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    INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTARMDiretor Geral: Antnio Estanislau SanchesDiretora Acadmica: Maria da Conceio Figueira Cardoso

    COMISSO EDITORIALMaria da Conceio Figueira CardosoMaria Sheila GamaValria Rodrigues de Oliveira

    CONSELHO EDITORIALDra. Aida Terezinha Santos Matsumura (UFRGS)

    Dra. Alair dos Anjos Silva Miranda (UA)Dr. Anselmo Alencar Colares (UFPA)Msc. Eduardo Edison Riker (ILES Santarm)Dr. Fernando Facury Scaff (UFPA)Msc. Gladys Agmar Rocha (UFMG)Msc. Gladys Beatriz Martnez (EMBRAPA/PA)Msc. Jos Luiz de Sousa Pio (UA)Dr. Jos Luiz Quadros de Magalhes (UFMG)Dra. Jussar Gonalves Lummertz (ILES Manaus)Esp. Maria da Conceio Figueira Cardoso (ILES Santarm)Ms. Maria Llia Imbiriba Sousa Colares (ILES Santarm)Dr. Raul Jos Galaad Oliveira (ILES Santarm)

    EDITORA DA ULBRAE-mail: [email protected]: Valter KuchenbeckerCapa: Everaldo Manica FicanhaEditorao: Marcos Locatelli

    CORRESPONDNCIAAv. Srgio Henn, 1787, DiamantinoCEP: 68025-000 Santarm/ParFone/Fax: (93) 3524.1055E-mail: [email protected]

    Os Institutos Luteranos de Ensino Superior (ILES) so administrados pelaULBRA por determinao da Mantenedora (CELSP), conforme o art. 34 doseu Estatuto.Os artigos assinados so de inteira responsabilidade de seus autores.

    SUMRIO

    EDITORIAL ...................................................................................... 3

    ENGENHARIA AGRCOLAGesto dos recursos hdricos e hidroviaisDilaelson Rego Tapajs ........................................................................................5

    INFORMTICAA informtica na educao em SantarmEliel Marlon de Lima Pinto, Jorge Ricardo Souza de Oliveira, MichelleMonteiro Pacheco ................................................................................................ 1 3

    LETRASCaminhos e trilhas eletrnicas: uma literatura em construoMisanira Arruda .................................................................................................. 1 9

    Cinema e literatura: interao entre as diversas artesJoel Cardoso ....................................................................................................... 23

    Ensino/aprendizagem do francs como lngua estrangeira no ensino bsico: umaproposta alternativaEmlia Pimenta Oliveira, Nelci Brasil Cordovil........................................................27

    Apesquisa etnogrfica na constituio de uma anlise discursivaJaqueline Brando da Silva ................................................................................. 3 3

    Realismo maravilhoso: um discurso latino-americanoLauro Roberto do Carmo Figueira ........................................................................ 4 5

    PEDAGOGIAO planejamento coletivo como fator integrante do projeto pedaggicoAnselmo Alencar Colares, Maria Llia Imbiriba Sousa Colares ................................. 5 1

    Conservadores numa nova era de revoluo socialLus Antonio Groppo ............................................................................................ 5 9

    A educao rural no contexto das lutas do MSTLuiz Bezerra Neto ............................................................................................... 6 9

    RESENHA .........................................................................................7 9

    NORMAS EDITORIAIS ......................................................................8 1

    ESPAO CIENTFICORevista do Instituto Luterano de EnsinoSuperior de Santarm - Vol. 4, 2003, n. 1/2ISSN 1518 - 5044

    Setor de Processamento Tcnico da Biblioteca Martinho Lutero- ULBRA/Canoas

    E77 Espao cientfico / Instituto Luterano de Ensino Superior de Santarm vol. 1, n.1 (2000) Canoas: Ed. ULBRA, 2000.

    Semestral.

    1. Cincia e tecnologia-peridico I. Instituto Luterano deEnsino Superior de Santarm

    CDU 5/6 CDD 604

    COMUNIDADE EVANGLICA LUTERANA SO PAULO

    PresidenteDelmar StahnkeVice-PresidenteJoo Rosado Maldonado

    ReitorRuben Eugen BeckerVice-ReitorLeandro Eugnio Becker

    Pr-Reitor de AdministraoPedro MenegatPr-Reitor de Graduao da Unidade CanoasNestor Luiz Joo BeckPr-Reitor de graduao das Unidades ExternasOsmar RufattoPr-Reitor de Pesquisa e Ps-GraduaoEdmundo Kanan MarquesPr-Reitor de Representao InstitucionalMartim Carlos Warth

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    EDITORIAL

    Iniciou-se com Plato, na Grcia clssica, a discusso de resultados de pesquisas. Essa atividade levouos filsofos a criarem a palavra Academia do latim Akadma, derivado do grego akadmeiadeAkadmos, heri que deu nome a um jardim em Atenas, onde Plato ensinava. Todavia, a publicaoe debates em revistas peridicas s ocorreram, na Europa, a partir da inveno da Imprensa, por Gutemberg,em 1422.

    No Brasil, mais especificamente no interior da regio amaznica, h Instituies que investem eacreditam que as pesquisas e os seus resultados devam circular entre e pela comunidade acadmica ou leiga.Pois, de nada adianta queimar pestanas, noites a fio, observar e analisar dados/fatos e guardar, namente ou em arquivos, as hipteses e os resultados.

    Pensando dessa forma, mais uma vez a Revista Espao Cientfico traz ao pblico um novoexemplar do seu peridico. Com ele, presenteamos a regio amaznica, o Brasil, e todos os cantos domundo, onde pesquisadores, com todas as dificuldades e restries existentes, tecem o fio da posteridade eda nova ordem social, econmica e poltica.

    Para ns a presente revista um evento significativo, dentro de um evento maior, como seja aEducao e a Cincia uma vez que impulsiona nosso intento maior: divulgar e debater as relaes humanas,com o ambiente, com a cultura, com o social, com o histrico, em diferentes tempos e espaos.

    Uma boa leitura a todos e sejam co-autores da Espao Cientfico.

    Arlete Moraes

    Coordenadora de Ps-graduao, Pesquisa e Extenso

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    GESTO DOS RECURSOS HDRICOS E HIDROVIASDilaelson Rego Tapajs

    Dilaelson Rego Tapajs tcnico especializado do Ministrio Pblico do Estado do Par,Mestre em Eng Ocenica, Doutor em Recursos Hdricos e Professor do curso de EngenhariaAgrcola do ILES/ULBRA, email: [email protected]

    Resumo

    Um projeto setorial pode induzir demandas futuras que o faam ser tratado como um componente deum sistema que atenda a mltiplos propsitos. O projeto de uma hidrovia, ao atender o setor de transporte,pode induzir o surgimento de novas demandas de gua, como o abastecimento domstico de novas popu-laes urbanas, a gerao de energia hidroeltrica, a irrigao e o aumento de vazo para controle depoluio, dentre vrios outros usos. As hidrovias projetadas para as regies Amaznica e Centro Oeste estoenvolvidas em fortes polmicas, mesmo que haja um reconhecimento das vantagens econmicas do trans-

    porte fluvial. Neste trabalho, feita uma breve discusso sobre os aspectos bsicos da gesto dos recursoshdricos, caracterizando-a como uma atividade recente e complexa. A partir do consenso de que a gua deveatender a mltiplas demandas e funes, e que os comits de bacias hidrogrficas passam a definir usospretendidos, um projeto de interveno em um rio para torn-lo uma hidrovia continua a ter carter setorial,mas deve estar em conformidade com esses aspectos modernos de gesto dos recursos hdricos.

    Palavras-chave:gesto, hdricos, hidrovias.

    Abstract

    A sectional project may induce future needs on a way that make it be treated as a component of a systemthat deals with multiplying purposes. Helping the transportation section, the project of a waterway may inducethe appearance of new needs of water like for example the domestic supply of new urban populations, thegeneration of hydroeletric power, the irrigation, and an increase of the water flow for the control of polution,among others. Even though there is recognition of economical advantages of the river transportation, the

    waterways designed for the Amazon and Middle West regions are involved in strong controversies. A briefdiscussion about the basic aspects of the management of waters resources, characterizing it as recent and complexactivity is made in this paper. From the consensus that the water might deal with multiple needs and functions,and that the committees of hydrografic basin are to define intended uses, a project of intervention with the riverin order to turn it into a continuous waterway having a sectional character, on the other hand, it might be in

    conformity with these modern aspects of management of the waters resources.Key words: waterway, water resources, water management.

    Espao Cientfico - Revista do Inst. Luterano de Ensino Superior de Santarm - 2003 - Vol. 4 - pginas 5 a 12

    Engenharia Agrcola

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    ASPECTOS GERAIS DA GESTO DOS RECURSOSHDRICOS

    A importncia do gerenciamento dos recursos hdricosest associada crescente escassez de gua, necessidade deproteo dos recursos naturais e s tendncias, inevitveis, decrescimento das demandas. Atender as demandas decorrentesdo crescimento das populaes e da necessidade de desenvolvi-mento econmico/social um fator que atribui carter comple-xo atividade de gesto.

    O crescimento populacional provoca o aumento das de-mandas de duas formas: (1) atravs do uso direto, pela necessi-dade de consumir maiores quantidades de gua tratada e, (2)atravs do uso indireto, como uma forma de aumentar a ativi-dade econmica e gerar novas oportunidades de empregos. Odesenvolvimento econmico tambm pode provocar o aumentoda demanda de forma direta (como o caso da atividade deirrigao) e indireta (como o caso das hidrovias).

    Naquelas regies, onde h abundncia dos recursoshdricos, como o caso da Bacia Amaznica e da Regio CentroOeste, h um forte apelo para que esses recursos sejam utiliza-dos como forma de proporcionar um desejvel desenvolvimen-to econmico e social.]

    A complexidade da gesto acentuada ao serem eviden-ciados dois aspectos intrnsecos aos recursos hdricos: (1) comrelao qualidade ambiental, que motivar a aprovao de

    legislaes mais rigorosas, de forma a prevenir os impactosambientais decorrentes do uso dos recursos hdricos; (2) comrelao incerteza do futuro, que inibe uma viso determinsticade usos e conseqncias com relao aos recursos hdricos.

    O gerenciamento dos recursos hdricos, tendo como refe-rncia a bacia hidrogrfica ou os aqferos subterrneos, assu-me um carter holstico: a gua reconhecida como um bem devalor econmico, passvel de ser utilizada para proporcionardesenvolvimento social e econmico. O gerenciamento dos re-cursos hdricos por bacia hidrogrfica vincula, alm dos recur-sos hdricos, recursos terrestres para a proteo dos ecossistemasnaturais que, sob o ponto de vista participativo, envolvem usu-rios, planejadores e polticos.

    Como se observa, qualquer projeto de utilizao de re-cursos hdricos estar inserido em um ambiente complexo, de-pendente de anlises que incorporem variveis, no estritamen-te tcnicas e econmicas, muito menos setoriais.

    CARACTERIZAO DAS DEMANDAS PELOS

    RECURSOS HDRICOSO gerenciamento dos recursos hdricos uma atividade

    em franco desenvolvimento e com alto grau de complexidade,pois necessrio conciliar diversos pontos de vista atravs dacompatibilizao de demandas (quantitativas e qualitativas) notempo e no espao.

    O desenvolvimento econmico exige maiores demandasde guas, tanto na quantidade quanto na variedade. No entan-

    to, a gua usada para dessedentao e outros usos domsticos,como a criao de animais, considerada a primeira demandaque deve ser atendida. Outras necessidades continuam a surgircom o desenvolvimento da civilizao, como o caso da irriga-o e o da navegao, surgindo disputas e conflitos entre usu-rios pelas guas mais disponveis. Diante disso, as demandas degua podem ser divididas em trs categorias:

    (1) como infra-estrutura social: demandas geraisda sociedade nas quais a gua um bem de consumo final,como o caso do abastecimento urbano, ou o uso como infra-

    estrutura, no caso de um curso dgua que serve como hidrovia;(2) como suporte da agricultura e da aquicultura:

    refere-se s demandas de gua como bem de consumo interme-dirio, visando criao de condies ambientais adequadaspara o desenvolvimento de espcies animais (piscicultura) ouvegetais (agricultura), de interesse para a sociedade;

    (3) como suporte industrial: demandas para ativi-dades de processamento industrial (minerao) e energtico(hidroeletricidade), nas quais a gua entra como bem de consu-

    mo intermedirio.Uma outra classificao das demandas dos recursos

    quanto natureza da utilizao, podendo ser de trs tipos:

    (1) consuntivo: refere-se aos usos que retiram a guade sua fonte natural, diminuindo suas disponibilidades quanti-tativas, espacial e temporalmente, como o caso dos usos nasatividades domsticas;

    (2) no consuntivo: refere-se aos usos que retornam fonte de suprimento, praticamente na totalidade da gua utili-

    zada, podendo haver alguma modificao no seu padro tem-poral de disponibilidade quantitativa, sendo o uso para hidroviasum bom exemplo disso;

    (3) local: refere-se aos usos (como o caso da piscicultu-ra) que aproveitam a disponibilidade de gua em sua fonte semqualquer modificao relevante, temporal ou espacialmente,apresentando disponibilidade quantitativa.

    As duas classificaes tratam a questo dos recursoshdricos do ponto de vista da disponibilidade quantitativa, no

    tempo e no espao, para a satisfao/conciliao de demandas.Como em grande parte das atividades humanas e, especifica-mente, naquelas que usam a gua, existe a gerao de resduos,

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    a gua pode at ser utilizada como meio de transporte (funcio-nando como solvente para diluies e depuraes).

    Modernamente, no entanto, a sociedade ampliou a di-versidade de interesses com relao ao uso das guas, surgindodisputas que geram conflitos, havendo necessidade de criaode estratgias (tcnicas/polticas) para o gerenciamento das

    demandas quantitativas e qualitativas.

    ASPECTOS GERAIS DA NAVEGAO INTERIOR

    De acordo com o que foi exposto anteriormente, permi-tido caracterizar a gua destinada a um projeto hidroviriocomo um recurso com mltiplas finalidades e com mltiplosvalores. No entanto, em termos de planejamento como infra-estrutura para o transporte fluvial, a gua tem sido vista apenascomo um meio passvel de aproveitamento: permitindo a passa-

    gem de uma determinada embarcao e proporcionando asmaiores economias possveis ao transporte a ser realizado.

    Enquanto o transporte rodovirio urbano tem uma lon-ga histria de evoluo de modelos que relacionam uso do soloe transportes (NOVAES, 1982), o mesmo no ocorre com o trans-porte fluvial. No transporte fluvial, impera uma adaptao deum modelo do transporte martimo: otimizao de embarca-es e instalaes porturias para permitir as menores taxas defretes.

    A crescente participao da sociedade nas tomadas dedecises, associada com a diminuio da disponibilidade degua e/ou de sua degradao, condiciona que um projetohidrovirio v alm da garantia tcnica e econmica do empre-endimento, uma vez que instalaes estruturalmente firmes tam-bm podem falhar, quando verificadas de perspectivas eco-nmica, poltica e social.

    Dessa forma, o aproveitamento de rios para a implanta-o de uma hidrovia resultar na criao de novas agroindstriase urbanizaes. Isso pode levar no apenas ao aumento quan-

    titativo da demanda de gua, mas tambm ao aumento dapoluio. Alm do mais,

    por muito tempo os planejadores nos pases em desenvolvi-mento tm acreditado que maior melhor, e conseqente-mente desprezam aplicaes de recursos em pequenos proje-tos que podem incorporar prticas locais de sustentabilidademelhor que fortes princpios de engenharia. (MADRAMOOTOOet al., 1996)

    As polmicas que tm envolvido a implantao de proje-tos hidrovirios no Brasil so decorrentes de uma viso simplista

    do setor de transporte, tanto quanto ao aproveitamento doscursos dgua, como infra-estrutura de transporte.

    A gua destinada navegao seria classificada na cate-goria de demanda para a infra-estrutura social e de uso noconsuntivo. Essa classificao, genrica, aborda o aspecto quan-titativo da gua, considerando que o comprometimento do as-

    pecto qualitativo seria mnimo, at desprezvel. No entanto, emtermos de habitats, alguns estudos (MURPHY, WILLBY E EATON,1997; Cole, 1996) reconhecem que a diversidade de habitatstorna-se reduzida, espacial e temporariamente, tanto em fun-o das construes das obras hidrulicas, como das suas ope-raes e dos trfegos de embarcaes. Considerando ainda quea participao da sociedade na gesto do recurso cada vezmais crescente, a gua destinada navegao passa a apresen-tar caractersticas mais complexas de uso.

    A partir do reconhecimento de que a gua atende a ml-

    tiplos usos (seja em atividades estritamente antrpicas ou comosuporte para atividades ecolgicas) e tem carter mais comple-xo na demanda para uma atividade de transporte, necessrioampliar a classificao j estabelecida, para o caso especficoda navegao fluvial mercante:

    (1) quanto demanda: atende a uma infra-estruturasocial, dado o carter de ter baixo custo, para implantao,operao e manuteno, que acaba refletindo menores preosde tarifas;

    (2) quanto ao uso: este est dividido em dois aspectos(2.1) quantitativo: com carter no consuntivo, todavia

    no pode ter uso concorrente que comprometa a lmina mni-ma exigida pela embarcao tipo;

    (2.2) qualitativo: com caractersticas consuntivas (vari-vel no tempo e no espao), tanto na fase de construo quantona de operao e de manuteno (rudos, desestabilizao demargens e gerao de sedimentos);

    (3) quanto valorao: holstica, decorrente da ca-

    racterstica intrnseca da demanda que pode incorporar pontosde vista de trs grupos sociais (transportadores, embarcadores eoutros grupos sociais), que dificultariam uma potencial valoraoda lmina dgua (aspecto quantitativo) que, por usa vez, ser-viria de infra-estrutura para a navegao mercante, abrigandofunes ecolgicas (aspecto qualitativo).

    Conforme possvel observar, a gua, que deve atendera um demanda de navegao mercante, no deve receber umtratamento simples no projeto, como se fosse uma determinadalmina dgua sem exigncia de caractersticas especiais de qua-

    lidade. De uma forma pragmtica, a demanda de gua para otransporte, mesmo que seja caracterizada como infra-estruturade cunho social, precisa passar por um processo de negociao

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    social de seu uso para desempenhar essa finalidade.

    CONCILIAO DE USOS MLTIPLOS

    As diversas finalidades de usos das guas so contempla-das de uma forma no integrada, em decorrncia das estruturas

    institucionais estarem organizadas por setores da economia.Muitas vezes, a mesma gua necessria para que o setorenergtico implemente hidreltricas deveria atender distritos deirrigao e necessidades do setor hidrovirio.

    Criam-se, dessa forma, diversos sistemas de demandasligados naturalmente, mas sem integrao tcnica, pois os con-flitos estaro estabelecidos, caso as demandas (inclusive as decarter qualitativo) atinjam um determinado nvel em que noseja mais possvel atend-las individualmente. Na situao deconflito, h necessidade de conciliao dos diversos usos entre

    os sistemas, pelo racionamento da oferta e/ou atravs de nor-mas e regulamentaes, se estabelecida uma base de gerencia-mento integrado.

    A implantao de um projeto tem seus efeitosmultiplicadores, atraindo novas possibilidades econmicas. Umcorredor de transporte fluvial que disponibilize novas terraspode gerar, aps algum tempo, a necessidade de satisfazerdiversas demandas hdricas de outras naturezas, como o abas-tecimento domstico, a ampliao da prpria navegao, a ge-rao de energia hidroeltrica, a irrigao, o aumento de vazo

    para controle de poluio, dentre vrias outras. Assim, um pro-jeto setorial pode induzir demandas futuras que o faam sertratado como um componente de um sistema e atenda a mlti-plos propsitos.

    Mesmo que um projeto de recursos hdricos seja caracte-rizado como pioneiro para o desenvolvimento regional, torna-se necessrio, em fases iniciais, observar os diversos usos, atra-vs de cenrios hipotticos. Uma hidrovia projetada,disponibilizando transporte de baixo custo para grandes volu-mes de cargas de baixo valor, deve tambm avaliar os potenci-ais conflitos de uso das guas, resultantes tanto de sua implan-tao quanto de novos projetos que contribuam para a geraode novas cargas. Esses conflitos podem ser de trs tipos, segundoLanna (1999):

    (1) conflitos de destinao de uso: ocorre quandoa gua passa a ser utilizada para outras finalidades, contrari-ando decises estabelecidas, que as reservaram para o atendi-mento de necessidades sociais, ambientais e econmicas. A reti-rada de gua de reserva ecolgica para a irrigao um bom

    exemplo;(2) conflitos de disponibilidade qualitativa: ge-rados a partir da inadequao do uso da gua provocado pela

    poluio. Uma situao bem tpica aquela em que no neces-srio o aumento do lanamento de poluentes em um curso dguapara piorar a qualidade, mas apenas o aumento do consumofaz reduzir a vazo de estiagem;

    (3) conflitos de disponibilidade quantitativa: podeocorrer devido ao uso intensivo. Uma via navegvel projetada

    para atender embarcaes tpicas com um determinado caladopode vir a ser prejudicada pelo uso da gua para irrigao,construo de hidreltrica e abastecimento urbano.

    permitido afirmar que de uma poltica de gesto dasguas devem participar todas as entidades passveis de inter-veno nos problemas resultantes de seus usos. No entanto, aresponsabilidade pela execuo de uma poltica deve competira um rgo coordenador, em todos os nveis (TONET E LOPES,1994).

    Ao longo do tempo, os mecanismos institucionais e fi-nanceiros de gesto foram evoluindo. Atualmente, caracteri-zam-se por um modelo sistmico de integrao participativa, noqual organismos centralizadores tm sido formados atravs deConselhos Nacionais ou Estaduais de Recursos Hdricos, reunin-do representantes de ministrios e secretarias estaduais, seg-mentos relacionados com a gua, seus usurios e representantesda sociedade.

    Diante da complexidade em gerenciar um recurso cadavez mais escasso, com demandas crescentes e participao social

    mais efetiva, alguns instrumentos passaram a ser discutidoscomo alternativas para auxiliarem numa utilizao socialmen-te tima do recurso. Dois instrumentos podem ser destacados:

    (1) instrumentos normativos: desenvolvidos para umabacia, atravs de programas ou planos diretores, enquadramentosdos cursos de gua em classes de uso preponderante, criao dereas de interesse ecolgico ou de proteo ambiental;

    (2) instrumentos econmicos: visam quantificar e estabe-lecer, atravs de valores monetrios, o valor do recurso.

    VALOR ECONMICO DA GUA

    O aspecto econmico do recurso hdrico vem, progressi-vamente, ganhando maior relevncia, sendo real o tratamentodo recurso como um bem, passvel de negociao em mercados(LEE e JURAVLEV, 1998). Demandas tradicionais, como aquelasdestinadas irrigao, podem no oferecer grandes problemasde serem negociadas, sendo possvel que o livre mercado esta-belea o uso mais eficiente.

    Considerando a gua como um recurso com mltiplasdemandas (quantitativas e qualitativas), as situaes de de-mandas referentes proteo das guas so categorias mais

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    complexas de necessidades atuais, relacionadas com o ambien-te no qual esse recurso se encontra, que podem tambm guardarvalor econmico de uso. possvel distinguir trs categorias deproteo com essas caractersticas:

    (1) preservao: significa manter o meio hdrico no seuestado natural; (2) conservao: implica manter a situao cor-

    rente; (3) recuperao: volta-se a melhorar a qualidade do re-curso atual.

    A participao da sociedade na gesto dos recursos hdricos,atravs dos comits de bacias hidrogrficas, visa a vincular ouso do recurso a uma situao tima social. A traduo detodos os valores sociais em termos monetrios nem sempre possvel, visto que a gua possui outros valores intrnsecos, decunho social que devem ser considerados, como:

    (1) valor de opo de uso: significando valor potencial,contrapondo-se a um uso/valor atual, e s pode ser verificadoem um tempo futuro;

    (2) valor intrnseco: atribudo aos recursos hdricosindependentemente da possibilidade de seu uso, corrente oupotencial, mas se justifica por promover o bem-estar da socie-dade.

    O aspecto econmico atribudo aos recursos hdricos no to evidente e preponderante. Isso apenas refora a afirmaode que a gesto dos recursos hdricos uma atividade complexae, mesmo que um projeto tenha forte apelo de ser primordial

    para o desenvolvimento econmico regional, ainda assim hnecessidade de que as anlises dessa demanda no tratem ape-nas da dimenso econmica.

    VALORAO DA GUA PARA A ATIVIDADE DETRANSPORTE FLUVIAL

    A forte economia, principalmente no transporte de gran-des quantidades de cargas, o argumento mais robusto e favo-rvel utilizao de um curso dgua para o transporte fluvial.

    Esse argumento se torna mais incisivo quando feita uma com-parao do transporte aquavirio e as demais modalidades(aerovirio, ferrovirio, rodovirio e aquavirio), o que con-duz concluso de que h um subaproveitamento do potencialhdrico do pas para o transporte e conseqente perda das van-tagens que o modo aquavirio pode oferecer, em termos econ-micos e ambientais.

    ponto pacfico que o transporte aquavirio vantajososob os aspectos econmicos e ambientais, quando comparadoaos demais modos, em situaes hipotticas que no conside-rem outras relaes de dependncias, caractersticas de umaatividade meio, como o caso dos transportes. Enquanto o

    transporte rodovirio oferece maior mobilidade, o transportefluvial no apresenta essa caracterstica; enquanto o transporterodovirio realiza o porta-a-porta, o transporte fluvial norealiza isso com grande facilidade; enquanto a principal infra-estrutura (o curso dgua) do transporte fluvial dependente deum ciclo hidrolgico regular que no oferea variaes sazo-nais (variaes de profundidades e velocidade de correntes),uma rodovia pode funcionar sem grandes problemas por lon-gos perodos. Essas contraposies, apenas em relao ao trans-porte rodovirio, tm apenas o objetivo de ilustrar que existemfatores reais que podem inibir as grandes vantagens referentesao transporte fluvial.

    Um aspecto que pouco se discute em relao infra-estru-tura do transporte, refere-se valorao econmica da gua.Normalmente, os oramentos montados para a viabilizao eco-nmica de uma hidrovia contabilizam os valores referentes s

    obras de infra-estrutura, como derrocagens, dragagens,balizamentos, construo de eclusas, dentre outras. O volume degua necessrio para franquear a embarcao de projeto temsido tratado como tendo carter abundante, caracterizado comoum bem livre, que pode ser utilizado na atividade na quantidadenecessria para atender os objetivos do projeto.

    evidente que essa viso de bem abundante, em relao disponibilidade/uso da gua, caracteriza uma prtica quepertence ao passado, j experimentada em regies mais desen-volvidas do planeta, que acarretaram escassez e disputa pelo

    recurso. Atualmente, a gua vem recebendo um tratamento debem estratgico, atravs da adoo de modelos de gerencia-mento que buscam sua disponibilizao de forma mais eficien-te, com uma viso integrada a outros recursos naturais. Surge aquesto: como atribuir um valor econmico gua utilizadapara a navegao?

    Antes de tentar buscar elementos que componham umaestratgia de valorao para a gua da navegao, importan-te verificar, rapidamente, que os modelos de gesto dos recursoshdricos tm evoludo. De acordo com Tonet e Lopes (1994), o

    modelo denominado sistmico, de integrao participativa o modelo mais moderno de gesto das guas, caracterizando-se por quatro fatores: (1) o carter pblico das guas: o Estadoassume seu domnio; (2) a descentralizao: o Estado permite ogerenciamento descentralizado e compartilhado com a socieda-de; (3) o planejamento estratgico quando se utilizaa baciahidrogrfica como unidade de interveno; (4) o uso de instru-mentos normativos e econmicosno gerenciamento das guas,de acordo com diretrizes especficas determinadas no planeja-mento estratgico.

    Mais uma vez, o modelo sistmico de integraoparticipativa refora o ponto de vista de que a gesto da gua

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    As duas alternativas sugeridas por Gibbons (1986) noencerram a discusso a respeito do valor da gua para a nave-gao. Ao contrrio, aplicadas no contexto do Brasil, mais espe-cificamente a regies como a do Pantanal e a da Amaznia,essas sugestes pouco contribuem. A viabilidade econmica dosprojetos hidrovirios desenvolvidos para essas duas regies dependente da produo de novas cargas. Dessa forma, a

    valorao da gua variaria em funo das caractersticas doprojeto hidrovirio, conforme pode ser observado na Figura 1.

    At, aproximadamente, a profundidade p1 o valor dagua para a navegao teria um valor muito prximo de zero.Essa situao poderia ser compreendida como a de uma nave-gao em pequena escala, utilizando-se o rio em seu estadonatural, atravs de pequenas embarcaes. A partir da profun-didade p1at a profundidade p4, o rio precisaria ser trabalhadopara permitir a passagem de uma embarcao tipo. Essa inter-veno no rio, tanto em termos de obras, como de manuteno

    e trfego das embarcaes, que ir determinar o custo maiorou menor da gua.

    A complexidade na tentativa de valorar a gua destina-da navegao, no caso de rios situados em regies como a doPantanal e da Amaznia, decorre do fato de que esses riosabrigam atividades econmicas de variados grupos sociais. Dessaforma, a valorao dessa gua deve incorporar variveis queincorporem o ponto de vista desses grupos sociais. Anlises eco-nmicas macro, sob uma tica de desenvolvimento econmicoregional, podem conduzir a concluses que considerem que o

    transporte fluvial, por si s, incorpora um valor ao recurso guaque est sendo sub-utilizado.

    A gua tem recebido tratamento diferenciado em razo

    de seu esgotamento, tanto quantitativo quanto qualitativo, fa-zendo com que o poder pblico adote medidas de gerenciamen-to desse recurso em bases econmicas. cada vez mais freqenteo incentivo criao de mercados de gua como forma deatribuir um valor financeiro a esse recurso (GIBBONS, 1986;YOUNG, 1996; WINPENNY, 1994). Outros recursos naturais (ar,florestas, fauna, etc.), mesmo que no utilizados diretamente

    pelo projeto, mas que sofrem seus efeitos, acabaram ganhandoespao cada vez maior nas discusses a respeito de terem seuscustos incorporados avaliao do projeto (PEARCE E MORAN,1994; MOTTA, 1990; OYARZUN, 1998).

    No caso do uso dos cursos dgua como infra-estruturapara o transporte fluvial, os custos envolvidos com dragagens, porexemplo, para permitir lminas mnimas de gua requeridaspelos calados das embarcaes, podem sofrer as seguintes influ-ncias: (1) custos diretos com dragagem e disposio do materialem lugar apropriado, (2) custos de monitoramento do materialem suspenso, (3) custos para elaborao e manuteno de umplano de contingncia, (4) custos de compensao a outros usu-rios da gua, (5) custos de compensao a usurios de recursos dafauna aqutica e (6) custos de compensao a usurios que utili-zam o local como mera contemplao. Em contrapartida, o me-lhoramento realizado pela atividade de dragagem ir agregarum valor a esse curso dgua, resultando em dois benefcios dire-tos: (1) o lucro que ser obtido com o transporte de cargas epassageiros e, (2) o aumento da facilidade de transporte.

    GERENCIAMENTO DE INCOMPATIBILIDADES inquestionvel que as tomadas de decises para uso

    dos recursos hdricos, progressivamente, sero resultantes de

    Profundidade1 2 3 4

    Valores

    v1

    v2

    v3

    hidrovia 1

    hidrovia 2

    hidrovia 3

    uma atividade complexa. Nesse contexto, a sua valoraotambm o ser. De acordo com Gibbons (1986), uma primeiraalternativa para valorar a gua para a navegao seria verifi-car o volume de gua necessrio para a passagem da embarca-

    o tipo, contabilizar todas as despesas e receitas. A diferenarepresentaria o valor da gua. Uma outra alternativa seria con-siderar a diferena direta entre as tarifas praticadas nas hidroviase ferrovias como o valor da gua para a navegao.

    Figura 1 - valores da gua em funo do projeto hidrovirio

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    uma negociao coletiva. Dessa forma, os custos e benefcios deum projeto passaro a ser estimados de uma forma ampla eabrangente, comparando-se com os mtodos tradicionalmenteaplicados. Na grande maioria dos projetos, as despesas sorealizadas antecipadamente s receitas, sendo necessrio aguar-dar um intervalo de tempo para que o lucro do projeto come-ce a aparecer.

    Nas situaes de projetos que faam uso de recursos na-turais, como a gua para uma hidrovia, os investimentos noso apenas financeiros. A ampliao de utilidade de um rio, quepasse a funcionar como uma hidrovia, pode exigir a interrup-o ou a paralisao de atividades como a pesca. Em umaanlise tipo custo/benefcio tradicional, o sacrifcio de uma ati-vidade pode passar despercebido. Uma situao com essa carac-terstica envidaria conflitos, pois a anlise econmica assegura-ria que o projeto seria vantajoso.

    A soluo para conflitos dessa natureza ainda bastantedifcil, uma vez que o encaminhamento de solues para osconflitos exige tomadas de decises crticas, pois provvel quehaja restries ao atendimento de interesses. Essas decises crti-cas podem dar margem a questionamentos tcnicos, polticos elegais. Diante de situaes conflituosas, nem sempre a soluofinal promove a maior satisfao social. A constituio dos co-mits de bacias hidrogrficas, determinada na Lei Federal 9.433/1997, uma tentativa de promover uma negociao social,atravs de um frum no qual todos os interesses na bacia

    hidrogrfica em questo possam ser discutidos de forma trans-parente e inequvoca.

    A Lei Federal 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que trata daPoltica e Sistema Nacional de Recursos Hdricos, estabelece dire-trizes gerais para a gesto da gua no Brasil, que podem serresumidas em trs aspectos:

    (1) viso sistmica: a gesto no deve estar dissociadados aspectos de quantidade e qualidade; (2) conveninciaregional: a gesto dos recursos hdricos deve estar adequada

    s diversidades fsicas, biticas, demogrficas, econmicas, so-ciais e culturais das diversas regies do Pas; (3) viso integral:a gesto dos recursos hdricos deve estar integrada gestoambiental, a aspectos do uso do solo, bem como aos sistemasestuarinos e zonas costeiras.

    Quanto gesto dos recursos hdricos, conceitualmente,trs caractersticas especficas se identificam: (1) buscar o aten-dimento de demandas; (2) evitar a gerao de conflitos e (3)conservar aspectos qualitativos do recurso. Em regies como aAmaznica e o Pantanal, e naquelas situaes em que os rios

    servem naturalmente navegao, as trs caractersticas deseja-das da gesto esto sendo evidenciadas; pois

    (a) o uso da gua atende a demanda do setor transporte

    fluvial; (b) no se percebem conflitos gerados a partir do uso dagua para a navegao em tais regies e (c) no se evidenciamfortes sinais de degradao da gua a partir do uso para anavegao.

    Alm dos aspectos estritamente tcnicos de conciliaono atendimento a demandas (tanto no aspecto quantitativo

    quanto qualitativo) da gua, h uma forte legislao a serobservada no delineamento dos projetos hdricos. Observan-do os aspectos gerais da legislao e as recomendaesconceituais para adoo de modelos sistmicos de gesto dagua, pode-se afirmar que o transporte fluvial realizado noBrasil em rios naturalmente navegveis est perfeitamenteinserido nesse contexto: uso franco, sem degradao do recur-so e sem gerao de conflitos.

    CONCLUSES

    Os rios existentes nas regies do Pantanal e da Amazniaoferecem boas perspectivas de aproveitamento para uma nave-gao em grande escala. No Pantanal, a Hidrovia do Paraguai-Paran um exemplo de projeto que visa a franquear a nave-gao nesses rios para grandes comboios de chatas. A principaljustificativa econmica: o baixo custo do transporte fluvial que proporcionaria essa hidrovia.

    Na Amaznia, o projeto de hidrovia para o Araguaia-Tocantins o mais conhecido. O argumento justificativo eco-

    nmico, baseando-se em um potencial desenvolvimento de re-as prximas ao eixo hidrovirio, que beneficiaria a regio deimplantao do projeto.

    Os dois projetos mencionados estariam perfeitamentejustificados na situao em que o recurso gua no tivesse fina-lidades mltiplas. No entanto, a Lei Federal 9.433, que trata daPoltica e Sistema Nacional de Recursos Hdricos, estabeleceudiretrizes gerais para a gesto das guas no Brasil (resumidasem trs aspectos: viso sistmica, convenincia regional e visointegral). Por sua vez, a gesto dos recursos hdricos est anco-rada em trs caractersticas especficas: atender demandas, evi-tar conflitos e conservar aspectos qualitativos do recurso.

    Os dois projetos mencionados entraram em conflito dire-to, tanto com o que ficou estabelecido na Lei 9.433, quanto oque traz caractersticas especficas da gesto dos recursos hdricos.Discusses judiciais interminveis resultaram desses conflitos.

    Os efeitos provocados pela implantao de uma hidroviaso tantos que o projeto no tem dependncia apenas setorial(atender a uma demanda de transporte). O principal equvoco

    nas proposies de hidrovias no Brasil a desconsiderao,ainda em fases preliminares do projeto, de instrumentos degesto dos recursos hdricos j disponveis.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    A INFORMTICA NA EDUCAO EM SANTARMEliel Marlon de Lima Pinto

    Jorge Ricardo Souza de Oliveira

    Michelle Monteiro Pacheco

    Eliel Marlon de Lima Pinto Professor do Curso de Sistemas de Informao do ILESSantarm [email protected] Ricardo Souza de Oliveira Mestre em Engenharia Eltrica (UFSC) e professor doCurso de Sistemas de Informao do ILES Santarm [email protected] Monteiro Pacheco Acadmica do Curso de Sistemas de Informao do ILESSantarm [email protected]

    Resumo

    Este artigo apresenta uma viso geral da situao da informtica aplicada educao em Santarm Par. Inicialmente, descrita a atuao dos projetos governamentais de informtica na educao: PROINFOe FUST. So apresentadas algumas iniciativas de ensino a distncia, como a TV Escola e a Rdio pela

    Educao. exposta a situao dos programas de informtica na educao de algumas escolas particularesda cidade. So apresentados programas de capacitao de professores na rea. Finalmente, so levantadasconcluses, discutindo os problemas encontrados e suas solues.

    Palavras-chave: informtica na educao, capacitao de professores, ensino a distncia.

    Abstract

    This paper presents a general view of the situation of the informatics applied on education at Santarm

    Par. First, it is described the actuation of the governmental projects of informatics education. Someinitiatives of distance learning like TV Scholl and Radio by Education are presented. The situation of programsof informatics education of some private schools in the city is exposed. Teachers capacitating programs arepresented. Finally, conclusions are depicted, addressing problems founded and their solutions.

    Key words: Informatics Education, Teachers Capacitating, Distance Learning.

    Espao Cientfico - Revista do Inst. Luterano de Ensino Superior de Santarm - 2003 - Vol. 4 - pginas 13 a 18

    Informtica

    1 INTRODUO

    Da mesma forma que em todas as atividades humanas,a informtica oferece novas e fascinantes ferramentas para aeducao. A informtica aplicada educao um recursopedaggico capaz de incentivar a aprendizagem e o crescimen-

    to intelectual e pessoal do indivduo. Alm disso, objetiva pro-mover, utilizando os recursos de um ambiente computacional etelemtico, o desenvolvimento das potencialidades cognitivas

    dos alunos. Com a utilizao da informtica, os alunos tornam-se sujeitos do seu processo de aprendizagem e da construo deseus conhecimentos, interagindo melhor com as pessoas e com a

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    realidade que os cercam. Nesse sentido, a formao de profissi-onais na rea de Informtica na Educao deve merecer especialateno, uma vez que tais profissionais devem ser capazes deaplicar as novas tecnologias s atividades pedaggicas, buscan-do a promoo de mudanas profundas no modelo educacionalvigente (PEREIRA, 1992).

    Esse trabalho tem como objetivo apresentar a situaodas diversas iniciativas de aplicao da informtica educao,no municpio de Santarm. Inicialmente, apresentada a atua-o dos programas PROINFO e FUST do governo federal nessemunicpio. Em seguida, so descritas duas iniciativas de educa-o a distncia: TV Escola e Rdio pela Educao. Posteriormen-te, so apresentadas experincias de aplicao da informticana educao em trs escolas particulares da cidade de Santarm.Ento, so discutidas vrias iniciativas para a capacitao deprofissionais de informtica na educao. Finalmente, so le-

    vantadas concluses e perspectivas futuras da informtica naeducao em Santarm.

    2 PROJETOS DE INFORMTICA NA EDUCAOEM SANTARM

    O governo federal possui uma srie de programas quevisam disseminao da informtica em nosso pas. Esses pro-gramas so voltados para diversas reas como educao, infra-estrutura, desburocratizao, cidadania e desenvolvimento tec-

    nolgico. Os programas do governo federal para a rea daeducao consistem no oferecimento de cursos profissionalizan-tes e na introduo da informtica nas escolas de nvel funda-mental e mdio. Alm disso, est sendo realizada ainformatizao dessas escolas. Dentre os diversos programas narea de educao, destacam-se o Programa Nacional deInformtica na Educao (PROINFO) e o Fundo deUniversalizao dos Servios de Telecomunicaes (FUST).

    2.1 PROGRAMA NACIONAL DE2.1 PROGRAMA NACIONAL DE2.1 PROGRAMA NACIONAL DE2.1 PROGRAMA NACIONAL DE2.1 PROGRAMA NACIONAL DEINFORMINFORMINFORMINFORMINFORMTICA NA EDUCAO (PROINFO)TICA NA EDUCAO (PROINFO)TICA NA EDUCAO (PROINFO)TICA NA EDUCAO (PROINFO)TICA NA EDUCAO (PROINFO)

    O PROINFO uma iniciativa do Ministrio da Educao,por meio da SEED (Secretaria de Educao a Distncia) e foicriado em 9 de abril de 1997, sendo desenvolvido em parceriacom os governos estaduais e alguns municipais. As diretrizes doprograma so estabelecidas pelo MEC e pelo CONSED (ConselhoNacional de Secretrios Estaduais de Educao). Em cada unida-de da federao, h uma Comisso Estadual de Informtica naEducao responsvel pela aplicao e o controle do PROINFO.Esse programa possui ainda bases tecnolgicas nos estados,chamadas de NTEs (Ncleos de Tecnologia Educacional). Os NTEsconsistem em estruturas descentralizadas de apoio ao processode informatizao das escolas, auxiliando tanto no processo deplanejamento e incorporao de novas tecnologias quanto no

    suporte tcnico para a capacitao de professores e equipesadministrativas das escolas (PROINFO, 2002).

    Entre os objetivos do PROINFO, esto a capacitao deprofessores e a implantao de laboratrios de informtica nasescolas. Os professores so capacitados em dois nveis:multiplicadores e de escolas. Os professores multiplicadores re-

    cebem uma formao mais ampla, sendo responsveis por mi-nistrarem cursos aos professores de escolas. Utiliza-se o princ-pio professor capacitando professor.

    Para disputar um laboratrio, a escola deve ter mais de150 alunos, apresentar um projeto e comprovar ter infra-estru-tura fsica para a instalao dos equipamentos, como sala deaula adequada, rede eltrica e condies de segurana. A escoladeve ter tambm recursos humanos capazes de usar a informticano processo pedaggico. O nmero de equipamentos distribu-dos para cada escola proporcional ao nmero de alunos. Num

    primeiro momento, sero atendidas cerca de seis mil escolas, ou13,4% do universo de 44,8 mil escolas pblicas de ensino fun-damental e mdio.

    O NTE em Santarm possui uma equipe de cinco pessoas,coordenada pela professora Micheline da Silva Bastos, sendo queessa equipe subordinada ao Departamento de Informtica eEducao (DIED), com sede em Belm. Em Santarm, foram capa-citados 39 professores multiplicadores e mais 253 em cursos diver-sos, ofertados nos laboratrios das escolas e no NTE. Atualmente,300 profissionais esto sendo capacitados para os laboratrios deinformtica com a coordenao e superviso do MEC.

    2.2 FUNDO DE UNIVERSALIZAO DOS2.2 FUNDO DE UNIVERSALIZAO DOS2.2 FUNDO DE UNIVERSALIZAO DOS2.2 FUNDO DE UNIVERSALIZAO DOS2.2 FUNDO DE UNIVERSALIZAO DOSSERSERSERSERSERVIOS DE TELECOMUNICAES (FUST)VIOS DE TELECOMUNICAES (FUST)VIOS DE TELECOMUNICAES (FUST)VIOS DE TELECOMUNICAES (FUST)VIOS DE TELECOMUNICAES (FUST)

    O FUST, institudo em 17 de agosto de 2000, consiste emum fundo formado, entre outros, por 1% da receita bruta decor-rente da prestao de servios de telecomunicaes, dos quais,18% so obrigatoriamente destinados Educao. Os recursosdo FUST visam universalizao dos servios de telecomunica-es, tendo como algumas de suas metas a implantao doacesso Internet (incluindo a construo de instalaes fsicas ea distribuio de equipamentos) em escolas pblicas de ensinomdio. O atendimento s escolas pblicas dever ocorrer em 3etapas (ANATEL, 2001):

    Etapa1 (at 31/12/2001): 60% das escolas com mais de600 alunos.

    Etapa2 (at 30/06/2002): 80% das escolas com mais de300 alunos.

    Etapa3 (at 31/12/2002): as demais escolas.Dever ser fornecido um computador para cada grupode 25 alunos. Em Santarm, as escolas Plcido de Castro, Almi-

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    rante Soares Dutra, Pedro lvares Cabral, Onsima Pereira deBarros, lvaro Adolfo da Silveira, Rodrigues dos Santos, JliaGonalves Passarinho e Jos de Alencar j foram contempladascom os equipamentos bsicos de informtica (hardware esoftware), utilizando-se recursos do FUST.

    3 PROJETOS DE EDUCAO A DISTNCIAA Secretaria de Educao a Distncia (SEED) tem como

    objetivo principal levar para a escola pblica toda a contribui-o que os mtodos, tcnicas e tecnologias da educao a dis-tncia podem prestar construo de um novo paradigma paraa educao brasileira. A SEED, juntamente com os demais r-gos do MEC e em conjunto com as Secretarias de Educao dosestados, desenvolve uma srie de programas que utilizam ametodologia de educao a distncia. Dentre esses programas,podemos destacar a atuao da TV Escola. Em Santarm, outroprograma de educao a distncia que merece destaque oprograma Rdio pela Educao, promovido pelo UNICEF.

    3.1 TV ESCOLA3.1 TV ESCOLA3.1 TV ESCOLA3.1 TV ESCOLA3.1 TV ESCOLA

    A TV escola, programa lanado nacionalmente em 4 demaro de 1996, um canal de televiso, via satlite, destinadoexclusivamente educao. O programa, de autoria da Secreta-ria de Educao a Distncia e do Ministrio da Educao MEC, dirigido capacitao, atualizao e aperfeioamento de pro-fessores de Ensino Fundamental e Mdio da rede pblica. Permi-te s escolas entrarem em sintonia com as grandes possibilida-des pedaggicas oferecidas pela educao a distncia, enrique-cendo o processo de ensino-aprendizagem.

    O ponto de partida do programa TV Escola foi enviar,para escolas pblicas com mais de 100 alunos, televisor,videocassete, antena parablica, receptor de satlite e um con-junto de dez fitas de vdeo VHS, para iniciar as gravaes doprograma.

    H no Brasil, segundo o Censo de 1999, 60.955 escolas

    pblicas com mais de 100 alunos. Dessas instituies, com umtotal de 28.965.896 alunos e 1.091.661 professores, 56.770 jtrabalham com a TV Escola, o que representa 93% da rede pbli-ca brasileira. O programa transmite quatorze horas de progra-mao diria, com reprises ao longo do dia, de forma a possi-bilitar, s escolas, diversas opes de horrio para gravar osvdeos. Aos sbados e domingos, veiculado o Escola Aberta,uma seleo especial de programas que busca alcanar tambmas famlias e a comunidade em geral.

    Como um dos princpios do trabalho da SEED a integraode diferentes mdias, para enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem e para o aumento do potencial de utilizao de umprograma, a TV Escola complementada por materiais impressos

    como revistas, cadernos, guias para orientar os usurios em rela-o aos programas, cartazes e grade de programao.

    A programao da TV Escola inclui o Programa Saltopara o Futuro, especificamente produzido para o aperfeioa-mento de professores que, em alguns estados e municpios, utilizado como apoio aos cursos de formao de professores

    para as sries iniciais. Esse programa possibilita aos professo-res, de diferentes locais do pas, um contato ao vivo com especi-alistas de um tema em anlise, debatendo-o, interativamente,com outros professores, reunidos em telepostos. Atualmente,so contabilizados mais de 800 telepostos. Alm disso, a parti-cipao dos professores em um determinado nmero de sriesvinculadas permite contagem de pontos para progresso nacarreira.

    Em Santarm, a aplicao do programa TV ESCOLA jest sendo acompanhada nas escolas da rede estadual pelos

    profissionais da 5a URE (Unidade Regional de Educao)1 . Paraque o programa possa se desenvolver, a escola precisa dispor deum profissional (professor) para assistir, selecionar e gravar osprogramas. Todavia, na maioria das escolas estaduais, no hum professor para realizar essa atividade. J nas escolas muni-cipais, onde o programa tem o acompanhamento da SecretariaMunicipal de Educao de Santarm, existe um professor comcarga horria disponvel para desenvolver a atividade, ou seja,o estudo dos programas da TV Escola.

    Outros problemas enfrentados na aplicao da TV Escolaso a falta de professor qualificado e a resistncia aplicaodo programa por parte de alguns professores. Apesar disso, a

    TV Escola possui uma grande aceitao entre os alunos, j queestes podem assistir, vivenciar e interagir com os assuntos trans-mitidos em sala de aula.

    3.2 RDIO PELA EDUCAO3.2 RDIO PELA EDUCAO3.2 RDIO PELA EDUCAO3.2 RDIO PELA EDUCAO3.2 RDIO PELA EDUCAO

    Aproveitando o potencial educativo da linguagemradiofnica, o UNICEF desenvolve, em parceria com as Secreta-rias de Educao de Santarm e de Belterra e com a Rdio Rural,o projeto Rdio pela Educao: para Ouvir e Aprender, im-plantado em 1999. Responsvel pela implantao do projeto, oUNICEF repassa para os municpios 75% de todo material utili-zado para a efetivao do programa, como o guia pedaggico;efetua o pagamento dos funcionrios do projeto, alm de for-necer o rdio, as caixas de som, as sesses, enfim, todo materialradiofnico. As Secretarias de Educao oferecem apenas o acom-panhamento pedaggico (professores). Por fim, a Rdio Ruraloferece o espao para que as sesses sejam transmitidas.

    1rgo da Secretaria de Educao do Governo do Estado do Par, responsvel pelo acom-panhamento das escolas estaduais nos municpios de Santarm, Belterra e Aveiros.

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    A rdio recebe alunos de 1a 4asrie do ensino funda-mental, tanto da zona urbana quanto da zona rural, para for-talecer seus conhecimentos. As sesses radiofnicas, que soutilizadas tambm como recurso pedaggico, so transmitidastrs vezes por semana, nos horrios matutino - das 7 h e 30 mins 8 h e 30 min- e vespertino - das 14 h e 35 min s 15 h e 35min. O projeto, que se sustenta em um trip organizacional desesses radiofnicas, guia pedaggico (contendo as disciplinasde portugus e matemtica) e acompanhamento pedaggico(professores), apresenta as seguintes sesses: sesso pedaggi-ca, entrevista com o professor, entrevista com o aluno, sessobuscativa, sesso sonho do aluno, correio dos alunos, correiopedaggico, sesso de debate, sesso de leitura, rdio novelacom quatro captulos, jornal informativo e entrevista com espe-cialista. Vale ressaltar que o principal problema enfrentado peloprograma Rdio pela Educao a formao inadequada doprofessor e a qualidade de recepo nas escolas da zona rural.

    4 INFORMTICA NA EDUCAO EM ESCOLASPARTICULARES

    A aplicao da informtica nas escolas particulares tempor objetivo disseminar as tecnologias da informao de ma-neira a assegurar educao um alto padro de qualidade eeficincia. Alm disso, busca-se modernizar a gesto escolar. Aadoo dessas novas tecnologias tem como conseqncia o apri-moramento do processo de ensino-aprendizagem. Nesse senti-

    do, os alunos so capacitados a processar novos conhecimentospor meio do domnio das ferramentas da informtica. Os alu-nos tambm adquiriro, alm das habilidades tradicionais, co-nhecimentos sobre computadores e seu manejo, ingressando,assim, no mercado de trabalho com condies mais competiti-vas. Em Santarm, algumas escolas particulares j aplicaminformtica na educao, dentre elas, podemos destacar o Cen-tro Educacional Cristo Salvador (CEDUCS), o Colgio Dom Aman-do (CDA) e o Colgio Santa Clara (CSC).

    4.1 CENTRO EDUCACIONAL CRISTO SAL-4.1 CENTRO EDUCACIONAL CRISTO SAL-4.1 CENTRO EDUCACIONAL CRISTO SAL-4.1 CENTRO EDUCACIONAL CRISTO SAL-4.1 CENTRO EDUCACIONAL CRISTO SAL-VVVVVADOR (CEDUCS)ADOR (CEDUCS)ADOR (CEDUCS)ADOR (CEDUCS)ADOR (CEDUCS)

    Aproveitando as ferramentas que o computador podeoferecer, a aplicao da informtica educao j faz parte doprocesso de ensino-aprendizagem de muitas escolas particula-res. O Centro Educacional Cristo Salvador (CEDUCS) um exem-plo de escola que j opera com a informtica na educao eque, contemplada no projeto pedaggico da escola, aplica-aem todas as sries, desde da educao infantil at o ensinomdio. Dentre os projetos de informtica em aplicao, que o

    Centro Educacional desenvolve, podemos destacar um da edu-cao infantil, Retrato do Meu Aprendizado, com as turmas de1a 4asrie; o Pequeno Escritor, com alunos de 5a 8asrie,

    que objetiva a construo de um livro para a disciplina de Ln-gua Portuguesa e o projeto interdisciplinar, Ecoturismo.

    Para desenvolver os projetos, a escola Cristo Redentorconta com um laboratrio contendo 13 computadores, commultimdia e acesso Internet. Alm disso, outros equipamen-tos, como impressora, scanner e datashow, quando solicitados,

    so disponibilizados pelo Instituto Luterano de Ensino Superiorde Santarm (ILES)2 . Cada professor recebe acompanhamentotcnico de um profissional de informtica. Alm disso, os pro-fessores passam por um treinamento para a correta utilizaodo computador e tambm por um constante estudo para anali-sar, verificar e aplicar, da melhor forma possvel, o projeto deinformtica na educao. Para ajudar no processo de aprendi-zagem, tambm so adotados softwares educacionais, comopor exemplo, o Coelho Sabido, utilizado na Educao Infantil eMatemtica 2.0, no ensino fundamental e mdio. Outros softwares

    no educacionais tambm so usados como o da Microsoft Word,Microsoft PowerPoint e softwares de outras autorias como oEverest. Com o uso desses softwares, os alunos podem interagirmais com os projetos que esto sendo desenvolvidos.

    Entre as maiores dificuldades enfrentadas na aplicao daInformtica Educao esto a inexistncia de um laboratrioespecfico para os alunos da Educao Infantil e de 1a 4asrie doensino fundamental. Um laboratrio especfico possuiria banca-das, mouses e cadeiras com tamanhos diferenciados, adequadosconforme o tamanho dos alunos. Alm disso, h resistncia quan-

    to aplicao do programa por parte de alguns professores.4.2 COLGIO DOM AMANDO (CDA)4.2 COLGIO DOM AMANDO (CDA)4.2 COLGIO DOM AMANDO (CDA)4.2 COLGIO DOM AMANDO (CDA)4.2 COLGIO DOM AMANDO (CDA)

    O Colgio Dom Amando (CDA) aplica a informtica naeducao desde o ensino fundamental at o ensino mdio. Den-tre os projetos de informtica na educao, podemos destacar:Projeto de Arte Grega e Romana, Montagem de um dicionrio,Livro de Poesias, etc. Para desenvolver esses projetos, a escolaconta com um laboratrio contendo 26 computadores e acesso Internet. Alm disso, tambm possui outros equipamentos como

    impressoras, scanners, filmadora, vdeo cassete, mquina digi-tal, entre outros (SOBRINHO, 2002).

    Nessa escola, a informtica aplicada educao utiliza ocomputador como ferramenta, ou seja, no existindo uma dis-ciplina exclusiva de informtica. A informtica serve de apoiopara as outras disciplinas. Cada professor tambm possui acom-panhamento tcnico permanente, que consiste no apoio de umprofissional de informtica. Alm disso, os professores so cons-tantemente capacitados, de seis em seis meses, para a correta

    2O ILES e o Centro Educacional Cristo Salvador funcionam no mesmo local e compartilhamparte de sua infra-estrutura.

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    na Educao vista nos cursos de Administrao e Planejamentopara Docentes e de Administrao Educacional. Apesar de teruma boa aceitao por parte dos alunos, um dos maiores pro-blemas enfrentados o desconhecimento total da informticapor parte de alguns alunos (BENTES, 2002). Tambm ofereci-do um curso de especializao exclusivamente em Informticana Educao.

    Este ltimo curso, iniciado em janeiro de 2002, possui 13disciplinas na rea da informtica e da pedagogia, somando umtotal de 460 horas. Em especial, os alunos aprendem a utilizar, deforma correta, as ferramentas da informtica, viabilizando a con-cepo dos seus objetivos educacionais. Alm disso, os alunostrabalham com as disciplinas de metodologia da pesquisa emonografia, que lhes possibilita o desenvolvimento de estudos ede pesquisas na rea. Para a realizao do curso, que ocorre noperodo de recesso da graduao, nos meses de janeiro e de julho,

    a instituio faz uso dos mesmos laboratrios dos cursos de gra-duao do ILES Santarm. Tais laboratrios so equipados com osrecursos necessrios para que o professor possa ministrar suasaulas. O pblico-alvo do curso de informtica na educao soprofissionais de diversas reas de formao, como bacharis eminformtica, licenciados em pedagogia e outros que, em sua mai-oria, j trabalham na rea de educao. Aps o trmino do curso,os egressos estaro capacitados a trabalhar, de forma crtica, coma tecnologia da informao e com os projetos desenvolvidos emsua escola de atuao.

    Desde a primeira turma do curso, foram exigidos, almda graduao concluda, conhecimentos mnimos de informtica.O corpo docente do curso formado por profissionais deinformtica, em maior nmero, e de educao. Apesar disso,todos os docentes possuem conhecimentos nas duas reas e tma titulao de mestre ou de especialista.

    6 CONCLUSO

    Como o computador ser essencial s escolas no futuro,

    importante observar que, por mais que se criem laboratrios bemequipados e um bom ambiente de aprendizagem, o sucesso dessaatividade s ser alcanado se houver o envolvimento de todos osprofessores com essa nova realidade, uma vez que o uso dessastecnologias de informao impe mudanas nos mtodos de tra-balho dos professores, ocasionando modificaes nas escolas e naeducao. Alm disso, o planejamento das atividades com o usodas ferramentas do computador fundamental para a definio

    dos objetivos especficos da escola, caso contrrio, o computadoracaba sendo utilizado, no como uma ferramenta de aprendiza-gem, mas sim como um passatempo entre as atividades da escola.

    Em Santarm, o maior problema enfrentado na aplica-o da Informtica na Educao a resistncia dos professores.Essa situao pode ser verificada tanto nas escolas particulares

    da cidade Colgio Dom Amando, Colgio Santa Clara e Cen-tro Educacional Cristo Salvador como nas escolas pblicas.Mas tambm se verifica uma tentativa de soluo para esseproblema, com a criao de alguns cursos de capacitao, comoo de ps-graduao em Informtica na Educao do ILES/ULBRA,em incio, e os cursos de capacitao do Ncleo de TecnologiaEducacional de Santarm. Entretanto, at agora, essas iniciati-vas ainda no apresentaram resultados prticos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AGNCIA Nacional de Telecomunicaes ANATEL. Disponvelem:< http://www.anatel.gov.br.> Acesso em: 01 agosto de 2001.

    BENTES, Socorro: depoimento [maio. 2002]. Entrevistadora: M.Pacheco. Santarm: ILES PA, 2002. Entrevista concedida aoProjeto Informtica na Educao em Santarm.

    DUARTE, Eliane: depoimento [maio. 2002]. Entrevistadora: M.Pacheco. Santarm: ILES PA, 2002. Entrevista concedida aoProjeto Informtica na Educao em Santarm.

    GANDRA, Tatiana Brasil Brando: depoimento [abr. 2002].Entrevistadora: M. Pacheco. Santarm: ILES PA, 2002. Entre-vista concedida ao Projeto Informtica na Educao em Santarm.

    PEREIRA, Clber Bidegain. Informtica na Educao. Revistaortodontia, So Paulo, ano 4, n.17 Jan./fev. 1992. Disponvelem: .Acesso em: 01 Jun. 2002.

    PINTO, Eliel Marlon de Lima: depoimento [junho. 2002].Entrevistadora: M. Pacheco. Santarm: ILES PA, 2002. Entre-

    vista concedida ao Projeto Informtica na Educao em Santarm.PROINFO MEC. Desenvolvido pelo Ministrio da Educao eCultura. Disponvel em:< http:// www.proinfo.mec.gov.> Aces-so em: 05 Jun. 2002.

    SOBRINHO, Marialina Corra: depoimento [abr. 2002].Entrevistadora: M. Pacheco. Santarm: ILES PA, 2002. Entre-vista concedida ao Projeto Informtica na Educao em Santarm.

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    CAMINHOS E TRILHAS ELETRNICAS: UMA LITERATURA EMCONSTRUOMisanira Arruda

    Misanira Arruda professora do Curso de Letras do ILES Santarm.

    Resumo

    O presente artigo fornece uma viso sobre o texto informatizado - hipertexto, hipermdia, multimdiae fico literria. Mostra at que ponto, e de que maneira, se diferenciam a forma e a sensibilidade literriada modernidade e da ps-modernidade frente ao avano da tecnologia digital, e como se processar arelao leitor/texto diante do novo quadro, que se estrutura na questo dos novos gneros literrios. Abrea discusso sobre a forma e a maneira de nos colocarmos neste questionamento, frente s posturas moder-nas e ps-modernas diante dessa questo. Examina-se ainda at que ponto a literatura est envolvida equais os papis da crtica literria moderna na criao e recriao do espao da fico literria e nas novasrelaes textuais.

    Palavras-chave: texto informatizado, hipermdia, hipertexto.

    Abstract

    The present article shows a vision of the question about digital text, hypertext, hypermedia, multimediaand literary fiction. It shows how and in which manner they are different in form (style) and the literarysensibility of the modern and post-modern in front of the advance of digital technology. Also, how oneexpects that will be the relation between reader/text towards a new vision that brings the question about new

    literary forms. It opens the discussion about the way and the manner one assumes it while facing this quest,and what are the modern and post-modern posture related to the question focused. It also examines theinvolvement level and which are the role of the modern literary criticism at creation and recreation of spaceand at new textual relations.

    Key words: Informatized, text, hypermedia, hypertext.

    Espao Cientfico - Revista do Inst. Luterano de Ensino Superior de Santarm - 2003 - Vol. 4 - pginas 19 a 22

    Letras

    A Internet vem se tornando um campo frtil para experi-mentaes literrias, envolvendo o hipertexto e recursos

    multimdia. As meras transposies de textos literrios para onovo ambiente comunicacional, que marcaram os primrdiosda Internet, esto dando lugar a obras que so produzidas

    dentro de uma lgica prpria de estruturao e funcionamento,utilizando-se softwares, especificamente desenhados para a cri-

    ao literria e com vistas a um aproveitamento pleno das pos-sibilidades do hipertexto, multimdia e interatividade.

    O advento das mdias digitais de massa e das recentes

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    tecnologias de informao/comunicao coloca em xeque opapel tradicional da literatura e da arte como um todo, desen-cadeando um movimento de autoquestionamento a partir deseus prprios fundamentos. Estes questionamentos ocorrem sobdiversos aspectos, dentre os quais podemos citar: a noo econcepo de autoria, a fragmentao da narrativa, as novasrelaes textuais - criadas a partir do conceito de hipertexto, arelao texto/imagem, a interatividade, a virtualizao do tex-to literrio e a introduo do conceito de cyberliteratura.

    Diante desse quadro, comea a ser esboada uma poticada literatura ps-moderna e de suas relaes com o mundovirtual, atentando-se especialmente para as obras que procu-ram redefinir e ampliar o estatuto do literrio, seja pelo dilogointersemitico do texto com imagens, sons e movimentos, sejapelo questionamento de conceitos sobre leitura, autoria, narra-tiva e representao. Uma das discusses que atualmente tem

    merecido lugar de destaque no campo das cincias humanas ,sem dvida, a questo relativa ao pensamento e produoliterria na era do digital.

    HIPERTEXTO, MULTIMDIA, HIPERMDIA EFICO LITERRIA

    Diversos autores tentam explicar o que significam estestermos, to em uso nos ltimos tempos. Lucia Leo, no seu livroO Labirinto da Hipermdia (1999, p. 15), explica de maneira

    simples o que um hipertexto: um documento digital com-posto por diferentes blocos de informaes interconectadas,atravs de vnculos eletrnicos ou links, que permitem ao usu-rio avanar na leitura na ordem desejada.

    Muito vinculado tambm ao uso do computador, encon-tra-se a palavra multimdia, que em seu sentido mais comumrefere-se incorporao de informaes diversas como som,textos, imagens, vdeo, etc., em uma mesma tecnologia -o com-putador (idem, p.16). Hipermdia, por sua vez, umatecnologia que engloba recursos do hipertexto e multimdia,

    permitindo ao usurio a navegao por diversas partes de umaplicativo, na ordem que desejar (idem, p.17).

    Para Pierre Lvy (1997), os chamados blocos de textosso ns e os links conexes. Para ele, o chamado hipertexto

    um conjunto de ns ligados por conexes. Os ns podem serpalavras, pginas, imagens, grficos ou partes de grficos,seqncias sonoras, documentos complexos que podem elesmesmos ser hipertextos. Os itens de informao no so liga-dos linearmente, como em uma corda com ns, mas cada umdeles, ou a maioria, estende suas conexes em estrela, demodo reticular. Navegar em um hipertexto significa, portanto,

    desenhar um percurso em uma rede que pode ser to compli-cada quanto possvel. (LVY, 1997, p. 33)

    Ele explica que a idia de hipertexto foi enunciada pelaprimeira vez pelo matemtico e fsico Vannevar Bush, em 1945,quando trabalhava em um dispositivo denominado Memex,

    para organizar informaes. Contudo, foi s na dcada de 1960,quando os primeiros sistemas militares de teleinformtica fo-ram instalados, que Theodore Nelson inventou o termohipertexto para exprimir a idia de escritura/leitura no linearem um sistema de informtica (LVY, 1997 p. 29). Nelsonreferia-se ao sistema chamado Xanadu, uma imensa rede aces-svel em tempo real, como ele sonhava, contendo todos os tesou-ros literrios e cientficos do mundo, que milhes de pessoaspoderiam utilizar, para escrever, se interconectar, interagir,comentar os textos, filmes e gravaes sonoras disponveis na

    rede, anotar os comentrios, etc. (ibidem). interessante destacar que, para Lvy, o hipertexto no

    deve ser limitado s tcnicas de comunicao contempornea,pois ele retoma e transforma antigas interfaces da escrita.

    A impresso, por exemplo, primeira vista sem dvida umoperador quantitativo, pois multiplica as cpias. Mas represen-ta tambm a inveno, em algumas dcadas, de uma interfacepadronizada extremamente original: pginas de ttulos, cabe-

    alhos, numerao regular, sumrios, notas, referncias cru-zadas. Todos estes dispositivos lgicos, classificatrios e espa-ciais sustentam-se uns aos outros no interior de uma estruturaadmiravelmente sistemtica: no h sumrios sem que hajacaptulos nitidamente destacados e apresentados; no h su-mrios, ndice, remisso a outras partes do texto, e nemreferncias precisas a outros livros sem que haja pginasuniformemente numeradas. (Idem, p. 34)

    Quer dizer, existe uma relao dos textos com a escrita,

    que, desde o momento em que foi inventada, permitiu a possi-bilidade de um exame rpido do contedo, de acesso no lineare seletivo ao texto, de conexes com outros livros graas a notasde roda p de pginas e s bibliografias.

    Podemos fazer uma relao semelhante dos textos ele-trnicos com a estrutura dos textos de Fico Literria que pos-suem sumrio e notas para nos remeter a determinadas pgi-nas. Esto organizados em captulos e estes em sees fixas,permitindo uma rpida procura da informao desejada. Osttulos e as imagens do livro chamam nossa ateno, dando-nos

    uma primeira idia da informao apresentada. S ento, co-meamos, aps olhar o livro e sua capa, a ler-lhe o sumrio, atque alguma matria atraia nossa ateno e nos detenha, para

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    uma leitura especfica. Essa estrutura reflete, em parte, a estru-tura atual, das verses on-line,dos chamados textos eletrnicos.Eles so divididos em partes similares ao livro impresso: umaprimeira pgina com as informaes principais dos captulos.Dali o usurio comea a navegar dentro das pginas, deacordo com o seu interesse, atravs dos links, que podem estarem imagens, textos ou qualquer elemento da pgina.

    Os links permitem uma ruptura da seqencialidade dotexto, uma liberdade que no possvel no modelo de textolinear. O assunto que, por motivos de espao, precisa ser sucintopara a verso impressa, no precisa do mesmo tratamento naverso on-line, da esta verso ser maior que aquela. Uma pu-blicao digital que otimiza o uso de hipertexto podedisponibilizar links em determinadas matrias ou assunto paraoutras pginas dentro de seu prprio site ou outros sites, cominformaes detalhadas sobre o assunto tratado, ou disponibiliza

    links para edies passadas. Esta publicao tambm deveriafragmentar reportagens maiores em textos ligados entre si porlinks, j que grandes documentos dificultam a leitura e demo-ram a ser transferidos para a tela.

    Por sua vez, a exigncia de textos eletrnicos, no s asresenhas, mas tambm os constitudos por temas para que pos-sam ser levados a hipertexto com imagens, requer maior orga-nizao no planejamento quando comparado verso impres-sa. Alm disso, deve-se pensar na possibilidade de usar recursosmultimdia, como gravaes de partes de entrevistas e at mes-

    mo vdeos relacionados informao, tudo atravs de links.Mas, sempre levando em conta que quanto mais recursos e ima-gens houver numa determinada pgina mais tempo levar paraser carregada no computador do usurio, que muitas vezes notem tempo disponvel.

    Para facilitar toda essa viagem atravs das pginas, ousurio conta com o que Lvy (1997) chama de princpios deinterao amigvel: a utilizao de cones de fcil compreensodas estruturas de informao e dos comandos; o uso de mouseque permite ao usurio agir sobre o que ocorre na tela de forma

    intuitiva; os menus que mostram ao usurio as operaes queele pode realizar e uma tela grfica de alta resoluo (p. 36). Aisso podemos agregar alguns servios de busca por palavra-chave, que nos oferecem algumas verses on-line do texto, eoutros servios, como publicaes na rea de conhecimento de-sejada, acesso base de dados das livrarias ou redes de acervobibliogrfico das universidades ou do prprio site do autor.

    Outra das caractersticas do novo texto refere-se interatividade ou participao direta do usurio na publicao.Segundo explica Andr Mata, no seu Guia da Internet (1997,

    as notcias nos servios on-linee publicaes digitais na Web

    no so distribudas, como nas formas anteriores de editorao(mdia impressa, rdio, TV, impresso, etc.), mas simdisponibilizadas em redes globais de computadores. Isto querdizer que preciso haver um movimento ativo do leitor embusca das informaes que lhe interessam em diversos site.

    Segundo ele, o que mais chama a ateno no texto on-line essa juno entre interatividade e comunicao de massas,at h pouco tempo dissociadas, j que no se pode falar deinteratividade na televiso, no rdio e nos meios impressos.

    Para aproveitar esse potencial interativo da rede, os tex-tos literrios on-line e as publicaes em geral esto fazendouso de recursos como e-mail, os chats ou bate-papo e aspesquisas ou enquetes on-linesobre diversos temas de atualida-de. De todos esses recursos, o mais utilizado o e-mail, paracomunicao direta entre autores, editores, especialistas e usu-

    rios ou leitores. Tambm existem os chamados fruns de discus-so de temas especficos, onde, atravs de e-mail, os usuriosmandam opinies. Estas ficam disponveis na seo para seremlidas por quem se interesse em ler ou enviar a sua.

    Assim, podemos ver como o hipertexto desafia as prti-cas tradicionais de texto e como, diante da prtica corrente domtodo de close reading, tornou-se, igualmente, problemti-co o nosso conceito tradicional de literatura. A crise da crticadecorre em grande parte do fim das ideologias, que arrastouconsigo as metodologias literrias afins (o estruturalismo e aescola de Frankfurt, a psicanlise e a crtica marxista). A idiade colaborao tornou-se mais determinante do que a idia decoerncia textual ou mesmo de pertinncia semntica.

    inevitvel que a interatividade venha a modificar orelacionamento da crtica com o navegador da Internet. Primei-ro ponto: se, por um lado, o excesso de informao e a necessi-dade de encontrar critrios de dizimao, de subtrao, oude adio, provavelmente, cria papis flexveis que variam dedomnio para domnio, por outro lado, o futuro ser pior que o

    presente e atingiremos um nvel em que o excesso de informa-o e de censura se tornaro inseparveis. Os estudos acerca dautilizao dos hipertextos (DEDE, 1988; FOSS, 1988) trazem luz certos obstculos que derivam essencialmente da desorienta-o e da sobrecarga cognitiva provocadas pela navegaohipertextual (entropia cognitiva). Note-se, como P. Virilio otem feito, que: nunca h informao sem desinformao. Euma desinformao de novo tipo parece possvel doravante,nada tendo a ver com a censura voluntria. Segundo ponto: oda identificao do leitor com o crtico e a conseqente mortedeste: A opinio de toda a gente tem mais ou menos o mesmopeso on-line...No passo de mais um fulano on-line, diz ofamosssimo crtico de cinema Roger Ebert. Um frum on-line?Ser esse o futuro da crtica? Terceiro ponto: o da interatividade

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    multisensorial, a que se refere Laufer, por exemplo, e em que,pelo menos no mundo do cyborg, entra em cena a engenhariado corpo eltrico.

    Da mesma maneira que no faz sentido falar do fimdo texto, em vez de falarmos do fim da crtica, melhor serfalarmos da sua transformao. Pode-se praticar uma crtica

    comprometida que no meramente posicionada, que j no ideologicamente alinhada de qualquer forma clara e mani-festa e que j no obrigada a manter uma posio ou apre-sentar uma defesa argumentativa - que de preferncia n-made e ttica.

    Os problemas comeam com a definio da textualidade,prolongam-se na questo da prtica textual, que se d pelonome de close reading, desembocam na sociologia da recep-o, (por exemplo: como classifico Isto? como lido com a clu-sula e a indeterminao nas narrativas interativas?), prolon-

    gam-se com a questo da censura e terminam com a questodos direitos de autor. Parece evidente que a mutao tecnolgicatrazida pelo hipertexto tambm uma mutao cultural. Atecnologia do hipertexto liberta da antiga opresso das tcnicasde reproduo e das instncias de destinao; espera-se que aprtica da hiperfico produza o mesmo efeito libertador, napassagem do paradigma clssico da literatura para o novoparadigma em presena.

    A teoria desconstrutiva pode ser vista como o culminar dediferentes histrias da leitura, porque nada existe fora do texto,tambm no existe distncia entre leitor e texto. Igualmente, a idiade texto originrio se esvai, perdendo-se a linha que separava acrtica da criao literria da criao textual. Uma nova tarefa,nunca acabada e aportica, incumbe agora ao crtico: descentrar otexto, abrindo-o a outros textos, disseminar, dinamitar os horizon-tes semnticos da textualidade. No apenas Hartman que acusa oscrticos da linha de Derrida de terem perdido o contato com a tradi-o arnoldiana e terem renunciado transmissibilidade e a umacerta intersubjetividade. Hartman partilha com Arnold uma concep-o da funo do crtico como profeta.

    No fim da era mecnica, muitos daqueles que no estoon-line parecem possudos de uma certa dose de tecnofobia,derivada de um medo visceral do que a Net representa. Ao ouvirpalavras como piratas e genricos, imediatamente pressu-pem que o ciberespao um terreno frtil para criar perverti-dos virtuais e cyberfreaks empenhados em corromper a soci-edade. O novo texto constitui-se no processo de refazer os textosantigos, de os violar e de se abrir deliberadamente aos desafiosde leituras alternativas.

    A questo dos direitos do autor est sempre presente nodiscurso sobre a publicao eletrnica. Esses direitos tendem aser um problema mais complicado no campo das humanidadesdo que no das cincias. Nestas ltimas, a publicao de investi-gao concentra-se sobretudo em revistas, e os editores tmvindo progressivamente reclamar direitos de autor sobre elas.Historicamente, a lei sobre os direitos de autor tem protegido apropriedade intelectual, controlando a distribuio e reprodu-o dos meios fsicos que corporizam essa propriedade intelec-tual (um livro, por exemplo). O que contraria este regime criadopela Internet o fato de que a mquina utilizada para aceder obra - o computador - a mesma mquina que o leitor habitualpode usar para reproduzir e distribuir instantaneamente mlti-plos exemplares da obra. A publicao eletrnica no respeitafronteiras nacionais e a transmisso de obras pelos sistemas on-line h muito que possvel. Com a transformao do texto,tambm a crtica se transformou. Ser a potica do hipertexto

    uma das formas do trabalho (da potica) do luto?

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARRABAL, Gabriel. Periodismo eletrnico e infografia. Dispon-vel em . Acesso em: 25 de junho de 1997.

    GARCA, Mario. Print for the Web. Indianapolis, Hayden Books,1997.

    GUIZZO, rico. Internet. O que , o que oferece, como conectar-se. So Paulo, tica, 1999.

    HINOJOSA, Homero. Incrementael uso del Internet en laspublicaciones. In: Revista Hora de Cierre. SIP. Disponvel em. Acesso em: maro de 1997.

    LEO, Lucia. O labirinto da Hipermdia. Arquitetura e navega-o no ciberespao. So Paulo, Iluminuras, 1999.

    LVY, Pierre. As tecnologias da inteligncia. O futuro do pensa-mento na era da informtica. Rio de Janeiro, Editora 34, 1997.

    MORFN, Jaime. Investigacin sobre la prensa de Amrica Latinaen Internet. University of Texas at Austin College of Comunication.Disponvel em .Acesso em: junho de 1997)

    NOCI, Javier Daz. Tendencias del periodismo electrnico. Unaaproximacin a la investigacin sobre medios de comunicacinen Internet. In: Revista Zer, Pas Basco. Disponvel em. Acesso em: maio de 1997.

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    CINEMA E LITERATURA: INTERAO ENTRE AS DIVERSAS ARTES11111Joel Cardoso

    Joel Cardoso professor de Literatura Brasileira, do programa de graduao e ps-gradu-ao da UFPA.

    ResumoReflexes sobre a utilizao do cinema como possibilidade de leitura na prtica pedaggica nas aulas

    de Literatura. Do texto literrio para o texto flmico ou vice-versa.

    Palavras-chave: texto literrio, texto flmico, interdisciplinaridade, processos de leitura.

    Abstract

    Reflections about the utilization of cinema as possibility of reading in pedagogic practice in literatureclasses. From the literary text to the filmic text, or vice-versa.

    Key words: Filmic Text, Literary text, Interdisciplinary, Reading process.

    Espao Cientfico - Revista do Inst. Luterano de Ensino Superior de Santarm - 2003 - Vol. 4 - pginas 23 a 26

    Letras

    SOBRE A LEITURA

    Admitindo, por conseguinte, que todo o fenmeno artsticoconstitui um peculiar fenmeno comunicativo, julgamos teorica-mente indispensvel o reconhecimento de que as vrias artespossuem um estatuto comunicacional diferenciado. Esta diferen-ciao funda-se na natureza diversa dos signos constituintes dosistema semitico de cada arte, na heterogeneidade dos cdi-gos, dos canais, dos mecanismos de recepo e dos factorespragmticos actuantes em cada arte. A literatura, dada a suaessencial solidariedade semitica com o sistema da comunicaopor excelncia de que o homem dispe a linguagem verbal -, ocupa necessariamente uma posio privilegiada entre todasas artes. (VTOR MANUEL DE AGUIAR E SILVA)

    Parece cada vez mais difcil conceber um sistema de imagens ouobjetos, cujos significados possam existir fora da linguagem.

    (...)

    Haver um sistema de signos que possa dispensar a lin-guagem articulada? A palavra no ser o elemento de difusofatal de qualquer ordem significante? (ROLAND BARTHES) ***

    Antes da aquisio da leitura, como a concebemos for-malmente, j ramos leitores. Todos ns somos seres que, parasobreviver, somos inapelavelmente leitores. Aprendemos a ler

    desde a mais tenra idade. A leitura, a capacidade de compreen-so, de apreenso, viabiliza-se em processos de decodificao,de descodificao inteligveis e interativos de mensagens, asmais diversas. Formal ou informalmente, lemos, por exemplo,a realidade que nos cerca, as fisionomias das pessoas, os fen-menos da natureza, os gestos e as reaes, enfim, o mundo.Seres ficcionais quando criamos a fico - e ficcionalizados(quando somos criados por outros), ns sempre nos interessa-mos pelas narrativas. Narramos as nossas vidas e tomamosconhecimento da vida e, pela vida afora, de outras narrativas,

    que constituem as outras pessoas, outras existncias, outros con-textos, quer pessoais, quer histricos, nos quais estamos deum modo ou de outro - inseridos. Transformamos nossas vidas

    1Texto apresentado durante o Primeiro Encontro de Arte-Educadores do PROJETO ARTE NAESCOLA, em Belm, em setembro de 2003.

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    em discursos que, institudos como tais, nos remetem ao mundoda fico. Eis-nos, ento, fico de ns mesmos, das nossasrealidades, das nossas vidas. Ora, cinema e literatura so, via deregra, artes essencialmente narrativas.

    Nem apocalpticos, nem integrados, para parodiarUmberto Eco2 , vivemos o af de modernidade, na qual,

    ininterruptamente, as diversas linguagens, os diversos cdigosse misturam, se cruzam, se sobrepem. Linguagens e cdigosadvindos das mais diversas fontes: livros, jornais e revistas,rdios, televiso, sistemas computadorizados, slogans, outdoors,sinais de trnsito, desenhos animados, cinemas, teatros, RPGetc. Se um discurso no existe isoladamente, vindo sempre per-passado, entrecortado, referenciando ou carregando explcitaou implicitamente outros discursos, embutindo e escamoteandooutros referenciais, um texto, qualquer que seja ele, tambmno existe estanque e compartimentado. Um texto remete sem-

    pre a um outro, clara ou tangencialmente, que, por sua vez,como no clebre poema de Joo Cabral, Tecendo a manh, nosremete a outros textos, outros contextos.

    LITERATURA E CINEMA

    Os desenvolvimentos da lingstica, da antropologia e da psica-nlise suscitaram o aparecimento de uma nova disciplina ouinterdisciplina cientfica: a semiologia,que estuda os diferentes

    sistemas de signos e smbolos que constituem as mtiplasformas de comunicao. (...) Vrios estudiosos propuseramque o mtodo das cincias humanas fosse capaz de descrevere interpretar esses subsistemas e o sistema geral que osunifica. Esse mtodo a semitica, tomada como metodologiaprpria s cincias humanas e capaz de unific-las. (MARILENACHAU)

    O que pretendemos numa primeira instncia correlacionar ou fazer uma aproximao entre dois sistemas

    estruturados de cdigos, que se viabilizam concretamente atra-vs de linguagens e signos absolutamente distintos e autno-mos. Referimo-nos, aqui, Literatura e ao Cinema.

    Muito mais antiga e com uma soberania tradicionalmen-te instituda e aceita, com seu statusmuito bem definido nomundo cultural e das artes, a Literatura, como sabemos, , pri-mordialmente, a arte da palavra. Exige, para a sua elaborao,na maioria das vezes, o ato solitrio de apenas um criador. OCinema, ao contrrio, uma arte plural, centrada, sobretudo,na imagem visual. Para sua elaborao exige criao conjunta

    e esforos de muitos artfices. A linguagem do Cinema, que como produto final - se pretende unvoca, para se constituir,incorpora, paradoxalmente, outras modalidades artsticas, cadaqual com caractersticas e constituies prprias, com existnciase gramticas particulares. Fazem parte da arquitetura cinema-togrfica, vale citar, a ttulo de ilustrao, a msica, a palavrafalada e escrita, a fotografia, a pintura, o movimento, a dana,a encenao, o teatro, a pera, o jogo de luz.

    Se a Literatura se constitui, em muitos casos, o ponto departida para a criao cinematogrfica, na modernidade, en-tretanto, o Cinema, invertendo esta rota, tem, por seu turno,interferido amide - com suas tcnicas, sua gramtica nosprocessos de criao literria. Basta que pensemos nos procedi-mentos de fragmentao que tm caracterizado boa parte daproduo literria contempornea. Embora possam caminharparalelamente, ambas as modalidades Cinema e Literatura

    so linguagens distintas e tm, tambm, objetivos absoluta-mente distintos e particulares.

    O destinatrio, tanto da Literatura, o leitor, quanto doCinema, o espectador, tambm apresenta caractersticas distin-tas. Na literatura, deparamo-nos com um receptor nico, o lei-tor, que recria, no ato de ler, o texto com o qual se defronta. Ocinema pode ter um nico ou mltiplos receptores, no caso, osespectadores, para uma nica exibio, ou seja, para um mes-mo texto flmico.

    Se no mundo moderno, a palavra escrita est perdendo asua primazia, se somos massificados pela ditadura das imagensque assolam o nosso cotidiano, principalmente nos centros ur-banos, ns, enquanto educadores, temos uma preocupao comos nossos alunos, nascidos e criados sob a gide da TV, dos jogoseletrnicos uma praga - e do computador. Esse pblico preci-sa ser trabalhado para, em relao s artes de uma formageral, e literatura de uma forma particular, desenvolver asensibilidade adormecida quanto ao ato de leitura, qualquerque seja ele. Na sua prtica docente, o professor pode ou seriadeve? - utilizar outros recursos que facultassem uma interao

    maior com a realidade exterior escola. Uma possibilidadeseria lanar mo dos recursos oferecidos tanto pela Literaturaquanto pelo Cinema, propiciando ao aluno uma ponte queinterligasse, de forma potica potica, artstica e sensivelmente,as palavras material da Literatura -, aos recursos visuais eauditivos oferecidos pelo Cinema, levando o leitor a aprender eapreender - paulatina, mas ininterruptamente - a leitura crticadas imagens.