pesquisa zetetica e dogmatica

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1 UNIVERSIDADE REGIONAL DE ALAGOINHAS – UNIRB CURSO DE DIREITO Patrícia Lourença Sales dos Santos AS TEORIAS ZETÉTICA E DOGMÁTICA DO DIREITO Seus conceitos e diferença entre ambas

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE ALAGOINHAS – UNIRB

CURSO DE DIREITO

Patrícia Lourença Sales dos Santos

AS TEORIAS ZETÉTICA E DOGMÁTICA DO DIREITO

Seus conceitos e diferença entre ambas

Alagoinhas/BA

Março/2013

Page 2: Pesquisa Zetetica e Dogmatica

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Patrícia Lourença Sales dos Santos

201310646

AS TEORIAS ZETÉTICA E DOGMÁTICA DO DIREITO

Seus conceitos e diferença entre ambas

Pesquisa realizada para obtenção parcial de nota da

disciplina de História do Direito, no curso de Bacharel

em Direito, da Faculdade Regional de Alagoinhas, no

Semestre 2013.1.

Prof°. Leandro Sanson

UNIRB

Alagoinhas/BA

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Março/2013

Dos mesmos dispositivos constitucionais há diversas interpretações e igualmente

possíveis, porém, apenas, com duas dimensões: a norma e o fato. Essas diversas

interpretações podem ser denominadas como ferramentas investigativas, podendo

acentuar a pergunta ou a resposta.

Acentuando a pergunta, os conceitos básicos, as premissas e os princípios ficam

abertos à dúvida, ampliando o horizonte da discussão, pois trazem a

problemacidade pra dentro deles mesmos. Porém, acentuando a resposta,

determinados elementos são postos fora de questionamento, mantidos como

soluções não atacáveis, postas, assim, como absolutas, sendo o enfoque zetético.

Nesse segundo caso, as respostas mesmo quando postas em dúvida em relação

aos problemas, não põem em perigo as premissas de que partem, sendo o enfoque

dogmático.

Em suma, tanto o enfoque zetético, quanto o dogmático, são reconhecidos como

ferramentas investigativas no âmbito jurídico, devido, principalmente, a

complexidade deste como um todo. 

Mesmo o raciocínio judicial sendo dogmático, a argumentação é livre para se

desenvolver em muitas outras direções.

A palavra zetética vem de zetein, que significa perquirir, investigar. Por outro lado, a

palavra dogmática vem de dokein, que significa ensinar, doutrinar. No enfoque

zetético, predomina a função informativa da linguagem; enquanto, no dogmático,

essa função combina-se com a diretiva, ganhando, esta, grande importância. A

zetética é mais aberta, pois suas premissas são dispensáveis. Ou seja, elas podem

ser substituídas, se os resultados não forem satisfatórios. Portanto, as

interpretações devem conformar sempre as premissas aos problemas. Ao contrário,

a dogmática é mais fechada, pois está presa a conceitos previamente fixados,

obrigando-se a interpretações capazes de conformar os problemas às premissas. O

enfoque zetético procura saber o que é uma coisa (o que é algo?); enquanto que o

dogmático preocupa-se em possibilitar uma decisão e orientar a ação (como deve-

ser algo?). Na zetética, não se questionam certos enunciados quando esses são

admitidos como verificáveis e comprováveis; na dogmática, as premissas não são

questionadas porque elas foram estabelecidas (por um arbítrio, por um ato de

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vontade ou de poder) como inquestionáveis.

Apesar de não haver uma divisória projetando uma radical distinção entre os dois

tipos de enfoque, a diferença entre eles é importante. Os enfoques zetéticos têm

uma função especulativa explícita e são infinitos, pois admitem uma questão sobre a

própria questão e suas premissas são dispensáveis. Já o enfoque dogmático, em

contraposição, têm uma função diretiva explícita e são finitos, pois parte de uma

premissa inatacável, sendo assim o questionamento dogmático definido como finito. 

A zetética tem como âmbito investigativo parâmetros amplos, como característica

principal o constante questionamento, ou seja, a zetética não se limita. O fato dela

ser descompromissada com a solução de conflitos (acentuando a pergunta), ela

pode ser definida como especulativa. O enfoque zetético pode ser classificado de

diversas formas: zetética empírica pura (a investigação não visa a aplicação),

zetética empírica aplicada (a investigação tem como princípio conhecer o objeto

para mostrar como este atua), a zetética analítica pura (em que a pesquisa é feita no

plano lógico) e, por último, a zetética analítica aplicada (em que há a aplicação

técnica da investigação). 

Já a dogmática jurídica, trata de questões finitas. O princípio básico da dogmática é

a inegabilidade dos pontos de partida (pontos fixos), tendo como característica a não

redução a ele, mas sim uma relação de dependência com este princípio. 

Para compreendermos melhor a diferença entre as teorias zetéticas e dogmáticas,

segue abaixo quadro comparativo:

ZETÉTICA DOGMÁTICASignifica perquirir (zetein) Significa doutrinar, ensinar (dokein)

Acentua o aspecto da pergunta (pergunta o que é algo)

Acentua o aspecto da resposta (pergunta o que deve ser algo)

Parte de evidências, constatações que podem ser verificadas e modificadas; os princípios ficam abertos a dúvidas

Parte de premissas que são inatacáveis, são postas fora de questionamento; os dogmas

Dissolve as opiniões, pondo-as em dúvida Revela o ato de opinar

Função especulativa explícita Função diretiva explícita

Produz questionamentos infinitos Produz questionamentos finitos

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Exemplos: Sociologia do Direito, Filosofia do Direito etc.

Exemplos: Direito Civil, Processual, Penal, Tributário etc.

No âmbito jurídico, para determinar essas diversas diretrizes possíveis é necessário

fixar o significado das normas jurídicas em um caso concreto. Diante de cada caso

concreto a interpretação jurídica precisa estabelecer um ponto em que a

argumentação pode se abrir em várias direções diferentes, esse ponto chamamos

de “ponto fixo” ou “ponto de partida”. Assim, pondo o enfoque dogmático em

evidência. 

Levando-se em consideração a teoria do escalamento do ordenamento jurídico de

Kelsen, em que a Constituição é a norma hierarquicamente superior no

ordenamento jurídico, podemos concluir que supremacia da constituição é um

dogma do ordenamento jurídico, já que representa a “fonte” das normas

hierarquicamente inferiores a ela. Sendo assim, o texto da lei pode ser assumida

pelo intérprete como um dogma, isto é, um ponto de partida. 

O conceito de “topos”, pode ser interpretado de diversas maneiras. Em suma, os

“topoi” são pontos de vista empregáveis em diversas circunstâncias, sendo válidos

num âmbito geral de discussão, na ponderação de pós e contras de opiniões e

podendo inferir em o que se é tido verdadeiro e/ou válido.  Como exemplo no âmbito

jurídico, a dogmática jurídica em relação aos “topoi” determina os seus critérios para

o uso em cada caso específico (ou seja, saber quando se é aplicável um “topos” e

quando se é aplicável outro). 

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REFERÊNCIAS

www.jus.com.br ;

www.recantodasletras.com.br ;

www.scielo.br;

www. terciosampaioferrazjr .com.br ;

www.eudesjuris.blogspot.com;