRIÇÃO E LIMITAÇÃO DE VALOR

3.2.2.1.2. TIPO SOCIETÁRIO

3.2.2.1.3. OBJETO

3.2.2.1.4. FORMAÇÃO DO CAPITAL

3.2.2.1.4.1. CLÁUSULA DE MANDATO

3.2.2.1.5. ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE

3.2.2.1.6. ACORDO DE ACIONISTAS

3.2.2.1.6.1. ACORDO DE VOTO

3.2.2.1.6.2. ACORDO DE BLOQUEIO

3.2.2.1.7. ALIENAÇÃO DE AÇÕES – CLÁUSULA DE TAG ALONG

3.2.2.1.8. EMISSÃO DE DEBÊNTURES

3.2.2.1.8.1. DEBÊNTURES SÉRIE ‘A’

3.2.2.1.8.2. DEBÊNTURES SÉRIE ‘B’

3.2.2.1.8.3. DEBÊNTURES SÉRIE ‘C’

3.2.2.1.8.4. DEBÊNTURES SÉRIE ‘D’

3.2.2.1.9. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE

3.2.2.2. SOCIEDADE DE CREDORES FUNCIONAL

3.2.2.2.1. SUBSCRITORES

3.2.2.2.1.1. OPÇÃO DE NÃO SUBSCRIÇÃO

3.2.2.2.2. TIPO SOCIETÁRIO

3.2.2.2.3. OBJETO

3.2.2.2.4. FORMAÇÃO DO CAPITAL

3.2.2.2.5. ACORDO DE QUOTISTAS

3.2.2.3. CONSTITUIÇÃO DE SUBSIDIÁRIA INTEGRAL

3.2.2.3.1. OBJETO

3.2.2.3.2. FORMAÇÃO DO CAPITAL

2

3.2.2.3.2.1. AUTORIZAÇÃO PARA AUMENTO DE CAPITAL

3.2.3. TRESPASSE DE ESTABELECIMENTOS – ALIENAÇÃO DE UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADAS

3.2.3.1. CONCEITO DE UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA (UPI)

3.2.3.2. UNIDADES PRODUTIVAS SCHLÖSSER

3.2.3.2.1. UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA IMOBILIÁRIA

3.2.3.2.1.1. ELEMENTOS CORPÓREOS

3.2.3.2.1.2. ELEMENTOS INCORPÓREOS

3.2.3.2.2. UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA FUNCIONAL

3.2.3.2.2.1. ELEMENTOS CORPÓREOS

3.2.3.2.2.2. ELEMENTOS INCORPÓREOS

3.2.3.2.3. UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA TÊXTIL

3.2.3.2.3.1. ELEMENTOS CORPÓREOS

3.2.3.2.3.2. ELEMENTOS INCORPÓREOS

3.2.3.3. ALIENAÇÃO DAS UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADAS

3.2.3.3.1. ALIENAÇÃO JUDICIAL

3.2.3.3.2. UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADAS IMOBILIÁRIA E FUNCIONAL

3.2.3.3.3. UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA TÊXTIL

3.2.3.3.4. DETALHAMENTO DA MODALIDADE DE ALIENAÇÃO DA UPI

3.2.3.3.5. DA CLÁUSULA PENAL

3.2.3.3.6. DA AUSÊNCIA DE SUCESSÃO

3.2.3.4. DA ALIENAÇÃO DA UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA TÊXTIL

3.2.3.5. DO LEVANTAMENTO DAS CONSTRIÇÕES QUE RECAEM SOBRE OS BENS

3.2.4. SOBRE A DEMONSTRAÇÃO DA VIABILIDADE ECONÔMICA

3.2.5. DO LAUDO ECONÔMICO-FINANCEIRO E DE AVALIAÇÃO DOS BENS E ATIVOS

4. GLOSSÁRIO

5. DISPOSIÇÕES FINAIS

1. INTRODUÇÃO

1.1. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Em função das dificuldades narradas na petição inicial, a sociedade Companhia Industrial

Schlösser S/A ingressou, em 06 de abril de 2011, com Pedido de Recuperação Judicial.

O processo foi distribuído à Vara Comercial do Foro da Comarca de Brusque/SC e foi tombado

sob o nº 011.11.003098-3 (CNJ nº 0003098-34.2011.8.24.0011).

3

Atendidos todos os pressupostos da Lei 11.101/05 (LRF), arts. 48 e 51, obteve-se, em 08 de

abril de 2011, o deferimento do processamento da recuperação judicial, com a decisão de fls. 256/258

dos autos do processo acima mencionado.

Foi nomeado Administrador Judicial, para exercer as atribuições especificadas no art. 22, I e

II, da LRF, o advogado Gilson Amilton Sgrott, que aceitou o encargo, firmando o respectivo

compromisso.

O edital de que trata o art. 52, § 1º, da Lei 11.101/05 foi publicado na data de 13 de abril de

2011, tendo sido republicado em 29.04.2011, constando do Diário da Justiça Eletrônico nº 1.145.

Consoante a determinação ínsita no art. 53 da LRF, a devedora tem o prazo de 60

(sessenta) dias para apresentar o plano de recuperação, contado da publicação da decisão que

deferiu o processamento do pedido e na forma prevista no art. 241, do Código de Processo Civil, de

aplicação subsidiária por força do disposto no art. 189 da LRF, considerada ainda a regra do art. 4º da

Lei 11.419/06.

A apresentação definitiva do plano de recuperação judicial em juízo, então, atendendo ao

prazo da LRF, encerra-se no dia 30 de junho de 2011 – como, a propósito, foi certificado nos autos do

processo.

Cumpriram-se, nesse período entre o deferimento do processamento da Recuperação Judicial

e a apresentação do plano, todas as exigências lançadas na decisão que deferiu o processamento da

Recuperação Judicial e as demais presentes na LRF.

O referido interstício (entre o deferimento do processamento e a apresentação do plano) veio

e ainda vem sendo utilizado para a abertura de negociações com os credores e busca de mecanismos

para preservação da atividade empresária (sentido largo) e composição do passivo.

Para tanto, traz-se ao conhecimento deste juízo o presente plano, que abaixo será

pormenorizado.

4

1.1.1. SOBRE A COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A

A recuperanda foi constituída neste mesmo Município de Brusque em 1º de janeiro de 1901,

então sob a razão social Gustavo Schlösser e Filhos, desenvolvendo desde o princípio atividade

voltada ao setor têxtil.

Produziam-se artigos relativamente mais simples a partir de teares manuais.

Com a expansão dos negócios, na data de 18 de outubro de 1933, a Sociedade procedeu na

sua transformação em sociedade anônima, alterando-se a razão social para Companhia Industrial

Schlösser S/A.

Neste período a linha de produção era já mecanizada, resultando disso expressivo aumento de

sua capacidade.

No ano de 1985, a Schlösser promoveu a abertura de seu capital, efetuando, em 28 de junho

daquele ano, o respectivo registro na Comissão de Valores Mobiliários.

Desde 1º de janeiro de 2010, encontra-se registrada na CVM sob a categoria ‘A’1, mantendo

registro junto à BM&FBovespa.

Durante os mais de 100 (cem) anos de atuação, a principal atividade desenvolvida manteve-

se sempre voltada ao setor têxtil, com foco na produção e comercialização e, especialmente, para a

manufatura de tecidos planos diferenciados, utilizando fibras naturais e artificiais.

O parque fabril da Schlösser tem, hoje, capacidade para produzir 1.200.000 m²

(um milhão e

duzentos mil metros quadrados) de tecido por mês, dispondo dos processos de fiação, tecelagem,

1 Conforme Instrução CVM nº 480, de 07 de dezembro de 2009: “Art. 2º. O emissor pode requerer o

registro na

CVM em uma das seguintes categorias: I – categoria A; ou II – categoria B. § 1º O registro na categoria A

autoriza a negociação de quaisquer valores mobiliários do emissor em mercados regulamentados de

valores

mobiliários. § 2º O registro na categoria B autoriza a negociação de valores mobiliários do emissor em

mercados

regulamentados de valores mobiliários, exceto os seguintes valores mobiliários: I – ações e certificados

de

depósito de ações; ou II – valores mobiliários que confiram ao titular o direito de adquirir os valores

mobiliários

mencionados no inciso I, em conseqüência de ua conversão ou do exercício dos direitos que lhes são

inerentes,

desde que emitidos pelo próprio emissor dos valores mobiliários referidos no inciso I ou por uma

sociedade

pertencente ao grupo emissor”.

5

tinturaria, estamparia e acabamento. Resulta disso que, ao alto volume de produção, associa-se a

possibilidade de desenvolver linhas de produtos com maior valor agregado.

A composição dos órgãos executivo e consultivo da Schlösser, hoje, é a seguinte: Diretora

Presidente – Dorly Schlösser; Diretor Vice-Presidente e Diretor de Relacionamento com Investidores:

João Beckhauser; Conselho de Administração: Marcus Schlösser, Valter Ros de Souza e João Carlos

Meroni Miranda.

1.1.2. DAS CAUSAS JUSTIFICADORAS – CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

Antes de se adentrar na proposição do Plano de Recuperação Judicial, revela-se oportuno

efetuar algumas breves considerações a respeito das causas justificadoras da crise econômico-

financeira da Sociedade.

A recuperanda, pioneira na exploração da indústria têxtil na região do Vale do Itajaí, obteve,

desde a sua fundação, uma série de êxitos que a conduziram à condição de empresa referência no

mercado.

Durante quase uma centena de anos, a recuperanda desenvolveu-se de modo sólido e

saudável, alcançando resultados positivos e desfrutando do ambiente amplamente favorável que

ajudou a construir no Vale do Itajaí para o seu ramo na indústria.

Contudo, mais recentemente, em função de dificuldades que se justificam pelo notório cenário

de instabilidade econômica verificado nos últimos anos e, sobretudo, em função da crise específica

por que passou e vem passando o setor têxtil, a devedora imergiu em delicada situação de crise2.

Com efeito, a crise que abalou o setor em que atua a recuperanda atingiu de modo bastante

severo mesmo as mais tradicionais indústrias têxteis da região, não se tratando esta de um caso

isolado3.

2 Com o fim de ilustrar os aspectos da crise do setor têxtil, segue em anexo ao presente Plano relatório

elaborado

pela Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção – ABIT em audiência pública realizada na

Câmara

dos Deputados, em Brasília.

3 Haja vista, a propósito, terem sido recentemente ajuizadas ações de recuperação judicial, nesta

mesma

Comarca, por Buettner S/A Indústria e Comércio (proc. nº 011.11.003971-9), Jovitêxtil Indústria e

Comércio Ltda.,

Texfio Indústria e Comércio de Artigos de Cama, Mesa e Banho Ltda. e Bilelo Comércio de Confecções

Ltda. (proc.

nº 011.11.001971-8).

6

O modelo de gestão que se houve por adequado e seguro durante anos não foi capaz de

atender às contingências atuais do mercado, não suportando do melhor modo os efeitos da crise que

atingiu de modo especial o ramo de atividade da Schlösser.

A propósito das causas que justificam a crise econômico-financeira que assola a recuperanda,

convém lembrar que “a crise da empresa pode não ser resultado apenas da má organização, da

incompetência, da desonestidade, do espírito aventureiro e afoito dos administradores, da ignorância

dos sócios ou acionistas, mas de uma série de causas em cadeia, algumas imprevisíveis, portanto

inevitáveis, de natureza microeconômica e/ou macroeconômica”.4

Por essa soma de fatores, os quais não se dissociam, em hipótese alguma, de uma complexa

gestão operacional e administrativa, de um alto custo de operação e de manutenção, inerentes ao

serviço a que se prestam, é que a sociedade vem, efetivamente, amargurando constantes resultados

negativos.

1.2. FATOS RELEVANTES

1.2.1. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

O pedido de recuperação judicial foi precedido de uma etapa anterior de diagnóstico,

realizado por equipe de profissionais atuantes nas áreas jurídica, administrativa, financeira e contábil

(membros do escritório Sergio Müller, De Boer & Advogados), momento onde se identificou o seguinte

cenário.

A empresa possui um alto endividamento, tanto financeiro quanto tributário, causado por

sucessivos resultados econômicos negativos, ou seja, sucessivos prejuízos. Ficou evidenciada a

incapacidade de remunerar de forma adequada os ativos vinculados à operação têxtil, seja por uma

elevada estrutura de custos fixos, seja pelo valor elevado dos próprios ativos.

Os prejuízos acumulados, além de gerar o endividamento acabaram por consumir a totalidade

do capital próprio, resultando a empresa impossibilitada de financiar sua necessidade de capital de

giro.

4 Jorge Lobo in Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência. Editora Saraiva, pág. 122.

7

Com isso revela-se necessária a reestruturação do negócio, buscando realocar ativos a

atividades que os remunerem de forma adequada, bem como buscar alternativas de financiamento

para uma atividade mais enxuta e que concentre suas atividades em produtos e serviços que gerem

maior margem de contribuição.

1.2.2. PROCEDIMENTOS DE AJUSTE

Diante do quadro acima descrito, concluiu-se que a medida mais adequada no momento era a

paralisação das atividades, a fim de possibilitar a reorganização da devedora e definir o tratamento a

ser dado ao passivo sem que fossem geradas dívidas ainda maiores.

Assim, a alocação inteligente dos ativos de modo a viabilizar a exploração de atividade

econômica (objetivo da LRF), com a geração de empregos e circulação de riquezas, dependia, e

depende, desta interrupção das atividades na modelagem anterior -a toda evidência deficitária.

É desse modo que, através do presente Plano de Recuperação, com os meios a seguir

discriminados, pretende-se alcançar o melhor emprego dos ativos da recuperanda, organizando-os e

canalizando-os para atividades nas quais poderão ser aproveitados da melhor forma.

A propósito, é fundamental destacar que a própria aprovação do plano de recuperação

constitui-se em fator que contribui de modo extremamente positivo para o soerguimento da empresa

em crise, na medida em que outorga maior segurança e restabelece a confiança do mercado – em

especial com relação a potenciais clientes e investidores.

Desse modo, a aprovação do presente plano, com a concessão da recuperação judicial,

ampliará significativamente as alternativas de realização de negócios seguros e aptos à geração de

resultados positivos, atingindo, assim, o objetivo constante do art. 47 da LRF, qual seja a “superação

da situação de crise econômico-financeira, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do

emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da

empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”.

1.2.3. GOVERNANÇA CORPORATIVA

Na primeira etapa do processo de reorganização foram adotadas medidas de recuperação da

credibilidade junto aos stakeholders.

8

Implementaram-se boas práticas de governança corporativa alinhadas, sobretudo, à

necessidade de transparência (disclosure) e abertura junto aos credores, fornecedores e

colaboradores.

As seguintes medidas foram adotadas:

i. Constituição de um comitê estratégico de crise;

ii. Divulgação para os stakeholders das informações sobre o processo de recuperação

judicial através de visitação, num primeiro momento, àqueles considerados estratégicos

ao soerguimento da SCHLÖSSER;

iii. Comunicação direta aos credores através de cartas a esses enviadas pelo Administrador

Judicial, consoante determinação ínsita no art. 22, I, a, da LRF;

iv. Aumento do volume de informações para os colaboradores internos.

Ao par disso, destaca-se que a recuperanda, à vista da crise que atravessa e identificando que

a atividade, como vinha sendo desenvolvida, não permitiria a efetiva recuperação e, ao mesmo

tempo, a satisfação dos credores, passa a aderir aos princípios atinentes às fiduciary duties constantes

da legislação falimentar e recuperacional norte-americana (Bankruptcy Act), dirigindo-se, nestes

aspectos, aos credores.

Em atenção a estes objetivos, o Conselho de Administração assumiu viés profissional,

passando a ser composto, na maior parte, por conselheiros não controladores e sem vinculação com

bloco de controle.

1.2.4. CONCLUSÃO

Como resultado dos estudos realizados, concluiu-se não contar a SCHLÖSSER com

capacidade de amortização do passivo na modelagem operacional original, principalmente devido: i.

ao alto custo fixo; ii. ao extenso ciclo financeiro, gerador de grande necessidade de capital de giro,

sendo esta, por sua vez, causadora de vultuosas despesas financeiras sem a suficiente contribuição de

cobertura; iii. ativos operacionais elevados, dificultando a sua remuneração.

Por fim, concluiu-se que a continuidade da atividade na modelagem anterior não maximizaria

o retorno dos ativos, considerando-se o intuito de recuperação. Diante disto se estabelece forma

9

alternativa de alocação dos ativos visando, fundamentalmente, à preservação da função social da

empresa e aos interesses dos credores.

2. DOS CREDORES

O presente plano contempla o pagamento dos créditos sujeitos aos efeitos da recuperação

(LRF, art. 49), ainda que possam existir créditos pendentes de liquidação (Credores Concursais).

São previstas, também, hipóteses de adesão daqueles credores que não se submetem aos

efeitos do Plano de Recuperação, assim definidos nos arts. 67 e 84, bem como no art. 49, § 3º e 4º,

todos da Lei 11.101/05.

Nos itens a seguir discriminam-se as classes dos créditos existentes, com respectivos valores,

tais como constam da relação que deverá ser publicada na forma do art. 7º, § 2º, da LRF5, bem como

os créditos extraconcursais e os não sujeitos aos efeitos do Plano.

2.1. DA CLASSE E NATUREZA DOS CRÉDITOS

Atendem-se aos critérios definidos na LRF, art. 41, para composição da Assembleia Geral de

Credores (AGC), se necessária se mostrar sua realização:

Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:

I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de

acidentes de trabalho;

II – titulares de créditos com garantia real;

III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral

ou subordinados.

5 Registra-se que, embora na data do protocolo do presente Plano nos autos do processo, não se havia

ainda

feito publicar a relação de credores de que trata o art. 7º, § 2º, da LRF, a recuperanda teve acesso à

respectiva

minuta, que ao menos a princípio não será objeto de novas alterações.

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2.2 DOS CREDORES EXTRACONCURSAIS E NÃO SUJEITOS

Quanto aos credores que não se submetem aos efeitos da recuperação judicial, verifica-se

haverem aqueles definidos nos arts. 67 e 84 da LRF – Credores Extraconcursais -e aqueles

relacionados no art. 49, §§ 3°

e 4°

da LRF, aqui designados como Credores Não Sujeitos.

Estes credores (Extraconcursais e Não Sujeitos) poderão expressamente aderir ao

presente Plano, obedecendo às formalidades e critérios de pagamento na forma e ordem aqui

estabelecidas. Nessa hipótese, serão referidos adiante como Credores Extraconcursais Aderentes

e Credores Não Sujeitos Aderentes.

Caso os créditos Extraconcursais e/ou Não Sujeitos sejam de natureza trabalhista ou

derivados da legislação do trabalho, poderão os mesmos aderir também ao Plano de Recuperação,

obedecidas as mesmas formalidades previstas para os demais Aderentes, sendo designados, por

questão de especificidade, Credores Trabalhistas Aderentes.

A eventual extraconcursalidade de créditos trabalhistas será definida conforme o respectivo

fato gerador tenha ocorrido após o ajuizamento da ação de recuperação judicial, critério este adotado

pela LRF, no art. 49. A consolidação do crédito, no período aquisitivo, se verificará pro rata die.

Caso os créditos Extraconcursais e/ou Não Sujeitos sejam de titularidade dos sindicatos

Sintrafite e Sindimestre, poderão estes aderir ao Plano de Recuperação, obedecidas as mesmas

formalidades previstas para os demais Aderentes, sendo designados, por questão de especificidades,

Sindicatos Aderentes.

Para fins de adesão ao presente Plano de Recuperação, os credores Extraconcursais e Não

Sujeitos (Credores Extraconcursais Aderentes, Credores Não Sujeitos Aderentes, Credores Trabalhistas

Aderentes e Sindicatos Aderentes) deverão manifestar-se expressamente nesse sentido por meio de

petição a ser protocolada nos autos do processo de recuperação judicial em até 15 (quinze) dias

contados da data do trânsito em julgado da decisão que venha a conceder a recuperação judicial.

A adesão, em qualquer caso, se dará pela totalidade do valor crédito, tomando-se por base,

para fins de verificação do quantum, a data da realização da Assembleia Geral de Credores,

11

oportunidade em que será apresentada relação com discriminação de todos os créditos passíveis de

adesão.

Não havendo AGC, o critério para a adesão será o reconhecimento contábil da dívida em até

15 (quinze) dias contados da data do trânsito em julgado da decisão que conceder a recuperação

judicial. Importa reforçar que, havendo AGC, o reconhecimento contábil não será suficiente para

oportunizar a adesão, devendo ser observado o critério exposto no parágrafo imediatamente

precedente.

Explicita-se, por fim, que a adesão não outorgará aos credores aderentes o direito de voto na

Assembléia Geral de Credores, tendo em vista a regra expressa do art. 41 da LRF, acima transcrito.

2.3. DOS CRÉDITOS ILÍQUIDOS

Os créditos que somente venham a ser liquidados em momento posterior à realização da

Assembleia Geral de Credores, independentemente da natureza ou classe, submeter-se-ão ao Plano

de Recuperação na condição de recebedores de debêntures Série ‘B’, a serem emitidas pela Sociedade

de Credores Imobiliária, descrita no item 3.2.2.1., abaixo.

2.3.1. DOS CRÉDITOS RESERVADOS

Aos créditos ilíquidos que cuja reserva seja determinada nos termos do art. 6º, § 3º, da LRF,

será dispensado o exato tratamento definido no item 2.3., acima.

A regulação ora proposta não constituirá infração à determinação de reserva, especialmente

considerando que o presente Plano não prevê pagamento através de rateio.

3. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL PROPRIAMENTE DITA

3.1. DOS OBJETIVOS DA LEI N°11.101/05

O art. 47 da LRF, abaixo transcrito in verbis, explicita de forma clara os objetivos da

recuperação judicial:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da

situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a

12

manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos

interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da sociedade,

sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Assim, a Recuperação Judicial, como feedback estatal, em auxílio à homeostase do sistema

econômico, insere-se no ordenamento jurídico como um instrumento indutivo à alocação eficiente dos

recursos do empresário em crise. Permite-se, com a recuperação, a reorganização do seu estoque de

ativos e passivos, dando-lhes vazão eficiente, mantendo, assim, a atividade empresária.

Decorrem daí todos os efeitos corolários, e.g., a manutenção dos empregos e a geração de

novos, o pagamento de tributos e dos credores, entre outros tantos, sobretudo o estímulo à atividade

econômica.

De fato, é o que se busca com a presente medida, como abaixo se demonstrará.

3.2. DOS REQUISITOS LEGAIS DO ART. 53 DA LRF

3.2.1. DOS MEIOS DE RECUPERAÇÃO ADOTADOS

A Lei 11.101/05 relaciona, nos diversos incisos de seu art. 50, uma série de meios de

recuperação judicial tidos como viáveis.

Naturalmente que esse rol de medidas passíveis de adoção no processo de recuperação não é

exaustivo, como nem poderia ser.

Como já anteriormente referido, a efetiva recuperação da empresa envolve uma série de

providências tendentes à (re)organização da sociedade e da empresa (aqui como atividade).

No caso, como já anteriormente indicado, a recuperação da sociedade que propõe o presente

Plano de Recuperação envolverá fundamentalmente a constituição de sociedades de credores e a

reestruturação e realocação dos ativos com o fim de que sejam estes explorados do modo mais

eficiente possível por estas novas sociedades.

A respeito daqueles meios de recuperação exemplificativamente dispostos no art. 50 da LRF,

o presente Plano adotará os seguintes:

13

i. Reorganização societária – art. 50, II;

ii. Trespasse do estabelecimento (UPI) – art. 50, VII c/c art. 60 da LRF;

iii. Dação em pagamento -art. 50, IX, da LRF;

iv. Constituição de sociedades de credores -art. 50, X, da LRF;

v. Venda parcial dos bens – art. 50, XI, da LRF;

vi. Emissão de valores mobiliários – art. 50, XI, da LRF;

vii. Constituição de sociedade de propósito específico – art. 50, XVI, da LRF.

Abaixo serão mais bem explicitadas e conceituadas as figuras identificadas como meios de

recuperação da sociedade, definindo-se o modo e condições em que se concretizarão.

3.2.2. CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADES DE CREDORES

Com o objetivo de reestruturar a atividade produtiva, empregar inteligentemente os ativos e

ordenar de modo mais eficiente a satisfação dos créditos, a recuperanda propõe a constituição de três

sociedades distintas.

Estas três sociedades, de tipos, composição societária, objeto e patrimônio diversos, são

concebidas para atender da melhor forma possível aos propósitos da recuperação judicial, respeitando

as peculiaridades da atividade, do estoque de ativos e do perfil do passivo.

Os instrumentos de constituição destas três sociedades integram o presente Plano de

Recuperação como anexos, sendo as mesmas delineadas, de modo circunstanciado, nos itens a

seguir.

3.2.2.1. SOCIEDADE DE CREDORES IMOBILIÁRIA

A companhia recuperanda é proprietária de diversos imóveis no Município de Brusque, sendo

que um deles – aquele onde está instalada a sua sede -, por suas dimensões e localização (Centro da

cidade) oferece diversas possibilidades para a realização de empreendimentos imobiliários6.

Assim, na medida em que o exercício da atividade industrial têxtil, no modelo atual, encerra,

hoje, como antes explicitado, pouca ou nenhuma viabilidade econômico-financeira, a recuperanda

6 A respeito dos empreendimentos que podem vir a ser realizados a partir dos imóveis em questão,

vejam-se,

exemplificativamente, os estudos e pré-projetos em anexo.

14

propõe a constituição de uma sociedade para o fim de exploração desse imóvel, da qual farão parte

os credores, além da própria devedora.

Com a constituição desta sociedade se buscará, como dito, a exploração de empreendimentos

imobiliários, atividade cujos resultados serão distribuídos entre os credores, então na condição de

acionistas e/ou debenturistas.

As características detalhadas desta sociedade – ora designada “Sociedade de Credores

Imobiliária” -são delineadas nos itens a seguir.

3.2.2.1.1. SUBSCRITORES

O capital da Sociedade de Credores Imobiliária será subscrito: i. pelos Credores Concursais

(excetuados os de natureza trabalhista e os sindicatos Sintrafite e Sindimestre); ii. pelos Credores

Extraconcursais Aderentes e pelos Credores Não Sujeitos Aderentes (excetuados os de natureza

trabalhista e os sindicatos Sintrafite e Sindimestre que porventura se enquadrem nas definições dos

arts. 67 e 84, ou na do art. 49, §§ 3º e 4º, todos da LRF); iii. pela própria Companhia Industrial

Schlösser S/A.

Quanto aos credores titulares de créditos de natureza trabalhista e aos sindicatos Sintrafite e

Sindimestre, sejam eles Concursais, Extraconcursais ou Não Sujeitos, os mesmos não integrarão a

Sociedade de Credores Imobiliária, mas poderão tomar parte na Sociedade de Credores Funcional, a

ser definida no item 3.2.2.2, e respectivos subitens, abaixo.

Com relação aos credores que poderão subscrever ações da Sociedade de Credores

Imobiliária, explicita-se o seguinte.

i.

Credores Concursais: estes credores subscreverão o capital social da Sociedade de

Credores Imobiliária com os seus créditos contra a SCHLÖSSER, pelo valor que tenha

sido reconhecido em favor de cada um na relação de credores elaborada e publicada pelo

Administrador Judicial na forma do art. 7º, § 2º, da LRF.

ii. Credores

Aderentes: os Credores Extraconcursais e Não Sujeitos, via de regra préexcluídos

dos efeitos do Plano de Recuperação, a este poderão aderir mediante

manifestação formal nesse sentido, como especificado no item 2.2, acima. Uma vez

formalizada a adesão, poderão os Credores Extraconcursais Aderentes e os Credores Não

15

Sujeitos Aderentes subscrever o capital da Sociedade de Credores Imobiliária. Esta

subscrição ocorrerá nas mesmas condições e para os mesmos efeitos previstos para os

Credores Concursais. Ou seja: os Credores Extraconcursais Aderentes e os Credores Não

Sujeitos Aderentes subscreverão o capital social da Sociedade de Credores Imobiliária com

os créditos extraconcursais e não sujeitos que tenham contra a recuperanda. O quantum

do crédito a ser utilizado para fins de subscrição será aquele pelo qual tenha havido a

adesão (vide item 2.2, acima). Não obstante a adesão ocorra sempre pela totalidade do

crédito extraconcursal ou não sujeito, a subscrição pelos Credores Extraconcursais

Aderentes e os Credores Não Sujeitos Aderentes poderá ocorrer com parcela do crédito

pelo qual tenham aderido, se assim preferirem estes credores. À parcela de crédito não

subscrita serão destinadas debêntures, conforme as especificações constantes do item

3.2.2.1.8. e respectivos sub-itens, no presente Plano.

iii. Companhia Industrial Schlösser: a recuperanda integralizará 10% do capital social com a

totalidade do crédito de sua titularidade contra a Eletrobras, reconhecido por sentença

transitada em julgado no processo nº 2003.72.05.001898-6, da 3ª Vara Federal de

Blumenau/SC, com valor atual de R$ 30.743.004,36 (trinta milhões, setecentos e quarenta

e três mil e quatro reais e trinta e seis centavos).

3.2.2.1.1.1. OPÇÃO DE NÃO SUBSCRIÇÃO E LIMITAÇÃO DE VALOR

Os credores, naturalmente, não podem ser obrigados a se associar7.

Aqueles credores (atente-se: os especificamente indicados no item 3.2.2.1.1., acima) que

não desejarem subscrever o capital da Sociedade de Credores Imobiliária, deverão manifestar esta

opção de modo expresso, por petição protocolada nos autos do processo de recuperação judicial a

que se refere o presente Plano, no prazo de 15 (quinze) dias contados da data do trânsito em julgado

da decisão que conceder a recuperação judicial.

No silêncio, presumir-se-á que os credores pretendem subscrever o capital, tornando-se,

então, acionistas ordinaristas da Sociedade de Credores Imobiliária.

No mesmo prazo de 15 (quinze) dias antes referido, poderão os Credores Extraconcursais

Aderentes e os Credores Não Sujeitos Aderentes indicar se pretendem que a subscrição ocorra apenas

7 O que ora se afirma consiste, a propósito, em preceito constitucional fundamental – art. 5º, XX, da

Constituição

Federal.

16

por parcela de seus créditos, desde logo indicando esta parcela. Em caso de silêncio, presumir-se-á a

intenção de subscrição pelo valor integral do crédito.

Ainda quanto aos Credores Extraconcursais Aderentes e os Credores Não Sujeitos Aderentes,

explicita-se, por questão de clareza: sem prejuízo da adesão ao Plano, estes credores poderão exercer

a opção de não ingressar na Sociedade de Credores Imobiliária. Assim, no mesmo prazo de 15

(quinze) dias, contados da data do trânsito em julgado da decisão que conceder a recuperação

judicial, poderão os credores em questão, em uma única manifestação, alternativamente: a) aderir ao

Plano, sem restrições; b) aderir ao Plano, definindo que a subscrição do capital social se dará apenas

por parcela do seu crédito; ou ainda c) aderir ao Plano, optando por não subscrever o capital da

Sociedade de Credores Imobiliária, submetendo-se, contudo, às demais cláusulas ora propostas, para

todos os seus demais efeitos.

3.2.2.1.2. TIPO SOCIETÁRIO

O tipo societário que se identifica como o mais adequado a viabilizar a melhor

operacionalização da medida que ora se propõe é a sociedade anônima (fechada), regulada pela Lei

6.404/76.

A esse respeito, destaca-se que a chamada Sociedade de Credores Imobiliária será composta

por inúmeros credores com perfis bastante distintos – desde os seus domicílios até a atividade que

desenvolvem, o valor e categoria de seus créditos, e os seus interesses na recuperação judicial e na

sociedade em questão (possivelmente até mesmo contrapostos em determinadas circunstâncias).

Em função de todas estas particularidades, revela-se como mais adequada à consecução dos

fins sociais a disciplina legal da sociedade anônima, tal como estatuída na Lei 6.404/76, dispondo de

mecanismos eficazes e bem definidos que possibilitam uma administração mais racional da sociedade,

com gestão objetiva da complexa estrutura de interesses existente.

3.2.2.1.3. OBJETO

O objeto social da Sociedade de Credores Imobiliária será a arrematação da Unidade

Produtiva Isolada Imobiliária descrita no item 3.2.2.4.2.1 do presente Plano de Recuperação,

podendo, a partir daí, alienar os bens que a compõem ou realizar empreendimentos imobiliários (p.

17

ex., incorporações), por iniciativa própria ou mediante a constituição de sociedade(s) de propósito

específica com investidores interessados.

Esta arrematação ocorrerá com o oferecimento dos créditos utilizados para a subscrição do

capital social da sociedade, como especificado no item 3.2.2.1.1., acima.

Assim, tendo em vista o objeto social acima descrito, uma vez que seja arrematada a Unidade

Produtiva Isolada Imobiliária a Sociedade de Credores Imobiliária poderá definir uma dentre as

seguintes destinações: a) alienar o imóvel, dissolvendo-se, então, a sociedade; b) realizar

empreendimentos imobiliários, por meios próprios ou através de sociedade(s) de propósito específico

com essa finalidade a ser(em) constituída(s) com investidores.

Na hipótese de a Unidade Produtiva Isolada Imobiliária vir a ser arrematada por terceiro, o

valor oferecido será utilizado para a satisfação dos créditos descritos no item 3.2.2.1.1., agora de

titularidade da Sociedade de Credores Imobiliária. Esta, a seu turno, se dissolverá, distribuindo-se os

valores em questão entre os acionistas.

Assim, caso a UPI Imobiliária venha a ser arrematada por qualquer pessoa, física ou jurídica,

distinta da Sociedade de Credores Imobiliária, o Juízo da Recuperação Judicial deverá determinar a

imediata liberação dos valores depositados para a arrematação em favor da Sociedade de Credores

Imobiliária. Nesta hipótese será ainda determinado, em ato consectário, a dissolução da Sociedade de

Credores Imobiliária, dando início à sua liquidação e pagando-se os acionistas na proporção das suas

ações. À SCHLÖSSER caberá a obrigação, no quanto receber por ocasião da liquidação da Sociedade

de Credores Imobiliária, de adquirir quotas da Sociedade de Credores Funcional (descrita no item

3.2.2.2. do presente Plano), na proporção dos respectivos valores.

3.2.2.1.4. FORMAÇÃO DO CAPITAL

O capital social da Sociedade de Credores Imobiliária será dividido em ações ordinárias e

ações preferenciais, nominativas e sem valor nominal, as quais se revestirão das características a

seguir especificadas.

i.

Ações Ordinárias: as ações ordinárias poderão ser subscritas exclusivamente pelos

Credores Concursais e pelos Credores Extraconcursais Aderentes e os Credores Não

Sujeitos Aderentes (excetuados, portanto, os credores trabalhistas e dos sindicatos

18

Sintrafite e Sindimestre, como acima explicitado), sendo integralizadas pelos valores dos

respectivos créditos conforme exposto no item 3.2.2.1.1, supra. A estas ações será

conferido o direito de voto em todas as matérias de interesse da companhia, observando-

se, a esse respeito, o que dispuser o Acordo de Acionistas a ser firmado imediatamente

após a constituição da sociedade nos termos constantes do item 3.2.2.1.6., infra. O preço

de emissão de cada ação será de R$ 1,00 (um real).

ii. Ações Preferenciais: serão emitidas ações preferenciais a serem subscritas unicamente

pela Companhia Industrial Schlösser S/A, as quais corresponderão a 10% do capital social

subscrito. A subscrição se verificará pela totalidade do valor do crédito de titularidade da

recuperanda contra a Eletrobrás, especificado no item 3.2.2.1.1., ainda que seja este

superior ao preço de emissão das referidas ações, hipótese em que às ações subscritas

pela SCHLÖSSER aplicar-se-á ágio proporcional ao que exceder a R$ 1,00 (um real). As

ações preferenciais não terão direito a voto. As ações preferenciais terão prioridade na

distribuição dos dividendos mínimos de 10% sobre o lucro líquido.

3.2.2.1.4.1 CLÁUSULA DE MANDATO

Decorrido o prazo aludido no item 3.2.2.1.1., sem manifestação, o Juízo determinará, com

fundamento na regra do art. 461 e do CPC e art. 641 do CPC c/c art. 59, § 1º, da LRF, que o Boletim

de Subscrição, o Projeto de Estatuto e demais atos societários necessários à constituição e registro da

Sociedade de Credores Imobiliária, sejam firmados, em nome dos credores, pelo Administrador

Judicial.

3.2.2.1.5. ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE

A Sociedade de Credores Imobiliária será administrada pela Diretoria e pelo Conselho de

Administração.

O Conselho de Administração será composto de 03 (três) membros, com prazo de gestão de

03 (três) anos, permitida a reeleição.

A Diretoria será composta por 01 (um) Diretor Presidente e 01 (um) Diretor Vice-Presidente,

indicados pelo Conselho de Administração, com mandato de 03 (três) anos, permitida a reeleição.

19

O Conselho Fiscal não será permanente, sendo instalado por deliberação da Assembléia Geral

nos termos do art. 161 da Lei 6.404/76.

3.2.2.1.6 ACORDO DE ACIONISTAS

Constituída a sociedade, será firmado, por todos os subscritores, Acordo de Acionistas que

conterá Acordo de Voto e Acordo de Bloqueio, dispondo sobre a indicação do Conselho de

Administração, sobre o cumprimento do objeto social e sobre critérios de venda e aquisição de ações

da Sociedade de Credores Imobiliária.

O Acordo de Acionistas terá prazo de vigência determinado pelo prazo de duração da

Sociedade de Credores Imobiliária (que se trata, como já exposto, de sociedade de propósito

específico).

O Acordo de Acionistas somente poderá ser alterado por deliberação unânime de 100% (cem

por cento) do capital subscrito, e será objeto de execução específica em caso de descumprimento de

qualquer das respectivas disposições, nos termos do art. 118, § 3º, da Lei 6.404/76 e dos arts. 461 e

641 do CPC.

O conteúdo do Acordo de Acionistas – cuja minuta integra o presente Plano de Recuperação

como anexo – é explicitado nos itens a seguir.

3.2.2.1.6.1 ACORDO DE VOTO

Será firmado, no Acordo de Acionistas, Acordo de Voto que disporá o seguinte.

i.

Indicação dos membros do Conselho de Administração: os acionistas acordarão

expressamente que seguirão a indicação dos 03 (três) maiores acionistas para a

indicação dos membros do Conselho de Administração. A indicação dos 03 (três)

maiores acionistas será definida em reunião que antecederá a realização da

Assembléia Geral Ordinária convocada para a eleição dos membros do Conselho de

Administração, sendo que, não havendo unanimidade, a indicação será verificada por

maioria simples em que a cada um destes 03 (três) maiores acionistas caberá um

voto.

20

ii.

Exercício do direito de voto sobre matérias que envolvam diretamente o cumprimento

do objeto social: os acionistas acordarão expressamente que seguirão a indicação dos

03 (três) maiores acionistas quando for deliberado sobre a venda de bens do ativo

permanente, sobre a realização de empreendimentos imobiliários, bem como sobre a

subscrição de ações ou quotas em sociedade de propósito específico que venha a ser

constituída para o fim de exploração econômica dos bens do ativo. A indicação dos 03

(três) maiores acionistas será definida em reunião que antecederá a realização da

Assembléia Geral convocada para deliberação sobre as matérias em questão, sendo

que, não havendo unanimidade, a indicação será verificada por maioria simples em

que a cada um destes 03 (três) maiores acionistas caberá um voto.

3.2.2.1.6.2 ACORDO DE BLOQUEIO

Os acionistas firmarão Acordo de Bloqueio que conterá cláusula de drag along, segundo a

qual, em caso de alienação de 35% (trinta e cinco por cento) das ações emitidas, os demais acionistas

se obrigam a vender também a totalidade das ações de sua titularidade pelos mesmos preço e

condições.

3.2.2.1.7. ALIENAÇÃO DE AÇÕES – CLÁUSULA DE TAG ALONG

O Estatuto Social preverá, como cláusula resolutiva, que em caso de aquisição de 35% (trinta

e cinco por cento) das ações emitidas pela Sociedade de Credores Imobiliária, o adquirente se

obrigará a adquirir também as ações dos demais acionistas, pelos mesmos preço e condições.

3.2.2.1.8 EMISSÃO DE DEBÊNTURES

Aos credores, Concursais ou Extraconcursais Optantes, que não desejem subscrever o capital

social da Sociedade de Credores Imobiliária, serão emitidas debêntures, em 04 (quatro) principais

séries distintas – ‘A’, ‘B’, ‘C’ e ‘D’.

Estas séries poderão ser subdivididas em tantas outras quantas sejam necessárias para que as

emissões atendam adequadamente à características dos créditos cujos titulares venham a ser

recebedores das debêntures.

21

As debêntures serão emitidas no prazo de 15 (quinze) dias contado do término do prazo

previsto para a adesão previsto no item 2.2 deste Plano.

O prazo das debêntures será indeterminado, sendo conversíveis em ações -ordinárias ou

preferenciais conforme a série – nos casos previstos no item 3.2.2.1.9. deste Plano.

Cada debênture assegurará a seu titular participação do resultado na mesma

proporcionalidade das ações ordinárias e preferenciais, sendo o respectivo cálculo efetuado

observando os critérios a seguir especificados.

A remuneração das debêntures será paga anualmente, na mesma época definida para a

distribuição de lucros dos acionistas da emissora, mediante deliberação da Assembleia Geral Ordinária,

que não poderá deliberar reter o lucro líquido ou a remuneração das debêntures por prazo superior a

03 (três) exercícios consecutivos.

As debêntures subscritas e integralizadas farão jus a rendimento variável, consistindo em

participação nos lucros da Emissora, na mesma proporção das ações ordinárias e preferenciais,

conforme os critérios abaixo definidos.

As debêntures, independentemente da Série ou Espécie, receberão, proporcionalmente ao

valor que corresponderiam se consideradas parte integrante do capital social da Emissora, a parcela

do Lucro Líquido do exercício, diminuído dos seguintes valores: a) eventuais prejuízos acumulados de

exercícios anteriores; b) da constituição da reserva legal; c) da constituição de eventuais reservas de

lucros a realizar; d) da constituição de eventuais reservas de contingências.

Serão, ainda, acrescidas à base de calculo antes referida as reversões das reservas de lucros a

realizar no exercício em que os mesmos forem realizados e as reservas de contingência no exercício

em que as mesmas não se justificarem.

Não será computado, para fins do cálculo do Lucro Líquido a que se refere esta cláusula, o

valor da remuneração devida às debêntures. Vale dizer, receberão as debêntures participação nos

lucros como se acionistas fossem, conforme os direitos conferidos às respectivas séries.

As Séries principais ‘A’, ‘B’, ‘C’ e ‘D’ terão as características a seguir descritas.

22

3.2.2.1.8.1. DEBÊNTURES SÉRIE ‘A’

As debêntures Série ‘A’ serão emitidas unicamente em favor da credora CELESC, na hipótese

de esta não desejar subscrever o capital social da Sociedade de Credores Imobiliária.

As debêntures Série ‘A’ garantirão à respectiva titular os seguintes direitos:

i.

Participação nos lucros nas mesmas condições das ações ordinárias e conforme explicitado

no item 3.2.2.1.8., acima.

ii. Resgate: as debêntures Série ‘A’ serão resgatáveis na hipótese de a CELESC concordar

com a dação em pagamento pela Sociedade de Credores Imobiliária, para efeito de

quitação do débito da Companhia Industrial Schlösser S/A, do crédito utilizado por esta

para a integralização do capital social da Sociedade Credores Imobiliária, qual seja, o

atinente aos empréstimos compulsórios tomados pela Eletrobras, já reconhecido por

sentença transitada em julgado em processo originário da 3ª Vara Federal de

Blumenau/SC (processo nº 2003.72.05.001898-6).

iii. Conversibilidade: as debêntures Série ‘A’ serão conversíveis em ações ordinárias quando se

verificar qualquer das causas de dissolução da Sociedade de Credores Imobiliária.

iv. Garantia real: as debêntures Série

‘A’ serão garantidas por penhor sobre o crédito de

titularidade da Companhia Industrial Schlösser S/A contra a Eletrobras, reconhecido por

decisão transitada em julgado nos autos o processo nº 2003.72.05.001898-6, da 3ª Vara

da Justiça Federal de Blumenau -SC.

3.2.2.1.8.2. DEBÊNTURES SÉRIE ‘B’

As debêntures Série ‘B’ serão emitidas em favor dos Credores Concursais e titulares de

créditos ilíquidos (item 2.3 do Plano), e darão aos respectivos debenturistas os seguintes direitos:

i.

Participação nos lucros nas mesmas condições das ações ordinárias.

ii.

Conversibilidade: as debêntures Série ‘B’ serão conversíveis em ações ordinárias quando se

verificar qualquer das causas de dissolução da Sociedade de Credores Imobiliária

iii. As debêntures Série “B” serão da espécie quirografária.

23

3.2.2.1.8.3. DEBÊNTURES SÉRIE ‘C’

As debêntures Série ‘C’ serão emitidas em favor dos credores com garantia real e aos

Credores Não Sujeitos Aderentes, e darão aos respectivos titulares os seguintes direitos:

i. Participação nos lucros nas mesmas condições das ações preferenciais.

ii. Conversibilidade: as debêntures Série ‘C’ serão conversíveis em ações preferenciais quando

se verificar qualquer das causas de dissolução da Sociedade de Credores Imobiliária

iii. Garantia real: as debêntures Série ‘C’ serão garantidas por hipoteca a ser constituída sobre

os imóveis integrantes da UPI Imobiliária (ver item 1.1.2.4.2.1 do presente Plano de

Recuperação). Como se trata de terreno com diversas matrículas, a garantia será

constituída sobre tantas quantas bastem, pelos valores de avaliação, para garantir a

satisfação dos valores de face das debêntures. A garantia será constituída sob condição

suspensiva da efetiva arrematação da UPI Imobiliária que é integrada pelos imóveis em

questão.

3.2.2.1.8.4. DEBÊNTURES SÉRIE ‘D’

As debêntures Série ‘D’ serão emitidas em favor dos Credores Extraconcursais Aderentes e

darão aos respectivos titulares os seguintes direitos:

i. Participação nos lucros nas mesmas condições das ações preferenciais.

ii. Conversibilidade: as debêntures Série ‘D’ serão conversíveis em ações preferenciais quando

se verificar qualquer das causas de dissolução da Sociedade de Credores Imobiliária.

iii. Garantia real: as debêntures Série ‘D’ serão garantidas por hipoteca a ser constituída sobre

os imóveis integrantes da UPI Imobiliária (ver item 1.1.2.4.2.1 do presente Plano de

Recuperação). Como se trata de terreno com diversas matrículas, a garantia será

constituída sobre tantas quantas bastem, pelos valores de avaliação, para garantir a

satisfação dos valores de face das debêntures. A garantia será constituída sob condição

suspensiva da efetiva arrematação da UPI Imobiliária que é integrada pelos imóveis em

questão.

iv. Ao debenturista titular de Debênture Série ‘D’ tocará o exercício da opção de venda da

mesma à Subsidiária Integral a ser constituída em decorrência da aprovação do presente

Plano (item 3.2.2.3.), pelo valor de face, exercitável a qualquer momento a partir da

24

respectiva emissão, tão logo a referida sociedade (Subsidiária Integral) disponha de

recursos em caixa que sejam suficientes para o seu pagamento pelo valor de face.

3.2.2.1.9. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE

Além das causas previstas no art. 206 da Lei 6.404/76, a Sociedade de Credores Imobiliária se

dissolverá nas seguintes hipóteses:

i. Arrematação da UPI Imobiliária por terceiro, com a recepção do valor da arrematação nos

termos do item 3.2.2.1.3., supra. Nesta hipótese, o recurso em caixa será distribuído

entre os acionistas ordinaristas e os preferencialistas que tenham se tornando acionistas

por conversão de debêntures. Quanto aos valores que eventualmente sejam recebidos

pela SCHLÖSSER, os mesmos serão integralmente destinados à aquisição de quotas da

Sociedade de Credores Funcional.

ii. Alienação da UPI Imobiliária pela Sociedade de Credores Imobiliária a terceiro, com o

recebimento da integralidade do valor da venda e conseqüente distribuição dos recursos

obtidos na forma do subitem precedente, inclusive no tocante à SCHLÖSSER.

iii. Conclusão de empreendimento imobiliário que venha a ser desenvolvido a partir dos bens

integrantes da UPI Imobiliária, uma vez que tenham sido recebidos todos os créditos que

caibam à Sociedade de Credores Imobiliária em relação ao mesmo.

3.2.2.2. SOCIEDADE DE CREDORES FUNCIONAL

Além da Sociedade de Credores Imobiliária, delineada nos itens precedentes, será criada uma

sociedade ora designada como “Sociedade de Credores Funcional”.

Enquanto a constituição da Sociedade de Credores Imobiliária tem, como um de seus

principais objetivos, dar tratamento adequado aos Credores Concursais, Extraconcursais e Não

Sujeitos cujos créditos sejam quirografários, com garantia real e com privilégio geral ou especial, a

Sociedade de Credores Funcional abrangerá os Créditos Trabalhistas, sejam eles Concursais,

Extraconcursais ou Não Sujeitos.

Ao par destes, e em função de terem origem nas mesmas relações jurídicas (entre os

empregados e a recuperanda), serão alcançados pela Sociedade de Credores Funcional também os

25

sindicatos Sintrafite e Sindimestre, independentemente da natureza ou categoria em que se

enquadrem os respectivos créditos.

Explicitam-se, a seguir, as características essenciais desta Sociedade de Credores Funcional,

cujo contrato social integra o presente Plano de Recuperação como anexo.

3.2.2.2.1 SUBSCRITORES

O capital da Sociedade de Credores Funcional será subscrito: i. pelos Credores Trabalhistas

Concursais; ii. pelos Credores Trabalhistas Aderentes; iii. pelos sindicatos Sintrafite e Sindimestre (na

condição de Concursais ou de Aderentes).

Os critérios de subscrição a serem observados por cada um destes grupos de credores serão

as seguintes:

i.

Credores Trabalhistas Concursais: estes credores subscreverão quotas do capital social da

Sociedade de Credores Imobiliária com os seus créditos contra a SCHLÖSSER, pelo valor

que tenha sido reconhecido em favor de cada um na relação de credores elaborada e

publicada pelo Administrador Judicial na forma do art. 7º, § 2º, da LRF.

ii. Credores

Trabalhistas Aderentes: os Credores Trabalhistas Extraconcursais e/ou Não

Sujeitos, que sejam pré-excluídos dos efeitos do Plano de Recuperação, a este poderão

aderir mediante manifestação formal nesse sentido, a ser protocolada nos atos do

processo de recuperação judicial em até 15 (quinze) dias contados da data do trânsito em

julgado da decisão que venha a conceder a recuperação judicial, conforme previsto no

item 2.2. do presente Plano de Recuperação. Uma vez formalizada a adesão, poderão os

Credores Trabalhistas Aderentes subscrever o capital da Sociedade de Credores Funcional.

Esta subscrição ocorrerá nas mesmas condições e para os mesmos efeitos previstos para

os Credores Trabalhistas Concursais. Ou seja: os Credores Trabalhistas Aderentes

subscreverão o capital social da Sociedade de Credores Funcional com os créditos

derivados da legislação do trabalho (que por qualquer razão sejam considerados como

extraconcursais ou não sujeitos à recuperação judicial) que tenham contra a recuperanda.

O quantum do crédito a ser utilizado para fins de subscrição será aquele pelo qual tenha

havido a adesão (vide item 2.2, acima). Os Credores Trabalhistas Aderentes deverão

subscrever o capital da Sociedade de Credores Funcional pela totalidade do valor de seus

créditos.

26

iii. sindicatos

Sintrafite e Sindimestre: o Sintrafite e Sindimestre (inclusive quando, pelas

peculiaridades de seu crédito, sejam Aderentes) subscreverão quotas da Sociedade de

Credores Funcional com os créditos que tenham contra a Companhia Industrial Schlösser,

seja de que natureza forem. No que diz respeito ao quantum do crédito, o mesmo será

verificado, conforme se trate de crédito concursal, extraconcursal ou não sujeito, de

acordo com os mesmos critérios estabelecidos nos subitens ‘i’ e ‘ii’, deste item 3.2.2.2.1..

3.2.2.2.1.1. OPÇÃO DE NÃO SUBSCRIÇÃO

Os credores, naturalmente, não podem ser obrigados a se associar8.

Aqueles credores (atente-se: os especificamente indicados no item 3.2.2.2.1., acima) que

não desejarem subscrever o capital da Sociedade de Credores Funcional, deverão manifestar esta

opção de modo expresso, por petição protocolada nos autos do processo de recuperação judicial a

que se refere o presente Plano, no prazo de 15 (quinze) dias contados da data do trânsito em julgado

da decisão que conceder a recuperação judicial.

No silêncio, presumir-se-á que os credores pretendem subscrever o capital, tornando-se,

então, acionistas da Sociedade de Credores Funcional.

Os credores tratados neste item, também indicados no item 3.2.2.2.1., acima, somente

poderão subscrever o capital da Sociedade de Credores Funcional pela integralidade do valor de seus

créditos, sem restrições.

Quanto aos Credores Trabalhistas Aderentes e Sindicatos Aderentes, explicita-se, por questão

de clareza: sem prejuízo da adesão ao Plano, os Credores Trabalhistas Aderentes e os Sindicatos

Aderentes poderão exercer a opção de não ingressar na Sociedade de Credores Funcional. Assim, no

mesmo prazo de 15 (quinze) dias, contados da data do trânsito em julgado da decisão que conceder a

recuperação judicial, poderão os credores em questão, em uma única manifestação, alternativamente:

a) aderir ao Plano, sem restrições; b) aderir ao Plano, optando por não subscrever o capital da

Sociedade de Credores Funcional, mas ainda assim se submetendo às demais cláusulas ora propostas,

para todos os seus demais efeitos.

8 Como já referido, a liberdade de associação se trata de garantia constitucional positivada no art. 5º,

XX, da

Constituição Federal.

27

3.2.2.2.2. TIPO SOCIETÁRIO

Ao contrário das circunstâncias que envolvem a Sociedade de Credores Imobiliária, a exigir

estrutura societária mais elaborada, a Sociedade de Credores Funcional, em função do menor número

de credores e, em especial, da uniformidade de natureza destes créditos, será constituída sob a forma

de sociedade limitada.

Esta Sociedade, portanto, será regulada pelos arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil, observadas

as particularidades a seguir especificadas e sendo adotado, nos casos de omissão, a regência

supletiva da Lei 6.404/76, conforme expressamente previsto no art. 1.053, parágrafo único, do Código

Civil.

3.2.2.2.3 OBJETO

O objeto social da Sociedade de Credores Funcional é a arrematação da Unidade Produtiva

Isolada Funcional, para posterior exploração destes ativos conforme a sua finalidade.

Como será devidamente explicitado em item próprio, abaixo, a Unidade Produtiva Isolada

Funcional compõe-se, entre outros bens, de direitos e obrigações, de imóveis e acessões que

permitem a exploração de atividades de prestação de serviços, como aluguel de espaço para eventos,

para a instalação de sedes de associações, economatos etc.

Estas, entre outras (compreendendo-se, ainda, a alienação de bens), as atividades que podem

ser exercidas pela Sociedade de Credores Funcional, conforme deliberação a ser tomada no respectivo

âmbito, respeitada a participação de cada um dos credores – ora sócios – na sociedade em questão.

A arrematação da Unidade Produtiva Isolada Funcional ocorrerá com o oferecimento dos

créditos utilizados para a subscrição do capital social da sociedade, como especificado no item

3.2.2.2.1, acima.

Uma vez arrematada a Unidade Produtiva Isolada Funcional, a Sociedade de Credores

Funcional definirá a destinação a ser atribuída ao estabelecimento, podendo aliená-lo ou explorar

atividade econômica compatível com as suas características.

28

Na hipótese de a Unidade Produtiva Isolada Funcional ser arrematada por qualquer pessoa

física ou jurídica distinta da própria Sociedade de Credores Funcional – o que somente poderá ocorrer

por valor superior ao do lanço por esta efetuado, com pagamento à vista – todo o produto da

arrematação será imediatamente9 destinado à Sociedade de Credores Funcional.

Assim, caso a UPI Funcional venha a ser arrematada por qualquer pessoa, física ou jurídica,

distinta da Sociedade de Credores Funcional, o Juízo da Recuperação Judicial deverá determinar a

imediata liberação dos valores depositados para a arrematação em favor da Sociedade de Credores

Funcional. Nesta hipótese será ainda determinado, em ato consectário, a dissolução da Sociedade de

Credores Funcional, dando início à sua liquidação e pagando-se os quotistas na proporção das suas

quotas.

3.2.2.2.4. FORMAÇÃO DO CAPITAL

O capital social da Sociedade de Credores Funcional será formado por quotas no valor de R$

1,00 (um real) cada, e será dividido em tantas quotas quantas sejam necessárias tendo em vista o

valor a ser integralizado com os créditos que os subscritores tenham contra a Companhia Industrial

Schlösser, tomando-se por base, para esse efeito, a relação de credores que tenha sido publicada pelo

Administrador Judicial em cumprimento à regra do art. 7º, § 2º, da Lei 11.101/05, ou, no caso dos

Credores Trabalhistas Aderentes e Sindicatos Aderentes, o valor pelo qual tenha se verificado a

Adesão, conforme os critérios especificados no item 2.2. do presente Plano de Recuperação.

3.2.2.2.5 ACORDO DE QUOTISTAS

Constituída a Sociedade de Credores Funcional, será firmado Acordo de Quotistas que terá

como objeto: i. exercício do direito de voto; ii. venda de bens do ativo permanente; iii. administração

da sociedade; iv. eventual alteração do objeto social para adequação à finalidade que seja atribuída à

Unidade Produtiva Isolada Funcional.

A minuta do referido Acordo de Quotistas integra o presente Plano de Recuperação Judicial

como anexo.

9 Por “imediatamente”, compreenda-se tão-logo se considere, conforme as regras aplicáveis (em

especial, CPC),

perfeita e acabada a arrematação.

29

Explicita-se, desde logo, que, em síntese, os sócios da Sociedade de Credores Funcional

obrigam-se a seguir o voto que seja proferido pelos sócios Sindicatos Sintrafite e Sindimestre, quando,

em Reunião de Sócios, seja deliberado sobre: i. venda de bens do ativo permanente; ii. administração

da sociedade, compreendendo-se aqui a indicação dos administradores; iii. eventual alteração do

objeto social para adequação à finalidade que seja atribuída à Unidade Produtiva Isolada Funcional.

O Acordo de Quotistas poderá ser objeto de execução específica, observadas as regras dos

arts. 461 e 641 do Código de Processo Civil, bem como o disposto no art. 118 da Lei 6.404/76, sendo

que qualquer voto proferido em contrariedade ao Acordo será considerado ineficaz, de pleno direito,

em relação à sociedade.

3.2.2.2.5. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE

Além das causas previstas nos arts. 1.033 e 1.034 do Código Civil (aplicáveis por remissão

expressa do art. 1.087 do mesmo diploma legal), a Sociedade de Credores Funcional se dissolverá nas

seguintes hipóteses:

i.

Arrematação da UPI Funcional por terceiro, com a recepção do valor da arrematação nos

termos do item 3.2.2.2.3., supra. Nesta hipótese, o recurso em caixa será distribuído

entre os quotistas.

ii.

Alienação da UPI Funcional pela Sociedade de Credores Funcional a terceiro, com o

recebimento da integralidade do valor da venda.

iii. Conclusão de empreendimento que venha a ser desenvolvido a partir dos bens integrantes

da UPI Funcional, uma vez que tenham sido recebidos todos os créditos que caibam à

Sociedade de Credores Funcional em relação ao mesmo.

3.2.2.3. CONSTITUIÇÃO DE SUBSIDIÁRIA INTEGRAL

Como já anteriormente mencionado, a continuidade da atividade que até então vinha sendo

desenvolvida pela recuperanda se afigura, por força das circunstâncias atuais, inviável.

Isso não significa, contudo, a impossibilidade de desenvolvimento de atividade empresária e,

mais do que isso, na própria indústria têxtil.

30

Assim é que, identificada a necessidade de uma reorganização societária que envolva o

redimensionamento da estrutura produtiva disponível, proceder-se-á na constituição de uma

Subsidiária Integral, com finalidade eminentemente operacional e que atuará em segmento

apropriado da indústria têxtil.

3.2.2.3.1 OBJETO

Em conformidade com o acima referido, o objeto da Subsidiária Integral será a recepção da

Unidade Produtiva Isolada Têxtil, para o fim de exploração da atividade correspectiva.

3.2.2.3.2. FORMAÇÃO DO CAPITAL

O capital da Subsidiária Integral será formado por parcela do patrimônio da recuperanda que

lhe será vertido.

Esta parcela de patrimônio a ser vertida consiste na Unidade Produtiva Isolada Têxtil (UPI

Têxtil), composta dos elementos corpóreos e incorpóreos relacionados no item 3.2.3.2.3., abaixo.

3.2.2.3.2.1. AUTORIZAÇÃO PARA AUMENTO DE CAPITAL

O Estatuto da Subsidiária Integral conterá expressa autorização para aumento de capital,

independentemente de reforma estatutária, observados os termos do art. 168 da Lei 6.404/76.

O aumento de capital em questão somente poderá ser realizado através da emissão de ações

ordinárias.

O órgão competente para deliberar sobre a emissão de ações ordinárias decorrente do

aumento de capital será a Assembleia Geral da companhia.

As ações que venham a ser emitidas em função do aumento de capital, como referido no item

precedente, poderão ser objeto de alienação que deverá ocorrer, exclusivamente, mediante leilão

judicial a ser levado a efeito perante o Juízo da Recuperação Judicial, no âmbito do processo de

recuperação judicial da Companhia Industrial Schlösser.

31

A alienação das ações no leilão se dará por lotes, sendo que os procedimentos para a hasta

observarão as regras da Lei 11.101/05, em especial – arts. 141, II e 142, I, do referido diploma legal.

Ainda, com relação à alienação procedida nos termos ora expostos, incidirá a regra do art. 60,

parágrafo único, da LRF.

3.2.3 TRESPASSE DE ESTABELECIMENTOS – ALIENAÇÃO DE UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADAS

3.2.3.1 CONCEITO DE UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA (UPI)

Apesar do silêncio da LRF quanto ao conceito de “unidade produtiva isolada”, expressão

utilizada no art. 60 e repetida adiante no art. 140, II, ambos da referida Lei, valha-se, para sua

interpretação, do conceito de estabelecimento descrito no Código Civil, art. 1.142. Mutatis mutandis,

quando disse “unidade produtiva isolada” quis dizer o legislador estabelecimento. Prova disso é a

referência ao trespasse previsto no art. 50, VII, da LRF.

Assim, a alienação da UPI nada mais é do que o trespasse de estabelecimento.

Nesse mesmo sentido Eduardo Secchi Munhoz10:

(...) a redação do dispositivo (art. 60 da LRF), ao mencionar “unidade

produtiva” ou “filiais”, não adotou a melhor técnica, na medida em que

essas expressões não possuem um significado jurídico próprio; melhor seria

o emprego da expressão estabelecimento, cujo conceito foi amplamente

desenvolvido pela doutrina, encontrando-se positivado no art. 1142 do CC.

Dir-se-ia então que, se o plano de recuperação envolver a alienação de

estabelecimentos empresariais isolados do devedor, o arrematante não

sucede nas obrigações deste, inclusive as de natureza tributária e

trabalhista, nem fica sujeito aos eventuais ônus anteriormente incidentes

sobre tal universalidade de fato.

Superada essa problemática conceitual, a qual não interfere, de maneira alguma, na

apresentação e execução do presente meio de recuperação, passa-se à caracterização das Unidades

Produtivas Schlösser.

10 Eduardo Secchi Munhoz, in Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência. Editora

Revista dos Tribunais, pág.

295.

32

3.2.3.2 UNIDADES PRODUTIVAS SCHLÖSSER

O significativo patrimônio da recuperanda, que envolve bens móveis e imóveis, tangíveis e

intangíveis, corpóreos e incorpóreos, permite vislumbrar Unidades Produtivas distintas, destinadas a

atividades diversas.

Assim é que, com o fim de otimizar o emprego produtivo deste patrimônio, são destacadas,

com o presente Plano de Recuperação, 03 (três) Unidades Produtivas, às quais serão compostas como

a seguir especificado.

3.2.3.2.1. UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA IMOBILIÁRIA

3.2.3.2.1.1. ELEMENTOS CORPÓREOS

Os elementos corpóreos da Unidade Produtiva Isolada Imobiliária serão os seguintes

(registrando-se, por oportuno, que os imóveis são todos matriculados no Registro de Imóveis da

Comarca de Brusque/SC):

i. Imóvel matrícula nº 13.197, avaliado em R$ 700.000,00 (setecentos mil reais).

ii. Imóvel matrícula nº 26329, avaliado em R$ 11.400.000,00 (onze milhões e quatrocentos

mil reais).

iii. Imóvel matrícula nº 21.871, avaliado em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).

iv. Imóvel matrícula nº 26.165, avaliado em R$ 10.100.000,00 (dez milhões e cem mil reais).

v. Imóvel matrícula nº 26.330, avaliado em R$ 12.600.000,00 (doze milhões e seiscentos mil

reais).

vi. Imóvel matrícula nº 26.331, avaliado em R$ 14.500.000,00 (quatorze mil e quinhentos mil

reais)

vii. Imóvel matrícula nº 33.564, avaliado em R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil

reais).

viii. Edificações, benfeitorias e instalações relativas ao imóvel referido no item ‘ii’, acima.

ix. Edificações, benfeitorias e instalações relativas aos imóveis referidos nos itens ‘iii’ a ‘vii’.

Avaliados em R$ 16.242.445,00 (dezesseis milhões, duzentos quarenta e dois mil,

quatrocentos e quarenta e cinco reais).

33

3.2.3.2.1.2. ELEMENTOS INCORPÓREOS

Os elementos incorpóreos da Unidade Produtiva Isolada Imobiliária serão os seguintes:

i. Pré-projetos para incorporação imobiliária a ser realizada sobre os imóveis que compõem a

UPI Imobiliária.

ii. Potencial construtivo -equivalente a 04 (quatro) vezes a área do terreno.

iii. Crédito de

titularidade da Companhia Industrial Schlösser S/A contra o Município de

Brusque/SC, consubstanciado no Precatório nº 500.04.000306-5, originário da 2ª Vara

Cível de Brusque/SC, com valor estimado, hoje, em aproximadamente R$ 400.000,00

(quatrocentos mil reais).

3.2.3.2.2. UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADA FUNCIONAL

3.2.3.2.2.1. ELEMENTOS CORPÓREOS

Os elementos corpóreos da Unidade Produtiva Isolada Funcional serão os seguintes:

i. Terreno

localizado na Rua Gustavo Halfpap, em Brusque/SC, composto pelos imóveis

registrados nas matrículas nº 33.282, nº 19.359 e nº 42.088, do Registro de Imóveis da

Comarca de Brusque/SC. Valor de avaliação: R$ 5.530.000,00 (cinco milhões, quinhentos e

trinta mil reais).

ii. Edificações Benfeitorias

e Instalações do terreno descrito no item ‘i’, acima. Valor de

avaliação: R$ 1.344.554,00 (um milhão, trezentos e quarenta e quatro mil, quinhentos e

cinqüenta e quatro reais).

iii. Imóvel localizado na Av. Getúlio Vargas, nº 63, Brusque/SC, constante da matrícula nº

29.052 do Registro de Imóveis da Comarca de Brusque/SC. Valor de avaliação: R$

4.800.000,00 (quatro milhões, oitocentos mil reais).

iv. Edificações, Benfeitorias e Instalações do imóvel descrito no item

‘iii’, acima. Valor de

avaliação: R$ 1.086.787,00 (um milhão, oitenta e seis mil, setecentos e oitenta e sete).

3.2.3.2.2.2. ELEMENTOS INCORPÓREOS

A Unidade Produtiva Isolada Funcional, muito embora não disponha de bens incorpóreos

propriamente ditos, qualifica-se, por todas as suas características, como estabelecimento empresarial,

revelando ampla capacidade para a exploração de atividade econômica.

34

Desse modo, o conjunto de bens, que adquire nova funcionalidade se considerado, como aqui

se faz, de modo global, trata-se, inequivocamente, de Unidade Produtiva em acepção rigorosa.

3.2.3.2.3. UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA TÊXTIL

3.2.3.2.3.1. ELEMENTOS CORPÓREOS

Os elementos corpóreos da Unidade Produtiva Isolada Têxtil serão os seguintes:

i. Terreno localizado na Rodovia SCT – 486, em Brusque – SC, com área total de

133.172,75m²

e composto pelos imóveis descritos nas matrículas nº 36.749, nº 37.613,

nº 38.026, nº 38.027, nº 38.598, nº 33.733, nº 40.564 e nº 15.793, todas do Registro

de Imóveis da Comarca de Brusque – SC. O valor total atribuído a este imóvel, conforme

laudo em anexo, é de R$ 7.900.000,00 (sete milhões e novecentos mil reais).

ii. Reflorestamento: eucaliptos cultivados pra reflorestamento nos imóveis acima descritos.

iv. Bens móveis, com valor total avaliado em R$ 13.113.815,18 (treze milhões, cento e treze

mil, oitocentos e quinze reais e dezoito centavos).

v. Instalações industriais, avaliadas em R$ 318.000,00 (trezentos e dezoito mil reais).

vi. Equipamentos de informática, avaliados em R$ 88.212,00 (oitenta e oito mil, duzentos e

doze reais).

vii. Móveis e utensílios, avaliados em R$ 53.692,32 (cinqüenta e três mil, seiscentos e

noventa e dois reais e trinta e dois centavos).

viii.

Programas de computação, avaliados em R$ 26.947,37 (vinte e seis mil, novecentos e

quarenta e sete reais e trinta e sete centavos)

3.2.3.2.3.2. ELEMENTOS INCORPÓREOS

Os elementos incorpóreos da Unidade Produtiva Isolada Têxtil serão os seguintes:

i. Marcas “Schlösser”.

ii. Obrigação de adquirir, pelo valor de face, as debêntures de titularidade dos Credores

Extraconcursais Aderentes (Debêntures Série ‘D’), caso seja exercida por estes a opção de

venda. Esta opção será exercitável a qualquer momento a partir de quando haja recursos

em caixa no mínimo equivalentes ao valor de face da debênture, tornando-se, a partir daí,

exigível a obrigação para todos os efeitos.

35

iii. Crédito de titularidade da Companhia Industrial Schlösser S/A contra o Estado de Santa

Catarina, inscrito no Precatório nº 500.04.000130-5, correspondente ao processo nº

023.97.003430-7, da Vara de Precatórias e Precatórios da Comarca de Florianópolis – SC,

cujo valor, atualizado até a data de 31.10.2010, era de R$ 787.793,91.

iv.

Crédito de titularidade da Companhia Industrial Schlösser S/A reconhecido por decisão

transitada em julgado na data de 06.06.95 no processo de origem nº 84.0020119-1, da 6ª

Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, relativo a Crédito-Prêmio do IPI, estimado em

R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais). O efetivo recebimento do crédito em questão

depende do julgamento de recurso, pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região,

interposto pela Schlösser contra decisão proferida nos embargos à execução nº

1999.34.00.002331-1.

v. Obrigação de pagamento dos honorários contratuais os advogados que representam a

Companhia Industrial Schlösser S/A no processo mencionado no sub-item precedente,

avençados em 50% sobre o valor percebido – valor da obrigação estimado, portanto, em

R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reais), com pagamento condicionado, como antes

dito, ao recebimento dos recursos.

3.2.3.3. ALIENAÇÃO DAS UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADAS

3.2.3.3.1. UNIDADES PRODUTIVAS ISOLADAS IMOBILIÁRIA E FUNCIONAL

Dentro de até 03 (três) meses contados da data em que forem juntados aos autos do

processo de recuperação judicial os documentos que demonstrem terem sido definitivamente

constituídas e registradas a Sociedade de Credores Imobiliária e a Sociedade de Credores Funcional,

deverá ocorrer a alienação da Unidade Produtiva Isolada Imobiliária e da Unidade Produtiva Isolada

Funcional.

Os objetos das alienações estarão livres de quaisquer ônus e não haverá sucessão dos

arrematantes nas obrigações da recuperanda (Companhia Industrial Schlösser S/A), nos termos dos

artigos 60, parágrafo único, e 141, II, ambos da LRF, e do artigo 133, parágrafo primeiro do CTN.

A eficácia dos atos de alienação perante terceiros se operará na forma do art. 1.144 do CC,

vale dizer: “só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do

empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado

36

na imprensa oficial”. Após a lavratura dos autos de arrematação, a averbação a que se refere o artigo

antes citado será determinada por ordem judicial.

Em relação aos contratos vertidos às Unidades Produtivas Isoladas, aplica-se o disposto no

art. 1.148 do CC, presumindo-se todos eles de natureza não pessoal.

A imissão dos arrematantes na posse das Unidades Produtivas Isoladas arrematadas dar-se-á

independentemente da averbação no registro de comércio, verificando-se logo após a lavratura do

auto de arrematação, caso em que poderão desde então praticar todos de empresa relativos ao

exercício das atividades. Responderão os arrematantes, no entanto, pelas obrigações decorrentes do

exercício das respectivas atividades no período compreendido entre a lavratura do(s) auto(s) e o

efetivo registro.

3.2.3.3.2. DA MODALIDADE DE ALIENAÇÃO DAS UPIS

A alienação da Unidade Produtiva Isolada Imobiliária e da Unidade Produtiva Isolada

Funcional, como aqui se propõe, observará as disposições contidas nos artigos 60 e 142, I, ambos da

LRF:

Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação

judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz

ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.

Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e

não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive

as de natureza tributária, observado o disposto no § 1° do art. 141 desta

Lei.

Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação

do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em

uma das seguintes modalidades:

I – leilão, por lances orais;

(...)

A modalidade de alienação se realizará, então, por lances orais, restando vencedor o

interessado que ofertar o melhor preço, observadas as disposições abaixo.

37

3.2.3.3.3. DAS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO NO LEILÃO

A habilitação para participação no leilão dar-se-á através de petição protocolada junto aos

autos do processo de recuperação judicial em até 10 (dez) dias contados da publicação de anúncio do

ato – art. 142, § 1°

da LRF, acompanhada da comprovação de garantia por carta-fiança emitida por

instituição financeira idônea, ou depósito judicial em conta vinculada ao juízo da recuperação, em

qualquer caso em valor equivalente a 20% do valor de avaliação da totalidade do bens integrantes de

cada UPI.

Ausente a devida comprovação e/ou efetuado extemporaneamente o depósito, considerar-seá

inepta a respectiva habilitação, impossibilitando a participação do interessado no certame.

Os participantes do leilão que tenham optado pelo depósito judicial e que não obtiverem

sucesso na arrematação poderão sacar o valor depositado imediatamente após a sua realização.

Estas condições não se aplicam à Sociedade de Credores Imobiliária, para a arrematação da

UPI Imobiliária, nem para a Sociedade de Credores Funcional, para a arrematação da UPI Funcional,

na medida em que os lanços compreenderão créditos de titularidades destas contra a recuperanda.

Assim, a Sociedade de Credores Imobiliária, para a arrematação da UPI Imobiliária, e a

Sociedade de Credores Funcional, para a arrematação da UPI Funcional, estão dispensadas do prévio

protocolo de petição e da apresentação de quaisquer garantias para participarem dos leilões em

questão.

3.2.3.3.4. DETALHAMENTO DA MODALIDADE DE ALIENAÇÃO DA UPI

As alienações da UPI Imobiliária e da UPI Funcional serão realizadas em leilões por lances

orais, na forma do artigo 142, I, §§ 1º e 3º da Lei nº 11.101/2005, à vista, observado como valor

mínimo o das avaliações em anexo.

Será declarado vencedor o habilitado que ofertar o maior lanço à vista. Havendo apenas uma

proposta devidamente habilitada, será pronunciado vencedor o único ofertante, sendo que, em

qualquer hipótese, o preço do objeto da alienação será igual ou superior ao preço mínimo de

arrematação aqui estabelecido.

38

A realização do leilão ocorrerá em até 90 (noventa) dias contados da data em que forem

juntados aos autos do processo de recuperação judicial os documentos que demonstrem estarem

definitivamente constituídas e registradas a Sociedade de Credores Imobiliária e a Sociedade de

Credores Funcional, deverá ocorrer a alienação da Unidade Produtiva Isolada Imobiliária e da Unidade

Produtiva Isolada Funcional. O início do prazo será certificado nos autos mediante determinação

judicial prévia.

O pagamento do valor do lanço deverá ser efetuado de modo integral, imediato e à vista, não

se aplicando as regras do art. 690, do CPC, que disponham diferentemente.

Fica definido, ainda, que deverá constar no edital de alienação cláusula de: i. vedação de

ofertas para pagamento parcelado do valor lançado e ii. assunção, pelos respectivos arrematantes, da

integralidade das obrigações vertidas para as UPIs, conforme itens 3.2.3.2.1. e 3.2.3.2.2..

3.2.3.3.5. DA CLÁUSULA PENAL

Na hipótese do vencedor do leilão desistir da arrematação ou não realizar o pagamento

integral do lanço conforme previsto no item 3.2.3.3.5., supra, o valor da carta-fiança ou do depósito

judicial reverter-se-á em favor dos sócios da Sociedade de Credores Imobiliária e/ou da Sociedade de

Credores Funcional, conforme o inadimplemento diga respeito à arrematação da UPI Imobiliária ou da

UPI Funcional, resultando sem eficácia o auto que tenha sido lavrado.

3.2.3.3.6. DA AUSÊNCIA DE SUCESSÃO DO ARREMATANTE NAS OBRIGAÇÕES DAS DEVEDORAS

A UPI Imobiliária e a UPI Funcional serão alienadas livres de quaisquer ônus, inclusive os de

natureza tributária e trabalhista, não havendo sucessão dos respectivos adquirentes em quaisquer

obrigações da devedora, na forma dos artigos 60, parágrafo único e 141, II, ambos da LRF, e artigo

133, parágrafo primeiro, do CTN.

Excetuam-se, dessa regra, as obrigações que compõem as próprias Unidades Produtivas

Isoladas, expressamente previstas e descritas nos itens 3.2.3.2.1. e 3.2.3.2.2. ,e que serão

assumidas pelos respectivos adquirentes.

39

3.2.3.4. DA ALIENAÇÃO DA UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA TÊXTIL

A Unidade Produtiva Isolada Têxtil composta pelos bens descritos no item 3.2.3.2.3. deste

Plano, e compreenderá o patrimônio a ser vertido para integralização do capital da Subsidiária Integral

descrita no item 3.2.2.3., acima.

A alienação, a seu turno, dirá respeito às ações ordinárias emitidas para efeito de aumento de

capital, como descrito no item 3.2.2.3.2.1.

As ações serão separadas em lotes e alienadas através de leilão público, em quantidade

necessária para assegurar ao arrematante dos lotes a aquisição do controle da companhia subsidiária.

O leilão dos lotes de ações emitidas pela Subsidiária Integral ocorrerá na forma e para os

efeitos do art. 60, parágrafo único, art. 140, III, art. 141 e art. 142, I, da Lei 11.101/05.

3.2.3.5. DO LEVANTAMENTO DAS CONSTRIÇÕES JUDICIAIS QUE RECAEM SOBRE OS BENS

Todos os bens imóveis indicados nos itens 3.2.3.2.1., 3.2.3.2.2. e 3.2.3.2.3., deverão ser

requisitados pelo juízo da recuperação para pagamento dos credores, pelo que deverá, ato contínuo,

ser determinado o levantamento de quaisquer constrições que sobre eles possa recair, inclusive

judiciais.

3.2.4. SOBRE A DEMONSTRAÇÃO DE VIABILIDADE ECONÔMICA

A recuperação de empresa como ora se propõe não se dará com a continuidade da atividade

tal como vinha sendo desenvolvida – muito pelo contrário, distancia-se bastante daquela modelagem.

Em decorrência disso, é evidente que o pagamento do passivo não dependerá de resultado

que viesse a ser obtido com esta mesma atividade.

O Plano, em realidade, encerra proposições através das quais os credores serão satisfeitos

com parcelas do patrimônio (reestruturado como descrito neste Plano) da devedora, destinadas, de

acordo com as respectivas peculiaridades, ao exercício de novas atividades.

40

Estas novas atividades, a seu turno, serão desenvolvidas pelos próprios credores, de acordo

com os parâmetros definidos no presente Plano de Recuperação

Assim, resulta não apenas dispensável, mas verdadeiramente inviável a realização de

projeções de resultados, o que depende das resoluções que venham a ser tomadas pelos próprios

credores, através de sociedades próprias.

3.2.5. DO LAUDO ECONÔMICO-FINANCEIRO E DE AVALIAÇÃO DOS BENS E ATIVOS

A recuperanda, em atenção ao que dispõe o art. 53, III, da LRF, instrui o presente Plano com

laudos de avaliação dos bens que compõem o seu ativo, os quais integram os anexos relativos aos

bens que serão vertidos para as Unidades Produtivas Isoladas.

4. GLOSSÁRIO DE TERMOS UTILIZADOS

Os termos e expressões a seguir relacionados deverão ser compreendidos conforme o

presente glossário. As designações contidas entre parênteses deverão ser tidas por sinônimos das

expressões que as antecedem.

Arrematante: Titular da proposta que venha a ser declarada vencedora no leilão das Unidas

Produtivas Schlösser (definição abaixo).

Assembleia Geral de Credores (AGC): Assembleia formada nos termos e para as finalidades

especificadas no art. 35 e seguintes da Lei 11.101/05, composta pelos credores relacionados no art.

41 da LRF (titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de

trabalho; titulares de créditos com garantia real; titulares de créditos quirografários, com privilégio

especial, com privilégio geral ou subordinados).

CC: Lei nº 10.406/02 -Código Civil.

Comitê Estratégico de Crise: Comitê formado para a realização do diagnóstico da crise, com a

identificação e implementação das medidas estratégicas pertinentes.

CPC: Lei nº 5.869/73 – Código de Processo Civil.

Credores Concursais (Credores Sujeitos à Recuperação): Nos termos do art. 49 da Lei

11.101/05, são todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excluídos os

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créditos definidos como extraconcursais, os créditos fiscais e aqueles indicados no art. 49, §§ 3º e 4º

da LRF. Para efeitos deste Plano, a expressão “Credores Concursais” designará apenas aqueles que,

de acordo com a definição antes exposta, não sejam de natureza trabalhista ou os sindicatos Sintrafite

e Sindimestre, definidos estes como “Credores Trabalhistas” e “Sindicatos”

Credores Extraconcursais: Credores que se enquadrem na definição do art. 67 c/c art. 84 da LRF e

que, a princípio, não se sujeitam aos efeitos da Recuperação Judicial e do Plano de Recuperação.

Credores Extraconcursais Aderentes: Credores detentores de créditos extraconcursais (art. 67 da

LRF) que aderiram ao Plano de Recuperação proposto, passando a submeter-se aos efeitos da

Recuperação Judicial.

Credores Não Sujeitos: Credores que se enquadrem na definição do art. 49, §§ 3º e 4º da LRF e

que, a princípio, não se sujeitam aos efeitos da Recuperação Judicial e do Plano de Recuperação.

Credores Não Sujeitos Aderentes: Credores detentores de créditos arrolados no art. 49, §§ 3°

e

da LRF, que aderiram ao Plano de Recuperação proposto, passando a submeter-se aos efeitos da

Recuperação Judicial.

Credores Trabalhistas Aderentes: Credores detentores de créditos de natureza trabalhista que, ao

par disso, sejam classificados como extraconcursais e se insiram nos casos arrolados no art. 49, §§ 3°

e 4°

da LRF, e que aderiram ao Plano de Recuperação proposto, passando a submeter-se aos efeitos

da Recuperação Judicial.

CTN: Lei nº 5.172/66 -Código Tributário Nacional.

Deferimento do processamento: Decisão proferida pelo Juízo da Vara Comercial de Brusque/SC na

data de 14 de março de 2011, deferindo o processamento da recuperação judicial nos termos do art.

52 da Lei 11.101/05.

Diário da Justiça Eletrônico (DJE): Publicação oficial do Poder Judiciário de Santa Catarina.

Juízo da Recuperação: Juízo da Vara Comercial da Comarca de Brusque/SC.

LRF: Lei nº 11.101/05 – Lei de Recuperação de Empresas e Falências.

Plano de Recuperação (Plano): Plano apresentado na forma e nos termos do art. 53 da LRF, no

qual são expostos os meios de recuperação a serem adotados e as condições de pagamento dos

credores.

Recuperanda: Sociedade autora da ação de recuperação judicial nº 011.11.001971-8 e que

apresenta o Plano de Recuperação, leia-se, Companhia Industrial Schlösser S/A.

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Sindicatos Aderentes: Sindicatos que, independentemente da natureza de seus créditos, sejam

classificados como extraconcursais se insiram nos casos arrolados no art. 49, §§ 3°

e 4°

da LRF, que

aderiram ao Plano de Recuperação proposto, passando a submeter-se aos efeitos da Recuperação

Judicial.

Sociedades de Credores: sociedades a serem constituídas tendo em vista a reorganização da

Schlösser e a quitação do passivo – Sociedade de Credores Imobiliária e Sociedade de Credores

Funcional.

Sociedade de Credores Imobiliária: Sociedade de credores constituída na forma e para os fins

descritos no item 3.2.2.1. do presente Plano. Esta sociedade é concebida visando à exploração da

Unidade Produtiva Isolada Imobiliária.

Sociedade de Credores Funcional: Sociedade de credores constituída na forma e para os fins

descritos no item 3.2.2.2. do presente Plano. Esta sociedade é concebida visando à exploração da

Unidade Produtiva Isolada Funcional.

Subsidiária Integral: sociedade a ser constituída, como subsidiária integral da Schlösser, na forma

e para os fins descritos no item 3.2.2.3. Esta sociedade é concebida visando à exploração da Unidade

Produtiva Isolada Têxtil.

Unidade Produtiva Isolada (UPI): Parcela do patrimônio da Companhia Industrial Schlösser S/A,

composta por bens corpóreos e incorpóreos, direitos e obrigações, que será destacada para alienação

nos termos dos arts. 60 e 142 da Lei nº 11.101/05.

UPI Imobiliária: Unidade Produtiva Isolada descrita no item 3.2.3.2.1. deste Plano, voltada para a

exploração de empreendimentos imobiliários.

UPI Funcional: Unidade Produtiva Isolada descrita no item 3.2.3.2.2. deste Plano, voltada para a

exploração de atividades diversas envolvendo as instalações e o estabelecimento que a compõem.

UPI Têxtil: Unidade Produtiva Isolada descrita no item 3.2.3.2.3. deste Plano, voltada para a

exploração de atividade têxtil.

Unidades Produtivas Schlösser: designa as 03 (três) unidades produtivas isoladas da

recuperanda: UPI Imobiliária, UI Funcional e UPI Têxtil.

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5. DISPOSIÇÕES FINAIS

a) A aprovação do plano em assembleia ou na hipótese da Lei 11.101/05, art.

58: (i) obrigará a COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A e seus

credores sujeitos à recuperação e aqueles que a ele tiverem aderido, assim

como seus respectivos sucessores, a qualquer título; e (ii) implicará em

novação da dívida e, em consequência: (ii.a) a liberação de todas as

obrigações de seus coobrigados por qualquer hipótese e a extinção de todas

as garantias prestadas pela mesma ou por terceiros; e (ii.b) a extinção de

todas as ações e execuções movidas em desfavor da COMPANHIA

INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A.

i.

A COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A não

responderá pelas custas processuais dos processos em que

tenha tomado parte no polo passivo.

ii.

As partes responderão, cada uma, pelos honorários dos seus

respectivos patronos, inclusive honorários de sucumbência.

b)

A partir da aprovação do plano, independente da forma, os credores

concursais, bem como os credores que tiverem aderido ao Plano, isentarão

integral e definitivamente a COMPANHIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER

S/A, seus respectivos sócios e/ou administradores (atuais ou passados)

e/ou garantidores, a qualquer título: (i) de todas as demandas, ações e/ou

pretensões que possam ter; e (ii) de todas dívidas, responsabilidades e

obrigações, de qualquer natureza.

c) Concedida a Recuperação Judicial, e tendo em vista a regra do art. 59, §

1º, LRF, o Juízo determinará todas as providências necessárias à

implementação dos meios previstos, viabilizando o cumprimento do Plano,

em especial, com fundamento nas regras dos arts. 461 e 641 do CPC,

autorizando o Administrador Judicial a proceder em todos os atos

necessários à constituição das Sociedades e arquivamento dos atos

societários perante os órgãos competentes, inclusive firmando, em nome

dos credores, termos e instrumentos como Boletins de Subscrição, Projetos

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de Estatuto, Contrato Social e quaisquer outros que se façam necessários,

observado os termos do presente Plano.

d)

Considerando que determinados aspectos das Sociedades de Credores

somente poderão ser verificados concretamente a partir da aprovação do

Plano e, mais, da concessão da recuperação judicial, fica desde logo

registrado que as minutas em anexo sofrerão as necessárias adaptações;

todas as alterações e adequações necessárias, desde que não afetem

substancialmente os direitos dos credores como previsto neste Plano,

poderão ser realizadas pela Recuperanda e/ou pelo Administrador Judicial,

sob chancela do Juízo da Recuperação, sem necessidade de convocação de

nova AGC ou de outorga de prazo para manifestação dos interessados.

e)

As providências tendentes à efetiva constituição e registro das Sociedades

de Credores serão iniciadas com o término do prazo para aderência ao

Plano, quando iniciará, para a recuperanda, a fluência do prazo de 15

(quinze) dias para apresentação das minutas definitivas dos instrumentos

pertinentes.

f) O plano poderá ser alterado, independentemente do seu descumprimento,

em AGC convocada para essa finalidade, observados os critérios previstos

nos artigos 45 e 58 da LFR, deduzidos os pagamentos porventura já

realizados na sua forma original.

g)

Caso haja o descumprimento de qualquer obrigação prevista neste plano,

não será decretada a falência da COMPANHIA INDUSTRIAL

SCHLÖSSER S/A, conforme o caso, até que seja convocada e realizada

AGC para deliberar sobre alterações ao plano ou a decretação da falência.

h)

Uma vez subscritos os capitais das Sociedades de Credores, ou emitidas

debêntures, nos termos e formas estabelecidos neste plano, os créditos

utilizados para subscrição ou aqueles em favor de cujos titulares sejam

emitidas as debêntures, serão considerados integralmente quitados,

outorgando o credor a mais ampla, geral, irrevogável e irretratável quitação,

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para nada mais reclamar a qualquer título, e de qualquer pessoa, com

relação aos créditos quitados.

i) Todo e qualquer negócio futuro de alienação das ações, quotas e/ou

debêntures envolvendo a Sociedade de Credores Imobiliária, a Sociedade de

Credores Funcional e a Sociedade de Credores Têxtil, conforme o caso,

constitui elemento indissociável do presente Plano de Recuperação e do

Processo de Recuperação movido por Companhia Industrial Schlösser S/A,

estando, sendo invariável e inafastavelmente abrangido, portanto, pelo

disposto no art. 131 da Lei 11.101/05.

j) Na hipótese de exclusão de qualquer crédito em virtude de decisão judicial,

já tendo este crédito sido objeto de integralização de capital subscrito em

qualquer das Sociedades de Credores definidas no presente Plano, será

operada a diminuição da respectiva participação societária, permanecendo

as ações ou quotas em tesouraria, observado em qualquer caso o disposto

no art. 107, § 4º, da Lei 6.404/76.

k) Fica eleito o Juízo da Recuperação para dirimir todas e quaisquer

controvérsias decorrentes deste plano, sua aprovação, alteração e o

cumprimento, inclusive em relação à tutela de bens e ativos essenciais para

sua implementação, até o encerramento da Recuperação Judicial.

Brusque/SC, 30 de junho de 2011.

COMPANHIIA INDUSTRIAL SCHLÖSSER S/A

pp. Eduardo Roesch pp. Daniel Piccoli

OAB/RS 62.194 OAB/RS 66.364

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