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MANUAL TCNICO, 11

ISSN 1983-5671

Wander Eustquio de Bastos Andrade Jos Mrcio Ferreira Henrique Duarte Vieira Miguel ngelo Engelhardt Jos Ferreira Pinto

11

Niteri-RJ abril de 2009

MANUAL TCNICO, 11

ISSN 1983-5671

Wander Eustquio de Bastos Andrade Jos Mrcio Ferreira Henrique Duarte Vieira Miguel ngelo Engelhardt Jos Ferreira Pinto

11

Niteri-RJ abril de 2009

PROGRAMA RIO RURAL Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuria, Pesca e Abastecimento Superintendncia de Desenvolvimento Sustentvel Alameda So Boaventura, 770 - Fonseca - 24120-191 - Niteri - RJ Telefones : (21) 2625-8184 e (21) 2299-9520 E-mail: [email protected]

Governador do Estado do Rio de Janeiro Srgio Cabral

Secretrio de Estado de Agricultura, Pecuria,Pesca e Abastecimento Christino ureo da Silva

Superintendente de Desenvolvimento Sustentvel Nelson Teixeira Alves Filho

Andrade, Wander Eustquio de Bastos. Cultivo do cafeeiro arbica em condies adensadas / Wander Eustquio de Bastos Andrade e contribuies de Jos Mrcio Ferreira... [et al.]. -- Niteri : Programa Rio Rural, 2008. 17 f. ; 30 cm. -- (Programa Rio Rural. Manual Tcnico ; 11) Programa de Desenvolvimento Rural Sustentvel em Microbacias Hidrogrficas do Estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Agricultura, Pecuria, Pesca e Abastecimento. Projeto: Gerenciamento Integrado de Agroecossistemas em Microbacias Hidrogrficas do Norte-Noroeste Fluminense. ISSN 1983-5671 1. Caf. 2. Coffea arabica. 3. Rio de Janeiro (Estado). I. Srie. II. Ttulo. CDD 633.73

Sumrio

1. Introduo.................................................................................4 2. Histrico....................................................................................5 3. Vantagens e desvantagens do adensamento...................................7 4. Recomendaes para o cultivo do caf adensado.............................8 5. Cuidados no manejo de lavouras adensadas..................................10 6. Custos.....................................................................................12 7. Concluses...............................................................................13 8. Bibliografia consultada...............................................................13

Cultivo do cafeeiro Arbica em condies adensadasWander Eustquio de Bastos Andrade1 Jos Mrcio Ferreira2 Henrique Duarte Vieira3 Miguel ngelo Engelhardt4 Jos Ferreira Pinto5

1. IntroduoO Estado do Rio de Janeiro j foi importante estado produtor de caf, chegando a produzir cerca de 60% de toda a produo nacional. Devido a problemas fitossanitrios (entrada da ferrugem e ataque de broca) ocorridos na dcada de 70, houve adeso quase que total dos produtores ao plano nacional de erradicao de cafezais. Outra agravante foi a fuso, ocorrida nessa mesma dcada, do antigo Estado da Guanabara (formado basicamente pela cidade do Rio de Janeiro) com o Estado do Rio de Janeiro, surgindo um novo Estado. Essa associao de fatores fez com que a cultura do caf em terras fluminenses fosse praticamente extinta. Nos ltimos 15 anos, a cafeicultura no Estado do Rio de Janeiro esteve limitada, principalmente, s regies Noroeste (municpios de Bom Jesus do Itabapoana, Porcincula e Varre-Sai) e Serrana (municpios de Bom Jardim, Duas Barras e So Jos do Vale do Rio Preto). Aps algumas iniciativas tomadas nesses municpios, os cerca de 14.308 ha plantados atualmente, sendo 14.048 em produo, produziram 221.000 sacos de 60 kg de caf beneficiado na safra 2007/2008. A produtividade mdia da cultura do caf no Estado de 15,73 sacos beneficiados ha-1, decorrente de sistema de produo com menor densidade e plantas por unidade de rea, oriunda de lavouras envelhecidas e mal conduzidas.

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2 3 4 5

Eng. Agr., Ps-Doutor, Pesquisador da PESAGRO-RIO/Estao Experimental de Campos. Av. Francisco Lamego, 134 - Guarus - 28080-000 Campos dos Goytacazes - RJ. Eng. Agr., M.Sc., Pesquisador da PESAGRO-RIO/Estao Experimental de Campos. Eng. Agr., Ph.D., Professor do CCTA/UENF. Eng. Agr., Extensionista da EMATER-RIO/Escritrio Local de Varre-Sai. Tcnico Agrcola do MAPA/PROCAF - Varre-Sai.

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O mercado interno do Rio de Janeiro consome 1.350.000 sacas de 60 kg de caf beneficiado por ano, que est sendo abastecido atravs de importaes de outros estados. Este mercado o segundo maior do Brasil, perdendo apenas para o consumo do Estado de So Paulo. O prprio Estado do Rio de Janeiro pode aumentar sua participao nessa demanda, sem grandes alteraes em termos de reas cultivadas. A produo estadual pode ser aumentada a mdio prazo, bastando, para tanto, recuperar lavouras ainda viveis e investir em novas reas com plantio adensado. Considerando-se a necessidade de aumentar a contribuio estadual na produo de caf, a indicao de manejo de lavouras economicamente viveis poder reverter o quadro atual de desempenho da cultura no Estado em mdio prazo, tendo em vista a possibilidade de elevao da produtividade empregandose tecnologia eficiente e de fcil adoo pelos produtores. Nesse contexto, o plantio adensado considerado um sistema vantajoso de implantao de lavouras cafeeiras.

2. HistricoUm dos fatores mais importantes e atualmente bem discutidos para a implantao do cafeeiro o nmero de plantas por unidade de rea, visando alcanar ndice de rea foliar timo e que permita produtividade mxima. O sistema de plantio at ento recomendado e utilizado na maioria das regies cafeeiras do Brasil era o de livre crescimento, no qual o caf era plantado em espaamentos maiores, que permitiam no apenas o trnsito de equipamentos, mas a realizao adequada dos tratos culturais e fitossanitrios. Entretanto, para a formao de lavouras em propriedades menores e em reas menos favorveis mecanizao, como o caso do Estado do Rio de Janeiro, recomendvel a maior densidade de plantas. Com a necessidade cada vez maior de reduzir custos e de aproveitamento mais racional das reas de cultivo, deu-se maior importncia, nos ltimos anos, produtividade no curto prazo, admitindo-se o caf como semi-perene, ou seja, com menor ciclo de explorao, partindo-se para cultivos mais adensados. O espaamento para o cafeeiro vem sendo estudado no Brasil desde a dcada de 30, dando-se maior nfase a partir da dcada de 70, com vistas a buscar solues para os diferentes aspectos que envolvem a sua recomendao, coincidindo com a implantao e execuo do Plano Nacional de Renovao e Revigoramento de Cafezais. Os resultados da pesquisa no sistema de plantio adensado tm demonstrado que possvel obter alta produtividade por rea, reduo do custo de produo e retorno de curto prazo do investimento na implantao do cafezal. A principal vantagem do sistema adensado consiste na obteno de altas produes de caf em curto prazo, que tende a cair medida que o cafeeiro se desenvolve e aumenta a competio entre as plantas, sendo necessrio, a partir da, o uso da poda. Assim, os ganhos iniciais de produo obtidos com os espaamentos mais adensados podem ser anulados devido realizao da poda. Essa evidncia sinaliza para a necessidade de se prever um bom manejo de podas para cafeeiros adensados. Caso isso no ocorra, o mais aconselhvel 5

optar pelo espaamento mais largo entre linhas, com adensamento dentro da linha. O cafeicultor que optar pelo plantio adensado tem que pensar em alta tecnologia, associada a planejamento minucioso para a conduo futura da lavoura. Para isso, importante determinar a poca ideal para a poda, evitando perda da capacidade de diferenciao floral e de perda de saia (ramos baixeiros) da planta. Alm dos aspectos tcnicos que recomendam sua utilizao, ao se lanar mo do plantio adensado, deve-se tambm considerar sua viabilidade econmica, a curto e longo prazo. Devido a seu carter de cultura permanente, maiores produes pelo cafeeiro so esperadas da quinta at a oitava colheita. Devido a essa caracterstica e bienalidade, no so conclusivas as anlises tcnicas ou econmicas que contemplem somente as primeiras produes ou somente anos de altas produes da cultura. Outro aspecto favorvel ao cultivo adensado o efeito sobre a fertilidade do solo. Essas alteraes se do em funo do maior nmero e queda de folhas e ramos, menor escorrimento de gua, lixiviao de nitrato e oxidao da matria orgnica. Apesar de seu efeito favorvel na fertilidade do solo, a literatura envolvendo os aspectos nutricionais de implantao do cafeeiro adensado ainda escassa. Embora o cultivo adensado venha ganhando destaque, com grande aceitao pelos produtores, importante ressaltar os danos que as doenas (particularmente a ferrugem) causam cultura. Nessa condio, o manejo de pragas tambm se destaca, particularmente no caso da broca do caf. Evidentemente, no o sistema ideal para todas as situaes, devendo ser usado dentro das recomendaes e condies especficas. Por ser um sistema que explora melhor o potencial da rea (solo e luminosidade) e requer maior uso de mo-de-obra, muito adequado para pequenas propriedades, de explorao familiar. O adensamento do cafeeiro tecnologia que pode ser adotada pelos cafeicultores do estado, principalmente em funo da sua explorao em pequenas propriedades e com mo-de-obra familiar, alm das caractersticas topogrficas das reas de cultivo, que favorecem o seu uso. Outro aspecto importante que a regio Noroeste, responsvel por 70% da produo estadual de caf, deficiente em indstrias, possui limitao energtica e a agricultura deve ser incentivada para se desenvolver e gerar empregos. Para isso, apesar da topografia acidentada, possui clima, solo e tradio favorveis cultura. Predominam pequenas propriedades, com explorao familiar, sendo a cultura cafeeira a maior responsvel pela gerao de renda e empregos. No Estado do Rio de Janeiro, a cafeicultura tem que ser entendida como atividade alternativa complementar para ampliar a receita das propriedades que apresentam condies favorveis sua explorao em bases tecnolgicas modernas. Pretende-se, assim, aumentar a oferta interna estadual, gerando mais empregos e, finalmente, atingir o objetivo sempre perseguido da reduo do xodo rural.

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3. Vantagens e desvantagens do adensamentoA produo de caf no Brasil caracterizada por perodo de alta produo seguido de perodo de baixa produo, tecnicamente chamado de bienalidade. Normalmente, em um ano, o caf produz alta carga, em que a planta manifesta todo o seu potencial produtivo, seguido de um perodo de menor produo. No campo, comum se dizer que um ano o caf veste o produtor e no outro ano se veste. Alm da bienalidade, durante a vida til de uma lavoura, vrios fatores, internos ou externos, estaro atuando, sendo um desses principais fatores o preo. Para que esses fatores de instabilidade possam ser contornados, o sistema de produo deve levar em considerao a utilizao de modelos tecnolgicos mais sustentveis. Nesta anlise, o plantio adensado de cafeeiros capaz de tornar o sistema de produo mais eficiente e estvel devido: ao aumento de produtividade a curto prazo, com retorno mais rpido do capital investido; menor rea requerida para plantio, com melhor aproveitamento das reas mais favorveis cafeicultura; melhoria das propriedades qumicas e fsicas do solo, aumentando a estabilidade de agregados, pH, clcio, magnsio e potssio e diminuindo o alumnio trocvel; ao menor custo de produo, j que o aumento da produtividade compensa a elevao do custo por rea; ao menor gasto no controle de plantas daninhas, em funo do sombreamento da rea aps o fechamento da lavoura; maior eficincia no aproveitamento de nutrientes, devido no s melhoria do solo, mas manuteno da umidade nas camadas mais superficiais do solo devido ao sombreamento e melhor distribuio do sistema radicular; ao menor ataque de bicho mineiro, j que essa praga necessita de sistemas mais arejados; melhor proteo do solo em reas declivosas, diminuindo o impacto das gotas de gua da chuva pelo maior fechamento da cultura, diminuindo processos erosivos. Em que pesem essas vantagens, algumas desvantagens se destacam nesse sistema de produo: a necessidade de mo-de-obra pode ser aumentada na colheita, j que o aumento em produtividade por rea pode ser compensada pela menor eficincia na colheita; o maior gasto no curto prazo, com maior investimento inicial no plantio e formao da lavoura;

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o fechamento da lavoura dificulta e/ou impede a mecanizao e uso de culturas intercalares, dificultando ainda as prticas da adubao, pulverizao e colheita, alm do uso de poda como prtica de manejo; o atraso e a maior desuniformidade na maturao do fruto, que na prtica podem significar at 30 dias de atraso na colheita em relao aos espaamentos mais largos; o aumento na necessidade de gua pela maior populao de plantas; a maior incidncia de broca nos frutos, o que faz com que a colheita tenha que ser feita no pano, com repasse para a retirada de todo o caf do cho. Deve-se levar em considerao que, se for necessrio controle qumico, o adensamento dificulta a prtica da pulverizao e pode torn-la menos eficiente; a maior incidncia de ferrugem nas variedades susceptveis, como o caso do material mais plantado no Estado do Rio de Janeiro - Catuai, em que o controle preventivo (cpricos) recomendado. Em condies de superadensamento, o seu controle s eficiente com o uso de produtos sistmicos. Apesar das desvantagens, o plantio de caf em sistemas adensados representa uma soluo tcnica vivel, passvel de ser utilizada principalmente pelos pequenos produtores, caracterizado por explorao da mo-de-obra familiar e, nas reas de produo mais acidentadas, em que prticas de sustentabilidade devero estar inseridas. Nessas condies, o plantio adensado mais competitivo e capaz de cobrir os custos de produo.

4. Recomendaes para o cultivo do caf adensadoA experincia da PESAGRO-RIO na regio Norte Fluminense Anlise do crescimento das plantasFoi observado que o cafeeiro obteve maior altura de planta na medida em que a planta ficou mais adensada, ou seja, nas maiores densidades de plantio na linha e menor espaamento entre linhas. De maneira geral, a literatura mostra que o adensamento proporciona aumento na altura da planta. Em relao ao dimetro do caule, o comportamento foi o inverso em relao altura da planta, ou seja, na medida em que a planta de caf cresce em altura, diminui o dimetro de caule. Isso foi observado na prtica no campo, nos tratamentos mais adensados. Por ocasio da colheita, por ter os caules mais finos, as plantas tenderam a vergar, dificultando a colheita. Quanto ao dimetro da copa, foi observado que, na medida em que se adensa mais o cafeeiro, ocorre reduo dos valores obtidos e, com o adensamento das plantas, tambm foi observada a perda de saia da planta. Os resultados at ento obtidos sinalizam para o uso da poda aps a quarta colheita, j que os cafs encontram-se bem fechados e com perda de saia. Desse modo, o manejo do cafeeiro com podas de conduo se faz necessrio para diminuir o fechamento da cultura e formar novamente a lavoura.

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Anlise da produoO espaamento entre linhas afetou o nmero de gros por roseta. Com base tanto no espaamento quanto na densidade, pode-se afirmar que plantas mais isoladas tendem a apresentar maior nmero de gros por roseta. Apesar de o nmero de gros por roseta e a produo de caf da roa por planta aumentarem em funo dos espaamentos mais largos e densidades menores, o nmero de plantas por hectare foi fundamental na produo final. At a quarta colheita, os plantios mais adensados tambm foram os mais produtivos. Deve-se ressaltar, entretanto, que em funo da perda de saia e do porte de planta elevado, os espaamentos mais adensados neste ensaio foram recepados aps a quarta colheita. Os dados mdios de produo de caf por tratamento e efeitos isolados so apresentados no Quadro 1.Quadro 1 Dados mdios obtidos por tratamento (espaamentos x densidades) para produo de caf beneficiado em sacas por hectare, relativo primeira (2004), segunda (2005), terceira (2006) e quarta colheita (2007) no ensaio conduzido na Fazenda Candelria, Bom Jesus do Itabapoana, Noroeste Fluminense. Espaamento x Densidade Espaamento Densidade 0,25 m 0,50 m 0,75 m 1,00 m 0,25 m 0,50 m 0,75 m 1,00 m 0,25 m 0,50 m 0,75 m 1,00 m 0,25 m 0,50 m 0,75 m 1,00 m Caf beneficiado (sacas por hectare) 2004 45 68 78 73 50 59 49 37 67 80 72 73 66 75 65 60 2005 97 109 106 95 111 103 81 78 123 109 89 76 103 89 73 61 2006 14 19 21 10 14 14 18 16 25 22 26 23 24 24 25 23 2007 96 88 87 81 94 103 89 91 137 77 84 74 74 78 62 86 Mdia 63 71 73 65 67 70 59 56 88 72 68 62 67 67 56 58

1,0 m

1,5 m

2,0 m

2,5 m

Espaamento x Densidade Espaamento 1,0 m 1,5 m 2,0 m 2,5 m Densidade 0,25 0,50 0,75 1,00

Caf beneficiado (sacas por hectare) 2004 66 73 66 49 57 70 66 61 2005 102 93 99 81 108 103 87 73 2006 16 16 24 24 19 20 22 18 2007 88 94 93 75 100 86 80 83 Mdia 68 69 71 57 71 70 64 59 9

m m m m

Considerando-se os fatores isoladamente, verifica-se que o espaamento entre linhas de plantio mais produtivo foi o de 2,0m e, para densidade de plantio na linha, de 0,25m e 0,50m. Estes dados coincidem ao se analisar a produo dos tratamentos, em que o plantio de 2,0m x 0,25m e 2,0 x 0,50m encontramse entre os mais produtivos. Com relao produo de caf por planta, independentemente dos espaamentos empregados, h aumento de produo de caf por planta medida que se aumenta a distncia entre plantas na linha. Ou seja, quanto mais isolada a planta, mais caf produzido por planta. Mas, em termos de produo por hectare, alguns arranjos so mais produtivos em funo do nmero de plantas por rea.

5. Cuidados no manejo de lavouras adensadasManejo de doenas e pragasDevido s alteraes de microclima observadas em condies adensadas, a severidade da ferrugem sobre o cafeeiro maior, j que ocorre o prolongamento do orvalho, aumentando a umidade relativa com a reduo da insolao no interior das lavouras. fundamental, portanto, para o sucesso do cultivo adensado, o monitoramento da ferrugem, visando tomada de deciso sobre o incio do controle e sobre o mtodo mais indicado. Considerando-se a maior utilizao da variedade Catuai no Estado do Rio de Janeiro, medidas preventivas como a aplicao de produtos base de cobre so recomendveis. Essa variedade apresenta porte baixo, boa adaptao, vigor e produtividade, alm de menor prejuzo pelo ataque da ferrugem. Novos materiais de porte baixo e resistentes ferrugem tm sido lanados, mas que precisam de mais estudos quanto ao cultivo adensado no Estado do Rio de Janeiro. Assim, a sua adoo deve ser em pequena escala, para avaliao de desempenho. Em condies de superadensamento, somente produtos via solo e sistmicos tm apresentado maior eficincia. Com relao a pragas, em condies adensadas, a broca do caf uma das mais importantes, causando prejuzos na prpria safra, seja pela queda dos frutos, pela reduo do peso do gro ou pela perda na qualidade da bebida. Como a broca permanece no campo nos frutos remanescentes, uma das principais medidas de controle a colheita bem feita, no pano, com repasse para retirada dos frutos que permanecem na lavoura. O plantio adensado favorece a permanncia da praga no campo por ocultar os frutos e oferecer melhor condio de sobrevivncia para o inseto. Sugere-se, tambm, o seu monitoramento atravs da amostragem de frutos.

Manejo de podasIndependente do sistema de cultivo empregado - convencional ou adensado - as podas e desbrotas so operaes importantes e imprescindveis conduo do cafeeiro. Nas condies adensadas, em que h reduo do espaamento nas ruas e maior populao de plantas por rea, a prtica da poda10

j deve ser programada, de modo a impedir o fechamento precoce da lavoura e a conseqente queda de produo. Em condies adensadas, as principais dvidas em relao poda so sobre quando realiz-la (a partir de qual produo?) e sobre o esquema de poda a ser adotado. H consenso, tambm identificado pela PESAGRO-RIO na regio Noroeste Fluminense, de se fazer a poda aps a quarta colheita, conforme discutido anteriormente. Dos dois tipos de poda mais utilizados na cafeicultura - recepa e decote - a recepa o tipo mais indicado para cafeeiros adensados. Para plantios adensados em que h perda dos ramos baixeiros (saia), recomenda-se a recepa baixa, que consiste em cortar o ramo principal (ortotrpico) a 30-40cm do solo. Caso a poda seja feita em lavouras que ainda no perderam saia, pode-se adotar a recepa alta, a 50-80cm do solo, de modo a deixar alguns ramos produtivos (plagiotrpicos), denominados pulmes, abaixo da recepa. Aps a recepa, deve-se conduzir a lavoura com desbrotas peridicas, deixando-se 1 broto/planta quando se utilizar distncia entre plantas na linha inferior a 1,0m, e 2 brotos/planta em distncias superiores. Ao se empregar a recepa, alguns sistemas de poda utilizveis so: recepa de linhas alternadas; arranquio de linhas alternadas; neste caso o caf explorado at a 4 ou 5 safra em sistema adensado e, aps este perodo, uma linha arrancada alternadamente, de modo que a lavoura volte para o espaamento tradicional; recepa de 1/3 das linhas; recepa de duas linhas alternadas; recepa de 20 a 25% das linhas, conforme esquema previamente programado (poda tipo Fukunada); recepa total da rea. A poda por decote mais indicada para os plantios convencionais, em que no h perda acentuada de produo na saia do caf. Em condies de adensamento, o decote no deve ser recomendado como prtica usual, pois um tipo de poda feito entre 1,5m - 2,3m, aplicvel nos casos em que se deseja reformar a parte superior da planta. No caso do caf adensado, o decote eliminaria exatamente a parte onde mais se concentra a produo. Portanto, ao investir em lavouras mais adensadas, o produtor deve estar bem consciente da necessidade do planejamento prvio das podas. Ou seja, a poda deve ser manejo de rotina na implantao de lavouras adensadas. Outro aspecto muito importante da poda a poca em que a prtica deve ser feita, recomendando-se a poda logo aps a colheita, de agosto a setembro. Apesar das vantagens da poda, como revigoramento da lavoura, baixo custo da adubao aps a prtica, controle de pragas e doenas, aumento de produtividade, facilidade nos tratos culturais, aumento no teor de matria orgnica do solo, que resultam na melhoria da rentabilidade e lucro nos anos seguintes, a poda tem como desvantagens o alto custo da operao (poda e desbrota), a dificuldade de retirada da lenha e, principalmente, a produo reduzida a zero na safra seguinte, em funo do esquema de poda utilizado.11

6. CustosO custo de produo de caf envolve despesas anuais, sendo muito varivel de regio para regio e depende, ainda, do sistema adotado pelo produtor. O Quadro 2 apresenta a estimativa de custo varivel de implantao de um sistema adensado.Quadro 2 - Custo de formao de cafezal no sistema adensado/ha, em regio montanhosa - Zona da Mata - Espaamento de 02 x 0,5m. 2001*. 1 Ano Set Agosto Item de despesa 1) Limpeza da rea, roada 2) Abertura de estradas 3) Abertura de covas 4) Enchimento/adubao de cova Super simples Calcrio 5) Plantio Mudas (plantio e replantio) 6) Adub. em cobertura (02 - 03) Adubo 20 0 20 7) Pulverizaes (02) Sulf, Zn, Ac, bor, Kcl, oxicl, cobre, inset, formicida 8) Controle do mato 03 capinas, trilha Subtotal 9) Transporte, administrao/ outros Total do 1 ano 2 ano 1) Controle do mato 03 capinas 2) Adubao (03) Adubo 20 0 20 3) Aplicao calcrio Calcrio (cobertura) 4) Pulverizaes (03) Zn, B, Cobre, Kcl, inset. Subtotal 5) Transporte/administrao Total do 2 ano 15 % 20 30 05 - 06 900 02 02 04 06 h.d. h.d kg h.d. t h.d. Vba 200 - 300,00 50 - 60,00 324,00 20,00 120,00 40 60,00 40,00 794 - 924,00 130 - 150,00 924 1.074,00(continua)

Necessidade 02 03 06 10 50 70 25 35 02 02 30 35 11.000 02 03 300 02 03

Unidade h.d. h.t. h.d. h.d t t h.d. U h.d. kg h.d.

Custo Total 20 50,00 60 100,00 500 700,00 250 350,00 560,00 120,00 300 350,00 1.100,00 20 30,00 108,00 20 - 30,00 15,00

10 - 15

h.d.

100 - 150,00 3.173 3.663,00

15

%

320 370,00 3.493 - 4.033,00

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(continuao)

3 ano 1) Controle de mato Repasse a enxada 2) Adubao (03) Adubo 20 0 20 3) Pulverizaes (03) Produtos 4) Colheita (50sac benef./ha) 5) Preparo do solo (15% sobre colheita Utenslios e sacaria Lenha/ energia 6) beneficiamento Subtotal 7) Administrao/transporte Total do 3 ano Total dos trs anos Menos custo com colheita/preparo Custo efetivo da formao * Matiello et al., (2002), adaptada pelos autores. 2,20/60 3,00 05 07 05 07 2.100 09 12 h.d. h.d. kg h.d. Vba t Vba Vba Sc 50 - 70,00 50 - 70,00 840,00 90 - 120,00 100,00 880,00 75,00 - 90,00 160,00 100,00 150,00 2.495,00 - 2.580,00 220,00 - 240,00 2.715,00 - 2.820,00 7.132,00 - 7927,00 1.365,00 -1380,00 5.767,00 - 6.547,00

7. ConclusesA poda de conduo da lavoura recomendada logo aps a colheita da quarta safra, no perodo de julho a setembro, para os espaamentos de 1m e 1,5m entre linhas, independente do espaamento usado entre plantas na linha. At a quarta safra, o espaamento de 2,0m entre linhas de plantio por 0,5m entre plantas na linha, totalizando 10.000 plantas por hectare, apesar de menos produtivo em relao distncia entre plantas na linha de 0,25m, o mais recomendvel. As variedades mais recomendadas para se produzir caf adensado so a Catua (vermelha ou amarela), Palma II, Acau e Catuca. Recomenda-se, ainda, rigoroso acompanhamento para verificao da ocorrncia de pragas e doenas.

8. Bibliografia consultadaANDROCIOLI FILHO, A. Caf adensado: espaamentos e cuidados no manejo da lavoura. Londrina: IAPAR, 2002. 32 p. (IAPAR. Circular, 121). FELIPE, M. de P. et al. Cafeicultura sustentvel: podas e desbrotas. Belo Horizonte: EMATERMG, 2003. 16 p

13

CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE Anais... Londrina: IAPAR, 1996. 320 p.

CAF

ADENSADO,

1994,

Londrina.

GUIMARES, R. J.; MENDES, A. N. G.; SOUZA, C. A. S. (Ed). Cafeicultura. Lavras: UFLA, FAEPE, 2002. 317 p. MATIELLO, J. B. et al. Cultivo de caf no sistema de plantio adensado. Rio de Janeiro: IBC, 1984. 9 p. (IBC. Sistemas de Produo, 15). MATIELLO, J. B.; SIQUEIRA, H. V. de A. Caf no Estado do Rio de Janeiro: recomendaes tcnicas para o plantio e tratos da lavoura cafeeira. Rio de Janeiro: FAERJ; SEBRAE-RJ; SENAR-RJ; MAA-DFA-RJ, 1999. 51 p. MATIELLO, J. B. et al Cultura de caf no Brasil: novo manual de recomendaes. Rio de Janeiro: MAPA, SARC-PROCAF, SPC-DECAF; Fundao PROCAF, 2002. 387 p. TOLEDO FILHO, J. A. de et al.. Poda e conduo do cafeeiro. Campinas: CATI, 2000. 35 p. (CATI. Boletim Tcnico, 238). VASCONCELOS, R. C. de et al. Cultivo do cafeeiro em condies de adensamento. Lavras: UFLA, 2001. 43 p. (UFLA. Boletim de Extenso).

Vista geral da rea experimental, em 2005. Fazenda Candelria, Bom Jesus do Itabapoana, regio Noroeste Fluminense.

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Dr. Jos Mrcio Ferreira, pesquisador da PESAGRO-RIO, mostrando a altura de planta alcanada em caf mais adensado, em 2006, antes da 3 colheita.

Caf adensado, espaamento de 1,00m x 0,25m. Observa-se a perda de saia da planta e a formao de tneis na lavoura.

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Caf adensado, espaamento de 1,00m x 0,50m. Observa-se a perda de saia da planta e a concentrao de produo nos ramos mais altos.

Caf convencional, espaamento de 2,50m x 1,00m. Este caf foi plantado no mesmo dia dos espaamentos mais adensados. Verifica-se o espao livre entre linha, a altura de plantas e a manuteno da saia da planta.

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Vista geral da rea experimental, em 2007, aps a poda (4 safra) dos tratamentos mais adensados: espaamentos entre linhas de 1,0m e 1,5m.

Outra vista geral da rea experimental, em 2007, aps a poda.

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Recepa baixa, tipo de poda empregada em 2007. Aps a brotao, haver conduo dos brotos atravs de desbrotas constantes.

A poda proporciona boa produo de lenha para uso na prpria propriedade.

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SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECURIA, PESCA E ABASTECIMENTO

SUPERINTENDNCIA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL