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SetúbalArqueológica

Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal / /Associação de Municípios da Região de Setúbal

Vol.182019

Joaquina Soares • Inês Vaz Pinto • Carlos Tavares da Silva(Coord.)

Actas do IX Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular

DO PALEOLÍTICO AO PERÍODOROMANO REPUBLICANO

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Coordenação do volume

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Tipografia

Informações e permutas

Copyright®

ISSN

Depósito Legal

Joaquina SoaresInês Vaz PintoCarlos Tavares da Silva

Lucerna romano-republicana de Chibanes. Foto de Rosa Nunes.

Ana CastelaAna Paula Covas

Tipografia Belgráfica, Lda

Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de SetúbalAvenida Luisa Todi, 162 - 2900-451 Setúbal (Portugal)Tel.: +351 265 239 365/265 534 029E-mail: [email protected]: http://maeds.amrs.pt/Blog: http://maedseventosactividades.blogspot.pt/

Setúbal Arqueológica e autores, 2019

0872-3451

464909/19

SetúbalArqueológicaVol.182019

MAEDS/AMRS - Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal//Associação de Municípios da Região de Setúbal

Carlos Tavares da SilvaJoaquina Soares

Propriedade

Direcção

Todos os direitos reservados. Este livro ficará disponível em: http://maeds.amrs.pt/setubalarqueologica.html

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Comissão Científica

Carlos Tavares da Silva (MAEDS - UNIARQ- Universidade de Lisboa) Catarina Viegas (UNIARQ- Universidade de Lisboa)

Inês Vaz Pinto (CEAACP - Troia Resort)Javier Jiménez Ávila (Consorcio de Mérida)

Joaquina Soares (MAEDS - UNIARQ- Universidade de Lisboa)Juan Aurelio Pérez Macías (Universidad de Huelva)

Macarena Bustamante Álvarez (Universidad Autónoma de Madrid) Rosa Varela Gomes (IAP-FCSH- Universidade Nova de Lisboa)

Victor S. Gonçalves (UNIARQ- Universidade de Lisboa)

Comissão Organizadora

Ana Patrícia Magalhães (Troia Resort - UNIARQ- Universidade de Lisboa) Carlos Tavares da Silva (MAEDS - UNIARQ- Universidade de Lisboa)

Inês Vaz Pinto (CEAACP- Troia Resort)Javier Jiménez Ávila (Consorcio de Mérida)

Joaquina Soares (MAEDS - UNIARQ- Universidade de Lisboa)Juan Aurelio Pérez Macías (Universidad de Huelva)

Macarena Bustamante Álvarez (Universidad Autónoma de Madrid) Manuela de Deus (Direcção Regional de Cultura do Alentejo)

Patrícia Brum (Troia Resort – IHC- Universidade Nova de Lisboa) Samuel Melro (Direcção Regional de Cultura do Alentejo)

Org.:

Colab.:

IX ENCONTRO DE ARQUEOLOGIA DO SUDOESTE PENINSULAR

IX ENCUENTRO DE ARQUEOLOGIA DEL SUROESTE PENINSULAR

Tróia • Setúbal • 2016

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Nota de aberturaRui Manuel Marques Garcia

Apresentação Joaquina SoareS, Inês Vaz Pinto e Carlos taVareS da SilVa

In memoriam Jesús Fernández Jurado (1955-2019) Clara toScano-Pérez e Diego ruiz Mata

Os mais antigos vestígios humanos na costa sudoeste: o corte de Porto Covo (Sines)João Luís cardoSo

O Mesolítico em Portugal: uma nova visibilidade para os concheiros do Rio SadoRafael liMa

O Sítio de Fornos do Barranco Horta do Almada 1 (Santa Clara do Louredo, Beja) – Primeiros dados acerca da ocupação pré-histórica

Ana roSa e Mariana diniz

Quinta da Praia (Samouco, Alcochete): testemunhos do Neolítico Antigo na margem esquerda do estuário do Tejo

António Faustino carValho, Miguel correia e Marisa MoiSéS

Dolmen de la Peña del Hombre (Almonaster la Real, Huelva)José Francisco González VáSquez

La Cueva del Cañaveralejo (Adamuz, Córdoba, España) en la Prehistoria Reciente de Sierra Morena: nuevas aportaciones

Isabel María Jabalquinto exPóSito e José Clemente Martin de la cruz

Los denominados cilindros decorados de hueso de la Prehistoria Reciente en la Provincia de Cadiz

María Narváez cabeza de Vaca e María lazarich

A cerâmica de engobe vermelho dos povoados do 4º/3º milénio a.n.e. de São Pedro (Redondo, Alentejo Central)

Catarina coSteira e Rui Mataloto

Os metais das necrópoles de cistas de Casas Velhas (Melides) e da Provença (Sines). O encontro de antigas e novas tecnologias no Bronze Pleno do Sudoeste

Pedro Valério, Maria Fátima araúJo, António M. MonGe SoareS, Joaquina SoareS e Carlos taVareS da SilVa

O depósito metálico de Agro Velho - Montalegre e a sua relação com o Sudoeste Peninsular (?)

Joaquina SoareS, Pedro Valério, António M. MonGe SoareS e Maria Fátima araúJo

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Índice

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Notas sobre la Edad del Bronce en el Andévalo (Huelva, España) Juan Aurelio Pérez MacíaS, Rubén MacíaS ForteS e Manuel rabadán VáSquez

Gruta da Igrejinha dos Soidos (Alte, Loulé): contribuição para o estudo do final da Pré-história no Algarve

António Faustino carValho e Humberto VeríSSiMo

El escudo de Clonbrin (Irlanda) y las estelas del Suroeste. Una aproximación a los escudos con escotadura en «V» del Bronce Final Atlántico

Jorge del reGuero González

Importaciones mediterráneas en el Cerro del Castillo de Medellín (Badajoz): cerámi-cas griegas y escarabeo de las campañas 2014 y 2015

Javier JiMénez áVila, Ángel carbaJo lóPez e Montaña luenGo González

La etnoarqueología cerámica, una herramienta fundamental para el estudio de la alfarería prehistórica

María lazarich, Antonio raMoS-Gil, Juan Luís González-Pérez, Maria José cruz-buSto e Mercedes VerSaci

Tejada La Vieja (Escacena del Campo, Huelva) y la producción y consumo vitivinícola Clara toScano-Pérez

El Potro desempotrado: el Caballo ibérico de La Covatilla (Marchena, Sevilla) Javier JiMénez áVila

Adornos, espaço e tempo: as contas de colar em Mesas do Castelinho (Santa Clara-a-Nova, Almodôvar)

Susana eStrela

Castro de Chibanes (Palmela). Trabalhos arqueológicos de 2012 a 2017 Carlos taVareS da SilVa, Joaquina SoareS, Susana duarte,

Teresa Rita Pereira, Antónia coelho-SoareS e Vicenzo Sorìa

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19Do Paleolítico ao Período Romano Republicano (Setúbal Arqueológica, Vol. 18, 2019), p. 19-24

O Mesolítico em Portugal: uma nova visibilidade para os concheiros do Rio Sado

Rafael lima*

Introdução

Com base na investigação realizada para o projecto de Seminário de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Lima, 2016), vêm-se assim apre-sentar parte dos resultados obtidos, revistos, para a melhor compreensão da realidade mesolítica presente no rio Sado.

Utilizando os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), realizou-se um estudo incidente nas populações mesolíticas presentes na bacia hidrográfica do rio Sado, nas quais se estudou a relação das populações com o meio geográfico. Pôs-se em evidência a ligação com o espaço

* Mestrando da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. [email protected]

Resumo

Com base na investigação realizada para o projecto de Seminário de Licenciatura em Arqueologia da Universidade de Lisboa, vêm-se aqui apresentar e aprofundar parte dos resultados obtidos para a melhor compreensão da realidade mesolítica da bacia do Sado. Assim, com recurso aos SIG, realizou--se um estudo incidente nos concheiros mesolíticos do rio Sado, nos quais se estudou a relação das implantações dos sítios com o meio geográfico, procurando observar características comuns de forma a encontrar a possível existência de um padrão de assentamento. Optou-se por destacar neste trabalho a ligação com o espaço hidrográfico, raiz comum das implantações dos concheiros do Sado, assim como os aspectos relativos à visibilidade entre os próprios sítios, observando-se a fraca intervisibilidade entre os vários grupos ao invés do inicialmente ponderado.

Palavras-chave: Mesolítico, concheiros, Sistemas de Informação Geográfica (SIG), padrões de assentamento, visibilidade, Sado.

Abstract

Based on the investigation performed for the Bachelor in Archaeology Seminar project for the Faculty of Letters of the University of Lisbon, it is presented and developed here part of the results obtained for the better understanding of the Mesolithic reality of the Sado river basin. Therefore, using GIS, it was performed a study incident on the Mesolithic shellmiddens of the river Sado, on which it was studied the relationship between the populations and the geographical area, searching to observe common characteristics to try to find a possible existence of a settlement pattern.

The connection with the hydrographic space is the one which will be here highlighted as also the visibility between the settlements themselves, observing a weak intervisibility between the various groups unlike what was initially pondered.

Keywords: Mesolithic, shellmiddens, Geographical Information Systems (GIS), settlement pat-terns, visibility, Sado.

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20 O Mesolítico em Portugal: uma nova visibilidade para os concheiros do Rio Sado

hidrográfico, espaço privilegiado para as populações me-solíticas, sendo representativo de tal a apresentação dos dados mais coerentes e homogéneos.

Os concheiros mesolíticos aqui estudados localizam--se no concelho do Torrão, distrito de Alcácer do Sal, encontrando-se distribuídos essencialmente nos ramais secundários e primário da bacia hidrográfica do rio Sado, próximos da foz do mesmo.

Os primeiros concheiros do rio Sado foram descober-tos na década de 1930 por Lereno Antunes Barradas (Bar-radas, 1936), não despertando contudo tamanho interes-se quanto os concheiros de Muge (Arnaud, 1989, 614). Estes só seriam sistematicamente escavados por Manuel Heleno, já na década de 1950 e 1960, advindo, contu-do, parca informação da sua intervenção, publicando um único artigo (Heleno, 1956). Estudos efectivos acerca do espólio dos concheiros do Sado apareceriam somente em décadas posteriores com a tentativa de compreender a realidade socioeconómica das últimas comunidades de caçadores-recolectores e do processo de neolitização do actual território sudoeste de Portugal (vide e.g. Santos, Soares e Tavares da Silva, 1972, 1974; Soares e Tavares da Silva, 2004; Tavares da Silva e Soares, 1987).

Mais recentemente, novos projectos encabeçados por José Arnaud, na década de 1980, e por Pablo Arias e Ma-riana Diniz, na década de 2010, procuraram introduzir uma perspectiva pluridisciplinar no estudo dos conchei-ros do Sado. Destas novas fases de intervenção surgiram novos estudos diversos e vários textos de síntese que permitiram compreender melhor a realidade referente às

últimas comunidades de caçadores-recolectores do Sado (vide e.g. Arnaud, 1987, 1989, 1993; Dinis e Arias, 2012; Arias et alii., 2015; Soares, 2016).

Metodologia

Para a realização do presente trabalho foi necessário recorrer a uma série de informação geográfica, tendo por base a cartografia portuguesa, utilizando-se especial-mente os dados fornecidos pela Carta Militar nº 486, do Centro de Informação Geoespacial do Exército, e a Carta Geológica de Portugal nº 39-D, fornecida pelos Serviços Geológicos de Portugal.

Por sua vez, a informação geo-referenciada dos sí-tios advém essencialmente da investigação realizada por vários investigadores relativos à área em questão (Dinis, Arias e Teira, 2012; Nukushina, 2012, p. 11; Gonçalves, 2014, p. 136).

De forma a obter a informação necessária emprega-ram-se várias funcionalidades do ArcGIS (versão 10.3), programa cartográfico fornecido pela ESRI, com base à criação de informação geográfica capaz de averiguar a visibilidade dos sítios para a realidade geográfica envol-vente e, também, a potencial intervisibilidade entre os sítios em si. Estas inquirições foram possibilitadas pela criação de um Modelo Digital de Terreno (MDT) (vide Fig. 2) através da informação geográfica obtidas pela car-tografia atrás referida.

A partir da criação do MDT procedeu-se então

Fig. 1 - Área de implantação da zona de estudo.

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21Do Paleolítico ao Período Romano Republicano (Setúbal Arqueológica, Vol. 18, 2019)

à criação de um mapa temático no qual fosse ob-servável a visibilidade dos sítios utilizando a fer-ramenta Viewshed (ArcToolboxSpatial Analyst ToolsSurfaceViewshed). Esta permite observar as áreas visíveis a partir de pontos pré-determinados, nes-te caso, os sítios arqueológicos. Tendo em conta que a visibilidade humana apresenta limites, procedeu-se à sobreposição de um buffer (ArcToolboxAnalysis ToolsProximityBuffer) com raio de 1km, pois este é o alcance máximo no qual se pode observar com clareza o máximo de informação possível (Fisher, 1994, p. 165).

Resultados/Discussão

A partir das operações utilizadas no MDT pôde-se assim então observar na Fig. 3 a área de melhor visibi-lidade para os sítios estudados. Percebe-se a boa visibi-lidade dos sítios a montante da foz do rio Sado, tendo estes uma muito melhor percepção do território em que se encontram do que os mais a jusante ou mais para o

interior (isto é, mais afastados do rio principal), como é o caso do concheiro de Poças de S. Bento. O concheiro de Arapouco, apesar da sua aparente falta de visibilidade, apresenta um bom controlo visual sobre o rio, podendo assim atestar o predomínio da preocupação da acessibi-lidade às linhas de água e, talvez ainda mais importante, a constante visualização das mesmas, numa tentativa de controlo do território e dos seus recursos.

De facto, o ponto comum relativamente ao controlo do território é a visibilidade directa para a linha de água mais próxima.

Relativamente à visibilidade entre os sítios em si, os dados apresentam informações contraditórias ao espera-do, podendo-se observar a partir dos gráficos (vide Figs. 4 a 11) a falta de intervisibilidade. Apesar da sua pro-ximidade (principalmente dos sítios a montante), como evidenciado pela sobreposição dos buffers visíveis na Fig. 3, estes não se conseguiriam ver e, mesmo os que apresentam uma visibilidade positiva, como é observável no Gráfico 8, devido à própria realidade do terreno (e.g. morfologia e flora) e a condições climatéricas, a sua vi-sibilidade poder-se-ia apresentar mesmo como nula. Isto

Fig. 2 - Modelo Digital de Terreno (MDT) da área estudada, com a localização dos sítios arqueológicos e a rede hidrográfica (LIMA, 2016).

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não significa, no entanto, que estes não comunicassem entre si ou que não tivessem percepção do que ocorria nos restantes sítios, visto as populações movimentarem--se e, principalmente no que ocorre no ramal principal do rio, onde se encontra uma maior densidade de sítios, descendo para perto do leito ribeirinho, estes certamente então vir-se-iam e comunicariam.

Fig. 3 - Mapa de visibilidade a partir dos sítios arqueológicos e buffer de visibilidade “óptima” de 1km.

Fig. 4.

Fig. 5.

Fig. 6.

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Conclusão

A forte visibilidade dos sítios a montante, assim como a preocupação com a acessibilidade às linhas de água mais próximas observável a jusante, atestam uma preocupação com o controlo das linhas de água resultando, como tal, num controlo efectivo por parte das populações mesolíti-cas não só dos espaços fluviais, mas, também, das zonas de potencial obtenção de fauna mamalógica, ictiológica e malacológica. A visibilidade directa a uma linha de água é o ponto em comum dos sítios mesolíticos do rio Sado.

A fraca visibilidade entre os sítios, devido às caracte-rísticas geográficas, assim como devido à flora e ao clima, que dificultam a correcta visualização do espaço (estas úl-timas difíceis de atestar, mas de elevada importância pois constituem entraves à correcta visibilidade de um sítio por dificultarem a observação limpa, directa e sem obstruções do objectivo visualizado), não impossibilitariam a existên-cia de comunicação entre as várias populações, nem impe-diriam o controlo visual entre si, como já atrás se referiu.

Os dados vêm assim confirmar a importância do con-trolo visual das linhas de água e, portanto, dos seus re-cursos e mais valias, para as populações mesolíticas. Confirma-se, também, o uso vital dos SIG para o estudo das realidades geográficas e a sua óptima combinação com a actividade arqueológica, sendo utilizada como uma fer-ramenta de apoio ao seu estudo, como já advogado por outros autores (e.g. vide Wheatley e Gillings, 2000).

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Figs. 4-11 - Gráficos de visibilidade inter-concheiros. Ponto verde – visibilidade completa. Ponto azul – limite da visi-bilidade. Linha verde – área visível. Linha vermelha – área não visível.

Fig. 7.

Fig. 8.

Fig. 9.

Fig. 10.

Fig. 11.

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24 O Mesolítico em Portugal: uma nova visibilidade para os concheiros do Rio Sado

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