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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM - 2º ANO Respostas Corporais à Doença II ESEP – 03/2012 Atividade Motora Intervenções de Enfermagem: 1. Executar a Técnica de exercícios articulares (Passivos) 2. Executar a Técnica de exercícios articulares (ativos e ativos/assistidos) 3. Executar a Técnica de posicionamento [Espasticidade] 4. Executar a Técnica de exercícios de recuperação da Mobilidade 5. Instruir a Técnica de marcha 6. Executar/Instruir a Técnica de exercícios musculares (isotónicos) 7. Instruir a Técnica de exercício muscular (isométrico) 8. Executar Técnica de posicionamento [Fratura]

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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM - 2º ANO

Respostas Corporais à Doença II

ESEP – 03/2012

Atividade Motora

Intervenções de Enfermagem:

1. Executar a Técnica de exercícios articulares (Passivos)

2. Executar a Técnica de exercícios articulares (ativos e ativos/assistidos)

3. Executar a Técnica de posicionamento [Espasticidade]

4. Executar a Técnica de exercícios de recuperação da Mobilidade

5. Instruir a Técnica de marcha

6. Executar/Instruir a Técnica de exercícios musculares (isotónicos)

7. Instruir a Técnica de exercício muscular (isométrico)

8. Executar Técnica de posicionamento [Fratura]

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 2 -

1. Executar a Técnica de exercícios articulares (Passivos)

São múltiplas as condições fisiopatológicas capazes de comprometer ou comportarem risco de compromisso da

amplitude do movimento articular - Anquilose. Neste contexto, destacam-se todas as situações em que, os

compromissos dos processos corporais relativos ao sistema nervoso e/ou ao sistema musculoesquelético,

provocam limitação ou incapacidade de mover e manter a amplitude articular.

A lógica de execução deste tipo de estratégia terapêutica deve respeitar o princípio: “céfalo – caudal e uma

abordagem proximal / distal”. Aquilo que se procura é a manutenção e “replicação” dos movimentos

articulares fisiológicos das articulações afetadas, preservando a integridade da cápsula articular.

Definição: Intervenção de enfermagem que consiste num conjunto de atividades orientadas para a

manutenção ou recuperação da amplitude do movimento articular, sem a colaboração do cliente.

Procedimento

Atividades Comentário

Assegurar que a pessoa está

com roupa confortável.

Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos articulares.

Posicionar a pessoa em decúbito

dorsal.

A pessoa deve ter os pés juntos, os membros superiores em extensão ao

longo do tronco, respeitando o alinhamento corporal.

Repetir cada movimento 5 a 10 vezes (utilizar todo a amplitude de movimento da articulação).

Após cada sequência voltar à posição original.

Mobilizar o

pescoço

• Executar a flexão e extensão do pescoço (colocar uma mão sob a nuca da pessoa e a outra sob o queixo; mover a cabeça no sentido do queixo tocar no tórax e depois voltar à posição de repouso).

• Executar a flexão lateral do pescoço (colocar uma mão sob a nuca da pessoa e a outra sob o queixo; mover a cabeça de forma a que pavilhão auricular se oriente para o ombro).

• Executar a rotação do pescoço (colocar uma mão sob a nuca da pessoa e a

outra sob o queixo; rodar a cabeça de forma a que as faces do utente, alternadamente, toquem na superfície da cama).

• Executar a hiperextensão do pescoço (colocar, neste particular, a pessoa em

decúbito ventral; apoiar com uma mão a fronte da pessoa e com a outra mão apoiar a região occipital; dirigir a cabeça para a região posterior do tórax.

Nota: A execução deste exercício e de outros a realizar em decúbito ventral pode ser efectuada no final de toda a abordagem em decúbito dorsal, dependendo da situação da pessoa.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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Mobilizar ombro e

cotovelo.

• Iniciar cada movimento com o membro superior situado ao longo do tronco.

• Suportar o membro com uma mão colocada no punho e outra no cotovelo.

• Executar a flexão do ombro (mover o membro superior para cima e em direção à cabeceira da cama).

• Executar a abdução e rotação externa do ombro (afastar o membro superior do tronco dirigindo-o em direção à cabeça da pessoa, até que a mão esteja posicionada junto desta).

• Executar a adução do ombro (mobilizar o membro sobre o tórax em direção à mão do membro oposto).

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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• Executar a rotação interna e externa do ombro (colocar o braço ao nível do ombro – abdução de 90 º - e flexionar o cotovelo de forma a que o antebraço forme um ângulo reto com a superfície da cama. Mover o antebraço para cima e para baixo por forma a que a palma da mão e o seu dorso toquem alternadamente na superfície da cama) – Cfr. Fig. seguinte).

• Executar a flexão e extensão do cotovelo (flexionar o cotovelo até que os dedos toquem no queixo).

• Executar a hiperextensão do ombro (colocar a pessoa em decúbito ventral*; colocar uma mão sobre o ombro impedindo que este se afaste da superfície da cama; puxar o antebraço para cima e para trás).

Nota: A execução deste exercício e de outros a realizar em decúbito ventral pode ser efetuada no final de toda a abordagem em decúbito dorsal, dependendo da situação da pessoa.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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Executar pronação

e supinação do

antebraço.

• Apoiar o cotovelo da pessoa com uma mão e com a outra apoiar a mão da pessoa executando os movimentos de pronação e supinação do antebraço, assegurando que só se movimenta o antebraço e nunca o ombro.

Mobilizar a

articulação do

punho e dedos da

mão

• Flexionar o braço da pessoa ao nível do cotovelo até que o antebraço forme um ângulo reto com a superfície da cama. Apoiar o antebraço numa região próxima ao punho com uma mão e, com a outra, mobilizar a articulação do punho e os dedos.

• Executar a hiperextensão do punho e a flexão dos dedos (dobrar o punho para trás e ao mesmo tempo flexionar os dedos em direção à palma da mão). Alinhar o punho com o braço colocando os nossos dedos sobre os da pessoa formando um “punho”.

• Executar a flexão do punho e ao mesmo tempo estender os dedos.

• Executar a abdução e oponência do polegar.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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Mobilizar o

membro inferior

(Quadril e Joelho)

• Apoiar o membro ao nível do joelho e articulação do tornozelo.

• Executar a flexão e extensão do quadril e joelho (levantando a perna e dobrando o joelho em direção ao tórax. Voltar a baixar a perna, estender o joelho e apoiar a perna sobre a superfície da cama).

• Executar abdução e adução da perna (para realizar a abdução da perna deve-se afastar a perna da linha média; para realizar a adução da perna deve-se cruzá-la sobre a outra num movimento contrário à abdução).

• Executar a rotação interna e externa do quadril (rodando a perna para dentro e depois no sentido contrário).

.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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• Executar a hiperextensão do quadril (colocar a pessoa em decúbito ventral; colocar uma mão sobre o quadril impedindo que este se afaste da superfície da cama; com a outra mão sustentar o joelho e apoiar a perna da pessoa sobre o nosso antebraço; elevar o membro inferior até ao limite do possível)

Nota: A execução deste exercício e de outros a realizar em decúbito ventral pode ser efetuada no final de toda a abordagem em decúbito dorsal, dependendo da situação da pessoa.

Mobilizar a

articulação do

tornozelo e do pé

• Executar a dorsiflexão do pé e a extensão do tendão de Aquiles (colocar a mão sob o calcanhar da pessoa, apoiando a parte interna do antebraço na planta do pé da pessoa; colocar a outra mão em apoio sobre o joelho, exercer pressão contra o pé em direção à perna).

• Executar a inversão e eversão do pé (colocar uma mão sob o calcanhar e a outra sobre a região dorsal do pé; girar o pé em direção ao interior e depois no sentido contrário).

• Executar a flexão plantar do pé, e a extensão e flexão dos dedos do pé (colocar uma mão sobre a região dorsal do pé; colocar os dedos da outra mão sob/sobre os dedos do pé da pessoa para dirigi-los para cima e para baixo).

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 8 -

2. Executar a Técnica de exercícios articulares (ativos e ativos/assistidos)

Procedimento

Esta intervenção de enfermagem tem o mesmo enquadramento terapêutico que a anterior, sendo indicada nas situações

em que a pessoa encerra potencial para ter um perfil colaborativo ou, depois de instruído, assegurar, por si só, a realização

das actividades de mobilização das articulações.

No que respeita à natureza dos exercícios, quer os exercícios activos, quer os exercícios activos/assistidos compreendem os

mesmos movimentos articulares que se apresentaram a respeito dos exercícios articulares passivos.

3. Executar a Técnica de posicionamento [Espasticidade]

A implementação da intervenção de enfermagem “Executar técnica de posicionamento” constitui um importante recurso

terapêutico no quadro de Espasticidade, fundamentalmente na perspetiva de prevenção da sua instalação. Trata-se de uma

intervenção de enfermagem que radica na utilização de padrões anti-espásticos (posicionamentos em oposição direta aos

padrões patológicos que tende para o desenvolvimento de espasticidade), capazes de minimizar os efeitos da lesão dos

neurónios motores superiores.

Definição: Intervenção de enfermagem que consiste na implementação da técnica de posicionamento

(decúbito dorsal, decúbito lateral sobre o lado sadio, decúbito lateral sobre o lado afetado e ponte).

Decúbito Dorsal

Procedimento

Nota: Esta variante deve ser utilizada de forma muito criteriosa, na medida em que tem associada a

possibilidade de criar condições muito favoráveis à adoção involuntária do padrão espástico, contrário àquele a

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 9 -

que obedeceu o posicionamento. Este facto resulta das manifestas dificuldades em manter de forma efetiva

aquele padrão anti-espástico.

Actividades Comentário

Assegurar que a pessoa está com roupa

confortável.

Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Elevar o ombro afectado A protração do ombro obtém-se colocando uma almofada que

garanta a sua rotação externa.

Colocar as articulações do cotovelo e

punho em extensão.

A flexão destas articulações é característica da instalação de

espasticidade ao nível do membro superior.

Colocar o quadril em protração e flexão. A protração e flexão do quadril obtêm-se colocando-o sobre uma

almofada, que garante a sua rotação interna e flexão.

Flexionar a articulação do joelho. A flexão do joelho é de extrema importância, na medida em que

contraria a extensão exagerada do membro inferior, característica

do desenvolvimento de espasticidade neste segmento corporal.

Para este efeito, devem ser colocadas almofadas sob o joelho.

Colocar a cabeça da pessoa em flexão

lateral (para o lado sadio).

A flexão que se pretende implica que se oriente,

permanentemente, a cabeça da pessoa em sentido contrário ao

padrão espástico.

Retração / Protração

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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Decúbito lateral sobre o lado sadio

Figura – Rolamento sobre o lado sadio

Figura – Decúbito lateral sobre o lado sadio

Actividades Comentário

Vestir a pessoa com roupa confortável. Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Posicionar a pessoa em decúbito lateral

(sobre o lado sadio).

Colocar o ombro afetado em protração. O ombro deve ser trazido bem para a frente, colocando-o sobre

almofadas.

Colocar as articulações do cotovelo e

punho em extensão.

A flexão destas articulações é característica da instalação de

espasticidade ao nível do membro superior. A extensão destas

articulações é suportada nas almofadas utilizadas na protração do

ombro.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 11 -

Colocar o ombro em rotação externa. Para este efeito, todo o membro superior deve ser rodado

externamente, de modo a que a palma da mão fique voltada para

a cabeceira da cama.

Colocar o quadril em protração e flexão. A protração e flexão do quadril obtêm-se colocando o membro

inferior bem para a frente.

Flexionar a articulação do joelho. A flexão do joelho é de extrema importância, na medida em que

contraria a extensão exagerada do membro inferior, característica

do desenvolvimento de espasticidade neste segmento corporal.

Para este efeito, pode ser utilizado o outro membro inferior, como

suporte.

Colocar a cabeça da pessoa em flexão

lateral (para o lado sadio).

A flexão que se pretende implica que se oriente,

permanentemente, a cabeça da pessoa em sentido contrário ao

padrão espástico, pelo que não é recomendável a utilização de

qualquer almofada sob a cabeça.

Decúbito lateral sobre o lado afetado

O decúbito sobre o lado afetado é uma variante a considerar no posicionamento da pessoa, tendo por

finalidade a prevenção da Espasticidade e/ou no controlo das suas consequências.

Figura – Rolamento para o lado afetado

Actividades Comentário

Planear programa com a Pessoa e

outros significativos.

Envolver a pessoa em todas as fases da Intervenção promove a sua adesão

e co-responsabilização no sentido de atingir os objectivos.

Ensinar à pessoa os princípios que

justificam o programa.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 12 -

Vestir a pessoa com roupa confortável. Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Posicionar a pessoa em decúbito

lateral (sobre o lado afectado).

Colocar o ombro afetado em protração. O ombro deve ser trazido bem para a frente.

Colocar as articulações do cotovelo e

punho em extensão.

A flexão destas articulações é característica da instalação de

espasticidade ao nível do membro superior. A extensão destas

articulações é suportada na superfície da cama.

Colocar o ombro em rotação externa. Para este efeito, todo o membro superior deve ser rodado

externamente, de modo a que a palma da mão fique voltada para cima

(com o dorso apoiado na superfície da cama).

Colocar o quadril em protração e

flexão.

A protração e flexão do quadril obtêm-se colocando o membro inferior para

a frente. O facto do membro inferior afetado estar diretamente apoiado na

superfície da cama impede a sua rotação externa.

Flexionar a articulação do joelho. A flexão do joelho é de extrema importância, na medida em que

contraria a extensão exagerada do membro inferior, característica do

desenvolvimento de espasticidade neste segmento corporal.

Colocar a cabeça da pessoa em flexão

lateral (para o lado sadio).

A flexão que se pretende implica que se oriente, permanentemente, a

cabeça da pessoa em sentido contrário ao padrão espástico, pelo que,

aqui, é recomendável a utilização de uma almofada sob a cabeça.

Figura – Decúbito lateral sobre o lado afetado

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

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A ponte

Esta variante – “ponte” -, no quadro clínico de Risco de Espasticidade, deve ser implementada por duas

grandes ordens de razão: a) em primeiro lugar e numa fase inicial, sabe-se que o decúbito dorsal, com flexão

das articulações dos joelhos e elevação dos quadris, permite obter condições capazes de se oporem à

tendência espástica de extensão do membro inferior afectado; b) por outro lado, a capacidade de suporte do

peso é um requisito essencial no contexto de um programa de (re) condicionamento da atividade motora,

orientado para a recuperação do equilíbrio corporal e do compromisso da Mobilidade, que frequentemente

surgem associados à Espasticidade.

Em rigor, a “ponte” trata-se de um exercício e não de um posicionamento terapêutico.

Figura – “Ponte”

Atividades Comentário

Assegurar que a pessoa está com roupa

confortável.

Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Posicionar a pessoa em decúbito dorsal.

Flexionar ambos os joelhos em simultâneo. Os joelhos devem ser mantidos firmemente juntos (inclusive com apoio do

enfermeiro) de forma a evitar a rotação externa dos quadris.

Elevar os quadris em simultâneo.

A elevação do quadril do lado afetado pode ser

mantida com a utilização do pé do lado sadio

sobre o do lado afetado, impedindo assim que

este deslize ao longo da cama.

A elevação do quadril sadio ajuda à elevação do quadril do lado

afetado, razão pela qual é fundamental a simultaneidade deste

exercício.

Colocar as articulações do cotovelo e

punho e dedos em extensão.

A flexão destas articulações é característica da instalação de espasticidade

ao nível do membro superior. A extensão destas articulações é suportada

na superfície da cama e obtém-se estendendo os membros superiores ao

longo do tronco, com as palmas das mãos apoiadas na cama ( o que

impede a rotação interna do ombro).

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 14 -

4. Executar a Técnica de exercícios de recuperação da Mobilidade

A perturbação da coordenação dos movimentos e do equilíbrio corporal constituem duas dimensões centrais

que condicionam compromissos na mobilidade ou da actividade psicomotora. A recuperação e optimização da

mobilidade fazem-se com recurso a algumas variantes particulares da técnica de posicionamento. Os

posicionamentos a adotar devem levar em consideração o processo progressivo de recuperação da

“Mobilidade” que, como sabemos, progride desde a coordenação dos movimentos na posição de deitado até à

“marcha”.

Definição: Intervenção de enfermagem que consiste na adoção de posições corporais promotoras da

propriocepção, por via da estimulação da informação aferente e da coordenação neuromuscular.

Na posição de decúbito dorsal

Esta variante da técnica de posicionamento visa o desenvolvimento e repetição de alguns posicionamentos

específicos, os quais promovem a coordenação da atividade psicomotora.

Atividades Comentário

Assegurar que a pessoa está com roupa confortável. Aumenta a amplitude e facilidade dos

movimentos corporais.

Flexionar o quadril e o joelho de cada um dos membros inferiores

separadamente, fazendo deslizar o calcanhar ao longo da cama.

- Adicionar à actividade anterior a abdução do quadril.

Flexionar o quadril e o joelho até sensivelmente metade da

amplitude do movimento;

- adicionando posteriormente abdução e adução

Incentivar a pessoa a flexionar cada um dos membros ao nível do

quadril e joelho, parando a pedido.

Flexionar ambos os membros inferiores simultaneamente,

- adicionando sucessivamente abdução, adução e, finalmente,

extensão.

Repetir a atividade anterior e, na extensão, incentivar a pessoa a

parar sob indicação.

Flexionar cada um dos membros inferiores ao nível do quadril e

joelho, com o calcanhar a cerca de 5 cm da superfície de base.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 15 -

Repetir a atividade anterior, repousando o calcanhar sobre a rótula

oposta.

Progressivamente devem ser

introduzidos novos padrões nesta

atividade, de forma a aumentar a

coordenação motora. Assim, a pessoa

deve procurar pousar o calcanhar sobre

a tíbia, o pé, os dedos do pé e um e

outro lado da superfície.

Proceder como anteriormente, mas sob comando. Os pontos a tocar com o calcanhar pela

pessoa são indicados

momentaneamente e alternadamente

pelo enfermeiro, diminuindo a

previsibilidade das atividades.

Flexionar o quadril e o joelho com o calcanhar 5 cm acima do leito,

fazendo-o deslocar ao longo da tíbia.

Esta atividade deve ser repetida,

nomeadamente invertendo o sentido

do deslizamento.

Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente, parando, num

qualquer ponto, a pedido.

Flexionar ambos os membros inferiores em simultâneo, com os

maléolos e joelhos justapostos, com os calcanhares 5 cm acima do

plano de base.

Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente, parando num

qualquer ponto a pedido.

Efetuar flexão e extensão recíproca dos membros inferiores, com os

calcanhares tocando na superfície do leito.

Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente, mas com os

calcanhares 5 cm acima da superfície de base.

Incentivar a pessoa a proceder como anteriormente,

- adicionando sucessivamente abdução e adução dos membros.

Incentivar a pessoa a seguir com o hálux o movimento do dedo da

mão do enfermeiro.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 16 -

Na posição de sentado

O recurso à variante – “sentado” –, mais exigente que a variante anterior, constitui um excelente exercício de

promoção do equilíbrio corporal, nomeadamente quando utilizado na sequência da variante – “Decúbito Dorsal”.

Actividades Comentário

Assegurar que a pessoa está com roupa

confortável.

Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Incentivar a pessoa a manter a postura de sentado,

em cadeira com braços e apoio para as costas e

com os pés totalmente apoiados no solo

Este posicionamento deve ser prolongado pelo menos durante 2

minutos, se possível com os olhos fechados, o que promove

significativamente a propriocepção.

Proceder como anteriormente, sem

qualquer apoio para os braços e costas.

Este posicionamento é facilitado se for disponibilizado um

espelho grande que permita à pessoa coordenar o equilíbrio

corporal com recurso à imagem, por via da consciencialização do

alinhamento corporal, permitindo ainda a correção de,

eventuais, desvios posturais.

Incentivar a pessoa a rodar o tronco sem

apoio dos membros superiores.

Incentivar a pessoa a contar uma sequência,

elevando apenas o calcanhar.

Este exercício progride até a pessoa ser capaz de proceder à

contagem colocando, sucessivamente, o pé exatamente no mesmo

local; podendo, para este efeito, recorrer a uma marcação no solo.

Incentivar a pessoa a deslizar cada um dos

pés sobre uma cruz (eventualmente,

imaginária) marcada no solo.

Incentivar/Assistir a pessoa a sentar-se e

levantar-se, sucessivamente, da cadeira.

Este exercício é facilitado se a pessoa:

• Colocar os pés sob a borda anterior do assento;

• Inclinar o tronco ligeiramente para a frente;

• Levantar-se procurando endireitar o tronco;

• Sentar-se procurando flexionar os quadris e os joelhos.

Figura – Sentar e levantar da “cadeira” com auxílio

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 17 -

Na posição de pé

Esta variante, indicada em fases mais avançadas de um programa de treino orientado para a recuperação da

coordenação da atividade psicomotora, fundamenta-se na execução independente, por parte do cliente, de um

conjunto de atividades centradas no refinamento da sua coordenação neuromuscular.

Atividades Comentário

Assegurar que a pessoa está com roupa

confortável.

Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Incentivar a pessoa a manter a postura de pé,

utilizando os “pés da cama” como ponto de

apoio, com os pés totalmente apoiados no

solo e com adequada base de sustentação

Este posicionamento deve ser prolongado pelo menos

durante 2 minutos, se possível com os olhos fechados, o que

promove significativamente a propriocepção.

(Os “pés da cama” podem ser substituídos por um andarilho

em frente a um espelho)

Manter a posição anterior estabilizada,

transferindo o peso corporal para o lado

afetado e progressivamente tente distribui-lo

equitativamente sobre os dois pés.

Ajuda a pessoa a adquirir equilíbrio com diferentes

deslocações do peso corporal

Incentivar a pessoa a manter a posição,

enquanto o enfermeiro exerce, de forma

alternada, ligeira pressão sobre algumas áreas

(p.ex. quadril, região escapulo-umeral, nuca).

Ajuda a pessoa a reforçar o equilíbrio mesmo sujeito a

pressões vindas de diferentes locais.

Estas atividades garantem os requisitos essenciais ao treino da marcha que,

frequentemente, é comprometida pelas alterações experimentadas pelo indivíduo, ao nível

dos processos corporais associadas às perturbações do sistema nervoso e

musculoesquelético.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 18 -

5. Instruir a técnica de marcha

Esta intervenção de enfermagem visa o desenvolvimento do equilíbrio corporal com recurso a alguns aspetos

particulares da técnica de marcha. A capacidade de andar, em superfícies planas – numa primeira fase – ou

irregulares, bem como de mudar de direção; a velocidade de execução destes movimentos e o padrão de

sustentação utilizado, fornecem dados extremamente relevantes acerca da integridade dos processos

corporais envolvidos na coordenação psicomotora dos movimentos.

Definição: Intervenção de enfermagem que consiste no treino de atividades, que visam desenvolver a

coordenação dos movimentos em posição ereta e, simultaneamente, com movimento.

Procedimento

Actividades Comentário

Assegurar que a pessoa está com

roupa confortável.

Aumenta a amplitude e facilidade dos movimentos corporais.

Incentivar / Assistir, numa primeira

fase, a pessoa a andar de lado.

O equilíbrio é mais fácil durante a marcha de lado porque diminui

o número de articulações e respetivos músculos envolvidos no

movimento corporal. Este exercício é facilitado se a pessoa:

• Realizar o exercício na cadência contada pelo enfermeiro;

• Passar o peso corporal para o pé esquerdo e deslizar o pé direito 30 cm para a direita;

• Passar o peso para o pé direito e deslizar o pé esquerdo para junto daquele.

Incentivar / Assistir a pessoa a

caminhar para a frente sobre duas

linhas paralelas, distantes cerca de 40

a 50 cm.

Este exercício fundamenta-se numa base de sustentação alargada

e é facilitado se a pessoa:

• Colocar os pés sobre as duas linhas;

• Enfatizar a correta colocação dos pés.

Este exercício compõe-se de 10 passos, após o que a pessoa deve

descansar. Progressivamente, a base de sustentação deve ir

diminuindo; tendendo para aquilo que corresponde à normalidade

(15 – 20 cm).

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 19 -

Figuras – Treino progressivo da marcha, com auxílio

6. Executar/Instruir a Técnica de exercícios musculares (isotónicos)

Procedimento

Neste tipo específico de exercícios musculares a tensão muscular é constante, ocorrendo “apenas” alteração

no comprimento das fibras musculares capazes de produzir movimento. Este tipo de exercícios visa sobretudo

o aumento do rendimento muscular. Na realidade, o que distingue estes exercícios dos movimentos articulares

é o facto de aqui o objetivo terapêutico se orientar para a melhoria do rendimento muscular. Neste

enquadramento, sob o ponto de vista instrumental, a realização deste tipo de exercícios musculares está

próxima das considerações que tecemos a respeito dos exercícios articulares passivos.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 20 -

7. Instruir a técnica de exercício muscular (isométrico)

Procedimento

Este tipo de exercícios musculares não produz movimento, caracterizando-se por um trabalho de aumento da

tensão muscular, sem alteração do comprimento das fibras musculares. São particularmente indicados para o

aumento da força muscular.

A diminuição ou perda da força muscular é uma condição associada a múltiplas situações fisiopatológicas que

afetam os processos corporais relativos ao sistema nervoso e/ou musculoesquelético.

Definição: Intervenção de enfermagem que consiste num conjunto de atividades orientadas para a

manutenção ou recuperação da força muscular.

Nota: As atividades que aqui se propõem representam os elementos mais básicos de um programa de

fortalecimento muscular.

Actividades Comentário

Planear programa com a Pessoa. Envolver a pessoa em todas as fases da Intervenção promove a sua

adesão e co - responsabilização no sentido de atingir os objetivos.

Ensinar à pessoa os princípios que

justificam o programa.

Incentivar a pessoa a adotar uma posição

confortável.

A realização deste tipo de exercícios implica grande disponibilidade

da pessoa, pelo que é essencial que se sinta confortável.

Incentivar a pessoa a consciencializar o

aumento do tónus muscular (ao nível de

determinado grupo muscular).

A consciencialização e controlo do tónus muscular é a base da

eficiência deste tipo de exercícios musculares.

Incentivar a pessoa a realizar 5 contrações

isométricas sucessivas.

Cada contração deve durar cerca de 5 segundos. Entre cada

sequência a pessoa deve aguardar 2 minutos.

RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - PROCEDIMENTOS

ESEP – 03/2012 - 21 -

8. Executar técnica de posicionamento [Fractura]

Procedimento

Esta intervenção de enfermagem visa a prevenção da ocorrência de desvio da fratura, através do

posicionamento de um determinado segmento corporal, em particular nas fraturas localizadas ao nível da

região cervical.

Definição: Intervenção de enfermagem que consiste na imobilização de um segmento corporal, afetado por

uma fratura.

Actividades Comentário

Assegurar alinhamento corporal. Tomar como referência a posição supina, tendo em consideração a

linha média do corpo.

Efetuar tração das articulações acima e

abaixo do nível da fratura.

Para a tração ser eficaz devem ser utilizados dois enfermeiros. No

particular das fraturas cervicais, a tração exerce-se ao nível da

charneira e dos tornozelos, potenciando, assim, a eficiência do

alinhamento corporal.

Manter/colocar equipamento de

imobilização da fratura.

O equipamento pode ser um colar cervical ou talas (no caso de

fraturas situadas noutro segmento corporal, além da região cervical).

Mobilizar a pessoa com um movimento

único.

É fundamental que todos os intervenientes neste posicionamento

estejam em sintonia, podendo para isso recorrer a um

coordenador ou voz de comando; diminuindo, assim, as

mobilizações desnecessárias.

Bibliografia de suporte aos procedimentos:

CAMBIER, Jean; MASSON, Maurice, co-aut; DEHEN, Henri, co-aut – Manual de Neurologia. 11ª ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

DOCHTERMAN, Joanne McCloskey; BULECHEK, Gloria M., co-aut - Classificação das intervenções de enfermagem (NIC). 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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