relatório competencia organizacional
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Diagnóstico de Competências Organizacionais para o Turismo 2
Relatório
ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO DE COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DOS MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO CURSO DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DO TURISMO
Sergio Fialho
Diagnóstico de Competências Organizacionais para o Turismo 3
ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO DE COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS DOS MUNICÍPIOS
PARTICIPANTES DO CURSO DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DO TURISMO 1. Contexto e metodologia No contexto do processo de formação da Rede de Inovação em Gestão do Turismo, o Diagnóstico de Competências Organizacionais tem um duplo objetivo: fornecer um diagnóstico geral das competências (econômicas, de infraestrutura e de gestão) dos municípios para a promoção e gestão do turismo no seu território e auxiliar o processo de elaboração dos Planos de Gestão do Turismo de cada município participante. Responderam ao questionário 50 municípios (61%), de um total de 82 municípios que participam da Rede. Foi realizada extensão do prazo original para preenchimento (o formulário, que foi disponibilizado no ambiente virtual desde março de 2014), que, juntamente com os esforços da equipe de tutoria virtual e dos coordenadores nos encontros presenciais, ampliou de 30 para 50 os municípios respondentes. O foco do Diagnóstico Organizacional, de traçar um perfil geral da situação dos municípios na perspectiva da promoção e gestão do turismo, foi desenvolvido na análise de quatro (4) grandes temas, que integraram as 45 questões do formulário de pesquisa:
1. Características gerais dos municípios e de sua gestão 2. Inserção dos municípios na mídia e na Internet 3. Infraestrutura municipal para o Turismo 4. Gestão do Turismo
Os municípios que responderam ao questionário distribuem-‐se por todas as zonas turísticas do Estado, da seguinte maneira:
Tabela 1 – Municípios respondentes por Zona Turística
ZONAS TURÍSTICAS No Baía de Todos-‐os-‐Santos 10 Caminhos do Jiquiriçá 3 Caminhos do Oeste 6 Caminhos do Sertão 5 Caminhos do Sudoeste 1 Chapada Diamantina 7 Costa das Baleias 3 Costa do Cacau 2 Costa do Dendê 3 Costa do Descobrimento 2 Costa dos Coqueiros 4 Lagos e Canyons do São Francisco 1 Vale do São Francisco 1 Não Responderam esta questão 2 TOTAL 50
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2. Características gerais do município e de sua gestão corporativa As atividades econômicas predominantes no conjunto dos municípios são (cada município indicou até 3 atividades econômicas principais):
Tabela 2 – Atividades Econômicas Principais
SETOR DE ATIVIDADE No %
Agricultura, Pesca e Pecuária 41 82
Indústria (inclui artesanatos) 14 28
Comércio e Serviços (exclusive Turismo e Prefeitura 27 54
Prefeitura 2 4
Turismo 19 38
A agricultura, a pesca e a pecuária são a principal fonte de atividade econômica dos municípios turísticos (82% dos municípios respondentes), seguido pelo comércio e serviços (54%) e em terceiro lugar, pela atividade turística (38%), revelando o papel importante do Turismo, ao criar alternativas econômicas modernas em um contexto geral onde predominam atividades do setor primário. O orçamento total para 2014 dos 32 municípios que informaram atinge cerca de 5 bilhões de reais, com um valor médio de R$ 154 milhões. Este valor médio, no entanto, deve ser considerado com prudência, uma vez que existe grande variação de poder orçamentário entre os municípios (o desvio padrão atinge mais de 2 vezes o valor médio). A maior parte dos municípios (59,46%) indica que as transferências tributárias formam a maior parte da receita corrente, o que indica baixa sustentabilidade econômica: Deve ser observado que os gráficos e tabelas apresentados contabilizam apenas os municípios com respostas válidas para a questão.
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Do ponto de vista da gestão orçamentária e financeira, as informações prestadas revelam que cerca de 70% dos municípios não dispõem de indicadores para medir a qualidade do gasto público, ainda que cerca de 76% indiquem haver algum tipo de análise de custo-‐benefício especificamente quanto aos investimentos municipais: Existe um esforço de arrecadação do contencioso e de controle da arrecadação em 79% dos municípios, mas 46% não implementaram sistema de conta única para controle do seu fluxo financeiro.
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No plano dos recursos humanos, a heterogeneidade entre os municípios (valor do desvio padrão quase igual ao valor da média) impede considerações baseadas em valores absolutos. Importante registrar que:
a) 81% dos recursos humanos totais das prefeituras respondentes são estatutários; b) 12% são ocupantes de cargos comissionados; c) 7% são celetistas.
Vale registrar que, em média, para cada 7 funcionários efetivos, existe um cargo comissionado, o que indica um excesso de funcionários não-‐permanentes nos quadros municipais. Mais de 65% dos municípios pesquisados não tem planos de carreira para os servidores públicos. É relevante ressaltar que cerca de 35% dos municípios já tem esses planos, o que possibilita a difusão dessas experiências para os demais, através da Rede de Inovação na Gestão do Turismo. Um outro conjunto de indicadores examinam aspectos do processo de participação de funcionários e cidadãos na gestão municipal. Nesse sentido, 65,91% dos municípios não desenvolvem ações específicas para envolvimento e comprometimento dos seus servidores públicos com a gestão, o que caracteriza timidez no processo de mobilização dos recursos humanos para a eficácia das políticas municipais. Como no caso anterior, porém, é importante valorizar o fato de que cerca de 35% dos municípios implementam essas ações específicas, e essa experiência pode – e deve – ser disseminada entre os municípios que ainda não dispõe de políticas desse tipo.
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A primeira condição para que ocorra participação dos cidadãos na gestão municipal é a transparência de informações sobre os investimentos realizados e seus resultados. Nesse plano, 71% dos municípios declaram que divulgam essas informações. É importante porém, em oportunidade futura, verificar as formas e a sistematicidade com que ocorre essa divulgação, que em princípio significa um elevado nível de transparência das gestões. Finalmente, verificou-‐se que creca de 57% dos municípios não dispõem de balcões integrados para atendimento ao cidadão, que existem em 43% dos municípios. Pela relevância dessa ferramenta de modernização do atendimento ao cidadão, que se reflete inclusive em melhor atendimento ao turista, registra-‐se aqui a possibilidade de criar ações de difusão dessa experiência, através da Rede de Inovação para a Gestão do Turismo, para os municípios que ainda não implantaram.
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3. Inserção dos municípios na mídia e na Internet Considerando o caráter estratégico da inserção dos municípios na rede de comunicações convencional e especialmente na Internet, este tópico dimensiona esta inserção através de quatro (4) indicadores. Enquanto metade (50%) dos municípios tem acesso a uma retransmissora regional de TV, e 84% dispõe de uma rádio local, é significativo observar que 80% dos municípios tem acesso à Internet através de banda larga, essencial para os fluxos de comunicação de interesse turístico, uma vez que envolvem frequentemente imagens e vídeos, o que requer acessos à Internet de grande capacidade. Por outro lado, é crítico observar que 20% dos municípios turísticos que responderam a essa questão não dispõem de acesso à Internet por banda larga, o que certamente limita qualquer estratégia de inserir-‐se no fluxo de comunicações que se expande nas redes digitais. Na medida em que 93% dos municípios pesquisados revela dispor de acesso permanente à Internet, e 80% dispõem de banda larga, podemos concluir que 13% dos municípios tem acessos de baixa velocidade (apesar de permanentes) e que, portanto, 7% não dispõe de acesso permanente à Internet no município.
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A inserção dos municípios na Internet foi medida por dois indicadores: a existência de site institucional atualizado da Prefeitura e a existência de site do Município dedicado à promoção do turismo. Enquanto 86% dos municípios pesquisados declaram dispor de site institucional atualizado da Prefeitura, apenas 26% tem site dedicado à promoção do turismo. Mais uma vez, a difusão da experiência e do conhecimento dos municípios que já avançaram na estruturação de um site dedicado ao turismo é uma iniciativa de grande relevância para que todos deem esse passo fundamental para a inserção do município no contexto global da Internet, o que pode ser realizado através da Rede de Inovação da Gestão do Turismo.
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4. Infraestrutura municipal para o Turismo Este tópico tem como objetivo apresentar indicadores que dimensionem a infraestrutura básica para o turismo nos municípios (hospedagem e agencias de turismo e viagens), caracterizem os tipos de atrativos turísticos considerados mais relevantes e informe sobre tipos de investimento em andamento que possam ter reflexos na dinâmica local do turismo.
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O gráfico acima demonstra a dominância das Pousadas (90% dos municípios) Hotéis (70% dos municípios) na infraestrutura de hospedagem, seguidos pelos Flat/Apart-‐hotéis (40%) e Motéis (35%). Mas também revela o papel desempenhado pela Hospedagem Familiar (30% dos municípios) e Pensões (28%), uma alternativa de baixo custo importante para a democratização do turismo (especialmente o turismo jovem, que forma o turista longevo), que deve merecer atenção especial das políticas estaduais de turismo. Em relação as agencias de viagem e de turismo existentes nos municípios, a pesquisa identificou a existência de 143 empresas nos 43 municípios que responderam a esta questão, resultando em uma média de 3,3 agencias por município. A média, no entanto, é um indicador enganoso, pois resulta de uma forte heterogeneidade na distribuição das agencias pelos municípios (desvio padrão de 6,3, o dobro do valor da média), existindo um grupo de 3 municípios (6% dos municípios) com 52% do total de agencias, sendo as demais agencias (68, ou 48% do total) distribuídas por 94% dos demais municípios. Sendo natural a heterogeneidade, em função dos diferentes portes econômicos dos municípios, no entanto os dados revelam uma irrisória e muitas vezes inexistente presença de agencias em grande parte dos municípios. A média de agencias no conjunto de 94% dos municípios, é de 1,44 agencias, sendo que em 21 municípios turísticos não opera nenhuma agencia de turismo ou de viagens. Os gestores foram convidados a indicar livremente até 5 atrativos turísticos que considerassem mais importantes no seu município. Com base nessas indicações, os atrativos foram agregados em um conjunto de tipos de atrativos, conforme Tabela 3.
Tabela 3 – Tipos de atrativos turístico mais considerados mais importantes (percentual do total dos municípios respondentes)
TIPOS DE ATRATIVOS % Sítios naturais (praias, rios cachoeiras, etc.) 78 Estruturas e Eventos (recreativos e de negócios) 68 Estruturas e Eventos (artísticos e culturais) 38 Patrimônio Histórico 36 Trilhas e Roteiros Turísticos 12
As informações revelam um turismo que se movimenta em grande medida baseado em atrativos naturais e recreativos, tipos que alcançam respectivamente 78% e 68% das indicações dos gestores. Os tipos de atrativos que exprimem um turismo mais sofisticado (cultura, patrimônio), receberam apenas indicações de 38% (cultura e arte) e 36% (patrimônio histórico) dos municípios consultados através seus gestores. Trata-‐se de um dado importante, na medida em que esses tipos de atrativos possuem um diferencial competitivo mais sólido, e atraem turistas de maior capacidade de consumo.
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Deve ser notado também a tímida presença da citação de trilhas e passeios estruturados (12%), indicando baixa profissionalização da atividade turística, ainda que o formato da questão proposta aos gestores possa ter resultado em subdimensionamento desta categoria. É interessante observar os indicadores quando os gestores foram solicitados a indicar quais tipos de atrativos deveriam ser priorizados em função de terem potencial turístico importante (Tabela 4).
Tabela 4 – Tipos de atrativos turístico mais considerados mais importantes (A) X
Tipos de atrativos considerados de maior potencial (B) (percentual do total dos municípios respondentes)
TIPOS DE ATRATIVOS E POTENCIAIS A %
B %
Sítios naturais (praias, rios cachoeiras, etc.) 78 50
Estruturas e Eventos (recreativos e de negócios) 68 58
Estruturas e Eventos (artísticos e culturais) 38 52
Patrimônio Histórico 36 14
Trilhas e Roteiros Turísticos 12 46
Duas mudanças de posicionamento (entre o que existe hoje como atrativo e o que se considera com maior potencial futuro) são notáveis: um significativo crescimento do posicionamento por Eventos e Estruturas relacionadas a cultura e a arte (em detrimento da diminuição relativa dos sítios naturais e das estruturas e eventos recreativos) e pela estruturação de trilhas e roteiros turísticos, tudo indicando uma certa consciência da importância da dimensão cultural e, especialmente, da maior profissionalização da atividade turística. A significativa queda do posicionamento em relação ao Patrimônio Histórico exige uma pesquisa mais especifica e de maior fôlego, que possibilitem maior interlocução com os gestores pesquisados.
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No plano dos investimentos previstos ou em implantação nos municípios que, a critério dos gestores, apresentam relevância para a dinâmica do turismo local, as indicações livremente indicadas foram agregadas em 3 grandes categorias conforme a finalidade dos investimentos: em gestão do turismo, em infraestrutura urbana geral e na infraestrutura turística propriamente dita (estruturas, serviços e eventos).
Tabela 5 – Tipos de investimentos planejados/em implantação (valores absolutos e percentuais sobre o total de municípios respondentes)
Duas observações relevantes podem se feitas a partir do exame da Tabela 5. De um lado, o baixo investimento previsto (apenas 24% dos municípios) na qualificação da gestão turística (capacitação de servidores, informação para o cidadão, construção dos instrumentos de planejamento e gestão do turismo, implementação e aperfeiçoamento das instâncias de gestão), demonstrando talvez uma percepção limitada da importância de uma gestão qualificada do turismo inclusive para assegurar a qualidade dos investimentos. De um outro lado, a relevância do investimento (54% dos municípios) na infraestrutura urbana geral (saneamento, urbanização, implementação de equipamentos urbanos de uso geral), bem próxima do previsto para os investimentos na infraestrutura especificamente turística (relatado por 66% dos municípios), provavelmente indicando as enormes carências de infraestrutura urbana geral que caracterizam os municípios turísticos do Estado, o que tem repercussão inevitável na capacidade de atrair e reter fluxos turísticos.
TIPOS DE INVESTIMENTO POR FINALIDADE
N %
em Gestão do Turismo (qualificação, fortalecimento das estruturas de gestão) 12 24
na Infraestrutura Urbana geral (saneamento, urbanização, equipamentos urbanos) 27 54
na Infraestrutura Turística (sinalização, equipamentos específicos, eventos) 33 66
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5. Gestão do Turismo Este tópico engloba um conjunto de aspectos relacionados as condições organizacionais e os instrumentos de gestão do turismo. O primeiro indicador, quiçá o mais relevante, é a prioridade concedida ao Turismo na divisão do orçamento municipal. Apesar dos município terem revelado, ao longo da pesquisa, dificuldades para obter os dados orçamentários com precisão, os números indicam uma situação de baixa prioridade, com apenas 1% do orçamento, em média, sendo alocado para as ações públicas no setor. Considerando os 28 municípios cujos dados se mostraram mais consistentes, os valores obtidos são:
Tabela 6 – Orçamento Global e Orçamento para o Turismo (valores absolutos – N; valores percentuais -‐ %)
Considerando se tratar de municípios turísticos, o percentual de 1,3% se apresenta como irrisório, um alerta para uma possível contradição entre o desejo de inserir-‐se no mercado do turismo e o nível de investimento que se realiza. Mas serão necessárias pesquisas mais específicas para determinar o orçamento possível para o turismo no contexto de múltiplas demandas econômicas, sociais e urbanas que o município deve atender, às vezes por imposição legal. No plano dos recursos humanos, a pesquisa contabilizou, para 46 municípios que prestaram informação sobre esta questão, um total de 250 servidores vinculados diretamente às atividades do setor de turismo na estrutura da Prefeitura, o que resulta em uma média de 5,4 servidores por município. Mas uma vez, a heterogeneidade do porte dos municípios compromete esta média, o que se demonstra por um desvio padrão de 6,0, superior à própria média. Do total de servidores (250), 100 deles (40%) estão vinculados a apenas 5 municípios (em um total de 46 municípios), enquanto os demais 150 servidores (60% do total) se distribuem entre os municípios restantes (89% do total) numa média de 3,6 servidores por município. O cenário de heterogeneidade fica ainda mais claro quando observamos que 32% dos municípios, entre os 46 respondentes desta questão, tem 2 ou menos de 2 servidores nos órgãos responsáveis pela gestão do turismo.
ORÇAMENTO MUNICIPAL
N %
Valor Total do Orçamento Municipal R$ 4.441.047.551,40 100,0% Valor do Orçamento alocado às ações do Turismo R$ 57.309.643,48 1,3%
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A infraestrutura de informática nos órgãos municipais de turismo foi averiguada também pela pesquisa, através dos indicadores de disponibilidade de computadores, impressoras, scanners e sistemas informatizados. Com pode ser verificado nos gráficos abaixo, se existe uma razoável disponibilidade do hardware (65% tem computadores suficientes, 55% tem impressoras e 57% tem scanners), o mesmo não ocorre com talvez o item mais importante, que é a disponibilidade de sistemas informatizados de apoio à gestão do turismo, quando apenas 25% dos municípios indicam dispor. Pela relevância, e pela possiblidade de adoção de soluções comuns a todos os municípios (os procedimentos de gestão do turismo, em termos informacionais, são fortemente similares para as diversas prefeituras), é importante analisar a possiblidade de contratar o desenvolvimento, ou adquirir software já existente, voltado para gerenciar todas as informações básicas necessárias a uma moderna gestão pública do setor. Uma estratégia desse tipo implica em custos unitários bastante reduzidos, e significará um avanço em qualidade das informações disponibilizadas aos gestores.
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Para o planejamento do Turismo no município, uma condição essencial é o conhecimento do mercado: fluxos turísticos, receitas potenciais e demanda. Perguntados, a franca maioria dos municípios (72%) disseram não realizar pesquisa nesse sentido, o que seguramente tem consequências negativas sobre a precisão e orientação das políticas e projetos públicos para o turismo. Estudos técnicos e profissionais, sobre o mercado de turismo para a Bahia, são recursos vitais para a melhoria do planejamento e da gestão do turismo nos municípios. A construção de uma cultura local com foco no turismo é uma condição estruturante de médio e longo prazo para que se promova um ambiente empreendedor capaz de apreender experiências bem sucedidas de outros locais, compreender as vocações locais e articular ações entre governo, sociedade e mercado para explorar sistematicamente e de forma planejada as dinâmicas oportunidades do setor. Para a construção dessa cultura, são imprescindíveis ações de educação e capacitação no seio dos servidores públicos e da comunidade em geral. No plano dos servidores públicos, metade dos municípios respondentes à questão desenvolvem ações de capacitação, sendo visível a necessidade de ampliar essas ações para o conjunto dos municípios. São desejáveis, nesse contexto, a verticalização das ações de capacitação de gestores do turismo, do atual Curso de extensão em Gestão de Políticas Públicas de Turismo para um curso de especialização, e a extensão das ações de capacitação para o conjunto de gestores setoriais dos municípios, e para os servidores mais diretamente envolvidos com os serviços direta ou indiretamente ligados ao turismo. A Rede de Inovação em Gestão, com a experiência e os recursos técnicos, que concentra, pode ser uma ferramenta importante neste sentido.
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No plano da comunidade em geral, os esforços de formação de uma cultura local com ênfase no turismo apresentam-‐se como bastante limitados: 81% dos municípios não realizam nenhum programa educacional abrangente para a população em geral, e 69% dos municípios não dispõem de qualquer material educativo que possa difundir estímulos, ideias e conceitos para a população, como se pode ver nos gráficos abaixo.
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No que se refere aos instrumentos e processos mais críticos para a gestão municipal do turismo, a pesquisa examinou a legislação, a governança e o planejamento, incluindo a existência de inventário dos recursos turísticos. Cerca de 67% dos municípios não dispõem de uma Lei Municipal do Turismo, ferramenta regulatória essencial para estabelecer os marcos de referencia para a atividade pública, privada e social dos que atuam no mercado do turismo no município O conhecimento das leis de turismo existentes em 33% dos municípios, e da experiência acumulada com sua implementação, poderá ser um fator precioso para que os municípios, com maior rapidez e maturidade, implementem as suas legislações locais. Mais uma vez, a Rede de Inovação pode prestar suporte em elevado padrão técnico a essa atividade de cooperação e aprendizagem requerida para o desenvolvimento do turismo no Estado. O instrumento essencial para a governança local das políticas e ações do turismo é o Conselho Municipal do Turismo. Em 58% dos municípios existe um Conselho de Turismo ou órgão equivalente, mas em apenas 26% dos municípios o Conselho está em funcionamento, ou seja, em 32% dos municípios o Conselho não funciona.
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Em síntese, nos municípios pesquisados, não existe Conselho Municipal de Turismo em 42% dos municípios e em 32% o Conselho existe mas não funciona, compondo 74% de municípios sem o funcionamento desse órgão. Trata-‐se de uma situação grave, na medida em que o funcionamento do Conselho é absolutamente essencial para a articulação dos interesses e ações entre o governo local, as empresas e a sociedade civil, articulação que por sua vez é uma condição irrecusável para a formulação de políticas integradas e para a mobilização efetiva da comunidade local em prol do Turismo. Do lado governamental, o instrumento básico para a gestão do Turismo é o Plano Municipal de Turismo, que sinaliza para as empresas e a sociedade as metas e ações públicas, e que orienta os diversos órgãos públicos municipais na execução dessas ações. O resultado desta pesquisa, considerando os 47 municípios que responderam a esta questão (entre os 50 que responderam o questionário), é também bastante grave, pois constata que mais de 70% desses municípios não dispõem de Plano de Turismo, nem mesmo de qualquer outro instrumento de planejamento estratégico para o turismo. A pesquisa também identifica que o principal e indispensável instrumento para o planejamento do turismo, o Inventário Turístico, não existe em 73% dos municípios pesquisados. Este fato completa um cenário desafiador para o Sistema Estadual de Turismo e para a SETUR, na medida em que o desenvolvimento do turismo do Estado depende fundamentalmente do protagonismo dos municípios no planejamento e gestão das ações.
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6. Conclusões Abrangendo 50 municípios turísticos, 61% de um total de 82 municípios que participam da Rede de Inovação em Gestão do Turismo e do Curso de Politicas Públicas de Gestão do Turismo, esta pesquisa traz informações de grande relevância para uma avaliação da situação da gestão do turismo nos municípios baianos. Com base na análise realizada neste documento, podemos concluir que: a) A base econômica dos municípios turísticos pesquisados é em geral precária, com forte
domínio das atividades no setor primário e no comércio (82% e 54% dos municípios tem essas como suas atividades econômicas principais), e forte dependência das transferências tributárias (60% dos municípios), o que ressalta o papel estratégico da oportunidade representada pelo Turismo para o desenvolvimento econômico e social local;
b) Existe uma escassa presença do turismo municipal na Internet, uma vez que 70% dos
municípios não dispõe sequer de um site dedicada à promoção do turismo, que seria o passo inicial para uma inserção do município no mercado global, que cada vez mais realiza suas operações de promoção, venda e suporte de produtos turísticos através da rede global. Observe-‐se que não parece existir dificuldade técnica para este primeiro passo, uma vez que 86% dos municípios dispõem de sites institucionais na Internet;
c) Em relação à infraestrutura turística básica (hospedagem), a análise realizada recomenda
atenção aos formatos de baixo custo (pensões e hospedagem familiar), que, em alinhamento com tendência internacional, mobilizam pequenos empreendimentos locais, são porta de entrada para investimentos maiores com base local, e oferecem uma alternativa de baixo custo, com potencial impacto sobre o turismo de setores médios de renda, especialmente sobre o turismo de jovens;
d) Observa-‐se um deslocamento, entre o perfil dos atrativos turísticos atualmente existentes
nos municípios e o perfil dos atrativos considerados de potencial estratégico pelos gestores. Esse deslocamento se dá no sentido de atribuir maior ênfase aos atrativos baseados na cultura e arte local (que expressam a busca de diferenciais competitivos mais sustentáveis, em relação aos atrativos naturais), e na estruturação de trilhas e roteiros, (que aponta para uma organização mais profissional e moderna da oferta do produto turístico;
e) A pesquisa registra ainda uma baixa perspectiva relativa ao investimento planejado na
qualificação das estruturas e na implementação dos instrumentos municipais de gestão do turismo, contemplado por apenas 24% de municípios, enquanto os investimentos citados como mais relevantes pelos gestores são os investimentos em infraestrutura urbana (54% dos municípios) e na infraestrutura especificamente turística (66%). Esse cenário sugere baixa consciência do caráter estratégico do investimento em planejamento e gestão do turismo, que na realidade é uma condição incontornável para uma infraestrutura e serviços de qualidade. Sugere também a emergência, no campo do turismo, das deficiências de infraestrutura urbana geral, e a necessidade de inclui-‐las no planejamento do turismo, uma vez que tem impactos significativo na atração e retenção dos turistas no município;
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f) Mas certamente a conclusão mais importante desta pesquisa seja a precariedade dos
indicadores relacionados à gestão municipal do turismo:
i) Baixa prioridade do orçamento próprio municipal alocado aos órgãos públicos de turismo, que representa apenas, em média, como visto entre os municípios pesquisados, cerca de 1,3% do orçamento municipal;
ii) Diminuto efetivo de servidores alocados ao turismo (vinculados ao órgão de gestão
municipal de turismo), revelado na análise precedente, onde 32% dos municípios tem de zero a 2 servidores dedicados;
iii) Fortes limitações no que se refere ao planejamento do turismo, com 70% dos
municípios sem um Plano Municipal de Turismo e 73% sem dispor de um inventário de seus atrativos, recursos e infraestrutura para o turismo;
iv) Ausência de mecanismos de governança que integre as forças locais (governo,
sociedade e empresas) e institua processos ordenados e transparentes de definição e gestão das políticas de turismo: em 74% dos municípios não funciona um Conselho de Turismo, apesar de 58% dos municípios declararem te-‐lo criado formalmente.
Atuando neste cenário de intensa precariedade, a implementação da Rede de Inovação em Gestão do Turismo e do Curso de Gestão de Politicas Públicas no Turismo revelou o potencial da parceria entre a SETUR e a UFBA no sentido do desenvolvimento de maior capacidade de gestão municipal no setor, ponto estratégico para qualquer propósito de desenvolvimento do turismo no Estado da Bahia. Essa contribuição tem se dado através da mobilização de um conjunto de recursos acadêmicos e tecnológicos que vem se demonstrando altamente eficazes como meio de disseminação de conhecimentos especializados e, especialmente, como meio de mobilização, articulação e cooperação entre as equipes municipais dispersas pelo largo território da Bahia. Nesse contexto, os resultados da pesquisa confirmam as razões que motivaram a implementação da Rede e do Curso, e recomendam a continuidade e a expansão do Programa, com os seguintes focos:
1. Implementação do Curso de Especialização em Gestão Pública do Turismo no formato EAD, dando continuidade à qualificação especializada dos gestores municipais do turismo iniciada pelo Curso de extensão ora em finalização;
2. Consolidação e intensificação da atividade da Rede, promovendo a cooperação
sistemática entre as equipes municipais, especialmente para o compartilhamento das experiências bem sucedidas em gestão (especialmente quanto à elaboração da Lei Municipal do Turismo, à elaboração do Inventário e do Plano Municipal de Turismo, e à implementação do Conselho Municipal). Esse compartilhamento, viabilizado a mais baixo custo pelos mecanismos virtuais da Rede, viabilizará a transferência de conhecimentos e experiências dos municípios que já tem essas competências organizacionais para aqueles – ainda a grande maioria – que ainda não dominam esses instrumentos essenciais.