rock com dendÊ
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Projeto de Guilherme Arantes reúne cena roqueira de Salvador (por Marcus Preto) __ Folha de São Paulo Caderno Ilustrada 25 de Maio de 2011TRANSCRIPT
PLANETA ARANTESVeja as bandasbaianas do projeto
SetembroMESTRES EarthWind andFire, Herbie HancockSITEbandasetembro.com.br
RadiolaMESTRES Tropicália eBeatlesSITEbandaradiola.com.br
O CírculoMESTRES Beatles e IncubusSITEmyspace.com/ocirculo
PirigulinoBabilakeMESTRES Caetano Veloso eNovos BaianosSITEpirigulinobabilake.com.br
HajoeMESTRES Pearl Jam, PinkFloyd e Led ZeppelinSITEhajoe.com.br
MagloreMESTRES Beatles e MutantesSITEmaglore.com.br
NeologiaMESTRES Lenine,Caetano Velosoe Alceu ValençaSITEbandaneologia.com.br
Quartetode CincoMESTRES BarãoVermelho e No-vos BaianosSITEquartetodecinco.com.br
Enio e aMalocaMESTRES Gilber-to Gil e StevieWonderSITEenioeamaloca.com.br
FotosDivulgação
ilustradaEFQUARTA-FEIRA, 25 DE MAIO DE 2011 E1
Edon
Ruiz/Folhapress
ANÁLISE
Nós existimose pleiteamosnosso quadradonesse latifúndio
PITTYESPECIAL PARA A FOLHA
Desde quemeentendoporbanda da cena soteropolita-na,uma incongruência se faznotar: comouma cidade comtantos grupos legais, comtantos discos de rock sendofeitos e compúbliconão con-solida esses fatos dentro e fo-radassuasfronteiras?Nessa equação, faltam
dois elementos vitais: divul-gação em meios de massa ecasas de show demédio por-te para as bandas que já nãotocamsópara os amigosmasainda não enchem uma Con-chaAcústica.Oresto, temos.Mesmo com essas incerte-
zas rondando seu trabalho, oroqueirobaianonãodeixadefazê-lo. A internet ajuda nadivulgação independente elivre de conchavos, mas ain-da não é suficiente para sairdogueto.Faz-se necessário o apoio
damídiademassa,dorádioedaTV, que, naBahia, aindaéquase totalmente dedicadaaos ritmos populares e à cul-tura local tipoexportação.Muitas vezes ouvi o argu-
mentodeque “nãoexistepú-blico de rock na Bahia” equasemedeixei levarporele.Até o dia em que a minha
banda tocou no Festival deVerão de Salvador. Concluíque o público que estava ali,vibrante, não sabia que exis-tíamos até finalmente apare-cermosnaTVaberta.Hoje há projetos incríveis
realizados com o apoio dopoder público, algo antes eraimpensável. Jáéumpasso.A cultura baiana, encanta-
dora e de inegável valor, en-volve o candomblé e seus rit-mos, os blocos afro, a RomaNegra, a guitarra de Arman-dinho, Dodô e Osmar, Caym-miesuabrejeirice.Mas a industrialização do
axé calcou outra Bahia noimagináriopopular.“Roqueiro baiano” vira
um epíteto digno de mençãopela suposta excentricidade:uns o enunciam em tom he-roico,outros,dedescrença.Essasmanifestaçõesmusi-
cais podem coexistir. Se essaideia ainda soa estranha poraqui, éporqueoépor lá.Plei-teamos nosso quadrado nes-se latifúndio. Não adiantanos escondermosdebaixo dotapete:nósexistimos.Roqueiro na Bahia não
monta banda porque pensaem ficar rico e famoso. É umchamado interno ao qualsimplesmente não se podefugir. Se, no final, ficar rico efamoso,melhorainda.PITTY é cantora e compositora e vive emSãoPaulo há oito anos
rock Arantes (à frente, de preto)emembros dasnovebandas
dendêcomProjetogravadonoestúdiodeGuilhermeArantes reúnepartedacenacenacenaroqueiraroqueiraroqueira de Salvador, que, segundo o cantor, é ofuscada peloaxéaxéaxé
MARCUS PRETOENVIADO ESPECIAL A CAMAÇARI (BA)
No final dos anos 1970, jábebendo da fama de “hitma-ker”, Guilherme Arantes lan-çou dois álbuns de nenhumarepercussão.“A Cara e a Coragem”
(1978) e “Coração Paulista”(1980) eramdiscos de rock. Esuas canções espelhavamum jovem artista em crise:com o próprio ofício, com acenamusical e comos rumosquetomavaasuageração.O público do cantor, que
consagrara baladas como“Meu Mundo e Nada Mais”(1976), “Amanhã” (1977) e“Êxtase” (1979), não se iden-tificou com esses temas. Edesprezouosdoisdiscos.Pois é justamente a reu-
nião das 20 canções dos doisdiscos que, agora, compõem
“ACaraeoCoração”.ProduzidoporPedroAran-
teseGabrielMartini,oálbumtraz recriaçõesdessesnãosu-cessos do compositor paulis-ta feitas por nove bandas danova cena roqueira baiana(vejaaoladoeabaixo).O disco deve chegar às lo-
jas em julho. As gravaçõesaconteceramno estúdio Coa-xo do Sapo, construído porGuilherme em Camaçari, naBahia,ondevivehádezanos.“A cena roqueira de Salva-
dor é altamente criativa eprecisaexplodirparaopúbli-co”, diz o cantor. “Isso sónãoaconteceu ainda porque es-ses músicos foram eclipsa-dos pela ‘indústria da ale-gria’queaBahiase tornou.”A intenção, segundo o
compositor,é servir deveícu-lo para que essas bandaspossam tentar cruzar frontei-
ras regionais e, quem sabe,atingiropúblicodoSudeste.“Fazer música autoral na
Bahia é uma provação diá-ria”, diz Roy, da bandaOCír-culo. “Desde o empresárioaté a suamãe, todo omundoquer te levar ao mau cami-nho. ‘Cante axé, meu filho,canteaxéqueémelhor’.”Não há exatamente uma
unidaderoqueiranasbandasque integram o disco. Algu-mas pendempara o soul, ou-tras para o blues, outras paraa psicodelia à brasileira, en-tre o tropicalismodeCaetanoe Gilberto Gil e o pós-tropica-lismodosNovosBaianos.“E nós aqui somos só uma
parte do que acontece na ce-na baiana fora do Carnaval”,diz opaulistanoEnio,dopro-jeto Enio e a Maloca, radica-doemSalvadorhá20anos.Ele cita o Letieres Leite, da
Orkestra Rumpilezz, o Baia-na System e outros artistas,nãonecessariamente ligadosao rock, como parte funda-mental danova fasedamúsi-cadacidade.“Seria impossível alcançar
toda a grande cena de musi-ca independente deSalvadorem único disco”, diz PedroArantes, filhodeGuilhermeeidealizadordoprojeto.“Esse trabalho tenta sinte-
tizar o que está acontecendoagora na capital baiana e va-lorizar o que acaba ficandode fora dos grandes eventosatédaprópriadacidade.”É a eterna busca do jovem
músico por seu lugar no es-paço e no tempo. Talvez porisso o tema dos dois álbuns“malditos” de GuilhermeArantessoetãoatual.O jornalistaMARCUSPRETO viajouaconvite do estúdio Coaxo do Sapo
ARQUITETURAProjetista deMasdar, NormanFoster, encontraNiemeyer no RioPág. E7 h
MÚSICAEm entrevista,Lady Gaga dizque cultura popé sua religiãoPág. E8 h