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1 PERSPECTIVAS TEÓRICO METODOLÓGICAS PARA COMPREENDER A VITIVINICULTURA SUSTENTÁVEL E NOVAS TERRITORIALIDADES NA VITIVINICULTURA Shana Sabbado Flores Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS [email protected] Rosa Maria Vieira Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS [email protected] Resumo O presente artigo discute perspectivas teórico metodológicas para tratar a questão da vitivinicultura sustentável. A vitivinicultura se configura como um tipo especial de arranjo, destacando a noção de terroir vitivinícola que vai trazer, agregado ao produto, elementos da região e da cultura a ele ligadas, além de potencializar um tipo especial de turismo – o enoturismo – configurando os territórios do vinho. Nessa linha, a “vitivinicultura sustentável” emerge como um conceito que vislumbra internalizar os princípios de sustentabilidade no mundo dos vinhos, respaldado por programas nacionais e diretrizes da OIV. Assim, utilizando as categorias de sustentabilidade e território, a metodologia proposta se apoia nas diretrizes da OIV e em ferramentas já consolidadas, como o MESMIS, contribuindo na geração de indicadores de acompanhamento que irão culminar em propostas de aplicação. Palavras-chave: Sustentabilidade. Vitivinicultura Sustentável. Campanha Gaúcha. Territórios. territorialidades sustentáveis. Introdução Tratar o tema da sustentabilidade é um desafio complexo que se impõe a todos os setores da sociedade, visto o agravamento dos impactos ambientais e suas consequências sociais. Dessa maneira, a própria dimensão econômica acaba por ser afetada, ao ser analisada a perenidade dos sistemas. Sob esse contexto, propostas metodológicas e ações vem sendo tema de pesquisas e discussões, vislumbrando atender a demanda da sustentabilidade. Todavia, apesar dos debates em torno do conceito terem sido iniciados na década de 70 – na abordagem de Ignacy Sachs, tratando do ecodesenvolvimento, ou através do trabalho de Rachel Carson, denunciando a degradação a partir dos agroquímicos no livro “Primavera Silenciosa” –, com significativa evolução no Relatório de Brundtland e na Agenda 21,

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PERSPECTIVAS TEÓRICO METODOLÓGICAS PARA COMPREENDER A VITIVINICULTURA SUSTENTÁVEL E NOVAS TERRITORIALIDADES NA

VITIVINICULTURA

Shana Sabbado Flores Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS

[email protected]

Rosa Maria Vieira Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS

[email protected]

Resumo

O presente artigo discute perspectivas teórico metodológicas para tratar a questão da vitivinicultura sustentável. A vitivinicultura se configura como um tipo especial de arranjo, destacando a noção de terroir vitivinícola que vai trazer, agregado ao produto, elementos da região e da cultura a ele ligadas, além de potencializar um tipo especial de turismo – o enoturismo – configurando os territórios do vinho. Nessa linha, a “vitivinicultura sustentável” emerge como um conceito que vislumbra internalizar os princípios de sustentabilidade no mundo dos vinhos, respaldado por programas nacionais e diretrizes da OIV. Assim, utilizando as categorias de sustentabilidade e território, a metodologia proposta se apoia nas diretrizes da OIV e em ferramentas já consolidadas, como o MESMIS, contribuindo na geração de indicadores de acompanhamento que irão culminar em propostas de aplicação.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Vitivinicultura Sustentável. Campanha Gaúcha. Territórios. territorialidades sustentáveis.

Introdução

Tratar o tema da sustentabilidade é um desafio complexo que se impõe a todos os setores

da sociedade, visto o agravamento dos impactos ambientais e suas consequências sociais.

Dessa maneira, a própria dimensão econômica acaba por ser afetada, ao ser analisada a

perenidade dos sistemas. Sob esse contexto, propostas metodológicas e ações vem sendo

tema de pesquisas e discussões, vislumbrando atender a demanda da sustentabilidade.

Todavia, apesar dos debates em torno do conceito terem sido iniciados na década de 70 –

na abordagem de Ignacy Sachs, tratando do ecodesenvolvimento, ou através do trabalho de

Rachel Carson, denunciando a degradação a partir dos agroquímicos no livro “Primavera

Silenciosa” –, com significativa evolução no Relatório de Brundtland e na Agenda 21,

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ainda hoje, na iminência da Rio+20, o conceito de sustentabilidade ainda é visto como um

referencial abstrato, sem proposições de aplicação pragmática.

Por outro lado, levar o conceito de sustentabilidade para prática se impõe como um

desafio, uma vez que requer o repensar de práticas já arraigadas, além da resolução de

conflitos sociais importantes. Nessa linha, surgem algumas proposições de aplicação de

princípios de sustentabilidade em produtos e processos, na forma de selos e certificados,

tais como, na orgânica, comércio justo (fair trade), certificações de processos produtivos,

entre outros. Tais iniciativas se configuram como guias para ação ou implementação de

práticas, ao mesmo tempo que buscam diferenciar aos olhos dos consumidores produtos

que adotem práticas de sustentabilidade.

A vitivinicultura se configura como um tipo especial de arranjo, a partir da noção de

terrroir. O terroir vitivinícola vai trazer, agregado ao produto, elementos da região e da

cultura a ele ligadas, além de potencializar um tipo especial de turismo – o enoturismo –

configurando os territórios do vinho. Nessa linha, a “vitivinicultura sustentável” emerge

como um conceito que vislumbra internalizar os princípios de sustentabilidade no mundo

dos vinhos, respaldado por programas nacionais e diretrizes da OIVi. Assim, tanto países

produtores tradicionais, como a França, como os vinhos de “Novo Mundo”, Austrália,

Nova Zelândia, Califórnia (EUA) e, mais recentemente, o Chile, vem desenvolvendo

programas e ações de modo a desenvolver uma vitivinicultura sustentável. Então, o debate

de aliar vitivinicultura e sustentabilidade está chegando ao Brasil, uma vez que o país ainda

não possui uma proposição metodológica que aponte nessa direção, apenas algumas ações

individuais tomadas por produtores e vinícolas. Considerando que os princípios devem ser

efetivados em propostas de ação, dentro de um dado contexto, as experiências

internacionais podem apontar caminhos, mas não são uma resposta definitiva.

Assim, nesse trabalho será analisado o contexto da sustentabilidade na vitivinicultura, com

objetivo de propor uma abordagem teórico-metodológica para tratar uma questão tão

complexa. De modo a melhor ilustrar o tema, serão discutidos resultados de pesquisa na

região dos “Vinhos da Campanha”, Rio Grande do Sul, Brasil.

Territórios do vinho e sustentabilidade

A vitivinicultura já ocupa, no Brasil, uma área de 100 mil hectares, com produção anual de

1,2 milhões de toneladas (IBRAVINii, 2011). O país conta com regiões produtoras de uvas

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para vinhos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas

Gerais, além da Bahia e Pernambuco, no Vale do Sub-Médio São Francisco.

De modo a contextualizar os temas, serão apresentados conceitos referentes à

sustentabilidade , territórios do vinho e vitivinicultura sustentável.

Sustentabilidade na abordagem territorial

Cada território é produto de uma combinação de fatores que podem ser de natureza física,

econômica, simbólica e sócio-política, entre outros, onde as diferenças e desigualdades

entre dois “produtos”, por assim dizer, residem em um contexto interno, com suas

características próprias, além da maneira como cada um se insere em um contexto mais

amplo (ALBAGLI, 2004). Território, antes de ser fato, é uma relação, onde o que sustenta

seus vínculos não é definitivo (HEIDRICH, 2009). Logo, falar em território significa tocar

em um sistema aberto e dinâmico, que sofre e recebe influências, e pode ser abordado em

esferas indo do micro ao macro. A definição e caracterização dos territórios não se dão a

partir dos fatores dos quais dispõe, mas pela forma como se organizam (ABRAMOVAY,

2003).

Os estudos envolvendo o desenvolvimento com enfoque territorial pressupõem que um

território não é apenas um conjunto de fatores neutros, de potencialidades, que podem

atrair empresas e trabalhadores. Sua constituição, com fatores imateriais, como os laços

informais, confiança, modalidades de interação não mercantis, o configura como uma

construção temporal, moldando uma personalidade que se constitui em fonte da própria

identidade dos atores (ABRAMOVAY, 2003). Esse ambiente fomenta interação social

entre indivíduos e organizações, permitindo a troca de conhecimento tácito e, por sua vez,

incentivando um processo de aprendizagem (no interior e entre as organizações) essencial

para a inovação em produtos e processos. O espaço passa a ser “produto, condição e meio

do processo” (RUA, 2007:26), onde a interação homem-espaço gera territorialidades,

configurando territórios

Para Saquet (2006), o território é compreendido como resultado de um processo de

territorialização. As territorialidades possuem continuidades e descontinuidades no tempo

e no espaço; estão fortemente ligadas ao lugar, ao mesmo tempo lhe dando identidade e

sendo influenciadas por suas condições históricas e geográficas; “é resultado e condição

dos processos sociais e espaciais”, multidimensional; “pode ser detalhada através das

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desigualdades e das diferenças e, sendo unitária, através das identidades” (SAQUET, 2009:

83).

A abordagem do desenvolvimento com base territorial teve origem nos estudos de

sociólogos e economistas italianos (sobretudo os trabalhos de Bagnasco e Becattini) sobre

a “Terceira Itália”, que retomaram o conceito de Marshall das “economias externas” para

explicar o desenvolvimento a partir de fatores que emanam do território. Dessa maneira,

uma ampla gama de metodologias de análise e propostas emergiram, sob nomenclatura de

distritos industriais, clusters, arranjos produtivos locais (APLs), sistemas produtivos locais

(SPLs), entre outras variações. Em síntese, as abordagens propostas costumam trabalhar o

tema em três dimensões básicas (FAURÉ & HASENCLEVER, 2007): ( i ) endogeneidade,

existência de um potencial de recursos locais; ( ii ) territorialidade, interação homem-

espaço, onde atores constroem um espaço de atuação que torna as relações mais densas e

produtivas, diferenciando a região; e ( iii ) instituições, desempenho do conjunto de

relações fundadas em valores, crenças e organizações; também referido como “capital

social” (redes, normas, confiança, cultura, etc).

Apesar dos conceitos de território e sustentabilidade serem ambos temas amplamente

debatidos, sua integração não é algo evidente. Até porque, ao considerar a intensidade e

diversidade de debates, é possível encontrar enfoques diversos, o que multiplica

exponencialmente as abordagens que podem ser delimitadas.

Dentro dessa perspectiva, pode ser destacado Magnaghi (2000), que utiliza o que

denomina “abordagem territorialista”, com “destaque para o lugar, para a dinâmica

ambiental e para a elaboração de projetos de desenvolvimento” (SAQUET, 2007, p. 116).

Para o autor a sustentabilidade deve ser pensada além de uma concepção ecológica,

abordando 5 dimensões de sustentabilidade, que podem ser vistas no quadro abaixo.

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Quadro 1 – Dimensões da Sustentabilidade na abordagem territorial

Dimensão Característica

sustentabilidade política Auto-gestão das uma comunidades locais; participação dos

cidadãos na vida política, seu acesso às decisões e capacidade

do território de efetuar apropriação do valor agregado territorial

gerado

sustentabilidade social Indicadores sociais, acesso dos cidadãos à tomada de decisão

sobre o território

sustentabilidade

econômica

Produção de valor agregado territorial. Planos de

desenvolvimento devem abordar atividades que valorizem

patrimônio territorial e ambiental, desenvolvimento autônomo

das empresas locais, entre outros.

sustentabilidade

ambiental

Auto-sustentabilidade; capacidade de reduzir a pegada

ecológica do território

sustentabilidade

territorial

Capacidade de favorecer e desenvolver a reterritorialização,

respeitando as condições locais

Fonte: Flores (2011). Elaborado a partir de Magnaghi (2000).

Os territórios e territorialidades do vinho

Os arranjos produtivos vitivinícolas constituem um tipo especial de arranjo. Ao contrário

das cadeias puramente industriais, em um arranjo agro-industrial, fatores físicos e humanos

podem contribuir decisivamente na qualificação da matéria-prima e produtos – princípio

para a criação de um terroir. Por outro lado, um arranjo vitivinícola se diferencia de um

arranjo essencialmente agroindustrial pela possibilidade de estar atrelado ao turismo,

prática que irá agregar a esse atividade e características que, por sua vez, pode atuar

criando ou modificando territórios e territorialidades. Todos esses fatores contribuem

diretamente para novas territorialidades que irão configurar os “territórios do vinho”.

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Levando em conta as características do turismo, Candiotto e Santos (2009) sugerem o

termo “território turístico” correspondendo “ao espaço onde se efetivam as relações de

poder entre os atores sociais envolvidos com turismo” (p. 325), pois acreditam que tais

atividades permeiam territórios já existentes e, aliado a outras atividades econômicas

decorrentes, pode modificar e/ou criar territórios e territorialidades. O turismo em áreas

vitivinícolas (ou, simplesmente, enoturismo) é uma forte tendência, uma vez que aliar

vinho e turismo se torna uma opção interessante por duas frentes: se o vinho é um atrativo

para o turismo, por outro lado, o turismo tem papel importante ao contribuir com a

divulgação e venda dos produtos, além de auxiliar as vinícolas a estabelecer vínculos com

os clientes.

Terroir denota interação entre meio natural e fatores humanos, onde pode ser incluído,

escolha das variedades, aspectos agronômicos e de elaboração dos produtos, entre outros

(TONIETTO, 2007). Essa palavra foi adotada sem tradução pelos países signatários da

Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), assim definida:

“O terroir vitivinícola é um conceito que se refere a um espaço sobre o qual se desenvolve um saber coletivo de interações entre um meio físico e biológico identificável e as práticas vitivinícolas aplicadas, que conferem características distintas aos produtos originários desse espaço. O terroir inclui características específicas de solo, topografia, clima, paisagem e biodiversidade” (OIV, 2008)

A constituição de um terroir implica fatores simbólicos e subjetivos na relação com a terra,

envolvendo ação de uma coletividade social, suas relações familiares e culturais, tradições

de defesa comum, solidariedade e exploração dos produtos (BARHAM, 2003). É um misto

de fatores naturais e humanos, incluindo aspectos intangíveis.

Vitivinicultura sustentável

Com o passar do tempo foi constatado que a atividade primária pode ser tão impactante ao

meio ambiente como a atividade industrial, com a emergência de problemas de

degradação, tais como: erosão; contaminação por inseticidas; salinização; processos de

arenização e desertificação; uso indiscriminado de agrotóxicos; comprometimento do solo,

dos recursos hídricos e da atmosfera; redução da biodiversidade (LEMOS, 1998). Diante

desse contexto, a sociedade como um todo é levada a refletir sobre um modelo de

desenvolvimento alternativo, aliando tecnologias que garantam eficiência produtiva,

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práticas de preservação e mecanismos que garantam inclusão social, participação e

qualidade de vida para essa parcela da população.

Relacionando sustentabilidade e a produção de uvas e vinhos, o debate se configura em

torno do termo “vitivinicultura sustentável”. Para a OIV, a definição de vitivinicultura

sustentável é:

"Abordagem global na escala de sistemas de produção e processamento de uvas, que combina tanto a sustentabilidade econômica das estruturas e dos territórios, a obtenção de produtos de qualidade, tendo em conta as exigências da viticultura de precisão, os riscos relacionados ao ambiente, à segurança do produto e à saúde dos consumidores e a valorização dos aspectos patrimoniais, históricos, culturais, ecológicos e paisagísticos." (OIV, 2008)

No ano de 2008, a OIV adotou um guia de aplicação do conceito de sustentabilidade para o

setor vitivinícola, abordando, sobretudo, aspectos ambientais. Anteriormente, a

organização já havia lançado guias para rastreabilidade e boas práticas. A organização

prevê a complementação da metodologia em novos guias, que englobem outras dimensões

da sustentabilidade. O atual guia, considera que a implantação de programas de

vitivinicultura sustentável deve começar na condução do vinhedo em direção ao restante

do processo produtivo, envolvendo os aspectos: (i) escolha do local; (ii) biodiversidade;

(iii) escolha das variedades; (iv) resíduos sólidos; (v) gestão do solo; (vi) utilização de

energia; (vii) gestão da utilização da água; (viii) qualidade do ar; (ix) efluentes; (x)

utilização das áreas de entorno; (xi) gestão de recursos humanos; (xii) utilização de

agroquímicos.

Relacionadas às definições da OIV, algumas metodologias e experiências internacionais

devem ser destacadas, tais como:

– África do Sul: sistema integrado de produção (SWSA), coordenado por

organizações como o IPW, que estabelece diretrizes em todos os níveis do processo

de produção. O IPW permite, por exemplo, a rastreabilidade on-line a partir de

código impresso nas garrafas dos vinhos (IPW, 2011).

– Nova Zelândia: incentivo para que as empresas adotem práticas de sustentabilidade

por parte do governo; uma das iniciativas é a normativa de que só podem ser

exportados vinhos “sustentáveis”. Outra interessante aplicação é o monitoramento

da “pegada de carbono” durante todo o processo de produção.

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– Califórnia (EUA): lançamento de um “código de trabalho para vitivinicultura

sustentável” e de um manual de auto-avaliação, buscando atuar como guia para

implementação nos âmbitos da viticultura (manejo do solo, gestão ambiental e da

água, controle de doenças), enologia (qualidade do vinho, redução e gestão dos

resíduos sólidos, conservação e qualidade da água na vinícola), bem como aspectos

gerais (eficiência energética, áreas de entorno, recursos humanos e ergonomia,

qualidade do ar, vizinhos e comunidade). Certificação “Napa Green”.

– França: iniciativas dentro das regiões produtoras como, por exemplo, na região da

Champagne, que vislumbra reduzirem 25% sua “pegada de carbono” em 10 anos; a

região de Bordeaux adotou o protocolo da ISO14000 para práticas de gestão

ambiental.

– Chile: a partir de 2007 começou com projeto de pesquisa vislumbrando uma

abordagem técnica para sustentabilidade, com início de aplicação previsto para

2011.

Nesse contexto, o Brasil apresenta uma lacuna, uma vez que as práticas alinhadas aos

princípios de sustentabilidade são iniciativas pontuais de produtores ou vinícolas, ou ainda,

práticas alinhadas à agricultura orgânica. Por outro lado, ocorre uma relação interessante

entre vitivinicultura e sustentabilidade – como será visto a seguir, em uma análise do

território dos ˜Vinhos da Campanha”/RS – o que fomenta um debate mais aprofundado

sobre metodologias como as vistas em outros países.

Paisagem como perspectiva de abordagem

Para Lowenthal (2008) a paisagem está diretamente relacionada à herança e patrimônio,

ligando passado ao futuro. O autor considera que esta noção está pautada em

características intrínsecas ao tratar o tema paisagem, trazendo materialidade (é tangível e

visível), uma função contida e estabilidade.

A paisagem vitivinícola é considerada por Rochard e Herbin (2010) como expressão da

ligação dos vinhos com o território, sendo um sistema complexo onde coexistem

componentes naturais, estrutura antrópica e componentes agronômicos. Para os autores a

paisagem vitivinícola é funcional e integradora, representando o território em sua

dimensão física, como base para o desenvolvimento de ecossistemas complexos e em uma

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dimensão cultural. Em outra análise, se constitui como suporte emblemático para o

desenvolvimento de atividades turísticas. Os estudos da paisagem vitivinícola brasileira

tem demonstrado que há uma forte relação com a valorização dos vinhos, dos territórios e

terroirs, a exemplo do que tem ocorrido em muitos outros países (FALCADE, 2011)

A paisagem pode ser utilizada como ponto de partida para o tratar sustentabilidade, um vez

que, identifica suportes identitários, integra escalas múltiplas de um território, além de

conferir visão espacial a um projeto vitivinícola (Rochard & Herbin, 2010). Nesse sentido,

o diagnóstico da paisagem é uma ferramenta interessante para estudar organização

territorial da agricultura, identificando um sistema de indicadores visuais que condicionam

as práticas, ao destacar a estrutura, o meio (milieu), o ambiente e a apropriação

(DEFFONTAINES, 2001). Assim, Deffontaines (2001) considera que a paisagem ocupa na

agricultura papel de fator e ator para sustentabilidade ao colocar lado a lado os objetivos na

produção de paisagens e as expectativas dos atores, favorecendo, assim, a relação entre

subjetivo e objetivo.

Proposição teórico metodológica

O conceito de sustentabilidade remete a resiliência, equilíbrio dinâmico, ou capacidade dos

sistemas de regenerar-se (CAPRA, 2002; LEFF, 2006); dessa maneira pode ser entendida

como uma utopia, uma busca ou um rumo a seguir, o que implica a construção do

caminho. Para Leff (2010), a epistemologia ambiental requer um repensar e avanço nos

instrumentos teórico metodológicos utilizados.

Nesse sentido, a proposta de abordagemaqui apresentada parte da integração dos temas de

território e sustentabilidade, passando por uma avaliação, para então gerar propostas de

intervenção, em um processo que se retro-alimenta, conforme pode ser visto na Figura 1

(detalhado no Quadro 2).

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Figura 1 – Proposição teórico-metodológica

Fonte: Elaboração própria

A proposta se inicia com o intuito de compreender e caracterizar o território estudado,

identificando suas condições ambientais, históricas e sociais. Por um lado, se busca uma

compreensão ampla dos atores sociais e seus percurso e redes formadas, nesse caso,

utilizando a concepção das ruralidades, as expressões do meio rural (SARACENO, 2006).

Ao mesmo tempo, o território é tratado sob a ótica dos arranjos produtivos, ou sistemas

locais territoriais, onde são consideradas as três dimensões básicas para o tratamento do

tema dos, conforme classificação de Fauré e Hasenclever (2007) – endogeneidade,

territorialidade e instituições.

Somente após a devida contextualização, é proposta a leitura da sustentabilidade no

território, partindo da proposta de classificação de Magnaghi (2000), que propõe as

categorias de sustentabilidade: política, social, ambiental, econômica e territorial. Em um

primeiro momento, as perspectivas podem ser tratadas de uma maneira mais geral,

contudo, surge a necessidade de indicadores para acompanhamento e avaliação.

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Quadro 2 – Proposição teórico-metodológica para tratar vitivinicultura sustentável

Objetivo Perspectivas Base(s) teórico-metodológica(s)

1) Território

Caracterização e compreensão do território

Ambiental, social, histórico; endogeneidade, territorialidade e instituições

Abordagem territorial, APLs, SLOTs, “escola italiana”, ruralidades

2) Sustentabilidade

Percepção da sustentabilidade no território, além de oportunidades e barreiras para ação

Política, Social, Econômica, Ambiental e Territorial

Abordagem territorial e sustentabilidade, Magnaghi (2000)

3) Fatores

Criar indicadores para monitoramento e avaliação da sustentabidade (preferencialmente com metodologias participativas)

Em cada perspectiva de sustentabilidade, identificar: descritores, inticadores e parâmetros

MESMIS (GIRA)

4) Propostas Sistematização de propostas e planos de ação

Integrado Paisagem (?)

Fonte: Elaboração própria

Nesse sentido, a etapa dos fatores está pautada no Marco metodológico MESMIS (Marco

de Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de

Sustentabilidade), metodologia desenvolvida pelo Grupo Interdisciplinar de Tecnologia

Rural Apropriada (GIRA), no México, para tratar de sistemas florestais, agrícolas e

pecuários (MESMIS, 2010). O MESMIS vislumbra identificar forças e fraquezas de

sistemas produtivos, através da definição de descritores, indicadores e parâmetros, com a

utilização de metodologias participativas. Na presente proposta, os descritores propostos

pelo MESMIS devem ser enquadrados nas perspectivas de sustentabilidade, atendendo aos

critérios de vitivinicultura sustentável decorrentes da OIV, que podem ser observados no

Quadro 3.

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Quadro 3 – Proposição teórico-metodológica para tratar vitivinicultura sustentável

Política Social Econômica Ambiental Territorial A

spec

tos

Con

ceitu

ais

sustentabilidade econômica das estruturas e dos territórios

qualidade e segurança dos produtos

aspectos patrimoniais, histórico, culturais e paisagísticos

Asp

ecto

s de

Ris

co A

mbi

enta

l

escolha do local

biodiversidade

escolha das variedades

resíduos sólidos

gestão do solo

utilização de energia

gestão da utilização da água

qualidade do ar

efluentes

utilização das áreas de entorno

gestão de recursos humanos

utilização de agroquímicos Fonte: Elaboração própria

O quadro acima relaciona às perspectivas de sustentabilidade aspectos relevantes

identificados no conceito de vitivinicultura definido pela OIV, além dos aspectos de risco

ambiental, que se encontram devidamente relacionados no “Guia OIV para Vitivinicultura

Sustentável”. Nessa relação pode ser observado que os aspectos práticos acabam por se

concentrar na área ambiental, sem uma maior orientação com relação a indicadores nas

demais perspectivas.

Por fim, a última etapa prevê sistematização de propostas e planos de ação, ou mesmo um

guia para implantar a vitivinicultura sustentável em um determinado território. Aqui, as

propostas devem integrar os aspectos avaliados. Para essa fase, ainda se busca um

instrumento teórico-metodológico que melhor atenda às expectativas e objetivos; uma

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alternativa, nesse sentido, pode ser a utilização da categoria de análise da paisagem, como

elemento integrador que possibilita visualização espacial de propostas.

Novas territorialidades e sustentabilidade vinhos da campanha

Os resultados a seguir fizeram parte da pesquisa que deu origem à dissertação de mestrado

“Desenvolvimento territorial sustentável a partir dos territórios do vinho: o caso dos

Vinhos da Campanha” (FLORES, 2011). Nesse caso, foram executadas as etapas 1 e 2 da

metodologia proposta. Apesar de não ser um caso de aplicação completa, pois a

metodologia está em desenvolvimento, traz subsídios importantes para discussão.

O quadro abaixo apresenta uma síntese dos fatores apurados em cada uma das esferas,

possibilitando uma visão geral que deve servir como base para a análise. Assim, pode ser

melhor visualizado se – e de que forma – as novas territorialidades ligadas à vitivinicultura

estão atreladas à noção de sustentabilidade, identificando oportunidades e barreiras. Quadro 4 – Fatores relacionados às dimensões de sustentabilidade nos “Vinhos da

Campanha”

Dimensão Fatores de sustentabilidade

Polít

ica

Reconhecimento por atores externos Associações e cooperativas se formando em razão da vitivinicultura. Tendência a focar vinhos, aumentando valor e atividades agregadas. Enoturismo, diversificando as atividades no território. Necessidade de fortalecimento das instituições de apoio para uma melhor organização

para a produção. Associações e cooperativas tendem a melhorar a capacidade de gestão dos recursos do

território.

Soci

al

Participação dos atores na associação. Associação dos Produtores com proposta de diálogo, unindo vinícolas e produtores. Geração de empregos. Melhora renda trazendo qualidade de vida. Participação da família no processo.

Econ

ômic

a

Valor agregado gerado nos produtos com identidade territorial. Vitivinicultura tem retorno lento e requer visão de longo prazo. Diversificação econômica. Baixo acesso a linhas de crédito. Alta dependência de insumos externos.

Ambi

enta

l Atenção ao bioma pampa. Pesquisas para conhecimento das especificidades ambientais da região.

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Terr

itoria

l

Produtos divulgam a região e fazem referências a valores locais e paisagem. Produtores independentes e empreendedores possibilitam consolidação de identidade

territorial com a cultura. Capacitação e geração de conhecimento. Capacidade de inovação. Participação e organização setorial. Baixo poder de decisão sobre aspectos críticos do sistema.

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Flores (2011)

Analisando a sustentabilidade econômica do território, é possível constatar que a cultura

pode trazer os ganhos esperados, mas não de uma maneira evidente, devido às próprias

características inerentes. Fatores como a dificuldade no acesso a linhas de crédito por parte

dos produtores e empreendedores, bem como alta dependência de insumos externos ao

território, podem colocar em cheque as iniciativas e requerem atenção por parte das

instituições locais. Por outro lado, o fato de a cultura atuar como diversificação, e não

fonte de renda principal, deixa os atores envolvidos, assim como o território, mais

resistentes aos riscos e contribui para sua continuidade.

Aliado a isso, a vitivinicultura exige visão de longo prazo, justificada pelo retorno lento

dos investimentos, o que estimula um maior planejamento e envolvimento dos atores que

decidem atuar no processo, fazendo-os refletir sobre o território e suas potencialidades,

bem como estimulando-os a construir uma identidade com a cultura. Esse processo é

marcante nos empreendedores e produtores, uma vez que as grandes corporações possuem

outras regiões de atuação e maior margem de manobra na geração de alternativas. Assim, a

visão de longo prazo é uma característica da esfera econômica que reflete diretamente na

sustentabilidade territorial.

Outro ponto é que a vitivinicultura favoreceu a criação de associações, para discussão e

tratamento de questões comuns, contribuindo decisivamente para as esferas política e

social – mesmo em uma região sem essa tradição. A formação das associações municipais

de vitivinicultores favorece o reconhecimento dos atores enquanto categoria, bem como

criação de uma arena para discussão de problemáticas comuns, fortalecendo os laços e o

capital social do território, bem como participação dos atores – pilares da sustentabilidade

social. Por sua vez, a formação da Associação dos Produtores dos Vinhos da Campanha

contribui decisivamente para auto-reconhecimento e atuação dos atores enquanto grupo,

projetando-os para o exterior como um território do vinho, além de criar um mecanismo

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institucional para ser reconhecido enquanto tal, contribuindo simultaneamente nas esferas

social e política.

Nesse percurso, a questão ambiental acaba por passar “ao lado”, uma vez que a construção

da identidade territorial, com a adoção da cultura, implica em impactos ambientais, que

podem ser significativos se as práticas não levarem em conta a sensibilidade do ambiente

local. Os atores destacam a importância da preservação do bioma pampa, utilizando a

questão como uma das justificativas para a IG. É claro que o processo implica em estudos

detalhados da região, o que pode contribuir para uma melhor utilização e manejo do

ambiente, assim, a esfera ambiental requer atenção e uma atuação mais direta por parte dos

atores e instituições.

Na esfera territorial, o conceito de terroir e produtos com identidade territorial, por um

lado, atuam como fator de diferencial competitivo e agregam valor, contribuindo com a

sustentabilidade econômica. Em outra linha, vem a fortalecer o reconhecimento dos

valores e construções territoriais, favorecendo a reterritorialização dos atores e valorização

do próprio território. Além disso, os produtos acabam por se tornar representantes da

região fora dela, remetendo a valores locais. Entretanto, deve ser ressaltado que a

estratégia de produtos Premium aliado a valores locais, apesar de bastante presente e ser

discurso comum na Associação, não é unanime entre os atores, que compõem um grupo

com posicionamentos diversos. Em alguns casos a produção é em maior escala então, a

região é citada, mas não se configura em fator principal na diferenciação do produto; em

outros, as características locais podem ser exploradas, mas sem referência direta para a

região.

No processo de desenvolvimento da vitivinicultura na região e construção da identidade

territorial local se evidencia na importância dos novos produtores e empresas atuando na

região, que realmente estão disseminando a cultura e contribuindo para a consolidação

desse território. As empresas da vitivinicultura corporativa se configuram como capital

investido e não necessariamente darão identidade para a região, uma vez que não possuem

vínculos diretos com esse território. Já para os produtores e empreendedores é nova

alternativa de produção, o que tende a reforçar a construção de sua identidade com o

território.

Considerações finais

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O tratamento da temática da sustentabilidade acaba por se relacionar muito mais a “como”

os processos são executados, do que a soluções pontuais ou receitas prontas. Em outra

análise, o tema exige uma devida contextualização para que se compreenda a estrutura dos

sistemas e se pense alternativas de ação.

Na proposta apresentada, as perspectivas de sustentabilidade da vitivinicultura são

abordadas a partir de uma compreensão das territorialidades e identidades, que configuram

territórios. O uso de um arcabouço conceitual aliado a ferramentas já testadas torna a

proposição factível, mesmo que ainda não tenha sido testada em sua totalidade – o que já

está em processo. Outro ponto, é que a proposta metodológica poderia ser implementada

em sistemas produtivos agroindustriais, com a devida contextualização e adaptação.

Apesar dos desafios inerentes à complexidade do tema, se destaca a importância da

discussão e do tratamento de questões relativas à sustentabilidade, de modo a efetivamente

lançarmos alternativas para a consolidação de uma sociedade mais sustentável.Assim, um

importante fator para avanço no Brasil são metodologias que fomentem a aplicação da

vitivinicultura sustentável, a serem desenvolvidas, se configurando como uma efetiva

perspectiva de sustentabilidade.

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