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LAP ou Laudo de Avaliação Psicossocial: refletindo sobre nossas práticas
patriciamagno.com.brCEHR – Centro de Estudos do HCTP Henrique Roxo [email protected]
Patricia Magno – Defensora Pública NUSPEN; Doutoranda pela UFRJ
LAP ou Laudo de Avaliação Psicossocial: refletindo sobre nossas práticas
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Encontrando o fio condutor
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“Estudar a crônica da execução penal é fazer a crônica da
servidão humana. Crônica que nos humilha e constrange
porque, perpassando a história da luta de classes, desvenda
segredos sociais e revela a ideologia do grupo detentor do
poder de fazer as leis. Esta evidencia que a execução penal
nada mais é senão um dos instrumentos de controle da
sociedade, com isso, tomamos consciência de quão longe
estamos, ainda, dos ideais de igualdade e liberdade.”(p. 169)
Marco Teórico:
João Marcello de Araújo
Júnior.
Execução Penal –
Ideologia e Discurso
Político – Tomada de
Consciência.
In: ROBERTO LYRA.
Criminologia, atualizado e
acrescido por João
Marcello. Rio de Janeiro:
Forense, 1995.
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Desafio da Defensoria Pública para o diálogo entre DIREITO PENAL e SAÚDE MENTAL
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Defensor(a) = “Jurista revoltado(a)” comprometido com a “construção existencial dos DH”
Compromisso com a “reinvenção do acesso à justiça” = “justiça descolonial”
“A função da Defensoria Pública nesse processo é criar espaços para que esses
vitimizados, subintegrados ou subalternos possam falar e ser ouvidos, ainda que em
processos judiciais, com cujas linguagens, tradicionalmente, erigem-se novos
obstáculos para o acesso à justiça. Deve a Defensoria Pública criar condições para que
mulheres, crianças, índios, negros, homossexuais, encarcerados, pessoas com
deficiência, idosos e sem-direitos em geral toquem os sinos quando se deva anunciar
aos quatros cantos do mundo que a justiça esteja sendo assassinada.” (CG, p. 82)
Marco Teórico:
Caio Jesus Granduque
José
Reinventar o acesso à
justiça em tempos de
transição
paradigmática:...
online, 2015.
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Desafio da Defensoria Pública para o diálogo entre DIREITO PENAL e SAÚDE MENTAL
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“O “direito” dos direitos humanos é, portanto, um meio – uma técnica –, entre muitos
outros, na hora de garantir o resultado das lutas e interesses sociais.” (HF, p. 18)
“Para nós é urgente mudar de perspectiva. Os conceitos e as definições tradicionais já
não nos servem. Por isso, nosso livro se estrutura em torno da seguinte premissa teórica:
falar de direitos humanos é falar da ‘abertura de processos de luta pela dignidade
humana’”. (HF, p. 21)
Aspectos: (1) complexidade dos DH; (2) metodologia relacional (diamante ético) +
aproximação intercultural para compreender a força emancipatória do direito; (3) critério
axiológico (DH como processos de luta por dignidade)
Marco Teórico:
Joaquin Herrera Flores
A (re) invenção dos
direitos humanos.
Florianópolis: Fundação
Boiteux, 2009.
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Desafio da Defensoria Pública para o diálogo entre DIREITO PENAL e SAÚDE MENTAL
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Desafios... Vamos refletir sobre as permanências autoritárias nas práticas? E vamos
pensar nas possibilidades emancipatórias das práticas?
Como levar a LUTA ANTIMANICOMIAL PARA DENTRO DOS MANICÔMIOS
JUDICIÁRIOS e mudar as práticas manicomiais do sistema punitivo?
V. tempo de demora da inclusão do “louco infrator” na Carta do Movimento Antimanicomial: só em
2014, item 6 e item 7.
o Carta, Item 6: Afirmar o fim dos Hospitais de Custódia e exigir uma atenção integral ao “louco infrator”.
o Carta, Item 7: Aproximação com a lógica do abolicionismo penal, afirmando a necessidade de uma
responsabilização sem a necessidade de punição.
o PNAISP (2014 - Política Nacional de Atenção à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade)
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Luta Antimanicomial e Periculosidade: Lei 10.216/01 e luta que segue.
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Corte IDH, Caso Ximenes Lopes vs. Brasil – processo internacional que durante sua tramitação
alavancou o PL da Lei 10216/01. Fato ocorrido em outubro de 1999, a sentença é de 2007.
2001 – Lei Antimanicomial (Lei n. 10.216 de 06.04.01) dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
2011 – Audiência Pública de apresentação do Parecer do MPF no INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO n.
1.00.000.004683/2011-80, junho de 2011.
2014 – Portaria Interministerial MJ e MS n. 01 de 2014 institui o PNAISP!!!!o Art. 2º É considerada beneficiária do serviço consignado nesta norma a pessoa que, presumidamente ou comprovadamente,
apresente transtorno mental e que esteja em conflito com a Lei, sob as seguintes condições: com inquérito policial em curso, sob
custódia da justiça criminal ou em liberdade; ou, com processo criminal, e em cumprimento de pena privativa de liberdade ou prisão
provisória ou respondendo em liberdade, e que tenha o incidente de insanidade mental instaurado; ou em cumprimento de
medida de segurança; ou sob liberação condicional da medida de segurança; ou, com medida de segurança extinta e
necessidade expressa pela justiça criminal ou pelo SUS de garantia de sustentabilidade do projeto terapêutico singular.
Marco Teórico:
MPF. Procuradoria
Federal dos Direitos dos
Cidadãos.
Parecer sobre Medidas
de Segurança e HCTPs
sob a perspectiva da Lei
n. 10.216/2001.
Brasília – DF, 2011.
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Medidas de Segurança (MS).
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Marco Teórico:
Rui Carlos Machado Alvim
Uma Pequena História
das Medidas de
Segurança.
Publicação do IBCCrim,
1997.
“Prevenção social, periculosidade e medidas de segurança: eis o tripé formativo
da emergente tese. A prevenção social marcava-lhe o fundamento; a periculosidade
representava a causa a ser neutralizada e finalmente as medidas de segurança
projetavam-se como o instrumento adequado a atuar estrutura substitutiva e paralela”. (p. 21)
“Abrira-se uma porta ao aparato repressor e fechava-se uma porta aos intratáveis”.
o Quem eram os intratáveis?
Vadios, prostitutas, homossexuais, mendigos, alcóolatras, drogados.
Vide o REVOGADO art. 78 do Código Penal + PERMANÊNCIAS AUTORITÁRIAS nas
práticas psiquiátricas
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“O cenário encontrado pela equipe do CREMESP configura uma condição
desumana que contribui para maior degradação física e mental. Como se
verá, as unidades carecem de mão de obra e as instalações estão
deterioradas. Faltam de psiquiatras a pessoal de limpeza, as ligações
elétricas estão expostas, o refeitório cheira mal, as enfermarias têm os vidros
das janelas quebrados. O ar fétido se mistura com a fumaça dos cigarros
acesos o tempo todo. Se para o preso comum, a cadeia é muitas vezes
“uma escola para o crime”, para o doente mental infrator o hospital de
custódia é um “estágio a mais na escala da loucura”.”
+ ausência de acesso a medicamentos + suicídio + ...
Tratamento ou punição? Finalidade da MS.
Marco Teórico:
João Ladislau.
Hospital de Custódia:
fiscalização das
instituições de custódia
e tratamento
psiquiátrico do Estado
de São Paulo.
CREMESP, 2014.).
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Tratamento ou punição? Finalidade da MS.
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LEP, art. 1º:
• “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.”
CP, 97, §4º: “fins curativos”
Lei 10.216/01: princípio da igualdade como não discriminação entre louco e louco infrator.
CNJ, Res. 113, art. 17:
• “O juiz competente para a execução da medida de segurança, sempre que possível buscará
implementar políticas antimanicomiais, conforme sistemática da Lei nº 10.216, de 2001.”
CNPCP, Res. 05/04, item 01:
• “O tratamento aos portadores de transtornos mentais considerados inimputáveis “visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio” (art. 4º, § 1° da Lei nº
10.216/01), tendo como princípios norteadores o respeito aos direitos humanos, a desospitalização
e a superação do modelo tutelar”.
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Tratamento ou punição? Finalidade da MS.
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CNPCP, Res. 04/2010: extinção gradativa dos manicômios (cfe. PNDH 2, 369 e PNDH 3).
• “Art. 1º. (...) § 1º Devem ser observados na execução da medida de segurança os princípios
estabelecidos pela Lei 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção dos direitos das pessoas portadoras
de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial de tratamento e cuidado em saúde mental
que deve acontecer de modo antimanicomial, em serviços substitutivos em meio aberto”
“A liberdade é sempre terapêutica”. (Massimo Pavarini)
• LIMITE TEMPORAL PARA A EXTINÇÃO DOS HCTP!!! 2020!!!!!!
“Art. 6º O Poder Executivo, em parceria com o Poder Judiciário, irá implantar e concluir, no prazo de 10
anos, a substituição do modelo manicomial de cumprimento de medida de segurança para o modelo
antimanicomial, valendo-se do programa específico de atenção ao paciente judiciário.”
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Conceito:
• “O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas
terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão
coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário.
Geralmente é dedicado a situações mais complexas. É uma variação da discussão de
“caso clínico”. Foi bastante desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental
como forma de propiciar uma atuação integrada da equipe valorizando outros
aspectos, além do diagnóstico psiquiátrico e da medicação, no tratamento dos
usuários”. (p. 27.)
• É um eterno construir.
Explicitar método de atendimento da Defensoria aos internados nos
manicômios no RJ.
Projeto Terapêutico Singular. PNAISP, Portaria 94 do MS e Resolução CNJ n. 113.
Marco Teórico:
Brasil. Ministério da
Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção
Básica.
Diretrizes do NASF:
Núcleo de Apoio a
Saúde da Família
Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de
Atenção Básica. – Brasília
: Ministério da Saúde,
2010.
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LEP, Art. 175. “A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração da
medida de segurança, pelo exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte:”
Prazo Mínimo. c/c art. 176 e Lei 10.216/01 (desconsiderar o prazo mínimo) (“Art. 176. Em qualquer
tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da
execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do interessado, seu procurador
ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos
termos do artigo anterior.”)
Conceito. É uma perícia médica que responde à quesitação implícita: “Queira o Sr. Perito informar se
cessou a periculosidade do periciando?”
Importante: a noção de periculosidade é manicomial. É permanência autoritária que precisa ser
enfrentada no redirecionamento do modelo de atenção psicossocial.
Perícia Médica. Cessação de Periculosidade ou LAP? Recomendação 35 do CNJ.
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Exame de Avaliação Psicossocial
• “A execução da MS, consistente que é em tratamento compulsório, tem como objetivo
permante a reinserção do paciente em seu meio (Lei 10,216/2001, art. 4º, § 1º). Não se fala
mais em periculosidade, conceito superado com o advento da Lei Antimanicomial, devendo-se
averiguar periodicamente, todavia, o processo de reintegração social do sujeito.
De tal sorte, desnecessária a ultrapassada perícia de cessação de periculosidade, impõe-se
agora outro tipo de análise no sentido de verificar se aquele novo objetivo – reinserção social do
paciente – está sendo alcançado. Trata-se, portanto, de avaliação psicossocial e não mais
puramente psiquiátrica e que será materializada mediante relatório da própria equipe técnica
do PAILI.” (p. 26)
Perícia Médica. Avaliação Psicossocial.
Marco Teórico:
Haroldo Caetano (org.)
Cartilha PAILI. Programa
de Atenção Integral ao
Louco Infrator.
Goiás. Ministério Público
Estadual, 2013.
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Laudo de Avaliação Psicossocial - LAP
• Ratio: DESCONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE PERICULOSIDADE.
• Do otimismo da Prática: nova praxis, com produção de incômodos e tensionamento por nova
burocracia.
• O laudo de avaliação psicossocial substitui a desnecessária e ultrapassada perícia de cessação de
periculosidade, pois a Lei 10.216/01 e a Recomendação CNJ n. 35 impõem análise no sentido de
verificar se o objetivo da reinserção social do paciente está sendo alcançado.
• Quesitos do LAP:
• a. Há quanto tempo o paciente é acompanhado pela equipe técnica?
• b. Existe necessidade médica de internação nos moldes do art. 4º e 6º da Lei 10.216/01?
• c. Quais serviços da rede de atenção psicossocial (RAPS) vêm sendo utilizados pelo paciente?
• d. Como foi a adesão do paciente ao tratamento?
Perícia Médica. Avaliação Psicossocial.
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• Quesitos do LAP (cont.):
• e. Onde reside o paciente? Mora só ou com familiares? Tem companheira? Tem filhos? Favor descrever os laços
sociais e comunitários.
• f. O paciente faz uso de medicamentos? Quais?
• g. O paciente exerce atividade laborativa? Qual?
• h. O paciente possui seus documentos de identificação regularizados (ex.: certidão de nascimento, RG, CPF)?
• i. O paciente recebe algum benefício previdenciário ou assistencial? Qual (ou quais)?
• j. Houve algum evento, durante o acompanhamento do paciente, que demonstrasse falha no tratamento a ele
dispensado?
• k. A rede de atenção em saúde mental do município está articulada e ciente do acompanhamento do paciente em
seu território?
• m. Há outras informações que sejam relevantes para a análise da situação psicossocial do paciente? Favor
indicar quais.
Perícia Médica. Cessação de Periculosidade. Recomendação CNJ n. 35.
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Total de pessoas em HCTP no RJ: 233
o 20 mulheres
o 213 homens
Total de pessoas cumprindo MS de internação no RJ: 136
o 08 mulheres
o 128 homens
Período Analisado: LAPs solicitados por of. DP ou por cota nos autos no período de 28/09/2016 a
31/03/2017 = amostragem de 34 casos, que significam 25% das MS em execução.
o 02 mulheres
o 32 homens
LAP e Estado da Arte. Análise dos discursos dos atores do sistema de justiça do RJ.
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LAP e Estado da Arte. Análise dos discursos dos atores do sistema de justiça do RJ.
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Análise por HCTP
o RM: 06
o HR: 28
O critério para seleção dos casos a serem analisados parte dos pedidos de LAP, de modo que os
casos aqui tratados NÃO esgotam o trabalho das equipes e não significa que estes sejam os únicos casos
com indicação de desinternação!!! Isso não é um ranking de produtividade!!! É uma reflexão sobre
nossas práticas.
Por Equipe (proporção de casos de LAP – a amostragem se mostra na mesma curva)
o RM: 06/27 = 22,22% (mulheres – 02 casos em 08 = 25% + homens – 04 casos em 19 = 21,05%)
o HR prata: 09/40 = 22,5%
o HR rosa: 08/41 = 19,5%
o HR azul: 11/28 = 39,28%
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LAP e Estado da Arte. Análise dos discursos dos atores do sistema de justiça do RJ.
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Análise do Discurso
o “Em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada,
selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que
têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento
aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade” (p. 8-9)
o “O discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de
dominação, mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do qual nos
queremos apoderar” (p. 10)
o “A análise do discuros, assim entendida, não desvenda a universalidade de um
sentido; ela mostra à luz do dia o jogo da rarefação imposta, com um poder
fundamental da afirmação” (p. 70)
Marco Teórico:
Michael Foucault.
A Ordem do Discurso.
(Aula Inaugural no
Collège de France,
02 dez.1970)
São Paulo: Edições
Loyola, 1999.
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Análise do discurso do Ministério Público
o “autor do discurso” (p. 26): princípio de agrupamento do discurso; autor como “unidade e origem de
suas significações, como foco de sua coerência”. Não é o indivíduo falante.
Destaque para a inadequação do termo periculosidade.
o “Requer o MP encaminhamento do paciente para exame, a fim de que seja elaborado laudo pelo
Instituto de Perícias Heitor Carrilho, de forma a verificar-se a presença das condições necessárias
para a desinternação. / O requerimento acima não discorda da Defesa em relação à inadequação do
termo “cessação de periculosidade”, que está ultrapassado, não afastando, contudo, tal fato a
necessidade de exame por Peritos habilitados, a fim de verificar-se a presença das condições
necessárias para o bem estar do paciente em sociedade e também desta última, no convívio com o
paciente.”
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LAP e Estado da Arte. Análise dos discursos dos atores do sistema de justiça do RJ.
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Cont. Análise do discurso do Ministério Público
o “A falta do exame nos termos aqui citados gera insegurança e temeridade com relação ao fato do
paciente efetivamente ter condições de reintegrar o convívio social, razão pela qual entende o
MP que o LAP, apresentado pela DP, não é suficiente a instruir o juízo na decisão de eventual
desinternação do paciente”
o “O LAP pode substituir o laudo que a Equipe dos pacientes sempre elaborou, de forma
excepcional e que sempre contribuiu com os Peritos na elaboração dos laudos e no conhecimento,
pelo Juízo, da situação do paciente”.
o “O LAP, que vem sendo pleiteado com insistência pela DP, é absolutamente desnecessário, já que os
pareceres das equipes já cumpriam o seu papel com excelência, correndo-se o risco de atarefar as
Equipes com a realização de um laudo que não é suficiente para a desinternação do paciente.”
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Cont. Análise do discurso do Ministério Público
o “Assim, requer o MP, determine o juízo às equipes do HHR e do HRM que não mais elaborem o LAP
solicitado pela Defesa, mantendo seus esforços nos laudos elaborados nos antigos moldes e no
atendimento aos pacientes, ressaltando-se aqui o excelente trabalho que sempre foi desenvolvido
pelas Equipes de ambos os Hospitais”.
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LAP e Estado da Arte. Análise dos discursos dos atores do sistema de justiça do RJ.
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Análise do discurso do Judiciário
o Na lógica do princípio do agrupamento discursivo, as decisões do Judiciário oscilam entre:
- manter o discurso da periculosidade seja determinando a “vinda de laudo de cessação de
periculosidade”; seja “encaminhando o paciente para verificação da cessação de periculosidade”.
- afastar a referência a periculosidade, indicando que é a necessária releitura sobre o instituto das
Medidas de Segurança após o advento da Lei 10.216/01, mas não compreende o que seja o
LAP, de modo que o indefere, por desnecessário. (maior incidência)
o O apego à forma burocrática anterior é defendido pelo serventuário do TJ que atua no SVMS, donde
se destaca certidão (repetida) que, suscitando dúvidas, redirecionou decisões judiciais para os
“trâmites de sempre”.
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“A medida de segurança é cumprida em hospital por ausência de rede extra-hospitalar e de
programas específicos para o seu cumprimento, de acordo com a Lei nº l0.216/2016 e
Recomendação nº 35/11 do Conselho Nacional de Justiça, como o Programa de Atenção
Integral ao Paciente Judiciário -PAl-PJ, de Minas Gerais, e o Programa de Atenção Integral ao
Louco Infrator -PAILI, de Goiás. Diversos relatórios e o próprio parecer elaborado pela PFDC
(2011) apontam que Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, notória e
reiteradamente, descumprem o dever de garantir tratamento multiprofissional e voltado
para a reinserção psicossocial como determina a Lei nº l0.216/2001. No momento em que
estes dispositivos forem cumpridos, as altas serão mais frequentes e não haverá déficit de
vagas.
Portanto, é a rede extra-hospitalar que precisa ser ampliada, e não as vagas em Hospitais
de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.”
Tomada de Posição.
Marco Teórico:
Ministério Público Federal.
Procuradoria Geral dos
Direitos do Cidadão.
Grupo de Trabalho de
Saúde Mental.
Nota Técnica nº 05/2017-
PFDCI, de 3 de maio de
2017.
Tema Rede de Atenção
Psicossocial destinada
às pessoas com
transtorno mental
Online, maio. 2017.