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Patricia Saideles Pires
A CIÊNCIA DA TV ABERTA
Estudo de caso: aquecimento global e os critérios de noticiabilidade
no Fantástico e no Domingo Espetacular
Santa Maria, RS 2007
Patricia Saideles Pires
A CIÊNCIA DA TV ABERTA
Estudo de caso: aquecimento global e os critérios de noticiabilidade
no Fantástico e no Domingo Espetacular
Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo – Área de Artes, Letras e Comunicação, do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo.
Orientadora: Rosana Zucolo
Santa Maria, RS
2007
Patricia Saideles Pires
A CIÊNCIA DA TV ABERTA
Estudo de caso: aquecimento global e os critérios de noticiabilidade
no Fantástico e no Domingo Espetacular
Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo – Área de Artes, Letras e Comunicação, do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo.
_________________________________________________
Rosana Zucolo – Orientadora (Unifra)
_________________________________________________
Antonio Fausto Neto – Professor, Doutor (UNIFRA)
_________________________________________________
Daniela Aline Hinerasky – Professora, Mestre (UNIFRA)
Aprovado em ........ de ....................................... de ...............
RESUMO
Este trabalho traz a análise dos critérios de noticiabilidade presentes nas notícias que abordam
temas vinculados à ciência, na TV aberta, particularmente dos programas Fantástico e
Domingo Espetacular, com o recorte em um fenômeno climático universal: o Aquecimento
Global. O faz a partir de reflexões sobre ciência, jornalismo científico e TV aberta e das
análises dos fatores que determinam os critérios de noticiabilidade no jornalismo. Localiza e
questiona as formas que estas matérias são tratadas, bem como os efeitos de sentido que são
produzidos e os critérios de verdade que se estabelecem.
Palavras-chave:
Ciência, Jornalismo Científico, Televisão, Critérios de Noticiabilidade.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2 CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO .................................................................................. 8
3 JORNALISMO COMO MÉTODO .......................................................................... 10
4 CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE..................................................................... 14
5 JORNALISMO CIENTÍFICO.................................................................................. 19
5.1 HISTÓRIA........................................................................................................... 19
5.2 CONCEITOS ...................................................................................................... 21
5.3 A LEGITIMIDADE DA NOTÍCIA DE CIÊNCIA .................................................... 24
6 TV ABERTA E TELEJORNALISMO ..................................................................... 27
6.1 A TV NO BRASIL................................................................................................ 27
6.2 AS EMISSORAS - REDE GLOBO E REDE RECORD ....................................... 30
6.2.1 REDE GLOBO ................................................................................................. 30
6.2.2 REDE RECORD .............................................................................................. 30
6.3 TELEJORNALISMO............................................................................................ 30
7 O OBJETO – O AQUECIMENTO GLOBAL.......................................................... 35
8 ANÁLISE ............................................................................................................... 38
8.1 A TÉCNICA – ANÁLISE DE CONTEÚDO .......................................................... 38
8.2. PRÉ-ANÁLISE ................................................................................................... 39
8.3 EXPLORAÇÃO DO MATERIAL.......................................................................... 40
8.4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS....................................................................... 49
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 53
ANEXOS................................................................................................................... 56
ANEXO A ................................................................................................................. 57
5
1 INTRODUÇÃO
“A ciência é bonita e profundamente estética; portanto, devemos exibi-la à sociedade”. José Reis.1
A ciência é vista pela grande maioria das pessoas como algo espetacular, de difícil
compreensão. No entanto, a grande maioria está equivocada. É o que se conclui ao ler o livro
de Carl Sagan, chamado “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, o qual fez despertar o
interesse e o conhecimento sobre este mundo. Ele aponta a quantidade de assombrações que
envolvem a ciência, seu conhecimento e sua divulgação.
O autor consegue de formar clara e simples retratar diversas situações que reportam à
importância do jornalismo científico e faz um convite a seus leitores: “Tente a ciência”.
Através deste convite, Carl Sagan vem abordar a importância, o papel do jornalismo
científico, revelando o quanto encantador e instigante é esta categoria do jornalismo.
A partir daí um novo rumo foi determinado para o trabalho final de graduação,
constatando-se a importância da presença do jornalismo científico nos meios de comunicação
de massa, de forma a ganhar espaço e estar mais próximo do público em geral. Ele busca
examinar os critérios de noticiabilidade determinantes das matérias sobre aquecimento global
veiculadas nos programas Fantástico e Domingo Espetacular, verificar qual a relação dos
valores/ notícia presentes nas matérias, decompor os gêneros jornalísticos sobre o assunto, nos
programas, e ainda, constatar qual a concepção de ciência em cada programa.
Para tanto, é importante desprender da visão tradicional de ciência para poder imergir
nesta categoria de jornalismo. Com a globalização, a divulgação da ciência e da tecnologia
deixou, há muito tempo, de ser preocupação exclusiva dos cientistas. E, com isso, ambas
ganham espaços nobres nos meios de comunicação de massa de todo mundo. Tanto que:
“Declarar que a ciência, a tecnologia e a informação se constituem nas mercadorias mais
valiosas do mundo moderno é repetir o óbvio”, Bueno 2.
1 José Reis é um dos mais importantes divulgadores da ciência no Brasil. A frase define o trabalho desenvolvido por ele durante toda a vida. Também biólogo, educador, jornalista e administrador, um dos grandes nomes na área do jornalismo científico no país. Disponível em: < http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/1243 > Acesso em: 06 jul. 2007.
2 Wilson da Costa Bueno; Disponível em:
<http://www.jornalismocientifico.com.br/jornalismocientifico/artigos/jornalismo_cientifico/artigo9.php > acesso em: 31 mar. 2007.
6
Em vista disso, o primeiro capítulo deste trabalho traz um paralelo entre a ciência e a
comunicação, buscando verificar conceitos, características, semelhanças e divergências entre
os dois campos. Até porque a divulgação da ciência e da tecnologia deixou, há muito tempo,
de ser preocupação exclusiva dos cientistas e, cada vez mais, tem tornado-se amplamente
acessível a um número cada vez maior de pessoas. Neste capítulo, ainda, abre-se um apêndice
para situar o jornalismo como método, como uma metodologia de ensino, cujo fim é
transmitir informações vinculadas ao conhecimento científico.
O jornalismo científico é, acima de tudo, jornalismo. E sendo o jornalismo um
método, ele possui critérios que perpassam o processo de produção da notícia – são os
critérios de noticiablidade que irão determinar o que será divulgado. Assim, este capítulo
apresenta um tópico sobre os critérios de notíciabiliade, as teorias que estão relacionadas
diretamente a eles, as classificações feitas por diversos autores, bem como os critérios
presentes nas matérias que tratam sobre assuntos vinculados à ciência.
O segundo capítulo trata especificamente sobre o jornalismo científico, trazendo um
apanhado de sua história. Além disso, aponta teoremas que circundam o conceito de
jornalismo científico, como divulgação, difusão e disseminação científica. Ademais, apresenta
o jornalismo científico e sua importância, como pode possibilitar e facilitar o conhecimento,
desmistificar questões que, às vezes, são vistas como fenômenos e, no entanto, são apenas
questões científicas.
No terceiro capítulo, verificou-se o quanto é importante examinar a forma como o
jornalismo científico se apresenta no principal meio de comunicação de massa, a TV aberta,
uma vez que o seu sinal é de livre acesso para qualquer pessoa, sem haver qualquer forma de
pagamento.
Vale lembrar que a televisão aberta é a recordista em termos de acessibilidade
independente do nível sócio-econômico-cultural. Atualmente cerca de 90% da população
brasileira tem TV em casa, sendo que 70% têm da aberta e 30% da paga (IBOPE). Assim, este
capítulo traz a história da TV aberta no Brasil, suas características e um breve histórico das
duas emissoras dos programas com o intuito de tentar perceber a presença da influência
organizacional das emissoras nas matérias que são divulgadas, bem como vestígios do
Jornalismo Científico ao longo das suas trajetórias.
São analisados dois programas analisados neste trabalho, e é importante frisar que
ambos são telejornais com características de revista eletrônica: o Fantástico, apresentado aos
domingos à noite, a partir das 20h e 30min, pela Rede Globo e o Domingo Espetacular,
também apresentado aos domingos, as 18h, pela Rede Record. Em função disso, o
7
telejornalismo ganha espaço neste capítulo, através da caracterização e especificação de seus
formatos, funções, métodos e linguagem.
No quarto capítulo, apresenta-se o objeto do estudo de caso deste trabalho, o
Aquecimento Global. Ao começar a escrever este capítulo não se tinha idéia da quantidade de
estudos científicos sobre este fenômeno climático. Ele se tornou tema do principal painel da
ONU.
Ele acabou sendo generalizado, por não ter definição clara dos seus agentes
causadores, nem tão pouco dos efeitos reais, e também, por envolver diversas abordagens
científicas, ou seja, diversos conceitos, pontos, e linhas de pesquisa em ciência como:
poluição, efeito estufa, desmatamento, água e saúde.
Por ser tão questionado pelos cientistas, ganhou espaço na mídia, principalmente nos
últimos 20 anos. E este espaço é de responsabilidade do jornalismo científico, uma vez que
uma das suas principais funções é divulgar a ciência e a tecnologia, servindo de meio campo
entre cientistas e a população em geral.
E isto deu mais base para a realização da análise deste estudo, uma vez que, ao redigir
este capítulo percebeu-se que de fato deve-se dar um olhar mais acentuado para esta questão
nos meios de comunicação, principalmente nos de maior contato com o senso comum.
No quinto capítulo apresenta-se a técnica da análise de conteúdo, os caminhos
percorridos para a realização desta investigação e o que se verificou após a aplicação deste
método. Faz-se uma análise comparativa dos critérios de noticiabilidade utilizados pelos
programas Fantástico e Domingo Espetacular quanto às matérias que abordam o tema
Aquecimento Global das edições 10, 17 e 24 de junho e 01, 08 de julho. Há, inclusive, tabelas
e gráficos para a representação dos dados obtidos, cujo objetivo é facilitar o entendimento.
Por fim, acredita-se que o tema deste trabalho é o primeiro de muitos mergulhos
vindouros no assunto. Também é interessante salientar que, apesar de ter muitos “demônios”,
o objeto de estudo é verdadeiramente fascinante diante do seu papel junto à ciência, a
comunicação, e ao senso comum.
8
2 CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO
“A comunicação serve para que as pessoas se relacionem entre si, transformando-se
mutuamente e a realidade que as rodeia.” (BORDENAVE, 1982, p.36).
A ciência e a comunicação trabalham com o inusitado, em busca de algo novo e que seja
de interesse da maioria. A diferença é que a ciência esclarece sobre as questões que norteiam o
dia-a-dia e a existência humana, tudo que de alguma forma ocupa lugar no espaço e sobre o
próprio espaço. Já a comunicação divulga estas questões e, por vezes, peca por minimizar o seu
próprio método.
Conforme KRIEGHBAUM (1970), tanto os cientistas quanto os jornalistas têm critérios e
padrões de conduta próprios e totalmente diferentes. E, ainda hoje, observa-se que estas
características se mantêm e continuam causando o distanciamento e o confronto entre os dois
campos.
A ciência, enquanto campo social possui princípios, regras, leis e fundamentos e se
organiza em comunidades científicas. Estas reúnem pesquisadores e suas produções em relações
de cooperação, disputas, com linguagens específicas.
A ciência tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida e, em função disso, surge a
necessidade de buscar soluções para os problemas de ordem prática do dia-a-dia (senso
comum), através de explicações que possam ser testadas e criticadas através de provas
empíricas e da discussão intersubjetiva, ou seja, propiciar novas descobertas e novos produtos.
Pode-se dizer que “toda a idéia de progresso e desenvolvimento tem como base a
ciência ou a tecnologia. Todas as promessas de se construir um mundo melhor colocam na
figura do cientista a responsabilidade para a sua realização” (BARROS, 2001, p.12).
Já a comunicação é a base das relações humanas, absorvendo desde o processo
comunicativo: emissor - mensagem - receptor, como todos os fenômenos vinculados a
transmissão de informações. A palavra comunicar vem do latim comunicare e significa “pôr
em comum”, tornar comum. É este significado que será adotado para comunicação neste
trabalho, ou seja, a comunicação como transmissora de idéias e de informações. O seu
objetivo é proporcionar o entendimento entre as pessoas.
A comunicação diz respeito a um ato comunicativo, a uma linguagem, a uma construção, a um sujeito e a uma história, com todas as implicações – culturais e políticas – que estas correlações engendram. Uma linguagem que não é suporte de mera representação do mundo, mas de compreensão de um mundo real repleto de sujeitos (WEBER, BENTZ E HOHLFELDT, 2002, p.74).
9
A comunicação, enquanto ciência, também tem seus métodos, sendo a pauta, um dos
recursos mais utilizados pelo jornalismo. Este instrumento pode ser definido como o roteiro a
ser seguido para a elaboração da notícia. É a partir dele que se irá determinar a forma que vai
ser dada à matéria. Toda pauta começa com a escolha de um tema, o qual o jornalista terá de
ir checar seu histórico, selecionar suas fontes, verificar os aspectos mais relevantes sobre ele,
elaborar um roteiro de perguntas, selecionar imagens, tabelas, gráficos e escrever a notícia
com base nos dados coletados.
A comunicação é, ao mesmo tempo, causa e conseqüência do desenvolvimento
histórico e social da ciência, uma vez que ela tem por objetivo tornar acessível a toda a
sociedade os fatos do dia-a-dia, tendo um ponto de vista imparcial.
A ciência e a comunicação são campos que convergem em um ponto em comum,
ambas trabalham em busca da precisão, com a concepção do erro, e estão em constante busca
de novas descobertas. O que difere é que a primeira trabalha por etapas, muitas vezes de
forma mais lenta, está sempre duvidando do que encontra, buscando confirmações e
reinterpretações, enquanto a segunda, está sempre em busca de algo novo para divulgar, algo
que chame a atenção o que, por vezes, faz com que tome por certo o incerto.
“O cientista dirige-se aos seus pares, enquanto que o jornalista busca comunicar-se
com o público leigo” é o que Zamboni se refere aos receptores do discurso de alvo entre as
duas falas (comunicação e ciência), (BERTOLLI, 2006, p.4) 3.
Enquanto os produtores do saber científico de suas implicações tecnológicas são regidos por uma ‘paixão’ pela descoberta e pela elaboração de produtos de alta complexidade, os comunicadores tendem a postar-se de forma reticente, buscando avaliar conseqüências políticas, sociais e culturais dos ‘avanços’ da ciência e tecnologia (Ibid, p. 14).
Devido ao grande número de avanços científicos e tecnológicos houver a própria
comunidade científica vem sentindo a necessidade de se dirigir ao senso comum. No entanto,
busca meios para fazer a tradução da linguagem que utiliza para se dirigir a seus pares. É aí
que entra o papel do jornalismo científico.
Vale salientar que enquanto a ciência, a tecnologia e a sociedade mantiverem relações
que envolvam interesses e compromissos, caberá ao profissional da comunicação ter uma
atitude crítica, levantar suspeitas, desvendar interesses e compromissos que possam existir.
3 Eduardo Bertolli, Elementos Fundamentais do Jornalismo Científico, 2006. Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/bertolli-claudio-elementos-fundamentais-jornalismo-cientifico.pdf> Acesso em 09 de set. 2007
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3 JORNALISMO COMO MÉTODO
"Cabe aos meios de comunicação a socialização dos conhecimentos com a conformação a nível social
do saber plural" (GRECO, IN: GRECO E MEDINA (ORGs.) 1994, p.28).
HERNANDO (2005), em seu artigo Ciencia y periodismo científico em Iberoamérica,
cita um comentário de Pradal, o qual diz que humanizar a ciência é mostrar que atrás de uma
investigação ou de um descobrimento, não existe apenas idéias, há seres humanos, que não
são heróis inacessíveis, e sim que vivem como todo mundo, que podem ser encontrados na
rua, em número de telefone e hoje em um e-mail.
Através das palavras deste autor pode-se exemplificar a ligação da comunicação
(jornalismo) junto da ciência, uma vez que começa aí o papel do jornalismo como método:
desmistificando a ciência, rompendo preconceitos e despertando o interesse por ela.
O jornalismo é a categoria da comunicação essencial para a divulgação do
conhecimento, pois ele leva ao público em geral o conhecimento produzido por outros
campos de conhecimento. Ele atua diretamente junto ao senso comum, pois trabalha com o
imediatismo, com o cotidiano.
Quanto ao conhecimento do senso comum, pode-se dizer que ele é o conhecimento
compartilhado no dia-a-dia, é ele que permite uma leitura da realidade. Sendo que, grande
parte do que é descoberto e conhecido hoje, com base na ciência, costuma ser ignorado,
provavelmente, por nove entre dez pessoas (Meditsch, 1990).
A causa deste pensamento está associada a paradigmas criados em função da visão
tradicionalista da ciência, aquela onde coloca a ciência como algo inatingível, distante do
senso comum. Em função disso, as notícias sobre ciência são consideradas ou enfadonhas ou,
o que é pior, ignoradas pelo fato das pessoas se subjugarem incapazes de entender o que está
sendo dito.
Em vista disso, percebe-se o quanto é importante, pode-se dizer até que fundamental,
ter uma comunicação satisfatória, para que assim se possa garantir a compreensão e
cooperação mútua do falante e do ouvinte. E mais, a transmissão da informação e o nível de
conhecimento tanto do emissor quanto do receptor devem ser horizontais, para que o
entendimento seja de fato validado. Para tanto, o emissor precisa ter feeling, perceber a
disparidade e buscar recursos para suprimi-la.
Esta comunicação satisfatória é um dos grandes desafios do jornalismo como forma de
conhecimento, ir à busca de meios que facilitem o acesso do leigo ao novo conhecimento a ser
divulgado.
11
Em função disso, considera-se importante lembrar que o ciclo da comunicação é
formado por um emissor, uma mensagem e um receptor, e que nos últimos anos tem-se
incluído neste processo o feedback que é o retorno do receptor, o qual irá dar uma noção do
grau de conhecimento adquirido a partir do conhecimento divulgado.
Sendo assim, podemos afirmar que o conhecimento não é apenas transmitido. Ele é
assimilado e processado. Ademais, tanto a assimilação quanto o processamento estão
diretamente ligados ao contexto do receptor e às expectativas do emissor, como demonstra a
figura abaixo:
FIGURA 1 – Esquema de transmissão e recepção de conhecimento
FONTE: http://www.sp-ade.org.br/comunica.html
MEDITSCH (1997, p.2) 4 defende a hipótese de que o “Jornalismo é uma forma
produção de conhecimento. No entanto, na prática, esta forma de conhecimento tanto pode
servir para reproduzir outros saberes quanto para degradá-los, e é provável que esta última
ocorra muitas vezes”.
4 MEDITSCH. Eduardo. Jornalismo é uma forma de conhecimento? 1997. Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/meditsch-eduardo-jornalismo-conhecimento.pdf> Acesso em: 6 de set. 2007.
12
Além disso, o jornalismo permite que a mesma informação chegue a diferentes
públicos, pois ele usa uma linguagem coloquial, enquanto a ciência usa deste mesmo
conhecimento, mas com uma linguagem específica, técnica.
Enquanto o cientista produz trabalhos dirigidos para um grupo de leitores, específico, restrito e especializado, o jornalista almeja atingir o grande público. A redação do texto científico segue normas rígidas de padronização e normatização universais, além de ser mais árida, desprovida de atrativos. A escrita jornalística deve ser coloquial, amena, atraente, objetiva e simples. A produção de um trabalho científico é resultado não raro de anos de investigação. A jornalística, rápida e efêmera (OLIVEIRA, 2002, p.43).
Pelo fato de o jornalismo ser uma importante forma de conhecimento, acredita-se que
se deve ter um maior rigor quanto a seus conteúdos e também quanto à formação profissional.
É o que quer dizer LAGE (1992, p.14) ao afirmar que “o jornalismo descende da mais antiga
e singela forma de conhecimento – só que, agora, projetada em escala industrial, organizada
em sistema, utilizando fantástico aparato tecnológico”.
Dentre as categorias do jornalismo, o científico é o que está mais próximo da forma de
conhecimento, pois é ele que propicia o intercâmbio das informações vinculadas às ciências
com a comunidade de um modo geral.
[...] o jornalismo produz conhecimento nas grandes reportagens, ensaios e artigos, que transcendem ao mero factual e abordam o fato novo em sua malha de inter-relações. é preciso, no entanto, considerar as limitações físicas (espaço) e técnicas (linguagem) do jornalismo para produzir conhecimento em sua forma mais ampla (SOARES, 2005, p.55). 5
HERNANDO (2005) aponta sete princípios do espírito da ciência do pensamento
racional que devem ser adotados pelo jornalismo científico, uma vez que um dos objetivos
deste último é educar o público em geral. São eles: ansiedade de compreender, discutir e
perguntar sobre todas as coisas, buscar informação e seu significado, pedir a verificação de
qualquer postulado, respeitar a lógica, considerar as premissas e as conseqüências.6
Por fim, faz-se o mesmo questionamento de KRIEGHBAUM (1970, p.53): “atrás
dessa multiplicação de poderosas audiências, fica a pergunta: quanto deve saber o público não
cientista?” Para esta pergunta, ele cita duas coisas fundamentais, que são a informação tratada
como um bem comum e a outra, que inclusive está vinculada diretamente a esta, que é o
5 VERAS JUNIOR, José Soares de. Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/soares-jose-dissertacao.pdf>. Acesso em: 20 set. 2007. 6 HERNANDO, Manoel Calvo. Ciencia y periodismo em Iberoamérica. Disponível em: < http://www.lainsignia.org/2005/abril/dial_001.htm>. Acesso em: 12 abr. 2007.
13
conhecimento adquirido a partir destas, para que ele possa ter a participação nas decisões
públicas.
Sendo que, de 1970 até hoje, os meio de comunicação de massa evoluíram e também
expandiram seu alcance, em função disso, as informações vinculadas ao conhecimento
científico e tecnológico também aumentaram, bem como a facilidade de acesso a ambos. O
próprio processo de produção da notícia sofreu alterações. Em vista disso, a própria
construção da notícia vem sendo envolvida por critérios, que irão determinar o que será
publicado, os critérios de noticiabilidade.
14
4 CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE
O jornalismo enquanto método tem um papel significativo na vida das pessoas, pois as
notícias ela divulgadas passam a ter uma grande participação na construção da realidade dos
receptores através dos conceitos criados a partir delas.
É relevante destacar que a notícia é uma representação da realidade e não esta última
em si. A notícia tem sentido por estar vinculada ao senso comum e contextualizada histórica e
culturalmente. Por este motivo é que surge a questão dos critérios de noticiabilidade, pois
serão eles que irão interferir diretamente sobre a notícia, desde o seu processo de produção até
a divulgação, embora estes critérios não sejam explícitos ao seu público.
Todas as notícias são semelhantes enquanto variedades do jornalismo, o que significa
que elas constituem um relato atual de acontecimentos atuais. As notícias de jornal, de rádio,
de televisão e de portal são semelhantes na utilização dos mesmos temas, conceitos e
fórmulas, na construção de uma mesma “linha”, que acaba dando significado e identidade aos
acontecimentos.
Para se falar sobre critérios de noticiabilidade, devemos levar em conta três dos
principais conceitos do jornalismo: newsmaking, gatekeeping e agenda-setting, pois estas
teorias explicam o que faz com que um determinado acontecimento seja considerado
acontecimento ou não.
O newsmaking descreve a rotina produtiva, ou seja, o processo e transformação do
acontecimento em notícia. E as pesquisas sobre esta teoria são “uma primeira tentativa, em
nível empírico, para descrever as práticas comunicativas que geram as formas textuais
recebidas pelos destinatários” (WOLF, 1994, p.226). O newmaking engloba o jornalista, a
organização ao qual ele trabalha e todo o processo produtivo.
Dentro do newsmaking, encontra-se a Lei de McLurg, a qual diz que a noticiabilidade
de um fato está ligada a critérios que causem algum tipo de impacto no seu público. Por
exemplo: um acidente depende não apenas de sua gravidade, mas também da nacionalidade
das pessoas envolvidas. No jornalismo científico, acidentes de causas naturais ou causados
pela ação do homem sempre estão presentes.
Já a hipótese do agenda-setting refere-se ao fato das mídias agendarem os
acontecimentos, entrando aqui a formação da opinião pública.
O que os meios publicam hoje estabelece uma linha de ação que identifica acontecimentos relatados amanhã como sendo noticiáveis, e a sua publicação
15
confirma a validade da decisão do primeiro dia e aponta para acontecimentos ainda mais longe no futuro como sendo merecedores de cobertura (TRAQUINA, 1993, p.296).
O agenda-setting não decide sobre os fatos que são mais relevantes a serem
divulgados, no entanto interfere diretamente sobre os temas da pauta que ganharam um grau
maior de interesse do seu público. Os assuntos são escolhidos por diversos fatores, mas os
principais dizem respeito às diversas pressões sociais, principalmente naquelas que englobam
a opinião pública.
O Gatekeeper é uma teoria criada com base na observação na seleção de notícias feitas
pelo editor de um jornal de mesmo nome da teoria. Ou seja, esta teoria trata dos diversos
filtros pelo qual um acontecimento passa antes de virar notícia.
Galtung e Ruge (ano) definiram nove grandes critérios para a seleção das notícias,
com base no impacto que ela irá causar: o momento do acontecimento, a intensidade, a
clareza, a proximidade, a consonância, a surpresa, a continuidade, a composição e os valores
sócio-culturais. Eles concluíram que um acontecimento forte que tem vários destes
valores/noticias, tem maiores possibilidades de ser noticiado. Se for fraco em alguns dos
valores/noticias, tal poderá ser compensado caso haja um critério em que o acontecimento
seja muito forte.
Epstein percebeu que essas conclusões não eram inteiramente válidas para televisão, onde imperavam outros constrangimentos. O investigador compreendeu que os problemas econômicos e logísticos e a exigência de imagens para ilustrar as notícias eram levados em consideração na distribuição de trabalho. Daí que o processo de gatekeeper privilegiasse acontecimentos com determinadas características: valor noticioso, previsibilidade, valor das imagens, custos, logística (SANTOS, s.d., p.90).
Conforme Golding-Elliot (apud MOUILLAUD, 1997, p.450), os valores notícia são
critérios de seleção dos elementos dignos de serem incluídos no produto final desde o material
disponível até a redação, e estes funcionam como linhas-guia para a apresentação do material
sugerido o que deve ser realçado, o que deve ser omitido e o que deve ser prioritário na
preparação das notícias. Por isso pode-se dizer a noticiabilidade está regrada por valores -
noticia, que são um conjunto de elementos e princípios através dos quais os acontecimentos
são avaliados pelos meios de comunicação de massa e seus profissionais em sua
potencialidade de produção de resultados e novos eventos, se transformados em notícia.
Em outras palavras a noticiabilidade é formada por regras práticas que abrangem um
corpus de conhecimento profissional que, implícita e explicitamente, justifica os
16
procedimentos operacionais e editoriais dos órgãos de comunicação em sua transformação dos
acontecimentos em narrativas jornalísticas.
[...] os critérios de noticiabilidade, as características tecnológicas de cada meio noticioso, a logística da produção jornalística, retraimentos orçamentais, inibições legais, a disponibilidade da informação das fontes, a necessidade de contar “estórias”, de modo inteligível e interessante, a um determinado público, a necessidade de empacotar a notícia de um modo que seja compatível com o imperativo comercial de vender as audiências aos anunciantes, e as formas de aparência dos acontecimentos sociais e políticos (TRAQUINA, 1993, p.63).
Tais valores/notícia, praticamente infinitos, são comummente agrupados em cinco
grandes categorias: importância, categorias relativas ao produto, relativas aos meios de
informação, relativas ao público, à concorrência.
Os valores/notícias interferem na seleção e escolha dos acontecimentos a transformar
em notícias. Como segundo aspecto, são considerados critérios de relevância e que estão
espalhados por todo o processo de produção desde a seleção até ao produto final..
A definição do que é importante e interessante para ser noticiado perpassa pelo
reconhecimento de quatro variáveis que determinam essa natureza dos valores/notícia, sendo
elas: o grau o nível hierárquico das pessoas envolvidas, o impacto e o interesse, o número de
pessoas envolvidas, a relevância e o significado diante do que pode ainda repercutir sobre o
acontecimento.
A política editorial da mídia é um dos critérios noticiabilidade que sempre marcam
presença nos noticiários, pois os fatores organizacionais, cada vez mais, influenciam a
construção da notícia: tempo, dinheiro e competência, a dependência das contas de
propaganda, políticas editoriais, o desempenho da concorrência, entre outros.
A abrangência da notícia é outro critério de grande importância, pois é ela que irá
determinar o público que vai ter acesso àquela informação. O fator tempo e proximidade
também são relevantes. O primeiro pelo simples fato dele determinar quando a notícia
acontece – agora ou no máximo daqui a pouco. O segundo porque as pessoas têm grande
interesse pelo que acontece ao seu redor, próximo de si. Há certas exceções quanto a este
último, pois as pessoas, de um modo geral, gostam de estar interadas por problemas de outras
regiões que acabam ganhando repercussão mundial, como por exemplo: Guerra do Golfo,
Furacão Catarina, Tsunami, entre outros.
Fatos que envolvem pessoas importantes também são levados em conta e tornam-se
notícia através do critério de proeminência, podendo estar associado à raridade, à
exclusividade que também são critérios de noticiabilidade que norteiam as notícias das
17
mídias.
Quanto às notícias de ciência, pode-se destacar ainda os seguintes critérios: conflito,
quando o fato envolvem jogo de interesses, superação e expectativa. Este último associa-se à
descoberta de curas de doenças. Mas o que se encontra em qualquer notícia de ciência é o
progresso, pois ele está vinculado a invenções, descobertas e pesquisas científicas.
Para Charaudeau (2006), o discurso de informação midiática está estruturado em três
tipos de critérios: de atualidade, de expectativa, de socialidade. Esses critérios são modos de
organização do discurso midiático que se baseiam nas questões do como descrever (o
descritivo), como contar (o narrativo), como explicar e/ ou persuadir (o argumentativo). 7
Todos os fatores apontados pelas diversas teorias e autores como condicionantes da
notícia realmente parecem estar conectados. As notícias e a forma como são veiculadas, ou
deixam de ser, em cada meio, resultam de determinadas circunstâncias, sejam elas pessoais,
sociais, ideológicas, culturais e tecnológicas, que acabam reincidindo sobre os próprios meios.
Quanto aos critérios utilizados nas notícias que norteiam questões vinculadas à
ciência, na maioria das vezes, são veiculadas por colaborar de alguma forma para a melhoria
da vida, do planeta, por interferir diretamente na vida das pessoas. Tanto que as notícias
vinculadas a novas descobertas médicas e tecnológicas são as que possuem maior audiência.
O tempo é um critério primordial se tratando em matérias sobre ciência, uma vez que o
tempo para a elaboração de matérias é curto e ao mesmo tempo exige um cuidado maior, pois,
como já foi afirmado anteriormente, trata em transformar um conhecimento dotado de uma
linguagem técnica em uma linguagem coloquial.
Além disso, há muita informação sobre ciência, no entanto, cabe ao jornalista verificar
quais são de interesse do senso comum. Por isso, a se fazer a seleção do que será publicado
deve-se esclarecer o que é e de onde vem, saber que vinculo tal notícia tem no cotidiano,
como ela irá afetar este público, ou seja, “familiarizar” a notícia dele.
Outro critério que não se pode deixar de citar o caráter sensacionalista, espetacular de
um fato, pois este critério assegura emoção a notícia, e conseqüentemente audiência. Ele
garante o prestígio ao jornalista, ao veículo, é o famoso furo de reportagem, mas que deve-se
tomar cuidado, pois na ânsia da exclusividade pode-se cometer equívocos. Tanto que “Em
busca de critérios de seleção de novidades científicas para assegurar a confiabilidade das
pautas, a imprensa adotou nas últimas décadas o princípio de exigência de endosso de comitês
7 Trecho retirado do artigo: SOUSA, Cidoval Morais de. A comunicação da Ciência na televisão regional: apontamentos para discussão. Disponível em: <http://www.jornalismopolitico.com.br/rev3artigoCidovalMorais.htm>. Acesso em: 20 set. 2007.
18
científicos independentes” 8. Essa foi a forma que os meios midiáticos encontraram para
evitar futuros constrangimentos diante de falsas notícias.
Os critérios da seleção de notícias estão diretamente relacionados à escolha da notícia
certa para ser divulgada ou rejeitada, nível de interesse e a importância da notícia são fatores
determinantes nesta seleção.
Sendo que cada veículo de comunicação faz sua seleção em particular, o que garante
uma variedade de informações, bem como toda e qualquer categoria de jornalismo. Tanto que
desde as primeiras publicações, até os dias de hoje, os critérios de noticiabilidade perpassam
pelo processo de construção das notícias de ciências.
8 TUFFANI, Maurício, Artigo publicado na revista eletrônica de jornalismo científico ComCiência. Disponível em: < http://comciencia.br/comciencia/handler.php?section=&&edicao=$$id=46 > Acesso em: 05 jul 2007.
19
5 JORNALISMO CIENTÍFICO
A norma jornalística se apresenta como instrumento de controle de linguagem, de controle de discurso, o que distorce o sujeito como mediador-produtor-simbólico e o transforma num mero mediador-produtor-soldado. O jornalista fica preso a dita normalidade e, apesar disto, não deixa de ser produtor, mas é um produtor previsível, sem graça, normal (MEDINA e GRECO, 1993, p.99).
5.1 HISTÓRIA
O jornalismo científico surgiu por volta do século XVII, com o objetivo de apresentar
de forma simplificada o conteúdo de livros das sociedades científicas européias. Para
BURKETT (1990), foi Oldenburg quem inventou o jornalismo científico. Com a publicação
PhilosophicalTransactions, da Royal Society, 1665, ele pôde traduzir textos de várias fontes
para publicação em inglês e latim. A maioria das suas publicações poderia ser entendida por
qualquer um.
Com o passar do tempo, jornais e revistas publicavam artigos científicos e os próprios
cientistas escreviam para os veículos de comunicação da época.
Nos Estados Unidos, a comunicação científica teve início por intermédio de relatos
sobre varíola, no ano de 1690, jornal Publick Occurrences, de Boston. No entanto, a
prioridade dos jornais não eram experiências científicas bem sucedidas, e sim, interesses
voltados à política partidária.
No século XX, com o fim da Segunda Guerra Mundial, surge o interesse em
compartilhar e compreender questões vinculadas à ciência e tecnologia, aproximando, assim,
jornalistas e cientistas.
Já na década de 40, José Reis é tido como primeiro jornalista científico, e sempre se
dedicou à divulgação da ciência. Mas só no início da década de 60 é que o jornalismo
científico começou ganhar espaço nos veículos de comunicação no país.
O Jornal O Estado, em 1963, abriu uma seção intitulada Atualidade Científica,
destinada a divulgar temas científicos, com o objetivo de conscientizar seus leitores sobre a
importância da ciência. Nesta época, os Estados Unidos e a União Soviética estavam na
corrida espacial, o que fomentou a busca por assuntos vinculados à ciência e tecnologia.
Em 1977 é criada a Associação Brasileira de Jornalismo Científico, a mesma dedica-
se, ao longo dos anos, em discutir os mais temas variados temas ligados a esta área.
20
Na década de 80 surgem as primeiras revistas de divulgação científica. Em 1982, a
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência publica a primeira revista Ciência Hoje
(bimestral, de início, mensal, a partir de 1987), com artigos de divulgação da ciência
produzida no país. No ano de 1981, a Editora Abril lança a revista Ciência Ilustrada, e seis
anos depois, em 1987, lança a revista Superinteressante, dirigida para o público jovem. Neste
mesmo período, o CNPq reformula a Revista Brasileira de Tecnologia, sendo totalmente
elaborada e produzida por jornalistas, mostrando os resultados de pesquisas financiadas pelo
Conselho em todos os campos do conhecimento.
No ano de 1990, a Editora Globo inaugura a revista Globo Ciência, no mesmo formato
da Superinteressante.
Nos anos 90, a ciência ganha editorias nos principais jornais de circulação nacional.
Universidades, instituições de pesquisa e agências de fomento à pesquisa criam setores de
assessoria de comunicação com o intuito de divulgar pesquisas e informações científicas.
Consoante a Oliveira (2003, p.9), “Em 1998 havia uma quase inexistência de
bibliografia brasileira na área de Jornalismo Científico”.
Por outro lado, o consumo de informação científica aumentou, independente do
modelo adotado, uma prova disso é que nos últimos anos surgiram inúmeras publicações nos
mesmos moldes da Superinteressante, isso retrata que o mercado nacional está em ascensão
neste setor e, por isso, o cuidado na elaboração das matérias torna-se eminentemente
fundamental.
Dentre as personalidades de maior destaque, em jornalismo científico, destaca-se o
médico José Reis, que foi pioneiro, escreveu diversos artigos de divulgação científica e
ganhou diversas premiações através destes, sempre visando à aproximação do jornalismo e da
ciência. Outro autor que merece realce é Wilson Bueno, o primeiro jornalista brasileiro a
conquistar o título de Doutor em Jornalismo Científico em 1983.
Se tratando de televisão, o tema ciência passou a ganhar espaço, também na década de
oitenta, através dos programas: Estação Ciência (Rede Manchete), Academia Amazônia (TV
Cultura), Tome Ciência, Eco Realidade (Fundação Roquete Pinto) e Globo Ciência (Rede
Globo), o único daquela época que está no ar até hoje. Já nas TVs por assinatura, destacam-se
os canais Discovery e o National Geografic, sendo os principais responsáveis pela divulgação
de temas vinculados à ciência e tecnologia entre os canais da TV paga brasileira
Em 2001, mais precisamente em maio é fundada a Associação Brasileira de
Divulgação Científica (Abradic), ligada diretamente ao Núcleo José Reis da ECA/USP , e tem
por objetivo apoiar pesquisadores, com alcance nacional e internacional, voltada para um
21
público diversificado, porém interessado em usar os avanços da ciência e tecnologia para
melhorar a qualidade de vida ao seu redor.
No ano de 2002, a revista Scientific American, a primeira revista de divulgação
científica, passou a ter uma versão brasileira – Ciência e Cultura.
Com a difusão da internet, o jornalismo científico passa a ter outra perspectiva, e
garante espaços como sites e revistas eletrônicas, dos quais destacam-se, no Brasil:
http://www.eca.usp.br/nucleos/njr/, www.labjor.unicamp.br/; www.comciencia.br/ e
www.jornalismocientifico.com.br/.
5.2 CONCEITOS
Para discorrer sobre jornalismo científico, antes é preciso definir e esclarecer que
Jornalismo Científico, Divulgação Científica e Disseminação Científica não têm os mesmos
significados.
A Divulgação científica apresenta a informação científica em uma linguagem não-
especializada, tornando-a acessível ao público em geral. São exemplos de divulgação
científica: enciclopédias, livros didáticos, fascículos e palestras. A divulgação científica
procura familiarizar este público à ciência ampliando seu conhecimento.
Zamboni (2001 apud BERTOLLI, 2006) diz que o discurso de divulgação científica
constitui um gênero de discurso científico, resultado de um efetivo trabalho de formulação
discursiva, no qual se revela uma ação comunicativa que parte de um outro discurso e se
dirige para outro destinatário.
Salles (2006) 9 defende a tese de que o progresso da divulgação científica depende de
três personagens principais que devem estar articulados: o pesquisador (a fonte), o jornalista
(que veicula a informação) e o público alvo, que normalmente estão inseridos num contexto
político, caracterizado por interesses e disputas de poder.
Para a pesquisadora (SALLES, 2006) é primordial que se crie uma conscientização
quanto ao incentivo e valorização do conhecimento, pois desta forma se dará o apoio a novas
pesquisas, garantindo um bom desenvolvimento econômico e social.
Nas reflexões de Marcelo Leite, seriam três os níveis de desafios na divulgação científica feita pelo jornalista, Primeiro, vencer a ignorância de base, com esforço
9 Vera Salles, em entrevista à revista digital Ciência e Comunicação, Volume 3, Número 4, Julho de 2006. Disponível em: < http://www.jornalismocientifico.com.br/rev4entrevistaVeraRolimSalles.htm>. Acesso em: 20 set. 2007.
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para esclarecer conceitos mais similares, principiando com células, cromossomos, mitose e meiose, que são até mesmo ignorados por intelectuais, depois a ignorância sobre o que está acontecendo, uma vez que o volume de pesquisas e aplicações científicas é copioso nos dias de hoje; por fim, vencer a ignorância das implicações, investigando, expondo as conseqüências éticas, jurídicas, sociais, econômicas e políticas do material divulgado. Tendo ainda o profissional de Jornalismo Científico a obrigação de se vacinar contra o maniqueísmo (SILVA, 2003) 10.
Bueno (apud DESTÁCIO, 2004) 11 profere que disseminação científica é “a
transferência de informações científicas e tecnológicas, transcritas em códigos especializados,
a um público seleto, formado por especialistas”, ela como público-alvo os próprios
pesquisadores e cientistas. A disseminação científica ocorre também nas revistas científicas,
nos materiais (comunicações, pesquisas e ensaios) apresentados nos eventos científicos e
assim por diante. É carregada por detalhes e termos técnicos para conhecimento e debate
somente da comunidade científica. Ela é feita por cientistas e pesquisadores, mas que não são
nem acadêmicos e nem formados em Jornalismo.
A disseminação científica pode ser tanto para especialistas de uma área em comum
como para especialista de um modo geral. Bueno (ibid) identifica, na primeira, as seguintes
características: a) público especializado; b) conteúdo específico e c) código fechado, no
segundo caso ele cita revistas especializadas ou cursos de especialização endereçados a
categorias profissionais distintas.
Tanto disseminar como divulgar informações científicas são formas de difusão
científica, esta última tem o papel da difusão de transmitir ao público o conhecimento
científico.
Essa difusão também é tomada, por estes autores, como sinônimo de vulgarização
científica. Além disso, é responsável pelo fortalecimento da cidadania e a melhoria da saúde
de populações, pois é um veículo intermediador entre a Ciência e o leigo.
O jornalismo científico é um dos tipos de comunicação especializada que vem
ganhando grande espaço nos meios de comunicação, cujo papel do jornalista é “explicar e
traduzir conhecimento científico para pessoas que podem ser ou não cientistas.” (BURKETT,
1990, p.05). Ou seja, o jornalismo científico leva informações de ciência e tecnologia às
pessoas de um modo em geral, e com isso populariza o conhecimento científico.
Nesta mesma linha de raciocínio, Melo (1986) aponta deveres do jornalismo científico
10 SILVA, Gislene da. Trabalho apresentado no Núcleo de Comunicação Científica e Ambiental. In: XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação. Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003. Disponível em: <http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/4839/1/NP9SILVA_GISLENE.pdf.> Acesso em: 18 ago. 2007. 11 BUENO, Wilson. Nota do artigo de Mauro Celso Destácio. In: Revista Papiro, ano 06, nº 21, em out, nov e dez de 2004. Disponível em: < www.eca.usp.br/nucleos/njr/espiral/papiro21.htm>. Acesso em: 20 set. 2007.
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e a forma como se deve tratar as informações sobre ciência.
O Jornalismo Científico deve ser dirigido à grande massa da nossa população e não apenas à sua elite. Deve promover a popularização do conhecimento que está sendo produzido nas nossas universidades e centros de pesquisa, de modo a contribuir para a superação dos problemas que o povo enfrenta. Deve utilizar uma linguagem capaz de permitir o entendimento das informações pelo cidadão comum. Deve gerar o desejo do conhecimento permanente, despertando interesse pelos processos científicos e não pelos fatos isolados e seus personagens (MELO, 1986, p.7).
O jornalismo científico tem dentre seus objetivos ser o facilitador da criação de uma
cultura científica do grande público, o qual é extremamente carente desta. É através dele que o
receptor vai ter acesso ao campo científico e tecnológico, por este motivo é que se tornam
essenciais os cuidados com a linguagem das matérias publicadas bem como com a escolha de
suas fontes.
O casamento maior da ciência e do jornalismo se realiza quando a primeira, que busca conhecer a realidade por meio de entendimento da natureza das coisas, encontra no segundo fiel tradutor, isto é, o jornalismo que usa a informação científica para interpretar o conhecimento da realidade (OLIVEIRA, 2000, p. 43).
O jornalismo científico é mais jornal do que ciência, pois possui um discurso com
produção, gêneros e características próprios, na medida em que é uma atividade de
comunicação social e se destina a um largo (e aberto) leque de interesses (RIBEIRO apud
LOTH, 2001, p. 14). Interesses estes ilimitados, podendo ser de caráter cientificista,
jornalístico, organizacional, entre outros.
Para Filho (2007) 12, o jornalismo científico é um produto elaborado pela mídia a
partir de certas regras rotineiras do jornalismo em geral, que trata de temas complexos de
ciência e tecnologia e que representa, no plano lingüístico, por uma operação que torna fluída
a leitura e o entendimento do texto noticioso por parte de um público não especializado.
“O jornalismo científico pode entrar em cena como agente facilitador na construção
da cidadania” (OLIVEIRA, 2002, p. 15) uma vez que ele contribui para o entendimento de
questões tanto da ciência quanto da tecnologia, pois ainda hoje são poucas as pessoas que têm
conhecimento e interesse por estas questões que norteiam o cotidiano.
12 FILHO, Cláudio Bertolli. Elementos fundamentais para a prática do jornalismo científico. Disponível em: < http://bocc.unisinos.br/pag/bertolli-claudio-elementos-fundamentais-jornalismo-cientifico.pdf> Acesso em: 22 jul. 2007.
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É importante enfatizar que jornalismo científico é que trás à tona as discussões sobre
os impactos da ciência na sociedade, divulgando fatos que beneficiam a coletividade. Em
outras palavras, é uma das categorias de maior relevância, pois ele é o elo entre ciência e
comunidade, proporcionando informação, conhecimento e cidadania à população em geral.
Por fim, o “Jornalismo Científico diz respeito à divulgação da ciência e tecnologia
pelos meios de comunicação de massa, segundo os critérios e o sistema de produção
jornalísticos” 13.
5.3 A LEGITIMIDADE DA NOTÍCIA DE CIÊNCIA
“Deve haver limites para as situações criadas pela mídia.
Não se pode aceitar que contar uma mentira seja uma forma aceitável de contar a verdade.” Carl Sagan.
Há muitas controvérsias no que diz respeito à legitimidade das notícias de ciências,
entre os principais causadores podemos destacar a falta de conhecimento sobre os temas
científicos, a inexperiência, a falta da checagem da informação, bem como das fontes em
questão e ainda a existência de interesses escusos de jornalistas.
Em vista disso, o público leigo fica suscetível a estas notícias, para não dizer alheio a
questões fundamentais que estejam ligadas a elas, fatos dos setores econômico e político,
social que tem vínculos com temas de ciência. Devido a esta alienação, o público acaba
participando de processos destrutivos, como o aquecimento global, ou por falta de informação
ou ainda, o que é pior, por informações equivocadas.
“Na especificidade do jornalismo científico, costuma-se esperar conduta similar a do
cientista, de rigor de manipulação dos dados, precisão da linguagem, e consciência de que está
produzindo algo de interesse da sociedade”, MEDEIROS (1996) 14.
O contato direto com as fontes, a obtenção, a checagem das informações e a
formatação do texto noticioso como o emprego de um vocabulário de fácil compreensão são
alguma das tarefas requeridas do jornalista, qualquer que seja sua especialidade (BERTOLLI,
2006, p.3) 15.
13 Conceito extraído do Portal do Jornalismo Científico. Disponível em: <http://www.jornalismocientifico.com.br/jornalismocientifico/conceitos/jornalismocientifico.php>. Acesso em: 22 jul. 2007. 14 MEDEIROS, Roberto Pereira. Dissertação apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo como exigência parcial do Curso de Pós-Graduação para obtenção do título de Mestre junto ao Dep. de Jornalismo e Editoração. Disponível em: <www.cciencia.ufrj.br/Publicacoes/Dissertacoes/RMedeiros_tese> Acesso em: 18 ago. 2007. 15 FILHO, Cláudio Bertolli. Elementos fundamentais para a prática do jornalismo científico. Disponível em:
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Para PEREIRA (2003, p.46), a seleção das notícias é um processo complexo que se
desenvolve ao longo de todo o ciclo de formulação, desde pauta, fontes, redator, editor. E no
decorrer deste processo perpassa por motivações que não são todas imediatamente ligadas a
necessidade direta de escolher as notícias a transmitir.
Em outras palavras, as notícias acabam passando por vários filtros, e nem sempre ela é
acompanhada durante este processo pela mesma pessoa, o que faz com que a notícia ganhe
novas formas e, o que é pior, novas interpretações, gerando novos sentidos e perdendo assim
sua legitimidade.
Cabe ao jornalista, ainda ao elaborar a pauta, verificar os dados para a elaboração da
notícia, pois assim ele terá domínio sobre o que irá tratar a notícia, bem como diminuirá o
grau de distorção. Além disso, é necessário tomar cuidado com informações duvidosas, pois
na ânsia do “furo de reportagem”, acaba tomando determinadas informações por verdade, não
verificando outras versões e com isso pode se perder e acabar por desabonar tanto o veículo,
quanto a profissão e a ele próprio.
Com isso, pode-se dizer que escrever sobre ciência para um público leigo exige
simplificação e apelo, este último é que vai despertar o interesse, mas é o primeiro que irá
garantir o entendimento.
Resbenger (2007) afirma que “os jornalistas precisam primeiro entender e, em
seguida, disseminar para o público, a diferença crucial que existe entre a ciência dos livros-
texto e aquilo que se pratica no dia-a-dia dos laboratórios” 16.
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (1985) explicita - no que se refere à
conduta profissional do jornalista -, em seu artigo 7º, que: “O compromisso fundamental do
jornalista é com a verdade dos fatos e que seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos
acontecimentos e sua correta divulgação”. E o artigo 14º reforça que: “o jornalista deve: -
Ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não
comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas; -
Tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar”.
Nesta área, há muitos interesses em jogo, em função disso, o jornalista deve ver além
da notícia, e não ficar à mercê de fontes que estejam vinculadas a jogos sócio-politico-
econômicos.
< http://bocc.unisinos.br/pag/bertolli-claudio-elementos-fundamentais-jornalismo-cientifico.pdf> Acesso em: 22 jul. 2007. 16 Resbenger dirige o programa Knight de jornalismo científico no Instituto de tecnologia de Massachusetts (MIT), trecho extraído do artigo de Marcelo Leite, Ciência e mídia: entre a realidade e o sensacionalismo. Disponível em: http://www.museudavida.fiocruz.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/star.htm?infoid=54&tpl= printerview&sid=37>. Acesso em: 28 ago. 2007.
26
Nesse sentido, é necessário que haja uma melhor apuração dos fatos, cuidado extremo
com a linguagem, multiplicidade de fontes e uma visão interdisciplinar. Visto que, a
legitimidade da notícia de ciência é muito questionada pela própria comunidade científica,
pois os cientistas são receosos quanto à má interpretação do fato, inclusive pelos seus pares, e
caso essa ocorra, gera também a não divulgação de novos fatos científicos.
Ademais, sabe-se que a produção de uma notícia é moldada com base na cultura
profissional e na organizacional, pois são elas que definem e legitimam o processo produtivo,
bem como o grau de noticiabilidade de cada fato.
Sendo assim, o profissional da comunicação tem de lembrar da declaração de Steve
Mirsky a qual diz que: “Fazer jornalismo científico é o privilégio de ser porta-voz da fronteira
do conhecimento humano” 17. Porta-voz, porta-voz, repete-se quantas vezes forem necessárias
para que se entenda que sua principal função é a divulgação de estudos e pesquisas sobre
avanços científicos e tecnológicos, mas sendo apenas porta-voz, não criar conceitos,
distortencer fatos, dar voz a informações dubias e nem tão pouco inventar espetáculos.
17 Mirsky fez esta declaração em uma reunião promovida pela Associação Nacional de Escritores de Ciência dos Estados Unidos (NSWA) em fevereiro de 1998, na Filadélfia. O impacto dessa afirmação, recebida com aplausos pelos mais de cem jornalistas presentes na platéia, levou-nos a refletir que o jornalismo científico pode, de fato, ter belíssima missão a cumprir (OLIVEIRA, 2002, p. 11).
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6 TV ABERTA E TELEJORNALISMO
“A TV é o meio mais eficaz de despertar o interesse pela ciência; no entanto não está fazendo quase
nada para transmitir as alegrias e os métodos da ciência; Ele continua: se quisermos melhorar a curto prazo a
nossa compreensão da ciência a televisão é o ponto de partida”. (SAGAN, 1996. p. 363).
6.1 A TV NO BRASIL
A televisão brasileira foi implantada em 1949 e inaugurada em 1950, exercendo forte
influência à estrutura do rádio, bem como seu formato de programação, também quanto às
equipes técnicas e artistas.
A televisão começou a evoluir e produzir seus programas, quando surgiu a emissora
Exelsior, lançando a primeira telenovela diária, Redenção e, também, foi a primeira emissora
a criar as vinhetas, que são aberturas e passagens de programas de curta duração que
caracterizam determinado programa por sua música e imagem. Nesta evolução, no final da
década de 50, já existiam dez emissoras.
Em 1957, entra no ar, na TV Tupi, o programa Lever no Espaço, um programa de
ficção científica para crianças, exibido aos sábados às vinte horas e trinta minutos. Ele trazia
informações científicas, ou seja, não era propriamente de divulgação científica.
Durante o golpe militar, no Brasil, a televisão passou a exercer papel de difusor de
ideologias, o que continua até hoje, com os programas políticos e as notícias governamentais.
E ainda, neste período, houve a regulamentação dos meios de comunicação de massa através
de leis e agências reguladoras. O que justifica a criação do Ministério das Comunicações, em
1967, implementando mudanças estruturais.
De 1964 a 1988, a concessão de licenças das freqüências era expedida pelo Estado,
dessa forma, as permissões só eram concedidas se as ações, adotadas pelo regime, fossem
apoiadas pelo governo, o que aumentava assim o poder ideológico do governo em vigência.
No governo de Médici (1969-1974), foi estabelecido o Programa Nacional de
Teleducação (Prontel), que introduziu a TV em cores, expandia infra-estrutura dos serviços de
telecomunicações, porém, ainda, submetido à censura.
Durante a administração de Médici (1969-1974) e Geisel (1975-1979), mesmo que
censurada, houve melhoras e avanços em técnicas e padrões culturais, bem como teve início a
nacionalização da TV.
A partir de 1975, a televisão passa a exibir sua programação a cores o que deu um ar
de sofisticação a este meio de comunicação. Neste mesmo período, os telejornais têm um
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controle muito rígido (censura) quanto ao que é noticiado, tanto que o próprio presidente
Médici, na época, fez seguinte declaração:
Sinto-me feliz, todas as noites quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta [...] várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se tomasse tranqüilizante após um dia de trabalho (MATTOS, 2002, p. 104).
Dessa forma, mesmo com o fim da censura anunciada, a comunicação continuou sob
censura, ampliando a TV, somente em “padrão cultural” e em qualidade técnica. O que
contribuiu, para que as grandes redes, principalmente a Globo, exportassem e competissem
com o mercado internacional, diminuindo a programação importada no Brasil.
Em 1980, em pesquisa, realizada pelo IBOPE, constatou-se que o telejornalismo era a
principal fonte de informação da população.
Mesmo com o final do regime militar e com a conquista das “diretas já” a televisão
continuou sob censura, aumentando o número de concessões de canais de televisão. Nesta
época, houve grande competitividade entre as grandes redes. Na década de 1990, foi atribuído
poder ao Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) para que este departamento
vigiasse os conteúdos das programações, no que se referia à moral familiar e a pública.
Com o surgimento da TV por assinatura, estrearam, em 1992, programas interativos,
como Você Decide. E, ainda, as emissoras começaram a se aprimorar e desenvolver,
inauguraram centros de produções, como Projac (Globo), no Rio de Janeiro e o complexo
Anhangüera (SBT) em São Paulo.
Em 1997, o apelo e o exagero da erotização tomam conta de programas de horário
nobre bem como dos infantis, por exemplo: o Programa do Ratinho (SBT), Leão (Record),
Domingão do Faustão (Globo) e, na programação infantil da TV nos programas da Xuxa, da
Angélica e da Carla Peres, que se apresentavam com danças e roupas sensuais.
A partir de 2000, instaurou-se a fase de qualidade digital houve grandes avanços
tecnológicos de alta qualidade de som e imagem, com infra-estrutura capaz de acompanhar
tendências e exigências internacionais. Assim, a divulgação tornou-se instantânea, permitindo
que as notícias sejam acompanhadas ao vivo.
Hoje, inicia-se o processo de implantação da TV Digital, com isso a televisão passa a
ganhar espaço no mundo virtual, facilitando ainda mais a interatividade com o seu público e
possibilitando que ele faça a seleção das notícias de seu interesse.
Durante toda a história da TV brasileira, pode-se verificar sua habilidade de sobreviver
29
diante de situações desfavoráveis, transformando tais situações em perspectivas de
crescimento.
A televisão é um serviço público, regulamentada pela Agência Nacional de
Telecomunicações – Anatel. Atualmente, no Brasil, existem apenas sete redes de canal
gratuito/aberto - Rede Globo, Rede TV!, Rede Bandeirantes (Band), Central Nacional de
Televisão (CNT), Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e Rede Record, TVE Brasil (única
não comercial, é pública).
A televisão vista como um sistema integrante de processos dentro da sociedade, indo
do econômico ao social e do político ao cultural, deve assim, relacionar-se com as outras
mídias e com o contexto sócio-histórico mais amplo. Em decorrência disso e levando-se em
conta que a televisão existe dentro de um sistema capitalista, partiremos dos objetos básicos
que ela procura atender dentro desse sistema de acumulação.
A TV já faz parte do cotidiano, da vida das pessoas, sendo a principal fonte de
informação e lazer da população brasileira. Por isso a programação televisiva tem extremo
cuidado, pois as emissoras visam obter altos índices de audiência, para tanto moldam seus
conteúdos para agradar ao seu público.
A televisão é o meio de comunicação que agrega som, imagem e movimento, gerando
encantamento ao telespectador, o que também age como facilitador para o entendimento da
mensagem. Por isso, ela agrega todas as classes sociais, atuando como um grande agente de
inclusão social.
Apesar de ser o veículo de comunicação mais assistido no país, a televisão aberta
dedica pouco espaço à ciência, a exemplo disso, são os programas de temas científicos que
são exibidos em horários de pouca audiência.
Lembrando que na TV, a mensagem é transmitida apenas uma única vez, por isso, ao
criar uma matéria sobre um assunto vinculado à ciência e tecnologia o texto precisa ser
conciso, claro, e principalmente traduzir os termos científicos para termos populares,
facilitando o entendimento, a compreensão do que está sendo dito.
A TV aberta possui uma audiência bem diversificada, indo do analfabeto até a
comunidade científica. Por este motivo, ela pode, através de sua programação, despertar o
interesse de seus telespectadores pela ciência, contribuindo para a qualidade de vida dos seus
telespectadores.
Dentre as redes de TV aberta a Rede globo é a líder de audiência, enquanto a Rede
Record vem aos poucos conquistando a vice-liderança.
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6.2 AS EMISSORAS - REDE GLOBO E REDE RECORD
6.2.1 Rede Globo
Em 1965, no dia 26 de abril, entrava no ar a TV Globo, no Canal 4, Rio de Janeiro.
Roberto Marinho fez uma associação com a Time Life. Nesta época, os programas ainda não
passavam em rede nacional, pois ainda não havia este tipo de transmissão.
No ano de 1969, entrou no ar o Jornal Nacional, o primeiro telejornal, era apresentado
por Cid Moreira e Hilton Gomes.
Em 1973, foram lançados os programas: Globo Repórter, Esporte Espetacular e
Fantástico, os três permanecem até hoje no ar. Surge, nesta época, o "Padrão Globo de
Qualidade", criado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que, junto com Walter Clark,
comandava a emissora. Este padrão é a chamada "grade fixa", tanto na vertical (seqüência dos
programas no dia), quanto na horizontal (respeito à seqüência ao longo dos dias da semana).
Ele foi decisivo na conquista da liderança da audiência. A partir de 1977, toda a grade de
programação começou a ser transmitida a cores. Em 1982, a emissora implantou a
transmissão via satélite.
A Globo mantém-se no ar 24 horas por dia, sendo mais de 5 cinco horas de jornalismo
diário. E, atualmente, está presente em todos os estados brasileiros, com 97 afiliadas.
A partir de 2005, surgiu uma forte concorrente à Rede Globo, a Rede Record, que foi
comprada pela Igreja Universal do Reino de Deus. É interessante destacar que a maior rival
da Rede Globo optou, estrategicamente, por fazer uso do mesmo modelo de grade de
programação.
Além disso, a Rede Globo é, atualmente, a rede televisiva de maior audiência nacional
e de maior publicidade também e a quarta maior rede privada de televisão do mundo.
6.2.2 Rede Record
Dia 27 de setembro de 1953, a TV Record entra no ar com a tecnologia mais avançada
para a época. Nos primeiros anos, dedicou-se aos programas musicais, tornando-se líder de
audiência em pouco tempo. Além de shows, a TV Record investiu em telejornais, mas foi a
programação esportiva que acabou sendo o seu forte, fazendo transmissões ao vivo de
partidas de futebol.
31
Nos anos 70, a Record destacou o jornalismo. Além do Dia D, programa semanal que
apresentava entrevistas com personalidades internacionais e reportagens especiais, colocou no
ar o Jornal do REI, transmitido simultaneamente para o Rio de Janeiro e São Paulo, e o
Jornal da Record.
Em 1972, lançou o telejornal Tempo de Notícias, apresentado pelo jornalista Hélio
Ansaldo que, além de informar, debatia os temas com a participação de especialistas em
diversas áreas. Neste mesmo ano, a emissora realizou a primeira transmissão em cores, na
cidade de Caxias do Sul, RS.
Em 1984, Danti Matiussi assumiu a direção do departamento de jornalismo e colocou
no ar o Jornal da Record, comandado por Paulo Markun e Silvia Poppovic.
No de 1991, muda o controle acionário da emissora, com isso, amplia sua
programação, mantendo o jornalismo como carro-chefe e dá início a formação de uma rede
nacional de emissoras.
Em 1995, entrou no ar o telejornal Cidade Alerta que, desde os primeiros mesesm foi
sucesso popular. Em 1997, a credibilidade de Boris Casoy reforçou o jornalismo, impondo
seriedade e imparcialidade ao jornalismo da emissora.
Já em 1998, a Rede Record adquiriu sua primeira unidade móvel totalmente digital e o
departamento de jornalismo passou a ter cobertura internacional através de correspondentes.
No ano de 2004, a emissora ampliou a qualidade de seu jornalismo, lançando o
programa Domingo Espetacular e o Tudo a Ver. Neste ano, foram 12 estréias, além de bater o
maior faturamento da história da Rede Record.
No final de 2005, a Record exibiu uma série de três programas com o tema Fim dos
Tempos. Neles, os repórteres da emissora percorreram os “quatro cantos do mundo” para
mostrar os dramas da humanidade e os avanços da ciência que levantam questionamentos
éticos. Os programas apresentaram efeitos especiais que simularam grandes catástrofes nas
metrópoles da atualidade.
Em fevereiro de 2007, segundo as medições de audiência do IBOPE, a Record
assumiu a vice-liderança em São Paulo ao passar o SBT na média do mês. Atualmente, possui
17 emissoras próprias em 9 estados brasileiros, 99 afiliadas em 21 estados brasileiros.
32
6.3 TELEJORNALISMO
Em ambas emissoras o telejornalismo tem assumido um bom tempo na grade de
programação. A Rede Globo, por exemplo, tem sete horas de telejornalismo em sua
programação.
Sendo que, no começo a linguagem e o estilo de apresentação dos telejornais eram
bem diferentes da atua eles não tinham a mínima expressão e força. Foi com o surgimento de
novas emissoras de TV e programas jornalísticos que foram concretizando o formato,
copiando o estilo americano de telejornalismo.
“Imagens do Dia” foi o primeiro telejornal brasileiro a ser veiculado no Brasil, mas
não durou muito tempo, apenas três anos. Um dos mais famosos da televisão brasileira foi o
Repórter Esso, adaptando seu formato do rádio para a TV, sendo veiculado a partir de 1952.
Mas foi com o fim da ditadura que os telejornais adquiriram força e prestígio, além de um
reforço tecnológico.
O telejornal de maior destaque na história da TV brasileira é o “Jornal Nacional”, da
Rede Globo. Há mais de 30 anos e líder de audiência, sem função disso pode ser considerado
a maior referência da imprensa nacional. Foi o primeiro a apresentar reportagens em cores e
reportagens internacionais ao vivo.
O telejornalismo combina algumas características que o tornam distintos dos outros
formatos - a imagem, o instantâneo e a abrangência. A primeira se deve ao poder que a ela
exerce sobre o telespectador, fazendo do texto um complemento do que está sendo visto,
dando mais credibilidade à notícia. Enquanto o segundo é que vai tornar a mensagem mais
envolvente e penetrante, real, inclusive sua linguagem é mais simples para que o telespectador
compreenda o que está sendo dito. O último é o motivo pelo qual, graças à globalização não
têm mais limites.
Para Paternostro (1999, p.64), a informação visual, o imediatismo, o alcance, a
instantaneidade, o envolvimento, a superficialidade e o índice de audiência são características
da estrutura da TV que os jornalistas devem levar em conta ao escrever um texto para um
telejornal. Além destes fatores, deve-se destacar a importância do tempo, uma vez que a
duração dos telejornais é inversamente proporcional ao aprofundamento dos fatos. Sob a
pressão do Dead Line, os jornalistas se vêem obrigados a criar fórmulas para produzir a
notícia.
O telejornal é elaborado de forma que o telespectador o acompanhe do início ao fim,
uma vez que ele não pode ser reduzido e nem o telespectador pode selecionar a notícia que
33
deseja ter acesso. As notícias perpassam por critérios de noticiabilidade para garantir o
interesse e, por conseguinte, a audiência.
Os telejornais são a principal fonte de informação de qualquer pessoa, pois ele
apresenta uma linguagem simples, é cômodo e acessível, tornando fácil a compreensão. Em
função disso pode-se afirmar que ele possibilita o conhecimento, transformando pessoas e
influenciando no rumo da história da sociedade.
Um telejornal é montado em blocos. Conforme o material disponível sobre um dado
assunto é que será moldada a notícia dentro de um dos formatos de telejornalismo. Um dos
formatos mais usados é a “nota pelada”, quando a notícia que é lida pelo apresentador do
programa e não há exibição de imagens. A “nota coberta” é o registro do fato com imagens e
com um texto gravado pelo próprio apresentador. A reportagem é o formato mais completo,
mostra causas repercussões e correlações, possui cinco partes: a cabeça (lida pelo
apresentador), off (texto que cobre as imagens), sonoras (entrevistas) e o pé (considerações
finais feitas pelo apresentador).
Além desses formatos, dependendo do perfil do telejornal, o programa pode apresentar
séries de reportagens e de quadros.
Neste trabalho, entende-se por série um conjunto de reportagens que aborda um tema
muito abrangente, então ele é dividido em tópicos e estes são apresentados em seqüência, um
a cada programa, e tem uma data determinada para começar e outra para acabar.
Assim como as reportagens, existem os quadros, que se entende, neste trabalho como
um formato semelhante às séries de reportagens, mas difere-se pelo fato de abordar diversos
assuntos, entretanto todos vinculados a uma determinada área ou tema. Este formato não
precisa estar presente em todos os programas, nem tem data de início e ou término.
Tanto as séries quanto os quadros são encontrados, com maior freqüência, em
telejornais com perfil de revista eletrônica. Esta nomenclatura é adotada para os programas
que apresentam características de revista, ou seja, mesclam informação e entretenimento,
abrangendo os mais variados assuntos e eletrônica por disponibilizarem as matérias
veiculadas nos seus respectivos sites.
Este tipo de programa apresenta matérias mais duradouras e mescla assuntos e
informações transmitidas, “mostram uma visão encantada do mundo, mesclando ficção e
realidade” (SIQUEIRA, 1999, p.94).
Os assuntos a serem abordados em um telejornal devem ser factuais, que tenham,
preferencialmente, imagens para o texto, alguém que se possa entrevistar sobre o fato, analisar
se o fato é apropriado para o horário do telejornal e se tem haver com o perfil do programa.
34
Os telejornais são os programas que mais se aproximam da ciência, uma vez que para
a elaboração de uma matéria é necessário investigar, checar fontes, interpretar e
contextualizar o fato em si.
Assuntos vinculados à ciência estão cada vez mais nos telejornais, o que representa a
aproximação dos dois campos e interesse em levar o conhecimento ao cidadão comum e ainda
a crescente produção de conhecimento científico. Prova disso é o objeto de estudo deste
trabalho, o Aquecimento Global.
35
7 O OBJETO – O AQUECIMENTO GLOBAL
“O mínimo cientificamente necessário para combater o aquecimento global
excede de muito o máximo que é politicamente viável.”
Al Gore 18
O Aquecimento Global é um fenômeno climático de imensa e preocupante extensão,
pois nos últimos 150 anos a temperatura da Terra vem aumentando significativamente.
Devido ao fato de o aquecimento global ser tão questionado pelos cientistas, ganhou
“voz e vez na mídia”, principalmente nos últimos 20 anos. O detalhe é que, ele está sendo
generalizado, por não ter definição clara dos seus agentes causadores, nem tão pouco dos
efeitos reais, e também, por envolver diversas abordagens científicas, ou seja, diversos
conceitos, pontos, e linhas de pesquisa em ciência como: poluição, efeito estufa,
desmatamento, água e saúde.
Devido ao destaque que ele vem ganhando nos meios de comunicação, em espaços
que sempre foram pouco dedicados a questões científicas, tornando-o um fenômeno
midiático, o Aquecimento Global “se tornou assunto de botequim, e de passarelas de moda, de
programas de TV e rádio, do Congresso Nacional e da visita de George W. Bush ao Brasil”,
(LEITE, 2007, p. 6), ou seja, ele ganhou proporções descabíveis na mídia, e mais intrigante:
de forma espontânea.
A história do Aquecimento Global, enquanto fenômeno científico começa a partir da
criação do IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudança Climática, em inglês), em 1988,
após a realização da Conferência Mundial “The Changing Atmosfere: Implications for Global
Security”, no Canadá. O objetivo é fornecer informações científicas, técnicas e sócio-
econômicas relevantes para o entendimento das mudanças climáticas.
São dois mil cientistas de 130 países, das mais diversas áreas que subdividem-se em
três grupos. O Grupo I trata das bases científicas das mudanças climáticas, o grupo II avalia o
impacto das mudanças climáticas e o III analisa as possibilidades de mitigação as
conseqüências das mudanças climáticas e redução das emissões de gases-estufa.
O IPCC é a maior autoridade científica sobre aquecimento global. Até agora, este
órgão da ONU já apresentou quatro relatórios referentes ao Aquecimento Global. Os dois
primeiros fazem uma caracterização do clima no Brasil. O terceiro, com base nos dados dos
anteriores, traz projeções de clima futuro usando três modelos regionais, o Eta/CPTEC,
18 Al Gore, considerado um dos principais políticos ambientalistas, disse esta frase durante sua campanha à presidência da republica dos EUA, em 05 de julho de 2001.
36
RegCM3 e o HadRM3P. O relatório quatro, lançado em fevereiro deste ano, comprova
cientificamente que o aquecimento global é causado pela ação humana.
Vale salientar que tais relatórios foram elaborados com base em publicações
científicas vinculadas ao tema escolhido. É feita uma definição dos assuntos a serem
abordados para então ser elaborado um esboço do relatório. Este esboço é mantido em sigilo,
os cientistas fazem sugestões, críticas, elaboram pareceres escritos. Estes pareceres são
organizados pelos pesquisadores responsáveis pela autoria do relatório. Depois de pronta a
primeira versão, ela é encaminhada aos governos, e toda e qualquer crítica e/ou recomendação
é discutida e respondida pelos cientistas.
Durante o IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudança Climática, em inglês),
realizado em 1997, no Japão, foi estabelecido o Protocolo de Kyotto, um acordo feito entre
países que se comprometem a reduzir as emissões de gás carbônico.
Segundo o protocolo, precisa-se, antes de tudo, reduzir urgentemente a quantidade
emitida de gás carbônico, identificar as vulnerabilidades provocadas pelo Aquecimento
Global e os governos possam criar ações para combater o desmatamento, promover as
energias renováveis e programas de economia de energia.
Além disso, no Brasil, há o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que vem
realizando pesquisas, as quais apontam a necessidade urgente de planos de adaptação e mapas
de vulnerabilidade para o território brasileiro. Dentre os trabalhos realizados, destaca-se o
coordenado pelo Dr. José Marengo, chamado Mudanças Globais e seus Efeitos sobre a
biodiversidade, este estudo traça o perfil da evolução do clima no Brasil e América do Sul e
seus efeitos sobre a biodiversidade para os próximos noventa anos, este projeto foi finalizado
em fevereiro deste ano (2207).
Este trabalho foi divulgado em fevereiro deste ano (2007), seus capítulos mais
importantes foram reproduzidos parcialmente para leigos no assunto. Segue os principais
tópicos deste documento.
Tendências de Variações Climáticas para o Brasil no Século XX e Balanços Hídricos
para Cenários Climáticos para o Século XXI, apresenta avaliações de algumas tendências
climáticas em algumas regiões brasileiras para servir de base para as comparações com
cenários futuros do clima.
Eventos extremos em cenários regionalizados de clima no Brasil e América do Sul
para o Século XXI: Projeções de clima futuro usando três modelos regionais, aprofunda as
análises de eventos extremos de tempo e clima, fazendo uso dos índices de extremos
climáticos definidos pela OMM (Organização Metereológica Mundial).
37
Mudanças Climáticas e possíveis alterações nos Biomas da América do Sul, relata as
projeções de potenciais alterações nos biomas da América do Sul em decorrência das
mudanças climáticas futuras.
Inclusive, o próprio governo brasileiro criou a Comissão Interministerial de Mudança
Global do Clima. Ela está vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e é composta por
diversos órgãos do governo. Esta comissão produziu o Relatório de Emissões do Brasil.
Devido à grande repercussão que estes estudos vêm tendo, o próprio fenômeno impôs
seu agendamento devido às alterações climáticas e ambientais que estão ocorrendo no mundo
inteiro.
O fato de suas causas e conseqüências ainda apresentarem questionamentos, os quais
nem os próprios cientistas entram em acordo, até mesmo porque envolve outras questões,
além das científicas, como questões sociais e políticas, com que algumas notícias sobre ele
sejam distorcidas e outras equivocadas.
Além disso, estes estudos mostram que a ação humana é a principal causa do
Aquecimento Global, no entanto, não há uma conscientização eficaz, e se a humanidade
continuar agindo assim, será cada vez maior o número de vítimas em todo o planeta. Tanto
que “Cientistas e tomadores de decisão reconhecem a necessidade de um esforço conjunto que
envolva todos os níveis de governo e setores da sociedade para que se cumpram os acordos
internacionais” (TRIGUEIRO, 2005, p.238).
Todos esses fatores levaram à escolha do tema deste trabalho, uma vez que se busca
verificar o que o torna fenômeno midiático, através de seu agendamento, como são levantadas
e produzidas às notícias divulgadas, enfim que critérios estão intrínsecos neste processo.
38
8 ANÁLISE
8.1 A TÉCNICA – ANÁLISE DE CONTEÚDO
A opção por esta técnica, a análise de conteúdo (AC), deu-se devido ao fato dela ter
como objetivo a investigação e a análise das informações através da coleta de dados. Sendo
que, esta coleta é que irá permitir a criação de categorias, as quais irão auxiliar na mensuração
dos resultados.
Além disso, a análise de conteúdo permite retirar os sentidos da informação, de forma
que se consiga explicar o que a mensagem analisada quer dizer.
Por isso, pode-se dizer que a análise de conteúdo trata-se de uma técnica qualitativa e
quantitativa ao mesmo tempo.
A AC nada mais é que
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/ recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 1977.42).
O que de fato importa, ao se realizar uma análise de conteúdo, é o acesso ao conteúdo
a ser analisado, sem contar que não se pode alterar o seu sentido, uma vez que ele está pronto
(conteúdo). Além disso, ela possibilita analisar um grande número de informações por um
longo período. No entanto, é uma técnica que exige dedicação e tempo, e fica limitada às
informações do conteúdo em questão.
A análise de conteúdo é singular, ou seja, exclusiva a cada pesquisador, pois cada um
adota suas próprias categorias para análise. Além disso, está no presente caso, é aleatória
simples, traz todas as matérias apresentadas pelos dois programas durante o período
selecionado.
Neste trabalho, a análise foi realizada em três etapas. Na primeira, a pré-análise, fez-se
a determinação do que iria ser analisado, bem como o período do mesmo. Em seguida, parte-
se para a exploração de material, a qual começa com a visualização de todos os programas,
logo em seguida, determinam-se as categorias analisadas e, por fim, faz-se a mensuração do
material em questão. A última etapa é a análise e interpretação dos resultados.
39
8.2. PRÉ-ANÁLISE
A escolha da TV aberta ocorreu por ela ser o meio de comunicação que agrega todas
as classes sociais e, ao combinar som, imagem e movimento, trabalha com o imaginário do
telespectador e também age como facilitador para o entendimento da mensagem. No tocante
ao aspecto específico do jornalismo de TV, com exceção da transmissão em tempo real do
acontecimento, é conhecido o papel da edição.
Quanto à escolha das emissoras, Rede Globo e Record, o índice de audiência nacional
de ambas justifica a opção feita. Definimos pelos programas Fantástico e Domingo
Espetacular por eles serem telejornais no formato de revista eletrônica com características
semelhantes, com um público que não busca única e exclusivamente por um tema e com uma
audiência significativa.
O Fantástico foi ao ar pela primeira vez em 5 de agosto de 1973, a imagem era em
preto e branco, tendo como objetivo misturar jornalismo e entretenimento. Em 1977, José
Itamar de Freitas assumiu a direção-geral do programa e o jornalismo passou a ser prioridade,
observando-se um grande cuidado com a linguagem das reportagens científicas. A partir de
1988, o programa foi veiculado ao vivo, voltado para a atualidade. Em 1993, assumiu o
formato de revista eletrônica, buscando aumentar a sua interatividade com o telespectador.
Foi o primeiro programa a ter e-mail, transmissão digital e apresentadora virtual.
Já o Domingo Espetacular é um programa jornalístico, no mesmo formato do
Fantástico. Teve sua estréia em 2004. Suas reportagens são responsáveis pelo alto índice de
audiência que alcança, as quais já lhe renderam alguns prêmios, como Esso, Embratel e Tim
Lopes. Assim como o Fantástico, também tem seu espaço na internet, site, fotolog e e-mail.
Os dois programas são exibidos aos domingos, sendo que o Domingo Espetacular
começa por volta das 18h e 30 min e tem, em média, 3h e 10 min de duração, incluindo os
comerciais, enquanto o Fantástico começa as 20h e 30 min tem, em média, 2h e 10 min de
duração, incluindo os comerciais.
O período para a análise refere a uma escolha arbitrária, tendo como base o período
relativo às estações climáticas, uma vez que nesse período é observado, a priori, o aumento
tanto das alterações no clima, quanto das notícias sobre o fenômeno. Foram consideradas
cinco edições de cada programa, totalizando 10 edições. Dois programas imediatamente
anteriores à troca de estação – outono/inverno; um na semana dessa troca, e outros dois após.
40
Quanto aos critérios de noticiabilidade, considera-se válido salientar que embora
sejam infinitos, eles não se anulam entre si, no entanto, este trabalho vai apontar o principal
critério presente em cada matéria e, posteriormente, em cada programa.
8.3 EXPLORAÇÃO DO MATERIAL
Para a realização desta análise, fez-se a classificação do texto como um todo. Os
programas foram decupados, os conteúdos classificados definindo as categorias de análise:
matérias de divulgação de ciência, matérias de conhecimento científico19 e sobre a questão
ambiental com ênfase na temática do aquecimento global.
Embora todas constituam a discursividade da divulgação científica, para fins dessa
análise foram consideradas matérias de divulgação científica (ou divulgação de ciência)
aquelas que englobam as reportagens, que tratam de assuntos específicos de resultados de
pesquisas, novas descobertas em ciência e tecnologia. As de conhecimento científico, as que
apresentam resultados e métodos traduzidos em aplicabilidade no cotidiano do destinatário,
nesse caso, o telespectador e, em seguida, as matérias de tematização ambiental e climática e
suas variações na perspectiva do Aquecimento Global.
Cabe ressaltar que o termo “matérias”, neste estudo, deve ser entendido como matérias
televisivas que comportam o formato reportagem e nota coberta, bem como quadros e séries.
Além destes, considera-se interessante apontar as chamadas para outros programas presentes
nos analisados.
Primeiro, para então ser contabilizado o número e o tempo de matérias de cada
categoria presente em cada programa, conforme tabela do Anexo A.
A primeira edição analisada do programa Fantástico, no dia 10 de junho de 2007,
exibiu de 17 matérias. Destas, uma matéria de divulgação de ciência foi veiculada e duas
sobre aquecimento global. Na edição seguinte, dia 17 de junho de 2007, também veiculou 17
matérias. Sendo duas de cada uma das categorias: divulgação científica, conhecimento
científico e duas sobre aquecimento global. Na edição da semana de troca de estação, dia 24
de junho, de 2007, foram veiculadas 19 matérias. Destas, duas de divulgação científica, uma
de conhecimento científico e duas sobre o aquecimento global. Na edição de 01 de julho, de
2007, novamente o programa apresentou 17 matérias, nenhuma de divulgação de ciência, duas
19 Esta categoria foi denominada desta forma por se considerar que o conhecimento é aquilo que se adquire por algo ou alguém, mas não está limitado, às descrições, hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são ou úteis ou verdadeiros.
41
de conhecimento científico e uma sobre o aquecimento global. A última edição analisada, 08
de julho de 2007, veiculou um total de 16 matérias. Nenhuma de divulgação científica, duas
de conhecimento científico e uma sobre o aquecimento global. Conforme tabela abaixo.
TABELA 1
Fantástico 10 de junho 17 de junho 24 de junho 01 de julho 08 de julho
Total 17 17 19 17 16 Divulgação Científica
1 2 2 1
Conhecimento Científico
2 1 1 2
Aquecimento Global
2 2 2 1 1
No caso do Domingo Espetacular, o programa do dia 10 de junho de 2007, veiculou
35 matérias. Destas, uma de divulgação científica, nove sobre conhecimento científico e duas
notas cobertas sobre o aquecimento global. Na edição do dia 17 de junho de 2007, de um total
de 31 matérias, nenhuma correspondeu à divulgação de ciência, cinco apresentaram
características de conhecimento científico e uma referente ao aquecimento global. Na semana
do dia 24, o programa veiculou 33 matérias: uma de divulgação científica, duas sobre
conhecimento científico e duas sobre a temática do aquecimento global. O programa de 01
de julho de 2007, veiculou 35 matérias. Delas, uma refere à divulgação de ciência, cinco à
conhecimento científico e duas sobre o aquecimento global. Na edição de 08 de julho, foram
veiculadas 37 matérias; nenhuma de divulgação científica, quatro sobre conhecimento
científico e duas sobre o aquecimento global. Conforme a tabela abaixo:
TABELA 2
Domingo Espetacular 10 de junho 17 de junho 24 de junho 01 de julho 08 de julho
Total 35 31 33 35 37 Divulgação Científica 1 1 1 Conhecimento Científico 9 5 2 5 4 Aquecimento Global 2 1 2 2 2
42
Ao ser transformar o número de matérias em porcentagem, verifica-se que o programa
Fantástico, nos dias 17 de junho e 01 de julho, tiveram o mesmo percentual nas três
categorias aqui definidas, sendo que no dia 17 foi de 11% e no dia 01 de julho foi de 5,8%.
Enquanto que, no dia 10 de junho teve 5,8% de matérias de divulgação científica e 11,7%
sobre aquecimento global, no dia 24 de junho, tanto divulgação científica quanto aquecimento
global tiveram 10,5%, enquanto as de conhecimento científico tiveram 5,2%, no dia 08 de
julho conhecimento científico teve 12,5% e aquecimento global 6,25%.
TABELA 3
Fantástico 10 de junho 17 de junho 24 de junho 01 de julho 08 de julho
Divulgação Científica 5,8% 11,7% 10,5% 5,8% Conhecimento Científico 11,7% 5,2% 5,8% 12,5%
Aquecimento Global 11,7% 11,7% 10,5% 5,8% 6,25
Já o Domingo Espetacular, no dia 10 de junho, teve 2,85% de matérias sobre
divulgação científica, 25,7% sobre conhecimento científico e 5,7% sobre aquecimento global.
No dia 17 de junho, teve 16,1% de matérias de conhecimento científico e apenas 0,03% de
aquecimento global, no dia 24 de junho, teve 3,5% de matéria de divulgação científica, e o
mesmo percentual para conhecimento científico e aquecimento global, 7,14%. No dia 01 de
julho, apresentou 2,8% de matéria sobre divulgação científica, 14,28% sobre conhecimento
científico e 5,7% de aquecimento global. Já no dia 08 de julho, não houve matérias de
divulgação, apenas 10,8% de conhecimento científico e 5,4% de aquecimento global.
TABELA 4
10 de junho 17 de junho 24 de junho 01 de julho 08 de julho
Divulgação Científica 2,85% 3,5% 2,8%
Educação Científica 25,7%% 16,1% 7,14% 14,28% 10,8%
Aquecimento Global 5,7%% 0,03% 7,14% 5,7% 5,4%
Para uma melhor visualização das quantificações apresentadas, fez-se a soma do total
de matérias de cada categoria, e transferiu-se para os gráficos abaixo. Em outras palavras,
durante o período analisado o Fantástico teve um total de 86 matérias, sendo seis de
43
divulgação científica, seis de conhecimento científico e oito de aquecimento global. Ao
transformar estes dados em percentual, tem-se o seguinte porcentual: 6,9% de divulgação
científica, 6,9 % de conhecimento científico e 9,3% de aquecimento global.
FIGURA 2
Fantástico
Outras
Divulgação científica
Conhecimento científico
Aquecimento Global
Já no Domingo Espetacular, o total de matérias, referente ao período analisado,
somam um total de 174 matérias, sendo três de divulgação científica, 25 de conhecimento
científico e nove de aquecimento global. Ao passar para porcentagem, fica assim: 1,72% de
divulgação científica, 14,36% de conhecimento científico e 5,17% de aquecimento global.
FIGURA 3
Domingo Espetacular
Outras
Divulgação científica
ConhecimentocientíficoAquecimento Global
44
A partir destas categorias, também foi quantificado o tempo de cada matéria, com o
objetivo de checar o espaço que é determinado a estas categorias, em cada programa.
TABELA 5
Fantástico 10 de junho 17 de junho 24 de junho 01 de julho 08 de julho
Total 2h 2min 30s 2h 55min
23s 2h 07min
30s 1h 45min
30s 2h 07 min
42s Divulgação Científica 2min 13s 8min 24s 12min 22s 4min 4s Conhecimento Científico 9min 39s 1min 27s 10min 21s 7min 20s
Aquecimento Global 13min 09s 13min 35s 11min 46s 9min 10s 10min 43s
Domingo Espetacular
10 de junho 17 de junho 24 de junho 01 de julho 08 de julho
Total 3h 10min 3h 19min 3h 17min 3h 10min 3h 26min Divulgação Científica 3min 6s 2min 57s 4 min Conhecimento Científico
1h 14min 34s 36min 42s 13min 38s 25 min 04s 30min 23s
Aquecimento Global 48s 6min 53s 8min 28s 14min 43s 4min 56s
Para ser mais bem quantificado, o tempo foi calculado em porcentual. No Programa
Fantástico do dia dez de junho, 1,8% do tempo foi sobre divulgação científica e 10,7% sobre
aquecimento global. No dia 17 de junho, 7,28% do tempo foi de divulgação científica, 8,36%
sobre conhecimento científico e 5,64% de aquecimento global. Em 24 de junho, 9,69% do
tempo foi de divulgação científica, 1,13% de conhecimento científico e 9,32% de
aquecimento global. Em primeiro de julho, 3,8% do tempo total do programa foi destinado à
divulgação científica, 9,8% a conhecimento científico e 8,68% ao aquecimento global. Por
fim, em oito de julho 5,74% do tempo a divulgação científica e 8,39% ao aquecimento global.
No programa Domingo Espetacular, na edição de 10 de junho, 1,63% do tempo foi
destinado a divulgação científica, 39,21% ao conhecimento científico e 0,42% sobre
aquecimento global. Em 17 de junho, 18,49% do tempo total do programa foi sobre
conhecimento científico e 3,45% sobre aquecimento global. No dia 24 de junho, 1,49% do
tempo foi sobre divulgação científica, 9,66% de conhecimento científico e 4,36% sobre
aquecimento global. No dia primeiro de julho, o percentual de tempo de divulgação científica
45
foi de 2,1%, de conhecimento científico 13,19% e de aquecimento global 7,79%. E, em 08 de
julho, 14,74 % de conhecimento científico e 2,39% de aquecimento global.
FIGURA 5
Fantástico
Outras
Aquecimento Global
Divulgação Científica
ConhecimentoCientífico
FIGURA 6
Domingo Espetacular
Outras
Aquecimento Global
Divulgação Científica
ConhecimentoCientífico
No período analisado, constatou-se que no programa Fantástico foi apresentada uma
série sobre Aquecimento Global – O mundo de Valentina e uma de Conhecimento Científico
46
– E Agora Doutor?, contou ainda com a presença do quadro Dr. Bactéria e as demais matérias
foram todas reportagens. Já no Domingo Espetacular, há cinco quadros sobre temas que
norteia as categorias analisadas, são eles: Selvagem ao Extremo, Saúde a Mesa, Mistérios do
Corpo, os quais tratam de conhecimento científico, Sobreviventes – aborda a questão do
aquecimento global e Invenção Maluca, que trás invenções, descobertas recentes. No total,
foram dez reportagens apresentadas sobre as categorias desta análise e sete notas cobertas.
Este programa, em todas as edições há uma chamada para o programa Repórter Record, que
neste período da análise teve duas edições sobre conhecimento científico.
Em ambos os programas, as matérias relativas ao tema Aquecimento Global, manteve
a média e uma a duas inserções por edição de programa. Proporcionalmente, as matérias de
educação científica se destacam no programa Domingo Espetacular, enquanto o Fantástico
apresenta um equilibro entre as três categorias de análise.
Por fim, a análise dos critérios presentes em cada matéria, sendo que, para simplificar
a análise, destaca-se o critério de maior evidência em cada matéria, para então se verificar
quais os principais critérios adotados nos dois programas acerca dos assuntos pertinentes à
ciência.
Nas matérias do programa Fantástico, os critérios de noticiablidade aparecem
dispostos da seguinte forma: uma matéria cujo principal critério é a atualidade, em sete delas
é o progresso, em seis a curiosidade, em duas variedades, em três a necessidade de
conhecimento e uma de interesse humano. Nas séries apresentadas no programa, verifica-se a
presença do progresso como critério de noticiabilidade, já na série E Agora Doutor? O critério
de destaque é a necessidade de conhecimento. Segue abaixo uma tabela para detalhar estas
informações:
47
TABELA 6
Fantástico Matéria Critério 10 de junho Estilo ecológico Atualidade
Que mundo iremos deixar? Progresso
Auto-retrato falado Curiosidade 17 de junho Mudança de hábito Interesse Humano
O banho de Valentina Progresso
A vida num tonel Progresso
Alemão desafia a lei da gravidade Variedade
A primeira consulta ao ginecologista Necessidade de Conhecimento
Uma prancha de surfe para cegos Curiosidade 24 de junho A meditação como caminho para a felicidade Curiosidade
Um teste de resistência para as sacolas de
supermercado Variedade
O desaparecimento das bicicletas chinesas Progresso
Valentina vai ter que encarar o lixo de forma diferente
Progresso
A palavra é: 'Decoro' Curiosidade
01 de julho Conhecendo a dengue Necessidade de Conhecimento
A dieta de Valentina Progresso
Bactérias no celular Necessidade de Conhecimento
08 de julho Como se faz um Pan? Curiosidade
O carro da Valentina Progresso
Mergulho com tubarões Curiosidade
No programa Domingo Espetacular, as matérias apresentaram os seguintes critérios:
oito de interesse humano, treze curiosidade, cinco de atualidade, dois de necessidade de
conhecimento, um de variedade e quatro de progresso. Nos quadros Extremo Selvagem,
Mistério do Corpo e Saúde à Mesa o critério de maior destaque é a curiosidade. Já no
Invenção Maluca o tema é o progresso, uma vez que aponta novas descobertas e no
Sobreviventes é o interesse humano.
48
TABELA 7
Domingo Espetacular Matéria Critério 10 de junho Invasão das drogas sintéticas Interesse Humano Nascimento agita zoológico Curiosidade Selvagem ao Extremo - no Arco das 7 cidades. Curiosidade
Dep. Federal Clodovil Hernandez sofreu um derrame esta semana
Necessidade de Conhecimento
Saúde à mesa – pimenta Curiosidade Uma pesquisa científica mostra um novo sentido para o amor Interesse Humano
5 mil pessoas tiveram de abandonar as casas na Austrália depois
de 3 dias seguidos de chuva Atualidade
No sudoeste da China uma forte tempestade deixou várias
cidades alagadas Atualidade
De volta para casa, uma jaguatirica que assustou os moradores
de São José do Rio Preto Variedade Mistérios do Corpo - O Umbigo Interesse Humano Uma revelação que vai mudar o mundo - Repórter Record Progresso A obesidade é uma doença que pode matar Interesse Humano 17 de junho Mulheres jovens de classe média, fazem uma polêmica Interesse Humano Selvagem ao Extremo - Serra do Baturiti, Ceará Curiosidade Saúde a mesa - Alho e cebola Curiosidade
Para manter a saúde em forma que tal conhecer o poder das
frutas - Repórter Record Interesse Humano Mistérios do Corpo – Olheiras Curiosidade
Sobreviventes - o calor é um dos fenômenos da natureza mais
perigosos Interesse Humano 24 de junho Foi aberta esta semana no Japão a temporada de caça às baleias Atualidade Saúde na mesa - Você acha que comer batata engorda? Curiosidade Invenção Maluca - Orelhão com regulagem de altura. Progresso Sobreviventes - como nosso corpo reage ao frio Interesse Humano 01 de julho Saúde na mesa – Pão Curiosidade Mistérios do Corpo – Pêlos Curiosidade Enchente no estado americano do Texas Atualidade Uma novidade sobre o comportamento dos golfinhos Curiosidade Invenção Maluca – Triciclos Progresso Exclusivo a máfia do carvão Progresso 08 de julho Tornado no estado mexicano de Nevada Atualidade
Uma doença grave cresce silenciosamente entre os homens
brasileiros Necessidade de Conhecimento
Saúde na mesa – Cafezinho Curiosidade Mistérios do Corpo - Tique Nervoso Curiosidade
A falta d'água é um problema que atinge milhões de pessoas em
todo mundo Progresso Selvagem ao extremo - Reserva ecológica Curiosidade
49
8.4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Após a realização desta análise, verifica-se que o trato dado à ciência em ambos os
programas, ainda não possui como critério chave a proximidade com o telespectador. Critério
o qual é fundamental para aproximar o telespectador da ciência, de forma que, este critério em
questão, desmistifica-a, rompe barreiras e auxilia na propagação do conhecimento científico.
O Fantástico tem como critério base a atualidade, trazendo reportagens com temas
nacionais. Sua abordagem aos conteúdos de ciência é apresentada através de Séries - E agora
doutor?, Doutor Bactéria, e O Mundo de Valentina (que aborda exclusivamente o
Aquecimento Global)-, e outras reportagens.
No Domingo Espetacular, verifica-se que o critério de noticiabilidade mais empregado
é o de impacto. O programa apresenta reportagens e notas cobertas de fatos ocorridos no
exterior. Mas, nas matérias de divulgação de ciência, veiculadas no período analisado,
verifica-se a presença da curiosidade em suas reportagens e notas cobertas e também nas suas
Séries; Saúde à mesa, Selvagem ao extremo e Mistérios do corpo.
Os dois programas recorrem ao uso de personagens célebres na apresentação das
séries: o discurso do especialista. No Fantástico, isso se dá através dos enunciadores Dráuzio
Varella20, médico oncologista, pesquisador e escritor, que apresenta o quadro E agora,
doutor? E também do biomédico Roberto Figueiredo21, que apresenta o Doutor Bactéria.
No Domingo Espetacular, a série Selvagem ao Extremo é apresentada pelo biólogo
Richard Rasmussen, que já esteve presente em outras séries anteriormente. As demais séries
não possuem vínculo específico a um profissional, são realizadas por jornalistas que
entrevistam profissionais da área do tema em questão. São elas: “Mistério do Corpo”, “Saúde
na Mesa” e “Invenção Maluca”.
20 Drauzio Varella é também professor universitário e ministrou aulas em instituições em outros países, como o Memorial Hospital de Nova Iorque, a Cleveland Clinic, o Instituto Karolinska de Estocolmo, a Universidade de Hiroshima e o National Cancer Institute, em Tóquio. Foi um dos pioneiros no estudo da AIDs, especialmente do sarcoma de Kaposi, no Brasil. Em 1989, iniciou um trabalho no Carandiru (nome popular da "Casa de Detenção de São Paulo"), investigando a prevalência do vírus HIV nos detentos. Até 2002, ano em que o presídio foi desativado, trabalhou como médico voluntário no local. O dr. Varella chegou a idealizar uma revista em quadrinhos, O Vira-Lata, como parte do plano de prevenção da AIDS na cadeia. Atualmente, dirige no rio Negro um projeto de análise de plantas brasileiras, buscando obter extratos para testar experimentalmente no combate à bactérias resistentes a antibióticos e ao câncer, com financiamento da FAPESP. 21 Roberto Figueiredo é especialista em Saúde Pública e em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e em Engenharia da Qualidade pela Universidade de São Paulo . Publicou diversos livros como: Guia prático para evitar doenças veiculadas por alimentos (Editora Manole); Programa de redução de patógenos (Editora Manole, 2002); As armadilhas de uma cozinha (Editora Manole, 2002); Padrões e procedimentos operacionais de sanitização (Editora Vida e Consciência, 1999).
50
Observa-se também que a construção da informação sobre ciência no Fantástico se
difere da construída no Domingo Espetacular. O Fantástico traz eventos com foco no
nacional, enquanto o Domingo Espetacular prioriza curiosidades e fatos pitorescos, na
maioria de outros países. Enquanto o Fantástico enuncia o contexto urbano, o Domingo
Espetacular enuncia o global.
Ambos utilizam a ciência como argumento para os mais diversos temas, como a
matéria do quadro do Alemão, cuja chamada diz: “Alemão desafia a gravidade”, no entanto é
uma matéria sobre ginástica rítmica. Apresentam, também, desdobramento e continuações das
matérias de outras edições – o senso de oportunidade. A reportagem produzida no Domingo
Espetacular sobre AVC foi exibida após uma nota coberta sobre o caso do deputado federal
Clodovil.
O enunciar do Domingo Espetacular ressalta a excepcionalidade, o pitoresco em
eventos circunstanciais, de interesse momentâneo. Utiliza, usualmente, o termo “exclusivo” e
“inédito” para ressaltar a conotação de sensacionalismo. Em geral, as chamadas assim
apresentadas, enquadram-se no valor-notícia pioneirismo, o conhecido “furo de reportagem”.
Quanto ao trato da linguagem científica, observa-se que nos dois programas há o
cuidado com a tradução de termos científicos. A enunciação de um desses termos é
acompanhada pela sua “tradução”.
De modo geral, a linguagem é simples, coloquial, de fácil entendimento. Outro
condicionante para o entendimento do conteúdo é o uso de imagens, ilustrações e desenhos
em 3D para a explicação do que está sendo dito, facilitando o entendimento dos processos
científicos e também na compreensão dos conceitos apresentados.
Por fim, os dois programas retratam a ciência como uma verdade, como a solução de
problemas do dia-a-dia. Como os próprios nomes dos programas, a ciência também é vista
como Fantástica e Espetacular. Como o próprio quadro, do Domingo Espetacular ressalta –
Invenção Maluca retrata aí o estereótipo de que “para gostar de ciência só pode ser louco”.
Se tratando de tempo, verifica-se que no Fantástico há um equilíbrio quanto à ciência
e as categorias aqui determinadas, mas no Domingo Espetacular, verifica-se que há uma
concentração enorme de matéria de conhecimento científico, muito pouco à divulgação
científica e ao aquecimento global.
51
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se afirmou anteriormente, o aquecimento global tornou-se midiático. No
entanto, ao ser noticiado com furor em muitos veículos que utilizam dados aleatórios para
explicar fatos, distancia-se da perspectiva esclarecedora ou reflexiva que o jornalismo deveria
proporcionar. E, com isso, mostra que, embora ele seja um fenômeno científico, são
apresentadas apenas questões ambientais que tenham vínculos com ele.
O recorte na temática do aquecimento global evidenciou que a questão, embora
enunciada constantemente no noticiário diário da mídia televisiva, nos referidos programas
está diluída no conjunto de matérias variadas com destaque mínimo. A exemplo, cita-se
matérias de jornalismo ambiental, até mesmo porque ele é um fenômeno ligado a causas
ambientais. A exceção é a série O mundo de Valentina, que se propôs a refletir a problemática
numa perspectiva futura. Além disso,
Os dois programas retratam a ciência como uma verdade, como a solução de
problemas do dia-a-dia. Como os próprios nomes dos programas, a ciência também é vista
como Fantástica e Espetacular, ou seja, mistificando a ciência. Em outras palavras, as notícias
são apresentadas de forma superficial ou o que é pior, espetacularizada, o que favorece a
alienação do cidadão diante da ciência e questões que estejam direta ou indiretamente ligadas
a ela.
Em vista desta consideração dá-se ênfase a um comentário de Carl Sagan, o qual diz
que “é perigoso e temerário que o cidadão médio continue a ignorar as questões vinculadas à
ciência, mas se achassem divino tudo o que não compreendem, ora, as coisas divinas não
teriam fim”.
Ou seja, a ciência tem uma rotulação criada por uma cultura social. Não é a toa que as
pessoas que vêem o cientista como um louco, a própria imagem mais conhecida de Eistein
retrata isso, ou ainda como “nerd” e, com isso, a ciência fica distante da sociedade, o que de
fato é um perigo para ela mesma, ao passo que não se envolve com questões que estão ligadas
tanto com o seu dia-a-dia quanto ao seu futuro.
A linguagem, em matérias de ciência, apresenta vestígios de popularização,
acessibilidade e, ao mesmo tempo, de vulgarização. Observa-se que estes vestígios
contribuem para uma aproximação da ciência junto do telespectador e de seu dia-a-dia, como
na Série Dr. Bactéria que utiliza do humor para elucidar as questões abordadas, mas por outro
lado utiliza a caracterização de um doutor com jeito de louco. Além disso, no programa
52
Domingo Espetacular, há um quadro chamado “Invenção Maluca”, o qual traz as novas
invenções.
Na maioria dos casos são buscadas fontes especializadas para legitimar a notícia dada.
No entanto, esta legitimidade de fontes se dá mais na perspectiva do discurso da celebridade
do que o da competência. Indo mais longe, a programação das TVs abertas trata os programas
voltados para o conhecimento, ciência e tecnologia de forma errônea, pois ela os coloca em
horários de pouca audiência, deixando-os à margem, enquanto programas infundados ganham
o horário nobre.
Devido a isso, urge que a TV aberta monte uma programação ancorada nas
necessidades do seu público alvo e passe a tratar a ciência e todo o conhecimento que a
circunda como um bem social, uma vez que ela é o meio de maior acessibilidade, a qual conta
com vários recursos (cor, som, imagem, e a própria linguagem) que facilitam o entendimento
do que está sendo dito.
Por fim, salienta-se que a ciência e a comunicação estão permanentemente em
evolução, e esta faz, com que sempre surjam novas questões norteadoras sobre ambos os
campos. Em vista disso, não pontua-se este trabalho, e sim deixa-se aberto para a
continuidade desta analise, uma vez que se optou por categorias que não analisaram a
imagem, que é um dos principais recursos deste meio, bem como uma análise de discurso
uma vez que um dos principais conflitos dos dois campos é a linguagem.
53
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