planejamento estratégico em filantropia gestão de planejamento 2010

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ADAUTO CÉSAR DA SILVA - RA. 07170496 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM FILANTROPIA: GESTÃO DE PLANEJAMENTO FACULDADE EÇA DE QUEIROS SÃO PAULO - 2009

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Page 1: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

ADAUTO CÉSAR DA SILVA - RA. 07170496

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM FILANTROPIA: GESTÃO DE PLANEJAMENTO

FACULDADE EÇA DE QUEIROS SÃO PAULO - 2009

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2

ADAUTO CÉSAR DA SILVA - RA. 07170496

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM FILANTROPIA: GESTÃO DE PLANEJAMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Administração da Faculdade Eça de Queiros, como requisito para obtenção do título de graduado. Trabalho realizado sob a orientação do Prof. Ms. Mauro César Gonçalves

FACULDADE EÇA DE QUEIROS SÃO PAULO - 2009

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3

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

____________________________________________________

____________________________________________________

Page 4: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

4

Aos meus queridos pais, Severino e Francisca,

a quem devo a honra, pois sempre acreditaram

na realização dos meus sonhos, pelo exemplo

da determinação, coragem e tenro amor.

Agradeço pela compreensão nos momentos

em que estive ausente.

Page 5: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

5

EPÍGRAFE

Não temos a oportunidade de fazer tantas

coisas, por isso todas elas precisam ser

realmente sensacionais. Porque essa é a

nossa vida. A vida é breve, e aí você morre,

sabe? Todos nós escolhemos fazer isso com

as nossas vidas. Então é bom que seja

excelente. É melhor que valha a pena.

Steve Jobs

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6

AGRADECIMENTOS

A Deus pela bênção da vida na formação acadêmica concedida na realização deste

trabalho acadêmico.

A minha esposa Danielle, por estar sempre ao meu lado.

Ao meu orientador, Prof. Mauro César Gonçalves, pelo seu talento profissional nas

orientações deste trabalho, pela parceria e, sobretudo, por contribuir com minha

formação.

A Comunidade Carisma, pelo exemplo de responsabilidade social, pela inspiração e

carisma.

Ao Aguinaldo Esteves pelo seu carisma, entusiasmo e os materiais disponibilizados.

Ao meu tio, Romeu Mauro, pelo carinho, apoio e incentivo.

A empresa Net Tour, pela oportunidade concedida na conclusão desta obra

acadêmica.

Agradeço a todos que colaboraram para a realização deste trabalho. Meus sinceros

agradecimentos.

Page 7: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

7

RESUMO

Este estudo teve como objetivo identificar a relação positiva do processo de

planejamento estratégico e o desempenho inadequado da instituição filantrópica

local. Para a realização do presente estudo foi utilizado como fonte de pesquisa

livros, revistas e sites especializados sobre o assunto, além da coleta de

informações sobre instituições filantrópicas do município de Carapicuíba e foi

realizada também, uma visita à Comunidade Carisma, onde entrevistamos o

administrador Aguinaldo Esteves, que nos forneceu informações que trazem dados

que enriquecem de sobremaneira nossa pesquisa. A filantropia nasce de um

contexto social onde os setores organizados da sociedade passam a se unir em prol

do bem comum. Um momento da sociedade onde se observa que a

responsabilidade social é uma responsabilidade de todos e não só do Estado. Uma

vez que este não consegue mais resolver todos os problemas sociais, tal é o nível

complexidade destes problemas. Para além da intenção de criar ou

desenvolver uma instituição é necessário ética, objetivos bem definidos,

responsabilidade e transparência financeira e para tanto o planejamento estratégico

entra como base inicial para alinhar estes princípios. Em nossa pesquisa

concluímos que as organizações filantrópicas desempenham um papel fundamental

na sociedade moderna, tendo na maioria das vezes a finalidade de diminuir as

falhas sociais ou culturais deixadas pelo governo e por outros setores. No Brasil,

especialmente, os projetos sociais ocorrem com grande freqüência, porém sem

nenhum planejamento formal ou método padronizado que possa viabilizar uma

imagem dos resultados finais da organização. O estudo também indica que é

possível adequar um modelo de planejamento estratégico obtendo-se desta maneira

bons resultados.

PALAVRAS-CHAVES: instituição filantrópica, planejamento estratégico, gestão de planejamento.

Page 8: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

8

ABSTRACT

This study has as goal to identify the positive relationship of strategic planning

process and the inadequate performance of the local philanthropic institution. For the

realization of this study was used as a source of research books, magazines and

specialized websites on the subject, in addition to collecting information on charities

in the city of Carapicuíba was also done one visit to Charisma, where we interviewed

the administrator Aguinaldo Esteves, who gave us information that bring data to

greatly enrich our research. Philanthropy comes from a social context where the

organized sectors of society are to unite for the common good. A moment of society

where it was found that social responsibility is a shared responsibility and not just the

state. Since this can no longer solve all social problems, such is the level complexity

of these problems. Apart from the intention to create or develop an institution is

necessary ethics, well-defined objectives, accountability and transparency for both

financial and strategic planning comes as an initial basis to align with these

principles. In our research we concluded that philanthropic organizations play a vital

role in modern society, with most of the time in order to reduce the social and cultural

gaps left by government and other sectors. In Brazil, especially the social projects

occur with great frequency, but without any formal planning or standardized method

that could enable an image of the final results of the organization. The study also

indicates that it is possible to adapt a strategic planning model yielding good results

this way.

KEY WORDS: Philanthropic institution, strategic planning, planning of Enterprise.

Page 9: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12

CAPÍTULO I - PROBLEMÁTICA DE PESQUISA.....................................................14

1.2 - RELEVÂNCIA DO TEMA ..................................................................................15

1.3 - HIPÓTESES......................................................................................................16

1.3.1 - HIPÓTESE.....................................................................................................16

1.3.2 – DESCRIÇÃO DA HIPÓTESE ........................................................................16

1.4 - JUSTIFICATIVA ................................................................................................17

1.5 - OBJETIVOS......................................................................................................18

1.6 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................18

1.7 - CONCEITO .......................................................................................................19

CAPÍTULO II - INTRODUÇÃO A ATIVIDADE DE PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO EM GERAL.....................................................................................20

2.1 - O QUE VEM A SER PLANEJAMENTO? ..........................................................20

2.2 - ESTRATÉGIA: CONCEITUAÇÃO E DINÂMICA...............................................22

2.3 - AS VANTAGENS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO................................22

CAPÍTULO III - GESTÃO PROFISSIONAL EM INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS23

3.1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E HISTÓRICA.................................................29

3.2 - GESTÃO PROFISSIONAL................................................................................33

3.3 - TERCEIRO SETOR E FILANTROPIA...............................................................36

3.3.1 - TERCEIRO SETOR .......................................................................................36

3.3.2 - FILANTROPIA................................................................................................37

3.4 - UMA QUESTÃO DE PLANEJAMENTO............................................................39

3.5 - ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .............................................40

3.6 - DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS ESSENCIAIS .........................................41

3.6.1 - ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO..........................................................41

3.6.2 - LIDERANÇA EXECUTIVA .............................................................................42

Page 10: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

10

3.6.3 - MISSÃO, VALORES DA INSTITUIÇÃO.........................................................43

3.6.5 - PLANO OPERACIONAL ................................................................................43

CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.........................................................................47

Page 11: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 01 - Relatório Anual Centro social 2007 ................................................24

Tabela 01 - Balanço Patrimonial 2007 ...............................................................25

Tabela 02 - Balanço Patrimonial 2008 ...............................................................27

Gráfico 02 - Relatório Anual Centro Social 2007................................................27

Tabela 03 – Perfil de instituições filantrópicas ...................................................34

Gráfico 04 - Com quem as empresas realizaram parcerias, entre 2000 e 2004 no

Brasil? ................................................................................................................35

Tabela 04 - Número de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos

...........................................................................................................................38

Figura 01 - Etapas do Processo de Planejamento Estratégico Eclesiástico. .....41

Page 12: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

12

INTRODUÇÃO

A escolha da pesquisa no segmento do planejamento estratégico deu-se em

razão de enfrentamos, nos dias atuais, inúmeras polêmicas quanto ao uso de

princípios de gestão administrativa na instituição filantrópica brasileira. O contexto da

Pós-Modernidade, aliado à economia mundial globalizada, afeta de sobremaneira o

indivíduo em todos os segmentos da sociedade. Desta forma até mesmo os

dirigentes e líderes responsáveis mostram-se preocupados quanto ao avanço de

idéias e conceitos de planejamento, estratégia, organização e transparência

financeira que são oferecidos. A busca de soluções percorre vários caminhos como,

por exemplo, um aumento da equipe de voluntários, apoio, parcerias, patrocínios e

candidatos. Entre outras se apresenta como maior solução, o dinheiro,

conseqüentemente mais recursos, para enfrentar as crises que prejudicam a nação,

incluindo-se, nesta busca, os órgãos não-governamentais, a igreja, a instituição

filantrópica, fundação e a associação. Estes formam o que denominamos

atualmente terceiro setor, ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações

sem fins lucrativos e não governamentais que têm como objetivo gerar serviços de

caráter público exercendo um papel relevante à sociedade mobilizando grande parte

de pessoas, gerando emprego e recursos significativos.

As inúmeras Instituições a fim de se manterem mais organizadas e

estruturadas, utilizam cada vez mais técnicas de administração. Os parâmetros de

gestão administrativa sinalizam que os futuros líderes precisam adotar práticas

inteligentes e dinâmicas que transcendam em suas organizações. Apesar da

seriedade para a tomada de decisões nas instituições, os resultados na prática

apontam para um nível de conhecimento técnico e profissional pouco explorado. As

organizações do Terceiro Setor têm por alvo o desenvolvimento político, econômico,

social e cultural, no meio em que atuam. Porém, nota-se que as pequenas

instituições apresentam grandes dificuldades no método de preparação de um

planejamento estratégico, sobretudo a escassez de recursos para contratação de

profissionais para suprir a falta de conhecimento administrativo, a fim de gerir

recursos financeiros e patrimoniais. O uso adequado da ferramenta de

administração na organização do processo de planejamento estratégico, onde a

visão a ser alcançada permita mapear, de forma ampla e objetiva, as atividades das

pessoas até o prazo pré-determinado a fim de monitorar as etapas do planejamento.

Page 13: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

13

O objetivo deste estudo é, portanto identificar a relação positiva do processo de

planejamento estratégico e o desempenho inadequado da instituição filantrópica

local.

Existe um potencial muito grande a ser explorado pelos líderes responsáveis

e coordenadores no que tange a planejamento estratégico, John Maxell nos relata

que:

“O desenvolvimento de habilidades de comunicação é absolutamente essencial para a liderança. Se o líder não souber transmitir uma mensagem com clareza, então nem mesmo importa ter uma mensagem” (MAXWEL, 2000 p. 31).

Atualmente, existem algumas instituições religiosas que estão avançando em

relação a adotar planos que resultem em organização e planejamento estratégico,

onde sua equipe apresenta voluntários com formação profissional, conseguindo com

isso uma melhor notoriedade da igreja junto à sociedade. Basta acompanhar a

evolução nos meios de comunicação bem como, boletins, sites e comunicação

visual de algumas igrejas para notar que o trabalho teve respaldo de um profissional

da área de administração, seja ele um analista, um administrador, consultor ou

publicitário.

Entre os mais distintos líderes formam-se conceitos e preconceitos sobre a

prática da administração nas instituições filantrópicas. O presente estudo

concentrou-se em descobrir como os líderes convivem com as técnicas de

planejamento estratégico na práxis do ministério. Quais os recursos essenciais e

imprescindíveis para que se desenvolva uma gestão profissional ao ponto de

atenuar as deficiências em técnicas de procedimento em planejamento estratégico

como ferramenta para elucidar as atividades nos espaços eclesiais.

Analisar-se-á o segmento da administração de prestação de contas e serviços

de instituição filantrópica mediante pesquisa exploratória.

Page 14: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

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CAPÍTULO I - PROBLEMÁTICA DE PESQUISA

Este capítulo apresenta a problemática onde o processo de planejamento

estratégico tem o intuito de definir um plano de médio e longo prazo que leve em

consideração os acontecimentos passados como forma de “prever” as ações a

serem tomadas futuramente tornando-se assim possível o planejamento eficaz das

atividades, de forma a adaptar a instituição ao seu ambiente.

Portanto, o planejamento estratégico serve como base inicial para ações que

devem ser feitas no presente para que se atinjam os objetivos futuros. Desta forma

dois fatores devem ser levados em consideração, primeiro: o nível de dificuldade e

deficiência no que tange às políticas de organização e planejamento nas ações

tomadas sem prévio conhecimento teórico ou até mesmo estudar o campo da região

local onde se pretende instalar a instituição, verificando quais as reais necessidades

básicas da sociedade. A fase inicial do processo de planejamento estratégico pode

ser considerada não só como uma das formas de avaliar melhor a organização, mas

também de avaliar em geral, o Terceiro Setor, possibilitando sua expansão.

As instituições e as pequenas empresas são extremamente sensíveis à

economia brasileira, tornando cada vez mais difícil se planejar para o futuro, devido

ao clima de incertezas em que vivem acaba por terem graves dificuldades de

elaborar um planejamento estratégico.

Em virtude da instabilidade da economia e a fragilidade das organizações

torna-se difícil estas galgarem um plano estratégico favorável.

Um segundo fator é a falta de informações, subsídios e registros relativos aos

dados de instituições filantrópicas abertas a cada ano, a exemplo disso, a cidade de

Carapicuíba, cuja situação seja regular ou irregular. Normalmente faltam a estas

instituições filantrópicas informações, pessoas com capacitação e experiência

profissional para realizar tal planejamento, fazendo com que as ações tomadas

sejam favoráveis para mudanças no ambiente na maioria das vezes negativas.

Consequentemente, a falta de líderes qualificados é pouco satisfatória em

requerer novas maneiras de gestão das instituições estabelecerem seus propósitos,

a base do conhecimento, habilidades e fundamentos sólidos em ciências sociais.

Esta situação torna a solução dos problemas lenta, acarretando

frequentemente em custos adicionais de retrabalho para as devidas correções.

Page 15: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

15

Frente ao exposto e para substanciar a pesquisa foi realizada uma entrevista

em local escolhido pelo administrador da Comunidade Carisma, localizada na cidade

de Osasco. Para a realização da mesma apresentou-se, inicialmente, uma carta de

solicitação cedida pela faculdade Eça de Queiros, para que o administrador tomasse

conhecimento da entrevista, tornando-se assim possível a realização da pesquisa de

campo, e posteriormente, foi fornecidas informações sobre a pesquisa a ser

realizada.

1.2 - Relevância do Tema

No Brasil, tem-se verificado nos últimos tempos um crescimento atípico, mas

no sentido de “concorrência filantrópica”. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE,

“hoje no Brasil, existem cerca de 15 milhões de evangélicos e mais de 100.000

igrejas”. 1

A cada dia a competição torna-se maior, não só entre si, mas dentro de si, por

imposição de necessidades pessoais, quando deveria ser por questões sociais e

coletivas. Os indivíduos que adotam esta prática, naturalmente indivíduos que

dispõem dos necessários meios econômicos, são em geral denominados por

filantropos ou filantropistas. Segundo a revista VEJA “existem hoje no país cerca de

220.000 organizações não-governamentais, a maioria dedicada à filantropia2”.

No conceito do professor da USP Kanitz

“[...] apesar de pagarmos 15% de imposto de renda, 28% de INSS, 8% de FGTS, 21% de ICMS, 11% de IPI e mais 38 impostos, totalizando quase metade de nossos salários, nunca este país teve tanta exclusão e tantos problemas sociais como agora. Por isso, de alguns anos para cá tem crescido um movimento que acredita que talvez fosse melhor se a sociedade e a comunidade cuidassem da área social, diante da incapacidade do Estado de resolver essas pendências”. (STEPHEN, 2001).

De acordo com a revista VEJA “esse número é espetacular e ainda mais

espantoso quando se leva em conta que 47 milhões de brasileiros são crianças de

até 14 anos e 14 milhões têm mais de 60 anos, ou seja, há 100 milhões de 1 VEJA, A nação evangélica. Edição 1758 de 03 de julho de 2002. 2 VEJA,Guia para fazer o bem. Edição Especial dezembro de 2001

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16

brasileiros entre 15 e 60 anos – destes, um em cada cinco está dedicando algumas

horas do dia para ajudar alguém. Isso sinaliza que a filantropia tem sido uma das

principais expressões de fontes de financiamento para as causas humanitárias,

culturais e religiosas.

1.3 - Hipóteses

1.3.1 - Hipótese

Há fatores essenciais que podem ser considerados na gestão de instituições

religiosas de modo que a prestação se serviços possa torná-la mais profissional

resultando em práticas de transparência e segurança à sociedade.

1.3.2 – Descrição da Hipótese

Além de essenciais, há fatores já existentes na rotina das instituições

filantrópicas que possibilitam uma gestão mais profissional fomentando assuntos de

interesse coletivo e público.

Uma forma de gestão pautada na relação ética e transparente estabelece

objetivos compatíveis com o desenvolvimento sustentável e saudável da instituição

na sociedade e muito mais que investimento falta conhecimento aos líderes

responsáveis pelas instituições.

A estes líderes, por exemplo, o conhecimento de que a filantropia não é

apenas uma responsabilidade social, mas um processo de transformação dentro de

uma postura ética de criação de valores para a sociedade. Isto é possível através de

um relacionamento transparente com todos os públicos com os quais a instituição se

relaciona. Buscando-se desta forma resultados efetivos de melhoria de condição

com vínculo profissional nas instituições, sem prejudicar a sociedade.

Page 17: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

17

1.4 - Justificativa

De acordo com o problema e as hipóteses apresentadas, acredita-se que a

relevância do presente trabalho da-se pela importância de se obter e concentrar as

informações necessárias a uma instituição, o acompanhamento e a supervisão

para alcançar o sucesso na qualidade das atividades filantrópicas que envolvam

pessoas, dinheiro e tempo. Geralmente as atribuições são dadas aos líderes

verbalmente e estas são frequentemente esquecidas ou não são seguidas, o que

afeta as atividades internas da instituição. A escolha deste tema torna-se então de

grande relevância para aprofundar o estudo científico de administração no

planejamento estratégico em associações, fundações e instituições filantrópicas.

Ao elaborar políticas, valores e princípios de uma cultura organizacional

interna, definindo-se qual a missão a ser alcançada e o caminho a ser percorrido, a

visão de gerenciamento da instituição torna-se mais clara perante as partes

envolvidas, apontando assim para o destino o destino que irá refletir sua razão de

existir, expressando desta forma o que uma instituição (igreja) almeja ser.

Portanto, para enfrentar os desafios gerenciais necessita-se de uma

considerável tranformação das instituições de modo a formalizar um planejamento

estratégico. Segundo Nogueira 3:

“O planejamento estratégico começa na definição de uma filosofia de trabalho, que está ligada aos valores humanos” [...] e que “A partir do momento em que uma igreja tem clara a sua visão de futuro, e sua liderança tem definidos os seus propósitos, aonde quer chegar e como fazer isso, toda a comunidade se envolve no projeto, ou seja, fica mais fácil trabalhar”. (NOGUEIRA, 2005)

Os processos de planejamento podem ser identificados de várias formas,

entre elas: natureza, tempo e necessidades humanas. Em relação a natureza do

planejamento os processos se classificam em estratégicos, táticos ou operacionais.

Em relação ao tempo classificam-se em: longo, médio ou curto prazo. Já em relação

as necessidades humanas, podem ser: educacional, habitacional, de

desenvolvimento ou social.

3 João Batista Nunes Nogueira, engenheiro que atua como consultor do SEBRAE-MG para Gestão Estratégica e é vice-presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais). Disponível em.

Page 18: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

18

1.5 - Objetivos

Cosiderando aspectos acima mencionados, este estudo visa três objetivos

básicos:

1) Descrever e esclarecer a fundamentação teórica e histórica por meio de

levantamento bibliográfico, exemplos de Instituições religiosas cuja gestão

tenha por princípio transparência profissional.

2) Conhecer e analisar os procedimentos e fatores comuns existentes nas

instituições religiosas de gestão profissional.

3) Revisão da Literatura, com o objetivo de fundamentar conceitos

importantes que aparecerão no decorrer deste trabalho, bem como

exemplos de gestão profissional em Instituições religiosas.

1.6 - Procedimentos Metodológicos

Inicialmente será realizada uma coleta de informações em livros, revistas e

sites especializados, com conteúdos pertinentes, que fornecerá o embasamento

teórico. Posteriormente, foi solicitado ao departamento Social da Prefeitura de

Carapicuíba, através de contato telefônico, informações sobre as instituições

filantrópicas pertencentes ao município.

Será realizado uma visita à Comunidade Carisma, na oportunidade da

entrevista com o administrador Aguinaldo Esteves, após este primeiro contato, as

demais entrevistas serão feitas por e-mail, em virtude dos horários e dias da semana

incompatíveis, o que impossibilitou a entrevista pessoalmente. O gestor Aguinaldo

relatou a história da Comunidade Carisma de forma sucinta, relatou que no início a

comunidade contava com apenas 35 pessoas. E em seus quinze anos, mudou oito

vezes o local de reuniões de forma a comportar o seu crescimento sendo que no

primeiro ano de existência estas mudanças ocorreram quatro vezes.

Atualmente, a Comunidade Carisma conta com uma freqüência de,

aproximadamente 3.000 pessoas e possui uma propriedade de 8.500 m2. O Centro

Social Carisma conta com cerca de 80 voluntários, são profissionais que vão desde

Page 19: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

19

as áreas de manutenção à administração social. As reuniões administrativas feitas

pelos líderes responsáveis visam melhorar as condições de trabalho, favorecendo

uma boa comunicação e administração. A estrutura elaborada procura ser a mais

simples e funcional possível.

1.7 - Conceito O planejamento estratégico (PE) pode ser considerado uma ferramenta da

administração que favorece um processo contínuo de interação entre o ambiente

externo e a Organização permitindo, assim, situar os objetivos e identificar acertos e

possíveis falhas, além de nortear todos os recursos disponíveis.

Muito se discute sobre Planejamento Estratégico (PE), nas Organizações e de

modo geral, se pode encontrar uma série de interpretações em relação a esta

ferramenta da administração. Para Drucker planejamento estratégico, pode ser

definido como:

“um processo contínuo, sistematicamente, e com o maior conhecimento possível do futuro contido, tomar decisões atuais que envolvam riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução dessas decisões e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas” (DRUCKER, 1984, p. 133-136).

Empresas de todos os tipos estão chegando à conclusão de que essa

atenção sistemática à estratégia é uma atividade muito proveitosa, todos os tipos de

organizações procuram decidir os rumos que sejam mais adequados aos seus

interesses. Nessa perspectiva Chiavenato e Sapiro nos dizem que PE é “um

processo de formulação de estratégias organizacionais, no qual se busca a inserção

da organização e de sua missão no ambiente em que ela está atuando”.

(CHIAVENATO; SAPIRO, 2003, p. 39)

O grau de interação entre uma organização e o ambiente, que pode ser

positivo, neutro ou negativo, é variável dependendo do comportamento estratégico

assumido pela organização perante o contexto ambiental.

Importa para o gestor responsável entender se a utilização de instrumentos

de gestão da administração garante a profissionalização das organizações do

terceiro setor, identificando ferramentas, mecanismos e processos de gestão

Page 20: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

20

utilizados ou desenvolvidos pelas próprias organizações levando em conta seu

caráter solidário, dialógico e participativo, ou seja, valores próprios destas

organizações.

Desta forma, esses valores solidificam a gestão democrática, o diálogo e a

consolidação de metas e objetivos comuns ao grupo. Assim, o planejamento

estratégico vem para auxiliar na formação profissional de qualquer candidato para

alcançar excelência nos resultados dentro e fora da organização.

CAPÍTULO II - INTRODUÇÃO A ATIVIDADE DE PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO EM GERAL

Vale ressaltar que o conceito de planejamento estratégico tem sido discutido

e desenvolvido desde a década de 70 até os dias atuais e, dentre as técnicas de

gestão, o PE foi a que rapidamente marcou sua presença nas organizações tanto

privada como governamentais.

Este referencial teórico procura, inicialmente, elucidar o conceito de

planejamento estratégico. Em seguida, apresenta a teoria existente sobre a

aplicação do planejamento estratégico na instituição. E para uma melhor

compreensão sobre o conceito de planejamento estratégico é relevante conhecer os

conceitos de planejamento e estratégia.

2.1 - O que vem a ser Planejamento?

Para os autores Koontz e O’Donnell a definição de planejamento é “a função

administrativa que compreende a seleção de objetivos, diretrizes, processos e

programas, a partir de uma série de alternativas. É uma tomada de decisões que

afeta o curso futuro de uma organização ou departamento” (KOONTZ, HAROLD &

O’DONNELL 1962, vol. 2, p. 491).

O planejamento é antes de tudo um processo intelectual e nesta ação todos

estão envolvidos, conforme nos relata Carvalho:

Page 21: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

21

“Planejar é, essencialmente, um processo intelectual, onde o dirigente de uma organização determina, de forma concisa, a direção da ação tomada, com base em objetivos, fatos e dados submetidos à análise [...] planejamento é considerado uma função que envolve todos os dirigentes, em qualquer nível da organização”. (CARVALHO, 2004, p. 15).

Logo, todos planejam as atividades mesmo que o façam de modo

inconsciente, como por exemplo:

• Oferecer uma palestra: definir a temática; a programação, a duração; o

espaço, local, a iluminação, música ambiente, linguagem adequada ao

público-alvo, tempo, som e número aproximado de candidatos a

participação etc.

• Fazer compra de um veículo: disponibilidade financeira, tempo previsto

para quitação, condições de pagamento, juros, cláusulas do contrato

etc.

Antes mesmo de uma função administrativa, o planejamento, em suma,

constitui-se em atitudes, ao ponto de expressar um contorno às idéias num estado

de espírito. Frente aos diversos conceitos sobre planejamento, adotamos para esse

trabalho a seguinte definição, que nos parece ter uma abrangência mais ampla e

completa planejar é: dar forma as idéias e aos propósitos, de maneira a identificar,

focalizar e estruturar as atividades que levará à consecução das metas, as quais o

planejamento se propôs a atingir num determinado prazo, identificando os

acontecimentos e aplicando-os em sábias decisões.

Page 22: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

22

2.2 - Estratégia: Conceituação e dinâmica

O termo “estratégia” etimologicamente vem do grego strategia, que significa

“comando do exército4”. A partir do século XIII este vocábulo entrou efetivamente em

uso no, ao ser aplicado à condução das operações militares. Posteriormente outros

setores como a política, os recursos demográficos e econômicos dos Estados foram

considerados como elementos da estratégia. Somente a partir dos anos 70 é que o

termo “estratégia” passou a fazer parte do vocabulário do mundo dos negócios.

Neste sentido estratégia pode ser entendida como uma regra geral de tomada de

decisões, um eixo de orientações que dependerá diretamente da relação entre a

organização e o ambiente.

O alvo da estratégia, ou seja, o eixo de orientação de qualquer organização é

garantir seu êxito em determinado prazo, sejam eles a curto, médio e longo prazo

estabelecido por seus dirigentes.

2.3 - As vantagens do planejamento estratégico

É conhecido que todas as organizações desenvolvem, independentemente

de seu porte, algum tipo de planejamento interno. No entanto, em alguns casos, os

planos estão presentes apenas na mente dos dirigentes enquanto outros estão

escritos e formalizados.

A organização passa a identificar e a usufruir com maior segurança as oportunidades que lhe são oferecidas pelo ambiente. O PE integrado permite que o conhecimento dos objetivos globais e setoriais seja um fator de aglutinação de esforços, visando à integração dos processos organizacionais. Permitem uma melhor seleção de recursos humanos, materiais e financeiros para as áreas de maiores resultados. O PE integrado pode ser empregado como parâmetro para a elaboração dos demais planos táticos e operacionais da organização. (CARVALHO & SERAFIM. 1995, p. 40).

4 Disponível <http://www.institutojetro.com/lendoartigo.asp?t=3&a=106> Acesso em 13 da maio de

2009.

Page 23: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

23

Parece-nos, então que um dos fatores para que o PE seja efetivamente

eficiente é a sensibilização da equipe que irá elaborá-lo, mostrando-lhes a

necessidade, as vantagens e o papel de cada um. O esforço coletivo em discutir as

divergências existentes até a obtenção de uma convergência de opinião torna-se

condição fundamental para a obtenção de uma visão estratégica compartilhada pela

liderança.

A estruturação do processo de PE será eficiente, eficaz e efetivo para uma

organização se der o suporte necessário para a sua tomada de decisões.

CAPÍTULO III - GESTÃO PROFISSIONAL EM INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS

Neste capítulo pretende-se descrever o contexto da realidade da Comunidade

Carisma fundada em 1994. O quadro de pessoal é formando por voluntários,

funcionários (CLT), autônomos e empresários. Destes 62 pessoas recebem algum

tipo de remuneração e tem-se mais de 800 voluntários espalhados pelas mais de 50

áreas de atuação. Para comportar toda essa infra-estrutura a comunidade conta com

um espaço de aproximadamente 14.000 metros quadrados.

A missão, de uma parte deste segmento, é voltada para a área da questão

social conhecido como Centro Social Carisma, localizada no bairro de Quitaúna na

cidade de Osasco.

Na entrevista realizada com o pastor administrador Aguinaldo Esteves, uma

das primeiras perguntas foi em a relação às finanças e este afirmou que: “Todo esse

processo é feito e documentado por três grupos de voluntários que se revezam.

Realmente os pastores não tocam em valores e sim a equipe administrativa nos

gastos”5. Em seguida foi feita outra pergunta ao entrevistado, complementando a

anterior: - Como surgiu a necessidade entre a liderança de terceirizar as finanças?

Na visão da gestão da Comunidade Carisma, o gestor ressaltou que

primordialmente este fato deu-se pela necessidade de “transparência e segurança”,

e estas requeriam “orientação profissional”.

5 Entrevista realizada no dia 24 de agosto de 2009

Page 24: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

24

Este fato consolidou-se ao se contratar uma empresa que “audita, comenta e

consolida o balanço” 6 patrimonial da organização. Um dos grandes resultados

deste exemplo de trabalho em equipe, apresentado pela liderança, são firmados em

indicadores de qualidade. Dentre eles alguns são: “melhoria na qualidade da palavra

ensinada, melhoria na satisfação dos membros e visitantes, melhoria no

pastoreamento e uma melhor comunicação com o homem dos nossos dias”7

Gráfico 01 - Relatório Anual Centro social 2007

Os dados do Gráfico 1 apresentam um exemplo das entradas operacionais,

mais as doações realizadas em 2007 no Centro Social Carisma. Estes dados, feitos

evidentemente por um profissional da área, evidenciam uma das ferramentas de

gestão de transparência administrativa e financeira numa instituição filantrópica.

6 Ibid., p 16.

7 Ibid., p 16.

Page 25: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

25

ENTRADAS - (OPERACIONAIS + DOAÇÕES) R$ 208.612,89 OPERACIONAIS R$ 195.231,36 Mantenedora Comunidade Carisma R$ 158.176,40 Contribuintes R$ 22.651,10 Doações Culto R$ 6.627,25 Bazares R$ 5.696,61 Vendas de material reciclável R$ 2.080,00 Doações recebidas (outros) R$ 13.381,53 Em espécie de alimento R$ 12.381,53 Em espécie de agasalho R$ 1.000,00 TOTAL ENTRADAS R$ 208.612,89 SAÍDAS - (Despesas Diretas + Indiretas + Doações) R$ 208.612,80 DESPESAS DIRETAS CENTRO SOCIAL R$ 123.970,19 Despesas Fixas R$ 114.614,45 Pessoal R$ 86.953,02 Salários e ordenados R$ 36.951,68 INSS R$ 15.398,82 Autônomos R$ 15.035,94 Férias, 13 salário e gratificações R$ 6.531,78 Vale Transporte R$ 4.253,93 FGTS R$ 4.053,14 Vale Refeição e conduções R$ 3.180,64 Outros R$ 1.547,09 Gerais R$ 21.820,36 Gênero Alimentício R$ 20.727,72 Telefone R$ 1.022,17 Internet R$ 70,47 Financeira R$ 5.841,07 Encargos/CPMF/Juros R$ 5.841,07 Despesas Eventuais R$ 9.355,74 Limpeza e Segurança R$ 2.563,06 Material e artesanato R$ 1.476,42 Gráfica e impressos R$ 1.346,20 Papelaria R$ 1.278,30 Combustível R$ 1.085,94 Exposições e eventos R$ 550,00 Material esportivo R$ 229,79 Estacionamentos R$ 215,00 Manutenção e reforma R$ 214,00 Outros R$ 152,03 Água Mineral R$ 130,00 Gás R$ 115,00 TOTAL SAÍDAS R$ 208.612,80 Despesas indiretas R$ 77.709,81 Limpeza R$ 9.814,09 Contábil R$ 3.166,68 Telefonia R$ 2.967,00 Administrativo R$ 1.700,00 Reforma predial R$ 2.152,03 Enérgia elétrica R$ 1.658,76 Despesas imobiliária (aluguel e imposto) R$ 54.811,97 Copiadora R$ 1.140,00 Água e esgoto R$ 299,28 Doações feitas em espécies (valorizadas) R$ 6.932,80 Alimento R$ 5.932,80 Agasalho R$ 1.000,00

Tabela 01 - Balanço Patrimonial 2007 Fonte: Centro Social Carisma, 2007

Page 26: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

26

ENTRADAS - (OPERACIONAIS + DOAÇÕES) R$ 238.543,64 OPERACIONAIS R$ 211.256,54 Mantenedora Comunidade Carisma R$ 130.517,45 Contribuintes R$ 32.881,00 Doações Culto R$ 27.441,74 Cantina R$ 10.305,84 Feira e exposições R$ 6.597,81

Bazares R$ 3.432,70 Vendas de material reciclável R$ 80,00

Doações recebidas (outros) R$ 27.287,10

Em espécie de alimento R$ 23.487,10 Em espécie de agasalho R$ 3.800,00 TOTAL ENTRADAS R$ 238.543,64 SAÍDAS - (Despesas Diretas + Indiretas + Doações) R$ 238.543,06

DESPESAS DIRETAS CENTRO SOCIAL R$ 142.231,64 Despesas Fixas R$ 115.339,16 Pessoal R$ 99.772,46 Autônomos R$ 29.625,97 Salários e ordenados R$ 26.199,04 INSS R$ 17.671,50 Férias, 13º salários e gratificações R$ 9.135,29 Vale Transporte R$ 4.709,82 Custos R$ 4.318,00 FGTS R$ 4.032,37 Vale Refeição e Conduções R$ 3.152,00 Outros R$ 928,47 Gerais R$ 10.227,03 Gêneros Alimentícios R$ 8.481,39 Gás R$ 1.460,00 Assistência Contábil R$ 285,64 Financeira R$ 5.339,67 Encargos / CPMF / Juros R$ 5.339,67 Despesas Eventuais R$ 26.892,48 Limpeza, Descartáveis e Segurança R$ 4.614,48 Exposição, Eventos e Doações R$ 4.378,39 Gráfica e Impressos R$ 4.054,56 Papelaria R$ 3.715,49 Natal Solidário R$ 3.323,23 Manutenção e reforma R$ 2.496,76 Combustível R$ 2.364,90 Material de Artesanato R$ 438,64 Estacionamento e Pedágio R$ 400,50 Comunicação R$ 341,15 Documentação, Cartório e Correio R$ 237,18 Conduções, Fretes e Carretos R$ 231,40 Água Mineral R$ 162,00 Apostilas e Livros R$ 133,80 TOTAL SAÍDAS R$ 142.231,64 Despesas indiretas R$ 83.184,25 Limpeza R$ 11.660,82 Contábil R$ 3.018,09 Telefonia R$ 3.622,24 Administrativo R$ 1.838,82 Reforma predial R$ 2.358,65 Enérgia elétrica R$ 1.708,45 Despesas imobiliária (aluguel e imposto) R$ 56.340,14 Copiadora R$ 2.361,82 Água e esgoto R$ 275,22 Doações feitas em espécies (valorizadas) R$ 13.127,17 Alimentos e produtos R$ 12.249,08 Agasalho R$ 878,09

Page 27: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

27

Tabela 02 - Balanço Patrimonial 2008 Fonte: Centro Social Carisma, 2008

Os dados da Tabela 01 demonstram o balanço patrimonial do exercício de

2007 do Centro Social Carisma. Ao realizar uma análise criteriosa dos valores em

relação às doações feitas em espécies (valorizadas) comparando com os dados das

duas tabelas surpreendentemente há um aumento significativo de 89,34%, ou seja,

de R$ 6.932,80 para R$ 13.127,17. Em relação às doações dos cultos realizados

aos domingos, comparando os dados de 2007 e 2008 as doações praticamente

quintuplicaram chegando a 414,07%, ou seja, passaram de R$ 6.627,25 para um

valor de R$ 27.441,74.

Gráfico 02 - Relatório Anual Centro Social 2007

R$ 86.953,02

R$ 21.820,36

R$ 5.841,07R$ 9.355,74

R$ 77.709,81

R$ 6.932,80

Pessoal Gerais Financeira Despesas Eventuais Despesas indiretas Doações feitas emespécies

(valo rizadas)

Pessoal Gerais

Financeira Despesas Eventuais

Despesas indiretas Doações feitas em espécies (valorizadas)

Fonte: Centro Social Carisma, 2007

Ao analisar as despesas com pessoal para o balanço do gráfico 02 com

relação ao gráfico 03 conclui-se que, houve um aumento de 14,74%, o que

representa R$ 12.819,44 nas despesas do exercício de 2008. Porém nas despesas

fixas com movimentações financeiras há uma queda de 8,58%, que significa uma

redução favorável com as instituições financeiras.

Page 28: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

28

Gráfico 03 - Relatório Anual Centro Social 2008

R$ 99.772,46

R$ 10.227,03

R$ 5.339,67

R$ 26.892,48

R$ 83.184,25

R$ 13.127,17

Pessoal Gerais Financeira Despesas Eventuais Despesas indiretas Doações feitas emespécies (valorizadas)

Pessoal Gerais

Financeira Despesas Eventuais

Despesas indiretas Doações feitas em espécies (valorizadas)

Fonte: Centro Social Carisma, 2008

Os balanços patrimoniais do exercício de 2007 e 2008 apresentados nos

relatórios do Centro Social Carisma, conforme o Gráfico 02 e Gráfico 03 têm por

finalidade de facilitar a compreensão. Informações como registros de relatórios,

análises e gráficos tornam o trabalho no planejamento estratégico e orçamentário da

instituição num desafio de administrar a tal ponto que aumenta a satisfação do

quadro de voluntários e parceiros envolvidos na instituição com respaldo de

profissionais da área.

Page 29: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

29

3.1 – Fundamentação teórica e histórica

Neste capítulo pretende-se analisar o contexto histórico da origem da

filantropia, ressaltando os aspectos positivos e suas influências nos espaços da

sociedade. Entre as vantagens proporcionadas por um bem estruturado, uma das

ferramentas requer organização, planejamento e o componente de finanças: a

transparência dos recursos financeiros, de modo que se tenham informações

concretas nas mãos de um gestor. Finalmente para averiguar a capacidade da

instituição faz-se necessário uma análise financeira sintética.

Desde o tempo das atividades humanas essencialmente agrícolas, passando

posteriormente pela troca de mercadorias até a criação e circulação da moeda, e

também pela formação de grupos onde as famílias viam nesta prática vantagens

como: segurança, o acesso a serviços, interação social, surgindo assim às

comunidades e as cidades, as relações humanas foram se tornando cada vez mais

complexas. Ou seja, para chegarmos à realidade (sociedade) atual, com suas

qualidades e defeitos, foi preciso que a Humanidade frequentemente revisse seus

conceitos, foi necessário que muitas vezes pessoas questionassem o que estava

estabelecido enfrentando as conseqüências disto e assim possivelmente gerar

caminhos de evolução.

Embora simplista e sintética esta visão nos sirva para ilustrar aspectos

essenciais de uma sociedade com três "Setores", independente do nome que se dê

a cada um deles e nos serve também para dar uma noção da interdependência e da

dinâmica sutil das relações entre os três.

Na organização da sociedade atual três setores se destacam: o Primeiro

Setor confere o poder ao governo, ou seja, a sistemática do Primeiro Setor está

baseada fortemente na sua capacidade de estabelecer, executar e fazer cumprir

leis, pois leis nada mais são que acordos básicos para a convivência em sociedade

em diversas escalas.

O Segundo Setor corresponde à livre iniciativa, que opera o mercado, define a

agenda econômica, usando o lucro como instrumento, este setor está baseado na

produção e no consumo de bens e serviços, necessários à satisfação de

necessidades individuais humanas.

Page 30: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

30

E o Terceiro Setor corresponde às instituições com preocupações e práticas

sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, tais como

as organizações não governamentais, ou seja, Associações e Fundações e outros.

Uma organização ou rede de organizações do Terceiro Setor comumente se forma

ao redor de uma causa, que dinamiza a sua atuação.

Não existem limites definidos entre um Setor ou outro é necessário admitir

que cada indivíduo viva os três setores simultaneamente, de diversas maneiras. Os

três setores se influenciam mutuamente, não estão isolados entre si. Não se pode

dizer que um dos setores é responsável sozinho, isoladamente, pelos problemas

sociais ou pela solução desses problemas.

As organizações do Terceiro Setor exercem atividades em diversas áreas

como: saúde, educação, recreação, assistência, cultura, práticas sociais, bem como

direitos humanos, promoção de voluntariado e formação para a cidadania.

Responder a esses desafios exige além de uma adequada administração e

transparente contabilidade, definir uma visão clara para onde se pretende chegar,

estabelecendo metas e objetivos. Segundo o IPEA8 :

“O Estado começa a reconhecer que as ONG’s

acumularam um capital de recursos, experiências e conhecimentos sobre formas inovadoras de enfrentamento das questões sociais que as qualificam como interlocutores e parceiros das políticas governamentais” (IPEA, 2009).

O então chamado Terceiro Setor, é essencialmente filantrópico. Pode-se dizer

que Filantropia, etimologicamente, vem do grego (Filo = amor + Anthropos =

Homem) e segundo o dicionário Aurélio, Filantropia significa “Amor à humanidade”,

“caridade” é antiga, pois remonta aos próprios gregos que a definiram. (FERREIRA,

1977, p. 221).

Segundo Sposati, a acepção do termo, aplicada à análise social sugere, que

O termo filantropia é também uma laicização de concepção católica de caridade. É interessante neste sentido relembrar que João Bernardo Basedow ao criar em 1774, na Alemanha, em Dessan o “Philantropism”, como sistema educacional suponha a educação como dever do Estado independente de qualquer igreja.(SPOSATI, 1994, p.75).

8Disponível <http://www.ipea.gov.br/default.jsp>. Acesso em 23 de Julho de 2009.

Page 31: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

31

A Constituição de 1946, em seu artigo 31 (inciso V – item b), pela primeira

vez, aborda a “isenção” de impostos e vincula à mesma a prestação de serviços

pelas entidades.

A filantropia se constitui por uma ação, que preferencialmente ocorre de forma

continuada, onde as doações podem ser de várias formas, entre elas doações em

dinheiro como ocorre normalmente nas igrejas ou em forma de bens de consumo.

Estas doações ocorrem geralmente a Instituições ou pessoas que desenvolvem

projetos sociais.

O objetivo principal neste caso é ajudar o desenvolvimento humano e

contribuir para uma mudança social, sem a intervenção estatal. Desta forma,

procura-se corrigir distorções sociais ou até mesmo más políticas públicas em

matérias sociais, culturais ou de desenvolvimento científico.

Segundo Fernandes (1994, p. 21), o terceiro setor é uma das possibilidades

lógicas do universo de quatro combinações possíveis da conjunção público e

privado.

AGENTES FINS SETOR

Privados Privados Mercado

Públicos Públicos Estado

Privados Públicos Terceiro Setor

Públicos

PARA

Privados

IGUAL

A:

(corrupção)

O Terceiro Setor agrega organizações como: Fundações, Associações,

Institutos, entidades que atuam atendendo demandas sociais, que o Estado em crise

de legitimidade e incapacidade de financiar não consegue atender, utilizando

recursos privados ou parcerias com o próprio Estado. Há as que funcionam de

maneira irregular, não possuindo o alvará de funcionamento expedido pela prefeitura

e sem a vistoria do Corpo de Bombeiros para as normas de segurança dos membros

que freqüentam.

Da mesma forma não estão com a sua contabilidade em ordem para com o

fisco, por ignorância ou não de seus dirigentes (pastores).

Page 32: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

32

Têm ocorrido com certa frequência reportagens policiais sobre processos

jurídicos contra pastores e líderes de renome nacional, isto devido a uma forma de

administração eclesiástica personalista, despótica e corrupta. Estes usam o dinheiro

consagrado ao Senhor nos cultos para alcançarem um enriquecimento ilícito,

vergonhoso e tudo isto causa escândalo.

Muito, nestas instituições, ainda é feito na base da intuição, sem regras

claras, sem definir metas, objetivos, responsabilidades, sem o advento de conceitos

como responsabilidade social das empresas e o fortalecimento de um senso de

cidadania.

Trechos importantes do texto A Sociedade Civil e o Terceiro Setor nos

mostram de forma breve o surgimento da filantropia, temos então, Rothgiesser 9

No Estado Novo, com o presidente Getúlio Vargas, editou-se, em 1935, a primeira lei brasileira que regulamentava as regras para a declaração de Utilidade Pública Federal: dizia seu artigo-primeiro que as sociedades civis, as associações e as fundações constituídas no país deveriam ter o fim exclusivo de servir desinteressadamente à coletividade. Em 1938, formalizou-se a relação do Estado com a assistência social com a criação do Conselho Nacional do Serviço Social. Paralelamente à atuação do Estado, surgiram ações filantrópicas a partir de senhoras de famílias economicamente privilegiadas; e os grandes mecenas, oriundos das principais cidades e líderes de indústrias, como os Matarazzo, Chateaubriand, entre outros. Os termos filantropia e mecenato cunham-se nesta fase, marcadamente. Até a década de 70 o fortalecimento da sociedade civil se deu, paradoxalmente, no bojo à resistência à ditadura militar. [...] Inscrevem-se, neste momento, os movimentos comunitários de apoio e ajuda mútua, voltados à defesa de direitos e à luta pela democracia. Marca-se, neste contexto, o encontro da solidariedade com a cidadania, representadas em ações de organizações não-governamentais (ONG’s) de caráter leigo, engajadas em uma dupla proposta: combater a pobreza e combater o governo militar ditatorial. Surge nos anos 90 um novo padrão de relacionamento entre os três setores da sociedade. O Estado começa a reconhecer que as ONG’s acumularam um capital de recursos, [...] O mercado, antes distanciado, passa a ver nas organizações sem fins lucrativos, canais para concretizar o investimento do setor privado empresarial nas áreas social, ambiental e cultural. [...] O grupo formaliza-se em 1995, formando o GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. Em 1998, também em São Paulo, 11 empresas se associam e surge o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Expressão que até então não existia - responsabilidade social - vem marcar o início de uma intervenção social empresarial alicerçada em um Código de Ética definidor de parâmetros de conduta das empresas com seus públicos (stakeholderes). Amplia-se, fortemente, o conceito de Terceiro Setor: para além do círculo das ONGs, valorizam-se outros atores sociais como as fundações e institutos, as associações beneficentes e recreativas, também as iniciativas assistenciais das igrejas e o trabalho voluntário de maneira geral. [...] E, em 1998, é regulamentada a Lei do Voluntariado. [...] A ONU - Organização das Nações Unidas decreta 2001 como o "Ano Internacional

9 ROTHGIESSER, Tanya Linda. tem formação em Administração de Empresas pela Universidade Cândido Mendes/ RJ. E pós-graduação em Psicanálise Lacaniana pelo Corpo Freudiano do RJ (2000 a 2003).

Page 33: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

33

do Voluntário". Acontecem, no Brasil, o I° e II° Fórum Social Mundial, implementadores de idéias alternativas de ação econômica e social. Promove-se o desenvolvimento social a partir do incentivo a projetos auto-sustentáveis - em oposição às tradicionais práticas de caráter assistencialista geradoras de dependência [...] Abrem-se novas perspectivas à aceitação da diversidade de comportamentos humanos, de respeito à singularidade cultural e à autodeterminação econômica dos povos. Implementam-se políticas de proteção aos bens da humanidade, incluídas todas as formas de vida e sua preservação. (ROTHGIESSER, 2002).

De acordo com os relatos a solidificação da filantropia dá-se por uma

necessidade social, membros, entidades e setores organizados da sociedade se

unem em prol do bem comum. A responsabilidade social passa a ser um bem de

todos.

3.2 - Gestão Profissional

De acordo com a pesquisa nacional realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística, 2004), com a participação do IPEA (Instituto de Pesquisa

Estatística Aplicada), da ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-

Governamentais) e do GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), de um

total de quase 276 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos, 44%

localizam-se no Sudeste, sendo que apenas o estado de São Paulo (com 29%) e

Minas Gerais (13%) reúnem um terço de todas as entidades de terceiro setor

brasileiras. Ainda, as organizações que atuam na área de assistência social

possuem 12% do total de instituições sem fins lucrativos brasileiras.

No entanto, existem mais de 32 mil entidades de assistência social, voltadas

para o atendimento de um grupo específico, como crianças, jovens, idosos e

dependentes químicos. Além disso, é grande o número de organizações com ordens

religiosas, que representam 26% do total das instituições, mais especificamente,

70.446 estabelecimentos. Dentre essas organizações religiosas, 41.195 entidades

encontram-se no Sudeste, demonstrando o enorme potencial dos valores cristãos

em realizar ações sociais. Mas para manter o nível de serviços são necessários

voluntários que tenham disposição na gestão de recursos, finanças e pessoas.

Na tabela 03 abaixo representa os dados de algumas instituições.

Page 34: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

34

Tabela 03 – Perfil de instituições filantrópicas

Megaentidades O perfil de algumas

das maiores instituições

filantrópicas do país

APAE AACD Fundo Cristão pra Crianças

Visão Mundial Pastoral da Criança

Tempo de existência

46 anos 51 anos 35 anos 26 anos 18 anos

Orçamento Anual (em reais)

200 milhões 42,5 milhões 26,3 milhões 70 milhões 17,2 milhões

Número de voluntários

21 400 1 200 4 000 70 150 000

Número de beneficiados

200 000 4 000 80 000 57000 1,5 milhões

Total de doadores 3 000 (1)* 16 080 77 000 57 000 Desconhecido

Onde atua 26 Estados SP, MG, RS e PE CE, MG e SP 14 Estados 27 Estados

* (1) Média de sócios entre as unidades

Megaentidades

O perfil de algumas das maiores instituições filantrópicas do país

Aldeias Infantis SOS

Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança

com Câncer

Cáritas Brasileiras

Médicos sem Fronteiras

Tempo de existência 37 anos 7 anos 45 anos 10 anos

Orçamento Anual (em reais)

15,5 milhões 12 milhões 6,9 milhões 4,5 milhões

Número de voluntários 252 150 1 200 160

Número de beneficiados 4 000 1 800 103 000 12 000

Total de doadores 7 000 2 000 5 000 1 138

Onde atua 10 Estados SP 09 Estados RJ e AM

Fonte: Revista VEJA. Ed. Especial Guia para fazer o bem. Dezembro de 2001.

As parcerias são limitadas. Entre os estabelecimentos com mais de 500

empregados, 57% declarou realizar parcerias para atuação na área social, enquanto

as menores empresas, até 10 funcionários, esse percentual foi de apenas 32%.

No caso das empresas que realizam parcerias, destaca-se que 57% atuam

junto a organizações sem fins lucrativos, 38% tem as próprias comunidades

atendidas 27% aliam-se a outras empresas privadas no desenvolvimento de ações e

apenas 14% se associam aos governos para realizar suas ações. O baixo

Page 35: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

35

envolvimento do governo mostra, mais uma vez, que a realização de ações sociais é

um tarefa da própria empresa, realizado em paralelo e sem articulação com o

governo em qualquer momento de sua atuação. (ver gráfico 04)

Gráfico 04 - Com quem as empresas realizaram parcerias, entre 2000 e 2004 no Brasil?

Organizações Sem fins lucrativos | 57% Comunidades Atendidas | 38% Empresas Privadas | 27% Órgãos governamentais | 14% Outras parcerias | 7% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006)

Os resultados finais da Pesquisa Ação Social das Empresas (IPEA)10

(IPEA/Pesquisa Ação Social das Empresas, 2006) no caso da região do Centro-

Oeste demonstram que os empresários da região têm contribuído para o

enfrentamento da pobreza que afeta boa parte da população brasileira. Metade das

empresas com um ou mais empregados 50% declarou realizar algum tipo de ação

social para a comunidade em 2000. São aproximadamente 30 mil empresas, com

um ou mais empregados, que participaram seja com doações eventuais a pessoas

carentes ou com projetos mais estruturados. O investimento realizado atingiu R$ 125

milhões, ou 0,2% do PIB regional naquele ano, onde há uma injeção de recursos

privados na área social, porém com fins públicos.

De acordo com os resultados, das pesquisas realizadas pelo IPEA, os

empresários pretendem expandir suas atividades. A pesquisa informa que 54%

dessas empresas irão ampliar a ação social, percentual que atinge 67% nas

empresas com mais de 100 empregados. No Centro-Oeste a assistência social

recebe atenção da maior parte dos empresários 62%, seguida da alimentação 33%.

Em relação ao público, a grande maioria das empresas 74% atende a crianças,

prioridade que é válida para pequenas e grandes empresas. Tal resultado pode

10 Disponível em:< http://www.ipea.gov.br/default.jsp>. Acessado dia 24 de Julho de 2009.

Page 36: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

36

indicar para os empresários da região que esse grupo etário é o mais vulnerável,

necessitando, portanto, de uma atenção especial.

Comprova-se que a atividade filantrópica é o que incentiva os sócios e

empresários em direção ao social na região: 59% dos que realizam atividades

sociais voltadas à comunidade o fazem por motivos humanitários. A satisfação dos

empregados 52%, o atendimento de demandas de comunidades vizinhas 35% e a

busca de uma melhor imagem para o negócio 33% foram outras motivações

apontadas.

Como resultado da ação social, os empresários apontam à satisfação pessoal

62%, as melhorias nas condições de vida da comunidade 55%, o estreitamento dos

laços com a comunidade 41%, a melhora no envolvimento do empregado com o

negócio 23% e a elevação da motivação e produtividade 27%.

É importante notar, ainda, que somente 14% dos empresários acham que o

recurso aplicado em atividades sociais representou mais do que a empresa recebeu

em troca. A pesquisa apontou que através da análise das respostas foi possível

conhecer melhor o perfil de investimentos e as motivações dos empresários que, em

algum momento, tem a participação com as causas sociais por motivos

humanitários.

3.3 - TERCEIRO SETOR E FILANTROPIA

3.3.1 - Terceiro Setor

Teoricamente o terceiro setor consiste numa diversidade de organizações do

setor privado que realizam atividades voltadas para a sociedade. Essas

organizações não têm por desígnio a obtenção de lucrar, como as empresas, nem

atuam institucionalmente, como o governo. As organizações do terceiro setor

existem para dar condições melhores as pessoas com direito à vida, saúde e

Page 37: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

37

educação das pessoas e das comunidades, em busca de promover bem social tais

como:

• Diminuição de tensões sociais provocadas pelo racismo e delinqüência;

• Fortalecimento de personalidades humanas na arte, na cultura, no esporte e

artesanato;

• Redução de efeitos de pobreza;

• Promoção à educação, lazer, alfabetização e ao conhecimento;

• Assistência médica aos menos favorecidos e vítimas de abusos sexuais;

Os principais termos de grupos de organizações para designar as instituições

que compõem o universo do terceiro setor são:

• Sociedade Civil sem fins lucrativos ou basicamente organizações ou

entidades sem fins lucrativos;

• Associações;

• Fundações;

• Entidades religiosas, entidades educacionais, beneficentes ou de caridade

e ONG’s.

As ONG’s dependentes de recursos do governo, de empresas e de doações

buscam diminuir suas despesas com pessoal utilizando trabalho espontâneo de

voluntários.

3.3.2 - Filantropia

Pode-se dizer que é um conjunto de entidades filantrópicas é formado por

organizações voltadas para servir o público composto por assistência social dentre

eles (asilos, abrigos para indigentes, orfanatos e outros, voltados principalmente ao

atendimento à educação e à saúde.

Muito das entidades sem fins lucrativos são, na realidade, lucrativas dos quais

muitas atendem interesses pessoais, entretanto vale ressaltar que o governo é

considerado como primeiro setor, ou seja, responsável por questões sociais.

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38

O setor secundário é responsável por questões individuais. Quando a

sociedade notou a “ausência” do Estado, o setor privado interveio para melhorar nas

questões sociais, através de inúmeras instituições, no qual é constituída por

organizações sem fins lucrativos e não governamentais, onde seu propósito visa

gerar serviços de caráter público.

Os dados da tabela 4 mostram, no ano de 2002, o número de Fundações

Privadas e Associações sem Fins Lucrativos.

Tabela 04: Número de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos - segundo classificação das entidades sem fins lucrativos - Brasil - 2002

Classificação das entidades sem fins lucrativos

Número de Fundações Privadas e

Associações sem Fins Lucrativos

Habitação 322 Habitação 322

Saúde 3798 Hospitais 2009 Outros Serviços de saúde 1789

Cultura e Recreação 37.539 Cultura e Arte 10645 Esporte e Recreação 26894

Educação e Pesquisa 17.493 Educação Infantil 2801 Educação Fundamental 7968 Ensino Médio 1322 Ensino Superior 1656 Estudos e Pesquisas (1) 1817 Educação Profissional 244 Outras formas de educação/ensino 1685

Assistência Social 32.249 Assistência social 32249

Religião 70.446 Religião 70446

Associações Patrocinais e Profissionais 44.581 Associações empresariais e Profissionais 3533 Associações Profissionais 16151 Associações de Produtos Rurais 24897 Meio Ambiente e Proteção Animal 1.591 Meio Ambiente e Proteção Animal 1591 Desenvolvimento e Defesa do Direitos 45.161 Associação de Moradores 14568 Centros e Associações Comunitárias 23149 Desenvolvimento Rural 1031 Emprego e Treinamento 388 Defesa de Direitos de Grupos de Minorias 4662 Outras formas de desenvolvimento e defesa de direitos

1363

Outras instituições privadas sem fins lucrativos não especificadas

22.715

Outras instituições privadas sem fins lucrativos não especificadas anteriormente

22715

Total 275.895

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas 2002, (1) Para efeito deste estudo, todas as instituições que promovem estudos e pesquisas, qualquer que seja a área,

foram a grupados no item Estudos e Pesquisas.

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39

Podemos observar pelos dados da tabela que é grande o número de

entidades que atuam no chamado Terceiro Setor e este número vem crescendo a

cada ano.

Segundo a revista ISTO É “A gestão profissional aumentou a fonte de receitas

e aprimorou o atendimento as 626 mil pessoas assistidas anualmente pela

Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD)”, uma das instituições

filantrópicas mais tradicionais do Brasil (ISTO É. Edição 594, 25 de fevereiro de

2009). Este episódio ocorrido no Brasil, revelado pelo fruto de gestão de

profissionais, vem contribuindo de forma expressiva nas receitas e nas condições

adequadas de atendimento de uma instituição.

3.4 – Uma questão de planejamento

De acordo com o pastor Ary Velloso citando uma frase do comandante Rolin,

presidente da TAM, temos que: “[...] se você não é inteligente o bastante para ser

criativo, seja pelo menos ousado para copiar dos outros [...]” 11.

Parece-nos que qualquer que seja a intenção de criar ou desenvolver uma

instituição são necessários exemplos claros e objetivos bem definidos pela equipe

de grupos voluntários. Do contrário qualquer coisa serve. Mesmo que a instituição

não exista ainda, vale utilizar-se de empresas existentes que sejam, no mínimo,

exemplo de ética, responsabilidade e transparência financeira como base inicial do

planejamento estratégico. Para que a organização esteja de acordo a Lei

regulamentação das OSCIP’S (Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público) segue abaixo uma lista das documentações requeridas pelo Estado.

• Estatuto registrado em cartório (cópia autenticada).

• Ata de eleição da atual diretoria, autenticada em cartório.

• Balanço patrimonial, autenticado em cartório. 11 INSTITUTO JETRO. “VELLOSO” Disponível em: <http://institutojetro.com.br/lendoentrevista.asp?t=0&a-116>;. Acesso em: 13 de abr. 2009

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40

• Demonstração do resultado do exercício, autenticado em cartório.

• Declaração de Isenção do Imposto de Renda

• Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica –

(DIPJ), acompanhada do recibo de entrega, autenticada em cartório 12.

• Inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/Cadastro Nacional de

Pessoa Jurídica (CGC/CNPJ), autenticada em cartório.

Após a especificação do processo de forma a garantir a existência da

organização cabe aos dirigentes definir as atividades e competências relacionadas

às partes interessadas para o caminho da estratégia.

3.5 – Etapas do planejamento estratégico

Qualquer entidade requer um planejamento, por mais que se tenha um anseio

irrevogável, as idéias são boas quando são construídas passo a passo. Para que

isso aconteça é necessário estudar o local, quanto tempo poderá levar, quanto

dinheiro será disponível, número de voluntários qualificados e informações baseadas

em experiências concretas para se ter êxito nas atividades a serem executadas

pelos envolvidos.

Primeiro, é necessário organizar as idéias num planejamento que exigirá

estratégias simples e funcional. Essa idealização será a visualização do mapa de

percurso. O plano orientará na busca de informações detalhadas sobre os serviços

que irá oferecer e, principalmente, os pontos fortes e fracos, contribuindo para a

identificação da viabilidade das idéias, criação de planos, das novas políticas e na

gestão da instituição. O plano de ação consistiu em um documento que descreve por

escrito de modo formal os objetivos e metas estabelecidas pela equipe responsável

e quais os passos a serem dados, para que esses objetivos sejam alcançados,

prevendo os riscos a serem tomados levando em consideração os imprevistos. Um

plano de ação bem elabora permite identificar e monitorar seus erros no papel, ao

invés de cometê-lo na prática.

12 As entidades que tenham sido criadas há menos de um ano terão seus pedidos examinados pelo Ministério da Justiça.

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41

Figura 01 - Etapas do Processo de Planejamento Estratégico Eclesiástico.

Fonte: CARVALHO, Antônio Vieira. Planejando e Administrando as Atividades da igreja. Ed. Hagnos, 2004, p 26

3.6 - Determinação dos objetivos essenciais

As prioridades ao traçar os objetivos, metas e propósitos é fator

imprescindível a todo esforço grupal dotado de verdadeiro sentido. Seguida dos

dados das pessoas com experiência profissional e suas atribuições. Constituem-se

etapas fundamentais para uma boa determinação dos objetivos a serem alcançados

a elaboração do plano de ação, liderança Executiva, Missão e Valores da instituição,

Fonte de recursos e Plano Operacional.

3.6.1 - Elaboração do plano de ação

Essa etapa descreve o plano a ser seguido, informando os pontos principais

do planejamento. Quanto melhor for a apresentação nas especificações e as

colocações das idéias, ou seja, quanto mais claras forem às idéias melhores serão

os resultados. Para facilitar os objetivos pré-estabelecidos, importa elaborar um

cronograma de todas as atividades, pois isso aponta uma imagem, algo visível, que

Etapas do Planejamento Estratégico

Fases do Planejamento Eclesiástico

Determinação dos

objetivos

Escolha dos

Objetivos

Alocação de Recursos

Financeiros

Estabelecimento de

Controles

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42

facilitará cada passo a ser tomado, não apenas no individual, mas também no

coletivo.

Nesse ponto poderão surgir patrocinadores e fornecedores que invistam na

imagem da instituição local. Conseqüentemente uma proposta a bancos para uma

solicitação de financiamentos para futuros projetos. É fundamental de tempo em

tempo reunir os responsáveis para breve leitura do plano de ação, reforçando a idéia

e a viabilidade do plano, onde qualquer outro propósito que não seja para contribuir

para melhorar os resultados traçados deve ser excluído dos assuntos pautados em

reuniões administrativas.

Toda idéia, projeto ou plano que não resulte para a permanência da

instituição na sociedade deve ser desconsiderado do plano de ação, sendo assim

poupa a perda de tempo. Manter uma relação de diálogo e clareza das informações

financeiras pode ser um desconforto para alguns que evitam transparência

financeira. Os conflitos são inevitáveis e as vezes até necessário, mas o que importa

é a maneira de resolvê-los, ou seja, sempre de forma a trazer benefícios a

instituição.

3.6.2 - Liderança Executiva

A gestão executiva que irá administrar a instituição requer um perfil de

competência profissional e determinação nos resultados, caso contrário,

comprometerá e existência pela qual foi criada.

Para a prevenção contra a opção equivocada de voluntários é necessário

avaliar o perfil de cada candidato. Analise se há pendências de natureza financeira

ou cadastrais do indivíduo, evitando futuros imprevistos de inadimplência. Situações

como estas podem representar uma imagem de constrangimento perante a

sociedade e dificuldades no acesso a créditos, avaliação de projetos e consórcios

junto a bancos e fornecedores.

As atribuições das tarefas precisam ser deliberadas, definindo o grau de

autonomia de cada um e até que ponto um dos envolvidos pode sozinho, tomar

decisões, com antecedência, antes de ser executada.

Page 43: Planejamento estratégico em filantropia   gestão de planejamento 2010

43

3.6.3 - Missão, Valores da Instituição

A missão, a priori, da instituição é o papel que ela desempenha em uma área

de atuação. Ou seja, é a razão de sua existência, representando seu ponto de

partida até aonde quer chegar com suas diretrizes e valores perante a sociedade.

Dentro desta perspectiva, podemos citar, por exemplo:

• Missão da Dell: “Ser a empresa de computação mais bem-sucedida do mundo

e oferecer aos clientes a melhor experiência em nossos mercados”.

• Missão do McDonald’s: “Nossa visão é ser o melhor ‘restaurante de serviços

rápidos do mundo’. Isso significa abrir e dirigir ótimos restaurantes e oferecer

qualidade, serviço, limpeza e valor excepcionais (QSLV)’13.

É necessário ressaltar, principalmente, os valores positivos e objetivos entre

as partes envolvidas, tudo aquilo que compõe o “todo” do ambiente onde se

caracteriza a visão em ampliar o caminho a ser traçado que esboce a concentração

dos esforços em satisfação e realização, tanto no individual quanto no coletivo.

Considere que as “[...] pessoas e missão estão entrelaçadas que não podem ser

separados”. (WATSON & BROWN, 2001, p. 95)

3.6.4 - Fonte de recursos

É imprescindível a maneira pela qual serão obtidos os recursos para o bom

funcionamento até que chegue ao ponto de fonte de recursos. Para algumas

atividades as utilizações dos recursos poderão ser de terceiros. Os recursos de

terceiros compreende a busca de investidores, patrocinadores ou empréstimos a

instituições financeiras.

3.6.5 - Plano Operacional

13 Kotler. Philip. Marketing de A a Z.. 2003, p. 149

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44

As organizações são constituídas para alcançar alguma missão. A missão é

expressa de várias maneiras. As empresas definem afirmações um tanto quanto

ousadas e positivas. Ou seja, parte do cérebro humano trabalha o lado criativo da

pessoa, enquanto a mente se ocupa em palavras de auto-realização até que se

tornem hábitos levando as partes envolvidas numa cultura a fim de caminharem

seus esforços para a missão num plano visível e sistemático.

Para se obter excelentes resultados dentro da organização é necessário

conhecer valores que sejam agregados junto à organização. Segundo as palavras

de Kotler “a capacidade da empresa de fornecer valor aos clientes está

estreitamente relacionada com a capacidade de criar satisfação para os empregados

e para outros stakeholders”14 (KOTLER, 2003. p. 219).

Toda e qualquer pessoa que constitui uma empresa é movido e inspirado a

visualizar algo que o faça chegar aos objetivos traçados. Um líder pastor coreano

chamado Yonggi Cho diz que: “[...] por meio de visualizações e sonhos você pode

incubar seu futuro e obter resultados” (CHO, 1979. p. 25). É preciso obter uma visão

de um objetivo claro. Alguns hábitos antigos, a questão da linguagem arcaica não

se adequam ao plano atual em virtude da cultura que se criou ao longo dos anos,

pouca utilizada nos dias de hoje aos novos liderados.

14

refere-se a qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é afetada pelas atividades de uma empresa.

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45

CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho não é uma tarefa das mais simples. Porém por

meio das informações desta pesquisa tentamos dar subsídios para se chegar ao

planejamento estratégico com mais precisão, fato inerente nas decisões

administrativas da organização de instituição filantrópica.

As inúmeras mudanças internas organizacionais são reflexos de força alheia

externa, que possivelmente, representa o baixo nível de monitoramento entre as

atividades, deixando de lado os objetivos feitos na fase inicial do planejamento,

admitindo erros em ações não previstas o que acarreta em ações imediatas, não

pensadas e não planejadas.

Frente a nossa pesquisa podemos concluir que as organizações filantrópicas

do terceiro setor desempenham um papel fundamental em parâmetros sociais e

culturais na sociedade moderna, tendo na maioria das vezes a finalidade de diminuir

as falhas deixadas pelo governo e pelas empresas, respectivamente, primeiro e

segundo setor.

A coleta de dados também recorreu a um estudo de caso numa organização

escolhida por conveniência pelo pesquisador. Os aspectos investigados versaram

sobre o tipo de planejamento que é feito nessas organizações, as diretrizes

praticadas nos projetos realizados onde são feitos de forma muito rudimentar na

maioria das entidades filantrópicas.

No Brasil os projetos sociais ocorrem com grande freqüência, porém sem

nenhum planejamento formal ou método padronizado que possa viabilizar uma

imagem dos resultados finais da organização. O estudo de caso também indicou que

é possível adequar um modelo de planejamento estratégico finalizando em bons

resultados.

A oportunidade representada neste trabalho oferece aos dirigentes e

representantes de organizações filantrópicas condições de avaliar suas concepções

e práticas, às vezes, obsoletas propiciando à mudança na forma de pensar com

relação à administração de pessoas e métodos organizacionais, reestruturando

novas práticas de gestão favorecendo novos hábitos ao ponto de a cultura tornar-se

estilo de vida as partes envolvidas. Os dirigentes responsáveis de uma organização

por meio de uma empresa de auditoria comprovação de que os procedimentos,

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46

instruções de trabalho são executados conforme descrito no plano de ação,

atendendo os requisitos e normas aplicáveis.

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47

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