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A EXPERIÊNCIA DA PESAGRO-RIO AGOSTO 2007 A EXPERIÊNCIA DA PESAGRO-RIO AGOSTO 2007 PESAGRO-RIO EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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A EXPERIÊNCIA DA PESAGRO-RIO

AGOSTO 2007

A EXPERIÊNCIA DA PESAGRO-RIO

AGOSTO 2007

PESAGRO-RIOEMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

VIABILIDADE TÉCNICA DO CULTIVO

DE OLEAGINOSAS NO NORTE FLUMINENSE

A EXPERIÊNCIA DA PESAGRO-RIO

ELABORAÇÃO

Wander Eustáquio de Bastos Andrade - Pesquisador da PESAGRO-RIO/EEC

EQUIPE DE PESQUISA

Arivaldo Ribeiro Viana Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (soja, cana-de-açúcar)

Benedito Fernandes de Souza Filho Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitopatologia (amendoim)

Carlos Xavier Assistente Técnico, Economista, B.Sc. (girassol)

Guilherme Eugênio Machado Lopes Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (mamona)

José Márcio Ferreira Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc.- Fitotecnia (nabo, gergelim)

Lúcia Valentini Pesquisadora, Engª. Agrª., M.Sc. - Fitotecnia (nabo, gergelim)

Luiz Antônio Antunes de Oliveira Pesquisador, Eng. Agr., M.Sc. - Fitotecnia (girassol, mamona)

Luiz de Morais Rêgo Filho Pesquisador, Eng. Agr., D.Sc. - Fitotecnia (girassol, mamona)

Wander Eustáquio de Bastos Andrade Pesquisador, Eng. Agr., Pós D.Sc.- Fitotecnia (girassol, nabo)

José Geraldo Custódio dos Santos Técnico Agrícola (amendoim)

Lenício José Ribeiro Técnico Agrícola (nabo, gergelim)

Campos dos Goytacazes - RJ outubro de 2006

SUMÁRIO

1. Apresentação 4

2. Introdução 6

3. O que é o Biodiesel? 6

4. A importância do Biodiesel no Norte e Noroeste Fluminense 7

4.1 O programa RioBiodiesel 7

4.2 As regiões Norte e Noroeste Fluminense 8

4.3 A importância da cultura da cana-de-açúcar 10

5. Culturas oleaginosas no Norte Fluminense 12

5.1 Nabo forrageiro 12

5.2 Gergelim 16

5.3 Mamona 19

5.4 Girassol 28

5.5 Amendoim 36

5.6 Soja 42

5.7 Dendê 43

6. Projetos de apoio 43

6.1 Esmagadora de grãos 43

7. Referências Bibliográficas 45

1. APRESENTAÇÃO

Neste trabalho procurou-se analisar as unidades de experimentação conduzidas com as culturas oleaginosas no Norte Fluminense, analisando seus principais resultados e procurando fornecer, num único documento, subsídios técnicos que justifiquem sua adoção como culturas alternativas para os produtores, com vistas a atender ao Programa RioBiodiesel. A introdução de culturas oleaginosas, como girassol, soja, amendoim, dendê, mamona e gergelim, em áreas de renovação de canaviais, é uma ação que visa abastecer o Programa RioBiodiesel, gerando renda e atividade agrícola, mantendo os trabalhadores da cana-de-açúcar empregados ao longo dos anos e não somente na safra. Além das áreas de experimentação, que permitirão o domínio tecnológico das culturas, serão recuperadas para cultivo áreas normalmente ociosas, mantendo as áreas de outras lavouras. Com a crise proporcionada pelo petróleo nos últimos anos e, recentemente, com o álcool combustível, a PESAGRO-RIO tem procurado desenvolver ações com o objetivo geral de apoiar o estabelecimento do agronegócio de oleaginosas visando ao mercado de energia renovável, contribuindo para a geração de emprego e renda e para a despoluição ambiental no território do Rio de Janeiro. Como objetivo específico, são desenvolvidas ações no sentido de introduzir, avaliar e recomendar culturas/cultivares de oleaginosas para o Estado do Rio de Janeiro, promovendo a diversificação de culturas e o aumento da geração de emprego e renda no meio rural, bem como a obtenção de co-produtos de insumos orgânicos e de ração animal. Dentre as espécies de oleaginosas selecionadas na primeira fase do estudo, optou-se pelas culturas do girassol, devido as suas características intrínsecas de adaptação a diferentes ambientes, alto rendimento de óleo e torta para alimentação animal, baixo custo de produção e possibilidade de consórcio; da mamona, por ser espécie tradicional na produção de óleo e torta utilizada como adubo orgânico, além da possibilidade de consórcio com culturas alimentícias; do gergelim, por ser rústica, tolerante à seca, com grande potencial para produção de óleo, além de proporcionar opção de fonte de proteína para a população carente; do nabo forrageiro, por se tratar de cultura de inverno que oferece boa cobertura de solo, com reduzido custo de produção e por constituir opção para a produção de óleo extraído das sementes e para o uso como adubo verde e na alimentação animal; do dendê, reconhecida como excelente aliada na recuperação de áreas degradadas, apresentando rusticidade e produção de óleo para diversas finalidades; e da soja, já com resultados de produção de grãos promissores para a região Norte Fluminense, sobretudo em áreas de renovação de canaviais. A seguir são apresentadas algumas características que credenciam essas culturas para a produção do biodiesel.

QUADRO 1 - Características das principais culturas para a produção de óleo.

CULTURAS TEOR

DE ÓLEO (%)

PRODUTIVIDADE (kg/ha/ano)

PRODUTIVIDADE DE ÓLEO

(kg/ha/ano)

BIODIESEL (kg/ha/ano)

CICLO (meses)

BIODIESEL (kg/ha/mês-1)

BABAÇU 4 15.000 600 540,00 96,00 6,25

DENDÊ 20 10.000 2.000 1.800,00 48,00 41,67

SOJA (safrinha) 19 1.500 285 256,50 4,17 68,40

SOJA 19 2.000 380 342,00 4,17 91,20

GERGELIM 39 1.000 390 351,00 4,25 91,76

ALGODÃO 15 1.800 270 243,00 2,33 115,71

GIRASSOL (safrinha) 43 1.100 473 425,70 4,00 118,25

MAMONA 49 1.300 631 567,45 4,50 140,11

CANOLA 38 1.800 684 615,60 4,17 164,16

AMENDOIM 39 1.800 702 631,80 4,00 175,50

GIRASSOL (verão) 43 1.600 688 619,20 3,33 206,40

2. INTRODUÇÃO A economia da região Norte Fluminense está historicamente atrelada à agroindústria açucareira, o que pode ser comprovado pela área ocupada com a cultura da cana-de-açúcar, de aproximadamente 134.000 hectares, em relação aos 165.000 hectares de terras ocupadas com agricultura na região, segundo diagnóstico realizado no Norte Fluminense em 1977. A cana-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro atravessa forte crise na produção, caracterizada principalmente pelos baixos preços do açúcar e do álcool no mercado nos últimos anos. Esse declínio gradativo da atividade refletiu-se na região Norte Fluminense, que entrou em processo de esvaziamento econômico. Com o declínio da atividade ocorreram, além do fechamento de usinas ao longo dos últimos dez anos, a redução no período de safra e, o que é pior, o desemprego de vários trabalhadores rurais. Sendo uma cultura bastante adaptada à região, com tradição nas áreas de cultivo, há grandes possibilidades de uso das áreas de renovação com culturas que remunerem melhor o produtor, proporcionando alternativa de utilização das áreas, mão-de-obra e recursos. 3. O QUE É O BIODIESEL? É um combustível alternativo ao diesel de petróleo que pode ser produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais. Quimicamente, é definido como ésteres monoalquílicos de ácidos graxos que podem ser obtidos através da transesterificação de matérias graxas com álcoois de cadeia curta, como o metanol ou o etanol, na presença de um catalisador ácido ou básico.

Biodiesel é definido com sendo ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de qualquer óleo vegetal ou gordura animal.

A reação de transesterificação nada mais é que uma reação na qual ésteres trocam de álcool. Nessa reação, um éster reage com um álcool e forma um novo éster, com propriedades físicas diferentes. O álcool originalmente presente no éster é deslocado e pode ser recuperado para outras aplicações.

Se os ésteres são óleos ou gorduras, e os álcoois o etanol ou o metanol, pela transesterificação obtém-se novos ésteres, como por exemplo, palmitatos, oleatos e estearatos de metila ou etila. O álcool que se recupera é a glicerina, importante insumo para indústrias químicas, de cosméticos, farmacêuticas e de alimentos.

ANIMAIS VIVOS

MÃO-DE-OBRAE INSUMOS

ÓLEOS E GORDURAS

ÁGUAS SERVIDAS

ABATEDOUROSE FRIGORÍFICOS

LAVOURAS EPLANTIOS DE

OLEAGINOSAS

FRITURAS COMERCIAIS E

INDUSTRIAIS

ESTAÇÕES DETRATAMENTO DE ESGOTO

CURTUMESEXTRAÇÃO

MECÂNICA E/OUPOR SOLVENTE

ACUMULAÇÃO E COLETA

PROCESSOS EM FASE DE P&D

PROCESSO DE EXTRAÇÃO COM ÁGUA QUENTE

REFINAÇÃO DO ÓLEO BRUTO

REFINAÇÃO DO ÓLEO RESIDUAL

ÓLEOS E GORDURAS RESIDUAIS DE ESGOTO

ÓLEOS E GORDURAS PARA BIODIESEL

PROCESSO DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL

ÁLCOOL

CATALISADOROUTROS INSUMOS

FARINHA DE CARNE

OU DE OSSOS

GORDURA DE ANIMAIS

COUROS E PELES GRÃOS, AMÊNDOAS ÓLEOS RESIDUAIS MATÉRIA GRAXA

ÓLEO DE FRITURASÓLEO BRUTO

TORTA OU FARELO

BIODIESEL GLICERINA

4. A IMPORTÂNCIA DO BIODIESEL NO NORTE E NOROESTE FLUMINENSE 4.1 O PROGRAMA RIOBIODIESEL Misturar óleo mineral com biodiesel tem se mostrado eficiente ferramenta para a melhoria da qualidade das emissões de gases resultantes quanto à redução dos níveis de enxofre, contribuindo para a qualidade de vida dos grandes centros urbanos. No caso do Estado do Rio de Janeiro, essa vantagem se alia à melhoria da qualidade de vida no campo através da melhor distribuição de renda e do aumento da oferta de empregos. A complementação e/ou substituição parcial de combustíveis fósseis pelo processamento de produtos agrícolas inicia-se no campo com o plantio, tratos culturais e colheita de espécies vegetais, entre elas as oleaginosas, que possibilitam a produção tecnológica do biodiesel.

A agricultura do Estado do Rio de Janeiro é considerada pouco importante por representar 1% de seu PIB – o que é um grande equívoco, levando-se em conta os fatores compreendidos durante toda a cadeia produtiva. Inclui-se aí a escolha e limpeza do produto, o preparo para comercialização, a embalagem, o transporte, a industrialização e a comercialização propriamente dita, que compõem, junto com a fase agrícola, o chamado agronegócio, que representa cerca de 16% do PIB do Estado. Deve-se ressaltar, ainda, que o setor é o que gera mais empregos por unidade monetária aplicada, reduzindo o problema habitacional das grandes cidades e possibilitando o seu abastecimento, além de proporcionar o desenvolvimento dos municípios do interior. Assim, deduz-se que qualquer esforço bem coordenado para incentivar o agronegócio no Estado será compensador. A produção de biodiesel é uma atividade positiva, que poderá proporcionar outras possibilidades de geração de emprego e renda associadas aos conceitos de desenvolvimento local e territorial. O Decreto Estadual nº 37.927, de 06.07.2005, instituiu o Programa RioBiodiesel, definindo também o RioBiodiesel como um biocombustível fabricado no Estado. 4.2. AS REGIÕES NORTE E NOROESTE FLUMINENSE Os dados discutidos a seguir foram obtidos nos Fóruns Regionais de Desenvolvimento, 1992 (Norte e Noroeste Fluminense), e caracterizam bem essas regiões no contexto estadual. Apesar de apresentarem menos de 10% da população estadual (Quadro 2), essas regiões são de fundamental importância para a economia fluminense. Somente a região Norte Fluminense ocupa cerca de um terço da área do Estado, e tem atividade econômica concentrada, em grande parte, na agroindústria álcool-açucareira. O quadro econômico-social da região, em face da exploração da monocultura da cana-de-açúcar, está bastante prejudicado com a crise que passa o setor. Apesar do potencial geográfico existente, a exploração agrícola não tem sido direcionada para a diversificação cultural.

QUADRO 2 - População total, urbana e rural do Estado do Rio de Janeiro e das regiões Norte e Noroeste Fluminense em 1980.

POPULAÇÃO DISTRIBUIÇÃO (%)

Total 11.291.520 100,0

Urbana 10.368.191 91,8 Estado do

Rio de Janeiro Rural 923.329 8,2

Total 508.516 100,0

Urbana 300.140 59,0 Norte

Fluminense Rural 208.376 41,0

Total 242.648 100,0

Urbana 130.878 53,9 Noroeste

Fluminense Rural 111.770 46,1

Fonte: IBGE

A distribuição da população nessas regiões é semelhante, reunindo mais de 40% da população no meio rural. Entretanto, verifica-se, através dos dados estatísticos, que nos últimos anos tem sido crescente a taxa de migração para os grandes centros urbanos. Essa população vai em busca de melhores condições de vida que, na maioria dos casos, não correspondem às expectativas. Com relação à utilização das terras (Quadro 3), constata-se que grande parte das áreas de lavouras é ocupada pelas culturas temporárias, o que demonstra a grande participação do setor agrícola na manutenção da mão-de-obra rural. O problema é que grande parte das áreas ocupadas pelas culturas temporárias é com a cana-de-açúcar, que absorve mão-de-obra em períodos sazonais.

QUADRO 3 - Utilização das terras das regiões Norte e Noroeste Fluminense por lavouras permanentes e temporárias, no ano de 1985.

REGIÃO LAVOURA ÁREA

ABSOLUTA (ha)

ÁREA RELATIVA À REGIÃO

(%)

Total 260.126 100,0

Lavoura permanente 12.299 4,8

Lavoura temporária 231.074 88,8

Norte Fluminense

Temporária (descanso) 16.753 6,4

Total 80.134 100,0

Lavoura permanente 17.077 21,3

Lavoura temporária 63.057 78,7

Noroeste Fluminense

Temporária (descanso) - -

Fonte: IBGE

Com relação à estrutura fundiária, as regiões apresentavam, em 1985, 36.581 imóveis (Quadro 4), abrangendo um total de 1.342.848 hectares. Verifica-se a predominância de pequenas propriedades, com estabelecimentos de menos de 10 ha contribuindo com 63,0% e 54,7% do número total de estabelecimentos rurais, mas ocupando apenas 5,3% e 5,4% da área total, em relação às regiões Norte e Noroeste, respectivamente Esse aspecto é de relevante importância se considerada a população rural, que corresponde à cerca de 40,0% do total. A pequena propriedade nas regiões em foco contribui para a fixação do homem no campo, sendo exploradas principalmente em escala familiar. Por outro lado, as pequenas propriedades são aquelas que também mais contribuem para os fluxos migratórios, já que não têm como absorver o crescimento da própria família. Outro grande problema na escala familiar de exploração é a baixa capacidade de endividamento, o que faz com que determinada tecnologia, apesar de tecnicamente vantajosa, não seja adotada.

QUADRO 4 - Distribuição de estabelecimentos agropecuários nas regiões Norte e Noroeste Fluminense, segundo grupos de áreas.

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS

ÁREA

REGIÃO ÁREA ABSOLUTO

(%) RELATIVO

(%) ABSOLUTA

(%) RELATIVA

(%)

Total 22.237 100,0 860.382 100,0

Menos de 10 ha 14.010 63,0 45.503 5,3

de 10 a 100 ha 6.592 29,7 213.090 24,8

de 100 a 1.000 ha 1.365 6,1 347.322 40,4

1.000 ou mais ha 107 0,5 254.467 29,6

Norte Fluminense

Sem dec. área 159 0,7 - -

Total 14.344 100,0 482.466 100,0

Menos de 10 ha 7.853 54,7 25.993 5,4

de 10 a 100 ha 5.404 37,7 188.022 39,0

de 100 a 1.000 ha 1.061 7,4 233.317 48,4

1.000 ou mais ha 20 0,1 35.134 7,2

Noroeste Fluminense

Sem dec. área 6 0,1 - -

Fonte: IBGE

Desse modo, há que se pensar em formas de intervenção capazes de incentivar o

desenvolvimento agrícola dessas regiões, sobretudo dos pequenos produtores. Uma das medidas de fundamental importância, e que muito contribuirá para reverter o

quadro atual, é a utilização de áreas ociosas com culturas alternativas. Como já ocorre o incentivo no Estado em relação ao biodiesel, a utilização de culturas oleaginosas em áreas de renovação de canaviais para a produção de óleo seria interessante para os produtores das regiões Norte e Noroeste Fluminense.

4.3 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR A cultura da cana-de-açúcar no Brasil é explorada em vários estados, sendo São Paulo o maior produtor, totalizando atualmente cerca de cinco milhões de hectares cultivados. Segundo relatório do Planalsucar, em 1985, o Estado do Rio de Janeiro chegou a ocupar o quinto lugar em área plantada, com 219.000 ha, cuja expansão se deveu principalmente ao PROÁLCOOL. Essa área não foi maior devido o estado possuir área relativamente pequena para que houvesse maior expansão. Atualmente, segundo dados do Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, as regiões produtoras de cana-de-açúcar são a Norte Fluminense (128.603 ha), Baixadas Litorâneas (3.916 ha), Noroeste Fluminense (2.745 ha), Médio Paraíba (1.158 ha), Metropolitana (296 ha) e Costa Verde (224 ha), totalizando 136.942 ha. A região Norte Fluminense é responsável por cerca de 94% da produção estadual, com rendimento médio de 46 toneladas de cana-de-açúcar ha-1. A atividade se concentra no município de Campos dos Goytacazes, que reúne cerca de 7 mil produtores, dos quais 92% possuem área de até 100 ha.

Em meados da década de 1980, desenvolveu-se um programa de produção de alimentos em que os produtores utilizavam melhor as suas terras rotacionando ou consorciando culturas como feijão, milho, hortaliças, soja e amendoim, entre outras. Em 1993, a PESAGRO-RIO desenvolveu pesquisas com a cultura da soja em áreas de reformas de canaviais com o objetivo principal de utilizar essa leguminosa para recuperar o solo. Após diversos anos de pesquisa, foi verificada a viabilidade da cultura, estabelecendo-se um sistema de produção para várias regiões do estado. Com base nessa recomendação, foi instalado um campo de produção comercial de 100 ha, sem irrigação, na Usina Santa Cruz, em Campos dos Goytacazes, que obteve rendimento de 2.000 kg por hectare. No Estado de São Paulo, ensaios realizados em Santa Cruz do Rio Pardo mostraram que, em áreas com infestação com nematóides, a soja aumentou o rendimento da cana-de-açúcar, na soca, em 16% em relação à testemunha, sem soja em rotação. Com amendoim, o aumento foi de 3%. Esses dados podem servir como base para se estudar, nas condições do Estado do Rio de janeiro, a possibilidade de se utilizar, além destas culturas, outras oleaginosas em rotação com a cana-de-açúcar, visando ao aumento de rendimento da cana e permitindo a oferta de oleaginosas com vistas à produção de Biodiesel. A área de rotação anual com a cultura da cana-de-açúcar no Norte Fluminense situa-se na faixa de 26 mil ha que, se ocupada com o cultivo de oleaginosas, apresenta potencial de produção de 39 mil toneladas de matéria-prima, podendo disponibilizar cerca de 36 mil m³ de óleo vegetal. Entre as oleaginosas de ciclo curto, o gergelim se desenvolve bem em diversos tipos de solo, podendo ser semeado em altitudes de até 1.250 metros, sendo que temperaturas acima de 25° favorecem o crescimento e desenvolvimento das plantas, melhorando a qualidade do óleo, condições estas disponíveis no período de rotação com a cana-de-açúcar.

A soja tem grande capacidade de fixação de nitrogênio no solo, elemento que poderá beneficiar de forma significativa a cultura da cana-de-açúcar, reduzindo gastos com fertilizantes. Testes realizados pela PESAGRO-RIO em diversas épocas de semeadura mostraram a possibilidade de a soja ser semeada também no outono, o que permitirá dois cultivos anuais. Quanto ao amendoim, trabalhos de pesquisa realizados pela PESAGRO-RIO no biênio 1994/1995, indicaram as linhagens Embrapa - CNPA 116 AM e CNPA 59 AM como promissoras para a região, chegando a atingir cerca de 3.000 kg ha-1, o que corresponde a, aproximadamente, 1.500 litros de óleo/ha, sendo semeado no período que coincide com a reforma dos canaviais. O nabo forrageiro, por ser originário da Ásia, poderá tornar-se boa opção para os plantadores de cana-de-açúcar, por se tratar de espécie cuja época de semeadura coincidirá com a liberação de áreas de plantio de cana-de-açúcar para as variedades mais precoces. É importante destacar que, atualmente, os produtores não têm opção para explorar outra cultura nessa época. Como a cultura da cana-de-açúcar é colhida com máquinas pesadas, a compactação do solo é marcante. Nesse aspecto, a rotação com nabo forrageiro contribui para a descompactação do solo, melhorando sua estrutura, visto que o sistema radicular aumenta a porosidade do solo, favorecendo a infiltração da água e o desenvolvimento de microorganismos e de raízes.

5. CULTURAS OLEAGINOSAS NO NORTE FLUMINENSE 5.1 NABO FORRAGEIRO

Dentre as culturas oleaginosas, o nabo forrageiro é bastante promissor, já que apesar do rendimento em óleo (35%) estar abaixo do de outras culturas, apresenta vantagem em relação à qualidade do óleo devido a sua baixa viscosidade. Aliado à obtenção do óleo, o cultivo do nabo forrageiro tem sido usado em sistemas de cobertura do solo, na adoção do plantio direto. Visando avaliar o comportamento da cultivar de nabo forrageiro CATI AL 1000 para a produção de grãos e reciclagem de nutrientes, avaliando seu

potencial para uso em etapas posteriores na produção de biodiesel, foi conduzido ensaio por Ferreira et al., 2006 b, nas condições da região Norte Fluminense, inicialmente no outono-inverno. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, em solo classificado como Cambissolo, nas coordenadas geográficas de 21° 19’ 23” latitude sul e 41° 19’ 40” longitude oeste e altitude de 11 metros. A semeadura foi realizada manualmente no dia 28.04.05, deixando-se 12 sementes por metro de sulco, não sendo realizado desbaste. A emergência ocorreu em 04.05.2005. Foi utilizada a cultivar CATI AL 1000, no delineamento experimental de blocos casualizados, em quatro repetições. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de cinco metros de comprimento, espaçadas de 0,25 metro, constituindo área total de cinco metros quadrados. Por ocasião da colheita, foram colhidas todas as plantas da parcela, e avaliadas a produção de grãos (kg ha-1), a massa fresca e a massa seca (kg ha-1). Amostras de massa seca foram encaminhadas para análise, para cálculo da quantidade de nutrientes reciclados.

O ciclo do nabo forrageiro foi de 117 dias, com a colheita sendo realizada manualmente em 29.08.2005. Após a análise estatística, não foram observadas diferenças significativas para doses de fósforo empregadas por ocasião da semeadura, pelo teste de F. Deve-se destacar, entretanto, o coeficiente de variação obtido, considerado elevado em todas as avaliações. QUADRO 5 – Médias das doses de fósforo, média geral e coeficiente de variação obtidos para as características produtividade de grãos, massa fresca e massa seca do nabo forrageiro Cati AL 1000. Campos dos Goytacazes-RJ. outono-inverno de 2005.

TRATAMENTO PRODUTIVIDADE

DE GRÃOS (kg ha-1)

MASSA FRESCA (kg ha-1)

MASSA SECA (kg ha-1)

Fósforo inicial do solo 465 a 8.350 a 2.422 a

100 kg P2O5 ha-1 450 a 7.500 a 2.850 a

200 kg P2O5 ha-1 355 a 7.000 a 2.800 a

300 kg P2O5 ha-1 410 a 6.500 a 1.755 a

400 kg P2O5 ha-1 460 a 9.050 a 2.625 a

Média Geral 428 7.680 2.490

CV (%) 41,0 21,9 21,4

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de F.

A produtividade obtida pode ser considerada satisfatória, situada na faixa média citada por outros autores, entre 400 e 600 kg ha-1. Deve ser destacado o fato de o espaçamento utilizado (0,25 m entre linhas) ser mais favorável à produção de massa verde, já que o espaçamento mais adequado para produção de grãos seria de 0,40 m entre linhas. O maior adensamento trouxe problemas na maturação das vagens, tornando-as ainda mais irregulares, de modo que algumas vagens mais verdes não chegaram a produzir, com prejuízos para a produção final de grãos. A massa fresca obtida está aquém da citada na literatura, entre 40 e 60 toneladas/ha. O mesmo comportamento foi observado quanto à massa seca, inferior à faixa de 4 a 7 toneladas ha-1 citada na literatura.

Quanto aos tratamentos, não se observaram ganhos em produção de grãos, massa fresca e massa seca, em face do teor inicial de fósforo no solo, classificado como muito bom.

Os dados climáticos obtidos evidenciam as condições adequadas de plantio do nabo forrageiro nessa época na região Norte Fluminense, além da altitude, em torno de 11m. Há que se considerar, ainda, que os dados de precipitação obtidos nos últimos dois anos na região foram atípicos, ou seja, com freqüência de chuva superior à média dos anos anteriores.

Concluiu-se que a produtividade obtida foi satisfatória, situada na faixa média nacional, entre 400 e 600 kg ha-1; e que a cultivar de nabo forrageiro CATI AL 1000 não respondeu às doses de fósforo aplicadas para produção de grãos, massa fresca e massa seca.

Os teores médios de macro e micronutrientes obtidos na matéria seca, por tratamento, encontram-se no Quadro 6, não se observando alterações significativas, nem mesmo para o fósforo, diretamente envolvido nas avaliações.

Para estudar a capacidade de reciclar nutrientes, avaliou-se a quantidade de macro e micronutrientes acumulada na massa seca, determinada pelo produto da quantidade de massa seca produzida (calculada em função da média por dose de fósforo utilizada) e os teores de macro e micronutrientes na massa seca (Quadro 7).

Apesar de a produção de massa seca não diferir significativamente entre tratamentos, ocorreram variações na extração de nutrientes do solo, ou seja, apenas o tratamento 300 kg de P2O5 ha-1 apresentou menores valores quando comparado aos demais. No caso dos macronutrientes, não foram identificadas diferenças entre o tratamento testemunha (fósforo inicial do solo) e os demais, mas em relação aos micronutrientes a extração nesse tratamento foi inferior, exceto ao tratamento 300 kg de P2O5 ha-1.

QUADRO 6 - Concentração de macro e micronutrientes na massa seca do nabo forrageiro cv Cati AL 1000, no cultivo de outono-inverno. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005.

N S P K Ca Mg Fe Cu Zn Mn B Doses P2O5

*g kg-1 mg dm-3

Inicial 13,11 4,62 2,41 46,56 10,70 2,50 66 3 32 18 14

100 11,87 6,20 2,38 47,88 10,30 2,30 74 4 30 28 17

200 11,66 4,40 2,46 49,16 11,40 2,60 86 4 32 22 12

300 14,01 5,58 2,19 46,56 10,10 2,40 96 3 24 28 14

400 11,53 5,38 2,07 47,88 11,10 2,60 78 4 38 22 17

Média 12,44 5,24 2,30 47,61 10,52 2,48 80 4 31 24 15

* Inicial – fósforo inicial do solo. 100, 200, 300 e 400 – doses utilizadas, em kg ha-1 de P2O5.

QUADRO 7 – Extração de macro e micronutrientes na massa seca pelo nabo forrageiro cv Cati AL 1000, no cultivo de outono-inverno. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005.

N S P K Ca Mg Fe Cu Zn Mn B Doses

P2O5*

kg ha-1 g ha-1

Inicial 31,8 11,2 5,8 112,7 25,9 6,1 160 7 78 44 34

100 33,8 17,7 6,8 136,5 29,4 6,6 211 11 86 80 48

200 32,6 12,3 6,9 137,6 31,9 7,3 241 11 90 62 34

300 24,6 9,8 3,8 81,7 17,7 4,2 168 5 42 49 26

400 30,3 14,1 5,4 125,7 29,1 6,8 205 11 100 58 45

Média 30,6 13,0 5,7 118,9 26,8 6,2 197 9 79 59 37

* Inicial – fósforo inicial do solo. 100, 200, 300 e 400 – doses utilizadas, em kg ha-1 de P2O5.

Outros autores encontraram no nabo forrageiro, cultivar Siletina, semeada no outono inverno de 1998, na região oeste do Paraná, até o estádio de florescimento, 57,2; 15,3; 85,7; 37,4 e 12,5 kg ha-1, respectivamente de N, P, K, Ca e Mg. Os valores obtidos para N, P, Ca e Mg no presente trabalho foram inferiores aos citados e, em relação ao K, maior. Esses dados refletem não só a época de determinação das quantidades extraídas, mas também a questão do local e cultivar utilizada. Segundo aqueles autores, o K e o N são os nutrientes disponibilizados em maior quantidade pelo nabo forrageiro, o que está de acordo com os dados obtidos neste ensaio.

Concluiu-se que a extração de nutrientes do solo foi significativa, com maiores valores obtidos para o K e N, e que o nabo forrageiro acumula, no final de ciclo, 30,6; 13,0; 5,7; 118,9; 26,8 e 6,2 kg ha-1 de N, S, P, K, Ca e Mg; e 197; 9; 79; 59 e 37 g ha-1 de Fe; Cu, Zn, Mn e B.

Procurou-se, também, avaliar o seu comportamento em cultivo a lanço após a colheita do milho, aproveitando a adubação residual do mesmo, bem como obter densidade de semeadura a lanço que atendesse não só a produção de grãos, mas também com boa produção de massa verde/massa seca (Ferreita et al., 2006 a). O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, nas mesmas condições de solo anteriores.

O milho foi colhido manualmente e, após a colheita, os restos culturais foram incorporados ao solo. O nabo forrageiro foi semeado em 30.06.2005, aproximadamente três meses após a colheita do milho, após passagem de grade leve na área para incorporação da vegetação espontânea. No plantio do nabo não foi empregada adubação de base nem de cobertura, sendo a semeadura a lanço e as sementes, após aplicação, levemente incorporadas ao solo com grade leve. Para garantia da emergência, foi realizada irrigação por aspersão no dia 01.07.2005, aplicando-se lâmina de 20 mm, ocorrendo a germinação em 05.07.2005. A irrigação por aspersão também foi utilizada quando da ocorrência de déficit hídrico. Na semeadura, adotaram-se as densidades de 5, 10, 15, 20 e 25 kg de sementes por hectare, em parcelões. Por ocasião da colheita, foram realizadas quatro amostragens de 1,0 m2 para cada densidade de semeadura. Foi também utilizada a cultivar CATI AL 1000, em delineamento experimental inteiramente casualizado, em quatro repetições (amostragens). Por ocasião da colheita, realizada em 13.10.2005, foram colhidas todas as plantas da área amostrada e avaliadas a massa total em t ha-1 (massa fresca + massa de grãos), massa de grãos (t ha-1), massa verde e massa seca (t ha-1) e altura de planta (cm). A massa fresca foi obtida subtraindo-se a massa de

grãos da massa total obtida. Amostras retiradas da massa fresca obtida foram levadas para secagem em estufa de circulação forçada de ar, até peso constante, calculando-se posteriormente o teor de matéria seca. De posse da massa fresca e do teor de matéria seca, determinou-se a massa seca. Não foi realizado nenhum controle de plantas daninhas após a semeadura do nabo, devido à rápida cobertura do solo proporcionada. Também não se constatou a ocorrência de pragas e/ou doenças que exigissem controle. Os dados foram submetidos à análise de variância levando-se em conta a regressão. Nas características que apresentaram significância, foi determinada a equação de regressão e, nas características não significativas, aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O ciclo do nabo forrageiro foi de 98 dias, com a colheita sendo realizada manualmente. Levando-se em conta a regressão na análise, somente as características massa (peso) total e massa (peso) verde tiveram significância, ajustando-se a equação de regressão quadrática, conforme observado na Figura 1. Há que se considerar, entretanto, o baixo R2 obtido.

PT y = -0.02492857x2 + 0.82235714x + 3.05R2 = 0.6497*

PG ns

MV y = -0.02535714x2 + 0.83021429x + 2.545R2 = 0.6663*

MS ns

AP ns

0.00.51.01.52.02.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.59.09.5

10.010.511.0

5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25

densidade

PT PG MV MS AP

Figura 1 - Equação de regressão das características Peso Total (palhada + grãos em t ha-1), Peso Grãos (t ha-1), Massa Verde (t ha-1), Massa Seca (t ha-1) e Altura de Planta (cm) e seus respectivos R2..

Verifica-se que a densidade de 17 kg de sementes/ha foi a que proporcionou maior

peso total e verde, mas não influenciando nas demais características avaliadas. Assim, constata-se a possibilidade de diminuir os gastos de sementes no plantio, sem

prejuízos na produção de grãos. Caso o objetivo do plantio seja a adubação verde, poderão ser utilizadas maiores densidades de semeadura para obter maior massa para incorporação. As médias gerais obtidas encontram-se no Quadro 8. Comparando-se os dados médios obtidos com os de ensaio anterior na mesma região, a produtividade média obtida foi superior (510 kg ha-1 e 428 kg ha-1), o mesmo ocorrendo em relação à massa verde (8,03 t ha-1 e t ha-1).

Como conclusão para as densidades empregadas, pode-se afirmar que a densidade de semeadura de 17 kg de sementes a lanço ha-1 para o nabo forrageiro foi a que proporcionou maior peso total e verde, mas não influenciando nas demais características avaliadas.

Quadro 8 – Médias obtidas para Peso Total (palhada + grãos, em t ha-1), Peso de Grãos (t ha-1), Massa Verde (t ha-1), Massa Seca (t ha-1) e Altura de Planta (cm).

TRATAMENTO* PESO TOTAL PESO DE GRÃOS

MASSA VERDE

MASSA SECA

ALTURA DE PLANTA

5 5,92 0,45 a 5,48 5,31 a 1,37 a

10 10,30 0,53 a 9,78 9,37 a 1,37 a

15 8,90 0,48 a 8,43 7,79 a 1,19 a

20 9,17 0,48 a 8,70 8,21 a 1,44 a

25 8,35 0,60 a 7,75 7,32 a 1,25 a

Média 8,53 0,51 8,03 7,60 1,32

CV (%) 24,64 32,48 24,97 27,85 10,88

* kg de sementes por hectare. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

5.2 GERGELIM

O gergelim tem excelente potencial econômico, já que contém 50% de óleo em suas sementes, com utilização nas indústrias alimentar, química e farma-cêutica. O Brasil caracteriza-se como pequeno produtor de gergelim, com 13 mil toneladas anuais, produzidas em 220 mil hectares e rendimento médio em torno de 591 kg ha-1. Com o objetivo de se realizar uma primeira avaliação de cultivares de gergelim na região Norte Fluminense, Ferreira et al., 2006 d, conduziram um trabalho inicialmente no outono-inverno.

O ensaio também foi instalado em Campos dos Goytacazes, em solo classificado como Cambissolo. A semeadura foi realizada manualmente no dia 27.04.05, empregando-se maior quantidade de sementes por sulco para posterior desbaste. A emergência ocorreu em 03.05.05, com o pré-desbaste realizado em 17.05.05. O desbaste final foi feito em 24.05.05, deixando-se estande de dez plantas por metro de sulco. Foram utilizadas as cultivares: Seridó, CNPA G2, CNPA G3 e CNPA G4. Como a cultivar CNPA G3 não germinou, o ensaio foi conduzido com apenas três cultivares. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, em quatro repetições. Cada parcela experimental constou de uma única linha de cinco metros de comprimento, espaçadas de 1,0 metro entre si, constituindo área útil de cinco metros quadrados. Por ocasião da colheita, foram colhidas todas as plantas da parcela, e avaliados a produção de grãos (kg ha-1), a altura de planta (m), o estande final (número de plantas por parcela) e o número de vagens por planta.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias avaliadas pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade.

A cultivar CNPA G4 foi colhida com 100 dias após a emergência (10.08.2005) e as cultivares Seridó e CNPA G2 aos 109 dias (19.08.2005). Apesar de florescerem no mesmo período (13.06.2005), a cultivar CNPA G4 foi mais precoce na frutificação. Após a analise estatística, somente a característica estande final não apresentou diferenças significativas.

QUADRO 9 – Médias das cultivares, média geral e coeficiente de variação das características produtividade de grãos, altura de planta, estande final e número de vagens por planta. Campos dos Goytacazes, outono – inverno de 2005.

CULTIVAR PRODUTIVIDADE

DE GRÃOS (kg ha-1)

ALTURA DE PLANTA

(m)

ESTANDE FINAL

NÚMERO DE VAGENS/PLANTA

Seridó 736 a 1,29 b 43 a 85 a

CNPA G2 552 a 1,49 a 41 a 73 a

CNPA G4 254 b 1,23 b 37 a 47 b

Média Geral 514 1,34 40 68

CV (%) 20,7 8,5 9,8 11,9

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si a 1% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

A cultivar Seridó obteve as maiores médias de produtividade de grãos e número de vagem por planta, seguida da cultivar CNPA G2, sendo que ambas foram estatisticamente diferentes da CNPA G4 nessas características. Somente a cultivar Seridó obteve rendimento de grãos acima da média nacional, de 591 kg/ha. Considerando-se o espaçamento de 1,0 metro entre fileiras, são citados na literatura rendimentos em torno de 650 kg ha-1. Mas há também produtividades obtidas acima de 1.000 kg ha-1. Como o gergelim se presta a vários tipos de arranjos de produção (solteiro em linhas simples, solteiro em fileiras duplas, sistemas consorciados, entre outros), são necessários certos cuidados na comparação entre produtividades obtidas. A maior produtividade da cultivar Seridó pode, possivelmente, estar associada ao maior número de vagens por planta. Esses dados também podem explicar, em parte, o baixo rendimento da cultivar CNPA G4, com os menores valores observados para número de vagens por planta.

Com relação à CNPA G2, os resultados obtidos também podem ser considerados satisfatórios, sendo observados dados de produção na literatura em torno de 400 kg ha-1. Apesar de cultivado fora do período adequado de semeadura (época de verão), os dados climáticos obtidos evidenciam as condições adequadas de plantio nessa época na região Norte Fluminense. O total de chuva de 300 mm durante todo o ciclo é suficiente para a produção do gergelim, valor esse alcançado na região, considerando-se a irrigação inicial utilizada. As temperaturas obtidas também estão adequadas, com médias acima de 20°C, apesar de apresentar temperaturas mínimas de 16,61ºC no mês de julho. Temperaturas inferiores a 20ºC atrasam não só a germinação, mas o desenvolvimento da cultura. Outro fator a ser levado em consideração é a altitude da região, em torno de 11m. Há que se considerar, ainda, que a precipitação nos últimos dois anos na região foi atípica, com freqüência de chuva superior à média dos anos anteriores. Concluiu-se que as cultivares Seridó e CNPA G2 obtiveram produtividades consideradas satisfatórias para a época de cultivo de outono–inverno no Norte Fluminense, mas outros ensaios deverão ser conduzidos para futuras recomendações de cultivo extensivo, envolvendo outros locais e épocas de semeadura. Outro trabalho foi conduzido para avaliar cultivares de gergelim no verão, sendo o ensaio instalado no mesmo local do ensaio anterior (Ferreira et al., 2006 c). A semeadura foi realizada manualmente em 29.12.05, empregando-se maior quantidade de sementes por sulco para posterior desbaste. A emergência ocorreu em 09.01.06, com o pré-desbaste realizado em 23.01.06. O desbaste final foi feito em 30.03.06, deixando-se estande de cinco plantas por metro de sulco.

Foram utilizadas sete cultivares de gergelim obtidas no CNPA da Embrapa: Mexicana, CNPA G3, CNPA G4, CNPA G2, Blanco, Skoba e Seridó. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, em três repetições. Cada parcela experimental constou de três linhas de cinco metros de comprimento, espaçadas de 1,0 metro entre si, constituindo área útil de cinco metros quadrados (colheita apenas da linha central). Como bordadura, foram utilizadas duas fileiras da cultivar CNPA G2 nas laterais da área experimental. Por ocasião da colheita, foram colhidas todas as plantas da parcela e avaliados a produção de grãos (kg ha-1), a altura de planta (m), o estande final (número de plantas por parcela) e o número de vagens por planta. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias avaliadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Quanto ao ciclo, as cultivares Mexicana, CNPA G3, CNPA G4, CNPA G2, Blanco e Skoba foram colhidas com 109 dias após a emergência (28.04.2006) e a cultivar Seridó aos 130 dias (19.05.2006), conferindo o ciclo tardio da cultivar Seridó e ciclo médio das demais avaliadas. Nesse aspecto, em relação ao ensaio conduzido no outono-inverno de 2005 (Ferreira et al., 2006 d), foram observados incremento no ciclo de todas as cultivares, o que era esperado. Os resultados médios obtidos pelas cultivares avaliadas por característica, apresentados no Quadro 10, revelam diferenças significativas quanto ao estande final e número de vagens por planta, enquanto para altura da planta e produção de grãos, as cultivares avaliadas apresentaram desempenho estatisticamente semelhantes. Para altura de plantas, as cultivares apresentaram desenvolvimento vegetativo de aproximadamente 2,19 metros.

QUADRO 10 – Médias das cultivares, média geral e coeficiente de variação das características avaliadas. Campos dos Goytacazes-RJ, verão de 2005/2006.

CULTIVARES ALTURA

DE PLANTA (cm)

NÚMERO DE VAGENS/PLANTA

ESTANDE FINAL (parcela útil)

PRODUÇÃO DE GRÃOS (kg ha-1)

Mexicana 2,25 a 104 a 29 ab 1.544 a

CNPA G3 2,27 a 161 ab 16 ab 853 a

CNPA G4 2,21 a 184 b 9 a 1.297 a

CNPA G2 2,09 a 142 ab 34 b 1.118 a

Blanco 2,20 a 116 a 29 ab 2.203 a

Skoba 2,17 a 103 a 33 b 2.026 a

Seridó 2,13 a 131 ab 27 ab 1.336 a

Média 2,19 134 25 1.482

CV (%) 5,16 17,34 31,91 34,95

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Quanto ao número de vagens por planta, a cultivar CNPA G4 destacou-se pelo maior valor obtido (184 vagens por planta), diferindo significativamente das cultivares Skoba, Mexicana e Blanco. É interessante observar o potencial produtivo das plantas da cultivar CNPA G4 que, em termos de rendimento médio, apresentaram produtividade semelhante às cultivares com número de plantas elevado por parcela, provavelmente em função do maior número de vagens por planta obtidos pela cultivar CNPA G4.

Em relação ao estande final, observou-se diferença estatística entre os estandes da cultivar CNPA G4 e as cultivares Skoba e CNPA G2, apesar desse fator não ter influenciado na produtividade, em que não foram obtidas diferenças entre cultivares. A produtividade média obtida (1.482 kg ha-1) pode ser considerada excelente, bem acima da média obtida por Ferreira et al., 2006, no período de outono-inverno (514 kg ha-1), além de superar em mais de duas vezes o rendimento médio mundial que situa-se em torno de 591 kg ha-1 . Para altura de planta não foram constatadas diferenças entre cultivares. Deve-se destacar que, além da produtividade, a altura de planta e o número de vagens também foram superiores aos obtidos por Ferreira et al., 2006 d, no outono-inverno.

Concluiu-se que as cultivares diferiram em relação ao estande final obtido e ao número de vagens por planta, mas não diferiram entre si quanto à produção de grãos, com média de 1.482 kg ha-1, considerada satisfatória para a época de semeadura em questão e superior ao rendimento médio mundial.

5.3 MAMONA

Considerando-se que a mamona é reconhecida como matéria-prima para a produção do biodiesel, procurou-se avaliar a cultura nas condições edafoclimáticas da região Norte Fluminense, procurando subsidiar futuros programas. Como primeiro estudo, avaliou-se a flutuação populacional de fitopatógenos na mamona na região Norte Fluminense (Rego Filho et al., 2005 c). O ensaio também foi instalado em Campos dos Goytacazes, em 22 de novembro de 2003, em solo classificado como neossolo flúvico Tb, de baixa saturação de base, típico por possuir textura indiscriminada, e de bem a perfeitamente drenados. Foram utilizadas as cultivares Al Guarany e IAC 80.

Com a mamoneira Al Guarany 2002 utilizou-se área de 9.000 m2, adotando-se o espaçamento de 1,50 metro entre linhas e um metro entre plantas, com densidade inicial de três

plantas por cova. Vinte dias após a germinação, foi realizado o desbaste para uma planta por cova. A profundidade de semeadura foi de 5 cm. Com a cultivar IAC 80, utilizou-se área de 6.970 m2 e adotou-se o espaçamento de três metros entre linhas e um metro entre plantas, com densidade inicial de três plantas por cova. O desbaste e a profundidade de semeadura foram os mesmos citados anteriormente. Por ocasião de seu desenvolvimento, determinou-se a ocorrência de pragas (mastigadores e minadores) e de fungos.

A verificação da ocorrência de pragas e doenças na cultura da mamona decorreu da aplicação de uma proposta de monitoramento, a qual se insere num contexto maior, conforme pode ser verificado na literatura. Nesses trabalhos, os autores aprofundaram os conceitos originais do monitoramento e do manejo integrado para uma proposta de caráter mais holístico, consubstanciada no que se denomina manejo agronômico. Na Figura 2 encontra-se a flutuação populacional dos principais fitoparasitos nas cultivares pesquisadas. O comportamento populacional dos principais fitoparasitos foi semelhante nas cultivares IAC 80 e Al Guarany. O maior problema na fase inicial de desenvolvimento (40 dias) foram os insetos minadores, com maiores percentuais de ocorrência.

Os insetos mastigadores constituem provável problema, elevando sua freqüência populacional em função do crescimento foliar, mas caracterizados pela descontinuidade. Os insetos minadores, excetuando-se sua maior presença inicial, tiveram baixos percentuais de freqüência e, quanto aos fungos, a partir dos 79 e até 86 dias há tendência de elevação de freqüência populacional. É importante frisar que mesmo um índice de 40% de folha afetada por um inseto mastigador não implica dizer que a mesma esteja totalmente comprometida na sua área fotossinteticamente ativa.

IAC 80

0

10

20

30

40

50

60

30 37 44 51 58 65 72 79 86 93 100 107

DIAS APÓS SEMEADURA

%

MINADOR (%) MASTIGADOR (%) FUNGOS (%)

AL GUARANY

0

10

20

30

40

50

60

30 37 44 51 58 65 72 79 86 93 100DIAS APÓS SEMEADURA

%

MINADOR (%) MASTIGADOR (%) FUNGOS (%)

Figura 2 – Flutuação populacional dos principais fitoparasitos na cultura da mamona cultivar “IAC 80” e “Al guarany”, representada pelo percentual de folhas com sintomas de ataque. Campos dos Goytacazes – RJ. 2004.

O trabalho também avaliou a cultura da mamona quanto ao ciclo, à produtividade (Rego Filho et al., 2005 d) e às características básicas de crescimento (Rego Filho et al., 2005 a). O potencial produtivo das cultivares de mamona (Quadro 11) foram próximos, da ordem de 773 kg de grãos em casca por hectare para a IAC 80 e 697 kg de grãos em casca por hectare para a Guarany. A produtividade foi bem inferior à obtida no Estado de São Paulo, da ordem de 4.000 kg de grãos em casca por hectare para a cultivar IAC 80, e de 2.000 a 3.500 kg de grãos em casca por hectare para a cultivar Guarany.

QUADRO 11 – Ciclo (número de dias) e produtividade (kg de grãos por hectare) da cultura da mamona na região Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes-RJ, 2004.

CULTIVARES CICLO PRODUTIVIDADE

Mamona IAC 80 240 – 260 773

Mamona Al Guarany 160 - 180 697

É importante ressaltar que aos sessenta e noves dias após a semeadura todas as culturas sofreram injúria em função de chuva de granizo. Na cultivar Al Guarany utilizou-se como fonte de adubo nitrogenado em cobertura a uréia, o que acarretou grande perda no stand de plantas por queima no colo das mesmas. Os primeiros resultados indicam que a cultura da mamoneira deverá ser mais bem trabalhada, procurando-se identificar pontos críticos do cultivo na região Norte Fluminense. Recomenda-se, de maneira geral, que o manejo da cultura seja feito com tecnologias ajustadas às condições locais, o que somente poderá ser feito com pesquisas locais. Os resultados obtidos nas cultivares Guarany e IAC 80 para o número de folhas encontram-se na Figura 3 e a altura de planta, comprimento e largura da folha encontram-se na Figura 4. NÚMERO DE FOLHAS MAMONA IAC 180

0

2

4

6

8

10

12

30 37 44 51 58 65 72 79 86 93 100 107DIAS APÓS SEMEADURA

QUANTIDADE

NÚMERO DE FOLHAS FOLHAS PROVISÓRIAS

NÚMERO DE FOLHAS MAMONA AL GUARANY 2002

6

7

8

9

10

11

12

13

30 37 44 51 58 65 72 79 86 93 100DIAS APÓS SEMEADURA

QUANTIDADE

NÚMERO DE FOLHAS

Figura 3 - Análise de desenvolvimento da cultura da Mamona, cultivares ‘IAC 80’ e Al Guarany 2002, quanto ao número de folhas emitidas dias após a semeadura. Campos dos Goytacazes - RJ, 2004.

Para o número de folhas (Figura 3), nota-se uma rápida elevação após 58 dias em ambas cultivares, alcançando seu número máximo aos 79 dias, independentemente da cultivar utilizada. A cultivar Al Guarany apresentou número de folhas ligeiramente superior à IAC 80, o que pode estar relacionado ao seu ciclo mais precoce. Na altura de planta (Figura 4), verifica-se que o crescimento foi linear até o seu estabelecimento em torno de 93 dias, com o aparecimento do primeiro cacho de flores, independentemente da cultivar. Apesar de não apresentarem diferenças em altura de planta até esse período, a cultivar Guarany é de porte médio e a cultivar IAC 80 de porte alto em outros locais de avaliação, como os obtidos no Estado de Minas Gerais, com ciclo de 150 e 240 dias, respectivamente (Resende, Oliveira e Gonçalves, 2004). Nas condições deste ensaio, os ciclos obtidos foram, respectivamente, de 160 e 240 dias. Quanto à análise de comprimento e largura da folha (Figura 4), verifica-se que as cultivares utilizadas seguiram um padrão linear de aumento. As características analisadas foram eqüidistantes, ou seja, mantiveram sempre certa relação, no sentido de que se a planta aumentasse o comprimento da folha a sua largura também aumentava. A cultivar IAC 80 estabilizou o comprimento e a largura de folhas aos 65 dias e a cultivar Al Guarany, aos 79 dias. Esses dados acompanham, de certa forma, os obtidos quanto ao número de folhas (Figura 3). O tamanho máximo observado foi de 50cm para o comprimento das folhas.

ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO MAMONA IAC 80

102030405060708090

30 37 44 51 58 65 72 79 86 93 100DIAS APÓS SEMEADURA

cm

ALTURA DA PLANTA COMPRIMENTO FOLHA 4 LARGURA FOLHA 4

ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO MAMONA AL GUARANY 2002

10

20

30

40

50

60

70

80

90

30 37 44 51 58 65 72 79 86 93 100DIAS APÓS SEMEADURA

cm

ALTURA DA PLANTA COMPRIMENTO FOLHA 4 LARGURA FOLHA 4

Figura 4 - Análise de desenvolvimento da cultura da Mamona, cultivares ‘IAC 80’ e Al Guarany 2002, quanto à altura de planta, comprimento e largura das folhas. Campos dos Goytacazes-RJ. 2004.

Como o estudo da mamona está se iniciando na região Norte Fluminense, vários fatores devem ser considerados quando se avaliam cultivares com vistas à obtenção de altos rendimentos. Entre eles, a escolha de sementes de alta qualidade é fundamental. Como as sementes de mamona apresentam, geralmente, baixa longevidade e germinação lenta, devido a uma série de fatores, conduziu-se um trabalho com o objetivo de avaliar o efeito da remoção da carúncula e de tratamento fungicida na germinação e vigor das sementes de dez introduções de procedências variadas (Fernandes et al., 2005). O experimento foi realizado na Estação Experimental de Campos, em condições de ambiente controlado (laboratório) e no campo (areia). Parte das sementes foi submetida à remoção da carúncula e tratamento com fungicida. Para a remoção da carúncula, as sementes foram imersas em água destilada por quatro horas e a retirada foi feita com estilete. As avaliações foram realizadas aos sete e dezoito dias após a semeadura em janeiro (fase de laboratório) e fevereiro (fase de campo) de 2005. Os resultados obtidos encontram-se nos Quadros 12 e 13, relacionados à germinação de sementes de introduções de mamona em função de diferentes tratamentos em laboratório e no campo, respectivamente. Em condições de laboratório, no germinador, a retirada da carúncula das sementes sem tratamento fungicida aumentou a germinação, sendo esse efeito mais pronunciado para as entradas número 1, 4, 5, 8, e 9 quando comparado com a germinação das sementes com carúncula. O mesmo ocorreu com as sementes sem carúncula e com tratamento fungicida para as cultivares de número 8 e 9 (Quadro 12). QUADRO 12 – Germinação (%) de sementes de mamona em função de diferentes tratamentos em condição de laboratório. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005.

SEM FUNGICIDA COM FUNGICIDA INTRODUÇÃO

Com carúncula Sem carúncula Com carúncula Sem carúncula

1 44 90 72 84

2 60 72 80 80

3 80 92 86 94

4 64 88 84 92

5 72 94 88 97

6 80 96 98 92

7 92 97 96 96

8 64 94 68 97

9 64 98 76 96

10 74 84 84 88

Média 69,4 90,4 83,2 91,6

Média 79,9 87,4 Considerando-se apenas os valores médios obtidos, verifica-se que o percentual de germinação passa de 69,4% no tratamento com carúncula e sem fungicida para 83,2% nesse mesmo tratamento na presença do fungicida. Ou seja, na semente com carúncula, a presença do fungicida aumenta o percentual de germinação em laboratório. Na ausência da carúncula, o efeito da presença ou ausência do fungicida não traz alterações significativas no percentual de germinação, com valores de 91,6% e 90,4%, respectivamente.

O efeito fungicida isoladamente no aumento do percentual de germinação é evidente, sendo obtida média geral de 79,9% no tratamento sem fungicida e 87,4% na sua presença. No campo – areia, nas sementes sem tratamento fungicida, a retirada da carúncula teve efeito maior no vigor inicial (28,6%), determinado pelo teste de 1ª contagem da germinação, realizada aos sete dias, cujos valores foram superiores aos das sementes com carúncula (1,2%). No entanto, a partir da 2ª contagem, até a última aos 18 dias, a germinação das sementes com carúncula foi se aproximando daquelas sem carúncula (85,2% e 91,8%, respectivamente), à exceção das sementes das cultivares de número 1 e 5, que apresentaram germinação bem inferior. Comportamento semelhante foi também observado na presença do fungicida. Nas sementes com carúncula e tratamento fungicida, o vigor inicial foi superior apenas para algumas cultivares, com destaque para a de número 7. Quanto às sementes sem carúncula, o vigor inicial foi maior nas cultivares de número 5, 7 e 9 (Quadro 13). O comentário fica evidente ao se considerarem os valores médios obtidos quando da retirada (75,2%) e da presença (43,2%) de carúncula isoladamente, na ausência de fungicida, que foram de maior magnitude em relação à presença de fungicida. Verifica-se, assim, que os efeitos positivos da remoção da carúncula no teste de laboratório (Quadro 12) correlacionam-se com os obtidos no campo (Quadro 13), ao passo que as informações relacionadas ao fator fungicida não foram comprovadas no campo. Nesse caso, no ensaio de laboratório, a média de germinação na presença do fungicida foi de 87,4%, superior aos 79,9% obtidos na ausência do fungicida. No campo, esses valores foram de 50,6% e 59,2%, respectivamente.

QUADRO 13 – Germinação (%) de sementes de mamona em função de diferentes tratamentos em condição de campo. Campos dos Goytacazes-RJ. 2005.

SEM FUNGICIDA COM FUNGICIDA

com carúncula sem carúncula com carúncula sem carúncula INTRODUÇÃO

7 dias 18 dias 7 dias 18 dias 7 dias 18 dias 7 dias 18 dias

1 0 68 20 88 0 88 0 88

2 0 84 20 88 0 76 4 88

3 0 96 16 98 0 96 0 90

4 0 80 24 96 0 96 0 88

5 0 76 40 96 0 92 28 96

6 0 88 20 92 0 96 4 99

7 8 92 72 88 24 96 64 90

8 0 88 2 92 0 86 0 92

9 4 96 48 96 8 96 56 88

10 0 84 24 84 4 80 16 96

Média 1,2 85,2 28,6 91,8 3,6 90,2 17,2 91,5

Média 43,2 75,2 46,9 54,3

Média 59,2 50,6

Possivelmente, sementes das cultivares recém-colhidas foram as que apresentaram maior efeito quando submetidas aos tratamentos. É necessário ressaltar que o ensaio foi conduzido com apenas um fungicida. Outros ensaios se fazem necessários, com emprego de fungicidas seletivos.

Pode-se concluir, assim, que houve diferença na qualidade das sementes entre as cultivares avaliadas; que a remoção da carúncula influencia no potencial de germinação da semente no ensaio de laboratório, sobretudo na ausência de fungicida; no tratamento com fungicida no ensaio de laboratório, obtêm-se poucos ganhos na germinação com a retirada da carúncula e que a remoção da carúncula influencia muito mais o vigor inicial do que a germinação final para a maioria das cultivares no ensaio de campo. Considerando-se a importância da cultura da mamona como mais uma opção de cultivo para a região Norte Fluminense, conduziu-se outro trabalho (Rego Filho et al., 2006 d) com o objetivo de avaliar 12 genótipos de mamoneira, entre híbridos e cultivares, procurando-se identificar aqueles mais promissores. Espera-se, assim, disponibilizar aos produtores interessados maiores subsídios para sua avaliação e plantio, visando atender ao Programa Riobiodiesel. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, em solo classificado como Cambissolo. A semeadura foi realizada manualmente em duas épocas, sendo a primeira no dia 18.03.2005 e a segunda no dia 01.04.2005, com densidade de plantio de três plantas cova-1, espaçadas de 1,0 em 1,0 metro com desbaste para uma planta cova-1. O cultivo da mamoneira pode ser realizado nesse período no Norte Fluminense, pois o inverno na região é considerado pouco rigoroso, conforme observações climáticas (Quadro 14) obtidas em Estação Climatológica instalada na PESAGRO-RIO/EEC.

QUADRO 14 – Dados de precipitação e temperatura obtidos no período de inverno em Campos dos Goytaczes, região Norte Fluminense, nos anos de 1999 e 2000.

ANO MESES PRECIPITAÇÃO

(mm) TEMPERATURA MÁXIMA (°C)

TEMPERATURA MÍNIMA (°C)

junho 39,5 25,8 16,1

julho 24,7 26,6 16,4

agosto 16,2 26,5 14,5 1999

setembro 39,9 28,0 17,0

junho 4,1 27,7 15,2

julho 6,5 25,9 14,8

agosto 27,5 27,2 15,5 2000

setembro 73,1 25,9 17,5

Foram utilizados os híbridos Lyra, G1 e Savana e as cultivares IAC – 80, Al Guarany, Paraguaçu, Nordestina, Mirante, V1, Cafelista, T1 e IAC 226 no delineamento experimental de blocos casualizados, em quatro repetições. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de sete metros de comprimento, espaçadas em 2m, constituindo área total de 56m2. Por ocasião da colheita, foram consideradas como área útil apenas as duas linhas centrais, deixando-se um metro em cada extremidade, totalizando 20m2.

Foram avaliadas as seguintes características: altura de planta (m), obtida do nível do solo até o topo do último racemo; comprimento do racemo (cm); número de frutos por racemo e produção de frutos (kg ha-1). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conjunta e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na análise de variância conjunta encontrou-se diferença significativa para os efeitos de genótipos e de épocas para as características produtividade, comprimento de racemo e número de frutos por racemo. Para a característica altura da planta, os efeitos de genótipos, épocas e interação genótipos x épocas não foram significativos, indicando que os genótipos apresentaram comportamentos semelhantes nas duas épocas de plantio. Já com relação à interação genótipos x épocas, somente a característica comprimento de racemo apresentou comportamento distinto entre as duas épocas de plantio.

No Quadro 15 constam os dados referentes à análise conjunta para produtividade de frutos e características agronômicas dos genótipos avaliados.

QUADRO 15 - Médias de produtividade (PROD), altura da planta (ALPL), comprimento do racemo (CRAC) e numero de frutos por racemo (NFPR) obtidas das duas épocas de plantio do ensaio de mamona. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005.

GENÓTIPO PRODUTIVIDADE

(t/ha)

ALTURA DE PLANTA

(cm)

COMPRIMENTO DO RACEMO

(cm)

NÚMERO DE FRUTOS POR

RACEMO

IAC - 80 1,484 a 192 a 26 a 13,4 abc

Al Guarany 1,223 a 213 a 29 a 17,6 ab

Paraguaçu 0,941 a 197 a 20 a 11,9 abc

Nordestina 0,732 a 190 a 25 a 8,1 abc

Savana 0,518 a 185 a 24 a 9,5 abc

Lyra 0,590 a 201 a 18 a 4,9 c

Mirante 0,863 a 217 a 23 a 8,9 abc

V1 0,553 a 206 a 20 a 6,9 abc

IAC 226 0,742 a 241 a 24 a 10,1 abc

Cafelista 1,385 a 172 a 27 a 18,8 a

G1 0,521 a 174 a 21 a 6,5 bc

T1 1,108 a 222 a 20 a 10,3 abc

Média 0,888 201 23 10,6

CV (%) 76,7 32,7 25,3 47,9

Médias seguidas por mesma letra nas colunas não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Observa-se que não houve diferença significativa na produtividade de frutos entre cultivares, seja na análise conjunta ou por épocas. A média geral dos ensaios (888 kg ha-1 de frutos, equivalente a 577 kg ha-1 de grãos) está no mesmo patamar da produtividade média brasileira, o que corresponderia a aproximadamente 564 kg de grãos por hectare. O mesmo pode ser observado nas épocas de semeadura (Tabelas 16 e 17).

QUADRO 16 - Médias de produtividade, altura da planta, comprimento do racemo e numero de frutos por racemo obtidas na primeira época de plantio do ensaio de mamona. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005.

GENÓTIPO PRODUTIVIDADE

(t/ha)

ALTURA DE PLANTA

(cm)

COMPRIMENTO DO RACEMO

(cm)

NÚMERO DE FRUTOS POR

RACEMO

IAC - 80 2,023 a 192 a 35 a 17,8 abc

Al Guarany 1,624 a 220 a 35 a 23,5 a

Paraguaçu 0,929 a 231 a 18 a 9,0 abc

Nordestina 0,699 a 195 a 27 a 10,0 abc

Savana 0,662 a 165 a 28 a 11,3 abc

Lyra 0,731 a 199 a 19 a 3,8 c

Mirante 0,729 a 246 a 22 a 7,5 bc

V1 0,667 a 238 a 22 a 8,0 bc

IAC 226 0,980 a 272 a 23 a 10,0 abc

Cafelista 1,498 a 169 a 27 a 19,8 ab

G1 0,554 a 143 a 22 a 8,3 bc

T1 1,308 a 256 a 20 a 13,0 abc

Média 1,033 210 25 11,8

CV (%) 78,3 33,2 28,9 51,5

Médias seguidas por mesma letra nas colunas não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

QUADRO 17 - Médias de produtividade, altura da planta, comprimento do racemo e numero de frutos por racemo obtidas na segunda época de plantio do ensaio de mamona. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005.

GENÓTIPO PRODUTIVIDADE

(t/ha)

ALTURA DE PLANTA

(cm)

COMPRIMENTO DO RACEMO

(cm)

NÚMERO DE FRUTOS POR

RACEMO

IAC - 80 0.945 a 193 a 17 a 9.0 abc

Al Guarany 0.823 a 207 a 24 a 11.8 abc

Paraguaçu 0.954 a 162 a 23 a 14.8 ab

Nordestina 0.765 a 185 a 22 a 6.3 bc

Savana 0.374 a 205 a 20 a 7.8 bc

Lyra 0.449 a 204 a 18 a 6.0 bc

Mirante 0.996 a 188 a 25 a 10.3 abc

V1 0.440 a 174 a 18 a 5.8 bc

IAC 226 0.504 a 210 a 25 a 10.3 abc

Cafelista 1.273 a 175 a 26 a 17.8 a

G1 0.489 a 206 a 20 a 4.8 c

T1 0.908 a 188 a 19 a 7.5 bc

Média 0,743 191 21 9,3

CV (%) 71,1 32,6 20,6 41,4

Médias seguidas por mesma letra nas colunas não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Dos materiais avaliados, deve ser levado em consideração o fato de os frutos da cultivar IAC – 80 serem deiscentes, que exigem a colheita parcelada dos racemos à medida que os mesmos vão secando. Já na cultivar Al Guarany, os frutos são indeiscentes, o que facilita a colheita por serem mais concentrados. Com relação ao porte de plantas, a mamoneira pode ser classificada da seguinte forma: Porte Baixo: altura até 1,6 m; Porte Médio: altura de 1,6 m a 2,5 m e Porte Alto: acima superior a 2,5 m. Nesse critério, somente as cultivares IAC 226 e genótipo T1 podem ser considerados como de porte alto. Como material de porte baixo destacou-se o G1. Verificou-se ainda uma relação entre o comprimento do racemo e o número de frutos por racemo, ou seja, maior comprimento de racemo é também acompanhado por maior número de frutos. 5.4 GIRASSOL

Considerando-se que o girassol também é considerado matéria-prima para a produção do biodiesel, procurou-se avaliar a cultura nas condições edafoclimáticas da região Norte Fluminense, a fim de subsidiar futuros programas, para os quais o governo do Estado do Rio de Janeiro já demonstrou interesse. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, em 22 de novembro de 2003, em solo classificado como neossolo flúvico Tb, de

baixa saturação de base, típico por possuir textura indiscriminada e de bem a perfeitamente drenados. Foram utilizadas as cultivares Catissol 1 e Embrapa 122-V2000. A cultivar de girassol Catissol 1 foi semeada em 5.300 m2, sendo adotado o espaçamento de 90 cm entre fileiras, com densidade inicial de 10 sementes por metro linear de sulco. Quinze dias após a germinação, foi realizado o desbaste para oito a nove plantas por metro linear de sulco. A profundidade de semeadura foi de 4,5 cm. A cultivar de girassol Embrapa 122-V2000 foi semeada em 6.420 m2, sendo adotados os mesmos parâmetros de espaçamento, densidade, desbaste e profundidade de semeadura utilizados na cultivar Catissol 1.

Procurando-se observar o comportamento das cultivares em análise nas condições da região Norte Fluminense, determinou-se, por ocasião de seu desenvolvimento, a ocorrência de pragas (mastigadores e minadores) e de fungos (Rego Filho et al., c).

A verificação da ocorrência de pragas e doenças na cultura decorreu da aplicação de proposta de monitoramento que se insere num contexto maior, conforme pode ser verificado na literatura.

Nesses trabalhos, os autores aprofundaram os conceitos originais de monitoramento e de manejo integrado para uma proposta de caráter mais holístico, consubstanciada no que se denomina manejo agronômico. Na Figura 5 encontra-se a flutuação populacional dos principais fitoparasitos na cultura pesquisada.

05

10152025303540

30 37 44 51 58 65 72 79 86DIAS APÓS SEMEADURA

%

MINADOR (%) MASTIGADOR (%) FUNGOS (%)

Catissol 1

0

10

20

30

30 37 44 51 58 65 72 79 86

DIAS APÓS SEMEADURA

%

MINADOR (%) MASTIGADOR (%) FUNGOS (%)

Embrapa 122 – V2000

Figura 5 – Flutuação populacional dos principais fitoparasitos na cultura do Girassol, cultivares Catissol 1 e Embrapa 122-V2000, representada pelo percentual de folhas com sintomas de ataque. Campos dos Goytacazes-RJ, 2004.

Verifica-se que as populações dos principais fitoparasitos foram semelhantes, com maior ocorrência de insetos mastigadores seguidos dos insetos minadores e dos fungos. Em termos percentuais, o ataque dos insetos mastigadores foi bem mais intenso no período inicial de cultivo (40 dias) na cultivar Embrapa 122 - V2000 do que na Catissol, ocorrendo o inverso em relação aos insetos minadores. Independentemente da cultivar, picos de presença dos insetos mastigadores ocorreram em torno de 58 a 60 dias, o que pode estar relacionado com a maior presença de folhas. Os insetos minadores também apresentaram comportamento semelhante, mas com menor flutuação populacional. Maiores flutuações populacionais de fungos ocorreram no período de 68 a 75 dias, decrescendo a partir daí. O trabalho também avaliou o ciclo, a produtividade (Rego Filho et al., 2005 d) e as características básicas de crescimento da cultura do girassol (Rego Filho et al., 2005 b). Com relação à produtividade obtida (Quadro 18), verifica-se que o potencial produtivo entre as cultivares de girassol avaliadas foi próximo, com produtividades de 1.225 kg de grãos por hectare para a Catissol e 1.187 kg de grãos por hectare para a Embrapa 122 - V2000. Entretanto, a produtividade obtida foi inferior à aferida no Estado de São Paulo, onde a produtividade esperada da cultivar Catissol é de 1.500 a 2.500 kg de grãos por hectare (safrinha) e de 1.500 a 1.740 kg de grãos por hectare da cultivar Embrapa 122-V2000.

QUADRO 18 – Ciclo (número de dias) e produtividade (kg de grãos por hectare) da cultura do girassol na região Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes-RJ, 2004.

CULTIVARES CICLO PRODUTIVIDADE

Girassol Catissol 115 - 130 1.225

Girassol Embrapa 122-V2000 100 1.187

É importante ressaltar que aos sessenta e nove dias após a semeadura, todas as culturas sofreram injúria em função de chuva de granizo. Como primeiros resultados, pode-se afirmar que a cultura do girassol se destaca, inicialmente, com potencial produtivo semelhante ao obtido em outros Estados. Recomenda-se, de maneira geral, que o manejo dessas culturas seja feito com tecnologias ajustadas às condições locais. Os resultados de altura de planta obtidos com as cultivares Catissol e Embrapa 122-V2000 encontram-se na Figura 6, de número de folhas na Figura 7 e de comprimento e largura de folha, na Figura 8.

ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO GIRASSOL CATISSOL 1 ALTURA DA PLANTA

50

70

90

110

130

150

170

190

30 37 44 51 58 65 72 79 86DIAS APÓS SEMEADURA

cm

ALTURA DA PLANTA

ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO GIRASSOL EMBRAPA 112-V2000 ALTURA DA PLANTA

50

70

90

110

130

150

170

190

30 37 44 51 58 65 72 79 86DIAS APÓS SEMEADURA

cm

ALTURA DA PLANTA

Figura 6 - Análise de desenvolvimento da cultura do Girassol, cultivares Catissol 1 e Embrapa 122-V2000, quanto à altura da planta após a semeadura (dias). Campos dos Goytacazes-RJ. 2004.

Quanto à altura da planta (Figura 6), verifica-se que o crescimento foi mais linear para a cultivar Catissol do que para a cultivar Embrapa 122-V2000, estabilizando-se em torno de 75 dias. A partir daí, a planta não mais cresceu em altura, por entrar em fase de floração (Estádio R4). A Catissol alcançou 1,75 m de altura final e a Embrapa 122-V2000 1,70 m. A fase de formação de folhas (Figura 7) ocorre logo após a emergência, com o aparecimento da primeira folha acima dos cotilédones, com no máximo 4 cm de comprimento e eleva-se até o início da fase reprodutiva (Estádio R2). Observa-se que o número de folhas aumenta até os 50 dias na cultivar Catissol e até os 65 dias na cultivar Embrapa 122-V2000. Como esta cultivar é mais precoce, o maior número de folhas pode ser uma adaptação da planta, caracterizado pela maior fonte de dreno para os grãos. Apesar da maior presença inicial de folhas na Embrapa 122-V2000, o número de folhas finais obtido foi praticamente o mesmo.

NÚMERO DE FOLHAS GIRASSOL CATISSOL 1

14

16

18

20

22

24

26

30 37 44 51 58 65 72 79 86

DIAS APÓS SEMEADURA

Nº D

E FO

LHAS

NÚM ERO DE FOLHAS

NÚMERO DE FOLHAS GIRASSOL EMBRAPA 112-V2000

14

16

18

20

22

24

26

30 37 44 51 58 65 72 79 86

DIAS APÓS SEMEADURA

Nº D

E F

OLH

AS

NÚMERO DE FOLHAS

Figura 7 - Análise de desenvolvimento da cultura do Girassol, cultivares Catissol 1 e Embrapa 122-V2000, quanto ao número de folhas emitidas após a semeadura (dias). Campos dos Goytacazes-RJ, 2004.

Quanto à análise de comprimento e largura da folha (Figura 8), verifica-se que na

cultivar Embrapa 122-V2000 esses valores seguiram padrão linear de aumento, diferentemente do observado na Catissol. As características analisadas foram eqüidistantes, ou seja, mantiveram sempre certa relação, no sentido de que se a planta aumentasse o comprimento da folha o seu diâmetro também aumentava. Próximo ao início do estádio reprodutivo, a cultivar Catissol apresentou folhas com maior comprimento e com menor largura, em relação à Embrapa 122-V2000.

ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO GIRASSOL CATISSOL 1

579

11131517

30 37 44 51 58 65 72 79 86

DIAS APÓS SEMEADURA

CM

COMPRIMENTO FOLHA 4 LARGURA FOLHA 4

ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO GIRASSOL EMBRAPA 112-V200

5

7

9

11

13

15

17

19

21

23

30 37 44 51 58 65 72 79 86

DATA

cm

COMPRIMENTO FOLHA 4 LARGURA FOLHA 4

Figura 8 - Análise de desenvolvimento da cultura do Girassol, cultivares Catissol 1 e Embrapa 122-V2000, quanto ao comprimento e largura da folha “4” emitida após a semeadura (dias). Campos dos Goytacazes-RJ, 2004.

Considerando-se os resultados iniciais obtidos, deu-se continuidade aos trabalhos com a cultura do girassol, visando avaliar o comportamento de genótipos em diferentes épocas de semeadura na região Norte Fluminense, sendo a primeira época a de março de 2005 (Rego Filho et al., 2006 a), a segunda a de abril de 2005 (Rego Filho et al., 2006 b) e a terceira a de fevereiro de 2006 (Rego Filho et al., 2006 c). Os estudos nessas épocas se justificam por ser mais uma opção, como cultivo de safrinha. Além disso, a introdução e avaliação de materiais híbridos juntamente com cultivares aumentarão as opções do produtor. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, em solo classificado como Cambissolo. A adubação utilizada no plantio foi a mesma para todos os ensaios, e baseada na análise de solo. A semeadura foi realizada manualmente no dia 21.03.2005 (1ª época), no dia 04.04.2005 (2ª época) e no dia 01.02.2006 (3ª época) com 10 sementes por metro de sulco, com desbaste para cinco plantas por metro aos quinze dias após a emergência. Foram utilizados os híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358 e as cultivares Catissol e Embrapa 122 V2000, no delineamento experimental de blocos casualizados, em quatro repetições. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de seis metros de comprimento, espaçadas em 0,90 metro, constituindo área total de 21,6 m2. Por ocasião da colheita, foram consideradas como área útil apenas as duas linhas centrais, deixando-se um metro em cada extremidade, totalizando 7,20 m2. Foram avaliadas as seguintes características: altura de planta (cm), obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na floração plena; diâmetro do caule (mm), obtido a cinco centímetros do nível do solo, na

floração plena; altura do capítulo (cm) obtida do nível do solo até a inserção do capítulo, na colheita; tamanho do capítulo (cm), obtido por meio de uma régua graduada, no ponto de maturação fisiológica; número de folhas na colheita; emissão do botão floral (dias após a semeadura); floração plena (dias após a semeadura); peso de 1000 grãos (g) e produção de grãos (t ha-1). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

As colheitas foram realizadas manualmente e os resultados constam dos Quadros 19, 20 e 21, respectivamente às épocas de semeadura avaliadas.

Pôde-se observar na 1ª época que para as características analisadas não houve diferenças significativas entre os híbridos simples e as cultivares de girassol, pelo teste de F, exceto no número de folhas. Deve-se destacar, entretanto, o coeficiente de variação obtido na determinação da produção de grãos, considerado alto. No Quadro 19, encontram-se as médias obtidas para cultivares e híbridos, média geral do ensaio e coeficiente de variação (%) das características avaliadas.

O potencial de produção de grãos das cvs Catissol e Embrapa 122 V2000 foi inferior aos dados inicialmente encontrados por Rego Filho et al., (2005 d) na mesma região. Nesse caso, o plantio foi efetuado em outubro, o que poderia justificar esses resultados. Os dados obtidos com a cultivar Embrapa 122 V2000 estão bem abaixo da média de 56 ensaios conduzidos na região Sul (1.741 kg ha-1) e 72 ensaios conduzidos no Brasil Central (1.503 kg ha-1), e muito aquém do potencial médio de produção de sequeiro, de cerca de 2.250 kg ha-1.

Os resultados de produção dos híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358 (Quadro 1) estão bem abaixo dos alcançados por outros autores, com potencial de produção acima de 3.000 kg ha-1.

QUADRO 19 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das características avaliadas. Campos dos Goytacazes- RJ, março de 2005.

CAPÍTULO CULTIVARES

ALTURA DA PLANTA

(cm)

DIÂMETRO DO CAULE

(mm) ALTURA

(cm) TAMANHO

(cm)

NÚMERO DE

FOLHAS

PRODUÇÃO DE GRÃOS

(t ha-1)

Catissol 93,8 a 12,5 a 77,6 a 10,8 a 16,2 b 1,01 a

Embrapa 122 93,1 a 12,2 a 81,6 a 14,1 a 19,0 ab 0,41 a

Helio 251 93,9 a 12,2 a 79,0 a 12,5 a 18,1 b 0,68 a

Helio 250 91,0 a 11,8 a 72,8 a 13,7 a 18,0 b 0,89 a

Helio 358 103,6 a 14,5 a 86,8 a 13,8 a 21,3 a 0,75 a

Média 95,1 12,6 79,6 13,0 18,5 0,746

CV (%) 10,62 15,99 9,05 19,58 7,37 65,62

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Os dados de altura de planta dos híbridos simples Helio 250, Helio 251, Catissol e Embrapa 122 (Quadro 1) estão aquém dos encontrados na literatura. Dos materiais avaliados, somente a cultivar Catissol produziu acima de 1,0 t ha-1. Um dos motivos dessa baixa produtividade pode ser o total de água disponível para a cultura durante o seu ciclo, de apenas 439,80 mm, considerando-se apenas a água de chuva.

Os resultados até então obtidos sugerem a continuidade dos estudos de época de semeadura, procurando-se identificar a mais favorável ou as mais favoráveis ao desenvolvimento da cultura no Norte Fluminense. Como conclusão dessa 1ª época, pode-se afirmar que a produtividade média obtida de 746 kg ha-1 está abaixo do potencial produtivo das cultivares e híbridos simples avaliados. O Quadro 20 apresenta as médias obtidas pelas cultivares e híbridos, média geral do ensaio e coeficiente de variação (%) das características avaliadas na 2ª época de semeadura.

Pode-se observar que não se constataram diferenças significativas entre as cultivares de girassol nas características avaliadas, pelo teste de F, exceto para floração plena (p < 0,05). Deve-se destacar, entretanto, o coeficiente de variação obtido na determinação da produção de grãos, considerado alto.

QUADRO 20 – Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das características avaliadas. Campos dos Goytacazes-RJ, abril de 2005.

CAPÍTULO CULTIVARES

ALTURA DA PLANTA

(cm)

DIÂMETRO DO CAULE

(mm) ALTURA

(cm) TAMANHO

(cm)

NÚMERO DE

FOLHAS

Catissol 86,5 a 13,6 a 99,3 a 14,0 a 21,0 a

Embrapa 122 84,9 a 12,3 a 94,1 a 12,0 a 20,4 a

Helio 251 96,4 a 12,6 a 95,1 a 12,3 a 21,1 a

Helio 250 81,0 a 12,1 a 91,6 a 12,8 a 21,2 a

Helio 358 95,2 a 11,6 a 91,1 a 13,9 a 20,7 a

Média 88,8 12,4 94,2 13,0 20,9

CV (%) 9,52 13,19 9,37 22,51 13,03

Continuação

CULTIVARES PRODUÇÃO DE GRÃOS

(t ha-1)

EMISSÃO DO BOTÃO FLORAL

(DAS)

FLORAÇÃO PLENA (DAS)

PESO DE 1.000 GRÃOS

(g)

Catissol 1,99 a 37,5 a 59,5 c 60,0 a

Embrapa 122 2,30 a 40,3 a 53,5 d 53,6 a

Helio 251 2,19 a 46,0 a 67,0 a 51,5 a

Helio 250 2,14 a 45,3 a 63,0 b 56,1 a

Helio 358 2,16 a 42,8 a 60,5 c 61,1 a

Média 2,16 42,4 60,7 56,4

CV (%) 23,23 9,20 1,38 10,71

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

O potencial médio de produção de grãos obtido na semeadura de abril (2,16 t ha-1) foi superior à média geral obtida em outras épocas de semeadura na mesma região: 0,746 t ha-1 (plantio março de 2005) e 1,30 t ha-1 (outubro de 2005) (Rego Filho et al., 2005). A cultivar Embrapa 122 V2000 obteve produção de grãos próximo ao seu potencial de produção em sistema de sequeiro e aos dados obtidos por outros autores.

Os resultados de produção obtidos pelos híbridos simples Helio 250, Helio 251 e Helio 358 estão mais próximos aos encontrados por outros autores, quando produziram em torno de 3,00 t ha-1. Os dados obtidos em relação à altura de plantas (Quadro 1) também são inferiores aos citados na literatura. A cultivar Embrapa 122 V2000 obteve altura de planta de 84,9 cm (Quadro 1), inferior às citadas em outros autores, de 155,0 cm; resultados semelhantes foram obtidos para o tamanho do capítulo (12,0 cm) e (18,0 cm).

Quanto à precocidade obtida pela floração plena, a cultivar Embrapa 122 V2000 foi a mais precoce e o híbrido simples Helio 251 o mais tardio (Quadro 2).

Na 2ª época, concluiu-se que a cultivar Embrapa 122 V2000 foi a mais precoce e o híbrido simples Helio 251 o mais tardio e que a produtividade média obtida de 2.160 kg ha-1 pode ser considerada satisfatória para a época de plantio utilizada, com irrigação suplementar. Na 3ª época de semeadura, além dos híbridos simples Helio 250, Helio 251, Helio 358, e as cultivares Catissol, Embrapa 122 V2000, foi introduzida a cultivar IAC-Iarama. No Quadro 21 encontram-se as médias obtidas pelas cultivares, média geral do ensaio e coeficiente de variação (%) das variáveis analisadas para a 3ª época de semeadura. Não houve diferenças significativas entre cultivares e híbridos simples em nenhuma das características analisadas.

O potencial médio de produção de grãos obtido nessa época de semeadura foi considerado intermediário em relação ao obtido em outras épocas na mesma região. Em termos absolutos, destacaram-se as cultivares Catissol e IAC-Iarama e o híbrido simples Helio 358, com produção de grãos de cerca de 900 kg ha-1. Contribuiu para essa produtividade o baixo índice pluviométrico registrado no decorrer do ensaio, num total de 239,70 mm durante o ciclo da cultura, apesar do emprego de irrigação suplementar.

QUADRO 21 - Médias das cultivares e híbridos, média geral e coeficiente de variação das características avaliadas. Campos dos Goytacazes-RJ, fevereiro de 2006.

CULTIVARES ALTURA DE

PLANTA (cm)

DIÂMETRO DE CAULE

(mm)

PRODUÇÃO DE GRÃOS

(t ha1)

Catissol 97,4 a 12,2 a 0,942 a

Embrapa 86,9 a 10,7 a 0,676 a

Helio 251 97,1 a 11,2 a 0,645 a

Helio 250 91,8 a 12,6 a 0,668 a

Helio 358 93,9 a 12,7 a 0,916 a

IAC-Iarama 91,7 a 12,5 a 0,900 a

Média 93,1 12,0 0,791

CV (%) 15,11 12,74 29,08

Pôde-se concluir, nessa época de semeadura, que a produtividade média obtida (791 kg de grãos por ha-1), apesar de abaixo do potencial de produção e com uso de irrigação suplementar, pode ser considerada intermediária em relação às produtividades obtidas em outras épocas na mesma região.

5.5 AMENDOIM

Tradicionalmente, a base econômica da agricultura no Norte Fluminense consiste na cultura da cana-de-açúcar. No ciclo favorável da cultura, a fabricação de açúcar e álcool foi responsável pelo desenvolvimento da região, com a abertura de muitas usinas, destilarias e engenhos. Com a decadência da cultura na região, muita empresas faliram e o desemprego se acentuou. A criação da Estação Experimental de Campos se remete a esse tempo, iniciando um programa de diversificação agrícola, com ênfase na produção de grãos, como o arroz, o feijão e o milho (Souza Filho et al., 2006).

Recentemente, em julho de 2005, foi instituído no estado o Programa RioBiodiesel, passando a cultura do amendoim a ser considerada estratégica. Com a crise do petróleo a questão do álcool e, conseqüentemente da cana-de-açúcar, voltou à tona na região. Assim, surgiu a necessidade de avaliar a cultura do amendoim no Norte Fluminense, como alternativa de culturas para a produção de óleo vegetal, notadamente nas áreas de renovação de cana. Como nas áreas canavieiras há maior envolvimento do extrato de pequenos produtores, espera-se, além da produção do óleo vegetal, gerar emprego e renda na atividade. Visando atender a essas demandas, a PESAGRO-RIO preocupou-se em caracterizar fenotipicamente (Souza Filho et al., 2006 a) cultivares oriundas do Programa de Melhoramento do Instituto Agronômico de Campinas, no sentido de que os produtores tenham maior conhecimento de suas características, selecionando cultivares mais adaptadas aos seus objetivos. O ensaio foi instalado em Campos dos Goytacazes, em solo classificado como Neossolo.

Optou-se pela adubação de cobertura por ocasião da semeadura, não se realizando aplicações de nutrientes. A semeadura foi realizada manualmente no dia 29.11.2005, em espaçamento de 0,75 metro entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 15 sementes por metro linear de sulco. A emergência ocorreu em 08.12.2005. Foram utilizadas as cultivares IAC Tatu – ST, Runner IAC 886, IAC Caiapó, IAC 5, IAC 22 e IAC 8112, além de duas “coletas”, realizadas no Estado do Rio de Janeiro e no Estado do Espírito Santo. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as cultivares plantadas em parcelões de 30 m2, onde foram feitas as avaliações: ciclo (dias), número de vagens por planta, hábito de crescimento, peso de 100 sementes e coloração do tegumento (casca do grão). Para o controle de plantas daninhas, problema sério no cultivo das águas, foi realizada uma capina (20 dias após a emergência), seguida de uma amontoa (30 dias após a emergência). Foram necessárias duas aplicações complementares de herbicidas (35 e 45 dias após a emergência) com a mistura Banir (1,5 l ha-1) + Fusilade (0,5 l ha-1) e espalhante. Mesmo assim a colheita (02.03.2006) foi muito dificultada pela presença das plantas daninhas, principalmente nas cultivares com hábito de crescimento prostrado.

Foram também necessárias duas pulverizações (20 e 45 dias após a emergência) para controle da cigarrinha verde, com o produto comercial Decis (200 ml ha-1).

Não foram constatadas doenças, possivelmente por ser o primeiro ano de semeadura. Foi também empregada irrigação esporádica por aspersão, quando verificado déficit hídrico. A caracterização fenotípica das cultivares encontra-se no Quadro 22. A cultivar IAC Tatu – ST é oriunda da cultivar IAC Tatu, sendo que a sigla ST significa “seleção por tamanho”. Assim, obteve-se um material de vagens mais granadas e de tamanho médio de grãos maior, sem alteração das demais características. Essa cultivar, nas condições de cultivo onde foi lançada, é precoce, com ciclo de 90-100 dias, o mesmo ocorrendo nas condições do Norte Fluminense (Quadro 22). O peso médio de 100 grãos também não variou, sendo citado peso de 41,8 g e 45,0 g no Norte Fluminense. O ciclo mais precoce da cultivar IAC Tatu – ST pode ser problema quando plantada mais cedo (início da estação chuvosa), pois está sujeita à colheita com chuva.

QUADRO 22 – Caracterização fenotípica (ciclo, número de vagens por planta, hábito de crescimento, peso de 100 sementes e coloração do tegumento) das cultivares de amendoim. Campos dos Goytacazes-RJ, primavera-verão de 2005/2006.

CULTIVAR CICLO* (dias)1

Nº DE VAGENS

HÁBITO PESO DE

SEMENTES** COLORAÇÃO

IAC Tatu-ST 95 (P) 25 Ereto 45 (P) Vermelho

Runner IAC 886 110 (I) 60 Prostrado 58 (M) Castanho

IAC Caiapó 115 (I) 55 Prostrado 63 (M) Castanho

IAC 5 95 (P) 36 Ereto 52 (P) Vermelho

IAC 22 95 (P) 20 Ereto 56 (P) Castanho

IAC 8112 95 (P) 40 Ereto 51 (P) Castanho

Coleta RJ 120 (I) 15 Prostrado 78 (G) Castanho escuro

Coleta ES 125 (I) 18 Prostrado 70 (G) Castanho

Média 106 34 - - -

* P = precoce; I = intermediário. ** P = pequeno; M = médio; G = graúdo.

A cultivar Runner IAC 886 tem ciclo de 130 dias no Estado de São Paulo, apresentando-se mais precoce no Norte Fluminense – 110 dias. Nesse aspecto os dados obtidos com a IAC Caiapó também foram distintos, com ciclo médio de 135-140 dias no Estado de São Paulo. Como vantagem, a cultivar Runner IAC 886 apresenta dormência na época de maturação, assegurando melhor qualidade ao grão. Outra vantagem é que seus grãos são semelhantes aos dos principais países exportadores.

As cultivares IAC 5 e IAC 22 também são de ciclo curto na região de cultivo paulista – 110 a 120 dias, adequadas às áreas de renovação de cana-de-açúcar. No Norte Fluminense, o ciclo foi mais precoce, de 95 dias. O peso de 100 sementes dessas cultivares situa-se entre 50-60 g, valores também obtidos no Norte Fluminense. Essas cultivares não apresentam acentuada dormência na colheita, o mesmo acontecendo com a IAC 8112. Nesta cultivar as sementes são de formato mais arredondado e de aparência mais uniforme. As características hábito de crescimento e coloração do tegumento não variaram, sendo características próprias.

Os materiais “Coleta RJ” e “Coleta ES” foram mais tardios do que as cultivares IAC, mas com interessante peso de 100 sementes; também foram os que apresentaram menor número de vagens por planta.

Verificou-se, que a principal alteração em relação às cultivares introduzidas foi no ciclo, em função da época de semeadura e das condições edafoclimáticas do Norte Fluminense. Além da caracterização fenotípica e visando atender à possível demanda, a PESAGRO-RIO/EEC avaliou estes materiais nas condições da região Norte Fluminense quanto ao desempenho agronômico e produção de óleo (Souza Filho et al., 2006 b). Os produtores serão beneficiados por poderem selecionar os materiais mais produtivos, de boas características agronômicas e de produção de óleo, beneficiando toda a cadeia produtiva. A área utilizada na determinação foi a mesma utilizada na caracterização fenotípica dos materiais. O rendimento agronômico e industrial das cultivares de amendoim encontram-se no Quadro 23. Quanto à produtividade, os resultados obtidos em alguns materiais ficaram próximo dos obtidos nas regiões de cultivo paulista, sendo citados valores de até 2.600 kg de grãos em casca por ha-1 para a cultivar IAC Tatu – ST; 3.571 kg de grãos em casca por ha-1 para a cultivar IAC 5; 3.383 kg de grãos em casca por ha-1 para a cultivar IAC 22; 3.211 kg de grãos em casca por ha-1 para a cultivar IAC 8112; 3.852 kg de grãos em casca por ha-1 para a cultivar Runner IAC 886 e 3.711 kg de grãos em casca por ha-1 para a cultivar IAC Caiapó. Dos materiais avaliados no Norte Fluminense, apenas a cultivar IAC 22 teve comportamento bem inferior ao da condição de cultivo paulista. Ainda em relação à produtividade, os materiais representados pela “Coleta RJ” e “Coleta ES” se destacaram, o que representa a estabilidade desses materiais na região de cultivo. Na realidade, essas “coletas” são constituídas por vários materiais, o que lhes confere maior capacidade de adaptação ao local de cultivo. O potencial de produção de óleo, entretanto, foi inferior à maioria das cultivares introduzidas. O percentual de perdas obtido, na faixa de 30,8%, representado pela renda das cultivares após o descascamento, ficou na faixa citada para essas cultivares. Assim, o percentual de perda de 30,8% significa que, em 100 kg de grãos com casca, obtêm-se 69,2 kg de amêndoa e 30,8 kg de resíduos.

QUADRO 23 – Rendimento agronômico e industrial de seis cultivares e duas coletas de amendoim na região Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes-RJ, primavera – verão de 2005/2006.

PRODUÇÃO (kg ha-1)

ÓLEO DA AMÊNDOA (%)

CULTIVAR

TOTAL AMÊNDOAS

PERDA (%) BRUTO

(p/p) FILTRADO

(p/v)

ÓLEO (kg ha-1)

IAC Tatu-ST 2.400 1.649 31,3 46,2 41,0 761

RunnerIAC886 2.535 1.805 28,8 43,7 40,5 789

IAC Caiapó 2.900 2.152 25,8 56,0 48,2 1.205

IAC 5 2.520 1.714 32,0 44,2 41,0 757

IAC 22 1.800 1.170 35,0 47,8 42,0 559

IAC 8112 2.640 1.821 31,0 47,6 42,9 867

Coleta RJ 2.650 1.855 30,0 44,4 39,6 824

Coleta ES 2.230 1.508 32,5 42,6 40,0 643

Média 2.459 1.709 30,8 46,5 41,9 800,6

Quanto ao teor de óleo, a semente de amendoim é considerada rica, com percentuais citados na literatura de aproximadamente 50%. Na prática, os resultados médios obtidos no ensaio foram de 800,6 kg ha-1, o que representou cerca de 32,6% de óleo. Nessa produção

destacou-se a cultivar IAC Caiapó, com 1.205 kg ha-1, em função talvez da maior produtividade obtida. As cultivares avaliadas obtiveram produtividades de grãos e produção de óleo que as credenciam para o cultivo no Norte Fluminense. Como a tecnologia do consórcio é de interesse do produtor da região Norte Fluminense, procurou-se também avaliar o comportamento do amendoim consorciado com as culturas do girassol e da mamona (Souza Filho et al., 2006 c), que também estão sendo avaliadas em cultivo solteiro na região, no mesmo local dos ensaios anteriores.

Não foram feitas aplicações de nutrientes por ocasião da semeadura do amendoim, optando-se pela adubação de cobertura nas mesmas dosagens anteriormente empregadas. A semeadura das culturas consortes foi realizada manualmente no dia 29.11.2005, empregando-se para o amendoim o espaçamento de 0,75 metro entre linhas de cultivo e densidade na linha de semeadura de 15 sementes por metro linear de sulco. A emergência ocorreu em 08.12.2005. Quando em consórcio com o girassol, esta cultura foi semeada no meio da rua do amendoim (espaçamento de 0,75 m entre linhas), com densidade de 8-10 sementes por metro por ocasião da semeadura. Não foi realizado desbaste. A cultivar utilizada foi a Catissol, sendo a cultura levada até o final. A mamoneira também foi semeada no meio da rua do amendoim, alternando-se com uma linha ao lado sem mamona. Assim, o espaçamento nesta cultura foi de 1,5 m entre linhas, sendo adotada a densidade de semeadura de duas sementes por metro de sulco. A cultivar utilizada foi a Baiana, sendo a cultura levada apenas até a colheita do amendoim. Não foi feita adubação nas culturas consortes, utilizando-se a mesma do amendoim quando em cobertura. Como testemunha para o amendoim, foram mantidas algumas linhas em sistema solteiro. Foram utilizadas as cultivares IAC Tatu – ST no consórcio com a mamoneira e a Runner IAC 886 em consórcio com o girassol. Não foi adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo os sistemas plantados em parcelões de 30 m2, onde foram feitas as avaliações. Para efeito de discussão, foram considerados somente os dados de produção do amendoim.

O controle fitossanitário adotado foi o mesmo citado anteriormente, empregando-se, também, irrigação esporádica por aspersão quando verificado déficit hídrico. O rendimento de grãos do amendoim em função das cultivares e culturas consorciadas encontra-se no Quadro 24. Comparando-se os resultados de produtividade do amendoim em monocultivo e consorciado, não foram observadas diferenças entre as cultivares e culturas consortes. Os mesmos resultados também podem ser visualizados ao se compararem as médias de produtividade das cultivares de amendoim em monocultivo e os valores médios do amendoim quando em sistema consorciado. QUADRO 24 – Rendimento de grãos do amendoim em função das cultivares e culturas consorciadas. Campos dos Goytacazes, RJ, primavera – verão de 2005/2006.

RENDIMENTO (kg ha-1)

MONOCULTIVO CONSÓRCIO GIRASSOL

CONSÓRCIO MAMONA

CULTIVARES

TOTAL AMÊNDOA TOTAL AMÊNDOA TOTAL AMÊNDOA

IAC Tatu – ST 2.400 1.649 - - 2.430 1.669

Runner IAC 886 2.535 1.805 2.500 1.780 - -

Média 2.467 1.727 2.500 1.780 2.430 1.669

As produtividades obtidas pelas cultivares IAC Tatu – ST e Runner IAC 886 estão próximas às obtidas em cultivo solteiro no estado de São Paulo. Apesar de não discutido neste trabalho, a mamona aparentemente não se adaptou ao Norte Fluminense, sendo observada elevada incidência de mofo cinzento, constituindo-se em sério problema. A cultura do amendoim pode ser consorciada com a mamoneira e com o girassol sem perdas em produtividades de grãos. No desenvolvimento do Programa RioBiodiesel, a PESAGRO-RIO/EEC tem proposto o amendoim como cultura alternativa que, juntamente com a exploração de outras culturas oleaginosas, fornecerão a matéria-prima necessária para a obtenção do óleo. Com esse enfoque, propõem-se estudos para aprimorar o seu sistema de produção no Norte Fluminense, procurando-se também avaliar o seu comportamento em diferentes densidades de semeadura (Souza Filho et al., 2006 d). O local de condução do ensaio e cuidados utilizados são os mesmos já citados nos outros trabalhos. Foi utilizada a cultivar IAC Tatu - ST, também não sendo adotado nenhum delineamento ou arranjo experimental, sendo as densidades plantadas em parcelões de 30 m2, onde foram feitas as avaliações do rendimento agronômico (produção total em kg ha-1 e produção de amêndoas em kg ha-1). O rendimento agronômico da cultivar de amendoim IAC Tatu - ST encontra-se no Quadro 25, em função da densidade de semeadura utilizada.

QUADRO 25 – Rendimento agronômico da cultivar IAC Tatu – ST em diferentes densidades de semeadura na região Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes-RJ, primavera-verão de 2005/2006.

RENDIMENTO (kg ha-1) DENSIDADE

DE SEMEADURA TOTAL AMÊNDOAS

8 sementes por metro 1.050 721

16 sementes por metro 2.400 1.649

32 sementes por metro 4.000 2.748

Verifica-se que o aumento na densidade de semeadura corresponde ao aumento no

rendimento de grãos em casca e de amêndoas por hectare. A maior densidade de plantio empregada (32 sementes por metro) obteve produtividade de 4.000kg de grãos em casca ha-1, superior à obtida nas condições de cultivo para as quais a cultivar foi recomendada. Com essa produção final, justifica-se o aumento nos gastos com sementes.

Apesar dos resultados favoráveis, novos ensaios deverão ser conduzidos na região Norte Fluminense, já que por ser o primeiro ano de cultivo, as condições fitossanitárias não foram limitantes, como comentado anteriormente.

Há que se considerar, ainda, o ciclo da cultivar Tatu – ST, que por ser precoce pode ter toda sua colheita em condições de umidade elevada, com comprometimento da qualidade de grãos, o que seria agravado por condições de densidades mais elevadas. Pode-se afirmar, então, que o aumento na densidade de semeadura da cultivar utilizada corresponde a aumento no rendimento de grãos, tanto em casca quanto em amêndoas.

Além das questões envolvendo cultivares, em outro trabalho conduzido procurou-se determinar o rendimento de massa verde e da massa seca e acúmulo de macro e micronutrientes na palha do amendoim, nas condições edafoclimáticas da região Norte Fluminense, em semeadura de primavera-verão (Andrade et al., 2006).

Após a colheita do ensaio de avaliação de cultivares, foi determinada a produção de massa fresca e seca do amendoim (t ha-1). Feitas essas determinações, encaminhou-se uma amostra da matéria seca para análise, para determinação da concentração dos macro e micronutrientes. Posteriormente, calculou-se a quantidade de nutrientes acumulada na palha do amendoim. A amostra encaminhada para análise constituiu-se de uma mistura da palhada de todas as cultivares utilizadas, no sentido de se ter a análise média.

A análise do material vegetal, correspondente à palha do amendoim, encontra-se no Quadro 26, no qual poderão ser observados os dados de concentração para macro e micronutrientes, produção de massa fresca (t ha-1), produção de massa seca (t ha-1) e quantidade acumulada de macro (kg ha-1) e micronutrientes (g ha-1).

QUADRO 26 – Rendimento da palha do amendoim em massa fresca, massa seca, concentração e acúmulo de macro e micronutrientes na região Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes-RJ, primavera-verão de 2005/2006*.

NUTRIENTES CONCENTRAÇÃO MASSA FRESCA MASSA SECA ACÚMULO

Macronutrientes

N 16,52 g kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 82,60 kg ha-1

P 1,18 g kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 5,90 kg ha-1

K 10,80 g kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 54,00 kg ha-1

Ca 22,26 g kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 111,30 kg ha-1

Mg 4,06 g kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 20,30 kg ha-1

S 1,15 g kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 5,75 kg ha-1

Micronutrientes

Fe 898,00 mg kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 4.490 g ha-1

Cu 2,00 mg kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 10 g ha-1

Zn 20,00 mg kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 100 g ha-1

Mn 16,00 mg kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 80 g ha-1

B 39,11 mg kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 196 g ha-1

Cl 3,75 mg kg-1 8,9 t ha1 5,0 t ha1 18,75 g ha-1

*Análise realizada no Centro de Análises da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus Dr. Leonel Miranda, em Campos dos Goytacazes, RJ.

A ordem decrescente de acúmulo de macronutrientes na palha do amendoim foi Ca > N > K > Mg > P > S e de micronutrientes Fe > B > Zn > Mn > Cl > Cu. Outros autores observaram na parte aérea do amendoim forrageiro o acúmulo de 20 t ha-1 de matéria seca e 572, 37 e 247 kg ha-1 de N, P e K, respectivamente, considerando-se um período de dois anos. A exemplo do obtido neste experimento, o acúmulo de N é superior ao obtido com o K. Informação importante obtida por outros autores é que as densidades de plantio afetaram as taxas de cobertura do solo, produção de matéria seca e acumulação de N, P e K na parte aérea do amendoim forrageiro, o mesmo não ocorrendo em relação ao espaçamento entre sulcos de plantio. Assim, surge a necessidade de se analisar melhor o fator densidade para a cultura no Norte Fluminense, adequando produção de grãos e acúmulo de nutrientes na parte aérea. Em áreas de renovação de canaviais, a palhada remanescente da cultura do amendoim pode ser considerada como de interesse, permitindo a reciclagem de nutrientes na mesma área.

5.6 SOJA Os primeiros estudos de melhoramento com a cultura da soja foram realizados pela PESAGRO-RIO/EEC em 1984, avaliando-se 27 cultivares provenientes de várias instituições de pesquisa. A produtividade nas primeiras avaliações foi baixa, mas, em 1985, com a escolha de genótipos mais produtivos e com a melhoria da tecnologia inicialmente utilizada, elevou-se a produtividade média de 473 kg ha-1 para 2.765 kg ha-1, em nível de experimentação. No município de Itaperuna, a média de produção das linhagens foi de 1.889 kg ha-1, com produtividade de até 3.900 kg ha-1. Com esses resultados, a soja poderá tornar-se, em pouco tempo, boa alternativa de renda para o produtor fluminense (Viana, Souza Filho e Fernandes, 1988).

Os primeiros materiais recomendados para cultivo no estado foram a EMGOPA – 302 e a OCEPAR – 3 (Primavera), cujas principais características encontram-se no Quadro 27 (Viana et al., 1991). QUADRO 27 – Cultivares de soja recomendadas para o Estado do Rio de Janeiro.

CARACTERÍSTICAS EMGOPA - 302* OCEPAR - 3**

Genealogia Paraná x Mandarim (Halesoy x Volstate) x (Hood x Rhosa)

Hábito de crescimento Indeterminado Indeterminado

Florescimento (dias) 42 43

Maturação (dias) 120 119

Altura da planta (cm) 70 70

Altura da 1ª vagem (cm) 14 14

Resistência ao acamamento Resistente Resistente

Resistência à deiscência Resistente Resistente

Cor do hipocótilo Roxo Roxo

Cor da flor Roxo Roxo

Cor da pubescência Marrom Marrom

Cor do tegumento semente Amarelo Amarelo fosco

Cor do hilo Preto Preto

Produtividade (kg ha-1) 1.800 2.000

Mancha olho-de-rã Resistente Resistente

Mancha café Susceptível Moderadamente Resistente

Pústula bacteriana - Resistente

M. javanica Susceptível Susceptível

M. incognita Susceptível Susceptível

Crestamento bacteriano Susceptível Susceptível

*Instituição responsável: Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária **Instituição responsável: Organização das Cooperativas do Paraná

5.7 DENDÊ

O dendezeiro é conhecido cientificamente por

Elaeis guineensis Jacq., Monocotiledonae, Palmae. A planta também é conhecida como palma-de-guiné, demdem (Angola), palmeira dendem e coqueiro-de-dendê. O fruto é conhecido como dendê.

O dendezeiro é uma palmeira com até 15m de altura, com raízes fasciculadas, estipe (tronco) ereto, escuro, sem ramificações, anelado (devido a cicatrizes deixadas por folhas antigas). As folhas, que podem alcançar até 1m de comprimento, têm bases recobertas com espinhos. As flores são creme-amareladas e aglomeradas em cachos.

Os frutos, nozes pequenas e duras, possuem polpa (mesocarpo) fibrosa que envolve o endocarpo pétreo; nascem negros e quando estão maduros alcançam cor que varia do amarelo forte ao vermelho rosado, passando por matrizes de cor alaranjada e ferrugem. Ovóides (angulosos e alongados), nascem em cachos onde, por abundância, acabam se comprimindo e se deformando. A polpa produz o óleo de dendê (óleo de palma, palm oil ou Palmenol), de cor amarela ou avermelhada (por presença de carotenóides), de sabor adocicado e cheiro sui-generis. A semente ocupa toda a cavidade do fruto e contém o óleo, que é esbranquiçado e quase sem cheiro e sabor.

O principal produto do dendezeiro é o óleo extraído industrialmente da polpa do fruto - óleo de palma - cuja demanda vem crescendo de forma acelerada e consistente há quase dez anos. As características especiais desse produto conferem-lhe grande versatilidade, o que possibilita sua aceitação por indústrias mundiais diversas. A cultura do dendezeiro é, provavelmente, a de maior potencial de crescimento no mundo dentre as culturas de significado econômico.

No Brasil, em 1995, a área colhida foi de 68 mil hectares e a produção do óleo de palma/ano atualmente está em torno de 80 mil toneladas. O país consome 280 mil toneladas de óleo de dendê e derivados e importa em torno de 180 mil toneladas, mas tem mercado interno potencial de 400 mil toneladas/ano de óleo de dendê e derivados. Pará (70% da produção), Bahia e Amapá são os maiores produtores de óleo do Brasil. Algumas mudas foram introduzidas na região Norte Fluminense, plantadas na Fazenda Angra da PESAGRO-RIO/EEC, onde se encontram em fase de formação para posterior avaliação de desempenho nas condições edafoclimáticas do Norte Fluminense.

6. PROJETOS DE APOIO

6.1 ESMAGADORA DE GRÃOS

Com vistas a complementar as ações de pesquisa com oleaginosas, a PESAGRO-RIO adquiriu uma mini-prensa para atender não só à produção de grãos, mas também a produção de óleo e de torta.

A mini-prensa ECIRTEC MPE-40 destina-se à extração de óleos vegetais a partir de sementes oleaginosas devidamente preparadas. O equipamento é formado por um conjunto de acionamento, dispositivo regulador do cone de saída, sistema de compressão e estrutura de sustentação. O acionamento é por meio de motor elétrico trifásico 220/380 V 50 hz,

diretamente acoplado a redutor de velocidade tipo rosca sem fim, eixo vazado e transmissão do movimento rotativo através de chaveta no eixo helicoidal.

A compressão da massa a ser extraída é conseguida através do eixo helicoidal com passo constante e variação no diâmetro interno, girando dentro de compartimento formado por doze anéis de espaçamento controlado. O eixo é apoiado no eixo vazado do redutor e no dispositivo de regulagem do cone de saída. O eixo helicoidal e os anéis são construídos em aço carbono tratados termicamente. O dispositivo de regulagem do cone de saída permite aumentar ou diminuir a taxa de compressão, fazendo com que o eixo se desloque para mais perto ou mais longe do cone de saída sem que seja necessário parar o processamento.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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