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Dinâmica espacial da cana-de-açúcar no Brasil contemporâneo Luiz Sérgio Pires Guimarães * 1. Introdução A crescente demanda por energia “limpa”, em associação com os limites das reservas comprovadas de petróleo 1 , tem direcionado as políticas públicas a incentivarem o desenvolvimento de inovações tecnológicas que viabilizem novas fontes de energia renováveis. O esforço em consolidar as chamadas agroenergias como um segmento que possa vir a substituir de maneira sustentável a principal matriz energética em uso, a dos combustíveis fósseis e do petróleo, em particular, decorre de inúmeros fatores, dentre os quais destaca-se a grande concentração de gás carbônico na atmosfera, que tem provocado mudanças climáticas no planeta e transformou a questão ambiental em uma questão social vital 2 . Assim, a geração de energia a partir da biomassa 3 é hoje uma questão mundial que repercute de forma diferenciada entre os países, principalmente quando consideramos a localização, dimensão física e desenvolvimento tecnológico destes últimos enquanto elementos centrais que identificam o “potencial territorial” de uma nação frente a esse novo desafio. Diante deste quadro, o território brasileiro é aquele que, comparativamente ao território dos demais países, apresenta condições propícias para o desenvolvimento de uma matriz energética sustentável e renovável a partir da biomassa vegetal. Com a quase totalidade de seu extenso território situado nas zonas tropical e subtropical, o Brasil recebe uma grande quantidade de radiação solar, fundamental à produção de bioenergia. Apresenta ainda ampla diversidade climática que, ao lado de um relevo predominantemente plano, de uma grande biodiversidade e também devido ao fato de deter as maiores reservas de água doce do mundo, favorece o desenvolvimento de inúmeros cultivos dentro de um mesmo ano. Simultaneamente à existência de condições fisiográficas favoráveis à produção da agroenergia, o Brasil é reconhecido mundialmente por seu domínio no desenvolvimento técnico-científico da agricultura tropical. Além de matérias-primas alimentares, o país desenvolve tecnologia para a Geógrafo do IBGE. 1 A divulgação da existência de novas reservas petrolíferas no Brasil (a de Tupi, na Bacia de Santos), embora possa vir a alterar a posição relativa do Brasil frente às demais nações produtoras, não irá significar, contudo, uma mudança radical na necessidade de se buscar a gradual alteração da matriz energética mundial. 2 Com efeito, existe uma tendência para que os custos ambientais sejam incorporados, ao longo do tempo, ao preço dos combustíveis, tornando-os progressivamente mais caros. Além disso, a situação atual de esgotamento das reservas de petróleo, ao lado da concentração geográfica dessas reservas em poucos territórios (78% nos países da OPEP), também contribuem para esse aumento ao favorece a cartelização dos preços internacionais, com o controle dos fluxos de abastecimento por poucos países, bem como o descumprimento de contratos de fornecimento. 3 Como a concentração de CO2 na atmosfera tende a aumentar, uma vez mantida a estrutura energética atual, há uma crescente pressão social para que ocorra uma transição estratégica em direção a uma matriz energética diversificada e menos poluidora, assentada, entre outros, no aproveitamento da biomassa vegetal, como é o caso da produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, que tem alimentado a pretensão brasileira de se tornar uma potência energética mundial. 1

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Dinâmica espacial da cana-de-açúcar no Brasil contemporâneo

Luiz Sérgio Pires Guimarães∗

1. Introdução

A crescente demanda por energia “limpa”, em associação com os limites das reservas comprovadas de petróleo1, tem direcionado as políticas públicas a incentivarem o desenvolvimento de inovações tecnológicas que viabilizem novas fontes de energia renováveis.

O esforço em consolidar as chamadas agroenergias como um segmento que possa vir a substituir de maneira sustentável a principal matriz energética em uso, a dos combustíveis fósseis e do petróleo, em particular, decorre de inúmeros fatores, dentre os quais destaca-se a grande concentração de gás carbônico na atmosfera, que tem provocado mudanças climáticas no planeta e transformou a questão ambiental em uma questão social vital2.

Assim, a geração de energia a partir da biomassa3 é hoje uma questão mundial que repercute de forma diferenciada entre os países, principalmente quando consideramos a localização, dimensão física e desenvolvimento tecnológico destes últimos enquanto elementos centrais que identificam o “potencial territorial” de uma nação frente a esse novo desafio.

Diante deste quadro, o território brasileiro é aquele que, comparativamente ao território dos demais países, apresenta condições propícias para o desenvolvimento de uma matriz energética sustentável e renovável a partir da biomassa vegetal. Com a quase totalidade de seu extenso território situado nas zonas tropical e subtropical, o Brasil recebe uma grande quantidade de radiação solar, fundamental à produção de bioenergia. Apresenta ainda ampla diversidade climática que, ao lado de um relevo predominantemente plano, de uma grande biodiversidade e também devido ao fato de deter as maiores reservas de água doce do mundo, favorece o desenvolvimento de inúmeros cultivos dentro de um mesmo ano.

Simultaneamente à existência de condições fisiográficas favoráveis à produção da agroenergia, o Brasil é reconhecido mundialmente por seu domínio no desenvolvimento técnico-científico da agricultura tropical. Além de matérias-primas alimentares, o país desenvolve tecnologia para a

Geógrafo do IBGE.1 A divulgação da existência de novas reservas petrolíferas no Brasil (a de Tupi, na Bacia de Santos), embora possa vir a alterar a posição relativa do Brasil frente às demais nações produtoras, não irá significar, contudo, uma mudança radical na necessidade de se buscar a gradual alteração da matriz energética mundial.2 Com efeito, existe uma tendência para que os custos ambientais sejam incorporados, ao longo do tempo, ao preço dos combustíveis, tornando-os progressivamente mais caros. Além disso, a situação atual de esgotamento das reservas de petróleo, ao lado da concentração geográfica dessas reservas em poucos territórios (78% nos países da OPEP), também contribuem para esse aumento ao favorece a cartelização dos preços internacionais, com o controle dos fluxos de abastecimento por poucos países, bem como o descumprimento de contratos de fornecimento.3 Como a concentração de CO2 na atmosfera tende a aumentar, uma vez mantida a estrutura energética atual, há uma crescente pressão social para que ocorra uma transição estratégica em direção a uma matriz energética diversificada e menos poluidora, assentada, entre outros, no aproveitamento da biomassa vegetal, como é o caso da produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, que tem alimentado a pretensão brasileira de se tornar uma potência energética mundial.

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produção de biocombustíveis, seja do biodiesel, a partir de diversos óleos vegetais (soja, mamona, dendê, etc.), seja do álcool, obtido, sobretudo, a partir da cana-de-açúcar.

Embora a tecnologia para a produção de biocombustíveis seja antiga4, a atual preocupação mundial em solucionar o problema energético fez com que essa produção atingisse um novo patamar ao final da década de 1990 e início da década de 2000. Nesse período não só foi implementado o Programa Brasileiro de Biocombustíveis (Probiodiesel-2002) como iniciou-se um processo de renovação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool)5.

O objetivo desse artigo é, assim, analisar de que maneira o reordenamento do setor sucro alcooleiro, ocorrido a partir do processo de revitalização do Proálcool, se configurou no espaço geográfico, alterando a dinâmica espacial da cana-de-açúcar no território brasileiro e exigindo, ao mesmo tempo, uma avaliação precisa das possibilidades e limites de expansão de uma cultura historicamente associada ao processo de ocupação do país.

Tal enfoque se correlaciona tanto ao fato de a produção do etanol, a partir da cana-de-açúcar, ser o projeto de fornecimento de agrocombústiveis mais bem estruturado no país, como por terem os biocombustíveis se tornado, na década presente, fator decisivo na transformação do agro nacional e que deverá ter forte impacto na dinâmica territorial brasileira. Desse modo, ele é de interesse direto da política ambiental e de seus instrumentos de regulação do uso do território, como o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).

Uma breve contextualização da dinâmica espacial da cana-de-açúcar na contemporaneidade não pode ser vista, contudo, sem antes observar o passado recente indutor dessa dinâmica construído pela implantação do Proálcool nos anos 1970, para então se proceder à análise dessa distribuição na década atual.

2. O Proálcool e os desafios à gestão atual da expansão da cana-de-açúcar

Ao contribuir, de forma vigorosa, para a construção de zonas rurais altamente especializadas na agroindústria açucareira, a trajetória do Proálcool e de seus mecanismos de controle e incentivo não pode ser negligenciada quando se discute, na atualidade, os riscos inerentes à expansão da cana-de-açúcar no Brasil.

Com efeito, esse Programa, criado em 19756, pode ser dividido em quatro períodos. No primeiro, compreendido entre 1975 e 1979, incentivou-se a produção do etanol para a mistura com a gasolina através da instalação de destilarias anexas às usinas. Nesta época, em que o Brasil

4 O primeiro carro Ford era movido a álcool e, o primeiro motor diesel, a óleo de amendoim.5 Essa renovação se deu, principalmente, por ações corporativas que ampliaram o leque de agentes econômicos, sociais e políticos envolvidos nessa nova etapa da ação política sobre a produção da cana-de-açúcar. Caracterizando-se ainda pela liberação dos preços do setor e pelo aumento das exportações de etanol, diante da perspectiva de elevação do preço deste combustível no mercado mundial, a ascensão do Brasil no mercado internacional do açúcar obrigou este segmento de produção a realizar novas centralizações organizacionais e produtivas que, através de um processo de concentração tecnológica, verticalizou ainda mais a relação indústria/agricultura/agroindústria preexistente, ao mesmo tempo que delineia uma nova geografia para essa atividade no território nacional.6 Decreto lei n.º 76593 de 14/11/1975

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importava três quartos do petróleo que consumia, o objetivo era diminuir a dependência deste combustível, diante do choque de petróleo promovido pela OPEP, em 1973.

Nesse período, além do financiamento para a construção de destilarias e novas usinas de álcool, foram instaladas bombas de abastecimento de etanol nos postos da PETROBRAS e oferecidos incentivos fiscais às indústrias automobilísticas para que desenvolvessem veículos a álcool. Desse modo, segundo dados do Programa Nacional do Álcool, a produção de álcool combustível cresceu de 600 milhões de litros, em 1975, para 3,4 bilhões de litros/ano, em 1979-80. Esse projeto propiciou uma recuperação do setor sucro-alcooleiro, que se encontrava em crise devido à acentuada redução dos preços do açúcar no mercado mundial7.

A fase seguinte, de 1980 a 1986, inicia-se com o segundo choque de petróleo (1979/80), a partir do qual o petróleo triplicou de preço, passando a representar 46% da pauta de importação do país. Em resposta, o governo toma medidas para a implementação definitiva do Proálcool. Nesse período, a institucionalização desse Programa é consolidada através da criação do Conselho Nacional do Álcool (CNAL) e da Comissão Executiva Nacional do Álcool (CENAL). Assim, com o avanço da estruturação da cadeia produtiva do setor, a produção alcooleira chega a 12,3 bilhões de litros na safra de 1986 e a proporção de carros a álcool no total da frota nacional passa de 27%, em 1980, para 76%, no final deste período, Esta fase, considerada como a do auge do Proálcool, termina marcada pela falta de álcool combustível nos postos distribuidores.

A terceira fase, entre 1986 e 1995, é caracterizada pela crise do Proálcool, em conseqüência da significativa queda dos preços do petróleo no mercado internacional8. Esse período também é marcado pela alteração das políticas públicas de implemento, com a redução dos recursos destinados ao sistema de créditos, até então o principal mecanismo para a implantação e incremento de uma série de programas de desenvolvimento e de indução da modernização do campo.

Os baixos preços pagos aos produtores de álcool, em conseqüência da queda do preço internacional do petróleo, desestimularam o aumento da produção interna de etanol. Ao mesmo tempo, foram mantidas as condições de atração ao consumo do álcool combustível, tanto pelo menor preço destes em relação à gasolina, como pelos menores impostos dos carros à álcool. Graças a esse desestimulo à produção e estímulo à demanda, criou-se um quadro de crise de abastecimento que afetou fortemente a credibilidade do Programa Nacional do Álcool.

A última fase, de 1995 a 2000, é marcada pela liberalização do setor sucro-alcooleiro à concorrência internacional, passando o preço do álcool combustível a ser determinado, em todas as suas etapas de produção, comercialização e distribuição, pelas condições de mercado. Foi criado em 1997 o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA), com o intuito de direcionar políticas públicas para o setor. Iniciou-se, assim, a constituição da chamada “frota verde”, com o uso do etanol em carros oficiais e táxis. Elevou-se também o percentual de adição obrigatória do álcool à gasolina de 22% para 25%9 e centros de pesquisas começam a testar a mistura com álcool e óleo diesel.

7 www.biodiesel.com/proalcool/pro-alcool.htm.8 Neste período, o preço do barril de petróleo bruto varia de US$ 30 /40 para US$ 12 a 20. 9 Medida provisória n.º 1662 de 28/05/1998.

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Por fim, com o intuito de evitar novas crises de abastecimento e, ao mesmo tempo, reimplementar o Proálcool, foi estabelecido “um processo de transferências de recursos arrecadados a partir de parcelas dos preços da gasolina, diesel e lubrificantes para compensar os custos da produção do álcool, de modo a viabilizá-lo como combustível. Assim, foi estabelecida uma relação de paridade de preços entre o álcool e o açúcar para o produtor e linhas de financiamento para as fases agrícola e industrial de produção de combustíveis.”10

Atualmente, o Proálcool vive um processo de renovação, com a produção canavieira destinada a produzir álcool combustível, em larga escala, expandindo-se para novas áreas. Diferentemente dos anos de 1970, quando o Estado foi o principal elemento indutor do programa, na década atual a iniciativa provém dos setores privados que, diante de um quadro de forte aumento dos preços internacionais do petróleo, e do agravamento das questões ambientais, investem na expansão do setor.

Nesse contexto, embora a produção brasileira de álcool combustível de cana-de-açúcar seja considerada um dos mais exitosos planos para a renovação mundial de fontes de energia, devido ao baixo custo relativo de sua produção, sua elevada produtividade e seu baixo índice de emissão de gases de efeito estufa e, principalmente, devido à tecnologia desenvolvida, o desafio que se coloca, na atualidade, à gestão da expansão dessa atividade abrange múltiplas dimensões e setores da administração pública.

Com efeito, a necessidade de uma gestão competente da expansão do cultivo e da industrialização da cana-de-açúcar na atualidade envolve questões complexas que vão desde a necessidade de um zoneamento que indique as áreas mais propícias do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, como, igualmente, aquelas mais adequadas em relação à sustentabilidade socioeconômica.

Na atualidade, se do ponto de vista ambiental é necessário desestimular a expansão dessa atividade em áreas de domínio do bioma amazônico e do Pantanal, além de impedir seu avanço sobre áreas tradicionais de produção de alimentos11, em termos socioeconômicos tem-se convivido não só com o desrespeito à legislação trabalhista, demandando do setor público o aumento da fiscalização, como torna-se urgente medidas de controle preventivo sobre áreas de pequena produção e de populações tradicionais, localizadas no Sudeste, no sentido de evitar o que ocorreu nos anos 1970 e 1980, quando a expansão da soja no oeste paranaense promoveu um rápido esvaziamento do campo, juntamente com o desmatamento e a ruptura de formas de uso e ocupações tradicionais ali localizadas.

Nesse sentido, longe de reproduzir os mecanismos tradicionais de incentivo à expansão da cana-de-açúcar, como no período áureo do Proálcool, na atualidade, a preocupação com as questões socioambientais requerem políticas e instrumentos de ação pública muito mais afinados com a diversidade e complexidade existentes no território brasileiro, assim como com os próprios

10 www.biodieselbr.com.proalcool/pro-alcool.htm11 Os pastos degradados são apontados atualmente como os espaços rurais mais propícios para a expansão da cana-de-açúcar. A valorização da terra no Sudeste, contudo, pode até mesmo incentivar o deslocamento do rebanho e da pecuária em direção ao Norte do país, assim como a própria cultura da soja cujo deslocamento já apontava claramente para o sentido Sul- Norte.

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condicionantes ambientais, sociais e políticos, exigidos pelo mercado mundial. A análise da dinâmica espacial da produção e da industrialização da cana-de-açúcar constitui, assim, um elemento estratégico para se planejar a expansão desse setor.

Assim, pode-se afirmar que uma nova feição de um Programa de incentivo à produção do etanol a partir da cana-de-açúcar aponta para a necessidade de se levar em conta as diversas dimensões da esfera agrícola, industrial e energética dessa atividade, de modo a distinguir com clareza os impactos socioeconômicos e ambientais da produção e do consumo da cana-de-açúcar e do etanol.

3. A dinâmica espacial da cana-de-açúcar no território brasileiro contemporâneo

Com grandes vantagens comparativas, o setor sucro-alcooleiro do Brasil apresenta, na atualidade, condições favoráveis de competir no mercado internacional com outros países produtores. Segundo dados da FAO, em 2005, o Brasil, com um total de 423 milhões de toneladas, era responsável por 43% da produção mundial de cana-de-açúcar. Em seguida, vinha a produção indiana, dominando 23% deste total, e a da China, com 9% do mercado.

No Brasil, segundo o IBGE, o total de área plantada com cana-de-açúcar era de 4.879.841 ha, em 2000 e de 7.086.671 ha, em 2006. Cabe observar que, além dessa expansão em área, o país aumentou também a produtividade do setor que, de 67 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, em 2000, passa a produzir 74 ton./ha em 2006. Neste último ano, a produtividade do etanol chega a 86 litros por tonelada de cana-de-açúcar.

A grande área plantada, o volume produzido e a elevada produtividade, aliadas a uma moderna infraestrutura de produção e transporte e à disponibilidade de um contingente de mão-de-obra abundante, tornam o custo de produção do etanol brasileiro muito baixo, quando comparado com o de outras regiões produtoras. De acordo com a FAO, enquanto o etanol de cereais produzido na União Européia e o de milho produzido nos EUA custavam, respectivamente, US$ 154 e US$ 75 o barril, em 2006, o do álcool de cana-de-açúcar brasileiro saía por US$ 32. Comparando-se o custo do barril brasileiro com o de outros países que extraem o etanol da cana-de-açúcar, com uma alta produtividade, este se mantém vantajoso: na Austrália o barril de etanol custava US$ 51 e, na Tailândia, US$ 46.

Às condições do mercado internacional favoráveis para a agroindústria da cana-de-açúcar soma-se um mercado interno com boas condições para o desenvolvimento do agronegócio da energia. Mesmo sendo 45% da matriz energética do Brasil originária da sua biomassa, o etanol contribui com apenas 14,6% do total da energia consumida no país. Impulsionado a partir de 2003, quando foram introduzidos os carros “Flex Fuel”, movidos a gasolina e álcool, e que atualmente representam mais de 80% do total de veículos novos vendidos, o mercado de etanol pode ainda aumentar a sua participação em outros setores, além dos combustíveis de veículos automotores.

Com uma moderna estrutura de produção instalada que, desde o início da década atual, vem sofrendo um forte processo de expansão, o setor sucro-alcooleiro tem condições de suprir grande parte das demandas por etanol dos mercados internos e externos. Assim, em 2006, 42,3% do total da área plantada com cana-de-açúcar no Brasil destinava-se à produção do etanol. Sua produção, naquele ano, foi de 18 bilhões de litros, embora tivesse uma capacidade produtiva

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instalada de até 20 bilhões de litros/ano. Do total produzido, 3,4 bilhões de litros foram exportados. Regionalmente, o Centro-Sul foi responsável por 91% da produção de álcool obtida e, o Nordeste, pelos 9% restantes. Havia ainda um total de 355 usinas e destilarias em operação e 126 projetos para a construção de novas unidades12.

Na década em estudo, as dinâmicas espaciais e as estratégias de localização das plantas de produção de álcool combustível originário da cana-de-açúcar seguiam um padrão determinado, prioritariamente, por uma lógica ditada, em grande parte, pelo mercado, o que coloca em pauta a necessidade de se compatibilizar os interesses estritamente econômicos com aqueles comprometidos com as questões socioambientais.

Obedecendo à lógica do mercado, tem havido, assim, dominantemente, uma tendência a que os novos projetos venham a se concentrar em regiões agropecuárias mais modernizadas do Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país, em detrimento de outras que têm sua ocupação tradicional ligada à produção de cana-de-açúcar, como a zona da mata nordestina. Nesse contexto, a indústria açucareira do Nordeste, embora importante região produtora, vem perdendo espaço para o Sudeste e Sul e, mais recentemente, para o Centro-Oeste.

Nesse contexto, como a expectativa de demanda de álcool pelos mercados interno e externo só pode ser atendida, mesmo a curto prazo, pela expansão da área plantada de cana-de-açúcar e pela instalação de novas usinas, a análise desse processo no território nacional viabiliza a identificação das tendências verificadas na distribuição das áreas de expansão do setor sucro-alcooleiro no território nacional.

Considerando-se apenas as usinas para refino, moagem e produção de açúcar e álcool que empregavam mais de trinta trabalhadores, constata-se, de acordo com o IBGE, que o número destas, entre 1996 e 2005, variou de 317 para 331 estabelecimentos. Mesmo com mais da metade destes, já em 1996, localizados no Sudeste, ao longo deste período houve um aumento da concentração destas unidades produtivas nessa região. No Nordeste, ao contrário, registrou-se uma redução de aproximadamente 25% no número de usinas.

No mesmo período, as regiões Sul e Centro-Oeste, que têm uma menor participação na produção de cana-de-açúcar, apresentaram tendências diferentes. Enquanto o Sul manteve-se relativamente estável, o Centro-Oeste aumentou sua participação de maneira consistente a partir de 2002. Nesse contexto, o Gráfico 1 revela nitidamente o crescimento verificado no número de estabelecimentos industriais do segmento canavieiro a partir do início da década anual.

Gráfico 1

12 www.bndes.gov.br/empresa/dowload/apresentações/mariante-biocombustíveis. (JULHO 2006).

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Indústria Canavieira segundo Grandes Regiões, 1996-2005.

Fonte: IBGE- Pesquisa Industrial Anual- PIA- 2006

A localização das usinas com mais de trinta empregados, associa-se, portanto, a inúmeros fatores ligados à logística de transporte e aos investimentos do setor sucro-alcooleiro. Novos projetos, a inviabilidade econômica de antigas usinas, a transferência de capitais e de equipamentos por grupos empresariais de um estado para outro e a ampliação da capacidade produtiva de algumas usinas que absorveram outras de menor tamanho e com menos recursos são fatores que ensejam, aceleram e confirmam o processo de uso e ocupação do território através do aparecimento de novas configurações espaciais.

Assim, a análise da localização de novos projetos de usinas de etanol que estavam em estudo, implantação ou em operação, nos anos de 2006 e 2007, constata a formação de uma grande mancha espacial nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, concentrada em torno deste último, conforme observado no Mapa1.

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Mapa 1

Projetos de usinas de etanol – 2006/2007

Observando-se esses projetos, segundo o estágio de implantação em que se encontram, constata-se uma tendência a que essa concentração em torno de São Paulo se espraie em direção, principalmente, ao Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais (região do Triângulo Mineiro), embora São Paulo continue a concentrar, em 2006-2007, o maior número de projetos de usinas de etanol (57), grande parte destes já operando ou sendo implantados, enquanto apenas 6 encontravam-se em fase de estudos.

Ao contrário da situação encontrada em São Paulo, a maioria dos projetos de usinas de etanol dos estados de Minas Gerais, Mato-Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, ou estavam sendo implantados ou estavam, ainda, em estudo. Poucas eram as novas usinas já operando nesses estados.13

Em 2006-07, eram poucos os projetos de construção de usinas de etanol previstos para algumas das regiões mais tradicionais na produção de cana-de-açúcar. Desse modo, em todo o Nordeste, existia apenas 1 projeto em estudo, localizado no Rio Grande do Norte, enquanto no Sudeste, na

13 Duas em Mato-Grosso do Sul, cinco em Minas Gerais e sete em Goiás.

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região tradicional situada no Rio de Janeiro, foram observados 4 projetos, também em fase de estudos.

A localização dos novos projetos para a implantação de usinas de produção de álcool indica que estas estão se expandindo em direção a novas áreas produtoras, que vêm se configurando a partir da concentração observada em São Paulo. A configuração dessas áreas, em detrimento de outras, historicamente ligadas à produção canavieira, é corroborada pela análise da evolução das áreas plantadas com cana-de-açúcar na década atual (Mapas 2 e 3).

Mapa 2

Mapa 3

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Constata-se que uma das transformações mais significativas no uso e ocupação do território brasileiro da última década vem ocorrendo no Centro-Sul do país, com o processo de introdução/expansão/concentração de grandes plantações de cana-de-açúcar, devido a valorização do agronegócio do etanol. Em São Paulo, que em 2000 já era o maior produtor nacional de açúcar e álcool, registrou-se a maior expansão de área plantada com esta lavoura, sendo muito expressivo o aumento deste cultivo em áreas de 7001 ha a 10000ha, de 10001 ha a 20000 ha e, de 20001 ha e mais. Igual processo de expansão do plantio da cana-de-açúcar se deu nas áreas contíguas a São Paulo.

No período em análise, sobretudo no Triângulo Mineiro, mas também no centro-leste de Mato-Grosso do Sul e, em menor escala, no noroeste do Paraná, a área ocupada com a lavoura canavieira também aumentou expressivamente. O dinamismo do setor sucro-alcooleiro nesse espaço que forma, a partir de São Paulo, uma grande área agroindustrial consolidada, está em consonância com as demandas atuais do mercado. A crescente procura pelo álcool combustível da cana-de-açúcar, na década atual, fez com que este setor intensificasse o processo de

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centralização de sua produção nesta área, que apresenta uma excelente infraestrutura de produção, circulação e informação, potencializando com isso os seus ganhos de escala.

Outras áreas em que houve um forte aumento do plantio da cana-de-açúcar, entre 2000 e 2006, estão localizadas no sudoeste de Mato Grosso e em Goiás, ao longo da BR-153. A expansão da cana-de-açúcar nesses espaços só foi viabilizada quando, a partir dos anos 1970, houve a incorporação produtiva dos cerrados à grande produção agropecuária nacional. Embora a ocupação desses estados tenha se dado, após o ciclo minerador, pela expansão da pecuária, na atualidade, devido ao avanço técnico-científico dos processos produtivos e à existência de uma infraestrutura para o escoamento da produção, já é possível o desenvolvimento de grandes cultivos de alto valor comercial, como o da soja e, mais recentemente, o da cana-de-açúcar. Um espaço que cabe ainda destacar localiza-se no oeste da Bahia, onde o desenvolvimento da cana-de-açúcar, ao longo dos anos 2000-2007, se deu, sobretudo, pela expansão horizontal de sua área ocupada.

Em todos os estados até aqui destacados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul, houve expansão da área plantada de cana-de-açúcar. Neles, a especialização nessa produção se firmou em determinadas sub-regiões no decorrer da década, enquanto em outras sub-regiões, em que a atividade agrícola já estava consolidada, intensificaram sua produção.

Diferente comportamento, contudo, foi verificado na tradicional região canavieira do país, no Nordeste, onde essa cultura foi implantada ainda no século XVI, e na qual ocorreu, ao longo desse período, uma redução tanto da área plantada como da quantidade produzida. Nesse sentido, apesar de o Nordeste ainda manter um importante setor sucro-alcooleiro, a sua produção em relação ao total do Brasil passou de 18%, em 2000, para 13,8%, em 2006. No mesmo período, a produção de cana-de-açúcar das regiões Sudeste e Centro-Oeste, somadas, equivaliam, respectivamente, à 74,1%, e à 78% da safra brasileira. Ressalte-se que em 2007 aproximadamente 10% da safra de cana-de-açúcar foi colhida no Centro-Oeste, região para onde tem se expandido esse cultivo, sobretudo a partir de São Paulo e do Triângulo Mineiro (Tabela 1).

Tabela 1

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A análise da distribuição espacial dos 30 principais municípios produtores de cana-de-açúcar, no período de referência, permite uma melhor identificação da configuração do setor sucro-alcooleiro no território nacional. Assim, verifica-se que em 2000, no Nordeste, e, especificamente, no estado de Alagoas, havia uma importante área contínua de produção de cana-de-açúcar nos municípios de São Miguel dos Campos, Coruripe, São Luís do Quitunde e Realengo. Em 2006, de todos os municípios do Nordeste, apenas Coruripe estava listado entre os 30 principais municípios produtores.

Ao contrário, no Sudeste, além dos municípios tradicionalmente considerados grandes produtores, houve uma tendência a que diversos outros municípios, que tinham na pecuária a sua atividade principal, se tornassem importantes produtores de cana-de-açúcar. Nessa região, a lavoura da cana vem se expandindo até mesmo sobre áreas do estado de São Paulo que tradicionalmente desenvolviam a citricultura, fazendo com que essa lavoura venha se deslocando do centro-norte paulista para as regiões sul-sudeste desse estado, que apresentam melhores condições para o desenvolvimento dessa atividade14.

Nesse contexto, pode-se afirmar que entre 2000 e 2006, o setor sucroalcooleiro tem incrementado sua produção a partir da área formada por municípios paulistas tradicionalmente especializados na produção da cana-de-açúcar, espraiando-se em direção ao norte e oeste, e abarcando, nesse movimento, não só uma série de municípios do próprio estado, como, também, de Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro. Nesse processo, também são incorporadas áreas do Centro-Oeste, onde, em 2006, os municípios de Barra dos Bugres (MT), Santa Helena de Goiás (GO) e Rio Brilhante (MS) já se encontravam entre os 30 principais produtores de cana-de-açúcar (Mapas 4 e 5). De um modo geral, esses municípios, além de Uberaba e Conceição de Alagoas, em Minas Gerais, que concentravam em suas áreas uma boa infra-estrutura operacional, mantiveram-se como importantes centros produtores. Já municípios como Uturama e Canapolis, no Triângulo Mineiro, que durante o período em análise consolidaram

14 Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (ABECITRUS), em 2006, o sul do Estado já abrigava 55% dos pomares, ante 45% do centro e do norte.

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Tabela 1 - Quantidade produzida de cana-de-açúcar - Brasil - Grandes Regiões 2000 - 2006

Total Percentual Total Percentual

Brasil 326.121.011 100,00 457.245.516 100,00

Norte 915.508 0,28 1.287.166 0,28

Nordeste 58.856.060 18,05 63.182.425 13,81Sudeste 217.208.153 66,60 312.388.468 68,31

Sul 24.659.973 7,56 35.744.385 7,81

Centro-Oeste 24.481.317 7,50 44.643.072 9,76

Fonte: IBGE - SIDRA - Produção Agrícola Municipal

2000

Brasil e Grandes Regiões

2006

apenas o segmento primário da lavoura da cana-de-açúcar, perderam sua importância relativa como áreas de produção.

Mapa 4

Mapa 5

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Finalmente, cabe observar que a análise dos dados referentes ao setor sucro-alcooleiro no período 2000/2006 indicam que o Centro-Oeste constitui a nova área de expansão da cana-de-açúcar, dentro de uma dinâmica espacial que parece não comportar mais o Nordeste enquanto fronteira de crescimento dessa lavoura. Nesse sentido, mesmo se mantendo como importante região produtora, a tendência geral verificada para o Nordeste foi a de diminuição de sua participação no total do Brasil. Isto porque, com a reestruturação do setor, registrou-se uma queda da produção da agroindústria nordestina em favor da agroindústria localizada no Centro-Sul, provocando um recuo da área ocupada pela cultura da cana-de-açúcar e fazendo com que em muitas áreas a cana fosse substituída por outras culturas (mandioca, milho, frutas, etc.).

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Desse modo, pode-se afirmar que na década de 2000, a reestruturação organizacional e produtiva do setor sucro-alcooleiro brasileiro teve como principal estratégia a concentração e a centralização de sua produção na região Centro-Sul do país, formando e expandindo uma grande área produtora a partir de São Paulo. Essa dinâmica regional está consolidada em uma estratégia de mercado, que ocasionou uma maior desigualdade entre as regiões, intensificando a desestruturação da produção do açúcar e do álcool em áreas de forte tradição no desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar. Esse é o caso do Nordeste, mas também de outras regiões como o norte fluminense.

Nesse contexto, qualquer planejamento territorial, aí incluído o ZEE15, deverá, necessariamente, observar o dinamismo espacial desse segmento em expansão no agro nacional, no sentido de contribuir para construir mecanismos e instrumentos ágeis de regulação dessa expansão, evitando seu crescimento desordenado tanto em termos de seu impacto direto e indireto, envolvendo o surgimento de novas áreas especializadas no interior de espaços agrícolas consolidados do Sudeste e do Sul, como, principalmente, em termos das alterações que pode provocar na reconversão de terras para a pecuária na Amazônia16.

Em um quadro já caracterizado pela substituição da pecuária por outras atividades mais rentáveis da terra, como os grãos e a cana-de-açúcar, além da própria expansão urbana nas áreas de fronteira agrícola das regiões Sul e Sudeste, e dada a facilidade de acesso à terra na Amazônia, com a liberação dessa região para fins de controle da febre aftosa, mais recentemente, pode-se esperar um incremento no movimento de transferência progressiva do rebanho bovino rumo ao norte do país, tornando, assim, imprescindível a ação regulatória do Estado sobre o uso dos recursos naturais do país, a começar pela terra.

4. Alternativas

Diante de um quadro internacional favorável, a produção de biocombustíveis foi definitivamente incorporada às políticas energéticas do Brasil no início dos anos 2000, trazendo novas perspectivas para o conjunto da atividade agroindustrial do país, assim como novos desafios à gestão do território brasileiro e às alternativas postas para mitigar os impactos diretos e indiretos advindos da dinâmica espacial de um segmento econômico cujo passado se confunde com o próprio processo de ocupação desse território.

Os principais argumentos em prol do desenvolvimento dessa matriz energética são a diminuição da dependência dos derivados de petróleo, a criação de novos mercados, o crescimento da demanda global por combustíveis alternativos e a redução das emissões de gás carbônico. Entre os vários projetos para o desenvolvimento dessa matriz energética, o do álcool constitui um dos mais bem sucedidos, uma vez que o território brasileiro é estratégico para a produção do etanol, seja por sua localização, pela sua experiência no desenvolvimento da lavoura canavieira, por sua capacidade tecnológica, por força dos interesses agrícolas e agroindustriais, ou por concentrar parcela expressiva do potencial de expansão de sua produção em escala mundial (CARVALHO, 2007).

15 Zoneamento Ecológico-Econômico16 A Amazônia aqui citada refere-se ao recorte territorial da Amazônia Legal, abrangendo, portanto, além de toda região Norte do país, a porção norte da região Centro-Oeste, situada em Mato Grosso, além de poucos municípios do extremo norte goiano.

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No entanto, apesar da expansão verificada na produção deste agro-combustível, no período estudado, ela concorreu para tornar mais complexa a diferença regional do país, colocando em xeque políticas e instrumentos tradicionais de regulação da dinâmica espacial do uso da terra na contemporaneidade e do leque de alternativas para enfrentar, de forma sustentável, a repercussão dessa dinâmica.

Com efeito, os espaços que concentraram a moderna infra-estrutura do setor sucro-alcooleiro tendem a se especializar na produção da cana-de-açúcar, por seu alto valor econômico, contribuindo com isso para o desenvolvimento de grandes monoculturas. Estas, por sua vez, desestruturam os sistemas agrícolas pré-existentes, limitam as oportunidades de inserção no mercado de trabalho, contribuem para a redução da biodiversidade e concentram outros impactos ambientais, decorrentes da expansão dessas lavouras.

Nesse contexto, ser sustentável e promover a inclusão social, garantir preços competitivos, qualidade e suprimento constituem as alternativas postas para esse setor, cuja expansão deverá ser realizada dentro de determinados parâmetros socioambientais, apontados, entre outros, pelo Zoneamento Ecológico-Econômico, de modo a evitar não só seu crescimento desordenado sobre ambientes e estruturas sociais pouco adequadas, como o impacto indireto que poderá causar sobre atividades, tais como a pecuária e a soja, por ela deslocadas em direção ao norte do país.

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