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IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP DRACENA X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP DRACENA I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRNÔMICA DA UNESP DRACENA 11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013 PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE E A CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE BEM-ESTAR ANIMAL EM UNIVERIDADES DE DRACENA/SP. Saes R. L. i , Tomaz L. A.¹, Gaku L. M. O.¹, Maestá S. A.²,Heinrichs R. 2 1 Graduandos em Zootecnia, UNESP- Campus de Dracena 2 Professora Doutora, UNESP Campus de Dracena. Introdução O conceito de bem-estar animal foi, em seu início, estabelecido dentro de parâmetros de natureza muito ampla e de aspectos pouco científicos e, portanto, de difícil aceitação por países produtores de carne (HUGHES, 1976). Hoje a proteção aos animais é um tema de interesse geral da sociedade, que incorpora questões éticas, científicas, econômicas e políticas, tendo estreita relação com produtividade e saúde animal. Face às condições do agronegócio brasileiro ter crescido e as exportações terem que obedecer a exigências de normas internacionais, inclusive com relação ao bem-estar animal, este tema tem hoje importância e está sendo discutido intensamente pela sociedade civil, visando à atualização das normas inicialmente editadas nos anos 20. No Brasil, a primeira lei que possuía abrangência sobre todas as espécies foi o decreto 24.645, de 1934, o qual decretava que todos os animais eram tutelados do estado e proibia maus-tratos aos animais (Brasil, 1934). Em relação aos animais de produção, em 1952, foi estabelecido o decreto nº 30.691, o regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal RIISPOA, que regulamentou o sacrifício de animais de açougue por métodos humanitários, utilizando-se de insensibilização baseada em princípios científicos, seguida de sangria imediata (Brasil, 1952). O consumo consciente torna-se cada vez mais comum e evoca um consumidor que compra alimentos produzidos sob condições éticas, que preservem o meio ambiente e que tenham certa responsabilidade social. Objetivos Objetivou-se avaliar o comportamento de universitários consumidores de carne de duas faculdades da cidade de Dracena-SP, buscando identificar o perfil do consumidor com relação ao hábito de consumo, frequência de compra, e principalmente quanto à percepção às questões relacionadas ao bem-estar oferecido aos animais de produção, tais como diferentes sistemas de produção e qual propiciam o maior conforto aos animais. A fim de conscientizar os consumidores sobre a questão do bem-estar animal envolvidos na criação de animais de produção.

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Page 1: PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE E A … · classificaram como bom, 33,7% como ruim e 6,1% como muito ruim. Quando questionados quanto à diferença entre os dois sistemas de criação

IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA

X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP – DRACENA

I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRNÔMICA DA UNESP – DRACENA

11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013

PERFIL DO CONSUMIDOR DE CARNE E A CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE

BEM-ESTAR ANIMAL EM UNIVERIDADES DE DRACENA/SP.

Saes R. L.i, Tomaz L. A.¹, Gaku L. M. O.¹, Maestá S. A.²,Heinrichs R.2

1Graduandos em Zootecnia, UNESP- Campus de Dracena 2Professora Doutora, UNESP – Campus de Dracena.

Introdução

O conceito de bem-estar animal foi, em seu início, estabelecido dentro de parâmetros de

natureza muito ampla e de aspectos pouco científicos e, portanto, de difícil aceitação por

países produtores de carne (HUGHES, 1976). Hoje a proteção aos animais é um tema de

interesse geral da sociedade, que incorpora questões éticas, científicas, econômicas e

políticas, tendo estreita relação com produtividade e saúde animal. Face às condições do

agronegócio brasileiro ter crescido e as exportações terem que obedecer a exigências de

normas internacionais, inclusive com relação ao bem-estar animal, este tema tem hoje

importância e está sendo discutido intensamente pela sociedade civil, visando à atualização

das normas inicialmente editadas nos anos 20. No Brasil, a primeira lei que possuía

abrangência sobre todas as espécies foi o decreto 24.645, de 1934, o qual decretava que

todos os animais eram tutelados do estado e proibia maus-tratos aos animais (Brasil, 1934).

Em relação aos animais de produção, em 1952, foi estabelecido o decreto nº 30.691, o

regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal – RIISPOA, que

regulamentou o sacrifício de animais de açougue por métodos humanitários, utilizando-se de

insensibilização baseada em princípios científicos, seguida de sangria imediata (Brasil,

1952). O consumo consciente torna-se cada vez mais comum e evoca um consumidor que

compra alimentos produzidos sob condições éticas, que preservem o meio ambiente e que

tenham certa responsabilidade social.

Objetivos

Objetivou-se avaliar o comportamento de universitários consumidores de carne de duas

faculdades da cidade de Dracena-SP, buscando identificar o perfil do consumidor com

relação ao hábito de consumo, frequência de compra, e principalmente quanto à percepção

às questões relacionadas ao bem-estar oferecido aos animais de produção, tais como

diferentes sistemas de produção e qual propiciam o maior conforto aos animais. A fim de

conscientizar os consumidores sobre a questão do bem-estar animal envolvidos na criação

de animais de produção.

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IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA

X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP – DRACENA

I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRNÔMICA DA UNESP – DRACENA

11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013

Material e Métodos

Foi utilizada a amostragem aleatória simples, sendo coletadas informações nas

universidades de Dracena-SP. A pesquisa foi do tipo “survey”, utilizada para a obtenção de

informações por intermédio de uma entrevista com os participantes. Esta foi composto por 17

questões fechadas, destinados a todos os públicos, abordando ambos os sexos e a idade

variou dos 19 a 59 anos. Deste modo foram observados os seguintes tópicos abordando

temas como preferência, frequência de consumo, às questões percepção em relação de

bem-estar animal. Após cada questionário respondido foi entregue um flyer para a

conscientização da comunidade em relação ao bem-estar animal.

Resultados e Discussão

Os resultados encontrados na pesquisa verificaram que 2% dos entrevistados não são

consumidores de carne, contra 98% que consomem. Com relação à frequência de consumo

72,45% da amostra populacional consomem carne quatro vezes ou mais por semana,

seguido de 22,45% que consomem 3 vezes, e 5,1% que consomem duas e uma vez por

semana. Quanto ao conhecimento do sistema de produção empregado na criação dos

animais 42,9% diz conhecê-los contra 57,1% que desconhece. Gameiro (2007) cita que a

distância entre o setor produtivo e o consumidor final provoca uma assimetria nas

informações, impedindo o consumidor de tomar decisões de escolha baseados em

informações relevantes quanto ao bem-estar dos animais. Dos entrevistados 24,5%

classificaram o sistema de produção extensivo como muito bom, 57,1% classificaram como

bom, enquanto que 8,2% não souberam classificar e 8,2% classificaram como ruim. Já para

o sistema de produção em confinamento 20,4% classificou-o como muito bom, 36,7%

classificaram como bom, 33,7% como ruim e 6,1% como muito ruim. Quando questionados

quanto à diferença entre os dois sistemas de criação 86,7% da amostra responderam que

existe diferença, contra 5,1% que diz não ter diferença e 8,1% que não tem conhecimento.

Na questão sobre qual sistema seria melhor, a maioria da amostra populacional respondeu

extensivo (71,4%). Embora a maioria dos consumidores entrevistados não conhecerem o

sistema de produção, e não classificarem o sistema intensivo como ruim, ao visualizar a

imagem dos diferentes sistemas, os estes atribuíram maior impacto negativo ao bem-estar

no sistema intensivo de produção. Quando questionado sobre o principal atributo a ser

considerado na hora da compra, verificou-se que 63% da população levam principalmente o

preço em consideração seguido da aparência (29%). Tal fato, segundo Gameiro (2007), pode

estar ligado a países que apresentam baixo desenvolvimento econômico, nos quais as

prioridades dos consumidores ainda estão voltadas para saciar suas necessidades básicas.

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IX SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA

X ENCONTRO DE ZOOTECNIA DA UNESP – DRACENA

I ENCONTRO DA ENGENHARIA AGRNÔMICA DA UNESP – DRACENA

11 e 12 DE SETEMBRO DE 2013

Conclusão

Pôde-se concluir nesta pesquisa que o conhecimento sobre bem-estar animal, não

necessariamente, está ligado ao nível de escolaridade das pessoas, já que 63% dos

universitários entrevistados ainda desconhecem conceitos relacionados ao bem-estar animal,

principalmente, o que tange os sistemas de produção animal. Concluí-se assim que a

melhora na qualidade de vida dos animais depende de ações voltadas ao consumidor final.

Referências

BRASIL, Decreto n° 24.645 (1934). Estabelece medidas de proteção aos animais; Diário

oficial da união. Brasilia - DF 10 jun. 1934. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil03/decreto/1930-1949/D24645.htm> Acesso em 20/08/2013.

BRASIL, Decreto n° 30.691 (1952). Regulamento da inspeção industrial e sanitária de

produtos de origem animal. Diário oficial da união Brasilia - DF 07 de jul. 1952. Disponível

em:<http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-

consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar &id=14974> Acesso em 20/08/2013.

GAMEIRO, A. H. Análise econômica e bem-estar animal em sistemas de produção

alternativos: uma proposta metodológica. Anais... XLV Congresso da Sober “Conhecimentos

para Agricultura do Futuro". Londrina Brasil 2007.

HUGHES, B.D. Behavior as an index of welfare. In: European poultry conference, 5. 1976,

Malta, Procedings .1976. p.1005-1012.