pdf aula 1 conceito e competencia de tributos

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  • 7/25/2019 PDF AULA 1 Conceito e Competencia de Tributos

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    COMEANDO DO ZERODireito TributrioJosiane Minardi

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    1. CONCEITO DE TRIBUTO

    No h um conceito de tributo expresso naConstituio Federal, apenas um conceitoimplcito. O conceito expresso est no artigo 3do Cdigo Tributrio NacionalCTN:Art. 3 Tributo toda prestao pecuniriacompulsria, em moeda ou cujo valor nela sepossa exprimir, que no constitua sano deato ilcito, instituda em lei e cobrada medianteatividade administrativa plenamente vinculada.(grifo nosso).a) Tributo toda prestao pecuniriacompulsria: Quer dizer o comportamento

    obrigatrio de uma prestao em dinheiro,independem da vontade do sujeito passivo,que deve efetiv-la, ainda que contra seuinteresse.O Cdigo Tributrio Nacional ao se referir apalavra toda prestao, estabelece quequalquer prestao que se enquadre em todosos requisitos do art. 3 do CTN ser tributo,independentemente da denominao,conforme determina o art. 4 do CTN:Art. 4 A natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo fato gerador da respectivaobrigao, sendo irrelevantes para qualific-la:I - a denominao e demais caractersticasformais adotadas pela lei;II - a destinao legal do produto da suaarrecadao. (grifos nossos). importante frisar nesse momento, que aindaque o art. 4 do CTN no inciso II menciona queseria irrelevante a destinao legal do produtopara ser tributo, temos que a partir daConstituio Federal de 1988, para ascontribuies e emprstimo compulsrio

    relevante sim a destinao, pois nessasexaes a denominao e a destinao sodestacadas pelo prprio legislador constituinte,no tendo relevncia para a identificao dofato gerador do tributo, como ocorre com osimpostos, taxas e contribuies de melhoria.b) Em moeda ou cujo valor nela se possaexprimir: O legislador infraconstitucionalincorreu em redundncia ao repetir o carterpecunirio da prestao, no havia anecessidade de insistir com a locuo emmoeda ou cujo valor nela possa se exprimir,

    pois ao tratar de obrigao pecuniria, porque ser paga em dinheiro.

    Ningum poder entregar ao fisco, como formade pagamento, algo que no seja dinheiro,salvo o caso do art.156, XI do CTN, que trata

    sobre a dao de bem imvel, quando houverexpressa previso em lei. Observa-se quemesmo nesse caso, por se tratar de umaexceo, h necessariamente a previso emlei para autorizar o pagamento do tributo coma entrega de bem imvel.c) Que no constitua sano de ato ilcito:Ningum paga o tributo por ter desrespeitadouma lei, tributo no castigo. Ao contrriopaga-se o tributo por incorrer em uma situaoprevista em lei como hiptese de incidnciatributria, ou seja, o legislador elegeu uma

    situao que uma vez praticada pelo sujeito,no mundo concreto, estar sujeita incidnciada norma tributria e por essa razo ir nascera obrigao de pagar um tributo.Por exemplo: A Lei prev que a hiptese deincidncia tributria do Imposto sobre Rendaou proventos de qualquer natureza - IR auferir renda, o sujeito ter que pagar IRquando auferir renda, porque praticou o fatoprevisto em lei.Assim sendo, pode-se afirmar que uma leidescreve hipoteticamente um estado de fato edispe que a realizao concreta, no mundofenomnico, do que foi descrito, determina onascimento de uma obrigao de pagar umtributo.As hipteses de incidncia da norma tributriaso sempre constitudas por fatos lcitos, queuma vez ocorridos no mundo jurdico nasce aobrigao de pagar o tributo.Contudo, verifica-se que embora a hiptese deincidncia tributria no possa ser algo ilcito,os frutos de uma atividade ilcita podem ser

    objeto de tributao.Como vimos, o legislador no pode eleger umasituao ilcita, mas ao eleger uma situaolcita como hiptese de incidncia, essahiptese lcita pode ter sido originada de umaatividade ilcita, o que no ir importar para finsde tributao.Veja no caso do Imposto sobre rendas ouproventos de qualquer natureza IR, ahiptese de incidncia, tambm chamada pelolegislador de fato gerador auferir renda,assim o sujeito que auferir renda ter a

    obrigao de pagar IR, e no importa para finsde tributao como essa renda foi auferida, oque importa que o sujeito incorreu na

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    previso da norma tributria, qual seja, auferirrenda.Assim, se o sujeito auferiu renda de atividades

    ilcitas, para o direito tributrio apenas importaque o sujeito praticou o fato previsto na normatributria, qual seja, auferiu renda e por essarazo ter que pagar o IR.O artigo 118, I do Cdigo Tributrio NacionalCTN prev que a definio do fato geradorser interpretada abstraindo-se da validadedos atos praticados pelo sujeito.Art. 118. A definio legal do fato gerador interpretada abstraindo-se:I - da validade jurdica dos atos efetivamentepraticados pelos contribuintes, responsveis,

    ou terceiros, bem como da natureza do seuobjeto ou dos seus efeitos;II - dos efeitos dos fatos efetivamenteocorridos.No caso do sujeito que aufere renda pelavenda de entorpecentes, a ilicitude irrelevante para fins tributrios, o que importa que foi praticado o fato gerador, auferirrenda e por essa razo o sujeito dever pagarIR.O STF tem o entendimento majoritrio de quepraticado o fato gerador previsto em lei, deveser pago o imposto, independentemente daatividade ser lcita ou ilcita, conformepodemos observar da ementa do HC77.530/RS da relatoria do Ministro SeplvedaPertence:Drogas: trfico de drogas, envolvendosociedades comerciais organizadas, comlucros vultosos subtrados contabilizaoregular das empresas e subtrados declarao de rendimentos: caracterizao,em tese, de crime de sonegao fiscal, a

    acarretar a competncia da Justia Federal eatrair pela conexo, o trfico de entorpecentes:irrelevncia da origem ilcita, mesmo quandocriminal, da renda subtrada tributao.A exonerao tributria dos resultadoseconmicos de fato criminoso - antes de sercorolrio do princpio da moralidade constituiu violao do princpio da isonomiafiscal, de manifesta inspirao tica.Os Tribunais Superiores aplicam o PrincpioPecunia non olet, segundo o qual o tributono tem cheiro, no importa de onde vem,

    nesse caso, a renda auferida, o que importa que ocorreu o fato gerador do IR, auferir

    renda, e por essa razo, aplicando-se o art.118, I do CTN deve-se haver a tributao.Pelo princpio da Pecunia non olet extrai-se o

    contedo axiolgico do valor de justia,direcionando a exigibilidade da exao sobrequem possui capacidade contributiva, aindaque o rendimento provenha de atividade ilcita.d) Instituda em lei o tributo s pode serinstitudo por meio de lei, de acordo com o art.150, I da Constituio Federal e art. 97 doCTN, e por meio de instrumento normativo comfora de lei, ou seja, por meio de MedidaProvisria, conforme prev o art. 62 da CF.e) cobrada mediante atividade administrativaplenamente vinculadaO tributo ser cobrado

    pelo Poder Pblico que no ter margens paraescolhas discricionrias. O fiscal no podercobrar o tributo de acordo com a conveninciae oportunidade, ir exigir a obrigao tributriado contribuinte exatamente como estdisposto na legislao.

    1.2ESPCIES DE TRIBUTOS

    Muito se discute quantas espcies tributriassubsistem no nosso ordenamento jurdico,devido a possibilidade de diversas formas paraclassific-los.Alfredo Augusto Becker e Pontes de Miranda,por exemplo defendem a teoria bipartida dasespcies tributrias que seria apenas impostose taxas.H uma classificao que distingue comrelao a vinculao e no vinculao dotributo.Vinculado seria o tributo relacionado a umaatividade estatal pessoal para o contribuinte,como exemplo das taxas e contribuio de

    melhoria. Quando o sujeito ao pagar o tributoele j sabe exatamente qual ser acontraprestao estatal, no caso dacontribuio de melhoria, ser pago quandoocorrer uma obra pblica cuja consequnciaseja volorizao imobiliria para o contribuinte.J no caso das taxas sero pagas pelautilizao efetiva ou potencial de um serviopblico especfico e divisvel ou pelo exerccioregular do Poder de Polcia.A no-vinculao no est relacionada a umaatividade estatal especfica, mas

    simplesmente a arrecadao de dinheiro aoscofres pblicos para suprir as necessidadespblicas.

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    Quando o contribuinte paga o tributo ele pagasem saber qual ser a contraprestao estatal,ocorrer uma contraprestao estatal, mas

    no se sabe qual ser, exemplo: Impostos.Para que ocorra a obrigao de pagar osimpostos, basta que ocorra o fato gerador, nocaso do IPVA, haver o dever de pag-lo parao sujeito proprietrio de veculo automotorGeraldo Ataliba estabeleceu a diferena entretaxa e contribuio de melhoria, quando setrata ainda de tributos vinculados. Para o Autora taxa seria vinculada direta e imediata, teve aatuao do Estado nasce a obrigaotributrias. No caso das contribuies demelhoria teria uma vinculao indireta,

    mediata,pois no basta a simples construo de umaobra pblica para se ter a imediata cobranado tributo, deve ter ainda a valorizaoimobiliria, por isso nesse caso a vinculaoseria mediata e indireta para as contribuiesde melhoria.Contribuio de INSS, seria segundo aclassificao de Roque Antonio Carrazza umataxa.A contribuio paga pelo Empregador estariamais prxima de imposto, segundo aclassificao de Roque Antonio Carrazza.A classificao pode ser intrnseca, estruturalquando se faz a verificao de dados interioresao objeto.A classificao pode ser extrnseca, funcionalquando se faz a verificao de dadosexteriores ao objeto.A maior tendncia de classificao aintrnseca, pois tem a menor chance deambiguidade. Exemplo de classificao agua substncia lquida para matar a sede,

    nesse caso como uma classificaoextrnseca pode haver ambiguidade, poisposso pensar em outra substncia para matara sede que no seja a gua,agora quando falamos a gua umasubstncia lquida composta por H20 aqui porser uma classificao intrseca no h comoexistir ambiguidade.Por essa razo a classificao que toma portributo no vinculados e vinculados, trata-se deuma classificao intrnseca e por isso no hchances de ambiguidade. Agora os

    doutrinadores que classificam em cincoespcies, misturam as classificaes, pois osimpostos,

    taxas e contribuies de melhoria (tributosvinculados direta ou indiretamente e tributosno vinculados) estariam classificados pelo

    mtodo intrnseco, enquanto quando falam dascontribuies e emprstimos compulsrios jestariam na classificao extrnseca e isso inadmissvel, misturar dois mtodos declassificaes. (observao de Eurico deSanti).O art. 5 do CTN prev trs espciestributrias:1) Impostos2) Taxas3) Contribuio de MelhoriaA Constituio Federal no art. 145 prev trs

    espcies tributrias:1) Impostos2) Taxas3) Contribuio de MelhoriaO art. 148 da CF faz meno ao EmprstimoCompulsrio e o art. 149 da CF refere-se sContribuies.O art. 149 divide as contribuies em trsmodalidades, que sero estudadas em outrocaptulo:a) Contribuio Socialb) Contribuio de Interveno no DomnioEconmico (CIDE)Contribuio de interesse de categoriaprofissional ou econmicaE o art. 149-A da CF traz a Contribuio paracusteio do servio de iluminao pblica COSIP.

    Ainda que o Cdigo Tributrio Nacional adotea teoria tripartida, por classificar as espciestributrias em apenas trs, (impostos, taxas,contribuio de melhoria),

    a maioria dos doutrinadores, dentre eles,Aliomar Balleiro, e o Supremo Tribunal Federaladotam a teoria pentapartida, que seriam 5espcies tributrias:a) Impostosb) taxasc) contribuio de melhoriad) contribuioe) emprstimo compulsrioNesse sentido, transcreve-se trecho do voto doMinistro do STF Moreira Alves, em 29-06-1992, no RE n 146.733-9/SP:

    () De fato, a par das trs modalidades detributos (os impostos, as taxas e ascontribuies de melhoria), a que se refere o

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    art. 145, para declarar que so competentespara institu-los a Unio, os Estados, o DistritoFederal e os Municpio, os arts. 148 e 149

    aludem a duas outras modalidades tributrias,para cuja instituio s a Unio competente:o emprstimo compulsrio e as contribuiessociais, inclusive as de interveno no domnioeconmico e de interesse das categoriasprofissionais ou econmicas. (grifos nossos)Visto o conceito de tributo e as espciestributrias passamos para anlise de como ostributos iro ingressar em nosso ordenamentojurdico.

    1.3 COMPETNCIA TRIBUTRIA

    Competncia Tributria a outorga de poderconcedido pela Constituio Federal aos EntesFederativos para que eles possam criar,instituir e majorar tributos.Somente os entes federativos apresentamcompetncia tributria, pois os tributos spodem ser institudos por meio de lei, e apenasos entes federativos apresentam PoderLegislativo.No podemos confundir competncia tributriacom competncia para legislar em direitotributrio.A competncia para legislar sobre direitotributrio a outorga de poder concedido pelaConstituio Federal para editar leis queversem sobre tributos e relaes jurdicas aeles pertinentes. uma competnciaconcedida aos entes federativos para traaremregras sobre o exerccio do poder de tributar.

    Todos os Entes Federativos apresentamcompetncia para legislar sobre direitotributrio.O art. 24 da Constituio Federal prevcompetncia concorrente entre a Unio, osEstados e Distrito Federal para legislar sobredireito tributrio.Compete Unio a edio de normas gerais eaos Estados e Distrito Federal poder

    suplementar a legislao federal.

    Mas se no existir norma federal, Estados eDistrito Federal apresentam competnciaplena para legislar sobre direito tributrio.

    Se sobrevier a norma geral pela Unio, haversuspenso da lei estadual no que lhe forcontrria. A lei federal no ir revogar a leiestadual porque no h entre elas umahierarquia.Diante da ausncia de norma geral da Uniosobre IPVA, cada Estado exerceu acompetncia legislativa plena, com base noart. 24, 3 da CF.Art. 24. Compete Unio, aos Estados e aoDistrito Federal legislar concorrentementesobre:

    I - direito tributrio, financeiro, penitencirio,econmico e urbanstico(...) 1 - No mbito da legislao concorrente, acompetncia da Unio limitar-se- aestabelecer normas gerais. 2 - A competncia da Unio para legislarsobre normas gerais no exclui a competnciasuplementar dos Estados. 3 - Inexistindo lei federal sobre normasgerais, os Estados exercero a competncialegislativa plena, para atender a suaspeculiaridades. 4 - A supervenincia de lei federal sobrenormas gerais suspende a eficcia da leiestadual, no que lhe for contrrio.O art. 30 da CF estabelece a competncia dosMunicpios para legislarem sobre assuntos deinteresse local e suplementar legislaofederal, estadual no que lhe couber.Art. 30. Compete aos Municpios:

    I - legislar sobre assuntos de interesse local;

    II - suplementar a legislao federal e aestadual no que couber;III - instituir e arrecadar os tributos de suacompetncia, bem como aplicar suas rendas,sem prejuzo da obrigatoriedade de prestarcontas e publicar balancetes nos prazosfixados em lei;A competncia Tributria como vimos opoder concedido pela Constituio Federal aosEntes Federativos para que eles possaminstituir, criar e majorar tributos. A competnciaTributria Apresenta 5 caractersticas

    importantes:a) Indelegabilidade:

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    A Constituio no s prev a competnciatributria como tambm reparte, partilha essepoder entre as pessoas polticas que compe

    a Federao, porque essas precisam terautonomia financeira, no basta terem apenasautonomia administrativa, autonomia poltica.A base do federalismo a autonomia dosEntes, por essa razo h a repartio do Poderde Tributar entre os Entes Federativos.Quando a Constituio outorga o poder paraos Entes Federativos, ela estabeleceexatamente quais sero os tributos decompetncia de cada Ente e a competnciatributria indelegvel, quer dizer,intransfervel.

    O Ente Federativo no poder transferir a suacompetncia tributria para nenhum outroEnte. Assim, se a Constituio outorgou poderpara a Unio instituir o Imposto sobre ProdutosIndustrializados(IPI) apenas ela poder instituiresse imposto, mais ningum!Vejamos quais so os tributos de competnciatributria de cada Ente Federativo:

    Obs: O Distrito Federal apresenta competnciatributria para instituir o IPTU, ITBI e ISS porfora do disposto no art. 147 da CF que

    estabelece que os impostos dos Municpiossero do Distrito Federal. (Art. 147. Competem Unio, em Territrio Federal, os impostos

    estaduais e, se o Territrio no for dividido emMunicpios, cumulativamente, os impostosmunicipais; ao Distrito Federal cabem os

    impostos municipais).Como vimos a competncia tributria queconsiste na criao, instituio e majorao detributo indelegvel. Contudo as funesadministrativas de arrecadar, fiscalizar tributose executar leis que compreendem acapacidade ativa tributria essa sim pode serdelegvel.CTN - Art. 7 - A competncia tributria indelegvel, salvo atribuio das funes dearrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executarleis, servios, atos ou decises administrativas

    em matria tributria, conferida por umapessoa jurdica de direito pblico a outra, nostermos do 3 do artigo 18 da Constituio. 1 A atribuio compreende as garantias e osprivilgios processuais que competem pessoa jurdica de direito pblico que aconferir. 2 A atribuio pode ser revogada, aqualquer tempo, por ato unilateral da pessoajurdica de direito pblico que a tenhaconferido. 3 No constitui delegao de competncia ocometimento, a pessoas de direito privado, doencargo ou da funo de arrecadar tributosExemplo o caso do Imposto Territorial Rural(ITR) cuja competncia tributria, ou seja, acompetncia para cri-lo, institui-lo ou major-lo da Unio, conforme estabelece o art. 153,VI da CF, que poder, no entanto, delegar afuno de arrecadar e fiscalizar, ou seja, acapacidade ativa tributria aos Municpios, nostermos do art. 153, 4, III da CF.Pela literalidade do art. 7 do CTN a

    capacidade ativa tributria s pode serdelegada para uma pessoa jurdica de direitopblico.Para fixar, temos:b) Facultatividade: Os Entes Federativos noesto obrigados a instituir os tributos, cujacompetncia tributria lhe foi atribuda pelaConstituio Federal.O art. 145 da CF determina que a Unio,Estados, Distrito Federal e Municpiospodero, e no devero instituir tributos. Apartir dessa regra a doutrina diz que a

    competncia tributria no Brasil facultativa.Exemplo: o Imposto sobre Grandes FortunasIGF, que compete Unio a sua instituio, at

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    hoje no foi criado e no h problema algum,porque a competncia tributria facultativa!Muitos indagam sobre a Lei de

    responsabilidade Fiscal, LC n 101/2000 queestabelece em seu art. 11 que somente exerceuma boa gesto fiscal o Ente Federativo queinstituir e cobrar todos os tributos.Art. 11. Constituem requisitos essenciais daresponsabilidade na gesto fiscal a instituio,previso e efetiva arrecadao de todos ostributos da competncia constitucional do enteda Federao.Pargrafo nico. vedada a realizao detransferncias voluntrias para o ente que noobserve o disposto no caput, no que se refere

    aos impostos.Quanto a arrecadao no restam dvidasdessa obrigatoriedade, mas a obrigatoriedadequanto Instituio fere a Constituio Federalque no obriga aos Entes Federativosinstiturem os tributos.Observa-se, ainda, que o pargrafo nico doart. 11 da LC n 101/2000 prev uma sanopara o Ente Federativo que no instituir todosos impostos de sua competncia. O dispositivolegal probe a realizao de transfernciasvoluntrias quele que no instituir todos osimpostos.LC n 101/200 - Art. 11 (...)Pargrafo nico. vedada a realizao detransferncias voluntrias para o ente que noobserve o disposto no caput, no que se refereaos impostos.O STF em Medida Cautelar ADI n 2238entendeu que o pargrafo nico do art. 11 daLC n 101/2000 no viola a ConstituioFederal porque a Lei trata de transfernciasvoluntrias.

    As transferncias obrigatrias de impostos queesto nos artigos 153, 5, 157, 158 e 159 daConstituio Federal essas sim s poderodeixar de serem repassadas no caso do art.160 da CF,quando o Ente Federativo no estiveraplicando o percentual exigido na rea dasade, e tambm, no caso de dbitos de umEnte, e suas Autarquias com outro Ente que irfazer o repasse.O pargrafo nico do art. 11 da LC n 101/2000proibiu apenas o repasse das transferncias

    voluntrias e no das obrigatrias, por isso noseria inconstitucional.

    c) Incaducabilidade: O direito do EnteFederativo instituir o tributo pode ser exercidoa qualquer tempo. O fato da Unio no ter

    institudo o IGF, em 1988, quando dapromulgao da Constituio Federal, no lheretira o direito de institui-lo agora, passadosmais de 20 anos.

    d) Inalterabilidade: a competncia tributriano pode ser alterada por leiinfraconstitucional. Assim, quando aConstituio, no art. 156, I prev que o IPTUir incidir sobre a propriedade de imvelurbano, no pode uma lei modificar talcompetncia ao ponto de determinar que o

    IPTU tenha como hiptese de incidncia, fatogerador a mera posse de imvel urbano.Observe que o art. 32 do CTN prev como fatogerador do IPTU a propriedade, a posse e odomnio til de imvel urbano.O fato que o Cdigo Tributrio Nacional de1966 e a nossa Constituio de 1988, assimesse artigo do CTN s foi recepcionado pelonosso ordenamento jurdico, ao considerar queser contribuinte do IPTU o possuidor ouaquele que detenha o domnio til se houver oanimus domini.Logo, o mero detentor da posse, como olocatrio no contribuinte do IPTU, porque alei no pode alterar a competncia tributria ea CF determina que apenas o proprietrio contribuinte desse imposto.A competncia tributria no pode ser alteradapor meio de lei, mas Emenda Constitucionalpoder alter-la.Como exemplo temos a EC n 19/02 queinseriu na Constituio o art. 149-A e criou aContribuio para custeio do servio de

    iluminao pblica (COSIP).e) Irrenunciabilidade: A competncia tributria irrenuncivel, o Ente Federativo no podejamais renunciar sua competncia tributriaem favor de outro Ente, ele pode apenas deixarde exerc-la.Assim, o fato da Unio no ter criado ainda oIGF no confere o direito dos Estados, porexemplo, institurem esse imposto, porque acompetncia Irrenuncivel.Para memorizar, a competncia tributria :1) Indelegvel

    2) facultativa3) Incaducvel4) Inaltervel

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    5) IrrenuncivelREPARTIO DAS RECEITASTRIBUTRIAS

    A Constituio Federal prev algumashipteses de transferncia obrigatria daarrecadao dos impostos, conforme osartigos 153, 5, 157, 158 e 159. No art. 153,5 da CFA Unio obrigada a repassar 30%da arrecadao do IOF incidente sobre o ouroativo financeiro para o Estado, conforme aorigem e 70% para o Municpio, conforme aorigem. 5 - O ouro, quando definido em lei comoativo financeiro ou instrumento cambial,

    sujeita-se exclusivamente incidncia doimposto de que trata o inciso V do "caput"deste artigo, devido na operao de origem; aalquota mnima ser de um por cento,assegurada a transferncia do montante daarrecadao nos seguintes termos:I - trinta por cento para o Estado, o DistritoFederal ou o Territrio, conforme a origem;II - setenta por cento para o Municpio deorigem.De acordo com o art. 157 da CF competem aosEstados e Distrito Federal:a) 100% da arrecadao do IR incidente nafonte, sobre rendimentos pagos, a qualquerttulo, pelos Estados, suas autarquias e pelasfundaes que institurem e mantiverem;b) 20% do produto da arrecadao do impostoresidual.Nos termos do art. 158 da CF competem aosMunicpios:

    a) 100% da arrecadao do IR incidente nafonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer

    ttulo, pelos Municpios, suas autarquias epelas fundaes que institurem e mantiverem;b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% doITR quando o Municpio detiver a capacidadeativa tributria, ou seja, a funo de arrecadar,fiscalizar esse imposto.c) 50% do IPVAd) 25% do ICMSO art. 159 da CF, prev que a Unio entregar48% da arrecadao do Imposto sobre Rendae proventos de qualquer natureza (IR) e sobreprodutos industrializados (IPI) da seguinte

    forma:a) 21,5% ao Fundo de Participao dosEstados e do Distrito Federal;

    b) 22,5% ao Fundo de Participao dosMunicpios;c) 3% para aplicao em programas de

    financiamento ao setor produtivo das RegiesNorte, Nordeste e Centro-Oeste, atravs desuas instituies financeiras de carterregional, de acordo com os planos regionais dedesenvolvimento, ficando assegurada aosemi-rido do Nordeste a metade dos recursosdestinados Regio, na forma que a leiestabelecer;d) 1% ao Fundo de Participao dosMunicpios, que ser entregue no primeirodecndio do ms de dezembro de cada anoOs incisos II e III do art. 159 da CF determinam

    que:

    a) 10% da arrecadao do Imposto sobreprodutos industrializados ser repassado aosEstados e ao Distrito Federal,proporcionalmente ao valor das respectivasexportaes de produtos industrializados.b) 29% do produto da arrecadao dacontribuio de interveno no domnioeconmico prevista no art. 177, 4 aosEstados e o Distrito Federal, distribudos naforma da lei, observada a destinao a que serefere o inciso II, c, do referido pargrafo.