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Página - 1 ESPELHO DE CORREÇÃO 1ª RODADA CEI - DPU 2ª EDIÇÃO PREPARATÓRIO PARA A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 29/01/2014 Atenção para eventuais informações desatualizadas em razão da data em que o Curso foi veiculado. Encontrando qualquer erro, falha ou imprecisão, solicitamos que avisem o Coordenador do CEI, Caio Paiva, no email: [email protected] Círculo de Estudos pela Internet www.cursocei.com facebook.com/cursocei twitter.com/cursocei Prezado(a) aluno(a), é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso.

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ESPELHO DE CORREÇÃO1ª RODADA

CEI - DPU 2ª EDIÇÃO PREPARATÓRIO PARA A

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

29/01/2014Atenção para eventuais informações desatualizadas em razão da data em que o Curso foi veiculado.

Encontrando qualquer erro, falha ou imprecisão, solicitamos que avisem o Coordenador do CEI, Caio Paiva, no email: [email protected]

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Prezado(a) aluno(a), é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso.

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PEDRO WAGNER ASSED PEREIRA Defensor Público Federal em Boa Vista/RR Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Processo Civil

PROCESSO CIVIL

JOAQUINA ingressou com ação indenizatória em face de CEC, empresa pública federal, por termo, sem acompanhamento de advogado ou defensor público, no Juizado Especial Federal, logrando sentença favorável, ou seja, totalmente procedente. A CEC interpôs recurso inominado. JOAQUINA foi intimada pessoalmente para apresentar suas contrarrazões e inerte permaneceu. A Turma Recursal conheceu e deu provimento ao recurso da reclamada (CEC). Intimada desta última decisão, JOAQUINA, desesperada, procura você, defensor público federal. Sem a necessidade de redigir peça processual, responda objetivamente e de forma fundamentada qual(is) medida(s) deveria(m) ser tomada em favor de JOAQUINA e sob qual(is) argumentos. Gabarito comentado:

Primeiramente, sei que repetirei algo que já reiterei no curso anterior, procure começar a resposta com a resposta que o examinador deseja. Quando ele já enxerga a resposta logo no começo ele tem uma melhor visão de sua resposta. A medida correta seria a interposição de recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal. Já foi jurisprudencialmente firmado o entendimento de que em face de sentença de Turma recursal não cabe recurso, a não ser recurso extraordinário ao STF, embargos de declaração, reclamação ao STJ e uniformização. Vamos prestar atenção no enunciado. A resposta está claramente exposta. Se não podemos inventar dados, já excluímos as demais impugnações, restando-nos apenas a opção pelo recurso extraordinário ao STF. É gritante que o ocorrido no enunciado feriu profundamente o princípio constitucional do devido processo legal, previsto no art. 5º, LIV, tanto em seu aspecto formal, quanto em seu, e principalmente, aspecto material, substantivo. E não é ser redundante, para complementar, dizer que recurso extraordinário ao STF, haja vista que o recurso especial, que é interposto no STJ, como sabemos, também é considerado um recurso extraordinário. Pode parecer preciosismo, mas, às vezes, numa prova onde a pontuação é bem disputada, sem dúvida, será bem considerado pelo examinador. Por derradeiro, nem sempre quando há menção à possibilidade de mais de uma medida quer dizer que você terá que encontrar uma outra alternativa. Ok? Eventuais dúvidas e recursos, favor acionar este examinador.

Melhores respostas: LÁIS RANGEL

A medida seria a interposição de um recurso extraordinário. Segundo entendimento dos Tribunais Superiores, contra acórdão de Turma Recursal, além dos embargos de declaração, só é cabível recurso extraordinário, e não recurso especial, pois este somente pode ser interposto contra decisão do TJ ou TRF (art. 105, III, da CF), enquanto aquele é cabível contra decisão prolatada por qualquer órgão jurisdicional (art. 102, III, CF). O argumento seria a ocorrência de cerceamento de defesa e não observância do art. 133, da CF, que garante a indispensabilidade do advogado. O art. 10, §2º, da lei 9.099/95, que se aplica subsidiariamente ao Juizado Especial Federal, exige a representação por advogado na interposição de recurso. Por conseguinte, também é necessária a representação por advogado para apresentar contrarrazões ao recurso. Assim, Joaquina, ao ser intimada para apresentar contrarrazões, deveria ter sido informada da necessidade de constituir advogado, consoante §2º, do art. 9º, da Lei 9.099/95, o qual, conforme já decidiu o STF, aplica-se ao JEF.

PRISCILLA CARREIRA

Na qualidade de Defensora Pública de Joaquina, interporia Recurso Extraordinário em face do Acórdão que deu provimento ao recurso da Reclamada (CEC), requerendo a declaração de sua nulidade, em razão da contrariedade à

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dispositivo da Constituição Federal (art. 102, III, a, da CF). Nas razões recursais, comprovaria a ocorrência de violação aos princípios constitucionais do devido processo legal, em seu aspecto formal (art. 5º, LIV, da CF), e do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF), decorrente da ausência de defesa técnica para a representação da Requerente na fase recursal do procedimento no Juizado Especial Federal. Tal violação ocasionou prejuízo a Autora, que teve sua sentença favorável reformada pela Turma Recursal sem que pudesse, através da apresentação de contrarrazões ao recurso da CEC, influenciar na decisão do colegiado.

MICHELLE DA SILVA MOURA

Como medida judicial, deve ser interposto Recurso Extraordinário ao STF, com fulcro em dispositivo constitucional para se atacar a decisão da Turma Recursal proferida em Recurso Inominado, especificamente pleiteando a nulidade da referida decisão. Isso porque, em que pese haver autorização legal para propositura de ação judicial perante o Juizado Especial Federal, quando o valor da causa não ultrapassar vinte salários mínimos (lei 9099/95 c/c Lei 10.259/01), na fase recursal seria necessária a assistência de um advogado ou defensor público. Portanto, a parte autora deveria ter sido intimada da sentença e oportunizada a constituição de um advogado, o que não aconteceu. Portanto, restaram violados os princípios do contraditório, ampla-defesa, duplo grau de jurisdição e acesso à justiça.

CAIO PAIVA Defensor Público Federal em Manaus/AM e editor do site www.oprocesso.com

Mediador das disciplinas de Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e Princípios Institucionais da Defensoria Pública

PROCESSO PENAL

Em que consiste a expressão “justa causa duplicada”? Responda citando um exemplo de sua ocorrência no processo penal brasileiro.

Gabarito comentado:

Inicialmente, devo dizer que gostei muito do desempenho de vocês. A grande maioria apresentou uma resposta bem organizada e com argumentos bem colocados. Fosse a prova real, certamente teriam obtido uma pontuação que renderia a aprovação. Alguns alunos se equivocaram ao responder, outros foram muito sucintos, outros não apresentaram um exemplo, outros não indicaram o dispositivo legal que se relaciona com o enunciado, enfim, isso é normal e o objetivo deste Curso é justamente esse: melhorarmos – juntos – desempenho em provas dissertativas e peças judiciais.

Uma dica: quando o enunciado cobra um conceito relacionado a outro como foi o caso desta questão, não deixe de se destacar na multidão e inicie apresentando, primeiro, o conceito do “gênero” para, depois, avançar para a “espécie”. Deste modo, me parecia fundamental iniciar a resposta conceituando justa causa e indicando, na legislação, a sua previsão. Não era preciso aprofundar na discussão em torno da sua natureza (para ampliar o conhecimento acerca desse assunto, cf. o seguinte texto do mediador Aldo: http://www.conjur.com.br/2013-nov-29/toda-prova-justa-causa-exercicio-acao-penal). Bastava, então, seguir o “conceito tradicional” de justa causa como sendo o lastro probatório mínimo que deve acompanhar a denúncia e indicar, também, a sua inclusão no CPP no ano de 2008 (art. 395, III, incluído pela Lei 11719/2008).

Feito isso, o passo seguinte seria, portanto, adentrar no conceito da denominada justa causa duplicada, mas, para conquistar o examinador, era recomendável, também, sucintamente, destacar a importância da justa causa para o processo penal, qual seja, o de impedir acusações infundadas, potencializando, assim, a garantia da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF). Percebam, caros alunos, que não é preciso ser prolixo (ou, como no ditado, “encher

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linguiça”); basta ser certeiro, firme.

Acerca da justa causa duplicada, valho-me da lição de Renato Brasileiro de Lima, que já indica o exemplo requerido no enunciado da questão:

“Em se tratando de crime de lavagem de capitais, porém, não basta demonstrar a presença de lastro probatório quanto à ocultação de bens, direitos ou valores, sendo indispensável que a denúncia também seja instruída com suporte probatório demonstrado que tais valores são provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal (Lei 9.613/98, art. 1º, caput, com redação dada pela Lei 12.683/12). Tem-se aí o que a doutrina chama de justa causa duplicada, ou seja, lastro probatório mínimo quanto à lavagem e quanto à infração precedente. A propósito, o art. 2º, § 1º, da Lei 9.613/98, estabelece que a denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente” (LIMA. Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2013, p. 173).

Portanto, uma resposta nota 10 deveria abranger: conceito de justa causa, sua importância no processo penal, conceito de justa causa duplicada e indicação do exemplo com menção ao dispositivo legal da Lei 9613/98. Acerca do exemplo, alguns alunos mencionaram o crime de receptação e a necessidade de o MP comprovar a justa causa do crime patrimonial anterior. Embora não seja de todo equivocado, não me parece um bom exemplo, pois o crime de receptação ostenta cerca autonomia em face do crime antecedente. Alguns alunos mencionaram, também, a exigência da dupla-tipicidade para se proceder com a extradição do estrangeiro; novamente, não é inteiramente equivocado, mas a dependência dos crimes, aqui, é uma condição de procedibilidade do pedido, e não algo que se relaciona ao aspecto de lastro probatório mínimo.

Melhores respostas:

Richardy Videnov:

A ação penal é o instrumento por meio do qual o Estado viabiliza o exercício de seu “ius puniendi”. Ocorre que neste âmbito, encontra-se em jogo um dos bens mais caro ao homem: sua liberdade. Não fosse isso, é inegável reconhecer que o fato de ser formalmente apontado como acusado traz, por si só, um fardo estigmatizante para quem o carrega. Por este motivo, diferentemente das ações cíveis, em que o exercício do direito de ação está condicionado tão somente à demonstração da pertinência subjetiva, do interesse de agir e da possibilidade jurídica do pedido, é que se exige, para o exercício da ação penal, ademais disso, a “justa causa”. Esta consiste na imposição de que a inicial acusatória evidencie a existência de um lastro probatório mínimo de materialidade delitiva e indícios de autoria, o que impõe um limite à atuação punitiva estatal, evitando que se processe alguém arbitrariamente pela prática de um crime. Ausente esta, a ação sequer será recebida (art. 395, II, do CPP). A justa causa será “duplicada” nos crimes de “lavagem”, cuja caracterização, por definição legal, depende da origem ilícita do capital. Neste caso, além da demonstração de justa causa para o processamento do crime de lavagem, requer a Lei que se evidencie “indícios suficientes da existência da infração penal antecedente” (art. 2º, §1º, da Lei 9.613).

Alex Jouberth:

A Justa Causa é uma das condições da Ação Penal, prevista no artigo 395, do Código de Processo Penal, que diz respeito ao lastro probatório mínimo que deve existir para que seja deflagrada uma ação penal. Quer dizer que para que seja iniciada uma ação penal, deve haver elementos de prova que apontem para a existência de indícios de autoria e materialidade delitivas, bem como a existência de uma infração penal. É o chamado fumus comissi delicti, que visa impedir a ocorrência de uma acusação leviana e temerária sem um mínimo de suporte probatório demonstrando a ocorrência de um fato típico e antijurídico. Neste sentido, a expressão “justa causa duplicada”

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refere-se à condição para que seja iniciada uma ação penal para julgar um crime de lavagem de capitais, previsto na Lei nº. 9.613/98. Segundo o artigo 2º, §1º, desta Lei, para que seja processado o crime de lavagem de capitais, deve-se demonstrar na inicial, além de um lastro probatório mínimo da ocorrência deste crime, um lastro probatório que indique também a existência do crime antecedente que deu origem ao crime previsto na lei especial.

Andréa Cavalcante:

A instauração de uma ação penal contra um indivíduo resulta na limitação de sua liberdade, ocasionando um constrangimento e, na maioria das vezes, a privação de sua liberdade. Como o objetivo de evitar ilegalidades, nosso ordenamento jurídico instituiu a justa causa como requisito da peça acusatória, consistindo em elementos de convicção, fundado em suporte probatório, acerca dos indícios de autoria e de prova da materialidade nela apontados. Em relação ao crime de lavagem de capitais, a legislação pátria exige a justa causa duplicada, porquanto é exigida não apenas indícios de autoria e de prova de materialidade em relação à lavagem, mas também ao crime que a antecedeu, conforme dispõe a Lei n. 9.613/98, artigo 2º, §1º: Art. 2, § 1º, da lei. A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do crime antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime.

Domingos Sávio:

A justa causa, incluída expressamente no artigo 395, III, do CPP pela Lei n. 11.719/08, significa, em suma, a exigência de um lastro probatório mínimo para a acusação penal, no que se refere aos indícios da autoria e materialidade de uma conduta típica. Nos crimes classificados doutrinariamente como derivados ou acessórios, é pressuposta a ocorrência de uma infração penal anterior (ou crime antecedente), como, por exemplo, no tipo penal tratado na Lei n. 9.613/98. Com efeito, nesse diploma legal (art. 1º), a lavagem de dinheiro reclama a existência de uma infração penal (crime ou contravenção, conforme alteração da Lei n. 12.683/2012) antecedente. Assim, a acusação do crime de lavagem de dinheiro exige a instrução da denúncia com indícios bastantes da existência do crime antecedente

(art. 1º, § 1º). Tal exigência configura o que se denomina na doutrina de justa causa duplicada. Logo, o Parquet deve veicular na peça acusatória o mencionado lastro probatório mínimo em relação ao crime de lavagem de capitais e, também, em relação ao crime antecedente.

Giovanna Mendonça:

A justa causa, condição da ação penal, consiste no suporte probatório mínimo necessário para o exercício desta, com indícios da autoria e da materialidade do delito. Na sua ausência, a inicial deverá ser rejeitada, nos termos do art. 395, III, CPP, para proteção do investigado contra acusações temerárias. Com isso, a expressão “justa causa duplicada” define situações em que tal lastro probatório mínimo deve ser apresentado em relação a mais de uma infração penal, pois a ação tem como objeto um crime cuja configuração depende da ocorrência anterior de outro. Neste caso, a justa causa deve ser demonstrada em relação a ambos os delitos, sendo, portanto, “duplicada”. No processo penal brasileiro, a justa causa duplicada está ligada ao crime de lavagem de capitais. Pelo art. 1º da Lei n. 9.613/98, a configuração de tal delito depende do envolvimento de capitais oriundos de crime antecedente. Assim, a inicial acusatória deve trazer a justa causa tanto do crime de lavagem quanto do antecedente, apesar de poder-se afirmar que a justa causa deste é precária, eis que dispensável a indicação da autoria.

Viviane Martins Ribeiro:

Justa causa é uma expressão aberta, mas pode ser conceituada como o lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal. Vale dizer, a ação só pode ser validamente exercida se a parte autora lastrear a inicial com um mínimo probatório que indique os indícios de autoria, da materialidade delitiva, e da constatação da ocorrência de infração penal em tese. De sua vez, justa causa duplicada quer significar que não basta apenas trazer prova do crime de lavagem, por exemplo, que é um crime acessório, é preciso demonstrar, ainda, que os valores ocultados ou dissimulados são decorrentes de uma infração antecedente. Convém ressaltar que, nos termos do art. 2º, §1º, da Lei 9613/1998, com redação determinada pela Lei 12683/2012, a denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, podendo até mesmo ser isento de pena ou desconhecido o seu autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. Assim, a justa causa referente ao crime antecedente é precária, porquanto não é indispensável a indicação da autoria do delito.

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ALEXANDRE CABRAL Defensor Público Federal em Brasília/DF

Mediador das disciplinas de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Administrativo

DIREITO DO TRABALHO

MARIANA, empregada de uma financeira desde 2008, tem plano de saúde pago pela empregadora. Não há nem nunca houve desconto em seu salário em virtude do plano a ela garantido, sendo a concessão, segundo lhe informada o RH, mera liberalidade da empregadora. Em virtude de doença não relacionada com a atividade laboral, a obreira foi aposentada por invalidez pelo INSS em Janeiro de 2013. Em Dezembro de 2013 MARIANA veio a DPU, pois fora comunicada que, como se encontra afastada há um ano do posto de trabalho, seu plano de saúde seria suspenso. Preocupada, a assistida esclareceu em audiência com o Defensor Público Federal que não tem condições de arcar com plano de saúde equivalente por conta própria, ainda mais agora, que tem gastos extraordinários com medicação em virtude de sua condição de saúde.

Analise a situação de MARIANA, necessariamente abordando a vigência ou não de seu contrato de trabalho e seu direito, se houver, à manutenção do plano de saúde.

Gabarito comentado:

O contrato de trabalho segue vigente, não sendo a aposentadoria por invalidez hábil a extingui-lo. A hipótese é de suspensão do contrato de trabalho (conforme arts. 475 e 476 da CLT).

O plano de saúde concedido pela empregadora à empregada não é obrigação legal, contudo, uma vez oferecido, seja via acordo ou convenção coletiva seja por mera liberalidade, integra-se ao contrato individual do trabalho, vedada sua cessação por ato unilateral da empregadora em virtude do princípio da inalterabilidade contratual lesiva (art. 468 CLT).

A oferta do plano também beneficia a empregadora, que com tal condição contratual atrai melhores profissionais e obtém valor, garantindo melhor desempenho da força laboral. Não seria razoável, no sentido jurídico da expressão, que justamente quando fosse tão necessário para a trabalhadora tal benefício pudesse ser extirpado.

Trata-se de aplicação do superprincípio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana (CRFB/88, art 1º, III) e, ainda, do princípio da Proteção (vide Súmula 51 do C. TST), este sob o aspecto de manutenção da condição mais benéfica.

Jurisprudência majoritária, inclusive no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, sedimentava tal posição, sendo que a Súmula 440 do TST a regula de forma definitiva.

Assim, possível defender a manutenção do plano de saúde de Mariana ou seu direito a retornar ao posto de trabalho, mesmo para prazo superior a cinco anos, haja vista a lei previdenciária (art. 47, I e II da Lei 8.213/91) possibilitar a cessação da aposentadoria por invalidez para além desse prazo. Nesse sentido é a Súmula 160 do TST, em que pese haver entendimento em sentido diverso no Pretório Excelso (Súmula 217 STF).

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MERECE LEITURA:

Súmula 440/TST

“AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. RECONHECIMENTO DO DIREITO À MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE OU DE ASSISTÊNCIA MÉDICA. Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez.”

Além da legislação e das Súmulas do TST (160 e 440) e do STF (217) destacadas no Gabarito, cabe recordar que a OJ 357 da SDI-1/TST emprega o mesmo raciocínio acima para lembrar que a suspensão contratual pelo prazo de cinco anos não obsta o decurso da prescrição quinquenal trabalhista nesse período.

Por fim, veja-se recente decisão do TST quanto ao tema proposto (que segue na linha do entendimento do Superior Trabalhista):

A decisão regional de limitar a manutenção do plano de saúde pelo prazo máximo de 5 anos não guarda consonância com a jurisprudência iterativa, notória e atual desta Corte Superior, no sentido de que -assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez.- (Súmula 440/TST). 2. Atualmente, a melhor exegese do art. 475 da CLT c/c art. 47, I, da Lei nº 8.213/91 é no sentido que o empregado aposentado por invalidez pode retornar ao trabalho, mesmo depois de transcorridos cinco anos da aposentadoria. Entendimento da Súmula 160/TST -cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei-. 3.

Enquanto perdurar tal situação de temporariedade, o que importa em sustação temporária dos seus principais efeitos em relação às partes (prestação de serviços e pagamento de salários), restando preservado, porém, o vínculo de emprego e remanescendo o dever de cumprimento daquelas obrigações não vinculadas diretamente à prestação de serviços, tal como a manutenção do plano de saúde oferecido pela empresa. Precedentes da SDI-I e de todas as Turmas desta Casa. (TST. Processo nº 147500-33.2007.5.15.0115. 1ª Turma. Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann. Publicação em 04/02/2013).

A grande maioria dos concursandos soube apontar o direito à continuidade do plano de saúde e a suspensão do contrato na questão em tela.

Muitos esqueceram de mencionar a inalterabilidade contratual lesiva (art. 468 CLT) em suas respostas, portanto, como anotamos nas correções individualizadas: em questões da seara laboral sempre vale a pena relembrar e citar princípios e artigos legais específicos do Direito do Trabalho.

Por último, a dica mais repetida: usem o espaço ao máximo e escrevam o que acharem pertinente para pontuar. Em especial quando domina o tema, escreva em todas as linhas permitidas ou perto disso.

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A prova do CESPE usa um espelho de correção que lista itens a serem atingidos/mencionados e o candidato só tem a ganhar produzindo um texto bem dividido (no mínimo três parágrafos!) e o mais completo possível, além do quê, eventuais erros de grafia ou gramaticais costumam ter o peso dividido pelo nº de linhas escritas.

Melhores respostas:

Wanderson C. Medeiros

O contrato de trabalho, em face da aposentadoria por invalidez não é extinto, mas sim suspenso, conforme art. 475 da CLT, além das obrigações decorrentes deste, uma vez que não foi extinto, e dai possuírem a prerrogativa de não serem alteradas unilateralmente, inteligência do art. 468 da CLT.

Nesse passo, se o empregador, durante o efetivo exercício do contrato de trabalho, conceder ao empregado, benefício de plano de saúde, este integrará o rol clausular do contrato, não podendo ser retirado unilateralmente, devendo manter o plano independente do período em que o empregado se encontrar aposentado por invalidez. Isso conforme dispõe o enunciado sumular 440 do TST.

Não há consenso quando se considera o beneficiário da aposentadoria por invalidez definitivamente aposentado, a jurisprudência ainda não assentou a questão, pois o TST, na súmula 160, sedimenta o direito a retornar ao trabalho mesmo após 5 anos de aposentadoria, enquanto que o STF, na súmula 217, determina a aposentadoria definitiva após esse período. Enquanto isso, a própria Lei não dispõe a respeito, apenas no art. 47 da Lei 8.213/91 faz referência a algumas condições de remuneração para retorno ao trabalho após 5 anos. Com isso, não há prazo para manutenção do benefício em questão

Suellen Aguiar

No caso em apreço, deve ser assegurado a Mariana a manutenção do seu plano de saúde, pois o seu contrato de trabalho se encontra suspenso, e não extinto.

O empregado que é aposentado por invalidez possui o contrato de trabalho suspenso durante o prazo fixado para a efetivação do benefício, conforme norma celetista. Nesse sentido, não há que se falar em cessação da oferta do plano de saúde, porquanto o liame empregatício não foi extinto, sendo este, inclusive, o entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho.

A despeito de a assistência médica/odontológica ser uma liberalidade oferecida pela empresa, uma vez oferecida espontaneamente, não pode ser retirada do rol dos direitos contratuais do empregado, sob pena da não-observância do Princípio da Vedação da Alteração Contratual Prejudicial ao Trabalhador.

Portanto, conjugando os princípios da inalterabilidade contratual gravosa com o da continuidade da relação de emprego, temos que Mariana não ficará desassistida no momento em que mais necessita, de forma que terá direito à manutenção da assistência médica custeada pela empregadora.

Raphael Braga

Mariana, ao se aposentar por invalidez, teve seu contrato de trabalho suspenso, conforme dispõe o art. 475 da CLT. Desta maneira, como o contrato de trabalho não foi extinto, ela faz jus à manutenção do plano de saúde pago pela empregadora, pois se trata de benefício que decorre diretamente do contrato de trabalho, conforme enunciado da súmula 440 do TST.

Aponta-se que a aposentadoria por invalidez é um benefício com prazo indeterminado, segundo os arts. 46 e 47 da Lei 8.213/91. Enquanto a segurada não estiver apta ao trabalho, ela fará jus a uma renda mensal de acordo com o que dispõe os arts. 44 e 45 da mesma lei.

Durante esse tempo, seu contrato de trabalho também permanecerá suspenso por prazo indeterminado e seu plano de saúde não poderá ser suspenso ou extinto pela empresa enquanto Mariana não retornar à atividade. Contata-se, portanto, que a suspensão do plano de saúde da trabalhadora é ilegal.

Renata Patrícia Gambarra

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No caso em tela, o contrato de trabalho da assistida continua em vigor. Isso porque ela está em gozo de benefício previdenciário, o que configura uma hipótese de suspensão do contrato laboral. Logo, apesar de as obrigações do empregado e do empregador estarem paralisadas, o vínculo laboral permanece.

Em relação ao possível direito à manutenção do plano de saúde, o TST manifestou-se nesse sentido, em entendimento sumulado, aduzindo que o empregado terá direito à manutenção do plano de saúde mesmo quando o contrato de trabalho estiver suspenso em virtude de concessão de aposentadoria por invalidez. Dessa forma, o TST privilegiou a dignidade da pessoa humana, fundamento basilar da CRFB, ao entender que não é possível suspender o plano de saúde no momento em que este se mostra mais necessário. Alguns doutrinadores interpretam o referido entendimento jurisprudencial no sentido de que apenas será possível a manutenção do plano de saúde fornecido pelo empregador quando o benefício previdenciário tiver sido concedido com base em incapacidade derivada da relação trabalhista. No entanto, o entendimento mais adequado, posto que em consonância com o princípio da interpretação mais benéfica ao trabalhador, é aquele que considera necessária a manutenção do plano de saúde fornecido ao empregado pelo empregador, mesmo quando o benefício por incapacidade tiver sido concedido devido a doença não derivada da relação de trabalho.

Rafael Vilela

No caso em tela, o contrato de trabalho da reclamante, em gozo de benefício previdenciário, está suspenso em virtude de sua aposentadoria por invalidez. Na suspensão do contrato de trabalho, não há prestação de serviços, pagamento de salários e também não há contagem do tempo de serviço da empregada, de modo que as obrigações principais do empregado e do empregador ficam suspensas.

Contudo, consoante entendimento sumulado do colendo TST, durante a suspensão do contrato, persistem as obrigações conexas do pacto laboral. Nesta senda, permanece a obrigação de manutenção do plano de saúde durante a concessão de auxílio doença e aposentadoria por invalidez, esclarecendo-se que o plano de saúde decorre do contrato de emprego – resguardado durante a suspensão do pacto –, e não da prestação de serviço em si.

Registre-se, por oportuno, que não há obrigatoriedade das empresas ao fornecimento de plano de saúde aos seus empregados. Ocorre que, sendo este implementado, ainda que por mera liberalidade do empregador, o direito incorpora-se de modo definitivo ao contrato de trabalho.

Em suma, a reclamante possui o direito à manutenção do seu plano de saúde, com fulcro nos princípios protetores do direito do trabalho e da função social da empresa, que compõem o núcleo axiológico do sagrado princípio da dignidade da pessoa humana.

HENDRIKUS GARCIA Defensor Público Federal em Cáceres/MT Mediador das disciplinas de Direito Previdenciário, Direito Tributário e Direito Eleitoral

DIREITO PREVIDENCIÁRIO Disserte sobre o Princípio Altruístico da Seguridade Social. Gabarito comentado:

Princípio altruístico se baseia na ideia de solidariedade social (art. 3º, I, da CF/88). Tratase de um princípio determinante, por exemplo, da seguridade social, vez que muitas de suas contribuições são vertidas por alguns entes da sociedade para financiamento de benefícios em prol de todos os seus membros. Também tal princípio inspira o conteúdo e alcance de normas tributárias, eis que se trata de ramo do direito baseado na capacidade financeira dos contribuintes. Em assim sendo, em matéria jurídica, sua aplicação se dá quando presente a ideia de solidariedade, em prol da evolução coletiva. O art. 3º, inc. I, da Constituição da República de 1988, posiciona o princípio da solidariedade (ou princípio altruístico) entre um dos objetivos da sociedade, que é construir uma sociedade justa, livre e solidária.

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No âmbito da seguridade social, esse princípio implica na obrigação de toda a sociedade contribuir para a Seguridade Social, independentemente de se beneficiar de todos os serviços disponibilizados.

A sociedade contribui indistintamente tendo em vista que todo produto por ela consumido (p. ex: alimento, roupa) e todo serviço a ela disponibilizado (ex: transporte público, água, luz e telefone) tem inserido nos respectivos preços finais as contribuições sociais para a seguridade social, destacando o PIS e a COFINS. Portanto, independentemente da classe social, ao se consumir produtos e serviços, todos estarão contribuindo para o orçamento da seguridade social.

Embora todos contribuam para a seguridade, os benefícios são distribuídos de acordo com a necessidade pessoal. A solidariedade fica clara quando se trata dos benefícios da assistência social, uma vez que estes benefícios são destinados exclusivamente para a população de baixa renda.

Relativamente à saúde, apesar de ser um direito universal, na prática, observa-se que certas camadas da sociedade utilizam-se dos sistemas privados, seja por meio dos planos de saúde ou pelo pagamento direto dos custos dos atendimentos. O fato de existir esta opção, não significa que houve renúncia ao direito constitucionalmente assegurado.

Na Previdência Social, por ser um sistema que exige a contribuição direta do segurado para a obtenção de um benefício futuro, a solidariedade se manifestará de forma diferente. Aqui a solidariedade se caracteriza por meio do financiamento de gerações. Uma geração ativa ao contribuir para a previdência social está custeando as gerações passadas, que estão inativas. Futuramente, esta geração terá os seus benefícios garantidos pelas novas gerações que virão, e assim, sucessivamente.

Observa-se, portanto, como é marcante a solidariedade social no financiamento da seguridade social. Se assim não fosse, não existira um sistema de seguridade social, mas um sistema individual em que cada um contribuiria tão somente para o seu benefício, excluindo todos aqueles impossibilitados de contribuir diretamente.

Melhores respostas:

Hernanda Caldeira: Inicialmente esclarece que altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo beneficiam outros. No sentido comum do termo, é muitas vezes percebida como sinônimo de solidariedade. Conforme Sarmento, é óbvio que o Direito não tem como penetrar no psiquismo das pessoas para impor-lhes as virtudes da generosidade e do altruísmo. Seria terrível, aliás, se o Direito pudesse ditar sentimentos. Entretanto, se ele não pode obrigar ninguém a pensar ou a sentir de determinada forma, ele pode, sim, condicionar o comportamento externo dos agentes, vinculando-os a obrigações jurídicas. O princípio do solidarismo na Seguridade Social implica na participação de todos, tanto nas obrigações quanto nos direitos reconhecidos para a conformação e utilização dos recursos. A solidariedade se faz presente na medida em que as contingências sociais são distribuídas igualmente a todas as pessoas, bem como os benefícios, pois quando uma pessoa é atingida por alguma contingência da vida as demais continuam a contribuir para a cobertura do benefício do necessitado. Segundo Cármen Lúcia Antunes Rocha, o remédio jurídico, político e econômico contra a exclusão social é a solidariedade com o outro. A dignidade há que se ver pensada em sua condição de humanidade e interatividade. Há que ser digno com o outro para ser digno de si.

Constata-se que o princípio da solidariedade tem importância grandiosa quando a preocupação e a intenção do jurista se referir à efetivação dos direitos fundamentais e dos direitos humanos. De certa forma, o princípio da solidariedade serve para explicar “por que razão” devem ser materializados os direitos fundamentais, constituindo, além de princípio, um sentimento fundador de todo o arcabouço legal. Denota-se que o princípio da solidariedade tem juridicidade, devendo ser visto como basilar da ordem constitucional, no sentido criativo e interpretativo, além de servir como justificador de direitos fundamentais.

André Santos: O Princípio Altruístico da seguridade Social, também chamado pelo exMinistro do Supremo

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Tribunal Federal, Carlos Ayres Brito, de solidariedade ou constitucionalismo fraternal, consistente na possibilidade da seguridade social agasalhar as pessoas em momentos de necessidade, seja pela concessão de um beneficio previdenciário ao necessitado que está impossibilitado de trabalhar, seja pela disposição de um medicamento a pessoa enferma (saúde) ou mesmo ajudando um necessitado com dificuldades alimentícias (assistência). O sistema solidário tem assento constitucional a partir da valoração de um princípio fundamental inserido no Art. 3, I CF, como forma de objetivo construir uma sociedade livre, justa e solidária. Os recursos mantedores do sistema provem de orçamentos públicos e das contribuições sociais. A premissa básica do Princípio Altruístico está pautada na causa aleatória de cobertura, pois hoje pode não ser um beneficiário, mas amanhã pode ser um agraciado, trazendo uma estabilidade jurídica no âmbito social, por mais que não seja um contribuinte. A sua carga axiológica fundamenta a criação de um fundo único de previdência social, socializando os riscos com contribuições compulsórias, mesmo daquele que se aposentou mas continua trabalhando, embora egoisticamente não queira contribuir, pois justifica-se ao fato daquele que começou a trabalhar poder se aposentar por invalidez no mesmo dia, desde que filiado ao sistema. No que tange a sua aplicação a saúde e a assistência social, não é preciso contribuir para fazer jus as suas benesses, já que a manutenção do sistema fraternal é único, como dito alhures, pelo sistema previdenciário. Sendo assim, um enfermo terá cobertura de remédios no sistema único de saúde, assim como um idoso terá assistência no asilo, pelo simples fato de ser pessoa humana.

Carlos Gustavo Rocha: A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 traz o princípio altruístico da Seguridade Social, ainda que implicitamente, no preâmbulo, no art.

1º, III, art. 3º, incisos I, III e IV, 4º, IV, 170, 193, 194, parágrafo único, incisos I ao IV, e 195. Tal princípio diz com o dever cívico, constitucional e legal de que todo o cidadão, em condições, deve prover o sistema de previdência, através de contribuições pecuniárias, independentemente de receber contraprestação imediata. O sistema de previdência é construído, também, pelo princípio, quando exige que toda a Sociedade contribua para a manutenção do sistema, possibilitando que aqueles cidadãos que encontram-se em condições de necessidade, possam receber algum benefício, seja por idade ou por incapacidade. É a lógica da solidariedade, todos que tem condições, devem manter o sistema para que a maior parte seja beneficiada. A doutrina pátria é unânime em afirmar que tal princípio está explícito no art. 195 – solidariedade de custeio, e no art. 3, I, quando menciona como objetivo da República, construir uma Sociedade Solidária. A doutrina também relaciona o princípio com a liberdade, a justiça e a segurança, fundamentais no Estado (Social) Democrático de Direito. O princípio do altruísmo ou solidariedade, está ligado a uma instituição humana, que permeia toda a organização social e se manifesta por vários meios: técnicos, sociais, econômicos, políticos e jurídicos. A solidariedade reflete a ajuda daqueles que podem trabalhar para com aqueles que não podem trabalhar e se sustentar ou estão nessa condição. Não é expressa em uma estrutura mutualística, pois nesta a ajuda está limitada aos que se ajudam mutuamente, englobando aqueles que recebem ajuda sem nada poder dar em troca, bem como aqueles que ajudam sem receber em troca. É uma expressão do sentimento de justiça, que está relacionado com o sentimento de sociabilidade e implica no respeito a valores sociais objetivos de solidariedade. O Estado de Direito tem um discurso solidarista, e nele o direito de solidariedade se sobrepõe ao individualismo em matéria de organização social e política. Não há democracia sem que os indivíduos se conscientizem de suas liberdades e de suas responsabilidades, pois não se alcança a democracia onde prevalecem as desigualdades sociais. Noutro aspecto, o princípio se mostra relevante, para a construção e manutenção do Estado Democrático, na medida em que não há como se garantir a participação de todos, com a prevalência de desigualdades sociais.

O princípio do altruísmo ou da solidariedade é em última análise, a máxima efetividade de uma sociedade justa e solidária que busca eliminar as desigualdades sociais e prover a todos o mínimo existencial.

Juliana Fantoni Primo: O princípio altruístico da Seguridade Social, também denominado de princípio da solidariedade, possui como cerne o fato de que as pessoas contribuem para o sistema em prol de toda a coletividade. A Constituição de 1988 prevê, em seu art. 3°, que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária é um dos objetivos da República Federativa do Brasil. Nesse contexto, verifica-se que a Constituição elencou a solidariedade como um princípio fundamental, sendo que a Seguridade Social está assentada nessa diretriz. Alguns autores apontam que o princípio da solidariedade pode ser visto sob três enfoques diferentes: solidariedade na instituição da seguridade social, solidariedade na distribuição do ônus contributivo e solidariedade na prestação do amparo. Quanto ao primeiro enfoque, relaciona-se com o fato de que a própria instituição da seguridade social já deriva de um ato de solidariedade, tendo em vista a necessidade de uma ação coletiva para efetivar a proteção da sociedade em face das necessidades decorrentes de contingências sociais. Já a solidariedade na distribuição do ônus contributivo se refere à proporcionalidade na participação do custeio – quem detém maior capacidade, contribui mais. Por fim, a solidariedade na prestação do amparo social significa que as ações da seguridade devem priorizar os

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mais necessitados.

Valentina Maria Alvarez Catalan: O altruísmo é o comportamento humano em que ações de um indivíduo beneficiam o outro. Nessa linha, o princípio altruístico, no âmbito da Seguridade Social, refere-se à composição desse sistema, cujos recursos provêm da contribuição de pessoas e entes, e ao caráter social do mesmo, ao tempo em que ampara indivíduos que se encontram em situação de necessidade, através da Previdência Social, Assistência Social ou Saúde. De acordo com a Constituição da República, a seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais do empregador, da empresa (ou equiparados), do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social; sobre a receita de concursos de prognósticos; e importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. A Previdência Social visa amparar pessoas ou seus dependentes que se encontram em situação adversa em razão de doença, invalidez, morte, gravidez, prisão, desemprego, dentre outros. Possui caráter contributivo, de modo que somente se beneficiarão dela aqueles que tiverem diretamente contribuído para o Sistema ou aqueles que forem dependentes legais desses contribuintes. A saúde, por sua vez, é prestada pelo Sistema Único de Saúde a todos as pessoas que se encontrarem no território brasileiro, sejam nacionais ou não, residentes ou não. Assim, todo aquele que estiver em situação de doença, poderá ser atendido pela Saúde Pública, ainda que jamais tenha contribuído para o sistema. Já a Assistência Social ampara apenas as pessoas economicamente necessitadas que atendam a requisitos previstos na lei.

ALDO COSTA

Assessor de ministro do STF. É bacharel em direito pela USP (1999). Foi professor substituto da Faculdade de Direito da UnB (2002-2006), conselheiro da Comissão de Anistia (2002), pesquisador visitante no MaxPlanck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e assessor especial do Ministro da Justiça (2010-2011) Mediador das disciplinas Direito Penal e Processo Penal Militar, Direito Internacional Público e Direitos Humanos

DIREITOS HUMANOS E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

O Tribunal Penal Internacional formalizou junto ao Governo brasileiro pedido de cooperação internacional visando a entrega de estrangeiro acusado de ser penalmente responsável pela prática de crimes contra a humanidade e de guerra, supostamente ocorridos durante o período em que era Chefe de Estado. O pleito foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, que determinou a prisão preventiva do reclamado. No mesmo ato, a Defensoria Pública da União foi intimada para prestar assistência à pessoa em causa.

Em face dessa situação hipotética, redija, na condição de defensor público responsável pelo caso, a medida judicial adequada à espécie. Não crie fatos novos. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: reconhecimento, ou não, da competência originária do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria; possibilidade, ou não, de entrega da pessoa reclamada ao Tribunal Penal Internacional, tendo em vista a disposição constante no art. 5º, XLVII, b, da Constituição Federal; possibilidade, ou não, de invocação, por Chefe de Estado, de sua imunidade de jurisdição em face do Tribunal Penal Internacional; relação entre o Estatuto de Roma e o postulado constitucional da reserva de lei formal em matéria penal; reconhecimento, ou não, da recepção, em sua integralidade, do Estatuto de Roma pela ordem legal brasileira, considerado o teor do art. 5º, § 4º da Constituição Federal de 1988.

Gabarito comentado:

1º quesito de avaliação: peça processual cabível.

- É incabível a impetração de habeas corpus contra decisão de ministro relator do Supremo Tribunal Federal (AgR-HC 104.843, AgR-HC 99.510, HC 101.432, HC 86.548, HC 90.234, HC 87.391, AgR-HC 85.468, entre outros),

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mormente se na impetração são suscitados questões ou fatos novos, não levados à consideração do magistrado. No caso vertente, as questões suscitadas deveriam antes ter sido submetidas por meio de um pedido de lberdade provisória dirigido ao próprio relator do pedido cooperacional, conforme previsão constante no artigo 59.3 do Estatuto de Roma.

2º quesito de avaliação: reconhecimento, ou não, da competência originária do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria.

- A defesa do ex-Chefe de Estado deveria alegar preliminarmente que a competência para o conhecimento do pedido do Tribunal Penal Internacional é da Justiça Federal, por estabelecer a própria Constituição que compete aos juízes federais processar e julgar as causas fundadas em tratado da União com organismo internacional, o que vem justamente a ser o caso (RAMOS, André de Carvalho. Proteção Internacional de Direitos Humanos. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 288). O Supremo Tribunal Federal, portanto, não teria competência constitucional para aprovar a execução interna de qualquer das decisões do Tribunal Penal Internacional (RAMOS, André de Carvalho. Proteção Internacional de Direitos Humanos. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 288). Inviável, portanto, pretender-se que a competência do Supremo seja ampliada para situações que extravasem os limites fixados taxativamente no art. 102, I, da C. F. (Rcl 9.241; AgR-PET 3.986; QO-PET 3.923; MS 24.913, entre outros). Significa dizer que, enquanto não houver uma alteração constitucional que amplie este rol de competências, o Supremo não será competente para processar e julgar o pedido (RAMOS, André de Carvalho. Proteção Internacional de Direitos Humanos. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 288).

3º quesito de avaliação: possibilidade, ou não, de entrega da pessoa reclamada ao Tribunal

Penal Internacional, tendo em vista a disposição constante no art. 5º, XLVII, b, da Constituição Federal.

- Nos termos do art. 5º, XLVII, b, da Constituição Federal, não haverá penas de caráter perpétuo. Não obstante, o Tribunal Penal Internacional pode, em tese, aplicar pena de prisão perpétua ao réu considerado culpado por um dos crimes previstos no artigo 5º do Estatuto de Roma quando justificada pela extrema gravidade do crime ou pelas circunstâncias pessoais do condenado.

- Ciente de que a doutrina majoritária entende que a Constituição Federal, quando prevê a vedação da pena de caráter perpétuo, está direcionando o seu comando tão-somente para o legislador interno brasileiro, não alcançando os legisladores estrangeiros e tampouco os legisladores internacionais, que buscam a efetiva construção de um sistema jurídico internacional (CACHAPUZ DE MEDEIROS, Antonio Paulo. O Tribunal Penal Internacional e a Constituição brasileira. In: O que é o Tribunal Penal Internacional. Brasília: Câmara dos Deputados, 2000, pp. 14-15); a defesa deveria seguir linha argumentativa no sentido de que o legislador constitucional brasileiro não adotou, como outros países, uma cláusula de remissão global para o Estatuto de Roma, que implique a constitucionalização das soluções consagradas neste tratado, discrepantes ou divergentes com as normas da Constituição Federal.

- Subsidiariamente, a defesa deveria arguir, em virtude da possibilidade de aplicação de pena de prisão perpétua, a necessidade de o Tribunal Penal Internacional assumir, formalmente, o compromisso formal de comutar esta reprimenda por pena privativa de liberdade, com prazo máximo de cumprimento da pena corporal de 30 anos, nos termos do artigo 75 do Código Penal brasileiro, assegurando, ainda, a detração do tempo de prisão (STF Ext 1.278, STF Ext 1.234, entre outros).

4º quesito de avaliação: possibilidade, ou não, de invocação, por Chefe de Estado, de sua imunidade de jurisdição em face do Tribunal Penal Internacional:

- Os Chefes de Estado em exercício e outros funcionários do governo podem vir a ser processados e julgados por tribunais internacionais (não assim, via de regra, por tribunais internos estrangeiros) a depender dos atos constitutivos desses tribunais. O art. 27 do Estatuto de Roma, por exemplo, declara expressamente a responsabilidade penal individual independentemente de qualquer status oficial, entre eles o de Chefe de Estado, cabendo à defesa alegar tão somente a incompatibilidade do preceito com a legislação brasileira, porquanto o governo brasileiro ainda não adaptou sua legislação interna à jurisdição internacional, no sentido de prever,

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conforme consta no PL nº 4.038/2008, que “o exercício de função política, bem como de cargo ou função pública, civil ou militar, não exclui o crime, não isenta o agente de pena, nem constitui, por si só, motivo para sua redução”

- Poder-se-ia alegar, também, inexistir notícia de que o defendente é ex-Chefe de um Estado-Parte do Estatuto de Roma, circunstância que, caso ao final restasse confirmada, tornaria inaplicável o disposto no art. 27 do tratado, em função do não reconhecimento da jurisdição internacional do Tribunal Penal Internacional. Ressalte-se, contra esse entendimento, que o Conselho de Segurança da ONU, por meio da Resolução 1593 (2005) decidiu, contra o voto do Brasil, prorrogar a jurisdição do Tribunal Penal Internacional para julgar presidente de Estado que não é parte daquele tratado, em razão do que dispõe o art. 13, “b” do Estatuto de Roma, o qual estabelece poder a Corte exercer jurisdição em matéria de crimes de genocídio, de guerra e crimes contra a humanidade, isto é, a qualquer um dos crimes a que se refere o artigo 5º: “o Conselho de Segurança, agindo nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, denunciar ao procurador qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários desses crimes”.

5º quesito de avaliação: relação entre o Estatuto de Roma e o postulado constitucional da reserva de lei formal em matéria penal.

- O Brasil assinou, em 17 de julho de 1998, o Estatuto de Roma que cria o Tribunal Penal Internacional. Após a aprovação de seu texto pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo nº 112/2002, o referido ato internacional passou a vigorar, para o Brasil, em 1º de setembro de 2002. Desde então, faz-se necessária a regulamentação dos tipos penais criados pelo Estatuto de Roma e ainda não previstos em nosso ordenamento jurídico interno.

- Com exceção do crime de genocídio, já tipificado em lei própria, os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade ainda não são previstos pela legislação brasileira e demandam regulamentação legal.

- Tendo em vista essa circunstância, a defesa deveria alegar, na espécie, violação ao postulado constitucional da reserva de lei formal em matéria penal por ainda não haver, entre nós, a definição legal dos crimes pelos quais o ex-Chefe de Estado está sendo acusado, pois, conforme consta da justificativa do Projeto de Lei nº 301/2007, “apesar da ratificação do Estatuto de Roma, ocorrida em 2002, o governo brasileiro deveria também já ter adaptado sua legislação interna à jurisdição internacional. Enquanto isso não acontecer, não há participação efetiva do Tribunal Penal Internacional”.

6º quesito de avaliação: reconhecimento, ou não, da recepção, em sua integralidade, do Estatuto de Roma pela ordem legal brasileira, considerado o teor do art. 5º, § 4º da Constituição Federal de 1988.

- A defesa deveria preconizar, ao final, a não recepção integral do Estatuto de Roma em virtude de incompatibilidades entre este tratado e algumas normas constitucionais brasileiras. Nesse diapasão, nem mesmo a inclusão do § 4º ao art. 5º da C. F. resolveria a questão, visto que o art. 60, §4º, IV, do texto constitucional proibiria a deliberação de qualquer proposta de emenda tendente a abolir “os direitos e garantias individuais”. Seguindo essa linha de argumentação – minoritária na doutrina – confiram GOMES, Luiz Flávio. Pena de morte e prisão perpétua: solução ou ilusão? Disponível em:

<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20041009132555822>.

7º quesito de avaliação: pedidos

- O participante deveria, ao final, manifestar-se, preliminarmente, pela incompetência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar o pedido de cooperação internacional e auxílio judiciário, ante a enumeração taxativa do artigo 102, I, da Constituição Federal. Deveria requerer, ainda, na hipótese de vir a ser ultrapassada essa preliminar, a improcedência do pedido, haja vista a constitucionalidade do Estatuto de Roma e sua plena recepção pelo ordenamento jurídico brasileiro, concedendo-se, em um ou outro caso, a liberdade provisória pleiteada.

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8º quesito de avaliação: providências finais

- O participante deveria assinar a peça como Defensor Público-Geral Federal (LC nª 80/1994, art. 23), requerendo fosse o pedido de liberdade provisória notificado ao Juízo de Instrução do Tribunal Penal Internacional (Estatuto de Roma, art. 59.5); e que, mediante entrega dos autos com vista, fosse ele intimado pessoalmente de todos os atos processuais, contando-se-lhes em dobro todos os prazos (LC 80/1994, art. 44, I).

Não foram selecionadas, nessa rodada, respostas a título de exemplificação do esperado, dado não ter nenhum participante abordado adequadamente os quesitos de avaliação.