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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS “PROJETO “A VEZ DO MESTRE” CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL SIMERY CONCEIÇÃO CONSTANCIO PESTANA RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001

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Page 1: PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL SIMERY … CONCEICAO... · as bases teÓricas da pesquisa de clima organizacional O tema Pesquisa de Clima Organizacional tem recebido pouca atenção

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

“PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM

REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

SIMERY CONCEIÇÃO CONSTANCIO PESTANA

RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS “PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

SIMERY CONCEIÇÃO CONSTANCIO PESTANA

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Reengenharia e Gestão de Recursos Humanos, sob a orientação da professora Maria Esther De Araújo Oliveira

RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001

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RESUMO

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SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................................................................... 4 SUMÁRIO...................................................................................................................................................... 1 A TEORIA E A PÁTICA DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL ........................................... 2

INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 2 AS BASES TEÓRICAS DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL......................................... 5 A PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL COMO INDICADOR DAS ATITUDES DOS EMPREGADOS E SEUS EFEITOS......................................................................................................... 6 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SOBRE SATISFAÇÃO NO TRABALHO ......................................... 10 FONTES DE SATISFAÇÃO .................................................................................................................. 12 EFEITOS DA INSATISFAÇÃO DOS EMPREGADOS........................................................................ 13 • Desempenho do Empregado........................................................................................................ 13 • Rotatividade................................................................................................................................. 14

O PAPEL DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL COMO INSTUMENTO PARA LEVANTAMENTO DOS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO............................................ 15 CONDIÇÕES IDEAIS DE PESQUISA.................................................................................................. 17 PLANEJAMENTO DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL .............................................. 17 FORMAS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL ............................ 18 A PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL – Resumo dos Aspectos Críticos............................. 21 OS RESULTADOS DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL ............................................. 23

PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: METODOLOGIA DE REALIZAÇÃO .......................... 24 INDRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 24 FASE DE PLANEJAMENTO: ETAPAS ............................................................................................... 26

1. DEFINIÇÃO DOS INDICADORES DO CLIMA ORGANIZACIONAL ................................. 26 2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR ................................................................ 27 3. CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES................................................................................. 28 4. ESCOLHA DOS INDICADORES.............................................................................................. 28 5. INCLUSÃO DE INDICADORES ADICIONAIS....................................................................... 28

FASE DE EXECUÇÃO: ETAPAS ......................................................................................................... 29 1. CARTA DE APRESENTAÇÃO................................................................................................. 29 2. ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS INDICADORES DO CLIMA ORGANIZACIONAL .... 30 3. INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO E AGRUPAMENTO DOS RESPONDENTES .............................................................................................................................. 30 4. PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO ........................................................................................... 32 5. EDIÇÃO DA VERSÃO FINAL DO QUESTIONÁRIO ............................................................ 33 6. DISTRIBUIÇÃO E APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS .................................................... 33

PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: METODOLOGIA DE ANÁLISE................................... 34 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 34 FASE DE ANÁLISE: ETAPAS.............................................................................................................. 35

1. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS............................................................. 35 2. IDENTIFICAÇÃO DOS INDICADORES-CHAVE .................................................................. 36 3. IDENTIFICAÇÃO DO EFEITO DE PARÂMETROS............................................................... 38 4. IDENTIFICAÇÃO DA ORDEM DAS VARIÁVEIS DO CLIMA ORGANIZACIONAL........ 40 5. IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE CLIMA ORGANIZACIONAL..................................... 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 42 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................... 47

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A TEORIA E A PRÁTICA DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

INTRODUÇÃO

Desde o início deste século, quando se examina a evolução

da Teoria Geral da Administração de Empresas, através das publicações de numerosos

autores, é possível perceber que a partir de determinado estágio, as organizações começam

a ser comparadas a organismos vivos. Em seu livro “Images of Organization”, Gareth

Morgan1 apresenta como uma das metáforas para melhor entendimento das organizações e

possibilidades de considerá-las como seres vivos, fazendo um paralelo entre moléculas e

indivíduos, células e grupos, organismos complexos e organizações, diferentes espécies

biológicas e diferentes tipos de organização e, finalmente, entre ecologia e ecologia social.

Após os trabalhos pioneiros de Elton Mayo esta

abordagem recebeu sempre crescente importância, sendo responsável, inclusive, pelo

surgimento de uma das áreas de especialização em Administração de Empresas,

constumeiramente denominada Administração de Recursos Humanos.

Entretanto, por outro lado, apesar de todo o movimento de

valorização do componente humano nas organizações desencadeado pela escola de

Relações Humanas, uma das mais imediatas implicações de se considerar as organizações

como “organismos vivos” nem sempre recebe a devida atenção, principalmente quando se

analisa o caso da maioria das empresas brasileiras.

Se as empresas podem efetivamente ser concebidas como

organismos vivos, torna-se então fundamental para uma gestão eficaz de recursos humanos

um cuidado no sentido de se tentar descobrir quais são suas necessidades, ou carências,

pois, além destas serem parte integrante do todo organizacional, precisam, em algum grau,

ser também atendidas.

1 MORGAN, G. “Images of Organization”, 1986, capítulo 3, pgs 39 a 41, Sage Publications, Inc.

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A pesquisas de Clima Organizacional viria, dessa forma, a

representar um instrumento através do qual seria possível, caso fosse realmente priorizado

pela Alta Administração, atender mais de perto as necessidades do quadro funcional à sua

disposição. Isto devido ao fato de que este tipo de pesquisa possibilita um delineamento,

seja dos fatores que estão realmente cumprindo o papel de atender as necessidades (caso o

resultado da pesquisa caracterize níveis de satisfação), seja dos fatores que precisam ser

providos para que houvesse o atendimento de necessidades não satisfeitas.

Nesta linha de raciocínio, os resultados que podem ser

obtidos a partir de uma investigação semelhante àquela da “Pesquisa de Clima

Organizacional” representam um passo na identificação de aspectos que, muito mais do

que simplesmente chamaram a atenção dos principais dirigentes da organização, espera-se

que desencadeiem um Programa de Ação voltado para o atendimento das necessidades

mais críticas.

Assim, a essência dos subsídios da Pesquisa de Clima

Organizacional é o mapeamento das percepções sobre o ambiente interno da organização,

como um dos possíveis pontos de partida para a Mudança e o Desenvolvimento

Organizacional. Este tipo de pesquisa configura, em sua essência, um diagnóstico sobre a

situação atual da empresa, tomando por base as opiniões de seus diferentes integrantes,

quase que em caráter clínico, ou seja, visando levantar falhas ou problemas que mereçam

atendimento e correção.

É, em resumo, um Levantamento de Opiniões que

caracteriza uma representação da realidade organizacional consciente, uma vês que

objetiva retratar o que as pessoas acreditam estar acontecendo em determinado momento

na organização enfocada. Dessa forma, o papel deste tipo de pesquisa é tornar clara as

percepções dos funcionários sobre itens que, caso apresentem distorções indesejáveis,

podem acabar afetando negativamente o nível de satisfação destes funcionários na situação

de trabalho.

Uma vez delineado o papel básico da Pesquisa de Clima

Organizacional, resta ainda caracterizar o modo mais preciso o próprio conceito de Clima

Organizacional. Apesar de não ser objetivo específico deste trabalho tecer extensos

comentários sobre este conceitos, alguns esclarecimentos se fazem necessários.

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Edgar Schein1 conceitua “Clima Organizacional” como

um conjunto de propriedades da organização que podem ser mensuráveis, sem, todavia,

explicitar exatamente que tipo de características que poderiam ser incluídas neste conjunto,

Dentro da gestão de empresas e de Recursos Humanos, entretanto, há também um outro

conceito ou dimensão de análise que, freqüentemente, aparece ligada ou até mesmo

confundida com a de Clima Organizacional. Este aspecto é aquele que acabou por receber

a denominação genérica de “Cultura das Organizações” e, hoje em dia, é bastante comum

também a referência a este termo para explicar tanto o sucesso quanto o fracasso de

determinadas ações dentro das organizações.

A primeira questão que poder ser levantada em relação

aos conceitos de Clima e Cultura Organizacional é, sem dúvida, se os mesmos se acham

relacionados a aspectos efetivamente distintos ou se podem, inclusive, ser tomados como

sinônimos, Neste ponto, as tentativas de esclarecimento começam a trilhar o campo do

“enfoque”, ficando mais ou menos estabelecido que quando são feitas referências ao termo

Cultura Organizacional parece tratar-se de um enfoque tipicamente sociológico ou

antropológico, enquanto que quando o termo Clima Organizacional é utilizado, a

abordagem é, nitidamente, mais psicológica.

Na verdade, nem sempre esta divisão é assim tão clara.

Um exame simples da literatura pertinente não permite estabelecer qualquer tipo de

distinção exata entre estes conceitos, provocando inclusive uma reflexão sobre até que

ponto seria efetivamente útil para a Teoria da Administração dedicar ainda mais tempo

para definitivamente juntá-las ou separa-los. O ponto principal seria então, muito mais do

que distingui-los ou não, enfatizar a investigação empírica sobre os mesmos,

independentemente até da classificação ou nomenclatura adotadas, Um exemplo desta

abordagem poder ser identificado no trabalho realizado por Solomon2 em organizações

israelenses onde nada menos do que 19 diferentes atributos organizacionais foram

analisados com base nas percepções de funcionários ligados ao setor público e ao privado.

As dimensões incluídas por esta pesquisadora incluem itens tais como “Clareza de

Objetivos”, “Aceitação e Enfrentamento de Problemas”, “Participação nas Decisões”,

“Recompensas”, “Comunicação”, “Qualidade dos Métodos”, “Regras e Procedimentos”,

1 Shein, E. “Organizational Culture and Leadership” – 1986, Jossey-Bass – San Francisco. 2 SOLOMON, E.E. “Private ande Public Sector Managers: an Empirical investigation of Job Characteristics and Organizational Climate” – Journal of Applied Psychology, 1986, vol 71, nº 2 pgs. 247-259.

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etc. todos passíveis de enquadramentos em um ou outro enfoque e considerando seu estudo

como um estudo de Clima Organizacional.

No próximo tópico deste capítulo serão feitas

considerações teóricas e práticas sobre a natureza e problemas associados à investigações

desta natureza, adotando-se sempre a denominação “Clima Organizacional”.

AS BASES TEÓRICAS DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

O tema Pesquisa de Clima Organizacional tem recebido

pouca atenção até o momento por parte da administração de empresas brasileiras. Com

exceção de grandes organizações, poucas são as empresas que demonstram interesse e

recinhecem a importância e o papel da Pesquisa de Clima Organizacional enquanto

ferramenta de apoio à gestão de Recursos Humanos.

Talvez este tipo de visão seja em parte reforçado por culpa

da própria literatura especializada em Recursos Humanos. Com exceção de artigos

publicados em periódicos americanos, não é tarefa fácil encontrar capítulos de livros ou

manuais de Administração de Recursos Humanos que contenham informações detalhadas

sobre a natureza precisa deste tipo de pesquisa e subsídios que podem ser obtidos para a

tomada de decisões eficazes. É somente nos livros americanos mais atualizados que o

assunto é abordado, nem sempre de maneira apropriada, dificultando a rotinização deste

tipo de pesquisa.

Além desses aspectos, o processo de análise deste tipo de

pesquisa não pode, infelizmente, ser classificado como simples. É também a experiência

do autor que serve de base para este argumento, sendo, exatamente esta dificuldade de

análise um dos fatores que acabaram contribuindo com a escolha do tema para elaboração

do presente trabalho. Apesar dos constantes avanços da informática e da considerável

gama de técnicas estatísticas disponíveis, na maioria das vezes nem todas as reais

possibilidades de conclusão são extraídas da Pesquisa de Clima Organizacional,

comprometendo a qualidade de contribuição que este instrumento pode fornecer e

reforçando o círculo vicioso caracterizado desde a apresentação deste trabalho.

Este tópico visa, portanto, deixar claro o real conteúdo de

uma Pesquisa de Clima Organizacional, delineando mais precisamente sua natureza, papel

e limitações. A base conceitual utilizada para esta análise encontra-se no trabalho de Davis

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e Newstrom 1, uma vez que é nesta obra didática que o assunto recebeu atenção e

tratamento mais destacados. A última edição do livro por eles elaborado (8ª edição) inclui

um capítulo inteiro dedicado ao tema “Atitudes dos Empregados e seus Efeitos”, onde há

uma discussão comparativamente mais ampla sobre o papel e a natureza da Pesquisa de

Clima Organizacional.

Davis e Newstrom ao incluírem o capítulo utilizam como

linha mestra da exposição três pontos básicos, a seguir destacados:

a) As atitudes dos empregados em relação a seus cargos e empresas;

b) as formas pelas quais são possíveis obter informações a respeito destas atitudes e

c) os modos de se utilizar estas informações eficazmente.

O exame detalhado do referido capítulo serviu como

orientador para a estruturação deste tópico, sendo os principais pontos identificados e

comentados a seguir.

A PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL COMO INDICADOR DAS ATITUDES DOS EMPREGADOS E SEUS EFEITOS

Davis e Nestrom iniciam suas considerações sobre a

Pesquisa de Clima Organizacional chamando a atenção para o problema das atitudes dos

empregados e suas consequências. Definem atitudes como “sentimentos e crenças que

determinam fundamentalmente como os empregados irão perceber o ambiente onde se

encontram. Atitudes são um conjunto de indicadores mentais que afetam a visão de uma

pessoa em relação a alguma coisa, do mesmo modo pelo qual uma janela fornece uma

estrutura através da qual será possível olhar para dentro ou para fora de um edifício”2. A

janela nos permite observar algumas coisas, mas a forma e o tamanho da estrutura podem

impedir nossa visão de outros elementos. Além disso, a tonalidade do vidro pode afetar a

acuidade de nossa percepção, tanto quanto a “cor” das atitudes individuais tem um impacto

no modo pelo qual se percebe a\e julga o ambiente de trabalho.

As atitudes, portanto, exercem impacto sobre o modo pelo

qual os integrantes de uma organização percebem e julgam seu ambiente de trabalho. Caso

sejam desfavoráveis ou mesmo negativas podem representar razões para a ocorrência de

1 DAVIS, K. & NEWSTROM, J.W. “Human Behavior at Work”, 8 ª edição, 1989, McGraw-Hill Book Company. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg 176.

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problemas tais como greves, faltas, rotatividade, reivindicações trabalhistas, desempenho

abaixo do esperado, má qualidade dos produtos e serviços, além de exigirem maior

esforço de persuasão dos líderes e chefes formais durante a condução das atividades.

Por outro lado, atitudes favoráveis decorrentes de

satisfação dos funcionários em relação a diferentes aspectos do ambiente de trabalho, são

desejáveis, uma vez que tendem a se apresentar relacionadas com os resultados positivos

pretendidos pela cúpula da organização. Para Davis e Newstrom a satisfação dos

empregados, juntamente com elevados padrões de produtividade, é marca registrada de

organizações bem administradas. “Atitudes favoráveis são um produto de uma

administração comportamental eficaz e do contínuo processo de sedimentação de um clima

organizacional de apoio aos valores humanos”1.

Assim sendo, torna-se clara a importância para os líderes e

executivos da organização enquanto administradores de comportamentos, de monitorar as

atitudes e percepções dos empregados em relação ao trabalho que executam, organização,

políticas vigentes de gestão de recursos humanos e respectivas oportunidades de carreira

como meio não só de identificar medidas que reduzam eventuais problemas, mas também

de colocar em prática políticas que permitam uma real valorização dos recursos humanos

disponíveis.

Estas considerações permitem também caracterizar melhor

a própria natureza de uma Pesquisa de Clima Organizacional. Este tipo de pesquisa é,

portanto, também uma pesquisa objetiva sobre Satisfação no Trabalho, na medida em

que os empregados consultados expressam suas opiniões “concordando” (quando

satisfeitos) ou “discordando” (quando insatisfeitos) sobre as características ou itens que

são alvo da investigação.

Satisfação no Trabalho, segundo Edwin Locke, é um

conjunto de sentimentos favoráveis que caracterizam “um estado de prazer emocional

resultante da avaliação que um profissional faz sobre até que ponto seu trabalho apresenta

a capacidade de facilitar ou permitir o atendimento de seus objetivos e valores”2. Haverá,

portanto, Satisfação no Trabalho quando houver concordância dos consultados em relação

à maioria dos temas que fazem parte da pesquisa.

1 DAVIS & NEWSTROM Op. Cit. pg. 176 2 LOCKE, E.A. – in CODA, R. “Satisfação no Trabalho e Características das Políticas de R.H. para Executivos” – Tese de doutoramento apresentada à FEA/USP, 1986, pg. 8

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Locke deixa ainda claro que a satisfação no trabalho é um

conceito que envolve aspectos emocionais, associados a sentimentos e não um determinado

tipo ou padrão de comportamento1. Organ e Hammer, ratificando esta conceituação

consideram que a satisfação no trabalho “representa, essencialmente, uma atitude do

indivíduo em relação a seu trabalho, reunindo, como qualquer outra atitude, um conjunto

complexo de cognições, emoções, sentidos e avaliações que determinam ou influenciam as

tendências comportamentais”2.

Estas considerações permitem identificar a importância de

se procurar investigar constantemente os níveis de satisfação no trabalho. Apesar das

conotações ainda muitas vezes negativas ligadas ao ato de trabalhar, a própria evolução da

teoria sobre motivação no trabalho reconhece que a origem de todos os problemas

motivacionais está ligada à situação de elevada insatisfação no trabalho.

Nesta corrente de raciocínio destacam-se as posições

teóricas defendidas por Archer e Sievers. Archer, em seu artigo já praticamente clássico,

“O Mito da Motivação”fornece uma diferenciação precisa entre aquilo que motiva

realmente (as necessidades) e aquilo que é capaz de trazer satisfação no trabalho (fatores

que atendem as necessidades)3, permitindo também perceber que a existência de níveis de

satisfação é condição para que seja liderada a verdadeira motivação das pessoas no

trabalho. É inclusive possível estabelecer uma ponte com os posicionamentos defendidos

por Sievers, onde a motivação surge como um tema em substituição aos níveis de

satisfação com os aspectos específicos da natureza e do conteúdo do trabalho4. Para

Sievers, havendo satisfação com o tipo e o conteúdo do trabalho há sentido e significado

associados a este trabalho, fazendo com que aqueles que executam as tarefas estejam

naturalmente motivados para a respectiva realização.

Conforme ficará evidenciado nas considerações

metodológicas, a Pesquisa de Clima Organizacional é , pela própria natureza, um

instrumento capaz de fornecer pistas não só em relação a variáveis ligadas ao ambiente de

trabalho, mas também ao sentido que os ocupantes dos diferentes cargos imputam às

1 LOCKE, E.A. – in CODA, R., Op. Cit. pg. 8 2 MORGAN e HAMMER “Organizational Behavior: an applied psychological approach; 1982, in CODA, R. Op. Cit. pg. O8 3 ARCHER, E.R. “O Mito da Motivação” in, Bergamini e Coda “Psicodinâmica da Vida Organizacional – Liderança e Motivação” pgs. 5-24 – 1990, Editora Pionieira. 4 SIEVERS, B. “Além do Sucedâneo da Motivação” in Bergamini e & Coda, Op, Cit pg. 105-123

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tarefas que executam e, dessa forma, sobre os verdadeiros níveis de motivação para o

trabalho.

A Satisfação no Trabalho pode, então, ser encarada como

uma atitude global ou então ser aplicada a determinadas partes do cargo ocupado pelo

indivíduo ou da própria organização. Assim sendo, um empregado pode apresentar um

índice de satisfação no trabalho elevado, embora considere a política de benefícios

insuficiente ou ainda esteja bastante insatisfeito com seu salário atual. Os estudos sobre

Clima Organizacional, em sua maioria quase sempre, dividem a atenção entre elementos

que se acham diretamente relacionados ao conteúdo do cargo (natureza do cargo) e aqueles

que fazem parte do contexto do cargo (chefia, colegas, políticas de RH, condições de

trabalho e características gerais da organização).

A necessidade de investigações constantes e periódicas

sobre satisfação no trabalho está ligada ao fato de que, em primeiro lugar, como qualquer

outro tipo de atitude, é geralmente formada durante um determinado período de tempo, na

medida em que o empregado vai obtendo informações sobre o ambiente de trabalho. Além

disso, a satisfação no trabalho é também dinâmica, uma vez que pode deteriorar-se,

fazendo com que os administradores não possam negligenciar as condições estabelecidas e

que levam à satisfação.

A satisfação no trabalho, enquanto atitude, depende, como

foi demonstrado, das atitudes dos empregados, todas baseadas em percepções. A Pesquisa

de Clima Organizacional caracteriza estas percepções como as realidades de cada

indivíduo, avaliando com estes “acham” que as condições se apresentam, ainda que isto

não venha sr compatível ao que foi intencionalmente planejado como real desejo da

administração.

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IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SOBRE SATISFAÇÃO NO TRABALHO

Segundo Davis e Newstrom, os administradores

devem estudar a satisfação no trabalho de seus funcionários e tentar melhora-la sempre que

possível. Deixando de lado a intenção de aplicar “receitas perfeitas” ou o desejo de

construir uma organização ou sociedade melhores, a resposta a essa questão envolve, para

estes autores, a consideração de quatro aspectos críticos, a seguir indicados:

- Existência de espaço para melhorias;

- Identificação daqueles relativamente mais satisfeitos ou insatisfeitos;

- Fatores que mais contribuem para a satisfação dos empregados; e

- Identificação dos possíveis efeitos das percepções negativas dos empregados1.

Os resultados e a própria prática da Pesquisa de Clima

Organizacional indicam que o nível de satisfação experimentado não é o mesmo entre

diferentes grupos ocupacionais e, às vezes, nem mesmo entre os integrantes de um

determinado grupo ocupacional. Isto porque a satisfação depende de um conjunto de

variáveis, permitindo aos administradores identificarem quais grupos estão mais

suscetíveis de apresentar problemas comportamentais associados à insatisfação. Estas

variáveis-chave para a identificação de funcionários mais ou menos satisfeitos dizem

respeito, freqüentemente, à idade, nível educacional, tamanho da organização, tempo de

casa, tempo no cargo e área de atuação.

Relatos de pesquisas costumam apontar que à medida em

que os empregados vão ficando mais velhos, estes tendem a mostrar-se mais satisfeitos

com seus cargos. Aparentemente, acabam por diminuir suas expectativas para níveis mais

realistas, ajustando-se melhor às respectivas situações de trabalho. Indivíduos em cargos de

maior exigência e complexidade tendem também a estar mais satisfeitos no trabalho. Como

seria de se esperar, estes profissionais recebem maiores salários, conseguem melhores

condições de trabalho e executam tarefas que empregam de maneira mais completa suas

habilidades e competências.

Finalmente, segundo Davis e Newstrom há algumas

evidências sugerindo que os níveis de satisfação no trabalho são mais elevados em

unidades organizacionais menores. “Isto acontece porque organizações maiores tendem a

abafar as pessoas, sendo que nelas o processo de apoio freqüentemente se rompe, os limites

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de amizade e aproximação pessoal são mais restritos e o trabalho em pequenos grupos mais

difícil, fatores estes todos relevantes para a satisfação de um grande número de pessoas”2.

1 DAVIS, K. & NEWSTROM, J. W. “Human Behavior at Work”, 8ª edição, 1989. McGraw-Hill Book Company. pg. 178. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 179

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FONTES DE SATISFAÇÃO

Um conhecimento mais completo sobre as diferentes

dimensões capazes de gerar satisfação no trabalho é, portanto, essencial para que se possa

ter idéia dos próprios temas a serem investigados através da Pesquisa de Clima

Organizacional.

Novamente Davis e Newstrom chamam a atenção para

este fato ao deixarem claro que “se a administração desejar aumentar o potencial para a

satisfação dos empregados, existem vários caminhos a percorrer. Por exemplo, muitos

empregados respondem bem a incentivos monetários, especialmente quando estes se

acham bastante ligados ao desempenho individual. A satisfação é também um produto das

percepções do empregado sobre o nível geral do salário no mercado, além da equidade

deste salário. O modelo motivacional de fixação dos objetivos, por outro lado, indica que

os empregados irão experimentar satisfação sempre que conseguirem atingir objetivos

difíceis e, assim sendo, cargos desafiadores são desejáveis”1.

Davis e Newstrom chamam atenção ainda para o fato de

que “Muitas pessoas não gostam também da ambigüidade, fazendo que claras expectativas

de papel, com atribuições e tarefas definidas auxiliem estas pessoas a superarem este tipo

de preocupação. Empregados são tão ansiosos a respeito de como estão se saindo que um

constante feedback poderia também ser útil”2.

“Muitas vezes funcionários sentem-se mais à vontade com

um supervisor que os considere, ou seja, um chefe que demonstre interesse por seus

sentimentos e que forneça também oportunidades para que participem na tomada de

decisões”3.

Em resumo, estas últimas considerações permitem

caracterizar a Satisfação no Trabalho como um fator crítico dentro do tema

Comportamento Organizacional. Torna-se necessário, portanto, que a mesma seja

compreendida, acompanhada e trabalhada de modo a evitar-se os problemas potenciais que

podem resultar da insatisfação, prejudicando o Clima dominante na organização, através

das respectivas conseqüências negativas.

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 179 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 179 3 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 180

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Em virtude do interesse que o tema satisfação no trabalho

pode apresentar, tanto para pesquisadores, quanto para administradores, neste tópico será

elaborada a seguir uma análise mais detalhada dos efeitos que este sentimento pode

acarretar. O exame destas prováveis conseqüências é útil também para fornecer uma idéia

do que poderá acontecer caso via Pesquisa de Clima Organizacional seja apurados fortes

sentimentos de insatisfação com diferentes dimensões do cargo, trabalho e empresa.

EFEITOS DA INSATISFAÇÃO DOS EMPREGADOS

Caso os empregados estejam insatisfeitos em seus

cargos ou com outros aspectos da vida organizacional e se tais sentimentos forme fortes e

persistentes, torna-se, então, necessário compreender que impacto isto pode ter em seus

comportamentos subseqüentes. De modo mais específico, a preocupação é determinar se o

empregado insatisfeito irá mais provavelmente faltar ou chegar tarde, ou então reduzir seus

níveis de produtividade, cometer furtos, sabotar as operações ou demitir-se da organização.

Um grande número de estudos realizados por pesquisadores americanos enfoca estas

questões, sendo aqui apresentada a natureza básica dos resultados obtidos até o presente

momento, conforme resumo elabora por Davis e Newstrom.

• Desempenho do Empregado

Davis e Newstrom afirmam que alguns administradores

apegam-se a um velho mito – aquele que afirma que elevada satisfação sempre leva ao

elevado desempenho do empregado. Entretanto, este pressuposto não é correto.

Empregados satisfeitos, na realidade, podem apresentar alto, médio ou baixo padrão de

desempenho e manterão a tendência de continuar apresentado o padrão de desempenho que

anteriormente troxe a eles satisfação. A relação satisfação – desempenho é muito mais

complexa do que simplesmente presumir que “satisfação leva ao desempenho”1.

Uma compreensão mais precisa deste relacionamento seria

a de que o elevado desempenho contribui também em si mesmo para o aumento dos níveis

de satisfação, conforme demonstrado pelo modelo de Lawler e Porter 2 a seguir

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 180 2 Para uma descrição mais detalhada consultar “The effect of Performance on Job Satisfaction” – LAWLER, E.E. III e LYMAN, P. – Industrial Relations, Out. 1967 – pgs. 20 – 28.

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apresentado. A lógica indica que é o melhor amplo, sejam estas econômicas, sociais ou

psicológicas. Estes autores afirmam que se estas recompensas forem consideradas justas e

eqüitativas, então um aumento na satisfação pode se verificar, uma vez que os empregados

sentem que estão recebendo recompensas em função de seus desempenhos. Por outro lado,

caso as recompensas sejam percebidas como inadequadas para um dado nível de

desempenho individual, a insatisfação tende a se manifestar. Em ambos os caso o nível de

satisfação de uma pessoa conduz tanto à maior como a menor identificação, que, por sua

vez, afeta o esforço e, eventualmente o desempenho novamente. O resultado é a contínua

formação de um circuito, ligando desempenho, satisfação e desempenho1.

• Rotatividade

Uma outra conseqüência da satisfação no trabalho

analisada é o problema da rotatividade do empregado. Conforme seria de se esperar, maior

satisfação no trabalho acha-se associada à taxas mais baixas de rotatividade de pessoal.

Empregados mais satisfeitos estão menos propensos a pensar em pedir demissão, procurar

um novo trabalho ou mesmo anunciar a intenção de deixar a empresa. Se as razões de

insatisfação estiverem ligadas à falta de realização, baixo reconhecimento no cargo,

vivência de constantes conflitos com a chefia ou colegas ou falta de perspectivas de

carreira, a conseqüência natural será a procura de uma melhor situação em outra empresa,

enquanto que os mais satisfeitos provavelmente irão permanecer. Segundo Davis e

Newstron, “freqüentemente pode ser difícil substituir empregados que deixam a

organização, sendo os custos indiretos e diretos de recolocação elevados”2.

As duas últimas conseqüências apontadas dizem respeito à

assiduidade dos empregados, através do problema das faltas e atrasos. Uma análise

preliminar indica que empregados com menor satisfação no trabalho, tendem, a se ausentar

mais freqüentemente. Entretanto, a ligação nem sempre é tão direta, uma vez que algumas

faltas são causadas por motivos legítimos. “Parece também que empregados insatisfeitos

não planejam necessariamente faltar; entretanto, parecem responder com maior facilidade

às oportunidades de faze-lo”3.

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 180 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 181. 3 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 183.

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Os atrasos são um outro modo pelo qual os empregados

podem demonstrar seu grau de insatisfação no trabalho. Para Davis e Newstrom atrasos são

um tipo de absenteísmo de curta duração que representam uma outra maneira pela qual os

empregados desligam-se do envolvimento ativo na organização. Podem impedir o término

do trabalho na hora exata ou então comprometer os relacionamentos produtivos com

colegas. “Embora possa haver razões igualmente legítimas para chegadas em atraso, um

padrão de atraso é freqüentemente um sintoma de atitudes negativas que requer atenção da

administração”1.

O PAPEL DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL COMO INSTUMENTO PARA LEVANTAMENTO DOS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO NO TRABALHO

A alta administração e, principalmente a Administração de

Recursos Humanos, necessitam de informações claras e precisas a respeito dos níveis de

satisfação experimentados pelos empregados no trabalho, uma vez que são estes os

indicadores do clima predominante na organização. Além desse aspecto, o tipo de clima

caracterizado irá indicar a necessidade de ser tomar decisões tanto no sentido de prevenir

como no de resolver problemas eventualmente identificados. A Pesquisa de Clima

Organizacional reveste-se, portanto, de um caráter essencial,ente pragmático, sendo que

neste tópico serão discutidos os tipos de vantagens que a administração pode obter e as

condições dentro das quais um estudo sobre Clima Organizacional apresenta maiores

possibilidades de sucesso.

Os comentários deste tópico deverão permitir que seja

feita uma comparação entre as recomendações teóricas sobre os cuidados específicos na

realização deste tipo de estudo e os procedimentos práticos efetivamente adotados e

descritos como próximos ao ideal no capítulo “Metodologia da Pesquisa de Clima

Organizacional” e que representam a proposição de roteiro para realização deste tipo de

pesquisa em gestão de Recursos Humanos.

Uma pesquisa sobre Clima Organizacional é um

levantamento, realizado através de um processo amplo segundo o qual os empregados têm

a oportunidade de manifestar seus sentimentos de satisfação ou de insatisfação em relação

a seus cargos, ambiente de trabalho e outras variáveis de interesse da alta administração e

que contribuem igualmente para a formação do Clima Organizacional. As respostas

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 183.

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individuais obtidas são, então,combinadas e analisadas de modo a que seja possível extrair

subsídios seguros e precisos sobre os aspectos avaliados.

Conforme explicitam Davis e Newstrom “levantamentos

sobre Clima Organizacional podem produzir resultados positivos, negativos ou neutros.

Caso sejam devidamente planejados e gerenciados freqüentemente irão acarretar uma série

de vantagens importantes como as que se seguem”1.

a) SATISFAÇÃO GLOBAL NO TRABALHO – Uma das vantagens dos levantamentos é

que fornecem à administração um indicador dos níveis globais de satisfação dentro da

empresa. “Tais levantamentos indicam também temas específicos de satisfação ou

insatisfação (como por exemplo, “benefícios”), ou então grupos particulares de

funcionários com problemas (como por exemplo o departamento “X” ou empregado com

mais de 40 anos de idade)”2.

b) COMUNICAÇÃO – Uma das vantagens importantes obtidas é o tipo de comunicação

valiosa trazida pela pesquisa de satisfação no trabalho. Além disso, “a comunicação flui

em todas as direções, à medida que a pesquisa é planejada, realizada e seus resultados

discutidos”3.

c) MELHORA NAS ATITUDES – Uma outra vantagem, freqüentemente inesperada, é a

melhora nas atitudes. “Para alguns a pesquisa é uma válvula de escape, um alívio

emocional, uma chance de desabafar. Para outros, a pesquisa é uma expressão tangível do

interesse da administração pelo bem estar do empregado, fato que dá aos empregados

motivo para se sentirem melhor com relação à administração e com a empresa”4.

d) NECESSIDADES DE TREINAMENTO – Pesquisas sobre satisfação no trabalho são

também uma forma útil de determinar algumas necessidades de treinamento.

Habitualmente é dado aos empregados a oportunidade de informar o quanto sentem que

seus supervisores desempenham bem certas partes de seus cargos, tais como delegação de

trabalho e fornecimento de instruções adequadas para desenvolvimento das atividades.

“Uma vez que os empregados tenham vivenciado como age o supervisor, suas percepções

podem oferecer dados úteis sobre as necessidades de treinamento próprias e as de seus

chefes”5.

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 184. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 184. 3 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 185. 4 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 185. 5 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 185.

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e) PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE MUDANÇAS – Os gerentes e

supervisores atentos estão conscientes da necessidade de avaliar as reações dos

empregados em relação às mudanças mais significativas de políticas e programas vigentes.

“Pesquisas visando aperfeiçoamentos são úteis para identificar problemas que podem

surgir, comparando as respostas às várias alternativas e encorajando os administradores a

modificarem seus planos originais. Pesquisas de acompanhamento permitem ao

administrador avaliar a real resposta à mudança e estudar o seu sucesso ou fracasso”1.

CONDIÇÕES IDEAIS DE PESQUISA

Para Davis Newstrom as pesquisas de Clima

Organizacional apresentam maior probabilidade de gerar algumas das vantagens vistas

anteriormente, quando existem as condições a seguir identificadas:

- A alta administração apóia ativamente a pesquisa;

- Os empregados estão envolvidos no planejamento da pesquisa;

- Existe um objetivo claro na condução da pesquisa;

- O estudo é planejado e administrado de forma consistente com os padrões de pesquisas

significativas;

- A administração é capaz e deseja assumir o acompanhamento da ação; e

- Tanto os resultados como os planos de ação são comunicados aos empregados2.

PLANEJAMENTO DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

Em relação à Pesquisa de Clima Organizacional a fase de

planejamento reveste-se de aspectos específicos. Esforços adicionais nesta etapa são

desejáveis em função principalmente do aspecto comportamental envolvido e do tipo de

incerteza que o assunto pode causar. Dessa maneira, o cuidado com o planejamento de

cada etapa permite identificar melhor as dificuldades e resistências a fim de que se possa

ter maior certeza sobre a validade e a confiabilidade do estudo.

O produto fundamental desta fase deve ser a definição tão

precisa quanto possível de quais variáveis formadoras do Clima Organizacional serão

avaliadas. Clima Organizacional é um conceito que necessita ser operacionalizado antes de

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 186. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 186.

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ser mensurado, devido sua amplitude, complexidade e interface com o conceito de Cultura

Organizacional. Pressupõe um nível razoável de conhecimento do pesquisador sobre a

realidade organizacional para que seja possível construir um instrumento adequando.

Estes aspectos e cuidados ficarão mais claros na exposição

dos procedimentos adotados na execução de uma pesquisa deste tipo e que serviram de

base para o roteiro de elaboração e análise proposto neste trabalho. A seguir são

apresentadas as etapas básicas do planejamento de uma Pesquisa de Clima Organizacional

e que podem servir de base para comparação com aquelas integrantes do roteiro proposto.

Identificar motivo (s) da pesquisa

Obter envolvimento da administração

Desenvolver instrumento de pesquisa

Aplicar a pesquisa

Tabular os Resultados

Analisar os Resultados

Oferecer retorno aos participantes

Implementar o Plano de Ação1

FORMAS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

Estudos sobre Clima Organizacional tipicamente reúnem

informações sobre percepções compartilhadas através de questionários auto-preenchíveis

ou de entrevistas. Segundo Davis e Newstrom qualquer que seja o método utilizado,

especial cuidado deve ser dado à formulação das questões e à natureza da resposta

fornecida. Estes autores classificam as pesquisas de Clima Organizacional em pesquisas

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objetivas, ou seja aquelas que apresentam as questões e as alternativas de escolha de tam

modo que os mpregados simplesmente seleciona ou julgam e depois assinalam as respostas

que melhor representam seus próprios sentimentos. Outro tipo é representado pelas

pesquisas descritivas, aquelas que apresentam questões sobre uma variedade de tópicos,

permitindo aos empregados darem as respostas com suas próprias palavras2.

Para este trabalho é de especial interesse discutir

especificamente o papel do “questionário” como meio de avaliação objetiva do Clima

Organizacional. Tucker, McCoy e Evans apresentam requisitos para que estas abordagem

quantitativa possa ser utilizada como forma eficaz de avaliação não só do Clima, mas

também da Cultura Organizacional. Tais requisitos são:

a) O questionário dever ter sua concepção com base no pensamento daqueles que

realmente lideram, trabalham e gerenciam a organização;

b) Atender padrões psicométricos adequados em termos de consistência interna,

confiabilidade e validade de conteúdo;

c) Demonstrar validade discriminante em relação às dimensões independentes da

cultura, auxiliando mesmo o desenvolvimento deste processo altamente interativo;

d) Ser empiricamente sensível às dimensões lógicas da cultura que foram identificadas

pelos líderes e administradores;

e) Demonstrar validade convergente através do estabelecimento de relações com outras

formas de mensuração independentes; e

f) Ser de alguma utilidade para os líderes e administradores enquanto diagnóstico,

prevendo determinados aspectos do comportamento organizacional3.

Voltando-se às considerações de Davis e Newstrom, serão

agora analisadas com maior grau de detalhe as características básicas das pesquisas

objetivas, sendo que aquelas das descritivas serão vistas, mais resumidamente, a seguir.

PESQUISAS OBJETIVAS – Davis e Newstrom identificam vários tipos de pesquisas

objetivas, apontando que a marca registrada de cada um deles é o elevado grau de

estruturação das categorias de respostas. “Um exemplo bastante popular, o Index Of

Organizational Reactions utiliza-se de questões de múltipla escolha. Neste caso os

respondentes efetuam a leitura de todas as respostas para cada questão e então assinalam a

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 188. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 188. 3 TUCKER, R. W.; McCOY, W.J. e EVANS, L.C. “Can Questionnaires objectively assess organizational culture ? In: Innovative Organization Development Practices: Part II, pg. 6.

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resposta que mais se aproxima de seus próprios sentimentos. Outras pesquisas utilizam

questões com respostas do tipo “verdadeiro ou falso” ou “concordo – discordo”. O

amplamente utilizado Job Descriptive Index fornece aos respondentes um conjunto de

afirmativas (por exemplo, “meu trabalho é rotineiro”) e solicita que seja indicado como

estas descrevem a situação de trabalho, dentro das opções “sim”, “não”ou “?”(“não posso

decidir”)”1.

Meu grau de satisfação com meu salário (circule o

número):

Quanto existe agora? (min.) 1 2 3 4 5 (Max.)

Alguns pesquisadores do tema “Clima Organizacional”

têm demonstrado uma preocupação a respeito do significado exato que empregados

possam conferir aos números da escala de respostas. Assim sendo, instrumentos como por

exemplo o Minnesota Satisfaction Questionnaire fornecem descrições sumárias para cada

número da escala no sentido de melhor orientar os respondentes – 1 = não satisfeito, 2=

moderadamente satisfeito, 3= satisfeito, 4= muito satisfeito e 5= extremamente satisfeito.

O objetivo é auxiliar os empregados na seleção de suas respostas e ajudar a administração

na tarefa de interpretação dos resultados.

Para Davis e Newstrom, a principal vantagem das

pesquisas objetivas é que elas são fáceis de aplicar e de se analisar estatisticamente.

Grande parte da tabulação e da análise pode ser executada por computador, fato que

minimiza o uso do tempo de auxiliares de pesquisa, custos e erros, principalmente, quando

um grande número de empregados, participam do levantamento. “O principal defeito das

pesquisas objetivas é que a administração ou o consultor da pesquisa elaboram e escrevem

todas as questões, estruturando-as para serem apresentadas aos empregados, fato que pode

comprometer a expressão precisa de seus reais sentimentos. Em outras palavras, a

abordagem objetiva, na realidade, pode não garantir aos empregados a total oportunidade

de se expressarem”2.

PESQUISAS DESCRITIVAS – Em contraste com as pesquisas objetivas, as pesquisas

descritivas buscam respostas dos empregados através de suas próprias palavras. Esta

abordagem bem menos estruturada permite aos empregados expressarem seus sentimentos,

pensamentos e intenções de modo mais livre e intenso. Estes comentários pessoais podem

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 188. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 188.

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também servir como etapa preliminar de uma pesquisa objetiva na medida em que poderão

ser testados de maneira mais ampla, caso sejam transformados em afirmativas a serem

avaliadas por uma parcela maior ou, até mesmo, a totalidade de integrantes da organização.

Dentro ainda da abordagem descritiva, uma pesquisa que

utiliza a técnica de entrevistas pessoais como meio de levantamento de dados representa

um outro meio através do qual torna-se possível viabilizar a Pesquisa de Clima

Organizacional. Todavia, uma entrevista adequada exige considerável parcela de tempo,

com evidentes reflexos nos prazos e custos. Mesmo que via treinamento os entrevistadores

consigam cobrir o roteiro de forma análoga e consistente com todos os envolvidos na

pesquisa, o tempo necessário e a identificação dos respondentes mais facilitada são

aspectos que precisam ser considerados antes da adoção desta técnica em caráter

definitivo.

A PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL – Resumo dos Aspectos Críticos Finalizando este capítulo, é interessante também

apresentar as conclusões de Davis e Newstrom sobre a prática da Pesquisa de Clima

Organizacional. Para estes autores “os procedimentos para realização de pesquisas sobre

Satisfação no Trabalho e de Clima Organizacional são mais complexos do que parecem ser

à primeira vista. Pode parecer simples ir até os empregados, obter suas respostas e

interpreta-las, mas a experiência mostra que erros no planejamento da pesquisa podem

limitar seriamente a sua utilidade”1. Novamente introduzem questões relativas à validade e

à confiabilidade, chamando atenção para o fato de que estes são dois elementos que servem

de espinha dorsal para qualquer estudo eficaz. Confiabilidade aparece definida como a

capacidade de um estudo produzir resultados consistentes, independentemente d que o

aplica. Havendo confiabilidade do instrumento, é possível saber que qualquer diferença

encontrada entre dois grupos é real, não sendo produto de questões ambíguas ou de

variações nos procedimentos de aplicação.

A validade diz respeito ao fato de que Pesquisas de Clima

Organizacional devem medir exatamente aquilo que se propõem medir. Para Davis e

Newstrom é necessário melhorar tanto a validade, quanto a confiabilidade das medidas de

satisfação no trabalho e de Clima Organizacional. Para estes autores, esta tarefa fica

facilitada quando se adota a abordagem objetiva para a condução de estudos desta

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 190.

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natureza. Nesta linha, apontam ainda outros cuidados no sentido de aumentar a validade e a

confiabilidade das pesquisas de Clima Organizacional. Estes aspectos dizem respeito a:

- Participação voluntária ou obrigatória;

- Amplitude de consulta, envolvendo um amostra ou toda a população;

- Anonimato das respostas;

- Sigilo no momento da devolução das informações;

- Comparação com estudos anteriores;

- Responsabilidade pelo planejamento e realização, contando-se ou não com auxilio

de equipe de consultoria externa;

- Fixação de prazo para devolução dos questionários;

- Instrumento/questionário a ser utilizado adaptado ou não às características da

empresa; e

- Processo de feedback dos resultados aos respondentes.

Estes cuidados permitem caracterizar as dimensões críticas

que surgem dentro do processo de elaboração de um estudo como a Pesquisa de Clima

Organizacional. Conforme indicado, especial atenção deve ser dada à seleção da amostra,

manutenção do anonimato dos empregados, uso de normas de interpretação de dados,

participação voluntária dos empregados e outros fatores. É possível garantir-se taxas de

respostas elevadas através da solicitação de preenchimento em curto período de t4mpo ou

então pelo envolvimento dos participantes desde o início da pesquisa. As instruções

incluídas e a divulgação da realização da pesquisa devem enfatizar que é absolutamente

normal existir tanto a satisfação quanto a insatisfação com os itens avaliados, evitando-se,

assim, tendências de respostas socialmente desejáveis ou ideais.

Embora não seja objetivo deste trabalho tratar de todos os

detalhes e armadilhas a que estão sujeitos os procedimentos deste tipo de pesquisa, o

roteiro sugerido e apresentado a partir do próximo capítulo toma por base experiências de

sucesso e que servem de apoio à padronização proposta. Entretanto, o padrão metodológico

delineado deve ser visto como uma meta a ser perseguida dentro das especificidades de

cada organização na visão do autor, a maior contribuição do referido roteiro acha-se ligada

a seqüência de análise sugerida, seqüência esta direcionada para a viabilização de um uso

mais adequado da Pesquisa de Clima Organizacional.

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OS RESULTADOS DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL Uma vez concluída a Pesquisa de Clima Organizacional, a

questão remanescente diz respeito não só ao significado de todo o processo para

organização e as pessoas envolvidas, mas também às medidas práticas que serão

implantadas como programa de ação. Apesar da coleta e análise deste tipo de informações

serem essencialmente desafios técnicos, a interpretação e uso dos resultados requerem

julgamento gerencial habilidoso. “É o passo final e muito importante dentro da pesquisa de

Clima Organizacional, já que quando ações adequadas são empreendidas os resultados

podem ser excelentes”1.

Davis e Newstrom consideram que o primeiro passo para

utilização das informações sobre satisfação no trabalho é comunicar os resultados a todos

os gerentes para que estes possam não só compreende-los, mas também utiliza-los. “Os

gerentes serão aqueles que deverão fazer quaisquer mudanças sugeridas pelos resultados.

Para tanto, querem ver as evidências para fazerem seus próprios julgamentos. As

recomendações dos especialistas em Clima Organizacional e Satisfação no Trabalho

podem ajudar, mas é a Alta Administração quem deve tomar as decisões finais”2.

Davis e Newstrom com muita propriedade lembram,

finalmente, que se os funcionários cooperam, declarando seus sentimentos, a administração

precisa tentar corrigir as principais distorções identificadas e/ou por em prática alguns dos

aperfeiçoamentos sugeridos. “Um modo garantido de bloquear manifestação futuras de

opiniões de empregados é deixar de tomar decisões baseadas em opiniões já fornecidas.

Deve ser lembrado que foi a Administração que solicitou aos funcionários suas idéias, de

modo que estes funcionários acham-se plenamente justificados ao esperarem que algo seja

feito, pelo menos em relação a algumas delas”3.

Conforme observado logo no início deste capítulo, estas

considerações apresentam um caráter tanto teórico quanto ideal em relação ao

planejamento, execução e análise da Pesquisa de Clima Organizacional. A seguir será

apresentado o roteiro objeto do presente trabalho, roteiro este que procura levar em

consideração a maior parte dos aspectos levantados, conciliando-os com dificuldades de

ordem prática. O roteiro proposto contempla o planejamento, a execução e, principalmente,

a análise de uma pesquisa versando sobre Clima Organizacional.

1 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 191. 2 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 192. 3 DAVIS & NEWSTROM, Op. Cit. pg. 194.

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PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: METODOLOGIA DE REALIZAÇÃO

Este tópico do presente trabalho tem como objetivo

principal identificar claramente as recomendações para realização e análise dos resultados

de uma pesquisa de Clima Organizacional, a partir da experiência vivenciada em um caso

prático e que serviu de base para teste da rotina aqui apresentada como sugestão.

A organização na qual a metodologia foi aplicada não será

aqui identificada, registrando-se apenas que trata-se de empresa com cerca de 3.000

empregados, de origem multinacional, com unidades em São Paulo e Santa Catarina,

atuando no ramo de produção de papel e papelão para embalagens industriais.

A decisão de realização de uma Pesquisa de Clima

Organizacional nesta empresa partiu de iniciativa da própria área de Recursos Humanos,

através de solicitação do Gerente Geral de RH. Esta posição acabara de ser criada junto à

Diretoria da empresa e o responsável considerou essencial subsídios a respeito dos

possíveis focos de insatisfação dentro da empresa como ponto de partida para elaboração

de um Plano de Ação para a Gerência de Recursos Humanos que fosse não só eficiente,

mas também eficaz. A abordagem delineada para o trabalho visava o conhecimento da

situação vigente no ambiente organizacional para definição do próprio papel que a área de

RH deveria desempenhar.

INDRODUÇÃO

Os procedimentos a seguir descritos visam delinear um

roteiro que apresente caráter próximo ao ideal para se levar a efeito uma Pesquisa de Clima

Organizacional quando a situação envolve uma consulta em larga escala. Na verdade, caso

sejam obedecidos, representam uma forma de se contornar as limitações costumeiramente

apontadas em relação à técnica do questionário como meio de se avaliar o Clima e/ou a

Cultura Organizacionais. Em recente trabalho, Tucker et alli discute o papel do

questionário dentro de um contexto ainda mais amplo e complexo, tentando caracterizar

esta técnica como uma abordagem válida para avaliação não do clima mas sim da própria

Cultura Organizacional. Estes autores consideram esta técnica adequada não só para

identificar e conceituar dimensões culturais de grande interesse, mas também como meio

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objetivo o suficiente para permitir inclusive comparações ente diferentes organizações e ao

longo do tempo. Acreditam que a fidelidade comportamental representa uma questão

crucial e que esta pode ser traduzida pela identificação das percepções compartilhadas

entre os membros de uma organização. O questionário é considerado pôr estes

pesquisadores como uma ferramenta capaz de explorar as percepções que são “salientes” e,

portanto, importantes para sedimentar o sentimento de afiliação de cada um.

Segundo Tucker et alli, deve-se procurar garantir as

seguintes condições1 para que o questionário possa avaliar a Cultura e o Clima das

organizações:

a) Ter origem no consciente coletivo daqueles que realmente lidera, gerenciam e

trabalham nas organizações;

b) Atender padrões adequados de consistência interna, confiabilidade e validade de

conceito;

c) Demonstrar validade discriminante entre os diferentes indicadores adotados;

d) Ser sensível empiricamente às dimensões lógicas identificados pelos membros da

organização; e

e) Fornecer subsídios para a previsão de certos aspectos do comportamento

organizacional, principalmente para os grupos ocupacionais de mais alto nível e,

portanto, mais próximos dos conceitos de Clima e Cultura Organizacionais.

A Diretoria da empresa que servirá de base para o presente

proposta de roteiro resolveu optar exatamente pela consulta a toda a população de chefia

existente na organização naquele momento (cerca de 180 ocupantes), inviabilizando, assim

a técnica de entrevista individual, em função não só do número de pessoas a serem

consultadas mas também da variável tempo disponível para execução da pesquisa.

O desafio passou a ser então representado pela definição

de um instrumento para a coleta dos dados desejados e planejar a execução da Pesquisa de

Clima, de modo a se obter resultados com a qualidade semelhante àquela que seria gerada

pela utilização da técnica de entrevista pessoal, procurando-se também garantir os aspectos

apontados na parte teórica como essenciais durante a concepção do instrumento e

realização da pesquisa.

1 TUCKER, R.W. et alli – Op. Cit. – pg. 10.

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As etapas a seguir identificadas caracterizam a sugestão

dos roteiros de planejamento e de execução da pesquisa, sendo que todas foram testadas na

situação prática do caso ilustrativo.

FASE DE PLANEJAMENTO: ETAPAS 1. DEFINIÇÃO DOS INDICADORES DO CLIMA ORGANIZACIONAL

Esta fase deve garantir a discussão junto à área de

Recursos Humanos e Diretoria da empresa a respeito das variáveis formadoras do Clima

Organizacional a respeito das variáveis formadores do Cima Organizacional que serão

consideradas, visando não só caracterização e melhor definição das mesmas, mas também

a inclusão de itens ligados a um direcionamento mais adequado das próprias atividades de

gestão de Recursos Humanos. Clima Organizacional é um conceito complexo exatamente

por incluir variadas dimensões que vão desde a filosofia de gestão vigente na empresa, até

condições ambientais de trabalho, sendo, portanto, necessário explicitar precisamente

aquilo que interessa e é importante ser avaliado. Entretanto, esta primeira etapa permite

somente uma percepção inicial das dimensões relevantes do Clima Organizacional e que,

portanto, precisam ser avaliadas.

O delineamento final das variáreis formadoras do Clima

Organizacional e que serão depois transformados em indicadores a serem incluídos na

versão definitiva do questionário, deverá ser obtido através de uma segunda série de

entrevistas realizadas junto a uma amostra de ocupantes dos cargos que participarão da

consulta. No caso do exemplo ilustrativo, foram consultados adicionalmente ocupantes de

cargos de chefia de diferentes níveis hierárquicos, indicados pela área de Recursos

Humanos, de maneira a garantir a representatividade das diversas áreas existentes na

empresa. Estas entrevistas foram realizadas durante o mês de julho de 199 e tiveram como

tema central a percepção sobre pontos fortes da empresa, características gerais da filosofia

de administração, processo de comunicação e grau de envolvimento com a empresa e que

representavam os indicadores básicos da identidade percebida da organização e de seu

ambiente interno. Além desses aspectos foi também questionado o tipo de relacionamento

existente entre chefes, subordinados e diferentes áreas funcionais na situação real de

trabalho.

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O resultado desta entrevista teve um papel fundamental

para a criação e adaptação de indicadores de Clima Organizacional já conhecidos às

características específicas da empresa, na medida em que várias frases verbalizadas nesta

fase puderam ser integralmente aproveitadas como frases do próprio instrumento final

utilizado na pesquisa.

2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA COMPLEMENTAR

No caso do exemplo ilustrativo, além da consulta a outros

instrumentos de levantamento de Clima Organizacional, foi realizada também uma ampla

consulta a outros instrumentos de pesquisa de mesma natureza, principalmente aqueles

contidos no “Survey Item Bank”, elaborado e publicado pela British Telecom – Inglaterra

(1986), visando coletar material que subsidiasse a escolha definitiva dos indicadores das

diferentes variáveis formadoras do Clima Organizacional consideradas.

Uma etapa deste tipo revela-se importante no processo de

elaboração da Pesquisa de Clima Organizacional basicamente por duas razões. Em

primeiro lugar, o principal problema que permeia a própria elaboração do instrumento

definitivo que será utilizado é a operacionalização das diferentes variáveis formadoras do

Clima. Clima Organizacional é também um construto produto de outros sub-construtos. A

experiência contida em outros instrumentos pode ser de grande ajuda nesta tarefa de

criação dos indicadores, principalmente por caracterizar exemplos já validados. Além

disso, é recomendável também incluir-se um número expressivo de possíveis indicadores

de cada variável, uma vez que os melhores indicadores somente poderão ser detectados

após a realização do estudo. O apoio para que os decisores possam perceber a significância

daquilo que se está pretend3endo incluir no instrumento final ficará facilitado caso exista a

possibilidade de acesso a um elenco de indicadores que, em algum grau, já foram testados

em situações empíricas.

Nesta etapa apresentou como resultado a caracterização de

um outro banco de3 dados, obtido a partir da seleção, tradução e adaptação de cerca de 350

frases. Este banco acabou por reunir uma ampla gama de exemplos indicadores que podem

ser úteis como ponto de partida de realização de uma Pesquisa de Clima Organizacional.

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3. CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES

O elenco de indicadores levantados dever em seguida ser

classificado preliminarmente dentro de cada uma das respectivas dimensões que pretendem

retratar de modo que a tarefa de análise por parte dos decisores na empresa fique facilitada.

4. ESCOLHA DOS INDICADORES

Esta etapa dever ser realizada junto à área de Recursos

Humanos e principais decisores/executivos da organização, uma vez que estas pessoas

acham-se em posição de avaliar se o sentido que está sendo obtido em cada elenco de

indicadores corresponde àquele da intenção inicial. No caso da pesquisa que serviu de base

para o presente roteiro esta etapa resultou na identificação de cerca de 70 frases relativas à

17 variáveis e que foram consideradas aquelas formadoras do Clima Organizacional. Estas

frases definiram a composição inicial do questionário usado no levantamento.

Para facilitar esta escolha recomenda-se apresentar aos

decisores os diferentes indicadores devidamente agrupados em suas categorias. Entretanto,

na montagem da versão definitiva do questionário os indicadores efetivamente escolhidos

devem ser necessariamente “misturados” como forma de evitar vieses de julgamento dos

respondentes.

5. INCLUSÃO DE INDICADORES ADICIONAIS

A realização desta etapa apresenta uma vantagem

adicional relacionada á confiabilidade e validade da Pesquisa de Clima Organizacional.

Conforme já observado anteriormente, tanto o conceito de Clima Organizacional, quanto o

de cada uma das variáveis formadoras deste Clima são abstrações a serem delineadas.

Assim sendo, obter-se uma certeza a priori de que cada conceito está sendo correta e

verdadeiramente avaliado é tarefa praticamente impossível.

Como alternativa para contornar este tipo de problema

inerente à realização da Pesquisa de Clima Organizacional e aumentar-se a qualidade

técnica ca mesma, é válido recomenda-se a inclusão de mais alguns indicadores dentro de

cada variável além daqueles selecionados e/ou criados especialmente para atender

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particularidades do próprio Clima Organizacional da empresa na qual se realiza o

levantamento. Não deve haver limitação para este processo de inclusão, uma vez que o

eventual execesso poderá ser detectado e eliminado durante a fase de análise dos

resultados. No exemplo çque serve de base ao roteiro foram incluídos 31 indicadores

(frases) adicionais, totalizando 101 frases para composição do instrumento a ser submetido

a pré-teste.

FASE DE EXECUÇÃO: ETAPAS

1. CARTA DE APRESENTAÇÃO

Um dos problemas gerados durante a realização da

Pesquisa de Clima Organizacional, principalmente quando esta é levada a efeito pela

primeira vez na organização, é a insegurança associada ao tema. A Pesquisa de Clima

Organizacional é uma pesquisa de opinião, sendo fundamental que aqueles que foram

chamados a externar esta opiniões tenham confiança e sintam que há o compromisso por

parte da Alta Administração não só de respeitar estas opiniões, mas também de empreender

ações a partir das mesmas. Caso contrário poderá haver dúvidas e questionamentos

posteriores a respeito da sinceridade dos julgamentos emitidos.

Uma maneira de prover uma resposta ainda que parcial

para este problema nesta altura do planejamento do trabalho é, além de não identificar o

respondente no questionário, deixar a participação no estudo revestida de um caráter

voluntário e elaborar uma carta de apresentação, contendo os objetivos, propósitos e

feedback que será fornecido aos que participaram do estudo. A seguir encontra-se um

modelo utilizado com esta finalidade e que no caso exemplo ilustrativo foi assinado pelo

Diretor Presidente da empresa e o Gerente Geral de Recursos Humanos, enquanto área

responsável por toda a execução da consulta.

Neste documento é também importante deixar claro o

prazo para devolução do questionário preenchido e a existência de um “plantão de

dúvidas” para resolução de eventuais questões dos respondentes e/ou fornecimento de

esclarecimentos adicionais. No caso do exemplo ilustrativo este plantão foi acionado

poucas vezes em função do grau de clareza e objetividade obtidas na versão final do

instrumento de coleta de informações.

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2. ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS INDICADORES DO CLIMA

ORGANIZACIONAL

Esta etapa representa uma das grandes inquietações dos

pesquisadores durante o processo de concepção do questionário a ser utilizado.

Infelizmente não há um consenso sobre esta que é uma das questões fundamentais quando

uma decisão relativa ao número de pontos a ser adotado na escala de mensuração dos

diferentes indicadores dever ser tomada. Pesquisas de Clima Organizacional através de

questionários utilizam-se comumente de escalas genericamente denominadas de “Escalas

Likert”. Este tipo de escala prevê 5 ou 7 diferentes pontos dentro de um mesmo intervalo,

estando defindo de modo preciso somente os extremos inferior e superior.

Quando consultas são feitas aos estatísticos no sentido de

se identificar o tipo ideal de escala, a discussão freqüentemente recai sobre dois itens. O

primeiro diz respeito à adoção de um número par ou ímpar de intervalos (pontos) na escala

como alternativa para tratamento do problema da tendência central na mensuração e o

segundo sobre a existência de um campo específico para respostas do tipo “Não sei”.

Apesar do interesse do autor, até o momento não foi fornecida pelos especialista em

Estatística uma resposta adequada para esta questão, sendo estas limitações com as quais a

técnica do questionário precisa conviver.

A opção feita, conforme pode ser observado pelo tipo de

escala adotado. Ela tenta conciliar pontos fortes e fracos, dos diferentes tipos de escala

existentes, através da caracterização precisa de duas regiões, uma de “concordância” e

outra de “discordância”. Não deve ser dada de início uma abertura para não se responder a

uma determinada questão, uma vez que os temas consultados freqüentemente não só são de

conhecimento da grande maioria dos participantes, mas também improváveis de não se Ter

em relação aos mesmo, algum tipo de opinião.

3. INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO E

AGRUPAMENTO DOS RESPONDENTES

Esta fase envolve a definição de orientações precisas e por

escrito aos participantes da pesquisa sobre a forma de preenchimento e registro das

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opiniões no sentido de se evitar um volume considerável de dúvidas a serem resolvidas

pelo plantão.

Além disso, é importante também incluir possíveis

parâmetros gerais que poderão ser explicativos de diferenças de opinião entre os

respondentes, fatores estes relacionados, por exemplo, à idade, tempo de casa, tempo no

cargo, sexo, nível hierárquico, nível de escolaridade, área de atuação, etc. A inclusão

destes fatores relativos à características individuais dos respondentes não visa identificar

pessoalmente cada um deles, servindo tão somente para direcionar um possível

agrupamento de respostas durante a fase de análise dos resultados finais, auxiliando a

identificação e a interpretação das principais tendências de resposta. A seguir acha-se

apresentado o modelo de instruções utilizado no caso ilustrativo deste roteiro e que

revelou-se bastante eficiente, uma vez que, conforme mencionado anteriormente, foi

mínima a consulta ao plantão de dúvidas.

INSTRUÇÕES

PERCEPÇÃO SOBRE CARACTERÍSTICAS DO CLIMA ORGANIZACIONAL DA

EMPRESA

A seguir você encontrará um elenco de frases que visam

identificar a percepção dos ocupantes de cargos de chefia sobre aspectos do CLIMA

ORGANIZACIONAL vigente na EMPRESA.

Este elenco inclui afirmações relativas tanto às políticas e

práticas de Recursos Humanos (RH), como a temas específicos tais como identificação

com a organização, relacionamento e ambiente de trabalho, perspectivas de

desenvolvimento profissional, chefias, envolvimento no trabalho, etc.

O interesse básico é avaliar sua percepção sobre o que

você acha que caracteriza os itens atualmente na EMPRESA e não como eles deveriam ser.

Deixe sempre seu sentimento guiar suas respostas e, por favor, certifique-se de responder a

todos os quesitos formulados. Escolha o número do valor da escala que melhor se adaptar a

seu julgamento e indique-o no espaço correspondente dentro de cada quadradinho à

esquerda de cada frase do questionário.

ESCALA

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1 2 3 4 5 6

Discordo Discordo Concordo Concordo Muito

Muito

EXEMPLO

A) 2 Gosto do clima desta cidade (caso discorde da frase)

B) 4 Gosto do clima desta cidade (caso concorde com a frase)

Esta pesquisa não é um teste. Não existem resposta certas

ou erradas para as perguntas do questionário. Baseado em suas experiências, dê sua opnião

pessoal e sincera sobre os temas que estão sendo pesquisados.

NÃO ASSINE SEU NOME. As únicas informações pessoais necessárias estão contidas

nas páginas seguintes e visam apenas possibilitar a combinação de respostas para áreas ou

grupos semelhantes de funcionários.

4. PRÉ-TESTE DO QUESTIONÁRIO

Esta fase deve ser realizada envolvendo no mínimo 5% da

população de cargos de chefia, procurando-se garantir a presença dos diferentes níveis

hierárquicos. Uma prática também recomendável para escolha dos respondentes para efeito

de pré-teste é incluir aqueles que foram consultados durante a etapa de identificação dos

indicadores básicos do Clima Organizacional. É possível obter-se, através deste

procedimento, um efeito multiplicador no sentido da confirmação da seriedade de

propósitos, uma vez que os entrevistados poderão efetivamente perceber que os aspectos

por eles mencionados nas entrevistas acabaram sendo levados em consideração na

concepção final do instrumento de levantamento das informações.

O pré-teste deve também ser complementado pela

realização de entrevistas de controle junto aos participantes, a fim de identificar tempo e

dificuldades no preenchimento, bem como eventuais problemas de entendimento das

instruções e compreensão dos indicadores incluídos.

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5. EDIÇÃO DA VERSÃO FINAL DO QUESTIONÁRIO

Após o pré-teste todas as sugestões foram devidamente

incorporadas, resultando na versão final do questionário que foi distribuída a todos os

ocupantes de cargos de chefia.

6. DISTRIBUIÇÃO E APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

Nesta etapa o aspecto crucial é desenvolver mecanismos

de comunicação com o grupo-alvo e que permitam uma compreensão clara da própria

natureza do levantamento que está sendo realizado. A distribuição dos questionários dever

ser feita pessoalmente em reuniões específicas para tal finalidade ou então, como no caso

ilustrativo deste roteiro através de uma atividade de treinamento. A opção por esta Segunda

alternativa foi possível uma vez que na mesma oportunidade estava sendo realizado um

programa de desenvolvimento gerencial, cujo tema estava ligado ao tipo de pesquisa em

questão. A pesquisa foi então realizada em conjunto com um Seminário interno sob o título

“Motivação: Eficiência e Eficácia” no qual o conceito de Motivação para o Trabalho era

extensamente discutido, procurando-se, entre outros aspectos, caracterizar a diferença entre

Motivação e Satisfação no Trabalho. A natureza de todas as políticas de gestão de

Recursos Humanos era também comentada, procurando-se mostrar o papel de retaguarda

que as mesmas exercem em relação ao tema Motivação. Dessa forma criou-se um espaço

que em determinado momento do Seminário era aberto formalmente para a explicação do

tipo de levantamento que estava sendo realizado, aproveitando-se para efetuar a entrega do

questionário para cada participante que, a partir daquele instante, estava automaticamente

convidado a participar também do estudo.

Além de se reforçar a distinção entre Satisfação e

Motivação no Trabalho, foram fornecidas também as mesmas explicações para os

diferentes grupos (12) (em torno de 18 participantes) a respeito dos cuidados a serem

observados no preenchimento do Questionário. A forma de encaminhamento do mesmo

para o consultor encarregado da tabulação e análise (lacrados em envelope) foi igualmente

esclarecida. Especial ênfase foi dada também ao papel da Pesquisa de Clima

Organizacional como instrumento de uma gestão de Recursos Humanos de qualidade e ao

fato de ser normal a pesquisa registrar níveis de satisfação e de insatisfação para os

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indicadores incluídos. O interesse estava exatamente em identificar focos de insatisfação,

com o objetivo de priorizar as ações de Recursos Humanos que seriam empreendidas.

Neste sentido, a forma de distribuição adotada revelou-se eficaz, conforme comprovado

pelo alto índice de retorno obtido na etapa de devolução dos questionários.

1. DEFINIÇÃO DO PLANO DE ANÁLISE

Esta etapa diz respeito à reunião dos diferentes indicadores

(frases) que foram propositalmente misturados no questionário dentro das variáveis que

cada um efetivamente representa. Este agrupamento dos 101 indicadores configura as 17

variáveis que se desejava avaliar no planejamento inicial da pesquisa. Estas variáveis

foram obtidas pela somatória das respostas dadas ao conjunto de questões pertinentes.

2. RETORNO DOS QUESTIONÁRIOS

Apesar de ser recomendável a concessão de um prazo para

o encaminhamento da resposta dos questionários, torna-se importante definir

procedimentos de controle, caso tal prazo comece a ser extrapolado.

PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: METODOLOGIA DE ANÁLISE

INTRODUÇÃO

Este tópico identifica os diferentes tipos de análise que

devem ser realizadas de maneira a permitir uma maximização dos subsídios que podem ser

gerados pela Pesquisa de Clima Organizacional, considerando-se a filosofia e a técnica de

levantamento dos dados utilizadas no exemplo ilustrativo.

O roteiro elaborado tem caráter seqüencial, ou seja,

representa diferentes etapas que têm por objetivo gerar resultados confiáveis a respeito das

percepções dos integrantes da organização onde os diferentes temas foram investigados.

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Na verdade, o roteiro aqui não foi exatamente obedecido

durante a fase de elaboração do relatório final da Pesquisa de Clima Organizacional para a

empresa na qual o trabalho foi realizado.

Entretanto, muitos procedimentos que naquele momento

foram adotados acabaram por ser incorporados no Roteiro de Análise.

O ponto a ser ressaltado, todavia, é que foi a partir das

dificuldades e dúvidas identificadas neste período fase que delineou-se a própria idéia de

tema para o presente trabalho, tendo sido feita a opção pelo desafio de se tentar chegar à

definição de um procedimento que pudesse ser generalizado e aproveitado por outros

profissionais e pesquisadores interessados pela execução de trabalhos desta natureza.

Cada etapa de análise descrita dentro do Roteiro aqui

apresentado como ideal foi testada através da utilização dos dados colhidos na empresa,

tomando-se esta situação como um estudo piloto. As imperfeições detectadas receberam

tratamento no sentido de serem minimizadas e, quando necessário, toda a etapa foi refeita.

Novos passos foram também incluídos por representarem aperfeiçoamentos em relação às

análises preliminarmente elaboradas.

Cada etapa do Roteiro de Análise e respectivos

procedimentos de análise adotados acham-se a seguir apresentados e descritos, tendo sido

também incluídos os resultados obtidos em cada um como forma não só de ilustrar o efeito

da aplicação dos procedimentos, mas também de se perceber os ganhos em termos de

poder de explicação dos fenômenos observados.

Cada tipo de saída gerada é acompanhado por comentários

de caráter mais global, procurando-se identificar as principais tendências e conclusões de

cada uma.

FASE DE ANÁLISE: ETAPAS

1. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS

A. Variáveis Demográficas

Dentro da Pesquisa de Clima Organizacional é importante que se tenha uma clareza do

perfil do grupo ocupacional consultado, principalmente quando todos os integrantes

deste grupo acham-se, a princípio e por definição, convidados/envolvidos no processo

de consulta que está par ser desencadeado. Esta caraterização pode auxiliar bastante a

tarefa de interpretação dos resultados, fornecendo explicações adicionais sobre o

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comportamento registrado para determinadas dimensões mensuradas. Por exemplo,

freqüentemente pesquisas desta natureza indicam ser o parâmetro “tempo de empresa”

um fator responsável por diferenças significativas de percepção dos respondentes, uma

vez que vários outros estudos realizados constatam que quanto maior o tempo na

empresa maior a tendência do funcionário perceber mais favoravelmente as diferentes

dimensões quase sempre avaliadas na Pesquisa de Clima Organizacional.

Entretanto, a determinação de intervalos para cada parâmetro considerado irá depender

do próprio comportamento de cada um deles, sendo o primeiro passo uma descrição

ainda que resumida da distribuição de cada um deles. Esta fase pode indicar também,

em função de eventuais concentrações detectadas, se há validade em considera-se o

parâmetro criado como critério efetivo de diferenciação da população consultada.

Em termos de parâmetros a serem considerados, os itens “Escolaridade”, “Área de

Formação”, “Nível Hierárquico”, “Área de Atuação”, “Tempo de Casa” e “Tempo no

Cargo” são aqueles que apresentam uma maior probabilidade de apresentarem algum

poder de explicação extra das variáveis incluídas na Pesquisa de Clima Organizacional.

Nesta etapa de explicitação de tendências estes parâmetros é necessário identificar-se o

comportamento de cada um, visando iniciar a percepção daquilo que pode ser

considerado como graus alto e baixo em relação a cada um, bem como eventuais

lacunas dentro de categorias preliminarmente determinadas.

Assim sendo, as categorias mais freqüentes devem ser claramente identificadas e

informadas as medidas de dispersão estatística “Média” e “Desvio-Padrão”. A partir

destes indicadores preliminares do comportamento de cada parâmetro do estudo podem

ser fixados intervalos ou limites para orientação de etapas futuras dentro do processo

de análise, principalmente no que se refere à definição de níveis altos e baixos em

relação a cada parâmetro.

2. IDENTIFICAÇÃO DOS INDICADORES-CHAVE

INTRODUÇÃO

B. Variáveis do Clima Organizacional Mensurados Nesta etapa do processo de análise o interesse acha-se ligado à identificação das

tendências principais tanto ao nível de cada questão/indicador isoladamente

considerado, quanto às variáveis que podem ser geradas a partir da reunião dos

respectivos indicadores/questões. É através destas análises que poderá ser verificado

qual o tipo de atitude básico em relação ao que foi mensurado, identificando-se se há

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favorabilidade ou desfavoabilidade de percepção. Haverá favorabilidade caso seja

possível associar uma tendência nítida de satisfação para os diferentes itens, enquanto

que haverá desfavorabilidade, caso esta mesma tendência seja de insatisfação.

Para os indicadores do Clima Organizacional a direção da tendência deverá ser

determinada a partir da distribuição de freqüências tanto das questões/indicadores

isolados, quanto das variáveis globalmente obtidas. É importante observar que a escala

utilizada para mensuração das atitudes é do tipo intervalar. Neste caso, a escala indica

distâncias entre pontos, sendo, portanto, aplicáveis as estatísticas paramétricas tais

como média aritmética, desvio-padrão, correlação, testes de hipótese, etc.

Após a identificação do comportamento de cada questão/indicador, recomenda-se

iniciar uma análise que procura aproveitar a flexibilidade fornecida pela escala adotada.

Conforme explicitado na parte teórica, a Pesquisa de Clima Organizacional procura

avaliar atitudes dos empregados, através de suas opiniões em relação aos diversos

aspectos considerados importantes. Os intervalos definidos na escala adotada

caracterizam duas regiões básicas, uma de CONCORDÂNCIA e outra de

DISCORDÂNCIA. A tendência de percepção do indicador será dada, então pela

reunião às respostas dadas nas escalas de cada região e que permitirão a existência de

satisfação ou de insatisfação em relação ao que foi mensurado.

O objetivo básico deste tipo de análise é, conforme observado, permitir a identificação

de três categorias fundamentais de tendência, ou seja, questões em relação às quais é

possível caracterizar nítida satisfação (região de concordância mais significante), nítida

insatisfação (região de discordância mais significante) e outra onde não é possível

caracterizar qualquer tipo de maioria, havendo quase um empate entre as opiniões

apuradas.

Os resultados mostram que a linha de ação mais imediata para a área de Recursos

Humanos da Empresa é rever e/ou implantar os planos de benefícios e salários para

chefia, bem como definir critérios de avaliação de desempenho mais adequados para

este grupo de empregados.

Com o objetivo de auxiliar a identificação da tendência de comportamento dos

diferentes indicadores (questões) dentro de cada variável, recomenda-se a seguir

elaborar também um outro resumo baseado nas freqüências de maneira a ilustrar a

distribuição de respostas de cada questão por variável gerada.

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Esta etapa do roteiro proposto para análise da Pesquisa de Clima Organizacional tem por

objetivo identificar as questões que podem ser classificadas como mais discriminatórias

das dimensões mensuradas, ou seja, aquelas que no julgamento das pessoas consultdas se

apresentam como mais sensíveis para captar as referidas dimensões. Através da mesma é

possível eliminar-se, portanto, aquelas com baixo poder discriminatório em termos de

percepção.

Conforme observado nos aspectos teóricos sobre a metodologia de elaboração deste tipo de

pesquisa, as dimensões de interesse representam construtos complexos e de difícil

definição. Devido a este problema, inerente a qualquer Pesquisa de Clima através da

técnica do questionário, a prática que freqüentemente é adotada e até mesmo amplamente

recomendada direciona-se no sentido de inclusão do maior número de indicadores

possíveis da dimensão correspondente, como forma de se garantir a certeza de mensurar

corretamente a própria dimensão considerada.

Se esta abordagem é adequada para tratamento das diferentes dimensões durante a fase de

concepção da Pesquisa de Clima, na fase de análise o problema com o qual o pesquisador

terá que lidar passará a ser o volume elevado de possibilidades de análise, gerado

exatamente pelo eventual excessivo número de questões incluídas na pesquisa. Além disso,

apesar dos recursos computacionais hoje à disposição, este número excessivo de questões

acaba atrasando o próprio processo de interpretação dos resultados e de tomada de decisão

em relação àquelas dimensões mais comprometidas. Adicionalmente, caso a fase de análise

se estenda também por um prazo relativamente longo, diminuirão as garantias de que

alguma mudança não ocorra em relação às dimensões do Clima Organizacional avaliadas,

já que as atitudes podem e devem variar com a passagem do tempo.

Como forma de contornar esta limitação metodológica e aumentar a rapidez dos

procedimentos de análise, direcionando-o para os aspectos mais relevantes, duas

possibilidades se apresentam. A primeira estratégia seria voltar todo o processo de

identificação e análise dos resultados para as questões que apresentaram uma nítida

tendência de discordância, indicando, portanto, elementos de insatisfação mais elevada.

3. IDENTIFICAÇÃO DO EFEITO DE PARÂMETROS

INTRODUÇÃO

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Esta etapa tem por objetivo identificar a possível influência dos diferentes parâmetros que

costumam ser incluídos em estudos de natureza similar àquela da Pesquisa de Clima

Organizacional sobre o comportamento das dimensões avaliadas. A preocupação é obter

maiores explicações a respeito dos possíveis efeitos de características dos próprios

respondentes em suas percepções em relação ao que foi avaliado, verificando se tais

características são capazes de fornecer explicações adicionais sobre os níveis de satisfação

ou de insatisfação detectados.

Esta linha de análise, de utilidades considerável para o planejamento de intervenções

eficazes, apresenta duas possibilidades de execução. A primeira considera as dimensões

avaliadas através de cada uma das respectivas questões, tomadas isoladamente e somente

para aquelas que se revelaram na etapa de nº 2 como mais sensíveis para caracterizar os

grupos de alta e baixa percepção.

A Segunda reúne estas mesmas questões mais sensíveis em “novas” variáveis/dimensões,

ainda de acordo com o Plano de Análise inicial, caracterizando, assim, exatamente os

mesmos fenômenos, através de seus indicadores mais essenciais.

Dentro da natureza da Pesquisa de Clima Organizacional, as duas abordagens revelam-se

de utilidade para a elaboração do Plano de Ação junto a área de Recursos Humanos.

Entretanto, apesar dos recursos computacionais e dos pacotes estatísticos atualmente

disponíveis, a análise destes resultados sob a perspectiva da primeira abordagem é mais

trabalhosa, principalmente em função do volume de saídas que consequentemente é

gerado.

Assim sendo, recomenda-se a utilização, ainda que em caráter preliminar, da Segunda

abordagem para a exploração do possível efeito dos parâmetros considerados.

Entre as técnicas estatísticas que podem ser utilizadas nesta etapa, a “Análise de

Correspondências” revela-se de especial validade. Permite expressar, inclusive

visualmente, através de gráfico em espaço multidimensional, o cruzamento entre duas

variáveis ou entre uma variável e um parâmetro do estudo.

Conforme comentado em diferentes manuais de Estatística, este “é, em particular, o caso

das pesquisas através de questionários, em que cada pergunta define um caráter cujas

modalidades são as diferentes respostas possíveis, sendo que somente uma resposta pode

ser dada a cada pergunta”1.

1 BOUROCHE, J.M. e SAPORTA, G. – “Análise de Dados”. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1982, pg. 95.

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Bouroche e Saporta apontam ainda que a vantagem prática desta técnica é que a mesma

“faz aparecer mais rapidamente do que compulsando quadros cruzados as ligações

interessantes entre os caracteres ativos estudados e os descritivos”1. No caso da Pesquisa

de Clima Organizacional, a aplicação seria análoga, já que os caracteres ativos estudados

podem ser representados pelas próprias dimensões do Clima pesquisadas e transformadas

em variáveis e os caracteres descritivos podem ser representados pelas características dos

respondentes tomadas como parâmetros do estudo.

Para aplicação desta técnica na análise dos resultados da Pesquisa de Clima Organizacional

foi necessário proceder-se aos seguintes ajustes em relação à massa de dados levantada:

a) criação das variáveis/dimensões globais a partir da soma das respectivas questões,

apuradas na etapa 2 e que representam os indicadores mais adequados de cada uma;

b) reclassificação destas “novas” variáveis/soma em 6 intervalos, procurando-se garantir

um paralelo com a escala de mensuração adotada no próprio instrumento de pesquisa,

analogamente ao procedimento utilizado na etapa de nº 2;

c) divisão dos parâmetros “contínuos” (tempo de casa, tempo no cargo e idade do

respondentes) em 4 intervalos de crescimento, como meio de definir valores baixos e

altos para estes parâmetros.

As dimensões do Clima devem então ser cruzadas com os parâmetros como meio de se

perceber categorias que apresentam maior grau de associação. Note-se que o sentido da

associação pode ser tanto em relação à satisfação quanto à insatisfação e que esta

associação é identificada em relação às categorias do parâmetro considerado e não ao

parâmetro considerado como um todo.

4. IDENTIFICAÇÃO DA ORDEM DAS VARIÁVEIS DO CLIMA

ORGANIZACIONAL

O objetivo desta etapa do roteiro aqui proposto é

investigar a possibilidade de estabelecimento de uma ordem entre os indicadores utilizados

nos dois sentidos, ou seja, tentar identificar quais os indicadores mais associados a

sentimentos de insatisfação bem como aqueles mais associados a sentimentos de elevada

satisfação dentro do Clima Organizacional vigente. A intenção é, portanto, através da

1 BOUROCHE, J.M. e SAPORTA, G. – op. Cit. pg. 98.

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aplicação de uma série de procedimentos e cálculos estatísticos que neste caso apresentam

relativa simplicidade, tentar estabelecer uma hierarquia dos indicadores incluídos ou

variáveis do Clima Organizacional, identificando esta ordem nos grupos de alta e de baixa

favorabilidade.

A importância e vantagem prática dos resultados desta etapa são mais facilmente

perceptíveis em relação à possível ordem dos indicadores ligados à desfavorabilidade do

Clima Organizacional. Na medida em que for estabelecida uma ordem entre os indicadores

de maior insatisfação, mais claro ficará para a área de Recursos Humanos durante a

elaboração do Plano de Ação quais os pontos a receberem tratamento prioritário.

5. IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE CLIMA ORGANIZACIONAL

Esta etapa tem por objetivo verificar a possibilidade e

adequação da ampliação da técnica estatística de análise de dados denominada “Análise

Fatorial” às informações coletadas através da Pesquisa de Clima Organizacional.

Teoricamente o campo da análise de Clima

Organizacional é fértil para este tipo de aplicação. Isto porque a caracterização das próprias

variáveis do Clima Organizacional é feita, na maioria das vezes, de acordo com a visão (e

vieses) do profissional responsável pela Pesquisa, mesmo quando este tenta considerar

aquilo que foi valorizado pelas pessoas consultadas durante a fase de criação dos

indicadores. O ponto de reflexão neste momento acha-se associado à constatação de que é

bastante plausível que as dimensões definidas não tenham exatamente a configuração

pretendida quando enfocada a ótica dos respondentes.

Uma forma para tratamento de eventuais problemas desta

natureza é através da Análise Fatorial. Segundo Parasuraman, esta técnica “é

essencialmente uma técnica para redução de dados e de variáveis”1.

Acaba gerando, através dos respectivos procedimentos e

cálculos, um número sempre menor de novas variáveis, denominadas “fatores” que

traduzem tanta informação quanto possível do conjunto original de dados. Tais fatores são,

portanto, formados aproveitando-se do interrelacionamento existente entre as diferentes

variáveis previamente definidas e que permite esta “economia”de indicadores.

1 Parasuraman, A.“Marketing Research” – Addison – Wesley Publishing Company – 1986, pg. 706.

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A análise fatorial tipicamente começa pelo exame de uma

matriz de correlação aos pares, levando em conta as variáveis originais e explorando a

maneira de combina-las em outros fatores ou grupos, “de tal modo que cada fator

basicamente representa um conglomerado (cluster) de variáveis que tiveram suas

respectivas correlações maximizadas”1. Portanto, o objetivo da Análise Fatorial é

identificar os fatores comuns não diretamente observáveis, baseados no conjunto original

de variáveis observáveis.

A análise fatorial tem a ela associado um considerável

grau de interpretação. Segundo Parasuraman, o resultado que é obtido precisa ser

cuidadosamente verificado para identificar-se o respectivo significado. Esta análise do

significado de cada fator apontado pela técnica envolve o próprio “batismo” do novo fator.

“A tarefa de nomear fatores é altamente subjetiva e, portanto, controversa. A tendência é

nomear o fator utilizando as cargas mais elevadas dos fatores originais incluídos, apesar do

fato de que muito freqüentemente, alguns fatores que se revelam associados não possuem,

a primeira vista, quase nada em comum”2. Este autor aponta este fato como uma das

limitações do uso desta técnica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este tópico do presente trabalho tem por objetivo tecer

alguns comentários de avaliação do modelo proposto como metodologia para a condução

de pesquisas sobre Clima Organizacional percebidos a partir da própria aplicação do

mesmo e elaborar algumas considerações sobre o próprio tema “Clima Organizacional”e

respectivas tendências de evolução dentro da gestão de Recursos Humanos.

Em primeiro lugar, o conjunto de etapas delineadas

representa, basicamente, uma tentativa de se aproveitar mais intensamente as ferramentas

estatísticas disponíveis, procurando as possibilidades de aplicação das mesmas junto ao

tema escolhido. Neste sentido é importante observar que tal estágio já foi amplamente

superado em países onde a tradição do uso de pesquisas como apoio à gestão das

organizações encontra-se bastante desenvolvida. Praticamente todos os artigos consultados

como subsídio para o presente trabalho em periódicos internacionais utilizam no processo

1 Parasuraman, A Op. Cit. pg. 704. 2 Parasuraman, A Op. Cit. pg. 705.

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de análise e de interpretação dos resultados técnicas estatísticas tais como análise

discriminante, análise fatorial, regressão múltipla, etc., técnicas estas que para a maioria de

profissionais que vivenciam a Administração de Empresas revestem-se de elevada

sofisticação. Sem dúvida, tais técnicas de análise de dados não podem ser consideradas

simples, mas o ponto principal é que estas aumentam consideravelmente o poder de

interpretação dos resultados, freqüentemente representando o único modo de fornecer as

informações e subsídios que mais interessam a alta Direção para o delineamento de ações

mais eficazes.

Assim sendo, as etapas delineadas no roteiro de análise

caracterizam um grau sempre crescente de complexidade estatística, na medida em que

percorrem um caminho desde a análise bivariada até a multivariada, pressupondo, além do

evidente domínio do assunto, acesso a apoio computacional, principalmente em função do

volume elevado de dados a serem considerados, não tanto em termos do número de

pessoas envolvidas na pesquisa, mas sim no que diz respeito ao elenco de dimensões do

Clima Organizacional incluídas e respectivos indicadores. Exemplificando-se, no caso da

etapa relativa à análise fatorial, a redução dos fatores a partir das questões mais sensíveis

foi possível através do SPSS para microcomputadores. Entretanto, um simulação do

procedimento análogo para o elenco dos 101 indicadores que faziam parte do caso

analisado como um teste ainda mais expressivo para a metodologia proposta, somente foi

possível com o auxílio de equipamento de grande porte, disponível junto ao Centro de

Computação Eletrônica da USP (CCE/USP).

É importante deixar igualmente claro que as etapas do

roteiro de análise não apresentam qualquer tipo de juízo de valor, sendo o conjunto das

mesmas que permite aumentar o ganho em termos de explicação dos fenômenos

observados. A aplicação de todo o conjunto torna o conceito de Clima Organizacional mais

observável, contribuindo para um delineamento mais preciso do mesmo.

Este conjunto de etapas possibilita ainda que um outro tipo

de abordagem possa ser adotado em relação à Pesquisa de Clima Organizacional. Este tipo

de pesquisa, enquanto levantamentos, freqüentemente não se presta à elaboração prévia de

hipótese, limitando-se, portanto, à própria caracterização do Clima. Algumas etapas trazem

também como contribuição a possibilidade de formulação de hipóteses em relação à

satisfação ou insatisfação com as dimensões do Clima Organizacional, uma vez que a etapa

“Efeito dos Parâmentros”, por exemplo, avalia se há diferenças de percepção das variáveis

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em função de outras características, sejam estas relativas aos que estão participando de

consulta, sejam estas relativas às características da própria organização onde o

levantamento está sendo realizado.

No caso ilustrativo o impacto da constatação de que

determinadas dimensões eram percebidas como geradoras de insatisfação no trabalho foi

grande, mas o mesmo acabou se revelando muito maior quando foi possível descobrir que

este efeito era não só maior, mas também específico de certas unidades ou níveis

hierárquicos da organização. Desta forma, teria sido possível a formulação prévia de

hipóteses, tais como “há diferenças nos níveis de satisfação entre unidades” ou então

“Gerentes estão mais satisfeitos do que Chefes de Departamento com a política de

benefícios”, já que existe a possibilidade de confirma-las ou não, ficando tal aspecto na

dependência do tipo de análise utilizada.

Nesta linha, ainda, a etapa “Análise Fatorial” permite não

só a redução do instrumento de coleta de dados sobre o Clima Organizacional na medida

em que detecta os indicadores mais sensíveis, mas também possibilita uma reflexão sobre a

adequação da classificação adotada a priori, mesmo que isto acabe significando a

constatação de alguns aspectos até mesmo fora de lógica ou inexplicáveis na visão dos

responsáveis pelo planejamento e realização da pesquisa.

A razão para este fato encontra-se ligada ao problema de

que para certas variáveis o resultado da saída da Análise Fatorial acaba por reunir

indicadores, mesmo com carga consideravelmente menor, que pertenciam, por exemplo a

outras variáveis definidas no Plano de Análise preliminar. Nestas situações antes de se

aceitar simplesmente o resultado da etapa, torna-se importante refletir sobre o sentido deste

resultado. Estes resultados indicam, sem dúvida, como está se processando a real

percepção daquilo que se pretendia mensurar, até sem total clareza, desde o início da

pesquisa. O ponto que aqui fica evidenciado é que muitas vezes, ao nível consciente

daqueles envolvidos no planejamento e execução da pesquisa, a lógica se reveste de

determinadas características e aspectos que, na prática, podem não se confirmar. O

entendimento dos respondentes sobre os indicadores do Clima Organizacional pode se

apresentar diferente do que se considera válido a priori, materializando-se no resultado

desta etapa inclusive aspectos que estavam inconscientes para os respondentes e que foram

ativados pela realização da pesquisa.

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Um outro aspecto que merece destaque nestas

considerações finais diz respeito à ênfase dada nas etapas em relação aos aspectos

quantitativos do Clima Organizacional. Pela própria indefinição e complexidade deste

conceito, não seria possível deixar de prever na abordagem metodológica aqui sugerida

uma etapa de cunho mais qualitativo, mesmo sem a realização de entrevistas individuais

com os envolvidos na consulta. Esta etapa foi caracterizada como uma confirmação dos

próprios resultados encontrados, aproveitando-se, para tanto, a fase de divulgação destes

resultados.

No caso ilustrativo foram realizados seminários de

divulgação dos resultados junto a três diferentes grupos de ocupantes de cargos de chefia

em São Paulo e Santa Catarina. Tratava-se de um convite e, portanto, sem obrigatoriedade

de presença, ao qual a grande maioria respondeu, comprometendo-se ainda a divulgar as

informações para aqueles que deixaram de ser envolvidos nesta etapa (estes seminários

contaram com a participação de 35% do total de chefes que participaram da Pesquisa de

Clima Organizacional).

Após a apresentação dos principais resultados obtidos foi

pedido a cada grupo um testemunho sobre a validade e representatividade dos mesmos a

partir das expectativas individuais sobre quais seriam efetivamente estes resultados.

Embora a confirmação tenha sido unânime, não foi somente esta a contribuição gerada por

esta etapa qualitativa. Cada grupo priorizou os focos de insatisfação identificados e, em

seguida, foi sub-dividido em outros cincos, sendo solicitado a cada um que elaborasse uma

listagem preliminar de medidas que deveriam ser implementadas pela gerência de

Recursos Humanos com forma de elimina-los ou reduzi-los. Tais medidas deveriam ser

ainda acompanhadas pelo delineamento de eventuais dificuldades ou restrições de

implantação, gerando um elenco de informações que foram de vital importância para

fechamento do Plano de Ação elaborado em seguida pela área de Recursos Humanos da

companhia.

Finalmente, cabe igualmente chamar a atenção dos

usuários potenciais das etapas e recomendações aqui sugeridas como roteiro para

realização e análise da Pesquisa de Clima Organizacional para o aspecto da mutabilidade

deste conceito. Diferentemente do conceito de Cultura Organizacional, o Clima

Organizacional costuma apresentar variações mais freqüentes, cíclicas ou não, sendo

inerente, portanto às pesquisas de Clima uma repetição periódica. Neste sentido, a maior

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dificuldade é a realização de estudos desta natureza pela primeira vez nas organizações.

Em seguida, a tarefa fica mais facilitada, sendo inclusive aproveitar os subsídios das

realizações anteriores, definindo um instrumento cada vez mais reduzido e significativo

para a realidade da organização com a qual se está trabalhando.

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BIBLIOGRAFIA

A. LIVROS

• MORGAN, G “Images of Organization” – SAGE Publications – The Publishers of

Professional Social Science –1986

• DAVIS, K. & NEWSTROM, J.W. “Human Behavior at Work”, McGraw-Hill Book Company - 8 ª edição, 1989.

1. PERIÓDICOS

• SOLOMON, E.E. “Private and Public Sector Managers: an Empirical investigation of

Job Characteristics and Organizational Climate” – Journal of Applied Psychology, vol.

71, nº 2 – Maio, 1986.