plano de aula (4) prófuncionário - elementos de direito administrativo (1)

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SERVIO PBLICO FEDERAL

SERVIO PBLICO FEDERALMEC SETECINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSOPR-REITORIA DE ENSINO

PLANO DE AULA ( 4 ) PROFUNCIONRIO

UNIDADE 4

ELEMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Objetivos:1. Identificar o Direito Administrativo como ramo do Direito Pblico Interno;2. Reconhecer as instncias de controle da administrao pblica;3. Recordar a histria da administrao pblica no Brasil.

Prezado (a) estudante.

Vamos nos dedicar um pouco ao estudo das fontes e dos princpios do direito administrativo e sobre quais so esses princpios? H possibilidade de aplic-los no seu local de trabalho?Quanto esfera do direito administrativo, fao o convite de estudarmos sempre com um olhar voltado para nossa realidade, assim ser mais real. Aceita o convite?

CONCEITOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O Estado de Direito, concebido como o regime jurdico que impe limites ao poder do Governo, obrigando-o ao cumprimento de normas a que todos os indivduos esto subordinados, tomou grande impulso a partir das ideias liberais da Revoluo Francesa que ocorreu em 1789. Dessa forma, se no Estado Absolutista o governo era absoluto e exercia o poder sem limites, acima das leis, no Estado de Direito a ao dos governantes est limitada por normas previamente estabelecidas. No s os governados, mas tambm os governantes subordinam-se s leis.

ATENO: O Direito Administrativo, como ramo autnomo, nasceu em fins do sculo XVIII e incio do sculo XIX.

medida que a ideia de Estado de Direito vai se consolidando entre os povos, o Direito se desenvolve, ampliando-se de modo particular o Direito Administrativo. Este um ramo relativamente novo da cincia jurdica, que ir estabelecer, de forma democrtica, regras legais que se contraponham ao abuso de poder dos governantes e regulem a atividade pblica do Estado, cada vez mais presente na vida socioeconmica.Existem diversos conceitos de Direito Administrativo, propostos por inmeros juristas, a partir de suas interpretaes sobre as questes que envolvem a administrao pblica. Em nosso estudo, partiremos da seguinte definio:

Direito Administrativo o conjunto de regras que regulam harmonicamente as atividades da administrao pblica, tratando do funcionamento e da organizao dos servios pblicos necessrios promoo do bem comum.

Vamos L! PRATIQUE: Pesquisando em livros de Histria Geral, enciclopdias e na internet, procure saber um pouco mais sobre a Revoluo Francesa, suas ideias e ideais. Discuta com seus colegas quais foram os legados desse movimento para a conquista do Estado de Direito. Procure, ainda, em livros e manuais de Direito Administrativo e outras definies desse ramo do Direito. Tente, ento, construir o seu prprio conceito. Registre em seu memorial.

AUTONOMIA

O Direito Administrativo um ramo do Direito Pblico Interno que tem como objetivo tratar das relaes entre os rgos, agentes e pessoas jurdicas que compem a administrao pblica.

FONTES

Assim como as demais vertentes do Direito, o Direito Administrativo tem como fontes a lei, a doutrina, a jurisprudncia e o costume.

I. A lei, em sentido completo, a principal fonte do Direito Administrativo, abrangendo esta expresso desde a Constituio at os regulamentos executivos.II. A doutrina, compondo o conjunto terico dos princpios aplicados ao Direito, elemento constitutivo da cincia jurdica qual pertence o Direito Administrativo.III. A jurisprudncia considera os julgamentos semelhantes e influencia a construo e interpretao do Direito.IV. O costume a prtica administrativa consolidada que, em funo das deficincias da legislao, tem completado o texto escrito e atuado como elemento reformador da doutrina.

ATENO: Alm da lei, principal fonte de qualquer vertente do direito, so tambm consideradas normas pelos juristas: a analogia, a equidade, os princpios gerais, os tratados internacionais, instrues, regulamentos e circulares.

Vamos L! PRATIQUE: Voc tem conhecimento de situaes na Administrao Pblica, seja Federal, Estadual ou Municipal, em que os princpios acima abordados no foram ou no estejam sendo seguidos? Relate suas observaes em seu memorial. Observe cada um dos princpios que devem ser obedecidos pela administrao pblica.

PRINCPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

A Constituio Federal de 1988, em seu art. 37, afirma:

A administrao pblica, direta e indireta, de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos municpios, obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia.

A doutrina encontra ainda um nmero grande de outros princpios que tambm auxiliam o direito administrativo e sero abordados adiante. Ex.: o princpio da publicidade requer que os atos da administrao pblica sejam levados ao conhecimento da populao. Porm, em algumas situaes, a incidncia de outros princpios pode exigir o sigilo do ato. Assim, alguns atos do inqurito policial so sigilosos para que possam alcanar seus objetivos - aplicao do princpio da eficincia.O Direito Administrativo tem como objetivo a prpria administrao pblica, que o conjunto de atividades desempenhadas ou dirigidas pelas autoridades e rgos do Estado, no intuito de promover o bem comum da sociedade.Desta feita, abordaremos cada um dos princpios que devem ser obedecidos pela Administrao Pblica:LEGALIDADE - Dentro do princpio da legalidade, o administrador pblico est, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e s exigncias do bem comum, e deles no se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato invlido e expor-se responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. Em decorrncia desse princpio, o gerenciamento da administrao pblica se diferencia substancialmente do gerenciamento de uma empresa particular. Nesta, lcito fazer tudo que a lei no probe, porm, na administrao pblica, s se pode praticar o que a lei permite.

Por exemplo: as compras e obras executadas pelo poder pblico tero sempre que estar subordinadas ao Regime Jurdico da Licitao e dos Contratos Administrativos.

IMPESSOALIDADE - O princpio da impessoalidade impe ao administrador pblico que s pratique o ato para o seu fim legal. No gerenciamento pblico, no h margem para expresso da vontade meramente pessoal do administrador. E o fim legal unicamente aquele que a norma de Direito indica, expressa ou virtualmente, como objetivo do ato, de forma impessoal. Todo ato que se afastar desse objetivo sujeitar-se- a invalidao por desvio de finalidade. Mesmo quando existe maior liberdade para o gestor pblico atuar (forma discricionria), esta liberdade ser sempre exercida nos limites ntidos fixados pela norma legal.

Por exemplo: no cotidiano de uma escola, o Diretor dispe de uma margem limitada para o exerccio de sua vontade. O limite dado pela legalidade dos atos que pratica. Se ele dispe da prerrogativa de indicar pessoas de sua confiana para ocupar outros cargos de gesto, elas s podero ser nomeadas se atenderem s exigncias legais de cada cargo, tais como escolaridade, formao tcnica adequada, ser ou no do quadro permanente, etc.

MORALIDADE - No exerccio de suas funes, o agente pblico, alm de observar a lei, deve utilizar suas faculdades humanas para distinguir o bem do mal, o honesto do desonesto, ou seja, no poder desprezar a tica em sua conduta. O bom administrador da coisa pblica aquele que se guia no s pelos preceitos legais vigentes, mas tambm pela moral comum, reconhecendo as fronteiras entre o lcito e o ilcito, o justo e o injusto e suas conseqncias.

PUBLICIDADE - Todo ato administrativo, a princpio, deve ser oficialmente divulgado, deve ser publicado. Essa divulgao fundamental para que o ato seja de conhecimento pela sociedade e produza seus efeitos regulares.Assim, por exemplo, os atos administrativos de um secretrio escolar s tero efetividade legal se a nomeao deste para o referido cargo tiver sido publicada no Dirio Oficial ou veculo com igual funo. O segredo s admitido nos casos de interesse da segurana nacional, investigaes policiais ou interesse maior da administrao em processo anteriormente determinado como sigiloso.

EFICINCIA - a execuo das atribuies de uma funo pblica com competncia, presteza, perfeio e rendimento funcional. A Emenda Constitucional n 19/98, sugere a demisso ou a dispensa do servidor pblico comprovadamente ineficiente e negligente no exerccio de suas funes.

FINALIDADE - A Administrao Pblica s deve praticar atos que visem o interesse pblico. O ato que colabora com interesses particulares nulo por desvio de finalidade ou de poder. Por exemplo: a desapropriao de um determinado terreno para doao a um particular.

CONTINUIDADE - Uma vez que as demandas da sociedade no cessam, os servios pblicos no podem parar. No permitida a paralisao dos servios de segurana pblica, de sade, funerrias, de acesso a justia, etc.

INDISPONIBILIDADE - O agente pblico somente um gestor da coisa pblica, assim como os rgos pblicos tm apenas a funo de guarda dos bens do Estado. Em funo disso, h necessidade de lei e licitao para alienar bens pblicos ou outorga de concesso de servio.

AUTOTUTELA - Cabe Administrao Pblica retirar do ordenamento jurdico os atos inconvenientes inoportunos e ilegais. No caso dos primeiros ocorre revogao e, no dos ltimos, anulao. Dessa forma, os atos e contratos pblicos estaro sempre sujeitos reviso, seja em relao ao mrito seja em funo da legalidade.

SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO - O interesse pblico sempre dever prevalecer no confronto com os interesses particulares. Por exemplo: O governo poder desapropriar um determinado terreno particular para construo de uma escola pblica. No entanto, o interesse particular no ser totalmente desrespeitado, sero sempre obedecidos o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurdico perfeito.

IGUALDADE - Todos tm o direito de receber da Administrao Pblica o mesmo tratamento, se iguais. Afinal, a Constituio Federal, no art. 5, afirma que todos so iguais perante a lei.

MOTIVAO - Os atos administrativos devero ser motivados, ou seja, sua deciso dever apresentar as causas e os preceitos legais que embasam sua existncia.

A ADMINISTRAO PBLICA

O Direito Administrativo tem como objeto a prpria administrao pblica. Podemos chamar de administrao pblica o conjunto de atividades desempenhadas ou dirigidas pelas autoridades e rgos do Estado, no intuito de promover o bem comum da sociedade. Os servios de educao pblica se concentram nas aes do poder executivo da Unio, do Distrito Federal, dos Estados e dos municpios.

AGENTES PBLICOS

No que tange ao Direito Administrativo, os mais de um milho de funcionrios da educao, que atuam em escolas federais, estaduais e municipais e nos rgos do sistema de ensino, so classificados como agentes pblicos.Usamos a expresso agente pblico para designar todo aquele que se encontre no cumprimento de uma funo estatal, mantendo vnculo com a administrao pblica, mesmo que em cargos de comisso. Todo aquele que exera funes estatais, enquanto nesse exerccio, um agente pblico.Isso envolve o presidente da repblica, governadores, prefeitos, chefes do poder executivo em suas respectivas esferas, senadores, deputados, vereadores, ocupantes de cargos ou empregos pblicos da administrao direta dos trs poderes, servidores das autarquias, fundaes governamentais, das empresas pblicas e sociedades de economia mista e tambm os permissionrios e concessionrios de servios pblicos, como as empresas de transportes pblicos, as empresas que gerenciam mediante pedgio as rodovias estaduais e federais, e outras.Lembrando o jurista Celso Bandeira de Melo, so exigidos dois requisitos para caracterizar o agente pblico: desempenhar atividade de natureza estatal e investidura do cargo.Nesse imenso universo dos agentes pblicos, os funcionrios de escola tm com o Direito Administrativo uma relao de intimidade no dia a dia do exerccio de suas funes.

CATEGORIAS DE AGENTES PBLICOS

AGENTES POLTICOS - So os componentes do governo nos primeiros escales, investidos em cargos, funes, mandatos ou comisses, por meio de nomeao, eleio, designao ou delegao, para o exerccio de atribuies de carter constitucional.

SERVIDORES PBLICOS todos aqueles que estabelecem vnculo com o Estado por relaes profissionais, estando sujeitos hierarquia funcional e ao regime jurdico da entidade na qual servem ao pblico.

AGENTES HONORFICOS os cidados convocados, designados ou nomeados para prestar, transitoriamente, determinados servios para o Estado. Como exemplos so o jurado, mesrio eleitoral, comissrio de menores.

AGENTES DELEGADOS cidados que recebem a tarefa de executar determinada atividade, obra ou servio pblico e o realizam em nome prprio, por sua conta e risco, mas obedecendo aos preceitos legais e sob fiscalizao do rgo ou instncia que lhe delegou a tarefa. Por exemplo: concessionrios e permissionrios de obras, serventurios de cartrio, leiloeiros, tradutores e intrpretes pblicos. Esses agentes no so servidores pblicos, nem honorficos, nem representantes do Estado, constituindo uma categoria parte de colaboradores do poder pblico.

SERVIO PBLICO

como se chama toda atividade que o Estado assume, direta ou indiretamente, com o intuito de satisfazer s necessidades coletivas e promover o bem comum. Os Correios, o fornecimento de eletricidade, assistncia mdica, construo de estradas, educao, entre outros, so exemplos de servios pblicos. Todos eles devem seguir as seguintes regras:

Generalidade o servio deve ser oferecido ao pblico em geral, sem distino;Uniformidade o preo do servio deve ser igual para todos;Continuidade sua prestao deve ser constante, sem interrupes, atendendo a necessidades permanentes da comunidade;Regularidade precisa manter o mesmo nvel de qualidade e quantidade.

ATENO: O acesso s escolas, s vagas nas universidades, s cirurgias em hospitais pblicos e a outros servios do governo obedece a essas regras?

Os servios pblicos podem ser divididos em:

De execuo direta Por sua prpria importncia e especificidade, os servios pblicos devem ser realizados diretamente pelos rgos centrais do Estado. Como exemplos, temos as Foras Armadas, o servio diplomtico, emisso de moedas.

De execuo indireta So os que, sem prejuzo de segurana do Estado, podem ser entregues a particulares, por meio de contrato de concesso. Por exemplo: transportes, telefonia e administrao de rodovias.

PODERES ADMINISTRATIVOS

O artigo 37 da Constituio Federal de 1988 menciona administrao direta e indireta, como componentes da administrao pblica. Dessa forma, administrao direta constituda pelos servios integrados na estrutura administrativa do poder pblico, como os ministrios de estado, secretarias estaduais e municipais.O setor da educao localizado quase sempre dentro da administrao direta. Por sua vez, a administrao indireta compreende as autarquias, as empresas pblicas e as sociedades de economia mista. Essas entidades so caracterizadas por ter personalidade jurdica prpria, so descentralizadas, mas mantm o vnculo com o poder pblico.Trs tipos de pessoas jurdicas representam a forma indireta de gerenciamento pblico:a) Autarquias: entidades criadas por lei especfica, tendo personalidade jurdica de direito pblico com carter autnomo (patrimnio e receitas prprias), atividades descentralizadas, executadas pelo poder executivo em nvel federal, estadual e municipal. Como exemplo tem: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Universidade de So Paulo (USP), Banco Central do Brasil (BACEN), e as antigas Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia (SUDAM) e Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).b) Empresa pblica: entidades jurdicas de direito privado, com patrimnio prprio, criadas por lei, para explorao de atividade econmica ou prestao de servios pblicos em setores onde o governo tenha de atuar por necessidade ou convenincia da sociedade. Essas entidades podem assumir quaisquer das formas societrias permitidas pelo Direito. So exemplos a Caixa Econmica Federal e Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos.c) Sociedade de economia mista: entidades dotadas de personalidade jurdica de Direito Privado, criadas por lei para explorao de atividades econmicas. O capital que forma essas entidades so constitudos por recursos pblicos e privados, existindo, portanto, uma conjuno de capitais que constituiro uma sociedade annima. As aes com direito a voto devem pertencer, em sua maioria absoluta, Unio, ao Estado, ao Distrito Federal, ou ao municpio, ou ainda entidade da administrao indireta. Os exemplos so: Petrobras Petrleo Brasileiro S/A, Banco do Brasil S/A, BRB Banco de Braslia S/A, Nossa Caixa S/A(So Paulo), etc.d) Fundao pblica: entidades mantidas pelo poder pblico, com patrimnio prprio e finalidade assistencial, cientfica, artstica, tcnica e outras. Possuem personalidade jurdica de direito pblico ou de direito privado, sem fins lucrativos, com registro em rgo competente e criadas em virtude de lei autorizativa. Como exemplos temos: Fundao Padre Anchieta Rdio e TV Educativa de So Paulo, Fundao Universidade de Braslia, Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA).

A administrao das empresas pblicas no Brasil feita por dirigentes nomeados pelo Presidente da Repblica, sendo, via de regra, pessoas do prprio quadro funcional. A partir da Emenda Constitucional n. 19/1998, contemplou-se como princpio basilar atuao da empresa pblica o princpio da eficincia, cujo objetivo uma maior credibilidade e celeridade dos atos praticados pelas mesmas.

Vamos L! PRATIQUE: Pesquise e registre em seu memorial pelo menos um exemplo de autarquia, empresa pblica e sociedade de economia mista, presentes em seu Estado ou municpio. Entreviste um funcionrio de outra escola e descubra as diferenas de vnculo empregatcio, deveres e direitos, entre voc e ele.

As entidades da administrao indireta possuem algumas caractersticas comuns:

* Possuem autonomia administrativa e financeira, todavia com vinculao poltica;* Possuem patrimnio e personalidade prprios; submetem-se a processo licitatrio (Lei 8.666/1993); So pessoas administrativas, sem poder de elaborar e aprovar leis;* Produzem atos de administrao e atos administrativos;* O ingresso em seus quadros s se d por meio de concurso pblico. A elas tambm se aplica a vedao constitucional de acumulao de cargos pblicos;* Os componentes do seu quadro de pessoal so agentes pblicos;* Apresentam vnculo com os rgos da administrao direta.

PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PBLICO

Os administradores pblicos so dotados de poderes, deveres e responsabilidades, quando encarregados de gerenciar bens e interesses da comunidade. Esses poderes e deveres derivam do cargo que ocupam, do grau de competncia decisria de que esto investidos.Os poderes exercidos pelo agente pblico so usados normalmente como atributos do cargo ou da funo, no sendo privilgio da pessoa que o exerce. Esses poderes emprestam autoridade ao agente pblico, quando recebe da lei competncia para impor suas decises aos administrados. Segundo o princpio enunciado no art. 5 da Constituio Federal de 1988, que estabelece a igualdade de todos perante a lei, quando o agente no est no exerccio de suas funes, deixa de ser autoridade, igualando-se aos demais cidados.O Secretrio de Educao de um municpio ou Estado, por exemplo, s possuir as prerrogativas que a autoridade do cargo lhe confere, quando no exerccio de suas funes. Fora delas, ele, tanto como o presidente da repblica, so cidados como outros.Passemos agora aos principais deveres do administrador pblico:

Dever de agir - Ao contrrio do cidado comum, para o qual o direito de agir uma escolha pessoal, para o agente pblico o poder agir se transforma em dever de agir, convertendo-se em uma obrigao, desde que exercida em prol da comunidade. Para o Direito Pblico, o poder do agente pblico anda junto com o dever.

Dever de eficincia - Todo agente pblico tem o dever de realizar suas funes buscando sempre perfeio, presteza e o melhor rendimento funcional que esteja a seu alcance. Modernamente, o exerccio da funo administrativa busca, alm do cumprimento da legalidade, a satisfao da comunidade, no atendimento de suas necessidades, sempre da melhor forma possvel.

Dever de probidade - Esse conceito est presente na Constituio Federal de 1988, que pune a improbidade administrativa com sanes administrativas, penais e polticas: Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao Errio, na forma e gradao prevista em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel (art.37, 4). Dessa forma, podemos concluir que a probidade que legitima os atos do administrador pblico.

Dever de prestar contas - O dever de prestar contas e o dever de probidade anda de mos dadas. A administrao de bens e interesses de terceiros, ou seja, da comunidade, implica naturalmente o dever irrecusvel de todo administrador pblico, agente poltico ou simples funcionrio, de prestar contas de sua ao administrativa. A prestao de contas no se refere apenas aos dinheiros pblicos, gesto financeira, mas a todos os atos de governo e de administrao.

Pense a respeito dos poderes e deveres vistos acima, e descreva em seu memorial algumas situaes no ambiente escolar em que poderiam ser aplicados. Voc acredita que os atos cometidos pela administrao pblica sempre visam o bem-estar da sociedade?

ATOS ADMINISTRATIVOS

Os atos praticados no exerccio da administrao pblica se chamam atos administrativos. Eles devem ser praticados sempre com o objetivo do bem-estar da sociedade. De acordo com o jurista Meirelles (1964, p 143) ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da administrao pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si prprio.

ATOS VERSUS FATOS ADMINISTRATIVOS

O fato administrativo a conseqncia do ato administrativo, sua realizao material. No pode ser revogado ou anulado. Por exemplo: uma Instruo Normativa, estabelecendo novas rotinas para as matrculas escolares, um ato administrativo. Sua implementao nas secretarias escolares o fato administrativo.

PESQUISAR: O conselho de sua escola tem tomado decises administrativas? Quais foram as ltimas decises? Como elas se materializaram? Registre suas respostas em seu memorial. Pense a respeito dos poderes e deveres vistos acima, e descreva em seu memorial algumas situaes no ambiente escolar em que poderiam ser aplicados.

CLASSIFICAO DOS ATOS JURDICOS

Os atos administrativos podem ser classificados de acordo com diversos critrios, dentre os quais destacamos os seguintes:

Quanto ao objetoa) Atos de Imprio Neste caso, a administrao utiliza de sua autoridade para impor aos destinatrios e aos administrados em geral, o seu cumprimento obrigatrio. Como exemplo, temos a interveno do Governo na direo de uma escola.b) Atos de gesto A administrao pode praticar certos atos sem utilizar seu poder legal de coero. o que ocorre geralmente nos atos de gesto de bens e servios, quando a administrao e administrados esto no mesmo patamar, sem superioridade entre eles. Um contrato de locao ou a aquisio de imvel um exemplo. Esses atos se vinculam ao direito privado, mesmo que dependam de formalidades administrativas para sua execuo (autorizao legislativa, licitao, avaliao, etc).c) Atos de expediente So atos de rotina interna, geralmente praticados por servidores subalternos que no possuem competncia decisria. Visam dar andamento aos processos e papis que tramitam nas reparties pblicas, preparando-os para deciso da autoridade superior. Por exemplo: a preparao de declaraes e diplomas para serem assinados pelo secretrio escolar e pelo diretor da escola.

Quanto ao regramentoa) atos vinculados ou regrados so aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condies de realizao. Neles, as imposies legais determinam, quase por completo, a liberdade do administrador; sua ao, para ser vlida, fica restrita ao estabelecido pela norma legal. Desatendido qualquer requisito, anulada a eficcia do ato praticado pela prpria administrao ou pelo judicirio, quando acionado. Por exemplo: um certificado ou diploma escolar s poder ser assinado pelos agentes pblicos legalmente autorizado para o ato, ou seja, pelo titular da secretaria escolar, pela diretora do estabelecimento de ensino ou por seus substitutos imediatos, oficialmente indicados. De outra forma, os documentos citados no tero validade.b) Atos discricionrios so aqueles em que o poder de atuao administrativa, conferido pela lei, permite ao administrador optar por uma ou outra soluo, de acordo com critrios de oportunidade, convenincia, justia e equidade. Mesmo nesses casos, o administrador no est livre em seu exerccio, ou seja, sua atuao no poder ultrapassar os limites da lei. O ato, embora resultante de poder discricionrio da administrao, no pode prescindir de certos requisitos, tais como a competncia legal de quem o pratica, a forma prescrita em lei ou regulamento e o fim indicado no texto legal em que o administrador se apoie. Se, por exemplo, o regimento escolar prev diversas penalidades para uma infrao cometida por um aluno, o poder discricionrio dos gestores escolares se manifestar na escolha da penalidade que estar adequada ao caso em questo, entre as enumeradas no texto. Mas, se a lei indica o tipo de processo de apurao dessas infraes, no pode a autoridade usar de outro meio de verificao. Na aplicao da penalidade, sua faculdade discricionria; no procedimento para a verificao da infrao, sua atividade vinculada ou regrada.

Quanto eficciaa) Ato vlido o que se origina de autoridade competente para pratic-lo e possui todos os requisitos necessrios sua eficcia.b) Ato nulo afetado desde sua origem por vcio insanvel ou defeito substancial em seus elementos constitutivos ou no procedimento formativo. A nulidade pode ser explcita, quando a lei expressamente indica os vcios que lhe do origem, e virtual, quando transgride princpios especficos da administrao pblica.c) Ato inexistente o que aparentemente parece ser manifestao regular da administrao, todavia, no chega a se concretizar como ato administrativo, por ser afetado desde sua origem por vcio insanvel ou defeito substancial em sua constituio. Geralmente, tem sua prtica associada usurpao da funo pblica, estando na esfera dos comportamentos que o Direito normalmente no admite, configurando-se dessa forma como crime. Como exemplo, temos a instruo ou outra norma baixada por autoridade regional de ensino, permitindo castigos fsicos nas escolas, como recurso de correo dos alunos.

Quanto espcieOs atos administrativos se dividem em normativos, ordinrios, negociais e punitivos.

Atos normativosa) Decretos so atos administrativos de competncia exclusiva dos chefes do poder executivo, destinados a prover situaes gerais e individuais. Como ato administrativo, o decreto estar sempre em situao inferior lei e, por isso mesmo, no a pode contrariar. O decreto geral tem, entretanto, o mesmo carter normativo da lei, desde que no ultrapasse o nvel de regulamentao de que dispe o executivo. Por exemplo: a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que dispe sobre o ensino mdio e sobre a educao profissional. Em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso editou o Decreto n. 2.208, que proibiu os cursos tcnicos de nvel mdio com currculo integrado; j em 2004, o presidente Lula, pelo Decreto n. 5.154, voltou a admiti-los.b) Regulamentos so atos administrativos, que passam a valer a partir da publicao de um Decreto, com intuito de especificar ou prover situaes ainda no disciplinadas por lei. Os regulamentos no disciplinados por lei. Os regulamentos no criam cargos, no aumentam vencimentos nem instituem tributos e qualquer outra modificao que depender da lei propriamente dita. Por outro lado, os regulamentos destinam-se atuao externa e so publicados da mesma forma que as leis, tendo em vista que a publicao marca o incio da obrigatoriedade dos atos do poder pblico.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) define e regulariza o sistema de educao brasileiro com base nos princpios presentes na Constituio. Foi citada pela primeira vez na Constituio de 1934. A primeira LDB foi criada em 1961, seguida por uma verso em 1971, que vigorou at a promulgao da mais recente em 1996.

c) Instrues normativas: so atos administrativos expedidos pelos ministros de Estado para a execuo das leis, decretos e regulamentos (CF art. 87, Pargrafo nico, II), tambm utilizados por outros rgos superiores da Unio, dos Estados e dos municpios.d) Regimentos visam reger o funcionamento de rgos colegiados ou de corporaes legislativas. Como atos regulamentares internos, s afetam os que devem executar o servio ou realizar a atividade funcional regimentada, sem obrigar aos particulares em geral. Antes da atual LDB, era comum que as escolas, em vez de serem guiadas por propostas pedaggicas, tivessem um regimento. Embora no haja proibio da existncia de um documento normativo que abarque os direitos e deveres de educadores e educando, quem deve ter um regimento na escola seu conselho escolar, como rgo colegiado deliberativo e consultivo da gesto democrtica.e) Resolues so atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Executivo (mas no pelo chefe do executivo, que s deve expedir decretos) ou pelos presidentes de tribunais, rgos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matria de sua competncia especfica. Para os professores e funcionrios, devem ser familiares e de uso constante as resolues do Conselho Nacional de Educao, a que esto afetas todas as escolas do pas, ou as do Conselho Estadual ou Municipal de Educao, que fixam as normas para o respectivo sistema de ensino. Essas resolues, em geral, so precedidas de pareceres, que expem a doutrina que as fundamenta.f) Deliberaes so atos administrativos normativos ou decisrios, emanados de rgos colegiados, como os conselhos escolares e os das universidades.

Vamos L! PRATIQUE: Leia o regimento escolar e o regimento do conselho escolar. Verifique as semelhanas e diferenas, registrando no seu memorial.

ATOS ORDINATRIOS

Os atos Ordinatrios so os que disciplinam a conduta funcional dos agentes pblicos, bem como o funcionamento da Administrao. Sua atuao se restringe ao mbito interno das reparties e s abrange os servidores subordinados chefia que os expediu. No obrigam os particulares, nem os funcionrios subordinados a outras chefias.Os atos ordinatrios de maior freqncia e utilizao prtica so as instrues, as circulares, os avisos, as portarias, as ordens de servios, os ofcios e os despachos.a) Instrues so ordens expedidas pelo superior hierrquico a respeito do modo e da forma de execuo de um determinado servio.b) Circulares trata-se de ordem escrita, expedida a determinados funcionrios responsveis de certos servios. So atos de menor generalidade que as instrues, embora possuam o mesmo objetivo de ordenamento do servio.c) Avisos so atos emanados dos ministros de Estado a respeito de assuntos afetos aos seus ministrios.d) Portarias so atos administrativos internos pelos quais os chefes de rgos, reparties ou servios expedem determinaes gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funes e cargos secundrios. Por portaria, tambm se iniciam sindicncias e processos administrativos. Em tais casos, a portaria tem funo assemelhada da denncia do processo penal.e) Ordens de servio configuram-se como determinaes especiais dirigidas aos responsveis por obras ou servios pblicos autorizando seu incio, ou contendo imposies de carter administrativo, ou especificaes tcnicas sobre o modo e forma de sua realizao. Podem, tambm, conter autorizao para a admisso de operrios ou artfices (pessoal de obra), a ttulo precrio, desde que haja verba votada para tal fim. Tais ordens comumente so dadas em simples memorando da administrao para incio de obra ou, mesmo, para pequenas contrataes.f) Ofcios so comunicaes escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores e entre administrao e particulares, em carter oficial. Os ofcios tanto podem conter matria administrativa como social. Diferem os ofcios dos requerimentos e peties, por conterem aqueles uma comunicao ou um convite, ao passo que estes encerram sempre uma pretenso do particular formulada administrao.g) Despachos administrativos: decises que as autoridades executivas (ou legislativas e judicirias, em funes administrativas) proferem em papis, requerimentos e processos sujeitos sua apreciao. Tais despachos no se confundem com as decises judiciais, que so as que os juzes e tribunais do poder judicirio proferem no exerccio da jurisdio que lhes conferida pela soberania nacional. O despacho administrativo, embora tenha forma e contedo jurisdicional, tambm ato administrativo, como qualquer outro emanado do executivo.

ATOS NEGOCIAIS - So os que contm uma declarao de vontade do poder pblico em acordo com o interesse do requerente particular, visando concretizao de negcios jurdicos pblicos ou atribuio de certos direitos ou vantagens ao interessado. Por exemplo: licenas, autorizaes, aprovaes, admisses, homologaes, vistos, declaraes escolares, etc.

ATOS ENUNCIATIVOS - Por meio dos atos administrativos enunciativos, a administrao certifica ou atesta um fato, emite opinio sobre determinado assunto, no estabelecendo vnculo com o enunciado. Como exemplos, temos: certides, atestados e pareceres administrativos.

ATOS PUNITIVOS - So os que impem sanes queles que infringem disposies legais, regulamentares ou ordinatrias dos bens ou servios pblicos. Visam punir e reprimir as infraes administrativas ou a conduta irregular dos servidores ou dos particulares perante a administrao. Podem ter atuao interna e externa.

Na primeira, cabe Administrao punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os servios defeituosos por meio de sanes; externamente, incumbe-lhe velar pela correta observncia das normas administrativas. Em ambos os casos, as infraes ensejam punio, aps a apurao da falta em processo administrativo regular ou pelos meios sumrios facultados ao poder pblico.Os atos punitivos de maior relevncia so a multa, a interdio de atividades, embargos de obras e a suspenso.

INVALIDAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Administrao pblica tem objetivo de proporcionar o bem comum e a justia, todavia no poder agir em desrespeito s normas jurdicas e a moral administrativa.Se, por culpa, dolo e interesses no morais de seus agentes, o poder pblico desviar-se da lei e a da busca do bem comum, dever da administrao invalidar o prprio ato. No o fazendo, restar ao interessado recorrer Justia. Garantem-se, assim, duas formas de controle dos atos administrativos: uma, interna, da prpria administrao; outra, externa, do poder judicirio.A invalidao dos atos administrativos nos leva a distinguir tambm os modos de seu desfazimento, ou seja, a revogao e a anulao.A revogao a extino de um ato administrativo, legtimo e eficaz, portanto vlido, respeitando-se os efeitos j produzidos pelo ato. A revogao no retroage. Seus efeitos sero considerados a partir do prprio ato revogatrio. Fundamenta-se no poder discricionrio, sendo a revogao privativa da administrao, que julgar sua convenincia ou no. No pressuposto de que toda revogao atinge ato legal e perfeito, s poder ser executada pelo poder pblico, aps julg-lo inconveniente.Toda revogao pressupe, portanto, um ato anterior legal e perfeito. Se o ato for ilegal ou ilegtimo, no ensejar revogao, mas, sim, anulao, pelo executivo ou pelo judicirio.Quando a administrao reconhece que praticou um ato contrrio ao Direito vigente, nada lhe resta a fazer seno anul-lo, o mais rpido possvel, para restabelecer sua validade. No o fazendo, poder o cidado interessado pedir ao poder judicirio que analise a legalidade ou no do ato e declare sua invalidade, por meio da anulao.

LICITAES E CONTRATOS

O artigo 175 da Constituio de 1988 estabelece o seguinte: Incumbe ao poder pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos.

Pargrafo nico - A lei dispor sobre:I - o regime das empresas concessionrias e permissionrias de servios pblicos, o carter especial de seu contrato e de sua prorrogao, bem como as condies de caducidade, fiscalizao e resciso da concesso ou permisso;II - os direitos dos usurios;III - poltica tarifria;IV - a obrigao de manter adequado.

Licitao o conjunto de procedimentos administrativos que visam a selecionar a proposta mais vantajosa para a administrao pblica. Como processo, desenvolve-se por meio de uma sucesso ordenada de atos vinculantes para a administrao e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficincia e moralidade nos negcios administrativos. importante que todo cidado esteja atento s licitaes e que os funcionrios de escola se familiarizem com seus principais procedimentos, principalmente com a leitura dos editais.

A Constituio Federal de 1988 fixa os fundamentos legais que norteiam os atos que comandam a administrao pblica. Eles devero ser pautados de forma permanente nos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, como vimos no incio desta unidade. Para atender s demandas colocadas por nossa Constituio, o Congresso Nacional tem aperfeioado a legislao no mbito da interveno e atuao do poder pblico. Dessa forma, surgiram diversas leis, como a Lei n. 8.666/1995, que regulamenta o art. 37, XXI, da Constituio de 1988, instituindo normas para licitaes e contratos da administrao pblica.Todo contrato administrativo exige licitao prvia, a qual s dispensada, inexigvel ou proibida nos casos expressamente previstos em lei.

Vamos L! PRATIQUE: Procure saber como foi a licitao para a construo do prdio de sua escola ou de alguma reforma ou ampliao nele executado. Haveria alguma forma de burlar as regras das licitaes? A imprensa local e nacional tem noticiado fraudes, favorecimentos e superfaturamento em licitaes para compras e construes de obras? Como evitar a corrupo? Registre suas ideias e de seus colegas no memorial.

Contratos consiste no acordo entre duas ou mais pessoas sobre um mesmo objeto ou com um mesmo objetivo. o ajuste que a administrao pblica firma com o particular ou outro ente pblico na busca do interesse coletivo.

ATENO: O contrato uma importante fonte de obrigaes jurdicas. Configura-se como uma espcie de lei entre as partes interessadas, com normas a serem cumpridas pelos contratantes.

Da mesma forma que os atos jurdicos em geral, os contratos dependem de certos requisitos para sua eficcia:a) Capacidade entre as partes qualquer pessoa com capacidade civil pode celebrar um contrato;b) Objeto lcito o objeto do contrato deve ser juridicamente legal e no atentar contra a moral e os bons costumes.No seriam vlidos perante a lei contratos cujos objetos fossem definidos como crimes ou proibidos por lei civil;c) Forma juridicamente legal os contratos devem obedecer ao formato estabelecido pela lei, definidos como solenes (contratos de casamento, testamento, fiana e outros), ou no solenes, como contratos de compra e venda de bens mveis e imveis.

As caractersticas do contrato administrativo so:

Consensual define um acordo entre as partes, sem imposio da administrao;Formal manifesta-se por escrito e com exigncias legais;Oneroso gera nus financeiro que ser pago na forma estabelecida no contrato;Comutativo as partes tero obrigaes recprocas e equivalentes;Intuitu personae o contrato deve ser executado pelo prprio contratado, sendo proibida, a princpio, sua substituio ou a transferncia do que foi estabelecido no contrato a terceiros; estabelecido no interesse maior da coisa pblica; Exige prvia licitao, s dispensvel nos casos especiais determinados pela lei.

Modalidades de contratos administrativos:I Contrato de obra pblica destinado construo, reforma ou ampliao de certa obra pblica.II Contrato de servio constitudo para servios de demolio, conserto, instalao, montagem, operao, conservao, reparao, manuteno, transporte e outros.III Contrato de fornecimento serve para a aquisio de bens destinados realizao de obras e manuteno de servios pblicos.Por exemplo: materiais de consumo, produtos industrializados, gneros alimentcios, etc.IV Contrato de gesto aquele celebrado pelo poder pblico ou entidades da administrao direta, indireta, entidades privadas definidas como ONG's.V Contrato de concesso constitui-se em acordo legal, oneroso ou gratuito, pelo qual a administrao, titular de determinados direitos ou bens pblicos, transfere a terceiros certas faculdades relativas a esses bens ou direitos. Em funo das faculdades transferidas, as concesses so classificadas em:a) Concesso de servio pblico: aquele pelo qual o poder pblico competente concede a um particular, o concessionrio, a execuo de determinado servio pblico, submetido sua fiscalizao, e com o pagamento de taxas pelos usurios.b) Concesso de servio pblico precedido de execuo de obra pblica: neste caso o poder pblico estabelece ajuste com particular para a construo de uma obra pblica, dando-lhe o direito de, futuramente, explorar o servio dela oriundo, durante determinado tempo. Como exemplo temos: construo e explorao da Ponte Rio-Niteri.c) Concesso de uso de bem pblico: ocorre quando o poder pblico transfere a utilizao e explorao de um determinado bem pblico a um particular. Por exemplo: em Braslia, a explorao do Autdromo Nelson Piquet foi facultada ao famoso piloto.

CONTROLE DA ADMINISTRAO PBLICA

O Congresso Nacional, exercendo controle externo e os sistemas de controle interno de cada poder, o ente responsvel pela fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial dos rgos e entidades da administrao pblica federal.O poder legislativo exerce o controle da administrao pblica mediante a constituio de comisses parlamentares de inqurito (CPI) e pelo Tribunal de Contas da Unio (TCU).O Tribunal de Contas da Unio aprecia as contas dos rgos e entidades da administrao pblica federal, como tambm a prestao de contas do presidente da republica e dos demais responsveis, por bens, valores e recursos pblicos.No mbito do poder executivo, as atividades de controle interno so efetuadas, sobretudo, pelo Sistema de Controle Interno, com apoio dos demais sistemas de atividades auxiliares nele presentes.O Sistema de Controle do Poder Executivo est concentrado na Controladoria-Geral da Unio. Cada ministrio, autarquia e fundao pblica possui sistema setorial de controle.Nos Estados e municpios os esquemas de controle da administrao pblica ocorrem de forma semelhante e, quase sempre, interligada com o Sistema de Controle da Administrao Pblica Federal.O Ministrio Pblico, atuando nos nveis Federal, estadual e de cada comarca, que rene vrios municpios, tambm exerce importante papel no controle das contas pblicas.

O SERVIDOR PBLICO NA CONSTITUIO FEDERAL

Servidores Pblicos so todos os indivduos que mantm relao de trabalho com a administrao pblica, constituem uma espcie de agente pblico.Agentes Pblicos so indivduos incumbidos de uma funo estatal, que poder ser transitria ou definitiva, com ou sem remunerao.Esse conceito abrange desde os titulares dos poderes do Estado at pessoas que se vinculam contratualmente com a administrao pblica, como o caso dos concessionrios.Os cidados que so convidados a se integrar em conselhos, como seus membros efetivos, detentores de mandatos, so agentes pblicos e no servidores pblicos, a no ser que tenham vnculo anterior.

Os servidores pblicos podem ser:a) Estatutrios: possuem cargos, que so as mais simples e indivisveis unidades de competncia a serem expressas por um agente pblico. Esses cargos existem em nmero certo, com determinao estatutria prpria, sendo criados somente por lei.b) Empregados pblicos: possuem empregos, que so exercidos por agentes contratados por relao trabalhista, regida pela CLT.c) Servidores temporrios: possuem funo, que pode ser definida como atribuio ou conjunto de atribuies a respeito da execuo de servios de carter eventual ou temporrio.

Vamos L! PRATIQUE: Visite o conselho municipal de educao de sua cidade e entreviste um conselheiro servidor e outro somente agente pblico e formule questes sobre seu papel no colegiado.

As disposies constitucionais aplicadas aos servidores pblicos esto concentradas quase na sua totalidade nos artigos 37 ao 41 da Carta Magna.Devem-se destacar:

I - Condies de ingresso - A investidura em cargo ou emprego pblico depender de aprovao prvia em concurso pblico, o que implica classificao dos candidatos e nomeao na sua ordem. No basta estar aprovado em concurso para ter direito investidura, tambm necessrio que se esteja classificado e na posio correspondente s vagas existentes, durante o perodo de validade do concurso, que de at dois anos, prorrogvel uma vez por igual perodo (art. 37, III). Independem de concurso as nomeaes para cargos em comisso (art. 37, II).II Acesso funo administrativa - A Constituio Federal de 1988 determina que os cargos, empregos e funes so acessveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I).III Contratao de pessoal temporrio - A lei estabelecer os casos de contratao por tempo determinado, para atender necessidade temporria de excepcional interesse pblico (art. 37, IX).IV Portadores de deficincias - A lei reservar percentual dos cargos e empregos pblicos para as pessoas portadoras de deficincia e definir os critrios de sua admisso (art.37, VIII), mantida a exigncia de concurso pblico.

Vamos L! PRATIQUE: Como foram admitidos os funcionrios de sua escola? Se houve concurso pblico, foi de provas ou de provas e ttulos? As provas aplicadas corresponderam s competncias e habilidades do cargo? Que ttulos foram exigidos? Compare o concurso para funcionrios com os de professor. Escreva suas concluses em seu memorial.

V Sindicalizao e greve dos servidores pblicos - O direito de sindicalizao e de greve expressamente proibido aos militares, sendo cabvel somente aos servidores civis. Estes no tm restries quanto livre associao sindical (art. 37, VI). No que diz respeito greve, os direitos dos servidores sero exercidos nos termos e nos limites definidos em lei especfica. Passados dezoito anos da promulgao da Constituio de 1988, esta lei ainda no foi aprovada. Para alguns, isso ocorre porque quase impossvel limitar um direito to fundamental. Entretanto, as greves, em especial as prolongadas e que atingem servios essenciais, incorrem em prejuzo de outros direitos to ou mais universais. Na rea da sade, os sindicatos cuidam para que nenhuma vida de cidado em risco seja ameaada. Na rea da educao, os estudantes tm direito oferta regular do ensino, o que inclui 200 dias letivos anuais e integralizao dos programas.VI Sistema remuneratrio - A Emenda Constitucional n. 19, de 1998, alterou o sistema remuneratrio dos servidores, com a criao do subsdio, como forma de remunerar agentes polticos e certas categorias de agentes administrativos civis e militares. A expresso espcie remuneratria usada como gnero, que compreende o subsdio, o vencimento e a remunerao.a) Subsdio: espcie de remunerao que probe o acrscimo de qualquer gratificao, adicionais, prmios, abonos, verbas de representao ou outra espcie remuneratria;b) Vencimento: a retribuio pelo exerccio do cargo pblico;c) Remunerao: a soma do vencimento e das vantagens pecunirias.

Vamos L! PRATIQUE:Responda, em seu memorial: Voc conhece educadores que no colocam os filhos em escolas pblicas com o argumento que nas particulares as greves so mais raras e mais curtas? O que voc acha dessa atitude? Nas greves que afetaram a escola onde voc trabalha, houve prejuzo para os alunos? A greve pode ser usada como elemento de conscientizao da cidadania dos estudantes? Como?

VII Limite remuneratrio - A remunerao e o subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da administrao direta, autrquica e fundacional, no poder exceder o subsdio mensal, em espcie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite nos municpios, o subsdio do prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsdio mensal do governador (art. 37, XI). Os vencimentos dos cargos do poder legislativo e do poder judicirio no podero ser superiores aos pagos pelo poder executivo (Art. 37, XII).VIII Irredutibilidade de vencimentos e subsdios - O subsdio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos pblicos so irredutveis (art. 37, XV), observando-se a vedao do efeito cascata, o teto remuneratrio e o princpio da igualdade tributria e incidncia do imposto de renda. O efeito cascata se constitui na aplicao de um benefcio sobre o outro, no que diz respeito s gratificaes recebidas pelos servidores.IX Vedao de acumulaes remuneradas - Ressalvadas as excees expressas, no permitido a um mesmo servidor acumular dois ou mais cargos, funes ou empregos, seja da administrao direta ou indireta (art. 37, XVI e XXVII). As excees so as de ocupante de dois cargos de professor; ocupante de um cargo de professor com outro tcnico ou cientfico; ocupante de dois cargos privativos de mdico ou profissional da sade.X Aposentadoria, penso e seus proventos - A aposentadoria dos servidores abrangidos pelo regime previdencirio de carter contributivo (art. 40) se dar por invalidez permanente, compulsoriamente aos 70 anos com proventos proporcionais ao tempo de contribuio e voluntariamente. Sobre a penso, determinado que os benefcios da penso por morte sero iguais ao valor dos proventos do falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito em atividade na data de seu falecimento, observado o disposto no 3 do art. 40.

Modalidades de aposentadoria (art. 40, 1):

Por invalidez permanente - Acidente de servio, molstia profissional ou por doena grave, contagiosa ou incurvel.

Compulsria - Aos 70 anos, com proventos proporcionais ao tempo de contribuio.

Voluntria - Quando cumprido o tempo mnimo de dez anos de efetivo exerccio no servio pblico e cinco anos no cargo efetivo em que se dar a aposentadoria ou que serviu de referncia para concesso da penso, observadas as seguintes condies:a) Sessenta anos de idade e 35 de contribuio, se homem, e 55 anos de idade, se mulher;b) Sessenta e cinco anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuio.

Os professores de educao infantil, ensino fundamental e mdio, para efeito de pedido de aposentadoria, devem reduzir em cinco anos os limites estabelecidos para as demais categorias (art. 40, 5).

No caso das atividades sob condies que prejudiquem a sade ou integridade fsica, sero adotados requisitos e critrios diferenciados para concesso de aposentadoria (art. 40, 4).

Penses: pagamento efetuado famlia do servidor em virtude de seu falecimento:a) Ser igual ao valor dos proventos ou do valor dos proventos a que teria o servidor em atividade, at o limite mximo estabelecido para os benefcios do regime geral de previdncia social (art. 40, 7, II);b) A reviso da penso ocorrer na mesma data e na mesma proporo em que for modificada a remunerao dos servidores em atividade (art. 40, 8);c) Quaisquer vantagens ou benefcios posteriormente concedidos aos servidores em atividade sero dados aos pensionistas.

XI Efetividade e estabilidade - O artigo 41 da Constituio Federal de 1988 diz que so estveis aps trs anos de efetivo exerccio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso pblico. Cargo de provimento efetivo aquele que deve ser preenchido em carter definitivo.XII Isonomia, paridade, vinculao e equiparao de vencimentos - Isonomia igualdade de espcies remuneratrias entre cargos de atribuies iguais ou assemelhadas; paridade um tipo especial de isonomia, igualdade de vencimentos em cargos de atribuies iguais ou assemelhadas pertencentes a quadros de diferentes poderes; equiparao a comparao de cargos de denominao e atribuies diversas, considerando-os iguais para fins de lhes serem conferidos os mesmos vencimentos; vinculao a relao de comparao vertical, vincula-se um cargo inferior a um superior, para efeito de retribuio, mantendo-se certa diferena, possibilitando que ao aumentar a remunerao de um, aumentar tambm do outro.

Quanto fixao dos padres de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratrio, sero observados os seguintes aspectos:I A natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;II Os requisitos para investidura;III As peculiaridades dos cargos.

Vamos L! PRATIQUE: Consulte os dados da CNTE - Confederao dos Trabalhadores em Educao a respeito de salrios dos professores e funcionrios de escolas pblicas nos diversos estados do pas. Compare com os seus vencimentos e discuta com os colegas o porqu de tantas diferenas. Registre as opinies no memorial.

Direitos sociais garantidos aos servidores ocupantes de cargos pblicos, no artigo 7, incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX:

Proibio de diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; Reduo dos riscos no trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana; Proteo no mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especficos, nos termos da lei; Licena-paternidade, nos termos fixados em lei; Licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com durao de 120 dias; Frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais que o salrio normal; Remunerao de servio extraordinrio, no mnimo 50% superior ao que for pago no perodo normal; Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Tempo de durao normal do trabalho no superior a oito horas dirias e a 44 semanais, facultadas a compensao de horrios e a reduo de jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho; Salrio famlia, pago ao trabalhador de baixa renda, por dependente, nos termos da lei; Dcimo terceiro salrio com base na remunerao integral ou no valor da aposentadoria; Remunerao do trabalho noturno superior do diurno; Garantia de salrio, nunca inferior ao mnimo, para aqueles que possuem remunerao varivel; Salrio mnimo, fixado em lei, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim.

Responsabilidades dos servidores pblicos (art. 37, 4, 5 e 6)

Os atos de improbidade administrativa levaro suspenso dos direitos polticos, bem como a perda da funo pblica, indisponibilidade dos bens e ao ressarcimento ao errio, na forma e na proporcionalidade prevista em lei, no sendo prejudicada ao mesmo tempo a ao penal cabvel.Isso quer dizer que o agente pblico que cometer ato de improbidade se tornar inelegvel, ter de devolver aos cofres pblicos o valor do prejuzo gerado, ficar com seus bens congelados pela justia e ainda no estar livre de sanes penais.O servidor responder civil, penal e administrativamente pelo exerccio irregular de suas funes, bem como responder civilmente por ato omisso ou comissivo, doloso ou culposo.

a) Ato omissivo quando o agente deixa de agir quando tinha o dever de agir.b) Ato comissivo resulta do ato de agir, de uma ao positiva por parte do agente.c) Ato doloso o ato praticado pelo agente de forma plenamente consciente das conseqncias decorrentes de seu ato.d) Ato culposo ocorre quando o agente no tem a inteno clara de causar o dano, o que se manifesta pela falta do dever de cuidado.

As pessoas de direito pblico e privado, prestadoras de servios pblicos, respondero pelos danos que seus agentes, atuando nessa qualidade, causarem a terceiros, estando assegurado o direito de regresso contra o servidor responsvel nos casos de dolo e culpa.A responsabilizao civil de servidor por danos causados a terceiros no exerccio de suas atividades funcionais depende da comprovao de sua culpa em ao regressiva proposta pela pessoa jurdica de direito pblico depois de condenada reparao.

O que isto que dizer? Quer dizer, por exemplo, que uma pessoa, vtima de erro mdico num hospital pblico, poder processar o Estado, pedindo indenizao? O Estado, depois de condenado a pagar a indenizao, poder transferir, regressivamente, esse nus ao mdico que atendeu ao paciente, autor do processo.

Vamos L! PRATIQUE: Identifiquem na folha de pagamento de sua escola os componentes remuneratrios dos seus servidores, de acordo com os direitos constitucionais. Verifique se algum est privado de algum valor devido. Registre em seu memorial.

UMA BREVE HISTRIA DA ADMINISTRAO PBLICA NO BRASIL

Os funcionrios da educao so classificados, na perspectiva do Direito Administrativo como agentes pblicos. Agente pblico todo aquele que cumpre uma funo do Estado. Mas quando e como tem incio a presena do Estado e da administrao pblica no Brasil?

O Estado e a administrao pblica tm incio quando Portugal, em 1530, criou aqui uma colnia, com o objetivo de explorar recursos naturais, em favor do comrcio europeu.A primeira expedio colonizadora ao Brasil foi comandada por Martin Afonso de Souza, tendo como objetivos fundar vilas, combater os invasores franceses, distribuir grandes lotes de terra chamados de sesmarias, procurar ouro e implantar a cultura da cana-de-acar.Em 1549, chegava ao Brasil o primeiro governador-geral, Tom de Souza. Ao delegar ao governo-geral o poder de fixar e exercer as aes da colonizao, o governo portugus deu ao Estado supremacia sobre a sociedade. O povo da nova colnia j nasce subordinado a normas administrativas vindas de fora. A organizao poltica das primeiras vilas antecede a organizao social. Assim, o povo tem de obedecer a normas que no foram criadas por ele.Ao contrrio da sociedade americana, que surgiu como fruto da conscincia das pessoas, no caso brasileiro, antes da nao, surge o Estado, com organizao administrativa e poltica sem a marca da vontade prpria. Isso concorre contra a formao da nacionalidade.A estrutura administrativa autoritria, enlaada na dependncia econmica do perodo de dominao portuguesa, permanece quase intacta, mesmo com a independncia poltica, aps 7 de setembro de 1822, representando um fardo difcil de suportar e remover.Nesse perodo que vai at a implantao do Estado Novo, de 1822 a 1930, as aes da administrao pblica no Brasil eram em geral de baixa complexidade. O Brasil no tinha um mercado interno desenvolvido e o sistema produtivo era muito fraco, empregando pouca mo-de-obra, o que se refletia numa organizao rudimentar do Estado.Esse perodo marcado pela forma de administrao pblica patrimonialista. Nela, o aparelho de Estado existe como uma extenso do poder do governante.Os cargos so considerados prebendas, o interesse pblico se mistura com os interesses particulares do governante e do grupo que com este ocupa o poder, tendo como consequncia nepotismo e corrupo. Assim, a administrao pblica empregava muito mais gente do que precisava, o que era facilitado pelo fato de os servidores pblicos no precisarem ser muito qualificados, sendo suficiente o conhecimento e a obedincia a leis e regulamentos.

PREBENDA (do baixo latim prbenda,: 'o que o Estado deve fornecer aos particulares em troca dos seus servios', ou 'o que devido aos magistrados enviados em servio pblico a uma provncia, ajuda de custo'), do latim clssico prbere 'apresentar, oferecer, fornecer', de pr 'antes' e 'habere' "ter") designa stricto sensu uma renda ligada a um canonicato (dignidade atribuda a um cnego), e querepresenta seu benefcio eclesistico Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Prebenda

A tentativa de implantao de um modelo burocrtico de administrao emerge a partir dos anos de 1930, no quadro da acelerao da industrializao brasileira, tendo o Estado um papel decisivo, o qual intervinha fortemente no setor produtivo de bens e servios. Essa acelerao da produo industrial foi impulsionada pela crise econmica mundial de 1929. O Brasil dependia principalmente das exportaes de caf, produto que teve queda acentuada de preos no mercado internacional, gerando grandes perdas para a economia do pas.Por outro lado, como a importao de muitos produtos foi dificultada pela crise econmica, passou-se a um processo de substituio de importaes. Os setores internos da economia passaram a produzir parte dos suprimentos que antes vinham de fora.Para promover a modernizao do Estado brasileiro, foi criado em 1936 o Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP), que representou a tentativa de formao de uma burocracia inspirada na proposta de Max Weber, baseada no mrito profissional. A administrao pblica tambm sofre grande influncia da teoria da administrao cientfica de Taylor, tendendo a racionalizao mediante a simplificao, padronizao e aplicao de mtodos na execuo de rotinas.Embora tenham sido valorizados instrumentos importantes para a poca, como o instituto do concurso pblico e do treinamento, no se chegou a uma poltica de recursos humanos que respondesse s reais necessidades da administrao. O patrimonialismo, contra o qual o modelo burocrtico se antepunha, transforma-se e passa a ter outra cara, ora dando lugar ao clientelismo, ora ao fisiologismo.Em 1945, chega ao fim a Segunda Guerra Mundial. O Brasil, que se uniu aos aliados na vitria sobre as ditaduras que formavam o eixo (Alemanha, Itlia e Japo), vivia internamente sob a ditadura do Estado Novo de Getlio Vargas, que logo seria varrida pelos ventos que traziam aspiraes de tempos mais democrticos.O novo perodo trouxe tambm a conscincia de que aumentava o descompasso entre a realidade e a administrao pblica. Agora, o pas tinha um mercado interno mais forte, em funo do desenvolvimento de outras regies fora dos antigos centros cafeicultores e da difuso maior das comunicaes e dos transportes. Era necessrio rever a estrutura e o funcionamento da administrao pblica.A administrao burocrtica implantada a partir de 1930 tinha seus problemas. Sofreu sucessivas tentativas de reforma. Em alguns casos, pela extino e criao de rgos; em outros, por estruturas paralelas que tinham o objetivo de flexibilizar a rigidez do aparato burocrtico.

Vamos L! PRATIQUE: Voc tem conhecimento de situaes onde ocorrem ou ocorreram o clientelismo e/ou fisiologismo? Discuta com seus colegas possveis alternativas para dar fim a essas prticas nefastas no gerenciamento do Estado. No se esquea de relatar as concluses em seu memorial.

O patrimonialismo a caracterstica de um Estado que no possui distines entre os limites do pblico e os limites do privado. Foi comum em praticamente todos os absolutismos.Clientelismo um subsistema de relao poltica - em geral ligado ao coronelismo, onde se reedita uma relao anloga quela entre suserano e vassalo do Sistema Feudal, com uma pessoa recebendo de outra a proteo em troca do apoio poltico. Prtica eleitoreira de certos polticos que consiste em privilegiar uma clientela (conjunto de indivduos dependentes) em troca de seus votos; troca de favores entre quem detm o poder e quem vota.Fisiologismo conduta ou prtica de certos representantes e servidores pblicos que visa satisfao de interesses ou vantagens pessoais ou partidrios, em detrimento do bem comum.

O governo JK, por exemplo, criou vrias comisses, visando realizao de estudos para simplificao dos processos administrativos e descentralizao dos servios. Contudo, esse perodo marcado pelo ideal de planificao.O entendimento da poca era que, devido ao crescimento e maior complexidade da economia brasileira, s teria seus problemas resolvidos quando tratados em conjunto. O objetivo foi, ento, o ajuste conjunto de demandas, ofertas de servios e funcionamento da mquina administrativa nova realidade socioeconmica do pas.Nesse contexto, j fora proposto, em 1947, o Plano Salte, primeira tentativa de eliminar os chamados na poca pontos de estrangulamento da administrao pblica.Em 1964, o golpe militar afasta do poder o presidente Joo Goulart. Os militares, com apoio poltico do empresariado nacional, de setores das classes mdias urbanas, de boa parte da classe poltica e de grupos ligados a interesses multinacionais, ficam no poder at 1985.Os anos de 1960 foram marcados por relativa falta de crescimento da economia e inflao crescente. O discurso dos tecnocratas a servio dos militares, em prol do desenvolvimento e da implementao de planos de alfabetizao e habitao, bem como de erradicao da misria, foram bem recebidos por amplos setores da sociedade. A propaganda do governo trazia novas propostas. Entre outras ideias, o preenchimento dos cargos pblicos por burocratas de carreira no lugar dos polticos, visando acabar com a corrupo e ineficincia na gesto da coisa pblica.Em 1967, editado o Decreto-Lei 200, considerado por muitos um marco na tentativa de superao da rigidez burocrtica e na implantao da administrao gerencial no Estado brasileiro. Por meio dele, transferiram-se atividades para autarquias, fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista, buscando-se maior eficincia operacional.No entanto, ao contrrio do esperado por muitos, as reformas operadas pelo Decreto-Lei 200/1967 no provocaram mudanas nas instncias da administrao central, que permaneceu ineficiente, coexistindo com ncleos de eficincia e competncia na administrao indireta. Isso ocorreu porque os militares no desenvolveram carreiras de administradores pblicos de alto nvel na administrao central, ao contrrio do que ocorreu com as estatais.Apesar da retrica liberal e privatista da poca, o Estado expandiu-se e se tornou o grande empreendedor do perodo. O crescimento do Estado se deu principalmente por via indireta, por meio de instncias paraestatais, como empresas pblicas, sociedades de economia mista, fundaes e outras.A criao do Ministrio da Desburocratizao, no incio dos anos 80, foi mais uma tentativa de reformar a burocracia objetivando revitalizar e agilizar as organizaes do Estado. Foram propostos mecanismos que visavam melhoria e simplificao dos processos administrativos e promoo da eficincia. Todavia, as aes rumo a uma administrao pblica mais racional foram interrompidas pela transio democrtica de 1985.

ATENO: A transio para a democracia foi uma grande conquista do ponto de vista poltico, mas, no que diz respeito administrao pblica, significou o surgimento de um novo populismo patrimonialista, com o loteamento de cargos pblicos da administrao indireta e das delegacias dos ministrios nos Estados para os polticos.

A alta burocracia passa a ser acusada, principalmente pelas foras conservadoras de ser culpada pela crise do Estado. Em reao ao clientelismo que predominava em muitas situaes da administrao pblica, a Constituinte de 1988 aprova mudanas que iriam reduzir a agilidade no gerenciamento da mquina pblica. O poder executivo perde autonomia no que diz respeito estruturao dos rgos pblicos. A implantao do regime jurdico nico para os servidores civis da Unio, dos Estados e dos municpios, retira da administrao indireta sua flexibilidade operacional, atribuindo s fundaes e autarquias pblicas normas de funcionamento semelhantes s que regem a administrao direta. As empresas estatais tambm tiveram de agir nos aspectos mais relevantes da administrao, como reparties pblicas. Compras e contrataes, com recursos pblicos, passaram a obedecer a ritos que podem durar meses.Na medida em que a transio democrtica ocorreu no Brasil em meio crise do Estado, essa ltima foi equivocadamente identificada pelas foras democrticas como resultado, entre outros, do processo de descentralizao que o regime militar procurara implantar. Por outro lado, a transio democrtica foi acompanhada por uma ampla campanha contra a estatizao, o que gerou um aumento do controle burocrtico sobre as estatais e o estabelecimento de normas rgidas para a criao de novas empresas controladas pelo Estado. verdade que a aplicao de dinheiro pblico deve ser acompanhada de cuidados que no so necessrios nas empresas privadas. Mas, para proteger o uso do dinheiro pblico dos maus administradores e corruptos, h outras formas de controle mais eficazes que no reduzem a agilidade das organizaes modernas.Fernando Collor, eleito com mais de 35 milhes de votos, representava o pensamento liberal que se propunha a modernizar o Estado por meio da reduo de seu tamanho. Sua tentativa de reforma administrativa, porm, encontrou forte resistncia em setores organizados da sociedade, bem como no Congresso Nacional e no poder judicirio.Collor reestruturou a mquina pblica, reduzindo ministrios, rgos e entidades. Mas implantou essas mudanas sem um plano estratgico bem concebido, desestruturando a administrao pblica. Mesmo menor, continuava sendo pouco funcional.O governo Collor tentou corrigir distores apontadas pelo discurso liberal na nova Constituio. No entanto, sua ao se mostrou equivocada, na medida em que se preocupou em destruir, ao invs de construir.Aps a renncia de Collor, Itamar Franco buscou essencialmente recompor os salrios dos servidores que sofreram grande reduo no perodo do governo anterior.O discurso da reforma administrativa, sob a tica liberal, retomado e assume uma nova dimenso a partir de 1994, quando da eleio de Fernando Henrique Cardoso. FHC prope aparelhar o Estado para que este assuma um papel menos executor ou prestador direto de servios e mais regulador e provedor destes.

Fernando Affonso Collor de Mello (nascido em 10 de Agosto de 1949) foi presidente do Brasil entre 1990 e 1992. Seu governo foi marcado pelo Plano Collor (que bloqueou a poupana dos brasileiros), pela abertura do mercado nacional e a diminuio da reserva de mercado, e principalmente por no ter terminado o mandato, tendo sofrido um processo de impeachment fundado em acusaes de corrupo massiva.

Dando nfase privatizao dos servios pblicos, no sentido de transferir sua execuo para o setor privado, cria as agncias reguladoras nacionais, com o intuito de fiscalizar e, como o prprio nome diz, regular os servios de diversos setores da economia. Como exemplo, temos a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL); Agncia Nacional do Petrleo (ANP); Agncia Nacional de Telecomunicaes (ANATEL); Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA); Agncia Nacional de Sade Suplementar (ANS); Agncia Nacional de guas (ANA); Agncia Nacional de Transportes Aquavirios (ANTAQ); Agncia Nacional do Cinema (ANCINE).

Mesmo privatizado, o servio no deixa de ser pblico. Embora o concessionrio explore o servio em seu nome, por sua conta e risco, a titularidade continua a ser do poder pblico, que poder retom-lo a qualquer tempo, obedecidos os trmites legais.No que diz respeito gesto de recursos humanos, o governo FHC adota a opo de enxugar a mquina estatal, mantendo-se um corpo burocrtico diminuto a altamente profissionalizado para o desempenho das funes tpicas de Estado como Polcia Federal, Receita Federal, Servio Diplomtico, Foras Armadas e outros.Prope, assim, uma ruptura no tratamento uniforme nas relaes de trabalho. As atividades no consideradas tpicas de Estado passam a ser executadas por prestadores de servios terceirizados.A poltica de terceirizao de mo-de-obra vem sofrendo vrias crticas, seja em relao qualidade dos servios prestados, ao custo oramentrio efetivo, seja tambm em relao sua legalidade, por parte do Ministrio Pblico e do Tribunal de Contas da Unio.O ministro Wolton Alencar Rodrigues, do TCU, por exemplo, analisou a questo do dficit da Previdncia, sustentando que uma das principais causas dessa deficincia foi a poltica de terceirizao de mo-de-obra praticada por governos anteriores, sobretudo nos anos de 1990, de que resultou a reduo do nmero de servidores e, consequentemente, a receita da Previdncia. Ele exibiu um quadro da reduo de nomeaes na administrao federal, que chegaram a apenas 30 em 2002.O Governo Federal tem desenvolvido aes no sentido de diminuir a presena de terceirizados e de trabalhadores temporrios na administrao pblica federal, principalmente promovendo concursos para prover as carncias de recursos humanos em diversas reas da mquina pblica. Todavia, essas aes ainda privilegiam as chamadas carreiras de Estado.Em 2006, foram realizados concursos para milhares de cargos de docentes e tcnicos nas universidades pblicas, interrompendo uma forte tendncia privatizao da educao superior, vigente desde a dcada de 1980.Sem dvida, o PROFUNCIONRIO, ao conferir ttulos profissionais aos trabalhadores no docentes das escolas pblicas, habilitando-os para concursos pblicos nos Estados e Municpios, colocam-se frontalmente contra a privatizao, a precarizao do trabalho e a terceirizao.

RESUMONessa unidade, tivemos a oportunidade de observar o conjunto de regras que regulam harmonicamente as atividades da administrao pblica, ou seja, vimos o direito administrativo suas fontes e princpios.Tratamos tambm da funo do servio pblico, que de atender s necessidades coletivas e promover o bem comum. Com isso, vimos quem so os agentes pblicos e suas respectivas incumbncias diante do cumprimento das atividades desse servio.Percorremos, ainda, a discusso acerca dos atos administrativos, estes que tm sempre como objetivo o bem-estar da sociedade. Estes atos, bem como toda administrao pblica, tm agentes de controle, entre eles o TCU, o poder legislativo, o Ministrio Pblico e outros.Enfim, oportunizamos espao para recordar a histria da administrao pblica no Brasil.

PESQUISE Em seu Estado e em seu Municpio, tem havido contratos temporrios ou terceirizados para as tarefas no docentes das escolas? Qual a posio do Sindicato? Qual a sua posio? Voc conhece as posturas dos partidos polticos? Registre suas respostas em seu memorial.

Vamos nos preparar para a nossa ltima unidade. At aqui assimilamos, recordamos, identificamos e analisamos muitos aspectos do direito administrativo com o nosso cotidiano, portanto, estamos encerrando nosso quarto passo com uma bagagem considervel.Mas, afinal, como funcionrios da educao, sentimo-nos como sujeitos construtores de nossa prpria histria? Conversaremos sobre isso na unidade que segue.