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Que tipo de pessoa você é: Consumerati ou Econo-sábio? Antes de responder, reflita com honestidade sobre sua vida financeira e diga se você é daqueles que gastam por impulso, acumulando dívidas e mais dívidas no cartão de crédito, ou está entre os que pensam antes de se deixar levar pelos apelos do consumo, procurando equilibrar gastos com um mínimo de planejamento. Como já deve ter percebido, os que se identificam com o primeiro grupo são Consumerati, fruto desses nossos tempos de cultura consumista. E mesmo aqueles que se identificam com o segundo grupo não se devem enganar: em maior ou menor grau, há um pouco de Consumerati em cada um de nós. Um bom primeiro passo para um Consumerati afogado em dívidas evitar o prejuízo cada vez maior em suas finanças é ler este livro. Com humor e bom senso o americano Jon Hanson mostra os princípios de um estilo de vida Econo-sábio, derrubando mitos como a idéia de que uma boa renda mensal é definitiva para garantir uma vida abastada. É fácil, muito fácil, deixar que o dinheiro escorra por entre os dedos. Por outro lado, uma renda modesta combinada a hábitos de consumo sensatos e dívidas boas pode levá-lo a uma farta conta bancária. Como uma dívida pode ser boa? É simples. Segundo Jon Hanson, dívida boa é aquela que gera dinheiro e aumenta o patrimônio líquido, como a prestação da casa própria ou o crédito educativo — investimentos que, em médio ou longo prazo, proporcionam retorno financeiro. Hanson combina pesquisas, relatos pessoais e a própria experiência para provar seu ponto de vista e defender a idéia de que a vida se toma bem mais fácil quando trocamos gastos impulsivos por um projeto de futuro. Tenha em mente a perspectiva de que é preciso manter despesas e poupança equilibradas, evite a mentalidade consumista e o acúmulo de dívidas ruins e, certamente, nunca mais precisará conviver com o inevitável arrependimento — e as noites insones — dos gastos impensados. Conselho de Econo-sábio.

Depois de atuar por mais de 20 anos no setor imobiliário, Jon Hanson escolheu a carreira de escritor e palestrante. Autodidata, este livro é fruto de suas vivências: após acumular uma dívida de quase 80 mil dólares com o Imposto de Renda, Hanson não só conseguiu sobreviver à "quase-morte financeira" como deu a volta por cima e é hoje um autor de sucesso. Especialista no campo das

finanças pessoais, em suas palestras procura ajudar tantos outros que ainda vivem a distorção da realidade provocada pelas dívidas. Mora em Columbus, Ohio.

Visite www.gooddebt.com

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

H222d Hanson, Jon Divida boa, divida ruim / Jon Hanson; tradução Jussara Simões.— Rio de Janeiro: BestSeller,

2007.

Tradução de: Good debt, bad debt Contém glossário Inclui bibliografia ISBN 978-85-7684-120-3

1. Finanças pessoais. 2. Crédito direto ao consumidor. 3. Dividas. I. Titulo.

07-1664. CDD: 332.02402 CDU: 330.567.2

Título original norte-americano GOOD DEBT, BAD DEBT

Copyright © Jon Hanson, 2005 Publicado mediante acordo com Portfolio, membro do

Penguin Group (USA), Inc.

"The Six Simple Principies of Virai Marketing; reproduzido de Demystifying Virai Marketing, de dr. Ralph Wilson.

Utilizado com permissão do autor.

Nota do Editor: Este livro visa a oferecer informações acuradas e confiáveis sobre o tema abordado. Não é compromisso do editor

prestar aconselhamento legal, contábil ou quaisquer outros serviços profissionais. Se você precisa de orientações legais ou outro auxílio

especializado, procure um profissional competente.

Capa: Senso Design Editoração de miolo: Abreu's System

Ilustrações: Patty Kadel, reproduzidas a traço por Miguel Carvalho

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sem autorização prévia por escrito da editora,

sejam quais forem os meios empregados. Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o Brasil

adquiridos pela EDITORA BEST SELLER LTDA.

Rua Argentina, 171, parte, São Cristóvão Rio de Janeiro, RJ — 20921-380

que se reserva a propriedade literária desta tradução. Impresso no Brasil

ISBN 978-85-7684-120-3

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A Nita, Aubrey (A. C.) e Paige — minha mulher, meu filho e minha filha. Lorde Bacon escreveu: "Aquele que tem mulher e filhos se entrega à sorte, pois eles são obstáculos aos grandes empreendi-mentos, tanto bons quanto ruins." Acho que lorde Bacon estava enganado; descobri uma verdade que é bem o contrário. Minha família é a razão de tudo o que faço. É a razão deste livro. É verdade que muitos usam suas responsabilidades como desculpa, e não como motivação. Uma família carinhosa gera uma motivação dinâmica que excede em muito o "custo" estático da família. A família afetuosa deve ser um mandato de luta pela grandeza. Minha família é.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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SUMÁRIO

PREFÁCIO 8

AGRADECIMENTOS 13 Introdução: Uma questão de vida ou dívida 14

UM As conseqüências das dívidas: A mão invisível da dívida 28

DOIS Refém emocional: Como me libertar de mim? 54

TRES Taxa de consumo: São os gastos, não a receita, que definem a riqueza 75

QUATRO Adiamento do prazer de consumo: Não esperar para obtê-lo 94

CINCO Quanto ao passado, não sei: Mas meu futuro é impecável! 109

SEIS E se você não morrer? Faça do trabalho uma etapa de sua vida, não uma pena de prisão perpétua 126

SETE Imóveis: Compre cinco casas — e ganhe uma! 155

OITO Como destruir sua vida: Você está dilapidando sua aposentadoria? 180

NOVE Tenho registros? Meu coração começou a bater de novo 203

DEZ Com quem você se casou? Com a principal dívida boa — talvez 218

CONCLUSÃO 239 GLOSSÁRIO 244 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 246 ÍNDICE N/A

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PREFÁCIO

Uma experiência de quase-morte financeira

Meados de 1997. Acordei na maca de um hospital. Ouvia, ao fundo, o bipe, bipe, biiiipe de um monitor cardíaco — o monitor do meu coração. Entrei em pânico. É assim que termina? Vou morrer cheio de dívidas, fugindo da Receita Federal? O que minha família vai pensar? Onde foi que eu errei?

Fechei os olhos desejando que não passasse de um pesadelo. Mas aí me lembrei: passara alguns dias sentindo uma pressão no peito. Minha mulher finalmente me convenceu a ir ao pronto-socorro.

"Ainda menino, já parecia ter um futuro promissor. Infelizmente,

faleceu antes de realizar

algo significativo."

Contudo, eu tinha quase certeza de que a dor que sentia decorria de minhas atuais dificuldades financeiras, e não de um enfarte. Sozinho ali no pronto-socorro, percebi que fazia frio. Eu estava com uma daquelas lindas camisolas de hospital abertas nas costas e, esticado sobre mim até o pescoço, um lençol branco, daquele tipo que a enfermeira puxaria para me cobrir a cabeça e, em seguida, contar à minha mulher que as dívidas haviam matado o marido dela.

Imaginei que o obituário diria: "Jon Hanson (41), de Pickerington, Ohio, morreu na terça-feira de complicações que tiveram origem na falta de disciplina, na incapacidade de adiar o prazer de consumo e na falta de discernimento sobre os assuntos financeiros. Ainda menino, já parecia ter um futuro promissor. Infelizmente, faleceu antes de realizar algo significativo."

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Diga onde dói

Chegou o dr. Gentile (seu nome real). Era do tipo entusiástico. O tipo de pessoa que a gente odeia quando está no meio de uma crise de autocomiseração.

— Estamos sentindo dores no peito, sr. Hanson? — perguntou. — Se você está sentindo, não sei, mas eu estou — respondi quase

rosnando. Enquanto ele rabiscava algo no prontuário, imaginei que estivesse fazendo

um X em um quadrado ao lado de "Glândula do sarcasmo —bem”: Tinha aspecto de profissional competente, disposto a arrancar respostas até descobrir que doença eu tinha ou até esgotar a cobertura do meu plano de saúde.

Fez as perguntas habituais sobre mim e sobre o histórico da família. Com base nas respostas, decidiu me internar.

— Não sei se você teve um enfarte, mas, na sua idade e com o histórico de sua família, é forte candidato.

— Doutor — argumentei —, tenho certeza de que a dor no peito é só estresse.

— Pode ser. — Mas, doutor, devo quase 79 mil dólares à Receita! O meu problema é

esse! — Não, sr. Hanson — respondeu calmamente o dr. Gentile. — Suas dores no

peito não podem ter origem na Receita Federal. A receita é uma dor retal lancinante.

Tentei rir e talvez tenha rido, mas não foi uma boa gargalhada, porque eu devia mesmo uma pequena fortuna à Receita Federal.

Depois de uma bateria de exames, tive alta no fim da tarde seguinte. Não servia de consolo o fato de estar certo no tocante à fonte da minha dor. Minhas dores no peito foram diagnosticadas como estresse musculoesquelético.

De volta ao trabalho

Na verdade, exceto pelos problemas com a Receita Federal, eu estava em ótima forma. Minhas idéias, no entanto, estavam tão confusas que eu me sentia com um pé mergulhado em água gelada e o outro em óleo fervente. Mais ou menos um ano depois, então, alguém me propôs a compra de um imóvel que eu alugava. Vendi, tomei mais algum dinheiro emprestado e

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paguei tudo o que devia à Receita Federal. Eu estava cansado da ladainha "coitadinho de mim" dos últimos sete anos que vivia se repetindo na minha cabeça: "Não é justo. Não é justo. Por que fizeram isso comigo? Eu só devia 26 mil dólares!"

Isso tem um lado bom. Sete anos no purgatório tributário me ensinaram algumas coisinhas. Sejam justos ou não, preciso lidar com meus problemas assim que aparecem. Justiça tem pouca relação com a realidade. Gastei 5 mil dólares com advogado e contador para aumentar o problema enquanto procurava uma saída. O resultado? Resistir custou-me mais 30 por cento. Todos os livros sobre negociação com a Receita Federal e sobre liquidar seus impostos pagando muito pouco são ótimos - para quem não tem bens. Depois de sete longos anos, finalmente admiti minha burrice e as conseqüências que não conseguiria evitar.

Quanto mais eu procurava o responsável pelo meu fracasso, mais apareciam minhas próprias

impressões digitais.

Depois que paguei o imposto de renda, comecei a pensar no diálogo interior que tive comigo mesmo no hospital. Eu sabia que precisava mudar. Com os antigos erros ainda em mente, resolvi escrever o livro que eu mesmo precisava ler! Nos quatro anos seguintes, minha pesquisa levou-me a uma viagem sem precedentes ao meu passado, às "minhas convicções e aos meus maus hábitos. Eu calculava que, se o êxito deixa pistas, o fracasso também devia deixar. Quanto mais eu procurava o responsável pelo meu fracasso, mais apareciam minhas próprias impressões digitais. A maioria das pistas levava à falta dos três Ds: disciplina, dilação e discernimento.

De volta aos livros

Quase tudo de bom que aconteceu comigo teve origem nas lições que li em um livro. Certos livros têm o poder de confirmar seu caminho e

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inspirar mudanças. Os livros foram a minha saída de uma vida de pobreza. Ajudaram a substituir, consertar e aprimorar os setores da minha vida quando os pais e os professores não estavam acessíveis. Escrever é o meu modo de ajudar os outros a escapar ou a melhorar seu quinhão na vida. É, portanto, natural que eu queira deixar como legado um livro para os meus entes queridos. Muitas idéias que divulgo em Dívida boa, dívida ruim provêm de diários que remontam a quase 30 anos atrás. Os que estiverem dispostos a examinar bem descobrirão que o êxito ou o fracasso financeiro está nos afazeres comuns do cotidiano.

Alguns meses depois dos ataques terroristas de 11 de setembro, eu estava no hospital para fazer uma cirurgia de hérnia e me sentindo bastante mortal, quando resolvi escrever um diário mais minucioso do que aquele que vinha escrevendo até então. Eram orientações para a minha família se eu de repente passasse desta para a melhor. Na véspera da cirurgia, num perturbador surto de clareza, fiz a mim mesmo uma pergunta simples: se eu fosse morrer hoje, o que teria ensinado aos meus filhos sobre a vida, os relacionamentos e o dinheiro? Minha resposta tornou-se o esboço de Dívida boa, dívida ruim.

Certa tarde, em fins de 2002, eu estava em um restaurante da rede Bob Evans editando o meu superdiário. Estava com umas 28 páginas do rascunho espalhadas sobre o balcão. O cabeçalho de uma das páginas, impresso em corpo 48 e negrito, berrava: "Questão de vida ou dívida!" Uma garçonete, que passei a chamar de Tamara, a Garçonete, me pediu para dar uma olhada. Leu algumas páginas e disse: "Que legal! Posso levar comigo?"

Parecia tão entusiasmada que pensei: "Por que não?" Nas semanas seguintes, sempre que eu pedia que devolvesse minhas páginas, ela dizia "Minha colega está lendo", ou "Minha irmã está lendo", ou "Quero que meu pai veja", ou, finalmente, "Fiz cópias para os meus amigos. Tudo bem?".

Essa situação perdurou por um mês ou mais e, depois disso, nunca mais a vi. Então, embora minha família seja o motivo que me levou a escrever Dívida boa, dívida ruim, foi Tamara, a Garçonete, que me fez pensar que talvez eu tivesse algo que outras pessoas quisessem ler. Obrigado, Tamara, onde quer que você esteja. Fazer com que o restante seja o melhor

No correr dos anos, conheci pessoas que se sentiam encurraladas pelas dívidas ou pelas circunstâncias. Em resumo, sua vida havia perdido a graça. Arrastar

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o peso das dívidas é cansativo; é difícil andar para a frente quando se está sempre pagando o que se deve.

Arrastar o peso das dívidas é cansativo; é difícil andar

para a frente quando se está sempre pagando o que se deve.

Nas duas vezes em que fiz ajustes importantes na minha carreira, eu estava com pouquíssimas dívidas. A primeira foi em 1981, quando saí de uma grande rede de mercearias chamada Kroger's para abrir uma imobiliária, e a segunda foi recentemente, quando fechei a imobiliária para escrever e fazer palestras em período integral. Em 1981, meu único desejo era ganhar dinheiro, e o setor imobiliário parecia promissor. Vinte e quatro anos depois, ainda gosto muito de dinheiro. Mas ele não é minha maior prioridade. Tempo para a família, os amigos e uma profissão pela qual sou apaixonado são as principais metas. Quero que o restante da minha vida seja o melhor dela.

Ao iniciar a segunda metade da minha vida, pouco me importa ganhar mais ou menos dinheiro. Quero seguir os planos que Deus fez para mim. Não quero morrer deixando livros não-escritos, poemas não-declamados, entes queridos não-amados e vidas ao meu redor não-modificadas.

Posicionar-me como antidívidas-consumistas não é nada fácil para mim. Pode ser divertido declamar frases de efeito como "As dívidas nos comprometem até a alma". Mas a terrível verdade é: ter dívidas é mesmo prejudicial.

Minha paixão é divulgar a mensagem de Dívida boa, dívida ruim, cuja lição mais elementar é: "O passado é passado — a não ser que você ainda esteja devendo por ele." Esta mensagem, para mim, é fundamental.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar na minha memória estão meus pais verdadeiros, que morreram jovens após uma vida dura, mas sempre me incentivaram a seguir em frente. Naturalmente, agradeço à minha mulher, Nita, e aos pais dela por me receberem na família e me amar, mesmo que eu nem sempre seja amável. É impossível agradecer a todas as outras pessoas que tiveram influência na minha vida, mas eis algumas: • Meu orientador póstumo, dr. Orison Swett Marden, que faleceu em 1924,

tendo escrito pelo menos 70 livros a partir dos 46 anos de idade, em 1894. Aprendi muito com seu legado.

• Meus quatro pais adotivos: Aubrey C. (Buck) Bennett, Robert L. Teague Jr., Jack Miller e Jimmy Napier. Receber o que havia de melhor neles todos foi inestimável.

• Amigos indispensáveis há mais de 20 anos, conselheiros e incentivadores, e os primeiros leitores: Dave Bennett, Dan e Tracy Haubeil, Thomas G. Ruprecht, James B. Wootton e Barney Zick.

• Tom Hopkins, que, em 1981: me empurrou para o palco "para fazer o que eu mais temia: falar!': Tom me ensinou a sempre tirar proveito do fracasso. Aqueles cinco minutos mudaram a minha vida.

• Jim Rohn, dr. Denis Waitley e Brian Tracy, embora eu só os conheça por meio de livros e gravações. Todos me deram valiosos conselhos e inspiração.

• Seth Godin, que só conheço pela leitura de seus livros. Ele me ensinou apensar de maneira anticonvencional. Na verdade, ele me ensinou a perguntar se preciso mesmo ser convencional.

• MarkVictor Hansen, meu orientador em marketing dos livros. Eu e meu filho Aubrey (A. C.) agradecemos o que ele fez por nós.

• Toda a equipe da editora norte-americana Portfolio: Adrian Zackheim, Megan Casey, Will Weisser, Stephanie Land, Allison Sweet, Jennifer Paré e outros que talvez eu ainda não tenha conhecido. Agradeço por terem dado uma chance a um escritor novo.

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Introdução: Uma questão de vida ou dívida

"Jamais invente coceira onde não pode coçar." IVERN BALL

"É difícil preparar-se para a felicidade enquanto se gasta dinheiro com felicidades temporárias."

JON HANSON

Como você está se saindo? Como está se saindo realmente? Está financeiramente em forma ou financeiramente fora de forma? Está raspando o tacho ou cobrindo o bolo com glacê? Está levando a vida que imaginou — ou uma vida inimaginável?

Nos Estados Unidos, usamos e abusamos dos privilégios da nossa sociedade. Contudo, muitos estão passando por uma implosão de insegurança e imprecisão de objetivos que os deixa vulneráveis a comerciantes espertos que procuram saquear sua prosperidade incipiente.

Para que você está trabalhando? Um teste rápido: divida seu patrimônio líquido pelo número de anos que você trabalhou. Qual é o resultado? Parece mais baixo do que pensava? Esse número é o quanto você trabalha por ano. O resto foi-se, queimou-se, foi consumido. Foi-se à velocidade da taxa de consumo, que é descrito mais adiante nesta introdução e no Capítulo 3. Existem outras avaliações importantes da riqueza, tais como a renda, mas logo você descobrirá que renda e patrimônio líquido costumam andar de mãos dadas. Se o seu patrimônio liquido for de 100 mil dólares e você trabalhou 10 anos, está, de fato, trabalhando a 10 mil dólares por ano, mesmo que sua renda real seja de 75 mil dólares ou mais por ano. Não se sinta mal. Com dívidas ruins, alguns trabalham apenas em troca de cama e comida; outros têm renda líquida negativa.

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Decerto, viver é mais do que receber e gastar, porém, já que o dinheiro obrigatória e inevitavelmente atinge tantas áreas da vida, é o foco principal da nossa atenção neste livro. Dívida boa, dívida ruim não trata de uma vida de privações, mas de ter perspectiva e manter despesas e poupança do tamanho certo, sem perder de vista as aspirações à aposentadoria. Trata-se de criar uma filosofia das dívidas — ou, para muita gente, uma filosofia da ausência de dívidas. Dívida boa, dívida ruim nos incentiva a evitar a mentalidade consumista que só leva às dívidas, ao arrependimento e aos sonhos desfeitos — para não falar de um armário entulhado de porcaria.

O que é dívida boa A dívida boa aumenta seu patrimônio líquido. A dívida boa o ajuda a ganhar dinheiro; o uso da dívida boa aumenta a receita atual, o patrimônio líquido ou a capacidade de previsibilidade das receitas. Por outro lado, a dívida ruim reduz seu patrimônio líquido. A dívida ruim consome seu dinheiro. Pagar dívidas ruins reduz o fluxo de caixa. Compare: DIVIDA BOA DIVIDA RUIM • É auto-sustentável • Aumenta o patrimônio líquido

ou o fluxo de caixa • Garante um retorno que pode

ser convertido em dinheiro ou patrimônio líquido

• Permite o crescimento financeiro com forte margem de segurança

• Exemplos: crédito imobiliário com um nível seguro de exposição, crédito educativo que possa gerar retorno de capital, dívida de algum negócio que você tenha competência para gerir

• São tipicamente para consumo • Reduz o patrimônio líquido

ou o fluxo de caixa • Absorve ganhos futuros • Exemplos: prestações de

automóvel que roubam de seu plano de previdência; dívidas contínuas de cartão de crédito

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O que não é dívida boa

É fácil racionalizar qualquer coisa que quisermos fazer com nosso dinheiro. Os anunciantes até nos ensinam como superar nossas próprias objeções! Todos já fizemos isso; eu o fiz muitas vezes na vida. Quer sua desculpa seja sentir-se bem consigo mesmo, quer seja a generalizada "Eu mereço"; o fato é que racionalizar a dívida e dizer que o mau é bom não altera a realidade de sua situação financeira. Empilhar dívidas ruins sobre ativos bons não as transforma em dívidas boas.

Empilhar dívidas ruins sobre ativos bons não

as transforma em dívidas boas.

Refinanciar a compra da casa própria tornou-se esporte popular nos Estados Unidos e pode ser bom se for feito pelos motivos certos. O problema é que muita gente refinancia o imóvel para contrair novos empréstimos ou para reduzir o valor das prestações, mas apenas aumenta as dívidas com esse fluxo de caixa recém-descoberto. Para muitos, isso só significa liberar o limite dos cartões de crédito para voltar a estourá-los. Depois, a antiga dívida do cartão de crédito passa para a casa própria e surge um novo acúmulo de dívidas. Há quem acredite que todas as dívidas de imóveis são dívidas boas. Isso é loucura. Alguns financiadores estão dispostos a emprestar cerca de 70 por cento do valor do imóvel; o que, com juros, pode levar a uma dívida de até 110 por cento. Portanto, sem disciplina, essa medida se transformará em uma calamidade mais adiante (tanto para quem concede o empréstimo quanto para o que toma emprestado). A não ser que você assuma uma mudança real no modo de pensar e de se organizar, não empilhe as dívidas de cartão de crédito e de crédito ao consumidor sobre o seu patrimônio imobiliário. Se você estiver pensando em consolidar dívidas ruins que venham a sobrecarregar seu patrimônio imobiliário, leia primeiro o texto Debt Warfare (Guerra da dívida). Disponível em www.gooddebt.com.*

* Todos os conteúdos de Internet indicados pelo autor estão disponíveis em inglês. (N. do E.)

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Macaco de imitação?

Alguns norte-americanos começam a questionar a idéia comum (fomentada por anunciantes e pela cultura popular) de que todos devem satisfazer suas próprias vontades, seja qual for o dano que causem a si mesmos ou à sociedade. O que vemos é resultado de gastos promíscuos, do crédito fácil e, por fim, de planos de aposentaria minúsculos ou inexistentes. É muito comum que as dívidas se transformem numa arma que, sem querer, apontamos contra nós mesmos.

O que vemos é resultado de gastos promíscuos (...) É muito comum que

as dívidas se transformem numa arma que, sem querer, apontamos

contra nós mesmos.

Em O milionário mora ao lado (Manole, 1999), Thomas Stanley e William Danko descobriram que, em geral, os milionários que se fizeram sozinhos poupam ou investem de 15 a 20 por cento da renda disponível. Em The Overspent American, Juliet Schor constatou que os norte-americanos costumam gastar 18 por cento de sua renda disponível em prestações de crédito ao consumidor, poupando pouco ou nada. Nessa triste justaposição está uma das principais premissas de Dívida boa, dívida ruim: "O passado é passado — a não ser que você ainda esteja devendo por causa dele:” Muitos não conseguem começar a escalar o morro da liberdade financeira porque estão carregando uma mochila cheia de dívidas.

Isso seria óbvio se ao menos pudéssemos nos afastar um pouco para examinar como distribuímos a nossa renda. As agências de publicidade e as empresas de crédito (bancos e financeiras) impõem ao consumidor a elegante ficção "Você pode ter tudo" e "Você merece" milhões de vezes por dia. A meta das agências de publicidade é distrair sua atenção enquanto bancos e financeiras revistam seus bolsos.

Em um programa de rádio recente, Alistair Begg disse: "A nossa sociedade vive de materialismo, lucrando com o pecado da inveja. Seu modus operandi é gerar no nosso coração o desejo de coisas que não temos. Não só um desejo, mas um comportamento de necessidade e

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merecimento. Nós precisamos. Nós merecemos. Principalmente se outra pessoa o tiver." Naturalmente, temos livre-arbítrio (até certo ponto). Somos nós que decidimos como reagir às mensagens das agências de publicidade.

Gordo, velho e duro

Não é incrível, pelo menos por algum tempo, como nosso corpo e nossas finanças são resistentes? No fim das contas, porém, os maus hábitos alimentares e financeiros acabam custando caro. No livro Good Fat, Bad Fat, os doutores William Castelli e Glen Griffin aconselham os leitores a distinguir entre os tipos de gordura que obstruem as artérias e aqueles que não são prejudiciais. Em Dívida boa, dívida ruim, aconselho você a adotar um discernimento semelhante com relação aos créditos ao consumidor. As estatísticas de obesidade têm uma semelhança macabra com as estatísticas dos problemas com dívidas. O Employee Benefit Research Institute e o American Savings Education Council relatam que 66 por cento dos norte-americanos são incapazes de poupar o suficiente para a aposentadoria em razão de responsabilidades financeiras atuais (dívidas). Peter Jennings, em uma matéria especial na ABC News, afirmou que 66 por cento estão acima do peso ideal. Tomara que os dois grupos não sejam formados pelas mesmas pessoas. Ser gordo já é bem ruim. Ser gordo, velho e duro é ainda pior.

Praticamente não se observa o acúmulo de colesterol nas artérias até o fluxo de sangue restrito começar a provocar problemas. Muita gente passa anos com as veias obstruídas pelo colesterol e só percebe o problema quando é tarde demais. Para alguns, um derrame ou enfarte pode ser a primeira advertência. Para outras pessoas, a primeira advertência é a morte.

Há um processo semelhante em ação com nossas finanças. Enquanto temos um fluxo de sangue suficiente, isto é, fluxo de caixa para pagar as contas, não vemos problema nenhum. Mas, em segundo plano, as dívidas em excesso, assim como o colesterol em excesso, avultam-se como principal assassino da riqueza e da oportunidade. Depois que começamos a obstruir nossas artérias financeiras com dívidas ruins, é possível que venhamos a sofrer de falta de oportunidades e pressão alta das dívidas. Se não houver controle, isso pode levar à morte financeira, ou pelo menos a um enfarte financeiro.

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Dividabetes

Em A dieta de South Beach (Sextante, 2003) o dr. Arthur Agatston fala de se tornar saudável e em forma comendo os alimentos certos e equilibrando carboidratos bons e ruins com gorduras boas e ruins. Em Dívida boa, dívida ruim defendo a saúde e a boa forma financeiras por meio de um equilíbrio de dívidas boas e ruins. Agatston fala de uma "síndrome silenciosa, conhecida como síndrome metabólica (pré-diabetes), encontrada em quase metade dos norte-americanos que sofrem enfartes". Percebo algo semelhante nas finanças de muitos norte-americanos, talvez uma síndrome de pré-diabetes financeira. Vamos chamá-la de pré-dividabetes. A dividabetes é a incapacidade do corpo de decompor e eliminar as dívidas em razão de fluxo de caixa insuficiente. A dividabetes é mais comum nos obesos de dívidas e tem relação íntima com os derrames financeiros — tanto fatais quanto temporariamente debilitantes. Para levar ainda mais longe a analogia, podemos considerar os gastos como o seu índice de glicemia (açúcar no sangue), e o fluxo de caixa, sua insulina financeira. Manter a boa forma física e financeira requer conscientização e a prática de muitas habilidades semelhantes.

Filosofia das dívidas

O sr. Jim Rohn faz uma pergunta importante às suas platéias: "Se passássemos para o papel toda a sua filosofia de vida, você ficaria entusiasmado para viajar pelo mundo fazendo palestras sobre ela?"

Se a resposta for negativa, ele sugere que você comece nesse ponto — reelaborar sua filosofia. Passei meses trabalhando no desafio do sr. Rohn. Ele foi, na verdade, a força motriz para a conclusão deste livro. Eu queria, em primeiro lugar, um livro que pudesse entregar aos meus filhos e dizer: "Estas são as minhas principais convicções; são tão fundamentais e tão seguras quanto a gravidade."

Muitos livros que tratam de finanças apresentam princípios complementares, não fundamentais. O fracasso financeiro começa no processo de raciocínio anterior aos gastos. George Orwell disse: "Não sabem escrever com clareza porque não sabem pensar com clareza." Tento evitar a lógica tortuosa e frases incompreensíveis resultantes de confusão mental. Eu estenderia esse conceito também às finanças. O raciocínio confuso gera gastos

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confusos.

Depois da minha derrota perante a Receita Federal, de que falei no Prefácio, percebi que minha maior fraqueza em finanças foi a falta de disciplina. Embora me saísse bem de modo geral, achava que podia ter feito melhor. Eis três características da minha filosofia que se aplicam às finanças. À direita delas, as características paralelas, porém opostas, que as agências de publicidade e os bancos e financeiras querem que adotemos: CARACTERÍSTICAS DOS ECONO-SÁBIOS

CARACTERÍSTICAS DOS CONSUMERATI

1. Disciplina 2. Dilação (ou adiamento do

consumo) 3. Discernimento 4. Resultado: Felicidade duradoura

1. Indiferença 2. Imediatismo 3. Ignorância 4. Resultado: Felicidade

temporária

Consumerati x Econo-sábios

A maioria dos seres humanos não toma suas decisões diárias com

base em uma ponderação tranqüila dos riscos e das vantagens.

Chamo de Consumerati os esbanjadores, que vivem no limite de suas posses e, em geral, nunca pensam no futuro. Os Consumerati são especialistas em consumir a qualquer preço. Em maioria, são pessoas bem-intencionadas, cujas ambições superam muito sua obediência aos fundamentos da economia. Reagem aos apelos de marketing emocional e quando ficam sem dinheiro parece-lhes perfeitamente natural usar dívidas ruins ou crédito ao consumidor para pagar seus desejos. Todos temos um pouco de Consumerati dentro de nós. Segundo a

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Cardweb.com, 50 por cento dos norte-americanos pagam o mínimo ou muito menos do que o saldo devedor da fatura do cartão de crédito. Vinte e nove por cento liquidam as dívidas dos cartões todo mês. Vinte e um por cento das famílias norte-americanas não têm cartões de crédito. Os Consumerati estão propensos a confundir receita com riqueza. Não entendem um fato antiqüíssimo: são os gastos, não a receita, que definem a riqueza. A receita é como um rio que corre — a riqueza é igual a um lago ou reservatório. Veja mais a esse respeito no início do Capítulo 3.

O Econo-sábio, por outro lado, pensa nas conseqüências futuras dos atos de hoje. Se fundirmos economia e prudência, teremos o Econo-sábio — gente que procura tanto a economia quanto a prudência. Os Econo-sábios fazem planos no papel e entendem como a taxa de consumo, o adiamento do prazer de consumo (Capítulo 4) e a ausência de fatos decorrentes do endividamento (Capítulo 1) podem trabalhar em conjunto para criar um estilo de vida prudente. Quanto mais depressa você eliminar o desperdício, baixar a velocidade de consumo e iniciar um programa Econo-sábio, melhor.

Taxa de consumo é todo dinheiro gasto que não aumenta a fortuna, é o que se consome e se vai para sempre, como gastos com alimento, hospital, transporte e, principalmente, impostos.

Dê-me o melhor

Os cinco últimos capítulos deste livro estão mais voltados para a ação do que para a elaboração de uma filosofia. Segundo a revista Money, estudos recentes realizados por economistas da Universidade de Nova York descobriram que a disposição para o planejamento tem relação íntima com o acúmulo de bens. Antes de refutar este enunciado alegando que é tautológico, pergunte a algumas pessoas como tornar-se próspero. Muitos responderão: "Com renda alta e uma herança." Renda alta não é, obrigatoriamente, garantia de riqueza. Nem a herança garante riqueza. É fácil desperdiçá-la depressa. Por outro lado, a renda de praticamente qualquer valor, quando poupada em razão de hábitos bem aprendidos, pode gerar riqueza.

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Ambos os planos são expansíveis

Os hábitos de planejar e poupar do Econo-sábio se expandem para torná-lo abastado quando sua renda aumenta com o passar dos anos. Os hábitos de não planejar e de abusar das dívidas dos Consumerati também os tornam mais pobres e mais enterrados em dívidas quando sua renda aumenta. Em outras palavras, com o estilo de vida do Consumerati, quem está infeliz da vida quando ganha 40 mil dólares por ano vai odiar viver com 110 mil dólares por ano.

A vida é verdadeiramente assíncrona. O que fazemos hoje pode não surtir efeito imediato, mas pode ter conseqüências drásticas mais tarde. O campo das finanças pessoais é bem simples, uma certeza quase matemática — até acrescentarmos um elemento: a emoção humana. A maioria dos seres humanos não toma suas decisões diárias com base em uma ponderação tranqüila dos riscos e das vantagens. A maioria é constituída de seres emocionais que reagem a mensagens vagas ou sem sentido, tais como "Você merece o melhor". Espera aí! "O melhor" não é um plano que lhe proporcionará, e à sua família, um estilo de vida com o qual você não apenas sonhou, mas que planejou e conquistou? Não procure o melhor de outra pessoa — procure um projeto criado para a sua própria vida, um plano que seja o melhor para você.

Admitir sua burrice é uma coisa- fugir das consequencias é outra

Isto não é uma promoção do "Instituto Auto-Estima Grátis”: Dívida boa, dívida ruim destina-se a dois grupos distintos: aqueles que percebem estar tateando às cegas, financeiramente falando, e aqueles que estão se saindo bem, mas pensam que poderiam melhorar um pouco. Chamo de Consumerati os que tateiam às cegas. Eles fazem com que as agências de publicidade e os bancos e financeiras batam recordes de vendas ano após ano nos Estados Unidos pós-responsabilidade.

Para os Consumerati, prazer de consumo adiado é um conceito alienígena. Apesar de fazer parte do grupo mais rico e mais culto da história dos Estados Unidos, os Consumerati sofrem da doença crônica de incapacidade de manejar o leme financeiro. Os Consumerati são,

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em sua maioria, escravos das emoções. Têm certeza de que devem obedecer aos sentimentos para obter o que merecem. Parece que o mundo ao redor confirma isso — eles merecem o melhor, não merecem? Os Consumerati empenham-se por manter ou criar uma imagem que não é saudável nem tem responsabilidade fiscal. Relaxe. Dívida boa, dívida ruim vai concentrar-se no que você pode fazer com sua receita atual.

Meus objetivos em Dívida boa, dívida ruim

Estes são meus objetivos em Dívida boa, dívida ruim, conforme enumerados no meu diário:

1. Brevidade: fazer tabletinhos de caldo de carne literário com sabor financeiro.

2. Sagacidade: humor inteligente. Rir ou sorrir durante o aprendizado. 3. Humor visual: cartuns com uma lição de frugalidade financeira. 4. Argumentações incontestáveis: argumentações com resultados

antecipadamente verificáveis. 5. Divertimento: um livro divertido de escrever, ler e compartilhar; um

livro que crie expressões e palavras novas e úteis.

Finanças pessoais são simples, requerem pouco mais que

matemática elementar e previsão. Só precisamos acrescentar natureza

humana às finanças para torná-las tão divertidas quanto trágicas.

Brevidade. Você compraria um livro de 763 páginas chamado Como ser breve? Segundo Mark Victor Hansen, famoso pela série Histórias para aquecer o coração, a maioria de nós tem cerca de duas horas para dedicar a um livro, talvez numa viagem curta de Boston a Atlanta, de noite em casa ou em alguns intervalos de almoço. Os raciocínios contidos no livro não são mais importantes do que os raciocínios provocados pelo livro. Ver sugestões de discussão em www.gooddebt.com.

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Sagacidade. Meu lema neste livro é "O passado é passado — a não ser que você ainda esteja devendo por causa dele”: Parece que muita gente não consegue ir aonde quer em razão de onde já esteve. O que constantemente traz o passado ao presente? Dívidas. Se eu disser aos fiéis numa igreja que "É difícil entregar o coração a Jesus quando seu traseiro pertence ao MasterCard", todos entenderão a mensagem. Isso não está só nas Escrituras, é bom senso. Quando chamo de Consumerati os gastadores e aqueles que batalham para se manter no nível de seu imaginado grupo de referência e de Econo-sábios as pessoas que seguem um plano e procuram a sensatez, é fácil entender. Faz sentido.

Humor visual. Ao longo de Dívida boa, dívida ruim veremos cartuns originais de Patty Kadel. Quando eu tinha uma idéia para um cartum, enviava por escrito via e-mail ou carta para Patty, que transformava a minha idéia num desenho. É provável que você escolha um favorito. Este é o meu: um cara supertalentoso que sofre de incapacidade de ganhar dinheiro porque lhe falta disciplina. O talento é apenas uma parte do êxito. Se passar ao Capítulo 10 ("Com quem você se casou?"),

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verá um cartum sobre a "bagagem do relacionamento" que gera muitos comentários. Todos já vimos esse tipo de relacionamento. É um conceito simples, mas muita gente o desprezava ou parecia surpresa quando começava a "desfazer as malas': Diverti-me muito ao elaborar o capítulo sobre o casamento, uma área em que tenho me saído bem. Minha mulher Nita, meu filho A. C. e minha filha Paige são uma bênção constante.

Argumentações incontestáveis. Nossas discussões precisam ter encadeamento e profundidade, senão nosso êxito será fugaz. Depois que o sorriso desgasta as palavras, será que resta um resíduo de sabedoria? Poucos questionarão o ditado "Você tem de gastar menos do que ganha. Precisa ter capital para capitalizar”: Os cinco primeiros capítulos tratam de elaborar uma filosofia das dívidas ou da fuga da maioria das dívidas. A não ser no caso de dívidas empresariais ou de investimento (com uma razão segura entre empréstimo e valor), a meta, com o tempo, é que tudo na vida esteja livre de dívidas.

"É difícil entregar o coração a Jesus quando seu traseiro

pertence ao Mastercard."

Divertimento. Finanças pessoais são simples, requerem pouco mais que matemática elementar e previsão. Só precisamos acrescentar natureza humana às finanças para torná-las tão divertidas quanto trágicas. Embora a diversão não seja pré-requisito absoluto para se ter êxito, torna mais fácil aceitar as partes mais práticas, porém necessárias, da vida. Se você consegue rir da incapacidade alheia de adotar a disciplina, de adiar o prazer do consumo e de discernimento, então talvez consiga aprender estas lições sem o aspecto desagradável da experiência própria.

O que NÃO esperar de Dívida boa, dívida ruim

Nenhuma solução temporária, quebra-galho. Nenhum docinho otimista para confortar seu ego. Dívida boa, dívida ruim trata de abraçar a realidade que vivemos e trabalhar para melhorar nossa posição. Você

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não encontrará nenhuma lista específica de tarefas nem formulários para preencher. Não haverá devoção subserviente à elaboração de orçamentos. Quando os motivos forem os corretos e for possível prever o nascimento de uma filosofia financeira prudente, não haverá necessidade de alguém para microgerenciar sua vida. Tudo sempre se encaixará para aqueles que adotam os fundamentos das finanças saudáveis. Dívida boa, dívida ruim se concentrará naquilo que você pode fazer usando sua renda atual.

O que ESPERAR de Dívida boa, dívida ruim

Como se deve encarar a dívida? As dívidas são boas ou ruins? As dívidas podem ser uma ferramenta eficaz? Este é um livro para ajudá-lo a elaborar uma filosofia das dívidas, dos gastos e da poupança. Dívida boa, dívida ruim trata dos fundamentos — comprovados ao longo do tempo e, o que é triste, comprovados por devedores. Trata de construir um alicerce para o futuro.

Parte do livro é sarcástica, mas não irreal a ponto de ninguém se identificar com ele. Por exemplo, no Capítulo 1 ("As conseqüências das dívidas"), digo: "Os cartões de crédito são o crack e a cocaína da indústria do crédito." Não acuso a indústria do crédito de incentivar as drogas, mas de algo semelhante.

Em todo o livro incentivo um ceticismo saudável, que lhe permitirá desconstruir a publicidade e as mensagens dos meios de comunicação. Interpretemos assim: você passa a editar o que entra na sua cabeça ou os meios de comunicação e as agências de publicidade farão isso por você. Em Dívida boa, dívida ruim ensino a questionar os meios de comunicação e os comerciais que o leitor recebe centenas, até milhares de vezes por dia. Quando ouvir a mensagem "Não ponha todos os ovos em uma cesta só", você passará a se perguntar se a mensagem não foi patrocinada pela Associação Nacional de Fabricantes de Cestas.

Interpretemos assim: você passa a editar o que entra na sua cabeça ou

os meios de comunicação e as agências de publicidade farão isso por você.

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Entenda as conseqüências das dívidas, administre as emoções, evite a influência dos meios de comunicação, fundamente-se num projeto, monitore a taxa de consumo, adie o prazer de consumo, liste e acompanhe as despesas e invista para o futuro. É bem simples, certo? Leia com atenção os quatro primeiros capítulos para compreender as dívidas e o dinheiro melhor do que a maioria das pessoas. Na verdade, ponha esses fundamentos em ação na sua vida como se fossem uma liturgia econômica para terminar financeiramente no topo dessa maioria. Como está sua vida financeira? Como realmente está sua vida financeira?

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Capítulo Um As conseqüências das dívidas: A

mão invisível da dívida

Lição de 10 segundos: "O passado é passado — a

não ser que você ainda esteja devendo por causa dele."

JON HANSON

"A partir de 1999, os empréstimos ao consumidor aumentaram,

em média, 14,6 por cento ao ano." ABC NEWS

Liberdade ou dívida?

É natural entregar-se a ilusões esperançosas — achar que o nosso caminho é único, que pode não nos levar ao mesmo fim a que levou outra pessoa. Ouvimos o canto da sereia da cultura popular e somos seduzidos por ela, transformando-nos em típicos consumidores. Ao

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evitar a responsabilidade, entregamo-nos às emoções até finalmente desmoronar sob o peso de nossos próprios desejos.

Ninguém vai fazer pouco de quem desperdiça os próprios recursos. Na verdade, haverá gente torcendo, embora a maioria desses torcedores seja pessoas que lucram com a venda de bobagens e porcarias variadas. O fato de milhões de outras pessoas terem esse mesmo hábito de gastar tudo o que ganham não faz desse o caminho certo ou apropriado a seguir.

A cultura do gastar, gastar, GASTAR é, obrigatoriamente, criada pelos comerciantes para manter seus cofres transbordando. Diz-se que, nos Estados Unidos, mais de 60 por cento da economia se baseiam nos gastos do consumidor, financiados em parte pelo crédito ao consumidor. Para os credores, essa cultura do desperdício compensa. Para quem gasta, é uma escravidão.

Muitos falam a língua da liberdade, mas diariamente seguem na direção oposta.

E daí?

O estigma das dívidas parece inexistente hoje em dia. Não faz muito tempo, muitos achavam que a dívida era um sinal de que havia algo moralmente errado. Talvez a disponibilidade dos cartões de crédito e do crédito rotativo nos tenha tornado mais aventureiros e ambiciosos. Além disso, o crédito se tornou abstrato e anônimo. Em vez de dever à quitanda da esquina e sentir uma obrigação moral com ela, pagamos (ou não pagamos) a fatura do cartão de crédito a uma empresa distante e sem rosto. O quitandeiro e o tintureiro sorriem e cumprimentam.

Mas as "conseqüências das dívidas" permanecem. Olhe ao redor — não é preciso ir longe para encontrar alguém sofrendo com as conseqüências das dívidas. Os que ainda não estão nessa situação podem muito bem estar no caminho da perdição sem nem ao menos saber. Muitos falam a língua da liberdade, mas diariamente seguem

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na direção oposta. Henry Taylor, em Notes From Life (1847), escreveu: "A medida e a maneira certas de ganhar, poupar, gastar, dar, tomar, emprestar, pedir emprestado e legar em testamento quase definem o homem perfeito." Hoje Taylor não trocaria nada nessa afirmação, a não ser o final, pelo politicamente correto "o homem perfeito ou a mulher perfeita".

Nem todos têm vitalidade moral ou intelectual para pôr em ação um plano intencional para o futuro. Contudo, só os que elaboram um plano e o seguem terão êxito.

Os que vivem num estado constante de "desejo" tornam-se escravos de suas próprias paixões. Muitos vão além — atando-se voluntariamente aos grilhões das dívidas —, não só gastando tudo o que ganham, mas fazendo empréstimos para pagar no futuro os excessos de hoje. Quando fazemos dívidas para adquirir produtos ou serviços, não estamos, na verdade, pagando pelo produto ou serviço, mas comprometendo ganhos futuros.

Em seus primeiros estágios, as dívidas não doem. Pelo contrário, a perfídia das dívidas está no próprio fato de que o uso das dívidas proporciona às vítimas um prazer temporário. A grande maioria das pessoas se arrisca à lepra financeira para ter o prazer temporário de gastar antes de ganhar.

Dívida — a facilitadora das oportunidades iguais

Dar crédito ao apetite destreinado distorce a realidade. Oferece às emoções vastas avenidas para explorar. Permite que nossas emoções passem a perna na matemática — esticando nossas compras para um futuro distante e reduzindo o "custo imediato" a uns trocados por mês. Amainada a emoção, ficamos com a realidade da matemática. Para algumas pessoas, é igual às instruções de um frasco de xampu: aplicar, massagear, enxaguar e repetir. Aplicar o crédito, massagear as emoções e enxaguar seu fluxo de caixa mensal. Repetir.

A maioria dos comerciais de crédito ao consumidor adota o método "trombadinha" de que falo no Capítulo 2 ("Refém emocional"). Se você é membro do bloco compre agora/pense depois, respire fundo e pense: "Chegou a hora de iniciar uma mudança radical."

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As dívidas levam mais que apenas o seu dinheiro

Adam Smith é famoso pela teoria da mão invisível do capitalismo. Segundo ele, os mercados do laissez-faire ou mercados livres se ajustam naturalmente em razão do interesse próprio dos consumidores e do capital dos proprietários. Não discuto a teoria do escocês. A afirmação acima é menos que uma síntese do todo. Trago-a à baila para propor uma oposta: a mão invisível da dívida. Muitos de nós parecemos estar muito bem e assim permaneceremos enquanto pudermos pagar as prestações dos nossos excessos. Mas será que estamos fazendo algum progresso financeiro?

Dar crédito ao apetite destreinado distorce

a realidade.

O que nos impede de alcançar o êxito financeiro? A mais evidente das minhas quatro conseqüências das dívidas — a perda de fluxo de caixa — é fácil de perceber; as outras talvez sejam invisíveis. Na teoria da mão invisível de Smith, o capital procura oportunidades de expansão e crescimento, e isso é bom para o dono do capital e para o consumidor. Na minha teoria da mão invisível das dívidas, os Consumerati sofrem da perda invisível, ou quase imperceptível, de tempo e oportunidade. De um lado, as dívidas dos consumidores (dívidas ruins) servem de combustível para os empreendimentos capitalistas porque geram vendas e movimentam a economia. Por outro lado, quando há uso excessivo da dívida de consumo, a mão invisível do capitalismo se estica metaforicamente para esbofetear o consumidor ao se transformar na mão invisível das dívidas. Quando chegamos ao ápice das dívidas do consumidor (taxa de consumo de 100 por cento), perdemos a oportunidade de participar da sociedade capitalista. Estamos a caminho da servidão.

As quatro conseqüências das dívidas: os quatro ladrões ou como funciona a mão invisível

Não devemos esquecer que as dívidas nos tiram mais que dinheiro. É

fácil imaginar que as dívidas são simples contas a pagar, porém

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são muito mais que isso. As dívidas geram quatro conseqüências principais: Perda de liberdade Perda de fluxo de caixa Perda de tempo Perda de oportunidades

É claro que as dívidas podem gerar outros problemas, além desses quatro, mas a maioria das dificuldades nos vem em alguma forma deles.

Perda de liberdade. As dívidas acabam nos impedindo de fazer o que queremos. Quando estamos sobrecarregados de dívidas, as opções se estreitam de maneira considerável. Sempre digo: "Trabalhar e carregar um fardo de dívidas é como cumprir pena em prisão-albergue. Todos os dias temos a liberdade de sair para trabalhar, porém passamos a maior parte do tempo na prisão."

Você trabalha por prazer ou para evitar o sofrimento de perder seus bens? Com uma razão dívida/receita bem alta, você pode ultrapassar o limiar ou a quantidade de dívidas que simplesmente transforma o ato de ganhar dinheiro em modo de evitar sofrimento. O verdadeiro progresso ou a alegria parecem uma recordação distante.

Na antiga Babilônia, o escravo podia ganhar algum dinheiro extra nas horas vagas, depois de concluir o trabalho do amo, a fim de poupar e comprar sua alforria. Podia, de fato, libertar (recomprar) a si mesmo. Nós também podemos nos libertar da escravidão das dívidas ruins. Talvez você não se sinta escravo, mas o que acontece se parar de pagar as contas? Você descobre quem é o seu amo. Quanto mais dívidas ruins você acumula, mais rígido é o seu amo na hora da cobrança.

Pense. Quando vive e trabalha de semana a semana, apenas sobrevivendo, você é algo além de servo não-remunerado? Talvez você se sinta um prisioneiro que pode sair nos fins de semana por bom comportamento. Passei sete anos sentindo-me como se estivesse cumprindo pena em prisão-albergue enquanto devia muito dinheiro à Receita Federal. Com uma alta taxa de consumo, será que somos mais que um conduto que entrega os frutos do nosso trabalho aos nossos credores?

Sua rotina é acordar, ir trabalhar, voltar para casa, comer, dormir, acordar, ir trabalhar, voltar para casa e comer, só para fazer tudo de novo no

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dia seguinte? Muita gente jamais percebe como tem uma vida maçante! Se concordarmos com o fato de que a entrada nesse ciclo é voluntária, então podemos concluir que esse estilo de vida também é voluntário.

Você disse que é livre? Onde tem de estar amanhã? Pode ir morar em qualquer lugar — neste exato momento? Ou as dívidas e as obrigações têm forte poder sobre o que você faz? No Capítulo 6 ("E se você não morrer?") falo da avaliação das riquezas; ali se encontra a fórmula simples do dr. Buckminster Fuller's para o cálculo da "fortuna útil".

Um homem espirituoso disse: "Ter emprego é como hipotecar a vida." A menos que tenha nascido rico, você precisa dar um jeito de escapar do trabalho maçante ainda cedo. Se nasceu pobre, você trabalha, pelo menos, em meio expediente e não pode fazer o que bem entender. Você decide se quer permanecer nessa servidão voluntária ou organizar a vida para chegar à liberdade financeira.

Do êxito ao significado

Vamos supor que você queira trocar de profissão. Se sua relação dívida/ receita for elevada, as dívidas serão, decerto, um fator decisivo. Obedecer à sua paixão e passar do êxito ao significado na vida profissional pode depender de você conseguir cair de executivo de multinacional com salário de 120 mil dólares por ano para professor de alfabetização infantil com renda de 30 mil dólares por ano. Ou talvez você simplesmente queira se afastar por alguns anos para escrever um livro. Foi isso que fiz, embora tivesse muito a perder — ainda que meus rendimentos tivessem caído mais de 80 por cento, a renda da minha mulher aumentou mais de 25 por cento. A matemática não parece favorável, mas nossas despesas são tão baixas que estamos muito bem. O interessante é que, se eu tivesse dívidas de consumo, prestações de carro e elevadas despesas domésticas, você jamais leria este livro. Eu simplesmente não poderia largar a minha imobiliária e reservar dois anos para escrever este livro se minhas despesas ou minha taxa de consumo fossem altas.

A maioria de nós escolhe a servidão, sem perceber, quando cai no tonto da cultura popular do "Você pode ter de tudo”. Pode — depois que tiver dinheiro para tanto. Passe os 10 ou 20 primeiros anos de sua carreira profissional poupando e investindo de 15 a 20 por cento de sua renda, em vez de optar por gastar a mesma porcentagem para ali

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mentar dívidas ruins (de consumo). Se começar agora, vai conquistar e merecer a liberdade.

O conceito de liberdade é igual ao de um morro: sempre parece mais bonito a distância. Aproxime-se para começar a ver que pode ser muito trabalhoso escalar até o topo. Liberdade significa algo diferente para cada pessoa. Há quem pense que liberdade é apenas estar com as contas pagas. Outra pessoa pode achar que liberdade é estar com todas as contas pagas e uma aposentadoria de 3 mil dólares por mês. Outra pessoa, contudo, pode achar que precisa de 10 mil dólares por mês ou mais para se aposentar. Para nossos fins, digamos apenas que liberdade financeira é a ausência de preocupação ou apreensão acerca de dinheiro.

Muita gente fez fortuna com um salário bem mais baixo do que aquele que você ganha, mesmo quando reajustado segundo a inflação. Quando começam as dificuldades financeiras, muita gente acha que está em situação pior do que qualquer pessoa que tenha passado por essas dificuldades antes. Quando estamos livres de dívidas, a liberdade verdadeira não é apenas o que podemos fazer, mas o que não precisamos fazer. Estamos livres da mão invisível das dívidas.

Perda de fluxo de caixa. Com certeza, é a conseqüência mais óbvia das dívidas. Essa conseqüência só é percebida quando começam a faltar "trocados no bolso", um dinheiro para despesas imprevisíveis. Embora a maior parte de sua receita disponível cubra as necessidades básicas, uma parte que poderia usar para cobrir uma possível perda de emprego está comprometida pagando dívidas ruins. Mesmo que talvez não seja possível eliminar todas as dívidas de consumo, sou capaz de apostar que você é capaz de eliminar algumas e começar a investir no futuro. Se estiver gastando 15 por cento da receita em dívidas ruins, a primeira meta é baixar para 10 por cento, depois, cinco por cento e, por fim, quase zero. Faça-o enquanto reencaminha o fluxo de caixa para poupança e investimentos, e, no fim das contas, esse capital poderá substituir o seu emprego. Isso não vai acontecer em pouco tempo, mas, com 10, 20 anos de perseverança, os resultados serão surpreendentes. Qual seria a diferença na sua vida se todo o dinheiro que você gasta em pagamentos de dívidas de consumo fosse aplicado? Agora vamos imaginar o que isso teria significado no decorrer dos últimos 20 anos, ou o que significará nos próximos 20 anos. Se você tem qua-

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renta e poucos anos, pode projetá-lo em ambas as direções: passado e futuro. Embora talvez lamente o rendimento baixíssimo das poupanças hoje em dia (existem outros investimentos), com o passar dos anos vai perceber que o rendimento não é fixo. Em 1981, algumas cadernetas de poupança pagavam 15 por cento ao ano. Mas a lição não é o rendimento; é o hábito de poupar. No início, não se preocupe com os rendimentos. Simplesmente vá acumulando capital. É preciso ter capital para capitalizar!

Muitos sacrificam às dívidas suas verdadeiras paixões. Em pouco tempo grande parte de seu dinheiro fica reservado para os "reparos" ou pagamentos de gastos antigos. Suas paixões se amortecem e se transformam em complacência, e são logo esquecidas. Perdem simplesmente por dar às dívidas um grande poder sobre o seu futuro. Não devemos esquecer que o passado é o passado, a não ser que você ainda esteja devendo por causa dele. É difícil andar para a frente carregando dívidas nas costas.

Perda de tempo. Se está devendo, você deve estar em algum lugar diferente daquele onde gostaria de ficar. Arnold Bennett, em seu livro de 1910 How to Live on Twenty-four Hours a Day, escreveu: "A vantagem do tempo é que todos têm a mesma quantidade e ninguém pode gastá-lo com antecedência." Pode-se dizer que Bennett está correto. Mas vamos pensar em quem está profundamente endividado — dívidas ruins. O que essas pessoas fizeram foi, em essência, gastar seu tempo antecipadamente, pois são obrigadas a estar empregadas para pagar as dívidas. Gastaram o tempo antes que ele chegasse. É isso que quero dizer quando uso a expressão hipotecar sua vida. É claro que vendemos nosso talento ou nossos músculos no mercado. Mais do que isso, porém, precisamos perceber que aquilo que vendemos faz parte do nosso tempo restante. Quando aumentar seu patrimônio ou sua influência, você dará mais valor ao tempo do que dá hoje.

Perdem simplesmente por dar às dívidas um grande

poder sobre o seu futuro.

A quantidade de energia mental que gastamos nos preocupando com nós mesmos em razão das dívidas ruins provoca desperdício de tempo que poderíamos usar em atividades positivas. Libertar-se das dívidas e

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ter tempo para passar com a família e os amigos ultrapassaram a perda de peso dentre as mais freqüentes resoluções de Ano-novo nos últimos anos. Muita gente prefere mais tempo livre a mais dinheiro. Os sensatos dentre nós dão muito valor ao tempo dedicado à família e aos amigos, bem como ao tempo para escrever ou, quiçá, pensar.

Perda de oportunidades. Quando virmos uma grande oportunidade de ganhos financeiros, é improvável que possamos aproveitá-la, pois estaremos financeiramente incapacitados para tanto. A primeira regra de todo empreendimento é reconhecer o valor concreto ao encontrá-lo. A segunda regra é ser capaz de agir quando surge uma oportunidade. Se o seu vizinho, de repente, resolve vender um terreno por 50 por cento do valor real, mas só se receber o pagamento em 24 horas, você pode fazer esse negócio? Isso aconteceu comigo há cerca de um ano (sim, comprei). A moral da história é esta: Não se deve mexer no dinheiro de reserva até surgir a oportunidade certa. Perdemos se não tivermos criado o hábito de nos prepararmos para as oportunidades. É ruim ficar recordando as oportunidades perdidas, mas, ao mesmo tempo, elas devem ser lições para não as perdermos da próxima vez. Devemos adotar a lição, não a perda; abraçar a luz, não as trevas. Essa conseqüência das dívidas de fato atinge o âmago de todas as conseqüências das dívidas. É a assassina silenciosa de todas as possibilidades e expectativas. Costumo chamar as oportunidades perdidas de a maior depreciação invisível. É fácil perceber o efeito da depreciação de um carro novo: 15 por cento ao ano, em média. É mais difícil calcular a vantagem de acumular a depreciação equivalente em um investimento de liquidez imediata para poder aproveitar uma oportunidade incrível.

Não se deve mexer no dinheiro de reserva até

surgir a oportunidade certa.

Para quem estou trabalhando?

Muita gente trabalha duro para ter luxos — e tornar-se escrava deles. Em TheArt of Money Getting P. T. Barnum escreveu: "As dívidas roubam

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do homem seu amor-próprio e fazem com que ele quase despreze a si mesmo." Você pode muito bem perguntar: "Os meus bens me pertencem mesmo — ou será que eles são meus donos?" Depois de alguns anos de "prosperidade", essa foi uma pergunta que fiz a mim mesmo.

Por menor que seja o seu salário, o êxito está ao seu alcance. Muita gente se recusa a acreditar, pois já está vivendo no limite de suas finanças. Talvez você tenha tudo que precisa; deve apenas estar usando seus recursos de maneira ineficaz.

Certas pessoas acham que o êxito só chegará quando começarem a ganhar determinada quantia, ou quando algum acontecimento futuro as "salvar". O problema desse tipo de raciocínio é que, se você esperar para começar, pode continuar com hábitos financeiros tão ruins que, mesmo quando — ou, mais acertadamente, se — esse evento ou essa quantia surgir, não será o bastante para superar os maus hábitos que adquiriu enquanto esperava. A idéia de "Não ganho o suficiente" é mais comum do que a exatíssima noção de que "Tenho maus hábitos de gastos".

Para a maioria das famílias ou indivíduos, é preciso fazer mudanças enormes. Em geral, só uma reorganização de sua renda atual pode ser o primeiro passo no caminho da independência. É o seu modo de pensar e de lidar com a guerra de pensamentos e desejos dentro de si mesmo que precisa de reabilitação.

Há alguns anos escrevi em meu diário: "Muitos têm uma forma de fortuna, mas negam seu poder em razão da falta de disciplina e dos desejos desenfreados." Sua forma de riqueza é a receita que você provavelmente tem se está lendo este livro. Muita gente jamais pensou na organização adequada das finanças e em reservar uma parte apropria- f da da receita para a aposentadoria. Sua receita atual pode torná-lo abastado se estiver disposto a viver com 85 a 90 por cento dela durante os anos de formação do patrimônio. É incômodo pensar que já se poderia ter chegado à fortuna com aquilo que passou há muito tempo pelas nossas mãos.

"Muitos têm uma forma de fortuna, mas negam seu poder em

razão da falta de disciplina e dos desejos desenfreados."

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Mera sobrevivência

Os que escolhem trabalhar pela mera sobrevivência sempre serão uma classe financeiramente inferior em comparação -com aqueles que reservam um tempo para planejar, poupar, organizar-se e investir. Alguns de nós aumentamos o problema quando escolhemos a mera sobrevivência não só financeira, mas também intelectual e espiritual, jamais acumulando uma reserva de saber e fé para um uso que não seja imediato. Com toda certeza, é possível alimentar o desenvolvimento intelectual e espiritual, seja qual for sua situação financeira, porém as pessoas mais bem-sucedidas acumulam os três simultaneamente. Façamos uma analogia: pense em como se faz um cabo ou uma corda, com três fios do cabo representando os seus lados financeiro, intelectual e espiritual. Quando os três são trançados juntos, produzem um cabo que não arrebenta com facilidade.

Em Thrift, Samuel Smiles escreveu: "Economia não é instinto natural, mas o amadurecimento da experiência, do exemplo e do planejamento. Também é conseqüência de uma educação financeira e da própria inteligência. Somente quando nos tornamos sensatos e organizados é que nos tornamos frugais. Por conseguinte, a melhor maneira de tornar alguém econômico é torná-lo sábio." Se juntar a recomendação de Smiles de economia e sabedoria, chego ao que chamo de Econosábio — gente que procura tanto a economia quanto a sabedoria.

Os dois principais estilos de gastos são o do Consumerati e o do Econo-sábio. Os Consumerati gastam todo o dinheiro que têm, são os esbanjadores. Muitos Consumerati adotam a mentalidade do merecimento do consumidor, chegando a crer que, além de necessitar, também merecem tudo o que querem. Os Consumerati evitam os três Ds — disciplina, dilação e discernimento — e, ao mesmo tempo, adotam os três Is — indiferença, imediatismo e ignorância. Não quero dizer, coma palavra ignorância, que os Consumerati sejam literalmente ignorantes. Digo que fazem a opção deliberada de se manter ignorantes na área das finanças pessoais. O mero fato de desconhecer faz com que sejam ignorantes. É uma ignorância de informações, e não falta de inteligência. Peço encarecidamente que evitem a ignorância proposital.

Os Econo-sábios, por outro lado, planejam para as exigências da vida; buscam economia e sabedoria. A pergunta que os Econo-sábios

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fazem no início de qualquer situação de gastos é: "Isso me aproxima ou me afasta mais das minhas metas?" É aconselhável aprender constantemente os hábitos do Econo-sábio. Transforme-os em parte integrante do seu diálogo interno.

O Econo-sábio, naturalmente, adota disciplina, dilação e discernimento. Poderíamos distinguir ainda mais esses dois tipos como os que gastam tudo ou mais do que ganham (esbanjador/Consumerati) e os que gastam menos do que ganham (econômico/Econo-sábio). Seus primos são o Insaciável e o Prudente, respectivamente.

As forças culturais, sociais e econômicas não geram criminosos. Os criminosos são resultado de suas próprias escolhas. Também os devedores são criados pelas próprias escolhas, assim como os financeiramente independentes.

Você sabia?

Se trabalhou muitos anos e pouco ou nada lhe restou de seus esforços, isso aconteceu porque você não conhece os fundamentos dos gastos ou optou por ignorá-los. Pode ser uma questão de imaturidade financeira — ou talvez você nunca tenha tomado conhecimento dos fundamentos. A imaturidade financeira é o principal motivo pelo qual não se planeja para o futuro.

A conscientização é a parte fácil. Esta é a boa-nova! O trabalho contínuo de levar a vida do Econo-sábio envolve conscientização das conseqüências das dívidas, controle da taxa de consumo, ter um plano de gastos em vigor e ter um plano escrito para o estágio final. Para o Econo-sábio, o estágio final começa quando a receita passiva excede suas necessidades e ele está livre para fazer o que quiser. Por favor, não entenda mal. Não sou contra o trabalho — apenas contra o trabalho forçado por ser escravo dos próprios desejos.

A conscientização vai controlar suas possibilidades. Tudo o que uma pessoa pode fazer, outra também pode. Essa idéia era fundamental nos escritos vitorianos. Muitos dos livros financeiros daquele período estão cheios de exemplos de êxitos para servir de modelos. Hoje, a maioria dos autores de livros de administração de empresas, talvez refletindo o mercado, concentra-se em remendos apressados, e não em exemplos que possam ser aplicados em longo prazo. Planejar, planejar, planejar

Compete a você planejar, estudar e procurar levar urna vida sensata e prudente. Se não souber como tornar-se financeiramente competente, será preciso perguntar até aprender. É terrível o preço que o silêncio impõe à ignorância. Um provérbio chinês diz: "Quem pergunta é tolo por cinco minutos. Quem não pergunta é eternamente tolo."

A conscientização só gera a percepção das possibilidades. Ainda é preciso alcançar maturidade para agir. A conscientização pode torná-lo uma pessoa interessante com quem conversar — mesmo

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assim, você pode ser um péssimo exemplo para se seguir. É preciso também optar por ser livre. O sempre citado Oscar Wilde disse: "É melhor ter uma renda permanente do que ser fascinante."

Certas pessoas jamais percebem que podem reorganizar sua receita atual e se tornar ricas. Adotam a cultura popular e ignoram a sabedoria antiga. Você é responsável por suas escolhas. Mude seus hábitos e sua vida mudará para sempre. Pode mudar temporariamente por simples força de vontade, mas será uma mudança apenas temporária. Os hábitos, no longo prazo, acabam por controlar o seu destino. Vamos examinar como a educação e a cultura podem levá-lo a fazer escolhas ruins e como evitá-las.

Você decide, mas "eles" querem ajudar

Para os comerciantes armados com psicólogos, sociólogos, pesquisas e agências de publicidade, o consumidor típico não passa de uma vaca a ser ordenhada por suas próprias emoções. Quando não produz mais leite — quer dizer, os pagamentos por seus excessos —, você é despachado para o matadouro dos endividados para que transformem suas entranhas em lingüiça e seu couro em pastas para os executivos das agências de publicidade. Você, então, é devolvido à população comum, como uma casca vazia, para começar todo o ciclo de novo — a não ser que tenha aprendido as lições das dívidas.

Será que tantos de nós realmente deixamos de ser aspirantes à liber- dade e nos transformamos em meras vacas ordenhadas pelas emo- ções? O que você acha?

Muitos estrangeiros se admiram ao descobrir que não ensinamos a poupar

nem investir em nossas escolas públicas. Se não aprendermos com nossos pais, onde iremos aprender? A maioria, desconfio, é autodidata — em geral, depois de perceber que o que fazem não funciona. Outros jamais aprenderão.

As pesquisas demonstram que as crianças norte-americanas estão atrás das crianças de muitos países desenvolvidos em matemática, ciências e leitura, mas são as primeiras a acreditar que são as melhores do mundo. A auto-estima não-merecida é quase igual aos empréstimos ao consumidor — um dia a conta vence. Não seria melhor se Johnny soubesse mesmo ler e fazer cálculos, em vez de apenas achar que sabe? A auto-estima de Johnny não vai aumentar no longo prazo se ele basear suas suposições em fatos concretos, e não em

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impressões? O futuro financeiro de Johnny não seria melhor se ele entendesse todas as conseqüências de seus gastos? Não deveríamos ensinar nossos filhos a construir um sólido alicerce financeiro, em vez de criar uma ilusão de abas-tança sustentada pelo crédito ao consumidor?

Posso adiantar a fita?

Soren Kierkegaard escreveu: "A vida só pode ser entendida em retrocesso; mas precisa ser vivida para a frente." Ah, entendi o problema. Será que vale a pena ter o trabalho de elaborar um plano Econo-sábio? Só é possível responder a esta pergunta projetando-se para a frente e olhando para trás.

Vamos supor que você tivesse o seu futuro gravado numa fita e pudesse adiantá-la para ver se todo seu trabalho valerá a pena. Posso dar uma dica? Se não mudar seu modo de pensar e agir agora, seu futuro financeiro será mais ou menos igual ao que é hoje. Mas, se tomar providências agora, poderá alterar o final. Não devemos esquecer o dito popular: "Terminou a tempo porque começou a tempo." Comece já. Só uma mudança agora pode alterar o final da fita.

Seu maior investimento deve ser no futuro. Seu futuro é enriquecido pelo conhecimento aplicado de sua taxa de consumo da aposentadoria, da educação, de leituras e de estudos. O desejo definido de ter determinado futuro deve estar no centro do seu plano.

Sempre tememos encarar a verdade acerca de nossa carreira e de nossas ambições em razão do esforço que será necessário para superar as conseqüências das dívidas. É mais fácil manter o status quo do que lutar pelos sonhos. Você consegue mudar sua carreira ou seguir seus sonhos? Ou está escravizado pelas dívidas ruins? As dívidas transformam todos nós em covardes.

De que lhe adianta viver na miséria?

Às vezes ouço: "Isso é trabalho demais! Quem quer gastar o tempo planejando e pensando, poupando e aprendendo a investir?" Jim Rohn caçoa com esta afirmação: "Ei, depois de chegar em casa, tomar umas cervejas, ver um pouco de televisão, não tenho tempo pra estudar, aprender—ler!" O sr. Rohn, incrédulo, acrescenta: "E ele ainda quer saber por que vive duro?"

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A inatividade vai levá-lo ao esgotamento!

Vou fazer uma pergunta: você consegue descansar estando quebrado? Para a maioria de nós, ser pobre é mais cansativo do que percorrer o caminho da riqueza. E o caminho da prosperidade é muito menos deprimente. Se você tem vontade de melhorar sua sorte, não esqueça que a inatividade vai levá-lo ao esgotamento!

Dívidas boas x dívidas ruins

Podemos perceber as diferenças entre as dívidas boas e as dívidas ruins como as diferenças entre o colesterol bom e o colesterol ruim. Os médicos nos dizem que precisamos de certa quantidade de colesterol bom, e que o excesso de colesterol ruim pode nos matar.

Podemos comparar o colesterol ruim — LDL (lipoproteínas de baixa densidade) — às dívidas ruins, que são as dívidas que entopem as artérias. O colesterol bom — HDL (lipoproteínas de alta densidade) — tem semelhança com as dívidas boas, que limpam as artérias e nos mantêm financeiramente saudáveis. Uma parte dessa limpeza das artérias financeiras é o aumento do fluxo de caixa (sangue).

Sempre achei que a minha meta devia ser colesterol 0. Não é assim. 11 Se a taxa de HDL estiver abaixo de 35, há risco para a saúde. A taxa total de HDL deve estar entre 40 e 50, e até 70 ou 80 pode, de fato, proteger contra várias doenças.

Da mesma maneira, algumas pessoas acham que zero dívidas é o melhor. Parece bom, não? Mas zero dívidas também significa crescimento zero ou, no máximo, um índice baixo de crescimento. Talvez possamos aprender com o exemplo do HDL. Se é preciso ter um pouco de HDL para manter a saúde física, vamos chegar à conclusão de que é preciso ter algumas dívidas boas para ser financeiramente saudável.

A definição de dívidas boas é semelhante à do colesterol bom. Ele mantém limpas as artérias. As dívidas boas mantêm o fluxo de caixa

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suave e as reservas crescentes. Ao ler as definições, repare que a dívida boa é uma dívida de bens que produzem retorno acima do custo. São dívidas de bens que geram um fluxo de caixa superior ao do custo da dívida. Não é a dívida que mata. Não esqueça: quando você usa a dívida para pagar algo, não é um pagamento completo, mas apenas uma antecipação de seus ganhos futuros.

DIVIDAS BOAS DIVIDAS RUINS • São auto-sustentáveis • Aumentam o patrimônio líquido ou o

fluxo de caixa • Garantem um retorno que pode ser

convertido em dinheiro ou patrimônio líquido

• Permitem o crescimento financeiro (saem 300 dólares, entram 400 dólares todo mês)

• Exemplos: crédito imobiliário com um nível seguro de exposição, crédito educativo que possa gerar retorno de capital, dívida de algum negócio que você tenha competência para gerir

• São tipicamente para consumo • Reduzem o patrimônio líquido ou o

fluxo de caixa • Exemplos: prestações de automóvel

que roubam de seu plano de previdência ou de suas reservas financeiras, dívidas contínuas de cartão de crédito, prestações de móveis, prestações de objetos que se depreciam rapi damente, empréstimos para festas, casamentos ou férias

Dívidas ruins. As dívidas ruins são dinheiro que devemos por bobagens, coisas que parecem essenciais mas não são, compulsões e outros consumismos. Um exemplo do que parece essencial mas não é são as altas prestações mensais de um bom carro, sem um fluxo de caixa equivalente. É verdade que você precisa de um carro, é um item essencial, mas não precisa de um carro que corresponda a uma alta parcela de sua renda por mês. Veja o Capítulo 8 ("Como destruir sua vida").

Em geral, os cartões de crédito, a não ser quando totalmente pagos todos os meses, são dívidas ruins. Boa parte da população paga a parcela mínima ou não paga tudo o que deve todo mês. É claro que precisamos de roupas, carros, máquinas de lavar, secadoras e muitos outros objetos de consumo que às vezes compramos financiados. As dívidas ruins costumam começar a acumular quando permitimos os gastos emocionais e não levamos em consideração as conseqüências. Sem um plano de gastos em ação e diretivas claras, acumulamos dívidas ruins rapidamente.

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Crack de plástico

As empresas de cartão de crédito, que parecem ter sido treinadas por traficantes de drogas, enviam cartões gratuitos aos universitários com limites de crédito, nos Estados Unidos, de 500 a 2 mil dólares para fisgar os novos clientes (as empresas assumem de imediato que os pais pagarão os gastos). É fácil envolver-se em dívidas enormes de cartões de crédito. É fácil obter esses cartões, que, com freqüência, são considerados objetos para gastos recreativos. Eles chegam sem que você os tenha pedido — na verdade, quase sempre com um brinde só por assinar o contrato. Camisetas e revistas são brindes comuns nas universidades. Os cartões de crédito são o crack do ramo do crédito ao consumidor. Muitas vítimas, depois de se viciar nesses cartões, procuram créditos mais altos quando o crédito de que dispu-nham é ameaçado de corte. Alguns passam dos cartões de crédito a empréstimos com garantia de imóveis ou de outros bens para alimentar o vício do crédito. Embora isso proporcione alívio temporário, muitos voltam rapidamente ao "consumo': Voltam rapidamente ao vício do "crack de plástico". Só que a solução de hipotecar a casa não está mais disponível.

As empresas de cartão de crédito,

que parecem ter sido treinadas por traficantes de drogas, enviam cartões

gratuitos aos universitários (...) para fisgar os novos clientes.

A embriaguez ou a sensação de poder do gasto sem receita vicia — é um hábito difícil de cortar. Alguns usuários chegam a freqüentar programas de 12 passos como o Devedores Anônimos, e outros procuram ajuda nas diversas empresas de aconselhamento financeiro. Muitos acabam completamente dependentes e têm de responder perante a lei. Embora quebrar não seja crime, será bem caro o preço a pagar para livrá-lo de seus demônios. Em muitos pedidos de empréstimo, empresas de proteção ao crédito informam a situação cadastral do cliente para a obtenção dos recursos solicitados. Algumas financeiras ainda • farão negócio com você, mas um grande número delas, não. É o preço que se paga por ser ex-viciado em créditos. Ainda bem que só estive num tribunal na qualidade de credor, tentando receber dinheiro. Posso dizer o seguinte: não é um lugar agradável. Infelizmente, muitos saem da bancarrota livres de dívidas, mas não do vício de viver além do que ganham.

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Existe uso responsável de cartões de crédito? É claro que sim. Usados com responsabilidade, podem ser um instrumento valioso e conveniente. Portar cartões de crédito é como portar uma arma oculta. Em mãos responsáveis, oferecem vantagens ao portador; nas mãos de tolos, são armas letais. Na companhia de emoções desenfreadas, os cartões de crédito podem estripar qualquer planejamento financeiro racional.

Alguns artigos e estudos afirmam que os universitários nos Estados Unidos se formam devendo, em média, 4.700 dólares a cartões de crédito e 18.700 dólares em crédito educativo. Que lição aprenderam? Se a faculdade só abre o apetite dos jovens para as dívidas de consumo e para o estilo de vida dos Consumerati, seria mais seguro não fazer , faculdade! Não me leve a mal. Vá para a faculdade, mas tome cuidado Ì com o que aprende.

Outra definição de dívida ruim é gastar e ficar com dívidas que alcancem os últimos 10 ou 20 por cento do seu salário mensal ou quinzenal. Isso parece ilógico para muita gente que diz: "Preciso gastar tudo o que ganho porque não ganho o suficiente!" Para alguns, isso pode ser verdade. Mas para a maioria dos leitores deste livro não é. Conheço gente que ganha 150 mil dólares por ano e está totalmente falida, sem uni centavo. Conheço outras pessoas, que jamais ganharam mais que 15 mil dólares por ano e têm 150 mil dólares no banco, além de alguns imóveis de primeira. Vamos tratar desse assunto em minúcias no Capítulo 3 ("Taxa de consumo"). O que você faria com todas as prestações de dívidas ruins que pagou nos últimos 10 anos?

Paradívidas

Existe mais uma categoria, que chamo de paradívida ou "quase-dívida". É o efeito cumulativo de todos os gastos mensais não-essenciais. Uso o termo paradívida porque, embora não seja uma dívida de fato, tem efeito semelhante — o dinheiro vai embora. As paradívidas abarcam serviços como tevê paga, que em geral não envolvem contratos de longo prazo. São obrigações mensais voluntárias que podem ser canceladas a qualquer momento. Observe que são dívidas de curto prazo. Dívida é sempre dívida.

Morte por dívida

Quando alguém diz "Essas contas estão me matando!", pode estar mais perto da verdade do que imagina. As dívidas ruins podem gerar depósitos em suas

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artérias de fluxo de caixa e, em pouco tempo, você pode ter um derrame financeiro.

A princípio, o fluxo de caixa fica apenas restrito, porém, mais cedo ou mais tarde, seu fluxo de caixa reduzido gera problemas. A falta de oportunidades e a pressão alta das dívidas são os sintomas mais comuns, seguidos por apatia geral e fadiga financeira. Para algumas pessoas, o acúmulo de depósitos é tão grave que leva à morte financeira (falência). Para outras, um aviso oportuno é o início da recuperação. Com uma dieta apropriada — orçamentos planejados e a adoção dos fundamentos dos gastos seguros —, talvez seja possível chegar à recuperação total.

Dividabetes

Embora o acúmulo de dívidas ruins aumente as probabilidades de derrame financeiro, urna dieta financeira pobre pode levar à dividabetes, que é mais grave e pode acabar levando um credor a amputar-lhe um braço ou uma perna (leia com muita atenção as letrinhas pequenas do seu contrato de empréstimo). A dividabetes se manifesta como a incapacidade de reduzir e eliminar as dívidas em razão da insuficiência de fluxo de caixa ou insulina financeira. O que a maioria não sabe é que a dividabetes não apenas limita a capacidade de processar gastos e dívidas de consumo ricos em carboidratos e glicose; também afeta a capacidade de processar os gastos saudáveis. Regular e dirigir nossa insulina financeira ou fluxo de caixa é essencial para o condicionamento financeiro e para evitar a dividabetes. A dividabetes nasce da incapacidade do consumidor de administrar com eficiência sua fonte de renda. Ser dividobeso consiste apenas em má administração do dinheiro em razão de uma combinação de hábitos e ambiente propício. Como podemos permitir que isso aconteça? É simples. Não há problema enquanto não há problema. Só vemos o problema muito tempo depois. O fluxo de caixa de hoje cuida do presente, sem pensar no amanhã. O mal invisível de não incluir o futuro nos gastos fatalmente prepara o cenário de uma catástrofe. Para obter informações a respeito de dividabetes, faça uma visita a www.debtabetes.org.

A dividabetes tipo 1 presume que você já tenha nascido endividado. Não chegamos ao mundo com as dívidas dos nossos pais, a não ser que levemos em conta a herança por eles deixada.

Dividabetes tipo 2. Muito pior do que assumir um passivo familiar é herdar dos pais uma pobre higiene financeira. A dividabetes tipo 2 é, tipicamente, uma doença ambiental. A população que sofre de dividabetes e a quem me refiro tem a dividabetes tipo 2, cuja causa é a obesidade de dívidas

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provenientes de maus hábitos financeiros e o acúmulo de dívidas ruins. A dividabetes tipo 2 também é conhecida como dividabetes dos adultos porque é gerada por maus hábitos e não é hereditária.

Para o tratamento da dividabetes não há pílula mágica — é preciso mudar os hábitos de gastos e de poupança para se recuperar. Se houvesse possibilidade de se criar uma pílula, eu recomendaria o nome de Meuplanolina. Talvez os efeitos colaterais fossem idéias claras e a vontade de elaborar um plano exeqüível para a sua vida.

Dívidas boas. Por definição, as dívidas boas constroem o patrimônio. Sua evolução financeira será mais lenta sem as dívidas boas, embora, você talvez argumente, seja uma evolução muito mais segura. As dívidas boas dão um bom impulso à poupança e aumentam o patrimônio líquido por meio de investimentos sensatos. Essa oportunidade de evolução, contudo, apresenta o risco de uma oportunidade igual de perda. Os investimentos imprudentes, bem como confiar em outra pessoa para pensar em seu lugar, são fórmulas para o desastre.

As dívidas boas são dívidas de bens que proporcionam fluxo de caixa excedente ao montante dos juros da dívida. Em geral, é uma quantia mensal. Por exemplo, se você fez um empréstimo para comprar um imóvel que pretende alugar, ou uma hipoteca a receber (em que outrem paga a você), e a quantia de receita excede razoavelmente os juros da dívida, isso é o que se chama dívida boa. O dinheiro que você empresta ou, mais especificamente, o dinheiro que lhe devem também pode ser considerado dívida boa. Na verdade, eu não emprestaria dinheiro diretamente, em especial a amigos. O empréstimo direto é quando você entrega dinheiro a quem pede emprestado. É muito melhor instruir-se e comprar títulos de renda fixa com garantias ou securitizados.

Há muitas vantagens na compra de títulos securitizados. Uma delas é que você terá um histórico de pagamentos a avaliar. O que você compra, de fato, é a transferência do direito de receber a dívida. Eis o conhecimento básico:

1. Negociar a compra de um ativo que represente o fluxo de caixa da venda de um imóvel com garantia imobiliária (alienação fiduciária).

2. Investigar os dados do pagador, seguro e avaliação de seus bens. 3. Mandar um advogado competente fazer uma pesquisa completa de

títulos e de dívidas. 4. Jamais comprar o ativo se hesitar em possuir a garantia ao preço da

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transferência, mais os custos da execução e a perda de receita durante a execução.

Onde encontrar títulos para comprar? Procure empresas securitizadoras ou corretoras que efetuem a intermediação desses ativos com garantia imobiliária. Se o comprador não pagar, o proprietário pode executar a dívida contra o comprador e a propriedade. Vamos supor que nos últimos cinco anos você tenha poupado 15 por cento de sua receita e agora tenha mais de 50 mil dólares no banco à taxa de três por cento e gostaria de ter um rendimento maior (esses 50 mil dólares podem incluir também os seus fundos de aposentadoria). O sr. Vendedor pôs a casa à venda cinco anos atrás e aceitou uma oferta de 100 mil dólares. As condições eram as seguintes: o sr. Comprador pagaria 40 mil dólares em espécie (dinheiro recebido na venda da casa anterior) e o sr. Vendedor faria uma hipoteca de 60 mil dólares a nove por cento de juros ao ano, com base em uma amortização de vinte anos e liqui-dação em 10 anos. O sr. Vendedor aceitou. Agora, cinco anos depois, ele quer fazer sociedade com o cunhado e abrir uma loja de fotocópias. Ele quer, então, vender (transferir) à vista a hipoteca e a promissória. Eis a matemática da promissória: N (número % Prestação Valor Valor futuro prestações) (índice) atual (pagamento

final) 240 (original) 9 $539,84 $60.000 $42.615 180 (restantes) 9 $539,84 $53.224 $42.615

Se você comprar a cessão da hipoteca do sr. Vendedor* por 43 mil dólares, ganhará cerca de 15 por cento sobre o investimento e terá todo o dinheiro de volta em cinco anos. Há muitas variantes possíveis neste exemplo; publicarei pelo menos mais três no site www.gooddebt.com. Acesse o link do capítulo "As conseqüências das dívidas" ("The Debt Effects") e, depois, em "Comprar uma hipoteca" ("Buy a Mortgage"). Caso não tenha percebido, ter uma dívida sem ter dívida é um modo de enriquecer.

Como esse exemplo usaria as dívidas boas? Suponhamos que você possa comprar a hipoteca citada por 43 mil dólares. O problema é que você só tem cerca de 20 mil dólares para investir (talvez até menos). Além disso, vamos imaginar que você tenha investigado muito bem descobrindo que se trata de um negócio sólido. Peça um empréstimo dos 23 mil dólares restantes no banco ou em fonte particular com a garantia * O ideal é que se compre um título emitido por uma securitizadora. (N. do R. T)

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da hipoteca que está comprando. A maioria das financeiras convencionais não entenderá, portanto é preciso ser criativo ou talvez pedir emprestado ao plano de previdência ou às reservas de algum amigo. Se o seu amigo está rebolando para conseguir cinco por cento no fundo de aposentadoria, vai apreciar receber os nove por cento de você e do seu novo bem. Peça 23 mil dólares a nove por cento, que está seis por cento abaixo do seu índice de retorno.

Outras dívidas boas? Às vezes o dinheiro reservado à educação ou para abrir um negócio é considerado dívida boa, embora o crédito educativo seja difícil de quantificar. As dívidas boas não são, na verdade, "um tipo de" dívida; são uma conseqüência. Podemos considerá-las um retorno de investimento — a razão entre o que você põe e o que tira. Imagino que, se você gastar (pedir emprestados) 45 mil dólares para pagar a faculdade de direito e, em conseqüência disso, elevar a sua receita de maneira significativa em comparação ao nível atual, essa é uma dívida boa. Mas, caso se torne mais um advogado medíocre, morto de fome, terá nas mãos uma dívida ruim. Da mesma maneira, se pediu 90 mil dólares emprestados a fim de comprar um imóvel para alugar e a receita superou os gastos com folga, deve considerar que essa é uma dívida boa. Se não conseguir alugar ou não receber os aluguéis, então será uma dívida ruim. Dívida boa também é uma avaliação de resultados, não um tipo de dívida.

Fico admirado com o número de pessoas que nem pensaria em fazer um empréstimo de 10 mil dólares para comprar um bem hipotecado de 15 mil dólares ou 20 mil dólares, porém assinaria uma promissória de seis prestações para a compra de um veículo que perderá metade ou mais de seu valor em 24 meses.

Repito: não devemos investir em algo sobre o que não sabemos nada ou sabemos muito pouco. Embora a vantagem de investir em ativos com garantias possa ser enorme (ver recursos em www.gooddebt.com), os riscos para os inexperientes são igualmente enormes. Instrua-se bem para reconhecer essas oportunidades de dívidas boas. Este livro ajudará.

Sempre me perguntam: "O financiamento da minha casa não é uma dívida boa?" Costuma ser. Estritamente falando, a casa própria que se usa para morar não é um bem produtivo (sei, isso vai de encontro à

crença da maioria das pessoas). Alguns consultores financeiros argu-

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mentam que a sua casa é só uma reserva, não um bem. Em vez de argumentar que a residência não é investimento, farei uma

exceção que talvez você aceite: os custos mensais da casa própria que não excedem os custos de alugar uma boa casa, embora não sejam dívidas boas, representam pelo menos uma dívida neutra.

A felicidade e a paz de espírito de ter sua casa quitada talvez valham

mais do que qualquer coisa que você faça para valorizá-la.

, Normalmente, sua casa não produz renda e, por conseguinte, não é

considerada uma dívida boa. Com um pouco de empenho e treinamento, porém, você pode comprar uma casa substancialmente abaixo de seu valor de mercado, reservando um lucro para si. A regra da dívida neutra presume, naturalmente, que você não pague um aluguel mensal de 2 mil em uma cidade onde há muitas casas alugadas por 1.200 ao mês em bairros seguros e desejáveis — que não procure urna mansão com verba de uma casinha.

A maioria dos consultores financeiros que pregam que a casa própria não é um bom investimento sugere o uso do valor de sua casa em outros investimentos. Isso pode ser arriscadíssimo. Se os investimentos não derem certo, você pode perder a casa.

Para a maioria, fazer empréstimos oferecendo a própria casa como garantia gera mais problemas do que soluções. Não recomendo isso. A felicidade e a paz de espírito de ter sua casa quitada talvez valham mais do que qualquer coisa que você faça para valorizá-la. É difícil dar preço à paz de espírito. Inversamente, é difícil dar o devido valor à paz de espírito antes de perdê-la.

O caminho

Então, aonde nos levam as quatro conseqüências das dívidas? Se as ig-norarmos, permitiremos que a ambição desmedida tome conta de nossa vida. No final, esse monstro financeiro pode acabar com seu conforto

e com sua felicidade, por causa da exaustão e do estresse de tentar manter um estilo de vida que não acrescente nada de permanente a seu caráter ou a

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seu bem-estar — para não falar do seu extrato bancário.

Mamãe e papai

A família é o mais importante educador para os jovens. Em geral, quando os jovens vivem sem dinheiro e confusos é sinal de que os pais também vivem sem dinheiro e confusos, ou são ausentes. É possível aprender lições de administração financeira na maturidade, como fui obrigado a fazer, mas, se não tivermos paciência para aprender a gozar do adiamento do consumo, fazer anotações (acompanhamento e controle) e investimentos conservadores, integraremos a desventurada maioria que passa a velhice em relativa pobreza.

Em geral, quando os jovens vivem sem dinheiro e confusos é sinal de que os pais também

vivem sem dinheiro e confusos, ou são ausentes.

Em Home, Samuel Srniles usou estas palavras: "Se não desfrutaram da vantagem do lar nem da escola, mas lhes foi permitido crescer sem educação, instrução e disciplina, coitados deles — coitada da sociedade de que fazem parte."

O caminho para libertar-se das quatro conseqüências das dívidas começa com o autodidatismo o mais cedo possível. Já comprou algo e se arrependeu depois? Eu comprei. Vamos passar ao próximo capítulo, "Refém emocional: Como me libertar de mim?"

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Pontos a ponderar

• É natural entregar-se a ilusões de esperança imerecida. Ninguém virá salvá-lo! É preciso elaborar o próprio plano. É preciso escolher entre liberdade ou dívida.

• Henry Taylor, em Notes from Life (1847), escreveu: "A medida e a maneira certas de ganhar, poupar, gastar, dar, tomar, emprestar, pedir emprestado e legar em testamento quase definem o homem perfeito?'

• Em seus primeiros estágios, as dívidas não provocam sofrimento. Pelo contrário, o aspecto traiçoeiro das dívidas está no próprio fato de dar às vítimas um prazer temporário. Assine e saia dirigindo! Sem entrada e a primeira prestação é só no ano que vem! Prestações fáceis!

• Para o apetite inculto, o crédito distorce a realidade. Possibilita às emoções vastos terrenos a explorar. O crédito permite às emoções passar a perna na matemática — esticando nossas compras por um futuro distante e reduzindo o "custo imediato" a alguns trocados por mês.

• Voltemos às quatro conseqüências das dívidas.

Perda de liberdade Perda de fluxo de caixa Perda de tempo Perda de oportunidades

• A mão invisível da dívida sempre entra em ação. • P. T. Barnum escreveu: "As dívidas roubam do homem seu amor-próprio

e fazem com que ele quase despreze a si mesmo." • Muita gente tem alguma forma de riqueza, mas renega seu poder em razão

da falta de disciplina e da ambição desenfreada. É impossível tornar-se abastado quando o consumo é de quase 100 por cento.

• Quando se dá ênfase (na educação) àquilo que achamos, em detrimento daquilo que sabemos, caímos diretamente nas mãos dos comerciantes que contratam agências para criar campanhas publicitárias elaboradas que se aproveitam dessa tendência de se deixar guiar pelas emoções, não pela razão.

• Podemos considerar as diferenças entre as dívidas boas e as dívidas ruins muito parecidas com as diferenças entre o colesterol bom e o ruim. O fato de uma obrigação ser uma dívida boa ou ruim se baseia nos resultados do

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empréstimo — e não apenas no fato de você chamá-la de dívida boa ou ruim. A característica de o empréstimo envolver um imóvel não o transforma automaticamente em dívida boa.

. O acúmulo de dívidas ruins aumenta sua possibilidade de sofrer um derrame financeiro; uma dieta financeira pobre pode levá-lo à dividabetes. Fluxo de caixa é a insulina financeira de que precisamos para sobreviver. Segundo o American Savings Education Council, menos de um terço dos americanos poupa o suficiente para a aposentadoria. Você está pré-dividabético?

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carro preto,

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em algum instante entre o cintilar das rodas com raios de metal e o meu pensamento acerca do vento assoviando nos meus cabelos naqueles passeios românticos ao anoitecer, eu sabia que iria comprar aquele carro. Aliás, o Demônio das Dívidas me cochichou no ouvido: "Isso vai mostrar a `eles'! Eles vão saber que cheguei lá!" Tratava-se de emoções muito antigas, eu nem lembrava mais quem seriam "eles"; contudo a minha vontade se curvou às emoções e acabei jogando no lixo a razão e o bom senso. O Demônio das Dívidas nem precisou me incentivar. Eu estava em queda livre emocional sem pára-quedas. Havia deixado o pára-quedas em casa, na estante, ao lado do bom senso.

Tarde demais

Olhei para o carro e, de imediato, percebi que o desejava, embora o raciocínio no fundo da minha alma gritasse baixinho: "Não! Não!" Em primeiro plano, o meu eu emocional dizia: "Sim! Sim!" Minha privação do passado conspirava com a ambição de uma vida melhor. Tornei-me refém das minhas próprias emoções.

Minha cabeça convocou uma reunião. A reunião da Comissão das Emoções só durou alguns segundos. Rapaz, estavam tão dispostos! A Força-tarefa do prazer do consumo imediato havia preparado uma lista com todos os motivos e todas as respostas às perguntas acerca do porquê da compra desse carro. O Prazer do consumo adiado, bem como a Comissão de planejamento e disciplina em longo prazo, resolveram não falar depois de ver o quanto gritaram com a Razão e o bom senso para que se calassem. Depois de silenciar os protestos, a decisão era certa. Afinal, eu merecia o carro, não merecia?

O pessoal da Comissão de planejamento e disciplina em longo prazo sacudiu a cabeça e cochichou: "Por que ele vai fazer isso? Não é esse o projeto de evolução de longo prazo. Significa um tremendo retrocesso!" Sorriram em silêncio e deram uma piscadela — sabiam que o Jaguar me daria uma grande lição. Assim corno qualquer princípio fundamental, a lição estava sempre presente. Eu precisava aprendê-la e

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aceitá-la. O que aconteceu com o meu eu tão sensato, racional? Eu, simplesmente, não estava preparado para lidar com minhas emoções, principalmente numa argumentação cuja espera para apresentação durou anos. Perdi a discussão com o melhor de mim.

Sem o chiado da frigideira não se vendem muitos bifes

Enquanto olhava para o carro, comecei a deduzir aspectos da transação que não existiam. O carro acabou transformando-se em um monte de chiados de frigideira — e um osso bem duro de roer. Na verdade, passei uns cinco anos roendo o osso. O carro não foi uma decisão boa ou ruim: foi uma decisão imbecil. Significava o meu status oficial de hipócrita. Eu podia ter usado o dinheiro destinado ao Jaguar na redução de dívidas ou na criação de um fluxo de caixa positivo, combinando o dinheiro com dívidas boas. A maioria das decisões de fazer dívidas ruins começa embrulhada na embalagem brilhante da emoção. A emoção é a colherada de açúcar que ajuda a engolir um monte de coisas que não fazem bem à saúde. O principal ingrediente de toda publicidade é a emoção açucarada.

Admito que me deixei levar pelo cenário do vendedor. Não que eu morasse numa favela, mas era fácil demais achar que, se eu tivesse aquele carro, talvez, só talvez, estivesse mais próximo de levar a vida daquele vendedor. Quando vi o carro, fui ao limite. Infelizmente ficou claro que o objeto do meu desejo estava ao meu alcance. Olhar para trás proporciona clareza depois que cedemos às emoções primitivas.

Talvez você desdenhe, mas o sex appeal é a base da maioria das pro-pagandas. O recado implícito é o verdadeiro recado. Não é o que a gente compra — mas o que pensa que compra. Nos comerciais de cerveja, não vemos porcalhões gordos arrotando e gritando para a mulher: "Me traz mais uma loura gelada, neném!" O que vemos é gente bonita, rindo, jantando, encontrando-se com membros atraentes do sexo oposto e, aparentemente, levando uma vida com a qual só podemos sonhar. Mas não devemos esquecer que são atores, mais ou menos como o cara que vendeu o Jaguar.

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Olhar para trás proporciona c lareza depois que cedemos às

emoções primitivas.

Que publicitário se atreveria a mostrar a parte mais vulnerável da fera? A realidade é uma venda difícil e não é a realidade que vendem —era isso que eu queria dizer.

Não melhora?

Vamos continuar falando dos comerciais de cerveja só mais um minuto. Você já viu algum comercial em que o pai esteja fora de casa bebendo e não passe tempo algum com a família? Não? Não vemos comerciais que mostrem as economias da família sendo despejadas no mictório do botequim da esquina. Imaginemos um comercial de cerveja com a família na delegacia pagando a fiança para tirar o papai da cadeia por dirigir bêbado — isso jamais acontecerá. Bem, talvez as Mothers Against Drunk Driving (MADD — Mães contra bêbados ao volante) produzissem esse comercial.

Naquele dia, porém, o vendedor do Jaguar não estava expondo o reduzido mercado nem o mal (remorso) que aquele carro talvez causasse. Ele empregou a teoria do otário maior. (Ele encontrou o otário e encerrou o ciclo.) Ele me vendeu do modo como os comerciais de cerveja vendem ao cidadão comum — imagens de um dia de sol, belos ambientes e uma grande dose de sucesso para todos! Infelizmente funcionou, embora o preço da entrada tenha custado mais do que um pacote de seis latinhas de cerveja.

Há sabedoria em uma multiplicidade de conselheiros

Durante a compra do Jaguar eu não procurei aconselhamento. Por quê? Quando me recordo, tenho de admitir que eu não queria que ninguém me aconselhasse a não comprar o carro. Esses eram todos pensamentos subconscientes (na verdade, pensamentos auto-reprimidos) que só me ocorreram conscientemente depois de feitos os estragos. Eu me sentia

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como a velhinha que procurou ligar para o Better Business Bureau* de-1 pois de sofrer um golpe de um vigarista. O funcionário do BBB disse:

— Por que não nos ligou antes? A senhora sabe que estamos aqui! Temos registros desse tipo de golpe.

E a velhinha respondeu: — Fiquei com medo de vocês me aconselharem a não fechar

negócio. Assim como a velhinha, eu queria comprar aquele Jaguar, mesmo que,

no fundo, bastasse entrar em contato com o meu eu racional (o meu próprio BBB) para compreender tudo. Já ouviu alguém dizer "Eu não devia comer isso" enquanto receia que a pessoa perca um dedo enfiando a comida goela abaixo? Isso é a emoção sobrepujando o bom senso. Todos nós fazemos isso em alguma área da nossa vida, pelo menos uma parte do tempo.

II Durante a compra do Jaguar eu não procurei

aconselhamento. Por quê? Quando me recordo, tenho de admitir que eu não queria que ninguém

me aconselhasse a não comprar o carro.

As emoções derrotam o bom senso — a velha, velha história

É assim que o inimigo vence. Vamos pensar em Sansão. Ele tinha força 1 para estrangular um leão, contudo não conseguiu controlar a paixão por uma filistéia que o levou à morte. Se o seu fim virá com o D de Dalila ou de dívida, a Bíblia adverte: "Estai certos de que o vosso peca-` do vos há de atingir." Antes de descer do púlpito, digamos que o inimigo (o Demônio das dívidas) seja qualquer coisa contraproducente para os seus objetivos declarados. Devo ainda supor, para os fins deste exemplo, que os seus objetivos não são loucos. Na batalha das dívidas boas contra as dívidas ruins, as emoções são participantes importantíssimas. Não se esqueçam do gambito inicial deste capítulo: "Se superares os outros, és forte; se superares a ti mesmo, és invencível."

* Nos Estados Unidos, equivalente ao nosso Procon. (N. do T)

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O velho trombadinha — Introdução à publicidade

A meta do sedutor (publicitário, vendedor ou credor) é fazer com que a lábia ultrapasse sorrateiramente o seu raciocínio para alcançar o objetivo. É o esquema clássico em que um ladrão (o anunciante) esbarra em você para desviar sua atenção, enquanto o colega dele (o comerciante) bate a sua carteira. Sem apelo emocional, a publicidade seria dificílima. O apelo pode ser negativo ou positivo — isto é, concentrar-se no que você vai obter ou no que poderia perder.

Vi um comercial na televisão com o bordão "Sinta-se rico". (...) Repare que o comercial não dizia "Seja rico".

Está claro que o modo de derrotar o raciocínio está repleto de emoções agradáveis. Parece que essas emoções desviam a corrente sangüínea de sua capacidade de raciocínio. Isso explicaria por que uma pessoa normalmente racional e madura pode gastar parcelas enormes de tempo e dinheiro com fins improdutivos ou até destrutivos. Talvez seja exagero chamar a publicidade de ardil, mas uma coisa é certa: na maioria dos casos, os publicitários precisam desviar sua atenção de um projeto que seja melhor para você do que aquilo que tentam induzi-lo a fazer. O trabalho do trombadinha é mais fácil com aqueles que não têm nenhum plano em especial — os Consumerati. É fácil conquistar sua atenção quando você não tem missão alguma.

Nenhum de nós está imune ao canto da sereia das agências de publicidade via televisão, rádio, imprensa, ou a inovação interativa da Internet. Chamam-nos e nos puxam emocionalmente de diversas direções. Se nada disso o conquistar, a pressão dos iguais o fará.

Morder -me?

Permitindo-se ser "instruído" por frases de efeito e modelos bonitos (homens ou mulheres) nos comerciais ou mesmo em notícias via Internet, em vez da razão, do raciocínio e dos estudos, você estará sempre à mercê das emoções. Você se torna membro da comunidade dos

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Consumerati — a caça, não o caçador, aquele que constrói a vida sem planta baixa. Pensemos assim: se você não editar o que lhe entra na cabeça, os meios de comunicação e os publicitários o farão.

No Natal passado, vi um comercial na televisão com o bordão "Sinta-se rico". É um apelo emocional eficaz; muita gente se contenta com o sentir-se, em vez de ser, mesmo que a sensação não dure muito. Repare que o comercial não dizia "Seja rico". O controle das emoções pode permitir que você "Seja rico" se obedecer aos princípios consagrados e não ao conselho do porta-voz do comerciante. O Econo-sábio define uma pauta e obedece a ela, mesmo enquanto os Consume- I rati cometem indiscrições financeiras, uma após a outra.

Perspectiva apropriada

Peço-lhe que crie a própria percepção, repleta de coisas espiritual, corporal e financeiramente saudáveis. Ao terminar a leitura de Dívida boa, dívida ruim você terá estrutura para orientá-lo. Mas não pára por aqui — trata-se de administração, não de cura. A administração emocional é emprego de expediente integral. Requer sua liderança para começar e administração constante para continuar.

Jimmy Napier, autor de Invest in Debt, ensinou-me que — a menos que tenha nascido riquíssimo — para tornar-se rico é preciso passar por um período de sacrifício. Não sei se acreditei em Jimmy em 1982, mas ele sabia algo que eu não sabia — que eu provocaria a necessidade do meu período de sacrifício financeiro ou, pelo menos, a necessidade de ampliação do período.

O tipo de sacrifício de que falo produz a grandiosa sensação que sentimos ao prometer a nós mesmos fazer algo e, então, realmente fazê-lo. Essa é a definição de resolução: prometer a si mesmo que fará algo e recusar-se a parar antes de terminar.

Não é ruim desejar ou mesmo adquirir muitas coisas. Eu diria que só é ruim se contradiz o seu projeto de vida Se não há um projeto de vida, então cobice tudo o que quiser! Divirta-se!

Sem o controle das emoções e a capacidade de trabalhar com o apoio de um plano definido, você entrega o futuro ao acaso. Se não fizer 41 nada, ficará entregue ao plano de marketing que as agências de publi-

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cidade lhe fornecem, presumindo que tenha renda ou crédito suficiente para que os publicitários o manipulem. Sem um projeto, você é obrigado a colaborar com o inevitável. A antiga música do Rush diz: "Se optar por não escolher, ainda assim você faz uma escolha?' Adiante trataremos do planejamento de maneira mais minuciosa. Vamos prosseguir — estou começando a me emocionar.

Em uma das entrevistas que faz em The Millionaire Mind, Tom Stanley fala de um certo sr. Richards: "Ele compreende que alugar uma Mercedes não nos torna ricos." É bem fácil racionalizar motivos para comprar coisas insalubres para o nosso futuro financeiro. É fácil enredar-se em gastos emocionais. A conversa de vendedor que capta o seu dinheiro pode ser elaborada com o fito de parecer sensatíssima, mas, quando dela extraímos toda a retórica, a única pergunta que se precisa fazer a si mesmo é se essa despesa o aproxima ou afasta de seus objetivos.

É mais caro gerar uma aparência de riqueza do que tomar as providências para se tornar de fato abastado. A riqueza não é instantânea. A recomendação apropriada é a gratificação adiada. Isso é verdadeiro principalmente quando calculamos o preço do financiamento da aparência de riqueza. É claro que me recuperei da compra do Jaguar, mas ela deixou algumas cicatrizes emocionais. Quando tudo o que perdemos em uma transação é um pouco de dinheiro, temos sorte. É muito pior perder a coragem do que a capacidade de tentar mais uma vez.

A panela da comiseração

Tive um amigo, há anos, que fez uns investimentos ruins e nunca se arriscou de novo. Agora está há 22 anos no banco de reservas. O leitor concorda que ele está pagando um preço muito mais alto do que perder algum dinheiro? Embora ele já tenha sido um grande amigo, não consigo mais me aproximar dele. Ele é negativo demais, e isso parece bem contagioso.

Teria sido muito mais caro para mim se eu ficasse remoendo a perda com o Jaguar e me sentasse à beira do caminho durante os últimos anos. Não que eu não tenha minhas crises ocasionais de autocomiseração. Atualmente, tento limitar essas crises a 20 minutos e, depois, ver o que aprendi e seguir em frente.

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"Ninguém é imprestável, querido.

Qualquer um pode ser pelo menos um mau exemplo."

Se precisa sentir autocomiseração, faça o favor de fazê-lo sozinho e não contar a ninguém. Pode ser contagiosíssima para quem não está vacinado. Sou vacinado e interromperei o seu relato ou farei anotações para escritos futuros. Se tiver uma história realmente infeliz, posso querer que você assine uma autorização para que eu use sua história impressa como inspiração negativa. A maioria das histórias negativas que ouvimos são bem comuns, embora os portadores da retórica negativa tenham certeza de que ninguém no mundo jamais sofreu tanto quanto eles. A cabeça bem instruída perguntará: "O que posso aprender com isso, como evitar que isso aconteça comigo?" Minha mãe costumava dizer: "Ninguém é imprestável, querido. Qualquer um pode ser pelo menos um mau exemplo."

Mamãe tinha razão. É muito mais fácil aprender com a experiência de algum otário do que se oferecer para fazer o serviço!

Vírus da negatividade — você é portador?

Espalhar sua tristeza só vai contaminar os outros ou impedi-los de tentar. A coqueluche do momento na Internet é o marketing virótico. O dr. Ralph Wilson diz: "Nas empresas normais, isso é conhecido como boca a boca." Digo que o pensamento negativo é o maior plano de marketing virótico já criado pelo velho Demônio das Dívidas. A princípio, não custa nada (a não ser o seu futuro) para inscrever-se, e é fácil recrutar vítimas. Muita gente está mesmo predisposta a procurar essas coisas. Se já viu alguém desenhar todos aqueles círculos e explicar como você pode ganhar dinheiro vendendo sabonete ou cartões telefônicos, então aplique essa matemática a seu pensamento negativo.

Atributos do marketing virótico

1. É de graça. Seja vírus de gripe, um produto, uma mensagem negativa ou uma mensagem positiva, o contágio é gratuito.

2. Contamina os outros sem qualquer esforço. Os vírus só se espalham quando é

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fácil se contaminar. Basta apertar a mão de alguém que esteja gripado, encaminhar um e-mail, contar a um amigo — é um contágio sem muito esforço.

3. Cresce rapidamente. Para espalhar-se com rapidez, o vírus se replica com facilidade. No exemplo do e-mail, pode-se gerar um número infinito de e-mails ou de histórias negativas sem custar nada ao iniciador do vírus.

4. Explora motivações comuns. As motivações consistem em: ser engraçado, ser amado, realizar uma ambição, atender a uma necessidade, incomodar os outros, gerar medo ou sentir-se melhor fazendo com que os outros se sintam mal.

5. Usa canais de comunicação já existentes. A comunicação de pessoa para pessoa espalha a gripe comum; enviar e-mails e baixar arquivos espalham o marketing na rede; o boca a boca espalha alegria ou infelicidade.

6. Aproveita-se dos recursos alheios. O vírus da gripe viaja na mão de outra pessoa; o e-mail ou o arquivo baixado se imprime no papel de outra pessoa; o vírus trafega em razão do tempo e do empenho de outra pessoa.

Este boletim acaba de chegar! Talvez você também possa aplicar o marketing virótico a atividades positivas. Prevalece a mesma matemática. Embora nem todos saibam como aceitar uma mensagem positiva, você vai se surpreender com o número de pessoas que aceitam, e algumas talvez se alegrem por experimentar algo novo. De fato, pode haver mais "portadores" negativos do que positivos por aí. Você sempre encontrará aqueles que adoram ter alguém com quem partilhar a infelicidade, mas alguns preferem mensagens positivas.

O que aprendi?

O fiasco do Jaguar aconteceu há muitos anos e hoje me refiro a ele brincando, como uni caro seminário de "Introdução à Administração das Emoções': Não ria. Pense no preço de suas próprias lições. Você diria que, pelo preço, deveria ser um curso universitário, mas a lição

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foi bem elementar. Os pré-requisitos costumam ser úteis blocos construtores para cursos adiantados. Por um preço módico, elaborei a tese sobre a Teoria de Newton-Hanson: "Em transações financeiras, todas as emoções desenfreadas surtem sobre o bom senso um efeito anestésico igual ou contrário."

Falo sério quando digo que a lição aprendida valeu mais que os recursos perdidos. Para os sabichões que me lêem: repetir a lição não teria o dobro do valor! Nunca discorro sobre dívidas boas versus dívidas ruins sem incluir a administração emocional. Como poderia?

"Não ter a mania de comprar é

possuir uma renda."

O que machucou mais no fiasco do Jaguar foi que eu não estava no controle das minhas emoções. Permiti que me levassem no bico. Por meio de minhas próprias ações, abri mão de parte dos meus bens para alimentar o ego. É uma sensação terrível ser enganado e entregar o dinheiro para, após uma investigação exaustiva, descobrir que é você mesmo o culpado.

Não tenho animosidade alguma contra o vendedor do XKE, embora tenha rangido os dentes algumas vezes ao pensar na transação. Recentemente, tirei o retrato dele do meu alvo de dardos. Ele não me obrigou a comprar o carro; admito a responsabilidade total. De brinde, descobri por que todas as piadas sobre carros ingleses são essencialm e n t e v e r d a d e i r a s .

Permitir que as minhas emoções pensassem por mim me custou um dinheirão. A história nem seria digna de nota se fosse minha única trapalhada. Infelizmente, meus lapsos atingiram outras áreas também. Aliás, para a maioria, os carros são um desperdício e uma fonte constante de despesas. Contudo, estava acostumado a ganhar dinheiro comprando e vendendo carros, como hobby e para ter lucro. Em geral, vendo a compradores emocionais, sem ser um deles! Então, conforme escrevi no meu diário alguns anos depois desse trauma auto-imposto: "Quando vi aquela máquina topless brilhando ao sol, parada em frente à garagem com seis carros do vendedor, minhas emoções vieram à tona e a acuidade financeira mergulhou no fundo do poço — é como

se eu tivesse me transformado no cara que devia estar procurando, e me aproveitei de mim mesmo." Agora tento manter a perspectiva adequada. Foi

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um aprendizado. Não esqueça: "Se superares os outros, és forte; se superares a ti mesmo, és

invencível." A batalha pelo controle das emoções é consigo mesmo! Cícero disse: "Não ter a mania de comprar é possuir uma renda." Os gastadores emocionais não são novidade. A história está repleta de exemplos. Chamo esses esbanjadores de Consumerati — os que se tornam escravos dos próprios desejos. Um importante segredo para o futuro financeiro é conquistar o controle das emoções. Quem controla as emoções junto com outras coisas fundamentais pertence ao grupo de elite, o dos Econo-sábios.

Entenda o que o Demônio das Dívidas e as agências de publicidade tentam obrigá-lo a fazer. Você pode se deixar assaltar pelos trombadinhas ou mudar seu modo de pensar. Na frase anterior, repare na palavra você. A escolha ainda é sua — há livre-arbítrio. Embora pareça que estou fazendo discurso contra as agências de publicidade, não estou. Os publicitários fazem o que os comerciantes os contrataram para fazer: vender produtos — muitos produtos. A batalha de que falo é com um inimigo muitíssimo maior — você mesmo!

Mesmo quando não há dívidas acumuladas, podemos nos envolver nos McGastos — gastos promíscuos que não percebemos que pesam até mais tarde, quando calculamos os custos. São as pequenas quantias com as quais nem sempre nos preocupamos. Os cinco ou 10 dólares por dia das pequenas despesas podem chegar a mais de meio milhão de dólares no decorrer de 20 ou 30 anos. Os McGastos podem ir do café expresso a almoços caros; enquanto isso, a nossa previdência privada vai ficando para trás.

No desvio do meu projeto de vida, comprei um fracasso, mas, pior que isso, me iludi ao pensar que o pernicioso Jaguar era um bem. A decisão emocional que tomei de comprar o Jaguar, em vez de investir o dinheiro no pagamento antecipado de dívidas, foi um grande equívoco. Eu sempre me orgulhei de conseguir distinguir meus bens de um buraco no chão, mas naquele dia me desviei do bom senso. Eu me iludi, achando que ganharia dinheiro com esse carro fracassado. Iludir a si mesmo é o tipo mais perigoso de ilusão, porque aquilo que você acredita ser verdadeiro é o que você tem certeza de ser verdadeiro.

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Apostas altas

Poucas coisas na vida podem custar mais do que emoções desenfreadas. 'q Você fica à beira do precipício da decisão entre a dívida boa e a dívida ruim sempre que permite que as emoções tomem as decisões no seu lugar nas situações do trato com o dinheiro. Meu amigo Jimmy Napier me ensinou: "Em todos os truques de negociação, você tem a oportunidade de ganhar ou gastar mais do que em qualquer outro momento na vida." Quando acrescenta as emoções e a "ambição induzida pelos meios de comunicação'; você fica em grave desvantagem.

Ainda estou me recuperando das escoriações auto-infligidas sustentadas por decisões tomadas há anos. Não obstante, não podemos viver no passado. O arrependimento é uma emoção inútil; ela nos rouba o presente e aleija o futuro.

Parafraseio Jim Rohn de uma fita de Nightingale-Conant que ouvi há anos: o arrependimento é uma emoção inútil. Passe alguns minutos com ele para contrair o câncer econômico nos ossos que leva à morte. Vai acabar arrastando-se para o deserto financeiro, onde pode sufocar-se na areia do próprio arrependimento.

Clareza total

Em algum ponto da vida, você tem a súbita percepção de que estaria muito melhor e livre se não fossem as dívidas e as obrigações que acumulou pelo caminho. Quando percebe que passou pelas suas mãos dinheiro suficiente e que apenas cinco ou 10 por cento desse dinheiro teria hoje se transformado numa fortuna, então está pronto para começar a aprender. As melhores lições da vida podem ser aprendidas, mas não ensinadas. Infelizmente, também podem ser ignoradas.

As melhores lições da vida podem ser aprendidas,

mas não ensinadas.

Brian Tracy, em The Psychology of Achievement, diz: "Oitenta e cinco por cento de sua felicidade provêm do seu grau de êxito na interação

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com outras pessoas?' Se fazer uso da inteligência emocional, trabalhar rumo a uma meta, adiar o prazer do consumo e construir sua base de conhecimentos todos os dias são ações tão importantes, por que não falam disso com mais freqüência? Parece que a história de cada milionário põe em destaque o que o milionário quer fazer com o dinheiro e como ganhou o dinheiro. Todas são ótimas histórias, porém muito mais útil pode ser a história do que estava acontecendo no interior do milionário enquanto fazia dinheiro.

Ser emocionalmente bem-sucedido significa conhecer e aplicar fun-damentos. Fundamentos são princípios que agem de maneira constante, seja qual for seu entendimento, sua ação ou sua inação. O fundamento dos juros compostos funciona a seu favor ou contra você, independentemente do seu entendimento. O dinheiro não respeita ninguém; funciona a favor ou contra todos que lhe dêem emprego. As taxas de juros compostos funcionam contra as dívidas de consumo, também conhecidas como dívidas ruins. Os juros compostos funcionam a favor dos investimentos conservadores. Os juros compostos, assim como a gravidade, funcionam a seu favor ou contra você.

Aprenda a usar o papel

Anotar tudo é um fundamento que se deve aplicar e que sempre aumentará a clareza e a lembrança. Entregue à memória o credo consagrado: "A tinta mais fraca é melhor do que a melhor memória." Não é preciso entender de eletricidade para ligar o interruptor e receber o benefício da luz. Tome notas. Você está fazendo a prova e ainda bem que é prova com consulta.

Sempre que dedicar algum tempo a algo para iluminar, ler, absorver, pensar profundamente, pergunte: "De que maneira isso poderia ajudar minha família, minha situação, meu trabalho, minhas finanças? Isto é instrução lucrativa?" Se não for lucrativa nem edificante, por que vai fazer isso?

Já que você só vai implementar aquilo de que tem consciência, sua percepção vai definir o nível de êxito. Se concordamos com o velho adágio de que a sua atitude controla a sua altitude, então espero que concorde comigo quando digo que a sua percepção controla as suas possibilidades.

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Os fundamentos são princípios comprovados pelo tempo e provados pelo bom senso.

Ultrapassam a nossa existência e a de nossos descendentes.

No Capítulo 6 ("E se você não morrer?"), vou me aprofundar acerca de ter um projeto de vida e um plano de substituição do emprego. O autocontrole e a autodisciplina são mercadorias em declínio nos Estados Unidos. O grande ruído de aspirador que ouvimos não é a migração dos empregos para o México ou para a Índia, mas o som do vácuo gerado por quem tenta viver a vida sem a habilidade fundamental de lidar com o dinheiro.

Os fundamentos são princípios comprovados pelo tempo e provados pelo bom senso. Ultrapassam a nossa existência e a de nossos descendentes. O que ensinamos a nossos filhos? Dizem que o menino ouve o que o pai diz até os 11 anos de idade e, depois, faz o que o pai faz. É possível explicar suas palavras, mas não seus atos. Seus atos são compatíveis com suas palavras? Essa é uma fonte constante de decepção para muita gente. Você consegue conciliar diariamente suas palavras com seus atos? Todos conhecemos pessoas brilhantes, com talento em abundância, que parecem jamais progredir. Não é possível pôr seu talento em ação se lhes falta disciplina. O saber de todos os tempos se resume nisto: buscar sabedoria, disciplina e discernimento.

Percebeu que a palavra inglesa rationalize tem o som de "racional lies"?* Mentimos principalmente para nós mesmos. Pensamos assim: "Um dia"; "Quando eu'; "Aí eu vou" e outras ilusões. Tudo isso são sedativos suaves para a mente que tenta elaborar mentiras para si mesma a fim de explicar atos ou omissões. "Um dia eu vou" ou "Vou tentar" é a droga barata que se usa como desculpa para fugir do empenho sincero. Brian Tracy afirma: "Vou tentar é a desculpa antecipada do fracasso."

Eis alguns fundamentos das dívidas e do controle emocional:

1. Aprenda a usar o papel! Quando pensar em decisões, faça-o sempre no papel. Um nível elevado de emoções reduz a acuidade financeira.

* Rationalize significa "racionalizar" e rational lies significa "mentiras racionais". Não há equivalente sonoro em português e o autor quis fazer um trocadilho com os termos, que são homófonos em inglês. (N. do T)

Se não fizer sentido no papel, é provável que não faça sentido na prática.

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Planejar é quase sempre a atividade mais lucrativa que você pode ter.

2. Aprenda a discernir quando as emoções fazem oscilar sua capacidade de tomar decisões. A Teoria Newton-Hanson diz: "Em transações financeiras, todas as emoções desenfreadas surtem sobre o bom senso um efeito anestésico igual ou contrário."

3. Interprete rationalize como "rational lies". Para quem você está mentindo? Provavelmente, para si mesmo. Muitos (como eu) não gostam de manter registros porque é chato e costuma mostrar de maneira clara demais o que estamos fazendo. É melhor adaptar o comportamento de Patrick Henry com relação à liberdade no tocante às finanças: "De minha parte, por maior que seja a angústia que venha a custar, estou disposto a conhecer toda a verdade, saber o pior e tomar providências."

4. Seja coerente. Mantenha seus atos compatíveis com suas palavras. Melhore suas palavras e seus atos.

5. Faça suas próprias escolhas. Defina suas prioridades e metas, senão alguém o fará por você. Escolha por si mesmo ou então fique com as sobras.

Cuidado com o que deseja

Muita gente trabalha para adquirir luxos e depois torna-se escrava desses luxos. Nascemos livres, contudo nos enredamos em uma teia de dívidas e obrigações temporais que nos tornam escravos voluntários ou, pelo menos, patéticos empregados de nossos credores. Isso não é novidade. Em todas as minhas leituras, pesquisas e entrevistas informais com devedores, grandes e pequenos, encontrei um tema sempre presente: todos lamentavam tanto tempo e dinheiro gastos com objetos triviais que havia muito se acabaram e foram esquecidos.

Defina prioridades

Todos nós precisamos definir nossas prioridades. No salão local de sinuca, Zé Devedor está tentando pegar 500 dólares emprestados —

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ele diz que é para pagar as contas da hospitalização da esposa, Ima. O empresário diz ao Zé:

— Não posso lhe emprestar 500 dólares. Você vai beber tudo. — Não, não, não — responde Zé. — Você não entendeu! Dinheiro pra

beber eu tenho! O Zé pode não ser um bom risco de crédito, mas, com certeza, definiu

suas prioridades. No Capítulo 5 ("Quanto ao passado, não sei: Mas meu futuro é impecável'), falo de como minha família arranjou 600 dólares em 1965 para comprar um televisor em cores, mas nunca arranjamos 600 dólares para investir, ou mesmo para comprar uma casa. E, em 1965, nos Estados Unidos, era possível comprar uma casa com entrada de 600 dólares (é, ainda hoje). Suas prioridades são iguais às do Zé Devedor?

Conversei com muitos Zés e Imas nos últimos anos. As prioridades são engraçadas. As prioridades dos outros são desprezíveis. As nossas, são prioridades sagradas, intocáveis. O último Zé com quem conversei lamentava-se de não conseguir depositar 1.000 dólares em um fundo de aposentadoria. Em conversa informal, indaguei sobre um plano que vi na tevê paga. Ele me explicou tudo sobre aquele e muitos outros! Talvez o relatório de um detetive particular dissesse: "Assunto: Ima e Zé Devedor gastam pelo menos 1.500 dólares por ano com tevê. paga, HBO e pay-per-view, sem se preocupar com seu futuro financeiro." Presumo que essa seria uma estimativa fraca.

Na verdade, Zé está certo! Ele não pode investir no fundo de aposentadoria — mas tem dinheiro para pagar a HBO. Uma das características comuns de todas as pessoas escravizadas é que elas mentem. O ébrio tem suas razões; o comedor compulsivo tem suas razões; o jogador e o devedor também têm suas razões. Eles têm rational lies (rationalize) [mentiras racionais].

Faça a coisa certa

Se você fizer o que é certo, suas emoções também o farão. Essa pode ser lição mais difícil de aprender. É a mais difícil lição que ainda estou aprendendo. Muita gente cai na armadilha de obedecer às emoções. Quando se deixa levar pelas emoções, você perde o controle. Isso ocorre porque você abdicou do controle das emoções. Todos os treinamen- tos de venda ensinam a apelar às emoções dos futuros clientes, e a não se deixar

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enredar em discussões improdutivas sobre possibilidades de pagamento. Os vendedores de carros preferem falar das suaves prestações mensais, e não do preço total do veículo.

Quando se deixa levar pelas emoções,

você perde o controle.

Uma das marcas registradas dos Consumerati é sua propensão à ilusão. Não são capazes de racionalizar e inventar muitos motivos para os gastos insalubres. Alguns desistem completamente. Já ouviu alguém dizer "Prefiro a ilusão à realidade"?

Os Consumerati acreditam no que vêem e sentem agora. A principal diferença entre os Consumerati e os Econo-sábios é seu modo de encarar o futuro.

Os Consumerati acreditam no que vêem e tocam agora. Têm pouca confiança no amanhã — por isso estão tão dispostos a empenhá-lo ou hipotecá-lo. Os Consumerati buscam a felicidade imediata — mesmo que seja só temporária.

Os Econo-sábios crêem no futuro — e que é possível alcançar um futuro inteligível. Fazem as contas e, então, confiam na matemática. Os Econo-sábios buscam a alegria duradoura.

Viajando à velocidade das dívidas

Aceleramos o consumo e o estilo de vida dos Consumerati com velocidade, eficiência e tecnologia — mas deixamos para trás o bom senso e a sensatez. O Econo-sábio entende que os fundamentos não mudam nunca e que só será bem-sucedido se adotar esses fundamentos comprovados pelo tempo. O Econo-sábio tem uma perspectiva de 10, 20 Ou mesmo 50 anos de sua vida financeira.

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FAQ* — Como posso ser livre se não faço o que quero?

Pergunta: Corno posso ser livre se não obedecer às emoções mais pro-

fundas? Resposta: a liberdade encontra-se na autodisciplina. O quê? Sei que vai de

encontro a tudo o que a cultura popular ensina. A liberdade encontra-se na moderação. Só por meio de escolhas conscientes podemos começar a controlar nossos resultados. É preciso escolher por si mesmo. Quando obedecemos aos sentimentos, na verdade abrimos mão da liberdade. Tornamo-nos escravos de nossos sentimentos e, no final, nossos atos ficam à mercê dos nossos humores, do nosso dinheiro, ou do apelo dos publicitários. Afinal, você merece o melhor. Não merece?

Quando obedecemos aos sentimentos, (...) abrimos mão da liberdade. Tornamo-nos escravos

de nossos sentimentos.

Esse é o caminho mais imprevisível. Talvez você obtenha resultado semelhante se escolher um cônjuge baseando-se totalmente nas emoções, sem as vantagens e as desvantagens do bom senso, do raciocínio e da avaliação da compatibilidade. Você precisa decidir qual religião seguir, com quem se casar e qual nível de saúde financeira quer alcançar. Os Consumerati recusam a responsabilidade e se entregam às emoções até finalmente sucumbir sob o peso (dívidas) de seus próprios desejos.

Olhos bem abertos

Isaac Singer escreveu: "Precisamos acreditar no livre-arbítrio. Não temos escolha." Na verdade, o livre-arbítrio nos permite muito bem optar por não ter plano algum. Podemos simplesmente nos deixar levar pela maré — ou pelos três I: indiferença, imediatismo e ignorância.

* Frequently Asked Questions ou perguntas mais freqüentes. (N. do E.)

Esse mesmo livre-arbítrio nos permite adotar um projeto e uma promessa previsível, que chamo de três Ds: disciplina, dilação e discernimento. Não peço fé cega, mas uma fé com os olhos bem abertos. Você tem o livre-arbítrio de

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fazer as contas e manter uni registro honesto de sua situação enquanto prosseguimos. Com certeza, é mais fácil largar este livro e pegar o controle remoto, ou dizer: "Farei isso depois." Você tem livre-arbítrio para fazer o que quiser — basta fazê-lo com os olhos bem abertos.

Aprenda a discernir quando é levado pelas emoções. Quando deparar com as emoções ou se sentir emocionalmente comprometido, basta perguntar se obedecer às emoções é mesmo melhor para você a longo prazo. Elas nem sempre estão erradas. Simplesmente conscientize-se de quem ou o que está estimulando o seu apetite. Não esqueça a pergunta do Econo-sábio: este gasto (ou ato) me aproxima ou me afasta de meus objetivos?

Pontos a ponderar

• A Teoria Newton-Hanson diz: "Em transações financeiras, todas as emoções desenfreadas surtem sobre o bom senso um efeito anestésico igual ou contrário."

• É uma sensação horrível cair no conto-do-vigário para entregar o dinheiro e, após uma investigação abrangente, descobrir que o culpado é você.

• Pergunta: como posso ser livre se não obedeço às minhas emoções profundas? Resposta: a liberdade está na autodisciplina. Só por meio da escolha consciente, de um projeto, podemos começar a controlar nossos resultados. Obedecer às suas emoções o escraviza a um amo imprevisível.

• A percepção retrospectiva traz clareza na manhã seguinte, após uma orgia com as emoções primitivas.

• A cabeça instruída pergunta: "O que posso aprender com isso? Como não deixar que isso aconteça comigo?" Minha mãe costumava dizer: "Ninguém é imprestável, querido. Qualquer um pode ser pelo menos um mau exemplo."

• A meta do sedutor (publicitário-vendedor-credor) é fazer com que as

palavras penetrem para além do seu raciocínio, a fim de alcançar

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determinado objetivo. É o esquema clássico em que um ladrão (o anunciante) dá uma trombadinha para distraí-lo, enquanto o com-panheiro (o comerciante) lhe bate a carteira.

• Jimmy Napier me ensinou: "Em qualquer truque de negociação, você tem oportunidades iguais de ganhar ou gastar mais do que em qualquer outro momento de sua vida."

• O dinheiro não respeita ninguém. Funciona igualmente a favor e contra todos que o empregam.

• Demência é quando queremos desesperadamente fazer algo prejudicial ao nosso bem-estar. É loucura ter metas bem definidas e não segui-las. Para evitar o desconforto causado pela definição e pela redação das metas, muitos decidem nem começar.

• Pensemos assim: se você não editar o que lhe entra na cabeça, os meios de comunicação e os publicitários farão isso por você.

• É provável que, quanto mais você permitir a interferência das emoções em suas decisões, mais dívidas ruins você acumule.

• Quanto mais racionais forem as suas decisões, mais provável será que você evite as dívidas ruins.

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futuro, persiste exatamente porque muita gente se sente satisfei- ta com seu nível de vida — essas pessoas não vêem sabedoria em gastar menos do que ganham. Menos de cinco por cento da população se dão ao trabalho de ter um projeto de vida por escrito. Talvez entregar a vida financeira ao papel fosse algo sério demais. Se você sempre gasta tudo o que ganha, jamais terá uma vida financeira tranqüila. A biografia de grandes homens, de Benjamin Franklin a Warren Buffett, testemunha esse fato.

Um emprego ou sua própria empresa só geram riqueza se uma parte dos ganhos for escravizada a fim de trabalhar para você. Dívidas ruins ainda na juventude podem definir um padrão de gastos quase perpétuos e empréstimos que podem levar à ruína financeira.

A renda é igual a um rio; a riqueza é um lago ou reservatório. A renda armazenada é riqueza; renda gasta pode não trazer boas recordações.

Afluência prematura

Parte desse problema é um padrão de dívidas ainda na juventude, talvez herdado dos adultos de sua vida; e parte pode ser o que o pesquisador da Universidade de Michigan, Jerald Bachman, chama de afluência prematura. Diz Bachman: "Na ausência de pagamentos de aluguel, serviços públicos, alimentação e de muitas outras necessidades rotineiramente providas pelos pais, é provável que o estudante típico ache que a maior parte de seus ganhos esteja disponível para gastar a seu bel-prazer. E, já que muitos ganham mais de 200 dólares por mês, parece provável que alguns passem pelo que passei a chamar de `afluência prematura' — afluência porque 200 dólares ou mais por mês representam muito `dinheiro para gastar' para um colegial, e prematura porque muitos desses indivíduos não conseguirão sustentar esse nível de gastos arbitrários quando tiverem de assumir o fardo de pagar pelas próprias necessidades."

Como esse estudo foi publicado em 1983, tenho certeza de que já se pode mais que dobrar essas cifras. Minha pesquisa informal com gar çonetes e garçons estudantes do ensino médio encontrou alguns que disseram ganhar cerca de 500 dólares por mês em meio expediente. Urna garçonete de 18 anos que ainda mora com os pais me informou ganhos de

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600 dólares ou 800 dólares mensais por" 15 a 20 horas de trabalho por semana.

Alguns estudantes passam a gostar de grifes e de necessidades caras. Depois da faculdade, então, quando começam a sustentar totalmente uma casa, muitos escolhem as dívidas para manter o estilo de vida, em vez de parar de usar produtos de grife. A 2,28 dólares o litro, não é de admirar que a água mineral Evian seja naive ao contrário.*

Passar um desejo para a lista das necessidades é técnica

elementar dos Consumerati.

É bom que os jovens estejam trabalhando e ganhando parte de seu sustento. A maioria deles, na pequena amostragem que entrevistei, estava custeando os estudos universitários enquanto trabalhava. O problema pode surgir quando permitimos (por meio de exemplo ou negligência) que os nossos jovens adquiram um apetite que possa levá-los à escravidão financeira. Saí de casa pouco antes de completar 17 anos. Lembro-me de, um ano depois, pensar nos bons e velhos tempos, quando eu ganhava 90 dólares por semana, morava com meus pais e tinha dinheiro para gastar. Quando tive de pagar por meu próprio teto, serviços essenciais, alimentação, namoro, carros e roupas, as lentes cor-de-rosa que eu usava para ver a vida se estilhaçaram.

Quem está à espreita na moita?

Assim como acontece com todas as armadilhas, é fácil cair no laço das dívidas de consumo, mas é difícil livrar-se dele. Parafraseando Provérbios 1:11, a Bíblia nos adverte: "Cuidado com aqueles que espreitam para derramar o sangue do inocente?' Talvez devêssemos dizer: "Cuidado com aqueles que espreitam para derramar o sangue ingênuo ou ignorante" — quer dizer, o sangue financeiro, é claro. Hoje, são os anunciantes que

* Em inglês, naive significa "ingênuo, infantil': (N. da T)

espreitam para derramar o sangue inocente. Naturalmente, não usam faca nem revólver — usam o apelo emocional. Por conseguinte, cabe a você decidir

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se quer ou não entrar na armadilha das dívidas. Sua melhor defesa é desconstruir e desviar-se das influências dos meios de comunicação em sua vida, conforme expliquei no Capítulo 2 ("Refém emocional").

Muitos confundem necessidades ou despesas necessárias com desejos. Cada um de nós tem desejos que excedem em muito nossas reais necessidades. Passar um desejo para a lista das necessidades é técnica elementar dos Consumerati. Fazem isso na tentativa de justificar os gastos. O colunista Cal Thomas escreveu: "A necessidade foi definida com o significado de desejo de 48 horas." A dissonância criada pelos gastos idiotas pode ser temporariamente aliviada pelas pessoas que se iludem para acreditar que os gastos são necessários. Tentar satisfazer a maioria dos desejos é a fórmula da falência, ou, na melhor das hipóteses, da pobreza prolongada.

Definição de taxa de consumo. A taxa de consumo é a quantia real de dinheiro gasto todo mês para se manter no mesmo lugar — o status quo. Nele estão todos os gastos fixos e as compras impulsivas que fazemos de vez em quando. A taxa de consumo é a soma das obrigações financeiras, mais gastos com alimentação, habitação e quaisquer extravagâncias. Simplificando, é todo dinheiro gasto que não aumenta a riqueza, é tudo o que é consumido e desaparece para sempre.

Conheça RDAR Também podemos definir taxa de consumo como custo fixo da existência. Só a parte da renda que excede a taxa de consumo pode estar disponível para acumular riquezas ou libertá-lo do trabalho árduo. Não há segredo para se tornar rico — é preciso reduzir a taxa de consumo ou aumentar a receita, preferivelmente ambos. É fácil decorar isso na forma da sigla RDAR — Reduzir Despesas ou Aumentar a Re-c e i t a .

Não se pode fazer mais nada pelo fluxo de caixa. Nenhum dos 1 MBAs do mundo consegue inventar uma solução melhor para o fluxo de caixa. Além disso, é preciso pegar a diferença entre taxa de consumo e receita para investir sabiamente. É só a parte da renda que está acima da taxa de consumo que está disponível pata o acúmulo de ri

queza ou a aposentadoria. Vamos recapitular: reduzir as despesas, elevar a receita e fazer algo de bom com a diferença (margem de lucro). Reduzir as despesas não-dedutíveis é evento não-tributável.

Se você estiver com 40 anos, todos os 100 dólares mensais em taxa

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excessiva de consumo devoram 132 mil dólares de uma possível reserva de aposentadoria. Naturalmente, uma grande parte de sua receita precisa entregar-se logo de cara à taxa de consumo ou ao custo de vida. O que não precisa acontecer é aumentar constantemente a lista do que você chama de necessidades. Com o aumento da receita, resista à tentação de elevar o estilo de vida. Porém, pelo contrário, também não há sabedoria em ser um avarento que mata de fome o corpo e a mente. E se os 100 mil dólares que você economizou em educação lhe tiverem custado mais de 100 mil dólares por ano durante toda a vida?

Com o aumento da receita, resista à tentação de

elevar o estilo de vida.

Só podemos ter as melhores coisas da vida com equilíbrio e sensatez nas escolhas. Todos temos livre-arbítrio, antes das dívidas, para escolher onde gastar nossos recursos. Depois de estar com dívidas e altas despesas mensais, as quatro conseqüências das dívidas começam a predominar. Sofremos perda de liberdade, perda de fluxo de caixa, perda de tempo e perda de oportunidades. Na realidade, quando gastamos enquanto temos dívidas, gastamos o dinheiro dos credores. Eles nos permitem agir assim, contanto que paguemos o combinado com os juros mensais. Pagar com crédito não é pagamento propriamente dito; é pagamento a terceiros ou diretamente a um fornecedor, e o terceiro ou fornecedor passa a reivindicar seus ganhos futuros.

Equilíbrio

Talvez a meta seja viver em algum ponto entre o avarento e o extravagante — algum ponto entre o Tio Patinhas e o político comum. Em Architects of Fate, Orison Marden conta a seguinte história: "Guy, o livreiro de Londres e, depois, fundador do grande hospital, era um grande avarento que morava nos fundos da loja, comia sentado num banco

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velho e fazia de mesa o balcão, forrando-o com jornal. Não se casou. Um dia recebeu a visita do "Abutre" Hopkins, outro famoso muquirana.

— O que deseja? — perguntou Guy, acendendo uma vela. — Conversar sobre os seus métodos de poupar dinheiro — foi a

resposta, aludindo à economia sovina pela qual Guy era famoso. Ao saber o que Hopkins queria, ele apagou a vela e disse: — Podemos fazer isso no escuro. — O senhor é meu mestre nessa arte — disse o Abutre. — Não preciso

perguntar mais nada. Já sei onde está o seu segredo. "Podemos rir da economia de Guy, mas ela é muito melhor do que a

extravagância que ri dela"; diz Marden. Na verdade, precisamos é de um equilíbrio razoável. Se o seu método de economia é poupar dinheiro restringindo a educação, o controle e a organização das despesas, ou a alimentação saudável, então talvez esteja poupando para um fim que talvez não atinja nunca.

Vou repetir para marcar bem: se você estiver com 40 anos, todos os 100 dólares mensais que você gasta ininterruptamente lhe custarão mais de 132 mil dólares aos 65 anos. Custa tanto por causa da conseqüência 4 das dívidas: perda de oportunidades. Se você já queimou o dinheiro, não pode investir as cinzas. Em outras palavras, invista 100 dólares por mês durante 25 anos (dos 40 aos 65, por exemplo) em um fundo mútuo ou outros investimentos a 10 por cento ao ano e terá 132.683 mil dólares. Calculo uma taxa de 10 por cento, que é alta para a poupança e muito baixa para a aplicação em títulos de dívida e outros papéis disponíveis para os investidores bem informados. Se duvidar da flutuação das taxas de rendimentos da poupança, leia um pouco de história ou viva 4 um pouco. Em 22 anos, já vi bancos oferecendo taxas que variam de dois a 16 por cento ao ano. A vozinha da prudência pode um dia cochichar no seu ouvido: "Vale a pena gastar 132 mil dólares com tevê por assinatura com todos os canais especiais?" Para vocês, matemáticos, pre-sumindo-se os rendimentos mencionados, quanto seriam 1.000 dólares por mês (10 vezes a quantia) poupados do índice de descapitalização e apropriadamente investidos em 25 anos?

Quanto mais depressa eliminar o desperdício, reduzir seu índice de descapitalização e iniciar um projeto Econo-sábio, melhor. Com juros compostos, presumindo-se as variáveis acima, iniciando 20 anos antes, seus 100 dólares por mês se tornariam 1.048.250 dólares.

"Pois bem", disse a rainha, "aqui temos de correr o mais rápido possível

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para ficar no mesmo lugar."

Taxa de consumo é o que a gente consome como se estivesse queimando calorias. Se você pensa como eu, parece mesmo que está queimando a renda, não parece? Independente da emoção de "queimar totalmente" sua receita, isso, não obstante, é uma necessidade — até certo ponto. Muita gente com alto índice de descapitalização me diz que se sente como se estivesse numa esteira rolante. Lewis Carroll, em Alice no País das Maravilhas, descreve a sensação: "Pois bem'; disse a rainha, "aqui temos de correr o mais rápido possível para ficar no mesmo lugar."

Se a sua taxa de consumo passa de 90 por cento, dado o inevitável vazamento junto com a "conveniente contabilidade entregue à memória'; é provável que você esteja perdendo terreno. Meu abastado amigo Bob Teague, Jr. diz: "Se a saída excede a entrada, então o seu sustento é a sua falência."

Somos criaturas de hábitos e conforto, temos todos esses costumes aos quais nos apegamos, como comer e ter um teto sobre a cabeça, um ou dois bons carros e 150 canais de tevê a cabo para ver. É provável, porém, que não seja a habitação e a alimentação que o estejam impedindo de progredir financeiramente.

Embora eu tenha visto gente que vive sem dinheiro porque tenta viver numa mansão de primeira, embora devesse estar em um conjunto habitacional, em geral são os extras, os supostos "preciso ter'; que mantêm a taxa de consumo na faixa dos 95 por cento ou mais. No Capítulo 1 ("As conseqüências das dívidas") digo que muita gente tem uma forma de riqueza (receita), mas nega seu poder por falta de disciplina e desejos desenfreados. Esses são os iludidos que se fingem de ricos. Teague os chama de "falsificadores'; pois tentam projetar riqueza na superficie, mas basta arranhar um pouco para achar que o ouro é apenas uma tinta dourada sobre alvenaria comum.

Não podemos viver com lucro?

É o acúmulo de inutilidades e de serviços questionáveis que todo mês nos leva à pobreza. Poucos vão à falência de uma vez só; a maioria passa

alguns anos sem dinheiro, com as obrigações mensais se acumulando, bem

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semelhantes às placas que se acumulam nas artérias em conseqüência de dieta pobre. O acúmulo de dívidas ruins funciona como engordar — a gente engorda com um bolinho de cada vez, tratando o corpo como se fosse uma lata de lixo com tampa cabeluda. Nós nos tornamos obesos de tanto enfiar comida em excesso goela abaixo — empobrecemos por gastar demais e acumular dívidas. Os que têm vida longa atendendo a suas preferências (tenho de ter), no fim da vida terão sorte se conseguirem custear suas necessidades (preciso ter). Se você é membro do grupo dos Consumerati, a única maneira de entrar no grupo dos Econo-sábios é por meio da mudança de hábitos — uma verdadeira renovação mental.

Henry David Thoreau, em Walden Pond, descreve como viveu um ano com 38 dólares. O livro de Thoreau tem uma página com sua contabilidade daquele ano. Garanto que 38 dólares era pouco dinheiro, mesmo naquela época. Não descarte o poder desses exemplos, filtrando-os com sarcasmo e matemática confusa. P. T. Barnum menciona Thoreau como exemplo em sua autobiografia, Life of Barnum. Eis um trecho de Life of Barnum, escrito por volta de 1863, quando ele se propôs a viver com 600 dólares por ano em 1845, enquanto começava a operar o American Museum.

Logo de saída eu estava decidido a merecer êxito. Meu projeto de economia era a intenção de sustentar a minha família em Nova York com 600 dólares por ano, e meu tesouro de esposa não só concordou com prazer, mas estava disposta a reduzir a quantia para 400 dólares, se necessário. Uns seis meses depois que comprei o museu, o sr. Olmsted apareceu na minha bilheteria ao meio-dia e me encontrou fazendo uma refeição frugal, um sanduíche de carne seca, que eu trouxera de casa.

— Suas refeições são assim? — perguntou. — Não como refeições quentes, exceto aos domingos — respondi —,

desde que comprei o museu, e não pretendo nunca fazê-lo em dias úteis enquanto não estiver livre das dívidas.

— Ah — disse ele, dando-me um tapinha no ombro —, você está seguro e vai pagar o museu antes do fim do ano.

E ele estava certo, pois em 12 meses eu já estava de posse da propriedade, que foi totalmente paga com o lucro do museu. Adoro a parte em que Barnum diz "eu estava decidido a merecer êxito".

Estamos decididos a merecer o nosso êxito ou dispostos a aceitar qualquer coisa que a vida nos ofereça, o que cair da mesa? John Kenneth Galbraith chamava isso de "pobreza servil". Há uma grande diferença entre dizer "Eu

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mereço isso" e "Vou colocar-me na posição de merecê-lo". Nossa tendência é achar que o milionário herdou o dinheiro ou se tornou rico de repente. Uma leitura atenta da história acaba com esse mito. A maioria dos milionários trabalhou para ganhar seu dinheiro, adiou o prazer de consumo e controlou sua taxa de consumo. Mesmo que você seja abençoado com alguma herança ines-perada, é improvável que sem essas habilidades de administração do dinheiro você consiga conservar sua riqueza. A riqueza só acentuará suas características. Sem as habilidades do Econo-sábio, a súbita riqueza dos Consumerati rapidamente migrará de volta para o grupo dos Econo-sábios.

A sua taxa de consumo na forma de percentagem da receita é o prognóstico mais exato de seu

êxito ou fracasso financeiro.

Você pode simplificar a lição de Thoreau e de Barnum, seja qual for a época. Mais adiante, em Life of Barnum, Barnum diz: "O American Museum foi a escada pela qual subi para chegar à fortuna e à fama." Devemos entender que, se Barnum não tivesse controlado sua taxa de consumo, jamais teríamos ouvido falar nele.

Precisamos estar conscientes de nossa taxa mensal de consumo para fazer uso produtivo das informações. Se você apenas resmungou consigo mesmo "Cadê o mistério? Gasto tudo!", não era bem isso que eu tinha em mente. É bem engraçado rir ou brincar com relação às suas contas, mas, quando o riso termina, como sempre acontece, as dívidas permanecem.

A meta não é estar no ponto de equil íbrio. Se continuar

assim, você não terá nada para o futuro.

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Se estiver consumindo exatamente toda a sua renda na taxa de consumo, não se sinta mal. Muita gente usa tudo assim. Mas a meta não é estar no ponto de equilíbrio. Se continuar assim, você não terá nada para o futuro. Ocorre-lhe que você está trabalhando de graça ou, talvez, em troca de casa e comida, quando não poupa nem investe nada?

Eis uma estatística do U.S. Bureau of the Census que os palestrantes de motivação e finanças costumam usar quando falam para auditórios lotados de gente em idade de se aposentar:

• Noventa por cento são parcial ou totalmente dependentes do governo ou da família.

• Cinco por cento são auto-suficientes. • Quatro por cento estão bem de vida. • Um por cento é riquíssimo.

Queima, meu bem, queima Em 2002, uma família mediana, de quatro pessoas, segundo o governo dos Estados Unidos, ganhava 69.800 dólares por ano. Isso quer dizer que essa família terá mais de 2.792.000 dólares no total de seus salários durante 40 anos, sem levar em conta a inflação nem as promoções. Portanto, o risco de passar fome é mínimo. O verdadeiro risco é auto-infligido, começando quando resolvemos qual é o grupo de referência com o qual queremos nos identificar. Espero que você escolha o certo! A sua taxa de consumo na forma de percentagem da receita é o prognóstico mais exato de seu êxito ou fracasso financeiro. É correto dizer

que a taxa de consumo decide o destino.

Quanto menos você queimar, mais depressa poderá parar de trabalhar ou, pelo menos, começar a fazer o que realmente quer fazer. A taxa de consumo permitiu que eu me afastasse da administração de imóveis e me tornasse escritor e palestrante em tempo integral. Escrever e dar palestras sempre foi minha paixão. Para muitos de nós, as paixões são deixadas de lado pela regra das quatro conseqüências das dívidas. A finalidade do emprego não é deixá-lo em uma posição em que não precise de emprego?

Digamos que eu gaste tudo o que ganho. Qual é o problema? Simplesmente ganharei mais. Repito que isso é uma linha de pensamento peri

gosa. Enquanto você é jovem e saudável, sempre pode ganhar mais dinheiro. Mas esgotará outro fator: o tempo. Além de ver o relógio correr, 0 otimismo

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da juventude pode ceder ao físico da velhice. "O estoque de tempo, embora regularíssimo, é cruelmente restrito";

proclama Arnold Bennett em seu livro de 1910 How to Live on Twenty-four Hours a Day. E Bennett continua: "Quais de nós não passaram a vida dizendo a si mesmos: `Vou alterar isso quando tiver um pouco mais de tempo'?" Ao envelhecer, você pode não perceber que passa a dar mais valor ao tempo que ao dinheiro. Isso acontece especialmente depois de começarmos a acumular bens.

O mundo tem um número ilimitado de oportunidades, mas nosso tempo é limitado. Pense no que faz para gerar receita. Agora grave essa imagem na mente. Isso é a paixão de sua vida? Se for, você é, de fato, afortunado, porém, mesmo que seja, chegará o momento em que talvez não seja mais fisicamente capaz de fazer o que quer. Robert Kiyosaki diz, em Pai rico, pai pobre: "Emprego é, na verdade, uma solução de curto prazo para um problema de longo prazo." No noticiário da tevê é provável que você veja esteticistas (eles só usam estatísticas que os favoreçam) escolherem números parciais que apóiam sua causa ou seu programa de beleza. Em Dívida boa, dívida ruim peço ao leitor que use números reais significativos — os números de sua vida. Avalie o seu progresso conforme está descrito no Capítulo 6 ("E se você não morrer?") no subtítulo: "Avaliação do patrimônio."

É melhor organizar suas finanças para que uma parte se destine às suas necessidades futuras. Você só pode iniciar esse processo quando souber com exatidão onde, quando e com que quantias o seu dinheiro o deixará. Experimente dizer isto aos amigos: "Optei por ter menos agora para ter mais no futuro!" Só o trabalho árduo é incapaz de gerar riqueza. A riqueza depende de acumulação.

Qual é a importância da taxa de consumo?

Chegamos à pergunta que deve esclarecer o problema. Quem está se saindo melhor? São os Consumerati ou os Econo-sábios? Vamos levar o exemplo até o ponto do ridículo, mas não tanto que não consiga ilustrar minha questão. Acho que nos exemplos a seguir o leitor verá com facilidade o exagero e conseguirá preencher as lacunas onde for

necessário. Eis um fato que não omite nem exagera: é a taxa de consumo, não

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a renda, que define o seu destino.

Caso 1

Temos um cirurgião assalariado, que recebe 18 mil dólares mensais, com taxa de consumo de 17 mil dólares. A prestação fenomenal da minimansão do dr. Cheio da Grana é de 5.987 dólares, mais impostos de mais ou menos 1.200 dólares e seguro de 300 dólares, por mês. Naturalmente, o doutor precisa da afiliação em um country club de 15 mil dólares ao ano. No bairro do doutor, o Chevrolet Lumina não é chique. Por conseguinte, ele paga as prestações mensais de 850 dólares de um Mercedes. A nova esposa precisa de uma perua BMW por 599 dólares ao mês, e ela não é de comprar roupas no Wal-Mart, não senhor! Sem contar com roupas, encargos profissionais, alimentação, empregada, Armando — o rapaz da piscina (a sra. dr. Cheio da Grana o adora) —, mobília, entretenimento e diversos, o doutor está gastando mais de 10 mil dólares por mês.

Não devemos esquecer a pressão dos amigos sobre o doutor — uma lancha, alguns jet skis e férias exóticas são obrigatórios. O doutor precisa dar muito duro para sustentar a esposa, Armando, o jardineiro e todos os outros, todo mês. O doutor não tem paz em sua mansão de 557 metros quadrados. Com um saldo devedor de 900 mil dólares, ele nem pode dizer que a casa lhe pertence. Ainda, a primeira mulher (conhecida como Esposa da Faculdade de Medicina) continua pedindo aumento de pensão, pois quer manter os serviços do Armando dela.

Caso 2

Zé Mediano ganha um salário de 4.200 dólares por mês, com taxa de consumo de 2.876 dólares por mês. O pagamento da casa dele, com impostos e seguro, é de 800 dólares mensais. O carro está pago, mas ele paga as prestações de 299 dólares de uma camionete. Também tem a. despesas normais de alimentação, transporte e entretenimento. No entanto, tem o projeto de investir 1.200 dólares para a aposentadoria. A sra. Zé Mediano ganha cerca de 6 mil dólares líquidos por ano costurando vestidos para as bonecas que a mulher de Billy Bob vende nos brechós. A sra. Zé Mediano resolveu poupar seus 6 mil dólares anuais na totalidade para a aposentadoria ou talvez para comprar a casa que Billy Bob aluga do tio a 700 dólares por mês. Vamos mostrar 20 anos da poupança da sra. Zé, mas não serão incluídos na

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comparação com a poupança do dr. Cheio da Grana. Se o cirurgião não mudar de comportamento, eu prefiro ser o Zé Mediano. Na verdade, com os relacionamentos do dr. Cheio da Grana (Esposa da Faculdade de Medicina, Mulher-troféu,Armando e toda a turma), acho que prefiro mesmo ser o Zé Mediano. Não importa quanto você ganha, mas quanto lhe resta depois das despesas (ou taxa de consumo). Para os fins mágicos de provar a teoria, vamos supor que nenhum desses dois mude nada na vida em 20 anos. Isso não vai acontecer, porém, como os livros são estáticos, vamos usar o material que temos. Também vamos ignorar impostos, divórcio, doença e a loucura da meia-idade que parecem comuns à população. O médico não vai fugir com a enfermeira (de novo) e Zé não vai namorar a cunhada. Vamos investir a renda líquida do médico e a do Zé após a taxa de consumo no Fundo Mútuo Urubu Conservador — Pegamos Sua Grana — Rocha de Gibraltar. Os fundos da Rocha de Gibraltar, em sua publicidade atraente e matreira, alardeiam que rendem 24,03 por cento, em média, ao ano. Havia, também, um monte de letrinhas pequeninas que eu não conseguia ler sem microscópio.

Supondo-se que não entendemos as médias, Zig Ziglar diz: "Se você enfiar um pé na água gelada e o outro na água fervente, na média, deve sentir-se confortável." Então, só de brincadeira, vamos fingir que a Rocha de Gibraltar pode, de fato, render 12 por cento durante 20 anos. Eis como ficariam os investimentos em 20 anos:

N ú m e r o d e í n d i c e I n v e s t i m e n t o V a l o r d e p ó s i t o s ( r e n d i m e n t o ) m e n s a l f u t u r o

mensais

DOUTOR

2 4 0 1 2 % $ 1 . 0 0 0 $ 9 8 9 . 2 5 5

ZÉ 240 12% $1.324 $1.309.774

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Então, Zé Mediano pode sair-se melhor que um médico? É o que estou

dizendo. Se o doutor conseguisse adiar seus desejos e, talvez, continuar casado, poderia estar anos-luz à frente do Zé e de quase todas as outras pessoas. Não é preciso ganhar 17 mil dólares por mês para viver na maioria das cidades atualmente.

Nos exemplos inventados que dei, digamos que o Doutor e a sra. Doutor vão se divorciar — tenho certeza de que a pensão alimentícia e o sustento do filho que se destinarão à Mulher-troféu (a ex-segunda mulher), e a Armando serão muito maiores do que o que ele paga à Esposa da Faculdade de Medicina. O dinheiro é indiferente a quem o possui. Não importa se você é motorista de caminhão ou diretor da Mayo Clinic.

Este é um exemplo ampliado do exemplo da fábula clássica de Esopo, a tartaruga e a lebre. A lebre sempre acha que é capaz de "criar tempo" (neste caso, que sempre consegue ganhar mais dinheiro). Enquanto a tartaruga faz depósitos regulares no plano de saúde, a lebre corre de contracheque a contracheque, sempre achando que pode ganhar mais, o tempo todo atendendo aos desejos e ignorando os fundamentos do dinheiro. No fim da vida, a lebre depende dos pagadores de impostos (ou do governo) para se sustentar, enquanto a tartaruga contrata os filhos da lebre para cuidar do jardim.

Eis a poupança da sra. Zé: Número de Índice Investimento Valor

depósitos (rendimento) mensal futuro mensais

240 12% $500 $494.628 Se o Fundo Rocha de Gibraltar funcionasse bem para a sra. Zé durante mais

ou menos sete anos e meio (88 meses), ela teria o bastante para tornar-se senhoria do sr. e da sra. Billy Bob. Número de Índice Investimento Valor

depósitos (rendimento) mensal futuro m e n s a i s

88 12% $500 $70.000 O investimento de 70 mil dólares que ela fez agora rende 700 dólares por

mês, mais os 500 dólares dos vestidos de boneca. Faltando 12 anos e meio para a aposentadoria, a nova matemática com a mesma determinação seria mais ou menos assim:

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Número de Índice Investimento Valor depósitos (rendimento) mensal futuro mensais

150 (12,5 anos) 12% $1.200 $413.811

Não se deixe enredar nessa matemática ou pelo Fundo Rocha de Gibraltar imaginário. E não me liguem para pedir o número do telefone imaginário deles. Apreenda o conceito. É improvável que você ganhe hoje 12 por cento em fundos administrados por outrem. Não perca de vista a parte importante: a disciplina de fazer depósitos mensais. Não importa se a taxa de consumo é de três por cento — se não fizer os depósitos fielmente, não terá o capital pronto quando a oportunidade bater à porta. Precisamos ter capital para capitalizar.

Repita comigo: "A taxa de consumo

decide o destino!"

É a taxa de consumo, não a renda, que decide o seu destino. Esse conceito fundamental é tão certo quanto a gravidade, e tão infalível quanto a morte física. Gastar mais do que o salário é o problema da maioria dos norte-americanos. Se você redirecionar a renda para cuidar do futuro, após algum tempo, poderá realizar os desejos com os rendimentos de seus investimentos. Repita comigo: "A taxa de consumo decide o destino!" Faça desta frase o seu lema, cante como se fosse música e crie um comercial atraente para passar na cabeça. Isso deve fazer parte de sua liturgia financeira. Por liturgia quero dizer repertório costumeiro de idéias, frases e hábitos.

Talvez você queira saber se tudo isso vale a pena. Conseguirá reunir a responsabilidade fiscal, a maturidade financeira para ser bem-sucedido? Como o dr. Phil McGraw gosta de dizer: "Não realizamos curas de 10 minutos." Trata-se de 10 ou 20 anos de empenho contínuo e

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ininterrupto. Talvez você só consiga responder fazendo uma retrospectiva dos últimos 10 ou 20 anos. Como se saiu até agora? Quer mudar? Faça tudo para que o seu passado seja indicativo do seu futuro. Nossa tendência natural é nos inclinar para o status quo. Do mesmo modo que podemos pegar uma doença com os micróbios e os vírus soltos no ar, dos nossos atos e daqueles com quem nos misturamos, pegamos os vícios e os hábitos dos Consumerati. O êxito provém da obediência duradoura na direção certa. A novela Days of Our Lives tem esta abertura: "Como os grãos de areia da ampulheta são os dias da nossa vida." Nunca assisti a essa novela, mas ouvi claramente a advertência! É verdade, os dias da nossa vida escorrem na ampulheta. Por fim, você vai ver que misturar esse movimento comum, porém absoluto, do tempo com os fundamentos comprovados da administração do dinheiro lhe proporcionará uma vida excepcional. Jim Rohn diz: "Com a visão, enxergamos as coisas — com a percepção, vemos as respostas." Embora não possamos ver o futuro, ele é bem previsível. Ele estará onde o conjunto de seus hábitos o levar. Reduza sua taxa de consumo. Assuma o controle dos gastos emocionais. Faça algumas escolhas maduras importantíssimas para a vida. Seja qual for a sua renda, só é possível chegar à riqueza, ou mesmo mantê-la, por intermédio da quantia que você não gasta.

Seja qual for a sua renda, só é possível chegar à riqueza, ou mesmo mantê-la, por intermédio da quantia que você não gasta.

A parábola das bolas de gude

Vamos supor que as bolas de gude — sim, as bolas de gude comuns, aquelas de olho-de-gato — fossem a moeda de troca, em vez de dólares, e que, ao fim de cada semana, digamos que você recebesse 10 bolas de gude pelos cinco dias de trabalho. Você vai para casa e as põe dentro de um balde. Tira uma bola de gude do balde, leva à quitanda e faz as compras de que precisa; pega algumas e paga o aluguel e, talvez, assista

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a urna corrida de bigas. No fim da semana, as bolas de gude se acabaram. Você está vivendo com uma taxa de consumo de 100 por cento. Não tem problema — toda semana você recebe mais 10 bolas de gude. O processo recomeça. Você vê uma biga nova e quer comprá-la; ela custa 300 bolas de gude. O simpático vendedor de bigas diz que você pode pagar só duas bolas de gude por semana, por 150 semanas, e, depois disso, a biga será sua. É uma venda sem entrada! Ele também faz a proposta de 288 bolas de gude pela mesma biga, com um desconto de 12 bolas de gude. O problema é que essa proposta é à vista. Você aceita a proposta das duas bolas de gude por semana. No momento, você percebe que seu balde se esvazia mais depressa, sente falta da antiga biga, aquela pela qual você não precisava fazer pagamentos com bolas de gude. Puxa, não vai haver corrida de biga esta semana e só faltam 149 prestações.

Pouco tempo depois, você ganha um aumento. Passa a ganhar 13 bolas de gude por semana. As bolas extras são boas, mas você descobre que está ganhando o suficiente para que o imposto pese no seu bolso. Entre os pagamentos acumulados de mobília, alimentação, a casa maior, roupas para combinar com o estilo de vida de quem tem muitas bolas de gude e o imposto sobre as bolas de gude, você acha difícil viver com conforto. Tem certeza de que o imposto sobre as bolas de gude é injusto — só deviam tributar aqueles que ganham as maiores bolas de gude. Depois de todos os impostos, estadual, municipal e federal, você começa a achar que está perdendo as bolas de gude e a cabeça.

Se nos educássemos bem antes de termos uma razão alta entre dívidas e bolas de gude, não perderíamos as bolas de gude e a cabeça. Vamos supor que, em tenra idade, ao jogar as 10 bolas de gude dentro do balde, você resolvesse jamais tirar mais do que nove bolas de gude para qualquer despesa — houvesse o que houvesse! Então, o que acabaria por acontecer com o seu balde? Transbordaria? Claro que sim! Então, você pegaria suas bolas de gude e as alugaria talvez ao Primeiro Banco de Bolas de Gude — de Bolas de Gude, sua cidade natal. Caso não tenha acompanhado até aqui, dinheiro é igual a bolas de gude. O aluguel são os juros que lhe pagam para usar as suas bolas de gude, ou seu dinheiro. O Primeiro Banco de Bolas de Gude, então, empresta as suas bolas de gude, cobra, digamos, oito bolas de gude por ano pelo uso de 100 bolas de gude, e lhe paga duas ou três bolas de gude pelo aluguel.

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Você repete o processo, jamais tirando do balde mais que nove bolas de gude de cada 10. Depois de depositar no banco alguns baldes de bolas de gude, talvez você encontre algum investimento direto. Talvez possa ganhar oito ou 10 bolas de gude por 100 ou mais, se assumir o risco e começar a investir as suas bolas de gude por conta própria. Pode ser uma casa extra que você alugue por 12 bolas de gude por mês. Isso aumentaria a sua receita de 676 para 820 bolas de gude ao ano.

Talvez você até descubra que o imposto sobre o investimento em aluguel é mais barato — e as bolas de gude recebidas pelo aluguel não estão sujeitas ao imposto sobre o capital imobilizado em bolas de gude, ao qual estão sujeitas as 676 bolas de gude que você recebe do patrão. Entre o patrão e você, você perde 15,7 por cento das bolas de gude nesse imposto. Se nunca tirar do balde mais que nove a cada 10 bolas de gude para gastar, vai acabar substituindo a renda do seu emprego de 676 bolas de gude pela receita passiva em bolas de gude dos investimentos, do aluguel de imóveis, dos fundos mútuos e de outros investimentos. Conheço pouco sobre fundos mútuos. Há quem me diga que ganha muitas bolas de gude com eles. Prefiro investimentos ativos, em que possamos controlar a maior parte do resultado.

Mesmo depois de substituir a necessidade de emprego (a maioria opta por uma profissão mais agradável), você precisa continuar com o plano de gastar nove bolas de gude entre 10, mesmo com a receita passiva do investimento das bolas de gude, para se tornar ainda mais rico e proteger-se contra as perdas e a inflação. A biga que atualmente custa 300 bolas de gude poderá custar 550 bolas de gude quando você se aposentar.

Moral da parábola: Não perca todas as suas bolas de gude (nem a cabeça); não é só o trabalho árduo que nos torna bem-sucedidos; precisamos acumular capital e conhecimentos também.

Pontos a ponderar

• É difícil encarar o fato de gastar como um problema quando todas as suas necessidades e muitos desejos estão sendo realizados.

• As dívidas em tenra idade podem definir um padrão de gastos e, empréstimos quase eternos que pode levá-lo à ruína.

. Simplificando: a taxa de consumo é todo dinheiro gasto que não aumenta o seu patrimônio. Taxa de consumo é o que é consumido e desaparece para

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sempre. A taxa de consumo é formada pelos gastos com alimentação, transporte e habitação, pós-impóstos.

• Se estiver agora com 40 anos, nos Estados Unidos, a cada 100 dólares mensais que você queima (gasta), elimina 132 mil dólares de seu possível pé-de-meia para a aposentadoria.

• Mesmo que acredite que sempre poderá ganhar dinheiro, ficará sem outra coisa: tempo.

• Tanto faz se você é o Zé Mediano ou o dr. Cheio da Grana, é a sua taxa de consumo que vai decidir o seu destino.

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perdeu o ado. LORD BYRON

pensamento — queremos or nada. Os ocê pode ter e do direito

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ção para o "Quero isso'; para o "Preciso disso" e, por fim, para o "Tenho direito a isso!" Quando se reivindicam direitos, o bom senso e a necessidade real não são levados em conta.

A trombeta dos Consumerati toca de shopping center em shopping center: "Quero isso e quero já!" Os desinformados e os ignorantes estão sempre à mercê dos comerciantes do mundo. Herbert Spencer escreveu: "A principal diferença entre o selvagem e o homem civilizado é a capacidade do homem civilizado de pensar e planejar para outro dia." Contudo, muitos de nós escolhemos viver como selvagens, jamais pensando no futuro. Cícero escreveu: "Não ter a mania de comprar é possuir uma renda."

Das favelas miseráveis às comunidades com portões dos nossos bairros mais chiques, vemos as conseqüências das dívidas boas e das dívidas ruins — nossa recusa de adiar nossos desejos imediatos acaba nos deixando com uma fração do que poderíamos reivindicar de direito. Liberdade perdida, dinheiro gasto, tempo que não nos pertence, oportunidades de ouro perdidas — estas são as recordações dos Consumerati. Tanto faz se somos das ruas mais pobres de Detroit ou das melhores de Beverly Hills, o tempo e o dinheiro nos ensinarão a ser bobos ou gênios.

Vote em mim que eu o l ibertarei!

Você já ouviu falar no Partido do Adiamento do Prazer de Consumo? Não? Se existisse, segundo os padrões atuais, só uma pequena percentagem de nós iria se afiliar ou votar nele. Eis a plataforma: Prazer do Consumo Adiado; gastar menos do que ganha; prover seu próprio futuro; devolver mais do que pega; continuar seu autodidatismo; manter a responsabilidade pessoal e o autocontrole. Talvez não fosse uma plataforma muito bem-sucedida para alguém se candidatar a um cargo político. É o bastante para fazer um libertário corar. Não, não se parece nem um pouco com plataforma de partido político, e não é.

Tanto faz se somos das ruas mais pobres de Detroit ou das melhores ruas

de Beverly Hil ls, o tempo e o dinheiro nos ensinarão a ser bobos ou gênios.

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A resposta, afinal de contas, não está na reforma política. Nenhum ideal

vão de um governo utópico vai curar os males da sociedade. Só uma mudança no coração dos seres humanos pode fazer isso. O governo não pode endireitar suas finanças — não consegue endireitar nem as próprias! O que os norte-americanos consideram "pobreza" seria, na verdade, uma grande riqueza em quase todas as partes do mundo. A pobreza, conforme a conhecemos, é um fardo mais leve do que as dívidas. O economista Thomas Sowell disse, em um artigo sobre a inveja: "Alguém, em sua terra natal, a Índia, disse ao autor de best-sellers Dinesh D'Sousa que queria ver os Estados Unidos porque queria ver um país onde os pobres são gordos." Ele estava certo. Os norte-americanos das faixas mais baixas de renda costumam ser mais obesos do q u e o s q u e e s t ã o n a s f a i x a s m a i s a l t a s . '

Sowell continua: "A maioria dos norte-americanos que vivem abaixo da linha oficial da pobreza tem condicionador de ar, microondas e videocassete. Cerca de metade deles têm carro ou camionete." Vamos, então, perguntar a nós mesmos o que é pobreza.

Duzentos anos ou mais antes de Sowell, Ben Franklin escreveu: "São os olhos dos outros, não os nossos próprios olhos, que nos arruínam. Se o mundo inteiro fosse cego, menos eu, eu não ligaria para roupas nem mobília fina." Hoje poderíamos acrescentar carros, barcos, pequenas mansões e muitas, muitas outras coisas. Achando que precisamos fazer o que os outros fazem, muitos de nós têm medo de ficar sozinhos. O problema não é novo. Temos mais gente com pobres hábitos de consumo do que gente pobre.

Temos mais gente com pobres hábitos de consumo

do que gente pobre.

Você já comprou aquele carro ou aquela picape e, depois, saiu um pouquinho do seu trajeto para ter certeza de que alguém o veria dirigindo a sua nova máquina resplandecente? Lembro-me da tarde em que fui buscar o Jaguar de que falei no Capítulo 2 ("Refém emocional"). Passei pela casa de vários amigos para me exibir com o Jaguar, mas nenhum deles estava em casa. Lembro-me de ter pensado: "Puxa, não tem graça ter este carrão e ninguém me ver dentro dele! Dirigi até

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mais ou menos 11 da noite e depois fui para casa — não consegui encontrar nenhum conhecido para me ajudar a satisfazer meu ego.

Se tivesse aprendido as lições do adiamento do prazer de consumo e estivesse disposto a praticá-las, teria economizado meu dinheiro ou, pelo menos, poderia tê-lo investido com maior discernimento e nunca faria urna compra tão tola. Roubei de mim mesmo a sensação de satisfação interna que só encontramos por meio de decisões sensatas.

Os Consumerati só querem se divertir

Qual é a graça de ter uma boa figura se ninguém nos vê? Certa feita, Robin Williams, falando de um prêmio literário, disse: "Ser escritor famoso é como ser eleito a mulher mais bem-vestida do rádio." O comentário sardônico de Williams salienta o fato de que muitos de nós praticamos mesmo a vaidade para impressionar os outros — e a satisfação do nosso ego depende de outros nos olharem.

Durante a aposentadoria, se faltar dinheiro, servirá de consolo lembrar-se de como você parecia "próspero" no seu Lexus com todos os acessórios certos que, obrigatoriamente, acompanham o típico dono de Lexus? A maioria dos donos de Lexus parece não sofrer os percalços da vida comum das massas — pelo menos os donos de Lexus dos comerciais de televisão. Escrevi no meu diário recentemente uma reflexão acerca de algumas horas vendo televisão (principalmente comerciais) — debochando, é claro: "Será que gente feia compra alguma coisa?" Quase nunca é apresentada nos comerciais dirigidos às massas.

Nós nos desviamos do próprio sucesso quando saímos do caminho para fingir que chegamos. A incapacidade dos Consumerati (fingidos) de adiar a satisfação mantém transbordantes as caixas registradoras dos comerciantes. A própria essência do adiamento do prazer de consumo consiste em manter o rumo até encontrar o sucesso incomum àqueles que não conseguem adiar os desejos.

Embora a taxa de consumo possa ser um conceito matemático e de fácil definição, seu controle é, principalmente, um conceito emocional. As melhores maneiras de administrar a taxa de consumo e a satisfação adiada são:

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• A avaliação: Alguns de nós praticamos a contabilidade politicamen- te correta — não queremos saber a verdade. É fácil embarcar numa ilusão eterna se você não tiver uma contabilidade minuciosa.

• O controle das emoções: Isto quer dizer adiamento do prazer de consumo.

• Um plano a seguir: O segredo é a educação ininterrupta. • O adiamento, que permite a acumulação: Elemento essencial da construção

do patrimônio.

Será que a vida é tão injusta a ponto de infligir emoção no início

de um problema matemático?

Será que a vida é tão injusta a ponto de infligir emoção no início de um problema matemático? O adiamento do prazer do consumo é um problema de matemática quase sempre distorcido pelas emoções e pelos desejos, que desviam nossa atenção para que não vejamos uma resposta simples.

Não conheço meios de evitar esse problema, a não ser com educação precoce ou com a falência na maturidade. Isso pressupõe que o leitor aprenda com os próprios erros. A velhice também pode ensinar — tomara que você não esteja velho demais para aplicar o que aprendeu. Estou pensando no homem de 80 anos que finalmente descobriu os mistérios das mulheres, mas deixou de se interessar por elas.

Como gastamos o nosso dinheiro é um conceito moral, bem como uma prova prática de sensatez. Acho que a maioria dos nossos gastos malprojetados começa nessas quatro áreas genéricas, todas elas varia tes do Homo Consumerati:

• Consumerati imaturos • Consumerati emocionais • Consumerati egoístas • Consumerati ignorantes (voluntários)

Consumerati imaturos. São as pessoas que não percebem que seus atos e o modo como vivem (gastam) têm sérias conseqüências sobre

família e o mundo ao redor. Esse tipo de esbanjador não apreendeu os conceitos

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monetários fundamentais: que devemos gastar menos do que ganhamos, que a nossa capacidade de ganhar dinheiro não é ilimitada, que o tempo não está do nosso lado. Os Consumerati imaturos costumam ser egoístas ou ignorar os próprios atos. Caso se convocasse um júri popular para julgar os esbanjadores, talvez os esbanjadores imaturos fossem acusados de "indiferença imoral" ou "desperdício negligente". A imaturidade é um problema difícil porque quem é mesmo imaturo provavelmente não sabe disso. Se alguém demonstrar isso a você, geralmente provoca raiva. Grande parte da maturidade consiste em admitir as áreas em que ainda se é imaturo. Todos as temos — todos temos espaço para crescer e necessidade de crescer.

Consumerati emocionais. Esta é a área que pega a maioria de nós. Nossos sentidos se excitam e acreditamos, pelo menos no momento do gasto, que ter "coisas" nos torna felizes. Muitos que seguem esse caminho se surpreendem com uma vida minuciosamente bem equipada e destituída de felicidade verdadeira. O problema aumenta, então, quando acumulamos "felicidade" a crédito. Os Consumeratti emocionais são muito controlados pelo que têm certeza que "precisam ter". Têm de viver no bairro certo, ter os bichos de estimação certos, ter os carros certos e achar que são bem-sucedidos.

Os Consumerati emocionais quase sempre têm uma sensação de poder, de controle, quando gastam dinheiro — mesmo que o dinheiro que lhes permite fazer tal compra seja emprestado. A sensação é parecida com o estímulo da cafeína, do álcool, das drogas ou das apostas. Qualquer coisa que façamos repetidamente e nos dê prazer começa a assumir o controle sobre nós. Os gastos indiscriminados costumam tornar-se uma espécie de droga, exigindo uma dose cada vez maior para nos proporcionar a mesma sensação. Cuidado.

Consumerati egoístas. Seu carro esporte de luxo é mais importante do que a quitação da casa própria, o plano de aposentadoria ou o dinheiro da educação dos filhos. Os Consumerati egoístas acham que a vida gira a seu redor — são egocêntricos. Esse egoísmo passa a assombrá-los na velhice, quando descobrem que seu outrora patrimônio em Potencial foi gasto em bugigangas e porcarias inúteis. Os Consumerati

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egoístas só se interessam pelo que lhes proporcione benefícios imediatos e pessoais.

Hoffer está certo — o homem ou a mulher com uma desculpa

está feito para sempre.

Consumerati ignorantes. Este é o tipo mais triste de todos. Os outros três, pelo menos, têm motivos. Até certo ponto, a ignorância é igual à maturidade, pois é possível não ter consciência dela. A ignorância de que falo aqui é aquela que foi escolhida. Sei que tenho liberdade para falar aqui porque o verdadeiro ignorante jamais lerá um livro como este. O grupo de que falo sabe, no fundo do coração, que existe um modo melhor ainda de optar por continuar nas trevas. O autor e palestrante Larry Winget diz: "Se você não tem discernimento, é ignorante. Se tem discernimento e continua a agir de maneira destrutiva, é burro."

Temos a escolha de aprender ou não. Para muitos, essa liberdade de escolha é mais problemática do que não fazer escolha alguma."Para muita gente, uma desculpa é melhor que uma realização'; diz Eric Hoffer, "porque a realização, por maior que seja, faz com que você tenha de voltar a provar de novo no futuro. Mas a desculpa pode durar a vida inteira." Você conhece alguém que está há anos dizendo que o emprego ou a oportunidade que perdeu é o motivo de não ser bem-sucedido?

Às vezes, o motivo da reclamação aconteceu muitos anos atrás. Muitos culpam governo, impostos, discriminação, grandes empresas, ou qualquer coisa que lhes sirva de desculpa imaginativa. Hoffer está certo — o homem ou a mulher com uma desculpa está feito para sempre. Essas pessoas sempre têm desculpas para não se esforçar e aceitam o que a vida lhes dá sem muito esforço nem planejamento. Quando temos desculpas prontas para usar, elas aliviam temporariamente a terrível realidade de estarmos onde estamos agora por causa de nossas próprias escolhas. Elas nos permitem ignorar que deixamos de planejar, que talvez toda a nossa filosofia de vida esteja equivocada. Muitos detestam admitir que foram atrás do flautista de Hammelin do consumismo até chegar a um fim desagradável.

Ao adotar desculpas, muitos jamais chegam a perceber que poderiam ter uma vida melhor por meio do manejo sensato dos recursos limitados que já têm. A família norte-americana típica do século XXI vai lidar com mais de

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5,6 milhões de dólares em um período de 40 anos (com base em números de 2002; a quantia real vai subir, ajustada pela inflação). Parece irônico, dada a quantidade de dinheiro com que lidamos, que a maioria termine sem dinheiro e dependente do governo ou de outras pessoas para se aposentar. Os conceitos de Dívida boa, dívida ruim não discriminam ninguém.

Eu já disse: "O dinheiro não respeita pessoa alguma. Funciona igualmente a favor e contra todos que o empregam." Quanto antes assumirmos o controle de nossas finanças, em melhor situação estaremos em nossa inevitável e inescapável velhice.

Dois caminhos

Coordeno diversos serviços de notícias e acho que os hábitos dos Consumerati não são exclusivos dos norte-americanos. Parece que o Reino Unido e a Austrália estão em apuros semelhantes, bem como a maioria dos países. Chego a ler muitos artigos sobre os males das dívidas de consumo na historicamente frugal Escócia. Fiz muitas pesquisas sobre isso no início da elaboração de Dívida boa, dívida ruim e por mais longe que se retroceda na história escrita o homem sempre cobiçou o que os outros homens têm. O Demônio das Dívidas e as agências de publicidade dependem disso. O apelo emocional já era usado para nos separar do nosso dinheiro muito antes da invenção do cartão de crédito. Talvez seja mais veloz agora, mas os efeitos perniciosos são iguais.

Você está destinado a ser membro do grupo dos Consumerati ou dos Econo-sábios? Veremos em breve. Ninguém é perfeito; todos temos momentos de Consumerati. O objetivo é tornar-se mais Econo-sábio do que Consumerati, mais prudente do que esbanjador. A não ser que você tenha construído ou comprado a sua casa sem o auxílio de um empréstimo, agradeça aos Econo-sábios. Todo capital provém do trabalho dos poupadores/investidores. O trabalho vem na forma cerebral ou braçal. O capital provém do trabalho e o trabalho armazenado é capital: ações, títulos, papéis e hipotecas, imóveis e poupança.

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Embora tanto o trabalho dos Consumerati quanto o trabalho dos Econo-

sábios sejam remunerados com dinheiro, só os Econo-sábios acrescentam à reserva de capital disponível para todos. Sem o Econo-sábio, os Consumerati teriam pouco capital para pedir emprestado. Pode haver capitalistas e socialistas, mas é impossível haver socialistas sem capitalistas para ajudá-los a dar os primeiros passos. Nunca ouvimos falar em socialistas que dessem início ou construíssem algo (com seu próprio dinheiro). Precisam de um hospedeiro para sobreviver, como o carrapato vive do sangue (capital) dos outros. Os socialistas adquirem "coisas" por meio de "reforma" ou força política. Lembremo-nos das palavras do filósofo da década de 1970 Alvin Lee, da banda Ten Years After, na música I'd Love to Change the World [Eu adoraria mudar o mundo]: "Tributem os ricos, alimentem os pobres, até não existirem mais ricos." Pode o governo dar-lhe algo que não tire de você antes?

Em nossa corrida para ter a aparência de bem-sucedidos ou ricos, nós nos iludimos voluntariamente para comprar um monte de boba- gens — ou talvez até um barco a prazo! É irônico que alguém pegue dinheiro emprestado para manter as aparências de riqueza, muito embora as prestações de todos os nossos brinquedos, devidamente redirecionadas, pudessem nos levar a uma riqueza real. Com a facilidade de crédito, começamos a cultivar um apetite natural para nos levar pelo caminho da escravidão. Se você adiar a satisfação do consumo e começar a desviar a renda para fins positivos, no fim das contas o seu trato sensato com o dinheiro lhe permitirá custear seus objetos de desejo sem penhorar o futuro para tê-los.

Dívida que substitui dívida — embora talvez sob outras condições — continua sendo dívida.

Ri muito outro dia, quando estava no banco fazendo um depósito. O banco tinha um belo cartaz impresso em quatro cores que mostrava um jovem casal e oferecia um empréstimo de 10 mil dólares, com a chamada: "Livre-se das dívidas! Só 99 dólares por mês." Isso só foi superado por um e-mail da minha companhia telefônica oferecendo conexão à Internet via DSL com um dos benefícios da lista sendo "Auto-instalação gratuita!". Eu disse à minha mulher que talvez devêssemos

assinar logo, antes que comecem a cobrar para nos deixar instalar so- zinhos. Embora o cartaz do banco fosse criação de uma agência de publicidade,

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podemos garantir que a agência estudou seu público-alvo. Será que chegamos mesmo ao ponto em que fazer mais um empréstimo é algo considerado livrar-se das dívidas?

Dívida que substitui dívida — embora talvez sob outras condições — continua sendo dívida. Converter dívidas ruins em empréstimo imobiliário não transforma as dívidas ruins em dívidas boas. Pedir empréstimo para livrar-se das dívidas faz tanto sentido quanto gastar mais com "desconto de 30 por cento" para poupar ainda mais. Não importa a despesa de 70 que acompanha a poupança imaginária de 30 por cento. Não se deixe enganar por essas ilusões semânticas tão comuns na publicidade e nos meios de comunicação hoje em dia. É preciso mudar o modo como você classifica e usa as palavras que lhe chegam. Separe as palavras de sua emoção.

Câncer — hora de falar sério

Vamos supor que você tivesse câncer de pulmão e, para o tratamento, lhe oferecessem dois remédios. Um deles alivia a dor, mas não cura o câncer. O outro causaria certa dor, talvez até um pouco mais do que você espera, mas curaria completamente o câncer em poucos anos. Qual remédio você escolheria?

Será que a melhor opção difere do que recomendo aqui? Percepção, maturidade, controle da taxa de consumo, adiamento do prazer do consumo, contabilidade minuciosa e um projeto fiscal maduro são os ingredientes a misturar no gral do boticário para preparar esse remédio. Ou optar, como muitos, por uma pequena dívida e nenhum planejamento para aliviar a dor, mas dar continuidade ao câncer financeiro.

Embora ninguém saiba preparar a poção que receitei no parágrafo anterior, todos esses ingredientes são comuns e disponíveis para você mesmo misturar. Com bibliotecas públicas, livrarias, Internet, livrarias virtuais e outros recursos, você terá dificuldade para me convencer de que não tem as oportunidades que todos temos. Somos uma População de vidas intelectualmente malnutridas em um país transbordante de conhecimentos e informações gratuitos.

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Como piorar? 1

Alguns casais com quem conversei fazem refinanciamento para reduzir as dívidas de consumo e, depois, não conseguem deixar de reutilizar todos os cartões de crédito disponíveis de novo. Usam os cartões e,.' logo, descobrem que se envolveram em dívidas maiores. Além da pilha nova e crescente de dívidas, também acrescentaram toda a pilha anterior no refinanciamento da casa própria — para consternação do advogado. Este é um comportamento clássico dos Consumerati — dar um jeito de sempre subir o morro puxando uma carroça cheia de dívidas.

Os Consumerati se preocupam muito em manter as aparências. Vivem no doce agora (e já) e nunca levam em conta o doce futuro porque só pensam em comprar! Vivem com medo das opiniões alheias acerca de sua vida. Infelizmente, ao continuar a fazer empréstimos e gastar, o dinheiro que os Consumerati gastam para manter a aparência de bem-sucedidos poderia, em alguns anos, torná-los de fato bem-sucedidos. Costumamos nos subestimar. Dispomos de muito mais recursos do que julgamos ter.

Os Consumerati se iludem quando pensam que as "coisas" os fazem felizes. Mas só encontram prazeres tão superficiais quanto o momento e desesperos tão duradouros quanto as prestações.

A coragem de unir-se ao Econo-sábio, de ser econômico, de praticar uma economia sensata é uma opção moral que requer sabedoria. Foi por isso que na lição de 10 segundos deste capítulo eu disse: "Somos moralmente covardes ou analfabetos em matemática?" (Presumo que, uma vez conhecedor dos resultados matemáticos de seus maus hábitos de gastar, você só continuará nesse caminho se não tiver personalidade ou não entender matemática.)

Existe outra opção, mais comum: você escolhe iludir-se, dizer a si mesmo que cuidará do futuro mais tarde. Mais tarde é mais cedo do que você pensa. Os ancestrais dos ter e não-ter são os fiz e os não-fiz, respectivamente. Sem exceção, em questões de começar a poupar ou investir, mais cedo é bom, porém ainda mais cedo é melhor.

Quando decidimos esperar para dar início ao nosso projeto, racionalizando que vamos começar a ser econômicos e sensatos outro dia, na verdade dizemos: "Dê-me apenas as sobras da vida." Disciplina adiada é disciplina rejeitada. Os juros compostos precisam de tempo. O

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investimentos da juventude sempre são mais férteis do que os investimentos da pessoa mais velha. A aquisição dos bons hábitos e um plano de poupança devem começar assim que você sair de cima do lençol molhado das dívidas. A pessoa de 60 anos tem poucas opções além de reduzir lentamente suas dívidas e organizar seus assuntos financeiros. Ela pode muito bem chegar aos 90 anos ou mais, portanto o projeto financeiro não é fútil — mas, ah, muito mais potente se ele tivesse começado aos 20 anos ou mais jovem. Enquanto esperamos para adotar bons hábitos, os hábitos ruins se tornam mais arraigados e têm muito menos probabilidades de chegarem a ser substituídos. Dei alguns exemplos de tempo e dinheiro para sua análise no Capítulo 3 ("Taxa de consumo").

Pagar aos poucos

Estatisticamente, só três a cinco por cento da população vai se aposentar sem ser pelo menos um pouco dependentes de outrem. O motivo de não chegarem financeiramente confortáveis à aposentadoria costuma ter pouco a ver com falta de renda ou salários altíssimos, e tem tudo a ver com seus hábitos de gastar. Talvez não devêssemos acompanhar os 95 por cento que estão a caminho da falência.

Em Architects of Fate, Orison S. Marden conta o seguinte caso:

O excêntrico John Randolph uma vez pulou da cadeira na Câmara e exclamou em sua voz aguda:

— Sr. Relator, descobri! Depois, no silêncio que se seguiu à sua exclamação, acrescentou: —Descobri a pedra filosofal: "É pagar aos poucos" [o itálico é meu].

O que precisa ser acrescentado é que um de seus contemporâneos Poderia ter dito:

E se não for possível pagar sempre? Então, a resposta do filósofo poderia ser:

Não compre! Não compre, meu senhor! A história do "pagar aos poucos" é humorística para mim, pois provém de

um membro do Congresso. Conforme Marden conclui, infe-

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lizmente o governo não pode aprovar nenhuma lei que cure o vício de viver acima das próprias posses. Se não puder pagar aos poucos, não compre!

No país mais rico do mundo, descobrimos nosso coração cheio de desejos insaciáveis que mantêm vazias as nossas contas-correntes. Hosea Ballou, o primeiro presidente da Tufts College, disse: "A verdadeira felicidade é bem barata, contudo pagamos bem caro por sua falsificação!"

Vincula-se à lei número 1 da economia: "Gaste menos do que você

ganha!" ,,,,,~~

E se a letra vermelha fosse D de dívida, e não A de

adultério? Se todos tivéssemos de usar no peito um

símbolo de nossa acuidade financeira, isso mudaria

nosso modo de lidar com as finanças?

A letra escarlate é D, de Dívida

E se houvesse um estigma vinculado a dever por um monte de produtos sem valor? Em A letra escarlate, uma mulher acusada de adultério é condenada a usar uma letra vermelha no vestido. E se a letra vermelha fosse D de dívida, e não A de adultério? Se todos tivéssemos de usar no peito um símbolo de nossa acuidade financeira, isso mudaria nosso modo de lidar com as finanças?

Quais são as leis da gestão de dívidas? Em todos os capítulos, indiquei o controle das emoções. Um ponto importante para a maioria de nós será esse controle das emoções. Os sentimentos precedem os atos.

Em uma das muitas páginas de notas que elaborei para este livro, escrevi: "Minhas emoções estão atreladas." Depois acrescentei: "Alguns de nós precisam de uma correntes comprida."

Concordo com as palavras de Benjamin Franklin: "São os olhos dos outros, não os nossos, que nos arruínam." Vivemos com receio do que os Jones vão dizer. Muitos se aposentam com pouco, ou nada, após tantos anos de trabalho árduo, a não ser bugigangas e miudezas desgastadas. Uma vida maravilhosa aguarda aqueles que se elevam acima do

que os outros pensam — é tão simples, tão genuinamente sublime que muitos desprezam isso durante a vida inteira. Assim, temos outra definição de

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Consumerati: eles consomem tudo o que têm e empenham o futuro fazendo todos os empréstimos que puderem. No fim das contas, ficam com muito pouco.

Matemática da realidade

Jimmy Napier me ensinou uma tautologia matemática que o leitor vai detestar: pegue o seu patrimônio líquido, divida-o pelo número de anos em que trabalhou, e é esse o valor pelo qual trabalha por ano. Esta é a sua renda-realidade. Preste atenção aqui. O segredo do prazer do consumo adiado e da taxa de consumo reside no seguinte: não importa se você ganha 100 mil dólares por ano, só é seu o que se soma ao seu patrimônio líquido. Quanta gente com quem conversamos está ganhando mais do que jamais sonhou, contudo, no fim do ano, ou mesmo cinco ou 10 anos depois, não tem quase nada, ou nada? A taxa de consumo controla o seu destino. Não me canso de repetir. É mais uma função do que você gasta do que daquilo que você ganha. Se você tem um patrimônio líquido de 150 mil dólares e trabalhou 20 anos, você está trabalhando, de fato, por 7.500 dólares ao ano. O restante foi quei-mado. Tenho um amigo cujos filho e nora têm uma renda anual conjunta de 156 mil dólares e não têm outros bens além de uma casa supervalorizada. Na verdade, se levarmos em conta o que pegaram emprestado com o pai, o Visa e o MasterCard, gastaram 179 mil dólares no ano passado. Estão trabalhando há cinco anos e têm um patrimônio líquido de, talvez, 25 mil dólares na casa, sem descontar as taxas da venda. Seria exato dizer, portanto, que lidam com mais de 150 mil dólares por ano, mas trabalhando por 5 mil dólares por ano? O patrimônio líquido é igual a 25 mil dólares divididos por cinco anos de trabalho árduo, que é igual a 5 mil dólares por ano. Eu gostaria de achar que esse é um exemplo radical, mas já o ouvi muitas vezes, em geral de pais de profissionais de alta renda. Tomara que este exemplo seja tão radical que o leitor entenda o conceito. O adiamento do prazer do consumo e de sua taxa de consumo vai determinar mais o seu patrimônio

do que a sua renda — mesmo que seja uma renda alta.

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Pontos a ponderar

• O interessante no adiamento do prazer de consumo é que, com o tempo, muitos de nossos desejos mudam. Vale lembrar as palavras de Lord Byron: "O belo brinquedo tão desejado perdeu o encanto ao

ser conquistado." • Os juros compostos não servem para ajudar o seu patrimônio a se

multiplicar se o seu capital para investimentos é usado em desejos imediatos.

• O antônimo do adiamento do prazer do consumo é o imediatismo. Você cai na armadilha do imediatismo se está gastando dinheiro para parecer rico. O dinheiro que muitos gastam a fim de parecer ricos poderia, com o tempo, torná-los realmente ricos.

• Os Consumerati se enganam ao pensar que objetos lhes trazem felicidade. O que encontram, porém, são apenas prazeres tão superficiais quanto o momento e um desespero tão longo quanto as prestações.

• Disciplina adiada é disciplina rejeitada. Não espere para aplicar o adiamento do poder de consumo; comece já. A incapacidade de retardar a satisfação é a morte de todo projeto de construção de fortuna. Quando se trata de poupar e investir, mais cedo é melhor, porém ainda mais cedo é bem melhor.

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— Estou preocupado porque você se senta na última fileira da sala na escola.

E o filho responde: — Não esquenta, pai. Ensinam a mesma coisa em todas as fileiras.

Dentro de uma sala de aula, isso pode ser verdade. Mas dentro de diversas regiões no país as lições podem ser bem diferentes.

Nasci em Poverty (Pobreza), Illinois. Mudamos dali logo depois —talvez por exigência do senhorio. Passei a primeira infância em Wenomoney (Nós sem grana), Wisconsin. Tenho doces recordações de Wenomoney* e algumas que acho melhor nem lembrar. Uma das boas recordações foi tomar "sorvete de neve". Naquela época, eu não sabia que era apenas um pouco de neve, extrato de baunilha e uma xícara de açúcar branco batidos com um mixer velho ou uma colher. Para mim e para a minha irmã, era sempre um banquete.

O incidente da batata

Um dos eventos de que acho melhor não lembrar, embora esteja eternamente gravado em minha memória, é o que chamo de "caso da batata". Não sei mais se era verão ou inverno (eu tinha uns cinco anos), mas lembro que um dia fui à cozinha e encontrei minha mãe chorando na pia enquanto descascava batatas. Era urna daquelas pias velhas com um ralo lateral embutido e uma cortina na parte de baixo. Eu disse:

— Mamãe, o que aconteceu? E mamãe desabou, soluçando: — Estamos falidos! Seu pai está desempregado, é muita sorte não terem

cortado a luz ainda, estamos devendo o aluguel e, para completar, tive de pedir quatro batatas à vizinha para que pudéssemos comer!

E ela não falava de acompanhamento, mas de uma refeição para quatro pessoas, com quatro batatas. Quanto mais expressava a tristeza, mais chorava. Foi algo dilacerante para mim.

Eu era filho único e naquele tempo ainda não existia o programa da Oprah com o dr. Phil. Eu não sabia o que fazer. Diz-se: "Antigamente, o

Wenomoney, Wisconsin, é um nome composto de Menomonie, Hershey, Spring Valley e Wilson, todas nas cercanias de Dunn County, Wisconsin.

povo vivia seu desespero em silêncio. Hoje em dia, vai a programas de televisão em cadeia nacional." Naquele dia, na cozinha, acho que nós dois sentamos no

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chão e nos acabamos de tanto chorar. Meu subconsciente de cinco anos de idade arquivou o incidente e, no fundo da memória, tenho trabalhado, em parte, para nunca mais ter de fazer refeições de quatro batatas para quatro pessoas. Esse incidente foi um grande fator de motivação na minha vida.

Logo depois do incidente da batata, minha família se mudou para Hardscrabble (Dureza), Ohio, a fim de cuidar da mãe da minha mãe (leia-se: aluguel gratuito). Não lembro o que papai fazia na época, mas, na maior parte das minhas recordações, ele era um carpinteiro autônomo. O único local próximo a Hardscrabble onde se poderia conseguir trabalho constante era uma olaria em Crooksville, Ohio, e ninguém que conhecíamos trabalhava lá.

Hardscrabble era mais ou menos do mesmo tamanho de Wenomoney — três botequins e uma loja que vendia de tudo fiado, anotado na cadernetinha. Em Hardscrabble, a mediocridade era algo a que se aspirava. Quando me recordo, vejo que a paisagem de Hardscrabble, Ohio, era bem diferente daquela dos subúrbios dos Estados Unidos.

A escola era divertida e eu fiz alguns amigos, de quem logo nos afastaríamos. Não me lembro de quanto tempo ficamos em Hardscrabble. Sei que ficamos até o dia em que carregaram minha avó em um saco.

A única coisa de que me lembro depois que a minha avó morreu é que mamãe recebeu de herança um edredom e uma máquina de costura Singer de pedal. O irmão mais velho e a esposa, os que tinham "bons" empregos, ficaram com a casa e achavam que estava na hora de se livrar do lixo. Então fomos embora.

Meu tio instalou, então, encanamento interno e belas laterais de alumínio na casa. Depois da reforma da casa, eles a alugaram ao que parecia urna boa família, que eu via a distância quando me obrigavam a ir àquelas grandes reuniões de família em Hardscrabble. Nunca senti saudades de lá, talvez porque, mesmo aos seis ou sete anos de idade, eu achava que vovó sofrera uma injustiça. Podiam ter reformado a casa para a vovó. Sempre me parecera que os irmãos e as irmãs de mamãe nos olhavam com desprezo. Na verdade, isso não importava. Pegamos o que nos deram e havíamos morado algum tempo sem pagar aluguel porque cuidávamos da vovó.

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22 de novembro de 1963

Depois que plantaram a vovó (no cemitério), nós nos mudamos para Kirkersville, Ohio. Passei de carro pela nossa antiga casa de Kirkersville há alguns meses. Naturalmente, parecia bem menor do que eu me lembrava. Era mais uma casa alugada, com mais um senhorio (acho que o senhorio morava na casa ao lado). Essa também tinha latrina externa, mas tinha encanamento interno!

Era ali que estávamos morando quando o presidente Kennedy foi assassinado. Lembro-me do comunicado no alto-falante fanhoso da escola, dizendo que o presidente Kennedy fora baleado. Minha professora soluçava. A escola nos dispensou logo depois do anúncio. Era 22 de novembro de 1963. Eu havia acabado de completar sete anos. Minha mãe passou alguns dias chorando.

Eu tinha a impressão de que na televisão em preto-e-branco só passava o enterro de Kennedy e gente falando. Lembro-me vagamente da cena com John-John acenando para o caixão do pai quando passou. Eu queria que aquilo tudo acabasse. Sentia falta de Captain Kangaroo, Mr. Green Jeans e de Tom Terrific.*

Brilho das luzes, cidade grande — a porta está trancada?

De Kirkersville, mudamos para a cidade grande de Columbus e moramos em um bairro ao qual os moradores costumavam se referir dizendo: "Puxa vida, você se sente seguro aqui?"

Morávamos na esquina de Gloom Alley (Beco Sombrio) e No Future Street (Rua Sem Futuro). A alguns quarteirões de nossa casa geminada estavam construindo a estrada Interstate 70. Algumas colunas de suporte do viaduto foram colocadas perto da nossa casa durante a construção. Os limites dos viadutos de auto-estradas são marcas registradas de bairros mais finos.

* Personagens de filmes e desenhos animados das décadas de 1950 e 60 nos Estados Unidos. (N. do R.)

O aluguel era 52,50 dólares por mês. Lembro-me disso porque essa quantia

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era, evidentemente, um dinheirão. Era tema freqüente de dis- cussão para mamãe e papai. Sempre se falava de dinheiro em casa, mas quase sempre da falta de dinheiro — e não de como poupar, investir ou ganhar mais.

O nome do nosso senhorio era Duke. Ele tinha comprado uma casa nova em Sun Valley, na Madison Township. Sei que meu pai invejava Duke. Eu ia muito à casa dele quando meu pai estava ajudando Duke a acrescentar umas coisinhas à casa. Ainda não tenho certeza se papai estava trabalhando em troca do aluguel ou se estava recebendo pagamento.

Gente pobre tem maus hábitos de consumo

Enquanto pagávamos 52,50 dólares por mês, a idéia de comprar uma casa se tornou um dos principais assuntos. Não obstante, tivemos um aparelho de tevê de 600 dólares antes de comprarmos a casa. Éramos objeto de inveja do bairro — mas que bairro! Em 1966, tevê em cores era coisa rara. Muitos programas ainda eram em preto-e-branco, mas sempre era possível esperar ansiosamente pelo Mundo Maravilhoso de Walt Disney nos domingos à noitinha.

Os mesmos 600 dólares que desperdiçamos na tevê em cores podiam ter-nos tirado da periferia! Naturalmente, só pensei nisso muitos anos depois. Nunca tive com meus pais nenhuma conversa acerca de dinheiro além do "Me dá 10 centavos pra comprar uma garrafinha de refrigerante" ou talvez uma barra de chocolate.

Anos depois, eu me admirava ao descobrir que os 600 dólares des-perdiçados com a tevê colorida eram mais do que Duke dera de entrada por sua mansão de 102 metros quadrados. E tratava-se de 102 metros quadrados em um só andar! Sua entrada no empréstimo imobiliário teria sido três por cento de 12.900 dólares. São 387 dólares para quem mora em Hardscrabble.

Algo quase unânime na alma dos pobres é que farão alguma idiotice com o dinheiro se tiverem a bênção de receber algum de vez em quando. Repeti diversas vezes na vida esse emprego insensato do dinheiro. A programação dos hábitos ruins é difícil de apagar do sistema operacional pessoal.

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Algo quase unânime na alma dos pobres é que farão alguma idiotice com o dinheiro se tiverem

a bênção de receber algum de vez em quando.

Tem fogo?

Na época, 1966, eu não sabia quanto custava um maço de cigarros, mas mamãe e papai fumavam oito maços por dia para sustentar o vício. Se calcularmos o preço de 50 centavos por maço, eles queimavam 1.400 dólares por ano — o que, por mera coincidência, é mais ou menos 15 por cento do valor total das casas geminadas onde morávamos. Também é mais que uma vez e meia a entrada de Duke em sua casa de 102 metros quadrados no subúrbio. Se calcularmos que a casa geminada consumia 105 dólares por mês da renda e que as despesas chegavam a 25 por cento da receita bruta, o valor da casa seria, digamos, 9.450 dólares.* Assim, o dinheiro de sete anos de cigarros excedia o preço total da casa dupla. Não devemos esquecer que esses são valores de 1966. Mas as lições são as mesmas.

Naturalmente, aos nove anos, eu não sabia disso tudo. Eu adorava minha família e acreditava que éramos vítimas de circunstâncias muito além do nosso alcance. Mais tarde, descobri que partidos políticos inteiros se ergueram sobre a filosofia de as pessoas serem vítimas. Eu imaginava que algumas pessoas tinham tudo de bandeja — talvez fossem sortudas. Imagine o Duke poupando, comprando imóveis (nossa casa e outras casas) e, depois, reinvestindo o lucro. É, ele era mesmo sortudo. E não fumava — tantas vantagens injustas.

Vamos nos mudar — para o extremo da zona leste

Em 1966, algumas pessoas foram espancadas e baleadas perto do Gloom Alley. Walter Cronkite falava todas as noites no noticiário sobre tu-

* * Este valor presumiria rendimentos de 10 por cento para o proprietário das duas casas geminadas. A renda líquida de 945 dólares por ano é dividida por 0,10, para um valor de 9.450 dólares (ver "Up in Smoke", notas do Capítulo 5, em www.gooddebt.com).

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muitos e rebeliões raciais. Meu pai resolveu comprar uma casa em Reynoldsburg, Ohio. Não era solução para os problemas de raça, mas, pelo menos, estávamos fora da linha de fogo. Lembro-me do meu pai dizendo que já levara tiros suficientes nas Filipinas durante a Segunda Guerra Mundial.

Papai chamava de "casa que precisava de reparos" aquele casebre de 8.500 dólares. Porém, ela logo se

tornou uma "casa que jamais foi consertada".

Compramos a pior casa à venda em Reynoldsburg, que mal podíamos pagar. Não éramos os Jeffersons, mas ser um dos meninos mais pobres de Reynoldsburg, Ohio, parecia uma grande ascensão. Papai chamava de casa que precisava de reparos aquele casebre de 8.500 dólares. Porém, ela logo se tornou uma casa que jamais foi consertada. Continua um lixo, até hoje. Quase todas as cidades têm um "bairro pobre'; e nós estávamos confortavelmente abrigados na periferia de Reynoldsburg. Ah, a vida era boa.

Estou pensando no pastor que diz: "Prefiro um barraco no céu a uma mansão na Broadway." Reynoldsburg, embora longe do céu, foi a primeira casa em que morei onde me senti de fato seguro.

Em Reynoldsburg logo se tornou evidente para mim que havia classes bem distintas de pessoas. Também ficou óbvio que estávamos na parte que formava a parte mais baixa da escala. Afinal, alguns dos habitantes moravam em casas de 25 mil dólares e nunca lhes haviam faltado alimentos nem roupas. Eu duvidava que alguém já tivesse visto a mãe chorar na pia da cozinha enquanto descascava quatro batatas emprestadas. O incidente das batatas havia me marcado de modo inesquecível; mantinha-se bem vivo em minha memória. Jurei a mim mesmo que jamais voltaria a viver assim; meus filhos teriam comida e teto — uma vida melhor. Esse era, na verdade, o aspecto positivo de ser criado na pobreza intermitente. Gerou em mim uma espécie de definição negativa de objetivos.

Reynoldsburg logo se tornou um lembrete diário de como nós éramos pobres. Lembro-me de ter ido à mercearia com a minha mãe para comprar um osso de pernil por nove centavos para dar gosto no feijão. Consegue imaginar nove centavos? Às vezes, o açougueiro simples-

mente nos dava o osso e nos mandava embora com um tapinha. Isso na

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verdade doía mais do que pagar os nove centavos. Talvez essa fosse a versão caridosa do açougueiro. Para mim, não parecia caridade. Eu me sentia como alguém que é enxotado da mesa para comer os restos no chão.

O incidente da batata havia me marcado de modo inesquecível; mantinha-se

bem vivo em minha memória.

Acho que nunca corremos o risco de morrer de fome. Só que me parecia que meus pais estavam em luta constante para pôr comida na mesa. Era uma dieta constante de feijão branco, pão de milho, aveia, polenta e, em épocas de prosperidade, espaguete. Embora a situação alimentar parecesse um pouco melhor em Reynoldsburg, a do vestuário piorou.

Decerto, se o seu passado tem muitos eventos em que a falta de dinheiro é o principal, então o seu modo de "usar" esses eventos ao recordá-los terá conseqüências sobre a sua filosofia financeira. Preferimos achar que o passado não importa, mas, enquanto sua luz perdura acesa, provavelmente importa. Para mim, alterou minha capacidade de adiar o prazer do consumo. Eu estava sempre ansioso por ir em frente, tentando deixar para trás meu passado de dificuldades.

Escola vocacional precoce

Tudo ia muito bem em Reynoldsburg. Eventualmente, papai ia à es cola e me levava para o trabalho com ele. Eu carregava ferramentas, cortava e martelava adornos externos (em casas de nada menos que 40 mil dólares). Um de nossos grandes serviços foi o acabamento externo de carvalho na Thurber Towers de Columbus. Durante esse serviço faltei a muitas aulas. Minha função era deslizar no chão e fazer furos no piso com unia furadeira elétrica. A broca não durava muito e só era preciso tocá-la uma vez antes de esfriar para nunca mais fazê-lo. No início de 1968, acho que eu era o melhor carpinteiro de acabamento de Ohio.

Eu estava sempre ansioso por ir em frente, tentando deixar para

trás meu passado de dificuldades.

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Tudo muda

Certa noite de uma sexta-feira de maio, papai e eu carregamos a camionete e a deixamos pronta para sair de manhã cedinho rumo a um serviço de reforma. Acordei no sábado de manhã receoso de ter perdido a hora e de que papai tivesse decidido sair sem mim. Desci as escadas correndo e encontrei minha mãe chorando no sofá. Ela estava com um aspecto de tristeza profunda, um olhar que eu não via desde aquele dia das batatas em Wenomoney, Wisconsin.

Em seguida, saindo do quarto e passando devagar e em silêncio pela cozinha e pela sala, por mim e por mamãe, os bombeiros carregavam uma maca com o corpo de papai coberto com um lençol branco. Puseram-no na ambulância e foram embora — sem luzes, sem som, sem papai.

Meu pai morreu em 25 de maio de 1968. Martin Luther King fora assassinado um mês antes. Acho que choveu por cinco dias sem parar. Os parentes de mamãe vieram de Hardscrabble para nos aconselhar, mas não para ajudar financeira nem espiritualmente. O irmão mais velho de papai enviou o dinheiro para que o corpo fosse levado de avião para o enterro em Wenomoney. Não me lembro como chegamos a Wenomoney, mas todos foram gentis. Depois de mais ou menos uma semana de solidariedade e muita comida boa, voltamos para Reynoldsburg de barriga cheia e com o coração pesado de dúvidas. Embora eu só tivesse 11 anos, sabia que as perspectivas de uma vida melhor haviam desaparecido.

A vida era dura. Por estar com 11 anos, resolvi arranjar emprego de entregador de jornais. Consegui. E logo estava com duas rotas de entrega de manhã cedinho do Citizen Journal, ganhando uns 20 dólares Por semana. Para uma criança, em 1968, 20 dólares eram um dinheirão, e logo eu completaria 12 anos.

Eu conseguia comprar todas as minhas roupas, o que razia com regularidade. Tinha os famosos tênis Adidas e calças que combinavam.

Até mandei uni barbeiro cortar meu cabelo, em vez de deixar minha mãe

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passar a máquina ou cortar ao redor de uma tigela para ficar parecido com o dos Beatles.

Buck

Pouco depois que meu pai faleceu, conheci o sr. A. C. Bennett. Todos que freqüentam sua oficina de automóveis o conhecem pelo apelido, "Buck". Talvez o leitor ache que oficina é um lugar muito ruim para um garoto de 11 anos. Às vezes pode ser. Mas o local eram bom, a um quarteirão ou menos de casa, e oferecia bons benefícios.

Observando Buck, aprendi a trabalhar nos carros, conversar com os clientes e interagir em situações de venda. Além disso, Buck era uma figura paterna para me servir de exemplo e me aconselhava. Era tão durão com os garotos da oficina quanto com os próprios filhos. Quem tivesse firmeza suficiente para sobreviver às lições físicas, aos abusos verbais e aos exemplos constantes de falta de caráter conseguia de fato aprender um ofício. Podia até aprender o ofício de graça, se não achasse que os abusos eram um preço alto demais.

O melhor do Buck era, e ainda é, seu imutável conjunto de valores. Sabíamos que ele seria durão, mas que também seria justo. E sabíamos que, ao chamá-lo, ele viria ajudar a resolver qualquer problema. Havia uma lei não-escrita — se ele precisasse da nossa ajuda, esperava poder contar conosco. Isso poderia significar ajudar a puxar o freio de mão ou empurrar um carro.

Às vezes, eu varria o chão. Depois, quando estava mais velho, eu o seguia até a casa do cliente para deixar um carro e lhe dar carona de volta para a oficina. David, o filho dele, assumiu a oficina há alguns anos, mas Buck ainda comparece quase todos os dias para atender o telefone e, em geral, aterrorizar os novatos.

Eu conversava com Buck sobre todas as minhas grandes decisões. "Cabeçudo" era um dos apelidos mais carinhosos que ele usava quando falava comigo. Quando eu era mais jovem e um adulto tentava me manipular, eu consultava Buck. Nas poucas vezes em que tive problemas graves, Buck me ajudou a procurar um advogado. Quando comprei minha primeira casa, ou meus primeiros 20 ou 30 carros (um'

negócio secundário que eu tinha), ou pensava em um emprego novo, meu conselheiro era Buck.

Observando Buck, aprendi a me abrir e conversar. Eu imitava os maneirismos e as brincadeiras dele, e acabei assimilando seus valores. Aprendi

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que as amizades que ele fez no decorrer dos anos o haviam beneficiado inúmeras vezes. Integridade e coerência são os principais valores de Buck. Embora administrasse uma oficina pequena, era um tremendo vendedor. Eu o via comprar e vender carros. Usava todas as ferramentas dele e usava a oficina para consertar meus carros velhos e vendê-los. Ele me ajudava na maioria das coisas em que eu poderia esperar a ajuda de um pai.

Nunca imaginei, até o aniversário de 90 anos do Buck, em 26 de outubro de 2001, que, além da oficina, Buck tinha uma espécie de serviço de "pai". Muitos dos antigos colegas e um monte de fregueses eternos estavam ali. Quantas pessoas você conhece que iriam a uma festa em homenagem ao mecânico? Quando olhei ao redor, para as cerca de 100 pessoas, havia muitos rostos conhecidos. Mike, Rick, Bruce e Jerry eram alguns dos rapazes que passaram por vivências semelhantes à minha.

Dei o nome A. C. ao meu filho, em homenagem a A. C. Bennett. Meu filho jamais conhecerá as privações que o "Vovô Buck" conheceu, nem mesmo as mais leves que eu conheci. Quero que ele herde do vovô Buck a integridade, a espirituosidade, a tenacidade e a vida longa — todas as qualidades que tentei imitar nos anos que passei observando Buck. Sempre apresento Buck dizendo "Este é o meu pai adotivo': É uma declaração bem sucinta. Ele nunca me adotou, fui eu que o adotei. Como se fosse um gato de rua, apareci na oficina dele há 34 anos e nunca mais saí de lá.

Vamos nos mudar de novo

Em 1972, nós nos mudamos para um conjunto habitacional financiado pelo governo (People Stacker Apartment Houses: 228 prédios de apartamentos em mais ou menos 20 mil metros quadrados) em Madison Township. Mamãe vendeu a casa e nem sei se recebeu um centavo sequer. Se recebemos, não ficou evidente em nada que me afetasse. Um

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ano depois, eu estava com 16 anos, comprando e vendendo carros. Comprei meu próprio apartamento em Whitehall, Ohio, uma cidadezinha entre Reynoldsburg e Columbus.

Alumbramento na Kroger

Comecei a trabalhar na cadeia de lojas Kroger Grocery Stores em agosto de 1973 e parei de estudar. Saí da escola quando descobri que estava ganhando mais do que meu professor de contabilidade. Se você acha que me surpreendi, ele ficou nauseado. Meu professor me deu um conselho bem ruim: saia, você não precisa disto.

Passei nove anos na Kroger e, na época, pagavam relativamente bem. Nos últimos anos, meu comportamento foi bem ruim. Eu estava procurando um jeito de sair. Lembro-me de um colega da loja, que vamos chamar de Oscar Fracassado — apelido bem genérico. Ele trabalhava em um dos menores departamentos e sempre usava calças frouxas — parecia até que era encanador. Tinha um temperamento horrível. Vivia cansado, mal-humorado e, em geral, era desagradável. Era Homer Simpson antes mesmo que Homer se transformasse em desenho animado.

Certo dia, entrei na sala de descanso e ali encontrei Oscar sozinho. Tinha a capacidade misteriosa de repelir rapidamente qualquer grupo. Assumir um cargo de gerência na Kroger Company já estava na minha cabeça havia algumas semanas.

Perguntei a Oscar, de repente, a idade dele. Eu achava que ele tinha uns 55 anos, ou mais, pois mal podia andar, a coluna e as juntas estavam arruinadas de tanto carregar caixas pesadas e sua aparência era terrível. Ele disse que tinha 33 anos. Devo ter parecido assustado. Ele perguntou: "Quantos anos achava que eu tinha?"

Era uma cilada, como se uma mulher lhe pedisse que adivinhasse seu peso e você, ingenuamente, dissesse um número. Evitei a resposta.

Nesse momento, a família dele entrou. Eu nunca os tinha visto. A mulher dele, quase tão gorda quanto o imenso filho adotivo de 15 anos. Discutiram um pouco, trocaram algumas grosserias, pegaram dinheiro com Oscar e foram embora.

Quando se aliviou a tensão na sala de descanso, perguntei a Oscar como ele achava que seria seu futuro na empresa. Ele disse que espera

va sobreviver mais cinco anos. Eu não sabia aonde ele iria em cinco anos. Não

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tinha dinheiro e sua situação doméstica daria um jeito de tornar permanente esse cenário. Quando me lembro dele, agora entendo seu comportamento. Se contamos com a família para ser a nossa fonte de inspiração, podemos dizer com segurança que Oscar estava próximo da morte nesse departamento.

Oscar era o tipo de homem capaz de fazer conservadores repensarem sua opinião acerca do suicídio assistido ou da eutanásia. Obviamente, Oscar achava que poderia se aposentar depois de 20 anos na Kroger. O problema é a necessidade de ter, realmente, 55 anos de idade, e não a milhagem de alguém com 55 anos. Vi Oscar acender mais um cigarro enquanto eu saía devagar da sala de descanso, com medo de pegar sua doença.

Eu não estava muito entusiasmado com a gerência, mas Oscar conseguiu me fazer desistir. Ele era, na melhor das hipóteses, um programa de recrutamento às avessas para a Kroger. Depois de 15 anos, era um homem amargo, esgotado. Mamãe tinha razão — ninguém é totalmente imprestável. Qualquer um pode, pelo menos, servir de mau exemplo.

Depois disso, pensei muito em Oscar, decidindo se em apenas 10 anos eu estaria igual a ele e, pior, se falaria como ele — ou, Deus me livre, teria uma vida igual à dele. Eu tinha de sair dali. Oscar, sozinho, era quase suportável. Mas, quando levei em conta a totalidade da vida dele e a direção em que ela o levava, isso me ajudou a tomar minha decisão. Eu não queria aquele tipo de vida. Li e estudei tudo o que pude a respeito de pensamento positivo, vendas, enriquecimento e imóveis.

Talvez seis horas de faculdade ajudem

Cada vez mais cansado de ser um autômato na Kroger, prestei o exame GED,* passei e fui para a Franklin University.

Sempre pensei em dedicar um livro à minha professora de inglês na Franklin. Numa aula de recuperação, tínhamos de escrever alguns pará-

No Brasil, o equivalente à aprovação no curso supletivo. (N. do E.)

grafos sobre algo de que gostássemos muito. Escrevi sobre o meu

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Chevrolet Caprice 1977. A professora Marcia Hollbrook (acho que era •1 esse o nome dela) corrigiu e me devolveu. Felizmente ela usara um lápis nº 2 macio, pois o papel tinha tantas marcas que, não fosse o lápis que ela usou, seria impossível ver o original.

Depois da aula, fui conversar com ela sobre a redação. Embora fosse um péssimo escritor, era pragmático. Eu simplesmente queria ser melhor — aprender. Enquanto conversávamos, ela parecia simpática, e mencionei que um dia eu gostaria de escrever livros com ensinamentos práticos. Ela caiu na gargalhada, batendo na mesa. Fiquei ali, heróico e imóvel, até ela perceber, finalmente, que eu estava falando sério. Achou inconcebível que eu quisesse mesmo fazer isso! Recuperou-se dizendo algo um tanto obscuro como: "Olha, você vai ter de se esforçar muito." Então, srta. Hollbrook, obrigado por, pelo menos, não ter me aconselhado a desistir. Eu me esforcei muito. Estudar depois de adulto e, o que é mais importante, adorar aprender e principalmente ler fizeram toda a diferença.

Por favor, observe que finalmente terminei a faculdade 13 anos depois, em 1994. Eu me formei com menção honrosa na Universidade do Estado de Nova York, em Albany.

E daí?

E daí? Jon, o que significa todo esse discurso triste sobre o seu passado? A questão simples e profunda é que o ambiente realmente afeta a vida. Nossa, que novidade! Quer dizer, se nasci em um desses bairros bons, terei uma vida melhor do que se fui criado em Hardscrabble? Bom, talvez só em tese. Se você conseguir entender as lições do passado, pode se dar muito bem, mesmo que seja um menino ou uma menina de Hardscrabble. E, contrariamente, todos já vimos aqueles que parecem ter todas as vantagens mas são incapazes de se tornar abastados, ou perdem toda a fortuna herdada.

"Ninguém nasce vencedor nem perdedor; todo mundo

nasce escolhedor."

O que aprendemos com o que acabamos de ler? A lição de 10 segundos é usar o passado como uma biblioteca — não como residência. Meu orientador de marketing de livros, Mark Victor Hanson, diz: "Ninguém nasce

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vencedor nem perdedor; todo mundo nasce escolhedor". A gente pode trabalhar com a mentalidade do residente em Hardscrabble ou com a mentalidade do sangue azul do bairro de luxo. Vejamos o que podemos pesquisar na velha biblioteca do passado. Levei 30 anos para ao menos escrever ou conversar sobre os acontecimentos deste capítulo.

Escrevi este capítulo em seqüência, como um repórter. O que o leitor pode não ter percebido no capítulo é que eu tinha e ainda tenho um amor profundo por mamãe e papai. Meu pai era Eldon Edward Hanson; minha mãe era Beverly Sue Hanson. De minha mãe, herdei a disposição, a tenacidade e o humor ácido. De meu pai, toda a minha criatividade e a habilidade para resolver problemas.

Nos últimos 35 anos, o verdadeiro amadurecimento da minha vida teve origem no alicerce plantado por meu pai e que cresceu com o que aprendi com os quatro ou cinco homens que mais influenciaram minha vida com o passar dos anos. Além desses homens, encontrei exemplos na leitura constante. Poucos homens tiveram tanta influência na minha vida quanto o meu guru póstumo Orison Swett Marden. Embora tenha morrido 32 anos antes do meu nascimento, sinto-me ligado a ele por meio de seus escritos. Começou a escrever aos 46 anos e, antes de morrer, em 1924, já havia escrito mais de 70 livros. Para quem tem a mente aberta e curiosa, encontrar boas figuras paternas (ou maternas) que lhe ensinem bons hábitos financeiros não é tão difícil. Mandam-nos "honrar pai e mãe", não obstante também nos digam que "há sabedoria em muitos conselheiros':

Ressentido ou melhor? Aproveitar uma perspectiva útil

Se você estiver lidando com a perda de um ente querido (posso falar disso por experiência própria), estará numa encruzilhada. Fugindo do conselho de Robert Frost em The Road not Taken, "dois caminhos divergiam na floresta e eu..." — bem, fui pelo mais batido. Seria uma ótima história se eu dissesse que não passei quase 30 anos ressentidocom a perda do meu pai, mas passei. O ressentimento não fere apenas financeiramente só por causa do desvio da atenção; é desgastante tan_ to física quanto mentalmente. Conheço um pouco acerca do ressentimento — quanto mais cedo livrar-se dele, melhor ficará na vida financeira e na pessoal.

Foi apenas há alguns anos, enquanto escrevia um panegírico a um menino de quatro anos que morrera de câncer no cérebro, que comecei a ter uma

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perspectiva útil do meu passado. Eu queria que a família e os amigos não ficassem ressentidos com a perda. É incrível a freqüência com que desejamos aos outros o que não desejamos a nós mesmos. Na apologia de Michael, escrevi as palavras "Vocês usarão este acontecimento [a morte de Michael] para se tornarem melhores ou ressentidos?" e, depois, percebi que usara a morte do meu pai para me tornar ressentido — não de maneira aberta e óbvia, mas havia um fundo sutil de ressentimento. Se a minha cabeça fosse um computador, esse pensamento seria uma incômoda janela pop-up que diria "não é justo" incessantemente. Esse fundo não era o suficiente para matar, mas bastava para tornar mais lentos o progresso e a felicidade, Admiti que o melhor a fazer seria aprender com o passado e seguir em frente. Tenho certeza de que lucrei mais ao organizar as notas para o encômio do que a família e os amigos ao ouvi-lo.

As opções que temos ao encarar as adversidades da vida são sempre nos tornarmos melhores ou ressentidos. O ressentimento parece a opção mais razoável e econômica no início. Não obstante, tornarmo-nos melhores é o caminho mais lucrativo em longo prazo. Vamos arrastar o passado conosco ou deixá-lo na biblioteca? Vamos aprender as lições da vida ou repetir incessantemente os mesmos erros? Talvez a gente não saiba que o jogo já começou! Esta é a nossa vida, não é um ensaio. A mudança está ao alcance de todos.

Simplesmente não é justo!

É fácil, embora desestimulante, viver num mundo no qual imaginam que "justiça" seja um conceito uniforme, ou mesmo universal. Mui do que se exige no mundo sob o disfarce de justiça ou tolerância pretende nivelar por baixo, em vez de estimular. Jim Rohn diz: "Há duas maneira de ter o prédio mais alto da cidade — construir o prédio mais alto ou demolir todos os outros!" Às vezes, é mais fácil entregar-se à comiseração, à inveja e à cobiça do que fazer um levantamento realista de nossos verdadeiros esforços. Será sempre mais fácil dar apoio a uma "causa" ou votar em alguém que prometa "melhorar a situação" do que se empenhar para melhorar por conta própria. O governo poderá lhe dar algo se não tirar de você? No fim das contas, ainda temos de calçar as botas e começar a escalada. Anos atrás, ouvi um comediante dizer que "É longa e árdua a escalada até o meio". Ria, mas escale até o meio. Estar no caminho para o topo é muito melhor que no sopé.

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Se a minha cabeça fosse um computador, esse pensamento seria uma incômoda janela pop-up

que diria "não é justo" incessantemente. Pontos a ponderar • O que você aprendeu com o passado? O passado interfere no seu modo de

gastar dinheiro? Aprendi bem cedo que se tivesse dinheiro deveria gastá-lo! Ninguém ao meu redor servia de exemplo de um bom poupador, portanto eu não considerava isso importante.

• O passado pode sufocar o seu desenvolvimento ou motivá-lo a fazer ainda mais. Não esqueça, você sempre tem escolha: vai aprender a ser ressentido ou a ser melhor?

• Se optar pelo ressentimento, saiba que pode matar o seu mais importante plano ao pôr em prática o jogo da vingança: "Eles vão ver!" Ou, como um sujeito espirituoso disse: "Muitos gastam tempo e dinheiro comprando coisas de que não precisam para impressionar gente de quem não gostam." (Ver Capítulo 2, "Refém emocional".)

Consegue imaginar algo que puxe o passado para o presente e o futuro, e continue interferindo nele? Desistiu? Dívidas. Não esqueça que o passado ficou para trás, a não ser que você ainda deva por causa dele.

• "Quem controla o passado comanda o futuro. Quem comanda o futuro derrota o passado", como disse George Orwell.

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De 20 anos a prisão perpétua! Essa é a pena normal dos trabalhadores. Muitos cumprem pena de 30 a 50 anos. Alguns optam por trabalhos forçados. Outros acham que não têm opção. Lembra-se do filme Re- beldia Indomável? Paul Newman ficava resmungando: "Tenho de ajeitar minha cabeça, tenho de ajeitar a cabeça, chefe!" Luke tinha problemas com as autoridades. As autoridades de que falamos em todo o livro Dívida boa, dívida ruim são as leis fundamentais do dinheiro. Os fundamentos das dívidas boas e ruins de que falamos nos cinco primeiros capítulos são o seu chefe e o seu carcereiro. Eles têm as chaves de sua liberdade terrestre. Isso é verdade, mesmo que, como Luke, você não aceite muito bem a idéia. Se não for prudente, sua pena de 20 anos pode aumentar, talvez para prisão perpétua. A menos que tenha nascido rico, para você se aposentar com conforto terá de

cumprir uma pena de sacrifício financeiro. A cabeça bem instruída considera esse tempo um período de bênção, e não um sacrifício. Quanto mais cedo começar, menor será a intensidade do sofrimento e mais curto o sacrifício. O êxito na aposentadoria provém mais da execução perseverante de um projeto que do investimento propriamente dito. Quase toda criança sabe que, sem início, não há meio nem fim.

Está no Jeopardy?*

— Vamos brincar de Jeopardy! Alex, quero "aproveitar oportunidades no momento certo" por 1.000 dólares! Alex responde: —A resposta é "Quanto mais cedo, melhor, porém se for ainda mais cedo é

melhor ainda". Rápido! Aperte a campainha e diga: — Quando se deve iniciar um plano de aposentadoria?

ISSO mesmo! — diz Alex. — Agora você está no controle do tabu- leiro! Aonde quer ir?

Na vida real, se quiser controlar o tabuleiro (sua vida financeira), comece mais cedo a elaborar o seu plano de investimentos, e não mais

Programa de perguntas e respostas muito popular nos Estados Unidos. (N. da T)

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tarde. Recorde a pergunta do Econo-sábio. No início de toda situação de gastos, ele pergunta: "Isso me aproxima ou me afasta de meus objetivos?"

Quase toda criança sabe que, sem início, não há meio nem fim.

A maioria adia os projetos de aposentadoria por saber que não vai gostar das respostas às perguntas que precisam fazer. Em vez de encarar essas questões com maturidade, às vezes acham mais fácil cultivar o que Jim Rohn chamava de "esperança alegre" O sr. Rohn (vou parafrasear) a definia como um homem de quarenta e poucos anos que nada fez para cuidar do futuro, mas assovia alegremente como se a vida fosse um mar de rosas. Algo pode ser pior do que, de repente, acordar aos 50 anos e descobrir que só tem uma vida alugada, que não possui praticamente nada de valor ou importância?

Tenho, porém, uma Perspectiva Mental Positiva (PMP)

O pensamento positivo é bom, mas o pensamento positivamente iludido não é. Refiro-me a esses tipos iludidos, angustiados com o pensamento positivo, mas não imbuídos de um propósito, um processo e um projeto. Aflito com o pensamento positivo? Algo bom pode ser, de fato, ruim? Sim, principalmente quando só é aplicado pela metade. Fazer faculdade é bom, mas, se você jamais sair de casa, de que adianta? Muitos não têm ímpeto para agir; a realidade de passar de um piano de conceito para a realização pode ser assustadora.

Um vendedor de seguros chamado Ben me disse recentemente: — Quando mencionei seguro de vida para um cliente outro dia, ele

disse: "Não preciso disso, tenho o fundo mútuo de Jesus." E eu disse a ele: — É uma excelente companhia, mas acho que o seu cliente está confundindo

confiança com seguro. Esse sujéito pode estar pronto para partir deste mundo, pois tem uma confiança abençoada, mas não faz nada pela família, que outras partes da Bíblia mandam que ele sustente.

A confiança do cliente de Ben tem relação com a promessa divina aos crentes.

A confiança, para os nossos fins, tem a ver com a garantia de um resultado específico se seguirmos instruções e começarmos bem cedo. para tal

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segurança, dependemos da matemática, de juros compostos (hora de crescer), disciplina, dilação e discernimento na seleção dos investimentos. Assim como na garantia da salvação, para ter garantia financeira, precisamos seguir todas as instruções. Uma afirmação rápida e uma oração não vão levá-lo até lá.

Muitas pessoas sonham com a aposentadoria, no entanto, são poucas as que tomam providências para caminhar nessa direção. Alguns confiam na esperança alegre ("Vai dar tudo certo" ou "Tenho fé"). Fé sem o amparo do trabalho e do planejamento é apenas mais uma forma de ilusão. Outras pessoas citam uma receita limitada demais para começar a poupar ("Sou jovem. Tenho muito tempo" ou "É tão complicado"). Não devemos esquecer que os traços característicos dos Econo-sábios e, infelizmente, dos Consumerati são grudentos e elásticos, e que se ampliam para torná-lo mais afim a um ou outro tipo. É provável que você se torne mais aquilo que já é. Nossas possibilidades de êxito são melhores com um sistema simples, que possamos sempre seguir, em vez de um plano complexo que seguimos so-mente às vezes.

John Bogle, fundador da Vanguard Mutual Funds, diz: "A simplicidade nos dá o poder de fazer menos daquilo que não importa — e nos dá o poder de fazer mais daquilo que realmente importa." Limitar as opções parece um conselho errado, não é? Não obstante, a maioria deve concordar que escolher a opção certa e ater-se a ela é uma boa limitação. Não digo limitação das opções de investimento. Falo de limitar o sistema a um processo simples que seja inteligível e exeqüível. Simples até que ponto? Mensal, semanal ou duas vezes por semana, considere cada depósito feito um tanque de oxigênio que só dura até o Próximo pagamento. Sem esse tanque de oxigênio, seu plano de aposentadoria pode morrer sufocado.

Por meio da experiência ou do estudo de grandes homens e mulheres, vemos que se ater aos fundamentos do trato com o dinheiro levará ao êxito. Não existe fundamento novo. Você pode ser tão criativo na aplicação dos fundamentos quanto desejar — mas, se transgredir as leis fun- damentais, não alcançará seus objetivos. Se transgredirmos as leis, não teremos liberdade condicional.

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A economia é o grande educador. Para aplicar a economia à vida, preciso planejar — é preciso ter um programa por escrito a seguir. Sem esse plano, a vida é ineficaz e cara. Aplicar a economia é entender de escolha do momento e de valor. A economia presume planejamento e raciocínio criterioso. Alta renda não é, a rigor, indicador de fortuna. A renda de qualquer tamanho que passe por hábitos bem treinados acaba gerando fortuna.

Et tu, Jonny?

Sempre darei valor aos meus falsos juízos da vida. Com a vantagem da meia-idade e das feridas parcialmente curadas, percebo que muitos têm as mesmas idéias equivocadas. O êxito parece fácil quando somos jovens. A vida parece simples, até que tenhamos vivido um pouco — e a vida é simples, dependendo de nossas escolhas. Podemos viver com o exotismo daquilo em que escolhemos crer ou com a realidade do que de fato é.

Uma coisa é admitir as deficiências financeiras, mas escapar das conseqüências

é outra, bem diferente.

Descobri que uma coisa é admitir as deficiências financeiras, mas escapar das conseqüências é outra, bem diferente. Decerto a juventude é a melhor época para elaborar um plano financeiro e segui-lo. Se a juventude passou despercebida, aproveite o próximo melhor momento — agora!

A ironia e o óbvio

A ironia da juventude é que, embora em grupo, os jovens possam beneficiar-se mais de um projeto sensato, são eles os que têm menos probabilidade de elaborar um projeto. É preciso ter maturidade genuína para tornar-se requintado e humilde o bastante para acreditar em um' sistema simples. O nosso ego prefere viver pensando que realizamos grandes feitos com a vontade própria ou com a inteligência — e não

que o êxito na vida consiste em aderir aos valores consagrados. Talvez nos sintamos trapaceados ou, pelo menos, constrangidos, quando, depois de algum esforço, descobrimos como tudo é mesmo tão simples.

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A vida nos apresenta muitas técnicas, mas poucos fundamentos; é fácil descuidar-se das realmente valiosas dentre tantas escolhas. O de- sejo de pensar que sabemos algo que poucos sabem faz com que mui- tos de nós nos descuidemos das verdades óbvias. Em minha opinião, os imóveis sempre foram o amparo de minha carteira de investimen- tos. Um dos meus maiores arrependimentos foi descobrir como teria sido simples possuir uma carteira com uma parte maior de ativos líquidos. Disciplina, dilação e discernimento aplicados cedo na vida podem fazer muita diferença.

Talvez você esteja mais perto do que pensa

Economia prática, organização certa das finanças, adiamento do consumo e monitoração e controle da taxa de consumo talvez sejam tudo o que o separa da vida financeira que você deseja. Já recordou uni período de cinco ou 10 anos atrás e disse "Se tivesse me concentrado em A, em vez de B, estaria em C"? Infelizmente isso aconteceu comigo. É a taxa de consumo que vai definir o seu futuro. Gastar define o seu fim.

No fim das contas, descobrimos que o dinheiro não respeita ninguém — trabalha igualmente a favor e contra. O dinheiro não importa quando se é famoso, um profissional de alta remuneração ou lavador de pratos da Waffle House. Os fundamentos do dinheiro e das dívidas não discriminam. O dinheiro tem um desempenho igualmente bom para todos que lhe derem emprego. O jovem que começa a automatizar depósitos em um investimento todo mês, toda quinzena ou toda se- mana acabará com um patrimônio muito mais alto do que a média dos norte-americanos.

Não espere; automatize

Tome logo a decisão de dar início à poupança para a aposentadoria. Se não tiver habilidade para investir diretamente (isto é, escolher o investi-

mento), você pode, pelo menos, reunir forças para ter a capacidade d

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configurar uma retirada automática em folha de pagamento ou na con- ta-corrente para comprar ações de um fundo mútuo ou de títulos. Comece hoje. Se tiver bons conhecimentos de informática, pode criar urna conta de investimentos on-line e começar a fazer retiradas eletrônicas da conta-corrente ou, talvez, até diretamente da folha de pagamento. Se não souber usar o computador, a maioria dos fundos tem telefone 0800.

Vale repetir: é preciso ter capital para capitalizar quando surgirem as oportunidades.

Concordo que é mais fácil para um assalariado do que para um autônomo tornar automática a poupança e os investimentos, mas tenho amigos autônomos que adotam essa técnica para fazer depósitos de dinheiro extraído da conta-corrente. Quando eu era empregado da Kroger, tinha um desconto no salário para um fundo de ações, e grande parte do meu contracheque semanal ia direto para a cooperativa de crédito. Lembro-me agora que poupei cerca de 14 por cento do meu salário naquela época.

Vale repetir: é preciso ter capital para capitalizar quando surgirem as oportunidades.

Autotributação

Há quem afirme que os impostos são altos demais. Concordo, mas te- mos de admitir que eles existem. Lembro que li a respeito de Ben Franklin dizer aos manifestantes contra os impostos: "A tributação que vocês impõem a si mesmos com bebidas e outros vícios é muito mais alta do.. que os impostos ingleses. O custo de um vício pode sustentar duas criam ças." Acho que o velho Ben tinha razão. Devemos nos tributar, não com vícios, mas para o nosso futuro. Vamos supor que você diga: "Não bebo, não jogo, nem tenho outros vícios."

Se não tem vícios, ótimo, mas será que tem um imposto voluntário de televisão por assinatura? Dirige voluntariamente um carro de 459 dólares por mês, quando um de 250 dólares por mês serviria? Nesse caso, você já está "se tributando" Só precisa redistribuir o dinh para uma causa com mais valor: você e sua família. A melhor maneira de "recolher o imposto de si mesmo é como o governo faz, primeiro e com freqüência, e por transferência eletrônica do contracheque ou conta-

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corrente para um investimento adequado. A automação dos depósitos é fundamental. É assim que o governo recolhe grandes somas de dinheiro dos contribuintes para redistribuir. Aproveite essa idéia e faça-a trabalhar para si mesmo.

Dirige voluntariamente um

carro de 459 dólares por mês, quando um de 250

dólares por mês serviria?

Tributareis até o ar que eu respiro?

Os colonialistas lutavam contra a tributação sem representação. Os conservadores lutavam para rejeitar o imposto da morte (tributação sem respiração). Os libertários lutavam pelo fim da tributação sem racionalização, o que resultou em liberais e conservadores, ambos nos mostrando como racionalizar tudo.

Caso você não tenha percebido um padrão, serei objetivo: se espera que outra pessoa cuide de você, isso não vai acontecer. Se sua esperança está em um movimento coletivo, partido político, ou governo, não há ajuda a caminho. Se acha que o governo cuidará de você, prepare-se para um amargo despertar — o governo pretende que você cuide disso. Sem as retiradas de sua remuneração, o governo nem poderia existir. São as transfusões do seu sangue (dinheiro) que mantêm vivo o governo.

Se acha que o governo cuidará de você, prepare-se para um

amargo despertar — o governo pretende que você cuide disso.

Não obstante, em algum ponto entre a turma do se-respira-tribute° e os manifestantes contra os impostos há uma lição valiosa. É sim-

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plesmente esta: temos de tributar a nós mesmos antes e acima das exigências do governo. Devemos, então, investir os lucros em nosso futuro e fazê-lo enquanto estivermos acima de todo o barulho da batalha dos libertários versus os conservadores versus os liberais, que exigem diariamente a nossa atenção. Se o governo paga a si mesmo em primeiro lugar, fazendo a retirada dos nossos contracheques, não devemos fazer pelo menos o mesmo?

Problema?

Então, qual é o problema? O problema está no atrito e em tornar úteis nossos esforços na aplicação cotidiana do nosso plano. Podemos iniciar um projeto com grande entusiasmo e depois nos atolar nos detalhes e no trabalho pesado que devemos suportar para chegar ao êxito. É a mistura do cimento e a colocação dos tijolos um a um diariamente que acabam por nos levar ao êxito. O leitor já viu a construção de uma parede de tijolos ou de cimento armado? A princípio, não é estimulante. Depois, quando ela vai tomando forma, você já começa a ver o objetivo se realizar.

Para ser milionário, é preciso antes ser milhário

Decerto, ter os primeiros 100 dólares na poupança não será muito animador. Nem tornar-se um multimilhário vai mudar sua vida, mas a perseverança o fará tornar-se um, três, quatro, cinco milhário. Notará, então, que tudo pode tornar-se um pouco mais fácil. Este é um bom motivo para nos aproveitarmos dos pagamentos automáticos e dos depósitos na poupança sempre que possível. Quando consulta o seu contracheque para fazer um depósito direto no fundo de aposentadoria ou numa conta de desemprego, o computador não fica cansado. Não fica maníaco-depressivo com relação aos mercados, nem baba quando vê anúncios de carros novos. Ele simplesmente segue em frente. Os depósitos automáticos o substituem quando você estiver sofrendo de fraqueza.

Muitos de nós embarcamos no trem para a Estação da Procrastinação e estabelecemos lá nossa residência. Na cidadezinha de Procrastinação, tudo está programado para amanhã. Sua única preocupação é o que não

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Errei por um pouquinho...

Muitos de nós morremos — ou, pior, vivemos — na parte monótona da vida. Eis um segredo: muitos de nós estamos a apenas alguns metros do êxito. Essa morte financeira a "poucos metros do êxito" pode chegar cedo na vida se desistirmos de perseguir nossos objetivos. A percepção para criar um plano viável pode chegar cedo ou tarde na vida. As prioridades são os membros mais astuciosos da família da disciplina. As prioridades da juventude se fazem passar por boas idéias para mais tarde. O que devia ser prioridade de nossa meia-idade e dos anos posteriores é sempre confundido pela inação da juventude. A juventude sofre de inexperiência, ao passo que a velhice sofre em razão da inação da juventude. Comece! Pense! Os idosos não poderão viajar no trem se os jovens não comprarem a passagem.

Por que não há mais pessoas bem -sucedidas?

Se o êxito é tão fácil, por que não há um número maior de bem-sucedidos? Jim Rohn responde: "Porque é fácil ser — e fácil não ser." Os fundamentos do êxito são fáceis de se aplicar — também é fácil não aplicá-los. .E inerente à natureza humana manter o rumo, curvar-se ao status quo — mesmo que o rumo não esteja dando certo. O sucesso de Billy Joel, The Piano Man, diz: "Compartilham uma bebida que chamam de solidão — mas é melhor do que beber sozinho." Em questões monetárias, às vezes ficamos com o que conhecemos, mesmo que seja uma imprudência fiscal. Em português claro: muitos se acomodam à escravidão.

Samuel Smiles escreveu: "A sociedade hoje em dia sofre muito mais de desperdício de dinheiro do que de necessidade dele." Parece que pouco mudou em mais de 130 anos, desde que essas palavras foram publicadas. Muitos de nós fazemos a besteira de não construir um alicerce antes de tentar subir na vida. Muitos tentam construir a vida >obre a renda atual, sem construir um alicerce sólido ou "fazer um pé-de-meia" para o futuro. Outros, ainda, em vez de plantar o alicerce, pedem o futuro emprestado, ou o hipotecam, com crédito ao consumidor ou dívidas ruins. Orison Marden disse: "Não arrisque a superes

trutura da vida sobre o alicerce de um dia." Quando se instala o modelo "Ganhe quanto puder, gaste tudo o que ganha", muitos jamais encontram o caminho da liberdade. Reféns do desejo de parecer bem-sucedidos, comem

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suas próprias sementes. Sem sementes, não há plantação — não há colheita.

Suicídio? Não exatamente

"Poucos morrem" — escreve o dr. Marden em The Conquest ofWorry. "A maioria se suicida com preocupações." Além da procrastinação, dos maus hábitos alimentares e da prática inadequada de atividades físicas, muitos de nós acrescentamos o medo, a dúvida e as dívidas às preocupações. Quando chegamos aos 40 anos, muitas de nossas definições começam a mudar. Victor Hugo escreveu: "Quarenta anos é a velhice da juventude; 50 é a juventude da velhice." Eis um plano de exercícios que adotei há anos. Primeiro vem a isometria da resistência à mudança. Em segundo lugar, a aeróbica das conclusões precipitadas. Em terceiro lugar, o treinamento de acumular desculpas pesadas.

Infelizmente, muitos de nós anulamos todos os aumentos de renda com novos

gastos, sem levar em conta a possibilidade de sobreviver ao dinheiro.

Embora seja divertido fazer pouco da dieta e dos exercícios, e alguns comediantes ganham a vida fazendo isso, garanto que nem dieta, nem ginástica, nem dinheiro, nem dívidas, são assuntos hilariantes se os deixarmos de lado. Quando o riso acaba e ficamos com a realidade do momento, temos de perceber que está na hora de tomar alguma providência a respeito do futuro.

O otimismo da juventude não permite que alguns pensem com seriedade que a velhice se aproxima com a mesma certeza da gravidade. Talvez esse fato não pareça importante aos 20 ou mesmo aos 30 anos, mas aos 40 deve começar a se consolidar. Com todos os avanços da tecnologia médica, há probabilidades de que venhamos a viver muito tempo. Todo ano, as tabelas de expectativa de vida se estendem mais, e

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viver no limite parece menos sensato. Em média, vivemos 30 anos a mais, que os seres humanos viviam há 100 anos. A velha tirada "Se soubesse que ia viver tanto tempo, teria cuidado melhor de mim" neste livro poderia ser "Se eu soubesse que ia viver tanto tempo, teria pou- pado ou investido mais dinheiro': Muitos permitem que a segunda lei de Parkinson — "As despesas sempre aumentam de acordo com a ren- da disponível" — os mantenha a vida inteira falidos.

É preciso elaborar minuciosamente uma filosofia de como ganhar, poupar, gastar, dar, receber, emprestar, pedir emprestado e deixar de herança. A meta deste capítulo (e, de fato, de todo o livro) é ampliar seu raciocínio. Talvez você passe muito tempo entre nós. É claro que tudo vai de vento em popa neste momento, mas e se você viver muito mais do que previa? Infelizmente, muitos de nós anulamos todos os aumentos de renda com novos gastos, sem levar em conta a possibilidade de sobreviver ao dinheiro. Não defendo uma vida de fome ou avareza, mas um projeto racional que lhe permita ser mais do que um recepcionista do Wal-Mart aos 70 ou 80 anos. Se for recepcionista do Wal-Mart por opção, ótimo. Falo do idoso que precisa fazer a escolha entre trabalhar e não comer. Em toda conversa acerca de aposentadoria ou dinheiro, lembre-se de quando começar a poupar: agora! Quanto antes, melhor — porém, muito antes é melhor ainda.

Mais um livro

Sempre fui uma pessoa do tipo "mais um livro': Pensava que se lesse mais um livro ele conteria a Pedra de Rosetta que abriria para mim as portas de um universo de riqueza e felicidade. Acontece que o universo já está aberto. O tal segredo é começar. Basta começar! Nas últimas' 10 mil páginas que li durante a pesquisa de Dívida boa, dívida ruim percebi que a riqueza e a felicidade não têm segredo algum. As respostas estão em alguns fundamentos: disciplina, dilação e discernimento são os principais.

Muita gente anseia por uma vida melhor, contudo toma outra direção mental. Para ter êxito, devemos evitar a grande separação en- tre saber e fazer. Alguns de nós passamos anos lendo e estudando, achando que só precisamos de um pouco mais de conhecimentos para chegar à Terra Prometida. Quem acredita que conhecer ou perceber funciona como fazer está perdido para sempre. Certas pessoas jamais transformam o dia da formatura em dia da aplicação, quando aplicamos o

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que aprendemos. O aprendizado é tão satisfatório para alguns que eles até receiam pisar no mundo real. "Um talento completamente desenvolvido vale mais do que 10 talentos na estante", diz o dr. Marden.

A riqueza e a felicidade não têm segredo algum. As respostas estão em alguns

fundamentos: disciplina, dilação e discernimento são os principais.

Antes tarde do que nunca

Ler e estudar são atividades que me dão muito prazer. São hábitos que criei tardiamente. Há uma palavra que os define: opsímata. O prefixo opsi é grego e significa tarde; e mata significa aprender, por conseguinte, opsímata é aquele que aprende em idade avançada. Enquanto estudamos, também devemos estar atentos ao "relógio do jogo", que não pára. Duvido que seus estudos o levem a despertar quando se aproximar o fim da vida com um projeto que, de repente, vai preencher o seu plano de aposentadoria com tudo aquilo de que você precisa para substituir o que faz atualmente em troca de dinheiro.

O trabalho é a maldição das classes consumidoras

Oscar Wilde disse: "O trabalho é a maldição das classes bebedoras." Vamos modificar essa frase: "O trabalho é a maldição das classes consumidoras." Se você concorda, provavelmente escolheu a profissão errada ou seu estilo de vida é o dos Consumerati. O trabalho parece maldição quando o seu "gol da vitória do consumo" procura seguir o exemplo de alguém com renda mais alta. A melhor situação é procurar um trabalho de que goste muito e com o qual passe a ganhar dinheiro

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— e defina o seu consumo segundo a sua renda. "Não sou gordo. Sou apenas baixo para o meu peso" é igual a "Não estou duro. Minha receita é que é baixa demais para as minhas despesas':

Com hábitos de Consumerati, se você detesta a vida que leva com uma

renda de 30 mil dólares por ano, vai desprezá-la a 110 mil dólares por ano.

Os hábitos de planejamento e poupança do Econo-sábio podem aumentar para torná-lo abastado com o aumento de sua renda com o passar do anos. Os hábitos de não planejar e abusar das dívidas dos Consumerati também podem aumentar para torná-lo mais pobre e mais endividado enquanto sua renda aumenta. No fim das contas, os dividobesos ficam com dividabetes. Mesmo que ganhem cada vez mais, gastam cada vez mais. Logo falta-lhes fluxo de caixa ou insulina financeira para decompor e eliminar as dívidas. Em outras palavras, com hábitos de Consumerati, se você detesta a vida que leva com uma renda de 30 mil dólares por ano, vai desprezá-la a 110 mil dólares por ano.

Uma parte desse discernimento é procurar um trabalho de que goste. Será que tudo o que você quer na vida pode classificar em uma dentre três categorias? Talvez não, mas parece que a maioria das pessoas bem-sucedidas que entrevistei acerca da satisfação profissional apresenta três características em comum:

1. Mora com pessoas que ama. 2. Está envolvida em trabalhos que adora. 3. Executa um projeto financeiro que adora porque eleva as pessoas o

trabalho que ama.

As perguntas "Como" "Por que" e "Para quem" são fortes motivadoras. Espere aí — então ter um projeto exeqüível é fazer o que você ama? O sucesso é tão fácil assim? Vamos supor que viver com pessoas que você ama torne a sua vida mais agradável e ajude no êxito geral. Falo um pouco disso no Capítulo 10 ("Com quem você se casou?"). Esta sessão discorre sobre trabalho e planejamento. A pesquisa 2003 Spherion Emerging Workforce Survey, com 3.200 trabalhadores em

expediente integral, divide as intenções dos empregados da seguinte maneira:

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• 52 por cento indicam o desejo de mudar de emprego, 46 por cento desejam fazê-lo nos próximos seis meses e 75 por cento nos próxi-m o s 1 2 m e s e s .

• 54 por cento indicam confiança cada vez maior na capacidade de ter uma renda estável fora da estrutura convencional de trabalho.

• 86 por cento citam realização e equilíbrio de vida como principal prioridade profissional; só 35 por cento, pelo contrário, disseram que ser bem-sucedido no trabalho e subir na vida são prioridades principais.

• 73 por cento dos empregados disseram que pretendem reduzir o horário de trabalho a fim de ter tempo para a família.

• 96 por cento sentem-se atraídos por empregos que ofereçam meios de arranjar tempo para as responsabilidades pessoais e para o desenvolvimento pessoal, tais como horário flexível, intercâmbio de funções e teletrabalho.

• 81 por cento trabalham em empresas que não oferecem as opções de trabalho/vida que desejam.

Dessas estatísticas, podemos inferir muitas informações. Naturalmente, o primeiro item (52 por cento não gostam do emprego) é interessante. Sim, o que vou sugerir é contraproducente, mas é isto: quanto mais você detesta o emprego, mais motivação deveria ter para reduzir sua taxa de consumo e aumentar a poupança (para poder mudar de emprego ou pedir demissão). Se não se esforçar por fazê-lo, é possível que não fale sério quando diz que quer mudar de emprego. Nos pou- cos anos anteriores a 1981, quando larguei meu "emprego seguro'; eu havia baixado drasticamente minha taxa de consumo e aumentado a poupança. Embora meu primeiro ano no ramo imobiliário tivesse re- sultado em profundo corte de receitas, minhas despesas estavam tão baixas que isso nem era problema. A pesquisa Spherion afirma que 46 Por cento dos entrevistados esperam fazer uma mudança. Quarenta e seis Por cento, que número interessante — próximo ao percentual. de Pessoas sobrecarregadas de dívidas de consumo ou pré-dividabetes. Sei por acaso, fossem os mesmos 46 por cento, seria difícil mudar, prin-

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cipalmente para um emprego com remuneração mais baixa, mesmo que fosse para uma profissão que você adora, não seria? Pode ser dif cil um dia você chegar a ser realmente bem-sucedido em um emprego bem remunerado que deteste.

As dívidas transformam todos nós em covardes

Pense nos 46 por cento que dizem "esperar" fazer uma mudança. Isso me faz lembrar da adivinhação infantil: "Havia dois sapos num tronco e um decidiu pular. Quantos sobraram?" (Resposta: dois. O simples fato de decidir algo não conta. É preciso pular mesmo.) Quando estava na Kroger e decidi ir embora, levei quatro anos para pular de fato. A questão é que, se você tem baixa taxa de consumo, talvez possa pular a qualquer momento e ter todas as vantagens que os trabalhadores da pesquisa dizem querer. Oitenta e seis por cento dizem que o equilíbrio trabalho/vida é sua principal prioridade. É difícil mudar de profissão quando se é escravo do passado por conta de dívidas ruins. Recordemos o efeito 1 das dívidas, a perda da liberdade. O passado é passado — a não ser que você ainda esteja devendo por causa dele.

Minha previsão, e experiência, é que os empregados que têm taxas de consumo bem baixas conseguirão migrar para a profissão que amam. Talvez consigam um cargo de salário mais baixo por algum tempo, para serem reeducados ou terminarem um curso avançado, para, então, chegar à felicidade. O principal em tudo isso, naturalmente, é procurar um trabalho que o agrade, mantendo uma baixa taxa de consumo e aplicando o dinheiro restante num plano de substituição do trabalho, também conhecido como plano de aposentadoria ou (posso atrever-me a afirmar) em um plano de aposentadoria precoce.

Anos atrás, ouvi Tom Hopkins dizer: "A maioria está sete vezes mais preocupada com a perda atual do que com obter mais." Eis um poema anônimo com que já me deparei algumas vezes e ilustra bem a triste conseqüência de viver pela metade, de ter medo de respirar fundo, como se temesse sufocar-se com o ar da oportunidade. Vi o poema pela primeira ver no livro do dr. Dennis Waitely, The Psychology of Winning:

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total? Você tem um seguro de vida que pagará aos beneficiários quando de sua morte, mas e se você não morrer? O seguro de vida é um grande produto, do qual não se deve prescindir. Mas qual é o seu plano secun- dário? Vamos supor que você não morra.

"De minha parte, seja qual for a angústia espiritual que custe, estou disposto

a saber de toda a verdade, conhecer o pior e prevenir-me para tal."

As companhias de seguros poderiam usar com segurança as estatísticas conhecidas: só três a cinco por cento se aproximam do que a maioria definiria como êxito. Naturalmente, as letrinhas pequenas definiriam com precisão o que é o êxito. Quem poderia afirmar, com certeza, que viveu, de fato, seu pleno potencial? Eu não poderia! Cerca de 95 a 97 por cento dos indivíduos não são bem-sucedidos quando adotada a definição corrente de êxito. Só de três a cinco por cento têm êxito financeiro — ao passo que 100 por cento morrem.

Uma coisa é certa: se esse seguro existisse, para receber o benefício, você teria de já ser bem-sucedido. Se imaginarmos que tal seguro jamais existirá e que vamos viver mais tempo, a questão é: então, como devemos viver?

Patrick Henry disse: "De minha parte, seja qual for a angústia espiritual que custe, estou disposto a saber de toda a verdade, conhecer o pior e prevenir-me para tal." Considero isso mais uma declaração de maturidade do que uma declaração de guerra. Lembro-me de ter ouvido na juventude: "Maturidade é quando você percebe que ninguém virá ajudá-lo:' Em algum ponto da vida, a maioria de nós deixa para trás todo o conforto ao qual estamos acostumados e vamos lutar pela vida. Dito isso, se a ajuda vier, aceite-a com gratidão, mas não se torne dependente dela.

B o a s n o t í c i a s — J á e x i s t e " s e g u r o - p a t r i m ô n i o "

Na verdade, quando adquirimos o hábito da poupança, já estamos fazendo um seguro do futuro por conta própria. O preço do seguro-patrimônio é igual à quantia que lhe permite atingir suas metas finan.' ceiras durante o tempo que lhe resta até a aposentadoria. Muitos de nós estamos dispostos a comprar tudo mais a prazo. Por que não comprar um futuro? Oliver Wendell Holmes disse: "Não deposite sua confiança no dinheiro

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— deposite o dinheiro." Não é preciso ser um investimento complicado. Pode ser um fundo de aposentadoria, ou urna conta-corrente normal em qualquer banco. Isso é bom se você quiser investir sua verba de aposentadoria em imóveis ou, talvez, títulos (quando souber o que está fazendo). Se estiver apenas iniciando, usar seu banco, urna corretora ou um fundo mútuo com telefone 0800 talvez sejam boas indicações. Quando suas necessidades crescerem, você pode transferir seu capital para outro local ou banco.

Quanto?

Eis algumas idéias acerca de quanto é preciso poupar. Se lhe faltam apenas 20 anos para a aposentadoria, a quantia que precisa poupar será muito mais alta. Gosto de fazer as contas de verdade, mas urna regra prática que muitos planejadores financeiros adotam é pegar a quantia anual desejada para poder se aposentar (em dólares de hoje) e multiplicar por 40. Se forem 30 mil dólares, você precisa juntar 1,2 milhão. Se quiser 50 mil dólares por ano em dólares de hoje, planeje economizar 2 milhões de dólares. É uma quantia que leva em conta inflação e impostos. Muita gente com quem conversei diz que, com casa quitada e saúde boa, calcula que cerca de 800 mil dólares em patrimônio líquido sejam o suficiente.

As quantias necessárias podem ser outras se for usado um Roth IRA, um IRA* comum ou qualquer outro fundo de aposentadoria qualificado. Tenho um grande amigo que afirma ser alta demais a regra prática das 40 vezes. Segundo ele, 800 mil dólares bastam. No fim das contas, tudo depende da taxa de consumo após a aposentadoria e dos rendimentos dos 800 mil dólares. Os gastos e o estilo de vida podem mudar na aposentadoria, e não devemos esquecer extras corno viagens e netos. Muitos casais aposentados vêem que a quantia gasta em alimentação sobe muito quando passam a comer fora com mais fre- * Fundo de

poupança para a velhice isento de impostos nos Estados Unidos. (N. do R. T)

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qüência. Quanto antes iniciarmos o nosso projeto, mais cedo atingiremos o resultado desejado. Um casal de amigos está a caminho de ter uma carteira de 20 casas livres e desimpedidas para alugar, uma carteira de títulos hipotecários e poupança em dinheiro. Estimam seu patrimônio líquido em 3,2 milhões de dólares. Cada um tem seus próprios hábitos. Se você tiver 3,2 milhões de dólares rendendo três por cento, são 96 mil dólares por ano. Se os 800 mil dólares forem investidos a 10 por cento por ano, são 80 mil dólares por ano.

Esse planejamento é diferente do seguro de vida, com o qual você precisa morrer para que a sua família possa receber. Nesse caso, contanto que você esteja vivo e faça os depósitos, os benefícios aumentam e você acabará podendo usá-los ao se aposentar.

Anos atrás, quando falava de definição de metas, eu sempre perguntava à platéia: "Quantos de vocês têm seguro de vida?" De 70 a 90 por cento da platéia levantavam a mão. Eu perguntava, então: "Quantos definiram por escrito suas metas específicas a alcançar na vida?" Talvez três a cinco por cento levantavam a mão. Eu dizia, então: "A maioria de vocês tem um plano grandioso — se morrer. E se não morrer?"

Mais um dia, mais um dólar. Isso mesmo, 4,2 centavos por hora

Vamos fazer as contas a partir do nascimento de uma pessoa com 20, 30 e 40 anos de idade. Vou incluir também o início aos 50 anos, a idade em que muitos se perguntam onde foram parar os últimos 30 anos, para dar um exemplo de enroladores. Para fazer graça, digamos que poupamos 30 dólares por mês — o venerável dólar por dia. Então, além disso, vamos supor que você precise de 800 mil dólares em seu plano de seguro-patrimônio (junto com a casa quitada e alguns outros bens) para se aposentar com conforto.

Se iniciar essa poupança ao nascer, vamos supor que um de seus pais mantenha a bola em jogo enquanto o preço for insignificante. Se você deposita um dólar por dia (30 dólares por mês) no seu programa de seguro-patrimônio do nascimento aos 65 anos de idade, terá mais de 2 milhões de dólares se a taxa média de rendimentos durante os 65 anos for 10 por cento. E se você não tiver contado com a vantagem de pais preocupados com suas finanças nem a sabedoria

de iniciar esse plano por conta própria? O plano de um dólar por dia (eufemismo que significa "poupe quanto puder") depende de começar no

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primeiro dia e não parar nunca. Tanto quanto o dólar, o hábito que criamos é importante. Meses até Taxa de Pagamento Valor os 65 anos rendimento futuro

780 (idade 0) 10% $30 $2.327.277 540 (20 anos) 10% $30 $314.475

420 (30 anos) 10% $30 $113.899 300 (40 anos) 10% $30 $39.805 180 (50 anos) 10% $30 $12.434 O que fazer se deixamos passar essa oportunidade? Assinar uma nota

promissória para nós mesmos? Devo a mim mesmo US$ por meu fundo de um dólar por dia? Talvez. Vamos usar o exemplo de um filho. Vamos supor que você tenha poupado pouco ou nada para o seu filho, que agora está com oito anos. Simplesmente calcule o número de dias que ele viveu para começar e acrescente juros de 10 por cento, se quiser. Nesse caso, você deveria ao filho de 8 anos 2.920 dólares (365 x 8 = 2.920 dias) ou 4.385 dólares com juros. Além disso, você deve continuar a fazer os depósitos mensais. Espere até chegar aos 40 anos e a quantia investida será 189.722 dólares com juros.

Meses até Taxa de Pagamento Valor futuro os 65 anos rendimento

780 (idade 0) 10% $10 $800.000 540 (20 anos) 10% $76 $800.000 420 (30 anos) 10% $211 $800.000 300 (40 anos) 10% $603 $800.000 180 (50 anos) 10% $1.930 $800.000 Historiadores e profetas Eis algumas palavras sobre o índice de rendimentos. Nos três primeiros anos, não se preocupe muito com o rendimento. Preocupe-se com a criação do hábito da constância. Releia os cinco primeiros capítulos de

Dívida boa, dívida ruim se for preciso. Pense, principalmente, na taxa de

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consumo e no adiamento do prazer de consumo. O hábito de poupar vai salvá-lo. A inconstância o matará. Já vi as taxas de juros de contas de poupança irem de 16 por cento no máximo a 1,2 por cento no mínimo. Nunca se sabe o que o futuro trará. Um número recente da revista Money anunciou fundos mútuos que cresceram 30 por cento em 2003.

O hábito de poupar vai salvá-lo. A inconstância o matará.

Não conte com esse tipo de jornalismo de retrovisor. É fácil escrever história. Profetizar é difícil. Temos de comprar o fundo olhando pelo pára-brisa. O que vemos no retrovisor pode não fazer parte do rio que você vai comprar. Se não tiver estômago para a Bolsa de Valores ou para os fundos mútuos, pense em imóveis. Até com imóveis é preciso estudar muito para ganhar dinheiro.

Em um ponto temos de concordar: o hábito da poupança é mais importante do que a taxa de juros (rendimentos). Se seguir a recomendação de poupar 10 por cento de um salário médio de 52 mil dólares durante 40 anos (5.200 dólares por ano), terá mais de 2,3 milhões de dólares em sua conta. Os rendimentos médios anuais do mercado de ações desde 1926 têm sido de mais ou menos 10,7 por cento. Não permita que os Neds Negativos do mundo o impeçam de entrar no jogo. Tem gente que parece ter como único objetivo na vida lamber a cobertura de chocolate do seu bolo.

Não vai dar certo. Foi o Ned que disse

A resposta típica de Ned Negativo à tabela acima é: "Dez por cento! O índice dos rendimentos é três por cento agora! Você jamais chegará a 10 por cento. Esse plano não presta." Em I981 (quando as poupanças estavam rendendo 16 por cento nos Estados Unidos), Ned Negativo dizia: "Ninguém pode pedir empréstimos! As taxas estão altas demais! Com essas taxas, nada vai dar certo." Então, diga Ned o que disser, mantenha o seu bolo longe dele e atenha-se a seu plano. O plano é o

ü: mesmo a um por cento de rendimento na poupança ou a 16 por cento de rendimento na poupança. Temos de acumular capital a qualquer preço, a fim de ter o suficiente para participar de investimentos melhores. Se não puder poupar 10 por cento de sua renda agora, poupe cinco por cento. Pergunte a

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Ned o que aconteceu com as pessoas que tinham o hábito da poupança 10 ou 20 anos afites do pico de 1981. Se você tem uma grande pilha de dinheiro quando as taxas sobem, pode ganhar uma tonelada em juros sobre o seu capital. Os homens e mulheres que mantiveram distância dos Neds do mundo e acumularam, digamos, 50 mil dólares até 1981, com taxas normais, tinham 110 mil dólares em 1986, mesmo deixando de poupar, o que eu não recomen-daria. Não sou um deles, mas sei que, nos Estados Unidos, foi possível investir em certificados de depósito bancário de cinco anos a juros de mais de 15 por cento em 1981-82. A 15 por cento de rendimentos compostos anuais, seu dinheiro dobra a cada 4,8 anos.

Anote — Evite proclamações inúteis

Na primeira vez que você ler qualquer coisa sobre definição de metas, provavelmente vai notar a ênfase sobre colocar suas intenções no papel. Anotar seus objetivos é parte essencial do processo, mas tornar-se o tipo de pessoa que consegue alcançar as metas é o objetivo mais importante. Por que hesitamos em anotar os objetivos em um caderno ou diário? Porque escrever alguma coisa a torna real. A realidade pode ser dura. Perturba o status quo. Quando nosso progresso é pequeno, ou quando estamos regredindo, quase sempre nos concedemos um passe livre por não documentar a realidade. A nossa estrada mental tem muitas saídas e desvios. A realidade dos planos no papel torna menos provável que possamos desembocar na Terra da Fantasia quando precisamos estar na Cidade da Realidade.

A realidade pode ser dura. Perturba o status quo.

A definição básica de metas tem três partes: em quem você se tornará> o que fará quando atingir suas metas e o que pretende ter? Pode-

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mos decorar a sigla SFT (Ser, Fazer e Ter). As formas verbais são ser,, fazer e ter. Quem você será? O que fará para atingir esses objetivos? De que se imagina proprietário?

Meus objetivos mudaram radicalmente quando amadureci. Hoje, sempre desfruto meus momentos de sossego lendo, escrevendo e meditando. Esses momentos de sossego não são, contudo, passados em um local tranqüilo. Costumo ir a um Bob Evans Restaurant ou ao Panera Bread e me desligar de tudo enquanto leio ou escrevo. Sessenta por cento deste livro escrevi no Panera. Acho que criei esse hábito em 1994, quando estava estudando para a maioria das minhas provas da faculdade enquanto entornava doses maciças do café do Bob. Embora tenha passado mais de 20 anos no ramo imobiliário, à medida que fui amadurecendo, constituí família e terminei a faculdade aos 37 anos, meus desejos mudaram de maneira radical. Por fim, admiti que meu maior amor não-humano era escrever.

O único extra que quero que o leitor leve deste capítulo é como ser honesto consigo mesmo. A felicidade vem e vai, pois depende das circunstâncias (casualidades). A verdadeira felicidade provém do trabalho intencional e da execução de um projeto com resultado perceptível. O livro de Jean Chatzky, You Don't Have to Be Rich, revela pesquisas que demonstram haver pouca correlação entre felicidade e renda depois dos primeiros 50 mil dólares. O caminho para a felicidade pode ser tão simples quanto se livrar das dívidas ruins, baixar a taxa de consumo e ser capaz de se redirecionar (mudar de propósito na vida). Isso pode envolver a abertura de uma empresa ou apenas exercer uma profissão que o agrade.

Não diga verdades vãs

Se você tiver prática em definição de objetivos, vai hesitar em dizer verdades vãs, pois só existem dois resultados possíveis: (1) Você dispara um míssil pesquisador de objetivos na direção dos seus sonhos. (2) Fica frustrado e o fungo do arrependimento começa a crescer. Não há meio-termo para a cabeça bem instruída. Não faça promessas vazias a si mesmo. Promessas vazias só fomentam frustração. Brian Tracy diz que muita gente vive na "Ilha Algum Dia" ("Algum dia serei...").

Eu não me preocupava com a minha capacidade de escrever; tinha medo de não conseguir chegar ao final do projeto. Estaria disposto a todo o trabalho necessário para me tornar um escritor bem-sucedido? Quando

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pudesse responder um sim honesto, estaria pronto para começar. Dizem, com muita propriedade: "Se houver algo que o impeça de escrever, deixe que impeça. Se não houver nada qúe o impeça de escrever, então escreva mesmo!" Levei muitos anos para chegar à segunda parte desse conselho. Muitos não estão dispostos ou não têm capacidade para se afastar de uma carreira de 20 anos. Ganhei dinheiro e desenvolvi minhas habilidades no ramo imobiliário, mas não era feliz. Talvez eu tenha amadurecido, ou nas poucas horas por dia de que eu dispunha para refletir tenha observado o que outros faziam e perguntado: "O que quero fazer do resto da minha vida?" Todos os dias escolhemos ser escravos do passado ou senhores do futuro (financeiro).

Talvez muitos tenham o mesmo medo dos fundos de aposentadoria que eu tinha de escrever. Claro, não é fácil começar, mas você consegue ir até o fim? A parte mais importante é começar, diz a maioria. Eu digo que a parte mais importante é concluir a jornada. Começar é fundamental, naturalmente, mas continuar é a única coisa que gera verdadeiros resultados em patrimônio. Se você for igual a mim e tiver mais inícios do que meios e fins, está na hora de começar a se concentrar nos meios e fins. Automatize os depósitos ou qualquer providência que precise tomar, mas tenha um início, um meio e um fim. Crie um fundo totalmente autônomo.

"O problema de não gostar do lugar onde está é que

isso o mantém onde está."

Ficarei satisfeito quando...

Então, de que é feita uma vida excelente? Na minha opinião, de satisfação com o que você tem e também de gratidão pelo que conseguiu reunir. Há grande sabedoria na satisfação. Não estou dizendo que você precise estar onde está. Digo que deve estar satisfeito com o que tem

enquanto se esforça. O descontentamento geralmente o leva a tomar atitudes

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pelos motivos errados. Através da lente calma da satisfação e da razão podemos fazer escolhas sensatas. Volte um pouquinho atrás. Faça um exame, voltado para o longo prazo, de sua atual lista de desejos. Eles se encaixam no seu projeto de longo prazo? Você tem um projeto de longo prazo?

Perigo, Will Robinson*

Se você está desgostoso da vida, reconheça isso como um sinal de perigo. Em janeiro de 2004, escrevi no meu diário, meio de brincadeira (o que significa que escrevi meio a sério): "O problema de não gostar do lugar onde está é que isso o mantém onde está." Lucramos mais com aquilo em que prestamos atenção e investimos. De fato, só lucramos com aquilo que abraçamos.

Educação, empenho, empreendimento — meus três Es

A taxa de consumo decide o destino; as despesas decidem seu fim. Para a maioria dos leitores, os hábitos de gastar representarão sua derrota. Se você tem problema de receita, resolva-o por meio de educação, empenho e empreendimento. A combinação desses três elementos gera os melhores resultados. Por meio da educação, você aprende um novo ofício ou se aperfeiçoa no que faz, ou muda totalmente de profissão. Empenhando-se, você pode ser promovido ou trabalhar mais horas, se necessário. Com empreendimento, talvez você escreva, invente ou aperfeiçoe algo para vender ou abrir uma nova empresa. Às vezes, os investimentos rendem tão bem que você consegue dedicar-se integralmente a seus empreendimentos.

O ideal é obedecer a um projeto de vida por escrito fundamentado em disciplina, dilação e discernimento. Depois de passar para o papel e reler com freqüência, você começa a perceber os resultados — e tam-

* Alusão ao robô B9 da série Perdidos no Espaço, da década de 1960. (N. do R.) 4, bém se acostuma com o trabalho e o empenho de fato. Muita gente tem um plano para ganhar dinheiro sem um plano para gastar dinheiro — passam batidos por qualquer verdadeiro êxito de que estejam próximos porque se recusam a priorizar e controlar os gastos.

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Avaliação do patrimônio

Como vou saber se tenho o bastante? Preciso ser rico? O que é, exatamente, riqueza? Henry David Thoreau e Buckminster Fuller tinham grandes coisas a dizer sobre a riqueza que você devia decorar. Assim que souber quanto capital sustentará seu estilo de vida, é questão de simples matemática, adiamento do consumo e investimentos adequados.

Parafraseando Henry David Thoreau, o custo de cada coisa é a quantidade de vida que estou disposto a dar em pagamento. Tenho me esforçado muito para, ao longo de Dívida boa, dívida ruim demonstrar que começar mais cedo é melhor e que depósitos pequenos desde o início trarão resultados excelentes. Quanto de sua vida você está disposto a dar agora para garantir uma aposentadoria confortável? Nos Estados Unidos, somos mimados. Até uma vida tediosa e pobre aqui é melhor do que a vida em quase todos os outros lugares do mundo. Alguns estudos demonstram repetidamente que aquilo que as pessoas mais desejam é mais tempo e equilíbrio do tempo para a vida familiar. Depois de conseguir dinheiro, o que queremos é tempo.

Buckminster Fuller, segundo Brian Tracy, escreveu: "Riqueza é o número de dias que você pode viver sem trabalhar." Essa é a definição. mais útil de riqueza que já ouvi. O ideal é parar de trabalhar para sempre. Jack Miller, da National Capital Corporation, afirma que, quando abriu a corretora, poupava o valor das despesas de um ano inteiro o mais depressa possível. Nos primeiros anos, ele levava nove meses para acumular na poupança o valor de um ano de despesas, depois levava seis meses. Por fim, já conseguia cobrir o ano inteiro em fins de fevereiro, ou mesmo em janeiro. Logo o fluxo de caixa dos investimentos dele passou a cobrir todas as despesas. Jack diz que, quando isso acontece, ficamos à prova de incêndio porque nunca mais vamos precisar de emprego. Além de nos libertarmos do trabalho árduo, também há outras vantagens. Uma delas é a liberdade do tempo, que cada vez mais

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norte-americanos começam a valorizar. Outra dessas liberdades é a liberdade de movimento. A grande liberdade está no que não temos de fazer. Nas transações comerciais, não temos de nos curvar à vontade de outrem, pois a família já está amparada, seja qual for o resultado. Quem é obrigado a fazer "negócio" geralmente não faz o melhor negocio. Quando não é preciso fazer o negócio para ganhar a vida, isso nos permite acionar o sistema simples de que falei no início deste capítulo.

Pontos a ponderar

• O patrimônio da aposentadoria é produto de tempo, acumulação e disciplina. O planejamento (definição de metas) com início, meio e fim definidos é a principal ferramenta do êxito.

• A renda é igual a um rio em movimento; a riqueza é igual a um lago ou reservatório. A renda armazenada é riqueza; a renda gasta pode não trazer nem boas recordações. Releia o Capítulo 3 ("Taxa de con-s u m o " ) .

• Exercite as emoções na parte motivadora do planejamento. • Não permita que uma categoria cada vez maior de desejos se imponha

como necessidade para afastar a possibilidade de ganhos. Quando conseguir aquele aumento, trate primeiro do seu futuro.

• A receita descartável aumentou três vezes desde a década de 1950 (mesmo quando ajustada segundo a inflação). Ampliamos a nossa gama de desejos tão depressa que nos falta a oportunidade de cuidar de nós mesmos em primeiro lugar e ser livres. Vejamos essa analogia: nossos hábitos ruins de alimentação encurtam a duração alongada de nossa vida. Desprezamos uma dádiva da moderna tecnologia médica porque quase dois terços de nós optamos por uma dieta pobre e pela falta de hábito de nos exercitar. Da mesma maneira, nosso aumento gigantesco em renda descartável a partir da década de 1950 tem sido praticamente desperdiçado. Em vez de investir para o futuro, cobiçamos todas as bugigangas conhecidas pela humanidade.

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depender de sua capacidade de encontrar e reconhecer as pe- chinchas. É possível ganhar dinheiro com imóveis por acaso, mas a probabilidade é mínima. Quer o mercado imobiliário esteja em alta, quer esteja em baixa, ser capaz de discernir o bom negócio é a única maneira de ter lucro. No início da década de 1980, houve um surto de compras nos Estados Unidos. O dinheiro vivo era rei. Havia pechinchas incríveis para quem tivesse dinheiro. Hoje em dia, o rei é o bom senso. Existem pechinchas, mas não se trata de um mercado inteiro disposto a vender para ganhar centavos a cada dólar. Talvez demore um pouco para achar as pechinchas.

Você consegue fazer isso? Comprar cinco coisas por um preço pelo menos 20 por cento abaixo do valor de mercado e vender quatro pelo valor de mercado, ou quase pelo valor de mercado? Então, você vai aumentando os lucros até poder pagar por uma casa, que lhe sairá totalmente de graça. Compre cinco, venda quatro. Fácil, certo? Talvez você veja problemas no meu exemplo. Há alguns: oportunidade, impostos, custos da venda, condições do mercado, agentes, corretores, financiamentos, disciplina para reinvestir, sua perseverança e capacidade de discernir o verdadeiro valor de mercado. Se não souber identificar o valor real de mercado, como vai saber se está mesmo comprando por um preço 20 por cento mais baixo? Você saberia reconhecer um Picasso legítimo que lhe fosse oferecido por um preço incrível? Eu não reconheceria. Mas, se me der um dia de prazo, talvez eu possa lhe dizer se uma residência em determinada área vale determinada quantia — em especial se a casa for minha. Com um pouco de treinamento, talvez você consiga fazer o mesmo.

Compra ou não compra

Detesto bancar o psicólogo de programa de televisão logo no início do capítulo, mas é o tipo de coisa que se aplica aqui. Se você acredita que não é capaz de fazer algo, é provável que esteja certo. A mera audácia de dizer que se pode ter uma "casa gratuita" passa a mensagem errada para muita gente. Monta o cenário clássico pessimista versus otimista. Escrevi no meu diário: "Há quem pergunte se o copo está meio vazio ou meio cheio. Eu pergunto: `Custa a metade do preço?' Vamos recor- dar que nosso objetivo é adquirir uma casa de graça em um bairro de que gostemos. Não vou falar da casa em ruínas do governo na esquina das ruas Medo e Desespero.

"Há quem pergunte se o copo está

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meio vazio ou meio cheio. Eu pergunto: 'Custa a metade do preço?"

Talvez eu não recomende esta técnica para todos. Dá muito trabalho comprar, vender e trocar casas — para não falar da chateação imensa de se mudar e da tenacidade de executar um plano de oito a 10 anos de duração. Sempre me perguntam: "Como pagar minha casa rapidamente?" A resposta sucinta é "Venda-a'; mas a resposta mais completa é "Compre por menos". Se comprar com um bom desconto, quando a vender liquidará o pagamento da casa e, além disso, terá urna margem de lucro para aplicar no imóvel seguinte. Esse processo de comprar e vender é diferente de simplesmente pagar a sua hipoteca rapidamente. Essa idéia de casa gratuita envolve um pouco de comércio. É urna tarefa demorada. Está pronto?

Presentes incrementais

Em vez de pedir a uma pessoa que simplesmente lhe dê urna casa gratuita e vazia (mas não deixe que eu o desencoraje — você jamais conseguirá sem pedir), aumentamos a probabilidade de êxito e aliviamos a dor do doador simplesmente pedindo a alguns que nos dêem uma fatia de quatro ou cinco casas. Muita gente reduz de cinco a 10 por cento ou mesmo de 20 a 30 por cento o preço da casa (o desconto) se você paga o restante à vista. Isso acontece principalmente se o vendedor estiá ansioso por vender.

Usemos um exemplo não-imobiliário. Vamos supor que cinco amigos e você queiram comprar panelas elétricas de cozinhar arroz Jiffy Deluxe. Em todos os lugares onde vocês procuram, o preço é 99 dólares ou mais. Você oferece ao fornecedor 480 dólares por uma caixa com seis panelas de arroz Jiffy Deluxe (80 dólares cada uma, com desconto de 20 por cento). Ele concorda. Você recolhe 99 dólares de cada

um de seus cinco amigos e envia o dinheiro ao fornecedor. Quando as panelas

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chegam, você entrega cinco aos seus amigos e fica com uma de graça. Isso talvez seja trabalho demais por uma panela elétrica, mas acho que ilustra bem a idéia.

Poderia fazer o mesmo com as casas? Sim. Talvez não em uma só canetada, mas, com o tempo, se você comprou cinco casas com desconto de 20 por cento ou mais, depois as vendeu pelo valor total, e continuou investindo o dinheiro, a conseqüência poderia ser igual à que vimos no caso da panela (ver o gráfico da página 165). As vezes, quando o objeto é grande ou caro, hesitamos em pechinchar. Quando o preço é alto, há mais oportunidades de lucro. Podemos pechinchar num bazar de garagem, podemos fazer uma oferta baixa numa casa.

Usar cupom de desconto?

Se você ainda não entendeu essa idéia, imagine que é igual a comprar uma caixa de sabão em pó no supermercado. Você vê no jornal um cupom que oferece 25 por cento de desconto na compra do sabão Tide. O que diz o cupom? Não diz, na verdade, "Traga este cupom e pague os 75 por cento restantes em dinheiro e leve esta maravilhosa caixa de Tide"? É claro que a maioria dos corretores imobiliários não publica cupons de 25 por cento de desconto nos jornais (embora talvez fosse boa idéia num mercado difícil). Então, você tem de criar seu próprio cupom. Chama-se contrato. Faça uma proposta!

Quanto maior o desconto do cupom/proposta, menos lojas (vendedores) estarão dispostas a recebê-lo. Quantas propostas (cupons) você imagina que precisa apresentar para comprar uma casa com 50 por cento de desconto?

Vamos aumentar a diversão — vamos supor que você entenda um pouco de imóveis, mas simplesmente faça propostas a 50 por cento do valor de mercado. Mesmo que você entenda muito de imóveis, isso pode exigir muita cara-de-pau. Foi o que fiz em 1979 para comprar minha segunda casa. Recebi 69 recusas consecutivas. Algumas das recusas vieram com instruções específicas sobre o que fazer com a oferta que seriam fisicamente impossíveis ou, pelo menos, muito dolorosas.

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Na 70a tentativa, meu cupom (proposta) de 50 por cento de desconto foi aceito. Doloroso, sim. Lucrativo, sim! Compra da1ª casa Venda da 1ª casa 100 mil (valor) 100 mil (valor) — preço de venda 80 mil (preço) –80 mil (empréstimo)

80 mil (empréstimo) 20 mil (lucro) Compra da 2a casa Venda da 2a casa 100 mil (valor) 100 mil (valor) — preço de venda 80 mil (preço) –60 mil (empréstimo) –20 mil (lucro) 40 mil (lucro)

60 mil (empréstimo) Compra da 3a casa Venda da 3a casa 100 mil (valor) 100 mil (valor) — preço de venda 80 mil (preço) –40 mil (empréstimo) –40 mil (lucro) 60 mil (lucro)

40 mil (empréstimo) Compra da 4a casa Venda da 4a casa 100 mil (valor) 100 mil (valor) — preço de venda 80 mil (preço) –20 mil (empréstimo)

–60 mil (lucro) 80 mil (lucro) 20 mil (empréstimo)

Compra da 5a casa 100 mil (valor) 80 mil (preço) –80 mil (lucro)

Sem empréstimo Casa gratuita Não fique triste. Dois em cada três não é nada mau Dos muitos seminários do setor imobiliário que freqüentei, nada que aprendi valeu mais a pena do que este conselho: faça a proposta por escrito. Pare de conversar e comece a escrever. Se quiser convidar uma

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garota (ou um rapaz) para sair, convide! Se quiser comprar uma casa, escreva! Mark Victor Hansen gosta de dizer: "Você não T-E-R-Á se não P-E-D-I-R!" Uma cautela antes de redigir a proposta: veja se sabe discernir o valor. Quando fazia seminários sobre o setor imobiliário na década de 1980, sempre me faziam uma pergunta complicada sobre o que eu achava que o vendedor faria ou não faria. Não analise o vendedor; analise a situação dele. A minha resposta era sempre: "Redija a sua proposta e entregue ao vendedor." Se não tiver prática, procure aconselhamento profissional de um corretor ou advogado de imóveis. Ele pode ajudá-lo a lidar com eventualidades como o financiamento e a inspeção do imóvel. Tome cuidado, porém, para não sobrecarregar seus contratos com eventualidades. Seu índice de êxito será muito mais alto se você pré-organizar sua verba para a compra e tornar sua oferta clara e simples. Se a casa valer 100 mil dólares e você estiver oferecendo 75 mil dólares em uma área onde queira morar, por que complicar as coisas? Jerry Bresser diz que todos os vendedores querem o máximo em dinheiro, a venda mais rápida e o menor número de problemas. Recomendo que lhes dêem duas dessas três coisas: a venda mais rápida e o menor número de problemas.

Todos os vendedores querem o máximo em dinheiro, a venda mais rápida e o menor número de problemas. Recomendo que lhes dêem duas dessas três coisas: a venda mais rápida e o menor número de problemas.

Um problema comum é preocupar-se com a perda do negócio por conta de uma proposta baixa demais. Meu amigo Jimmy Napier, autor de Invest in Debt, diz: "Os que se safarem não o magoarão" Se não gostarem de sua proposta, seja educado. Diga: "Se mudar de idéia, avise-me." E siga em frente — o sol ainda brilha.

O coletor de impostos

Presumo que você vai morar nessas casas e pretende aproveitar a lei atualmente favorável com relação aos impostos sobre a revenda (nos Estados Unidos).* Se você morar na propriedade pelo menos dois dos cinco anos anteriores à venda, os lucros isentos de impostos podem chegar a 250

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mil dólares por pessoa ou 500 mil dólares para casais. Comprar e vender casas, terrenos, imóveis comerciais ou apartamentos como investimento tem conseqüências fiscais bem diferentes, que estão além da proposta de Dívida boa, dívida ruim. Se estiver interessado nessa área, vai precisar ler sobre a legislação fiscal do setor, que trata, na verdade, de tributação adiada. Mais tarde, talvez você venha a usar fundos beneficentes para planejamento imobiliário avançado e filantropia.

As três etapas das dívidas boas

A principal utilidade das dívidas boas é captar e controlar lucros. A idéia de comprar com desconto para captar lucros, vender para realizar o lucro e reinvestir o lucro é uma ferramenta que se pode usar em quase tudo o que se compra, principalmente investimentos. Em meus três Es (educação, empenho e empreendorismo), esta técnica envolve, principalmente, o empreendorismo, mas requer o uso dos três preceitos. Sempre há lucro na educação aplicada. Se você morar na casa, os dois anos entre as vendas passam bem depressa. O que geralmente ocorre comigo é que ainda estou reformando a casa quando os dois anos passam e termino a reforma pouco antes de vender. Esse processo em três etapas funciona com diversos tipos de bens. Em imóveis, porém, temos um produto no qual podemos morar enquanto realizamos as três etapas (isso aumenta a segurança). Talvez você consiga lucrar um pouco com a compra de casas 20 por cento abaixo do preço de mercado se morar nelas e mantiver baixas as despesas da revenda. O fato é que, para fazer isso depressa, é provável que você precise negociar um desconto ainda maior. Com os custos de revenda, corretores, cartórios

No Brasil, a "MP do Bem", que virou lei em dezembro de 2005, isenta de imposto o ganho de quem vendeu um imóvel residencial e pretende usar os recursos para a compra de outro no prazo máximo de 180 dias. Para quem deseja usar os recursos para outros fins, o imposto não é integral e devem ser aplicados fatores de redução com base no número de meses em que se foi dono do bem. Mais informações podem ser obtidas em www.receita.fazenda.gov.br (N. do R. T)

etc., revender pode consumir 10 por cento ou mais de seu preço de venda.

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Não deixe de calcular uma boa margem de segurança em cada transação. Assim, se comprar uma casa de 100 mil dólares por 75 mil dólares e os custos de revenda (vendendo por 100 mil dólares) não ultrapassarem 5 mil, você ainda poderá ganhar 20 mil dólares para reinvestir. Saber o valor real é essencial. Descubra os valores da área onde pretende investir.

Use as dívidas boas para: • Comprar com desconto a fim de captar lucros

• Vender para realizar o lucro

• Reinvestir o lucro

Os números na Califórnia serão diferentes dos números de Columbus, Ohio. O segredo é aprender o macete. "Comprar cinco e vender quatro" pode se aplicar a muitas áreas além de imóveis. Usei urna forma desse conceito 30 anos atrás para comprar, vender e reinvestir em carros. Naturalmente, comecei com um carro de 22 dólares, uma perua Chevrolet 1965 que tinha uma cor parecida com ferrugem, se é que você me entende. Em três anos, eu tinha um carro de modelo atual quitado. Se estivesse no mercado americano dos automóveis de 1973 a 1976, você lembraria que com 150 dólares se comprava um carro usado em boas condições. E com 600 dólares era possível comprar um carro muito bom. Naquela época, muitos carros novos custavam 3.500 dólares. Os números serão diferentes hoje, mas as percentagens e a idéia ainda funcionam, seja qual for o produto.

Nos seis primeiros anos de casamento, Nita e eu nos mudávamos pelo menos uma vez por ano. Eu costumava dizer: "Estamos casados há seis anos e sete casas." Comprei minha primeira casa quando estava com 18 anos e consegui reinvestir o capital adiante algumas vezes. Paguei 23.600 dólares pelo primeiro imóvel em 1975 e tive um lucro de 6 mil dólares quatro anos depois. Os mercados nem sempre são tão favoráveis hoje em dia, a não ser que você descubra uma verdadeira pechincha. Tenho um grande amigo que pagou 180 mil dólares pela casa da família em 1991 e, 11 anos depois, examinava propostas de 210 mil dólares, menos os custos da venda. Tentei comprar a casa vizinha alguns anos atrás e a minha proposta teve a bênção de ser recusada. As vezes, só enxergamos as respostas às orações em retrospectiva.

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Círculos das dívidas

O gráfico dos círculos das dívidas se aplica a todos os tipos de dívidas: boas, sejam elas educativas, imobiliárias ou investimentos empresariais. O valor de qualquer investimento incentivado deve exceder com segurança o valor de mercado do objeto.

Primeiro teste: Valor. O valor de sua compra excede o empréstimo com margem segura? O uso de dívidas boas deve ser vinculado a valor duradouro, não a consumo.

Segundo teste: Incentivo ou empréstimo. O empréstimo vai amortizar a si mesmo por meio de uso, aluguel, operação ou revenda da operação ou da revenda do bem? As condições são vantajosas para você?

Terceiro teste: Uso. O objeto destina-se a renda, revenda ou uso? Será que você precisa mesmo desse objeto? Ele vai somar ou subtrair patrimônio líquido? É algo com que você saiba lidar? Você tem competência para geri-lo, caso seja uma empresa? Se for educação, o mercado lhe dará um retorno lucrativo? Com base no uso, na renda ou na revenda, será algo lucrativo?

Repita comigo: dívidas boas são sinônimos de bons negócios. No caso de objetos, imóveis ou empresas, a regra número 1 é comprar certo; todo o restante virá a reboque. Em caso de crédito educativo, verifique se há mercado para aquilo que você vai se endividar para aprender. Sim, estou afirmando que dívidas de imóveis, empresas ou educação nem sempre são dívidas boas.

O segredo: Usar a força, se necessário

O segredo do lucro no ramo imobiliário é forçar o preço ou o aumento de valor agregado do imóvel. Esse preço forçado pode vir por meio de, trabalho árduo (melhorias físicas na propriedade) ou da procura de um pechincha. O terceiro modo de obtê-lo é por meio da inflação de fato, mas, se tudo mais estiver mais caro quando você chegar ao preço inflacionado, será que terá mesmo ganho algum dinheiro? Se o valor de sua casa de 50 mil dólares aumenta, com o passar dos anos, para 100 mil, mas o pão sobe de um para dois dólares, é provável que você esteja apenas acompanhando a inflação. No todo, é melhor do que alugar, na maioria das

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circunstâncias, principalmente se o aluguel mensal de uma casa semelhante subir de 500 para 1.000 dólares no mesmo período.

O problema de contar com a inflação para ganhar dinheiro é que tudo mais que queremos comprar também sobe enquanto esperamos. Porém, não me entenda mal. Como no exemplo do pão, precisamos de coisas cujo preço suba ao menos para acompanhar a inflação. Dito isso, seu lucro líquido aumenta mais com o aumento real do preço. Para nossos fins, se você se beneficia com urna economia baseada em inflação em longo prazo, ela representa lucro ilusório. Não conte com isso. O que defendo é aproveitar-se do aumento real de preços obtendo o maior desconto possível ao comprar. Se você for uma pessoa que gosta de consertar e reformar casas, isso será uma ótima justificativa para um grande desconto e urna excelente alternativa de ganhar dinheiro.

Outra possibilidade é comprar imóveis com potencial de valorização. Em uma área onde estão construindo uma estrada importante e que está se tornando habitada, você se beneficiará com o aumento dos preços impulsionados pela demanda daquela área. Isso é mais comum no caso de imóveis comerciais, mas os residenciais também podem se valorizar com isso. Isso também significa aumento de preço, embora não seja impulsionado por você. Tome cuidado com boatos locais ou conselhos de vizinhos. Enterrei um dinheirão em urna área em desenvolvimento (com uma nova estrada) e agora gostaria de ter aplicado meu dinheiro em algo mais produtivo. Depois de calcular os custos do empreendimento, os juros e o custo da oportunidade perdida, talvez você mude de idéia no tocante ao negócio. É doloroso investir três anos de dinheiro em um projeto de 10 anos. Estou um pouco fora do meu nicho porque se trata de um projeto comercial com rezoneamento e muitos acidentes de percurso. Não obstante, acontecerá o mesmo com imóveis residenciais. Tome o cuidado de verificar as informações com as autoridades estaduais e municipais, e não confie demais nos boatos. Sempre será melhor fazer dinheiro comprando com desconto. Excelente habilidade de negociação mais a capacidade de recrutar equipes para as reformas seriam a melhor combinação. Nunca é demais salientar a necessidade de habilidades em relações públicas no ramo imobiliário. Se você é casado, sabe que, de vez em quando, as pessoas fazem coisas irracionais.

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Não está em mau estado — também não é perfei to

O valor do imóvel só é exato quando há um comprador disposto a pagar em espécie (ou de qualquer outra maneira que o vendedor aceite) pelo contrato de compra e venda.

Considerando todos os carros e casas que negociei, o que gosto nesse mercado é sua imperfeição, ou seja, o comprador e o vendedor podem entrar em acordo com relação a praticamente tudo o que quiserem. Se todas as casas da Elm Street estiverem à venda por preços entre 140 mil e 161 mil dólares, nada que não seja um compromisso anterior com empréstimo ou hipoteca pode impedir o Zé Vendedor de vender a casa 12 da Elm Street a João Comprador por 98 mil dólares.

Se você não conseguir cogitar a compra de uma casa, ou qualquer outra coisa, com desconto de 20 a 50 por cento, jamais conseguirá fazê-lo. Para chegar lá é preciso ampliar a imaginação. Se não for o tipo que gosta de consertar imóveis, terá de "procurar o casal com uma rachadura no casamento, e não no teto da sala", diz Barney Zick, autor de The Negotiating Paradox.

Às vezes, certas pessoas vendem a preço de banana porque gostam do comprador e confiam nele. Em 1982, assumi a dívida de uma casa em Gahanna, Ohio, pagando cerca de 3.200 dólares ao proprietário. Paguei 1.200 dólares em dinheiro e assinei uma nota promissória de 2 mil. Ao mesmo tempo em que eu estava negociando esse imóvel, outro investidor que conheço ofereceu 5 mil dólares em dinheiro. O vendedor me disse que não gostava do outro sujeito nem confiava nele. A história dos 5 mil dólares mais tarde foi confirmada diretamente pelo falecido Nick Koon, meu amigo e concorrente. O que pretendo mostrar com esse exemplo é que o vendedor aceitou a minha proposta porque gostou de mim e confiou em mim. Fiz a bobagem de vender a casa cedo demais (1985), quando estava passando por um aperto auto-imposto de fluxo de caixa. Era uma casa para aluguel, mas a idéia teria sido a mesma se fosse uma casa para ser ocupada pelo proprietário.

"Puxa, se visse um negócio desses, eu pularia em cima!"; diz o cidadão comum. E você? Quando resolve, seja qual for o motivo, dar um desconto de 35 por

cento, o Zé Vendedor quer dinheiro rápido. Muitos não conseguem aproveitar a oportunidade por causa de dívidas ruins. É a quarta

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conseqüência das dívidas, do Capítulo 1 ("As conseqüências das dívidas"). Conforme eu disse, então, quando vislumbramos uma ótima oportunidade, é improvável que possamos aproveitá-la, pois estamos financeiramente incapacitados. O dinheiro guardado deve continuar onde está quando surge a oportunidade.

É maldade o que fazem alguns escritores, que

incentivam os leitores com os grandes lucros existentes no setor imobil iário e, ao mesmo

tempo, subestimam o trabalho e os riscos necessários para auferir tais lucros.

Pense!

É maldade o que fazem alguns escritores, que incentivam os leitores com os grandes lucros existentes no setor imobiliário e, ao mesmo tempo, subestimam o trabalho e os riscos necessários para auferir tais lucros. Analisemos esta paráfrase (trocamos bolsa de valores por mercado imobiliário) de uma frase famosa de Warren Buffett sobre o mercado de ações: "Assim como Deus, o mercado imobiliário ajuda a quem se ajuda. Ao contrário de Deus, o mercado imobiliário não perdoa os que não sabem o que fazem."

Embora comprar e vender quatro ou cinco casas para lucrar não requeira a genialidade de Einstein, não exige menos esforço. Ademais, o simples fato de alguém dizer que uma casa vale 140 mil dólares não faz com que valha realmente. No mínimo, convém procurar saber por quanto outros imóveis da mesma área foram vendidos. Se forem casas quadradas pré-fabricadas, que só variem em dois ou três tipos, a comparação pode ser fácil. Ainda assim, o avaliador deve levar os extras em consideração. Muitas das "benfeitorias" que se costuma fazer nem sempre trazem o lucro planejado. Em geral, as mais lucrativas são pintura nova, jardins, cozinha e banheiros novos. No Meio-Oeste dos Estados Unidos e em todo o Norte, janelas em bom estado ou novas costumam valorizar a revenda. O instrutor imobiliário Jerry Bresser afirma que "A tinta vale 10 dólares na lata e 1.000 dólares na casa"

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Uma coisa é certa: nada pode aumentar o valor de uma casa como a limpeza e

a eliminação de tralhas desnecessárias. Em 1988, compramos uma casa de 37 mil dólares que logo foi vendida por 61.500. o que fizemos? Primeiro, limpamos e pintamos a casa toda, por dentro e por fora. Meus pintores foram minha mulher, sobrinhos, primos, parentes e qualquer bobo que se aproximasse e perguntasse o que estávamos fazendo. Gastamos cerca de 1.000 dólares tirando sucata de carros, carcaças de motores, árvores, arbustos e tudo o que se possa imaginar. Colocamos carpetes e gastamos 2.500 dólares em sete janelas novas. Acho que gastei entre 5 mil e 7 mil dólares. Essa casa era mesmo a pior casa da rua, em um bairro razoável. Os outros vizinhos nos agradeceram por limpá-la e reformá-la. Depois de 22 anos sem pintura nem faxina, estava bem arruinada. A questão é que tudo o que fizemos foi cosmético. Os problemas pareciam enormes, mas eram todos de conserto fácil.

Eis uma lista antiga, porém comprovada, de fatores que dão retorno financeiro quando você está pronto para vender:

• Aparência do meio-fio. Limpe e conserte as calçadas, a entrada da garagem, pátios e jardins.

• Cozinhas e banheiros compatíveis com a área. Balcões de fórmica não retornarão o alto investimento em casas de preços moderados.

• Exteriores livres de manutenção. Janelas que ajudem a poupar energia elétrica, laterais de vinil e de alumínio são, em geral, preferíveis a sarrafos e tábuas pintadas, a não ser que você esteja em uma área que busca fazer restaurações de originais. Nesse caso, vinil e alumínio são prejudiciais. Na maioria das áreas, a casa de alvenaria vende mais depressa do que qualquer outro tipo.

• Pintura e carpetes novos. Esses dois itens de interior baratos sempre ajudam a vender a casa.

• Limpeza impecável, dentro e fora. Mesmo que sejam preguiçosos, seus futuros compradores vão querer uma casa limpa.

• Balcões, armários, porões e garagens livres de entulho. Eis uma ocasião em que é bom alugar uma unidade de armazenagem, se necessário. Sala grande com excesso de mobília parece pequena. Um porão todo aberto parece gigantesco. Já experimentou olhar para o porão e só ver tampas de caixas?

• Odores de animais. Você pode se acostumar com o cheiro do seu bichinho

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de estimação e não percebê-lo mais. Se não tiver certeza, convide uma pessoa sincera para lhe dizer se há algum odor que precise ser eliminado. Cães e gatos são ótimos, mas já vi prováveis compradores terem náuseas, literalmente, com o cheiro de um bicho de estimação e não querer mais comprar uma casa.

Quem consegue achar uma pechincha?

Se você é do tipo que nunca vai a lojas de material de construção, talvez se comporte de maneira muito diferente dos tipos "faz-tudo". Tenho certeza de que a maioria das pessoas tem alguma habilidade ou pode aprender algo que ajude a lidar com suas quatro ou cinco pechinchas.

Vejamos alguns casos possíveis.

Empreiteiro. Isso não deve ser difícil, mas você se surpreenderia ao descobrir quantos profissionais de construção não compram nem vendem os produtos com que trabalham diariamente. A mim ocorreria que um moldureiro poderia fazer as molduras da casa de um pedreiro, e o pedreiro poderia construir o alicerce do moldureiro. A maioria desses indivíduos conhece todas as pessoas certas para fazer todo o serviço, mas parece que eles mesmos nunca o fazem. Uma parte bem grande da casa é mão-de-obra. Aliás, não se esqueça de pensar em diversas categorias. Uma vez troquei minha habilidade de criar páginas de Internet por trabalho em concreto.

Contadores e advogados. Essas pessoas têm habilidades que podem ajudá-lo a negociar, embora o contador talvez fique analisando

negócio até perdê-lo. O contador ou o advogado pode ouvir falar de uma possível pechincha muito antes de a informação chegar ao público geral. Contanto que não use informações confidenciais fornecidas por um cliente prejudicando-o em troca de lucro, o profissional é igual a qualquer outra pessoa em busca de uma pechincha. Com abertura suficiente, você pode fazer praticamente qualquer coisa. O

mais seguro, porém, seria comprar suas pechinchas via indicação de um profissional.

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Vendedores de automóveis e de cavalos. A cara-de-pau é abundante. Fazer propostas é a melhor maneira de comprar casas. Em geral, os vendedores de automóveis (os que perduram) já estão vacinados e acostumados a ser olhados de cima a baixo ou com desdém pelo público. Não ligam para a rejeição. E os bons perseveram — compreendem que a cada 100 propostas uma acaba lhes rendendo uma casa com desconto de 20 a 50 por cento. O bom vendedor de carros também compreende as negociatas quando se dá uma casa de entrada. O vendedor de carros experiente entende tudo isso e usa carros que tenha comprado abaixo do preço de mercado como parte ou toda a proposta de compra de imóveis.

Use o que tem para obter o que quer.

Eu tenho carros usados para comprar imóveis e já aceitei carros de entrada na venda de imóveis. Isso também é uma lição para todos nós. Use o que tem para obter o que quer. Se puder, troque carros (ou qualquer coisa) que comprar no mercado por 60 a 70 por cento do que o vendedor lhe dará por um imóvel. Não é o mesmo que comprar o imóvel do vendedor por 60 ou 70 por cento do dólar? Você teria de obrigatoriamente comprar os carros antes de oferecê-los? Diga não. Poderia pagar os carros com um empréstimo de 60 a 70 por cento sobre o imóvel que vai comprar? Diga sim.

Traças e escovadores de bits. Estamos na era da informática, então talvez você possa usar a Internet para procurar informações sobre imóveis. Em algumas cidades você encontrará dados sobre vendas comparáveis, área e tipos de financiamento, bem como fotos atuais e até cópias de contratos de financiamento imobiliário. Quando for especialista em pesquisar títulos (terá de fazer algumas dessas pesquisas no tribunal), poderá ter todas as informações necessárias para tomar uma decisão rápida sobre um imóvel. Lembro que na década de 1980 eu conseguia fazer pesquisas rápidas de títulos por telefone com um amigo numa empresa de títulos, o que me permitia tomar decisões imediatas

a respeito de imóveis. Essas informações me capacitavam a derrotar os concorrentes para os quais o vendedor havia ligado por ter encontrado anúncios de "dinheiro vivo pela sua casa': Eu conseguia fazer o negócio no ato e fechar toda a transação em 72 horas. Embora existam muitas informações

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on-line, elas não são infalíveis. Também não são garantidas. O período de 72 horas do exemplo que acabo de dar destinava-se a me dar tempo para obter o título.

Bombeiros. Os bombeiros estão entre as pessoas mais trabalhadoras que já conheci. Muitos têm horários incomuns, tais como escalas de 24 por 48. Conheço muitos que têm, como segunda atividade, empresas de compra, consertos e venda de casas. Parecem ser os principais "faz-tudo" A maioria dos bombeiros que conheci são simpáticos e amistosos, o que os ajuda imensamente no trato com vendedores e compradores.

Quitandeiros, garçonetes e todos os outros. Qualquer que seja a sua profissão, você estará por perto de pessoas que compram, vendem, procuram ou herdam imóveis. Bresser diz: "Todos conhecem alguém que conhece alguém que compra ou vende imóveis ou pensa em vender ou comprar imóveis." Não permita que se infiltre em sua cabeça a idéia de que a pessoa que serve no restaurante ou o ajudante do garçom não possuem imóveis.

Por onde devo começar?

Preste atenção: comece numa casa para iniciantes. Existe algo mais maleável do que a expressão casa para iniciantes? As próprias palavras provocam imagens diferentes na cabeça de cada pessoa. No discurso não-definido, é tão útil quanto a expressão salário mínimo, que muitos dos políticos americanos adoram porque tem significados diferentes em Los Angeles e em Hardscrabble, Ohio.

Vou imaginar que muitos dos meus leitores já sejam proprietários. Conheço muitas pessoas que acham que sou maluco porque recomendo mudanças de dois em dois anos. É cansativo, mas lucrativo. Agora estou num ciclo de sete a 10 anos.

O que é mais tentador:

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260m2 hipotecados ou 150m2 livres e desimpedidos?

Para alguns, fixar-se e passar de 15 a 30 anos pagando parece algo bem natural. Também é uma boa opção se você achar urna área onde as casas valorizam mais do que nas áreas adjacentes. No mercado de Columbus, Ohio, os que se fixaram numa casa em Bexley ou Arlington provavelmente agiram muito bem.

Com as atuais leis tributárias, nos Estados Unidos podemos vender a cada dois anos sem dever imposto sobre o lucro. Podemos, então, nos mudar para um local melhor ou pior, alugar ou nos mudar para a Nova Zelândia. As antigas regras da lei tributária residencial americana exigiam que se vendesse por preço mais alto para permanecer isento (mas não era necessário ficar por um período mínimo). Naturalmente, muita gente quer subir — mas também pode querer mudar-se para urna casa menor. Nossa expectativa de vida é de mais ou menos 80 anos. Quantos casais de 80 anos precisam de um sobrado com 260m2? Se a casa lhe trouxe 300 mil dólares isentos de impostos e você comprou uma casa térrea, bem situada, por 160 mil dólares, você conseguiria achar o que fazer com os 140 mil dólares extras isentos de impostos? Digamos que você passe de 260m2 para 150m2. Seria uma jogada inteligente. Mesmo que devesse pelo imóvel maior, talvez o lucro da venda pudesse tornar a casa nova livre e desimpedida. Nem sempre se passa de menor para maior. O que é mais tentador: 260m2 hipotecados ou 150m2 livres e desimpedidos? Você tam-bém pode ler minha definição de débito neutro no Capítulo 1 ("As conseqüências das dívidas"), pois se aplica a hipotecas. O fato de que a dívida é um financiamento imobiliário não a transforma automa-ticamente em dívida boa.

Faça com que a casa tenha o tamanho certo. Antigamente, eu achava que sempre se devia trocar a casa por outra maior e, talvez, acabar por possuir urna pequena mansão. Com o passar dos anos, aprendi mais sobre dinheiro e imóveis; descobri que essa estratégia é muito cara. A maioria das famílias pequenas não precisa de 280 a 650m2 de área construída. Meu coração não pedia que eu tivesse uma casa de 500 mil'

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6. Gastaríamos mais para ter portas e janelas de primeira qualidade.

A casa básica

Eu e Nita resolvemos que a solução para a área construída habitável seria uma casa tipo rancho com cerca de 200m2. A maior parte da armazenagem seria em um porão com quatro saídas. Contratamos a empresa Superior Walls of Ohio para construir o porão com pé-direito de 3m e isolamento. Isso nos proporcionou um porão de 200m2 quente e seco. A Superior também construiu uma escada do porão para a garagem, bem como as paredes baixas que serviriam de alicerce para essa última.

Garagem-Zilla

O problema foi resolvido com uma garagem de 8,5m x 15m e 3,6m de altura com duas portas de garagem de 4,8m x 2,4m e três portas normais. Recapitulando: terminamos com 200m2 de área construída habitável, mais 200m2 de porão quente e seco com muita iluminação natural e encanamento reforçado para futuros banheiros, se quiséssemos. Também construímos 68m2 de varandas e uma garagem de 130m2. Neste exemplo, eu fui o construtor e o empreiteiro. As garagens custam de 150 a 215 dólares por metro quadrado. As casas custam de 38 a 807 dólares por metro quadrado. Os porões custam de oito a 12 dólares por metro quadrado. Não sei se é possível construir uma casa por esses preços na sua região. Embora o concreto, os tijolos e a mão-de-obra especializada fossem de fontes externas, estive envolvido na mão-de-obra de muitas áreas dessa casa — mais do que gostaria estar novamente. Uma pedra incrustada nos tijolos perto da entrada da garagem diz Ancora Imparo, que significa "Ainda estou aprendendo" em italiano.

É preciso morar em algum lugar

Se você mora de graça em algum lugar, talvez ainda com os pais, e não poupa o que lhe custaria o aluguel de uma casa razoável, está sendo muito bobo. Conheço pessoas de vinte e poucos anos que gastam mais de 30 mil dólares por ano em futilidades e nunca poupam nada — mesmo enquanto moram com papai e mamãe. Se a sua comida sai da geladeira da mamãe e você não paga aluguel nem investe a maior parte de sua renda, está

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desenvolvendo um apetite cruel que um dia o morderá. Se não consegue poupar 50 por cento de sua renda enquanto vive às custas de outrem, está bem encaminhado para uma vida de afiliação ao clube dos Consumerati. Isso em razão dos hábitos que está gerando. Considere a poupança de 50 por cento a construção de seus músculos financeiros para sair do ninho. Se conseguir deixar de lado por um momento sua onisciência juvenil, verá que é uma decisão sábia. Além de aprender hábitos de gastos com os quais possa viver, terá capital para iniciar uma vida nova, longe dos grilhões das dívidas.

Se não consegue poupar 50 por cento de sua renda enquanto vive às custas de

outrem, está bem encaminhado para uma vida de afiliação ao clube dos Consumerati.

Vamos falar das pessoas que não têm casa própria. O ideal delas costuma estar um pouco acima da malfadada casa para iniciantes.

Imagino que você não tenha dificuldade para pagar o aluguel da casa onde mora. Se isso for verdade, então pegue o que está pagando de aluguel e veja quanto poderia aplicar em um financiamento imobiliário. Vamos usar como exemplo um aluguel mensal de 650 dólares. Se estivesse qualificado para um empréstimo de 30 anos a sete por cento ao ano, teria o poder de compra de aproximadamente 97 mil dólares. Naturalmente, terá de pagar imposto territorial e seguro, além dos 650 dólares principais mais juros. Se comprar a sua casa com um desconto bem grande, talvez não precise pagar entrada.

Navegar sem remo contra a corrente das dívidas

A maioria das pessoas entra em dívidas ruins pensando com a emoção, em vez de ter pensamentos críticos. Vemos e ouvimos exemplos Por toda parte em nossa sociedade.

A viagem Riacho das Dívidas citada é emocional. Recentemente, ouvi —

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na verdade, entreouvi — um casal que ia comprar uma casa e estava tentando decidir entre armários de luxo e piso de madeira de lei. Só podiam conseguir o empréstimo cortando um desses itens.

Para o casal, essa escolha não era uma decisão racional. Era uma escolha emocional porque estavam no limite da renda. A decisão pode ter parecido racional para o jovem casal, mas foi emocional. Se agissem racionalmente, nem pensariam nos armários de luxo. Quando não temos margem para erro é provável que tomemos a decisão de entrar numa dívida ruim.

Por que pensar num bairro modesto quando podemos

financiar nossa ascensão para um bairro chique?

Em A mente milionária (Novo Conceito, 2006), Tom Stanley fala da "casa de fácil aquisição. Ele diz que, se você já teve uma casa de fácil aquisição e continua nessa condição, isso indica seu futuro êxito. O que é uma casa de fácil aquisição? Stanley diz que é aquela cujas prestações podemos pagar com facilidade, mesmo que nosso salário caia pela metade. Já imagino alguns egos resmungando: "Eu não gostaria de viver num lugar

assim! Mereço coisa melhor!" Concordo, se você merece, e a maneira de conseguir coisa melhor é começar com uma "casa de iniciante". Pouca gente está disposta a começar assim. Por que pensar num bairro modesto quando podemos financiar nossa ascensão para um bairro chique? As emoções assumem o controle, o bom senso é descartado e você pega o maior empréstimo possível. A racionalização costuma ser assim: "Vamos passar o resto da vida nessa

casa, então devemos comprar o que queremos, mesmo que tenhamos de pagar um pouco mais." Estatisticamente, você não vai passar nem sete anos nessa casa. O sucesso está a seu alcance se você se empenha em começar a escalada num ponto racional. A cultura popular nos ensina a valorizar mais o conforto que a sensibilidade. É preciso gratificar os sentidos, bem, imediatamente, não é? O segredo do sucesso: Comprar certo — conseguir um bom negócio na casa

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É possível melhorar o financiamento depois. Não será possível, po- rem, voltar ao vendedor para pedir que baixe o preço e dizer: "É óbvio que paguei demais pela casa. Podia me devolver uma parte do dinheiro?"* O primeiro pecado mortal do setor imobiliário é pagar demais. O segundo é não reconhecer o bom negócio quando está bem na nossa cara. O terceiro é ser conhecido por não se dar bem com os outros. Para comprar imóveis, precisamos de gente.

Vale todo o esforço pensar, planejar e procurar cinco casas com preços baixos? É uma pergunta a que só se pode responder em retrospectiva. Quando vir um amigo trabalhar sob a pressão de pagar um empréstimo de 95 por cento do imóvel, enquanto nos 10 últimos anos as prestações que você paga caíram de razoáveis para zero, então poderá responder.

Pontos a ponderar

• Aperfeiçoe sua habilidade de comunicação e relacionamentos e faça propostas. Não é do mercado que se compram imóveis. É de pessoas. A situação do mercado é secundária.

• Reforme a casa para que fique do tamanho certo e construa um local para armazenagem. As unidades pequenas de armazenagem chegam a render anualmente 14 dólares por metro quadrado. Uma mini-unidade de armazenagem 1 x 1 por 85 dólares mensais, ou 1.020 dólares por ano, chega a 1.020 dólares por metro quadrado. Esses 1.020 dólares por metro quadrado são um bom começo na construção de uma garagem.

• Compre certo. Não caia na armadilha do construtor que lhe arranja um financiamento com juros baixos e aumenta o preço da casa para compensar os juros. É isso que acontece quando a construtora ou o vendedor permite que o banco cobre juros adiantados, que são somados ao custo do empréstimo (e ao preço do que você está comprando) para que você pague prestações baixas nos primeiros anos. É um presente pelo qual você paga. Seja um investidor que se baseia no valor. Seja o Ben Graham (autor de The Intelligent Investor) dos

* A exceção ocorre depois de alguns meses ou anos, quando você pode pedir um desconto sobre os juros que incidem na nota promissória que está com o vendedor (o que seria, de fato, uma redução do preço geral da casa).

imóveis na sua rua. Em fins da década de 1970, e principalmente na década

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de 1980, Robert Allen (autor de Nothing Down) dizia: "Não espere para comprar imóveis. Compre imóveis e espere." E foi um bom conselho para a época, nos Estados Unidos. Porém, seja qual for a situação do mercado, compre certo ou não compre. Hoje eu diria: "Não espere para comprar imóveis se o preço for ótimo."

• Leia e aprenda tudo sobre financiamento. Mas, na sua pressa de pôr em prática o que aprendeu, não caia na armadilha de aceitar uma alta alavancagem. Pergunte: "Quero ser rico ou parecer rico?" Na plenitude do tempo, você pode ser ambos. Não se esqueça da minha paráfrase de Buffet: "Assim como Deus, o mercado imobiliário ajuda a quem se ajuda. Ao contrário de Deus, o mercado imobiliário não perdoa os que não sabem o que fazem."

Advertência: Se você quiser entrar no mercado imobiliário abrindo uma empresa, é preciso ter ainda mais conhecimentos do que comprar e vender algumas casas para morar. Se a sua intenção for algo além de comprar barato e vender caro, e morar nos imóveis nesse ínterim, estude bastante e obtenha conhecimentos práticos primeiro. Veja algumas recomendações em www.gooddebt.com. Leia as notas deste capítulo que estão no site da Internet. E tome cuidado. Existe uma classe de investidores imobiliários e de vendedores no atacado que devora os inexperientes e seu entusiasmo. É um campo de batalha aonde não se deve ir desarmado. Lembre-se do velho chavão: "Se parece bom demais para ser verdade, provavelmente é." Desconfie de quem quiser lhe empurrar um negócio pronto com o qual você supõe que ganhará dinheiro. Outro caminho traiçoeiro consiste no promotor que quer usar o seu bom nome para "refinanciar" uma propriedade e, depois, você será o proprietário do imóvel ou ele o venderá para você. As casas, assim como os alimentos de conveniência, sempre custam mais quando são pré-empacotadas e pré-processadas. Já vi algumas pessoas passarem por "processamentos" muito dolorosos.

Por regra, se você fizer uma transação sem entrada ou criativa, e souber o que está fazendo, é provável que não haja problema algum. Se alguém lhe propuser um negócio fabuloso, pergunte a si mesmo: "Por quê?" Trate diretamente com os vendedores que precisam vender, e recorra a um advogado ou profissional do ramo imobiliário.

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lâmpadas. Por definição, dívida de carro é dívida ruim. É empréstimo para pagar algo cujo valor cai. Só serve para tirar seu dinheiro. Não pense em 599 dólares por mês, mas em 7.200 dólares por ano. Que percentagem do seu salário é isso? Se você ganha 45 mil dólares por ano, é uma grande parte! Mesmo que você pague à vista pelo carro, camionete ou utilitário, a depreciação nos Estados Unidos, por exemplo, será de 250 dólares ou mais por mês.

Automóveis são mercadorias. Para quase dois terços dos norte-americanos, o carro representa um pagamento incluso em sua taxa de consumo. Enquanto não puder pagar seus veículos à vista, o melhor conselho é manter a despesa moderada. Quando ouço falar de pessoas que gastam 20 por cento da renda bruta em prestações de carro, sei que há pouca esperança de que se aposentem cedo pela previdência privada. Se o carro devora 20 por cento, as despesas de habitação são de 38 por cento e o governo consome até 38 por cento, não sobra muito, não é?

Você já foi seduzido pelas propagandas de fabricantes de automóveis? Infelizmente, eu já fui. São muito boas, não? Os homens se deixam influenciar pela combinação esquisita de pára-choques e carne humana, ao passo que lembram às mulheres uma imagem à qual devem adaptar-se. Quando os fabricantes esgotam todos os astros, carros e carne humana, começam a balançar o seu coração com segurança, responsabilidade ambiental, realização (escolha o tipo), ou o apelo favorito das agências de publicidade: acompanhar o seu "grupo de referência". Nem precisam de palavras. Quando você vê um jovem executivo entrar na garagem e sua mulher supermodelo e seus filhos perfeitos o cumprimentarem com tanto carinho à porta (não há necessidade de usar palavras), você sabe que precisa de um Lexus. O mesmo comercial para mulheres mostraria a profissional chegando em casa e encontrando o marido dormindo no sofá com brinquedos espalhados ao redor e uma voz ao fundo dizendo: "Na sua vida acelerada você pode contar com o Lexus para não decepcioná-la." No tocante aos comerciais de automóveis, reajo melhor aos que trazem mensagem de segurança do que aos criados para apelar à virilidade ou à vaidade. Admiro a mensagem de segurança dos comerciais de automóveis; é importante para mim. Da última vez em que um motorista embriagado se desviou da Pista e bateu no meu carro, fiquei contente por estar em um Lincoln

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Town Car, e não em um Yugo economizador de combustível. A maioria dos carros americanos a partir do modelo de 1992 tem as opções básicas de segurança, tais como air-bags e freios ABS. Há alguns dólares na tabela (tais como economia em combustível) que não quero economizar.

Todos precisam de carro!

Se o seu desejo de ser financeiramente bem-sucedido não conseguir derrotar

a sua vaidade, este será um capítulo difícil para você. Sim, Virginia,

você precisa de um carro, mas não de um carro de 599 dólares por mês.

Não consigo imaginar uma situação em que pudesse considerar dívida boa a dívida de um carro (a não ser, talvez, certas aplicações comerciais). Os carros são, na melhor das hipóteses, uma mercadoria, uma parte de sua taxa de consumo. Embora façam parte da taxa de consumo, dívida excessiva por carros é dívida ruim por definição. É uma dívida que lhe rouba o futuro. Poucos de nós queremos admitir que nossa provável falta de poupança para a aposentadoria tem relação com nossos hábitos de gastar. Um colega me disse que, se não gastasse no carro, gastaria em outra coisa! Bem pensado. Perguntei a ele: Se está disposto a comprar tudo a prestação, por que não compra um futuro? Ainda estava hipnotizado pelo cheiro do couro do estofamento do novo sedan japonês. Dei uma cheirada e devo admitir que minha crença começou a enfraquecer. Era muito atraente. Botei a cabeça para fora do carro e perguntei:

— Este carro custa quanto por mês? Ele disse: — 599 dólares. — E quanto seria um Taurus ou um Camry? — Menos de 300 dólares, creio. — E quantos anos você tem? — indaguei. — Trinta e um.

- São 300 dólares por mês que podiam ser redirecionados e "empregados" com lucro em uma conta de aposentadoria ou de investimentos, certo? —

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assinalei. — Sim — respondeu. — Mas você quer dizer que eu devo viver sem o

estofamento de couro? — Sim, mas veja o que você ganha: 300 dólares por mês durante 34 anos

(quando estará com 65) em um investimento razoável se transformarão em 1.027.616,83 dólares.

— Quer dizer que o meu Lexus de 50 mil dólares vai me custar mais de 1 milhão?

Na verdade, o preço total passará de 2 milhões em 34 anos, se você levar em conta os 600 dólares por mês. É revoltante! O milhão é apenas a diferença entre os 300 e os 600 dólares por mês durante 34 anos.

Sim, Virginia, Papai Noel existe. Não, Virginia, ele não vai lhe trazer um carro de graça. Sim, Virginia, você precisa de um carro, mas não de um carro de 599 dólares por mês. Se você tem uma renda mediana, pode lucrar com prestações de carro abaixo da média; prestação nenhuma seria algo ainda melhor. Dito isso, vou fazer a suposição generosa de que você faça o certo com o dinheiro poupando com transporte mais barato. A prestação média de 383 dólares por mês por um carro é mais do que 10 por cento da renda anual, deduzidos os impostos, do trabalhador americano. Você pode andar num carro inferior e pagar prestações mais baixas, ou não pagar prestação alguma? A resposta sucinta é sim. A resposta mais difícil é talvez — se estiver disposto a aprender a não fazer questão de ter o último tipo com todas as opções mais modernas. Consegue usar jeans sem marca? Conheço algumas pessoas que não conseguem. Se o seu desejo de ser financeiramente bem-sucedido não conseguir derrotar a sua vaidade, este será um capítulo difícil para você.

Os irmãos Gardner, famosos por terem criado o periódico financeiro Motley Fool, aconselham o óbvio: "Compre um carro inferior e fique mais tempo com ele." Os"Fools" (como são conhecidos os irmãos) estão certos, pelo menos se você quiser usar o seu dinheiro em empreitadas mais produtivas. Poucas coisas na vida desaparecem tão depressa quanto o "barato do carro novo". Para alguns, o carro novo pode gerar vício e exigir um investimento ainda maior para ter o "barato" da vez seguinte.

"Compre um carro inferior e

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fique mais tempo com ele."

De minha vasta experiência, posso dizer que é possível prolongar muito a vida de sua carroça com trocas de óleo regulares (a cada 3.000 ou 4.500 km), trocas do fluido de transmissão e do filtro a cada 35.000 km e fazendo o rodízio dos pneus a cada 9.000km. Praticar o que chamo de manutenção de guerrilha — isto é, consertar qualquer defeito que surgir e quando surgir — também prolonga a simpatia pelo carro. Não crie oportunidades de justificar a vontade de ter um novo carro quando, na verdade, não precisa.

Se gosta de fazer a sua própria manutenção, que assim seja. Caso contrário, existem muitos locais onde se fazem trocas rápidas de óleo; localizam-se nas proximidades da maioria das "bases populacionais de colarinhos-brancos". Não vejo muita vantagem na economia de tempo e de centavos em fazer eu mesmo grande parte dessa manutenção.

Meu amigo Marv diz que nunca comprou carro financiado. Começou com um carro velho e, assim, poupou o que teriam sido as prestações. Quando acumulou dinheiro, comprou um carro um pouquinho melhor e, por fim, um carro novo à vista. O plano de Marv é bem inteligente. Emprega as três virtudes do Econo-sábio: disciplina, dilação (adiamento do consumo) e discernimento. Se você andar de carro velho e poupar as prestações, quando acumular mais ou menos 30 mil dólares conte-me se sair e gastar tudo em um carro. Assim ficaremos sabendo se você queria muito mesmo esse carro novo. Assim que tiver o dinheiro e tiver estudado a velocidade de depreciação dos carros, talvez convenha deixar outra pessoa absorver o alto custo do "cheiro de carro novo" durante os dois ou três primeiros anos. Segundo o Automotive Lease Guide, até um carro com desempenho estelar como o Honda Accord LX, com preço sugerido pelo fabricante de 20.950 dólares (aproximadamente), nos Estados Unidos, se deprecia mais ou menos 250 dólares por mês durante três anos. Não será um preço alto demais para 57 minutos de felicidade? São 250 dólares de decréscimo mensal, mais o preço do carro e os custos financeiros. Folheando um exemplar da edição semanal do Black Book Official Used Car Market Guide como orientação sobre o que os

vendedores pagam por um Accord usado, lembramos que o Automotive Lease Guide avaliou sua depreciação

em 45 por cento no decorrer de três anos. Descobrimos que no primeiro ano o carro sofre 20 por cento de depreciação. O índice cai para 11 ou 12 por cento no segundo e no terceiro anos. Nos Estados Unidos, o preço de um Ford Taurus no atacado depois de um ano é 10.300 versus 16.300 dólares do

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Muito atraente

Se o carro for sua maneira de estar na moda, simplesmente admita-o e programe seu orçamento para tanto. Para muita gente, os carros são isso mesmo. Talvez você precise procurar em outra área o dinheiro de que precisa. Neil Fiske e Michael Silverstein, em Trading Up: The New American Luxury, escrevem: "Quase todos (96,2 por cento) estão dispostos a `pagar mais' por pelo menos um tipo de produto que consideram de importância, e quase 70 por cento identificaram até 10 categorias nas quais podem disparar — ou seja, gastar uma parcela desproporcional de sua renda em comparação com os gastos em outras áreas."

Carros, camionetes e utilitários são mercadorias em depreciação contínua. Se essa for uma área em que você acha que precisa "disparar'; seja realista no cálculo do preço. Um carro novo pode trazer alegria de curto prazo (até 57 minutos para mim), mas não pode jamais trazer a felicidade, que defini (pelo menos financeiramente) como a satisfação completa de se estar fazendo o melhor possível com o que se tem. Isso é boa administração — ou seja, maximizar os benefícios da renda.

Quando faço palestras no Kiwanis Club, sou recebido da mesma maneira tanto no meu velho Lincoln como em um Mercedes novo. Na verdade, o carro mais velho talvez demonstre a minha fé no meu programa. Também salienta para mim o fato de que não me sinto mais inadequadamente atraído por carros que sejam ruins para o meu futuro financeiro. Quando nos reeducamos, os carros são a área mais fácil de economizar. Quando eu "disparo" em qualquer área de despesas, costuma ser em livros, seminários e, às vezes, café de ótima qualidade. Estou sentado perto da lareira em Panem escrevendo estas palavras no meu notebook. O café é ótimo e as despesas são baixas. Quanto ao meu hábito de comprar 200 dólares em livros por mês, já estou trabalhando num programa de 12 passos da Columbus Metropolitan Library, e no mês passado gastei menos de 1.00 dólares.

Quando nos reeducamos , os carros são a área mais

fácil de economizar. É claro que não sou contra carros novos (caros); já cheguei a comprar

alguns. Só recomendo que se tornem gastos apropriados com relação à renda,

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comprados com a compreensão total daquilo que se poderia fazer com esse dinheiro. Estou elaborando este livro há mais de dois anos, então, naturalmente, quando alguém puxa conversa comigo e pergunta o que faço, logo surge o tema do meu livro. Recentemente conversei com uma corretora de imóveis recém-divorciada que acabara de completar 45 anos e não tinha dinheiro algum reservado para a aposentadoria privada e nenhuma perspectiva de receber pensão do marido. O que ela estava fazendo em um café às três da tarde? Esperando uma carona que a levaria para pegar seu utilitário zerinho, que fora, em parte, pago pelo acordo de divórcio. Eu queria pedir a ela que se lembrasse, durante os anos de escassez da aposentadoria, de como era chique dirigir aquele utilitário. Mas não o fiz, pois ela parecia muito feliz naquele momento.

Retome o foco e ligue o zoom

Reduzir despesas com o carro pode fazer parte de uma estratégia geral para alcançar muitos objetivos. Algumas famílias podem decidir-se a redirecionar o que normalmente seriam prestações do carro para a quitação da hipoteca, a poupança para a futura educação dos filhos ou o pagamento da educação atual. Para a minha família, neste momento, os carros passaram para o banco de trás e têm pouca importância. Mudamos o foco e ligamos o zoom na educação e na aposentadoria. Meu filho, A. C., vai concluir o ensino médio em 2009 e começar a faculdade; minha mulher, Nita, vai concluir a faculdade de direito em 2008; e a minha filha, Paige, vai se preparar para entrar num colégio feminino caro. Entre 2006 e 2007, devo terminar meu mestrado e começar a planejar o doutorado. Com exceção da faculdade de direito, a maior parte do que acabo de dizer não custará mais, por mês, do que dois carros. Vamos supor que vocês sejam uma família culta. Você tem a Opção de gastar pouco mais de 800 dólares por mês (10 mil dólares Por ano) em dois belos carros ou você e sua mulher podem fazer pós-graduações que provavelmente dobrarão sua renda em cinco anos. O que você faz? Se escolher o caminho dos dois carros novos, quanto eles valerão depois de cinco anos?

Matemática automobil ística 1

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Vamos supor que você tenha resolvido que consegue viver sem a prestação do automóvel, ou com uma prestação mais baixa. O que faz com o dinheiro extra? Compra um barco? Que tal? Já que não posso fazer brotar uma mãozinha deste livro para lhe dar um tapa, vamos apenas examinar a matemática. Vamos supor que você pudesse redirecionar os 383 dólares por mês para um fundo de aposentadoria durante um longo período de tempo — digamos 10 anos (120 meses) — que rendesse — em vez de lhe custar — nove por cento. Qual é o resultado da nossa conta de poupança do carro (ou anticarro)? Depois de 10 anos, começará a ficar muito boa.* Também acrescentei as contas de três, quatro, cinco e seis anos. Parece que essas são as opções mais comuns de financiamentos de carros. Até incluí os resultados de uma obediência de 40 anos para os leitores jovens. Número de meses Taxa de juros+ Pagamento Valor futuro

36 9% $383 $15.761 48 9% $383 $22.030 60 9% $383 $28.887 72 9% $383 $36.383

120 (10 anos) 9% $383 $74.115 480 (40 anos) 9% $383 $1.792.946

+A hipótese de juros de nove por cento pode basear-se em algo simples como o Russell Index Mutual Fund. Os ganhos não serão provenientes do seu brilhantismo ao escolher ações, mas da persistência. O fato é que a Bolsa de Valores norte-americana em 75 anos apresentou, em média, um retorno de mais de 10 por cento ao ano. O fundo indexado do tipo Russell lhe dá uma parte das principais 2 mil ações do mercado. Não recomendo nenhum fundo específico. Se você não tiver a capacidade de investir com segurança o seu capital inicial, recomendo esses tipos de fundos. De 1926 a 2001, * No caso do Brasil, o exemplo citado ainda é válido; primeiro, por esperarmos uma taxa real de juros para os próximos 10 anos de cerca de 7,5 por cento. Segundo, pelo fato de a Bolsa brasileira ter apresentado, de 1994 até hoje, um crescimento anual de cerca de 19,$1 por cento, permitindo, assim, oportunidades de investimentos para poupadores a taxas atrativas. (N. do R. T)

a taxa média de juros compostos no índice S&P 500 foi de 10,7 por cento. Fonte: Prof. Roger G. Ibbotson, Stocks, Bonds, Bills, and Inflation Yearbook (Chicago: Ibbotson Associates, 2002).

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Saudades do carro?

Se estiver devendo ou apenas querendo fazer algo mais inteligente com o seu dinheiro — lembre-se da solução simples para o transporte —, compre um carro mais barato e fique mais tempo com ele. A maioria dos norte-americanos orgulha-se muito do carro que dirige. Muitos consumidores começam a desejar um carro novo antes de acabar de pagar o financiamento do antigo. A maioria dos que sentem a "coceira pelo carro novo'; provavelmente, não precisa de carro novo. Após uma série de constantes trocas e de adicionar o valor negativo do seu último carro ao empréstimo do novo (é isso que o comercial da concessionária quer dizer quando afirma "Liquidamos a dívida do seu carro alienado"), os consumidores ficam mais atolados em dívidas do que nunca. Se conseguir "dirigir" o seu erro (isto é, continuar a dirigir até liquidar a dívida, ou mais tempo), pelo menos a dívida não aumentará. Entenda, por favor, que os vendedores de automóveis não existem para ajudá-lo; trata-se de comércio. Assim como os políticos, os vendedores de automóveis não podem lhe dar nada que não lhe tenham tirado antes.

Muitos consumidores começam a desejar um carro novo antes

de acabar de pagar o financiamento do antigo.

O transporte é um setor importante para se exercer a moderação. Talvez seja uma das áreas de despesas a mudar rapidamente. A diferença entre 259 dólares e a média de 383 ou 447 dólares por mês não parece muito no curto prazo. Contudo, se multiplicarmos essa diferença por 30 ou 40 anos, ela é enorme, conforme os exemplos já mencionados. Passei mais de 20 anos no ramo imobiliário. Vi muitas situações em que casais jovens não se qualificavam para financiamento imobiliário porque tinham um ou mais financiamentos de automóveis. As fichas de financiamento imobiliário não têm espaço a preen-

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cher com o tempo de uso e a quilometragem do seu carro velho. As

financeiras se interessam por quanto você tem todo mês, não com o fato de parecer bacana quando dirige. Não se importam se a pintura do carro está desbotada. Precisam mesmo é saber se a sua capacidade de pagar está desbotada.

A família com duas fontes de renda

Eu e minha mulher decidimos, conscientemente, não procurar casa em um lugar com boas escolas públicas. Quando chegou a hora de matricular meu filho na escola, já havíamos optado por continuar com os carros que tínhamos. Isso tornou mais fácil pagar a escola particular dele. Tínhamos um casal de amigos que pôs a filha na mesma escola, mas, depois de algum tempo e da compra de dois carros novos, eles transferiram a menina para uma escola pública. Nunca perguntamos se as prestações dos carros eram o motivo, mas a correlação e a época dos acontecimentos pareceram bem claras.

Se você pode sofrer a indignidade de levar o filho para a escola em uma minivan de seis anos de uso, com 250.000km rodados, talvez possa pagar uma escola particular para os filhos. É uma opção — nada mais. Você é a favor da opção, não é? As lições que nossos filhos aprendem ao observar nosso modo de lidar com as finanças podem tornar-se mais importantes do que a escola em que os matriculamos. Comprar carros de dois ou três anos de uso à vista ou em prestações baixíssimas permite-nos redirecionar a renda para a educação ou para a poupança.

O custo da escola particular é um investimento de longo prazo no futuro da criança. Devemos pensar em termos de 12 a 16 anos. O custo de ter uma casa em áreas nobres de sua região para competir para morar nos pontos mais nobres de sua região e ter acesso ao melhor ensino público — onde os pais aprovam a castração forçada pelos impostos — pode durar mais do que isso. Além de pagar entre 25 e 40 por cento a mais pelo privilégio de morar perto da suposta melhor escola pública, seus impostos regulares normalmente serão de 25 a 40 por cento mais altos do que em muitas áreas vizinhas.*

* Nos Estados Unidos é comum que distritos com uma boa rede de educação pública tenham imóveis residenciais mais valorizados e sobrecarga de impostos. (N. do T)

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Não esqueça que, mesmo que o imposto não seja tão mais alto, vai causar um aumento impressionante na taxação anual da casa, pois a Prefeitura avalia o imóvel com valor mais alto. Pode ser uma casa com impostos 20 por cento mais altos do que uma casa de igual qualidade no seu antigo bairro.

Aprenda de uma vez ou aprenda a não ligar

É improvável que você se torne especialista em carros usados. Mesmo que isso aconteça, essa especialização é um conjunto de conhecimentos bem perecíveis. Eis um conselho com que você pode contar sempre: os carros novos, invariavelmente, se desvalorizam. Eu estava falando do meu infame Jaguar com Dan Mershon, da Mershon's World of Cars, em Springfield, Ohio. Pouca gente já teve mais carros novos e usados do que Dan, tanto por hobby quanto por negócios. Ele é especialista em carros de colecionadores e vende Corvettes, Camaros, Mustangs etc. recondicionados ou originais a quarenta e poucas pessoas que provavelmente deveriam estar poupando em fundos mútuos ou aluguel de imóveis. A Corvette C-5 acabara de ser lançada naquela ocasião e havia gente empenhando as calças para comprar uma. Era ridículo. Consultei Dan sobre a troca do meu Jaguar por uma dessas Corvettes. Na verdade, eu só queria trocar a minha dor por um tipo diferente de infelicidade, eu acho. Dan sugeriu que eu esperasse alguns anos para que a coqueluche passasse. Ele disse:

— Se for um carro novo, vai se desvalorizar, com certeza.

Ele tinha razão. Poucos anos depois, tornaram-se carros comuns. Eu ainda não comprei um. Agora mesmo, ainda não são um grande negócio — um belo carro, mas não é grande coisa.

O que comprar?

Então, quais são os conhecimentos fundamentais de que você precisa para sobreviver à compra de um automóvel usado? O principal é não ter apego emocional ao carro. Compreender que o preço de todos cai, novos ou usados. Muita gente aconselha a compra de um carro de dois

anos de uso, dizendo que chegou ao ponto máximo de depreciação e de

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vida útil restante. Em geral, é um bom conselho. Pode haver outros fatores, porém. Talvez um carro de três ou quatro anos com quilometragem mais baixa seja um negócio melhor se a vida útil restante for o critério importante.

Certa ocasião comprei um Lincoln Town Car com 10 anos de uso que parecia novo. Meu raciocínio? Consegui comprá-lo por mais ou menos 4.600 dólares, ou 12 por cento de seu valor original. Com base na quilometragem e no que sei sobre esses carros, ele ainda tinha 50 por cento de sua vida útil. Foi tão barato que eu simplesmente preenchi um cheque, e era um carro tão bom que durou muito tempo. Também era um carro muito bonito. Teria sido um bom negócio para você? Não sei. Já tive cinco desses Lincolns e me sentia bem com eles. Aliás, meu grande amigo Dave tem uma oficina mecânica. Esse Lincoln não tinha nenhum problema grave, mas é muito bom ter alguém em quem você confia para trabalhar em seus carros.

Se você souber muito pouco a respeito de carros usados, chame um amigo que os conheça bem. Em muitos setores da vida, onde há oportunidade também há risco de perda financeira. No mínimo você vai precisar de um mecânico competente que possa pagar para examinar o carro usado que você está se preparando para comprar. Comprei centenas, mas sempre tinha Dave para examiná-los antes. Certa percentagem da população pode parecer melhor num carro novo pelo 1 qual seja possível pagar. Certas pessoas parecem ímã para maus negó- cios com carros.

Nem todos têm competência para avaliar carros usados. Peço ajuda para ter certeza do que acredito saber. O especialista talvez saiba nos dizer se o carro já foi destruído e recauchutado. E o que é mais importante: foi recauchutado corretamente? Um bom mecânico profissional saberá quais carros ou camionetas têm problemas crônicos no motor ou na transmissão. É melhor evitá-los, logicamente. Quando estava comprando carros para me divertir e ganhar dinheiro na juventude, logo aprendi quais carros jamais comprar e quais eram desejáveis. Você, também pode aprender, ou simplesmente contratar bons profissionais para ajudá-lo. Já sobrevivi a mais de 300 compras e só o Jaguar de que' falei no Capítulo 2 provocou certo constrangimento.

Valor

Sempre tenho calafrios quando leio conselhos do tipo: "Ligue para o seu

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banco ou para a biblioteca e peça a algum empregado que consulte o preço de um carro usado na National Automobile Dealers Association ou no Blue Book." Primeiro, eu não iria querer calcar uma decisão de alguns milhares de dólares no que me dissessem caixas de banco ou bibliotecários. Eles podem não saber fazer ajustes segundo a condição ou a quilometragem e, se souberem, duvido que queiram perder tempo fazendo isso.

Outro modo de avaliar carros é via Internet. Trabalhe sempre sob a perspectiva do atacado e aumente um pouco o preço se encontrar o carro certo. Sim, nos Estados Unidos, mesmo que seja de Hardscrabble, você pode comprar um carro no atacado. Procure em www.KBB.com, Kelly Blue Book. Use a seção que dá o valor de troca para o revendedor. Pode não ser tão rigoroso ou preciso quanto o Black Book, da Hearst Publications, que a maioria das revendas norte-americanas usa, mas é bem próximo e um guia bem útil. O Black Book é uma média do valor que os carros alcançam nos leilões somente para revendas de determinada região. Sou assinante do Black Book. É caro (105 dólares por ano, em 2004) e trata de carros de até cinco anos. Recentemente usei o Black Book para apreçar um Camry de dois anos de idade. Na maioria dos casos, os relatórios de valor de troca do www.KBB.com estavam em sincronia com o Black Book. Pelo menos estavam bem próximos. O valor de troca do Kelly Blue Book na Internet parece bem preciso agora mesmo. Isso pode mudar, mas, atualmente, dos poucos locais virtuais onde se obtêm os valores de troca, é o que está mais alinhado com as informações que a maioria das revendas compra da Hearst Publications, tais como o Black Book. Prefiro o guia de preços realista ao otimista, que é inatingível na venda e alto demais na compra.

Cor de burro quando foge

Avaliar bem é parte arte, parte ciência empírica. Por exemplo, entre dois carros com igual quilometragem e no mesmo estado, o carro de melhor cor vale um pouco mais. Qual é a melhor cor? A que você

quer? Talvez, se pretende ficar com o carro para sempre. Em nossa área, o

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carro marrom ou verde-claro é indesejável. Uma vez comprei por um preço baixo um Lincoln Town Car marrom-chocolate e depois ninguém o queria — tive de ficar com ele mais tempo do que havia planejado. No país inteiro, quais são as melhores cores? A principal, em geral, é a branca, apenas recentemente desbancada pelo prateado. Vermelho, branco e azul são sempre benquistos. As cores da moda (azul-turquesa, roxo, verde-limão) são sempre arriscadas. Talvez você esteja se perguntando: Cor? Ele está brincando? Pense. Se você não liga para a cor, ofereça um preço baixo por um carro marrom. O vendedor talvez aceite, pois os carros dessa cor são menos procurados do que, digamos, os brancos.

Lembro-me de uma venda de imóvel em que o advogado estava vendendo o proverbial carro da velhinha, com apenas alguns milhares de quilômetros, por um preço razoável. Muita gente procurava o carro, mas ninguém fazia proposta por ele. Por quê? Era verde-pálido. Se me lembro direito da matemática, o carro tinha um valor de mercado atacadista de mais ou menos 7 mil dólares, mas depois de algum tempo foi vendido por 5.200 dólares. Se fosse de uma destas cores:

1 prata, 4. azul, 2. branco, 5. preto, 3. vermelho, 6. cinza,

teria sido vendido por 6.500 dólares ao meu amigo que me falou a respeito dele. Nem sempre podemos escolher a cor dos carros usados. Se você vai comprar um carro novo, pense um pouco na venda.

Deprecie-me, amor

Um bom aspecto no comércio de automóveis é a uniformidade, que muitos mercados não têm. É mais difícil pôr preço em uma casa em Ypsilanti, Michigan, do que em um Honda Accord 2001. Devemos nos preocupar com o quanto o carro se deprecia? Se você vai trocar ou vender daqui a alguns anos, a depreciação será grande. Mas, repito, a questão tem dois lados. Todo golpe tem um possível contragolpe, não tem? Detesto a depreciação quando vendo, mas adoro quando compro. Se vai comprar um carro com três anos de uso, talvez prefira o Chrysler Sebring Sedan, de 6.700 dólares, ao Honda Accord LX, de 11.300 dólares,

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com o mesmo tempo de uso, quilometragem e no mesmo estado. É claro que gosto mais do Honda, mas a pergunta a fazer é: "Dados os meus atuais objetivos financeiros, gosto mais do Accord a 4.600 dólares mais do que o Sebring?" Sim, sr. Honda, somos amigos, mas nossa amizade vale 4.600 dólares?

A questão pode ser: "Será que 6.700 dólares cabem no orçamento em que 11.300 dólares não cabem?" Não é comum ver gente que olha pela janela preocupada com o valor da depreciação do carro, pelo menos gente normal. Recapitulando: a depreciação só nos atinge quando vendemos. Provavelmente, não vai afetar o funcionamento diário do veículo. Carros são mercadorias a serem usadas e vendidas. A argumentação sobre qual é o melhor carro tem muitos lados. Os sapatos Florsheim duram mais que os sapatos Thom McAn? São uma compra melhor? Depende das circunstâncias. Se tiver de fazer um empréstimo para comprar os Florsheims, talvez no decorrer dos anos a compra mais inteligente seja dois pares de Thom McAn.

A maneira mais rápida de aprender a respeito da velocidade de depreciação dos carros é sentar-se com uma xícara de café e um manual de leasing. Uma noite perto da lareira com um desses manuais vai fazê-lo perguntar por que alguém compraria um carro novo. Até os sagrados Camry e Accord caem quase 50 por cento em três anos. Veja os valores residuais de diversos carros no final de leasings de dois, três, quatro e cinco anos. São projeções, portanto é sobrenatural seu poder de prever o valor do carro no atacado quando chegar o momento. Além de pagar toda a depreciação ao fazer um leasing, você também aceitou antecipadamente vender o carro de volta à empresa de leasing pelo preço de atacado. Não estou recomendando o leasing — a finali-dade deste capítulo é explicar como os carros, camionetes e utilitários se depreciam.

Existe um manual de leasing chamado Automotive Lease Guide. Muitos bancos publicam seus próprios manuais, que costumam basear-se em estimativas dessa fonte central. Se você conhece alguém que venda e faça leasing de carros, essa pessoa deve estar disposta a ceder-lhe um exemplar antigo.

Quanto por mês? Não são 23 mil dólares. São 489 mensais

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Acho que muita gente, se tivesse poupado a quantia necessária para comprar à vista o carro que supõe querer, ao chegar a hora de comprá-lo, preferiria ficar com o dinheiro a realizar a compra. Não tenho pesquisa para sustentar essa hipótese, mas toneladas de dados demonstram que os consumidores gastam muito mais quando compram a crédito. Os representantes de vendas dos serviços de cartão de crédito costumam dizer aos donos de restaurantes que os fregueses gastam até 40 por cento mais quando podem pagar com cartão de crédito. Mesmo que os 40 por cento sejam a exceção, não a regra, uma coisa é certa: em geral, muitos gastam mais quando não convertem o preço a uma despesa real em dinheiro.

Vale lembrar o Capítulo 1 ("As conseqüências das dívidas"), em que digo: "O crédito permite que nossas emoções passem a perna na matemática — esticando nossas compras para um futuro distante e reduzindo o custo imediato' a um punhado de dólares por mês." Se permitirmos ao vendedor ou a nós mesmos definir a nossa decisão como uma decisão de 489 dólares, e não de 23 mil dólares, estaremos nos deixando enganar. Na pior das hipóteses, devíamos ao menos perguntar: "Será que comprometer quase 6 mil dólares por ano ($489 x 12 = $5.868) para transportes se encaixa no meu plano geral? Naturalmente, não ter um plano facilita descartar essa preocupação. Se você ganha 50 mil dólares por ano, isso significa mais ou menos 14 por cento de sua renda, depois de recolhidos os impostos. Nesses 14 por cento ao ano nem estão inclusos GPO (gasolina, pneus e óleo), seguro, ou dados de pelúcia para pendurar no retrovisor. Alguns telefonemas rápidos para o agente de seguros podem informar se o carro que você vai comprar tem custos de reparos altos demais, o que encarece o seguro.

Sem entrada

As revendas de automóveis orgulham-se de anunciar o crédito "sem entrada" como vantagem, e não como o prejuízo que costuma ser. Os 4I vendedores são treinados para vender em prestações mensais. Infe-lizmente, muita gente cai nessa. Os vendedores são treinados para ridicularizar as objeções. Por conseguinte, dizem-nos que o Aardvark 3000 de luxo custa apenas 23 dólares por mês a mais — e não 1.500 dólares a mais — que o Aardvark 2000. Comprar sem entrada é mau negócio? Não. Não é bom nem mau. O preço geral do carro define se ele é bom ou ruim.

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O crédito sem entrada é uma função do financiamento — não valor. Tem pouco a ver com o negócio do carro em si. É difícil para a maioria manter os dois separados, mas, se você não o fizer, vai cair na cilada clássica da venda de carros: esquece o preço e se concentra nas prestações. É exatamente isso que o revendedor quer de você.

Financiamento pré -aprovado e emoções pré -gastas

A melhor maneira de manter o preço e a prestação separados é conferir se estão totalmente isolados. Se precisa financiar um carro, combine o financiamento com antecedência com o banco ou com as financeiras locais. Pesquise quanto pagará pelo carro antes de chegar à revenda. Isso é o que chamo de emoções pré-gastas. Fantasie tudo o que tiver de fantasiar sobre o carro antes de ir comprá-lo. Isso lhe dará tempo para perceber que é apenas mais um carro e para lembrar que suas metas financeiras são mais importantes do que um carro. Se não pré-gastar as suas emoções antes de chegar ao revendedor, pode reagir a uma contraproposta ou concordar com algo que não lhe convenha. Livre das emoções (ou pelo menos com elas sob controle), você pode entrar com segurança no campo de batalha da compra do carro. Poucos amadores saem ilesos. A maioria das contusões e escoriações ocorre porque o comprador acha que precisa comprar logo, quer comprar logo e fica hipnotizado com a idéia de um carro novinho em folha. Você tem, porém, a arma definitiva. Nancy Reagan ensinou: "Diga não!"

Faça a proposta, seja educado, mas esteja pronto para ir embora. Se não conseguir resolver a situação, diga: "Avise-me se as condições mudarem?' Então, levante-se e retire-se. O vendedor vai levantar-se, detê-lo e fazer a

choradeira típica: "Não estamos obtendo lucro algum' "É o melhor que podemos fazer'; "Estou tentando ajudá-lo", "Você não vai conseguir nada melhor em lugar nenhum': Ele o encaminha, esperando que

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as correntes de ouro e o perfume da próxima pessoa a atendê-lo, em geral um gerente, acabem com a sua irracional resistência ao preço.

Onde nos arriscamos a gastar 35 por cento ao ano em algo que não seja um carro? Quer um carro novo, uma camionete nova ou, para o politicamente insensível, talvez um utilitário? Posso conseguir-lhe um por apenas 35 por cento ao ano. É isso que algumas pessoas pagam por um carro novo ou uma camionete nova. Se procurar os valores residuais nos manuais de leasing, verá que muitos se depreciam ou perdem de 50 a 55 por cento do valor em dois anos. Temos uma grande revendedora de automóveis em Columbus que sempre anuncia um modelo popular do ano por 10.900 dólares. Esse carro tem pouco mais de um ano. Está anunciado por uns 20 mil dólares, novo, e você pode comprar um novo por um preço entre 15.900 e 17 mil dólares, pois os descontos flutuam em alguns meses.

Então, como chegamos aos 35 por cento ao ano em custo? Basta adicionar uma depreciação de 25 por cento no primeiro ano e um custo de financiamento entre nove e 10 por cento.*

Sem juros — Não estou interessado

E esses empréstimos sem juros? Na maioria dos casos, não estou interessado. Não são um bom negócio? Talvez — em quase todos os casos, ainda pagamos a taxa de mercado. Se a taxa atual para qualquer pessoa for uns nove por cento, é mais ou menos isso que você vai pagar de qualquer jeito. Se aceitar o financiamento especial sem juros, não terá abatimento algum. Esses incentivos de vendas são escolha de um ou outro — ninguém tem ambos. A oferta típica é obter de 2 mil a 4 mil dólares de desconto, ou financiamento sem juros. Você vai perceber que o preço de financiamento sem juros já sai da fábrica. É importante lembrar, no tocante aos empréstimos sem juros, que os juros não-pagos estão inclusos no preço do veículo.

Tenho um exemplo: Zeca Devedor vai à revendedora local para comprar um Meta Lesma XL2. O preço do carro é 23.484 dólares. Zeca

* No Brasil, para essa modalidade de financiamento, os juros variam de três a cinco por cento ao mês. (N. do R. T)

pode optar entre um desconto de 3 mil dólares ou um empréstimo de 48 meses sem juros.

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Número Juros Valor Total do de meses (N) das prestações empréstimo

48 6,9% $489,57 $20.484 48 0% $489,25 $23.484

Nesse caso, talvez seja melhor Zeca pegar um empréstimo em financeiras ou no banco a 6,9 por cento. Se for um carro que se deva comprar, já são outros quinhentos. Com um pouco de pesquisa, você vai encontrar quase todos os Meta Lesmas de dois anos de uso por uns 12.900 dólares. Quero que deixe de lado as belas palavras sem juros e veja que está, de fato, pagando pelo privilégio de contar aos amigos que fez um daqueles ótimos "negócios" sem juros.

Quando lhe oferecem negócios sem juros, geralmente convém aceitar o desconto no lugar do financiamento especial. Mas, em cada caso, faça as contas e pese as vantagens. Pense em comprar um carro da mesma marca com dois anos de uso. Caso esteja se concentrando nas prestações, vamos ver o que aconteceria se você liquidasse antecipadamente. No pagamento antecipado, o grande vencedor é o fabricante/ financiador, pois o preço do financiamento de 48 ou 60 meses está incluso no preço do veículo. Se você liquidar antecipadamente, a empresa ganha juros sobre o empréstimo inteiro. Se acha que pode liquidar ou trocar a carroça antes do fim do empréstimo, talvez seja melhor fazer um empréstimo com juros simples, lembrando-se que já começa com menos 2 mil a 4 mil dólares.

Já vi oferecerem um grande desconto ou financiamento especial e, então, no calor do momento, o consumidor se esquece de negociar o preço. Sejam quais forem os descontos ou outras ofertas, a margem de elevação do preço do carro continua igual. É comum ficarmos tão felizes com um abatimento de 2 mil dólares que não pedimos desconto algum no veículo. No caso específico em que estou pensando, o veículo tinha um acréscimo adicional de 2.600 dólares, dos quais uma grande parte estaria à disposição para se transformar em desconto se o comprador pedisse. Não pediu.

O Corvette de 8 mi lhões de dólares

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— Sherman, programe a máquina do tempo para Columbus, Ohio, 1982. — Puxa, sr. Peabody, pra onde vamos?

— Sherman, vamos para a terra dos Conselhos Dados, porém Raramente Aproveitados. Em fins de 2003, visitei um amigo financeiramente bem-sucedido chamado Dan. Ele perguntou como ia o manuscrito de Dívida boa, dívida ruim. Enquanto conversávamos sobre o livro, ele me perguntou se certos assuntos estavam no livro. Para a maioria respondi afirmativamente. Dan disse: "A única coisa que você disse num seminário há mais de 20 anos e que nunca consegui esquecer foi a história do Corvette de 8 milhões de dólares?' Ele, então, repetiu minhas palavras, fazendo-me desejar ter estado lá como platéia, não como palestrante. Eis os três pontos do seminário que Dan recordou:

1 . N ã o c o m p r a r b e n s q u e s e d e p r e c i e m . 2 . Não comer as sementes que você tem para plantar. (Dan é de Ross

County, Ohio, e, com isso, quer dizer capital.) 3. Não se esqueça do valor futuro e da história do Corvette de 8 milhões de

dólares.

Obviamente, usei como exemplo a história de quanto um Corvette de 23 mil dólares (em 1982) custaria para uma pessoa de 22 anos aos 65 anos em termos de custo de oportunidades. Na verdade, copiei um exemplo que Jimmy Napier usara um pouco antes, naquele mesmo ano. Usei, então, as atuais hipóteses que parecem incríveis se comparadas às taxas de juros do mercado atual. Mas, naquela época (1982), era possível ganhar 14 por cento só por depositar o dinheiro no banco. Assim, quem investia em papéis do mercado imobiliário ganhava mais de 20 por cento.

É fato que estou arrancando uma verdade dificílima de se obter. Como sabe a maioria dos políticos, se você torturar os números o suficiente, eles confessam qualquer coisa. Mas continue me acompanhando, por favor. Vamos supor que você pudesse investir 23 mil dólares de seu capital e ganhar 13,79 por cento durante 43 anos consecutivos sem retirar nada. É verdade que você chegaria a ter mais de 8 milhões de dólares. Foi esse o exemplo do qual meu amigo Dan nunca se esqueceu.

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O objetivo deste capítulo é garantir que você tome decisões conscientes no tocante às despesas com o carro. Suas despesas com carro ou transporte o aproximam ou afastam de seus objetivos? Poupar 250 ou 500 dólares por mês em despesas com o carro pode não ser muito empolgante no início, porém, depois de acumular uma boa poupança, você verá o seu patrimônio líquido crescer mensalmente nos investimentos que faz. Repito que a parte importante é começar e ater-se ao plano.

Tomaram a decisão de ver o patrimônio crescer, em vez de mudar o cenário da garagem a cada um ou dois anos.

Depois do seminário, Dan e a mulher, Tracy, fizeram algo sem precedentes. Conferiram as contas e entraram em ação — ou, neste caso, inação. Não mais se permitiram deixar-se seduzir emocionalmente por carros novos. Tomaram a decisão de ver o patrimônio crescer, em vez de mudar o cenário da garagem a cada um ou dois anos. Embora hoje sejam capazes de comprar qualquer carro que queiram, continuam a preferir carros ou camionetes de dois anos de uso. Quando assistir ao patrimônio líquido crescer tornou-se mais agradável do que alimentar a compulsão de comprar bugigangas consumistas, o resto ficou fácil. A história deles é bem compatível com aquelas dos casais pesquisados por Thomas Stanley e William Danko em The Millionaire Next Door e em The Millionaire Mind, de Stanley.

Ao fazer seu acompanhamento e suas tabulações mensais, você decide se vai acrescentar ao lado positivo do balancete ou verá (como

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fazem os norte-americanos em geral) quase 5 mil dólares por ano serem consumidos em sua taxa de consumo.

Pontos a ponderar

• Compre um carro mais barato e fique mais tempo com ele. Invista a diferença.

• Pesquise antes de entrar no campo de batalha das revendas e dos proprietários particulares. Se não sabe o que está fazendo, peça ajuda a uma pessoa objetiva sem interesse na venda.

• Nos Estados Unidos, os carros se depreciam, em média, 250 dólares por mês. Esses são os 250 dólares que podem fazer a diferença entre ração para gato e caviar na aposentadoria.

• Deixe o orgulho de lado. Trata-se do seu futuro. • Aprenda a "dizer não!" • Não se permita seduzir emocionalmente pelos carros novos. Tome a decisão

de observar o seu patrimônio líquido crescer, em vez de mudar a paisagem da garagem a cada um ou dois anos.

• Os carros são mercadorias a serem usadas, não são investimentos.

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registros detalhados pode custar-lhe dinheiro. Essa é urna verdade irrefutável. Já me custou muito tempo diversas vezes. Quando se trata de manter registros contábeis, minha ficha é tão limpa quanto o esgoto. Napoleon Hill, ao escrever sobre o fracasso em seu livro de 1928 Chaves para o sucesso (Record, 1994), diz: "A derrota sempre nos fala numa `linguagem muda' que não entendemos. Se isso não fosse verdade, não cometeríamos os mesmos erros tantas vezes sem lucrar com as lições que podem nos ensinar. Se isso não fosse verdade, observaríamos melhor os erros que os outros cometem e lucraríamos com eles."

Ao deparar-se com o fracasso, você vai imediatamente à fonte do problema ou, como tanta gente diz: "Não era a minha hora'; "Sou um azarado" ou "Ah, da próxima vez eu me saio melhor"? Em geral, levamos em conta todos os motivos possíveis para o fracasso, menos nossos próprios atos. Enquanto escrevo, ocorre-me quantas vezes, embora meu objetivo declarado fosse excepcional, escolhi o método mais comum — principalmente no tocante à contabilidade.

Rastreamento de dívidas boas e ruins Quantas vezes você ficou empolgado com a idéia de manter registros contábeis? Por mim, posso responder com sinceridade: quase nunca. Já teve a sensação de que a sua felicidade não passa de momentos furtivos entre ciclos de vencimento de contas? Se quiser fazer durante 10 anos o que a maioria das pessoas jamais fará, poderá fazer pelo resto da vida tudo o que quiser. Sempre me refiro à contabilidade como rastreamento e tabulação. Se você rastreia e tabula as despesas, logo saberá para onde todo o seu dinheiro vai. Ademais, não precisará tornar-se contador judicial todo ano quando chegar a hora de lidar com a sua sócia, a Receita Federal. Mais um motivo para acompanhar suas despesas com dívidas boas e ruins é observar o aumento de receita nos investimentos que dependem dás dívidas boas. Por exemplo, se tem uma casa alugada e ela tem um empréstimo de 75 mil dólares, todo. mês você registra o fluxo de caixa do imóvel, e o pagamento principal é acrescentado a seu patrimônio líquido. Pelo contrário, se tiver um

monte de dívidas ruins, verá o resultado delas e começará a reduzi-las.

A verdade que descobri é que a manutenção minuciosa da

contabilidade aumenta sua capacidade

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criativa, em vez de diminuí-la.

Até recentemente, sempre entendi que o témpo que se leva para manter registros pormenorizados e planos organizados acabaria com meus processos criativos de raciocínio. Sempre julguei muito mais merecedores de tempo minha criatividade de raciocínio e redação do que a contabilidade.

A verdade que descobri é que a manutenção minuciosa da contabilidade aumenta sua capacidade criativa, em vez de diminuí-la. Como isso é possível? Porque, com registros minuciosos, você valida o planejamento e os prognósticos. Uma dose de realidade pode ser um remédio amargo, mas sem ela só construímos castelos no céu (ou no papel).

Imagino que para muita gente esta conversa sobre contabilidade pareça elementar demais. Mas garanto que grande parte da população não faz idéia do destino de toda a sua renda. Ouço diariamente: "Onde vai parar meu dinheiro?" Decerto, quem pergunta quer que pareça apenas uma pergunta retórica. É provável que jamais apreenda a resposta.

A contabilidade descuidada pode custar muito caro a pessoas físicas e jurídicas. O preço pode ter a forma de não solicitar uma dedução no imposto de renda, pagar uma taxa com atraso ou perder uma oportunidade por não saber qual é o seu status financeiro, ou por pura frustração. Assim, a contabilidade pode significar mais do que rastrear o dinheiro. Recentemente, estive à procura de um terreno para revender e não achei. Além de provocar atraso, isso me fez perder a venda.

Manutenção minuciosa dos registros?

Qual é o nível de detalhamento de que você precisa nos registros contábeis? Depende. Recomendo precisão total; cada pecadilho gera um pecado ainda maior. Os pecados de omissão levam a pecados de comissão. Você também não verá problemas a caminho — os pe-

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maioria acaba descobrindo que gastou muito mais do que os 50 dólares no tempo que levou confeccionando-a e isso é só o estágio de preparação. Se está propenso a adorar o computador, vai achar interessante baixar todos os extratos de conta de sua instituição financeira. O programa Quicken assinala automaticamente os cheques que foram descontados.

Uso do Quicken

Recomendo um programa chamado Quicken Home and Business. Leia tudo sobre ele em www.quicken.com. É um site ótimo, com muitos links valiosos. Quando falei desse programa para um conhecido outro dia, ele disse: "Ah, é, Quicken, o talão de cheques eletrônico."

Sim, se você só quiser isso. Mas o programa faz muito mais. O comentário do "talão de cheques" me fez lembrar de um velho comercial

de rádio em que um sujeito devolve uma serra elétrica à loja onde a comprou. Diz ao balconista:

— Quando comprei esta serra, você me prometeu que cortaria 15 árvores por dia! Por mais que eu tente, só consigo cortar duas! O balconista diz:

— Vamos dar urna olhadinha. Ele puxa a corda algumas vezes e a serra começa a roncar. Por cima do

ruído do motor, o cliente grita: — Que barulho é esse? Muita gente, assim como o cliente da serra elétrica, pode simplesmente não

conhecer todas as capacidades de um programa como o Quicken. Se quiser aumentar sua produção de duas para 15 árvores por dia, compre o Quicken, ou outro programa semelhante.

O caminho que estou prestes a recomendar me fez pensar na charge do início deste capítulo, do homem jogando uma moeda no chapéu do deficiente profissional. (Se você nasceu antes de 1970, trata-se de um vagabundo. Deficiente profissional é simplesmente o nome politicamente correto.)

Comece a usar o Quicken e, em poucos meses, você terá um bom acompanhamento do destino de cada centavo do seu dinheiro. Se acha que é exagero, pense em uma pequena goteira no porão. Não, nada de adolescente morando ali, mas uma goteirinha em um cano de água

que pode provocar uma despesa extra de centenas de dólares depois de um

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ano. A manutenção ineficiente de registros é como esse cano furado. Pode manter-se pingando e drená-lo lentamente, ou o cano pode estourar e lhe custar caro. Como estaria a sua saúde se você tivesse uma pequena hemorragia interna? Não estaria muito saudável, certo? O mesmo acontece com o dinheiro.

Contratar um contador?

Mesmo que contrate alguém para fazer a sua contabilidade, você ainda vai precisar fornecer-lhe registros precisos. Em muitos aspectos, é igual a pedir a alguém que o ajude a assoar o nariz — você ainda precisa fazer a maior parte do trabalho e é responsável por qualquer eventualidade. Eu contrataria alguém para fazer uma contabilidade séria e prestar serviços de consultoria fiscal, é claro. Mas é melhor que você mesmo faça a parte da contabilidade pessoal de que estou falando. No futuro talvez convenha contratar alguém para fazer o trivial e braçal, em especial para a sua empresa. Tomara, porém, que essas técnicas se tornem hábitos eternos para você, pelo menos no tocante ao acompanhamento de sua contabilidade pessoal.

Isso é inovação para mim, eu não acho que você poderia delegar os detalhes pessoais a qualquer pessoa com facilidade. Aliás, só leva alguns minutos por dia manter o registro atualizado depois que você configura o sistema. No futuro, você poderá delegar e conduzir aquilo que sabe fazer. Imagino que o treinador que já foi jogador será melhor do que alguém que só leu um livro sobre futebol.

Quando contei a um amigo que estava trabalhando no capítulo sobre contabilidade do meu livro, ele sorriu e disse: "Isso não é o mesmo que mandar um canibal escrever um livro sobre culinária?"

Eu ri porque tanto era verdade quanto engraçado. Eu não podia brindar o leitor com histórias de ferimentos auto-infligidos nem pagamentos excessivos e outros desperdícios só por causa dos meus registros ruins. No hall da fama da contabilidade, sou o maior pecador. O bom é que a salvação da contabilidade existe para todos que quiserem se confessar, arrepender-se, aceitar a responsabilidade e esforçar-se em administrar os registros. Amém. Não quero saber

Talvez você pertença à categoria de pessoas que preferem não saber onde estão

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A melhor maneira de ter uma perspectiva, ou pelo menos evitar aquela sensação de afogamento, como quando você vê seu cunhado e família estacionarem em frente à sua casa sem avisar, é pôr tudo no papel. O Quicken oferece um controle apropriado. Se puser tudo no Quicken, você poderá gerar relatórios e até uns gráficos tipo pizza bem legais para mostrar para onde o seu dinheiro foi. Sei que muitos de vocês estão dizendo "Adoro esses gráficos pizza", não estão? Sem bons registros na auditoria ou no planejamento financeiro, você vai passar por um déjà-vu ao contrário. Dirá a si mesmo: "Nunca vi nada disso."

Se precisa mesmo de um quebra-gelo, ponha um gráfico de pizza do Quicken sorrateiramente diante de sua mulher e mostre que ela gastou 11,4 por cento a mais no salão de beleza até o momento, este ano, do que durante o mesmo período no ano passado, sem um aumento correspondente na beleza (espere para falar depois do jantar, a não ser que esteja sem fome).

Muito bem, vamos falar de corno isso pode ser simples. E não esqueça que está lendo o texto de um sujeito que achava que ler seus registros pessoais era igual a fazer excursão pelos esgotos dentro de um barco com fundo de vidro. Isso vai exigir de sua parte o compromisso de algumas horas para configurar tudo no início e, então, invariavelmente, 20 minutos ou menos por dia. Eu disse invariavelmente?

Não, faça o favor, não minta para si mesmo Você pode passar 20 minutos por dia com isso? Não ouvi a resposta. Não rosne. Pense consigo mesmo: "Claro." E continue lendo. Faça uma pausa e pense. Não é tão fácil quanto parece. Pense nesse compromisso com seriedade, com mais do que a solenidade reservada apenas para as resoluções de Ano-novo. Por falar nisso, o que está fazendo com elas? Faz ginástica 15 minutos por dia, todo dia? Se faz, ótimo. Quando me dá vontade de fazer ginástica, fico deitado até a vontade passar.

Portanto, se for apenas um "Vou tentar fazer isso", está perdendo 0 seu tempo. O Demônio das Dívidas adora ouvir "Vou tentar", porque sabe que a vítima não está convicta. "Vou tentar" significa "Não vou

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fazer". Brian Tracy diz: "Vou tentar' é fracasso antecipado." A mente procura o diálogo interior verdadeiro, não palavras vãs. Sem compromisso, não pode haver cura.

Como eu já disse em alguns capítulos, o segredo é aprender a disciplina.

O plano de Dan

Recomendo o método de contabilidade do meu amigo Dan. Ele recolhe os recibos todo dia e, na manhã seguinte (por ser uma pessoa matinal), ele se senta e, num período de cinco a 10 minutos, faz todo esse trabalho de registro (na verdade, usa o programa Microsoft Money). Você poderia fazer isso à noite — o importante é criar o hábito. É mais fácil agir assim quando se tem uma programação constante. Talvez você consiga ler os e-mails, apagar spam, abrir o Quicken, digitar os recibos e baixar o extrato do banco em 20 minutos ou menos. Isto é, naturalmente, depois de se ter empenhado na configuração dos arquivos no início. Se você for especialista em Quicken, eu adoraria saber como usa o programa. No mínimo, colecione seus recibos em uma caixa de sapato e contabilize-os antes de ir a qualquer lugar no dia de folga. Descubra um sistema que funcione para você. Poucos têm a disciplina que o meu amigo Dan tem.

Eu não escreveria sobre isso lhe atribuindo tanta importância (e tem), mas, se puder ligar para Dan agora, ele pode procurar saber quanto gastou com fotocópias na Kinko em julho de 1996. Fiz alguns negócios imobiliários com Dan no decorrer dos anos e sempre peço que ele faça a contabilidade. Quando acertamos as contas (vendemos o imóvel), ele me fornece um relatório com todos os itens, desde o estacionamento no Fórum até a última fotocópia de sete centavos. Devo estar exagerando um pouco, mas é preciso que você adote essa idéia.

Use o plano de Dan e em 30 dias você terá um panorama perfeito do destino de seu dinheiro. Entre 90 e 180 dias, todas as grandes despesas trimestrais já devem ter passado por um ciclo. Se seguir este plano durante um ano, conseguirá usar os seus relatórios para elaborar orçamentos e prever despesas.

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Por que isso é tão importante? Porque a maioria ganha muito di- nheiro, mas o envia — voluntariamente ou não — para os lugares errados. Com registros precisos, você será mais poderoso, pois terá as informações à mão.

Se você ganha 48 mil dólares por ano e consegue investir 5 mil dóla- res por ano, está muito melhor do que o dr. Cheio da Grana, que ganha 273 mil dólares por ano e não poupa nem investe nada. A questão não é quanto a gente ganha, mas com quanto faz algo sensato. Riqueza não é renda: é acumulação e investimento.

Vôo visual em um mundo de vôo por instrumentos

Não esqueça seu objetivo. Por que chegou tão longe? Terá sido para implantar o seu projeto ou contentar-se com a mediocridade? O Demônio das Dívidas já deve estar cochichando no seu ouvido: "Você não quer ser contador, né?"

Garanto-lhe que é um esforço que vale a pena. Sem uma boa contabilidade, você pilota sem ponto fixo de referência. Sem um ponto fixo de referência, você está igual àquele sujeito em um avião pequeno que nunca sabe se o altímetro está correto. Se não sabe a quantos pés está do nível do mar e o terreno à sua frente é mais alto... bem, já deu para entender, não? Contudo, muita gente voa diariamente sem instrumentos. Voar segundo as regras do vôo visual é ótimo quando o céu está limpo e é possível ver todo o terreno.

Quem usa o Quicken ou programa semelhante pode ter o melhor de ambos os mundos. Vôo visual e vôo por instrumentos para dar-lhe apoio. A neblina financeira poderá chegar depressa!

O pior que se pode fazer é pilotar segundo as regras do vôo visual em tempo de vôo por instrumentos. Pegue os instrumentos: o Quicken ou um produto semelhante de manutenção de registros.

F u n d o d e r e s e r v a o u s e n s a ç ã o d e n a u f r á g i o ?

Outra área que podemos rastrear na contabilidade é a das despesas previstas. No setor imobiliário nós a chamamos de fundo de reserva. É bem simples: se você sabe que é preciso pagar uma despesa de 300 dólares a cada seis meses, já reserva 50 dólares por mês prevendo o pagamento. Tenho um amigo que, embora não pague prestações de carro, tem um fundo de reserva para trocar de carro quando chegar a hora. Nesse ínterim, o

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investimento do carro (fora a depreciação maciça) não custa, mas rende.

Orçamentos

Não sou lá grande fã de orçamentos escravizantes. Conheço muitos autores que nem em sonho aconselhariam a não preparar um orçamento. Não comece com o orçamento; comece com uma tabulação real de quanto está gastando. Você vai precisar de um orçamento para prever despesas prováveis, mas são suas metas e seus desejos que mantêm os gastos na linha. Você conhece as despesas grandes: aluguel ou hipoteca, transporte, seguro etc. O problema talvez esteja no vazamento dos trocados. É fácil dilapidar de 300 dólares a 600 dólares ou I.000 dólares por mês em coisinhas insignificantes. Esses números se baseiam em apenas 10 a 34 dólares por dia. Quer seja em dinheiro vivo ou no fiado, essas despesas se acumulam se você estiver procurando dinheiro para aposentadoria ou algum projeto especial. Ao que chamo de vazamento de trocados, David Bach, autor de Finish Rich, chama de Latte Factor ("Fator Cafezinho"): dinheiro que você acaba de gastar, mas a respeito do qual não pensa. Pode chegar a uma fortuna ao longo do tempo, conforme expliquei no Capítulo 6 ("E se você não morrer?").

Quando tiver alguns meses de despesas no sistema de contabilidade, automaticamente terá um orçamento. Pode não ser bom, mas será um orçamento de verdade, e não um orçamento relativo à situação em que você acredita encontrar-se. Com ele, você conseguirá ver onde pode melhorar. Se fizer uma tabulação de 90 dias dos gastos reais e examinar o total, conseguirá criar, com isso, um orçamento viável. Trabalhar com os gastos reais é menos frustrante do que trabalhar com o que você acha que deve gastar. Acho que é mais fácil curvar-se no ponto onde você está do que fazer uma mudança total. Se tiver um plano de gastos e poupança, todo o resto vem a reboque.

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A César...

Enquanto estamos no tema da contabilidade, podemos também falar do próximo requisito: os impostos. Conforme Jesus disse: "A César o que é de César." Sim, você tem de manter registros, e com o Quicken Home and Business você já tem quase todo o trabalho pronto e pode transferir diretamente para o TurboTax.* Uso o TurboTax desde o início da década de 1990. Na verdade, comecei com MacInTax, a versão desse programa para o Macintosh.

Costumo entregar os resultados a um contador profissional para revisão. Isso o ajuda a adiantar o serviço e, geralmente, ele concorda com as conclusões do TurboTax. Aliás, ele cobra honorários mais baixos pelo trabalho que, de fato, realiza.

Como usar o TurboTax

Se você nunca usou esse programa, ele vai entrevistá-lo (isto é, fazer perguntas). No início, faz as perguntas mais elementares: nome, número da carteira de seguridade social etc. Ele simplesmente coleta as informações e as dispõe nos campos corretos dos formulários do imposto de renda. Mais tarde, ele pergunta se você teve algum imóvel alugado naquele ano, se pagou creche e se tem uma pequena empresa.

Ele até trabalha com alguns dos itens mais esotéricos da declaração de renda, como os créditos para compra de combustível. Quando registra o esquema de depreciação de uma camionete, o TurboTax pergunta se ela pesa mais de 2,7 toneladas (peso bruto). A pergunta sobre o peso da camionete decide se você pode deduzir 22 mil dólares ou mais naquele ano, ou uma fração desse valor. Talvez essa parte da legislação fiscal tenha ajudado a aumentar a popularidade dos utilitários grandes. Se você for dono de uma empresa, o utilitário grande pode parecer muito bom quando você deduz 20 mil dólares do preço na renda bruta, em especial quando a dedução de carro comum só alcança poucos milhares de dólares. Não quero dizer que um utilitário caro seja uma boa idéia para você. Eu não recomenda-

* Programa de declaração de imposto de renda disponível nos Estados Unidos. (N. do T)

ria a compra de um veículo caro para evitar impostos, principalmente se você tiver de fazer dívidas para adquirir o veículo. As prestações, decerto,

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duram mais do que a vantagem da economia fiscal. Não esqueça, por favor, que os veículos usados recebem o mesmo tratamento fiscal que os novos.

O TurboTax é eficientíssimo com alguns dos formulários meio complicados, como os de depreciação. Você digita a resposta ou o número e, sem resmungar, o TurboTax faz o serviço.

Todo ano, meu amigo Dave leva a declaração de renda a um contador profissional, que reúne todos os dados dele e entrega a um empregado para fazer o quê? Adivinhou: digitar os dados na versão profissional do TurboTax.

Quem é o responsável? Você ou seu contador?

Se você preencher as quadrículas corretamente, o TurboTax é mais constante e preciso do que o mastigador de lápis que eu costumava contratar. E tenho uma novidade para você: seja qual for o nome — mesmo que seja sr. Contador Espetacular — escrito no fim de sua declaração, se houver auditoria, será você o espremido na Receita Federal, não seu contador.

Tive um daqueles contadores do tipo "Nós lhe daremos uma mãozinha em caso de auditoria". Caí na malha fina. O que aconteceu? Como todo bom político, ele até me deu duas mãos — uma na porta e outra na minha carteira. As letrinhas pequenas dizem que os contadores lutam por você, com o seu dinheiro. Talvez não sejam todos assim, mas essa foi a minha experiência.

Se tiver um bom relacionamento com o seu contador, conserve-o. Caso contrário, vai precisar criar. Não seja ingênuo de pensar que um programa barato de computador vai substituir a orientação de um contador experiente. Pelo menos com o Quicken você terá os dados à mão, o que já economiza horas caras do contador.

Você terá uma sensação de realização ao ver que todas as suas finanças foram rastreadas. É você quem decide se vai usar o sistema que recomendo aqui. Depois de longo período de tentativa e erro, recomendo o que considero realista para a maioria.

Tenho amigos que mantêm todos os registros em caixas de sapatos, em livros-razão e em vários outros lugares. A charge do Ben, da

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página 210, mostra como imaginei o sistema de armazenagem dele no porão. O avô ensinou-lhe a jamais jogar coisas fora. O sistema parece funcionar para Ben e me deu a idéia da charge, mas parece um pouco inadequado para mim.

Não vai durar

Lembro-me de ter achado que o pregador pneumático usado na construção civil era só moda. Agora todos o usam. Além de aumentar a produtividade, também faz algumas coisas impossíveis de fazer manualmente. Por exemplo, se for pregar algo novo em uma parede com o pregador pneumático, os pregos entram rapidamente, sem abalar os pregos já presentes na parede. Se o fizer à moda antiga — bater os pregos com um martelo —, provavelmente danificará o reboco. O mesmo acontece com os aplicativos de computador em comparação com os antigos métodos. Além de serem mais rápidos e mais precisos, com programas do tipo do Quicken podemos gerar relatórios e comparações que jamais conceberíamos manualmente.

SYSTEM: Save Yourself Time, Energy, and Money Se

ainda não me entendeu, arranje algum tipo de sistema. Sempre dizem que a palavra inglesa "system" é o acrônimo para "save yourself time, energy, and money" [poupe seu tempo, sua energia e seu dinheiro]. Essa idéia teve origem no livro de Mark Victor Hansen e Robert Allen O milionário em um minuto (Ediouro, 2004) e no programa de mesmo nome. Todos deviam ter um "system" (sistema). Seja qual for o seu sistema, confira se ele registra tudo, até a moedinha que você jogou no chapéu do mendigo.

Pontos a ponderar

• Registrar é melhor que especular para saber onde foi parar o dinheiro. • Configure um sistema para captar todos os seus gastos. • Você tem um sócio, a Receita Federal. Conte com a presença dele e planeje o evento anual. • Talvez você se surpreenda ao ver o quanto gasta com refeições para viagem ou em muitas outras áreas aparentemente insignificantes. • Crie um fundo de reserva para as despesas que se repetem, sejam

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elas trimestrais, semestrais ou anuais. • Só com uma contabilidade minuciosa é possível aumentar e controlar com segurança o patrimônio líquido e o fluxo de caixa. • Rastrear e tabular são essenciais para a avaliação do patrimônio, conforme vimos no Capítulo 6 ("E se você não morrer?"). • Seu desejo essencial de ser bem-sucedido vai durar mais do que qualquer orçamento ou lista de metas que você elaborar. Quando souber a razão, como e o que o "êxito" vai significar para você, essa será a sua ferramenta mais poderosa. A sua razão deve ser maior do que o seu "como':

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Capítulo Dez

Com quem você se casou? Com a principal dívida boa — talvez

Lição de 10 segundos: "Escolha a filha de uma boa mãe."

THOMAS FULLER

Os homens se vêem como os maridos que sabemos que podemos ser. As mulheres nos

vêem como os maridos que realmente somos. JON HANSON

As primeiras "dívidas ruins" do casamento quase sempre são a cerimônia e a recepção.

É uma temeridade fazer empréstimo para se casar. JON HANSON

"O casamento pode construir ou destruir toda a sua vida. Pode erguê-lo ou derrubá-lo. Pode enobrecer cada aspecto do caráter ou transformá-lo num fracasso constrangedor. É um erro perigoso que tão pou- cos homens ou mulheres recebam algum tipo de instrução correta sobre os

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problemas da vida conjugal:' Assim escreveu Bernarr MacFadden em seu livro de 1937 Be Married and Like It. Pode-se dizer que o casamento imita um trecho de Dickens com probabilidades iguais de tornar-se o período mais feliz ou o mais infeliz. O casamento e as finanças pessoais requerem pesquisa considerável, premeditação e planejamento.

Amor, casamento e finanças são áreas de alta carga emocional na vida. Quase sempre começam pela sedução. Se conseguir manter-se firme durante uma tempestade emocional e tomar suas decisões amorosas, conjugais e monetárias enquanto estiver amarrado à razão, podem ser enormes os benefícios a longo prazo. Quem larga a corda e se entrega somente à emoção logo se surpreende perdido e sem o auxílio da razão — e sem corda que o guie de volta para a realidade. O bom matrimônio enriquece sua vida, mais ou menos como a dívida boa. Um casamento imprudente, mais ou menos como as dívidas ruins, pode drenar suas emoções diariamente. Assim como é possível melhorar sua declaração de rendimentos, também se pode fazer o mesmo com o balancete do casamento. O casamento tem preço tanto em tempo quanto em recursos. O bom casamento gera um retorno dinâmico, com mais benefícios do que despesas. O bom casamento é a dívida boa de mais altos retornos.

Há mais de 150 anos, Henry Taylor escreveu em Notes from Life: "E o casamento, sendo a aposta mais alta deste lado do túmulo, parece estranho que os homens tenham tanta pressa na escolha de uma esposa, como às vezes acontece." Se existe uma área da vida que exige idéias claras, sóbrias e bom senso, é esta. Já ouviu homens e mulheres arrependidos da escolha conjugal que fizeram? Algumas pessoas agem como se não tivessem opção nesse setor, como se os cônjuges fossem impostos pelo governo. Meu pai costumava dizer: "Disseram-nos no Exército que se o Tio Sam quisesse que tivéssemos mulher, teria distribuído." Não está claro se as mulheres distribuídas pelo governo elevariam o índice de divórcios acima do nível atual. Atualmente, 50 por cento dos casamentos terminam em divórcio — os outros 50 por cento terminam em morte.

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1 Atualmente, 50 por cento

dos casamentos terminam em divórcio — os outros 50 por cento

terminam em morte.

Quanto ao meu casamento, 21 anos é muito tempo para acumular arrependimentos — e não consigo me lembrar de nenhum. Eu e Nita nos casamos em 2 de julho de 1983. Alguma vez penso em outra mulher? É claro que sim. Estou casado — não morto. Quando vejo uma fêmea maravilhosa passar, eu reparo, mas nunca imagino a minha vida sem Nita. Digo com sinceridade à minha mulher, Nita: "Gosto mais quando estou perto de você." Sou um daqueles poucos que se casaram com a mulher-troféu da juventude.

O comediante e filósofo Alan King certa vez disse: "Se quiser ler sobre amor e casamento, terá de comprar dois livros."

Benjamin Franklin disse: "Os bobos correm para aquelas pessoas com quem os anjos temem casar-se." E também há um velho ditado: "O amor é uma ilusão facilmente curada pelo casamento."

Alistair Begg diz: "Todo homem deve ter uma mulher, pelo menos para mantê-lo humilde." Se não conseguir encontrar amor no casamento, você sofreu uma lobotomia ou nunca se casou.

A pessoa com que nos casamos influi muito no nosso futuro financeiro. Ouço todos os casados resmungarem "Com certeza!'; e não só pelos motivos mais óbvios. Sim, o casamento é mais do que considerações financeiras, mas os problemas financeiros podem ser uma nuvem negra que paira sobre a maioria dos casais. O modo de marido e mulher tratarem as finanças não é o único teste de caráter do casamento — mas é um teste bem prático.

É como Samuel Smiles disse com elegância em Character: "O caráter moral do homem sofre forte influência da mulher.""Uma natureza inferior o arrasta para baixo, ao passo que uma natureza superior o eleva:'

O ser humano pode deixar-se cegar pelo amor, pela atração física mais elementar, pela família ou pelos amigos, ou por qualquer número de influências perniciosas, e tomar a decisão emocional de se casar com uma pessoa que não faz nada certo. E, com um pouco de sarcasmo, acrescento que existem pessoas, tanto homens quanto mulheres, que não são nada honestas no início do relacionamento.

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Infidelidade financeira

Os conselheiros matrimoniais nos dizem que a causa principal de conflitos no casamento — mais ainda do que os problemas de personalidade e simpatia — são as finanças. Segundo uma estatística muito citada, 80 por cento dos divórcios são conseqüência direta de dificuldades financeiras. O egoísmo e a falta de disposição para o adiamento do consumo são a raiz da maioria dos problemas financeiros conjugais. E como se o dinheiro já gasto não fosse o suficiente para provocar discussões, acrescente urna boa pilha de dívidas!

As dívidas, junto com os maus hábitos de consumo, podem concentrar o casamento na infidelidade financeira com lembretes mensais (contas) de suas indiscrições num momento em que você e seu cônjuge deviam crescer e planejar o futuro. Se não tiver um plano de consumo em execução, é bem provável que você ou seu amado cônjuge dêem uma escapadela para uma rapidinha financeira envolvendo o dinheiro reservado para a poupança ou mesmo para as necessidades básicas. Depois de destruída a confiança, quase sempre o outro cônjuge aumenta o problema retaliando com mais gastos. Se Maria Devedor compra um tapete novo para o corredor, por que Zeca Devedor não poderia comprar o conjunto de ferramentas DeWalt de 18 volts sem fio? Ponha na conta, por favor.

Reze, planeje e aja

Se você já se casou e está batalhando, o que deve fazer? Se acha que precisa mudar a direção do casamento, talvez seja difícil. É preciso que ambas as partes concordem com a mudança. Não quero dizer que cada um deve concordar com o fato de que o outro precisa mudar. Talvez você possa tornar-se um cônjuge crescidinho (mais maduro) e tomar a atitude de boa-fé da mudança positiva sozinho, a princípio. Se tiver fé, reze. Caso contrário, planeje. Na minha opinião, é melhor combinar as duas coisas. Tanto à prece quanto ao planejamento, contudo, é preciso acrescentar ação.

Se você não for casado e quiser casar-se, torne-se um estudioso do casamento. Que história é essa de "Dá muito trabalho"? Não esqueça

que 85 por cento da satisfação que você conhecerá na vida provêm das relações com outras pessoas, e o segredo é o relacionamento com o seu cônjuge.

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Eu jamais recomendaria investimento em imóveis sem estudo e pesquisa minuciosos, nem recomendaria o casamento sem estudo minucioso e investigação criteriosa. Quando faltam bondade, alegria e verdadeiro amor no casamento, não há sucesso financeiro que compense essa falta. Muita gente acha, equivocadamente, que coisas trazem felicidade. Não trazem. Pode experimentar; eu espero. Também precisei descobrir por conta própria. É possível ter de tudo no mundo das finanças e, ainda assim, ser infeliz no casamento?

Escola de pilotos

Tente pilotar um avião. Serão necessários meses, talvez anos de instrução, teórica e prática, além de aptidão matemática e talento para pilotar o avião em diversas situações. Atualmente, para se casar, só é preciso pagar a taxa do cartório e ter disposição. A facilidade de se casar me lembra o jovem que diz ao avô:

— Vô, tô meio a fim de casar. E o avô responde: — Vai em frente, filho, basta metade da vontade mesmo.

Um mais um é igual a um (1+1=1)

Ao contrário da contabilidade, no casamento falo do ponto de vista do sucesso duradouro. Não estou dizendo que o cônjuge em potencial seja incapaz de ser diferente dos pais, mas é dificílimo ser exceção a essa regra. "Escolha a filha de uma boa mãe" é um conselho do século XIX que não se deve ignorar! No casamento, dois se tornam um. No casamento cristão tradicional, os dois se tornam um em Cristo (isto é, no pensamento semelhante ao do Cristo). Sejam cristãos ou não, a analogia de dois que se tornam um significa duas pessoas completamente distintas que compartilham um só objetivo — não apenas um cérebro.

A analogia de dois que se tornam um significa duas pessoas completamente

distintas que comparti lham um só objetivo — não apenas um cérebro.

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Folheando o meu diário, descobri: "Se você não ama a sua provável futura sogra, por que vai querer se casar com a filha dela?" Isso não quer dizer que deva ter uma disposição inapropriada com relação à sua sogra — ou ao seu sogro. Isso quer dizer que devemos procurar nos possíveis sogros os atributos que queremos encontrar na noiva ou no noivo. É bem provável que esses atributos se dupliquem no seu cônjuge. Afinal, você não está disposto a enxertar na sua árvore um broto da árvore dos pais? Diga sim. Este conselho é válido principalmente se você quiser ter filhos.

Você pode conquistar o coração do futuro cônjuge, mas é improvável que anule os anos de criação e os hábitos da família dele. Se a família educou bem, então essa educação funciona a seu favor. Presumo que haja algumas pessoas que vivam independentes da sombra da criação que receberam — mas são raríssimas. Neste ponto, preciso parafrasear a velha máxima dos imóveis: o imóvel vazio é um prazer quando comparado a um mau inquilino. A lição pode ser a seguinte: ser solteiro (imóvel vazio) é um prazer quando comparado a mau casamento.

Casou-se com um potencial?

Tenho uma mulher e tanto. Mais de uma pessoa já se perguntou, em voz alta, por que a Nita se casou comigo. Não me ofendo — atribuo às preces, ao planejamento e à ação. Acho que isso sublinha a sábia escolha que fiz. Eu costumava brincar, dizendo que Nita se casou comigo pelo meu potencial. Mas não é por esse motivo que os casais deviam escolher um ao outro — pelo potencial? Dizemos que nos casamos pelo companheirismo ou pelo amor, o que é verdade, mas também nos casamos porque acreditamos que o casamento acrescentará algo à nossa vida. Na minha mulher, encontrei meu amor eterno e minha mais entusiasmada defensora. Sem minha mulher, Nita, você não estaria lendo estas palavras.

A lista

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Há algo mais que se possa fazer para ter clareza antes de encontrar a Princesa Lindona ou o Príncipe Encantado? Sim! Você deve fazer o mesmo com todas as decisões importantes: passar para o papel, clarear as idéias. Depois de passar para o papel aquilo que pretende fazer, você tem uma descrição tangível do desejo. Não parece muito romântico, não é? Quando resolvi que queria me casar, peguei meu bloco de rascunho e registrei 26 atributos que eu queria muito encontrar numa esposa. Alguns leitores podem pensar: "Puxa, esse cara andou lendo muitos desses malditos livros de pensamento positivo!" Foi durante essa embriaguez de auto-ajuda, ou quase superdose, que fui descansar no café de sempre e conheci minha futura esposa.

Acho que foi no primeiro encontro, porém não depois do segundo, que peguei o meu bloco de rascunho e anunciei:

— Isto pode parecer mais entrevista de emprego do que namoro, mas você se incomodaria se eu fizesse umas perguntas?

Já perceberam que, quando estamos totalmente concentrados num objetivo, nenhuma pergunta parece louca demais? Nita disse:

— Não tem problema. Ela respondeu a todas as perguntas de maneira satisfatória e eu percebi que

havia encontrado a minha garota. E nos casamos oito meses depois. Faz muito tempo que perdi aquele bloquinho, mas, no tocante às listas de compras, foi a melhor que fiz.

Eu falava da minha lista de casamento durante os seminários imobiliários de meados da década de 1980, enfatizando a importância de uma lista dessas para a compra de imóveis. Invariavelmente, algumas pessoas se aproximavam depois e pediam uma cópia da minha lista de casamento. Acho que eu podia ter vendido mais exemplares daquela lista de casamento do que vendi dos meus dois primeiros livros imobiliários, de edição própria: Selling Sellers e Buying Bankless.

Antes de fazer o possível para me lembrar do teor da lista, devo dizer que o pessoal costumava cair na gargalhada e dizer "Fala sério!" quando eu contava essa história. Por quê? Bem, ela é incomum. Tendo aprendido que, se você sempre fizer coisas comuns terá uma vida comum — e não procurando uma vida comum nem uma mulher comum resolvi revelar a minha lista.

No início deste capítulo, escrevi que o casamento é uma das áreas da vida que contém uma elevada carga emocional. Também se pode aplicar a teoria fundamental do Capítulo 2 ("Refém emocional"), a Teoria Newton-Hanson: "Em transações financeiras [maritais], todas as emoções desenfreadas surtem

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sobre o bom senso um efeito anestésico igual ou contrário." Conforme aprendemos ao longo de Dívida boa, dívida ruim, uma das principais maneiras de frear ou deter as emoções perigosas é aprisioná-las no papel. O primeiro passo para transformar uma idéia em objeto concreto e útil é captá-la no papel.

Minha lista de casamento

Eis uma lista parcial daquilo que conversei com Nita. Eliminei alguns dos itens de menor importância e o tempo apagou outros. Ofereço minha lista à guisa de ilustração. O que é importante para mim pode ter pouca ou nenhuma importância na sua lista. Talvez, depois de ler este livro, você queira conversar sobre taxa de consumo, adiamento do prazer de consumo e aposentadoria. Se você vai se casar e não está pensando em 40 ou 50 anos adiante, vai cometer um grande erro. Ao analisar esta lista, não se concentre no que quer — concentre-se nos aspectos sem os quais não pode viver. Não é uma lista de desejos. É uma lista de condições essenciais e coisas obrigatórias.

AMOSTRA DE LISTA DE CASAMENTO

1. Consumo adiado. Está disposta a viver temporariamente com menos para ter mais no futuro?

2. Casas, carros etc. Vamos trocar de casa, carro e outras coisas ra-pidamente, se for lucrativo para o nosso plano de longo prazo. Não podemos nos ligar emocionalmente a objetos (fui o primeiro a transgredir esta regra).

3. Religião. Eu queria um casamento cristão. Atualização: eu não sabia o que estava pedindo. Isso foi mais difícil para mim do que para Nita. Ela foi criada na igreja; eu, não.

4. Dar apoio aos sonhos um do outro, mesmo que evoluam. Isso tem sido duro. Costumo achar que meus sonhos são mais importantes do que os de Nita. Na verdade, depois de 20 anos, eu e

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Nita estamos nos aproximando rapidamente dos nossos maiores objetivos. Para Nita, é a faculdade de direito; para mim, é escrever, dar palestras e promover meus livros.

5. Adiar filhos — talvez eternamente. Atualização: meus dois excelentes filhos são uma bênção e eu não os trocaria por nada no mundo. No início, eu havia resolvido não ter filhos. A maioria das crianças que conheci, inclusive eu, não serviam de estímulo à reprodução.

6. Estudar ininterruptamente, a vida inteira. Dedicaríamos parte dos nossos recursos à educação e aos seminários. Isso parece pouco no esquema geral, mas, quer seja seminário sobre casamento, imóveis ou editoração, o compromisso com o eterno aprendizado mudou nossa vida de maneira impressionante.

7. Envolvimento com a Igreja. Eu era muito pobre nesse quesito até chegarem as crianças. Mais uma vez, a fundamentação e as pro-messas que fiz no início foram vencidas.

8. Independência. Caminhar na direção contrária à multidão, como se ela não viesse na sua direção. Nadar contra a maré requer uma maturidade tranqüila. Perdi o rumo nisso durante alguns anos e acabei morando no bairro certo e acompanhando um grupo de referência imaginário.

9. Tempo sozinho. Esse foi um pedido pessoal. Preciso de algumas horas por dia para escrever e planejar no meu diário. Faço isso melhor sozinho. Eu queria saber se a minha mulher não se ofenderia com isso. Minha vida melhora muito quando tenho tempo para pensar sobre o papel.

10. Planejar uma reunião de cúpula pelo menos uma vez por ano. Isso, em geral, significa que eu e Nita vamos para um bom hotel (mesmo que seja local), jantamos bem e revemos nossos planos. Neste item também é fácil pisar na bola.

Mas eles parecem tão legais

O bom senso não é... bem... o material de construção comum usado no início da maioria dos namoros. Muitos jovens se lembram de lustrar os sapatos, passar o terno e usar um bom perfume, contudo não espanam o bom senso para ostentar. "Vendo" o que desejam, dão pouca importância à filosofia de vida. Podemos todos pensar em alguém que é um belo "frasco", mas estragado por dentro de um modo ou de outro.

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mesa, fitar os tempo para os nos poupar da "Filosofias amento não é Espera-se que e a Deus. Mas anceiro é ser

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É melhor saber logo de saída se vocês têm filosofias e objetivos totalmente diferentes? Se estiver casado com alguém que tem uma filosofia de vida totalmente incompatível, sacuda a cabeça e diga sim! Se concordamos que a sua filosofia de vida provém do total de tudo o que você sabe — concentrar-se no que pensa é importante o suficiente para orientá-lo —, então precisa concordar que filosofias em conflito podem provocar grande discórdia no casamento. E se um cônjuge tiver uma filosofia festeira e a outra pessoa tiver uma filosofia de família? Afora as festas de família, não se encontram muito, não é?

Muita gente inicia um namoro e tem medo de ofender por ser autêntica. É improvável reprimir o verdadeiro eu por muito tempo, portanto aconselho a libertá-lo logo. Consegue imaginar todo o tempo e dinheiro que economizaríamos se fôssemos nós mesmos no primeiro encontro? Já imaginou como seria maior o número de pessoas solteiras?

Por que esperar até descobrir que não suportam um ao outro? Tenho um amigo solteiro que diz: "Se houver discórdia, solte a corda!" Ele pode ficar eternamente solteiro, pois foge antes de mostrar qualquer lista. Há também um casal conhecido que está casado há anos. Eles têm dois filhos e resolveram discordar em... bem... quase tudo. Reduziram as discussões a apenas uma briga: quem está mais decepcionado. Depois de uma noite com esses dois, tenho certeza de que um duelo com pistolas seria algo mais humanitário.

Entreouvido:

Joe: Espero que daqui a 20 anos minha mulher seja a mesma que é hoje. George: Isso é irracional! Joe: Isso é o que ela é hoje!

Recém-casado: Ah, o amor é mil! Divorciado: É, uns 100 mil!

Eis mais uma lição de 10 segundos:

Quando namoram, homens e mulheres se exibem na vitrine, onde tudo é uma beleza. A venda é realizada e tudo está ótimo, até surgir

algum problema de manutenção ou garantia. Quase sempre descobrimos, então, que o departamento de vendas prometeu demais e o departamento de atendimento ao cliente não honra as promessas do vendedor. Talvez devêssemos perguntar logo no início: "Honrarei a garantia do que

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vendo?" JON HANSON

Já que é inevitável haver mudanças, é importante conferir se a pessoa pretendida tem um caráter sólido e filosofia compatível. Se o alicerce estiver rachado, ou nem existir, tudo o que você construir vai desmoronar.

Melhorias?

Se você é aquele eterno otimista que acredita poder casar-se com alguém e transformá-lo no cônjuge perfeito, não perca seu tempo. Não estou insinuando que ninguém mude; eu já mudei muito. O que estou dizendo é que só muda quem quer mudar. Toda mudança está sujeita à vontade humana educada pelo passado. Muitas vezes, mesmo aqueles que querem mudar serão governados pelo passado e pelo ego. Poucos cedem totalmente à vontade do outro, e não convém casar-se com alguém assim. Procure a pessoa certa primeiro — uma pessoa estruturalmente sadia. Guarde a idéia de "reforma" para casas, carros, empresas etc. Os relacionamentos ruins, principalmente os que precisam de reforma, trazem muita bagagem, e você pode levar anos para desfazer as malas.

Toda mudança está sujeita à vontade humana educada

pelo passado.

Se a pessoa pretendida se ofender quando você mostrar a lista, então é mais do que provável que vá se ofender com o consumo adiado, que era um dos primeiros itens da minha lista (a sua lista pode ser diferente). Embora uma jovem jamais tenha me apresentado uma lista, eu não

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eliminaria a possibilidade de uma mulher fazê-lo. Eu gostaria que a minha filha tivesse uma lista assim se o cavalheiro adequado não aparecesse naturalmente. Talvez, com mais tato do que eu tive aos 26 anos, você possa descobrir as respostas às suas perguntas em poucos dias. O foco do tipo laser que usei pode não funcionar bem com todas as personalidades.

O casamento bem-sucedido não é só encontrar o parceiro impecável, mas encontrar um parceiro supercompatível e perdoar um ao outro impecavelmente enquanto dão seguimento ao plano que criaram para a sua vida. Onde houver amor verdadeiro, as pequenas gentilezas o preservam e aumentam.

Pegue as pedras grandes primeiro

A idéia das "pedras grandes" provém de um sermão que ouvi há alguns anos. Pediram a um professor que apresentasse uma ilustração para um amigo que fazia palestras sobre administração do tempo. O professor leu o livro do amigo sobre administração do tempo e ofereceu-lhe a seguinte ilustração, a qual apresentou à classe.

professor diz aos alunos: — Vou pegar este jarro e começar a enchê-lo. Vocês me avisam quando

estiver cheio. professor pega pedras bem grandes e enfia numa jarra de vidro. Enche

até a borda e pergunta: — Está cheio? Alguns alunos dizem que sim, mas a maioria diz que está cheio de pedras

grandes. O professor, então, pega um punhado de cascalho e derrama sobre as pedras grandes. O cascalho penetra entre as pedras e ele, então, pergunta:

— Está cheio? Todos os alunos dizem: — Sim, está cheio. Então, o professor derrama um pouco de areia fina, que lentamente

contorna as pedras e o cascalho. O jarro parece completamente cheio. O professor pergunta:

— Agora está cheio? Todos respondem, mais uma vez: — Sim, agora está cheio mesmo.

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O professor, então, pega uma jarra d'água e derrama sobre a areia, o cascalho e as pedras grandes. O recipiente absorve toda a jarra d'água. Ele pergunta:

— Agora está cheio? Todos concordam que agora está cheio! Até que o professor diz: — Sim, está cheinho. Então, o professor pergunta: — Se isto fosse uma ilustração de como funciona a administração de

tempo, qual seria a moral da ilustração? Um aluno logo levanta a mão e diz: — Por mais cheia que esteja a sua vida, sempre dá para espremer um

pouquinho mais? O professor cai na gargalhada e diz:

— Não, a moral desta ilustração é que, se você não puser as pedras grandes primeiro, jamais conseguirá colocá-las.

É por isso que chamo de pedras grandes os itens da minha lista de casamento. As pedras grandes são o alicerce de sua filosofia. São as coisas importantes para você, em geral itens morais. Se os negociar, provavelmente terá dificuldades no casamento. Não pense no que gostaria de ter — pense naquilo sem o que não pode viver.

Minha parábola das pedras grandes

O casamento, assim como a casa ou qualquer estrutura permanente, precisa de um alicerce forte. Quanto mais profundo e largo for o alicerce, mais alto pode subir com segurança o casamento. O alicerce do casamento é uma fusão da filosofia de ambos os cônjuges. Vamos supor que cada uma de nossas filosofias seja uma pedra grande. É melhor inserir as pedras grandes antes de toda a areia, o cascalho e a chuva da vida cotidiana chegarem inundando tudo. Pode-se dizer que a areia, o cascalho e a chuva são as preocupações cotidianas. Elas podem conter coisas que pessoas de fora do casamento também lhe peçam. Antes de deixar o seu jarro se encher com essas preocupações, confira se você e seu cônjuge já colocaram as pedras grandes no jarro.

Se você não organizou as suas pedras grandes antes de se casar, não é

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impossível voltar e inseri-las, mas será preciso cavar muito e tapar buracos. Observação: você terá de pôr de lado todas as coisas menores para poder inserir as pedras grandes. Se escolheu as pedras grandes erradas, terá de escavar muito ou talvez até explodir — se você e seu cônjuge ao menos concordarem que as pedras grandes devem entrar no jarro. A lista simples que eu tinha antes do casamento ajudou a mim e Nita no tocante às pedras grandes.

Alguns casais simplesmente se afastam do prédio onde moram e começam a construir outro alicerce com novos parceiros de construção. Conheço alguns "empreiteiros" que ainda estão pagando os honorários de serviços de construção aos ex-sócios. Vemos por toda parte os resultados de prédios (casamentos) incompletos.

Calcule as pedras grandes antes de enviar os convites do noivado; desenhem as plantas juntos; consulte outros construtores de casamentos bem-sucedidos, um arquiteto matrimonial, um clérigo, ou outros profissionais, conforme necessário, observe outros lugares com obras bem-sucedidas (famílias funcionais); depois construa o alicerce fundo, largo, firme, nivelado e verdadeiro.

Confissões verdadeiras Como me tornei tão esperto em relação ao casamento com 26 anos? Cometendo muitos erros antes. Já que vou acabar tendo de contar aos meus filhos que me casei e me divorciei aos 18 anos (sete longos antes de conhecer a mãe deles), imagino que este é um bom momento para isso. Aos 18 anos, passei um total de 351 dias casado. Ela era uma garota de 18 anos charmosa e atraente. Com a vantagem da retrospectiva, sei que ambos éramos muito imaturos. Minha primeira esposa era uma consumista compulsiva e seu maior objetivo na vida era se divertir. Não tivemos filhos e nossa separação foi amigável. Acho que não a vejo há uns 25 anos.

Embora tivesse muitas qualidades maravilhosas, fracassamos no casamento porque não concordamos no tocante às pedras grandes. De fato, eu não tinha uma teoria acerca das pedras grandes aos 18 anos. Com base no meu entendimento atual do casamento, não posso falar mal da minha ex-mulher.

1 Divórcio

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O velho ditado "Onde come um, comem dois" talvez seja verdadeiro — até que o casal tente viver em casas separadas. Poucas coisas são tão arrasadoras financeiramente quanto o divórcio, principalmente quando há filhos envolvidos. Do ponto de vista estritamente financeiro, o divórcio costuma ser uma jogada ruim. Consigo pensar em exemplos nos quais alguém se afasta de um cônjuge infiel, um jogador inveterado, ou um ébrio, e talvez projetar esses benefícios para alguns anos após o divórcio pode ser a única opção realista.

Em razão da minha falta de atenção, gosto do que o dr. Phil disse quando lhe perguntaram "Quando se deve pedir divórcio?': O dr. Phil respondeu: "Quando tiver trabalhado toda a sua raiva, frustração e mágoa." Puxa! Isso pode demorar, certo? Fiquei tão impressionado com a resposta do dr. Phil porque foi nesse ponto que cheguei aos 18 anos antes de concordar com a dissolução do casamento. Anteriormente, eu sentia muita raiva, frustração e mágoa.

Não tive orientação especial, mas soube que a certa altura toda a raiva, frustração e mágoa passaram. Quando concordamos com o divórcio, para mim não foi mais emocional do que comprar um aparador de grama. Não quero subestimar a importância nem os sentimentos da minha ex-mulher, mas não sei mesmo dizer como ela se sentiu. Parece que ambos tivemos vidas melhores depois que nos separamos.

Sei que vários sujeitos que se divorciam jamais encontram paz nem alegria porque têm assuntos não-resolvidos com as ex-mulheres. Não sei responder pelas mulheres, mas, por inferência, presumo que o mesmo acontece com elas. Quando nutrimos ódio ou ressentimentos, as conseqüências são semelhantes às das dívidas ruins: você sente perda de liberdade, de tempo e de oportunidades — talvez até perda de fluxo de caixa —, então podem ser todas as quatro conseqüências das dívidas. A questão é que o ódio é um balde de água fria sobre toda a sua vida. Sabemos que perdoar é divino, contudo fazer o antagonista sofrer é mais divertido. Mas o divertimento é raso e insatisfatório — precisamos per-doar e esquecer. Um dos melhores livros sobre como administrar raiva, frustração e mágoa é O poder do perdão (Novo Paradigma, 2002), do dr. Fred Luskin. Mesmo que não seja um problema que você esteja enfrentando, pode dar-lhe uma idéia de como lidar com outrem.

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indesejáveis resultam de má educação ou do ambiente onde vivemos. É esquisito encontrar uma seção sobre filhos em um livro sobre dívidas, não é? E o leitor já deve estar pensando que vou tagarelar sobre o que gastar ou não gastar com os filhos. Não. Isso já foi feito e continua a ser feito.

O problema do mar de

genes é que não há salva-vidas!

Devemos nos preocupar é com os hábitos que transmitimos aos filhos. É preciso dar mais atenção a eles do que às minúcias cotidianas do que realmente gastamos. Robert Fulghum disse: "Não se preocupem por seus filhos nunca lhe darem ouvidos — preocupe-se com o fato de que estão sempre observando vocês:'

Se tiver um passado semelhante ao meu, aperfeiçoe-o com uma combinação equilibrada dos três Es: educação, empenho e empreendimento. Não se engane: precisamos de filhos que cresçam e transformem o mundo. Mas, por favor, não tenha filhos se não estiver disposto a educá-los e instruí-los. No fim das contas, isso significa que você terá de estar em contínuo aprendizado. Veja o que ensinamos aos nossos filhos: "Jamais pule uma palavra. Se não a entendeu, vá procurar num dicionário, sem exceção." Eu mesmo ainda faço isso. Era uma regra que eu tinha de usar quando voltei para a escola depois de adulto. Estamos realmente no controle do nosso próprio aprendizado. Alegro-me por ter concluído a faculdade, mas a maior parte do que sei e uso diariamente provém da leitura de 25 a 50 livros de não-ficção por ano. Se ensinar seus filhos a aprender, este será o melhor presente que lhes dará. No Prefácio, falo de como os livros mudaram a minha vida; não é exagero. Minha mulher e eu fomos os primeiros da nossa família a obter o diploma de bacharel, além do ansiado doutorado e diploma de advogado. Os filhos raramente excedem o nível cultural dos pais. Você pode romper com a tendência de sua família ou ajudar seus filhos a romper. Eu não me interessava pelo estudo das ciências humanas até ter filhos para dar o exemplo. Foi uma grande coisa para mim, e o meu filho foi à minha formatura.

O exemplo tem mais recrutas do

que o sistema de raciocínio

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jamais terá.

Tornou-se um esporte popular (eu pratico um pouco) criticar o sistema público de educação nos Estados Unidos. Não obstante, às vezes nós, os pais, não damos ao sistema material suficiente com que trabalhar. A educação vem de berço.

O exemplo tem mais recrutas do que o sistema de raciocínio jamais terá. Pais falidos e confusos costumam criar filhos falidos e confusos. Seus filhos farão o que você faz, mais do que o que você diz. Quando as crianças ouvem os pais conversarem sobre mandar vovô ou vovó para um asilo, os pais estão ensinando aos filhos como lidar com eles anos depois. O mesmo princípio se aplica às finanças.

Papai, somos ricos?

O que você diz quando o seu filho de 10 anos pergunta: "Papai (ou mamãe), somos ricos?" Talvez a próxima pergunta seja: "Por que não?" Você diz: "Planejei fracassar"? ou "Não consegui planejar"? Ou transfere a culpa? "O governo. Os impostos são altos demais!" "Não consegui fazer faculdade." "Nasci numa família pobre." Qualquer combinação de "poderia'; "gostaria'; "deveria" é insuficiente. Você não "deveria ter feito" algo; ou fez ou não cuidou do assunto. Está na hora de encarar sua situação com total clareza — o ponto em que se encontra é o ponto para onde se conduziu.

É fácil arranjar desculpas, mas aquela vozinha dentro da cabeça estará sempre lá. Não o deixará esquecer. Foi você que optou por não fazer faculdade e aceitar um emprego para "quebrar o galho" a fim de comprar um carro novo e um apartamento. Era você que pensava que 100 dólares por mês pela tevê paga era preferível ao fundo de aposentadoria. Na verdade, pode-se dizer que você esteve no controle de si próprio durante todos esses anos. Fale a verdade. Mais importante: seja sincero consigo mesmo. Você não está onde está por causa de suas escolhas e da capacidade ou incapacidade de adiar o prazer de consumo e controlar a sua taxa de consumo? Engraçado, não é? Nós, os pais, não gostamos dessas perguntas porque não nos agradam as respostas. Quando surge a questão, sabemos que já passou tempo suficiente. Devíamos estar muito adiante de onde estamos financeiramente. A verdade é indiscutível.

Acho que a primeira vez que, já adulto, eu caí no choro como um neném

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foi no nascimento do meu primeiro filho. Não porque ele fosse horroroso, mas porque eu estava muito dominado pela responsabilidade iminente e pela idéia de que ele me veria como exemplo. Fiz o que até os ateus devotos fazem quando o aperto no coração é bem forte — fiz uma prece a Deus e comecei a fazer promessas: "Deus, se me ajudar nisso, serei uma pessoa melhor. Irei à igreja. Eu vou...", e a lista prosseguia.

O que é realmente importante na família

Conquistar uma grande fortuna e perder a família em troca é um negócio ruim. Todos nós já vimos gente que dedicou todo o tempo ao trabalho, enquanto a família se afastava cada vez mais. Será que alguém consegue enriquecer o bastante para recomprar o passado? Não. Ninguém. Por dinheiro nenhum. Talvez fosse possível negociar. "Que tal um patrimônio bem adequado e uma família ligeiramente desajustada?" Não, também não era isso que eu pretendia.

Terei mais tempo para as crianças quando for "rico"

Enquanto luta contra os jacarés financeiros, é difícil lembrar por que entrou no brejo. Conheço um homem que é decamilionário e não trocaria o patrimônio dele pelo meu se precisasse ficar com a família dele na troca. O motivo por que assinalo isso é que nossos filhos precisam ver como nos tornamos ricos, em vez de nos ver aparecer um dia depois de desaparecidos por 20 ou 30 anos. As crianças estão sempre observando e ouvindo. Mas não se desespere, tenho outro amigo na mesma faixa de patrimônio e idade que tem excelentes relações familiares. Ambos construíram empresas de sucesso, uma de advocacia e a outra, imobiliária; a diferença era a dedicação e a manutenção dos re-

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lacionamentos familiares. Um tem felicidade; o outro está procurando e perdeu — ambos têm dinheiro.

Dos muitos homens e mulheres que sacrificam a família em troca de êxito financeiro, repito, para salientar, será que algum pode recomprar o passado? Também existe, é claro, o outro lado ignorante dessa questão. Muitos usam a família como desculpa para serem pobres. "Se não fossem meus filhos, minha mulher, minha mãe, meu pai, meu irmão etc... eu seria rico". Na verdade, filhos e família devem ser o maior motivo para o sucesso. Porém, melhor do que entregar aos filhos o futuro, como você o enxerga, ensine a eles as habilidades para que sejam bem-sucedidos por conta própria.

Pontos a ponderar

• Amor, casamento e dinheiro são áreas da vida repletas de carga emocional. Tome as devidas precauções para tomar decisões sábias. Aplique às decisões pelo menos um pouco mais de bom senso do que de emoção.

• Evite a infidelidade financeira trabalhando com um plano de gastos. • Crie e use uma lista de pedras grandes antes de se casar. • O exemplo tem mais recrutas do que o raciocínio jamais terá. Se os pais dão

o exemplo de bons hábitos financeiros, é provável que os filhos os apliquem. Se necessário, seja aquele da família que quebra o molde.

• "Não leve seus filhos aonde você mesmo não vá", disse John Croyle. • O casamento financeiramente saudável incentiva discussões francas acerca

de gastos, poupança, investimento, empréstimo, planejamento fiscal, heranças e até doações de caridade.

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Conclusão

"A paixão custa demais para gastarmos com qualquer ninharia."

THOMAS ADAMS

"O fracasso é o modo de Deus dizer: 'Com licença, você está

indo na direção errada." OPRAH WINFREY

Se pudéssemos construir nossa vida em torno de frases de pára-choque de caminhão, as duas acima seriam um bom começo financeiro. Despendemos grande parte do nosso tempo, empenho e paixão em ninharias. Aplicamos mal os métodos comprovados e, depois, temos a teimosia de concluir que não funcionam. Alguns de nós jogamos o balde velho fora antes de ver se o balde novo é resistente. No réveillon, milhões de norte-americanos procuram um balde novo e resolvem mudar de vida, livrar-se das dívidas, emagrecer ou passar mais tempo com os amigos.

Os conceitos fundamentais de Dívida boa, dívida ruim são fáceis de entender, mas difíceis de aplicar. O que venho me esforçando por demonstrar é que o êxito financeiro é bem simples, e que os atos cotidianos decidem as realidades de amanhã. Há poucas coisas, fora a saúde, que afetam tantas áreas da vida como as finanças. Quem é você financeiramente não define só o local onde você mora, e talvez até quanto tempo mora ali, mas também quantas outras pessoas você pode ajudar na vida. Entender os conceitos de conseqüências das dívidas, administração emocional, taxa de consumo e adiamento do prazer de consumo pode mudar sua vida. Se você entende e aplica esses princípios à sua vida, vai terminar bem adiante da maioria nesta sociedade consumista.

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Comecei o Prefácio dizendo que a idéia de Dívida boa, dívida ruim nasceu da vontade de deixar um registro escrito para os meus filhos. Todos deixamos um legado, bom ou ruim, ou, conforme zombei há alguns dias: "O que ele deixou não foi um legado, foi uma mancha."

Seria difícil acreditar que nos puseram nesta Terra para viver uma vida de dívidas, remorsos e sonhos desfeitos. Contudo, não é difícil acreditar que os outros desejam que vivamos na escravidão ao débito, principalmente se isso lhes der poder sobre a nossa vida ou os enriqueça. O problema é esse. A quem ouvir? Nossa cultura consumista diz: "Compre até cair. Você merece o melhor!"

Parece que muitos seguem o plano consumista, deixando pouco ou nada de herança para a família ou instituições beneficentes. Alguns deixam uma herança de dívidas. Isso é pior do que aquela música dos Temptations: "Papai era um mandrião e quando morreu o que nos deixou foi solidão." Acho que poderíamos trocar a letra para ficar assim: "e quando morreu nos deixou devendo um dinheirão."

Pôr na renda a culpa da falta de poupança é igual a pôr no

casamento a culpa do adultério.

Quando começamos a perceber que estamos muito aquém de onde deveríamos estar e que a aposentadoria não é o que pensávamos, muitos caem na cilada dos planos de enriquecimento rápido. Decerto, algumas pessoas ficam mesmo ricas "rapidamente'; mas, em geral, depois de um longo período de estudos e esforços. É falsa ingenuidade nos imaginar milionários sem ao menos tomar providências para primeiro sermos miliários. Lembremos as palavras de Longfellow: "A maioria teria êxito em coisas pequenas se não estivesse preocupada com grandes ambições." É assim que a maioria de nós falhamos, ignorando as pequenas coisas, os simples deveres diários da vida que são os verdadeiros blocos construtores das nossas ambições maiores.

Então, como devemos nos comportar? Se você culpa as circunstâncias, o governo ou outras pessoas por sua situação financeira, precisa parar. Isso lhe rouba a sua paixão — eu sei! Há alguns anos eu poderia ter escrito um livro inteiro culpando os outros. É fácil pensar: "Se eu tivesse ganho mais dinheiro, teria melhores hábitos de gastos." Pôr na renda a culpa da falta de poupança é igual a pôr no casamento a culpa do

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adultério.

O que fazer é simples; passar 20 anos ou mais fazendo é que é difícil.

Tentei transmitir uma mensagem simples: pense! Pense em como os atos de hoje afetarão o que você poderá fazer no futuro. Seu futuro financeiro não precisa ser um destino vago quando você faz o que sabe ser o certo. O que é certo? Eu diria que é um projeto baseado em sólidos princípios financeiros. É um plano que se pode conferir matematicamente. Se você der tempo ao seu plano para funcionar, juntamente com contribuições relativamente pequenas, ele pode crescer e tornar-se uma grande empreitada. Seja otimista por inclinação e cético por formação. O que fazer é simples; passar 20 anos ou mais fazendo é que é difícil. Talvez você tenha pensado com seus botões: "Vinte anos? Ele está maluco? Não tenho 20 anos para trabalhar, planejar, poupar e investir:' Posso muito bem perguntar: "Então, o que você vai fazer? Se, por eliminação, você não está fazendo o que é certo, não estará fazendo o errado?"

Nós, o júri...

A história de Dívida boa, dívida ruim é, de fato, uma história de administração e temperança. O melhor que podemos transmitir a nossos filhos é o hábito da administração prudente e da temperança financeira. Com administração quero dizer premeditação e planejamento. Com temperança quero dizer uso certo, das coisas certas, nos momentos certos. No que acabo de dizer, defendi a causa da importância de entender as conseqüências das dívidas, o controle das emoções, a taxa de consumo e o adiamento do prazer de consumo. Agora você é o porta-voz do júri; convoque um júri de amigos, principalmente os seus amigos financeiramente resolvidos, para discutir esses itens. Você, então, dá o veredicto.

A idéia de Dívida boa, dívida ruim é que nem toda dívida é obrigatoriamente ruim, assim como nem todos os carboidratos fazem mal. Li

alguns dos livros que pregam a abstinência total de dívidas. E esse é, provavelmente, um programa nada mau para muita gente. É, decerto, melhor

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do que se embriagar com dívidas de consumo. Já que não se trata de sexo entre adolescentes, sou favorável a um programa um pouco mais liberal do que a abstinência total!

A idéia de pegar algo historicamente considerado ruim e chamá-lo de bom é mais do que um ângulo de marketing. O uso adequado das dívidas pode ser bom. Elas podem ser instrumentos, embora não menos perigosas do que um potente revólver, e o uso judicioso das dívidas pode gerar riqueza. Você só precisa ler algumas biografias de grandes homens, ou parar para pensar um pouco na finalidade da Bolsa de Valores, para ver as conseqüências das dívidas boas (e, lamentavelmente, das dívidas ruins). Invista, é claro, na Bolsa de Valores, se for instruído no assunto. Mas, se investir na Bolsa, faça-o depois de se livrar das dívidas ruins ou de qualquer dívida que não se sustente. Ler jornais especializados todos os dias à procura de bons investimentos estando carregado de dívidas ruins é como ansiar por sal quando se está morrendo de sede. O bom investimento é livrar-se das dívidas ruins.

Estão sempre me perguntando: "Será que existe mesmo dívida boa?" Um bom argumentador lógico dirá que a existência de algo é prova indiscutível de sua viabilidade. O segredo das dívidas boas ou ruins é, de fato, uma questão de garantia ou seguro. Warren Buffett usa a filosofia das "dívidas boas" há anos. Compra por preços abaixo dos preços de mercado ou não compra — trata-se de investimento de valor, nada mais, nada menos. Se o que você deve pode facilmente pagar a si mesmo ao ser vendido, ou oxalá com o fluxo de caixa que produz, então é dívida boa. Sempre que a dívida for usada por cobiça, impaciência ou a fim de aparentar riqueza, raramente se torna uma bênção. Embora a cobiça e a impaciência possam ser atendidas de vez em quando, a dívida empregada para nos fazer parecer o que não somos é sempre dívida ruim, e geralmente tem conseqüências muito acima dos juros pagos.

Ler jornais especializados todos os dias à procura de bons investimentos

estando carregado de dívidas ruins é como ansiar por sal quando

está morrendo de sede. O sucesso não é totalmente representado por imóveis, ações e títulos, ou

dinheiro. Além do capital financeiro, precisamos aumentar nosso capital intelectual e espiritual. Já escreveram, e continuarão escrevendo, um grande número de livros sobre riqueza e sucesso. Esses são temas perenes e, mesmo que comparativamente poucas pessoas venham a tornar-se ricas, há poucos

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segredos sobre corno fazê-lo. William Matthews, em Getting On in the World, escreveu: "A essência da sabedoria do mundo inteiro acerca disso [ganhar dinheiro] se concentra em alguns provérbios. Trabalhar com afinco, melhorar as pequenas oportunidades, economizar, evitar dívidas, são as regras gerais em que se resume a experiência acumulada ao longo dos séculos, e os escritores mais sagazes pouco acrescentaram a elas."

Por associação, o livro sobre como evitar dívidas, ou pelo menos como evitar a maioria das dívidas, versa sobre ser bem-sucedido. Quanto menos sobrecarregados estivermos, mais livres nos tornamos, e a liberdade é a única coisa que a riqueza pode mesmo comprar. Parece que vendemos o cérebro ou os músculos no mercado, mas o que vendemos mesmo é parte da nossa humanidade — nosso tempo restante neste planeta. A realidade do mundo é que precisamos de dinheiro para embarcar no trem e tomar Coca-Cola.

Foi pura alegria pesquisar e escrever este livro. Sinceramente, tem sido muito divertido chamar de trabalho o que tenho feito. Ainda estou aprendendo. Ainda tenho muito a aprender. Se o leitor desejar, poderá visitar o site deste livro na Internet em www.gooddebt.com

Desejo a você não só felicidade, mas muita alegria.

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Glossário

Dívida boa, dívida ruim contém algumas palavras inventadas, algumas das quais são marcas registradas. Eis algumas, com explicações de como foram criadas.

Taxa de consumo.TM Custo fixo de operação e qualquer dinheiro gasto que não aumenta a riqueza nem o patrimônio líquido. É a quantidade de dinheiro que você "queima" todo mês. Parte dela são despesas geralmente necessárias, porém grande parte poderia converter-se em patrimônio.

Consumerati.® Aqueles que gastam sem pensar no futuro em razão de um estilo de vida consumista. Pessoas empenhadas em gastos promíscuos de longo prazo. Em termos mais simples, desperdiçados. Criei a palavra inspirado em illiterati (os analfabetos). Seria uma classe de pessoas que fazem escolhas de consumo ruins. É substantivo de dois gêneros.

Dividabetes.® Diabetes financeira. Diabetes é a incapacidade do sangue de processar os alimentos porque não tem insulina suficiente. Dividabetes é a incapacidade de decompor e eliminar as dívidas por não ter fluxo de caixa suficiente. Fluxo de caixa é a insulina financeira que elimina as dívidas.

Econo-sábio.TM Acho que esta palavra inventada é auto-explicativa. Econo-sábios são aqueles que buscam a economia e a sabedoria.

McGastos. Quantidades pequenas e promíscuas de gastos de que não nos damos conta. Os cinco ou 10 reais por dia de vazamento de trocados que talvez não levemos em conta, e que podem chegar aos milhões em 20 anos. São promíscuas porque não as achamos importantes no

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momento. Só são consideradas importantes mais tarde, quando fazemos as contas.

Renda-realidade.TM Pegue o seu patrimônio líquido e divida pelo número de anos trabalhados e isso é quanto você está ganhando por ano. Se tiver um patrimônio líquido de 100 mil dólares e tiver trabalhado 20 anos, está ganhando 5 mil dólares por ano. Ai! O resto foi para a taxa de consumo.

Avaliação das riquezas.TM Processo que calcula a riqueza, com base nos escritos de Buckminster Fuller. A riqueza é o número de dias futuros que você pode viver sem trabalhar.

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Bibliografia recomendada

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Zondervan, 1997. Burkett, Larry. How to Manage Your Money. Chicago: Moody Press, 1991. Chatzky, Jean. You Don't Have to Be Rich. Nova York: Portfolio, 2003. Clark, John. The Money Is the Gravy. Nova York: Warner Books, 2003. Clason, George. The Richest Man in Babylon. Nova York: Plume, 1937. Croyle, John. Bringing Out the Winner in Your Child. Nashville:

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Kiyosaki, Robert, com Sharon L. Lechter. Rich Dad Poor Dad: Retire Young,

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Fate, Success, Ambition e Pushing to the Front. Considero Marden meu mentor póstumo. Mais informações sobre Marden:

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Seminários e cursos a distância recomendados

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Brian Tracy International — Desenvolvimento pessoal, administrativo e profissional; autor do curso Psicologia da Realização www.briantracy.com

Crown Financial Ministries — Orçamento e planejamento financeiro; programa de rádio Money Matters (48 estados) www.crown.org

Jack Miller — Seminários avançados, planejamento imobiliário, fluxo de caixa, promissórias e hipotecas, opções www.cashflowconcepts.com Jim

Rohn International — Desenvolvimento pessoal e liderança www.jimrohn.com

Jon Hanson Seminars — Temas: carros, casas, cônjuges; como elaborar a sua filosofia das dívidas; série Dívida boa, dívida ruim www.gooddebt.com

Mark Victor Hansen — Co-criador da série Histórias para aquecer o coração; desenvolvimento pessoal, oratória e materiais para publicação e seminários www.markvictorhansen.com