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PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO
Relatório Final Junho de 2004
Faculdade de Arquitectura Universidade Técnica de Lisboa
Margar ida Moreira (coordenadora) Catar ina Camarinhas Luísa Reis Paulo
PATRIMÓNIO RURAL EM PORTUGAL Um contributo para o desenvolvimento sustentado do interior português
PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO
PATRIMÓNIO RURAL EM PORTUGAL Um contributo para o desenvolvimento sustentado do interior português
Margarida Moreira . Catarina Camarinhas . Luísa Reis Paulo . FA/UTL . 2001-2003 2
Agradecimentos
A concretização do actual projecto de investigação só foi possível devido ao
apoio que recebemos da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de
Lisboa (FA/UTL). Para além de apoio logístico e institucional, a Faculdade
concedeu o financiamento base que permitiu a realização de diversas
actividades necessárias ao desenvolvimento do projecto. O nosso primeiro
agradecimento é, assim, dirigido a todos aqueles que na FA/UTL confiaram no
projecto e nos apoiaram na sua concretização.
Em segundo lugar, agradecemos às inúmeras pessoas que nos têm apoiado na
pesquisa, seja através da disponibilização de documentação, no
acompanhamento de visitas de estudo, na participação em reuniões de trabalho
ou na orientação e discussão dos temas em análise. E é claro, também
devemos um especial agradecimento à população de Castelo Mendo e Sabugal
que participou activamente no projecto.
Um último agradecimento é dirigido aos alunos das Licenciaturas da FA/UTL em
Arquitectura de Interiores (4º e 5º Ano), Arquitectura de Gestão Urbanística e
Arquitectura do Planeamento Urbano e Territorial (4º Ano), mas principalmente
ao grupo de estagiários que desde o início do projecto tem vindo a dar
consistência ao grupo de trabalho e que foi fundamental para a realização de
levantamentos, inquéritos e tratamento de dados.
Não nos é possível nomear todos os que apoiaram o projecto mas parece-nos
importante destacar as seguintes pessoas e instituições pela sua contribuição:
Prof. Alexandre Alves Costa, Faculdade de Arquitectura Porto
Américo Alves Morgado, Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Mendo
Dr.ª Ana Faria, Comissão de Coordenação da Região Centro (CCR-C), Coimbra
Arqueólogo Carlos Banha, Instituto Português de Arqueologia, Covilhã
Arqt.º António Saraiva, director executivo da Sociedade Polis Guarda
Arqt.ª Dina Oliveira
Arqt.ª Cláudia Quelhas, Câmara Municipal do Sabugal
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Dr. Fernando Real, Director do Instituto Português de Arqueologia, Lisboa
Eng.º Francisco Sousa Lobo, Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos
Castelos
Dr.ª Glória Carrilho, Instituto Nacional de Estatística
Dr. Glória Quinaz, Câmara Municipal do Sabugal
Arqt.º João Belo Rodeia, Presidente IPPAR
Arqt.º João Marujo – G.T.L. Almeida
Dr. Jorge Miguel
Arqt.º José da Conceição Afonso, director regional, IPPAR - Direcção Regional de Castelo
Branco
Dr. José da Costa Reis, Presidente da Câmara Municipal de Almeida
Arqt.º José Santiago Faria, Comissão de Coordenação da Região Centro (CCR-C),
Coimbra
Arqt.º paisagista Luís Cabral
Eng.ª Lúcia Pessoa, D.G.E.M.N.- Centro, Directora Regional
Arqt.º Manuel Lacerda, IPPAR – Departamento de Estudos e Pesquisa, Lisboa
Maria Natércia Ruivo Gouveia, Vice-presidente da Câmara Municipal de Almeida
Dr.ª Maria Antónia de Castro Athayde Amaral
Arqt.ª Maria de la Salette Pina Marques
Arqueólogo Marcos Osório
Dr.ª Margarida Alçada, D.G.E.M.N., Directora de Serviços de Inventário e Divulgação
Dr. Miguel Soromenho, IPPAR – Divisão de Estudos e Pesquisa, Lisboa
Profª Maria da Graça Saraiva, Faculdade de Arquitectura, UTL
Prof. Michael Matias, Universidade Beira Interior
Arqt.º Nuno Teotónio Pereira
Arqueóloga Raquel Vilaça, Coimbra
Arqt.ª Sandra Gonçalves
Dr.ª Sofia Elias B.
Câmara Municipal da Guarda
Câmara Municipal do Sabugal
Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais
Gabinete Técnico de Sabugal
Biblioteca Nacional
Junta de Freguesia de Castelo Mendo
Universidade da Beira Interior
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Âmbito e Estrutura do Relatório
O presente relatório tem como objectivo apresentar sumariamente o trabalho
desenvolvido e os resultados obtidos no âmbito do Projecto de Investigação
sobre Património Rural em Portugal, um Contributo para o Desenvolvimento
Sustentado do Interior Português. O projecto desenvolveu-se, com o apoio da
FA/UTL, entre 1 de Outubro de 2001 e 31 de Julho de 2003.
O relatório não relata todos os resultados da investigação, esses estão
disponíveis noutros formatos e serão objecto de publicação futura.
O grupo de trabalho constituído para levar a cabo o projecto de investigação
procurou abranger diversas áreas do conhecimento desde a Arquitectura, ao
Planeamento Urbano, Gestão Urbanística, Técnicas Construtivas e Ciências
Sociais, pelo que integrou elementos dessas mesmas áreas.
Dentro do âmbito do Projecto de Investigação desenvolveram-se actividades
inseridas nos Estágios curriculares da FA, assim como nas disciplinas de
Reabilitação do 4º ano da Licenciatura em Arquitectura do Planeamento Urbano
e Territorial e Arquitectura da Gestão Urbanística e na disciplina de Reabilitação
do 4º e 5º anos da Licenciatura em Arquitectura de Interiores.
A equipa de trabalho que inicialmente propôs a investigação, permaneceu
durante o primeiro ano, tendo o Arquitecto Carlos Alexandre Mesquita passado a
membro não permanente por indisponibilidade de tempo relacionada com a
realização do seu mestrado e provas de aptidão pedagógica.
A investigação desenvolvida pretendeu ser a base para o desenvolvimento de
outras áreas de conhecimento, permitindo assim aprofundar novas matérias.
Todo o material escrito e desenhado, poderá ser utilizado por outros
investigadores ou por docentes e alunos para o desenvolvimento de trabalhos
de carácter escolar. Pretende-se assim solidificar a base de dados existente
neste grupo de trabalho e divulgar a investigação realizada e em curso.
O trabalho final que estamos a elaborar, apresentará detalhadamente os
resultados da investigação e constituirá o meio de divulgação do projecto de
investigação, em torno do património rural português. Para além deste período o
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grupo tem continuado a desenvolver investigação dentro dos mesmos objectivos
iniciais e tem procurado aprofundar alguns dos temas em curso ao longo do
trabalho. Neste sentido este relatório pretende, ser um contributo para a
investigação do Património Rural em Portugal, ao mesmo tempo um esboço da
futura publicação.
O relatório é constituído por cinco Partes e Anexos, subdivididos em pontos. Na
Parte I - Enquadramento faz-se uma apresentação geral do Projecto de
Investigação, constituição da equipa de trabalho, consultores, relações
institucionais, visitas de estudo, trabalhos desenvolvidos e estágios curriculares.
Na segunda Parte - Descrição e Objectivos, são definidos os objectivos da
investigação e a metodologia utilizada. Considerou-se importante fazer um
enquadramento dos antecedentes e do estado actual do Património Rural em
Portugal. Salientou-se a importância do Inventário do Património Rural Português
e da Intervenção das Aldeias Históricas de Portugal, como sendo dois grandes
momentos de actuação no património. São descritas as diversas fases e definidas
as linhas de actuação nos estudos de caso seleccionados. É apresentado o
cronograma de execução, com a descrição das tarefas realizadas ao longo do
período de investigação.
Na Parte III- Trabalho Desenvolvido, apresenta-se a investigação respeitante aos
estudos de casos, Castelo Mendo e Sabugal. Procedeu-se à caracterização
física dos dois núcleos, que não se prendeu unicamente com a análise da
estrutura física, enquanto conjuntos arquitectónicos, mas também, com o
exame do contexto social, económico, geográfico, histórico, arquitectónico,
etnográfico, elementos organizacionais e projectos que nelas se têm
desenvolvido.
Realizou-se o exame das técnicas e materiais assim como a sua deterioração, e
determinou-se quadros de terapêuticas a aplicar em cada um dos casos
patológicos detectados. Fez-se, para os dois núcleos, uma análise demográfica e
do edificado, baseado nos resultados dos Censos 1991 e 2001. A análise dos
resultados obtidos nas duas últimas décadas, dá-nos uma perspectiva do
passado recente e das tendências futuras. A estrutura da propriedade, teve
como objectivo perceber as dinâmicas temporais dos núcleos, numa
perspectiva de viabilização de projectos integrados.
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Na parte final desta fase do trabalho realizado apresentam-se os objectivos
propostos, especificam-se os objectivos atingidos e desenvolvem-se quadros
para propostas a implementar. Como conclusão da investigação, desenvolveu-
se uma metodologia de abordagem a núcleos históricos com valor patrimonial,
integrados numa perspectiva de desenvolvimento sustentado.
Na Parte IV – Financiamento apresenta-se um quadro financeiro onde se explica
por tipo de despesa os gastos efectuados com o Projecto de Investigação a
partir do financiamento proporcionado pela FA/UTL .
A Parte V – Fontes de Informação apresenta todas as referências utilizadas até
ao momento. Considera-se no entanto que existem áreas ainda por explorar e
que fazem parte da parte da proposta final. Nesta parte incluem-se as
referências sobre Cartografia, Memórias Descritivas e Cartas, e Locais de
Consulta subdividido em Pesquisas de sites na Web e Pesquisa Documental.
Os Anexos são constituídos por seis grupos dos quais os dois primeiros se
referem ao material disponível sobre o Concelho do Sabugal e de Almeida
(Castelo Mendo). Destes elementos destacamos bibliografia e iconografia de
diversos arquivos bibliográficos, documentais e fotográficos, públicos e privados,
dados estatísticos, fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, bem como, a
informação recolhida por alunos estagiários e alunos das licenciaturas.
Achou-se ainda importante fazer uma referência ao Site do Projecto que não só
permitiu divulgar a informação e a investigação em curso, como também
constitui uma base de trabalho.
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PARTE I
Enquadramento
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1. Introdução
Através de uma reflexão operativa sobre a problemática da preservação do
Património Rural em zonas votadas ao abandono, o projecto de investigação
sobre Património Rural em Portugal espera desenvolver e activar a investigação
científica, promover o intercâmbio e cooperação com outras Universidades na
Europa, contribuir para a conservação do património rural e para gestão de
actividades de interesse nacional. Através da investigação procura-se promover
o desenvolvimento local, assim como a preservação do património rural.
Pretende-se ainda, através deste projecto, possibilitar aos alunos em ano de
Estágio o desenvolvimento de investigação nesta área.
2. Descrição do projecto
Data de inicio do Projecto - 1 de Outubro de 2001
Data de conclusão do Projecto – 31 de Julho de 2003
O âmbito deste projecto de investigação enquadra-se na necessidade de
reflexão sobre o futuro do Património Rural. A investigação incidiu no património
construído em "risco" e analisou os aspectos construtivos, sociais e económicos
do processo. (...) O projecto prevê a preservação e dinamização de núcleos
rurais caracterizados por fraca acessibilidade, despovoamento e abandono de
elementos patrimoniais.
Os exemplos seleccionados para esta investigação foram objecto de análise
histórica, arquitectónica, urbana e territorial, técnico-construtiva, social e
económica. Seleccionaram-se dois exemplos de estudo na região da Beira
Interior: Castelo Mendo e Sabugal. Castelo Mendo encontra-se abrangido pelo
Programa das Aldeias Históricas (da responsabilidade da CCR Centro),
permitindo avaliar o processo de reabilitação em curso e oportunidade de
aplicação noutros casos. A partir do caso do Sabugal esperou-se encontrar uma
metodologia de intervenção específica para núcleos rurais em processo de
abandono e desenvolver estratégias para a reabilitação do património rural.
O estudo da vila de Sabugal despertou o interesse pela temática do património
rural. No contexto deste estudo houve necessidade de realizar trabalho de
campo e a oportunidade de efectuar uma visita de estudo a algumas aldeias da
Beira Interior, nomeadamente: Linhares da Beira, Almeida, Vilar Maior, Sortelha,
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Idanha-a-Velha e Castelo Mendo onde tomámos consciência da importância do
reconhecimento e valorização do legado patrimonial aí existente.
O projecto de investigação sobre Património Rural em Portugal procurou
desenvolver e activar a investigação científica, promover o intercâmbio e
cooperação com outras Universidades nacionais e estrangeiras, contribuir para
a conservação do património rural e para a gestão de actividades de interesse
nacional. Pretendeu-se ainda, através deste projecto, possibilitar aos alunos em
ano de Estágio o desenvolvimento de investigação nesta área. Através da
investigação procura-se promover o desenvolvimento local, assim como a
preservação do património rural.
Desenvolver a colaboração cultural didáctico - formativa, possibilitando a
realização de cursos e seminários, mobilidade de docentes e discentes com
outros parceiros envolvidos em investigação similar tais como o Centro Europeu
de Cooperação Cultural e Presídios Universitários Internacionais, projecto em
elaboração pela Universidade de Génova e a CYTED – Rede de Investigação
Cientifica – Sub rede XIV – E – Habitat qualidade de vida no meio rural e
California Polytechnic and State University em Pomona, Califórnia.
3. Equipa de trabalho
3.1 Elementos permanentes
O Projecto tem como percursores o grupo de professores da Faculdade de
Arquitectura com interesses comuns na área da conservação e reabilitação
arquitectónica e urbana:
Prof. Associada Margarida Moreira (Coordenadora do Projecto)
Assistente Mestre Catarina Teles Ferreira Camarinhas (Investigadora)
Assistente Mestre Luísa Reis Paulo (Investigadora)
3.2 Elementos não permanentes
Igualmente importante foi a participação de outros elementos não permanentes,
que apoiou o acompanhamento de visitas de estudo e o desenvolvimento de
programas para as disciplinas de reabilitação nas Licenciaturas de Arquitectura
de Interiores, de Planeamento Urbano e Territorial, de Gestão Urbanística, como
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a informatização de uma base de dados e inquéritos e implementação do SIG e
tratamento gráfico de levantamentos arquitectónicos.
Profª Margarida Moreira e Assistente Catarina Camarinhas (responsáveis pela
investigação elaborada pelos alunos das Licenciaturas em Arquitectura do
Planeamento Urbano e Territorial e de Arquitectura da Gestão Urbanística)
Prof. Sérgio Infante e Assistente Luísa Reis Paulo (responsáveis pela investigação
elaborada pelos alunos da Licenciatura de Interiores)
Assistente Estagiário Arquitecto Carlos Alexandre Mesquita (investigador)
Assistente Cristina Cavaco (supervisora de estágio)
Assistente João Pinelo (implementação do SIG)
Carlos Valdemar Silva (técnico de investigação)
Para além destes elementos acima mencionados, temos que salientar o
envolvimento dos alunos da disciplina de Reabilitação e Salvaguarda do 4º ano
das Licenciaturas em Arquitectura do Planeamento Urbano e Territorial e
Arquitectura da Gestão Urbanística dos anos lectivos de 2001-2002, 2002-2003;
e os alunos da disciplina de Reabilitação do 4º e 5º anos da Licenciatura em
Arquitectura de Interiores, anos lectivos de 2001-2002, 2002-2003.
3.3 Estagiários
Sem a presença continuada de estagiários no Projecto seria difícil de levar a
cabo a investigação que se apresenta resumidamente neste relatório mas que
está disponível a todos os que se interessem por estas matérias. O Projecto de
Investigação do Património Rural em Portugal permitiu-me a muitos destes
estagiários, abordar áreas e disciplinas que foram muito sumariamente tratadas
durante as licenciaturas. Possibilitou-se a aprendizagem de programas
informáticos como o SIG, o contacto directo com as mais diversas instituições,
com a população local, com técnicos especializados e com outros
investigadores.
Ana Mafalda Lima. Joana Vaz e Álvares. Paula Patola Bento ano lectivo
2001/2002
Miguel Gomes. Nyeleti Alegre. Rita Vasco, ano lectivo de 2002/2003
A Ana Mafalda Lima mesmo após a conclusão do estágio permaneceu na
equipa apoiando a investigação por mais três meses.
Actualmente, e para o desenvolvimento de pesquisas complementares que
estão a ser acompanhadas pela Profª Denise Lawrence, pela Assistente Luísa
Reis Paulo e Profª Margarida Moreira, na área da metodologia de intervenção,
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inquérito e avaliação, encontram-se os estagiários, Joana Boavida e Tiago
Rodrigues.
3.4 Consultores
A experiência do grupo de consultores com quem o grupo teve permanente
contacto quer através de visitas ao local, reuniões de trabalho e troca de
experiências foi crucial para o desenvolvimento do projecto. Optamos por duas
visões, uma de especialistas envolvidos no terreno e em outros projectos para a
zona da Beira Interior faz longos anos e outros que tendo trabalhado em
diferentes zonas do país e no estrangeiro abarcam visões menos
emocionalmente condicionadas e portanto mais críticas e abertas.
Arq. Santiago Faria
Dr. Ana Faria, Comissão de Coordenação da Região Centro (CCR-C), Coimbra
Profª Denise Lawrence (Investigadora) California Polytechnic and State University,
Pomona, California.
3.5 Relações Institucionais
Ao longo deste período de investigação foram inúmeras as instituições com
quem trabalhamos e com quem estabelecemos relações. Apresentamos
seguidamente algumas das que mais activamente nos apoiaram:
Universidade Beira Interior
Comissão de Coordenação da Região Centro (CCR-C), Coimbra
Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos
IPPAR - Direcção Regional de Castelo Branco
IPPAR – Departamento de Estudos e Pesquisa, Lisboa
IPPAR – Divisão de Estudos e Pesquisa, Lisboa
Instituto Português de Arqueologia, Covilhã
Instituto Português de Arqueologia, Lisboa
Câmara Municipal do Sabugal
Gabinete Técnico de Sabugal:
Câmara Municipal da Guarda
Câmara Municipal de Almeida
Junta de Freguesia de Castelo Mendo
G.T.L. Almeida
Universidade de Génova, Itália
California Polytechnic and State University em Pomona, Califórnia
CYTED – Rede de Investigação Cientifica – Sub rede XIV – E – Habitat qualidade de vida
no meio rural
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PARTE II
Metodologia, Objectivos e Actividades
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4. Metodologia e Plano de Trabalho
A investigação proposta organizou-se em inicialmente duas fases de
desenvolvimento consecutivas, que corresponderam a dois anos lectivos, a fase
de recolha de dados análise e diagnóstico e a fase de proposta. No entanto foi
necessário alargar a primeira fase por o âmbito da investigação ter sido
alargado e aprofundado em algumas vertentes. No final de cada fase foi
elaborado um pequeno relatório síntese.
A metodologia de trabalho, de acordo com o esquema apresentado, baseou-se
inicialmente numa fase de análise composta por duas pesquisas paralelas, a
histórica e a cognitiva. Seguidamente a investigação desenvolveu-se em torno
do processo de avaliação arquitectónica e urbana, que permitiu conjuntamente
com as fase de análise, posteriormente definir os possíveis quadros de actuação
para a zona em estudo.
Na fase final são identificados todos os possíveis intervenientes, e apresentada a
avaliação económica que no caso em questão é suportada pela avaliação de
impactos, resultante das opções previamente estudadas, permitindo
apresentação de resultados finais.
ObjectivoObjectivoProcesso
AnáliseHistória Cognitiva
ÁÁrea de Estudorea de EstudoProcesso
Avaliação Arquitectónica
Opções
Fazer nada Conservar Reabilitar Construir novo
EntidadesEntidadesProrietárioOcupante
EstadoEmpresário
Avaliação Economica
Conclusão
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4.1 A Escolha dos Estudos de Casos
Seleccionaram-se inicialmente dois exemplos de estudo na região da Beira
Interior: Sabugal e Castelo Mendo. Castelo Mendo encontra-se abrangida pelo
Programa das Aldeias Históricas (da responsabilidade da CCR Centro),
permitindo avaliar o processo de reabilitação decorrente desse programa e o
estado em que actualmente se encontra. A escolha de Sabugal enquadra-se na
tipologia de aldeia e vila histórica que abandona o núcleo inicial e se expande
para o arrabalde, optando por novas formas de arquitectura e de desenho
urbano.
A partir dos casos de Castelo Mendo e de Sabugal esperamos encontrar uma
metodologia de intervenção específica para núcleos rurais em processo de
abandono e desenvolver estratégias para a reabilitação do património rural.
A pesquisa tinha como objectivo encontrar um terceiro núcleo em “risco” com
um número muito reduzido de habitantes. Para tal foram analisadas algumas
freguesias dos concelhos de Almeida, Guarda e Sabugal, tendo em conta o
número de habitantes, a sua localização (próxima da fronteira) e, ainda, a
proximidade ou distância às vias de principal acesso. Procedeu-se à análise dos
Censos de 1960 a 2001 do Instituto Nacional de Estatística (INE). Dos elementos
estatísticos recolhidos foram elaboradas tabelas de leitura e gráficos
interpretativos.
A população portuguesa sofreu um decréscimo nos anos 60 e um acréscimo no
decénio de 70, resultado da intensificação dos fluxos de emigração ou de
retorno. No período de 1970-81 deu-se um crescimento migratório positivo, as
reduzidas saídas e os significativos retornos, principalmente das ex-colónias
africanas, mas também da Europa, fizeram com que o crescimento total fosse
superior ao crescimento natural.
Passada a fase de transição demográfica, algumas regiões apresentavam
valores baixos tanto de natalidade como de mortalidade. A acção conjugada do
envelhecimento e dos fluxos migratórios, conduziu à estagnação e de certo
modo, ao aumento da taxa de mortalidade. Em termos geográficos, verificou-se
o acentuar de assimetrias no que toca à demografia das diferentes regiões,
registando-se uma concentração crescente da população nas áreas
metropolitanas.
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O Concelho de Almeida sofreu um decréscimo da população residente ( -
45,81%) de 1960 a 2001. As freguesias de Vilar Formoso, Vale da Coelha e Vale
da Mula, são as que apresentam uma variação mais acentuada na ordem de
90,26%, 89, 89% e 76,87% respectivamente.
Variação da população presente e residente no Concelho de Almeida
CONCELHO DE ALMEIDA 2001 1960 Pop. Residente Pop. Presente
Freguesias
Pop. Residente
HM
Pop. Presente
HM
Pop. Residente
HM
Pop. Presente
HM
Var. Absoluta
Var. Relativa
Var. Absoluta
Var. Relativa
Concelho de Almeida 8423 7922 15543 15505 -7120 -45,81 -7583 -48,91
Aldeia Nova 53 50 141 141 -88 -62,41 -91 -64,54
Amoreira 185 183 402 402 -217 -53,98 -219 -54,48
Castelo Bom 181 172 484 484 -303 -62,60 -312 -64,46
Castelo Mendo 134 122 448 448 -314 -70,09 -326 -72,77
Freineda 269 272 803 804 -534 -66,50 -532 -66,17
Freixo 217 193 455 456 -238 -52,31 -263 -57,68
Junça 162 159 376 376 -214 -56,91 -217 -57,71
Leomil 134 134 459 459 -325 -70,81 -325 -70,81
Malpartida 206 193 569 572 -363 -63,80 -379 -66,26
Mesquitela 58 57 214 215 -156 -72,90 -158 -73,49
Mido 59 65 220 220 -161 -73,18 -155 -70,45
Nave Haver* 504 465 1630 1630 -1126 -69,08 -1165 -71,47
Naves 101 94 225 225 -124 -55,11 -131 -58,22
Peva 140 140 346 346 -206 -59,54 -206 -59,54
S. Pedro Rio Seco* 202 194 447 447 -245 -54,81 -253 -56,60
Senouras 57 50 176 176 -119 -67,61 -126 -71,59
Vale da Mula* 237 235 134 134 103 76,87 101 75,37
Vale da Coelha* ** 48 46 475 475 -427 -89,89 -429 -90,32
Vale Verde 131 130 415 419 -284 -68,43 -289 -68,97
Vilar Formoso* 2481 2238 1304 1314 1177 90,26 924 70,32
* Freguesias próximas da fronteira com Espanha. ** Freguesias com menor número de habitantes
O Concelho da Guarda sofreu um decréscimo da população residente ( -7,49%)
de 1960 a 2001, sendo dos três concelhos o que apresenta os valores mais
baixos. As freguesias de Monte Margarida e Carvalhal Meão, são as que
apresentam uma variação mais acentuada na ordem de 79,82% e 75,64%
respectivamente.
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O Concelho do Sabugal sofreu um decréscimo da população residente ( -
59,12%) de 1960 a 2001, constituindo-se como o concelho com uma diminuição
mais acentuada. As freguesias de Aldeia da Ribeira, Vale Longo, Vale das
Éguas, e Águas Belas são as que apresentam maior variação na ordem de
83,12%, 79,46%, 76,70%, e 75,93% respectivamente.
Variação da população presente e residente no Concelho da Guarda
CONCELHO DA GUARDA 2001 1960 Pop. Residente Pop. Presente
Freguesias
Pop. Residente
HM
Pop. Presente
HM
Pop. Residente
HM
Pop. Presente
HM
Var. Absoluta
Var. Relativa
Var. Absoluta
Var. Relativa
Concelho da Guarda 44048 44266 47614 48327 -3566 -7,49 -4061 -8,40
Albardo 181 175 439 440 -258 -58,77 -265 -60,23
Aldeia do Bispo 180 176 303 303 -123 -40,59 -127 -41,91
Alvendre 231 226 473 481 -242 -51,16 -255 -53,01
Avelãs de Ambom 91 82 278 278 -187 -67,27 -196 -70,50
Avelãs da Ribeira 215 208 462 462 -247 -53,46 -254 -54,98
Carvalhal Meão 67 61 275 275 -208 -75,64 -214 -77,82
Cavadoude* 366 344 508 508 -142 -27,95 -164 -32,28
Gagos 134 141 375 375 -241 -64,27 -234 -62,40
Gonçalo Bocas 217 214 311 312 -94 -30,23 -98 -31,41
João Antão 194 194 438 438 -244 -55,71 -244 -55,71
Monte Margarida 44 44 218 218 -174 -79,82 -174 -79,82
Pega 192 172 695 695 -503 -72,37 -523 -75,25
Pêro Soares* 89 89 259 259 -170 -65,64 -170 -65,64 Ribeira dos Carinhos
136 205 291 291 -155 -53,26 -86 -29,55
Rocamondo 110 109 279 282 -169 -60,57 -173 -61,35
S. Miguel da Guarda 6734 6249 Esta freguesia surgiu em 1980
Seixo Amarelo 126 123 414 414 -288 -69,57 -291 -70,29
Vale de Amoreira 261 253 Esta freguesia surgiu em 1980 Vila Cortês do Mondego
323 299 244 244 79 32,38 55 22,54
Vila Franca do Deão 159 152 387 387 -228 -58,91 -235 -60,72
Vila Soeiro* ** 58 51 205 205 -147 -71,71 -154 -75,12
* Freguesias próximas da fronteira com Espanha. ** Freguesias com menor número de habitantes.
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Variação da população presente e residente no Concelho de Sabugal
CONCELHO DO SABUGAL 2001 1960 Pop. Residente Pop. Presente
Freguesias Pop. Resident
e HM
Pop. Presente
HM
Pop. Resident
e HM
Pop. Presente
HM
Var. Absoluta
Var. Relativa
Var. Absoluta
Var. Relativa
Concelho do Sabugal 14871 14087 36380 36401 -21509 -59,12 -22314 -61,30
Águas Belas 220 206 914 914 -694 -75,93 -708 -77,46
Aldeia da Ponte* 340 323 797 797 -457 -57,34 -474 -59,47
Aldeia da Ribeira 198 183 1173 1173 -975 -83,12 -990 -84,40
Aldeia do Bispo* 395 376 789 789 -394 -49,94 -413 -52,34
Aldeia Velha* 490 472 1188 1189 -698 -58,75 -717 -60,30
Badamalos 99 110 370 371 -271 -73,24 -261 -70,35
Baraçal 242 226 610 610 -368 -60,33 -384 -62,95
Bismula 198 184 552 552 -354 -64,13 -368 -66,67
Forcalhos* 108 108 398 398 -290 -72,86 -290 -72,86
Lageosa da Raia* 258 246 735 735 -477 -64,90 -489 -66,53
Lomba 74 69 250 250 -176 -70,40 -181 -72,40
Malcata 351 338 885 885 -534 -60,34 -547 -61,81
Pena Lobo 177 171 485 485 -308 -63,51 -314 -64,74
Qt de São Bartolomeu 217 203 669 670 -452 -67,56 -467 -69,70
Rapoula do Côa 249 226 544 544 -295 -54,23 -318 -58,46
Rebolosa 205 191 587 587 -382 -65,08 -396 -67,46
Rendo 342 321 1049 1049 -707 -67,40 -728 -69,40
Ruivós 68 55 202 202 -134 -66,34 -147 -72,77
Ruvina 127 113 382 382 -255 -66,75 -269 -70,42
Santo Estevão 360 345 1154 1154 -794 -68,80 -809 -70,10
Seixo da Côa 233 229 794 794 -561 -70,65 -565 -71,16
Vale das Éguas** 48 43 206 206 -158 -76,70 -163 -79,13
Vale Longo 68 59 331 331 -263 -79,46 -272 -82,18
Vila Boa 330 301 784 784 -454 -57,91 -483 -61,61
Vila do Touro 299 278 740 740 -441 -59,59 -462 -62,43
Vilar Maior 168 165 610 610 -442 -72,46 -445 -72,95 * Freguesias próximas da fronteira com Espanha. ** Freguesias com menor número de habitantes.
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Freguesias em que a variação da população de 1960 a 2001 é mais elevada
Concelhos Concelho de Almeida Concelho da Guarda Concelho de Sabugal
Freguesias Vale da Coelha Vilar Formoso Vale da Mula
Carvalhal Meão Monte Margarida
Águas Belas Aldeia da Ribeira Vale das Éguas Vale Longo
Após a análise apresentada realizou-se um levantamento na zona, com o
objectivo de identificar um terceiro núcleo de interesse patrimonial e em risco.
Durante a visita constatou que os locais tinham pouco interesse patrimonial,
apesar de manterem a sua estrutura urbana de origem, do seu património
arquitectónico apenas restavam os casebres destinados à pastorícia e à
agricultura. Existem ainda elementos importantes a considerar no estudo como
as linhas de divisão de propriedade, estas ainda quase intactas e de valor
paisagístico e patrimonial.
Consideramos que os dois outros núcleos a estudar deveriam ser Medelim, e
Penha Garcia, que apresentavam tanto a estrutura urbana original e um rico
património arquitectónico. Por razões de dificuldades financeiras não foi possível
iniciar o estudo destes casos.
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5. Objectivos Propostos
O âmbito deste projecto de investigação enquadra-se na necessidade de
reflexão sobre o futuro do Património Rural. A investigação incidirá no património
construído em “risco” e analisará os aspectos construtivos, sociais e económicos
do processo. Pretende-se perceber, através de estudo de casos, a realidade
portuguesa das zonas rurais em processo de despovoamento.
O projecto será objecto de análise no âmbito da complementaridade entre a
investigação científica integrada nos Departamentos da Faculdade de
Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e a actividade pedagógica
desenvolvida nos 4º e 5º anos e estágio das Licenciaturas de Arquitectura, de
Arquitectura da Gestão Urbanística, de Arquitectura do Planeamento Urbano e
Territorial e de Arquitectura de Interiores.
O projecto prevê a preservação e dinamização de núcleos rurais caracterizados
por uma fraca acessibilidade, desertificação e abandono. Os exemplos
seleccionados para esta investigação serão objecto de análise histórica,
arquitectónica, urbana e territorial, técnico-construtiva, social e económica.
6. Actividades Desenvolvidas nos anos lectivos de 2001- 2003
Apresentamos seguidamente um resumo das actividades desenvolvidas nos
anos lectivos correspondente ao período compreendido entre Outubro de 2001 e
31 de Julho de 2003.
O primeiro ano foi maioritariamente dedicado ao levantamento de informação
sobre os casos a seleccionar para a investigação. Iniciaram-se contactos com
as entidades que previamente realizaram trabalho na área, como a CCR centro,
realizaram-se visitas de reconhecimento em toda a região da Beira Interior e
estabeleceram-se contactos com as entidades locais.
No segundo ano continuou-se o levantamento de informação, iniciou-se o
tratamento de dados, considerando sempre importante o processo de revisão
da informação recolhida. A investigação complementar foi um requerimento
necessário que estará presente até ao termo do trabalho. Como atrás se referiu
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a proposta começou a tomar forma possibilitando a passagem ao processo de
avaliação.
Ainda no segundo ano, foi possível dar forma a toda a informação recolhida e
iniciar a compilação do material recolhido pelo grupo de trabalho.
No cronograma anexo identificam-se as principais acções e áreas de trabalho
desenvolvidas ao longo deste período.
Cronograma de Execução Previsto 2001- 2003
2002 2003 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1 2 3 4 5 6
estudo de casos revisão de dados análise/tratamento de dados investigação complementar proposta compilação/síntese
Estudo de casos
• Castelo Mendo e Sabugal • Levantamentos: Edificado; Espaço Público; Demografia e Dinâmicas
Sócio-Económicas • Estudo da Estrutura Física do Território • Análise Histórica e Patrimonial • Avaliação e Diagnóstico (Síntese)
Análise e tratamento de dados
• Base de dados • Implementação do SIG
Revisão de dados
• Análise e revisão de inquéritos, levantamentos arquitectónicos e cartografia
• Revisão da base de dados para o edificado informatizado • Revisão e compilação do levantamento de tipologias de edificado e de
perfis de arruamento (Castelo Mendo e Sabugal)
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• Inquérito à População – Castelo Mendo • Entrevistas (Castelo Mendo e Sabugal) • Revisão e finalização da implementação do Sistema de Informação
Geográfica – dados do edificado e do INE • Tratamento estatístico de dados do INE (evolução da população na
região, distrito, concelho, freguesia e centro histórico em estudo). Dados referentes a 2001
Investigação complementar
• Estudo e Avaliação dos Programas Existentes • PEDIP • Polis • Programa das Aldeias Históricas • Programa das Aldeias com Castelo • Programa da Aldeias da Água
Proposta
• Produção de documento síntese do Projecto • Avaliação conclusiva do trabalho realizado no âmbito da reabilitação do
Património Rural em Portugal • Apresentação das propostas desenvolvidas no âmbito do projecto de
investigação – estudos de caso de Castelo Mendo e Sabugal • Avaliação e Diagnóstico (Síntese). • Estudo e Avaliação dos Programas Existentes - PEDIP - Polis - Programa
das Aldeias Históricas - Programa das Aldeias com Castelo - Programa da Aldeias da Água.
• Estudos de Caso - Castelo Mendo e Sabugal – Proposta.
7. Actividades Desenvolvidas nos anos lectivos de 2004- 2005
Cronograma de Execução Previsto 2004 - 2005
2004 2005 Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1 2 3 4
investigação complementar proposta compilação/síntese publicação
O ano lectivo de 2004 foi dedicado à produção de documento síntese do
Projecto, contendo: - Avaliação conclusiva do trabalho realizado no âmbito da
reabilitação do Património Rural em Portugal - Comparação com o trabalho
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desenvolvido pelos países participantes no projecto de Centro Europeu de
Cooperação Cultural - Apresentação das propostas desenvolvidas no âmbito do
projecto de investigação (estudos de caso de Castelo Mendo e Sabugal).
Este documento síntese é entendido como o elemento preparatório para a
elaboração da publicação dos resultados finais.
• Cruzamento de informação com Antropologia/Sociologia (Denise Lawrence).
• Mestrado em Desenho Urbano, ISCTE - Aula sobre o Metodologia e Propostas elaboradas pelo Projecto de Investigação, Maio 2004
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8. Seminários, Cursos e Reuniões
II Jornadas do Património Rural
Cine-Teatro S. Pedro Abrantes
25 de Outubro 2002
Participantes: Luísa Reis Paulo
Mafalda Lima
Reciclar o Património, ‘Modus Operandi, Consultores Culturais’
LNEC, Lisboa
28 Fevereiro 2002
Participantes: Catarina Camarinhas (foi apresentado relatório à Presidente da
Comissão de Gestão, 1 Março de 2002).
Resumo:1ª sessão – filosofias de intervenção no património arquitectónico.
2ª sessão – Recuperação e reutilização dos centros históricos; IPA e
SIG.
3ª sessão – Património Industrial
4ª sessão - Fachadismo
Reuniões
• Reunião na CM Sabugal - 15 a 18 de Julho de 2001
Participantes: Dra. Glória Quinaz, Catarina Camarinhas, Carlos Mesquita
Objectivo: visita preparatória para selecção de estudos de caso (aldeias
históricas e
distrito da Guarda e Castelo-Branco)
Recolha de informação (diapositivos e informação escrita)
(despesa coberta por bolsa de curta duração da UTL)
• Reunião na Covilhã, UBI - 25 de Julho de 2001
Participantes: Prof. Michael Mathias, Catarina Camarinhas
Objectivo: organização da visita de estudo dos alunos de AGU e APUT da
disciplina de Reabilitação e Salvaguarda.
• Reunião em Coimbra, CCR Centro - 3 de Agosto de 2001
Participantes: Drª. Ana Faria, Arqtº. Santiago Faria e Catarina Camarinhas
Objectivo: Recolha de informação (peças desenhadas sobre aldeias históricas,
consulta de processos)
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• Reunião na CM Sabugal - 27 a 30 de Abril de 2002
Participantes: Vereador Manuel Rito, Drª Glória Quinaz, Catarina Camarinhas.
Objectivo: Recolha de informação (cartazes relativos ao Plano de Pormenor do
Sabugal de 1993, elementos gráficos, apoio ao levantamento do centro
histórico, fotografias aéreas)
• Reunião em Penamacor no Instituto da Conservação da Natureza – 27 a
30 de Abril de 2002
Participantes: Técnica do ICN, Catarina Camarinhas.
Objectivo: Recolha de informação (cartazes relativos ao Plano de Pormenor do
Sabugal de
1993, elementos gráficos, apoio ao levantamento do centro histórico,
fotografias aéreas)
9. Trabalho de Campo
• Trabalho de campo de Paula Bento e Joana
Levantamento arquitectónico e urbano de Castelo Mendo.
• Trabalho de campo de Nielyte
Levantamento arquitectónico e urbano de Sabugal. Inquérito local.
• Trabalho de campo de Rita e Miguel
Analise das metodologias, progressos e perspectivas de intervenção de diversos
programas de âmbito nacional, regional e municipal, tais como o Polis (visita aos
gabinetes e áreas de intervenção da Guarda e da Covilhã), o programa Aldeias
Históricas de Portugal (visita a diversos núcleos de intervenção: Linhares da
Beira, Almeida, Castelo Mendo, Sortelha...) e o Gabinete Técnico Local do
Sabugal (proporcionando-se o contacto com diversas fases de trabalho
desenvolvido e a desenvolver na área da reabilitação, destacando a existência
de diversas escalas de intervenção no que respeita a uma expansão do
conceito de património rural, assim como das diversas formas de o preservar.
Desenvolver trabalho de campo no centro histórico do Sabugal através da
realização e preenchimento de fichas de levantamento do edificado e de
inquérito à população.
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10. Visitas de Estudo
• Visita de Estudo à Beira Interior - 1 a 5 de Novembro de 2001
Objectivos da visita de estudo:
A visita de estudo à Região da Beira Interior pretende reconhecer o progresso,
metodologias e perspectivas de intervenção dos seguintes programas de âmbito
nacional, regional e municipal:
A visita de estudo decorreu no período de 1 a 5 de Novembro de 2001.
Pretendeu-se com esta visita proporcionar aos alunos a oportunidade de
conhecerem os locais onde se realizam as intervenções dos programas:
Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal e Polis – Programa de
Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades; e ainda a Vila do
Sabugal, onde se vai desenvolver um exercício no âmbito da disciplina de
Reabilitação e Salvaguarda. Toda a visita foi acompanhada pela CCR Centro,
nomeadamente pelo Arquitecto Santiago Faria e pela Dr. Ana Faria, historiadora.
LOCAL DA VISITA
1º DIA LINHARES DA BEIRA.GUARDA
2º DIA ALMEIDA.CASTELO MENDO.CASTELO BOM.SABUGAL
3º DIA VILAR MAIOR.SABUGAL
4º DIA SABUGAL.SORTELHA
5º DIA COVILHÃ.IDANHA-A.-VELHA
POLIS. Visita aos gabinetes e áreas de intervenção do POLIS da Guarda e
Covilhã.
Programa Aldeias Históricas de Portugal – Centro de Coordenação Regional
Centro. Visita aos seguintes núcleos de intervenção: Linhares, Almeida, Castelo
Mendo, Sortelha, Idanha-a-Velha. Gabinete Técnico Local do Sabugal. Áreas de
intervenção de Vilar Maior e Alfaiates.
Nesta visita pretende-se proporcionar o contacto com gabinetes técnicos a
desenvolver trabalho na área de reabilitação e com alguns resultados práticos
da intervenção neste domínio. Pretende-se dar a conhecer trabalho em diversas
escalas de intervenção, proporcionando uma visão alargada daquilo que é o
património rural e das formas variadas de actuação para a preservação deste
património. Por acção da tutela governamental, foi delegada na CCR Centro o
papel de coordenar o Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de
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Portugal que consistia, no essencial, na identificação de um conjunto de
exemplos representativos e simbólicos enquanto património construído daquilo
que são as nossas mais profundas e remotas raízes aldeãs. Na sua essência o
Programa das Aldeias Históricas começou por ser um conjunto de planos de
intervenção materiais – recuperação de fachadas e de telhados das habitações,
arranjos urbanísticos, melhoria das acessibilidades bem como beneficiação de
monumentos.
A visita pretende ainda desenvolver trabalho de campo no Centro Histórico do
Sabugal (levantamento ao edificado e inquérito à população) e em Vilar Maior
(inquérito à população).
Participantes: Margarida Moreira, Catarina Teles Ferreira Camarinhas,
Luísa Reis Paulo, Carlos Mesquita
Grupo de Estudantes do 4º ano das licenciaturas em Arquitectura do
Planeamento Urbano e Territorial e Arquitectura da Gestão Urbanística, no
âmbito do programa da disciplina de Reabilitação e Salvaguarda.
Total de participantes: 40 pessoas
Trabalho realizado
LINHARES DA BEIRA
A primeira observação incidiu sobre Linhares da Beira, numa visita orientada
pelo Arqtº Santiago Faria e pela Drª Ana Faria da CCR Centro, que por sinal
acompanharam os alunos e docentes da UTL no decorrer de toda a visita de
estudo.
Linhares da Beira situa-se numa encosta Poente da Serra da Estrela e crê-se
que a sua origem reporte a 580-500 A.C. fundada pelos Túrdulos. Numa análise
global é patente a recuperação que decorre na sequência do ‘programa das
Aldeias Históricas’. Destaca-se o conteúdo da intervenção, que neste particular
visa sobretudo a homogeneização do edificado na sua composição e nos seus
aspectos construtivos suprimindo as dissonâncias existentes, numa clara
ambição de devolver a identidade do seu passado medieval. Numa vertente
paralela, consta-se neste caso a actual construção de uma unidade da rede de
pousadas ENATUR, que pelas suas dimensões se optou por implantar em dois
edifícios pré-existentes, numa atitude que visa promover o turismo local
dinamizando com isso a aposta turística numa vertente cultural e desportiva.
ALMEIDA
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No segundo dia da visita o grupo da UTL na companhia dos elementos do CCR
Centro teve oportunidade de ser acompanhada pelo Dr. Moutinho Borges que
expôs os propósitos da intervenção em Almeida. Seguindo-se a uma breve
introdução histórica da Aldeia, foi-nos dito que a base do programa para este
caso se debruçou essencialmente em dinamizar o comércio através do
PROCOM e os serviços do concelho e que como ponto de partida esta acção
deveria estar intimamente associada à valorização do património natural e
construído, entre os quais se destaca todo o historial da sua imponente muralha
e sua consequente revalorização memorial, ambicionando reavivar todo o
aspecto cénico militar que patenteia.
Foram tidos em conta, também pelo Dr. Moutinho Borges, alguns aspectos
técnicos da sua reabilitação como a reposição da telha de canudo tradicional
Portuguesa em todo o edificado contido na ‘cerca’ como também a selecção do
cromatismo para o revestimento das fachadas dos mesmos que incidia na
origem principalmente nos tons de ocres.
CASTELO MENDO
Seguiu-se a visita a Castelo Mendo, que se enquadra também na perspectiva
de vocação militar dos povoados do ‘Riba-Côa’.
Neste exemplo, cuja visita esteve a cargo do Arqtº Santiago Faria e da Drª Ana
Faria, constatou-se no âmbito da intervenção que o processo incidiu
particularmente no aspecto das camuflagens das infra-estruturas bem como na
já referenciada renovação das fachadas do seu aglomerado.
SORTELHA
Na visita a Sortelha, acompanhada pelo Arqt.º Santiago, pela Drª Ana Faria,
pela arq. Dina Oliveira e pelo Arqueólogo Marcos Osório do G.T.L da C.M do
Sabugal, destaca-se o virtuosismo do processo de intervenção que patenteia no
seu conjunto um sentido integral de acentuada homogeneidade, para o qual não
foi, por certo alheia a disponibilidade por parte da técnica atrás mencionada
bem como a receptividade da população local. Constitui-se neste particular
como um aglomerado claramente identificado pela linguagem concordante do
seu conjunto no que à aplicação dos materiais diz respeito bem como no nível
das suas infra-estruturas que estão camufladas em pleno.
IDANHA-A-VELHA
Por último uma abordagem a Idanha-a-velha, povoado recuperado
recentemente, num projecto encabeçado pelo Arq.º Alexandre Alves Costa.
Idanha, constitui-se como autêntica estação arqueológica, onde estão patentes
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inúmeros vestígios referentes a vários períodos de ocupação nos quais se
destaca a presença romana com particular destaque para a fortificação
presente. É de realçar, numa perspectiva pessoal, a extrema singeleza da
intervenção que varia desde os materiais e tecnologias de que se dispõe
actualmente, na sua articulação com as preexistências e que se constitui no seu
resultado final por um exemplo bem conseguido.
VILAR MAIOR
Neste caso a visita foi coordenada pela Arq.ª Claúdia Quelhas do G.T.L da C.M.
Sabugal, no qual foi efectuado um reconhecimento ao povoado e do qual se
constatou que a intervenção a cargo do G.T.L. ainda não foi efectuada. Neste
particular acentua-se a escassa população e os seus fracos recursos por si só
obstáculos ao desenvolvimento da reabilitação prevista.
CENTRO HISTÓRICO DO SABUGAL
Com vista à realização de um P.P para o Centro Histórico, fez-se um primeiro e
breve contacto com o local no qual se constatou a condição precária de
conservação bem como as dissonâncias que a generalidade do edificado,
contido no interior da muralha apresentava.
Iniciou-se o exercício de levantamento do núcleo histórico, depois da divisão da
turma em grupos de trabalho, aos quais estavam determinados diferentes itens
de análise. No decurso da análise fomo-nos contextualizando com as
características do local sob as mais variadas problemáticas que oscilam entre o
nível físico e contexto socio-económico do povoado do C.H. do Sabugal.
Finalizou-se o trabalho de levantamento do núcleo histórico. Em seguida, o
Arqueólogo Marcos Osório fez uma breve síntese histórica do local, na qual
aludiu à sua génese bem como ao seu desenvolvimento no decurso do tempo.
Prof. MICHAEL MATHIAS - UBI – Universidade da Beira Interior
CONFERÊNCIA
Antecedendo a conferência do Arqtº Nuno Teotónio Pereira, assistimos à
conferência por parte do Prof. Michael Mathias da UBI.
O propósito da ‘exposição’ visou, sobretudo, perceber toda a lógica de
implantação dos povoados que ladeiam o Rio Côa em toda a sua extensão. A
conferência orientou-se sob o ponto de vista do arqueólogo e que fundamentou
o seu discurso na lógica e génese de inserção dos aglomerados, que no
essencial tinham uma vocação exclusivamente militar. Neste particular a
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dissertação inclinou-se sobre Almeida e sua vocação militar, na qual ouve uma
preocupação de estabelecer analogias entre a fortaleza abalaustrada e outros
exemplos existentes na Europa. Ainda dentro deste particular o discurso incidiu
sobre a balística da época.
PROGRAMA POLIS
Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades
A Guarda e a Covilhã são duas das dezoito cidades integradas no programa
Polis, o seu principal objectivo consiste em melhorar a qualidade de vida nas
cidades, através de intervenções nas vertentes urbanística e ambiental,
melhorando a actividade e competividade de pólos urbanos que têm um papel
relevante na estruturação do sistema urbano nacional, nomeadamente através
das seguintes acções:
- Desenvolver grandes operações integradas de requalificação urbana com uma
forte componente de valorização ambiental;
- Desenvolver acções que contribuam para a requalificação e revitalização das
cidades e que promovam a sua multi-funcionalidade;
- Apoiar outras acções de requalificação que permitam melhorar a qualidade
do ambiente urbano e valorizar a presença de elementos ambientais
estruturantes tais como frentes de rio ou de costa;
- Apoiar iniciativas que visem aumentar as zonas verdes, promover áreas
pedonais e condicionar o trânsito automóvel nas cidades.
GUARDA
As acções a realizar na Cidade da Guarda no âmbito do programa Polis foram
apresentadas pelo Arq. António M. Saraiva. As intervenções na cidade
localizam-se em três grandes áreas, as suas principais intenções são:
- Parque urbano do Rio Diz - requalificação paisagística dos espaços verdes;
criação de percursos e pontes pedonais; criação de espaços de recreio, cultura
e lazer; requalificação da Av. da Estação e do espaço público envolvente;
criação de parques de estacionamento de apoio ao parque.
- Centro Histórico – renovação de infra-estruturas e pavimentações; instalação
de mobiliário urbano e iluminação; requalificação da muralha; iluminação cénica
da cidadela; reestruturação viária; criação do parque de estacionamento junto à
muralha norte; consolidação e aumento das áres pedonais.
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- Requalificação paisagística da encosta norte e da zona da feira –
reestruturação viária; construção da central de minibus e miradouro;
reflorestação da zona verde da encosta norte.
COVILHÃ
Apresentação das seguintes intenções do programa Polis pelos Arq. Nuno
Teotónio Pereira e Arq. Paisagista Luis Cabral, na UBI Universidade da Beira
Interior:
- Limpeza e tratamento das margens das ribeiras do Goldra e Carpinteira;
- Criação de zonas verdes, espaços de convívio e lazer;
- Recuperação de arquitectura industrial;
- Criação de um parque habitacional de qualidade;
- Criação de atravessamentos pedonais (pontes) que visam o melhoramento
das ligações entre certas zonas da cidade de difícil acesso;
- Fixação da população jovem.
Foi ainda possível a visita a mais duas aldeias que não fazem parte deste
programa, mas que se inserem no grupo de locais de interesse histórico e
cultural, Castelo Bom e Vilar Maior (visita acompanhada pela Arq. Cláudia
Calhas, GTL do Sabugal); e onde se verificam situações sociais semelhantes às
de outras aldeias da Região como o problema da desertificação humana, e a
pouca dinamização económica.
Conclusão
Todo este conjunto de aldeias possui uma grande homogeneidade quanto aos
materiais empregues na sua edificação originária, quer sejam de granito ou
xisto, e uma estrutura urbana semelhante de origem medieval, o que
verdadeiramente as distingue são: os locais onde foram implantadas, ou seja as
situações geográficas e características morfológicas; e as suas fortificações,
conferindo-lhes estes dois aspectos uma grande diversidade nos ambientes
encontrados.
Durante os percursos realizados pelas ruelas das Aldeias Históricas de Portugal,
foi possível identificar algumas das acções efectuadas nestes locais,
nomeadamente a recuperação de algum património e os arranjos urbanísticos,
verificando que existe uma grande preocupação no resultado da conjugação
dos materiais pré-existentes com os utilizados actualmente, necessários à
reabilitação do edificado. De realçar a intervenção em Idanha-a-Velha pois
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considero exemplar no que diz respeito à escolha do material ligante das pedras
do edificado.
Embora as intervenções se limitem ao que é público, ou seja o interior do
casario privado permanece em algumas situações degradado, é ainda de
salientar o interesse arquitectónico dos edifícios públicos que foram adaptados a
novas funções, tais como os postos de turismo, ou os que se tornaram museus.
• Centro Histórico do Sabugal
Na Vila do Sabugal encontramos também um lugar de grande referência
histórica e valor patrimonial e paisagístico, mas o seu crescimento tornou-a num
espaço descaracterizado e desarticulado; é aqui que se inicia o exercício no
âmbito da disciplina de Reabilitação e Salvaguarda: intervir no centro histórico da
vila. Põe-se assim o desafio de propor uma forma de o requalificar tendo como
exemplo as acções realizadas nos outros locais visitados.
Este tema das Aldeias e Vilas que fazem parte do património histórico nacional
foi ainda desenvolvido na Universidade da Beira Interior, pelo Prof. Michael
Mathias, que nos falou sobre a forma como surgiram estes “lugares” no território
e realçou as características que lhes conferem um carácter único. Fazem parte
de um conjunto de edificações, que se situavam em redor do Rio Côa (antiga
fronteira de Portugal), de carácter defensivo, ficando assim esclarecido a sua
importância no contexto histórico do País.
Programa da Visita
5ª feira, 1 de Novembro
8.00h FA / UTL
12.30h FOLGOSINHO almoço
14.00h 1. LINHARES Programa Aldeias Históricas
16.30h 2. GUARDA POLIS / estadia
6ª feira, 2 de Novembro
9.00h 3. ALMEIDA Programa Aldeias Históricas
15.00h 4. CASTELO MENDO Programa Aldeias Históricas
16.30h 5. SABUGAL Visita ao centro histórico
19.00h GUARDA estadia
sábado, 3 de Novembro
9.00h 6. VILAR MAIOR Visita às intervenções do GTL Sabugal
12.00h 7. ALFAIATES Visita às intervenções do GTL Sabugal
15.00h SABUGAL Trabalho de campo
19.00h GUARDA estadia
domingo, 4 de
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Novembro
9.00h SABUGAL Trabalho de campo
15.00h 8. SORTELHA Programa Aldeias Históricas
19.00h GUARDA estadia
2ª feira, 5 de Novembro
9.00h 9. COVILHÃ UBI
11.00h CM COVILHÃ POLIS
15.00h 10. IDANHA-A-VELHA Programa Aldeias Históricas
Visita de Estudo à Beira Interior – 30 Dezembro 2001 a 6 Janeiro 2002 Objectivos da visita de estudo Levantamento de aldeias, escolha do 3º
caso de estudo
Participantes: Margarida Moreira
Trabalho realizado levantamento de todos os núcleos de pequena
dimensão.
• Visita de Estudo à Beira Interior - 14 e 15 de Novembro de 2002
Objectivos da visita de estudo:
A visita de estudo à Região da Beira Interior pretende reconhecer o progresso,
metodologias e perspectivas de intervenção dos seguintes programas de âmbito
nacional, regional e municipal:
- POLIS. Visita aos gabinetes e áreas de intervenção do POLIS da Guarda
e Covilhã.
- Programa Aldeias Históricas de Portugal – Centro de Coordenação
Regional Centro. Visita aos seguintes núcleos de intervenção: Linhares, Almeida,
Castelo Mendo, Sortelha, Idanha-a-Velha.
- Gabinete Técnico Local do Sabugal. Áreas de intervenção de Vilar Maior
e Alfaiates.
Nesta visita pretende-se proporcionar o contacto com gabinetes técnicos a
desenvolver trabalho na área de reabilitação e com alguns resultados práticos
da intervenção neste domínio. Pretende-se dar a conhecer trabalho em diversas
escalas de intervenção, proporcionando uma visão alargada daquilo que é o
património rural e das formas variadas de actuação para a preservação deste
património.
A visita pretende ainda desenvolver trabalho de campo no Centro Histórico do
Sabugal (levantamento ao edificado e inquérito à população) e em Vilar Maior
(inquérito à população).
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Participantes: Alunos do 4º ano dos cursos de Planeamento e Gestão
Urbanística, e estagiários do Projecto de Investigação do Património Rural em
Portugal.
Trabalho realizado
Trabalho de campo
Inquérito População
Recolha de Dados
Os elementos foram obtidos através de inquéritos à população do Centro
Histórico da Vila Sabugal pelos alunos do 4o ano dos cursos de Planeamento e
Gestão Urbanística, e estagiários do Projecto de Investigação do Património
Rural em Portugal, numa visita de estudo a Beira Interior entre os dias 14 e 15 de
Novembro de 2002. Foram inquiridas num total de 50 pessoas que representam
19,2% da população residente em 1991.
Com o propósito de enquadrar/sensibilizar os alunos com os objectivos
programáticos definidos na disciplina de Reabilitação e Salvaguarda, entre os
quais se destaca a execução de um Plano de Pormenor para o Centro Histórico
do Sabugal, foi efectuada uma visita de estudo que reuniu alunos das
licenciaturas de Planeamento Urbano, Gestão Urbanística e Interiores. Assim,
neste contexto o itinerário debruçou-se particularmente sobre povoados da Beira
Interior que foram abrangidos pelo ‘Programa de Recuperação das Aldeias
Históricas de Portugal’.
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Como complemento os alunos foram esclarecidos acerca dos conteúdos das
intervenções que caracterizam o Programa Polis para as cidades da Guarda e
Covilhã.
Programa da Visita
5ª feira, 14 de Novembro
6.00h FA / UTL
12.00h IDANHA-A-VELHA almoço
13.30h IDANHA-A-VELHA Aldeia integrada no Programa Aldeias Históricas,
encontro com o Arq. Alexandre Alves Costa e com
a Dra. Ana Faria e Arq. Santiago Faria, técnicos
responsáveis pelo Programa Aldeias Históricas
(CCR Centro), pequena conferência no auditório de
Idanha-a-Velha, percurso pela aldeia.
16.30h MONSANTO
Aldeia integrada no Programa Aldeias Históricas,
percurso pela aldeia acompanhado pela Dra. Ana
Faria e Arq. Santiago Faria, técnicos responsáveis
pelo Programa Aldeias Históricas (CCR Centro).
20h00 CASTELO-BRANCO Estadia na Pousada da Juventude de Castelo-
Branco.
6ª feira, 15 de Novembro
9.00h CASTELO-BRANCO Partida de Castelo-Branco
10:30h SORTELHA Programa Aldeias Históricas, percurso pela aldeia
acompanhado por um técnico da CM Sabugal e
pela Dra. Ana Faria e Arq. Santiago Faria, técnicos
responsáveis pelo Programa Aldeias Históricas
(CCR Centro).
12.30h SABUGAL Visita acompanhada por um técnico da CM
Sabugal.
13.30h SABUGAL Almoço e tarde livre no Sabugal para
reconhecimento do sítio.
18:00h Partida para Lisboa.
A Visita de Estudo à Beira Interior foi efectuada entre os dias 14 e 15 de
Novembro de 2002. Esta visita organizada pelo Projecto de Investigação do
Património Rural em Portugal, que também tem uma complementaridade
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académica, incluío turmas do 4º ano de Gestão e Planeamento Urbanístico e 5º
ano de Arquitectura de Interiores, com um objectivo de conhecer algumas
Aldeias que fazem parte do Programa de Reabilitação das Aldeias Históricas
bem como a Vila do Sabugal onde se encontra em curso o Plano de Pormenor
e Salvaguarda. Toda a visita foi acompanhada pelos técnicos responsáveis pelo
Programa Aldeias Históricas (CCR Centro), Arquitecto Santiago Faria e pela Dr.
Ana Faria.
Foram visitadas quatro aldeias, sendo duas no primeiro dia e duas no segundo:
Idanha-a-Velha e Monsanto, Sortelha e Sabugal, respectivamente.
IDANHA-A-VELHA
A aldeia de Idanha-a-Velha é um local com características para o
desenvolvimento de um turismo essencialmente cultural, pela sua condição de
museu aberto e vivo em que, na diversidade do seu quadro arquitectónico,
ressalta a herança dos mundos romano e visigótico.
A intervenção pública em curso pretende desenvolver aos visitantes a ambiência
do que foi a antiga cidade do reino Visigótico.
Houve uma exposição dos trabalhos realizados até então por parte dos
arquitectos que integram a equipa projectista no auditório de Idanha-Velha.
Toda a visita foi acompanhada por um técnico de turismo local.
MONSANTO
Trata-se de um local muito antigo, com registo de presença humana desde o
Paleolítico. A falta de trabalho aprofundado de carácter científico no campo da
arqueologia faz com que certos períodos da proto-história do lugar ainda não
sejam totalmente desvendados. De qualquer forma, vestígios arqueológicos dão
conta de um castro lusitano, de villae e de termas romanas no denominado
campo de S. Lorenço, no sopé do monte.
Monsanto é resultado de uma fusão harmónica da natureza com a obra
humana operada no decorrer do tempo. A concordância entre a acção do
homem, e os acidentes geográficos deu origem a curiosas utilizações de grutas
e penedos integralmente convertidos em peças de construção. Os enormes
penedos graníticos, estão de tal forma ligados às habitações que tanto lhes
servem de chão, como de paredes ou tectos.
Para além do próprio conjunto urbano e do castelo, Monsanto conserva variados
exemplares de arquitectura militar e religiosa.
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A visita a Monsanto foi já realizada no final do dia, em condições meteorológicas
que não favoreciam a apreciação da beleza da paisagem. Depois de percorrida
aldeia tivemos uma exposição dos moldes de surgimento do Programa
Reabilitação das Aldeias Históricas, suas características, e foi-nos descrito o
programa de intervenção para a freguesia. Que visa recuperar para a povoação
a dimensão original de a dezenas de anos atrás, com o interesse de a tornar
atractiva, turística e culturalmente.
Para tal, foram realizadas obras a nível de infra-estruturas eléctricas e de
comunicação, de conservação, beneficiação e recuperação de edifícios tais
como: o Castelo e Muralhas, o Palácio do Marquês da Graciosa, Arranjos
Urbanísticos, e Fachadas e telhados.
SORTELHA
Sortelha é acima de tudo uma aldeia do granito, tipicamente medieval, fechada
por um anel de muralhas e vigiada por um castelo altaneiro do séc. XIII.
A intervenção tem como objectivo a reabilitação física do conjunto edificado,
reforçando a dimensão museológica de Sortelha, factor de atracção turística e
cultural.
A reabilitação e revitalização do tecido sócio-económico de modo a favorecer a
fixação da população, através do incremento da oferta turística e de actividades
ligadas às artes e ofícios tradicionais, nomeadamente tapeçaria, escultura e
cestaria que nos últimos anos têm conhecido um incremento por vontade e
determinação de residentes na povoação.
A visita a Sortelha foi acompanhada pelo arqueólogo Dr. Marcos Osório, pela
Arq. Sandra Gonçalves e pela Arqª Dina Oliveira, responsável pela intervenção
neste local.
SABUGAL
Tal como as anteriores aldeias sabugal também apresenta inúmeras riquezas
patrimoniais e naturais. A Vila do Sabugal é também um lugar tipicamente
medieval, com o seu núcleo antigo circunscrito por um anel de muralhas e
coroada por um castelo e imponente torre de menagem de cinco quinas. O
Plano de Salvaguarda e Valorização da Vila e Centro Histórico do Sabugal tem
como objectivo principal a criação de condições de vivência e usufruto desta
área com o melhoramento, valorização e correcta gestão de todos os elementos
que compõem o centro histórico, de modo a transforma-lo num pólo dinâmico
da estrutura urbana e sócio-económico da Vila e do Concelho. Foi ainda
realizada um inquérito à população do Centro Histórico do Sabugal no decorrer
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da visita pelos alunos do curso de Gestão e Planeamento Urbanístico do 4º ano
e estagiários do Projecto de Investigação.
Tal como na anterior também a visita a Sabugal foi acompanhada pelo
arqueólogo Dr. Marcos Osório, pela Arq. Sandra Gonçalves e pela Arq. Dina
Oliveira.
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PARTE III
Trabalho Desenvolvido
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11. Programa das Aldeias Históricas
Linhares da Beira. Sortelha . Castelo Rodrigo. Monsanto . Marialva .
Almeida .. Piódão .Castelo Mendo . Idanha a Velha . Castelo Novo - 1998
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“ O Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal é uma das
intervenções mais emblemáticas no património rural do interior do país. Partindo
da identificação de um conjunto dos melhores exemplos simbólicos daquilo que
são as nossas mais profundas e remotas raízes aldeãs – enquanto património
construído, enquanto ambientes de vida, enquanto capital de culturas partilhável
pelas memórias individuais e colectivas de todos nós -, este Programa veio
mostrar que há lugar no nosso país para uma política activa de qualificação do
“urbanismo rural”, recuperando as aldeias enquanto conjuntos simbólicos e
materiais, através da valorização dos seus edifícios, dos seus monumentos, das
suas praças e largos.”1
Por acção da tutela governamental, foi delegado na Comissão de Coordenação
da Região Centro o papel de coordenar o referido Programa de Recuperação
das Aldeias Históricas de Portugal que consistia, essencialmente, numa tentativa
de superar os efeitos negativos da degradação e despovoamento, contribuindo
para reafirmar a identidade do interior, reforçando também a auto-estima das
populações de dez localidades beirãs – Almeida, Castelo Mendo, Castelo Novo,
Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão
e Sortelha. Pretendia-se, sobretudo, contribuir para a valorização das
características patrimoniais e elementos de interesse histórico-cultural
específicos das aldeias e lugares turísticos, no sentido de melhorar os padrões
1 Programa das Aldeias Históricas de Portugal, Beira Interior; CCR-C – Comissão de Coordenação da Região Centro (ed.); 2ª edição; Setembro, 1999.
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de vida e modernizar os seus serviços de apoio económico e social, permitindo
uma maior capacidade de fixar população e incentivar novas actividades
complementares dos ofícios tradicionais, reactivando profissões.
Desta forma, o Programa das Aldeias Históricas começou por ser um conjunto
de planos de intervenção materiais com realização prevista entre 1 de Janeiro
de 1994 e 31 de Dezembro de 1999, sendo, no entanto, conveniente recordar
que, para além deste carácter infra-estrutural – recuperação de fachadas e de
telhados das habitações, arranjos urbanísticos, melhoria das acessibilidades
bem como beneficiação de monumentos -, estaria previsto que o Programa
abrangesse ainda outras dimensões relacionadas com a animação sócio-
económica e a promoção turística.
Finalizada esta fase fundamental da requalificação urbana e ambiental,
constatamos que, de uma forma geral, foi ao nível da concretização do
programa de animação cultural das aldeias que se levantaram as maiores
dificuldades. Com efeito, salvo algumas excepções, a vertente de animação
sócio-económica transformou-se na fase de concretização mais lenta na
maioria das localidades beneficiadas pelo Programa e, quase uma década após
o seu início, é evidente que as francas melhorias introduzidas não foram ainda
suficientes para promover a fixação da população, travando os efeitos negativos
do despovoamento que, no caso específico de Castelo Mendo, se apresenta
enquanto cenário mais provável quando analisamos as tendências futuras.
O projecto de recuperação da aldeia histórica de Castelo Mendo, e a estratégia
de intervenção do plano geral onde se insere, face à realidade da aldeia e
respectivas potencialidades, lançou objectivos no sentido de se virem a
desenvolver actividades locais com capacidade de dinamização social,
económica e cultural, concretizáveis, nomeadamente, através da criação de
uma Associação de Desenvolvimento de Castelo Mendo, que se ocuparia da
elaboração do plano de animação da aldeia. No entanto, actualmente,
considerando terminadas as acções desenvolvidas pelo Programa e, numa
tentativa de analisar as consequências que trouxe para a referida aldeia, é com
facilidade que constatamos que, apesar de se ter realizado um trabalho notável
ao nível da recuperação das fachadas e coberturas da maioria dos edifícios da
aldeia (é de salientar o facto de não existir qualquer lei que obrigasse os
proprietários das habitações a recuperarem os respectivos imóveis pelo que,
apesar da existência de financiamentos de apoio aos projectos de recuperação,
alguns imóveis – principalmente os considerados dissonantes - não
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beneficiaram de qualquer tipo de intervenção), a tão desejada dinamização
social, económica e cultural continua por acontecer. Com efeito, esta é uma
realidade facilmente confirmável com uma simples visita à aldeia. A população,
bastante envelhecida, continua a decrescer preocupantemente, a revitalização
do tecido económico e das actividades produtivas tradicionais ainda não se
verificou e, consequentemente, a fixação de população no local também ainda
não encontrou condições para se tornar real. Castelo Mendo continua a sofrer as
consequências de uma ocupação turística demasiado sazonal ou até mesmo
pontual, e, segundo se soube recentemente, a Associação de Desenvolvimento
também nunca funcionou pelo que se deduz continuar a não existir um plano de
actividades e animação cultural para esta localidade.
Tendo em consideração os excelentes resultados imediatos do Programa de
Recuperação das Aldeias Históricas, e assumindo-o como primeira medida
fundamental para a divulgação e salvaguarda do nosso património rural, em
Castelo Mendo muito permanece ainda por concretizar nomeadamente no que
respeita às condições de conforto, higiene e salubridade no interior das
habitações (uma vez que, conforme anteriormente referido, as intervenções
realizadas ao abrigo do Programa se realizaram apenas ao nível das fachadas e
coberturas dos edifícios). Uma intervenção que melhorasse as condições de
habitabilidade, aliada a iniciativas que promovessem a exploração das
actividades produtivas tradicionais, poderia constituir um avanço na direcção da
revitalização do tecido económico, produzindo condições para a criação de
circuitos turísticos de qualidade, projectos que poderiam revelar-se eficazes no
combate ao estigma da interioridade e ao despovoamento que, conforme
poderemos confirmar no capítulo seguinte, se apresenta como futuro cenário
mais provável.
O programa tem por objectivo principal a valorização do património rural
existente no interior do país, para isso seleccionou-se um conjunto de dez
Aldeias, símbolos das nossas profundas e remotas raízes aldeãs, que pelo seu
interesse patrimonial e paisagístico se pretende revitalizar, através de
intervenções tais como:
• Qualificação dos espaços públicos – pavimentação e arranjo das praças
(pelourinhos), largos e ruas, colocação de mobiliário urbano adequado;
• Valorização do património – recuperação de muralhas (conservação e limpeza), de
alguma arquitectura militar, do edificado (intervenção nas fachadas e
telhados), conservação de solares ou casas de interesse, igrejas, etc;
• Dinamização cultural – criação de espaços de museu e venda de artesanato;
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• Dinamização turística – criação de postos de turismo e de alojamento, como
a construção de pousadas ou a adaptação de edifícios para turismo de
habitação rural;
• Melhoria das acessibilidades – melhoramentos das estradas de acesso, de forma a
facilitar a chegada a estes locais por vezes muito isolados, e dentro das
aldeias criando constrangimentos à circulação viária;
• Dotação de infra-estruturas – remodelação de redes de abastecimento de águas, de
esgotos domésticos e pluviais, enterramento das infra-estruturas eléctricas e de
comunicações, tornando assim as aldeias habitáveis.
Programa de intervenção para cada aldeia visitada:
• Linhares da Beira
Recuperação do aglomerado, restituindo-lhe a morfologia e a identidade do seu
passado medieval e transformando-o em centro de atracção turística, cultural e
desportiva.
Tem-se nomeadamente em conta que, pela sua localização, Linhares possui
condições excepcionais para a prática de parapente, sendo actualmente um
centro de prática daquela modalidade desportiva já referenciado nos roteiros
internacionais.
• Almeida
A revitalização do centro histórico de Almeida pressupõe, por um lado, a sua
dinamização como pólo central das actividades comerciais e de serviços do
concelho e, por outro, a valorização de um legado histórico, patrimonial e militar
inigualável, enquanto factor de atracção turística e potencial gerador de meios
de vida para a população residente. A revalorização do ambiente militar do
passado no imaginário é determinante para a captação de fluxos turísticos que
consolidem um centro comercial desenvolvido, pólo de atracção das
populações envolventes, portuguesas e espanholas.
• Castelo Mendo
Aldeia de Castelo Mendo é um espaço de grande valor histórico, urbanístico e
paisagístico, circundado por muralhas medievais adaptadas à topografia do
terreno, cuja porta principal é flanqueada por duas torres. Dadas as
características da povoação, toda a sua revitalização passa por uma perspectiva
de conjunto encarando o seu espaço amuralhado como um “objecto” único cuja
divulgação deve vir a possibilitar o desenvolvimento de actividades turísticas e de
dinamização sócio-cultural, no contexto de um roteiro alargado das fortalezas do
concelho de Almeida.
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• Sortelha
Reabilitação física do conjunto edificado, reforçando a dimensão museológica
de Sortelha, factor de atracção turística e cultural. Reabilitação e revitalização do
tecido socio-económico de modo a favorecer a fixação da população, através
do incremento da oferta turística e de actividades ligadas às artes e ofícios
tradicionais, nomeadamente tapeçaria, escultura e cestaria que, nos últimos
anos, têm conhecido um incremento por vontade e determinação de residentes
na povoação.
• Idanha-a-Velha
A aldeia de Idanha-a-Velha é um local com características para o
desenvolvimento de um turismo essencialmente cultural, pela sua condição de
museu aberto e vivo em que, na sua diversidade do seu quadro arquitectónico,
ressalta a herança dos mundos romano e visigótico em permanente
(re)descoberta arqueológica. A intervenção pública a realizar pretende devolver
aos visitantes a ambiência do que foi a antiga cidade do Reino Visigótico.
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12. A Desertificação
12.1 Áreas Susceptíveis de desertificação2
“O desenvolvimento de áreas rurais desfavorecidas não passa apenas pelo
desenvolvimento da agricultura, mas pelo desenvolvimento do espaço rural
assente na optimização do uso do solo (tendo sempre em conta a necessidade
de conservar os equilíbrios ambientais) e assente na diversificação das
actividades produtivas. Este processo deve pressupor a mobilização dos
agentes locais, agricultores ou outros, estimulando a sua participação e
influência nos mecanismos de tomada de decisão.”3
“A Europa tem ensaiado nas últimas décadas a construção de uma
organização comunitária no sentido amplo do termo. Neste contexto de
transformações, a Política Agrícola Comum constituiu o primeiro conjunto de
medidas estruturantes das Comunidades Europeias, possibilitando a
aprendizagem de construção de políticas comuns, fundamental para o
relacionamento dos diferentes países no seio de uma Europa unida. Durante
este período a paisagem rural dos diferentes países da União Europeia sofreu
transformações substanciais, bem como os agentes que protagonizaram essas
transformações. No nordeste europeu essas transformações reflectem os
processos de modernização, intensificação e de especialização da agricultura
que conduziram à diminuição da heterogeneidade e biodiversidade da
paisagem.
“A evolução histórica das áreas rurais, no contexto europeu, deu origem a
grandes desigualdades regionais, resultantes não só dos diferentes
condicionalismos naturais, mas também da diferente evolução socioeconómica
que registaram. Na verdade, quando se compara a situação dos países
comunitários, que beneficiaram quase durante trinta anos de um forte sistema
de apoio no âmbito da Política Agrícola Comum, com a agricultura portuguesa,
2 Apresenta-se neste ponto os aspectos que consideramos de maior importância para o desenvolvimento das propostas para a zona. A análise efectuada é bastante mais alargada e demonstrativa do risco em que o Interior Português de encontra. 3 Monitorização e gestão das mudanças em áreas rurais marginais: Estudo comparativo - Projecto
de investigação apresentado, em 1993, à Comissão Europeia (Directorate-General for Agriculture -
DGVI)
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à data da adesão de Portugal à União Europeia, verifica-se que esta se
encontrava descapitalizada, não se tinha modernizada, e tinha grandes
dificuldades socioeconómicas para se adaptar e competir num mercado aberto
supranacional.
Os problemas das áreas rurais, onde a agricultura é uma componente
fundamental do espaço físico e social, são cada vez mais equacionados numa
perspectiva de ordenamento do território e do equilíbrio ambiental e ecológico. É
neste sentido que a agricultura surge como um objecto de estudo relevante,
dado que se mantém como uma das principais actividades económicas do
espaço rural, e por isso, responsável pela sua ocupação e rentabilização.
Enquanto existiu, na Europa, um certo optimismo em relação ao crescimento
económico e aos benefícios que as mudanças tecnológicas trariam, no futuro, à
população rural, a modernização da agricultura era considerada o motor da
mudança económica e social nos campos. Com o abrandamento do
crescimento económico na sequência da crise do petróleo e quando se
começaram a fazer sentir os efeitos económicos e sociais provocados pelo
despovoamento das áreas rurais, alterou-se o papel atribuído à agricultura no
desenvolvimento destas áreas. Em Portugal, o despovoamento das áreas rurais,
ao contrário do que aconteceu nos restantes países europeus, deveu-se mais
ao atraso económico e às más condições de vida da população rural, do que às
mudanças tecnológicas.”4
Na figura anexa observa-se que a desertificação foi subdividida por três níveis de
intensidade, sendo que o nível 3 foi atribuído aos locais mais susceptíveis à
desertificação.
4 «Desertificação em Portugal – Incidência no Ordenamento do Território e no Desenvolvimento
Urbano», uma análise aos parâmetros biofísicos e sócio-económicos conduz ” (…) à definição em
Portugal de três zonas distintas (…)” em que se dá o processo de desertificação.
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Áreas susceptíveis à Desertificação (Fonte: Desertificação em Portugal – Incidência no Ordenamento do Território e
no Desenvolvimento Urbano, 2000)
As áreas mais susceptíveis correspondem aproximadamente a 11% do território
continental, localizando-se fundamentalmente no interior do país,
designadamente no Alentejo, Algarve e Interior Norte, segundo a mesma fonte a
“ (…) desertificação apresenta valores mais elevados (nível 3) numa faixa
localizada a sul junto à fronteira espanhola.”
“ O conceito teórico mais vasto “centro/periferia” materializa-se em Portugal na
dicotomia “litoral/interior”, ou o “terceiro mundo interior” (Ferrão, 1998) (…) causa
principal desta condição de “interioridade”, o isolamento e as dificuldades de
acesso às áreas dinâmicas localizadas no litoral.”5
Um conjunto de características permitem identificar e opor as regiões do interior
às do litoral como sejam: “ densidade populacional, mas também, densidade de
actores, densidade de relações, de iniciativas e capacidade organizativa, de
infra-estruturas, serviços, etc.” (…) “A pouca densidade assim como a escassez
de serviços e infra-estruturas e a fraca densidade de relações e capacidade
organizativa podem geral incapacidade da região no sentido de fixar a classe
5 Desertificação em Portugal – Incidência no Ordenamento do Território e no Desenvolvimento
Urbano», uma análise aos parâmetros biofísicos e sócio-económicos conduz ” (…) à definição em
Portugal de três zonas distintas (…)” em que se dá o processo de desertificação.
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mais jovem e activa, “tanto pela escassez de postos de trabalho, e também de
fixar famílias jovens da classe média, pela falta de serviços culturais, de
educação e de saúde.”6
12.2 A Emigração Portuguesa
“A emigração de portugueses não é um fato recente, sempre esteve presente
na sociedade portuguesa cuja evolução ficou mais forte ao término do século de
XIX e durante o terceiro quarto do século de XX. Razões económicas, entre
outros de natureza social, religiosa e política, são as principais causas para o
diaspora português nos cinco continentes. (…)7
(…) Em relação à evolução deste movimento durante a primeira metade do
século XX assinalamos o seu incremento até 1914 e uma quebra acentuada no
decurso dos anos seguintes em consequência das guerras e da crise
económica dos anos trinta: 9,2 milhares de saídas anuais entre 1939 e 1945 e
26 milhares de saídas anuais entre 1946 e 1955.
Em relação aos períodos mais recentes destaca-se a saída, entre 1955 a 1974,
de mais de 1,6 milhões de portugueses ou seja uma média de 82000
emigrantes /anuais. Isoladamente destacamos a saída de - 34113 emigrantes
legais em média, entre 1950 e 1960 e de 68100 entre esta data e o início da
década de setenta, contra menos de 8200 emigrantes entre 1940 e 1950. Já
em relação a datas mais recentes é de salientar que entre 1974 e 1988,
somente 230.000 emigrantes saíram oficialmente do país, reduzindo aquele
valor para cerca de 15000 saídas anuais. (…)
(…) Note-se que as oportunidades de emprego então registadas em toda a
Europa ocidental e a proximidade de Portugal a estes países, permitiu que a
emigração se tenha espalhado a todo o território afectando especialmente as
áreas rurais e menos desenvolvidas do continente português.
A intensificação recente deste movimento foi acompanhado por uma preferência
cada vez maior pelas saídas para a Europa, em particular para a França - 985
emigrantes em 1955; 3593 em 1960; 32641 em 1964 e 27234 em 1969 - em
detrimento da corrente tradicional, com destino ao Brasil: 18486 emigrantes em
1955; 12451 emigrantes em 1960; 4929 emigrantes em 1964 e apenas 2537
emigrantes em 1969. Estes valores realçam a quebra do movimento
transoceânico e a sua substituição pelo intra-europeu. Daí resultou uma
6 Desertificação em Portugal – Incidência no ordenamento do território e no desenvolvimento urbano,
vol II, pg. 18
7 Arroteia, J, Aspectos da Emigração Portuguesa, Censos 2001, Universidade de Aveiro, 2001.
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segunda alteração que se verificou através do incremento das saídas
clandestinas as quais vieram a superar nos anos de 1969, 1970 e 1971, as
saídas legais então registadas. (…)
Em relação à sua extensão no território, notamos que a importância destas
saídas foi bastante acentuada nas regiões densamente povoadas do norte e do
centro do país, assim como nas Ilhas Atlânticas dos Açores e da Madeira. Da
mesma forma, este fenómeno afectou as regiões do Minho, de Trás-os-Montes
e da Beira-Alta, de onde partiram os maiores contingentes de emigrantes não só
em direcção ao Brasil mas também, já durante a segunda metade do século
XX, para os países industrializados da Europa Ocidental: França, Alemanha;
Luxemburgo e mais recentemente para a Suíça. Isso o comprova as cerca de
um milhão de saídas oficiais registadas no período compreendido entre meados
dos anos cinquenta e os finais dos anos oitenta do século XX oriundas dos
distritos de Lisboa, do Porto, de Setúbal, de Braga, de Aveiro, de Viseu e de
Leiria, para referir apenas as mais importantes.
Diversas consequências podemos assinalar em relação à emigração
portuguesa: entre elas, salientamos o processo de crescimento urbano e
industrial, sobretudo na faixa centro e norte litoral do território e o aumento dos
movimentos da população com destino aos principais centros urbanos
agravando, desta forma, o processo de desertificação do interior que se tem
vindo a acentuar no decurso das últimas décadas.
Para além destes aspectos, registamos o aumento do comércio, em particular
com o exterior, o desenvolvimento do turismo e das actividades terciárias em
particular na periferia dos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto. No seu
conjunto estas transformações contribuíram para gerar novas oportunidades de
emprego, para o aumento do P.N.B. do país e para uma melhoria significativa
do nível de vida sua população. Contudo, não bastaram para estancar o
fenómeno emigratório português que registou, durante o terceiro quartel do
século XX uma das fases de maior expansão com destino quer à Europa quer
mesmo ao continente americano.
Como exemplo mais relevante da "emigração intra-europeia" destaca-se a
emigração para França, onde o número de cidadãos portugueses aí residentes,
inferior na actualidade a um milhão, representa o destino mais procurado na
história contemporânea da emigração portuguesa. Por outro lado também a
Alemanha tem hoje um significado mais reduzido nesta emigração, tal como o
Reino Unido e o Luxemburgo ou outros países da União Europeia. Contudo o
exemplo mais sugestivo deste fenómeno e das suas manifestações recentes é a
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emigração para a Suíça país onde o número de cidadãos de origem portuguesa
ultrapassa uma centena e meia de milhar. Ainda relevante é a presença de
portugueses na vizinha Espanha, fenómeno que embora conhecendo diversas
oscilações ao longo da nossa história, tem as suas raízes mais remotas na
época em que as duas coroas, a portuguesa e a castelhana, estiveram
reunidas.
Tendo em conta a dimensão da população portuguesa residente no território
nacional, cerca de dez milhões de habitantes, os valores acima referidos de
quase cinco milhões, atestam a dimensão nacional deste fenómeno.
A emigração constitui-se como um factor regulador do desemprego, na
medida em que as taxas de desemprego não são elevadas.
“ O declínio da população deve-se a factores estruturais de natureza
demográfica (envelhecimento, queda da fertilidade) e económica, sobretudo
associado à incapacidade do crescimento dos sectores secundário e terciário
compensarem o declínio da agricultura. Este último fenómeno tem vindo a
traduzir-se no despovoamento dos espaços rurais, pela perda do peso
económico da agricultura, ao qual está associado a perda da função económica
das aldeias.”8
12.3 Decréscimo e Envelhecimento da População até 20509
As recentes projecções sobre a população residente em Portugal indicam que
esta deverá diminuir até 2050, com particular incidência no Alentejo. De acordo
com os resultados das actuais projecções, a população residente em Portugal
em 2050 (10,3 milhões de indivíduos, em 2000) diminuirá, podendo oscilar entre
os 7,5 milhões, no cenário mais pessimista, e os 10,0 milhões, no cenário mais
optimista, situando-se nos 9,3 milhões de indivíduos no cenário mais provável.
De acordo com o cenário mais pessimista (cenário baixo), que tem por base um
decréscimo dos níveis de fecundidade até 2050, para valores que rondarão as
1,3 crianças por mulher, associado à hipótese dos saldos migratórios serem
nulos e a um aumento da esperança média de vida à nascença, para o mesmo
horizonte temporal, atingindo os 79 anos para os homens e 85 anos para as
mulheres, Portugal perderá mais de um quarto da sua actual população (-27%),
entre 2000 e 2050. Esta redução ocorrerá em todas as regiões, com uma taxa
8 Desertificação em Portugal – Incidência no ordenamento do território e no desenvolvimento urbano, vol II, pg. 18 9 Projecções da População Residente, Portugal e NUTS II – 2000-2050
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de variação percentual mais acentuada no Alentejo (-46%), e a menos
acentuada nos Açores (-9%).
Em 2000, o Índice de Envelhecimento da população, traduzido no número de
idosos por cada 1000 jovens, era de 102 para Portugal. Até 2050 a população
de todas as regiões, qualquer que seja o cenário escolhido, envelhecerá,
podendo mesmo o IE situar-se nos 398 idosos por cada 100 jovens.
Portugal será confrontado com a redução e o agravar do envelhecimento da
população residente. A nível de região a redução mais acentuada será no
Alentejo, NUTS II que conjuntamente com o Centro ficaram mais envelhecidas
em 2050, apesar do ritmo de envelhecimento ser mais forte no Norte e regiões
autónomas.
13. SABUGAL
13.1 Enquadramento geral no contexto da região
O Sabugal situa-se na zona norte de Portugal, mais especificamente na Beira
Interior. Esta região, até finais dos anos sessenta apresentava características
sociais e arquitectónicas nos povoamentos que ainda hoje se verificam, embora
de forma menos marcante.
É um dos 14 Concelhos do Distrito da Guarda, da qual dista 32 Kms. Localiza-se
na província da Beira Alta, num território que ficou, a partir dos anos 60,
reconhecido como a Beira Interior - província que, apesar de inexistente do
ponto de vista administrativo, é uma referência simbólica, agregando o território
sul do distrito da Guarda e norte de Castelo-Branco. Os acessos ao Sabugal
são difíceis: a sul, fazem-se por Penamacor - E.N. 233; a norte pela Guarda -
E.N. 233 e a leste, de Espanha, pela E.N. 233-3. A sua situação de interioridade
estabelece-se, desde logo, pela paisagem, apesar de ser um território
homogéneo, pouco marcado, com altitudes médias a rondar os 750 m, máxima
1152 m. na Serra do Homem de Pedra e 1259 m. na alto da Serra das Mesas.
De facto, é a partir da paisagem circundante, que se estabelece a dificuldade de
acessibilidade ao Sabugal, não tanto no concelho, mas nos limites que o
confrontam.
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A visita à região permitiu reconhecer, num contacto prévio, a situação de
excentricidade do concelho, relativamente ao restante território da Região
Centro, agravada pela situação geográfica de concelho "encaixado" entre
sistemas montanhosos (Serra da Estrela / Serra do Açor / Serra da Gardunha /
Serra da Malcata), conforme consta do esquema 1. Os poucos, ou inexplorados,
recursos físicos e humanos, contribuem para dificultar este distanciamento físico
e social. Num contacto prévio, reconheceu-se um concelho deprimido, sem
dinâmicas sociais, uma população de fracos recursos e sem capacidade
produtiva ou iniciativa, no qual urge intervir. No que diz respeito ao património
arquitectónico existente, constatou-se a mesma debilidade, abandono e em
muitos casos o mau estado de conservação geral das peças, claramente
agravado por um processo de crescimento urbano que não contemplou a
inserção do património histórico. O contacto com a Câmara Municipal veio
confirmar estas observações prévias, que deverão, naturalmente, ser
clarificadas em fase posterior de análise.
Como potencialidades a ressaltar para o desejável processo de revitalização do
concelho apontam-se o núcleo histórico de Sortelha, de elevado valor
patrimonial, e a Serra da Malcata, que podem agir como centralidades turísticas
e de lazer no concelho. A capacidade de atracção/recuperação de população,
no entanto, só parece possível num contexto mais vasto de criação de
oportunidades de trabalho e desenvolvimento. Aponta-se ainda a possibilidade
de estabelecer ligações com o interior e Espanha e tirar partido da relação com
Covilhã, ela própria a ser alvo de uma operação de requalificação no âmbito do
Polis.
No que diz respeito ao Centro Histórico do Sabugal, trata-se de um conjunto de
elevado interesse patrimonial, quer pelo Castelo e sua situação face à
paisagem, quer sobretudo pela relação, ainda intacta, entre o castelo, o
perímetro muralhado e as construções intra-muralhas, a maior parte das quais
são ainda originais, apesar das sucessivas descaracterizações a que este
núcleo tem vindo a ser sujeito. A população, na sua maioria idosa e carenciada,
anseia pela reabilitação deste núcleo, tendo como paradigma o caso de
Sortelha, alvo de um processo de reabilitação coordenado pelo GTL do Sabugal
(arqta. Dina Oliveira, que nos acompanhou em visita ao local) no âmbito do
Programa das Aldeias Históricas (da responsabilidade da CCR-Centro).
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1. SERRA DA ESTRELA
2. SERRA DO AÇOR
3. SERRA DA GARDUNHA
4. SERRA DA MALCATA
a. ALMEIDA
b. CASTELO MENDO
c. VILAR MAIOR
d. SORTELHA
e. PIÓDÃO
f. CASTELO-NOVO
ESQUEMA DE INTERPRETAÇÃO. Localização do CONCELHO DO SABUGAL
Os dados que apresentamos a seguir têm como base o estudo realizado por
um grupo de arquitectos dos anos 60, sobre a Arquitectura Popular Portuguesa,
da qual resultou uma publicação com o mesmo nome editada pela então
Associação dos Arquitectos.
Analisaremos os mapas que dizem respeito ao relevo, ao solo, à pluviosidade, à
economia, ao tipo de povoamento e aos materiais de construção; colocando-os
em confronto com a actual situação da região. Foi igualmente realizada uma
análise comparativa com a situação actual da região.
Os terrenos zona são acidentados e rochosos de granito, cobertos por grandes extensões de pinheiros e alguns soutos de castanheiros. Nos terrenos baixios e semeáveis, avistam-se vinhas e oliveiras. Terrenos estes onde se vão delineando de quando em quando linhas de água, nomeadamente a bacia hidrográfica do Côa.
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A composição do solo da Beira interior apresenta matérias que variam entre os quartzitos, os xistos, os granitos, os arenitos, as argilas e os calcários. No caso do Sabugal, que se encontra numa zona de transição, encontramos composições graníticas e de xisto.
O clima não é ameno: nas zonas baixas o termómetro chega a atingir com frequência os 37º, de verão. Nos Invernos, sobretudo nas zonas mais rurais a pluviosidade média anual situa-se à volta dos 1500mm.
Na zona de estudo, apesar de não nevar com frequência, cai granizo. A geada de manhã branqueia os campos e o frio gela a água dos poços, das fontes e dos riachos, tornando penosos os trabalhos agrícolas que se desenvolvem, embora cada vez menos, nesta região. A estrutura dos povoados difere, fundamentalmente, quanto à sua importância relativa. Aldeia, vila e cidade são tipos diferentes de aglomerados populacionais. Diferentes qualitativamente e não apenas quanto ao tamanho - ao número de edifícios e à área ocupada pelo casario e anexos.
Uma aldeia grande não é uma vila, ainda que o seu número de fogos seja muito superior ao de muitas vilas. O mesmo se pode afirmar quanto à distinção entre vila e cidade. São os interesses, as actividades e a organização social da população por um lado, e a disciplina dos traçados urbanos, a delimitação dos espaços e as características dos edifícios, por outro, distinguem-se a cidade da vila e esta da aldeia. No caso do Sabugal trata-se de um povoado de montanha, em que as casas se aninham, fraccionadas, em pequenos espaços entre fragmentos de granito, ajustando-se com soluções de recurso às dificuldades
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locais.
“O granito é de todos aquele que a natureza foi mais (...) Pródiga pela abundância com que o fez aflorar na zona das beiras, como pela maleabilidade que lhe é característica ao ser trabalhado. As argamassas são de uso relativamente recente - posterior ao século XVIII. A falta de calcários na Beira deu à cal um carácter de luxo(...).” 10
Só em regiões privilegiadas se pode usar uma peça de xisto numa verga para um vão de porta ou janela; dificuldade que impôs aos construtores uma solução, depois generalizada: a de as fazerem duma madeira sólida e duradoura, quase sempre o castanho ou então nas portas exteriores e janelas o granito, com o emprego de vergas e de cunhais neste material, endentados na alvenaria corrente. Entre os trabalhos correntes de madeira contam-se os pavimentos, os revestimentos de tectos, as cancelas, portas e janelas, e varandas. Predominam as coberturas em telha de canudo, muito embora as de “marselha”, venham sendo cada vez mais frequentes.
Dos quadros retirados da APP a principal actividade à época baseava-se numa
economia agrícola. “Os povoados da Beira impressionam pelo relação estreita
que mantém com o meio rural _ rude, pedregoso e pobre_ pela preponderância
do factor agrícola, pela estrita economia das relações, a irregularidade e
emprego dos materiais de mais fácil aprovisionamento local, com o predomínio
da pedra.”
Actualmente e no caso específico do Sabugal resta uma minoria que se ocupa
da actividade agrícola como fonte económica. Nos casos em que ainda se
verifica, trata-se apenas do fornecimento próprio dos alimentos, grande parte da
população activa trabalha no comércio e serviços que crescem para lá das
muralhas. 10 APP
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No Mapa Tipológico (retirado da APP) apresenta-se a distribuição das
edificações típicas no conjunto do território da Beira Interior, com destaque para
o Sabugal, onde incide o nosso estudo.
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13.2 Enquadramento histórico, arquitectónico e urbano
Sabugal - Fevereiro de 2002 (levantamento fotográfico)
A partir do núcleo histórico social e urbano, desenvolveu-se uma cidadela a que
os primeiros Reis de Portugal deram atenção, pela sua proximidade a Castela.
Alguns escritores referem que a povoação do Sabugal foi fundada em 1224 por
D. Afonso X, rei de Leão. O nome do local deve-se ao facto de naquele local
haverem muitos sabugos ou sabugueiros, perto do Rio Côa. A vasta área hoje
pertencente ao Concelho do Sabugal constitui um território que se tornou
português em virtude do tratado de Alcanizes, celebrado em 1297, entre os reis
D. Dinis de Portugal e D. Fernando IV, de Castela e Leão.
Feita a conquista D. Dinis, o Lavrador, tratou de a assegurar, construindo
castelos e muralhas em volta das vilas. Também proporcionou a divisão de
terras por pastores e agricultores, criando minifúndios, que ainda hoje existem,
onde predominam os castanheiros, hortas e pastagens, com terras de
sementeira. Em Portugal, desde o princípio da nacionalidade, até ao séc. XVI, os
Forais foram determinantes, para a organização administrativa do território. No
Sabugal este documento fundou os privilégios e obrigações dos habitantes,
dados por D. Dinis em 1296, criando também a feira franca, conhecida hoje por
Feira de S. Pedro (29 de Junho), sendo mais tarde criada a “Feira Nova”, que
tem lugar, anualmente, na 1ª quinta-feira de Setembro. Em 1515 D. Manuel
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deixa bem clara a importância do Sabugal através da atribuição de nova carta
de Foral onde incluía a execução de obras de beneficiação no Castelo.
O território deste vasto Concelho foi habitado desde a antiguidade, pois têm-se
encontrado vestígios pré-históricos em vários locais. Entre as muitas riquezas
patrimoniais do Concelho do Sabugal, encontra-se um local de extrema
importância histórica e de grande valor paisagístico, o cabeço da Senhora dos
Prazeres, vulgarmente chamado de Sabugal Velho. Situado na Freguesia de
Aldeia Velha, observam-se aí importantes ruínas arqueológicas pertencentes a
um povoado de grande dimensão.
Para esta pesquisa foram fundamentais: a entrevista com o arqueólogo Marcos
Osório da Câmara Municipal do Sabugal, bem como de alguns dados do livro
Beira Interior – História e Património.
• Sabugal Velho
Apesar do nome Sabugal Velho a estação arqueológica não se situa próxima da
Vila do Sabugal, mas a cerca de 22 km de distância. A estação nunca tinha sido
alvo dum estudo pormenorizado, embora seja um exemplo bem conservado de
urbanismo primitivo. A análise de escassos elementos recolhidos à superfície
permitiu descobrir o tipo de assentamento do antigo povoado e avaliar, ainda, o
papel desempenhado por este na região Riba Côa, aspectos que acabaram por
se revelar essenciais no decifrar da cronologia do povoado.
Segundo o arqueólogo Marcos Osório o território terá sofrido duas ocupações
em alturas distintas:
1ª Ocupação - Romana
A tipologia da estrutura defensiva, a planta rectangular das habitações e a
organização ortogonal do espaço, em conjunto com materiais recolhidos,
permitem supor a fundação dum assentamento militar romano.
Os vestígios arqueológicos distribuem-se pelo cume de um elevado esporão,
com 1019 m de altitude, fazendo parte da Serra do Homem de Pedra.
O amplo domínio visual da paisagem, permite que se constitua como um
excelente ponto estratégico de controlo da região de Riba Côa, nomeadamente
das importantes vias de penetração para o interior da Meseta.
2ª Ocupação – Medieval
A segunda ocupação ocorreu na época medieval entre o séc. XII e XIII.
Esta região de natureza xistosa caracteriza-se pela riqueza em filões de ferro,
explorados desde a antiguidade, como provam os diversos testemunhos
identificados. O local tornou-se propício para o assentamento humano pelas
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suas características de planta de configuração oval, superfície do cume
praticamente aplanada, onde escasseiam os afloramentos rochosos e apenas
cresce mato e vegetação rasteira. Refira-se ainda a, existência duma nascente
de água. Estendendo-se pela totalidade da plataforma do relevo o povoado era
delimitado por duas linhas de muralhas.
O primeiro alimento defensivo, de terra batida, foi construído apenas a Oeste, na
encosta de mais fácil acesso, enquanto que a segunda muralha de xisto
contorna completamente a superfície do cume.
As estruturas do povoado encontram-se bem conservadas e distribuídas por
todo o espaço intra-muralhas. Organizado segundo uma plano ortogonal, o
casario distribuía-se ao longo duma rua central, para a qual desembocavam
pequenas e estreitas artérias transversais. Os edifícios, construídos
maioritariamente em xisto, apresentam planta rectangular e estão alinhados
pelos eixos da povoação.
A organização urbana do aglomerado e as duas cercas defensivas, parecem
revelar um importante núcleo administrativo e militar, detentor de um papel
centralizante na região de Riba Côa, durante a Alta Idade Média. Segundo o
arqueólogo Marcos Osório o Sabugal Velho terá sido posteriormente
abandonado pelo esgotamento da matéria-prima (filões de ferro), pela perda de
importância defensiva em relação ao Sabugal, e pelo aparecimento do Foral ao
então Concelho de Alfaiates (viria mais tarde a ser extinto e integrado no
Concelho do Sabugal).
Evolução da Morfologia Urbana A configuração do actual núcleo antigo da Vila do Sabugal, zona essencialmente
intra-muralhas, deve-se provavelmente ao reinado de D. Dinis. Com excepção
de intervenções arquitectónicas recentes a sua estrutura mantém grande parte
das características tradicionais, núcleo implantado num ponto alto, facilmente
defensável, dominado e estruturado pelo Castelo, e delimitado pela linha de
muralhas.
“ (…) castelos, pela confiança que inspiram às populações, levaram a sua
fixação nestes locais. Geralmente em sítios de difícil acesso e altos, o que
provocou um tipo de construção em que as casas ficavam amontoadas dentro
das muralhas, com ruas íngremes, pequenos quintais, e terrenos de cultivo nas
redondezas.
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Outro factor aglutinador dos povoados rurais vem da importância que a
religiosidade desempenhou. Foi em torno das igrejas que muitas vezes se
concentrou o casario, à sua frente que se organizaram os adros e praças onde
a população se reunia para conviver e tratar dos seus problemas.”11
Embora não existindo uma malha ortogonal nesta zona, registam-se indícios de
um certo ordenamento talvez derivado do modelo instituído em Alfaiates. O facto
de a rua principal delimitar apenas um dos lados do Lg de Sta Maria deriva da
adaptação da malha ortogonal a uma situação topográfica específica. A Rua do
Santo Condestável a que corresponde a função de Rua Direita, bem como as
ruas que lhe são paralelas desembocam lateralmente no Castelo, e criam uma
estrutura de quarteirões irregular. Salientam-se aqui os factos mais importantes
de cada século no processo evolutivo da Vila do Sabugal:
Séculos XV e XVI
1 – Ponte Medieval 2 - Muralha 3 – Porta do Barroso 4 - Fortaleza 5 – Igreja Matriz de Nossa Sra. do Castelo 6 – Igreja de S. Tiago 7 – Porta da Torre do Relógio ou do Barros
11 Geologia e civilização
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É possível observar a sobrevivência da estrutura urbanística medieval através da
gravura de Duarte d’Armas, do séc. XVI. O perfil da Vila é dominado pela torre
de menagem e pelas torres secundárias, sendo o núcleo cingido pela dupla
cintura de muralhas. Verifica-se que existia já um considerável extravasamento
extra-muralhas. Esta expansão começava na Porta da Vila e formava-se em
torno de um largo onde se encontrava o Pelourinho (símbolo da autonomia e
entidade concelhias), o que posteriormente daria origem à actual Praça da
República.
Com um eixo medieval de orientação dominante Este-Oeste, marcado pela
axialidade das ruas principais de acesso à Igreja de S. Miguel, os quarteirões
possuem longas frentes, embora estreita profundidade. Estavam pois já
anunciadas as posteriores linhas de expansão.
Sabugal no séc. XVI, vista a Este (Duarte D’ armas)
Sabugal no séc. XVI, vista a Oeste (Duarte D ’armas)
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Séculos XVII e XVIII
Por alturas da Guerra da Restauração (1640), o Castelo voltou a ter obras de
beneficiação. No séc. XVII, inicia-se um período de menor esplendor da Vila,
onde a única referência importante é a construção do Solar dos Britos. No séc.
XVIII é reconstruída a Igreja S. Miguel.
Expansão Extra-Muralhas
1
2 3
4
1 – Igreja Matriz de N. Sra. do Castelo 2 – Igreja de S. Tiago 3 – Igreja de S. João 4 – Igreja de S. Miguel
A expansão extra-muralhas teve início logo na época medieval. “O reinado de D.
Dinis patenteou no Sabugal a reorganização social e prosperidade.”12
O crescimento urbano ter-se-á dado ao longo do eixo principal, pontuado no
seu trajecto, pela Igreja de S. João ao largo do mesmo nome, e pela Igreja de S.
Miguel, pertencente à Ordem de Malta, hoje, Igreja da Misericórdia. Em torno
destas igrejas foi-se fixando a população.
12 PDM
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Século XIX
5
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1 – Jardim 2 – Antigas Finanças 3 – Solar dos Condes do Sabugal 4 – Solar dos Britos 5 – Casa dos Almeidas
O séc. XIX viria a encontrar quase intacta a estrutura quinhentista, produzindo
apenas alterações na zona da Fonte e prolongamentos em direcção a Leste.
O desenvolvimento urbanístico do séc. XIX marca a Vila do Sabugal através do
alargamento de ruas e a organização de pequenas praças. Destaca-se a Rua 5
de Outubro, actualmente a principal rua da Vila, que liga a Praça da República
ao Largo da Fonte do Mergulho.
Na segunda metade do séc. XIX assiste-se à construção de novos edifícios
públicos, como a Câmara Municipal e o Tribunal, que consubstanciaram o
centro administrativo.
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1ª Metade do Século XX
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4
1
1 – Jardim 2 – Escola Primária 3 – Campo de Futebol 4 – Hospital
Na primeira metade do séc. XX efectuam-se algumas intervenções pontuais,
como a Avenida das Tílias e o bairro a Sul do Largo Teófilo Braga, espaço este
que é mais um cruzamento de vias que um largo.
Inicia-se a configuração do actual Largo da Fonte com a construção da Escola
Primária em 1910, muito embora esta só ter tido ocupação em 1926. Este
edifício, devido ao local onde se encontra, num nível topográfico mais elevado,
domina o largo.
O crescimento físico da Vila é, nas primeiras décadas do séc. XX, bastante forte.
A construção do Hospital do Sabugal em 1930, transporta o limite urbano para
uma zona que virá a ser um ponto fundamental (cruzamento da Rua do
Emigrante e da Avenida S. Sebastião).
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O Largo do Cinema (Largo da Escola) teve, um interessante papel no imaginário
lúdico da Vila, na medida em que, para além da escola, localizava-se aí uma
construção precária onde, desde 1946, se projectava cinema.
2ª Metade do Século XX
1
2 3
4
5
6
7
8
910
1- Tribunal 2 – Antigo Externato 3 - GNR 4 – Loteamento do Sítio da Calçada (época de construção - década de 90)
5 – Loteamento Vale da Carreta 6 – Loteamento de Habitação Social 7 –Zona Industrial 8 –Zona Desportiva 9 - Zona de Equipamentos de Ensino
10 – Loteamento Quinta das Poldras
A construção da Avenida Infante D. Henrique, motiva e permite o
desenvolvimento urbano para Norte. Nas décadas 60/70, as construções da
Estrada Nacional 233-3, ligação viária a Vilar Formoso, que faz fronteira com
Espanha, e da Estrada Municipal 538, constituíram-se como uma expansão
significativa para Leste. Hoje a expansão urbana dirige-se para Norte e para Sul
da EN 233-3, eixo fundamental de acesso às novas áreas urbanas da Vila.
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Em 1992 foi criado o Plano Director Municipal com vista a regulamentar as áreas
urbanizáveis, a área das Muralhas, e os espaços de construção condicionada.
13.3 Caracterização sócio-económica
A presente caracterização sócio-económica tem como objectivo a análise das
causas inerentes ao processo de desertificação da população. Este estudo teve
por base dados obtidos no Instituto Nacional de Estatística (INE), algumas
informações contidas no Plano Director Municipal do Concelho do Sabugal de
1991, dados dos estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal, bem
como dados do Programa de Recuperação de Áreas Urbanas Degradadas pela
CMS de 1994.
Encontra-se estruturado segundo duas fases, a primeira com incidência na no
Concelho e Freguesia do Sabugal e a segunda mais especificamente sobre o
Centro Histórico do Sabugal.
Optou-se por realizar o estudo do núcleo histórico separadamente por ser um
local com características muito próprias, e a uma menor escala. Os dados
utilizados correspondem ao ano de 1991e provêm das fontes já atrás referidas.
A desfavorecida localização do Sabugal face aos principais centros económicos
do país e a fronteira com Espanha causam situações de atraso socio-
económico. As soluções como a emigração tiveram um papel muito significativo
e nas décadas de 50 e 60 afectou sobretudo áreas mais deprimidas do
continente, onde o Concelho se insere. Também foram importantes as
migrações internas que, segundo dados do início da década de 80, ainda
tiveram influência na dinâmica deste Concelho, devido ao regresso de um
número significativo de trabalhadores residentes no estrangeiro.
Na década de 30 registrou-se no Concelho um crescimento acelerado da
população (24,09%), relacionado com as diversas taxas de natalidade, que viria
a sofrer reduções consideráveis na década seguinte. Provavelmente relacionado
com o processo de desenvolvimento económico do litoral, no Continente. Assim
ter-se-á originado um fluxo de migrações internas, caracterizado pela saída de
população das regiões do interior em direcção a áreas costeiras.
Foi nos anos 50 e 60 que o fluxo emigratório começou a fazer sentir os seus
efeitos e o crescimento natural positivo deixou de cobrir os saldos migratórios.
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Nesta década a variação da população do Concelho atingiu valores bastante
negativos (-12,53%). Mas, à semelhança do que ocorreu no Distrito e Continente,
foi nesta década de 60, que se registraram as maiores perdas populacionais: o
Concelho perdeu nesta década quase 40% da sua população residente, o que
implicou consequências marcantes ao nível da estrutura populacional. Foi na
classe funcional de jovens/activos em idade reprodutora que se notou uma
maior motivação para sair, o que implicou um decréscimo significativo da taxa
de natalidade.
Evolução da população residente e da densidade demográfica (1960-2001)
População residente Densidade (hab/km2) Unidade geográfica
1960 1970 1981 1991 2001
Área
1960 1970 1981 1991 2001 Freguesia do Sabugal 2908 2330 2181 2366 2174 31,57 92.11 73,8 69,08 74,94 68,86
Concelho do Sabugal 38062 22975 18927 16919 14871 826,7 46,04 27,79 22,79 20,47 1205,64
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística (INE)
A população residente na Freguesia de Sabugal em 2001 era de 2174 o que
representa 14,62% do total de população residente no Concelho e uma
densidade populacional de 68,86 hab./km2, uma diminuição, já que em 1991
este valor era de 74,94 hab./km2.
A análise da variação populacional entre 1960 e 2001, demonstra uma evolução
da população residente com uma dinâmica irregular, variando consoante as
unidades geográficas consideradas. Desta forma, no Concelho, e para todos os
períodos considerados, observa-se uma evolução negativa da população
residente. A nível da Freguesia do Sabugal regista-se um acréscimo
populacional a partir de 1981; apesar disso os valores registados não são
suficientes para superar a forte diminuição da população residente ao longo da
década de 60.
A diminuição dos movimentos emigratórios e do êxodo rural, assim como o
facto da Freguesia do Sabugal ser a Sede do Concelho, constituindo-se como
centro polarizador relativamente às restantes freguesias, fornecem uma
explicação lógica para o recente crescimento da população residente.
Outro facto importante é a densidade demográfica da Freguesia em 1960 ser
largamente superior à registada para o Concelho, facto que não é de estranhar,
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uma vez que a Vila do Sabugal é a Sede do Concelho, constituindo-se como
área preferencial para a localização da residência fixa.
Variação da população residente (1960-2001)
Variação da população residente (%) Unidade geográfica
1960/1970 1970/1981 1981/1991 1991/2001 1960/2001
Sabugal -19,88 -6,39 8,48 -8,11 -25,24
Concelho -39,64 -17,62 -10,61 -12,10 -60,93
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística (INE)
Variação da População Residente do Concelho de Sabugal (1960-1991) Variação da População Residente da Freguesia de Sabugal (1960-1991)
38062
22975
1892716919
14871
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
1960 1970 1981 1991 2001
2908
23302181
23662174
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1960 1970 1981 1991 2001
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Estrutura da População segundo Escalões Etários
A análise de uma população por grupos de idade e sexo assume-se
particularmente relevante quando se pretende avaliar a sua vitalidade, saber
quais as perspectivas de evolução e identificar as causas de determinados
desequilíbrios entre os diferentes escalões etários e entre sexos dessa
população.
Esta análise permite a determinação de importantes indicadores, como os
coeficientes de dependência e envelhecimento, que levam a uma programação
equilibrada dos equipamentos e serviços essenciais à estrutura da população
residente.
Variação da estrutura etária da população residente no Concelho do Sabugal
(1981-1991) Classes etárias 1981 1991 Variação 81/91(%)
0-4 925 636 -31,24 5-9 994 840 -15,49
10-14 1431 904 -36,83 15-19 1493 946 -36,64 20-24 1290 972 -24,65 25-29 742 827 11,46 30-34 599 902 50,58 35-39 643 730 13,53 40-44 869 654 -24,74 45-49 1115 762 -31,66 50-54 1223 931 -24,49 55-59 1502 1303 -13,25 60-64 1341 1379 2,83 65-69 1544 1636 5,96 70-74 1461 1219 -16,56 +75 1755 2278 29,80 Total 18927 16919 -10,61
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997
Variação da
estrutura
etária -
81/91 (%)
-83,56
-61,29
-15,74
19,2
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
0-14 15-24 25-64 65 ou +
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Verifica-se que de 1981 a 1991 a nível do Concelho do Sabugal o escalão etário
dos 0 aos 14 anos sofreu uma variação mais acentuada com -83,56%. Noutro
extremo situa-se o escalão etário dos 65 ou mais anos que sofreu um
crescimento positivo na ordem dos 19,2%. Esta situação demonstra uma clara
tendência para a diminuição do número de crianças e um aumento do número
de idosos, o que conduz ao envelhecimento progressivo da população.
Variação da estrutura etária da população residente na Freguesia do Sabugal
Sabugal
1981 1991 Variação Classes etárias
HM H M HM H M da Pop. 81/91
0-4 (a) (a) (a) 130 71 59 -
5-9 (a) (a) (a) 147 78 69 -
10-14 122(b) 52(b) 70(b) 168 88 80 - 15-19 171 89 82 148 65 83 -13,45
20-24 163 79 84 191 97 94 17,18 25-29 135 67 68 153 74 79 13,33
30-34 129 65 64 168 91 77 30,23
35-39 134 66 68 162 74 88 20,90
40-44 123 56 67 147 77 70 19,51
45-49 125 58 67 164 82 82 30,20
50-54 118 57 61 128 58 70 8,47
55-59 131 64 67 122 55 67 -6,87
60-64 107 47 60 136 65 71 27,10
65-69 121 50 71 114 54 70 -5,79
70-74 105 52 53 104 39 65 -0,95 +75 123 37 86 184 71 113 49,59
Total 1807 839 968 2366 (c) 1139 (c) 1227 (c) -
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997
(a) O recenseamento da população de 1981 não tem a estratificação por sexo no escalão dos 0 aos 12 anos; (b) Escalão etário dos 12 aos 14 anos; (c)Valores totais correspondentes à população com 12 e mais anos.
População por Sectores de Actividade
Para o cálculo da população activa no Concelho considerou-se os valores
referentes a 1991 e a 2001, apenas para este se dispunha de dados desses
dois períodos.Verifica-se que a taxa de actividade total em 1991 é superior para
a Freguesia, e ainda que a taxa de actividade masculina é superior à feminina,
tendo havido uma clara diminuição em 2001.
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População activa (1991 e 2001)
Unidade População Activa
Geográfica Empregada Desempregada
Total H M
Total H M Total H M
1991 1002 594 408 979 588 391 23 6 17 Freguesia 2001 - - - - - - - - - 1991 5827 3722 2105 5659 3646 2013 168 76 92 Concelho 2001 4830 2813 2017 4563 2678 1885 267 135 132
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística (INE) População segundo o Nível de Instrução
A partir da informação do quadro anexo, podemos analisar o nível de instrução
da população residente na Freguesia e Concelho do Sabugal.
Numa primeira leitura observa-se que a taxa de analfabetismo varia consoante
as unidades geográficas.
Relativamente à população possuidora de algum nível de instrução, observa-se
um claro predomínio da população com ensino primário. Noutros níveis de
ensinos observa-se que a percentagem de população diminui inversamente
com evolução do grau de habilitações, não se verificando grandes discrepâncias
relativamente à distribuição por sexos.
População segundo o nível de instrução
Unidade Analfabetos c/ Ensino Ensino Ensino Outro Taxa de
Geográfica 10 ou + anos Primário Preparatório Secundário Ensino Analfabet.
HM H HM H HM H HM H HM H % 1991 272 82 538 104 222 106 522 259 14 71 13 Freguesia 2001 - - - - - - - - - - - 1991 4058 1435 826 427 1341 737 1825 927 43 18 26,3 Concelho 2001 3269 - 4019 - 1259 - 503 - 356 - 21,9
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística (INE)
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2ª Metade do Século XX
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8
910
�
1- Tribunal 2 – Antigo Externato 3 - GNR 4 – Loteamento do Sítio da Calçada (época de construção - década de 90)
5 – Loteamento Vale da Carreta 6 – Loteamento de Habitação Social 7 –Zona Industrial 8 –Zona Desportiva
9 - Zona de Equipamentos de Ensino
10 – Loteamento Quinta das Poldras
A construção da Avenida Infante D. Henrique, motiva e permite o
desenvolvimento urbano para Norte.
Nas décadas 60/70, as construções da Estrada Nacional 233-3, ligação viária a
Vilar Formoso, que faz fronteira com Espanha, e da Estrada Municipal 538,
constituíram-se como uma expansão significativa para Leste.
Hoje a expansão urbana dirige-se para Norte e para Sul da EN 233-3, eixo
fundamental de acesso às novas áreas urbanas da Vila.
Em 1992 foi criado o Plano Director Municipal com vista a regulamentar as áreas
urbanizáveis, a área das Muralhas, e os espaços de construção condicionada.
Classificados pelo IPPAR, na freguesia do Sabugal, registam-se apenas três
peças: o Castelo e respectiva muralha (MN), a Igreja da Misericórdia do Sabugal
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(MN - no perímetro de influência do núcleo intra-muralhado do Sabugal) e o
Pelourinho (IIP). Julga-se que urge rever esta política de classificação e alargá-la
para um contexto em que esteja incluído todo o património edificado intra-
muralhado. Apesar deste património, como se referiu, se encontrar nalguns
casos bastante descacterizado, revela uma forte coerência ao nível da sua
estrutura urbana e, em muitos casos, constitui ainda parte do casco histórico
original que se julga dever ser claramente salvaguardado. Será ainda de estudar
a possibilidade de associar o processo de classificação deste núcleo ao
conjunto das fortificações do Riba-Côa.
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13.3 Caracterização sócio-económica
A presente caracterização sócio-económica tem como objectivo a análise das
causas inerentes ao processo de desertificação da população. Este estudo teve
por base dados obtidos no Instituto Nacional de Estatística (INE), algumas
informações contidas no Plano Director Municipal do Concelho do Sabugal de
1991, dados dos estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal, bem
como dados do Programa de Recuperação de Áreas Urbanas Degradadas pela
CMS de 1994.
Encontra-se estruturado segundo duas fases, a primeira com incidência na no
Concelho e Freguesia do Sabugal e a segunda mais especificamente sobre o
Centro Histórico do Sabugal.
Optou-se por realizar o estudo do núcleo histórico separadamente por ser um
local com características muito próprias, e a uma menor escala.
Os dados utilizados correspondem ao ano de 1991e provêm das fontes já atrás
referidas.
Concelho e Freguesia do Sabugal. Análise demográfica A desfavorecida localização do Sabugal face aos principais centros económicos
do país e a fronteira com Espanha causam situações de atraso
socio-económico.
As soluções como a emigração tiveram um papel muito significativo e nas
décadas de 50 e 60 afectou sobretudo áreas mais deprimidas do continente,
onde o Concelho se insere. Também foram importantes as migrações internas
que, segundo dados do início da década de 80, ainda tiveram influência na
dinâmica deste Concelho, devido ao regresso de um número significativo de
trabalhadores residentes no estrangeiro.
Na década de 30 registrou-se no Concelho um crescimento acelerado da
população (24,09%), relacionado com as diversas taxas de natalidade, que viria
a sofrer reduções consideráveis na década seguinte. Provavelmente relacionado
com o processo de desenvolvimento económico do litoral, no Continente. Assim
ter-se-á originado um fluxo de migrações internas, caracterizado pela saída de
população das regiões do interior em direcção a áreas costeiras.
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Foi nos anos 50 e 60 que o fluxo emigratório começou a fazer sentir os seus
efeitos e o crescimento natural positivo deixou de cobrir os saldos migratórios.
Nesta década a variação da população do Concelho atingiu valores bastante
negativos (-12,53%). Mas, à semelhança do que ocorreu no Distrito e Continente,
foi nesta década de 60, que se registraram as maiores perdas populacionais: o
Concelho perdeu nesta década quase 40% da sua população residente, o que
implicou consequências marcantes ao nível da estrutura populacional. Foi na
classe funcional de jovens/activos em idade reprodutora que se notou uma
maior motivação para sair, o que implicou um decréscimo significativo da taxa
de natalidade.
Evolução da população residente e da densidade demográfica (1960-2001)
População residente Densidade (hab/km2) Unidade geográfica
1960 1970 1981 1991 2001
Área
1960 1970 1981 1991 2001 Freguesia do Sabugal 2908 2330 2181 2366 2174 31,57 92.11 73,8 69,08 74,94 68,86
Concelho do Sabugal 38062 22975 18927 16919 14871 826,7 46,04 27,79 22,79 20,47 1205,64
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do Instituto Nacional de
Estatística (INE)
A população residente na Freguesia de Sabugal em 2001 era de 2174 o que
representa 14,62% do total de população residente no Concelho e uma
densidade populacional de 68,86 hab./km2, uma diminuição, já que em 1991
este valor era de 74,94 hab./km2.
A análise da variação populacional entre 1960 e 2001, demonstra uma evolução
da população residente com uma dinâmica irregular, variando consoante as
unidades geográficas consideradas. Desta forma, no Concelho, e para todos os
períodos considerados, observa-se uma evolução negativa da população
residente. A nível da Freguesia do Sabugal regista-se um acréscimo
populacional a partir de 1981; apesar disso os valores registados não são
suficientes para superar a forte diminuição da população residente ao longo da
década de 60.
A diminuição dos movimentos emigratórios e do êxodo rural, assim como o
facto da Freguesia do Sabugal ser a Sede do Concelho, constituindo-se como
centro polarizador relativamente às restantes freguesias, fornecem uma
explicação lógica para o recente crescimento da população residente.
Outro facto importante é a densidade demográfica da Freguesia em 1960 ser
largamente superior à registada para o Concelho, facto que não é de estranhar,
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uma vez que a Vila do Sabugal é a Sede do Concelho, constituindo-se como
área preferencial para a localização da residência fixa.
Variação da população residente (1960-2001)
Variação da população residente (%) Unidade geográfica
1960/1970 1970/1981 1981/1991 1991/2001 1960/2001
Sabugal -19,88 -6,39 8,48 -8,11 -25,24
Concelho -39,64 -17,62 -10,61 -12,10 -60,93
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do Instituto Nacional de
Estatística (INE)
Variação da População Residente do Concelho de Sabugal (1960-1991) Variação da População Residente da Freguesia de Sabugal (1960-1991)
Estrutura da População segundo Escalões Etários
38062
22975
18927
1691914871
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
1960 1970 1981 1991 2001
2908
23302181
23662174
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1960 1970 1981 1991 2001
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A análise de uma população por grupos de idade e sexo assume-se
particularmente relevante quando se pretende avaliar a sua vitalidade, saber
quais as perspectivas de evolução e identificar as causas de determinados
desequilíbrios entre os diferentes escalões etários e entre sexos dessa
população.
Esta análise permite a determinação de importantes indicadores, como os
coeficientes de dependência e envelhecimento, que levam a uma programação
equilibrada dos equipamentos e serviços essenciais à estrutura da população
residente.
Variação da estrutura etária da população residente no Concelho do Sabugal (1981-1991)
Classes etárias 1981 1991 Variação 81/91(%) 0-4 925 636 -31,24 5-9 994 840 -15,49
10-14 1431 904 -36,83 15-19 1493 946 -36,64 20-24 1290 972 -24,65 25-29 742 827 11,46 30-34 599 902 50,58 35-39 643 730 13,53 40-44 869 654 -24,74 45-49 1115 762 -31,66 50-54 1223 931 -24,49 55-59 1502 1303 -13,25 60-64 1341 1379 2,83 65-69 1544 1636 5,96 70-74 1461 1219 -16,56 +75 1755 2278 29,80 Total 18927 16919 -10,61
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997
Variação da estrutura etária
-83,56
-61,29
-15,74
19,2
-100
-80
-60
-40
-20
0
20
0-14 15-24 25-64 65 ou +
81/91 (%)
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Verifica-se que de 1981 a 1991 a nível do Concelho do Sabugal o escalão etário
dos 0 aos 14 anos sofreu uma variação mais acentuada com -83,56%. Noutro
extremo situa-se o escalão etário dos 65 ou mais anos que sofreu um
crescimento positivo na ordem dos 19,2%.
Esta situação demonstra uma clara tendência para a diminuição do número de crianças e um aumento do número de idosos, o que conduz ao envelhecimento progressivo da população. Variação da estrutura etária da população residente na Freguesia do Sabugal
Sabugal 1981 1991 Variação
Classes etárias
HM H M HM H M da Pop. 81/91 0-4 (a) (a) (a) 130 71 59 - 5-9 (a) (a) (a) 147 78 69 -
10-14 122(b) 52(b) 70(b) 168 88 80 - 15-19 171 89 82 148 65 83 -13,45 20-24 163 79 84 191 97 94 17,18 25-29 135 67 68 153 74 79 13,33 30-34 129 65 64 168 91 77 30,23 35-39 134 66 68 162 74 88 20,90 40-44 123 56 67 147 77 70 19,51 45-49 125 58 67 164 82 82 30,20 50-54 118 57 61 128 58 70 8,47 55-59 131 64 67 122 55 67 -6,87 60-64 107 47 60 136 65 71 27,10 65-69 121 50 71 114 54 70 -5,79 70-74 105 52 53 104 39 65 -0,95 +75 123 37 86 184 71 113 49,59 Total 1807 839 968 2366 (c) 1139 (c) 1227 (c) -
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997
(a) O recenseamento da população de 1981 não tem a estratificação por sexo no escalão dos 0 aos
12 anos;
(b) Escalão etário dos 12 aos 14 anos;
(c)Valores totais correspondentes à população com 12 e mais anos. População segundo o Nível de Instrução
A partir da informação do quadro anexo, podemos analisar o nível de instrução
da população residente na Freguesia e Concelho do Sabugal.
Numa primeira leitura observa-se que a taxa de analfabetismo varia consoante
as unidades geográficas.
Relativamente à população possuidora de algum nível de instrução, observa-se
um claro predomínio da população com ensino primário.
Noutros níveis de ensinos observa-se que a percentagem de população diminui
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inversamente com evolução do grau de habilitações, não se verificando grandes
discrepâncias relativamente à distribuição por sexos.
População segundo o nível de instrução
Unidade Analfabetos c/ Ensino Ensino Ensino Outro Taxa de
Geográfica 10 ou + anos Primário Preparatório Secundário Ensino Analfabet.
HM H HM H HM H HM H HM H % 1991 272 82 538 104 222 106 522 259 14 71 13 Freguesia 2001 - - - - - - - - - - - 1991 4058 1435 826 427 1341 737 1825 927 43 18 26,3 Concelho 2001 3269 - 4019 - 1259 - 503 - 356 - 21,9
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do
Instituto Nacional de
Estatística (INE)
População por Sectores de Actividade
Para o cálculo da população activa no Concelho considerou-se os valores
referentes a 1991 e a 2001, apenas para este se dispunha de dados desses
dois períodos.
Verifica-se que a taxa de actividade total em 1991 é superior para a Freguesia, e
ainda que a taxa de actividade masculina é superior à feminina, tendo havido
uma clara diminuição em 2001.
População activa (1991 e 2001)
Unidade População Activa
Geográfica Empregada Desempregada
Total H M
Total H M Total H M
1991 1002 594 408 979 588 391 23 6 17 Freguesia 2001 - - - - - - - - - 1991 5827 3722 2105 5659 3646 2013 168 76 92 Concelho 2001 4830 2813 2017 4563 2678 1885 267 135 132
Fonte: Estudos para o Plano de Urbanização da Vila do Sabugal de 1997 e Censos de 2001 do
Instituto Nacional de
Estatística (INE)
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13.4 Caracterização do tecido construído
Comparação entre o mapa dos anos 50/60 e a situação actual
Planta esquemática da ocupação do Centro Histórico do Sabugal nos anos (in APP)
Da comparação entre o mapa dos anos 50/60 e a situação actual podemos
verificar uma série de alterações entre as quais a abertura de ruas por
demolição de edifícios. Na praça central onde se encontra o pelourinho terá
existido uma igreja que deu nome ao Largo de Nossa Senhora adoptando o
acrescento “de Fátima “ posteriormente. A demolição da igreja terá sido anterior
ao estudo da Arquitectura Popular Portuguesa. Verifica-se também um
progressivo abandono das construções mais afastadas das portas da cerca,
mais nos edifícios a norte do que a sul.
Apesar de bastante descaracterizada, a malha edificada do centro histórico do
Sabugal mantém o traçado original: os edifícios acompanham a topografia do
terreno e os elementos dissonantes existentes são de fácil correcção.
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Planta esquemática resultante do cruzamento de dados segundo a ocupação actual (levantamento)
13.4 Inquérito Realizado à População no Centro Histórico do
Sabugal
Em paralelo com a pesquisa do terceiro núcleo foi realizado um inquérito à
população do Centro Histórico do Sabugal. Este inquérito surgiu na continuidade
do estudo do processo de desertificação da Vila do Sabugal, e tinha como
temas principais as necessidades da população e a sua opinião a respeito do
Plano de Pormenor do Centro Histórico da Vila do Sabugal (PPCHVS) gerido pelo
Gabinete Técnico Local (GTL) da Câmara Municipal.
Consulta de dados censitários de 1991 para a Freguesia do Sabugal, e das
secções 1 e 3, e respectivas subsecções (dados fornecidos pelo INE).
Consulta da análise realizada pela Câmara Municipal do Sabugal, no
seguimento do Plano de Urbanização da Vila do Sabugal em 1997.
Em 1991 a população residente na Freguesia do Sabugal em 1991 contava com
2366 habitantes sendo 260 os residentes no Centro Histórico. A variação da
população residente na Freguesia de 1991 para 2001 foi de -8,11%, o que
corresponde a 2174 habitantes. No Centro Histórico por falta de dados
referentes a 2001 não foi possível determinar a variação populacional ao longo
das últimas décadas.
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Por falta de dados sobre a população nas secções 1 e 3 para
2001consideraram-se os dados de 1991. A população inquirida representava
19,2% do total de população residente nas secções atrás referidas, visto que em
2001 a população decresceu considerou-se como representativo o número de
população inquirida.
• Metodologia:
Na definição dos elementos estatísticos para o Centro Histórico do Sabugal
utilizou-se na base de dados, informação referente à:
1. Identificação dos Inquiridos;
2. Necessidades da População;
3. Plano de Pormenor.
• Recolha de Dados:
Os elementos foram obtidos através de inquéritos à população do Centro
Histórico da Vila Sabugal pelos alunos do 4o ano dos cursos de Planeamento e
Gestão Urbanística, e estagiários do Projecto de Investigação do Património
Rural em Portugal, numa visita de estudo à Beira Interior entre os dias 14 e 15 de
Novembro de 2002. Foram inquiridas 50 pessoas que representam 19,2% da
população residente em 1991.
• Idade
Os inquiridos têm idades compreendidas entre os 15 e os 80 anos. Para
tratamento dos dados obtidos, foram estruturados diferentes escalões etários,
divididos por 4 grupos: dos 14 – 19 que representam 24%, 25 – 45, que
representam 9%,45 – 65, que representam 15%, e 65 ou mais anos,
representando 9% dos inquiridos.
• Profissão
Verificou-se que 2% da população está empregada no sector primário, nenhum
dos inquiridos trabalha no sector secundário, 30% encontram-se no sector
terciário, 14% são reformados e 54% da população não tem actividade
económica. Este último que representa a maioria da população inquirida é
composto por estudantes e domésticas.
• Local de trabalho
Para contagem dos dados foram apenas considerados os inquiridos que
exercem uma actividade laboral e estudantes, tendo sido excluídos as
domésticas e os reformados. Das 30 pessoas consideradas, 97% trabalham e
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estudam na própria freguesia e 3% fora desta, nomeadamente no distrito da
Guarda.
• Meio de transporte usado
Verifica-se que 81% dos inquiridos se deslocam a pé, 16% utilizam transporte
público e os outros restantes 3% fazem-no através de transporte privado.
• Tamanho do agregado familiar
A análise aos inquéritos demonstra que o agregado familiar de 1 a 3 pessoas
representa 20%, de 4 a 6 pessoas, 24%, de 7 a 9 pessoas, 4%, de 10 a 12
pessoas 2%. O escalão etário dos 25 aos 45 anos tem em média 2 filhos por
casal, de 45 a 65 anos 3, nos casais de 65 a mais anos é frequente haver três
filhos ou mais filhos.
• Grau de instrução
Deste estudo observa-se que 14% dos inquiridos são analfabetos, 38% têm o
ensino primário, 18% o ensino preparatório, 24% o ensino preparatório, e 6% o
ensino superior.
• Necessidades da População
Este item diz respeito às condições de vida da população, suas necessidades
primordiais por forma a considerar a melhoria da área de residência. Para
caracterização desta situação introduzidas questões que procuravam traduzir o
grau de satisfação da população quanto ao local em que residem:
. Mudar de casa;
. Condições da Vila;
. Equipamentos necessários;
. Distância em relação aos equipamentos; . Assistência médica.
• Mudar de casa
30% dos inquiridos que pretendem mudar de casa revelam que gostariam de
mudar para lugares onde as oportunidades de vida são maiores, os outros 35%
apesar de gostarem da sua residência gostariam de ver na vila alguns
equipamentos em falta.
• Condições da Vila
26% dos inquiridos considera que as condições de vida na vila são boas, os
outros 74%, dizem que fazem falta uma série de equipamentos.
• Equipamentos necessários
Na análise destes dados referentes aos equipamentos necessários, considerou-
se apenas para a elaboração do gráfico os dados absolutos, onde o gráfico de
barras foi o utilizado porque traduz com maior clareza os valores obtidos. Assim
sendo, do total de inquiridos 20% acham que faz mais falta locais de convívio,
9% cafés e esplanadas, 12% lojas de vestuário, 8%, mercados e mercearias,
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12% parques infantis, 16% campos desportivos, 8%, centros de saúde, 12%,
equipamentos culturais, e 3%, escolas.
• Distância em relação aos equipamentos
46% dos inquiridos consideram que o local onde residem está distante dos
equipamentos existentes na vila. No entanto, a maioria da população não pensa
dessa forma.
• Meios de informação
Dos 17 inquiridos que tiveram conhecimento do Plano, pretendia-se saber por
que fonte esta fora efectuada.
• Acompanhamento por parte da população
O acompanhamento da população a partir do momento em que tiveram
conhecimento até este momento não tem sido grande. Temos 14% dos
inquiridos a par do desenvolvimento do processo, e que 86% não.
• Espaços públicos à recuperar
Dos espaços públicos a recuperar, 32% dos inquiridos considera mais
importante os edifícios de valor patrimonial, 24% os largos, 17% os becos e
recantos, 10% os balneários, 8% as colectividades e associações.
• O que pode ser feito
Das acções que podem ser desencadeadas, 59% dos inquiridos considera a
reabilitação de habitações, 18% a atribuição de novos usos, 10% as normas
construtivas, 9% os concursos públicos, e 4% outras situações como a melhoria
do saneamento.
As medidas mais importantes que têm vindo a serem implementadas são:
- Comparticipação camarária em projectos de iniciativa privada;
- Medidas de reabilitação e recuperação;
- Medidas que favoreçam a participação da população no Programa;
- Aumento da informação referente ao desenvolvimento do Programa;
- Maior facilidade burocrática;
- Medidas de fixação da população e aumento do turismo.
Conclusão do Inquérito à População do Centro Histórico do Sabugal
• A análise dos elementos estatísticos aos 50 inquéritos realizados, permite
concluir que:
• 70% dos inquiridos não gostariam de mudar de casa , 74% consideram
más as condições da vila, 54% consideram pouco distante a sua
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residência dos equipamentos existentes na vila, a assistência médica
também é insuficiente na óptica de 68% dos inquiridos.
• 66% dos questionados afirmam não ter tido conhecimento do PPCHVS,
os restantes 34% que tiveram conhecimento terá acontecido através de
vizinhos, jornais, junta de freguesia e folhetos informativos, 86% não tem
qualquer participação no desenvolvimento do Plano.
• Dos espaços públicos a recuperar, os edifícios de valor patrimonial são
primordiais para 31 dos inquiridos, para 39 a reabilitação de habitações e
para 11 dos inquiridos a melhoria das condições de vida. Para 35 dos
inquiridos a melhor forma de participação no Plano seria através de
debates públicos.
• O Plano de Pormenor do Centro Histórico da Vila do Sabugal (PPCHVS), é
visto de forma positiva pela população, que quer ver melhorada as suas
condições de vida. A pouca informação e participação no Plano são
actualmente as razões de algum descontentamento.
13.5 Caracterização do tecido construído
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Por falta de dados sobre a população nas secções 1 e 3 para 2001consideraram-se os
dados de 1991. A população inquirida representava 19,2% do total de população
residente nas secções atrás referidas, visto que em 2001 a população decresceu
considerou-se como representativo o número de população inquirida.
• Metodologia:
Na definição dos elementos estatísticos para o Centro Histórico do Sabugal utilizou-se
na base de dados, informação referente à:
1. Identificação dos Inquiridos;
2. Necessidades da População;
3. Plano de Pormenor.
• Recolha de Dados:
Os elementos foram obtidos através de inquéritos à população do Centro Histórico da
Vila Sabugal pelos alunos do 4o ano dos cursos de Planeamento e Gestão Urbanística,
e estagiários do Projecto de Investigação do Património Rural em Portugal, numa visita
de estudo à Beira Interior entre os dias 14 e 15 de Novembro de 2002. Foram inquiridas
50 pessoas que representam 19,2% da população residente em 1991.
• Idade
Os inquiridos têm idades compreendidas entre os 15 e os 80 anos. Para tratamento dos
dados obtidos, foram estruturados diferentes escalões etários, divididos por 4 grupos:
dos 14 – 19 que representam 24%, 25 – 45, que representam 9%,45 – 65, que
representam 15%, e 65 ou mais anos, representando 9% dos inquiridos.
• Profissão
Verificou-se que 2% da população está empregada no sector primário, nenhum dos
inquiridos trabalha no sector secundário, 30% encontram-se no sector terciário, 14% são
reformados e 54% da população não tem actividade económica. Este último que
representa a maioria da população inquirida é composto por estudantes e domésticas.
• Local de trabalho
Para contagem dos dados foram apenas considerados os inquiridos que exercem uma
actividade laboral e estudantes, tendo sido excluídos as domésticas e os reformados.
Das 30 pessoas consideradas, 97% trabalham e estudam na própria freguesia e 3% fora
desta, nomeadamente no distrito da Guarda.
• Meio de transporte usado
Verifica-se que 81% dos inquiridos se deslocam a pé, 16% utilizam transporte público e
os outros restantes 3% fazem-no através de transporte privado.
• Tamanho do agregado familiar
A análise aos inquéritos demonstra que o agregado familiar de 1 a 3 pessoas
representa 20%, de 4 a 6 pessoas, 24%, de 7 a 9 pessoas, 4%, de 10 a 12 pessoas 2%.
O escalão etário dos 25 aos 45 anos tem em média 2 filhos por casal, de 45 a 65 anos
3, nos casais de 65 a mais anos é frequente haver três filhos ou mais filhos.
• Grau de instrução
Deste estudo observa-se que 14% dos inquiridos são analfabetos, 38% têm o ensino
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No que diz respeito aos dados presentes contamos com as indicações
específicas das zonas laranja e azul, e com o contributo dos dados gerais
fornecidos pelos grupos de trabalho da Licenciatura em Arquitectura de
Interiores, que se apresentam nos quadros síntese de enquadramento geral.
Enquadramento geral - quadros síntese
Ocupação funcional
Número de Pisos
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Estado de conservação
Elementos dissonantes
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Elementos Dissonantes
Elementos característicos da Arquitectura Popular Portuguesa
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Classificados pelo IPPAR, na freguesia do Sabugal, registam-se apenas três
peças: o Castelo e respectiva muralha (MN), a Igreja da Misericórdia do Sabugal
(MN - no perímetro de influência do núcleo intra-muralhado do Sabugal) e o
Pelourinho (IIP). Julga-se que urge rever esta política de classificação e alargá-la
para um contexto em que esteja incluído todo o património edificado intra-
muralhado. Apesar deste património, como se referiu, se encontrar nalguns
casos bastante descacterizado, revela uma forte coerência ao nível da sua
estrutura urbana e, em muitos casos, constitui ainda parte do casco histórico
original que se julga dever ser claramente salvaguardado. Será ainda de estudar
a possibilidade de associar o processo de classificação deste núcleo ao
conjunto das fortificações do Riba-Côa.
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ANTERIOR A INTERVENÇÃO
POSTERIOR A INTERVENÇÃO
ANTERIOR A INTERVENÇÃO
POSTERIOR A INTERVENÇÃO
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14 CASTELO MENDO
14.1 Evolução arquitectónica e urbana
Podemos observar nesta aldeia a existência de dois momentos, nitidamente
presentes na justaposição de dois núcleos muralhados, de diferentes épocas e
significado.
O primeiro núcleo (1ª metade do século XIII) integra o Castelo e a Igreja de Santa
Maria, enquanto o segundo corresponderá a uma expansão extra-muros do
aglomerado, só posteriormente limitado pela cerca (século XIV).
Alguns desenhos de Duarte d’Armas transmitem com relativa nitidez a imagem
da aldeia e, em associação com outros documentos, permitirão considerar o
século XVI e a transição para o século XVII como uma faixa de tempo com
inegável peso na configuração dos espaços urbanos.
Sec XVII- XVIII-XX
A antiga aldeia ocupa um cabeço, a cerca de 762m de altitude, sobranceiro ao
Ribeiro de Cadelos e ao Rio Côa. Enquanto ponto marcante do território
envolvente e, em especial a partir do castelo e das vertentes escarpadas,
domina uma vastíssima paisagem.
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iguel Gomes| Rita
Vasco PARA O PROJECTO PATRIMÓNIO RURAL EM
PORTUGAL.
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Embora a escassez de elementos precisos não permita esclarecer com
exactidão a cronologia da escolha do local, sobretudo no que respeita à
possibilidade de relacionamento com a existência de um povoado anterior, a
tradição historiográfica apontou, desde sempre, uma suposta intervenção em
finais do século XII, quando D. Sancho I, encontrando a povoação em ruínas,
teria ordenado a reestruturação do castelo, concedendo-lhe, hipoteticamente,
um foral em 1186.
Ao certo, sabe-se que, em 1229, D. Sancho II concedeu carta de foral a Castelo
Mendo, inaugurando o momento fundacional da povoação. O foral, também
assinado pelo Alcaide Mendo Mendes (provável justificação da origem do
topónimo), menciona a urgente necessidade de povoar a zona do castelo,
instituindo a realização da feira e do mercado.
Então, parece verosímil apontar a provável estruturação do primeiro núcleo
muralhado como consequência desta intervenção régia, independentemente da
possibilidade, ainda por confirmar, deste incluir ou não alguma preexistências.
Este primeiro núcleo urbano é delimitado por um perímetro muralhado de
traçado oval, integrando o recinto do castelo na zona Este.
O castelo, único espaço exclusivamente militar, apresenta uma planimetria de
tendência triangular, fazendo-se o acesso através da Porta do Castelinho. No
lado oposto, no flanco voltado para o Côa, abre-se a Porta Falsa, enquanto que
no ângulo Sudoeste, adoçada ao exterior da muralha, conserva parte da torre
de menagem, de planta rectangular.
No seu alinhamento, do lado interior, reconhece-se a cisterna, de planta
quadrada e cobertura plana.
Esta zona apresenta uma malha muito rarefeita, apenas esboçada por quatro
quarteirões dispostos em função de um eixo principal – Rua do Castelo – que
liga a Porta do Castelo ao espaço central, amplo recinto preenchido por
afloramentos rochosos e pelas ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo, cuja
silhueta marca fortemente a imagem da aldeia, constituindo o ponto de chegada
de um percurso ascensional que se inicia na Porta da Vila (aberta na segunda
cerca urbana) e que tem como fio condutor a Rua Direita.
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Tanto o Castelo como a Igreja de Santa Maria , pólos matriciais, militar e
religioso, consagraram o lugar, protegendo-o, talvez, da ocupação humana
escassamente estruturada por um esboço de tecido urbano.
Com efeito, a malha urbana torna-se bastante mais consistente no segundo
núcleo muralhado, que corresponderá, desta vez, não a um momento
fundacional mas sim a um movimento de expansão do povoado, polarizado em
torno de duas paróquias periféricas – S. Pedro e S. Vicente.
Em 1281, D. Dinis confirma o foral, atribuindo-se a este monarca a renovação
das estruturas defensivas, talvez a edificação da torre de menagem e, em
particular, a construção da segunda cintura muralhada. Partindo deste
pressuposto, o primeiro movimento de expansão extra-muros terá tido como
referências a Igreja de S. Pedro e a Porta do Castelo, começando por desenhar
um eixo semicircular entre a denominada “Porta Falsa” (a Norte) e a Porta do
Sol, desenhando um eixo composto pela Rua do Forno, o Largo do Pelourinho e
a Rua do Corro.
A segunda cintura muralhada apresenta um traçado irregular e circunda uma
parte da primeira cerca. Integra quatro portas, quase axializadas em função dos
pontos cardeais. No eixo da Porta do Castelo, virada a Norte, abre-se a Porta da
Vila em arco quebrado e flanqueada por duas torres de planta quadrada. Virada
a Oeste, a porta da Guarda, também em arco quebrado, é ladeada por uma
torre. No lado oposto da muralha abre-se a Porta do Sol, em arco de volta inteira
e flanqueada por uma torre bastante arruinada. No lado Sul encontra-se uma
outra porta, chamada “Porta Falsa”, de abertura em arco pleno, hoje entaipada.
Além das torres que protegem as portas desta segunda cerca muralhada,
contam-se mais quatro torres, de planta quadrada e desprovidas de vãos.
Nesta zona a malha urbana torna-se mais densa e observa-se maior
quantidade de construções adoçadas à muralha, sobretudo no pano
compreendido entre a Porta da Guarda e a Porta da Vila. Este núcleo estrutura-
se a partir de um eixo principal – Rua Direita – que liga a Porta da Vila à Porta do
Castelo, rompendo a área urbana em duas metades quase equivalentes. De
facto, a relação entre os dois núcleos materializa-se no percurso da Rua Direita,
composta por troços muito diferenciados e funcionando como eixo aglutinador
dos espaços mais representativos, implantados sempre na proximidade de
portas – o Largo do Pelourinho (Porta do Castelo) e o Largo de S. Vicente (Porta
da Vila). Esta Rua Direita organiza uma rede de vias paralelas e transversais,
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nem sempre claramente definida, mas relacionada com a hierarquia dos
acessos às portas da muralha.
A partir do Largo de S. Vicente assumem maior importância as travessas de
ligação à Rua da Praça (e à porta da Guarda), enquanto a partir do Largo do
Pelourinho se destaca a Rua do Forno orientada para a Porta do Sol.
De uma forma geral, o tecido urbano é composto por quarteirões bastante
irregulares, integrando frequentemente logradouros amplos, coexistindo com a
tendência para o alinhamento das fachadas face à rua. As parcelas construídas
mostram uma preferência pelas formas quadrangulares ou rectangulares,
originando lotes pouco profundos, o que se explica, provavelmente, com base
na ausência de uma forte dinâmica urbana e construtiva que chegou mesmo a
conduzir ao entaipamento da “Porta Falsa” junto ao Largo do Corro.
A delimitação entre espaço público e privado nem sempre é muito evidente,
sobretudo em zonas onde a construção é mais rarefeita, em especial no
primeiro núcleo muralhado e nas zonas angulares de união entre as duas
cercas urbanas. Abundam os muros de suporte para vencer os desníveis
topográficos, acentuando a compartimentação dos espaço livres.
Uma particularidade da aldeia de Castelo Mendo consiste no desdobramento do
eixo fixado pela Rua Direita através da rua que lhe é paralela, a Rua da Praça,
enunciando uma maior autonomia dos espaços de vocação comercial. Com
efeito, a Rua da Praça permite a ligação entre o Largo do Corro e o espaço do
antigo mercado, situado junto às Portas da Guarda, por sua vez um acesso
privilegiado ao Campo da Feira.
Em 1229, com a concessão da carta de foral por D. Sancho II, estabeleceu-se a
realização de um mercado de pão, carne e peixe no castelo e instituiu-se
também a realização de uma feira pela Páscoa, S. João e S. Miguel, com a
duração de oito dias, desconhecendo-se, porém, a localização exacta da feira
neste período (sendo de considerar a hipótese de decorrer na Rua da Praça,
junto à Porta da Guarda). No entanto, na data da confirmação dionisina do foral
(1281), poderá ter ocorrido uma transferência do local da feira para a Devesa.
Por outro lado, o Largo do Corro, topónimo indicativo de um terreiro destinado à
corrida de touros ou actividades afins, organiza um espaço de configuração
triangular e assumiria um uso e uma influência somente perceptíveis se
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pensadas em função da proximidade da “Porta Falsa” (agora entaipada e
encoberta no interior de uma construção) e da existência de uma ligação directa
ao Largo do Pelourinho (através da Rua do Corro).
Os desenhos de Duarte d’Armas, efectuados no início do século XVI, expõem
com alguma nitidez a imagem de Castelo Mendo e permitem perceber que o
perfil urbano não sofreu alterações significativas até à actualidade, assumindo,
portando, um valor de sedimentação.
Reconhece-se neste autor uma maior precisão no levantamento das estruturas
defensivas (o objectivo exacto do seu trabalho) observando-se a cidadela, as
duas cinturas muralhadas e a barbacã, da qual, aparentemente, não se
conservam vestígios. Contudo, uma investigação arqueológica poderá identificar
a implantação e as fundações da barbacã, talvez coincidentes com o muro que
delimita o caminho que contorna as muralhas, ainda bastante evidente na
vertente Norte. A Igreja de Santa Maria do Castelo encontra-se igualmente
representada, assim como as paroquiais de S. Pedro e S. Vicente. Da mesma
forma, a presença do Pelourinho constitui uma referência preciosa, pois
confirma a sua edificação como consequência da reforma do foral em 1510.
Assim sendo, este documento iconográfico, associado ainda às indicações
cronológicas da alguns edifícios, permite-nos considerar o século XVI e a
transição para o século XVII enquanto períodos com inegável peso na definição
da configuração dos espaços urbanos, o que parece acontecer também em
antigas vilas como Sortelha, Castelo Bom, Castelo Melhor ou Castelo Rodrigo,
cuja imagem medievalizada apenas parece intacta devido a uma fraca dinâmica
contemporânea.
Existem indicações de que, durante a época filipina, sobretudo no reinado de
Filipe I, se procedeu à reabilitação de algumas casas e à hipotética construção
da Casa da Câmara e Cadeia, imóveis com impacto expressivo nos principais
espaços da aldeia. Observa-se assim que, embora vinculados à estrutura
medieva, estes espaços foram profundamente alterados no seu carácter e na
sua definição ao longo da época moderna.
Relativamente à ocupação extra-muros, observa-se, conforme já mencionado,
que a Rua da Praça e a Porta da Guarda aparentam ter tido uma importância
comercial que estaria dependente do acesso à zona exterior das muralhas.
Assim, apesar de não se ter formado qualquer arrabalde nesta zona exterior,
regista-se a proximidade do Calvário e, mais recentemente, do Cemitério junto à
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Porta da Vila uma vez que, anteriormente, as pessoas eram sepultadas no
interior das Igrejas e no Adro. Só com a proibição relativamente recente desta
prática se construiu, a poucos metros da Porta da Vila, o actual Cemitério.
Ainda nesta zona extra-muros destacam-se, actualmente, uma habitação (séc.
XIX / XX) e uma garagem (séc. XX) – adoçadas à muralha de ambos os lados da
Porta da Vila – um palheiro (séc. XIX / XX), um pombal (séc. XVIII / XIX) e uma
habitação (séc. XVI a XX). È de notar ainda a existência, nesta zona, do edifício
da escola e de uma habitação recente, de tipologia totalmente afastada da
tradicional, construções que, por apresentarem forte impacto negativo à entrada
da aldeia e em várias perspectivas do aglomerado, foram consideradas
“dissonantes” do restante conjunto.
Na zona mais baixa e fértil, preservou-se a Devesa ou o Prado d’el Rei e o
Campo da Feira, onde se ergue o respectivo alpendre e um razoável número de
fontanários e cruzeiros. Se a Devesa se encontrava mais direccionada para as
actividades económicas, com percursos direccionados para a Porta da Guarda,
o actual caminho que se dirige para a Porta da Vila estava, ao contrário
pontuado por signos religiosos - cruzeiros de várias épocas e formas –
protegendo o caminho até à Capela do Cemitério e ao Calvário, organizado no
Outeiro das Oliveiras, zona em que se inicia o troço mais bem conservado de
uma calçada, provavelmente medieval, que contorna parte do cabeço do
castelo e desce até às poldras da Ribeira dos Cadelos, permitindo o acesso ao
rio Côa.
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Pontos marcantes no perfil da aldeia
Torna-se bastante difícil acompanhar o percurso cronológico da aldeia,
principalmente no que respeita às alterações do seu espaço urbano. Sabe-se
que, em 1641, na sequência das Guerras da Restauração, terá existido uma
campanha de renovação pontual das estruturas defensivas, da qual subsistem,
junto à Porta Falsa do Castelo, no lado exterior, as fundações de uma espécie
de baluarte em alvenaria, que protegia o flanco orientado para o rio.
Em meados do século XVIII eram ainda dignos de referência as muralhas de
Castelo Mendo, mas as torres encontravam-se já arruinadas, denotando uma
perda progressiva de vitalidade que o impacto das Invasões Francesas e das
Lutas Liberais veio acentuar no século XIX, agravando o estado de ruína das
muralhas e transformando o castelo em cemitério.
Em 1834, a extinção das paróquias de S. Vicente e de Santa Maria e, em 1855,
a extinção do estatuto concelhio, marcaram, em definitivo, a paragem da vila,
cujo principal conteúdo funcional tendeu a esvaziar-se assustadoramente com a
passagem do tempo.
No decorrer da segunda metade do século XX, a aldeia foi alvo de campanhas
de restauro e reconstrução de alguns panos de muralha e torres, efectuadas
pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e, já nos anos 90 do
referido século, veio também a sofrer diversas intervenções enquanto localidade
integrada no denominado Programa de Reabilitação das Aldeias Históricas de
Portugal. Desta forma, cruzando alguns elementos bibliográficos e outras fontes
disponíveis, poderemos talvez considerar a leitura de Castelo Mendo enquanto
baseada na análise morfológica dos seus espaços.
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À semelhança do conjunto de fortificações que defendiam a fronteira do Côa, na
aldeia em questão permaneceu sempre mais marcado o carácter medieval,
não só por se apresentar coincidente com a época da sua fundação
institucional, mas também porque a fraca dinâmica urbana não favoreceu
pontos de ruptura. A partir de uma primeira organização espacial, pode, então,
identificar-se uma estrutura cujo crescimento se apresenta gradual, resultando o
processo de consolidação também de uma soma de alterações que, apesar de,
por vezes, pouco marcantes, decidiram cumulativamente a forma e o carácter
dos espaços que hoje conhecemos.
De uma forma geral, verifica-se que a aldeia apresenta um esquema de
expansão bastante disperso, não evidenciando sinais de uma evolução gradual,
desde o núcleo muralhado mais antigo em direcção à Porta da Vila, como seria
talvez de esperar. É também de notar o curioso contraste entre a imagem algo
“medieval” da aldeia e a quantidade relativamente elevada de imóveis
construídos no século XX.
14.2 Estrutura de Propriedade
1 imóvel 3 imóveis
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5 – 6 – 9 imóveis
Com base nos dados registados nas fichas de levantamento inseridas no
“Projecto de Recuperação de Fachadas para a Aldeia Histórica de Castelo
Mendo” 13, tornou-se possível tirar algumas conclusões relativas à estrutura de
propriedade na referida aldeia. Apesar do levantamento não incluir a totalidade
dos imóveis existentes, podemos considerar que abrange grande parte dos
núcleos que se desenvolvem no interior de ambas as cercas muralhadas.
13 Pina Marques, Maria de la Sallete; Projecto de recuperação de fachadas para a aldeia histórica de Castelo Mendo. 1995
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Tipologia 1 - Construção anexa exteriormente à muralha da fortaleza. Tipologia 2 - Edifícios em banda no interior da fortaleza, anexa à muralha. Tipologia 3 - Perímetro do quarteirão compacto e fechado, sem pátios interiores. Tipologia 4 - Edifícios em banda, apresentando duas frentes de rua opostas. Tipologia 5 – Conjunto de edifícios disposto de forma irregular, semelhante à do quarteirão tradicional, com logradouro interior, espaço de privado de uso dos proprietários.
Assim, partindo de uma matriz que, embora incompleta (existem poucos dados
referentes ao edificado extra-muralhas), se apresenta muito próxima do cenário
total, pudemos observar que, talvez contrariamente ao que seria de esperar
num núcleo de dimensões tão reduzidas, estamos perante uma estrutura de
propriedade algo fragmentada e dispersa.
Com efeito, num total de 119 edifícios levantados, registaram-se 49 proprietários
diferentes, sendo que 25 deles possuem apenas um edifício. Nos casos de
proprietários de mais do que um edifício, registaram-se casos de posse de dois
(8 proprietários), três (10 proprietários), quatro (5 proprietários), cinco (2
proprietários), seis (1 proprietário) e nove imóveis
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(1 proprietário). No entanto, verificou-se que, nestes casos, os edifícios
pertencentes a um mesmo proprietário se localizam, de uma forma geral,
bastante dispersos na aldeia e não contíguos ou organizados em quarteirão,
como seria, talvez, a hipótese considerada mais frequente nestes núcleos de
pequenas dimensões onde, geralmente, a população se compõe apenas de
algumas famílias que dividem a posse dos imóveis entre si (hipótese que,
futuramente, poderá revelar resultados interessantes a partir de uma pesquisa
com base nas possíveis relações de parentesco existentes entre diversos
proprietários que verificámos apresentarem o mesmo apelido).
Desta forma, verificando a distribuição dispersa dos imóveis pertencentes a um
mesmo proprietário, concluímos que, tendo em vista uma proposta de
intervenção, os lotes preferenciais para futura localização de novos
equipamentos a introduzir na aldeia, seriam referentes a um solar palaciano de
dimensões consideráveis, localizado na Rua Direita (ver mapa 01) e a um
conjunto de imóveis contíguos, localizado na proximidade da Igreja de S.
Vicente, pertencentes a um único proprietário.
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14.3 Análise Sócio-Económica
Tipo de ocupação
• 1991
Em 1991, na subsecção de Castelo Mendo, os alojamentos para residência
habitual são predominantemente ocupados pelos proprietários.
Cerca de 10% dos alojamentos estão vagos.
• 2001
Predomínio dos alojamentos ocupados para residência habitual, ocupados pelo
proprietário. Um edifício vago.
Regista-se uma diminuição de alojamentos ocupados para residência habitual,
como consequência de um aumento de edifícios de uso secundário ou sazonal.
Em 2001 verifica-se que todos os edifícios ocupados para residência habitual
são ocupados pelo proprietário. Registou-se também uma diminuição do
número de edifícios vagos.
LOCALIDADES 1991
Alojamentos Familiares -
Total
Alojamentos Ocupados para
Residência Habitual %
Alojamentos Ocupados para Residência Habitual -
Proprietário Ocupante % Alojamentos
Vagos %
Castelo Mendo 77 43 55,8 40 51,9 8 10,4
Paraísal 46 29 63,0 29 63,0 6 13,0
residual 1 1 100,0 1 100,0 0 0,0
LOCALIDADES 2001
Alojamentos Familiares -
Total
Alojamentos Ocupados para
Residência Habitual %
Alojamentos Ocupados paraResidência Habitual - Proprietário Ocupante
% Alojamentos Vagos
%
Castelo Mendo 67 34 50,7 34 50,7 1 1,5
Paraísal 44 29 65,9 29 65,9 0 0,0
Residual 4 2 50,0 2 50,0 0 0,0
Fonte: INE - Portugal
Taxa de variação da população 1991 2001
De 1991 a 2001 houve um decréscimo de população de aproximadamente
23%.
LOCALIDADES 1991
Pop Residente - 1991
Pop Residente - 2001
Taxa de Variação da Pop - 1991 /
2001
Castelo Mendo 99 76 -23,2
Paraísal 66 53 -19,7
residual 3 5 66,7
Fonte: INE – Portugal
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Estrutura etária da população. Castelo M endo. 1991 / 2001
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Pop.residente - 0
a 4 anos
Pop.residente - 5
a 9 anos
Pop.residente - 10
a 13 anos
Pop.residente - 14
a 19 anos
Pop.residente -
20 a 64 anos
Pop.residente -65 ou mais
anos
Castelo M endo 1991Castelo M endo 2001
Actividade da população. Castelo M endo. 1991 / 2001
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Empregadossector primário
Empregadossector
secundário
Empregadossector terciário
Pensionistas /Reformados
Sem ActividadeEconómica
Castelo M endo 1991Castelo M endo 2001
Actividade da população. Castelo M endo. 1991 / 2001
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Empregadossector primário
Empregadossector
secundário
Empregadossector terciário
Pensionistas /Reformados
Sem ActividadeEconómica
Castelo M endo 1991Castelo M endo 2001
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Estrutura etária
• 1991
Na subsecção de Castelo Mendo predomina a faixa etária dos 20 aos 64 anos,
com uma percentagem de 46,5%, seguida faixa etária de população com mais
de 65 anos com 37,4%.
Existem 16 indivíduos com idade até 19 anos e existe apenas uma criança entre
os 0 e os 4 anos.
• 2001
A maioria da população residente tem mais de 65 anos. A faixa etária dos 25
aos 64 anos representa segunda maior classe percentual da população
residente. Nas classes mais jovens registam-se os valores mais reduzidos. Até
aos 19 anos existem apenas 5 indivíduos.
A população residente com mais de 65 anos, mantém-se inalterável de 1991
para 2001, no entanto o peso percentual desta classe é muito maior devido à
perda de população residente na classe dos 20 aos 64 anos. Também nas
classes mais jovens, regista-se um decréscimo de população.
LOCALIDADES 1991
Pop Residente
1991
Pop Res. 0 a 4 anos
%
Pop Res. 5
a 9 anos
% Pop Res. 10 a 13
anos %
Pop Res. 14 a 19
anos %
Pop Res. 20 a 64
anos %
Pop Res. 65 ou mais
anos
%
Castelo Mendo 99 1 1,0 2 2,0 6 6,1 7 7,1 46 46,5 37 37,4
Paraísal 66 1 1,5 1 1,5 0 0,0 3 4,5 34 51,5 27 40,9
residual 3 0 0,0 1 33,3 0 0,0 0 0,0 2 66,7 0 0,0
LOCALIDADES 2001
Pop Residente
2001
Pop Res.0 a 4 anos
%
Pop Res. 5
a 9 anos
% Pop Res. 10 a 13
anos %
Pop Res. 14 a 19
anos %
Pop Res. 20 a 64
anos %
Pop Res.65 ou mais anos
%
Castelo Mendo 76 1 1,3 1 1,3 1 1,3 2 2,6 34 44,7 37 48,7
Paraísal 53 1 1,9 3 5,7 1 1,9 1 1,9 22 41,5 25 47,2
Residual 5 0 0,0 1 20,0 0 0,0 1 20,0 3 60,0 0 0,0
Fonte: INE - Portugal
Dimensão média da família – indicador
LOCALIDADES 1991
População Residente
1991
Famílias Clássicas
Dimensão Média da Família - indicador
Castelo Mendo
99 43 2,30
Paraísal 66 29 2,28
residual 3 1 3,00
LOCALIDADES 2001
População Residente
2001
Famílias Clássicas
Dimensão Média da Família - indicador
Castelo Mendo 76 34 2,24
Paraísal 53 29 1,83
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Residual 5 2 2,50
Fonte: INE – Portugal
• 1991
A subsecção de Castelo Mendo, apresentava o indicador mais elevado.
• 2001 O indicador desce na subsecção de Castelo Mendo. Existe uma ligeira descida no indicador da dimensão média da família.
Níveis de ensino
• 1991
Predomínio da população sem nenhum nível de ensino com uma percentagem
de 25%.
Reduzida percentagem de indivíduos com: ensino secundário completo, com
ensino médio completo e com ensino superior completo.
• 2001
Predomínio da população com ensino básico completo, representando uma
percentagem de 31,6% da população residente. A população residente sem
nenhum nível de ensino cifra-se nos 27;6%. Assiste-se ao ligeiro aumento de
população com níveis ensino mais elevados. Se em 1991 predominava a classe
de população residente sem nenhum nível de ensino, em 2001 predomina a
população com ensino básico completo.
LOCALIDADES 1991
Pop Residente
1991
Pop Res.
nenhum nível ensino
%
Pop Res. 1º ciclo ensino básico
completo
%
Pop Res. 2º e 3º ciclos ensino prepar.
completo
%
Pop Res. ensino secun.
completo
%
Pop Res. curso médio
completo
%
Pop Res. curso
superior completo
%
Castelo Mendo 99 25 25,3 19 19,2 2 2,0 2 2,0 2 2,0 1 1,0
Paraísal 66 23 34,8 14 21,2 3 4,5 2 3,0 0 0,0 0 0,0
residual 3 0 0,0 0 0,0 0 0 1 33,3 0 0,0 0 0,0
LOCALIDADES 2001
Pop Residente
2001
Pop Res.
nenhumnível
ensino
%
Pop Res. 1º
ciclo ensino básico
complet.
%
Pop Res. 2º
ciclo ensino básico
complet.
%
Pop Res. 3º
ciclo ensino básico
complet.
%
Pop Res.
ensino secun.
complet.
%
Pop Res. curso médio
complet.
%
Pop Res. curso
superior complet.
%
Castelo Mendo 76 21 27,6 24 31,6 4 5,3 5 6,6 6 7,9 3 3,9 2 2,6
Paraísal 53 19 35,8 16 30,2 5 9,4 1 1,9 1 1,9 0 0,0 0 0,0
Residual 5 0 0,0 0 0,0 1 20 1 20 1 20 0 0,0 1 20,0
Fonte: INE - Portugal
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Sectores de actividade
• 1991
Ao nível dos sectores de actividade:
15,2% da população está empregada no sector primário.
2% da população está empregada no sector secundário.
21,2% da população está empregada no sector terciário.
O sector terciário é aquele que emprega mais população.
Mais de metade da população residente, aproximadamente 61%, da subsecção
de Castelo Mendo, não tem actividade económica.
A percentagem de pensionistas e reformados é de aproximadamente 36%.
• 2001
Predomínio da população sem actividade económica 72,4%.
A percentagem de pensionistas e reformados é de 57,9%.
O sector terciário ocupava em 2001, cerca de 19,7% da população empregada,
sendo o sector onde se regista maior número de empregados. Sector primário
emprega apenas 1 indivíduo.
O número empregados diminuiu consideravelmente. A maior perda registou-se
no sector primário. Registou-se uma redução do número de indivíduos sem
Niveis de ensino. Castelo M endo. 2001
32,3%
36,9%
6,2%
7,7%
9,2%
4,6% 3,1%
Pop. residente - nenhum nível ensino
Pop. residente - 1º ciclo ensino básico completo
Pop. residente - 2º ciclo ensino básico completo
Pop. residente - 3º ciclo ensino básico completo
Pop. residente - ensino secundário completo
Pop. residente - curso médio completo
Pop. residente - curso superior completo
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actividade económica, mas em 2001, assume uma grande relevância,
representando 72,4% da população residente..
LOCALIDADES 1991
Pop Residente
1991
Empreg. Sector
Primário %
Empreg. Sector
Secundário %
Empreg. Sector
Terciário % Pensionistas
Reformados % Sem
Actividade Económica
%
Castelo Mendo 99 15 15,2 2 2,0 21 21,2 36 36,4 61 61,6
Paraísal 66 4 6,1 4 6,1 19 28,8 33 50,0 39 59,1
residual 3 0 0,0 0 0,0 2 66,7 0 0,0 1 33,3
LOCALIDADES 2001
Pop Residente
2001
Empreg. Sector
Primário %
Empreg. Sector
Secundário %
Empreg. Sector
Terciário % Pensionistas
Reformados %
Sem Actividade Económica
%
Castelo Mendo 76 1 1,3 3 3,9 15 19,7 44 57,9 55 72,4
Paraísal 53 2 3,8 3 5,7 7 13,2 31 58,5 41 77,4
Residual 5 0 0,0 0 0,0 3 60,0 0 0,0 2 40,0
Fonte: INE - Portugal
Perante os diversos indicadores estatísticos referentes a resultados de Censos
anteriores e posteriores à conclusão do “Programa de Recuperação das Aldeias
Históricas de Portugal”, torna-se possível tecer algumas considerações
relativamente ao grau de sucesso desta iniciativa, assim como apontar os
diversos objectivos que foram ou não atingidos.
Assim, salientando, uma vez mais, que o referido programa incidiu, única e
exclusivamente, sobre a recuperação de fachadas e coberturas de grande parte
dos imóveis de Castelo Mendo, importará referir que este tipo de intervenção,
apesar de constituir uma excelente iniciativa enquanto acção de renovação da
imagem da aldeia e, consequentemente, reforço da auto-estima da população,
poderá ser considerado incompleto enquanto não abranger a dimensão
fundamental do conceito do habitar – o conforto, a higiene e a salubridade do
ambiente doméstico (condições essenciais para garantir o bem-estar da
população e, consequentemente, a sua fixação).
Então, salvaguardado o âmbito da intervenção, poderemos afirmar que, no que
respeita ao edificado, a iniciativa terá, talvez, contribuído para a diminuição
significativa do número de alojamentos vagos, acompanhada pelo aumento de
alojamentos de uso sazonal / secundário em detrimento dos alojamentos
ocupados para residência habitual, factores que se evidenciaram entre 1991 e
2001. Talvez estes resultados possam levar a concluir que a intervenção
realizada, apesar de não interferir com as condições de habitabilidade dos
alojamentos, terá motivado os proprietários a melhorar a imagem exterior dos
seus imóveis (numa tentativa de preservar uma memória, de afirmar um sentido
de posse que se pretende transmitir às gerações futuras), aproveitando-os para
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segunda habitação ou alojamento de férias (no caso de habitantes que se
deslocaram para outras regiões do país ou até mesmo para o estrangeiro,
procurando melhores condições de vida).
Relativamente à análise da evolução dos indicadores demográficos, poderá
afirmar-se, sem muita hesitação, que constitui o mais expressivo reflexo da
lentidão que se verifica no arranque e concretização da vertente de animação
cultural e socio-económica da aldeia. Com efeito, no que respeita à fixação de
população, os resultados dificilmente poderiam ser mais desanimadores.
De uma forma geral, a população residente sofreu um decréscimo considerável,
acompanhado pela diminuição do número de indivíduos na faixa etária dos 20
aos 64 anos e consequente preponderância do peso do número de indivíduos
com 65 ou mais anos. A falta de iniciativas que favoreçam um correcto
desenvolvimento económico e uma adequada exploração do sector turístico não
permitiu que se criassem as alternativas de emprego que poderiam travar o
despovoamento e promover a fixação de população jovem e activa.
Uma das solução para as faixas etárias mais jovens é mesmo abandonar a
aldeia, em busca de melhores oportunidades, deixando-a entregue à população
idosa que, sem apoios, pouco poderá fazer para dinamizar a localidade e as
actividades tradicionais. Podemos então concluir que a análise de todos os
indicadores estatísticos permitirá delinear o futuro cenário mais provável para
Castelo Mendo: despovoamento e degradação dos imóveis, desperdiçando
todo o trabalho realizado aquando da recuperação das fachadas e coberturas
dos imóveis.
Será, então, necessário inverter esta tendência, partindo do trabalho que já foi
realizado e propondo novas estratégias de dinamização baseadas, sobretudo,
na animação cultural, social e económica – procurando fixar população activa - ,
sem esquecer, em circunstância alguma, um plano de intervenção que permita
a recuperação do interior dos alojamentos, conferindo-lhes as condições de
conforto e habitabilidade que possam satisfazer os habitantes.
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14.4 Técnicas e Materiais
Originalmente a arquitectura desta região encontrava-se intimamente ligada às
suas características naturais e ao modo vida dos habitantes. A abundância do
granito e a actividade pastorícia vieram revelar-se enquanto factores de
influência determinante no tipo de arquitectura preconizado. As técnicas de
construção são, portanto, de grande simplicidade e tudo se reduz ao essencial.
Em Castelo Mendo, foi tradicionalmente aplicado o granito branco ou amarelo
na construção dos edifícios (não sendo aplicado o granito azul, por ser típico de
outras regiões, como é o caso de Freixedas). As cantarias e alvenarias
apresentavam-se, na maioria dos casos, sem revestimento, embora se
observassem alguns edifícios em alvenaria de granito rebocada, caiada ou
pintada de branco ou tons ocres. As paredes eram autoportantes e o aparelho
de junta seca ou argamassada.
Assim, enquanto elemento estrutural e / ou decorativo, a pedra utiliza-se, nesta
zona, em alvenarias e cantarias, sendo importante garantir que o material
empregue na construção destes elementos apresente determinadas
características:
. resistência mecânica à compressão (exercida sobretudo pela acção de cargas
como o peso das paredes, dos pisos e das coberturas);
. resistência mecânica a acções externas à construção (sismos, vibrações, etc.);
. resistência ao desgaste (acção, sobretudo dos agentes climáticos e
atmosféricos – vento, chuva, temperatura, gelo, poluição);
. resistência à acção do fogo;
. trabalhabilidade;
. compatibilidade com a função que deve exercer;
. compatibilidade com o material que lhe estará adjacente.
Com efeito, para além da necessidade de garantir a boa qualidade do material
usado nas alvenarias de pedra, este tipo de construção pressupõe também,
desde sempre, regras de execução baseadas no conhecimento do
funcionamento da estrutura global, garantindo assim a sua resistência à
passagem do tempo. Neste contexto, consideram-se enquanto princípios
fundamentais a respeitar na construção de uma alvenaria de pedra:
. boa arrumação das pedras, à fiada (assente pelo seu comprimento, ou
seja, constituindo uma fileira) ou em perpianho (a pedra é colocada na
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direcção transversa à fiada, ocupando toda a espessura do muro,
conferindo estabilidade à parede não apenas em termos dos esforços de
carga à compressão mas dos próprios movimentos horizontais que a
parede possa sofrer);
. constituição de camadas o mais coesas e horizontais possível;
. não descurar o travamento das paredes nas esquinas, podendo ou não
utilizar-se argamassa, conforme a técnica aplicada.
Origem Tipo Densidade Resistência kg/cm2 Trabalhabilidade
Aderência argamassa
ígnea granitos 2,5 a 3,0 1500 a 2700 variável, agravando-se com o tempo
muito boa
basalto 2,8 a 3,3 3000 difícil má
meláfiro 2,8 a 3,0 1800
variável, agravando-se com o tempo
aceitável eruptiva
tufos 0,6 a 1,7 35 a 600 variável, desde muito frágil a muito abrasivo
-
calcários 1,8 a 2,6 600 a 1500 boa variável, de muito boa a má sedimentar
brechas 1,8 a 2,7 800 a 1700 boa, mas por vezes frágil
variável, de boa a má
arenitos - 300 a 2700 variável, de boa a má
variável, de boa a má
mármores 2,4 a 2,8 1100 a 1800 boa boa metamórfica
xisto 2,5 a 3,0 800 a 1300 má má
Classificação das pedras mais comuns (segundo J. Paz Branco In Manual do Pedreiro, LNEC.
Lisboa, 1981).
Tal como já foi referido, em Castelo Mendo podemos encontrar três tipos distintos de
alvenaria de pedra:
• aparelhada: constituída por pedras irregulares assentes em argamassa,
escolhendo-se, para formar os paramentos, as pedras rijas de melhor
aspecto e que se aparelham numa das faces. As arestas podem ser
aperfeiçoadas, não para lhes dar forma regular mas sim para lhes tirar as
asperezas e maiores irregularidades, de forma a que a pedra apresente,
no paramento à vista, o aspecto de um polígono (aparelho rústico – este
tipo de alvenaria é muito empregue nas construções rurais,
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embazamentos e socos de edificações citadinas). Existe também o
aparelho regular tosco, de alvenaria aparelhada, que corresponde ao
sistema anteriormente descrito, diferindo deste na utilização de pedras
rectangulares;
• ordinária: constituída por pedra irregular assente em argamassa, sendo o
seu processo de assentamento idêntico ao da alvenaria aparelhada,
observando-se, no entanto, um trabalho menos cuidado e,
consequentemente, mais rápido e fácil. Esta alvenaria, pela irregularidade
das pedras utilizadas, executa-se, normalmente, com a finalidade de ser
revestida com reboco, sendo necessário muitas vezes encascar a parede
(introduzir pedras pequenas ou lascas de tijolo nos interstícios das pedras
para as fixar) e massiçar (colocar reboco para fixar as pedras). Neste
sistema, o peso da pedra concorre para a estabilidade da construção,
dependendo, no entanto, da aderência devida à argamassa (que tanto
pode ser de simples barro ou cal e areia, como argamassa hidráulica e
areia usada em trabalhos resistentes à água).
• insossa: técnica de construção de paredes que dispensa o uso de
argamassa na ligação das pedras entre si. Apesar de se poder aplicar
este termo técnico a toda e qualquer alvenaria de pedra que não utilize
argamassa de ligação, trata-se de uma designação vulgarmente
associada à alvenaria de pedra irregular. Para obviar à menor coesão da
parede – consequência da falta de argamassa de assentamento – esta
técnica requer uma boa execução no travamento das pedras entre si
através do encaixe cuidado das pedras e da utilização de escassilhos.
Trata-se de uma técnica utilizada em muros de suporte, de espera ou de
encosto, em paredes exteriores ou interiores e em fundações, sendo
também muito utilizada para muros de vedações.
Relativamente aos restantes materiais utilizados na construção tradicional,
destaca-se ainda, no que se refere às coberturas, o uso da madeira (a nível
estrutural) e da telha de canudo, aplicada com diversas formas de
travamento, consoante a inclinação das vertentes. Com efeito, na
impossibilidade de determinar com exactidão o tipo de travamento mais
utilizado na aldeia, apresentam-se os diversos processos possíveis para este
tipo de telha:
• valadio: não utiliza argamassa para fixar as telhas, devendo a fiada de
telhas caneiras (concavidade para cima) ser fixada com escassilhos
de tijolo ou com pequenos elementos de madeira presos ao ripado;
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• cravado: a fiada de telhas caneiras é presa com escassilhos de tijolo,
fixos com argamassa;
• meio mouriscado: a fiada de telhas caneiras é fixada com escassilhos
de tijolo e argamassa. Colocado o segundo canal, assenta-se a
primeira coberta (fiada de telhas com a concavidade voltada para
baixo que cobrem as caneiras). Estas são então fixadas com massa
alternadamente, de modo a que a cobertura resista ao vento e às
chuvas mais fortes. Este processo implica a utilização de fragmentos
cerâmicos que são aplicados sobre o curso das telhas caneiras,
sobre os quais se aplica a argamassa, garantindo-se, desta forma, o
correcto escoamento das águas pluviais.
• mouriscado: todas as fiadas de telhas caneiras e cobertas levam
argamassa.
Ainda no que diz respeito às técnicas e materiais construtivos, verifica-se que,
em Castelo Mendo, a construção tradicional se caracteriza pela reduzida
dimensão das portas e janelas, sendo comuns as de guilhotina, com portadas
interiores. É ainda de salientar o número reduzido de vãos (sobretudo nos
exemplos mais tradicionais ou nas habitações de carácter mais rural) e a
utilização da madeira nas caixilharias, guardas e portadas.
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No entanto, nos finais da década de 60, associada ao fenómeno da emigração
e à imagem de progresso e modernidade, começou a difundir-se a aplicação
de novos materiais industrializados, assim como o uso de novas tecnologias e
métodos construtivos. Nas intervenções de reparação ou ampliação, destacou-
se uma clara preferência pela estrutura de betão armado, paredes de tijolo
furado ou blocos de cimento e lages aligeiradas.
Ao nível das coberturas, verificou-se o abandono da telha tradicional de canudo
e foram aplicados vários tipos de telha, quer nas substituições quer nas novas
construções, vulgarizando-se o uso da telha de cimento negra, de grande
dimensão e muito dissonante.
Nos revestimentos, salienta-se o uso de tintas texturadas e com cores
dissonantes, surgindo também algumas situações em que, nos aparelhos de
granito, foram executadas juntas em cimento saliente, pintadas de branco.
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A utilização do ferro tornou-se frequente nas guardas, portas e janelas,
apresentando estes sistemas de correr ou batente, estores ou portadas
exteriores em ferro ou alumínio.
A partir de 1995, com a implementação do Programa das Aldeias Históricas,
assistiu-se ao desenvolvimento de um projecto de recuperação de fachadas e
coberturas da aldeia. Conciliaram-se materiais tradicionais e técnicas de
construção recentes, numa tentativa de restituir aos edifícios as suas
características tradicionais e singulares, se possível aliadas a melhores
condições de comodidade e conforto.
As casas de banho construídas sobre as varandas, foram mantidas e como
forma de minimizar o seu impacto negativo, optou-se, sempre que possível,
pela utilização de materiais de revestimento das paredes e coberturas
semelhantes aos preexistentes.
Sempre que se considerou adequado, mantiveram-se à vista as paredes de
granito. Na maioria das situações, foram recuperadas antigas paredes de
alvenaria degradadas, sobretudo nos aparelhos mais irregulares, com aplicação
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de cal hidráulica e pedras de dimensão variável. As pedras aplicadas são
semelhantes às preexistentes nas fachadas.
A argamassa de cal hidráulica e cimento branco foi também aplicada nas juntas
mais pequenas com a finalidade de impedir a entrada de humidade para o
interior das habitações, evitar a degradação do aparelho e consolidar a parede.
Nos casos em que o aparelho das paredes exteriores apresentasse condições
para ser deixado à vista, optou-se sempre pela remoção do reboco, numa
tentativa de valorização da imagem do edifício.
Em aparelhos muito degradados, de reduzidas dimensões ou onde se verificou
existência de grandes fissuras, de complexa reparação, propôs-se a utilização
de reboco com cal apagada misturado com uma pequena quantidade de
cimento branco, aplicado sem mestras e numa pequena espessura de modo a
deixar transparecer a textura do aparelho de granito. Sempre que o reboco se
aplicou de novo, foi também aplicada cal hidráulica, pela luminosidade e por
melhor manter o carácter tradicional. As cores usadas foram os tons terra e
ocres, cinzas e alguns casos rosa velho obtidos da mistura de anilina com cal ou
tinta de água.
Ao nível das coberturas, foram reparadas anomalias existentes nas estruturas,
nomeadamente no que se refere à entrada de humidade. Substituiu-se parcial
ou totalmente a telha aplicada tendo em conta o seu estado de conservação e
indicou-se sempre a remoção dos tipos de telha dissonantes: marselha, capa e
caleiro e cimento. Em muitas situações, em que propôs a substituição da
estrutura da cobertura, houve aplicação de “onduline” a fim de evitar as
infiltrações.
Por se considerarem dissonantes, todas as caixilharias de alumínio e ferro,
portadas de ferro e estores de plástico exteriores foram substituídos por
caixilharias e portadas de madeira.
Usaram-se, frequentemente, as guardas de madeira nas varandas com
referência às tradicionais das beiras, através da utilização de grades de ripas
com desenhos sóbrios. Conforme a arquitectura do edifício também se
empregaram guardas em ferro com desenhos simples pintados à cor das
caixilharias.
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15 Situação Actual da Região
Após uma análise detalhada das condições económicas e sociais da Região
Centro, onde se incluem dois estudos de casos, apresentamos resumidamente
os pontos que se consideram determinantes para o desenvolvimento futuro da
zona.
A região Centro, com 23.700Km2, representa 25% da superfície de Portugal, e
corresponde à parte central do território do Continente, o que lhe dá uma
posição estratégica nas ligações entre o norte e o sul e no acesso à Europa.
Trata-se de uma região com fortes desequilíbrios de povoamento, onde a sua
densidade média de 72 hab./Km2 correspondem densidades inferiores a 40
hab./km2 na maior parte do conselho do interior.
Em síntese a região caracteriza-se por:
• Um elevado índice de envelhecimento (28% superior ao nacional);
• Uma estrutura de povoamento onde não se destacam grandes cidades
(Coimbra tem cerca de 100 mil habitantes
• Uma estrutura económica com grande peso de uma agricultura pobre
(produtividade na agricultura de apenas 2/3 da média nacional) e um
sector terciário apoiado em serviços insuficientemente desenvolvido (61%
do VAB terciário composto por serviços de reparação, comércio,
restaurantes e hotéis e serviços não mercantis). O sector secundário
encontra-se bem inserido nas dinâmicas de competitividade nacional e
global (cerâmicas, produtos metálicos, aglomerados de madeira, pasta
de papel e vidro), a par de outros mais baseados nas vantagens dos
baixos custos salariais (como o vestuário), a produtividade aproxima-se
da média nacional;
• Uma elevada taxa de actividade, traduzindo uma forte presença feminina
no mercado de trabalho (taxa de actividade feminina superior em 14% à
média nacional) em grande parte devida à forte percentagem de
mulheres nos activos agrícolas e ao peso que este sector ainda detém no
emprego regional;
• Um PIB/hab. Que se situa apenas em 85% da média do país e 60,9% da
média europeia, tornando evidente a inserção desta região entre as mais
pobres no espaço comunitário. A situação é agravada por grandes
disparidades internas, tendo as NUT III do interior da região, à excepção
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da Beira Interior Sul, um PIB per capita inferior a 75% da média nacional;
baixos níveis de qualificação da população, com uma taxa de
analfabetismo elevada /14.5% na região e 10.4% no país), taxas de
escolaridade no ensino básico e secundário relativamente baixas e
elevado abandono final do ensino obrigatório;
• Insuficiência a nível de infra-estruturas de transportes e comunicações,
apesar do importante papel da região na articulação interna e externa do
território nacional;
• Situação desfavorável nos indicadores de conforto e nível de vida
dependentes do nível de rendimento da população ou da dimensão do
mercado;
• Forte incidência das situações de pobreza, concentrando-se na região
Centro, 26,9% dos 10% doa agregados familiares mais pobres do país;
• A região Centro representava em 1998, 19,2% do emprego em Portugal,
o que significa que, no contexto nacional, o seu peso é ligeiramente
superior ao da população que aqui reside (17,2%). (…) A taxa de
desemprego na região Centro vem apresentando, ao longo dos últimos
anos, um decréscimo que acompanha a tendência manifestada no total
nacional. O valor registado é contudo metade da do país, o que significa
que a região Centro apresenta valores muito próximos do pleno emprego
(2,5%);
• A região Centro tem as melhores reservas da água nacionais;
• Apresenta uma qualidade paisagística de relevo devido ao extenso
coberto vegetal, quantidade de áreas integradas em Parques e Reservas,
corredores ecológicos e abundância de montanhas. As áreas associadas
à protecção e conservação da natureza perfazem um total de cerca de
275 mil hectares, ou seja 12,6% do território da região Centro.
• Instituições de ensino e investigação na área do ensino superior e da
formação profissional (três Universidades Públicas e seis Institutos
Politécnicos, vários estabelecimentos de ensino privado, vários centros de
formação profissional, escolas profissionais, etc.)
Diagnóstico prospectivo da Região
• A região Centro encontra-se numa fase de afirmação de um novo papel
no contexto nacional;
• Espaço de grandes diversidades territoriais e produtivas;
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• A região não possui grandes cidades, mas a organização do território
evidencia um conjunto de sistemas urbanos territoriais que estruturam o
espaço regional.
Potencialidades
• A “qualidade do meio”, exigindo actuações centradas na cidade tendo
em vista a qualificação das suas funções e dos espaços, das sua infra-
estruturas e equipamentos, dos seus recursos humanos e competências.
Para a região Centro é estratégica a estruturação e consolidação de
sistemas urbanos territoriais, o que passa por intervenções pluri-sectoriais
no quadro de constelações de cidades e dos espaços rurais entre elas;
• A conclusão do plano rodoviário e a modernização da linha da Beira;
• Qualificação do tecido produtivo e empresarial, pelo reforço da
internacionalização da economia regional e pela captação de novos
investimentos para a região, ao mesmo tempo que se reforça a
capacidade organizativa empresarial;
• Valorização das competências regionais em matéria de ensino superior e
de investigação e das competências dos Centros Tecnológicos;
• Preservação e recuperação dos recursos naturais estratégicos (em
particular a água, a floresta e a paisagem;
• Valorização de forma sustentável do património natural e cultural;
• Reabilitação e conservação do património arquitectónico e urbano.
Financiamento
Candidatura aos programas do IIIQCA – PROC, IGAPHE e INH – REHABITA E
SOLARH
Programa Operacional da região Centro:
Os projectos apoiados (mais de mil, que representam hoje perto de 107 milhões
de contos de investimento e 78 de comparticipação FEDER) privilegiaram o
investimento nas infra-estruturas (particularmente o saneamento básico e as
acessibilidades), tendo abrangido também os equipamentos (desportos,
culturais e de apoio à actividade produtiva), a reabilitação de aglomerados
urbanos e as iniciativas imateriais de apoio à actividade produtiva e ao
desenvolvimento endógeno.
• Eixo Prioritário 1 – Apoio aos investimentos de interesse municipal e
intermunicipal
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Medida 1.1 Equipamentos e infra-estruturas locais
Medida 1.4 Qualificação dos aglomerados urbanos e das estruturas de
povoamento
Medida 1.5 Apoio às actividades económicas, acções de desenvolvimento
territorial e apoio à eficácia da políticas públicas
Medida 1.7 Acções Especificas de valorização Territorial
• Eixo Prioritário 2 – Acções Integradas de Base Territorial
Medida 2.1 Acção Integrada para a Qualificação e Competitividade das
Cidades – componente territorial (FEDER)
Medida 2.4 Acção Integrada “Turismo e Património no Vale do Côa”
Medida 2.8 Desenvolvimento dos recursos humanos e promoção da coesão
social
• Eixo Prioritário 3 – Intervenções da Administração Central regional
desconcentradas
Medida 3.9 Cultura (FEDER)
REHABITA
Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Àreas Urbanas Antigas,
instituído pelo Decreto-Lei nº 105/96, de 31 de Julho, consiste numa
extensão do Programa RECRIA e visa apoiar financeiramente as câmaras
municipais na recuperação da zonas urbanas antigas.
SOLARH
Programa de Solidariedade e de Apoio à Recuperação da Habitação vem
responder a um segmento significativo da população que não beneficiava de
qualquer apoio do Estado, no domínio da habitação, nomeadamente
proprietários idosos e agregados familiares com dificuldades de acesso aos
regimes de crédito à habitação praticados pela banca. È um regime que
enquadra a concessão de apoio financeiro especial à recuperação de
habitação, sob forma de empréstimo sem juros.
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16 Avaliação Arquitectónica, Urbana, Ambiental e de Impactos
Esta parte do trabalho, constitui a investigação decorrente de um processo de
avaliação que foi feita para os estudos de caso e que é apresentada aqui de
forma ainda preliminar, pois uma das conclusões decorrente deste estudo
demonstram que deveremos aprofundar as matérias. È nosso objectivo
desenvolver esta área de investigação e apresentar resultados finais mais
aprofundados e cuja verificação os tornará credíveis. Apresentamos um resumo
do trabalho desenvolvido assim como alguns dos quadros em que trabalhamos.
Nos dias de hoje, em que a avaliação do Património edificado é já corrente,
torna-se importante sistematizar critérios e métodos científicos que nos
permitam de um modo rigoroso tirar conclusões sobre que destino dar aos
nossos edifícios e localidades. Nesta abordagem, pretende-se dar resposta às
questões fundamentais da conservação: o quê, porquê e como conservar?
(Feilden, 1979; Cesari, 1985); de um modo passível de ser reproduzido para
aplicação em diferentes casos.
Este estudo apresenta então uma proposta de avaliação de qualidade
arquitectónica e urbana, com incidência na aldeia histórica de Castelo Mendo e
no centro histórico do Sabugal, localidades da Beira interior portuguesa. “O
processo consiste em identificar os valores intrínsecos que a área em causa
apresenta e classificá-los de forma a permitir uma escolha informal sobre os
métodos de conservação a aplicar”. Esta avaliação tem então como objectivo
ajudar e complementar o processo de decisão entre preservar ou substituir um
edifício ou conjunto de edifícios, e que destino ou modo de intervenção mais
indicados nestas aldeias específicas.
É importante que os resultados explicitem as razões que justificam a
conservação, estabelecendo critérios comparativos entre os objectos
analisados. A necessidade de clarificar as mais-valias que possam advir do
investimento necessário, torna-se indispensável na criação de um consenso que
sirva o ponto de vista dos diferentes grupos da sociedade envolvidos. Deste
modo é imprescindível a especificação de quais e de que tipo são os valores a
serem promovidos dentro da inter-disciplinaridade que envolve a arquitectura, o
planeamento urbano, a sociologia, a história e a economia.
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Assim, dentro do método de avaliação utilizado, assumem-se possíveis
medidas: conservação, preservação, consolidação, restauração, reabilitação e
reconstrução. O método usa uma ficha de avaliação por edifício ou conjunto
edificado (rua, quarteirão), que ajudará na elaboração da proposta. Este
processo permite aos decisores sistematizar a informação sobre os valores
arquitectónico, histórico, estético, cultural e valores de uso dos objectos em
questão.
Valores
Em todo o processo de conservação do edificado, particularmente no caso
específico das Aldeias Históricas, a elaboração e registo de valores envolve
sempre um julgamento de qualidade relativamente ao objecto de estudo. Este
julgamento é feito por parte de avaliadores que, com base nos documentos
legais sobre o património (exemplo: carta de Veneza), e com base nas
fundações e ideologias teóricas e práticas que regem a sociedade actual, vão
definir o que deve ser valorizado ou desvalorizado na área a intervir.
Considerando o carácter subjectivo desta questão e a complexidade do objecto
de estudo, é necessário que este julgamento seja ponderado e discutido, de
modo a que se torne claramente definido. “Qualquer acção para a preservação
do património histórico deve ser precedida por uma análise do que exactamente
se quer preservar, porque deve ser preservado e como é que vai ser
preservado.”
É a partir da clarificação dos valores intrínsecos à área de estudo que se poderá
posteriormente tirar ilações sobre novas propostas a apresentar.
Dentro desta avaliação utilizaram-se então duas grandes áreas de estudo que
abrangem dois grupos de valores distintos: os valores culturais e os valores de
uso.
O primeiro grupo abrange os valores e características histórico/estéticas dos
edifícios ou conjuntos edificados, e o segundo grupo considera o potencial uso
futuro do edifício ou do núcleo relativamente aos seus problemas técnicos.
Os valores culturais estão associados com o património local, sendo a sua
relação com os observadores do presente subjectiva. Nesta caso subdividimos
estes valores em quatro grupos:
• valores estéticos, baseados nas características e qualidades artísticas e
estéticas dos edifícios ou zonas e na sua raridade e notoriedade (no seu
valor intrínseco);
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• valores históricos, que contemplam o facto de o centro histórico poder ser
a materialização de um tempo, de uma história, podendo assim fazer
com que o presente e o futuro compreendam o passado;
• valores paisagísticos, baseados no grau de contribuição do objecto na
continuidade de um todo de um quarteirão, de um território ou de uma
paisagem, neste caso específico da Beira Interior; podem incluir o seu
valor simbólico como marco visual
• valores de identidade cultural, que abrangem a importância dos edifícios
individualmente e em conjunto como património, como entendimento dos
valores sociais, culturais e materiais de uma sociedade no seu
determinado tempo.
Os valores de uso por outro lado têm uma relação mais directa com a
sociedade do presente e suas infra-estruturas socio-políticas, com projecções
no futuro. Associam-se aos aspectos económicos, dos usos, alterações e
mudanças sociais nas zonas em questão. Incluem cinco grupos de valores:
• valor económico – melhor distribuição de recursos e satisfação do maior
número de necessidades, valor imobiliário dos edifícios;
• valor funcional – relaciona-se com o valor económico, capacidade do uso
ser compatível com o edifício ou área;
• valor de potencialidade – capacidade de adaptabilidade ao longo do
tempo a diferentes usos e funções sem danificar os elementos
arquitectónicos existentes;
• valor social – tradição de actividades sociais, relação de compatibilidade
entre as funções do presente com as estruturas históricas, relação dos
espaços com a sociedade;
• valor de comodidade – existência de equipamentos e instalações que
assegurem o conforto e bem estar dos utentes.
•
Seguidamente apresentamos o método de avaliação qualitativa dos atributos
dos edifícios.
Este método é essencial na decisão sobre os edifícios que requerem
intervenção e sobre qual o tratamento a aplicar. Com base no estudo de valores
apresentado anteriormente, propõe-se a inclusão de uma série de factores e
atributos que os representem. É na sua relação com estes valores que se vai
avaliar a qualidade dos edifícios ou núcleos.
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A concretização do método é feita através de fichas de avaliação, neste caso
orientadas para a especificidade inerente às Aldeias Históricas. “ Esta ficha tem
como base a BVS – Building Valuation Sheet, desenvolvida por Kalman (1979), e
um sistema de pontuação ‘points system’ do programa PSEDROC (I.o A.A.S.,
1988; 1990)”. A sua estrutura tem três componentes principais: os factores ou
elementos que representam os valores, o peso ou valor pré-determinado que é
atribuído a cada um deles e a classificação estabelecida pelo avaliador para os
factores. Os pesos atribuídos a cada um dos factores são específicos para a
área de estudo, tendo relevância aqueles que mais influem no objecto.
Seguidamente apresentamos um modelo da ficha a utilizar, passando depois a
explicar os critérios que nos levaram à elaboração de cada factor e o peso que
lhe foi atribuído.
FICHA DE AVALIAÇÃO 1 descrição:
arquitectura caracteristicas particulares:
Factor Peso x Avaliação Valor
1 . Artístico ++ 1 2 3 4 5 6
2 . Estrutural +- 1 2 3 4 5 6
3 . Idade + 1 2 3 4 5 6
4 . Contexto histórico-social +- 1 2 3 4 5 6
5 . Ambiental + 1 2 3 4 5 6
6 . Importância local e simbólica + 1 2 3 4 5 6
atributos culturais subtotal 50
7 . Aptidão / Funcionalidade ++ 1 2 3 4 5 6
8 . Potencialidade ++ 1 2 3 4 5 6
9 . Compatibilidade +- 1 2 3 4 5 6
10 . Comodidade + 1 2 3 4 5 6 11
12 .Manutenção económico
- +
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
uso do edifício subtotal 50
TOTAL 100
FICHA DE AVALIAÇÃO 2 descrição:
urbana características particulares:
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Factor Peso x Avaliação Valor
1 . Histórico ++ 1 2 3 4 5 6
2 .Identidade Cultural (imp. local e simbólica) ++ 1 2 3 4 5 6
3 . Estético (artístico/estrutural) + 1 2 3 4 5 6
4 . Ambiental / Paisagístico + 1 2 3 4 5 6
atributos culturais subtotal 50
5 . Económico + 1 2 3 4 5 6
6 . Social ++ 1 2 3 4 5 6
7 . Funcional +- 1 2 3 4 5 6
8 . Potencialidade + 1 2 3 4 5 6
9 . Comodidade + 1 2 3 4 5 6
uso do edifício subtotal 50
TOTAL 100
Factores
Dentro do primeiro grupo de valores – atributos culturais – incluem-se factores
factuais e objectivos que permitem avaliar as características intrínsecas aos
edifícios e conjuntos e a sua relação com a envolvente. Estão relacionados com
a estética e a história dos objectos e a sua inserção num contexto.
Deste modo, e avaliando o caso específico das Aldeias Históricas de Portugal,
foram considerados os seguintes factores:
Quadro 1 - AVALIAÇÃO ARQUITECTÓNICA
• Factores estéticos:
Qualidade artística, depende da notabilidade ou raridade dentro de um estilo. A
avaliação deve ser feita por comparação com objectos que se enquadram
dentro dos mesmos pressupostos. Os edifícios das aldeias históricas são no
geral exemplares de um tipo de arquitectura vernácula portuguesa, que
corresponde a tipologias de habitação rural de carácter modesto, mas também
podemos encontrar alguns edifícios de índole mais nobre, como é o caso dos
solares ou palacetes.
Elemento estrutural, relacionado com o sistema de construção e com a sua
notabilidade ou raridade. No interior de Portugal, era natural usar como recurso
de construção os materiais característicos de cada zona, mantendo-se em
alguns casos (como nas aldeias) exemplares originais destas estruturas.
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• Factores históricos:
Idade dos edifícios, importante na comparação com os diferentes edifícios do
grupo. A antiguidade é sempre um valor a preservar.
Contexto histórico e social, expresso pela capacidade que o edifício tem em
ilustrar os factos culturais, sociais, políticos, militares, industriais ou económicos.
Um elemento importante será considerar a sua futura utilidade para o ensino da
história cultural. Os edifícios das Aldeias Históricas representam um modo de
vida específico e muitas delas como conjunto, foram palco de momentos
importantes na história da formação do nosso país.
• Factores paisagísticos:
Factor ambiental, representa o grau de contribuição do edifício para a
continuidade ou carácter da rua, quarteirão ou área. Neste caso é necessário
valorizar os objectos que se insiram nos parâmetros da arquitectura tradicional
portuguesa, em detrimento de novas construções que possam ir contra estes
modelos (caso das chamadas casas dos emigrantes). Do mesmo modo
valorizam-se aqueles que sejam contemporâneos à estrutura dos núcleos, e
que não destoem na composição dos seus elementos.
• Factores de identidade cultural:
Importância local e simbólica, expressa pelo valor que o edifício tem como
marco visual, e o que simboliza ou representa dentro da comunidade ou região.
Nas aldeias ou centros históricos estes edifícios são geralmente considerados
como património representativo de um modo de vida ou de uma época, e por
isso valorizados apesar de não terem nada de extraordinário no seu desenho ou
construção.
Quadro 2 - AVALIAÇÃO URBANA
• Factores estéticos:
Qualidade artística, depende da notabilidade ou raridade dentro de um estilo. Os
edifícios das aldeias históricas são no geral exemplares de um tipo de
arquitectura vernácula portuguesa, que corresponde muitas vezes a tipologias
de conjunto de carácter rural / urbano. O que se avalia essencialmente é a
essência e o valor intrínseco do conjunto.
Elemento estrutural, relacionado com o sistema de construção e com a sua
notabilidade ou raridade. No interior de Portugal, era natural usar como recurso
de construção os materiais característicos de cada zona, mantendo-se em
alguns casos (como nas aldeias) exemplares originais destas estruturas.
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• Factores históricos:
Relacionado com a possibilidade do local simbolizar a materialização de um
tempo, de uma história, fazendo com que no presente e no futuro seja possível
compreender o passado. É então expresso pela capacidade de ilustrar os factos
culturais, sociais, políticos, militares, industriais ou económicos. As aldeias e
centros históricos representam um modo de vida específico e muitas delas
como conjunto, foram palco de momentos importantes na história da formação
do nosso país.
• Factores paisagísticos:
Factor ambiental, representa o grau de contribuição do lugar específico na
continuidade ou carácter de um território ou paisagem. Neste caso é necessário
valorizar também o valor simbólico destes locais como marcos visuais, (caso
das aldeias muralhadas).
• Factores de identidade cultural:
Importância local e simbólica, expressa pelo valor que o centro ou aldeia têm
como património, o entendimento de determinada cultura, a compreensão dos
valores morais e materiais característicos de uma sociedade em determinado
tempo. É o que o conjunto simboliza ou representa dentro da comunidade ou
região. As aldeias ou centros históricos são geralmente considerados como
património representativo de um modo de vida ou de uma época, e por isso
valorizados.
O segundo grupo de valores – atributos de uso – relaciona-se com o
funcionamento do edifício e do conjunto e as suas necessidades futuras, para
que continue a servir os interesses de quem nele estiver envolvido. Nestes
parâmetros forma então considerados os seguintes factores:
Quadro 1 - AVALIAÇÃO ARQUITECTÓNICA
• Aptidão / funcionalidade, mede a capacidade que o edifício tem de servir
no presente e no futuro as necessidades dos seus utentes. No caso das
Aldeias Históricas podemos dar o exemplo dos edifícios de comércio,
que são muitas vezes adaptados de habitações, podendo não servir de
um modo plenamente satisfatório os seus utentes.
• Potencialidade, capacidade do edifício continuar a servir como pretendido
se tiver a manutenção necessária e uso apropriado. “Este factor inclui a
adaptabilidade que é medida pela habilidade do sistema acomodar
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mudanças de função e ocupação, assim como pelo esforço contínuo do
edifício, durante o ciclo de vida, ter capacidade de funcionar sem que os
seus elementos arquitectónicos sejam danificados. Isto significa fazer
certas suposições sobre os usos mais apropriados aos edifícios e aos
padrões sociais da zona em questão.” Nas Aldeias Históricas criam-se
geralmente bastantes dificuldades na transformação dos espaços para
novas funções, principalmente devido às suas dimensões reduzidas e ao
facto de ser necessário intervir na sua estrutura. Logo em relação ao
peso deste factor seria naturalmente inferior ao usado no exemplo
estudado da Baixa Pombalina.
• Compatibilidade, factor que relaciona o uso actual do edifício com os
usos da sua envolvente (rua, quarteirão...). Caracteriza a qualidade
relacionando o uso do edifício com a sua tipologia e com a localidade
onde se insere.
• Comodidade, considera se o edifício está apto e seguro dentro dos
parâmetros de conforto actuais (equipamentos de saneamento básicos,
saídas de emergência, etc.). Nos casos em estudo estes equipamentos
apresentam ainda grandes deficiências, estando no geral afastados
daquilo que consideramos como comodidades necessárias. Do mesmo
modo, os edifícios de habitação são no geral muito antigos, não estando
por isso dotados das infra-estruturas necessárias para a noção de
conforto dos residentes (conforme legislação em vigor e apresentada em
anexo).
• Manutenção, critério que reflecte o estado de conservação do edifício e
se já foram palco de intervenções de recuperação, restauro ou qualquer
obra de beneficiação.
• Económico, relacionado com a capacidade de rentabilizar o edifício
através da resposta às necessidades da sociedade e com o seu valor
como bem imobiliário ou patrimonial.
Quadro 2 - AVALIAÇÃO URBANA
• Valor económico, liga-se à rentabilidade e à capacidade com local
agrupar bens e serviços que respondam às necessidades de uma
sociedade, com uma actividade e sistema económicos instituídos. Dever-
se-á também considerar o valor imobiliário dos edifícios que contém.
• Valor social, que expressa a relação do grupo com a sociedade
envolvente e com a população e o modo como vive e entende o espaço.
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• Valor funcional, que determina a importância dos usos de cada edifício
somando-os num todo de modo a aferir se há uma unidade e se esta se
justifica ou não perante as necessidades do lugar e da população.
• Valor de potencialidade, relacionado com a adaptabilidade do local às
diferentes funções e épocas que vieram no passado e que hão de vir no
futuro. A adaptabilidade permite que os elementos arquitectónicos não se
danifiquem com a introdução de novos usos.
• Valor de comodidade, que assegura a existência dos equipamentos e
instalações necessários para o bem estar dos cidadãos e utentes.
Escala de valores Significado/descrição Símbolo
Cultural 225 - 300 grande importância A
120 - 224 importante B
75 - 119 valor ambiental C
9 - 74 sem importância D
Uso 225 - 300 bom uso a
120 - 224 uso razoável b
75 - 119 mau uso c
9 - 74 inadequado d
Pesos
O peso atribuído a cada um dos factores vai ser determinante na
classificação final dos edifícios em análise, e vem pré-definido de modo a
que os resultados possam ser homogéneos e comparáveis entre si. O peso
varia entre X(-) e X(++), consoante a importância do factor.
Deste modo, e tendo em consideração que trabalhamos com núcleos
classificados, com o património edificado português, foi dada maior
importância dentro do primeiro grupo aos factores artísticos e à importância
local e simbólica, e menor importância aos factores estruturais e ao contexto
histórico-social.
No segundo grupo valorizaram-se os factores de aptidão e de
potencialidade.
Avaliação
Para cada factor acima definido vai-se então atribuir uma classificação numa
escala de 1 a 6, em que 1 é a pontuação mais baixa, representando a pior
conjuntura face o critério e 6 é a pontuação mais elevada traduzindo uma
excelente situação. É esta pontuação multiplicada pelo peso atribuído ao
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valor que vai entrar na soma individual de cada edifício. Os resultados desta
soma poderão então variar entre 50 e 300 pontos, o que corresponderá a
um nível de importância distinto.
Quadro 3 - AVALIAÇÃO ENQUADRAMENTO OU AMBIENTAL
Do mesmo modo que nas anteriores avaliações procedeu-se a avaliação do
enquadramento ou dos factores ambientais.
FICHA DE AVALIAÇÃO descrição:
enquadramento caracteristicas particulares:
Factor Peso x Avaliação Valor
Acessibilidades 1 dependência 1 2 3 4 5 6
2 . mobilidades 1 2 3 4 5 6
Físicos 3. climático 1 2 3 4 5 6
4 . geológico (qualidade da estrutura dos solos) 1 2 3 4 5 6
5 . ambiental 1 2 3 4 5 6
6 . servidões (?) 1 2 3 4 5 6
paisagistico
Act. Económicas 7. agrícola 1 2 3 4 5 6
8 . industrial 1 2 3 4 5 6
9 . serviços / comércio 1 2 3 4 5 6
10 . turismo 1 2 3 4 5 6
TOTAL 100
Quadro 4 – 5 - AVALIAÇÃO DE IMPACTOS
A partir destas avaliações passamos a uma segunda fase do processo de
avaliação que tem por objectivo perante duas ou mais propostas para a zona
identificar quais os sectores da comunidade envolvidos, quais os seus
objectivos e apresentar os custos e benefícios para cada um destes sectores
da sociedade.
Avaliação das diferentes propostas
Sectores da comunidade Proposta A Proposta B Operadores Escala Peso Escala Peso
1 Proprietário 2 Privados 3 Associações
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4 Junta de Freguesia 5 Câmara Municipal 6 Governo 7 Outros...........
Consumidores Escala Peso Escala Peso 1 Residente permanente 2 Residente temporário 3 Ocupante 4 Visitante 5 Outros..........
Avaliação de impactos
Proposta A Proposta B Área Nº % Área Nº %
1 Habitação s/alterações 2 Habitação c/alterações ext. 3 Habitação c/alterações int. 4 Habitação nova 5 Edificios publicos 6 Edificios comerciais 7 Edificios religiosos 8 Estruturas de apoio 9 Espaço Urbano 10 Outros.......
• A avaliação de impactos de projectos deve ser capaz de produzir
resultados em termos de contribuição ao desenvolvimento sustentável
das áreas urbanas onde serão realizados.
• Consiste num sistema para avaliar as fases iniciais dos projectos de
desenvolvimento, isto é, as propostas preliminares e os anteprojectos;
• Utilizável em várias situações, isto é, poder analisar vários projectos,
em diferentes momentos e em várias porções de uma mesma área
urbana histórica;
• Um sistema dirigido para auxiliar o processo de tomada de decisão,
utilizando, fundamentalmente, avaliações qualitativas baseadas nos
valores culturais das comunidades locais e nos valores
institucionalizados pelos sistemas legais.
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Vários outros quadros foram elaborados onde se consideram três grandes
grupos da sociedade, por forma a avaliar os seus diferentes objectivos, são
eles:
Institucional definindo pelo grupo de bens que a sociedade institucional
estabelece como tendo valor e propõe classificação.
Especialistas definido pelos bens respectivos valores atribuídos pelos
especialistas que se dedicam ao estudo da reabilitação e conservação do
património
Comunidade definido pelo grupo de valores identificados pelos indivíduos
que directa ou indirectamente vivem as acções resultantes dos projectos.
Considerando que a comunidade que reconhece, ou não, os elementos
urbanísticos que lhes inspiram significado, é necessário a elaboração de
questionários cuja finalidade será obter respostas sobre a identificação dos
valores culturais, históricos, artísticos, cognitivos, económicos, entre outros. O
conjunto de critérios que serviram de referencial para o julgamento das
avaliações realizadas, contêm registos do passado, das estruturas do
presente e das estruturas do passado que foram transformadas no presente.
Como critérios de Avaliação básicos de Sustentabilidade consideramos:
A incerteza que se refere aos resultados ou efeitos dos projectos, cuja
avaliação deve ser feita com base na probabilidade de ocorrência do efeito.
Quanto menor for essa probabilidade, maior será a incerteza quanto ao
efeito. A impossibilidade de previsão do efeito, devido à incerteza, significa
que a avaliação é negativa.
A irreversibilidade é um critério cujo objectivo é avaliar se os projectos criam
processos capazes de provocar danos irreparáveis, mesmo que as questões
da autenticidade e historicidade não estejam presentes
Não substituição, permite avaliar se os projectos de intervenção não levam à
substituição da estrutura urbana e dos seus elementos, em que as questões
da historicidade e da autenticidade são consideradas fundamentais.
Equidade é o critério que avalia se os projectos de intervenção não geram
processos que impliquem uma distribuição desigual dos recursos da
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estrutura urbana entre os actores sociais actuais e futuros envolvidos no
processo. Julga os efeitos da transferência de recursos (ambientais) entre
grupos sociais pertencentes à mesma geração e a inter gerações.
Através da metodologia apresentada foi-nos possível estruturar propostas de
actuação para os estudos de casos seleccionados na zona da Beira Interior.
A metodologia de intervenção em zonas históricas a preservar constitui um
dos objectivos da investigação proposta pelo projecto de investigação pelo
que consideramos que os resultados propostos inicialmente foram atingidos.
A necessidade de continuar a aprofundar as matérias aqui estudadas é
clara, e é nosso intuito continuar a esta tarefa.
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PARTE IV
Financiamento
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17. Financiamento
O total de financiamento solicitado à Faculdade de Arquitectura foi de
1.950.000$00 (um milhão novecentos e cinquenta mil escudos) ou 9,726.56
euros (nove mil setecentos e vinte e seis euros e cinquenta e seis cêntimos). Até
ao presente momento o Projecto gastou 6.677,25 Euros (69% do montante
atribuído pela FA-UTL), tendo ainda disponível 3.049, 31 Euros.
Seguidamente apresenta-se um Quadro Financeiro onde se explicita para cada
tipo de despesa o montante solicitado e o montante gasto.
Todos os Consultores e especialistas com quem contactámos e desenvolvemos
trabalho não quiseram ser remunerados quer pelos seus serviços, como pelo
apoio técnico prestado. Os gastos afectos a esta rubrica incluem apenas a
oferta de publicações e alojamento destes especialistas.
A rubrica Missões apresenta uma subdivisão em missões nacionais e
internacionais. Relativamente às Missões Nacionais, para o qual se estimava um
montante de 1,995.19 euros, verifica-se que o montante gasto foi de 2,701.21
Euros. Existe um desvio percentual de 35%. Este acréscimo deve-se ao facto de
os casos de estudo Sabugal e Castelo Mendo se localizarem numa zona do
país distante da capital, e onde as condições climatéricas e o reduzido número
de habitantes presentes no local, obrigaram a diversas deslocações para que
fosse possível concluir as fases se inquérito aos aglomerados. Para além dos
inquéritos o trabalho de campo teve como um dos objectivos levantar tipologias
de habitação o que levou mais tempo do que o previsto.
Tendo em consideração que o levantamento foi maioritariamente realizado por
alunos estagiários e que durante o período de estágio curricular se considerou
importante a investigação e a prática do projecto de reabilitação, cada um
destes alunos teve um período muito limitado dedicado ao levantamento. Deste
modo fizeram-se mais deslocações do que as previstas e de menor número de
dias, o que tornou os valores nesta rubrica mais elevados.
Relativamente às Missões Internacionais, não apresentamos gastos. Para a
verba aqui orçamentada e não gasta até à data prevêmos a deslocação ao
estrangeiro do grupo de investigação afim de apresentar os resultados do
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projecto. Estes poderão ser apresentados num workshop, congresso ou
conferência.
Nas Despesas Correntes incluímos comunicações, fotocópias, etc., tendo-se
gasto 123.95 Euros.
As Despesas Gerais que incluem essencialmente a aquisição de livros, material
informático apresenta gastos no montante de 700.16 Euros.
Na rubrica Aquisição de Serviços incluímos a implementação do SIG, o
tratamento gráfico de desenhos, a compra de cartografia e ortofotomapas,
apresentando gasto 2, 659.00 Euros.
Quadro financeiro do projecto
Tipo de Despesa
Especificação da despesa
Montante solicitado (contos)
Montante solicitado (euros)
Montante gasto
Desvio percentual
A Consultores Despesas com
consultores nacionais
200 997.60 492.93 49%
B Missões internacionais
Não se realizaram 350 1,745.79 0.00 0%
C Missões nacionais
Deslocações, estadias e refeições
400 1,995.19 2,701.21 135%
D Despesas correntes
Comunicações, fotocópias, etc.
50 249.40 123.95 50%
E Despesas gerais
Aquisição de livros, fotos aéreas, material informático, etc
150 748.20 700.16 94%
F Aquisição de serviços
Implementação do SIG, gráfico, etc.
800 3,990.38 2,659.00 67%
TOTAL
1,950 9,726.56 6,677.25 69%