perspectiva da web semântica para a biblioteconomia

14

Click here to load reader

Upload: naira-michelle

Post on 21-Jun-2015

438 views

Category:

Technology


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação,

Gestão, e Ciência da Informação

Os desafios do profissional da informação frente às tecnologias e

suportes informacionais do século XXI: lugares de memória para a

biblioteconomia

18 a 24 de julho de 2010

PERSPECTIVAS DA WEB SEMÂNTICA PARA A

BIBLIOTECONOMIA1

Naira Michelle Alves Pereira*

Jorgivania Lopes Brito**

Patrícia Maria da Silva ***

Resumo: A popularização e uso de computadores conectados a Internet permitiu que a Web se tornasse parte

integrante de nossas vidas. O número de usuários e quantidade de informações disponíveis na rede aumenta a

cada dia, em conseqüência as ferramentas de busca nem sempre conseguem filtrar informações relevantes para

os usuários. Nessa perspectiva surge a Web Semântica, que nasce como um possível recurso para ordenar a

confusão informacional existente na Web. O presente trabalho procura fazer a relação existente entre os

conhecimentos da área de Biblioteconomia, especificamente das disciplinas de representação temática da

informação e representação descritiva da informação, com a Web Semântica. No que diz respeito aos objetivos

da pesquisa ela é caracterizada como exploratória / bibliográfica, analisando os avanços obtidos pela comunidade

científica de técnicas tradicionais da Biblioteconomia, principalmente da indexação e catalogação e aproximando

tais técnicas com as perspectivas da Web Semântica, destacando a iniciativa Dublin Core para descrição e

indexação de recursos na Web. Conclui-se que a representação do conhecimento na Web Semântica é uma

técnica ainda em construção e a biblioteconomia, visando o aproveitamento de processos de armazenamento,

organização e recuperação da informação, está em perfeita sintonia com os estudos da área da Web Semântica na

medida em que ambos objetivam aperfeiçoar a recuperação da informação para os usuários na rede.

Palavras-chave: Web Semântica. Biblioteconomia. Profissional Bibliotecário. Representação Temática da

Informação. Representação Descritiva da Informação.

1 INTRODUÇÃO

A popularização e uso de computadores conectados a Internet permitiu que a Web se

tornasse parte integrante de nossas vidas. A primeira geração da Web foi constituída por

1 Comunicação oral apresentado ao GT-01 – Biblioteconomia, Tecnologias e Redes Sociais.

*Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia.

[email protected].

** Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus Cariri.

[email protected].

*** Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Especialista em Gestão

Estratégica em Sistemas de Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Professora

Assistente dos Cursos de Biblioteconomia e Arquivologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

[email protected].

Page 2: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

páginas estáticas, confeccionadas à mão e individualmente. Já a segunda geração da Web, ou

Web 2.0, é composta por páginas dinâmicas onde a participação do homem na criação de

conteúdos tem promovido uma maior interatividade. Em conseqüência, o número de usuários

e quantidade de informações disponíveis na rede aumenta a cada dia, produzindo um acúmulo

de informações desorganizadas de maneira exponencial. Diante disso, as ferramentas de busca

nem sempre conseguem filtrar informações relevantes para os usuários. Com isso sente-se a

necessidade da padronização dessa informação para uma melhor recuperação.

Nessa perspectiva surge a Web semântica, que nasce como um possível recurso para

que a informação seja padronizada, compreendida e recuperada, não apenas pelos seres

humanos, mas também pelas máquinas, “na forma de agentes computacionais que são capazes

de operar eficientemente sobre as informações, podendo entender seus significados, ou seja,

incorporar semânticas às informações” (PINHEIRO, 2009, p. 24), além de permitir que

pessoas e computadores trabalhem em cooperação através da interoperacionalidade.

Analisando esse universo da Web Semântica, procura-se através de uma pesquisa

exploratória com abordagem bibliográfica analisar os avanços obtidos pela comunidade

científica das técnicas tradicionais da Biblioteconomia como indexação e catalogação,

mostrando suas tendências de evolução para essa nova geração da Web.

Percebe-se, portanto, que “apesar das tecnologias de informação e comunicação

modificarem a concepção de organização, tratamento e acesso às informações, a essência do

tratamento da informação vem de métodos tradicionais já estabelecidos na área da

Biblioteconomia” (ALVES, 2005, p. 111).

Portanto, busca-se fazer uma reflexão dos conhecimentos da área da biblioteconomia e

suas tendências de evolução para a Web Semântica como: representação descritiva

(CATALOGAÇÃO) e temática (INDEXAÇÃO) da informação, enfatizando a iniciativa

Dublin Core por ser baseada no formato MARC, provando que são de grande importância as

técnicas da biblioteconomia de representação da informação e mostrando que essas técnicas

permanecem, só “o que tem mudado é o escopo de sua atuação conforme a evolução da

tecnologia da informação” (IKEMATU, 2001 apud ALVES, 2003, p. 113). Logo, a terceira

geração da Web exige novas configurações para armazenar, recuperar e acessar recursos

digitais disponíveis na rede.

2 WEB SEMÂNTICA

Na Web, as informações não possuem estruturas padronizadas, e por isso podem ser

irregulares, incompletas, parciais e podem mudar com freqüência. Essa precariedade em sua

Page 3: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

estrutura dificulta o processo de recuperação da informação por máquinas, ou seja, agentes

computacionais. Portanto, a Web atual ou Web 2.0 dificilmente é operada pelas máquinas,

sendo mais compreendida pelo ser humano, isso por causa dessa falta de estruturação que

dificulta a construção dos agentes computacionais inteligentes.

“A busca de soluções para este problema está na proposta de Berners-Lee,o criador da

web, para uma nova geração da web, denominada Web Semântica” (ROCHA, 2004, p. 117)

que se desenvolve para que as informações possam ser compreendidas por máquinas, na

forma de agentes computacionais que são capazes de operar eficientemente sobre as

informações incorporando semântica a elas. (PINHEIRO, 2009).

Seu idealizador, Berners-Lee, aponta que “A Web Semântica não é uma Web

separada, mas uma extensão da Web atual na qual as informações apresentam significados

bem definidos e permite que computadores e pessoas possam trabalhar em cooperação”

(BERNERS-LEE, HENDLER, LASSILA, 2001 apud ALVES, 2005, p. 27).

Diante desses conceitos na tabela 1 destaca-se as diferença entre a Web 2.0 e a Web

Semântica:

Tabela 1: Diferenças entre a Web 2.0 e a Web Semântica

Web 2.0 Web semântica

Origem Evolução natural da Web Proposta de Berners-Lee para

revolucionar a

Web.

Implantação Muito alta Escassa

Coordenação Não existe W3C

Foco Pessoas Máquinas

Primeiras

menções

2003 1999

Expressão Linguagem livre, expressado

mediante folksonomias, palavras-

chave denominadas tags, com

problemas de sinonímia e

polissemia.

Linguagem controlada, mediante

linguagem de expressão de

ontologias, sistema de organização

do conhecimento e vocabulários

de metadados.

Algumas

Características

- Descrição de recursos para

melhorar

sua distribuição gratuita

- Arquitetura de colaboração

- Usabilidade alta

- Um recurso é mais útil quanto

mais uso tem

- Utilização de uma linguagem

padronizada com sintaxe uniforme e

semântica não

ambígua.

- Interoperabilidade: troca de

informação entre qualquer

repositório.

- Usabilidade escassa. Fonte: Morato, J. et al. (2008 apud CARVALHO, 2009, p. 131).

2.1 ARQUITETURA E ELEMENTOS DA WEB SEMÂNTICA

Segundo Pinheiro (2009, p. 25-26) a Web Semântica inclui linguagens conforme

exposto a seguir:

Page 4: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

• XML (eXntesible Markup Language) - provê uma sintaxe de estruturação de documentos,

mas não impõe regras semânticas nesses documentos;

• XML Schema - linguagem para restringir a estrutura de documentos XML;

• RDF (Resource Description Framework) - modelo de dados para se referir a objetos

(resources) e como eles são relacionados. Um modelo baseado em RDF pode ser representado

usando uma sintaxe XML;

• RDF Schema - vocabulário para descrever propriedades e classes de recursos RDF,

juntamente com semânticas para criar hierarquias para essas propriedades e classes;

• OWL (Ontology Web Language) - adiciona vocabulários para descrever classes

e propriedades: relacionamentos entre classes, cardinalidade, igualdade, maior variedade de

tipos de propriedades, características de propriedades e classes numeradas. Pode incluir

descrições de classes e suas respectivas propriedades e seus relacionamentos.

Além desse componentes a Web Semântica está dividida em três níveis ou camadas

que são: camada esquema, responsável por estruturar os dados e definir seu significado para

que possa elaborar raciocínio lógico; camada ontológica, objetiva definir padrões e relações

entre os dados. e camada lógica, composta por um conjunto de regras de inferência para que

os agentes possam utilizá-las com o objetivo de relacionar e processar informações. Isso

porque segundo Pinheira (2009) não basta existir a linguagem XML e a sintaxe RDF para

garantir uma compreensão abrangente e relacional da informação por parte dos computadores.

Essas camadas mencionadas acima são a base para a construção do conhecimento, ou

seja, para que as informações apresentem significado bem definidos e que seja compreendida

pelos homens e principalmente pelas máquinas, através de agentes computacionais sendo

capazes de operar eficientemente sobre as informações incorporando semântica a elas e

estabelecendo interoperacionalidade entre sistemas e cooperação entre homem e máquina.

Ou seja,

A Web Semântica permitirá que as pessoas e computadores trabalhem em

cooperação na exploração do conhecimento, uma vez que pressupõe a

atribuição de significado aos conteúdos publicados na Internet e o

desenvolvimento de tecnologias e linguagens que colocam esse significado

ao alcance das máquinas. Ao mesmo tempo, o estabelecimento de

significados e de linguagens compatíveis garante ambientes de maior

interoperabilidade entre serviços. (SABINO, 2007, p. 2).

Logo, essa interoperabilidade é a capacidade de compartilhamento de informações em

diversos sistemas, que ocorre por meio de algumas ferramentas como linguagem de marcação

adequada, uso de metadados e arquiteturas de metadados, permitindo que informações

Page 5: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

registradas e armazenadas em diferentes estruturas e em diferentes comunidades do

conhecimento possam ser intercambiadas e trocadas nestes sistemas, fazendo com que haja

um trabalho conjunto entre estes. (ALVES, 2007).

Ainda conclui Alves (2007, p. 82),

que a interoperabilidade não é uma novidade entre os bibliotecários que tem,

durante décadas, intercambiado registros catalográficos. A

interoperabilidade apresenta-se com um novo nome para designar o

intercâmbio de informações, agregando novas tecnologias, que

proporcionam o aumento da velocidade e novos tipos de serviços, ampliando

o uso de padrões, esquemas e formatos que propiciam estas operações.

3 OS CONHECIMENTOS DA BIBLIOTECONOMIA E SUA TENDÊNCIA DE

EVOLUÇÃO PARA A WEB SEMÂNTICA

O armazenamento, controle, organização e recuperação da informação na internet são

um dos maiores problemas atuais ocorridos no ambiente web. O enorme volume e diversidade

de informações disponíveis na rede vêm agravando esse quadro devido a falta de estrutura

definida de registros e campos.

Além da fala de estrutura, com o crescimento desordenado da rede, não

existe ainda [...] padrões universais para a organização dos documentos,

como os que existem para bibliotecas e arquivos. A indexação de páginas

Web é feita de maneira precária (através de informações chamadas metatags

que são adicionadas ao documento pelo criador das páginas) ou, na maioria

das vezes, elas simplesmente não são indexadas. São poucos os recursos

organizados por profissionais com o conhecimento de técnicas de indexação

e catalogação. (CENDÓN, 2007, p. 296).

Diante desses fatos, estudos estão sendo desenvolvidos para inserção de “sistemas

mais sofisticados para indexação e catalogação dos recursos da internet”. (CENDÓN, 2007, p.

296).

A tabela 2 abaixo mostra conhecimentos da área de biblioteconomia e suas tendências

de evolução para a web semântica através do desenvolvimento desses sistemas:

Tabela 2: Evolução dos conhecimentos da área de Biblioteconomia para a Web

Semântica

Conhecimentos da Necessários na Evolução para Estágio

Page 6: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

Biblioteconomia Web Semântica

Representação descrita de documentos

(objetos)

- catalogação – formato e padrão MARC

e AACR

- metadado – Dublin Core ENCODEA –

(EAD)

Computer Interchange of Museum

Information

(CIMI) ...

SIM

MARC no XML,

DUBLINCORE + XML +

RDF Schema

Soluções

encontradas

epresentação temática de

documentos (objetos)

Linguagem

- Vocabulário específicos (descritores,

palavras-chave)

- Sistemas de classificação (CDD, CDV,

LC...)

SIM

LINGUAGEM NATURAL

TESAURO “universal”;

Categorias de

Ranganathan? +

LINGUAGEM

CONTROLADA

Em pesquisa

Fonte: OLIVEIRA, Rosa Maria Vivona Bertolini. Web Semântica: Novo desafio para os profissionais da

Informação.

Dentre esses se destaca o Dublin Core por já ter soluções que “é um conjunto de

elementos de dados básicos para descrição e indexação de páginas Web. Definido por

especialistas de diversos países, [...] sendo usado como base para vários projetos de

indexação”. (CENDÓN, 2007, p. 296-297).

3.1 METADADOS

De acordo com Souza e Alvarenga (2004 apud ALVES, 2005), as tecnologias

necessárias para o funcionamento da Web Semântica se proferem entre si e fazem com que a

Web se assemelhe a um sistema de recuperação de informações e a base para a construção

deste tipo de sistema é a representação dos recursos informacionais. Por esse motivo é

apontada como essencial para a construção da Web Semântica a representação dos recursos

informacionais e isto ocorrerá por meio dos metadados presentes na camada estrutura da Web

Semântica.

Page 7: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

Segundo o manual do Dublin Core citado por Mey e Silveira (2009) em seu livro

Catalogação no Plural:

Metadados [...] podem ser considerados como dados sobre outros dados. É o

termo da era da internet para a informação que os bibliotecários,

tradicionalmente, colocaram em catálogos e que se refere comumente à

informação descritiva sobre recursos da Web. Um registro metadados

consiste em um conjunto de atributos, ou elementos, necessários para

descrever o recurso em questão.

Nessa ótica, “[...], o objetivo e a função dos metadados correspondem às técnicas de

representação dos recursos já estabelecidas na Biblioteconomia” (ALVES, 2005, p.113).

Portanto, “O que tem mudado é o escopo de sua atuação conforme a evolução da tecnologia

da informação” (IKEMATU, 2001 apud ALVES, 2003, p. 113). Pois,

embora o conceito seja bastante novo, bibliotecários estão há séculos

produzindo e padronizando metadados, à medida que extraem de

documentos (que seriam os dados) informações de indexação e catalogação

(que seriam os metadados), para oferecer aos usuários caminhos, para que

estes possam buscar os documentos de que necessitarem. Na

Biblioteconomia, o padrão MARC (www.loc.gov/marc) é um exemplo de

esquema de metadados. Estes metadados indicam propriedades do

documento, como seu autor, sua data de publicação, seu título, seu assunto, e

têm como finalidade permitir a descoberta e a localização destes

documentos. (MILSTEAD;FELDMAN,1999 apud ROCHA, 2004, p. 114).

Nessa perspectiva, pode-se dizer que à medida que surgem novos meios de

disponibilização de informação, surge também a necessidade de criar-se novos métodos para

representar, tratar e organizar esses recursos. Segundo Alves (2005) isso se tornou mais

evidente à medida que o uso das tecnologias de informação e comunicação foi adotado,

possibilitando o surgimento de novos tipos de materiais e novas formas de tratamento da

informação. Portanto, “seja qual for o nome que se use, catalogação, indexação ou metadados,

o conceito é familiar para profissionais de informação. Agora o mundo eletrônico finalmente

o descobriu”. (MILSTEAD; FELDMAN, 1999 apud ALVES, 2005, p. 116). Pois apesar

dessas tecnologias terem modificado a forma de representação da informação e seu acesso, a

Page 8: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

essência do tratamento da informação vem de métodos tradicionais já estabelecidos na

Biblioteconomia. (ALVES, 2005).

Nessa perspectiva, os metadados “são utilizados para documentar e organizar de forma

estruturada e padronizada as informações de documentos com o objetivo de facilitar e tornar

mais efetiva a busca e recuperação da informação na Web”. (DIAS; SANTOS, 2001, p. 5).

Segundo Reitz (2007 apud CARVALHO, 2009, p. 85):

os metadados podem ser categorizados como: descritivo (facilita a

indexação, busca, identificação e seleção de documentos); estrutural

(descreve a estrutura interna de documentos); e administrativo (ajuda na

administração de recursos, podendo incluir metadados técnicos, de

propriedade e preservação, que descrevem as características física de um

recurso).

Buckland (2006 apud CARVALHO 2009, p. 85) afirma que existem três tipos de

metadados descritivos: “o técnico (descrevem formato, padrões de codificação); o

administrativo (descreve direitos de propriedade intelectual, condições de acesso); e o de

conteúdo (temática, escopo, autoria, etc.)”.

Desse modo, existe uma grande diversidade de padrões ou formatos de metadados

para diferentes fins de informações. Como por exemplo:

DIF (Directory Interchange Format – Formatos para Intercâmbio de Diretórios) –

padrão para criar entradas de diretórios que descrevem um grupo de dados;

GILS (Government Information Locator Service – Serviço de Localização de

Informação de Governo) usado para descrever informações governamentais;

FGDC (Federal Data Geographic Committee – Comitê Geográfico de Dados Federais)

usado na descrição de dados geoespaciais;

CIMI (Consortium for the Interchange of Museum Information - Consórcio para o

Intercâmbio da Informação dos Museus) que descreve informações sobre museus;

MTD-BR (Padrão Brasileiro de Metadados de Teses e Dissertações) utilizado para

descrever eletronicamente os metadados de teses e dissertações para intercâmbio entre

o sistema BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações).

E o MARC (Machine Readable Cataloging – Maquina de Catalogar dados

Bibliográficos) usado para a catalogação bibliográfica, como já foi citado.

Percebe-se, portanto que “[...] comunidades especializadas em diversas áreas do

conhecimento têm definido esquemas próprios de metadados para padronizar a descrição dos

Page 9: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

seus recursos”. (ROCHA, 2004, p.114) “sem saber que isso já foi feito, gerando uma

variedade de padrões que muitas vezes não atende satisfatoriamente as necessidades

informacionais que já foram bem estabelecidas na área da Biblioteconomia” (MILSTEAD;

FELDMAN, 1999 apud ALVES, 2005, p. 116).

O surgimento dessa grande diversidade de esquemas de metadados pode levar a uma

sobreposição de esquemas, com esquemas sendo definidos para as mesmas finalidades.

Esforços para evitar este surgimento caótico dos esquemas de metadados [...] é a iniciativa

Dublin Core (ROCHA, 2004) que apresenta em sua estrutura um conjunto de descritores

simples e genéricos com o propósito de descoberta e gerenciamento de recursos no ambiente

web. Além disso, no momento de descrever esses recursos, não demanda conhecimento de

especialistas, isso devido a sua simplicidade, pois segundo Carvalho (2009, p.86) suas

principais características são: “simplicidade na descrição dos recursos, entendimento

semântico universal dos elementos, escopo internacional e extensibilidade (o que permite sua

adaptação às necessidades adicionais de descrição)”.

3.1.2 Dublin core

“A iniciativa Dublin Core (http://dublincore.org) tem foco no ambiente web e esta

sendo adotado pelo projeto Web Semântica com o objetivo de oferecer uma coleção básica de

elementos de metadados (esquema básico de metadados) para serem utilizados por qualquer

comunidade, independente de sua área de domínio”. (ROCHA, 2004, p. 115).

O esquema Dublin Core foi o resultado de uma oficina realizada em 1995,

patrocinada pela comunidade da Ciência da Informação e por especialistas

em padrões para a web, cuja tarefa principal concentrou-se em identificar e

definir um conjunto de elementos de metadado, denominado Dublin Core,

para descrever recursos da web, a fim de proporcionar a descoberta destes

recursos (WEIBEL, 1995 apud ROCHA, 2004, p. 115-116).

Segundo Lagote et al. (1996 apud DZIEKANIAK; KIRINUS, 2004, p. 25) “o Dublin

Core pretende ser simples e, para facilitar o uso pelos criadores e mantenedores de

documentos web, descritivo o suficiente para auxiliar na recuperação de recursos na Internet”.

O Dublin Core utiliza a linguagem XML (Extensible Markup Language – Linguagem

de Marcação Extensível). Adota a sintaxe do RDF (Resource Description Framework –

Page 10: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

Recurso para Descrição de Quadros) e segundo Mey e Silveira (2009) é composto de quinze

elementos.

A definição destes elementos obedeceu a critérios como serem simples,

fáceis de ser criados, e aplicáveis a vários domínios. Os elementos de Dublin

Core estão organizados em três grupos: Conteúdo, propriedade intelectual e

instância. Os elementos que descrevem o conteúdo do recurso são: Título,

assunto, descrição, linguagem, fonte, recursos relacionados (relação) e

abrangência (espacial ou temporal). Os elementos de propriedade intelectual

são: o criador (responsável intelectual pela criação do recurso), publicador

(quem tornou o recurso público), contribuidor e direitos autorais. Os

elementos de instância são data, tipo (ex.: página da web, artigo, livro),

formato (ex.: pdf, world, mp3) e identificador (ex.: URI, ISSBN).

Na tabela 3 abaixo são dispostos os quinze elementos e suas características:

Tabela 3: Elementos do Dublin Core e suas característica

ELEMENTOS CARACTERÍSTICAS

Contribuidor Uma entidade responsável por fazer contribuições ao recurso. Exemplo

de contribuidor incluem uma pessoa, uma organização ou um serviço. O

nome do contribuidor, caracteristicamente, deve ser usado para indicar a

entidade.

Cobertura O tópico espacial ou temporal do recurso, a aplicabilidade espacial do

recurso, ou a jurisdição sob a qual o recurso é relevante. O tópico

espacial pode ser um lugar ou uma localização especificada em

coordenadas geográficas. Um tópico temporal pode ser um citado

período, data ou datas-limite. Um jurisdição pode ser uma entidade

administrativa ou um lugar geográfico ao qual o recurso se aplica.

Quando apropriado, nomes de lugares ou períodos podem ser usados

preferivelmente a identificadores numéricos, como as coordenadas

geográficas ou datas-limite.

Criador Uma entidade primariamente responsável por fazer o Recurso. Exemplos

de criador incluem uma pessoa, uma organização ou um serviço. O nome

do criador, caracteristicamente, deve ser usado para indicar a entidade.

Data Uma ocasião ou período de tempos associados a um evento no ciclo vital

do recurso.

Descrição Uma exposição sobre o recurso. A descrição pode incluir, embora não

limitadas a tal, um resumo, um sumário, uma representação gráfica ou

um texto livre sobre o recurso.

Formato O formato do arquivo, o meio físico ou dimensão do recurso.

Exemplo de dimensão incluem tamanho e duração. A prática

recomendada é usar um vocabulário controlado sobre tipos de mídias.

Identificador Uma referência inequívoca para o recurso em dado contexto. A prática

recomendada é identificar o recurso por meio de uma seqüência de

caracteres [string] de acordo com um sistema formal de identificação.

Idioma Um idioma do recurso. A prática recomendada é usar um vocabulário

controlado para idiomas.

Page 11: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

Publicador/editora Uma entidade responsável por tornar o recurso disponível. Exemplos de

publicador incluem uma pessoa, uma organização ou um serviço. O

nome do publicador, caracteristicamente, deve ser usado para indicar

uma entidade.

Relação Um recurso relacionado.

A prática recomendada é identificar o recurso relacionado por meio de

uma sequência de caracteres [string] de acordo com u sistema formal de

identificação.

Direitos Informação sobre os direitos existentes no recurso e sobre o recurso.

Informações sobre direitos inclui uma declaração sobre os vários direitos

de propriedade associados ao recurso, inclusive direitos de propriedade

intelectual.

Fonte Um recurso relacionado do qual se deriva o recurso descrito.

Um recurso descrito se pode derivar, no todo ou em parte, de um recurso

relacionado. A prática recomendada é identificar o recurso relacionado

por meio de uma sequência de caracteres [string] de acordo com um

sistema formal de identificação.

Assunto O tópico de um recurso.

O assunto, caracteristicamente, será representado pelo uso de palavras-

chave, frases-chave ou códigos de classificação. A prática recomendada

é usar um vocabulário controlado. Para descrever tópicos espaciais ou

temporais, usa-se o elemento cobertura.

Título Um nome dado ao recurso.

Um título, caracteristicamente, será o nome pelo qual recurso é

formalmente conhecido.

Tipo A natureza ou gênero do recurso.

A prática recomendada é o uso de vocabulários controlados, como o do

próprio Dublin Core Metadata Initiative (DCMITYPE)*. Para descrever

o formato do arquivo, o meio físico ou dimensão do recurso, usa-se o

elemento formato. Fonte: MEY, Eliane Serrão Alves; SILVEIRA, Naira Christofoletti. Catalogação no plural. Brasília: Brinquet

Lemos, 2009.

*HTTP://dublincore.org/documents/dcmi-type-vocabulary/

Nessa perspectiva Carvalho (2009, p. 88) conclui que:

Através da adoção desse padrão de metadados, a interoperabilidade acontece

mais facilmente no ambiente Web. o DC é [...] apenas um modelo básico

para a organização dos recursos informacionais em ambiente digital. [...]

trata-se de uma base, pois a necessidade de fazer um tratamento adequado de

outros tipos de informações pode requerer a inclusão de outros campos de

informação.

Portanto, destacam-se os serviços desenvolvidos pelo bibliotecário como, a

responsabilidade de organizar, tratar, armazenar, recuperar e disseminar a informação de

forma rápida e precisa, fundamentalmente importantes para o desenvolvimento de estudos

relacionados aos metadados e a Web Semântica. (ALVES, 2005, p. 18). Pois foi possível

perceber que além de propor uma evolução nos processos de recuperação da informação, a

Page 12: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

web semântica busca aperfeiçoar o tratamento, armazenamento e disseminação dos recursos

disponíveis na rede web.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos problemas de como tornar a web organizada, de forma a facilitar a

recuperação da super-oferta de informação disponível, este artigo analisou através de

levantamento bibliográfico os avanços obtidos pela comunidade científica das técnicas

tradicionais da Biblioteconomia como indexação e catalogação, mostrando suas tendências de

evolução para a Web Semântica.

A Biblioteconomia sendo uma das disciplinas da Ciência da Informação é uma área

voltada para aplicar técnicas de melhoramento à otimização do fluxo informacional, dos

processos de coleta, tratamento, armazenamento, recuperação, disseminação da informação,

da comunicação e uso do conhecimento registrado. Observando através de levantamentos

bibliográficos estudos realizados para o desenvolvimento de novas tecnologias de informação

no âmbito da Biblioteconomia foi possível fazer essa relação dos conhecimentos da área com

o projeto Web Semântica, na medida em que ambos objetivam aperfeiçoar a recuperação da

informação para os usuários na rede.

Nessa perspectiva, o objetivo da Web semântica é viabilizar a criação de categorias

para a representação dos recursos informacionais existentes e disponíveis no ambiente web.

Na Web Semântica, o profissional bibliotecário com seus conhecimentos adquiridos pode

contribuir para o seu desenvolvimento, pois as técnicas de representação da informação

utilizada pela biblioteconomia podem servir ou servem como essência para o

desenvolvimento de estudos relacionados aos metadados e a Web Semântica.

Um exemplo disso é a adaptação Dublin Core baseada no formato MARC, provando

que são de grande importância as técnicas da biblioteconomia de representação da

informação, pois apesar do Dublin Core se tratar de uma base, necessitando ainda da inclusão

de outros campos de informação para o tratamento adequado de outros tipos de informações,

pode-se afirmar que adoção desse padrão de metadados proporcionará uma maior

interoperacionalidade dos sistemas no ambiente web.

Portanto, pode-se concluir que a representação do conhecimento na Web Semântica é

uma técnica ainda em construção e a biblioteconomia, visando o aproveitamento de processos

de armazenamento, organização e recuperação da informação, está em perfeita sintonia com

Page 13: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

os estudos da área dessa nova geração da web na medida em que ambos objetivam aperfeiçoar

a recuperação da informação para os usuários na rede.

Desse modo, percebe-se que, as tecnologias da informação e comunicação

modificaram a visão de organização, tratamento e acesso a informação, mas como visto na

literatura, a essência dessas atividades de tratar, organizar e tornar acessível a informação vem

de métodos tradicionais já estabelecidos Biblioteconomia, aliás o que apenas tem mudado é o

ambiente e o alvo de atuação da informação conforme o desenvolvimento das tecnologias de

informação e comunicação. Logo, à medida que surgem novos meios de disponibilização de

informação, surge também a necessidade de criar-se novos métodos para representar, tratar e

organizar esses recursos.

Assim sendo, tentou-se mostrar que as atividades desenvolvidas pelos bibliotecários

como catalogar, indexar, recuperar e disseminar a informação são de fundamental importância

para o desenvolvimento de metadados e da Web semântica, pois poderão vir a abordarem

aspectos lógicos, explícitos e abrangentes na prática e realidade da recuperação da informação

no ambiente Web.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rachel Cristina Vesú. WEB SEMÂNTICA: uma análise focada no uso de

metadados. Marília, 2005. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, 2005.

CARVALHO, Rodrigo Aquino de. Perspectivas na Web Semântica para a Ciência da

Informação. Campinas: PUC-Campinas, 2009. Dissertação de Mestrado, Pontifícia

Universidade Católica de Campinas, 2009.

CENDÓN, Beatriz Valadares. A internet. In: CAMPELO, B. S.; CENDÓN, B. V.; KREMER,

J. M. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte:

Editora UFMG, 2007.

DZIEKANIAK, Gisele Vasconcelos; KIRINUS, Josiane Boeira. Web Semântica. Enc. Bibli:

R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n. 18, 2º sem. 20004.

MEY, Eliane Serrão Alves; SILVEIRA, Naira Christofoletti. Catalogação no plural.

Brasília: Brinquet de Lemos, 2009.

NOGUEIRA, Édrio Donizeti; VIEIRA, Job Lúcio Gomes. Web Semântica: a rede

inteligente. Disponível em: <www.upis.br/posgraduacao/revista.../web_semantica2009.pdf >

Acesso em: 02 de jun. de 2010.

Page 14: Perspectiva da Web Semântica para a Biblioteconomia

OLIVEIRA, Rosa Maria Vivona. Web Semântica: novos desafios para os profissionais da

informação. Disponível em: <http://www.sibi.ufrj.br/snbu/snbu2002/oralpdf/124.a.pdf >

Acesso em: 02 de jun. de 2010.

PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas de

representação do conhecimento. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 65-

83, jan./abr. 2007.

PINHEIRO, José Maurício. Web Semântica: rede de conceitos. Cadernos UniFOA, n. 9, p.

23-27, abr. 2009.

RAMALHO, Rogério Aparecido Sá. Web Semântica: aspectos interdisciplinares da gestão

de recursos informacionais no âmbito da Ciência da Informação. Campinas: PUC-

Campinas, 2009. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de Campinas,

2009.

ROCHA, Rafael Port da. Metadados,Web Semântica, Categorização Automática: combinando

esforços humanos e computacionais para a descoberta e uso dos recursos da web. Em

Questão, Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 109-121, jan./jun. 2004.